AMAZÔNIA: TEMAS FUNDAMENTAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

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ISBN 978-85-65965-97-2

CULTURAL BRASIL 9 788565 965972

Amazônia • TEMAS FUNDAMENTAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Este livro destina-se, em especial, a alunos e a professores de Geografia, Estudos Amazônicos e temas transversais dos últimos anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Mas pode ser lido, também, por alunos de universidades e outras pessoas interessadas na região, já que aborda temas fundamentais, porém de forma muito clara e didática.

Violeta Refkalesfsky Loureiro

A professora Violeta Refkalefsky Loureiro é socióloga por formação e se dedica ao estudo das políticas públicas, dos modelos de desenvolvimento intentados, seus impasses e impactos provocados sobre as populações da região. Para isto penetra na história da região. Mas analisa, também, com igual dedicação, as muitas possibilidades de construção de uma sociedade mais justa e mais em paz com a natureza amazônica. Sobre ela escreveu o saudoso geógrafo Aziz Ab’Saber, ainda hoje um dos mais respeitados cientistas sociais brasileiros: Violeta Refkalefsky Loureiro é uma das legítimas representantes da inteligência amazônica. Uma cientista social de grande maturidade, trabalhadora nata e incansável na pesquisa de campo e na elaboração de textos sérios e socialmente comprometidos. Como prêmio justo do seu desempenho na vida pública e como professora na universidade e pesquisadora, Violeta Loureiro tem viajado, multiplicando suas experiências de cientista social, participando de encontros e seminários em países da América Latina e Europa com lucidez e, sobretudo, com sua coerência intelectual.

Violeta Refkalesfsky Loureiro

Amazônia

TEMAS FUNDAMENTAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Estudos Amazônicos CULTURAL BRASIL



Violeta Refkalefsky Loureiro

Amazônia

Temas fundamentais sobre o meio ambiente

Estudos Amazônicos

CULTURAL BRASIL


Violeta refkalefsky Loureiro ocupação • Professora e pesquisadora da Universidade Federal do Pará (PPGCS - Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais e do PPGD – Programa de Pós-graduação em Direito) formação • Mestrado em Sociologia - UNICAMP – SP (1980-1983) • Doutorado em Sociologia do Desenvolvimento – Université de Paris III (1991-1994) • Pós-doutorado na Universidade de Coimbra/Centro de Estudos Sociais - CES (2005/2006) Principais trabalhos individuais publicados como livro

• Os Parceiros do Mar: capitalismo e conflito social na pesca da Amazônia. CNPq / MPEG. Ed. Falângola, Belém, 1985 • A Miséria da Ascensão Social: capitalismo e pequena produção na Amazônia. Ed. Marco Zero, R.J; 1988 • Amazônia: Estado, homem, natureza. Editora Cejup. Belém, 1992 (1ª ed., há várias edições posteriores) • Estado, Bandidos e Heróis: utopia e luta na Amazônia. Editora Cejup, Belém, 1998 • Plano de Desenvolvimento e Projeto Pedagógico da Escola. Edição do autor. Belém, 2000 (1ª ed.), 2005 (2ª ed.) • Estudos e Problemas Amazônicos (org./autor) . Belém: SEDUC/IDESP, 1988 • Estudos e Problemas Amazônicos (org./autor) . Belém: CEJUP, 2000 • Amazônia: história e análise de problemas. Belém: Distribel, 2000 (1ª. ed.), 2002 (2ª ed.), 2005 (3ªed.), 2011 (4ª ed.) • Amazônia: meio ambiente. Belém: Distribel, Belém: Distribel, 2000 (1ª. ed.), 2002 (2ª ed.), 2005 (3ªed.), 2011 (4ª ed.) • Amazônia: novas possibilidades para o desenvolvimento. São Paulo: Empório do Livro, 2009 • História da Amazônia: do período da borracha aos dias atuais. Cultural Brasil. Belém, 2015 Coordenação editorial – Projeto gráfico, capa, editoração eletrônica e arte final: Márcio Serra assistente: Rosemary Fernandes Preparação: Maria L. Castro revisão: Ana Cristina Furtado do Couto Direitos Reservados Texto conforme as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa destaque-se editora e distribuidora Ltda. (Cultural Brasil) e-mail: editoradestaquese@gmail.com

dados internacionais de Catalogação na Publicação sindicato nacional dos editores de Livros, rJ L93a Loureiro, Violeta Refkalesfky Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente / Violeta Refkalesfky Loureiro. - 1. ed. Belém, Pa: Cultural Brasil, 2015. 280 p.: il.; 28 cm.

(Estudos amazônicos)

ISBN 978-85-65965-97-2 1. Amazônia - História. 2. Amazônia - Geografia. I. Titulo. II. Série. 14-174606

CDD: 981.1 CDU: 94(811)

fotografia da capa Encontro das águas dos rios Negro e Amazonas Lula Sampaio/Manaus-AM


Prefácio Violeta Refkalefsky Loureiro é uma das legítimas representantes da inteligência amazônica. Uma cientista social de grande maturidade, trabalhadora nata e incansável na pesquisa de campo e na elaboração de textos sérios e socialmente comprometidos. Nasceu na distante Roraima. Seu primeiro horizonte paisagístico e social foi o do “lavrado” – os campos baixos de Roraima – e a cidade de Boa Vista, então pequena e acanhada. Isso anteriormente à expansão das estradas para as fronteiras da Venezuela e das Guianas, e antes do advento do atropelado ciclo do garimpo nos vales que atravessam as serranias florestadas do oeste de Roraima. Áreas de rios e vales que, de resto, haviam inspirado o paulistano Mário de Andrade a moldar a figura ímpar do seu herói Macunaíma. De Roraima, Violeta Loureiro dirigiu-se para o Rio de Janeiro (onde estudou na infância e adolescência) e posteriormente para o principal centro educacional da Amazônia na época: a cidade de Belém do Pará. Aí estudou, tornou-se professora, integrou-se em uma universidade pública que estava nascendo; dosou atividades de ensino e pesquisa; casou-se com um admirável poeta (João de Jesus Paes Loureiro); deslocou-se para Campinas, onde consolidou sua cultura de cientista social, por meio de Mestrado, na Unicamp (posteriormente fez o Doutorado na Universidade de Paris e o pós-doutorado em Coimbra, junto à equipe do Prof. Boaventura de Souza Santos). E, assim, por intermédio de uma trajetória de progressiva acumulação de experiências humanas e culturais, Violeta Loureiro foi solicitada a trabalhar em setores de planejamento econômico e social do Estado do Pará. Deu oportunidade para jovens pesquisadores egressos dos bancos universitários. Mas, acima de tudo, soube abrir espaço para seus jovens discípulos e pesquisadores divulgarem trabalhos e ideias. Com essa postura, Violeta Loureiro deu mão forte e estimulou pesquisadores. Privilegiou o trabalho de equipe e sempre exigiu seriedade nas investigações de campo e método na redação dos escritos. Independentemente das preferências temáticas, níveis de especialização ou vinculações partidárias de quem quer que seja. Coisa rara em nosso país. Como prêmio justo do seu desempenho na vida pública e como professora na universidade e pesquisadora Violeta Loureiro tem viajado, multiplicando suas experiências de cientista social, participando de encontros e seminários em países da América Latina e Europa com lucidez e, sobretudo, com sua coerência intelectual. Aziz Ab’Saber Geógrafo/Instituto de Estudos Avançados Universidade de São Paulo (1924 – 2012)



Apresentação Esta é uma mensagem dirigida aos leitores em geral que fizerem uso deste livro. Ele pode ser usado por alunos e professores de Geografia, Sociologia, Estudos Amazônicos, Conhecimentos Gerais, Temas Transversais e mesmo em Língua Portuguesa, bem como servir a todos aqueles que se interessam pela Amazônia. O texto foi concebido de forma que possa ser lido em sala pelo professor/a e alunos/as com vistas a servir como ponto de partida para discussão e contribuir para a formação de uma consciência crítica sobre a região. Daí porque na parte relativa aos exercícios de revisão da matéria não há perguntas do tipo “certo e errado”. Ao invés disso, cada capítulo apresenta pontos para reflexão e discussão, sempre com a intenção de promover o debate e desenvolver a consciência crítica e formadora do leitor e não no sentido de cobrar aprendizado.

De minha parte, exprimo aqui ideias, problemas, críticas e esperanças sobre a Amazônia. Apoiei-me em numerosas fontes científicas e na vivência de ser uma cidadã que nasceu na região, que ama, estuda e quer contribuir para a compreensão desta imensa e fecunda região. O livro apresenta críticas ao modelo econômico pelo qual os governos federal e estaduais da região têm buscado o desenvolvimento regional (e que tão poucos resultados concretos têm trazido).

O texto trata de acontecimentos importantes e suas consequências sobre a natureza, dos inúmeros problemas ambientais que atingem a região, justamente devido a sua enorme e rica biodiversidade. Mas o livro trata também, das possibilidades que têm a região e suas populações de equacionarem esses problemas ou de, pelo menos, reduzirem o impacto negativo de vários deles. Acredito que um livro reunindo questões ambientais importantes que afetam a vida na região seja o caminho mais adequado para que o leitor/a possa compreender certas questões regionais tão cruciais na atualidade.

O texto mostra que, além de reduzir problemas, a sociedade regional tem possibilidades de construir uma forma de desenvolvimento diferente da atual, substituindo-a por outra mais igualitária, que promova uma real melhoria dos padrões de vida da população pobre, de modo a eliminar a miséria e a pobreza; que é possível pensar e promover o aproveitamento dos recursos naturais, com a conservação da natureza e com o aperfeiçoamento moral da sociedade. É o que todos nós esperamos para a nossa região. Acreditando na escola e no professor Uma ideia consensual entre os educadores brasileiros é a de que a educação brasileira precisa mudar: para melhor e com urgência; e a educação na Amazônia principalmente, uma vez que temos, junto com o Nordeste brasileiro, os piores indicadores de desempenho na educação básica. Isto se deve em parte ao fato de que o aluno perdeu o interesse pela escola.


Atualmente a televisão, a rua, os jogos eletrônicos, a Internet, a convivência com “a turma” são mais atraentes do que a escola. E ela não apenas se tornou menos atraente, mas também enfrenta problemas novos e precisa vencer desafios inteiramente novos. Devido ao enorme avanço nas tecnologias da informação e da informática a escola deixou de ser o lugar mais importante da informação e o lugar privilegiado da aquisição de conhecimentos, como foi no passado. Houve uma mudança muito rápida na forma de viver das sociedades ocidentais e a escola não conseguiu acompanhar o ritmo dessas mudanças. Por isto ficou perdida, sem entender e sem conseguir assumir um novo papel social. E ao deixar de ser o centro privilegiado do saber, a escola perdeu, também, uma parte de sua antiga identidade e do prestígio social de que gozava.

Hoje, a escola precisa buscar novos caminhos, reconstruir sua identidade e recuperar sua importância social.

A escola tem condições de se converter no lugar privilegiado para o debate, a crítica, a formação intelectual e moral do aluno. Por isto, o debate tornou-se importante na sala de aula, mais do que a simples transmissão de informação e conhecimento, como num passado ainda recente. A escola deve ser o lugar, onde o aluno perceba que, ali e só ali, ele tem a oportunidade de discutir temas e problemas, assimilando conhecimentos sistematizados, adquirindo competências e desenvolvendo a capacidade de compreender criticamente a realidade em que vive. E que isto, aqueles outros recursos, embora mais atraentes (a televisão, a Internet, os jogos eletrônicos, a rua, “a turma”) não são capazes de lhe oferecer.

Precisa se transformar num lugar que proporcione ao aluno uma reflexão crítica e formadora - qualidades que somente a escola e os seus professores podem lhe dar! Porque nem a televisão ou computador, os jogos eletrônicos ou a rua, nada pode substituir o papel e a função da escola e do professor! Como centro de debate, de reflexão crítica e de formação, a escola pode encontrar novamente um lugar central na sociedade, recuperar o antigo respeito de que gozava e que foi perdendo ao longo do tempo. Assim, os professores também voltarão a ser valorizados como educadores e formadores! A legislação brasileira tem sido aperfeiçoada com vistas a promover a melhoria da educação. Nos últimos anos a faixa de idade coberta pela educação escolar obrigatória alargou-se dos acanhados 7 a 14 anos para a idade de 4 a 17 anos. Mas, o problema persiste quanto à má qualidade do ensino público. Nem as leis nem o simples aumento de recursos financeiros têm o poder de mudar a escola e a sala de aula. Viabilizar uma real transformação na educação brasileira é algo que depende também e muito, da decisão, do empenho e da criatividade dos professores.

Uma verdadeira e profunda mudança na educação depende de uma revolução silenciosa, que se passa na sala de aula, no cotidiano do trabalho do professor e da vida da escola. Nessa revolução o professor e os alunos são os protagonistas. E estão ambos do mesmo lado da luta, embora desempenhem papéis diferentes: nessa revolução pacífica, o professor é o principal animador e agitador do processo!


O livro apresenta como objetivos levar o leitor/a: • Compreender que a Amazônia possui a mais rica natureza do planeta Terra e que é o maior banco genético do planeta; mas que, apesar disso, este inestimável patrimônio vem sendo destruído sistematicamente desde os anos 50 do século XX; e que precisamos impedir que este absurdo continue a ocorrer. • Compreender que os estados mais devastados da região apresentam índices de desenvolvimento humano muito baixos e que, portanto, devastar não está nos conduzindo ao desenvolvimento; daí por que precisamos encontrar outros caminhos que nos levem a um real desenvolvimento humano. • Compreender que a natureza da região é nosso passaporte para um futuro mais rico, mais igualitário e que ela pode nos ajudar a eliminar a pobreza da sociedade regional, além de contribuir com o desenvolvimento nacional. • Amar e se orgulhar da Amazônia e de ser um amazônida – por ter nascido na região ou por tê-la escolhido para viver!

O novo papel do professor exige dele uma renovação nas práticas pedagógicas. Na missão que a escola passa a exigir do professor no século XXI, uma nova pedagogia se impõe. As novas práticas pedagógicas precisam levar em conta, sobretudo: - Que o aluno deve entender os processos econômicos, sociais, ambientais e as condições históricas da Amazônia no mundo; isto é mais importante do que memorizar datas, fatos e nomes, se estes estiverem descolados do contexto em que se passaram ou se passam. - A importância de valorizar o estudo, a discussão em grupo e a exposição oral das ideias dos alunos, estimulando-os a lerem os textos do livro e, a partir do que foi lido, a exporem suas dúvidas, suas opiniões, suas críticas. Aliás, uma boa alternativa é lerem juntos em sala de aula (professor e alunos) e pararem a cada momento que for oportuno, para tirar dúvidas, trocar ideias e opiniões a respeito do que foi lido. Assim, eles se desenvolverão como pessoas que raciocinam criticamente e que têm a coragem de expressar suas ideias. - Ao fazerem isso os alunos estarão, ao mesmo tempo, desenvolvendo a linguagem oral e escrita, assim como a capacidade de participar ativamente na sociedade. O domínio da linguagem escrita e oral é um dos mais importantes requisitos para o pleno exercício da vida social do ser humano no mundo moderno. Ao mesmo tempo, o domínio da expressão oral e escrita constitui-se atualmente num enorme capital social, do qual depende em muito, o lugar que o profissional vai ocupar no mercado de trabalho e na sociedade. Este livro é dedicado - e foi elaborado na expectativa de contribuir para que os alunos (de qualquer nível de ensino), assim como outras pessoas interessadas na Amazônia compreendam, amem, respeitem e trabalhem – desde agora e no futuro, para a construção de uma Amazônia que não apenas continue a ser a mais rica região do planeta Terra mas, que seja também um lugar de justiça social e de conservação da natureza. É pelo menos isto que todos os seus cidadãos merecem e esperam!

Violeta Refkalefsky Loureiro


Sumário Capítulo 1 – A Amazônia Brasileira e a Região Norte, 14 1 • As florestas do mundo ocidental e a relação dos povos com elas, 16 2 • As regiões brasileiras e a Região Norte, 19 3 • O que é Região Norte?, 20

4 • Quando falamos em Amazônia estamos falando em natureza, 23 5 • O rio Tocantins pertence à bacia amazônica?, 25 6 • Amazônia Clássica, 26

7 • O nascimento de uma consciência ecológica, 29

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 30

Capítulo 2 – As diversas “Amazônias”, 32 1 • Amazônia Continental, 34

2 • Até onde se estendem os limites da Amazônia Continental?, 36 3 • Amazônia Legal – história e abrangência, 38

4 • Amazônia Brasileira e sua divisão interna: Amazônia Oriental e Amazônia Ocidental, 45

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 46

Capítulo 3 – Paisagens amazônicas: rios, matas e planícies, 48 1 • A paisagem amazônica apresenta variações importantes, 50 2 • Montanhas na Amazônia - isto existe?, 51

3 • Se a Amazônia tem um relevo variado, por que, quando se pensa nela, o que nos vem à mente é apenas uma imensa planície?, 54 4 • A palavra “Amazônia” lembra floresta. Por que?, 55 5 • Florestas de terra firme, 55

6 • Florestas de terras inundáveis: várzeas, igapós e mangais, 57 7 • Terras e rios contribuem para formar diversos ambientes, 62 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 64


Capítulo 4 – Grandezas da natureza amazônica: o maior rio e a maior bacia hidrográfica do mundo, 66 1 • A Amazônia concentra a maior porção de água doce do planeta, 68 2 • A região amazônica tem a maior bacia hidrográfica do mundo, 68 3 • Um rio que nasceu longe daqui, mas veio para ficar conosco, 70

4 • O maior e o mais volumoso rio do mundo está localizado na Amazônia, 72 5 • O nome Amazonas, 74

6 • Uma história de massacre de povos, de cobiça e exploração da natureza, 76 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 77

Capítulo 5 – Floresta, rios e planície formam um sistema, 80 1 • O que é floresta?, 82

2 • Na Amazônia fica situada a maior floresta tropical úmida do mundo, 82 3 • A natureza é um sistema, 83

4 • A natureza é um sistema integrado porque suas partes se completam, 84 5 • A natureza é um sistema organizado e integrado, 85 6 • Biomas brasileiros e o bioma Amazônia, 86 7 • Biomas brasileiros, 88

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 89

Capítulo 6 – Equilíbrio e fragilidades da natureza da Amazônia, 92 1 • Como um ecossistema entra em crise ou desequilíbrio, 94 2 • O caso das abelhas africanas, 94

3 • O caso do caramujo africano, 95 4 • Os jacarés do Pantanal, 95

5 • O desequilíbrio em terras indígenas, 96 6 • O caso do “mal das folhas”, 98

7 • A Amazônia é um bioma ou um macroecossistema a ser conservado, 100 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 101


Capítulo 7 – Exuberância e fragilidades da natureza amazônica – isto é uma contradição?, 104 1 • É uma contradição? Não, não é uma contradição!, 106

2 • Como uma natureza tão exuberante e rica pode ser, ao mesmo tempo, um bioma tão frágil?, 106 3 • Biomassa: conceito e importância, 107

4 • A floresta também alimenta o solo de uma forma que você não vê, 109 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 111

Capítulo 8 – Funções pouco conhecidas da floresta, das matas ciliares e do solo, 114 1 • A mata evita a lixiviação dos terrenos, 116

2 • As matas ciliares evitam o desmoronamento dos barrancos de rios, o assoreamento dos rios e protegem o solo contra as enxurradas e a erosão, 117 3 • As árvores também protegem os solos dos raios solares, impedindo que eles sejam queimados e fiquem desnutridos, 119

4 • A proteção da floresta é ainda mais importante nas terras próximas do Equador, 120 5 • As matas ciliares fornecem alimento para os peixes e outros animais que vivem nas águas ou nas terras marginais, como os caranguejos, 122 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 124

Capítulo 9 – Biodiversidade da Amazônia: uma riqueza incomparável, 128 1 • O que é biodiversidade?, 130

2 • A incomparável biodiversidade da Amazônia, 131

3 • A ECO-92 ou RIO-92 popularizou o termo biodiversidade no mundo científico e mesmo fora dele, 134

4 • A biodiversidade da região pode ser a chave para a nossa sobrevivência e para o nosso desenvolvimento, 137

5 • A biodiversidade amazônica será um cofre fechado do qual se perdeu a chave?, 138 Atividades dos alunos com o apoio do professor, 142


Capítulo 10 – Além de uma megabiodiversidade, os rios amazônicos apresentam cores variadas, 144 1 • A Amazônia, diferentemente de muitos lugares do mundo, tem rios de várias cores, 146

2 • Rios de águas barrentas, 147 3 • Rios de águas claras, 147

4 • Rios de águas esverdeadas, 148

5 • Rios de água escura ou água preta, 148

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 149

Capítulo 11 – A biodiversidade regional em perigo: o modelo econômico e seu rastro de destruição, 152 1 • A perda da biodiversidade do mundo começou há séculos – o Brasil é um exemplo, 154

2 • A desproteção de animais vulneráveis aos ataques de predadores (humanos e animais), 156 3 • Os desmatamentos, 159

4 • O velho modelo econômico, agora travestido de “moderno”, 160

5 • O paradoxo da destruição: os estados mais desmatados apresentam Índices de desenvolvimento humano - IDH muito baixos, 165

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 166

Capítulo 12 – Reações de combate à destruição da natureza, 168 1 • O desmatamento na Amazônia é uma afronta à racionalidade humana, 170 2 • O arco do desmatamento, 171

3 • As primeiras medidas efetivas de proteção, 171

4 • Novas leis estabelecem normas mais rígidas e possibilitam a criação de unidades de conservação ambiental, 173

5 • Os bancos genéticos – uma solução paliativa, mas necessária, 175 6 • Armazenar espécies – é possível isto?, 176

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 178


Capítulo 13 – O extrativismo, 180 1 • O extrativismo vegetal, 182

2 • O extrativismo animal, 187 3 • Extrativismo mineral, 189

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 191

Capítulo 14 – Os recursos minerais da Amazônia – uma nova riqueza!, 194 1 • Um pouco da história dos minerais, 196 2 • Classificando os minerais, 198

3 • Jazida e mina - qual a diferença?, 198

4 • Principais províncias minerais da Amazônia, 201

5 • Para que servem os principais recursos minerais que temos na Amazônia, 204 6 • Recursos naturais renováveis e recursos naturais não renováveis, 207 7 • Os minerais em nosso cotidiano, 210

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 211

Capítulo 15 – As hidrelétricas na Amazônia: problema ou solução?, 214 1 • As hidrelétricas na Amazônia têm gerado muita polêmica e grandes problemas, 216 2 • Por que foi construída a hidrelétrica de Tucuruí?, 217 3 • Os grandes enclaves amazônicos, 219

4 • A hidrelétrica de Tucuruí entra na história da Amazônia no bojo da crise do petróleo, 220

5 • Os problemas ambientais durante e depois da construção da hidrelétrica, 224 6 • Os problemas sociais, 226

7 • Os índios atingidos pela barragem, 228 8 • A quem a hidrelétrica beneficia?, 230

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 231


Capítulo 16 – As hidrelétricas na Amazônia: os casos de Balbina e Belo Monte, 234 1 • A hidrelétrica de Balbina, no Amazonas, 236

2 • Há alguma relação entre Tucuruí, Balbina, Belo Monte e outras grandes obras?, 239 3 • Quanto vai custar a hidrelétrica?, 240

4 • Como se pode avaliar a política energética do governo federal voltada para explorar o potencial hídrico da nossa região por meio de grandes obras?, 241 5 • Há outras alternativas mais baratas e menos problemáticas para garantir energia elétrica, que não seja construindo Belo Monte?, 242

6 • O que fazer com o potencial hidrelétrico da Amazônia, 242 7 • Possibilidades alternativas de uso de energia, 243 8 • Matriz energética brasileira, 245 9 • Os impactos sociais, 246

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 250

Capítulo 17 – As hidrovias na Amazônia – conceito e importância, 252 1 • As hidrovias na Amazônia, 254

2 • Diferença entre rios e hidrovias, 256

3 • Principais hidrovias da Amazônia, 258

Atividades dos alunos com o apoio do professor, 268

Capítulo 18 – É possível combinar desenvolvimento com meio ambiente?, 270 1 • As políticas dos governos para a Amazônia têm sido quase sempre equivocadas, 272 2 • A forma como está sendo buscado o desenvolvimento regional vem perpetuando a pobreza na região, 274

3 • A ciência poderá solucionar os problemas que provocamos com os nossos desatinos?, 274

4 • Como surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável?, 275

5 • O desenvolvimento sustentável não visa apenas a sustentabilidade ambiental, 276 6 • O que se espera por parte dos governos?, 278


Capítulo Capítulo

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A Amazônia Brasileira e a Região Norte

Floresta Amazônica. Foto: Divulgação/EBC 14

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


Objetivos do Capítulo

3. Discutir o conceito de Amazônia.

A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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1

2. Mostrar a diferença entre Amazônia, Região Norte e Amazônia Clássica.

Capítulo

1. Apontar as principais características da Amazônia: a vasta planície; a variedade e riqueza da floresta; a maior bacia hidrográfica do mundo.


As florestas do mundo ocidental e a relação dos povos com elas

Capítulo

1

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O Brasil é o 5º maior país do mundo em extensão, com 8.511.965 km². Para facilitar, podemos arredondar este número e dizer que o país tem 8.500.00 km² de extensão. Os 4 maiores que ele são a Federação da Rússia, com 17 milhões de km² (na verdade ela é formada por 21 repúblicas independentes que aderiram à Federação da Rússia após a dissolução da antiga União Soviética, em 1991); o Canadá com 9,9 milhões de km²; a China com 9,5 milhões de km² e os Estados Unidos com 8,7 milhões de km². O Brasil tem a vantagem de ter a maior área utilizável para a agricultura porque o país não é afetado por geleiras, não tem áreas excessivamente frias, não há desertos ou outros graves impedimentos à vida humana; as poucas áreas inóspitas ocupam uma extensão de terras reduzida, quando se leva em conta o tamanho do país. Como consequência disso, a maior parte do território do país é habitável, embora nem todo ele esteja ocupado. Mas, este não é o caso das florestas da Amazônia. Elas são habitadas por índios, quilombolas (habitantes de antigos quilombos), caboclos, naturais da região como extratores de castanha, seringa etc, pescadores, colonos e ribeirinhos em geral; há os imigrantes antigos, que chegaram há décadas com suas famílias e também os novos, que vieram para a região mais recentemente. Dos 734.127 índios brasileiros que o Censo Demográfico de 2010 registra, 213.637 (portanto 29%) habitam na Região Norte.

Xamã – chefe religioso que pratica rituais de cura, faz aconselhamentos, trata de doenças do corpo e do espírito; mais conhecido na Amazônia como pajé.

Encontro de xamãs Yanomami em 2011

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Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


As florestas amazônicas são diferentes das florestas da América do Norte e da Europa, onde já há poucas matas originais e as que existem não apresentam uma grande variedade de espécies, o que dificulta a vida humanas nelas. Na Europa ainda existem algumas áreas de mata primária (ou original), situadas principalmente na Alemanha e na Polônia; a Rússia possui enormes florestas primárias mas, grande parte delas está situada em áreas excessivamente geladas; no resto da Europa há algumas pequenas florestas primárias, em geral situadas nas altas montanhas, onde o acesso humano é muito difícil. O mesmo acontece com os países da América do Norte. Os Estados Unidos e o Canadá possuem vastas áreas de florestas nativas, mas muitas delas estão situadas em zonas frias e de montanhas; na Rússia, enfim, em todo o norte da Europa e da Ásia há ainda extensas florestas; são as florestas boreais, muito diferentes das florestas tropicais, como as que predominam no Brasil.

Coníferas – um tipo de pinheiro que tem o formato de um cone; é próprio de florestas boreais.

Trecho de uma floresta boreal. Foto: Domínio Público/Robert Nathan Garlington

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A Amazônia Brasileira e a Região Norte

Capítulo

As florestas boreais estão situadas em áreas excessivamente frias, com neve e solo frio ou mesmo petrificado pelo gelo durante grande parte do ano; suas árvores são resistentes ao frio, mas apresentam um crescimento muito lento; algumas espécies levam séculos para atingir uma altura razoável. Apresentam uma variedade pequena de espécies. Predominam as chamadas “coníferas”. Quase 40% das florestas do planeta são desse tipo (www.educacional.com.br/reportagens/florestas/parte-04.asp). Além de ser difícil a permanência humana nelas, os próprios animais e vegetais têm dificuldade de sobreviver nesses espaços onde a natureza é pobre.


Capítulo

1

Nas áreas mais quentes dos países desses continentes a maior parte das florestas existentes é formada por florestas plantadas para fins comerciais, onde predomina o pinus, um tipo de pinheiro de crescimento rápido e que se presta para muitas finalidades, especialmente para fazer móveis, casas e para uso geral na construção civil. Por essas razões, as florestas dos países europeus, norteamericanos e asiáticos (exceto a Índia e alguns países menores), acabam sendo um pouco parecidas umas com as outras – floresTrecho de floresta original americana. Foto: Domínio Público/Divulgação tas boreais ao norte e florestas plantadas na maior parte das regiões de clima mais quente; em ambos os casos há pouca diversidade de espécies animais e vegetais. Por essas razões todas as florestas desses continentes são quase totalmente desabitadas há muito tempo.

Madeiras de florestas plantadas, conhecidas como florestas comerciais

As florestas amazônicas não são diferentes delas somente na paisagem, nem na variedade de espécies que apresentam. São diferentes em quase tudo, especialmente na relação com os povos. Nossos índios, caboclos, ribeirinhos em geral, não somente habitam nas florestas, como precisam delas para sobreviver. Já a maior parte dos índios dos Estados Unidos e Canadá praticamente não depende das florestas para sobreviver ou nem sequer vive nelas. Nesses dois países muitos índios são empresários ou recebem dinheiro de empresas que exploram petróleo ou outras atividades econômicas em suas terras. Mas 18

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


há também índios que são pastores, agricultores ou artesãos. Enfim, a natureza amazônica e os povos que nela vivem são muito diferentes dos povos e da natureza dos demais países do mundo.

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As regiões brasileiras e a Região Norte

O Brasil apresenta cinco grandes regiões geográficas: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Embora o nome oficial das regiões brasileiras seja “Grande Região”, comumente elas são conhecidas simplesmente pelo nome de regiões. No mapa a seguir você pode ver as cinco regiões brasileiras: Norte, Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Mapa: Regiões Brasileiras

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A Amazônia Brasileira e a Região Norte

Capítulo

A Região Norte está apresentada em verde; veja a posição dela ao norte do país mas, estendendo-se para o oeste e o centro do país; observe que, embora os estados do Amazonas, Acre, Rondônia estejam localizados na Região Norte, grande parte de suas terras está estendida para o oeste da região. Roraima situa-se no extremo norte mas, se olharmos a linha branca vertical da fronteira que separa o Pará do Amazonas, vemos que metade da região fica do lado leste da linha (é a chamada Amazônia Oriental); a outra metade fica do lado oeste da linha (é a chamada Amazônia Ocidental). Em outras cores figuram as demais regiões.


3

Vamos deixar claro o que é a Região Norte para não confundi-la com o termo “Amazônia”. O termo “região” (aplicado à Região Norte ou a qualquer outra das demais regiões brasileiras) serve para expressar, simplesmente, uma divisão geográfica, econômica e política do país. Ele leva em conta a posição de uma parte das terras brasileiras em relação aos pontos cardeais. Norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste são designações empregadas apenas como termos norteadores da localização das regiões no espaço do país. Além da localização, essas expressões indicam as duas outras características mencionadas acima – são divisões geográficas e políticas; e nada mais que isto. Atualmente são 7 os estados que formam a Região Norte: Rondônia, Roraima, Amazonas, Acre, Pará, Amapá e Tocantins. O mapa abaixo mostra os estados da Região Norte. Ela abrange todos os estados situados na parte norte Mapa: Região Norte e seus pontos extremos

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A Região Norte e seus pontos extremos. Vetorização: Márcio Serra

do Brasil; eles pertenceriam à Região Norte mesmo que tivessem uma natureza bem diferente uma da outra, porque o que define a que região um estado pertence é a posição dele no mapa. A Região Norte estende-se desde o ponto mais extremo do norte do Brasil (o Monte Caburaí, em Roraima), atingindo também o ponto mais a oeste do país (a nascente do rio Moa, situada no Acre). Pelo lado leste a Região Norte faz fronteira com o Oceano Atlântico, que banha os estados do Amapá e Pará e, ainda pelo leste,

Arroio Chuí (RS)

20

S Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


faz limite com o Maranhão e a Bahia. Estende suas terras em direção ao centro do Brasil, fazendo fronteira com outros estados brasileiros que pertencem à Região Centro-Oeste; pelo lado oeste a Região Norte limita-se com outros países. Aliás, a maior parte das fronteiras do Brasil faz limite com terras de outros países da América Latina. O Brasil possui 23.000 km de fronteiras, sendo 7.300 km de fronteiras marítimas; mas há uma extensa fronteira terrestre de 15.700 km. Ela é mais comumente conhecida pelo termo “fronteira seca”, em contraposição ao termo “fronteira marítima” (banhada pelo Atlântico). Em consequência, a entrada e a saída de pessoas, veículos e cargas do país pelo lado oeste tornam-se fáceis. Por sua vez, a fiscalização desse lado da fronteira enfrenta grandes dificuldades pelo fato de que não há barreiras geográficas difíceis de transpor Mapa: Pontos Cardeais do Brasil e (montes ou outras quaisquer) os 7 estados da Região Norte e a fronteira é muito extensa, difícil de fiscalizar. N

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Capítulo

SUDESTE

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A fronteira terrestre estende-se pelo norte do Brasil e vai descendo pelo noroeste, oeste, sudoeste até chegar ao sul. A maior dificuldade de fiscalização do território brasileiro encontra-se justamente na fronteira dos estados amazônicos, devido à floresta. A facilidade de contato com outros países é desejável porque integra os povos e governos da América Latina e torna mais próxima a relação entre eles; por outro lado, ela possibilita a entrada de imigrantes ilegais, isto é, sem visto de entrada no país; não dispondo de documentos regularizados, mas precisando trabalhar, esses imigrantes, com muita frequência, acabam na condição de trabalhadores escravos: são obrigados a aceitar longas e exaustivas jornadas de trabalho, salários indignos e condições precárias

SUL

Fonte: IBGE / Vetorização: Márcio Serra

A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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A mais extensa das cinco regiões brasileiras é a Região Norte. A Região Norte tem 3.869.637 km² de extensão. Como o Brasil tem 8.500.000 km² e a Região Norte tem 3.850.000 km² (em números arredondados), ela corresponde, portanto, a uma área que tem quase a metade da extensão do país (45%). Dissemos já que, quando falamos em Região Norte, estamos fazendo referência à posição geográfica. A Região Norte é constituída pelos dois maiores estados brasileiros – o Amazonas, que tem mais de 1.500.000 km² (exatamente 1.564.445 km²) e o Pará – com mais de 1.200.000 km² (exatamente 1.248.042 km²). Se somarmos a área desses dois estados, o total em km² corresponde a 30% da extensão territorial do Brasil. Os outros 5 estados menores do que os dois primeiros são: Acre, Amapá, Roraima, Rondônia e Tocantins. Fica claro o conceito de Região Norte: região que reúne os estados que formam um conjunto físico, político e geoeconômico situado na parte norte do Brasil, ocupando um total de 3.850.000 km² (em números arredondados). O mesmo é válido para as demais regiões – o que se leva em conta é a posição de cada uma no mapa do Brasil. Mapa: Como estão distribuídas as áreas da Região Norte entre os 7 Estados que a integram, em percentual (%):

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1 Capítulo

de vida. Além deles é também frequente o contrabando de mercadorias, o tráfico de drogas e armas, a entrada e saída de criminosos, a biopirataria (contrabando de espécies naturais da região, como plantas para fabricação de medicamentos, cosméticos) e a saída de animais silvestres da região, como pássaros, mamíferos e peixes ornamentais (peixes coloridos usados em aquários) para venda no exterior.

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Vetorização: Márcio Serra

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Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


Tramitam no Congresso Nacional vários projetos propondo a divisão RR do Amazonas e Pará, criando outros AP novos, porém menores. Dividir esses Rio Negro dois estados em estados menores é um tema que vem sendo discutido há maisPará de uma década. Entretanto, Tapajós o aumento do número de governaAmazonas Solimões dores, senadores, deputados federais Carajás e estaduais, de centenas de câmaras de vereadores, de órgãos públicos e AC de outros recursos administrativos de RO TO que um estado precisa, não vai tornar AP a situação da Amazônia melhor do que é hoje. Ao contrário, apenas aumentará as despesas públicas à custa Pará dos impostos pagos pela sociedade. A Tapajós região precisa de proteção ambiental e de políticas eficientes, voltadas para Carajás o seu desenvolvimento social e econômico e não de mais órgãos e mais autoridades. Vetorização: Márcio Serra

Mapa: Projetos de divisão dos Estados do Amazonas e do Pará

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Quando falamos em Amazônia estamos falando em natureza

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A Amazônia Brasileira e a Região Norte

Capítulo

O conceito de Amazônia é um pouco mais complexo do que o de Região Norte. “Amazônia” é um Amazônia – é o conceito natural: ele considera as tertermo empregado ras que ficam na bacia amazônica, a quando a região é pensada, referida floresta, as terras que compõem o ou estudada universo físico da área e outros elepelo seu ângulo mentos. A bacia abrange o rio Amanatural, expressão que usamos zonas, seus afluentes e seus subaquando estamos fluentes (afluentes dos afluentes); considerando além desses, há milhares de cursos os aspectos da natureza. d’água menores. É, portanto, diferente do conceito de Região Norte. Quando estamos mencionando o termo Região Norte estamos em simplesmente fazendo referência aos estados do Castanheira Tamaniquá, Amazonas. norte do Brasil. Ao mencionarmos o termo Ama- Foto: Marcos Nozella - Flickr


Podemos dizer que “a Amazônia é um domínio (natural) flúvio–florestal”. Esta definição é de um grande geógrafo brasileiro – Orlando Valverde, ex-presidente do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, já falecido. Ele nunca publicou em livro esta bela e precisa definição de “Amazônia”, mas a autora deste livro registrou sua definição ao ouvir uma palestra proferida por ele e quer fazer justiça àquele geógrafo. Ele não teve tempo de vida para publicar seu último livro, onde a definição certamente constaria. De fato, a Amazônia é marcada pela presença de sua enorme bacia hidrográfica (fluvial) que, em toda sua extensão, somando as áreas que ficam dentro e fora do Brasil, abrange um total de 7.500.000 km² (Cons. Nac. de Geog.). Desse total, uma grande parte está recoberta por uma vasta e exuberante floresta tropical. A floresta em sua totalidade

Flúvio ou fluvial – referente a rio; e florestal, referente à cobertura de florestas da região. Curso d’água – é qualquer corrente natural de água que flui pela superfície da terra. Rios, córregos, riachos, regatos, ribeiros, etc são cursos d’água.

(dentro e fora do Brasil) tem cerca de 5.500.000 km², estando grande parte dela situada dentro do Brasil (por volta de 3.800.000 km²). Mas, nem tudo que se encontra nesses 7.500.000 km² é floresta densa (compacta, cheia). Embora a maior parte seja realmente de floMapa: Principais rios da Bacia amazônica

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Vetorização: Márcio Serra

resta densa, há também as florestas abertas, as florestas de mangais e outros tipos de paisagens naturais. Este é o conceito geográfico de “Amazônia” - uma rica região em cuja natureza se destacam 3 elementos: os rios, as florestas e a planície. 24

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


Há muitas outras definições, como por exemplo: a Amazônia é um sistema natural que se caracteriza, principalmente, pela presença marcante de uma enorme bacia hidrográfica, pelas terras banhadas ou próximas dos rios da bacia e cobertas pela floresta tropical úmida. Ou ainda: é o bioma que forma o maior Bioma – bio = vida + oma = grupo, conjunto, comunidade.

complexo natural da América Latina e que tem como características os rios, as florestas e a planície. Para completar a definição pode-se acrescentar que a Amazônia é o maior bioma brasileiro.

Um bioma é um espaço geográfico natural no qual as terras e a vida animal e vegetal que o compõem compartilham de muitos pontos comuns, isto é, pontos que são semelhantes: rios, clima, vegetação e outros. Eis alguns exemplos de biomas que existem no mundo: desertos frios, desertos quentes, florestas tropicais etc. Em outro capítulo trataremos com maior detalhe dos biomas brasileiros. O que mais define a Amazônia são os rios e a floresta; pode-se incluir ainda como característica básica sua imensa planície. Se, por acaso, o Estado de Roraima (o mais ao norte do Brasil) não fosse atingido por nenhum rio da bacia amazônica e não houvesse nele nenhum trecho da floresta amazônica, ainda assim ele pertenceria à Região Norte, por causa de sua posição no mapa do Brasil; mas não pertenceria à Amazônia. Você entendeu, agora, os dois conceitos: o de Amazônia e o de Região Norte?

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Aliás, muitos geógrafos não consideram o rio Pará como um rio e sim como um “paraná”, isto é, um canal na-

Capítulo

O Estado do Tocantins é cortado verticalmente por dois grandes rios que correm quase paralelamente do sul daquele estado (onde ambos nascem), seguindo na direção norte e entrando no Pará; eles formam a bacia do Tocantins-Araguaia, sendo portanto uma outra bacia. Ambos os rios vão se juntar ao rio Pará, quando o rio Pará (este, sim, faz parte da bacia amazônica) já está muito próximo do ponto em que este rio se lança na foz do rio Amazonas, embora os dois rios façam parte de bacias diferentes.

Vetorização: Márcio Serra

O rio Tocantins pertence à bacia amazônica?

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Bacia Tocantins-Araguaia A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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Apesar de independentes, parte da área da bacia do Tocantins-Araguaia tem características idênticas às da bacia amazônica. Por esta razão praticamente todos os mapas juntam as duas bacias, incluindo a bacia dos rios Tocantins-Araguaia na mesma área da bacia amazônica.

6

Amazônia Clássica

Nos séculos XVIII e XIX a Amazônia foi visitada e estudada por muitos naturalistas, em especial alemães e ingleses. Vários deles deixaram relatos e descrições importantes que servem hoje de fonte de estudo para sabermos como era a Amazônia no passado e até mesmo quem eram os indígenas que aqui viviam e como viviam. Os naturalistas eram cientistas que se dedicavam ao estudo da natureza, especialmente da flora, da fauna e das águas dos rios. Atualmente o termo “naturalista”, no sentido de cientista, quase não é mais utilizado porque a ciência se desenvolveu a um ponto tal que cada ciência trata de um aspecto específico da natureza e não como os naturalistas faziam - eles estudavam a natureza em geral. Foi assim, pelo ângulo Mapa: Bacia Amazônica da natureza que os primeiros naturalistas começaram a fazer incursões (entradas) RR para conhecerem a região RR AP AP -apenas pelo seu aspecRio Negro to físico e numa época em que não havia divisões poTapajós AM PA líticas (isto é, fronteiras deAmazonas Solimões marcadas) ou outras quaisAC quer (havia apenas a linha AC RO TO imaginária do Tratado de RO Tordesilhas). Eles se voltaMT vam para o conhecimento da bacia do rio Amazonas, Vetorização: Márcio Serra mas não penetraram muiRio N

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1 Capítulo

tural ou um braço de rio que sai do rio principal, faz uma alça ou curva (deixando uma ilha no meio) e entra de novo no mesmo rio, porém já mais em cima ou mais embaixo. Por nascerem sem qualquer ligação com a bacia amazônica e pelo fato de só se juntarem ao Amazonas quando este já está findando o seu curso, os dois rios – Tocantins e Araguaia – apesar de extensos e largos não contribuem para a formação do Amazonas. Portanto, eles não pertencem à bacia amazônica; eles compõem uma bacia indepenente.

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


Federação – é uma forma de Estado em que suas várias unidades (estados, territórios, distrito federal) gozam de uma certa autonomia, pois possuem leis próprias, autonomia administrativa, orçamentária e outras. Mas, numa Federação, como é o caso do Brasil, Estados Unidos, Argentina e dezenas de outros países, todas as suas unidades obedecem a uma mesma constituição, às mesmas leis federais e formam juntas um único Estado, uma única nação; as unidades federadas são inseparáveis da Federação (ou União).

to longe em seus afluentes, não conheceram a região em toda sua abrangência. Limitaram-se mais ao rio Amazonas e aos seus grandes afluentes, ou seja, os rios que se situam nos estados da Região Norte. Eles conheceram o que chamamos de Amazônia Clássica. O termo “clássico” é empregado como sinônimo de algo que é tradicional, antigo, exemplar, que vem de longa data. Falamos em Amazônia Clássica justamente porque o termo se refere aos primeiros estudos científicos feitos sobre a área abrangida pelas seis unidades federativas que até 1988 compunham a Região Norte. Dessas unidades da Federação três eram estados: Amazonas, Acre e Pará; as demais unidades eram territórios federais –Território Federal do Amapá, Território Federal do Rio Branco (atual Roraima) e Território Federal do Guaporé (atual Rondônia). O Estado do Tocantins não existia. (O Acre deixou de ser território e foi elevado à categoria de estado em 1962, na gestão do Presidente João Goulart – o presidente deposto pela ditadura militar de 1964. Os demais somente passaram a estado pela Constituição de 1988). Nesse antigo formato, a Região Norte (com seis unidades) era denominada igualmente de Amazônia Clássica ou ainda Amazônia Geográfica, porque era composta apenas por estados e territórios

totalmente amazônicos. Neles predomina a floresta alta, densa – a chamada hyleia ou hileia, que significa floresta selvagem. De fato, até por volta dos anos de 1970 a floresta amazônica estava ainda muito bem conservada, embora não fosse “selvagem” (até 1970 apenas 3% da floresta amazônica haviam sido destruídos). Mas, para os naturalistas, que vinham de países onde as florestas nativas jamais foram altas e densas, ela se afigurava como algo “selvagem”; num certo sentido, eles não estavam totalmente desprovidos de razão porque, estando a floresta bem conservada, sua flora e sua fauna eram abundantes.

A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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1

Um dos argumentos dos defensores da criação do Tocantins era o de que a área do novo estado tinha características amazônicas e que, portanto, se integraria perfeitamente ao conjunto que formava a Amazônia Clássica ou Geográfica, o

Capítulo

Quando mencionamos o termo Amazônia Clássica, se dissermos que estamos nos referindo à Região Norte (tal como ela é hoje, com seus sete estados), não estamos sendo precisos. É necessário explicar que estamos nos referindo à Região Norte no seu antigo desenho, quando era composta por seis unidades da Federação, integralmente amazônicas; isto é, todas as partes de seus territórios integram completamente a Amazônia e não apenas uma parte, como é o caso do Tocantins, cujas terras se vinculam a duas bacias distintas.


1 Capítulo

que não é exato porque apenas uma pequena área do Tocantins é verdadeiramente amazônica - 9% apenas. Com a entrada do Tocantins, o conjunto de sete deixou de ser a Amazônia Clássica – a coincidência acabou. Com o ingresso do Tocantins na Região Norte o desenho original foi modificado. Mas o conjunto antigo, de seis unidades, este, sim, permanece sendo chamado de Amazônia Clássica. Outro argumento por ocasião da criação do Estado do Tocantins era o de que a parte que passaria a ser o novo estado não pertencia, realmente, à Região Centro-Oeste e sim à Região Norte; e que o estado (de Goiás) deveria ser dividido, ficando sua parte norte na Região Norte e o restante na Região Centro-Oeste; portanto, o novo estado deveria se juntar às seis unidades federativas que compunham a Região Norte. Se olharmos no mapa, veremos que, de fato, o Estado de Goiás em seu desenho antigo estava distribuído entre as regiões Norte e Centro -Oeste, já que suas terras se distribuíam verticalmente pelas duas regiões. Assim sendo, quando falamos em Amazônia Clássica e sua identidade com a Região Norte, não estamos nos referindo à atual Região Norte, com seus sete estados e sim à Região Norte, como ela era num passado ainda muito recente (1988). O Estado do Tocantins foi criado pela Constituição de 1988. Ele nasceu de uma área do norte de Goiás, que foi desmembrada para formar o novo estado. Com a inclusão do Tocantins, o termo Amazônia Clássica passou a ser menos empregado, limitando-se a situações em que queremos nos referir aos estados integralmente amazônicos. Por sua vez, a expressão “Amazônia brasileira” passou a ser a mais frequente, já com a inclusão do Tocantins, ou seja, Amazônia brasileira e Região Norte passaram a funcionar como expressões sinônimas. EviMapa: Amazônia Clássica - Região Norte até 1988

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Vetorização: Márcio Serra

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Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente

OCEANO ATLÂNTICO


dentemente que, quando se fala agora em Amazônia brasileira, não estamos nos referindo mais à Amazônia Clássica . Apesar de ter partes amazônicas, o Estado do Tocantins não é integralmente amazônico. Na verdade, o Tocantins fica mais propriamente localizado na bacia dos rios Tocantins-Araguaia; a parte amazônica contida naquele estado é de apenas 9% do seu território, enquanto o restante é composto pelas terras ligadas à bacia do Tocantins-Araguaia (segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em todas as estatísticas, oficiais ou não, o Tocantins está incluído na Amazônia (quando se referem a essa região); o mesmo acontece quando as estatísticas se reportam à Região Norte. Deve-se admitir que há boas razões para isto: como há uma continuidade de floresta, uma semelhança de solos e clima entre as duas bacias e, como elas são unidas, uma dando continuidade à outra, o Tocantins é considerado como pertencendo à Amazônia geográfica brasileira; pelas razões citadas – semelhanças e continuidade entre as duas bacias - o Estado do Tocantins acaba sendo referido como se fosse totalmente amazônico, o que, rigorosamente, não é bem exato, mas, de certa forma, se explica e se justifica devido a esta situação muito particular da geografia daquele estado.

7

O nascimento de uma consciência ecológica

No início de sua história como ciência, a geografia estudava simultaneamente a natureza, a sociedade e as atividades econômicas desenvolvidas no espaço estudado. Essa integração era perfeita e necessária, já que há uma integração desses elementos. Cada um deles age sobre os demais e, assim, em cadeia, a sociedade vai provocando modificações no território; ou, ao contrário, um acontecimento geográfico pode desencadear mudanças no espaço e estas modificações interferem na forma como as sociedades estruturam suas atividades econômicas. E, assim, ciclicamente, os três elementos encontram-se em permanente transformação.

A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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1

Somente a partir dos anos 70, após a ida do homem à lua, quando os satélites puderam nos fornecer informações mais precisas sobre o planeta, é que

Capítulo

Com o desenvolvimento da ciência e a multiplicação das especializações, essa forma de estudo acabou se perdendo (parcialmente, é verdade) e esta perda de unidade trouxe problemas de vários tipos. Um deles foi o de não perceber os vários aspectos de um acontecimento. Por isto, a humanidade custou a perceber que o planeta Terra encontrava-se em risco de esgotamento, como consequência da exploração desordenada da natureza em nome do progresso.


Capítulo

1

os cientistas compreenderam que a natureza não é um bem a ser consumido pela sociedade até o seu limite. A partir daí os estudos têm sido numerosos e a divulgação dos seus resultados também. Atualmente uma parte considerável da humanidade começa a compreender que: a) houve um ultrapassamento da capacidade de regeneração da natureza do planeta; b) que sociedade e natureza são elementos integrados e que um precisa do outro; c) que é preciso desenvolver uma consciência ecológica na humanidade e uma mudança de comportamento em relação à natureza. Pode-se dizer que, somente após a ida do homem à Lua, com as fotografias da terra como uma pequena bola azul a rolar fragilmente no espaço, o homem começou a tomar consciência da necessidade de uma nova ética frente à natureza. Esta consciência veio a ocorrer tardiamente? É provável que sim; mas, também, pode ser que não. Talvez tenhamos tempo de salvar o planeta de um desgaste maior e, especialmente, devemos nos esforçar por conservar a natureza do país e da bela região em que vivemos.

Atividades dos alunos com o apoio do professor VERIFICANDO O CONHECIMENTO, FAZENDO DEBATES E EXERCÍCIOS COM OS ALUNOS Capítulo 1 – A Amazônia Brasileira e a Região Norte 1 Introdução à discussão A bacia do rio Amazonas é a que possui o maior número de cursos d’água (rios e igarapés), é a maior em volume d’água e aquela onde se encontra o maior rio do mundo em volume d’água e em extensão. O rio Amazonas recebe águas de aproximadamente 7 mil cursos d’água. Os igarapés jogam suas águas nos rios médios; os rios médios jogam suas águas nos rios grandes, os grandes jogam suas águas no Amazonas e o Amazonas joga suas águas no Oceano Atlântico. 2 Pontos para refletir e discutir em sala de aula a) Não há rios grandes se não houver rios pequenos. Tudo que se faz em pequena escala acaba tendo consequências para todos. b) Como todos os rios de uma bacia estão interligados, se um igarapé ficar poluído, por exemplo, pelo lixo de uma feira que é jogado nele, esse lixo vai poluir não apenas o igarapé onde o lixo é jogado, mas os rios onde ele lança suas águas. 30

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente


3 Para discutir e opinar a) Se é assim, por que as prefeituras não retiram todas as feiras e os lixões de perto dos rios? b) Jogar lixo nas ruas e em igarapés, aterrar igarapés, desmatar a floresta, tudo isto é crime ecológico previsto em lei. Por que as pessoas continuam a ter esse tipo de comportamento? 4 Curiosidades a) Você sabia que, no passado, as cidades da Região Amazônica tinham mais rios do que atualmente? É que, por falta de conhecimento, irresponsabilidade, menosprezo pela natureza, muitos dos igarapés foram aterrados. Até meados do século XX isto podia ser justificado porque as pessoas sabiam pouco sobre o planeta Terra. Entretanto, depois que os satélites evoluíram e começaram a fotografar diariamente a Terra, temos informações suficientes sobre o planeta. Agora sabemos os malefícios que este tipo de ação provoca. Logo, não se justifica mais que isto aconteça. b) As florestas tropicais são florestas que se situam entre os Trópicos de Câncer e o de Capricórnio. Ocorre que algumas delas estão mais próximas do Equador (norte e sul do Equador) e outras mais distantes. As amazônicas estão mais próximas, por isso pode-se dizer que elas se encontram em terras equatoriais. Dizer que elas são florestas equatoriais é dar uma informação mais precisa. Situam-se em áreas de clima quente e úmido, sem grandes variações de temperatura e com alta pluviosidade. Quanto mais perto do Equador, mais quente, mais úmida e mais chuvosa é a floresta. Apresentam abundante vegetação e enorme biodiversidade. Recebem sol forte durante o ano inteiro. Seus solos são geralmente pobres, formados principalmente de argila vermelha e de terrenos arenosos, sendo ambos pobres em minerais. As florestas tropicais costumam ser chamadas de “farmácias do mundo”, “laboratórios do mundo” ou por expressões semelhantes, porque mais de um quarto dos medicamentos naturais que conhecemos em todo o mundo foi encontrado e retirado delas; e boa parte dos remédios quimicamente trabalhados foram igualmente tratados cientificamente e fabricados a partir de espécies animais e vegetais desses “laboratórios do mundo”. – Você sabia que a floresta que você vê, bem ali, do outro lado de um igarapé, de um mangal ou de um rio da região, constitui-se nesse imenso laboratório do mundo?

Capítulo

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A Amazônia Brasileira e a Região Norte

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miolo impresso em papel couchê Fit Gloss Brilho 90grs e capa em Cartão Ningbo Star 250grs, em fevereiro de 2015, na Intergraf. Texto composto em Ebrima, corpo 12/16.

280

Amazônia: temas fundamentais sobre o meio ambiente



ISBN 978-85-65965-97-2

CULTURAL BRASIL 9 788565 965972

Amazônia • TEMAS FUNDAMENTAIS SOBRE O MEIO AMBIENTE

Este livro destina-se, em especial, a alunos e a professores de Geografia, Estudos Amazônicos e temas transversais dos últimos anos do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Mas pode ser lido, também, por alunos de universidades e outras pessoas interessadas na região, já que aborda temas fundamentais, porém de forma muito clara e didática.

Violeta Refkalesfsky Loureiro

A professora Violeta Refkalefsky Loureiro é socióloga por formação e se dedica ao estudo das políticas públicas, dos modelos de desenvolvimento intentados, seus impasses e impactos provocados sobre as populações da região. Para isto penetra na história da região. Mas analisa, também, com igual dedicação, as muitas possibilidades de construção de uma sociedade mais justa e mais em paz com a natureza amazônica. Sobre ela escreveu o saudoso geógrafo Aziz Ab’Saber, ainda hoje um dos mais respeitados cientistas sociais brasileiros: Violeta Refkalefsky Loureiro é uma das legítimas representantes da inteligência amazônica. Uma cientista social de grande maturidade, trabalhadora nata e incansável na pesquisa de campo e na elaboração de textos sérios e socialmente comprometidos. Como prêmio justo do seu desempenho na vida pública e como professora na universidade e pesquisadora, Violeta Loureiro tem viajado, multiplicando suas experiências de cientista social, participando de encontros e seminários em países da América Latina e Europa com lucidez e, sobretudo, com sua coerência intelectual.

Violeta Refkalesfsky Loureiro

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