ANO 23 OUTUBRO 2019
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www.clubedoaudioevideo.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
UMA SUBLIME HOMENAGEM CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
E MAIS
TESTES DE ÁUDIO CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
OPINIÃO TODO EQUIPAMENTO, ASSIM COMO UM INSTRUMENTO MUSICAL, POSSUI SUA ASSINATURA SÔNICA
DISCOS DO MÊS UM AFRICANO, UMA TRILHA SONORA & UM ROCK ALTERNATIVO
SUPER PODEROSO AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
MUSICIAN: EGBERTO GISMONTI
PIANO SOLO - VOL. 1
ÍNDICE
CAIXAS ACÚSTICAS SASHA DAW DA WILSON AUDIO
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TESTES DE ÁUDIO
EDITORIAL 4 Uma conjuntura rara
46
Cápsula Soundsmith Hyperion MKII ES
NOVIDADES 6 Grandes novidades das principais marcas do mercado
HI-END PELO MUNDO 12
DESTAQUES DO MÊS - MUSICIAN
40
Bibliografia: Egberto Gismonti
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Discografia I: A obra de Egberto Gismonti
62
Discografia II: Egberto Gismonti Piano Solo - Vol. 1
68
Novidades
OPINIÃO 14 Todo equipamento, assim como um instrumento musical, possui sua assinatura sônica
ESPAÇO ABERTO 70
DISCOS DO MÊS 20 Um africano, uma trilha sonora & um rock alternativo
46
Exercitando a percepção auditiva
VENDAS E TROCAS 74
TESTES DE ÁUDIO
Excelentes oportunidades de negócios
30
Caixa acústica Sasha DAW da Wilson Audio
40
Amplificador integrado Hegel H590
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EDITORIAL
UMA CONJUNTURA RARA Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Não me lembro de uma mesma edição com três testes de equi-
decidiu desenvolver seus próprios produtos. Eu sempre narro que
pamentos de nível tão superlativo! É realmente raro chegar tantos
atrás de grandes produtos hi-end existe o sonho e o desejo de um
produtos de alto nível simultaneamente, o que demonstra que esta-
projetista em apresentar suas ideias e conhecimentos. E que o ta-
mos vendo uma luz no final do túnel depois de uma crise econômica
lento e a necessidade desses homens de pensar ‘fora da caixa’ do
tão aguda e persistente. Como no Brasil sempre vivemos de ‘bolhas’
que é ‘correto’, é que de tempos em tempos reescrevem a história
que nunca se sustentam por pelo menos uma década (não ao ponto
da audiofilia. São produtos que, depois de lançados, transcendem o
de mudarmos definitivamente de patamar no nível econômico e so-
objetivo inicial de serem ‘diferentes’ e passam a fazer parte da evo-
cial), temos que esperar 2020 para ver se é uma tendência de fato,
lução do hi-end. Os três certamente farão parte deste restrito grupo
ou apenas mais um mero sinal de fumaça. Mas, voltando ao pre-
de produtos que se tornam ‘divisores de águas’. Não tenho dúvida
sente (pois futurologia é departamento de videntes e economistas),
que qualquer um deles será, daqui em diante, objeto de desejo de
estas últimas três edições do ano estão forradas de grandes surpre-
muitos de vocês leitores. E os que conseguirem concretizar este
sas e certamente darão um alento - pelo menos aos olhos e a nossa
upgrade, certamente darão esta etapa (da busca de melhorias no
imaginação - de que o mercado hi-end no mundo continua firme e
setup) por encerrada.
competitivo, desde os produtos de entrada, aos do alto do pódio. Em um esforço de otimismo e perseverança, os importadores estão investindo e buscando se posicionar para uma possível retomada econômica para os próximos dois anos. E sabemos que quem esti-
de lado a ‘teoria’ e colocando em prática tudo que a neurociência
ver pronto para quando a ‘engrenagem’ reagir, terá maiores chances
descobriu a respeito de nosso cérebro e como usar este conheci-
de aumentar sua participação em um mercado tão competitivo.
mento a nosso favor. Assistam ao vídeo que coloquei para ilustrar a
Nesta edição, os três produtos testados realmente têm uma história muito interessante por trás de seu desenvolvimento. A Wilson Audio Sasha DAW é uma homenagem do filho ao pai, David Wilson, fundador da empresa e principal projetista, que faleceu no final de 2018. Uma homenagem carregada de um forte teor emocional e tecnológico. O amplificador integrado da Hegel, o top de linha H590, mostra todo o esforço desta empresa norueguesa em galgar mais um degrau e se estabelecer com uma excelente opção no patamar
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Também nesta edição, continuo na seção opinião a dar meus ‘pitacos’ a respeito de como ampliar a percepção auditiva, deixando
seção, com um fone de ouvido, e vejam como cada guitarra possui sua assinatura sônica e, se quiser fazer o teste da qualidade do equilíbrio tonal de seu sistema e dos amigos, veja os exemplos de CDs que indico. São três gravações de piano solo ‘matadoras’, que desnudam sem artifícios se o equilíbrio tonal está correto ou não. Jamais subestime a capacidade do leitor de querer saber, disse meu pai, quando ainda esboçava a linha editorial da revista em 1995. Esta é a nossa missão. Enquanto tiver força, determinação e paixão.
dos integrados Estado da Arte. E a cápsula Soundsmith Hyperion 2,
Espero que vocês apreciem e nos contem suas observações,
de Peter Ledermann, traduz em forma de produto a trajetória de um
críticas e dicas, para atendermos a todos vocês antigos e novos
homem que dedicou toda a sua vida à retificar cápsulas famosas e
leitores!
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NOVIDADES
SMARTTV RU7100 É O MODELO PERFEITO PARA O CONSUMIDOR QUE QUER ADQUIRIR A SUA PRIMEIRA 4K
A Smart TV RU7100 chegou como sendo uma opção ideal para este
“Desenvolvemos um produto que é a porta de entrada para o uni-
público, por contar com diversas vantagens, que, juntas, proporcionam
verso de 8 milhões de pixels de resolução que uma 4K oferece. São
um bom custo-benefício.
diversas polegadas, para atrair todos os gostos, e oferecendo a pos-
Com o controle remoto único da Samsung RU7100, é possível controlar outros aparelhos como soundbar, videogame, leitor de Blu-Ray e até decoder de TV a cabo, tudo isso usando apenas o controle da TV, ergonômico, prático e conta apenas com botões necessários para tornar a navegação bem simples. O problema dos fios atrás da TV terminou graças ao design com cabos escondidos. A RU7100 conta com canaletas traseiras dedicadas a passar os fios com discrição, e presilhas que os prendem nos pés, possibilitando um ambiente um ambiente mais limpo e organizado, sem fios aparentes. Além disso, o bom acabamento e a espessura fina
sibilidade de o consumidor vivenciar uma experiência de cinema com uma tela grande”, afirma Erico Traldi, diretor de produto das áreas de TV e Áudio Da Samsung Brasil. A RU7100 está disponível nos tamanhos: 43” R$ 1.999,00, 49” R$ 2.199,00, 50” R$ 2.799,00, 55” R$ 3.399,00, 58” R$ 3.699,00, 65” R$ 4.999,00 e 75” R$ 7.999,00 polegadas, todas com resolução 4K de verdade e qualidade: maior nitidez das imagens e fidelidade de cores, sem o subpixel branco. O fato de ser uma Smart TV, torna a experiência de assistir televisão mais prazerosa. Pela internet, possibilita acessar diversos aplicativos de conteúdo.
fazem do televisor um modelo elegante e completo para combinar com o ambiente. Este modelo de TV também facilita a vida de quem gosta de usar aparelhos sem fio. Pelo bluetooth integrado, é possível conectar sem fio usar fones de ouvido para obter imersão total nos seus programas preferidos ou até mesmo conectar o soundbar e outros aparelhos que tenham esta conectividade à RU7100.
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Para mais informações: Samsung www.samsung.com.br
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NOVIDADES
SOM MAIOR ANUNCIA SUA MAIS RECENTE PARCERIA - TRINNOV
A Som Maior é agora a representante exclusiva no Brasil da Trinnov, fabricante francesa de produtos de áudio estéreo e de home theater de extrema qualidade. A Trinnov Audio, fundada em 2003, colocou como sua missão o avanço da qualidade do som por toda a cadeia do áudio de entretenimento, desde a produção e mixagem até a
Altitude32
distribuição comercial. Incluídos nessa cadeia estão desde 800 estúdios de áudio profissional e mais de 1.500 salas de cinema até os consumidores domésticos. No mercado do home theater, é a única empresa capacitada a reproduzir os 32 canais do sistema Dolby Atmos
absoluto de envolvimento e realismo na reprodução de filmes de ação e
para uso doméstico, enquanto produtos competidores vão até dezes-
aventuras, extraindo simplesmente o máximo que sistemas de surrou-
seis canais (geralmente 7.1.4, 9.1.6 ou 11.1.4).
nd como Dolby Atmos e DTS-X são capazes de proporcionar.
A linha de produtos para home theater e estéreo hi-fi da Trinnov é composta dos processadores Altitude16 e Altitude32, amplificadores multicanais Amplitude8 e Amplitude8m e dos préamplificadores estéreo Amethyst e ST2, ambos com conversores ADC (analógico para digital) e DAC (digital para analógico). Um dos grandes diferenciais dos processadores Altitude16 e Altitude32 e dos prés Amethyst e ST2 da Trinnov é a inclusão da tecnologia digital Speaker/Room Optimizer de otimização da resposta das caixas acústicas de acordo com as condições acústicas do ambiente onde
Altitude16
estão instaladas, realizando correções em termos de amplitude, fase e resposta a impulsos com a utilização de um microfone 3D especial-
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mente desenvolvido pela Trinnov. Convém ressaltar que se trata de uma
Os processadores Altitude16 e Altitude32 se caracterizam ainda por
tecnologia muito complexa e avançada e que não deve ser confundida
sua grande capacidade de ampliação do número de canais que podem
com outras abordagens mais simples comumente utilizadas para con-
gerar dependendo das necessidades impostas pelas dimensões de
seguir tais correções. Como resultado, são obtidas notáveis melhorias
uma sala de home theater, podendo chegar a 16 canais no Altitude16
na qualidade geral da reprodução de todas as fontes, principalmente
e nada menos que 64 canais no Altitude32! Outro diferencial desses
na forma de graves mais naturais e bem definidos. No caso dos pro-
processadores é sua compatibilidade com a tecnologia de surround
cessadores Altitude16 e Altitude32, os benefícios vão ainda mais longe,
Auro-3D, concorrente do Dolby Atmos e do DTX-X que utiliza uma con-
incluindo, por exemplo, sua capacidade de compensar, através de um
figuração diferente de caixas acústicas, formada basicamente pelas três
processo chamado remapeamento (remapping), todas as irregularida-
frontais, quatro de surround, duas frontais colocadas acima das frontais
des nas distâncias entre a posição de audição e as caixas acústicas
esquerda e direita e uma única caixa posicionada no teto, acima da ca-
impostas pelo ambiente. Sem esse remapeamento, qualquer diferença
beça dos ouvintes. A partir dessa configuração básica, o sistema pode
entre uma “perfeita” localização das caixas acústicas e a configuração
ser ampliado para 16 ou até 48 canais, dependendo do modelo de
real de um determinado ambiente tem como consequência distorções
processador da Trinnov utilizado. Para isso, assim como no caso dos
espaciais que reduzem a sensação de envolvimento pretendida pelos
sistemas Dolby Atmos e DTS-X, as trilhas sonoras dos filmes precisam
criadores de um filme. Já com o remapeamento, o resultado é um nível
vir codificadas no sistema correspondente - o Auro-3D.
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Altitude8 Os processadores Altitude16 e Altitude32 têm como companhia perfeita os amplificadores de oito canais Amplitude8 e Amplitude8m, cujas principais características são seus índices baixíssimos de distorção, elevada potência e faixa dinâmica e som com uma impressionante clareza, resolução e musicalidade, resultado do seu projeto duplo de quatro canais, com duas fontes e topologia de amplificação classe D Hypex Ncore®, a mesma usada nos melhores amplificadores monobloco de nível audiófilo. São 225W RMS em 8 Ohms e 375W RMS em 4 Ohms em cada um dos seus oito canais no modelo Amplitude8 e 220W RMS em 8 Ohms e 300W RMS em 4 Ohms no Amplitude8.
Amethyst
Para sistemas de áudio estéreo hi-fi, a Trinnov oferece os pré-amplificadores Amethyst e ST2, ambos com conversores ADC (analógico para digital) e DAC (digital para analógico) da mais alta qualidade. Através dos conversores ADC de 96 kHz/24 bits, além da preservação do nível de qualidade proporcionado por fontes analógicas, como um tocadiscos de vinil, isso permite que também essas fontes se beneficiem da tecnologia Speaker/Room Optimizer, já que toda ela é realizada no âmbito digital. Por outro lado, os conversores DAC de 192 kHz/24 bits do Amethyst e do ST2 extraem o máximo que todas as fontes digitais de alta resolução são capazes de proporcionar, gerando um som de incrível clareza de timbres e excepcional musicalidade.
ST2
Através de sua grande capacidade de integração com a acústica do ambiente onde são instalados, são produtos que redefinem aquilo que se pode esperar de um sistema de home theater ou estéreo hi-fi, superando todas as expectativas.
Para mais informações: Som Maior www.sommaior.com.br
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NOVIDADES
PIONEER ATUALIZA SEUS MODELOS DE CD PLAYERS AUTOMOTIVOS
DEH-S1280UB
DEH-S4280BT
A Pioneer do Brasil, lança no mercado a atualização dos modelos DEH-S4180BT e DEH-S1180UB, que serão substituídos pelos novos DEH-S4280BT e DEH-S1280UB, os quais se destacam pelas múltiplas possibilidades de conectividade e recursos de áudio. O novo CD Player DEH-S4280BT se destaca por seus diferenciais exclusivos, como as conexões via Bluetooth, para reprodução de arquivos de áudio contidos em outros dispositivos (smartphones, pendrives, CD’s) e realização de chamadas telefônicas em segurança, mesmo com o condutor ao volante; e também com Spotify, para execução das playlists salvas no aplicativo.
Principais características DEH-S4280BT CD Player, Ligações hands-free e streaming de áudio, entradas USB Frontal, auxiliar e para comando de volante, duas saídas pré-amplificadas, interface para Android, compatibilidade com o aplicativo Pioneer Smart Sync, equalizador de 13 bandas e equalizador gráfico de 31 bandas, além de Função Karaoke. Preço sugerido: R$ 579,00 DEH-S1280UB
O aparelho é compatível tanto com smartphones com sistema
CD Player, Entradas USB Frontal, auxiliar e para comando de vo-
operacional Android quanto iOS. O CD Player é acessível ainda às
lante, duas saídas pré-amplificadas, equalizador de cinco bandas,
funcionalidades do aplicativo Pioneer Smart Sync, para que o usuá-
interface para Android e compatibilidade com o aplicativo Pioneer
rio personalize o seu som automotivo de acordo com as próprias
ARC, o controle remoto digital da Pioneer.
preferências.
Preço sugerido: R$ 419,00
Já o DEH-S1280UB é um CD Player com entrada USB para conexão com pendrives ou smartphones (apenas com sistema operacional Android) e uma série de recursos de áudio, tais como: reprodutor de arquivos nos formatos MP3, WMA e WAV, equalizador gráfico de cinco bandas e reforçador de graves. Em relação ao design, a iluminação nas cores âmbar ou azul dão um toque especial ao aparelho. Este novo CD Player conta ainda com os exclusivos recursos do aplicativo Pioneer ARC, o controle remoto digital da Pioneer.
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Para mais informações: Pioneer www.pioneer.com.br
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HI-END PELO MUNDO
NOVO TOCA-DISCOS SOL DA SCHIIT AUDIO Com seu nome diferenciado, a americana Schiit Audio é famosa por produzir DACs, prés, amplificadores e acessórios com altíssimo custo/benefício. Após seis anos de desenvolvimento, seu mais recente lançamento é o primeiro modelo de toca-discos de vinil da empresa, o Sol, que é belt-drive, com estrutura em alumínio, motor externo e braço unipivô de 11 polegadas feito de fibra de carbono com numerosas opções de ajuste. O preço do belo Sol é de apenas US$799, nos EUA, sem cápsula. www.schiit.com
CAIXAS ATIVAS AARKA DA RETHM Fundada nos EUA, a fabricante de caixas acústicas Rethm é hoje sediada na Índia, onde seus drivers exclusivos e seus gabinetes complexos são produzidos. A mais recente adição à uma linha de caixas focadas em drivers full-range, são as caixas monitoras ativas Aarka, montadas em corneta back-loaded com a adição de dois woofers virados para trás, estes amplificados por uma placa classe AB de 75 W, sendo que o full-range frontal usa um amplificador classe A de 10 W híbrido com válvula 6922, trazendo resposta de frequência de 35 Hz a 20 kHz. O preço da Aarka ainda não foi divulgado. www.rethm.com
PRÉ DE FONO LAMPIZATOR MC1 A empresa polonesa Lampizator, célebre por seu criador e projetista Lucasz Fikus, anunciou seu primeiro pré de fono, o Vinyl Phono MC1, um pré “sem concessões”, segundo Fikus, para estar à altura dos famosos DACs da empresa. O MC1 tem circuito valvulado, com fonte regulada também valvulada, sem realimentação negativa, somente com entrada MC (diz Fikus que a topologia de circuito não permite MM), e com carga selecionável para as cápsulas MC no painel frontal. O valor do Vinyl Phono MC1 é de 6.600 Euros, na Europa. www.lampizatorpoland.com
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NP5 PRISMA NETWORK PLAYER DA PRIMARE A empresa sueca Primare, que possui uma extensa linha de prés, amplificadores e fontes digitais, acaba de lançar o NP5 Prisma que, com seu tamanho reduzido, permite trazer a tecnologia de streaming e network player da linha Prisma para qualquer equipamento com entrada digital. O NP5 inclui AirPlay 2, Chromecast, Roon Ready, Spotify Connect, além de conexão de rede RJ45 e conexão USB para disco rígido externo, pendrive, etc. O preço sugerido do NP5 Prisma Network Player é de 500 Euros, na Europa. www.primare.net
CAIXAS ACÚSTICAS LA DIVA DA HECO Com uma extensa linha, a fabricante alemã de caixas acústicas HECO, fundada em 1949, acaba de anunciar sua nova caixa topo de linha. Com falantes desenvolvidos pela própria empresa, o modelo La Diva vem equipado com a segunda geração do tweeter Fluktus com flange de alumínio sólido e duplo magneto de AlNiCo, médio e woofers com cone de papel kraft, sendo que cada caixa vem com seis woofers - quatro deles radiadores passivos - fazendo a resposta de frequência descer à 17 Hz. O preço das La Diva da HECO ainda não foi divulgado. www.heco-audio.de
POWER ACCUPHASE ESTÉREO A-48 A conhecida marca japonesa Accuphase acaba de lançar seu mais recente modelo de power estéreo. O A-48 tem um circuito classe A com uma arquitetura push-pull de transistores MOSFET, chegando à 360 W em 1 Ohm e com um fator de amortecimento de 800, com um banco de capacitores de 60.000 μF na fonte junto à um grande transformador toroidal, provendo uma relação sinal/ruído de 117 dB. O preço do power estéreo Accuphase A-48 ainda não foi divulgado. www.accuphase.com
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OPINIÃO
TODO EQUIPAMENTO, ASSIM COMO UM INSTRUMENTO MUSICAL, POSSUI SUA ASSINATURA SÔNICA Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Não importa se você é analítico, sintético, ou tem uma curva de
ajudar todos que queiram descobrir todas as limitações e qualidades
resposta de equalização em sua audição que parece com um sorriso
de seus sistemas e realizar os ajustes convenientes a seus bolsos
ou com a cara de um sovina. Todos nós conseguimos reconhecer
e gostos.
o timbre de qualquer instrumento e memorizar suas características para toda a vida. Então só precisamos querer aprender para poder usar este conhecimento auditivo como uma importante ferramenta na hora de escolher nosso sistema de áudio.
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Sugiro aos interessados que utilizem seu melhor fone de ouvido para assistir ao vídeo e descobrir a timbragem (assinatura sônica) de cada uma das lendárias guitarras escolhidas para este projeto. Você irá se surpreender como soam diferentes, ainda que todas soem,
Coloquei para ilustrar esta matéria um interessante vídeo feito
logicamente, como guitarras! Umas mais encorpadas, com mais
com inúmeras guitarras, ligadas ao mesmo amplificador, captado
corpo no médio-grave. Outras com mais ataque e menos harmôni-
pelo mesmo microfone, e tocadas pelo mesmo guitarrista. Algo se-
cos (deixando o som mais seco), e equilíbrios tonais também bem
melhante ao que realizamos no CD Timbres, com o mesmo intuito:
distintos, com algumas a prevalecer a região média nos acordes,
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outras com um pouco mais de ênfase nos graves, com decaimento mais suave, e outras em que os agudos se sobressaem. Um único instrumento solo e a possibilidade e riqueza de nos mostrar como a assinatura sônica pode variar do sutil ao explícito. O mesmo ocorre, meu amigo, com a caixa acústica, o amplificador integrado, o pré-amplificador, power, CD-Player, DAC, cápsula e cabos - sim, os tão famigerados cabos sobre os quais, em pleno século 21, assim como terraplanistas duvidam que a terra é redonda, existem audiófilos que não aceitam que cabos também possuem assinatura sônica. Aliás já escrevi algumas vezes a este respeito, pois o fato de não ouvir ou não entender, não significa que não existam diferenças. Pois, afinal, se formos esmiuçar a fundo os que afirmam não existir diferenças, são os mesmos que afirmam que todos escutam muito diferente uns dos outros. Ora, senhores, se para defender seu peixe, todos ouvimos diferente, então por que cargas d’água eu não posso escutar diferenças significativas entre cabos, fusíveis, racks, pedestais, etc? Talvez esta resposta esteja em um divã e não na lógica cartesiana. Mas, voltando ao tema deste mês, este vídeo coloca por terra abaixo que não só podemos escutar as diferenças de timbragem das guitarras como este exemplo pode nos ajudar (e muito) a ampliar nossa memória auditiva na hora de realizarmos a escolha dos componentes que irão montar nosso sistema, como também no ajuste fino na sala, elétrica e setup. Se você já passou da fase de apenas reconhecer os instrumentos que estão tocando e seu sistema, o ajuda a ouvir que aquele piano é um Yamaha e não um Steinway ou um Bosendorfer, você já avançou muitas casas, meu amigo. Pois tanto você fez a lição de casa de ouvir ao vivo esses instrumentos, para mantê-los em sua memória auditiva de longo prazo (hipocampo), como seu sistema ao lhe mostrar as diferenças (nada sutis entre esses três pianos), também já se encontra em um grau de equilíbrio tonal bastante satisfatório, assim como nos quesitos: textura, corpo harmônico e transientes. O mesmo ocorre com guitarras, violões, violinos, violas, cellos, contrabaixos acústicos, instrumentos de sopro (metais e madeiras), pratos, bumbos, etc, etc… E, acredite, quanto mais bem ajustado estiver seu sistema, a acústica de sua sala e a elétrica, mais impressionante ficará a inteligibilidade e a qualidade dos instrumentos e a virtuosidade dos músicos. Chegando ao cúmulo de você observar, sem nenhum esforço, a intencionalidade por trás de cada nota, acorde, arranjo, silêncio entre as notas, complexidade do arranjo e do solo. Levando-o a querer cada vez mais se aprofundar nesta direção, como um arqueólogo sonoro, querendo descobrir a ínfima parte perdida no sulco dos LPs ou nos Zeros e Uns do digital. Na maturidade da audiofilia, dizia meu pai, todos buscam apenas três coisas: inteligibilidade plena, musicalidade e conforto auditivo. As mesmas qualidades que observamos sem esforço algum em uma excelente sala de concerto, com uma excelente orquestra e maestro. Não temos que ficar buscando informação alguma, tudo chega até nós de maneira clara e precisa - claro que muitas vezes precisamos nos munir de paciência com o sujeito que não para de falar ou com os pigarros e tosses intermitentes. Fora estes pequenos percalços, podemos usufruir sem esforço adicional de todas as nuances do micro ao macro em termos dinâmicos e ainda sairmos revitalizados com aquela apresentação. Nosso sistema pode nos proporcionar o mesmo. Desde que as fases de dar mais sentido a determinados elementos da reprodução sonora já tenham sido ultrapassadas, é claro - como a fase da pirotecnia, por exemplo.
www.hifiexperience.com.br OUTUBRO . 2019 15
OPINIÃO
A partir deste estágio, que irá predominar será apenas a assinatu-
suas expectativas são infinitas. Porém, é preciso deixar claro que
ra musical que cada um aprecia mais. Aí entra novamente o exemplo
essas assinaturas sônicas são a ‘cereja do bolo’ - quando a receita e
do vídeo das guitarras e do CD Timbres, pois não estamos mais
a lição de casa foram inteiramente feitas, e o audiófilo já entendeu o
falando de preferências por agudos, médios ou graves. Ou por um
abismo entre o certo e o errado. Pois nada será profícuo em um sis-
som mais frontal ou recuado, ou por maior inteligibilidade, ainda que
tema desequilibrado tonalmente, ou cheio de pontas e elos fracos.
com a perda da musicalidade. Nesta fase, todos os quesitos da Me-
E todo o custo e energia gastos em sistemas desequilibrados serão
todologia estão absolutamente corretos e homogêneos, o sistema
sempre, no final, uma enorme decepção e frustração.
totalmente sinérgico e coerente (em termos de padrão e assinatura sônica), a lição de casa de acústica e elétrica devidamente feita. Com todos esses objetivos alcançados, como um músico expe-
tes, que depois de inúmeras tentativas e um caminhão de dinheiro
riente o audiófilo pode finalmente desfrutar do melhor deste hobby:
gasto, desistem, pois acreditaram que existia ‘almoço grátis’, que
descobrir sua assinatura sônica pessoal! E o que significa isto? É
era possível pular etapas, corrigir deficiências acústicas investindo
a capacidade de ‘lapidar’ o ajuste fino, ao seu gosto, deixando o
em sistemas cada vez mais caros.
sistema mais quente, com ênfase nas texturas e intencionalidades,
Se você não conhece as regras meu amigo, não comece, ou se
ou acentuando a capacidade de manter a precisão em termos de
contente em ter um sistema honesto e simples para ouvir sua mú-
transientes e dinâmica. Ou ainda buscando o equilíbrio ideal entre
sica. Pois as regras são muito claras e o ideal é conhecer os erros
folga e organização do acontecimento musical entre as caixas (in-
dos amigos audiófilos antes de iniciar esta incrível jornada, para não
vestindo, para este resultado, em uma acústica que proporcione um
cometer os mesmos erros.
foco, recorte e planos bem arejados e com excelente ambiência). Citei esses exemplos pois são os que mais pedem em minhas consultorias. Mas existem outros, afinal a imaginação humana e
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Levante a mão quem já não viu um amigo audiófilo morrer na praia ou abandonar de vez este hobby! São muitos em todos os continen-
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Como sempre disse e escrevi, existe uma regra que, se você seguir, garantirá 75% de acerto já na largada. Ora, é melhor partir com 75% de acerto ou arriscar? Você que sabe.
ASSISTA AO VÍDEO CITADO NO ARTIGO, CLICANDO NA IMAGEM: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=CTPCWI1O210
A segunda regra de ouro: se você seguir a primeira regra (a do
E este equilíbrio tonal, para a escolha dos componentes, depende
acerto de 75%), é entender que seu sistema sempre irá soar o elo
é óbvio de referências seguras de instrumentos acústicos reais. Sem
mais fraco. Não importa que mirabolância você faça, seu sistema
este conhecimento e memória auditiva, dificilmente você irá acertar
sempre soará o elo mais fraco.
de primeira (a não ser que você tenha a graça de ter nascido com
Terceira regra, sem referências de instrumentos reais acústicos e vozes - também não amplificadas - você jamais conseguirá acertar seu sistema corretamente.
Ouvido Absoluto). Então, ouvir o maior número possível de sistemas bem ajustados é essencial para se dar o pontapé inicial. Aí, alguém lá de trás resmunga: “Como vou saber se o equipa-
Estas três regras já asseguraram que centenas de leitores que
mento do amigo está correto tonalmente ou não?”. Ouvindo os dis-
fizeram nossos cursos de percepção auditiva, estejam hoje desfru-
cos certos para se tirar a ‘prova dos nove’. Nossas edições estão
tando de seus sistemas com aquela sensação de que chegaram lá.
forradas de gravações primorosas para essas avaliações. Mas vou
E hoje todos estão na última fase: a de ‘lapidar’ o sistema para o seu
lhe dar uma dica amigo: pegue duas ou três excelentes gravações
gosto pessoal. Pararam de colocar a carroça na frente dos cavalos
de piano solo. E as decore em sua memória auditiva nota por nota.
e ficar batendo o pé de que gosto não se discute, que cabos não
Leve-as em todos os sistemas que for escutar. Certifique-se que as
fazem diferença, que é preciso uma equalização individual para cada
gravações são realmente impecáveis.
pessoa, ou preciso, antes de mais nada, descobrir se sou analítico ou sintético. Fizeram a lição de casa e desfrutam e podem mostrar aos amigos todo o seu esforço, conhecimento e dinheiro investido. Para os milhares de novos leitores preciso dizer do que se trata os ‘75% de acerto inicial’, certo? Vamos lá: a elétrica dedicada e bem-feita significa 25%, a acústica outros 25%, e o equilíbrio tonal correto do sistema (independente se categoria Ouro, Diamante ou Estado da Arte), os outros 25%.
Se a última oitava da mão direita soar com som de vidro, bingo! Este sistema está desequilibrado tonalmente. Se a última oitava da mão esquerda não tiver peso e sustentação, este sistema está desequilibrado. Se toda a região média der a sensação que está com mais energia que as pontas, este sistema está desequilibrado tonalmente. Percebe como é simples? Não tem mistério, você não precisa escalar o Himalaia, se banhar nas águas puras do Oceano Índico,
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OPINIÃO ou tirar a cera do ouvido com cocô de macaco prego da Amazônia. Ou ter que assistir a uma hora do show da Anita! Só precisa das gravações certeiras. E saber, em uns sistemas corretos tonalmente, como devem realmente soar. Fácil! Os que querem fazer você se embrenhar por caminhos tortuosos, na verdade estão escondendo de si mesmos que também não sabem como sair do labirinto que se meteram, aí criam teorias e argumentos insanos e pseudocientíficos para perpetuar suas crendices. Ninguém se aventura a entrar em uma mata virgem sem o aparato necessário para conseguir sair. Neste hobby, se você estiver ciente das regras básicas e tiver vontade de aprender, eu garanto que irá chegar lá! Sempre foi assim, desde os anos 60, quando tudo começou. Os que tinham uma cultura musical solidificada, sempre souberam separar o joio do trigo. Pois esses audiófilos eram, na verdade, melômanos que queriam estender o prazer de ouvir música ao vivo para o recôndito de seu lar. Já os audiófilos sem esta cultura da música ao vivo, que vieram a partir da década de 70, foram os que mais bateram cabeça. Meu pai chamava esses seus clientes de Navegantes sem Bússolas! Tenho que concordar integralmente com ele. Se queres ter a satisfação de montar um sistema que irá lhe proporcionar imenso prazer por toda a sua vida, inicie esta trajetória munido de todas as informações que permitam diminuir os riscos e erros.
OUÇA O CD CHOPIN: PIANO SONATA Nº 2 NELSON FREIRE, NO SPOTIFY:
Acredite: fará bem para o seu bolso e para o seu ego!
OUÇA O CD RAVEL: INTÉGRALE DE L’OEUVRE POUR PIANO - ALEXANDRE THARAUD, NO SPOTIFY:
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OUÇA O CD CHOPIN / RACHMANINOV: PIANO SONATAS - HÉLÈNE GRIMAUD, NO SPOTIFY:
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DISCOS DO MÊS
UM AFRICANO, UMA TRILHA SONORA & UM ROCK ALTERNATIVO Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Selecionar três discos todo mês não é bolinho. Primeiro porque eu
‘atual’, ‘moderna’ ou conectada com algum tipo de juventude ou
tenho que ter em mente boa música que vá agradar ao maior núme-
mainstream. Sugiro música apenas que eu considere que tenha
ro de pessoas, e segundo porque esses discos têm que ser decen-
qualidade em sua composição, arranjo e interpretação - e que, por
temente gravados - ou, diria, mais do que decentemente gravados.
eu mesmo gostar dela, espero que tenha uma qualidade técnica de
E a variedade da incidência concomitante dos dois quesitos acima
gravação interessante, decente.
não é nem de longe tão comum quanto as pessoas imaginam.
Outro dia me perguntaram porque os discos que eu tenho publi-
Eu leio e acompanho vários reviewers de áudio no mundo - alguns
cado nesta coluna todos têm notas que não excederam nota 4 de
deles meus ‘Amigos de Facebook’ até. E a coisa que mais vejo é
5. Bom, acho que deveria ter explicado minha categorização desde
que os reviewers e articulistas pararam de sugerir música mais ‘uni-
o começo.
versal’ já faz algum tempo, preferindo sugerir seus gostos pessoais - ou apenas serem totalmente tradicionalistas. Aí, esta semana, um deles estava ouvindo a música tema do desenho do Scooby-Doo da década de 70! (não, não é brincadeira). Ok, eu ouço algumas coisas estranhas, mas nada que chegue perto disso. Pelo contrário, a qualidade musical para mim é tão importante que quem me conhece sabe que eu sempre fiz críticas intensas à péssima qualidade musical das gravações dos selos audiófilos (datadas, simplistas, bregas, etc) - estas quase sempre, porém, são de ótima qualidade sonora. Então, meu trabalho aqui é para fazer crescer a discoteca - e os horizontes musicais - dos que querem curtir seu amor pela música, e seus sistemas, sem ter que apelar para o tema do Scooby-Doo ou mesmo aderir à esquisitices musicais eletrônicas e variações es-
A nota de musicalidade é um pouco subjetiva, mas eu tenho uma certa experiência no assunto, de conhecimento por ter circulado dentro de estúdios, dentro de orquestras sinfônicas (não na hora que eles estavam tocando, infelizmente…), junto a uma longa série de músicos, e por ter respirado música de uma maneira ou de outra nos últimos 40 anos. A nota de qualidade de som, de qualidade técnica de gravação, é outra história. É baseada na mesma experiência, no conhecimento dos aspectos qualitativos da sonoridade de muitos instrumentos individualmente, e de como grupos de instrumentos de vários tamanhos soam juntos, assim como conhecimento de várias técnicas de gravação e mixagem.
tranhas de misturas de hip-hop com excentricidades barulhentas e
Eu diria que conheço muito poucos discos que receberiam nota
banais - que assolam o repertório adorado por muitos reviewers e
5 de qualidade de gravação. Quem sabe algum deles ainda, um
colunistas de áudio mundo afora (será que eu entreguei a minha
dia, não aparecerá aqui nesta coluna. E depois, eu estou esperando
idade, rs?).
a qualidade técnica de gravação evoluir até o ponto de justificar a
Velho ou não, chato ou não, tenho visto dois extremos no mundo audiófilo: de um lado pessoas que são mais jovens ou têm mais afinidade com bandas e gêneros musicais mais modernos e alternativos (os quais eu iria adorar curtir ‘se’ fossem bons, rs), e do outro lado vejo muita gente que ouve a música que lhes apela apenas pelo lado sentimental. Nada contra esses últimos, até porque eu mesmo ouço muita música por razões sentimentais. A questão passa a ser: eu não posso ditar ou mesmo sugerir o que seja de apelo sentimental para outra pessoa que não eu mesmo. E não posso, e nem vou, sugerir música simplesmente por ser
‘Nota 5’ e eu não ter que estender a categorização até à nota 6… rs. Portanto, nota 3 eu considero excelente, nota 4 é fenomenal, e nota 5 é reservada à alguns poucos trabalhos de algumas poucas gravadoras. A maior parte das gravações comerciais multi-microfonadas e multipista, com algum tipo compressão, dificilmente chegaria na nota 2. Ou seja, trato aqui de gravações especiais. No cardápio de hoje: temos um blues-worldmusic de um guitarrista africano, uma trilha sonora meio cult com toques de jazz, e um rock alternativo com viés de progressivo quase esotérico, rs! Vamos à eles:
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DISCOS DO MÊS de um soldado do exército francês - morto quando Touré tinha apenas um ano de idade. Segundo ele mesmo, é costume na África que uma criança receba um apelido estranho quando teve outros irmãos que morreram quando crianças, então sua mãe o apelidou de “Farka” - que significa “Jegue” - por sua teimosia e tenacidade. A popularidade de Touré na África é enorme: como um bluesman que toca também alguns instrumentos africanos - como a percussão de mão Afuxê e o Njarka, semelhante a um violino - além de sempre cantar em línguas africanas, como songhay, fulfulde, tamasheq e bambara. Ali Farka Touré é frequentemente chamado de “O John Lee Hooker Africano”! O disco em questão, Talking Timbuktu, foi o que mais vendeu e deu projeção à Touré fora da África - e apesar dele ser virtual-
Ali Farka Touré with Ry Cooder - Talking Timbuktu (Hannibal Records / World Circuit, 1994)
mente desconhecido no resto do mundo, sua discografia contém 20 álbuns, que mostram seu trabalho por um período de mais de 30 anos.
Minha mãe, pianista formada em conservatório - apesar de não
Talking Timbuktu, além de ser excepcionalmente bem gravado,
praticar como profissão - me perguntou outro dia sobre composi-
conta com Touré cantando e tocando violão, guitarra elétrica, banjo,
tores eruditos africanos, e os únicos que eu consegui lembrar de
njarka e percussão, acompanhado de Cooder no violão, guitarra,
bate e pronto foram o egípcio Hamza El Din e o ugandense Justi-
bandolim e marimba. Como convidados, temos os percussionistas
nian Tamusuza, ambos com obras gravadas pelo quarteto de cordas
africanos Hamma Sankare e Oumar Touré, e o guitarrista e violista
Kronos Quartet. Existem outros, claro, mas o número é pequeno e o
Gatemouth Brown. O disco traz também os bastante célebres Jim
acesso às obras, ainda menor. Agora, desde a fusão do jazz e do blues com outros gêneros, que músicos africanos de percussão e instrumentos típicos começaram a aparecer na cultura musical euro-americana. Um célebre fomentador desse gênero que chamamos de worldmusic é o inglês Peter Gabriel - ex-integrante do grupo de rock progressivo Genesis e cujo rico trabalho solo sempre inclui músicos africanos. Outro que fez dois excelentes discos com músicos africanos é o cantor e compositor americano Paul Simon (a metade da dupla Simon & Garfunkel). Um terceiro a ser mencionado seria o guitarrista de blues, compositor e arranjador americano Ry Cooder, em cujo currículo está o fenomenal trabalho feito de recuperação do pessoal do Buena Vista Social Club, de Cuba, que juntava alguns dos melhores instrumentistas da ilha que começaram a inserir elementos do jazz dentro da música tradicional cubana, indo contra as regras do regime de Fidel, que proibia essa influência americana. Outro trabalho de Cooder, muito menos conhecido, mas de excelente qualidade artística e de gravação, é o disco Talking Timbuktu que ele fez em 1996 com o violonista de blues Ali Farka Touré, falecido em 2006. Aliás, o disco é, nominalmente, de Touré, com Cooder como parceiro - que também produziu o disco. Nascido Ali Ibrahim Touré, na região de Timbuktu, em Mali, em 1939, Touré era o décimo filho (e único a sobreviver além da infância)
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Ali Farka Toure
Keltner, na bateria, e John Patitucci, no baixo - que dispensam apresentações para os aficionados de jazz e blues. Destaque para as faixas Gomni e Lasidan, dentre várias outras! Pode ser encontrado em: CD / Vinil / Streaming
Não precisa ser admirador, ou mesmo um fã ferrenho (como eu) da série para curtir sua música - que não só é tão atmosférica e emocional quanto o visual e teor dos episódios, mas inclusive é uma trilha notória por ser um personagem à mais, não apenas pano de fundo. O que faz a trilha ser tão interessante é a instrumentação dela
QUALIDADE DE SOM
ser praticamente acústica - com exceção de uma eventual guitarra
MUSICALIDADE
e teclados clássicos como o Fender Rhodes - e ter um viés meio jazzístico meio blues. Premiado por seu trabalho como compositor de trilhas para filme e TV - como Coração Selvagem, A Praia, e Água Negra - o nova-iorquino Angelo Badalamenti já havia trabalhado antes com o diretor David Lynch na trilha de seu filme Veludo Azul. Porém, por Twin Peaks, Badalamenti recebeu um Grammy em 1990, sendo que é considerada umas das melhores trilhas de série de TV até hoje. Uma anedota, contada pelo próprio Badalamenti, diz que como ele e Lynch são amigos, e já haviam trabalhado juntos, o diretor estava começando a produção da série e foi procurá-lo para conversar sobre a trilha sonora. Lynch sentou-se com Badalamenti ao teclado do Fender Rhodes e começou a descrever a situação da personagem principal, Laura Palmer, mas de maneira bem abstrata, apenas as sensações e sentimentos, enquanto o compositor improvisava no teclado. Lynch então disse: “É isso! Está praticamente pronto! Isso é Twin Peaks!”, e Badalamenti falou que ia trabalhar em cima do tema, mas o diretor falou para não mexer, pois estava “75% pronto”!
Angelo Badalamenti - Music From Twin Peaks (Warner, 1990)
O resultado, a faixa Love Theme, exemplifica todo o sentimento em torno das agruras da vida da personagem, cujo assassinato choca uma pequena cidade do interior americano, e traz um genial agente
David Lynch é um cineasta bastante controverso, e que divide opiniões. Eu mesmo adoro Twin Peaks (a série original da década de 90), mas desgosto de muitos outros trabalhos do Lynch.
do FBI para resolver o crime. O lado climático e de atmosfera densa, que ajuda a dar o tom para a levada da própria série, é realmente mais interessante para quem
Mas, independente de qualquer esquisitice, do quão herméticos
conhece e gosta de assistir Twin Peaks. Mas, acredito que a música
podem ser os longa metragens de Lynch, Twin Peaks como série de
sobrevive sozinha, graças à sua brilhante composição e à beleza
TV foi uma tremenda ‘bola dentro’, trazendo uma atmosfera, foto-
com que é tocada. O próprio compositor define que boa parte da tri-
grafia, visuais, roteiros e situações que inovaram completamente a
lha é de Cool Jazz, pulsante, com piano elétrico, baixo e percussão,
TV - lembrem-se que isso foi em 1990.
como música de bar.
Especialistas em TV estimam que uma quantidade de séries de
Outra parte da trilha é densamente sentimental e atmosférica,
extremo sucesso simplesmente não teria existido se, antes, Twin
como o Love Theme, mostrando um contraste entre a aparente
Peaks não tivesse mudado o paradigma - como, por exemplo,
normalidade e até felicidade de algumas situações e pessoas na
Arquivo X, Lost, American Horror Story e Wayward Pines, entre ou-
cidade, em oposição aos terríveis crimes e à vida secreta que quase
tras. Isso para não dizer as que, obviamente, foram influenciadas por Twin Peaks, como Fringe, Hannibal, Desperate Housewives, Riverdale, The Sopranos, Top of the Lake, etc e tal.
todos os personagens levam. A terceira faceta dessa trilha sonora - que é quase toda instrumental - são algumas canções interpretadas de uma maneira quase
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DISCOS DO MÊS sonhadora pela cantora americana Julee Cruise. A necessidade de sua voz e interpretação etéreas surgiu durante a filmagem de Lynch
Para quem curtir essa trilha, recomendo fortemente o segundo CD, assim como a trilha do longa metragem citado acima.
de seu filme Veludo Azul, onde Badalamenti - que já havia trabalhado
Em 2017 a série foi continuada por mais uma temporada - como
com Cruise - sugeriu a cantora. A ligação com as idéias de Lynch foi
uma ‘Limited Series’ contando o que aconteceu 25 depois - e uma
tão grande que, depois do filme, ele e Badalamenti produziram um
nova trilha foi lançada, mas acho que ela não tem nada a ver com a
CD para Julee Cruise: Floating Into the Night, com letras escritas por
que estou sugerindo aqui.
Lynch e música composta por Badalamenti. Parte dessas canções acabou sendo utilizada na trilha de Twin Peaks, no ano seguinte. O disco aqui sugerido é a primeira edição da trilha da série, amplamente lançada em CD e LP no Brasil, à época - aliás, o vinil nacional
Destaque para as faixas Twin Peaks Theme, Dance of the Dream Man e Audrey’s Dance, particularmente interessantes. Pode ser encontrado em: CD / LP / Streaming
é surpreendentemente bom. Com a continuidade de Twin Peaks por mais uma temporada, um segundo disco (que eu acho que só saiu em CD) foi lançado - Twin Peaks Music: Season Two Music and More - além da trilha do longa metragem Twin Peaks: Fire Walk With Me, que acho que foi traduzido aqui como Os Últimos Dias de Laura
QUALIDADE DE SOM
Palmer, lançado após a série terminar, que conta o que aconteceu
MUSICALIDADE
nos últimos meses antes do assassinato da personagem.
Angelo Badalamenti e David Lynch
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Outro exemplo é o trabalho solo do multi-instrumentista inglês Peter Gabriel, uma vez vocalista e letrista do Genesis, um dos pilares do progressivo tradicional. O trabalho solo de PG (para os íntimos), iniciado no fim da década de 70, ousou sempre com complexidades rítmicas africanas - que eram a obsessão dele, que já tinha sido baterista - somado à instrumentações européias com boa dose de improviso, alguns instrumentos étnicos, um time completo de músicos de estúdio de altíssimo nível, muitos sintetizadores fazendo coisas muito além e longe do banal, somado a seus vocais consagrados desde à época do Genesis. Um desses instrumentistas é o baixista americano Tony Levin -
Gorn, Levin, Marotta - From the Caves of the Iron Mountain (Canyon International / Papa Bear Records, 1997)
protagonista do disco aqui sugerido: From the Caves of the Iron Mountain. Músico de estúdio, Levin já tinha um currículo invejável no final da década de 70, tendo trabalhado em discos de Lou Reed, Alice Cooper, John Lennon, Buddy Rich e Paul Simon. Considerado um peso pesado em seu instrumento, Levin foi baixista de quase
Do repertório desta semana, este disco é o mais ‘difícil’ de ouvir. Ou seja, não vai interessar à todos. Mas não o considero, por isso, menos interessante. Como acontece com muitos gêneros musicais, eles continuam evoluindo, mudando ao longo dos anos. E isso aconteceu também com o Rock Progressivo. Aquela estrutura toda de banda e de arranjos do Yes, Genesis e Emerson Lake & Palmer, do ‘básico’ (rs!) guitarra, baixo, bateria e teclados foi aos poucos dando espaço (ou compartilhando espaço) para virtuosismo de instrumentistas e solistas, complexidade e variações rítmicas, inserção de percussionistas junto ao baterista, elementos de música étnica de várias origens, improvisos quase jazzísticos, adição de instrumentos étnicos, influência de vários tipos de música eletrônica, etc. E aí você se pergunta por que não acompanhou essa evolução. A resposta é: o ‘fim’ do rock progressivo da década de 70 como o conhecíamos, dando espaço ao punk, ao Disco e ao pop na parada de sucessos, não significou que as banda sumiram. O Yes, por exemplo, virou mais pop na década de 80, e existe até hoje num nicho de saudosismo progressivo. O Genesis virou mais pop e enriqueceu ainda mais com a genialidade de Phil Collins. E o ELP foi ativo até à década de 90! Só que algumas bandas passaram por algumas ou todas aquelas modificações e influências que eu citei dois parágrafos acima - apesar de terem um público menor, mais alternativo, menos comercial. Um exemplo é o King Crimson, fruto da cabeça genial do guitarrista virtuoso Robert Fripp, banda que está na ativa - de uma maneira ou de outra - desde sua fundação em 1969, chegando a gravar e apresentar-se, até pouco tempo atrás, em formação double-trio: dois bateristas percussionistas, dois guitarristas e dois baixistas. E com um virtuosismo enorme.
todas as formações do King Crimson da virada da década de 80 até hoje! Inclusive a atual! E, também, é o baixista da banda do Peter Gabriel desde seu primeiro disco solo, de 77, até hoje. Nada mal… Da década de 80 em diante, Tony Levin teve como instrumentos o baixo elétrico ‘upright’ (normalmente tocado com arco), baixo elétrico normal, e um baixo diferenciado de 10 ou 12 cordas chamado de Chapman Stick, que é tocado especificamente com técnica de ‘tapping’, e tem uma sonoridade bastante própria. Uma variedade desses instrumentos foi usada por Levin em álbuns do Yes, Pink Floyd, Joan Armatrading, Richie Sambora, David Bowie, e inúmeros outros discos de estúdio e projetos próprios, álbuns solo e projetos de amigos - como o celebrado Black Light Syndrome, do trio Bozzio Levin Stevens, disco conhecido e curtido por muitos audiófilos roqueiros (e quem sabe um dia ele não apareça nesta coluna). Nosso próximo protagonista do From the Caves of the Iron Mountain é o baterista e percussionista americano Jerry Marotta, cujo currículo também inclui ser da banda do Peter Gabriel, desde o primeiro solo até meados da década de 80 com o célebre disco So, que tinha o sucesso Sledge Hammer. Ou seja, durante 10 anos, Marotta com Levin faziam a ‘cozinha’ da banda do PG, participando ativamente das adaptações de rítmos africanos que ele trazia em suas composições. Como músico de estúdio, Jerry Marottta trabalhou com nomes famosos como Hall & Oates, Stevie Nicks (ex-Fleetwood Mac), Sarah McLachlan, Suzanne Vega, Iggy Pop, Tears For Fears, Paul McCartney, Elvis Costello, Robert Fripp (do King Crimson), e uma variedade de outros músicos de primeiro time. O terceiro protagonista é o também americano Steve Gorn, um flautista especializado na flauta de bambu bansuri, originária da
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DISCOS DO MÊS índia, e no saxofone soprano, com participações em discos e shows
em suas próprias orelhas - com um gravador DAT portátil - o que
de diversos músicos orientais e ocidentais, tendo trabalhado com
permitiu que ele andasse para todos os lados captando e gravando
nomes conhecidos como Paul Simon e o célebre baterista de jazz
o mesmo que ele estava, ‘in loco’, ouvindo.
Jack DeJohnette. Seu conhecimento das sutilezas da música hindu, e capacidade interpretativa, fazem dele um dos poucos ocidentais reconhecidos na Índia.
E o segundo diferencial - que eu não consegui descobrir até hoje de quem foi a ideia - é o próprio conceito do disco: são um baixista, um percussionista e um flautista, tocando uma música bastante
Para completar o artigo, é preciso comentar sobre o quarto prota-
calcada em improvisos com tons de worldmusic, rock progressivo
gonista deste interessante disco: Tchad Blake. Apesar de ser o disco
e afins, dentro das cavernas de uma antiga e desativada mina de
de um trio, parte da mágica dele se deve ao engenheiro de grava-
cimento, no estado de Nova York, nos EUA. E tudo isso, toda essa
ção, Blake, que é um aficionado experimentador da técnica de gra-
tremenda acústica natural e ambiência, ainda são gravadas com
vação binaural - e acabou fazendo um trabalho interessantíssimo.
uma técnica binaural minimalista! Com um par de caixas bem posi-
Aí já vem alguém perguntar: “mas binaural não é para ouvir no fone de ouvido?”. Sim, mas gravações binaurais funcionam provendo uma ambiência e um palco maravilhoso quando ouvidas em um
cionadas, você se sente assistindo ao concerto, visualizando a mina e sua acústica, e perfeitamente cada instrumentista. Com um fone de ouvido, você está literalmente com eles, dentro da mina.
sistema de caixas estéreo normal - isso se as caixas estiverem mi-
Destaque para as complexas Magic Meadow e Shepherd’s Song.
nimamente bem posicionadas para a formação da ilusão de palco.
Pode ser encontrado em: CD
Quanto melhor posicionadas, melhor será o resultado sonoro, tanto com gravações convencionais quanto com binaurais. E o trabalho de Blake nesse disco tem alguns diferenciais. Primeiro ele não usou aquela ‘cabeça’ com microfones da Neumann,
QUALIDADE DE SOM
que é comumente usada em gravações binaurais. Blake escolheu
MUSICALIDADE
as cápsulas de microfone que queria usar, e pôs as ditas cápsulas
Levin, Marotta e Gorn
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METODOLOGIA DE TESTES
ASSISTA AO VÍDEO DO SISTEMA CAVI, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=ZMBQFU7E-LC
GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério: EQUILÍBRIO TONAL Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normalmente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior. PALCO SONORO Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros. TEXTURA Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é. TRANSIENTES É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano. DINÂMICA É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma porta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica. CORPO HARMÔNICO É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instrumento pode parecer ‘pequeno’ quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes. ORGANICIDADE É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de ‘estar lá’. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não amplificada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo. MUSICALIDADE É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
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TESTE ÁUDIO 1
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Caixas acústicas são como instrumentos musicais! Ouvi pela pri-
Aqueles que defendem que os gabinetes precisam soar como
meira vez esta frase quando tinha apenas 7 anos de idade. Meu pai
instrumentos musicais têm exemplos de sucesso. Assim como os
a dizia a todos os seus clientes e amigos. Com o passar dos anos e
que defendem que o gabinete tem que ser o mais inerte possível. O
acompanhando seu trabalho, fui assimilando que seu ponto de vista
mesmo podemos dizer em relação ao material utilizado nos tweeters
além de correto, era um apelo para que os audiófilos e melômanos
de domo: seda, diamante, berílio, titânio, etc. Então, meu amigo, se
levassem aquele alerta à sério. Afinal, grande parte da assinatura
quiser uma dica: esqueça os ‘prés conceitos’ que você possa ter, e
sônica de qualquer sistema será a soma das duas pontas (caixas
ouça-as antes de julgar se é bom ou ruim.
acústicas e fonte). E, se queremos que todo nosso esforço e investi-
Agora, uma coisa é fato incontestável: são exigentes ao extre-
mento tenham um final feliz, cuidemos para que essas duas pontas
mo. Não existe nem um componente de áudio mais exigente do
trabalhem em conjunto e não se degladiando.
que caixas acústicas. Pois necessitam de cuidados extremos, com
Caixas acústicas foi o produto que mais testei nesta vida de ar-
a colocação na sala, amplificação, cabeamento e, como já disse, a
ticulista. Já ouvi de tudo, tudo mesmo. Dos projetos mais exóticos
fonte inevitavelmente precisa remar na mesma direção em termos
aos mais simples e singelos (como a pequena coluna da JVC com
de assinatura sônica.
cone de madeira) e se tem algum produto no áudio que não tem uma única receita, este produto são as caixas acústicas.
Sem esses ‘esmeros’, você pode ter uma jóia rara sendo tratada como bijuteria barata!
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CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
Em nossos Cursos de Percepção Auditiva, no nível básico, muitos leitores se espantam quando afirmo que um sistema deveria começar a ser definido pelas caixas e depois a fonte. E que para definir a caixa, o consumidor deveria fazer um pente fino no seu gosto musical e nas deficiências do ambiente em que o sistema será usado. Pois o que já vi de ‘bode’ enfiado no meio da sala de audiófilo, daria para escrever um livro de mais de 200 páginas. E o audiófilo é um bicho que deveria ser estudado a fundo, pois em vez do ‘mea culpa’, está sempre botando a culpa no equipamento, e as pobres caixas são as que mais levam chumbo. Gosto muito de ouvir caixas (ainda que seja o produto que dê mais trabalho para o amaciamento), pois ouvi muitas que me encantaram pela sua sonoridade, equilíbrio e musicalidade. Sim, as caixas possuem uma magia, totalmente distinta de qualquer outro produto. Podem nos fazer repensar até mesmo como ouvimos nossa música preferida (principalmente se o seu equilíbrio tonal for de alto nível), pois aquela música que tínhamos que ouvir em volume mais acentuado, pode dar o mesmo prazer em volumes mais baixos. Outras nos levam a descobrir camadas e camadas de informações que estavam ‘opacas’ ou submersas em informações com maior dinâmica. E uma qualidade que todo audiófilo adora: uma apresentação exuberante de um grandioso soundstage, com foco, recorte, planos e ambiência que dissolvem as paredes laterais e a dos fundos de nossa sala de audição! Por todas essas qualidades, é que as caixas também carregam nas costas tantas responsabilidades e expectativas. Testei oito caixas da Wilson Audio em 23 anos da revista. Começando pela CUB em 1998 e tendo a honra de sermos a primeira revista no mundo a testar a Alexia. Tive a CUB por três anos como referência em caixas bookshelf e depois nunca mais tive nenhuma caixa deste fabricante. Mas alguns modelos me balançaram (como a Alexandria XLF), porém muito longe da minha capacidade financeira. Então, ainda que tivesse a oportunidade de ouvir em nossa sala de testes os modelos mais recentes deste fabricante, sempre soube que por mais impressionante que fosse a impressão deixada, elas tinham dia e hora para partirem. Percebi que a Wilson estava em processo de ‘transformações’ ao ouvir a Alexandria XLF, com o novo tweeter de seda e logo em seguida a Alexia, já com este novo tweeter. Escrevi no teste da Alexia que achei um salto e tanto em termos de equilíbrio tonal de ambas as caixas, e que aquela direção me agradava e muito, tanto como articulista, como consumidor. Lembro, ao mostrar a caixa Alexia para o nosso colaborador Christian Pruks, dele ter virado para mim e dito: “Um dos melhores médios que ouvi em toda a minha vida”. E balancei a cabeça, concordando integralmente com ele.
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OUTUBRO . 2019
A Alexia tinha uma magia difícil de traduzir em palavras, mas muito
nhados para ter uma maior linearidade nas baixas frequências com a
fácil de reconhecer auditivamente. Com a morte do fundador David
nova câmera com 13% a mais de volume, o painel frontal que acopla
Wilson, no final de 2018, seu filho Daryl, o novo CEO da empresa
os woofers agora possui uma inclinação de 3 graus para trás, para
que já havia finalizado os projetos da Sabrina e Yvette (leia teste na
uma perfeita integração temporal com o cabeçote em que o médio
edição 255), resolveu prestar sua homenagem ao pai e definiu que
e o tweeter se alojam.
o ideal seria desenvolver uma nova Sasha, e a batizou de Sasha DAW (as iniciais de David Andrew Wilson). Ainda que muitos possam pensar que se trata de uma Sasha 3, a ideia é manter a Sasha 2 em linha.
As paredes internas do gabinete de graves utiliza o Material X, mas agora ainda mais reforçado (como na caixa WAMM). A base que suporta o cabeçote também foi redesenhada e recebeu reforço para evitar que a interferência de vibração do módulo de graves
O projeto da Sasha DAW teve a colaboração direta de Vern Credille
passe para o cabeçote, além do desenvolvimento de um novo me-
(responsável pelo projeto da Alexia 2). Definida a equipe, Daryl deu
canismo de degraus para o apoio do cabeçote e sua facilitação no
as coordenadas do que tinha em mente em termos deste novo pro-
ajuste do módulo superior (ver foto).
jeto: nenhuma restrição orçamentária e uso de todo o conhecimento adquirido com a WAMM e as novas caixas Alexx e Alexia 2, tanto em termos de uso de componentes como de tecnologia.
O cabeçote também foi completamente redesenhado, as paredes mais espessas ganharam um novo padrão interno de recorte para diminuir ainda mais (em relação à Sasha 2) as reflexões internas,
Ainda que em termos estéticos a DAW seja muito semelhante à
e houve um aumento de volume em 10%. O falante de médio e o
Sasha 2, as modificações e o resultado distanciaram muito uma da
tweeter são os mesmos utilizados na WAMM. O gabinete foi cons-
outra. Tudo é novo: os woofers de 8 polegadas, que foram redese-
truído com o Material S (proprietário da Wilson Audio).
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CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
O crossover também é completamente novo, assim como o pór-
Em termos de resposta, a Sasha DAW, segundo o fabricante, res-
tico em que estão instaladas as resistências de agudos para ajuste
ponde de 20 Hz a 30 kHz (+- 3 dB). Possui uma impedância nominal
fino em relação à sala de audição. Na Yvette, este tampo do pórtico
de 4 Ohms (sendo o mínimo 2,48 Ohms em 85 Hz), e sua sensibili-
é de metal e precisa ser desparafusado para se ter acesso às resis-
dade é de 91 dB/w/m. Montada, a Sasha DAW pesa 107 kg.
tências. Na DAW, foi colocada uma tampa de acrílico e esta pode ser retirada manualmente (ver foto acima). A equipe de engenharia também melhorou toda a cabeação que vai do módulo de graves para o cabeçote, e ‘finalmente’ mudaram os terminais de cabo, que agora aceitam plugue banana. Mas o que mais me chamou a atenção foi o novo degrau para determinar o ângulo de alinhamento temporal do cabeçote. Agora muito mais prático e preciso, e com um erro máximo de 8 milissegundos. Esta precisão permite um ajuste temporal perfeito para que
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Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos: Sistema analógico: toca-discos Storm da Acoustic Signature, cápsula Soundsmith Hyperion 2 (leia teste 3 nesta edição), braço SME Series V. Pré de fono: Boulder 500 com cabos de interconexão Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul Ágata 2. Fontes digitais: dCS Vivaldi e Scarlatti. Pré-amplificadores: Dan D’Agostino Momentum Reference, e Nagra HD. Powers: Hegel H30 e Nagra monoblocos Classic Amp. Cabos de caixa: Dynamique Audio Halo 2 e Sunrise
a caixa soe na sala como um único falante full-range. Foi um dos
Lab Quintessence. Cabos de interconexão: Dynamique Audio
maiores acertos (na minha opinião) da Sasha DAW, pois pude ouvir,
Apex, Transparent Opus G5, Sunrise Lab Quintessence e Sax Soul
na prática, a diferença que faz quando encontramos o ponto exato
Ágata 2.Cabos de Força: Transparent PowerLink MM2, Sunrise Lab
para a audição.
Quintessence e Dynamique Audio Halo 2.
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Enquanto testávamos a Yvette, fomos amaciando a DAW com o
Foi muito elucidativa esta audição, pois permitiu entender clara-
Hegel H590 (leia teste 2 nesta edição). Foi um aprendizado e tanto,
mente as diferenças e semelhanças entre as caixas e para mim ficou
ter as duas Wilson Audio ao mesmo tempo em nossa sala de teste.
bem claro a direção que os novos projetos deste fabricante querem
Acho que isto jamais voltará a ocorrer. É que nem o cometa Halley:
imprimir e mostrar ao mercado.
acontece uma vez por século! E ainda desfrutamos por uma semana, antes da Yvette ir para o seu dono, de ambas amaciadas, para poder fechar a nota da Sasha DAW. Foram mais de 20 páginas de anotações pessoais, para quando estivesse a escrever este teste, tivesse a mão todos os detalhes observados desde a queima inicial até às 300 horas de amaciamento, quando ela finalmente entrou em teste.
Ambas as caixas possuem um grau de musicalidade que só tinha visto (em tamanha proporção) na Alexandria XLF. E quando falo em musicalidade, estou inserindo neste contexto os nossos 7 quesitos da metodologia (equilíbrio tonal, soundstage, textura, transientes, corpo harmônico, organicidade e dinâmica). A DAW vai muito além da correção e conforto auditivo da Yvette, pois possui performance de caixas Wilson Audio muito maiores
Como sempre faço com toda Wilson Audio, só tirei as ‘benditas’
(como a Alexia 2 e a Alexx). Ela não se intimida com absolutamente
rodinhas quando tive a certeza que nada mais havia para amaciar.
nada, nenhum gênero musical, mesmo com obras de inteira com-
E, ao contrário da Yvette, que já sai tocando bonito, a DAW precisa
plexidade dinâmica.
de pelo menos 100 horas de rodagem para começar a mostrar suas ‘impressionantes’ qualidades.
Mesmo em nossa sala de 50 m², em que já tivemos e testamos caixas de maior gabinete, a Sasha DAW se comportou como ‘gente
E o fato da Yvette ser um único gabinete, o ajuste desta na sala é
grande’ de verdade. Certamente grande parte desta incrível perfor-
muito mais simples e amigável. A Sasha DAW, ao contrário, é pre-
mance se deve aos detalhes que foram muito pontuais e assertivos.
ciso esperar toda a queima antes de realizar todos os ajustes de posicionamento, e o do cabeçote para o alinhamento de tempo.
Busquei nas minhas anotações as faixas que mais trabalho deram para a Sasha 2 e para a Alexia, e lá fui eu repassar todas essas
Sabendo desses macetes desde o teste da Sasha 2, resolvi fazer
faixas, com o mesmo SPL, nas DAW. E para meu espanto e sur-
as primeiras impressões bem curtas (apenas 4 horas), e a coloquei
presa, o comportamento foi primoroso. Total controle dinâmico e
junto com o Hegel H590, para ambos amaciarem simultaneamente.
tonal, nenhuma ‘rusga’ ou qualquer tipo de endurecimento no sinal.
Fiquei tão impressionado com a Yvette, que achei que a Sasha
Impávidas e sempre prontas para o próximo desafio.
DAW teria apenas maior poder dinâmico, maior refinamento nas al-
Seu equilíbrio tonal nos faz repensar muitas coisas, pois é difícil
tas e maior peso e energia nos graves. Voltei a ouvir a DAW com
deduzir como essa nova Wilson Audio consegue ter tamanha ex-
100 horas e percebi que estava completamente errado nas minhas
tensão e corpo nas altas e nunca endurecer o sinal, mesmo em
expectativas iniciais, pois sua sonoridade tinha algo ainda mais ca-
gravações que tecnicamente falharam na escolha do microfone ade-
tivante que a Yvette. A música parecia brotar de um silêncio ainda
quado. Ouvi dezenas de gravações em que a última oitava da mão
mais intenso, sem esforço ou qualquer tensão.
direita do pianista quase endurece, retirando todo o feltro do martelo
Tudo fluía com tamanha naturalidade que o que era para ser uma audição de apenas 6 faixas, se estendeu por quase 7 horas. Como a Yvette tinha apenas mais duas semanas antes de ser devolvida,
e nos ‘brindando’ com um som de vidro. Na DAW, a reprodução ainda que não seja correta, não nos agride e nem tão pouco diminui a intensidade do ataque, extensão e decaimento.
tratei de acelerar o amaciamento, pois não poderia perder a oportu-
É absolutamente incrível o que este novo tweeter da Wilson Audio
nidade de compará-las. Estipulei, então, o próximos encontro para
é capaz de nos mostrar em termos de correção e precisão. Achei
as 250 horas. E tratei de encerrar o teste da Yvette, já sabendo que
que os agudos da minha Kharma Exquisite Midi eram o ‘suprassu-
viria ‘chumbo grosso’ mais adiante.
mo’ em termos de clareza e conforto auditivo, e agora essa ganhou
Com as melhoras audíveis com as 250 horas, decidi retirar as rodinhas e colocar os spikes e tentar o primeiro ajuste de alinhamento temporal na DAW, e depois esperar a visita do querido amigo Fred
um concorrente à altura. E com uma vantagem: o corpo dos pratos, a embocadura de instrumentos de sopro como sax soprano, flauta e trumpete, são ainda mais corretos!
Ribeiro para realizar o ajuste final. O único detalhe é que a posição
A região média tem muito do realismo da Alexia, mas achei que
da DAW, já com os spikes, era muito semelhante com a Yvette, en-
alguma coisa foi ainda mais aprimorada em relação à primeira
tão o trabalho de colocar uma e tirar a outra, impediu aquela audição
Alexia, pois a velocidade, ambiência, textura e organicidade, são
aXb como eu desejava. Então remarquei para o último final de sema-
ainda mais verossímeis. O acontecimento musical se materializa a
na em que a Yvette estaria conosco.
nossa frente de forma tão palpável, que nosso cérebro demora um
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CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
lapso de segundos para entender o que está ocorrendo. Algo nos
É isto que denominamos com entender a intencionalidade por trás
avisa, interiormente, que estamos recebendo sensações auditivas
da obra, da virtuosidade do músico, do arranjo, etc. E os graves
que ainda não haviam sido escutadas e depuradas!
da Sasha DAW, para decifrar como conseguem com dois falantes
Minha única esperança de que vocês entendam o que aqui escrevo, é que possam um dia escutar esta espantosa caixa em um setup e sala adequados. E se tiverem essa oportunidade, tenho absoluta certeza que suas referências a respeito de caixas acústicas sofrerão alguns abalos, pois tocam como caixas muito maiores, possuem um controle dinâmico inimaginável e o fazem com uma ‘finesse’ inacreditável! Um amigo, ao escutar, teceu o seguinte comentário: “Possuem a energia de PA, com o refinamento de caixas Hi-End Estado da Arte!”. Esta observação foi compartilhada depois de ouvirmos a faixa 8, Dangerous Curves, do disco do King Crimson - The Power To Believe. Quem conhece esta gravação, sabe o quanto é difícil estabelecer um volume e não ter que diminuir quando a música atinge seu clímax
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de oito tamanha precisão, velocidade e deslocamento de ar, recorri de novo as anotações dos testes da Sasha 2 e da Alexia. E posso garantir que ambas não tinham este grau de requinte e emoção. Mesmo a Alexia com um woofer de 8 e um de 10 polegadas! O que os engenheiros da Wilson conseguiram neste projeto é um assombro de avanço tecnológico de quebrar com paradigmas da física em relação ao tamanho dos falantes e área do gabinete. Mas esqueçam aquele grave balofo, que você sai da sala e quando volta ele ainda está soando. Nada disso! É um grave incisivo e cirúrgico, que não embola, não colore e não ofusca o médio-grave. Está ali pelo tempo em que o engenheiro de gravação e os músicos queriam que estivesse.
final. O sistema, e principalmente a caixa, precisam ter ‘muita folga’
Seu soundstage só não será impressionante se não foi feito o
para transmitir o que os engenheiros captaram nesta difícil gravação.
alinhamento temporal correto, ou a sala tiver problemas sérios de
Mas, a DAW vai mais adiante que sua irmã Yvette e que a minha
acústica, como por exemplo não dar o espaço mínimo necessário
caixa de referência, ao nos mostrar detalhes quase que subterrâne-
para as caixas respirarem. É preciso entender que é uma caixa de
os nos riffs e na condução de tempo do baterista. Robert Fripp nos
porte médio, mas que resulta em uma sonoridade de caixa grande.
brinda com sutis variações no tempo forte, que passam completa-
Então são essenciais as mínimas condições necessárias de areja-
mente despercebidas em todas as outras caixas em que já ouvimos
mento entre elas, entre as paredes laterais e às suas costas.
este disco. Essas micro variações aparecem no meio de uma parede
Dadas as condições, o ouvinte terá um palco monumental, tanto
de distorções em um crescendo semelhante ao do Bolero de Ravel,
em largura, como altura e profundidade. Seu foco, recorte e repro-
versão eletrônica.
dução de ambiência eu só havia escutado na Alexandria XLF, com
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CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
O mesmo fenômeno ocorreu com todos os exemplos de gravações de quartetos de cordas. É possível perceber até mesmo se a crina do arco dos instrumento está muito velha ou se é ainda muito nova (os músico dizem que o ideal é quando a crina está com alguns dias de uso, assim a sonoridade, além de mais viva, exprime melhor as qualidades do instrumento). Parecem apenas detalhes certo? Mas são detalhes que, se somados, exprimem exatamente o ‘caráter’ sônico da Sasha DAW. Como já adiantei, os transientes são irretocáveis. Aliás isto talvez explique o fato de todos os articulistas que tiveram o prazer de testar esta caixa, escrevem que sua reprodução de instrumentos de percussão são as mais corretas, precisas e naturais que já tiveram o prazer de escutar. E que melhores exemplos do que instrumentos de percussão para se testar transientes? E quando falamos de instrumentos de percussão, estamos incluindo, é claro, o piano. E as apresentações de pianos nesta caixa são de nos fazer, literalmente, prender a respiratanto respiro e silêncio entre os instrumentos. Um foco e recorte tão preciso que é possível ‘ver’ enquanto ouvimos que no CD The Civil Wars - Barton Hollow, a voz masculina é alguns centímetros mais alta que a voz feminina (veja a foto na contracapa do disco, e terão uma ideia do que estou dizendo). A DAW é capaz de nos mostrar em detalhes até essas sutis diferenças de altura nas vozes. Agora transporte essa preciosidade para reprodução de música sinfônica e você terá em sua sala todos os planos dispostos como foram captados pelos microfones, todos os naipes devidamente apresentados, tanto em largura, como altura e profundidade! Agora vá somando todos esses atributos, e imagine como seu cérebro se sente depois de se acostumar com tamanha interação e conforto auditivo! Você não quer de forma alguma voltar a nada inferior a isto. Este é o problema! (ou a solução, dirão outros!). Agora falemos da apresentação de texturas: geralmente as grandes caixas e os projetos mais corretos apresentam texturas sublimes na região média (onde está concentrada 70% de toda informação da música). Dificilmente notamos as variações de pele de instrumentos de percussão (não falo de afinação), a qualidade das peles, a qualidade dos músicos, dos microfones escolhidos, enfim de informações que muitas vezes nos passam batido. Para a DAW tudo é muito relevante para ficar em segundo plano, tão relevante
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ção. Você escuta em detalhes o corpo do instrumento, a digitação e técnica nos pedais do pianista, a qualidade do piano, a qualidade da captação e até o respirar do músico enquanto executa a obra solo. Achava que a respiração evidente do pianista só aparecia nas gravações da Philips do Claudio Arrau. Para minha surpresa, na esmagadora maioria das gravações solistas que escutei na Sasha DAW, é possível escutar a respiração de todos eles! O que torna a sensação de materialização física do acontecimento musical ainda mais realista, pois temos o corpo exato do piano a nossa frente, a precisão na apresentação das texturas e transientes, o mais perfeito equilíbrio tonal em todas as oitavas do instrumento, e ainda ouvimos o pianista respirando enquanto executa a obra! O que mais nosso cérebro e nossos ouvidos podem desejar? Foi esta a pergunta que um amigo me fez, depois de ouvir Claudio Arrau, Nelson Freire e Hèlène Grimaud. Só pude balançar a cabeça positivamente e concordar que ouvir nossos discos desta maneira vai muito além de ter um sistema perfeitamente ajustado, pois extrapola nossas expectativas e nos apresenta uma nova ‘realidade virtual’. Sim entramos em uma nova era em que ‘vemos’ o que ouvimos, e isto fará uma mudança significativa em como serão trabalhado, daqui para a frente, os sistemas Estado da Arte de padrão superlativo.
que obras que escutamos centenas de vezes como Música para
Como o sistema da Nagra que estamos testando também se en-
Cordas, Percussão e Celesta de Bartok, ganham uma dimensão em
contra neste mesmo patamar das caixas DAW, resolvi descer o nível
termos de apresentação dos solos que você pensa estar ouvindo
e às liguei no nosso sistema de referência (Pré Dan D’Agostino e
uma nova versão daquela obra. Tudo é mais presente, refinado. A
power Hegel), e para minha surpresa o comportamento da DAW
sensação é que os músicos estão tocando com maior atenção e
em todos os quesitos da nossa Metodologia não sofreram grandes
precisão (claro que parte deste efeito é consequência da qualidade
alterações. Claro que, com os Nagras, a DAW se sente muito mais
dos transientes, mas ambos se juntam nesta obra de maneira a nos
confortável, pois são do mesmo nível. Mas com o Hegel, por ter o
fazer perceber um mar de nuances, nunca antes observadas), e a
dobro de potência que os monoblocos da Nagra, a Sasha DAW
tonalidade e a paleta de cores nos diversos instrumentos utilizados
pôde mostrar sua capacidade de tocar nos volumes das gravações
nesta obra, ganham enorme evidência.
sem mostrar nenhum tipo de saturação.
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(desde que este seja o objetivo, a melhor caixa Estado da Arte pelo
CONCLUSÃO O nosso leitor assíduo deve estar se perguntando: se a Yvette já foi tão impressionante, o que a Sasha DAW pode ter de tão me-
menor valor). Se o critério for performance, a Sasha DAW me parece imbatível em sua faixa de preço.
lhor? Eu também me fiz esta mesma pergunta, meu caro. E algumas
Suas qualidades se mostram por todos os ângulos: construção,
respostas são dadas como um soco capaz de nos levar à lona no
tecnologia, capacidade de ajuste para diversas salas e, claro, sua
primeiro segundo ao soar o gongo.
performance de caixas muito mais caras e maiores. Ela me con-
As Yvette são caixas com enorme apelo, e que conseguem mostrar o que uma caixa acústica pode realizar com as suas músicas
venceu completamente e depois de 4 anos e meio com a Kharma Exquisite Midi, passa a ser nossa nova caixa de Referência.
preferidas. Mas a Sasha DAW vai muito além, ao mostrar o que exis-
Veja que estamos falando de uma caixa que custa, nos Estados
te na música e que ainda não foi apresentado com tanto requinte e
Unidos (Exquisite Midi), mais que o dobro da Sasha DAW, e ainda
precisão. Ela não se intimida em ser comparada com nenhuma outra
assim este modelo da Wilson Audio se mostrou inteiramente supe-
grande caixa, seja da própria Wilson Audio ou de outros fabricantes
rior. Se eu não tivesse ouvido, eu não acreditaria isto ser possível!
também altamente conceituados. E pode acreditar, se você der essa chance a ela, de ser comparada com a caixa que você julga ser de um nível também superlativo, ela não fará feio de maneira alguma. Para mim é de todas as caixas da Wilson Audio que testei, de longe, a que achei mais impressionante. Claro que tenho que deixar
PONTOS POSITIVOS Uma caixa Estado da Arte capaz de concorrer com caixas até mesmo custando o dobro dela.
de lado a Alexandria XLF, pois está fora das minhas possibilidades totalmente, mas se formos avaliar apenas por custo e performance, é a melhor caixa da Wilson Audio que podemos sonhar em ter
PONTOS NEGATIVOS Pela sua performance, absolutamente nada.
Drivers por Caixa Woofers
2x 8 polegadas
Médios
1x 7 polegadas
Tweeters
1x domo de 1 polegada
Duto traseiro, Materiais X&S
Modulo de Graves
Duto traseiro, Material X
Textura 13,0
Corpo Harmônico 13,0 Organicidade 13,0 Musicalidade 13,0 Total
Medições
ESPECIFICAÇÕES
Soundstage 13,0
Dinâmica 12,0
Modulo Superior
Impedância nominal
Equilíbrio Tonal 13,0
Transientes 13,0
Gabinetes e Materiais
Sensibilidade
CAIXAS ACÚSTICAS WILSON AUDIO SASHA DAW
91 dB (1 Watt a 1 metro a 1 kHz) 4 Ohms (mínimo 2.48 Ohms @ 85 Hz)
Amplificação mínima
25 Watts por canal
Resposta de frequência
20 Hz a 30 kHz (+/- 3 dB)
Dimensões (L x A x P)
36.83 x 113.67 x 58.26 cm
Peso (cada)
107.05 kg
Peso do par embalado (aprox.)
322.05 kg
103,0
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Ferrari Technologies (11) 5102.2902 US$ 76.000
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ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=PWYXB3NWPZ4
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TESTE ÁUDIO 2
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590 Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Muitos dos nossos leitores já haviam perdido a esperança de que
se os dias fossem mais longos do que realmente são. Mas sempre
testaríamos o integrado top de linha da Hegel ainda neste ano. Eu
já se impondo e mostrando à qualquer caixa acústica que, em suas
também, pois foi um ano tão maluco, de tantas idas e vindas, que as
mãos, terão que sempre apresentar a melhor performance possível.
duas vezes que o importador conseguiu ter um em estoque, o mer-
A Hegel nunca tinha dado um passo nesta direção, de apresen-
cado foi mais rápido em comprá-lo do que eu em pedí-lo para teste.
tar um integrado acima do H360 - agora já foi lançado o H390 - e
Então, quando a transportadora chegou trazendo os Edges da
de certa forma esta estratégia parece ter sido muito assertiva, pois
Cambridge Audio, as Evokes da Dynaudio e o H590, tratei de co-
colocou a empresa ainda mais em evidência no mercado de integra-
locar ele imediatamente em amaciamento, imaginando que ele não
dos acima de 12 mil dólares! Um segmento que conta com marcas
ficaria muito tempo conosco. Felizmente estava enganado, pois já
de peso, como Gryphon, Vitus, darTZeel, Mark Levinson, Krell, etc.
se encontra em nossa sala de testes há dois meses e meio, tempo
Então só podemos elogiar o trabalho da empresa norueguesa em
suficiente para uma queima de 300 horas e um mês inteiro de testes
querer uma fatia deste mercado mais acima.
com diversos parceiros em termos de caixa e eletrônica.
Lendo os testes que começaram a pipocar a partir de novembro
Como consumidor de Hegel (já que tenho em nosso sistema de
de 2018, quando o H590 chegou ao mercado, os elogios são elo-
referência um power H30) e por ter testado diversos produtos deste
quentes e efusivos, exceto com a sua aparência, que para muitos
fabricante, já me familiarizei com o ‘jeito’ que todo Hegel tem em
dos articulistas precisava ser revista, já que os concorrentes nesta
fazer sua apresentação inicial: sempre discreto, sem pressa, como
faixa do mercado cuidam muito bem da aparência e design de seus
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AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
integrados. Acho pertinente, mas sou da opinião que mais vale o
A frente continua como em todos os seus integrados: dois enor-
que ouvimos do que o que vemos, em se tratando de equipamentos
mes botões com a tela de LED ao centro. E a chave de liga/desliga
de áudio. Então, como consumidor, o que irá realmente me fazer
agora se encontra no centro, embaixo do aparelho, e não mais no
levar um produto será o conjunto performance/custo, sempre!
canto como era no H360.
Agora, se neste pacote vier junto um acabamento e design impecáveis, isto para mim é um bônus! E em termos de performance e versatilidade o H590 é impecável! Mas, dos seus atributos sonoros e tecnologia, falarei mais adiante. O Hegel foi ligado as seguintes caixas: Wilson Audio Yvette, Dynaudio Evoke 50, Wilson Audio Sasha DAW (leia Teste 1 nesta edição) e Kharma Exquisite Midi. Cabos de caixa: Quintessence da Sunrise Lab, Tyr 2 da Nordost, e Halo 2 da Dynamique Audio. Fontes digitais: MSB Select DAC, e Vivaldi e Scarlatti da dCS. Cabos
analógico, e duas entradas coaxiais (uma BNC), três óticas, uma USB e uma Ethernet, no lado digital - e uma saída coaxial BNC. Aqui faço minha crítica à ausência de uma entrada digital AES/EBU. Em relação à saída para fone de ouvido, a crítica tem algum sentido, já que a Hegel tem um circuito de amplificação de fone competente e não disponibilizar este recurso em seu integrado top, precisa ter uma excelente justificativa para não tê-lo disposto. Todas
as
tecnologias
patenteadas
pela
Hegel,
como:
digitais: Transparent Reference Coaxial, Sunrise Lab Quintessence
SoundEngine, DualAmp (que separa os estágios de ganho de
Coaxial. Cabos de força: Sunrise Lab Quintessence, Transparent
tensão e corrente) e o DualPower (que fornece recursos específi-
PowerLink MM2, e Halo 2 da Dynamique Audio.
cos à fonte de alimentação), e as mais recentes patentes no do-
Segundo o fabricante, o Hegel 590 possui potência de 301 Watts em 8 Ohms. Alguém perguntou ao CEO da Hegel a razão de 301 e não 300 Watts, e a resposta foi: “ Queríamos algo acima de 300 Watts para nos posicionarmos bem nesta faixa do mercado” -
mínio digital como: SyncroDAC (sincronização em oposição ao assíncrono-upsampling), que trabalha em conjunto com a tecnologia LineDrive (que filtra as altas frequências). Todas são utilizadas e aperfeiçoadas no H590.
parece mais uma brincadeira, mas está lá na ficha técnica 301 Watts
Na parte de amplificação, o H590 trabalha em classe AB, mas se-
em 8 Ohms por canal. Humor é sempre bem-vindo, afinal este mer-
gundo o fabricante se trata de uma classe AB de alto bias (deixando
cado tornou-se bastante sisudo.
o H590 em classe A por muito mais tempo que o H360).
Outra crítica que li é o fato do H590 não ter um pré de phono
Agora são 12 pares de transistor por canal, e um transformador
ou uma saída de fone de ouvido. Ora, a Hegel sempre defendeu
totalmente remodelado para suportar sua fonte de alimentação
que seus clientes deveriam buscar o melhor pré de phono externo
superdimensionada. Este é o motivo do H590 ser mais alto que o
possível, pois o foco da empresa sempre foi no digital e na topologia
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Atrás, o H590 disponibiliza três entradas RCA e duas XLR no lado
H360.
de suas amplificações. Então acho que esta crítica só seria justa se
No domínio digital, o H590 já utiliza o mais recente chipset AKM
eles tivessem abandonado esta plataforma, mas não foi este o caso.
que disponibiliza a segunda geração de processamento MQA
OUTUBRO . 2019
juntamente com PCM para 32-bit/384 kHz e DSD256 (pela entrada
setup analógico. E como estamos muito bem servidos nestas duas
USB). Com esta segunda geração, o usuário pode utilizar Tidal via
frentes (analógico e digital), tratei de usar as duas entradas XLR para
comando do smartphone ou tablet, com um arquivo MQA autenti-
ligar, em uma, o Boulder 500 com o toca disco Storm da Acoustic
cado diretamente do roteador para a decodificação feita completa-
Signature, meu braço SME Series V com a cápsula Soundsmith
mente dentro do H590.
Hyperion 2 (leia Teste 3 nesta edição). Os cabos XLR utilizados fo-
Eu continuo afirmando: ainda que o streamer tenha evoluído mui-
ram: Sax Soul Ágata 2 e Sunrise Lab Quintessence do Boulder para
to nos últimos 5 anos, este ‘muito’ é pouco quando você tem um
o H590, e o Apex da Dynamique Audio e Transparent Opus G5 dos
setup Estado da Arte para tocar sua coleção física de CDs, e um bom
DACs (MSB,Vivaldi e Scarlatti) para o H590.
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43
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
É o tipo de amplificador que já sai tocando agradável da embalagem, mas não espere dele, nas primeiras 300 horas, cenas de arrou-
exuberante!
bos pirotécnicos para a admiração de ‘plateias’, pois não ocorrerá.
Seu silêncio de fundo permite um resgate da micro-dinâmica que
Ele precisa ir se acostumando com o ‘ambiente’ em que foi coloca-
muitos sistemas de pré e power separados não possuem. Seu sou-
do, com o par de caixas que escolheram para trabalhar em dupla e,
ndstage (palco, foco, recorte e ambiência) é infinitamente superior
principalmente, as fontes que irão fornecer o material sonoro.
ao do H360, o que permitiu audições de música clássica com uma
Mas, a partir das 200 horas, quando as duas pontas começam
imersão ainda maior.
a desabrochar, anime-se, pois o despertar do H590 é contagiante.
O que sempre me agradou no H30 é que não há nenhuma faixa
Pois ele nunca se mostra acuado ou sem fôlego para disponibilizar
do espectro audível em que ele jogue luz, ou tente inventar qualquer
a demanda que lhe for pedida. Mas o faz sem ranger de dentes ou
coisa. E no H590 neste aspecto é exatamente semelhante, pois seu
colocar as garras de fora. Tudo com a mais alta finesse e controle
silêncio de fundo não o torna mais transparente e, consequente-
integral da situação. Nenhuma caixa utilizada o colocou nas cordas,
mente, mais analítico e frio. Pelo contrário, as audições são sempre
com nenhum gênero musical ou complexidade dinâmica!
confortáveis pela soma de sua folga absurda e sua naturalidade,
Ele lembra muito o H30 em termos de autoridade e folga. Uma as-
graças ao excelente equilíbrio tonal.
sinatura sônica quente, na fronteira exata entre a topologia de tubos
E este conjunto ‘harmonioso’ de qualidades é que proporciona
e o estado sólido, que nos encanta por não acrescentar nada e nem
texturas magníficas e um convite a se ‘memorizar’ todo tipo de tim-
tão pouco se omitir.
bre de qualquer instrumento - qualquer um! Coloquei o Bolero de
Uma sonoridade inebriante, que nos faz querer descobrir o limite do volume de cada gravação, e esmiuçar sem receio o ‘âmago’ da captação, mixagem e masterização de cada faixa de cada disco. Para os nossos leitores que possuem o H160 ou o H360, imaginem tudo que vocês mais admiram nesses amplificadores, e elevem exponencialmente todas essas qualidades ao limite, e terão uma ideia exata do potencial deste integrado. E aos que não são familiarizados com o ‘DNA’ da Hegel, mas tem enorme curiosidade em conhecer, imaginem a maior folga possível aliada à um conforto auditivo extremo e terão um vislumbre do que o H590 é capaz de fazer em termos de amplificação. Mas não confundam esta ‘maior folga’ com impetuosidade ou, pior, com pirotecnia, pois o H590 desconhece esses ‘truques’ de tentar turbinar algo mal feito ou repleto de compressão. O que ele oferece é a medida exata do que se é possível extrair em termos de amplificação, com os defeitos e qualidades inerentes a cada disco.
Ravel, a gravação que indiquei no meu último Opinião, para escutar no Hegel H590 com as caixas Sasha DAW. A facilidade de acompanhar mesmo os solos de mais de dois instrumentos foram incríveis! Muito próximo do sistema de referência, tanto em termos de conforto auditivo, como de inteligibilidade. O que significa muito em termos de resolução para um integrado! ANALISANDO O DAC INTERNO O DAC interno do H590 parece ser de uma outra geração em relação ao DAC que ouvimos no H360. Mais silêncio, timbres mais reais, melhor foco, recorte, silêncio em volta de cada instrumento, e uma sensação de materialização do acontecimento musical (Organicidade) que não havia no DAC do H360. Realmente os engenheiros da Hegel avançaram substancialmente neste novo DAC, colocando em ‘xeque’ muito DAC externo de grandes empresas. Musical, preciso em termos de tempo e ritmo, equilíbrio tonal corretíssimo e excelente corpo harmônico. Em relação às nossas refe-
Se você se contenta em colocar a qualidade artística acima da
rências utilizadas (todos Estado da Arte, custando dez vezes mais)
técnica, este integrado pode ser perfeito para você. Mas não se ilu-
as diferenças estão na materialização do acontecimento musical e
dam, pois ao subir de patamar para o andar de cima, o H590 se
no soundstage - tudo soa mais entre as caixas, os planos são me-
tornou ainda mais seletivo com seus pares (ouço que muitos leitores
nores (altura, largura e profundidade) e falta aquele último grau de
desistiram do Hegel 300 e 360, por ser preciso colocar cabos cor-
3D na apresentação, deixando as orquestras muito mais bidimen-
retos para se extrair todo o seu potencial - como se isto fosse um
sionais.
defeito e não uma qualidade).
44
tonal possível. Com esses cuidados, o resultado, meu amigo será
Volto a ‘enfatizar’ que estamos falando de um comparativo com o
Mas, voltando aos pares ideais, busque cabos de força, de caixa e
suprassumo da referência digital do mercado, então parece até des-
de interconexão que possuam a mesma assinatura sônica do H590:
leal essa comparação. Mas é importante passar para vocês o nível
quentes sem serem fechados nos agudos. É preciso que tenham
em que o digital se encontra lá no topo, e os avanços atingidos pelo
arejamento, velocidade, corpo de cima a baixo, e o melhor equilíbrio
H590 em relação ao H360, pois foi um salto grande!
OUTUBRO . 2019
CONCLUSÃO
integrado, sô”, com recursos de sobra que atendem a todas as no-
Quem tiver o H300 ou o H360 são os mais sérios candidatos a
vas demandas digitais e uma autoridade integral com qualquer par
realizar este upgrade, pois além de totalmente seguro, o prazer em descobrir todos os avanços existentes no H590 compensará todo o dinheiro investido, acreditem!
de caixas disponível no mercado. Se é esta solução que você busca para ouvir sua coleção de discos, coloque-o no seu radar de possíveis upgrades futuros e defi-
Engana-se quem achar que encontrará apenas mais ‘músculo’,
nitivos.
pois não é apenas mais potência que faz do H590 um integrado tão especial. O conjunto de avanços e os cuidados no aprimoramento do que já era muito bem feito, levou a Hegel a pular de patamar e entrar para o hall dos fabricantes que desejam o consumidor que busca o sistema definitivo, e que está disposto a investir neste sonho. Tirando algumas ‘brechas’ de quem ainda é novo neste segmento
PONTOS POSITIVOS Uma relação custo e performance muito alta para um Estado da Arte.
mais top, como o design, em matéria de sonoridade o H590 não fica devendo absolutamente nada aos que já estão há anos trabalhando este audiófilo mais exigente.
PONTOS NEGATIVOS A falta de uma entrada digital AES/EBU, e um design mais
Se você almeja um integrado definitivo e seu foco é puramente na
simplista para esta faixa de preço.
performance e custo, meu amigo, escute com enorme atenção o H590. Pois, como diria o mineirinho: “É um baita de um amplificador
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590 NOTA COMO DAC
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H590
Equilíbrio Tonal 12,0
Equilíbrio Tonal 13,0
Soundstage 11,5
Soundstage 12,0
Textura 11,5
Textura 12,0
Transientes 12,5
Transientes 13,0
Dinâmica 10,5
Dinâmica 11,5
Corpo Harmônico 11,5
Corpo Harmônico 12,0
Organicidade 11,5
Organicidade 12,0
Musicalidade 12,0
Musicalidade 12,0
Total 93,0
Total 97,5
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES
ESPECIFICAÇÕES
MÚSICA DE CÂMARA
Potência de saída
2x 301 W em 8 Ohms
Fator de amortecimento
Mais de 4000
Entradas
3 óticas, 2 coaxiais (1 BNC), USB, rede, 2 XLR, 3 RCA
Saída de linha
2 RCA (variável e fixa)
Dimensões (L x A x P)
43 x 17,1 x 44,5 cm
SINFÔNICA
Mediagear (16) 3621.7699 R$ 78.764
OUTUBRO . 2019
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ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=F65MODZN4GK
TESTE ÁUDIO 3
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Às vezes somos levados a um novo caminho, por uma série de
Pois bem, nesses 11 meses que aguardei o retorno da minha cáp-
eventos inesperados. E meio que atordoados, a princípio sequer
sula, me aventurei em ouvir muitas outras cápsulas, e este processo
imaginamos o que ocorrerá. Assim posso descrever meu contato
forçado me levou a conhecer excelentes opções, como por exem-
com a linha de cápsulas da Soundsmith e, em particular, com a nova
plo a Transfiguration Proteus (também japonesa), com uma relação
Hyperion MkII.
custo/performance impressionante (custa literalmente a metade do
Tudo começou quando a minha referência em cápsulas, a Air
preço da PC-1 Supreme), ouvi e testei também a Grado Statement 2
Tight PC-1 Supreme, foi para o estaleiro, após quase 5 anos de uso
(outra cápsula muito correta e musical, ainda mais barata que a
diário, e precisou praticamente serem refeitos a agulha e o cantilever.
Proteus) e a Quintet Black da Ortofon, excelente custo/benefício
Para você que está pensando em se aventurar a montar um sistema
para quem deseja uma cápsula de entrada, mas com atributos de
analógico, lembre-se que cápsulas se desgastam e necessitam de
cápsula definitiva para sistemas analógicos Diamante Referência
manutenção de tempos em tempos. Claro que a maioria de vocês
com um pé no Estado da Arte.
não submeterá seu sistema analógico a 4 a 5 horas diárias de uso (como eu).
O interessante é que, cada vez que me aventurava a escutar uma nova cápsula, lá vinha o nosso colaborador André Maltese insta-
Mas mesmo que você utilize apenas nos finais de semana, ou por
lar a dita cuja e sempre ele me dizia: “Você precisa escutar a nova
uma ou duas horas diárias, um dia ele irá abrir o bico e pedir retifica
Hyperion MkII ou alguma cápsula intermediária da Soundsmith.
na certa. Afinal estamos falando de atrito mecânico, e por melhor
E me contava a história de como conheceu Peter Ledermann e
que seja o material utilizado, sempre haverá desgaste.
ficaram amigos.
OUTUBRO . 2019
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CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Quem conhece o Maltese sabe de sua paixão por analógico e
fabricantes. Como diria o ex-presidente americano Barack Obama:
seu vastíssimo conhecimento (com muita propriedade) de cápsulas,
“Ele é o cara”. Com tamanha expertise e a possibilidade de ver o que
braços, toca-discos, prés de fono, etc. Você pode passar dias e
todos os grandes fabricantes de cápsulas faziam, para diferenciar
dias conversando com ele, e aprender uma enormidade de ‘causos’
seus produtos ele resolveu fabricar suas próprias cápsulas.
e histórias deste mercado analógico. O cara é uma enciclopédia, capaz de dizer até o ano de fabricação de uma determinada série de cápsulas que foram vendidas apenas 100 unidades.
48
Esses anos todos de retificação o ajudaram principalmente a saber o que ele não deveria fazer, para poder conquistar seu lugar ao sol como fabricante de cápsulas. Então começou por estudar o que
Mas, seu conhecimento vai mais longe, ao nos mostrar o ‘caminho
poderia ter de diferencial em relação à concorrência, e descobriu
das pedras’, o que casa bem com o que, e o que desanda. Pois bem,
dois caminhos que o diferenciariam de todos: o sistema que ele ba-
depois de contar-me toda a história do fundador da Soundsmith,
tizou de DEMS (Dynamic Energy Management System) e seu can-
Peter Ledermann e como o conheceu e o ajudou a arrumar um dis-
tilever feito de espinho de cactus - sim meu amigo, você entendeu
tribuidor no Brasil, e começou a descrever do que é feito o cantilever
perfeitamente: cactus, aquela planta exótica que você encontra em
de suas cápsulas, uma luz de interesse acendeu na minha cabeça.
regiões áridas e que aparecem nos filmes de Hollywood nos anos 60
Peter ainda hoje realiza a retificação de inúmeras cápsulas de vários
para descrever paisagens na divisa com o México.
OUTUBRO . 2019
O sistema DEMS consiste no estudo de direcionar as forças vibratórias do atrito da agulha com os sulcos, para longe da agulha, sem reflexões e que sejam dispersadas adequadamente pelo braço do toca-discos. A ausência dessas reflexões permite que a agulha permaneça em um contato muito maior com a parede dos sulcos dos discos. Resultado: aumento de todos os detalhes do micro ao macro, e redução drástica do ruído de fundo dos discos que tanto nos incomodam entre uma faixa e outra ou nas passagens em pianíssimo. Mas, o sistema DEMS vai ainda mais adiante, ao repensar a construção da cápsula saindo do convencional design quadrado, que a maioria dos fabricantes utiliza. Peter percebeu que esta construção interna quadrada influi nas reflexões vibratórias, causando inúmeros problemas que voltam para a agulha, fazendo-a vibrar ainda mais. Ele nos dá o exemplo de cantar em um campo aberto em comparação a cantar no chuveiro. As reflexões do cantar no chuveiro se misturam, causando ondas vibratórias impossíveis de serem isoladas depois de iniciadas. Para contornar este problema, suas cápsulas não utilizam construções internas quadradas, sendo visualmente mais largas lateralmente. Peter, de tanto retificar cápsulas consideradas ‘superlativas’, percebeu que pequenas mudanças resolveriam problemas óbvios. Decidiu, ao produzir suas cápsulas, que desafiaria todas as convenções de construção das mesmas, mudando e estudando tudo que fosse possível. E, de tanto retificar cantilevers de tubos, feitos de inúmeros materiais rígidos, percebeu que se conseguisse aliar as suas descobertas do sistema DEMS a um novo material rígido o suficiente para suportar o atrito mecânico da agulha com o disco, mas que fosse maleável o suficiente para diminuir as reflexões, ele daria um salto gigantesco. E foi aí que surgiu o cantilever de espinho de cactus. Depois de pesquisar uma infinidade de materiais que tivessem alta rigidez e, ainda assim, fossem maleáveis, sua resposta não veio da mistura de metais, e sim da natureza. Peter fez alguns protótipos com cactus e descobriu que este possuía as condições ideais para trabalhar com o sistema DEMS. Mas, faltava ainda um último passo para suas ideias fugirem do convencional. Ele queria avançar também no desenvolvimento de suas bobinas, e defende com enorme veemência e muita argumentação sua escolha pelo que ele chama de Bobina Fixa Soundsmith. Em um artigo em seu site, Peter defende sua ideia de bobina fixa com muitos números e diferenças sônicas e de medições. Darei uma breve pincelada nos principais argumentos, caso contrário este teste terá 20 páginas, rs. Segundo Peter, as vantagens mais relevantes são: até 1600% menos massa interna do ‘gerador’ em movimento, que resulta em uma recuperação de microdetalhes muito maior. Energia armazenada muito menor, diminuindo drasticamente as energias refletidas. Frequência ressonante natural muito mais alta - ressonância de amplitude mais baixa. Suspensão muito mais robusta, permitindo a eliminação de desvio de azimute, com capacidade de ser reconstruída inúmeras vezes (outra vantagem do uso de cactus) e probabilidade de ‘sobreviver’ a um acidente sem distorcer a suspensão interna. Outras vantagens citadas pelo fabricante: seu design diferenciado, com seis lados totalmente blindados, permitem uma proteção de Faraday à bobina e uma rejeição de ruídos e zumbidos muito superior à qualquer projeto de cápsulas MC, MI ou MM.
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49
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Eu realmente aconselho a leitura completa do artigo, pois além de muito bem fundamentado, dará uma ideia clara da seriedade e do conhecimento de Peter Lederman à respeito do assunto. Além de ser uma sumidade, ele tem o cuidado de escrever também para o leigo que está apenas iniciando neste maravilhoso universo analógico. O que certamente todos que chegaram a esta altura do teste devem estar se perguntando é: todo este diferencial é audível? Já chegarei lá. Para o teste, que foi feito em duas etapas, utilizamos os seguintes equipamentos. Toca-discos: AVM 5.3 (leia teste na edição 255), e Storm da Acoustic Signature. Braços: original do AVM, e SME Series V. Pré de fono: Boulder 500. Eletrônica: prés de linha Nagra HD e Dan D’Agostino Momentum, power Hegel H30 e Nagra Classic Amp. Caixas Acústicas: Wilson Audio Yvette e Sasha DAW (leia Teste 1 nesta edição), e Kharma Exquisite Midi. Cabos de interconexão: Dynamique Audio Halo 2 e Apex (RCA e XLR), Sunrise Lab Quintessence, Transparent Opus G5, e Sax Soul Ágata 2. Cabos de força: À esquerda uma armadura de bobina móvel relativamente pequena e nos padrões dos melhores fabricantes. À direita, o maior modulador de fluxo da Sounsmith, diminuindo drasticamente a inércia
O seu sistema Fixed Coil reduziu drasticamente a massa que deve ser movida entre a agulha e o cantilever (veja foto acima). Peter esclarece que sua tecnologia de bobina fixa permite pelo menos 5 vezes menos massa móvel interna. E as leis da física traduzem isso em um desempenho 10 vezes melhor devido à menor energia armazenada no movimento angular. Pois quanto mais massa, mais energia armazenada e mais tempo leva para movê-la, e a energia refletida volta para a agulha - o que consequentemente causa a vibração da agulha, trazendo perda de detalhe, barulho de sulco, menor inteligibilidade e menor prazer em ouvir a música. Outra questão essencial dessa vibração que volta para agulha, é que a mesma começa a pular dentro dos sulcos (como um carro
Lab Quintessence. O fabricante solicita 50 horas de queima. Diria que com 40 horas já se terá uma ideia exata da exuberância desta cápsula, e que as 10 horas restantes são apenas de ‘acomodação’ dos dois extremos e do soundstage. E que com apenas 20 horas, o consumidor que escolher esta cápsula como referência já terá uma ideia cristalina do ‘Efeito Soundsmith’ em seu sistema. Sou tão conservador com cápsulas como sou com pré-amplificadores. Costumo ficar muitos anos com a mesma cápsula, quando esta atende à dois critérios básicos: servir como cápsula de referência para testes e me atender como melômano. E como são critérios distintos, poucas cápsulas realmente conseguiram me atender nesses dois quesitos. Sempre me perguntaram a razão de já não ter optado pelo uso de dois braços. A resposta é simples: manter dois braços SME Se-
não apropriado para isso andando em off road). Consequentemente,
ries V e duas cápsulas de alto nível, e um pré de fono com duas
o que ouvimos não é mais o sinal resultante do sulco do disco. É o
entradas simultâneas, custa caro - e com o dólar nas alturas, mais
resultado audível da vibração das ranhuras e do contato impreciso
caro ainda.
da agulha com as paredes do sulco. E Peter descreve esta situação como: “Tentar entender uma história com o livro faltando páginas”.
50
Transparent PowerLink MM2, Dynamique Audio Halo 2, e Sunrise
Então, prefiro manter tudo como está e buscar a cápsula que atenda à esses dois requisitos da melhor maneira possível. A Benz
Por isso, ele insiste: “Se você diminuir a massa do gerador, duas
LP-S atendia mais ao meu lado de melômano com sua doce musi-
coisas acontecem: menos esforço é necessário para movê-lo e me-
calidade, mas rapidamente foi superada em termos de performance
nos energia refletindo de volta ao cantilever e a agulha, resultando
por cápsulas mais sofisticadas. Foi aí que, ao testar a PC-1 Su-
em muito menor vibração da agulha no sulco, aumentando drastica-
preme, descobri o ‘canto do cisne’ irresistível, e sucumbi aos seus
mente o contato da agulha com as ranhuras do sulco”.
encantos.
OUTUBRO . 2019
O que sempre gostei na PC-1 Supreme foi seu grau de precisão
passaram de 100 pontos em nossa Metodologia, não será o mais
e capacidade de extrair, mesmo em gravações tecnicamente mais
relevante para apresentar seus diferenciais. Eles estão na soma de
limitadas, a essência, sem tornar a audição cansativa ou desinte-
detalhes, e na sua abordagem diferenciada de construção e concei-
ressante. Seu poder de sedução nos prende do começo ao fim,
tos, que a fazem tão diferente e única.
não nos deixando desviar do acontecimento musical nem por um
O Maltese estava absolutamente correto ao descrever a Hype-
segundo. É uma cápsula que exige dos seus pares completa abne-
rion MkII como a cápsula que exprime a música em sua totalidade,
gação em transportar tudo que ela consegue extrair dos sulcos, não
sem esforço ou algum truque na manga. Ela parece tão segura de si
aceitando nenhum desvio deste propósito. Com isso, cabos, pré de
na sua capacidade de extrair das gravações o sumo do sumo, que
fono e todo o resto têm que estar na mesma direção. Quando se
mesmo que seus pares não acompanhem, o prazer de continuar
consegue este compromisso, estamos no paraíso sonoro. E, nes-
ouvindo é tão intenso que você não irá parar de escutar, por achar
te aspecto, consegui por muitos anos manter meu setup analógico
que algo em termos de sinergia precisa ser melhorado.
ajustado para atender a todos os seus caprichos.
Claro que todos irão querer saber o seu teto, sua capacidade
Mas, e quando tenho que testar cabos de braço, prés de fono,
de nos brindar com o maior prazer auditivo possível. Mas você irá
cabos de interconexão, etc, que não estejam à sua altura de exigên-
conviver com as limitações sem ansiedade ou frustração. Isto é um
cia, como faço? Pois bem, meu amigo, eu não fazia. Dava para os
exemplo claro de duas coisas: sua folga inigualável e sua compatibi-
nossos colaboradores testarem, pois não teria como aplicar nossa
lidade com pares de menor calibre, como cabos e eletrônica.
Metodologia usando a Air Tight PC-1 Supreme. Eu a apelidei de ‘implacável’, tanto com os parceiros, como com os discos de longa data, já marcados por décadas.
Suas virtudes são tantas que prefiro me concentrar em detalhar as mais explícitas, aquelas que nos criam impressões sonoras para sempre em nossa memória auditiva. A primeira, e a mais eviden-
A Hyperion MkII parece ser muito mais zen na forma de tratar
te, é sua reconstrução dos detalhes. São tantos e em tão grande
seus pares e discos. Dizer que é melhor ou pior que as cápsulas que
abundância, que nos primeiros dias a sensação é que você foi
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51
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Hastes não condutivas de Alumina para isolar o terra da cápsula para o braço sem alterar a transferência de energia entre eles.
presenteado com remasterizações exclusivas de todos os seus dis-
lugar no pódio mais alto, justamente pela capacidade de dar um
cos. Nenhum disco que ouvi nesses dois meses de convivência to-
enorme prazer auditivo. Isto obviamente explica a razão de termos
cou sem apresentar algum detalhe que eu jamais havia escutado em
um leque de excelentes marcas e modelos hoje à disposição de
setup analógico algum!
melômanos e audiófilos. Algumas muito mais exigentes com o setup
Sabe o que isso significa, amigo leitor? Espanto, espanto e mais espanto! Da incredulidade passamos rapidamente para aquela
maleáveis.
empolgação de termos sido surpreendidos com aquele presente
Esta maleabilidade ficou evidente ao usarmos, no teste, braços
inusitado, que sempre desejamos ter, mas não sabíamos se existia
tão distintos como o do AVM e o SME Series V (meu braço de re-
de fato!
ferência há quase 8 anos). Em ambos, a Hyperion MkII se mostrou
À medida que o amaciamento avançou (para mais de 30 horas), o
inteiramente à vontade, sem ter perda alguma de suas maiores vir-
segundo round é perceber o quanto de degraus a mais existe entre
tudes: folga e detalhe. Claro que, no braço SME V, suas qualidades
um crescendo do forte para o fortíssimo. É impressionante como
foram ainda mais realçadas e refinadas, mas um braço mais simples
a Hyperion MkII se comporta na resposta dinâmica, seja na micro,
não tirou nada de seu ‘DNA’.
como na macro. A lei do mínimo esforço sempre, como se o que
Uma outra característica que nos chamou muito a atenção, foi
estivesse a nos mostrar fosse o acontecimento musical mais singelo
sua capacidade de trilhar tanto discos mais novos como os mais
e simples de reproduzir, como um alaúde, ou um triângulo!
rodados, de 80 gramas e 90 gramas. De 33RPM ou 45RPM. Em
Coloque o que você quiser, como The Firebird, de Stravinsky, na gravação da Telarc, ou a apresentação do pianista Vladimir Horowitz
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de braço, cabos e pré de fono, e outras como a Hyperion MkII, mais
qualquer situação, sua capacidade de extrair a essência existente no disco, realmente impressiona.
no Carnegie Hall, com o programa que incluiu Schubert, Chopin,
Não falo apenas de extrair mais informações, como ruídos de
Scriabin e Liszt, E com toda a variação dinâmica dessas obras, pode
boca, chaves de instrumentos de sopro, microvariações dinâmicas,
ouvir a Hyperion MkII soar impávida e solene, sem perder jamais a
etc. Falo daquelas passagens que eram difíceis de entender que
compostura ou folga.
instrumento estava dobrando uma oitava acima, das frases sus-
Claro que as cápsulas acima de 100 pontos por nós já testadas,
surradas que não conseguíamos entender, do trastejar de notas
todas possuem atributos suficientes para figurar entre as melhores
que pareciam mais um esbarrão ou um vibrato sutil, ou uma micro
das melhores. Cada uma com sua assinatura sônica conquistou seu
mudança tonal realizada na digitação - tudo está lá, ao nosso alcance,
OUTUBRO . 2019
nos dando a oportunidade de perceber o grau de virtuosidade dos
tanto admiro, mas tenho que admitir que o 1 ponto que as separam
nossos músicos preferidos e o grau de dificuldade técnica daquela
em nossa Metodologia está exatamente em todos esses detalhes
obra.
que acabei de descrever.
Para quem nunca ouviu um setup com essas características, pode achar tudo isto bastante irrelevante. Mas não é. Acreditem. As grandes interpretações se diferenciam das comuns exatamente pelos detalhes, e são estes detalhes que expressam gostarmos de uma determinada interpretação e não de uma outra que é, às vezes, até mais bem arranjada e executada. São os detalhes que podem nos levar às lágrimas ao ouvir determinada obra, ou nos fazer prender a respiração em júbilo àquele momento imortalizado. Tenho certeza que todos nós, que somos apaixonados por música, temos dezenas de exemplos para mostrar aos amigos, filhos, esposas, namoradas, daquela obra que arrepia os pêlos dos braços e nos faz querer repetir aquele momento tão único por toda nossa existência.
Um ponto em nossa Metodologia é irrelevante, e parece algo frio quando escrito em palavras. Mas, no caso específico desta cápsula, este 1 ponto é o resultado do esforço de seu projetista, que ousou pensar ‘fora da caixa’ e mostrar ao mundo que se pode criar e realizar diferentemente, que pode-se questionar as razões que fazem todos seguirem uma receita que funciona, para se lançar no abismo de incertezas. Claro que Peter não jogou tudo para o alto e começou do zero. Sua perspicácia em aprender com os erros e acertos dos outros é que o levou a ter a capacidade de ampliar suas ideias e buscar soluções para os problemas .Este 1 ponto a mais, que coloca a Hyperion MkII como a cápsula de maior nota já dada nesta revista, pode parecer irrisório no segmento Estado da Arte, mas diz muito em termos de esforço e o comparo aos recordes que, de quatro em
A Hyperion MkII é deste naipe, senhores. Capaz de nos levar da
quatro anos, são alcançados nas Olimpíadas. Lá falamos em termos
lágrima à euforia em uma simples mudança de narrativa musical.
de décimos de segundos, muitas vezes, e aqui estamos falando de
Ela não me parece muito distante da minha referência, que também
1 ponto apenas!
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53
CÁPSULA SOUNDSMITH HYPERION MKII ES
Mas, assim como os superatletas que conseguem tamanho feito
Da minha parte, só posso afirmar que nossa nova cápsula de re-
e se tornam lendas dos esportes, diria que Peter Ledermann figurará
ferência passa a ser a Hyperion MkII. Espero, em breve, também
certamente entre os projetistas de cápsulas mais audaciosos e de-
poder testar as cápsulas abaixo da Hyperion e compartilhar com
terminados que o mercado de áudio hi-end já produziu. Sua maneira
vocês nossas impressões.
de pensar e produzir irá representar, para as futuras gerações de melômanos e audiófilos, como um divisor de águas.
Pelo que tenho lido lá fora, o DNA da Hyperion está presente em toda a linha, desde o modelo de entrada, às mais sofisticadas. Se o seu desejo é colocar em seu setup analógico uma cápsula com
ESPECIFICAÇÕES
esta conjunção de qualidades, não perca tempo: ouça a Hyperion
54
Tipo
Bobina fixa / ferro móvel (MI)
MkII, uma cápsula que irá ditar os novos rumos das cápsulas de
Montagem
½ ” (padrão)
nível Estado da Arte!
Diamante
Contact-Line, nude
Cantilever
Espinho de Cactus selecionado e tratado
Força de rastreamento recomendada
1,8 - 2,2 g
Massa efetiva da ponta
0,30 mg
Compliância
- 12 μm / mN vertical, 7 μm / mN horizontal - 10 μm / mN (versão LT)
Resposta de freqüência
20 Hz a 20 kHz (± 1,0 dB)
Separação de canais (a 1000 Hz)
> 36 dB > 34 dB (versão LT) Não disponível (versão Mono)
Soundstage 13,0
Separação de canais (@ 50 a 15.000 Hz)
> 25 dB Não disponível (versão Mono)
Dinâmica 13,0
Diferenças de canais
<0,5 dB <1,0 dB (versão Mono)
Tensão de saída (@ 5cm / seg)
> 0,40 mV
Resistência DC
10Ω
Indutância da bobina (por canal)
2,75 mH
Ganho sugerido no pré-amplificador
58 a 64 dB
Peso da cápsula
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OUTUBRO . 2019
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Performance AV Systems Ltda (11) 5103.0033 US$ 11.000
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BIBLIOGRAFIA
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Egberto Gismonti
EGBERTO GISMONTI Mariana Sayad
revista@clubedoaudio.com.br
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Fluminense de nascimento e de coração, torcedor inveterado do
que posteriormente foi tocada por Wayne Shorter, Sarah Vaughan
time, Egberto Gismonti transita entre o popular e erudito sem o me-
(1924-1990), Mauro Senise, Nivaldo Ornelas, Jane Duboc, Yo-Yo Ma
nor problema. Ele invade o limite dos dois gêneros naturalmente,
e Martha Argerich. Ou seja, uma única composição tocada por artis-
mostrando-nos que o que realmente importa é a música. Esta foi
tas das mais diversas vertentes musicais do mundo.
uma lição aprendida com seu tio Edgar (irmão de sua mãe), que en-
A vida e a obra de Gismonti podem ser contadas através de seus
fatizava muito ao sobrinho, que existe apenas uma música, apenas
discos e trilhas sonoras, por dois importantes motivos: o primeiro,
isso, sem qualquer outra adjetivação. Um bom exemplo é a música
porque lançou mais de 60 discos, e o segundo, é que se ouvir a sua
‘Bodas de Prata’, composta para o disco ‘Academia de Danças’,
obra cronologicamente é possível observar os ciclos composicionais,
OUTUBRO . 2019
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
marcados pelo seu aprendizado, mestres, influências e descobertas.
dívida e, assim sendo, o compositor não teve outra escolha. Outro
Egberto Gismonti nasceu em 5 de dezembro de 1947, em Carmo,
mestre e inspiração, no mesmo patamar do que tio Edgard é Ennio
no interior do Estado do Rio de Janeiro, onde é conhecido como
Morricone, maestro e compositor italiano, conhecido por compor tri-
Betinho, já em uma família de músicos. Seu avô materno era com-
lhas para cinema, especialmente para os filmes de Frederico Fellini
positor e pianista, mas foi seu tio Edgard o principal inspirador mu-
(1920-1993).
sical. Clarinetista, mestre de banda e compositor oficial da cidade
Uma das composições mais conhecidas de Gismonti, ‘O Palhaço’,
do Carmo, ele é considerado seu maior exemplo, como músico e
do disco ‘Circense’ (1980), é inspirada na obra de Morricone. Além
pessoa. Era um grande músico, mas decidiu que não queria sair
disso, o estilo de vida do compositor italiano também serve de mo-
de sua cidade para poder viver com sua família, criar e educar seus
tivação. Morricone, depois da fama e consagração, mudou-se para
filhos e netos.
sua cidade natal na Itália e, atualmente, vive no anonimato, mesmo
Como um bom membro da família Gismonti, Egberto, desde muito
mantendo uma agenda de shows com bastante atividade. Esta é a
cedo, entre cinco e seis anos, já demonstrava interesse pela música,
meta de Gismonti, que considera sua obra já realizada importante.
ao ‘tirar de ouvido’ as músicas que sua irmã mais velha aprendia
O ano de 1968 marca o início de sua carreira, ao participar da ter-
nas aulas de piano. Este talento chamou a atenção dos pais, que
ceira edição do Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro,
o colocaram para estudar piano com a mesma professora de sua
com a música ‘O Sonho’, interpretada pelo grupo Os Três Moraes.
irmã. Depois, foi estudar no Conservatório Brasileiro de Música, em
A música não ganhou nenhum prêmio, porém Gismonti fez o arranjo
Nova Friburgo (RJ), onde ficou por nove anos. Fez todas as matérias
para uma orquestra composta por cem integrantes, e foi isso que
obrigatórias, diversos métodos, mas o mais importante de tudo para
chamou atenção de muitas pessoas. Mas uma em especial, mudaria
Gismonti foi sempre gostar da música. Com uma sólida formação
o rumo de sua vida.
em piano, passou a estudar sozinho o violão. Para isso, aplicou tudo
A atriz e cantora francesa Marie Laforet ouviu a música e chamou
que havia aprendido no Conservatório - solfejo harmonia, contra-
Gismonti para escrever os arranjos de seu novo trabalho, com a cer-
ponto, composição - para o violão em instrumento com seis, oito,
teza de que estava lidando com um músico muito experiente, visto
dez, doze e quatorze cordas.
pela qualidade do que ouvira. Mas mal sabia que aquela tinha sido a
Gismonti sempre foi um estudante dedicado, tendo como lema
primeira grande apresentação de Gismonti. No início, ele escrevia os
estudar aquilo que não se domina. Para ele, de nada adianta estudar
arranjos e enviava pelo correio. Até que um dia, Marie Laforet ligou
o que já se sabe bem. Certa vez, em uma palestra no Conservatório
para o compositor e o convidou para fazer um trabalho juntos em
de Tatuí, durante o Festival Brasil Instrumental, ele enfatizou muito
Paris. Assim, em 1968, deixou o Rio de Janeiro, cidade que morou
esta prática, alegando que estudar o que já se conhece é cômodo,
pouco tempo, rumo a Paris. Chegando lá, Gismonti e Laforet forma-
o importante é dedicar-se ao que não se sabe direito ainda. Quando
ram uma parceria internacional e, como ela era muito conhecida e
perguntado quem foram seus mestres, Gismonti indica diversos
respeitada, ele ganhava um salário jamais imaginado.
amigos e companheiros de palco, como Naná Vasconcelos, Zeca
Quando Gismonti percebeu que ficaria mais tempo do que o
Assumpção, Zé Eduardo Nazário, Wilson das Neves, Robertinho
planejado na Europa, resolveu procurar professores de música.
Silva e assim por diante. Já Baden Powell (1937-2000), além de
Estudou análise e orquestração com Nádia Boulanger (1887-1979),
mestre, é uma de suas maiores influências, tanto que gravou a
que foi professora de Quincy Jones, Astor Piazzolla (1921-1992),
música ‘Salvador’ logo em seu primeiro disco solo (1969).
Almeida Prado (1943-2010), entre outros. Além dela, também teve
Além de mestres, Gismonti sempre fala em dívidas com seus
aulas de música dodecafônica com o compositor Jean Baralaque,
grandes amigos. Entre as já acertadas, está a com o poeta Manoel
um discípulo de Arnold Schoenberg (1874-1951) e Anton Webern
de Barros, que escreveu sobre o disco ‘Música de Sobrevivência’
(1883-1945). Em 1969, lançou seu primeiro disco ‘Egberto Gismonti’
(1993). Em 2010, Manoel de Barros lançou o livro ‘Encontros’, e pe-
que, segundo ele, foi incentivado por Carlos Monteiro de Souza
diu que Gismonti escrevesse a apresentação como ‘pagamento’ da
(1916-1975), Durval Ferreira (1935-2007) e João Mello (1921-2010).
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BIBLIOGRAFIA
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Depois disso, vieram mais três discos: ‘Sonho 70’ no Brasil, ‘Janela
‘Sonhos de uma Noite de Verão’, de William Shakespeare e direção
de Ouro’ e ‘Computador’ na França. Em 1971, lançou ‘Orfeu Novo’
de Werner Herzog; e ‘Água Viva’, de Clarice Lispector, com direção
e Água & Vinho’ em 1972, este aclamado e considerado a continui-
de Maria Pia.
dade de seu processo musical. Alguns críticos da época afirmavam
Entre 1977 e 1978, quando Gismonti tocava com o grupo forma-
que este representava mais um passo no caminho da construção da
do por Robertinho Silva, Luiz Alves e Nivaldo Ornelas, foi convidado
obra de Gismonti.
para gravar um disco pela alemã ECM. Nesta época, o Governo
A partir da década de 1970, diversas companhias de dança pas-
Militar exigia um depósito compulsório, que consistia na obrigato-
saram a coreografar as músicas de Gismonti. Entre elas está o Ballet
riedade de um pagamento por todos que fossem viajar para o ex-
Stagium (São Paulo), que utilizou como trilha as músicas ‘Maracatu’,
terior. Como o valor era alto, Gismonti teve que ir sozinho para a
‘Conforme a altura do sol, conforme a altura da lua’, ‘Dança das
Noruega gravar. Mas antes fez uma breve parada em Paris, onde
Cabeças’, ‘Pantanal’ e ‘Variações sobre Villa-Lobos’. Já o Corpo de
logo na primeira noite, enquanto jantava no restaurante La Coupolle,
Baile do Teatro Castro Alves (Salvador) dançou as músicas: ‘Sonhos
encontrou o amigo e ator Zózimo Bul Bul, que o apresentou a Naná
de Castro Alves’, ‘Jogo de Búzios’, ‘Berimbau’ e ‘Orixás’. Esta prá-
Vasconcelos. Imediatamente, o chamou para gravar na Noruega e
tica o inspirou a compor o disco em homenagem aos grupos que
ele aceitou. Eles ensaiaram um pouco nos dois dias que ficaram em
escolhiam suas músicas para compor seus espetáculos. A história
Paris e logo seguiram para Oslo. Como o próprio Naná disse, eles
deste disco é da época que era contratado da EMI-Odeon, em um
tentaram colocar a Floresta Amazônica dentro do piano. O disco
momento que a gravadora estava dispensando diversos artistas.
foi uma grande ousadia musical para a época, primeiro por causa
Então, com a certeza de que seria mais um deles, resolveu apro-
da instrumentação: Gismonti tocando piano, violão de oito cordas e
veitar seu último disco previsto em contrato para gravar ‘Academia
flauta; Naná tocando diversos instrumentos de percussão, sendo um
de Danças’ (1974). Ele passou por uma série de problemas para
deles seu próprio corpo, e tudo isso sob o selo de uma gravadora
ser lançado. O primeiro foi a escolha do nome, pois os executivos e
alemã. Segundo motivo: as composições chocaram a todos, porque
produtores da gravadora não gostaram. Depois de engolir o nome, a
o objetivo do disco era passar a ideia de dois curumins andando
gravadora teve sérias indigestões com o conteúdo do disco. Naquela
pela floresta vendo os pântanos, clareiras, animais, rios e tudo mais
época, havia uma audição coletiva antes do lançamento, o lado A
representado em duas suítes, uma em cada lado do disco. ‘Dança
todo passou sem nenhuma pausa e nenhuma palavra de ninguém
das Cabeças’ (1977) ganhou diversos prêmios pelo mundo, entre
também. Decidiram nem ouvir o lado B, pois acharam o disco muito
eles o Grammy de melhor disco estrangeiro e nota máxima (cinco
difícil, mas lançaram mesmo assim porque havia custado muito caro.
estrelas) da revista Downbeat. Depois deste trabalho, Naná foi con-
Para surpresa de todos, inclusive do Gismonti, o disco foi muito bem
vidado pela ECM para gravar seu primeiro disco solo, onde realizou
aceito e vendeu mais do que o esperado.
um sonho: fazer um concerto com orquestra para o berimbau, com
Gismonti também fez trilhas para o cinema. A primeira delas foi
58
arranjos do Gismonti.
para a comédia ‘A Penúltima Donzela’, com direção de Fernando
No ano seguinte ao ‘Dança das Cabeças’, Gismonti homenageou
Amaral. Entre muitas outras, fez uma para o documentário ‘Terra do
sua cidade natal, Carmo, com um disco homônimo. Teve início a
Guaraná’, o filme francês ‘Raoni’, dirigido por Jean Pierre Dutilleux,
fase mais brasileira do compositor, que é consolidada com disco
‘Amazônia’, dirigido por Monti Aguirre nos Estados Unidos, ‘El Viaje’,
‘Nó Caipira’. Neste último, aparecem diversos ritmos brasileiros,
dirigido por Fernando Solanas na Argentina, ‘Estorvo’, dirigido por
como frevo, samba e maracatu. Gismonti aproveitou para fazer
Ruy Guerra no Brasil etc. Além de danças e trilhas para cinema, a ver-
uma homenagem à voz e violão de João Gilberto e, ainda, voltou ao
satilidade de Gismonti permitiu que ele fizesse trilhas para teatro tam-
folclore musical brasileiro com a música ‘Saudações’. Em apenas
bém. Começando em 1969, com a peça ‘Maria Minhoca’, de Maria
dez anos de carreira, Gismonti já havia lançado mais de dez discos,
Clara Machado; depois, ‘Encontro no Bar’, de Bráulio Pedroso. A sua
ganho diversos prêmios internacionais, entre eles o Grande Prêmio
relação com a França sempre foi muito estreita, por isso, em 1978,
Alemão do Disco, e tinha um enorme reconhecimento na Europa e
fez a trilha para o clássico ‘O Pequeno Príncipe’, de Saint-Exupéry;
nos Estados Unidos. Mas no Brasil, a crítica sobre sua obra não era
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unânime, pois o País estava vivendo a Era da Jovem Guarda e do
Como resultado desta parada e dando continuidade à exploração de
Tropicalismo. Como sua música não tinha nenhuma destas rotula-
suas influências brasileiras, Egberto Gismonti lançou o ‘Trem Caipira’,
ções, sua consagração foi mais difícil.
em homenagem a Heitor Villa-Lobos. A primeira faixa, ‘Trenzinho do
Continuando seu processo de criação a partir das influências mais brasileiras, surgiu o aclamado disco ‘Circense’, lançado pela EMI-Odeon e produzido por Mariozinho Rocha. Às pessoas que desejam conhecer a obra de Gismonti, este é o disco mais recomendado para ser ouvido primeiramente. A música ‘O Palhaço’ é
Caipira’, é uma parte da obra ‘As Bachianas Brasileiras nº 2’, que originalmente foi composta para orquestra com o intuito de imitar o som do movimento de uma locomotiva. Em sua livre adaptação, Gismonti quis ‘contar um causo’ sobre o ‘Trenzinho do Caipira’, que começa com o trem devagar, como se saindo da estação, depois vai acelerando, acelerando. Quando chega ao seu ritmo máximo, ele
uma das mais conhecidas e tocadas do compositor. Outro destaque
para de repente porque há vários bois nos trilhos, e é preciso que o
é a desafiante ‘Equilibrista’, que é quase um piano se equilibrando
maquinista os tire para que o trem continue sua viagem. Tudo escrito
em uma escola de samba. O disco ‘Em Família’ (1981) marca uma
acima é ‘contado’ na música inteiramente instrumental, através de
importante fase musical e pessoal ao mesmo tempo. Foi um ano
muitos efeitos sonoros e sintetizadores.
especial por causa do nascimento de seu primeiro filho, Alexandre, e
Depois de 33 discos lançados em 18 anos de carreira, Gismonti
o momento que decidiu dar uma pausa em seus trabalhos para ficar
resolveu revisitar sua obra com o disco ‘Alma’ (1986), sem músicas
com sua família, mostrando assim a força da influência de seu tio
inéditas, e sim, com suas composições recriadas e acompanha-
Edgard, que colocou a família em primeiro lugar em suas escolhas.
das das respectivas partituras. É um disco mais tranquilo e sereno,
Este foi um momento também dedicado à reclusão necessária para
representando a fase vivida na época pelo próprio compositor. Ele
reflexão sobre seus novos caminhos, já que seu receio era produzir
explica que este disco foi o resultado de tantas coisas ruins que viu
discos repetitivos.
durante suas viagens pelo mundo, como guerras e bombardeios,
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EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
BIBLIOGRAFIA
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que o fizeram pensar na ausência da alma da humanidade. Para
na área, por cerca de dois anos, para poder se inteirar do assunto
contrapor seus últimos discos, onde explorou a tecnologia, através
e negociar com as gravadoras e distribuidoras. Inicialmente, a ideia
de sintetizadores e computadores, Gismonti utilizou ao máximo o
em adquirir os direitos era para disponibilizá-la pela internet, mas
som do piano. A ideia dele era também ir contra uma tendência ao
naquela época, isso era quase impossível, porque ia de encontro
artificialismo, por isso, fez um disco totalmente natural, com o míni-
aos interesses de toda indústria fonográfica mundial. Depois de
mo de efeitos sonoros.
três anos, conseguiu comprar os direitos de toda a sua obra, que
Durante as décadas de 1970 e 1980, além de lançar seus discos
pertence ao selo Carmo e é distribuída na Europa pela ECM. Como
e compor trilhas, Gismonti fez muitos arranjos para outros artistas,
não podia disponibilizar gratuitamente, passou a lançar CDs a um
entre eles Marlui Miranda, cantora, compositora e pesquisadora de
custo baixo, com o objetivo de levar sua música ao maior número
música indígena. Entre outros trabalhos, ela foi integrante do grupo
de pessoas, pois isso condiz com o que Gismonti sempre acreditou,
Pau Brasil (com Teco Cardoso, Lelo Nazário e Rodolfo Stroeter).
que o que importa é a música.
Além dela, Gismonti fez arranjos também para Wanderléa, Maysa
Em quarenta anos de carreira, Egberto Gismonti lançou mais de 60
(1936-1977), Agostinho dos Santos (1932-1973), Johnny Alf (1929-
discos. Apesar de não ser possível rotulá-lo, suas composições se-
2010), Flora Purim, entre outros. Na década de 1990, Gismonti deci-
guiram por um caminho de aprendizado musical e pessoal. Isso fica
diu diminuir o ritmo das gravações. Mas são deste período os discos
claro quando analisamos o desenvolvimento de suas composições e
‘Infância’ e ‘Música de Sobrevivência’, gravados na Alemanha,
seus arranjos. A primeira fase, até 1976, foi marcada pela sua forma-
‘Casa das Andorinhas’ (Brasil), A Revolta (Brasil) e Meeting Point
ção erudita e influências europeias. Talvez, depois do contato com
(Alemanha). A partir dos anos 2000, Gismonti começou a manifes-
Naná Vasconcelos e de homenagear sua cidade natal, ele passou
tar interesse em comprar os direitos autorais de suas músicas, que
a querer mostrar seu lado mais brasileiro, mas não calcado em um
pertenciam a EMI. Foi preciso ter aulas com advogados renomados
único gênero, e sim, em vários: frevo, maracatu, música indígena,
OUTUBRO . 2019
samba, folclore e bossa nova. Esta etapa é claramente percebida
suas influências. A partir de meados da década de 1990 e início dos
em seus discos ‘Sol do Meio Dia’ - este composto em homenagem
anos 2000, Gismonti começou a dar preferência para as gravações
a um índio que conheceu no Xingu - ‘Nó Caipira’, ‘Circense’ e ‘Trem
ao vivo, mas opta em gravar apenas o áudio, sem vídeo, não por
Caipira’. Depois, veio a fase de reflexão de sua obra e vida, com
timidez, mas por opção. Depois de adquirir os direitos de sua obra,
o álbum ‘Em Família’, que mostra bem seu amadurecimento mu-
passou a querer disseminá-la, não por ego, e sim por reconheci-
sical, grande domínio dos instrumentos e técnicas e, mais do que
mento de sua importância. Segundo Gismonti, sua obra para violão
isso, a sua consagração, tanto no Brasil, quanto no exterior. A outra
é tocada por metade dos violonistas do mundo*, isso justifica sua
fase pode ser considerada de regravações, tanto de suas músicas,
preocupação em obter os direitos autorais, pois é seu legado.
quanto de outros autores. Esta é marcada pelo disco ‘Alma’, que não é apenas uma coletânea, mas sim uma visita a si mesmo e às
*Dados do jornal O Estado de São Paulo, de 3 de dezembro de 2010 (Caderno 2).
DISCOGRAFIA SELECIONADA - Sonho 70 (1970): vocal e instrumental - produção: Roberto Menescal - Phonogram / Philips / Fontana - Brasil - lançado em LP e CD. - Água & Vinho (1972): vocal e instrumental - produção: Geraldo Carneiro - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Academia de Danças (1974): vocal e instrumental - produção: Geraldo Carneiro - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Corações Futuristas (1976): vocal e instrumental - produção: Mariozinho Rocha / Dulce Nunes - EMI-Odeon - Brasil - lançado em
- Cidade Coração (1983): instrumental - produção: Egberto Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Duas Vozes com Naná Vasconcelos (1985): instrumental produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - Trem Caipira (1985): instrumental - produção: Carmo Produções Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Alma (1986): instrumental - produção: Carmo Produções Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
LP e CD. - Dança das Cabeças (1977): instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - Carmo (1977): vocal e instrumental - produção: Egberto Gismonti / Wanderléa - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Nó Caipira (1978): vocal e instrumental - produção: Egberto Gismonti - EMI-Odeon / Carmo Produções Artísticas - Brasil - lançado em LP e CD. - Mágico (1980): com Charlie Haden e Jan Garbarek - instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - Circense (1980): vocal e instrumental - produção: Egberto Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Em Família (1981): vocal e instrumental - produção: Egberto Gismonti - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD.
- Feixe de Luz (1988): instrumental - produção: Carmo Produções Artísticas - EMI-Odeon - Brasil - lançado em LP e CD. - Dança dos Escravos (1989): instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - Infância (1991): instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - Música de Sobrevivência (1993): instrumental - produção: Manfred Eicher - ECM Records - Noruega - lançado em LP e CD. - In Montreal - Egberto Gismonti e Charlie Haden (2001): instrumental - produção: Daniel Vachon - ECM Records - Montreal Jazz Festival - lançado em CD. - Dueto de Violões - Egberto e Alexandre Gismonti (2009): produção: Egberto Gismonti - ECM Records / Carmo Produções Artísticas - Brasil - lançado em CD.
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DISCOGRAFIA I
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Egberto Gismonti
A OBRA DE EGBERTO GISMONTI Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
ÁLBUNS & CDs - Egberto Gismonti (1969).
- Solo (1979) - Alemanha.
- Sonho 70 (1970).
- E. Gismonti & N. Vasconcelos & W. Smetak (1979).
- Janela de Ouro (1970) - França.
- Antologia Poética de João Cabral de Mello Neto (1979).
- Computador (1970) - França.
- Antologia Poética de Ferreira Gullar (1979).
- Orfeu Novo (1971) - Alemanha.
- Antologia Poética de Jorge Amado (1980).
- Água & Vinho (1972).
- Mágico - com Charlie Haden e Jan Garbarek (1980) - Alemanha.
- Egberto Gismonti (1973).
- Circense (1980).
- Academia de Danças (1974).
- Sanfona (1980) - Alemanha.
- Corações Futuristas (1975).
- A Viagem do Vaporzinho Tereré - com Dulce Bressane (1980).
- Dança das Cabeças (1976) - Alemanha.
- O País das Águas Luminosas (1980).
- Carmo (1977).
- O Dirigível Tereré - com Francis Hime (1981).
- Sol do Meio-Dia (1978) - Alemanha. - Nó Caipira (1978).
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- Folk Songs - com Charlie Haden e Jan Garbarek (1981) Alemanha.
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
ÁLBUNS & CDs - Em Família (1981). - Fantasia (1982). - Guitar From ECM (1982) - França. - Sonhos de Castro Alves (1982). - Cidade Coração (1983). - Egberto Gismonti & Hermeto Paschoal (1983). - Works (1984) - Alemanha. - Egberto Gismonti (1984).
- A Revolta (1996) - Egberto Gismonti Trio e Orquestra de Câmara de Curitiba - Música baseada nas esculturas de Frans Krajcberg. - Meeting Point (1997) - Egberto Gismonti e a Orquestra Sinfônica de Vilnius - Alemanha. - In Montreal (2001) - Egberto Gismonti e Charlie Haden - Montreal Jazz Festival - Alemanha. - Brasil de A a Z (2002) - compilação da EMI-Odeon. - Antologia (2 CDs) (2003) - Obras de Egberto Gismonti EMI-Odeon.
- Duas Vozes (1985) - Alemanha.
- Rarum (antologia de gravações da ECM) (2004) - Alemanha.
- Trem Caipira (1985).
- Brasil de A a Z (segundo CD) (2004) - compilação da EMI-Odeon.
- Alma (1986).
- Retratos (2004) - compilação da EMI-Odeon.
- Feixe de Luz (1988). - Pagador de Promessas (1988). - Dança dos Escravos (1989) - Alemanha. - Kuarup (1989) - trilha sonora de filme. - Duo Gismonti - Vasconcelos (1989) - gravação ao vivo Alemanha Oriental. - Infância (1990) - Alemanha. - Amazônia (1991) - trilha sonora de filme. - El Viaje (1992) - trilha sonora de filme - França. - Casa das Andorinhas (1992). - Música de Sobrevivência (1993) - Alemanha.
- Solo (Concerto de piano no Teatro Colón) (2005) - Alemanha e Brasil. - Live (2005) - Egberto Gismonti, Josep Pons e a Orquestra de Câmara de Barcelona - Harmonia Mundi - Espanha (aguardando lançamento). - Gaijin 2 (2005) - Trilha sonora de filme dirigido por Tizuka Yamasaki. - Rarum II (antologia de gravações da ECM) (2006) - Alemanha. - Sertões Veredas - Camerata Romeo (ECM / Carmo) (2009) Alemanha. - Duetos - Egberto e Alexandre Gismonti (ECM / Carmo) (2009) Alemanha.
- Egberto Gismonti (1993) - Live at the 87’ Festival in Freiburg Proscenium (CDV) - Alemanha.
- Viva Tina - com a Orquestra Pro Arte (2011) (aguardando lançamento).
- Egberto Gismonti (1994) - Ao vivo em 93 em São Paulo no Tom Brasil.
- Carta de Amor - com Charlie Haden e Jan Garbarek - gravação ao vivo no ‘American House Theater’ em Munique (2012) - Alemanha.
- Zigzag (1996) - Alemanha.
- Rarum III (antologia de gravações da ECM) (2013) - Alemanha.
PRODUÇÃO E/OU ARRANJO - Dulce - ‘O Samba do Escritor’ (1969).
- Flora Purim - ‘Open Your Eyes, You Can Fly’ (1975).
- Maysa (1969).
- Paul Horn - ‘Altura do Sol (High Sun)’ (1976) - EUA.
- Agostinho dos Santos (1969).
- Wanderléa - ‘Vamos que Eu Já Vou’ (1977).
- Marie Laforet (1970) - França.
- Marlui Miranda - ‘Olho D’Água’ (1979).
- Johnny Alf - ‘Nós’ (1973).
- Nana Vasconcelos - ‘Saudades’ (1979) - Alemanha.
- Airto Moreira - ‘Identity’ (1975) - EUA.
- A Cor do Som - ‘Intuição’ (1984).
- A Barca do Sol (1975).
- Bernard Wystraete - ‘Intromission’ (1985) - França.
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DISCOGRAFIA I
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PRODUÇÃO E/OU PERFORMANCE - LPS DO SELO CARMO LANÇADOS NO BRASIL - André Geraissati - ‘Entre Duas Palavras’ (1983).
- Artistas Carmenses - ‘Carmo Ano I’ (1985).
- Nando Carneiro - ‘Violão’ (1983).
- Luigi Irlandi - ‘Azul e Areia’ (1985).
- Luiz Eça - ‘Luiz Eça’ (1984).
- MU - ‘Meu Continente Encontrado’ (1985).
- Robertinho Silva - ‘Bateria’ (1984). - Piry Reis - ‘Caminho do Interior’ (1984). - Aleuda - ‘Oferenda’ (1984). - Antonio José - ‘Um Mito Uma Coruja Branca’ (1984). - Carioca - ‘Sete Dias, Sete Instrumentos, Música’ (1984). - Grupo Papavento - ‘Aurora Dorica para o Embaixador de Júpiter’ (1984).
- William Senna - ‘O Homem do Madeiro’ (1985). - Nando Carneiro - ‘Mantra Brasil’ (1986). - Luiz Eça, Robertinho Silva, Luiz Alves - ‘Triângulo’ (1986). - Marco Bosco - ‘Fragmentos da Casa’ (1986). - Piry Reis - ‘Rio Zero Grau’ (1986). - Fernando Falcão - ‘Barracas Barrocas’ (1987).
PRODUÇÃO E/OU PERFORMANCE - CDS DOS SELOS CARMO / ECM LANÇADOS NO EXTERIOR - ‘Árvore’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991).
- ‘7 Dias, 7 Instrumentos, Música’ - Carioca (1992).
- ‘Circense’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991).
- ‘Alma’ - Egberto Gismonti (1996).
- ‘Violão’ - Nando Carneiro (1991).
- ‘Guitarreros’ - Ernest Snajer & Palle Windfeld (1999).
- ‘Kuarup’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1991). - ‘Academia de Danças’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1992).
- ‘Antonio’ - Delia Fischer (1999). - ‘Quaternaglia’ - Quaternaglia (2000) (aguardando lançamento).
- ‘Trem Caipira’ - Egberto Gismonti e Grupo (1992).
- ‘Água & Vinho’ - Rodney Waterman & Doug de Vries (2000).
- ‘Nó Caipira’ - Egberto Gismonti, Grupo e Orquestra (1992).
- ‘Silvia Iriondo’ - Silvia Iriondo (2004).
- ‘Amazônia’ - Egberto Gismonti e Grupo (1992).
- ‘Strawa no Sertão’ - Bernard Wistraete Group (2004).
MÚSICAS PARA BALÉ - ‘Maracatu’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1974). - ‘Corações Futuristas’ - coreografia de Vitor Navarro com o Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1976). - ‘Conforme a Altura do Sol, Conforme a Altura da Lua’ coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1978). - ‘Dança das Cabeças’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1978).
- ‘Libertas Quae Sera Tamem’ - coreografia de Luiz Arrieta direção de roteiro de Iacov Hillel - Cecília Meireles - Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1981). - ‘Sonhos de Castro Alves’ - coreografia de Antonio Carlos Cardoso com o Corpo de baile do Teatro Castro Alves - Salvador (1982). - ‘Variações’ - coreografia de Graziela Figueroa com o Grupo
- ‘Construção’ - coreografia de Klaus e Angel Vianna (1978).
64
- ‘Sol do Meio-Dia’ - coreografia de Antonio Carlos Cardoso com o Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1980).
OUTUBRO . 2019
Coringa (1984).
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
MÚSICAS PARA BALÉ - ‘Pantanal’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1986). - ‘Maracatu’ - coreografia e performance do Ballet Babinka (1986) - Uruguai.
- ‘7 Anéis’ - coreografia de Jochen Ulrich com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha.
- ‘Variações Sobre Villa-Lobos’ - coreografia de Décio Otero com o Ballet Stagium (1987).
- ‘Carmen’ - coreografia de Jochen Ulrich com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1993) - performance em Colônia, Ludwigsburg e Ludwigshafen - Alemanha.
- ‘Jogo de Búzios’ - coreografia de Antonio Carlos Cardoso com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1988).
- ‘Berimbau’ - coreografia de Luis Arrieta com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1993).
- ‘Natura’ - coreografia de Laura Dean com Laura Dean Dancers and Musicians (1988) - performance ao vivo nos EUA.
- ‘Orixás’ - coreografia de Luis Arrieta com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1995).
- ‘Sonhos de Castro Alves 2’ - coreografia de Victor Navarro com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves (1988).
- ‘Sonhos de Castro Alves Sinfônico’ - coreografia de Victor Navarro com o Corpo de Baile do Teatro Castro Alves e a Orquestra Sinfônica da Bahia (1997).
- ‘Inconfidentes’ - coreografia de vários artistas com o Corpo de Baile do Teatro do Palácio das Artes (1988). - ‘Iemanjá’ - coreografia de Joe Alegado com Tanz-Forum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha. - ‘Danças Solitárias’ - coreografia de Jochen Ulrich com TanzForum (Balé da Ópera de Colônia) (1990) - performance ao vivo com a Filarmônica de Colônia - Alemanha.
- ‘Impromptu’ - coreografia de Tindaro Silvano com a Companhia de Dança Cisne Negro (1997). - ‘Selva’ - coreografia de Armando Duarte com a Companhia de Dança Cisne Negro (1997). - ‘Festa no Interior’ - coreografia de Lilian Shaw e Robson Lourenço com o Corpo de Baile do Theatro Municipal de São Paulo (1998). - ‘Various’ - Miami City Ballet (2003) - EUA.
TRILHAS SONORAS DE FILMES - ‘A Penúltima Donzela’ - direção de Fernando Amaral (1969).
- ‘La Bela Palomera’ - direção de Rui Guerra (1987).
- ‘Em Família’ - direção de Paulo Porto (1971).
- ‘Kuarup’ - direção de Rui Guerra (1988).
- ‘Confissões do Frei Abóbora’ - direção de Braz Chediak (1972).
- ‘Amazônia’ - direção de Monti Aguirre (1990) - EUA.
- ‘Janaina’ - direção de Olivier Perroy (1973). - ‘Quem tem Medo do Lobisomem’ - direção de Reginaldo Farias (1973). - ‘Terra do Guaraná’ - documentário (1974). - ‘Nem os Bruxos Escapam’ - direção de Valdir Ercolani (1974). - ‘Polichinelo’ - direção de Jean Pierre Albicoco (1975). - ‘Raoni’ - direção de Jean Pierre Dutilleux (1976) - França. - ‘Parada 88’ - direção de José Anchieta (1977). - ‘Cruising’ - direção de William Friedkin (1979) - EUA. - ‘Ato de Violência’ - direção de Eduardo Escorel (1980).
- ‘El Viaje’ - direção de Fernando Solanas (1991) - Argentina. - ‘Estorvo’ - direção de Rui Guerra (1999) - DVD lançado em 2001. - ‘Gaijin II’ - direção de Tizuka Yamasaki (2004). - ‘Amazon Forever’ - direção de Jean Pierre Dutilleux (2004) França. - ‘Ventura’ - direção de Sylvie Opipari e Carmen Timbert (2007). - ‘Wenceslau e a Árvore do Gramofone’ - direção de Adalberto Müller (2008). - ‘Tempos de Paz’ - direção de Daniel Filho (2009).
- ‘Pra Frente Brasil’ - direção de Roberto Farias (1981).
- ‘Chico Xavier’ - direção de Daniel Filho (2009).
- ‘Euridyce’ - direção de Mauro Alice - documentário (1983).
- ‘Senhor do Labirinto’ - direção de Geraldo Tome (2010).
- ‘Avaeté’ - direção de Zelito Vianna (1985).
- ‘Viva Marajó’ - direção de Regina Jeha (2010).
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DISCOGRAFIA I
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MÚSICAS PARA ESPECIAIS E SÉRIES DE TV - ‘As Nadadoras’ (Art Video) - TV Manchete - de Mariza Alvares Lima (1986).
- ‘Kuarup’ (minissérie de cinco episódios) - TV Manchete - de Rui Guerra (1992).
- ‘Pantanal’ (documentário) - TV Manchete - de Washington Novaes (1986).
- ‘Los Ramos Talleros Guaranies’ - de Ana Maria Zanotti (Mejor Video Iberoamericano en el XX Festival de Cine Cientifico en
- ‘? - Diadorim’ (Art Video) - de José de Anchieta (1987). - ‘O Pagador de Promessas’ (minissérie de 15 episódios) TV Globo - de Dias Gomes - direção de Tizuka Yamasaki (1988). - ‘Um Grito pela Vida’ (Conservation International Production) Haroldo e Flavia Castro (1991) - EUA. - ‘Amazônia Parte II’ (série de 120 episódios) - TV Manchete - de Tizuka Yamasaki e Regina Braga - direção de Tizuka Yamasaki (1992).
Andalucia) (1998) - Espanha. - ‘Biodiversidade’ - de Washington Novaes (2001). - ‘Arte para Todos’ - de Zelito Vianna (2004). - ‘A Necessidade da Arte - Ferreira Gullar’ - de Zelito Vianna (2005). - ‘Viva Marajó’ (documentário) - direção de Regina Jeha (2010). - ‘Chico Xavier’ (documentário) - direção de Daniel Filho (2010).
MÚSICAS PARA TEATRO (BRASIL) - ‘Maria Minhoca’ - de Maria Clara Machado (1969). - ‘Encontro no Bar’ - de Braulio Pedroso - direção de Celso Nunes - com Camila Amado e Zanoni Ferrite (1973). - ‘Seria Cômino se Não Fosse Sério’ - de Durrenmat - direção de Celso Nunes - com Fernanda Montenegro, Mauro Mendonça e Fernando Torres (1974). - ‘Festa de Sábado’ - de Braulio Pedroso & Geraldo Carneiro - direção de Daniel Filho e Antonio Pedro - com Camila Amado e Antonio Pedro (1976). - ‘Dor de Amor’ - de Braulio Pedroso - direção de Paulo Cesar Pereio - com Paulo Cesar Pereio e Scarlet Moon (1976).
- ‘O Pequeno Príncipe’ - de Saint-Exupéry - com Carlos Vereza e Susane Carvalho (1978). - ‘Passageiro da Estrela’ - direção de Sergio Fonta - com Lidia Brondi (1984). - ‘Bandeira dos Cinco Mil Réis’ - de Geraldo Carneiro - direção de Aderbal Jr. - com Maria Padilha e Marco Nanini (1985). - ‘O Homem Sobre o Parapeito da Ponte’ - de Guy Foissy - com Carlos Vereza e Clemente Vizcaino (1987). - ‘Sonhos de Uma Noite de Verão’ - de William Shakespeare direção de Werner Herzog (1992). - ‘Água Viva’ - de Clarice Lispector - direção de Maria Pia (2003).
MÚSICAS PARA EXPOSIÇÕES DE PINTORES E ESCULTORES - ‘Os Muito Universos’ - de Marilda Pedroso (instalação) (1985).
- ‘Figueira Branca’ - de Akiko Fujita (escultura & instalação) (1986).
- ‘Ita-Parica’ (fragmentos de uma exposição) - de Marilda Pedroso
- ‘Os Sete Anéis’ - de Antonio Peticov (escultura) (1986).
(instalação) (1985).
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OUTUBRO . 2019
- ‘A Revolta’ - de Frans Krajcberg (escultura) (1995).
EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
OUÇA TRINTA SEGUNDOS DE CADA FAIXA, DO NOVO CD HEITOR VILLA-LOBOS, SINFONIAS Nº 1 E 2:
OUTUBRO . 2019
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Faixa 01
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Faixa 02
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Faixa 03
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Faixa 04
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Faixa 06
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Faixa 08
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DISCOGRAFIA II
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EGBERTO GISMONTI - PIANO SOLO - VOL. 1 Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Com a palavra, Egberto Gismonti! Iniciando em grande estilo a série Música Instrumental Brasileira
‘Música composta para a escultura Os Sete Anéis, de Antônio
com o CD Egberto Gismonti Piano Solo, não poderiam faltar co-
Peticov, exposta na Galeria do Centro Empresarial, no Rio de Janeiro,
mentários gentilmente cedidos pelo próprio compositor e intérprete
em 1986. Em seguida à exposição dediquei-a a minha tia Amélia,
sobre cada uma das faixas:
pianista que tinha um programa na televisão na década de 1970 e
FAIXA 1 - Ruth (Antonio Gismonti) ‘Composição de meu avô, Antonio Gismonti, dedicada à minha
68
FAIXA 2 - 7 Anéis (Egberto Gismonti)
que muito me ajudou na compreensão do choro.’ FAIXA 3 - Sanfona (Egberto Gismonti)
mãe: uma das nove filhas dos 11 filhos que ele teve. Compôs valsas
“Composta em homenagem ao instrumento ‘órgão indiano’, que
para todos os filhos, repetidas vezes. Ele era músico, sonhador e
conheci na minha primeira viagem à Índia, na década de 1970. Este
alfaiate. Certamente foi nele que a música nasceu em nossa família.’
órgão é tocado com a mão esquerda movendo o fole traseiro e a
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EM COMEMORAÇÃO AOS 23 ANOS DA REVISTA, SELECIONAMOS ESSA MATÉRIA DA EDIÇÃO 202
mão direita tocando nas teclas. Desde o início me pareceu um belo instrumento para fazer música nordestina... uma ‘sanfona’.” FAIXA 4 - A Fala da Paixão (Egberto Gismonti) ‘Música que funcionou bem na reconciliação com uma pessoa amada.’ FAIXA 5 - Forró (Egberto Gismonti) ‘Composição da série em que busco a compreensão de ritmos brasileiros. Esse forró tem várias partes seguindo a tradição das valsas do meu avô. Se por um lado forrós não precisam de três partes, a influência do meu avô foi definitiva.’ FAIXA 6 - Karatê (Egberto Gismonti) ‘Música veloz que deve durar o tempo de um golpe de karatê, quanto mais rápida melhor. Também com as três partes…’ FAIXA 7 - Infância (Egberto Gismonti) “Feita em homenagem ao nascimento dos filhos Alexandre e Bianca. Seguindo a tradição do avô, tem várias partes que revelam várias influências da minha vida musical. A curiosidade dessa versão é que foi gravada na inauguração do teatro da cidade de Tórshavn, que é a capital das Ilhas Faroe. O nome ‘Tórshavn’ significa ‘Porto de Thor’.”
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Faixa 01
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ESPAÇO ABERTO
EXERCITANDO A PERCEPÇÃO AUDITIVA Muitos leitores desta nova fase da revista online nos pedem dicas,
até conseguirmos tirar nosso cérebro do “lugar comum”. Todos nós
literatura e discos que possam ajudar no desenvolvimento da per-
já tivemos percepções diferentes de um mesmo acontecimento, e
cepção auditiva. É muito gratificante ter esse feedback dos leitores,
à medida que percebemos e criamos um grau de maior atenção,
principalmente dos mais jovens, que querem aprender a andar com
sentimos o quanto nossos cinco sentidos realmente trabalham no
as próprias pernas. Então resolvi abordar esta questão por etapas,
‘automático’ na lei do mínimo esforço.
para que todos os interessados possam buscar as gravações indicadas e fazer os exercícios ao seu tempo e ritmo.
depois se abismar com a quantidade de detalhes existentes naquela
Li certa vez, do escritor Ernest Becker (ganhador do prêmio Pulit-
observação, ao ampliar seu grau de atenção? Percepção auditiva é
zer de 1994 com seu livro A Negação da Morte), que o nosso cére-
a capacidade de nos fazer aumentar gradativamente nosso grau de
bro é bastante preguiçoso e se contenta em aprender o mínimo ne-
atenção até que possamos ouvir o todo sem se perder nas partes.
cessário. Não só concordo com sua afirmação, como podemos ver
E o quanto isso é importante para a audiófilia? Já ouvi esta pergunta
como o conhecimento se tornou raso nos dias de hoje. As pessoas
uma centena de vezes nos nossos cursos.
se contentam com respostas superficiais (quando não são muitas vezes fruto de ‘fake news’) e saem defendendo estes pseudoconhecimentos como realidades absolutas!
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Quem não se lembra de ter observado algo na superficialidade e
E minha resposta é sempre com uma outra pergunta: o que você quer com a audiófilia? Se a resposta for: apenas status quo, o céu será sua conta bancária. Agora, se o que lhe fez desembocar na
A única forma de sabermos se sabemos é conhecendo a fundo e
audiófilia foi sua paixão pela música, desenvolver sua percepção au-
realizando consigo mesmo todas as experimentações possíveis acer-
ditiva irá ajudá-lo significativamente a ouvir sua música com o maior
ca do que queremos aprender. Ou seja: trabalhando arduamente,
prazer auditivo possível, e gastando o mínimo possível!
OUTUBRO . 2019
Deixo claro no Curso Básico que existe o audiófilo apaixonado por equipamentos e o melômano que descobriu a audiófilia e deseja um sistema hi-end para extrair de suas obras prefe-
DIRETOR / EDITOR Fernando Andrette
ridas o máximo de inteligibilidade e de conforto auditivo. E sem uma ampliação da percepção auditiva, para a montagem do sistema que cabe no seu bolso e no seu gosto, os riscos serão
COLABORADORES
muito constantes.
André Maltese
Voltando ao tema da ampliação da percepção auditiva, a primeira lição prática é aprender
Antônio Condurú
a escutar o todo sem se perder nas partes, com um único instrumento. E nada melhor que o
Clement Zular
piano para iniciarmos essa longa jornada de tirar nosso cérebro que se contenta em ouvir ape-
Guilherme Petrochi
nas a melodia, sem se preocupar com o resto. E, dos pianistas dispostos a nos ajudar neste ‘pontapé inicial’, ninguém melhor que o compositor francês Erik Satie (1866-1925). Sua obra para piano Gymnopedie (em suas três versões, da mais longa com 4 minutos à mais curta de
Henrique Bozzo Neto Jean Rothman
2:58 minutos), pode nos ajudar e incentivar à medida que vamos vendo os resultados na nossa
Juan Lourenço
ampliação da percepção auditiva.
Julio Takara
É uma obra em que a mão direita apresenta o tema, com notas curtas, quase sem intervalos (silêncio entre as notas), e a mão esquerda dita tempo e variação dinâmica, e os acordes pos-
Marcel Rabinovich Omar Castellan
suem decaimento mais suave que as notas executadas pela mão direita. O objetivo é conseguir que o cérebro ouça integralmente a execução da mão esquerda e direita sem lapso de perda
RCEA * REVISOR CRÍTICO
de nenhuma passagem.
DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO
Como nosso cérebro é muito astuto em querer se desviar de aprender coisas novas, na
Christian Pruks
segunda vez que você repetir a música ele já irá começar a se queixar. Não desista, meu
Fernando Andrette
amigo, pois quando ele entender o que está ocorrendo, acredite, ele não só vai apreciar como
Rodrigo Moraes
irá desejar ‘mostrar serviço’ para poder avançar nos exercícios. Pois que cérebro não adora
Victor Mirol
desafios? Para quem não está familiarizado com o tema, uma dica: memorize primeiramente a melodia, sem pressa, então as primeiras audições serão todas dedicadas a ouvir a mão direita. Quando finalmente você conseguir antecipar a nota que virá na mão direita, sem errar mais nenhuma, você estará pronto para ouvir todos os acordes feitos com a mão esquerda. Perceba o grau de sustentação de cada acorde, como eles decaem, e o seguinte se sobrepõe ao que ainda está soando. Concentre-se integralmente só na mão esquerda. No começo será mais difícil acompanhar e memorizar a mão esquerda, pois como nosso cérebro quer sempre usar a lei do mínimo esforço, ele irá querer voltar para a melodia, que ele já decorou. Concentre-se e force seu cérebro a aprender tudo que a mão esquerda está executando.
CONSULTOR TÉCNICO Víctor Mirol TRADUÇÃO Eronildes Ferreira AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO WCJr Design www.wcjrdesign.com
Se você fizer este exercício até conseguir escutar finalmente o todo, sem se perder nas partes, você irá se surpreender como terá ampliado sua percepção auditiva. E o fenômeno mais interessante da amplitude da percepção auditiva, é que seu cérebro irá fazer menos esforço para se concentrar a cada novo exercício proposto. E você perceberá que seu foco na atenção ao que está ouvindo não precisa mais ficar sendo redirecionado cada vez que algo o distrai. Ao contrário, será muito mais difícil se distrair com o que ocorre a sua volta. Um aluno do nosso curso, ao iniciar esses exercícios e começar a sentir o resultado e os
Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal, produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação, Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME. Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415 www.clubedoaudioevideo.com.br Todos os direitos reservados. Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
benefícios, relatou que ao ligar seu sistema, era como se na verdade ele estivesse utilizando um grande fone de ouvido e seu contato com o mundo externo tivesse sido desligado. Outros relataram que o grau de imersão se tornou tão mais fácil e prazeroso, que um deles deu o nome de ‘cérebro domesticado”. E o mais importante: todos descrevem que seu senso de concentração para outras atividades também melhorou significativamente.
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ESPAÇO ABERTO Eu utilizo o CD do Michel Legrand tocando Erik Satie, que saiu pelo selo Erato, mas vocês podem buscar qualquer gravação com esta obra (ideal apenas que seja uma captação decente do piano e uma interpretação artística também de bom nível). Mês que vem darei a dica de como subir mais um degrau com dois instrumentos. Espero que apreciem e façam os exercícios em casa e nos passem seus avanços, e dúvidas que porventura ocorram. Até lá!
Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Ví-deo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealizador da metodologia de testes da revista. Ministra cursos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófilas e presta consultoria para o mercado.
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Pouquíssimo uso, comprado novo há
fazer o upgrade para o modelo topo da
menos de 1 ano! Acompanha a caixa
marca, a Proteus. Mesmo custando uma
original e o manual.
fração do valor da Proteus, a Phoenix é
Sobre o toca-discos:
muito, muito próxima de sua “irmã mais
O Planar 3 (P3) possui um novo braço,
velha” - uma barganha se compararmos
base e muitas outras revisões em rela-
performance X custo. A agulha é exata-
ção à versão anterior (RP3).
mente a mesma (Ogura PA) montada no
Isso resultou em performance sonora
mesmo cantiléver de bóro.
marcante, além de ficar muito mais
Trata-se de uma cápsula de bobina mó-
bonito. Ele tem apenas duas peças do
vel (MC) de baixa saída (~0.4mV) e com
RP3 anterior, o resto é tudo novo!
4 Ohms de impedância interna. Casa
Especificações:
perfeitamente com a grande maioria
- novo braço RB330
dos prés de Phono MC. Na casa de
- nova base de vidro Optiwhite 12 mm
um amigo - que também comprou essa
- reforço de feixe mais espesso
cápsula por minha indicação - casou
- acabamento acrílico de alto brilho em
magnificamente bem com o setor de
preto ou branco
Phono interno do integrado Luxman
- subplastro redesenhado
L-590AX, com 100 ohm de impedância.
- carcaça de rolamento principal
A Phoenix S possui uma transparên-
redesenhada
cia única, excelente foco e recorte,
- motor de 24V com novo PCB de
muita velocidade e muita musicalidade.
controle de motor
Assinatura Transfiguration. Muito mais
- pode ser feito upgrade com o contro-
próxima da Proteus do que diferença de
lador de velocidade externo TT-PSU
preço possa indicar, acredite.
- pés redesenhados
Possui cerca de 150 horas de uso,
- contrapeso redesenhado
sempre usada em toca-discos extremamente bem ajustado e sempre com
“Não é difícil perceber que o desenvolvi-
discos limpos por meio de máquina
mento de dois anos da Planar 3 valeu a
com sucção a vácuo.
pena. Para os nossos ouvidos, ele soa
- Acompanha a caixa, manual e o con-
consideravelmente mais limpo e claro
junto de parafusos originais.
do que seu antecessor - o RP3. Há
O valor pedido (US$ 3.000) está bem
mais transparência aqui e mais resolu-
abaixo do valor dessa cápsula, que é de
ção de detalhes também.” (Whathifi)
US$ 4.500 nos EUA. Faça os cálculos
https://www.whathifi.com/rega/planar-
(frete, impostos, riscos).
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