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Um estranho jexeyxey
O pai de Manhuari, um grande caçador munduruku, convocou os homens da aldeia para uma conversa. Contou que havia sonhado com uma jakora enorme. Ela veio ao seu encontro, mas, em vez de atacá‑lo, deitou‑se aos seus pés como se desejasse ser acariciada.
Esse jexeyxey o deixou um pouco confuso, pois sabia que a jakora é um animal feroz e sua presença no jexeyxey era motivo de preocupação.
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Todos ficaram atentos à narrativa do caçador. Resolveram que ouviriam a opinião do pajé, aquele que interpreta jexeyxeys.
O velho chegou de mansinho, sentou se num pequeno banco e ouviu com atenção tudo o que lhe foi contado. Não emitiu nenhuma opinião. Ao final da história, tirou de sua bolsa o pó do fumo e o lançou para o alto, esperando que o kabido mostrasse a direção do jexeyxey.
Todos ficaram paralisados diante daquele gesto. O silêncio era absoluto. Em seguida o velho ergueu‑se e disse:
– Seu jexeyxey é um bom sinal. Sinal de que teremos um tempo de paz e tranquilidade. Tudo caminha bem, e o espírito de nosso cacique está em sintonia com o Universo. Caçada será boa. Podem ir caçar, mas não se esqueçam de que nossa tradição nos lembra de abater apenas os seres da natureza suficientes para alimentar nosso corpo. Ninguém deve sacrificar um baripnia por esporte ou por prazer. Cada ser é nosso baripnia e devemos sempre respeitá‑lo.
Dizendo isso, o homem voltou para sua uk’a.