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Produtos e Serviços

Planta dedicada a treinamentos e atualização tecnológica

A Planta Didática Smar é dedicada a treinamentos e atualização tecnológica, em malhas de controle de automação de processos industriais. Representa, de forma simples e objetiva, a operação de diversas malhas de controle, que podem ser implementadas em uma planta industrial Está disponível nas mais modernas tecnologias: HART FOUNDATION fieldbus e PROFIBUS PA; é de fácil instalação, manutenção e operação; possui forma compacta, com estrutura leve, feita em alumínio; tem flexibilidade para configuração dos dispositivos; reproduz a realidade industrial com a mais alta tecnologia disponível no mercado; completa, com as principais variáveis de medição de uma planta real; malhas de controle, previamente, fornecidas pela Smar; permite a criação de outras estratégias de malhas de controle; é indicada para aprendizes e profissionais do ramo de Controle e Automação; possui tanques e tubulação feitos em Aço Inox; tem painel frontal de acionamento e comando; e permite uma ou mais estações remotas de supervisão. Os novos kits didáticos da Smar são disponibilizados em FOUNDATION fieldbus, PROFIBUS DP e PROFIBUS PA (podendo ter PROFIBUS DP+PA, no mesmo kit didático), HART e WirelessHART. Um dos grandes diferenciais é a possibilidade de fazer a comunicação entre as diferentes tecnologias – os novos kits didáticos funcionam como Mini Plantas Didáticas.

Petronas lança fluidos de veículos elétricos

A Petronas Lubricants International, braço global de fabricação de lubrificantes da Petronas, conquistou mais um marco na inovação da tecnologia de fluidos, com o lançamento da nova geração do Petronas Iona para Veículos Elétricos (VE) – em seu Centro Global de Pesquisa e Tecnologia, em Turim, Itália. O lançamento, com o tema Accelerating Efficiency, Revolutionising e-mobility, representa uma jornada contínua, em direção às tecnologias e tendências mais recentes do mundo da mobilidade elétrica. De acordo com a publicação mais recente do Global EV Outlook 2021, o mercado global para todo o tipo de veículos foi significativamente afetado pelas repercussões econômicas da Pandemia de Covid-19. Enquanto os registros de veículos convencionais caíram, as vendas globais de veículos elétricos tiveram um crescimento de 70%, em 2020. A linha Petronas Iona pretende ajudar o mundo a acelerar o caminho para um futuro sem carbono, otimizando a eficiência energética, a segurança e o desempenho de veículos elétricos, com soluções avançadas de fluidos VE. A segunda geração do Petronas Iona foi projetada para dar resposta a diversas exigências dos sistemas de acionamento elétrico e dos eixos, incluindo o controle de atrito e desgaste, bem como o gerenciamento térmico para gestão de temperatura, a fim de maximizar o desempenho, eficiência energética e confiabilidade de veículos elétricos de alto desempenho. Essa iniciativa está alinhada com o compromisso da PLI com a sustentabilidade, anunciado em 2018, em que 75% de seus investimentos em Pesquisa e Tecnologia seriam destinados à redução de emissões, para apoiar a meta maior de carbono zero, até 2050.

Posicionador de Válvulas

O VVP10 é um posicionador inteligente da Vivace, e foi projetado para trabalhar com acionadores de válvulas lineares ou rotativas, proporcionando precisão e controle, com alta disponibilidade e confiabilidade. Permite fácil instalação e comissionamento, e é adequado para vários tipos de válvulas, independentemente do tipo e do tamanho. Os posicionadores VVP10 estão disponíveis nas tecnologias HART 7 / 4-20mA e PROFIBUS PA. O modelo HART possui em seu modelo padrão o retorno de corrente 4-20 mA, para indicar a posição real controlada. O VVP10 possui modelos com sensores de pressão, interruptores de fim de curso (limit switches), saídas digitais (para alarmes e válvula de segurança), e diagnósticos avançados, que ajudam a predizer eficientemente a necessidade de manutenção. As respectivas bibliotecas DTM para os equipamentos HART e Profibus-PA podem ser encontradas no site da Vivace.

Conversor de Sinal Analógico para PROFIBUS-PA

O VAP11 é um conversor analógico para montagem em painel (trilho DIN), que permite que até 3 canais de entrada, com sinais 4-20 mA (ou 0-20 mA) ou 0-5 V, possam ser convertidos para Profibus-PA. O usuário pode configurar cada canal para funcionar com corrente ou tensão, o que garante grande versatilidade de aplicações ao VAP11. Pode ser configurado através de ferramentas disponíveis no mercado, baseadas em EDDL e DTM, ou localmente, usando uma chave magnética.

Conexões enfrentam o desafio da transição energética

Embora os projetos de energia verde sejam críticos para a descarbonização, muitos fornecedores lutam para equipar adequadamente seus empreendimentos com tecnologia confiável. Buscam soluções projetadas adequadamente, que garantam a segurança e integridade dos ativos, o que inclui conexões de tubulação e revestimento à prova de gás, em condições adversas, criadas pelas aplicações de baixo carbono. O desafio então é desenvolver e qualificar soluções em tempo hábil. A Vallourec conhece as tecnologias de baixo carbono, apoiando projetos geotérmicos há mais de 30 anos, soluções que agora disponibiliza para o mercado de petróleo e gás, como suas conexões premium VAM. Os especialistas do Vallourec Research Center for Connections desenvolveram e testaram as conexões VAM em condições variadas, para garantir, por exemplo que as conexões VAM sejam à prova de hidrogênio: com apoio de parceiros, a Vallourec comprovou que a VAM 21 permanece estanque ao gás, com misturas de 5% a 100% de hidrogênio, e 95% de nitrogênio, conseguindo uma forma de validar o VAM 21 para poços de armazenamento de hidrogênio. O VAM 21 e sua versão compatível de alto torque VAM ® 21 HT são a última geração de conexões T&C premium avançadas. Tão forte quanto o tubo, e totalmente validadas em relação à API RP 5C5:2017 / ISO 13679:2019 CAL-IV em toda a linha de produtos, seu design inovador provou ser extremamente confiável em campo, qualquer que seja a aplicação, mesmo a mais crítica.

Nova poliamida de alto desempenho com base reciclada

A Solvay introduziu a nova família de compostos de poliamida de alto desempenho (HPPA) Omnix, com base em um mínimo de 33% de conteúdo reciclado, a partir de resina reciclada PIR/PCR, que é altamente segura, e tem um processo controlado pelo fornecedor. A inovadora tecnologia Omnix ReCycle HPPA segue o roteiro One Planet de sustentabilidade da Solvay, para melhorar continuamente a pegada ambiental e a circularidade de seu portfólio de produtos. O perfil exclusivo de desempenho e sustentabilidade desse produto oferece uma solução de material atraente para proprietários de marcas e fabricantes, que buscam aumentar o conteúdo reciclado em seus produtos, sem comprometer a estabilidade dimensional, alta rigidez, resistência ao impacto e processabilidade. O conteúdo reciclado do Omnix ReCycle economiza recursos e resulta em uma pegada de carbono significativamente menor, em comparação com o HPPA virgem, mostrando assim um potencial de aquecimento global (GWP, na sigla em inglês) 30% menor. Ao mesmo tempo, ele tem um ajuste ideal para substituir poliamidas (PA) de baixo desempenho, bem como metais. Em eletrodomésticos, por exemplo, ele oferece maior durabilidade do que os polímeros de poliamida PA6 ou PA66 padrão. Isso ajuda os OEMs a reduzir devoluções por quebras e danos, ao mesmo tempo em que atende à crescente conscientização dos consumidores quanto à longevidade e menor impacto ambiental, em suas escolhas de produtos. Com sua excelente aparência de superfície, o novo HPPA, com base reciclada, também pode eliminar a necessidade de pintura, o que aumenta seus benefícios gerais de sustentabilidade, e facilita a reciclagem no fim da vida útil de aplicações, em uma economia de plásticos cada vez mais circular. Outra intenção alvo é a resistência ao desgaste para componentes internos leves em transporte e automotivo. O Omnix ReCycle da Solvay pode ser processado em equipamentos de moldagem por injeção padrão, incluindo o uso de moldes aquecidos a água. Após a amostragem e aprovação bem-sucedidas por clientes selecionados, o novo material HPPA sustentável está disponível comercialmente em todo o mundo. O novo Omnix ReCycle da Solvay combina as excelentes propriedades mecânicas do HPPA semiaromático virgem com melhor fluxo, menor absorção de água e um excelente acabamento superficial. Omnix é uma marca registrada da Solvay.

Calibrador universal de processo – segurança intrínseca

O MCS-12-IS é um calibrador, que possibilita a medição e geração dos sinais utilizados em Instrumentação e Controle de Processos. É intrinsecamente Seguro para uso em áreas classificadas, atmosferas explosivas, grupo IIC, Zona 0 / Ex ia IIC T4 Ga, que é o grupo do hidrogênio e do acetileno. Desenvolvido e fabricado no Brasil pela Presys, em caso de manutenção, não precisa retornar ou esperar por peças dos Estados Unidos, Europa etc. O conserto é feito aqui, rapidamente, sem perder a segurança intrínseca do instrumento. Portátil e compacto, ideal para uso em campo, apresentando níveis de desempenho somente comparáveis a padrões de laboratório. Comunica-se com o Software de Calibração ISOPLAN em ambiente Windows, fornecendo um verdadeiro Sistema de Calibração Assistida por Computador com capacidade de documentação. ISOCAL MCS-12-IS é um instrumento de elevada exatidão, com características de alta estabilidade, em relação a mudanças de temperatura e manutenção das especificações, com o passar de longos períodos de tempo. A entrada Probe calcula as temperaturas baseadas em tabelas internacionais padronizadas, nas escalas IPTS-68 e ITS-90, e também possui algoritmos internos, que calculam as temperaturas utilizando coeficientes Callendar-Van Dusen, provenientes de uma calibração de um sensor. Possui itens úteis que permitem seu uso em campo e em bancada. O calibrador também incorpora conceitos de calibração automática via computador, tais como emissão de relatórios e certificados, gerenciamento automático de tarefas, organização e arquivamento de dados, para abranger os requisitos de procedimentos de qualidade.

Bicos sopradores de íons / pistola

Você pode remover facilmente até mesmo as menores partículas de poeira na produção, para aumentar a qualidade de seus produtos com os bicos de sopro de íons / pistolas da Eltex. Dispositivos de sopro de íons para descarga e remoção de poeira de componentes altamente sensíveis. Picos de emissão envolvidos pela corrente de ar criam uma nuvem de descarga densa de íons. Disponível como jato plano / jato redondo / jato pontual ou bico jato plano compacto, ou como pistola. A pistola sopradora de íons PR36, com bico easyCLEAN, possui cabo de mola e mangueira dupla em espiral para manuseio ergonômico. Voltagens disponíveis: 115 V, 230 V, 24 V DC High-voltage generation, Non-EX. Possui várias geometrias e conexões.

Produtos amigos do clima tem o primeiro isocianato sem CO2

A Basf expande o portfólio de diisocianato de metileno difenil (MDI), e apresenta com Lupranat ZERO (Emissão Zero, Origem Renovável), o primeiro isocianato aromático neutro em gases de efeito estufa. A Lupranat ZERO tem pegada de carbono do produto Cradle-to-Gate1, 2 (PCF) contábil de zero; isso significa que, em seu caminho até deixar o portão da fábrica da Basf para o cliente, todas as emissões de gases de efeito estufa relacionadas ao produto e o carbono de base biológica ligado a ele não carrega CO2. As emissões zero até o portão de fábrica são alcançadas sem certificados de compensação. Em vez disso, as matérias-primas renováveis são usadas no início da cadeia de produção química, e alocadas por meio de um processo de balanço de massa. Além disso, as energias renováveis são usadas para o processo de fabricação com certificados de energia verde (por exemplo, certificados de energia renovável). A verificação do cálculo PCF do Lupranat ZERO pela TÜV Nord foi concluída com sucesso. O Lupranat ZERO estará disponível no segundo trimestre de 2022.

1 Consideração Cradle-to-Gate, de acordo com a ISO14067, incluindo assimilação de biogenes. O PCF do berço ao portão considera todos os processos, desde a extração de recursos, passando pela fabricação do pré-produto e fabricação do produto final, até o ponto em que o produto sai da empresa. 2 Os PCFs da BASF são calculados de acordo com a ISO 14067:2018, a norma ISO para pegada de carbono. Isso é baseado nos princípios e requisitos gerais das normas ISO ISO 14040:2006 e ISO 14044:2006 para avaliações de ciclo de vida.

O que uma bomba pode fazer, com a pioneira bomba elétrica de diafragma ARO

A ARO, a marca em que você confia há quase 100 anos, está anunciando a próxima evolução na tecnologia de bombas de fluidos, ao lançar sua Bomba Elétrica de Diafragma EVO Series. Esta bomba combina características nunca antes disponíveis em uma bomba, oferecendo a versatilidade de uma bomba de diafragma e a eficiência e capacidade de controle de tecnologias de deslocamento positivo. Faça o download do folheto para saber mais sobre as Bombas Elétricas de Diafragma EVO Series, e veja como elas podem melhorar sua produtividade no transporte de fluidos.

Transferência de custódia

Os medidores mássicos Coriolis de fabricação Metroval utilizam-se deste princípio físico para medir, diretamente em massa, a vazão de líquidos ou gases, sem a necessidade de compensação de pressão, temperatura, viscosidade ou densidade. Diversas opções de materiais e construções permitem sua aplicação em uma ampla gama de processos. Possuem aprovação de modelo pelo Inmetro para medição fiscal e transferência de custódia. • Família de sensores SMT, com vazão de 1 kg/min a 17.300 kg/min; • Conexões de ½” a 10” de diâmetro; • Temperatura de processo de -20°C a +120°C (Versão NT) – Standard; • Temperatura de processo de -20°C a +210°C (Versão ET) – Opcional; • Calibração em laboratório acreditado (ISO-17025) pelo IN-

METRO; • Diagnóstico de funcionamento integrado; • Medição de Vazão Mássica, Vazão Volumétrica, Densidade e

Temperatura; • Medição de concentração em °Brix, °Baumé e °INPM (Selecionáveis); • Aprovado para uso em medição fiscal e transferência de custódia, conforme OIMLR117 classe 0,3, e Portaria INME-

TRO nº 064-2003. • Tecnologia digital de alta performance, compacto, auto drenante, medição de massa, densidade e volume, baixa perda de carga

Setor narra a transição Setor narra a transição energética em andamento

Considerado o vilão do clima, o setor de óleo e gás onsiderado o vilão do clima, o setor de óleo e gás mundial vem aumentando investimentos e presenmundial vem aumentando investimentos e presença, nas diversas frentes renováveis. As petroleiras ça, nas diversas frentes renováveis. As petroleiras europeias anunciaram rapidamente seu alinhamento ao europeias anunciaram rapidamente seu alinhamento ao Acordo de Paris, privilegiando energias renováveis, enAcordo de Paris, privilegiando energias renováveis, enquanto as petroleiras americanas focaram na captura e estoquanto as petroleiras americanas focaram na captura e estocagem de carbono – até para estender a vida das fontes fóscagem de carbono – até para estender a vida das fontes fósseis. Porém, de maneira geral, em todo o mundo, as cadeias seis. Porém, de maneira geral, em todo o mundo, as cadeias de energias renováveis estão sendo impulsionadas por essas de energias renováveis estão sendo impulsionadas por essas mesmas petroleiras, que possuem muitos ativos de óleo e mesmas petroleiras, que possuem muitos ativos de óleo e gás em desenvolvimento. gás em desenvolvimento.

Países em todo o mundo se têm comprometido a atingir Países em todo o mundo se têm comprometido a atingir emissões líquidas zero de gases de efeito estufa (GEE). Poemissões líquidas zero de gases de efeito estufa (GEE). Porém, o que seria necessário para cumprir com os diversos rém, o que seria necessário para cumprir com os diversos acordos ambientais? E no que isso implicaria? acordos ambientais? E no que isso implicaria?

A A McKinsey McKinsey analisou a transformação econômica que analisou a transformação econômica que uma transição acarretaria: as mudanças na demanda, gastos uma transição acarretaria: as mudanças na demanda, gastos de capital, custos e empregos, até 2050, para setores que de capital, custos e empregos, até 2050, para setores que produzem cerca de 85% das emissões totais, foram estimaproduzem cerca de 85% das emissões totais, foram estimados, bem como as mudanças econômicas para 69 países, dos, bem como as mudanças econômicas para 69 países, incluindo o Brasil. E chega à conclusão de que, mesmo que incluindo o Brasil. E chega à conclusão de que, mesmo que todos os compromissos net-zero e promessas climáticas todos os compromissos net-zero e promessas climáticas fossem cumpridos, pesquisas sugerem que o aquecimento fossem cumpridos, pesquisas sugerem que o aquecimento não seria mantido em 1,5°C, acima dos níveis pré-indusnão seria mantido em 1,5°C, acima dos níveis pré-industriais, aumentando as chances dos impactos significativos triais, aumentando as chances dos impactos significativos das mudanças climáticas. Além disso, a maioria desses das mudanças climáticas. Além disso, a maioria desses compromissos ainda precisa ser apoiada por planos detacompromissos ainda precisa ser apoiada por planos detalhados ou executados. E nem a execução seria fácil: relhados ou executados. E nem a execução seria fácil: resolver a equação net-zero não pode vir separado da busca solver a equação net-zero não pode vir separado da busca pelo desenvolvimento econômico e crescimento inclusivo. pelo desenvolvimento econômico e crescimento inclusivo. Ou seja, a transição exigiria mudanças significativas para: Ou seja, a transição exigiria mudanças significativas para: energia, indústria, mobilidade, construções, agricultura, silenergia, indústria, mobilidade, construções, agricultura, silvicultura, e outros usos do solo e resíduos. vicultura, e outros usos do solo e resíduos.

Isso significa abordar dezenas de questões complexas, Isso significa abordar dezenas de questões complexas, incluindo: qual é a combinação apropriada de tecnologias incluindo: qual é a combinação apropriada de tecnologias que precisa ser implantada para alcançar reduções de emisque precisa ser implantada para alcançar reduções de emissões, mantendo-se dentro de um orçamento de carbono, sões, mantendo-se dentro de um orçamento de carbono, limitando custos e entregando os padrões de desempenho limitando custos e entregando os padrões de desempenho exigidos? Onde os gargalos da cadeia de suprimentos e da exigidos? Onde os gargalos da cadeia de suprimentos e da infraestrutura são mais prováveis de ocorrer? Que oportuinfraestrutura são mais prováveis de ocorrer? Que oportunidades e riscos isso criaria para empresas e países? Entre nidades e riscos isso criaria para empresas e países? Entre outras. E a McKinsey procura responder a algumas destas outras. E a McKinsey procura responder a algumas destas questões, baseada numa análise de um cenário hipotético de questões, baseada numa análise de um cenário hipotético de 1,5°C, onde se preveem gastos de capital em ativos físicos 1,5°C, onde se preveem gastos de capital em ativos físicos

para sistemas de energia e ocupação do solo na transição net-zero, entre 2021 e 2050, de cerca de US$ 275 trilhões, ou US$ 9,2 trilhões, por ano, em média, um aumento anual de até US$ 3,5 trilhões, em valores de hoje.

O exercício, nesse cenário, imagina que a transição pode resultar em um ganho de cerca de 200 milhões e uma perda de cerca de 185 milhões de empregos, diretos e indiretos, em todo o mundo, até 2050, o que significa que, embora a transição crie oportunidades, setores com produtos ou operações de alta emissão – que geram cerca de 20% do PIB global – enfrentariam efeitos substanciais na demanda, custos de produção e emprego.

Nessa mesma análise, países com PIB per capita mais baixo e produtores de recursos de combustíveis fósseis têm maior exposição na transição.

Para ajudar a ilustrar como a transição net-zero pode ocorrer de forma diferenciada em todo o mundo, a McKinsey definiu seis arquétipos de países, de acordo com a natureza e magnitude da sua exposição, em todos os setores e comunidades.

No arquétipo de uso intensivo da terra, por exemplo, foram agrupados países, como Brasil, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, entre outros. Nesses países, os setores agrícola e florestal, juntos, representam parcelas significativas do PIB (mais de 5%), empregos (mais de 10%) e estoque de capital (mais de 5%). Então, eles precisariam equilibrar as necessidades de uso da terra com a proteção das florestas, apoiar comunidades cujos meios de subsistência deles dependem. A contribuição de outros setores, como produção de combustíveis fósseis, energia e indústria para PIB, empregos e estoque de capital, também é considerável para alguns países do arquétipo, como o Brasil, que também poderiam, portanto, estar expostos a problemas descritos para outros arquétipos da análise, como produtores de emissões, produtores de recursos de combustíveis fósseis, entre outros. Mas, com seus estoques de capital natural, esses países têm potencial de crescimento em setores, como energia renovável, minerais necessários para a transição, e manejo florestal; projetos de reflorestamento e florestamento podem gerar créditos de carbono e serviços ecossistêmicos.

Para Élbia Gannoum, presidente da Abeeólica, falar de transição energética, no caso do Brasil, é fácil. Já temos uma matriz elétrica e energética com participação de renováveis, acima da média mundial. “No caso da elétrica, por exemplo, temos 83% de renováveis, enquanto a média global é de cerca de 25%. Na matriz energética, temos 46%, e a média mundial está ao redor dos 15%. E seremos cada vez mais renováveis. Temos um dos melhores ventos do mundo, para geração de energia eólica em terra; em alguns anos, teremos eólicas offshore, nosso potencial solar é enorme, a biomassa cresce com solidez, e temos a possibilidade de aproveitar o gás natural do Pré-sal para gerar energia. Nosso desafio não é, portanto, gerenciar escassez de recursos naturais limpos, como é o caso de tantos países, que precisaram investir bilhões em políticas de desenvolvimento de renováveis. Nosso desafio é gerenciar sua abundância para produção de energia, tirar de cada um deles o melhor possível, protegendo a natureza, e trazendo retornos sociais e econômicos para a sociedade. Nossa responsabilidade, quando miramos o palco mundial das discussões sobre aquecimento global, é gigantesca. E eu estou falando apenas do recorte das fontes de energia. Se falarmos de florestas e de outros recursos naturais, a responsabilidade brasileira é ainda maior”.

“O mundo passa por mudanças aceleradas. No con-

@Abeeólica/Flavia Valsani texto das fontes de energia, essa necessidade é cada vez mais urgente, o que tem colocado o processo de transição energética no centro do debate global. No caso do Brasil, temos a vocação para a produção de energéticos menos poluentes, e um enorme potencial para nos tornarmos uma das referências globais, em energias renováveis e em economia de baixo carbono. As energias solar e eólica crescerão em participação na matriz energética nacional. Isto auxiliará na melhoria do ambiente regulatório, na elevação das fontes de financiamento, na redução de custos, e na consolidação da demanda. No perfil da matriz energética brasileira, temos o desenvolvimento dos biocombustíveis avançados, que serão fundamentais no processo da transição, principalmente para atender o mercado de transporte com o diesel verde, bioQAV e etanol. Além disso, energéticos oriundos da biomassa, biogás e o hidrogênio verde serão produtos cada mais demandados. No caso do hidrogênio, o uso industrial já está razoavelmente consolidado; entretanto, o seu uso energético ainda tem como principal desafio a redução dos custos, para se tornar mais competitivo em relação às outras fontes. E o PNE 2050 traz o hidrogênio como parte da estratégia energética brasileira, recomendando o estímulo ao seu uso, para descarbonização de diversos setores e o aprimoramento de questões regulatórias re-

lacionadas à segurança, infraestrutura de transporte, armazenamento e abastecimento”, afirma Eberaldo de Almeida Neto, presidente do IBP.

De fato, o Brasil tem sido exemplo mundial na construção de mix energético sustentável, com mais de 85% da matriz elétrica oriunda de fontes limpas e renováveis, e 48% de renovabilidade em sua matriz energética total, com muitas oportunidades de investimento nas diversas fontes renováveis. O próprio Ministro Bento Albuquerque participou da COP26 – Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima para falar sobre essas oportunidades.

@MME

E é exatamente porque possui essa abundância de fontes que se pode entender o processo de transição energética como uma oportunidade. Élbia Gannoum pondera que, conforme nossa matriz, já altamente renovável, for se expandindo, vai comportar a participação crescente de renováveis, mudando o mix de recursos naturais que utilizamos para gerar energia. O peso das hidrelétricas, por exemplo, nosso grande recurso renovável, tende a ir diminuindo, conforme forem crescendo eólica, solar, biomassa e, num futuro bem próximo, parques híbridos, novas tecnologias de armazenamento, eólica offshore, gás natural e hidrogênio. No caso da matriz energética, o uso de biocombustíveis vai fazendo esse caminho de renovabilidade, assim como a tendência de eletrificação de parte da frota.

Mas, apesar de todas as ações para atenuar as mudanças climáticas, para os analistas da S&P Global Platts Analytics, as emissões de CO2 devem aumentar 2,5%, em 2022, alcançando novos níveis recordes. O que significa que, até o final deste ano, há riscos significativos para as agendas de políticas ambientais domésticas – por conta das eleições – ainda que vários líderes tenham prometido na COP26 fortalecer as metas de emissões para 2030. Destaque-se que a COP 26 não contou com a presença oficial das petroleiras.

Para Elbia Gannoum, a COP foi fundamental. “Duas semanas antes, o Conselho Global de Energia Eólica e mais de 90 líderes globais de eólica tinham lançado um alerta: as instalações de eólica precisam aumentar quatro vezes os níveis atuais, para que a fonte possa fazer seu papel de ajudar os países a atingir o net zero, até 2050, e as projeções que temos hoje de crescimento desta fonte oferecem menos da metade do necessário. Terminada a COP26, o alerta era ainda mais claro, não apenas do ponto de vista da eólica, mas de todas as renováveis: sim, estamos na direção correta, mas a transição energética precisa ser muito mais rápida. E, apesar de alguma crítica pontual ao acordo final, há razões para comemorar o resultado da COP, do ponto de vista das energias renováveis”. O Brasil, após a Crise Energética de 2001, começou a apostar fortemente numa matriz elétrica e energética mais diversificada, como forma de reduzir a dependência das hidrelétricas, e novas fontes ganharam espaço. A eólica, por exemplo, é a segunda fonte da matriz elétrica, ocupando 11% da matriz, e chegando a abastecer 20% do país durante os meses da chamada “Safra dos Ventos”, no segundo semestre. E isso foi possível, em primeiro lugar, porque o avanço tecnológico significou redução de custos, algo que se nota com destaque nas fontes eólicas e solar. Também foi importante o papel do financiamento do BNDES e de outros bancos de fomento, além das recentes decisões de grandes fundos de investimentos e bancos, de não mais financiarem combustíveis fósseis. Isso tem um impacto positivo muito forte para a transição energética, especialmente no caso de países que ainda dependem de fontes fósseis. E aí chegamos em um ponto delicado da transição energética: a disparidade de níveis de desenvolvimento entre os países.

Uma das maiores dificuldades de se discutir transição energética vem da necessidade de se conjugar uma compreensão global do problema, mas sem perder as especificidades regionais. A conclusão é clara: financiamentos precisam ser facilitados para a transição para fontes renováveis, nos países em desenvolvimento que não possuem condições de fazê-la com recursos internos. E isso deve ser prioridade. Neste ponto, houve grande avanço, porque a COP26 deixou a certeza de que os grandes financiadores, não apenas estão convencidos de que precisam destinar recursos para países menos avançados na transição energética, como deixou muito claro que o sistema financeiro não seguirá financiando combustíveis fosseis.

No Acordo Final – documento redigido na COP 26 –, houve pressão por uma mudança no texto: no trecho sobre abandono gradual do uso de carvão e subsídios a combustíveis fósseis, ao invés de se comprometer a acelerar a “eliminação”, a versão final do acordo fala em acelerar a “redução gradual” dessas fontes altamente poluentes de energia.

“Apesar de todo o investimento da China em renováveis, o país ainda é muito dependente de combustíveis fósseis, e o carvão representa 57% da sua matriz; o petróleo 20%; gás natural 8,2%, hidrelétricas 8,1%, renováveis 5,4% e nuclear 2,2%. Mas, a demanda por energia na China é algo gigantesco. Com o tamanho da economia deles, mesmo com uma queda de crescimento – para uma economia de US$14 trilhões – só em eletricidade, capacidade de geração de energia, a China precisa adicionar, a cada ano, o que o Brasil tem de capacidade instalada,

cerca de 180 GW. É um processo que está acelerando-se, mas vai demandar algum tempo. Eles estão investindo num processo de tornar a produção e uso do carvão mais sustentável, e reduzir danos...”, comenta a diretora executiva do Conselho Empresarial BrasilChina (CEBC), Cláudia Trevisan.

A dependência da China por petróleo vai continuar por algum tempo – eles estimam alcançar o pico de consumo de petróleo por volta de 2030, e então começaria a cair. O petróleo é o segundo produto na pauta de importação da China, só perde para semicondutores. Sua dependência de petróleo importado é de 73%, então o país terá que equilibrar a questão da necessidade de crescimento com suas metas ambientais. Em 2021, algumas províncias não alcançaram as metas, e tiveram de racionar energia, o que impactou negativamente o crescimento, e levou a discussões sobre a busca de maior equilíbrio entre descarbonização e crescimento – que é uma questão sensível para toda a sociedade.

“Entre eliminar e reduzir, há muita diferença, mas avalio que o acordo firmado é um divisor de águas, ao mencionar tão claramente os fósseis, e indicar um caminho para isso. Voltei da COP26 com uma certeza muito forte, de que temos a capacidade de aumentar a velocidade da transição energética, porque senti um envolvimento muito grande das empresas e das entidades de financiamento. Um outro assunto me faz comemorar: o avanço do mercado de carbono. Os países participantes da COP26 concordaram sobre como o comércio global de carbono funcionará para acelerar a ação climática. A regulamentação do mercado de carbono era um ponto em que eu estava bastante focada, acompanhando, porque é um passo crucial, e será uma ferramenta fundamental para a transição energética. É, de fato, muito complexo conjugar interesse de países tão distintos, porém, se a ideia é salvar o planeta para as próximas gerações, não há milagre: todos terão de se esforçar. Neste sentido, o acordo final da COP26 até pode ter tido um sabor agridoce com a mudança de última hora, mas o setor privado, os bancos e fundos de investimentos mostraram estar trabalhando com um engajamento cada vez maior, para garantir uma transição energética numa velocidade mais rápida, e também de forma mais justa”, afirma Elbia Gannoum.

Quanto às diferentes visões e possibilidades de aplicação de tecnologias e metas, a FGV, em seu estudo sobre petropolítica, à luz da discussão sobre a transição para uma economia de baixo carbono na recém-realizada COP26, destaca os desafios que implicam relativa cautela entre os países produtores de combustíveis fósseis. Em resposta à COP26, o 182º Encontro da OPEP, realizado em 1º de dezembro, apontou que as incertezas sobre a indústria do petróleo não deveriam considerá-la um pária energético, diante do crescimento de 28% da demanda de energia para o horizonte de 2045, e da pobreza energética que ainda reside em muitos países em desenvolvimento, sobretudo na África (OPEC, 2021). A agenda global sobre a transição energética e o futuro da indústria de óleo e gás também esteve na pauta da 41ª Sessão do Conselho de Ministros da Organização dos Produtores de Petróleo Africanos (APPO), realizada em 14 de dezembro, onde foi rechaçada a “atual transição unilateral imposta pelos países desenvolvidos”, que utilizaram abundantemente os combustíveis fósseis para se industrializarem, e agora defendem seu abandono, colocando em risco a industrialização africana – processo intensivo em energia – e o financiamento de pesquisa, tecnologia e capitalização mais eficiente e sustentável dos recursos de

óleo e gás no continente, que somam 125 bilhões de barris de petróleo, e 500 trilhões de metros cúbicos de gás natural, em reservas provadas (OPEC, 2021c; APPO, 2021). Tanto o papel da OPEP quanto da APPO sobre a transição energética não condiz, entretanto, com a negação das mudanças climáticas, mas com a busca de soluções sustentáveis mais abrangentes e inclusivas, capaz de garantir a resiliência econômica e social pós-pandemia (OPEC, 2021). Além disso, a inclusão da distribuição de energia para todos, especialmente com o fato de que quase dois terços da população africana não têm acesso a qualquer forma de energia moderna; o que pode se aprofundar, sem o devido planejamento energético e o aproveitamento das riquezas para atender uma demanda de energia 40% maior, em 15 anos, e o dobro da atual população, em três décadas (APPO, 2021).

Para o diretor-executivo da UNICA – União da Indústria de Cana-de-Açúcar –, a Conferência do Clima em Glasgow reforçou a urgência de medidas para reduzir as emissões de poluentes que agravam o efeito estufa e, consequentemente, o aquecimento global. “É consenso, entre as nações do mundo, que parte do enfrentamento a esse desafio passa, necessariamente, pela descarbonização do setor de transportes, responsável por quase 25% das emissões. O uso de etanol como combustível automotivo é uma das soluções viáveis, que está sendo replicada por outros países. E nós a temos aqui no Brasil há mais de 40 anos. Nas últimas duas décadas, o uso do etanol evitou que mais de 580 milhões de toneladas de CO2 fossem lançados na atmosfera, contribuindo para a saúde de milhões de pessoas e do meio ambiente”.

Definida na COP26 a forma como tratar o carvão mineral, esse foi o primeiro setor no Brasil a definir uma legislação específica para promover a transição energética, rumo a um futuro de baixo carbono, após a sanção presidencial do Projeto de Lei 712/19, aprovado no Congresso Nacional em dezembro do ano passado. A legislação, que também institui subvenção econômica às concessionárias do serviço público de distribuição de energia elétrica de pequeno porte, cria o Programa de Transição Energética Justa (TEJ) para a região carbonífera do Estado de Santa Catarina, a maior do país em capacidade de geração de energia, a partir do carvão mineral, em torno das operações do Complexo Termoelétrico de Jorge Lacerda. A região passa a ter, como perspectiva, ser uma nova indústria, com baixa pegada de carbono, até 2040, seguindo os compromissos assumidos pelo país em Glasgow, na Escócia.

“Descarbonizar significa reduzir e neutralizar a emissão de carbono, e não a eliminação de fontes de energia que têm sido por séculos a base de desenvolvimento da so-

ciedade, o que precisamos é de tecnologia para tornar possível a descarbonização. O setor de carvão no mundo começa a iniciar sua curva de aprendizado, rumo à transição energética, usando tecnologia de ponta já testada e em funcionamento, falta ao Brasil criar o seu planejamento para incorporação dessas soluções, e até desenvolver sua tecnologia própria, que possa ser exportável a outros países”, afirma o presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando

Zancan.

Some-se a esse cenário a alta dos preços de energia no mundo inteiro. A S&P Global Platts Analytics vê a necessidade de políticas que equilibrem melhor a necessidade de adicionar fornecimento de eletricidade com zero carbono, com o custo da despachabilidade/disponibilidade de energia renovável muitas vezes intermitente: o foco será como @ANP/RWBfotos os formuladores de políticas veem a troca entre a priorização da transição energética, ou o fornecimento confiável de energia. Mas, qual energia? Rodolpho Saboia, Diretor-Geral da ANP, pondera que o mundo está mergulhado nessa temática da transição energética. “A tendência mundial é de crescimento das fontes de energia renováveis, como hídrica, eólica, solar, hidrogênio verde, dentre muitas outras opções. E cada país encontrará seu próprio caminho, de acordo com sua capacidade competitiva e vocação”. O Brasil já é um país privilegiado nesse sentido, pois, as diversas políticas públicas adotadas, ao longo do tempo, permitiram que 48,4% de sua matriz energética primária seja composta de fontes renováveis, enquanto a média mundial é de 13%. O Brasil também se destaca entre as grandes economias, em termos de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis: 84,8%. É o segundo maior produtor e consumidor de biocombustíveis, que responde por cerca de 30% da nossa matriz de transporte. A ANP continua trabalhando para fomentar os investimentos em biocombustíveis, e para inserir os combustíveis avançados na matriz de combustíveis do país, por meio da regulação, como por exemplo, recentemente, ao regulamentar o diesel verde, entre cujas rotas está incluído o HVO. É uma tendência mundial, a implantação de biorrefinarias que possibilitarão a produção, em conjunto com o HVO, de bioquerosene de aviação, também já regulamentado pela Agência, além de nafta e propano verdes. Rodolpho Saboia lembra ainda que “é preciso ter clareza de que o Brasil e o mundo ainda demandarão petróleo e gás natural durante as próximas décadas, no mínimo. Mesmo no cenário de emissões líquidas zeradas em 2050, a Agência Internacional de Energia ainda vislumbra participação do petróleo e o gás natural na matriz energética mundial, de cerca de 20%. Não podemos esquecer do tamanho do desafio da transição energética. Há necessidade

de vultosos investimentos, que, atualmente, estão inadequados, tanto para atender as metas de transição energética no longo prazo, quanto para atender as necessidades de curto prazo da sociedade, gerando volatilidade nos preços dos energéticos e inflação. Atingir as metas de Paris, requer um aumento no investimento anual em energia limpa para quase US$ 4 trilhões, até 2030, conforme estimativas da Agência Internacional de Energia (IEA). O desenvolvimento tecnológico ainda é um gargalo, pois, quase metade das tecnologias que permitirão o net zero, em 2050, estão hoje em fase de demonstração ou prototipagem. Indústrias de base, de uso intensivo em energia, e transportes de longa distância, ainda não enxergam substitutos rápidos ao petróleo, que sejam comerciais, ao ponto de serem adotados em larga escala”.

O Diretor-Geral da ANP também pontua que as fontes renováveis mais utilizadas, como a solar e eólica, são intermitentes, o que ainda gera a necessidade de uso de combustíveis fósseis, como o gás natural, para garantir a segurança energética. “Sabemos que a equação entre segurança energética e ambições climáticas não é simples. Precisamos combater as mudanças climáticas, mas também a pobreza energética. O Brasil continuará atraindo investimentos para a produção de petróleo e gás, que gera empregos, renda e arrecadação para a sociedade brasileira. Ao mesmo tempo, a indústria está comprometida com a descarbonização do setor. É preciso que a sociedade se conscientize de que a transição energética requererá esforços de todos, e de que a mudança deve ser puxada pela queda da demanda por combustíveis fósseis, a ser acompanhada pela redução da oferta. As atuais crises no setor de energia, no mundo, indicam que o inverso não funciona”.

O Brasil tem alto índice de aproveitamento de gás, com baixo flaring (menos de 3%). A Petrobras, que opera mais de 90% da produção de óleo e gás no país, aumentou mais de 40% sua produção, desde 2009, sem aumentar as emissões absolutas. As reservas do Pré-sal são ativos globalmente competitivos, no cenário de transição energética, com baixo custo e baixas emissões de GEE. O país está desenvolvendo seu mercado de gás, por meio de nova legislação, e a produção de gás do Brasil tem potencial para dobrar, até 2030. Sem contar que a indústria de petróleo e gás tem as habilidades, infraestrutura e capital para ajudar a desbloquear soluções de net zero, como CCS.

No Brasil, quando se fala em energia, todos os olhos focam a Petrobras, que se tem mostrado comprometida com a transição para uma economia global de baixo carbono. “Buscamos produzir energia acessível para a sociedade, com uma operação segura, eficiente, de baixo custo, e com menos emissões. A companhia planeja seus investimentos considerando que o Acordo de Paris terá sucesso, e que a temperatura será mantida abaixo de 2oC, com ambição de 1,5oC. Como detentora de reservas relevantes, a Petrobras tem como prioridade continuar a fornecer o petróleo e o gás que a sociedade precisa, de forma competitiva e ambientalmente responsável, enquanto se prepara para o futuro, buscando a neutralidade em carbono das suas operações, e as possibilidades de diversificação rentável, ancorada nas competências que a empresa possui”, afirma a Petrobras, que, em seu Plano Estratégico 2022-2026, reforçou sua agenda de sustentabilidade, e anunciou investimentos de US$ 2,8 bilhões no período, para fortalecer seu posicionamento de se manter entre @Banco de Imagens da Chevron

Injeção de poços de CO2 da planta de gás natural liquefeito de Gorgon, na Austrália, projeto que incorpora o maior sistema de CCS do mundo, projetado para capturar emissões de carbono.

Fonte: Petrobras as empresas líderes na produção de petróleo descarbonizado do mundo. Esses investimentos serão destinados à descarbonização das operações, incluindo a criação de um fundo dedicado, que poderá ser usado para o desenvolvimento de soluções, estudos e implantação de projetos-piloto, que mitiguem as emissões de carbono; à produção de uma nova geração de combustíveis, mais modernos e sustentáveis, como, por exemplo, diesel renovável e bioquerosene de aviação; e à pesquisa e desenvolvimento (P&D), mantendo um amplo portfólio de P&D em soluções de baixo carbono e renováveis modernas, para adquirir competências que poderão permitir uma futura diversificação.

Mas não para por aí. A Petrobras está avançando na análise de possíveis novos negócios, que possam reduzir a exposição e a dependência das fontes fósseis e, ao mesmo tempo, sejam rentáveis, garantindo a sustentabilidade da companhia, no longo prazo (estratégia de diversificação rentável). O Plano Estratégico 2022-2026 prevê a criação de uma governança de aprovação para entrada em novos negócios, focados em diversificar o portfólio da empresa, priorizando negócios relacionados ao segmento de energia, ou de novos produtos que não estejam previstos no atual plano estratégico.

A Chevron acredita que o futuro da energia é uma energia com baixo carbono, e está trabalhando para ser líder na produção eficiente de energia tradicional, com baixo teor de carbono – em alta demanda hoje, e que certamente irá permanecer em alta, nos próximos anos. “Nossa estratégia global é a de combinar nossos projetos tradicionais de óleo e gás com projetos de baixo carbono, que estão desenvolvendo-se rapidamente, e que alavancam nossas capacidades, ativos e relacionamentos com clientes. E este futuro já começou. Temos trabalhado para reduzir a intensidade de carbono de nossas operações, com foco em metano, queima e gestão de energia. Nosso plano global estabelece metas de intensidade de carbono para 2028, que resultarão em uma redução de 35%, em relação à 2016, e estabelece nossa aspiração para que, em 2050, tenhamos emissões líquidas zeradas (net zero) para escopo 1 e 2, na exploração e produção. Alcançar a aspiração net zero para exploração e produção, em 2050, exigirá colaboração e formação de novas parcerias, para o desenvolvimento contínuo de tecnologia, política, regulamentos e mercados de compensação de emissão. A Chevron aplica uma abordagem disciplinada, para reduzir as emissões de carbono observando todo o espectro de suas atividades – desde a revisão de suas práticas operacionais, até a padronização do design e implantação de novas tecnologias. Além disso, pretendemos desenvolver linhas de negócios de baixo carbono em combustíveis renováveis; hidrogênio; captura, utilização e armazenamento de carbono; compensações e outras oportunidades emergentes de negócios de baixo carbono”, comenta a Chevron.

“A energia que tiver menos emissões de gases de efeito estufa, e que gerar menos impactos ambientais, é a energia do futuro. Não se busca apenas uma fonte de energia, mas ampliar e diversificar a matriz energética. Atualmente, ocorre um grande avanço das tecnologias para a produção de hidrogênio verde, dos biocombustíveis e das usinas solares e fotovoltaicas. Também acompanhamos o desen-

rolar do avanço das baterias, inclusive baterias d’água, que contribuem com segurança energética para as fontes intermitentes, e de formas de captura de carbono que compensem as emissões. Nesse caminho, existem formas de redução das emissões nas plataformas de petróleo e na indústria do gás natural que são relevantes e indispensáveis para essa transformação”, comenta mestra Renata Beckert Isfer, fundadora da Petres Energia, exsecretária de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, e Consultora Jurídica da mesma pasta, mestre em Direito, Políticas Públicas e Desenvolvimento Econômico na Uniceub. Co-criadora do movimento “Sim, elas existem”, que busca a igualdade de gênero na Administração Pública e do Programa de Mentoria “EmpodereC”.

E não há quem não faça eco à necessidade de se reconhecer que o futuro pertence a um mix de energias com baixo impacto ambiental.

Guilherme Perdigão, diretor de Renováveis e Soluções de Energia da Shell Brasil e Shell Energy, afirma que, “como empresa de energia integrada, a Shell analisa a energia que abastecerá o futuro, considerando todas as fontes disponíveis, e avaliando tendências, cenários e projeções. A demanda por energia tem aumentado em todo o mundo – no Brasil, por exemplo, cresceu a uma taxa aproximada de 5% ao ano, nos últimos 10 anos. Ao mesmo tempo, a descarbonização se impõe, e o Acordo de Paris é um reflexo disso. Em 2021, a Shell lançou a estratégia Powering Progress, para fornecer mais soluções de energia mais limpa. Através dela, a Shell se comprometeu publicamente em ser uma empresa de energia com zero emissões líquidas, até 2050. A estratégia orienta nossas ações para acelerar a transição às emissões líquidas zero, com propósito e lucrativamente, em linha com a demanda da sociedade, e está baseada em 4 pilares: respeitar a natureza, impulsionar vidas, atingir emissões líquidas zero, e gerar valor aos acionistas”.

Cláudia Trevisan, diretora executiva do Conselho Empresarial Brasil-China, também acredita que as energias do futuro são várias, não há uma saída única nessa transição. “É inevitável falar de energias renováveis, como eólica, solar, o hidrogênio verde, biomassa, bio óleo, sem esquecer que o etanol ainda é importante para a redução de emissões. E não podemos deixar de lado todo o processo de eletrificação da frota – carros, ônibus e caminhões. Essa transição, embora tenha metas e datas estabelecidas para um futuro próximo, está acontecendo agora. Esse futuro sustentável está sendo desenhado, mas pedaços dele já são realidade, hoje”.

Cláudia lembra que o dead line que as nações se impuseram é em meados desse século, quando Europa e EUA têm seus compromissos de zerar suas emissões líquidas de carbono. “2030 está aí! Os países já vão ter de cumprir uma meta ambiciosa de redução de emissões, que não é possível de ser alcançada, sem a transição energética. A previsão da China é de alcançar a neutralidade de carbono em 2060, mas os chineses também estabeleceram outras metas para 2030, como a mobilidade elétrica, uma vertente importante nesse processo de transição energética, e que vem tendo uma transformação muito rápida”, destaca Cláudia. Recentemente, o banco UBS divulgou relatório em que estima que 40% dos carros vendidos em 2030, no mundo, serão elétricos; a Comissão Europeia definiu 2035 para o fim da venda de carros a combustão na UE; e, na China, esse processo de eletrificação da frota está crescendo rapidamente – ano passado, a venda de veículos elétricos (new energy vehicules) subiu 170%: eles venderam 3 milhões desses veículos, que é mais do que o Brasil vendeu de todos os veículos – 1,97 milhão de unidades, em 2021). Com isso, a participação de veículos de novas energias na frota da China subiu para 15% – em 2019, 45% de carros elétricos e 99% dos ônibus elétricos em circulação, no mundo, estavam na China. Acreditando na eletrificação como caminho para uma matriz energética mais limpa e acessível, a Shell Energy comercializou globalmente mais de 255 TWh, em 2020, e tem acesso a uma capacidade de 5,6 GW de energia por fontes renováveis, que se encontra em expansão.

O BNDES tem um longo histórico de apoio ao desenvolvimento das energias renováveis no Brasil. Nesse sentido, a visão do banco para o futuro é de geração de energia renovável, liderada pela expansão das fontes de eólica e solar que melhor conjugam atributos de competitividade econômica, sustentabilidade e velocidade de implantação. Esta expansão renovável se dará em um ambiente de contratação livre, que será estendido a todos os consumidores de energia elétrica, e permite o encontro de desenvolvedores de projetos com tecnologias sustentáveis e competitivas, investidores e consumidores comprometidos com a sustentabilidade, e alinhados com os princípios da agenda ESG. E novas tecnologias serão necessárias para substituir a utilização de combustíveis fósseis. Combustíveis de baixo carbono, como o hidrogênio, terão papel de destaque nesse futuro, ao lado dos biocombustíveis e do aproveitamento de recursos energéticos distribuídos.

E, para que o país siga no caminho da transição, é importante avançar na agenda de modernização do marco regulatório do setor elétrico, que precisa acompanhar os avanços tecnológicos e os novos desafios, impostos pelas mudanças de paradigma em curso (descentralização, digitalização e descarbonização). Além disso, é preciso aprofundar as

zenamento de Captura de Carbono) e compensações estão no centro dessa estratégia, e são uma parte importante da solução para os desafios de atender à crescente demanda por energia acessível e confiável, observando as questões relacionadas às mudanças climáticas. Esses negócios apoiam os esforços da Chevron para reduzir suas emissões de GEE, e devem também se estabelecer como oportunidades de negócios de alto rendimento. Para alcançar suas metas de transição energética, aumentou a alocação de capital para US$ 10 bilhões, até 2028 – recursos que se concentram em ações e investimentos, para atingirmos nossa meta de emissão de carbono líquida zero (net zero), até 2050, e desenvolver outros negócios de baixo carbono. A Chevron acredita que alcançar um futuro de baixo carbono em escala requer parceria e colaboração de todo o sistema energético. Portanto, com este objetivo, trabalha em conjunto com empresas de setores essenciais, que ajudaram a construir nossa sociedade moderna, como transporte, agricultura e manufatura, para desenvolver combustíveis renováveis. Hidrogênio, diesel renovável e combustível de aviação sustentável são algumas das pesquisas que a Chevron está desenvolvendo, para reduzir a intensidade de carbono desses produtos.

A ambição em torno do desenvolvimento de hidrogênio está em destaque, com projetos anunciados no banco de dados de ativos da Platts Analytics chegando a 29 milhões de toneladas, até o final de 2021. Os anúncios de projetos foram sustentados por uma lista crescente de estratégias nacionais de hidrogênio em todo o mundo, que forneceram metas ambiciosas, e estruturas de incentivo para nova capacidade de produção. Embora a realização de metas de produção de hidrogênio, mesmo de curto prazo (exemplo: a meta da União Europeia de 6 GW de capacidade de produção de hidrogênio verde, até 2024), não seja totalmente determinada apenas em 2022, os desenvolvedores se beneficiarão, se puderem mostrar que os projetos podem ser concluídos dentro do prazo e do orçamento em 2022.

A capacidade de produção em vários caminhos diferentes está programada para entrar em operação em 2022, variando, de um projeto de maior escala usando biogás e gás de aterro sanitário, a eletrolisadores de pequena escala, combinados com energias renováveis. No entanto, a S&P Global Platts Analytics não espera que projetos de hidrogênio azul em grande escala (gás natural + captura de carbono) se tornem operacionais em 2022.

“A coisa mais óbvia nesse contexto de transição energética nas próximas duas décadas é o gás natural (GN) substituindo o carvão mineral, e os óleos pesados nas térmicas, o que traz muitas vantagens ambientais no curto prazo. E o GN tem boa infraestrutura instalada, sua produção nacional é grande – apesar de ainda precisarmos importar. Em um planejamento mais amplo, o GN pode suprir as intermitências de outras renováveis, além de ser excelente fonte para produção em grande escala de hidrogênio. É necessário pensar formas mais eficientes de produção e transporte”, reflete o Professor Dr. Julio Romano Meneghini, diretor científico do Research Center for Greenhouse Gas Innovation (RCGI),, que frisa que muito da solução depende de políticas públicas. “Para chegar a carbono zero é preciso criar oportunidades. Como os incentivos fiscais, criados nos EUA para cada tonelada de CO2 que for armazenada de forma permanente, uma política chamada Q45, que gera abatimento de impostos e um mercado próprio.”

Cláudia Trevisan reforça a importância das tecnologias e dos financiamentos e incentivos. “Toda a questão da ESG tem feito as empresas colocarem a sustentabilidade no centro das suas decisões estratégicas, e na busca da redução de suas emissões em várias frentes, como usando energias renováveis nas suas instalações, e buscando a eletrificação de suas frotas. É um processo. O Brasil está dando passos para isso, e um bom exemplo é o hub do hidrogênio verde e que reúne o governo estadual, o setor privado e academia, os três atores fundamentais para se ter um ambiente de inovação. E essa é uma questão central na estratégia chinesa, que eles destacaram, em 2013, com o Made in China 2025, em que a questão de novas energias já era coloca como uma prioridade – a China responde por 31% das emissões globais, ainda que a emissão per capta seja bem menor que de outros países desenvolvidos. Mas eles não veem a transição energética apenas como uma maneira de reduzir as emissões, mas também como um motor de desenvolvimento e crescimento; como uma oportunidade de criar outras indústrias”, pontua Cláudia.

Foi o que aconteceu com a energia solar: a China investiu em energia solar, e fez com que os preços dos painéis fotovoltaicos caíssem em todo o mundo. Está buscando destacarse também em eólica, e com os veículos com novas fontes de energia. Os EUA reagiram e destacaram o papel dos veículos elétricos, destinando vultosos investimentos para esse setor.

Perdigão reforça a posição da Shell que, como forma de acelerar a transição energética, trabalha por um futuro com mais soluções de energia mais limpa. “Também acreditamos que a eletrificação será de grande importância. E avaliamos que a transição energética só será uma realidade se a energia renovável for competitiva. Por isso, lançamos, no

Brasil e em outras regiões do mundo, a marca Shell Energy, que incorpora em seu portifólio a comercialização de energia elétrica e de gás natural, produção de eletricidade por fontes renováveis e de baixo carbono, e produtos ambientais para nossos clientes empresariais. Para cumprir as metas de descarbonização nos próximos anos, é preciso traçar agora este caminho. No caso da Shell, o compromisso é atingir emissões líquidas zero, até 2050. Isso significa zerar, não apenas as emissões de nossas próprias atividades, mas também aquelas geradas durante o uso de nossos produtos pelo consumidor final. Este é um compromisso público assumido pelo CEO da Shell, Ben Van Beurden, em 2020”.

Em 2021, a Shell assumiu a meta complementar de reduzir suas emissões absolutas em 50%, até 2030, em comparação com 2016. Globalmente, a Shell vem fazendo investimentos da ordem de bilhões de dólares anuais, na geração de energia limpa e de baixo carbono. Além das fontes renováveis – como eólica e solar – a companhia avalia que o gás natural será importante, para equilibrar a oferta e a demanda de energia, em cenário de intermitência das fontes renováveis. E também investe em produtos ambientais, como créditos de carbono, para compensar as emissões que não puderem ser evitadas ou reduzidas.

“Governos e indústrias estabeleceram compromissos de redução de emissões, e estão investindo pesadamente no desenvolvimento de novas tecnologias. Além disso, o cenário que se desenha, na nossa visão, é de transições energéticas regionais, ou seja, a formação de matrizes energéticas regionais adequadas às necessidades locais de cada país ou região. As soluções adotadas para transição devem levar em consideração as potencialidades do mercado nacional, e contemplar opções custo-eficiente para a sociedade como um todo. Então, para cada país ou região, os marcos de implementação de novas fontes de energia na matriz serão realizados em momentos distintos, de acordo com as demandas locais. Mas, em razão de acordo entre governos e sociedade, há alguns marcos pré-estabelecidos. Em razão da COP26, o governo brasileiro anunciou meta de reduzir, em 50%, as emissões, até 2030. Isso demandará um aumento na oferta de fontes mais limpas, como solar, eólicas (onshore e offshore), biomassa e os biocombustíveis avançados, oriundos da indústria do petróleo, que terá papel fundamental na sustentação energética global. Por outro lado, quase metade das reduções de emissões necessárias, até 2050, no mundo, vem de tecnologias que precisam ser desenvolvidas, ou seja, ainda não estão disponíveis no mercado. A definição temporal é um processo em andamento”, pondera o presidente do IBP. “Esse futuro deveria ser para ontem. Vemos, cada dia mais, os impactos das mudanças climáticas. Por outro lado, no atual nível tecnológico que vivemos, o custo de uma transição rápida não é factível, e beira a utopia. O Boston Consulting Bank, na COP26, estimou que, para termos zero emissões em 2050, será necessário viabilizar empréstimos de até 5 trilhões por ano, enquanto a BloombergNEF apontou, em seu relatório, que foram investidos pouco mais de 500 bilhões, em 2020, muito aquém do necessário. Um ponto muito relevante é que esse custo precisa ser pago por alguém. Os consumidores não têm hoje condições de arcar com uma energia ainda mais cara, e os tesouros nacionais também não detêm essa capacidade, especialmente dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Queira-se ou não, no mundo, a energia sequer é acessível para todos os habitantes, e a fome mais uma vez se tornou um grave problema no Brasil. O fato é que temos de priorizar a transição energética, com a participação de todos os envolvidos, inclusive as indústrias de petróleo e gás natural. Com o incentivo ao avanço tecnológico para a redução do custo da redução das emissões de gases efeito estufa, creio que a humanidade tem a capacidade de encontrar saídas disruptivas para os riscos que nos afrontam”, pontua mestra Renata Isfer.

No Brasil, este futuro já começou a acontecer. O país é destaque internacional, pelo elevado grau de renovabilidade de sua matriz energética, estando alguns passos à frente, na agenda da transição energética, em relação ao resto do mundo.

“Precisamos utilizar todas as tecnologias que estão à nossa disposição, para reduzir impactos ambientais, sociais e econômicos, o que significa optar por fontes de energia limpas e renováveis, e tendo em conta as particularidades e vantagens competitivas de cada região ou país. Nesse sentido, estamos engajados em fortalecer o compromisso brasileiro com a sustentabilidade e a redução de emissões, seja pela descarbonização do setor automotivo, ao fornecer um combustível de baixo impacto ambiental, como o etanol, seja gerando bioeletricidade, biogás e biometano a partir da cana-de-açúcar. E, no contexto da mobilidade – central nessa transição – acreditamos que o próximo passo será a bioeletrificação dos carros. Com células de combustível, os veículos poderão gerar energia elétrica “on board”, a partir do hidrogênio contido no etanol. A redução de emissões de CO2 é um desafio global e, no futuro, teremos de dispor de todas as tecnologias, para atingir esse objetivo. Não existe só uma rota e, nesse sentido, estamos seguros de que somos parte dessa solução”, disse o diretor-executivo da UNICA, Eduardo Leão de Sousa.

E, como novas tecnologias serão necessárias para substituir a utilização de combustíveis fósseis, combustíveis de baixo carbono, como o hidrogênio, terão papel de destaque nesse futuro, ao lado dos biocombustíveis e do aproveitamento de recursos energéticos distribuídos. Por isso o BNDES tem focado o seu apoio em projetos de geração de energia renovável, com foco no desenvolvimento do mercado livre. Para tanto, em seu Plano Trienal de Entregas para a Sociedade 2020-2022, que faz parte do Planejamento Estratégico do banco, está prevista como meta a aprovação de 3GW de nova capacidade instalada em energias reno-

agendas de (i) eficiência energética na indústria, transportes e edificações; (ii) eletrificação dos usos possíveis de serem eletrificados; e (iii) promoção de combustíveis de baixo carbono (como o hidrogênio e biocombustíveis avançados), substituindo combustíveis fósseis mais poluentes, como óleo e carvão, levando em consideração os recursos e a experiência disponíveis no território nacional.

No ano passado, o CEBC lançou um documento, chamado Sustentabilidade e Tecnologia como Bases para Cooperação Brasil-China, porque acredita que essa questão da sustentabilidade é fundamental, e vai estar cada vez mais no centro de todas as relações comerciais. “Existe um encontro de tecnologia e sustentabilidade nesse processo de transição energética, que envolve tecnologias não poluentes, e a criação das indústrias do futuro”, afirma Cláudia.

A Repsol Sinopec Brasil (RSB) também aposta na inovação tecnológica como principal meio para construir modelos energéticos mais sustentáveis e competitivos, que nos fazem avançar no caminho da transição energética: nos últimos cinco anos, a RSB investiu mais de R$ 185 milhões, em projetos de PD&I.

Em 2021, a RSB inaugurou a linha de Pesquisa & Desenvolvimento em Gestão de Carbono, com o projeto CO2CHEM, considerado pioneiro no país. O projeto consiste no desenvolvimento de tecnologias inovadoras de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos sustentáveis, ou seja, compostos químicos, produzidos através de processos industriais, que não emitem gases de efeito estufa. Estes hidrocarbonetos podem tornar-se em combustíveis ou até em parafinas especiais, que servem para a fabricação de vários produtos, utilizados dia a dia.

“Seguimos reforçando nossas linhas de investigação em tecnologias para Descarbonização, com especial foco em CCUS, hidrogênio e outras energias renováveis, como parte da nossa estratégia de P&D para os próximos anos, nos impulsionando no caminho da transição energética. Além de buscar soluções para redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), boa parte de nossas pesquisas está alinhada às diretrizes de sustentabilidade do Grupo Repsol, e tem promovido soluções diferenciadas para aumentar a segurança nas operações e a proteção da biodiversidade. Só em projetos com esse propósito, foram investidos, em 2021, cerca de R$ 19 milhões. Em outra frente, investimos no gás natural, combustível que possibilitará uma transição energética ordenada, para um futuro de baixas emissões”, disse José Salinero, Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec Brasil.

A Chevron acredita que o negócio de óleo e gás pode sustentar sua posição financeira, e pavimentar suas ações para redução de 35% na intensidade de carbono em exploração e produção, até 2028, em relação a 2016. Além disso, a nova empresa Chevron New Energies está focada em áreas onde a companhia acredita que pode obter vantagens competitivas, e que visam a setores da economia que não podem ser facilmente eletrificados. Hidrogênio, CCUS (Utilização e Arma-

váveis. Além disso, foi definido como meta o apoio à expansão de 2.200 km de redes de distribuição de gás natural, considerando o seu papel como um combustível de transição, capaz de contribuir de imediato na redução de emissões, em indústrias e no setor de transportes, a partir da substituição de combustíveis mais poluentes, como o carvão e derivados de petróleo.

Adicionalmente, o Banco tem se engajado nas discussões sobre o desenvolvimento da economia do hidrogênio no Brasil: foi pioneiro no apoio às inovações do setor de energia e esteve presente no desenvolvimento das novas fontes renováveis no país desde seu início. Com o hidrogênio, o banco buscará continuar cumprindo este papel de vanguarda na introdução de novas tecnologias, visando ao desenvolvimento sustentável do país.

Para o Professor Dr. Julio Romano Meneghini, diretor científico do Research Center for Greenhouse Gas Innovation (RCGI), o assim chamado grande vilão, setor de óleo e gás, é também, em parte, a solução. “As energias do futuro já estão sendo utilizadas, e estão promovendo o desenvolvimento de novas tecnologias, como a energia solar, a eólica e o hidrogênio, que ganha muito destaque, por conta do seu papel e sua relação com o gás natural (GN) e o papel fundamental que o GN tem na fase de transição energética, e vai mesmo além dela”.

O Prof. Meneghini explica que, dos combustíveis fósseis, o GN é menos prejudicial ao meio ambiente, porque sua parte nobre, o metano, gás, que chega de 92% a 94% de sua composição, com a queima mais completa. Então, a primeira observação é que o GN pode (e deve) substituir os óleos pesados e o carvão mineral nas usinas térmicas existentes; depois, já tem boa infraestrutura instalada, sua produção nacional é elevada – apesar de ainda precisarmos importar GN. Então, no curto prazo, o GN pode substituir carvão e óleo e, no médio, com planejamento mais amplo, suprir as intermitências de outras renováveis, além de ser excelente fonte para produção em grande escala de hidrogênio. E aí o GN tira um pouco o estigma de vilão dos combustíveis fósseis, já que pode gerar, dependendo de como for projetado, até mesmo o chamado hidrogênio azul.

O diretor do RCGI explica que o hidrogênio cinza é aquele produzido a partir do GN, com liberação de CO2, mas se a planta que produz hidrogênio a partir de metano contido no GN e, ao invés de liberar o CO2, o captura e encontra outro fim para esse carbono, gera hidrogênio azul, que se pode exportar, e utilizar para produzir energia elétrica limpa.

“Aí entra o GN, não apenas para cobrir intermitências da rede, mas como fonte de hidrogênio, em particular esse hidrogênio azul. O Brasil tem possibilidades enormes, porque onde o país produz muito GN é no Pré Sal, que tem imensa capacidade de estocar o CO2 produzido, nesse processo de reforma de GN para produção de hidrogênio, e estocar próximo ao local de extração e produção!”, destaca o Prof. Meneghini.

O próprio Dr Fatih Birol, da Agência Internacional de Energia (IEA), pede atenção às possibilidades do hidrogênio: “O hidrogênio está hoje desfrutando de um impulso sem precedentes. O mundo não deve perder esta oportunidade única, de fazer do hidrogênio uma parte importante do nosso futuro energético, limpo e seguro”.

Prof. Meneghini lembra que o hidrogênio a partir de GN tem como subproduto CO2 que, se liberado para a atmosfera, gera hidrogênio cinza, que não tem muita vantagem para o meio ambiente; mas, se por outro processo, que, ao invés de liberar CO para a atmosfera, é feita a captura desse CO22 , e se encontra outro fim para ele, todos ganham. E isso pode inclusive ser apenas armazenar em reservatório de oil&gas depletado, o chamado CCS (“Carbon Capture & Storage”). A região do Pré-sal brasileiro é um excelente local para a construção, por lixiviação, de cavernas para estocar quantidades enormes de CO2, e mesmo de hidrogênio. Petrobras, Shell e outras empresas já estudam as possibilidades aí – onde o RCGI desenvolveu o conceito de separar gases (CO2 e metano) nessas cavernas.

Segundo o diretor do RGCI, ainda é preciso pensar e desenvolver uma série de tecnologias, para viabilizar os diversos negócios possíveis, envolvendo hidrogênio. Um ponto crítico é o transporte... “Para transportar, pode-se liquefazer o hidrogênio – a Noruega e o Japão têm desenvolvido projetos de navios para isso – mas a temperatura que o hidro-

gênio deve ser resfriado para se liquefazer está em torno de -230oC; outra forma é através da produção de amônia (NH3), a qual, em condições normais de temperatura e pressão, está no estado líquido, podendo ser facilmente transportada para posterior uso como combustível, em processos que não emitem carbono. As tecnologias estão em desenvolvimento e precisam ser otimizadas”, explica o Prof. Meneghini, quem acredita que, nas próximas três décadas, o mundo estará lidando com essas questões de uma maneira intensa.

Muitos países aderiram à meta de se tornarem neutros, na emissão de GEE, em 2050, vão ter de compensar em captura, armazenamento ou outra forma, o carbono emitido – e o passivo não entra nessa conta. É um compromisso que a China e Índia não assinaram – e são os países que têm a maior demanda por aumento de energia. Suas metas estão em 2060, 2070... A meta mais conhecida é 2050, porém cada país tem seu compromisso NDC Nationally Determined Contribution perante as Nações e a COP. Com metas diferentes, a China trabalha em vários projetos. A China National Offshore Oil Corporation, por exemplo, está construindo o primeiro campo petrolífero neutro em carbono do país. O projeto tem 36.000 m2, com mais de 8.000 painéis solares instalados. A usina de energia solar pode ajudar a economizar 1,72 milhão de m3 de gás natural, usado para geração de eletricidade, todos os anos. Também reduzirá as emissões de carbono em 85.000 toneladas, durante o período operacional.

Preocupa, sim, o fato de que os investimentos em pesquisa estão muito aquém do necessário para o desenvol-

vimento de novas tecnologias, para a incorporação plena de energias renováveis no dia-a-dia global. O Brasil não é exceção, aqui também se investe pouco, ainda que existam pesquisas em andamento.

“Nós mesmos já fizemos o teste de conceito das cavernas em laboratório, e agora deveríamos dar continuidade para essa pesquisa, com a construção de uma caverna piloto (caverna pequena) para separação do CO2 do metano, presente no gás natural produzido no Pré-sal. Essa caverna piloto teria 50 m de altura x 15 m de diâmetro, e seria construída em domos salinos da camada de sal, localizados na região do Pré-sal. É um custo elevado, mas precisa ser feito, antes de se pensar em construir cavernas em escala real”, comenta o diretor do RCGI.

Mas, há dinheiro em vários projetos e setores. Levantamento da Absolar – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica – aponta que, em 2021, o segmento atraiu mais de R$ 21,8 bilhões, em investimentos, incluindo as grandes usinas e os sistemas de geração em telhados, fachadas e pequenos terrenos – crescimento de 49% em relação aos investimentos acumulados, até o final de 2020, no país.

@Equinor Scatec - Guanizul 2A - Solar Park Argentina

A energia solar é estratégica para acelerar o desenvolvimento sustentável do Brasil. Desde 2012, a fonte solar já evitou a emissão de 12,5 milhões de toneladas de CO2, na geração de eletricidade, no país, além de economizar água nos reservatórios das hidrelétricas. A operação dos sistemas solares é silenciosa e limpa, não emitindo ruídos, nem poluentes atmosféricos ou efluentes, líquidos ou sólidos, durante seu funcionamento. Ao final da vida útil, de mais de 25 anos, os equipamentos solares também possuem alto índice de reciclagem, a exemplo dos módulos fotovoltaicos, principal componente dos sistemas. Segundo estudo da PV Cycle, entidade independente, responsável pela reciclagem de equipamentos fotovoltaicos no setor, até 96% dos módulos fotovoltaicos pode ser recuperado e reaproveitado, em novas atividades produtivas – para latinhas de alumínio, este índice é de 97%.

Outra vantagem está na possibilidade de instalação de sistemas solares flutuantes, em espelhos d’água, que ajudam a reduzir, em cerca de 70%, a evaporação hídrica, segundo estudos internacionais. Por ter um dos melhores recursos solares do mundo, o Brasil também sai na frente, na produtividade dos sistemas solares. Um sistema solar instalado no território nacional produzirá, em média, 17 vezes mais energia, durante sua operação, do que aquela usada para produzi-lo. Ou seja, em menos de 1,5 ano de funcionamento, a energia gerada pelo sistema solar compensa toda a eletricidade consumida no seu processo de fabricação, um grande superávit energético.

“O avanço da energia solar no Brasil, via grandes usinas e pela geração própria em residências, pequenos negócios, propriedades rurais e prédios públicos, é fundamental para o desenvolvimento social, econômico e ambiental do Brasil. A fonte ajuda a diversificar o suprimento de energia elétrica do país, reduzindo a pressão sobre os recursos hídricos, e o risco de ainda mais aumentos na conta de luz da população. E as usinas solares de grande porte geram eletricidade a preços até dez vezes menores do que as termelétricas fósseis emergenciais, ou a energia elétrica importada de países vizinhos, atualmente, duas das principais responsáveis pelo aumento tarifário sobre os consumidores”, comenta Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar.

Em janeiro deste ano, foi sancionada a lei para a geração própria de energia renovável no Brasil. Com regras claras e bem definidas, cria-se um marco legal estável e equilibrado, para o uso de fontes limpas e sustentáveis, como a solar fotovoltaica, na geração própria de eletricidade em residências, pequenos negócios, terrenos, propriedades rurais e prédios públicos. Também reforça a atratividade da tecnologia fotovoltaica para todos os consumidores brasileiros. O texto mantém as regras atuais até 2045, para os pioneiros e novos pedidos, feitos nos próximos 12 meses. Também prevê um período de transição, para quem entrar após os 12 meses, com o pagamento escalonado da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD fio B). Além disso, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) e a Aneel – Agência Nacional de Energia Elétrica – têm 18 meses, a partir da publicação da Lei, para estabelecer as diretrizes e a valoração dos custos e benefícios da geração distribuída, a serem implementados após o período de transição.

“Eu consigo vislumbrar a verdadeira potencialidade e oportunidade da transformação, que é o fato de o investimento nos recursos naturais, de forma responsável, gerar desenvolvimento econômico e social, por meio da distribuição de renda, da inclusão e da diminuição das desigualdades econômicas e sociais. É preciso dar esse pulo de raciocínio e ação: não basta gerar energia renovável que não emita CO2, é preciso que essa energia impacte positivamente a vida das pessoas. Aí começamos a falar de uma

real transformação energética, da forma como eu a compreendo. No caso da eólica, já enxergamos muito bem isso. Parques eólicos chegam às regiões remotas do Brasil, especialmente no Nordeste, impactando positivamente comunidades, por meio de, por exemplo, empregos diretos e indiretos, e geração de renda com os arrendamentos de terras dos pequenos proprietários, que seguem com suas criações de animais ou plantações, já que apenas uma pequena parcela da área é utilizada para colocação dos aerogeradores. Há também impactos de aumento de arrecadação de impostos que, com adequado gerenciamento público, podem significar melhorias para o município. O desenvolvimento tecnológico que chega com as renováveis também significa um novo caminho de atuação profissional”, pondera Elbia Gannoum.

A ABEEólica publicou, em 2020, o estudo “Impactos Socioeconômicos e Ambientais da Geração de Energia Eólica no Brasil”, realizado pela consultoria GO Associados, que quantificou os já conhecidos impactos positivos da energia eólica. O trabalho analisa, por exemplo, os efeitos multiplicadores dos investimentos realizados pelas empresas, assim como o impacto dos valores pagos para arrendamentos de terras para colocação de aerogeradores. O estudo também fez uma comparação entre um grupo de municípios que recebeu parques eólicos, e outro, que não tem energia eólica, para avaliar o impacto da chegada dos parques no Índice de Desenvolvimento Humano – IDHM – e no PIB municipal. No que se refere ao IDHM e PIB Municipal, os municípios que têm parques eólicos tiveram uma performance 20,19% e 21,15% melhor, respectivamente, para estes dois indicadores. “Este é um resultado que mostra que a energia eólica chega, e seus http://abeeolica.org.br/wp-content/uploads/2020/10/ABEE%C3%B3lica_GO-Associados-V.-Final.pdf

efeitos positivos multiplicadores impactam nos indicadores do município. Esta nova energia tem a capacidade de modificar, não apenas as matrizes elétricas e energéticas, o que já é algo espetacular e imprescindível; ela pode transformar também a sociedade de forma mais profunda, diminuindo desigualdades, e contribuindo para que tenhamos um futuro melhor para deixar para as próximas gerações”, afirma Elbia.

“O Brasil tem um grande trunfo na mão, e se coloca em posição de vanguarda nas rotas possíveis para uma economia de baixo carbono. A experiência consolidada de nosso país com o etanol, em sua capacidade de reduzir emissões de CO2, é uma das maiores demandas do mundo. Temos uma experiência replicável em dois caminhos: por um lado, é uma maneira simples, rápida, fácil e barata de reduzir emissões. Por outro, não é necessário trocar a infraestrutura de um país, nem mudar toda a frota de uma vez. Somos exemplo para diversos países. Em 2021, o Reino Unido decidiu ampliar a mistura de etanol à gasolina, de 5%, para 10%, nível semelhante ao adotado atualmente nos Estados Unidos, e a Índia quer chegar, em 2025, a 25% de mistura, meta antecipada em cinco anos. Mais de 60 países adotam ações semelhantes. É uma tendência que segue o exemplo brasileiro, mas devemos considerar as características de cada região, e envolver a complementariedade de diferentes rotas tecnológicas”, afirma Eduardo Leão de Sousa.

“No Brasil, na maioria dos casos, a energia renovável já é mais barata do que as fontes não-renováveis. Então, o impacto econômico maior, geralmente, é para a implantação de usinas (no caso de autoprodução), ou na mudança dos processos internos para o caso de compra de energia no mercado livre. No geral, o investimento retorna rapidamente no próprio custo de energia, além das vantagens adicionais em sustentabilidade e ESG. A Shell Energy tem investido mundialmente em diversas fontes de energia mais limpa, para que seja possível cumprir com sucesso as metas de descarbonização que foram estabelecidas para 2030 e 2050. Somos pioneiros nos acordos de gás natural do Novo Mercado de Gás brasileiro, e, no final de 2021, anunciaram-se acordos para acesso, transporte e fornecimento de gás natural, com diferentes players. A Shell Energy também é atuante nas discussões regulatórias, para que as energias renováveis e soluções baseadas na natureza (NBS) se desenvolvam em seu pleno potencial no Brasil, além de colocar à disposição do mercado brasileiro todo o conhecimento em tecnologias energéticas adquirido, no Brasil e em outros países. Além disso, atuamos na comercialização de energia e de produtos ambientais, como créditos de carbono, para compensar emissões que não puderem ser evitadas”, conta Perdigão.

Os objetivos do Acordo de Paris requerem uma profunda redução das emissões de gases de efeito estufa, e a transformação do fornecimento de energia. A Petrobras trabalha com cenários que apontam para a inequívoca transição energética, com ritmo incerto. Os riscos e oportunidades são distintos, e dependem dos mercados, das características de cada empresa, da evolução da inovação, e de políticas públicas. Mesmo nos cenários de transição mais acelerada, haverá uma demanda mundial persistente por petróleo nas próximas décadas, ainda que decrescente. Todos os projetos da companhia precisam ter viabilidade econômica no cenário de resiliência, com preço de petróleo a US$ 35/bbl, compatível com cenários de transição acelerada. E, para continuar a atuar de forma competitiva, em um cenário de

desaceleração e posterior retração da demanda, a Petrobras tem como prioridade operar com baixos custos, e com menor emissão de gases de efeito estufa.

A EPE – Empresa de Pesquisa Energética – busca fazer uma ponte entre as perspectivas plurais dos diversos agentes envolvidos e interessados na transição energética, fomentando consensos e facilitando a comunicação junto aos formuladores de políticas. Porque é fundamental mapear e compreender a natureza dos interesses em jogo, para desenvolver e apresentar uma perspectiva imparcial para tomada de decisão, assim como elaborar estudos que possam apoiar a sociedade, no acompanhamento sobre a qualidade e consistência das políticas de energia.

“Internacionalmente, fala-se com frequência de “sector coupling”, que é, de forma bem simples, o esforço de integrar as diferentes cadeias energéticas para viabilizar a descarbonização dos setores chamados “mais difíceis de descarbonizar”. Nesse contexto de sector coupling, insere-se a eletrificação de serviços energéticos, hoje baseados na queima de combustíveis. Penso que a economia do hidrogênio e as biorrefinarias também se encaixam nessa nova arquitetura dos sistemas energéticos. No campo da geopolítica, a energia é absolutamente central. Os níveis de dependência ou vulnerabilidade energética dos países é bastante diverso, e os preços de energia também são uma variável de complexa gestão. De fato, há países com maiores dificuldades de se engajar mais, em certos esforços de descarbonização, quando há prioridades ou crises de curto prazo a serem resolvidas, como o acesso seguro ao gás natural. O debate não é trivial. Além da descarbonização, há outro componente central da transição energética: a trans-

Estamos em uma posição privilegiada, porque trabalhamos com as grandes companhias de energia e petróleo do mundo, e elas estão no processo de se tornarem verdes. E essa história começou com toda a tecnologia de eficiência energética e controle de perdas. Se você acredita na necessidade de transição energética, deve dar todo o apoio a ideia, e trabalhar para que ela se realize, o mais rápido possível. Então, além das ações internas, de P&D, e junto aos clientes, a Emerson fez aquisições para reforçar suas soluções verdes: comprou, em 2020, a OSI-Opens Systems International, para ampliar seu portfólio de soluções em GTD e softwares de utilities. E, em 2021, comprou a Mita-Teknik, líder no negócio de automação de controle para geração de energia eólica, equipando turbinas eólicas e parques eólicos, com tecnologias para desempenho ideal, e confiabilidade insuperável. Porque o grid atual é baseado em hidrocarbonetos, mas, num futuro próximo, teremos várias fontes de energia, colocando diferentes “moléculas” no grid... em algumas frentes, já estamos vivenciando esse futuro e, em outras, as pesquisas nos aproximam cada vez mais de uma nova sociedade energética. No caso do hidrogênio, que é uma grande promessa, ainda é preciso desenvolver a infraestrutura de produção e distribuição. Sem esquecer que toda essa transição demanda muita tecnologia e talento, para saber lidar com todas as mudanças que ela traz. O bom de trabalhar com sustentabilidade é que ninguém é contra, todos querem saber o que fazer, como fazer, como podem pessoalmente contribuir. Entre nossas primeiras metas, estava reduzir nossa pegada de carbono em 20%, em 10 anos, através de eficiência energética e uso de energias renováveis, em todas as nossas instalações – meta que já ultrapassamos –, além de engajar fornecedores e parceiros de pesquisa e desenvolvimento, na busca tecnologias que possam impactar positivamente as metas de sustentabilidade de nossos clientes. Estamos detalhando nosso design, para alcançar o NetZero, em conjunto com especialistas, para validá-lo e transformá-lo em mais que um documento, um compromisso com o planeta, comenta Mike Train, Chief Sustainability Officer da Emerson – empresa que já lançou, inclusive, um medidor Coriolis, projetado especialmente para trabalhar com hidrogênio.

formação digital. A digitalização não é um fim em si mesma, mas deve ser pensada para gerar ganhos de eficiência, otimizar o uso dos recursos, reduzir custos, e compartilhar os benefícios com os diferentes atores das cadeias energéticas. A transição energética tem uma dimensão geopolítica, socioeconômica e tecnológica. Por isso, a necessidade de pensar no equilíbrio entre as questões globais e as locais, sem jamais perder de vista as estruturas e necessidades de cada país. Pela sua importância energética, o Brasil pode e deve desenvolver uma visão original sobre a sua transição energética, em razão da diversidade e abundância de recursos energéticos, pela necessidade ainda grande de desenvolvimento socioeconômico, pelo elevado nível de renováveis já na atualidade, pelas disparidades regionais e sociais. Importar um modelo de transição energética, não investir numa construção adequada ao nosso contexto político, social, tecnológico, não terá a mesma efetividade. Um exemplo interessante é o da Alemanha, que desenvolveu o seu conceito de transição, conhecido como “Energiewende”, olhando a sua sociedade, indústrias, inserção geopolítica, e, a partir disso, buscou conciliar a redução das emissões com as vantagens competitivas do país, para criar novas vantagens econômicas e competitivas. Esse tipo de grande consenso nacional, em torno da transição, é muito importante, e acho que o Brasil tem avançado solidamente. Nosso país enfrenta profunda desigualdade social e socioeconômica, e não há como simplesmente subordinar essas dimensões às discussões climáticas. Porém, acredito que é possível aliá-las, pensá-las de forma conjunta e sinérgica. Nossa agenda energética afeta outros países, afeta o mundo. Uma narrativa nacional que seja consistente, e que impul-

sione políticas de energia com esse olhar integrado, é um ativo geopolítico para um país. Estamos construindo essa transição energética, é um processo em construção, e não existe uma fórmula pronta. Por fim, chamo a atenção para a importância do nosso diálogo com a comunidade internacional sobre energia e transição energética. O Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tem sido muito ativo nesse diálogo internacional, estando presente nos mais importantes fóruns e iniciativas, mostrando a consistência e seriedade da política energética nacional. A EPE também é valiosa nesse contexto, pois, tem ajudado o país a reconhecer melhor os interesses em jogo, e a operacionalizar as agendas de colaboração, bilaterais e multilaterais, sempre com muito apoio também do Itamaraty”, resume Thiago Barral, presidente executivo da EPE.

As formas de obtenção e transformação de energia estão em grande transição, no mundo. É claro que temos de passar, dos sistemas de energia convencional, para novas tecnologias, mais sustentáveis. Isso não acontece da noite para o dia, principalmente, porque as condições de acesso à energia e infraestrutura são diferentes, em cada região do planeta. A desigualdade do fornecimento de energia é um dos maiores desafios que enfrentamos – alguns países desenvolvidos têm programas de estímulo fantásticos, financiando sua própria transição energética, enquanto ainda há 770 milhões de pessoas procurando acesso à eletricidade em outras regiões. Para garantir uma transição efetiva, deve haver um esforço de base global consistente, para enfrentar a desigualdade no fornecimento de energia. As respostas, claro, virão também das tecnologias convencionais, bem como da descarbonização dos ativos existentes. Precisamos aproveitar e manter o fornecimento confiável de energia fóssil existente, e descarbonizá-la gradualmente, inclusive com o uso de novas tecnologias, enquanto progredimos na transição para fontes renováveis. Mas, os hidrocarbonetos são parte da solução. Não haverá abordagem “one fits all” na transição energética, e o principal papel dos hidrocarbonetos, particularmente do gás, será como energia de base confiável, para reduzir as intermitências da energia eólica e solar. A grande diferença de hoje é que esses hidrocarbonetos serão previamente descarbonizados por tecnologia de captura de carbono, como Direct Air Capture, Pre-Combustion e Post-Combustion Capture.

Claro que o sucesso dos projetos depende principalmente de fundos de financiamento verdes, incentivos governamentais, como crédito/taxas de emissão de carbono, assim como pressão social e dos acionistas sobre as grandes corporações, que têm definido claramente objetivos de descarbonização, de médio e longo prazo. Nesse sentido, atualmente, o mercado da sustentabilidade tem ganhado robustez financeira de forma distinta em cada região, destaque para o Brasil, com os primeiros incentivos em hidrogênio verde e RenovaBio; e Estados Unidos, com o Q45, para a Europa e China. A transição energética é um processo gradual e constante, que irá avançar com melhoria de novas tecnologias, investimentos, etc. Entretanto, é fundamental reconhecer a importância do setor de óleo e gás para o suprimento de energia confiável, em vários setores da economia. A Siemens Energy tem como foco a descarbonização e sustentabilidade do suprimento de energia, e está contribuindo ativamente com este processo a nível global, afirma Arthur Pereira, Head de Industrial Applications da Siemens Energy no Brasil.

“O Brasil é um país riquíssimo em recursos naturais. Temos fontes hídricas, eólicas, solares, gás natural, urânio e agricultura à disposição. Essa é uma das razões pelas quais o país detém uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. O Brasil tem o potencial de ser uma grande liderança mundial na transição energética, influenciando outras economias nesse caminho, mostrando os benefícios de fontes pouco discutidas em outros países, como é o caso dos biocombustíveis, e exportando hidrogênio. Para isso, é importante que esse tema se torne prioridade para o nosso governo, e que exerçamos essa vocação brasileira” pondera Mestra Renata Isfer.

Deve-se ter em mente ainda algo que una e reforce todas as ações ambientais, a contribuição e o comprometimento de cada indivíduo, sem o que todas as outras perdem importância, já que é para o bem-estar e a própria existência do ser humano que a transição energética deve ser feita.

“Nós temos um grupo de percepção pública que estuda exatamente isso. Individualmente, todos devemos passar a pensar na questão de sustentabilidade de forma mais intensa. Uma maneira mais sustentável de se locomover para o trabalho; em casa, encontrar uma maneira melhor de lidar com o lixo, utilizar materiais recicláveis...E esse grupo do RCGI não é formado apenas por engenheiros, mas inclui geógrafos, advogados, psicólogos economistas, administradores ...”, comenta Dr Julio.

“Esse é um ponto fundamental ... a transição não é apenas política pública, mas uma conscientização ao nível individual, para vivermos num mundo mais sustentável”, finaliza Thiago Barral.

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