Ano XIV N.º 757
DE02312011SNC/GSCN DE00262012SNC/GSCN S E M A N Á R I O
Diretor: Agostinho Chaves
Pre 0.70ç€o
25 jun 2013
Galard o a d o c o m a M e d a l h a d e M é r i t o M u n i c i p a l | G a l a r d o a d o c o m o p r é m i o e s p e c i a l “ P o d i u m ”
VILA POUCA DE AGUIAR
259417078
JOGO DA CORDA
maduro trocou a bancada pelo lugar da pedra CANDIDATO DA CDU
“não há dúvidas de que Vila Pouca de Aguiar precisa de ter eleitos da CDU que digam NÃO quando os interesses dos aguiarenses estiverem em causa”
22 e 2
Pedras Salgadas - 5450-144 Bornes de Aguiar | Tel.: 259 434 673 - Fax.: 259 438 210 - Telem.: 914 508 356 | email: geral@gobar.pt - www.gobar.pt
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josé luís ferreira (CDU)
A
autárquicas
“o resultado da CDU poderá representar a única novidade neste ato eleitoral” O aguiarense José Luís Ferreira, deputado pelo Partido Ecologista “Os Verdes” na Assembleia da República, onde tem desenvolvido um papel de grande intensidade através de muitas intervenções em defesa de numerosíssimas causas, incluído as que se referem à região de Trás-os-Montes, do Alto Tâmega e de Vila Pouca de Aguiar, é o candidato da CDU (PCP+PEV) à Câmara Municipal do nosso concelho. Com José Luís Ferreira iniciamos a publicação de uma série de entrevistas que, até ao dia 29 de setembro (data das eleições autárquicas), desenvolveremos, para melhor esclarecimento das propostas que os candidatos manifestam junto dos eleitores.
Agostinho Chaves texto Rui Ribeiro foto
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MA - Que perspetivas se abrem à candidatura da CDU? JLF – “Compreendendo o alcance da pergunta, permita-me que faça uma inversão na resposta, porque mais importante do que as perspetivas que se abrem à CDU são as perspetivas que a candidatura CDU poderá abrir aos aguiarenses que, até agora, têm limitado as suas escolhas e opções de voto apenas a duas forças partidárias, PS e PSD, com ou sem CDS. E se é verdade que a CDU tem tido, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, um resultado quase residual, também é verdade que se torna cada vez mais visível que, desta vez, os aguiarenses sentem que têm mais uma opção, que podem contar com a CDU, que a CDU conta para as contas eleitorais. E é exatamente essa ideia que procuramos transmitir às pessoas: “há mais mundo, para além dos do costume”. Aliás, neste contexto, os mais atentos já terão certamente percebido que o resultado da CDU poderá representar a única novidade neste ato eleitoral”. MA - Sim, mas não quer falar das perspetivas da CDU? JLF – “Quero, e não pretendia de forma alguma fugir à pergunta. As perspetivas que se abrem à CDU são as perspetivas que decorrem das próprias regras democráticas e da contingência eleitoral, isto é, se as pessoas escolherem a CDU para ge-
rir os destinos do concelho, a CDU está à altura desse desafio. Os aguiarenses podem contar com a CDU, porque é para isso que nos candidatamos. Mas, se os aguiarenses assim não entenderem, então as perspetivas passam, naturalmente, por eleger membros da CDU para os diversos órgãos autárquicos, seja nas Assembleias de Freguesia, seja na Assembleia Municipal, seja na Câmara Municipal. São estas as nossas perspetivas, são estes os nossos objetivos, os quais, por aquilo que tenho visto e sentido, estão perfeitamente ao nosso alcance. A CDU vai ter eleitos no concelho de Vila Pouca, creio que sobre esta matéria não há dúvidas. E também não há dúvidas que Vila Pouca de Aguiar precisa de ter eleitos da CDU que digam não, quando os interesses dos aguiarenses estiverem em causa, como estiveram, recentemente, com a extinção de freguesias, ou quando se deram os primeiros passos para a privatização da água, ou quando o Poder Central insiste em fragilizar os serviços públicos. É preciso eleitos que batam o pé, que resistam, que digam não. São precisos eleitos da CDU”. MA - Porque se candidatou José Luís Ferreira à Camara Municipal de Vila Pouca de Aguiar? JLF – “Candidatei-me, porque a CDU de Vila Pouca de Aguiar me fez a proposta e, como o MENSAGENS referiu, recentemente, eu não sou homem de fugir às batalhas e, portanto, após ter
consultado os órgãos do meu partido, o Partido Ecologista “Os Verdes”, aceitei com gosto este desafio que encaro com toda a responsabilidade e sem quaisquer outros interesses que não sejam os interesses das populações do concelho de Vila Pouca de Aguiar. Mas, já agora, permita-me fazer um esclarecimento, porque tenho ouvido alguns comentários de pessoas que manifestam algum receio em que, depois das eleições, eu volte para a Assembleia da República. E o que quero dizer é que, de certa forma, o meu destino está nas mãos dos eleitores aguiarenses. Portanto, a resposta é a seguinte: eu candidato-me para ficar, se essa for a vontade dos aguiarenses”. MA - O que levou a CDU a escolhê-lo, em detrimento de nomes mais “tradicionais” do concelho? JLF – “Eu não participei nessa discussão, mas certamente que a escolha recaiu sobre a pessoa que, no entendimento desse coletivo, estará em melhores condições para ser o rosto mais visível, de um conjunto de pessoas que integra as listas e que dá corpo à CDU em Vila Pouca de Aguiar. A CDU é um espaço plural e aberto e, no que diz respeito a Vila Pouca de Aguiar, a candidatura CDU é uma candidatura muito abrangente, que vai muito para além das forças políticas que lhe dão suporte. Como é já público, temos muitos cidadãos independentes nas listas, inclusivamente pessoas que estiveram ligadas a
outras forças políticas, nomeadamente ao PS e ao PSD. E não me parece que a escolha tenha sido feita em detrimento seja de quem for. Como disse, não participei nessa discussão, mas conheço a forma de trabalhar e de tomar decisões no âmbito da CDU. As discussões são francas, abertas e as decisões são tomadas com um elevado grau de democracia. De facto, quando o que nos move é o interesse das pessoas e do projeto que abraçamos e não quaisquer aspirações de natureza pessoal, as coisas são mais fáceis. De qualquer forma, tenho conhecimento de que o meu nome foi consensual, dentro da CDU de Vila Pouca de Aguiar”. MA - Não receia qualquer tipo de conflito, atendendo às ligações familiares que tem com o anterior (ainda atual) Presidente da Câmara? JLF – “Não, de forma alguma. Eu encaro o combate político como um combate de ideias, de projetos e de propostas e não um combate entre pessoas. O combate político não é, nem deve ser, um combate pessoal, mas, sim, um combate de projetos, prioridades, estratégias, pontos de vista, caminhos para resolver os problemas. As ligações, não só familiares, mas ainda de profunda amizade, serão, creio eu, preservadas, neste como noutros eventuais combates políticos que venham a surgir. As divergências políticas ou as distâncias ideológicas que me separam do atual
Presidente da Câmara que, aliás, não são de agora, acabam por se manifestar insuficientes para beliscar as relações familiares, porque reina um respeito absoluto pelas opções de cada um. Devo aliás dizer-lhe que, depois da minha candidatura ter sido tornada pública, já nos encontrámos e mantivemos uma conversa perfeitamente normal, sem nenhum de nós ter falado do assunto”. MA – Estabeleceu-se, digamos assim, uma espécie de acordo tácito, portanto não declarado, de não falar de política. JLF – “Mas, por outro lado, também é justo dizê-lo, as relações familiares não me vão inibir ou sequer condicionar de criticar aquilo que, na minha perspetiva, possa estar errado na gestão do PSD da Câmara Municipal de Vila Pouca de Aguiar”. MA - Quer dar exemplos de opções que, na sua opinião, estejam erradas? JLF – “Desde logo, as obras na Praça Luís de Camões foram, a meu ver, um tremendo erro, a todos os níveis, mas, sobretudo, paisagístico. Depois, há muita obra e pouca estratégia para criar riqueza e fixar população. Não tem havido um objetivo definido para combater a desertificação e a falta de competitividade, a nível económico e turístico”. MA - E propostas? JLF – “O programa da CDU não está ainda concluído, mas posso adiantar que dele constam propostas ou ideias que vão ao encontro das preocupações dos
aguiarenses, como seja uma reviravolta no trânsito da sede do concelho ou o Complexo Mineiro Romano mais importante da Europa que está praticamente votado ao abandono e que pretendemos transformar num potencial de atração turística, assim como procuraremos estabelecer um protocolo com os proprietários dos Coches de Pensalvos, para criar um Museu dos Coches em Pedras Salgadas e pretendemos criar um Centro Tecnológico do Ouro tridimensional, como forma de promover o turismo. Para além desta ver-
tente turística, temos também propostas para dinamizar o comércio tradicional, para projetar a indústria dos granitos e para revitalizar a nossa agricultura”. MA - Há muita gente que pensa que a sua candidatura irá fazer estragos nas listas do PS e do PSD… JLF – “Confesso que não estou muito preocupado com eventuais estragos. Se isso é um problema, será um problema das outras candidaturas. As nossas preocupações, neste momento, recaem sobre as ideias e os projetos que a CDU vai
apresentar para o desenvolvimento do concelho e para melhorar a qualidade de vida dos aguiarenses. É sobre essa matéria que, neste momento, estamos a canalizar as nossas energias. Mas, de facto, eu já ouvi muita coisa. Já ouvi que a candidatura da CDU vai dividir o PS, que vai roubar votos ao PSD e por aí fora. Sucede que os partidos não são donos dos votos. O voto pertence ao eleitor que, livremente, decide a quem o atribuir. Acresce ainda que, dada a natureza das eleições autárquicas, o voto é muitas vezes decidido em função das pessoas, dos candidatos e, certamente, tanto o PSD como o PS escolheram candidatos capazes de “segurar” o “seu eleitorado”. Todavia, se assim não for, a CDU não pode ser responsabilizada pelas escolhas dos outros partidos. De qualquer forma, estes comentários são sintomas da importância que a candidatura da CDU está a ter no concelho. Se não incomodasse, não seria falada. Isso fortalece-nos, dá-nos ânimo e força para continuar a trabalhar no sentido de contribuirmos para melhorar a vida das pessoas”. MA - Que «feed back» tem sentido nos contactos que já está a levar a efeito, para sensibilização dos eleitores aguiarenses, em especial os mais afastados dos centros de poder autárquico? JLF – “A recetividade das pessoas tem sido fantástica. Muito para além daquilo que estávamos à espera. O entusiasmo com que as pessoas nos recebem é indisfarçável, mesmo nas mais afastadas dos centros de poder autárquico. Os incentivos são constantes, tanto no contacto direto com as pessoas como nas mensagens que vão chegando, através das redes sociais. Os comentários sucedem-se: «é necessário refrescar a política local, chega de PSD e PS, porque têm sido sempre eles», «contamos com a CDU para combater a desertificação que o concelho vive, em 10 anos perdemos quase dois mil habitantes», «dos 308 municípios, o nosso concelho está em 30º, a contar do fim, em termos de qualidade de vida e desenvolvimento económico, é preciso mudar, força CDU». E, apesar desta onda de simpatia que vai crescendo à medida que a dinâmica da CDU se consolida no
terreno, temos encontrado muita gente que nos diz que vota CDU mas que não pode dar a cara, porque receia ser objeto de retaliação. Vota e apoia, em silêncio, mas não pode ser candidato, porque receia eventuais represálias. Vivendo nós num país livre, estranhamos e, à cautela, aceitamos sem insistir, mas teremos de lamentar (e lamentar profundamente) esta espécie de «madeirização» de Vila Pouca de Aguiar que parece querer instalar-se”. MA - Aponte uma razão claramente objetiva pela qual possa convencer os aguiarenses a optar pelo voto na CDU. JLF – “Os aguiarenses têm todas as razões para votar na CDU. Como me pede apenas uma e claramente objetiva, aqui fica: chama-se «Jardim de Baixo». Se a CDU ganhar a Câmara, vamos devolver o «Jardim de Baixo» aos aguiarenses. Não sou pessoa de fazer muitas promessas, mas esta faço-a, porque tem sido o denominador comum nas críticas da generalidade dos aguiarenses”. MA - A crise que o país atravessa poderá influenciar o modo de votação neste ato eleitoral? JLF – “Eu espero que os portugueses e, em particular, os eleitores do concelho de Vila Pouca de Aguiar aproveitem este ato eleitoral para penalizar os responsáveis pela situação criada. Vejamos: a situação de crise que vivemos não é fruto do acaso nem tão pouco produto de qualquer intervenção divina. A situação que vivemos é o resultado das políticas e das opções dos partidos que, ao longo deste 35 anos, têm tido responsabilidades governativas. A culpa não pode morrer solteira. A crise tem responsáveis. Os responsáveis têm partidos e esses partidos têm nome e eu vou identificá-los: PS, PSD e CDS. São estes os partidos responsáveis pela crise que vivemos. Foram estes partidos que, ao longo destes anos todos, assumiram o comando da governação. Foram estes os partidos que permitiram e permitem que a Banca continue a beneficiar de avultados benefícios fiscais, foram estes partidos que permitiram e permitem que os grandes grupos económicos continuem a engordar os seus lucros, pagando muito pouco em termos fiscais, foram também estes partidos que obrigaram os portugueses a disponibilizar cerca de 8 mil milhões de euros dos seus impostos para
tapar o buraco do BPN e são estes os partidos que depois vêm dizer que não há dinheiro para os subsídios, nem para aumentar o salário mínimo ou para manter o SAP ou os serviços continuados de Vila Pouca de Aguiar. Os eleitores têm de aproveitar estas eleições para expressarem o seu protesto contra estas políticas. Os aguiarenses têm de penalizar o PS, o PSD e o CDS”. MA - Mas concordará que estas eleições não são eleições legislativas… JLF – “Pois não. É verdade que estas eleições não são eleições legislativas, mas também é verdade que, quando decorrer a próxima campanha eleitoral para as legislativas, quem vai fazer a campanha eleitoral são os autarcas, quem vai acompanhar, ou não, os responsáveis pela situação, para pedir o voto aos eleitores aguiarenses são os autarcas que agora forem eleitos. É por isso que estas eleições podem também ser uma resposta a quem tem vindo a enganar os aguiarenses, que não aumentavam impostos, que não mexiam nos subsídios e que iriam poupar os reformados e, afinal, foi o que se viu e o que se está a ver: uma vergonha”. MA - O que pensa dos candidatos dos outros partidos? JLF – “Não os conheço o suficiente para poder formular um juízo de valor. Mas são, certamente, pessoas honestas, até porque foram os escolhidos pelos respetivos partidos e, portanto, bastaria esse facto para merecerem o meu respeito. Apesar de conhecer o candidato do PSD há já muito tempo, nunca tivemos muito contacto, apesar de nos falarmos quando nos cruzamos, como sempre fiz e como faço com as pessoas que conheço. Relativamente ao candidato do PS, a única vez que nos cruzámos e cumprimentámos de forma cordial ocorreu muito recentemente, durante a inauguração da “Animódia” que aproveito para saudar, desejando sucesso nos propósitos e objetivos que esses jovens pretendem prosseguir e desenvolver em torno da cultura, no concelho. É sempre bom e saudável sentir que há gente, sobretudo jovens, disposta a dar um pouco de si à comunidade. O associativismo é também uma parte da democracia que pretendemos participada”.
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