Revista Áudio e Vídeo Magazine - Edição 285

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EDITORIAL

VEM AÍ UMA NOVA GERAÇÃO DE TRANSISTORES MOSFET Fernando Andrette

fernando@clubedoaudio.com.br

Antes que você solte a frase: “Lá vem o Andrette novamente com

escala de produção, essa descoberta soa como música aos ouvidos

sua defesa da nanotecnologia”, vou começar por dizer o que um

(desculpe a analogia, amigo leitor). O processo de escaneamento

dos envolvidos neste novo e revolucionário método de scanear os

é tão preciso, que foi possível detectar um único átomo ausente

elétrons, escreveu na apresentação do artigo: “É sempre incrível

para cada 5000 átomos, o que já é suficiente para descartar aquele

quando você vê a intersecção da física teórica com a engenharia

transistor do lote fabricado. Para detectar tais desvios, os pesquisa-

prática. Ideias e teorias de décadas atrás estão encontrando um lar

dores ampliaram a ressonância magnética utilizada para o nível da

perfeito em uma nova técnica, que no passado recente os teóricos

nano, para medir os efeitos do ‘spin’ (é o fenômeno que descreve

sequer cogitavam ser possível”. Essa nova descoberta que abrirá

característica fundamental de partículas, como elétrons, prótons e

perspectivas antes apenas cogitáveis no campo teórico, se concen-

nêutrons), possibilitando capturar as imperfeições nos MOSFETs,

trou em transistores de efeito de campo semicondutores de óxido

com spin alterado, tanto no núcleo dos átomos que o cercam,

metálico (MOSFETs), que são encontrados em quase que todos os

como ao seu redor em seu campo magnético. Essa possibilidade

dispositivos eletrônicos que utilizamos em nosso dia a dia. Até re-

de observar essas interações, e suas consequências, pode revelar

centemente estes eram fabricados com silício e dióxido de silício, e

detalhes estruturais e químicos e nos levar a um outro patamar de

agora também podem ser fabricados com outros materiais, incluin-

entendimento sobre como aprimorar o desenvolvimento de com-

do o carboneto de silício como um bom material semicondutor. Des-

ponentes eletrônicos - e não só dos transistores MOSFET. O artigo

cobriu-se que o novo material tem vantagens substanciais para altas

conclui que, quando um elétron gira dentro dos centros de defeito,

temperaturas e aplicações de alta potência, no entanto eles também

este ‘vira’ ou muda seu estado de rotação, e quando se aplica um

têm um defeito de escala atômica que impede seu uso em grande

campo eletromagnético, eles eventualmente relaxam de volta ao seu

escala - até o momento. Pois bem, o estudante de doutorado em

estado de rotação original. Mostrando de forma cabal como os nú-

ciências de engenharia mecânica, James Ashton, desenvolveu uma

cleos magnéticos localizados perto dos elétrons do defeito afetam o

nova técnica para estudar defeitos em materiais semicondutores. A

processo de relaxamento - é o vilão que irá eliminar aquele MOSFET.

nova ferramenta analítica faz uso de campos magnéticos extremamente pequenos e frequências muito menores do que as normalmente usadas para detectar defeitos e imperfeições nos MOSFETs. A abordagem fornece informações estruturais sobre as interações magnéticas entre elétrons e núcleos magnéticos, de maneira muito mais objetiva e contundente. O que irá facilitar, em muito, a fabricação de uma nova geração de transistores MOSFET, com um índice de defeito quase que próximo de zero. E quando falamos em alta

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JUNHO . 2022

O leitor leigo, e apenas interessado em descobrir a melhor maneira de ouvir sua música, pode estar achando essa descoberta algo muito distante de sua realidade e do seu dia a dia. Relaxe, pois quando uma nova geração de semicondutores eletrônicos estiver no mercado, você certamente irá perceber as possíveis melhorias, e lembrar deste editorial escrito em junho de 2022. O futuro é iminente meu caro amigo!


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