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A PORTA ABERTA, A HORA CERTA

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A expressão janela de oportunidade ficou popular de uns tempos pra cá. Provavelmente foi resgatada de outros ambientes pelos livros de autoajuda empresarial que reinventam a roda a cada semestre.

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Não sei qual seria a origem do termo. Sei que, hoje, ele é usado nas mais diversas situações – de políticos procurando a hora certa para lançar candidatura a atletas querendo saber por quanto tempo, depois do exercício, devem consumir proteínas para ganhar massa muscular.

Eu sempre associo janela de oportunidade ao mundo das viagens espaciais. Imagino uma nave com um período de tempo limitado para entrar em órbita e voltar para casa. Se perder a chance, vagará eternamente pelo cosmo infinito (trilha sonora tensa, close nos olhos do comandante, propulsores a toda força, tchaaaaaannnnn).

É interessante que uma imagem tão física – janela: uma brecha nos tijolos, um furo no muro – seja usada para descrever algo tão impalpável: o tempo certo.

Algumas pessoas levam muito a sério esse lance de janela de oportunidade. Correm ofegantes sob a angústia de que a passagem se feche a qualquer momento; de que seja a única e nunca mais se abra. Nessa ansiedade, acabam fechando – além da janela – os olhos para caminhos alternativos.

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Nada me parece ser tão radicalmente definitivo na vida. Ok, ok, tens razão: a morte é. Mas a maneira como nos relacionamos com ela, não. São várias as variáveis, sempre. E bastou terminar a frase anterior para que essas variáveis já sejam outras.

(Especialistas dizem que um acidente aéreo nunca acontece por um único motivo. É sempre uma sucessão de falhas que causa o desastre. Vale para quase tudo na vida. Syd Barret não saiu do Pink Floyd só porque filava cigarros, Lemmy Kilmister não saiu do Hawkwind só porque se atrasou para uma gig, os Beatles não acabaram só porque John trocou Paul por Yoko, o Brasil não perdeu pra Itália em 82 só porque Júnior não fez a linha de impedimento, nem perdeu pra França em 86 só porque Zico errou um pênalti. Mesmo o jogo que termina 1x0 não é decidido por um lance só. Namoros não começam por um único beijo e não terminam por um único motivo.)

Mas, tudo bem, vamos admitir que se feche a tal janela de oportunidade. Então, que tal colar um pôster ou fazer um desenho na parede? Isso não te basta? Entendo... Hey, o que tens na tua mão? Uma picareta? Vais abrir uma janela na marra? Ok, tô na torcida!

A blessing in disguise é uma expressão gringa que acho linda. A versão brasileira é mais direta e menos poética: há males que vêm para o bem. Seja em que idioma for, o importante é ter em mente que se alguém bateu a porta na tua cara, se concretaram a janela de oportunidade, talvez seja uma benção disfarçada – a blessing in disguise.

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