Camila J. Silva
FRENTE
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HISTÓRIA Tempo e espaço são duas categorias fundamentais na formação do conhecimento histórico. Dessa forma, pensar historicamente significa, entre outras atribuições, situar os fatos no tempo e no espaço geográfico. Então, na leitura de cada texto da disciplina de História é importante atentar-se para: onde e quando determinadas civilizações e eventos históricos se desenvolveram. É importante considerar, também, que a noção de tempo, que utilizamos hoje, e que está relacionada à evolução dos primeiros agrupamentos humanos, não é necessariamente a concepção que esses grupos possuíam. Ao visualizar mentalmente o passado, em lugares diferentes daqueles em que vivemos, é essencial lembrar-se de que, além das diferenças no tempo e no espaço, existem, também, distinções na maneira de ver, de organizar e de compreender o mundo. Ademais, lembre-se de que a construção do conhecimento histórico tem base em versões e fontes variadas. Hoje, tem-se, por consenso, que, embora se utilize a distinção de tempo e espaço entre Pré-História e História, sabe-se que o objetivo da História é o estudo da humanidade no tempo. Dessa forma, toda a ação humana, que possa ser verificada por meio dos mais diversos tipos de vestígios, é objeto da História. No entanto, como todo conhecimento científico, o conhecimento é válido enquanto não for contraposto por novos estudos, por novas descobertas ou por novas teorias. Esse critério é ressaltado entre os diversos temas históricos e, sobretudo, entre as primeiras civilizações humanas. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
A01 A02 A03 A04
Introdução ao estudo histórico..................................................... 444 Pré-História.................................................................................... 450 Egito............................................................................................... 458 Mesopotâmia................................................................................. 465
Fonte: wikimedia commons
Por falar nisso
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO A01
ASSUNTOS ABORDADOS nn Introdução ao estudo histórico nn Fontes históricas nn As divisões ou idades
INTRODUÇÃO AO ESTUDO HISTÓRICO História é uma palavra de origem grega que tem como significado investigar e informar. Sua utilização teve início nas regiões do mediterrâneo, no Oriente próximo da costa africana e da Europa Ocidental. Várias são as formas de interpretar os conceitos de História. Para isso, diferentes sentidos lhes são atribuídos: a trajetória de vida de um indivíduo, a narrativa de uma realidade fantasiosa, uma forma de arte, uma disciplina escolar e a mais relevante que entende ser uma ciência que investiga diferentes experiências humanas, ao longo do tempo e em lugares distintos. A História, como forma de explicação, nasce unida à Filosofia e abrange outras áreas do conhecimento como a Matemática, a Biologia, a Astronomia, a Política, entre outras, estabelecendo um diálogo constante e utilizando pressupostos que auxiliam no esclarecimento de objetos e problemas que sejam peculiares às diferentes áreas do conhecimento. Muitos historiadores do início do século XX afirmavam ser a História uma política do passado, bastante árida, em virtude da dificuldade de interpretação, análise dos seus efeitos e resultados e por limitar-se aos grandes feitos de grandes estadistas, batalhas travadas por mil campos, leis e decretos de governantes. A partir das primeiras décadas do século XX, os historiadores começaram a reconhecer a História como uma estrutura que abrange o registro do homem em diferentes esferas, destacando-se as sociais, as econômicas e as intelectuais. É importante destacar que elementos que, outrora, ficavam em segundo plano passam a se tornar alvo de estudos e discussões, como a mulher, o embate entre governados e governantes, as instituições, o cotidiano e, acima de tudo, as ideias e as atitudes que marcaram uma determinada época.
Fonte: <http://revistapontocom.org.br>. Acesso em: 24 jan. 2017.
Figura 01 - Historiador Hildo Rosas, analisando documentos.
Os pesquisadores passaram a se interessar por toda a ação humana. Há algumas décadas, o estudo da História deixou de priorizar a memorização de datas, de “acontecimentos importantes” ou “personagens ilustres” e passou a significar a compreensão da leitura do passado a partir das indagações e dos problemas do presente.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Diante desse quadro de inovações, passou-se a compreender que é de grande importância a ação do historiador, que não se deve preocupar em buscar a verdade absoluta dos fatos, uma vez que as fontes, além de serem fragmentárias, representam pontos de vista provenientes de determinados grupos sociais. Como o fato não pode ser recuperado, ele é analisado a partir, servindo-se, para tal, de códigos específicos para dar sentido a sua vida e a tudo que o cerca. A dinâmica histórica é marcada por rupturas, continuidades e transformações e já que a velocidade imposta a tais mudanças varia de acordo com a sociedade em que o historiador-intérprete vive. Dessa forma, é muito importante entender que a História é um campo aberto e com muitas possibilidades, permitindo ao estudioso abrir portas para novos conhecimentos, ampliar horizontes, tornar o cidadão mais crítico e compenetrado na sua função perante a sociedade, refletir sobre as desigualdades e especificidades típicas das diferentes experiências humanas.
#Conceito “E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de histórias é justamente o contrário do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias. (...)” (Fonte: Assis, Machado de apud CHALHOUB, S. e PEREIRA, L.A., de M. [Org] A HISTÓRIA CONTADA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p. 67)
Outro fator importante, na análise da História, é permitir que se entenda que não há uma civilização mais importante que outra, uma vez que a História é o estudo das modificações operadas no transcorrer do tempo. Isso, porém, não significa que ela seja uma narrativa de progresso ininterrupto. A História permite ao historiador analisar o presente sem, no entanto, deixar que os olhos estejam voltados para o passado, mesmo que, por diletantismo, sirvam como um paradigma para suas ações cotidianas.
Fontes históricas O conhecimento histórico pode ser distinguido por outras formas de conhecimento sobre o passado (discurso religioso, senso comum, etc.) ou pela forma como esse saber é produzido. O método histórico é racional, já que ele se sustenta em evidências e no raciocínio lógico. As evidências que dão embasamento à narrativa histórica são as fontes. Fonte histórica ou documento histórico é todo o material que, de alguma forma, registra a ação humana. As fontes históricas não abrangem apenas os documentos escritos, mas também uma grande variedade de vestígios e evidências, representados por objetos e materiais diversos. As fontes não falam por si e não descrevem os fatos históricos como realmente foram. É necessário que o pesquisador questione o contexto em que foram produzidas, por quais valores e ideais e de que maneira retratam os diferentes grupos sociais. Essas perguntas são feitas pelo historiador, a partir de seus interesses e das questões de sua época. Dessa forma, diferentes perguntas levarão a respostas distintas ou demonstrarão a necessidade de se recorrer a outros documentos.
Fonte: Wikimedia Commons / tetraktys
A01 Introdução ao estudo histórico
Figura 02 - Vasos de cerâmica como tipos de fontes materiais.
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História
Embora a História lide com “realidades”, com situações concretas, jamais será possível reconstituí-las por completo. As fontes são partes e fragmentos, que se assemelham a um verdadeiro quebra-cabeças, cuja imagem completa é desconhecida, mas é possível de ser montado se usar a metodologia adequada, como também comparação dos documentos. Ao historiador e também ao estudante, cabe não apenas analisar a “realidade” que chega por meio das fontes fragmentárias, mas também levantar os pontos de vista e os interesses que transparecem nas diversas versões sobre esses acontecimentos.
As divisões ou idades As diferentes formas de dividir o tempo referem-se ao tempo físico ou cronológico. Cada civilização humana tem uma concepção particular do tempo, que está relacionada à cultura e a um determinado contexto histórico. O tempo cronológico, embora seja fundamental para a compreensão da História, não é seu objeto de análise, e sim o tempo histórico, que compreende os diversos períodos da existência humana, nos quais ocorreram eventos que fizeram parte de estruturas e conjunturas mais amplas, como a economia, as ideias, a política, etc. Os historiadores costumam utilizar a divisão do tempo por Idades, dentre as quais se destacam: nn Pré-História
(Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais – 4,4 milhões de anos a.C. a 4 000 a.C.); nn Idade Antiga (oriental e clássica, do surgimento da escrita – cerca de 4 000 a.C. – ao fim do Império Romano do Ocidente – 476); nn Idade Média (do fim do Império Romano do Ocidente à queda de Constantinopla em 1453); nn Idade Moderna (do final da Idade Média à Revolução Francesa em 1789); nn Idade Contemporânea (desde a Revolução Francesa aos nossos dias). Obviamente, tais períodos só existem mentalmente, pois o cotidiano dos indivíduos não muda de forma inesperada e radical na passagem de um período para outro. Datas, períodos, eras e outras formas de sinalizar o tempo histórico são convenções que orientam a leitura do passado. Não representam mudanças definitivas e imediatas em todos os aspectos da sociedade. Após uma revolução, determinadas estruturas ou um sistema de governo podem ser modificados radicalmente, mas a forma de pensar e as práticas cotidianas mudam mais lentamente, em ritmos diversos. No entanto, de acordo com os períodos históricos, podemos compreender a História de uma forma mais ampla e perceber as divisões de acordo com determinados critérios, como organização social, relações de trabalho e sistema de governo.
A01 Introdução ao estudo histórico
No entanto, é de suma importância destacar que a divisão padrão apresenta um caráter eurocêntrico, não observando a análise de toda a humanidade. Por exemplo, a antiga divisão temporal entre Pré-História e História, que considerava históricas apenas as civilizações que dominavam a escrita, é ocidental. Essa divisão começou a ser utilizada em diferentes momentos, por diferentes povos em regiões distintas do Planeta. No Egito, a história teria iniciado há 5 000 anos e, na Grécia, há 3 000 anos. Já no continente americano, o fim da Pré-História tem, como referência, a chegada dos colonizadores europeus. O tempo histórico não é regular, contínuo e linear, como o tempo físico e cronológico, mas é composto de diferentes durações, pois está vinculado a ações de grupos humanos e aos conjuntos de fenômenos que resultam dessas ações. Dessa forma, fica claro que essa e as demais periodizações são apenas marcos simbólicos, nascidos no século XIX, a fim de facilitar os estudos. 446
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (Puc SP) “... o tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.” (Carlos Drummond de Andrade, Mãos Dadas, 1940)
Ser cidadão não é só conhecer os seus direitos. É participar, ser dinâmico na sua escola, no seu bairro. (H.A., 19 anos, Amazonas)
a) Se o presente é o tempo do poeta, resta ao historiador
(Depoimentos extraídos de “Para quem se revolta e quer agir”, Folha de S.Paulo, 16/11/98)
somente o tempo passado? b) Justifique sua resposta, procurando discutir as relações que a História ou o historiador pode estabelecer entre presente e passado. Gabarito no final da página
02. (Enem MEC) O encontro “Vem ser cidadão” reuniu 380 jovens de 13 Estados, em Faxinal do Céu (PR). Eles foram trocar experiências sobre o chamado protagonismo juvenil. O termo pode até parecer feio, mas essas duas palavras significam que o jovem não precisa de adulto para encontrar o seu lugar e a sua forma de intervir na sociedade. Ele pode ser protagonista. ([Adaptado de] “Para quem se revolta e quer agir”, Folha de S.Paulo, 16/11/98)
Com base na leitura dos quadrinhos e depoimentos, responda às questões propostas. a) Que surpresa teve o bode Orelana, personagem do cartunista Henfil, com a jovem Graúna, que teria vivido na década de 1970, período da Ditadura Militar no Brasil. b) Em seu ponto de vista, os jovens têm se interessado pela participação ativa na sociedade? Liste alguns argumentos e fatos para apoiar seu posicionamento. c) Como você acha que a aprendizagem histórica pode colaborar para a prática da cidadania? Gabarito no final da página
03. (UnB DF) O que distingue o historiador dos outros cientistas sociais é sua preocupação primordial com o tempo, com a duração, com a mudança e com as resistências à mudança, com as transformações e as permanências ou sobrevivências. Se a documentação adequada existir e estiver disponível, não há aspecto algum do presente que esteja fechado à pesquisa científica do tipo histórico.
Depoimentos de jovens participantes do encontro: Eu não sinto vergonha de ser brasileiro. Eu sinto muito orgulho. Mas eu sinto vergonha por existirem muitas pessoas acomodadas. A realidade está nua e crua. (...) Tem de parar com o comodismo. Não dá para passar e ver uma criança na rua e achar que não é problema seu. (E.M.O.S., 18 anos, Minas Gerais) A maior dica é querer fazer. Se você é acomodado, fica esperando cair no colo, não vai acontecer nada. Existe muita coisa para fazer. Mas primeiro você precisa se interessar. (C.S.Jr., 16 anos, Paraná) Gabarito 01. Não. A História não estuda o passado. Ela estuda a vida do homem ao longo do tempo, comparando o presente com o passado, analisando permanências e rupturas, continuidades e descontinuidades, buscando enriquecer sua experiência cultural para compreender a dinâmica construção das sociedades humanas.
A partir do texto acima, julgue os itens seguintes, referentes ao estudo da História. 01. Se, como afirma o autor, o tempo é a categoria que singulariza o campo de trabalho do historiador, não há como pretender a interdisciplinaridade entre História e as demais ciências sociais, já que são rígidas as fronteiras que as separam. 02. Infere-se do texto que seu autor elimina a possibilidade de haver uma História do tempo presente, quer pela indisponibilidade de fontes para a pesquisa, quer pela elevada subjetividade de que estaria impregnado o trabalho do historiador. 03. Do ponto de vista do autor a História é o conjunto de fatos significativos do passado, sustentadores da marcha linear de progresso que caracteriza a trajetória das sociedades ao longo dos séculos. 04. Ao falar em “mudança” e em “transformações” na História, o autor poderia apoiar-se, por exemplo, em significativos momentos da evolução do Ocidente: da mesma forma que, na Antiguidade, Roma foi uma ruptura em relação à Grécia, a Idade Média europeia correspondeu ao rompimento definitivo com o pasE-E-E-E sado clássico. Gabarito 02 a) A surpresa refere-se ao fato de que mesmo uma geração reprimida e sem acesso às informações mais críticas pode rebelar-se e criar novas ideias e atitudes. “b” e “c” reflexão dos alunos.
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A01 Introdução ao estudo histórico
Ciro Flamarion S. Cardoso. Uma introdução à História. 2a ed. S. Paulo: Brasiliense, 1982, p. 107 (com adaptações).
História
04. (UFPE) História é a ciência que: a) estuda os acidentes históricos e geográficos do planeta Terra. b) se fundamenta unicamente em documentos escritos. c) estuda os acontecimentos do passado dos homens, utilizando-se dos vestígios que a humanidade deixou. d) estuda os acontecimentos presentes para prever o futuro da humanidade. e) estuda a causalidade dos fenômenos físicos e sociais com base no empirismo.
A01 Introdução ao estudo histórico
05. (UnB DF) No limiar do século XX, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, o historiador francês Ernest Lavisse fornecia as instruções para o ensino da História aos jovens de seu tempo, das quais reproduz-se o trecho seguinte. Ao ensino histórico incumbe o dever glorioso de fazer amar e de fazer compreender a pátria, todos os nossos heróis do passado, mesmo envoltos em lendas. Se o estudante não leva consigo a viva lembrança de nossas glórias nacionais, se não sabe que nossos ancestrais combateram por mil campos de batalha por nobres causas, se não aprendeu o que custou o sangue e o esforço para constituir a unidade da pátria e retirar, em seguida do caos de nossas instituições envelhecidas, as leis sagradas que nos fizeram livres, se não se torna um cidadão compenetrado de seus deveres e um soldado que ama sua bandeira, o professor perdeu seu tempo. Com o auxílio das ideias defendidas pelo historiador Lavisse, julgue os itens que se seguem em certo (C) ou errado (E). 01. A História é escrita pelos pesquisadores e deve ser ensinada pelos mestres com o compromisso de quem pesquisa e ensina as grandes questões de seu tempo. 02. A visão excessivamente patriótica do autor expõe concepções que, no alvorecer do século XX, entendiam que o historiador tinha como função glorificar a nação, o Estado e as instituições. 03. O “ensino histórico”, no contexto do Brasil contemporâneo, deve ser, sobretudo, um instrumento de combate para fazer que as armas intelectuais estejam a favor da unidade da pátria e do amor de cada cidadão pela sua bandeira. 04. A revolução metodológica no ensino da História tornou-a, no fim do século XX, completamente racional e neutra, sem qualquer possibilidade de interferência da ideologia C-C-E-E na teoria. 06. (UnB DF) Pelo olhar do poeta, também é possível compreender determinados aspectos essenciais para a conceituação de História. Leia, por exemplo, Carlos Drummond de Andrade: Aconteceu há mil anos? Continua acontecendo. Nos mais desbotados panos estou me lendo e relendo. Ou, ainda, do mesmo autor: O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.
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Com o auxílio das observações de Drummond, julgue os seguintes itens em certo (C) ou errado (E), referentes ao conceito de História e ao ofício do historiador. 01. Tendo por objeto o estudo do passado, a História parte das contingências da “vida presente” para inquirir aquilo que passou. 02. Especialmente em épocas de crise generalizada, sobressai o papel que se espera do historiador: lembrar o que os outros esqueceram. 03. O quarteto acima traz a ideia de que o passado é continuamente reescrito, a partir de cada presente e de seus novos interesses, eliminando, assim, a possibilidade de a História conter um caráter científico. 04. A reconstrução do passado, exatamente como ele ocorreu, é o que fazem os historiadores, independentemente de C-C-E-E suas convicções ideológicas e pessoais. 07. (UFCE) Analise o texto a seguir. “E repare o leitor como a língua portuguesa é engenhosa. Um contador de histórias é justamente o contrário do historiador, não sendo um historiador, afinal de contas, mais do que um contador de histórias. (...)” Fonte: ASSIS, Machado de apud CHALHOUB, S. e PEREIRA, L.A. de M. (Org) A HISTÓRIA CONTADA. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, p.67.
Ante as novas tendências interpretativas da História, há uma diferença entre o contador de histórias e o historiador, de acordo com a qual é correto afirmar que: a) A literatura torna-se inexpressiva ao historiador, que se fundamenta nos documentos manuscritos e impressos. b) O contador de história recorre à ficção e o historiador envolve-se com o real, de acordo com a sua interpretação e as práticas sociais consideradas. c) A interpretação do historiador, apesar de valorizar a diversidade de informações, deve limitar-se à do contador de histórias. d) A história do cotidiano passou a ser depreciada pelos profissionais da História por menosprezar a análise social. e) A autenticidade dos fatos históricos exclui a força da subjetividade, presente na reconstrução do passado. 08. (Ufla MG) Toda ciência tem como referência um objeto formal de estudo e a História não é diferente. Nas frases selecionadas abaixo, pode-se identificar objetos formais do estudo da História, EXCETO: a) “A percepção é sempre um processo seletivo de apreensão.” (Milton Santos: 1926-2001). b) “É a ciência dos homens no transcurso do tempo.” (Marc Bloch: 1878-1956). c) “É o processo de mudança contínua da sociedade humana.” (Lucien Febvre: 1878-1956). d) “O presente repetir o passado, [...] um museu, de grandes novidades [...] o tempo não pára.” (Cazuza: 1958-1990).
Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 03. Serve para investigar e interpretar as ações humanas de modo a compreender o processo histórico. Obs.: Apalavra história é polissêmica, possui vários significados como: História de ficção: são as histórias existentes em alguns livros, nas novelas, nos filmes. Às vezes, são inspiradas em conhecimentos de épocas, porém retirada da cabeça das pessoas. História de um processo vivido: fatos que ocorreram na vida de uma pessoa ou de um grupo social, suas lutas e sonhos, as alegrias e tristezas, sempre com base na memória. História do conhecimento: é quando se procura entender como os seres humanos viveram e se organizaram desde o passado mais remoto até os dias de hoje, para assim poder desvendar a historicidade (a condição histórica) das vivências humanas. Tudo isso se dá por meio do conhecimento que acaba por transformar a história na busca do saber voltado para a compreensão da vida dos seres humanos e das sociedades ao longo dos tempos.
Exercícios Complementares 01. (UnB DF) “As tragédias, bem entendido, não são mitos. Pode-se afirmar, ao contrário, que o gênero surgiu no fim do século VI, quando a linguagem do mito deixa de apreender a realidade política da cidade. O universo trágico situa-se entre dois mundos, (...)”
06. O historiador Caio Prado Júnior ao realizar um balanço dos três séculos de colonização portuguesa no Brasil assinala:
Considerando a interpretação oferecida pelo trecho de J. P. Vemant, julgue os itens seguintes em certo (C) ou errado (E), relativos à história do mundo grego antigo. 01. A instauração de uma nova ordem política com a consolidação da “pólis”, contribuiu para o revigoramento do mito como sustentáculo de práticas de poder. 02. O novo gênero - história -, contemporâneo da vitória da “pólis”, afirmou-se com Tucídides, na crítica ao mito, propondo formas mais racionais de acesso ao passado. 03. A “Ilíada” e a “Odisséia”, principais expressões da epopéia grega, falam de um mundo marcadamente democrático em que a personagem principal é o povo. 04. As tragédias tinham por tema estórias do presente, o que permitiu aos seus autores ignorar quaisquer lendas E-C-E-E oriundas da tradição épica.
se revela por alguns fatos precursores, sintomáticos, mas
Analise a frase e escreva sobre a objetividade nos estudos históricos. Gabarito no final da página
03. Explique em que consiste o trabalho do historiador? 04. “História é passado e presente, um e outro inseparáveis.” (Fernand Braudel)
Reflita sobre essa afirmação e comente-a. Gabarito no final da pagina
05. (UECE) Por muito tempo, os historiadores acreditam que deveriam e poderiam reproduzir os fatos “tal como haviam ocorrido”. Dentre as características do conhecimento histórico que assim produziam, podemos assinalar corretamente: a) ao privilegiarem a realidade dos fatos, os historiadores esperavam produzir um conhecimento científico, que analisasse os processos e seus significados. b) era uma história linear, cronológica, de nomes, fatos e datas, que pretendia uma verdade absoluta, expressão da neutralidade do historiador. c) como se percebeu ser impossível chegar à verdadeira face do que “realmente aconteceu”, todo o conhecimento histórico ficou marcado pelo relativismo total. d) os fatos privilegiados seriam aqueles poucos que eram amplamente documentados, como as festas populares e a cultura das pessoas comuns. Questão 02 A história escrita não pode ser isolada de sua época. Ela reflete o historiador e o tempo em que ele vive. Por isso, a objetividade histórica é sempre muito relativa: as intenções dos historiadores não podem ser consideradas verdades absolutas, variando de acordo com as mudanças ocorridas no presente histórico.
tem conteúdo próprio, mas é apenas um estado latente que isolados. Tais fatos vêm de longe, desde o início da colonização, se quiserem. E em rigor, poderíamos apanhá-los em qualquer altura de nossa evolução histórica. (...) O historiador, ao ocupar-se dela, enfrenta o risco de tratar o assunto anacronicamente, isto é, conhecedor que é da fase posterior, em que ocorre seu desenlace, em que ela se define, projetar esta fase no passado.” Caio Prado Júnior. – Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1963. pp. 357-358.
*anacronismo = consiste em usar termos e conceitos de um período histórico em outro período que não corresponde ao analisado. Segundo o texto: a) anacronismo consiste em projetar o presente no passado. b) todos os historiadores praticam o anacronismo. c) o anacronismo é um método de investigação. d) os estados latentes geralmente são anacrônicos. e) a colonização é uma manifestação de anacronismo. 07. (Uel PR) “[...] Diderot aprendera que não bastava o conhecimento da ciência para mudar o mundo, mas que era necessário aprofundar o estudo da sociedade e, principalmente, da história. Tinha consciência, por outro lado, que estava trabalhando para o futuro e que as ideias que lançava acabariam frutificando.” (FONTANA, J. Introdução ao estudo da História Geral. Bauru, SP: EDUSC, 2000. p. 331.)
Com base no texto, é correto afirmar que: a) As contribuições das ciências naturais são suficientes para melhorar o convívio humano e social. b) Ideias não passam de projetos que, enquanto não são concretizadas, em nada contribuem para o progresso humano. c) Diderot considerava importante o conhecimento das ciências humanas para o aprimoramento da sociedade. d) Para o autor, os historiadores recorrem ao passado, enquanto os filósofos questionam a própria existência da sociedade. e) Pciência e o progresso material são suficientes para conduzir à felicidade humana. Questão 04 O conhecimento histórico não diz respeito somente ao passado. Para entender um período histórico, comparações com o presente também são válidas. Além disso, é necessário compreender o contexto histórico em que as sociedades do passado estavam inseridas.
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A01 Introdução ao estudo histórico
02. “A história que se escreve está intensamente ligada à história que se vive.”
“... trata-se de uma situação que ainda não existe, que não
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO A02
ASSUNTOS ABORDADOS nn Pré-História nn Paleolítico: do aparecimento do homem há 10 000 a.C. nn Neolítico: 10 000 a.C. a 5 000 a.C. nn Idade dos metais: 5 000 a.C. a 4 000 a.C.
PRÉ-HISTÓRIA A origem da humanidade costuma ser situada em um período conhecido como Pré-História. No entanto, tal periodização, que começou a ser utilizada no século XIX, na Europa, atualmente tem sido pouco aceita entre as ciências humanas. Tal definição costumava ser entendida como o período compreendido entre o aparecimento dos primeiros hominídeos e a invenção da escrita, ocorrida por volta do quarto milênio antes de Cristo, na Mesopotâmia (atual Oriente Médio) e, posteriormente, no Egito. Nesse contexto, os pesquisadores afirmavam que só seria possível resgatar informações sobre uma determinada sociedade, a partir de registros escritos feitos por ela. Nos dias atuais, tal concepção é encarada com ressalvas, pois outros tipos de vestígios passaram a ter a mesma importância que a escrita no processo de formulação do conhecimento histórico. Até mesmo os avanços científicos e tecnológicos têm contribuído na tarefa de resgate de informações sobre os primeiros agrupamentos humanos. A escrita, como marco inicial, pode ser questionada justamente pela razão de não ter ocorrido ao mesmo tempo nas diferentes partes do Planeta. Por exemplo, ainda hoje há grupos indígenas no Brasil e aborígines na Austrália que não utilizam sinal gráfico algum para representar as palavras.
Fonte: Wikimedia Commons / Nathan McCord, U.S. Marine Corps
Figura 01 - Imagem representando a forma de vida de hominídeos no interior das cavernas, durante a Pré-História. Tela exposta no Museu de História Nacional, em Ulaan Baatar, Mongólia
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Diante disso, é mais indicado considerar a Pré-História apenas como uma etapa da história da humanidade. Seria preferível entender que todo o período da vida humana na Terra fosse considerado como histórico e que a era anterior à escrita fosse designada como ágrafa. Essa era é marcada por registros feitos a partir de diferentes instrumentos, armas, utensílios diversos, pinturas, gravuras e outros. Esse período ágrafo pode ser dividido em Idade da Pedra (Paleolítico e Neolítico) e Idade dos Metais.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Paleolítico: do aparecimento do homem há 1 0000 a.C.
Fonte: Wikimedia Commons
Presume-se que os seres humanos sempre tenham andado em grupos, utilizando-se da natureza para prover suas necessidades, quer com a caça, pesca ou coleta. A primeira fase das sociedades ágrafas é conhecida como Paleolítico ou Idade da Pedra lascada e se caracteriza pelo caráter rudimentar de seus instrumentos, destacando-se lascas de pedra, paus, ossos, chifres e outros materiais. Sua sociedade era composta por nômades, caçadores e coletores que se serviam da caça, da pesca e da coleta, tanto para garantir seu sustento como também para produzir vestimentas com peles de animais.
Figura 02 - Instrumentos de caça utilizados no período paleolítico.
Com o passar do tempo, a capacidade cerebral desses hominídeos tornou-se maior, permitindo-lhes o desenvolvimento de ferramentas mais aperfeiçoadas e garantindo condições para dominar o fogo, que, além de permitir o cozimento de alimentos e afugentar animais, garantia, ainda, aquecimento, transformando a caverna em um ambiente mais seguro. A maior parte do que se sabe sobre a vida cotidiana das comunidades paleolíticas está relacionada às pinturas encontradas nas paredes das cavernas, chamadas pinturas rupestres. Esse tipo de arte testemunha uma grande conquista da espécie, que é a capacidade de representar, de forma concreta, pensamentos e observações. Essa competência deu base à linguagem, de forma que as pinturas rupestres podem ser consideradas as precursoras da escrita.
Fonte: Wikimedia Commons / Alberto
Figura 03 - Pintura rupestre.
A02 Pré-História
Anteriormente, havia-se a informação de que a capacidade de o Homo sapiens sapiens de se expressar por símbolos datava de aproximadamente 40 mil anos (inscrições em grutas situadas na França e na Espanha). Porém, foram encontrados fragmentos de argila, com inscrições simbólicas no sítio arqueológico de Blombos, na África do Sul, datadas de 77 mil anos. Isso indica que antes que o Homo sapiens sapiens chegasse a Europa, havia representações de cultura e inteligência, segundo os parâmetros do homem moderno, em outros cantos do mundo. 451
História
Neolítico: 10 000 a.C. a 5 000 a.C. Com a observação da natureza, o homem começa a plantar e domesticar os animais. Esse momento é de grande importância, pois permitiu, ao mesmo tempo, diminuir sua dependência em relação à natureza. Porém, para usufruir dessas melhorias, era preciso fixar-se, esperar que as plantas florescessem e os animais crescessem. O domínio da agricultura provocou uma grande mudança na vida dessas populações, a ponto de ser caracterizado como Revolução Agrícola. Nesse contexto, que também é conhecido como período da Pedra Polida, diversos agrupamentos, que, até então, levavam uma vida nômade em busca de alimentos, fixaram-se em determinadas regiões, cultivando verduras e legumes. Essa sedentarização resultou em um aprimoramento das técnicas agrícolas e provocou inúmeras mudanças nos hábitos das sociedades humanas. Ao se fixarem na terra, os grupos notaram que poderiam ter maiores chances de sobrevivência se dividissem as tarefas, em que uns caçavam, outros produziam, outros coletavam, gerando uma capacidade de cooperação e integração com o meio em que viviam. Seus instrumentos passaram a ser feitos principalmente de pedra polida, além dos costumeiros ossos, chifres, madeira e outros. Com o crescimento das famílias, tornou-se usual a organização em clãs e comunidades, o que lhes permitiu uma demarcação de espaços para a proteção da família, da propriedade e da plantação. Nessas comunidades, a propriedade da terra era coletiva e a produção de bens não era destinada à troca, mas à subsistência de seus integrantes. As atividades eram distribuídas a partir da divisão sexual do trabalho, na qual caberia ao homem a caça e a fabricação de instrumentos e às mulheres, a coleta, o cuidado a educação em relação aos filhos. Outro grande fator de influência na vida dos povos neolíticos concentrava-se nas noções místico-religiosas, que estavam presentes tanto na ideia da morte, quanto na organização do próprio plantio dos alimentos.
A02 Pré-História
Figura 04 - Stonehenge, c. 3100 a.C Wiltshire, Inglaterra.
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Fonte: Wikimedia Commons / Julie Anne
Vale ainda destacar que, nesse período, são erguidos monumentos megalíticos e gigantescas construções, como os que podem ser vistos no parque de Stonehenge, na Inglaterra, de tamanha grandiosidade e beleza que até hoje causa enorme perplexidade naqueles que buscam entendê-lo.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Idade dos Metais: 5 000 a.C. a 4 000 a.C. A Idade dos Metais tem seu início a partir do momento em que a humanidade passou a utilizar, em maior escala, minérios, como o cobre, estanho, bronze e ferro. Com o aprimoramento das técnicas, as aldeias típicas do período neolítico transformaram-se em núcleos urbanos, que, mais tarde, se converteram em cidades autônomas e/ou pequenos reinos. Se, por um lado, a utilização dos metais permite o desenvolvimento material dos povos do período em questão, aperfeiçoando técnicas de irrigação e seus instrumentos, por outro, permite que seus armamentos fiquem mais poderosos, o que acaba sendo um elemento de grande importância na intensificação dos embates e na dominação de um povo sobre os demais. Isso será o elemento primário na base do erguimento de impérios e da edificação do escravismo. À medida que algumas atividades e funções assumiram maior importância, começaram a se formar os primeiros graus hierárquicos, ocasionando na estratificação social. Alguns indivíduos, possuidores de autoridade moral, militar, capacidade de liderança ou riqueza, passaram a deter privilégios e poder sobre os demais, tornando-se governantes e reis.
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Fonte: Wikimedia Commons
As civilizações oriundas dessa nova realidade cresceram às margens dos rios e vales, permitindo a consolidação de uma revolução urbana que desmantelou a comunidade primitiva e abriu espaços para a formação de grandes impérios. Com o final da Idade dos Metais, por volta de 4 000 a.C., e o respectivo aparecimento da escrita, dá-se a passagem da Pré-História para a História propriamente dita. Os historiadores aceitam, como certo, o aparecimento da escrita na Mesopotâmia e no Egito.
Figura 05 - Objetos metálicos produzidos no período Neolítico. 453
História
Exercícios de Fixação 01. (UERN) A Pré-História corresponde a um amplo período que vai do surgimento dos hominídeos até a invenção da escrita. São muitas as periodizações propostas por diferentes especialistas para o estudo da Pré-Historia. Uma das mais conhecidas baseia-se nas pesquisas do inglês John Lubbock (1934-1913) e distingue pelo menos dois grandes períodos pré-históricos: o Paleolítico e o Neolítico. Sobre o período paleolítico, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas. ( ) É o período em que predominaram as sociedades de coletores e caçadores. ( ) O homem desenvolveu a agricultura e a criação de animais. ( ) O homem desenvolveu atividades de produção, sendo classificado como sedentário. ( ) O homem se caracterizava pela vida de constante migração, sendo assim, considerado nômade. A sequência está correta em a) V, F, V, F b) V, F, F, V c) V, F, V, V d) F, V, V, F
A02 Pré-História
02. (UECE) Considera-se a Pré-História o período de maior duração na História. Corresponde ao surgimento do ser humano no planeta Terra e se estende até a criação da escrita, aproximadamente 4000 a.C. A longa duração dessa fase fez com que se convencionasse dividi-la em períodos distintos: o Paleolítico, o Mesolítico, o Neolítico e a Idade dos Metais. Sobre o Período Neolítico, é correto afirmar-se que é a) conhecido como Idade da Pedra Polida e marcado pelo desenvolvimento da agricultura e pela domesticação de animais. b) conhecido como Idade da Pedra Lascada e caracterizado pela larga produção de artefatos em madeira, osso ou pedra lascada. c) caracterizado pelo avanço de uma indústria lítica e pelo gradual desaparecimento de artefatos feitos com ossos. d) considerado a fase de transição da Pré-História para a História, pois nesse período desenvolveu-se a técnica da fundição. 03. (UFRR) O CRU E O COZIDO: OS MITOS SOBRE A ORIGEM DO FOGO. O antropólogo Claude Lévi-Strauss propôs certa vez que o conhecimento e uso do fogo constituíssem o divisor de águas entre a natureza e a cultura. Isto é, por meio do fogo, o homem afasta-se da natureza, desenvolve técnicas mais avançadas e, mais importante ainda, distingue-se em rela-
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ção à natureza e aos animais. Nesse sentido, haveria uma oposição básica entre os alimentos crus e os alimentos cozidos, sendo esses últimos tomados também, como índice de identificação entre as comunidades tribais atuais. Sobre o conhecimento do fogo, marque a alternativa correta: a) O domínio do fogo possibilitou ao homem do Paleolítico melhorar a alimentação com mais variedade de carne assada e verduras cozidas. b) A conquista e domínio do fogo provocaram uma revolução na vida dos “homens e mulheres” do Neolítico. c) A conquista e domesticação do fogo significaram um processo de humanização, aquecimento do corpo contra o frio, espantar os animais perigosos e cozinhar os alimentos. d) O domínio do fogo elevou o homem ao estágio de civilização. e) O fogo foi a grande descoberta do homem do paleolítico, mas isso não o tornou diferente dos outros animais desse período e nem mudo a alimentação. 04. (Uem PR) Assinale o que estiver correto sobre a arte na Pré-História. 01-02-04 01. As pinturas rupestres são encontradas nas paredes de cavernas, e muitas delas foram preservadas porque ficaram em locais pouco acessíveis aos depredadores. 02. A arte no período Neolítico apresenta representações com figuras mais leves do que a arte do Paleolítico. As pinturas do Neolítico sugerem o movimento por meio de imagem fixa. 04. As esculturas em metal foram possíveis graças ao domínio da produção do fogo, pois o metal era derretido em um forno e despejado em formas de barro. 08. No Brasil, não há vestígios da arte rupestre porque os sítios arqueológicos foram destruídos pela urbanização desenfreada. 16. No Paleolítico, a principal característica dos desenhos e das pinturas é a representação dos seres captada pela visão, que é denominada atualmente de surrealista. 05. (UECE) Analise as seguintes afirmações a respeito do homem de Neandertal — Homo sapiensneanderthalensis. I. Representa uma forma humana que viveu há aproximadamente 100 000 anos e foi extinta há cerca de 35000 anos. II. Pertencia ao maior grupo de antropoides que, apesar de terem cérebros menos volumosos, eram caçadores e coletores. III. Utilizava o fogo, construía cabanas e utensílios de pedra, e sabia fazer roupas a partir das peles de animais mortos. IV. Pertencia à mesma espécie do homem de Cro-Magnon, e enquadrava-se perfeitamente na forma hominídea.
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06. (IF SP) Segundo o historiador Guglielmo, “o período mais longo e a mais antiga era da Pré-História é chamada de Paleolítico. Iniciou-se há pelo menos 2,5 milhões de anos, como atestam os instrumentos [...] encontrados no sítio de Hadar, Etiópia, e pode ser estendido há cerca de 10.000 anos”.
Atualmente, a agricultura é o mais importante meio de produção de alimentos da humanidade. Contudo, por mais que se pense nela como uma atividade natural, a realidade é outra. Um campo cultivado de milho, ou de qualquer outro produto agrícola, é tão manufaturado quanto um microchip, uma revista ou um míssil, fazendo com que o cultivo de terras seja tão tecnológico quanto biológico. Além disso, a agricultura é uma atividade recente, se for considerado o plano da existência humana, já que foi nos últimos 11 mil anos que a humanidade começou a cultivar alimentos.
Fonte: GUGLIELMO, Antonio Roberto. A Pré-História. São Paulo: Brasiliense, 1999, p. 35 e 36.
Fonte: STANDAGE, Tom. Uma História Comestível da Humanidade. RJ: Jorge Zahar, 2010. (Adaptado.)
Considerando a Pré-história e a passagem do texto, é correto o que se afirma em: a) Durante o Paleolítico Inferior ocorreu a produção dos primeiros instrumentos de pedra. b) Durante o Paleolítico Superior foi produzido os primeiros instrumentos de pedra. c) No decorrer da transição do Mesolítico para o Médio Paleolítico, ocorreu a produção dos primeiros instrumentos de pedra. d) Foi durante o Paleolítico Inferior que houve a produção dos primeiros instrumentos de ossos e chifres. e) Durante o Paleolítico Inferior houve a produção de lâminas e agulhas, que possibilitou o surgimento da Idade dos Metais. 07. (UCS RS) Eixo temático “A alimentação”. A alimentação é um fator primordial na rotina diária das pessoas. Por ser uma necessidade básica, está diretamente relacionada à saúde, uma vez que o excesso ou a falta podem causar doenças. Através da evolução histórica da alimentação mundial, verifica-se que gastronomia, meios de produção, hábitos e padrões alimentares são aspectos importantes que auxiliam a refletir sobre a complexidade e a magnificência que permeiam as relações entre países. ABREU, Edeli Simioni de et al. Alimentação mundial: uma reflexão sobre a história. Saúde Soc., São Paulo, v. 10, n. 2, p. 3-14, Dez. 2001. Fonte:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12902001000200002&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 23 abril 16. (Adaptado.)
Tendo como referência o texto acima, assinale a alternativa correta. a) O Brasil, por fazer parte do BRICS, é considerado um país emergente. No setor econômico terciário, destaca-se pela produção de grãos, em especial o milho, do qual é o maior produtor mundial; no secundário, pela produção de commodities minerais; e, no primário, pela produção de microchips. b) O Período Histórico chamado de Paleolítico tem como características mais notáveis o desenvolvimento da agricultura, a domesticação de animais e o surgimento das primeiras aldeias sedentárias. c) A ideia de agricultura implica, necessariamente, a ocupação de áreas de cultivo. Logo, a área é um parâmetro importante associado a essa atividade. No Sistema Internacional de Unidades, ela é considerada uma grandeza independente, com unidade padrão denominada acre. d) O milho é uma angiosperma dicotiledônea cuja semente contém dois ou mais cotilédones. Outras características incluem raiz axial e folhas com nervação reticulada de caule delgado que podem chegar a 2 m de altura. Além disso, seu fruto é cilíndrico e revestido por um pericarpo. e) A História registra que o Homo sapiens surgiu há cerca de 150 mil anos. Se esse tempo de 150 mil anos fosse transformado em 1 hora, poder-se ia afirmar que o cultivo de alimentos começou somente nos últimos 4,4 minutos. 08. (UERN) Ötzi, o homem do gelo, morto devido a uma flechada 5,3 mil anos atrás, já foi esquadrinhado dos pés à cabeça desde que foi descoberto por um casal de montanhistas alemães nos Alpes italianos, perto da fronteira da Áustria. (...) o seu genoma completo foi apresentado em fevereiro de 2012. Agora, usando os recursos nanotecnológicos de um microscópio atômico, cientistas conseguiram isolar o sangue da múmia. A amostra tem as hemácias mais antigas do mundo de que se tem notícia. Além da constatação de que Ötzi morreu apenas 30 minutos depois da flechada no
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É correto o que se afirma apenas em a) I, II e IV. b) II, III e IV. c) III e IV. d) I e III.
História
ombro, a nova técnica poderá ajudar os médicos forenses a pesquisar crimes contemporâneos... Os cientistas forenses encontram dificuldades em dizer se o sangue da cena de um crime tem dias ou meses de idade, mas, estudando a elasticidade de 5 mil anos de sangue, esperam ser capazes de fazer uma contribuição real para a compreensão do envelhecimento sanguíneo. Revista Aventuras na História. Junho de 2012. p. 8.
Elucidar os mistérios do cotidiano pré-histórico é uma das funções das pesquisas arqueológicas atuais. A descoberta do passado não é fácil e passa por processos complexos e, às vezes, demorados. Analise as afirmativas a seguir. I. Utilizando processos como a coleta e a escavação, a arqueologia estuda os costumes e as culturas dos povos antigos por meio de artefatos, monumentos etc. II. As informações coletadas devem ser analisadas de forma isolada, de maneira que os antigos vestígios possam ser utilizados apenas numa perspectiva atual e definitiva. III. Através da observação somente, os cientistas podem datar fatos e objetos históricos com precisão e interpretar fatos remotos sobre a vida de nossos ancestrais. Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s) a) I, II e III. b) II, apenas. c) I, apenas. d) II e III, apenas. 09. (UERN) A nova face do homem americano Mais do que quando os homens pisaram na América, o que intriga os pesquisadores é qual a cara desse pioneiro. Ao contrário do que se imaginava ele não era parecido com os índios de hoje, que têm traços siberianos, conhecidos como “fisionomia mongoloide”. Suas feições eram mais semelhantes às dos africanos. Revista Aventuras na História. Outubro de 2006. p. 18.
A02 Pré-História
Se há um acordo geral em admitir o povoamento da América por imigrações, o mesmo não acontece quanto à origem dos imigrantes. Uns lhes atribuem uma origem comum, outros imaginam, de preferência, movimentos de populações convergentes, mas oriundos de pontos diferentes, que se teriam produzido, sendo contemporaneamente, pelo menos em vagas sucessivas. Barbeiro, Heródoto. Coleção de olho no mundo do trabalho. Volume único para o Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2004. p. 23.
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Sobre as principais hipóteses do surgimento do homem e do povoamento inicial da América, da África e da Europa, é correto afirmar que a) a partir de estudos genéticos que comprovam a diversidade cultural e étnica existentes até hoje entre os continentes citados, torna-se inconcebível admitir uma origem semelhante entre os ancestrais africanos, europeus e americanos. b) nos três continentes prevalece como hipótese correta e comprovada, a do autoctonismo, ou seja, em cada um deles, em tempos e formas distintas, surgiu um tipo de hominídeo, descendente dos primatas, que evoluiu para a espécie humana. c) tanto no continente africano, quanto no europeu, estabelece-se como verídica a hipótese das imigrações de grupos sedentários vindos de um só ancestral, ou seja, a hipótese do monogenismo que justifica a semelhança entre seus descendentes. d) as hipóteses mais consideradas entre os cientistas são as que defendem o surgimento inicial do homem na África e sua saída em tempos e condições variados para a Ásia, Europa e América, por rotas distintas, tais como a siberiana, a costeira e a atlântica. 10. (FGV SP) Os historiadores consideram a invenção da escrita um acontecimento da maior importância. Segundo uma visão tradicional, o seu surgimento assinala a passagem da Pré-História para a História propriamente dita. (...) (...) A escrita é utilizada como critério para distinguir a História da Pré-História, sem que isso implique um juízo de valor; o domínio da escrita não torna as sociedades históricas necessariamente superiores às pré-históricas. A escrita deve, isso sim, ser vista como manifestação de uma profunda transformação das sociedades humanas. Luiz Koshiba. História: origens, estruturas e processos, 2000.
Dentre as transformações ocorridas nas sociedades humanas, a invenção da escrita pode ser associada a) à criação das primeiras organizações sociais, fundamentadas na experiência da economia solidária. b) a uma organização marcada pelas desigualdades sociais, com a concentração da riqueza e a existência do poder. c) ao desenvolvimento das religiões primitivas, que ligavam as divindades com os fenômenos naturais, como a chuva e o sol. d) ao início da utilização sistemática do fogo, o que permitiu aos homens a invenção de instrumentos capazes de registrar a escrita. e) à construção de comunidades igualitárias, caracterizadas por rituais cíclicos de distribuição dos bens.
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Exercícios Complementares
As pinturas e as incisões rupestres surgiram no período a) Glacial. b) Paleolítico. c) Mesolítico. d) Neolítico. 02. (Enem MEC) Os nossos ancestrais dedicavam-se à caça, à pesca e à coleta de frutas e vegetais, garantindo sua subsistência, porque ainda não conheciam as práticas de agricultura e pecuária. Uma vez esgotados os alimentos, viam-se obrigados a transferir o acampamento para outro lugar. HALL, P. P. Gestão ambiental. São Paulo: Pearson, 2011 (adaptado).
O texto refere-se ao movimento migratório denominado a) sedentarismo. b) transumância. c) êxodo rural. d) nomadismo. e) pendularismo. 03. (Unemat MT) No período pré-histórico, a agricultura foi uma notável ferramenta na relação de domínio do homem sobre a natureza, sendo, inclusive, responsável direta pela transformação do nomadismo para o sedentarismo. O fragmento permite identificar que o acontecimento relatado ocorreu no período: a) Paleolítico, quando ocorreu a primeira revolução agrícola. b) Mesolítico, quando ocorreu a primeira revolução agrícola. c) Neolítico, também conhecido por revolução agrícola. d) Mesolítico, marcando o domínio do homem sobre a natureza. e) Neolítico, período em que os homens passaram a ser nômades. 04. (Fatec SP) A forma como as sociedades organizam as suas atividades produtivas se transforma ao longo do tempo e vem marcando mudanças históricas importantes. Na transição do período Paleolítico para o período Neolítico, observam-se importantes mudanças na organização produtiva como, por exemplo a) o término do sistema de plantation. b) a formação das corporações de ofício. c) a construção de núcleos urbanos feudais. d) o início das grandes organizações sindicais. e) o surgimento da agricultura de subsistência.
05. (UFPB) Acerca do estágio cultural conhecido como neolítico, considere as seguintes afirmações: I. Durante o neolítico, os homens estabeleceram uma nova relação com a natureza, cultivando plantas, domesticando animais e ocupando o espaço de florestas e outros ecossistemas naturais. II. Nesse estágio, as pessoas viviam em grupos pequenos e nômades, obtendo da caça e da coleta tudo aquilo de que necessitavam para a sua subsistência. III. O neolítico marca o surgimento de inovações culturais e sociais fundamentais, tais como a invenção da cerâmica e da metalurgia e a origem das aldeias sedentárias. Está(ão) correta(s): a) apenas I e III. d) apenas I e II. b) apenas II. e) todas. c) apenas II e III. 06. (UFPB) Acerca da divisão entre História e Pré-História, é correto afirmar que se trata de um(a) a) divisão natural, já que os homens primitivos são selvagens e não merecem a qualificação de históricos, por não terem desenvolvido a civilização. b) processo interno ao conhecimento histórico que, não podendo compreender sociedades sem escrita, deixa a tarefa para outros cientistas. c) distinção social, indicando que as sociedades sem Estado e sem escrita estão fora da história. d) distinção cientifica que procura diferenciar as sociedades estáticas e imutáveis das sociedades dinâmicas e transformadoras. e) divisão convencional que utiliza a escrita como critério para distinguir as sociedades humanas para efeito do estudo da história. 07. (Ufscar SP) Entre as transformações havidas na passagem da Pré-História para o período propriamente histórico, destaca-se a formação de cidades em regiões de : a) solo fértil, atingido periodicamente pelas cheias dos rios, permitindo grande produção de alimentos e crescimento populacional. b) difícil acesso, cuja disposição do relevo levantava barreiras naturais às invasões de povos que viviam do saque de riquezas. c) entroncamento de rotas comerciais oriundas de países e continentes distintos, local de confluência de produtos exóticos. d) riquezas minerais e de abundância de madeira, condições necessárias para a edificação dos primeiros núcleos urbanos. e) terra firme, distanciada de rios e de cursos d’água, com grau de salubridade compatível com a concentração populacional.
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A02 Pré-História
01. (UECE) Em várias grutas pré-históricas, ricamente decoradas, foram encontradas pinturas retratando cenas de caça, ou animais como o cavalo e o bisão. Assim é a arte rupestre comumente feita sobre a pedra que pode também ser encontrada em incisões em ossos e madeira.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A03
ASSUNTOS ABORDADOS nn Egito nn A formação política nn Economia, sociedade e cultura no Antigo Egito
EGITO O Egito, que está localizado na região nordeste da África, tendo como limites o mar Mediterrâneo, o Mar Vermelho, a Líbia, entre outros, tem praticamente todo o seu território localizado no deserto do Saara. A maior parte de seu contingente populacional reside às margens do rio Nilo, que atravessa o país de Sul a Norte, mantendo uma forma de ocupação de quase 8 mil anos. Todos os anos, entre julho e outubro, ocorrem cheias das águas do Nilo em razão das chuvas tropicais na nascente do rio, tornando o solo da região excelente para a agricultura. Nessas condições, as primeiras civilizações, que se desenvolveram na região, já aprenderam a drenar terrenos, a construir diques e canais e a erguer suas habitações e celeiros em terrenos mais elevados e longe das águas. Para o historiador grego Heródoto, o Egito era uma dádiva do rio Nilo e sobre suas águas emergiu uma das civilizações mais completas que o mundo já viu. O fato de o rio Nilo ter uma cheia regular, todos os anos, permitia à população egípcia entendê-lo como parte integrante de uma natureza previsível e boa. Passaram-se os séculos e o trabalho, que, a princípio, era comunitário, proporcionou excedentes agrícolas e fez com que se desenvolvessem estruturas mais complexas, como povoados e vilas. Cada uma dessas aldeias passou a ser conhecida como nomos, e seu chefe como nomarca. Os nomarcas que conseguiam garantir, de forma mais eficiente, a subsistência de se suas comunidades passaram a personificar os deuses protetores dos nomos, de forma que, gradativamente, o poder político e administrativo dos nomos se fundiu ao poder religioso. Por sua vez, os governantes que se destacavam começaram a incorporar novos territórios a seus nomos, transformando a região em uma área de uma variedade de pequenos “reinos”.
Fonte: Wikimedia Commons / Ricardo Liberato
Figura 01 - As Pirâmides de Gizé. Estas três pirâmides foram construídas como tumbas reais para os faraós Quéops (ou Khufu, em egípcio antigo), Quéfren, e Miquerinos (ou Menkaure) - respectivamente pai, filho e neto.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
A formação política Politicamente, a estrutura egípcia foi dividida em duas fases: o Período Pré-Dinástico e o Período Dinástico que foi subdividido em Antigo, Médio e Novo Império. Durante o Período Pré-Dinástico (4 000 a.C a 3 200 a.C), a estruturação política era organizada em nomos (pequenos clãs formados por laços de parentesco) chefiados pelos nomarcas. Os nomos foram marcados pela autonomia político-administrativa, que permitia a união entre eles quando havia um intento comum como a construção de diques. Acredita-se que, nesse período, os egípcios tenham formado seu primeiro processo de escrita e de calendário. Com o passar do tempo, esses clãs deram origem a dois reinos que mais tarde seriam unificados por Menés, por volta de 3 200 a.C, tornando-se o primeiro faraó do Egito. Daí em diante, completava-se a unidade política e territorial do Egito e abria-se um importante caminho para a centralização política. Não havia separação entre a vida política e religiosa, sendo o faraó o principal sacerdote do Egito Antigo. A primeira fase do Período Dinástico, o Antigo Império (3 200 a.C. a 2 300 a.C.), foi caracterizada pela concentração de grande quantidade de poderes nas mãos do faraó e pela construção de um grande número de pirâmides, exaltando-se Quéops, Quéfren e Miquerinos. As pirâmides eram consideradas “casas da eternidade”, pois lá eram depositados os corpos dos faraós, uma vez que os egípcios acreditavam na vida após a morte. Nesse período, o governo fundava-se numa política de paz e não agressão, marcada, em parte, pela posição protegida do país, pela existência de uma terra de grande fertilidade e pela relação predominantemente de cooperação existente dentro de sua sociedade. No Médio Império (2 300 a.C a 1 580 a.C.), o Egito foi marcado por constantes embates entre o poder central e poder dos nobres, que acabou gerando um processo de caos interno. Essa situação combinada com a invasão dos hicsos, uma horda oriunda da Ásia Ocidental, detentora de técnicas avançadas de guerra, como os cavalos e os carros de guerra, acabou submetendo o Egito a uma dominação vergonhosa. Com a expulsão dos hicsos e uma teórica reorganização interna, os egípcios entraram no Novo Império (1 580 a.C. a 525 a.C), período de contrastes em que a política dominante não mais se limitava ao pacifismo e isolacionismo e sim a um espírito guerreiro e de dominação. Não obstante, os egípcios conheceram diferentes dinastias até sucumbir diante dos novos povos que vinham do Oeste, destacando-se os macedônios e posteriormente os romanos.
SAIBA MAIS
Usando imagens de satélites com raios infravermelhos, uma equipe de arqueólogos da Universidade de Alabama, nos Estados Unidos, encontrou em Saqqara, a cerca de 30 quilômetros do Cairo, dezessete pirâmides de mais de 3 mil anos soterradas sob areia e lama. A descoberta ocorreu em 2011, e, próximo das pirâmides, os arqueólogos encontraram mais de mil túmulos e cerca de 3 mil habitações milenares também soterradas. As construções pertenciam à cidade de Tânis, fundada no século XII a.C. e abandonada no século VI. Fonte: AZEVEDO, Gislane Campos; SERIACOPI, Reginaldo. História em Movimento. 2.ed. São Paulo: Ática, 2013.
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A03 Egito
As pirâmides fazem parte da paisagem do Egito e são um símbolo do país. As mais famosas são as chamadas pirâmides de Gizé, construídas há mais de 4 mil anos e localizadas nas proximidades da atual capital egípcia, Cairo. Porém, elas não são as únicas. Em todo o Egito são conhecidas mais de 130 pirâmides e, graças aos avanços tecnológicos, os arqueólogos continuam descobrindo novas.
História
Economia, sociedade e cultura no antigo Egito As relações de produção na civilização egípcia fundamentavam-se na servidão coletiva, de forma que cabia aos camponeses, coordenados pelo Estado, a construção de grandes obras de irrigação, depósitos de armazenagem, templos, palácios e monumentos funerários (pirâmides, por exemplo).
ministrativos. Nessa camada intermediária, também estavam comerciantes, que detiveram maior expressividade, a partir do Novo Império, com o fortalecimento do Egito, após a expulsão dos hicsos, que dominaram parte da região até 1580 a.C.
Fonte: wikimedia commons
A base de sua economia era a agricultura e criação de animais. Cultivavam-se cereais, algodão, linho, papiro. Essa civilização ocupava-se da criação de animais, como cabras, carneiros e gansos. O rio também oferecia a possibilidade de pesca. Havia outras atividades bastante significativas, como o artesanato, do qual advinha a produção de tecidos e vidros. Dedicava-se também à construção de navegações para o transporte de pessoas e da produção agrícola.
Fonte: flickr / mauroguanandi
Figura 03 - Escrita hieroglífica.
Figura 02 - O papiro é uma planta bastante comum nas margens dos rios da África.
A03 Egito
A organização da sociedade era muito rígida. Com o início do Período Dinástico, a partir da unificação, o faraó passou a concentrar todos os poderes e grande parte das terras, e era considerado um deus. Desse modo, formou-se a monarquia teocrática, cujo chefe de estado governava de forma centralizada. Embora os nomarcas, que detinham grandes riquezas e poderio regional, tenham, em determinados momentos, disputado poder com o faraó, progressivamente passaram a atuar como representantes do poder central, administrando povoamentos e cidades, arrecadando tributos e fazendo cumprir as decisões do faraó. Na hierarquia do Antigo Egito, logo abaixo dos nomarcas vinham os sacerdotes, os grandes burocratas e chefes militares. No nível imediatamente inferior, estava a baixa burocracia, formada por escribas, conhecedores da intricada escrita hieroglífica e responsáveis pelos registros ad460
A religião egípcia foi muito importante para a manutenção da ordem existente, garantindo o domínio dos camponeses pelo Estado. O culto era politeísta, devido à diversidade de nomos, que, unificados, deram origem à civilização egípcia. Eram alguns desses deuses: Amon-Rá; Osíris, Ísis; Set; Hórus; Anúbis e Ápis. Esses deuses, de características antropozoomórficas, interferiam diretamente na vida das pessoas, o que permitiu a edificação de diferentes templos. Acreditavam na vida após a morte, o que levou os egípcios a desenvolverem as técnicas de mumificação para manter os corpos dos faraós para a eternidade e a construção de pirâmides para guardá-los. O politeísmo, no entanto, foi abolido durante o reinado do faraó Amenófis IV que substituiu a divindade suprema Amon-Rá pelo deus Áton, tendo permitido uma primeira experiência de monoteísmo na cultura egípcia. No entanto, o grande objetivo dessa medida era diminuir o poder dos sacerdotes, o que garantiria ao faraó um controle ainda maior sobre a sociedade. No âmbito cultural, os egípcios sobressaíram-se em diferentes setores, dos quais se destacam a Matemática, que permitiu a construção de pirâmides, diques, além da própria medicina, cujas técnicas de mumificação ainda intrigam grande parte da sociedade científica atual. Chegaram ainda a desenvolver uma escrita hieroglífica (de origem grega e significa “gravura sagrada”) que se compunha de sinais pictográficos para denotar objetos concretos.
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Exercícios de Fixação 01. (UEG GO) Observe a imagem a seguir.
Esfinge de Gizé. Fonte: <http://www.infoescola.com/civilizacao-egipcia/ esfinge-de-gize/>. Acesso em: 11 mar. 2013.
A Esfinge de Gizé é uma das mais imponentes esculturas da antiguidade. Ela indica que a civilização egípcia da antiguidade foi uma sociedade a) influenciada culturalmente pelos gregos, uma vez que modelo de escultura em formato de esfinge é típica da estética grega clássica. b) dominada militarmente pelos persas, uma vez que a esfinge foi construída para homenagear Cambises, considerado o “Leão da Ásia”. c) matriarcal, já que o rosto feminino da esfinge é uma homenagem a uma célebre líder religiosa que ocupou o cargo de faraó. d) antropozoomórfica, uma vez que a representação do sagrado utilizava-se da mistura de formas animais e humanas. 02. (Uncisal AL) No Egito Antigo, a mumificação do corpo de um morto era uma arte. O corpo passava por várias fases. Uma delas era a dessecação; para tanto, o cadáver era coberto com natrão e estendido sobre uma mesa por quarenta dias, em que perdia 75% de seu peso. Para os egípcios, a mumificação relacionava-se à crença de que a) o corpo que se deteriorasse após a morte estava condenado à separação do deus Anúbis. b) os sacerdotes e o faraó somente abençoavam os corpos que se encontravam conservados.
03. (Unioeste PR) “A arte (...) estava intimamente ligada à religião, servindo de veículo para a difusão dos preceitos e das crenças religiosas. Por isso, era bastante padronizada, não dando margem à criatividade ou à imaginação pessoal. Assim, os artistas (...) foram criadores de uma arte anônima, pois a obra deveria revelar um perfeito domínio das técnicas de execução e não do estilo do artista. (...) A manifestação artística que ganhou as mais belas representações foi a escultura. (...) Um bom exemplo disso é a imagem de um escriba, representado no gesto típico de sua função”. PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ática, 2005, p. 19/20.
O texto acima se refere ao estilo artístico de qual sociedade da antiguidade? a) Romana. b) Grega. c) Mesopotâmica. d) Egípcia. e) Cretense. 04. (Fuvest SP) Examine estas imagens produzidas no Antigo Egito:
Reino An go (2575-2134 a.C)
Reino Novo (1550-1070 a.C.)
Reino Novo (1550-1070 a.C.)
Apud Ciro Flammarion Santana Cardoso. O Egito Antigo. São Paulo: Brasiliense, 1982.
As imagens revelam a) o caráter familiar do cultivo agrícola no Oriente Próximo, dada a escassez de mão de obra e a proibição, no Antigo Egito, do trabalho compulsório. b) a inexistência de qualquer conhecimento tecnológico que permitisse o aprimoramento da produção de alimentos, o que provocava longas temporadas de fome. c) o prevalecimento da agricultura como única atividade econômica, dada a impossibilidade de caça ou pesca nas regiões ocupadas pelo Antigo Egito.
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Fonte: Wikimedia Commons / Mstyslav Chernov
c) a manutenção do corpo perfeito, mesmo sem vida, era necessária para a prática diária do culto aos mortos. d) a vida perpétua era real e os corpos tinham de ser preservados para o seu reencontro pela alma. e) o tratamento do corpo do morto garantiria sua salvação e o encontro com Rá, o deus-sol.
História
d) a dificuldade de acesso à água em todo o Egito, o que limitava as atividades de plantio e inviabilizava a criação de gado de maior porte. e) a importância das atividades agrícolas no Antigo Egito, que ocupavam os trabalhadores durante aproximadamente metade do ano. 05. (UEG GO) Leia o texto a seguir. Amanheces formoso no horizonte celeste, Tu, vivente Aton, princípio da vida! Quando surgiste no horizonte do oriente Inundaste toda a terra com tua beleza. [...] Ó Deus único, nenhum outro se te iguala! Tu próprio criaste o mundo de acordo com tua vontade, Enquanto ainda estavas só. HINO A ATON. In: PINSKI, Jaime. 100 textos de História Antiga. São Paulo: Contexto, 2009. p. 56-57.
A03 Egito
O faraó Amenófis IV (1377-1358 a. C.), como parte de uma estratégia política que visava diminuir o poder da classe sacerdotal egípcia, realizou uma reforma religiosa que teve como principal tópico a a) adoção do Deus dos hebreus, que se encontravam escravizados no Egito, mas tendo José como um importante membro da corte. b) definição de que o próprio faraó Amenófis IV, que adotou o nome de Akhenaton, seria o deus único dos egípcios. c) imposição de deuses estrangeiros trazidos do Oriente, levados para o Egito por meio das rotas comerciais favorecidas pelo faraó. d) imposição do monoteísmo, adotando o culto oficial a um deus único e proibindo adoração às outras deidades do panteão egípcio. 06. (Udesc SC) “Diz-se que entre os etíopes persiste um estranho costume. Quando o rei [de Napata], por alguma razão, sobre um dano em alguma parte do corpo, todos os cortesãos devem, por sua própria escolha, infligir-se o mesmo dano, porque consideram que seria desonroso que, tendo o rei ficado coxo de uma perna, seus súditos mais próximos continuassem perfeitos e andassem pelo palácio, a acompanhar o soberano, sem mancar; e seria estranho que uma sólida amizade, que partilha dor e pena, assim como todas as outras coisas boas e más, não participasse dos sofrimentos do corpo. Diz-se ser de norma que os cortesãos se suicidem para acompanhar um rei que morre, e que esse suicídio é honroso e prova de verdadeira amizade. Por esse motivo, diz-se, é rara entre os etíopes uma conspiração contra o soberano, pois todos estão preocupados com a segurança do rei, uma vez que dela depende a deles próprios. Esses costumes
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persistem entre os etíopes que vivem em sua capital, na ilha de Méroe, e nas terras adjacentes ao Egito”. Diodoro Siculus. Biblioteca da História, sec. I a.C. In: Alberto da Costa e Silva, Imagens da África. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 21-22.
Tendo como referência a citação acima, analise as proposições. I. O autor é altamente preconceituoso em relação à sociedade egípcia, uma vez que considera os costumes e as tradições dos etíopes um fanatismo que chega às vias de sacrifícios por meio do suicídio coletivo, no momento de morte do soberano. II. O autor pronuncia-se, a partir de conhecimento indireto, sobre a tradição da organização social e política da sociedade dos etíopes. III. A experiência narrada pelo autor é a mesma da organização social e política do império romano do século I a.C. IV. O autor considera as mutilações praticadas pelos cortesãos, quando do ferimento do rei, uma imposição real que, por meio da coação ideológica, imprime a falsa sensação de que o reino era um corpo único, tendo o soberano como a cabeça e os súditos os demais membros. V. A ausência de conspiração para derrubar o rei, na sociedade etíope, é explicada pelos vínculos de amizade, confiança e segurança entre súditos e soberano. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras. b) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras. d) Somente as afirmativas II, IV e V são verdadeiras. e) Somente as afirmativas II e V são verdadeiras. 07. (Uepa PA) O politeísmo presente na cosmologia religiosa do Antigo Egito resultou da combinação de divindades cultuadas nos vários nomos (comunidades camponesas) submetidos à autoridade do Faraó desde o Antigo Império. A organização e a hierarquia do panteão de divindades egípcias foram abaladas ao longo da sucessão de faraós em função da(s): a) disputas políticas entre o faraó e a classe sacerdotal, elite controladora dos templos e da administração burocrática do Império. b) divergências religiosas entre os nomos, fator permanente de instabilidade política e religiosa do Império. c) constantes invasões de povos estrangeiros no Egito como hicsos e assírios, que impuseram suas crenças religiosas às populações nativas. d) disparidade entre a religião dos nobres, antropomórfica, e as crenças zoomórficas dos camponeses. e) penetração do monoteísmo hebreu no Egito, quando do estabelecimento de sua condição de servos do estado no século XIII a.C.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
08. (Uem PR) Sobre a arquitetura e a produção de imagens no Egito Antigo é correto afirmar: 02-04-08 01. Devido à necessidade de se fazerem obras monumentais, os mestres construtores egípcios serviam-se exclusivamente da pedra. 02. Sob o reinado de Akhenaton, a produção de imagens atingiu maior realismo. 04. De uma maneira geral, os produtores de imagens obedeciam a convenções, padrões e regras. 08. Em parte dessa sociedade, a produção de imagens estava, quase sempre, a serviço de certo cerimonial sagrado. 16. Os mestres construtores egípcios não utilizavam as abóbadas, uma vez que tinham obtido a primazia no sistema arquitravado. 09. (UERN) “Os camponeses (também chamados de felás) executavam inúmeros trabalhos necessários â agricultura e à criação de animais. Os principais produtos cultivados eram o trigo (para fazer o pão), a cevada (para fazer cerveja) e o linho (para fazer tecido). Também se dedicavam à plantação de legumes, verduras, uva (para fazer o vinho) e frutas variadas. Criavam animais como bois, asnos, carneiros, cabras, porcos e, posteriormente, cavalos. Para a maioria da população, a carne era um alimento de luxo – os mais pobres só a consumiam em ocasiões especiais. As atividades agropastoris eram complementadas pela pesca (no Nilo, nos pântanos e nos canais) e, também, pela caça. Os camponeses viviam em aldeias e eram obrigados a entregar parte da colheita e do rebanho, como forma de tributo, aos moradores do palácio do faraó e aos sacerdotes dos templos. Nos períodos em que diminuíam os trabalhos no campo (época das cheias), eram, muitas vezes, convocados a trabalhar compulsoriamente em obras como, por exemplo, construção de palácios, templos, pirâmides, etc.”
10. (Uel PR) O ser humano, no decorrer de seu processo histórico, desenvolveu noções de justiça em detrimento da prática da vingança. O primeiro código de leis, denominado de Código de Hamurábi, pouco rompia com a valorização da vingança, mantendo o princípio da Lei de Talião expresso na máxima “Olho por olho, dente por dente”. Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, o povo que elaborou na Antiguidade o referido código e em que tipo de escrita ele foi impresso. a) Assírios – escrita árabe. b) Babilônios – escrita cuneiforme. c) Mesopotâmios – escrita alfabética. d) Persas – escrita farsi. e) Sumérios – escrita hieroglífica. 11. (UECE) A forma mais importante de escrita do Oriente Médio antigo, usada em diferentes sistemas, considerada o primeiro sistema de escrita completa existente no mundo, surgiu a) no Egito e recebeu o nome de hieróglifo. b) na Ásia Oriental e recebeu o nome de hànzi. c) na Suméria e recebeu o nome de cuneiforme. d) no vale do Indo e recebeu o nome de sânscrito. 12. (Unitau SP)
Cotrim, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. 8 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. p 51
O Egito foi uma das primeiras civilizações que existiu, tendo sido responsável pelo desenvolvimento de várias técnicas, como nas áreas da medicina e da arquitetura, entre outras. A citação se refere ao modo de vida do camponês egípcio. A partir dela, pode-se afirmar que: a) Avida do camponês egípcio demonstra que viviam em b) O Egito foi uma civilização sem, necessariamente, uma hierarquia social. c) A sociedade egípcia era extremamente desenvolvida, devido, principalmente, à produção de tecidos que eram amplamente comercializados. d) Descreve um modo de vida camponês em uma civilização que possui estado forte e centralizado.
Fonte: <http://www.gks.uk.com/images/Book_of_dead.jpg>. Acesso em: 25 jan. 2017.
Em relação à cultura egípcia, é possível afirmar que: a) Os egípcios acreditavam na vida pós-morte. Sua religião era politeísta e antropozoomórfica – a presença, na imagem, das divindades Anubis e Thot é exemplo disso. Seus rituais produziram muitos registros iconográficos e escritos, tal como a imagem acima, em que está representado um julgamento.
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uma sociedade nômade.
História Questão 01- (Exercícios Complementares) O texto mostra que, nas sociedades do Oriente Antigo, a escrita tinha uma importância fundamental para a organização dos negócios do Estado, tanto no plano administrativo como no judiciário. Constituía também um elemento de distinção social, pois aqueles que a dominavam alcançavam estratos sociais mais elevados. E, embora o texto não o mencione, deve-se observar que a escrita era igualmente relevante na religião (elaboração de textos sagrados), nas atividades contábeis e nas transações mercantis.
b) Os egípcios eram um povo de religião politeísta. Como acreditavam na vida após a morte, investiam dinheiro para produzir registros como o da imagem acima, a fim de mostrar sua proximidade com os deuses, de maneira a convencer a todos de sua passagem para o reino dos céus. A imagem reproduz um dos rituais de culto aos deuses, teatralizado em cerimônias funerárias. c) Os egípcios eram comerciantes, e conquistaram seu apogeu com a comercialização de sua produção agrícola, conforme mostra a imagem. A balança representada no registro iconográfico refere-se às trocas comerciais, e a fartura era associada à proximidade desses comerciantes
d) Para os egípcios, a religião era fundamental. Professavam a religião politeísta e antropozoomórfica, centrada na crença de que todos eram filhos dos deuses, portanto, todos eram iguais na vida terrena. Por esse motivo, a balança presente na imagem representa esse equilíbrio social. e) A imagem, retirada do Livro dos Mortos, refere-se aos rituais de proteção contra os demônios, representados como seres antropozoomórficos, amplamente presentes na religião monoteísta e exibidos na ilustração. Os egípcios acreditavam que esses seres apareciam durante o julgamento realizado após a morte.
com os deuses.
Exercícios Complementares 01. (Unesp SP) Num antigo documento egípcio, um pai dá o seguinte conselho ao filho: Decide-te pela escrita, e estarás protegido do trabalho árduo de qualquer tipo; poderás ser um magistrado de elevada reputação. O escriba está livre dos trabalhos manuais [...] é ele quem dá ordens [...]. Não tens na mão a palheta do escriba? É ela que estabelece a diferença entre o que és e o homem que segura o remo. (apud Luiz Koshiba, História – origens, estrutura e processos.)
A partir do texto, discuta o significado da escrita nas sociedades antigas. 02. (UFCE)“As pirâmides de Gizé, ... as estátuas colossais, os obeliscos e os templos imponentes que surpreenderam os visitantes gregos e romanos, tal como surpreendem ainda hoje os turistas modernos, as jóias finamente trabalhadas, os linhos finíssimos, as alfaias e os utensílios de todo gênero, hoje dispersos em coleções por todo o mundo..., em suma, toda a herança deixada pelo Egito à humanidade tem na sua base o suor do rosto do camponês.” (Fonte: CAMINOS, Ricardo.“O camponês”. In: O homem egípcio. Lisboa: Editorial Presença, 1994, p.15.)
Relacione as colocações do texto acima com a organização socioeconômica do Egito Antigo.
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Gabarito no final da página
03. (UFRR) Historicamente, situa-se o surgimento do Estado e da escrita entre as primeiras civilizações surgidas no oriente. Apesar de possuírem culturas muito distintas e terem contribuído com diferentes legados, podemos afirmar que um traço comum entre a religião de Egípcios, Mesopotâmios, Hebreus e Persas era: a) o exercício de enorme influência sobre a organização política e dos Estados, caracterizados como teocracias. b) a crença em um único deus, conceituada como monoteísmo.
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Questão 02. A estabilidade do Egito Antigo teve fundamento na rígida organização do trabalho, principalmente, o agrícola, sua base econômica, e numa organização social em que camponeses e artesãos encontravam-se inseridos numa hierarquia em que o faraó ocupava o lugar mais alto. A burocracia era responsável pela organização do trabalho e pela cobrança dos impostos, encargo de escribas e chanceleres entre outros, e os sacerdotes eram responsáveis pela manutenção da religião que mantinha a coesão da sociedade. Nessa sociedade cabia aos camponeses e aos escravos manter a produção nas terras que pertenciam ao faraó, que, em contrapartida, garantia a fertilidade das propriedades agrícolas.
c) o culto de diversos deuses com representações antropozoomórficas (meio homem, meio animal). d) a mumificação para garantia de vida após a morte. e) a construção de prédios grandiosos em forma de pirâmide, que serviam ao mesmo tempo como templos para o culto dos fiéis e tumbas para os reis. 04. (Uepa PA) No Antigo Egito, as crenças religiosas estavam na base de manifestações culturais como a arte, a medicina, a astronomia, a literatura e o próprio governo. Por isso, deve-se considerar que para além do desenvolvimento das técnicas de embalsamamento dos corpos, o processo de mumificação indicava: a) o respeito à memória dos mortos que tinham seus corpos mumificados com vistas à perpetuação das tradições da linhagem familiar a que o morto pertencia. b) a veneração dos mortos como princípio da religião egípcia que era politeísta e, portanto, concebia em seu panteão a existência de semideuses. c) a crença na vida após a morte, pressupondo que o corpo do morto deveria ser preservado para retorno do espírito que o faria renascer para a nova vida. d) o ritual de passagem dos mortos que eram julgados pelos sacerdotes e considerados dignos de terem seus corpos preservados para o dia da ressurreição dos mortos e a crença na proteção dos templos por meio da presença e exposição pública dos corpos embalsamados dos antigos faraós e de seus guerreiros. 05. (Fuvest SP) No Antigo Egito e na Mesopotâmia, assim como nos demais lugares onde foi inventada, a escrita esteve vinculada ao poder estatal. Este, por sua vez, dependeu de certo tipo de economia para surgir e se desenvolver. Considerando as afirmações acima, explique as relações entre: a) escrita e Estado; b) Estado e economia. a) A escrita era um elemento importante de poder e controle nas mãos de uma elite dirigente. Essa elite compunha o quadro da organização das chamadas “sociedades de regadio” em que o Estado passa a definir a organização do trabalho. b) Na região conhecida como “crescente fértil”, estruturou-se um Estado teocrático que, a partir do controle das terras e das águas com canais de irrigação e drenagem (fala-se de uma origem hidráulica do Estado), mostrou-se eficiente na coordenação da agricultura e de grandes construções, como as pirâmides no Egito.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A04
MESOPOTÂMIA A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa “terra entre rios”. Essa região localizava-se entre os rios Tigre e Eufrates, situada onde atualmente é o Iraque, no Oriente Médio. Diferentemente do Egito em que o rio Nilo apresentava cheias regulares e uma defesa natural, a Mesopotâmia tinha nos seus rios, Tigre e Eufrates, cheias irregulares, o que não permitia aos mesopotâmios encarar a natureza com grande confiança. Além disso, não possuíam grandes defesas naturais, o que os impeliu a um caráter muito mais violento e combativo. No entanto, também havia semelhanças em relação à civilização egípcia, uma vez que também ocorreram, naquela região, o expansionismo e o desenvolvimento de diferentes áreas da cultura e das ciências.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Mesopotâmia nn Sumérios nn Acádios nn Babilônios nn Hititas e Assírios nn Caldeus nn Religião e cultura
As civilizações egípcia e mesopotâmica eram monarquias despóticas e teocráticas, cujo governante assumia a feição divina ou se tornava um representante direto dos Deuses, podendo tanto aparecer sob a forma antropomórfica quanto sob a forma antropozoomórfica. Suas sociedades eram mestamentais e as relações entre dominantes e dominados ocorriam a partir do processo de servidão coletiva. Em momentos específicos, recorreu-se a escravos na execução de obras de grande porte, como podem ser destacadas as pirâmides egípcias e os zigurates mesopotâmicos. Os povos do Egito, Mesopotâmia, Fenícia etc. desenvolveram uma relação de produção específica. Tal sistema produtivo circunscrevia à agricultura de irrigação em que os camponeses ficavam ligados a terra por meio de um sistema de servidão coletiva que lhe permitia usufruir dela, mas sob a necessidade de pagar tributos ao Estado, que, representado pelo seu governante, era detentor do excedente agrícola produzido.
Fonte: Wikimedia Commons / Francisco Anzola
No aspecto religioso, prevaleceu o politeísmo que, por meio de uma diversidade de deuses, permitia a composição de um universo mitológico que servia como modelo para a sociedade, criando elementos de conduta e de vida em comunidade. Quanto à Mesopotâmia, no tocante ao sistema produtivo e à economia, esses povos tinham, na agricultura e no comércio de caravanas, as suas principais atividades, sem deixar, de lado, o pastoreio, o artesanato, a pesca e a navegação pelos seus principais rios. Já, quanto à organização política, foram marcados, predominantemente, por uma monarquia despótica. Vários foram os povos que viveram naquela região, destacando-se os sumérios, os acádios, os amoritas, os assírios e os caldeus.
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Opirus/Arte
História
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Crescente Fér l Mapa 01 - Localização do Egito e da Mesopotâmia.
Sumérios Os sumérios foram os primeiros povos a se alocarem na Mesopotâmia, construindo ali uma das cidades mais antigas do mundo. Por volta do terceiro milênio antes de Cristo, os sumérios passaram a se organizar em cidades estados ao sul da Mesopotâmia, das quais destacaPonto Euxino ram-se Ur, Uruk, Nipur, Lagash e EriHa usas du, que eram chefiadas pelo patesi Anatólia que acumulava diferentes funções, Mar Cáspio como líder político, religioso e miKanesh Tigris litar. Era uma espécie de monarca. Carquemisia
Opirus/Arte
Nínive Alepo
Mar Mediterrâneo
Assíria
Asur Chipre Ugarit Síria Elba Eufrates Mari Eshunna Biblos Qadesh Acádia
Pales na A04 Mesopotâmia
Nilo
Tânis Mênfis
Egito Akhet-Aton Civilização Suméria Mapa 02 - Localização geográfica dos sumérios.
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Arábia
Montes Zagros
Nipur Babilônia Susa Kish Suméria Umma Isin Larsa Elam Uruk Lagash Ur Golfo Pérsico
Os sumérios tiveram, como grande contribuição, o desenvolvimento da escrita cuneiforme, feita em placas de argila, o que possibilitou a formulação de registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época. Foram também responsáveis pela construção de templos, como os zigurates e por garantir um grande avanço na área jurídica que, para muitos historiadores, pode ter sido a maior contribuição por eles deixada.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Além de terem inventado um tipo de escrita, os sumérios foram responsáveis por importantes conquistas, como a construção de diques e canais para levar água a regiões distantes das margens. Desenvolveram o mais antigo sistema numérico da história, formado em sessenta símbolos, o que possibilitou o estabelecimento de uma marcação do tempo e calendário semelhante ao utilizado nos dias atuais, com uma divisão do ano em 12 meses de 28 dias. Tal ciência permitia prever com maior exatidão o momento do plantio e da colheita.
Acádios Enquanto os sumérios dominavam o Sul, a parte Central da Mesopotâmia era ocupada pelos acadianos (ou acádios) e assírios. Nesse contexto, descaram-se os acadianos a partir da figura de seu líder Sargão, o Grande, rei da cidade de Acad. Esse povo que constituiu um importante pilar na história mesopotâmica foi o primeiro a promover a centralização política de toda a civilização. O governo de Sargão foi marcado por um profundo caráter religioso, para fundamentar a autoridade do soberano a partir da religiosidade, permitindo reações a quaisquer intervenções estrangeiras.
Após a morte de Hamurábi, o Império Babilônico sofreu uma série de invasões até ser dissolvido. Nesse período, os hititas, povo originário da Anatólia (localizada na atual Turquia), obtiveram supremacia territorial e política na Mesopotâmia. Esse povo trouxe consigo algumas inovações, como a metalurgia do ferro na fabricação de armas e a utilização de carros de guerra com rodas de aros. Por volta de 1200 a.C. os hititas foram dominados pelos assírios, povo que vivia no norte da Mesopotâmia. Esse povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam. Atingiu seu apogeu nos reinados de Senaqueribe e Assurbanípal, em que se destacam além de grandes contribuições militares, expoentes culturais de importância tal como a Biblioteca de Nínive em que o acervo cultural serviu para destacar a grandiosidade dessa civilização. No entanto, o ponto negativo dessa civilização é que impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com essas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares nas regiões que conquistavam. Fonte: Wikimedia Commons
No entanto, em virtude de invasões conjugadas a disputas internas, esse povo acabou sucumbindo, o que acabou permitindo que, no século XVIII a.C., o rei babilônico, Hamurábi, viesse a dominar todo o território da Mesopotâmia, dando origem ao Primeiro Império Babilônico.
Hititas e Assírios
Babilônios Os Amoritas foram os povos que deram origem à povoação da Babilônia e que, a partir dela, promoveram uma grande centralização do poder em toda a Mesopotâmia. Organizou-se o Primeiro Império Babilônico, o que incrementou o comércio em toda a região mesopotâmica e garantiu, principalmente, durante o governo de Hamurábi, a formação de um Estado despótico e centralizado nos mais variados sentidos. Os Babilônicos tinham, como sustentação jurídica, o Código de Hamurábi, conjunto de leis escritas com base na Lei de Talião (de retaliação): “Olho por olho, dente por dente”. Os direitos e punições, criados por essa lei, levavam, em consideração, a posição social do delinquente e da vítima.
Figura 01 - Código de Hamurábi.
A04 Mesopotâmia
Na Babilônia, havia uma estrutura militar regular, sendo que até os camponeses eram obrigados a participar do serviço militar em casos de guerra. Além disso, deve-se destacar sua contribuição científica, na qual se destacam o desenvolvimento de um rico calendário, a astronomia entre outros. 467
História
Caldeus Com a desarticulação dos Assírios e a respectiva queda de Nínive, o Império Babilônico se reconstituiu sob o controle dos caldeus, que atingiram seu apogeu com o imperador Nabucodonosor (século VI a.C), em que se retomou a grandiosidade comercial e cultural da região.
Fonte: <www.wildwinds.com>. Acesso em: 18 set. 2015.
Durante o reinado de Nabucodonosor, várias campanhas militares foram realizadas de forma vitoriosa, destacando-se a empreendida contra os hebreus, que não só marcou a destruição de Jerusalém como a submissão de milhares de judeus, episódio esse que ficaria conhecido como o “Cativeiro da Babilônia”.
Figura 02 - Moeda com a face de Nabucodonosor.
A expansão permitiu que muita riqueza fosse acumulada, o que acabou levando à construção de obras gigantescas como os Jardins Suspensos da Babilônia, tidos, até hoje, como uma das maravilhas do mundo antigo. No entanto, em virtude de dissidências políticas e lutas internas o império ruiu, vendo-se dominado pelos persas no século VI a.C.
Religião e cultura Os mesopotâmicos tinham uma religião marcada por um politeísmo antropomórfico que apresentava uma importante influência sobre a vida cotidiana dos povos. Não acreditavam na vida após a morte, como os egípcios, o que lhes conferia um caráter fatalista. Recorriam aos mitos para interpretar as relações para com o cotidiano da população, e serviam-se da Astrologia para designar o comportamento dos homens na Terra. Elaboraram uma escrita cuneiforme, constituída de sinais pictográficos, que, mais tarde, acabaram sendo transformados em sinais fonéticos. Tiveram, nos zigurates, a mais importante contribuição da sua arquitetura, tendo também eloquente influência na organização de palácios e fortificações. Deve ser lembrada, ainda, sua relevância na Medicina, na Matemática, na Astronomia e no Direito.
Exercícios de Fixação 01. (UECE) O rei Sargão foi um conquistador cuja memória permaneceu nas lendas e narrativas dos povos mesopotâmicos. Dizia-se que ele havia sido abandonado pela mãe nas águas do Rio Eufrates em um cesto de juncos, e foi salvo pela deusa Ishtar e assim tornou-se o iniciador de um grande império. Sobre o rei Sargão é correto afirmar que: a) Destruiu a cidade de Ebla em 2300 a.C. b) Inventou um tipo de escrita muito sofisticada. c) Foi derrotado por Gilgamesh rei de Uruk. d) Fez de Acádia a capital do seu império. 02. (UFRR) O Iraque, país localizado no Oriente Médio, atualmente, convivendo com instabilidade política e social, bem como, ameaças de grupos terroristas, já foi palco de uma importante civilização da antiguidade denominada Mesopotâmia.
A04 Mesopotâmia
Sobre esta importante civilização pode se afirmar que: a) Foi a primeira civilização da História, era formada de povos nômades que mudavam-se constantemente em busca de alimentos. b) E considerada o berço da civilização, pois foi o primeiro povo que utilizou instrumentos importantes que, posteriormente, deram origem à medicina. c) Foi a primeira civilização que cultivou o milho e a cevada dando início assim a agricultura, e o sistema era plantaiton. d) Foi pioneira na utilização da escrita, da matemática e da astronomia.
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e) Foi a primeira civilização a praticar o cultivo dos alimentos dando início ao que mais tarde chamou-se agricultura, o primeiro e principal produto era o café. 03. (Unesp SP) A maior parte das regiões vizinhas [da antiga Mesopotâmia] caracteriza-se pela aridez e pela falta de água, o que desestimulou o povoamento e fez com que fosse ocupada por populações organizadas em pequenos grupos que circulavam pelo deserto. Já a Mesopotâmia apresenta uma grande diferença: embora marcada pela paisagem desértica, possui uma planície cortada por dois grandes rios e diversos afluentes e córregos. Marcelo Rede. A Mesopotâmia, 2002.
A partir do texto, é correto afirmar que: a) Os povos mesopotâmicos dependiam apenas da caça e do extrativismo vegetal para a obtenção de alimentos. b) A ocupação da planície mesopotâmica e das áreas vizinhas a ela, durante a Antiguidade, teve caráter sedentário e ininterrupto. c) A ocupação das áreas vizinhas da Mesopotâmia tinha características nômades e os povos mesopotâmicos praticavam a agricultura irrigada. d) A ocupação sedentária das regiões desérticas representava uma ameaça militar aos habitantes da Mesopotâmia. e) Os povos mesopotâmicos jamais puderam se sedentarizar, devido às dificuldades de obtenção de alimentos na região.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
04. (UERN) Por que o dia tem 24 horas? Foram os sumérios, por volta de 2000 a.C., que tiveram essa ideia. Esse povo viveu no sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, onde fica hoje o sul do Iraque, no Oriente Médio. O povo sumério dividiu o dia em: 12 horas para a parte clara (dia) e 12 horas para a parte escura (noite), criando assim as 24 horas. Dividiram também o ano em 12 meses, baseados no tempo para plantar e para colher.
c) Eram sedentários. Agricultores realizaram obras de irrigação e canalização dos rios. Construíram as primeiras cidades fortificadas que funcionaram como cidades-estados. Utilizavam técnicas de metalurgia e a escrita. d) Eram, sobretudo, comerciantes e artesãos. Sem nenhuma aquisição cultural significativa. Fundaram um império unitário com um regime político único. Descendentes dos semitas, foram os primeiros a buscar uma religião monoteísta.
Fonte: <http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=419>.
06. (Ufam AM) Sobre as religiões da Antiguidade é possível afirmar que: a) O politeísmo e o antropozoomorfismo foram características destacadas, já que quase todas as religiões cultuavam mais de uma divindade, que podiam assumir formas humanas ou de animais. b) A expansão do monoteísmo pelo Egito e pela Mesopotâmia, ocorrida no século III a.C. deveu-se a iniciativa de Amenófis IV e à elevação de Aton (sol) à condição de divindade única. c) De grande difusão na Índia e na China, o Budismo sustentava que pelo caminho da retidão moral os homens alcançariam o nirvana, o paraíso celestial onde residia Buda, sua divindade suprema. d) Difundidas por Zoroastro no século VI a.C. o politeísmo persa previa a existência de duas divindades antagônicas que encarnavam o bem e o mal. e) Ancorada no Novo Testamento, a religião dos hebreus, revelada por João Batista a Abraão, assegurava a primazia de um único Deus como criador do mundo e dos homens.
(Moraes, José Geraldo Vinci de. 1960. Caminhos das civilizações – história integrada: Geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 1998. p. 23.)
Os textos fazem referência ao tempo cronológico, ou seja, as datas se sucedem, com uma duração precisa. Ele se difere do tempo histórico que, por sua vez, diz respeito ao tempo de duração de determinado processo histórico ou modo de vida de uma sociedade. Diante do exposto, é correto afirmar que: a) O relógio, bem como os outros marcadores de tempo, seguem criteriosamente os ritmos da natureza, logo, têm suas marcações derivadas de um processo natural, ou seja, universal. b) O modo como o dia terrestre é dividido em horas, segundos e minutos pode ser considerado como uma conveniência social, ou seja, não é válido para todas as épocas e todos os povos. c) O tempo histórico, apesar das divergências em relação ao tempo cronológico, está ligado às concepções que cada um tem de seu tempo e de sua cultura, sendo, portanto, pessoal e subjetivo. d) Tanto o tempo histórico, quanto o tempo cronológico, são determinantes da superioridade cultural e racial de uma sociedade, sendo considerados como marcos divisórios entre a barbárie e a civilização. 05. (UECE) Os sumérios foram os primeiros habitantes da Mesopotâmia. Eles se autodenominavam “as cabeças negras” e a região na qual habitavam denominavam de “terra de Sumer”. Sobre esse povo, assinale o correto. a) Eram nômades, voltados para a guerra e a conquista de novos territórios. Ao contrário de outros povos, repudiavam o comércio, não possuíam uma cultura definida ou uma religião organizada, com um panteão e seus ritos. b) Oriundos de diversos grupos étnicos, vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar aos poucos nos territórios da região mesopotâmica em busca de terras agricultáveis. Eram conhecidos pela sua habilidade no comércio.
07. (Uniube MG) Um dos períodos mais fascinantes da História humana é a Pré-história. Esse período não foi registrado por nenhum documento escrito, pois é exatamente a época anterior à escrita. Tudo que sabemos dos homens que viveram nesse tempo é resultado da pesquisa de antropólogos e historiadores, que reconstituíram a cultura do homem da Idade da Pedra a partir de objetos encontrados em várias partes do mundo e de pinturas achadas no interior de muitas cavernas na Europa, norte da África e Ásia”. AIDAR, M. A. M. Do coletivo ao privado: a aventura humana em sua primeira fase. In: As Origens. Pearson Prentice Hall, São Paulo, 2010.
Sobre a Pré-História, é CORRETO afirmar que: a) É um período ágrafo, tendo como representação apenas pinturas rupestres. b) É um período em que os homens faziam pinturas com o intuito de demonstrarem como viviam. c) Era um período em que os homens fabricavam suas próprias ferramentas, mas ainda não haviam dominado o fogo. d) Era um período em que os homens eram sedentários devido à fartura de víveres que havia em toda parte. e) Era uma sociedade formada unicamente por coletores que se utilizavam de ferramentas rústicas para sua sobrevivência.
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A04 Mesopotâmia
A civilização egípcia também foi muito criativa no campo artístico e cultural. Desenvolveram um tipo especial de escrita, além de requintes de astronomia, matemática e medicina. O calendário de 365 dias foi organizado por eles.
História
Exercícios Complementares 01. (Centro Universitário de Franca SP) As águas dos rios Tigre e Eufrates permitiram o desenvolvimento de uma rica cultura agrícola e o surgimento das primeiras cidades na Mesopotâmia. Todavia, a agricultura só começou a progredir quando os povos da região desenvolveram estruturas complexas. (Fausto Henrique Gomes Nogueira e Marcos Alexandre Capellari. Ser protagonista, 2010. Adaptado.)
A04 Mesopotâmia
As estruturas complexas referidas no texto relacionam-se, diretamente, a) ao desenvolvimento dos centros urbanos e à exploração comercial de bens manufaturados. b) ao estabelecimento de uma rede de estradas que unificava as cidades em um só império. c) à unificação das leis, dos impostos e da moeda para organizar a administração de um grande império. d) ao aperfeiçoamento técnico que propiciou a realização de obras para controlar os recursos hídricos. e) às inovações na contabilidade dos recursos naturais por meio da criação de um alfabeto fonético mais prático do que a escrita cuneiforme. 02. (Fatec SP) Ao longo do ano de 2015, o mundo assistiu à destruição de ruínas históricas milenares, localizadas principalmente nos territórios atuais do Iraque e da Síria. Militantes da organização política Estado Islâmico (EI) foram os autores da destruição. Segundo a imprensa mundial, os militantes do EI acreditam que os sítios arqueológicos mesopotâmicos incentivam o abandono da fé muçulmana e, por isso, devem ser destruídos. Na passagem da Pré-História para a Antiguidade, é correto afirmar que as sociedades da Mesopotâmia a) foram as primeiras a desenvolver formas primitivas de cristianismo, monoteísta, cujo principal culto realizava-se em templos monumentais, na região da Palestina. b) não construíram templos religiosos que tenham resistido ao tempo, o que leva os pesquisadores a supor que a religiosidade não era um fator significativo nesse período. c) se organizavam de modo a separar a religião da vida pública, permitindo que os cultos religiosos ocorressem em cômodos anexos às edificações residenciais, no âmbito privado. d) divinizavam diversos componentes da natureza, como o raio, o fogo, o céu, a Lua e o Sol, entre outros, e cada cidade tinha o seu deus ou deusa, honrados com a construção de grandes templos. e) constituíram a primeira experiência histórica de sociedade igualitária e ateia, na qual todos os membros gozavam dos mesmos direitos e deveres, exercidos em edifícios públicos construídos com diferentes finalidades.
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03. (UFRGS) Com relação à história dos grupos sociais da Antiguidade, assinale a alternativa correta. a) Os povos etruscos habitavam uma zona fluvial de inundações periódicas, no vale entre os rios Tigre e Eufrates, e tinham economia baseada em produtos agrícolas que dependiam dos períodos de cheias dos rios. b) A difusão da escrita cuneiforme pelos gregos, no século VIII a.C., permitiu o registro dos fatos memoráveis do passado, criando as condições propícias para o desenvolvimento da tragédia grega que teve em Homero seu principal precursor. c) A ausência de uma codificação jurídica que permitisse a unificação das diversas regiões da Mesopotâmia, sob o domínio dos reis babilônicos, está entre as principais causas da queda do Império da Babilônia. d) A civilização hebraica caracterizou-se por uma estrutura matriarcal de sociedade, pelo politeísmo como crença religiosa e pela recusa do uso do trabalho escravo. e) O reino de Kush, com forte influência egípcia, serviu como elo de ligação entre a África central e o mundo mediterrâneo, além de estabelecer rotas comerciais entre o baixo e o alto vale do Nilo. 04. (Unesp SP) 129. Se a esposa de alguém for surpreendida em flagrante com outro homem, ambos devem ser amarrados e jogados dentro d’água, mas o marido pode perdoar a sua esposa, assim como o rei perdoa a seus escravos. [...] 133. Se um homem for tomado como prisioneiro de guerra, e houver sustento em sua casa, mas mesmo assim sua esposa deixar a casa por outra, essa mulher deverá ser judicialmente condenada e atirada na água. [...] 135. Se um homem for feito prisioneiro de guerra e não houver quem sustente sua esposa, ela deverá ir para outra casa e criar seus filhos. Se mais tarde o marido retornar e voltar a casa, então a esposa deverá retornar ao marido, assim como as crianças devem seguir seu pai. [...] 138. Se um homem quiser se separar de sua esposa que lhe deu filhos, ele deve dar a ela a quantia do preço que pagou por ela e o dote que ela trouxe da casa de seu pai, e deixá-la partir. (www.direitoshumanos.usp.br)
Esses quatro preceitos, selecionados do Código de Hamurábi (cerca de 1780 a.C.), indicam uma sociedade caracterizada a) pelo respeito ao poder real e pela solidariedade entre os povos. b) pela defesa da honra e da família numa perspectiva patriarcal. c) pela isonomia entre os sexos e pela defesa da paz. d) pela liberdade de natureza numa perspectiva iluminista. e) pelo antropocentrismo e pela valorização da fertilidade feminina.
FRENTE
A
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (Uel PR) “Sabe-se que para Hegel a História Universal não recobre o curso empírico da humanidade. A História propriamente dita nasce apenas com o Estado, quando a vida social ganha uma forma sob o efeito dessa instância que confere a seus elementos expressão pública e consciência. Somente então é assegurada a permanência do sentido”. (LEFORT, Claude. As formas da História. Ensaios de Antropologia Política. São Paulo: Brasiliense, 1990. p.37.)
Com base no texto, considere as afirmativas a seguir. I. Hegel partia do mundo empírico para explicar a História. II. Segundo Hegel, a formação da consciência se dá com o surgimento do Estado. III. Hegel, ao analisar o surgimento da História, desconsidera a organização do Estado. IV. A noção de Estado só ganha sentido se relacionada à dimensão da vida social. Estão corretas apenas as afirmativas: a) I e II. b) II e IV. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, III e IV.
( ) O bombardeio atômico sobre as cidades japonesas em 1945, embora seja um fato inegável para alguns historiadores, significou um genocídio injustificável; para outros, foi um ato necessário para evitar o prolongamento da II C-E-E-E-C Guerra, o que revela o caráter interpretativo da História. 03. (Uel PR) Walter Benjamin usa a alegoria, o “anjo da história”, para criticar uma noção de processo histórico muito em voga no final do século XIX e início do século XX. Em sua obra, que pretendia ser uma grande arqueologia da época moderna, Benjamin faz uma tripla crítica: ao triunfo da burguesia, ao culto da mercadoria e à fé no progresso. Ele critica uma visão que assimila o progresso da humanidade estritamente ao progresso técnico e que propaga um determinismo no qual a libertação seria um acontecimento garantido pelo curso natural da história. A partir dessa crítica, ele propõe outra visão sobre o processo histórico. Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que para o autor: a) A história deve permitir reativar, no presente, aspectos do passado, a fim de retomar uma história inacabada.
02. A História é uma das áreas do conhecimento mais polêmicas. Pode-se atribuir este caráter à História, porque, em sentido genérico, todos somos historiadores e, por outro lado, porque o acontecimento histórico é passível das mais diferentes interpretações.
b) A diacronia cria um tipo de inteligibilidade em que os acon-
( ) No período de crescimento, a criança e o adolescente, por meio da convivência social, da escola e da cultura, formam de maneira quase natural uma visão do passado, do presente e do futuro. Constroem assim uma visão histórica, em ressonância com o que seu grupo social ensinou-lhe. ( ) A História, apesar de ser alvo de muitas polêmicas, estabelece verdades comprovadas, que têm como base os documentos. Por essa razão, é correto admitir, como fazem todos os autores, que a história da humanidade só se inicia com o uso da escrita. ( ) A História é um saber científico e, portanto, não muda. Podemos comprovar que aquilo que aprendemos, muitas vezes, são verdades inquestionáveis através dos séculos. Essa característica da História garante-lhe um lugar entre as demais ciências. ( ) Todos aqueles que defendem a História como um conhecimento passível de muitas interpretações, contribuem para fortalecer a ideia de que a História é um conhecimento certo e verdadeiro, construído a partir de documentos que não deixam margem a dúvidas.
d) A história é uma sequência linear de eventos associada a um
tecimentos futuros podem ser previstos e assegurados. c) As sociedades se desenvolvem progressivamente e os eventos devem ser tomados como causas e consequências. movimento numa direção discernível. e) A história é uma sucessão de sistemas socioculturais que evoluem dos mais simples aos mais complexos. 04. (Enem MEC) Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares? BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Fonte: <http://recantodasletras.uol.com.br>. Acesso em: 28 abr. 2010.
471
História
Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que: a) Os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória. b) A História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo. c) Grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram. d) Os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo. e) As civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas. 05. (UEA AM) O arqueólogo recolhe, classifica e compara as ferramentas e armas de nossos ancestrais e predecessores, examina as casas que construíram, os campos que cultivaram, o alimento que comiam (ou, antes, que jogavam fora). São esses os instrumentos e ferramentas da produção característicos dos sistemas econômicos que nenhum documento escrito descreve. (Vere Gordon Childe. A evolução cultural do homem, 1966.)
O excerto alude à pesquisa sobre sociedades remotas, o que permite o estudo a) do conjunto dos relatos orais de povos da antiguidade. b) da correspondência oficial entre as famílias reais europeias. c) das leis criadas durante a colonização da América. d) de aspectos do cotidiano de povos pré-históricos. e) dos discursos dos tiranos e governantes na Grécia Clássica.
c) A abundância de recursos animais e vegetais promoveu a sedentarização do homem. d) A capacidade de conseguir mais alimentos deu ao homem menor controle sobre o meio ambiente. e) A troca da caça e da coleta pela agricultura ocorreu de maneira súbita. 07. (Ufpel RS) Sobre a organização política do Egito Antigo é correto afirmar que: a) O faraó ocupava o topo da hierarquia social e seu sistema de governo era o laico. b) O faraó ocupava o topo da hierarquia social e o seu sistema de governo era o teocrático. c) Os escribas ocupavam o topo da hierarquia social e seu governo era compartilhado com sacerdotes e nobres. d) O faraó ocupava o topo da hierarquia social e seu governo era compartilhado com sacerdotes e nobres. e) O escribas ocupavam o topo da hierarquia social e seu sistema de governo era o laico. 08. (Uespi PI) Os Estados Teocráticos da Mesopotâmia e do Egito evoluíram acumulando características comuns e peculiaridades culturais. Os egípcios desenvolveram a prática de embalsamar o corpo humano, porque a) se opunham ao politeísmo dominante na época. b) os seus deuses, sempre prontos para castigar os pecadores, desencadearam o dilúvio. c) depois da morte, a alma podia voltar ao corpo mumificado. d) acreditavam que a preservação do corpo de um faraó poderia torná-lo mais rico e poderoso que os outros faráos do Egito. e) os camponeses constituíam categoria social inferior. 09. (UEG GO) O mapa apresentado abaixo delimita a região de origem das principais civilizações da Antiguidade Oriental.
06. (UPE PE) Entre os nômades, o trabalho não tem o mesmo valor que nas sociedades agrárias. Os índios Ianomâmi, da AmazôFRENTE A Exercícios de Aprofundamento
nia desenvolvem suas atividades, em média, três horas por dia
Mar Negro
Mar Cáspio
e não valorizam o trabalho nem o progresso tecnológico. Os Guaiaqui, caçadores nômades da floresta paraguaia, passam, ao desenvolvimento social, do pensar e do fazer dos primeiros humanos, é CORRETO afirmar que: a) A produção de novas ferramentas de pedra polida foi a transformação mais importante ocorrida nesse período. b) A fabricação de ferramentas e a utilização do fogo evidenciam que a sobrevivência humana não está diretamente relacionada à adaptação cultural do homem. 472
Mar Mediterrâneo
l ér eF nt e c es Cr
Mar elho Verm
pelo menos, metade do dia em completa ociosidade. Quanto
Crescente fér l ou Meia lua fér l
Fonte: <www.iujc.pt/compr/03/umbigo.html.> Acesso em: 18 set. 2006.
Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 10 O “Código de Hamurábi” foi um conjunto de leis tradicionais supostamente reunidas pelo rei babilônico de mesmo nome. Ao contrário da lei romana, base do Direito moderno, partia da suposição da culpa do acusado, que deveria provar sua inocência. Sua estrutura baseava-se na Lei de Talião: “Olho por olho, dente por dente”. A punição deveria ser equivalente ao crime cometido.
a) Identifique duas dessas civilizações.
Uma explicação para seu surgimento é:
b) Aponte duas características de cada uma das civilizações
a) a revolta dos camponeses e a insurreição dos artesãos nas
a) Egito e Mesopotâmia b) Império Teocráticos de Rezadio, que detém religião politeísta.
10. (UEG GO) O primeiro código de leis de que se tem conhecimento foi estabelecido pelos babilônios por volta de XVIII a. C. Quais os princípios fundamentais do chamado “Código de Hamurábi”? 11. (UFRN) Entre as civilizações do antigo Oriente, a crença na influência dos astros sobre o destino humano foi um estímulo para o desenvolvimento da astronomia. Foi calculada, com exatidão, a duração do ano e a variação anual do eixo da Terra. Foi feita a distinção entre estrelas e planetas e previram-se eclipses. Apesar do aspecto astrológico, a astronomia foi o ponto alto da cultura: a) persa. b) egípcia. c) caldaica. d) hebraica. e) fenícia. 12. (Unesp SP) Os clamores da revolta e da destruição de Nínive, registrados na Bíblia, devem-se: a) ao pacifismo do povo assírio. b) às soluções arquitetônicas dos sumérios. c) ao modo de produção asiático dos caldeus. d) aos atos despóticos e militaristas dos assírios. e) à religião politeísta dos mesopotâmicos. 13. (UFRN) Sobre as civilizações mesopotâmicas da Antiguidade, pode-se afirmar: a) O auge do império assírio ocorreu no governo de Nabucodonosor II, que transformou a Assíria em uma nação de guerreiros bem adestrados e com poderoso exército. b) A civilização dos novos babilônicos ou caldeus foi marcada por tributos extorsivos e extrema crueldade sobre os povos vencidos. c) O poder forte e teocrático do Estado possibilitava ao monarca exigir o trabalho obrigatório dos súditos nas obras de irrigação, necessárias ao desenvolvimento agrícola. d) A forma de produção dominante na Mesopotâmia baseou-se na propriedade privada das terras, possibilitando uma agricultura intensiva, com grandes obras de irrigação. 14. (Fuvest SP) A partir do III milênio a.C. desenvolveram-se, nos
cidades, que só puderam ser contidas pela imposição de governos autoritários. b) a necessidade de coordenar o trabalho de grandes contingentes humanos, para realizar obras de irrigação. c) a influência das grandes civilizações do Extremo Oriente, que chegou ao Oriente Próximo através das caravanas de seda. d) a expansão das religiões monoteístas, que fundamentavam o caráter divino da realeza e o poder absoluto do monarca. e) a introdução de instrumentos de ferro e a consequente revolução tecnológica, que transformou a agricultura dos vales e levou à centralização do poder. 15. (UFRN) As sociedades que, na Antiguidade, habitavam os vales dos rios Nilo, Tigre e Eufrates tinham em comum o fato de: a) terem desenvolvido um intenso comércio marítimo, que favoreceu a constituição de grandes civilizações hidráulicas. b) serem povos orientais que formaram diversas cidades-estado, as quais organizavam e controlavam a produção de cereais. c) haverem possibilitado a formação do Estado a partir da produção de excedentes, da necessidade de controle hidráulico e da diferenciação social. d) possuírem, baseados na prestação de serviço dos camponeses, imensos exércitos que viabilizaram a formação de grandes impérios milenares. 16. (UFRN) “Em cada cidade-estado havia um templo dedicado à divindade principal. Os deuses eram considerados proprietários das terras de cultivo, preparadas pelos camponeses, através da secagem dos pântanos e da irrigação dos desertos. Os sacerdotes administravam os templos e também a riqueza dos deuses como se fossem propriedade privada.” AQUINO, R., FRANCO, D., LOPES, O. História das Sociedades. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1986. p.110.
O texto acima refere-se à: a) sociedade grega antiga, onde havia uma distinção clara entre o setor da produção, de caráter coletivo, e o religioso, de caráter privado. b) estrutura social da Mesopotâmia, cuja unidade ideológica e econômica se baseava no setor religioso, representado por santuários. c) organização do setor produtivo da Judeia, o qual se baseava num regime de parceria entre a classe sacerdotal e a camponesa.
vales dos grandes rios do Oriente Próximo, como o Nilo, o Ti-
d) estrutura sociorreligiosa das cidades fenícias, onde o po-
gre e o Eufrates, estados teocráticos, fortemente organizados e
der político e econômico provinha de uma aristocracia
centralizados e com extensa burocracia.
latifundiária.
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FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
identificadas anteriormente.
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FRENTE
B
HISTÓRIA Por falar nisso A palavra média é usada para caracterizar algo que está no meio, que possui uma posição intermediária entre um ponto e outro. Na periodização estabelecida no século XVIII, que coloca a Europa no plano central, a Idade Média estaria na posição intermediária da História, entre a Idade Antiga e a Idade Moderna. Dessa forma, o período que vai da desagregação do Império Romano do Ocidente até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, foi chamado de Idade Média. No entanto, tal designação é insuficiente, sobretudo nos dias atuais, pois vivemos na Idade Contemporânea. Por muito tempo, o período medieval foi associado às ideias de atraso, retrocesso, obscurecimento cultural, sob a justificativa de que a Igreja, ao dominar todas as esferas da sociedade, teria impedido o desenvolvimento da filosofia, da política e das artes. Esse pensamento teve origem no renascimento cultural, ocasionado entre os séculos XIV e XVI. Nesse período, proliferaram os movimentos artísticos e científicos, que tinham, em comum, o rompimento com as ideias e valores do período anterior e o retorno a modelos da Grécia e da Roma Antigas. Esses movimentos receberam o nome de Renascimento, que afirmava a ideia de que, na Idade Média, a produção intelectual e artística ficou estagnada. Até o início do século XX, as pesquisas sobre a Idade Média foram muito influenciadas pela História da Arte, para qual as manifestações artísticas medievais eram culturalmente inferiores em relação à produção da Antiguidade Clássica. Durante o Renascimento, a Idade Média foi vista como um tempo de atraso da cultura europeia, o que fica claro na famosa expressão inglesa: Dark Ages, era sombria ou Idade das Trevas. As ideias iluministas, que inspiraram a Revolução Francesa, no século XVIII, também foram fundamentais na construção desse pensamento, pois associavam a Idade Média aos privilégios da nobreza e do clero, à exploração dos camponeses e à restrição das atividades produtivas. No entanto, no século XX, pensadores, como Marc Bloch, mostraram a riqueza e importância cultural desse período da história europeia. Por exemplo, foi durante a Idade Média que surgiram mercadores viajantes, que percorriam longas distâncias, ultrapassando os limites locais, o que proporcionou o importante intercâmbio técnico e cultural entre a Europa e a Ásia. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B01 B02 B03 B04
Alta Idade Média: Império Bizantino – Formação e Cultura......... 476 Alta Idade Média: Império Bizantino............................................. 481 Alta Idade Média: Povos Árabes.................................................... 487 Alta Idade Média: Império Árabe-Islâmico.................................... 493
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B01
ASSUNTOS ABORDADOS nn Alta Idade Média: Império Bizan-
tino – Formação e Cultura nn Império Bizantino
ALTA IDADE MÉDIA: IMPÉRIO BIZANTINO – FORMAÇÃO E CULTURA Para a sociedade bizantina de então não existia Império Bizantino. Essa denominação foi dada pelos turcos muito tempo depois. Nem a designação Império Romano do Oriente era usada, mas somente Império Romano. Quando pensamos em Idade Média, geralmente pensamos na queda do Império Romano, devido à invasão dos povos bárbaros. No entanto, tal afirmação é bastante parcial, pois o Império Romano, na verdade, manteve-se durante a Idade Média. A parte oriental do Império Romano permaneceu intacta, e, por séculos, ocupou o extremo sudeste da Europa e as terras contíguas na Ásia. Essa fração do Império Romano continuou rica e poderosa, durante os séculos em que a Europa Ocidental estava debilitada e dividida. Ao mesmo tempo, desenvolvia-se intelectual e culturalmente, enquanto a fração ocidental passava por um período de relativa estagnação. O Império do Sudeste transmitiu ao Ocidente tanto o direito romano como a sabedoria grega, legando-lhe a arte, a arquitetura e os costumes. O Império, graças ao seu poderio, conteve forças, cada vez maiores, dos invasores orientais, durante aproximadamente, mil anos; e a Europa ocidental, protegida por essa barreira de força militar, pôde desenvolver-se até que sua cultura formasse uma nova civilização. Com o passar de alguns séculos, a Europa fortaleceu-se e foi capaz de defender-se. Já o Império foi esgotando-se, sem contar com nenhum tipo de apoio por parte do mundo ocidental.
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Figura 01 - Arquitetura bizantina.
476
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Império Bizantino O Império Romano foi abalado por rebeliões, uma série de disputas internas pelo poder e invasões estrangeiras, entre outros fatores de desagregação. No intuito de controlar a crise, o imperador Teodósio dividiu, em 395, o Império entre seus dois filhos, Honório e Arcádio. Honório assumira o Império Romano do Ocidente, cuja capital ficava em Milão, enquanto a Arcádio coube o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla. Este último também ficou conhecido como Império Bizantino, pois sua capital havia sido fundada no lugar de Bizâncio, antiga cidade grega.
Outro grande embate, travado por Justiniano, era interno e estava relacionado aos excessivos custos de suas campanhas militares, que obrigavam a um aumento contínuo de impostos, o que acarretava inúmeras revoltas, dentre as quais a mais relevante foi a Revolta Nika, ocorrida no hipódromo de Constantinopla em oposição à tributação. Contudo, várias são suas contribuições no campo da cultura, destacando-se a organização do Corpus Juris Civilis: maior codificação do Direito romano, que se dividiu em Digesto, onde eram feitos comentários sobre toda a legislação romana; Código que representava uma grande legislação romana revisada; Institutas que se baseava em um resumo com noções básicas de Direito; e as Novelas que correspondiam a uma vasta legislação do período de Justiniano.
Fonte: Wikimedia Commons
Com a crise do Império Romano, o imperador Constantino fundou a cidade de Constantinopla que teria, durante séculos, uma grande importância devido à sua posição estratégica. Essa cidade seria a sede do Império Romano do Oriente, também conhecido como Império Bizantino, nome esse atribuído em virtude de o local ter sido a colônia grega de Bizâncio. Em virtude de sua localização geográfica, o Império Bizantino não foi molestado pelas invasões germânicas, evitando, assim, um processo de ruralização.
permitiu ampla ação em áreas do Norte da África, Península Ibérica e Península Itálica. No entanto, vários foram os problemas com os árabes-muçulmanos, em razão das disputas territoriais. É importante lembrar que a capital do Império Bizantino, Constantinopla, é hoje a cidade de Istambul, que fica na Turquia, território que dá acesso continental à Europa Ocidental.
A base da economia bizantina era a agricultura, mas também se destacavam o comércio e o artesanato. No tocante à sociedade, pode-se destacar uma divisão muito clara entre a elite, composta por banqueiros, por comerciantes e por latifundiários, e uma vasta camada de dominados, em que apareciam os trabalhadores, artesãos, camponeses, colonos e escravos.
O esplendor político deu-se no governo de Justiniano, que, entre outras ações, promoveu a ampliação das fronteiras por meio de uma importante máquina militar, que
Fonte: Cyclopaedia / Lugduni : J. Pillehotte, 1612.
Várias heranças foram legadas pelos romanos aos bizantinos, destacando-se a forma de organização política, as leis e o idioma latino. Vale lembrar que o grego era um idioma falado em larga escala na região, por já ter sido uma colônia grega. Politicamente, o poder era centralizado e despótico, permitindo ao imperador interferir em assuntos da própria religiosidade.
Figura 02 - Corpus Juris Civilis.
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B01 Alta Idade Média: Império Bizantino − Formação e Cultura
Mapa 01 - Localização da cidade de Constantinopla.
História
Além do direito, que é sua especialidade, deve-se ainda destacar a construção da Igreja de Santa Sofia, que marca o gigantismo da religiosidade na sociedade bizantina. A cultura bizantina era uma fusão de elementos da cultura grega, romana e oriental. No tocante à arte, deve-se sempre lembrar a mistura do luxo e requinte (oriental) com a beleza e equilíbrio (ocidental) que podem ser evidenciados, por exemplo, na constituição de mosaicos. Outro fator marcante da vida político-religiosa-cultural dos bizantinos foi o Cesaropapismo, em que havia uma supremacia do poder do imperador sobre o Papa, permitindo, inclusive, que o imperador escolhesse membros para os cargos eclesiásticos. Outro ponto importante a ser destacado é o grande volume de debates que se processavam em torno da religiosidade, o que acabou levando ao surgimento de heresias (formas de religiosidade não alinhadas aos dogmas da Igreja Católica) em que se destacam o monofisismo e a iconoclastia. A ação dos Monofisistas, que acreditavam apenas na forma divina de Cristo, permitiu, mais tarde, outro tipo de contestação dos valores cristãos: a Iconoclastia, em que se estimulava a quebra dos ícones (símbolos de santos) sagrados, por serem entendidos como elementos sem valor. Segundo a crença dos cristãos de Bizâncio, os ícones (imagens pintadas ou esculpidas de Cristo, da Virgem e dos Santos) constituíam a “revelação da eternidade no tempo, a comprovação da própria encarnação, a lembrança de que Deus tinha-se revelado ao homem e por isso era possível representá-lo de forma visível.” Os movimentos heréticos geraram um clima de desentendimento entre a Igreja Católica Ocidental e a Oriental, o que redundou no Grande Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, em que se dividiu o Cristianismo em Sagrada Igreja Católica Apostólica Romana, chefiada pelo Papa, e Igreja Cristã Ortodoxa, chefiada pelo patriarca de Constantinopla.
B01 Alta Idade Média: Império Bizantino − Formação e Cultura
Exercícios de Fixação 01. (Efoa MG) O Império Bizantino se originou do Império Romano do Oriente, reunindo diferentes povos: gregos, egípcios, eslavos, semitas e asiáticos. Em razão disso, foi preciso criar um eficiente sistema político e administrativo para dar força e coesão àquele mosaico de povos e culturas. Sobre o Império Bizantino é INCORRETO afirmar que: a) A religião fornecia a fundamentação do poder imperial, mas absorvia grande parte dos recursos econômicos, originando várias crises. b) A intolerância religiosa não deixava espaço de autonomia para que os indivíduos escolhessem seus próprios caminhos para a salvação. c) A estrutura eclesiástica era extensa e muito influente, provocando intensa espiritualidade popular e várias controvérsias teológicas. d) A fusão entre poder temporal e poder espiritual permitia que o Imperador indicasse laicos para postos na hierarquia eclesiástica. e) A importância política do Imperador impediu que o Patriarcado se desenvolvesse independentemente, tal como o Papado do Ocidente. 02. (UFPB) Bizâncio, também chamada de Constantinopla, e, depois, de Istambul, capital da atual Turquia, era o centro de
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poder do Império Romano do Oriente, constituindo-se numa experiência histórica relevante e distinta, sob muitos aspectos, em relação às sociedades medievais do Ocidente europeu. A civilização bizantina NÃO tem como característica: a) Cristianismo ortodoxo, diferenciado do apostólico romano. b) Poder político fragmentado e feudal. c) Desenvolvimento do comércio e da vida urbana. d) Poder político centralizado e teocrático. e) Diversidade cultural de base grega, romana e asiática. 03. (Uespi PI) Sobre o Império Bizantino é incorreto afirmar que: a) Teve entre seus governantes o imperador Justiniano, sob quem foi feita a compilação do direito romano, mais tarde incorporado aos modernos sistemas de leis ocidentais. b) Tinha sua capital na antiga Bizâncio grega, transformada em Constantinopla pelo imperador romano Constantino. c) Foi o único império da Antiguidade que resistiu ao domínio romano. d) Era governado por um poder imperial centralizado e despótico. e) As principais heresias ali observadas eram as dos monofisistas e iconoclastas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
05. (UFPE) Os bizantinos conseguiram construir um grande império na Idade Média, com importantes feitos que influenciaram, em muitos aspectos, a cultura ocidental. A organização econômica das sociedades bizantinas: 00. fazia prevalecer a utilização da propriedade agrícola, pois o Estado era centralizador e autoritário. 01. teve em Constantinopla seu centro de atividades comerciais, graças à venda das especiarias da época. 02. repetia o modelo da Europa Ocidental, com a mão de obra escrava e controlada pela nobreza. 03. prescindia de banqueiros poderosos, pois o básico era o comércio e o latifúndio pertencente ao Estado. 04. conseguia realizar transações comerciais com as cidades italianas, promovendo atividades agrícolas que lembravam o feudalismo. 01-04 06. (Uems MS) O que foi a Revolta Nika que ocorreu no Império Bizantino em 532 d.C. a) Um movimento contra o imperador Justiniano, provocado pelos seus inimigos políticos, os aristocratas legitimistas. b) Um movimento cultural que ocorreu na Europa para difundir o velho testamento. c) Uma tentativa de invasão dos bárbaros sobre o que restava do império romano ocidental. d) Uma tentativa de tomar o poder do imperador Augusto, por uma parte do exército romano. e) Um conjunto de prescrições da Igreja Católica Romana contra os bárbaros que invadiram Roma. 07. (Uem PR) O texto abaixo se refere ao Império Bizantino. Leia-o atentamente e assinale o que estiver correto. “Desde o princípio, o mosaico foi visto como um reflexo misterioso de um mundo sobrenatural no qual estava incluído o im-
perador como representante de Deus na terra. (...) Ocorre uma desproporção entre as figuras humanas e os objetos, de modo que, com frequência, um personagem tem o mesmo tamanho de uma árvore, uma casa etc. Está claro que se perdeu o gosto por copiar fielmente a forma externa, como acontecia na arte romana, e nessas representações, muito mais conceituais, intelectualizadas, interessa sobretudo a ideia, o valor simbólico e narrativo da cena, sublinhado pela luz e pela cor” (ALMAZÁN, S. A.; MUÑOZ, S. A. Historia de Arte. Madrid: UNED, 2002, p. 111).
01. A arte pictórica da Roma antiga atingiu uma grande qualidade técnica na representação das proporções, pois foi beneficiada pelo descobrimento da perspectiva, uma técnica que os artistas bizantinos não conseguiram imitar. 02. Uma diferença essencial entre a arte bizantina e a de seus ancestrais gregos estava na grande importância que o Império Romano do Oriente dava à representação precisa dos diversos deuses que compunham sua religião. 04. A chamada Querela das Imagens foi um debate teológico e político que dividiu os iconoclastas e os iconófilos, sendo que os primeiros defendiam a destruição das imagens, entre outras coisas, por temerem que elas estimulassem a idolatria. 08. A técnica do mosaico, que atingiu um alto nível de desenvolvimento em Bizâncio, também foi empregada por outros povos, que a desenvolveram independentemente do contato com o Império Romano do Oriente. 16. A ruptura entre cristãos católicos e cristãos ortodoxos na Baixa Idade Média foi provocada, em grande medida, pelo repúdio dos orientais ao modo irônico pelo qual os artistas ocidentais representavam o sofrimento de Jesus Cristo. 04-08 08. (Uem PR) Sobre a arte do Império Bizantino, assinale o que for correto. 01. De uma maneira geral, pode-se afirmar que os produtores de imagem estavam submetidos, no exercício do seu ofício, a rígidas convenções estéticas. 02. O édito imperial de 726, que proibia as imagens religiosas, foi, durante muito tempo, respeitado em toda a extensão do Império. 04. Em certo período do Império, devido a um empobrecimento geral, a pintura mural tomou, por vezes, o lugar dos mosaicos. 08. Com a queda de Constantinopla, os ícones deixaram de ser produzidos e, portanto, de circular, o que contribuiu para o seu rápido desaparecimento como expressão artística. 16. A escultura tinha uma prática limitada no interior do Império, restringindo-se, na maioria das vezes, à ornamentação arquitetônica. 01-04-16
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B01 Alta Idade Média: Império Bizantino − Formação e Cultura
04. (UECE) O Corpus Iuris Civilis (Corpo do Direito Civil) é a reunião e atualização de inúmeras leis imperiais romanas compiladas por ordem do imperador romano do Oriente, Justiniano. Obra extensa publicada em 533 d.C. contém noções fundamentais de Direito Civil. Sobre o Corpus Iuris Civilis, assinale o correto. a) Não obstante o imenso volume da obra, representou a manutenção do ordenamento jurídico do direito romano sem repercussões maiores para o Direito Civil do Ocidente. b) Base da jurisprudência latina, seus princípios jurídicos influenciaram legislações europeias, sendo a base de vários códigos civis, inclusive no Brasil. c) Coleção monumental cuja repercussão esteve estritamente ligada ao direito canônico e eclesiástico; uma coleção que constituiu a base estrutural da legislação cristã antiga. d) Esse documento reuniu fragmentos de obras de juristas clássicos, entretanto, Justiniano manteve sua posição de teocrata e de representar-se como um porta-voz de Deus.
História
Exercícios Complementares 01. (UEG GO) Sobrevivendo à queda do Império Romano do
d) a divisão entre a Igreja Católica Romana, dirigida pelo
Ocidente, o Império Bizantino durou até 1453, quando foi
Papa, e a Igreja Ortodoxa, subordinada ao Patriarcado de Constantinopla.
conquistado pelos turcos otomanos. O principal elemento da identidade bizantina era a sua religião oficial, expressa pelo
05. (Unesp SP) Observe a figura.
a) catolicismo romano, sob a liderança do papa. b) islamismo, sob a liderança do califa de Bagdá. c) catolicismo ortodoxo, sob a liderança do patriarca. d) anglicanismo, sob a liderança do arcebispo de Canterbury. 02. (UFT TO) Por volta do século XI, um conflito de interesses ideológicos, entre a Igreja Católica do Ocidente e a do Oriente, marcou um rompimento dentro da Igreja que ficou conhecido como o: a) Cisma Fócio. b) Cisma de Lyon. c) Cisma do Oriente. d) Cisma Ecumênico. e) Cisma do Ocidente. 03. (Uespi PI) O soberano bizantino tinha ligações com a religião e boa relação com os sacerdotes. Numa análise dos governos bizantinos da época medieval, fica evidente: a) o poder exagerado da aristocracia, inibindo o soberano. Fonte: Wikimedia Commons
b) a atuação de uma forte burocracia fiscalizadora. c) o caráter divino do soberano, onipotente para todos. d) a descentralização administrativa nos negócios. e) a participação exclusiva dos sacerdotes na política. 04. (UFRN) Desde a época dos apóstolos, a Igreja cristã afirmaB01 Alta Idade Média: Império Bizantino − Formação e Cultura
va-se una, mas isso não a impedia de assumir características
Madona e Filho, Berlinghiero, século XII. (www.literaria.net/RP/L2/RPL2.htm)
peculiares em diversos territórios. Em 1054, tais diferenças no seio da Cristandade provocaram
O ícone, pintura sobre madeira, foi uma das manifestações
o Cisma do Oriente, que culminou com
características da Civilização Bizantina, que abrangeu am-
a) o fracionamento do Império Bizantino em Império
plas regiões do continente europeu e asiático.
Romano do Ocidente, dominado pelo Papa, e Império Romano do Oriente, controlado pelo Patriarcado de Constantinopla. b) o desmembramento do Tribunal da Inquisição, com uma seção liderada pelo Papa na Igreja Católica Romana, e outra chefiada pelo Patriarcado de Constantinopla na Igreja Ortodoxa. c) a separação entre o poder espiritual, comandado pelo Papa no Ocidente, e o poder temporal, exercido pelo Imperador bizantino no Oriente.
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A arte bizantina resultou a) do fim da autocracia do Império Romano do Oriente. b) da interdição do culto de imagens pelo cristianismo primitivo. c) do “Cisma do Oriente”, que rompeu com a unidade do cristianismo. d) da fusão das concepções cristãs com a cultura decorativa oriental. e) do desenvolvimento comercial das cidades italianas.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B02
ALTA IDADE MÉDIA: IMPÉRIO BIZANTINO – DESENVOLVIMENTO E DECLÍNIO Quando o Império Romano caiu no Ocidente, o cotidiano de muitas pessoas continuou normal, principalmente o das sociedades mais distantes, que possuíam pouco ou nenhum contato com os romanos. Já os povos que se libertaram da dominação do Império, marcas culturais, religiosas e administrativas de Roma continuaram existindo por muitos séculos. Na mudança de um período para outro, como da Antiguidade para a Idade Média, devemos compreender que existiram tanto mudanças como continuidades.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Alta Idade Média: Império Bizan-
tino – Desenvolvimento e Declínio
nn Império Bizantino – política e sociedade nn O gradativo declínio do Império
O Império Bizantino ou Império Romano do Oriente, embora tenha preservado boa parte da cultura ocidental (clássica), alcançou grande autonomia em relação à tradição romana. Sendo assim, a civilização Bizantina não pode ser vista apenas como uma continuação da cultura de Roma. Por volta do século VIII, à medida que o Império Bizantino se distanciava da cultura ocidental, mais se aproximava da cultura do Oriente. Dessa forma, ocorreu uma síntese entre o mundo greco-romano e o mundo oriental, síntese essa que distinguiria a cultura bizantina em relação à dos romanos.
Fonte: Wikimedia Commons
Devido à sua localização privilegiada, situado entre a Europa e a Ásia, na passagem do mar Egeu para o mar Negro, o Império Bizantino tanto se beneficiou como foi prejudicado pelo fato de situar-se em um ponto de convergência de povos de diferentes origens. Ao mesmo tempo em que sua posição geográfica favorecia contatos com povos vizinhos e contribuía para o enriquecimento cultural, o Império não estava imune aos riscos de invasão. Enquanto dispôs das condições para fornecer resistência aos ataques, principalmente da investida dos muçulmanos, Bizâncio não só defendeu suas próprias fronteiras como impediu ataques contra os cristãos no Ocidente. No entanto, a somatória dos conflitos enfraqueceu o Império, que foi vítima dos turcos que, por sua vez, invadiram e destruíram o Império Bizantino no ano de 1453.
Figura 01 - Representação da Piazza Navona, construída, no Império Bizantino, sobre os restos do antigo Estádio de Domiciano.
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História
Império Bizantino – política e sociedade Enquanto o Império Romano do Ocidente ruía devido às invasões germânicas, o Império do Oriente ganhava força na Ásia e no Mediterrâneo. A cidade de Constantinopla (antiga Bizâncio, colônia grega, e hoje Istambul, na Turquia), capital do Império Bizantino, sempre possuiu um comércio dinâmico e agricultura lucrativa. Devido a isso, foi menos atingida pela crise do escravismo, quando o expansionismo romano se paralisou e, consequentemente, o número de prisioneiros de guerra se reduziu. Do ponto de vista da organização política, o Império Bizantino assumiu um regime político pautado em uma autocracia absoluta. O imperador, que era chamado de basileu, concentrava poderes executivos, legislativos e militares. Além disso, também era o chefe da Igreja, por isso, podia convocar concílios, nomear bispos, entre outras autoridades eclesiais. Ele era auxiliado por uma vasta burocracia, fundamental nas estruturas políticas imperiais. A sociedade bizantina era altamente hierarquizada e, em seu topo, estavam o imperador e sua família. Em torno deles, estava a nobreza urbana (comerciantes, donos de oficinas, banqueiros, altos funcionários públicos) e rural, constituída pelos proprietários de terras. Na base da sociedade, estavam os trabalhadores livres e, mais abaixo, estavam os servos, presos a terra, e os escravos.
Basileus (Imperador)
(Alto Clero, aristocracia)
Grupos Médios (Clero, monges, funcionários, comerciantes e camponeses livres)
Grupos Inferiores (Escravos, servos e mendigos) Opirus/Arte
B02 Alta Idade Média: Império Bizantino − Desenvolvimento e Declínio
Grupos Superiores
Figura 02 - Pirâmide social do Império Bizantino.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Desde a queda do último imperador romano do Ocidente, em 476, os bizantinos mantinham o desejo de reconstruir o império romano. Esse desejo ganhou força a partir de 527, com a chegada ao trono do imperador Justiniano. Após fortificar suas próprias fronteiras e reequipar o exército, Justiniano se lançou para a conquista do Norte da África. Após saírem vitoriosas, suas tropas investiram sobre a península itálica. No entanto, os bizantinos não conseguiram manter, por muito tempo, o controle da península itálica, que foi perdida para os ostrogodos e lombardos. Mais tarde, penetraram na península ibérica, conquistando o Sul da região, após quatro anos de batalhas. Reino dos Francos
Toledo
Alanos
Aquiléia
Gépidas
Milão
Rio D
Marselha Córsega Barcelona
Mar Negro
anúb io
Ravena
Toulouse Rio Tojo
Ávaros
Lombardos
Ostrogodos
Império Persa
Sinope Constantinopla
Roma
Rio T
igre
Tarento Tânger
Reino dos Visigodos
Sardenha
Cartagena
Arbela
Icônio Éfeso Selêucia Atenas
Sicícilia Cartago
Antióquia
Creta
Siracusa
Cirene
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Jerusalém Alexandria
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Rio N
Trípoli Vân dal os
Rio E
Chipre
Mar Mediterrâneo
Ctesífon
Ptolemaida
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Opirus/Arte
e Rio Loir
OCEANO ATLÂNTICO
Início do período de Justiniano Conquistas de Justiniano Mapa 01 - Mapa dos domínios do Império Bizantino.
#Conceito
Fonte: Wikimedia Commons
Qual a diferença entre a Igreja Católica e a Ortodoxa? São muitas. Enquanto os católicos seguem fielmente o papa, os ortodoxos possuem maior independência: a única função do patriarca – o cargo mais alto em sua hierarquia – é manter a unidade da Igreja. As cruzes também não são iguais: a dos ortodoxos tem três barras. A de cima foi acrescentada por acreditarem que teria servido para a famosa inscrição INRI (abreviação de Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus). A de baixo teria recebido os pés de Cristo, pregados separados e não juntos como creem os católicos. Existem ainda outras diferenças ritualísticas.
Até o final do século X, as duas igrejas eram uma só, com os católicos de hoje radicados na Europa Ocidental e os ortodoxos ao Leste, na Grécia e na Turquia. “A Igreja Ortodoxa surgiu com o objetivo de espalhar o Cristianismo pelo Oriente”, afirma o teólogo Rafael Rodrigues da Silva, da Puc SP. Com o tempo, as diferenças culturais criaram várias rusgas entre elas, como a que diz respeito à língua oficial dos cultos: os cristãos do Ocidente queriam o latim, enquanto os do Oriente não abriam mão do grego e do hebraico. A separação veio em 1054, no chamado Cisma do Oriente. Os ortodoxos questionavam a autoridade papal e não aceitaram a interferência de um cardeal, enviado pelo papa Leão IX a Constantinopla, na Turquia. Resultado: o patriarca Miguel Cerulário foi excomungado pelo Vaticano. Cerulário deu o troco, excomungando os católicos e consolidando o rompimento. Fonte: http://mundoestranho.abril.com.br/religiao/qual-e-a-diferenca-entre-a-igreja-catolica-e-a-ortodoxa/
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B02 Alta Idade Média: Império Bizantino − Desenvolvimento e Declínio
Embora não tenha conseguido reunificar o Império Romano, o governo de Justiniano foi responsável por uma obra legislativa importante que se tornou uma marca do Império Bizantino. Dez juristas teriam transformado em código os principais preceitos legais do Direito Romano, esses que regulavam o cotidiano da sociedade bizantina. Essa compilação de leis romanas, que vigoraram desde o século II, foi denominada Corpus Juris Civilis (que em latim significa: “Corpo do Direito Civil”).
História
O gradativo declínio do Império No auge do governo de Justiniano, no século VI, verificou-se um longo período de crises com alguns intervalos de recuperação, culminando com a queda do Império em 1453, quando os turcos otomanos tomaram Constantinopla. Após a morte do imperador, em 565, seus sucessores não conseguiram manter a centralização do império. Entre os séculos VII e VIII, o Império Bizantino perdeu território para povos invasores, como a Palestina, a Pérsia, o Egito e a Península Ibérica, que passaram para o controle do islã. Posteriormente, o Império Bizantino passara por uma série de crises internas, revoltas e conflitos religiosos. Em 1204, Constantinopla foi invadida e saqueada por uma cruzada, organizada por venezianos, o que ocasionou a destruição de livros e obras de arte. A capital do império foi incendiada e, depois disso, não conseguiu se recuperar. Em 1453, após algumas semanas de resistência, Constantinopla sucumbiu à investida dos turcos otomanos, chefiados por Maomé II. O evento definiu não apenas a queda do Império Bizantino, mas também o término do que a historiografia chamou de Idade Média.
B02 Alta Idade Média: Império Bizantino − Desenvolvimento e Declínio
Exercícios de Fixação 01. (FGV SP) Entre as múltiplas razões que explicam a sobrevivência do Império Romano no Oriente, até meados do século XV, está a: a) capacidade política dos bizantinos em manter o controle sobre seu território, subordinado a uma Monarquia Despótica e Teocrática. b) autonomia comercial das cidades-estados otomanas, subordinadas ao Império Romano do Ocidente. c) essencial ruralização da sociedade para proteger-se de migrações desagregadoras. d) capacidade do Sultão Maomé II e manter, ao longo de seu governo, a unidade otomana do Império Bizantino;. e) política descentralizada, consequência das migrações gregas e romanas. 02. Leia o texto abaixo para poder responder à questão seguinte: “[...] Aquilo que se tornou conhecido por Império Bizantino era na origem o Império Romano do Oriente (Grécia, Egito, Siria-Palestina, Mesopotâmia, Ásia Menor). E, realmente, como Roma, Bizâncio uniu, por meiode uma língua e uma determinada maneira de sentir e de pensar, povos que nada tinham em comum entre si. Como os antigos gregos e romanos, os bizantinos consideravam-se os únicos habitantes do mundo civilizado, rotulando de bárbaros todos os que não partilhavam de sua cultura. […] Por isso mesmo suas relações com o Ocidente medieval sempre foram difíceis [...]”. Essa diferença com o Ocidente manifestou-se também no plano religioso e político, tendo como um de seus resultados: a) o fechamento do mar Mediterrâneo aos europeus por parte dos Bizantinos. b) o início das Cruzadas pelos cristãos ocidentais, que pretendiam retomar partes do Império Bizantino localizadas na Terra Santa.
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c) o Grande Cisma do Oriente. d) as divergências papais que levaram ao Cisma do Ocidente. 03. (Unesp SP) A Civilização Bizantina floresceu na Idade Média, deixando em muitas regiões da Ásia e da Europa testemunhos de sua irradiação cultural. Assinale importante e preponderante contribuição artística bizantina que se difundiu expressando forte destinação religiosa: a) Adornos de bronze e cobre. b) Aquedutos e esgotos. c) Telhados de beirais recurvos. d) Mosaicos coloridos e cúpulas arredondadas. e) Vias calçadas com artefatos de couro. 04. (UEPG PR) ”Bizâncio significa um milênio de História, uma capital, Constantinopla, um império imenso na escala da época e uma sociedade trabalhada e modificada pelos séculos.” (E. Patagean. História da Vida Privada)
Sobre o Império Bizantino, assinale o que for correto. 01. O centro da sociedade e da atividade produtiva era o campo, onde os camponeses podiam ser pequenos proprietários, rendeiros, ou ainda, escravos. 02. O Império Bizantino adotou em sua estruturação político-religiosa a separação entre Estado e Igreja. 04. A vida econômica de Constantinopla era extremamente simples, e a atividade comercial se restringia à troca de gêneros alimentícios. 08. Do ponto de vista cultural, o Império Bizantino rejeitou totalmente os valores e as tradições de Roma, apoiando-se, nesse particular, exclusivamente na Grécia. 16. No século V o Império Romano no Ocidente fragmentou-se, entre outros motivos, pelas frequentes invasões bárbaras. Em contrapartida, consolidou-se no Oriente, e Constantinopla conseguiu manter a unidade do Império Oriental. 01-16
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Pode-se afirmar que SOMENTE a) I está correta. b) I e II estão corretas. c) II, III e IV estão corretas. d) III, IV e V estão corretas. e) II, III, IV e V estão corretas. 06. Analise as afirmativas abaixo sobre o Império e a civilização bizantina: I. Entre as chamadas heresias praticadas pelos bizantinos, havia o movimento dos iconoclastas, que acreditava que Jesus Cristo tinha uma existência unicamente divina, em uma visão teológica que se opunha à prerrogativa ocidental da natureza humana e divina de Cristo. Contrariava ainda o dogma católico da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) como representação de Deus. O movimento dos monofisitas iniciou-se no século V e alcançou sua maior força com o reinado de Justiniano. II. Outra heresia era a praticada pelos monofisistas que se caracterizava pela oposição à adoração de imagens, levando seus adeptos a destruírem os ícones religiosos. Afirmavam, dessa forma, uma percepção religiosa de caráter mais espiritual. Tais posições distanciavam-se do cristianismo pregado pelo papa em Roma. III. As heresias causavam instabilidade social em virtude da ação de seus divulgadores, levando os imperadores a intervir na estrutura administrativa da Igreja de Constantinopla. Essa prática ficou conhecida como cesaropapismo, que consistia na supremacia do Imperador, o eleito de Deus, sobre a Igreja. O objetivo era administrar os conflitos decorrentes das heresias e manter a unidade do Império e da Igreja. Assinale a alternativa: a) se apenas as alternativas I e II estiverem corretas. b) se apenas as alternativas I e III estiverem corretas. c) se apenas as alternativas II e III estiverem corretas. d) se apenas a alternativa II estiver correta. e) se apenas a alternativa III estiver correta.
07. (Unesp SP) O culto de imagens de pessoas divinas, mártires e santos foi motivo de seguidas controvérsias na história do cristianismo. Nos séculos VIII e IX, o Império bizantino foi sacudido por violento movimento de destruição de imagens, denominado “querela dos iconoclastas”. A questão iconoclasta a) derivou da oposição do cristianismo primitivo ao culto que as religiões pagãs greco-romanas devotavam às representações plásticas de seus deuses. b) foi pouco importante para a história do cristianismo na Europa ocidental, considerando a crença dos fiéis nos poderes das estátuas. c) produziu um movimento de renovação do cristianismo empreendido pelas ordens mendicantes dominicanas e franciscanas. d) deixou as igrejas católicas renascentistas e barrocas desprovidas de decoração e de ostentação de riquezas. e) inviabilizou a conversão para o cristianismo das multidões supersticiosas e incultas da Idade Média europeia. 08. (UFPB) O Império Bizantino dominou vastas regiões de diferentes etnias, em três continentes (Europa, Ásia e África), sob a égide de um modelo teocrático centralizado, conhecido como cesaropapismo, no qual o Basileus concentrava, em suas mãos, a chefia suprema do exército, da administração do Estado (Poder de César) e da religião cristã (Poder de Papa). Por conseguinte, os conflitos de natureza política, econômica, social e cultural se manifestavam como questões de religião: as famosas “querelas religiosas” bizantinas. Sobre essas querelas, é correto afirmar que: a) O Monofisismo, uma corrente religiosa europeia, concebia o caráter unicamente humano de Cristo, contrapondo-se ao poder central e à influência das províncias asiáticas, que defendiam a dupla natureza de Cristo (divina e humana). b) A Questão Iconoclasta expressou as divergências entre os sacerdotes orientais (egípcios e maronitas) – defensores do culto das imagens – e os sacerdotes ocidentais (gregos e latinos) – contrários ao culto das imagens. c) O Cisma do Oriente (1054) dividiu o Cristianismo em duas Igrejas, a Católica Romana e a Cristã Ortodoxa, significando um dos passos decisivos para a afirmação do poder papal na Europa Ocidental e da influência bizantina no Leste Europeu. d) O Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição) servia para garantir a ortodoxia da Igreja e foi criado pelo Basileus como instrumento de controle do poder central sobre as heresias, que explodiram primeiramente no Império Bizantino. e) O Arianismo, uma heresia religiosa, foi responsável pela conversão dos povos germânicos (os “Bárbaros”) ao cristianismo, defendendo a superioridade dos povos arianos sobre asiáticos e semitas.
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B02 Alta Idade Média: Império Bizantino − Desenvolvimento e Declínio
05. (Unifor CE) Considere as proposições abaixo sobre o Império Bizantino. I. O Império Romano do Oriente foi criado quando o imperador Teodósio admitiu o Cristianismo em 395. II. O apogeu do Império Bizantino ocorreu sob o governo do imperador Justiniano (século VI). III. O governante máximo do Império Bizantino era o imperador, denominado basileu. IV. Um dos principais fatores da sobrevivência do Império Bizantino por tantos séculos foi o grande desenvolvimento comercial favorecido pela localização geográfica de Constantinopla. V. O predomínio da população grega na sociedade bizantina e seu gosto pela discussão de questões filosóficas e religiosas provocaram numerosos desvios nos dogmas estabelecidos pela Igreja Romana.
História
B02 Alta Idade Média: Império Bizantino − Desenvolvimento e Declínio
Exercícios Complementares 01. (UFPE) Um estudo da economia bizantina no período medieval: a) mostra uma atividade comercial pouco desenvolvida e muito semelhante à do feudalismo europeu. b) revela a força dessa economia, em razão das pequenas propriedades administradas com o apoio do poder estatal. c) evidencia a falta de apoio do Estado na gestão dos negócios, devido à presença soberana da Igreja. d) atesta um grande desnível social, com a presença da servidão, de latifundiários aristocratas e de uma Igreja de grande poder político. e) registra a falta de prestígio dos comerciantes, que levavam uma vida urbana simples e sem ostentação.
04. (UFMS) Sobre o Império Bizantino, durante algum tempo
02. (UFSE) No século IV, o Império Romano foi dividido em duas partes: a do Oriente e a do Ocidente. Analise as proposições abaixo. 00. Enquanto no Oriente a ideia de Nação estava vinculada à necessidade de apoiar a soberania do príncipe, vital para a construção de um Estado, no Ocidente essa construção dependia do enfraquecimento do poder da Igreja Católica. 11. Enquanto no Ocidente as invasões germânicas criaram novos reinos, no Oriente do Mediterrâneo, consolidou-se a civilização bizantina com eficiente desenvolvimento comercial e urbano. 22. Ocupando militar e violentamente a Europa ocidental, os povos invasores do império causaram destruições na região, acarretando a ruína de todas as instituições criadas pelos romanos, na Antiguidade. 33. A partir do século VII, a expansão dos muçulmanos atingiu tanto regiões do Oriente como do Ocidente. 44. O auge do Império Romano do Oriente esteve relacionado ao governo de Justiniano (527-565). Esse imperador empreendeu uma monumental obra jurídica a partir da revisão do Direito Romano: o Corpus Juris Civilis (Corpo do Direito Civil).
culturais sobre as sociedades medievais, principalmente sobre as eslavas. 08. A arte bizantina foi marcada pela fusão de elementos culturais asiáticos, gregos e latinos, condicionados pelo Cristianismo. 16. Em 1453, Constantinopla foi conquistada pelos turcos otomanos, liderados pelo sultão Maomé II, sendo transformada na capital do Império Otomano, momento em que seu nome foi mudado para Istambul.
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03. (Unipar PR) O chamado Cisma do Oriente, ocorrido em 1054, implicou: a) na divisão do Império Romano em duas partes. b) no avanço dos árabes sobre as terras da Europa rompendo o acordo que demarcava as fronteiras que dividiam cristãos e muçulmanos. c) a divisão do Império de Carlos Magno fazendo surgir a França e a Alemanha. d) a divisão da Igreja Católica com o surgimento da Igreja Ortodoxa em Constantinopla. e) a formação dos reinos cristãos na Palestina desvinculados da Igreja de Roma.
também chamado de Império Romano do Oriente, é correto afirmar que: 01. As Cruzadas contribuíram para sua decadência, pois causaram a reabertura do Mediterrâneo aos mercados ocidentais, um maior contato entre os mundos cristão ocidental, muçulmano e bizantino e o aumento do antissemitismo na Europa. 02. A herança da filosofia grega, de enorme influência na sociedade bizantina, contribuiu para a existência de um ambiente de debates em torno de temas religiosos, a exemplo da origem e natureza de Jesus Cristo. 04. A civilização bizantina exerceu pouquíssimas influências
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05. (Unioeste PR) Justiniano queria uma Igreja unificada, para poder usá-la como apoio para seu governo. A boa estrutura administrativa da Igreja podia contribuir muito nesse sentido. Isso explica o seu cesaropapismo, isto é, a constante intervenção no domínio da Igreja. Para não desagradar ao papa, procurou conciliar a heresia do monofisismo com a ortodoxia defendida pela Igreja. Mas acabou colocando sob sua influência o próprio papa e, consequentemente, a Igreja do Ocidente, que passou a assumir traços característicos da Igreja do Oriente. (ARRUDA, 1986, p. 297)
Conforme o texto, pode-se dizer que: 01. O imperador Justiniano buscava apoio na Igreja para governar. 02. As igrejas do império bizantino possuíam boas estruturas arquitetônicas e administrativas. 04. O cesaropapismo significa que as terras pertencentes à Igreja eram cobiçadas e invadidas pelo imperador. 08. A intervenção do imperador nos assuntos da Igreja denomina-se cesaropapismo. 16. Os monofisistas eram ortodoxos. 32. Os ortodoxos eram considerados hereges pela Igreja. 64. A igreja defendia os monofisistas. 01-08
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FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B03
ALTA IDADE MÉDIA: POVOS ÁRABES
ASSUNTOS ABORDADOS
A segunda maior religião da atualidade é o islamismo. Ela possui 1,3 bilhão de adeptos e prega a prática da justiça e da generosidade entre as pessoas. Seus fiéis são conhecidos como muçulmanos, o que, em árabe, quer dizer “aqueles que se subordinam a Deus”.
nn Alta Idade Média: Povos Árabes nn Do politeísmo ao monoteísmo – o islamismo
Essa crença religiosa surgiu, no século VII, no Oriente Médio, onde atualmente é a Arábia Saudita, pelo profeta Muhamad (Maomé). Ele teve um importante papel no processo de unificação das diversas tribos árabes em torno de regime político centralizado. A história dos povos árabes está vinculada ao espaço da Península Arábica, região desértica, que dificultava a sedentarização, onde inicialmente se fixaram. Devido a isso, nos primórdios de sua trajetória, os árabes eram povos nômades, que se intercalavam nos vários desertos da região. Por volta de 1200 a.C., seus habitantes estavam divididos em pequenas tribos. Os integrantes desses agrupamentos, os árabes, eram de origem semita, tais quais os hebreus. Suas principais atividades econômicas, já que não se fixavam em nenhuma terra, eram o pastoreio e o comércio. Conforme a atividade comercial prosperava, os mercadores ao Sudoeste da península organizaram caravanas em direção à Palestina e à Síria, ao Norte, onde vendiam mercadorias do Oriente, que chegavam do oceano Índico. Era uma viagem difícil, pois havia poucos oásis. Devido a isso, alguns núcleos urbanos começaram a se formar em torno dessas fontes de água, como os de Qurayya e Tayma, a Noroeste da Arábia Saudita. De certa forma, esses centros populacionais eram como cidades-estado, por contarem com leis e governos independentes. Gradativamente, tais centros, à medida que enriqueciam com a atividade comercial, transformavam-se em reinos, como o de Sabá.
Fonte: Yavuz Sariyildiz / Shutterstock.com
Figura 01 - Representação de povos árabes no deserto.
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História
Do politeísmo ao monoteísmo – o islamismo Inevitavelmente, a partir das caravanas, os árabes eram influenciados cultural e intelectualmente. Ao mesmo tempo, por estarem constantemente em contato com outros povos, absorveram diversas crenças religiosas, desenvolvendo um verdadeiro sincretismo religioso. A princípio, cultuavam deuses variados relacionados aos astros e fenômenos naturais. Além disso, eram animistas, acreditavam que objetos inanimados, como uma pedra, também tinham alma. Alguns desses objetos eram venerados em lugares de concentração de peregrinos. Um desses lugares era Meca, cidade elevada em um oásis ao lado da ocidental da península Arábica e ponto de encontro de caravanas. Além do seu próspero comércio, Meca possuía um santuário construído em formato de cubo (ka’ba, em árabe), conhecido como Caaba. Naquele local, adoravam-se 360 deuses e deusas, além de prestar homenagens a uma pedra negra considerada sagrada. Por um determinado tempo, Meca foi governada por um conselho do clã dos coraixitas. No entanto, a partir de 613, um condutor de caravanas chamado Maomé passou a anunciar princípios religiosos diferentes dos existentes na região. Maomé afirmava ter recebido a aparição do anjo Gabriel, que anunciava existir um único deus, o qual chamou de Alá, colocando-o como profeta. Sua religião foi denominada de islã, que significa submissão a deus. Os grandes comerciantes percebiam, no monoteísmo de Maomé, um perigo, porque poderia afastar os peregrinos e, dessa forma, prejudicar o comércio. Maomé, então, foi perseguido, e fugiu para a cidade de Yatrebe, em setembro de 622 (calendário cristão).
B03 Alta Idade Média: Povos Árabes
Figura 02 - Peregrinos muçulmanos, ao redor da Caaba, em Meca.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Fonte: Wikimedia Commons
Essa viagem, conhecida como hégira (emigração), marca o início do calendário da nova religião difundida por Maomé. Os seguidores do islamismo passaram, então, a ser chamados de muçulmanos (muslim, em árabe).
Figura 03 - Gravura turca, representando a aparição do anjo Gabriel a Maomé.
O Islã e a Jihad Em Yatrebe, que posteriormente passou a chamar-se Medina (Cidade do Profeta), formou-se a primeira comunidade regida pelos princípios islâmicos. O governo dessa cidade, liderada por Maomé, tornou-se teocrático. Dizendo-se representante de Alá na Terra, o profeta concentrou, em seu poder, funções jurídicas, religiosas, militares e administrativas. A partir de então, Maomé proibiu cultos politeístas, confiscando bens dos não adeptos ao islamismo e ordenando ataques às tribos vizinhas. Os ataques foram justificados como luta contra os infiéis (os que não seguiam o Islã), um “esforço em favor de deus” – ou seja, uma jihad. Os indivíduos que morressem em função da fé muçulmana seriam elevados como mártires, conquistando a salvação eterna no paraíso.
B03 Alta Idade Média: Povos Árabes
A valorização da morte, por meio da jihad, fez com que aumentasse o número de homens dispostos a combater em nome de Alá. Percebendo a força militar conquistada por Maomé, os líderes tribais da região uniram-se a ele, aderindo ao islamismo. Em janeiro de 630, Maomé, acompanhado de mais ou menos 10 mil seguidores, invadiu a cidade de Meca, ordenando a destruição de todos os ídolos existentes na Caaba. Em seguida, declarou o santuário como lugar sagrado dos muçulmanos e centro de suas peregrinações. Estando na cidade, organizou várias jihads a tribos e reinos vizinhos. A partir desses fundamentos religiosos, Maomé unificou as tribos da península arábica, criando um forte sentimento de identidade entre aquele povo, fazendo surgir um Estado árabe-muçulmano. Quando veio a falecer, em 632, praticamente toda a região ocidental da península Arábica era regida pela teocracia islâmica. Sunitas e Xiitas Após a morte de Maomé, os povos que aderiram ao islamismo se dividiram em dois grupos: um deles achava que a escolha do sucessor deveria recair sobre o muçulmano mais qualificado para o cargo. Para essa facção, aquele que apresentava melhores con489
História
dições era Abu-Bakr, um dos sogros de Maomé (na cultura árabe era comum ter várias esposas). Os que afirmavam essa ideia foram chamados de sunitas (palavra árabe sunni, que significa aqueles que seguem os costumes). O outro agrupamento defendia que tal posição deveria ser hereditária, de forma que seu parente mais próximo, Ali, primo e genro, deveria ser seu sucessor. Os adeptos dessa solução ficaram conhecidos como xiitas (do árabe shi’at Ali, ou seja, partido de Ali). Ainda nos dias atuais, os muçulmanos são divididos entre sunitas (84%) e xiitas (16%). Enquanto os primeiros acreditam que a autoridade espiritual pertence à comunidade islâmica como um todo, os outros afirmam que o líder da comunidade, o imã, é quem deve centralizar o poder. Por fim, os sunitas saíram vitoriosos e Abu-Bakr se tornou o novo líder islâmico. Este recebeu o título de califa, palavra árabe que significa sucessor. Ao contrário de Maomé, considerado profeta pelos muçulmanos, os califas eram tidos apenas como líderes políticos e religiosos. Quando houve a sucessão de Abu-Bakr, em 634, após sua morte, praticamente todas as tribos da península Arábica já haviam se convertido ao islamismo. O novo líder, Omar ibn al-Khattab, deu início à expansão para fora da península, o que resultou na formação de um grande império.
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Exercícios de Fixação 01. (UEPG PR) No Brasil, a religião islâmica possui um considerável número de seguidores espalhados por todas as regiões do território nacional. A respeito dessa crença religiosa, assinale o que for correto. 01-04-08-16 01. O Islamismo é uma religião fundada pelo profeta Maomé. Monoteísta, essa crença tem suas raízes ligadas ao profeta Abraão. 02. O Jihad é a manifestação do Islamismo em favor da convivência pacífica com fiéis de outras religiões, sobretudo o Judaísmo e o Catolicismo. De acordo com o Corão, todo muçulmano deve participar da busca por tal convivência. 04. O corão, livro sagrado dos muçulmanos, é composto por um conjunto de ensinamentos emanados de Alá, os quais foram transmitidos ao profeta Maomé ao longo de sua vida. 08. O Ramadã é o mês no qual os muçulmanos comemoram a primeira revelação feita por Alá a Maomé. No período de um mês, os fiéis jejuam do nascer ao pôr do sol para que seus pecados sejam perdoados. 16. A conversão é uma prática aceita pelo Islamismo. O convertido não necessita ser muçulmano de nascimento, basta que ele reconheça Alá como divindade única. 02. (UFT TO) Os mercadores e autoridades de Meca, para quem o culto aos ídolos era uma fonte de lucro, não aceitaram o monoteísmo de Maomé e passaram a persegui-lo. Maomé e seus seguidores fugiram para Yatreb (atual Medina), a 400 quilômetros de Meca, onde fundou uma comunidade de fiéis em 622 d.C. Esse episódio que marca as origens do islamismo ficou conhecido como:
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a) Ramadã b) Jihad c) Muazin d) Khaid e) Hégira 03. (UFTM MG)
(http://especiais.ig.com.br/zoom)
No islamismo, que conta com milhões de adeptos no mundo contemporâneo, a peregrinação a) é sinônimo de guerra santa e deve ser realizada por convocação de um aiatolá. b) foi instituída depois da morte de Maomé, para homenagear o fundador do Islã. c) deve ser realizada pelo menos uma vez na vida, pelos fiéis com condições físicas e financeiras.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
04. (Acafe SC) A Guerra Civil da Síria trouxe novas discussões na comunidade internacional: utilização de armas químicas, direitos humanos, intervenção da ONU (Organização das Nações Unidas) no conflito. O islamismo também está em evidência em relação as suas duas principais correntes: os Sunitas e os Xiitas. Acerca dos Sunitas e Xiitas e da própria Síria é correto afirmar, exceto: a) Em escala mundial, os sunitas são a facção islâmica mais numerosa. b) O Irã, de maioria Xiita, defende o governo Sírio, sendo contrário a uma intervenção armada na região. c) As divergências entre sunitas e xiitas remontam as disputas pela hegemonia do islamismo após a morte do profeta Maomé. d) A Arábia Saudita, país de maioria Xiita, apoia incondicionalmente o governo de Bashar al-Assad. 05. (FCM MG) A maioria das mulheres dos países islâmicos veste-se de acordo com os ensinamentos do Alcorão e as tradições de Maomé. Vestimentas precisam cobrir o corpo inteiro, o tecido não deve ser muito fino e não ser justo e marcar o corpo; nada pode lembrar uma vestimenta masculina. Uma delas cobre o corpo inteiro da mulher, que enxerga apenas por meio de uma tela, e chama-se: a) Khimar. b) Chador. c) Burca. d) Hijab. 06. (Uneb BA) As crises de fome, em determinados momentos históricos, provocaram processos sociais que, em alguns casos, trouxeram modificações significativas na organização das sociedades. 03 Entre essas modificações, pode-se apontar as resultantes 01. da escassez de alimentos para dar de comer aos peregrinos à cidade de Meca, em função da vocação comercial da tribo dos coraixitas que controlava a Caaba, o que provocou a revolta liderada por Maomé e a instalação de um império teocrático agrícola e autossuficiente. 02. da revolta dos servos medievais, que, apoiando a Reforma Protestante liderada por Lutero, contribuíram para a unificação política alemã e para o fortalecimento do absolutismo real, fundamental para o processo de colonização além-mar.
03. da crise de fome, ocorrida na Baixa Idade Média, na Europa Ocidental, que, associada às revoltas camponesas, às guerras feudais e à peste negra, contribuiu para a decadência do sistema feudal e a transição para o modo de produção capitalista. 04. do renascimento do comércio e das cidades, a partir do século XI, quando a crise agrícola forçou a organização das Cruzadas, cujo objetivo maior era a importação de alimentos produzidos no Oriente, contribuindo para a alta lucratividade da burguesia, cujo capital passou a ser reinvestido na indústria. 05. da introdução de novos cultivos na América, nas primeiras décadas da colonização, como a cana-de-açúcar e o café, que contribuiu para o crescimento da produtividade agrícola nas sociedades ameríndias e a diminuição das crises de fome crônica nessas sociedades. 07. (UEPG PR) O islamismo, uma das religiões que mais se expande pelo mundo atual, foi fundado pelo profeta Maomé no século VII, na Península Arábica. O Islã é o conjunto de povos que professam o islamismo. A respeito do Islã, assinale o que for correto. 01-02 01. Entre os muçulmanos existem grupos radicais que consideram a violência contra povos que não acreditam no islamismo uma forma de garantir a existência do Islã. Contudo, a maioria dos seguidores do islamismo defende a tolerância religiosa. 02. Apesar de originariamente ligado à Península Arábica, o islamismo é cultuado em todos os continentes e nem todos os seus seguidores têm origem árabe. 04. Diferente do que ocorre em outras religiões, para fazer parte do Islã é necessário nascer muçulmano. Para os crentes no islamismo, não existe a conversão religiosa. 08. O ramadã é o livro sagrado dos muçulmanos. Nele estão contidos os principais ensinamentos do Islã e suas regras fundamentais. 16. Sunitas e Xiitas são vertentes do islamismo que pregam a tolerância religiosa e a paz absoluta entre pessoas de todas as religiões como forma de evolução espiritual. 08. (Espm SP) Sobre a Arábia, antes de Maomé criar o islamismo, é correto afirmar que: a) A Caaba já existia e era um templo dualista. b) A Caaba, antes de Maomé, era um templo monoteísta e os árabes não aceitavam a idolatria. c) A Caaba guardava uma multiplicidade de ídolos e a Pedra Negra venerada pelos árabes. d) A Caaba, principal templo do islamismo, só foi edificada após a morte de Maomé por ordem dos califas. e) A construção da Caaba foi a razão da separação entre sunitas, que a veneram, e xiitas, que não a consideram relevante.
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B03 Alta Idade Média: Povos Árabes
d) exige grande sacrifício, pois o fiel deve conservar-se em jejum durante todo o período. e) dificultou a expansão do Islã para além do Oriente Médio, pelas obrigações que impunha.
História
Exercícios Complementares 01. (Unirv GO) Por conta de acontecimentos recentes, a Síria ganha lugar de destaque nos noticiários. Entretanto, sua importância para a humanidade remonta ao Mundo Antigo. Sobre tal importância, assinale V para as verdadeiras e F para as falsas: a) A Síria é o berço de diversas civilizações, dentre elas a egípcia. b) Ao longo da história, o território da Síria foi dominado por impérios Persa, Macedônico, Romano, Árabe e Turco-Otomano. c) A Síria, na antiguidade, incluía também a Mesopotâmia e o Líbano. d) Com marcante tradição islâmica, é importante por ser o local de nascimento do profeta Maomé.
B03 Alta Idade Média: Povos Árabes
02. (Puc GO) A religião mulçumana, referida no texto, teve seus primórdios na Arábia do século VI d.C. Logo após o falecimento do profeta Maomé, ela se espalhou pelo Norte do continente africano, chegando a ocupar territórios europeus, e permaneceu por vários séculos na Península Ibérica. Acerca dessa religião, seus valores éticos e sua cultura, assinale a alternativa correta: a) Os cristãos europeus combateram e perseguiram os maometanos, apesar de ambas as religiões serem monoteístas, patriarcais e estarem baseadas em um livro revelado. b) Os maometanos foram simpáticos com a população cristã na Europa, permitindo que ela vivesse livremente, pois acreditavam em um Deus único, criador do céu e da terra, e difundiam a mensagem amorosa ensinada por Cristo. c) Com a chegada dos árabes ao continente europeu, a Igreja católica criou o Tribunal da Inquisição para perseguir aqueles “hereges”, e milhares que não se submeteram a Jesus Cristo acabaram condenados à fogueira. d) Os cristãos e os mulçumanos fizeram amplos acordos de convivência, o que incluía as trocas comerciais e de conhecimento. Isso acabou sendo rompido por grupos terroristas que fizeram atentados contra as famílias cristãs. 03. (Udesc SC) Analise as proposições sobre o Islamismo e a cultura ocidental. I. O Islamismo é uma religião que se propagou no Oriente Próximo e Norte da África logo após a morte de Maomé, sobretudo entre os povos que viviam como pastores nômades e comerciantes das regiões desérticas. II. Os mouros islamizados do Norte da África ocuparam diversos territórios da Península Ibérica, do início do século VIII ao final do século XV, permitindo que cristãos e judeus, que viviam em Portugal e na Espanha, mantivessem suas crenças e cultos, embora oferecessem vantagens àqueles que se convertessem ao Islã.
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III.
A Revolução Islâmica no Irã, em 1979, instituiu um estado fundamentalista xiita, no qual as leis do país passaram a ser inspiradas em preceitos religiosos. Com isso, aqueles que praticavam o ateísmo, as religiões politeístas, bem como a prostituição, o adultério feminino e o homossexualismo podiam ser punidos com a pena de morte.
Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são verdadeiras. b) Somente as afirmativas II e III são verdadeiras. c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras. d) Somente a afirmativa I é verdadeira. e) Todas as afirmativas são verdadeiras. 04. (UEPG PR) A respeito do atentado dirigido contra a redação da revista Charlie Hebdo, ocorrido no início de janeiro de 2015, assinale o que for correto. 01. Após uma longa perseguição, os responsáveis pelo atentado foram presos pela polícia francesa e declararam ter atacado a revista para vingar o profeta Maomé. 02. O atentado foi tema da fala do ator George Clooney durante a premiação do Globo de Ouro. Em sua manifestação, Clooney lembrou que cristãos, judeus e muçulmanos manifestaram-se contra o ato terrorista. 04. Em nome da Igreja Católica, o papa Francisco criticou o ataque e repudiou a cultura de rechaço ao “outro” que, segundo ele, gera violência e morte. 08. Com sua equipe de jornalistas e chargistas amedrontada pelo ataque e com receio de novas ações terroristas, a Charlie Hebdo deixou de circular após o atentado de 02-04 janeiro. 05. (Ufpel RS) Relacione as duas colunas. I. II. III. IV. V.
Corão Bíblia Torá Código de Hamurábi Maomé
( ) Livro sagrado da religião judaica ( ) Livro sagrado da religião católica ( ) Livro sagrado da religião islâmica A alternativa correta para o preenchimento da coluna da direita é a) V – IV – II. b) IV – II – III. c) III – II – IV. d) III – II – I. e) III – II –V.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B04
ALTA IDADE MÉDIA: IMPÉRIO ÁRABE - ISLÂMICO
ASSUNTOS ABORDADOS nn Alta Idade Média: Império Árabe
Como vimos anteriormente, a Península Arábica foi o berço da civilização árabe. Os árabes que vinham de origem semita dominaram a região, dividindo-se em dois grandes grupos: os semitas, nômades dedicados ao pastoreio; e os sedentários, que se dedicavam ao comércio nos centros urbanos da península.
- Islâmico
nn Expansão, dinastias e divisão do Império Islâmico
No que diz respeito à disposição política, até o século VI, os árabes se organizavam de forma descentralizada. Mesmo possuindo alguns elementos comuns como o idioma, entre os árabes, não havia unidade política, sendo cada tribo controlada por um Sheik. Divididos, aproximadamente, em 300 tribos, os árabes não possuíam um regime centralizado, de forma que muitas dessas tribos guerreavam entre si, de acordo com as disputas de interesse de cada uma. Essa falta de unidade também se manifestava no campo religioso, pois idolatravam vários deuses. Os povos árabes tiveram grande inserção de sua cultura no Ocidente, trazendo muitas contribuições, como também grandes conflitos. Perspicazes e extremamente cultos, atuaram em diversos ramos do conhecimento humano, servindo de paradigma para muitos elementos característicos da cultura ocidental. Criadores do Islamismo contribuíram para a expansão de uma religiosidade que abalou, em muito, as estruturas do cristianismo e que acabou se dissipando em uma parte significativa da Europa.
Opirus/Arte
Até a existência do Império Romano do Ocidente, os povos que habitavam a Mesopotâmia e que deram origem aos povos árabes eram respeitados, religiosa e culturalmente. Com o passar dos séculos, em diferentes embates externos e internos, como os do Império Babilônico e Persa, povos, como os Elamitas, os Moabitas, os Amorreus, os Edomitas, os Amorritas, os Caldeus, os Sírios, os Filisteus e demais tribos da região (incluindo-se, até mesmo, parte dos judeus) ou foram dizimados ou foram incorporados a grupos maiores que viriam a adotar a língua arábica.
Mapa 01 - Península Arábica.
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História
Expansão, dinastias e divisão do império islâmico Mesmo possuindo alguns elementos comuns como o idioma, entre os árabes não havia unidade política, sendo cada tribo controlada por um Sheik. Eles tinham em Meca seu principal centro religioso e comercial, onde se destacava a existência da Caaba (santuário), na qual se depositara a Pedra Negra (pedaço cúbico de meteorito supostamente enviado pelas divindades) e que servia de local para culto das diferentes religiões existentes dentro do mundo árabe. Note que, mesmo não tendo uma unidade religiosa, os árabes tinham, na Caaba um santuário comum. Com o aparecimento de Maomé, o profeta de uma nova religião, o Islamismo, toda a estrutura árabe passaria por uma grande mudança. Foi sob sua liderança, durante o século XII, que as tribos árabes ganharam unidade, por meio da religião muçulmana. Maomé, mesmo pertencendo à tribo coraixita, a mais importante da Arábia, teve uma infância muito pobre, sobrevivendo como pastor de ovelhas e como líder de caravanas, o que lhe permitiu ter contato com povos que professavam religiões monoteístas, como o Judaísmo e o Cristianismo, além de lhe render um casamento com uma rica viúva de nome Kadidja. O Islamismo deu unidade religiosa e política aos árabes, juntando todas as tribos em torno de um só Deus. A nova religião é marcada por um sincretismo de valores cristãos, judaicos e árabes e pela submissão do homem a Alá (monoteísmo). Além disso, pode-se entender que, dentre seus princípios fundamentais, destacam-se: orar cinco vezes ao dia em direção à Meca; ir à Meca pelo menos uma vez na vida; doar esmolas; jejuar no mês do Ramadã; crer na imortalidade da alma e na existência de paraíso e inferno. No entanto, também havia um conjunto de proibições, dentre as quais se destacam: jogos de azar; bebidas alcoólicas, carne de porco, etc.
B04 Alta Idade Média: Império Árabe - Islâmico
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Corão ou Alcorão.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Com a Morte de Maomé, em 632 d.C., iniciou-se a expansão territorial dos árabes que se serviram da jihad (guerra santa) para ampliar suas dominações. Dentre suas principais conquistas, destacaram-se: Damasco, Jerusalém, Império Persa, Egito, Líbia e Península Ibérica, esta última passou a ser chamada de Al-Andalus pelos árabes. É relevante destacar que o avanço árabe só não foi maior, dentro da Europa Ocidental, porque foi barrado por Carlos Martel, major Domus Franco, na Batalha de Poitiers, em 732 d. C. Uma das principais características dos árabes foi a existência de um governo forte e centralizado, os califados, dentre os quais se destacaram, principalmente, os Omíadas e os Abássidas. A dinastia omíada desempenhou um regime político de tipo laico, priorizando uma administração pautada na competência e no conhecimento. Foi durante essa dinastia, em 661, que a capital foi transferida de Medina para Damasco e o árabe foi escolhido como idioma oficial do Império. Também foi nesse período que conquistaram a parte leste da região do Indo – atuais Paquistão e Afeganistão – e a oeste da Península Ibérica. Entre 749 e 750, um conflito interno derrubou os omíadas e o Império passou para as mãos dos abássidas, dinastia apoiada pelos xiitas. Com isso, os omíadas ficaram apenas com a península Ibérica, onde criaram um califado independente, em 756. Já a dinastia abássida foi a responsável por consolidar o Islamismo nas regiões conquistadas. A partir de então, o império tornava-se exclusivamente muçulmano. O califa converteu-se em um líder com poderes absolutos, considerado de origem divina. Ao mesmo tempo, passou a ter, a seu lado, uma espécie de primeiro-ministro, o vizir, responsável pela parte administrativa do reino. Em 762, os abássidas transferiram a capital de Damasco para a recém-construída Bagdá,atual capital do Iraque. A partir de meados do século VIII, no entanto, o território árabe acabou sendo dividido em três califados autônomos: o do Cairo, o de Bagdá e o de Córdoba. Essa fragmentação dos califados gerou não só uma divisão na estrutura religiosa árabe, como já se viu entre xiitas e sunitas, como também levou a um grande enfraquecimento político e militar. Esse processo foi responsável, a posteriori, pelo domínio dos povos árabes por Turcos, Mongóis e Cristãos. É de grande importância lembrar que, durante grande parte do período medieval, os árabes fecharam as relações comerciais no Mar Mediterrâneo, o que contribuiu para a feudalização do ocidente e a retração de suas atividades econômicas. No aspecto cultural, destaca-se um grande elo entre Oriente e o Ocidente, evidenciando áreas do conhecimento, tais como: a Medicina (Avicena), a Matemática, a Química, a Arquitetura com a construção de mesquitas e a Literatura, destacando obras como: As aventuras de Simbad, O marujo e As mil e uma noites. Quanto à escultura e à pintura, pode-se dizer que foram pouco desenvolvidas, o que não tira o brilhantismo dessa fantástica civilização.
SAIBA MAIS “Os muçulmanos entenderam que deveriam constituir uma frota para o Mediterrâneo. O resultado inicial foi a conquista de Chipre e de Rodes. A Córsega foi ocupada em 809; a Sardenha, em 810; Creta, em 829; a Sicília, em 827. As cidades fundadas pelos gregos, na Sicília, foram sendo conquistadas. Palermo caiu em 831; Messina, em 843; Siracusa, em 848; Taormina, em 902”. (Jacques Risler. A civilização árabe, 1955)
01. (UEPG PR) Os califas, sucessores de Maomé (após 632 d.C.), empreenderam a expansão árabe e muçulmana num período em que os Estados do Oriente se encontravam enfraquecidos. Seus exércitos foram enviados a três regiões distintas: Palestina, Síria e Armênia; Egito e Tripolitânia; Mesopotâmia e Pérsia. Nesse novo cenário, Medina torna-se a capital do Império Árabe e Meca é preservada como centro religioso. Sobre as estratégias de conquista e consolidação do Império Árabe assinale o que for correto. 01-02-08 01. A tolerância muçulmana foi elemento fundamental para consolidar o domínio árabe nas regiões anexadas. 02. As regiões conquistadas em geral preservaram suas propriedades, seus costumes e a própria administração. Em troca, pagavam impostos aos dominadores. 04. Nesse período, os árabes adotaram a monarquia patriarcal hereditária, o que evitou lutas sucessórias e dissidências.
08. A conversão ao Islã, além de uma atitude religiosa e cultural, assumiu uma dimensão política ao permitir aos convertidos o usufruto de privilégios como o acesso a cargos públicos e a isenção de impostos. 16. A Guerra Santa, de fundamentação exclusivamente religiosa, dificultou a expansão do domínio árabe. 02. (Fuvest SP) Os movimentos fundamentalistas, que tudo querem subordinar à lei islâmica (Sharia), são hoje muito ativos em vários países da África, do Oriente Médio e da Ásia. Eles tiveram sua origem histórica: a) no desenvolvimento do islamismo, durante a Antiguidade, na Península Arábica. b) na expansão da civilização árabe, durante a Idade Média, tanto a Ocidente quanto a Oriente. c) na derrocada do socialismo, depois do fim da União Soviética, no início dos anos noventa. 495
B04 Alta Idade Média: Império Árabe - Islâmico
Exercícios de Fixação
História
d) no estabelecimento do Império turco-otomano, com base em Istambul, durante a Idade Moderna. e) na ocupação do mundo árabe pelos europeus, entre a segunda metade do século XIX e primeira do XX.
04. Os fundamentalistas islâmicos pretendem um Estado dirigido pelas leis do Alcorão. 08. Um número expressivo de fundamentalistas islâmicos prega a guerra santa contra a sociedade ocidental, principalmente contra os Estados Unidos.
03. (UFSC) Numa sexta-feira, 8 de agosto de 1998, dois atentados aterrorizaram o mundo. Bombas explodiram nas embaixadas dos Estados Unidos em Nairobi e Dar es-Salaan, deixando 248 mortos. Os atentados foram reivindicados pelo grupo “Exército de Libertação dos Santuários Islâmicos”.
04. (Unesp SP) “Quando Maomé fixou residência em Yatreb, teve início uma fase decisiva na vida do profeta, em seu empenho de fazer triunfar a nova religião. A cidade de Yatreb, que doravante seria chamada de Madina al-nabi (Medina, a cidade do Profeta), tornou-se a sede ativa de uma comunidade da qual Maomé era o chefe espiritual e temporal.”
Sobre o Islão e os grupos islâmicos fundamentalistas que aterrorizam o ocidente, assinale a(s) proposição(ões) VERDADEIRA(S). 01-02-04-08 01. O Islão surgiu a partir das pregações de Maomé. 02. No “Alcorão”, que segundo a tradição foi transmitido a Maomé, estão as leis e ensinamentos da religião islâmica.
(Robert Mantran, Expansão Muçulmana.)
Essa mudança para Medina, que assinala o início da era muçulmana, ficou conhecida como: a) Xiismo d) Hégira b) Sunismo e) Copta c) Islamismo
B04 Alta Idade Média: Império Árabe - Islâmico
Exercícios Complementares 01. (Uespi PI) Durante o tempo de cerca de sete séculos, os árabes sarracenos se bateram em luta com povos ocidentais na tentativa, bem sucedida em alguns casos, de subjugar partes da Europa ocidental ao seu domínio. Sobre esse assunto, entre as afirmações abaixo elencadas, há uma que não é correta. Assinale-a. a) Os árabes tomaram o Norte da África e daí o Sul e depois quase toda a Península Ibérica, tendo como motivo principal dessa expansão dilatar sua atividade comercial. b) A expansão árabe rumo ao Ocidente foi também motivada pelo ímpeto de disseminação de sua religião, não sendo esta, a causa maior do movimento. c) A expansão islâmica propunha um novo olhar e novas e mais abertas formas de organização política, e, de fato, às impuseram às regiões ocidentais sob seu domínio. d) Os árabes, também chamadas de mouros, deixaram marcas significativas em sociedades que submeteram, mas pelo menos no exemplo da Península Ibérica o traço distintivo de sua presença não foi a imposição da religião islâmica aos dominados. e) Os árabes foram expulsos das regiões continentais da Europa ibérica às vésperas do início do chamado “ciclo dos descobrimentos marítimos”. 02. (Fatec SP) Afirma-se sobre a Civilização muçulmana: I. Os muçulmanos sempre consideraram Maomé como o criador do Islamismo, cujo princípio básico, retirado do Judaísmo da época de Abraão, diz que Jeová é o único Deus, e Maomé, seu profeta. II. Durante o 1º califado, os princípios básicos da religião muçulmana foram transcritos no livro sagrado Alcorão, ou Corão, que é o conjunto de narrativas e mandamentos dos ensinamentos de Maomé. III. Maomé, ao impor a sua religião aos árabes, contribuiu para a unificação política da Península Arábica e, ao
496
impor rituais, crenças e práticas cotidianas, facilitou a criação de uma organização social única. Deve-se concluir, a respeito dessas afirmações, que: a) todas são corretas. b) nenhuma é correta. c) apenas I e II são corretas. d) apenas II e III são corretas. e) apenas I e III são corretas. 03. (UFSE) I.
II.
III.
Os intelectuais árabes interessavam se por diversos ramos de estudos ao mesmo tempo; o sábio Al-Biruni, por exemplo, era matemático, astrônomo, botânico, poeta e historiador. Havia interesse em conciliar a observação rigorosa e desinteressada com as consequências práticas das novas descobertas; do dia-a-dia contribuíram para aumentar o rigor das observações e análises dos estudiosos árabes. Os estudiosos se orientavam pelo raciocínio lógico, pela observação direta e pela experimentação, sem se atrelarem a especulações religiosas.
Com base nos itens I, II e III pode-se afirmar que as características comuns que marcaram a atividade intelectual dos árabes, nas diversas áreas do conhecimento na época da expansão do islamismo, foram, respectivamente, a) o antropocentrismo, o ecletismo e a crítica à concepções religiosas. b) a praticidade, o naturalismo e a influência do ritualismo religioso. c) a originalidade, o naturalismo e a harmonia da fé com a razão. d) o ecletismo, a praticidade e a pouca influência religiosa. e) o cosmopolitismo, o misticismo e o ritualismo religioso.
FRENTE
B
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (UPE PE) Na Idade Média, Bizâncio era um importante centro
c) Constantinopla, sua capital, era um importante centro para
comercial e político. Merecem destaques seus feitos culturais,
comerciantes, artistas e arquitetos devido àsua riqueza e
mostrando senso estético apurado e uso das riquezas existen-
efervescência cultural.
tes no Império. Na sua arquitetura, a igreja de Santa Sofia destacou-se pela a) sua afinação com o estilo gótico, com exploração dos vitrais e o uso de metais na construção dos altares. b) simplicidade das suas linhas geométricas, negando a grandiosidade como nas outras obras existentes em Bizâncio. c) grande riqueza da sua construção, com uso de mosaicos co-
d) Os bizantinos foram o povo mais culto do período medieval e deveram isso tanto à estrutura laica das escolas quanto ao investimento no ensino superior. e) A posição religiosa do Basileus – o Imperador bizantino – nunca foi igualada por quaisquer governantes ocidentais, estes sempre sujeitos ao Papa. 04. (UEMG)
loridos e colunas de mármores suntuosas. d) imitação que fazia dos templos gregos, com altares dedicados aos mitos mais conhecidos, revelando paganismo. e) consagração dos valores católicos medievais, em que a riqueza interior era importante em toda cultura existente. 02. (Uniube MG) O Império Bizantino, após a queda de Roma, gradativamente se afastou da influência ocidental e da autoridade exercida pelo papa. Em meados do século XI, após uma série de discordâncias, ocorreu o Cisma do Oriente que dividiu o cristianismo em duas partes. No Ocidente, a Igreja Católica Apostólica Romana se manteve, mas no Oriente, outra Igreja Cristã foi formada.
http://descobrirmaishistoria.blogspot.com.br/2014_01_01_archive.html. Acesso em: 21 set. 2005..
Durante a Idade Média, no ano de 570, nascia Maomé, conhe-
Assinale o nome que recebeu a Igreja do Império Bizantino.
cido por ser o profeta de Alá. Desde a sua morte até o século
a) Igreja Protestante.
XXI a crença em Alá tem sido difundida pela fé Islâmica que
b) Igreja Renascentista.
é, até hoje, predominante no Norte da África e na Península
c) Igreja Cristã Ortodoxa Grega.
Arábica. Em 711, a expansão islâmica conquistara espaço na
d) Igreja Supra Oriental.
Europa Ocidental. Quase toda a Península Ibérica fica sob o po-
e) Igreja Moderna.
der do Califado.
03. (Unifra RS) O Império Bizantino foi uma unidade político-administrativa que atravessou o período medieval sem sofrer grandes alterações. Sobre o domínio de Bizâncio e a sociedade construída entre Europa Oriental e Oriente Médio, podemos afirmar as sentenças abaixo, exceto: a) Ao longo de sua duração, desenvolveu um sistema de informação sobre os povos vizinhos que auxiliou na composição de redes diplomáticas complexas. b) O Império Bizantino surgiu a partir do Império Romano do Oriente e as características latinas desse início permaneceram intactas até o século XV, quando entrou em declínio.
O que detém o avanço Islâmico é a) a resistência do império Franco e o processo de reconquista ligado às monarquias locais fortemente influenciadas pelo cristianismo. b) a proposta, dos grupos dirigentes das Monarquias Ibéricas, de associar os preceitos islâmicos aos valores cristãos, enfraquecendo assim as frentes de batalha. c) a ação da Rússia em repressão aos islâmicos, formando uma frente combativa para manter as antigas monarquias ibéricas. d) a formação de um Reino Cristão que unia todas as monarquias europeias para combater os invasores. 497
História
05. (Uespi PI) Falando sobre o Império Bizantino, Cláudio Vicentino lembra que “com a obstrução do Mediterrâneo, intensificou-se o processo de ruralização da Europa ocidental, acentuando-se as características do feudalismo. Ao mesmo tempo, no lado oriental, crescia sob bases inteiramente diferentes uma sociedade rica, marcada por influências diversas, a sociedade bizantina, [cuja] produção agrícola desenvolvia-se em grandes extensões de terra, utilizando o trabalho de colonos livres e de escravos, situação inversa da que ocorreu com a produção rural feudal do Ocidente”. (História Geral. São Paulo: Scipione, 1999. p. 114-115.)
Nessa observação, o autor sugere elementos diferenciadores fundamentais entre a dinâmica da sociedade bizantina e o ocidente europeu feudal, diferenças cujo exemplo mais significativo é a: a) Produção artesanal de trabalhadores semiurbanos livres. b) Atividade financeira intensa lastreada numa (para o tempo) sofisticada rede bancária. c) Condição de ‘sociedade bloqueada’ da antiga pátria bizantina. d) Concepção religiosa menos tolerante dos bizantinos quanto às atividades econômicas que denotassem trabalho compulsório. e) Atividade comercial. 06. (Unirv GO)
c) Autoridades sunitas e xiitas apoiaram o ataque. d) A Al Qaeda no Iêmen assumiu a autoria do ataque. V-F-F-V 07. Sobre o Islamismo, pode-se afirmar que: a) Foi uma reação dos povos árabes contra as tentativas de cristianização movidas por missionários jesuítas. b) Como o budismo, originou-se na Índia e veio a se constituir em importante crença religiosa entre os povos do Oriente. c) Tanto quanto o Judaísmo e o Cristianismo, é uma religião monoteísta que se fundamenta em um texto considerado sagrado. d) É tão antigo quanto o Judaísmo e, como ele, reverencia um ancestral comum, Abraão. e) Foi uma poderosa crença religiosa no passado e, presentemente, como as demais crenças religiosas, tem assistido à diminuição do número de novos adeptos. 08. (UFRN) A expansão do Império Muçulmano, durante a época medieval, está ligada ao crescimento do Islamismo. Pode-se afirmar, também, que a expansão muçulmana: a) criou um intercâmbio comercial entre Oriente e Ocidente, o qual estimulou o aumento da produção, a difusão de técnicas e a propagação de mercadorias. b) exerceu uma grande influência sobre as crenças do Oriente, sendo a principal fonte de desenvolvimento do monoteísmo no Império Bizantino. c) decorreu da crescente necessidade de mercados fornecedores de escravos para a produção de seda, comercializada pelas tribos da Península Arábica. d) resultou de um processo de unificação político-administrativa das diversas tribos arábicas que lutavam contra a dominação da Igreja Católica.
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
No dia 7 de janeiro de 2015, um grupo armado invadiu o escritório da revista francesa “Charlie Hebdo”, em Paris. Pelo menos 12 pessoas morreram durante o ataque. A revista já tinha sofrido atentados no passado, após publicar charges em 2011
(Jaime Nogueira Pinto. O Islão e o Ocidente: a grande discórdia)
com piadas sobre líderes muçulmanos. Marque (V) para as ver-
A impressionante velocidade da expansão islâmica, tratada no texto, deve ser relacionada com: a) a solidariedade entre os povos; b) jejum do Ramadã; c) Jihad e Guerra Santa; d) rituais da Ashura; e) peregrinação a Meca.
dadeiras e (F) para as falsas. a) O Alcorão não proíbe formalmente retratar Maomé, mas esta proibição aparece em um “hadith” (dizeres do profeta) do século IX. b) O Alcorão proíbe de forma categórica retratar o profeta Maomé. 498
09. (Espm SP) Um ano depois de terem saído das fronteiras da Arábia, em 633, os árabes já tinham atravessado o deserto e derrotado o imperador bizantino Heráclio, nas margens do rio Yarmuk; em três anos tinham tomado Damasco; cinco anos mais, Jerusalém; passados oito anos controlavam totalmente a Síria, a Palestina e o Egito. Em 20 anos, todo o Império Persa, até ao Oxus, tinha caído sob a espada árabe; em 30 era o Afeganistão e a maior parte do Punjab.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
MORRE AOS 93 ANOS O EX-PREMIÊ ISRAELENSE SHIMON PERES O ex-primeiro-ministro de Israel e Prêmio Nobel da Paz Shimon Peres morreu aos 93 anos nesta quarta-feira (28, hora local), após ter sofrido um AVC em 13 de setembro. [...] Aos 93 anos, o ex-premiê ainda era uma figura ativa em Israel, através de seu Centro Peres para a Paz, que promove a convivência entre judeus e árabes. [...] A morte de Peres coincide com uma etapa sombria no processo de paz entre israelenses e palestinos, pelo qual o político tanto lutou: não há perspectiva de solução à vista e a impressão de que os Acordos de Oslo estão sepultados ganha força. Disponível em:<http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2016/09/27/protagonista-na-historia-deisrael- peres-viveu-conflitos-e-tentativas-de-paz-com-palestinos.htm>. Acesso: 4 out. 2016
Há séculos, o Oriente Médio constitui um dos principais focos de tensão do mundo. Israel – e a cidade de Jerusalém, em especial - se apresenta como um importante núcleo de conflitos nessa região. Sabe-se que o objetivo central das disputas é o território, o espaço. Apesar disso, por ser uma área de forte apelo sagrado, os conflitos ganham conotação religiosa. Assim, Jerusalém, cujo nome de origem hebraica significa “cidade da paz”, mesmo sendo considerada sagrada para três religiões que em seu fundamento professam a paz, é marcada pela tensão. Aponte a alternativa que indica as religiões acima referidas. a) judaísmo, budismo e islamismo. b) judaísmo, hinduísmo e islamismo. c) judaísmo, cristianismo e islamismo. d) judaísmo, confucionismo e islamismo. e) judaísmo, xintoísmo e islamismo. 11. (UEPG PR) Fundado no século VII, pelo profeta Maomé, o islamismo expandiu-se pelo mundo e atualmente é uma das religiões mais representativas em termos de fiéis tanto no Oriente quanto no Ocidente. A respeito do islamismo, assinale o que for correto. 01-02-04-08-16 01. Islã, palavra de origem árabe que quer dizer “submissão” ou “rendição”, é o termo utilizado para expressar que os fiéis do islamismo devem seguir a vontade de Deus. 02. Alá é a palavra árabe que significa “Deus”. Assim como os cristãos, os muçulmanos são monoteístas. 04. Existe, entre os fiéis do islamismo, uma pequena parcela de seguidores extremistas que é adepta às interpretações radicais dos ensinamentos de Maomé. 08. Imã é a denominação atribuída a determinados líderes religiosos islâmicos. Eles podem tanto coordenar uma simples oração quanto orientar os fiéis em termos de assuntos religiosos ou seculares. 16. Na religião islâmica, a mulher é igualada ao homem. A interpretação é de que ambos têm a mesma origem (em Adão e Eva) e, portanto, a mulher não pode ser vista como inferior ao homem.
12. (UFPR) Um dos exemplos de cultura produzida durante o período do império islâmico foi o “Cânone de Medicina”, escrito pelo médico e filósofo muçulmano Avicena entre 1012 e 1015. Esta obra sintetizou elementos da literatura médica siríaca, helenística e bizantina, e foi muito empregada por sábios ocidentais até o século XVII. Sobre o império islâmico no período do século VII a XV, considerando o exemplo da obra de Avicena, é correto afirmar: a) O império islâmico permitiu uma grande circulação de culturas da Europa até a China, devido a sua relativa tolerância religiosa e a seu incentivo à assimilação e transmissão de conhecimentos dos diferentes povos conquistados, como atesta a obra de Avicena. b) O império islâmico permitiu grande circulação cultural por se expandir lentamente durante sua existência, ao ritmo da conversão e assimilação dos povos e das culturas da Europa à Ásia, devido à estratégia de não-violência e de tolerância religiosa pregada pelo Corão, e presente na obra de Avicena. c) O império islâmico permitiu uma grande circulação de culturas da Europa à China devido à sua rápida expansão em menos de um século com o apoio de exércitos cristãos, o que explica a presença de obras como a de Avicena em território europeu cristão. d) Durante seu apogeu, o império islâmico restringiu a circulação de obras europeias cristãs em territórios muçulmanos e impôs a adoção de obras científicas islâmicas, como a de Avicena, ao povos não islâmicos. e) O império islâmico, durante seu apogeu, incentivou a busca pelo conhecimento científico nos territórios conquistados, como atesta a obra de Avicena, mas não logrou sucesso na Europa ocidental, devido ao bloqueio religioso estabelecido pela Igreja Católica. 13. (Uem PR) Sobre a arte do Império Bizantino, assinale o que for correto. 01-04-16 01. De uma maneira geral, pode-se afirmar que os produtores de imagem estavam submetidos, no exercício do seu ofício, a rígidas convenções estéticas. 02. O édito imperial de 726, que proibia as imagens religiosas, foi, durante muito tempo, respeitado em toda a extensão do Império. 04. Em certo período do Império, devido a um empobrecimento geral, a pintura mural tomou, por vezes, o lugar dos mosaicos. 08. Com a queda de Constantinopla, os ícones deixaram de ser produzidos e, portanto, de circular, o que contribuiu para o seu rápido desaparecimento como expressão artística. 16. A escultura tinha uma prática limitada no interior do Império, restringindo-se, na maioria das vezes, à ornamentação arquitetônica. 14. (UECE) Os árabes tentaram várias vezes conquistar o império bizantino que resistiu, graças ao seu sistema defensivo bastante eficiente. Incursões à cidade de Constantinopla, capital imperial, não tiveram êxito, fato importante, porque, caso a conquistassem, eles a) teriam acesso à Europa em sua totalidade. b) legitimariam o ensino do cristianismo. c) adotariam a política expansionista bizantina. d) fragmentariam o mundo islâmico. 499
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
10. (IF PE)
FRENTE
C
Wikimedia Commons / Oscar Pereira da Silva
HISTÓRIA Por falar nisso A atuação comercial de Portugal ganhou impulso no início do século XV. Sua precursora centralização monárquica – com a Revolução de Avis, em 1385 – associando os poderes políticos, concentrados nas mãos do rei, aos interesses do setor mercantil, teve papel decisivo no preparo das grandes navegações portuguesas. As navegações pelo oceano Atlântico, que receberam a denominação de Expansão Marítima Europeia, tiveram, como pano de fundo, o estímulo governamental, somado ao interesse do grupo mercantil em ampliar sua área de atuação comercial. A nobreza portuguesa também se envolveu nas expedições, interessada em conquistas e novos domínios. O evento considerado o marco inicial dessa expansão foi a tomada de Ceuta (situada no Marrocos, na África) pelos portugueses, em 1415. Em 1488, o navegador Bartolomeu Dias chegou ao Cabo da Boa Esperança (antes chamado de Cabo das Tormentas), demonstrando a existência de uma passagem para outro oceano, o Índico. Em 1498, Vasco da Gama alcançou as Índias, em expedição de reconhecimento. Depois de dois anos, partia a primeira frota, destinada a fazer comércio em larga escala com o Oriente, comandada por Pedro Álvares Cabral, e que chegou ao litoral do novo continente, a América, na costa do território que viria a ser o Brasil. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C01 C02 C03 C04
Brasil encontrado por Cabral......................................................... 502 Os primeiros habitantes do Brasil.................................................. 507 Período Pré-colombiano brasileiro................................................ 511 A experiência de Martim Afonso de Sousa................................... 515
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C01
ASSUNTOS ABORDADOS nn Brasil encontrado por Cabral nn Tratado de Tordesilhas e o caminho para as Índias nn Os portugueses chegam à América
BRASIL ENCONTRADO POR CABRAL As conquistas portuguesas despertaram o interesse de navegantes de outras regiões da Europa em descobrir um caminho alternativo para as Índias. Um deles era o genovês Cristóvão Colombo. Acreditando que a Terra era redonda, Colombo argumentava que a forma mais rápida de se chegar às Índias seria pelo oceano Atlântico. De acordo com sua tese, para se chegar ao Oriente seria preciso navegar para o Ocidente. Diante da recusa do rei de Portugal, D. João II, em financiar seu projeto, o genovês se dirigiu aos reis espanhóis Fernando e Isabel, conseguindo seu apoio. Em agosto de 1492, acompanhado, por aproximadamente, noventa homens, Colombo deixou o porto de Palos, na Andaluzia, no comando das caravelas Santa Maria, Pinta e Niña. Navegando sempre em direção a Oeste, no dia 12 de outubro do mesmo ano, Colombo avistou terra firme. Desse modo, acreditou ter chegado às Índias, porém suas embarcações haviam chegado a um continente desconhecido dos europeus que, posteriormente, passou a ser conhecido como América. Até 1502, Colombo realizou mais três viagens ao novo continente, sob o financiamento da Espanha, mas as riquezas tão desejadas, ou seja, os metais preciosos, não foram encontrados. Em 1506, Colombo morreu em Valladolid, na Espanha, sem prestígio e convicto de que encontrara o caminho para as Índias.
Tratado de Tordesilhas e o caminho para as Índias O feito de Colombo levou os governos de Portugal e da Espanha a se envolverem em uma disputa pela conquista das novas terras. Os reis de Portugal e Espanha, então, pediram ao papa Alexandre VI que atuasse como juiz na disputa. Em 7 de junho de 1494, com o testemunho do papa, representantes dos dois governos chegaram finalmente a um acordo e assinaram o Tratado de Tordesilhas. O acordo dividia o mundo em dois blocos, a partir de uma linha imaginária que ficava a 370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde. As terras a Oeste desse marco pertenceriam à Espanha e as terras situadas a Leste seriam de Portugal.
Fonte: Wikimedia Commons / Circle of Joachim Patinir
Figura 01 - Marinha Portuguesa
502
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Mapa 01 - Tratado de Tordesilhas.
Com a assinatura do Tratado de Tordesilhas, os espanhóis continuaram com suas expedições em direção ao continente americano. O governo de Portugal, por sua vez, manteve seus planos de chegar às Índias, contornando a África. Assim, após a travessia do cabo da Boa Esperança, os portugueses decidiram organizar uma nova viagem. Dessa vez, o indicado para comandar a campanha foi Vasco da Gama. Vasco da Gama partiu de Lisboa, em julho de 1497, com quatro navios sob seu comando. Em março do ano seguinte, chegou a Melinde, na costa do Quênia atual. Ali, Vasco da Gama conseguiu a ajuda de um marinheiro árabe que concordou em guiá-los pelo oceano Índico até as Índias. Em maio de 1498, a frota portuguesa aportou em Calicute, na Índia atual. Era a prova definitiva de que se podia chegar ao Oriente sem passar pelo Mediterrâneo.
Os portugueses chegam à América O sucesso da campanha de Vasco da Gama estimulou novas viagens. Com a descoberta da nova rota para as Índias, D. Manuel, o então rei de Portugal, decide mandar sua primeira missão ultramarina pelo novo caminho. Em 9 de março de 1500, zarparam, de Lisboa, os treze navios que formaram a esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral. Em 22 de abril do mesmo ano, ele aportou em terras, até então, desconhecidas para os europeus. C01 Brasil encontrando por Cabral
A princípio, os portugueses acreditaram que o local era apenas um monte em uma ilha, e ali rezaram a primeira missa, em terra firme, desde o princípio da viagem. O lugar recebeu o nome de Monte Pascoal (hoje Porto Seguro, na Bahia). Depois, acreditaram tratar-se, de fato, de uma ilha, que recebeu o nome de Ilha de Vera Cruz. Ao descobrir que a terra era muito mais extensa, seu nome foi mudado para Terra de Santa Cruz. No ano seguinte, o florentino Américo Vespúcio, a serviço do rei de Portugal, mapeou essas terras, concluindo que não faziam parte das Índias, mas sim de um novo continente que, em sua homenagem, passou a ser chamado de América. Apenas após a descoberta da madeira cor de brasa do pau-brasil (principal produto explorado nos primeiros anos da colonização) é que a terra recebeu o nome de Brasil. 503
História
Em 1519, o português Fernão de Magalhães, a serviço da Coroa espanhola, deu início à primeira viagem ao redor da Terra. Morto em uma ilha do Pacífico, Magalhães jamais retornaria ao ponto de partida, mas sua viagem de circum-navegação seria completada por Sebastião Elcano, que estaria de volta à Espanha em 1522. A aventura de Magalhães e Elcano provava, de uma vez por todas, a esfericidade da Terra. Depois de um século de navegações e da conquista de um novo continente pelos europeus, o mundo nunca mais seria o mesmo. O contato dos navegantes portugueses com os nativos deu-se logo após o desembarque. A princípio, bastante amistoso, assim como todas as impressões e observações sobre a nova terra, esse contato foi extensa e minuciosamente documentado pelos portugueses. Um exemplo desse registro é a carta escrita por Pero Vaz de Caminha, um dos principais homens da esquadra de Cabral, ao rei D. Manuel. É importante notar que os portugueses se referiam a terra como um mundo recém-descoberto, sobre o qual possuíam pleno direito de posse. Há duas grandes polêmicas que cercam hoje a questão do “Descobrimento do Brasil”. A primeira delas envolve uma questão histórica: existem diversos documentos que nos possibilitam pensar que os portugueses já possuíam algum conhecimento sobre as terras existentes do outro lado do Atlântico. Uma série de dados sugerem que a viagem de “Descobrimento” foi, na realidade, uma formalidade na tomada de posse daquelas terras. A outra grande polêmica envolve a própria ideia de Descobrimento. A palavra significa revelar alguma coisa sobre a qual não se tinha conhecimento. Os europeus realmente não conheciam as terras do outro lado do Atlântico, porém, isso não significa que elas fossem desconhecidas por toda a humanidade. Afinal, algo em torno de cinco milhões de pessoas já habitavam esse local. Para os europeus, tratou-se, de fato, de uma descoberta. Porém, hoje, quando utilizamos esse termo “Descobrimento”, estamos enxergando a História do Brasil de maneira totalmente eurocêntrica, ignorando o fato de que já existiam aqui outras pessoas que tiveram suas vidas completamente transformadas. Os habitantes do futuro Brasil foram dizimados pelos europeus: desde o próprio povo até sua cultura, seus hábitos, sua religião.
C01 Brasil encontrando por Cabral
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 02 - Pintura, representando a primeira missa realizada no Brasil.
504
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (IF SP) Publicado em Veneza, em 1556, o mapa abaixo é um dos primeiros a mostrar o Brasil individualmente. Raro, ele faz parte de uma obra italiana, Atlas Dele Navigazione e Viaggi (Atlas de navegação e Viagens), de Giovanni
que, querendo aproveitar, dar-se-á, nesta terra, tudo, por bem das águas que tem.” Fonte: <http://pt.scribd.com/doc/7011303/Marilena-Chaui-Brasil-Mito-Fundador-e-Sociedade-AutoritAria>. Acesso em: 8 mar. 2013. Adaptado.
Relacionando esse trecho da Carta de Caminha aos objetivos da colonização portuguesa na América, é correto afirmar que essa colonização foi a) de povoamento, pois se encontraram ouro e prata na primeira viagem às novas terras. b) de povoamento, já que havia pouca possibilidade de as terras serem produtivas ou férteis. c) de exploração, pois se pretendiam utilizar as águas dos rios para a produção de energia elétrica.
Battista Ramusio.
d) mercantilista, pois se demonstrava interesse em metais preciosos e exploração da agricultura. e) mercantilista, já que a beleza do local era ideal para a exploração do mercado turístico. Fonte: <http://www.arraialdocabo.fot.br/mapas.htm>. Acesso em: 07.10.2012.
03. (Usp SP)
Trata-se de uma pintura da época sobre o Brasil, a qual revela pouca preocupação geográfica, mas que nos mostra: a) uma terra de riquezas: a exuberância das matas, a fartura de peixes nos mares e a existência de povoadores fortes, sadios e trabalhadores. eram empilhados nas feitorias. Chegando os portugueses, os nativos eram recompensados por meio de um escambo com produtos europeus. c) o início da colonização do Brasil: os indígenas estão derrubando as árvores para formar os campos onde seria feito o
Fonte: Wikimedia Commons
b) indígenas extraindo troncos de pau-brasil que, depois,
d) o medo dos nativos brasileiros com a chegada das naus portuguesas: eles estão abatendo árvores para construção de fortificações e defesa da ameaça europeia. e) homens nus, selvagens, que conviviam pacificamente com animais de grande porte, o que causava grande espanto e medo aos colonizadores. 02. (Fatec SP) Quando a esquadra de Cabral chegou ao território que hoje chamamos de Brasil, o escrivão Pero Vaz de Caminha registrou, em uma longa carta ao rei, os principais acontecimentos. Entre eles, Caminha destacou: “Nesta terra, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa
A respeito da imagem acima, que reproduz um quadro de Victor Meirelles, é correto afirmar que ela representa a) a descoberta do Brasil no século XV, em uma concepção profundamente religiosa, típica da Ditadura Militar. b) os primórdios da presença europeia no Brasil, em uma concepção romântica de exaltação da nacionalidade, típica do século XIX. c) a união entre brancos, negros e indígenas no Brasil, em uma concepção modernista, típica das primeiras décadas do século XX. d) a destruição das populações indígenas a partir do século XVI, em uma concepção crítica, típica de finais do século XIX. e) a união das populações brasileiras contra as invasões holandesas do século XVII, em uma concepção acadêmica, típica da segunda metade do século XVIII.
505
C01 Brasil encontrando por Cabral
plantio da cana-de-açúcar e a construção dos engenhos.
História Questão 04 (Letra B) b) O candidato, entre outros aspectos, pode destacar: os povos autóctones, cerca de 2 500 000 habitantes indígenas na época da chegada de Cabral, não constituíam uma unidade cultural, tampouco política, pois se tratava de um conjunto variado de sociedades; os portugueses ocuparam um território, desconhecido por eles, sendo o Brasil uma construção histórica posterior, portanto é equivocado (anacronismo) pensar o território brasileiro atual para o século XVI; o Estado brasileiro será formado apenas no século XIX, quando conquistará a independência política da Europa, formando um Império; a identidade nacional brasileira, tema complexo e polêmico da historiografia, terá suas primeiras manifestações, ainda que fragmentárias, na crise do antigo sistema colonial no final do século XVIII.
Exercícios Complementares
C01 Brasil encontrando por Cabral
01. (Unifor CE) O Brasil foi conquistado pelos portugueses, como consequência da política de expansão colonial europeia. Os portugueses dominavam diversos mercados pelo mundo e tinham grande interesse em encontrar novas riquezas. No início, Portugal limitou-se ao comércio do pau-brasil. Depois, com a ameaça de outras nações, particularmente a França, iniciou a etapa de colonização com a implantação da Economia Açucareira. Sobre este período da história econômica do país, analise as afirmações a seguir: I. Um dos fatores do êxito da economia açucareira foi o fato dos portugueses possuírem experiência na produção da cana-de-açúcar. II. Portugal associou-se a Holanda para o financiamento, o transporte e refino do açúcar. III. Os espanhóis, já no século XVI, criaram uma produção açucareira concorrente, que incentivou a melhoria da qualidade do produto. IV. A mão de obra veio da África no sistema de trabalho escravo. V. Os franceses ocuparam Pernambuco, no século XVII, depois que foram expulsos do Rio de Janeiro, onde tinham fundado a França Antártica. É correto apenas o que se afirma em: a) I, II e III. b) I, II e IV. c) II, III e V. d) III, IV e V. e) II, IV e V. 02. (Unitau SP) No início da colonização portuguesa na América, o produto de maior valor comercial era o pau-brasil. Sobre a extração e comércio do pau-brasil nesse período é correto afirmar que: a) Foi desenvolvida uma sofisticada forma de extração que não afetava a floresta. b) Foi com a extração de pau-brasil que surgiram os primeiros povoados no Brasil. c) Os portugueses foram os únicos a explorar o pau-brasil. d) Só poderia dedicar-se à extração do pau-brasil quem tivesse uma concessão da Coroa Portuguesa. Até 1504, o concessionário exclusivo para a exploração do pau-brasil foi Fernão de Noronha. e) As terras americanas forneceram pau-brasil até o século XVII, quando o negócio foi substituído pela lavoura de cana-de-açúcar, muito mais rentável. 03. (Espcex) “Os primeiros trinta anos da História do Brasil são conhecidos como período Pré-Colonial. Nesse período, a coroa portuguesa iniciou a dominação das terras brasileiras, sem, no entanto, traçar um plano de ocupação efetiva, […] A atenção da burguesia metropolitana e do governo português
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estavam voltados para o comércio com o Oriente, que desde a viagem de Vasco da Gama, no final do século XV, havia sido monopolizado pelo Estado português. […] O desinteresse português em relação ao Brasil estava em conformidade com os interesses mercantilistas da época, como observou o navegante Américo Vespúcio, após a exploração do litoral brasileiro, pode-se dizer que não encontramos nada de proveito”. (Berutti,2004)
Sobre o período retratado no texto, pode-se afirmar que o(a) a) desinteresse português pelo Brasil nos primeiros anos de colonização, deu-se em decorrência dos tratados comerciais assinados com a Espanha, que tinha prioridade pela exploração de terras situadas a oeste de Greenwich. b) maior distância marítima era a maior desvantagem brasileira em relação ao comércio com as Índias. c) desinteresse português pode ser melhor explicado pela resistência oferecida pelos indígenas que dificultavam o desembarque e o reconhecimento das novas terras. d) abertura de um novo mercado na América do Sul, ampliava as possibilidades de lucro da burguesia metropolitana portuguesa. e) relativo descaso português pelo Brasil, nos primeiros trinta anos de História, explica-se pela aparente inexistência de artigos (ou produtos) que atendiam aos interesses daqueles que patrocinavam as expedições. 04. (Uel PR) Leia o texto a seguir. Tocadas em 1500 pelos homens de Pedro Álvares Cabral, as terras que hoje são brasileiras foram desde então oficialmente incorporadas à coroa portuguesa. Se haviam sido frequentadas antes, como sugere o Esmeraldo de Situ Orbis, e defendem alguns historiadores portugueses, disso não ficou maior registro, e não há, pois, como fugir da data consagrada e recentemente celebrada – para o bem e para o mal – por brasileiros e portugueses. Descoberto oficialmente, pois, em 1500, sob o pontificado de Alexandre VI Borgia, não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros. Vários são os sentidos dessa não existência. (Adaptado de: SOUZA, L. M. O nome do Brasil. Revista de História. São Paulo, 2001. n.145. p.61-86. Fonte: <http://revhistoria. usp.br/images/ stories/revistas/145/RH-145_-_Laura_de_Mello_e_Souza.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2013.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, responda aos itens a seguir. a) Cite e explique dois fatores que possibilitaram o pioneirismo do Estado português nas Grandes Navegações. b) Explique o que a historiadora e autora desse texto, Laura de Mello e Souza, quer dizer com a seguinte passagem: “não se pode dizer, a rigor, que existisse, então, nem Brasil nem brasileiros.”
Questão 04 (Letra A) a) O candidato deve identificar e explicar dois fatores que permitiram a Portugal liderar a expansão europeia nas Grandes Navegações e na consequente ocupação de outros continentes. Poderia citar, entre outros elementos, a centralização política precoce, que permitiu a Portugal a coordenação das ações estratégicas necessárias para realização de um empreendimento de tal envergadura; a experiência anterior no comércio de longa distância, realizado inicialmente sob a hegemonia de Gênova e Veneza, bem como o envolvimento com o mundo islâmico do mediterrâneo; o desenvolvimento da arquitetura naval, permitindo o desenvolvimento da caravela, embarcação mais leve e veloz que as existentes na época e que permitia aos portugueses se aproximarem da terra firme sem encalhar; o aprimoramento das técnicas (determinação de latitudes e longitudes) e dos instrumentos de navegação (quadrante e astrolábio); o desenvolvimento de uma nova mentalidade voltada à experimentação e à verificação e não apenas à tradição, possibilitando a realização de diversas experiências e inovações.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C02
OS PRIMEIROS HABITANTES DO BRASIL
ASSUNTOS ABORDADOS
A escassez de dados mais precisos nos impede de afirmar, com precisão, quantas pessoas habitavam o território brasileiro à época da chegada dos portugueses. Os números variam de 1 milhão a até 8,5 milhões. De acordo com alguns especialistas, no século XVI, esses nativos dividiam-se em mais de mil povos, com crenças, hábitos, costumes e formas de organização específicos. Falavam por volta de 1300 línguas distintas, a maioria delas agrupadas em dois troncos linguísticos principais, o tupi e o macro-jê.
nn Os primeiros habitantes do Brasil nn Os povos Tupi nn Divisão sexual do trabalho e atividade produtiva nn A cultura indígena
Entre os principais povos Tupi, estavam os Guaranis, os Tupinambás, os Tabajaras, os Carijós e os Tamoios. Essas tribos ocupavam a costa brasileira, desde o Ceará até o Rio Grande do Sul. Já as do tronco linguístico macro-jê encontravam-se predominantemente nos cerrados, como ocorria com os Bororos e os Carajás, por exemplo. Os Tupi costumavam chamar essas populações de tapuias, palavra genérica e de sentido pejorativo usada para designar os povos que falavam línguas diferentes da deles. Grande parte dos colonizadores que aqui chegaram, a partir de 1500, viveu no litoral em razão das dificuldades de avançar em direção ao interior. Dessa forma, a maior parte das informações, a respeito das sociedades indígenas daquele período refere-se principalmente aos Tupi, com os quais os portugueses tiveram maior contato. Eles chamavam o território em que viviam de Pindorama, que quer dizer Terra das Palmeiras.
Fonte: Wikimedia Commons
O número de relatos sobre os povos indígenas do interior é bem menor. Entre eles, podemos citar os do padre francês Martinho de Nantes, que, no século XVII, viveu entre os Cariris, no atual território paraibano, e o do viajante holandês Joan Nieuhof (16181672), que também no século XVII conheceu os índios Tarairiús, no Sertão nordestino. Por meio desses textos, foi possível recuperar informações valiosas a respeito dos hábitos e costumes de alguns povos indígenas que habitavam o interior do país. Um trabalho de resgate mais consistente da vida e do cotidiano dos povos indígenas, no entanto, só começou a se verificar a partir do final do século XIX, quando alguns especialistas iniciaram pesquisas etnológicas com os povos nativos. No entanto, muitas etnias já haviam sido dizimadas ou se encontravam em vias de extinção. Figura 01 - Pintura, representando tribo indígena brasileira.
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História
Ainda que contassem com muitos hábitos e costumes em comum, os povos Tupi tinham certas particularidades que os diferenciavam uns dos demais. Os Tupi viviam em pequenas aldeias. Até onde se sabe, a organização dessas aldeias seguia um modelo comum: de quatro a sete malocas distribuídas sem um grande círculo. Feitas de madeira e cobertas por folhas de palmeira, as malocas eram grandes habitações coletivas sem divisões internas, que abrigavam até cem pessoas cada. No centro da disposição de malocas, havia um terreiro, conhecido como ocara. Era o espaço principal da aldeia; pois, nele, aconteciam as cerimônias religiosas, festas e rituais. Também eram realizadas ali reuniões nas quais se discutiam questões de interesse da comunidade.
Divisão sexual do trabalho e atividade produtiva A divisão do trabalho nas comunidades indígenas era feita de acordo como o sexo e a idade. Geralmente, atividades como derrubar árvores, caçar, pescar, preparar a terra para o plantio, construir malocas, armas e canoas ficavam a cargo dos homens. Já as mulheres, além de cozinhar, cuidavam das
C02 Os primeiros habitantes do Brasil
Figura 02 - Divisão do trabalho indígena.
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crianças, da coleta de frutos, da plantação, da colheita e da fabricação de utensílios domésticos. Os bens produzidos pertenciam a toda a comunidade. Tanto as armas como os objetos de uso diário eram feitos de pedra, osso, madeira ou barro. Os que viviam junto aos rios e ao mar tinham, na pesca, um de seus principais meios de subsistência. Aqueles, instalados no meio da floresta, praticavam mais a caça. Alguns povos das planícies dedicavam-se também à agricultura, plantando milho, mandioca, abóbora, inhame, batata-doce. Um dos alimentos mais importantes, a mandioca, tornou-se comestível graças ao fato de os índios terem descoberto como se retirava o veneno existente em sua raiz. Essa toxina era utilizada na ponta das flechas para torná-las ainda mais mortais. Extraído o veneno, a mandioca era transformada em farinha seca, tapioca, beiju e outras iguarias. Em 2008, uma pesquisa, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), constatou que o cultivo da mandioca ocorreu há mais de 8 mil anos, tendo começado na Região Amazônica, em área hoje pertencente aos estados do Acre, Rondônia e Mato Grosso. Quando o solo se esgotava, o grupo que ocupava a região abandonava a aldeia e se estabelecia em outro lugar.
Fonte: Wikimedia Commons
Os povos Tupi
Ciências Humanas e suas Tecnologias
SAIBA MAIS A LENDA DA MANIOCA (LENDA DOS ÍNDIOS TUPI) Nasceu uma indiazinha linda e a mãe e o pai tupis espantaram-se: − Como é branquinha esta criança! E era mesmo. Perto dos outros curumins da taba, parecia um raiozinho de lua. Chamaram-na Mani. Mani era linda, silenciosa e quieta. Comia pouco e pouco bebia. Os pais preocupavam-se. − Vá brincar, Mani, dizia o pai. − Coma um pouco mais, dizia a mãe. Mas a menina continuava quieta, cheia de sonhos na cabecinha. Mani parecia esconder um mistério. Uma bela manhã, não se levantou da rede. O pajé foi chamado. Deu ervas e bebidas à menina. Mas não atinava com o que tinha Mani. Toda a tribo andava triste. Mas, deitada em sua rede, Mani sorria, sem doença e sem dor. E sorrindo, Mani morreu. Os pais a enterraram dentro da própria oca. E regavam sua cova todos os dias, como era costume entre os índios Tupis. Regavam com lágrimas de saudade. Um dia perceberam que, do túmulo de Mani, rompia uma plantinha verde e viçosa. − Que planta será esta? Perguntaram, admirados. Ninguém a conhecia. − É melhor deixá-la crescer, resolveram os índios. E continuaram a regar o brotinho mimoso. A planta desconhecida crescia depressa. Poucas luas se passaram e ela estava altinha, com um caule forte, que até fazia a terra se rachar em torno. − A terra parece fendida, comentou a mãe de Mani. − Vamos cavar? E foi o que fizeram. Cavaram pouco e, à flor da terra, viram umas raízes grossas e morenas, quase da cor dos curumins, nome que dão aos meninos índios. Mas, sob a casquinha marrom, lá estava a polpa branquinha, quase da cor de Mani. Da oca de terra de Mani surgia uma nova planta! − Vamos chamá-la Mani-oca, resolveram os índios. − E, para não deixar que se perca, vamos transformar a planta em alimento! Assim fizeram! Depois, fincando outros ramos no chão, fizeram a primeira plantação de mandioca. E, até hoje, entre os índios do Norte e Centro do Brasil é esse um alimento muito importante. E, em todo Brasil, quem não gosta da plantinha misteriosa que surgiu na casa de Mani? Fonte: http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/jogo/lenda.asp
A cultura indígena
No século XVI, muitos europeus viram, na antropofagia dos indígenas americanos, um sinal de barbarismo e julgaram as populações do continente como incapazes de se autogovernar. Esse foi um dos argumentos usados para justificar a colonização da América.
Fonte: Wikimedia Commons / Theodor de Bry (1528–1598)
A antropofagia possuía sempre um significado ritual para os indígenas, no entanto havia algumas diferenças de conotação de grupo para grupo. Os Tupi, por exemplo, se alimentavam do cadáver de seus inimigos como forma de homenageá-los, pois acreditavam que ao fazê-lo assimilavam sua força e valentia. Já para diversos povos indígenas, que viviam no interior, comer a carne de um familiar morto por causas naturais transferia para aqueles que a consumiam suas virtudes e qualidades.
Figura 03 - Gravura, demonstrando um evento de antropofagia.
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C02 Os primeiros habitantes do Brasil
Não era incomum que as aldeias estabelecessem alianças com aldeias vizinhas, fosse por meio de casamentos ou de acordos informais. Porém, nem sempre imperavam relações amistosas entre elas, de forma que os embates não eram raros. Um dos desdobramentos desses conflitos era a captura de inimigos e a realização de rituais antropofágicos, nos quais os prisioneiros eram devorados por seus captores.
História
Exercícios de Fixação 01. (Ufscar SP) A partir dos trechos, é correto afirmar que a chegada dos europeus à América a) gerou conflitos religiosos entre os indígenas, apesar de sua conversão ao catolicismo.
As árvores estão sempre verdes. Existem também frutos terrestres e arbóreos dos quais se alimentam homens e animais. Os habitantes andam nus. É gente capaz, astuta e maldosa, sempre pronta a perseguir os inimigos e devorá-los.”
b) dependeu de motivos mercantis, mas despertou o espíri-
STADEN, Hans. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte -São Paulo: Itatiaia-Edusp, 1974.
to comunitário dos colonizadores. c) envolveu a ação violenta dos conquistadores, ao lado de interesses econômicos e religiosos. d) transformou a economia monetária dos índios, graças à introdução de técnicas mineradoras. e) impossibilitou a adaptação dos nativos à cultura europeia, devido às diferenças religiosas. 02. (UECE) “A América é uma terra vasta. Lá existem muitas tribos de homens selvagens com muitas línguas diversas e numerosos animais esquisitos. Tem um aspecto agradável.
A partir do texto acima, pode-se inferir corretamente que Staden a) revela-se constrangido e encantado com o que viu, e valoriza os costumes dos indígenas. b) reconhece a superioridade das sociedades indígenas americanas em relação às europeias. c) valoriza o patrimônio cultural indígena e entende que representam a infância da humanidade. d) parece valorizar a exuberância da natureza e desprezar os costumes e hábitos seculares dos indígenas.
Exercícios Complementares 01. (Mackenzie SP) Enquanto os portugueses escutavam a missa com muito “prazer e devoção”, a praia encheu-se de nativos. Eles sentavam-se lá surpresos com a complexidade do ritual que observavam ao longe. Quando D. Henrique acabou a pregação, os indígenas se ergueram e começaram a soprar conchas e buzinas, saltando e dançando (...) Náufragos Degredados e Traficantes (Eduardo Bueno)
Esse contato amistoso entre brancos e índios foi preservado: a) pela Igreja, que sempre respeitou a cultura indígena no decurso da catequese. b) até o início da colonização quando o índio, vitimado por doenças, escravidão e extermínio, passou a ser descrito como sendo selvagem, indolente e canibal. c) pelos colonos que escravizaram somente o africano na
C02 Os primeiros habitantes do Brasil
atividade produtiva de exportação.
nobres e generosas.”. (CUNHA, Manuela Carneiro da. Imagens de índios do Brasil: o século XVI. Estud. av., São Paulo, v. 4, n. 10, Dec. 1990, p. 100.)
O trecho acima se refere ao impacto que a figura de certos índios canibais brasileiros teve sobre os europeus no século XVI e, em especial, sobre o pensador francês Michel de Montaigne. Os índios canibais de que Montaigne teve notícia à época eram: a) Os índios da tribo tupinambá. b) Os índios do Alto do Xingu. c) Os índios Tupi-Guarani, do litoral paulista. d) Os índios da fronteira entre Brasil e Bolívia. e) Os índios da tribo xavante.
d) em todos os períodos da História Colonial Brasileira, pas-
03. Durante o século XIX, começaram as primeiras tentativas
sando a figura do índio para o imaginário social como “o
de construção de uma identidade brasileira e de uma ten-
bom selvagem e forte colaborador da colonização”.
tativa de se saber “qual era o lugar do Brasil na História”. A
e) sobretudo pelo governo colonial, que tomou várias medidas para impedir o genocídio e a escravidão. 02. “São esses canibais que conhecerão com Montaigne uma
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não movidas pelo lucro ou pela conquista territorial, são
literatura do Romantismo, datada desse período, participou desse empreendimento. Uma das obras de maior destaque que integraram esse gênero indigenista foi:
consagração duradoura. Tornam-se a má-consciência da
a) “Macunaíma”, de Mário de Andrade.
civilização, seus juízes morais, a prova de que existe uma sociedade igualitária, fraterna, em que o Meu não se distingue do Teu, ignorante do lucro e do entesouramento, em suma, a da Idade de Ouro. Suas guerras incessantes,
b) “O Guarani”, de José de Alencar. c) “A canção do exílio”, de Gonçalves Dias. d) “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. e) “Noite na Taverna”, de Álvares de Azevedo.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C03
PERÍODO PRÉ-COLONIAL BRASILEIRO
ASSUNTOS ABORDADOS
É entendido como Período Pré-Colonial aquele que se estende desde a chegada dos portugueses no território brasileiro, em 1500, até o início efetivo da colonização, com a expedição de Martim Afonso de Sousa, em 1530.
nn Período Pré-Colonial Brasileiro nn Reconhecimento e exploração do território nn Principais características
A prioridade em obter lucro com a exploração mercantilista deixou o Brasil em segundo plano nos projetos econômicos do Estado Português, na época, bem mais preocupado em consolidar pontos comerciais na África e na Ásia. Ao mesmo tempo, a não descoberta de metais preciosos ou outros produtos de interesse no mercado europeu, ao contrário da experiência espanhola na América, também desestimulou a exploração imediata do território.
nn O fim do Período Pré-Colonial
Esse período de trinta anos em que o Brasil não foi explorado pelos portugueses foi marcado por um limitado interesse de Portugal pela nova colônia, em virtude de maior rentabilidade do comércio de especiarias e artigos de luxo que a metrópole fazia com as Índias e do não desejo de aportar grandes investimentos no território. O oneroso investimento exigido para o desenvolvimento de atividades exploratórias e o reduzido número de pessoas dispostas a se fixar no país fizeram com que as expedições portuguesas se limitassem à investigação dos territórios, à coleta de recursos naturais e ao combate aos contrabandistas estrangeiros. Em 1501, um grupo liderado por Gaspar de Lemos nomeou algumas regiões do Rio de Janeiro e Bahia, e confirmou a presença de pau-brasil no território.
Fonte: Wikimedia Commons
Contudo, é importante destacar que, nesse período, Portugal enviou expedições de reconhecimento e defesa do território, fundou feitorias no litoral, explorou a extração do pau-brasil e promoveu uma relação comercial com os nativos ameríndios por meio do escambo.
Figura 01 - Mapa ilustrativo do Brasil Pré-Colonial.
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História
Reconhecimento e exploração do território Em 1501, a Coroa portuguesa enviou uma expedição sob o controle de Gaspar de Lemos com o objetivo de reconhecimento do território. Com essa expedição, constatou-se a ausência de metais preciosos na região, o que fez com que o governo luso desse início à exploração do pau-brasil. O pau-brasil era uma madeira encontrada em grande quantidade no litoral brasileiro, na região da Mata Atlântica, e dela extraía-se uma tinta corante para tingir tecidos. Além disso, a madeira era utilizada na fabricação de móveis e remédios. Sua extração, todavia, ficava condicionada à Coroa que monopolizava (estancava) sua exploração. Havia concessões de exploração a alguns comerciantes portugueses que eram obrigados, contudo, a montar feitorias no litoral, dinamizando a atividade.
SAIBA MAIS “Há duas vertentes básicas que estruturam a colonização portuguesa nos trópicos: o impulso salvífico (os móveis religiosos, a catequese) e os mecanismos de produção mercantil (exploração do Novo Mundo); sendo que a primeira dimensão (a catequese do gentio) dominava o universo ideológico, configurando o projeto, e a segunda (dominação política, exploração econômica) definia as necessidades de riqueza e poder.”
No período pré-colonizador, o interesse de Portugal pelo Brasil resumiu-se a algumas expedições marítimas, com o objetivo de manter a posse da terra em nome da Coroa e combater invasores estrangeiros, principalmente espanhóis e franceses e promover o reconhecimento geográfico do litoral brasileiro. Porém, com os resultados negativos de uma política de expedições sobre o Brasil, somados ainda ao declínio do monopólio português das especiarias a partir de 1530, a Coroa lusa parte para um processo de colonização mais efetivo, até porque o Brasil não estava totalmente inserido nos seus domínios, o que poderia acabar gerando a perda desse importante território.
C03 Período Pré-colonial brasileiro
Fonte: Wikimedia Commons
Fernando Novais, História da vida Privada no Brasil, I.
A comercialização da madeira gerava grande lucro, o que despertou o interesse dos europeus, não só dos portugueses como também dos ingleses e franceses, que passaram a fazer incursões pelo litoral. O processo de extração do pau-brasil contava com a participação dos nativos que, em troca de bugigangas, cortavam a madeira, abasteciam as feitorias e carregavam os navios portugueses. Sua exploração foi feita de forma rudimentar e predatória, o que colaborou para a destruição de grande parte das florestas litorâneas.
Figura 02 - Derrubada de pau-brasil.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Principais características nn Em
1500, o Brasil era habitado por diversas nações indígenas. Pesquisadores calculam que havia de 3 a 4 milhões de indígenas, no Brasil nesse período; nn Os portugueses enviaram, nesse período, ao Brasil, expedições guarda-costas e de reconhecimento territorial; nn As expedições de reconhecimento tinham como objetivo principal encontrar metais preciosos, principalmente ouro; nn Não houve interesse por parte da coroa portuguesa, nesses 30 anos, de colonizar o Brasil; nn Os portugueses construíram, nesse período, diversas feitorias no litoral. Essas feitorias tinham como função armazenar madeira (pau-brasil), facilitando o transporte para as caravelas; nn Foi usada a mão de obra indígena na exploração do pau-brasil. Em troca de espelhos, chocalhos, facas e outras bugigangas. Os índios eram convencidos a trabalhar no corte e no carregamento do pau-brasil para os navios. Essa troca de trabalho por objetos é conhecida como escambo; nn A exploração do pau-brasil, principal atividade econômica dessa época, era monopólio da coroa portuguesa. Essa coroa podia conceder a exploração a particulares em troca do pagamento de 1/5 da madeira extraída; nn Nesses 30 anos de exploração do pau-brasil, houve devastação de grande parte da vegetação litorânea nativa. O pau-brasil foi praticamente eliminado das matas entre o litoral do Rio de Janeiro até o litoral do Rio Grande do Norte; nn Nesse período, os europeus, sobretudo os franceses, praticavam o contrabando de pau-brasil. A coroa portuguesa precisou enviar, ao Brasil, expedições de caráter militar para proteger a costa brasileira. Cristóvão Jacques comandou uma das principais expedições desse tipo, entre os anos de 1516 a 1526.
O fim do Período Pré-Colonial Em 1530, o rei de Portugal, D. João III resolveu dar início à colonização do Brasil, fixando pessoas no território colonial. A diminuição dos lucros com a exploração do pau-brasil e as constantes presenças de estrangeiros no litoral brasileiro preocuparam o monarca português. A primeira expedição colonizadora, chefiada por Martim Afonso de Sousa, partiu de Portugal, em dezembro de 1530, e chegou ao Brasil, no começo de 1531. Com cerca de 400 homens, a expedição tinha como objetivo principal dar início à colonização do Brasil. Martim Afonso de Sousa distribuiu lotes de terras (sesmarias) e deu início ao plantio da cana-de-açúcar ao criar o primeiro engenho. Exercícios de Fixação e) Portugal implantou fortificações ao longo do litoral e empenhou- se em estender seus domínios em direção ao Sul, chegando até a região do Prata. 02. (Uespi PI) Portugal temia que as invasões de potências estrangeiras ocupassem sua colônia, Brasil. De imediato, Portugal conseguiu: a) ganhar recursos valiosos com a descoberta de minas de ouro no Sudeste. b) centralizar a administração com sedes bem armadas nas regiões Norte e Nordeste. c) explorar o pau-brasil com a ajuda de tribos indígenas brasileiras. d) fazer aliança política com a Espanha e fortalecer seu exército nacional. e) montar o sistema de capitanias hereditárias com auxílio da burguesia holandesa. 513
C03 Período Pré-colonial brasileiro
01. (Unesp SP) No processo de ocupação portuguesa do atual território do Brasil, as primeiras três décadas que se seguiram à passagem da armada de Cabral podem ser caracterizadas como um período em que a) Portugal não se dedicou regularmente à sua colonização, pois estava voltado prioritariamente para a busca de riquezas no Oriente. b) prevaleceram as atividades extrativistas, que tinham por principal foco a busca e a exploração de ouro nas regiões centrais da colônia. c) Portugal estabeleceu rotas regulares de comunicação, interessado na imediata exploração agrícola das férteis terras que a colônia oferecia. d) prevaleceram as disputas pela colônia com outros países europeus e sucessivos episódios de invasão holandesa e francesa no litoral brasileiro.
História
Exercícios Complementares 01. (FFFCMPA RS) Observe a charge abaixo.
16. Extração e exportação do pau-brasil para a Europa, usado no tingimento de tecidos. 04. (UFMG) Observe este mapa:
NOVAES, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil para principiantes. São Paulo. Editora Ática, 2005.
A charge acima satiriza a exploração do território brasileiro pelos portugueses durante o Período Pré-Colonial. São características econômicas desse período: a) latifúndios – escravidão – monocultura – exportação. b) servidão coletiva – policultura – subsistência – sesmarias. c) escravidão – policultura – mercado externo – minifúndios. d) extrativismo – escambo – mercado externo – monopólio. e) monocultura – mercado externo – mercantilismo – es-
a) escambo com os índios e presença de expedições francesas.
Esse mapa serviu de base aos representantes das Coroas portuguesa e espanhola para o estabelecimento do Tratado de Madrid, assinado em 1750, que definiu os novos limites na América entre as terras pertencentes a Portugal e à Espanha.
b) escravidão indígena e expansão da pecuária.
Considerando-se essa informação, é CORRETO afirmar que
cravidão. 02. (Unimontes MG) As três primeiras décadas após o descobrimento do Brasil caracterizaram-se pelo(a)
c) produção de açúcar e uso expressivo da mão de obra africana. d) surgimento da França Antártica e fundação de Salvador. 03. (UEPG PR) O período situado entre 1500 e 1530, no Brasil, pode ser entendido como um tempo de:
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01. Ocupação das áreas platinas que provocaram conflitos com a Inglaterra. C03 Período Pré-colonial brasileiro
02. Pouco interesse na ocupação efetiva do território descoberto, visto que não apresentava sinais evidentes de metais nobres. 04. Privilégiodo comércio com o Oriente, pois as especiarias, o marfim, as sedas e outros objetos de luxo constituíam certeza de lucro imediato. 08. Presença de expedições exploradoras e guarda-costas para o reconhecimento do litoral e expulsão de piratas estrangeiros.
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Mapa das Cortes [Mapa do Rio de Janeiro]. Mapoteca do Itamaraty, Rio de Janeiro.
o Tratado de Madrid: a) Substituiu o Tratado de Tordesilhas e conferiu às possessões lusas e espanholas na América uma feição mais próxima do que tinha sido a efetiva ocupação de terras pelas duas Coroas. b) Estabeleceu uma conformação do território brasileiro muito distante da sua aparência atual, por ter respeitado espaços previamente ocupados pelos espanhóis no Continente Americano. c) Manteve, com poucas alterações, o que já estava estabelecido pelos tratados anteriormente negociados entre as monarquias de Portugal e da Espanha, desde a Bula Intercoetera, editada em 1493. d) Levou Portugal a desistir da soberania sobre grande parte da Amazônia em troca do controle da bacia do Prata, área estratégica para o domínio do interior do Brasil após a descoberta de ouro.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C04
A EXPERIÊNCIA DE MARTIM AFONSO DE SOUSA Durante o período de exploração do novo território, outros países da Europa demonstraram interesse em participar do rentável comércio do pau-brasil, por exemplo, a França. Dessa forma, rejeitando o Tratado de Tordesilhas, a partir de 1504, os franceses começaram a organizar expedições à terra encontrada pelos portugueses.
ASSUNTOS ABORDADOS nn A experiência de Martim Afonso
de Sousa
nn A tomada de posse
No mesmo ano, o navegador francês Binot Paulmier de Gonneville ancorou na ilha de São Francisco, no litoral Norte da região, hoje pertencente ao estado de Santa Catarina, e ali permaneceu com sua tripulação por seis meses junto aos índios Carijós. Ao final daquele período, ele retornou à França com o navio carregado de pau-brasil, peles e penas de animais. Preocupado com tais invasões, Portugal enviou expedições guarda-costeiras para evitar as predações de outros países interessados. No entanto, tais ações nem sempre surtiram o resultado esperado, pois o litoral era extenso e difícil de ser vigiado. Ao mesmo tempo, o comércio português com o oriente havia entrado em crise, reduzindo os lucros portugueses, o que justificava a colonização do novo território.
A tomada de posse Nomeado capitão-mor da esquadra e das terras da colônia pelo rei de Portugal, Martim Afonso chegou trazendo homens, sementes, plantas, ferramentas agrícolas e animais domésticos. Detinha amplos poderes para procurar riquezas, combater estrangeiros, policiar, administrar e povoar as terras coloniais. Além de organizar expedições de exploração do território para reconhecimento e busca de riquezas, Martim Afonso dirigiu-se à foz do rio da Prata, no Sul, para efetivar o domínio luso diante da crescente presença de outros exploradores europeus na região. Ali aprisionou vários navios piratas franceses.
Fonte: Wikimedia Commons / SOUZA, Pêro Lopes
Diante dessa situação, em 1530, o governo português decidiu dar início, de fato, ao processo de colonização. A esquadra de cinco embarcações, bem-armada e aparelhada, reunia quatrocentos colonos e tripulantes. Comandada por Martim Afonso de Sousa, possuía uma missão tripla: combater os traficantes franceses, penetrar nas terras, na direção do rio da Prata, para procurar metais preciosos e, ainda, estabelecer núcleos de povoamento no litoral. Portanto, iniciar o povoamento das terras brasileiras.
Seu projeto de colonização consistiu na distribuição de sesmarias (lotes de terra) aos novos habitantes que se dispusessem a cultivá-las, bem como na plantação da cana-de-açúcar e construção do primeiro engenho da colônia. Fundou, em 1532, as vilas de São Vicente e Santo André da Borda do Campo, respectivamente, no litoral e no interior do atual estado de São Paulo. Figura 01 - Pintura de Martim Afonso de Sousa.
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Fonte: Wikimedia Commons / Joan Blaeu
História
Figura 02 - Mapa, representando a divisão das sesmarias.
SAIBA MAIS
C04 A experiencia de Martim Afonso de Sousa
BIOGRAFIA DE MARTIM AFONSO DE SOUZA Martim Afonso de Sousa (1500-1571) foi militar português, comandante da primeira expedição colonizadora, enviada ao Brasil, pelo rei de Portugal, D. João III, no ano de 1530. Foi nomeado conselheiro da Coroa. Primeiro donatário da Capitania de São Vicente. Martim Afonso de Sousa (1500-1571) nasceu em Vila Viçosa, Portugal, na época das grandes navegações. De família nobre, foi amigo de Dom João, quando crianças. Estudou matemática, cosmografia e navegação. Com a morte do rei Dom Manuel, Dom João III torna-se rei. Designa o amigo Martim para acompanhar Dona Leonor, viúva de Dom Manuel, que regressava a Castela, sua terra natal. [...] Em 1530, para colonizar as terras brasileiras, o rei Dom João III organiza uma expedição e entrega o comando a Martim Afonso de Sousa. Três dias antes de partir para o Brasil, o capitão é nomeado conselheiro da Coroa. No dia 3 de dezembro de 1530, partia de Lisboa a nau capitânia com Martim Afonso e seu irmão Pero Lopes de Sousa; o galeão São Vicente, comandado por Pero Lopes Pinheiro; a caravela Rosa, com Diogo Leite, que já estivera no Brasil, acompanhando a expedição guarda-costas de Cristóvão Jacques, e a caravela Princesa, comandada por Baltazar Fernandes, experiente nas lutas contra os franceses. No Brasil, na costa pernambucana, combateu os franceses que contrabandeavam pau-brasil, tomando-lhes os navios, que foram incorporados à esquadra portuguesa. Em terra, encontraram o fortim, erguido por Cristóvão Jacques, saqueado. Fazem contato com Diogo Álvares Correia, o Caramuru, que estava há 22 anos em terras brasileiras, casado com a índia Paraguaçu, e tinha o respeito e a amizade dos índios da região.
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Seguindo para o Sul, chegam ao Rio de Janeiro, no dia 30 de abril de 1531. Na região, instalam uma oficina e um estaleiro para reparo nas embarcações. A constante procura de ouro e prata foi fracassada. No dia 20 de janeiro de 1532, instalam o primeiro marco real da colonização na capitania de São Vicente. Constroem um forte e com a ajuda de João Ramalho, português, casado com uma índia, fixa a primeira povoação permanente. Martim Afonso de Sousa ia, aos poucos, cumprindo a importante missão para a qual foi destacado, mas as dificuldades financeiras logo foram surgindo, a ausência de ouro e prata, nas terras do Brasil, estava a exigir um novo caminho para o enriquecimento do Reino. A doação de terras e a agricultura era o caminho que restava. Essas terras seriam hereditárias, e, se não fossem rentáveis num prazo de cinco anos, deveriam ser transferidas para outra família. Dom João III resolve oficializar e ampliar as doações, dividindo o Brasil em capitanias hereditárias. Em 1532, por carta, Dom João nomeia Martim Afonso donatário da capitania de São Vicente, atual Rio de Janeiro. A distribuição do restante das terras foi feita entre os anos de 1534 e 1536. A plantação da cana-de-açúcar é iniciada em várias capitanias. O açúcar era produto raro na época, e de grande aceitação na Europa. A dificuldade de mão de obra e a necessidade de grandes recursos para instalação de engenhos fizeram muitos donatários fracassar. Apenas duas capitanias prosperaram - São Vicente e Pernambuco. A de São Vicente, graças aos esforços de Martim Afonso, João Ramalho e com o auxílio do Reino. A de Pernambuco foi entregue a Duarte Coelho, que logo trouxe a família e grande número de parentes. A vila de São Vicente prosperava, mas era constante a ameaça dos índios. [...] Martim Afonso de Sousa morreu em Portugal, em 1571. Foi enterrado no Convento de São Francisco. Fonte: https://www.ebiografia.com/martim_afonso_de_sousa/
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
de Sousa ao litoral brasileiro, em 1531, marcou a) a percepção, por Portugal, de que podia, através das terras brasileiras, atingir as minas de ouro e prata, exploradas pelos holandeses. b) o fim da colonização de exploração das terras brasileiras por Portugal e o início da colonização de povoamento. c) a descoberta portuguesa da América, até então conhecida apenas por franceses e holandeses. d) o início da ocupação efetiva, por Portugal, das terras brasileiras, cujo litoral, até então, era explorado também por franceses. e) a decisão portuguesa de não mais reconhecer ou aceitar os limites territoriais definidos pelo Tratado de Tordesilhas. 02. (Uespi PI) “A armada de Martim Afonso de Sousa, que deveria deixar Lisboa a 3 de dezembro de 1531, vinha com poderes extensíssimos, se comparados aos das expedições anteriores, mas tinha como finalidade principal desenvolver a exploração e limpeza da costa, infestada, ainda e cada vez mais, pela atividade dos comerciantes intrusos.” (HOLANDA, Sérgio Buarque de. As Primeiras Expedições. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. (org) História Geral da Civilização Brasileira. Tomo I, Volume 1. São Paulo: DIFEL, 1960. p. 93.)
Com base nessa citação, assinale a opção que indica corretamente os principais objetivos das primeiras expedições portuguesas às novas terras descobertas na América: a) expulsar os contrabandistas de pau-brasil e combater os holandeses instalados em Pernambuco. b) garantir as terras brasileiras para Portugal, nos termos do Tratado de Tordesilhas, e expulsar os invasores estrangeiros. c) instalar núcleos de colonização estável, baseados na pequena propriedade familiar, e escravizar os indígenas. d) estabelecer contatos com as civilizações indígenas locais e combater os invasores franceses na Bahia. e) nenhuma das opções está correta. 03. (Uem PR) ”Dizem que o Brasil foi descoberto, o Brasil não foi descoberto, não, santo padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas do Brasil. Essa é a verdadeira história. Nunca foi contada a verdadeira história do nosso povo santo padre.” (Fala do líder Guarani, Marçal Tupã–y, ao Papa João Paulo II, em 1980. Folha de S.Paulo, 12/10/1991.)
Com relação ao encontro das populações ameríndias com os europeus, assinale o que for correto. 01-04-08-32 01. Em 1530, Martim Afonso de Sousa percorreu os territórios indígenas do litoral brasileiro, com a missão de expulsar os franceses, organizar núcleos de povoamento e defesa, estender os domínios de Portugal até o Rio da Prata e explorar o interior, em busca de ouro e prata. 02. A exploração de pau-brasil, usado na tintura de tecidos na Europa, deu origem a grandes povoações litorâneas. 04. O modelo de colonização implantado pelos portugueses no Brasil, tendo por base a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo, resultou na escravidão de grandes contingentes de populações indígenas. 08. Em 1570, uma Carta Régia do Rei de Portugal autorizou a guerra justa contra os índios que resistiam à escravidão. 16. Milhares de índios foram exterminados pelas guerras de conquista; outras centenas de milhares foram afetados pelas doenças epidêmicas trazidas pelos brancos. Os índios só não morreram aos milhares, porque eram imunes a essas doenças. 32. As bandeiras foram expedições que, além de vasculharem os territórios indígenas, em busca de metais preciosos, destinavam-se ao aprisionamento de índios para o trabalho escravo. 04. (Ufop MG) Dentre as características, descritas sumariamente abaixo, do sistema político-administrativo implantado no Brasil colonial, a que não corresponde plenamente às conclusões dos estudos atuais é a contida no item: a) Os detentores de sesmarias, porções de terra em que se organizava a maior parte das atividades produtivas eram muito influentes na definição do perfil e atributos de administração, no pouco que ela tinha de autonomia local. b) O “Antigo Sistema Colonial” caracterizou-se por concentrar na metrópole e em seus magistrados a maior parte das decisões quanto à justiça e administração colonial. c) No que respeita à administração colonial, em virtude da falta de um sistema de comunicação mais ágil nas relações entre metrópole e colônia predominou uma espécie de mandonismo local que se viabilizou a partir do “senado da câmara”. d) Durante a maior parte do tempo em que estiveram a frente do empreendimento colonial no Brasil, os reis portugueses estiveram envolvidos em polêmicas disputas de posições administrativas com a aristocracia do comércio vinícola metropolitano. e) A política administrativa portuguesa esteve em boa parte do período colonial associada ao exercício de certas práticas que poderiam ser bem definidas como “autocráticas”, na medida em que privilegiavam pequena parcela das elites portuguesas.
517
C04 A experiencia de Martim Afonso de Sousa
01. (Unicesumar SP) A chegada da expedição de Martim Afonso
História
Exercícios Complementares 01. (UCS RS) Considere as seguintes afirmativas sobre o Período Colonial brasileiro.
Assinale a afirmativa que melhor explicita os fatores que
I.
Os núcleos de povoamento, depois transformados em
contribuíram para a alteração da política colonial portu-
cidades, desde a expedição de Martim Afonso de Sou-
guesa para a América:
sa, em 1531, tornaram-se valiosos instrumentos do
a) a Espanha anexa os territórios amazônicos, o que coloca
sistema administrativo brasileiro. II.
III.
b) a Espanha realiza expedições nas capitanias de Pernam-
exploração colonial do Brasil: economia voltada para
buco e da Bahia como retaliação aos acordos políticos
A exploração econômica preferida pelos portugueses no Brasil foi a produção manufatureira, em função da abundância de matéria-prima.
Das proposições acima,
assinados entre Portugal e os Impérios andinos. c) a Espanha anula o Tratado de Tordesilhas à medida que assume o controle das minas do Alto Peru, o que exigiu de Portugal maiores cuidados na defesa dos território conquistados.
a) apenas I está correta.
d) as derrotas militares espanholas no Alto Peru motivam a
b) apenas II está correta.
Coroa portuguesa a organizar a política de colonização na
c) apenas I e II estão corretas. d) apenas II e III estão corretas. e) I, II e III estão corretas. 02. (UECE) “A expedição de Martim Afonso de Sousa (1530) marcou o encerramento da etapa Pré-Colonial. A partir de 1530, a Coroa Portuguesa empenhou-se efetivamente no sentido de garantir a posse do território brasileiro.” AQUINO, Rubim Santos Leão de [et al]. Sociedade Brasileira – uma história a partir dos movimentos sociais. Rio de Janeiro, Record, 2008.
No contexto acima citado, a principal ação empreendida pela Coroa Portuguesa para garantir a posse das terras brasileiras foi
América do sul. e) a Espanha obtém o acesso aos metais preciosos da América após a conquista do império Asteca, enquanto os franceses permanecem ameaçando as conquistas portuguesas. 04. (Unifacs BA) O problema alimentar, no Brasil, sempre foi vinculado à estrutura fundiária. Essa estrutura 01. contribuiu, a partir do estabelecimento das sesmarias, na época colonial, para a especulação na venda e compra de terras, tornando esse negócio uma atividade mais lucrativa que a produção de gêneros alimentícios. 02. provocou a Inconfidência Mineira, movimento separa-
a) a estruturação de um sistema rentável e adequado à
tista liderado pela elite, defensora da reforma agrária
grande extensão do território brasileiro, utilizando a mão
como mecanismo de contenção e da manutenção do
de obra europeia.
C04 A experiencia de Martim Afonso de Sousa
em risco as possessões portuguesas na América.
Três características básicas se complementaram na o mercado externo, latifúndio e escravidão.
sistema escravocrata.
b) a coibição da presença incessante de vários povos euro-
03. contribuiu para a Revolta dos Malês, composta por ne-
peus no território brasileiro, embora estes não ameaças-
gros islamizados, defensores de uma revolução armada
sem a soberania de Portugal.
de caráter socialista, que, unindo os escravos de todas
c) o planejamento da ocupação do território, baseado na necessidade de uma compensação econômica para suprir as demandas dos interesses mercantis europeus.
as etnias com os brancos pobres, defenderam a tomada do poder na Colônia. 04. determinou a eclosão dos movimentos do Cangaço,
d) a organização de um exército forte, com dezenas de
do Contestado e de Canudos, revoltas camponesas
frotas navais, bem como o treinamento de uma milí-
de luta contra o latifúndio agroexportador e de de-
cia local, para garantir a posse dos sertões e das áreas
fesa da divisão de terra pautada no minifúndio e na
mais distantes. 03. (Escs DF) A efetiva colonização do território americano pela coroa portuguesa ocorre a partir da expedição de Martim Afonso e Souza (1530-1532). Esse fato evidencia
518
a mudança da política portuguesa em relação à América.
agricultura familiar. 05. se manteve intacta, durante a Era Vargas, na medida em que a legislação trabalhista ficou restrita ao trabalhador urbano, contribuindo para a manutenção do poder dos 01-04 chefes políticos locais.
FRENTE
C
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (IF SC) Nas primeiras décadas da chegada dos portugueses ao Brasil (1500 a 1530), o governo português limitou-se a reconhecer a terra e preservar sua posse. É o chamado Período Pré-Colonial. Sobre o início da colonização do Brasil, assinale a alternativa CORRETA. a) No primeiro momento, o governo português enviou expedições guarda-costas e exploradoras, bem como priorizou a construção de feitorias. b) O rei de Portugal ordenou a utilização da mão de obra africana na extração do pau-brasil. c) A providência imediata após o descobrimento foi a criação do governo geral, visando a descentralizar o poder político. d) O Brasil foi colonizado primeiro por invasores franceses, com o objetivo de dominar o comércio açucareiro. e) A fundação das atuais cidades do Rio de Janeiro e São Paulo fez parte do primeiro plano de ocupação elaborado em 1510.
No contexto da colonização das terras do Brasil, o regimento do rei Felipe III apresenta medidas associadas: a) à afirmação do poder da Coroa espanhola, em detrimento dos comerciantes e colonos portugueses. b) ao caráter monopolista da extração do pau-brasil, pois era necessária autorização expressa da Coroa para atividade extrativista. c) às preocupações da Coroa na preservação da Mata Atlântica, que estava sendo devastada pelos colonos. d) à importância do pau-brasil no comércio colonial como principal produto de exportação da América Portuguesa, em inícios do século XVII. e) à afirmação da política absolutista dos reinos europeus cerceadora de todas as iniciativas dos colonos nas Américas.
02. (UECE) Considere as seguintes afirmações sobre o período da história do Brasil, compreendido entre 1500 e 1530, no que concerne ao seu entendimento pela historiografia tradicional: I. Período Pré-Colonial em virtude da ausência de povoamento efetivo nas novas terras, em que Portugal enviava, de vez em quando, expedições exploratórias que também tinham o fim de expulsar invasores. II. Período de colonização, visto que Portugal auferia lucros exorbitantes e realizava grandes investimentos nos negócios com o corte e a venda do pau-brasil, exportando o produto para o oriente. III. Período de pouco interesse de Portugal por essa possessão de terras, posto que estava envolvido com o comércio nas Índias e com a exploração do litoral africano. Está correto o que se afirma em a) II apenas. b) II e III apenas. c) I e III apenas. d) I apenas.
04. (Unesp SP) Os lançados citados no texto eram a) funcionários que recebiam, da Coroa, a atribuição oficial de gerenciar a exploração comercial do pau-brasil e das especiarias encontradas na colônia portuguesa. b) militares portugueses encarregados da proteção armada do litoral brasileiro, para impedir o atracamento de navios de outros países, interessados nas riquezas naturais da colônia. c) comerciantes portugueses encarregados do tráfico de escravos, que atuavam no litoral atlântico da África e do Brasil e asseguravam o suprimento de mão de obra para as colônias portuguesas. d) donatários das primeiras capitanias hereditárias, que assumiram formalmente a posse das novas terras coloniais na América e implantaram as primeiras lavouras para o cultivo da cana-de-açúcar. e) súditos portugueses enviados para o litoral do Brasil ou para a costa da África, geralmente como degredados, que acabaram por se tornar precursores da colonização.
03. (Puc RJ) “Eu, El-Rei, faço saber aos que esse meu regimento virem, que sendo informado das muitas desordens que há no sertão do pau-brasil, e na conservação dele, de que se tem seguido haver hoje muita falta, cada vez será o dano maior se não se atalhar e der nisso a ordem conveniente (...): mando que nenhuma pessoa possa cortar, nem mandar cortar o dito pau-brasil, por si ou seus escravos, sem expressa licença do prove-
05. (UFTM MG)
dor-mor da minha Fazenda (...); e quem o contrário fizer incorrerá em pena de morte e confiscação de toda a sua fazenda.” Felipe III, Regimento do pau-brasil, 1605.
No início dos Tempos Modernos, os reinos cristãos da Europa deram início ao longo processo de expansão comercial e geográfica que resultou no estabelecimento de comunicações regulares com populações e regiões do mundo até então desconhecidas entre si. [...] A vida dos habitantes do litoral do Atlântico Sul mudou radicalmente com a chegada dos euro519
História
peus. A vinda daqueles homens barbados, pouco asseados e carregados de reluzentes e estrondosas armas introduziu os tupis na idade do ferro – para o bem e para o mal. As ferramentas trazidas pelos europeus facilitaram o árduo trabalho nas roças e nas florestas subtropicais. Por outro lado, o contato dos habitantes americanos com os colonizadores resultou numa das maiores catástrofes demográficas da história da humanidade. (Adriana Lopez e Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação, 2008.)
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
A caracterização dos europeus, presente no segundo parágrafo, sugere a) o primitivismo dos grupos indígenas que viviam na América e a inevitável tendência histórica à supremacia europeia. b) a paixão dos europeus pelas guerras e o pacifismo dos indígenas, que permitiu que a colonização ocorresse de forma harmoniosa. c) os rituais de sociabilidade que reuniram europeus e nativos e que acabaram por igualar os costumes dos habitantes dos dois lados do Atlântico. d) a perspectiva dos europeus diante dos povos que encontraram nas terras conquistadas e sua evidente inferioridade numérica. e) as fortes diferenças existentes entre europeus e indígenas nos aspectos físicos, nos hábitos e no domínio tecnológico. 06. (UFTM MG) A afirmação de que “o contato dos habitantes americanos com os colonizadores resultou numa das maiores catástrofes demográficas da história da humanidade” é uma referência a) aos esforços dos europeus na busca de metais nobres e pedras preciosas, que os levou a avançar para o interior das terras conquistadas, onde muitos morreram, vítimas de doenças tropicais. b) à peste bubônica, que proliferou pelo Ocidente europeu durante três séculos e era provocada por pulgas de ratos originárias da América e levadas à Europa pelos navegadores e conquistadores. c) ao desequilíbrio populacional vivido pela Europa após a conquista da América, quando dezenas de milhares de europeus se deslocaram para as novas terras, em busca de melhores condições de vida. d) à morte de milhões de indígenas nos primeiros séculos de conquista e colonização europeias, vitimados por doenças que eles desconheciam e pelo intenso trabalho compulsório a que foram submetidos. e) aos conflitos entre portugueses e espanhóis no território americano, que envolveram milhares de pessoas e destruíram plantações e comunidades indígenas em todo o continente. 07. (UFRR) “No Rio Branco sou vida, sou aruanã, sou canaimé, mapinguari, yakoana, Pajé waymiri. No meu sangue o gosto de açaí” (“Sou”, Zeca Preto).
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Esses primeiros habitantes do Brasil sofreram com a chegada dos europeus. De acordo com os registros deixados por viajantes e missionários, a partir de meados do século XVI, ocorreu uma dizimação da população indígena, que se agravou nos séculos seguintes. Os fatores que mais contribuíram para essa redução populacional indígena foram: a) a prisão e a venda do índio para trabalhar nas minas de prata na Serra do Salitre. b) as doenças trazidas pelos europeus, os maus tratos e o trabalho escravo que os índios foram submetidos. c) os conflitos permanentes entre as tribos indígenas, afastou definitivamente grupos nativos que seguiram para outros continentes. d) a guerra entre os grupos canibais, os ritos comandados por pajés e xamãns e a crueldade incentivada, inclusive, pelas mulheres mais velhas da tribo.. e) a exploração do trabalho indígena ocorreu de maneira pouco intensa, com incentivo dos dominantes e a reprovação dos padres jesuítas. 08. (Uem PR) Com relação ao início da colonização do Brasil, é correto afirmar que: 02-08-16 01. Devido ao fracasso da adoção da escravidão dos nativos, os portugueses adotaram o sistema feudal como forma de dominação dos índios brasileiros. 02. As feitorias instituídas após o descobrimento eram, ao mesmo tempo, um entreposto comercial e um estabelecimento de defesa. 04. As principais tribos indígenas brasileiras encontradas pelos colonizadores europeus eram coletoras. Sendo assim, elas não praticavam a agricultura como forma de sobrevivência. 08. As primeiras relações comerciais estabelecidas entre os índios do litoral da América Portuguesa e os europeus assumiram a forma do escambo. 16. Assim como ocorria no Paraguai, os aldeamentos ou as reduções foram uma estratégia utilizada pelos jesuítas para sujeitar os índios à lei civil e religiosa dos padres. 09. (Uespi PI) Portugal temia que as invasões de potências estrangeiras ocupassem sua colônia, Brasil. De imediato, Portugal conseguiu: a) ganhar recursos valiosos com a descoberta de minas de ouro no Sudeste. b) centralizar a administração com sedes bem armadas nas regiões Norte e Nordeste. c) explorar o pau-brasil com a ajuda de tribos indígenas brasileiras. d) fazer aliança política com a Espanha e fortalecer seu exército nacional. e) montar o sistema de capitanias hereditárias com auxílio da burguesia holandesa.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
TEIXEIRA, Francisco. História Concisa do Brasil. São Paulo, Global, 1993, p. 17-19.
I.
“Descoberto” no limiar do século XVI, em pleno Atlântico Sul, longe das rotas atlânticas do Oriente, esse pedaço do novo mundo interessou de imediato ao colonizador por suas belezas tropicais. II. A nova terra “em tal maneira graciosa” como disse Caminha, impactou a cartógrafos, cronistas, artistas e viajantes dos séculos XVI ao XIX. III. Antes que os “civilizados” lhes dessem nomes e lhes fixassem um novo destino, as novas terras já possuíam uma identidade estabelecida por seus mais antigos habitantes e legítimos donos. Sobre o descobrimento do Brasil, é correto o que se afirma em a) I, II e III. b) I e III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas 11. (Fuvest SP) Os portugueses chegaram ao território, depois denominado Brasil, em 1500, mas a administração da terra só foi organizada em 1549. Isso ocorreu porque, até então, a) Os índios ferozes trucidavam os portugueses que se aventurassem a desembarcar no litoral, impedindo assim a criação de núcleos de povoamento. b) A Espanha, com base no Tratado de Tordesilhas, impedia a presença portuguesa nas Américas, policiando a costa com expedições bélicas. c) As forças e atenções dos portugueses convergiam para o Oriente, onde vitórias militares garantiam relações comerciais lucrativas. d) Os franceses, aliados dos espanhóis, controlavam as tribos indígenas ao longo do litoral bem como as feitorias da costa sul-atlântica. e) A população de Portugal era pouco numerosa, impossibilitando o recrutamento de funcionários administrativos. 12. (Uespi PI) Ocupar as terras era fundamental para garantia dos domínios portugueses depois do descobrimento do Brasil. Por exemplo, a expedição de Martim Afonso de Sousa: a) fundou a rica capitania de Pernambuco. b) introduziu a lavoura da cana-de-açúcar. c) facilitou a ocupação da região amazônica. d) distribuiu sesmarias onde hoje se encontra o Piauí. e) lançou o cultivo do algodão na região Sudeste.
13. (UFTM MG) O primeiros cronistas do Brasil colonial queixavam-se de que os portugueses viviam nas costas litorâneas como caranguejos. A ocupação dos diversos trechos do interior da colônia ocorreu por razões diversas: a) No nordeste pernambucano e na região da Bahia, derivou da economia do açúcar e do fumo, em grande escala. b) Em São Paulo, resultou do esforço do donatário Martim Afonso de Sousa e, na Amazônia, do projeto da catequese dos jesuítas. c) Em São Paulo, na Amazônia e no sertão do rio São Francisco, resultou da caça aos índios, da colheita de produtos vegetais e da pecuária. d) No Maranhão, resultou do fácil contato marítimo e terrestre com Pernambuco e, no Sul, decorreu da fixação da capital no Rio de Janeiro. e) No Nordeste, foi realizada pelos holandeses e, no Sul, foi impulsionada pela luta contra os espanhóis. 14. (UFRN) A partir da análise dos documentos, é correto afirmar que: a) A concentração da propriedade da terra foi resultante da passividade dos camponeses diante da violência dos proprietários. b) A concentração de terras resulta de políticas fundiárias do Estado e da utilização de métodos ilícitos de apropriação de áreas rurais. c) O desequilíbrio no processo de distribuição fundiária só foi reduzido com a consolidação do capitalismo no campo. d) Os variados segmentos sociais foram beneficiados no processo de distribuição de terras graças à extensão territorial do País. 15. (FMJ SP) A partir de 1530, a produção açucareira espalhou-se pelo litoral da América portuguesa, principalmente nas capitanias de Pernambuco e Bahia. Sobre essa produção, assinale a alternativa correta. a) A concessão de sesmarias a todos os colonos que as requeressem era incondicional, a Metrópole visava primordialmente incentivar a migração e garantir o povoamento do território, oferecendo o acesso legal a terra de forma irrestrita. b) Antes da lavoura canavieira, a exploração do território limitara-se às atividades extrativas e à comercialização de produtos naturais da terra, portanto, a produção açucareira transformou a empresa colonial em sistema produtivo. c) Apesar da concorrência existente no mercado europeu, os baixos investimentos necessários para a montagem da empresa açucareira foram determinantes a fim de que a Metrópole elegesse essa atividade para iniciar a colonização. d) O tráfico de escravos africanos foi concomitante à fase inaugural da empresa açucareira porque questões culturais impediram a apropriação do trabalho compulsório da escassa população nativa. e) Devido à produção em grande escala e aos altos lucros obtidos, a sociedade açucareira colonial apresentou intensa mobilidade, promovendo significativa ascensão de brancos livres e pobres à condição de senhores de engenho. 521
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
10. (UECE) Leia atentamente o fragmento abaixo e as afirmativas que o seguem. “Papagaios e tucanos, tucanos e tatus, onças, cobras e macacos, além dos índios, naturalmente, contra um fundo verdejante, foram essas as primeiras imagens fixadas pelo olhar europeu para este pedaço do novo mundo a que chamaram de terra brasilis.”
História
16. (Ufop MG) Leia atentamente o texto abaixo. “A sombra, quando o sol está no zênite, é muito pequena e toda se vos mete debaixo dos pés; mas quando o sol está no oriente ou no caso, esta mesma sombra se estende tão imensamente que mal cabe dentro dos horizontes. Assim nem mais nem menos os que pretendem e alcançam os governos ultramarinos. Lá onde o sol está no zênite, não só se metem estas sombras debaixo dos pés do príncipe, senão também dos de seus ministros. Mas quando chegam àquelas índias, onde nasce o sol, ou a estas, onde se põe, crescem tanto as mesmas sombras, que excedem muito a medida dos mesmos reis de que são imagem.” (Padre Antônio Bieira, citado por Laura de Mello e Souza. Desclassificados do Ouro. Rio de Janeiro: Graal, 1986. p. 91.)
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
Entre as descrições sumárias do sistema político-administrativo no Brasil Colonial, listados abaixo, a que melhor corresponde às informações sugeridas pelo texto é: a) No processo de colonização, foi necessário que o Rei de Portugal concedesse larga parcela de autonomia aos detentores de sesmarias, os quais exerciam com mão de ferro o poder. b) O sistema colonial caracterizou-se por concentrar nas colônias um grande número de aventureiros oriundos das metrópoles, os quais exerciam preferencialmente as atividades administrativas. c) Durante a maior parte do tempo em que estiveram à frente do empreendimento colonial no Brasil, reis portugueses foram ameaçados pela aristocracia encastelada na burocracia colonial. d) m virtude da falta de um sistema de comunicações mais ágil, nas relações entre metrópole e colônia predominou, no que diz respeito à administração colonial, o mandonismo local. e) A política administrativa portuguesa esteve, em boa parte do período colonial, associado ao exercício de certas práticas que poderiam ser bem definidas como “autocráticas”, em que determinados administradores, investidos da autoridade real, nem sempre estiveram associados à defesa dos interesses dos que deveriam representar. 17. (Puc RJ) Carta de sesmaria concedida em 9 de julho de 1747 ao padre Marcos de Carvalho: “Comarca de Vila de São João Del Rei distante da estrada real da dita vila mais de quarenta léguas, que ele suplicante tinha quarenta e tantos escravos de serviços, com os quais andava minerando e pagava os reais quintos e lhes eram necessárias bastante terras para plantarem mantimentos para sustentar seus escravos e criações assim de gados como das mais que lhe eram precisas.” Considere as seguintes afirmações: I. O domínio português no Brasil se expressava, entre outros, no monopólio de concessão de terras e na cobrança de tributos que, no caso da extração mineral, chegava a 20% − o quinto. 522
II.
Assim como em Pernambuco ou na Bahia, regiões de agricultura mercantil, a terra, nas regiões minerais, era concedida com primazia aos proprietários de escravos. III. A agricultura na região das Minas no século XVIII, diferentemente do que ocorria na grande lavoura litorânea, destinava-se principalmente à subsistência ou ao mercado interno daquela região. IV. Na primeira metade do século XVIII, as atividades agrícolas ganharam relevância na região mineira, disputando as melhores terras com a atividade mineradora. Assinale a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) correta(s): a) somente I. b) somente I e II. c) somente III e IV. d) somente I, II e III. e) todas as afirmativas estão corretas. 18. (UFRN) A “Guerra dos Bárbaros”, na virada para o século XVIII, foi palco do conflito armado entre índios e colonos, fazendo aflorar, também, conflitos no bloco de poder colonialista. Esses conflitos e seus objetivos podem ser identificados em algumas das frases abaixo: 1. Política colonizadora de extermínio indígena e integração dos sobreviventes à cultura dos vencedores, de tal modo executada que tornou inexistente qualquer reserva indígena no Rio Grande do Norte. 2. Os colonos disputavam entre si a posse da terra conquistada por meio da “guerra justa” contra os índios, legalizando-a sob a forma de sesmaria doada pela Coroa Portuguesa. 3. Missionários católicos, colonos e bandeirantes disputavam a posse das terras indígenas e/ou da mão de obra dos índios sobreviventes no extenso território nordestino. 4. Nessa época, na defesa das missões jesuítas do Nordeste, a Igreja rompe com a Coroa Portuguesa, acabando com o regime de Padroado. Identifique a alternativa em que a sequência numérica corresponde a frases corretas: a) 1, 3 e 4 b) 1, 2 e 3 c) 2, 3 e 4 d) 1, 2 e 4 e) 3 e 4 19. (UFMG) Antonil, jesuíta que viveu no Brasil, no período colonial, destacou a importância da posse de escravos, descrevendo-os como “as mãos e os pés do senhor...”. Na perspectiva da economia colonial, essa importância pode ser confirmada pela vinculação entre o número de escravos possuídos e a doação de a) Capitanias hereditárias, lotes de terras em que foi dividida a Colônia. b) Datas de ouro, lotes de terra destinados à exploração mineral. c) Sesmarias, para exploração, de acordo com o Regimento de Tomé de Souza. d) Títulos de nobreza, necessários à obtenção de terras para a agricultura.