Administração com Qualidade

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Conteúdo

Capítulo 1 ADMINISTRAÇÃO: INTRODUÇÃO E HISTÓRIA 1.1 1.2 1.3

1.4 1.5

Apresentação ..................................................................................... 1.1.1 Sobre o conteúdo ................................................................ A função de Cobb-Douglas ................................................................ Os pioneiros ....................................................................................... 1.3.1 Outras influências a partir da Revolução Industrial .......... 1.3.2 A Escola de Relações Humanas na Administração ........... 1.3.3 A Escola da Qualidade na Administração .......................... A contribuição de Peter Drucker ...................................................... Questões para reflexão e discussão ..................................................

1 2 3 5 7 14 15 16 19

Capítulo 2 CONSIDERAÇÕES GERAIS 2.1

2.2 2.3 2.4 2.5

2.6

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Tipos de organizações........................................................................ 2.1.1 Verticalização e horizontalização ....................................... 2.1.2 Tamanho das empresas....................................................... 2.1.3 Considerações econômicas ................................................. Clientes e fornecedores ..................................................................... Objetivos da empresa ........................................................................ Administração pública ....................................................................... Exemplos marcantes ......................................................................... 2.5.1 Embraer ............................................................................... 2.5.2 Metal Leve ........................................................................... 2.5.3 WEG ..................................................................................... 2.5.4 Promon ................................................................................ Questões para reflexão e discussão ..................................................

21 23 24 26 28 31 33 34 34 36 38 40 42

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Administração com qualidade

Capítulo 3 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 3.1 3.2

As funções da Administração ............................................................ Planejamento ..................................................................................... 3.2.1 Preocupações do Planejamento ......................................... 3.2.2 Níveis de Planejamento ...................................................... 3.3 Organização ........................................................................................ 3.3.1 Preocupações da Organização ............................................ 3.3.2 Autoridade e responsabilidade ........................................... 3.3.3 Fontes de autoridade .......................................................... 3.3.4 Tipos e níveis de competência ........................................... 3.3.5 Situações de crise ............................................................... 3.4 Direção ............................................................................................... 3.4.1 Preocupações da Direção ................................................... 3.4.2 Eficiência e eficácia ............................................................. 3.4.3 Comando eficaz ................................................................... 3.4.4 Uso de reuniões ................................................................... 3.5 Controle .............................................................................................. 3.5.1 Preocupações do Controle.................................................. 3.6 As organizações na organização ........................................................ 3.7 Pecados capitais ligados à gestão ..................................................... 3.8 A formação do lucro .......................................................................... 3.8.1 Custos industriais................................................................ 3.8.2 Desperdícios ........................................................................ 3.8.3 Análise dos custos ............................................................... 3.8.4 Sistemas de custeio............................................................. 3.9 Projetos .............................................................................................. 3.10 Questões para reflexão e discussão ..................................................

45 47 48 49 50 52 52 53 54 55 56 56 57 58 59 60 61 62 65 68 70 71 72 75 77 80

Capítulo 4 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7

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Liderança ............................................................................................ Motivação ........................................................................................... Tipos psicológicos .............................................................................. Paradigmas comportamentais nas decisões ..................................... Clima organizacional .......................................................................... Mudança organizacional .................................................................... A tomada de decisão .......................................................................... 4.7.1 Decisões tomadas racionalmente ....................................... 4.7.2 Decisões baseadas em fatos e dados .................................. 4.7.3 Decisões economicamente pesadas ................................... 4.7.4 Decisões baseadas na experiência .....................................

83 87 90 92 93 94 96 96 97 98 99

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Conteúdo 4.7.5 Decisões visando o futuro................................................... 4.7.6 Decisões consensuais.......................................................... 4.7.7 Decisões baseadas na consolidação de indicações ............ 4.7.8 Decisões justas e legais ....................................................... 4.7.9 Decisões criativas e inovadoras .......................................... 4.7.10 Decisões corajosas × prudentes ......................................... 4.7.11 Decisões inspiradas em paradigmas................................... 4.7.12 Decisões sob incerteza........................................................ 4.8 Os pecados capitais do comportamento ........................................... 4.9 Empreendedorismo ........................................................................... 4.10 Questões para reflexão e discussão ..................................................

100 101 102 103 104 105 105 106 107 109 113

Capítulo 5 ADMINISTRAÇÃO DA PRODUÇÃO 5.1 5.2

5.3

5.4 5.5

Introdução .......................................................................................... Planejamento e Controle da Produção – PCP .................................. 5.2.1 Apresentação....................................................................... 5.2.2 Evolução do PCP ................................................................. 5.2.3 Visão geral do PCP .............................................................. Outras ações de PCP ......................................................................... 5.3.1 Estoques .............................................................................. 5.3.2 Outros tópicos importantes ................................................ Serviços .............................................................................................. Questões para reflexão e discussão ..................................................

119 121 121 123 124 128 129 133 151 156

Capítulo 6 ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7

Pequeno histórico .............................................................................. Qualidade e produtividade ................................................................ Competitividade ................................................................................. Gurus da qualidade ............................................................................ O processo de melhoria ..................................................................... Ferramentas para a melhoria da qualidade ...................................... Controle Estatístico da Qualidade .................................................... 6.7.1 Controle estatístico de produtos ........................................ 6.7.2 Controle estatístico de processos ...................................... 6.7.3 Capacidade do processo ..................................................... 6.8 Confiabilidade e durabilidade ............................................................ 6.8.1 Confiabilidade de sistemas ................................................. 6.9 Custos da qualidade ........................................................................... 6.10 Qualidade em serviços ....................................................................... 6.10.1 Qualidade nos serviços de varejo .......................................

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Administração com qualidade 6.10.2 O modelo dos cinco gaps.................................................... 6.10.3 O modelo Servqual .............................................................. 6.11 Questões para reflexão e discussão ..................................................

197 198 200

Capítulo 7 MODERNOS PADRÕES DA QUALIDADE 7.1 7.2 7.3 7.4

7.5 7.6 7.7 7.8

Sistema de gestão da qualidade ........................................................ Sistema Japonês................................................................................. As normas de série ISO 9000 ............................................................ Outras normas importantes............................................................... 7.4.1 Norma ISO 14001:2004 ....................................................... 7.4.2 Norma OHSAS 18001 .......................................................... 7.4.3 Norma ABNT 16001 ............................................................ 7.4.4 ISO TS 16949 ....................................................................... Prêmios da qualidade ........................................................................ Metodologia Seis Sigma ..................................................................... Metrologia........................................................................................... Questões para reflexão e discussão ..................................................

204 205 207 213 213 214 215 216 216 224 225 228

Capítulo 8 CONHECIMENTO E APRENDIZADO 8.1 8.2 8.3

8.4 8.5

8.6 8.7 8.8

Conhecimento, competência e sabedoria ......................................... O papel da educação .......................................................................... Gestão do Conhecimento .................................................................. 8.3.1 Evolução e conceitos .......................................................... 8.3.2 Conhecimento tácito e explícito ........................................ 8.3.3 Relação com a norma ISO 9001 .......................................... 8.3.4 Propriedade intelectual ...................................................... 8.3.5 Esquecimento organizacional ............................................. Sistemas de informação ..................................................................... Aprendizado ....................................................................................... 8.5.1 Aprendizado organizacional ............................................... 8.5.2 Treinamento ........................................................................ 8.5.3 Educação corporativa ......................................................... 8.5.4 Educação a Distância – EaD ............................................... Inovação ............................................................................................. Tecnologia da Informação – TI .......................................................... Questões para reflexão e discussão ..................................................

231 234 236 238 241 243 244 245 246 248 249 253 255 256 259 262 265

Capítulo 9 CONTRIBUIÇÕES RECENTES 9.1

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Competitividade ................................................................................. 9.1.1 A visão de Michael Porter ...................................................

267 267

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xix

Conteúdo

9.2 9.3 9.4 9.5 9.6

9.1.2 O modelo de José Celso Contador ..................................... 9.1.3 A colocação de Eliezer Arantes da Costa .......................... 9.1.4 Competição e cooperação................................................... Marketing ........................................................................................... Balanced Scorecard – BSC .............................................................. Reengenharia ..................................................................................... Teoria das restrições .......................................................................... Questões para reflexão e discussão ..................................................

269 270 272 272 276 279 281 283

Capítulo 10 ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS EM REDES 10.1 10.2 10.3 10.4

10.5 10.6

Redes de empresas .......................................................................... Clusters de negócios ....................................................................... Governança ...................................................................................... 10.3.1 Definindo governança ...................................................... Alianças e parcerias ......................................................................... 10.4.1 Confiança para alianças e parcerias ................................ 10.4.2 Alianças estratégicas ........................................................ 10.4.3 Parcerias ........................................................................... O modelo de redes simultâneas (concurrent networks) ............. Questões para reflexão e discussão ................................................

285 292 294 294 297 297 298 299 300 304

Capítulo 11 CONTRIBUIÇÕES ACADÊMICAS 11.1

O impacto econômico das inovações .............................................. 11.1.1 As inovações no agronegócio brasileiro .......................... Manufatura de vestuário de moda .................................................. Governança corporativa no Brasil................................................... A terceirização da logística ............................................................. Comércio B2C .................................................................................. O serviço varejo ............................................................................... Consórcio modular e condomínios industriais ............................... Qualidade na cadeia têxtil ............................................................... Aplicação do Gerenciamento pelas Diretrizes ............................... As dimensões da qualidade na prática ........................................... Gestão do conhecimento na empresa ............................................. PCP no agronegócio ........................................................................ O software nas organizações ..........................................................

305 307 308 311 314 317 320 323 328 331 334 337 340 343

REFERÊNCIAS...............................................................................................................

347

11.2 11.3 11.4 11.5 11.6 11.7 11.8 11.9 11.10 11.11 11.12 11.13

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1 Administração: introdução e história

1.1

APRESENTAÇÃO

O título deste livro sugere o que ele é, ou o que nele se postula: a administração precisa ter qualidade. Entretanto, o significado desta frase representa, certamente, muito mais do que parece. Que muitas coisas precisam ter qualidade, ninguém discute. As estátuas e monumentos do período áureo da Grécia Antiga não seriam admiradas até hoje se não tivessem qualidade artística, como também não seriam conhecidas atualmente se não usassem material com durabilidade capaz de resistir aos séculos. O mesmo se pode dizer dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina e das partituras de Bach, esquecidas na sacristia de uma igreja por um século após sua morte, até serem descobertas e recuperadas por Felix Mendelssohn, para felicidade da humanidade. Que administrar é necessário para o sucesso de empreendimentos coletivos, seja em empresas privadas, em organizações públicas, em clubes de futebol, em conjuntos musicais, em exércitos em guerra ou em muitas outras situações onde haja pessoas interagindo, também é um fato que deve ter concordância geral, à exceção, talvez de algum obstinado anarquista. Então administrar com qualidade deve ser, em princípio, administrar bem, fazer com que as ações administrativas, do que quer que seja, sejam bem executadas. Isto, sem dúvida, é altamente desejável, mas a razão pela qual as duas palavras aparecem juntas no título deste livro é mais profunda. Na sequência deste primeiro capítulo se apresenta um breve histórico do desenvolvimento das ideias administrativas através de seus principais personagens, como também em outros pontos do livro. No Capítulo 6 se apresenta também um histórico

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2 Considerações gerais

2.1

TIPOS DE ORGANIZAÇÕES

Os especialistas no assunto partem do conceito de pessoa jurídica para caracterizar as forma pelas quais as organizações se apresentam. A ideia de pessoa jurídica, por seu termo, advém da impossibilidade de os indivíduos, ou pessoas físicas, por si só e isoladamente, realizaram uma série de objetivos. Em outras palavras, pela impossibilidade de atingirem, por si mesmas, objetivos que, por vezes, estão além de suas forças individuais, as pessoas físicas associam-se com objetivos comuns e fazem surgir a pessoa jurídica. Esta acaba por agregar forças das pessoas associadas e, dessa forma, após receber vida advinda da lei, adquire potencial capaz de suprir as deficiências individuais. São as pessoas jurídicas também que, quando organizadas como entidades no chamado terceiro setor, suprem as deficiências do próprio Estado, ajudando-o no atendimento às demandas sociais. Classificando as pessoas jurídicas quanto à sua estrutura, Alves (2000) identifica as corporações, constituídas pela reunião de pessoas, e as fundações constituídas em torno de algum patrimônio com determinado fim. Dentre as corporações citam-se as entidades sem fins lucrativos ou de fins não econômicos (órgãos de benemerência, clubes recreativos e outros); sociedades com finalidade econômica, modernamente conhecidas por sociedades empresárias e neste texto designadas genericamente por empresas, e outros tipo de associações. Classificando-as quanto às suas funções e capacidades, as pessoas jurídicas podem ser de direito público ou privado. Dentre as primeiras estão a União, os Estados federados, o Distrito Federal, os Municípios, as autarquias, as empresas públicas, as sociedades de economia mista, as fundações públicas. Dentre as segundas, as sociedades empresárias (empresas com fins lucrativos), as associações, as fundações, os partidos políticos e as organizações religiosas.

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3 Funções da Administração

Este capítulo trata de uma questão fundamental para o bom entendimento do processo administrativo, pouco sujeita à discussão quanto ao seu espírito, porém muitas vezes negligenciada na prática, o que se torna fonte de muitos fracassos e distorções. São também abordadas outras questões de importância para a Administração.

3.1

AS FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO

Desde que Frederick Winslow Taylor e Henri Fayol publicaram as duas primeiras importantes obras que entendiam a Administração como uma ciência e não uma arte (ver 1.3.1), com possíveis pequenas variações, admite-se serem quatro as grandes funções da Administração: Planejamento, Organização, Direção e Controle. Essas funções estão apresentadas no Quadro 3.1, juntamente com as principais ações e decisões correspondentes a cada uma delas. Quadro 3.1

Funções da Administração e tópicos correlatos Planejamento

Organização

Direção

Controle

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O QUE (WHAT) FAZER POR QUE (WHY) FAZER COMO (HOW) FAZER QUEM (WHO) VAI FAZER ONDE (WHERE) FAZER QUANDO (WHEN) FAZER EFICIÊNCIA E EFICÁCIA LIDERANÇA E MOTIVAÇÃO COMANDO EFICAZ COMPARAÇÃO COM OS PADRÕES CORREÇÃO DE RUMOS SUBSÍDIOS AO APERFEIÇOAMENTO

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Administração com qualidade

como também o excesso de indicadores (com efeito semelhante, além de causar a dispersão dos esforços).

Visão

Missão

Planejamento estratégico

Planejamento tático e operacional

Execução das atividades

Resultados

Figura 3.4

3.6

Possíveis realimentações

AS ORGANIZAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO

As posições hierárquicas nas organizações, apresentadas por sua estrutura de cargos,2 são tradicionalmente determinadas de forma clara pelos seus estatutos ou documentos equivalentes, sendo usualmente representadas em um organograma, onde as relações entre essas posições são facilmente visualizadas. O organograma, portanto, mostra a estrutura formal da organização, com as devidas ligações de chefia e subordinação, nas diversas subdivisões da entidade (unidades, departamentos, seções, etc.), cada uma incumbida da sua especialização, gerando dessa forma uma estrutura funcional. A Figura 3.5 exemplifica um organograma tradicional de uma empresa. A organização funcional traduzida no organograma já apresentou casos de grandes empresas que chegaram a ostentar mais de dez níveis hierárquicos. Ora, isto gera

2

Não se deve confundir cargo com função. O cargo representa a posição no organograma, com suas relações de hierarquia, enquanto a função indica as atividades inerentes ao respectivo cargo. Pode haver mudança nas funções mantendo-se o cargo.

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4 Aspectos comportamentais

A administração empresarial e organizacional envolve diversos aspectos ligados ao comportamento humano que não podem ser esquecidos, sob pena de tornar o processo administrativo mecânico, frio e ineficaz. Como são pessoas que participam desse processo, é preciso conhecer a forma de comportamento dessas pessoas para melhor analisar, compreender e interagir com esse processo. Neste capítulo estão reunidos alguns desses aspectos, sem a pretensão de examiná-los a um nível sociológico e psicológico profundo, o que deve ficar a cargo de especialistas tarimbados na lida com a tipologia humana.

4.1

LIDERANÇA

No Quadro 3.1 foi colocado que liderança e motivação são aspectos no âmbito da função Direção, uma das quatro grandes funções da Administração. Vejamos uma de cada vez. O conceito de liderança está ligado a certas características que dão a determinadas pessoas a capacidade de tomar decisões aceitas com entusiasmo pelos seus colaboradores. Liderança é, pois, a capacidade de inspirar confiança e influenciar pessoas visando atingir algum objetivo proposto com o qual todos estão de acordo. Ou seja, o líder é capaz de obter concordância com suas ideias e propósitos pelo grupo do qual está à frente. Esta é, evidentemente, uma característica altamente desejável aos que comandam os empreendimentos, desde que as ideias que postulam sejam as mais adequadas ao sucesso. Quando um chefe consciente do que deve ser adequadamente feito tem também a condição de liderança dos seus subordinados, os efeitos desse binômio costumam ser plenamente satisfatórios. São competências reconhecidas dos líderes: iniciativa, autoconfiança, honestidade, disciplina, inteligência, capacidade de relacionamento e conhecimento do assunto

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5 Administração da produção

5.1

INTRODUÇÃO

Os conceitos gerais da Administração vistos nos capítulos anteriores devem ser aplicados não apenas ao nível de empresas e organizações como um todo, mas também em outros níveis. De fato, extrapolando esses conceitos, pode-se perceber que eles seriam praticamente todos válidos para a administração política de uma nação, guardadas as devidas proporções. Os princípios de autoridade, responsabilidade e delegação, por exemplo, são fundamentais em uma administração pública e a sua não utilização adequada, ou má utilização, fatalmente levará a maus resultados. Da mesma forma, as funções básicas da Administração – Planejamento, Organização, Direção e Controle – se não utilizadas criteriosamente e de forma isenta a interesses pessoais ou grupais, certamente irão corroer os efeitos de uma boa administração. Infelizmente, claros exemplos dessa afirmação podem ser com muita frequência encontrados na realidade, com seus nefastos resultados. Entretanto, também na direção oposta, ou seja, olhando para dentro das organizações, os conceitos gerais da Administração devem e podem ser aplicados em casos específicos. Sobre isso, Contador (2001) desenvolveu um modelo, apresentado na Figura 5.1, no qual considera que quatro grupos básicos de atividades devem existir na administração empresarial – Planejamento, Produção, Atividades de apoio e Atendimento1 – e são também encontrados em níveis de menor abrangência, como divisões, departamentos, seções e até mesmo no desempenho individual.

1

Essa classificação do citado autor não conflita com as quatro funções da Administração que, a rigor, devem estar presentes em cada uma delas, de acordo com o próprio espírito do modelo.

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6 Administração da qualidade1

Desde tempos imemoriais, em que existe a produção de bens e serviços, há também preocupação com a Qualidade. Os conceitos e as ferramentas da Qualidade evoluíram paulatinamente ao longo do tempo, acompanhando a progressão histórica dos processos produtivos, chegando hoje ao ponto de serem considerados instrumentos básicos da própria administração empresarial, com a qual a Administração da Qualidade se confunde, conforme visto em 1.1. Isto fica claro a quem examine os Critérios de Excelência do Prêmio Nacional da Qualidade (FNQ, 2009), e também não é por mero acaso que o prêmio atribuído no Estado de São Paulo às empresas e organizações que se destacam pela sua boa qualidade é chamada Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão, sendo concedido pelo IPEG – Instituto Paulista de Excelência da Gestão, conforme IPEG (2008). Justifica-se, pois, plenamente, a presença deste e do próximo capítulo em um livro sobre teoria da Administração, embora o próprio título adotado para a obra já sugira a importância da Qualidade no contexto administrativo. Por outro lado, a Administração da Qualidade tem também tudo a ver com a da Produção, estudada no capítulo anterior, pois a qualidade de produtos e serviços, embora gerenciada desde a alta administração, é conseguida no processo de produção.

6.1

PEQUENO HISTÓRICO

O controle da qualidade existe desde quando o homem produziu bens tangíveis. Um armeiro, quando produziu lanças ou escudos, se fosse um bom armeiro, certamente verificaria a resistência de seus produtos antes de repassá-los aos vários usuários. Da

1

Também referida equivalentemente como Gestão da Qualidade.

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168

Administração com qualidade

Sendo produtivo, o fornecedor reduzirá seu custo, obtendo maior margem para a diferença P – C. A propósito, não se deve incidir no grave equívoco de considerar o preço como estabelecido pelo fornecedor de modo a cobrir os seus custos e ainda gerar lucro, pois, em um mercado competitivo, são os clientes que, em última análise, determinam o preço. Já a diferença V – P, que move o cliente na sua disposição de comprar o produto ou serviço, tem uma forte componente subjetiva, pois o termo “cliente”, na verdade, representa uma enorme gama de indivíduos ou entidades, cada um com sua própria visão da conveniência de gasto ou investimento. De fato, o valor que cada cliente potencial atribui a cada produto ou serviço depende de uma série de condições associadas àquele cliente, podendo-se pensar esse valor como uma variável aleatória com uma certa distribuição de probabilidade, conforme ilustrado na Figura 6.5. Isto não modifica o fato de que, quanto menor for o preço atribuído ao produto pelo fornecedor (ou no final da cadeia de distribuição), maior será a porcentagem de clientes dispostos a comprá-lo, dadas na figura pelas áreas à direita dos pontos representativos dos preços pi. f(v)

p3

Figura 6.5

p2

p1

v

Distribuição de valores com porcentagens de clientes dispostos à compra em função do preço

Associado ao conceito de competitividade está o de vantagem competitiva. Uma vantagem competitiva é um aspecto referente às características de operação de uma empresa que faz com que seus produtos ou serviços sejam melhor valorizados pelos clientes que os dos concorrentes, contribuindo para a Competitividade da empresa. Um destes aspectos pode ser o preço pedido pelo produto ou serviço, limitado por baixo pelo custo de obtenção, sob pena de prejuízo. Outros aspectos dizem respeito a características diferenciadas dos produtos ou serviços, que os tornam atraentes aos clientes, a parte considerações de preço. Essa questão foi analisada meticulosamente por Porter (1990), sendo melhor discutida em 9.1.1.

6.4

GURUS DA QUALIDADE

Há alguns grandes nomes ligados ao desenvolvimento dos conceitos e práticas da Qualidade no século XX, dos quais citamos os mais proeminentes.

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7 Modernos padrões da qualidade

Neste capítulo vamos nos preocupar com as maneiras presentemente empregadas para se conseguir realizar Qualidade e Produtividade na prática. Isto não significa que os preceitos e técnicas vistos no capítulo anterior não sejam úteis para esse objetivo, até porque eles vão aparecer, de uma forma ou de outra, nas abordagens que aqui serão vistas. Na verdade, estas abordagens representam formas, normalizadas ou não, de que se dispõe para o objetivo colimado, ou seja, atingir a competitividade da empresa por meio dos seus pilares básicos: a qualidade e a produtividade dos seus processos. A importância que modernamente se confere à questão da Qualidade e Produtividade como elementos básicos da Competitividade coloca essa questão ao nível da alta administração das empresas e organizações. A Gestão da Qualidade, que embute a problemática da Produtividade, embora esta componente da Competitividade seja menos explicitada, impõe se, portanto, fortemente, na própria Gestão Organizacional. O que pode diferir, em cada caso, é o sistema adotado para a Gestão da Qualidade. A decisão quanto ao sistema a ser implementado depende, em geral, do estágio de desenvolvimento da organização e da visão dos consultores ou colaboradores nisso envolvidos. A questão da Gestão da Qualidade, evidentemente, já era preocupação, até em países emergentes como o Brasil, bem antes que sua importância estratégica fosse reconhecida, como em nossos tempos. Um bom exemplo disto é o caso da Metal Leve (ver 2.5.2), indústria do ramo automobilístico que, na década de 1950, não só produzia pistões e bronzinas de primeira qualidade para a nascente indústria automobilística brasileira, como exportava para vários outros países. Certamente a visão de seu dono e notável empresário José Mindlin teve grande papel nesse êxito, cercando-se de profissionais categorizados capazes de criar as condições para a produção com qualidade excepcional. Nos anos 1980 para 1990, o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade – PBQP incentivou missões ao exterior e treinamentos intensivos no país, com o objetivo

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8 Conhecimento e aprendizado

Para Peter Drucker (2001), “a formação de conhecimento já é o maior investimento em todos os países desenvolvidos. O retorno que um país ou uma empresa obtém sobre o conhecimento certamente será, de maneira crescente, um fator determinante da sua competitividade. Cada vez mais a produtividade do conhecimento será decisiva para seu sucesso econômico e social, e também para seu desempenho econômico como um todo. E sabemos que existem diferenças tremendas na produtividade do conhecimento – entre países, entre indústrias e entre organizações individuais”. Entretanto, embora, em coerência com esse pensamento, a retenção de talentos já fosse anteriormente praticada pelas melhores empresas – e isso está associado à fuga de boas cabeças para o exterior, que se observa em países como o Brasil, onde a competência e o conhecimento não são devidamente recompensados – o conceito de capital intelectual só foi devidamente consagrado bastante recentemente, em contribuições como a de Stewart (1998), envolvendo conhecimento, propriedade intelectual, experiência e tudo o mais que pode ser usado para gerar riqueza. De fato, cada vez mais se reconhece a importância do conhecimento e, por consequência, do aprendizado, condição ligada à sua construção, como um dos mais importantes patrimônios da empresa moderna. Esse reconhecimento tem sido explicitado em modelos e métodos de gestão, como nos critérios do Prêmio Nacional de Qualidade, no Balanced Scorecard (ver 9.3), e outros. Este capítulo foi, devido a isso, incluído neste livro, por ter o conhecimento – e, portanto, também o aprendizado – tudo a ver com o objetivo do texto.

8.1

CONHECIMENTO, COMPETÊNCIA E SABEDORIA

Foi vista em 4.7.2 e ilustrada na Figura 4.5 a diferença conceitual entre dado, informação e conhecimento. Tem-se, ali, uma apresentação do que leva ao conhecimento:

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9 Contribuições recentes

9.1

COMPETITIVIDADE

Neste item voltamos a examinar a problemática da competitividade, cuja importância e conceitos básicos foram apresentados em 6.3, sob a ótica de três conceituados autores, selecionados entre os muitos que se ocuparam da questão.

9.1.1 A visão de Michael Porter Segundo Porter (2005), o principal objetivo de um país consiste em proporcionar um padrão de vida elevado e crescente para os cidadãos. A capacidade para tanto depende da produtividade com que o trabalho e o capital atuam. Neste sentido, produtividade é o valor da produção de uma unidade de trabalho ou de capital. Não obstante, o resultado final de uma operação vai depender tanto da qualidade e das características dos produtos (que determinam o seu preço) como da eficiência com que são produzidos.1 O autor afirma ainda que “a produtividade é o principal determinante do padrão de vida de longo prazo do país; é a causa primordial da renda per capita nacional”. A produtividade dos recursos humanos determina o salário dos empregados, enquanto que a do capital estabelece o retorno gerado para seus detentores. Em relação às empresas, Porter (2005) afirma que estas podem atingir uma potencial vantagem competitiva mediante iniciativas de inovação. Elas devem considerar a inovação em seu sentido mais amplo, abrangendo novas tecnologias e novas maneiras de fazer as coisas. A inovação manifesta-se no novo desenho do produto, no 1

Os autores do presente livro consideram esta afirmação em perfeito acordo com o que foi discutido em 6.3.

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10 Administração de empresas em redes

José Paulo Alves Fusco José Benedito Sacomano

O presente livro sobre Administração e os diversos assuntos correlatos de indispensável conhecimento pelos administradores situados nos vários níveis das organizações não poderia se encerrar sem discutir, ao menos introdutoriamente, a atualíssima questão das redes de empresas e cadeias de suprimento, objeto do presente capítulo. Para tanto, os autores se sentiram mais à vontade ao convidar dois colegas especialistas no assunto, que a ele vêm se dedicando já há bom tempo, com diversos livros e artigos publicados, por se estar, dessa forma, transferindo esses conhecimentos aos leitores diretamente pela lavra dos mais categorizados a fazê-lo, contribuição que merece a mais genuína gratidão.

10.1 REDES DE EMPRESAS De acordo com o mencionado em 2.2, existem usualmente redes de empresas que caracterizam cadeias de suprimento e de relacionamento técnico e comercial adequadas a propiciar fluxos de materiais, produtos e serviços no sentido de satisfação das necessidades dos clientes finais e fluxos financeiros e de informações no sentido contrário, conforme ilustrado na Figura 2.3. O presente capítulo é dedicado à apresentação e análise dessa problemática do universo empresarial, estando colocado neste livro devido à grande importância da questão, embora seu estudo mais aprofundado e sistemático somente tenha sido encetado em tempos bastante recentes. De maneira geral, as redes de empresas podem ser entendidas como sendo uma forma organizacional, já que, segundo Powell (1990), não são nem mercado nem hierarquias. As redes são alternativas às formas de mercado e de integração vertical por conter estruturas horizontais e verticais de troca, interdependência de recursos

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11 Contribuições acadêmicas

Neste capítulo final são apresentados assuntos e resultados surgidos no PPGEP – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Paulista, à exceção do primeiro em dissertações de mestrado defendidas e aprovadas, que tratam de aplicações envolvendo questões abordadas nos capítulos anteriores desta obra, contribuindo, dessa forma, para sua melhor complementação. Como mencionam-se no texto o nome de cada autor(a) e o título da dissertação, dispensa-se a repetição de sua citação nas referências bibliográficas ao final do livro. A sequência das contribuições obedece a ordem alfabética dos autores.

11.1 O IMPACTO ECONÔMICO DAS INOVAÇÕES Ana Lucia Atrasas1 As mudanças tecnológicas produzem inovações e, evidentemente, causam impactos significativos do ponto de vista econômico. A produção crescente de inovações eleva a produtividade do capital, o lucro empresarial e ainda aumenta o salário real. O aumento do salário ocorre devido ao aumento da produtividade da mão-de-obra, independentemente das pressões sindicais, dos processos de regulamentação de monopólios e das intervenções assistenciais ou reguladoras do governo (SAMUELSON, 1966). Schumpeter (1982) afirma que a manifestação do empresário (produtor de inovações), responsável pelo empreendimento (novas combinações de fatores de produção), constitui o “elemento fundamental do desenvolvimento econômico”. Destaca também, na realização de combinações novas, o papel fundamental do financiamento, tanto nos aspectos práticos quanto do ponto de vista teórico. 1

Doutoranda do PPGEP.

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Contribuições acadêmicas

Cilindros de ar Tanque

Controle de qualidade Assentos

Guarnição de cabine

Aprovação final

Quadro

Chassis

Eixo Cubo & cilindro

Painel de instrumentos

Mola

Eixo & suspensão

RESENDE Pneu

Pintura Roda aço Roda alumínio

Carroceria

Pintura

Pneus & rodas

Transmissão Motor

Carroceria

Motor

Figura 11.5

Modulistas e seus itens Fonte: Volkswagen, adaptado por Bueno (2007).

Com o seu próprio ferramental e empregados, as empresas participantes se encarregam de todas as suas atividades no processo: transporte de peças, montagem de kits, estoque e controle de qualidade. Não se estabelece uma associação. Não há controle acionário entre as empresas e a Volkswagen. O que existe é uma parceria entre a Volkswagen e as empresas. O resultado foi um empreendimento único, pioneiro, que se tornou benchmark mundial. A Tabela 11.2 mostra os dados da produção até 2006. Tabela 11.2

Dados de produção da Volkswagen em Resende Caminhões

Ônibus

Total

1999

28.040

6.048

34.088

2000

32.781

5.680

38.461

2001

29.271

4.984

34.255

2002

22.649

6.370

29.019

2003

18.570

5.051

23.621

2004

18.989

4.639

23.628

2005

14.631

3.951

18.582

2006

10.641

1.741

12.382

Fonte: Anfavea (2007).

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