ANO 24 NOVEMBRO 2020
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www.cl ubedoaudi o.com.br
ARTE EM REPRODUÇÃO ELETRÔNICA
UMA REFERÊNCIA EM SUA CATEGORIA CAIXA Q ACOUSTICS CONCEPT 300 E MAIS
TESTES DE ÁUDIO CÁPSULA HANA ML CABO DIGITAL COAXIAL FEEL DIFFERENT FDIII
OPINIÃO É MELHOR DEIXAR A FUTUROLOGIA PARA OS MÍSTICOS
UM PASSO A FRENTE AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95
PATROCINADORA
OF ICIAL
Além da sua imaginação
8K
4K
www.tcl.com
FULL SCREEN
QLED
DOLBY VISION • ATMOS
ANDROID TV
HANDS-FREE VOICE CONTROL
GOOGLE ASSISTANT
DESIGN
ÍNDICE
CAIXA Q ACOUSTICS CONCEPT 300
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EDITORIAL 4
TESTES DE ÁUDIO
Os sistemas que nos encantam
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Caixa Q Acoustics Concept 300
NOVIDADES 6 Grandes novidades das principais marcas do mercado
HI-END PELO MUNDO 16
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Amplificador integrado Hegel H95
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Novidades
Cápsula Hana ML
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OPINIÃO 18
Cabo digital coaxial Feel Different FDIII
É melhor deixar a futurologia para os místicos
PLAYLISTS 24 Playlists de novembro
ESPAÇO ABERTO 94
DISCOS DO MÊS 30
Ou aprendemos a abstrair determinadas limitações ou jamais estaremos satisfeitos com o nosso sistema
84 Folk Rock, Clássico Barroco & Rock
VENDAS E TROCAS 96
AUDIOFONE 39
Excelentes oportunidades de negócios
Volume 10
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EDITORIAL
UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Para entenderem este Editorial, preciso que vocês assistam o ví-
veemência. Mas morrerei defendendo essa ideia, que sistemas não
deo que coloquei aqui. É um vídeo da associação Espanhola - Mú-
podem ser nunca o fim, apenas o meio para podermos conhecer o
sica para Despertar que utiliza música para melhorar a qualidade
âmago das obras que amamos. E quando atingimos este objetivo
de vida de pacientes com Alzheimer. Este vídeo mostra a bailarina
supremo, de dar vida às obras e materializá-las à nossa frente, a
espanhola Marta González que nos anos sessenta chegou ao posto
busca estará encerrada. E como eu sei que atingi este tão sonhado
de principal bailarina do corpo de baile de Nova York. Hoje em uma
objetivo? Quando toda a sua discoteca foi integralmente resgatada,
cadeira de rodas, com limitações para se comunicar e expressar
e você perceber que seu prazer em ficar ali com seus discos, suas
seus sentimentos e pensamentos. Tudo se transforma ao começar
memórias, seus sentimentos e seus sonhos, é tão necessário como
a ouvir o Lago do Cisne que ela dançou e foi ovacionada pelo pú-
o ar que respiramos.
blico e crítica. Ainda que a neurociência não saiba o motivo, já está comprovado que a música é a última memória que o Alzheimer retira do indivíduo. Alguns arriscam dizer que talvez a resposta esteja no grau de sinapses feitas em nosso cérebro ao ouvir, dançar e tocar música. Aqui mesmo já escrevi alguns artigos a respeito de como
Como dizia meu pai, o equipamento é apenas a ponte entre o ouvinte e a música. Subverter esses valores é perder a única razão para a existência da alta fidelidade!
nosso cérebro se “ilumina” como uma árvore de natal ao ouvirmos música. O comovente deste vídeo é ver que, aos primeiros acordes, a bailarina executa os movimento da cintura para cima de forma tão elegante e leve. Sua expressividade e a lembrança dos movimentos ainda estão intactas em sua memória. Por uma fração de tempo, enquanto escuta a obra, sua vida voltou a uma breve normalidade e, o mais incrível, por alguns minutos após a audição, ela consegue se expressar melhor e manter um breve diálogo com o rapaz que lhe proporcionou aquele momento mágico! Eu escrevo há tanto tempo, nestas páginas, que ser audiófilo é começar audiófilo e terminar melômano, que muitos já devem ter se cansado dessa minha
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ASSISTA AO VÍDEO, CLICANDO NA IMAGEM.
NOVIDADES
SEMP LANÇA NOVA ANDROID TV 4K SK8300 COM INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E CHROMECAST INTEGRADO
Modelo segue os altos padrões de design, tecnologia, interatividade e qualidade da SEMP TCL. A SEMP, empresa brasileira pioneira na fabricação de TVs e responsável pelo marco histórico de lançar a primeira televisão em cores do país, em 1972, trouxe uma grande novidade para quem quer iniciar uma vivência tecnológica sem igual em casa. A Android TV SEMP 4K SK8300 é o novo modelo da marca, que é referência em qualidade e durabilidade de produtos. O lançamento foi desenvolvido para atender a demanda dos consumidores brasileiros que buscam cada vez mais qualidade de imagem e maior resolução, além de funções inteligentes que vão elevar a relação com o entretenimento, conectividade e a casa.
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Brasil com preço sugerido de vendas em R$ 2.699,99. “A SK8300 chega para trazer muita tecnologia e praticidade para quem quer ter a experiência de ver filmes, series e jogos em 4K, o que significa ter quatro vezes mais detalhes de imagens quando comparado a uma TV Full HD. Ela segue o nosso conhecido padrão de inovação e qualidade e vai surpreender com as funcionalidades, comando de voz, e inteligência artificial”, diz João Rezende, gerente de Produtos da SEMP TCL. A SEMP TCL, empresa jovem, contemporânea e que celebra todos os estilos, patrocina a Seleção Brasileira de futebol e, agora, com a chegada desta nova Android TV, amplia e democratiza seus canais de distribuição. “Neste momento de superação e retomada, a SEMP, marca de eletrônicos queridinha dos brasileiros, não podia
Este lançamento passa a fazer parte do portfólio de TVs com
deixar de marcar presença e apoiar essa semana tão simbólica e
inteligência artificial e comando de voz, já presentes em todos os
importante para o nosso país. Com esse lançamento, reforçamos
modelos fabricados atualmente pela SEMP TCL. O modelo está
o nosso portfolio de soluções inteligentes e a nossa confiança no
disponível no tamanho de tela de 50 polegadas e pode ser encon-
retorno do crescimento do mercado”, enfatiza Patricia Vital, head de
trado em magazines regionais, hipermercados e e-commerces do
marketing da SEMP TCL.
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A SEMP 4K SK8300 possui inúmeras funcionalidades para tornar o dia a dia mais inteligente. Assim como toda a linha de TVs da SEMP, ela vem embarcada com sistema operacional Android TV, inteligência artificial e controle remoto que atende a comandos de voz em português. Com o Google Assistant, é possível organizar o dia a dia da casa e da família, tirar dúvidas sobre o clima ou até rotas de trânsito, buscar conteúdos e interagir de muitas maneiras com a TV. A SK8300 também conta com Bluetooth e Chromecast built-in, o que amplia as possibilidades de conectividade com o produto, reproduzindo diretamente na tela grande os conteúdos do smartphone ou conectando dispositivos de áudio sem a utilização de fios. Em termos de imagem, a SK8300, sua tecnologia é 4K Ultra HD, o que significa que possui resolução quatro vezes maior que as convencionais Full HD e torna a reprodução de vídeos muito mais realista. A tecnologia HDR deixa as cores mais vivas e proporciona melhores contrastes, exibindo tons claros com brilho intenso e tons escuros mais profundos. A experiência sonora é enriquecida pelo sistema Dolby Audio, que amplia a intensidade dos sons graves e agudos, proporcionando um som estéreo mais limpo. A TV possui duas saídas de áudio, com potência total de 16 W, e conta com configurações de som nos modos Padrão, Esporte, Filmes, Música e Usuário. O entretenimento de qualidade é garantido com aplicativos de streaming como Netflix, YouTube, Globoplay, Prime Video, Spotify e Google Play já instalados de fábrica, bastando apenas ser assinantes das plataformas para usufruir das inúmeras opções de jogos, músicas, filmes, séries e programas. Na plataforma do Google, ainda é possível baixar inúmeros aplicativos, em sua maioria gratuitos, para personalizar e completar a interação do usuário com a SK8300.
Para mais informações: SEMP TCL https://www.semptcl.com.br/produtos/android-tv-led-50-semp-sk8300-ultra-hd-4k-hdr/
www.hifiexperience.com.br NOVEMBRO . 2020 7
NOVIDADES
7 OBRAS DE ARTE DE PINTORES RENOMADOS QUE ESTÃO NO CATÁLOGO DA THE FRAME
Plataforma exclusiva da Samsung para a The Frame, a Art Store reúne obras de arte de importantes museus do mundo e passa por gênios como Monet e Renoir. Em 2020, a Samsung conseguiu ampliar o portfólio de TVs da linha Lifestyle com a chegada da inovadora The Sero e com novos tamanhos disponíveis para a The Frame, a TV que vira uma obra de arte quando desligada¹. E para melhorar ainda mais a experiência de quem se encantou pelo design clássico da The Frame, o catálogo da Art Store também foi expandido. “A Samsung se orgulha de apoiar o movimento artístico, promovendo obras de pintores e fotógrafos contemporâneos e disseminando o legado inesquecível de grandes nomes da história da arte como Monet, Kandinsky e Renoir. Os usuários da The Frame têm cada vez mais opções para conhecer os melhores museus do mundo sem sair de casa e ainda deixar a decoração de seus lares mais elegantes e ricas”, observa Patrícia Pessoa, Diretora de Marketing da área de Consumer Electronics da Samsung Brasil. Apresentamos sete obras de pintores renomados que estão disponíveis para compra na Art Store.
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Estudo para paisagem, de Wassily Kandinsky A Coleção Batliner da Galeria Albertina, na Áustria, também conta com uma obra marcante do russo Wassily Kandinsky. Considerado pioneiro da arte abstrata, Kandinsky viveu entre 1866 e 1944 e pintou o quadro “Estudo para paisagem (ou Study for a Landscape Dünaberg)” no ano de 1910.
Lago de Nenúfares, de Claude Monet A obra “Lago de Nenúfares (ou The Water Lily Pond)” foi pintada entre 1917 e 1919 e faz parte de uma coleção de mais de 200 pinturas a óleo do francês Claude Monet batizada de “Nenúfares (ou Nymphéas)”. Ela está exposta originalmente na Galeria Albertina, que fica em Viena, na Áustria, e é um dos museus parceiros da Samsung para a Art Store. Monet viveu entre 1840 e 1926 e é Retrato de uma jovem garota, de Pierre-Auguste Renoir
considerado um dos mestres do impressionismo.
Pierre-Auguste Renoir também é um dos ícones do impressionismo francês e viveu entre 1841 e 1919. Seus famosos retratos ganharam o mundo e a obra “Retrato de uma jovem garota (ou Portrait of a Young Girl - Elisabeth Maître)” é mais uma que está disponível para compra na Art Store e exposta na Galeria Albertina ao lado de mais de 500 pinturas da Coleção Batliner.
Fazenda na Normandia, de Paul Cézanne
Vista do jardim da Villa Medici, de Diego Velázquez
O quadro “Fazenda na Normandia (ou Farm in Normandia)” foi
Nascido na Espanha em 1599, Diego Velázquez se tornou um
pintado entre os anos de 1885 e 1886 por Paul Cézanne, mais um
dos símbolos de movimentos como o Realismo e o Impressionismo
representante impressionista da França que está representado na
antes de morrer em 1660. No Museo del Prado, em Madri, está uma
Coleção Batliner da Galeria Albertina e no catálogo da Art Store.
de suas obras icônicas, finalizada em 1630: “Vista do jardim da Villa
Cézanne nasceu em 1839 e morreu em 1906.
Medici (ou View of the Gardens of the Villa Medici)”.
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NOVIDADES Disparate 13: Uma forma de voar, de Francisco de Goya Francisco de Goya é um dos mais reverenciados artistas espanhóis de todos os tempos e mais um protagonista do Museo del Prado representado na Art Store da Samsung para as TVs The Frame. Goya nasceu em 1746 e morreu 1828 depois de passar por movimentos estéticos como Neoclassicismo e Romantismo. A obra “Disparate 13: Uma forma de voar (ou Disparate 13: A Way of Flying)” compõe uma coleção de 22 gravuras batizada de “Los Disparates”.
Triptych)”, pintada por Hieronymus Bosch entre os anos de 1490 e 1500. Bosch viveu entre os séculos XV e XVI em uma região entre as atuais Bélgica e Holanda e integra o movimento Renascentista das artes.
Como adquirir as obras de arte direto na The Frame?
O Jardim das Delícias Terrenas, de Hieronymus Bosch A Art Store da Samsung para as TVs The Frame também consegue levar seus usuários para Madri, mais precisamente para o Museo del Prado, considerado por muitos o museu com a melhor coleção de pinturas do mundo. Entre as obras mais famosas está “O Jardim das Delícias Terrenas (ou The Garden of Earthly Delights
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Tudo é feito pela Art Store, loja criada especialmente para atender aos usuários das TVs The Frame. É possível comprar apenas uma obra de arte, por R$ 66, ou buscar uma assinatura geral, ao custo de R$ 16 por mês, para ter acesso ao acervo completo oferecido pela Samsung. Para mais informações: Samsung - Art Store https://www.samsung.com/br
DISNEY+ CHEGA EM NOVEMBRO ÀS SMART TVS DA SAMSUNG
Nova plataforma de streaming estará disponível nos principais
momentos divertidos para toda a família. Tudo isso através das tec-
mercados nas próximas semanas e o download poderá ser feito
nologias mais avançadas que implantamos em nossas TVs e soun-
pela Loja de Aplicativos das TVs Samsung.
dbars. Agora, os consumidores poderão curtir o novo catálogo de
Em novembro, o Disney+, plataforma paga de streaming da Walt
conteúdos do Disney+ de uma forma muito mais imersiva e quando
Disney Company, começa a chegar às Smart TVs da Samsung na
quiserem”, afirma Gustavo Assunção, vice-presidente da Divisão de
América Latina. Consumidores de países como Brasil, Argentina,
Consumer Electronics da Samsung Brasil.
México, Colômbia, Chile, Peru e Panamá poderão ter o novo app
Como líder global no mercado de TVs há 14 anos, a Samsung tem
em suas TVs, conforme a data de lançamento do serviço prevista
oferecido a mais ampla seleção de conteúdos para os consumido-
para cada região. No caso do Brasil, o lançamento está previsto
res em sua plataforma de Smart TV, incluindo serviços de streaming
para 17 de novembro.
como o novo Disney+.
Com a chegada de uma das plataformas de streaming mais esperadas do mundo, as famílias poderão aproveitar, do conforto de seus lares, os clássicos mais amados e as novidades mais incríveis de Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic. Os conteúdos vão de filmes e documentários a séries originais. As TVs Samsung vão permitir que os consumidores tenham uma experiência super imersiva com esses conteúdos, graças à resolu-
Passo a passo para fazer o download do Disney+ nas SmartTVs Samsung. Para fazer o download, a TV deve estar conectada à internet. Acesse a Loja de Aplicativos, clicando no ícone Apps , localizado à esquerda da barra inicial da TV. Uma vez dentro da Loja, digite o nome do Disney+ no ícone Pesquisa de Aplicativos a partir do dia do lançamento, selecione o App e, por fim, clique em Download.
ção premium para imagem e som excepcional presente nos modelos de TV lançados entre 2016 e 2020. O aplicativo do Disney+ estará disponível para download na Loja de aplicativos das TVs Samsung, então o consumidor poderá baixá-lo facilmente e terá à disposição um vasto catálogo com filmes de princesas, aventuras da Pixar e de Star Wars, as melhores histórias de super-heróis da Marvel e os mais incríveis programas do National Geographic. “Estamos muito felizes de anunciar a chegada do app Disney+ em nosso portfólio de TVs. Na Samsung temos o claro objetivo de proporcionar ao consumidor o máximo de entretenimento e criar mais
Para mais informações: Samsung https://www.samsung.com/br
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NOVIDADES
SAMSUNG TEM MAIOR TELA DE ESTÁDIOS EM TODO O PLANETA
SoFi Stadium, em Hollywood, conta com a primeira tela 4K da
da Samsung Electronics America. “Estamos orgulhosos de equipar
história dos estádios e vai receber importantes eventos esportivos
o estádio com uma icônica tela LED 4K com dupla face e tecnologia
nos próximos anos.
de Digital Signage da Samsung para garantir que cada espectador
Dizem que as estrelas brilham mais em Hollywood e, graças à
tenha uma experiência única todas as vezes que for ao Hollywood
tecnologia Samsung, o SoFi Stadium, no Hollywood Park, é a mais
Park. O SoFi Stadium já é um dos estádios mais comentados da
brilhante de todas. Os displays de LED da Samsung para ambientes
NFL e a Samsung tem a honra de fazer parte de sua história desde
externos foram usados exclusivamente para criar o painel de vídeo
o início”.
suspenso central de 6,5 mil m² com dupla face e o painel de cinco
“A tecnologia LED da Samsung representada no painel de vídeo
níveis de exibição promovem uma experiência incomparável para os
do SoFi Stadium é diferente de tudo que os fãs já experimentaram”,
espectadores.
disse Jason Gannon, diretor administrativo do SoFi Stadium e do
O telão de última geração não só apresenta a maior quantidade
Hollywood Park. “O design, bem como os recursos de áudio e vídeo
de LEDs já usados em uma arena destinada a esportes ou entre-
do painel são os primeiros de seu tipo nos esportes e criarão um
tenimento, mas também tem a primeira e única produção de vídeo
novo paradigma para a experiência no estádio.”
4K completa em um estádio. Tudo isso para fortalecer ainda mais
Criada para o futuro, o telão possui o maior sistema de reprodu-
um dos maiores centros esportivos do mundo, a cidade de Los
ção de conteúdo em LED já implantado. Com quase 80 milhões de
Angeles, e abrigar dois times da principal liga de futebol americano -
pixels distribuídos em 8 milímetros, de centro a centro, cada painel
Los Angeles Rams e Los Angeles Charges.
pode ser programado de forma única ou congruente com estatísti-
“O SoFi Stadium conta com tecnologia de exibição de ponta e é
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cas, conteúdo ao vivo e animado.
mais um exemplo do compromisso da Samsung em mudar a for-
O maior painel tem mais de 12 metros ou quatro andares de altu-
ma como os fãs interagem com os esportes ao vivo”, disse Harry
ra. Seu menor painel tem mais de 6 metros. E seu tamanho e forma-
Patz, vice-presidente sênior e gerente geral da Divisão de Displays
to exclusivos o tornam mais largo que o campo de jogo e oferecem
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aos torcedores uma vista espetacular de qualquer lugar do estádio,
aos clientes informações de segurança e tranquilidade geral”, disse
ampliando a ação que ocorre no gramado durante as partidas de
Brett Unzicker, vice-presidente de LEES na Divisão de Exibição da
futebol americano.
Samsung Electronics America. “Na Samsung, entendemos como o
Os diferentes tamanhos dos painéis de vídeo são projetados para satisfazer aos espectadores em todos os assentos, desde a lateral até o andar superior. Os fãs sentados na parte inferior do estádio verão o interior do telão exatamente em frente a sua linha de visão, en-
uso da tecnologia mais recente em Digital Signage pode ajudar parceiros como o Hollywood Park não apenas a aprimorar a experiência geral dos espectadores, mas também a garantir que a segurança seja prioridade para todos”.
quanto os espectadores na parte superior verão os painéis externos.
A tecnologia Samsung também está presente em todo o
Esta tecnologia de ponta dentro deste espaço para esportes e
Hollywood Park, alcançando fãs nas áreas residenciais, comerciais
entretenimento de 298 acres, no coração de Los Angeles, estabelece um novo padrão para a experiência do espectador. O SoFi
e de varejo do distrito por meio do aplicativo móvel conectado do Hollywood Park.
Stadium e o Hollywood Park representam o futuro dos esportes e entretenimento ao vivo. A Samsung está animada em trabalhar com o Hollywood Park para aprimorar, aperfeiçoar e desenvolver uma tecnologia dinâmica e inovadora para melhorar a experiência do visitante nos próximos anos. “À medida que os esportes e os shows começam a ser retomados, os estádios precisam oferecer um novo tipo de experiência a seus visitantes cada vez que eles entram no espaço, que forneça
Para mais informações: Samsung https://www.samsung.com/br/business/
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NOVIDADES
HARMAN KARDON ONYX STUDIO 6 LEVA SOFISTICAÇÃO E SOM SUPERIOR PARA QUALQUER AMBIENTE
Além do áudio impecável, nova caixa de som portátil da Harman
acabamento único de alumínio anodizado e tecido que garante o
Kardon impressiona com design de alta durabilidade e à prova
requinte nos mínimos detalhes do produto. Para facilitar sua por-
d’água.
tabilidade, conta com uma moderna, resistente e ergonômica alça,
Design impressionante para um áudio superior: a Harman Kardon
também desenvolvida com alumínio anodizado.
Onyx Studio 6 já está disponível no mercado brasileiro. Seguindo a
A novidade tem a versão Bluetooth 4.2 para uma transmissão im-
tradicional elegância da marca, essa caixa de som portátil combi-
pecável, com a possibilidade de conectar até dois dispositivos mó-
na estilo e conveniência ao reproduzir o som cativante da Harman
veis ao mesmo tempo para alternar quem está tocando a música.
Kardon via Bluetooth, para ser usado em qualquer ambiente. Além
Ainda é possível elevar ao máximo a experiência musical conectan-
do visual marcante capaz de transformar os espaços da casa ou do
do duas Harman Kardon Onyx Studio 6 e obtendo um incrível som
escritório, se destaca pelos materiais de alta resistência e por ser à
estéreo sem fios.
prova d’água, graças à proteção IPX7.
Preço sugerido: R$ 1.599
O lançamento mantém a sofisticação do som superior da marca, com uma bateria recarregável para até oito horas de reprodução ininterrupta. O design à prova d’água é a novidade deste mais recente modelo da família Harman Kardon Onyx Studio. Com a classificação IPX7, a caixa pode ser utilizada com tranquilidade em ambientes úmidos, como a cozinha, e até mesmo em áreas externas com piscina. Com sua silhueta redonda exclusiva, o visual da Harman Kardon Onyx Studio 6 é marcante e sutil para se integrar facilmente nos ambientes. Projetada com materiais premium, a caixa possui
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Para mais informações: Harman Kardon https://www.harmankardon.com.br
JBL CINEMA SB110 CHEGA COM A PROPOSTA DE SER UMA SOUNDBAR COMPACTA E PODEROSA
Nova soundbar da JBL possui Dolby Digital e um subwoofer integrado para reproduzir graves acentuados. A JBL Cinema SB110 já está disponível no mercado brasileiro, sendo uma soundbar mais compacta - de 2.0 canais - para transformar o som da sua TV. O lançamento conta com um subwoofer integrado para proporcionar graves acentuados, além de 55 W RMS de potência que entregam o som lendário JBL. Graças às conexões HDMI ARC, Ótica e Bluetooth, o consumidor pode desfrutar de seus filmes, séries e músicas favoritas de uma maneira precisa e simplificada. Ao instalar a soundbar na televisão de casa, o áudio proporciona uma verdadeira sensação de estar no cinema. A novidade possui a tecnologia Dolby Digital para criar uma imersão sonora, com a melhor experiência de áudio proporcionada por dois drivers full-range e dois woofers de 2,5”. Este lançamento foi desenvolvido para se integrar facilmente a qualquer ambiente e também com fácil e prática instalação para o consumidor. Com acabamento refinado, possui um visual elegante em uma única barra de som - que pode ser posicionada tanto em cima de um móvel, quanto com o suporte na parede.
Para mais informações: JBL https://www.jbl.com.br/soundbars/SB110.html
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HI-END PELO MUNDO
DESACOPLADOR DE CÁPSULAS HOUDINI DA FUNK FIRM O desacoplador Houdini promete resolver de vez um problema universal, tornando compatível qualquer cápsula com qualquer braço de toca-discos, em sua relação entre peso e compliância da suspensão do cantilever, e a massa efetiva do braço. A questão de como o braço lida com as ressonâncias criadas pela trilhagem da cápsula passa a ser resolvida, segundo a empresa inglesa Funk Firm - fabricante de toca-discos e braços - através do uso do espaçador Houdini, que contém um sistema complexo e patenteado de suspensão. O preço do desacoplador Houdini é de US$ 399, nos EUA. www.thefunkfirm.co.uk
CONDICIONADOR DE ENERGIA BOENICKE POWER GATE A suíça Boenicke Audio, conhecida por sua linha de caixas acústicas, lançou um condicionador de energia. O Power Gate traz filosofias diferenciadas, como a de minimizar a área dos contatos - devido à problemas como a oxidação trazerem alterações sérias nos parâmetros elétricos deles, degradando o som. O condicionamento da energia do Power Gate é feito através de filtros Firewall 64X da empresa Lessloss, Quantum Purifier da Bybee, circuitos ressonadores paralelos e seriais, e um módulo de aterramento virtual. O preço do condicionador Power Gate é de 7.960 Francos Suíços, em sua versão básica. www.boenicke-audio.ch
TOCA-DISCOS B&O BEOGRAM 4000C LIMITED EDITION Conhecida mundialmente, a dinamarquesa Bang & Olufsen resolveu trazer de volta seu clássico toca-discos tangencial 4000 em edição limitada de apenas 95 peças, comemorando os 95 anos da marca. Serão aparelhos “Recriados”, ou seja, originais da época totalmente recondicionados, mecanicamente, eletronicamente e visualmente, equipados com novas cápsulas, pré de phono interno, e saídas RCA e P2, além de três anos de garantia. O preço do 4000C Recreated Limited Edition é de 10.000 Euros, na Europa. www.bang-olufsen.com/en
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PRÉ-AMPLIFICADOR DAC STREAMER BR-20 DA BRYSTON O novo pré de linha da empresa canadense Bryston, BR-20, vem equipado com DAC e funcionalidade Streamer. O BR-20 (cujo nome é homenagem ao presidente a empresa, Brian Russell, falecido em setembro último) pode conectar até 14 fontes analógicas e digitais, e sua alta performance inclui uma distorção harmônica medida abaixo de 0.0006%. O Streamer interno tem conectividade Tidal e Qobuz, e o DAC converte PCM até 384 kHz / 24-bit e DSD 256, além de DSD via HDMI. O preço do pré Bryston BR-20 começa em US$ 5.995, na América do Norte. www.bryston.com
MONITORES ATIVOS SONY SA-Z1 A célebre Sony, em sua atual linha hi-end Signature Series que inclui um amplificador de fone de ouvido, os fones de ouvido Z1R e o Walkman digital WM1Z - lançou as caixas monitoras ativas SA-Z1, desenvolvidas para audição near-field, e também para uso desktop, trazendo ajustes para seu uso próxima à paredes. As SA-Z1 trazem dois woofers de 4 polegadas montados opostos (layout inspirado na percussão japonesa Tsuzumi) sendo que o woofer traseiro funciona como um radiador passivo, além de tweeters montados de maneira coaxial. Feitas em alumínio, cada caixa pesa 10.5 kg, e sua etiqueta de preço é de US$ 7.999, nos EUA. www.sony.com
CRYSTALCABLE MUDA NOME PARA CRYSTALCONNECT A mundialmente conhecida fabricante de cabos de áudio hi-end CrystalCable, acaba de anunciar a mudança de nome para CrystalConnnect - que, segundo a empresa, espelha a estratégia de expansão da linha de produtos da empresa para, além de cabos, também eletrônica e caixas acústicas, sendo que a transição total para a nova marca ocorrerá até o final do ano. Também foi anunciada a nova série de cabos Art, que traz a décima geração de condutores de prata com ouro, dielétrico de kapton e geometrias coaxiais e triaxiais. Os preços ainda não foram divulgados. www.crystal-hifi.com
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OPINIÃO
É MELHOR DEIXAR A FUTUROLOGIA PARA OS MÍSTICOS Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
A pandemia realmente tem mexido com a cabeça das pessoas, ao ponto de começar a achar que a superação deste período de nossa recente história levará muito mais tempo para voltar ao prumo. É um mar de incertezas tão intenso que muitos até já começam a duvidar que um dia voltaremos à tão desejada “normalidade”.
mia não causou tantos danos assim à minha pessoa. E sempre fico dias escarafunchando se não estou apenas me iludindo, ou se realmente a pandemia não me derrubou. Sempre fui um cara bastante recluso (tanto que alguns amigos me
Em que naquela sensação de segurança (ainda que falsa, que
apelidaram de um “ser anti-social”), e pelo fato do meu trabalho ser
acreditamos existir), podíamos programar férias, projetos futuros
em casa, minha rotina diária é a mesma há mais de uma década. O
ou apenas tirar um final de semana para não fazer absolutamente
fato de morar no meio do mato e estar rodeado pela natureza nativa
nada.
e a alguns quilômetros das duas cidades mais próximas, isso certa-
Quando as pessoas me narram suas angústias e receios de quanto isso ainda irá durar, e contam o quanto suas vidas viraram
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saio daquela conversa sempre com uma sensação de que a pande-
mente contribuiu para que a quarentena fosse para mim algo muito menos dramático que para a maioria das pessoas.
de perna pro ar, ouço sempre com enorme atenção, buscando as
Claro que tivemos que nos adaptar às regras da quarentena, dimi-
palavras certas para não piorar ainda mais o que já é dramático, e
nuindo drasticamente as idas à cidade e melhorando a internet para
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LINHA EDGE
IMPRESSIONANTEMENTE
REVELADOR
A
LINHA EDGE AMPLIFICADOR INTEGRADO
DISTRIBUIDORA OFICIAL CAMBRIDGE NO BRASIL
Em comemoração aos 50 anos da Cambridge Audio, perguntamos aos nossos engenheiros uma questão simples: “o que vocês fariam se qualquer coisa fosse possível?”. Esqueça os custos. Esqueça as limitações. A Esque resposta é a Linha Edge. Um sistema Hi-Fi altamente refinado, que oferece um palco sonoro com todos os detalhes. Fiel às fundações da Cambridge Audio em inovação criativa e ambição empreendedora.
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OPINIÃO que minha companheira pudesse trabalhar de casa e minha filha as-
teremos que fazer ao menos dois cursos por mês para atender em
sistir as aulas online. E, felizmente, a internet por fibra ótica chegou a
um tempo razoável a todos os interessados.
esta região um ano antes da pandemia. Pois se dependêssemos da Vivo, estaríamos mortos! Por outro lado, a pandemia me deu a possibilidade de ler mais, estudar mais, ouvir mais e conviver mais com a família. Então, ao ouvir as queixas de tantos, me sinto privilegiado em não ter visto minha vida mudar radicalmente e vejo uma série de vantagens que confesso que não desejo abrir mão, assim que tudo passar. Entre essas mudanças tão profícuas estão o direito de desligar o celular fora do horário de trabalho, e esquecer totalmente do mundo lá fora, e poder curtir minha família, meus dois cachorros e esta natureza inebriante que me salta aos olhos. Remodelar o dia a dia sem aquela pressa insana de compromissos, datas e horários, me fez perceber que o fato de me desacelerar me permite trabalhar mais por menos tempo. E as mudanças que fizemos no Sistema de Referência neste período nos ajudaram a diminuir o tempo de escolha de setup, cabos, caixas, etc.
Antes disso nem pensar! Voltando aos artigos que tenho recebido e lido, muitos me chamam a atenção pelo grau de incertezas, angústias e receios do que será o futuro do hi-end pós pandemia. Como escrevi no título, não sou muito chegado à futurologia, mas são tantos pontos de vista, e tão contraditórios, que achei conveniente escrever algo a respeito. Deixarei de lado os fatalistas ou os demasiadamente pessimistas, afinal ouço essa conversa de que a audiófilia está morrendo desde que trabalhava na revista Audio News. E se tivesse levado em consideração, não teria lançado a Audio & Video Magazine e muito menos me dedicado de corpo e alma meus últimos 30 anos a algo que estaria moribundo. O que podemos com certeza saber, depois de 10 meses de pandemia, é que nada será como antes. Mas dizer se será pior ou melhor, já são outros quinhentos. E não me arrisco a ir além do que se
Para entender o que aqui estou escrevendo, sugiro a leitura do
avizinha no horizonte. O que vejo é: muitas empresas de áudio de
teste do cabo de caixa Dynamique Audio Apex publicado na edição
menor porte que não se adaptarem aos novos tempos, irão fechar.
de outubro de 2020. Lá explico como esse novo setup de cabos
Alguns segmentos sofrerão mais, outros bem menos.
muito mais neutros nos poupou um tempo precioso na escolha e audição das 100 faixas utilizadas na Metodologia. Com isso, ganhei pelo menos mais duas horas por dia para poder ler artigos, testes, opiniões, responder e-mails de vocês leitores e até iniciar o planejamento de reforma de nossa sala de audição, já que em janeiro próximo ela fará 13 anos! E quero deixar a sala impecável para quando iniciarmos os Cursos de Percepção Auditiva. Já temos mais de 200 leitores inscritos, e como serão turmas de seis leitores por curso,
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Claro que só iniciaremos os Cursos, quando estivermos seguros de que o risco é zero de contaminação.
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E vejo saídas muito interessantes e criativas, a começar pela venda online - este canal se tornará imbatível nos próximos cinco anos. Principalmente no segmento de fones de ouvido, cápsulas, caixas acústicas, DACs, integrados, streamers, toca-discos, etc. Aí você certamente irá me perguntar: então o mercado hi-end estará salvo? Sim e não!
Se você considera produtos hi-fi como parte do mercado hi-end,
O que importa, no entanto, é o fato de que todos estão buscando
ok. Mas sabemos que são mercados distintos e que cada vez mais
soluções, ainda que todos os esforços não sejam nenhum sinônimo
se separam.
de resultados efetivos. É melhor morrer lutando do que desistir: essa
Uma coisa é você comprar uma bookshelf de 500 dólares online,
premissa nunca foi tão válida como nesses dias.
em que você leu bons testes, ouviu na casa de seu amigo e “bateu o
E aqui, como estamos? Gostaria realmente de dizer que estamos
martelo”. Outra coisa totalmente diferente é: comprar uma caixa de
todos bem. E que poderemos sobreviver e aprender muito com este
5 mil dólares sem ouvir. Ou um integrado de 10 mil dólares, ou um
momento. Mas temos tantos problemas de mercado que não sei
toca-discos de 20 mil dólares! Essa equação é o nó que o mercado
exatamente o rumo que estamos tomando.
terá que desatar pós pandemia.
Nos últimos anos, nos tornamos reféns do Paraguai de forma tão
O que vejo é uma enorme dificuldade de equilibrar a ponta do
contundente, que o mercado hi-fi no Brasil simplesmente se dete-
mercado entre o importador de hi-end e o revendedor de hi-end.
riorou e acabou com mais de 50% das revendas especializadas que
Com um mercado recessivo, baixa procura, as comissões para as
tivemos até a primeira década deste século. A tal ponto que, antes
revendas fatalmente serão revistas e, em tempo de crise profunda,
da pandemia era possível ver oferecidos no Mercado Livre produtos
corta-se tudo para sobreviver, e temo que as revendas estejam entre
hi-fi e hi-end.
os cortes necessários. Mas as revendas também podem achar saídas para sua sobrevivência: lá fora já se iniciou um remanejamento em que as revendas enviam aos clientes por uma semana (através de um cheque caução), os produtos para serem avaliados por eles em casa. Alguns agora aceitam o produto usado como parte de pagamento (coisa que inúmeras revendas de rede não aceitavam) e ainda estão criando cartões de fidelidade com prêmios que vão de descontos em novas compras e até sorteios de produtos de enorme interesse. Na Inglaterra, ainda um importante mercado para o hi-fi, os fabricantes iniciaram uma campanha conjunta com suas revendas, cortando custos, aumentando prazo de pagamento e dividindo com as revendas o recebimento de produtos usados. Como toda adaptação leva tempo, só saberemos os erros e acertos provavelmente no próximo ano.
E sempre que via anúncios de produtos hi-end no Mercado Livre, ficava me perguntando quem compra um pré de 175 mil reais dividido em 12 parcelas sem escutar? No começo esses anúncios eram isolados, um ou outro no meio de dúzias de produtos, que depois foram crescendo substancialmente nos últimos dois anos à ponto de se tornarem corriqueiros. Desconheço o quanto os nossos audiófilos se embrenharam em realizar upgrades pelo Mercado Livre, mas sei de vários leitores se sentiram tentados a correr riscos para realizar o sonho de fazer um upgrade “mais em conta”. Ainda que sabendo do risco de não ter garantia e nem tão pouco assistência técnica, caso o produto venha a apresentar defeito. Para mim fica muito claro, que este é o melhor momento para se colocar o dedo na ferida e se rediscutir que rumo o mercado
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OPINIÃO audiófilo deseja pós pandemia. As possibilidades estão todas co-
Tenho passado aos nossos parceiros comerciais, inúmeras mar-
locadas na mesa, o que falta é a coragem de todos se disponibili-
cas novas que estão despontando no mercado com excelentes
zarem a discutir os problemas e buscar soluções. Pois engana-se
produtos, muitas vezes custando uma fração de produtos que são
os que acham que o mercado Paraguaio não irá ressuscitar pós
renomados, mas, porém, fora da realidade de 90% do mercado.
pandemia. Eu acho que, ao contrário, ele tentará dar um salto à frente e tirar mais marcas que estão nas mãos dos distribuidores nacionais.
cidos desta pandemia.
Então o primeiro passo neste estratégico momento é fazer com que os fabricantes de hi-end, ao definirem seu importador oficial para o Brasil, tranquem o Paraguai. Todos importadores que fecharam acordos impedindo o Paraguai, conseguiram estabilidade e desenvolver seu trabalho sem dor de cabeça. O segundo passo é rediscutir o papel das revendas especializadas. A importância delas é vital para o crescimento do mercado hi-end, AV e Automação. A apresentação presencial é ainda a melhor maneira de tirar dúvidas e de convencimento. As revendas podem, como na Europa, aceitar como parte de pagamento o produto do cliente e dividir este custo com o importador e fomentar o mercado de usados, fazendo parcerias com essas lojas, o que daria um novo dinamismo ao mercado de usados, com mais ofertas e preços mais coerentes. Todos teremos que cortar na carne, então é uma questão de olhar o mercado como um todo e não apenas defender nosso umbigo!
Não poderia fechar este artigo sem mostrar o lado mais positivo desta pandemia (sim ela existe meu amigo): o crescimento vertiginoso e sólido dos produtos nacionais. Nunca foi tão diversificado e com tantas excelentes opções. Temos amplificadores, prés de phono, powers, prés, cabos, racks, caixas e agora até toca-discos (leia Teste 1 na próxima edição, de dezembro). É uma das mais gratificantes constatações que tive nos 24 anos da revista. Nossos projetistas estão mais “maduros”, cientes de sua responsabilidade e da oportunidade de uma moeda tão desvalorizada frente ao dólar, de se estabelecer definitivamente e daqui para o futuro disputar o mercado de igual para igual. Não me atrevo a fazer prognósticos, mas sei que nas crises podemos dar o nosso melhor e buscar soluções que, em tempos de bonança, não cogitamos. Temos uma janela de oportunidades, que definirá o futuro deste mercado para a próxima década. E ao contrário de muitos que di-
Outra receita muito importante para as revendas seriam os ca-
zem, que o hi-end está com seus dias contados, eu afirmo o contrá-
nais de venda online de acessórios e produtos de baixo custo hi-fi
rio. Enquanto o ser humano tiver paixão pela música e souber que
através do Mercado Livre, competindo com o Paraguai. Essa talvez
através de equipamentos ele pode ampliar o seu prazer em ouvir,
seja a estratégia de melhor resultado a curto prazo, pois certamente
haverá espaço para o mercado de fones de ouvido, som automoti-
o Paraguai irá reiniciar seu contrabando por essa via, que conhece
vo, hi-fi e hi-end.
como ninguém.
Pois quem decide o limite do céu é sempre o consumidor, jamais
E os importadores precisam entender que é tempo de novas marcas, com relações custo/performance muito mais condizentes com a nova realidade mundial.
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Fazer esses ajustes é uma questão de sobrevivência consciente. Se soubermos usar a nosso favor este momento, sairemos fortale-
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o futurólogo!
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PLAYLISTS
Dave Brubeck Quartet
PLAYLISTS DE NOVEMBRO Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
45 RPM - O APOGEU DO ANALÓGICO - Encerro essa série de
conseguir melhor qualidade. Pois o que irá realmente ser essencial
playlists de LPs com cinco discos que tenho há um longo tempo,
é de onde foi extraída a master daquela prensagem. Eu já comparei
e que todos já foram apresentados ou nos Cursos de Percepção
prensagens que o 33 soou em tudo melhor que a versão 45. Então,
Auditiva ou em nossa sala no Hi-End Show.
para se investir em um LP de 180 gramas em 45 RPM, certifique-se
As gerações pós 1984 desconhecem as diferenças sonoras existentes entre um LP de 33 RPM e essa mesma gravação em uma versão 45 RPM. Em alguns cursos eu apresentei ambas as versões
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de que a master utilizada seja de excelente qualidade. Se for, tenha a certeza que sempre irá soar melhor que a versão 33 em qualquer sistema analógico decente e bem ajustado!
e deixei que os próprios participantes tirassem suas conclusões.
E quando isso ocorre, meu amigo, podemos entender o fascínio
Interessante que quanto mais jovem o ouvinte, mais ele aprecia a
ainda hoje estampado no rosto de quem escuta pela primeira vez
versão 45 RPM, pois ele imediatamente nota que o ruído de fundo
um setup de alto nível. É simplesmente arrebatador!
é muito mais sutil. Já as gerações que cresceram escutando LP,
Jamais apresentei qualquer um desses cinco discos e vi qualquer
observam outras diferenças como sensação de tempo e ritmo ainda
desapontamento ou indiferença, do jovem sem nenhuma familiarida-
mais preciso, melhor escala dinâmica, etc.
de com LP ao audiófilo experiente.
Mas não pense que por ser uma prensagem 45 RPM será uma
Sei da dificuldade e os custos para se conseguir qualquer um
garantia que soará melhor que uma versão 33 RPM. Pois os cuida-
desses discos (se em 33 RPM novo já é caro, imagine em 180 gra-
dos com o LP vão muito além de aumentar a velocidade para se
mas / 45 rpm?), mas se tiveres a “sorte grande” de conseguir, e um
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sistema analógico à altura, não hesite um segundo! Pois qualquer
simplesmente o “massacre da serra elétrica versão a laser” na mão
um deles vale a pena tanto artisticamente como tecnicamente.
de um orangotango faminto, rs!
E ouso dizer que provavelmente serão suas referências para o
O segundo LP, acredito que todo melômano e audiófilo aman-
ajuste de qualquer um dos quesitos de nossa Metodologia para o
te de jazz tenha: Dave Brubeck Quartet - Time Out. Sou um cara
resto de suas vidas!
com uma excelente memória visual, guardo os rostos de espanto e incredulidade na comparação de qualquer faixa deste excepcional disco com a versão digital, nos Cursos de Percepção Auditiva nível 4. No digital, o tamanho dos instrumentos é tão menor que muitos neste exemplo decidiram reiniciar sua busca por um sistema analógico e deixar o sistema digital em segundo plano. Cansei de ouvir o testemunho dos participantes, ao final do curso, de que este foi o disco que o fez entender o quanto ele havia perdido ao abrir mão de sua coleção de LPs, para se aventurar nos discos platinados, “indestrutíveis” e “superiores”! Cansei de brincar que este era o momento da cena do filme o Planeta dos Macacos, quando o protagonista vê a Estátua da Liberdade e descobre que está na Terra. Time Out tem este mesmo poder de choque de realidade. E na versão 45 RPM o choque é ainda mais intenso. É outro LP que tenho nas duas versões, e o 45 RPM come com farinha a versão 33 RPM. Os crescendos dos solos de bateria, a mão esquerda de Brubeck, possuem muito maior “realismo” e precisão na versão 45 RPM.
OUÇA ASSIM FALOU ZARATHUSTRA - RICHARD STRAUSS, NO YOUTUBE. O primeiro dessa playlist é a prensagem japonesa do Assim Falou Zarathustra, de Richard Strauss, com regência de Eugene Ormandy e a Orquestra da Filadélfia. A gravação é do selo RCA Victor de 1978, que na prensagem japonesa ganhou requintes inimagináveis para os padrões ocidentais (este é um dos motivos de ainda hoje as prensagens japonesas serem disputadas a tapa e valerem peso de ouro no mercado de usados). A abertura com o órgão de tubo desta versão irá colocar o seu sistema todo em cheque, tanto em termos de resposta e sustentação das notas mais graves do órgão, como na exigência de um equilíbrio tonal perfeito para a apresentação da orquestra. Nada pode estar sobrando ou faltando, os naipes de metais são absolutamente verossímeis e com um corpo que faz qualquer sistema digital, ainda hoje, corar de vergonha! A quantidade de energia nos graves é de fazer o pelo dos braços arrepiar literalmente! E a reprodução fidedigna da ambiência da sala de gravação
OUÇA O TIME OUT - DAVE BRUBECK QUARTET, NO TIDAL.
nos dá uma ideia exata do poder de fogo de um sistema analógico bem ajustado contra qualquer setup digital de alto nível. Eu tenho essa gravação também na versão 33 RPM, na prensagem americana (que não é nenhuma maravilha). A versão 45 RPM japonesa é
OUÇA O TIME OUT - DAVE BRUBECK QUARTET, NO SPOTIFY.
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PLAYLISTS O quarto disco também é um velho conhecido de todos vocês. Para fechar a nota de Transientes é nossa maior referência há mais de duas décadas. E continua sendo essencial para entendermos e distinguirmos os produtos que atingem a nota máxima neste quesito, dos que apenas desejam este reconhecimento. Estou falando do Friday Night In San Francisco com os virtuoses: Paco De Lucia, Al Di Meola e John McLaughlin, Uso para fechar a nota especificamente a faixa 1 do lado A: Mediterranean Sundance/Rio Ancho, com o Paco de Lucia no canal esquerdo e o Al Di Meola no canal direito. É uma das gravações mais difíceis de se reproduzir decentemente. Já escutei tantas barbaridades em termos de equilíbrio tonal, corpo e transientes, que esta gravação para mim é um verdadeiro cartão de visitas. Não preciso ouvir absolutamente mais nada para saber em que patamar o sistema analógico se encontra. E algo que sempre me chamou muito a atenção, é que quando tudo está devidamente correto e perfeito, a capacidade de desvendar a intencionalidade e o grau de virtuosidade dos violonistas simplesmente “brota” à nossa frente. Caso contrário, a apresentação se torna apenas “burocrática” e nada mais. Outra informação muito importante: todas as versões que escutei até hoje digitais, são sofríveis e possuem um brilho que OUÇA HOPE - HUGH MASEKELA, NO TIDAL.
mostra claramente que foi utilizado alguma equalização, que destruiu a captação. Mas pode ser ainda pior: no streaming é um caso de polícia! A boa notícia: até a prensagem nacional é decente. Então
OUÇA HOPE - HUGH MASEKELA, NO SPOTIFY.
em qualquer versão, se você deseja apreciar essa noite memorável, só em LP!
O terceiro LP é um velho conhecido dos nossos eventos, afinal nos últimos quatro Hi-End Shows eu encerrava a noite tocando esse disco: a famosa faixa Stimela (The Coal Train), versão ao vivo do disco Hope do músico Hugh Masekela. Claro que na versão 45 RPM. O crescendo dinâmico da abertura da bateria e percussão, que parecem que irão derreter as caixas e a eletrônica, eram de deixar os presentes paralisados e com a respiração em suspensão! Ainda hoje eu me impressiono como este LP soa bem em sistemas Estado da Arte de nível Superlativo. E não estou falando apenas desta faixa, e sim do disco todo. Um detalhe que sempre me chamou a atenção na faixa Stimela é como em alguns sistemas analógicos o chimbal soa sujo e com pouca definição. E sempre achei que era da própria gravação. Até o dia que escutei a versão 45 RPM, na qual ainda que o chimbal não soe nenhuma maravilha, ao menos tem melhor definição de corpo e mais componente agudo, para equilibrar o excesso de médio-grave. E em um setup com excelente equilíbrio tonal, torna-se muito mais palatável. Tirando esse pormenor, a captação, mixagem e masterização para uma gravação ao vivo é de alto nível. O deslocamento de ar e a energia deste disco, em todas as faixas, irá ser um teste definitivo para as pretensões de qualquer sistema que deseja ser reconhecido como Estado da Arte. Aqui não existem reféns: ou o sistema passa com méritos, ou sucumbe. Já vi muitos sistemas não suportarem os crescendo quase infinitos e darem com a língua muito antes do ápice final!
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OUÇA FRIDAY NIGHT IN SAN FRANCISCO AL DI MEOLA, JOHN MCLAUGHLIN E PACO DE LUCIA, NO TIDAL. OUÇA FRIDAY NIGHT IN SAN FRANCISCO AL DI MEOLA, JOHN MCLAUGHLIN E PACO DE LUCIA, NO TIDAL.
OUÇA BERLIOZ: SYMPHONIE FANTASTIQUE, OP. 14, H. 48, NO TIDAL.
PLAYLIST DE FERNANDO KAWABE 01- SOULTRANE - JOHN COLTRANE
OUÇA BERLIOZ: SYMPHONIE FANTASTIQUE, OP. 14, H. 48, NO SPOTIFY. 02- LET IT BE - THE BEATLES E finalmente uma gravação de música clássica que está entre as melhores já feitas pelo Professor Keith O. Jonhson do selo Reference Recordings. Gravado em 27 de março de 1982, no Symphony Hall em Salt Lake City. A Sinfonia Fantástica de Berlioz com regência do maestro Varujan Kojian e a Orquestra Sinfônica de Utah. É um
03 - ELLA & LOUIS - ELLA FITZGERALD, LOUIS ARMSTRONG 04 - METALLICA (BLACK ALBUM) - METALLICA
daqueles LPs que vale a pena investir o que for necessário para ter a versão em 45 RPM. Se dê o direito de ter essa gravação, pois ela
05 - MEDDLE - PINK FLOYD
vale cada centavo investido. Em um sistema impecável, o ouvinte estará na sala de concerto com a orquestra integralmente à sua frente! É uma das experiências psicoacústicas mais impactantes que
06 - BROTHERS IN ARMS - DIRE STRAITS
a alta fidelidade pode lhe proporcionar (se o sistema, sala e elétrica permitirem, é óbvio). Arrisco dizer que seja uma das melhores grava-
07 - BLUES - JIMI HENDRIX
ções de música clássica de todos os tempos. Sendo, por tamanho feito, nossa gravação de referência para fecharmos as notas dos
08 - TEA FOR THE TILLERMAN - CAT STEVENS
quesitos: Textura, Macrodinâmica, Corpo Harmônico e Organicidade! O Natal está chegando, foi um ano extremamente difícil e todos merecemos ao menos um “mimo”, já que o Papai Noel faz parte do
09 - AFROCIBERDELIA - CHICO SCIENCE E NACÃO ZUMBI
grupo de risco e já avisou que não virá este ano, rs! Então respire fundo, feche os olhos e sinta-se envolvido pelo espírito natalino, e se
10 - I WAN’T YOU - MARVIN GAYE
dê este presente. Gravações como essa nos fazem entender a razão do analógico ainda hoje ser tão emocionante e grandioso!
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PLAYLISTS
PLAYLIST DE EDUARDO CARDOSO
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PLAYLIST DE CARLOS SILVA
01- THREE IMAGINARY BOYS - THE CURE
01- DANZIG - DANZIG
02- BLIND MELON - BLIND MELON
02- O BARULHO DOS INOCENTES - INOCENTES
03 - FACELIFT - ALICE IN CHAINS
03 - AEROSMITH - AEROSMITH’S GREATEST HITS
04 - WHAT’S UP? - 4 NON BLONDES
04 - RAPPA-MUNDI - O RAPPA
05 - THE REAL THING - FAITH NO MORE
05 - ROCK - RAUL SEIXAS
06 - LADO B LADO A - O RAPPA
06 - L.A. WOMAN - THE DOORS
07 - LEGIÃO URBANA - LEGIÃO URBANA
07 - A REVOLTA DOS DANDIS - ENGENHEIROS DO HAWAII
08 - THE BEST OF DEPECHE MODE, VOL. 1 DEPECHE MODE
08 - CINEMA MUDO - PARALAMAS DO SUCESSO
09 - WE ARE THE ONES / WE’RE NOT GONNA TAKE IT - DEE SNIDER
09 - ADORÁVEL CHIP NOVO - PITTY
10 - ACÚSTICO MTV - ULTRAGE A RIGOR
10 - TOXICITY - SYSTEM OF A DOWN
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PLAYLIST DE ALBERTO CARLOS JUNIOR 01- TO THE EXTREME - VANILLA ICE 02 - WORLD POWER - SNAP! 03 - GONNA MAKE YOU SWEAT - GONNA MAKE YOU SWEAT 04 - AT WORST...THE BEST OF BOY GEORGE AND CULTURE CLUB - BOY GEORGE 05 - COSMIC THING - THE B-52’S 06 - THE GREATEST HITS VOLUME 5 - STEVIE B 07 - PLEASE HAMMER DON’T HURT ‘EM MC HAMMER 08 - BOX FRENZY (25TH ANNIVERSARY EXPANDED EDITION) - POP WILL EAT ITSELF 09 - COOL & CLASSY: TAKE ON HITS, VOL. 3 COOL & CLASSY 10 - GET READY - 2 UNLIMITED
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DISCOS DO MÊS
FOLK ROCK, CLÁSSICO BARROCO & ROCK Christian Pruks
christian@clubedoaudio.com.br
Me perguntaram novamente, porque eu não indico muita música
um bocado de música especial por aí, de todo os séculos, para ficar
moderna, atual, ou mesmo mais “popular” - afinal, não teriam, estas,
gastando nossa ‘alimentação do espírito’ com coisas banais, ocas,
boas gravações? Bom… a resposta é meio complicada… Fico um
vazias, de gosto duvidoso.
tempo pensando no que responder, sem parecer um pouco esnobe, arrogante ou que esteja desdenhando dos outros - afinal hoje não se pode falar mal de absolutamente nada nem ninguém, especialmente do gosto dos outros.
Eu prezo muito, muito, a capacidade de um instrumentista de tirar bela música de um instrumento, sua capacidade de interagir com outros músicos como se fossem diálogos em um plano superior. Prezo a capacidade de um compositor de, dentro da cabeça dele,
E aqui eu começo o segundo parágrafo e… continuo sem saber
sonhar em por tudo isso junto e, depois, trazer isso ao mundo. Pre-
o que responder, que não resulte em cercarem a minha casa com
zo a capacidade do produtor musical ou intérprete de criar novos e
tochas e ancinhos nas mãos, gritando “palavras de ordem” (“pega
especiais arranjos, juntando todas as partes de uma música e mos-
aquele gordo!”).
trando sua arte em uma nova.
Vejam, eu ouço numerosos estilos musicais, andei um bom tempo
Nosso bonacheirão e donairoso editor Fernando Andrette, fala
dentro de estúdios, frequentei um número sem fim de concertos e
bastante da importância da beleza musical, da intencionalidade dos
shows de música, conheço um bocado de músicos e já ouvi bem de
músicos, do quanto bons sistemas de áudio mostram melhor isso -
perto a maioria dos instrumentos musicais existentes ou, no mínimo,
como, talvez, melhores óculos e uma iluminação correta, e o melhor
mais utilizados - até gaita de fole eu já ouvi de perto, e tive a im-
estado de espírito, permitam admirar, absorver e entender melhor
pressão que, em momentos, dá pra se usá-la para coalhar leite (vou
a Mona Lisa de Leonardo da Vinci. Da mesma maneira, acredito
vender a idéia para fábricas de iogurte!). Eu só detesto o banal - tem
que um melhor e mais correto sistema de áudio irá permitir que a
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DISCOS DO MÊS gente entenda e absorva melhor as melhores gravações (e por ‘me-
Em outubro de 1998 fui ao Jockey Club de São Paulo, em uma
lhores gravações’, entenda-se: melhor qualidade sonora e musical
das tendas armadas no estacionamento por ocasião da edição da-
também).
quele ano do Free Jazz Festival. Fui, na verdade, assistir o show
Sinto da parte de muitas pessoas a necessidade - ou a obriga-
da sensacional Dave Matthews Band - mas, como cheguei cedo,
ção - de consumir apenas (ou principalmente) a música mais nova,
acabei assistindo boa parte do primeiro show dentre as duas atra-
a que tiver no mainstream atual. Ora, isso me cheira muito ao que
ções da noite: Ben Harper. As tendas eram pequenas, o Free Jazz
fazíamos quando éramos jovens, quando havia um “abismo” de ge-
mais intimista naturalmente, e eu vi ambos shows a poucos metros
ração entre nós e os nossos pais, e precisávamos “ser diferentes”, termos o “nosso”. Hoje já não há tanta diferença de gerações, eu acho. E mesmo muitas das diferenças da minhas época eram mais imaginárias do que outra coisa qualquer. Por exemplo: meu pai foi criado com música clássica e a adorava, a vida inteira. Tivemos jun-
do palco, obtendo absolutamente todas as impressões possíveis e imagináveis de se obter ao assistir um show. E me lembro de, apesar de ser numa tenda, e ser obviamente um show amplificado (com PA), o som era bem decente.
tos muitas e longas conversas, audições e troca de LPs e CDs de
Nunca tinha ouvido falar em Ben Harper - apesar de que, nessa
música clássica, assim como ele mesmo acabou incorporando à
altura, seus primeiros álbuns já haviam sido lançados. Lembro de
discoteca dele coisas como Jean-Michel Jarre, Pink Floyd e Vangelis
algumas coisas sobre o show: a precisão de seus músicos e entro-
(que ele adorava, especialmente os discos com o vocalista do Yes, Jon Anderson). Existe muita variedade com qualidade, felizmente! E assim como Ben Harper vendeu muito disco e encheu muitos shows, e o U2 inegavelmente frequentou as paradas de sucesso mundiais por mais de uma década, podem ter certeza de que o velho e bom Johann Sebastian Bach, com muitas de suas obras, esteve no topo da paradas de sucesso da “Rádio Boca-à-Boca-Barroca” de 1723! Portanto, o variado cardápio de delivery desta semana traz os seguintes. Primeiro um folk rock moderno, com toques de blues, letras engajadas e muita musicalidade. Em segundo, um dos mais inte-
samento musical da banda, e o sentimento passado pelos vocais e guitarra de Harper - que toca o show inteiro sentado, cantando e tocando uma guitarra slide Weissenborn em seu colo. Aparentemente Harper é notório por ser introvertido no palco, sendo que o principal, para mim, não é sua presença, e sim sua música. Isso me lembra, aliás, que foram feitas críticas quanto à ele “cantar sem sorrir, sem se mover”, e eu podia ser leniente com o crítico, mas ele chamou a Dave Matthews Band de “sub-banda”, e isso não tem nada a ver com gostar dessa banda ou não, mas sim com demonstrar completo e total desconhecimento do que se está falando.
ressantes e instigantes de todos os clássicos barrocos, nas mãos
Outras duas coisas marcaram o show de Ben Harper: o baixis-
de um extraordinário mestre que é, também, uma personalidade e
ta, um negro gorducho de nome Juan Nelson (apelidado de “Bass
tanto! E, por último, um rock irlandês da década de 1980 que é, em
Boss”), que “comia um baixo de 6 cordas com farinha” e ainda dava
muitos sentidos, irretocável. Vamos à eles:
troco em Euro - e, sim, era o músico mais se mexia no palco, o cara mais fisicamente animado. A outra, e última, lembrança é o fato de que, durante o show, acho que eu e um par de amigos éramos os únicos que não acendemos um “cigarrinho do capeta” - era tanto ar quente que eu achei que a tenda ia começar a levitar como um balão. Cada um se diverte do jeito que gosta… Ben Harper, competente é, mas pelo meu gosto da época seu trabalho veio me agradar mais apenas na década seguinte, com vários de seus discos - principalmente o Welcome to the Cruel World aqui em questão. A excelente gravação, arranjos nota 10, e a proficiência técnica de todos os músicos, estão bem acima da maioria do folk-rock-pop da época (e de agora também). Benjamin Chase Harper nasceu na Califórnia em 1969, filho de um negro com ascendência de índios Cherokee e uma mãe judia com ascendência lituana. Harper, que aprendeu a tocar guitarra desde criança, pode ter sua música definida como uma mistura de folk,
Ben Harper - Welcome to the Cruel World (Virgin Records, 1994)
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rock, reggae, blues e soul. Suas influências de blues e folk nasceram no período que ele vivia na loja The Folk Music Center & Museum, de
propriedade de seus avós, que era frequentada por luminares como
Harper, que pratica filantropia e tem engajamentos políticos que
Leonard Cohen e Taj Mahal. E sua influência do reggae vem de ter
vão além de suas letras - como participar de movimentos que in-
assistido Peter Tosh e Bob Marley tocando ao vivo.
citam as pessoas a voltarem nos EUA, e movimentos contra ar-
Também uma criança prodígio, Harper já se apresentava ao vivo aos 11 anos de idade, assumindo como instrumento principal a gui-
mas nucleares - foi casado com a atriz hollywoodiana Laura Dern (Jurassic Park, Star Wars: Os Últimos Jedi) e é um ávido skatista.
tarra tipo slide, influenciado pelo blues de Robert Johnson. Harper,
O disco Welcome to the Cruel World, além de ser o primeiro disco
no final da adolescência, saiu em turnê com o blueseiro Taj Mahal,
de Harper, é o único que usa essa banda de apoio - provavelmente
participando da gravação de um disco dele no começo dos anos 90.
toda de músicos de estúdio. A partir do disco seguinte, e até hoje,
Uma curiosidade audiófila é que Harper e o guitarrista Tom Freund gravaram, em 1992, um LP para o selo Cardas: Pleasure & Pain,
a banda criada por Harper permanece praticamente inalterada, e recebeu a alcunha The Innocent Criminals.
uma gravação minimalista acústica feita pelo próprio George Car-
Entre os instrumentos usados na diversas faixas de Welcome to
das, usando seus microfones e cabos, e registrada direto em ana-
the Cruel World, estão: guitarras e violões, gaita irlandesa, bateria,
lógico em um gravador de rolo Studer A80 - e lançado somente em
percussão, cello, baixo, acordeon, e numerosos backing vocals. In-
vinil pelo selo Cardas.
formações técnicas sobre a gravação? Nenhuma, claro.
Na sequência, Harper fechou contrato com a Virgin Records e lançou seu primeiro disco, aqui apresentado: Welcome to the Cruel
Atenção especial deve ser dada às muito boas faixas Whipping Boy, e Don’t Take That Attitude to Your Grave, entre outras.
World. São, até hoje, 15 discos de estúdio, sendo que alguns são
Pode ser encontrado em: CD / Vinil / Cassete(!!) / Serviços de
colaborações com nomes como Charlie Musselwhite e o grupo vo-
Streaming selecionados. Conheço o CD e a versão Streaming: ex-
cal Blind Boys of Alabama.
celentes! Sempre ouvi esse disco em digital, e sempre gostei dele,
Ben Harper
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DISCOS DO MÊS tanto musicalmente quanto pela qualidade de som - é um disco bem
Os vídeos são sensacionais, tanto em suas ideias quanto em suas
feito. A versão em vinil eu nunca peguei nas mãos, mas no momento
execuções, mostrando coisas como processo de se criar um jardim
do fechamento desta edição, tinha um vinil deste álbum para vender
no meio de uma grande metrópole canadense inspirado em uma es-
no Mercado Livre por R$345,00!!
pecífica das seis Suítes. Ou outro que mostra a criação de uma coreografia de Kabuki, no Japão, também para uma das suites. Todos os filmes são apresentados e conduzidos, estrelados, pelo Yo-Yo Ma
OUÇA UM TRECHO DA FAIXA “WHIPPING BOY” NO YOUTUBE: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/ WATCH?V=QQBKSLR_WKS
e os vários colaboradores envolvidos em cada ideia. Assistindo todos os filmes (os quais hoje tenho em DVD), e me apaixonando por todas as Suites, comprei o CD duplo que faz a trilha sonora deles: Inspired by Bach - The Cello Suites, gravado pela Sony Classical. Deve-se dizer aqui que a música do disco são
QUALIDADE DE SOM MUSICALIDADE
as Suites para Cello Solo completas, sem alterar uma nota, sem alterar a ordem, nada. Ou seja, o CD é a trilha da série e é, ao mesmo tempo, uma magnífica interpretação da obra. Esta é a segunda gravação que Yo-Yo Ma faz delas, sendo que a primeira foi nos anos 80, quando ele era mais jovem. Claro que quem vê ele hoje em dia, acha que nesses filmes o cellista está jovem, mas ele já estava com mais 40 anos de idade, em plena maturidade musical - e isso para mim transparece claramente em sua interpretação. Johann Sebastian Bach (cujo nome pode ser traduzido como João Sebastião Ribeiro) é um dos mais conhecidos e celebrados compositores do repertório mundial da música clássica, e um dos mais prolíficos também: em 65 anos de vida (nascido em 1685), compôs mais de 1000 obras - apesar de ser mais lembrado por poucas delas, como os Concertos de Brandenburgo, a Paixão Segundo São Mateus, Air on the G String, o Cravo Bem Temperado, entre outras. Não se sabe exatamente quando Bach compôs as Suites para Cello, mas estima-se que tenha sido entre 1717 e 1723, quando ele ocupava o cargo de Mestre de Capela na cidade alemã de Köthen,
Yo-Yo Ma - Inspired By Bach (Sony Music, 1997)
e seu título original, no manuscrito, é “Suites para Cello Solo sem Contrabaixo”. Cada uma das seis Suites são divididas em seis mo-
Política, “bolacha ou biscoito”, e interpretações das Suites para
vimentos, sendo um prelúdio e mais cinco danças barrocas típicas,
Cello Solo do compositor clássico barroco alemão Johann Sebastian
como: allemande, courante, sarabande, bourrée, gavotte, minueto
Bach, todas têm algo em comum: elas dividem pessoas em discus-
e giga. As Suites já foram chamadas por críticos de “danças com
sões acaloradas mais que times de futebol. Acho que puxam a faca
Deus”, e alguns de seus movimentos são frequentemente tocados
e rola sangue! Certamente rolam maldições! Hehehe…
por cellistas em concertos ao vivo, além de já terem sido gravadas
Em idos da década de 1990 (lá pra 1997 ou 98) estava eu, alegre
34
por praticamente todos os cellistas proeminentes do mundo.
e pimpão, assistindo a então boa programação da TV à cabo brasi-
Uma das coisas que chama a atenção nos seis filmes é a sim-
leira, quando topei com um sujeito oriental tocando um cello e falan-
patia, eloquência e a paixão musical de Yo-Yo Ma. Claro que falar
do sobre Bach. Só que não era um documentário sobre Bach, era
isso hoje em dia é “chover no molhado”, já que Ma é uma espécie
algo diferente, era uma série de vídeos conceituais, seis episódios
de superstar da música clássica e de vários crossovers com vá-
inspirados pelas seis Suítes para Cello Solo do célebre compositor.
rios gêneros. Mas quem começou a acompanhar o trabalho dele
Foi o meu primeiro contato com as Suítes, e o primeiro contato com
25 anos atrás, percebe sua integridade musical e técnica. E essa é
o cellista: Yo-Yo Ma, hoje quase tão famoso quanto os Beatles.
a segunda impressão que ele me passou com sua música quando
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vi os filmes: um dos mais perfeitos equilíbrios entre técnica e feeling
grande que só pode ser apresentada se for itemizada, senão ficaria
musical. Yo-Yo Ma é, para mim, um dos melhores e mais completos
parecendo bula de remédio de tão longa e cheia de vírgulas.
músicos vivos e em atividade.
Praticamente tudo que Yo-Yo Ma gravou, vale a pena ser ouvi-
Yo-Yo Ma nasceu em 1955 em Paris, filho de chineses: uma mãe
do. Porém, acho que vale a pena destacar certos trabalhos, par-
cantora e um pai violinista e professor de música, que migraram
ticipações em trilhas sonoras, entre outros: as trilhas de O Tigre e
para a França em uma época de conflitos comunistas na China. Ele
o Dragão e Sete Anos no Tibete, como solista na Symphony 1997
foi uma criança prodígio e começou a tocar violino e viola, e depois
do compositor chinês Tan Dun (por conta da devolução de Hong
cello, assim que teve tamanho suficiente para segurar o instrumen-
Kong para a China), como parte do grupo Silk Road Ensemble tra-
to. E logo, quando Ma tinha apenas sete anos, a família mudou-se
zendo música de vários países da Rota da Seda, CDs com música
para Nova York, nos EUA, onde acabou por tocar para presidentes
brasileira, música de Astor Piazzolla, de Ennio Morricone, colabora-
americanos com sete anos, e apareceu em um concerto na televisão
ções com o guitarrista Carlos Santana, o violonista James Taylor e
aos oito, sendo regido por ninguém menos que Leonard Bernstein.
o compositor minimalista Philip Glass, além da extensa discografia
Entre outras apresentações honrosas, Ma tocou na Casa Branca
de música clássica propriamente dita. Totaliza mais de 90 discos,
para uma platéia que incluía o então presidente Reagan, e a prince-
sendo que 18 deles ganharam Grammys.
sa Michiko e o príncipe Akihito da família real japonesa - isso já na década de 80.
Entre as curiosidades sobre Yo-Yo Ma, está que ele foi nomeado Embaixador da Paz da ONU, em 2006, durante a direção de Kofi
Ma estudou na célebre Juilliard School of Music, aos 19 anos, ten-
Annan, e que foi nomeado pela revista americana People como o
do como mestre o célebre pedagogo e cellista Leonard Rose, e se
“Mais Sexy Músico Erudito” - que ele diz ser a pior qualificação à
formou no Harvard College em 1974 (do qual recebeu um doutorado
qual ele já foi exposto.
honorário em 1991). Sua carreira foi, digamos, meteórica - e ainda
Yo-Yo Ma utiliza, em geral, três instrumentos. O principal é um
é! A lista de trabalhos relevantes, participações e projetos dele é tão
cello do mestre veneziano Domenico Montagnana, de 1733, que
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DISCOS DO MÊS recebeu o nome Petunia, dado por uma estudante de Ma: em uma
OUÇA UM TRECHO DA OBRA NO YOUTUBE: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH? V=CTQVAFK0E6Q
aula, a estudante perguntou se o instrumento tinha nome, e Ma respondeu graciosamente: “Não, mas se eu tocá-lo para você, você dá um nome?”. O segundo é o cello stradivarius chamado Davidov, que era tocado pela célebre cellista inglesa Jacqueline du Pré, e foi passado à ele quando ela faleceu em 1987, e que Ma usa somente para o repertório barroco. E o terceiro instrumento é um cello de
QUALIDADE DE SOM
fibra de carbono feito pela célebre empresa Luis and Clark, luthiers
MUSICALIDADE
de Boston, nos EUA. Fica aqui o registro que, como profundo apreciador da arte musical, e também das técnicas de gravação, eu acho que deveria ser obrigatório haver informações e documentação de todas e quaisquer gravações decentes já feitas. Seja para poder falar sobre em artigos de música em revistas especializadas, seja para técnicos diletantes como eu aprendermos e entendermos sempre mais um pouco. Dito isso, a única informação técnica interessante que eu achei sobre este disco é que o engenheiro de gravação foi Charles Harbutt, que foi o engenheiro principal da Sony Classical do final da década de 80 até meados da de 90 - ou seja a Sony empregou o melhor que eles tinham à disposição. Destaque para todas as faixas, da primeira à última, em “repeat” no aparelho de CD ou no Player do serviço de streaming - uma obra imortal! Pode ser encontrado em: CD duplo / Serviços de Streaming selecionados. Obviamente um disco que merecia um vinil, que provavel-
U2 - Rattle & Hum (Island Records, 1988)
mente ocuparia um disco quádruplo, já que tem acima de 2 horas e Minha adolescência foi nos anos 80 portanto eu, como fã de rock,
20 minutos de duração - e que vale cada minuto!
ouvia U2 com uma certa frequência - e é uma banda que me traz boas lembranças dessa época. Anos atrás, quando eu ouvia mais rock, eu costumava indicar o disco Rattle & Hum para os amigos, em vinil, como um disco de boa qualidade sonora. Mas, um dia desses, eu simplesmente lembrei da banda U2, e pensei: onde andam esses caras? Os trabalhos mais recentes deles não me agradam muito, mas eu pelo menos estava consciente do aparecimento deles na mídia. Tenho a impressão que já faz algum tempo que U2 virou uma banda para o grupo de fãs que eles já têm, para o pessoal mais velho. Enfim, a época do trabalho do U2 que eu considero mais bem elaborada é, justamente, a década de 80, com discos excelentes como Boy, War, The Unforgettable Fire e The Joshua Tree, que traziam os maiores sucessos da banda, os hinos que todos sabiam cantar, o trabalho mais criativo - como Sunday Bloody Sunday, New Year’s Day, Pride (In the Name of Love) e With or Without You. Após esse período, na década de 90, a banda começou a mudar sua sonoridade e a ‘se reinventar’ - foram em direções que não me eram tão Yo-Yo Ma
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interessantes quanto é a qualidade inicial da banda.
Então por que não escolher um disco desses aí citados para in-
influência era o punk rock. Em 78, com a saída de Dik Evans, a
dicar aqui nestas mal traçadas linhas? Motivos: Rattle & Hum é um
banda se consolidou sob o nome U2 (sugerido por um amigo) e, ao
disco parcialmente ao vivo, que traz convidados de primeira, mais
ganhar um show de talentos local, usaram o dinheiro para gravar um
músicos na banda de apoio, uma boa maturidade da banda, inter-
demo e mandá-lo às gravadoras - sendo que em fevereiro de 1980
pretações energéticas, além de trazer boas faixas de alguns dos
conseguiram assinar com a Island Records. O primeiro álbum, Boy,
discos citados acima. E é um disco que tem fortes influências de
trouxe o primeiro single de sucesso no exterior: I Will Follow. E o
raízes sonoras americanas, trazendo blues, folk e gospel ao som
resto, como diz o ditado, entrou para a história.
irlandês um pouco politizado - carrega um grande tributo à música
Muito conhecidos no mundo inteiro, o U2 lançou seu melhor disco
americana, com faixas de Bob Dylan (e participação dele), além de
de estúdio, The Joshua Tree, em 1987, trazendo uma enormidade
uma participação do blueseiro BB King, um cover dos Beatles, e um
de sucessos mundiais, como: With or Without You, I Still Haven't
coral Gospel em uma faixa. E é um disco mais bem gravado que os
Found What I'm Looking For, e Where the Streets Have No Name,
outro deles desta época - principalmente sua prensagem em vinil.
com uma mudança de sonoridade garantida pelos produtores do
O U2 tem uma história longa, em um carreira que vem, oficialmen-
disco, Daniel Lanois e Brian Eno.
te, desde 1980 até hoje, como banda internacional, com discos lan-
Me parece que essa fase toda do The Joshua Tree, com o Rattle
çados. A banda começou a ser formada em 1976, na escola Mount
& Hum no meio, chegando ao disco Achtung Baby, foi a de maiores
Temple Comprehensive High, em Dublin, na Irlanda, com o nome de
mudanças na música da banda - o que, na minha opinião, garante
Feedback, quando o baterista Larry Mullen Jr, então com 14 anos
o Rattle & Hum como muito interessante, porque pega o melhor dos
de idade, pôs um anúncio procurando músicos para formar uma
vários mundos dos anos de mudança, e por ser algo mais livre na
banda. Com a resposta vieram o vocalista Bono (Paul Hewson), os
criação e influências da banda, já que estavam em pleno sucesso e
guitarristas The Edge (David Evans) e seu irmão Dik Evans, e o bai-
recebendo apoio financeiro de gravadores e até o estúdio de cinema
xista Adam Clayton. A Feedback (depois chamada durante pouco
Paramount Pictures. Explico: o projeto do disco Rattle & Hum não
tempo de The Hype) tocava principalmente covers e sua principal
foi apenas o álbum, mas também um filme em preto e branco, estilo
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DISCOS DO MÊS
U2
documentário, que começou sendo financiado pela própria banda, mas acabou encampado pela Paramount Pictures após seus custos de produção ficarem muito altos. A Paramount, por sua vez, estreou o filme dos cinemas no mundo todo - inclusive no Brasil, onde eu me lembro de ver noticiado, mas acabei não assistindo. As críticas ao filme são mistas, como sempre, mas devido a ele não fazer tanto sucesso assim, muitos críticos disseram coisa como: o filme é monótono, mal iluminado, e sofreu com a super promoção por ter migrado de um projeto de documentário de uma turnê para uma produção hollywoodiana.
O destaque especial vai para as faixas Van Diemen’s Land, e When Love Comes to Town, e para quase todo o resto do disco. Pode ser encontrado em: CD / Vinil duplo / Serviços de Streaming selecionados. Este disco em digital é bem decente, mas ele brilha realmente em vinil - uma compra obrigatória e fácil, já que ele, por ser de 1988, existe no excelente vinil nacional em profusão. Claro que o objetivo é achar uma prensagem americana ou européia - ou mesmo uma japonesa! Em 2002 houve uma pequena prensagem em vinil na Europa, em 180 gramas, mas que deve ser muito difícil e até um bocado cara - de se obter.
Parte das faixas do disco (um vinil duplo) são gravadas ao vivo na turnê do disco The Joshua Tree, em várias localidades nos EUA, que incluem faixas inéditas, covers, participações e até faixas de discos anteriores. O resto é material inédito, de estúdio. A tonalidade do material todo é um pouco eclética, mas é altamente influenciada por música americana, blues e folk.
OUÇA UM TRECHO DA FAIXA “WHEN LOVE COMES TO TOWN” COM BB KING COMO CONVIDADO, NO YOUTUBE: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/ WATCH?V=PJ0WYPAELSK
Rattle & Hum chegou a vender mais de 14 milhões de cópias, e acabou sendo certificado como disco de ouro e de platina em vários países, assim como foi primeiro lugar nas paradas de sucesso no Reino Unido, EUA, Austrália e vários países da Europa. Não há nenhuma informação sobre técnica de gravação, neste
QUALIDADE DE SOM
caso, também - mas isso era de se esperar de uma gravação co-
MUSICALIDADE
mercial de um grupo de sucesso internacional.
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ANO 1 NOVEMBRO 2020
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SEU GUIA DE FONES DEFINITIVO
BELÍSSIMO FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS
E MAIS
NOVIDADES DE MERCADO GRANDES NOVIDADES DAS PRINCIPAIS MARCAS DO MERCADO
GUIA DE REFERÊNCIA CONFIRA TODOS OS FONES JÁ TESTADOS PELA AVMAG
UM FONE SURPREENDENTE PELO QUE CUSTA FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300
ÍNDICE
FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS
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EDITORIAL 42 A hora e vez de fones que são seguros para a nossa audição
NOVIDADES 44 Grandes novidades das principais marcas do mercado
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TESTES DE ÁUDIO 46
Fone de ouvido Meze 99 Classics
54
Fones de ouvido Onkyo ES-FC300
44 RELAÇÃO DE FONES/DACS 62 Relacionamos todos os fones e amplificadores/DACs de fones que já foram publicados na Áudio e Vídeo Magazine
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EDITORIAL
A HORA E VEZ DE FONES QUE SÃO SEGUROS PARA A NOSSA AUDIÇÃO Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Desde a edição número um da Audiofone, que escrevemos a res-
o fone Hi-fi, com preço mais condizente com a nossa triste realida-
peito dos perigos de se abusar do volume e os danos irreversíveis
de financeira, ainda não seja distribuído no Brasil. Para conseguir
que este hábito pode causar. E muitos dos nossos novos leitores (na
o fone, nosso colaborador Christian Pruks teve que pesquisar, em
sua maioria jovens com menos de 30 anos), nos questionam sema-
diversos fóruns internacionais, fones que tivessem como “premissa”
nalmente que seus fones ou dos amigos, não tem a menor graça
o melhor equilíbrio tonal possível à um custo razoável! Felizmente ele
em escutar música em volumes seguros. A maior reclamação é que,
pode ser encontrado em vários sites de venda pela Internet mundial!
ao manter o volume dentro do recomendado, a música fica sem
Já o fone Hi-End, agora já com distribuição oficial, pode ser compra-
graça, sem peso, e não dá “tesão”. Entendo perfeitamente o que
do diretamente online com garantia e assistência técnica.
esses leitores reclamam, pois quando meu filho era adolescente ele
O que ambos possuem de maior diferencial em relação a con-
abominava (como eu nessa idade) ouvir música em fone, tendo um
corrência? A possibilidade de se escutar música em volumes muito
bom sistema em casa. Aliás, este foi um fato que certamente levou
baixos, sem perder nada e, o mais importante, sem perder o “tesão”
tanto a mim como ele, a não ser grande fã de fones, já que em com-
ou a “adrenalina” que a música proporciona. E ambos, são mui-
paração com sistemas bem ajustados, não tem a menor graça ouvir
to versáteis para qualquer gênero musical! Quando o consumidor
seus discos em um fone de ouvido. Mas essa é a realidade da es-
se depara com um fone com essas qualidades, e percebe que sua
magadora maioria dos jovens das grandes cidades: o seu celular e
exposição pode se prolongar por mais horas, sem nenhuma fadiga
um fone, então é preciso que os fabricantes entendam este enorme
auditiva, ele imediatamente percebe todos os benefícios e não abre
esforço da Organização Mundial da Saúde (OMS), e disponibilizem
mais mão desses benefícios.
fones de custo razoável com um equilíbrio tonal que permita a todos ouvir suas músicas em volumes seguros.
de, não tenho dúvida que poderemos “estancar” essa triste estatísti-
Nesta edição, conseguimos dois fones que são um “exemplo”
ca de tantos problemas auditivos em pessoas cada vez mais jovens.
desta nova tendência. Sendo um fone Hi-End e um Hi-Fi, em que
É uma notícia para ser comemorada e espalhada aos quatro
a “audição segura” é sua principal qualidade e benefício. Pena que
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Quando o mercado tiver mais fones com este padrão de qualida-
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ventos!
WWW.CLUBEDOAUDIO.COM.BR NOVEMBRO . 2020
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NOVIDADES
JBL TUNE 125TWS AMPLIA RECURSOS DA LINHA TRUE WIRELESS COM BATERIA DE LONGA DURAÇÃO
Sinta os graves intensos por ainda mais tempo com os novos fones de ouvido intra-auriculares totalmente sem fio da família JBL Tune. Atualizando a aclamada linha JBL Tune, já está disponível no mercado brasileiro um novo modelo de fone de ouvido in-ear True Wireless. O JBL Tune 125TWS mantém a alta qualidade de som e a exclusiva tecnologia JBL PureBass totalmente livre de cabos, mas agora com mais tempo de reprodução e o aprimoramento dos recursos de conectividade. Com seu design ergonômico e visual bonito e discreto, a novidade é ideal para acompanhar os consumidores ao longo de todo o dia com o som lendário JBL e uma série de recursos voltados à praticidade. Presente em toda a linha JBL Tune, a tecnologia JBL PureBass garante graves precisos, com um driver dinâmico de 5,8 mm. Além do impecável e reconhecido som da marca líder global do segmento de áudio, o fone possui uma prática alternância entre as músicas e chamadas, proporcionando ligações com som estéreo e livres de qualquer distorção. Já o Bluetooth 5.0 assegura uma conexão simples e eficiente com os dispositivos móveis. Quando comparado ao modelo anterior - o sucesso de vendas JBL Tune 120TWS - este lançamento entrega uma bateria com o
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dobro da capacidade: o JBL Tune 125TWS chega a 32 horas de som combinado, sendo até 8 horas contínuas e outras 24 horas com o backup do estojo - e bastam 15 minutos de carregamento para os fones proporcionarem mais 1 hora de uso. Com a tecnologia Dual Connect, é possível escolher se vai utilizar o fone direito, esquerdo ou ambos, seguindo a conveniência do consumidor. Essa conexão independente habilita as funções de microfone e gerenciamento de músicas e chamadas conforme o usuário estiver utilizando, além de possibilitar carregar um fone enquanto utiliza o outro.
Pensando na máxima praticidade para a rotina, o JBL Tune 125TWS ainda conta com o Google FastPair para emparelhar os fones ao dispositivo Android 6.0. Assim que o estojo de carregamento é aberto, a notificação já aparece na tela de dispositivos Bluetooth próximos para conectar-se facilmente com apenas um toque. Conforto e dinamismo para acompanhar um dia a dia agitado.
Para mais informações: JBL https://www.jbl.com.br/fones-de-ouvido-bluetooth/TUNE125TWS-.html
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ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=1H_QPDU_QHY
ASSISTA AO VÍDEO DO PRODUTO, CLICANDO NO LINK ABAIXO: 46
HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=RQFUL9E95HO NOVEMBRO . 2020
TESTE FONE 1
FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Mesmo com tantos anos de estrada, eu ainda me surpreendo
entre todos que já o testaram, foi sua qualidade de acabamento,
com produtos que podem dar tanto “pano para manga” em suas
conforto, beleza e elegância. Nesses quesitos, o 99 Classics parece
avaliações. Se existe um fone de ouvido que recebeu tantas críticas
ter conquistado a todos!
distintas nos últimos três anos, este produto é o Meze 99 Classics. Vai de um pacato “classe D” em uma revista Stereophile, até produto do ano em inúmeras publicações especializadas. São dezenas de testes em inúmeras línguas e cada teste as conclusões chegam a ser antagônicas.
Mas quem é essa Meze? Uma marca tão pouco conhecida por essas paragens! A Meze Audio é uma empresa relativamente nova no mercado. Começou a fabricar fones em 2009. Seu fundador Antonio Meze estava procurando no mercado um fone para o seu uso que pu-
Vou citar algumas para o amigo leitor ter uma ideia de quanta
desse ser confortável e lhe proporcionar horas e mais horas de uso,
conclusão desencontrada este fone causou. Alguns citam que o
sem lhe causar fadiga auditiva. Depois de ouvir dezenas de fones
fone não é muito neutro, porém viciante na sua forma de apresentar
disponíveis no mercado, compartilhou sua ideia de fabricar ele mes-
a música. Outros chegaram à conclusão oposta, ao dizerem que
mo o seu fone ao amigo Raluca Vontea (hoje o diretor comercial da
se trata de uma apresentação neutra o que o torna um fone mais
Meze), e nasceu a Meze Audio, que projeta não só seus próprios
frio. Os graves, para uns revisores, são excessivos e para outros
fones como também projeta produtos para uma série de indústrias
falta energia e definição! A única coisa que parece ser um consenso,
diferentes, tanto na área de design como de móveis.
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FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS
Antonio Meze queria um fone que tivesse um design distinto e com acabamento luxuoso. E que despertasse no consumidor o desejo ao olhar o produto de conhecê-lo. Os fones de ouvido Meze são projetados e desenvolvidos na Romênia, e fabricados em Zhuhai. E a empresa cresceu tanto nos últimos 5 anos, que conta com 1000 funcionários em sua fábrica. Para um fone que custa menos de 500 dólares, seu acabamento e os acessórios que ele disponibiliza, o fazem uma referência em termos de apresentação em relação a concorrência nesta faixa de preço. O fone vem embalado em um casulo que parece ser feito de couro sintético, em uma embalagem de papelão de alta densidade. Neste casulo, junto com o fone, o fabricante disponibiliza duas espumas de reserva, e dois cabos - um menor de 1 m e um outro maior de 3 m. Os plugs TS são banhados a ouro (um para cada canal) e o consumidor precisa estar atento na hora de fixar o cabo no fone, pois a indicação de canal direito e esquerdo está no plug. Também estão incluídos adaptadores para uso em avião, e um plug P10. Totalmente fechados, eles pesam menos de 300 gramas (fato que adorei), e são acabados em madeira (nogueira). Os fixadores são de zinco fundido e a estrutura é toda de aço manganês estampado, com mola e tiara ajustável de couro sintético.
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Os protetores auriculares possuem o tamanho exato para orelhas
Os drivers são de cone Mylar de 40 mm (1,6 polegadas) posicio-
“normais”, se ajustando perfeitamente a elas. Se tem algo que é
nados no centro dos fones e mantido em uma estrutura moldada por
possível falar sobre este Meze, é que não há desconforto algum.
injeção de ABS reforçado em plástico rígido. Segundo o fabricante,
Seu isolamento do mundo externo não é total, mas o suficiente para
sua resposta é de 15 Hz à 25 kHz, sensibilidade de 103 dB (a 1 mW),
esquecer o mundo lá fora, no instante que você aperta o play!
e uma impedância de 32 Ohms.
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FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS
Para o teste utilizei os prés de fone do Nagra TUBE DAC e do pré Classic, e também do meu celular Samsung Note 10 Lite para a
tamente.
reprodução de Tidal. As fontes, quando ligado nos prés de fone da
Se você ouvir nos volumes seguros meu amigo, não faltará ab-
Nagra, foram tanto analógicas (nosso Sistema de Referência), strea-
solutamente nada, e o conforto pelo seu peso e pela qualidade do
mer Innuos Zen (leia teste na edição Melhores do Ano de Jan/Fev
som, permitirá audições sempre seguras e com zero de fadiga au-
2021), e transporte dCS Scarlatti. Os cabos digitais foram, USB: Feel
ditiva!
Different FDIII, e Dynamique Audio Zenith 2. Crystal Cable AES/EBU Absolute Dream. Coaxial: Sunrise Lab Quintessence, e Feel Different FDIII (leia Teste 4 nesta edição) A Meze não fala absolutamente nada em relação a amaciamento, ainda assim antes de iniciar os testes eu deixei amaciando por 24 horas. Não vi alterações significativas, o que é excelente, pois o comprador pode já sair desfrutando imediatamente de suas qualidades.
Quer notícia melhor que essa? Eu tenho, e várias. Ele não faz pressão, se encaixa perfeitamente, suas espumas permitem que não fique aquele suor incômodo nas orelhas e, o mais importante: mesmo em volume reduzido, ele já o isola o suficiente do ambiente externo! E O SOM? Meu amigo, seu equilíbrio tonal é de altíssimo nível. Agudos naturais, com excelente extensão, sem nenhum vestígio de brilho ou
Minha primeira curiosidade era justamente entender o que levou
luminosidade. A região média tem a qualidade de ser correta na me-
tantos testes a terem conclusões tão díspares! Minha primeira ob-
dida certa em termos de transparência e naturalidade. Sem vestígio
servação: o 99 Classics é extremamente exigente com os prés de
nenhum de hiper detalhamento ou projeção do médio, tão comum
fone e DACs.
em diversos fones hi-end!
Segunda conclusão, são fones para quem respeita e deseja cuidar de sua audição! Quando saquei isso, que mesmo em volumes
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reduzidos seu equilíbrio tonal é correto, ele me conquistou imedia-
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E os graves, tão díspares em cada teste que li, são bons, tanto em correção como em energia e definição.
Agora, se o cara tem o costume de achar que precisa passar do volume seguro para ouvir o grave (fato que realmente é necessário em inúmeros fones hi-end), aí o grave irá se sobressair em energia. Não irá encobrir a região média, mas se apresentarão com mais evidência do que as outras frequências. Quanto a alguns testes em que o articulista escreve que o grave carece de definição, em todos os equipamentos usados, não houve sequer resquício de falta de definição em nenhuma gravação ou estilo musical. Em alguns testes o articulista cita as músicas utilizadas,
tornam confusas e opacas. O Meze entrega tudo da forma que foi captado, mixado e masterizado! Os transientes impressionam pela capacidade de marcar o tempo e o ritmo pela precisão e segurança. Em gravações de piano solo (excelentes para avaliação de transientes), é possível se ter alguns “sustos” com a energia e peso que você escuta da mão esquerda. A dinâmica tanto a micro como a macro, são excelentes. Escutei a Sinfonia Fantástica de Berlioz, o quarto e o quinto movimentos, e
e tive o cuidado de pegar todas essas gravações no Tidal e ouvir,
mesmo nos volumes seguros de audição, a escala do pianíssimo
tanto no celular, como no nosso Sistema de Referência. Zero de
para o fortíssimo é muito impressionante!
ausência de definição dos graves!
Claro que seu cérebro não irá se enganar nunca com um fone de
Suas texturas são primorosas, em termos de riqueza de detalhes
ouvido (já que o corpo harmônico é diminuto), mas nas gravações
e intencionalidade. Ouvi diversas gravações de grandes corais, e se
de alto nível artístico, a sensação de “materialização” no centro do
o fone não tiver um excelente equilíbrio tonal, muitas passagens se
cérebro, é impressionante!
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FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS
CONCLUSÃO Acho que o que levou à diversos testes com conclusões tão diferentes, tem duas razões: fontes utilizadas no teste, escolha dos discos (alguns que peguei para ouvir no Tidal, já tem ‘turbinação’ excessiva nos graves) e, o mais importante, volumes acima da zona de segurança! Aí, meu amigo, não há equilíbrio tonal que prevaleça. Agora, se você busca um fone que seja excelente em termos de equilíbrio tonal, e você queira acima de tudo preservar sua audição por toda a vida, tenho uma excelente notícia: o 99 Classics é perfeito nestes quesitos! Tão perfeito que este aqui não volta mais para o distribuidor! Junto com os meus outros dois fones de referência, terão estadia permanente (isso se conseguir que minha filha me devolva depois de suas aulas online e de suas audições pessoais). Aqui em casa ele se tornou o “queridinho” das mulheres!
PONTOS POSITIVOS Excelente construção e um equilíbrio tonal que se preocupa com sua segurança auditiva.
FONE DE OUVIDO MEZE 99 CLASSICS Conforto Auditivo 9,0
PONTOS NEGATIVOS
Ergonomia / Construção 9,0
Nada a esse preço.
Equilíbrio Tonal 11,0 Textura 11,0 Transientes 11,0 Dinâmica 10,0
ESPECIFICAÇÕES
Organicidade 11,0
52
Tamanho do transdutor
40 mm
Resposta de frequência
15 Hz - 25 KHz
Sensibilidade
103 dB (à 1 KHz, 1 mW)
Impedância
32 Ohms
Potência
30 mW
Potência máxima
50 mW
Cabo destacável
Cobre OFC com Kevlar
Plug
3.5 mm folheado à ouro
Peso
260 g (sem os cabos)
Conchas
Nogueira
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Musicalidade 12,0 Total 84,0 VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
German Audio contato@germanaudio.com.br R$ 2.469
Novo album piano solo Dedicado à obra de Noel Rosa Já disponível nas plataformas digitais. Arquivos originais em 24/96 disponíveis para venda exclusiva através do site. Lançamento Janeiro 2020
“Foi na noite do dia 19 de outubro de 2019 que este álbum foi integralmente gravado, num só fôlego. Minha vontade foi mesmo criar um som intimista, noturno, aconchegante e lento. Abri o songbook Noel Rosa e comecei a gravar algumas canções, na ordem (alfabética) em que se apresentam. O repertório parecia já saber o que me pedir como pianista. Assim, neste álbum, apresento as musicas na ordem em que as gravei. O que ouvimos aqui é o lume daquela irrepetível noite que me antecipava uma aurora de sonhos e galáxias que dançam ao som de Noel Rosa.” André Mehmari
Música Brasileira de excelência produzida hoje. Conheça os lançamentos do selo Estúdio Monteverdi http://www.andremehmari.com.br/loja-shop
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HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=WSGEG_G2IKO NOVEMBRO . 2020
TESTE FONE 2
FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300 Christian Pruks
chris@clubedoaudio.com.br
Até pouco tempo atrás, quando se falava de fones de ouvido de
Player”, que trazem telas grandes, grande armazenamento, software
real qualidade sonora - dentre os “com fio”, claro - sempre se fala-
avançado que permite reproduzir arquivos de tudo quanto é forma-
va de modelos de fones com impedâncias altíssimas, na casa do
to e resolução, e promessas de potência para “empurrar” qualquer
600 ohms. Tanto que tem fabricantes consagrados que, até hoje,
fone do mercado com qualquer impedância - promessas que nem
praticamente só fazem fones de 600 ohms - e os mesmos necessi-
sempre são cumpridas com louvor.
tam de boa amplificação para tocar. Se você ligar um deles em um smartphone, vai ter no máximo uma “música ambiente”. Claro que algumas poucas opções “fáceis de tocar” existem, para quem quer curtir sua música em movimento, ou simplesmente sentado em uma praça, parque, metrô, ônibus ou avião. No meio termo, para os aficionados da melhor qualidade de som, surgiram alguns amplificadores de fones de ouvido portáteis, mais ou menos do mesmo tamanho que um smartphone - que produziam visuais estranhos com gente carregando um telefone amarrado em um amplificador com um velcro, com fios para tudo quanto é lado, e um fone de alta qualidade (e alta impedância). Logo, claro, apareceram os players digitais portáteis, ou DAP (Digital Audio Player), que são um passo bem além do velho “MP3
Acontece que, assim como os fones de alta impedância são caros, os DAPs também são, e todos os esquemas pouco práticos são, enfim, pouco práticos. E, não só os smartphones melhoraram suas placas de som, como também adquiriram a capacidade de acessar todo o conteúdo de serviços de streaming. Os smartphones precisam, então, de bons fones, de alta qualidade sonora, que sejam de baixa impedância e bom preço. E é aí que começam a aparecer vários modelos de fones de bom preço - de vários fabricantes consagrados até - que não exigem demais dos DAPs, que não precisem de amplificador externo, que possam ser usados por smartphones ou tablets. Portabilidade é o futuro! E um desses bons fones, dentro de sua proposta, é o Onkyo ES-FC300.
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FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300
Especializada em equipamentos de áudio e home theater, a Onkyo Corporation foi fundada em 1946, em Osaka, no Japão, como Osaka Denki Onkyo KK - sendo que o significado de “Onkyo” é “ressonância do som”. É uma empresa de capital público cujos principais acionistas são uma família de nome Ohtsuki (que dirigem a empresa), e a Pioneer Corporation. A Onkyo, por sua vez, também é acionista da Pioneer Corporation. Lançados no final de 2013, existem dois fones praticamente iguais no portfólio da Onkyo: o ES-HF300 e o ES-FC300 (aqui testado). O que difere um do outro é o cabo provido com ele. O HF300, um pouco acima, vem com um cabo destacável de cobre OFC 9,99999% puro e com plugues de maior qualidade - e uma etiqueta de preço maior. Já o FC300 vem um cabo de cobre não especificado, com construção flat para evitar que embarace. Ambos cabos vem com plugues folheados à ouro, em ambas pontas. As diferenças acabam aí, e as especificações técnicas de ambos fones são iguais. Ambos cabos destacáveis utilizam plugues P2 de 3.5 mm na ponta que liga no player, e conectores padrão MMCX no lado do fone - que são um padrão usado por vários fabricantes de fones, principalmente a Shure. O FC300 é um fonte tipo fechado, e cujo tamanho é algo entre um On-Ear e um Over-Ear - creio que muito por causa do tamanho do driver que a empresa utilizou: 40mm, dinâmico, com cone de titânio e estrutura de alumínio. Os copos, estrutura e arco são todos de alumínio, com algumas peças em plástico, e a construção é soberba! Tanto o topo do arco como as almofadas são de “falso” couro (leatherette), e as almofadas usam espumas normais, e não com memória. O FC300 vem em um saco de tecido bem acabado, que provê um pouco de proteção no armazenamento, mas só isso. Durante o teste do fone Onkyo FC300 foram utilizados: smartphones LG K11+ e V20, tablet Samsung, notebook Acer Aspire Windows 10, e a saída para fones de ouvido do amplificador integrado Emotiva TA-100 BasX. O intuito da Onkyo foi fazer um fone de alta qualidade, por um preço acessível - e eu acho que eles tiveram sucesso, pois a minha opinião é a mesma de muitos reviewers: o FC300 toca com o refinamento e qualidades
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de fones que custam o dobro de que ele custa. Inclusive alguns
disseram que o grave do Onkyo FC300 desce mais que o de con-
aspectos e qualidades específicas superam alguns desses fones.
correntes famosos no mercado que custam, lá fora, o dobro do pre-
Ao ler sobre o projeto e as especificações deste fone, eu cheguei à conclusão de houveram alguns focos por parte da Onkyo. O primeiro foi fazer um fone que não “nivela por baixo” as gravações,
ço dele. Eu acho que eu acredito nisso, porque a minha experiência com os graves do FC300, seu poderio e sua extensão, tem sido bem divertida - prazerosa como sentar frente à um banquete.
e cujo foco do médio e do agudo eram ser mais “para trás”, mais
O FC300 é um fone que, em suas especificações, dá a entender
recuados. Tem gente que não curte isso, mas deu uma suavidade na
que pode ser usado plenamente em smartphones - mas isso não é
sonoridade do fone sem comprometer quase nada de detalhamen-
verdade na prática. Com gravações feitas em volumes mais baixos,
to ou tamanho das coisas. Ao ouvir música feitas por instrumentos
como as de música clássica, por exemplo, e muitas de vários gê-
acústicos, percebe-se que você está mais fora do palco, aprecian-
neros, no telefone ele não atinge os volumes necessários para uma
do-o, do que dentro do palco junto com os músicos - e eu achei isso
correta apresentação musical, em detrimento do prazer de ouvir mú-
ótimo! Porém, não vai tocar bem todas as gravações, porque as que
sica por ele. O resultado melhora em um tablet, mas só consegui
forem desagradáveis, pequenas, e “na cara”, muito comprimidas ou,
volumes mais interessantes no notebook ou, melhor ainda, em um
especialmente, as com volume muito alto, provocando embolamen-
amplificador de fones de ouvido.
to, ficarão desagradáveis de se ouvir no FC300.
O fato é que o FC300 é mais um fone que vai realizar seu poten-
Outro foco da Onkyo foi em fazer um fone com grandes e bons
cial qualitativo somente com amplificadores de fones de ouvido - ou
graves. Alguns críticos dizem até que o fone tem “ênfase nos gra-
mesmo com um player digital portátil, que tem mais potência de sa-
ves”. Bom, a minha experiência auditiva com o FC300 me diz que,
ída. A questão aqui tem totalmente a ver com a potência do dispo-
se a gravação tem graves corretos, ela vai tocar bem - mas se os
sitivo onde o fone será ligado - mas, por “potência”, não entendam
graves forem turbinados ou mal definidos, isso ficará transparente.
mais “volume”. O que ocorre é que o equilíbrio tonal do fone, e várias
Isso se dá porque a Onkyo desenvolveu um sistema de câmaras
outras características sonoras, só se realizam se o dispositivo tiver
duplas dentro de cada concha do fone, com o intuito de dar gran-
boa potência para alimentar o fone de ouvido - o FC300, no mes-
des e bons graves, e com o intuito de dar graves profundos. É um
mo volume, vai tocar melhor e mais redondo se o dispositivo tiver
dos fones com graves mais profundos que eu já ouvi, que são bem
potência para alimentá-lo e, de quebra, terá também mais volume
recortados e bem texturizados, ainda por cima! Alguns reviewers
para lidar com gravações de foram feitas muito baixas. Acredito que
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FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300
qualquer amplificador de fone de ouvido, de boa qualidade, peque-
instrumentos, que aquilo que você está ouvindo não é uma versão
no que seja, dará boa conta de domar o FC300, e sobra. Afinal ele
sintetizada ou um plug-in. Discos de percussão são sensacionais de
está longe de ter a impedância altíssima (comparativamente) de uma
ouvir, até porque em gravações com a bateria decentemente cap-
série de fones de ouvido audiófilos do mercado.
tada, ouve-se claramente a baquetada, a pele da peça vibrando, ou
USO & QUALIDADE SONORA Em matéria de conforto auditivo, o FC300 é um dos melhores fones que já usei - e as causas disso são a apresentação musical mais “para trás”, ou seja, que não tem médios que ficam na sua cara, o bom grave cheio que não necessita calcar no volume: praticamente todos os gêneros musicais soam cheios e grandes mesmo em volumes medianos, e os agudos que soam delicados e limpos, nada de analíticos. Os agudos chegam a soar até suaves, com alguns discos. São fones tipo on-ear (que ficam sobre a orelha, sem cobri-la totalmente), porém são maiores que a maioria dos on-ears, sendo que quase chegam a ser tão grandes quanto os over-ears (que cobrem toda a orelha). Estes últimos dão uma vedação muito melhor, isolando você um pouco de barulhos externos e isolando as pessoas de terem que curtir a sua música na marra. O que eu achei legal é, apesar de eu ser cabeçudo e orelhudo, consegui que o FC300 cobrisse decentemente a minha orelha e desse uma vedação com a qual dá para se conviver. E, por ser cabeçudo (de várias maneiras…), vale ressaltar um fato muito importante: o FC300 faz pouca pressão sobre a cabeça e as orelhas, e isso contribui muito para a sensação de conforto físico, de ergonomia, que ele dá. Isso, e o fato de que ele pesa apenas 240 gramas - cortesia do time de desenvolvimento da Onkyo. Por outro lado, pessoas que tenham a cabeça menor ou mais estreita, poderão achar que o FC300 não faz pressão o suficiente nas orelhas. A construção do FC300 dá a impressão de ser extremamente bem feita e sólida - porém não vou maltratá-lo para saber até onde essa solidez vai. O equilíbrio tonal do FC300 é decentemente correto, mas com características bem próprias, como o grave que desce bastante e é bem presente - mas muito bem reproduzido - e com parte dos médios, médios-agudos e agudos um tanto suavizados, mas nítidos o suficiente, com excelente timbre. Acho que aqui está o pênalti do FC300: os agudos, em muitas gravações, carecem do brilho necessário que formaria sua textura e tamanho. Portanto, nem tanto os pratos e outros dispositivos agudos são o que faz as texturas encantarem no FC300. Esse encantamento está nos médios-graves e graves, tornando percussões, cellos, contrabaixos, instrumentos graves e com componentes graves, serem
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mesmo a vassourinha. Em transientes fica claro o trabalho de bateria, percussões e quaisquer instrumentos musicais com transientes claros: são rápidos pacas! Fui iludido até por um bumbo de bateria a ter a sensação de que, ao ouvi-lo sendo tocando forte e rápido, eu estava sentindo o deslocamento de ar! As intencionalidades de tudo quanto é músico que eu ouvi, foram muito bem reproduzidas. Um violão acústico sendo tocado e você quase consegue contar a dedilhada, e consegue perceber a diferença de intencionalidade dentre cada dedo em cada corda. Você pode fazer o FC300 se irritar (e irritar você) com música embolada, comprimida e saturada, mas não vai fazer ele nem pestanejar com a macrodinâmica de discos de percussão bem gravados, com trabalhos sinfônicos pesados, ou mesmo com música eletrônica bem feita. Trabalhando junto com as intencionalidades claras, citadas acima, estão os crescendos dinâmicos providos não só por artistas solando instrumentos, como também por grandes conjuntos de músicos, como orquestras sinfônicas. A inteligibilidade sempre esteve bem alta - garantindo uma boa microdinâmica. Em alguns discos até ouvi com mais clareza detalhes e nuances antes não tão facilmente percebidos. O FC300 provê uma apresentação orgânica? Traz você para dentro do acontecimento musical? Com boa frequência sim, mas não em todos os casos. E acho que a característica do médio-agudo e do agudo suavizado não dão a mesma imersão, não transportam você tão bem para dentro do acontecimento musical quanto transportam seus médios-graves e graves. Dito isso, no parágrafo acima, devo dizer então que a percepção de camadas de músicos do FC300 é muito boa, assim como o descongestionamento do acontecimento musical. Isso, junto com os timbres, textura e tamanho dos instrumentos, tudo me traz a sensação de estar assistindo a música ao vivo, sentido a maioria de seus harmônicos - mas ao mesmo tempo mantendo uma distância saudável do palco. CONCLUSÃO O fone Onkyo ES-FC300 é uma boa compra para quem quer um fone de bom preço com alta performance, e que simpatize com sua assinatura sônica e equilíbrio tonal, e seja aficionado dos gêneros musicais que ele melhor reproduz.
muito bons de se ouvir. Orgãos tipo Hammond e Fender Rhodes têm
Não se esqueçam de alimentar o FC300 com uma boa amplifica-
aquela textura que diz ao seu cérebro que não dá para imitar tais
ção, e com uma boa fonte (senão ele vai te mostrar direitinho que a
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FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300
fonte não é boa…). E, se eu fosse o usuário principal desse fone que é um “best-buy” com tremendo custo/benefício - eu procuraria um cabo destacável de cobre com banho de prata, para ir trazendo o equilíbrio tonal para um lado ainda mais interessante, dando um brilho e tamanho melhor nos agudos. Apesar de ser um fone que já está no mercado fazem anos, ainda não apareceu substituto na linha, e ainda pode ser facilmente encontrado na Internet para venda. Seu custo baixo também facilita sua aquisição. O ES-FC300 (assim como a versão ES-HF-300) está disponível na Amazon e em vários sites de vendas.
PONTOS POSITIVOS Graves excelentes. Som grande, cheio, musical e muito bem definido. Conforto. Preço.
PONTOS NEGATIVOS Apesar das especificações, não tem volume suficiente ou realiza seu potencial sendo usado com smartphones, necessitando ser alimentado por uma amplificação mais forte - pelo menos um player digital portátil, um tablet ou um notebook.
FONES DE OUVIDO ONKYO ES-FC300 Conforto Auditivo 9,0 Ergonomia / Construção 9,0
ESPECIFICAÇÕES
Equilíbrio Tonal 10,0
60
Drivers
40 mm de titânio e alumínio
Tipo
On-Ear, fechado, dinâmico
Arquitetura
Dupla-câmara para maior definição de graves
Construção
Conchas, estrutura e arco em alumínio, com peças em plástico
Almofadas
Leatherette (falso couro)
Cabo
1,2 m flat / plug 3.5 mm / Destacável com conectores padrão MMCX
Resposta de frequência
10 Hz - 27 kHz
Potência máxima
1000 mW
Impedância nominal
32 Ohms
Peso (sem o cabo)
240 g
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Textura 10,0 Transientes 10,0 Dinâmica 10,0 Organicidade 8,0 Musicalidade 10,0 Total 76,0 VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Onkyo https://eu.onkyo.com/en-GLOBAL US$ 150 (sites de vendas no exterior)
RECOMENDADO
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RELAÇÃO DE FONES/DACS PUBLICADOS
FONE DE OUVIDO BEYERDYNAMIC DT880 PRO Edição: 167 Nota: Primeiras Impressões Importador/Distribuidor: Playtech
OURO REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO SENNHEISER HD800 Edição: 175 Nota: 85 Importador/Distribuidor: Sennheiser
ESTADO DA ARTE
FONE DE OUVIDO YAMAHA PRO500 Edição: 190 Nota: Primeiras Impressões Importador/Distribuidor: Yamaha
OURO REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO JVC FX200 Edição: 192 Nota: Espaço Aberto Importador/Distribuidor: JVC
FONE DE OUVIDO AKG QUINCY JONES Q701S Edição: 193 Nota: 82 Importador/Distribuidor: Harman Kardon
DIAMANTE REFERÊNCIA
AMPLIFICADOR DE FONES DE OUVIDO LUXMAN P-200 Edição: 194 Nota: Primeiras Impressões Importador/Distribuidor: Alpha Áudio e Vídeo
ESTADO DA ARTE
DAC USB E PRÉ DE FONES DE OUVIDO LUXMAN DA-100 Edição: 200 Nota: 82 Importador/Distribuidor: Alpha Áudio e Vídeo
DIAMANTE REFERÊNCIA
DAC USB E PRÉ DE FONES DE OUVIDO DACMAGIC XS Edição: 201 Nota: 70,5 Importador/Distribuidor: Mediagear
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OURO REFERÊNCIA
MICROMEGA MYSIC AUDIOPHILE HEADPHONE AMPLIFIER Edição: 202 Nota: 78 Importador/Distribuidor: Logiplan
DIAMANTE REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO AUDEZE LCD3 Edição: 204 Nota: 83 Importador/Distribuidor: Ferrari Technologies
ESTADO DA ARTE
DAC E PRÉ DE FONES DE OUVIDO KORG DS-DAC-100 - REPRODUZINDO DSD Edição: 205 Nota: 80 Importador/Distribuidor: Pride Music
DIAMANTE REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO PHONON SMB-02 DS-DAC EDITION Edição: 206 Nota: 80 Importador/Distribuidor: Pride Music
DIAMANTE REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO GRADO PS500E Edição: 210 Nota: 81,25 Importador/Distribuidor: Audiomagia
DIAMANTE REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO SENNHEISER HE 1 Edição: 240 Nota: 95 Importador/Distribuidor: Sennheiser
ESTADO DA ARTE
AMPLIFICADOR DE FONES DE OUVIDO SENNHEISER HDV 820 Edição: 244 Nota: 86 Importador/Distribuidor: Sennheiser
ESTADO DA ARTE
PS AUDIO STELLAR GAIN CELL DAC - COMO AMPLIFICADOR FONE DE OUVIDO Edição: 247 Nota: 85 Importador/Distribuidor: German Audio
ESTADO DA ARTE
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RELAÇÃO DE FONES/DACS PUBLICADOS
FONE DE OUVIDO GRADO SR325E Edição: 258 Nota: 72 Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
DIAMANTE RECOMENDADO
FONE DE OUVIDO SONY WH-XB900N Edição: 258 Nota: 62 / 63 Importador/Distribuidor: Sony
OURO RECOMENDADO
HEADPHONE JBL EVEREST ELITE 150NC Edição: 260 Nota: 58 Importador/Distribuidor: JBL
PRATA REFERÊNCIA
AMPLIFICADOR DE FONE DE OUVIDO QUAD PA-ONE+ Edição: 260 Nota: 83 Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
ESTADO DA ARTE
FONE DE OUVIDO WIRELESS TCL ELIT400NC (VIA CABO P2) Edição: 260 Nota: 61 Importador/Distribuidor: TCL
PRATA REFERÊNCIA
HEADPHONE SONY WH-CH510 Edição: 261 Nota: 58,5 Importador/Distribuidor: Sony
PRATA REFERÊNCIA
FONE DE OUVIDO SONY WI-C200 Edição: 262 Nota: 57 Importador/Distribuidor: Sony
PRATA REFERÊNCIA
SAMSUNG GALAXY BUDS+ Edição: 261 Nota: 44 Importador/Distribuidor: Samsung
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BRONZE REFERÊNCIA
SONY WALKMAN NW-A45 Edição: 262 Nota: 62,5 Importador/Distribuidor: Sony
OURO RECOMENDADO
FONE DE OUVIDO PHILIPS FIDELIO X2HR Edição: 263 Nota: 78 Importador/Distribuidor: Philips
DIAMANTE REFERÊNCIA
HEADPHONE BLUETOOTH COM CANCELAMENTO DE RUÍDO B&W PX7 Edição: 264 Nota: 75,5 Importador/Distribuidor: Som Maior
DIAMANTE RECOMENDADO
FONE DE OUVIDO BLUETOOTH SONY WH-1000 XM3 Edição: 265 Nota: 76 Importador/Distribuidor: Sony
DIAMANTE RECOMENDADO
GRADO LABS SR125e PRESTIGE Edição: 266 Nota: 62,5 Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
OURO RECOMENDADO
FONE DE OUVIDO QUAD ERA-1 Edição: 267 Nota: 83,0 Importador/Distribuidor: KW Hi-Fi
ESTADO DA ARTE
FONE DE OUVIDO JBL LIVE 300TWS Edição: 267 Nota: 56,0 Importador/Distribuidor: Harman
PRATA REFERÊNCIA
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TOP 5 - AMPLIFICADORES INTEGRADOS
Nagra Classic INT - 99 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.260 Hegel H590 - 97,5 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.256 Sunrise Lab V8 SS - 96 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.259 Hegel H360 - 95 pontos (Estado da Arte) - Mediagear - Ed.235 Aavik U-300 - 94 pontos (Estado da Arte) - Som Maior - Ed.220
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORES Nagra HD Preamp - 110 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.257 Nagra Classic Preamp (com a fonte PSU) - 105 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.261 CH Precision L1 - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.239 Nagra Classic Preamp - 100 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.261 D´Agostino Momentum - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.198
TOP 5 - AMPLIFICADORES DE POTÊNCIA
CH Precision M1 - 106 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.238 Nagra Classic Amp Mono - 104 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.258 Goldmund Telos 2500 - 104 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.200 CH Precision A1.5 - 102 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.263 Audio Research 160M - 102 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.251
TOP 5 - PRÉ-AMPLIFICADORES DE PHONO
RANKING DE TESTES DA ÁUDIO VÍDEO MAGAZINE Apresentamos aqui o ranking atualizado dos produtos selecionados que foram analisados por nossa metodologia nos últimos
CH Precision P1 - 110 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.266 Boulder 508 - 102 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.253 Tom Evans The Groove+ - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.204 Pass Labs XP-25 - 95 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.170 Gold Note PH-10 - 93 pontos (Estado da Arte) - Living Stereo - Ed.249
TOP 5 - FONTES DIGITAIS
Nagra DAC X - 111 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.264 MSB Select DAC - 106 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.252 Nagra Tube DAC - 105 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.262 dCS Rossini - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.250 dCS Scarlatti - 100 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.183
anos, ordenados pelas maiores notas totais. Todos os produtos listados continuam em linha no exterior e/ou sendo distribuídos no Brasil.
TOP 5 - TOCA-DISCOS DE VINIL
Basis Debut - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.196 Acoustic Signature Storm MkII - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.257 Transrotor Rondino - 103 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.186 Thorens TD 550 - 99 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed.260 Dr Feickert Blackbird (braço: Reed 3Q) - 95 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.199
TOP 5 - CÁPSULAS DE PHONO
Soundsmith Hyperion MKII ES - 106 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.256 MY Sonic Lab Ultra Eminent EX - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.202 Air Tight PC-1 Supreme - 105 pontos (Estado da Arte) - Alpha Audio & Video - Ed.196 MC Murasakino Sumile - 103 pontos (Estado da Arte) - KW Hi-Fi - Ed. 245 vdH The Crimson SE - 99 pontos (Estado da Arte) - Rivergate - Ed.212
TOP 5 - CAIXAS ACÚSTICAS
Wilson Audio Alexandria XLF - 104 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.200 Wilson Audio Sasha DAW - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.256 Rockport Avior II - 101 pontos (Estado da Arte) - Performance AV Systems Ltda. - Ed.258 Evolution Acoustics MMThree - 100 pontos (Estado da Arte) - Logical Design - Ed.176 Kharma Exquisite Midi - 99 pontos (Estado da Arte) - Maison de La Musique - Ed.198
TOP 5 - CABOS DE CAIXA
Dynamique Audio Apex - 112 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.267 Transparent Audio Reference XL G5 - 103,5 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.231 Crystal Cable Absolute Dream - 103 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.205 Sunrise Lab Reference Quintessence Magic Scope - 101 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.240 Feel Different FDIII - Série 3 - 100 pontos (Estado da Arte) - Feel Different - Ed.265
TOP 5 - CABOS DE INTERCONEXÃO
Dynamique Audio Apex - 106 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.258 Transparent Opus G5 XLR - 105 pontos (Estado da Arte) - Ferrari Technologies - Ed.214 Sax Soul Ágata II - 103 pontos (Estado da Arte) - Sax Soul - Ed.251 Dynamique Audio Zenith 2 XLR - 102 pontos (Estado da Arte) - German Audio - Ed.263 Sunrise Lab Quintessence - 102 pontos (Estado da Arte) - Sunrise Lab - Ed.244
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METODOLOGIA DE TESTES
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GUIA BÁSICO PARA A METODOLOGIA DE TESTES Para a avaliação da qualidade sonora de equipamentos de áudio, a Áudio Vídeo Magazine utiliza-se de alguns pré-requisitos - como salas com boa acústica, correto posicionamento das caixas acústicas, instalação elétrica dedicada, gravações de alta qualidade, entre outros - além de uma série de critérios que quantificamos a fim de estabelecer uma nota e uma classificação para cada equipamento analisado. Segue uma visão geral de cada critério: EQUILÍBRIO TONAL Estabelece se não há deficiências no equilíbrio entre graves, médios e agudos, procurando um resultado sonoro mais próximo da referência: o som real dos instrumentos acústicos, tanto em resposta de frequência como em qualidade tímbrica e coerência. Um agudo mais brilhante do que normalmente o instrumento real é, por exemplo, pode ser sinal de qualidade inferior. PALCO SONORO Um bom equipamento, seguindo os pré-requisitos citados acima, provê uma ilusão de palco como se o ouvinte estivesse presente à gravação ou apresentação ao vivo. Aqui se avalia a qualidade dessa ilusão, quanto à localização dos instrumentos, foco, descongestionamento, ambiência, entre outros. TEXTURA Cada instrumento, e a interação harmônica entre todos que estão tocando em uma peça musical, tem uma série de detalhes e complementos sonoros ao seu timbre e suas particularidades. Uma boa analogia para perceber as texturas é pensar em uma fotografia, se os detalhes estão ou não presentes, e quão nítida ela é. TRANSIENTES É o tempo entre a saída e o decaimento (extinção) de um som, visto pela ótica da velocidade, precisão, ataque e intencionalidade. Um bom exemplo para se avaliar a qualidade da resposta de transientes de um sistema é ouvindo piano, por exemplo, ou percussão, onde um equipamento melhor deixará mais clara e nítida a diferença de intencionalidade do músico entre cada batida em uma percussão ou tecla de piano. DINÂMICA É o contraste e a variação entre o som mais baixo e suave de um acontecimento musical, e o som mais alto do mesmo acontecimento. A dinâmica pode ser percebida até em volumes mais baixos. Um bom exemplo é, ao ouvir um som de uma TV, durante um filme, perceber que o bater de uma porta ou o tiro de um canhão têm intensidades muito próximas, fora da realidade - é um som comprimido e, portanto, com pouquíssima variação dinâmica. CORPO HARMÔNICO É o que denomina o tamanho dos instrumentos na reprodução eletrônica, em comparação com o acontecimento musical na vida real. Um instrumento pode parecer “pequeno” quando reproduzido por um devido equipamento, denotando pobreza harmônica, e pode até parecer muito maior que a vida real, parecendo que um vocalista ou instrumentista sejam gigantes. ORGANICIDADE É a capacidade de um acontecimento musical, reproduzido eletronicamente, ser percebido como real, ou o mais próximo disso - é a sensação de “estar lá”. Um dos dois conceitos subjetivos de nossa metodologia, e o mais dependente do ouvinte ter experiência com música acústica (e não amplificada) sendo reproduzida ao vivo - como em um concerto de música clássica ou apresentação de jazz, por exemplo. MUSICALIDADE É o segundo conceito subjetivo, e necessita que o ouvinte tenha sensibilidade, intimidade e conhecimento de música acima da média. Seria uma forma subjetiva de se analisar a organicidade, sendo ambos conceitos que raramente têm notas divergentes.
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TESTE ÁUDIO 1
CAIXA Q ACOUSTICS CONCEPT 300 Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Sempre que os leitores nos consultam à respeito das vantagens
amplificadores de menor potência, sem contar o número cada vez
e desvantagens de caixas bookshelf, percebo claramente que as
maior de caixas book amplificadas, que permitem uma flexibilidade
maiores resistências são por desinformação ou apresentações mal
ainda maior, simplificando a quantidade de equipamentos, rack, etc.
feitas.
E quando falamos de performance, o leque de opções é cada vez
Escrevo há mais de uma década que as caixas bookshelfs evoluí-
maior e para todos os bolsos.
ram muito, e podem ser as caixas definitivas para sistemas estéreo
Hoje existem ótimas opções a partir de 1000 dólares!
em salas de até 16 metros quadrados (e algumas atendem perfeita-
Aqui na revista, nosso leitor já leu diversos testes de caixas book
mente salas até maiores). As vantagens são muito maiores que as limitações. A começar pela facilidade de posicionamento, pois podem ficar a menos de 2 metros entre elas e ainda assim proporcionar um bom palco sonoro, maior flexibilidade para se achar o ponto ideal para o equilíbrio tonal da caixa na sala.
de entrada com excelente custo/performance. E na outra ponta, a de caixas book Estado da Arte, o leque de opções vem crescendo ano a ano! No entanto percebo que a maior resistência se encontra justamente neste nicho de books Estado da Arte, quando o raciocínio é sempre: “não vale mais a pena com essa grana, comprar uma
Possibilidade de ficar muito mais próxima das paredes (tan-
torre?”. Este é um eterno dilema, que só o consumidor pode resol-
to laterais como da parede às costas das caixas), as novas gera-
ver, e precisa ouvir as opções em sua sala para se sentir seguro da
ções são muito mais compatíveis em termos de sensibilidade com
escolha do investimento.
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O que sempre argumento à quem me pergunta, é: qual caixa irá
Com as cidades cada vez mais apinhadas de gente e espaço para
dar menos dor de cabeça? Com a cara metade, com o espaço dis-
morar cada vez menor, os fabricantes de caixas acústicas se dedi-
ponível, com a acústica, com o posicionamento, com os vizinhos,
cam, e muito, a encontrar soluções que respondam cada vez mais
etc.
ao anseio de audiófilos e melômanos por caixas book que tenham
São inúmeras perguntas que precisam ser respondidas, antes de partir para uma book ou descartar essa opção. Outra reclamação: Os graves são sempre mais limitados! Ok, é verdade, no entanto eu sempre contra argumento: o que é menos brochante para você? Graves bem definidos com menor corpo e peso, ou graves sobrando e sem definição? Se sua cara-metade não se importar em colocar armadilhas de grave e tratamento acústico para corrigir o problema, você está liberado para escolher uma
E acredite, essas books já existem, tanto no mercado hi-fi, como no mercado hi-end. Eu convivi nos últimos 12 anos com books extraordinárias em termos de performance e soluções inteligentes, para os mais criteriosos audiófilos que querem que uma book seja capaz de reproduzir obras sinfônicas com autoridade e beleza. Neste nível de exigência, elas são caras, mas valem o que custam, acreditem! Nos meus cadernos de anotações, algumas books Estado da
torre. E se, ainda assim, o espaço para o posicionamento de uma torre for por demais limitado? E tiver o inconveniente de proporcionar um soundstage medíocre? Sentiu como o buraco é bem mais embaixo amigo leitor?
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um grave com mais corpo, peso e energia.
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Arte ganharam elogios consistentes e eu viveria com qualquer uma delas feliz da vida! Claro que, em ambientes menores do que nossa Sala de Testes (que possui 50 metros quadrados e um pé direito de mais de 4 metros). No entanto, duas books desta nova safra se saíram tão bem nesta sala, que esses dois modelos os teria para
apresentar em nossos Cursos de Percepção Auditiva e acabar de
sim. Mas volte algumas linhas acima e faça novamente as perguntas
vez com este preconceito em relação à caixas de menor tamanho.
que levantei.
Foram elas: a Boenicke W5SE, e a Paradigm Persona B. E, agora,
Se puderes trabalhar a acústica de sua sala, tiveres liberdade total
se juntaria à esta dupla de books a Concept 300. Tornando-se um
de escolher o sistema sem a intervenção feminina, realmente nenhu-
trio de books que merecem ser apreciadas por todos que querem
ma book será o ideal. Mas, a todos os leitores que se identificaram
uma book Estado da Arte e possuem uma sala de tamanho redu-
com um ou mais itens do questionário acima, este teste será de
zido.
enorme interesse.
Cada uma com sua assinatura sônica muito distinta, mas todas
A Q Acoustic é um dos fabricantes que vem conquistando enorme
com um grau de acerto e refinamento capaz de convencer os cora-
notoriedade nos últimos 5 anos, com uma série de caixas que aten-
ções mais gelados. Nenhuma dessas três caixas são baratas, todas
dem a um enorme leque de consumidores.
beiram os 10 mil dólares, e com a nossa moeda valendo um “vintém”, as coisas se complicam ainda mais. Consigo entrar na sua cabeça, amigo leitor, e ver que você está se
Derivada da premiadíssima Concept 500, uma imponente torre (leia teste na edição 249), a book Concept 300 utiliza a mesma tecnologia e falantes do modelo topo de linha.
perguntando se com quase 10 mil dólares não se compra uma torre,
O que chama a atenção de cara, na Concept 300, é seu belo
com mais “atributos”. No mercado de seminovos, certamente que
acabamento e o tamanho do seu gabinete. Bastante profundo para
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uma book, é um projeto de duas vias com um tweeter de tecido de
O crossover, de terceira ordem, usa componentes premium, incluindo capacitores de polipropileno.
1,1 polegada (28 mm) que utiliza microfibras feitas de fios superfinos, e um woofer de 6,5 polegadas (165 mm) com cone de papel impreg-
A conexão é feita por meio de dois pares de terminais, para bica-
nado e revestido, com borda de borracha.
blagem ou biamplificação.
O tweeter é montado em um defletor com uma junta de borra-
Como na Concept 500, três soquetes de 4 mm acomodam um
cha para isolá-lo das vibrações do woofer, com um perfil de guia
jumper para permitir que o nível do tweeter seja aumentado ou dimi-
de ondas raso para uma melhor dispersão lateral. Ambos os falan-
nuído em 0,5 dB (no teste todo deixamos em flat).
tes são fixados por trás, com parafusos de retenção tensionados
O gabinete é uma obra prima para os olhos e o tato! Bordas late-
por mola.
rais arredondadas e uma combinação de dois folheados de madeira
O duto reflex de 7 polegadas de profundidade e 2 polegadas de
diferentes com acabamento em laca de alto brilho, que combinam
diâmetro, fica no painel traseiro da caixa. Caso existam muitos pro-
com qualquer ambiente, do retrô ao moderno e descolado. As pa-
blemas com os graves, já que a Concept 300 faz “milagres” nesta
redes do gabinete são construídas com três camadas de MDF, cada
faixa de frequência, o fabricante disponibiliza espumas para serem
uma separada com um gel que absorve e dissipa quaisquer vibra-
colocadas no duto.
ções de alta frequência (segundo o fabricante). Já as frequências
Tweeter Placa frontal
Bobina
Domo
Amortecimento
Alojamento interno
Tampa de cobre
Anel
Imã de Placa do Polo neodímio
Placa traseira
Câmara traseira
Driver de Médio-Grave Guarda-pó
Borda de borracha
Cone de papel impregnado e revestido
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Aranha
Carcaça
Bobina
Anel
Tampa de cobre
Peça polar
Imã de ferrite
Imã de ferrite
CH Precision C1 Reference Digital to Analog Controller
A Ferrari Technologies orgulhosamente apresenta a mais nova referência mundial em eletrônica Hi-end. A Suíça CH Precision, mais uma marca State of the Art representada no Brasil.
“O C1 é, de longe, o melhor DAC ou componente que eu já experimentei no meu sistema. Não tem absolutamente “voz”. Um de seus atributos mais impressionantes é o ruído de fundo extremamente baixo. Em excelentes gravações, os instrumentos surgem ao vivo sem silvos ou anomalias. É absolutamente silencioso! O C1 “pega” qualquer coisa que você jogue nele. Eu ouvia música horas e horas e gostava de cada segundo. Isso me permitiu penetrar mais fundo nas nuances. É tão silencioso que a textura instrumental se tornou uma delícia. O C1 também se destaca em todos os outros parâmetros que você pode imaginar: separação de canais, dinâmica, recuperação de detalhes e apresentação geral.” Ran Perry
www.ferraritechnologies.com.br Telefone: 11 5102-2902 • info@ferraritechnologies.com.br NOVEMBRO . 2020
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CAIXA Q ACOUSTICS CONCEPT 300
mais baixas são tratadas de maneira muito inteligente por suportes
ser parafusada na base separada por molas do gabinete da caixa.
internos estrategicamente colocados.
Como nenhuma outra book possui este recurso ou foi desenvolvida
A Q Acoustic desenvolveu um sistema de suspensão de isolamento da base que se acopla ao gabinete através da fixação no
O que importa é que os pedestais são obrigatórios, então essa
pedestal, isolando o gabinete por molas. Adianto que, além de ser
despesa adicional precisa ser colocada no orçamento (lá fora o par
muito interessante, a qualidade e definição do equilíbrio tonal são
custa menos de 1.000 libras).
outras, em relação aos pedestais que utilizamos.
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos. Integrados:
O pedestal é impressionante em termos de design e eficiência.
Hegel H390 (leia teste na próxima edição), pré e power Nagra
Trata-se de um tripé que lembra o design Bauhaus em termos de
Classic. Fontes digitais: transporte dCS Scarlatti e TUBE DAC da
desafio e concepção. Para que a caixa se estabilize neste tripé, cada
Nagra. Streamer: Innuos Zen. Fonte analógica: toca-discos Acoustic
vareta é presa a um cabo de aço, rígido. O fabricante batizou este
Signature Storm e toca-discos Timeless (leia teste na próxima edi-
suporte de Tensegrity, com o objetivo de criar um filtro mecânico
ção). Braços: SME Series V e Origin Live Encounter MK3C Cápsulas:
passa-baixa que isola o base do pedestal e o gabinete do alto fa-
Benz LP-S, Soundsmith Hyperion 2, e Hana ML (leia Teste 3 nesta
lante, como se as caixas estivessem suspensas por fios invisíveis.
edição). Cabos de caixa: Dynamique Audio Apex e Quintessence da
Foi tão impactante o resultado, que minha vontade foi testar com
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para trabalhar assim, não tive como testar.
Sunrise Lab.
outras books para ver se o resultado seria tão satisfatório como com
A caixa chegou direto da alfândega para nossa sala de testes.
as Concept 300. O problema é que a base deste pedestal precisa
Como já tínhamos a experiência de queima da Concept 500, sabia
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que o procedimento era fazer uma breve audição, as anotações ini-
analógico, feitas no final dos anos 50 até meados dos anos 70. Em
ciais, e deixar em queima por 100 horas. Se você comprar essa
salas de gravação de verdade, em que os instrumentos “respira-
maravilhosa book e chamar os amigos para uma audição de estreia,
vam”.
prepare-se para levar uma “saraivada” de críticas. Pois falta tudo, literalmente.
A região média da Concept soa muito natural, com o “tênue” equilíbrio entre transparência e calor. Os instrumentos acústicos e vozes
E se você resistir a mostrar seu brinquedinho novo, mas for an-
possuem aquela “paleta” de naturalidade que tantos buscamos nos
sioso ao extremo, tome muita Maracujina, faça caminhadas e tome
sistemas. E os graves descem muito bem até os 48 hz, possibilitan-
banhos quentes!
do ouvir qualquer gênero musical sem a sensação de falta de peso
Espere, e tenha fé, rs! Pois quando ela desabrochar, o amigo terá
ou corpo. Ouvimos de tudo: de órgão de tubo, tuba, piano solo,
uma ideia exata do nível de performance que essas book atingirão.
bateria solo, instrumentos de percussão japoneses - e a Concept
Não será com 100 horas que ela irá mostrar a que veio. Mas, ao me-
300 reproduz graves com enorme autoridade.
nos a partir daí, já será possível sentar e acompanhar sua evolução sem roer as unhas ou saltar do décimo andar, ok?
As texturas são maravilhosas, tanto em termos de refinamento como de intencionalidade. Escutei diversos duos de piano, e em
Também esqueça querer ajustar a posição com 100 horas. Espere
todas as gravações foi possível perceber a diferença de digitação de
dar 200 horas e tudo irá se aprumar. Dizem que depois da tempes-
cada pianista, seu grau de virtuosidade e seus “trejeitos”. Fiquei mui-
tade vem sempre a bonança. Neste caso, é um pouco diferente:
to feliz de ouvir em uma book as diferenças de digitação e técnica
depois das 200 horas vem a alegria de ter acertado na mosca!
das irmãs Lebeque, que só costumo escutar em nossas caixas de
O que de cara chama a atenção é a materialização física do acontecimento musical, tudo em 3D! Os planos, as alturas, largura e profundidade, estão entre os melhores exemplos que já escutei em books. Aliás, este é um dos maiores benefícios que as books oferecem. Mesmo com distâncias entre elas limitada, a organização entre as caixas, foco, recorte e planos são extremamente prazerosos e convincentes. Assim como as minhas duas books preferidas, a Concept 300 tem um palco sonoro de nos fazer balançar a cabeça (como um gabinete deste porte, consegue esse milagre?). Muito correto e coerente, você “vê” o tamanho do contrabaixo, em relação a um cello, em relação a uma viola, etc. O equilíbrio tonal está mais para a W5SE do que a Persona B. E gosto desse equilíbrio, pois em gravações com excesso de brilho ou equalização nas altas, ela é bastante condescendente - como a W5SE (o que a Persona B, não tolera). Os agudos possuem muito boa extensão e decaimento suave, permitindo sem esforço algum observar as ambiências das salas de gravação. Outro dia um leitor me questionou para o que serve a ambiência? Disse em tom jocoso: “para mostrar as diferenças entre gravações em que os músicos tocaram todos dentro de um elevador, das onde os músicos tiveram seu espaço físico delimitado e respeitado”. Agora, falando sério, sem a ambiência jamais seu cérebro poderá ser enganado. Afinal, nosso senso de corpo dentro de espaço é muito forte para sermos enganados com falsos reverbs digitais, tão em uso a partir das gravações dos anos 80! Este é um dos efeitos mais observados, quando ouvimos gravações da época de ouro do
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referência muito (e bota muito nisso) mais caras! Quando temos um
E, por fim, bons cabos de caixa e uma eletrônica à altura, e o
sistema que permite este grau de cumplicidade na reprodução de
resultado pode ser tão impressionante que você irá se perguntar a
texturas, toda a sua concepção deste quesito muda para sempre!
razão de nunca ter pensado em uma book como a solução final para
Os transientes foram impressionantes, uma precisão de tempo e ritmo, capazes de nos fazer querer sair batendo os pés ou aos mais
o seu sistema. Uma book Estado da Arte no patamar superior!
animados dançar pela sala. E a dinâmica é um dos outros pontos alto desta book. Sua segurança em resolver passagens com rápido crescendo é impressionante. Ela é muito mais que segura, diria que chega a ser “destemida”, pois muitas vezes julguei que iria jogar a toalha e suportou bravamente. Claro que neste quesito, a limitação física dos falantes é um enorme empecilho. Porém com o volume correto, ela não en-
PONTOS POSITIVOS Uma book moderna e compatível com sistemas Estado da Arte.
durece ou clipa! CONCLUSÃO
PONTOS NEGATIVOS
Se você possui a difícil equação de ter uma eletrônica Estado da
Preço.
Arte e um espaço físico limitado para uma caixa torre, eu gostaria que você escutasse essa Concept 300 em sua sala com o seu setup. Não esqueça de usá-la com o seu pedestal: isso fará uma enorme diferença em sua performance final (acho que a caixa só deveria ser vendida com o pedestal).
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Elas não são muito exigentes com a distância entre elas e, nem tão pouco com as paredes. O que ela precisa é ser colocada perfeitamente posicionada no famoso triângulo equilátero entre elas e o ouvinte. Com este cuidado, a qualidade do soundstage estará garantida e você terá uma das apresentações mais 3D possíveis com caixas hi-end.
Equilíbrio Tonal 11,0 Soundstage 12,0 Textura 12,0 Transientes 12,0 Dinâmica 11,0 Corpo Harmônico 11,5
Quanto à questão do peso e corpo dos graves, elas são bem
Organicidade 12,0
fáceis de responder e se adequar a qualquer espaço. Se tiveres
Musicalidade 12,0
um espaço mínimo, para brincar com a posição dela em relação às
Total 93,5
paredes, faça! Você irá se surpreender como seu equilíbrio tonal é consistente!
VOCAL ROCK . POP
ESPECIFICAÇÕES
JAZZ . BLUES
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Stands
Incluídos
Bi-cablável
Sim
Sensibilidade
84 dB
Impedância
6 Ohms
Dimensões (L x A x P)
•
Peso
•
22 x 35,5 x 40 cm (caixas) • 49 x 69 x 43 cm (pedestal)
•
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14,5 kg (caixas) 3,9 kg (pedestal)
MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Mediagear (16) 3621.7699 R$ 35.107
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TESTE ÁUDIO 2
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95 Juan Lourenço
revista@clubedoaudio.com.br
A Mediagear, importadora oficial da Hegel no Brasil, disponibilizou
culmina em uma sonoridade mais próxima do H120 e H190, já que
para teste um exemplar do amplificador integrado novo H95, lança-
o H95 compartilha a tecnologia SoundEngine2 e o chip de rede e
do este ano. Ele será o substituto do H90 (2018), testado por nós
DAC USB AK4490 de 32 bits, com 2 canais de arquitetura VELVET
na edição 237.
SOUND, da AKM, que suporta até 768 kHz PCM e 11,2 MHz em
Externamente o H95 é igual ao H90, mesma cara, mesmo painel e chassi e mesma tela OLED e saída de fone de ouvido 6,3 mm no painel frontal. A potência é de 2x 60 W em 8 Ω, carga mínima de 2 Ω, resposta de frequência de 5 Hz -100 kHz, relação sinal-ruído maior que 100dB, distorção menor que 0,01% (@ 25 W / 8 Ω / 1 kHz), fator de amortecimento maior que 2.000 (estágio de saída de principal), dimensões de 43 cm x 10 cm x 31 cm (L x A x P), e peso com embalagem de 10,6 kg.
DSD, tem suporte ao Spotify Connect e conexão UPnP mais estável, além de compatibilidade com AirPlay e, em breve, AirPlay2 por meio de atualização de firmware. Infelizmente a Hegel insiste em não dar suporte ao Roon como end point. É uma pena, pois este recurso além de ser absolutamente melhor que o MConect como player, oferece um resultado sonoro melhor em todos os sentidos. O controle remoto é o mesmo do H90 e, sinceramente, acho melhor que o oferecido nos modelos H360 em diante. Não tem a “opulência” do alumínio, mas tem ergonomia, tato e uma precisão que o
As conexões no painel traseiro continuam as mesmas: duas en-
controle top jamais teve. Você pode literalmente apontar o controle
tradas RCAs, três entradas ópticas Toslink, coaxial digital, USB e
para o teto, pode se afastar lateralmente do aparelho e apontar para
rede, além de uma saída variável RCA. O que distingue mesmo
um vão enorme e ainda assim o Hegel irá responder aos comandos
o H95 de seu antecessor está na parte interna do gabinete, que
do controle. Tente fazer isto com o de alumínio.
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AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95
Aparentemente o H95 também traz o mesmo incremento na so-
de se suspeitar, o DAC realmente evoluiu bastante a ponto de, nas
noridade observado no H120, o que seria uma ótima, pois aquele
primeiras 100 horas, tocar melhor com mais extensão nos extremos
médio-grave mais coerente no H120, se estiver presente no H95,
e menos “pilhado” que a entrada analógica.
faria com que as audições se tornassem ainda mais prazerosas.
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Após o amaciamento do aparelho, começamos com o disco da
COMO TOCA
Holly Cole Trio - It Happened One Night, faixas 1, 2, 5 e 6. A dureza
Para o teste utilizamos os seguintes equipamentos, ligados ao
que havia no início do amaciamento deu lugar à um relaxamento
amplificador integrado Hegel H95. Fontes: Innuos Zen mini MK3
muito interessante: no H90 quando chegou exatamente neste mes-
com fonte externa. Cabos de força: Transparent MM2 e Sunrise Lab
mo ponto de relaxamento, algumas destas músicas tinham um
Illusion MS. Cabos de interconexão: Sunrise Lab Illusion MS RCA e
dedo de letargia e outras não - já com o H95 aquela sensação de
coaxial digital, USB Curious, e USB Sunrise Lab Illusion. Cabo de
“ao vivo”, de pegada e de que os músicos estavam todos ligados
caixa: Sunrise Lab Illusion MS. Caixa acústica: Neat Ultimatum XL6
estava presente o tempo todo e em todas as músicas, inclusive na
e Q Acoustic 3020i. Fone de ouvido: Sennheiser HD800.
faixa 6 que é uma levada mais calma e cheia de intencionalidades,
O tempo de amaciamento do Hegel H95 foi de 280 horas, apro-
mesmo no maravilhoso solo do guitarrista que soube captar bem a
ximadamente. Suas primeiras músicas em nosso sistema de refe-
essência da letra e aquele ar de música do campo, e ainda assim
rência não tiveram o mesmo impacto do H120, que já saiu tocando
ele está lá ligado fazendo tudo com extrema atenção. A mão direita
muito bem. Usando a entrada analógica, o H95 soava como um
do piano não ficava no limite de estourar as notas como no H90, e
aparelho realmente novo com zero de amaciamento, duro e sem
tinha uma disposição no palco sonoro mais coerente, também. O
extensão nos dois extremos. O grave era bastante engessado e com
H95 não traz uma revolução, ele é sim uma evolução do H90, ele
pouca articulação. Por incrível que possa parecer, esta sensação di-
caminha para frente e não de lado, mas as mudanças são mais no
minuía bastante quando utilizado o DAC interno via USB. Como era
sentido de lapidação da sonoridade que já existia no H90.
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O mesmo se apresentou ouvindo Hadouk Trio, disco Air Hadouk
deslocamento de ar. Já com a book Q Acoustics 3020i, ele se deu
faixas 1, 2, 10 e 12. Na faixa 10, em que o percussionista não deixa
muito bem, com fôlego e disposição, em controlar a caixa por com-
a nuvem de pratos caírem por nada, o relaxamento na sonoridade
pleto, apresentando um nível de conforto auditivo e uma apresenta-
dos pratos permite a estes cintilarem, e o sax soprano não soar
ção mais calma, menos tensa, na verdade. Por este motivo sugiro
cansativo. Mesmo nas faixas 1, 2 e 12, que não é mais sax soprano,
fortemente uma book ou torres como a Q Acoustics 3050i, KEF R7
mas sim um bambu sax, e neste instrumento tudo fica “craquelado”,
ou a Monitor Audio linha Bronze ou Silver, que são caixas acústicas
estridente e bastante ruidoso, consegue-se extrair um bom conforto
com maior sensibilidade e falantes mais fáceis de dominar.
auditivo. Querer timbres e texturas neste instrumento é uma tarefa
No início do amaciamento, observei que o DAC via USB tocava
ingrata para qualquer parte de um sistema de áudio, e nos equipa-
melhor que a entrada analógica, pois após o amaciamento, quando
mentos mais abaixo é quase impossível. Ainda assim, o H95 não
usado o DAC interno do Innuos e a saída RCA do mesmo, há uma
faz feio e entrega um instrumento agradável de ouvir e com ótima
leve vantagem para o RCA, mas quando se utiliza poder de fogo
extensão.
real, como é o caso do DAC Hegel HD30, esta diferença cresce
Os 60W do H95 são suficientes para empurrar uma quantidade
exponencialmente em favor do RCA.
enorme de caixas de seu patamar e acima. No caso da Neat, como
Já com fone de ouvido, o resultado é muito bom, à amplificação
ela é uma caixa com um falante isobárico e outro virado para bai-
controla muito bem o fone de ouvido, o que é uma maravilha. Os
xo, e tem sensibilidade baixa, o H95 teve dificuldade em trazer uma
timbres são ótimos e não falta fôlego para empurrar o fone tirando
apresentação mais equilibrada, principalmente no que se refere a
aquela sensação do palco “de cima da cabeça”.
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AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95
CONCLUSÃO A Hegel sabe aonde quer chegar, e com o H95 ela se coloca novamente à frente de seus principais concorrentes. A evolução continua caminhando para frente em pontos em que o consumidor nem sempre espera, mas que, ao ouvir, logo percebe que é aquele o som que desejava e não sabia.
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95 (COM O USO DO DAC INTERNO)
PONTOS POSITIVOS Mostrador OLED. Ainda mais compatibilidade com caixas acústicas de marcas e assinaturas diferentes. Compatibilidade com programas e serviços de streaming de música. Possibilidade de atualizações de firmware e acesso à novas plataformas.
Equilíbrio Tonal 10,5 Soundstage 10,5 Textura 10,5 Transientes 10,5 Dinâmica 10,5 Corpo Harmônico 10,5 Organicidade 10,5
PONTOS NEGATIVOS Não tem entrada balanceada XLR.
Musicalidade 10,5 Total 84,0
ESPECIFICAÇÕES
AMPLIFICADOR INTEGRADO HEGEL H95 (COM O USO DO DAC EXTERNO)
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Equilíbrio Tonal 11,0
Saída
2x 60 W em 8 Ω
Carga mínima
2Ω
Textura 11,0
Entradas analógicas
2x RCA
Transientes 11,0
Entradas digitais
1x coaxial RCA, 3x ótica, 1x USB, 1x Rede
Corpo Harmônico 11,0
Saída de linha
1x RCA variável
Saída para fones
6.3 mm no painel frontal
Resposta de frequência
5 Hz - 100 kHz
Relação sinal/ruído
>100 dB
Crosstalk
<-100 dB
Distorção
<0.01% (@ 25 W / 8 Ω / 1 kHz)
Intermodulação
<0.01% (19 kHz + 20 kHz)
Fator de amortecimento
>2.000 (estágio de saída principal)
Dimensões (L x A x P)
43 x 10 x 31 cm
Peso
10,6 kg (embalado)
Acabamento
Black
NOVEMBRO . 2020
Soundstage 11,0
Dinâmica 11,0 Organicidade 10,5 Musicalidade 11,0 Total 87,5
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Mediagear (16) 3621.7699 R$ 18.375
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TESTE ÁUDIO 3
CÁPSULA HANA ML Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Quando escrevi o Opinião sobre cápsulas, no final do texto eu
Recebemos para teste o modelo Hana ML, cápsula que custa,
disse aos nossos leitores que estaríamos recebendo para teste cáp-
nos EUA, 1.200 dólares, e que é uma das cápsulas deste fabrican-
sulas da Grado, Audio Technica e Hana, em breve. E alguns leitores
te com maior número de prêmios e uma quantidade de posts nos
me fizeram várias perguntas a respeito da Hana, já que por aqui este
fóruns muito comentados, justamente pela sua alta relação custo /
fabricante é pouco conhecido.
performance.
Meu primeiro contato com a cápsula Hana ocorreu, se não me engano, em 2018, quando ouvi na casa de um leitor um modelo intermediário da série S, com uma performance muito impressionante para uma cápsula de menos de mil dólares. Lembro de ter comentado com o dono do setup que a cápsula era muito correta e equilibrada, sendo até difícil apontar arestas ou limitações. Pois o tempo passou e, eis que no meio da pandemia o Fábio Storelli me liga, contando que havia fechado para o Brasil a distri-
Já solicitamos também, para teste, as cápsulas da série E de entrada, e da série S, para futuras avaliações. Todas as séries são Moving Coil (MC) e possuem duas versões: H com saída alta de 2 mV, ou L de baixa saída de 0,5 mV. Isso facilita a vida do consumidor que, por acaso, tenha apenas uma entrada MM em seu sistema analógico e ainda assim deseja uma cápsula mais refinada.
buição da Hana e dos fones Meze (leia Teste na Audiofone), e que
A série M foi lançada mais recentemente e apresenta, segundo o
trabalharia de forma diferenciada com essas duas marcas, com
fabricante, uma série de avanços tecnológicos, materiais mais no-
vendas apenas online em seu site. E que os preços seriam muito
bres e uma interface mecânica superior. Seu corpo é preto, mas o
competitivos!
formato da cápsula é distinto da série E ou da S. A nova série M usa
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CÁPSULA HANA ML
fio de cobre de altíssima pureza e tratamento criogênico. O corpo é feito de Delrin, e a interface mecânica foi aprimorada com uma tampa de latão usinado. Segundo o fabricante, esses cuidados fornecem melhor resposta de graves e dinâmica com maior escala entre o pianíssimo e o fortíssimo. Outra diferença entre a série intermediária S, e a série M, é que a bobina cruzada da cápsula ML é enrolada com um cobre de maior pureza (maior que 4N), com um diâmetro diferente (30 mícrons) do que a série SL. Esta nova bobina tem impedância de 8 Ohms, enquanto a bobina da SL é de 30 Ohms. A bobina da ML permite o uso de estágios de impedância de entrada fixa de 100 ohms em prés de phono, e compatibilidade mais ampla. A Hana ML pesa 9.5 gramas, com uma massa bastante compatível com a maioria dos braços, um cantilever de alumínio e um imã de alnico. Dois leitores me perguntaram o significado do nome Hana em japonês e, segundo meu amigo Yukio, significa: “Lindo”! Para o teste utilizamos dois toca-discos: o nosso Acoustic Signature Storm de referência com braço SME Series V e cabos Quintessence da Sunrise Labs, e o toca-discos da Timeless (leia teste na próxima edição) com braço Origin Live Encounter MK3C. E como pré de phono usamos o Boulder 508. Pudemos comparar a Hana ML com nossa cápsula de referência, a Soundsmith Hyperion 2, em ambos os braços e toca-discos, o que nos ajudou muito a fechar a nota da Hana ML.
De todas as cápsulas mais recentes que tive ou testei, diria que a ML está muito mais para a Transfiguration Proteus do que para a Air Tight PC-1 Supreme ou a Soundsmith Hyperion 2. Mas ela custa um terço da Protheus! Com isso em mente, deixamos a cápsula amaciar por 25 horas e iniciamos os testes. Primeiro no Storm com braço SME V e, posteriormente, com o braço Origin Live. Essa possibilidade de ouvir em dois setups tão distintos nos permitiu ver o quanto a ML é compatível com braços tão diferentes e como ela consegue manter-se equilibrada. Seu som, ainda que muito “quente e musical” como a Protheus, possui uma transparência (será devido ao seu impressionante si-
Interessante que, já nas primeiras horas de audição, sua assina-
lêncio de fundo?) que nos dá um conforto e uma recuperação da
tura sônica me remeteu imediatamente à Hana que havia escutado
microdinâmica que só ouvimos em cápsulas muito mais caras (três
dois anos atrás. As mesmas características da SL, porém mais refi-
a quatro vezes seu preço!).
nada e com um silêncio de fundo ainda maior!
É difícil detectar “arestas” ou limitações em algum dos quesitos da Metodologia. Seu comportamento é muito homogêneo, nos fazendo esquecer de imediato o setup e mergulhar na música. No braço SME V seu comportamento foi ligeiramente mais analítico e com um foco e recorte rigoroso. Já no braço da Origin Live, este comportamento “analítico” deu lugar a uma maior suavidade, que foi crucial nas gravações tecnicamente mais limitadas. Para quem tem uma coleção repleta de prensagens nacionais, diria que o melhor conjunto será Hana ML com o braço Origin Live! Para gravações tecnicamente melhores, prensagens importadas japonesas ou europeias, o detalhamento e a precisão do casamento Hana ML com SME V foi excelente! Morrerei dizendo: antes de definir um setup (principalmente analógico), faça um pente fino na sua discoteca e estude as possibilidades que serão mais coerentes com a qualidade dos LPs e com o estilo musical!
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NOVEMBRO . 2020
Seu equilíbrio tonal para esta faixa de preço (menos de 1500 dó-
Pois quando o equilíbrio tonal é corretíssimo, conseguimos obser-
lares) é exuberante. Agudos que não agridem, região média de uma
var se as notas mais agudas possuem ou não feltro, para amenizar
naturalidade exemplar e graves com uma energia e corpo, conta-
aquele desagradável som de vidro (principalmente nas duas últimas
giantes! Independente do estilo, a performance em termos de equi-
oitavas). Aqui nesses exemplos de textura, novamente a ML foi uma
líbrio sempre será muito correta.
agradável surpresa.
O palco, ainda que não tenha a holografia 3D da nossa cápsula de referência, é excelente em termos de foco, recorte e planos. Os instrumentos solo, são apresentados com aquele silêncio em volta e com uma apresentação de ambiência muito verossímil. Junto com o equilíbrio tonal, as texturas são um show à parte. Quem é fã das gravações de Duke Ellington dos anos 50 e 60 já sabe que muitas vezes os pianos possuem uma certa dureza, principalmente nas três oitavas superiores da mão direita. E somente em cápsulas com excelente equilíbrio tonal essa limitação se torna um pouco mais “palatável”. São nessas gravações que separo as cápsulas “corretas” das cápsulas “exemplares”! A Hana ML consegue o mérito de estar neste patamar de cápsulas exemplares. E são justamente essas gravações do Duke que também percebemos a qualidade na reprodução das texturas nessas três oitavas.
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CÁPSULA HANA ML
Os transientes são corretíssimos e de uma precisão que, novamente, coloca essa Hana no pavilhão de cima. O silêncio de fundo e o seu rastreamento preciso, facilitam demais a inteligibilidade de microdinâmica, mas as escalas do pianíssimo para o fortíssimo são muito corretas, e a macrodinâmica possui aquele tão buscado conforto de autoridade e folga! Falar de corpo harmônico em cápsulas de excelente nível é chover no molhado. A ML neste quesito, não deve nada nem mesmo às
PONTOS POSITIVOS
cápsulas Estado da Arte muito mais caras que ela. O mesmo posso
Um grau de coerência assombroso.
falar do quesito organicidade: o acontecimento musical está ali à nossa frente, materializado e ao alcance de nossas mãos.
PONTOS NEGATIVOS
CONCLUSÃO Todas as cápsulas por nós testadas, com pontuação entre 96 e
Nesta faixa de preço, nada de negativo.
98 pontos, custam acima de 10 mil reais (por volta de 2 mil dólares… como o nosso dinheiro não vale mais nada!). A Hana ML é a primeira a estar neste contingente custando menos de 9 mil reais e com um pacote de benefícios que a colocam em destaque neste grupo. O seu grau de coerência e homogeneidade em todos os quesitos de nossa Metodologia, dão a ela uma relação custo/performance difícil de suplantar. E com um grau de compatibilidade com braços distintos também de alto nível.
CÁPSULA HANA ML
Seu grau de musicalidade com um equilíbrio quase perfeito entre
Equilíbrio Tonal 12,0
transparência e naturalidade, na sua faixa de preço, é algo inédito
Soundstage 12,0
entre as cápsulas testadas nos últimos 5 anos!
Textura 13,0
Se você deseja uma cápsula de alto nível, refinada, musical e abaixo de 2 mil dólares, você deve conhecer a Hana ML. Acho muito difícil você não se deixar encantar com tantos atributos e por um preço ainda possível de se investir em um setup Estado da Arte! Um produto melhor compra com um M maiúsculo!
Transientes 13,0 Dinâmica 11,0 Corpo Harmônico 13,0 Organicidade 12,0 Musicalidade 12,0 Total 98,0
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES
ESPECIFICAÇÕES
MÚSICA DE CÂMARA
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Agulha
Nude Microline
Cantilever
Alumínio
Ímã
Alnico
Circuito magnético
Tratamento por criogenia
Fio da bobina
Cobre de alta pureza
Corpo
POM (Delrin) / latão
Nível de saída
0,4 mv / 1 KHz
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SINFÔNICA
A nota é a média dos dois braços utilizados.
German Audio contato@germanaudio.com.br R$ 8.800
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TESTE ÁUDIO 4
CABO DIGITAL COAXIAL FEEL DIFFERENT FDIII Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
Antes de fazer minhas observações a respeito do cabo digital
deles. Pois muitas vezes este grau de compatibilidade não é tão alto
coaxial FDIII da Feel Different, queria agradecer publicamente o Ju-
e isso certamente pode ser um problema para aqueles leitores que
nior Mesquita pela paciência em nos fornecer um set completo por
precisam comprar no escuro.
mais de seis meses.
Neste aspecto, a linha FDIII tem um dos maiores índices de com-
Foi fundamental este tempo de empréstimo para podermos co-
patibilidade de cabos testados por nós nos últimos cinco anos! O
nhecer em detalhes cada modelo, poder ouvir um set completo em
que significa que muitos de vocês que puderem ouvir em seus siste-
nosso Sistema de Referência, assim como ouvir seu grau de compa-
mas estes cabos, irão ter uma ideia consistente de suas qualidades
tibilidade com os inúmeros produtos testados neste mesmo período.
sonoras.
Sabemos que muitos fabricantes e importadores de cabos estra-
Em todos os testes anteriores (cabo de interconexão, força e
nham essa nossa exigência de permanecermos com os produtos
caixa), enfatizei a qualidade de acabamento dos Feel Different e o
em teste por pelo menos 90 dias e cabos por pelo menos 120 dias,
esmero em todos os detalhes do Junior em oferecer ao cliente um
mas é essencial para que passemos aos nossos leitores uma ideia
produto que, neste quesito, concorre de igual para igual com os
segura do que observamos.
melhores importados!
Ainda que muitos “desdenhem” de diferenças entre cabos, poder
Isso é um mérito que precisa ser destacado e mostra o avanço
usar os cabos em sistemas com assinaturas tão distintas nos dá
dos fabricantes nacionais em busca de um nicho deste mercado tão
muito maior consistência para fechar a questão de compatibilidade
competitivo.
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CABO DIGITAL COAXIAL FEEL DIFFERENT FDIII
O digital coaxial FDIII utiliza condutores de cobre OFC 99%, cobre
Uma coisa bastante comum nos cabos nacionais que eram envia-
OFC 89%, prata 98% e banho de ródio e grafeno. Os terminais po-
dos para nós, na virada do século, era que o fabricante tinha muita
dem ser WBT ou Supra.
dificuldade de “replicar” a mesma performance em toda uma série de cabos de interconexão, digital, força e caixa. Tanto que fiquei cada vez mais atento a este problema e passei a solicitar o envio do set completo para realizarmos os testes e constatarmos se isso ainda ocorria ou havia sido solucionado. A série FDIII, em termos de assinatura sônica, me pareceu muito coerente. O cabo de força, um pouco menos, mas segundo o Junior essa questão já foi corrigida e em breve ele estará nos enviando a versão MkII. E o grau de compatibilidade de todos foi muito alto. Como o de interconexão e caixa, o digital possui excelente equilíbrio tonal, com agudos muito limpos, extensos e naturais. O decaimento é bastante suave, possibilitando ouvir com precisão as ambiências e os rebatimentos das salas, em gravações feitas em salas de concertos. Grafeno
Ele foi utilizado em todos os dois Streamers da Cambridge Audio testados por nós, e no transporte dCS Scarlatti. Ligados no DAC Scarlatti, e nos Nagra HD DAC X e TUBE DAC.
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A região média possui aquele equilíbrio essencial em termos de transparência e calor, fazendo com que gravações com erro de equalização ou compressão se tornem menos agressivas. E os graves, possuem corpo, peso, velocidade e energia.
O soundstage é, como em todo FDIII, um prazer! Excelente silên-
Então, a escolha de um bom DAC e um cabo digital para con-
cio entre os instrumentos, possibilitando um foco e recorte perfeito,
tornar estas limitações, no meu modo de entender é vital! Pois, do
planos com enorme profundidade e largura, importantíssimos para
contrário, longas audições se tornam cansativas e distantes.
apreciação de música clássica ou big bands! As texturas, graças ao alto nível do equilíbrio tonal, são excelentes, tanto em termos de paleta de cores como de intencionalidade. Os transientes, como escrevi no teste do cabo de caixa, têm aquela precisão do “para e arranca”, tão fundamental para o correto andamento e marcação rítmica.
O FD III coaxial pode perfeitamente ser a solução deste cabo digital, para sistemas Estado da Arte. Como escrevi acima, sua construção, acabamento e performance atenderá 99% dos consumidores que desejam um cabo digital Estado da Arte final. Se este é seu caso, peça uma audição e tire suas conclusões.
A dinâmica, tanto a micro como a macro, são corretas e possuem a sensação de escala entre o piano e o fortíssimo com autoridade e folga.
PONTOS POSITIVOS
O corpo harmônico, sempre uma pedra no sapato do digital, no
Uma relação custo/performance difícil de bater.
FDIII encontrará uma “ajudinha” que pode, nas captações de distância correta entre o microfone e o instrumento, perfeitamente enganar nosso cérebro. A materialização física do acontecimento musical é bastante ve-
PONTOS NEGATIVOS Nenhum.
rossímil nas excelentes gravações e, nas medianas, conseguimos nos concentrar sem esforço no acontecimento musical. A musicalidade é sempre quente, convidativa e relaxante!
CABO DIGITAL COAXIAL FEEL DIFFERENT FDIII
CONCLUSÃO Um cabo digital voltou a ser um cabo de suma importância para quem optou por uso apenas de streamer. Pois, como sempre escrevo aqui, ele ainda sofre de duas limitações audíveis: pouco 3D, sendo um som sempre mais frontalizado, e um equilíbrio tonal que ainda não permite uma apreciação de texturas mais realistas e envolventes.
Equilíbrio Tonal 12,0 Soundstage 13,0 Textura 12,0 Transientes 13,0 Dinâmica 12,0 Corpo Harmônico 12,0 Organicidade 13,0 Musicalidade 13,0 Total
ESPECIFICAÇÕES
Condutores
Cobre 99% OFC, cobre 89% OFC, prata 98%, ródio (banho), grafeno (americano)
Bitola
2,5 mm
Geometria
Trança
Metragem padrão
1 metro
Conexão
WBT 0144/SUPRA PPX (Conectores de cobre puro, banhados com ouro e isolados com teflon)
Blindagens
Duas - Sendo uma delas teflon
100,0
VOCAL ROCK . POP JAZZ . BLUES MÚSICA DE CÂMARA SINFÔNICA
Feel Different (21) 99143.4227 RCA 1m (par) = 7.450 (promoção 6.450)
SUPERLATIVO
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ESPAÇO ABERTO
OU APRENDEMOS A ABSTRAIR DETERMINADAS LIMITAÇÕES OU JAMAIS ESTAREMOS SATISFEITOS COM O NOSSO SISTEMA Nos meus sessenta e dois anos aprendi que muitos audiófilos vivem insatisfeitos com os seus sistemas, não por suas limitações e sim por ter expectativas exageradas em relação a reprodução de música eletronicamente.
Todos os quatro tem cura, felizmente! Mas para se mudar velhos hábitos, sabemos que se exige esforço e disciplina. O primeiro pas-
Muitos possuem uma referência “imaginária” do que seria o ideal,
so obviamente é entender aonde estamos falhando, e o segundo e
comprometendo, com essa “obsessão sonora” de ouvir excelentes
mais importante é querer corrigir os erros e nos comprometermos
setups, possuir sistemas que poderiam lhe proporcionar enorme
100 % com este objetivo.
prazer em ouvir suas músicas. Assim como a psicanálise estuda os tipos psicológicos, certamente também existem os “tipos audiófilos” - meu pai os classificava como: ansiosos, inseguros, platônicos e perfeccionistas. O ansioso erra pela sua incapacidade de esperar o ajuste fino e de detectar os elos fracos. O inseguro por não confiar em seus ouvidos e sempre achar que o outro ouve e sabe mais do que ele. O platônico sonha com o sistema que não pode ter.
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E o perfeccionista acredita que nada está à altura de suas expectativas e exigências.
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Não pense que essa mudança será fácil, mas os resultados são consistentes, se o amigo leitor seguir essa regra básica. Antes de iniciar as correções, faça uma análise criteriosa do que você espera do seu sistema, e de zero a dez classifique o seu sistema nos quesitos que mais te agradam e os que mais o deixam frustrado.’ Lembre-se de que este “pente fino” precisa ser feito embasado em critérios como: os quesitos da Metodologia ou quesitos pessoais que não sejam demais subjetivos.
Feita essa radiografia do sistema, busque referências auditivas seguras para poder usar como ferramenta em todos os ajustes que você achar que sejam necessários em seu sistema. Essas “referências” são gravações de boa qualidade técnica, e que possam ajudá-lo a entender o que ocorre com o seu sistema. Use apenas gravações de instrumentos acústicos e vozes. E não deixe de ouvir essas gravações escolhidas nos sistemas de amigos, revendas e showrooms de importadores. E não tenha vergonha de anotar tudo que perceber: isso irá lhe garantir a segurança que todos nós precisamos para caminhar com as próprias pernas. Claro que toda caminhada, solitária no início, sempre causa um certo desconforto ou incertezas. Mas, à medida que você coloque em prática suas observações, e os resultados sejam consistentes, essas dúvidas cessam. A maior prova de que você está evoluindo, ocorrerá no momento em que você perceber que os ajustes estão resgatando gravações que você sempre gostou, mas foram deixadas de lado, pelo fato de soarem ruins no sistema. Agora, caso ocorra o oposto (quanto mais você ajuste o sistema, menos gravações tocam bem), pare tudo, pois o resultado está sendo o inverso do pretendido. Não caia nessa armadilha, nunca mais! Essa “falácia” de que um sistema hi-end não consegue tocar gravações tecnicamente limitadas é argumento do século passado! Um sistema hi-end corretamente ajustado e com o melhor equilíbrio tonal possível, resgatará a maioria de seus discos. E quanto mais os elos fracos forem corrigidos, e os upgrades forem mais consistentes, sua paixão e prazer por ouvir música aumentará exponencialmente! Então não hesite em seguir nessa direção, pois ela o levará ao maior de todos os objetivos: o sistema tocar toda a sua discoteca! E, por fim, uma última importante dica: aprenda a abstrair as limitações técnicas de suas
DIRETOR / EDITOR Fernando Andrette COLABORADORES André Maltese Antônio Condurú Clement Zular Guilherme Petrochi Henrique Bozzo Neto Jean Rothman Julio Takara Marcel Rabinovich Omar Castellan Tarso Calixto RCEA * REVISOR CRÍTICO DE EQUIPAMENTO DE ÁUDIO Christian Pruks Fernando Andrette Juan Lourenço Rodrigo Moraes Victor Mirol CONSULTOR TÉCNICO Víctor Mirol TRADUÇÃO Eronildes Ferreira
mídias. Este exercício é de fundamental importância para os que não conseguem abstrair os “cliques & plocs” dos LPs, ou a bidimensionalidade do palco do Streamer, ou as limitações
AGÊNCIA E PROJETO GRÁFICO
de gravações tecnicamente limitadas dos nossos CDs. Pois sem essa abstração, estaremos
WCJr Design
sempre dando maior atenção às limitações do que as virtudes que a música reproduzida ele-
www.instagram.com/wcjrdesign/
tronicamente pode nos proporcionar. Siga essas dicas e acredite: nada pode dar errado!
Áudio Vídeo Magazine é uma publicação mensal, produzida pela EDITORA AVMAG ME. Redação, Administração e Publicidade, EDITORA AVMAG ME. Cx. Postal: 76.301 - CEP: 02330-970 - (11) 5041.1415 www.clubedoaudioevideo.com.br Todos os direitos reservados. Os artigos assinados
Fernando Andrette
fernando@clubedoaudio.com.br
são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
Fundador e atual editor / diretor das revistas Áudio Vídeo Magazine e Musician Magazine. É organizador do Hi-End Show (anteriormente Hi-Fi Show) e idealizador da metodologia de testes da revista. Ministra cursos de Percepção Auditiva, produz gravações audiófilas e presta consultoria para o mercado.
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NOVEMBRO . 2020
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