o homem que sabia perdoar
francisco faus
o ho me m que sab ia pe rd oar
2a edição
São Paulo
IN DAI Á 2012
Copyright © 2012 by Fundación Studium
Capa e preparação Nicolau da Rocha Cavalcanti Fotos da capa e contracapa Rosa na Cafelândia, 2011. São Josemaria Escrivá, 15-XI-1954. AGP.
www.editoraindaia.org
Catalogação na Fonte do Departamento Nacional do Livro (Fundação Biblioteca Nacional) Faus, Francisco, 1931 O homem que sabia perdoar São Paulo: Indaiá, 2011 p. 136 ISBN: 978-85-64480-00-1 1. Biografia. 2. Santos da Igreja Católica.
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CDD 922
Perdoai e sereis perdoados. Lc 6, 36
Sumário
Introdução, 9 Perdão em clima de ódio, 12 Perdão em tempos de guerra, 36 Perdão em tempos de paz, 64 Um homem que sabia pedir perdão, 102
Anexos Vida e mensagem de São Josemaria, 110 João Paulo II e São Josemaria Escrivá, 119 Bento XVI e São Josemaria Escrivá, 123 Obras sobre São Josemaria, 129
1. Introdução
Um homem havia perdido vários parentes, assassinados durante a Guerra Civil espanhola por milícias do grupo republicano. Estava desconsolado, e queria erguer no local do assassinato – um cruzamento de estradas – uma grande cruz, como memória do crime ali cometido. Entendia-o como um ato de justiça: não deixar cair no esquecimento a barbárie promovida contra os seus familiares. Com essa ideia em mente, foi conversar com um padre. Ao comentar-lhe o seu projeto, ouviu do sacerdote um conselho que o desconcertou: «Não deve fazê-lo, porque o que o move a agir assim é o ódio: não será uma Cruz de Cristo, mas a cruz do diabo». A cruz não foi colocada, e aquela pessoa soube perdoar1. Perdoar é uma das ações humanas mais difíceis. A injustiça provoca uma reação intensa, e muitas vezes parece que perdoar seria um equívoco, como se fosse uma aprovação da agressão, uma aceitação covarde do mal sofrido. É difícil também porque o perdão não é indiferença, 1 Andrés Vázquez de Prada. O Fundador do Opus Dei. Ed. Quadrante: São Paulo, 2004, vol. II, pág. 347. -9-
frieza ou insensibilidade perante o mal: implica sofrer, sentir a pena, e depois perdoar, desculpar de coração o outro. Talvez por isso se diga que perdoar às vezes está acima das forças humanas. É o drama humano. Viver sem perdoar é tremendo, gera não raras vezes diversas doenças psíquicas, mas... como perdoar sempre? Como viver bem com o passado? Como assimilar as experiências pessoais negativas? Não há respostas prontas para essas perguntas. Não existe caminho fácil, ou melhor, o caminho sempre precisa ser aberto por cada um. Cada pessoa deve encontrar as suas respostas, o seu itinerário. Este livro narra algumas histórias relacionadas ao perdão na vida do sacerdote acima mencionado, que desestimulou aquele homem a erguer «a cruz do ódio» na estrada. Era o padre Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei, que viria a ser canonizado em 2002 pelo Papa João Paulo II. Um santo de hoje que, ao longo da vida, fora aprendendo o caminho do perdão junto dAquele que, pregado numa cruz, pedia: Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem2. Os episódios aqui descritos baseiam-se em recentes pesquisas bibliográficas e estão agrupados cronologicamente em três períodos: antes, durante e depois da Guerra Civil espanhola. Este foi provavelmente o fato histórico mais importante do século XX na vida civil e política espanhola, e é considerado por muitos historiadores como uma antecipação do que viria a ocorrer na 2ª Guerra Mundial. 2 Lc 23,34. - 10 -
No quinto capítulo, apresentam-se alguns episódios nos quais é São Josemaria quem pede perdão; afinal, perdoar e reconhecer as ocasiões em que se deve pedir perdão têm os mesmos fundamentos: a humildade e a caridade. Ao final, encontram-se quatro Anexos, que esperamos possam ser úteis ao leitor que queira conhecer um pouco mais sobre São Josemaria Escrivá e a sua mensagem.
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