Nesta amostra, o primeiro capítulo do livro A ESCOLA SUSTENTÁVEL de Lucia Legan.
A Escola Sustentรกvel
Eco-alfabetizando pelo ambiente
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A Escola Sustentรกvel
Eco-alfabetizando pelo ambiente
Lucia Legan
Pirenรณpolis - Goiรกs, 2009
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Liro, SP, Brasil)
Legan, Lucia A escola sustentável: eco-alfabetizando pelo ambiente / Lucia Legan. -- São Paulo : Imprensa Oficial do Estado de São Paulo ; Pirenópolis, GO : IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado 2004. Bibliografia. ISBN 85 - 7060 - 202 - 2 (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo) 1. Desenvolvimento Sustentável 2. Educação ambiental 3. Natureza - Estudo I. Título 04 - 0934 CCD - 372.357
Índices para catálogo sistemático: 1. Educação ambiental: Ensino fundamental 372.357 2. Natureza : Estudo : Ensino fundamental 372.357
É proibida a duplicação ou reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet e outros), sem permissão expressa da autora.
Ecocentro IPEC - Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado Caixa Postal 45 CEP 72980-000 - Pirenópolis - GO Tel.: (62) 3331.2111 ou (62) 3331.1568 www.ecocentro.org ipec@ecocentro.org
Prefácio Há muitos anos eu vivia na cidade, aproveitando a vida urbana, consumindo as coisas sem compreender de onde vinham e como chegavam lá. A mudança aconteceu quando mudei para a zona rural. A área era muito isolada, o armazém da localidade não vendia as ervas e hortaliças que preferíamos comer. Então comecei a plantar alguns temperos em potes. Minha graduação para jardineira aconteceu quando passei a produzir hortaliças, experimentando com diferentes variedades. Em um belo dia tive uma grande surpresa quando comentei com meu marido que as abóboras estavam com algum problema porque tinham todas a pele macia. Ele riu e me informou que as abóboras, no momento que são colhidas, têm naturalmente a casca macia, que endurece enquanto estão guardadas. Foi aí que acordei para a situação das pessoas urbanas estarem no escuro. Como uma professora, descobri a importância das crianças compreenderem o mundo em que vivem, não apenas pela leitura de livros, mas pela experiência com a natureza e suas maravilhas. Este foi um momento apropriado para introduzir a natureza na sala de aula. Muitas luas mais tarde, eu agora tento produzir a comida que minha família consome. O paladar para alimento orgânico é inspiração suficiente para me manter plantando. Feliz jardinagem!
Segunda Edição! O mais empolgante de uma segunda edição é a oportunide de re-criar um livro. Estou muito feliz em anunciar que a “Escola Sustentável” está saindo com um novo visual que, esperamos, seja mais acessível, com mais ilustrações e informações atualizadas com a experiência da primeira edição. Eu gostaria de agradecer a Felipe Horst, que tem uma paciência infinita e à Imprensa Oficial que originalmente acreditou no projeto. Meus agradecimentos a Valdomiro Soares, Stephanie Thomas, Lia Bock, Antônio Zayek e Monica Borba. Sempre existem pessoas especiais em nossas vidas que, gentilmente, nos empurram para nosso potencial. Por estes gentis empurrões agradeço a André e Laila Soares que sempre me encorajaram e ainda trazem xícaras de chá!
Lucia Legan
Agradecimentos Eu gostaria de agradecer especialmente a André e Laila que me apoiaram continuamente com amor e chá durante a criação deste livro. Existem muitas pessoas que me inspiraram e ajudaram, jardinando comigo pelo nascimento deste livro. Muito obrigada a...
Sumário Como usar este livro
8
Capítulo I - No Princípio... Ou será o fim? • Re-orientando a educação atual • Aprendizado por projetos • Desenvolvendo a sala de aula ao ar livre • Permacultura na sala de aula
10 11 14 17 23
Capítulo II - Permacultura • Princípios da permacultura • Linguagem de padrões • Lendo a terra - microclimas • Zonas e setores • Análises
26 26 27 30 31 33
Capítulo III - Segurança Alimentar • Orientações para a sala de aula ao ar livre • Solos • O jardim dos alimentos • Decidindo o que plantar • Como fazer uma escola do sabor? • Plantas companheiras • Lua
36 37 39 45 48 50 56 57
Capítulo IV - A Festa da Colheita! • Chefe de cozinha • Alimento e nutrição humana • Uma dieta balanceada • A origem do alimento • Cultive flores, e também as coma! • Secando os alimentos • Três Irmãs
60 60 61 61 63 65 67 68
Capítulo V - Reciclando no Jardim • Minhocas • Composto • A mágica do “mulch” • Esterco humano
70 70 73 76 78
Capítulo VI - Invasor ou Convidado? • Controle biológico • Controle mecânico • Controle de cultura • Um gracioso planador - a borboleta • Aranhas, formigas e abelhas • Cobras • Ervas daninhas
80 80 82 82 83 85 86 89
Capítulo VII - Espécies e Ecossistemas • Tudo está conectado • Ciência das plantas • Se as arvores pudessem falar! • Plantando árvores • Manter sementes - nossa única esperança • Plantando as sementes • Começando um viveiro
90 90 92 95 99 101 104 105
Capítulo VIII - Pequenos Animais • Animais em pequenos espaços • Zona 5 - Um santuário da vida silvestre • Pássaros • Tanques de pererecas
106 106 110 111 113
Capítulo IX - Água • A água está em todo lugar • O ciclo das águas • Permacultura e água • Sistema de tratamento de água cinza
116 118 119 120 124
Capítulo X - Energia e Tecnologia • Conheça o sol • Energia solar • A Mãe Terra e a Irmã Lua • Efeito estufa • Ar! • A permacultura e o vento • Energia do lixo! • Energia da água
126 128 130 134 135 136 139 140 140
Capítulo XI - Os cinco “Rs”: Recicle, Reduza, Repare, Re-use e Repense • Que montanha de lixo • Na trilha da coleta de lixo • Desmanchando a montanha de lixo
142
Capítulo XII - Economia Local • Padrões insustentáveis de consumo • Aumentando os recursos • LETS • Dias de troca
150 150 151 152 153
Capítulo XIII - Interação Humana • Inimigos globais • Globalização • Poder militar • Divida mortal • Saúde e distribuição de alimento • Alimentos geneticamente modificados • Paz na terra e todo aquele Jazz • Resolução de conflitos • Questionamento estratégico • Revoluções ecológicas
154 154 155 155 157 157 158 159 160 163 164
Índice Remissivo
167
Bibliografia Links
169 170
Programa Habitats - Sua Escola Sustentável
171
143 144 145
A Escola Sustentável - 9
Como usar este livro Este livro foi concebido como um guia para educadores interessados na eco-alfabetização para um futuro sustentável. É um manual que oferece informação abundante, exercícios e atividades, combinando a sabedoria das culturas tradicionais e indígenas com tecnologias e informação da ciência moderna. É importante que os professores trabalhem de forma coordenada e cooperativa, propiciando a oportunidade de integrar o conhecimento em todas as disciplinas, em todas as séries. Assim as crianças percebem que uma disciplina não é apenas uma série de pequenas unidades, mas um tópico integrado que cobre muitos aspectos da vida e do ambiente. O desafio, para os educadores, é desenvolver estratégias que assistam o currículo. Sabendo que a maioria dos educadores trabalha com recursos limitados, o custo dos materiais necessários para os experimentos foi mantido no mínimo. Escolhi experiências que podem utilizar materiais reciclados e elementos simples, encontrados em qualquer cozinha, ou na natureza. Também incluí atividades de enriquecimento, buscando inspirar maior integração entre as disciplinas. Estas foram incluidas para transcender a sala de aula convencional para a sala ao ar livre, dentro do currículo.
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Cada atividade é acompanhada de um símbolo que indica o nível necessário para o aluno realizar a experiência:
Iniciantes Habilidades de nível médio Habilidades avançadas
Língua Portuguesa Matemática Geografia História Arte Tecnologia Ciências Sociais Ciências Naturais
10 - A Escola Sustentável
Dicas e sugestões
Introduz fatos interessantes para estimular a discussão.
Atividades Integradas Dicas para a experiência transdisciplinar, conectando a vivência ambiental com os temas geradores, para que as crianças descubram a natureza através da ciência, da matemática, da leitura e da escrita, com estudos sociais e educação ambiental, tecendo juntas com a investigação prática e encorajando a avaliação crítica dos problemas e das soluções. Siga os ícones!
Uma auditoria é um questionário que coleta informações sobre a situação atual do ambiente em que os estudantes vivem e estudam. Os indicadores auditados são critérios que podem ser monitorados regularmente para identificação de tendências no ambiente escolar. O monitoramento do progresso destes indicadores pode ajudar a comunidade escolar a planejar suas prioridades em relação às necessidades da escola, definindo objetivos para uma cultura sustentável dentro da escola.
Auditorias
As crianças podem fazer parte da solução. A auditoria aponta para ações inspiradoras para a sustentabilidade. Feita cuidadosamente, a auditoria propicia informação confiável sobre um determinado problema, inclusive custos associados às soluções.
Diagramas são utilizados para acesso rápido à informação.
CÊ SABIA VO ?
Introduz fatos interessantes para estimular a discussão.
Palavras sábias de muita gente interessante são incluídas para estimular o pensamento e a reflexão.
Frases de impacto... para clarear o pensamento. Renove suas idéias!
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Palavras sábias de muita gente interessante são incluídas para estimular o pensamento e a reflexão.
Cada atividade é acompanhada
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nível necessário para o aluno realizar a experiência:
Iniciantes Habilidades de nível médio Habilidades avançadas
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Frases de impacto... para clarear o pensamento. Renove suas idéias!
Dicas e sugestões
Atividades Integradas
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Matemática Geografia História Arte Tecnologia Ciências Sociais Ciências Naturais
Dicas para a experiência transdisciplinar, conectando a vivência ambiental com os temas geradores, para que as crianças descubram a natureza através da ciência, da matemática, da leitura e da escrita, com estudos sociais e educação ambiental, tecendo juntas com a investigação prática e encorajando a avaliação crítica dos problemas e das soluções. Siga os ícones!
A Escola Sustentável - 11
“Podemos falar sobre o futuro, visualizar o futuro, mas se queremos este futuro teremos que agir”. Daryl Kollman
Capítulo I
No princípio… Ou será o fim? A sensação de desespero sobre a situação do mundo se apoderou de muitos de nós. Reclamamos sobre a poluição, o lixo, o crime e a pobreza, que agora são tão comuns no planeta. Os cientistas avisam que nosso modo de vida é insustentável. Estamos esgotando os recursos, poluindo as águas e degradando as terras. Uma mudança urgente é necessária. Um tipo de mudança que envolva a comunidade, cada lar e cada indivíduo. As pesquisas indicam que a educação melhora a condição humana, e é um fator decisivo para tornar as pessoas produtivas e responsáveis membros da sociedade. As soluções que venham ao encontro destes problemas deverão estar alicerçadas nos sistemas de educação de cada região, contando que as pessoas se envolvam e apóiem tais mudanças. Para todos os povos do mundo a cultura é um determinante prático e concreto do desenvolvimento. Um pré-requisito fundamental para o desenvolvimento sustentável é um sistema educacional adequadamente financiado e efetivo em todos os níveis, particularmente o ensino fundamental e secundário, que devem ser acessíveis a todos, desenvolvendo a capacidade humana e o bem-estar. Existem hoje muitas definições sobre o que é sustentável. A mais apropriada diz que “o sistema em que vivemos deve satisfazer nossas necessidades de crescimento e manutenção e o excedente deve ser utilizado para re-investimento” (Unesco, 2002). Ou seja, o foco deve ser em satisfazer nossas necessidades presentes sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas.
Segurança alimentar Economia local
m a c u l t u ra Per “Para criar uma ética ambiental duradoura a educação ambiental deve resolver o problema da alienação do mundo natural.”
Ecossistemas e espécies
Água
Culturas Sustentáveis Energia e tecnologia Comunicação e cultura
Janet Pivnide
Modelo Ideal de Cultura Sustentável 12 - A Escola Sustentável
•
Capítulo I
Eco-alfabetização é a compreensão dos princípios básicos da sustentabilidade, sendo capaz de refleti-los na vida diária das comunidades humanas. Os seis pontos relevantes para a educação de uma cultura sustentável são:
Restauração da Terra e
dos solos danificados
Sementes de polinização aberta Florestas de alimentos orgânicos Segurança alimentar,
saúde e nutrição
Distribuição equitativa
Economia Local
dos alimentos
Água
Consumo sustentável Consumo dos produtos
Segurança Alimentar
da localidade
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saudáveis
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Conservação
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Respeito a todas as formas de vida
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Culturas Sustentáveis
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plantas e animais
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Oceanos vivos Bacias hidrográficas
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Manutenção da diversidade de
Reflorestamento
Acesso a água limpa
para todos
Comércio ético Manejo de recursos Empresas ecológicas Minimização do lixo
todas as criaturas vivas
Espécies e Ecossistemas
Reciclar, reduzir, reparar,
reusar e repensar
Uso ético dos recursos naturais Consumo justo de energia Acesso equitativo às tecnologias
Comunicação e Cultura Partilha do conhecimento
Fontes renováveis de energia
Energia e Tecnologia
Cooperação, não competição Dar poder aos indivíduos Troca de opiniões Consenso Direitos humanos Cultura local
Re-orientando a educação atual As crianças são aproximadamente 30% da população do mundo, e em muitos países chegam a somar a metade da população. O envolvimento das crianças de hoje na educação ambiental é fundamental para o sucesso a longo prazo dos esforços para a sustentabilidade. Precisamos lembrar constantemente de que nossas crianças herdarão a responsabilidade de cuidar da Terra.
A verdadeira educação ambiental só acontece na vivência prática com o ambiente, descobrindo nosso impacto e nosso potencial de restauração.
Capítulo I • A Escola Sustentável - 13
Os jovens estão preocupados com os problemas globais, mas muitos se sentem despreparados para o que vai trazer o futuro. Então, da próxima vez que você entrar na sala de aula observe com cuidado as trinta e tantas faces adoráveis olhando para você. Certo! Talvez não o sejam todo tempo, mas são a próxima geração. Isto lhe dá poder para mudar o mundo. Que melhor forma de ajudar o planeta do que oferecer uma nova visão para seus estudantes? Ser eco-alfabetizado significa compreender os princípios básicos de organização das comunidades ecológicas e ser capaz de incorporar estes princípios na sua vida diária e na vida da comunidade humana. Para muitos de nossos estudantes o futuro parece incerto e até assustador. Como resultado, há a necessidade de uma interpretação mais ampla da educação, uma que inclua a mudança de foco para temas que ofereçam as ferramentas para construir um futuro sustentável. A re-orientação da educação atual é uma ação necessária para todos os educadores, em todos os níveis, pois inovações são necessárias para auxiliar as crianças de hoje em direção ao futuro que vão encontrar. O modelo educacional antigo, do aprendizado passivo dos fatos e da repetição descontextualizada não mais é suficiente. No futuro, a necessidade de resolver problemas complexos exigirá que todos tenham habilidades fundamentais, tais como leitura, escrita e cálculo, habilidades avançadas na resolução de problemas, trabalho em equipe, pesquisa aplicada, gerenciamento do tempo, síntese de informação e saber tecnológico. A educação para uma cultura sustentável inclui o aprendizado contínuo, interdisciplinar, com parcerias em um ambiente multi-cultural e afirmativo. A educação ambiental de hoje deve construir sobre a curiosidade natural das crianças e sobre o entusiasmo pela exploração, com programas que descubram a natureza pela ciência, matemática, leitura, escrita, estudos sociais e arte, tecendo juntas com a investigação prática e encorajando a avaliação crítica dos problemas e das soluções. Os educadores precisam hoje da flexibilidade e da capacidade de acessar e integrar o conhecimento das diferentes origens. A resolução dos problemas da sociedade requer o conhecimento das mais diversas disciplinas, da mesma forma que uma variedade de especialistas precisa trabalhar em conjunto para resolver os problemas do mundo fora da escola. As disciplinas não podem mais estar separadas desnecessariamente, tanto na escola quanto no mundo profissional. Passando às crianças a responsabilidade de algo concreto para fazer no mundo, expressamos nossa confiança na capacidade de trabalhar, de resolver problemas de forma criativa e cooperativa. A re-orientação da educação envolve ensinamentos ou instruções que não somente aumentam o conhecimento do estudante, mas incentivam o desenvolvimento de habilidades e valores que orientarão e motivarão para estilos de vida sustentáveis.
14 - A Escola Sustentável
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Capítulo I
Habilidades falar em grupo escrever
observar discutir
ler
negociar
calcular
dar e receber
medir
debater
usar o computador usar equipamento científico
Habilidades são unidades de comportamento ou ações relativamente pequenas, claramente definidas e observáveis. Além de aprenderem muitas habilidades básicas, as crianças devem ser capazes de reconhecer por si mesmas os contextos em que estas podem ser úteis e os objetivos que podem alcançar. Na instrução sistemática a criança adquire as habilidades e no trabalho em projetos ela as aplica dentro de contextos significativos.
conceitos
Conhecimento Existem muitos conceitos sociais e científicos fundamentais para nosso modo de vida que as crianças podem aprender no contexto da sala de aula.
descrição
fatos
perspectivas
relações atributos
histórias
categorias
causa e efeito
compreensão individual
Valores Valores são hábitos da mente ou padrões de comportamento. As crianças devem desenvolver certos valores para que sejam aprendizes efetivos na sala de aula. Aqueles valores que dificultam o aprendizado podem ser “enfraquecidos” ou “desencorajados”. Por exemplo: a disposição para resolver problemas sociais com o comportamento agressivo ou o desânimo quando o trabalho se torna difícil. O ensino de valores apropriados para um futuro sustentável é um elemento chave na educação. Por exemplo: as nações com os maiores índices de educação têm as maiores taxas de consumo per capita e atualmente causam os maiores impactos disposição curiosidade ambientais.
descoberta
preferências
Os dados do “Livro Estatístico do Ano” da UNESCO demonstram que mais de 80% da população dos Estados Unidos têm algum sentimentos cooperação tipo de educação pós-secundária. Também observamos que o expressão uso de energia e a geração de lixo per capita nos EUA são as maiores do mundo. Mais educação não levou à sustentabilidade. A conclusão é que simplesmente elevar o grau de instrução das pessoas não é suficiente para alcançar sociedades sustentáveis. A educação básica deve incluir o ensino de valores, a promoção do cuidado com o planeta, o cuidado com as pessoas e a partilha justa de recursos.
explicação
busca de apoio
O ensino de valores apropriados para um futuro sustentável é um elemento chave na educação.
Capítulo I
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A Escola Sustentável - 15
Aprendizado por Projetos Educação ambiental deve: • Envolver a todos • Ser permanente • Ser holística com as conexões • Ser prática
Um currículo sobrecarregado é preocupação de muitos professores. Muitos se sentem super-atarefados e sub-remunerados, sem tempo suficiente para cobrir todo o material sendo adicionado ao currículo. Como resultado, muitos decidem que o conteúdo básico de escrita, leitura e matemática deve ser priorizado em relação aos temas interdisciplinares, como a educação para um futuro sustentável. No entanto, muitos objetivos são alcançados no aprendizado por projetos, especialmente nas áreas de valores e habilidades, comuns em todas as disciplinas básicas do currículo. O ensino da sustentabilidade através da execução de projetos enfatiza o pensamento crítico e criativo, a resolução de problemas, a tomada de decisões, a análise, o aprendizado cooperativo, a liderança e a capacidade de comunicação. Portanto, é uma ótima forma de atingir os objetivos fundamentais sem aumentar o problema do currículo sobrecarregado. As crianças gostam de aprender quando o aprendizado faz sentido, e o tópico tem o mérito da atenção e do esforço deles. Estudantes que podem ver a conexão entre uma tarefa baseada em um projeto e o mundo real estarão mais motivados para compreender e resolver o problema apresentado. O aprendizado por projetos dá a oportunidade aos estudantes de participarem na decisão de como e do quê vão aprender, enquanto constroem a motivação intrínseca para criar soluções, perguntando e refinando a questão, debatendo idéias, fazendo previsões, planejando experimentos, coletando e analisando dados, estabelecendo conclusões, comunicando suas idéias e descobertas aos outros e elaborando novas questões. O trabalho de projeto pode ser visto como parte do currículo, planejado em negociação, apoiando e estendendo os elementos instrutivos formais do professor. Os estudantes que têm liberdade para escolher estratégias diferentes de aprendizado ficam mais engajados no processo, e terão mais probabilidade de enfrentarem problemas com uma mente aberta. É comum ver os professores entrarem na sala de aula e proclamarem que “esta semana vamos aprender sobre o meio ambiente!”, e as crianças são incentivadas a abraçar algumas árvores, fazer um pouco de papel reciclado ou criar alguns brinquedos com o lixo dos adultos. Elas ficam entediadas e inquietas e, quase sempre, nada aprendem.
Aviso! A permacultura vai mudar a sua vida!
Aprender sobre o ambiente deveria ser divertido. Então como podemos criar um programa de educação ambiental que seja interessante, dinâmico e bem-sucedido? Felizmente não temos que re-inventar a roda! A Permacultura é um método reconhecido para alcançar uma cultura sustentável, criada pelo premiado Dr. Bill Mollison, um australiano da Tasmânia. Permacultura significa cultura permanente. É um sistema de design para a criação de ambientes produtivos, sustentáveis e ecológicos para que possamos habitar na Terra sem destruir a vida. Este sistema de planejamento holístico trabalha com a natureza pela imitação dos processos naturais, utilizando a sabedoria dos sistemas tradicionais de produção e o conhecimento científico moderno para estabelecer comunidades sustentáveis.
16 - A Escola Sustentável
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Capítulo I
A Permacultura é abundância e diversidade. Nas escolas africanas o alimento está sendo produzido onde antes só havia pó, na Austrália muitas escolas estão formando oásis de abundância, e na Índia, as crianças estão indo para a escola alimentadas, com muitas idéias para partilhar. A Permacultura é um conceito orientado para a ação que está mudando a forma com que as pessoas pensam e agem em relação às demais e a Mãe Terra. É um processo de poder pessoal, pois qualquer um pode fazê-lo! Ela nos incentiva a sermos auto-suficientes e capazes.
A Permacultura na sala de aula é o programa de educação ambiental em ação!
Este método pode ser usado em qualquer lugar, vivendo em um apartamento na cidade, nos subúrbios ou em propriedades rurais, em espaços comunitários, pátios industriais ou escolas. Parece mágica! Pois é! E, melhor ainda: não é trabalho em demasia. Pela conexão com a terra as crianças podem experimentar a força da natureza e aprenderem a cuidar do planeta Terra. Cozinhando e partilhando refeições podem aprender a cuidar dos demais. E partilhando recursos enquanto aprendem a matemática, a linguagem, geografia e ciências. A Permacultura na sala de aula é o programa de educação ambiental em AÇÃO! É um programa prático e estimulante, onde todos podem aprender e aproveitar de forma sensível, onde o educador pode utilizar um “currículo” efetivo. O aprendizado com significado requer a integração de idéias a partir de várias perspectivas diferentes, ao contrário da compartimentalização do conteúdo em “caixinhas” de conhecimento. Como resultado, os professores devem ser flexíveis e capazes de acessar e integrar o conhecimento de diferentes fontes e disciplinas. A educação para o futuro sustentável pode ser realizada em todas as disciplinas, de tal forma que os objetivos sejam alcançados enquanto discutem e planejam a forma de viver sustentavelmente, como cidadãos locais em uma comunidade (ou aldeia) global. Isto pode ser feito pela infusão em cada disciplina ou com módulos interdisciplinares. A área da escola oferece um recurso educativo perfeito. O desenvolvimento do terreno da escola como uma sala de aula ao ar livre permite a experiência em primeira mão com a natureza, trabalhando para um futuro sustentável. A sala de aula ao ar livre oferece, além do espaço estimulante e da ventilação, a alternativa para a criança desenvolver habilidades e conhecimento aplicáveis ao mundo real, preparando-se para a vida adulta. O espaço é planejado para permitir o aprendizado espontâneo, diversificado e autodeterminado, que ocorre quando o ambiente é preparado de forma a facilitar uma exploração ativa, interagindo com os adultos e os parceiros da comunidade escolar. Todos se tornam parte da solução de muitos dos problemas atuais e futuros. A sala de aula ao ar livre se encaixa em qualquer currículo, para qualquer idade ou nível escolar.
Plantar árvores pode ser uma parte importante e saudável da experiência de aprendizado infantil, mas uma experiência ainda mais rica aguarda aqueles que assumem a restauração do habitat!
Capítulo I • A Escola Sustentável - 17
Uma sala de aula ao ar livre, que vai além do prédio escolar, encoraja os estudantes a abrirem os olhos, a mente e o coração para serem direcionados a uma existência mais natural e a um futuro sustentável. Eles se tornam engajados construtores de um novo conhecimento, ativos aprendizes para toda a vida. Quando as crianças estão interessadas no que estão fazendo e são capazes de utilizar seus talentos, alcançam níveis mais altos à medida em que controlam seu aprendizado. Uma diversidade de habitats ajuda a satisfazer as necessidades de exploração, brinquedo imaginativo e reflexão em silêncio.
Carolyn Nuttal é uma professora do ensino fundamental na Austrália que decidiu que o jardim poderia ser uma sala de aula ao ar livre. Em 1992 ela iniciou uma floresta permacultural em sua escola urbana. O objetivo era oferecer atividades da “vida real” que pudessem ser vivenciadas, tornando-se o foco do aprendizado. Leia mais sobre sua experiência no livro “Agroflorestas para crianças: uma sala ao ar livre”. Alguns dos benefícios da sala de aula ao ar livre: • Estudantes com dificuldades em responder ao trabalho convencional em sala fechada podem ser inteiramente ocupados em atividades divertidas, reduzindo a pressão nos demais e nos professores. • Estudantes que se entusiasmam sobre o que aprendem se aprofundam mais, retendo melhor o conhecimento. • Desenvolve as habilidades sociais. • Professores têm mais liberdade para desenvolver aulas melhor direcionadas a cada turma. • Maiores opções de estratégias de ensino, com melhores resultados de aprendizado. • Melhor qualidade do ambiente de aprendizado, beneficiando as pessoas e a natureza simultaneamente. • Melhorias no comportamento, reduzindo acidentes e vandalismo no espaço escolar. Estudantes com maior responsabilidade e melhor atitude em relação à escola. • A criação de jardins pode suprir merendas saudáveis com menos recursos. • A sala de aula ao ar livre estabelecerá um elo natural entre os estudantes e a comunidade local. • Escolas que trabalham a partir de projetos descobrem um declínio de ausências e um aumento considerável na habilidade de cooperar, com melhores resultados de aprendizado.
18 - A Escola Sustentável
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Capítulo I
Desenvolvendo a sala de aula ao ar livre Os estudantes se beneficiam de um currículo que inclua oportunidades para a experiência, desenvolvendo o conhecimento sobre o ambiente e o papel de cada um neste. Em qualquer atividade de melhoria ambiental, os interesses específicos devem ser considerados por inteiro, a partir de um processo participativo, para garantir a sustentabilidade das ações. O educador deve incentivar o envolvimento de cada um na restauração e proteção do ambiente. É imperativo que as gerações mais jovens, em todo o mundo, participem ativamente dos processos de decisão, pois seus meios de vida hoje afetam o amanhã.
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Quando planejar um projeto, sugiro que siga um formato em quatro estágios, envolvendo os estudantes em cada um, pois além da contribuição intelectual eles têm a capacidade de mobilizar apoio e oferecer diferentes perspectivas para o programa. Em alguns casos, mesmo com boa intenção, identificamos a visão para eles e não com eles. É importante aceitar abertamente a visão dos estudantes, pois é assim Planeja nd que podemos capturar o interesse o o deles no aprendizado sobre coisas novas. Esta discussão inicial sobre o tópico do o o projeto d projeto deve incluir as n ta experiências e idéias relativas de cada um. Você faz, com eles, uma jornada para estabelecer uma visão a do programa. fic i t Iden
O processo de tomada de decisão nos habitats escolares pode contribuir para o aperfeiçoamento das crianças como responsáveis, cidadãos contribuintes que entendem melhor as decisões políticas adotadas.
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Primeira fase: Identificando um projeto
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No momento de gerar a visão para um programa ambiental que se encaixe no currículo, o educador deve levar todos por um caminho visionário comum. Isto pode ser alcançado com paciência e muita discussão.
A comunicação é um ingrediente essencial para qualquer grupo. Sua eficiência como educador depende de sua habilidade em comunicar bem com o grupo e auxiliá-los a comunicarem-se entre si. Freqüentemente o medo pode deixar uma pessoa introvertida ou extrovertida em excesso. Incentive-os a se arriscarem para crescer e expandir a mente. Jamais os ponha em posição de fracasso e lembre-se de não pedir nada que você mesmo não esteja preparado para fazer.
Capítulo I
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A Escola Sustentável - 19
Atravéz do envolvimento prático no desenho, criação e cuidado com o alimento, produzindo nas áreas naturais da escola, as crianças melhoram sua performance acadêmica e desenvolvem o desejo e a capacidade de trabalhar para o desenvolvimento da comunidade da qual são parte.” Anne Bell
A primeira fase começa com o questionamento das crianças sobre o que eles já conhecem em um determinado tópico. Perguntar é uma das ferramentas mais poderosas que um educador pode usar. Perguntas resultam em idéias, possibilidades e hipóteses. O questionamento nos permite buscar sentido em um mundo confuso, nos levando ao “Eureca!” e à compreensão. A pergunta que vai dar partida a uma sessão baseada em projeto deve ser feita de forma a engajar, estabelecendo um problema ou uma situação onde possam assumir, sabendo que não existe apenas uma resposta ou solução. Escolha um tópico do mundo real e comece uma investigação que se aprofunde gradativamente. Baseie sua questão em uma situação ou tópico que sejam autênticos. O que está acontecendo na sua classe ou na comunidade? Defina a pergunta de forma que os estudantes possam sentir que causam um impacto ao respondê-la ou solucionar o problema. Deve ser, acima de tudo, relevante. Do tipo “aqui e agora”. Uma pergunta que tenha significado para suas vidas neste momento. Quando estiver planejando o projeto, a questão essencial irá determinar as atividades. Com estes critérios em mente, desenhe um plano para integrar tantas disciplinas quantas possíveis neste projeto. A consulta ao currículo e a discussão entre todos permite a identificação do projeto mais apropriado, que deve ser motivador e estar ao alcance do grupo. O projeto poderá acontecer dentro da área da escola, nos córregos da comunidade ou em algum sítio, minhocário ou composteira local. É importante que o projeto seja relevante para o grupo. Quando abrir a discussão convide todos a participarem da conversa. Não permita que dois ou três monopolizem o debate. Faça perguntas para motivá-los à expressão aberta. O questionamento estratégico é uma forma útil de pensar sobre mudanças, desenvolvida por Fran Peavey, uma ativista social da América do Norte. Mudanças podem, às vezes, causar emoções desconfortáveis de negação, medo e resistência. No entanto, mudanças também dão oportunidades para que novas idéias surjam.O questionamento estratégico assiste na integração de novas idéias e estratégias com o desenvolvimento de comunidades de tal forma que as pessoas sintam-se positivas sobre mudança. Você pode encontrar mais informações sobre isto na Internet, em seus livros ou também no Capítulo XIII - Interação Humana. Segunda fase: Planejando o projeto Estudantes e professores com objetivos confusos são destinados a perder tempo e energia na classe. Na minha experiência, descobri que os grupos são mais comprometidos com seus projetos ambientais quando decidem entre si quais as atividades a serem realizadas. Convide a todos para participarem na criação dos objetivos para o projeto. Muitos estarão interessados em decidirem sobre o que querem aprender. A determinação dos objetivos deve ser específica e mensurável, para permitir uma avaliação adequada. Além disto, os que estão envolvidos na realização da tarefa do projeto, ou da lista de checagem, ganham experiência valiosa estabelecendo seus próprios objetivos e padrões de qualidade. Isto permite aos estudantes um senso de propriedade e controle sobre seu próprio aprendizado, além da oportunidade de identificar subtópicos relacionados e explorá-los no seu tempo vago.
20 - A Escola Sustentável • Capítulo I
As 10 melhores práticas (projetos) para a sala de aula ao ar livre: • Hortas comunitárias. • Produção de húmus de minhoca. • Inspeção da água nos córregos locais. • Fazenda de borboletas. • Reflorestamento das margens dos córregos. • Produção de peixes nativos para repovoamento dos rios. • Criando um viveiro de plantas, coletando sementes e propagando espécies. • Pesquisando os temas relacionados com a produção comercial de animais nativos. • Implementando um programa de minimização de lixo na escola e investigando as implicações deste para a saúde ambiental e humana. • Desenvolvendo regras para a política de meio ambiente da escola.
Incentive a expressão de vários pontos de vista. Peça que se expressem na primeira pessoa, sempre iniciando com “eu acredito que…” e não “nós devemos…”. A forma com que você se expressa formará um padrão na expressão do grupo. O que você diz determina o que os estudantes dizem. Não faça pronunciamentos sobre outras pessoas. Qualifique suas opiniões como unicamente suas. Diga: “eu penso que…” ou “ me parece que…”.
Criando habitats para o aprendizado.
Certifique-se de que os demais saibam que você está expressando seus sentimentos e opiniões e não realizando julgamentos finais. Colete esta informação e faça um mapeamento com as expectativas do currículo, e você terá um bimestre (ou trimestre) planejado, cheio de experiências dirigidas pelos estudantes. Evite que se engajem em batalhas sobre idéias e processos. Se nenhuma decisão foi tomada faça um intervalo na sessão. Aguarde o “resfriamento” dos egos e deixe que reflitam sobre seus problemas individuais. É possível que necessitem de apoio individual neste processo. “Podemos tentar de duas formas. Qual deveríamos tentar primeiro?” “Podemos concordar em cobrir ambos os temas no tempo restante?” Terceira fase: Implementando o projeto Os estudantes se sentem donos do projeto quando têm um papel ativo na tomada de decisões para as atividades. Selecione atividades que suportam o projeto, utilizando o currículo, alimentando assim o processo. Integre tantas disciplinas quantas possíveis dentro do projeto. Saiba quais materiais e recursos estarão acessíveis para assisti-los. Esteja preparado para se aprofundar nos novos tópicos e áreas do conhecimento que surgem à medida que os estudantes se tornam mais envolvidos e ativos na busca de respostas. Os capítulos seguintes oferecem muitas idéias e orientação sobre como implementar projetos e atividades. Partilhe suas idéias com todos e ouça as deles. Eles tornarão sua vida mais fácil na sala de aula.
Capítulo I • A Escola Sustentável - 21
Métodos de Avaliação • Interpretação de mapa ou diagrama • Testes de múltipla escolha • Resumos estruturados e não-estruturados • Exercícios de tomada de decisão • Apresentações orais • Observações • Testes de resposta curta • Pesquisa bibliográfica • Pesquisa de campo
Quando preparar planos de aula determine o tempo que cada segmento deve tomar. Divida seu material em três partes: • O que o grupo precisa saber • O que o grupo deveria saber • O que o grupo poderia saber Considere cuidadosamente quanto tempo será necessário para o “precisa saber” e o “deveria saber”. Você deve estar preparado com material extra no caso das coisas andarem mais depressa do que o planejado. Todos precisam de assistência no gerenciamento de seu tempo: uma habilidade importante para a vida.
Começando do princípio Esta fase envolve trabalho de campo, sessões com especialistas e vários aspectos da busca de informações: leitura, escrita, desenho e computadores. Sugiro que comece seu programa de eco-alfabetização com as diversas auditorias. Uma auditoria é um levantamento pontual, uma coleta de informações sobre o estado atual do ambiente em que irão trabalhar e estudar. Os indicadores auditados são critérios que podem ser monitorados regularmente para identificar as tendências no ambiente escolar. O monitoramento do progresso nos diferentes indicadores pode ajudar a estabelecer prioridades nas necessidades e definir objetivos no planejamento da cultura sustentável dentro da escola. Com a informação disponível todos podem fazer parte da solução. A auditoria apontará para ações que inspirem os estudantes a se tornarem mais sustentáveis. A realização da auditoria da escola ou da comunidade permite uma compreensão da situação da água, do alimento, e da energia utilizados, além de dar uma noção dos desperdícios e do lixo produzido. Se uma auditoria for realizada metódica e cuidadosamente o resultado é informação confiável que pode ser coletada sobre umas áreas problemáticas e os custos associados às soluções. Minha sugestão é começar pelas auditorias da água, da energia e do alimento. Em todo este livro estão oferecidos vários modelos de auditorias. Estes levantamentos e a conseqüente economia de recursos pode economizar as finanças da escola, reduzindo as contas de água, energia e merenda escolar. Além disto a escola pode reduzir os custos com papel e materiais re-utilizando, reciclando e criando hortas produtivas que podem suprir alimento orgânico de qualidade superior às merendas convencionais. Apresente os projetos em uma variedade de formas para que os estudantes e os pais os vejam. Use os quadros de aviso, a página na Internet, jornais internos e informativos para exibir seus esforços. Quarta fase: Avaliando o projeto O aprendizado baseado em projetos deixa que o professor tenha múltiplas oportunidades de avaliação, permitindo à criança demonstrar suas capacidades enquanto trabalha de forma independente. Apresentando a capacidade de aplicar certas habilidades, tais como a realização de pesquisa. O aprendizado baseado em projetos também desenvolve a capacidade de trabalhar com outros companheiros, construindo o trabalho em equipe cooperativo e desenvolvendo sociabilidade. O educador aprende mais sobre a criança como pessoa, auxiliando assim na comunicação de forma significativa e progressista em uma variedade de assuntos.
22 - A Escola Sustentável • Capítulo I
O valor educacional dos estudos ambientais vem do envolvimento na jornada, tanto quanto na chegada ao destino.
9. Com a orientação da professora Maria Elena, os estudantes criam um projeto ambiental integrado.
1. A professora Maria Elena lê um livro para os estudantes sobre um grande rio. Os estudantes discutem e compartilham o que sabem sobre rios.
2. Os estudantes aprendem novas palavras sobre rios para adicionar em seu vocabulário: córrego, leito, margem, afluente, mata ciliar, etc.
8. Os problemas aumentam! Os estudantes trabalham para criar soluções para o rio local. 7. Através de relatórios e questionários, os estudantes se organizam para pesquisar e fiscalizar o rio local.
3. Os estudantes criam paisagens usando areia, pedras e gravetos e fazem um experimento com o fluxo da água. 4. A professora Maria Elena apresenta aos estudantes os processos geográficos dos rios: origem, bacia, formas, etc. Eles discutem os processos e então desenham diagramas em seus cadernos.
5. Os estudantes visitam o rio local para observar a integração dos rios na natureza.
6. Cheia de informações novas, a Professora pergunta aos estudantes porque os rios são importantes para os seres humanos. O que acontece quando não cuidamos dos rios?
Capítulo I • A Escola Sustentável - 23
Estratégias para o sucesso: • Compromisso genuíno do(s) professor(es) • Criar interesse na classe • Planejar projeto com as crianças • Convidar pais e comunidade a se tornarem parte do projeto • Envolver a economia local Implementar habitat produtivo (escala realizável) • Avaliar = diversificar projetos • Brincar e celebrar pequenos sucessos com o grupo
A avaliação autêntica permite documentar sistematicamente o progresso e o desenvolvimento individual de cada um, provendo um diagnóstico e ajudando a estabelecer critérios de qualidade. Permite o retorno crítico sobre a compreensão de um tema e os pontos que necessitam mais trabalho. Uma avaliação é um tempo utilizado durante e no final de um projeto para que o grupo expresse seus sentimentos e opiniões sobre o que está acontecendo. Esta pode incluir discussões sobre como as coisas poderiam ser feitas diferentes no futuro. A avaliação irá demonstrar e prover informação sobre quais áreas do programa necessitam melhorias. Utilizamos quatro tipos principais de avaliação da eco-alfabetização. Você precisa decidir qual o tipo de avaliação apropriada para cada momento: 1. Avaliação da Reação - avalia a reação ao programa. Os estudantes podem acessar seu próprio trabalho coletando suas melhores amostras e expondo em um diário. Isto permite também que os pais acompanhem o trabalho em casa. Peça que criem um projeto de auto-avaliação. Isto permite que focalizem no seu próprio processo de aprendizagem, observando seu progresso com clareza. A auto-avaliação oferece um sentido de realização que incentiva ainda mais a responsabilidade pelo aprendizado. 2. Avaliação do aprendizado - Mede a mudança no conhecimento, atitudes e práticas. Esta pode ser observada e questionada pelo professor. 3. Avaliação da performance - Mede como a execução do trabalho alterou-se após um período determinado de tempo como resultado do programa. 4. Avaliação do impacto - Julga a efetividade do programa medindo o tipo e o grau de mudança imposto em uma determinada área alvo trabalhada.
Feedback Uma boa forma de testar hipóteses é prover e pedir feedback (retro-alimentação ou retorno crítico). Pergunte o que querem dizer com certas palavras ou diga-lhes como se sente sobre o que foi dito. Feedback é melhor usado quando é imediato, pois voltar atrás em um processo é muito mais difícil. Encontre tempo para refletir, individualmente e em grupo: • Partilhando sentimentos e experiências • Discutindo o que funcionou bem • Discutindo o que é necessário mudar Partilhe as idéias que levam a novas questões, conduzindo assim a novos projetos.
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Auto-avaliações São sempre benéficas, mesmo que às vezes difíceis de julgar em relação a sua facilitação no assunto. É melhor buscar padrões nas avaliações em geral do que individualizar. • Avalie os materiais que você escolheu em relação às avaliações que recebeu • Considere seus próprios critérios, assim como dos estudantes. Quando a auto-avaliação de um estudante e a do professor se desencontram existe uma oportunidade perfeita para uma discussão estudante-professor. Estas discussões permitem que o estudante explique em maiores detalhes sua compreensão do conteúdo e justifique suas escolhas. • Em alguns casos você receberá feedback negativo por ter feito a coisa certa. Lembre-se: você não pode esperar agradar a todos. Nem mesmo o melhor professor pode satisfazer todas as expectativas de todos, o tempo todo. Espere alguma crítica. Na verdade, se não receber nenhuma, você deve suspeitar que a avaliação não foi tão cuidadosa ou honesta quanto poderia ter sido.
Celebre a finalização de um projeto! Existem muitas formas de celebrar o ponto alto de um projeto: passeios de campo, festas, vídeos, etc.
Permacultura na sala de aula Existem muitos pontos de vista diferentes sobre a educação e seu propósito. Existem também muitas estratégias de ensino disponíveis, com os dois extremos sendo o aprendizado centrado no professor, que impõe o conhecimento, e o aprendizado centrado no estudante, que representa o pensamento progressista ou a educação aberta. Um resumo das características destes dois aspectos seria:
Centrado no professor
Educação aberta
• Professor ensina, os estudantes são ensinados • Professor sabe tudo, o estudantes nada • Professor pensa sobre os estudantes • Ênfase em testes, provas e notas • Professor é o sujeito do conhecimento e os estudantes são o objeto
• Partilha a informação • Gera opções de aprendizado criativo e auto-iniciado • Estudantes envolvidos no processo • Ênfase na avaliação holística • Estudantes contribuem para a seleção das experiências de aprendizagem
“Se planejar para um ano, plante arroz! Se planejar para 10 anos, plante árvores! Se planejar para 100 anos, eduque as pessoas!” Provérbio Chinês
As estratégias centradas no professor são efetivas para cobrirem grandes quantidades de informação e, se bem aplicadas, podem até ser excitantes motivadoras. Infelizmente estes modelos podem criar um relacionamento opressivo e, aparentemente, incentivar a capacidade criativa somente naqueles que toleram melhor a opressão. Os modelos centrados no estudante oferecem processos interativos que podem ajudá-lo a se sentir responsável por seu aprendizado, desenvolvendo habilidades de pensamento e processos de grupo que incentivam a interdependência. Este modelo de educação oferece ferramentas para restabelecer o controle sobre o aprendizado.
Capítulo I • A Escola Sustentável - 25
Quando todos são envolvidos como parceiros na determinação do seu aprendizado, alcançam maior sucesso. Nos métodos de ensino onde um ambiente positivo é criado todos são incentivados a assumir suas próprias vidas, aumentando assim o nível de responsabilidade que assumem por seu próprio aprendizado. Como educador, você aproveita este conhecimento, habilidades, experiência e motivação de cada um. O tempo investido em melhorar a confiança de cada estudante é ganho com melhor aprendizado e realizações acadêmicas.
Hora de mudança. Mudança é possível! O controle é uma ilusão!
A educação sustentável é alcançada pela facilitação de um processo onde todos:
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“Eu escuto e esqueço. Eu vejo e lembro. Eu faço e compreendo.” Confúcio 450 AC
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O modelo de ensino seguinte provê informação para o desenvolvimento de capacidades em tomada de decisões e no trabalho cooperativo em grupos. Este modelo não significa que o professor perca “controle” sobre o processo na classe, de fato facilita maior criatividade e aprendizado sem esforço extra. Todos aprendem de forma mais efetiva quando estão envolvidos ativamente no processo de aprendizagem. Pesquisas indicam que, em média, as pessoas: • Lembram 20% do que ouvem • Lembram de 50% a 80% daquilo que ouvem e vêem A informação deve ser relacionada à realidade individual. A partir daí um novo material pode ser compreendido neste contexto. Exemplo: somente quando uma pessoa já viu o sal derreter o gelo pode acontecer a compreensão real de que o sal baixa o ponto de congelamento da água.
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Capítulo I
As escolas são plataformas de lançamento para a criação de uma ética ambiental e consciência de conservação às futuras gerações. A natureza oferece às crianças o melhor conhecimento.
D
a o aprendiza r a p s do ica 1. O aprendizado é retido quando o ambiente é positivo e sem ameaças.
2. Faça perguntas que convidam ao sucesso e aprecie respostas que indicam pensamento alternativo.
3. A prática leva à excelência! A repetição da informação em diferentes contextos, fazendo perguntas frequentes, sugerindo o estudo individual, resumindo regularmente e utilizando dramatizações.
4. Combine uma variedade de métodos para a apresentação de informaçãoes e a partilha de idéias. Exposições, diagramas, filmes, exercícios, tempestade de idéias e outras técnicas. 5. Os alunos lembram melhor o que vem em primeiro e em último lugar. Mantenha as lições focalizadas. Pense na aula como um pacote, amarre bem!
10. A informação deve ser relacionada ao mundo conhecido dos alunos. Utilize exemplos concretos e específicos. Nunca assuma o que é conhecido, confira! Conheça a história dos alunos o tanto quanto possível.
9. Use simulações que sejam tão próximas da realidade dos alunos quanto possíveis. Ex.: Demonstre hortas urbanas em um espaço urbano. 8. O aprendizado espaçado é vital. Divida assuntos complexos em pedaços pequenos e digeríveis. 7. Utilize questões abertas, convide à discussão e use estudos de caso. 6. A comunicação em duas vias sugere que o aprendizado está sendo efetivo.
“Comece cada sessão com uma atividade focalizada nos estudantes: o que eles sabem, valorizam e acreditam. Então negocie o que tem valor para aprender mais. Pesquisas indicam que quanto mais engajada uma pessoa estiver com sua mente, corpo e espírito, mais aprenderá. Capturar a atenção e focalizar é a primeira tarefa.” George Otero Ed.D
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