A vida é mais, Jaqueline!

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Capítulo 01 Dias atuais Suzana e Jaqueline eram amigas inseparáveis

desde a época da faculdade. Conheceram-se ainda calouras e se formaram no curso de Administração de Empresas de uma conceituada universidade localizada na cidade de São Paulo. Tiveram a oportunidade de trabalhar na mesma empresa em que ingressaram na função de estagiárias quando estavam no segundo semestre. Amigas e cúmplices, nem mesmo durante os namoros que vivenciavam, afastavam-se. Pelo contrário, envolviam os namorados em programas comuns e fortaleciam os laços de amizade entre todos. Em um desses namoros, um dos casais começou a traçar planos futuros. Enquanto Matheus acabava de pedir Suzana em casamento, Martin vivia uma fase muito difícil com Jaqueline. Por algumas vezes, pensou em terminar o namoro, porém voltou atrás. Contudo, um dia, em um desentendimento mais acirrado, ele não conseguiu tolerar o gênio 3


depressivo e obsessivo da namorada e decidiu romper o relacionamento. Nos dias que se sucederam a essa decisão, Suzana notou um semblante diferente na amiga. Em uma sexta-feira, percebeu um comportamento desesperançado e desanimado em Jaqueline, que tinha a esperança de reatar o relacionamento, mas ao saber que a decisão de Martin tinha sido definitiva e sem chances de retorno, tomou uma decisão: acabar com a própria vida. Seu quadro depressivo sempre demandou cuidados médicos, e o fim do namoro fora o estopim para desencadear pensamentos ruins que, consequentemente, atraíram energias escusas que a prejudicaram ainda mais. Algo terrível! Na manhã de mais uma segunda-feira, Suzana, ao chegar ao escritório, passou em frente à mesa da amiga e percebeu que estava vazia. Lembrou que não haviam se falado naquele fim de semana, pois os assuntos referentes ao casamento estavam em pauta e o feliz casal mal tinha parado em casa. Teve o impulso de ligar no celular, mas este estava fora de área. Resolveu olhar as páginas das redes sociais da amiga, que tinham sido criadas havia cerca de 4


dois meses, e notou que desde meados da semana anterior não existiam postagens. Ao abrir o correio eletrônico, uma surpresa: havia recebido naquela manhã um e-mail enviado por Jaqueline com o título: “Despedida”. Conforme Suzana inteirava-se do longo texto, pouco a pouco, foi perdendo a cor e mudando o semblante. As palavras estavam um pouco desconexas, porém a determinação da amiga era algo assustadoramente forte e mostrava detalhes do que iria acontecer nos próximos minutos. Estava decidida a morrer! Escreveu que iria ingerir, de uma única vez, vários comprimidos de tarja preta, receitados ao longo daqueles anos de tratamentos malsucedidos, além de outros que tomava atualmente. Ela morava sozinha; a família vivia no interior do Estado e isso era um agente facilitador. Suzana saiu correndo do escritório sem dar explicações a ninguém. Muitos colegas perceberam que algo estava errado, porém não tiveram tempo para perguntar o que estava ocorrendo. Rapidamente, pegou um táxi rumo ao apartamento de Jaqueline. Ligou no celular de Matheus e lhe contou brevemente o que estava acontecendo.

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— Matheus, meu amor! Estou desesperada! A Jaqueline não está bem. Estou indo para o apartamento dela — disse Suzana, com voz de choro. — O que foi, meu bem? Pelo amor de Deus, fale o que está acontecendo. — Ela me mandou um e-mail dizendo coisas horríveis! Tenho de chegar lá e torcer para que ela não tenha mudado o segredo das chaves. Faz mais de cinco meses que saí de lá. — Mas, o que está havendo? Conte-me! — Ela quer se matar, Matheus — falou Suzana e desaguou em choro. — Meu Deus! Tente se acalmar! Roguemos aos nossos guias protetores para que nada de mal lhe aconteça. Estou indo para lá também! O trânsito pesado deixou o casal mais nervoso. Enquanto Suzana pedia encarecidamente para o taxista buscar atalhos e tentar chegar logo ao destino, Matheus parecia um playboy enfurecido dirigindo e costurando de forma desvairada pelas ruas da cidade. Tentariam chegar o quanto antes ao apartamento de Jaqueline.

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Capítulo 02

Um homem do bem Octávio vivia uma fase simplesmente ótima.

Era um senhor com menos de sessenta anos de idade, estava aposentado e tivera o privilégio de chegar a essa situação como funcionário público federal e poder receber mensalmente uma substanciosa quantia, que era mais do que suficiente para o seu sustento e também dos filhos adultos que ainda moravam com ele.

Com a vida já estabilizada, pôde se dedicar de corpo e alma ao seu maior sonho: as atividades assistenciais e filantrópicas como um dos trabalhadores de um Centro Espírita. Além de participar de várias campanhas de arrecadação de donativos, roupas e outros acessórios, fazia questão de preparar palestras para ministrá-las às terças-feiras à noite.

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O local era bem frequentado e havia muitos jovens que, aos poucos, chegavam e se multiplicavam, tal era o carisma de Octávio. Por vezes, as pessoas ficavam de pé no auditório destinado às palestras devido ao grande número de trabalhadores e ouvintes ali presentes. Os temas abordados por Otávio eram os mais variados possíveis, e a forma pela qual ele transmitia esses conhecimentos era algo muito contagiante. Além disso, a fisionomia e o semblante daquele iluminado senhor transmitiam muita simpatia aos frequentadores do centro. Foi em uma dessas palestras que o jovem Matheus teve a alegria de conhecê-lo. Levado por um amigo do trabalho ficou maravilhado e passou a ser fiel frequentador daquele local abençoado. Não demorou muito para que levasse Suzana. A empatia entre Matheus e Octávio fora tão grande que eles passaram a ser amigos íntimos. Costumavam se falar com frequência tanto por telefone quanto por e-mails e em encontros pessoais. ***

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A caminho do apartamento de Jaqueline, parado em um demorado semáforo, Matheus teve a ideia de ligar no celular de Octávio para expor a situação e falar sobre a sua apreensão. Rapidamente, ouviu a fala tranquilizadora do experiente senhor: — Já estou orando neste momento, meu jovem. Vou pedir para que os Benfeitores Espirituais, invisíveis aos nossos olhos, lá estejam e amparem nossa querida irmã. Peço-lhe que também ore para que essa corrente fique ainda mais forte! Tenhamos fé para que tudo dê certo. Acredite! Assim que Matheus desligou o telefone, Octávio mergulhou em profunda meditação e orou com toda a fé. Pediu encarecidamente às almas iluminadas que despejassem todas as bênçãos na perturbada jovem. Um elo invisível aos olhos humanos começou a se formar de maneira esplêndida. Em poucos segundos, três entidades de muita luz chegaram ao apartamento de Jaqueline e a viram com aparência péssima: cabelos despenteados, olhos fundos e pensamentos desconexos. Ela estava diante da pia do banheiro e já tinha separado vários comprimidos. Havia um copo cheio de água e bastava um simples gesto naquele momento: apanhá-los com uma das mãos, colocá-los na boca e, em seguida, engoli-los. 9


As três Entidades de Luz depararam-se com forças escuras. Um total de seis espíritos desorientados e sofredores cercavam a moça e a obsidiavam de forma intensa. Tinham a aparência horrível, vestimentas negras e feitios animalescos. Eram criaturas que haviam desencarnado pelo suicídio e estavam havia décadas em regiões umbralinas. Naquele momento, foram atraídas para lá pelos pensamentos da jovem. Enquanto começava um embate de forças espirituais, e a jovem perturbada ensaiava o seu último ato, tanto Suzana quanto Matheus estavam a caminho do apartamento. Octávio permanecia em prece e com as boas lembranças captadas de suas antigas palestras para também agregar mais energia e direcioná-las para lá. Foram alguns segundos de introspecção, de forma tão intensa, que o levaram a ter a nítida sensação de um flashback de grandes momentos no Centro do qual era trabalhador. Bons momentos da sua vida de doação e amor surgiram em sua memória em meio a uma forte rogativa a qual ele tinha fé que seria atendida.

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J

aqueline é uma garota de 23 anos que sofre de depressão, vive uma fase de extrema desilusão amorosa e decide colocar fim à sua própria vida. O planejado ato está prestes a acontecer quando um casal de amigos descobre os intentos da jovem moça, porém o tempo para intervir é muito curto. Nesses minutos finais, enquanto Matheus e Suzana se dirigem para o apartamento da sofredora Jaqueline, o amigo Octávio, expositor e colaborador da Seara Espírita, começa um trabalho de vibrações. Na visão espiritual do interior do apartamento da perturbada criatura entidades de Luz deparam-se com espíritos desorientados e sofredores que a cercam e a obsidiam de forma intensa. O ilustre senhor permanece em prece com as boas lembranças captadas de suas antigas palestras para também agregar mais energia e direcioná-las para lá. Os intermináveis e intensos segundos de introspecção levam Octávio a ter a nítida sensação de um flashback de grandes momentos no Centro onde é trabalhador. Boas passagens da sua vida de doação e amor surgem em sua memória bem como a lembrança dos seus últimos doze meses quando teve a alegria de conhecer Matheus, Suzana, Martin e Jaqueline, e acompanhar a problemática da jovem moça e sempre ajudá-la, na medida do possível. Agora ele se vê em meio a uma forte rogativa a qual ele tem fé que será atendida. Será mesmo?


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