A Casa da Poesia do Mundo Assustado

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STELLA MARIS REZENDE

Ilustrações de Talita Nozomi

Para a minha irmã Miriam

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Rezende, Stella Maris

A casa da poesia no mundo assustado / Stella Maris Rezende; ilustrações de Talita Nozomi. – 1. ed. – São Paulo: Editora Melhoramentos, 2023.

ISBN 978-65-5539-465-8

1. Poesia - Literatura infantojuvenil I. Nozomi, Talita. II. Título.

22-135939

CDD-028.5

Índices para catálogo sistemático:

1. Poesia : Literatura infantil 028.5

2. Poesia : Literatura infantojuvenil 028.5

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

© 2023 by Stella Maris Rezende

Ilustrações de © 2023 Talita Nozomi

Diagramação: Renata Fagundes

Preparação de texto: Maria Isabel Ferrazoli

Revisão: Renato Trevisano e Karina Ono

Direitos de publicação:

© 2023 Editora Melhoramentos Ltda. Todos os direitos reservados.

1.ª edição, março de 2023

ISBN: 978-65-5539-465-8

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São Paulo – SP – Brasil

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Impresso no Brasil

STELLA MARIS REZENDE

Ilustrações de Talita Nozomi

Entre montanhas

Entre rios e mares

Entre árvores

Entre pássaros

Entre paredes

Entre na casa da poesia.

Sou a casa da poesia

E sempre tenho tempo

Tempo

Tempo

Temporã

Mais vale, de tudo

O pé de romã:

Fora de tempo, a fruta

Além do tempo, a alegria louçã.

A alegria das pedrinhas de gelo

Espirra no alpendre

E abacates maduros

Rolam na escadinha de cimento

O mundo vai acabar?

Fecha a janela do quarto, menina

Que guarda as pedrinhas de gelo

Para derreter tristezas atrevidas.

Tristezas que cantam assim:

Murucututu

De cima do telhado

Deixa meu coração

Sossegar acordado

Para eu ver meu sono

E dizer a ele:

Dorme, dorme

Não se conforme

Com o medo enorme

Do pássaro de bonito nome

Murucututu.

O medo vê o Rio São Francisco

E enfeitiça tapetes

De riachos distraídos

Que desembocam na foz

Do sofá, que foge

Da cadeira, que resmunga

Do armário, que grita

Riachos que atravessam tempestades

Que reviram barcos

Proas

Canoas

Marés

De oceanos confusos.

Na casa da poesia, tem afeto, risos, viagens e encontros. A casa da poesia tem jeito de casa de avó – onde surgem saudades, histórias da família; onde tem cheiro de pamonha e biscoitos de queijo.

Entre silêncios e palavras, pais e filhos, avós e netas, tios e sobrinhos se revelam ora contentes, ora angustiados. Medos e coragens aparecem nas vozes de meninas e meninos. Em cada poema se conectam as gerações: a menina que pergunta se a bisavó já fez laive e a memória da avó sobre colher fruta do pé.

Há ainda o menino com febre alta. A menina de vestido branco que lê um livro de capa lilás. O pai que tem sobrancelhas de Monteiro Lobato. A avó que conta histórias de assombração. O tio que chora escondido.

Na casa da poesia, sempre há tempo, e a alegria é temporã.

Leitura independente A partir dos 8 anos

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