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Ensino Híbrido: uma Mudança Significativa na Educação

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Quase todos os estudantes da educação básica no mundo têm aprendido em casa desde meados de março. À medida que o ano letivo atual termina, pais, professores e gestores estão olhando para 2021 e tentando descobrir como este ano será para a educação. Espera-se um retorno ao “normal”, mas é mais provável que, daqui em diante, as escolas tragam novidades vividas na experiência da pandemia, e uma delas é o ensino híbrido.

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Este conceito já é utilizado por algumas instituições, e não é de agora que se discute sua aplicação. A expressão data dos anos 2000 e deriva do termo blended learning. Hoje, na chamada era da informação, ensinando crianças e jovens completamente diferentes das gerações anteriores, mais do que nunca, é importante planejar o ensino levando em consideração as responsabilidades, as preocupações e as circunstâncias de todos. No entanto, as discussões sobre a aplicação do ensino híbrido primeiro precisam disseminar que ele é um conjunto maior de recursos e abordagens, e não apenas trabalhar um pouco remotamente e um pouco cara a cara.

O início dessa conversa parte do entendimento de que se trata de uma metodologia ativa, o que significa repensar a posição do professor e o seu papel em classe, bem como o do estudante, além do tipo de interação que será promovida. Não é apenas a inserção da tecnologia, é a promoção de uma experiência de ensino. De acordo com Fernanda Alves, líder da equipe pedagógica de Transformação Digital da Nuvem Mestra, para o ensino ser considerado híbrido é necessário haver, de alguma forma, evidência da aprendizagem dos estudantes, personalização do ensino e algum grau de autonomia, nem que seja poder decidir quando assistir ao material digital ou em que ritmo.

A abordagem só será bem-sucedida se a turma estiver fortemente envolvida na dinâmica e no funcionamento do curso. O papel ativo dos estudantes deve fazer parte das expectativas do planejamento e ser bem estabelecido desde o início. Por isso, liderar uma experiência de aprendizagem híbrida requer um conjunto diferente de estratégias. O primeiro passo para as escolas se adaptarem ao modelo é rever o currículo. “Entender quais são os objetivos do programa e, a partir desta análise, decidir o que pode ser entregue de forma online e o que, de fato, deve ser feito presencialmente. A segunda parte é decidir qual será a plataforma. A partir desta escolha, definir o que será entregue na escola e o que será entregue online.”, comenta Alves.

Desafios e Oportunidades do Ensino Híbrido

Uma das grandes lições que levaremos do isolamento social é como o estudante também pode se transformar em um produtor de conteúdo digital. Essa bagagem conquistada dificilmente se perderá, mas para o ensino híbrido se tornar uma realidade, é necessário pensar além. Alves divide a questão em duas frentes. A primeira diz respeito a algo já reforçado antes da pandemia, que é o letramento digital, ou seja, as habilidades digitais necessárias para participar ativamente das práticas sociais em um mundo altamente conectado. A segunda é a necessidade de repensar a abordagem vigente. Apenas inserir ferramentas tecnológicas em sala ou transpor as aulas presenciais para um meio digital não adianta. “A gente viu durante a pandemia várias notícias sobre os estudantes não abrirem o microfone e a câmera, mas uma aula não acontece só com o professor falando. Será preciso lidar com o que os jovens concebem como aula, inclusive dedicar tempo para ensinar o formato híbrido. Eles precisam aprender a aprender em novas condições. Algo que talvez até agora, com a urgência da situação, não houve tempo para abordar.”

Ao mesmo tempo, o professor também precisa descobrir como fazer a gestão de uma sala que é virtual e desenvolver habilidades novas. “Estas devem englobar a comunicação e a pesquisa no meio digital. Assim como aprender a dominar as ferramentas, o que inclui encontrar conteúdos e saber onde armazená-los, na nuvem ou nos dispositivos. Além da habilidade mais trabalhosa até agora, que é a criação de conteúdos digitais. Sejam eles um documento, uma apresentação ou uma avaliação”, aponta Alves.

O principal desafio para as escolas será garantir os meios tecnológicos, a conexão e a infraestrutura necessários a essa adaptação. Porém, as instituições também precisam investir na formação de seus educadores, tanto para garantir a eficiência do híbrido, quanto para que os docentes continuem seguros de seu papel. Afinal, mesmo sendo uma metodologia que espera uma postura ativa do estudante, o professor segue como o “designer da experiência”.

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