ANO 23 ABRIL 2019
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www.clubedoaudioevideo.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
REALISMO ESTONTEANTE TV SAMSUNG 8K Q900 E MAIS
UMA NOVA GERAÇÃO DIGITAL DAC DCS ROSSINI
TESTES DE ÁUDIO CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2 FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
ENTREVISTA EGBERTO GISMONTI, COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA
MUSICIAN: O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12
NE YMAR JR. É TCL QLED
X6
P6
4K UHD TV
C2 4K UHD TV
.
semptcl.com.br/tcl
ÍNDICE
DAC dCS ROSSINI
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EDITORIAL 4
TESTE DE VÍDEO
Para a minha filha e todos aqueles que nasceram depois de 1984
42 TV Samsung 8K 65Q900
NOVIDADES 6 Grandes novidades das principais marcas do mercado
DESTAQUES DO MÊS - MUSICIAN
30 HI-END PELO MUNDO 14 Novidades
ENTREVISTA 16 Egberto Gismonti, compositor e multinstrumentista
Bibliografia: o alvorecer de uma nova era
50
Bibliografia: o prelúdio de uma nova era (I)
60
Discografia - o prelúdio de uma nova era (I) - vol. 12
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ESPAÇO ABERTO 68 Memórias degustativas e auditivas
TESTES DE ÁUDIO 22
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DAC dCS Rossini
VENDAS E TROCAS 70 Excelentes oportunidades de negócios
30
Cabos de interconexão e caixa Nordost TYR 2
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Fone de ouvido Grado Reference Series RS1E
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EDITORIAL
Fernando Andrette
PARA A MINHA FILHA E TODOS AQUELES QUE NASCERAM DEPOIS DE 1984
fernando@clubedoaudio.com.br
Minha filha completará, agora em julho, 11 anos. Seu interesse por música vem desde os três anos. Ao contrário do irmão, que antes mesmo de andar, ao escutar música vindo da sala de trabalho, engatinhava todo o corredor, se erguia com muito esforço, para alcançar a maçaneta da porta e se não conseguia abrir, batia com aquelas pequenas mãos, até o pai abrir. Ao ver que tinha conseguido, abria um largo sorriso e pedia colo, para ficar comigo, às vezes por horas, sem adormecer. Minha filha descobriu a música através de um teclado, que além de ritmos, tinham algumas músicas pré-selecionadas. Sua fixação pela melodia de Let It Be, de Paul McCartney, foi instantânea - era de longe sua preferida cada vez que brincava com aquele teclado. Nunca irei esquecer o dia que a levei à sala de trabalho, junto com o teclado, falei para ela tocar a música e depois coloquei o LP - não sabia como ela iria reagir, pois a versão no teclado era instrumental. Pois bem, ao entender que se tratava da mesma melodia só que, agora, cantada, ela ficou literalmente em estado de êxtase. A cada término, só ouvia ela dizer: “de novo”, e este de novo se estendeu por meses a fio. Após esta fase, seu interesse por música foi ampliando e a música clássica se tornou seu estilo favorito, principalmente o piano. Ela escuta realmente com enorme interesse, e consegue desde muito cedo (7 anos talvez) observar diferenças quando o pai troca os cabos ou uma peça do sistema. Mas sua admiração mesmo são os LPs e como eles tocam. Depois de mostrar, com uma lupa, os sulcos do LP, contei para ela tudo que meu pai um dia pacientemente me ensinou, de como os discos são feitos, quando surgiu o primeiro LP, o que a agulha faz ao tocar na superfície do disco, e achei que poderia dedicar este editorial a minha filha e a todos que nasceram após o surgimento do CD. Minha filha é muito objetiva, e florear as respostas a tira literalmente do sério. Então fui bastante sucinto na resposta. Expliquei que a ideia de gravar sons veio do fonógrafo, lançado há 140 anos, que os primeiros discos eram pesados, rígidos e quebravam muito fácil. Cada lado permitia a gravação de apenas uma música. E que em 1948 a gravadora americana Columbia Records lançou o primeiro LP, com uma apresentação no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova York. Mostrei a ela com uma lupa os sulcos do disco, expliquei que entre cada faixa, não existe sulco, e que cada LP suporta no máximo 22 minutos de cada lado, e que por isto a Nona Sinfonia de Beethoven tinha que ser gravada em dois LPs (ela adora essa sinfonia). Expliquei que os sulcos ficam em ângulo reto um com o outro, para que a ponta da agulha navegue entre os dois sulcos (canal direito e esquerdo). Que o lado mais próximo da borda externa do Lp carrega todas as informações do sinal direito e a borda que dá para dentro do LP, as informações do canal esquerdo. Sua curiosidade sempre foi em relação às cápsulas e suas minúsculas agulhas. Para ela entender como a agulha trabalha, fiz ela encostar a orelha bem próxima do toca-discos e ouvir aquele som agudo que sai do atrito da agulha com
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os sulcos e ela ficou ainda mais maravilhada. Aí eu expliquei que o cartucho que envolve a cápsula é feito de um ímã móvel e uma bobina móvel, sendo que ambos trabalham com o princípio de usar o movimento da agulha e do cantilever (onde a agulha é afixada) para gerar o campo magnético. E que aqueles quatro fios coloridos presos atrás da cápsula transmitem aquele pequeno sinal captado pela agulha, ampliado sutilmente pela cápsula, até um pré de phono, que irá se encarregar de ampliar o sinal até que se torne pleno e audível. Depois de uma hora de explicação e novas perguntas, se podíamos recuperar discos danificados, e como cuidar dos discos para que eles durem para sempre (crianças sempre desejam que tudo termine como em um conto de fadas, rs), peguei um disco de 1963 e mostrei visualmente os riscos de décadas de uso e o atrito inerente cada vez que há o contato da agulha com o disco, e a fiz entender que esses riscos não são possíveis de eliminar. Porém, sujeira, mofo e gordura sim. Toquei uma faixa deste LP de 1963, pedi para ela marcar os plocs e ruídos estranhos e depois a ajudei a lavar o disco na máquina. Tirando o barulho ensurdecedor de um aspirador de pó no seu ouvido, ela adorou ver todo o processo. E a deixei colocar no toca-disco para ouvirmos de novo a mesma faixa. Adorou a melhora e todo o processo de preservar e saber que aquele disco já foi do avô, está com seu pai e um dia será dela e do irmão. Todos tentam explicar a magia e a admiração que as novas gerações têm pelo LP. Falam do tamanho das capas, que o som é mais natural, etc, etc... Acho que vai muito além, pois o toca-discos possui um efeito quase hipnótico e ritualístico. E, meu amigo, se todos os jovens tiverem a chance de escutar um sistema analógico bem ajustado e excelentes gravações do período de ouro de 1960-1980, como sempre brinco no Curso de Percepção Auditiva no Nível 3 (justamente o que comparo CD x LP) é o “massacre da serra elétrica”. Quando contei isto para a minha filha ela riu muito (ainda que, como eu, deteste filme de terror). E depois de ouvir pela milésima vez Let It Be em LP e depois CD, virou para mim e com aquele sorriso desconcertante disse: “É mesmo um massacre, pai”!
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NOVIDADES
SAMSUNG INAUGURA UMA NOVA ERA EM TVS: QLED 8K
Com 33 milhões de pixels, a Q900 convida o consumidor a de-
comparação, um televisor de 65 polegadas 4K traz 68 pixels por
safiar os seus sentidos com uma outra realidade de imagem; novas
polegadas, enquanto o mesmo tamanho, só que 8K, representa
QLEDs 4K, novo portfólio UHD 4K e soundbars também são apre-
136 pixels por polegada. Esta nova realidade potencializa a capa-
sentados.
cidade e a intenção da Samsung em atender a grande tendência
Líder global no mercado de televisores há 13 anos consecutivos, a
de Telas Super Grandes já em andamento no Brasil. Hoje, com
Samsung inova mais uma vez e é a primeira marca a trazer ao Brasil
uma tela de 82” em 8K é tranquilamente possível sentar a apenas
a categoria de televisores com resolução 8K. Disponível em quatro
3,5 metros da TV e desfrutar de uma imagem incrível, sem percep-
tamanhos (65’, 75’, 82’ e 98’ polegadas), o modelo Q900, perten-
ção embaralhada de pixels que “estouraram” por não conseguir co-
cente à família QLED Samsung, posiciona o 8K como a resolução
brir devidamente toda a extensão da tela.
de tela mais precisa e realista do mercado, quebrando importantes paradigmas e convidando o consumidor a parar de ver TV para aproveitar uma nova e completa experiência de entretenimento em um aparelho exclusivo que desafia o “convencional”. Quatro vezes mais resolução que 4K A QLED 8K possui 33 milhões de pixels na tela enquanto as TVs 4K ficam em torno de 8 milhões de pixels. Este significativo salto em resolução desencadeia uma sensação de perfeita realidade nos conteúdos assistidos, com contornos muito mais precisos, texturas altamente nítidas e uma intensa compreensão de profundidade. A impressão de imersão no conteúdo e a disponibilidade de es-
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Upscalling de Imagem com Inteligência Artificial (IA) Um dos grandes pilares do pacote tecnológico da Q900 é o seu exclusivo processador Quantum 8K, que faz uso de IA para aprimoramento de imagens. Quando o conteúdo exibido não for nativo em 8K, o processador analisa em tempo real um banco de dados com milhões de imagens em alta e baixa definição e as usa como referência para refinar qualquer conteúdo, transformando-os, independente da fonte nativa (HD, FHD, UHD, entre outras) em qualidade próxima da 8K. Além de 8K é uma QLED
paço na casa do consumidor também mudam de patamar, uma vez
A Q900 traz o melhor da resolução 8K com cores, brilho e con-
que a densidade dos pixels é completamente nova. Para efeito de
traste perfeitos. Além de garantias únicas e exclusivas no mercado.
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A principal inovação deste ano na categoria QLED está focada no
de conexões externas - o One Connect -, e o “Suporte de Parede”
contraste. A partir de 2019, a categoria será capaz de entregar sim-
continuam presentes e focados em oferecer uma nova experiência
plesmente o máximo do preto. Os consumidores poderão desfrutar
de entretenimento sem confusões de cabos, nem distrações, além
das cenas mais escuras com altíssima precisão e sem interferências.
de permitir uma instalação simples e rápida. Disponível na QLED
Por meio da tecnologia “Direct Full Array”, a TV controla os LEDs por
Q900 8K e na QLED Q80 4K.
zonas e ajusta precisamente o brilho cena a cena, gerando profun-
O aplicativo SmartThings, em conjunto com o Controle Remoto
dos tons escuros para que as pessoas possam sempre aproveitar o
Único e a assistente pessoal Bixby transformam todas as QLEDs em
máximo do contraste. A intensidade varia entre os modelos QLED -
uma central de automação para controlar dispositivos conectados
a Q900 tem 480 blocos de iluminação enquanto a Q80 e a Q70,
da marca e facilitar a rotina no dia a dia.
também lançamentos apresentados pela Samsung, dispõe respectivamente de 96 e 48 blocos de iluminação.
“Na Samsung, trabalhamos incansavelmente ao longo dos anos para impulsionar a indústria quando se trata da qualidade de ima-
Para alcançar o máximo da distinção de detalhes, a nova
gem. E a chegada da QLED 8K mudará totalmente a maneira de
QLED 8K conta com o HDR com potencial máximo de (onde NITs
assistirmos todos os detalhes em uma imagem, trazendo também
é a unidade de medida de brilho) que, em conjunto com a tecno-
uma sensação de profundidade e total imersão nunca vistas antes”,
logia HDR10+ (High Dynamic Range), otimiza os níveis de nitidez
comenta Erico Traldi, Diretor de Produto das áreas de TV e Áudio e
da TV e produz cores e imagens cristalinas, revelando detalhes que
Vídeo da Samsung Brasil.
costumavam ficar escondidos em cenas claras ou escuras. Entregas similares no nível de NITs são encontradas também no novo portfólio QLED 4K nos modelos Q80, Q70 e Q60, com respectivos HDR 1.500, 1.000 e 500. E para complementar, a tecnologia de Pontos Quânticos ainda
As vendas da nova QLED 8K Q900 se iniciam dia 6 de abril, com preço sugerido a partir de R$ 24.999 (65”), R$ 38.999 (75”) e R$ 89.999 (82”). Novas QLED 4K
proporciona 100% do volume de cor, com maior vivacidade às ce-
A Samsung também apresenta os novos modelos da categoria
nas, entregando cores brilhantes e vívidas por muitos anos, uma
QLED 4K, composta pela Q60 (49, 55, 65, 75 e 82 polegadas),
vez que os cristais não são materiais orgânicos, como na tecnologia
Q70 (55 e 65 polegadas) e Q80 (55, 65 e 75 polegadas). Todos os
OLED e não se desgastam com o uso, portando, mais uma vez, a
televisores oferecem qualidade de imagem impressionante graças a
Samsung garante por 10 anos o consumidor contra o indesejado
tecnologia de Pontos Quânticos que entregam 100% do volume de
efeito burn-in. Todo portfólio QLED 2019 conta com esta caracterís-
cor, garantia de 10 anos contra o efeito Burn-in, controle de ilumi-
tica e garantia, inclusive a Q900 8K.
nação por zonas, exclusivo Modo Ambiente 2.0, Controle Remoto
Experiência aprimorada
Único e suporte ao SmartThings e Bixby para controlar dispositivos inteligentes da empresa.
Surpreendentemente, a Q900 assim como as QLEDs 4K, continuam a privilegiar design e experiência para que a TV não seja apenas um aparelho único, mas sim multi-função, agregando valor na decoração do consumidor, viabilizando instalação simplificada e otimizada e também promovendo a conexão entre dispositivos inteligentes. Como destaque, o Modo, presente em todas as novas QLEDs, trabalha na integração perfeita da TV no seu espaço. Uma função única e exclusiva da Samsung na qual a TV “desaparece” quando desligada, combinando harmonicamente o plano de fundo com o vidro da tela. Como novidade, a Samsung passa de 12 conteúdos decorativos para 56 novos, divididos em 5 categorias diferentes, aumentando, portanto, a capacidade de personalização do seu espaço. Além disso, as exclusivas funções “Única Conexão”, na qual apenas um cabo fino e praticamente transparente conecta a TV à central
As vendas das novas QLED 4K se iniciam no mês de Abril, com preços sugeridos a partir de R$ 4.499 (Q60 de 49”), R$ 6.999 (Q70 de 55”) e R$ 7.999 (Q80 de 55”).
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NOVIDADES Novas UHD 4K também complementam portfólio de 2019 A Samsung ainda ampliou o lineup de TVs com a chegada das novas UHD 4K RU7100 (43, 49, 50, 55, 58, 65, 75 e 82 polegadas) e UHD 4K RU7400 (50, 55 e 65 polegadas), que também contam com a solução do Visual Livre de Cabos. Além do 4K de verdade, presente em toda a linha de televisores que contam com painéis RGB sem o sub-pixel branco (que diminuem a qualidade de imagem), gerando máxima fidelidade de cores, a categoria agora também disponibiliza Bluetooth e Controle Remoto Único a partir da RU7100, possibilitando a conexão sem fios com fones de ouvido e soundbars, além da excelente experiência de ter um único controle em sua sala. Já a RU7400 também pode trabalhar como uma central de automação graças a solução de Internet das Coisas com o aplicativo SmartThings, a assistente pessoal Bixby e o Controle de Voz para controlar sua TV. As vendas das novas UHD 4K se iniciam em também em abril, com preços sugeridos a partir de R$ 2.499 (RU7100 de 43”) e R$ 3.599 (RU7400 de 50”). Novos soundbars A Samsung também anuncia hoje a chegada dos novos soundbars da marca: o R550, o Q60, e o Q70, sendo o último o modelo mais premium da categoria. Os aparelhos se destacam pela alta qualidade e potência de som que possibilitam muito mais imersão ao conteúdo, seja em um filme ou uma música preferida. A ausência de fios também é outra vantagem. Os modelos Q60 e Q70 são fruto de uma parceria com a Harman Kardon, empresa reconhecida mundialmente no segmento de áudio. Entre os diferenciais de cada modelo, o Q60 conta com sistema de som Dolby Digital 5.1 e a tecnologia Acoustic Beam; o Q70 com o Dolby Atmos 3.2.1 e a tecnologia Acoustic Beam; e o R550 com recursos como bluetooth e wireless subwoofer. Os aparelhos estarão disponíveis a partir do fim do segundo trimestre e os preços serão anunciados no período.
ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=UH_QOIKSLT4
Para mais informações: Samsung www.samsung.com.br
ABRIL . 2019 8www.hifiexperience.com.br
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NOVIDADES
REMOVEDORES DE RUÍDOS DE DISCOS DE VINIL SUGARCUBE SC-1 E SC-2
A Som Maior acaba de se tornar a distribuidora exclusiva no Brasil
•
Conversores ADC (de analógico para digital) e DAC (de digital
dos produtos da SweetVinyl, empresa cuja especialidade é a remoção
para analógico) de alta resolução de 192kHz/24 bits para o má-
de ruídos de discos de vinil através do uso de sofisticados processos
ximo em preservação da qualidade musical original dos discos
digitais.
de vinil;
Já de longa data que o assunto discos de vinil versus CDs e mídias
•
uma preferência por um ou outro desses formatos. Sem entrarmos nesse debate, com uma coisa somos obrigados a concordar: a partir de um certo nível, a presença de ruídos como estalos em um disco de vinil pode tornar-se bastante desagradável. Esses ruídos podem ser causados, por exemplo, pela presença de poeira, sujeira, eletricidade estática
•
de danos aos sulcos dos discos, esses problemas muitas vezes podem ser minorados ou até eliminados com o uso de alguns acessórios especiais ou de máquinas de limpeza. Porém, dependendo da causa e da gravidade desses problemas, parte desses ruídos permanecerá em evidência mesmo após uma boa limpeza, o que de resto sempre é uma boa prática.
Interfaces digitais Ethernet e USB para rede local e acesso àinternet;
•
Módulo USB Wi-Fi;
•
Modo by-pass para desativar o processamento digital com relê de nível audiófilo;
ou mofo, ou ainda por furos ou arranhões causados pela agulha devido a um acidente no manuseio do braço do toca-discos. Exceto no caso
Algoritmo digital nãodestrutivo e em tempo real de redução / eliminação de ruídos;
digitais vem sendo objeto de grandes discussões entre audiófilos com
•
Teclas para ligar e desligar a remoção de ruídos para compararmos os resultados com ou sem o uso do processamento digital;
•
Suporte para praticamente qualquer estágio de fono;
•
Aplicativos Android e iOS para smartphones e tablets para permitir o controle remoto total das operações.
Além de todos esses recursos, o modelo SC-2 grava digitalmente
Foi para dar uma eficiente solução a esses problemas que a Sweet
os LPs já com a limpeza de ruídos. Um recurso muito interessante é
Vinyl, uma empresa do Vale do Silício, desenvolveu o SugarCube SC-1
que ele pesquisa na internet os metadados de identificação dos discos,
e o SC-2, dois produtos com tecnologia digital que segundo o conhe-
como suas capas e conteúdo, para sua apresentação na tela do aplica-
cido crítico de áudio Michael Fremer removem efetivamente a maioria
tivo, e os grava em um dispositivo de memória USB.
das ocorrências de estalos sem comprometer a qualidade musical da gravação. O resultado é a possibilidade de ouvirmos até discos de vinil que compramos já usados como se fossem novos. Ambos os modelos - o SC-1 e o SC-2 - possuem em comum, entre outros recursos:
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Para mais informações: Som Maior www.sommaior.com.br
CH Precision C1 Reference Digital to Analog Controller
A Ferrari Technologies orgulhosamente apresenta a mais nova referência mundial em eletrônica Hi-end. A Suíça CH Precision, mais uma marca State of the Art representada no Brasil.
“O C1 é, de longe, o melhor DAC ou componente que eu já experimentei no meu sistema. Não tem absolutamente “voz”. Um de seus atributos mais impressionantes é o ruído de fundo extremamente baixo. Em excelentes gravações, os instrumentos surgem ao vivo sem silvos ou anomalias. É absolutamente silencioso! O C1 “pega” qualquer coisa que você jogue nele. Eu ouvia música horas e horas e gostava de cada segundo. Isso me permitiu penetrar mais fundo nas nuances. É tão silencioso que a textura instrumental se tornou uma delícia. O C1 também se destaca em todos os outros parâmetros que você pode imaginar: separação de canais, dinâmica, recuperação de detalhes e apresentação geral.” Ran Perry
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NOVIDADES
SAMSUNG LANÇA CAMPANHA QUE REFORÇA PIONEIRISMO DA TECNOLOGIA 8K NO BRASIL E PARCERIA COM CINEMAX PARA GAME OF THRONES
Fãs da série também poderão assistir a última temporada nas Smart TVs da Samsung, que agora têm acesso ao aplicativo HBO GO. O lançamento da nova categoria de televisores Samsung QLED 8K, conta com uma robusta campanha de marketing, que chega para desafiar a maneira como o consumidor assiste televisão. Com o mote “Pare de ver TV. Comece a ver muito mais”, a comunicação ressalta o conceito de qualidade de imagem do produto com cenas que impressionam os consumidores mais exigentes. Para reforçar a mensagem, a marca anuncia a chegada do aplicativo HBO GO em suas Smart TVs em toda a América Latina e Caribe, e patrocínio de
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Além de convidar as pessoas a experimentarem uma nova e imersiva experiência em TV, o filme de lançamento apresenta os detalhes da categoria QLED 8K, modelo trazido ao Brasil de forma pioneira pela Samsung. Graças a presença do Quantum Processor 8K, que realiza o upscaling cena por cena, a nova tecnologia dá ao consumidor a possibilidade de melhorar qualquer imagem para a resolução próxima ao 8K. Essa melhoria de imagem no aparelho permitirá, por exemplo, acompanhar filmes e seriados com a máxima qualidade, mesmo que o conteúdo do usuário seja de outra resolução. HBO GO direto na sua Smart TV Samsung
mídia da transmissão simultânea do primeiro episódio da oitava e
A campanha das novas TVs Samsung QLED 8K inclui ainda uma
última temporada de Game of Thrones, no canal Cinemax, canal do
parceria com o canal CINEMAX para a transmissão simultânea do
grupo HBO Latin America.
primeiro episódio da oitava e última temporada de Game of Thrones,
A partir do dia 07 de abril, o teaser, no ar desde o último dia 25,
que vai ao ar no dia 14 de abril, na sala de cinema LED Samsung
dará lugar ao filme de lançamento, de 30 segundos, que possibilita
Onyx 4K, ação apenas para convidados. Outras ações da Samsung
a sensação de perfeita realidade nos conteúdos assistidos. O filme
utilizando os assets da série seguem até o final da temporada.
será exibido em TV aberta e fechada. A comunicação ainda contará
Outra ação que reforça a preocupação da marca em oferecer
com vinhetas personalizadas com conteúdos exclusivos de canais
benefícios aos seus consumidores é a chegada do aplicativo da
de TV fechada.
HBO GO às Smart TVs da marca na América Latina e nas ilhas do
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Caribe. Ele já pode ser acessado pela barra de aplicativos recomendados para TVs de 20162018 e na barra de acesso rápido das TVs lançadas em 2019. O consumidor também pode buscar por HBO GO diretamente na loja de aplicativos das Smart TVs Samsung. Para Guilherme Campos, Gerente Sênior de Produto da área de TV e Áudio e Vídeo da Samsung Brasil, esse é mais um passo da empresa na constante busca para oferecer sempre o melhor para o consumidor da América Latina. “O televisor continua sendo a principal plataforma para assistir conteúdos e, agora em parceria com a HBO, nossos consumidores terão mais uma excelente alternativa de entretenimento em casa. Com a HBO GO damos aos usuários a opção de decidir quando e o que assistir em uma tela grande, com a melhor qualidade de imagem e plataforma Smart com navegação fácil”, afirma o executivo. QLED 8K + Galaxy S10 Os consumidores que adquirirem as Samsung QLED TVs 8K 2019 no período entre 6 e 21 de abril, participarão de uma ação exclusiva. Na compra de uma Q900 de 65 polegadas ou mais (75 polegadas), os compradores poderão desfrutar ao máximo dos produtos premium da marca e levar, de presente, o smartphone Galaxy S10 para complementar a experiência. Essa ação ocorrerá por meio de varejistas parceiros e participantes – ou até durarem os estoques. As vendas oficiais do produto também iniciam dentro do mês de abril com preços sugeridos a partir de R$ 24.999,00 (65”), R$ 38.999,00 (75”) e R$ 89.999,00 (82”). O modelo de 98” tem previsão de chegada ao mercado brasileiro apenas no segundo semestre de 2019.
ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=_1RR4WVB2BQ
Para mais informações: Samsung www.samsung.com.br
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HI-END PELO MUNDO
NOVAS CÁPSULAS GOLD NOTE MACHIAVELLI MKII Em franco crescimento, a desenvolvedora italiana Gold Note adicionou à sua linha duas capsulas Moving Coil (MC), os modelos Machiavelli Red e Machiavelli Gold MkII. Ambas usam novas bobinas ultraleves de cobre, com magneto de samário-cobalto, o que garante saída mais baixa e resposta de frequência estendida, sendo que o modelo Red usa um diamante com perfil micro-elliptical, e a Gold vem com um diamante Line Contact - desenvolvido em conjunto com a japonesa Ogura, inventora desse tipo de perfil. Os preços ainda não foram divulgados. www.goldnote.it
NOVAS CAIXAS ALUMINE THREE DA STENHEIM AUDIO A fabricante suíça de caixas acústicas Stenheim adicionou à sua linha Alumine a torre modelo Three, que traz um gabinete de alumínio com um sistema de 3 vias que faz uso de dois woofers de 8 polegadas em paralelo, um médio de 5,25 polegadas e um tweeter com magneto de neodímio. A resposta de frequência das Three é de 32 à 35.000 Hz, sua sensibilidade é de 93 dB e impedância nominal de 8 Ohms. As Stenheim Alumine Three, que ainda não tiveram seu preço divulgado, serão lançadas na feira Axpona, em Chicago, ainda no mês de abril. www.stenheim.com
AMPLIFICADOR EGG-SHELL TANQ DA ENCORE SEVEN A polonesa Encore Seven, através de sua marca Egg-Shell, acaba de lançar o amplificador integrado TanQ, que é um valvulado com um par de KT88 por canal (válvulas Genalex Gold ou KR Audio), single ended, classe A, trazendo 20 W por canal em um gabinete de aço inox e alumínio com chassis flutuante para os transformadores, pés de aço com borracha para isolamento e um ventilador silencioso para ajudar no arrefecimento do aparelho. Completa o cenário uma válvula Nixie mostrando o número da entrada selecionada. O preço do integrado TanQ é de €4.950, na Europa. www.encore7.com
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AMPLIFICADOR INTEGRADO SYNTHESIS NYC200I A empresa italiana Synthesis, com seu slogan ‘Art in Music’, produz uma longa série de pré-amplificadores, pré de phono e integrados - valvulados, híbridos e digitais. O amplificador integrado valvulado NYC200i produz 230 W por canal através de quatro pares de válvulas KT120, em dual-mono, push-pull ultra linear, com transformadores de saída desenvolvidos especialmente para ele. Com controle remoto e ajuste fino de bias controlado por microprocessador, tem uma etiqueta de preço estimada em €22.000, na Europa. www.synthesis.co.it
CAIXAS ACÚSTICAS VINNIE ROSSI STILLETO 15 A empresa americana Vinnie Rossi, além de sua bela linha de amplificadores, prés e integrados, acaba de lançar seu primeiro par de caixas acústicas, as Stilleto 15, um sistema de 3 vias com woofer de 15” com cone de papel em open-baffle, e com o médio de 5.5” (também cone de papel) e o tweeter domo de tecido ambos em caixa selada. O gabinete é feito de material composto, em duas grossas camadas, e vem equipado com terminais WBT 0703Cu. Com lançamento oficial previsto para junho, o preço do par dessas belezas é de US$ 19.995, nos EUA. www.vinnierossi.com
AMPLIFICADOR QUARK DA EON ART Sediada na província de Quebec, a canadense Eon Art acaba de lançar seu integrado modelo Quark - projetado pelo engenheiro Stephane Hautcoeur - um amplificador classe A+D (híbrido valvulado) que é, segundo o fabricante, controlado por computador tanto em sua performance quanto em seu consumo de energia e geração de calor, com um som neutro com ultra baixa distorção. O preço aproximado do Quark será de US$ 28.999, na América do Norte. www.eon-art.com
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ENTREVISTA
EGBERTO GISMONTI,
COMPOSITOR E MULTINSTRUMENTISTA Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Egberto Gismonti
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Nascido de uma família musical, em 1947, na cidade do Carmo
oito cordas, a flauta e os sintetizadores, e estudando gêneros
no Estado do Rio de Janeiro, Egberto Gismonti começou a es-
musicais como o choro e a música indígena brasileira. Com uma
tudar piano aos seis anos de idade e, na adolescência, também
carreira sólida como compositor, instrumentista e arranjador, e
flauta, clarinete e violão no Conservatório Brasileiro de Música.
com uma discografia que excede 50 álbuns, muitos deles gra-
Depois, em 1968, estudou música dodecafônica com Jean
vados por selos europeus, Egberto Gismonti colaborou ou teve
Barraqué e análise musical com Nadia Boulanger, na França. Na
parcerias com vários músicos, entre eles Jane Duboc, Naná
década seguinte passou a dedicar-se à música instrumental e
Vasconcelos, Charlie Haden, Jan Garbarek, André Geraissati,
à experimentação, explorando instrumentos como o violão de
Hermeto Pascoal, Airto Moreira e Flora Purim.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Como começou seu contato e descobrimento da música? Minha irmã começou seus estudos de piano e eu fui ouvindo, acompanhando e acabei gostando. Quando tinha cinco ou seis anos, descobri como brincar de imitar minha irmã tocando. Fui tirando as músicas de ouvido enquanto meus pais foram se animando, até que resolveram me colocar na mesma escola da irmã: Conservatório Brasileiro de Música, em Nova Friburgo.
Quando e como você soube que iria ser músico? Por conta da musicalidade da família Gismonti (avô, tio, pai, mãe, irmãs etc.), devo ter ouvido deles milhares de vezes a afirmação de que, como o Antônio (meu avô) e o Edgar (meu tio), eu, o Betinho, iria ser um ótimo músico! Por isso, minha resposta é: nunca pensei em não ser músico.
Fale-nos sobre como foram seus estudos formais e informais de música, de sua formação como artista. O Conservatório Brasileiro de Música em Friburgo correspondia ao
Carneiro, Tom Jobim, Baden Powell, Geraldinho e Nando Carneiro, Roberto Menescal, Durval Ferreira, Carlos Monteiro de Souza, Maestro Gaya, Wilson das Neves, Sergio Barroso, Novelli, Jane Duboc, Robertinho Silva, Luiz Alves, Nivaldo Ornelas, Hermeto Pascoal, Victor Assis Brasil, Luis Eça, Maysa, Agostinho dos Santos, Lozir Viena, Nana Vasconcelos, Mario Tavares, Peter Dauelsberg, Copinha, Odette Ernest Dias... Foram muitos os amigos que direta ou indiretamente influenciaram na minha vida artística.
Como é ser intérprete e compositor de música no Brasil? A trajetória para um músico se realizar profissionalmente é hoje muito diferente de quando você começou? É muito bom, sobretudo quando se tem consciência de que o nosso ‘nascedouro musical’ é imenso, diversificado e tão variado como nós que formamos o povo miscigenado brasileiro. Acho que a trajetória para um músico hoje é bastante diferente da que percorri. De qualquer forma, não posso julgar se é mais ou menos difícil. Os tempos são diferentes e o meu ponto de vista representa tudo o que vivi e
do Rio de Janeiro, que era, nas disciplinas e matérias, uma extensão
continuo vivendo. Nenhuma opinião pode ser comparada à outra. A
do Conservatório de Música de Paris. Isso fez com que eu estudasse,
minha opinião de hoje é consequência da que eu tinha hoje cedo,
em paralelo aos anos do curso de piano, matérias necessárias aos
ontem ou anteontem.
que pretendessem ser intérpretes (música europeia), compositores (baseado nos princípios da música europeia) ou professores de piano e música. Os cursos de Teoria Musical, Canto Orfeônico, Harmonia, Composição, Contraponto, Fuga, Orquestração... foram definitivos para minha formação. Por outro lado, desde o interesse de ‘brincar de imitar a minha irmã tocando’, sempre tive vontade de ouvir todo tipo de música. Minha mãe e suas irmãs cantavam bem na igreja do Carmo; meu tio Edgar, maior mentor intelectual e musical, era
Vários bons músicos brasileiros têm transitado entre gêneros, como a música brasileira, o jazz e o erudito. Como se dá seu contato com os vários gêneros musicais? Dá-se a partir do que respondi no início: família grande, muito musical, ouvindo de tudo, mistura de árabes e italianos... Deu nisso.
Gravar é mais importante do que apresentar-se ao vivo? Qual realiza melhor o processo criativo do músico?
compositor de dobrados, sambas e hinos (incluindo o da cidade do
Até alguns anos atrás estive certo de cada forma poderia ser a mais
Carmo, onde nasci); meu avô Antônio era um compositor maravilho-
importante. Hoje, o processo que realmente gosto é apresentar-me ao vivo
so, além de alfaiate; meu pai tocava nos bailes da pensão da cidade;
e gravando. Os meus discos mais recentes têm sido gravados ‘ao vivo’.
tio Edgar dirigia a bandinha da cidade; meu avô tocava piano acom-
Como é se apresentar e gravar no exterior? Fale um pouco
panhando os filmes mudos... Com tudo isso dentro da família, não foi
sobre seu trabalho com o selo alemão ECM.
difícil crescer sem preconceito musical e, pouco a pouco, procurar a
O exterior pode ser muito grande... A Europa me levou aos Estados
minha linguagem usando ou transpassando por tantas influências ou
Unidos, que me levou à Ásia. São 40 anos tocando, gravando, ouvindo e
variações musicais.
conhecendo pessoas, músicos, fazendo amizades em todos os cantos
A formação como artista também dependeu de trabalho, de sorte e
do mundo. Acho que se todos os ingredientes necessários funcionarem
das oportunidades que os anos 70 nos deram, a todos da minha ge-
bem durante o desenvolvimento de uma carreira, de viagens e apre-
ração. Mudei-me para o Rio de Janeiro em 1968, ainda com 20 anos.
sentações, apresentar-se no exterior ou no Brasil pode criar amizades
As primeiras pessoas que conheci já foram inteiramente definitivas
com famílias inteiras - quando isso acontece, a música está premiando
na minha formação artística: Bené Nunes, Dulce Bressane, Geraldo
todos os músicos. Falar da ECM é como falar de uma relação que se
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ENTREVISTA desenvolveu de forma singular e muito bacana. O diretor e produtor do
coisa. O melhor disso é poder ter os dois pontos de vista e ficar feliz
selo alemão Manfred Eicher e eu nos permitimos que, pouco a pouco,
por ter sido reconhecido em muitos lugares.
nossos trabalhos se misturassem e se transformassem em uma amizade
Quem são seus ídolos e inspirações no mundo da música
bastante estável. Evoluímos juntos, ECM e eu. Fizemos muitos discos usando títulos (dos CDs e das faixas) em português, até chegarmos ao estágio de coprodutores: ECM e Carmo Produções.
O intérprete e a música brasileira são mais valorizados lá fora do que aqui? Depende do ponto de vista. Se considerarmos que quando dizemos ‘lá fora’, estamos falando de um mundo de pessoas residentes de um mundo de cidades e Países, sim; se forem somadas todas as pessoas que seguem o que eu faço fora do Brasil, certamente o número pode ser maior do que o do Brasil. Se, por outro lado, con-
e fora dele? Se eu fizesse uma lista dos meus ídolos musicais, encheria muitas páginas da revista. Explico: aprendi que existem somente dois tipos de música na minha vida: 1) a que preciso ouvir para viver; 2) a que certamente precisarei ouvir no futuro. Neste caso é fácil deduzir que a lista seria imensa. Depois que percebo a dimensão de um compositor (de qualquer gênero de música), ele passa a residir nas minhas necessidades cotidianas, as que me fazem viver.
Como o Egberto Gismonti vê o seu futuro?
siderarmos que o Brasil é a semente dos intérpretes ou da música
Houve uma época que eu fazia previsões a cada ano ou a cada
brasileira que atravessa oceanos há décadas, a resposta seria não, a
dois, três ou quatro anos. Não acertei em nenhuma das vezes. De
pergunta não procede... uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra
muitos anos para cá, ‘deixo a vida me levar’.
Egberto Gismonti
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
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METODOLOGIA DE TESTES
ASSISTA AO VÍDEO DO SISTEMA CAVI, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC
GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério: EQUILÍBRIO TONAL Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normalmente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior. PALCO SONORO Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros. TEXTURA Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é. TRANSIENTES É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano. DINÂMICA É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma porta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica. CORPO HARMÔNICO É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instrumento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes. ORGANICIDADE É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não amplificada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo. MUSICALIDADE É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
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TESTE ÁUDIO 1
DAC DCS ROSSINI Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Foi uma grata surpresa poder por quatro semanas, desfrutar da
entenda o que eu quis dizer, terei que voltar um pouco no tempo
companhia do DAC Rossini da dCS, no momento em que também
e detalhar a assinatura sônica do sistema Scarlatti em relação ao
chegavam para serem amaciados os monoblocos da Audio Resear-
sistema Vivaldi, para que não paire dúvida em relação às minhas
ch: os imponentes M160. Receber, ao mesmo tempo, ‘iguarias’ tão
observações.
refinadas, em tempos ainda de ‘vacas magras’, é para realmente serem apreciadas em toda sua totalidade.
Utilizo, em nosso sistema de referência, produtos da dCS desde 2004. Minha primeira aquisição foi o CD-Player Puccini, depois rea-
Como me preocupo com a enorme legião de novos leitores (que
lizei o primeiro upgrade com a aquisição de seu clock externo. Tive
não para de crescer a cada mês), sugiro que leiam também o Teste
por um curto período os Paganinis, para depois saltar para o sistema
do CD-Player Rossini, publicado na edição Melhores do Ano 2016
Scarlatti, no qual estou até hoje (já são quase 7 anos… como o tem-
(edição 226).
po voa!). Diria, sem pestanejar, que o Scarlatti foi por muito tempo a
A linha Rossini agora é composta do CD-Player, do DAC/Clock, e de um Transporte oferecendo ao usuário a escolha de ficar com o
obra prima da dCS, até que seus engenheiros subiram mais alguns degraus com seu DAC Ring proprietário, e criaram o sistema Vivaldi.
CD-Player ou optar por Transporte e Conversor separados. No teste
Convivendo por tantos anos com os produtos dCS, e sabendo
do CD-Player Rossini, escrevi que ele possuía o mesmo ‘DNA’ do
das diferenças significativas, mas, ainda pontuais, entre o Paganini
top de linha da empresa, o sistema Vivaldi. Para que o amigo leitor
e o Scarlatti, cheguei a duvidar o que os reviews internacionais
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DAC DCS ROSSINI
citavam em um teste AxB entre Scarlatti e Vivaldi. Achei sinceramen-
Ainda que, na época, estivesse atolado de testes e com o fecha-
te que, talvez, houvesse um pouco de ‘empolgação’ pela beleza do
mento da edição melhores do ano, abri o Rossini assim que a trans-
design e do acabamento estonteantes do Vivaldi, e que a beleza
portadora chegou e liguei-o imediatamente. Parecia uma criança ao
estivesse ‘contaminando’ as observações auditivas!
abrir na noite de natal seu presente desejado por 11 meses! Minhas
Ledo engano. Ao ficar uma semana com o sistema Vivaldi em nossa sala de testes (gentileza de um amigo/leitor que estava em
Gostei muito do Rossini, percebi a mesma folga que tanto admirei
processo de acabamento em sua sala dedicada), vi e ouvi que as
no sistema Vivaldi, porém (sempre um, porém), a energia distribuída
diferenças entre a nossa referência digital e o Vivaldi eram significati-
com enorme autoridade nas passagens macro dinâmicas não esta-
vas! Mas, o que mais me encantou foi exatamente o grau de natura-
va lá! Perdendo até para o Scarlatti neste quesito. Fiquei por sema-
lidade e folga com que o Vivaldi resolve todas as macro-dinâmicas.
nas pensando a respeito, e minha conclusão é que o pacote só po-
Gravações em que o meu Scarlatti quase dobra os joelhos e joga
deria ser entregue em um sistema Rossini e não em um CD-Player.
a toalha, o Vivaldi resolve com um sorriso no rosto. Com tamanho
Como gosto de acompanhar tudo que a imprensa internacional
conforto auditivo, você pode literalmente escutar (se seu sistema
solta, li que o clock externo do CD-Player Rossini fez maravilhas
permitir) as gravações no limite de volume em que foram mixadas. E
justamente aonde achei que o CD Rossini ficou aquém do Scarlatti.
esta possibilidade, depois do vigésimo disco, se torna simplesmente
Melhor silêncio de fundo, maior micro-dinâmica e mais degraus en-
um vício em que você não quer mais abrir mão.
tre o forte e o fortíssimo. Uma luz novamente se acendeu em minha
Resignado, após uma semana em que escutei mais de 300 dis-
mente: e se...
cos, entreguei o equipamento a quem de direito pertencia e passei
E, finalmente, parte dessas elucubrações foram desvendadas,
quase uma semana só escutando analógico, para não me frustrar
agora que tive a oportunidade de receber o DAC Rossini para teste.
com a vertiginosa queda que seria voltar ao meu Scarlatti.
Com a última atualização, 2.0, do meu sistema Scarlatti, no modo
Assim, como dizem que o que não se vê o coração não sente, as obrigações em testar os produtos que chegam a toda semana, me fizeram ligar meu sistema digital de referência e voltar a vida normal. Mas, sempre com aquela ideia fixa na cabeça: “a dCS não poderia utilizar um pouco de todos os filtros personalizados, algoritmos de
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observações estão lá para quem desejar ler.
dual AES/EBU pude usufruir no DAC Rossini de pegar o sinal PCM e transformar em DSD. E também pude utilizar o DAC Rossini ligado ao transporte Scarlatti e o clock Scarlatti, e comparar com o DAC Scarlatti por quatro semanas, e tirar todas as dúvidas e obter as respostas que aguardo a tanto tempo.
mapeamento personalizados selecionáveis, e suas constantes atua-
Mas, antes, vamos a uma descrição do que o DAC Rossini per-
lizações de software e firmware, e criar um sistema mais acessível?
mite. O Rossini possui seis filtros PCM dCS, um filtro MQA e quatro
Então imagine minha alegria quando recebi para teste o CD-Player
filtros DSD - tudo projetado pela própria dCS. O filtro dCS M1 MQA,
Rossini!
segundo o fabricante, atende integralmente todos os 16 coeficientes
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DAC DCS ROSSINI
de filtro MQA possíveis, sem ter adaptação para compensar limita-
os instrumentos, holografia 3D, silêncio de fundo e, principalmente,
ções ou erros do conversor D/A.
naturalidade dos timbres e vozes, e musicalidade.
Ainda segundo os engenheiros da dCS, há dois aspectos na im-
É como viajar para o futuro mantendo-se no presente, apenas sua
plementação MQA do dCS que são diferentes dos outros fabrican-
audição e seu cérebro viajam, para descobrir que todos seus CDs
tes. Se a codificação do MQA estiver ativada, todo o áudio passa
tinham algo a ser ouvido, tinham respostas a muitas passagens que
pelo filtro MQA. No Rossini todos os outros dispositivos dCS (o DAC
soavam opacas ou com baixa inteligibilidade. A beleza e magia do
ou o streamer) determinam se uma música codificada com MQA
Vivaldi se fazem presentes no DAC Rossini muito mais que no CD-
está sendo reproduzida antes de aplicar o filtro.
-Player Rossini, dando a possibilidade do consumidor ter muitas das
Os engenheiros depois de longos testes auditivos, optaram por dar ao usuário do Rossini a possibilidade de selecionar filtros tra-
com nossa realidade.
dicionais da dCS quando ouvindo material MQA, dando ao usuário
DAC Scarlatti x DAC Rossini
flexibilidade na escolha de qual filtro usar.
Com a atualização 2.0 também do meu DAC, a comparação ficou
Os controles e todos os recursos do Rossini (incluindo a sele-
muito mais honesta e verossímil em termos de observações.
ção de filtros) pode ser feito através de aplicativos dCS iOS, e este
A sensação, depois de uma semana inteira debruçado neste com-
aplicativo permite que o usuário reproduza músicas de um servidor
parativo, deixou claro que a evolução alcançada pela dCS refinou a
UPnP/DLNA, do Tidal ou mesmo de um pendrive conectado direta-
assinatura sônica desta nova geração a tal ponto que determinados
mente ao Rossini. E, para os que desejam total flexibilização, tam-
quesitos ficam difíceis de serem comparados. Ainda que estejamos
bém é possível a reprodução via AirPlay e de Spotify.
escutando pequenos grupos com sutis variações dinâmicas, no
As saídas analógicas do Rossini podem ser configuradas em 2V ou 6V. Eu sempre usei 6V em todos os meus dCS. Para o teste ouvimos o transporte Scarlatti ligado em dual AES/ EBU com os cabos digitais Transparent Audio Reference XL, e em uma entrada AES/EBU ligado pelo nosso cabo de referência Crystal Cable Absolute Dream. O Heber me fez a s honras de apresentar o DAC Rossini no showroom da Ferrari tocando streaming, e foi uma das poucas vezes que comprei a ideia de até em um futuro (espero longínquo), ouvir
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características do Vivaldi em um pacote mais realista e condizente
DAC Rossini a música sempre soa de forma mais organizada entre as caixas, com mais planos, mais silêncio entre os instrumentos e entre as notas, possibilitando um grau de imersão e inteligibilidade muito maiores. O DAC Scarlatti, ainda (na minha opinião) só ganha no item microdinâmica. E mesmo assim em gravações de muita excelência técnica. O Scarlatti parece sempre à postos, para não vacilar quando for preciso. Nunca relaxa totalmente. Já o Rossini é o oposto: está sempre tranquilo, só colocando as garras de fora quando exigido.
música nesta plataforma. Claro que a praticidade é um gol de placa,
Para quem sempre reclamou do ‘som digital’, esta ‘fórmula’ de in-
afinal ter toda sua discoteca à mão, a um toque, tem um ar mágico.
teligibilidade com total folga e naturalidade, põe por terra esta ques-
Mas eu sou de uma geração analógica que, a cada 20 minutos,
tão em definitivo.
sempre teve que se levantar para trocar o disco ou virá-lo de lado.
Outra grande diferença entre os DACs foi o corpo harmônico, e a
Então levantar para trocar de CD, após uma hora de audição (ou
qualidade do foco e recorte dos instrumentos solistas. Neste quesito
quase isto), me parece extremamente bom para a saúde!
encontra-se a prova da grande evolução desta nova geração, em
Os DACs melhoraram muito, certamente. A qualidade do downlo-
mostrar os instrumentos (quando corretamente captados) em seu
ad de alta resolução que podemos comprar também é uma mão na
tamanho real, com total precisão de espaço. A música se materia-
roda, e o Rossini se mostrou pronto a esta nova era com todo tipo
liza à nossa frente, sem esforço e sem a sensação de reprodução
de entrada digital, para atender a todas estas novas plataformas.
eletrônica.
No entanto, meu amigo, se você ouvir um CD em Dual AES/EBU
Outro grande avanço é que podemos, na calada da noite, escutar
neste Rossini, o senhor entenderá onde se encontra a mais bela
nossos discos em volumes realmente reduzidos sem perder o prazer
resolução possível de uma mídia que parece estar também em ex-
e o perfeito equilíbrio tonal. Tudo estará exatamente no lugar, esteja
tinção! A possibilidade de você extrair o sumo do sumo de seus CDs
em volume moderado ou no volume próximo da gravação.
favoritos nesta máquina é de nos fazer soltar aquele suspiro de inte-
E, por fim, a musicalidade do DAC Rossini é mais envolvente,
gral satisfação e reconhecimento daquilo que os discos PCM 16/44
quente, sedutora que no DAC Scarlatti, nos fazendo imediatamente
escondiam em suas entranhas. Falo de maior espacialidade entre
lembrar do sistema Vivaldi.
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CONCLUSÃO O avanço no digital é cada vez maior e mais preciso. Lamento apenas que, justamente agora em que o digital atinge sua maturi-
sistema digital com o DAC Rossini em sua sala e descubra o que significa a plenitude em inteligibilidade e a ausência total de fadiga auditiva!
dade, as mídias físicas estejam a desaparecer. Me desculpem todos
E para aqueles que já estão na nova onda de streamer, um produ-
os que defendem as mídias virtuais, mas a comparação ainda não
to que atende a todos os seus anseios com enorme competência e
é possível - a diferença ainda é totalmente audível em um sistema
qualidade sonora.
digital deste nível. E para os que desejam um sistema Estado de Arte deste nível, subjugar ou abandonar a mídia física será um erro tão grande quanto ter vendido sua coleção de LPs a preço de banana! O DAC Rossini pertence a esta seleta geração de digitais que atingiram um grau de refinamento que permite a todos os apaixonados
PONTOS POSITIVOS Um DAC Estado da Arte, compatível com todas as mídias disponíveis em estéreo.
por música desfrutarem de seus discos com um prazer inimaginável cinco anos atrás! Se este é seu objetivo, amigo leitor, de chegar ao nirvana sonoro, e redescobrir todos os seus CDs, sem nenhuma exceção, ouça o
PONTOS NEGATIVOS O preço, sempre a pedra no sapato.
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Tipo
Upsampling Network DAC.
Cor
Prata ou preto.
Tipo de conversor
Topologia Ring DACTM proprietária da dCS.
Entradas digitais
Interface de rede RJ45 (UPnP assíncrona até 24-bit/384 k nativo, DSD/64 & DSD/128), USB 2.0 com conector B-type (modo assíncrono até PCM 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128 via DoP), USB-on-the-go com conector type-A (stream assíncrono de pendrive ou hard-disk externo USB até 24-bit/384 k e DSD/64 & DSD/128), 2x AES/EBU com conectores XLR (PCM até 24-bit/192k e DSD/64 - ou usado em par indo até PCM 384kS/s, DSD/64 & DSD/128 ou DSD ‘dCS-encrypted’), 2x SPDIF (RCA e BNC aceitando PCM 24-bit/192 k ou DSD/64 in formato DoP), 1x ótico Toslink (PCM até 24-bit/96 k).
Saídas analógicas
Através de mídia CD-R, ou através do app dCS Rossini
Controle local
App dCS Rossini, interface RS232 (para automação), controle remoto infravermelho opcional
Fonte de alimentação
100, 115/120, 220 ou 230/240 V AC em 50-60 Hz (configurado de fábrica)
Consumo
23 W (28 W máximo)
Sistemas operacionais
Windows Vista, 7, 8.1, 10. Mac OSX 10.10. (driver dCS USB é necessário para Windows para modo Audio Class 2
Dimensões (L x A x P)
444 x 125 x 435 mm
Peso
15.6 kg
DAC DCS ROSSINI Equilíbrio Tonal 12,0 Soundstage 12,0 Textura 13,0 Transientes 12,0
2x conectores BNC (clock de 44.1, 48, 88.2, 96, 176.4 ou 192 kHz)
Dinâmica 12,0
Ruído residual
Em 24-bit: melhor que -113 dB0 (20 Hz - 20 kHz - 6V output setting)
Musicalidade 13,0
Melhor que -115 dB0 (20 Hz - 20 kHz)
Respostas expurias
Melhor que -105 dB0 (20 Hz - 20 kHz) - Modo PCM: 6 filtros variando entre rejeição de imagem Nyquist e resposta de fase - Modo DSD: 4 filters que progressivamente reduzem o nível de ruído fora da banda audível
Filtros
ESPECIFICAÇÕES
Atualizações de software
Entrada / Saída de Clock
Crosstalk
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2V ou 6V de nível de saída configurável, balanceadas e RCA
ESPECIFICAÇÕES
DAC DCS ROSSINI
Upsampling
ABRIL . 2019
DXD como padrão, e DSD opcional
Corpo Harmônico 13,0 Organicidade 13,0 Total
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Ferrari Technologies (11) 5102.2902 US$ 57.000
100,0
ABRIL . 2018
29
TESTE ÁUDIO 2
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2 Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
O novo distribuidor no Brasil da Nordost é a AV Group, desde
cabos da linha de entrada Leif, a série Norse 2, utiliza condutores de
o segundo semestre do ano passado. No começo de janeiro, eles
cobre OFC banhados à prata, isolamento FEP (teflon) extrudado e
nos enviaram uma bela maleta com todos os cabos da linha Norse
uma construção ajustada mecanicamente.
da Nordost, com um cabo de interconexão RCA de 2 metros e um par de 4 m de cabos de caixa. Esta linha, abaixo da linha Valhalla 2, é constituída dos seguintes modelos: Heimdall 2, Frey 2 e Tyr 2. O consumidor encontrará nesta série também os seguintes cabos: USB, Digital Coaxial e AES/EBU e de força.
Outros avanços tecnológicos que, segundo o fabricante, os levam ainda mais perto das linhas Valhalla 2 e Odin 2 em termos de performance, é o uso de uma tecnologia de mono-filamento de patente proprietária, que cria um dielétrico de ar virtual enrolando um filamento em uma espiral precisa ao redor de cada condutor,
Com o envio de toda a linha Norse de caixa e interconexão, deci-
antes de colocar uma ‘luva’ em cada condutor. Minimizando o con-
dimos começar as nossas avaliações pelo Tyr 2, o mais próximo das
tato com o condutor, e reduzindo drasticamente a absorção dielé-
linhas Valhalla 2 e Odin 2, e ir descendo. Assim o leitor terá uma ideia
trica enquanto se amplia o amortecimento mecânico e a precisão
consistente, dentro de nossa metodologia, de onde cada um desses
geométrica.
cabos se encaixa dentro da marca e, também, qual poderia ser um upgrade seguro para cada sistema. Gosto muito da filosofia da Nordost de utilizar em todos os seus produtos o que eles chamam de construção progressiva. Como os
Os cuidados vão além, nesta nova série, com ajustes mecânicos na construção com comprimentos mecanicamente ajustados para reduzir a microfonia interna e a ressonância de impedância de alta frequência.
ABRIL . 2018
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CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
Na apresentação do modelo Tyr 2 o fabricante ressalta que seus
Para o teste nesses quatro meses utilizamos o Tyr 2 em conjunto
atributos sonoros são mais silêncio de fundo, maior arejamento tan-
com nossos cabos e também com o Frey 2, para termos uma ideia
to em torno dos instrumentos como na apresentação de ambiência
exata da assinatura sônica de um setup Norse 2. Em todos os pro-
e uma maior faixa dinâmica e, segundo a Nordost, muito mais próxi-
dutos que estiveram em teste neste período, ou que ainda estão,
mo dos consagrados Valhala 2 e Odin 2.
temos utilizado direto tanto o cabo de interconexão Tyr 2 como o
O isolamento do Tyr 2 de interconexão é o Etileno Propileno Fluorado (FEP), em construção com camadas mecanicamente sin-
Tentei de todas as maneiras, amigo leitor, conseguir um Tyr versão
tonizadas e design duplo de mono-filamento. Os condutores são
anterior para conhecer, já que com esta linha Norse nunca havia tido
7 x 24 AWG, núcleo sólido de cobre OFC 99,999999% banhado à
contato anteriormente. Então meu único recurso foi buscar as ano-
prata, com capacitância de 33.0 pF/pé, indutância de 0,045 uH/pé,
tações referentes ao Valhala 1 e 2, e ao Odin 2 que testei.
e velocidade de propagação de 86%.
32
de caixa.
ABRIL . 2019
Muitos devem se perguntar: mas em que diabos as anotações
deu a nítida impressão de ser superior ao Valhalla 1, e muito mais
pessoais do Andrette podem ajudá-lo? Já que foram feitas com ou-
próxima do Valhalla 2. E estamos falando de um cabo que custa o
tros sistemas e em épocas bem distintas! Minhas anotações pes-
dobro do preço!
soais, que utilizo para registro de minha memória auditiva, vão muito além de observar o comportamento auditivo de um produto em teste. Geralmente, nessas anotações utilizo nossas gravações ou gravações que nos acompanham desde o pontapé inicial de nossa metodologia no longínquo ano de 1999! Nessas anotações eu descrevo muito mais sensações ou detalhes que me chamaram a atenção, como por exemplo: texturas, inflexão e técnica vocal e virtuosidade dos instrumentistas, comportamento do produto em volumes bem reduzidos, ou em volumes próximos ao limite do que foi mixado. Planos, em termos de foco, recorte e profundidade e sobretudo o grau de musicalidade e o grau de imersão no acontecimento musical. Eu já fazia este processo mental com a mais tenra idade, quando meu pai, depois do jantar, me perguntava se eu podia ajudá-lo na escolha de um componente para substituir um original em nossa fatídica reserva de mercado, em que importar um transistor, um capacitor ou uma resistência era um parto! E lá ia meu pai, na busca de uma solução menos ‘nociva’ para aquele equipamento em conserto. E solicitava meu par de orelhas para ajudá-lo a encontrar uma solução. Às vezes o ‘caminho das pedras’ já estava sedimentado, outras inúmeras vezes não. E foi daí que desenvolvi a técnica de guardar no meu hipocampo as observações que fazia ouvindo sempre os mesmos trechos de música no equipamento de nossa casa. Não pensem que depois de alguns anos eu acertava de primeira. Pelo contrário, à medida em que minha referência de sistemas foi refinando, com as visitas aos clientes do meu pai, eu sempre queria que ele arrumasse soluções melhores. Aí, com sua paciência Zen, lá vinha ele me falar dos malefícios da reserva de mercado e toda sua dificuldade em conseguir componentes originais. Voltando ao que interessa. Ainda que minhas anotações estivessem defasadas, foi um norte escolher os mesmos discos e faixas para escutar o Tyr 2 de interconexão e o de caixa. Desde o primeiro momento, o que se escuta nos Tyr 2 é uma mistura de folga, com velocidade e silêncio de fundo cativantes. Arriscaria dizer que, no cabo de caixas, essas mesmas qualidades demoram um pouco mais (terá a ver com a construção em mono filamentos em paralelo, distribuídos em uma larga fita?). Mas, quando elas surgiram, esta dupla teve um desempenho sônico exemplar!
Seu caráter sônico é sempre incisivo, retratando o tempo e ritmo com enorme autoridade e nos brindando sempre com uma folga e silêncio de fundo que nos fazem perguntar se realmente necessitamos mais em termos de performance. Outra questão levantada, em diversos fóruns, por quem teve o Tyr 1 e realizou o upgrade, fala da melhora no corpo e peso na região do médio-grave, e a maior extensão tanto nas altas como na primeira oitava embaixo. Como não ouvi o Tyr 1, não tenho como dar minha opinião, mas posso testemunhar que no Tyr 2 esta limitação não existe. Desde as primeiras horas de amaciamento (com 15 horas) que seu equilíbrio tonal foi excelente. Agudos com grande extensão, decaimento perfeito (para se ouvir as ambiências), corpo, naturalidade no timbre e velocidade. A região média é de uma beleza digna de cabos muito corretos e refinados, é palpável e integralmente natural para vozes e instrumentos musicais. Os graves possuem aquela solidez tão procurada nos cabos de referência, com corpo e velocidade também surpreendentes. À medida em que o amaciamento foi se acelerando, as diferenças audíveis se concentraram no aumento da largura e profundidade do palco, e na precisão com que o foco e o recorte se delimitaram entre as caixas. Gosto muito, neste período em que o soundstage vai se firmando, de ouvir apenas obras sinfônicas ou pequenos grupos como quartetos de cordas, pois monitoro todos as mudanças no soundstage (quartetos para observar foco e recorte, e obras sinfônicas para ver a ampliação das camadas dos naipes tanto na profundidade como na largura). O Tyr 2 vai muito além de retratar os planos dos naipes de uma orquestra, apresentando uma imagem quase holográfica e 3D dos solistas, tanto em termos de corpo como de silêncio à sua volta. Com 100 horas, o soundstage se acomodou, e não sofreu novas alterações significativas. Também li em alguns fóruns audiófilos que diziam ser o Tyr 1 mais analítico do que quente, com determinadas eletrônicas. Se esta limitação realmente existia, foi totalmente corrigida na versão 2. Achei o equilíbrio entre silêncio e musicalidade perfeito. E para aqueles que desejam entender como avaliamos esta questão, basta se aterem à dois quesitos de nossa metodologia: textura e micro-dinâmica. Am-
O RCA possui um grau de compatibilidade excelente, fosse traba-
bos não podem sobressair um ao outro. Pois se aquele triângulo no
lhando entre o pré de phono e o pré de linha, ou entre prés e powers,
meio da orquestra soa com o mesmo impacto que o instrumento
ou entre DAC e pré de linha. A melhor forma de descrever o Tyr 2
solo acredite, meu amigo, seu sistema está realmente puxando para
é que, em poucos segundos, seu cérebro para de pensar no que
o analítico, e este grau de informação secundária irá, em audições
está ouvindo e se concentra só na música. Sua micro-dinâmica me
mais prolongadas, cansar.
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CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2
Por outro lado, se a micro-dinâmica é sempre difusa e as textu-
Com todos os quesitos equilibrados em um sistema Estado da
ras são sempre realçadas com muita ênfase (principalmente instru-
Arte, e eis que o milagre ocorre: temos a materialização física do
mentos acústicos e sopros), com flautas sempre doces e sedosas
acontecimento musical à nossa frente e o grau de prazer auditivo
mesmo na última oitava mais aguda, ou trompete com surdina que
(musicalidade) é proporcional à este equilíbrio.
parece que a surdina é feita de feltro, você também terá problemas, pois ainda que encante no começo, seu cérebro irá reclamar que o instrumento real não soa assim!
corretos e sempre soaram com uma naturalidade cativante. Falando sobre a construção do cabo de caixa Tyr 2, o isolamento
Então, conseguir o equilíbrio entre esses dois quesitos mostra
a construção não muda em nada. O que muda é a geometria, já
com eficiência o nível de qualquer componente do sistema. Um ami-
que estamos falando de condutores trabalhando em paralelo como
go meu baterista sempre diz que, para ele avaliar textura, coloca
em uma múltipla pista de autorama (não sei se nossos leitores com
para escutar solos com uso de muita caixa com a esteira fechada.
menos de 30 anos irão entender o que desejo dizer com ‘pista de
Se a textura está ‘adocicada’ parece que o baterista substituiu a
autorama’),com 26 condutores 22AWG, o mesmo núcleo de cobre
baqueta por uma meia (claro que isto é uma piada, mas alguns siste-
sólido de seis noves de pureza OFC, capacitância de 10,7pF/pé,
mas mais contemplativos realmente distorcem e, vou além, também distorcem a reprodução de transientes). Nos nossos Cursos de Percepção Auditiva, explicamos com inúmeros exemplos como todos os quesitos da metodologia interagem e como nosso cérebro codifica e interpreta essas questões. O Tyr 2 é muito coerente, e seu silêncio de fundo não se sobrepõe à apresentação de texturas. Elevando-o ao seleto grupo de cabos que são superlativos não por destacarem algo, mas sim por apresentarem o todo com forma, equilíbrio e beleza.
indutância de 0.13 uH/pé, propagação de 96%, e terminações banhadas à ouro ou Z-plug Banana. Os cabos de caixa, pela sua largura, necessitam ser desenrolados corretamente, e o ideal é que, se possível, se use os próprios elevadores indicados pelo fabricante. Isto facilita não se correr risco de tropeço ou ficar pisando no mesmo. Pela quantidade de fios, é natural que ele necessite do dobro de tempo de amaciamento (foram 220 horas). No princípio ele toca mais engessado (principalmente nas duas pontas), seu corpo é menor e seus planos são bastante tímidos em profundidade e largura da ima-
Desde o primeiro Blue Haven, testado em 1998, que destaco a
gem. Mas, a partir de 100 horas os graves ficam sólidos na primeira
velocidade dos cabos Nordost. Brincava que eles pareciam ser li-
oitava, e são notórios pela velocidade, energia e deslocamento de ar.
gados no 220V, tamanha facilidade em acompanhar variações com-
Ao ouvir a primeira gravação de órgão de tubo, me rendi aos seus
plexas em ritmo, tempo e andamento (transientes). Esta qualidade
encantos e passei uma semana curtindo gravações com este ins-
continua presente mas, como escrevi acima, não em detrimento de
trumento, e com baixo acústico e elétrico. Revisitei toda a obra de
nenhum outro quesito.
Marcus Miller, Pastorius e Mingus. Foi realmente um deleite sonoro!
Ouvimos os discos do Uakti, I Ching, faixa 3, e de André Geraissa-
Sua velocidade torna qualquer gravação com inúmeras percus-
ti, Canto das Águas, faixa 5, grudados na poltrona e sem tempo de
sões, piano solo e bateria, momentos inesquecíveis! Equilibrado
respirar, tamanha precisão de ambos (RCA e de caixa).
tanto quanto o de interconexão, o Tyr 2 de caixa é uma solução in-
O corpo harmônico, além de preciso, graças ao seu silêncio de fundo, nas vozes cria um efeito 3D espetacular! Colocando-os à
teligente e definitiva para qualquer sistema Estado da Arte, por uma fração do preço do Odin 2.
nossa frente em nossa sala. Novamente, utilizamos estes exemplos
CONCLUSÃO
de corpo para mostrar como nosso cérebro não se engana com re-
O Tyr 2, como o fabricante afirma, é um passo consistente em
produção eletrônica se o corpo e a materialização do acontecimento
busca do equilíbrio que todo o audiófilo sonha em dar ao seu sis-
musical não for verossímil! Do que adianta uma gravação tecnica-
tema.
mente impecável se as vozes e instrumentos possuem o tamanho de uma pizza brotinho? Não, meus senhores, nosso cérebro é bem astuto, e não se engana com corpos disformes. E vozes, assim como instrumentos de cordas e piano, são matadores para verificarmos a qualidade do corpo harmônico em nossos sistemas.
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Os Tyr 2 de interconexão e de caixa são extremamente musicais,
ABRIL . 2019
Suas qualidades são tão abrangentes e sua compatibilidade tão larga que deve ser uma das opções a serem escutadas em qualquer sistema sinérgico e sem elos fracos, em que apenas falte aquele cabo para realçar todas as virtudes. São excepcionalmente construídos (é sempre bom lembrar que a Nordost antes de se dedicar ao áudio hi-end é o maior fabricante de
cabos aeroespaciais, com exigências que vão muito além do uso doméstico de um cabo). Sua assinatura sônica, além de exuberante é extremamente correta em todos os quesitos de nossa Metodologia. Altamente recomendado, principalmente para os que já apreciam a marca, mas não podem ou não desejam gastar o que custa o Valhalla 2 ou o Odin 2.
ESPECIFICAÇÕES - TYR 2 DE CAIXAS
PONTOS POSITIVOS Equilibrado sonicamente, com enorme quantidade de re-
Isolação
Etileno propileno fluorado (FEP)
Construção
Design micro mono-filamento com comprimento mecanicamente configurado
PONTOS NEGATIVOS
Condutores
26 x 22AWG
Pela sua performance e construção, nenhum ponto negativo.
Material
Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata
Capacitância
10.7pF/pé
Indutância
0.13μH/pé
Velocidade de propagação
96%
Terminações
Spade banhado à ouro ou Z-plug Banana
cursos e uma versatilidade impressionante para sua faixa de preço.
CABOS DE INTERCONEXÃO E CAIXA NORDOST TYR 2 Equilíbrio Tonal 12,0 Soundstage 12,0 Textura 13,0
ESPECIFICAÇÕES - TYR 2 DE INTERCONEXÃO
Transientes 13,0 Isolação
Etileno propileno fluorado (FEP)
Construção
Design duplo mono-filamento com comprimento mecanicamente configurado
Condutores
7 x 24 AWG
Material
Cobre OFC 99.99999% sólido com banho de prata
Capacitância
33.0 pF/pé
Indutância
0.045 μH/pé
Cobertura de blindagem
97%
Velocidade de propagação
86%
Terminação
RCA Nordost MoonGlo® banhado à ouro
Dinâmica 12,0 Corpo Harmônico 12,0 Organicidade 12,0 Musicalidade 13,0 Total 99,0
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
AV Group (11) 3034.2954 RCA (1m) - R$ 15.186 Cabo de caixa (2m): 340
ABRIL . 2018
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TESTE ÁUDIO 3
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br
A KW Hifi, importadora de produtos para áudio hi-end, traz para o
hi-end que utiliza jacarandá em seus produtos. Temos racks, toma-
Brasil mais uma grande marca de peso e de enorme prestígio mun-
deiros e uma infinidade de desacopladores para toca-discos, fontes
dial, a Grado Labs. Uma empresa familiar com mais de 60 anos
e amplificadores, feitos de madeira. Todos em algum grau alteram
de tradição na fabricação artesanal de fones de ouvido e cápsulas
o equilíbrio tonal, para melhor ou para pior, e isto vai depender mui-
fonográficas.
to da abordagem do fabricante. No caso da Grado, a escolha foi
Nesta nova leva de importação feita pela KW HIFI veio o fone de ouvido Grado Reference RS1e, um produto icônico que teve início em 1996: o primeiro fone da Grado com corpo em madeira de mog-
muito bem-sucedida, pois trouxe ao conjunto RS1 um calor nos timbres e tamanho do corpo harmônico essenciais para um fone de referência.
no tratado. A escolha do mogno vai muito além da estética - as
A série Reference vem evoluindo com o passar dos anos, e a ver-
qualidades audíveis da madeira, em especial do mogno, ébano, e
são ‘e’ trouxe melhorias estéticas e funcionais muito interessantes,
do jacarandá baiano são bastante conhecidas no meio musical, pois
como o mogno mais claro que o utilizado no fone anterior, combi-
são utilizadas em instrumentos musicais até hoje! E mesmo com
nando melhor com as cores das roupas, etc, e um processo de cura
tanta tecnologia, nenhuma conseguiu produzir um material artificial
da madeira melhorado que trouxe mais equilíbrio entre as frequên-
que emulasse suas características sônicas de maneira convincen-
cias. Com isto, ganhou-se um deslocamento de ar mais natural nos
te. Alguns clarinetes, por exemplo, utilizam o ABS (Grafotnite) como
graves, as transições entre as frequências ficaram mais suaves e os
uma alternativa economicamente viável ao ébano, mas a diferença
timbres mais reais, principalmente no médio-grave, o que ajudou
no timbre é gritante! Temos no Brasil um fabricante de acessórios
muito a conseguir um equilíbrio tonal ainda mais correto.
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FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
Os drivers do tipo dinâmico de 50mm utilizam bobinas de cobre
O fone de ouvido Grado RS1e chegou novinho, e rapidamente
de alta pureza, com uma tolerância máxima entre eles de 0,5 dB, o
o colocamos para amaciar por aproximadamente 60 horas. Suas
que é extremamente baixo para um produto feito à mão! A impe-
primeiras horas de audição são bastante gostosas de acompanhar,
dância é de 32 Ohms a 1kHz, e a sensibilidade de 98dB, o que é
a região média não soa áspera nem demasiado frontal. Os extremos,
maravilhoso para ouvir com smartphones e notebook.
como sempre, têm pouca extensão, mas a pegada no grave está lá
O cabo que liga os drivers possui 8 filamentos de cobre puro OFC, da própria Grado. O cabo em Y tem comprimento aproximado de 2 metros e terminação P2 3,5 mm, e também é fornecido mais um cabo extra com terminação fêmea/macho de aproximadamente 4 metros e um adaptador P2/P10. Para maior conforto, o RS1e possui espuma injetada que se molda perfeitamente ao ouvido, e o descanso de cabeça em couro flexível, muito tradicional nos headphones da marca, ajuda no conforto e no estilo também, além de ser muito durável. Os ajustadores de altura em metal permitem que o fone gire em 360 graus com muita facilidade. O fone é muito leve, aproximadamente 250 gramas, muito bom para longas audições. Para o teste utilizamos os seguintes produtos.Fonte: CD-Player Luxman D06. Amplificadores para fones de ouvido: HIFIMAN EF2C e Micromega Myzic. Cabo de interligação: Sunrise Lab Quintessence Magic Scope RCA, e Sax Soul Zafira III. Cabo de força: Sunrise Lab Reference Magic Scope (para o Micromega).
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ABRIL . 2019
nos dando uma idéia do que o amaciamento ainda esconde. Após as 60 horas, o fone era outro, o equilíbrio tonal ficou ótimo! Tudo em seu devido lugar, a região média recuou, os graves agora tinham mais harmônicos e mais extensão. As vozes ainda eram o ponto alto do fone, e sua autoridade ao lidar com passagens complexas agora estava ainda maior! Então começamos a diversão pelo disco da Dianne Reeves, Bridges, faixa 4. Nesta faixa o silêncio de fundo apresentado pelo Grado RS1e é simplesmente maravilhoso. A percussão se mostra delicada, mas com bastante intencionalidade, as batidas são firmes e no tempo preciso. A voz dela brota de uma escuridão de tirar o fôlego, e a cada palavra ouve-se o engolir de saliva com uma clareza e sutileza que causa espanto. Os timbres das peles batidas com feltro, do contrabaixo que anuncia o violão perfeitamente digitado, quase nos leva ao êxtase auditivo, e quando o piano entra, então somos arrebatados de vez! Toda a exuberância da música é apresentada pelo RS1e de uma maneira calma e progressiva, mostrando o quão azeitados os músicos estavam no momento da gravação. Como diz
o Fernando, “era a boa” e o Grado soube nos mostrar isso sem
música clássica! Se ele for melhor, então danou-se. Comecei por
deixar margens para dúvida.
Mahler, meu compositor favorito, mas não por suas obras mais fa-
Seu som é quente na medida, sem soar ‘valvulado’ demais, claro, limpo e inteligível sem o risco de soar frio ou analítico principalmente em gravações comprimidas. Ele nos mostra o que há na gravação, ao mesmo tempo em que consegue fazer concessões em músicas mal gravadas - dentro de um limite, claro. O palco sonoro é muito bom, mas não tão bom quanto o res-
mosas, pois ainda estava apreensivo. Comecei pelo disco Des Knaben Wunderhorn, com a regência de George Szell, selo EMI, faixa 1. Nele o Grado soou como sempre, mais imponente, controlando melhor os graves, seu silêncio de fundo trouxe os contrabaixos e tímpano em piano com um deslocamento fantástico. Em vozes, foi um verdadeiro banho: toda a potência, variação tonal e dicção do barítono Dietrich Fischer-Dieskau foi apresentada com um realismo
tante dos quesitos. Por exemplo: no disco do Lalo Schifrin, Jazz
de cair o queixo. Novamente ficou devendo em palco sonoro. Neste
Meets The Symphony, faixa 4, os contrabaixos ficam quase na porta
quesito ele é bom, mas não tão bom como eu gostaria que fosse.
do quintal no canto direito, com o Grado RS1e eles ficam quase no meio da cozinha, ou seja, é muito bom, mas não é excepcional como é o caso das extensões e corpo nas altas, texturas de cima a baixo. Nestes quesitos, ele é irrepreensível. A caixa da bateria com vassourinha é soberba, os ataques são rápidos e consistentes com a energia certa. Nada passa em branco aos nossos ouvidos, ao mesmo tempo em que nada soa pirotécnico ou desproporcional, puxando nossa atenção para uma única coisa na música, mas para o todo. Este é, sem dúvida, um fone de referência!
Se para jazz, MPB e música clássica ele era matador, faltava ouvir um pouco de rock para me declarar oficialmente de queixo caído. Jeff Beck, disco Truth, faixas 5 e 7 - escolhi justamente por ser uma gravação de 1968 com suas belezas e imperfeições... Tem até barulho de fita mastigada ou magnetizada na música. Rod Stewart está simplesmente fantástico, sua voz rouca e potente se destaca com texturas que parecem que estamos ouvindo caixas acústicas top. Um deleite só! Não poderia deixar passar um pouco de música eletrônica também, então fui de Skrillex e Deadmau5. O equilíbrio
Com tantas surpresas boas, foi inevitável não compará-lo com
tonal e o conforto auditivo do Grado RS1e é muito bom para ouvir
o meu Sennheiser HD 700, e para o meu desespero o Grado se
música eletrônica, mesmo com toda a pressão sonora, compres-
saiu melhor. Então pensei comigo que tenho uma última cartada:
sões e afins, o fone transborda conforto e musicalidade. O ‘senão’
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FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E
fica por conta dos graves mais profundos e em excesso neste estilo musical que o Grado não se dá tão bem. Eu não considero isto um problema - ao contrário, é uma característica que está presente em muitos dos fones de referência. Ele desce bem, só não desce cheio em todas as freqüências. Depois dos 50, 45Hz dá uma leve emagrecida, nada que tire o prazer de ouvir este e outros estilos musicais grave-dependentes.
CONCLUSÃO O fone de ouvido Grado RS1e é um fone que faz jus ao legado da marca. Suas qualidades superam qualquer expectativa sem esforço. É um fone moderno feito para audiófilos modernos com as facilidades que o mundo de hoje exige sem deteriorar o que há de mais sagrado para o amante da música: a música!
PONTOS POSITIVOS Leve e confortável. Extremamente musical. Cabo de conexão com ótimo comprimento, e cabo adicional.
PONTOS NEGATIVOS Cabo poderia ser mais flexível.
FONE DE OUVIDO GRADO REFERENCE SERIES RS1E Equilíbrio Tonal 11,5 Soundstage 11,0 Textura 12,0 Transientes 11,0 Dinâmica 11,0 Corpo Harmônico 11,5 Organicidade 10,5 Musicalidade 12,0 Total 90,5
VOCAL ROCK . POP
ESPECIFICAÇÕES
JAZZ . BLUES
40
Tipo de transdutor
Dinâmico
Princípio de operação
Aberto
Resposta de frequência
12 - 30.000 Hz
SPL (1mW)
99.8 dB
Impedância nominal
32 Ohms
Drivers casados
0.05 dB
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MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
KW Hi-Fi (48) 3236.3385 R$ 4.350
ABRIL . 2018
41
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TESTE VÍDEO 1
TV SAMSUNG 8K 65Q900 Jean Rothman
revista@clubedoaudio.com.br
Começo o teste falando um pouco sobre tecnologia, citando uma
A Q900 8K foi apresentada como o topo de linha das TVs QLED,
frase que gosto muito, mas infelizmente desconheço o autor: “Qual-
que ainda conta com os modelos Q80, Q70 e Q60, estes 3 últimos
quer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível da mágica”.
UHD 4K.
Quando as primeiras TVs UHD 4K foram lançadas, os comen-
TVs Full HD possuem 2 milhões de pixels (1920 x 1080) e TVs 4K
tárioa mais comuns eram: “Full HD já é muito bom, não vai fazer
UHD possuem 8 milhões de pixels (3840 x 2160). A Q900 8K possui
diferença” ou “para que comprar uma TV 4K se não há conteúdo
33 milhões de pixels (7680 x 4320) e levando em conta que cada
disponível?”. E hoje em dia temos uma grande disponibilidade de
pixel é composto de 3 subpixels (R, G e B), temos um total apro-
mídias e serviços de streaming em 4K e vemos que a maioria dos
ximado de 100 milhões de minúsculas janelinhas de cristal líquido
consumidores que vão às lojas adquirir uma TV nem quer mais saber
(LCD)! E cada janelinha LCD tem um par de fios conduzindo uma
de TVs Full HD, só querem modelos 4K.
pequena carga elétrica que escurece ou clareia a janela, permitindo
Há alguns anos a emissora de TV NHK do Japão começou a fazer
a passagem de luz, e consequentemente formando as cores do dis-
testes com câmeras e TVs 8K, que lá é chamado de Super Hi-Vision.
play. Portanto, na periferia do painel 8K temos 200 milhões de fios
E eis que a Samsung, de forma pioneira, lança uma linha completa
conectados ao processador de imagens da TV. Fico imaginando a
de TVs 8K. De imediato estarão disponíveis nas lojas os modelos
enorme tecnologia envolvida e a complexidade de manufatura des-
Q900 em tamanhos de 65, 75 e 82 polegadas. E no 2º semestre
tes painéis. Parece ou não mágica? Até caberia um daqueles emojis
está prevista a chegada da 98 polegadas.
com a carinha de espanto.
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TV SAMSUNG 8K 65Q900
Design, Conexões e Controle A Samsung Q900 tem um design bonito e sóbrio. A moldura é feita de metal e possui 2 pés bem robustos que suportam bem o peso do
Prime e Navegador Web. Construído em alumínio, é muito bonito
aparelho e garantem boa estabilidade. Há duas opções de montagem
e robusto. Consegue controlar praticamente todos os equipamen-
dos pés, próximo às extremidades ou mais perto do centro, conforme
tos conectados à TV, como decoder, Blu-ray e Apple TV. Também
o tamanho do móvel onde ficará apoiado. A TV pode ser montada
possui acionamento através de comandos de voz através do Bixby,
na parede usando um suporte padrão VESA ou o suporte exclusivo
assistente de voz da Samsung, além de ser compatível com Google
No-Gap vendido separadamente que deixa a TV praticamente “gru-
Assistant e Alexa (Amazon).
dada” na parede. A parte posterior da TV possui duas reentrâncias para encaixar e guardar os pés quando não estiverem sendo usados. A qualidade geral da construção e acabamento são excelentes.
Recursos A Samsung utiliza na Q900 um processador com Inteligência Artificial (IA) que faz o upscaling das imagens para 8K. Ele reconhece
A Q900 possui um painel com iluminação direta (Full Array Local
partes individuais da imagem, compara com um imenso banco de
Dimming ou FALD) e 3.000 nits de pico de brilho máximo em HDR
dados interno e aprimora a imagem transformando-a em qualidade
ou 4.000 nits nos modelos 75 e 82 polegadas, segundo o fabricante.
próxima a 8K.
Há um sistema de micro dimerização local com aproximadamente 480 zonas, permitindo controle bastante preciso de iluminação. Em sua parte traseira, há uma única conexão para o cabo de fibra óptica de 5 m que liga a TV ao One Connect. Trata-se de uma central de conexões externa à TV, que inclui 4 HDMIs, 3 portas USB, Ethernet RJ45, wi-fi, antena RF coaxial e saída de áudio óptica digital. Nesta central são conectados todos os dispositivos que antes eram conectados diretamente na TV. Opcionalmente pode-se adquirir um cabo de fibra óptica maior com 15 m, permitindo que o One Connect e outros equipamentos fiquem escondidos longe da TV e acabando com o problema de vários cabos aparentes.
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O controle remoto único é praticamente igual à linha 2018. Foram acrescentadas 3 teclas para acesso direto ao Netflix, Amazon
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O Direct Full Array permite pretos profundos, minimizando a presença de halos na imagem. Lembrando que a Q900 utiliza pontos quânticos, oferecendo excelente volume e níveis de cores. A proteção anti-reflexo foi melhorada e é muito mais eficiente que todas as TVs testadas por nós. Outra enorme melhoria refere-se ao ângulo de visão, eterna queixa em relação aos paineis LCD LED convencionais. Na Q900 as cores e contraste permanecem inalterados, independente do ângulo que o espectador esteja em relação à tela. A Q900 possui o modo ambiente 2.0. Ao desligar a TV, ao invés de uma tela preta, você pode ativar o modo ambiente fazendo a TV
combinar com o seu espaço através de texturas pré-definidas ou tirando uma foto da parede de sua sala e a TV irá se adequar à sua decoração. O sistema operacional continua muito rápido e eficiente, tornando a navegação dentro do conteúdo Smart muito prazerosa. A abertura dos aplicativos e troca de fontes de sinal é sempre muito rápida. A lista de aplicativos disponíveis é bem grande, incluindo Netflix, Youtube, Amazon Prime, Globoplay, Tune In, Spotify e Deezer, entre tantos outros. A integração com smartphones e dispositivos móveis é muito simples. Basta instalar o aplicativo SmartThings e você poderá configurar e controlar a TV a partir de seu celular. Além disso, o app SmartThings permite controlar diversos dispositivos da casa, como luzes, lavadoras, ar-condicionado e fechaduras compatíveis com o sistema. Outra grande novidade é a parceria da Samsung com a Apple que irá disponibilizar um aplicativo iTunes dentro das TVs. Previsto para o 2º semestre através de uma atualização de firmware, o iTunes permitirá aluguel de filmes diretamente na plataforma Apple sem necessidade de instalar um Apple TV. Também será possível enviar videos do iPhone para a TV Samsung diretamente através da função Airplay. Audio A Q900 possui falantes na parte inferior e o áudio é aceitável com boa inteligibilidade, mas ainda assim abaixo do nível da imagem. É sempre recomendável um bom sistema de áudio ou no mínimo um soundbar para ter a melhor experiência com sua TV. Qualidade de Imagem Podemos notar a diferença entre 4K e 8K em uma tela de 65 polegadas? Os críticos debateram se o olho humano pode ver a diferença entre HD e 4K em tamanhos de tela abaixo de 65 polegadas, e as apostas são ainda maiores para 8K. O 8K realmente pode oferecer uma diferença visível em uma tela menor que 85 polegadas? A Sociedade de Engenheiros de Cinema e Televisão (SMPTE) e a emissora japonesa NHK dizem que podemos. De acordo com um relatório do SMPTE, a resolução de 8K é onde a TV atende às limitações do olho humano, e não 4K, como muitos sugerem. A NHK apóia essa afirmação, apontando para um estudo conduzido em que os espectadores analisaram as mesmas imagens em uma TV 4K e 8K do mesmo tamanho e em tamanhos variados. As imagens eram de objetos cotidianos, como um vaso com flores, e os participantes foram convidados a identificar qual imagem se parecia
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TV SAMSUNG 8K 65Q900
mais com o que eles vêem na vida real. A evidência foi esmagadoramente em favor do 8K. Os participantes escolheram a versão 8K todas as vezes. O painel 8K da Samsung Q900 mostra pixels realmente minúsculos. É necessário aproximar o rosto a um palmo para notá-los. São 4 vezes mais pontos que as TVs 4K e 16 vezes mais que Full HD. Os clips gravados em 8K são de um detalhamento e riqueza de detalhes estonteantes. É a natureza vista com uma enorme lupa, formigas parecem andar sobre a tela e não dentro dela, tamanha a sensação de profundidade. Conteúdo Full HD apresenta também grande detalhamento, graças ao excelente processamento de upscaling, melhor que qualquer outra TV da atualidade devido aos 33 milhões de pixels. Imaginem a dificuldade em preencher 30 milhões de pixels inexistentes no conteúdo original com resultado perfeito, sem parecer artificial ou granulado. Filmes 4K HDR realmente se sobressaem na Q900. Pretos profundos sem halos visíveis e picos de branco com brilho extremo, graças aos 4000 nits de brilho. Tudo isso mantendo enorme contraste e percepção de todos os detalhes, nas áreas de sombra e nas mais claras. Após a calibração apresentou cores saturadas e vívidas, mas sem exagero e mantendo uma naturalidade incrível. A Samsung Q900 8K é a nova referência em TV LCD LED do mercado atualmente e a melhor TV que já testamos. Mais um sonho de consumo aos apaixonados por imagem e tecnologia.
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MÍDIAS UTILIZADAS NO TESTE
ANÁLISE GERAL
•
Clips 8K: Pendrive fornecido pela Samsung
Descrição
•
Blu-Ray: Advanced Calibration Disc
Design
11
•
HDR10 Test Pattern Suite
Acabamento
10
•
Blu-Ray: Spears and Munsil – HD Benchmark 2nd Edition
Características de Instalação
12
•
Blu-Ray: O Quinto Elemento
Controle Remoto
09
Recursos
12
•
Blu-Ray: Missão: Impossível – Protocolo Fantasma
Automação e Conectividade
11
•
Blu-Ray: DTS Demo Disc 2013
Qualidade de Imagem em SD
13
•
Blu-Ray: Tony Bennet – An American Classic
Qualidade de Imagem em HD e UHD
15
•
Mpeg: Ligações Perigosas – 4k HDR
Qualidade de Áudio
07
•
UHD Blu-Ray: Os Mercenários 3 – 4k HDR
Consumo e Aquecimento
10
•
Netflix 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries
Total
110
•
Amazon Prime 4K e HDR: diversos trechos de filmes e séries
EQUIPAMENTOS •
UHD Blu-Ray Player Samsung
•
Blu-Ray Player Sony
•
Colorímetro X-Rite
•
Luxímetro Digital
Pontos
Samsung www.samsung.com.br QLED 8K Q900 65” - R$ 24.999 QLED 8K Q900 75” - R$ 38.999 QLED 8K Q900 82” - R$ 89.999
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TV SAMSUNG 8K 65Q900
TESTE OBJETIVO DE CALIBRAÇÃO DE IMAGEM
O balanceamento de escalas de cinza (grayscale) apresentou extrema saturação de azul (B) e uma leve baixa saturação de vermelho
Jean Rothman A TV Samsung Q900 possui 4 padrões de imagem pré-definidos: Dinâmico, Standard, Natural e Movie. O modo “Dinâmico” tem um brilho excessivo e tonalidade extremamente azulada. É um padrão utilizado nas lojas para demonstração de TVs e não deve ser utilizado em ambiente doméstico, pois causa enorme fadiga visual e suprime os detalhes das altas luzes.
(R) e verde (G). Essa diferença foi corrigida na calibração utilizando os controles avançados de cores da TV. O dE médio inicial foi de 21,7 e após a calibração obtivemos dE 1,0, excelente resultado cromático. RGB Chart Antes
Tonalidade semelhante foi obtida nos modos “Standard” e “Natural”. O modo “Movie” esteve bem próximo de D65 (6.500 Kelvin), temperatura de cor adotada como padrão em reprodução de vídeo. Foi o modo adotado em nossas medições fazendo a calibração para 6.500K. O controle “backlight” foi ajustado para uma luminosidade de 35fL (Foot Lambert, unidade de luminância) em ambiente escuro. Nas medições pré-calibração, o dE médio foi 21,8 e o maior dE individual de 25,9 (Delta E é uma expressão que indica quão próximo do branco ideal D65 o resultado se encontra. Abaixo de 3 é conside-
Depois
rado visualmente indistinguível do resultado ideal). Após a calibração obtivemos um dE médio de 1,0, excepcional resultado demonstrando excelente linearidade na escala de tons de cinza. Temperatura de Cor
Desvio Cromático Antes
Depois
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Equilíbrio RGB (antes)
Saturação de Cores Antes
Equilíbrio RGB (depois)
Depois
A curva de Gamma inicial estava muito baixa, com valor mádio de 1,38. Fizemos ajustes utilizando o menu com ajuste em 20 etapas buscando seguir o padrão BT1886. As medições pós-calibração apresentaram Gamma médio de 2,34 com valores muito bons em todos os níveis de estímulo (10% a 90%) e boa linearidade.
Na TV Q900 a Samsung inovou, criando um menu que permite ao calibrador escolher a faixa de saturações do gamut de cores que deseja ajustar, 100%, 75% ou 50%. É a primeira TV que vejo com este recurso que ajuda bastante a obter uma curva mais precisa de saturações. A taxa de contraste medida foi de 27.984:1, valor excelente para aparelhos LCD LED, o melhor resultado em nossos testes até o momento O resultado cromático pós-calibração foi excelente, apresentando excelente linearidade das cores primárias e secundárias em toda a escala de saturações. A Samsung Q900 após calibração mais uma vez elevou nosso patamar de referência em mais alguns degraus. Uma TV espetacular que inicia uma nova transição tecnológica, a era do 8K.
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BIBLIOGRAFIA
Campo de Trigo com Ciprestes - Vincent van Gogh
O ALVORECER DE UMA NOVA ERA Omar Castellan
omarcastellan@clubedoaudio.com.br
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No fim do século XIX e início do XX, vieram à tona inúmeras ten-
formal e estética diversas. Caracteriza-se pelas inovações harmôni-
dências na música, apaixonadamente defendidas por todas as es-
cas, sobretudo nos cromatismos e novos vocabulários da harmonia,
pécies de teorias artísticas e científicas, algumas das quais visando
complexos e pessoais, com a música apresentando sonoridades
a se destruírem entre si, mas todas unidas contra o inimigo comum:
únicas e inusitadas, sobretudo nos tipos de acordes que exploram
Wagner. Muitos desses movimentos originaram-se em Paris, para
intervalos incomuns e inovadoras combinações sonoras. Dissolução
onde o centro de interesse voltou-se na virada do século. Com as
que pretende apresentar uma nova maneira de conceber a música,
óperas de Wagner e as sinfonias de Bruckner e Mahler, a tradição
em que são respeitados os valores das formas tradicionais, interca-
austro-alemã chegou aos limites de tamanho, de carga expressi-
lando-os com ideias musicais inovadoras. Os compositores que en-
va e até de inspiração. É a partir daí que começa a dissolução do
tão surgem começam a afastar-se das fórmulas românticas exauri-
Romantismo, realizada por meio de transformações com significação
das, pesquisam outras fontes de inspiração pelas vias do cromatismo
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
e da polirritmia e rompem com a velha estética de hierarquia dos
romper totalmente com o mundo romântico; ele é o primeiro músico
gêneros e de certas convenções do passado. Revelando notável
a afirmar-se dessa maneira, concebendo uma música que já não é
compreensão do futuro da música no século XX, concebem certas
uma íntima confissão, mas que, ao contrário, se objetiva inteiramen-
particularidades da linguagem musical que terão uma repercussão
te. Libertando-se da paixão, a música de Debussy evoca a natureza,
tão vasta como poucas vezes ocorreu na transformação dos estilos
luz e sombra, distância, silêncio, nostalgia, perfumes e cores. O valor
e estéticas da história da música.
sonoro substitui o expressivo - é a beleza-objeto, o antirromantis-
O que algumas décadas antes fora descoberto pela escola dos pintores impressionistas (Monet, Manet, Renoir e Serat) e dos poetas simbolistas (Baudelaire, Mallarmé e Verlaine), transfere-se, finalmente, para o domínio da música, através de Claude Debussy (1862-1918). Duas particularidades determinam a essência de sua música, em relação ao que a precedeu: liberdade e prazer. Debussy não teve dificuldade em sacudir a sujeição, escolhendo o caminho mais ‘selvagem’ de todos. A sua maneira de ser o leva para a fantasia, liberdade e aventura; é solitário, irrequieto, silencioso, exceto quando se exalta ou se diverte com amigos que compartilham as suas ideias. Desde a infância sentia aversão pelos exercícios, os métodos acadêmicos, apesar de ter conseguido muitos bons resultados no Conservatório de Paris, mas estuda sem gosto e apenas porque é necessário. Ele já pressente a sua liberdade futura e escandaliza tanto os seus condiscípulos quanto os seus professores, inventando combinações sonoras revolucionárias e proclamando que a música pode muito bem possuir regras derivando de sua própria lógica, a qual não tem forçosamente de ser a lógica admitida até então. Liberta-se, assim, das correntes dominantes: Wagner, a quem superou intimamente; Brahms, a quem procura em Viena movido pela admiração, mas que reconhece como sendo representante de uma geração anterior à sua; Tchaikovsky, cuja obra toda conheceu através da senhora von Meck, mas que, igualmente, considera um criador de estilo pessoal; e de seus conterrâneos, Saint-Saëns, D’Indy e Gounod, que representam um mundo ao qual não se sente mais ligado. Ele nada tem a ver com a monumentalidade embriagadora da alta burguesia, que se acha convencida de ter tomado o controle total e absoluto do desenvolvimento material do mundo, da paz e do progresso; também, não deseja fazer coisas em comum com o naturalismo que se agita por toda a parte, e se coloca tão distante do proletarismo quanto do conservadorismo. É um individualista, sensível demais para trilhar o caminho comum em companhia de grupos maiores.
mo e o fim da hipervalorização do ‘eu’. Essa música apresenta a ausência de toda a ênfase, de excessos retóricos e sentimentais; ela flui na leveza, abandonando as grandes formas em troca de colorido e nuanças que recriam uma atmosfera, um sentimento fugaz. Debussy começa a experimentar em várias direções - utiliza, por exemplo, a escala de tons inteiros, a escala pentatônica, que, por si só, já desautoriza, quando não impede, a harmonia tradicional; deixa dissonâncias sem resolver e usa acordes sem relacionamento visível. Não conhece, assim, nenhum progresso harmônico coerente, nenhum encadeamento de acordes, mas apenas fragmentos deles. A melodia, a clássica contida ou a romântica transbordante não têm espaço em tal ‘imagem’, que só consegue trabalhar com partes de melodia e, também, nenhuma evolução rítmica mais longa, mas no máximo apenas uma pequena fração dela. Isso faz com que os acordes, os fragmentos melódicos, as mudanças ou floreados alcancem um significado próprio. Aqui não há ‘parte pelo todo’: cada uma é um todo em si mesma. O termo ‘impressionista’, frequentemente usado para descrever essa música, só em parte é apropriado: o próprio Debussy sempre se sentiu mais próximo do movimento simbolista. Entretanto, suas obras parecem, muitas vezes, evocar imagens através da sugestão de uma atmosfera e de um estado de espírito que seriam equivalentes musicais do impressionismo nas artes visuais. O Quarteto para Cordas em Sol Menor (1893) ainda se apega à tradição, a única obra de Debussy que pode ser considerada como música absoluta no sentido beethoveniano e brahmsiano. Sem ter o rigor polifônico e a firmeza estrutural das melhores composições do gênero, esse primeiro e único ensaio é indubitavelmente uma obra muito significativa. Debussy amalgama aqui, com felicidade, elementos tão distintos como os modos gregorianos, a música cigana, o gamelão javanês, os estilos de Massenet e de Franck, sem contar com os dos russos contemporâneos; utiliza, também, profusamente, o princípio cíclico da ‘Escola de Franck’, retomando em cada andamento, com algumas variantes, o tema inicial. Também, seguindo
No entanto, Debussy ficou maravilhado com a música do com-
o mesmo padrão tradicional em matéria de estrutura, encontra-se
positor russo Mussorgsky e com a sonoridade dos instrumentistas
a fantástica Suíte Bergamasque para piano (1895; revisada em
indonésios da Orquestra de Gamelão - que se apresentaram por
1905), cujo título foi inspirado no poema Clair de Lune, de Verlaine
ocasião da Grande Exposição Mundial de 1889, em Paris - às quais
(‘Votre âme est um paysage choisi / Que vont charmants masques e
se rendeu fascinado pelo exotismo. Os sons imaginários de mundos
bergamasques...’). Nessa obra de quatro partes se inclui o famoso
distantes e estranhos o transportam para um estado de devaneio,
Clair de Lune, peça que evoca os cravistas franceses do século
de enlevo. Tudo isso surge em sua fantasia sonora, fazendo-o
XVIII e que exige tanto a nota musical quanto a sua ressonância.
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BIBLIOGRAFIA O momento decisivo na carreira de Debussy foi a apresentação ao público parisiense, em 1894, da sua obra-prima intitulada Prèlude à
três Nocturnes (1899). Ele expôs ao seu editor qual era a sua ambi-
L’Après-Midi d’un Faune (‘Prelúdio para a Sesta de um Fauno’),
ção ao escrever essas peças: ‘Espero que venha a ser música a céu
o início de sua grande viagem para fora da estética tradicional e o
aberto e que venha a aumentar o grande bater de asas do vento da
‘divisor de águas’ entre duas épocas. Com base em um poema de
liberdade’. A própria disposição do tríptico (dois andamentos lentos
Mallarmé, que descreve os sonhos e desejos de um fauno adorme-
enquadrando um vivo), o caráter mágico de Nuages, a polirritmia
cido sob o sol da tarde, a música é composta por um mosaico belo e
de Fêtes, a dispersão dos tons em Sirènes, tudo é novo, ousado;
sensual de sonoridades graficamente descritas do conteúdo erótico
no entanto, a sedução sonora de Nocturnes assegurou o seu êxito.
do poema. O que ele continha de revolucionário não era o tema -
Aqui, a arte eclipsa a arte. Em La Mer (1905), há uma busca pela
descrever um ambiente não era nada de novo na música - mas sim a
forma mais sinfônica. Seus três movimentos (De l’aube à midi sur
forma como Debussy dissolvia a harmonia clássica de maneira a for-
la mer, Jeux de vagues, Dialogue du vent et de la mer - Da aurora
mar uma fina bruma e um som vacilante. Assim, de um único traço
até o meio-dia sobre o mar, Jogo de ondas, Diálogo do vento e
breve, o gênio de Debussy iniciou, de maneira discreta (os críticos
do mar), de magnífica limpidez, transmitem em sons maravilhosos a
acharam-no ‘interessante’, mas não lhe prestaram maior atenção),
magia da água, tão cara aos impressionistas. A obra apresenta um
a mais radical revolução artística de todos os tempos. Com o Fauno
finale que trabalha temas do primeiro movimento, apesar da peça
é esboçado o caminho do atonalismo, é reinventado o ritmo como
central (Jeux de vagues) se desenvolver de maneira muito menos
legítimo partícipe da composição musical, tanto quanto a harmonia
direta e com maior variedade de cor. Aqueles que esperam encon-
e a forma; é abandonado o estilo narrativo como única alternativa
trar em La Mer imagens específicas ficarão frustrados. Debussy não
e, finalmente, é estabelecida a recuperação das cores naturais e da
era um compositor de programa como Richard Strauss, cuja música
individualidade de cada instrumento. E tudo isso em uma única peça
o aborrecia - em nenhuma obra sua encontramos acontecimentos
orquestral.
explícitos ou argumentos comparáveis aos de Till Eulenspiegel; ao
Em 1893, Debussy começou a trabalhar na sua única ópera, Pelléas e Mélisande, terminando-a somente em 1902; para muitos é a sua melhor obra. Refere-se a uma estética simbolista, influenciada por Materlinck (em cuja obra baseou o libreto) e Mallarmé - uma tragédia sem acontecimentos espetaculares, mas de profundidade íntima. Na realidade, Debussy quis escrever uma obra antiwagneriana, ou melhor, um anti-Tristão e Isolda, para censurar a primazia da orquestra, que sufoca a voz humana, e o excesso de manifestação dos sentimentos. Pelléas e Mélisande corresponde a um drama genuinamente francês, uma arte intimista, plena de nuanças, em que a orquestra apenas apoia a declamação musical em ritmo da língua falada, expressão de sentimentos de amor e angústia, aristocraticamente contidos.
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Na música orquestral, Debussy aplica a mesma técnica em seus
contrário, Debussy registrava impressões, uma série de emoções incontidas, uma evocação da magia do mar mais do que sua aparência, uma meditação sobre seu caráter. Das três Imagens para orquestra (Gigas, Iberia e Rondas da Primavera; 1912), é Iberia (uma miscelânea de alusões à Espanha) a mais célebre e que se executa com maior frequência, sem danos para o conjunto da obra. Não se trata aqui de um tríptico homogêneo, mas de três evocações ‘visuais’ bem distintas; elas provêm essencialmente de um folclore imaginário fragmentado para estimular a sensibilidade do ouvinte, cada uma à sua maneira. Finalmente, o balé Jeux (‘Jogos’), de 1913, tem sido descrito como ‘um belo pesadelo’, e contém algumas das harmonias e texturas mais estranhas de Debussy, em uma forma que se movimenta livremente em seu próprio campo de conexões de motivos. Corresponde à partitura mais ‘moderna’ do
Essa arte de nuanças também caracteriza o novo estilo pianístico
compositor. Originalmente encomendada para o grande bailarino
de Debussy nos cadernos de Estampes (1903), nas coleções de
Nijinsky, sua história trata de jogos e diversões (tênis, namoro) de um
Images (1905-1907), no delicado humorismo de Children’s Corner
jovem e duas moças; para o ouvinte, apesar de, a princípio, ser uma
(1908) e nos dois cadernos de Préludes (1910, 1913). Nessas
obra difícil em sua compreensão, finalmente ela revela uma duradoura
obras, a fineza prepondera invariavelmente sobre a violência, e
força poética. A música de câmara depois do Quarteto (Sonatas
pouco ou nada existe de verdadeiramente heroico. Para Debussy,
para Violino e Piano, para Violoncelo e Piano, e a Sonata para
o piano é um confidente, não um arauto; insinua muito, mas nunca
Viola, Flauta e Harpa) são obras de um Debussy ‘tardio’ e de grande
proclama; há ocasiões em que retrata e até caricaturiza, mas não
originalidade, em que se manifestam a incerteza e a angústia. O
dramatiza no sentido lisztiniano. Assim, no seu piano não existem
período feliz passou; acometido por um câncer no reto, deprimido
ênfases ou veemências, ao contrário, ele exige do intérprete uma
pela guerra e esgotado pelas lutas que travara com coragem antes
concepção artística capaz de trabalhar pequenos quadros, estados
de entrar nessa última fase, Debusssy morre aos 56 anos, em março
de espírito e delicados relevos melódicos e harmônicos.
de 1918, numa Paris submetida a bombardeios dos alemães.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Fora da França, Debussy teve um discípulo no que diz respeito
ra. O que há de comum entre Debussy e Ravel é próprio de uma
aos truques de orquestração, à preferência por alusões literárias sem
época da cultura musical francesa, que foi marcada pela estética
programa propriamente dito e certas particularidades de linguagem
simbolista: o horror ao pleonasmo, à redundância, à exploração dos
para transfigurar a paisagem e a sensibilidade - o italiano Ottorino
velhos modos, ao gosto pelo exotismo, à pesquisa de novas so-
Respighi (1879-1936). Espírito aberto - aberto até demais - a todas
noridades, harmônicas e instrumentais etc. Ambos são opostos ao
as influências (além da de Debussy, há, também, Rimsky-Korsakov
wagnerismo, ao franckismo, ao formalismo da Schola. São curiosos
e Richard Strauss), Respighi tentou, ao mesmo tempo, canalizar os
de coisas raras (música, poesia, objetos, pratos culinários), são se-
transbordamentos do verismo triunfante e tornar a ligar-se às mais
cretos, sensuais, requintados. Ambos admiram os antigos mestres
novas tradições musicais da sua terra, principalmente os velhos
franceses, a arte oriental, os poetas simbolistas e Edgar Allan Poe.
modos de cantochão; criou uma espécie de música pós-romântica
Entretanto, as diferenças que há entre os dois músicos, no caráter
e impressionista, talvez até neoclássica, apresentada em grandes
e no estilo, são mais determinantes. Candé e Carpeaux as relatam
afrescos sinfônicos de orquestração saturada de exuberância e sen-
impecavelmente: ‘Debussy é mais inteligente que Ravel, mas seu
sualidade. Ele é conhecido, principalmente, graças aos seus poemas
caráter é menos firme; é influenciável, amoral e voluptuoso. Ravel
sinfônicos, denominados em seu conjunto de ‘trilogia romana’:
é moralmente austero e inabalável, sem hipocrisia nem compla-
As Fontes de Roma (1917), Os Pinheiros de Roma (1924) e
cência. A música de Debussy evoca a opala, a transparência ou
As Festas de Roma (1928); cada uma dessas peças possui qua-
o reflexo, as linhas esfumadas; a de Ravel o cristal transparente, a
tro evocações executadas sem interrupção, caracterizadas por uma
luz viva, a precisão da linha. Debussy esconde a sua erudição; Ra-
fineza de coloridos instrumentais, pronunciado gosto pelos contras-
vel a sua sensibilidade. Debussy foge das formas pré-concebidas,
tes dos timbres e sentido melódico certo. Também é encantadora
detesta as estruturas aparentes; Ravel corrige-as ou enriquece-as,
a sua coleção de três suítes para pequena orquestra, as Árias e
se submetendo, por jogo ou mania de desafio, às formas mais exi-
Danças Antigas (1920-1924).
gentes (sonata, fuga, passacaglia). O primeiro é um experimenta-
Personalidade fascinante, um dos mais significativos gênios da
dor sempre insatisfeito; o segundo, um construtor minucioso, que
música do século XX, homem de sensibilidade delicada que, em
conhece a fundo o material que utiliza. À influência de Mussorgsky
relação a muitos compositores, escreveu pouco, mas só deixou
em Debussy corresponde em Ravel a de Rimsky-Korsakov; o piano
obras-primas, Maurice Ravel (1875-1937) é quase automaticamen-
de Debussy descende de Chopin, e o de Ravel de Liszt. A liberda-
te lembrado quando se fala em Debussy, e a recíproca é verdadei-
de é a nobreza de Debussy, e o rigor a de Ravel. Ao contrário de
Ponte Impressionista (foto)
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BIBLIOGRAFIA Debussy, lírico e sensível, Ravel é exato e frio (Stravinsky, especialista
durante toda a obra, e dele se obtém grande variedade e virtuosis-
em mecânica de precisão, qualificava-o de ‘relojoeiro suíço’). A mú-
mo. O próprio Ravel transcreveu Alborada Del Gracioso para orques-
sica de Debussy é essencialmente estática e seus pontos fortes são
tra, versão bastante conhecida. A Sonatine (1905) segue a forma da
os acordes isolados; a de Ravel é dinâmica e está em movimento
sonata tradicional, com três movimentos construídos em miniatura e
perpétuo’.
com a qualidade do equilíbrio na expressão do conjunto. Do impres-
A personalidade de Ravel desenvolveu-se no meio familiar de burgueses abastados, judiciosos e cultos. Nasceu nos Pirineus, mas
e fantástico de Gaspard de La Nuit (1908), que já soa moderno.
foi educado em Paris. Começou a ter lições de piano aos sete anos
Inspirado em poemas de Aloysus Bertrand, essa obra contém três
e ingressou no Conservatório de Paris em 1889, onde foi aluno de
segmentos: Ondine, a descrição de uma ninfa aquática tentando
Fauré. Apesar de ter publicado suas primeiras composições quando
atrair um mortal ao seu palácio submerso no lago; Le Gibet, que re-
tinha 20 anos, Ravel continuou a estudar no Conservatório até os 30,
trata o balancear de um cadáver pendurado numa forca, enquanto,
polindo uma técnica já estonteante. A década que se seguiu foi o
à distância, se ouve o dobrar de sinos; e Scarbo, a representação de
seu período mais produtivo. Foi um pianista e regente de primeira
um gnomo perverso em um virtuoso estudo do mundo do grotesco.
classe e tomou parte ativa na criação musical francesa anterior à
Essas peças resumem todas as qualidades da música de Ravel e
Primeira Guerra, dando concertos, escrevendo críticas e compondo
de seu gênio, e daí compreende-se a admiração do grande pianista
para os Ballets Russes de Diaghilev. Depois da guerra, sua saúde
francês Alfred Cortot, ao afirmar que nelas ocorre ‘um dos exemplos
ficou comprometida e ele passou os últimos dez anos de sua vida
mais surpreendentes de habilidade instrumental de que jamais deu
semirretirado, compondo somente uma meia dúzia de obras. Sem
provas o engenho dos compositores’. Ma Mère L’Oye (‘A Minha
os grandes ímpetos românticos e até desprovida de grandes e res-
Mãe Gansa’), de 1908, para piano a quatro mãos, revela o jardim
sonantes acontecimentos, a vida de Ravel, extremamente simples,
mágico de Ravel. Os contos de Perrault e de Madame D’Aulnoy
parece ter se desenvolvido como a de um artesão identificado com o
encontram sua magia, virtuosismo poético, mundo de fantasia e de-
seu trabalho, plenamente dedicado à arte e à amizade. No entanto,
licado lirismo. Ravel orquestrou-a, e é essa a versão que hoje se tor-
o estudo da sua vida não basta para conhecer Ravel. Deve-se pres-
nou mais conhecida. Entrelaçadas com Schubert, as Valses Nobles
tar atenção às mínimas inflexões da sua música, porque ela é que,
e Sentimentales (1911) correspondem a uma série de sete valsas
em última análise, nos revelará a verdadeira figura do compositor.
cuidadosamente equilibradas do ponto de vista rítmico, de colorido
Ao contrário de muitos outros artistas, Ravel só nos aparece inteiro
sensual, revelando afinidades com o tradicional estilo vienense. As
e autêntico na sua música, em que pôs toda a sua generosidade,
duras harmonias dessa obra, que tanto foram criticadas em sua es-
poesia, alma de criança grande e que ainda hoje continua a manter-
treia, encobrem, na realidade, um lirismo voluptuoso. Mas as Valsas,
-se pura e maravilhosamente duradoura.
também, representam algo mais: um mundo de languidez, sonho,
Escrevendo para o piano, Ravel logrou o domínio pleno das sonoridades, dos coloridos tonais, do sentimento poético, de uma lúcida inteligência instrumental, do virtuosismo técnico, da descrição sonora, de audazes harmonias e belas expressões melódicas, marcadas por uma linguagem musical repassada de grande beleza. Inspirado pelo som da água das fontes, cascatas e riachos, Jeux D’Eau (1901) é, sem dúvida, a sua primeira autêntica obra-prima; o fato de Ravel nunca ter tentado orquestrá-la demonstra a quintessência expressiva do piano. Aqui, tudo contribui para o deslumbramento e a forma: um allegro de sonata esconde-se secretamente por trás de uma escrita nova, original, com seus pedais harmônicos,
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sionismo de Jeux D’Eau e Miroirs, ele parte para o realismo áspero
ironia e rigor, que em seu epílogo deixa transparecer uma nostalgia, que arrasta o ouvinte para um deleitoso abandono. Em Le Tombeau de Couperin (1917), uma suíte de seis movimentos na formas de danças barrocas, Ravel une o realismo moderno de Gaspard de La Nuit ao Neoclassicismo, em que nada existe de patético e lastimoso, apenas calma e serenidade clássica. Nessa obra, dedicada à memória de seus amigos mortos na Primeira Guerra Mundial, ele procurou reconstituir a atmosfera da época de Couperin, numa linguagem intensamente moderna, apesar de toda a sua delicadeza e graça; dessa peça fez, também, um arranjo de quatro movimentos para pequena orquestra, omitindo a fuga e a tocata.
traços altivos, desenho melódico modal e arabescos à volta de uma
Admirador do Classicismo vienense, Ravel escreveu, em 1903,
melodia desenvolvida tanto no grave quanto no agudo. Em 1905,
o Quarteto para Cordas em Fá Maior, um dos poucos grandes
Ravel escreveu uma coleção de cinco peças de prodigiosa diversi-
quartetos depois de Beethoven. Engenhosa e sutil, essa obra repre-
dade descritiva e de nítido sabor impressionista, intitulada Miroirs,
senta o ardente e esplêndido esforço da juventude confiante em sua
das quais Alborada Del Gracioso é a mais conhecida. Essa peça
energia - não tem o encanto do quarteto de Debussy, que admirava
alia a expressão delicada e ligeiramente irônica a uma vivaz pintu-
profundamente essa peça de Ravel. ‘Em nome dos deuses da mú-
ra musical; um ritmo caracteristicamente espanhol é empregado
sica’, escreveu ele ao compositor, ‘não altere nada deste quarteto’.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Tudo, nessa página, denota uma espantosa mestria ao serviço da
a ideia musical sob seu mais luminoso anglo, sem excessos, sem
mais absoluta espontaneidade, através do frescor de ideias, riqueza
sobrecargas; é diversificar as cores e fazer ressaltar a individuali-
de sonoridades transparentes e equilíbrio da arquitetura global. No
dade de cada uma, tais como a extrema atenção dada aos diversos
entanto, a obra-prima da música de câmera de Ravel é o Trio para
grupos de percussão, às nuanças das madeiras, aos glissandos,
Piano e Cordas em Lá Menor (1914). Nele, o que chama a aten-
aos trêmulos e às cordas divididas (pode-se contar nada menos de
ção, sobretudo, é a sua liberdade paradoxal, a exuberância plástica
20 partes em L’Heure Espanhole). É nisso que Ravel é verdadeira-
sonora e a fluidez rítmica - não há nenhum tema comum em seus
mente moderno, não somente em suas próprias obras, como nas de
quatro movimentos, independentes e, cada um, de uma grande
outros compositores que orquestrou com mestria, dentre as quais a
perfeição formal. É uma obra colossal, genial, em que todo o milagre
mais célebre, Quadros de uma Exposição, de Mussorgsky.
de Ravel está aí contido, confirmado e patente.
Originalmente escrita para piano, e depois orquestrada por Ravel,
Só em duas ocasiões Ravel escreveu para o teatro, mas deixou
a Pavana para uma Infanta Defunta apresenta o gosto por um
duas obras-primas diametralmente opostas. L’Heure Espagnole
arcaísmo sonhado e corrigido, por um passado transfigurado. Foi
(A Hora Espanhola, 1911) possui simultaneamente algo de farsa, de
composta em 1899 para a princesa Edmond de Polignac, da casa
ópera-cômica, de pastiche e, sobretudo, de opereta, mas elevada
real espanhola. A Pavana é uma lenta e imponente dança tradicio-
à perfeição do gênero. A ação dessa farsa (a oficina de um fabri-
nal da Espanha, e Ravel aproveita essa forma para escrever uma
cante de relógios), em um ato, permitiu a Ravel se expressar em
delicada, majestosa e impressionante elegia sobre a morte de uma
todos os tipos de sons orquestrais matraqueantes, tilintantes,
princesa. Para a sua primeira grande obra orquestral, a Rapsódia
tiquetaqueantes e bimbalhantes (o hobby de Ravel era colecionar
espanhola (1907), Ravel volta a dois temas que lhe são caros, a
relógios e brinquedos musicais). Contra o fundo fantasioso, de con-
dança e a Espanha, pretextos para um transbordamento de cores
tos de fadas, que esses sons fornecem, ele conta a história farsesca
inaudito e que parece desmentir o próprio músico, que não via nessa
de um relojoeiro tolo, de sua esposa namoradeira e seu amante sen-
composição senão um ‘estudo para orquestra’. Iniciado em 1909
sual, mas desmiolado. Os joguetes de L’Heure Espagnole fazem-nos
e concluído em 1912, o balé Daphnis et Chloé foi uma obra de
pressentir, de forma apenas velada, o que há de trágico em L’Enfant
encomenda, sugerida por Diaghilev para os seus famosos Ballets
et les Sortilèges (O Menino e os Sortilégios), ópera-fantasia sobre
Russes. Corresponde a uma das obras-primas de Ravel, pela sua
um menino malvado cujos bichinhos de estimação, brinquedos,
extraordinária beleza, dinâmica e consecução (ritmo, escrita e
livros de matemática e até seus pratos e xícaras tomam vida e se
orquestração). Essa página musical é bastante conhecida, também,
voltam contra ele. Separam as duas obras quase vinte anos, em
através das duas suítes orquestrais tiradas dos melhores episódios
que ocorreram acontecimentos perturbadores: a Primeira Guerra
do balé. Entre 1919 e 1920, Ravel compõe mais uma obra-prima
Mundial e a morte da mãe de Ravel, que fez com que o músico
revolucionária: La Valse. Ele sempre gostou da valsa vienense
se desmoronasse. Se houvesse que procurar uma explicação para
e apreciava especialmente Johann Strauss; no entanto, nessa
‘o mistério de Ravel’, bastaria, sem dúvida, reler atentamente a parti-
época, a vibrante música de Viena soava um tanto desafinada, e
tura de L’Enfant et les Sortilèges. Todo ele se encontra aí, com o seu
sentiu-se impelido a exprimir, ao escrever esse balé, não só a
fino pudor, a insaciável sede de pureza e de beleza, a generosidade
alegria da Viena anterior à guerra, mas também o seu desespero
de coração. Com tudo o que Ravel soube conservar de ‘criança’ e
posterior à catástrofe (La Valse começa com um ritmo fresco e doce
de ‘sortilégios’, conjugando a inocência da primeira com o poder
de valsa vienense e vai penetrando paulatinamente numa atmosfera
evocador e com os sonhos do segundo, pode-se ilustrar ‘este verde
de tragédia). Essa obra tende para o arquétipo: não se intitula ‘uma’
paraíso dos amores infantis’, de que falou outro poeta igualmente
valsa; não vai unida a nenhum adjetivo (‘triste’, como em Sibelius)
apaixonado pela pureza: Baudelaire.
nem a um substantivo (‘das flores’, como em Tchaikovsky), mira,
Na linhagem dos compositores russos, bem como na de Chabrier,
antes, o universal.
Ravel fez cantar os instrumentos da orquestra com a mesma varie-
Foi em 1928 que, para satisfazer uma encomenda de Ida Rubinstein,
dade que as suas obras para piano, pondo em relevo uma noção
Ravel tentou a ‘aposta’ da recepção à sociedade de um mesmo
fundamental que a música contemporânea viria a explorar com
tema, sempre semelhante na sua essência e, no entanto, sempre
grande vantagem - a do timbre instrumental. Com uma orquestra
diferente na sua expressão. Resumido a som essencial, o Bolero não
geralmente mais modesta do que a dos pós-românticos e graças
é, na realidade, mais do que uma trama orquestral sem música, um
a uma linguagem harmônica que, apesar de muito pessoal, ainda é
longo e progressivo crescendo - uma ousadia, tanto na concepção
bastante moldada no Classicismo. Orquestrar para Ravel é revelar
quanto na realização. ‘É louco! É louco’, gritou uma mulher na estreia
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BIBLIOGRAFIA de Bolero. Ao ouvi-la, Ravel disse com um sorriso malicioso: ‘Essa,
de dente’. Representou, no seu tempo, a figura de um composi-
pelo menos, compreendeu’. De fato, era necessário estar louco para
tor obscuro, antiacadêmico e iconoclasta, que quase não alcançou
‘ousar’ escrever uma obra semelhante, para dirigir aquele ‘ensaio
reconhecimento dos meios musicais e que se afastou por completo
musical’ com tanta audácia, rigor e fé. Apenas três anos separam
das correntes estéticas da época, tanto as acadêmicas quanto as
o Bolero dos dois concertos para piano. Neles, Ravel abordou, de
vanguardistas. Debussy primeiro o admirou e logo o rechaçou; Ravel
novo, com a máxima segurança e êxito, um universo no qual nunca
o apoiou e Cocteau o idolatrou. Teve de passar muito tempo para
antes se envolvera. Mas, também, aqui há um paradoxo, porque as
que, lentamente, fosse reconhecido como um precursor e atingisse
duas obras (compostas ao mesmo tempo) diferem radicalmente. O
uma glória tardia. Suas inovações começaram a ser reconhecidas
Concerto em Sol Maior adota a forma mais clássica e também a
somente a partir de 1911, mas já era tarde para compensar uma
mais estrita: a de Mozart (seu modelo absoluto no plano formal) e
vida de rejeição e alcoolismo; morreu em 1925.
de Saint-Saëns (o efeito brilhante), jogando com a insensibilidade
Satie é conhecido, sobretudo, por suas peças para piano;
e a indiferença. Nele, o virtuosismo da escrita pianística é iguala-
entre elas, as Sarabandes (1887), as Gymnopédies (1888) e as
do pelo da orquestra (especialmente o dos sopros); é visível, tam-
Gnossiennes (1890). As primeiras são peças abstratas baseadas
bém, a influência do jazz, que se apresenta mais marcante na obra
em longínquas melodias de dança, enquanto as segundas, que
para a mão esquerda. Composto para o pianista Paul Wittgenstein,
se encontram entre as composições mais conhecidas e felizes
que perdera o braço direito na guerra, o Concerto para a Mão
de Satie, constituem um enigma devido ao próprio título, que, se-
Esquerda (Concert pour la Main Gauche) não continuou o forma-
gundo se diz, é uma alusão à educação infantil grega, com clima
lismo de Saint-Saëns, mas sim a atmosfera sóbria de La Valse ou
de serenidade nostálgica; são, também, conhecidas em arranjos
o desmoronamento do Bolero. Encontram-se aqui ressonâncias
para orquestra. Por sua vez, as Gnossiennes, influenciadas pelo
dramáticas (com o seu martelar obcecante e as suas incursões no
orientalismo da música romena descoberta por Satie na Exposição
jazz, nas guinchadas e em uma falsa alegria), a melancolia reprimida
Universal de Paris, parecem referir-se à filosofia dos gnósticos,
e repressiva, sonoridades fugazes, impulsos contraditórios e ritmos
de ânimo igualmente tranquilo. Compostas como valsas amáveis,
profundos, provocadores e delirantes. Na realidade, essas últimas
rítmicas e melodiosas, essas peças subverteram a tradicional
obras soam como uma espécie de testamento estético e íntimo.
sofisticação da música do piano clássico, antecipando o enfoque
Estético, porque nelas Ravel resume as suas últimas aquisições e
em que as nuanças de tonalidade, estrutura dos acordes e dinâmica
os seus mais altos aperfeiçoamentos de artista; íntimo, porque in-
vão se tornando mais relevantes.
clui nelas a sua derradeira visão de um mundo que já naufragou à sua volta com a guerra, e que, também, se desmorona dentro de si próprio.
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Além de sua música para piano, Satie é conhecido por um balé lunático, Parade, e o drama sinfônico Socrate. Lado a lado com Cocteau, Picasso e Diaghilev, ele produziu o balé cubista Parade
Com o objetivo de desafiar o Romantismo defunto, surgiu outro
(1917), que escandalizou Paris pela sua sobriedade extrema e efeito
grupo parisiense, o movimento Dadaísta, centrado em torno de
grotesco - obra-prima digna de um Stravinsky francês. O balé de-
Erik Satie (1866-1925), e igualmente associado a atividades lite-
screve a passagem de uma parada de circo, e é cheio de palhaça-
rárias e artísticas paralelas. Dotado de uma extrema sensibilidade,
das musicais barulhentas e atrevidas. Chocou em sua época porque
um agudo sentido de ironia e espírito ferozmente inconformista,
a orquestra incluía datilógrafos, pistolas, sirenes de fábrica e motores
Satie foi um excêntrico que viveu quase sempre na pobreza, e cujos
de aeroplano; sobrevive, ainda, porque a música é esplendidamente
métodos absolutamente pessoais influenciaram toda uma geração
engraçada como uma comédia pastelão do cinema mudo, transferi-
de músicos franceses; ele corresponde a uma das personalidades
da para a música. Socrate (1919) é totalmente diferente - apresenta
mais estranhas, curiosas e enigmáticas do mundo da música. Sua
em música os ‘Diálogos de Platão’, nas passagens concernentes
forma de pensar era totalmente diferente das formas de qualquer
aos ensinamentos e à morte do filósofo grego Sócrates. Satie dá às
outra pessoa, e sua vida era sustentada por pequenos rituais de
vozes linhas simples e não melódicas para cantar, evitando delibera-
comportamento que pareciam loucos até mesmo para os amigos -
damente a subida e a queda de notas, o que poderia criar emoção,
vivia sozinho em um quarto cujos portais ninguém jamais teve a
e as acompanha com acordes igualmente simples, desconectados.
permissão de transpor; colecionava guarda-chuvas às centenas; no
O resultado não é, como pode parecer, monótono, mas refreado e
verão ou inverno, e onde quer que estivesse, usava calças listradas
comovente, tal como ficar ouvindo escondido uma tranquila conver-
e fraque; deu às suas peças títulos ridículos (como Vestido como
sação - exatamente o efeito que o próprio Platão buscava. A aus-
um Cavalo ou Três Peças em Forma de Pera), e dizia a seus intér-
teridade e a simplicidade formal dessa obra, de tranquila beleza,
pretes: ‘abram as cabeças’ ou ‘toquem como um rouxinol com dor
influenciaram Stravinsky.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
DISCOGRAFIA SELECIONADA Debussy - The Debussy Edition: Boulez / Haitink / Zimerman / Michelangeli / Uchida / Kocsis etc. / The Cleveland Orchestra and London Symphony Orchestra - DG 4790056 (18 CDs). - The Claude Debussy Collection: Boulez / Munch / Bernstein / Casadesu / Gould / Entremont / Horowitz / Rubinstein etc. - Sony 88691931792 (18 CDs).
- La Mer. Nocturnes: Tilson Thomas / Philharmonia O. - Sony 44654 ou CBS 37832. - La Damoiselle Elue. Iberia. Prélude a L’Apres-Midi d’un Faune: Abbado / London SO - DG 423103. - La Mer. Prélude a L’Apres-Midi d’un Faune: Karajan / Berliner Phil. (+ Ravel) - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1965 / 1966).
- Obras Orquestrais: Haitink / Beinum / Concertgebouw
- Obras Completas para Piano: Bavouzet - Chandos 10743-5
O. - Philips ‘Duo’ 438742-2 (2 CDs). Boulez / Cleveland O. /
(5 CDs). Gieseking - EMI 9559172 (4 SACDs) ou 5658552
Berlin Phil. O. (+ Ravel) - DG 4790333 (6 CDs). Rattle /
(4 CDs). Crossley - Sony 88691930732 (4 CDs). Thibaudet /
Birminghan SO / Berliner Phil. O. / London SO (+ Ravel) - EMI
Kocsis - Decca 4783690 (6 CDs). Kocsis (+Ravel: Concertos
456528 (5 CDs). Boulez / New Philharmonia O. / Cleveland O. / Orch of the Royal House (+ Pelléas et Mélisande) - Sony ‘Pierre Boulez Edition’ 8697561752 (5 CDs). Munch / Boston SO RCA 2876594162.
para Piano) - Philips 4757301 (4 CDs). - Préludes e Images: Arrau - Philips 432304-2 (2 CDs - ‘Arrau Edition’). Michelangeli - DG 4494382 (2 CDs).
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
BIBLIOGRAFIA
DISCOGRAFIA SELECIONADA - Préludes: Zimerman - DG 435773-2 (2 CDs). Freire - Decca 4781111 (+ Clair de Lune; Children’s Corner etc.). - Études: Uchida - Philips ‘The Originals’ 4757559.427250-2 (1965 / 1966).
Mercury 432003-2 (2, 3, 4, 7 e 8). Karajan / Berliner Phil. (+ Debussy), versão 1965/66 - DG ‘Galleria’ 427250-2 (1 e 5). - Daphnis et Chloé: Monteux / London SO - Decca ‘Originals’
- Música de Câmara (Sonatas): Nash Ensemble - Virgin Classics 561427-2 (2 CDs).
4757525. Boulez / Berliner Phil. - DG 447057-2. Munch / Boston SO - RCA ‘Living Presence’ 661388-2 (SACD).
- Quarteto de Cordas: Quarteto Belcea (+ Ravel) - EMI
- Concertos para Piano: Zimerman / Boulez / London SO /
574020-2. Quarteto Ebene (+ Ravel e Fauré) - Virgin Classics
Cleveland O. - DG 449213-2. Argerich / Béroff / Abbado /
519045-2.
London SO - DG 423665- 2. François / Cluytens / Orch. de La
- Pelléas et Mélisande: Abbado / Ewing / Le Roux /
Societé des Concerts du Conservatoire - EMI 6783182.
Van Dam / Ludwig / Wiener Phil. / DG 435344-2 (2 CDs).
- Obras para Piano (completas): Tharaud - Harmonia
Désormière / Jansen / Joaquin / Etcheverry / Orch. Symphonique -
Mundi 9011811/12 (2 CDs). Bavouzet - MDG 604 1190-2.
EMI 578226 (3 CDs).
Perlemuter - Nimbus 771314 (2 CDs). Casadesus - Sony 63316-2 (2 CDs).
Respighi - Trilogia Romana: Maazel / Pittsburg SO - Sony 66843. Reiner / Chicago SO - RCA ‘Living Stereo’ 68079-2. Bernstein / New York SO - Sony 60174. Dutoit / Montreal SO - Decca 410145-2. - The Essential Respighi: Ansermet / Kertész / Heltay / Dutoit / Lopes-Cobos / Maazel / Swiss RO / London SO / Argo CO / Montreal SO / Cleveland O. - Decca 443759-2 (2 CDs).
Ravel
- Gaspard de La Nuit. Sonatine. Valses Nobles et Sentimentales. La Valse: Berezovsky - Teldec 4509 94539-2. - Miroirs. Gaspard de La Nuit. Le Tombeau de Couperin: El Bacha - Forlane 1673 (França). - Quarteto de Cordas: Quarteto Cleveland (+ Debussy) Telarc 80111. Quarteto Belcea (+ Debussy) - EMI 574020-2. - Trio para Piano e Cordas: Florestan Trio (+ Debussy e
- The Complete Edition: Dutoit / Abbado / Maazel / Plasson / Thibaudet / Argerich / Pogorelich etc. / Montreal SO / London
Fauré) - Hyperion 67114. Thibaudet / Bell / Isserlis (+ Chausson) Decca 4756709 (2 CDs).
SO / Orch. Du Capitole de Toulouse - Decca 4783725 (14 CDs).
- L’Enfant et les Sortilèges: Previn / Michel / Scharley etc. /
- Obras Orquestrais (completas): Boulez / Cleveland O. /
London SO - DG 457589-2. Maazel / Ogéas / Collard etc. /
Berlin Phil. O. (+ Debussy) - DG 4790333 (6 CDs). Martinon /
Orch. National de La RTF (+ Stravinsky e Rimsky-Korsakov) -
Orchestre National de L’Ortf / Orchestre de Paris (+ Debussy) -
DG ‘Originals’ 449769-2 (2 CDs).
EMI 7044442 (8 CDs). Abbado / London SO - DG ‘Trio’ 4693542 (3 CDs). Dutoit / Montreal SO - Decca 639702 (4 CDs). Boulez / New York PO - Sony 45842 (3 CDs). - Obras Orquestrais (Bolero (1), Alborada del Gracioso (2), Rapsodie Espagnole (3), Pavane pour une Infante Défunte (4), Daphnis et Chloé - Suíte 2 (5), Ma Mère L’Oye (6), La Valse (7), Le Tombeau de Couperin (8)): Järvi / Cincinnati SO -
58
Presence’ 61956-2 (1, 3 e 7). Paray / Detroit SO (+ Ibert: Escales) -
Satie - Obras para Piano (completas): Thibaudet - Decca 4736202 (5 CDs). Ciccolini - EMI 7044732 (5 CDs). - Gymnopédies e Gnossiennes: Thibaudet - Decca 470290-2 (‘The Magic of Satie’). Ciccolini - EMI 5753352 (2 CDs). - Parade. Relâche. Mercure. Gymnopédies e Gnossiennes
Telarc 80601 (1, 4, 5 e 6). Boulez / Berliner Phil. - DG 439859
(versão
(1, 2, 3 e 5). Munch / Boston SO (+ Debussy: Images) - RCA ‘Living
Hyperion 66365.
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orquestral):
Corp
/
The
New
London
O.
-
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BIBLIOGRAFIA
O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
PRINCIPAIS COMPOSITORES Maurice Ravel: nascido na cidade de Ciboure, no País Basco Francês, perto de Biarritz e da fronteira com a Espanha, em 1875, filho de um inventor e industrial suíço que tinha grande interesse pela música e cultura e que, com sua mãe, que era de origem basca espanhola, influenciaram bastante o gosto musical de Ravel. Logo sua família mudou-se para Paris e, aos seis anos de idade, Ravel começou a ter aulas de piano, harmonia, contraponto e composição, sendo que seu primeiro recital de piano foi aos 14 anos, em 1889. Preferindo ser compositor do que intérprete, Ravel e vários compositores contemporâneos foram influenciados pela escola russa, principalmente por Rimsky-Korsakov, e pela obra de Richard Wagner. Em suas primeiras composições já demonstrou caráter, espírito e personalidade independentes, o que caracterizaria toda sua produção musical. Admirador de Mozart e Debussy, teve aulas com Gabriel Fauré, que o considerou muito bom aluno. Logo se juntou a um grupo de artistas ‘renegados’ que se intitulavam Les Apaches, o qual chegou a incluir nomes como Igor Stravinsky e Manuel De Falla. Após um ferimento na cabeça, em um acidente com um táxi na década de 1930, Ravel começou a sofrer de afasia, o que o levou alguns anos depois a tentar uma cirurgia, pois acreditavam que tinha um tumor cerebral. Mal acordou da cirurgia e entrou em coma profundo, vindo a falecer em dezembro de 1937, em Paris, aos 62 anos.
Ottorino Respighi: nascido em Bolonha, na Itália, em 1879. Aprendeu violino e piano com seu pai, que era professor de piano, e depois violino e viola com Federico Sarti e composição com Giuseppe Martucci no Liceo Musicale. Formado em violino, em 1899 foi para a Rússia para ser o primeiro violista na Orquestra do Teatro Imperial Russo, em São Petersburgo, onde chegou a estudar composição com Rimsky-Korsakov durante cinco meses. Retornou à Bolonha, onde foi o primeiro violino do Quinteto Mugellini até 1908, depois passou um tempo dedicando-se também à composição e a ensinar composição no Conservatorio di Santa Cecilia, em Roma. Em 1919, casou-se com a mezzo-soprano Elsa Olivieri-Sangiacomo que, depois, além de promover a obra do marido, também tornou-se compositora. O célebre maestro Arturo Toscanini foi um grande defensor da obra de Respighi, chegando a estrear suas obras nos EUA e a gravá-las para o selo RCA Victor. A maior parte de suas obras é considerada neoclássica, misturando melodias pré-clássicas com formas, harmonias e texturas do Romantismo do fim do século XIX. Respighi continuou a compor e a apresentar-se até o começo de 1936, quando uma infecção cardíaca levou-o a falecer em abril aos 56 anos de idade. Um ano depois, seus restos mortais foram transportados para sua cidade natal, Bolonha.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Claude Debussy: nascido em Saint-Germain-en-Laye, na França, em 1862, filho de uma costureira e do proprietário de uma loja de louças. Aos cinco anos mudou-se com a família para Paris, mas, devido à Guerra Franco-Prussiana, refugiaram-se em Cannes três anos depois. Aos sete anos começou a ter aulas de violino com um violinista italiano e, aos dez anos, entrou para o Conservatório de Paris, onde ficou durante 11 anos tendo aulas com o compositor Cesar Franck, entre outros. Frequentemente rompendo com a estética e a técnica rigidamente ensinadas pelo Conservatório, Debussy foi influenciado por Madame Vasnier, uma cantora, e seu marido, que lhes deram apoio emocional e profissional. Vencendo o Prix de Rome em 1884, foi estudar na Académie des Beaux Arts e na Villa Medici, em Roma. Porém, Debussy procurava seu próprio caminho, as ideias e a liberdade de formas. Debussy teve vários casos amorosos em sua vida, comportamento o qual chegou a causar o fim de sua amizade com o compositor Ernest Chausson. Após 1905, estabeleceu-se em Paris, onde moraria até sua morte por câncer, em 1918, com sua esposa Emma e sua única filha, Claude-Emma, a qual faleceu no ano seguinte durante uma epidemia de difteria.
Erik Satie: nascido na região da Normandia, no noroeste da França, em 1866. Sua mãe, uma escocesa, morreu quando ele tinha sete anos, e seu pai mudou-se para Paris, deixando Erik para ser criado por seu tio Adrien. Começou a aprender piano com o organista Gustave Vinot, mas logo se mudou para Paris, em 1878, onde ingressou no Conservatório de Paris aos 14 anos. Doze anos depois foi morar em Montmartre, onde trabalhou como pianista no Chat Noir e no Auberge du Clou, conhecendo Claude Debussy e o humorista Alphonse Allais - que o apelidou de ‘Esotérik Satie’. Em 1891 ingressou na Ordem Rosacruz, uma instituição voltada ao esoterismo e, mais tarde, descontente, fundou sua própria igreja chamada de ‘Igreja Metropolitana de Arte e Jesus como Guia’, da qual era o único membro e costumava excomungar quem não concordava com suas ideias. Com seu único amor, a modelo Suzanne Valadon, que posava para Degas e Renoir, teve apenas um breve romance. Um dos precursores do minimalismo, voltou, após os 40 anos, a estudar contraponto e orquestração com Vincent D’Indy e Albert Roussel, mas logo retornou à boemia parisiense. Sua obra logo atraiu a atenção de Maurice Ravel, Jean Cocteau e Pablo Picasso, que o considerou uma das mais importantes influências. Após anos de consumo de álcool, faleceu em julho de 1925, de cirrose.
LINHA DO TEMPO 1827 - Morre Beethoven. 1859 - Abre a primeira casa de ópera de Nova Orleans, em Louisiana, nos EUA. 1863 - Nasce o compositor francês Claude Debussy, em Saint-Germain-en-Laye.
Rimsky-Korsakov compõe a suíte orquestral Scheherazade. 1890 - Gabriel Fauré finaliza a composição de seu Requiem. 1891 - Abre o Carnegie Hall, em Nova York. 1896 - O maestro Arturo Toscanini rege seu primeiro concerto sinfônico, em Turim, com obras de Schubert, Brahms, Tchaikovsky e Wagner.
1866 - Nasce o compositor Erik Satie, em Honfleur, na França.
1918 - Morre Debussy, em Paris.
1875 - Nasce o compositor Maurice Ravel, em Ciboure, na França.
1925 - Morre Satie, em Paris.
1876 - O francês Stéphane Mallarmé escreve o poema O
1929 - Jean Cocteau escreve sua obra mais famosa, Les Enfants
Entardecer de um Fauno.
Terribles.
1879 - Nasce o compositor Ottorino Respighi, em Bolonha, na Itália.
1936 - Morre Respighi.
1883 - Morre Richard Wagner, em Veneza, na Itália.
1937 - Morre Ravel, em Paris. Pablo Picasso pinta seu famoso
1888 - César Franck compõe sua Sinfonia em Ré Menor. Nikolai
quadro Guernica.
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BIBLIOGRAFIA
CURIOSIDADES - Debussy teve uma grande amizade com outro estudante de
- Após tentar ganhar várias vezes o prestigioso Prix de Rome,
música, o pianista Isidor Philipp. Depois de sua morte, muitos
Ravel acabou sendo desclassificado em um mesmo ano onde
pianistas procuraram Philipp pedindo conselhos sobre a interpreta-
os seis finalistas eram todos alunos de Charles Lenepveu, que
ção das obras de Debussy.
era membro da comissão julgadora. O escândalo, chamado pela
- Durante os verões de 1880, 1881 e 1882, Debussy acompanhou Nadezhda von Meck - conhecida por ser a mecenas que finan-
colocar em seu lugar Gabriel Fauré, amigo e professor de Ravel.
ciava o compositor russo Piotr Tchaikovsky - em suas viagens pela
- Diz a lenda que o poeta Stéphane Mallarmé estava descontente
Europa e Rússia, tocando piano com ela ou mesmo dando aulas
pelo seu poema ser usado como base para o Prelúdio ao Entardecer
do instrumento aos seus filhos. Apesar dessa conexão, aparente-
de um Fauno, de Debussy que, mesmo tendo as melhores intenções
mente Tchaikovsky teve pouca ou nenhuma influência artística sobre Debussy. - Ao visitar Bayreuth em 1888, Debussy foi grandemente influenciado pelo domínio da forma e pelas harmonias da obra de Richard Wagner - que havia falecido cinco anos antes - mas não por seu emocionalismo. - Quando Debussy conheceu Satie, surgindo daí uma profunda amizade, ambos os músicos eram boêmios e estavam lutando para se manterem financeiramente. - Em 1889, Debussy teve contato com a música da Ilha de Java e a partir disso, o uso da escala pentatônica começou a aparecer em sua obra. - Em 1904, Debussy, que estava casado com Lilly Texier, conhece Emma Bardac, a esposa de um banqueiro parisiense que tinha uma sofisticação que conquistou o compositor. Em julho daquele ano,
do mundo, a justaposição da poesia com a música era um crime. - Satie gostava de criar termos e títulos, tanto que por vezes, quando perguntado qual era sua profissão, respondia que era um Gimnopedista, termo apropriado de um festival grego dedicado ao deus Apolo, onde jovens nus dançavam ao som da música da flauta e da lira. - Em outras ocasiões, Satie dizia ser um ‘fonometrista’, cujo significado era ‘alguém que media sons’, em vez de se definir como ‘músico’. - Satie era conhecido por ser bem irreverente, sendo famoso por possuir doze ternos cinzas de veludo, idênticos, e por colecionar guarda-chuvas e cachecóis, além de ter a mania de comer sempre que possível apenas comidas brancas, como arroz, ovos, coco, peixe, nabo e queijo.
Debussy escreveu para a mulher dizendo que o casamento deles
- Respighi visitou o Brasil em 1928, o que resultou na obra
havia acabado, o que levou Texier a tentar o suicídio, ao mesmo
Impressões Brasileiras, cuja primeira apresentação foi no mesmo
tempo que Bardac era deserdada pela família. No ano seguinte,
ano, no Rio de Janeiro. Entre as três peças que compunham a obra,
fugindo das hostilidades, Debussy e Bardac fogem para a Inglaterra,
estava um retrato sinistro de uma visita de Respighi ao Instituto
onde, aguardando a oficialização do divórcio de Bardac, Debussy
Butantan, em São Paulo, onde se fazia pesquisas com cobras e
finaliza a composição de uma de suas obra-primas: La Mer.
seus venenos.
- Maurice Ravel nasceu quatro dias após a estreia da ópera Carmen, de Georges Bizet, em 7 de março de 1875.
- Na viagem de volta do Brasil, Respighi conheceu o físico italiano Enrico Fermi - depois conhecido como um dos pais da Bomba
- Apesar de seu enorme talento natural para a música, Ravel
Atômica - que tentou várias vezes fazer o compositor explicar a
também dizia ter dentre seus talentos ‘a mais extrema preguiça’,
música com termos da física, sem sucesso. Tornaram-se grandes
tanto que seu pai tinha que suborná-lo para que ele seguisse
amigos, até o fim da vida de Respighi, em 1936.
praticando o piano.
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imprensa de ‘O Caso Ravel’, acabou por derrubar Lenepveu e
- Após a chegada de Benito Mussolini ao poder, Respighi - que
- Quando estava no Conservatório de Paris, Ravel criou uma
era apolítico por natureza - tentou se manter neutro, chegando a
grande amizade com o pianista Ricardo Viñes, que acabou sendo o
deixar que sua música fosse usada para propósitos políticos, mas
intérprete para a maior parte de suas obras e, com Ravel, membro
apoiando críticos como o maestro Arturo Toscanini, o que permitiu
do grupo de artistas chamados de ‘Les Apaches’.
que eles continuassem trabalhando sob o regime político.
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
OUÇA TRINTA SEGUNDOS DE CADA FAIXA, DO NOVO CD HEITOR VILLA-LOBOS, SINFONIAS Nº 1 E 2:
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DISCOGRAFIA
O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12 Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Os movimentos do Impressionismo e Simbolismo, principalmente franceses, da música erudita na virada e no começo do século XX, produziram algumas das peças mais bonitas e complexas da história da música, e montar este CD foi um trabalho dos mais prazerosos, já que a maioria das pessoas na redação aprecia profundamente a música de Debussy, Ravel e Satie - e eu tenho as obras de Respighi entre as minhas preferidas. É um CD para se ouvir repetidamente, de olhos fechados, imerso na música, cada vez mais percebendo novas nuances e detalhes. Boas audições!
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FAIXA 1 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GNOSSIENNES LENT (1893) - (NAXOS 8.550305, FAIXA 2) Satie costumava apropriar-se de termos para nomear sua música, como os usados na arquitetura, por exemplo. No caso das Gnossiennes,
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EM COMEMORAÇÃO AOS 22 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 194
Satie literalmente inventou o termo que, aparentemente, é derivado de
obra. Esta obra tem uma relação estreita com Les Antiques, do poeta
Gnosticismo, um movimento religioso e filosófico do qual fazia parte.
J. P. Contamine de Latour, que chegou a ser publicada acompanhando
Todas as Três Gnossiennes foram compostas na década de 1890 e
a primeira Gymnopédie, e faz o uso da palavra gymnopaedia, cujo
são, juntamente com suas Sarabandes e Gymnopédies, consideradas
significado exótico e um tanto intangível chega a ter relações com dança,
danças. A primeira publicação das Três Gnossiennes juntas foi
nudez e guerra.
em 1913, onde Satie dedicou a primeira ao célebre crítico francês Alexis Roland-Manuel.
FAIXA 4 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - JEUX D’EAU (1901) (NAXOS 8.556789, FAIXA 7) FAIXA 2 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - PRELUDE A L’APRES-MIDI D’UN FAUNE (1894) - (NAXOS 8.570759, FAIXA 1) O Prelúdio ao Entardecer de um Fauno é um poema sinfônico inspirado pela obra do poeta simbolista francês Stéphane Mallarmé e que, depois, originou o balé Entardecer de um Fauno, coreografado pelo russo Vaslav Nijinsky. Debussy deu à obra a designação de prelúdio porque a intenção dele era de escrever uma suíte em três movimentos, mas os outros dois
Inspirada pelo som da água nas fontes, cascatas e riachos, Ravel dedicou Jeux D’Eau ao compositor francês Gabriel Fauré que, na época da composição, era seu mestre. A primeira apresentação pública da obra foi em 1902, com o pianista espanhol Ricardo Viñes, membro do grupo Les Apaches e amigo de Ravel que, inclusive, ao longo dos anos, estreou várias obras do compositor.
nunca foram compostos. Considerado como o despertar da música moderna, sua primeira apresentação foi em Paris, em 22 de dezembro de 1894, regida pelo suíço Gustave Doret.
FAIXA 5 - CLAUDE DEBUSSY (1862-1918) - LA MER - Nº 3: DIALOGUE DU VENT ET DE LA MER (1905) - (NAXOS 8.570759, FAIXA 4) FAIXA 3 - ERIK SATIE (1866-1925) - TRÊS GYMNOPÉDIES - Nº 1:
Com o subtítulo de Três Poemas Sinfônicos, Debussy começou
LENT ET DOULOUREUX (ORQ. DE DEBUSSY) (1896) - (NAXOS
a composição de La Mer (O Mar, em francês) em 1903, e finalizou-a
8.556688, FAIXA 21)
em 1905, quando esteve hospedado no Grand Hotel Eastbourne na costa
Três peças curtas para piano solo, cuja forma procurava fugir da
do Canal da Mancha, no sudeste da Inglaterra. La Mer é considerada a
tradição clássica, foram inicialmente compostas em 1888. Porém,
obra-prima do compositor, revolucionando tanto forma quanto harmonia
em 1896, Satie estava com problemas de popularidade e de dinheiro, então
e estrutura. A obra estreou em Paris, em 1905, durante a série anual dos
seu amigo Claude Debussy orquestrou a primeira - aqui apresentada -
Concertos Lamoureux, sob a regência de Camille Chevillard, não sendo
e a terceira Gymnopédie para ajudar a divulgar e popularizar sua
inicialmente muito bem recebida devido à sua novidade.
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DISCOGRAFIA FAIXA 8 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - DAPHNIS ET CHLOE, SUÍTE Nº 2: I. LEVER DU JOUR (1912) - (NAXOS 8.556789, FAIXA 12) Originariamente um balé, e descrito por Ravel como uma ‘sinfonia coreográfica’, foi adaptado do texto de mesmo nome do novelista da Grécia Antiga Longus, sendo uma encomenda do empresário Sergei Dighilev e estrelado pelo bailarino russo Nijinsky. Sua estreia foi no Teatro Chatelet de Paris, com a companhia Ballets Russes em junho de 1912, sob a regência de Pierre Monteux, com Nijinsky e Tamara Karsavina nos FAIXA
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-
CLAUDE
DEBUSSY
(1862-1918)
-
SUÍTE
BERGAMASQUE: III. CLAIR DE LUNE (1905) - (NAXOS 8.570993,
papéis do título. Com quase uma hora de duração, é a obra mais longa de Ravel.
FAIXA 2) Na década de 1890, quando Debussy já havia desenvolvido sua própria linguagem musical, ele começou a composição da Suíte Bergamasque a qual ele finalizaria e publicaria apenas em 1905. É uma visão do rococó pelo cinismo moderno, sendo que seu terceiro movimento é uma das mais conhecidas peças do compositor: Clair de Lune, inspirada no poema de mesmo nome do poeta simbolista francês Paul Verlaine. FAIXA 9 - ERIK SATIE (1866-1925) - PARADE - ACROBATES FINAL - SUÍTE AU PRELUDE DU RIDEAU ROUGE (1917) - (NAXOS 8.554279, FAIXA 3) Com texto do escritor, poeta, dramaturgo e depois cineasta francês Jean Cocteau, Satie compôs a música original para o balé Parade, produzido entre 1916 e 1917. O balé foi descrito como um ‘tipo de surrealismo’, três anos antes do início do movimento cultural e artístico chamado de Surrealismo. O balé foi estreado pela companhia Ballets FAIXA 7 - MAURICE RAVEL (1875-1937) - RAPSODIE ESPAGNOLE: FERIA (1908) - (NAXOS 8.556673, FAIXA 7) Um dos primeiros grandes trabalhos orquestrais de Ravel - aqui representado pelo seu quarto movimento - reflete a influência da música
Russes, de Sergei Diaghilev, em maio de 1917, no Teatro Chatelet de Paris, com coreografia de Léonide Massine, cenários e figurinos do artista Pablo Picasso, e a orquestra dirigida pelo célebre maestro suíço Ernest Ansermet.
espanhola na obra do compositor, vinda de sua mãe, que era de origem basca. Inicialmente uma peça para dois pianos, Ravel demorou quase um ano para orquestrá-la em sua forma final. A obra estreou com a Orquestra Colonne, sob a regência de seu fundador Édouard Colonne, no Teatro Chatelet em março de 1908, recebendo elogios do compositor espanhol Manuel De Falla.
FAIXA 10 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - ÁRIAS E DANÇAS ANTIGAS, SUÍTE Nº 2 - IV. BERGAMASCA: ALLEGRO (1923) (NAXOS 8.553546, FAIXA 8) Além de compositor e intérprete, Respighi era também um musicólogo estudioso da música italiana dos séculos XVI, XVII e XVIII, chegando a publicar edições da música de compositores como Vivaldi, Marcello e
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Monteverdi. Esse trabalho acabou por influenciar a composição das
sob a direção do maestro italiano Bernardino Molinari. Dois anos depois,
três suítes de Árias e Danças Antigas. Composta em 1923, seis anos
Arturo Toscanini, popularizador das obras de Respighi, inaugurou a obra
depois da primeira suíte, a segunda suíte foi baseada em peças de
frente à Filarmônica de Nova York.
compositores da Renascença como Fabrizio Caroso e Jean-Baptiste Besard, entre outros.
FAIXA 12 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - AS FESTAS DE ROMA - FESTIVAIS DA COLHEITA EM OUTUBRO (1926) - (NAXOS 8.550539, FAIXA 3) FAIXA 11 - OTTORINO RESPIGHI (1879-1936) - OS PINHEIROS DE ROMA - PINHEIROS PRÓXIMOS A UMA CATACUMBA (1924) (NAXOS 8.550539, FAIXA 10)
Terceiro e último dos poemas sinfônicos da trilogia romana, com cada um de seus movimentos descrevendo uma cena de celebração na Roma Antiga, e o terceiro movimento representando a colheita e a caça.
Os Pinheiros de Roma é o segundo dos poemas tonais ou sinfônicos
Da trilogia, é a obra mais longa e exigente, sendo a menos apresentada
da trilogia romana de Respighi, com quatro movimentos cada um,
e, portanto, a menos conhecida das três. Estreou com a Orquestra
descrevendo pinheiros em várias partes de Roma e em diferentes horas
Filarmônica de Nova York, em 1929, no Carnegie Hall, sob a regência do
do dia. Estreou no Teatro Augusteo de Roma, em dezembro de 1924,
célebre Arturo Toscanini.
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OUÇA UM MINUTO DE CADA FAIXA DO CD HISTÓRIA DA MÚSICA - O PRELÚDIO DE UMA NOVA ERA (I) - VOL. 12: •
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ESPAÇO ABERTO
MEMÓRIAS DEGUSTATIVAS E AUDITIVAS Mirou no rato e acertou o elefante! Esta frase era dita pela mãe do meu pai, vó Angelina, uma flor de formosura, que sempre estava a cuidar dos netos como se fossem a maior preciosidade de sua vida. Uma cozinheira de quitutes como poucos, arte que aprendeu nos anos em que meu avô Antônio possuía uma mercearia na rua de uma feira, no bairro da Penha, na capital paulista. Vó Angelina e minha tia Cidinha, a caçula de 10 filhos (9 mulheres e só meu pai de homem), iam para a cozinha logo ao amanhecer de sexta-feira para preparar esfihas, coxinhas, empadinhas e quibes para abastecer a fome dos feirantes no domingo. O cheiro das esfihas assando no sábado de noite impregnava a casa de tal maneira que era impossível não pedir para vó Angelina separar uma para cada neto. Ela colocava um quitute de cada, embrulhado em um guardanapo, com o nome de cada neto e deixava no forno, para quando a fome batesse. Meu pai era o encarregado de cuidar da chapa e preparar os sanduíches de mortadela, churrasco com vinagrete e misto-quente. Às vezes eram tantos pedidos ao mesmo tempo que ele se embaralhava todo - mas nunca deixou transparecer suas dificuldades naquela loucura que era o entra e sai de feirantes. Gostava muito de estar ali com ele, pois me livrava da missa dominical, toda em latim. Sim, meus amigos, sou tão velho que ouvi muita missa em latim, e todo aquele senta e levanta e ajoelha. Não entendia absolutamente nada, e de tão enfadonho que era dei um jeito de ser útil na mercearia para fugir dali. Minha função era colocar guardanapos nos pires dos lanches e limpar as sete mesas que meu vô disponibilizava para os feirantes terem dez minutos de sossego para comer. Quando saiam, eu recolhia os pires e limpava a mesa, e lá vinha uma nova leva de famintos.
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Ao meio dia em ponto, lá estavam minha mãe e meus dois irmãos, e minha irmã ainda de colo, voltando da missa esfomeados. Era a xepa da feira, com aquele alvoroço típico de cada feirante chamando a freguesia a plenos pulmões. Meus pés já estavam tão dormentes, que meu único desejo era ir para casa e tirar os sapatos, tomar um banho e ouvir música. Sim, nossos domingos de tarde eram momentos de música até o anoitecer e, por vezes, até a hora de irmos para cama. Meus dois irmãos mais velhos já compravam com sua mesada seus próprios LPs, e cada um democraticamente podia escolher um disco para tocar. O mais velho apresentou à família os Beatles, Credence e Rolling Stones. Meu outro irmão era apaixonado por trilhas sonoras, minha mãe por óperas e música clássica, meu pai por cantores e cantoras e eu com apenas sete anos, ficava ali ouvindo aquele caleidoscópio de estilos tão diversos, e querendo também participar daquele sarau com meus discos. Ainda que já recebesse também mesada, pela minha idade, meu pai me dava uma quantia simbólica que, fazendo um cálculo de memória, teria que juntar uns três meses para, talvez, conseguir comprar um compacto simples. E eu não queria compactos, queria os LPs, com aquelas capas maravilhosas como a do Sgt Peppers dos Beatles, que eu ficava horas admirando e procurando saber quem era cada um daqueles na foto. Eu sempre dizia ao meu pai que compacto simples, além de não ter graça, já que só vinha com uma música de cada lado, não tinha o cheiro do LP. Aquele cheiro característico do celofane que, ao abrir, se espalhava pela sala e mantinha o ar impregnado com aquele cheiro. Meu pai ria e dizia: “irá chegar o seu momento, tenha calma”. Esperei por mais 5 anos até, finalmente, receber a mesada integral e ir comprar meu primeiro disco. Já morávamos no Campo de Marte, na zona norte da Capital Paulista.
Jamais vou me esquecer: na luz de outono do começo de maio, fui a pé do Campo de Marte até à Voluntários da Pátria na galeria onde tinha a mais legal loja de discos do bairro, que cheirava a Patchouli. O dono era um hippie descolado que atendia todos os fregueses com um largo sorriso e colocava para ouvir todas as novidades. Tinha um sofá velho rasgado, com as molas quase pulando para fora onde sentávamos e ele colocava uma faixa de cada lançamento. Ele sabia cativar o cliente, principalmente quando ele conhecia seu gosto musical. Por algum motivo que ainda aos sessenta anos não entendi (acho que ele olhou para mim e pensou: este garoto não deve ter como comprar um LP), ele colocou três discos de artistas que eu não conhecia e que soavam como cópias mal feitas dos Beatles, com capas horrorosas e que estavam em promoção (deviam estar encalhados e ele achou que eu era o cliente ideal para levar aquele lixo) e depois, ao ver minha cara de desapontamento, olhou para mim e me disse, escuta só isto! Pegou um compacto simples, tirou da capa colocou no toca-discos Dual, baixou o braço e já na primeira frase fiquei paralisado. Reconheci de imediato o cantor e fiquei ali saboreando John Lennon cantando Mother.
DIRETOR / EDITOR Fernando Andrette COLABORADORES Antônio Condurú Clement Zular Guilherme Petrochi Henrique Bozzo Neto Jean Rothman Juan Lourenço
Eu que alimentei por anos e imaginei aquele momento tão intensamente, de sair da loja com meu primeiro LP, fui seduzido em segundos e sai da loja com meu primeiro e único compacto simples que comprei na vida! Quando cheguei em casa com aquele compacto, ninguém entendeu nada, todos me chacotearam. E meu irmão mais velho não poupou nas piadas. Mas eu daria o troco, o domingo estava logo ali e eu poderia finalmente tocar minha primeira aquisição, meu disco número 1!
Julio Takara
Meu pai, percebendo minha ansiedade, deu-me a honra de ser o primeiro. Levantei, tão confiante que iria dar o troco, que tirei meu compacto simples, coloquei no nosso Garrard, e olhando para todos sentados apenas disse: “Este senhor dispensa apresentações”, baixei o braço e todos ouviram em profundo silêncio.
DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO
Minha mãe, emocionada, achou que eu estava fazendo uma homenagem a ela, meu irmão mais velho me deu um grande abraço e meu pai agradeceu minha escolha, e no final brindamos com guaraná Antarctica a entrada de um novo membro nos saraus dominicais da família Andrette.
Rodrigo Moraes
Talvez alguns de vocês estejam se perguntando e qual foi o primeiro LP? Bem, meu primeiro LP já dá uma outra boa história, pois foi uma verdadeira odisséia, chegar até a rua 7 de Abril, entrar no Museu do Disco e ver uma loja de verdade com centenas de milhares de LPs! Então fica para um outro momento. Só posso dizer que foi um disco tão impactante que mudou meu gosto musical integralmente e passei a ser o ‘patinho feio’ dos saraus da família Andrette!
Marcel Rabinovich Omar Castellan RCEA * REVISOR CRÍTICO
Christian Pruks Fernando Andrette
Victor Mirol CONSULTOR TÉCNICO Víctor Mirol TRADUÇÃO Eronildes Ferreira AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO WCJr Design
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Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal, produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação, Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME. Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415 www.clubedoaudioevideo.com.br Todos os direitos reservados. Os artigos assinados
Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealizador da metodologia de testes da revista. Ministra cursos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófilas e presta consultoria para o mercado.
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VENDO
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