O Pentecostes e o crescimento da igreja

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Compreender a maravilhosa ação do Espírito Santo no relato bíblico em Atos 2 é fundamental para a igreja que ama a Palavra, crê em Cristo e se envolve com a missão. Estou convencido de que essa preciosa exposição bíblica alimentará sua mente e sua fé, despertando em você um intenso desejo de seguir e servir a Cristo. Ronaldo Lidório, autor de Comunicação e cultura, Introdução à antropologia missionária e Revitalização de igrejas, publicados por Vida Nova Inspirador e esclarecedor! Em apenas quatro capítulos, o dr. Augustus Nicodemus expõe de modo abrangente e tocante o evento ocorrido cinquenta dias após a crucificação, mostrando como os acontecimentos da Festa de Pentecostes nos inspiram a conhecer o início da missão dos apóstolos e da igreja de levar o evangelho a todo o mundo. Wilson Porte Jr., professor de Missões e Plantação de Igrejas no Seminário Martin Bucer e plantador da Igreja Batista Liberdade em Araraquara, SP Augustus tem o dom raríssimo de aliar, com maestria, reflexão teológica profunda e linguagem clara e precisa. Nesse seu livro, esse dom está presente do começo ao fim, e cumpre o objetivo de exortar tanto os viciados em modelos enlatados de crescimento de igreja como os sem paixão por missões ou sem zelo por ver crescerem as igrejas locais. É com muita alegria que recomendo essa obra. Jonas Madureira, doutor em filosofia pela USP/Universidade de Colônia (Alemanha) e autor do livro Filosofia, um volume do Curso Vida Nova de Teologia Básica



Sumário

Prefácio................................................................................ 7 Mapa: Israel nos dias do Pentecostes, no começo da era cristã.......................................................................... 9 Introdução......................................................................... 11 Capítulo 1. O começo de tudo.......................................... 15 Capítulo 2. O Pentecostes e a obra missionária................ 41 Capítulo 3. A primeira igreja a plantar igrejas.................. 65 Capítulo 4. Princípios que norteiam as missões................ 85 Conclusão........................................................................ 115 Bibliografia...................................................................... 119



Prefácio

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empre tive a impressão de que muitos pastores de igrejas históricas não pregavam em Atos 2 pelo fato de se tratar do texto preferido dos pentecostais — como se os irmãos pentecostais tivessem se apoderado da passagem e fincado uma placa com os dizeres: “Proibida a entrada de quem não experimentou o que o texto descreve”. Confesso que Atos 2 sempre foi um desafio para mim. Até o dia em que fui convidado a pregar, em uma denominação história, uma série de mensagens sobre missões e crescimento de igrejas com base nessa passagem. Aceitei o desafio. Estudar Atos 2 em seu contexto histórico, literário e canônico foi inspirador. As exposições do texto que fiz na ocasião constituem os capítulos do livro que o leitor tem agora em mãos. Lucas, o autor de Atos dos Apóstolos, narra os eventos grandiosos que marcaram o início da missão dos apóstolos de levar as boas-novas da ressurreição de Jesus Cristo, começando em Jerusalém, Judeia e Samaria, até os confins da terra. A descida do Espírito, o sermão de Pedro, a vida dos primeiros convertidos e os relatos de crescimento da igreja em todo lugar mostram como Deus parece seguir determinados princípios ou utiliza determinados meios para fazer sua igreja se expandir neste mundo. Meu objetivo ao disponibilizar este material é explorar esses princípios, entendê-los, resumi-los e aplicá-los aos nossos dias. É disso que trata este livro. Sou muito grato a Edições Vida Nova pelo meticuloso trabalho de transcrição das


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E O CRESCIMENTO DA IGREJA

palestras e de sucessivas revisões, necessárias para dar forma escrita ao material oral. E também pela disposição de publicar este material. Minha expectativa é que este estudo seja útil aos que buscam um entendimento dos fatos extraordinários ocorridos em Jerusalém durante a Festa de Pentecostes e que gostariam de ver a igreja de Cristo crescer de acordo com os princípios da sua Palavra. Augustus Nicodemus Goiânia, outubro de 2016

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Israel nos dias do Pentecostes, no começo da era cristã



Introdução

Q

uem já me acompanha em meus muitos anos de ministério e me conhece das publicações e conferências talvez estranhe ver meu nome associado à temática de missões. Afinal, pelo fato de eu ter passado boa parte da minha vida lecionando em seminários e me dedicando aos estudos acadêmicos, muitas pessoas me veem como um “teólogo de gabinete”. Minha caminhada cristã, no entanto, não se resume à academia. Ao contrário, quando fui alcançado pela graça de Deus, em 1977, estava cursando o penúltimo ano de Desenho Industrial na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O impacto de minha conversão foi tal que se sobrepôs ao meu projeto acadêmico de então. Acabei por abandonar o curso para me dedicar à paixão por evangelizar. Pouco tempo depois, lá estava eu pregando o evangelho numa colônia de pescadores, na cidade de Olinda, ao norte da capital. Trabalhei durante vários meses junto àqueles pescadores com quem eu me reunia numa casa de taipa para anunciar a salvação em Jesus. As conversões começaram a acontecer e, pela graça de Deus, hoje existe lá uma igreja organizada, onde congregam pessoas que considero os primeiros frutos do meu ministério. Após esse tempo na colônia de pescadores, Deus me chamou para pregar o evangelho a plantadores de cana da


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cidade de Gameleira, no interior de Pernambuco. Ali, como em Olinda, funciona até hoje uma igreja que começou por causa do trabalho de evangelização que Deus me permitiu realizar. Por fim, depois de passar um período longe da capital pernambucana, senti que Deus me chamava de volta a Recife. Passei então a desenvolver um ministério entre viciados em drogas, na cidade de Olinda. Desse trabalho, pela vontade de Deus, surgiram duas igreja presbiterianas. Só depois dessas experiências evangelísticas é que enveredei por uma carreira mais acadêmica. Já casado com Minka, hoje minha companheira há mais de trinta anos, cursei o mestrado na África do Sul, e, mesmo durante esse tempo de estudo e preparo teológico, jamais deixei de me dedicar à evangelização de sul-africanos e indianos que constantemente nos visitavam. De volta ao Brasil, depois de ter concluído o doutorado, fui pastor de uma comunidade suíça, um ministério transcultural. Esse breve resumo da minha trajetória serve apenas para enfatizar que, embora possa parecer que dediquei minha vida inteira aos estudos acadêmicos, em meu coração nunca deixou de arder a paixão por missões e o desejo de anunciar o evangelho, e que, de alguma maneira, sempre estive envolvido com a pregação da boa-nova do Reino. Assim, sinto-me bem à vontade para tratar de um tema tão central nas Escrituras. No primeiro capítulo, o leitor vai acompanhar o início da obra missionária registrada em Atos dos Apóstolos, entender o contexto em que esse livro foi escrito e quais são os princípios que valeram naquele tempo e valem ainda hoje, mais de - 12 -


Introdução

vinte séculos depois. Além disso, procuro demonstrar como a ação missionária da igreja está intrinsecamente ligada à ação do Espírito Santo. No capítulo 2, o foco é o sermão de Pedro proferido logo após o cumprimento da promessa de derramamento do Espírito. A explicação do apóstolo sobre o que acabara de ocorrer naquele longínquo Pentecostes não apenas levou à conversão de quase três mil pessoas, mas também revela aos crentes de todas as eras a urgência de cumprir a missão que nos foi dada pelo próprio Cristo de anunciar o evangelho a todas as nações. No capítulo 3, a igreja primitiva e sua rotina evangelística oferecem ao crente de hoje parâmetros pelos quais viver, além de constituírem verdadeiro incentivo para o engajamento na obra missionária. Finalmente, no capítulo 4, convido o leitor a debruçar-se comigo sobre os relatos que o autor de Atos faz sobre o crescimento da igreja. À medida que analisamos os acontecimentos e procuramos identificar-lhes as causas, podemos extrair princípios valiosos que nortearão a obra missionária bem-sucedida. Quando penso no início do meu ministério, somado à experiência que adquiri ao longo dos anos a serviço do Reino e aos muitos estudos teológicos desenvolvidos em diversas áreas, entre elas, a de missões, percebo quão valioso é o conhecimento que pretendo dividir com o leitor nas próximas páginas. Entretanto, por mais familiar que o assunto seja para mim, a tranquilidade maior é saber que a Palavra de Deus sempre é maior do que seu mensageiro. Boa leitura! - 13 -



Capítulo 1

O começo de tudo

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alar em missões e, ainda mais, aprender sobre missões, não são possíveis sem ter como referência primeira o livro de Atos. Nele encontramos a gênese do espírito missionário presente no meio do povo de Deus desde o início da igreja até os dias hoje. Apesar de estar incluída na categoria de livros históricos, a narrativa de Atos oferece princípios, doutrinas e ensinamentos para todas as épocas. Ao ler a Bíblia, é preciso distinguir o narrativo do normativo. Há muitas passagens que apenas descrevem o que Deus fez com determinada pessoa, em determinado lugar e de determinada maneira. São narrativas que mostram que ele não vai lidar com todas as pessoas, em todos os lugares, necessariamente da mesma maneira. Há também as passagens consideradas normativas, em que princípios são estabelecidos e preceitos são dados, e a esses a igreja e todos os cristãos devem obedecer, em todo tempo e em todo lugar. No caso de Atos, mesmo com sua evidente característica narrativa, não se pode deixar de perceber que o livro também pretende apresentar à igreja princípios e caminhos


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que Deus costuma seguir. Sua leitura destaca a promessa de que ele sempre agirá e levará adiante a sua obra. Embora o trabalho realizado por Deus no Dia de Pentecostes com a igreja primitiva tenha sido único, podemos extrair do episódio o princípio de que ele continuará à frente na difusão e expansão do Reino. Por isso, o livro de Atos tem servido, através da história da igreja, como base e fundamento para o entendimento da igreja sobre missões. A história por trás da história O Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos Apóstolos foram escritos como uma obra única, cujo objetivo era disponibilizar ao novo convertido Teófilo as verdades centrais do cristianismo. Tanto Lucas quanto Atos narram a história do crescimento da igreja. Esses dois livros, porém, foram separados fisicamente a partir do estabelecimento do cânon pela igreja: Lucas tornou-se um evangelho; e Atos, originalmente a continuação de Lucas, tornou-se um livro histórico. O foco de Atos se concentrou no registro das atividades dos apóstolos na evangelização do mundo da época, por isso foi chamado de “Atos dos Apóstolos”. Embora esse título genérico tenha se consagrado ao longo do tempo na história da igreja, o livro, na verdade, atém-se principalmente à figura de dois apóstolos: Pedro e Paulo. Assim, Atos 1—12 mostra com principal destaque o ministério de Pedro em Jerusalém e em Samaria, e Atos 13—28 apresenta Paulo difundindo o evangelho até os confins da terra. - 16 -




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