Rodrigo Barsi
FRENTE
A
Aerovista Luchtfotografie / Shutterstock.com
GEOGRAFIA Por falar nisso O homem é uma máquina maravilhosa movida a água, oxigênio e alimentos. Extremamente eficiente, o corpo humano tem a potência de uma lâmpada (100 W). Sua inteligência criou grandes obras e se engajou em guerras. Ao longo dos séculos, foi capaz de passar da pedra lascada às viagens para fora do Sistema Solar. E tudo isso, consome energia. Há um milhão de anos atrás, as necessidades do homem primi tivo eram cerca de 2 mil quilocalorias (kcal) por dia, extraídas a duras penas dos alimentos que conseguia. Há 7 mil anos o homem dominava a energia de animais de tração e com o tempo, dominou o fogo e passou a cortar lenha para se aquecer e cozinhar. No começo da Idade Moderna (1400 d.C.), o homem passou a utilizar as quedas d’água e os ventos para moer trigo e realizar outras tarefas. Água e vento são fontes renováveis de energia. A energia de origem fóssil também era utilizada, mas com baixa intensidade. O carvão mineral era a principal fonte não renovável. Com a Revolução Industrial, na segunda metade do século XIX, o homem desenvolveu a máquina a vapor e multiplicou ainda mais suas capacidades na indústria e no transporte. A população cresceu e, junto, o consumo de energia. No século XX, o homem tecnológico aprimorou a máquina a vapor e desenvolveu outras formas de aproveitamento de energia, principalmente aquelas renováveis, como os geradores eólicos, as fotocélulas e células a combustível, assim como combustíveis a partir da cana-de-açúcar, de óleos vegetais e biodigestores, ou seja, a necessidade de uso de fontes renováveis de energia passou a ser tema de discussão no nosso dia a dia. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
A09 A10 A11 A12
Fontes de energia alternativas II................................................... 396 Fontes de energia alternativas III.................................................. 403 Introdução ao estudo das indústrias............................................. 410 A indústria e as revoluções industriais.......................................... 415
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A09
ASSUNTOS ABORDADOS nn Fontes de energia alternativas II nn Energia Eólica nn Energia das Marés
FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVAS II Energia eólica A energia eólica é assim denominada, pois vem da energia cinética presente no vento, ou seja, nas massas de ar em movimento. O aproveitamento se dá por meio da conversão da energia cinética de translação em energia cinética de rotação. Os aerogeradores, ou seja, as turbinas eólicas são utilizadas para essa conversão e, consequentemente, na execução de trabalhos como bombeamento d’água, o que tipicamente ocorre em fazendas. A utilização da energia eólica, assim como a utilização da energia hidráulica, re monta a milhares de anos. Essas duas fontes alternativas de energia possuíam as mesmas finalidades há milhares de anos. Eram muito utilizadas para o bombeamento de água, para a moagem de grãos e outras aplicações relativas à energia mecânica. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), “para a geração de eletricidade, as primeiras tentativas surgiram no final do século XIX, mas somente um século depois, com a crise internacional do petróleo (década de 1970), é que houve interesse e investimentos suficientes para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala comercial”.
Figura 01 - Aerogerador típico
O potencial eólico de uma localidade requer trabalho sistemático, que envolve a coleta e a análise de dados sobre a velocidade e o regime de ventos. As estações mete orológicas são essenciais para essa finalidade. Potencial eólico No ano de 2001, o Ministério de Minas e Energia publicou o primeiro Atlas do Potencial Eólico Brasi leiro. Foi estimado que o território nacional possuía 143 gigawatts de potencial. Nesse caso, foram con sideradas torres com até 50 metros de altura. Com o avanço da tecnologia desse setor, a expansão des ses estudos acabou revendo o potencial dos estados brasileiros para aproximadamente 350 gigawatts, além da fabricação de torres com 120 metros ou acima dessa metragem. O potencial mundial gira em torno de 70 000 gigawatts. Os primeiros anemógrafos computadorizados e sen sores especiais para a geração de energia eólica no Brasil foram instalados no início da década de 1990 nos esta dos do Ceará e de Pernambuco (Fernando de Noronha). Os atuais aerogeradores
Opirus/Arte
O início do século XXI foi marcado pela escalada cres cente de aumentos nos preços do petróleo (passando de US$ 100 o barril), o que tem motivado, em aderên cia com as questões de aquecimento global do planeta, uma forte expansão na geração eólica centralizada. 396
Ciências Humanas e suas Tecnologias
No atual contexto tecnológico, os parques offshore, no exterior, já apresentam turbinas com potência entre 5 MW e 7 MW, com consequentes benefícios futuros para os projetos onshore. No Brasil, os parques onshore atuais são montados com turbinas de 3 MW, sobre torres de 100 m de altura ou mais. Há 10 anos, as turbinas eram de 1,5 MW, montadas em torres de 50 m. Já se estuda a criação de um aerogerador 100% nacional, com 3,3 MW. Potência instalada no Brasil
Figura 03 - Brasil: velocidade média anual do vento a 50m de altura
Figura 02 - Exemplos de turbinas eólicas (de cima para a baixo: pequena, média e grande).
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A09 Fontes de energia alternativas II
Opirus/Arte
Fonte: wikimedia commons
De acordo com o Ministério das Minas e Energia, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) foi o ponto de partida do setor eólico nacional, ao contratar em 2004 pouco mais de 1,4 GW de potência (54 usinas). Na época, essa era a mais cara e a menos desenvolvida das três fontes incentivadas, superando as tér micas, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas (PCH), com custo médio de 365 R$/MWh. O catalisador foi o primeiro leilão exclusivo para eólicas, em 2009, e iniciou a fase competitiva, na qual o parque mais eficiente e barato era o ganhador. Imediata mente, o preço baixou para 195 R$/MWh, em valores corrigidos. A queda continuou nos anos seguintes, para 163 R$/MWh, em 2010, e 119 R$/MWh, em 2011, chegando a 99 R$/MWh em 2012, o que foi considerado um exagero, devido à baixa demanda no leilão daquele ano, que acabou distorcendo os preços.
Geografia
Potência instalada mundial Diversos países, como Estados Unidos, Dinamarca, Grécia, China, Países Baixos, Índia e Portugal, com seus parques eó licos marítimos desenvolvem projetos de utilização da ener gia dos ventos a custos competitivos em relação à energia convencional. Trata-se de uma fonte de energia ilimitada nos lugares que apresentam as condições adequadas, além de não emitir poluentes no ar durante a operação. As informações disponíveis de capacidade instalada de geração eólica no mundo remontam somente ao ano de 1980, com o montante de 7 MW. Nos últimos anos, obser va-se um crescimento exponencial, com os anos de 2011 e 2012 superando expansões de 40 GW. Entre 2000 e 2013, a taxa média de crescimento foi de 25% ao ano.
Portugal (23,3%), Alemanha (19%) e Irlanda (17,7%). Nos de mais países, a proporção fica abaixo de 9%. O Brasil, 15º país em geração, é o 1º em fator de capacidade (FC), superando em 53% o FC mundial. Turquia, EUA e a Austrália aparecem com FC entre 33% e 32%.
País EUA China Espanha Alemanha Índia Inglaterra França Itália Portugal Canadá Dinamarca Suécia Austrália Turquia Brasil Polônia Holanda Japão Romênia Irlanda Outros Total %/total*
Geração (TWh)
Fator Estrutura Potência de da % do total instalada capacidade geração gerado (MW) (%) (%)
169,4 131,9 55,8 53,4 34,8 27,4 15,2 15,0 11,8 11,5 11,2 9,9 9,2 7,5 6,6 6,0 5,6 5,1 4,7 4,5 31,8 628,2
4,0 2,4 8,9 19,0 2,9 4,8 5,3 4,2 23,3 1,8 32,5 6,5 3,7 3,1 1,1 3,7 5,6 0,5 8,0 17,7 0,5 2,7
2,7
61 292 91 460 22 898 34 316 20 226 10 976 8 120 8 448 4 557 7 813 4 747 4 474 3 459 2 760 2 202 3 441 2 714 2 722 2 608 2 100 18 545 319 907
32 18 28 19 21 29 22 21 30 18 29 27 32 33 36 22 24 22 22 27 21 23,7
27,0 21,0 8,9 8,5 5,5 4,4 2,4 2,4 1,9 1,8 1,8 1,6 1,5 1,2 1,0 1,0 0,9 0,8 0,7 0,7 5,1 100,0
5,5
* % da eólica sobre os totais mundiais
Figura 05 - Mundo - Potência instalada e geração por país (2013) Figura 04 - Mundo - Potência instalada e fator de capacidade
A09 Fontes de energia alternativas II
O fator de capacidade (FC) vem aumentando significati vamente, em razão dos avanços tecnológicos em materiais e porte das instalações, o que permite melhor aproveitamento dos ventos. A participação da geração eólica na geração total mundial, que era praticamente nula em 1980, em 2013 já atingia 2,7%. Os Estados Unidos apresentam a maior partici pação na geração eólica, de 27%, mas a China poderá ocupar a 1ª posição nos próximos anos. A Dinamarca, 2ª na propor ção em 1990, perdeu posições, em seguida.
Impactos socioambientais A geração de energia elétrica por intermédio dos aero geradores constitui uma boa alternativa para diversos ní veis de demanda. Municípios de menor porte, localizados de forma distante de redes convencionais, podem ser aten didos por pequenas centrais. Esse é um importante fator para que haja uma universalização do atendimento. Já as centrais de grande porte possuem um grande potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interli gado Nacional (SIN). Os impactos ambientais, nesse caso, são menores, podendo ser citados a contribuição para a redução da emissão de poluentes atmosféricos (exempli ficado pelas usinas térmicas), a decrescente necessidade de construção de grandes reservatórios, e, a redução dos riscos gerados pela sazonalidade hidrológica. Os principais impactos socioambientais causados pelas usinas eólicas são a poluição sonora e a poluição visual. Os impactos sonoros são motivados pela variação de intensida de dos ruídos provocados pelos diversos modelos de rotores fabricados.
A Dinamarca apresenta a maior proporção de geração eó lica em relação à geração total, de 32,5%, vindo em seguida
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Os impactos visuais são decorrentes do agrupamento de torres e aerogeradores. O tamanho das usinas eólicas, ou seja, a quantidade de turbinas é o aspecto que irá deter minar menor ou maior grau de impacto. As fazendas eóli cas são exemplos de estruturas com um grande número de equipamentos.
Fonte: Wikimedia Commons
Ciências Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS PROJETO PREVÊ INSTALAÇÃO DE 1ª USINA MAREMOTRIZ DO BRASIL EM SÃO LUÍS Litoral maranhense oferece melhores condições para instalação de projeto. Barragem do Bacanga, idealizada na década de 1970, já previa usina. A usina maremotriz - que já possui experiências concretas em quatro países e está em fase de construção ou planejamento em outros nove - pode ser implementada em breve no Brasil. Espe cialistas de todo o país estão em São Luís para discutir a viabiliza ção do Projeto do Bacanga, que prevê instalação da tecnologia na capital maranhense.
Energia das marés
Fonte: wikimedia commons
O fenômeno das marés está associado à influência das forças gravitacionais exercidas primordialmente pelo satélite natural da Terra, a Lua, e também pelo Sol sobre os oceanos. As marés altas acontecem quando a Lua está sobre um de terminado ponto do mar ou do litoral, ou em oposição a ele, isto é, a um ângulo 0 ou de 180 graus. No caso das marés bai xas, a Lua estará posicionada a 90 ou 270 graus desse ponto. Esse ciclo será repetido em um intervalo aproximado de seis horas e doze minutos. As variações de nível entre as marés baixas e as marés altas são condições específicas de cada região litorânea. Ou tros aspectos naturais relacionados às marés são, a forma da costa, as características próprias do leito marinho, além da existência de baías e estuários.
“É um projeto interessante. Na realidade, o projeto da Barragem do Bacanga, idealizado há mais de 40 anos, já tinha a concep ção de colocar uma usina maremotriz na barragem original. Essa ideia nunca foi implantada. Tem toda a questão do entorno por que, há 40 anos, não tinha a urbanização que tem hoje. Então, como o projeto vai ser instalado com essa mudança de cenário de habitações e estruturas que surgiram durante os anos? O desafio é conciliar esse projeto, a ideia, com a situação atual de ocupa ção”, explicou Vaz. É provável que a instalação da primeira maremotriz do mundo em 1966, a Usina de La Rance, na França, tenha inspirado o projeto original da Barragem do Bacanga, idealizado na década de 1970. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, além da França, Japão, Inglaterra e Havaí já utilizam essa forma de geração de energia. Existem, também, usinas maremotrizes em construção ou em fase de planejamento no Canadá, México, Reino Unido, EUA, Argentina, Austrália, Índia, Coreia e Rússia. Mesmo possuindo condições favo ráveis, ainda não há nenhuma tecnologia do tipo no Brasil. Disponível em: <http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2013/07/projeto-preve-instalacao-de-1-usina-maremotriz-do-brasil-em-sao-luis.html>. Acesso em: 08 ago. 2017.
A09 Fontes de energia alternativas II
Figura 06 - A produção de energia eólica é considerada uma fonte limpa e inesgotável. Na imagem, vemos aerogeradores instalados na região de Guanambi, no sudoeste baiano, considerado uma das melhores localidades do Brasil para produção desse tipo de energia.
De acordo com o ambientalista da Universidade Federal do Mara nhão (UFMA), Márcio Vaz, a discussão volta à tona com o Projeto de Recuperação da Barragem do Bacanga, feito em parceria entre Estado e município.
Figura 07 - A energia das marés, também conhecida como energia maremotriz, é obtida por meio do aproveitamento da energia proveniente do desnível das marés. Para que essa energia seja revertida em eletricidade, é necessária a construção de barragens, eclusas (permitindo a entrada e saída de água) e unidades geradoras de energia.
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Geografia
Exercícios de Fixação 01. A energia das marés é utilizada em regiões onde ocorre um grande desnível entre as marés alta e baixa. De modo análogo ao das usinas hidrelétricas, é construída uma barra gem, originando um reservatório junto ao mar. Por ocasião da maré alta, a água que enche o reservatório passa pela turbina acionando-a. Na maré baixa, o reservatório esvazia e novamente a turbina entra em rotação gerando energia elétrica. Entretanto, esse processo é descontínuo e de bai xo rendimento, o que limita sua utilização. Em La Rance, na França, existe uma usina mareomotriz em funcionamento, onde o desnível entre as marés alta e baixa chega a 13 m e a capacidade instalada é de 240 MW. Podemos afirmar que a energia que se converte em energia elétrica no processo acima é: a) Mecânica d) Solar b) Térmica e) Química c) Ondulatória 02. (Enem MEC) No nosso dia a dia deparamo-nos com muitas tarefas pequenas e problemas que demandam pouca ener gia para serem resolvidos e, por isso, não consideramos a eficiência energética de nossas ações. No global, isso sig nifica desperdiçar muito calor que poderia ainda ser usado como fonte de energia para outros processos. Em ambien tes industriais, esse reaproveitamento é feito por um pro cesso chamado de cogeração. A figura a seguir ilustra um exemplo de cogeração na produção de energia elétrica.
03. (Uespi PI) “Provavelmente, o século XXI não terá uma única fonte de energia predominante como ocorreu no século XIX com o carvão e no século XX com o petróleo. Deverão coe xistir várias fontes de energia, principalmente as renováveis e pouco poluidoras, e aquelas de origem biológicas deverão conhecer maior expansão nas próximas décadas.” (José William Vezentini, 2000)
Considerando o que diz o texto, indique a alternativa que relaciona SOMENTE exemplos de fontes de energia pouco poluidoras: a) Energia nuclear, carvão mineral e água b) Termoelétrica, geotérmica e petróleo c) Hidrelétrica, gás natural e hulha d) Energia solar, diversidade biológica e vapor e) Biomassa, energia solar e energia eólica 04. (Efoa MG) As fontes de energia ou recursos energéticos po dem ser classificados em dois grupos: recursos não reno váveis (uma vez utilizados não podem ser recuperados) e renováveis (regeneram-se espontaneamente ou através da intervenção adequada do homem). Constituem recursos energéticos renováveis e menos po luentes: a) energia eólica, carvão e energia nuclear. b) bio energia solar. c) energia eólica, energia solar e energia nuclear. d) energia nuclear, biomassa massa, energia eólica e e carvão. e) energia solar, biomassa e carvão.
A09 Fontes de energia alternativas II
05. A energia que vem do Sol é fundamental para o fluxo de energia que se processa em todo o planeta Terra. As várias modalidades de usinas elétricas – termelétricas, hidrelétri cas ou outras –, por meio de diferentes equipamentos ou processos naturais, participam desse fluxo, tornando possí vel a obtenção de eletricidade útil para o ser humano. Assi nale a única alternativa que descreve corretamente o papel da radiação solar no funcionamento de uma usina elétrica.
Em relação ao processo secundário de aproveitamento de energia ilustrado na figura, a perda global de energia é re duzida por meio da transformação de energia: a) térmica em mecânica. b) mecânica em térmica. c) química em térmica. d) química em mecânica. e) elétrica em luminosa.
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a) Na usina hidrelétrica, o calor solar produz correntes de convecção na água dentro do reservatório, que faz movi mentar suas turbinas submersas. b) Na usina termoelétrica, a queima dos combustíveis fós seis depende do Sol, que aquece a água para movimen tar as turbinas. c) Na usina eólica, a energia solar aquece massas de ar que geram regiões com diferentes pressões, produzindo ven tos que movem o aerogerador. d) Na usina fotovoltaica, a eletricidade é produzida direta mente pela captação da energia solar em seus painéis, que movem turbinas acopladas às placas. e) Na usina maremotriz, a energia solar aquece massas de água durante o dia, que resfriam à noite, produzindo as sim as marés que movem as turbinas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
Argumentos favoráveis P1
Elevado potencial no país do recurso utiliza do para a geração de energia.
P2
Diversidade dos recursos naturais que pode utilizar para a geração de energia.
P3
Fonte renovável de energia.
Argumentos desfavoráveis N1
Destruição de áreas de lavoura e desloca mento de populações.
N2
Emissão de poluentes.
N3
Necessidade de condições climáticas ade quadas para sua instalação.
Ao se discutir a opção pela instalação, em uma dada região, de uma usina termoelétrica, os argumentos que se aplicam são: a) P1 e N2. b) P1 e N3. c) P2 e N1. d) P2 e N2. e) P3 e N3. 02. (Enem MEC) Uma fonte de energia que não agride o ambien te, é totalmente segura e usa um tipo de matéria-prima infi nita é a energia eólica, que gera eletricidade a partir da força dos ventos. O Brasil é um país privilegiado por ter o tipo de ventilação necessária para produzi-Ia. Todavia, ela é a menos usada na matriz energética brasileira. O Ministério de Minas e Energia estima que as turbinas eólicas produzam apenas 0,25% da energia consumida no país. Isso ocorre porque ela compete com uma usina mais barata e eficiente: a hidrelé trica, que responde por 80% da energia do Brasil. O investi mento para se construir uma hidrelétrica é de aproximada mente US$ 100 por quilowatt. Os parques eólicos exigem investimento de cerca de US$ 2 mil por quilowatt e a cons trução de uma usina nuclear, de aproximadamente US$ 6 mil por quilowatt. Instalados os parques, a energia dos ventos é bastante competitiva, custando R$ 200,00 por megawatt-ho ra frente a R$ 150,00 por megawatt-hora das hidrelétricas e a R$ 600,00 por megawatt-hora das termelétricas. Época, 21/4/2008 (com adaptações).
De acordo com o texto, entre as razões que contribuem para a menor participação da energia eólica na matriz energética brasileira, inclui-se o fato de a) haver, no país, baixa disponibilidade de ventos que po dem gerar energia elétrica. b) o investimento por quilowatt exigido para a construção de parques eólicos ser de aproximadamente 20 vezes o necessário para a construção de hidrelétricas. c) o investimento por quilowatt exigido para a construção de parques eólicos ser igual a 1/3 do necessário para a construção de usinas nucleares. d) o custo médio por megawatt-hora de energia obtida após instalação de parques eólicos ser igual a 1,2 multiplicado pelo custo médio do megawatt-hora obtido das hidrelétricas. e) o custo médio por megawatt-hora de energia obtida após instalação de parques eólicos ser igual a 1/3 do custo mé dio do megawatt-hora obtido das termelétricas. 03. (Ufop MG) “Não existe geração de energia sem impacto am biental. Esse impacto só será reduzido, se diminuirmos o con sumo”, ressalta o pesquisador da Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp, Gilberto Januzzi, em matéria publica da em 12/12/2004 no site http://www.comciencia.br. Dentre as fontes de energia indicadas abaixo, assinale a opção que apresenta a fonte alternativa de menor impacto ambiental. a) construção de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) b) construção de usinas térmicas que aproveitam a energia do urânio e do plutônio c) geração de energia a partir dos ventos (eólica) d) utilização de bagaço da cana e de biogás de lixo (biomassa) 04. (UFPI) A energia eólica, um recurso natural renovável, é uma fonte alternativa de energia. Quanto à sua forma de obtenção é verdadeiros afirmar que: a) É obtida a partirdo gasogênio que se forma naturalmente no subsolo terrestre. b) É uma energia obtida por meiodo aproveitamento das marés. c) Consiste no aproveitamento da energia cinética provoca da pelos ventos. d) É produzida por meiodas usinas termoelétricas onde se dá a queima de carvão mineral. e) Se dá por meiode biodecompositores sendo, por essa ra zão, também chamada de energia orgânica. 05. (UECE) Materiais como a lenha, o bagaço de cana e outros resíduos agrícolas, além de restos florestais e excrementos de animais podem ser utilizados como fontes de energia re novável. Outras fontes de energia que podem ser conside radas renováveis são a) eólica e gás natural. b) hidrelétrica e maremotriz. c) carvão mineral e solar. d) nuclear e termoelétricas.
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A09 Fontes de energia alternativas II
01. (Enem MEC) O crescimento da demanda por energia elé trica no Brasil tem provocado discussões sobre o uso de diferentes processos para sua geração e sobre benefícios e problemas a eles associados. Estão apresentados no quadro alguns argumentos favoráveis (ou positivos, P1, P2 e P3) e ou tros desfavoráveis (ou negativos, N1, N2 e N3) relaciona dos a diferentes opções energéticas.
Geografia
06. (UCS RS) A dependência da sociedade moderna em relação aos combustíveis fósseis tem seus dias contados, derivando daí a constante busca por fontes alternativas de energia. Assinale a alternativa, no quadro abaixo, que apresenta corretamente a fonte de energia e algumas de suas respectivas características. Fonte de Energia
Características
a)
Solar
Energia limpa não renovável, é usa da para substituir energia nuclear
b)
Geotérmica
Originária dos gêiseres, não gera resíduos e não emite gases tóxicos
c)
Eólica
Não renovável, disponível em regi ões de altitude, não polui o ar.
d)
Dosoceanos
Renovável, utiliza o fluxo das marés, ondas e correntes marinhas, sendo que na França, localiza-se a primeira usina maremotriz do mundo
e)
Da biomassa
Não renovável, é utilizada para substituir a energia termoelétrica e não produz combustão.
07. (Enem MEC) O gráfico a seguir ilustra a evolução do consumo de eletricidade no Brasil, em GWh, em quatro setores de con sumo, no período de 1975 a 2005.
(IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos cinco, com aumento de tempe ratura média entre 0,3° C e 0,6° C. Esse aumento pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de uma região e afetar profundamente a biodiversidade, desenca deando vários desastres ambientais. Marque a opção que indica das fontes de produção de energia abaixo listadas a mais recomendável, cientificamente, para di minuição dos gases causadores do aquecimento global: a) Gasolina b) Óleo diesel c) Carvão mineral d) Gás natural e) Eólica 09. A radiação solar incide sobre a superfície terrestre e, depen dendo da sua composição, de sua forma, da cor, entre outros fatores, varia a parte da energia que é absorvida pelos mate riais que constituem a superfície. Nos grandes centros urbanos, onde a absorção é significativa, ocorre, com certa frequência, desconforto térmico dos cidadãos. A parte da radiação que é refletida pela superfície dá origem a um conceito criado pe los cientistas conhecido como albedo. O albedo é um número adimensional que varia de 0 (nada é refletido) e 1 (tudo é re fletido). Assim, uma superfície de albedo 0,5 indica que ela é capaz de refletir metade da energia solar que incide sobre ela. A figura a seguir mostra um quadro ilustrando diversas superfí cies urbanas e seus respectivos intervalos de albedo.
A09 Fontes de energia alternativas II
Balanço Energético Nacional. Brasília: MME, 2003 (com adaptações)
A racionalização do uso da eletricidade faz parte dos programas oficiais do governo brasileiro desde 1980. No entanto, houve um período crítico, conhecido como “apagão”, que exigiu mu danças de hábitos da população brasileira e resultou na maior, mais rápida e significativa economia de energia. De acordo com o gráfico, conclui-se que o “apagão” ocorreu no biênio. a) 1998-1999. b) 1999-2000. c) 2000-2001. d) 2001-2002. e) 2002-2003. 08. (Unifor CE) O aquecimento global é uma consequência das alterações climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o aumento da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel Intergovernamental em Mudança do Clima 402
Com base nessas informações, uma boa alternativa para com bater o desconforto térmico dos grandes centros urbanos seria: a) Sempre que possível usar asfalto no lugar do concreto, para diminuir o albedo. b) Diminuir as áreas verdes, já que os albedos de gramados e árvores costumam ser altos. c) Incentivar o uso de pinturas coloridas nas edificações, pois elas refletem mais a luz do sol do que pinturas brancas. d) Incentivar a ocupação das áreas suburbanas, para diminuir a concentração populacional nos grandes centros urbanos. e) Incentivar o emprego de telhados de alta reflexividade para aumentar o albedo.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A10
FONTES DE ENERGIA ALTERNATIVAS III
ASSUNTOS ABORDADOS
A biomassa possibilita várias rotas tecnológicas para obtenção da energia elétrica. Essas rotas tecnológicas preveem a conversão de matéria-prima em um produto inter mediário que será utilizado em uma máquina motriz a qual, por sua vez, irá produzir a energia mecânica responsável pelo acionamento de um gerador de energia elétrica.
nn Fontes de energia alternativas III nn Proálcool nn Evolução da Produção de Cana
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, a biomassa é uma das fontes para produção de energia com maior potencial de crescimento nos próximos anos. Tanto no mercado internacional quanto no interno, ela é considerada uma das principais alterna tivas para a diversificação da matriz energética e a consequente redução da dependên cia dos combustíveis fósseis. Dela é possível obter energia elétrica e biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol, cujo consumo é crescente em substituição a derivados de petróleo como o óleo diesel e a gasolina. A biomassa, assim como a energia proveniente dos mananciais hídricos, é uma for ma indireta de energia solar. A energia solar é convertida em energia química por meio do processo de fotossíntese, que, por sua vez, é a base dos processos biológicos dos seres vivos. Embora grande parte do planeta esteja desprovida de cobertura vegetal, a quantidade de biomassa existente na Terra é da ordem de dois trilhões de toneladas; o que significa cerca de 400 toneladas per capita. A biomassa existente é de difícil contabilização. Esse fato se dá devido à utilização não comercial. Estima-se que na atualidade ela represente cerca de 14% de todo o consumo mundial de energia primária. Nos países em desenvolvimento, essa parcela pode chegar a cerca de 34%. Figura 01 - A colheita e o transporte da cana-de-açúcar podem comprometer, significativamente, a qualidade do produto final e os cortes subsequentes. Por essa razão, tais atividades devem ser executadas de acordo com orientações técnicas precisas.
VEGETAIS NÃO LENHOSOS
VEGETAIS LENHOSOS
RESÍDUOS ORGÂNICOS
BIOFLUIDOS
SACARÍDEOS
MADEIRAS
AGRÍCOLAS
ÓLEOS VEGETAIS
CELULÓSICOS
URBANOS
AMILÁCEOS
INDUSTRIAIS
AQUÁTICOS
Fonte: Ministério de Minas e Energia (MME) (2004).
BIOMASSA
Figura 02 - Tipos de biomassa
403
Geografia
A grande extensão territorial do Brasil, aliado ao clima tropical presente em grande parte do território, faz com que haja excelentes condições para a produção e o uso da energia proveniente da biomassa. Além da produção de etanol, combustão em fornos, caldeiras e outros usos não comerciais, a biomassa apresenta grande potencial no setor de geração de energia elétrica. Desde a década de 1980, a utilização da biomassa tem crescido como fonte de pro dução de energia elétrica ou de biocombustíveis, como o biodiesel e o etanol. Segundo a Aneel, em novembro de 2014 existiam 479 termelétricas movidas a bio massa no país: 16 são abastecidas por licor negro (resíduo da celulose); 52 por madeira, 24 por biogás, 9 por casca de arroz e 378 por bagaço de cana. Se utilizada com baixa eficiência e necessidade de grande volume de matéria-prima (que pode ser de origem florestal), causará prejuízos ambientais como o desfloresta mento e a emissão de gases. Entretanto, se utilizada a partir do manejo correto das plantações (reposição de mudas, retirada planejada de árvores), poderá ser respon sável pela produção de fotossíntese e captura de dióxido de carbono (CO2), principal agente do efeito estufa, contribuindo para a contenção do aquecimento global. A crise do petróleo, em 1973, e a elevada participação dos derivados de petróleo na matriz energética brasileira, especialmente no setor de transportes, impulsiona ram programas de difusão de tecnologias alternativas, entre os quais o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), em 1975, que visava à substituição da gasolina pelo álcool combustível.
A10 Fontes de energia alternativas III
A produção de cana-de-açúcar tem aumentado substancialmente nos últimos anos. Essa matéria-prima é essencial para a produção de etanol ou de álcool etílico. A região geoeconômica Centro-Sul teve um elevado grau de participação no cultivo da cana-de -açúcar. Resultados negativos estão relacionados à diminuição das pequenas proprie dades e da redução na oferta de cultivos alimentares. Aspectos negativos associados a essa cultura têm provocado grandes impactos ambientais. A poluição do solo, do lençol freático e a poluição de mananciais são exemplos desses impactos. Nos dias atuais, o recurso de maior potencial para geração de energia elétrica no Brasil é proveniente do bagaço da cana-de-açúcar. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica, a alta produtividade alcançada pela lavoura canavieira, acrescida de ganhos sucessivos nos processos de transformação da biomassa sucroalcooleira, têm disponibilizado enorme quantidade de matéria orgânica sob a forma de bagaço nas usinas e destilarias de cana-de-açúcar, in terligadas aos principais sistemas elétricos que atendem a grandes centros de consu mo dos estados das regiões Sul e Sudeste. Além disso, o período de colheita da cana -de-açúcar coincide com o de estiagem das principais bacias hidrográficas do parque hidrelétrico brasileiro, tornando a opção ainda mais vantajosa. Técnicas modernas e ambientalmente corretas utilizam o bagaço da cana-de-açúcar para produção de eletricidade, e a colheita mecânica, evitando as queimadas. Figura 03 - Brasil – Oferta interna de energia elétrica - 2012.
404
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Opirus/Arte
Um fenômeno que vem ganhando força no Brasil é a cogeração, ou seja, o consumidor de energia é responsável por produzir sua energia e, se possível, vender o excedente para seus vizinhos ou, no futu ro, para a concessionária de energia (projeto de lei em trâmite no congresso). Os principais cogeradores do Brasil são: suinocultores (biogás), usineiros (bio massa), empresas que tratam os esgotos (biogás) e a indústria madeireira (sobras e aparas). A Aneel vem realizando leilões para implantação de parques eó licos no Brasil (Nordeste e Sul), visando a ampliar a matriz energética renovável no Brasil.
Em 1975, diante das crises do petróleo e seus con sequentes aumentos acarretando déficits na balança comercial, foi criado no Brasil o Proálcool (Programa Nacional do Álcool), estabelecendo incentivos fiscais e subsídios aos latifundiários produtores de cana-de -açúcar, aos usineiros, às transnacionais automobilísti cas e aos usuários de carros de passeio (o carro a álco ol era mais barato e o imposto sobre veículos é menor que para os carros a gasolina). O Proálcool, porém, foi muito questionado, em face das circunstâncias que serão comentadas a seguir.
Fonte: wikimedia commons
Proálcool
Mapa 01 - Usinas de biomassa – 2008
Evolução da produção de cana
A produção de álcool vale a pena enquanto durarem os aumentos especulativos do petróleo. Hoje, sua utilidade reside não tanto pelos fins energéticos, mas pela não po luição (acrescentado à gasolina), pela tecnologia e pela utilização na indústria alcoolquí mica (polietilenos, borracha sintética etc.). Os subsídios persistiram até o final da década de 1980, quando o governo começou a diminui-los, o que provocou um recuo da produção do combustível e dos veículos, desestimulando o setor. Algumas críticas foram feitas ao programa, gerando muitas polêmicas, dentre elas:
1830
A10 Fontes de energia alternativas III
A cana-de-açúcar é uma cultura que exige solos férteis. O solo de massapé encon trado na Zona da Mata (sub-região Nordeste) e o solo de terra-roxa encontrado no Pla nalto Arenito-Basáltico do Sul e Sudeste do Brasil são solos ocupados por essa cultura. A cana-de-açúcar passou a ocupar terras antes destinadas aos cultivos alimentares (mi lho, feijão), decrescendo sua produção. Como a produção de álcool foi subsidiada pelo Governo Federal (o barril de álcool sai das usinas mais caro atualmente que um barril de petróleo, mas esse combustível chegava mais barato nos postos revendedores), quem acabou pagando esses subsídios foi o conjunto da população brasileira, beneficiando apenas a aristocracia rural. Com a política neoliberal implantada a partir da década de 1990 e a consequente redução de subsídios fiscais à sua produção, tornando-a menos competitiva, as indústrias automobilísticas passaram a reduzir sua produção de carros movidos a álcool.
1980
2004 405
Geografia
nn Significou apenas uma substituição parcial do petróleo,
com elevado custo para o Estado; nn Beneficiou
a política rodoviarista, atendendo apenas o setor de transporte individual;
nn Reafirmou
a política de concentração fundiária por meio das monoculturas;
nn Reduziu
as áreas de cultivos alimentares;
nn Ampliou
o nível de impacto ambiental.
A produção do álcool, por meio do Proálcool, exige que sejam adotadas medidas de proteção ambiental, embora alguns impactos negativos ainda persistam. Alguns pro blemas ambientais que podemos verificar: nn A
queimada do canavial, eliminando a microfauna e a microflora, além de provocar a mineralização do solo, ou seja, a transformação da matéria orgânica em seus componentes químicos inorgânicos (nitrogênio, fósforo, potássio e enxofre);
nn A
migração a migração de animais, alterando o sis tema de polinização, favorecendo a ocorrência de pragas e doenças;
nn Geração do vinhoto, que é frequentemente jogado nos
rios provocando a eutrofização das águas, matando os peixes por asfixia, embora a lei exija que existam poços de decantação nas usinas. (O vinhoto é utilizado como fertilizante por ser rico em potássio, mas sua industrialização possui custo elevado). No início do século XXI (março, 2003) com o lançamen to dos motores híbridos no mercado brasileiro, novas pers pectivas de produção foram criadas, abrindo campo para a expansão dos cultivos fora das áreas tradicionais, principal mente no Cerrado brasileiro, resultante da possibilidade de atender ao mercado interno e externo, fazendo expandir os investimentos em larga escala no agronegócio do país.
Opirus/Arte
A figura abaixo demonstra que a produção de álcool em 2006 foi de 17,2 bilhões de litros e a de açúcar, 25,8 mi lhões de toneladas, sendo que 2,6 bilhões de litros de ál
cool (15%) e 17,3 milhões de toneladas de açúcar (67%) foram destinados ao mercado externo, significando um aumento das exportações de etanol. Contudo, a maior parcela da cana ainda é utilizada para produção de açúcar, o que ajuda a explicar a oscilação de preços do etanol em função do mercado internacional do açúcar. Tecnologia Flex A tecnologia flex-fuel já estava em testes de adaptação no Brasil desde a segunda metade da década de 1990, porém por falta de regulamentação governamental, esses modelos não podiam ser vendidos ao público. Essa regulamentação só saiu no final de 2002, e logo no início de 2003, a VW apresentou ao mercado o primeiro carro flexível em combustível, o Gol Total-Flex, rapidamente seguida pela General Motors, com o seu Chevrolet Corsa Flexpower. Desde então, salvo algumas exceções, todas as montadoras instaladas no Brasil produzem carros bicombustíveis, e na atualidade, ou seja, pouco tempo após o lançamento do primeiro carro bicombustível, os veí culos equipados com motores flex já correspondem 85% das vendas de automóveis 0 km, colocando novamente o Brasil na vanguarda do chamado combustível verde. Vantagens do uso do álcool combustível e das novas tecnologias nn Menor
dependência de combustíveis fósseis impor tados, e da variação de preço;
nn Menor
emissão de poluentes, já que grande parte dos poluentes resultantes da queima do combustível no motor são reabsorvidos no ciclo de crescimento da cana-de-açúcar, e os resíduos sólidos e líquidos das usinas podem ser totalmente reaproveitados na lavoura e na indústria;
nn Maior
geração de empregos, sobretudo na cadeia produtiva, diminuindo a evasão rural e o inchaço das grandes cidades, o que demanda necessidade de in vestir na qualificação dos trabalhadores volantes ou itinerantes para evitar o êxodo rural à medida que a tecnologia avança;
A10 Fontes de energia alternativas III
nn Os subprodutos da cana são utilizados no
próprio ciclo produtor de álcool, como fonte de energia elétrica obtida pela queima do bagaço, e como fertilizante da terra utilizada no plantio, por meio do chamado vinhoto, tornando uma usina de álcool auto dependente; nn Fonte
de geração de divisas internacio nais, sobretudo em tempos de escassez de petróleo e consciência ecológica.
Figura 04 - Panorama geral do setor sucroalcooleiro – 2006 - Brasil
406
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Desvantagens do uso do álcool combustível nn O
preço e disponibilidade do álcool variam de acordo com o interesse dos usineiros, pois eles decidem se vão produzir álcool ou açúcar de acordo com o preço internacional de cada produto;
n n Más
condições de trabalho aos chamados cortadores de cana, especialmente quando são terceirizados e contratados por meio dos chamados “gatos” (dumping social);
nn As queimadas provocadas na pré-colheita da cana, que por força de lei e pela maior
eficiência da colheita mecanizada sem queima serão em breve eliminadas, agravam o desconforto e problemas respiratórios que ocorrem durante o inverno seco da região Centro-Sul do Brasil, especialmente nas cidades próximas às grandes usinas. A ANP - Agência Nacional de Petróleo, em 2010, autorizou a troca da nomenclatura Álcool para Etanol nas bombas de combustíveis, adotando no Brasil a nomenclatura já utilizada no resto do mundo, buscando, com isso, maior aceitação do etanol brasileiro no mercado internacional. O Governo brasileiro confirmou a informação de que a Petrobras acabou tendo que importar em torno de 1,5 milhão de litros de gasolina para conseguir abastecer o mer cado interno no ano de 2011, ação realizada por causa do aumento de 16% na procura pelo derivado de petróleo depois que os preços do etanol subiram durante a entressafra.
A10 Fontes de energia alternativas III
a) A disponibilização de tecnologias que possibilitam a obtenção de energia a partir da queima de produtos da biomassa é uma realidade distante. b) Os interesses das grandes corporações de petróleo exercem pressão para promo ver o aproveitamento da biomassa como fonte alternativa na produção de com bustível para motores. c) Ao contrário das fontes energéticas tradicionais, a energia da biomassa é altamente poluidora, inviabilizan do-a como fonte alternativa. d) Países de clima temperado, por contarem com excelentes condi ções climáticas para a produção de biomassa, têm exercido forte pres são para o desenvolvimento dessa alternativa energética. e) Alternativas energéticas a partir da biomassa podem desenvolver o meio rural por meio do plantio e da participação do Estado na definição de políticas agrícolas.
Fonte: wikimedia commons
A afirmação corrente era: “O Brasil é autossuficiente em petróleo”. Pelo menos nas campanhas políticas majoritárias de 2010 a tônica foi essa, atribuía-se todo o sucesso do Álcool/Etanol a um governo ou um projeto “reciclado”, contudo é importante frisar que “não são conquistas de governos, mas do ambiente competitivo e da criatividade de gerações de cientistas”.(revista Veja Edição 1941 . 1° de fevereiro de 2006). Essa é uma citação da revista Veja sobre o Brasil autossuficiente em petróleo e o sucesso do combustível “verde” brasileiro.
407
Geografia
Exercícios de Fixação 01. (UEG GO) Frente às crises constantes na produção e co
Europeia, estabeleceu que, pelo menos, 20% de toda a
mercialização do petróleo, a procura por novas fontes de
energia consumida pelo bloco devem ser provenientes de
energias renováveis, surgiu como alternativa para superar a
fontes renováveis até 2020. Entre as medidas, a CE determi
demanda por combustíveis fósseis, bem como para reduzir
nou que 10% dos combustíveis consumidos pelos automó
a poluição decorrente da emissão de poluentes. Nesse sen
veis de cada país da UE sejam biológicos.
tido, observa-se que a) as principais economias desenvolvidas investiram maci çamente na produção e geração de energia eólica, a qual representa hoje mais de 50% da energia consumida nes ses países. b) a produção de energia hidroelétrica conseguiu superar a energia gerada por combustíveis fósseis em toda a Ásia e nos países situados nas regiões intertropicais no norte da África. c) a criação de políticas governamentais no Brasil, voltadas para a produção e comercialização de biocombustíveis, tornou o etanol e o biodiesel a segunda maior fonte de energia automotiva.
ma, assinale a proposição correta. a) O aumento do uso de biocombustíveis na Europa é de fendida pelas organizações ambientalistas que atuam nos diversos continentes, que veem a alternativa como mais ecologicamente viável. b) Um exemplo de biocombustível, conforme mencionado no texto, é o petróleo, por possuir origem orgânica, pois resulta da transformação de plâncton depositado no am biente marinho desde eras geológicas remotas. c) Somente recebem a denominação de biocombustível as fontes de energia alternativas, como a eólica e a solar. d) Entre os riscos levantados pelos opositores do aumento
dos nas zonas temperadas, considerando-se que nessas
do uso de biocombustível, está a destinação em larga es
localidades a incidência dos raios solares é constante du
cala de terras agrícolas para produzir “culturas energéti
rante o ano inteiro.
cas”, em detrimento da produção de alimentos.
também pode ser gerada a partir do metano, como produto da decomposição de resíduos orgânicos, é denominada de a) energia geotérmica.
e) O biocombustível, enquanto fonte de energia para ser utilizada em larga escala, somente é viável quando em pregado conjuntamente com o carvão mineral. 05. (UFRN) As transformações verificadas no decorrer da Revo
b) energia eólica.
lução Técnico-Científica, ou Terceira Revolução Industrial,
c) energia de biomassa.
foram acompanhadas de uma crescente necessidade de
d) energia hidráulica.
energia. Assim, um dos grandes desafios do mundo atual é
03. (ESPM SP) Em relação às fontes energéticas, é correto afir mar que: a) Carvão mineral e gás natural são fontes energéticas lim pas, porém não renováveis. b) O biodiesel é considerado uma fonte energética renová vel, extraído, entre outros, da mamona, soja e girassol. A10 Fontes de energia alternativas III
Tomando como base para análise o texto reproduzido aci
d) a energia solar é a mais indicada para os países localiza
02. (UECE) A energia renovável presente nos ciclos naturais e que
c) Os países nórdicos apresentam grande potencial solar devi do a posição astronômica que favorece a incidência do sol. d) O Brasil apresenta grande potencial nuclear, porém não existe esse tipo de exploração energética no país. e) O Brasil não utiliza a energia eólica, devido ao baixo po tencial brasileiro nesse tipo de fonte energética. 04. (Unioeste PR) Em março de 2007, a Comissão Europeia, o braço executivo do grupo de 27 países que formam a União
408
Encontrado em: www.ambientebrasil.org.br, em 20/04/2007.
a ampliação dos recursos energéticos. A respeito de fontes de energia no mundo, é correto afir mar que: a) A energia eólica constitui-se em uma fonte alternativa, devido aos baixos custos e às possibilidades de produção, que independem das condições físicas locais. b) O álcool, utilizado como combustível para automóveis, tem-se apresentado como uma fonte renovável e menos poluidora que a gasolina. c) A energia hidráulica, amplamente empregada no con sumo doméstico, produz elevados impactos ambientais, devido ao alto nível de poluição que gera. d) O petróleo é um combustível fóssil que tem amplo cam po de exploração e consumo, pois é uma fonte de energia renovável.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
(Garcez, B. Brasil vive efeito destrutivo dos biocombustíveis, diz Time in: Folha Online, 27/03/2008)
Segundo o texto: a) a alta dos preços do petróleo no mercado internacional vêm impulsionando a produção de biocombustíveis e de alimentos no mundo. b) a produção de alimentos nos países do Terceiro Mundo é um obstáculo ao crescimento da produção de biocom bustíveis. c) os produtores de milho norte-americanos e de soja bra sileiros são os maiores beneficiados com a expansão dos biocombustíveis, já que o milho e a soja são duas matérias essenciais para a produção desta forma limpa de energia. d) há uma reação em cadeia que leva ao desmatamento progressivo da Amazônia e que está vinculada à produ ção de biocombustíveis. e) os biocombustíveis não são uma forma de energia limpa, já que utilizam recursos nãorenováveis do planeta. 02. (Fameca SP)Observe o que segue.
Assinale a alternativa que interpreta corretamente o conte údo da charge. a) O aquecimento global, provocado pela poluição, ameaça a produção agrícola no mundo inteiro, principalmente nas regiões mais pobres. b) A crise econômica vivenciada nos países ricos pode afetar a ajuda aos países pobres, já que o dinheiro dos governos é direcionado para os problemas internos. c) A expansão urbana acelerada, vivenciada por alguns pa íses da África, ameaça a produção agrícola, em razão do êxodo rural e queda na produção agrícola. d) O aumento dos preços dos alimentos ameaça o cresci mento econômico dos países africanos, já que a renda da população é consumida pela compra de comida. e) O crescimento do consumo de biocombustíveis nos paí ses ricos e emergentes compete com a produção voltada para o consumo alimentar. 03. (Uel PR) Assinale a alternativa que apresenta o conceito correto de agroenergia. a) É a energia proveniente do gás natural e do hidrogênio. b) É a energia proveniente da biomassa, ou seja, dos pro dutos e subprodutos das atividades agrícolas, pecuárias e florestais. c) É a nova energia descoberta nos estudos das células foto voltaicas com ampla utilização na agropecuária. d) É a energia proveniente de combustíveis originários, so bretudo, das plantas soterradas há milhões de anos. e) É a energia utilizada na agropecuária e obtida a partir do calor proveniente da Terra, mais precisamente do seu interior. 04. (UFSM) Segundo dados da ONU, nas primeiras décadas do século XXI, aproximadamente 2,4 bilhões de habitantes de penderão da biomassa, especialmente da madeira, como principal fonte energética. Mesmo que você não seja um desses habitantes, pense nas consequências ambientais que decorrem do uso dessa fonte e assinale Verdadeira (V) ou falsa (F) nas afirmativas a seguir. O grande problema dessa situação está no (a) ( ) aumento do processo de erosão. ( ) diminuição, em alguns casos, da umidade da atmosfera. ( ) aumento da biodiversidade. ( ) desertificação ecológica. A sequência correta é a) FVVF. b) FVFF. c) VVFV.
d) VFFV. e) FFVV.
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A10 Fontes de energia alternativas III
01. (Fei SP) “A mais recente edição da revista Time afirma, em reportagem que ilustra a sua capa, que o Brasil oferece um exemplo ‘vívido da dinâmica destrutiva dos biocombustí veis’. A reportagem, intitulada ‘O Mito da Energia Limpa’, afirma que políticos e grandes empresas estimulam bicom bustíveis como alternativas ao petróleo, mas isso está pro vocando uma alta do preço de alimentos, intensificando o aquecimento global e fazendo o contribuinte pagar a conta. A reportagem afirma que o desmatamento na Amazônia está sendo acelerado por uma ‘fonte improvável: os bio combustíveis’. [...] A reportagem diz que apenas uma pe quena fração da floresta vem sendo usada para o plantio da cana-de-açúcar que gera o etanol brasileiro, mas acrescenta que o desmatamento resulta de uma reação em cadeia [...] [que] tem início nos Estados Unidos, com o cultivo do mi lho usado para a fabricação da versão americana do etanol. Segundo a revista, os fazendeiros americanos estão desti nando um quinto do milho que cultivam para a produção de etanol, o que obriga os produtores de soja dos Estados Unidos a trocarem sua colheita tradicional pela do milho. Essa transição vem fazendo com que fazendeiros de soja no Brasil expandam seus terrenos de cultivo, tomando áreas antes destinadas a pastos de gado. E obrigando produtores de gado a levarem suas fazendas para a Amazônia.”
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A11
ASSUNTOS ABORDADOS n n Introdução ao estudo das in-
dústrias
nn Evolução da indústria nn Tipos de indústrias
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DAS INDÚSTRIAS As transformações provenientes do processo relacionado à Revolução Industrial es tão intimamente ligadas às modificações do espaço geográfico contemporâneo. Con forme as etapas da Revolução Industrial, mais modificações são geradas nesse espaço. O modo de vida atual é, direta ou indiretamente, fruto das transformações geradas pela tecnologia industrial. Independente do fato de um lugar abrigar, ou não, a indústria em seu espaço físico, ela está presente nos produtos consumidos pela população local, nos meios de comunicação e nos meios de transporte. O processo de industrialização é o grande responsável pelas inúmeras transforma ções ocorridas no espaço urbano, pela multiplicação de diversos ramos de serviços que caracterizam a cidade moderna e também pelo desenvolvimento e evolução dos meios de transporte e comunicação, que, nacional e mundialmente, interligaram as regiões. A evolução industrial é responsável também pela maior produtividade, pela consequen te elevação da produção agrícola e pelo êxodo rural. Além disso, introduziu um novo modo de vida e novos hábitos de consumo, criou novas profissões, promoveu uma nova estratificação da sociedade e uma nova relação desta com o meio ambiente. O setor secundário, representado pela indústria, foi predominante durante um longo período, mas a necessidade de reciclagem constante na área técnico-científica deslo cou as atenções para o setor terciário. O setor terciário, representado pelo comércio e pelos serviços, passou a incluir novos serviços, como o de P&D (Pesquisa e Desenvolvi mento). No quadro de desenvolvimento acelerado que caracteriza os tempos atuais, a informática e a robótica exercem um papel de destaque, impulsionando a nova revolu ção industrial que está em curso: a revolução tecnocientífica.
Evolução da indústria Fonte: Marzolino / Shutterstock.com
Artesanato Figura 01 - Imagem do processo de manufatura em seu estágio inicial no início do século XVII até meados do século XVIII.
Foi a primeira etapa da transformação das matérias-primas. Esse tipo de atividade ainda é praticada de forma significativa em países subdesenvolvidos. Estágio em que o produtor (artesão) executava sozinho todas as fases da produção e até mesmo a co mercialização do produto. Não havia divisão do trabalho nem o emprego de máquinas, somente de ferramentas simples (até o século XVII). Manufatura A manufatura corresponde ao estágio intermediário entre o artesanato e a maqui nofatura. Nesse estágio, já ocorria a divisão do trabalho (cada operário realizava uma tarefa ou parte da produção), mas a produção ainda dependia fundamentalmente do trabalho manual, embora já houvesse o emprego de máquinas simples. Esse estágio corresponde à fase inicial do capitalismo (1620-1750).
410
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Maquinofatura É o estágio atual, iniciado com a Revolução Industrial, podendo ser caracterizado pelo emprego maciço de máquinas e fontes de energia modernas (carvão mineral, petróleo, etc.), produção em larga escala, grande divisão e especialização do trabalho (1750 aos dias atuais).
Tipos de indústrias O termo indústria refere-se ao conjunto de atividades realizadas na transformação de objetos em estado bruto, as chamadas matérias-primas naturais ou não, em produ tos que tenham uma aplicação e atendam às necessidades da sociedade. Quanto à sua evolução histórica, podemos citar três estágios fundamentais: o artesanato, a manufa tura e a maquinofatura. A atividade industrial consiste no processo de produção que visa transformar maté rias-primas em mercadoria por intermédio da força de trabalho humano. A utilização de máquinas é cada vez mais comum para essa finalidade. A atividade industrial é clas sificada conforme seu foco de atuação, sendo ramificada em três grandes conjuntos: indústrias de bens de produção, indústrias de bens intermediários e indústrias de bens de consumo (duráveis e não duráveis). As indústrias de bens de produção, comumente chamadas por indústrias de base, são responsáveis pela transformação de matérias-primas brutas em matérias-primas processadas. Esse tipo de indústria é importante, pois é a base para os outros ramos industriais. As indústrias de bens de produção são divididas em duas vertentes: as extrativas e as de bens de capital. nn Indústrias extrativas – são as que extraem matéria-pri
ma da natureza (vegetal, animal ou mineral) sem que ocorra alteração significativa nas suas propriedades elementares. Exemplos: indústria madeireira, produ ção mineral, extração de petróleo e carvão mineral.
nn Indústrias de bens de capital (ou equipamentos) – são
responsáveis pela transformação de bens naturais ou semimanufaturados para a estruturação das indús trias de bens intermediários e de bens de consumo. Exemplos: siderurgia, petroquímica etc.
Figura 02 - Manufatura
A11 Introdução ao estudo das indústrias
As indústrias de bens intermediários são relacionadas ao fornecimento de produtos beneficiados. Esse tipo de indús tria produz maquinários e equipamentos a serem utilizados em diversos ramos das indústrias de bens de consumo. Os principais exemplos são: me cânica (máquinas industriais, colheitadeiras, tratores, motores automotivos dentre ou tros); autopeças (rodas, pneus, equipamentos elétricos de um veículo dentre outros). A produção derivada das indústrias de bens de consumo é direcionada para o mer cado consumidor, ou seja, para a população em geral. Conforme a atuação no mercado, esse tipo de indústria se ramifica em indústrias de bens duráveis e de bens não duráveis. nn Indústrias de bens duráveis – são as que fabricam mercadorias não perecíveis.
São exemplos desse tipo de indústria: automobilística, móveis comerciais, ma terial elétrico, eletroeletrônicos etc.
nn Indústrias
de bens não duráveis – produzem mercadorias de primeira neces sidade e de consumo generalizado, ou seja, produtos perecíveis. Exemplos: indústria alimentícia, têxtil, de vestuário, remédios, cosméticos etc.
411
Geografia
SAIBA MAIS ‘QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL’: COMO O BRASIL PODE SE PREPARAR PARA A ECONOMIA DO FUTURO
da Colômbia e dos Emirados Árabes em um ranking com 31 países. Inovação digital As três revoluções industriais anteriores tiveram início nos pa íses desenvolvidos, chegando com atraso ao Brasil. A primeira foi a iniciada no fim do século XVIII, quando água e vapor foram utilizados para mover máquinas na Inglaterra. A segunda veio do emprego de energia elétrica na produção em massa de bens de consumo. A terceira é a do uso da informática, iniciada em mea dos do século passado.
Figura 03 - Estudos apontam que Brasil precisa investir mais em educação e tecnologia.
A edição deste ano do Fórum Econômico Mundial, em curso em Davos, na Suíça, tem como tema central a chamada “Quarta Revo lução Industrial”. Essa realidade, que já começamos a experimentar no dia a dia, significa uma economia com forte presença de tec nologias digitais, mobilidade e conectividade de pessoas, na qual as diferenças entre homens e máquinas se dissolvem e cujo valor central é a informação. Mas, será que o Brasil está preparado para essa nova revolução? Segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, o país se saiu bem na redução de desigualdade social na última década, mas precisa investir mais em educação e inovação para obter ganhos em pro dutividade e geração de empregos nesta nova economia. “O grande desafio à frente é manter os avanços sociais e estimu lar o aumento da produtividade”, afirmou Alicia Bárcena, secretá ria-executiva da Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe), órgão ligado à ONU. “Novos pactos sociais” são importantes para que esse momento de rompimento econômico transforme-se em oportunidades, avalia.
A11 Introdução ao estudo das indústrias
“É necessário construir novas alianças que transpassem partidos políticos e viabilizem condições para a criação de um novo ciclo de investimento”, disse Bárcena. “Integrar mercados regionais em tecnologias-chave, por exemplo com a criação de um mercado di gital comum, e o incentivo a cadeias regionais de tecnologias e produtos verdes.” O Brasil tem elevado o investimento direto em educação. No período compreendido entre a virada do milênio e 2013, o total cumulativo investido por estudante ao longo da vida acadêmica, do jardim de infância à universidade, passou de R$ 106 mil para R$ 162 mil. O aumento de mais de 50% tem base em dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), vincula do ao Ministério da Educação. Ainda assim, o Brasil permanece abaixo da média dos países ricos, conforme retrata o Pisa, ranking internacional que avalia a qualificação de estudantes do mundo todo. No levantamento de 2012, foi observado que quase metade dos alunos não apresenta competências básicas de leitura. Além disso, outra análise da mesma organização, mas de 2015, estimou que os estudantes brasileiros são muito fracos na capacidade de navegar sites e compreender leituras na internet, ficando à frente apenas
412
A revolução atual, aliás, segue na esteira dessa anterior: é ca racterizada por sua natureza hiperconectada, em tempo real, por causa da internet. Além das mudanças nos sistemas de produção e consumo e amplo uso de inteligência artificial, ela também traz o desenvolvimento de energias verdes. Com o fim da diferenciação entre homens e máquinas, uma nova quebra do modelo de cadeias produtivas e as interações comerciais em que consumidores atuam como produtores, mais de 7 milhões de empregos serão perdidos, segundo relatório do Fórum Econômico Mundial. Como o Brasil poderia se preparar para esse momento? “Idealmente, deveria implementar políticas de fortes incentivos que nivelem por cima, não apenas na área de formação e capacita ção de trabalhadores para o uso de novas tecnologias, mas priorizan do também investimentos em pesquisa e desenvolvimento para que o país não se torne um mero consumidor de tecnologias”, sugere a Vanessa Boana Fuchs, pesquisadora do Centro de Estudos Latino-A mericanos da Universidade de St. Gallen, na Suíça. Uma pesquisa realizada pela consultoria Accenture estima que a participação da economia digital no PIB do Brasil saltará dos atuais 21,3% para 24,3% em 2020 e valerá US$ 446 bilhões (R$ 1,83 trilhão). O mesmo estudo aponta que o país precisa manter os níveis atu ais de educação e expandir investimentos em novas tecnologias e na geração de uma cultura digital para acelerar ainda mais o progresso. Se o Brasil aplicar recursos ativamente nessas áreas, a consultoria prevê que o segmento econômico poderá movimen tar outros US$ 120 bilhões (R$ 494 bilhões) além do previsto. Neste mês, a presidente Dilma Rousseff sancionou Marco Legal da Ciência e Tecnologia, novo parâmetro legislativo que prome te reduzir a burocracia, facilitando investimentos em pesquisa e ciência nas iniciativas pública e privada. Além disso, o governo anunciou edital de financiamento de R$ 200 milhões para pesqui sa e desenvolvimento. Professor de economia e direito da Universidade de St. Gallen, Peter Sester afirma que o Brasil deveria estar investindo mais e ter aproveitado melhor a riqueza gerada pela exportação de commo dities, cujo preço agora está em baixa no mercado internacional. “O Brasil não utilizou a renda extra em tributos e royalties de minério de ferro e outras commodities durante o superciclo para investir consequentemente em infraestrutura, educação, pesqui sa e desenvolvimento, ou ao menos fazendo um fundo de reserva para quando o ciclo passasse.” http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/ 01/160122_quarta_revolucao_industrial_mw_ab
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
02. (Enem MEC) A maior parte dos veículos de transporte atu almente é movida por motores a combustão que utilizam derivados de petróleo. Por causa disso, esse setor é o maior consumidor de petróleo do mundo, com altas taxas de cresci mento ao longo do tempo. Enquanto outros setores têm ob tido bons resultados na redução do consumo, os transportes tendem a concentrar ainda mais o uso de derivados do óleo. MURTA, A. Energia: o vício da civilização. Rio de Janeiro: Garamond, 2011 (adaptado).
Um impacto ambiental da tecnologia mais empregada pelo setor de transportes e uma medida para promover a redu ção de seu uso estão indicados, respectivamente, em: a) Aumento da poluição sonora – construção de barreiras acústicas. b) Incidência da chuva ácida – estatização da indústria auto mobilística. c) Derretimento das calotas polares – incentivo aos trans portes de massa. d) Propagação de doenças respiratórias – distribuição de medicamentos gratuitos. e) Elevação das temperaturas médias – criminalização da emissão de gás carbônico. 03. (Unemat MT) No filme Tempos Modernos, estrelado e diri gido por Charles Chaplin, há uma brilhante crítica ao modo de produção capitalista emergido da Revolução Industrial, em que a produção em série e o controle do tempo são fun damentais para a obtenção de mais lucro e competividade. Indique o modelo de produção a que o texto se refere. a) Círculos de Qualidade Total (CQT). b) Toyotismo. c) Fordismo-taylorismo. d) Niponismo. e) Sistema de Produção Flexível. 04. (Unesp SP) A divisão capitalista do trabalho – caracterizada pelo célebre exemplo da manufatura de alfinetes, analisada por Adam Smith – foi adotada não pela sua superioridade tecnológica, mas porque garantia ao empresário um papel essencial no processo de produção: o de coordenador que, combinando os esforços separados dos seus operários, ob tém um produto mercante. (Stephen Marglin. In: André Gorz (org.). Crítica da divisão do trabalho, 1980.)
Ao analisar o surgimento do sistema de fábrica, o texto destaca a) o maior equilíbrio social provocado pelas melhorias nos salários e nas condições de trabalho. b) o melhor aproveitamento do tempo de trabalho e a auto gestão da empresa pelos trabalhadores. c) o desenvolvimento tecnológico como fator determinante para o aumento da capacidade produtiva. d) a ampliação da capacidade produtiva como justificativa para a supressão de cargos diretivos na organização do trabalho. e) a importância do parcelamento de tarefas e o estabeleci mento de uma hierarquia no processo produtivo. 05. (Puc Campinas SP) Com base numa ideia central de Lucien Goldmann, o crítico e historiador Alfredo Bosi propõe, para a moderna ficção brasileira, enquadramentos como estes: romances de tensão mínima: as personagens não se I. destacam visceralmente da estrutura social e da pai sagem que as condicionam. Exemplos, as histórias po pulistas de Jorge Amado. II. romances de tensão crítica: o herói opõe-se e resiste agonicamente às pressões da natureza e da exploração social. Exemplos, os romances de Graciliano Ramos. III. romances de tensão transfigurada: o herói procura ultrapassar o conflito que o constitui existencialmente pela transmutação mítica ou metafísica da realidade: Exemplos, Guimarães Rosa e Clarice Lispector. (Apud História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1970)
Durante o processo de industrialização na Europa, a exploração social foi intensa devido às duras condições de traba lho impostas, contra as quais emergiram movimentos ope rários significativos no século XIX, caso do a) Bolchevismo, que aglutinou trabalhadores urbanos em uma entidade Internacional que pregava a aliança operá rio-camponês. b) Cartismo, que reivindicava o sufrágio universal e teve ori gem na Carta ao Povo, manifesto enviado ao parlamento inglês com apoio de diversos setores sociais. c) Taylorismo, que defendia a atuação de um conselhode operários no gerenciamento das fábricas, a fim de asse gurar sua participação nos lucros. d) Ludismo, que promovia a destruição de máquinas, a im plantação do socialismo e a anulação dos cercamentos para que os operários retornassem ao campo. e) Anarcossindicalismo, que defendia o livre coletivismo em substituição aos sindicatos e corporações de trabalhadores.
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A11 Introdução ao estudo das indústrias
01. (UECE) Considerando a classificação industrial segundo a tecnologia, as indústrias ditas germinativas são aquelas que a) acompanham a produção mundial. b) empregam os maiores recursos em sua força de trabalho. c) geram o aparecimento de outras indústrias. d) utilizam muita tecnologia e pouca força de trabalho.
Geografia
Exercícios Complementares 01. (Puc Campinas SP) Durante o século XVIII, a Revolução In dustrial constituiu um fenômeno predominantemente in glês. Mas a partir do século seguinte, começou a se expandir para vários países, provocando grandes transformações na vida das pessoas, uma vez que, com a) a redução das jornadas de trabalho nas fábricas de teci dos, a organização do mercado de trabalho se desenvol veu de maneira a assegurar emprego a todos os assala riados das grandes cidades industriais inglesas. b) a introdução das máquinas nas indústrias, aumentou a taxa de acumulação e do lucro das empresas, possibili tando uma maior distribuição de renda por meio da ele vação do valor dos salários dos trabalhadores. c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus capi tais e ferramentas em oficinas ou em fábricas, aumentou os núcleos domésticos de produção e possibilitou a acu mulação primitiva de capital ao operariado. d) o aumento da interferência do Estado na regulamenta ção da jornada de trabalho, salário e na criação de sindi catos, deixou o trabalhador sem espaço de manobra na luta por melhores condições de trabalho. e) máquinas cada vez mais sofisticadas, a fábrica tornou-se o local adequado para a produção, favorecendo a divisão do trabalho, a imposição do horário, da disciplina ao tra balhador e o aumento da produtividade.
A11 Introdução ao estudo das indústrias
02. (Unitau SP) Com relação aos bens produzidos pelas indús trias, os automóveis, assim como os eletrodomésticos, são classificados como a) bens de equipamento. b) bens de capital. c) bens de consumo duráveis. d) bens intermediários. e) bens de consumo não duráveis. 03. (Puc RS) Leia o texto e considere as afirmativas a seguir. Até a década de 1940, havia uma rígida divisão no comércio internacional. As nações desenvolvidas exportavam produtos industrializados para os países não desenvolvidos, os quais, em contrapartida, exportavam produtos agrícolas e matérias -primas em geral. Essa situação, apesar de continuar valendo para alguns países, começou a mudar depois que algumas nações em desenvolvimento fortaleceram o setor industrial. Tais mudanças aumentaram o grau de complexidade das rela ções comerciais internacionais, tendo em vista que I. o comércio entre os países que se destacam pela produ ção de produtos manufaturados de alta tecnologia e os que se distinguem pela produção agrícola foi ampliado. II. os países emergentes são presença cada vez mais efe tiva no mercado mundial, sendo que, entre os trinta maiores exportadores dos últimos três anos, estão na
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ções tais como a China, o Brasil, a Coréia do Sul, a Índia e a Malásia. III. a OMC – Organização Mundial do Comércio – tem por objetivo a regulamentação do comércio de bens e ser viços, buscando a redução da intervenção dos gover nos nacionais no fluxo do capital estrangeiro. IV. os países em desenvolvimento e exportadores de pro dutos agrícolas, como o Brasil, atuam junto à OMC, apoiando uma postura protecionista frente aos Esta dos Unidos e à União Europeia. Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. d) I, II, III. b) II, III. e) II, III e IV. c) III, IV. 04. (UEFS BA) Quanto à transformação do espaço mundial e o espaço do capitalismo industrial, é correto afirmar que: a) A Segunda Revolução Industrial teve início nos primeiros anos do século XIX e utilizou a energia hidrelétrica como principal fonte de energia. b) A indústria materializada em porções especializadas do espaço (zonas, parques industriais, tecnopolos, entre ou tros) comandou o desenvolvimento do espaço mundial durante a segunda metade do século XIX. c) A emergência da indústria moderna alterou marcada mente o espaço, fazendo surgir cidades e imprimindo ao mundo uma nova divisão internacional do trabalho. d) As atividades econômicas são divididas em quatro seto res, ocupando a indústria o setor quaternário. e) A deslocalização industrial tornou-se comum no Brasil, a exemplo de indústrias tradicionais do sul do Brasil que implantaram fábricas no Nordeste, particularmente na Paraíba, seu maior mercado consumidor. 05. (Fatec SP) A escolha de um local para a instalação de uma plan ta industrial não é aleatória. Essa escolha, geralmente, recai sobre um lugar que ofereça mais rentabilidade para o empre endimento. Cada empresa avalia os elementos maisimportan tes para tomar a decisão. Esses elementos são chamados de fatores locacionais e variam dependendo do tipo de indústria. As empresas que produzem tecnologia vestível procuram se instalar nos chamados tecnopolos como o Vale do Silício nos Estados Unidos que, além de outras vantagens, oferecem a) mão de obra barata e contiguidade às redes bancárias, comerciais e hospitalares. b) proximidade de universidades e centros de pesquisa e de tecnologia. c) amplo mercado consumidor e grande quantidade de ma téria-prima. d) energia abundante e barata e informalidade da mão de obra. e) incentivos fiscais e legislação ambiental deficiente.
FRENTE
A
GEOGRAFIA
MÓDULO A12
A INDÚSTRIA E AS REVOLUÇÕES INDUSTRIAIS Evolução industrial Os seres humanos têm transformado matérias-primas em produtos relacionados a sua sobrevivência desde os tempos mais remotos. Desde a Pré-História, o artesanato se faz presente no cotidiano do homem. O artesanato caracteriza-se pelo trabalho indi vidual e pelo domínio de todas as etapas de produção.
ASSUNTOS ABORDADOS nn A indústria e as revoluções in-
dustriais
nn Evolução industrial nn Revolução industrial
Na Idade Moderna, a exigência de aumento da produção para atender ao mercado consumidor fez com que os trabalhadores urbanos fossem agrupados em um mesmo local de trabalho. Com cada trabalhador desempenhando uma atividade específica, surge a manufatura. O termo manufatura está associado ao trabalho com as mãos. Nesse sistema de produção observou-se uma divisão do trabalho, além de um substan cial aumento na produtividade. O desenvolvimento da economia capitalista provocou ainda mais alterações no sen tido da produção em série, ou seja, as máquinas tornam-se peças fundamentais para o processo industrial. Os trabalhadores passaram a ofertar a mais-valia enquanto que os meios de produção eram ligados à elite industrial denominada de burguesia.
O pioneirismo inglês A Inglaterra é considerada o berço da atividade industrial. Esse pioneirismo é expli cado pelos seguintes acontecimentos: nn Acúmulo
de capital: proveniente do mercantilismo e do colonialismo na fase do capitalismo comercial (século XVI ao XVIII); nn O controle do Estado pela burguesia desde a Revolução Gloriosa no ano de 1688: instalou-se a primeira monarquia parlamentar; nn Jazidas de carvão mineral e minério de ferro; nn Excesso de mão de obra: causa do êxodo rural; nn Isolamento territorial em relação às guerras continentais ocorridas na Europa; nn Portos bem posicionados, o que favoreceu o escoamento da produção e a importação de matérias-primas A utilização de maquinários em grande escala ocorreu na Inglaterra a partir do ano de 1750, ou seja, na Primeira Fase da Revolução Industrial. Nesse contexto, passou a ocorrer uma série de modificações na economia mundial, seguidas por intensas mo dificações ou mudanças na vida social, cultural e política do homem contemporâneo.
Revolução industrial A Revolução Industrial caracterizou-se como um processo de mudança. A economia rural caracterizada pelo trabalho manual deu lugar a uma economia dominada pela indústria mecanizada. No ano de 1750, a Inglaterra assume o pioneirismo desse proces so. Os principais aspectos para esse pioneirismo foram: possuir em seu subsolo grandes reservas de carvão mineral e ferro, ter acumulado capital (mercantilismo), possuir mão de obra abundante e especializada, dentre outros fatores. A partir daí o processo indus trial foi alcançando níveis cada vez mais extensos. Na história desses novos meios de produção, a Revolução Industrial ocorreu em três períodos: 415
Geografia
Primeira Revolução Industrial (1750-1870)
O navio a vapor substituiu a escuna e a locomotiva a va por substituiu os vagões puxados a cavalo. O trabalho físico começou a ser transformado em força mecânica. Teve início o funcionamento do primeiro instrumento universal de co municação quase instantânea, o telégrafo.
Fonte: Wikimedia Commons
A grande inovação era representada pelas máquinas a va por, que passaram a ser usadas na extração de minério, na indústria têxtil e na fabricação de uma grande variedade de bens que, antes, eram feitos à mão. A máquina a vapor foi a grande novidade da Primeira Re volução Industrial. Ela foi criada por Thomas Newcomen no ano de 1712, e patenteada por James Watt no ano de 1765. A energia produzida pelo vapor foi fundamental para a trans formação nos meios de transportes. Nesse contexto histórico, a grande fonte de energia era o carvão mineral, que pouco a pouco foi tomando o espaço das fontes tradicionais – eólica, muscular, hidráulica e car vão vegetal. Figura 02 - Produção em série – Indústria Automobilística
Nesse contexto o petróleo surgia como uma importante fonte de energia, permitindo inovações nos transportes e mais flexibilidade na localização das unidades fabris. Ao mes mo tempo, ganhava força a indústria automobilística.
Fonte: Lewis Wickes Hine / Wikimedia Commons
Terceira Revolução Industrial (1940 - atualidade)
Figura 01 - Indústria têxtil e trabalho infantil
A12 A indústria e as revoluções industriais II
Segunda Revolução Industrial (1870-1940) É caracterizada pela difusão dos princípios de industriali zação em diversos países: França, Alemanha, Itália, Bélgica, Estados Unidos e Japão. O destaque ficou com a eletricidade e a química, resultando em novos tipos de motores (elétricos e à explosão), no aparecimento de novos produtos químicos e na substituição do ferro pelo aço. Houve o surgimento das grandes empresas- que, por vezes, se organizavam em cartéis (grupos de empresas que, mediante acordo, buscam deter minar os preços e limitar a concorrência) -, do telégrafo sem fio e do rádio. As duas primeiras revoluções industriais tinham por objetivo usar a tecnologia para produzir produtos baratos e em grandes quantidades. A substituição do trabalho braçal, na primeira, e o desenvolvimento de sofisticadas estratégias gerenciais, na segunda, não visavam substituir trabalhadores por máquinas, uma vez que os trabalhadores desempenha vam papel central e indispensável no processo produtivo. 416
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a economia mundial passou por intensas transformações. Essas modifica ções acabaram por caracterizar a chamada Terceira Revolução Industrial. Uma grande diferença desta para as duas revoluções anteriores está associada ao fato de que as novas mudanças foram bem além das transformações industriais. A Terceira Revolução Industrial é caracterizada por apresentar processos tecnológicos decorrentes da integração física entre ciência e produção, também denominada por revolução tecnocientífica. Os avanços da robótica, da biotecnologia, da química fina pas saram a ser incorporadas ao processo produtivo. A alta tecno logia torna-se mais importante do que a mais valia. O impacto das novas tecnologias provenientes dessa fase da revolução industrial não se restringe apenas às indústrias, mas afeta diretamente as empresas comerciais, as prestado ras de serviços e, até mesmo, o dia a dia de pessoas comuns. A Terceira Revolução Industrial vai além do território norte -americano, do território europeu e do território japonês, pois a globalização é responsável pela abrangência dessa revolução em escala mundial. A invenção do computador (1946) acelerou o processo de informatização e o desenvolvimento das indústrias ligadas ao setor. Como exemplos, temos a informática, que produz computadores e softwares; a microeletrônica, que fabrica chips, transistores e produtos eletrônicos; a robótica, que cria robôs para uso industrial; as telecomunicações, que via bilizam as transmissões de rádio e televisão, a telefonia fixa e móvel e a Internet; a indústria aeroespacial, que fabrica sa télites artificiais e aviões; e a biotecnologia, que produz me dicamentos, plantas e animais manipulados geneticamente.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (Ufam AM) A fonte de energia que exerceu papel funda mental na Primeira Revolução Industrial e que ocupou o se gundo lugar no Século XX foi: a) o carvão mineral b) o petróleo c) a hidroeletricidade d) o gás natural e) a energia nuclear 02. (Unimontes MG) “A Revolução Industrial, longe de se apre sentar como um fenômeno técnico, significou uma transfor mação na ciência, nas ideias e nos valores da sociedade”. Fonte: CARLOS, A. F. A. Espaço e Indústria. São Paulo: Contexto, 2001.
Considerando o texto e seus conhecimentos, quanto aos efeitos da Revolução Industrial, é INCORRETO afirmar que: a) A inovação nos instrumentos e métodos de trabalho per mitiu o acúmulo de capital, bem como a reprodução dele. b) A Revolução Industrial não promoveu alterações rurais, considerando que já havia total esvaziamento do campo. c) O desenvolvimento dos transportes e a melhoria das vias de comunicação favoreceram a expansão do mercado in terno e externo. d) A produção passa a requerer a divisão do trabalho, com a consequente especialização do trabalhador em uma de terminada atividade.
II.
O Reino Unido foi o primeiro país a reunir condições básicas para o início da industrialização devido à in tensa acumulação de capitais no decorrer do Capita lismo Comercial. III. Os mais destacados segmentos fabris desta fase foram o têxtil, o metalúrgico e o de mineração. IV. As transformações produtivas desta fase atingiram ra pidamente outros países como a Alemanha, França e Estados Unidos ainda no Século XVIII recrutando ope rários com salários atrativos promovendo, assim, um intenso êxodo rural. Estão corretas, a) apenas I, II e III. d) apenas I, III e IV. b) apenas I, II e IV. e) I, II, III e IV. c) apenas II, III e IV. 04. (Mackenzie SP) O mapa a seguir apresenta o mais antigo tecnopolo do mundo.
Tendo como base de análise a figura e os aspectos que defi niram a Primeira Revolução Industrial, considere as afirma tivas a seguir: I. Inicia-se nas últimas décadas do século XVIII e esten de-se até meados do século XIX. A invenção da máqui na a vapor e o uso do carvão como fonte de energia primária marcam o início das mudanças nos processos produtivos.
A respeito do surgimento das cidades tecnopolos, é INCORRETO afirmar que a) são regiões que concentram indústrias de alta tecnologia, centros de pesquisas e inovações tecnológicas abrigando grandes universidades capazes de garantir a formação de novos pesquisadores. b) o Vale do Silício localiza-se na Costa Oeste dos Estados Unidos no Estado da Califórnia. A concentração industrial estrutura-se em torno da Baía de São Francisco onde fo ram instaladas centenas de empresas dedicadas à produ ção de computadores e softwares de alta tecnologia.
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A12 A indústria e as revoluções industriais II
03. (Mackenzie SP)
Geografia
c) a cidade de Boston, na Costa Leste dos Estados Unidos, também representa um importante tecnopolo do país. Nes sa região, além da indústria bélica, encontram-se diversas companhias que produzem tecnologia de ponta. d) no Japão, a ilha de Hokkaido abriga os dois maiores tecnopo los do país, Sapporo e Kushiro, especializados em alta tecno logia informacional. e) na Índia, Bangalore representa um tecnopolo especializado em alta tecnologia e telecomunicações e é classificada como uma das dez cidades mais empreendedoras do mundo. 05. (Unifor CE) Em torno da metade do século XIX, a economia mundial, particularmente europeia e norte-americana, passou por profundas transformações tecnológicas e organizacionais. Analise as afirmativas abaixo a respeito dessas transformações: I. Multiplicaram-se as fábricas: na Inglaterra, Alemanha, Bélgica, USA, França e China. II. Aumento do número de invenções e consequentemente de patentes. III. Introdução da administração científica. IV. Principais setores: energia elétrica, química, aço, petró leo e têxtil. V. Houve a concentração e a centralização do capital.
Somente estão CORRETAS as afirmativas: a) I, II e III. d) II, IV e V. b) I, III e IV. e) I, II e IV. c) II, III e V. 06. (UEFS BA) Sobre o espaço industrial, sua evolução, sua orga nização e sua sistematização, no mundo e no Brasil, é correto afirmar que: a) A energia utilizada para a arrancada inicial da industrializa ção, conhecida como Primeira Revolução Industrial, era ob tida por meio das usinas termelétricas e hidrelétricas. b) A industrialização dos países subdesenvolvidos ocorreu após a Primeira Guerra Mundial e as primeiras fábricas que se for maram eram pouco automatizadas, empregando uma gran de quantidade de mão de obra. c) A emergência da indústria de alta tecnologia corresponde a uma reestruturação espacial, ou seja, enquanto velhas regiões industriais entram em crise, surgem novos espa ços produtivos. d) A indústria brasileira vem registrando um declínio contínuo na produção e nas vendas, desde a crise mundial de 2008. e) A Petrobras é autossuficiente na produção e refino de petróleo, graças à produção dos poços do pré-sal e ao funcionamento de novas refinarias nos Estados de Per nambuco e Ceará.
A12 A indústria e as revoluções industriais II
Exercícios Complementares 01. (Puc MG) Ao longo da maior parte do século XX, a econo mia e a produção industrial estruturaram-se a partir da apli cação do paradigma fordista-taylorista de produção. Esse modelo se fundamentou, basicamente, na divisão técnica do trabalho, na utilização intensiva do trabalho repetitivo, semiqualificado e especializado e, sobretudo, na produção em série. O meio geográfico típico do fordismo-taylorismo se caracterizava normalmente por grandes concentrações industriais (cidades industriais), estruturadas em torno de ferrovias, rodovias ou portos. A revolução tecnocientífica que avançou nas décadas finais do século passado apontava para o esgotamento do modelo do fordismo-taylorismo. O conceito de produção em série foi sen do substituído pelo de “produção flexível”, com a diversificação de mercadorias, agora adaptadas a nichos de mercado com exigências específicas. O trabalhador especializado foi sendo substituído pelo trabalhador polivalente e qualificado. Os in vestimentos em alta tecnologia e nos processos de automação se tornaram fundamentais na estruturação e criação dos no vos espaços produtivos. O meio geográfico, chamado agora de meio técnico-científico e informacional, foi sendo amplamente reestruturado, inspirado em novos paradigmas. As características a seguir relacionam-se à estruturação des se meio técnico-científico e informacional, EXCETO: a) As grandes corporações estruturam redes de âmbito glo bal, nas quais a produção, a circulação e o consumo são integrados virtualmente pelas tecnologias de informação. 418
b) As redes abrangem modernos centros de pesquisa e ino vação, plantas industriais estrategicamente localizadas e articuladas a uma vasta gama de empresas fornecedoras de produtos e serviços. c) Os diversos componentes de um produto são produzidos num único local, o que leva ao superdimensionamento das unidades industriais, restringindo as opções locacio nais das empresas às áreas com grande disponibilidade de terrenos. d) A inclusão de novos países, regiões e populações ao cir cuito da produção e do consumo atuais se dá de forma diferenciada, refletindo a desigualdade das condições técnicas, organizacionais e de renda existentes entre os países, regiões e grupos sociais. 02. (UFPI) Quanto às fontes de energia é correto afirmar que: a) a energia hidroelétrica requer uma infraestrutura que causa poucos danos ambientais. b) as fontes renováveis de energia, tais como a eólica e a so lar, apresentam sérios problemas de poluição ambiental. c) o carvão mineral foi a fonte de energia básico na Primeira revolução Industrial. d) a biomassa vegetal como fonte de energia pouco tem contribuído para a devastação das florestas. e) Com a globalização, diminuíram as desigualdades econô micas e sociais entre países desenvolvidos e subdesen volvidos capitalistas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
03. (UECE) A partir dos anos 1980, quando gradativamente espa lharam-se pelo mundo as grandes empresas e as novas tecno logias, como a internet, os satélites e os meios digitais, ocorreu um fenômeno global que favoreceu o aumento da produtivida de econômica e a aceleração dos fluxos de capitais, mercado rias, informações e pessoas. Esse processo, predominante em países desenvolvidos e alguns países emergentes, formou, nos territórios, um meio conhecido como a) científico-agrário. b) técnico-científico-informacional. c) técnico-informacional-agroindustrial. d) acadêmico-industrial. 04. (FGV RJ) A partir da década de 1970, a informática e a eletrônica “diminuíram” o tempo e a distância e, graças à eficiência das novas tecnologias, tornaram possível a flexibilização da produção. Sobre o modelo de produção flexível, assinale a afirmação correta. a) A participação dos funcionários nas decisões possibilita a uniformização do processo produtivo. b) A eliminação de estoques permite a redução dos custos e o aumento da produtividade. c) A renovação da linha de montagem exige a contratação de numerosa mão de obra. d) A adoção das novas tecnologias mantém a produção massi ficada e uniforme. e) A valorização do trabalho individual garante o controle de qualidade. 05. (Fac. Direito de São Bernardo do Campo SP) Leia: “Carros que dirigem sozinhos, serviços de entregas feitos por ro bôs, softwares cuidadores de idosos e “serpentes” cirurgiãs. A au tomação promete ganhos milionários para as empresas do setor, mas o que acontece com as pessoas que executam as mesmas ta refas que esses robôs? A nova tecnologia vai ajudá-los a trabalhar de forma mais eficiente ou vai colocar seus empregos em risco?”
06. (Unifor CE) A Primeira Revolução Industrial desenvolveu-se na Inglaterra, a partir da metade do século XVIII. Este aconteci mento histórico provocou profundas transformações tecno lógicas, organizacionais e sociais. O surgimento da Indústria Moderna estruturou uma nova sociedade e expandiu-se, de pois, por vários países do mundo. Assinale a alternativa correta sobre este assunto: a) A Primeira Revolução Industrial aumentou a produtividade do trabalho e, com isso, promoveu uma melhor distribuição de renda desde o início. b) A Primeira Revolução Industrial foi caracterizada pela forma ção de cartéis, trustes e “holdings”. c) A nova classe de trabalhadores adaptou-se rapidamente às máquinas, pois estas diminuíam o esforço físico. d) A fonte básica de energia usada na Revolução foi o querosene. e) A máquina a vapor, o tear mecânico e a energia gerada pelo carvão são acontecimentos básicos da Revolução. 07. (Uerj RJ)
A fábrica da Ford em River Rouge, nos E.U.A., inaugurada em 1928, ocupava 8 km2 e chegou a ter 120 mil operários. columbia.edu
A discussão sobre as repercussões do desenvolvimento tecnoló gico são sempre muito controversas. No que diz respeito aos im pactos na geografia econômica dos países, é certo afirmar que: a) A automação na produção agrícola brasileira significou uma perda inicial de empregos, mas houve crescimento posterior em razão do aumento da produção, e o mundo rural perma neceu mais ou menos com a mesma população. b) A automação industrial que foi intensa em certos países não implicou que esses fossem os maiores produtores industriais do mundo, visto que alguns países possuem uma indústria muito vigorosa, fazendo uso intensivo de mão de obra. c) A questão do desemprego afeta mesmo os países mais in dustrializados, visto que nos outros setores econômicos as possibilidades de automação são ainda promessas. Assim, países menos industrializados têm menos desemprego. d) A automação acelerada no setor de serviços está gerando um grande desemprego especialmente nas aglomerações urbanas. Como nesses espaços os serviços são o mercado dominante, as taxas de crescimento urbano estão refluindo.
A fábrica da Ford em Camaçari, no Brasil, inaugurada em 2001, ocupa 1,6 km2 e tem 8 mil operários. ford.com.br
As diferenças observadas entre a fábrica fordista e a fábrica pós-fordista são explicadas, principalmente, pela introdução da estratégia de organização produtiva denominada: a) regulação b) terceirização c) padronização d) hierarquização 419
A12 A indústria e as revoluções industriais II
(Rob Crossley. Robôs x empregos: a automação vai fechar mais vagas do que criar? In BBC Brasil,http://www.bbc.com/portuguese/noti cias/2014/06/140630_robos_empregos_lab, acesso 27/10/2015)
FRENTE
A
GEOGRAFIA
Exercícios de Aprofundamento 01. Os gráficos e a tabela abaixo, cujos dados foram obtidos a partir do Plano Decenal de Expansão de Energia 2008-2017, mostram a estrutura nacional do consumo final energético por fonte, em porcentagem, para o ano de 2008 e uma perspectiva para 2017. As fontes de números IV e V correspondem, respectiva mente, a Outros Energéticos e Gás Natural.
a) O petróleo é uma fonte de energia renovável, pois novas descobertas, a exemplo do petróleo extraído do pré-sal, comprovam que é um recurso permanente e inesgotável. b) O carvão mineral é uma fonte de energia renovável, pois a utilização de lenha para sua produção pode ser suprida por meio de projetos de reflorestamento. c) O gás natural é uma fonte de energia renovável, pois é pro duzido concomitantemente ao petróleo, a partir de proces sos geológicos de duração reduzida, semelhantes à escala de tempo humana. d) A biomassa é uma fonte de energia renovável, pois é pro duzida a partir do refino do petróleo, que é um recurso não renovável, mas pode ser reciclado. e) A energia eólica é uma fonte de energia renovável, pois é pro
Estrutura do consumo final energético por fonte (%) Fonte
Ano
duzida a partir do movimento do ar, o que a torna inesgotável. 03. (UFF RJ) Energia das ondas
2008
2017
Não só os surfistas desfrutam das grandes ondas do Brasil. Se
I
40,5
36,5
tudo caminhar bem, o Brasil vai inaugurar no segundo semestre
II
22,8
24,6
III
19,1
20,6
IV (Outros Energéticos)
11,6
12,2
V (Gás Natural)
6,0
6,2
Pela análise comparativa dos dados fornecidos, conclui-se que as fontes I, II, III correspondem, respectivamente, a:
de 2006, no Estado do Ceará, a primeira central elétrica da Amé rica, a partir do aproveitamento da força das ondas do mar, pro duzindo 500 quilowatts de energia e contemplando 200 famílias. Estima-se que a potencialidade total dos oceanos do Planeta é de um a dois terawatts, o suficiente para atender toda a de manda energética mundial. Usar de 10 a 20% “já seria colos sal”, afirma o especialista Segen Estefen. Adaptado do JB Ecológico, ano 3, n° 26. Baines, J. Preserve os Oceanos. Ed. Scipione
a) Eletricidade, Derivados de Petróleo e Fontes Renováveis. b) Eletricidade, Fontes Renováveis e Derivados de Petróleo. c) Derivados de Petróleo, Eletricidade e Fontes Renováveis. d) Derivados de Petróleo, Fontes Renováveis e Eletricidade. e) Fontes Renováveis, Eletricidade e Derivados de petróleo. 02. (UFPB) Os recursos energéticos utilizados atualmente podem ser classificados de várias formas, sendo usual a distinção base ada na possibilidade de renovação desses recursos (renováveis e não renováveis), em uma escala de tempo compatível com a expectativa de vida do ser humano. Considerando o exposto e o conhecimento sobre o tema abor dado, é correto afirmar que:
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Acerca da ocorrência de marés e de ondas do mar, assinale a alternativa correta. a) As diferenças de temperatura, entre as águas superficiais e aquelas profundas, provocam os movimentos de maré. b) As correntes marítimas, tanto as frias quanto as quentes, são as principais responsáveis pela ocorrência de ondas. c) O principal fator causador das ondas é o vento enquanto o das marés é a força gravitacional da Lua. d) A produção de eletricidade a partir da energia das ondas já é uma realidade, sendo apenas projeto quanto às marés. e) A formação de grandes ondas é decorrência direta das ma rés altas, facilitando a produção de eletricidade. 04. (UFSCar SP) O gráfico compara as diferentes matrizes de oferta de energia no Brasil, nos países membros da Organização para Coo peração e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e no mundo. Ana lise-o e, em seguida, considere as quatro afirmações seguintes.
A análise do gráfico e seus conhecimentos sobre o tema permi tem afirmar que estão corretas as afirmações: a) I, II, III e IV. b) I, II e III, apenas. c) I, II e IV, apenas. d) I e III, apenas. e) II e IV, apenas. 05. (ESPM SP) A visita do presidente Bush ao Brasil, em março de 2007, trouxe a tona a questão do etanol, promovendo um con sequente debate na sociedade brasileira. Sobre o assunto, po demos afirmar que: a) O etanol é considerado uma fonte energética limpa, pois não provoca danos ambientais em nenhuma de suas fases de produção. b) O interesse brasileiro na produção de etanol é suprir total mente a demanda energética norte-americana, possibilitan do àquele país substituir sua matriz energética, em no máxi mo dois anos. c) A principal fonte energética norte-americana é o etanol, fato que acirra as pretensões brasileiras. d) O etanol é um combustível fóssil, portanto o argumento de redução da emissão de CO2 é pouco consistente. e) Uma das preocupações dos ambientalistas, na produção do etanol, é a ampliação da produção canavieira e a consequen te diminuição do cultivo de gêneros básicos. 06. (FGV RJ) No dia 15 de junho deste ano, o presidente norte -americano Barack Obama fez um pronunciamento em rede, acerca do vazamento de petróleo no Golfo do México - já con siderado o pior desastre ambiental - e as ações que estavam
Disponível em www.mme.gov.br/. Acessado em 31.07.2008.)
I.
II.
III.
IV.
A participação das fontes de energia renováveis repre senta cerca de pouco mais de 12% no mundo. Já no Bra sil, elas representam pouco menos que a metade da ofer ta de energia. Parte considerável da biomassa consumida no Brasil des tina-se ao setor de transportes. Esse consumo deve ser ampliado nos próximos anos, com a substituição de parte do diesel proveniente do petróleo por biocombustíveis. A queima do petróleo e do carvão mineral apresenta menores emissões de gases estufa do que a queima de biomassa e gás natural, demonstrando que os países da OCDE estão mais próximos de cumprir as metas do Pro tocolo de Kyoto. Há um forte desequilíbrio no consumo de energia, visto que os trintapaíses membros da OCDE, considerados ri cos, consomem quase metade dos recursos energéticos mundiais.
sendo empreendidas pelo governo dos EUA e pela empresa responsável, a British Petroleum. Nessa ocasião, Obama ace nou para uma ampla reforma das políticas energéticas, apon tando um cenário favorável para as fontes de energia renová veis e limpas. Caso se verifique essa nova tendência energética nos próximos anos, um possível reflexo na economia brasileira seria: a) Diminuição de nossas exportações de petróleo, já que os EUA são nosso maior importador de combustíveis de origem fóssil. b) Aumento da demanda pelo etanol brasileiro. c) Diminuição, no Brasil, de investimentos em pesquisas de ex ploração de petróleo e carvão mineral. d) Alterações na frota de veículos brasileiros, movida predomi nantemente por diesel, derivado de petróleo. e) Diminuição da participação da Petrobras no cenário interna cional, dada a provável desvalorização do petróleo na matriz energética mundial.
421
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
(Ministério das Minas e Energia. Energia 2007. Resultados Preliminares.
Geografia
07. (UEFS BA) A propósito do espaço industrial, evolução, organi zação e sistematização no mundo e no Brasil, marque V nas alternativas verdadeiras e F, nas falsas. ( ) O vale do Ruhr está situado no oeste da Alemanha, em uma região com grandes reservas carboníferas, onde fo ram instaladas muitas indústrias de base. ( ) O norte da Itália, com destaque para o vale do rio Pó, con centra grandes centros industriais da Europa, como Milão, Turim, Gênova, Bolonha e Veneza. ( ) O vale do Silício, na Flórida, área industrial mais moder na dos Estados Unidos, surgiu na última década do século passado, concentrando empresas ligadas às tecnologias, como microinformática, robótica, biotecnologia. ( ) A diversificação da matriz energética do Brasil tem no car vão mineral, oriundo do Sul e Sudeste, eficiência em quan tidade e qualidade, sendo um grande suporte para alimen tar o cenário industrial do país. A alternativa que indica a sequência correta, de cima para bai xo, é a
08. As áreas industriais da China estão concentradas na porção oeste do seu território, longe da sua região costeira, uma vez que a sua grande produção industrial é exportada por via terrestre e não marítima. 16. As principais áreas industriais dos Estados Unidos estão na sua porção central, longe dos oceanos, dos rios e lagos, a fim de evitar a poluição de suas águas. 10. (UFSC) Nos últimos anos, particularmente depois da década de 1970, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora e do próprio movimento operário inglês. O entendimento dos elementos constitutivos desta crise é de grande complexidade, uma vez que, neste mesmo período, ocorreram mutações in tensas de ordens diferenciadas. Tais mutações, no seu conjunto, acabaram por acarretar consequências muito fortes ao movi mento operário, em particular no âmbito do movimento sindical.
a) V V F F b) V F V F c) V V V F d) F V F V e) F F V V 08. (UECE) “O espaço geográfico agora mundializado redefine-se pela combinação de signos. Seu estudo supõe que se levem em conta esses novos dados revelados pela modernização e pelo capitalismo agrícola, pela especialização regional das ativida des, por novas formas e localização das indústrias.” (SANTOS, Milton. Técnica, Espaço e Tempo, Rio de Janeiro: Hucitec, 1996.)
O trecho anterior expressa novas determinações do espaço ge ográfico identificadas com a) os territórios de exclusão. b) as paisagens distópicas. c) o meio técnico científico e informacional. d) a redefinição de hierarquias urbanas. 09. (UEPG PR) Com relação às principais áreas industriais do plane FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
ta, assinale o que for correto. 07 01. A Inglaterra foi o berço da Revolução Industrial, e o Reino Unido exerceu uma hegemonia industrial e comercial até o fim das guerras mundiais, quando perdeu essa posição para os Estados Unidos. 02. O Brasil é possuidor de uma indústria diversificada e conta com um desenvolvido setor de alta tecnologia. 04. A mais importante área de industrialização da Alemanha está em sua porção oeste destacando-se a região entre a Renânia do Norte e a Vestfália, no curso inferior do rio Reno e no Vale do Ruhr. 422
Texto e imagem disponíveis em: <http://historianovest.blogspot.com.br/ 2010/04/as-dimensoes-da-crise-no-mundo-do.html> [Adaptado] Acesso em: 13 jul. 2014.
Com relação ao assunto tratado e à figura acima, é CORRETO afirmar que: 03 01. como consequência do fim do chamado “bloco socialista”, os países capitalistas centrais vêm rebaixando brutalmente os direitos e as conquistas sociais dos trabalhadores, dada a “inexistência”, segundo o capital, do “perigo socialista” hoje. 02. a partir dos anos 1970, o projeto neoliberal passou a ditar o ideário e o programa a serem implementados pelos pa íses capitalistas, inicialmente no centro e logo depois nos países subordinados, contemplando reestruturação pro dutiva, privatização acelerada, enxugamento do Estado e políticas fiscais e monetárias. 04. é perceptível, particularmente nas últimas décadas do século XX, um significativo aumento do número de assa lariados médios no setor primário da economia, que foram expulsos do mundo produtivo industrial, sobretudo nos chamados países do Eixo Norte. 08. o trabalho passa a satisfazer as necessidades do trabalhador no momento em que ele se aliena da atividade produtiva.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
balho dos empregados às suas necessidades de produção e
etapas distintas, sob a designação de Revolução Industrial.
demanda de serviços.
Considerando essas etapas e suas características, assinale a(s)
Esse sistema de banco de horas pode ser utilizado, por exem
alternativa(s) correta(s). 15
plo, nos momentos de pouca atividade da empresa para redu
01. A Primeira Revolução Industrial ocorreu nos séculos XVIII e
zir a jornada normal dos empregados durante um período, sem
XIX, até por volta de 1870. Foi caracterizada pela substitui
redução do salário, permanecendo um crédito de horas para
ção do trabalho artesanal, ou manufatura, pela maquino
utilização quando a produção crescer ou a atividade acelerar.
fatura. Não havia grandes empresas e monopólios.
Se o sistema começar em um momento de grande atividade
02. A Segunda Revolução Industrial se desenvolveu a partir de
da empresa, a jornada de trabalho poderá ser estendida além
1850. Para produzir mais em menos tempo, as máquinas
da jornada normal (até o limite máximo da décima hora diária)
foram aperfeiçoadas e foi introduzida a produção em série.
durante o período em que o alto volume de atividade perma
04. No decorrer da Segunda Revolução Industrial, destacaram
necer e deverá ser compensada posteriormente com a redução
-se dois processos de produção, denominados de tayloris-
da jornada de trabalho. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista.com.br/ guia/banco_horas.htm>. Acesso em: 03 nov. 2015.
mo e de fordismo. Ambos os processos levaram os traba lhadores a produzirem mais em menos tempo. 08. A Terceira Revolução Industrial, iniciada na segunda meta de do século XX, foi marcada pelo avanço da informática, com o uso do computador, da internet e da robótica. 16. No século XXI, início do Terceiro Milênio, começa a se de senvolver a Quarta Revolução Industrial, atingindo tanto o setor industrial como o setor agrícola. No setor industrial, surgem os veículos movidos a energia elétrica; e na agricul tura, os produtos transgênicos. 12. (Unifor CE) A indústria artesanal, na qual o artesão era dono da oficina e dos instrumentos de trabalho foi substituída, já ao longo do século XVI, pelo sistema manufatureiro doméstico (putting-out system). Sobre este assunto pode-se afirmar que: a) No primeiro momento, o mercador capitalista fornecia a matéria-prima ao artesão que ainda era dono do processo produtivo. b) No segundo momento, o mercador capitalista passou a ser o proprietário das máquinas e dos equipamentos, mas não fornecia a matéria-prima. c) No terceiro momento, não fornecia a matéria-prima, passou a ser dono do prédio. Surgiu a fábrica. d) A partir do terceiro momento, o trabalhador associou-se ao capitalista na participação nos lucros da empresa. e) O trabalho que era assalariado no primeiro momento tor nou-se um trabalho de semisservidão.
O banco de horas é uma inovação que surgiu no modelo de produção a) fordista, buscando diminuir a formação de estoques. b) toyotista, com o objetivo de adequar a produção à de manda. c) taylorista, que tenta aumentar a produção sem aumentar os custos. d) keynesiano, objetivando aumentar a influência do estado na economia. e) socialista, buscando garantir os empregos e a continuidade da produção. 14. (UCB DF) O setor secundário da economia é o setor industrial. Por setor secundário se compreende todos os tipos de indús trias que transformam matéria-prima em produtos a serem consumidos pela população, ou fabricam máquinas e equipa mentos utilizados no próprio setor industrial. No que se refere ao tipo de tecnologia empregada ou à finalidade de produção das indústrias, julgue os itens a seguir. F-F-F-F-V 00. As indústrias tradicionais são aquelas que apresentam um alto nível de tecnologia. Isso se dá pelo acúmulo de experi ência e desenvolvimento de novos projetos. 01. As indústrias automobilísticas, por suas características bá sicas, são consideradas indústrias tradicionais. 02. Indústrias de bens intermediários são aquelas que transfor mam a matéria-prima em produtos que estão na base da cadeia produtiva. Geram matéria-prima elaborada, que será
13. (UNCISAL AL) Banco de horas O chamado banco de horas é uma possibilidade admissível de compensação de horas, vigente a partir da Lei nº 9.601/1998.
utilizada na indústria de bens de consumo. 03. As indústrias de bens de consumo duráveis produzem, en tre outros, calçados, alimentos e vestuários.
Trata-se de um sistema de compensação de horas extras mais
04. As indústrias extrativas realizam, com o uso do maquinário,
flexível, mas que exige autorização por convenção ou acordo
a extração de matérias-primas de origem vegetal ou mine
coletivo, possibilitando à empresa adequar a jornada de tra
ral: petróleo, minério de ferro, carvão mineral. 423
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
11. (Uem PR) O processo de industrialização mundial ocorreu em
shutterstock.com
FRENTE
B
GEOGRAFIA Por falar nisso A cena política russa, desde a posse do presidente Putin, em 6 de maio de 2012, tem se caracterizado, de um lado, pela continuidade de movimentos contra o seu exercício da função, especialmente em Moscou; e, de outro lado, pela continuidade do apoio que lhe é dado pela população no interior do país. Durante a campanha eleitoral, frente às grandes manifestações da população dos grandes centros urbanos contra a sua eleição, Putin fez uma série de promessas de reforma do sistema político, anteriormente já anunciadas e efetuadas por Dmitri Medvedev, durante a fase final da sua presidência. Entre elas, as mais importantes foram o retorno das eleições diretas para governador das regiões e territórios russos e a facilitação do registro de partidos políticos e de candidatos aos vários postos eletivos. Também foi assegurada, pelo candidato, a livre manifestação popular, nos termos da Constituição russa. Entre a eleição e a posse do novo presidente, as manifestações antiPutin prosseguiram, ainda que sem a amplitude das anteriores. No dia de sua posse, durante uma dessas manifestações, um grupo de manifestantes tentou ultrapassar a barreira de policiais que impediam o acesso ao Kremlin, provocando choques que resultaram inúmeras prisões. Não está ainda claro se o incidente foi provocado por agentes a serviço do governo ou por manifestantes propriamente ditos. O episódio está sendo investigado e as prisões realizadas não foram relaxadas, a não ser de uma pessoa, cuja presença no local não ficou comprovada. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B09 B10 B11 B12
Revolução Russa............................................................................ 426 Federação Russa............................................................................ 433 Conflitos e separatismos na Chechena e no Daguestão.............. 438 Conflitos e separatismo na Geórgia e na Ucrânia......................... 443
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B09
ASSUNTOS ABORDADOS nn Revolução Russa nn O Declínio Russo: a amarga década de 1990
REVOLUÇÃO RUSSA Mesmo sendo caracterizada por ser uma nação que exerceu grande protagonismo nas relações internacionais entre o século XIX e início do século XX, a Rússia distoava de outras nações que promoveram a Revolução Industrial a partir no final do século 18 do século XVIII. O país mantinha aspectos rurais, ou seja, fundamentados na produção agrícola e nas relações trabalhistas baseadas na servidão. A sociedade russa era organizada de forma hierárquica com evidentes discrepân cias jurídicas. Esse é um outro fator em que o país distoava de outras nações, marca damente daquelas que fizeram utilização dos ideais libertários do iluminismo. O go verno czarista, em termos políticos, se fazia representado pelas práticas autoritárias relacionadas à dinastia Romanov. A família Romanov havia assumido o trono russo em meados do século XVII. Uma forte insatisfação social se instalava em diversos grupos da sociedade russa. Essa insatisfação era relacionada à permanência de estruturas antigas e antidemocrá ticas. Essa inconformação era exemplificada pelos trabalhadores urbanos e por cam poneses, que se mostravam muito inconformados com as péssimas condições às quais estavam submetidos. Os descontentamentos ampliaram-se com as graves ondas de fome causadas pelas constantes crises na produção agrícola. Outro segmento, o dos burgueses, também fazia oposição em forma de críticas ao governo. Essas críticas base avam-se no quadro de estagnação econômica, além dos inúmeros privilégios recebidos pelo clero ortodoxo e por setores da nobreza.
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Figura 01 - Foto do czar Nicolau II e a Família Romanov .
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
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No início do século XX o cenário de insatisfação social ganhou ainda mais força. A derrota da Rússia para o Japão, entre os anos de 1904 e 1905, na Guerra Russo-Japonesa foi o estopim para ampliar esse qua dro. No final da guerra que envolveu os dois países, várias rebeliões populares ganharam as ruas em diversas regiões do país. Esses episó dios constituíram-se no chamado Ensaio Geral. O czar Nicolau II foi o principal alvo dessas manifestações. No ano de 1905, grupos revolto sos exigiam ser recebidos pelo governante. O principal objetivo era o de demonstrar o descontentamento e para tal, desejavam expor suas inúmeras reivindicações. No entanto, ocorreu uma recusa por parte do governo, gerando perseguições e várias mortes. O exército czarista protagonizou o que ficou conhecido como Domingo Sangrento. Nesse contexto surgiram as forças revolucionárias. O caos social foi fundamental para que esses revolucionários realizassem um pro cesso de insurreição, formando assim os sovietes, agremiações políti cas que representavam os setores menos abastados da sociedade (o proletariado industrial, os camponeses e os militares de baixa paten te). A partir de então, os sovietes assumiriam as principiais ações de oposição ao governo e ao status quo.
Figura 02 - Domingo Sangrento de São Petersburgo
O Partido Operário Social Democrata Russo caracterizou-se como sendo uma ou tra importante instância de combate político. Representação trabalhista de natureza socialista, o Partido Operário Social Democrata Russo era dividido em dois grupos. Os mencheviques indicavam que o desenvolvimento prévio do sistema capitalista seria o estágio fundamental à implementação do sistema socialista. Os bolcheviques, que in tegravam a ala majoritária do partido, advogavam a implementação imediata de uma ditadura proletária comunista. Com o início da Primeira Guerra Mundial, as condições sociais dos russos tornaram -se ainda piores. Os gastos do conflito além das constantes derrotas do exército nacio nal tornaram mais graves ainda as consequências da guerra. Medidas relacionadas a racionamentos, os elevados gastos do governo com a manutenção das forças militares e as baixas no front elevaram, então, a insatisfação social a níveis explosivos.
Fonte: Wikimedia Commons
Em abril de 1917, o líder bolchevique Vladimir Lenin proferiu um discursou contra a inoperância do governo provisório. Lenin acusava o governo provisório de não agir em relação a três questões fundamentais: a saída da Rússia da Primeira Guerra, as ondas de fome que afligiam a maioria dos russos e a concentração extrema de terras no país. Surgem assim as Teses de Abril. Essas teses baseavam-se no lema: paz, pão e terra. Essas concepções políticas defendidas por Lenin tornaram-se a base para as intensas críticas ao poder instituído. A Revolução Vermelha, também conhecida como Revolução de Outubro, ocorrida em outubro de 1917 tornou-se o processo revolucionário que atingiu seu ápice por meio de um novo golpe. No lugar dos mencheviques, os bolcheviques foram os coorde nadores desse movimento. Lenin, o novo líder do país, toma medidas baseadas no sis tema socialista. As principais características desse primeiro momento foram: a imediata
Figura 03 - Vladimir Ilyich Ulyanov, mais conhecido pelo pseudônimo Lenin (Simbirsk, 22 de abril de 1870 - Gorki, 21 de janeiro de 1924), foi um revolucionário comunista, político e teórico político russo que serviu como chefe de governo da República Russa de 1917 a 1918, da República Socialista Federativa Soviética da Rússia de 1918 a 1922 e da União Soviética de 1922 a 1924.
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B09 Revolução Russa
A Revolução de Fevereiro (fevereiro de 1917) acabou determinando a queda do czar Nicolau II. O inconformismo assumiu contornos mais concretos. Sob a liderança da bur guesia e com apoio de grupos mencheviques, essa revolução acabou conseguindo a im plantação de um governo provisório. Liderados por Aleksander Kerensky, o novo gover no acabou perdendo de forma rápida o apoio dos sovietes. A insatisfação foi provocada pela permanência da Rússia na Primeira Guerra e também pela ausência de medidas verdadeiramente revolucionárias.
Geografia
rendição do país na Primeira Guerra Mundial, a estatização da economia, o controle das fábricas entregue aos trabalhadores, a estatização das propriedades privadas, além da implementação de um programa radical de reforma agrária.
Fonte: Wikimedia Commons
Os opositores de Lenin desenvolveram uma ação contrarrevolucionária. Constituída pela burguesia e por grupos czaristas, essa ação levou a Rússia a uma violenta guerra civil (1917-1921). A disputa ocorreu entre as forças governamentais representadas pelo Exército Vermelho (sob o comando de Leon Trotsky) e por setores antibolcheviques, representados pelo Exército Branco.
Fonte: wikimedia commons
Figura 04 - Leon Trótski (nascido Liev Davidovich Bronstein; Ianovka, 7 de novembro de 1879 - Coyacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, organizador do Exército Vermelho e, após a morte de Lenin, rival de Stalin na disputa pela hegemonia do Partido Comunista da União Soviética.
Os primeiros anos do governo Lenin foram extremamente complicados. As tragédias geradas pela guerra civil no país e a incapacidade de recuperação da economia levaram o governo a criar um programa econômico cujas medidas relativizavam as determina ções socialistas. Foram permitidas a circulação monetária e a entrada de capital es trangeiro no país. A partir da NEP (Nova Política Econômica), o governo Lenin buscava flexibilizar as estruturas econômicas para, assim, garantir o crescimento do país.
Figura 05 - Josef Vissariónovitch Stalin, nascido aos 18 de dezembro de 1878 em Vissariónovitch Djugashvili, faleceu aos 5 de março de 1953, em Moscou. Sob a liderança de Stalin, a União Soviética desempenhou um papel decisivo na derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945) e passou a atingir o estatuto de superpotência, após rápida industrialização e melhoras nas condições sociais do povo soviético.
B09 Revolução Russa
Com o sucesso da NEP e o fim da guerra civil, a liderança exercida pelos bolcheviques se consolidou. O projeto implantado por Lenin acabou ganhando força para além das fronteiras russas. Surge a partir do ano de 1922 a União das Repúblicas Socialistas So viéticas. Alguns países vizinhos da Rússia passaram a adotar o regime socialista, dando assim, origem a essa confederação. No comando da URSS estava o Partido Comunista liderado por Vladimir Lenin. Com a morte de Lenin no ano de 1924, Leon Trotsky e Joseph Stalin passaram a disputar o cargo deixado pelo líder da Revolução Comunista. Stalin assume o poder no país até o ano de 1953. 428
Ciências Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS RÚSSIA: DO FIM DO COMUNISMO À CRISE ATUAL Nenhum país recentemente passou por uma transformação tão profunda e radical como a Rússia de hoje. Abandonou um regime político-econômico que perdurou por mais de 70 anos, o do Socialismo, e lançou-se em reformas que visavam a alterar sua própria essência. Foi uma imensa operação de reversão econômica de um modelo estatizante, baseado na propriedade coletiva dos meios de produção e no planejamento econômico centralizado, para um sistema oposto, o do Capitalismo laissez-faire. Adotaram como modelo o estado liberal ocidental, cujo intervencionismo reduz-se a um mínimo e as propriedades estatais foram entregues ao con trole e administração privados. As reformas na Rússia ganharam amplo apoio, político e financeiro, dos principais países capitalistas ocidentais em função delas visarem à absorção dela ao sistema capitalista mundial(*). Foram estendidos à Rússia e ao governo de Boris Yeltsin generosos empréstimos que permitiram que ele sobrevivesse politicamente às naturais turbulências do processo. Tudo indica que com a crise asiática e a generalização dos seus efeitos, a Rússia marcha para uma depressão econômica. Tendo uma das maiores reservas do mundo de petróleo, gás, minerais e demais produtos estratégicos (com os quais paga suas dívidas e paga suas importações), qualquer abalo que ela sofra faz com que as economias dos países ricos também se afetem e sintam-se ameaçadas. (*) Por sugestão da França fundou-se, em 1989, o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento, para amparar as transfor mações que estavam ocorrendo no Leste europeu. Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/atualidade/russia_hoje.htm
O declínio russo: a amarga década de 1990 As reformas propostas por Gorbatchev, que buscavam a formação de uma nova es trutura política e econômica para a URSS, ainda estavam em curso quando esse foi alvo de um golpe de Estado. Perpetrado pela ala mais conservadora da cúpula do governo soviético, sob a liderança de Guenedi Ianaev, o golpe visava a impedir a sequência das reformas. Porém, a falta de apoio popular, as divergências dentro do PCURSS e a resis tência política comandada por Boris Yeltsin, integrante da ala reformista e recém-eleito (em junho de 1991) presidente da Rússia, impediram o sucesso do golpe. Essa turbulência - que logo foi sucedida pela declaração de independência da Rússia, a qual junto com Ucrânia e Belarus, através do Acordo de Minsk, formou a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) - ocorreu pouco antes do colapso total da URSS, que se processou em dezembro de 1991.
Fonte: wikimedia commons
Como parte das reformas, em dezembro de 1993, novas eleições legislativas foram realizadas, e por meio de um plebiscito, a nova Constituição da Federação Russa foi aprovada. Em 1996, na eleição presidencial, Yeltsin foi reeleito presidente, agora para um mandato de quatro anos. Porém, tal mandato não foi concluído pois junto com a economia convalescente de seu país, a saúde do chefe de Estado também piorava. Durante a transição para a economia de mercado ao longo da década de 1990 – saindo de um regime autoritário e planificado, para uma democracia liberal –, a Rússia enfrentou um quadro socio econômico muito ruim, fruto das heranças deixadas pela economia soviética, dentre as quais se destacam a obsolescência tecnológica e a baixa produtividade em setores da indústria de bens de consumo
Figura 06 - Boris Nicolaievich Yeltsin nasceu em Sverdlovsk, em 1931, e faleceu em Moscou em 2007. Foi um estadista russo que pôs fim ao regime comunista da União Soviética.
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B09 Revolução Russa
Nos anos imediatos à sua posse como presidente da Rússia, Yeltsin também se depa rou com grande resistência interna com relação às reformas propostas. Diante de tais em pecilhos, Yeltsin adotou, em alguns episódios, uma postura autoritária, como quando, em 1993, fechou o Parlamento russo, o qual era majoritariamente formado por componen tes conservadores comunistas. Esse grupo opositor chegou a votar a demissão de Yeltsin, mas com mão de ferro, o presidente mandou bombardear o parlamento e prendeu seus opositores.
Geografia
e no setor agrícola. Entre 1990 e 1999, o PIB da Rússia en colheu em média a 6% ao ano; a renda per capita também diminuiu; a dívida externa mais que dobrou, e o valor dessa em relação ao PIB, quase quadruplicou. Já em seu segundo mandato, Boris Yeltsin enfrentou uma grave crise econômica, que atingiu seu auge em 1998. Tal quadro de recessão resultou da somatória de fatores inter nos e externos. Podem ser apontados como os fatores internos mais rele vantes da crise: a baixa atratividade de capitais estrangeiros, a lentidão para conferir dinamismo às antigas empresas es tatais, bem como o descompasso entre arrecadação e gastos do Estado - o que levou o governo a emitir títulos de dívida (pagando juros elevados a seus compradores) e papel moe da, ação que, por sua vez, pressionava a taxa cambial que até ali era mantida artificialmente em certo padrão. Ao mesmo tempo, a acentuada queda dos preços das commodities no mercado internacional entre 1997/98, que em certa medida foi um reflexo da crise asiática, solapou um dos últimos sustentáculos da economia russa, sendo esse o fator que externamente escancarou os problemas da econo mia da Rússia e desencadeou a grave crise. Além disso, as dificuldades impostas pela rebeldia de pro víncias russas que se negavam a repassar a arrecadação de impostos ao governo central e as dificuldades impostas pelos opositores de Yeltsin no parlamento para a aprovação das re formas também se somaram ao quadro ruim vivido pelo país. O decréscimo do PIB, o aumento da inflação, a desvalori zação do rublo, o aumento do desemprego (que atingiu cerca
de 11,5% da PEA entre 1998-2001), a falência de bancos e a consequente piora dos indicadores sociais, em especial entre a classe média, são alguns dos impactos gerados pela crise. Entre as ações empreendidas por Yeltsin na transformação da economia russa, destaca-se a privatização de empresas estatais. Nesse processo, algumas foram incorporadas por empresas estrangeiras, outras foram concedidas aos empre gados e muitas foram adquiridas por grupos mafiosos. Tais grupos, que têm suas raízes nos antigos gulags soviéticos, se aproveitaram das carências da economia planificada e esta tizada da URSS para se firmarem. Durante o desmantelamen to da URSS e as reformas econômicas da Rússia, tais grupos passaram a atuar de modo mais explícito, e já no final da dé cada de 1990, controlavam a maior parte do setor financeiro do país. Atuando em várias áreas ilícitas, como o tráfico de drogas e de armas, sequestros, prostituição e fraudes ban cárias, a máfia russa atua em vários países do mundo, sendo considerada uma das mais abrangentes e perigosas. Dentre os grupos mafiosos da Rússia, se destaca a Orga nização Solsnetskaya, considerada a maior e mais poderosa. Atuando em negócios lícitos e ilícitos, essa foi uma das en tidades que se aproveitaram do conturbado processo de re formas na Rússia para criar seu império, que vai desde o con trole de cassinos, bancos, revendedoras de carros, passando pelo tráfico de drogas e possuindo até um aeroporto local. Seu chefe, Sergei Mikhailov, chegou a ser preso pela polícia suíça em meados da década de 1990, mas na época do julga mento, realizado em 1998, o governo russo não forneceu os documentos que comprovariam sua culpa, o que conduziu à sua absolvição. No final da década de 1990 Mikhailov voltou à Rússia, onde ainda opera a sua organização.
B09 Revolução Russa
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 07 - Bombardeio do parlamento russo em 1993.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
02. (Puc Campinas SP) A preocupação social emerge de forma mais clara e definida nos meios intelectuais e artísticos da América Latina a partir da década de 20. Somada à intensi ficação dos nacionalismos de todo o mundo, essa preocu pação surge como consequência direta da Revolução Russa de 1917 e a partir de então se instala, de maneira definitiva, nos meios artísticos e intelectuais, existindo desde a forma de militância declarada, até a de “má consciência”. (AMARAL, Aracy. Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira 1930-70: subsídios para uma história social da arte no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 2003. p. 18)
Na Alemanha, a intensificação do nacionalismo, a partir dos anos 1920 foi acompanhada a) da difusão de ideias e valores propagados pelo nazismo, como o anticomunismo, a doutrina do Espaço Vital e o semitismo. b) de ações militares bem planejadas que resultaram no golpe de Estado que encerrou a República de Weimar e contou com apoio popular. c) do crescimento do Partido Nacional-Socialista, que con tava com milícias violentas, como as SS e a SA, que se diziam restauradoras da ordem pública. d) da difusão da autobiografia de Adolf Hitler, Minha Luta, que propunha a expansão imperialista e a chamada Solu ção Final para a Alemanha. e) de projetos de fortalecimento da economia alemã, com ênfase no desenvolvimento agrícola e na criação de cor porações de trabalhadores. 03. (Fatec SP) Em O Último Czar, Eduard Radzinsky cita diversos registros de Nicolau II: - “9 de janeiro. Disposição de ânimo alarmante entre os revolucionários e grande propaganda do proletariado”. - “28 de janeiro. Eventos de extraordinária im portância, com um potencial de graves consequências para a situação do estado, não estão distantes”. - “5 de fevereiro.
A animosidade aumenta. Demonstrações espontâneas das massas serão a primeira etapa e também a última no cami nho para excessos impiedosos e insensatos, no mais horrível dos acontecimentos: uma revolução anárquica”. Sobre a Revolução de fevereiro de 1917, é correto afirmar que: a) Aburguesia liberal apoiava a insurreição popular para ins taurar no país um regime constitucional e parlamentar, ampliando o poder dos bolcheviques. b) Desejava substituir um regime-burguês por outro operá rio-socialista. c) As forças no poder eram: burguesia liberal, menchevi ques e social-revolucionários. d) Seu plano baseava-se na reforma agrária e na estatização dos bancos e das fábricas. e) Seu caráter revolucionário baseava-se no proletário e no camponês. 04. (Ibmec RJ) “O campo, em 1922, colheu 50% a mais de grãos do que no ano anterior. A indústria de consumo dava mos tras de recuperação, sobretudo a têxtil. Embora o volume da produção fosse ainda um quinto, em 1922, do que fora no período anterior à Primeira Guerra Mundial, em relação ao ano anterior crescera aproximadamente 50 %. O tráfego ferroviário fora reativado em todo o país”. (HECKER, A. Revolução Russa: uma história em debate. São Paulo: Expressão e Arte Editora, 2007.)
No trecho anterior, o autor comenta sobre a Nova Política Eco nômica (NEP), instalada por Lênin pouco tempo depois da to mada do poder na Rússia. Sobre a NEP, analise as afirmativas: I. foi, segundo o próprio Lênin, “um passo atrás, para permitir dois passos adiante”, em função da adoção de algumas práticas capitalistas; II. permitiu a redução da jornada de trabalho nas indús trias e um significativo aumento salarial que viabiliza ria a ampliação do consumo; III. possibilitou uma retomada de algumas práticas capitalis tas, medida que foi ampliada durante o período stalinista. Assinale: a) se apenas a afirmativa I for correta b) se apenas a afirmativa II for correta c) se apenas a afirmativa III for correta d) se as afirmativas I e II forem corretas e) se as afirmativas I e III forem corretas 05. (Fuvest SP) A Primeira Guerra Mundial, (1914-1918), foi o pri meiro conjunto de acontecimentos que abalou seriamente o do mínio colonial e a existência de impérios europeus no século XX. Tendo por base o texto, explique: a) A associação entre o colonialismo europeu e a Primeira Guerra. b) A relação entre a Primeira Guerra e a destruição do Impé rio Russo.
Questão 05. a) A Primeira Guerra Mundial teve entre suas principais causas as disputas imperialistas entre as grandes nações europeias, principalmente pelo controle de territórios na Ásia e na África. Um exemplo dessas tensões foi a famosa Questão Marroquina, que acirrou as rivalidades entre França e Alemanha. b) As derrotas militares do Império Russo diante da Alemanha durante a guerra aceleraram o processo de desagregação do regime do czar Nicolau II. A fome, o alistamento compulsório, o grande número de mortes e a corrupção generalizada ajudaram a precipitar o desfecho revolucionário de 1917.
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B09 Revolução Russa
01. (Univag MT) Recentemente, na Ucrânia, ocorreram manifes tações populares contra a influência russa no país e em defesa de uma aproximação maior com a União Europeia. Esses pro testos podem ser inseridos em um longo processo histórico que liga os destinos dos ucranianos à Rússia. Durante séculos, a Ucrânia foi dominada pelo Império Russo. Em 1917, os ucra nianos declararam sua independência, no mesmo ano em que a Revolução Russa foi vitoriosa. Depois de quatro anos de guer ras, a Ucrânia não conseguiu consolidar a sua emancipação e foi incorporada pela União Soviética. O país recuperou sua in dependência na década de 1990, fato relacionado à a) descolonização da África e da Ásia. b) formação dos regimes totalitários na Europa. c) constituição da União Europeia. d) implosão do Estado de bem-estar social. e) desintegração da União Soviética.
Geografia
Exercícios Complementares 01. (FGV RJ) “Come ananás, mastiga perdiz. Teu dia está pres tes, burguês” Vladimir Maiakóvski, trad. de Augusto de Campos. Schnaiderman, B. et al. Maiakóvski – Poemas, São Paulo, Perspectiva, 1992, p. 82. “Come Ananás... é um exemplo de poesia de luta. Jornais dos dias da Revolução de Outubro noticiaram que os ma rinheiros revoltados investiam contra o palácio de inverno cantando esses versos. É fácil compreender sua popularida de: o dístico incisivo, de ritmo tão martelado, à feição de provérbios russos, fixava-se naturalmente na memória e convidava ao grito, ao canto.” Schnaiderman, B. et al. Maiakóvski– Poemas, São Paulo, Perspectiva, 1992, p. 19.
A poesia citada foi elaborada no contexto a) da resistência russa ao avanço das tropas de Napoleão no início do século XIX. b) dos ataques russos à cidade de Stalingrado, tomada pelos nazistas em 1942. c) dos grupos contrários a Mikhail Gorbatchov em 1991. d) da revolução socialista na Rússia, em 1917. e) da invasão russa ao Afeganistão, em 1979. 02. (Fatec SP) “Quando a terra pertencer aos camponeses e as fábri cas aos operários e o poder aos sovietes, aí teremos a certeza de possuir alguma coisa pela qual lutar- e por ela lutaremos!” HILL, Christopher, Lenin e a Revolução Russa. Rio de Janeiro, Zahar, 1967.
Com essas palavras de ordem, o socialismo tinha por meta: a) abolir a propriedade privada, a luta de classes e a domi nação do homem pelo homem. b) extinguir as relações religiosas, familiares e filantrópicas, instituindo formas comunitárias de convivência. c) promover o desenvolvimento por meio da distribuição da renda e da consolidação de um Estado assistencial. d) instaurar uma sociedade organizada em associações pro fissionais, com base na competência. e) garantir a presença do Estado, que funcionaria como me diador das relações interclasses sociais. 03. (Fuvest SP) “Há oitenta anos, a Rússia era forte por causa do dinamismo revolucionário do comunismo, incluindo o poder de atração da sua ideologia. Há quarenta anos, a Rússia Soviética era forte por causa do poderio do Exérci to Vermelho. Hoje, a Rússia de Putin é forte por causa do gás e do petróleo.” B09 Revolução Russa
Timothy Garton Ash, historiador inglês, janeiro de 2007.
Do texto, depreende-se que a Rússia a) manteve inalterada sua posição de grande potência em todo o período mencionado. b) recuperou, na atualidade, o seu papel de país líder da Eu ropa.
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c) conheceu períodos de altos e baixos em função das con junturas externas. d) passou de força política, a força militar e desta, a força econômica. e) conservou, sempre, a sua preeminência graças ao incom parável poderio militar. 04. (Mackenzie SP) Na medida em que o Governo Provisório consolidar os progressos da Revolução, será preciso apoiá -lo; na medida em que aquele governo se tornar contrarre volucionário, será inadmissível que se o sustente. Relatório de Josef Stálin à Conferência Bolchevique, em 29 de março de 1917
No trecho do relatório citado, o autor faz referência a) às causas políticas da revolta dos marinheiros do encou raçado Potemkim, o maior navio de guerra da Rússia. b) ao governo que emergiu da Revolução de Fevereiro (mar ço pelo calendário ocidental), que derrubou o regime czarista. c) à ação dos Sovietes após o Domingo Sangrento, respon sável pela organização de greves e manifestações em toda a Rússia. d) à dissolução do governo provisório pela Duma, assem bléia de representantes dos soldados, camponeses e operários russos. e) à Revolução Bolchevique, liderada por Vladimir Ilit ch Ulianov Lênin, que implantou o Socialismo e criou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. 05. (Mackenzie SP) “Hoje ainda é moda (...) falar da Revolução Bolchevique como de uma ‘aventura’. Muito bem, se for uma aventura, trata-se de uma das mais maravilhosas em que já se empenhou a humanidade, aquela que abriu às massas laboriosas o campo da história, ...” John Reed Assinale os acontecimentos que levaram o Jornalista John Reed a entusiasmar-se com a Revolução. a) A implantação do primeiro Estado socialista, representati vo das aspirações operárias e camponesas, alterando, na Rússia, as relações sociais capitalistas de produção. b) A construção do Estado comunista, através da organiza ção de uma sociedade de classes. c) O apaziguamento das agitações operárias, por meiodo fortalecimento dos partidos políticos na Rússia czarista. d) A implementação de um projeto socialista desvinculado do elemento democrático e das aspirações internaciona listas, reafirmando os ideais nacionalistas dos sovietes. e) A substituição do Estado por uma sociedade de homens livremente associados, sem leis codificadas.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B10
FEDERAÇÃO RUSSA A virada do século e o despertar do Grande Urso Com a renúncia de Boris Yeltsin do governo da Rússia em 1999, Vladimir Putin assu miu o cargo interinamente. Nas eleições realizadas em 2000, foi eleito presidente do país. Putin, que tem sido considerado o político mais influente dos últimos 20 anos na Rússia, é um ex-integrante da KGB e ocupou os cargos de diretor do Serviço Federal de Segurança e Primeiro Ministro na gestão de Yeltsin.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Federação Russa nn A virada do século e o despertar do Grande Urso
Adotando um discurso nacionalista, sua plataforma política girou em torno da pro messa de recolocar a Rússia no cenário internacional como uma grande potência. Em seu primeiro mandato, enfrentou movimentos separatistas na Chechênia, os quais im piedosamente ele sufocou, e com isso, demonstrou como lidaria com tais situações, já que movimentos nacionalistas e sectários no interior da Rússia são comuns.
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Em meio a uma conjuntura econômica favorável, a economia russa ganhou novo fôlego na primeira década do século XXI, apresentando bons índices de crescimento do PIB. Nesse período, ocorreu uma gradativa elevação dos preços das commodities ener géticas e ao mesmo tempo certa desvalorização do rublo (moeda russa), processos que promoveram o aumento da arrecadação de divisas e facilitaram as exportações. Além disso, o relativo sucesso no estancamento das revoltas sectárias no Cáucaso conferiu a Putin certo prestígio em meio à sociedade russa. Mantendo a linha nacionalista e buscando a reafirmação da Rússia sobre a região da Eurásia, Putin foi reeleito em 2003 para mais um mandato de quatro anos. Nas eleições seguintes, o prestígio de Putin permitiu também que ele fizesse do então presidente da Gazprom, Dmitri Medvedev, seu sucessor na presidência entre 2008 e 2011, período no qual ele foi colocado no cargo de primeiro ministro.
Figura 01 - Vladimir Vladimirovich Putin nasceu em Leningrado (agora São Petersburgo), na Rússia, em 7 de outubro de 1952. Cresceu com sua família em um apartamento comum e estudava em escolas simples da região. Quando era jovem, praticou muitos esportes. Depois de se formar em Direito pela Universidade Estadual de Leningrado, em 1975, Putin começou sua carreira na KGB como oficial de inteligência. Atuando principalmente na Alemanha Oriental, ele ocupou esse cargo até 1990, aposentandose com o posto de tenente-coronel. Em dezembro de 1999, Boris Yeltsin renunciou ao cargo de presidente da Rússia e nomeou Putin presidente interino até as eleições oficiais serem realizadas e, em Março de 2000, Putin foi eleito para seu primeiro mandato com 53 por cento dos votos.
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Geografia
Dentro da economia do país, a Rússia passou a conviver com algumas estruturas estratégicas que chegam a se apresentar como um poder paralelo, como a Gazprom. Essa empresa de capital misto, mas controlada pelo governo russo, tem um pa pel de destaque na economia e nos investimentos feitos no país. Aquele que chega ao cargo de pre sidente da estatal é normalmente tido como uma das pessoas mais importantes do país, frequente mente associado diretamente ao governo.
Gráfico 01 - Variação do PIB russo – 1992/2010
Ao longo desse período, a Rússia ganhou sta tus de economia emergente (em 2014, segundo dados do Banco Mundial, a Rússia tinha a sexta maior economia mundial considerando a parida de do poder de compra, PPP na sigla em inglês), passou a compor os BRICS e tem chamado a atenção pelas suas parcerias estratégicas com a China, ao mesmo tempo em que se impõe da região da Eurásia, buscando afastar a influência de potências ocidentais. Essa postura de Putin já levou alguns analistas a relembrarem o cenário da Guerra Fria, em que a então URSS rivalizava com as potências ocidentais, com destaque para os EUA, pela influência em várias partes do mundo. Seria a volta “do grande urso”? Porém, nesse novo momento, o jogo é diferente. Não se trata de uma disputa ideológica ou por áreas militarmente estratégicas, mas, sim, de uma disputa econômica, por influência política sobre áreas que outrora estavam sob a força das tropas soviéticas. A área em disputa é mais específica, o Leste Europeu (passando pelo Cáucaso e pela Ásia Central), ou mais amplamente, a Eurásia, sobre a qual a Rússia, desde que passou a ser tomada como a grande herdeira da URSS, e sob a batuta de Putin, passou a desejar ter de volta o seu destaque como potência, nunca escondeu seus interesses. A parceria Rússia-China, que vem ocorrendo em vários segmentos, desde a explo ração mineral, passando por abastecimento energético, até parcerias tecnológicas e militares, incomoda o ocidente. Ao mesmo tempo, em outro momento histórico dessa parceria, que é subjugada obviamente aos interesses de cada um desses dois gran des países, ela abortada por divergências de interesses e por competitividade entre eles. Até que ponto a China deseja realmente uma Rússia fortalecida? Até que ponto a Rússia confia plenamente na China, que vem tomando de assalto grandes porções do território oriental da Rússia, por meio da migração de chineses e da ação de empresas chinesas? Essa parceria incomoda e intriga o Ocidente, que aguarda curioso cada ação dessa dupla, que hoje está à frente da OCX (Organização para Cooperação de Xangai), a qual rivaliza com as potências ocidentais na região da Eurásia.
B10 Federação Russa
Vale ressaltar que a Rússia ainda enfrenta graves problemas em diversos setores, dentre os quais se destacam: as instabilidades internas, motivadas por questões ét nicas/religiosas e econômicas; a dependência das exportações de commodities (em especial combustíveis fósseis), o que deixa o país vulnerável a oscilações do mercado internacional; o decréscimo numérico e a insatisfação da população, devido às baixas taxas de natalidade e a postura do governo frente à liberdade de expressão e à falta de transparência de alguns setores do Estado. Fatos que ainda tornam a Rússia débil em alguns momentos diante das demais potências. Em 2012, novamente Putin foi eleito para seu terceiro mandato de presidente da Rússia com cerca de 2/3 dos votos. Porém, nesse momento, sob muitas críticas e ques tionamentos sobre a liberdade de expressão em seu país e sobre a legitimidade do processo eleitoral. 434
Ciências Humanas e suas Tecnologias
VLADIMIR PUTIN: ASTUTO, PERIGOSO E IMPREVISÍVEL Com a ocupação da Crimeia, o presidente da Rússia quer mostrar ao Ocidente que manterá sua vizinhança sob rédea curta. Até onde ele pode ir? Vladimir Putin, o presidente da Rússia, deve estar feliz por ter atingido pelo menos um de seus ob jetivos nas últimas semanas. Convenceu muita gente de que a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética não representaram o fim da Guerra Fria, mas apenas um hiato. Ele tem razão. Quando um não quer, dois não fazem as pazes. O embate entre Moscou e o Ocidente pelo futuro da Ucrânia segue todo o receituário do conflito que, durante quatro décadas, dividiu o mundo em dois. Constatado que Putin está determinado a ressuscitar as tensões típicas dos anos 1960 e 1970, falta descobrir aonde ele deseja chegar. Depois que tropas russas invadiram a Crimeia, península que abriga a maior frota marítima da Rússia no Mar Negro, os próximos passos de Putin se tornaram mais imprevisíveis – e potencialmente perigosos. Putin em Moscou, na semana passada. Suas ações mostram
Fonte: wikimedia commons
#Curiosidade
seu desejo de expandir o poder regional russo.
A EU fechou acordos comerciais com a Armênia, mas o presiden te do país ainda apoia a Rússia. Belarus e Cazaquistão são os maiores aliados russos no Bloco de Eurásia. Pivô de um conflito com a Rús sia em 2008, a Geórgia é um dos países mais próximos à EU.
O Uzbequistão não tem impren sa livre e viola direitos humanos dos opositores do regime, mas se aproximou da EU.
Fonte: http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2014/03/bvladimir-putinb-astuto-perigoso-e-imprevisivel.html
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A Moldávia abrigava movimen tos separatistas, muitos patroci nados pela Rússia para manter o país em sua órbita.
Geografia
Exercícios de Fixação 01. (FGV SP) Os mapas a seguir mostram, em destaque, a evolu ção do Império Otomano, que, ao se desfazer na década de 1910, permitiu o surgimento de algumas nações, enquanto outros territórios que lhe pertenciam passaram para o con trole colonial de algumas nações imperialistas europeias. Al guns povos tentaram a independência e foram massacrados pelo exército turco. Em um desses massacres, morreram aproximadamente 1,5 milhão de pessoas. Evolução do Império Otomano
Um fato marcante que ocorreu em território europeu que indica a tensão da disputa bipolar foi a a) criação de pequenos Estados como o Vaticano, Andorra, San Marino e Liechtenstein, imposta pelos Estados Uni dos, como forma de dificultar a circulação de tropas sovi éticas no continente. b) constituição da União Europeia, incentivada pela União Soviética, para conter a entrada de capitais estaduniden ses que pudessem atrair as frágeis economias da Europa Oriental. c) construção do muro de Berlim, a mando do governo da então Alemanha Oriental, como uma forma de impedir que seus cidadãos fugissem para a Berlim Ocidental. d) ocupação da Hungria e da Tchecoslováquia por tropas britânicas, na tentativa de inibir a expansão de revoltas populares contra o capitalismo. e) aplicação do welfare state (Estado do Bem-Estar Social), organizado pela Polônia, no sentido de evitar conflitos bélicos no continente. 03. (Uerj RJ) A Europa passou por grande número de reconfi gurações territoriais, em virtude das disputas seculares en tre os povos do continente. No mapa abaixo, elaborado em 2014, estão assinalados, para cada país europeu, o nome da última potência estrangeira a desocupar aquele espaço nacional e o ano em que isso ocorreu.
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(Folha de S.Paulo, 24 abr. 2015)
Em 2015, comemorou-se o centenário de um desses massa cres, que se refere ao povo a) russo, em função da Guerra da Crimeia. b) palestino, que desejava criar seu país no atual Estado de Israel. c) curdo, que lutava por sua independência da Turquia. d) armênio, que acabou constituindo seu país dentro da an tiga URSS. e) checheno, que desejava se integrar à antiga URSS. 02. (Fatec SP) Durante o período da chamada Guerra Fria, o continente europeu foi o grande palco das disputas geopolí ticas entre as duas potências militares antagônicas daquele período, a União Soviética e os Estados Unidos.
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Adaptado de news.nationalgeographic.com.
A desocupação estrangeira na Europa Oriental, após a Se gunda Guerra Mundial, está associada ao seguinte contexto geopolítico: a) fim da Guerra Fria b) fundação da União Europeia c) término da Crise dos Mísseis d) início da Coexistência Pacífica
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
I.
Há uma divisão interna no país, onde uma parte dese ja entrar para a UE enquanto a outra deseja manter e até mesmo aumentar suas relações com a Rússia. II. Se a Ucrânia entrasse para a UE como um país associa do, teria mais acesso a importantes acordos econômi cos com toda a Europa. III. Um dos entraves desse conflito é o fato de que a Rús sia atualmente é um dos maiores fornecedores de energia para vários países da UE. Está correto o que se afirma em a) I e II apenas. c) I e III apenas. b) II e III apenas. d) I, II e III. 02. (IF SP) A Velha Ordem Mundial caracterizava-se pela bipola ridade ideológica entre dois sistemas econômicos distintos: o capitalismo e o socialismo. Durante a vigência dessa Or dem, duas potências antagônicas, Estados Unidos e União Soviética, disputavam a hegemonia mundial, impedindo que o adversário dominasse o cenário mundial e se tornas se a potência hegemônica. No último quarto do século XX, o mundo observou o fim dessa Ordem. Esse motivo, dentre outros, conduziu a que a Velha Ordem Mundial bipolar chegasse ao fim: a) a guerra civil na Tchecoslováquia, após a morte do Marechal Tito, gerando a dissolução desse país em seis repúblicas. b) o ataque às torres gêmeas do World Trade Center, em Nova Iorque, impetrado pelo grupo Al Qaeda em setem bro de 2001. c) a dissolução da União Soviética, em função da crise de abastecimento enfrentada por esse país nas décadas de 1970/1980. d) o término do Pacto de Varsóvia e da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), levando o bloco socialista a uma ruptura militar. e) a formação da União Europeia pela assinatura do Tratado de Maastricht, de cuja constituição a União Soviética não foi aceita em razão de seu protecionismo econômico. 03. (Unitau SP) A República Autônoma da Crimeia situa-se na região oeste da Rússia, localizada na península da Crimeia, na costa norte do Mar Negro. Sobre essa importante região, pode-se afirmar que a) pertencia à antiga URSS e passou a ser anexada à Hungria. b) pertencia à Ucrânia e está em processo de anexação à Rússia. c) pertencia à Rússia e passou a ser anexada à URSS. d) pertencia à URSS e passou a ser anexada à Ucrânia.
e) sempre foi um estado independente e membro da Orga nização dos Estados Americanos (OEA). 04. (Ufu MG) Durante quase 50 anos, a União Soviética foi o único país a fazer frente ao poder econômico e militar dos Estados Unidos. Mesmo com o seu esfacelamento territorial e político, no início da década de 1990, a Rússia ainda pre serva parte do seu antigo poder. Considerando o texto e os principais desafios enfrentados pela Rússia e a região onde ela está localizada, é correto afirmar que: a) O intenso processo migratório entre a Rússia e as re públicas autônomas é considerado de grande impor tância para a economia local e tem promovido a unifi cação regional. b) Grande parte das indústrias da Rússia continua voltada à produção de armamentos e veículos militares, o que a torna a maior fornecedora de material bélico no mundo. c) A Rússia mantém a unidade territorial devido às melho rias nas condições socioeconômicas da população e ao aumento da renda per capita nas repúblicas autônomas. d) A Rússia, na atualidade, pode ser considerada um dos países com maior diversidade de etnias convivendo em seu territó rio e é o principal centro de poder político e militar na região. 05. (Mackenzie SP) Em relação à distribuição dos recursos natu rais da Federação Russa, considere as afirmativas: I.
II.
É considerado um dos países mais ricos em recursos minerais, devido a sua imensa extensão territorial e por possuir uma estrutura geológica diversificada. É o maior exportador de gás natural do mundo. Atu almente atravessa uma crise geopolítica com sua vi zinha Ucrânia, antiga república soviética, culminando com a independência da península da Criméia.
III.
Nas extensas bacias sedimentares dos Montes Urais o país dispõe de grandes reservas minerais das quais são exploradas, principalmente, jazidas de ferro, bau xita, cobre, potássio e amianto. IV. Há importantes usinas hidrelétricas localizadas nos rios da Bacia do Volgae nos rios Ienissei e Angara que cortam os planaltos da Sibéria Ocidental. Estão corretas, apenas, a) I e II. b) II e III. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, II e IV.
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B10 Federação Russa
01. (UECE) Os violentos confrontos na Ucrânia parecem ainda estar longe de uma solução pacífica em curto prazo. Sobre essa questão geopolítica, suas causas e desdobramentos, analise as afirmações que seguem.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B11
ASSUNTOS ABORDADOS nn Conflitos e separatismos na Che-
chênia e no Daguestão nn O corredor caucasiano nn A resistência chechena nn Daguestão
CONFLITOS E SEPARATISMOS NA CHECHÊNIA E NO DAGUESTÃO O Corredor caucasiano A área emersa localizada entre o Mar Negro (a Oeste) e o Mar Cáspio (a Leste), que engloba as áreas que vão desde o território russo até a fronteira com a Turquia, é for mada por um terreno acidentado, de difícil acesso, no qual merece destaque a grande cordilheira do Cáucaso, que em alguns trechos chega a mais de 5 000 metros de altitu de e dá nome à região. Essa área, marcada pela diversidade étnica, linguística e religiosa, é formada por três países independentes - Armênia, Geórgia e Azerbaijão -, e por sete regiões autônomas da Rússia, das quais se destacam a Ossétia do Norte, a Inguchétia, a Chechênia e o Daguestão.
Fonte: k_samurkas / Shutterstock.com
A porção norte é formada pelas regiões autônomas da Rússia. Conhecida por Cáu caso Russo ou Ciscaucásia é predominantemente ocupada por povos muçulmanos su nitas, com a exceção da Ossétia do Norte, onde o cristianismo ortodoxo é majoritário. Já a porção sul, conhecida por Cáucaso não russo ou Transcaucásia, apresenta maiorias Cristãs Ortodoxas na Armênia e na Geórgia, ao passo que os muçulmanos xiitas são majoritários no Azerbaijão. Ao longo de sua história, essa região foi marcada por inúmeros conflitos, desde as tentativas de domínio desses territórios e seus respectivos povos ao longo da formação do Império Russo, até os mais recentes episódios de busca por mais autonomia das repúblicas ciscaucasianas e os enfrentamentos entre Rússia e Geórgia.
Figura 01 - Conhecida como Cordilheira Caucaseana, o Cáucaso corresponde à área geográfica que divide a Europa Oriental e a Ásia Ocidental, e que toma emprestado seu nome à cordilheira que ocupa boa parte da região. A cordilheira vai desde as margens do Mar Negro até a costa do Mar Cáspio, ou seja, de um lado ao outro da região.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
#TÁ NA MÍDIA MEDVEDEV DEMITE MINISTRO APÓS ATAQUE EM PROVÍNCIA SEPARATISTA Homem-bomba mata vinte pessoas em atentado atribuído a militantes islâmicos na Inguchétia, no norte do Cáucaso. O presidente russo, Dmitri Medvedev demitiu nesta segunda-feira, 17, o ministro do interior da província da Inguchétia após um aten tado suicida que deixou 20 mortos em Nazran. “Este ato terrorista poderia ter sido evitado. A polícia deve proteger o povo e deve fazer algo para se defender. Por isso, resolvi demiti -lo”, disse Medvedev durante uma visita à cidade russa de Astrakhan. Um homem-bomba detonou um caminhão com explosivos em uma sede da polícia na região russa da Inguchétia nesta segunda-feira, deixando ao menos 19 mortos e outras 68 pessoas feridas. A explosão foi a última de uma série de ataques contra a polícia e políticos na região russa, de maioria muçulmana, no norte do Cáucaso. Segundo autoridades, essa explosão seria de autoria de insurgentes islâmicos contrários ao controle do Kremlin. Desde o fim da guerra civil na Chechênia, militantes islâmicos têm lançado ataques e emboscadas nas duas províncias, mas a onda de violência tem crescido nos últimos meses. Em junho, um atentado feriu seriamente o presidente da Inguchétia apontado pelo Kremlin, Yunus Bek Yevkurov. Repercussão A presidência sueca da União Europeia condenou o ataque em Nazran e manifestou seu apoio ao governo russo. Em comunicado, a chance laria sueca classifica o atentado como um ato brutal e assinala que quer dar seu apoio ao governo e ao povo russo em um momento difícil. Fonte: http://internacional.estadao.com.br/noticias/europa,medvedev-demite-ministro-apos-ataque-em-provincia-separatista,420119
A resistência chechena Uma das áreas mais instáveis do Cáucaso Russo é a região autônoma da Chechênia, cuja sociedade está organizada em mais de 130 clãs, apresenta certa diversidade étnica – prevalecendo chechenos – e maioria da população islâmicos. Os conflitos internos e contra o domínio russo sempre fizeram parte de sua história. No início da década de 1990, no contexto do colapso soviético e da formação da Federação Russa, um movimento pela independência liderado pelo general checheno Djokar Dudaiev negou a integração da região à Rússia. Apesar da insatisfação do governo russo com a independência, diante do mau mo mento vivido pela Rússia de Boris Yeltsin, não houve uma reação imediata, apenas o não reconhecimento da independência. Meses depois, o governo russo assinou alguns acordos sobre a repartição das armas remanescentes da URSS. B11 Conflitos e separatismos na Chechênia e no Daguestão
Entretanto, o governo de Dudaiev logo mostraria sua face autoritária e exclu dente. Ao monopolizar o poder e a riqueza em prol dos integrantes de seu clã, o governo checheno despertou a insatisfação de grande parte da população, o que conduziu o país a uma guerra civil, cujos opositores de Dudaiev eram abastecidos pelo serviço secreto russo. Aproveitando-se da turbulência do quadro interno, Yeltsin resolveu agir. Forças russas lutaram contra os chechenos entre dezembro de 1994 e agosto de 1996, episódio conhecido como a Primeira Guerra da Chechênia. Um conflito sangrento, que gerou um grande número de mortos, cerca de 14 000 soldados russos, 10 000 rebeldes e mais de 50 000 civis. A brutalidade do conflito acabou conduzindo a uma mobilização da população che chena contra os soldados da Rússia, o que tornou o conflito um dos mais brutais cená rios do pós-Guerra Fria. Durante os enfrentamentos, destacou-se a debilidade russa, que viu suas tropas so frerem duras derrotas, em especial na cidade de Grozni, a capital da Chechênia, que só depois de muitas baixas e três meses de confronto foi tomada pelas forças russas. 439
Geografia
Opirus/Arte
Em 1996, com o assassinato de Dudaiev em um ataque russo, foram iniciadas as negociações para estancar o conflito. Os acor dos levaram ao cessar-fogo, à retirada do exército russo − que dei xou o território em dezembro de 1996 − e ao desarmamento da guerrilha. Assim, abriu-se um processo de autodeterminação. No entanto, a estabilidade logo foi rompida, pois, a incapacidade das lideranças chechenas de conterem o terrorismo e o fundamentalis mo islâmico resultou em uma nova intervenção russa. Em 1999, já sob o governo de Vladimir Putin, tropas russas in vadiram a região com o pretexto de sufocar os grupos terroristas chechenos. Com a intervenção os atentados contra as forças russas se multiplicaram em várias regiões do país. A partir daí, sem respeitar limites, as ações do exército russo se voltaram também contra a população civil. Em meio à carnificina, o governo de Putin impõe a votação de um referendo sobre uma nova Constituição, a qual subordinava a região à Moscou. Estranhamente apro vada, a Constituição abriu espaço para uma eleição regional, a qual elegeu com uma grande maioria de votos, Ahmad Kadyrov, candidato pró-Rússia, que iniciou uma dura repressão aos rebeldes e foi morto seis meses após assumir o poder em um atendado perpetrado por um grupo fundamentalista islâmico. Em 2007, Ramzam Kadyrov, filho de Ahmad, foi empossado presidente com o apoio da Rússia e se mantém no governo até hoje. Com a severa repressão contra grupos opositores e separatistas e com a aproximação da região com o governo russo, ape sar das instabilidades ainda existentes, um quadro de relativa prosperidade vem sendo criado. Outro aspecto marcante (e ao mesmo tempo paradoxal) do atual governo che cheno é o processo de “islamização” que vem sendo posto em prática, que em vários aspectos beira o fundamentalismo.
B11 Conflitos e separatismos na Chechênia e no Daguestão
SAIBA MAIS ENTENDA O CONFLITO NA CHECHÊNIA Na noite de quarta-feira, rebeldes chechenos armados invadiram um teatro no sul de Moscou e tomaram centenas de pessoas que assistiam a um espetáculo como reféns. Alguns reféns foram libertados, mas cerca de 800 pessoas permanecem no teatro, entre elas, sete alemães, quatro americanos, dois canadenses, dois austríacos e dois holandeses. Os rebeldes enviaram uma mensagem por um dos reféns libertados: vão matar os prisioneiros se o governo russo não acatar suas exi gências. Eles querem que a Rússia retire suas tropas da Chechênia. A seguir, perguntas e respostas explicam o conflito na Chechênia. Quando começou o conflito na Chechênia? A Chechênia declarou-se independente da Rússia em novembro de 1991, mas o então presidente russo, Boris Yeltsin, esperou até 1994 antes de enviar as tropas para restabelecer a autoridade de Moscou sobre o território. Esta primeira guerra na Chechênia resultou numa humilhante derrota das tropas russas em 1996. No dia 1º de outubro de 1999, o primeiro-ministro russo (mais tarde o presidente) Vladimir Putin, lançou uma nova ofensiva contra os rebeldes, iniciando uma operação “antiterrorista” parcialmente em resposta a uma série de atentados a bomba em prédios de aparta mentos em Moscou e outras cidades, que Putin atribuiu aos separatistas. No mesmo ano, forças chechenas já haviam tentado estabelecer, via um ataque armado, um Estado islâmico no país vizinho, Daguestão. O que os chechenos querem? Eles querem a independência e quase a alcançaram em 1996. Com as forças russas fora do país, os chechenos elegeram seu próprio presidente em janeiro de 1997. O escolhido foi Asian Maskhadov, um ex-oficial russo que havia sido o principal comandante dos rebeldes durante a guerra. Um acordo de paz negociado com Moscou adiou a decisão sobre o status político da Chechênia para dali a cinco anos. Maskhadov, entretanto, foi incapaz de controlar os militantes mais radicais sob seu comando durante o período de paz que se seguiu, e a república separatista mergulhou no caos. Um dos responsáveis pelo caos seria Arbi Barayev, o militante que, de acordo com especialistas, teria ajudado a transformar a Chechênia numa das capitais do sequestro no mundo. Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2002/021024_russiamv.shtml
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Daguestão Vizinho à tumultuada Chechênia, fica o Daguestão. A exemplo do que ocorre na Che chênia e de outras 19 regiões componentes do território russo, a região é nominal mente autônoma, tendo sua própria Constituição e legislatura, porém subjugada aos interesses e estratégias da Federação Russa. O Daguestão está localizado às margens do Mar Cáspio − uma das maiores bacias pe trolíferas do mundo −, fazendo fronteira ao sul com o Azerbaijão. Essa região é marcada pelo relevo montanhoso, pela população predominantemente islâmica, que em vários episódios já foi influenciada pela rebeldia da área vizinha. Em 1999, antes mesmo da ação russas contra a Chechênia, grupos rebeldes che chenos tomaram alguns vilarejos do oeste do Daguestão, onde pretendiam criar um país fundamentalista islâmico. Imediatamente o governo russo ordenou a intervenção militar na área para “restabelecer a ordem”. Mais recentemente essa região voltou à mídia internacional devido a um atentado perpetrado na maratona de Boston, nos EUA, na qual três pessoas morreram e du zentas e sessenta e quatro ficaram feridas, das quais dezessete tiveram membros am putados, em 2013. Os responsabilizados pelo atentado foram os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev. Nascidos na Chechênia, eles viveram no Daguestão, e em 2002 mu daram-se para os EUA. Ambos eram muçulmanos e o atentado foi tomado como uma prova da ligação desses dois terroristas com grupos fundamentalistas islâmicos. Tamer lan foi morto durante a perseguição policial, Dzhokhar foi condenado à pena de morte.
Exercícios de Fixação
O governo das atuais repúblicas que integravam a ex-URSS não possui controle total sobre os antigos armamentos soviéticos e, através do tráfico internacional de armas, eles podem chegar a países periféricos ou a grupos terroristas em todo o mundo.
02. A Chechênia é uma região montanhosa e economicamente deficitária, considerando-se as potencialidades da Rússia. Ainda assim a Rússia luta para manter o controle sobre essa região pobre e de minoria étnica e religiosa inquieta. Por que a Rússia luta para a Chechênia não obter a independên cia? Quais os destaques econômicos da Chechênia?
Gabarito: porque se a região obtiver a independência outras regiões passarão a rei vindicar o mesmo status. Pastoreio nômade, petróleo e agricultura (algodão e frutas)
03. (Mackenzie SP) Um sistema de canais para comunicação, denominado “Sistema dos Cinco Mares”, foi construído na Ex-URSS, aproveitando os grandes rios Volga e Don, formando grandes lagos artificiais, que coloca em inter ligação os mares: a) Cáspio, Negro, Egeu, Jônio e Tirreno b) Branco, Báltico, Cáspio, Azof e Negro c) Norte, Branco, Báltico, Azof e Adriático d) Báltico, Adriático, Cáspio, Negro e Norte e) Tirreno, Negro, Jônio, Báltico e Branco 04. (Puc RJ) O homem, mesmo com todo o aparato científico
do fim do século, ainda conhece pouco as questões de equi líbrio ambiental e as controla ainda menos. Se, na África, cientistas afirmam que o Saara reduziu de tamanho, na Ásia Central aumenta o secamento da: a) Sibéria Oriental b) bacia do Mar de Aral c) bacia do Rio Obi d) região das estepes em torno do Mar Negro e) região oriental dos Montes Urais 05. (UnB DF) I. Existiam dois tipos de estabelecimentos rurais na ex -União Soviética: as fazendas cooperativas (kolkhozes) e as fazendas estatais (sovkhozes). II. A maior parte da ex-URSS fica em latitudes muito ele vadas: metade de seu território encontra-se ao Norte do Círculo Polar Ártico. III. O Cáucaso é uma região que se industrializa graças às jazidas de petróleo, carvão e manganês. Estão corretas: a) todas b) nenhuma c) apenas I d) apenas II e) apenas I e III
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B11 Conflitos e separatismos na Chechênia e no Daguestão
01. O fim da URSS levou a corrida armamentista ao fim. Mas os armamentos nucleares, outrora soviéticos, representam hoje outra ameaça. Faça comentários sobre os problemas atuais relacionados aos armamentos da ex-URSS.
Geografia
Exercícios Complementares 01. A ex-URSS apresenta em seu território alguns problemas. São dificuldades encontradas neste país, exceto:
A distinção decisiva entre socialista e comunista, como em
a) saídas fáceis para oceanos, livres do gelo durante todo o ano e próximas dos grandes centros industriais. b) climas rigorosos (sobretudo no inverno) em larga parte do território. c) grandes montanhas na fronteira meridional. d) presença de áreas áridas. e) congelamento de muitos rios, o que dificulta o aproveita mento hidrelétrico em algumas regiões.
veio com a mudança de nome, em 1918, do Partido Operá
02. Dentre as características do desenvolvimento industrial da ex-URSS, podemos destacar:
B11 Conflitos e separatismos na Chechênia e no Daguestão
a) a inexistência de qualquer planificação. b) o crescimento relativamente lento da produção industrial. c) o predomínio das indústrias de equipamento. d) o predomínio da mão-de-obra feminina. e) a predominância das indústrias de consumo. 03. (Unitau SP) A República Autônoma da Crimeia situa-se na península da Crimeia, na costa norte do Mar Negro. Recen temente, essa região passou por um referendo popular so bre sua autonomia e autodeterminação de seu povo. Sobre esses fatos recentes, pode-se afirmar que: a) Oreferendo popular ocorreu após a renúncia do presi dente da Hungria. b) Aregião da Crimeia não tem nenhuma identidade (étnica, cultural ou religiosa) com o povo russo. c) Oreferendo resultou no processo (em andamento) de anexação da Crimeia à Federação Russa. d) Oresultado do referendo determinou que a Crimeia de veria continuar sendo parte do território da Ucrânia. e) Oresultado do referendo foi confirmado pela Comunida de Europeia e pelos Estados Unidos. 04. (Puc RS) O geógrafo brasileiro Jose William Vesentini, refe rindo-se à dissolução da União Soviética, escreveu “Novos países, problemas antigos” (2010). Esse título serve para explicar o início dos confrontos entre a Rússia e a Ucrânia, tendo como foco a disputa pela península a) de Kola. b) de Yamal. c) da Crimeia. d) da Geórgia. e) de Kamtchatka. 05. (Uerj RJ) Socialista surgiu como descrição filosófica em prin cípios do século XIX. Sua raiz linguística era o sentido desen volvido de social.
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certo sentido esses termos são hoje comumente utilizados, rio Socialdemocrata Russo para Partido Comunista Panrus so. Dessa época em diante, uma distinção entre socialista e comunista tornou-se amplamente vigente. RAYMOND WILLIAMS Adaptado de “Socialista”. In: Palavras-chave: um vocabulário de cultura e sociedade. São Paulo: Boitempo, 2007
Na história europeia, durante o século XX, estabeleceu-se uma diferença entre socialismo e comunismo relacionada ao seguinte aspecto: a) crítica dos valores liberais b) controle da indústria pelo Estado c) defesa da ditadura do proletariado d) importância do sentimento patriótico 06. (FGV SP) Um referendo realizado no dia 17 de março na Cri meia, uma República Autônoma ucraniana de maioria russa, aprovou com 96,8% dos votos a adesão da região à Federa ção Russa. O referendo é o ápice de uma escalada de tensão que atinge a região há mais de um mês, com uma escalada militar russa e ucraniana na região gerada após a deposição do presidente ucraniano Viktor Yanukovich. http://g1.globo.com/mundo/noticia/2014/03/entenda-o-que-mudana-crimeia-apos-referendo-aprovar-adesao-russia.html, acesso em 18/03/2014.
Sobre a questão da Crimeia, é correto afirmar que: a) A península da Crimeia foi conquistada pelos russos no século XVII, mas foi cedida pelo líder soviético Nikita Kruschev à Ucrânia em 1991, quando a União das Repú blicas Socialistas Soviéticas foi extinta. b) O resultado do referendo de março foi prontamente reconhecido pelos representantes da União Europeia e pelos Estados Unidos, com base no princípio de autode terminação dos povos. c) Os líderes políticos tártaros, representantes da principal minoria étnica da Crimeia, figuraram entre os principais entusiastas da adesão da região à Federação Russa. d) Após o referendo de março, a Federação Russa passou a considerar a Crimeia parte do seu próprio território, a despeito das reações dos países ocidentais. e) A Ucrânia teme perder a sua importante Frota do Mar Ne gro, sediada na base naval de Sebastopol, caso a Crimeia se torne de fato parte integrante da Federação Russa.
FRENTE
B
GEOGRAFIA
MÓDULO B12
CONFLITOS E SEPARATISMO NA GEÓRGIA E NA UCRÂNIA
ASSUNTOS ABORDADOS nn Conflitos e separatismo na Ge-
Geórgia x Rússia
órgia e na Ucrânia
Na porção Sul do Cáucaso localizam-se três repúblicas que faziam parte da extinta URSS. Dentre essas a Geórgia se destaca no início desse século pelas transformações e turbulências que tem passado. Localizada na fronteira com a Turquia, a Rússia, a Ar mênia e o Azerbaijão, e banhada pelo Mar Negro, essa república é composta por uma população majoritariamente cristã. Além disso, foi nesse país, mais precisamente na cidade de Gori, que nasceu e foi criado Josef Stálin, e por isso, durante a Guerra Fria essa região contou com certa benevolência por parte do governo soviético. O país possui três regiões autônomas: Ossétia do Sul, com a maioria da popula ção formada por cristãos ortodoxos; Abkásia e Adjária, ambas com maioria da po pulação muçulmana (sunita). Em 1991, a Geórgia tornou-se independente da URSS e passou a integrar a CEI, e assim como outras ex-URSS viveu uma fase conturbada ao longo da década de 1990. No início do século XXI, a Revolução Rosa, permitiu a chegada ao poder de Mikheil Saakashvili. Adotando uma postura pró-EUA, contou com a indiferença das potências ocidentais na construção de uma gestão centralizadora e arbitrária em troca da partici pação de seu país na intervenção no Iraque, iniciada em 2003. A partir desse período, as relações entre a Rússia e a Geórgia começaram a se insta bilizar, em especial pelas frequentes interferências russas em território georgiano por meio de estímulos a grupos separatistas e pelas chantagens da Gazpron (estatal russa) envolvendo o fornecimento de gás natural. Em agosto de 2008, ocorreu o ponto máximo desse desgaste de relações: tropas russas entraram em conflito contra as tropas da Geórgia, atacando várias cidades do país após o governo georgiano ter reprimido movimentos separatistas na Ossétia do Sul. As motivações para esse conflito, se gundo a versão das autoridades russas, giravam em torno da proteção da popu lação da Ossétia do Sul, mas na verdade, o que incomodava o governo russo era a sua perda de influência sobre a Geórgia, que chegou a cogitar o seu ingresso na OTAN, a aliança militar ocidental. Com a ação o governo russo tentava instabilizar o governo de Saakashvili.
nn Ucrânia: a história se repete
Poucos anos antes do enfrentamen to, em 2005, com o apoio e financia mento de empresas e governos da Eu ropa Ocidental, havia sido inaugurado o oleoduto BTC. Com 1 600 km de ex tensão, essa estrutura liga as cidades de Baku (no Azerbaijão), Tbilisi (na Geórgia) a Ceyhan (na Turquia). Esse caminho permitia o escoamento de petróleo do Cazaquistão para o ocidente sem passar pelo território russo.
Fonte:kojoku / Shutterstock
nn Geórgia x Rússia
Figura 01 - Soldados russos ao lado de tanque utilizado na invasão da Geórgia, em 2008.
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Geografia
CAZAQUISTÃO UCRÂNIA
Atyraou
RÚSSIA CPC Tikhoretsk (petróleo)
Mar Cáspio
Novorossilsk
Tchetchenie
Mar Negro
Aqtaou
Bakou – Soupsa (petróleo + gás)
GEÓRGIA
Blue Stream (gás)
Tenguiz
Bakou - Novorossiisk (petróleo + gás)
TBILISSI
Soupsa
Turkmenbasi ARMÊNIA H. KARABAKH
Erzurum BTE (gás)
BTC (petroleo) TURQUIA
IRÃ
Ceyhan SÍRIA
AZERBAIJÃO TURQUEMENISTÃO
IRAQUE
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ANKARA
BAKOU
Vale ressaltar que além do oleoduto, nos primeiros anos desse século, a UE investiu maciçamente em estruturas de transporte conectando a Turquia ao Cazaquistão, pas sando pela Geórgia e o Azerbaijão, podendo assim receber e entregar mercadorias de modo facilitado à China e diminuir os ganhos e a importância estratégica da Rússia na conexão entre a Ásia Central e a Europa/Ocidente.
SAIBA MAIS ENTENDA O CONFLITO ENVOLVENDO RÚSSIA E GEÓRGIA NA OSSÉTIA DO SUL
B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
A escalada das tensões entre a Geórgia e os separatistas da região de Ossétia do Sul evoluiu para violentos combates nos últimos dias e o envolvimento da Rússia, que enviou tanques para a região em apoio aos rebeldes, suscitou temores de uma guerra na volátil região do Cáucaso. A administração separatista da Ossétia do Sul vem tentando obter reconhecimento desde que decla rou a sua independência do governo central, após uma guerra civil nos anos 90. A Rússia tem uma força de paz na região, mas o governo de Moscou também apoia os separatistas. A BBC preparou uma série de perguntas e respostas que explicam os principais pontos da crise: A Ossétia do Sul tem tido um governo próprio desde que lutou com a Geórgia pela sua independência em 91 e 92, logo após o colapso da União Soviética. Durante o conflito, a região declarou sua independência, mas ela não foi reconhecida por nenhum país. O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, prometeu colocar a Ossétia do Sul e outra região separatista, a Abecásia, sob controle da Geórgia. Os ossetianos são uma etnia originária das planícies russas ao sul do Rio Don. Eles têm identidade e cultura diferentes da dos georgia nos e uma língua própria. No século XIII, as invasões mongóis empurraram a etnia para as montanhas do Cáucaso, e os ossetianos se estabeleceram ao longo da atual fronteira da Geórgia com a Rússia. Os ossetianos do sul querem se juntar à Ossétia do Norte, que é uma república autônoma dentro da Federação Russa. Os georgianos são uma minoria na Ossétia do Sul, representando menos de um terço da população. A Geórgia rejeita o nome Ossétia do Sul, preferindo chamar a região pelo nome antigo, Samachablo, ou Tskhinvali, a principal cidade da região. A Rússia insiste que tem agido como uma força de paz na Ossétia do Sul e nega as acusações de que vem fornecendo armas aos separa tistas. No entanto, Moscou já prometeu defender os cerca de 70 mil cidadãos russos que vivem na Ossétia do Sul. A Rússia pode interpretar uma intervenção militar como uma opção menos arriscada do que reconhecer a independência da Ossétia do Sul, o que poderia levar a uma guerra com a Geórgia. As ligações da Geórgia com a Otan podem influenciar este conflito? O presidente Saakashvili fez da entrada na Otan uma de suas prioridades. A Geórgia tem um relacionamento próximo com os Estados Unidos e vem cultivando vínculos com a Europa Ocidental. Há quem diga que Saakashvili espere levar a Otan a um conflito com Moscou, de forma a formalizar a aliança. Mas analistas dizem que é difícil imaginar que a Otan se deixe arrastar para um conflito com a Rússia por causa da Geórgia, depois de ter se esforçado para evitá-lo por tanto tempo. Fonte: http://www.bbc.com/portuguese/reporterbbc/story/2008/08/080808_entenda_ossetia_cg.shtml
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ucrânia: a história se repete Entre o final de 2013 e o início de 2014, a Ucrânia começou a viver uma onda de violência. Esse país, localizado no Leste Europeu, desperta interesses da União Europeia e da OTAN, mas é uma das áreas mais importantes para a Rússia, pois fun ciona como uma grande ponte de ligação entre a grande herdeira soviética com as porções mais ocidentais da Europa. Além da localização, a Ucrânia, com sua siderur gia, suas minas de carvão e a grande produção de trigo é peça-chave na estratégia geopolítica de Moscou.
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Trata-se, portanto, de uma ponte estratégica e indispensável para o escoamento de grande quantidade de gás natural russo para o mercado europeu (veja o gráfico abaixo). Vale lembrar que a exportação de combustíveis fósseis é uma das maiores fontes de recursos da Rússia desde o fim da Guerra Fria. Observe no mapa abaixo os principais gasodutos que ligam a Rússia a outras porções da Europa passando pela Ucrânia.
B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
Além de corredor de exportação, a Ucrânia também é um grande consumidor de gás russo. O consumo ucraniano chega a 9 bilhões de m³ de gás/mês, mas a produção interna gira próxima de 1,7 bilhões de m³/mês. Em outros momentos, como em 2006 e 2009, a Ucrânia já foi alvo de pressões russas com relação ao seu consumo de gás natural. Reajustes e ameaças de cortes de abastecimento fazem parte do repertório dessas pressões e retaliações. Outro aspecto que chama a atenção é o fato da Ucrânia ser um país dividido, tanto etnicamente como economicamente. A porção oeste, onde predominam os ucranianos e o idioma ucraniano, apresenta-se menos industrializada e mais próxi ma do restante da Europa; já a porção leste, mais industrializada, é dominada por russos, o que a faz próxima da herdeira da URSS. Na porção oriental, o russo é o idioma dominante. Além de sua posição e função estratégicas para a Rússia, no sul da Ucrânia está localizada a península da Crimeia, onde ocorreu a célebre Conferência de Yalta em fe vereiro de 1945. Essa península, representada no mapa abaixo, que foi anexada pela Rússia em março de 2014, era uma região autônoma da Ucrânia e sempre despertou o interesse da Rússia. 445
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Geografia
Além de ser uma rota importante para gaso dutos, é nessa península que se localiza a base naval de Sevastopol (ou Sebastopol), no Mar Negro, que mantém a presença da marinha russa na região. Vale lembrar que a Rússia não apresenta saídas facilitadas para o mar em sua porção ocidental, o que aumenta a relevância dessa base, já que pelo Mar Negro é possível chegar ao Mediterrâneo e a partir desse até ou tros mares, passagens e oceanos estratégicos, como o Canal de Suez e o Mar Vermelho. Além disso, estudos de empresas estadunidenses e europeias apontam que no Mar Negro existem grandiosas reservas de petróleo e gás natural. Assim, a anexação da península, além de dar à Rússia um acesso favorecido ao Mar Negro e aos recursos que ele pode conter, limita uma possí vel autonomia energética da agora rival Ucrânia, colocando-a em uma situação delicada. Nos últimos anos, a Ucrânia foi marcada por polêmicas em torno das eleições que definiram seus presidentes. Em 2004, Viktor Yuchenko, simpático ao ocidente, ven ceu as eleições, sendo a popular Yulia Tymochenko a ocupante do cargo de primeira ministra. Entretanto, os dois se perderam em meio à corrupção e às tentativas de manter as porções oriental e ocidental da Ucrânia unidas. A última eleição presiden cial, em 2010, deu vitória a Viktor Yanukovich, trazendo de volta o governo simpático a Moscou. Entretanto, no final de 2013, a decisão do governo ucraniano de abando nar as negociações com a União Europeia, e o aprofundamento das relações com a Rússia sob a proposta de firmar uma união aduaneira entre os dois países, levou os opositores do governo de Yanukovich às ruas. Apesar de contar com o apoio russo, Yanukovich se viu forçado a deixar o posto de presidente e um governo interino foi empossado, Arseni Yatseniuk.
B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
No que se refere aos interesses da União Europeia (UE) sobre esse país, não é novidade as investidas desse bloco sobre as áreas de influência da extinta URSS. Desde 2003, o Tratado de Nice já deixava clara a busca dessa ampliação para o leste da Europa. Assim, entre os aspectos positivos para a UE com incorporação da Ucrâ nia se destacam: a agregação de mão de obra e mercado consumidor (a Ucrânia possuía em 2012, aproximadamente 45 milhões de habitantes), a ampliação das áreas para investimentos, a ampliação do bloco e, claro, a redução da esfera de influência russa nessa faixa. Quanto à sua aproximação com a OTAN, e por tabela com os EUA, esse processo faz parte da lógica adotada por essa organização após a Guerra Fria. A partir dessa etapa, apoiada em um discurso de mudanças no seu modo de atuação, a OTAN passou a am pliar seu número de componentes e a esfera de influência estadunidense. Para a Ucrânia essa aproximação com o ocidente representa: a possibilidade de di versificar sua economia, a ampliação de investimentos e de suas parcerias comerciais, a geração de empregos, a aceleração do crescimento do PIB, além da surpreendente possibilidade de diminuição da sua dependência com a Rússia, fato esse que já colocou o país em situações difíceis em outros momentos, como já comentado anteriormente. Entretanto, é fato que sair da esfera de submissão russa e entrar na esfera de submissão da UE ou dos EUA, por meio da integração à OTAN, não seria um bom negócio para os ucranianos, mas para a diversificação de sua economia e parcerias sim. 446
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
02. (FGV SP) Os impasses sobre a Ucrânia elevaram tensões en tre a Rússia e o Ocidente a níveis sem precedentes desde a Guerra Fria. As autoridades americanas e europeias alerta ram para a possibilidade de a Rússia enfrentar sanções de amplo alcance em áreas como energia, finanças, manufatu ras e agronegócios. O papel mais importante da Rússia, na economia global, re fere-se à produção e exportação de a) bauxita e urânio. b) cana-de-açúcar e soja. c) produtos da agropecuária (trigo e carne). d) petróleo e gás natural. e) armamentos e produtos microeletrônicos. 03. (Udesc SC) O ano de 2014 foi marcado por fortes con flitos entre a Rússia e a Ucrânia. Analise as proposições sobre a Ucrânia. I. Está politicamente dividida, com sua porção ocidental desejosa de estreitar laços com a União Europeia e a porção oriental, com a Rússia. II. Pelo país passam importantes gasodutos que trans portam o gás natural da região do mar Cáspio para a Europa, cujo controle interessa tanto à União Euro peia quanto à Rússia. III. Vem tentando se aproximar da Rússia desde 1991, quando deixou a União Europeia. IV. Possui grandes extensões de solos muito férteis, sen do grande produtora de cereais. V. Ainda padece dos efeitos da poluição radioativa, de corrente do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986. Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras. c) Somente as afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras. d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. e) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras. 04. (FM Petrópolis RJ) O tratamento midiático dos aconteci mentos recentes na Ucrânia veio confirmar que, para uma parte da diplomacia ocidental, as crises não trazem mais uma assimetria entre os interesses e as percepções de ato res dotados de razão, mas se constituem como a batalha final em que o Bem e o Mal disputam o sentido da história. A Rússia se presta maravilhosamente a essa encenação, que tem o mérito da simplicidade. ZAJEC, O. A obsessão antirrussa. Le Monde Diplomatique Brasil, ano 7, n. 81, abr. 2014. p. 18.
No recente episódio em que a região da Crimeia é anexada pela Rússia, uma assimetria de interesses confronta a deci são desse País à ação geoestratégica a) da União Europeia, direcionada à Ucrânia. b) da China, dirigida aos investimentos diretos na África. c) do governo indiano, voltada para o sul da Ásia. d) dos países do BRICS, pensada para a Eurásia. e) dos Estados Unidos, apontada para a América Latina. 05. (Faculdade de Direito de Franca SP) “Uma maioria de 96,8% dos votos do referendo realizado neste domingo (16) na Crimeia apontou que é a favor da união da República Au tônoma da Crimeia à Rússia, informou nesta segunda-fei ra (17) Mikhail Malishev, chefe da comissão eleitoral local, após a apuração total dos votos, de acordo com a agência de notícias Associated Press. Isso representa 1,2 milhão de eleitores. O parlamento crimeano aprovou os resultados do referendo e pediu oficialmente a Moscou para que aceite a república separatista ucraniana dentro da Federação Russa.” “Resultado final aponta 96,8% dos crimeios a favor da união à Rússia”, 17.03.2014. http://g1.globo.com/mundo/
A vitória da proposta de união à Rússia, no plebiscito crime anode março de 2014, resultou, entre outros fatores, a) do reconhecimento, pela Ucrânia, de sua incapacidade de manter o controle sobre a região da Crimeia. b) da decisão norte-americana, endossada pela Organização das Nações Unidas, de apoiar a anexação da Crimeia pela Rússia. c) das fraudes no processo eleitoral, que levaram a um resulta do contrário à vontade da maioria da população crimeana. d) do apoio da Rússia e da União Europeia ao fim da autono mia crimeanae à anexação de seu território pela Ucrânia. e) da presença majoritária de cidadãos de origem russa na Crimeia e do boicote ao plebiscito por setores contrários à união.
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B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
01. (Fatec SP) O conflito que vem ocorrendo na Ucrânia explici ta a disputa geopolítica entre a Rússia e a Europa Ocidental, que é apoiada pelos Estados Unidos. Um dos pontos cruciais do conflito é a posse da Crimeia, onde está instalado o estra tégico porto de Sebastopol. Sobre esse conflito, assinale a alternativa correta. a) A posse desse porto pela União Europeia permitiu o aces so marítimo à Suíça, à Áustria e à Eslováquia. b) A recente exploração comercial desse porto pelos Esta dos Unidos é alvo de protestos por parte de Israel. c) O domínio da Rússia sobre o porto permite o acesso des se país ao mar Mediterrâneo e ao Oceano Atlântico. d) O controle exercido pela Ucrânia sobre esse porto é con denado pelos chineses, que lutam pelo seu comando. e) O funcionamento atual do porto como base naval da Or ganização do Tratado do Atlântico Norte é questionado pela Ucrânia.
Geografia
Exercícios Complementares
B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
01. (IF RS) Assinale a alternativa que expressa a relação histó rica existente entre o conceito de Guerra Fria e o contexto atualmente vivido na Ucrânia. a) Mais uma vez a Ucrânia se coloca numa condição de oposição à Rússia, da mesma maneira que fez durante a Guerra Fria, quando manifestou apoio aos Estados Unidos da América, principalmente no episódio da “Crise dos Mísseis” em Cuba. b) Embora militarmente inferior e ameaçada, tanto pela Rússia quanto pelos Estados Unidos, a Ucrânia mostra uma posição de independência em relação às duas grandes potências, re lembrando sua conduta durante a Guerra Fria, quando aju dou a formar o conhecido Bloco dos Não Alinhados que veio a dar origem à expressão Terceiro Mundo. c) A Ucrânia vem mostrando, atualmente, uma postura de gradual e constante alinhamento com a política da Rús sia nos assuntos internacionais, de igual maneira como ocorreu durante a década de 1960, quando abandonou o bloco capitalista para integrar a União Soviética, que era liderada pela Rússia. d) Rússia e China colocam-se atualmente em posições di vergentes, sendo que a última conta com o apoio explíci to da Ucrânia e dos EUA, situação semelhante a do rom pimento do bloco socialista, quando o líder chinês Mao Tsé Tung condenou os rumos adotados pelo socialismo russo de Nikita Kruschev durante a Guerra Fria travada pelos dois países socialistas. e) O fato de a Rússia estar diretamente envolvida em uma dis puta política, na qual os Estados Unidos se colocam como opositores, faz lembrar a época em que Rússia e Ucrânia integravam a União Soviética, período marcado pelo enfre tamento de duas superpotências e que durou até o início da década de 1990. No entanto, no contexto atual, a Ucrânia se coloca em posição antagônica aos russos. 02. (Unioeste PR) Desde novembro de 2013, quando o presi dente da Ucrânia, Viktor Yanukovych anunciou oficialmente que havia desistido de assinar um acordo de aproximação econômica com a União Europeia. Ele optou por priorizar as relações com a Rússia, assim, foram instauradas intensas manifestações populares em oposição à decisão do então presidente na Ucrânia. Frente às manifestações populares, em fevereiro de 2014, Viktor Yanukovych foi deposto do cargo de presidente da Ucrânia e, em maio do mesmo ano, novo governo interino assumiu o País. Nesse contexto de crise política e em consequência dos movimentos populares visando a uma aproximação com a União Europeia, instau rou-se forte crise na Crimeia, Península da Ucrânia. Sobre a crise na Crimeia, considere as afirmativas abaixo.
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I. II.
A Crimeia é atualmente um Estado independente. No Referendo popular realizado no dia 16 de março de 2014, com 95% dos votos, a população da Crimeia decidiu pela separação da Ucrânia e anexação ao ter ritório russo. III. O grupo étnico predominante na Crimeia é o russo. IV. A crise insurgida na Crimeia levou a população a se posi cionar a favor da Ucrânia com pedidos de aproximações econômicas com a União Europeia e contra a Rússia. V. Estados Unidos e União Europeia ainda não reconhe cem o Referendo popular realizado na Crimeia, o qual decidiu pela separação da Ucrânia e anexação ao ter ritório russo. Assim, de acordo com o texto acima, assinale a alternativa CORRETA. a) As alternativas I, II e IV estão corretas. b) As alternativas II e III estão corretas. c) As alternativas I, III e V estão corretas. d) As alternativas II, III e V estão corretas. e) As alternativas I e II estão corretas. 03. (Unesp SP) O tratado de adesão da Crimeia foi assinado no Kremlin dois dias após o povo da Crimeia aprovar em um re ferendo a separação da Ucrânia e a reunificação com a Rús sia. O referendo foi condenado por Kiev, pela União Euro peia e pelos Estados Unidos, que o consideraram ilegítimo. Antes do anúncio do acordo, Putin fez um discurso ao Par lamento afirmando que o referendo foi feito de acordo com os procedimentos democráticos e com a lei internacional, e que a Crimeia “sempre foi e sempre será parte da Rússia”. (http://g1.globo.com)
No início de 2014, a incorporação da Crimeia à Rússia reacen deu o debate sobre as lógicas de organização política do espa ço geográfico na Nova Ordem Mundial. Durante a Velha Ordem Mundial qual era a relação política e territorial entre a Rússia e a Ucrânia? Explique por que a incorporação da Crimeia à Rússia difere da tendência de organização política do espaço geográ fico mundial após o estabelecimento da Nova Ordem Mundial. 04. (UEMG) Moscou dá ultimato à Ucrânia e UE ameaça Rússia com sanções “Enquanto a Rússia expandia na segunda-feira, 3, seu con trole sobre a Península da Crimeia, o governo da Ucrânia denunciou um ultimato do Kremlin para que as forças do país se rendam e evitem um ataque militar. Em Washington, o presidente dos EUA, Barack Obama, passou o dia tentando alinhar seus parceiros em busca de uma resposta a Moscou. “A Rússia está do lado errado da história”, disse Obama(...)”.
Questão 03 Durante a Velha Ordem Mundial, também conhecida como período da Guerra Fria (1945/1989), Rússia e Ucrânia gozavam do mesmo status político e territorial, ou seja, ambas eram Repúblicas Socialistas da União Soviética, subordinadas ao poder Central do Partido Comunista sediado em Moscou. Pode-se considerar que a tendência de organização política do espaço geográfico mundial na Nova Ordem, citada no enunciado, refere-se à diminuição da influência da Rússia (herdeira geopolítica da União Soviética) no cenário internacional. O tratado de adesão de Crimeia, assinado pelo governo Putin, mostra a atual força política da Rússia e uma diferença nessa tendência.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
06. (FM Petrópolis RJ) Analise a imagem a seguir.
A Rússia prossegue com firmeza, em sua estratégia revanchista, com o intuito de não ceder às imposições do Ocidente. Assinale a alternativa que pode ser uma opção de Putin, indica da pelo número 1 dentro do mapa: a) Manter a base naval na Crimeia, região considerada estraté gica, na qual os russos formam a maioria da população. b) Suprimir o fornecimento de gás para a Europa, já que grande parte dos gasodutos que levam o produto para a UE e para a Turquia passam pela Ucrânia. c) Desistir da cooperação com o Ocidente para acabar com a guerra civil na Síria. d) Fechar o acesso que os EUA utilizam para levar suprimentos e equipamentos para suas tropas no Afeganistão. 05. (UEPG PR) Com relação à Ucrânia, assinale o que for correto. 01. O país fez parte da antiga URSS e, após a queda do comu nismo, integrou a CEI – Comunidade de Estados Indepen dentes, tendo sido o seu impulsionador o presidente russo, Boris Ieltsin.
Fonte: <http://operamundi.uol.com.br/media/images/ mapacrimeiaanexada. jpg>. Acesso em: 07 maio 2015.
A anexação à Rússia da região ucraniana destacada na imagem provocou a seguinte situação geopolítica: a) rompimento dos laços diplomáticos entre os governos de Kiev e de Washington. b) sanções da União Europeia e dos Estados Unidos contra o governo russo. c) suspensão das manobras militares russas no leste da Ucrânia. d) incremento das exportações russas de gás natural para a União Europeia. e) ações geoestratégicas da China pelo controle do gás ucra niano. 07. (Unimontes MG) A Crimeia realizou no fim de semana passado um referendo, qualificado de “ilegal” pelos EUA e pela União Europeia, no qual foi aprovada por arrasadora maioria a adesão da península à Rússia. As tensões entre Washington e Moscou intensificaram-se nes ta semana com a imposição de sanções e proibição de viagem mútua a congressistas e altos cargos de ambos os países.
02. É a pátria de milhares de imigrantes eslavos que se des
Fonte: r7.com. Acesso: 19-3-2014.
locaram para o Brasil a partir do final do século XIX, fixan
08. Logo após a queda do comunismo, a Ucrânia passou a
A partir da situação exposta no texto e seus conhecimentos so bre o assunto, podemos afirmar que: a) A União Europeia ganha força política com a pressão exer cida pelos EUA sobre a Rússia para recusar a anexação da Crimeia. b) Os EUA e a Rússia concordam com o governo ucraniano so bre a anexação da Crimeia ao território russo. c) A Crimeia é um país independente que usou de ações de
fazer parte da União Europeia e adotou o Euro como
mocráticas para integrar-se ao bloco econômico da União
do-se principalmente no estado do Paraná, a exemplo de Prudentópolis e Ponta Grossa, dentre outros locais. 04. A Ucrânia fazia parte da antiga Iugoslávia e, após a morte do Marechal Tito e final do comunismo na região, tornou -se independente, tendo por capital a cidade de Sarajevo.
moeda nacional. 16. Tem por capital a cidade de Kiev e é nesse país que houve Gab: 19
o grande acidente nuclear de Chernobyl.
Europeia. d) A Ucrânia, com essa situação, volta a fazer parte da Rússia, assim como ocorreu no período da Guerra Fria.
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B12 Conflitos e Separatismos na Geórgia e na Ucrânia
http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,moscou-da-ultimato -a-ucrania-e-ue-ameaca-russia-com-sancoes,1136991(texto e infográfico adaptados). Acesso em 23/9/2014 – 19h20’
FRENTE
B
GEOGRAFIA
Gabarito 02. Antes de 1914, o regime czarista russo já apresentava graves contradições internas: o atraso econômico, devido à preponderância da agricultura, praticada aliás de forma arcaica; a enorme desigualdade social, com o predomínio da aristocracia fundiária, uma burguesia ainda pouco desenvolvida e a miséria do proletariado e sobretudo do campesinato; e a autocracia do czar, apesar da recente existência de uma assembleia (Duma) com poderes limitados. Essas contradições agravaram-se com as derrotas do exército russo na Primeira Guerra Mundial, que levaram à queda do czar Nicolau II e a tomada do poder pelos bolcheviques, que implantariam o primeiro Estado socialista da História.
Exercícios de Aprofundamento 01. (Udesc SC) A Revolução Russa, que instituiu o socialismo de Es tado, iniciou em março de 1917 e terminou em novembro da quele ano, com a vitória dos bolcheviques liderados por Lênin e Trótski. Lênin tornou-se o primeiro presidente da Rússia após 1917, e enfrentou severas dificuldades para a implantação do socialismo até o governo de Stalin (1926-1953). Analise as pro posições sobre o governo de Stalin. I. No período de Stalin, a União Soviética apresentou forte crescimento industrial. II. A produção agrária se organizou sob duas formas: os sovkhoses (fazendas coletivas do Estado; o trabalhador era assalariado do governo); e os kolkhoses (fazendas co operativas onde o trabalhador participava do trabalho e do resultado global da produção, tendo ainda direito a um lote individual para explorar com a sua família). III. A produção industrial se organizou sob duas formas: os trustes (agrupamentos de unidades produtivas dedica das a um só tipo de produção); e os combinados (agru pamentos de unidades produtivas que se dedicavam a produtos complementares). IV. A implantação do novo modo de produção na Rússia divi diu, ideologicamente, a Europa e o mundo todo em dois sistemas econômicos: o capitalismo e o socialismo. V. O governo de Stalin foi um período em que a União Sovié tica cresceu muito. Não havia conforto nem luxo, mas em compensação punia-se a criminalidade e a especulação. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e V são verdadeiras. b) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras. d) Somente as afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 02. (Unesp SP) A Revolução Russa é o acontecimento mais importante da Guerra Mundial. (Rosa Luxemburgo. A revolução russa. Lisboa: Ulmeiro, 1975.)
A frase de Rosa Luxemburgo, polonesa então radicada na Ale manha, associa diretamente a ocorrência da Revolução Russa com a Primeira Guerra Mundial. Indique e analise possíveis vínculos entre os dois processos, destacando os efeitos da Guerra na vida interna da Rússia. 03. (Enem MEC) O G-20 é o grupo que reúne os países do G-7, os mais industrializados do mundo (EUA, Japão, Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Canadá), a União Europeia e os principais emergentes (Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, 450
Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Coreia do Sul, Indonésia, México e Turquia). Esse grupo de países vem ganhando força nos fóruns internacionais de decisão e consulta. ALLAN. R. Crise global. Dísponivel em: http://conteudoclippingmp.planejamento.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2010.
Entre os países emergentes que formam o G-20, estão os cha mados BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), termo criado em 2001 para referir-se aos países que a) apresentam características econômicas promissoras para as próximas décadas. b) possuem base tecnológica mais elevada. c) apresentam índices de igualdade social e econômica mais acentuados. d) apresentam diversidade ambiental suficiente para impulsio nar a economia global. e) possuem similaridades culturais capazes de alavancar a eco nomia mundial. 04. (UFTM MG) O fim da Guerra Fria trouxe um grande desafio para a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN. Cria da em 1949 para fazer frente às forças da ex-União Soviética, a OTAN atualmente apresenta as seguintes características: I. atua somente quando convocada pelo Conselho de Segu rança da ONU; II. ampliou o número de membros, com a entrada de vários países europeus do antigo bloco socialista; III. os Estados Unidos mantêm a liderança militar, pois con tribuem com a maior parte dos efetivos; IV. apresenta efetivos reduzidos desde o final da década de 1990, já que os únicos países comunistas que represen tam alguma ameaça são Coréia do Norte e Cuba; V. tem atuado em conflitos da era pós-Guerra Fria, como em Kosovo e, mais recentemente, no Afeganistão. Está correto somente o que se afirma em a) I, II e III. b) I, III e IV. c) I, IV e V. d) II, III e V. e) II, IV e V. 05. (Puc PR) O começo do século XXI revelou uma nova forma de terrorismo: globalizado, sem fronteiras e sob os holofotes da mídia. O mundo ficou estarrecido diante dos atentados de 11 de setembro de 2001 a importantes símbolos do poder político e econômico norte-americano. Nos três primeiros dias de se tembro de 2004, no sul da Rússia, a pequena cidade de Beslan foi assolada pelo terrorismo. Uma escola local foi ocupada, em dia de festa, por terroristas que fizeram mais de 1 000 reféns. A
Ciências Humanas e suas Tecnologias
06. (Puc Campinas SP) Considere os itens abaixo sobre o movi mento separatista do Daguestão. I. República da Federação Russa, com subsolo rico em pe tróleo. II. Localiza-se na região do Cáucaso, que tem nove grandes grupos étnicos e 70 etnias menores. A maioria da popu lação é muçulmana. III. Nesta região do Cáucaso, tem-se ainda a Tchetchênia e países independentes como a Geórgia. IV. Região de maior concentração de usinas nucleares da Rússia. Sobre essa região, que apareceu no noticiário devido às lutas sangrentas ocorridas ultimamente, pode-se considerar corre tas SOMENTE a) II e III. b) II e IV. c) I, Il e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. 07. (Enem MEC) “Com a guinada da Geórgia para o Ocidente, é de fundamental importância estratégica para a Rússia que ela man tenha regiões leais a Moscou no Cáucaso, que é uma região politi camente crítica e de importância estratégica para a federação [...]” Disponível em: <http://mundorama.net/2008/04/30/ relacoes-georgia-russia-riscos-de-separatismo-nocaucaso-por-pet-irel-unb/>.
O Cáucaso é uma região, situada entre os mares Cáspio e Negro, considerada estratégica em função de estar situada em uma área onde a presença de petróleo é bastante significativa. Sobre a re gião e os conflitos existentes na área, é correto afirmar que: a) A Chechênia, região de maioria católica ortodoxa, é uma área estratégica para Moscou por estar na rota de importan tes oleodutos e gasodutos em operação e constitui o princi pal foco de tensão na região do Cáucaso. b) A região de Nagorno Karabak constitui um foco de conflito entre Armênia e a Rússia; a Abkazia e a Ossétia do Sul bus cam a independência da Geórgia e são amplamente apoia das pela Rússia. c) A Ossétia do Norte pretende a independência da Rússia para passar a congregar juntamente com a Ossétia do Sul a Geórgia. d) O Daguestão constitui a menor república do Cáucaso, é de maioria ortodoxa, e, ao contrário das outras repúblicas que
buscam a independência, não abriga grandes campos de pe tróleo e oleodutos. e) A região do Cáucaso, que abriga várias repúblicas da Rússia eu ropeia, além do Azerbaijão, da Armênia e da Geórgia, consti tuiu, ao longo da história, um elo entre o Oriente e o Ocidente. 08. (UCB DF)
Durante todo o século XX, a Ucrânia fez parte da União Sovi ética, até a sua independência, em 1991. Com o fim do Bloco Socialista Soviético, a Ucrânia, livre e autônoma, vai definir os próprios passos nas questões políticas e econômicas. Em 2013, eclodiu uma crise interna, e o país viu-se diante de um grande impasse: de um lado, pró-russos e, de outro, ucranianos lutam pelo poder de escolher os rumos do país. A respeito dos atuais conflitos na Ucrânia, julgue os itens a seguir. F-V-F-V-V 00. O estopim da crise deve-se a grupos radicais ucranianos, de origem islâmica, que não aceitam a aproximação do país com o Ocidente. 01. O principal motivo dos conflitos no país está ligado à tentativa do ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, de reaproxi mação com a Rússia e de afastamento da União Europeia. 02. Os conflitos no país ocorrem por causa da recusa ucrania na em fornecer gás e petróleo para a Rússia. Essa medida deixaria o país vizinho em dificuldades no abastecimento industrial e doméstico dessas fontes de energia. 03. Parte da Ucrânia, a população que vive no oeste do país deseja uma aproximação com a União Europeia. O lado les te, contudo, de maioria pró-Rússia, não concorda com essa decisão. O país segue dividido pelos interesses étnicos, po líticos e econômicos. 04. A Crimeia, antigo território da Rússia, doado à Ucrânia, em 1954, pelo então líder soviético Nikita Khrushchev, que era de origem ucraniana, foi retomado pela Rússia após um plebiscito coordenado por Moscou. 451
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
principal motivação do grupo armado que ocupou a escola de Beslan centrava-se na causa separatista que reivindicava: a) a inclusão da Chechênia na Comunidade dos Estados Inde pendentes, CEI. b) a ajuda militar russa às tropas chechenas na defesa de suas fronteiras. c) a ajuda humanitária do governo de Moscou às populações pobres das montanhas da Chechênia. d) a anexação dos territórios vizinhos, como o Azerbaijão e a Geórgia, à Chechênia. e) a saída das forças militares russas da Chechênia.
FRENTE
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GEOGRAFIA Por falar nisso Os estudos relacionados à geologia são de fundamental importância na descoberta de depósitos de minérios e para a verificação da viabilidade de sua lavra. Na indústria da mineração, essa fase é primordial e exige muito trabalho e persistência. Geólogos e técnicos mapeiam a superfície para definição dos limites do corpo de minério. Nesse mapeamento, são observados fatores como estrutura, mineralogia, tipos de rochas dentre outros. Estudos e análises relacionados aos movimentos de massa são de extrema importância, pois a minimização de problemas está ligada aos estudos geológicos. Assim sendo, podem ser evitadas perdas materiais como também humanas, em episódios relacionados aos movimentos de massa que ocorrem em algumas cidades do Brasil, país de clima tropical, com quantidades de precipitações pluviais associadas a esses fenômenos. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C09 C10 C11 C12
Noções de geologia........................................................................ 454 Rochas e estruturas....................................................................... 462 Geologia brasileira I ...................................................................... 470 Geologia brasileira II...................................................................... 474
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C09
NOÇÕES DE GEOLOGIA
ASSUNTOS ABORDADOS
Em sua trajetória na Terra, a espécie humana se estabeleceu sobre uma base for mada por um conjunto de rochas, minerais e solos, elementos fundamentais para sua existência. Essa base corresponde à camada mais superficial do Planeta, denominada de crosta terrestre ou litosfera.
nn Noções de Geologia nn Geografia, Geologia e Oceanografia nn A formação da Terra nn Teoria da Deriva Continental nn A tectônica de placas
Estima-se que, da superfície terrestre ao seu centro, a profundidade seja de aproxi madamente 6 370 km. Então, como é possível conhecer as características geológicas de cada camada da Terra, principalmente das que estão situadas na porção mais interior de nosso planeta?
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Por meio de perfurações, os pesquisadores têm acesso direto somente aos primei ros quilômetros da crosta. Daí para o interior do planeta é possível saber da estrutura geológica apenas por um aparelho chamado sismógrafo, que detecta ondas sísmicas.
Figura 01 - Desenho esquemático de um sismógrafo.
A instalação de vários sismógrafos em rede permite determinar a posição exata do centro dessas ondas (hipocentro) e do seu ponto correspondente na superfície da cros ta (epicentro). Além disso, é possível quantificar a energia liberada pelos terremotos utilizando a escala Richter. Opirus/Arte
Tremor ocorrido Tremor forte do no litoral paulista País, em 1995, em MT em 2008
1,0
2,0
De 3,5 a 5,4 é percebido, mas causa poucos danos
Figura 02 - Escala Richter
454
3,0
De 5,5 a 6,0 danifica edifícios
4,0
5,0 5,2
De 6,1 a 6,9 muito perigoso para áreas populosas
6,0 6,2
7,0
De 7,0 a 7,9 pode causar grande destruição
8,0
9,0
Acima de 8,0 tem potencial para dizimar cidades inteiras
Essa escala, adotada em 1935, foi batizada em home nagem ao físico americano Charles F. Richter. Não mede efeitos do terremoto, mas in dica sua força em termos de energia liberada, conforme medida por sismógrafos. A es cala começa em 1 e não tem um limite superior. Como tem base logarítmica, cada aumen to da magnitude em um nú mero inteiro representa um aumento de 10 vezes na am plitude do terremoto.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Geografia, Geologia e Oceanografia A Geografia é uma ciência humana que tem por objetivo estudar as relações entre as sociedades e a natureza, por meio da leitura e análise do espaço geográfico e de suas transformações. Para isso, ela se utiliza de conhecimentos de ciências afins, como a Geologia e a Oceanografia, por exemplo. A relação da Geografia com essas ciências é fundamental para compreender o objeto da ciência geográfica − o espaço geográfico. A Geologia tem como objetivo estudar a origem e a história da Terra, os materiais que a compõem e sua transformação. Oferece subsídios importantes para entender fenômenos como os vulcões, os terremotos, as rochas etc. Já a Oceanografia contribui com a Geografia, à medida que se procura descrever e analisar o funcionamento dos oceanos. Com isso, é possível entender e estimar o comportamento dessas águas, o assoalho oceânico e a vida submarina, propiciando a utilização de seus diversos ambientes. A Geografia, a Geologia e a Oceanografia são ciências que apresentam uma caracte rística multidisciplinar e se relacionam intensamente para que se possa compreender a realidade.
A formação da Terra Pesquisas mostram que a formação da Terra ocorreu há cerca de 4,5 bilhões de anos. Cientistas ligados aos estudos astronômicos presumem que todos os corpos do Sistema Solar também se formaram nesse mesmo período. É possível estimar a idade da Terra com base nos meteoritos que caíram na superfície e que apresentam o mesmo tempo de formação do nosso planeta. A idade da Terra foi estabelecida pela primeira vez, em 1956, pelo cientista Clair Patterson, que trabalhou com isótopos de chumbo (Pb). Esse e outros métodos de datação, como o que se baseia na meia-vida do carbono 14, são aprofundados na disciplina de Química. Quanto ao Universo, sua idade é estimada em algo próximo a 13,7 bilhões de anos. Para chegar a esse valor, os cientistas pesquisaram por quase 80 anos. Em 1929, o as trônomo estadunidense Edwin Hubble, por exemplo, percebeu que as galáxias estavam se afastando umas das outras e, a partir disso, descobriu que, quanto maior a distância entre elas, maior é a velocidade de deslocamento. Isso o levou a concluir que o Univer so está em processo de expansão.
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C09 Noções de Geologia
O trabalho desse pesquisador questionou o modelo de Universo estático, que predo minava até então no meio científico. Hubble deu início à teoria denominada Big Bang, que afirma que o Universo surgiu de uma grande explosão.
Figura 03 - Segundo a teoria do Big Bang, os eventos de formação da Universo podem ser descritos em bilhões de anos.
455
Geografia
Ao longo desses 4,5 bilhões de anos, a Terra passou por diversas transformações, desde o processo de resfriamento e solidificação da camada externa até as decorrentes da intervenção humana. Essas transformações deixaram e continuam deixando marcas bem definidas no material que compõe a crosta, ou seja, as rochas. Por meio de siste máticos estudos das transformações pelas quais a Terra passou, foi possível dividir a história geológica do planeta em diversas fases, utilizando, para isso, uma escala geoló gica do tempo. O quadro a seguir mostra, a partir de estimativas, o tempo de duração de cada era geológica. Escala Geológica do Tempo Era
Período
Duração (em anos)
Características
Azoico
2 bilhões
Ausência de vida. Constituição das primeiras rochas magmá ticas a partir da solidificação dos minerais.
1,3 bilhão
Formação da crosta terrestre, com o surgimento dos pri meiros aglomerados rochosos, os escudos cristalinos. Co meço da definição dos mares e dos continentes e início da vida, com o aparecimento de bactérias e de algas azuis nos oceanos.
700 milhões
Intensa atividade vulcânica, que trouxe o magma do interior para a superfície. Após o resfriamento, o magma transfor mou-se em rochas, que, por sua vez, sofreram metamorfis mo, dando origem aos grandes depósitos de minerais metá licos (ferro, manganês, ouro etc.). Além disso, desenvolve-se a vida na água.
290 milhões
Intensa atividade formadora e transformadora da superfí cie. Surgimento de alguns conjuntos montanhosos, como os Montes Apalaches (Estados Unidos) e o Maciço de Vos ges (França). Durante o período final dessa era, ocorreu o soterramento de florestas em várias porções do globo, dando origem às jazidas de carvão mineral. Surgimento dos primeiros répteis e destaque para os anfíbios, os mo luscos e os peixes.
Triássico Jurássico Cretáceo
185 milhões
Divisão do continente Gondwana, dando origem à África, à América do Sul e ao Oceano Atlântico. Surgimento, desenvolvimento e extinção de grandes répteis, como os dinossauros. Ocorrência de intenso vulcanismo e, consequentemente, de derramamento de lava em várias partes do globo, incluindo o sul do Brasil. Grande parte das jazidas petrolíferas conhecidas hoje se ori ginaram do processo de sedimentação do fundo marinho ocorrido nessa era.
Terciário
64 milhões
Constituição das grandes cadeias montanhosas (Alpes, Andes, Himalaia). Desenvolvimento dos mamíferos.
Quaternário
2 milhões
Surgimento da espécie humana. Configuração atual dos continentes e dos oceanos. Ocorrência das glaciações.
Arqueozoico Pré-Cambriana ou Primitiva
Proterozoico
Paleozoica
C09 Noções de Geologia
Mesozoica
Cambriano Ordoviciano Siluriano Devoniano Carbonífero Permiano
Cenozoica
(Fonte: TEIXEIRA, Wilson e outros (org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2009.)
456
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A Terra não é um todo homogêneo, mas é formada de camadas que se diferenciam de acordo com a espessura, a temperatura, a densidade e os materiais que as compõem. Re sumidamente, as camadas que formam o nosso planeta são: crosta, manto e núcleo. A crosta é a camada mais superficial da Terra, composta de materiais que foram resfriados e solidificados (principalmente silicatos de alumínio-SiA). Ela chega a atingir cerca de 70 km de espessura nos continentes e pode ser subdividida em crosta con tinental e crosta oceânica. A continental, menos densa e geologi camente mais antiga e de constituição complexa, normalmente apresenta uma camada superior, formada de rochas graníticas, e uma inferior, de rochas basálticas. Já a crosta oceânica, com parada com a continental, é mais densa e mais recente, sendo formada de uma camada homogênea de rochas basálticas. O conjunto das crostas continental e oceânica, chamado de litosfera, constitui a esfera rígida do planeta. A litosfera é for mada por placas que deslizam sobre o manto externo. Na zona de contato entre essas placas, ocorrem fenômenos que causam grandes abalos sísmicos, como os terremotos e os maremotos.
Hidrosfera
Atmosfera
Descontinuidade de Mohorovicic
Crosta Manto superior
700 km
Manto inferior Descontinuidade de Gutenberg
2 900 km
Núcleo externo 5 150 km
6 371 km
Núcleo interno
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As camadas da Terra
Figura 04 - Estrutura interna da Terra
O manto é a camada situada logo abaixo da crosta e divide-se em manto superior e manto inferior. Apresenta pequenas mudanças na composição química das rochas em relação à crosta, é a porção mais volumosa das três camadas. O núcleo corresponde, aproximadamente, a um terço da massa da Terra e contém elementos metálicos como ferro e níquel, fato que torna essa camada conhecida como NiFe. Apesar de estar situado à grande distância da superfície terrestre, o núcleo não escapa das investigações sismológicas, tendo sua composição estabelecida por meio de comparações entre experimentos laboratoriais e dados sismológicos. Nosso planeta não é estático. Ele sempre esteve e continua em intensa atividade. As deformações e transformações visíveis na superfície do terreno, os vulcões e abalos sísmicos, que ocorrem nos continentes ou no fundo dos oceanos, são fenômenos que comprovam o dinamismo da Terra. Teorias sobre a evolução da Terra, especialmente referentes à distribuição dos conti nentes e dos oceanos, começaram a surgir no início do século XX. Vamos conhecer duas dessas teorias: a da Deriva continental e a da Tectônica de placas.
Teoria da Deriva Continental
C09 Noções de Geologia
Até o século XIX, a maior parte dos cientistas acreditava que os continentes e as ba cias oceânicas eram estruturas homogêneas, fixas, permanentes na Terra, sem nunca terem se separado. Contudo, desde que se traçaram os primeiros mapas, os estudiosos notaram que as costas dos continentes, em particular da África e da América do Sul, encaixavam-se perfeitamente, como peças de um quebra-cabeça. Com base em pesquisas anteriores, Alfred Wegener publicou, em 1912, o seu pri meiro trabalho sobre a ideia de deriva dos continentes. Esse pesquisador alemão teve o mérito de construir uma teoria apoiada em argumentos sólidos e em dados levantados em diversas áreas do conhecimento. No seu livro A origem dos continentes e oceanos, publicado em 1915, Wegener defendia a tese de que os diversos continentes existentes hoje constituíam um único bloco. 457
Geografia
Opirus/Arte
Os atuais continentes formaram-se da ruptura da grande mas sa emersa denominada Pangeia e do distanciamento dos blocos oriundos dessa quebra. Com base em uma grande variedade de dados geológicos, Wegener afirmou que a fragmentação desse bloco único começou há cerca de 200 milhões de anos, na Era Mesozoica, período Cretáceo, constituindo um fenômeno recen te na escala geológica do tempo. Poucos cientistas aceitaram a teoria proposta por Wegener, mas, um ano após a sua morte, em 1930, o geólogo britânico Arthur Holmes defendeu a ideia de que a enorme quantida de de calor existente no interior da Terra seria suficiente para criar correntes de convecção térmica no manto que poderiam provocar ruptura, separação e deslocamentos laterais dos con tinentes, validando, dessa maneira, o trabalho de Wegener.
A tectônica de placas Outra teoria surgiu na década de 1960, como um desdobra mento da Deriva continental, e foi mais aceita entre os cientis tas – a Tectônica de placas. De acordo com essa teoria, a crosta terrestre é formada por um conjunto de placas tectônicas que Figura 05 - Teoria da deriva continental deslizam por causa das correntes de convecção no interior da Terra. Foi essa movimentação das placas que permitiu a formação dos continentes a partir da Pangeia. Atualmente, a crosta terrestre é constituída de cerca de doze placas tectônicas, que ficam literalmente “boiando” por cima do magma. As zonas de contato entre as placas constituem áreas de instabilidade, que permitem o escape de magma, originando os vulcões e os abalos sísmicos. Quando uma placa oceânica – mais pesada e densa – e uma placa continental – mais leve e menos densa – convergem, a primeira tende a mergulhar sob a segunda. A placa oceânica, então, é reabsorvida pelo manto. Esse fenômeno, conhecido como subducção, dá origem às fossas marinhas ou regiões abissais e ocorre onde há o encontro de placas. Quando a placa continental sofre pressão da placa oceânica, surgem movimentos orogenéticos, como enrugamento, soer guimento ou dobramento de extensas porções da crosta, responsáveis pela ocorrência das grandes cadeias montanhosas do planeta. Como esse fenômeno ocorreu no início da Era Cenozoica, no período Terciário, convencionou-se chamar essas estruturas morfológicas de dobramentos modernos ou enrugamentos terciários, como é o caso dos Andes, Himalaia, Rochosas e Alpes. Essas formas de relevo apresentam altitudes elevadas, forte instabilidade tectônica, desgastes por processo erosivo e estão sujeitas à ação de terremotos e vulcões. Países localizados em regiões de contato entre placas tectôni cas, como Itália, Japão e Peru, sofrem ação dos terremotos mais frequentemente. O Brasil, por não estar situado em área de contato de placas tectônicas, não enfrenta esse fenômeno com a mesma intensidade.
C09 Noções de Geologia
Há três tipos de movimentação e limites de placas: nnDivergente: quando as placas se distanciam umas das outras, formando, assim, as dorsais oceânicas; nn Convergente: quando as duas placas vão de encontro uma da outra, sendo que uma pode entrar sobre a outra, indo para o manto, sofrendo, assim, subducção, ou quando, as duas se dobram, ocasionado obducção. Figura 06 - Placas tectônicas e suas respectivas direções
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
e Conservativo: quando as placas deslizam lateralmente uma em relação à outra, formando fraturas denominadas falhas transformantes. Muitas dessas falhas ocorrem nos oceanos; entretanto, elas podem também se estender para o interior do continente, como é o caso da Falha de Santo André (ou Falha de San Andreas), na Califórnia, nos Estados Unidos.
Opirus/Arte
nn Tangencial
Figura 07 - Principais tipos de limites entre placas tectônicas
# ciêntistas em AÇÃO Gênio de primeira grandeza, o cientista alemão Alfred Wegener (1880-1930) descobriu que todos os continentes do mundo estiveram unidos, há mais de 200 milhões de anos, em somente um supercontinente, chamado por ele de Pangeia (do grego, terra total). Em uma carta de 1910, Wegener descreveu essa ideia para sua futura esposa Else: “A costa leste da América do Sul se encaixa perfeitamente na costa oeste da África, como se um dia tivessem estado juntas”. Dois anos depois, apresentou-a pela primeira vez à comunidade científica, mas recebeu muxoxos de descrença. Na época, a ideia de que os continentes e oceanos pudessem se mexer era considerada estapafúrdia pelos cientistas, mas isso não im pediu Wegener de seguir com suas pesquisas. Em 1915, ele publicou o livro seminal A Origem dos Continentes e Oceanos. Mais uma vez, recebeu um silêncio profundo de seus colegas. Para piorar, Wegener não tinha provas substanciais de suas ideias, apenas boas evidências. Entre elas, as semelhanças entre as costas de alguns continentes, em especial da África com a América do Sul. Os relevos das duas regiões se completam e, apesar de haver um oceano entre elas, foram encontrados em ambas fósseis de animais da mesma espécie e época, bem como plantas parecidas. Os colegas de Wegener não ficaram satisfeitos. Queriam saber qual era a força que havia levado os continentes a se separar. Ninguém tinha a resposta na época e as ideias de Wegener caíram na obscuridade. Em 1930, Wegener viajou à Groenlândia como líder de uma equipe de cientistas e técnicos para estudar a superfície de gelo e o clima lo cal. Quando soube que parte da sua equipe, acampada no centro da ilha, tinha problemas, Wegener partiu com catorze pessoas em uma expedição para levar mantimentos. Devido às péssimas condições de tempo, doze delas retornaram ao acampamento depois de alguns dias de viagem – Wegener seguiu com os dois companheiros restantes. Após viajar 40 dias, com temperaturas de até 54 graus negativos, o cientista cumpriu sua missão. Mas, não se sabe o porquê, decidiu iniciar o retorno ao seu acampamento no dia seguinte, negando-se a esperar que o tempo melhorasse. Morreu no meio da viagem, poucos dias depois de completar 50 anos. Seu corpo só foi encontrado seis meses mais tarde, e enterrado em um mausoléu de gelo erguido lá mesmo. Nos anos 50, graças em grande parte a imagens da Nasa, os cientistas começaram a conhecer o fundo dos oceanos. Surgiram evidências cada vez mais seguras de que as grandes massas continentais realmente se mexiam: havia pedras novas aparecendo no fundo do mar e elas pareciam empurrar os continentes. Na década de 60, descobriu-se o movimento das placas tectônicas – os blocos flutuantes nos quais a superfície terrestre se apoia. A comprovação levou a uma revolução na área, trazendo grandes avanços para a geofísica e possibilitando a compreensão de fenômenos relacionados ao deslocamento dos continentes. Ficou claro que é a colisão entre duas dessas placas que faz com que enormes massas de pedras se ergam, formando cadeias de montanhas. E que são os raspões entre placas que dão origem a terremotos e a erupções vulcânicas. Wegener, de repente, transformou-se em um gênio visionário. Mas não estava mais vivo para comemorar. Fonte: http://super.abril.com.br/ciencia/conheca-o-cientista-alemao-alfred-wegener-pai-da-deriva-continental/
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C09 Noções de Geologia
ALFRED WEGENER E A TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL
Geografia
Exercícios de Fixação 01. (UFRN) Leia os fragmentos textuais a seguir: Entre os dias 12 e 24 de outubro de 2011, foram registrados nove abalos com mais de dois pontos na escala Richter, em João Câmara-RN. O maior deles ocorreu na terça-feira (24) e atingiu magnitude 2,8 na escala Richter, a qual vai até nove. A sequência foi suficiente para deixar população e autorida des em alerta. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2011/10/30/>. Acesso em: 10 jul. 2012. [Adaptado].
O governo do Chile pediu calma à população na madrugada desta terça-feira, 17 de abril de 2012, após um terremoto de magnitude 6,7 na escala Richter atingir o país. O tremor, ocorrido na região da cidade costeira de Valparaíso, foi se guido por um abalo secundário. Disponível em: <http://g1.globo.com/mundo/noticia /2012/04/>. Acesso em: 10 jul. 2012. [Adaptado]
C09 Noções de Geologia
Em relação à ocorrência de terremotos e considerando os dois casos referidos nos fragmentos textuais, é correto afirmar que: a) Há uma reduzida predisposição à ocorrência desse fenô meno no Brasil devido à sua localização em uma área de encontro de placas tectônicas. b) Há uma elevada predisposição para a ocorrência desse fenômeno no Chile devido à sua localização próxima a uma área de encontro de placas tectônicas. c) No Brasil, esse fenômeno apresenta baixas magnitudes em decorrência da predominância do relevo de planalto. d) No Chile, esse fenômeno apresenta elevadas magnitudes em decorrência da predominância do relevo de planície. 02. (UEA AM) Não são raros os relatos de ocorrência de ter remotos no território brasileiro. Porém, diferentemente do que acontece no Japão, nos Estados Unidos e no Chile, por exemplo, os terremotos aqui observados normalmente são de baixa magnitude. A explicação para essa diferença deve-se à a) localização do Brasil em área de convergência de placas. b) dominância de clima tropical úmido que, favorecendo o intemperismo químico das rochas, reduz a magnitude dos terremotos. c) estrutura geológica antiga do Quaternário, predominan te no território brasileiro. d) predominância de rochas sedimentares, mais suscetíveis a rupturas geológicas. e) localização do território brasileiro em região intraplaca. 03. (UERN) Em uma aula de Geografia da escola X sobre tecto nismo e vulcanismo, levantaram-se as seguintes hipóteses acerca da ocorrência de terremotos no território brasileiro. Analise-as.
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I.
Há ocorrência de terremotos de pequenas intensida des porque o Brasil é assísmico. II. Os terremotos de grande intensidade registrados no Brasil acontecem porque o Brasil está situado próximo da zona de contato entre as placas. III. O Brasil está situado no centro da placa sul-americana e, portanto, por estar distante da zona de contato entre as placas, não registra tremores de grandes proporções. IV. No Brasil, ocorre terremotos porque ele faz parte da região do Círculo do Fogo do Pacífico. A hipótese que realmente explica a ocorrência de tremores de terra no Brasil é a a) I. b) II. c) III. d) IV. 04. (Enem MEC) As áreas numeradas no gráfico mostram a composição em volume, aproximada, dos gases na atmosfe ra terrestre, desde a sua formação até os dias atuais.
Adaptado de The Random House Encyclopedias, 3rd ed., 1990.
Considerando apenas a composição atmosférica, isolando outros fatores, pode-se afirmar que: I. não podem ser detectados fósseis de seres aeróbicos anteriores a 2,9 bilhões de anos. II. as grandes florestas poderiam ter existido há aproxi madamente 3,5 bilhões de anos. III. o ser humano poderia existir há aproximadamente 2,5 bilhões de anos. É correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares 01. (FM Petrópolis RJ) Tragédia no Nepal Após sofrer sua pior catástrofe em 80 anos, o Nepal começa a receber ajuda internacional para tentar resgatar vítimas que ainda estão sob escombros, depois de um terremoto de 7,8 graus na escala Richter ter atingido ontem o país, matando pelo menos 1 457 pessoas, incluindo vítimas na região que abrange ainda Índia, Bangladesh e Tibete. (...) Em 1934, o pior terremoto do país matou quase 10 mil pessoas. “A cada 50 anos, um terremoto acontece. Temos medo de que o próxi mo aconteça dentro de pouco”, disse em dezembro de 2014, o redator-chefe do jornal “Nepali Times”, Kunda Dixit. O Globo, Mundo, 26 abr. 2015, p. 40. Adaptado.
O fenômeno natural mencionado foi provocado pelo se guinte agente: a) movimento de massas b) deslizamento de terra c) tectonismo d) intemperismo e) vulcanismo 02. (Fuvest SP) Observe o mapa abaixo e leia o texto a seguir.
II.
interesse desses países em controlar o fluxo de merca dorias agrícolas produzidas no Nepal, por meio do sis tema hidroviário Ganges-Brahmaputra, já que esse país limita-se, ao Sul, coma Índia e, ao Norte, coma China;
III.
necessidades da Índia e, principalmente, da China, as quais, com o aumento da população e da urbanização, demandam suprimento de água para abastecimento público, tendo em vista que o Nepal possui inúmeros mananciais.
Está correto o que se indica em a) I, apenas. b) II, apenas. c) I e III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 03. (UECE) Os terremotos são fenômenos que demonstram ni tidamente o caráter dinâmico da Terra. Considerando esses eventos, analise as afirmações abaixo. I.
Os abalos sísmicos que ocorrem no Brasil são de bai xa intensidade e, na sua grande maioria, resultam das forças geológicas que atuam em toda a placa que con tém o continente sul-americano.
II.
Os terremotos podem ocorrer na área de contato en
III.
Quando ocorre um abalo sísmico, são geradas ondas
tre duas placas, assim como no interior das mesmas. sísmicas capazes de se propagar em todas as direções. Está correto o que se afirma em a) I e III apenas. b) I e II apenas. O terremoto ocorrido em abril de 2015, no Nepal, matou
c) II e III apenas.
por volta de 9 000 pessoas e expôs um governo sem recur
d) I, II e III.
magnitude (7,8 na Escala Richter). Índia e China dispuse ram-se a ajudar de diferentes maneiras, fornecendo desde militares e médicos até equipes de engenharia, e também por meio de aportes financeiros. Considere os seguintes motivos, além daqueles de razão hu manitária, para esse apoio ao Nepal: I.
04. (UEG GO) Os movimentos orogenéticos, resultantes da de riva continental e dinâmica de placas, são os responsáveis pela formação de grandes cadeias de montanhas no plane ta, que surgem em virtude do enrugamento ou soerguimen to de extensas porções da crosta terrestre. A cordilheira dos Andes resulta dessa dinâmica, e sua origem está relaciona da ao choque entre as placas
interesse no grande potencial hidrológico para a gera
a) do Pacífico e Norte-Americana
ção de energia, pois a Cadeia do Himalaia, no Nepal,
b) de Nazca e Norte-Americana
representa divisor de águas das bacias hidrográficas
c) do Pacífico e Sul-Americana
dos rios Ganges e Brahmaputra, caracterizando densa
d) de Nazca e Sul-Americana
C09 Noções de Geologia
sos para lidar com eventos geológicos catastróficos de tal
rede de drenagem;
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FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C10
ASSUNTOS ABORDADOS nn Rochas e Estruturas nn Rochas nn As rochas que compõem a litosfera nn Estruturas geológicas nn Mineração
ROCHAS E ESTRUTURAS As rochas são de suma importância na origem dos diferentes tipos de solos existen tes nos quatros cantos do planeta Terra. As rochas são compostas por minerais agre gados que foram formados por diversas substâncias. Esses minerais são vitais para o crescimento das plantas, fornecendo-lhes os nutrientes necessárias para tal.
Rochas Rocha é uma associação natural de minerais (geralmente dois ou mais), em propor ções definidas e que ocorre em uma extensão considerável. O granito, por exemplo, é formado por quartzo, feldspato e, muito frequentemente, também mica.
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Algumas rochas são constituídas por um único mineral, mas são consideradas ro chas e não mineral porque ocorrem em grandes volumes, formando, por exemplo, um morro inteiro ou camadas que podem se estender por dezenas de quilômetros. Essas rochas são chamadas de monominerálicas. São exemplos o calcário (formado de calci ta) e o quartzito (formado de quartzo). Os minerais presentes em uma rocha podem ser essenciais ou acessórios. Minerais essenciais são aqueles que definem a natureza da rocha. São eles que determinam que uma rocha vulcânica é um basalto e não um riolito. Minerais acessórios são aqueles que aparecem na rocha em quantidades pequenas e que não afetam sua classificação, po dendo servir para definir uma variedade de rocha. Um basalto costuma ter magnetita, mas se ela não estiver presente ele continuará sendo um basalto. Um sienito não precisa ter nefelina para ser sienito, mas se tiver, será uma variedade chamada sienito nefelínico. As rochas podem ser agrupadas em três grandes grupos, conforme seu processo de formação: ígneas, metamórficas ou sedimentares. As rochas sedimentares constituem apenas 5% da crosta terrestre, os restantes 95% são de rochas ígneas ou metamórficas.
Figura 01 - Hvitserkur, rocha gigante com a forma de um dinossauro. Atração turística na Islândia. A rocha tem dois buracos na base, o que lhe dá a aparência de um dragão bebendo água. A base desse monte foi reforçada com betão para protegê-lo do mar.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
As rochas que compõem a litosfera
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As rochas são conjuntos de um ou mais minerais sóli dos que se originam de forma natural na crosta terrestre. Elas variam em relação às características, aos formatos, às cores, às texturas e ao tamanho. Podem ser classificadas em: magmáticas ou ígneas, sedimentares e metamórficas. Rochas magmáticas ou ígneas São formadas pelo processo de resfriamento e conso lidação do magma. Quando o magma se solidifica lenta mente no interior do planeta, dá origem às rochas intrusi vas ou plutônicas. O exemplo mais comum desse tipo de rocha é o granito, bastante utilizado na fabricação de pias, pisos, calçamentos etc. Quando o magma expelido pelos vulcões se resfria na su perfície terrestre, dá origem às rochas extrusivas ou vulcâni cas. O basalto é o exemplo mais comum desse tipo de rocha.
Quando o material magmático se espalha entre os vãos Figura 02 - Blocos de granito e rocha basáltica existentes entre outras rochas e se consolida a uma pequena profundidade da superfície, ele é denominado de hipoabissais. Um exemplo desse tipo de rocha é o diabásio. Já as rochas mais profundas são classificadas como abissais. Rochas sedimentares Essas rochas se formam do processo de intemperismo físico ou químico pelo qual passam outras rochas. O intemperismo ocorre em virtude dos agentes externos, princi palmente o vento e a água, que causam a erosão das rochas. Em seguida, os sedimen tos (fragmentos de rochas, de diversos tamanhos) são transportados e depositados em áreas mais baixas, onde as camadas inferiores sofrem um processo de compactação. Em virtude do processo de erosão e de sedimentação, essas rochas estão dispostas em camadas, de acordo com os materiais de origem. Destacam-se, nesse grupo, o arenito (uti lizado em materiais de construção), o calcário (aplicado na agricultura, para corrigir a acidez do solo em um processo conhecido como calagem), o carvão mineral (combustível fóssil, destinado ao uso industrial e energético, apesar de emitir grandes quantidades de poluen tes atmosféricos), entre outros.
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Figura 03 - Rochas sedimentares (varvito)
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Geografia
Rochas metamórficas
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Essas rochas resultam da transformação (metamorfismo) de uma rocha já existente. Esse processo geológico ocorre por causa das novas condições de temperatura, pressão ou atrito pelas quais as rochas passam a ser submetidas. Como exemplos de rochas metamórficas, podemos citar o gnaisse (originário do granito) e o mármore (originário do calcário), usados principalmente na indústria de construção civil.
Figura 04 - Rochas metamórficas (mármore)
Intemperismo
Estruturas geológicas
Sedimentos consolidados
A distribuição dos vários tipos de rocha na superfície ter restre determina a localização das grandes formações geoló gicas estruturais do planeta, as províncias geológicas:
Endurecimento Metamorfismo
cristalinos ou maciços antigos. Constituem imensos blocos de rochas antigas, com idade que varia de 900 milhões a 4,5 bilhões de anos. Esses escudos Magma Rochas metamórficas Sedimentos soltos são constituídos de rochas cristalinas (magmático -plutônicas), formadas em eras pré-cambrianas, ou de rochas metamórficas que se formaram a partir de Transporte rochas sedimentares, como o mármore, no Paleozoico. Metamorfismo São resistentes, estáveis e, por serem muito antigas, Intemperismo estão bastante desgastadas por processos erosivos. No Brasil, essa província geológica corresponde a 36% Rochas ígneas do território e divide-se em duas grandes porções: o Escudo das Guianas e o Escudo Brasileiro. Nessas Figura 05 - O ciclo da rochas áreas, existem as principais províncias mineralógicas do país, como o Quadrilátero Ferrífero, a Serra dos Carajás e o Maciço de Urucum, ricas em minerais metálicos como ferro, ouro, manganês, bauxita, níquel, cobre etc. nn Bacias sedimentares. Constituem grandes áreas que, por serem mais baixas que as de seu entorno, foram preenchidas por detritos ou sedimentos das áreas próximas. Esse processo se iniciou após a solidificação da crosta e continua até hoje. Nessas áreas, existem minerais fósseis, como petróleo, carvão, xisto e gás natural. No Brasil, 64% do território é constituído por grandes
C10 Rochas e estruturas
Intemperismo
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Transporte
nn Escudos
Ciências Humanas e suas Tecnologias
bacias como a Amazônica, do Meio-Norte, do Paraná, do São Francisco e do Panta nal Mato-Grossense, além de outras pequenas bacias. É importante salientar que a exploração de petróleo e gás no Brasil ocorre em áreas submersas − pelo menos na maior parte das reservas conhecidas. modernos. São estruturas formadas por rochas magmáticas e sedimentares pouco resistentes. Foram influenciadas por forças tectônicas durante o período Terciário e deram origem às cadeias montanhosas ou cor dilheiras. Em regiões como os Andes, as Montanhas Rochosas e o Himalaia ocorrem terremotos e atividades vulcânicas. No Brasil, esse tipo de estrutura não se formou, já que é típica de áreas de contato de placas tectônicas. Norte
nn Dobramentos
Escudo de Angara
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Círculo Polar Antártico
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Trópico de Câncer
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OCEANO Equador PACÍFICO
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Trópico de Câncer
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Escudo Finoescandinavo
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Escudo Canadense
OCEANO PACÍFICO
OCEANO ÍNDICO
o rtic ntá A o Dorsal ìndic
Cobertura sedimentar Quaternário
Dobramentos jovens (alpinos)
Plataformas e escudos Pré-cambriano Direção das cadeias
Dobramentos antigos (caledonianos e hercinianos) Falha
Fossa
Fossa submarina
Mapa 01 - Planisfério – Estrutura geológica
Mineração Os minerais são encontrados em todos os tipos de rocha. São bastante usados nas atividades humanas e podem ser classificados em: metálicos (como ferro, manganês, bauxita, ouro, prata etc.) e não metálicos (como carvão, quartzo e rubi). Muitos mine rais constituem metais preciosos, como o ouro, a prata e o diamante. Atualmente, os minerais metálicos e não metálicos são empregados de inúmeras formas. Alguns exemplos: fogões, geladeiras e automóveis são feitos com chapas de ferro ou aço (mistura de ferro com manganês); latas de refrigerante são feitas de alu mínio; fios elétricos, de cobre; garrafas de plástico, produzidas com a transformação do petróleo. É importante destacar que a extração dos minerais ocorre em uma velocidade muito maior do que a sua formação na crosta terrestre. C10 Rochas e estruturas
Esses recursos minerais são intensamente explorados nos diais atuais em virtude, principalmente, do rápido crescimento do padrão de consumo de grande parte das sociedades humanas. É grande o consumismo desenfreado, especialmente nos países mais industrializados. Os minerais são recursos naturais não renováveis, portanto, seu aproveitamento deve ser feito de forma racional e sustentável. No Brasil, o órgão res ponsável pela organização da atividade minerária é o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) ligado ao MME, Ministério de Minas e Energia. 465
Geografia Gabarito 01. Existem três tipos de rochas: i) ígneas ou magmáticas; ii) metamórficas e iii) sedimentares.
O ciclo das rochas se inicia pelo magma, o qual dá origem às rochas magmáticas, formadas pelo resfriamento e solidificação do magma e classificadas em rochas magmáticas intrusivas e extrusivas. As rochas magmáticas intrusivas são formadas em profundidade, apresentando resfriamento lento e dando origem às rochas com granulação grossa. Exemplo de rocha magmática intrusiva: o granito. As rochas magmáticas extrusivas são formadas na superfície, apresentando resfriamento rápido e dando origem às rochas com granulação muito fina. Exemplo de rocha magmática extrusiva: o basalto. Todos os tipos de rocha podem sofrer metamorfismo, originando as rochas metamórficas, que são rochas resultantes da ação de pressão, temperatura e fluidos sobre rochas preexistentes. Exemplo de rocha metamórfica: o mármore. Seguindo o ciclo, todos os tipos de rocha podem dar origem às rochas sedimentares, que são rochas resultantes da alteração da rocha “mãe”, por meio da atuação do intem perismo, da erosão, do transporte, da sedimentação, da litificação e da tectônica (levantamento e exposição). Exemplo de rocha sedimentar: o arenito. Destacam-se também, como processos que atuam no ciclo das rochas, o soerguimento e o tectonismo.
Exercícios de Fixação 01. (Ufes ES) A figura ao lado representa o ciclo das rochas, que envolve os processos de formação dos três tipos de rochas existentes no planeta Terra, as quais, juntamente com os so los, modelam o relevo terrestre. Explique o ciclo das rochas, definindo os três tipos de rochas existentes, e cite um exemplo de rocha para cada tipo.
belecer grande influência na consolidação dos relevos e do solo. Na litosfera, quais tipos de rochas podem ser encon trados ou observados? a) Metamórficas, magmáticas e sedimentares. b) Metamórficas, magmáticas e argilosas. c) Magmáticas, sedimentares e basálticas. d) Basálticas, ígneas e sedimentares. e) Sedimentares, ígneas e magmáticas. 04. (IF SC)
(Disponível em: <http://www.cientic.com/>. Acesso em: 31 ago. 2015. Adaptado).
02. (IF GO) A natureza é uma realidade dinâmica. Está em cons tante movimento e transformação. As mudanças naturais ocorridas nas paisagens, sobretudo as de caráter geológi co, levam geralmente milhares e/ou milhões de anos. Um exemplo disso é o fenômeno identificado como “ciclo das rochas”, tal qual ilustrado na figura abaixo:
O cimento portland é o mais importante material de constru ção, com vastíssimo campo de aplicação, incluindo desde a construção civil de habitações, estradas e barragens, a diver sos tipos de produtos acabados, como telhas de fibrocimento, pré-moldados, caixas d’água e outros. A produção de cimen to portland depende principalmente dos produtos minerais calcário, argila e gipso, e da disponibilidade de combustíveis, óleo ou carvão e energia elétrica. O calcário é o carbonato de cálcio que se apresenta na natureza com impurezas. Acesso em: 10 ago. 2014.[Adaptado]
Assinale a alternativa CORRETA. Em relação a sua origem podemos classificar o calcário como uma rocha: a) magmática c) sedimentar e) extrusiva b) metamórfica d) plutônica 05. (Puc MG) Leia com atenção o texto a seguir. É nos limites entre placas que se encontra a mais intensa atividade geológica do planeta – vulcões ativos, falhas e abalos sísmicos frequentes, soerguimento de cadeias mon tanhosas e formação e destruição de placas e crosta. Há três tipos distintos de limites entre placas litosféricas: limites di vergentes, limites convergentes e limites conservativos.
C10 Rochas e estruturas
Disponível em: <http://www.infopedia.pt/$ciclo-das-rochas>. Acesso em: 19 nov. 2015 [Adaptado].
Os processos associados à transformação de um tipo de ro cha em outro, indicados nos números I, II e III são: a) I – vulcanismo; II – metamorfismo; III – erosão. b) I – metamorfismo; II – erosão; III – sedimentação. c) I – vulcanismo; II – metamorfismo; III – orogênese. d) I – diagênese; II – erosão; III – sedimentação. e) I – metamorfismo; II – erosão; III – sedimentação. 03. (Unitau SP) A estrutura geológica é extremamente impor tante para a formação dos recursos minerais, além de esta
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Fonte: TEIXEIRA, et.al. Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia editora Nacional. 2009, p.87.
Considerando-se as características de cada tipo de limite de placas, é CORRETO afirmar que: a) O movimento conservativo de placas tectônicas provoca a formação de cadeias de montanhas dobradas. b) A colisão de placas tectônicas de densidades semelhan tes originam cadeias meso-oceânicas. c) Nos limites divergentes, as placas tectônicas deslizam la teralmente entre si ao longo de falhas, gerando intensos dobramentos. d) O movimento divergente entre placas tectônicas pode conduzir à abertura de bacias oceânicas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (UECE) As placas litosféricas podem ser de natureza oceâ nica ou, de uma forma mais comum, compostas por por ções da crosta continental e da crosta oceânica. Analise as afirmações abaixo sobre essas placas, e assinale com V as verdadeiras e com F as falsas. ( ) As características das crostas continental e oceânica são bastante distintas quanto a suas composições química, litológica, morfológica e dinâmica. ( ) Os limites divergentes dessas placas são marcados por processos de intenso magmatismo. Nesses limites, po dem ocorrer fossas e províncias vulcânicas, como ocor rem na placa Pacífica. ( ) A crosta oceânica tem composição litológica mais ho mogênea do que a continental, sendo formada por rochas ígneas básicas que podem estar cobertas por camadas sedimentares. ( ) Quando placas oceânicas colidem, a mais antiga, mais densa, mais fria e mais espessa mergulha sob a outra em direção ao manto, carregando os sedimentos acu mulados sobre ela. A sequência correta, de cima para baixo, é: a) F, V, V, F. b) V, F, V, V. c) F, V, F, F. d) V, F, F, V.
03. (UFJF MG) As Figuras 1, 2, 3, 4 e 5, a seguir, mostram a história tectônica da Terra nos últimos 250 milhões de anos de tempo geológico. Cada era, período e época da história geológica da Terra teve uma distribuição de terra e mar, com regiões climáticas, vegetação e fauna distin tas, caracterizando uma geografia física diferente da que presenciamos hoje.
Fonte: PETERSEN, J. S. et al. Fundamentos de Geografia Física. São Paulo: Cengage Learning, 2014, p. 261.
Com base nas figuras apresentadas, responda: Qual das formas representa o Continente Pangeia? a) Apenas a Figura 1. b) Apenas a Figura 2. c) Apenas a Figura 3. d) Apenas a Figura 4. e) Apenas a Figura 5. 04. (UEFS BA) A rigidez que a superfície da Terra apresenta é apenas aparente. Na realidade, a estrutura sólida, susten táculo das ações humanas, tem uma dinâmica que faz com que ela se modifique permanentemente. Tal dinâmica não é facilmente perceptível pelo homem em face da baixa veloci dade de movimentação. (ROSS, 2000, p. 17). ROSS, J.Geografia do Brasil, 3. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2000.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre as principais formas e estruturas do globo terrestre (gênese e evolução), é correto afirmar que: a) As maiores cadeias de montanhas da Terra, como a Cor dilheira dos Andes, os Alpes, o Himalaia, os Atlas e as Montanhas Rochosas, dentre outras, possuem grande longevidade, pois datam da Era Primária. b) As formas da superfície da Terra podem ser explicadas pela ação de sua dinâmica interna, também conhecida como forças endógenas, e pelas forças externas ou exógenas.
467
C10 Rochas e estruturas
01. (Acafe SC) A crosta terrestre é formada por placas tectôni cas que se movimentam em várias direções. O mês de abril de 2015 apresentou fenômenos relacionados à movimenta ção dessas placas tectônicas. Sobre essas placas e os fenômenos originados, todas as al ternativas estão corretas, exceto: a) O vulcanismo e os abalos sísmicos são fenômenos geo lógicos restritos à bacia do Pacífico, onde há limites de placas convergentes e divergentes, sendo por isso conhe cida como “Círculo do Fogo do Pacífico”. b) O Nepal, país encaixado entre a Índia e a China, além de estar sobre algumas das montanhas mais altas do mun do, sofreu em abril deste ano intenso terremoto, matan do milhares de pessoas. c) A região turística dos Lagos, no Chile, sofreu sobremanei ra com a erupção do vulcão Calbuco em abril, causando o cancelamento de voos de cidades próximas tanto no Chile quanto na Argentina. d) O terremoto no Nepal e a erupção vulcânica no Chile são dois eventos geológicos localizados em regiões de ativi dade sísmica intensa, as quais se encontram nos limites de placas tectônicas.
Geografia
c) A maior parte do território brasileiro possui altitudes modes tas, predominando as planícies, que se estendem da região Amazônica até o sul do país, passando pelo Pantanal. d) As bacias sedimentares brasileiras sempre formam planícies, como a bacia sedimentar do Paraná. e) As províncias geológicas existentes na superfície da Terra
d) Considerando a imagem acima, pode-se afirmar que o Nepal pertence à Oceania e) Além de ser banhado pelo oceano Atlântico, o Nepal é ba nhado pelos oceanos Índico e Pacífico. 06. (IF PE) O terremoto acontece, quase sempre, sem aviso pré vio. Primeiro, surge um barulho abafado, como o de um trem
são encontradas no Brasil, representadas pelos escudos
se movimentando debaixo da terra. Depois, o chão começa a
cristalinos, pelas bacias sedimentares e pelos dobramen
sacudir. Na maioria das vezes, a turbulência dura poucos segun
tos da Era Terciária.
dos e causa, no máximo, um susto. A tragédia ocorre quando o
05. (IF SC)
tremor é prolongado ou intenso. O mundo vem abaixo, literal mente. Prédios, pontes e viadutos desmoronam. O solo se ra cha e, em alguns casos, passa para o estado líquido, afundando tudo o que existe em cima dele. Disponível em:http://super.abril.com.br/cotidiano/ terremotos-hora-marcada-437350.shtml. Acesso em: 01 out. 2014.
Em relação aos abalos sísmicos (terremotos e maremotos), é correto afirmar que: a) As áreas mais afetadas por terremotos são aquelas localiza das próximo aos limites entre as placas tectônicas. b) São provocados pelos agentes externos e ocorrem devido às alterações feitas pelo homem na superfície terrestre. c) No Brasil, a ocorrência de regiões pouco povoadas, como a Amazônia, se explica pelo alto risco de terremotos. d) A origem dos tsunamis não está vinculada à ocorrência de sismos. e) A ocorrência de sismos no Brasil levou a população a se con centrar predominantemente no litoral.
Imagem disponível em: http://www.worldatlas.com/ webimage/countrys/asia/ p.htm. Acesso: 28 abr. 2015.
O devastador terremoto de magnitude 7,8 na escala Ritcher que atingiu o Nepal no último sábado (25/04/2015) já deixou
determinado número de placas tectônicas rígidas, que se des locam com movimentos horizontais. Em faixas de contato onde ocorrem choques entre as placas
não é totalmente inesperada.
tectônicas, uma placa submerge sob outra placa. Esse fenôme
Assinale a alternativa CORRETA. a) Todo território nepalês está com as horas atrasadas em rela
C10 Rochas e estruturas
terrestre, mais precisamente a litosfera, está fracionada em um
milhares de vítimas, feridos e desabrigados. Mas essa tragédia
Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/ 2015/04/150426_nepal_terremoto _padrao_historico_rb. Acesso: 28 abr. 2015. [Adaptado]
ção aos fusos horários do Brasil. b) A escala apresentada na imagem é classificada como nu mérica. c) O Nepal, assim como o Brasil, encontra-se ao norte do círcu lo polar Antártico.
468
07. (Fatec SP) A Teoria da Tectônica de Placas afirma que a crosta
no, conhecido como subducção ocorre em bordas a) destrutivas, quando a pressão entre as placas tectônicas faz com que uma delas mergulhe debaixo da outra. b) divergentes, em decorrência de erupções vulcânicas que co laboram com a deformação e ruptura das placas tectônicas. c) construtivas, devido à ação de forças, verticais ou inclina das, sobre as placas tectônicas que as fraturam, gerando as falhas. d) conservativas, pois uma placa tectônica, ao deslizar ao longo de outra, provoca o desmoronamento do assoalho oceânico.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
e) transformantes, em função do movimento lateral da litosfe ra, que provoca o rebaixamento e o soerguimento das placas tectônicas.
a) locais planos situados sobre terrenos da Formação Barreiras em área rural ocupado por vegetação nativa de tabuleiro. b) encostas ocupadas por edificações em áreas urbanas com
08. (Fuvest SP) Observe a figura, com destaque para a Dorsal Atlântica.
declividade acentuada, onde ocorreram movimentos de massa anteriores associados a chuvas intensas. c) terrenos planos do embasamento cristalino em áreas urba nas submetidas ao clima sazonal semiárido. d) áreas urbanas situadas sobre relevos tabulares da Formação Barreiras. 10. (Unifor CE) Oito milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto que devastou o Nepal no último dia 25 de abril, correspondendo a mais de um quarto da população do país, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). O tremor de magnitude 7,8 destruiu edifícios na capital, Katmandu, e afetou gravemente as áreas rurais. O número de mortos ultra
Student Atlas of the World. National Geographic, 2009.
Avalie as seguintes afirmações: I.
Segundo a teoria da tectônica de placas, os continen tes africano e americano continuam se afastando um
II.
(Fonte: jornal Folha de São Paulo; http://www1.folha. uol.com.br/ bbc/2015/04/1622018-terremoto-afetou- 8-milhoes-de-pessoas -no-nepal-diz-onu. shtml).
Sobre terremotos, assinale a alternativa CORRETA.
A presença de rochas mais jovens próximas à Dorsal
a) Terremotos, também chamados de abalos sísmicos, são tre
cais mais distantes, é um indicativo da existência de limites entre placas tectônicas divergentes no assoalho oceânico. Semelhanças entre rochas e fósseis encontrados nos con tinentes que, hoje, estão separados pelo Oceano Atlânti co são consideradas evidências de que um dia esses con tinentes estiveram unidos. IV.
tipo em 81 anos no país.
do outro. Atlântica comparada à de rochas mais antigas, em lo
III.
passou 4,3 mil, com outros 8 mil feridos. Foi o pior evento do
mores permanentes que ocorrem na superfície terrestre. b) O fato de ser a crosta terrestre uma camada rochosa frag mentada, formada por vários blocos, denominados de pla cas tectônicas, constitui uma razão para a ocorrência de ter remotos. c) A escala mais utilizada para medir a quantidade de energia liberada no foco do terremoto é denominada Escala Richter. d) Terremotos são eventos raros, ocorrendo não mais do que uma dezena deles por ano no mundo.
A formação da cadeia montanhosa Dorsal Atlântica resul
e) A ocorrência de tremores (ou abalos sísmicos) no leito dos
tou de um choque entre as placas tectônicas norte-ame
oceanos não tem como por em risco as populações que vi
ricana e africana.
vem às margens desses oceanos.
Está correto o que se afirma em a) I, II e III, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) II, III e IV, apenas. d) I, III e IV, apenas.
C10 Rochas e estruturas
e) I, II, III e IV. 09. (UECE) O conceito de risco geológico pode ser expresso como uma situação de perigo, perda ou dano ao homem e suas pro priedades, em razão da possibilidade de ocorrência de proces sos geológicos, induzidos ou não. Constituem áreas onde o ris co geológico é maior os locais caraterizados por
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FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C11
ASSUNTOS ABORDADOS nn Geologia brasileira I nn Plataforma Sul-Americana
GEOLOGIA BRASILEIRA I Plataforma Sul-Americana A plataforma Sul-Americana forma o núcleo do continente Sul-americano e cor responde à fração continental da placa de mesmo nome localizada no Hemisféiro Sul. Essa placa litosférica, por permanecer estabilizada, acabou funcionando como antepaís durante a evolução das faixas móveis do Caribe ao Norte e dos Andes a Oeste. Em épocas anteriores, essa placa tectônica já havia funcionado (em maior composição, compartilhando do supercontinente Gondwana) como zona cratônica que gerou o desenvolvimento dos movimentos orogenéticos do Paleozoico inferior e do Paleozoico Superior ao Eo-Triássico. Essa fração litosférica continental estável foi parcela, ao longo do período Pale ozoico, de uma massa continental de maior extensão, ou seja, o supercontinente Gondwana Ocidental (estudos de Alfred Wegener). A massa litosférica originada de Gondwana (agora fracionada) foi, por um lado, sucessivamente acrescida peri fericamente (ao Norte, Oeste e Sul) pelos movimentos orogenéticos paleozoicos e meso-cenozoicos.
Fonte: Matthijs Wetterauw / Shutterstock.com
Figura 01 - Na imagem, observamos formação de rochas em camadas dobradas.
470
Ciências Humanas e suas Tecnologias
PLACA PLACA DE COCOS
NORTE-AMERICANA PLACA
PLACA DO CARIBE
CRISTA DO LESTE DO PACÍFICO
AFRICANA
CADEIA MESOATLÂNTICA
PLACA PLACA SUL-AMERICANA
DE NAZCA
PLACA DE ESCOTIA
PLACA
Opirus/Arte
O Brasil ocupa a parte principal (75%) dessa plataforma fanero zoica, compartilhando-a ao Norte com a Colômbia, Venezuela (de forma parcial), Guiana, Surina me e Guiana Francesa. Parte do território boliviano está incluído na porção mais ocidental dessa plataforma e ao Sul o Paraguai, Uruguai (inteiramente incluídos) e parte central e Norte da Argen tina (ao Norte do Rio Colorado), também estão incluídos nessa unidade tectônica. O limite da plataforma com as faixas móveis fanerozoicas é em grande parte convencional e geralmente está encoberto por depósitos moder nos. Nesse domínio, formaram-se as bacias subandinas de antepaís durante o Neocenozoico, esten dendo-se desde a Venezuela até o sul da Argentina.
ANTÁRTICA
Mapa 01 - Placa Sul-Americana e adjacentes.
SAIBA MAIS Descoberta reforça a ideia de que convecção profunda move os continentes Após estudar durante mais de uma década os movimentos das placas tectônicas, os imensos blocos de rochas que formam a superfície terrestre, o físico Marcelo Sousa de Assumpção chegou a uma conclusão importante. Já se sabia que os continentes, a parte visível das placas tectônicas, não se deslocam por deriva, como uma jangada sem velas. A energia que os move é, sim, o calor contido no interior do planeta. As placas tectônicas se encontram ou se afastam, portanto, por convecção, como numa panela de água em fervura, produzin do deslocamentos na superfície. Professor do Instituto Astronômico e Geofísico (IAG) da Universidade de São Paulo (USP), Assumpção coordenou uma equipe a qual descobriu que esse movimento pode ser mais profundo do que se pensava. Segundo ele, todo o manto superior, a camada abaixo da crosta, move-se com as placas da superfície, a uma profundidade que, pelo menos no Brasil, pode chegar a 700 quilômetros – não apenas a 100 ou 200, como já se sabia. Esse movimento agora de limites amplia dos envolve tanto o manto superior, mais próximo da crosta, quanto o inferior, mais profundo.“Portanto, podemos descartar uma das hipóteses admitidas anteriormente, que sugeria que o movimento de convecção estaria inteiramente confinado no manto superior”, comenta Assumpção, que faz parte de um grupo internacional de pesquisas nessa área, formado também por especialistas da Carnegie Institution of Washington, Estados Unidos, e da Universidade de Montpellier, da França. Essa descoberta contribui para o refinamento da teoria das placas tectônicas, formulada no início do século pelo geofísico alemão Alfred Lothar Wegener (1880-1930). Até que Wegener publicasse seu estudo Origem dos Continentes e Oceanos, em 1915, tinha-se como cer to que a superfície da Terra era imóvel – e não havia como explicar de modo cientificamente razoável, por exemplo, os terremotos, hoje vistos como uma consequência do encontro das placas. Morto na última das três expedições à Groenlândia, o geofísico alemão propôs que, no passado geológico, existiu um continente único, batizado de Pangeia, envolto por um oceano, chamado Talassa. A ruptura do Pangeia produziu blocos menores e um deles, o Gondwana, ao se fracionar, deu origem às atuais África, América do Sul e Antártica. O ponto de partida de Wegener para estabelecer a teoria das placas tectônicas foi a semelhança entre as costas do Brasil e da África Ocidental, que ele viu como peças que se encaixam num enorme quebra-cabeça. Wegener pensou que os continentes se deslocavam à deriva, flutuando como enormes balsas rochosas sobre uma camada de rochas fundidas, que seria o manto. Comprovou-se a ideia de deslocamento dos continentes, mesmo o manto sendo sólido e não fundido (as rochas do manto apenas se comportam de maneira pastosa, quando vistas numa escala de milhões de anos). Desde essa época, pesquisadores de todo o mundo mapeiam as trajetórias das diversas placas, mas somente nas últimas décadas é que as correntes de convecção no interior da Terra, ligadas diretamente à mo vimentação das placas, começaram a ser detectadas, por meio da tomografia sísmica, técnica que mapeia as estruturas do interior do planeta atravessadas pelas ondas geradas em terremotos. Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br/2000/05/01/a-terra-inquieta/
471
C11 Geologia brasileira I
A TERRA INQUIETA
Geografia Questão 04. a) O candidato deverá explicar que: O fenômeno está associado ao grau geotérmico, segundo o qual a temperatura aumenta em cerca de 1 grau a cada 30 metros, conforme o aumento da profundidade nas cama das superficiais da Terra.
b) O candidato deverá descrever dois dentre os impactos apresentados a seguir: – Rebaixamento do nível da água dos aquíferos por excesso de bombeamento. – Limitação da recarga natural dos aquíferos por causa da impermeabilização do solo. – Poluição das águas superficiais pelo lançamento de esgoto sem tratamento.
Exercícios de Fixação 01. (Unioeste PR) No Brasil, em regiões tropicais úmidas com relevo de encostas íngremes, ocorrem rápidos movimen tos de massa, os quais desencadeiam problemas sociais e econômicos, particularmente nas áreas urbanas. Esse fenô meno é mais comum no verão, quando as chuvas são abun dantes, tornando o solo mais saturado. De acordo com o exposto, considere as afirmativas abaixo. I- A topografia, o regime pluviométrico, a estrutura e a es pessura do manto de alteração, as atividades humanas e a retirada da vegetação original são alguns dos fatores que influenciam movimentos rápidos de massa. II - Os movimentos de massa fazem parte da dinâmica ex terna da crosta terrestre e são agentes que participam da modelagem do relevo, independentemente da in tervenção humana. III – Em algumas grandes cidades e regiões metropolitanas brasileiras, é comum a ocupação das encostas de mor ros pela população de baixa renda, a mais prejudicada pelos efeitos socioambientais negativos dos movi mentos rápidos de massa. IV - Os movimentos de massa são analisados consideran do-se basicamente a natureza do material transpor tado (solo, detritos ou rocha) e a velocidade do mo vimento, que varia desde alguns centímetros por ano até mais de 5km por hora. V - O deslizamento e corrida de lama são classificados como movimentos rápidos de massa, desencadeados principalmente pela declividade do terreno, a água e a gravidade. Assim, assinale a alternativa CORRETA. a) Estão corretas as alternativas I, III e V. b) Estão corretas as alternativas II, III, IV e V. c) Está correta apenas a alternativa I. d) Estão corretas todas as alternativas. e) Estão corretas as alternativas I, II e IV. 02. (Enem MEC) Os desequilíbrios que se registram nas encos tas ocorrem, na maioria das vezes, em função da participa ção do clima e de alguns aspectos das características das encostas que incluem a topografia, geologia, grau de intem perismo, solo e tipo de ocupação. C11 Geologia brasileira I
CUNHA, S. B.; GUERRA, A. J. T. Degradação ambiental. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S.B. (Org.). Geomorfologia e meio ambiente. Rio de Janeiro: Ber trand Brasil, 1996.
Os desequilíbrios resultantes da atuação humana junto às vertentes íngremes do relevo são fortemente ligados ao(à) a) aumento da atividade industrial. b) crescimento populacional urbano desordenado. c) desconcentração das atividades comerciais e dos serviços.
472
d) instalação de equipamentos urbanos na periferia da cidade. e) construção de projetos habitacionais voltados à popula ção de baixa renda. 03. (Uem PR) Pesquisas indicam que o arcabouço geológico brasileiro é constituído por escudos cristalinos e bacias se dimentares. Sobre esse assunto, assinale o que for correto. 01. Nas três bacias sedimentares, Amazônica, Parnaíba e Paraná, foram encontrados registros fósseis. 02. O território brasileiro está contido na Plataforma Pata gônica, que abrange uma parte do Escudo das Guianas e os Escudos Brasil-Central e Atlântico. 04. As bacias sedimentares ocupam cerca de 64% da área total do território brasileiro e se formaram nas eras Pa leozoica, Mesozoica e Cenozoica. 08. Os escudos cristalinos brasileiros estendem-se por cer ca de 1/3 da superfície do Brasil. Eles contêm uma parte da riqueza do subsolo brasileiro, principalmente, em minérios metálicos. 16. A Bacia do Paraná abrange uma vasta área que compre Gab: 13 ende exclusivamente os estados da Região Sul. 04. (UFG GO) Leia o texto a seguir. A região de Caldas Novas, no estado de Goiás, abriga uma das maiores reservas hidrotermais do planeta não asso ciada a magmatismo. […] As águas termais são extraídas principalmente por meio de poços tubulares profundos, com exploração dos Sistemas Aquíferos Paranoá e Araxá. A origem das águas termais é associada a regimes de flu xo intermediário e a um arranjo de fraturas que atingem profundidades maiores que 1 000 metros. Os poços ter mais possuem vazões que alcançam 63 m3/h e tempera turas superiores a 59°C. [...] ALMEIDA, L. de. Estudo da aplicabilidade de técnicas de recarga artificial de aquíferos para a sustentabilidade das águas termais da região de Caldas Novas-GO. Tese (Doutorado em Geologia) – Universidade de Brasília, 2011, p. 10, Brasília, 2011. (Adaptado).
De acordo com o texto, as águas termais não se associam a rochas magmáticas e, sim, aos Sistemas Aquíferos Paranoá e Araxá, os quais são compostos basicamente de rochas me tamórficas, originadas em ambiente de deformação e fratu ramento. Considerando-se este fato e o texto apresentado, a) explique o fenômeno geológico associado à estrutura in terna da Terra, que dá origem às elevadas temperaturas das águas extraídas em Caldas Novas. b) descreva dois impactos ambientais associados ao apro veitamento das águas termais pela atividade turística nesse município.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
(Pesquisa FAPESP. Por que a terra treme no Brasil. São Paulo: Fapesp, no 207, maio de 2013. p. 45)
Terremotos no Brasil parecem ser surpreendentes se com pararmos nosso território com outras regiões do mundo. Isso ocorre porque a) em regiões como o Extremo Oriente (Japão, China) a crosta terrestre é bem menos espessa, por isso muito suscetível a rupturas bruscas. b) no Brasil têm acontecido eventos sísmicos no interior do continente, ao passo que os terremotos em outras regi ões acontecem sempre nas zonas litorâneas. c) o Brasil está sobre um segmento de crosta terrestre menos espesso e mais flexível, logo é pouco sujeito a rupturas bruscas, como é comum em áreas de crosta mais espessa. d) terremotos são eventos típicos de zonas de contato de placas tectônicas e o território brasileiro se estende no meio de uma placa tectônica. e) a despeito de o território brasileiro se situar numa zona de convergência de placas tectônicas, os terre motos por aqui são raros, porque essas placas são bem mais estáveis. 02. (UECE) Atente para o que se diz a respeito das característi cas geológicas, geomorfológicas e pedológicas do Nordeste brasileiro. I. Os dois grandes conjuntos morfoestruturais do Nor deste correspondem ao embasamento cristalino e à bacia sedimentar do Parnaíba. II. As coberturas sedimentares Terciárias e Quaterná rias, com tabuleiros, dunas e planícies preponde ram no litoral. III. IV.
Os solos mais férteis e com maior espessura são loca lizados nas depressões pediplanadas semiáridas. Os enclaves úmidos do domínio morfoclimático das caatingas decorrem de níveis altimétricos elevados das serras e chapadas.
Está correto o que se afirma em a) I, II, III e IV. b) II, III e IV apenas. c) I e III apenas. d) I, II e IV apenas. 03. (UEFS BA) I. Esculpida em terrenos cristalinos antigos e situada entre áreas de planalto, compreende uma extensa área rebaixada predominantemente aplanada, constituindo superfície de erosão, que secciona uma grande diversidade de litologias e arranjos estruturais. Essa superfície apresenta relevos re siduais, quase sempre associados às litologias do cristalino. II. Esculpida principalmente em sedimentos da borda da bacia sedimentar, mas em contato com relevo esculpido em terre no cristalino, possui forma alongada e apresenta modelados diversos, em função da influência tectônica, da variação li tológica e dos graus de atuação dos processos erosivos dos mais variados ambientes paleoclimáticos. Os textos I e II se referem, respectivamente, às unidades do relevo brasileiro: a) Planaltos e chapadas dos Parecis / Depressão Marginal Norte-Amazônica. b) Planícies e tabuleiros litorâneos / planaltos e chapadas da Bacia do Parnaíba. c) Depressão Periférica Sul Rio-grandense / planaltos e cha padas da bacia do Paraná. d) Planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste / planície do Pantanal Mato-Grossense. e) Depressão Sertaneja e do São Francisco / Depressão Peri férica da Borda Leste da Bacia do Paraná. 04. (FGV RJ) Sobre a formação geológica do território brasileiro, assinale a alternativa correta: a) O Brasil não apresenta dobramentos modernos, mas apresenta vestígios de antigos dobramentos do Pré -Cambriano. b) As províncias Mantiqueira, Borborema e Tocantins resul tam de processos orogenéticos ocorridos no Cenozoico. c) As camadas rochosas da bacia sedimentar do Paraná atestam a ocorrência de extensos derrames vulcânicos durante o Pré-Cambriano. d) As províncias Guiana Meridional, Xingu e São Francisco fi guram entre as principais bacias sedimentares brasileiras. e) A Serra do Mar foi formada pelo ciclo orogenético ocorri do no Quaternário.
473
C11 Geologia brasileira I
01. (Puc SP) “Em 08 de outubro de 2010 a terra tremeu como jamais se havia visto em Mara Rosa, cidade no norte de Goiás [...] o chão balançou tão intensamente a ponto de se tornar difí cil ficar em pé. Árvores chacoalharam, paredes trincaram e telhas despencaram das casas. Menos de um minuto mais tarde, os reflexos desse terremoto de magnitude 5, um dos mais fortes registrados nos últimos 30 anos, haviam percor rido 250 quilômetros e alcançado Brasília, onde alguns pré dios chegaram a ser desocupados.”
FRENTE
C
GEOGRAFIA
MÓDULO C12
ASSUNTOS ABORDADOS nn Geologia brasileira II nn Bases geológicas do território brasileiro
GEOLOGIA BRASILEIRA II O Brasil, por ser um país de enorme extensão territorial, apresenta diversos tipos de relevo. Em sua constituição aparecem rochas antigas, contudo, grande parte desse relevo é resultado de processo de idades geológicas mais recentes. Muito são os agentes que colaboraram para atual feição do nosso relevo, sejam eles, agentes internos (epirogêneses, orogêneses e vulcanismo), ou agentes externos, entre os quais podemos citar as mais diversas formas de erosão.
Bases geológicas do território brasileiro O território brasileiro é representado por três macroestruturas: a) os crátons ou plataformas; b) as bacias sedimentares; c) as cadeias orogênicas (dobramentos antigos). Em relação às cadeias de montanhas relacionadas aos movimentos orogenéticos, é importante ressaltar que o território brasileiro não possui cadeias de formação recente (os dobramentos modernos), ou seja, as estruturas do fim do Mesozoico e Cenozoico. O território brasileiro é composto por cadeias antigas relacionadas ao Pré-Cambriano. Os principais exemplos são os da Serra do Mar, da Serra da Mantiqueira, da Serra do Espinhaço e das Serras do Planalto das Guianas. ÉON ERA
PERÍODO
BACIA AMAZÔNICA BACIA DO PARNAÍBA BORBOREMA XINGU
Neógeno
Piloceno
Oligoceno Eoceno
Paleoceno Cretáceo
0,01 1,8 5,3 23,7 33,7 54,8 65,0 144
Jurássico 206 Triássico
Carbonífero
TOCANTINS
Ma
Miloceno
Paleógeno
Terciário
ÉPOCA Holoceno Pleistoceno
Permiano
SÃO FRANCISCO Paleozoico
Figura 01 - Na ilustração, temos rochas sedimentares que são o resultado da acumulação de sedimentos em depósitos. Esse tipo de rocha, frequentemente, aparece na constituição do território brasileiro.
Fanarozoico
GUIANA MERIDIONAL
Mesozóico
Equador
Cenozóico
Quarternário
248 290 354
Devoniano Siluriano
417 443
Ordoviciano 490 Cambriano
BACIA DO PARANÁ
543
MANTIQUEIRA OCEANO ATLÂNTICO
Embasamento cristalino
Fonte: Wikimedia commons
Era Proterozoica Era Arqueozoica Linhas de falhas
474
Bacias sedimentares Bacias costeiras e margem continental
Pré-Cambriano
OCEANO PACÍFICO pricórnio o de Ca Trópic
Proterozoico
Arqueano 3800?
Escala geológica do tempo mostrando as principais subdivisões da história da Terra (Ma = idade em milhões de anos)
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Os crátons ou plataformas A Plataforma Sul-Americana é representada por dois grandes embasamentos (tam bém comumente classificados como escudos cristalinos antigos), que correspondem ao Escudo das Guianas e ao Escudo Brasileiro. Esses escudos são formados predominante mente por rochas metamórficas muito antigas (Azoico e Arqueozoico), por rochas mag máticas intrusivas antigas (Arqueozoico e Proterozoico) e ainda por rochas sedimentares antigas (Proterozoico, denominado também Pré-Cambriano Superior). Essas rochas são resíduos de um passado geológico, que deveriam ter recoberto as maiores porcentagens dessa plataforma ou cráton. Coberturas ou bacias sedimentares fanerozoicas circundam os escudos cristalinos das Guianas e do escudo Brasileiro. Por ocupar a porção centro-o riental da placa Sul-Americana, ou seja, distante do contato com as placas de Nazca e do Caribe, o território brasileiro possui uma relativa estabilidade geológica. O território brasileiro não possui, portanto, movimentos tectônicos orogênicos de origem recente. O país apresenta movimentos epirogenéticos (movimentos verticais ou de soerguimento) que ocorreram ao longo do Cenozoico, ou seja, nos últimos 70 milhões de anos. São esses movimentos epirogenéticos que explicam, por exemplo, a existência de planaltos formados em bacias sedimentares. Esses planaltos situam-se em altitudes mais elevadas do que antes do Cenozoico. A formação de depressões tam bém podem ser explicadas por esses movimentos epirogenéticos, pois, os agentes da dinâmica externa do relevo (erosão pluvial, intemperismo físico, erosão eólica dentre outros) provocaram e provocam o desgaste de rochas menos resistentes criando, as sim, as depressões que circundam os planaltos presentes em nosso território. As bacias sedimentares As bacias sedimentares são formações geológicas que ocupam a maior área do ter ritório brasileiro, estimando-se que ocupem 5,5 milhões de km2, ou seja, cerca de 64%. No Brasil, existem bacias sedimentares de grande e de pequena extensão: nn de
grande extensão: a Amazônica, do Parnaíba (chamada também de Meio -Norte), a do Paraná (ou Paranaica) e a Central.
nn de
menor extensão: do Pantanal Mato-Grossense, do São Francisco (ou San -fransciscana- esta muito antiga), do Recôncavo Tucano (produtora de Petróleo) e a Litorânea.
As bacias sedimentares do Brasil possuem como característica principal disposição horizontal de camadas que evidenciam a ausência de movimentos tectônicos impor tantes desde tempos geológicos mais remotos. Cabe ressaltar que no fim da era Me sozoica ocorreram movimentos na crosta que acabaram por resultar em fraturas ou fendas (aberturas microscópicas) no corpo de algumas rochas. Assim, o escoamento de lava acabou recobrindo grande parte do território meridional do país, e rochas basálticas foram formadas com esse processo.
C12 Geologia brasileira II
Essas rochas acabaram formando os relevos residuais. Por apresentarem grande resistência à erosão, essas rochas acabaram permitindo a existência de desníveis ou quedas d’água em alguns rios das regiões Centro-Oeste e Sul do Brasil. Um exemplo clássico são as Sete Quedas (que desapareceram com a construção da Usina Hidrelé trica de Itaipu), no rio Paraná, e as Cataratas do Iguaçu, na foz do rio Iguaçu. Outro fato importante desse processo está relacionado à formação de um solo fértil conhecido como terra-roxa. O basalto e o diabásio, após terem sido submetidos a variados agentes erosivos (intempéries), acabaram se desagregando e se decompondo. Essa desagrega ção e decomposição deram origem a esse solo de cor avermelhada que é encontrados principalmente no Planalto Meridional ou Arenito-Basáltico. As bacias sedimentares do Brasil foram datadas do Paleozoico, do Mesozoico e também do Cenozoico. 475
Geografia
Cenozoica
Quaternário Terciário
Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Sedimentar do Pantanal e ao longo do vale amazônico) Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Sedimentar Amazônica)
Mesozoica (vida intermediária)
Formação de bacias sedimentares (ex.: Bacia Paranaica, Sanfranciscana, do Meio-Norte etc.). Formação das ilhas Trindade, Martin Vaz, Arquipélago Fer nando de Noronha e Penedos de S. Pedro e São Paulo. Derrames basálticos na Região Sul e formação do planalto arenito-basáltico.
Paleozoica (Vida Antiga)
Formação de bacias sedimentares antigas, do varbito, rocha sedimentar em Itu (SP), do carvão mineral no Sul do Brasil. Início da formação da Bacia Sedi mentar Paranaica e Sanfranciscana.
Tabela 01 - Eras Geológicas – Características das bacias sedimentares do Brasil
As cadeias orogênicas antigas do Brasil As principais características dos cinturões orogênicos an tigos do Brasil: nn possuem uma complexa formação litológica (de rochas)
e estrutural, com predomínio de rochas metamórficas (gnaisses, quartzitos, ardósias, micaxistos e outras) e, secundariamente, de rochas magmáticas intrusivas (granitos, sienitos e outras); nn são originários de vários diastrofismos antigos: o dias trofismo laurenciano, que se manifestou no fim do Arqueozoico e provocou grandes dobramentos, dando origem às serras do Mar e da Mantiqueira, localizadas na faixa de dobramento do Atlântico; o diastrofismo
huroniano, que data do final do Proterozoico e cujos dobramentos deram origem à Serra do Espinhaço (MG) e à Chapada Diamantina (BA); o diastrofismo caledo niano, nos períodos geológicos Siluriano e Devoniano da era Paleozoica, que deu origem aos dobramentos das serras de Paranapiacaba (PR), na faixa de dobra mento antigo do Atlântico, e dos Pirineus (GO), na faixa de dobramento antigo, denominado Brasília ou Araguaio-Tocantins; nn as cadeias orogênicas antigas do Brasil estiveram (e estão) submetidas a várias fases erosivas, motivo pelo qual encontram-se bastante desgastadas. Devem ter possuído elevadas altitudes, mas nos dias atuais apre sentam aspecto serrano em várias porções.
Exercícios de Fixação 01. (Puc SP) “O tempo vem desgastando lentamente a paisa gem das terras planas do interior de Minas Gerais e São Pau lo. O planalto que abriga a bacia do São Francisco, rio que nasce no Sudeste de Minas Gerais e corre em direção ao Nordeste até Pernambuco, está paulatinamente encolhen do pelo recuo das escarpas que formam sua borda. No últi mo 1,3 milhão de anos, esse planalto perdeu área para uma região vizinha situada a altitudes menores, onde se assenta a bacia do rio Doce.”
02. (Mackenzie SP)
(Salvador Nogueira. A dança das bacias. São Paulo: Pesquisa Fapesp, Janeiro de 2013. p. 51)
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A transformação notada pode ser explicada como resultante a) do movimento de oscilação da placa tectônica sul-ameri cana, que na escala de tempo da natureza sofre eventu ais soerguimentos. b) de um processo erosivo acelerado produzido pelo au mento do volume das águas da bacia do rio S. Francisco, em consequência de mudanças climáticas na região. c) de um processo de erosão ou denudação muito lento ou, melhor dizendo, dentro de uma temporalidade que é a da natureza, cuja escala torna o tempo humano irrisório. d) do desmatamento realizado pelo ser humano nos vales da bacia do rio S. Francisco que facilitou a aceleração do processo de denudação.
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Fonte da imagem: (http://www.pousadacasadepedra.com.br/petarcomochegar.html)
O Parque Turístico do Alto da Ribeira (PETAR) é a região de maior concentração de cavernas do Estado de São Paulo. Possui 32 mil hectares e está localizado no Sul do Estado de São Paulo. Além da grande biodiversidade da Mata Atlântica remanescente, o parque possui cachoeiras e é uma impor tante região espeleológica do Brasil, com cerca de 250 ca vernas registradas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A respeito de formações espeleológicas, julgue as afirmações a seguir. I. Os espeleotemas ocorrem comumente em terrenos cons tituídos por rochas sedimentares e relevo cárstico e são resultado da corrosão das rochas por ácidos dissolvidos na água, principalmente ácido carbônico, resultante da com binação da água com o CO2 da atmosfera ou do solo. II. Os tipos mais comuns de espeleotemas surgem a partir da metamorfização de rochas graníticas que datam de formações geológicas Cenozoicas, do período Terciário, predominantes no Brasil. III. São denominadas estalactites, quando estão fixas no teto de uma caverna e estalagmites quando estão em seu piso. Ambas são formações decorrentes do gotejamento de água das fendas das paredes das cavernas de rocha calcária.
d) Percebe-se que bacias hidrográficas só podem caracteriza das (e só ocorrem) em áreas de relevo bastante irregular, marcado e limitado pela existência de serras elevadas. 04. (Fundação Instituto de Educação de Barueri SP) Observe o mapa. Centro-Oeste: Relevo.
Assinale a alternativa correta. a) Apenas I está correta. b) Apenas I e II estão corretas. c) Apenas I e III estão corretas. d) Apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 03. (Fac. Direito de Franca SP) Leia: “Ao afastar-me do rio das Mortes Pequeno eu havia mais ou menos seguido a direção Oeste-quarta-Noroeste, acompa nhando sempre uma crista elevada onde nascem, do lado do Norte, os primeiros afluentes do S. Francisco e ao Sul os do Rio Grande. É essa crista que limita, ao Sul, a vasta bacia do S. Francisco e de seus afluentes, bacia essa formada a Leste pela Serra do Espinhaço e a Oeste por outra cadeia...” (Auguste de Saint-Hilaire. Viagem às nascentes do Rio São Francisco. Belo Horizonte: Itatiaia, 1975. p. 101)
(www.brasilescola.com.br. Adaptado)
O ponto em destaque no mapa corresponde a uma imensa área de deposição de sedimentos aluviais recentes que avança em direção à Bolívia e ao Paraguai, apresentando altitudes que variam entre 100 e 150 metros. Essa área é conhecida como a) Planalto Central. d) Chapada dos Guimarães. b) Planície do Pantanal. e) Serra do Caiapó. c) Planalto Meridional. 05. (FMABC SP) Leia: “O planalto central do Brasil desce nos litorais do Sul, em es carpas inteiriças, altas e abruptas. Assoberba os mares; e de sata-se em chapadões nivelados pelos visos das cordilheiras marítimas, distendidas do Rio Grande a Minas. Mas ao derivar para terras setentrionais diminui gradualmente de altitude...”
O célebre viajante francês em sua descrição vai desenhando o relevo da região das nascentes do rio São Francisco. Sobre ela é correto afirmar que: a) A crista mencionada, embora seja uma forma de relevo que pode funcionar como um limite de bacias hidrográficas diferen tes, não é um divisor hidrográfico. São duas coisas diferentes. b) Segundo o viajante a bacia do São Francisco é limitada por três formações diferentes de relevo: cristas, serras e cadeias montanhosas. c) A crista elevada mencionada pode ser caracterizada como um divisor hidrográfico, um interflúvio, ou numa linguagem mais coloquial, como um divisor de águas.
(Euclides da Cunha. Os sertões. Rio de Janeiro: F. Alves, 1991. p. 5)
O grande escritor está descrevendo literariamente o litoral bra sileiro e, sobre o que ele diz, é correto afirmar que: a) Zonas costeiras com escarpas abruptas se encontram nos extremos do litoral sul do país, a partir de Santa Catarina. b) O litoral do norte amazônico é a única porção da zona costeira brasileira que possui formas sem escarpas e com altitudes modestas. c) O planalto central do Brasil aproxima-se do litoral nordestino originando, ao longo de sua extensão, um relevo de falésias muito altas, que é a forma abrupta a que o escritor se refere. d) Os estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro possuem zonas litorâneas marcadas por escarpas proeminentes com concentração expressiva de mata Atlântica. 477
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Foto: Imagem da Serra do Espinhaço
Geografia
Exercícios Complementares 01. (Uncisal AL)
a) à antiguidade de sua estrutura geológica associada a aflo ramentos cristalinos. b) à formação de bacias sedimentares acompanhada de processos erosivos. c) à geração de dobramentos modernos seguida de intem perismo físico. d) aos processos tectônicos da era cenozoica coligada a for mação de rochas metamórficas.
Disponível em: <http://images.slideplayer.com.br/11/3148224/slides/slide_6.jpg>. Acesso em: 06 nov. 2015.
A figura apresenta uma sequência que mostra a formação de a) um atol, com ocorrência coralígena na borda do recife. b) uma barreira, através da criação de paredões marinhos. c) um arrecife, resultante da acumulação de sedimentos or gânicos. d) uma restinga, devido ao acúmulo de sedimentos flúvio -marinhos. e) uma foz em delta, a partir do acúmulo de sedimentos tra zidos pelo rio. 02. (UEFS BA)
TERRA (Velha) à vista. Geografia e Vestibular+ENEM. São Paulo: Abril, ed. 3, 2011, p.37.
O corte, representa o perfil do relevo de uma extensa área do Brasil, que se estende por cerca de 1500 km de Oeste para Leste.
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A análise do perfil permite afirmar que ele representa o re levo da a) Região Centro-Oeste. b) Região Norte. c) Região Sudeste. d) Região Nordeste. e) Região Sul. 03. (Ufu MG) No Brasil encontramos grandes depósitos impor tantes de minérios. Parte desses minerais encontrados são metálicos e estão presente em 4% do território brasileiro. O que poucos sabem é que os minerais metálicos não são renováveis, ou seja, a natureza não repõe. Disponível em: <http://www.citra.com.br/ minerais-metalicos-no-brasil/> Acesso em: 14 de fev. 2015
A ocorrência, no território brasileiro, do recurso natural apresentado está relacionada
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04. (Puc RS) Associe algumas formas de relevo do território bra sileiro com sua descrição. 1. chapada 2. planalto 3. planície 4. depressão ( ) Relevo aplainado, rebaixado em relação ao seu entorno e com predominância de processos erosivos. ( ) Forma predominantemente plana em que os processos de sedimentação superam os de erosão. ( ) Terreno com extensa superfície plana em área elevada. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 – 2 – 3 b) 3 – 1 – 4 c) 3 – 4 – 2 d) 4 – 3 – 1 e) 4 – 1 – 2 05. (UEFS BA) A propósito da organização espacial do relevo brasileiro, é correto afirmar que: a) Os planaltos e as serras do Atlântico Leste-Sudeste, com destaque para as serras do Mar e da Mantiqueira, regis tram os dobramentos modernos no país. b) Ao elaborar uma das mais antigas divisões do relevo bra sileiro, o professor Aroldo de Azevedo usou como crité rio, principalmente, as diferentes idades dos terrenos. c) Os agentes endógenos que atuam na formação do relevo brasileiro estão relacionados ao intemperismo químico e físi co, sendo responsáveis pela formação da planície amazônica. d) A classificação do relevo de Jurandyr Ross usou como cri tério três importantes fatores geomorfológicos: a origem geológica, a ação de antigos agentes climáticos e a influ ência dos atuais agentes climáticos. e) A litosfera começou a se formar, aproximadamente, há dois bilhões de anos, com o resfriamento do magma du rante a Era Paleozoica.
FRENTE
C
GEOGRAFIA
Questão 02. a) Os terremotos são fenômenos que podem ser causados por falhas geológicas, vulcanismos e, principalmente, pelo encontro de diferentes placas tectônicas. A maioria dos abalos sísmicos é provocada pela pressão aplicada em duas placas contrárias. Portanto, as regiões mais vulneráveis à ocorrência dos terremotos são aquelas próximas às bordas das placas tectônicas. O Brasil, por não possuir vulcões ativos, falhas geológicas e estar situado no centro da placa Sul -Americana, que atinge até 200 quilômetros de espessura, apresenta uma probabilidade rara de ocorrência de abalos sísmicos de magnitude e intensidade elevadas.
b) Os tremores que ocorrem em nosso país decorrem da existência de falhas (pequenas rachaduras) causadas pelo desgaste da placa tectônica ou são reflexos de terremotos com epicentro em outros países da América Latina. Local mente também podem ser citados os microtremores ou tremores locais causados por acomodações de solos devido à sobrecarga (peso). Por exemplo: grandes lagos de represas; desabamento subterrâneo de grandes massas; desaba mento de cavernas, entre outros.
Exercícios de Aprofundamento 01. (Enem MEC) O gráfico abaixo representa a evolução da quan tidade de oxigênio na atmosfera no curso dos tempos geológi cos. O número 100 sugere a quantidade atual de oxigênio na atmosfera, e os demais valores indicam diferentes porcenta gens dessa quantidade.
03.
O esquema mostra depósitos em que aparecem fósseis de animais do Período Jurássico. As rochas em que se encontram esses fósseis são a) magmáticas, pois a ação de vulcões causou as maiores ex tinções desses animais já conhecidas ao longo da história terrestre. b) sedimentares, pois os restos podem ter sido soterrados e litificados com o restante dos sedimentos. c) magmáticas, pois são as rochas mais facilmente erodidas, De acordo com o gráfico é correto afirmar que: a) As primeiras formas de vida surgiram na ausência de O2. b) Aatmosfera primitiva apresentava 1% de teor de oxigênio. c) Após o início da fotossíntese, o teor de oxigênio na atmosfera mantém-se estável. d) Desde o Pré-cambriano, a atmosfera mantém os mesmos ní veis de teor de oxigênio. e) Na escala evolutiva da vida, quando surgiram os anfíbios, o teor de oxigênio atmosférico já se havia estabilizado. 02. (UFU MG) Segundo o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciên cias Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), no século XX foram registradas mais de uma centena de terremotos no Bra sil, com magnitudes que atingiram até 6,6 graus na escala Richter. Porém, a maior parte desses abalos não ultrapassou 4 graus. Disponível em: < http://www.brasilescola.com/ brasil/terremotos-no-brasil.htm>. Acesso em: 14 dez. 2013.
Sobre terremotos, faça o que se pede. a) Explique os fatores de ordem geológica que fazem com que o Brasil não tenha registros de terremotos de grande magnitude. b) Apresente e explique dois fatores que originam os terremo tos de baixa magnitude no Brasil.
possibilitando a formação de tocas que foram posteriormen te lacradas. d) sedimentares, já que cada uma das camadas encontradas na figura simboliza um evento de erosão dessa área repre sentada. e) metamórficas, pois os animais representados precisavam es tar perto de locais quentes. 04. (Unioeste PR) As eras e períodos geológicos são fundamentais para a compreensão da história da Terra e de sua evolução físi ca, refletindo-se também na configuração geológica do Brasil. Sobre esse assunto, aponte a alternativa INCORRETA. a) A formação da Terra iniciou-se há 500 milhões de anos. b) As bacias sedimentares cobrem a maior parte do território brasileiro. c) Os escudos cristalinos e a serras do Mar e da Mantiqueira são as formações geológicas mais antigas do Brasil. d) Os dinossauros viveram durante a era Mesozoica, que é composta pelos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. e) A era Cenozoica é a era geológica mais recente. Atualmente, estamos no período Quaternário da era Cenozoica.
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Geografia Questão 05. a) Fundamentalmente esses sismos são caracterizados pela baixa magnitude; são predominan temente rasos; alguns são reflexos de sismos em outras áreas mais ativas tectonicamente. b) A proximidade do Estado com a borda das placas Sul-Americana e Nazca explica a grande
05. (Unicamp SP) O mapa abaixo apresenta os abalos sísmicos superiores à magnitude 3,0 identificados no Brasil entre 1767 e 2007.
ocorrência de abalos sísmicos no Acre. Esses abalos são profundos em decorrência do mergulho da placa de Nazca sob a placa Sul-Americana. O contato entre estas placas, na área do Estado do Acre, ocorre a elevada profundidade, promovendo terremotos de altas magnitudes, entretanto com o hipocentro a grandes profundidades.
As regiões cratônicas das Guianas e a Sul-Amazônica têm como arcabouço geológico vastas extensões de escudos cristalinos, ricos em minérios, que atraíram a ação de empresas nacionais e estrangeiras do setor de mineração e destacam-se pela sua história geológica por a) apresentarem áreas de intrusões graníticas, ricas em jazidas minerais (ferro, manganês). b) corresponderem ao principal evento geológico do Cenozoico no território brasileiro. c) apresentarem áreas arrasadas pela erosão, que originaram a maior planície do país. d) possuírem em sua extensão terrenos cristalinos ricos em re servas de petróleo e gás natural. e) serem esculpidas pela ação do intemperismo físico, decorrente da variação de temperatura. 08. (FM Petrópolis RJ) Na imagem abaixo, registra-se uma deter minada forma do relevo terrestre.
(Fonte: http://www.iag.usp.br/~agg110/moddata//SISMOLOGIA/ Conceitos_Sismologia.pdf)
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
a) Embora distante da borda de placas tectônicas, o Brasil apre senta abalos sísmicos eventuais. Quais as características pre dominantes desses sismos no Brasil? b) Por que o Estado do Acre apresenta grande quantidade de abalos sísmicos e por que eles são profundos? 06. (ESCS DF) A crosta terrestre tem passado por diversos processos de adaptação. Os processos de transformação do planeta podem ser observados nos desastres naturais, nas erosões, no intem perismo, na sedimentação, no movimento das placas tectônicas, entre outros, que causam a morte de pessoas e danos materiais. Na região Sudeste do Brasil, área de maior concentração demo gráfica, o desastre natural de maior impacto consiste em a) escorregamentos de encostas de morros e serras nos perío dos chuvosos. b) baixas temperaturas no inverno rigoroso. c) devastação da mata atlântica e do cerrado devido às quei madas. d) prolongados períodos de estiagem, que comprometem a produção agrícola da região. 07. (Enem MEC) As plataformas ou crátons correspondem aos terre nos mais antigos e arrasados por muitas fases de erosão. Apre sentam uma grande complexidade litológica, prevalecendo as rochas metamórficas muito antigas (Pré-Cambriano Médio e In ferior). Também ocorrem rochas intrusivas antigas e resíduos de rochas sedimentares. São três as áreas de plataforma de crátons no Brasil: a das Guianas, a Sul-Amazônica e a do São Francisco. ROSS, J. L. S. Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 1998.
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Questão 09. a) Entre os agentes internos destacam-se o tectonismo e o vulcanismo. Entre os agentes externos destacam-se precipitações (chuva, neve, granizo) e os ventos. b) O intemperismo físico ou mecânico refere-se à fragmentação física ou mecânica dos mine rais que compõem as rochas. Esse intemperismo decorre, entre outros fatores, da variação da temperatura das rochas, cujos minerais têm diferentes coeficientes de dilatação. Pode-se citar ainda a ação dos ventos e das geleiras na alteração das rochas.
Disponível em: <http://www.sol.pt/fotos/ fotosNG/2013/2/9/ big/ng1325497_435x190.png>. Acesso em: 07 maio 2015.
Nessa imagem, observa-se a seguinte forma de relevo: a) inselberg b) chapada c) fiorde d) restinga e) falésia 09. (Unicamp SP) Para compreender as características geomorfo lógicas de um terreno, é necessário entender a influência dos agentes internos ou endógenos, que definem a estrutura e ge ram as formas do relevo, e dos agentes externos ou exógenos, que modelam as feições do relevo. O modelamento das feições do relevo é realizado pelos proces sos de intemperismo físico e químico. a) Aponte a ação de quatro fenômenos naturais responsáveis pela alteração do relevo de determinada área: dois que cor respondem aos agentes internos e dois que correspondem aos agentes externos. b) Explique o que são os processos de intemperismo físico e químico. O intemperismo químico refere-se à alteração química das rochas ocasionada pelo agente principal que é a água. O intemperismo químico ou meteorização das rochas é processado por meio da reação química da água (das chuvas, do mar, dos rios), que se infiltra nos solos e altera a composição química das rochas (por exemplo, por meio da oxidação). Essa reação é mais presente nas áreas úmidas da terra e menos presente em áreas de climas secos.