Camila J. Silva
FRENTE
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HISTÓRIA Por falar nisso A saga de Vercingetórix foi narrada no último livro de Júlio César, a Guerra das Gálias, que fala sobre a conquista das terras que hoje se situam na França. Muitos séculos depois, esse líder gaulês seria considerado um mito fundador da história francesa e, posteriormente, convertido em ícone mundial, ao inspirar o personagem Asterix da história em quadrinhos francesa. De acordo com o historiador latino Florus e com o grego Dion Cassius, esse chefe militar causava medo devido ao seu porte físico, seu caráter e armamento. São estereótipos que claramente denotam a visão dos povos da Antiguidade clássica sobre os gauleses: enormes; assustadores; brancos; de longos cabelos loiros; bigode; comiam e bebiam muito. Imagens que, por sua vez, foram satirizadas nos quadrinhos. No entanto, o único que esteve de frente com Vercingetórix e poderia descrever melhor seu porte físico era o próprio César, que preferiu falar sobre seu caráter. Para César, o líder gaulês era de grande carisma e eloquência, além de ser um gênio militar, com um instinto preciso para compreender e neutralizar a estratégia do inimigo. Era um adversário digno, que poderia ter mudado o destino da guerra em favor da rebelião gaulesa. Antes da batalha final, Vercingetórix e César desenvolveram certa amizade, até o momento em que o ditador romano foi traído. Entretanto, o verdadeiro Asterix, ao contrário do que é mostrado no filme Asterix e Obelix contra César (1999), foi derrotado em campo de batalha e, obrigado a se render e posteriormente foi enforcado e seu corpo jogado aos corvos e ratos. A França preferiu guardar dele a imagem de líder unificador da Gália. No século XVI, teria nascido a ideia de que os gauleses e não os francos eram os ancestrais dos franceses. Mas foi na metade do século XIX que ressurgiu a história de Vercingetórix e sua epopeia transformada em mito a serviço do nacionalismo francês. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
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Roma: império...............................................................................476 Roma: crise do império..................................................................482 Cultura romana..............................................................................487 Povos bárbaros..............................................................................493
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A17
ASSUNTOS ABORDADOS nn Roma: império nn Alto império (séculos I d.C. a III d. C.)
ROMA: IMPÉRIO O período que sucedeu o regime republicano da antiga civilização romana é chamado Império Romano. Esse momento histórico foi marcado tanto por uma política autocrática - ou seja, prevaleciam as decisões de um único líder político, nesse caso, o imperador-, como por extensas possessões territoriais, as quais contornavam o Mar Mediterrâneo pela Europa, África e Ásia. A República, que antecedeu o Império e durou cinco séculos, enfrentara uma situação de extrema instabilidade, experimentando uma série de revoltas e conflitos políticos. Durante esse período conflituoso, governou Júlio César, tendo sido nomeado imperador perpétuo, porém foi assassinado por representantes do Senado. O momento de guerras civis culminou na vitória de Otávio, filho adotivo de César, sobre Marco Antônio, em 31 a.C. O senado romano atribuiu a Otávio poderes absolutos e o título de Augusto (em latim majestoso, exaltado, venerável), marcando o fim da República.
Figura 01 - Assassinato de César por Karl von Piloty, 1865.
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O Império Romano durou cerca de 500 anos. Durante os primeiros dois séculos, predominou um clima de prosperidade e estabilidade política conhecido como Pax Romana. Porém, ao final do século II d.C. esse período foi sobreposto por momentos de conflito e fragilização do poder, que levariam o Império gradativamente ao declínio.
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Alto império (séculos I d.C. a III d. C.) Com o advento do Império (27 até 476 d.C), em Roma, o governante passa a acumular um grande número de poderes e títulos em suas mãos, destacando-se o de Princeps Senatus, primeiro cidadão; Imperator, comandante supremo das legiões; Pontífice Máximus, chefe da religião; e Augustus, título até então reservado somente aos deuses. O império romano é dividido em duas fases: o Alto Império (sec. I a.C. a III d.C.) e o Baixo Império (III d.C. a V d.C.). GERMÂNIA OCEANO
GÁLLIA
GÁLIA NARBONENSE 125 CÓRSEGA E SARDENHA 227
MAR
MAURITÂNIA
NUMÍDIA
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ROMA
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ÁFRICA 145
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THRÁCIA
ÁSIA 129
CILÍCIA 64
ACHÁIA 145
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ARMÊNIA
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MACEDÔNIA 146 MAR JÔNIO
SICÍLIA 241
LÍBIA
PONTUS EUXINUS
SÝRIA 64
PARTHI
HISPÂNIA ULTÉRIOR 197
HISPÂNIA CITÉRIOR 197
GÁLIA CISALPINA 222'191
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M
CIRENE 74 AEGÝPTUS
Extensão de seus Impérios
Mapa 01 - Extensão do Império Romano durante o Alto Império. Até o século II d.C se expandiria até a linha tracejada.
O regime dos Césares (título utilizado a partir do ditador Júlio César e dado aos primeiros 11 imperadores romanos) era muito diferente das monarquias que nos são familiares, a saber: a realeza medieval e moderna. No Império Romano (40 a.C.- 476 d.C.), a palavra “República” nunca deixou de ser pronunciada. No sistema monárquico ou Absolutista, todos estão a serviço do Rei. Um Imperador, ao contrário, estava a serviço da República - ele não reinava para a sua própria glória, à maneira de um Rei, mas para a glória dos romanos. Governo de Otávio Augusto
A17 Roma: império
A fase mais importante do Império Romano refere-se ao período de governo de Otávio Augusto, o que para muitos historiadores é entendido como o “século de ouro” de Roma. Mesmo com o poder exacerbado do Imperador, as aparências republicanas foram mantidas com o objetivo de minimizar o caos social. Otávio conseguiu agradar os homens novos, ao permitir-lhes certa participação política, e manipulou as massas por meio da política do pão e circo, em que eram fornecidos alimento e diversão às massas, destacando-se as lutas de gladiadores. Além disso, Otávio ficou marcado tanto pela reorganização interna de Roma quanto pela efetivação das conquistas, abrindo caminho para a consolidação da pax romana. Vale ainda destacar que, somado a esse momento de grande estabilidade interna, temos um impulso na cultura e nas artes, valorizando a imagem de seu ministro Mecenas. Lembre-se de que o nome Mecenas seria utilizado mais tarde na História para designar o patrocínio das artes, durante o Renascimento. Durante o governo de Otávio Augusto (27 a.C. a 14 d.C.), nasce Jesus Cristo, que seria o prolator de uma nova identidade religiosa, com grande afinidade com as camadas populares, e que séculos mais tarde seria um dos fatores para a ruína do Império. O Cristianismo foi apropriado diretamente pelas camadas mais pobres porque pregava ideais de amor, fraternidade e igualdade, que inexistiam em Roma. Em um primeiro momento, o 477
História
Cristianismo foi brutalmente perseguido pelo Estado Romano, haja vista que, por ser monoteísta, a religião cristã não aceitava a titularidade divina do imperador romano.
dos Antoninos (96-192 d.C.), quando o Império Romano alcançou a sua maior extensão territorial, governada por imperadores de origem provinciana, como Trajano e Adriano.
“Os cristãos insistiam em que só eles possuíam a verdade e que todas as outras religiões, inclusive as do Estado, que eram praticadas pelos romanos eram falsas. Recusavam-se, por exemplo, a cumprir os rituais ligados à figura do imperador – tais como a queima do incenso diante da estátua. Afirmavam que tais gestos significavam adorar o imperador como um deus. (...)” (HADAS, Moses. “Roma Imperial”. José Olympio, 1969, p. 136.)
Após a morte de Otávio Augustus, aos 76 anos de idade, em 14 d.C., os senadores concederam-lhe a mais alta honra: sobre seus ombros conduziram o corpo de Augustus à pira que foi utilizada para cremá-lo. A urna funerária foi depositada em um mausoléu que o próprio Augustus havia construído em Roma. Os feitos mais importantes de seu governo foram gravados em grandes placas de ferro e estas, colocadas em seu mausoléu.
Figura 03 - Moeda romana que circulou durante o governo de Nero.
A Pax Romana Com a morte de Nero, sobreveio um ano de guerras civis, após o qual assumiu Vespasiano, general da família dos Flávios. Teve início então o período de maior esplendor do Império Romano, que se estendeu pelas dinastias dos Flávios (69-96) e dos Antoninos (96-192). Além disso, novas cidades surgiram e o estilo de vida romano passou a ser adotado nas mais distantes províncias, acentuando, assim, o processo de romanização dessas regiões. Nesse período, as condições de vida nas províncias melhoraram sensivelmente, fazendo com que muitos romanos optassem por viver nelas. Tudo isso fez com que o Império vivesse um período pacífico, razão pela qual essa época ficou conhecida como a da pax romana (paz romana). No entanto, para os povos dominados, essa era uma paz imposta pela força.
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Na verdade, o Império, nessa fase, enfrentara outros tipos de problemas, como incêndios e até a destruição das cidades de Pompeia, Herculano e Estábia pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C.
A17 Roma: império
Figura 02 - Escultura representando imperador romano Otávio Augustus.
Com a morte de Otávio (14 d.C.) até o século III d.C., Roma experimentou toda sorte de governantes, destacando-se três dinastias de imperadores: a dinastia Júlio-Claudiana (14-69 d.C.) foi marcada por intrigas e conspirações, distinguindo-se nela o governo de Nero, acusado de atear fogo em Roma e responsável pelo início da perseguição aos cristãos. Em seguida, veio a dinastia dos Flavianos (69-96 d.C.) e a dinastia 478
Iniciam-se as invasões Ao final do século II, o Império começou a sofrer as primeiras invasões de povos vindos inicialmente do interior da Europa e posteriormente da Ásia. Os romanos os chamavam depreciativamente de bárbaros, devido ao fato de não falarem o latim e por terem uma cultura diferente da sua. A pax romana, portanto, não duraria. A partir da dinastia Severa (193-235), os sinais de crise tornaram-se cada vez mais frequentes. Entre 235 e 284, por exemplo, somente um entre 26 imperadores teve morte natural. Além disso, nessa época a população sofria com os altos impostos e uma grave crise econômica e agrícola.
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Exercícios de Fixação
(PERRY, Marvin. Civilização Ocidental. São Paulo: Martins Fontes, 2002, p. 104).
a) ação política do Triunvirato que elegeu três governantes para o Império. b) riqueza do Império Romano viabilizada por meio de guerras e conquistas. c) Pax Romana que gerou um longo período de paz. d) reforma agrária promovida pelos irmãos Tibério e Caio Graco. e) aprovação do Édito de Milão que colocou fim as perseguições aos cristãos. 02. (UFV MG) Assinale a alternativa em que NÃO aparece representada uma das características do Império Romano durante a Antiguidade Clássica: a) Pax Romana. b) Surgimento do Colonato. c) Difusão e triunfo do cristianismo. d) Apogeu do Triunvirato. 03. (UEG GO) O primeiro Triunvirato foi um sinal inequívoco da crise vivida pela República romana. Apenas três homens, Pompeu, César e Crasso, acumularam quase todos os títulos e cargos importantes. O fim dessa aliança, marcado pela morte de Crasso em 53 a.C., representou imediatamente a) o aumento da rivalidade entre os dois sobreviventes, César e Pompeu, que resultou em uma violenta guerra civil. b) o enfraquecimento da influência de César, em virtude do fracasso de sua campanha militar na Gália. c) o assassinato de César por membros da aristocracia romana dentro do próprio senado. d) a formação de um novo triunvirato, constituído por Otávio, Marco Antônio e Lépido. 04. (UEG GO) [A política do “pão e circo”] consistia na distribuição de trigo à população mais pobre, além de oferecer espetáculos que a divertissem, como jogos, lutas, etc. Assim, Otávio agradava aos pobres sem, contudo, resolver o problema da miséria reinante em Roma. VICENTINO, C. História, memória viva: da pré-história à Idade Média. São Paulo: Scipione, 1994. p. 89.
Além de reflexão sobre o passado humano, a História é também reflexão sobre o nosso presente. A partir da citação acima, analise pelo menos um elemento do mundo atual, comparável ao contexto citado.
Questão 04. O futebol bem exemplifica, já que aglutina elementos de todas as classes sociais, em função de um único intuito – a “vitória” A sensação de vitória pode produzir uma perspectiva de alienação a um sistema socioeconômico-cultural mais abrangente, tal qual o “pão e circo” em Roma.
05. (Mackenzie SP) Otávio não tinha estabelecido o critério de sucessão. Mas, desde o ano 4 d.C., tinha associado ao poder seu genro e filho adotivo Tibério, que o sucedeu após sua morte. Nessa primeira etapa, a sucessão ficou restrita a duas famílias: Júlia e Cláudia. Parentes entre si e de Augusto, essas famílias pertencentes à antiga nobreza romana constituíram uma dinastia patrícia. Joana Neves, História Geral: A Construção de um Mundo Globalizado
Assinale o período da história de Roma Antiga a que se refere o trecho acima. a) Monarquia b) Diarquia c) República d) Império e) Tetrarquia 06. (Udesc SC) Analise as proposições em relação ao Império Romano. I. Júlio César é o primeiro imperador da história de Roma. Ele consegue seu título após eliminar seus dois companheiros triúnviros (Crasso e Pompeu) e demonstrar o domínio das legiões pela da conquista da Gália. O título de imperador acaba levando seu nome, e uma linhagem de seus herdeiros de sangue se perpetua no poder após sua morte, sendo extinta apenas com a queda do Império, mais de três séculos depois de sua morte. Esse período da história de Roma é conhecido como o período dos doze Césares. II. Sob a regência de Alexandre, o Grande, o Império Romano atinge sua maior extensão, cobrindo um território que abrangia a atual Espanha, o Egito e a Macedônia, sua primeira conquista militar. Alexandre foi o responsável pelo intercâmbio cultural e filosófico entre Roma e o Oriente, e desse intercâmbio surge a cultura sincrética conhecida como Helenismo. III. Apesar de ter sido derrotado na Germânia, o governo de Augusto é considerado um dos mais estáveis e eficientes da história romana. Tendo governado por quatro décadas, o imperador foi responsável pelo período conhecido como Pax Romana, durante o qual foi promovida a pacificação das províncias do império. Esse período de estabilidade foi determinante na construção de uma estrutura que permitiria ao Império sua sobrevivência e administração nos anos seguintes. Assinale a alternativa correta. a) Somente a alternativa III é verdadeira. b) Somente a alternativa I é verdadeira. c) Somente a alternativa II é verdadeira. d) Somente as alternativas I e III são verdadeiras. e) Somente as alternativas II e III são verdadeiras.
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A17 Roma: império
01. (IF SP) Segundo o historiador Marvin Perry, a partir de 27 a.C “a brilhante habilidade política de Otávio Augusto deu início à maior era romana. Nos duzentos anos seguintes o mundo mediterrâneo desfrutou as bênçãos da”:
História
Exercícios Complementares 01. (Urca CE) Durante o governo de Otávio Augusto (27 a.C. – 14 d.C.) uma série de reformas sociais e administrativas foi realizada: era “A Pax Romana” que expressava: a) A falta de apoio que o Senado e o Centurial tinham com relação ao governo de Otávio Augusto. b) A fragilidade militar e a decadência econômica do Império Romano. c) A mudança do centro administrativo de Roma para Constantinopla. d) Um período de prosperidade econômica, e maior profissionalização do exército. Com isso, o imenso Império passou a desfrutar de uma relativa estabilidade e segurança. e) O início da conversão dos governantes romanos ao cristianismo. Com isso, os Imperadores passavam a cultivar a relação pacífica nas províncias que estavam sob o seu governo. 02. (Ufam AM) “No meu sexto e sétimo consulados, após haver posto fim às guerras civis e assumido o poder absoluto por consenso universal, transferi a República do meu domínio para o arbítrio do Senado e do Povo Romano. Por esse motivo e pelo meu próprio mérito foi-me atribuído, por decisão senatorial, o título de Augusto, e as ombreiras da minha casa foram publicamente cobertas de louros, uma coroa cívica foi fixada sobre minha porta e um escudo de ouro foi colocado na Cúria Júlia, como testemunho, através da inscrição nele registrada, que o Senado e o Povo Romano me haviam dado graças à minha virtude, clemência, justiça e devoção. Depois dessa época, fiquei acima de todos em autoridade; porém, não tive mais nenhum poder além do que tinham os outros que também foram meus colegas de magistratura”. O texto acima indica que foi tudo isto, graças a um subterfúgio legal, que Júlio César Otaviano conquistou na sessão do Senado de 16 de janeiro de 27 a.C. Era o início de uma autoridade incontestada à frente dos destinos de meio mundo conhecido de então, durante quarenta anos. Seria chamado de o princeps, o primeiro dos cidadãos. Respeitado como estadista e pilar da moralidade pública. Era o verdadeiro senhor. Foi honrado como divino (Augusto).
A17 Roma: império
Consoante aos seus conhecimentos sobre a história do Império Romano, identifique apenas a alternativa que não corresponde ao governo de Otávio Augusto: a) Diminuição da influência do Senado nos negócios públicos e aumento de poder do governante b) Política de defesa dos limites “naturais” do Império. c) Reorganização administrativa das províncias. d) Atribuição de importantes funções aos equestres. e) Regime monárquico de caráter militar, burocrático e despótico.
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03. (Puc RS) Após o período das guerras civis que marcaram o final da República na Roma Antiga, o principado de Otávio Augusto inaugurou o período imperial com uma série de reformas administrativas, políticas e militares. Dentre tais reformas, NÃO é correto apontar a) a profissionalização do exército, com a liberação dos camponeses do serviço militar. b) a nomeação de funcionários remunerados para os cargos do sistema fiscal nas províncias. c) a extinção das principais instituições republicanas, como o Senado e o Tribunato da Plebe. d) a abertura do acesso às magistraturas para membros de famílias provincianas. e) a criação das províncias sob administração imperial nas fronteiras não pacificadas do império. 04. (Uefs BA) A política de “acarinhar as massas”, adotada por imperadores romanos que sucederam Otávio Augusto, nos séculos d.C., decorria a) do crescimento da plebe urbana na cidade de Roma, das dificuldades do governo em promover a expansão do trabalho e da necessidade de conter os frequentes tumultos. b) da necessidade de vencer a resistência do povo ao recrutamento militar obrigatório e ao deslocamento dos desocupados urbanos para as províncias longínquas. c) do descontentamento dos plebeus pobres quanto à implantação da reforma agrária promovida por Nero nas penínsulas Itálica e Ibérica. d) da grande popularidade alcançada por Cleópatra, rainha do Egito, que, adorada como uma deusa em Roma, rivalizava com os dotes artísticos de Nero. e) da ameaça concreta da invasão dos bárbaros germanos na cidade de Roma, onde o descontentamento da plebe facilitava a ocupação da área urbana. 05. (UFPE) As sucessivas conquistas dos romanos levaram à construção de um poder complexo e cheio de dificuldades administrativas. Por exemplo, no período de governo de Otávio Augusto, F-F-F-V-F 00. tomaram-se medidas que estabeleceram as leis e o poder do Senado, acabando definitivamente com a corrupção e a violência política. 01. houve a publicação de leis, contra os estrangeiros, bastante restritivas além de um aumento do poder do Senado e da nobreza. 02. fez-se uma grande reforma agrária, o que facilitou o combate à miséria e à violência, ainda tão frequente em Roma. 03. buscou-se diminuir a corrupção e se promoveu uma reforma importante na arrecadação dos impostos, gerando a expansão do comércio. 04. ampliaram-se os gastos com a ostentação e o exército, o que provocou desentendimentos entre os grupos políticos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias Questão 09. a) Embora alguns povos nascessem em outras cidades pertinentes à Península Itálica, que não fosse Roma, todas estavam sob seu domínio, por meio de sua política imperialista. b) Trata-se de um período em que o Império Romano dominaria e se faria presente nos territórios conquistados por meio de uma política de incentivos e mecanismos de dominação ideológica da plebe o “pão e circo”, por exemplo, que incita ao patriotismo romano, em detrimento da dura realidade social da época. Além de se tratar também de um momento em que Roma decide não promover guerras externas exatamente para não incitar a fúria de outros povos (bárbaros) residentes fora de seus limes. c) Critica o caráter elitista e excludente da dominação romana, que atenua os impactos dos fossos sociais em vez de evitar que eles existam.
ROMA: ecos da glória imperial. Coleção Civilizações Perdidas. Rio de Janeiro: Abril, 1998, p. 45.
Sobre o Império Romano, é CORRETO afirmar que 04-08-16 01. a arquitetura do período imperial romano concentrou-se na construção de edifícios com finalidade religiosa, dedicando pouca atenção às obras de infraestrutura urbana. 02. o governo do imperador Constantino (313-337 d.C.) foi marcado pela perseguição aos cristãos, cujas crenças se chocavam com o respeito religioso dos romanos pelos seus imperadores, que eram considerados como deuses. 04. a estabilização das fronteiras com a pax romana praticamente definiu os limites geográficos do Império Romano. 08. os germanos eram chamados depreciativamente de bárbaros pelos romanos porque não falavam o latim e tinham costumes diferentes, em clara referência à ideia de oposição entre civilização e barbárie. 16. durante o século II d.C., com a conquista de territórios na Ásia, na África e na Europa, o Império Romano atingiu sua maior extensão, dominando toda a costa mediterrânea. 32. a decadência do Império Romano esteve relacionada ao intenso êxodo rural, desencadeado pela adoção progressiva do colonato em função da ampliação da oferta de mão de obra escrava. 07. (Puc Campinas SP) Segundo o historiador romano Tácito, Augusto conquistou os soldados com presentes, o povo com pão barato, e todos os homens com os frutos da paz. Assim tornou-se progressivamente mais poderoso, congregando em si as funções do Senado, dos magistrados e das leis. (In: BARBEIRO, Heródoto. CANTELE, Bruna R. e SCHNEEBERGER, Carlos Alberto. História. São Paulo: Scipione, 2004. p. 96)
O texto refere-se ao principado de Augusto, no início do Império Romano, em que a) a preocupação do príncipe em regulamentar a vida dos cidadãos romanos, estabelecendo seus direitos e deveres diante do Estado, levou à criação da “Pax Romana” e à centralização do poder político. b) as reformas realizadas pelo príncipe no campo judicial, que para reduzir as tensões sociais criou a política do “pão e circo”, facilitaram a implantação do programa de distribuição de terras aos cidadãos romanos. c) os poderes foram centralizados nas mãos do príncipe, que utilizou a política do “pão e circo” e impôs a “Pax Romana” para manter a ordem social e assegurar a dominação dos territórios conquistados.
d) a decisão do príncipe em fixar os camponeses à terra contribuiu para a “Pax Romana”, uma vez que facilitou a implantação da política do “pão e circo” e da criação do modo escravista de produção. e) os princípios do cristianismo passaram a se chocar com os valores romanos e a ameaçar o poder político do príncipe, a “Pax Romana” e a expansão das conquistas romanas no Mediterrâneo.
08. (Unioeste PR) “É um erro de quem acredita que a condição de escravo penetra em todo ser do homem. A melhor parte dele é isenta disso. Apenas o corpo está à disposição do senhor. A mente, no entanto, é seu próprio senhor.” Sêneca. De beneficiis. 3.20.I.
Considerando o fragmento acima, sobre a condição escrava na Roma Antiga, é INCORRETO afirmar que a) a revolta escrava liderada por Spartacus chegou a conquistar regiões do sul da península itálica, no auge das batalhas, com cerca de 100 mil combatentes. b) durante o período inicial da expansão romana pelo Mediterrâneo ocorreram revoltas de escravos na região da Sicília. c) mesmo com a predominância do trabalho escravo na Roma Antiga, havia o convívio entre trabalhadores livres e escravos, principalmente no trabalho agrícola, em períodos de colheita. d) embora prevalecesse o tratamento violento, havia diferenciações entre os escravos. Procurava-se controlar as ações escravas oferecendo, a alguns, determinadas “recompensas”. e) a distribuição de terras a trabalhadores escravos e a ampliação do exército ajudou a fortalecer o Império Romano que, por essa razão, conseguiu conter as lutas escravas, tornando a Pax Romana um período de efetiva justiça social. 09. (Efoa MG) Leia o texto abaixo: Cícero, nas Leis, observava que “todos os nativos das cidades italianas têm duas pátrias”, uma de natureza e nascimento, outra de cidadania. Entretanto, aquelas pátrias não estavam em pé de igualdade, mesmo na Itália [...] O segredo da dominação de Roma era Dividir e Governar. Para impedir que as cidades menores se unissem contra Roma, a parceira dominante na realidade estimulava a rivalidade, temendo que uma província inteira se levantasse e apresentasse sua força unida contra ela. Isso dificilmente teria sido necessário, se o sistema romano tivesse sido baseado na justiça e na participação igual nas responsabilidades e benefícios. (MUNFORD, Lewis. A cidade na História: suas origens, transformações e perspectivas. Trad. de Neil R. Da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p. 264.)
A partir do texto acima e dos conhecimentos sobre a história romana, RESPONDA: a) Por que, segundo Cícero, os nativos das cidades da península itálica tinham duas pátrias? b) O período compreendido entre 29 a. C. e 180 d. C. é conhecido como Pax Romana, expressão latina que significa “paz romana”. Explique o emprego deste termo para caracterizar aquele período. c) No texto acima, que crítica faz Lewis Munford à dominação romana? 481
A17 Roma: império
06. (UFSC) Os homens da Igreja e os grandes príncipes do renascimento italiano costumavam exaltar o esplendor de seus palácios urbanos e de suas casas de campo com as ruínas da Roma Imperial, que jaziam a seu redor. Retiravam e transportavam dos locais em que haviam descansado durante 1500 anos as estátuas de deuses e imperadores, os bustos de antigos heróis e as ninfas de pedra que um dia haviam dançado nas bordas de antigas fontes.
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO A18
ASSUNTOS ABORDADOS nn Roma: crise do império nn O baixo império (séculos III d.C. a V d.C.)
ROMA: CRISE DO IMPÉRIO O Império Romano nasceu oficialmente em 27 a.C. e terminou – dependendo do ponto de vista – com a conquista de Roma pelos godos, chefiados por Alarico, em 410 d.C., ou em 476 d.C., data da queda do último imperador do Ocidente, em consequência dos repetidos assaltos dos povos germânicos. Considerados todos os fatos, é difícil circunscrever com precisão uma faixa histórica cuja compreensão dependa de uma série de referências ao período da república romana, que se seguiu à Segunda Guerra Púnica. Seu começo, portanto, só pode ser entendido mediante o estudo de uma história política que fluiu como uma unidade ininterrupta. No extremo oposto, quando são considerados os séculos finais do Império, somos forçados a recorrer a fontes que, em sua maioria, se contradizem cada vez mais umas às outras, de modo tal que seu estudo mais exato teria de ser limitado à fase clássica do Alto Império. Este teve a duração de quase três séculos e foi se expandindo lentamente, acabando por se impor como um sistema de governo mundial, do qual permanecemos – de uma forma ou de outra – como os herdeiros, ainda que sejamos obrigados a salientar as numerosas alterações que, desde o início, ocorreram nas divisões do território e nas fronteiras desse império. Apesar das influências inegáveis que delas recebeu, o Império de Roma conserva poucas analogias com as realezas helênicas centralizadas na personalidade dominadora de seus reis. Sem ser um Estado Nacional, nem uma monarquia absoluta, tampouco uma ditadura popular, nem ainda um regime totalitário, o Império Romano permanece historicamente uma estrutura inclassificável. Seu sistema político não se encaixa em nenhum modelo que possa ser identificado. Algumas das monarquias posteriores que se estabeleceram a partir da Europa afirmaram seguir esse modelo, mas nenhuma delas conseguiu reproduzi-lo. A expressão “o Império Romano” admite diversas definições parciais, e teremos de combinar elementos de cada uma delas, caso queiramos nos aproximar de uma categoria mais completa. Todos acreditam saber do que estão falando, mas captar esse conceito em sua totalidade é um verdadeiro desafio. Antes de mais nada, para se estabelecer uma conceituação precisa, será necessário libertá-la de todas as semelhanças enganosas que vêm sendo encontradas com o Império Britânico ou com o Império Francês. Hoje em dia, se pretendemos estabelecer qualquer comparação com o Império Americano, seremos novamente levados a cair na armadilha de um anacronismo.
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Figura 01 - Godos. Gravura de Charlotte Mary Yonge, 1880.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
O baixo império (séculos III d.C. a V d.C.)
Fonte: shutterstock.com/Por Richie Chan
A partir do terceiro século da Era Cristã, Roma mergulhou em uma série de crises, iniciando o período que alguns historiadores chamam de Baixo Império e outros de Antiguidade tardia. Nessa fase, toda a riqueza, base da estabilidade política e social do Império Romano, adquirida por meio da expansão territorial, foi se esgotando. Isso ocorreu devido a vários motivos: a extensa dimensão territorial alcançada; a pressão dos povos vizinhos e conquistados; as dificuldades de dar prosseguimento à expansão territorial, entre outros.
O surgimento do cristianismo Nesse contexto, crescia entre a população mais pobre a religião cristã, que surgira durante o governo de Otávio Augusto. O caráter ético do cristianismo era consolador e carregado de esperanças, chamando a atenção dos escravos, pois oferecia uma alternativa de salvação, mesmo que depois da morte. A nova religião passava, então, a ameaçar a ordem romana, pois tinha um caráter universal, contrário à violência e negava a divindade do imperador, assim como a estrutura hierárquica e militar do Império. O agravamento da crise também era um dos motivos de conversão de muitos para o cristianismo. Para tentar resolver a situação de instabilidade, o Estado romano passou a intervir cada vez mais na economia e na sociedade. Alguns dos imperadores que tomaram esse tipo de medidas foram Diocleciano (284-305), Constantino (306337) e Teodósio (378-395). A divisão do império Preocupado em tornar o Império mais governável, o imperador Diocleciano (284-305) resolveu dividi-lo em duas partes: uma oriental, sob seus cuidados; a outra, ocidental, entregue ao general Maximiano. Em 395, sob o governo de Teodósio, o Império foi dividido mais uma vez em duas partes. A medida criava o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, fundada na antiga colônia grega de Bizâncio, e o Império Romano do Ocidente, com capital em Milão. Este último, porém, continuou a ser assediado pelos povos provenientes da Europa central e oriental. Dessa forma, o Império do Ocidente foi pouco a pouco se esfacelando sob a ação dos invasores.
Figura 02 - Estátua de bronze de Constantino, o Grande. Inglaterra, 2009.
As invasões bárbaras Durante o governo de Teodósio, houve o aumento da entrada de povos bárbaros, como os romanos chamavam todos os povos que viviam nas fronteiras do Império Romano e não falavam latim. A princípio esses povos dispunham-se como trabalhadores agrícolas, devido à falta de escravos. Porém, rapidamente sua entrada nos territórios do Império transformou-se em invasão. No ano de 476, os hérulos invadiram e saquearam a cidade de Roma, derrubaram o último imperador, Rômulo Augusto, decretando o fim do Império Romano, o que foi efetivo apenas para o lado ocidental. Porém, as invasões bárbaras não foram a causa única da desagregação do Império. Tais invasões apenas constituíram um sintoma de sua crescente debilidade, pois o Império Romano, enfraquecido econômica e politicamente pelas revoltas sociais e pelas crises políticas e do escravismo, época em que se acelerava a expansão do cristianismo, não teve condições de se defender de ataques externos.
#DicaCine Hisóri Átila o huno (2001), de Dick Lowry A história gira em torno de Átila e conta como foi a sua caminhada para tornar-se um dos maiores líderes da história. No início do filme seus pais morrem e ele é criado pelo seu tio, que já tem um sucessor para o trono. Como guerreiro, conseguiu impor medo até na gigante Roma. Com sua crueldade e esperteza vai tentar de tudo para não ser atacado pelos exércitos do guerreiro principal. 483
A18 Roma: crise do império
Devido à falta de novas conquistas, a mão de obra escrava começou a ficar escassa. A economia romana, que era baseada no trabalho escravo, então, entrou em crise. A falta de recursos e o elevado custo para a manutenção do império, como o fortalecimento da estrutura militar e administrativa, abalaram o poder romano, incitando disputas entre chefes e acelerando essa crise.
História
Exercícios de Fixação 01. (Unisc RS) Desde a origem da civilização romana, passando pela Monarquia, República e Império, o politeísmo foi marca registrada. As várias divindades desempenhavam a função de explicar aquilo que o conhecimento antigo tinha dificuldade de compreender; por isso a crença em deuses com as mais variadas funções. Aliás, essa não foi uma exclusividade dos romanos na Antiguidade. O cristianismo, uma dissidência do judaísmo, com uma cosmovisão pautada pelo monoteísmo e pela intervenção de Deus na história, pôs em questão o politeísmo e a pluralidade religiosa. Considere as seguintes afirmativas: I. O cristianismo foi considerado religião oficial durante o império de Otávio Augusto, em 27 d.C. II. Durante quase três séculos, o cristianismo se manteve na clandestinidade, sendo perseguido pela Monarquia romana. III. Em 313, com Constantino, o cristianismo foi legalizado como religião oficial, nascendo daí a Igreja Católica. Assinale a alternativa correta. a) Todas as afirmativas estão corretas. b) Somente as afirmativas II e III estão corretas. c) Somente a afirmativa II está correta. d) Somente a afirmativa III está correta. e) Todas as afirmativas estão incorretas.
A18 Roma: crise do império
02. (Unitau SP) Sobre a grande perseguição sofrida pelos cristãos em Roma, leia com atenção as afirmativas abaixo e assinale a INCORRETA: a) Os cristãos recusavam-se a cumprir os rituais ligados à figura do Imperador. b) A luta entre cristãos e não cristãos prosseguiu até mesmo depois do Édito de Milão, quando o Imperador Constantino baixou um decreto oficial de tolerância aos cultos cristãos. c) Os cristãos insistiam que só eles possuíam a Verdade e que todas as outras religiões eram falsas. d) Em 313, o imperador Nero, que se converteu ao cristianismo, concedeu liberdade religiosa em todo o Império Romano, através do Édito de Nantes. e) Os Romanos eram politeístas e assimilaram dos gregos uma série de divindades que, exceto Apolo, foram rebatizados com nomes latinos. 03. (Uniube MG) A partir do século III da era cristã, a civilização romana entrou em crise. A expansão territorial, base de toda a riqueza e estabilidade política e social do Império, foi esgotando-se. Entre os elementos que desencadearam esta crise, podemos afirmar que a) as invasões bárbaras, longe de serem a causa única da queda do Império, manifestaram sua própria debilidade e fragilidade econômica, diante da crise do escravismo e das constantes disputas internas pelo poder.
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b) a derrota do cristianismo e a consequente revalorização da tradicional religião romana fragilizaram a dominação dos romanos sobre os escravos, os quais passaram a defender a crença na obtenção de vantagens concretas e imediatas. c) o poder divino e a centralização do comando do exército, atribuídos ao imperador Otávio Augusto, no período do Baixo Império, desenvolveram uma forte burocracia, dificultando a implementação da política do “pão e circo”, responsável pela melhoria das condições de vida dos plebeus. d) em meio à crise econômica e ao aumento das invasões bárbaras que atingiam também o Império Romano do Oriente, os homens livres foram gradualmente abandonando os campos e procurando a segurança proporcionada pelos exércitos urbanos. 04. (Uncisal AL) Os pesquisadores que têm se aproximado das questões que envolviam o Império Romano no reinado de Constantino I (306- 337), encontram grande diversidade de ideias e imagens ao retratá-lo. Ora visto como um político astuto, pragmático em suas decisões, ora visto como um imperador com preocupações místicas religiosas. Mas uma coisa é inegável, “um dos acontecimentos decisivos da história ocidental, e mesmo mundial, produziu-se em 312, no imenso Império Romano”, sob o governo de Constantino. SILVA, Diogo Pereira da. As abordagens historiográficas sobre Constantino I (306-337): uma revisão. Dimensões, Vitória, vol. 25, p. 32-45, 2010 (adaptado).
O texto faz referência a acontecimentos importantes do governo de Constantino, entre os quais se destaca a) o fim da escravidão e a adoção de um amplo processo de reforma agrária e econômica. b) o combate à revolta dos escravos e a divisão do Império Romano em Oriental e Ocidental. c) a adoção de um novo sistema de cobrança de impostos, que reorganizou a economia do Império. d) a instalação da república romana e a criação de uma hierarquia administrativa baseada na tetrarquia. e) o estabelecimento de outra capital para o Império, em Constantinopla, e a liberdade de culto aos cristãos. 05. (Uespi PI) As dificuldades de administrar o Império Romano traziam problemas para os seus governantes. O imperador Constantino (313-337) tentou amenizar essas dificuldades: a) editando a Lei Máxima, para controlar o excesso de impostos. b) dividindo o Império politicamente, privilegiando os cidadãos romanos. c) concedendo liberdade de culto aos cristãos, procurando conquistá-los politicamente. d) proibindo o aumento dos latifúndios, promovendo uma reforma agrária. e) eliminando os poderes do Senado, centralizando os poderes nas Assembleias.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
(Cláudio Vicentino. História Geral)
Sobre o mundo romano no Baixo Império é correto afirmar que a) o período foi caracterizado pela continuidade da política de guerras de conquistas. b) ocorreu uma expansão das áreas cultivadas em consequência da expansão territorial derivada das guerras. c) o fim das guerras de conquistas fez escassear o número de prisioneiros e prejudicou a produção, acarretando a crise do escravismo. d) as guerras e as conquistas permitiram obter ouro e prata abundantes, ocasionando uma inflação crescente. e) para proteger as fronteiras do império romano, ameaçadas pelos bárbaros, foi criada a guarda pretoriana. 02. (Puc RS) Considere as afirmativas abaixo, sobre o contexto do Baixo Império Romano (séculos III e IV d.C.). I. As altas taxas de natalidade entre a população de escravos garantiram o fornecimento de mão de obra, compensando o decréscimo causado pelo fim das guerras de conquista. II. O comércio em geral sofreu retração ao longo do período, devido, entre outros fatores, à escassez de metais preciosos. III. Os problemas político-religiosos causados pela expansão do Cristianismo foram resolvidos, pelo Estado romano, com o uso crescente e sistemático de práticas repressivas ao longo de todo o período. IV. Um número significativo de bárbaros (povos estrangeiros) foi admitido no exército romano, possibilitando, principalmente aos germanos, comporem uma nova aristocracia provincial, formada no período. Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. e) II, III e IV. 01-02-08-16
03. (Uem PR) Sobre o período da história romana denominado Baixo Império Romano, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01. O cristianismo, em suas origens, entra em choque com os valores romanos, que viam os imperadores como divindades.
02. Naquele período, surge o Colonato, divisão da grande propriedade em duas partes: a reserva senhorial e os lotes, fração de terra cedida aos trabalhadores, chamados colonos. 04. Naquela época, intensificaram-se as conquistas e, com elas, o aumento da mão de obra escrava para atender a necessidade do trabalho no campo. 08. As desordens sociais, ocorridas entre os séculos III e IV, contribuíram para a ruralização econômica do Império Romano Ocidental. 16. Os imperadores Constantino e Teodósio foram personagens importantes para a cristianização do Império: o primeiro por publicar o Edito de Milão, que estabelecia a tolerância religiosa no Império; o segundo por oficializar o cristianismo em todos os territórios romanos. 04. (Unifesp SP) Fomos à busca dos homens fugidos de nosso povoado e descobrimos que cinco deles e suas famílias estavam nas terras de Eulogio, mas os homens deste senhor impediram nos com violência de nos aproximar da entrada do domínio. (Egito romano, em 332 d.C.)
Os colonos não têm liberdade para abandonar o campo ao qual estão atados por sua condição e seu nascimento. Se dele se afastam em busca de outra casa, devem ser devolvidos, acorrentados e castigados. (Valentiniano, em 371 d.C.)
Os textos mostram: a) a capacidade do Império romano de controlar a situação no campo, ao levar a cabo a política de transformar os escravos em colonos presos a terra. b) a luta de classes, entre camponeses e grandes proprietários, pela posse das terras que o Estado romano, depois da crise do século III, é incapaz de controlar. c) a transformação, dirigida pelo governo do Baixo Império, das grandes unidades de produção escravistas em unidades menores e com trabalho servil. d) a permanência de uma política agrária, mesmo depois da crise do século III, no sentido de assegurar um número mínimo de camponeses soldados. e) a impotência do governo romano do Baixo Império em controlar a política agrária, por ele mesmo adotada, de fixar os pobres livres no campo. 05. (Unifor CE) Durante o Império, Roma atingiu o apogeu e a pax romana se estendeu do Ocidente ao Oriente. Essa foi a época a) da expansão externa e da conquista do Mediterrâneo, responsáveis pelo conflito entre a nova realidade socioeconômica e as velhas instituições políticas.
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A18 Roma: crise do império
01. (ESPM SP) O mundo romano mergulhou num prolongado período de crises. O Baixo Império foi marcado pela decadência e pela anarquia. Finalmente as invasões bárbaras minaram as forças imperiais já agonizantes, tomando pouco a pouco seus territórios e colocando fim ao império romano em 476.
História
b) do surgimento e da difusão do Cristianismo, que, após sangrentas perseguições, transformou-se em religião do estado, na fase final do Baixo Império. c) do declínio do Império Romano do Oriente que começou com a crise do século III e culminou com a sua destruição pelas invasões germânicas. d) da construção do mais poderoso império do Mundo Antigo e da criação do mais perfeito Código de Leis conhecido pela humanidade. e) da transformação de Roma no berço da cultura e da civilização Ocidental através do desenvolvimento da filosofia e da democracia.
b) provocou a guerra de Roma contra Cartago – as Guerras Púnicas –, pois os cartagineses colocaram em risco as conquistas romanas na Sicília e no norte da África. c) gerou o término do suprimento de escravos, decorrendo disso todo um processo de desordem econômica em Roma, com a fragilização do Exército e o avanço dos germanos. d) estabeleceu uma nova condição jurídica para os plebeus, que não podiam mais ser vítimas da escravização por dívidas e foram beneficiados com a distribuição de terras. e) motivou o crescimento dos espaços urbanos no Império, com o consequente aumento das atividades manufatureiras e comerciais, além do crescimento da população.
06. (UFPR) Sobre a religião da Roma Antiga, considere as afirmativas abaixo: 1. Os Jogos Olímpicos eram a principal cerimônia pública de adoração aos deuses, com a consagração de atletas de diversas partes do domínio romano, representando as mais diferentes divindades dos territórios conquistados. 2. Roma Antiga era politeísta, com deuses antropomórficos incorporados de povos conquistados, especialmente dos gregos. A expansão do domínio romano promoveu a coexistência dessa religião com religiões locais que não conflitassem com os rituais romanos. 3. Havia dois tipos de cultos: os promovidos pelo Estado romano, que dedicava rituais, festivais e templos aos grandes deuses, e o culto doméstico, voltado para antepassados e espíritos domésticos (denominados Lares). 4. O fim da pax romana ocorreu com a expansão do cristianismo, que substituiu o culto doméstico romano pelo monoteísmo, promovendo contestação do poder do Imperador entre os cidadãos romanos.
08. (UnB DF) Sobre a antiga civilização latina, julgue os itens abaixo. 00. A luta entre patrícios e plebeus não constitui apenas o motor histórico da instauração da República, mas foi também fundamental para o estabelecimento do primeiro código escrito romano – a Lei das XII Tábuas –, verdadeiro instrumento de combate contra a arbitrariedade dos pontífices patrícios. 01. Quando de sua expansão pelo Mediterrâneo oriental principalmente durante o século II a.C., Roma fortaleceu o chamado regime senatorial, pois poucas foram as repercussões na capital republicana, seja no plano propriamente político, seja no plano econômico e cultural. 02. O mundo romano assistiu, durante o período do alto Império, a um retrocesso considerável na vida urbana das províncias, o que acarretou uma espécie de renascimento rural em todo o Mediterrâneo. 03. Após ser legalizado pelo Imperador Constantino, o cristianismo gerou importantes avanços, principalmente entre os setores urbanos, enquanto o paganismo ainda resistia entre as populações rurais.
A18 Roma: crise do império
Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. e) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. 07. (UFTM MG) Os romanos deram o nome de pax romana ao período de estabilização das fronteiras. Nesse período, 300 mil soldados, deslocando-se rapidamente pelas estradas do Império, defenderam as fronteiras junto aos rios Reno e Danúbio contra as incursões das tribos germânicas, contiveram invasões orientais e sufocaram rebeliões internas. A paz romana foi, antes de tudo, uma “paz armada”, o maior símbolo do apogeu do Império, que, no entanto, já carregava em seu interior os sinais de sua decadência. (Flavio de Campos e Renan Garcia Miranda, A escrita da História)
O fim das conquistas romanas a) fortaleceu os plebeus, em especial os mais ricos, que conquistaram a instituição do tribunato da plebe e a permissão do casamento com os patrícios. 486
V-F-F-V
09. (UEPB) A Igreja Católica teve um papel central na sociedade medieval, tanto no plano material quanto nos domínios espirituais. Sobre o poder da Igreja é correto afirmar que: a) A intromissão da Igreja nos assuntos temporais despertou a fúria de vários reis que, em reação, tentaram determinar as áreas espirituais como de influência da Igreja. b) A autoridade do bispo de Roma teve como base os argumentos extraídos dos Evangelhos, nos quais o apóstolo João foi nomeado chefe fundador da Igreja. c) A ruralização da economia, na baixa Idade Média, deslocou a Igreja para o campo, transformando bispos e abades em poderosos senhores feudais. d) O domínio do conhecimento pela Igreja permitiu que o clero alçasse cargos públicos, o que aos poucos favoreceu o conflito com os reis. e) O título “Papa” foi empregado pela primeira vez por Teodósio, que oficializou o cristianismo como religião no Império Romano.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A19
CULTURA ROMANA Assim como a grega, a cultura romana é tida como o berço da cultura ocidental, especialmente no que se refere à literatura e arquitetura. Foi em Roma que nasceu o latim, língua que viria a dar origem a várias outras, como o italiano, francês, espanhol, romeno e o português. Tais categorias fazem com que a história do Império Romano seja exaltada, até os dias atuais, não apenas devido a suas conquistas, mas pelo seu legado, que também abrange o campo das artes.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Cultura romana nn Influências diversas
Os deuses romanos eram muito semelhantes aos deuses gregos, muitas vezes, recebendo apenas nomes diferentes. Por exemplo, Júpiter corresponde ao deus grego Zeus; Netuno a Poseidon; Vênus a Afrodite; Marte a Ares; Diana a Ártemis; Febo a Apolo; Mercúrio a Hermes etc. Apesar de os romanos terem aprimorado a maior parte dos inventos de outros povos, é inegável que muito foi apropriado na íntegra, principalmente devido ao fato de essa civilização ter sido formada da miscigenação de três diferentes povos.
Fonte: Wikimedia Commons
A cultura romana teve a influência de povos de diversas regiões, pois, como já vimos anteriormente, em sua fundação houve uma mistura de três povos que emigraram para a península itálica: gregos, italiotas e etruscos. Um traço dessa mistura de culturas é a religião, que era politeísta, isto é, diversos deuses eram cultuados.
Em consequência do poderio político e militar adquirido durante o Império, a arte romana alcançou elevado prestígio. Edificações (como fortificações e muralhas) e obras públicas (como pontes e estradas) surgiram da necessidade de organização da sociedade romana e do sentido de utilidade que esta conferia às criações arquitetônicas e artísticas.
Influências diversas Da Grécia, Roma herdara a visão humanista do mundo. Como dito anteriormente, assim como os gregos, os romanos eram politeístas e os deuses de ambos, de caráter antropomórfico, eram extremamente semelhantes, havendo mudança, muitas vezes, apenas no nome. Por sua vez, no campo das artes plásticas, como das pinturas e esculturas, os romanos receberam influência etrusca, itálica e helênica (grega). Outro destaque dos romanos era na língua e na literatura, as quais tinham como seus maiores representantes Cícero, o maior orador latino; Ovídio, autor de Arte de amar; Tito Lívio, autor de História de Roma; e Virgílio, autor de Eneida (relato da fundação mítica de Roma), entre outros. Figura 01 - Hércules, filho do deus Júpiter e da mortal Alcmena, golpeando Geras, filho de Nix, que representava a velhice (480-470 a.C.)
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História
SAIBA MAIS Antes de tudo, tu que és soldado que cruza as armas pela primeira vez, trata de encontrar o objeto do teu amor. Em seguida, dedica os teus esforços à conquista da jovem que te agradou e, em terceiro lugar, esforça-te para que o amor seja duradouro. Serão estes nossos limites, onde nosso carro deixará seu sinal; é esta a baliza que segurará a roda, lançada a toda a velocidade. OVÍDIO. Arte de amar. Trad. NASSETI, Pietro. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 25. Fonte: < http://revistaliteraria.com.br>, acesso em 08 mar. 2017. Figura 02 - Retrato imaginário de Ovídio, de Anton von Werner.
As peças teatrais, festivais públicos e batalhas de gladiadores eram realizadas no Coliseu e outros anfiteatros. Estes eram arenas ovais ou circulares a céu aberto, rodeadas de degraus e acentos. Também se destacavam, no cotidiano romano, as termas, destinadas aos banhos públicos. Eram, ao mesmo tempo, ponto de encontro, local de conversação e do exercício da vida política e intelectual. As termas já eram comuns em outras civilizações, porém foram muito utilizadas e difundidas em Roma, apresentando ali uma variedade de pinturas e mosaicos decorativos. Um dos maiores legados romanos à ocidental foi seu código de leis. Este se dividia em Jus Naturale (direito natural), compêndio de filosofia jurídica; Jus Gentium (direito das gentes), série de leis abrangentes, ou seja, não se levava em consideração as nacionalidades; e Jus Civile (direito civil), leis aplicáveis apenas aos cidadãos de Roma.
Figura 03 - Coliseu em Roma.
A19 Cultura romana
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 03. (Liceu de Artes e Ofícios SP) Examine as imagens das três obras de arte a seguir.
Fonte: shutterstock.com/Por Serghei Starus
01. (UFPE) O contributo das culturas grega e romana da Antiguidade às sociedades ocidentais ainda é bem perceptível na contemporaneidade. A esse respeito, analise as proposições a seguir. 01-02-04 00. O teatro romano ainda hoje é referência nas artes cênicas, pela profundeza com que eram abordados os temas nas peças encenadas. 01. Uma grande contribuição romana à arquitetura foi a técnica de construção de cúpulas em tijolo e pedra. 02. As formas de fazer as leis, sua interpretação e as ideias jurídicas fazem parte da herança romana ao Direito, no Ocidente. 03. As filosofias romana e grega ainda oferecem pontos de reflexão para o homem ocidental, dada a sua profundidade e originalidade. 04. O latim foi um elemento importante na dominação dos povos conquistados pelos romanos, sendo a base de línguas europeias da atualidade. 02. (UFG GO)
Discóbolo, cópia romana do original grego de Miron, século V a.C. Museu Nacional Romano, Itália.
II.
Estátuas religiosas da fachada ocidental da Catedral de Chartres, século XIII. França.
Fonte: shutterstock.com/Por lovelypeace
I.
Fonte: Aqueduto de Segóvia, Espanha. In: MORAES, José Geraldo V. de. Caminhos das civilizações - História integrada: Geral e do Brasil. São Paulo: Atual, 1998. p. 76.
a) O padrão simétrico, apolíneo, antropocêntrico. b) Devido aos investimentos políticos e financeiros, oriundos da supremacia comercial marítima de Roma, sob administração do Imperador Otávio Augusto, tendo como referência a Grécia, também dominada pelos romanos, durante o contexto de sua expansão marítimo-comercial.
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A19 Cultura romana
Esse processo envolveu a transposição dos padrões culturais romanos às outras cidades do Império. Com base no exposto, a) identifique dois padrões culturais romanos que influenciaram a arquitetura das outras cidades do Império. b) responda por que Roma se tornou a cidade-modelo do Império.
Fonte: Wikimedia Commons
A imagem acima de um aqueduto (canalização de água) romano da cidade de Segóvia, na Espanha, constitui-se num exemplo do processo de romanização das áreas conquistadas pelo Império Romano, a partir de Otávio Augusto (27 d.C.–14 d.C.).
História
32. O conjunto de mitos criado pelos gregos permaneceu inalterado mesmo depois de sua adoção pelos romanos. 64. Na sociedade grega, estabeleceu-se uma relação íntima entre arte e religião; a arquitetura, a escultura, a poesia e o teatro tinham como fundamento o culto religioso e a perpetuação dos mitos.
Fonte: Wikimedia Commons
05. (UnB DF) Da Antiguidade Clássica – greco-romana – derivam as
III.
Pietá, escultura de Michelangelo, século XV. Basílica de São Pedro, Vaticano.
Considerando as características dessas obras e o contexto em que foram produzidas, é correto afirmar que a) as três revelam a importância da religião cristã em cada época, apesar da peculiaridade das culturas desses povos. b) I e II diferenciam-se na forma, sendo a I preocupada com o movimento e a II, com o realismo das figuras. c) I e III aproximam-se na valorização do corpo humano, pois o antropocentrismo predominava nas duas culturas. d) II e III opõem-se na temática, uma vez que a II retrata uma cena bíblica e a III, a mitologia greco-romana. 04. (UFPR) “... Dividiu-se em três partes o Universo, e cada qual logrou sua dignidade. Coube-me habitar o mar alvacento, quando se tiraram as sortes; a Hades couberam as brumosas trevas e coube a Zeus o vasto Céu, no éter, e as nuvens. A Terra ainda é comum a todos, assim como o vasto Olimpo.”
tal, produziram uma obra monumental, cujos pressupostos filosóficos e estéticos atravessaram os séculos. Relativamente a valores, ideias, crenças e práticas que notabilizaram esse período histórico, julgue os itens a seguir.
02-04
01. A partir da mitologia, os gregos explicaram o surgimento do mundo e do homem, acreditando que a razão e a lógica deveriam subordinar-se às determinações dos deuses, os únicos verdadeiramente sábios. 02. A civilização romana não elaborou uma produção filosófica igualável à grega; todavia, em decorrência da conquista de um vasto império, desenvolveu um código jurídico que contribuiu para consolidar as bases da sua dominação em toda a área do Mediterrâneo. 03. O trabalho compulsório foi dominante em ambas as civilizações; a diferença entre elas residia no fato de ser facultada ao escravo grego a liberdade, desde que se dispusesse ao recrutamento militar e a pagar o tributo per capita cobrado ao cidadão. 04. Em Roma, à época republicana, os embates sociais e políticos ocasionaram uma relativa redefinição na estrutura do poder, na medida em que a legislação permitiu aos seg-
Segundo o texto de Homero, a origem do universo é explicada pela divisão feita por Cronos entre seus três filhos: Posêidon, Hades e Zeus. A visão mítica revelada por relatos como esse permeou as sociedades gregas e romanas da Antiguidade e atribuiu um caráter religioso ao seu legado artístico e cultural.
mentos sociais plebeus certa ascensão e a possibilidade de
Sobre a religião dessas sociedades, é correto afirmar que: 01. A mitologia era a base da religião, celebrada no culto aos antepassados, aos deuses e aos heróis. 02. Para os romanos, os deuses eram seres que não se identificavam com os vícios ou com as virtudes dos seres humanos. 04. Os mitos relatavam a criação do mundo e as relações entre deuses e homens, apresentando exemplos morais que deveriam pautar o comportamento humano. 08. Na religião da Grécia e Roma antigas, os heróis eram homens que praticavam ações extraordinárias, recebendo a mesma veneração destinada aos deuses.
A19 Cultura romana
de ambas as civilizações, também tributários da cultura orien-
(HOMERO. Ilíada. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1961. p. 261-262.)
01-04-08-64
16. Na Grécia, o culto a Júpiter não permitia a veneração de divindades protetoras das diversas cidades. 490
bases da chamada Civilização Ocidental. Pensadores e artistas
exercerem determinadas magistraturas. 06. (UCS RS) O Mundo Ocidental sofreu grande influência da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma). Assinale a alternativa correta. a) O cristianismo foi uma religião que nasceu no Oriente Médio, mas pode ser considerada uma contribuição grega. b) O sistema de numeração atual é uma contribuição direta da sociedade romana, especialmente o conhecimento do número zero. c) Os romanos inventaram o exército dividido em três partes: infantaria, artilharia e cavalaria; até o início do século XX, os exércitos eram divididos dessa forma. d) O francês, o português e o espanhol são idiomas atuais que derivam do latim. e) O Direito grego é considerado a principal contribuição de sua civilização para a atualidade.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares 01. (Uem PR) Com relação à arquitetura produzida no período do Império Romano, identifique o que for correto. 02-04-08-16 01. Descobridores do fenômeno da curvatura da retina, os romanos construíam as colunas de seus templos ligeiramente curvas para corrigir a distorção visual das linhas retas. 02. Os romanos foram os inventores do concreto, produzido a partir de uma mistura de pedra, areia, água e cinza vulcânica, o que possibilitou a construção de grandes edifícios. 04. Embora não seja uma criação dos romanos, o arco de meia circunferência ou arco pleno foi tão intensamente utilizado por eles que se tornou conhecido como arco romano. 08. Após o contato com a cultura grega, a moradia romana, rigorosamente retangular, incorporou, nos fundos da construção, o peristilo, em torno do qual se organizavam diversos cômodos. 16. Enquanto a nobreza vivia nos confortáveis domus, a maior parte da população de Roma habitava em pequenos apartamentos insalubres em edificações de até seis andares.
16. na Grécia antiga, a tragédia foi um gênero literário muito presente nas artes cênicas; várias peças teatrais deste gênero ficaram famosas e foram encenadas em outros períodos da história. 32. os romanos desenvolveram um estilo artístico que permaneceu independente da influência de outros povos, mesmo após a constituição do Império. 04. (Unitau SP) “Mesmo nas regiões da antiga Micenas, na Grécia continental, preservou-se uma memória oral dos tempos palacianos, que depois se incorporaria aos dois grandes poemas que tratam da Guerra de Troia, a Ilíada e a Odisseia. Não é possível saber se essa guerra foi real ou não. Os poemas são relatos épicos que combinam realidades de diferentes épocas com mitos antigos. Mas o sítio da antiga Troia foi efetivamente descoberto, na Turquia. Muitas cidades se ergueram nesse mesmo lugar, mas uma delas, a chamada Troia VII, foi realmente destruída por um incêndio, por volta de 1200 a.C.” GUARINELLO, N. L. História antiga. São Paulo: Contexto, 2013, p. 60.
03. (UFSC) Sobre as artes na antiguidade, é CORRETO afirmar que 01. os povos que se estabeleceram na região dos rios Tigre e Eufrates precisavam defender e expandir seu território constantemente, o que os impediu de realizar obras artísticas. 02. as diferentes formas de expressão artística desenvolvidas por diversas sociedades nos permitem conhecer melhor seu passado e podem ser consideradas fontes históricas. 04. a mitologia foi fonte inspiradora de diferentes manifestações artísticas no Egito antigo. Algumas pinturas funerárias, por exemplo, representavam cenas envolvendo ações divinas. 08. entre os poetas mais conhecidos da Roma antiga, figura Virgílio, autor da “Ilíada”, poema que descreve o desenvolvimento do Senado romano.
02-04
Segundo o texto acima, é CORRETO afirmar que: a) Estudar a Antiguidade é tarefa simples, pois temos muitos registros sobre esse período histórico, como exemplo disso citamos a Ilíada e a Odisseia. b) Lendas e poemas não são considerados fontes para o entendimento da História Antiga, pois não trazem informações sobre o cotidiano da vida nessa época. c) O sítio da antiga Troia é uma prova contundente de que tudo o que foi escrito sobre a Guerra, envolvendo esse local, é fruto da imaginação dos poetas daquele tempo. d) A mitologia, as lendas e os textos literários são importantes documentos históricos para o estudo da Antiguidade, pois oferecem pistas sobre fatos ocorridos, além de nos permitirem o contato com o modo de pensar de nossos ancestrais. e) Ilíada e Odisseia são poemas da Antiguidade que retratam os romanos de maneira épica, descrevendo os feitos dos heróis e populações que participaram da Guerra de Troia. 05. (UFPR) “... Dividiu-se em três partes o Universo, e cada qual logrou sua dignidade. Coube-me habitar o mar alvacento, quando se tiraram as sortes; a Hades couberam as brumosas trevas e coube a Zeus o vasto Céu, no éter, e as nuvens. A Terra ainda é comum a todos, assim como o vasto Olimpo.” (HOMERO. Ilíada. São Paulo : Difusão Europeia do Livro, 1961. p. 261-262.)
Segundo o texto de Homero, a origem do universo é explicada pela divisão feita por Cronos entre seus três filhos: Posêidon, Hades e Zeus. A visão mítica revelada por relatos como esse permeou as sociedades gregas e romanas da Antiguidade e atribuiu um caráter religioso ao seu legado artístico e cultural.
491
A19 Cultura romana
02. (UFPE) A grandiosidade do Império Romano criava muitos problemas administrativos e conflitos de poder, dificultando a ação dos seus governantes. Na arte, os romanos seguiram soluções práticas para facilitar sua vida urbana. A arquitetura romana, por exemplo, foi: 00-02 00. marcada pela influência dos etruscos no uso do arco e da abóbada. 01. definida pelas influências grega e egípcia, o que resultou em construções grandiosas em homenagem aos deuses. 02. marcada pela utilização de pedras e tijolos, utilizados em grandes edifícios públicos. 03. suntuosa nas construções públicas, que eram de grande originalidade para a época. 04. baseada no uso exclusivo do arco, graças à influência dos mesopotâmicos.
História
V-F-V-V-F-F-V
Sobre a religião dessas sociedades, é correto afirmar que: 01. A mitologia era a base da religião, celebrada no culto aos antepassados, aos deuses e aos heróis. 02. Para os romanos, os deuses eram seres que não se identificavam com os vícios ou com as virtudes dos seres humanos. 04. Os mitos relatavam a criação do mundo e as relações entre deuses e homens, apresentando exemplos morais que deveriam pautar o comportamento humano. 08. Na religião da Grécia e Roma antigas, os heróis eram homens que praticavam ações extraordinárias, recebendo a mesma veneração destinada aos deuses. 16. Na Grécia, o culto a Júpiter não permitia a veneração de divindades protetoras das diversas cidades. 32. O conjunto de mitos criado pelos gregos permaneceu inalterado mesmo depois de sua adoção pelos romanos. 64. Na sociedade grega, estabeleceu-se uma relação íntima entre arte e religião; a arquitetura, a escultura, a poesia e o teatro tinham como fundamento o culto religioso e a perpetuação dos mitos.
Fonte: Wikimedia Commons
06. (UEG GO) Analise a imagem.
A19 Cultura romana
AUGUSTO PRIMA PORTA, 19 a.C. In: PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Editora Ática, 2008. p. 51.
Augusto de Prima Porta, esculpida por volta de 19 a.C., é uma típica escultura da Roma antiga. A diferença dessa escultura em relação às gregas do período clássico está a) na monocromia, indicando maior austeridade dos costumes romanos em comparação com os dos gregos. b) na postura ereta e estática, demonstrando que as esculturas gregas retratavam o movimento dos corpos. c) no caráter político, já que as esculturas gregas priorizavam temas da mitologia religiosa. d) no uso da indumentária militar na composição da obra, uma vez que as esculturas gregas valorizavam o corpo humano. 07. (UECE) Leia, com atenção, os versos do poeta romano abaixo apresentados: “Menino ainda, não era útil nem digna a mulher Que me deram; foi minha esposa por pouco tempo; 492
Sucedeu-a outra cônjuge que, embora irrepreensível, Não ia demorar-se muito no meu leito: A última, que permanece em meus anos tardios, Suporta ser mulher de um homem desterrado.” Fonte: OVÍDIO. Livro Quarto. Décima Elegia in Poemas de Carne e do Exílio. Seleção, tradução, introdução e notas José Paulo Paes. São Paulo: Companhia das Letras, 1997,p. 71.
Tomando por base os versos acerca dos costumes da sociedade romana, é verdadeiro afirmar que a) a instituição do divórcio garantia a autonomia da mulher em relação ao marido. b) a moral romana privilegiava o poder decisório da mulher, que pertencesse às famílias tradicionais. c) a mulher romana era subordinada ao marido, que lhe restringia a livre iniciativa. d) o número de divórcios era inexpressivo, pois a manutenção dos enlaces matrimoniais era um dever do cidadão romano. 08. (Uem PR) Sobre a arte romana e a sua relação com manifestações artísticas de outros períodos e civilizações, assinale o que for correto. 04-08 01. Diferentemente dos circos na Grécia Antiga, o circo romano, chamado de Coliseu, destinava-se, principalmente, à luta de gladiadores, garantindo entretenimento à população da cidade de Roma. 02. Os romanos, como a maioria dos povos da Antiguidade, nunca conheceram a arte do retrato, uma vez que o rosto das esculturas era idealizado. 04. Os afrescos romanos não serviram de inspiração aos artistas renascentistas, uma vez que a maior parte desses só foi conhecida depois do século XVIII. 08. Com o uso das abóbadas de aresta, elemento construtivo que não era praticado pelos gregos, os construtores romanos puderam rasgar grandes vãos nas paredes das construções. 16. Os construtores romanos, assim como os gregos, assentavam o auditório dos teatros nas encostas das colinas, porque isso lhes garantiria maior solidez da construção e economia de material. 09. (Uem PR) Sobre a história de Roma e da Grécia, na antiguidade, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01-04-16 01. Palco das lutas entre os gladiadores, o Coliseu, a maior das arenas romanas, era também palco de outros espetáculos, tais como encenações teatrais e festivais públicos. 02. No século I, com a rápida difusão do cristianismo, os romanos abandonaram o politeísmo e se tornaram monoteístas. 04. As conquistas de Alexandre, da Macedônia, favoreceram o surgimento de uma nova cultura, herdeira da grega, mas diferente dela em razão das influências da cultura oriental. 08. No período clássico da história da Grécia, Atenas e Esparta mantinham sistemas de governos extremamente semelhantes, o que favoreceu o surgimento da democracia, quando a Grécia foi unificada. 16. A Grécia é tida como o “berço da filosofia”, ou seja, berço do estudo que tem por objetivo procurar explicações racionais e universais para a vida em geral.
FRENTE
A
HISTÓRIA
MÓDULO A20
POVOS BÁRBAROS
ASSUNTOS ABORDADOS
A palavra bárbaro vem do grego antigo, que significava não grego. Dessa forma, os gregos designavam os estrangeiros, aqueles que não eram gregos e aqueles povos cuja língua materna não era a grega. Entravam nessa classificação, então, os persas e até mesmo os romanos, a princípio.
nn Povos bárbaros nn As tribos bárbaras
No entanto, foi apenas durante o Império Romano que essa expressão passou a ser usada no sentido de não romano ou incivilizado. O uso desse termo possuía um caráter pejorativo que não correspondia à realidade, pois esses povos apenas tinham cultura e costumes próprios. Esse preconceito com relação aos povos de matriz cultural diferente é comum a indivíduos de grandes centros populacionais e econômicos e caracteriza-se como etnocentrismo. Essa visão negativa muito provavelmente influenciou no significado atual da expressão, que hoje significa não civilizado, brutal ou cruel.
As invasões ocorreram em duas ondas mais importantes. Na primeira, esses povos assimilavam a cultura romana, e possuíam certa receptividade, recebendo pequenos lotes de terra. Com o passar do tempo, seus costumes mesclavam-se com os costumes romanos. A segunda leva foi mais lenta e não contou com os mesmos benefícios devido a um contingente maior de pessoas e à proximidade entre as terras ocupadas e as fronteiras internas do Império.
Figura 01 - A invasão dos bárbaros ou a entrada dos hunos em Roma (1887), por Ulpiano Checa.
#Conceito Etnocentrismo: Etnocentrismo é um conceito da Antropologia. Define-se como a visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo, portanto, num plano mais importante que as outras culturas e sociedades. Fonte: https://www.significados.com.br/ etnocentrismo/
Fonte: Wikimedia Commons
Esses povos eram numerosos e muito distintos, abrangendo desde os hunos, de origem oriental, até os povos germânicos, como os godos, os celtas, os gauleses, entre outros. Em especial eram chamados bárbaros os povos de origem germânica, que, entre 409 e 711, invadiram o Império Romano do Ocidente, causando sua queda em 476.
493
História
As tribos bárbaras O processo de formação dessas tribos estava diretamente ligado à atividade militar, o que era comum para a época. O guerreiro que colecionava o maior número de vitórias em combate conquistava o direito de liderar grupos de guerreiros e famílias, formando os clãs e finalmente as tribos. Dessa forma, centenas de tribos se formaram com o passar dos séculos. Os povos bárbaros dividiam-se em quatro grandes grupos: os eslavos, advindos de tribos originárias de regiões hoje compreendias pela Rússia, Polônia, Croácia, Bósnia, Sérvia, Eslováquia, República Tcheca, entre outras; os tártaro-mongóis, formados pelos hunos, alanos, ávaros; e os gauleses e os germânicos, que contribuíram de forma mais significativa para a formação da cultura ocidental. A maior parte do que se conhece das civilizações bárbaras baseia‐se nas descrições feitas por Júlio César e pelos historiadores romanos Tácito e Amiano Marcelino, tendo este último nascido durante o governo de Constantino, primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo. Os gauleses De acordo com Plutarco, historiador da Grécia, os gauleses agrupavam centenas de tribos - entre elas os ceromanos, caletos, parísios, tricasses, cadurcos, arvernos, remos, eburões, nérvios, helvécios e tréveros - que habitavam a região denominada Gália, a qual que corresponde atualmente à França, Bélgica, Holanda ao norte da Itália.
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Hisóri ASTERIX E OBELIX CONTRA CÉSAR (1999), DE CLAUDE ZIDI. César descobre que a Gália não foi totalmente ocupada pelos romanos, e vê suas legiões derrotadas por uma aldeia de resistentes que tomam uma poção mágica que lhes dá força. Decepcionado, pensa com Lucius Detritus um meio de acabar com os gauleses, e resolve fazê-lo capturando Panoramix, o druida responsável pela poção. Porém Detritus pega a fórmula para virar imperador. Asterix e Obelix terão de fazer de tudo para salvar Panoramix e deter os romanos, mas com uma ajuda inesperada.
Os germânicos
A20 Povos bárbaros
São caracterizados como germânicos os povos que habitavam a leste do rio Reno e norte do Danúbio, região fora da influência romana. Não há consenso sobre a origem desses povos, porém, desde a Antiguidade a Europa era habitada por inúmeros povos germânicos, dentre eles os visigodos, ostrogodos, suevos, vândalos, burgúndios, francos, lombardos, hérulos, anglos, saxões, jutos, cimbros, teutões, frisões, queruscos, rugios, marcomanos, quados.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Religião Os bárbaros, tais quais os romanos, eram politeístas e se valiam do panteão nórdico. Praticavam sacrifícios de animais e humanos, geralmente prisioneiros de guerra ou que cometeram algum delito, diante de adversidades como guerras, catástrofes naturais e epidemias.
Fonte: Wikimedia Commons
O panteão nórdico agregava deuses e divindades que se assemelhavam aos da mitologia greco‐romana: Odin, deus da criação e dos mortos, possuía uma lança capaz de emanar raios certeiros quando desejava punir algum mortal, e um cavalo de oito patas, Sleipnir, mais veloz do que todos os outros. Thor, filho mais velho de Odin, era o deus do trovão e tinha como símbolo um martelo dotado de poderes mágicos. Frey era o deus da fecundidade e da fertilidade, Freya, sua irmã, deusa do amor. Loki, deus do fogo, era traiçoeiro e simbolizava a maldade. Além dos deuses e divindades, acreditavam também em seres místicos, como gnomos, duendes, fadas, gigantes, elfos. Figura 02 - Saque de Roma pelos Vândalos (455 d.C.), de Heinrich Leutemann.
Exercícios de Fixação 01. (UFRGS) Os dois fragmentos citados abaixo, de autoria do
Quais estão corretas?
filósofo Santo Agostinho (354-430 d.C.), tratam do mesmo
a) Apenas I.
contexto histórico.
b) Apenas II.
Sobre a origem, o progresso e os termos previstos para as duas cidades, das quais uma é de Deus, a outra deste mundo (...), prometi escrever, após ter refutado, quanto me ajudasse sua graça, os inimigos da cidade de Deus, que preferem seus deuses ao fundador desta última, Cristo. Santo Agostinho, A Cidade de Deus, XVIII, I-II,1.
Neste momento, Roma foi destruída sob os golpes da invasão dos godos que o rei Alarico conduzia (410 d.C.): foi um grande desastre. Os adoradores de uma multidão de deuses falsos, que chamamos ordinariamente de pagãos, esforçaram-se para atribuir esse desastre à religião cristã e puseram-se a blasfemar contra o Deus verdadeiro.
c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III. 02. (UEPB) “Neste momento, Roma foi destruída sob os golpes da invasão dos godos que o rei Alarico conduzia (410): foi um grande desastre. Os adoradores de uma multidão de deuses falsos, que chamamos ordinariamente de pagãos, esforçaram-se para atribuir esse desastre à religião cristã e puseram-se a blasfemar contra o Deus verdadeiro, com mais aspereza e amargor que de hábito. É por isso que, tomado pelo zelo da casa de Deus, decidi escrever contra as blasfêmias e seus erros os livros da Cidade de Deus.” (François Hartog. A História de Homero a Santo Agostinho. BH. Editora UFMG. 2001. p. 259)
Considere as seguintes afirmações, sobre esses fragmentos.
"Os livros da Cidade de Deus", de influência neoplatônica,
I.
Santo Agostinho retrata a tomada de Roma, a ascen-
é de autoria de
são dos pagãos e a opressão aos godos.
a) Tomás de Aquino.
Santo Agostinho afirma que os godos eram cristãos e
b) Agostinho.
que os romanos eram pagãos.
c) Homero.
Santo Agostinho discorre sobre a queda de Roma e a
d) Flávio Josefo.
defesa do cristianismo.
e) Platão.
II. III.
A20 Povos bárbaros
Santo Agostinho, Retratações, II, 1.
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História
03. (UEA AM) Pois a plebe, que nada ousa por si, e a nenhum conselho é admitida, quase é tida no lugar de escravos. Os mais dela, quando se veem oprimidos, ou por dívida, ou pela grandeza dos tributos, ou pela prepotência dos poderosos, escravizam-se aos nobres, que exercem sobre eles os mesmos direitos, que os senhores sobre os escravos. (Júlio César. Comentários sobre a guerra gálica, s/d.)
Júlio César publicou seu livro sobre a conquista romana da Gália em 51 a.C., ano de conclusão da ação militar. O excerto, extraído desse livro, mostra a indignação do general diante da sociedade gaulesa, na qual, ao contrário de Roma, a plebe a) estava isenta de compromissos econômicos de qualquer espécie, vivendo isoladamente nas suas terras. b) pouco participava das guerras, beneficiando-se dos alimentos ofertados gratuitamente pelo Estado. c) tinha um baixo grau de instrução militar e, por isso, era desprezada pela culturalmente refinada nobreza gaulesa. d) submetia-se aos vencedores romanos na tentativa de se libertar da severidade dos senhores gauleses. e) mal se distinguia dos escravos, além de estar afastada dos direitos políticos. 04. (Ufac AC) “Durante a década de 1970, Asterix, um personagem de histórias em quadrinhos, alcançou grande popularidade. Gaulês, Asterix liderava, com a ajuda de uma poção mágica e de seu companheiro Obelix, a resistência de sua tribo contra os invasores romanos.”
A20 Povos bárbaros
ARRUDA, José Jobson de A.; PILETTI, Nelson. Toda a História: História Geral e História do Brasil. São Paulo: Ática, s.d., p.95.
Por Tutatis! Digestivo Cultural. Fonte: http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=1387.
496
O quadrinho acima apresenta a imagem de Asterix e Obelix, personagens de Uderzo e Goscinny. Ao observá-los e ler o texto, podemos compreender que: a) O expansionismo do Império Romano não significou alteração nos ordenamentos territoriais e políticos europeus. b) Os gauleses combatiam o imperialismo grego. c) Os gauleses foram responsáveis pelo crescimento da usura, que seria uma das causas de decadência do Império Romano. d) Os romanos tentavam dominar os povos bárbaros para a erradicação do helenismo. e) A expansão do Império Romano ocorreu com oposição dos povos bárbaros. 05. (Ufam AM) Atualmente os termos Bárbaros e Vândalos são utilizados como adjetivos depreciativos para pessoas incultas e violentas. No entanto, em sua origem, eles serviam para qualificar ou designar povos que viviam fora do mundo grego ou romano. Assim, enquanto para os gregos antigos bárbaros eram todos aqueles povos que não falavam sua língua e exprimiam sua cultura, para os romanos, Vândalos designavam: a) Escravos insurgentes do Império b) Povos invasores originários do norte da África c) Legionários comandados por Nero e Tibério Graco d) Tribos nômades oriundas da Ásia Central e) Nenhuma das alternativas anteriores 06. (UFMS) Dentre os motivos que levaram ao declínio e à queda do Império Romano do Ocidente, no século V da Era Cristã, em um contexto de transição da Antiguidade para o Feudalismo, podemos incluir 01-02-08 01. as migrações e as invasões dos povos bárbaros (vândalos, visigodos, ostrogodos, suevos, anglo-saxões, francos, burginhões, lombardos e outros), as quais provocaram intensa ruralização em muitas regiões da Europa. 02. a expansão do Império Romano sobre a Europa Oriental, leste da Ásia e África centro-meridional , que trouxe enormes perdas ao exército de Roma, enfraquecendo-o ainda mais diante dos povos germânicos. 04. a progressiva desintegração do escravismo clássico, base da economia do Mundo Antigo. 08. a fragmentação da unidade imposta ao Mundo Antigo pelo Império Romano, decorrente de sua própria divisão, em 395 d.C., em Império do Romano do Ocidente, com capital em Milão, e Império Romano do Oriente ou Império Bizantino, com capital em Constantinopla, atual Istambul; Roma deixara de ser a capital do Mundo Antigo. 16. o fortalecimento gradual do exército romano frente às invasões bárbaras, principalmente a partir do século III da Era Cristã.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
Coluna A 1. Reino dos Francos 2. Reino dos Visigodos 3. Reino dos Vândalos 4. Reino dos Ostrogodos Coluna B ( ) Localizou-se na Península Itálica. Seus dirigentes se esforçaram para salvaguardar o patrimônio artístico-cultural de Roma. Restauraram vários monumentos, para manter viva a memória romana. Conservaram a organização político-administrativa imperial, o Senado, os funcionários públicos romanos e os militares godos. ( ) Atravessou a Europa e fixou-se no norte da África. Nesse reino houve perseguição aos cristãos, cujo resultado foi a migração em massa para outros reinos, provocando falta de trabalhadores, e uma diminuição da produção. ( ) Situou-se na Península Ibérica; era o mais antigo e extenso. Ocupava estrategicamente a ligação entre o Mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, que lhe permitia a supremacia comercial entre a Europa continental e insular. ( ) Constituiu-se, basicamente, na antiga Gália dos romanos. Estava localizado nos territórios das atuais França e Bélgica. Foi o reino que teve, entre todos eles, maior tempo de duração, tornando-se um império, conhecido como o Império Carolíngio. Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente os parênteses, de cima para baixo. a) 1 – 3 – 2 – 4 b) 2 – 1 – 4 – 3 c) 4 – 3 – 2 – 1 d) 2 – 1 – 3 – 4 e) 4 – 2 – 3 – 1 02. (FGV SP) “Não descreverei catástrofes pessoais de alguns dias infelizes, mas a destruição de toda a humanidade, pois é com horror que meu espírito segue o quadro das ruínas da nossa época. Há vinte e poucos anos que, entre Constantinopla e os Alpes Julianos, o sangue romano vem sendo diariamente vertido. A Cítia, Trácia, Macedônia, Tessália, Dardânia, Dácia, Épiro, Dalmácia, Panônia são devastadas pelos godos, sármatas, quedos, alanos (...); deportam e pilham tudo. Quantas senhoras, quantas virgens consagradas a Deus, quantos homens livres e nobres ficaram na mão dessas bestas! Os bispos são capturados, os padres assassinados, todo
tipo de religioso perseguido; as igrejas são demolidas, os cavalos pastam junto aos antigos altares de Cristo (…).” (São Jerônimo, Cartas apud Pedro Paulo Abreu Funari, Roma: vida pública e vida privada. 2000)
O excerto, de 396, remete a um contexto da história romana marcado pela a) combinação da cultura romana com o cristianismo, além da desorganização do Estado Romano, em meio às invasões germânicas e de outros povos. b) reorientação radical da economia, porque houve o abandono da relação com os mercados mediterrâneos e o início de contato com o norte da Europa. c) expulsão dos povos invasores de origem não germânica, seguida da reintrodução dos organismos representativos da República Romana. d) crescente restrição à atuação da Igreja nas regiões fronteiriças do Império, porque o governo romano acusava os cristãos de aliança com os invasores. e) retomada do paganismo e o consequente retorno da perseguição aos cristãos, responsabilizados pela grave crise política do Império Romano. 03. (Uespi PI) Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental, ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que a) foi uma ocupação militar violenta que, causando destruição e barbárie, acarretou a ruína das instituições romanas. b) se, por um lado, causaram destruição e morte, por outro, contribuíram decisivamente para o nascimento de uma nova civilização, a da Europa Cristã. c) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu, afinal, conter os bárbaros, derrotando-os militarmente e, sem solução de continuidade, absorveu e integrou os seus remanescentes. d) se não fossem elas, o Império Romano não teria desaparecido, pois, superada a crise do século III, ele passou a dispor de uma estrutura socioeconômica dinâmica e de uma constituição política centralizada. e) os Godos foram os povos menos importantes, pois quase não deixaram marcas de sua presença. 04. (UFPR) As invasões germânicas têm início no século IV d.C. e promovem importantes transformações no panorama mediterrânico, as quais atingem as estruturas do mundo clássico. Identifique, dentre as transformações abaixo, a que corresponde à raiz da protofeudalização da Europa Ocidental. a) Ruralização e fragmentação do poder político. b) Imposição da maneira de viver dos povos germânicos e consequente destruição da cultura dos povos dominados.
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A20 Povos bárbaros
01. (UCS RS) Com a queda do Império Romano do Ocidente, vários reinos bárbaros foram formados a partir do século V. Relacione os reinos bárbaros apresentados na COLUNA A às características que os identificam, elencadas na COLUNA B.
História
c) Desaparecimento do latim como língua escrita e falada, substituída pelos dialetos germânicos. d) Substituição do cristianismo pelos cultos celtas e godos nos reinos germânicos. e) Substituição do Direito Romano pelos costumes dos povos invasores 05. (UFPR) Toda a Gália está dividida em três partes, uma habitada pelos belgas, outra pelos aquitanos, a terceira por aqueles que nós chamamos de gauleses (em sua língua, celtas). Essas nações diferem entre si pela língua, pelos costumes e pelas leis. (Júlio César, Guerra das Gálias.)
Esse trecho de Júlio César se refere às conquistas da Roma Antiga e à maneira como os romanos viam os povos que conquistavam. Sobre as conquistas romanas, é correto afirmar que: a) O exército romano era composto somente por escravos. b) Os povos conquistados eram considerados incultos e menosprezados pelos romanos. c) As estruturas administrativas construídas pelos romanos foram pouco duráveis, o que limitou a sua capacidade de expansão. d) Os romanos não tinham uma política de destruição, nem de integração cultural dos povos conquistados, preservando a posição das elites que se aliassem a eles. e) Durante as guerras de conquista, houve uma diminuição do número de escravos capturados pelos romanos. 06. (UFG GO) Leia o verbete a seguir. Vândalo (do latim vandalus). S. m. 1. Membro de um povo germânico de bárbaros que, na Antiguidade, devastaram o Sul da Europa e o Norte da África. 2. Fig. Aquele que destrói monumentos ou objetos respeitáveis. 3. Fam. Indivíduo que tudo destrói, quebra, rebenta. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: dicionário da língua portuguesa. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. (Adaptado).
A20 Povos bárbaros
O verbete “vândalo” indica que o mesmo termo adquire diferentes significados. O sentido predominante no dicionário citado, e amplamente empregado na cobertura midiática das recentes manifestações no Brasil, decorre da prevalência, na cultura ocidental, de uma a) visão de mundo dos romanos, que, negando a cultura dos povos germânicos, consolidou a dicotomia entre civilização e barbárie. b) mentalidade medieval, que, após a queda do Império Romano, se apropriou da herança cultural dos povos germânicos conquistadores, valorizando-a. c) concepção renascentista, que resgatou os valores cristãos da sociedade romana, reprimidos desde as invasões dos povos bárbaros. d) imagem construída por povos dominados pelo Império, que identificaram os vândalos como símbolo de resistência à expansão romana.
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e) percepção resultante dos conflitos internos entre os povos germânicos que disseminou uma imagem negativa em relação aos vândalos. 07. (Unicamp SP) O termo “bárbaro” teve diferentes significados ao longo da história. Sobre os usos desse conceito, podemos afirmar que: a) Bárbaro foi uma denominação comum a muitas civilizações para qualificar os povos que não compartilhavam dos valores destas mesmas civilizações. b) Entre os gregos do período clássico o termo foi utilizado para qualificar povos que não falavam grego e depois disso deixou de ser empregado no mundo mediterrâneo antigo. c) Bárbaros eram os povos que os germanos classificavam como inadequados para a conquista, como os vândalos, por exemplo. d) Gregos e romanos classificavam de bárbaros povos que viviam da caça e da coleta, como os persas, em oposição aos povos urbanos civilizados. 08. (UECE) O fim do Império Romano do Ocidente culminou com a conquista da cidade de Roma pelos germânicos, no final do século V d.C. Das terras conquistadas, vários reinos foram criados. Sobre esses reinos é correto afirmar que a) apesar de terem sido múltiplos, contaram com centralização política e administrativa conduzida por Meroveu. b) um pacto de auxílio político e militar reuniu os reinos dos visigodos e dos vândalos, criando assim o chamado reino dos ostrogodos. c) foram independentes entre si, tendo como destaque os anglo-saxões, visigodos, suevos, vândalos, ostrogodos e francos. d) a dependência do reino dos francos em relação ao reino dos anglo-saxões culminou na criação de várias cidades. 09. (UFMT) Concomitantemente ao declínio do Império Romano do Ocidente, a Europa vivenciou uma fase de intensos movimentos migratórios os quais foram, inclusive, um dos aspectos que integram o quadro explicativo para o fim daquele Império. Sobre as migrações europeias na fase final do Império Romano do Ocidente, julgue os itens. 00-01-03 00. A invasão do território romano pelos povos germânicos deveu-se também à existência de terras férteis e clima mais quente, ambos propícios para o desenvolvimento da agricultura e para a criação de gado. 01. A pressão exercida pelo deslocamento dos hunos em direção à Europa também foi um importante fator que forçou os povos germânicos a migrarem em direção ao território romano. 02. Dentre os povos que migraram em direção ao Império Romano, destacaram-se os vândalos que ocuparam a península Itálica e assumiram o controle do Império. 03. Para os romanos, os povos que viviam fora dos limites do Império eram considerados bárbaros.
FRENTE
A
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (UEG GO) A inscrição gravada em honra de Otávio Augusto em um escudo na Cúria Juliana afirmava a importância do Princeps: “em consideração pela sua justiça e pela sua piedade”. Em relação ao principado de Augusto, no início do Império Romano, marque a alternativa INCORRETA: a) Durante o principado, o imperador passou a acumular todos os poderes, embora continuassem a existir vários órgãos da República. Otávio conseguiu reconciliar a monarquia militar com as instituições republicanas. b) Foi graças ao poder e à estabilidade iniciada no principado
03. (UFPA) Leia e responda: Texto 1 “Do ponto de vista topográfico, uma pólis, no seu núcleo urbano, dividia-se (....) em duas partes (...): a acrópole, colina fortificada e centro religioso, e a ásty ou cidade baixa, cujo ponto focal era o lugar de reunião (...) a ágora. Um terceiro elemento (...) era o porto (...). Por fim, o território rural semeado de aldeias (Khóra) completava o quadro da cidade-estado” CARDOSO, Ciro F. A Cidade-Estado Antiga. São Paulo: Ática, p. 22.
que Roma pôde desfrutar de um período de grande prospe-
Texto 2
ridade, constituindo a Pax Romana.
“Embora a atividade agrícola tenha sido atividade econômica
c) Na literatura, o período de governo de Otávio Augusto ficou
predominante durante toda a história de Roma, as cidades com
conhecido como a época de ouro, graças a seu ministro Me-
as suas atividades específicas também se desenvolveram bas-
cenas que, por seu interesse pelas artes, apoiou escritores
tante. Tal como ocorreu na Grécia, os centros urbanos durante
como Horácio e Virgílio, entre outros.
a República romana eram uma continuidade do campo; ponto
d) Augusto promoveu reformas e melhorias em todo o império,
de reunião a partir de onde os proprietários de terra governa-
ampliando a burocratização do Estado e a organização de
vam. Mas (...)Roma (...), desde o séc. IV era um centro comer-
um poderoso exército de mais de 300 mil homens.
cial e manufatureiro de alguma importância.”
e) O caráter piedoso de Augusto está associado ao fim da perseguição aos cristãos e ao estabelecimento de uma era de tolerância religiosa em Roma. 02. (Uel PR) Com base nos conhecimentos sobre Roma Antiga, no chamado Alto Império, considere as afirmativas a seguir. I.
A ausência das conspirações palacianas, impostas pela guarda pretoriana, garantiu a continuidade dos imperadores eleitos pela câmara alta do senado.
II.
Com a descentralização do poder imperial pela participação ativa da plebe nas assembleias republicanas, ocorreu uma alteração na estrutura produtiva socioeconômica.
III.
O poder autocrático do imperador, apoiando-se no exército, pacificou as disputas internas nas províncias, melhorando as arrecadações tributárias.
IV.
A organização política foi dividida entre a ordem equestre, representante dos interesses mercantis, a ordem senatorial, dos patrícios, e a ordem plebeia.
Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
FLORENZANO, Maria Beatriz B. O Mundo Antigo: Economia e Sociedade. São Paulo: Brasiliense, p. 69.
Texto 3 “Aproveitando-se da intranquilidade e desorganização dos séculos finais do império [romano], os grandes proprietários ampliam as suas terras e constituem séquitos armados. A população livre vê-se levada a procurar proteção (o patrocínio), solicitando-a ao senhor da villa; entrega-lhe a sua terra e recebe-a de volta como posse (o precário), caindo, portanto, na dependência desse grande proprietário rural.” MONTEIRO, Hamilton M. O Feudalismo: Economia e Sociedade. São Paulo: Ática, p. 12.
Os textos acima tratam das relações entre campo e cidade na Antiguidade Clássica e quando da passagem do Mundo Antigo para o período medieval. A partir desses textos e dos conhecimentos históricos sobre o assunto, é correto afirmar que: a) Na Antiguidade greco-romana, houve o surgimento da cidade-estado, cuja base de sustentação econômica residia nas atividades mercantis e manufatureiras associadas às formas de trabalho agrícola. b) A villa, a grande propriedade rural romana, quando da crise
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
do Mundo Antigo, tornou-se o lugar do estabelecimento de
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
novas relações de trabalho, marcadas pela dependência en-
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
tre o grande proprietário e seus protegidos. 499
História
c) A separação entre os espaços urbano e rural, desde a Antiguidade Clássica, explica o declínio das grandes proprie-
assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
dades rurais, no final da Idade Antiga, enquanto as cidades
01. A historiografia atribui o nome de Helenística à cultura ini-
mantinham-se em segurança e em prosperidade. d) A desestruturação das atividades agrícolas, em função da
ciada sob o poder de Alexandre e seguida até o domínio da Grécia pelos romanos. 02. Uma das principais expressões da arte Helenística é o Ca-
e a maior importância adquirida pelas cidades na passagem
valo de Troia, grande escultura em madeira com que os gregos presentearam os troianos.
e) Os vínculos entre campo e cidade, desde a Antiguidade Clás-
04. A Arte Romana assimilou da Arte greco-helenística a busca
sica, explicam a dependência da economia rural em relação
por expressar um ideal de beleza e da Arte Etrusca, mais
aos mercados urbanos, bem como o fato da reestruturação
popular, a preocupação de expressar a realidade vivida.
das relações de trabalho escravistas nas villas romanas não
08. Uma das características da arquitetura romana é a utiliza-
ter afetado a economia citadina. 04. (Uncisal AL) Quando Orestes morreu, os invasores, liderados pelo general Odoacro, condenaram o César à morte. Mas como era apenas um garoto, a pena foi cancelada, ele recebeu uma mesada e se mudou para um castelo na cidade de Nápoles, onde viveu até os 51 anos. Foi [...] sorte, no fim das contas. Dos 111 imperadores romanos da história, só 31 não foram assassinados. E Rômulo foi um deles. Quando Rômulo trocou o
ção de arcos e abóbadas nas construções. Esses dois elementos arquitetônicos permitiram aos romanos criar espaços internos livres do excesso de colunas. 16. Tanto gregos como romanos esculpiam figuras humanas. No entanto enquanto as esculturas romanas eram, em geral, uma representação das pessoas, os gregos faziam esculturas que procuravam expressar um ideal de beleza humana.
papel de imperador por uma casa e a aposentadoria, o título
06. (UFC CE) Além do legado linguístico, principal herança da difu-
de César desapareceu em Roma. [...] Com sede na cidade de
são dos latinos, os romanos influenciaram as culturas da Euro-
Constantinopla, na Turquia, o império Romano Oriental teve
pa em várias áreas, como o Direito, a Arquitetura, a Urbaniza-
césares até 1453, quando Constantino X foi derrubado pelos
ção e a Agricultura. A respeito da expansão do Império Romano
turcos-otomanos.
na Europa, é correto afirmar que os romanos:
(QUE fim levou o último césar? Aventuras na História, especial Roma, São Paulo: Abril, p. 66, fev. 2007)
Sobre o fim deste grande Império que foi o Romano, é válido dizer: a) a entrada de Odoacro marcou o início da República em Roma, caracterizando como uma época de grandes conquistas e realizações no governo romano. b) a partir de Odoacro, a unidade política romana se estabeleceu, as cidades tornaram-se mais seguras e foram reconstruídas. c) com Odoacro, um novo modo de vida se estabeleceu: voltavam-se as atividades agrícolas, as pessoas começaram a buscar abrigos nos feudos, as rotas comerciais foram desa-
FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
01-04-08-16
crise do escravismo antigo, explica o abandono dos campos da Antiguidade para o feudalismo.
parecendo. d) nas novas cidades, os hábitos romanos foram valorizados, dentre eles o respeito à individualidade, a lealdade para com o governo e o compromisso perante suas dívidas financeiras e pagamentos em dia às instituições financeiras (bancos). e) a adaptação entre os vários povos que formaram Roma e as novas situações existentes a partir de então fizeram com que novas estruturas governamentais existissem, inclusive, novos reinados, como o governo dos Francos.
500
05. (Uem PR) Sobre as artes e a cultura na Antiguidade Clássica,
a) dominaram partes da Europa Oriental, como a atual Romênia, com o objetivo de distribuir terras também para soldados pobres. b) limitaram o seu domínio à Península Ibérica, pois na Europa Ocidental foram derrotados pela oposição gaulesa na atual França. c) limitaram sua dominação aos países mediterrâneos da Europa, atuais Grécia, França e Espanha, porque queriam controlar a África do Norte. d) dominaram também o norte da atual Alemanha, a Dinamarca e os outros países escandinavos, pois precisavam dos latifúndios dos germânicos. e) chegaram a dominar grande parte da Europa Ocidental, mas também toda a parte europeia da Rússia, porque queriam comercializar com a China. 07. (ESPM SP) Os hunos em geral e Átila em particular têm uma merecida fama de homens endurecidos pela atividade militar. As fontes históricas revelam a imagem que fazemos do huno: um soldado montado. Todos os nômades andavam a cavalo, o meio de locomoção habitual do tempo. Mas a destreza dos cavaleiros hunos impressiona os observadores contemporâneos.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Sua arma mais importante era o arco. Mais forte do que um
Sobre Roma na Antiguidade, é CORRETO afirmar que
arco simples, ele tinha um alcance de 150 metros. No galope
01. a expansão territorial acabou se revelando um fracasso. Isso
ele controlava seu cavalo com os joelhos, enquanto disparava
pode ser percebido pela ausência de alterações nos hábitos
02-04-08-32
da sociedade romana nos períodos que se sucederam.
uma flecha. (Revista História Viva, nº. 116, pag. 34, 2013)
A partir do texto, e levando em consideração o que se sabe sobre os hunos, é correto assinalar: a) os hunos foram bárbaros que, graças a sua destreza de cavaleiros, derrubaram o Império Bizantino. b) os hunos foram bárbaros cujo poderio naval atormentou o Império Romano. c) hábeis cavaleiros, os hunos foram nômades que assolaram o mundo grego e devastaram Atenas e Esparta. d) capazes de ataques rápidos, e notáveis pela destreza de seus cavaleiros, os hunos promoveram uma ofensiva contra a região da Itália, no Império Romano. e) famosos pela força de sua infantaria, os hunos foram os responsáveis diretos pela derrubada do império romano. 08. (Cefet PR) Roma foi um estado militarista cuja história sempre foi muito relacionada às suas conquistas guerreiras, durante os treze séculos de existência do Estado romano. Todavia, outro povo, conhecido pela coragem em combate e pelas terríveis pilhagens que fazia, criou um vasto império no sudeste e centro da Europa e empurrou os povos germânicos em direção ao interior do Império Romano. Em 451, esse povo lançou-se contra a Gália, mas foi detido pelas tropas unidas de romanos e visigodos, que o derrotou nos campos catalúnicos de onde caminharam diretamente para Roma, cujos habitantes entraram em pânico. Para incredulidade geral, o papa Leão I, o Grande (440 - 461), tomou a iniciativa de negociar com eles e ofereceu uma enorme riqueza para poupar o ataque a Roma. Para surpresa de todos, eles aceitaram a oferta e se retiraram da Itália.
02. as Guerras Púnicas, que envolveram Cartago e Roma, aconteceram no contexto da expansão territorial romana. 04. Aníbal foi um conhecido comandante de Cartago, que combateu os romanos durante as Guerras Púnicas. 08. o domínio de Roma no Mediterrâneo favoreceu o fim da República e a ascensão do Império. 16. Nero foi um governante de Roma conhecido pelo apoio que prestou aos cristãos, sendo responsável por elevar o Cristianismo a religião oficial do Império Romano. 32. o período de governo de Nero é conhecido como um momento de decadência do Império Romano, cujos motivos estão, entre outros, nos graves problemas sociais causados pela existência de uma cidadania restrita e pelos abusos administrativos. 64. a escravidão, embora presente, nunca foi economicamente relevante na sociedade romana. 10. (Fuvest SP) Várias razões explicam as perseguições sofridas pelos cristãos no Império Romano, entre elas: a) a oposição à religião do Estado Romano e a negação da origem divina do Imperador, pelos cristãos. b) a publicação do Edito de Milão que impediu a legalização do Cristianismo e alimentou a repressão. c) a formação de heresias como a do Arianismo, de autoria do bispo Ário, que negava a natureza divina de Cristo. d) a organização dos Concílios Ecumênicos, que visavam promover a definição da doutrina cristã. e) o fortalecimento do Paganismo sob o Imperador Teodósio, que mandou martirizar milhares de cristãos.
Trata-se dos: a) Macedônicos. b) Hunos. c) Ostrogodos. FRENTE A Exercícios de Aprofundamento
d) Cartagineses. e) Bretões. 09. (UFSC) “ELEFANTES – Vendo. Para circo ou zoológico. Usados mas em bom estado. Já domados e com baixa do exército. Tratar com Aníbal.” (p. 143) “TORRO TUDO – E toco cítara. Tratar com Nero.” (p.144) VERISSIMO, Luis Fernando. O Classificado através da História. In: Comédias para se ler na escola. São Paulo: Objetiva, 2001.
501
FRENTE
B
Fonte: Wikimedia commons
HISTÓRIA Por falar nisso Geralmente compreendemos a Idade Média como uma época de estrutura produtiva essencialmente rural e com contrastes entre senhores e camponeses. Porém, nesse contexto, as cidades tiveram grande importância e foram o pano de fundo para complexos conflitos sociais no mundo urbano. As cidades, na verdade, nunca deixaram de existir na Idade Média. Após séculos de declínio causado pela decadência do Império Romano e o gradual aparecimento dos povos germânicos, as cidades se multiplicaram e prosperaram a partir do século X, tornando-se relativamente autônomas em relação ao meio rural. A maior parte das cidades medievais originou-se de aglomerações em torno de antigas estruturas romanas abandonadas, próximas a um castelo ou a um mosteiro. Assim, era comum pessoas se reunirem em torno de um castelo e instalar pequenos estabelecimentos comerciais, formando um núcleo urbano que daria início a uma cidade. A origem das cidades também estava ligada às bastides, espécies de aldeias de formação espontânea. A formação dos centros urbanos estava diretamente relacionada com as funções que a cidade assumia na Idade Média. Além da importância das feiras e do comércio, que conferiam à cidade sua função econômica, merece destaque a função religiosa - exercida pelas ordens mendicantes -,a função cultural das escolas e das universidades e a função política, em que se percebem as lutas pelo domínio do poder nas cidades. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
B17 B18 B19 B20
Renascimento urbano na Europa..................................................504 Crise do século XIV.........................................................................511 Monarquias nacionais europeias I.................................................517 Monarquias nacionais europeias II................................................523
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B17
ASSUNTOS ABORDADOS nn Renascimento urbano na Europa nn O renascimento urbano
RENASCIMENTO URBANO NA EUROPA A Idade Média foi marcada por uma sociedade e economia predominantemente rural. As invasões dos povos denominados bárbaros, no século V, levaram à queda das grandes cidades do Império Romano, fato que gerou uma situação de ruralização relacionada tanto à moradia quanto à produção econômica. Era um sistema que seria alterado a partir do século XI, quando iniciou o renascimento urbano. A ruralização da sociedade medieval não extinguiu por completo as cidades. Porém, houve uma expressiva diminuição de sua importância perante a sociedade, mudando ainda a sua essência em relação às funções desempenhadas durante a Antiguidade Clássica. Também conhecida como burgo, a cidade medieval era uma extensão do mundo senhorial, por se localizar em terras dominadas e, consequentemente, sujeitas ao poder de um senhor. Moravam nessas cidades nobres, bispos e comerciantes, o que mostra que elas eram, igualmente, espaços de concentração do poder político e religioso. Nesses aglomerados urbanos, podia-se notar a presença de igrejas. Os senhores exerciam grande influência sobre as cidades, pois eles comercializavam a produção agrícola excedente que produziam nas terras sob seu domínio. Em princípio, os moradores das cidades estavam subordinados aos senhores feudais, tendo de pagar-lhes tributos. Como vimos anteriormente, para realizar as transações comerciais, foram criadas as feiras. Por serem fortificadas e se localizarem próximas às rotas comerciais, as cidades eram consideradas locais seguros, principalmente para manter as estruturas cambiais necessárias à realização dos negócios. Assim, uma classe de comerciantes foi se formando internamente nos burgos e também enriquecendo, dando origem aos burgueses.
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - O agiota e sua esposa (1514), de Quentin Matsys.
504
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Os burgos, tal qual os castelos medievais, eram cercados por muralhas, e sua denominação derivava do germânico burgs, que passou para o latim como burgu, que significava “pequena fortaleza”. Também eram burgos aquelas aglomerações formadas em torno dos castelos, a partir de suas muralhas. Como estavam em terras de domínio dos senhores feudais, eram submetidos à sua autoridade e, respectivamente, à cobrança de impostos. À medida que os burgos se expandiam e se fortaleciam economicamente, seus habitantes reivindicavam autonomia, tendo como exemplo o movimento comunal, que, entre os séculos XI e XIII, lutou pela emancipação dos burgos, os quais até então deviam pagar impostos aos donos dos feudos.
Conforme as cidade iam surgindo e ganhando autonomia a partir dos burgos, as atividades mercantis tendiam a crescer, dando origem a instituições como as corporações de mercadores e as de ofício. As corporações ou as chamadas guildas eram uma organização de negociantes a fim de garantir o monopólio do comércio. Por sua vez, as corporações de ofício reuniam trabalhadores especialistas, para evitar a concorrência dentro do burgo. Ao contrário do que acontecia nos feudos, de certa forma, havia mobilidade social na atividade artesanal, ainda que bastante limitada, devido à pequena dimensão do mercado urbano e ao controle exercido pelos mestres na corporação. Figura 02 - Gravura representando uma corporação de ofício. Mais ao fundo podemos perceber o mestre artesão e à frente os artesãos.
Fonte: Wikimedia Commons
No percurso das rotas comerciais proliferavam-se os burgos, que deram origem às cidades. Muitos se estabeleciam em antigas cidades romanas abandonadas, outros em aglomerados populacionais os quais surgiam nos pontos de cruzamento entre rotas comerciais terrestres, próximos às feiras ou às margens de rios.
Geralmente, um burgo conseguia adquirir sua independência de forma pacífica, mediante pagamento de uma indenização ao nobre ou ao bispo local. No entanto, em alguns casos havia resistência dos senhores feudais, por isso era necessária a obtenção de apoio externo, comumente pela intervenção real. A autonomia dos burgos era formalizada por meio das Cartas de Franquia, que determinavam a isenção de pedágio e autorizavam seus habitantes, os burgueses, a cobrarem impostos naquele território.
B17 Renascimento urbano na Europa
O renascimento urbano
505
História
As limitações culturais e religiosas A despeito desse precário dinamismo urbano, existia uma limitação cultural própria da época, a qual dificultava a prosperidade dos negócios. Esse impedimento referia-se às ideias cristãs com base na filosofia denominada escolástica, que condenava o lucro e a prática da usura (empréstimos), considerada um dos pecados capitais. De todo modo, por mais que houvesse limitações, o comércio foi se difundindo. Embora lento, o enriquecimento dos comerciantes e de uma parcela dos mestres levou-os a controlar com exclusividade certas atividades comerciais e artesanais, a exemplo dos mercadores das hansas e dos mestres empregadores, indicando o processo de formação de um novo grupo social em ascensão: a burguesia. Observe-se, porém, que essa burguesia medieval é completamente diferente da burguesia dos séculos XVIII e XIX. Além de o termo burgueses referir-se, originalmente, ao conjunto dos habitantes dos burgos (cidades), os mercadores, artesãos e banqueiros enriquecidos nessa época medieval tinham atuações próprias e diferentes daquelas da classe que geralmente designamos por esse termo. As metas predominantes da burguesia medieval eram a busca da riqueza pela posse de terras, e a integração à nobreza, por meio da aquisição de terras (feudos) e títulos de cavaleiro - quadro este muito diferente dos burgueses capitalistas, cujo ganho nas atividades econômicas destina-se, essencialmente, ao reinvestimento de capital.
B17 Renascimento urbano na Europa
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 03 - Iluminura medieval representando monges adeptos da escolástica.
506
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
Luiz Koshiba. História: Origens, Estruturas e Processos.
Assinale a alternativa que apresenta o papel das cidades na transição da Idade Média para a Idade Moderna. a) Foram as principais válvulas de escape para o excedente populacional que surgiu após a abolição das relações servis de produção no campo. b) Favoreceram a fusão de elementos da antiga ordem feudal com o novo sistema econômico, impedindo as contradições socioeconômicas durante esse processo. c) Foram as responsáveis pela promoção da centralização do poder político e pelo fortalecimento econômico da nobreza feudal. d) Desenvolveram-se independentemente da economia de mercado, produzindo produtos artesanais apenas para o uso de seus habitantes mais abastados, os burgueses. e) Representaram um indício da incompatibilidade entre o tipo restrito da produção do feudo e a nova realidade econômica que emergia graças ao renascimento comercial. 02. (Furg RS) A partir do século XII, desenvolveu-se o Burgo Medieval, cujo crescimento está relacionado aos seguintes fatores: I. surgimento de uma economia urbana artesanal; II. movimento das Cruzadas rumo ao Oriente e norte da África; III. despertar das cidades da Europa Ocidental; IV. divisão de trabalho entre artesãos-industriais e comerciantes; V. política de crédito e comércio monetário incentivada pelas concepções éticas da Igreja. São verdadeiros os itens: a) I, II, III e V. b) I, II, III e IV. c) I, III, IV e V. d) I, II, IV e V. e) I, II, III, IV e V. 03. (UEPB) (…) para satisfazer as faltas e necessidades dos da fortaleza, começaram a afluir diante da porta, junto da saída do castelo, negociantes, (…) em seguida, taberneiros, depois hospedeiros para alimentação e albergue dos que mantinham negócio com o senhor, (…) e dos que construíam casas para as pessoas que não eram admitidas no interior da praça. (…) Os habitantes de tal maneira se agarravam ao local que em breve aí nasceu uma cidade (…) Jean Lelong, cronista de Saint-Bertin (Séc. XIII)
Com base na narrativa acima, assinale a alternativa correta: a) Trata-se da formação de uma cidade-estado na Grécia Antiga.
b) São evidentes os indícios de que o texto faz referência a uma vila romana na fase final do Império. c) No período medieval o povo concentrava-se na periferia das muralhas dos mosteiros para o pagamento do dízimo. d) Na Baixa Idade Média, generalizou-se a formação de cidades mercantis (burgos), a partir de um castelo que servia de núcleo. e) Durante a fase final do predomínio do feudalismo, evidenciou-se um processo de ruralização da economia e um crescente esvaziamento das cidades medievais. 04. (Ufac AC) Sobre as atividades econômicas nos burgos medievais, é correto afirmar que eram controladas: a) pelos senhores feudais. b) pela Igreja Católica. c) pelos Grêmios ou Corporações de Artes e Ofícios. d) pelos servos das glebas. e) pelo Vaticano. 05. (Uem PR) “O feudalismo foi o sistema econômico, social, político e cultural vigente na Europa durante a Idade Média. Suas características, entretanto, nunca foram as mesmas no tempo ou no espaço: atingiu o apogeu na Alta Idade Média (séculos V-X) e entrou em declínio na Baixa Idade Média (séculos X-XV)”. (MELLO, L. I. e COSTA, L. C. A. História Moderna e Contemporânea. SP: Ed. Scipione, 1993, p. 10).
Sobre o período de declínio do feudalismo, é correto afirmar que 02-04-08-16 01. foi o período em que se difundiram as Cruzadas, expedições caracterizadas pela perseguição aos cristãos, em Roma. 02. houve a renovação de práticas agrícolas, seja pela invenção de novos instrumentos de trabalho (arado de ferro, foice, enxada), seja pelo aproveitamento da água e do vento como força motriz que contribuiu para o aumento da produção agrícola. 04. teve início o reaparecimento das moedas cunhadas, a partir da fundição de joias e objetos de metais preciosos pertencentes aos senhores feudais. 08. a partir do século XI, ao iniciar-se a Baixa Idade Média, o comércio e as cidades foram lentamente ressurgindo no interior da sociedade feudal, em consequência do crescimento demográfico acelerado da população europeia, favorecido, entre outras coisas, pela diminuição das invasões bárbaras. 16. surgiu uma nova classe social constituída de comerciantes que, por residir nos burgos, passa a ser denominada de burguesia. 32. burgueses e senhores feudais se aliaram contra o poder dos reis, intensificando ainda mais a crise do sistema feudal e retardando a consolidação das monarquias absolutistas.
507
B17 Renascimento urbano na Europa
01. (Mackenzie SP) As cidades medievais tiveram origem nas aglomerações de mercadores – os burgos, de onde surgiu o termo burguês para designar seu morador.
História
Exercícios Complementares 01. (UFC CE) O surgimento das grandes cidades (burgos) na Europa ocidental, no período da Baixa Idade Média, esteve a) à mudança no perfil da economia, em que a economia de subsistência e de trocas naturais tendia a ser suplantada pela economia monetária centrada na necessidade de centros de produção e entrepostos comerciais. b) à transformação da nobreza em burguesia, que passou a explorar suas terras, de forma a atender ao mercado em expansão, e mudou-se para as áreas urbanas a fim de comercializar seus produtos. c) à eclosão de revoltas populares, que resultaram no deslocamento de grandes contingentes populacionais das áreas rurais, a fim de fugir da exploração servil nos campos. d) ao desaparecimento das corporações de ofício, que permitiu uma ampliação do contingente de mão de obra dedicada à produção manufatureira e às plantações, antes restrita aos mestres e aprendizes. e) à Peste Negra que se alastrou pelo campo e empurrou as populações rurais para as áreas mais urbanizadas, onde existiam melhores condições de higiene e salubridade e ocupação ordenada do espaço. 02. (UEPB) “Burgo é a denominação de inúmeras fortalezas edificadas nos inseguros séculos IX e X. Mantinham guar-
administrativo das cidades medievais, indicando magistrados e prefeitos para a gestão urbana. e) Por determinação da Igreja, as abadias não puderam se constituir como núcleos urbanos, como forma de impedir-se a ajuda aos pobres e necessitados que viviam sob seus muros. 03. (Unioeste PR) Sobre o desenvolvimento das cidades no período medieval europeu, assinale a(s) alternativa(s) correta(s):
04-08-16-64
01. Na Baixa Idade Média, as cidades deixaram de ser centros comerciais para se tornarem, exclusivamente, centros administrativos e religiosos. 02. A condenação que a Igreja fazia à usura impediu o florescimento do comércio a longa distância durante toda a Idade Média, possibilitando apenas a venda de produtos agrícolas de subsistência. 04. Muitas cidades medievais originaram-se de aglomerações de mercadores próximos a um castelo ou a um mosteiro, ou desenvolveram-se muitas vezes fora dos limites dos núcleos urbanos mais antigos; chamadas de burgos, daí adveio o nome burguês conferido aos seus moradores.
nições permanentes, sediavam os tribunais e residências
08. A monetarização da vida econômica, principalmente no
dos grandes senhores e serviam de refúgio às populações
final da Idade Média, impulsionou o desenvolvimento
vizinhas, tornando-se locais extremamente procurados por
da atividade bancária, bem como as operações de câm-
mercadores.
bio e de crédito.
Com o crescimento demográfico, esses burgos ficaram pe-
16. As corporações de ofício das cidades medievais tinham
quenos para abrigar o crescente número de viajantes e co-
por objetivo regulamentar seu ramo de atividades, so-
merciantes. Estes instalavam-se, então, em subúrbios fora das muralhas, chamados de forisburgos. Com o tempo os forisburgos cercavam-se também de muralhas que, envolvendo as antigas fortificações senhoriais, davam origem a
mente permitindo seu exercício aos artesãos filiados. 32. As corporações de ofício, desde o seu início, lutaram pela livre concorrência e pela quebra dos monopólios. 64. Na Baixa Idade Média, muitas das cidades haviam conquistado sua autonomia, ou a partir de revoltas
novas cidades”.
B17 Renascimento urbano na Europa
a novas cidades e à construção de castelos. d) As hansas caracterizavam-se como um importante órgão
relacionado:
(Ciro de Barros Rezende filho. As cidades medievais. São Paulo: Ática, 2003)
A respeito das cidades medievais, é correto afirmar: a) O principal núcleo da população urbana era formado por nobres, artesãos e comerciantes. b) A organização das cidades variava conforme os direitos e liberdades adquiridos pelos burgueses, mediante pagamento ao senhor feudal.
508
c) A estagnação comercial da Baixa Idade Média deu origem
burguesas que levaram ao reconhecimento de suas cartas comunais, ou a partir da concessão real de cartas de franquia. 04. (UEPB) Analise as considerações a respeito da sociedade medieval em sua fase final e marque (V) nas verdadeiras e (F) nas falsas.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
(...) os erros que encontrarem no dito comércio, sem poupar
mércio possibilitou aos burgos, a partir do século XII, um
ninguém, por amizade ou ódio.
considerável crescimento material.
Ninguém que não tenha sido aprendiz e não tenha concluído
( ) Os últimos séculos da Idade Média foram caracterizados pela generalização da cultura, notadamente nos centros
seu termo de aprendizado do dito ofício poderá exercer o mesmo.
urbanos onde o progresso econômico ampliou o acesso ao
(Apud Leo Huberman, História da riqueza do homem, 1970, p. 65)
conhecimento. ( ) O progressivo deslocamento do eixo econômico do campo
A partir do documento, é possível reconhecer as principais ca-
para a cidade não implicou em transformações na esfera
racterísticas das corporações de ofícios, a saber:
política e social.
a) solidariedade; defesa do livre mercado para além da cidade;
( ) As cidades medievais situavam-se em áreas pertencentes aos senhores feudais e por eles eram governadas.
regras flexíveis para seus membros, inclusive estrangeiros, que poderiam exercer vários ofícios.
a) VVFV
b) defesa do monopólio do mercado da cidade; exclusão de
b) VFVF
estrangeiros; controle de qualidade do trabalho para evitar
c) FFVF
práticas desonestas e espírito de fraternidade.
d) FVFF
c) ausência de controle do trabalho; monopólio do mercado da
e) VVFF
cidade; admissão de estrangeiros; incentivo à competição e
05. (UFRN) Analise as proposições abaixo, referentes às cidades medievais, e, em seguida, assinale a opção em que todos os números correspondem a proposições corretas. I.
Apesar do grande crescimento das cidades por volta do século XIV, poucas pessoas tinham interesse em deixar o campo para arriscar-se a viver do comércio nos burgos.
II.
As cidades medievais situadas em áreas pertencentes a feudos estavam sujeitas à autoridade dos senhores feu-
III.
IV.
admissão de aprendizes de diferentes ofícios. d) emprego de aprendizes desqualificados; liberdade de preço dos produtos; exclusão de estrangeiros; espírito de fraternidade e produção de vários tipos de produtos. e) produção com controle de qualidade; admissão de artesãos sem aprendizado anterior; defesa da concorrência entre os artesãos e livre mercado de preços dos produtos. 07. (Unitau SP) “A história dos saberes e das práticas terapêuticas
dais, aos quais tinham de pagar impostos.
em uso na Europa medieval elucida o surgimento de corpora-
Muitas cidades, por serem fortificadas tendo em vista
ções de especialistas – médicos, cirurgiões, barbeiros – que
garantir a proteção aos seus moradores, deram origem
buscam assegurar o monopólio da arte de curar, ao mesmo
à denominação de burgos, nome pelo qual ficaram
tempo em que se manifestam, por outro lado, as premissas
conhecidas.
de nossa medicina moderna. Com efeito, o renascimento da
Algumas cidades surgiram ou renasceram ao longo das
observação anatômica, no fim da Idade Média, supõe uma ob-
rotas comerciais, junto à foz de um rio, de castelos fortifi-
jetivação da pessoa e da doença sobre a qual a medicina, em
cados ou em locais de realização de feiras.
sua busca de cientificidade, viria a se apoiar desde então e até
a) I e III
os nossos dias”.
b) I e IV
Medicina. Marie-Christine Pouchelle In: Le GOFF, J., SCHIMITT, J. Dicionário Temático do Ocidente Medieval. Vol II. Bauru/SP: EDUSC, 2002, p.151.
c) I, II e III d) II, III e IV 06. (FGV SP) Leia o documento de 1346.
Segundo o texto, podemos afirmar, sobre a história da medicina, que
(...) se qualquer pessoa do dito ofício sofrer de pobreza pela
a) a medicina moderna fundou suas bases científicas no final
idade, ou porque não possa trabalhar terá toda semana 7 di-
da Idade Média e tais bases permanecem sem alterações
nheiros para seu sustento (...)
até os nossos dias.
E nenhum estrangeiro trabalhará no dito ofício se não for aprendiz, ou homem admitido à cidadania do dito lugar. (...) E se alguém do dito ofício tiver em sua casa trabalho que não possa completar... os demais do mesmo ofício o ajudarão,
b) na Europa medieval, a arte de curar era dominada pelos médicos, cirurgiões e barbeiros, e a medicina criou suas bases na religiosidade e nas crenças da época. c) data desse período a formação das corporações de ofí-
para que o dito trabalho não se perca.
cio, que envolviam as práticas dos médicos, cirurgiões e
(...) Prestando perante eles o juramento de indagar e pesquisar
barbeiros.
509
B17 Renascimento urbano na Europa
( ) A atividade econômica vinculada ao artesanato e ao co-
História
d) o renascimento da observação anatômica, no início da Idade
I.
Média, levou a medicina aos caminhos da cientificidade. e) as corporações de especialistas (médicos, cirurgiões, barbeiros) entraram em conflito na busca pelo controle da arte de curar, causando um atraso no domínio científico sobre o II.
corpo humano. 08. (Enem MEC) No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média — no Ocidente — nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial — digamos modestamente artesanal — que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.
O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a) a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e divisão do trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 09. (Fatec SP) Nos séculos finais da Baixa Idade Média europeia, a economia de subsistência e de trocas naturais tendia a ser suplantada pela economia monetária, a influência das cidades passou a prevalecer sobre os campos, e a dinâmica de comércio levou à mudança e à ruptura das corporações de ofício medievais. (SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1988, p.5. Adaptado)
Analisando as transformações citadas, conclui-se, corretamente, que elas a) evidenciaram o surgimento da nova classe social burguesa e
B17 Renascimento urbano na Europa
a crise do sistema feudal. b) fortaleceram a Igreja Católica, que incentivava a prática comercial no período medieval. c) prejudicaram a burguesia comercial e favoreceram os proprietários das terras feudais. d) demonstraram a força do sistema feudal e dos mecanismos de subsistência no campo. e) enfraqueceram os reis absolutistas que dominaram a Europa durante o período medieval. 10. (Puc RS) Considere as afirmativas abaixo sobre o Renascimento Urbano, na Europa Ocidental, entre os séculos XI e XV. 510
III.
A partir do século XII, intensificaram-se os conflitos entre os senhores feudais e as populações urbanas. Havia duas maneiras de resolver tais conflitos: por meio da violência ou por compra das Cartas de Franquia, pelas quais o nobre concedia liberdade para a cidade. Em geral, as cidades do período se desenvolveram a partir de seu papel econômico, concentrando artesãos e mercadores que viviam em função do comércio, mas que também dependiam do desenvolvimento agrícola nas zonas rurais, o que garantia o abastecimento da população. Para promover e intensificar a concorrência entre os mercadores locais e com os de outras cidades, os comerciantes fundaram associações de mercadores: as guildas, assim chamadas na Itália; ou as hansas, como eram conhecidas no norte da Europa.
Está/estão correta(s) a(s) afirmativa(s) a) I, apenas. b) III, apenas. c) I e II, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 11. (UEPB) Sobre a transição do feudalismo ao capitalismo, analise as proposições relacionadas a seguir e escreva (V) nas alternativas verdadeiras e (F) nas alternativas falsas. ( ) O excedente econômico que passou a ser produzido no campo foi comercializado nos burgos. ( ) A divisão social do trabalho voltou a se verificar com o advento do artesanato e das primeiras manufaturas. ( ) A renda monetária substitui a renda em espécie. ( ) As relações servis de produção são definidas e consolidadas. ( ) O movimento das Cruzadas acarretou o fortalecimento da nobreza e o esvaziamento da economia urbana. Assinale a alternativa que apresenta a seqüência correta. a) VVFVF b) VFFVF c) FFVFV d) VVVFF e) FFFVV
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B18
CRISE DO SÉCULO XIV
ASSUNTOS ABORDADOS
Durante o século XIV e início do XV, ocorreu uma série de acontecimentos que interromperam, por determinado tempo, o ritmo de crescimento e prosperidade pelo qual passava a Europa. A drástica redução demográfica, a fragilidade política e as reformas religiosas são alguns dos eventos que contribuíram para mudanças significativas em todas as esferas da sociedade europeia.
nn Crise do século XIV nn A peste negra
Esse processo de crise também causou uma leve queda das escolas e universidades medievais e, por isso, da retomada da ciência, a qual vinha despontando. A metodologia e a sistematização que vinham se desenvolvendo na medicina deram lugar às superstições e medos ocasionados devido à Peste Negra e à Grande Fome. As práticas de higiene que haviam sido disseminadas pelos monges herbalistas foram extintas e a medicina atribuiu a causa da peste à água, cada vez mais escassa em seu estado potável devido a constantes chuvas. Dessa forma, percebeu-se a redução drástica dos hábitos de banho e higiene pessoal, o que abriu espaço para o surgimento de várias doenças no século XV. Essa crise, causada por uma série de motivos, teve origem no período em que as terras para ocupação eram escassas - fato causador da estagnação da produção de alimentos. Tal circunstância, combinada ao aumento populacional, provocou um surto de fome que se espalhou pela Europa. Ao mesmo tempo, o processo de desmatamento ocorrido no século XII causou expressivas mudanças climáticas, como fortes chuvas.
Fonte: Wikimedia Commons
Arrasada pela fome, a Europa estava mais vulnerável a uma série de doenças e uma delas era a peste negra. Para agravar a situação havia muitos conflitos, como a conhecida Guerra dos cem anos. A combinação de todos esses fatores resultou na diminuição drástica da população europeia. Com a redução da mão de obra, os senhores feudais impunham o aumento da carga de trabalho e impostos sobre os camponeses, o que culminou em revoltas populares, como a Revolta camponesa de 1381.
Figura 01 - Gravura contida na alegoria artístico-literária chamada Dança macabra, ou Dança da morte, de Michael Wolgemut (1493).
511
História
Chapéu Óculos Bico
A Peste Negra
A Peste Negra foi uma pandemia que atingiu não apenas a Europa, mas também outros continentes, como a China, o Oriente Médio e outras regiões do mundo. Essa doença foi responsável por dizimar quase um terço da população europeia e provavelIncenso mente quase a mesma proporção em outras regiões. A peste não apenas dizimou parte da população, mas também foi um dos fatores que contribuiu para colocar fim à Baixa Idade Média. Luva
Túnica
Figura 02 - Representação de um médico de Peste Negra queimando incenso.
Os focos de peste bubônica ocorreram na China no início de 1330. Pulgas e ratos contaminados transmitiam a doença às pessoas. Essa doença foi levada para a Europa por meio de navios mercadores italianos, que transportaram contaminados e mortos pela peste. A doença se espalhou pela Itália e no ano seguinte já havia avançado para o Norte, atingindo a Inglaterra. Os sintomas da peste eram desconhecidos pelos médicos da época, que acreditavam que a doença era transmitida pelo “ar ruim” devido ao mau cheiro exalado pelo doente. Por isso, para tentar impedir que a doença se espalhasse geralmente aplicava-se a terapia de aromas, o que incluía a queima de incensos ou a inalação de fragrâncias, como ervas, flores e perfumes. Alguns cronistas medievais afirmavam que as causas da peste eram castigo divino e aproximação do Apocalipse. Outros colocaram a culpa nos judeus, que logo foram perseguidos e assassinados. No entanto, em meio a esse cenário de desespero e irracionalidade, também houve ações edificantes. Muitos médicos se dispuseram a tratar os indivíduos doentes arriscando a própria vida. Para tal, usavam roupas e máscaras especiais, flores e ervas aromáticas.
B18 Crise do século XIV
Fonte: Wikimedia Commons
A incidência da doença só diminuiu no século XVII, porém ela persiste até os dias atuais. A última epidemia de peste bubônica ocorreu na Argélia em 1944, fato que inspirou Albert Camus a escrever o romance A Peste.
512
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (IF RS) Segundo os historiadores, a Idade Média corresponde ao período que se estende do século V d.C ao século XV.
02. A morte tornou-se um dos temas prediletos de artistas e poetas.
Ao longo destes mil anos, o Feudalismo foi o sistema que
03. A epidemia não conseguiu afetar as relações familiares
regulou as atividades políticas, econômicas e sociais na Eu-
e sociais, estabelecendo-se no período laços profundos
ropa medieval. Contudo, durante o século XIV, este sistema
de solidariedade.
passou a apresentar sinais de ruptura que culminou, no século seguinte, com o fim da condição hegemônica da estrutura feudal na Europa. Os fatores que contribuíram para a crise do Feudalismo foram a) Cruzadas, Peste Negra e Guerra dos 100 anos.
04. (Unifap AP) A Peste Negra devasta a Europa e ceifa um terço de sua população durante o verão de 1348. Como a Aids para alguns, essa epidemia é vivida como uma punição do pecado [...]. (DUBY, Georges. Ano 1000 ano 2000: na pista de nossos medos, 1995.)
b) Revoluções burguesas, Expansão do Cristianismo e Peste Negra. c) Revoluções burguesas, Colonato e Peste Negra. d) Cruzadas, Colonato e Guerra dos 100 anos. e) Guerra das 2 Rosas, Expansão do Cristianismo e Peste Negra.
Marque a alternativa que NÃO expressa o contexto em que se insere o trecho acima. a) Os efeitos da peste negra são uma das causas da agonia da ordem feudal. b) Neste momento alguns procuravam a causa da peste em
02. (Unifesp SP) O desaparecimento da servidão feudal, na Eu-
explicações sobrenaturais e preconceituosas. Assim, po-
ropa Ocidental, na Baixa Idade Média, foi:
de-se dizer que a Peste Negra representou castigo divino
a) iniciado com o aparecimento de um mercado urbano
ao pecado cometido por seus portadores.
para a agricultura, que levou à troca da renda traba-
c) Na época, a epidemia conseguiu ser mais um determi-
lho pela renda dinheiro e intensificado com as revoltas
nante da divisão social, pois os ricos fugiam para suas
camponesas.
casas de campo, enquanto que os pobres ficavam imobi-
Negra, quando os camponeses aproveitaram-se da situação para se revoltar em massa contra os senhores. c) proporcionado pela ação conjugada de dois fatores externos ao âmbito dos camponeses, as guerras entre os próprios nobres e destes com as cidades. d) liderado pacificamente pela Igreja Católica, protetorados camponeses, e concluído com a ajuda dos reis interessados em arruinar o poder dos senhores feudais. e) determinado pelo fluxo de dinheiro que os senhores feudais recebiam das cidades em troca da liberação dos camponeses, empregados no sistema de produção em domicílio. 03. (UnB DF) No período Medieval, a população enfrentou uma
lizados nas cidades contaminadas. d) A Peste Negra ocorreu no período chamado Alta Idade Média, um momento de grande prosperidade da economia na Europa Ocidental. e) Enquanto alguns responsabilizaram os doentes e estrangeiros pela epidemia; outros começaram a ver o mundo, nessa época, de um modo diferente, questionando a ordem feudal. 05. (UFPB) Nos séculos XIV e XV, após um longo período de crescimento e expansão, a Ordem Feudal do Ocidente europeu vivenciou uma longa e profunda crise que culminou no advento dos ‘Tempos Modernos’. Nesse sentido, NÃO constitui um acontecimento histórico
epidemia de extrema gravidade, a Peste Negra, que envol-
relacionado à crise:
veu determinados aspectos, a saber:
a) A Peste Negra
C-C-C-E
00. A epidemia foi no seu conjunto mais acentuada nos
b) A Guerra dos Trinta Anos
meios urbanos do que nos campos, menos nas monta-
c) As revoltas comunais
nhas do que nas planícies.
d) A Guerra dos Cem Anos
01. O impacto da peste fez surgir um movimento de histeria
B18 Crise do século XIV
b) realizado violenta e inesperadamente durante a Peste
e) As Jacqueries
coletiva que se propagou por toda a Europa.
513
História
Exercícios Complementares 01. (UFMT) A crise do feudalismo, nos séculos XIV e XV, pro-
ção de longe e distribuem a comunhão por meio de uma
vocou mudanças estruturais na organização das socie-
espátula de prata fixada a uma vara que pode ultrapassar
dades feudais da Europa Ocidental, marcando o fim da
um metro. Desse modo, as relações humanas são total-
Idade Média.
mente conturbadas: é o momento em que a necessidade
A respeito, julgue as afirmativas.
C-C-C-C-E
dos outros se faz mais imperiosa — e em que, de hábito,
00. As graves dificuldades econômicas vividas pelos servos
eles se encarregavam dos cuidados — que agora abando-
e os altos impostos cobrados pelos senhores feudais
nam os doentes. O tempo da peste é o da solidão força-
provocaram revoltas camponesas.
da. (DELUMEAU, 1989, p. 123).
01. As Cruzadas organizadas para reconquistar a Terra Santa
DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente (1300-1800). São Paulo: Companhia das Letras, 1989
estimularam o desenvolvimento do comércio. 02. A centralização do poder dos reis ocorreu com apoio da Igreja e aliança com a nascente burguesia.
dos vivos. Mas também tinham medo dos médicos e dos
porações de ofício e o movimento do comércio nas fei-
hospitais. Cruz Cordeiro testemunhou que os habitantes de
ras e burgos, alimentando a formação da burguesia.
Salvador, ao atenderem às visitas domiciliares das comis-
04. A Inquisição, ao combater as práticas politeístas dos ser-
sões, se mostravam incomodados com a presença de médi-
02. (UEG GO) Leia o texto a seguir. Quatro, cinco milhões de mortos em alguns meses do verão: os sobreviventes, estarrecidos após semanas de medo, partilham as heranças e veem-se, por consequência, metade menos pobres do que eram antes. DUBY, George. A Europa Medieval na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1988. p. 113.
Após a extrema mortandade provocada pela Peste Negra, no período subsequente ao ápice da praga, registrou-se a) diminuição das taxas gerais de fertilidade, como resultado das sequelas observadas entre as sobreviventes do sexo feminino. b) aumento no número de casamentos e nascimentos, promovido pelo enriquecimento experimentado pelos herdeiros das vítimas. c) equilíbrio entre natalidade e mortalidade, uma vez que os números de nascimentos e mortes ficaram praticamente iguais. d) estabilidade nos níveis de emprego e renda, uma vez que a diminuição populacional fez aumentar o valor da mão de obra. B18 Crise do século XIV
Os baianos passaram a ter medo dos mortos, dos doentes,
03. O Renascimento Comercial e Urbano fortaleceu as cor-
vos judeus, desencadeou revoltas urbanas.
03. (UEFS BA) I.
514
II.
cos e estudantes em suas casas. [...] Alguns doentes procuravam negar os seus padecimentos, “com o temor de serem conduzidos para o hospital, ou para os postos sanitários!”. (DAVID, 1996, p. 64). David, O.R. O inimigo invisível: epidemia na Bahia no século XIX. Salvador: Edufba, / Sarah Letras, 1996.
III. O ebola afeta o indivíduo de duas formas: biologicamente, o vírus causa a doença; psicologicamente, transmite pânico. Não há vacina ou tratamento específico para o ebola. É isso que provoca medo, inclusive entre os profissionais de saúde. O medo não é bom em nenhuma situação de emergência de saúde pública. Quando isso ocorre, aumenta a probabilidade de erros e, consequentemente, o risco de infecção é maior. (CUMINALE, 2014, p. 83). CUMINALE, N. O vírus do pânico. Veja. São Paulo: Abril, ed. 2396, ano 47, n. 43, 22 out. 2014.
Séculos separam as epidemias da Peste Negra (Idade Média), do cólera (século XIX /Bahia) e do ebola (África atual), tratadas pelos textos citados. O traço comum que se revela nos comportamentos coletivos neles registrados, diz respeito a) ao papel relevante prestado por sacerdotes e religiosos em geral, na tarefa de levarem o alívio ao sofrimento dos doentes.
Todos aqueles que se aproximam dos pestíferos asper-
b) à devastação das populações atingidas pelas epidemias,
gem-se com vinagre, perfumam suas roupas, em caso de
sobretudo as rurais, o que resultou na crise demográfica
necessidade usam máscaras. [...] Os padres dão absolvi-
das citadas áreas, em cada período.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
c) às políticas públicas destinadas à construção de hospitais e
05. (UFMS) Sobre a Baixa Idade Média na Europa, é correto afir-
à aplicação de medidas de saneamento para atender às ne-
mar que:
cessidades que se apresentavam.
01. dentre as diversas guerras ocorridas no longo período me-
01-04-08-16
d) ao temor incontrolável, responsável pelo rompimento de
dieval destacou-se a Guerra dos Cem Anos, no século XIV,
laços sociais e pela predisposição à ampliação da própria
decorrente da rivalidade franco-inglesa na disputa pelo
epidemia.
trono da França e do controle de Flandres.
e) à eclosão de movimentos urbanos violentos, em protes-
02. o século XIV foi um período de crises, não apenas em fun-
to à precariedade do atendimento médico às vítimas das
ção das guerras na Europa, mas também devido às cares-
epidemias.
tias provenientes de más colheitas (queda na produção de alimentos), conhecido como a época da Grande Fome.
04. (Unitau SP)
04. no século XIV a Europa conheceu os horrores de uma grande e devastadora epidemia, a Peste Negra, que provocou a morte de quase dois terços da população. 08. ocorreram diversas rebeliões camponesas, em virtude da grande opressão exercida pelos senhores feudais para aumentar a produção e os impostos, conhecidas na França como as jacqueries. 16. no século XV surgiu na França a figura mística de Joana D’Arc, que, com seu fervor religioso e liderança, levou os franceses à vitória contra a invasão inglesa no continente. 32. o século XV foi o tempo das Cruzadas, expedições militares cujo principal objetivo era levar a fé cristã aos povos incultos do Oriente e do Novo Continente.
Até por volta de 1350, raramente a morte era retratada e,
06. (Unicastelo SP) A fome fazia grande quantidade de vítimas. Di-
quando o era, tratava-se de uma mensageira do mundo divi-
ferentes epidemias agravavam a situação. Levada pela fome,
no. A partir daí, a morte tornou-se um tema recorrente na arte
muita gente vagava em busca do que comer, levando consigo
e na literatura, representada como uma força impessoal, com
as epidemias e a desordem.
iniciativa própria. O significado da morte alterou-se e, com ele,
Na verdade, este foi apenas um ensaio da crise demográfica
toda uma sensibilidade: perdendo qualquer conotação ética, a
da Baixa Idade Média, que teve seu ponto crucial no ressur-
morte deixou de ter natureza cristã.
gimento da peste, então conhecida por Peste Negra. Também
FRANCO JR., Hilário. Idade Média, nascimento do Ocidente. São Paulo: Editora Brasiliense, 2001. Adaptado.
a peste, de certa forma, resultava da desmedida expansão do período anterior. Sempre presente no Oriente, ela atingiu atra-
A imagem e o texto se referem, exclusivamente, a qual contex-
vés dos tártaros uma colônia genovesa da Crimeia (expressão
to histórico?
da expansão territorial e comercial do Ocidente). Daí, os navios
a) Ao contexto de crise da Idade Média e dos conflitos sociais,
genoveses levaram-na para Constantinopla, Messina, Gênova
em que aldeias e cidades eram cobertas de cadáveres de clé-
e Marselha. Destes portos ela se difundiu pelo restante da Eu-
rigos e nobres.
ropa. Ela caminhava mais rapidamente pelas principais vias de
b) Ao contexto de doenças generalizadas, que se espalharam por toda a Europa, trazidas do Oriente pelas galeras
comunicação e penetrava mais facilmente em regiões de alta densidade demográfica. (Hilário Franco Júnior. A Idade Média: nascimento do Ocidente, 1988. Adaptado.)
genovesas. c) Ao contexto da Peste Negra, que, nesse período, atingia a todos, poderosos e humildes, clérigos e leigos, jovens e velhos,
É correto afirmar que essa peste
virtuosos e pecadores.
a) provocou uma retração dos salários diante da oferta abun-
d) Ao contexto de mortalidade causada pela Peste Negra, que se concentrou, exclusivamente, na França e na Itália. e) Ao contexto de Peste Negra que, dentre os doentes, fazia sucumbir, sobretudo, as crianças, por não contarem com remédio ou alívio algum.
dante de mão de obra. b) derivou das guerras pelo controle das rotas comerciais no mar Mediterrâneo. c) originou-se das péssimas condições de trabalho e moradia dos servos feudais. 515
B18 Crise do século XIV
A dança macabra. Xilogravura italiana de 1486.
História
d) abalou as estruturas demográficas ao minimizar preconceitos e superstições. e) relacionou-se ao desenvolvimento mercantil e urbano do final da Idade Média. 07. (Unifor CE) Analise os textos abaixo. I)
04-08-16-32
dez séculos. 02. No feudalismo, os vassalos destinavam lotes de terras aos
mente, à falta de moedas e à insuficiência de mercados.
suseramos, que retribuíam com serviços e com fidelidade.
As minas de ouro e prata haviam se esgotado na Europa.”
04. A corveia consistia no trabalho gratuito prestado pelos servos na gleba do senhor.
comércio provocou a fome que se alastrou pela Europa.
08. A guerra entre França e Inglaterra (1337/1475) provocou
A desnutrição e as más condições de higiene propiciaram
grande devastação, obrigando os camponeses a abando-
a ocorrência de sucessivos surtos epidêmicos, dos quais
nar suas terras, situação da qual decorrem grandes pe-
o mais desastroso foi a chamada Peste Negra (...).”
ríodos de fome na Europa, favorecendo a disseminação
“(...) Os levantes dos servos, promovidos pela superex-
da peste negra, que reduziu drasticamente a população
lações de servidão.” Eles identificam fatores responsáveis: a) pela crise do século XIV que anunciou o final da época medieval. b) pela extinção do escravismo que anunciou o final da época moderna. c) pelo declínio do Império Romano que anunciou o final da época antiga. d) pelo surgimento do feudalismo e a descentralização política da Europa. e) pela ruralização da Europa Ocidental e as invasões dos bárbaros no século IV. 08. (FGV SP) A partir de 1348, irrompeu na Europa, proveniente do continente asiático, a chamada Peste Negra. Seu efeito foi devastador, chegando a provocar a morte de mais de 25% da população europeia durante o século XIV. Sobre a Peste Negra, podemos afirmar que: a) A epidemia foi responsável pela recuperação econômica da Europa medieval após séculos de retração e crises de abastecimento. b) Comunidades judaicas foram responsabilizadas pela epidemia e perseguidas pelos cristãos, que acionavam o sentimento antijudaico existente na Idade Média.
B18 Crise do século XIV
ao séc. XV, é correto afirmar:
dominou em todo o continente europeu durante esses
ploração, foram tornando inviável a manutenção das re-
c) A epidemia provocou a busca de novas terras protegidas do contágio com a peste, resultando na conquista do norte da África e da Palestina pelos europeus. d) A epidemia freou o processo de dissolução do feudalismo e provocou a implementação de práticas escravistas em toda a Europa Ocidental. 516
09. (Unioeste PR) Sobre o período medieval na Europa, do séc. V 01. O feudalismo foi o sistema econômico e social que pre-
“(...) a insuficiente produção agrícola e a estagnação do
IV)
los XVI e XVII.
A produção agrícola não respondia mais às exigências das “(...) a atividade comercial se estagnou devido, principal-
III)
pareceu completamente do território europeu nos sécu-
“Agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade. cidades em crescimento.”
II)
e) A epidemia foi controlada ao final da Idade Média e desa-
do continente. 16. A sociedade feudal organizava-se em ordens e estamentos, rigidamente estruturados, em que a nobreza e o clero gozavam de todos os direitos, aos servos competindo todo o trabalho. 32. No final do séc. XI, o papa Urbano II organizou a Primeira Cruzada, conquistando a cidade de Jerusalém. Novas cruzadas foram realizadas posteriormente, resultando na conquista e fundação de diversos reinos cristãos no Oriente. 64. Devido à rígida estrutura feudal em ordens ou estamentos, não ocorreram revoltas ou rebeliões envolvendo servos ou camponeses no período. 10. (Fatec SP) A dissolução do Feudalismo foi apressada, no final da Idade Média, por uma sucessão de acontecimentos que geraram a chamada “crise do séc. XIV”. Entre esses acontecimentos é correto citar: a) Epidemias, como a Peste Negra, originadas principalmente da falta de estrutura das cidades para suportar o aumento populacional e enfrentar o problema da fome. b) Grande Fome, manifestada neste século, devido ao grande número de pragas que destruíram as plantações. c) Guerra dos Cem Anos, envolvendo, de um lado, França e Espanha e, do outro, Inglaterra e Portugal, e que gerou inúmeras mortes. d) Revolta dos Camponeses; estes, sem ter o que comer, abandonaram os campos e causaram muitas mortes nas cidades. e) Epidemias, como a Peste Bubônica, que matou cerca de 2/3 de toda a população da Europa.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B19
MONARQUIAS NACIONAIS EUROPEIAS: FRANÇA E INGLATERRA
ASSUNTOS ABORDADOS nn Monarquias nacionais europeias:
As monarquias nacionais europeias formaram-se devido a uma série de mudanças que teve início ainda na Baixa Idade Média. Esse processo foi uma demonstração da crise do sistema feudal rumo à construção do sistema capitalista, devido ao surgimento da burguesia. Apesar desse contexto de crise, as monarquias não significavam, diretamente, a crise da nobreza.
França e Inglaterra nn O reino francês nn O reino inglês
A formação das monarquias nacionais conseguiu atender, ao mesmo tempo, aos interesses da nobreza e da burguesia. A sua consolidação possibilitou o fortalecimento do Estado, conseguindo conter várias revoltas camponesas que culminaram nos finais da Alta Idade Média, reafirmando a posse feudal sobre a terra. Por outro lado, elas também inseriram um sistema de padronização fiscal e monetário, a fim de atender às necessidades econômicas da burguesia. As monarquias tinham por objetivo garantir a manutenção de algumas características medievais e implantar novos sistemas de organização política. Nesse contexto, o poder descentralizado dos senhores feudais foi abolido em favor da autoridade do rei. Todavia, a nobreza ainda conservava importantes privilégios, por exemplo, a isenção no pagamento de impostos. Assim sendo, apenas a burguesia e o campesinato estavam sujeitos às cobranças.
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A maior parte dos impostos arrecadados era destinada à formação de exércitos responsáveis por suprimir os conflitos internos e garantir a defesa dos interesses nacionais contra os estados estrangeiros. Em função disso, a Europa moderna foi marcada por intensos e longos conflitos, motivados principalmente pela ânsia de controle por novos territórios.
Figura 01 - Miniatura do quadro Batalha de Sluys (1405), de Jean Froissant.
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História
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O reino francês O processo de centralização do reino francês ocorreu com a atuação de dois monarcas da dinastia capetíngia, inaugurada em 987 por Hugo Capeto, até 1328. O primeiro rei a iniciar o processo de centralização do governo francês foi Filipe Augusto ou Filipe II (1180-1223). Afirmando a necessidade de combater os ingleses que que haviam ocupado o norte da França, ordenou a cobrança de impostos em todo o território francês e organizou um exército forte, a fim de garantir o fortalecimento do poder real e a unificação do território. Tinha início, então, a formação de um Estado centralizado. Após a derrota dos ingleses, Filipe II se impôs à nobreza francesa, mediante o poderio armado. Ao mesmo tempo, o rei aliara-se à burguesia, vendendo Cartas de Franquia aos burgos que pretendiam livrar-se do controle dos senhores feudais.
Figura 02 - Pintura representando Filipe IV, o Belo, rei da França.
O reinado de Filipe IV, o Belo (1285-1314), herdara um estado, portanto o monarca se preocupou apenas com a sua legitimidade. Apoiado pela assembleia dos Estados Gerais, ele aprovou a taxação sobre os bens da Igreja Católica, influenciou na escolha do novo papa e forçou a transferência da sede da Igreja de Roma para o território francês. Durante setenta anos, no processo que ficou conhecido como cativeiro de Avignon, os papas submeteram-se à autoridade do rei da França, demonstrando a força de tais monarcas. Foi, então, nomeado outro papa em Roma, culminando no chamado Cisma do Oriente. Com isso, a unificação do poder da Igreja se foi restaurada no século XV. Na França, muitos fatores contribuíram para a formação de um Estado centralizado, porém a Guerra dos Cem Anos, embate travado contra a Inglaterra, suspendeu temporariamente esse fortalecimento.
SAIBA MAIS
B19 Monarquias nacionais europeias: França e Inglaterra
GUERRA DOS CEM ANOS A Guerra dos Cem Anos foi um longo período de guerras e disputas políticas entre as duas maiores potências europeias da época: Inglaterra e França. De fato, o conflito durou quase um século inteiro (1337 – 1453), sendo portanto um dos principais acontecimentos que marcaram a transição da Idade Média para a Idade Moderna. A principal causa da guerra foi de ordem política. Após a morte do rei francês Carlos IV em 1328, o monarca inglês Eduardo III reivindicou o trono, já que este era sobrinho daquele por parte de mãe. No entanto, os franceses alegaram que a sucessão não podia ocorrer a partir de um descendente de linhagem materna. Dessa forma, proclamaram como rei Filipe de Valois, primo de Carlos IV. Após a fracassada tentativa de golpe, Eduardo III declarou guerra aos franceses. O outro fator que desencadeou a disputa foi de ordem econômica. A região de Flandres era bastante conhecida pela sua atividade mercantil e, embora pertencesse à França, mantinha profundas e lucrativas relações comerciais com a Inglaterra. Como a monarquia francesa pretendia proibir tais relações, Flandres passou a apoiar financeiramente os ingleses, aspecto que foi decisivo no desenrolar do conflito. Inicialmente a Inglaterra foi vitoriosa na maior parte das disputas, como na Batalha de Crécy (1346) e em Poitiers (1356). Em certo momento, quase todo o território francês havia sido dominado pelos ingleses. Tudo mudou quando a jovem camponesa Joana D’Arc, que se dizia predestinada a libertar a França, assumiu um pequeno exército de 5 000 soldados e foi capaz de reconquistar Orléans. Embora a jovem tenha sido entregue aos ingleses e queimada na fogueira, sua bravura inspirou os franceses e ajudou a criar um sentimento coletivo de nação, aspecto que posteriormente resultou em diversas vitórias francesas sobre a Inglaterra. A guerra finalmente terminou em 1453, na batalha de Calais, na qual os ingleses foram expulsos do território francês. Em linhas gerais, podemos dizer que a principal consequência da Guerra dos Cem Anos foi a consolidação das monarquias de ambos os lados, abrindo um claro caminho para o absolutismo. Fonte: http://www.historiadetudo.com/guerra-dos-cem-anos
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
O reino inglês A ilha da Grã-Bretanha era povoada por descendentes dos povos bárbaros germânicos, em especial dos anglos e dos saxões. Com a morte do rei anglo-saxão Eduardo, o Confessor (1042-1066), houve disputa pelo trono, por ele não ter deixado herdeiros passíveis à posse. Os normandos, então, invadiram a Inglaterra, levando o rei Guilherme, o Conquistador, ao poder, com a vitória da Batalha de Hastings. Durante esse reinado, foi implementado um eficiente sistema administrativo e o reino foi dividido em condados, os shires, controlados por nobres. A insatisfação da nobreza com o rei teve seu ápice durante o reinado de João Sem-Terra (1199-1216). Além de dar continuidade às guerras contra a França, recebendo a indisposição do papa, ele causou grande descontentamento na população devido à cobrança de elevados impostos. Ele ainda tentou taxar os bens da Igreja, o que contribuiu para causar revolta na nobreza, que lhe impôs a Magna Carta, em 1215. Essa carta restringia o poder real quanto à criação de novos impostos, ou alteração nas leis, mediante à aprovação do Grande Conselho, organismo controlado pelo Clero e pela Nobreza. Tal medida limitou o poder real na Inglaterra, atrasando o processo de centralização política. Nesse cenário, os ingleses se envolveram na Guerra dos Cem Anos. Como vimos, mesmo tendo obtido vitórias iniciais importantes, eles passaram por uma série de dificuldades internas, como a Peste Negra e rebeliões camponesas, o que culminou na sua derrota pelo exército francês, liderado pela camponesa Joana D'Arc.
Figura 03 - Joana d’Arc no Cerco de Órleans, por Jules Eugéne Lenepveu (1886-1890).
B19 Monarquias nacionais europeias: França e Inglaterra
Fonte: Wikimedia commons
Com o fim da Guerra, no século XV, teve início uma guerra pela sucessão do trono inglês – a Guerra das Duas Rosas. Esse conflito ficou assim conhecido porque rosas faziam parte do brasão das duas famílias envolvidas, York e Lancaster, fragilizando a nobreza e deixando o caminho livre para a centralização política.
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História
Exercícios de Fixação 01. (Unipar PR) “A Guerra das Duas Rosas (1455-85) representou para a aristocracia proprietária de terras, mais do que uma catástrofe natural, uma catástrofe social, um derramamento de sangue que muito a enfraqueceu...” Uma das consequências da Guerra das Rosas na Inglaterra foi: a) a ascensão da Dinastia Tudor que irá comandar o processo de formação da monarquia nacional centralizada submetendo a nobreza feudal enfraquecida diante do longo período de combates. b) a disseminação da Peste Negra que foi facilitada pelas condições de pobreza ocasionadas pelas guerras e a desestruturação da produção agrícola. c) a aproximação da Inglaterra com a Igreja Católica como único meio superar as divergências internas e a crise econômica. d) o enfraquecimento do incipiente capitalismo inglês diante do colapso da produção de lã empobrecendo a classe dos proprietários e dos comerciantes. e) a invasão estrangeira e o domínio de grande parte do território pelo Exército Real francês.
B19 Monarquias nacionais europeias: França e Inglaterra
02. (IF RS) O contexto de surgimento dos Estados Nacionais, no início da Idade Moderna, esteve atrelado a uma política centralizadora, onde a nobreza, que acumulou terras durante a Idade Média, temia a ascensão da burguesia mercantil, fato que levaria à consequente perda de seus privilégios. Falamos aqui da política a) Capitalista. b) Imperialista. c) Absolutista. d) Desenvolvimentista. e) Liberal. 03. (Usp SP) Na Europa da Idade Moderna, os chamados “Estados absolutistas” são aqueles nos quais a) a ausência de consensos sociais mínimos é tão acentuada que apenas o poder real consegue se impor e eliminar todos os outros poderes menores. b) o poder espiritual da Igreja é forte o suficiente para impedir o exercício de outros poderes menores. c) a burguesia luta permanentemente para destituir a nobreza do poder, o que só ocorrerá com o início da Idade Contemporânea. d) o poder político compete com o poder espiritual, até a definição daquele que, em exclusão dos demais, se tornará o poder hegemônico. e) o poder político do rei é exercido na inversa proporção do poder de instâncias representativas de outros extratos sociais.
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04. (Uespi PI) A guerra dos Cem Anos (1337-1453) tumultuou a vida política da Europa. De fato, essa guerra: a) envolveu a França e a Inglaterra, com a participação também decisiva da Espanha. b) quebrou a economia europeia, interrompendo todo comércio de especiarias com o Oriente. c) acabou com os privilégios da nobreza francesa e com a organização da monarquia constitucional. d) teve a participação da camponesa Joana D’Arc, integrada e atuante no exército francês. e) firmou a liderança política da Inglaterra, com a chegada do absolutismo de Henrique IV. 05. (UFT TO) Por volta do século XI, um conflito de interesses ideológicos, entre a Igreja Católica do Ocidente e a do Oriente, marcou um rompimento dentro da Igreja que ficou conhecido como o: a) Cisma Fócio. b) Cisma de Lyon. c) Cisma do Oriente. d) Cisma Ecumênico. e) Cisma do Ocidente. 06. (Ufu MG) Entre os eventos que merecem destaque na consolidação do absolutismo inglês estão o embate entre os York e os Lancaster, na Guerra das Duas Rosas, o controle dos nobres por Henrique VII e, finalmente, as ações de Henrique VIII, que rompeu com o papa e fundou a Igreja Anglicana, mantida sob sua tutela. Com a morte de Henrique VIII e a ascensão de Elizabeth I, o absolutismo inglês conheceu seu período de maturidade. As ações de Elizabeth I e de seus sucessores, adotando medidas mercantilistas, criando companhias de comércio, dissolvendo o Parlamento, exigindo pensão vitalícia e criando taxas, marcaram acontecimentos que culminaram, décadas mais tarde, numa página da história da sociedade inglesa conhecida como Revolução Gloriosa. Neste cenário, a) a economia inglesa, diante da instabilidade política, teve um desenvolvimento irregular no século XIX, atrasando sua industrialização frente a outros países. b) a monarquia absolutista inglesa, reconhecendo suas limitações, tomou a iniciativa na criação do Bill of Rights, evitando novas guerras civis no país. c) as medidas absolutistas insuflaram questionamentos na sociedade inglesa, favorecendo mudanças e rupturas na estrutura política do país. d) as características absolutistas da monarquia inglesa a afastavam do modelo constitucional que, desde o final da Idade Média, predominava na Europa.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
DUBY, Georges. O domingo de Bouvines. 27 de julho de 1214. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993. p. 9-13.
O texto refere-se ao fortalecimento da dinastia a) Valois. b) Merovíngia. c) Carolíngia. d) Capetíngia. e) Bourbon. 02. (UEPG PR) Os Estados Modernos (ou Estados Nacionais Modernos) surgiram a partir do processo de gradual centralização de poder na Europa e possuem traços específicos adaptados à correlação de forças entre as classes sociais típicas da sociedade moderna. A respeito desse tema, assinale o que for correto. 02-04-08-16 01. O respeito à pluralidade étnica e às diversidades culturais dos povos são características encontradas nas origens dos Estados Modernos. 02. Os Estados Modernos, em praticamente todas as situações em que se configurou plenamente, se estruturaram a partir de monarquias absolutistas. 04. A centralização de poder levou ao aparecimento de um corpo de funcionários, o qual ficou responsável pela execução de serviços públicos. 08. O estabelecimento preciso de fronteiras territoriais serviu como forma de definição do espaço onde um determinado Estado exercia a sua soberania. 16. Nos Estados Modernos, tanto as classes sociais quanto os indivíduos possuem um conjunto de direitos garantidos pelo próprio Estado. 03. (FGV SP) O paradoxo aparente do absolutismo na Europa ocidental era que ele representava fundamentalmente um aparelho de proteção da propriedade dos privilégios aristocráticos, embora, ao mesmo tempo, os meios pelos quais tal proteção era concedida pudessem assegurar simultaneamente os interesses básicos das classes mercantis e manufatureiras nascentes. Essencialmente, o absolutismo era apenas isto: um aparelho de dominação feudal recolocado
e reforçado, destinado a sujeitar as massas camponesas à sua posição tradicional. Nunca foi um árbitro entre a aristocracia e a burguesia, e menos ainda um instrumento da burguesia nascente contra a aristocracia: ele era a nova carapaça política de uma nobreza atemorizada. (Perry Anderson, Linhagens do Estado absolutista. p. 18 e 39. Adaptado)
Segundo Perry Anderson, o Estado absolutista a) não tinha força política para submeter os trabalhadores do campo e a aristocracia com a cobrança de pesados impostos e, simultaneamente, oferecer participação política e vantagens econômicas para o crescimento da burguesia comercial e manufatureira. b) nunca se submeteu aos interesses da burguesia mercantil e manufatureira em detrimento da aristocracia, mas, ao contrário, tornou-se um escudo de proteção dos camponeses contra o domínio feudal exercido por meio de pesados impostos. c) garantiu, sob a sua proteção, o domínio econômico e político da aristocracia sobre os camponeses e, para sobreviver economicamente, atendeu aos interesses de expansão do mercado da burguesia mercantil e manufatureira, mas a afastou do poder político. d) preservou a propriedade feudal e os interesses dos camponeses, mas, para que isso se efetivasse, submeteu-se à pressão da burguesia mercantil e manufatureira ao aproximá-la do poder político, oferecendo cargos públicos a essa classe. e) não protegeu a aristocracia nem os camponeses que, para sobreviverem, estabeleceram alianças pontuais com a burguesia comercial em ascensão econômica e com crescente participação política, com o intuito de obter acesso à terra. 04. (UEFS BA) As monarquias nacionais que se formaram ao longo dos séculos XIII, XIV e XV, embora tenham sido uma nova forma de exercício do poder (poder centralizado), oposta às monarquias medievais, mantiveram em sua essência a mesma natureza destas. Apesar, inclusive, de toda a importância e participação da burguesia no processo de consolidação do Estado nacional, o poder continuou sendo exercido pela mesma classe dominante, a nobreza, só que agora concentrado na figura do rei. (NEVES, 2000. p. 18-19). NEVES, Vera M. da C. (org.). As terras do Brasil e o mundo dos descobrimentos. Secretaria de Educação. Instituto Anísio Teixeira. Salvador: Boanova, 2000.
A influência da burguesia na estruturação das monarquias europeias deu aos monarcas, entretanto, a) a oportunidade para fortalecer os laços de cooperação com a Igreja Católica, responsável pela confirmação do poder real.
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B19 Monarquias nacionais europeias: França e Inglaterra
01. (UFRGS) Leia o texto abaixo. O dia 27 de julho caiu em um domingo. (...) Naquele domingo, na planície de Bouvines, o rei da França Filipe Augusto havia afrontado, contra a sua vontade, a temida coalizão do Imperador Oto, do conde de Ferrand, de Flandres, e do conde Renaud, de Boulogne; à noite, pela graça de Deus, ele era senhor do campo de batalha. O imperador havia fugido, os dois condes rebeldes estavam presos. Vitória, como já foi dito e repetido, fundadora; as bases da monarquia francesa decididamente consolidadas.
História
b) o cancelamento do direito de acesso às “cartas de franquia” pelas vilas agrícolas medievais. c) o poder de democratizar o acesso de servos, operários e trabalhadores braçais, aos estamentos mais elevados da sociedade. d) a necessidade de dividir o poder de mando com representantes de outros reinos não cristãos do Oriente Médio. e) os recursos necessários à organização de exércitos nacionais comandados por generais da confiança dos reis, excluindo os exércitos particulares da nobreza feudal. 05. (FGV SP) Guerra dos Cem Anos - Denominação dada a uma série de conflitos ocorridos entre a França e a Inglaterra no período 1337-1475. O termo, que vem sendo considerado impróprio, é uma criação moderna dos historiadores do século XIX, introduzido nos manuais escolares. (...) Alguns historiadores têm mesmo proposto que seja utilizada a expressão “cem anos de guerra” e não a tradicional.
B19 Monarquias nacionais europeias: França e Inglaterra
(Antônio Carlos do Amaral Azevedo, Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos apud Luiz Koshiba, História: origens, estruturas e processos)
Sobre essa guerra, é correto afirmar que a) decorreu diretamente da chamada Crise do Século XIV, pois a Inglaterra e a França tinham leituras divergentes da paralisia econômica que atingiu a Europa ocidental desde os primeiros anos desse século. b) resultou da imediata reação da França, aliada dos reinos de Castela e Aragão, à aliança econômica e militar entre a Inglaterra e Portugal, iniciando o mais sangrento conflito bélico da Europa moderna. c) desenrolou-se quase toda em território francês, com batalhas entremeadas por tréguas e períodos de paz, e as suas origens se ligam à sucessão do trono francês, também disputado pela Inglaterra. d) derivou da disputa por territórios recém-descobertos por franceses no norte da África, mas que eram estratégicos para a expansão da economia inglesa, já produtora de manufaturados. e) desenvolveu-se no contexto das reformas religiosas, obrigando cada nação europeia a se posicionar na defesa ou não do papado, fator principal do conflito bélico entre franceses e ingleses. 06. (Uepa PA) Os camponeses franceses do século XIV eram conhecidos pelos nobres do reino pelo termo Jacques (que pode ser traduzido em português pelo nome “Tiago”), por ser este considerado como nome comum entre as camadas populares. As revoltas dos Jacques (ou Jacqueries), como ficaram conhecidas, estouraram no norte do Reino da França em 1358. Sua emergência no contexto de crise da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) assumiu um sentido de contestação dos privilégios da nobreza rural e foi estimulada pelo/a: a) pilhagem das vilas camponesas promovidas por líderes militares aristocratas. b) terror implantado no campo pelos vilões, mobilizados pela conjuntura de guerra. 522
c) aumento de taxas feudais e pelos saques de soldados espalhados pelos campos. d) desmonte da ordem social feudal por conta da guerra entre França e Inglaterra. e) fragilidade das forças militares da nobreza na repressão a levantes populares. 07. (Uem PR) O feudalismo passou por profundas transformações sociais, econômicas, culturais e políticas nos séculos XIV e XV. Sobre essas transformações, assinale o que for correto. 01-16 01. No processo de formação das monarquias nacionais, realeza e burguesia nascente unem-se para lutarem pelos seus interesses econômicos e políticos. 02. Uma das principais transformações dessa época foi a substituição dos exércitos nacionais pelos exércitos mercenários. 04. Com o objetivo de atender aos interesses dos grandes banqueiros e das grandes companhias de comércio, a Itália e a Alemanha foram os primeiros reinos europeus a realizarem a centralização política sob o comando de reis absolutistas. 08. A Guerra dos Cem Anos provocou profundas transformações na estrutura econômica da Inglaterra, o que favoreceu a reação e o fortalecimento da nobreza feudal nas decisões políticas do reino. 16. A cultura literária da Baixa Idade Média apresentou intensos traços humanistas, e um dos principais autores dessa época foi o escritor italiano Dante Alighieri, ao meditar sobre razão e fé, ciência e religião. 08. (Ufam AM) Um dos eventos mais marcantes do cenário político europeu na baixa Idade Média foi a eclosão da Guerra dos Cem Anos. Entre suas causas podem ser indicadas: a) A reivindicação do direito ao trono francês feita por Eduardo III, da Inglaterra e a disputa do controle sobre a região de Flandres. b) A invasão do noroeste francês pelos bretões e a interrupção do comércio marítimo francês no Mar do Norte. c) O casamento de Henrique VIII com Ana Bolena e seu desejo de suceder Felipe IV no trono francês. d) A transferência do papado de Roma para Avinhon, desagradando o clero e a nobreza da Inglaterra. e) O desenvolvimento das manufaturas na Inglaterra e o consequente controle da rota comercial do mar do Norte. 09. (Ufac AC) O chamado “Cisma do Oriente” se deu em 1054, quando: a) Os senhores feudais romperam com os dogmas da igreja católica na Europa ocidental; b) O Papa da igreja católica da Europa Ocidental fez aliança com o cristianismo de Constantinopla; c) Os religiosos do ocidente ficaram desconfiados dos hereges; d) O Patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário, proclamou a autonomia total da Igreja Oriental em relação à Igreja Católica Ocidental; e) O Papa do ocidente se rende aos dogmas do mundo americano.
FRENTE
B
HISTÓRIA
MÓDULO B20
MONARQUIAS NACIONAIS EUROPEIAS: PORTUGAL E ESPANHA Entre os séculos XII e XV, diversas alterações geopolíticas puderam ser vistas na Europa Ocidental. Os particularismos feudais e o universalismo da Igreja foram superados pela centralização monárquica e o consequente fortalecimento do poder real. Essa centralização, ou, como é normalmente conhecida, a formação dos Estados Nacionais, acelera-se bastante a partir da crise no século XIV, quando a nobreza, atemorizada pelas revoltas camponesas, compreende que era necessária uma mudança na forma de desempenhar o poder para que ela pudesse manter-se como o grupo socialmente dominante. Paralelamente, a unificação política agrada também à nascente burguesia, visto que abre o espaço para a unificação do sistema de pesos e medidas, da moeda, o que proporciona facilidades para a atividade comercial.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Monarquias nacionais europeias:
Portugal e Espanha
nn Monarquias nacionais Ibéricas e a Reconquista nn Portugal
Os Estados Nacionais surgiram e consolidaram-se na Europa Moderna em oposição ao poder da Igreja e ao ideal da unidade europeia (império). Esses estados tinham por base a unidade territorial e buscavam formar uma sociedade nacional. Vale, no entanto, ressaltar que a montagem dos Estados Nacionais não sepulta as relações de produção feudais, lembrando que há a manutenção de relações sociais características do medievo. Vários instrumentos são característicos desses novos Estados Nacionais, destacando-se a busca pela centralização política, a unificação dos sistemas de pesos e medidas, a unificação linguística e monetária, a organização de uma burocracia para auxiliar o poder do monarca, a delimitação de fronteiras para garantir a sustentabilidade do poder monárquico, a organização de um exército permanente composto por mercenários.
Fonte: Wikimedia Commons
Diante desse quadro, deve-se fazer alusão também à importância da guerra como forma de consolidação do poder real, haja vista que ela servia como elemento que permitia aos reis agregar poderes, cobrar novos impostos e manter um exército. Isso nos leva a ver que a guerra serviu em vários aspectos, porque inspirava a força física, o respeito, o temor, a admiração, a fé, a conveniência e a convicção racional de obediência. Portanto, pode-se relacionar a formação dos Estados Nacionais à aliança entre o rei e a burguesia em oposição ao poder dos senhores feudais. Essa aliança buscava, assim, ampliar a ação do comércio e romper o particularismo administrativo medieval para garantir, pela centralização, amplos poderes para o soberano e uma forma de conter os movimentos camponeses que tanto incomodavam os senhores. O Estado Nacional representa um estado em transição, pois mesclava fatores de um capitalismo em construção com a ordem feudal que já se decompunha.
Figura 01 - Tela representando a união de Fernando de Aragão e Isabel de Castela.
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História
Monarquias nacionais Ibéricas e a Reconquista A Península Ibérica foi inicialmente povoada por iberos, celtas e lígures. Sofreu invasão dos visigodos, no período da queda do Império Romano do Ocidente, e posteriormente dos árabes, no século VIII. O início da formação dos Estados, naquela região, já durante a Baixa Idade Média, estava diretamente ligado à Guerra de Reconquista dos territórios tomados pelos muçulmanos. A religião islâmica foi introduzida na Península Ibérica por meio da primeira invasão, 711. Até então essa era uma região exclusivamente cristã. Com a invasão, os cristãos se refugiaram-se ao norte da península, na área montanhosa das Astúrias, onde mantiveram reinos independentes. Dessa região partiram as primeiras investidas da Reconquista, iniciadas no século XI. Durante o processo de Reconquista, houve a união dos Reinos de Leão, Navarra, Castela e Aragão. Os dois últimos uniram-se em 1479, por meio do casamento de seus monarcas, Fernando de Aragão e Isabel de Castela, dando origem ao Estado centralizado da Espanha, que, entretanto, só se consolidou com a conquista de Granada, última região a ser ocupada pelos árabes no sul da Península, o que contribuiu para a expulsão dos mouros, em 1492.
B20 Monarquias nacionais europeias: Portugal e Espanha
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Figura 02 - A rendição de Granada (1492), por Francisco Pradilla Ortiz.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
Portugal A formação do Estado português teve início no ato de doação de terras pelo rei Afonso VI, de Leão, a Henrique de Borgonha, nobre francês que participara dos combates de Reconquista. A doação do feudo estava vinculada ao compromisso matrimonial do francês com a filha ilegítima do rei, dona Teresa. As terras doadas compunham o condado Portucalense. Esse feudo conquistou independência em relação ao Reino de Leão através de uma série de disputas familiares, ocorridas em 1139. A fim de garantir a independência do território, o filho de Teresa e Henrique, dom Afonso Henriques, expulsou a própria mãe de Portugal, por ela ser contra o processo de autonomia do condado. Teve início a dinastia de Borgonha (1139-1383), a primeira do Estado português, dando prosseguimento à guerra contra os muçulmanos, pressionando-os para o Sul. A monarquia fez doação de terras aos nobres guerreiros, porém, sem lhes conceder posse hereditária, de forma a garantir a manutenção autoridade real. A dinastia Borgonha encerrou em 1383, com a morte de Fernando I, devido à ausência de herdeiros diretos, o que acarretou uma acirrada disputa sucessória. Uma parte da nobreza era favorável à entrega da Cora ao genro de dom Fernando, o rei de Castela. No entanto, um grupo de comerciantes conseguiu impor o nome de dom João, mestre de Avis ao trono. Esse processo ficou conhecido como a Revolução de Avis, vencida em 1385, por meio da Batalha de Aljubarrota, que derrotou as tropas de Castela e garantiu a ocupação de dom João ao trono, dando início à dinastia de Avis.
Fonte: Wikimedia Commons
B20 Monarquias nacionais europeias: Portugal e Espanha
Essa dinastia conseguiu alinhar os interesses da monarquia e do setor mercantil. Tal aliança de interesses acabou propiciando a expansão marítima portuguesa, a partir do século XV.
Figura 03 - Brasão da Dinastia de Avis.
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História
B20 Monarquias nacionais europeias: Portugal e Espanha
Exercícios de Fixação 01. (USF SP) As Grandes Navegações consistiram em uma saída para os problemas que afetaram a Europa no final da Idade Média: escassez de alimentos e a consequente elevação dos preços, o predomínio da economia agrícola era um obstáculo para o avanço das relações mercantis, a falta de metais preciosos, entre outras. Em busca de alternativas, os europeus lançaram-se aos mares.
03. (Puc Campinas SP) O Reino mencionado no texto conheceu
Analisando a expansão marítima europeia a partir do século XV, é correto afirmar que a) enquanto Portugal iniciava sua expansão marítima, a Espanha ainda lutava contra os muçulmanos na península Ibérica. b) apesar dos problemas internos, os ingleses e franceses
b) marcada pelo predomínio do Império Espanhol, foi de-
ingressaram antes da Espanha na corrida colonial, explorando principalmente a América do Norte. c) a Guerra dos Cem Anos teve um papel fundamental na expansão marítima dos Países Baixos, pelo fato de que ao final desse conflito, holandeses e belgas tiveram hegemonia sobre o continente europeu, gerando condições para explorar o Atlântico. d) as nações ibéricas promoveram a colonização da América de forma pacífica, enquanto os anglo-franceses empreenderam uma conquista baseada na destruição da cultura dos ameríndios, causando um genocídio sem igual. e) ao conquistarem a América os portugueses se depararam com indígenas que já tinham superado a fase da agricultura de subsistência, e que se dedicavam ao comércio interamericano.
cou o trono português com o fim da dinastia de Avis e a
um período de subordinação política à Espanha que se estendeu por décadas. Essa fase, a) iniciada pela Reformas Bourbônicas, culminou na remodelação do Pacto Colonial e em nova organização administrativa e fiscal, mais rigorosa, das colônias portuguesas. sencadeada pela medida de expulsão dos jesuítas pela Corte Portuguesa, cuja consequência imediata foi a invasão de Portugal por Carlos III, rei católico. c) chamada de União Ibérica, ocorreu após a invasão de Portugal pelas forças de Filipe II, monarca que reivindiinexistência de herdeiros diretos. d) interrompida pela Revolução Gloriosa, permitiu aos holandeses que se instalassem na região nordeste da colônia, até serem expulsos por tropas inglesas que vieram em auxílio às milícias portuguesas. e) vinculada à vigência do Reino Unido de Portugal e Algarves, ocorreu devido ao casamento de Fernando de Aragão e Isabel de Castela, evento que consolidou a aliança entre as duas coroas, com predomínio da espanhola. 04. (Fatec SP) Popular e patriótica, a sublevação de 1383 despertaria as tensões mais profundas da sociedade portuguesa na luta que se seguiu. De um lado, enfileiravam-se as tropas de Castela e dos senhorios mais poderosos. De outro,
02. (Unesp SP) [Na época feudal] o mundo terrestre era visto como palco da luta entre as forças do Bem e as do Mal, hordas de anjos e demônios. Disso decorria um dos traços mentais da época: a belicosidade.
a burguesia mercantil, a pequena nobreza militar, o popula-
(Hilário Franco Junior. O feudalismo, 1986. Adaptado.)
nas mãos dos ricos burgueses de Lisboa e do Porto. Estimu-
A belicosidade (disposição para a guerra) mencionada expressava- se, por exemplo, a) no ingresso de homens de todas as camadas sociais na cavalaria e na sua participação em torneios. b) no pacto que reunia senhores e servos e determinava as chamadas relações vassálicas. c) na ampla rejeição às Cruzadas e às tentativas cristãs de reconquista de Jerusalém. d) no empenho demonstrado nas lutas contra muçulmanos, vikings e diferentes formas de heresias. e) na submissão de senhores e vassalos, reis e súditos, ao Islamismo.
526
cho das cidades e a arraia miúda dos campos. Os camponeses atacavam e saqueavam os castelos vingando-se da prepotência fidalga e da miséria. Mas a decisão da luta estaria lados por Álvaro Pais estes abriram seus cofres. (...). Durante o ano de 1384, as forças do “Mestre”, aclamado “Defensor e regedor do Reino”, alcançaram inúmeras vitórias, apesar de atacados por terra e por mar. Mendes Jr., Antonio – Brasil – Texto e Consulta. São Paulo, Brasiliense, s.d. v.1, pg. 47
O acontecimento descrito no texto é a: a) Guerra dos Cem Anos. b) Guerra da Reconquista. c) Revolução Gloriosa. d) Revolução de Avis. e) Revolução da Santa Sé.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (Acafe SC) A formação dos Estados Modernos, o Absolutismo Monárquico e o Mercantilismo caracterizaram a centralização política em várias partes da Europa, em oposição ao poder político descentralizado do sistema feudal. Assim, é correto afirmar, exceto: a) O mercantilismo foi caracterizado pelo controle estatal da economia e priorizava o domínio de colônias para fornecer matérias primas e criar mercados consumidores para a metrópole. b) O casamento de Fernando, herdeiro do trono de Aragão, com Isabel, do trono de Castela, consolidou a formação do território que corresponde à Espanha. c) O processo de fortalecimento do poder real atingiu seu ápice com o absolutismo. O monarca passou a exercer o controle total sobre o comércio, as manufaturas e sobre a máquina administrativa. d) As Guerras da Reconquista, ao expulsarem os muçulmanos da Europa, contribuíram decisivamente para a formação da Monarquia francesa numa aliança com setores da nobreza. 03. (Unitau SP) O início da Idade Moderna, período que se estende pelo século XV, pode ser caracterizado por a) consolidação do Estado Nação, supremacia marítima holandesa, ascendência da monarquia absolutista, comércio marítimo com a Índia. b) consolidação do Estado Nação, ascendência da monarquia absolutista apoiada pela burguesia, grandes navegações, descoberta e colonização de novas terras.
c) consolidação do Estado Nação, descoberta e colonização de novas terras, ascensão dos déspotas esclarecidos, crise financeira burguesa. d) consolidação do Estado Nação, crise da monarquia absolutista, supremacia marítima espanhola, descoberta e colonização de novas terras. e) grandes navegações, fortalecimento dos estados de Portugal e Espanha, rompimento do comércio com a Ásia, decadência da monarquia absolutista. 04. (UEFS BA) A crise generalizada, no século XIV, obrigou as várias categorias sociais a buscar uma resposta. A dos oprimidos do campo e da cidade foram as jacqueries e os levantes urbanos. A da nobreza foram os conflitos dinásticos, que ofereciam a oportunidade de obter novos feudos. Outra resposta, apoiada pela burguesia comercial, baseava-se no fortalecimento do poder dos reis para restabelecer a ordem e abrir novos mercados. Para algumas nações, isso implicava uma política de expansão marítima. (BRAICK; MOTA, 2010, p. 187).
A expansão marítima e comercial do século XV, que representou uma das respostas encontradas para o enfrentamento da crise europeia do século XIV, relaciona-se, também, com a) a necessidade de superar o controle do Império Bizantino sobre a navegação do mar Mediterrâneo, especialmente nos portos do norte da África. b) a vitória dos reinos cristãos contra os reinos muçulmanos, durante a Guerra dos Cem Anos. c) as incessantes revoltas de escravos, servos e trabalhadores urbanos, denominadas sob o nome geral de “jaqueries”. d) a expansão dos árabes em direção do Extremo Oriente e a proibição, por eles estabelecida, ao tráfico de africanos escravizados para o mercado europeu. e) o descompasso entre os limites da produção de alimentos e de utensílios, gerados pela economia feudal, e as crescentes demandas do aumento populacional do período. 05. (IF RS) Assinale a alternativa que completa corretamente a frase abaixo. Entre as consequências do desenvolvimento urbano-comercial ocorrido em Portugal, a partir da subida de D. João I ao trono, no final do século XIV, inclui-se a) o incremento das viagens marítimas nas mãos de navegadores originários desse país, como mostram as navegações abaixo do Bojador e a chegada na costa da Oceania. b) o estreitamento dos contatos com os navegadores escandinavos, herdeiros da tradição viking e que foram fundamentais no desenvolvimento das rotas que levaram os portugueses a alcançarem a meta de conquistar as novas terras do Oeste.
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B20 Monarquias nacionais europeias: Portugal e Espanha
01-02-08-16
01. (Uem PR) Assinale o que for correto sobre a história medieval. 01. Ao longo do século XIV, favorecidas pelas más condições de higiene dos burgos, doenças e epidemias dizimaram uma grande parte da população da Europa. 02. A Guerra dos Cem Anos, um conflito travado entre Inglaterra e França nos séculos XIV e XV, teve como causa inicial uma disputa sucessória pela coroa francesa. 04. A corveia era um imposto pago em dinheiro pelo camponês ao senhor feudal. 08. O movimento camponês conhecido como rebelião de Wat Tyler, no final do século XIV, na Inglaterra, inscreve-se no quadro das tensões e mal-estar provocado pelo cercamento das terras comunais, pela substituição das áreas de lavoura por pastagens de ovelhas e pelo aumento da tributação para financiar a Guerra dos Cem Anos. 16. A formação das monarquias ibéricas está ligada à Guerra de Reconquista, por meio da qual os cristãos retomaram, gradualmente, as terras até então sob domínio muçulmano. A tomada do reino mouro de Granada, em 1492, é considerada o marco final da reconquista.
História
c) o interesse de livrar-se dos intermediários italianos, especialmente os venezianos que dominavam o comércio de especiarias, e o consequente desejo de encontrar uma rota alternativa para chegar à Ásia. d) o aumento da fé religiosa e do sentimento de superioridade tecnológica e cultural cristã, o que levou à eclosão da Primeira Cruzada contra os muçulmanos. e) a eclosão da revolução que levou à queda da dinastia de Avis, interessada em promover a reintegração do país ao reino de Castela.
B20 Monarquias nacionais europeias: Portugal e Espanha
06. (UFRGS) Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em Portugal a denominada Revolução de Avis (1383–1385), que resultou em uma mudança dinástica, cuja principal consequência foi a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das pressões localistas que ainda sobreviviam nas pequenas circunscrições territoriais do Reino b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopolita e afinada com a mentalidade capitalista que se instaurava na Europa c) o início das grandes navegações marítimas, que resultaram no descobrimento da América e no reconhecimento da Oceania pelos lusitanos d) o início do processo de expansão ultramarina, que levaria às conquistas no Oriente, além da ocupação e do desenvolvimento econômico da América portuguesa e) o surgimento de uma aristocracia completamente independente do Estado, que tinha como projeto político mais relevante a expansão do ideal cruzadista 07. (Uel PR) A organização do mundo medieval, concebida como harmônica, foi rompida no decorrer dos séculos X ao XV por um complexo processo histórico constituído por transformações e criações que mudaram a Europa Ocidental. Em relação à criação das monarquias ibéricas nesse contexto, considere as afirmativas a seguir. I. A nobreza portuguesa lutou de forma unificada contra o reino de Castela pela independência de Portugal, apoiando-se no retorno do Rei Dom Sebastião I. II. A reconquista da região ibérica, no século XIII, teve início com o Papa Urbano VII ao conceder o reino de Navarra a Dom Afonso Henrique. III. A reconquista espanhola equilibrou-se em uma centralização política, mas sem atingir uma unificação cultural pelas diversas identidades de seus habitantes. IV. Em Portugal, a Revolução de Avis, composta majoritariamente pelas camadas burguesas, fortaleceu a unificação política do reino. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 528
08. (Unit AL) Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! [...] Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. Pessoa, Fernando. Mar português. Disponível em: <http://www.citador.pt/poemas/mensagem-mar-portugues-fernando-pessoa>. Acesso em: 14 out. 2015.
Os versos do poeta português Fernando Pessoa refletem um período histórico caracterizado, entre outros, pela a) consolidação da centralização política portuguesa, com a Revolução de Avis, que criou condições políticas propícias ao processo de expansão marítima e comercial. b) aliança política entre Portugal e Espanha, concretizada no estabelecimento do Tratado de Tordesilhas, que impediu a expansão franco-britânica sobre o continente americano. c) revolta camponesa liderada pelos anabatistas, que arruinou a economia da Europa continental, contribuindo para o fortalecimento da burguesia portuguesa. d) ação da burguesia lusitana, que controlou as rotas comerciais das especiarias e o monopólio comercial sobre o Mar Mediterrâneo. e) grande quantidade de conflitos armados envolvendo as nações capitalistas industriais na disputa do mercado colonial pós-colombiano. 09. (Uem PR) Sobre a expansão marítima e a colonização realizadas por Portugal e Espanha, ao longo dos séculos XV e XVI, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 02-04-08-16 01. A principal motivação da expansão marítima espanhola era de natureza científica, pois os reis da Espanha pretendiam derrotar os pensadores da Igreja e provar, com a viagem de Cristóvão Colombo, que o mundo era redondo. 02. A colonização das regiões descobertas, ou conquistadas, conduziu ao estudo de novas plantas, animais até então desconhecidos e minérios ainda não explorados, e isso resultou no desenvolvimento da História Natural. 04. A consolidação da unidade do Estado Português, ocorrida com a Revolução de Avis, no final do século XIV, influenciou diretamente os rumos da expansão marítima lusitana. 08. Os estímulos religiosos também foram importantes, pois havia, em Portugal e Espanha, um sentimento generalizado de que era preciso difundir a fé católica. 16. Para a realização das navegações, foram contratados, sobretudo na Península da Itália, pilotos, geógrafos, cosmógrafos, cartógrafos e outros profissionais que contribuíram decisivamente para o aprimoramento das técnicas de navegação e para a elaboração de mapas.
FRENTE
B
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (Ufal AL) O florescimento das cidades na Europa Medie-
c) o crescimento demográfico europeu, a partir do século X,
val se deu em um processo estreitamente relacionado ao
não veio acompanhado de melhorias técnicas, o que poten-
desenvolvimento comercial. Sobre esse assunto, analise as
cializou as revoltas camponesas pela falta de alimentos. d) em Flandres, a partir de 1323, os camponeses se rebelaram
proposições abaixo. 1) As feiras, organizadas no interior dos feudos, comercializavam os produtos locais, obtendo um papel preponderante na fundação dos burgos.
em virtude do aumento dos impostos e ainda ocorreram revoltas de camponeses franceses e ingleses. e) o renascimento comercial e urbano, a partir do século IX,
2) As Cruzadas, embora tenham contribuído para a circulação
desestruturou as relações servis e levou os servos para os
das mercadorias, por força das proibições da Igreja Católi-
burgos, onde se revoltaram contra a exploração das corpo-
ca, não estimularam o desenvolvimento de atividades rela-
rações de ofícios.
cionadas ao crédito financeiro. 3) Para proteger-se e garantir maiores lucros, os mercadores reuniram-se em associações, como a Liga Hanseática, que chegou a reunir cerca de 150 cidades. 4) A intensificação das atividades mercantis possibilitou o surgimento de feiras regulares nos cruzamentos das rotas dos mercadores, como as de Champanhe e Flandres. 5) Os empréstimos a juros, ainda que proibidos pela Igreja Católica, tornaram-se frequentes, favorecendo o surgimento de instituições financeiras de vários portes.
03. (Unioeste PR) Quanto às formações históricas das cidades no mundo ocidental, assinale a afirmativa INCORRETA: a) Na Antiguidade, não havia uma Grécia unida sob um único governo, mas muitas cidades independentes, as cidades-estados, que os gregos chamavam de “pólis”. Localizada na região da Ática, Atenas foi a mais importante delas, criada no século VIII a.C.. b) Entre os séculos V e IX d.C., a maioria das cidades europeias viveu a decadência e a diminuição de tamanho devido às constantes invasões e pilhagens. A partir do século XI, houve o ressurgimento das cidades, que atraíam aqueles servos fu-
Estão corretas apenas:
gitivos das duras condições feudais, que passaram a praticar
a) 1, 2 e 3
o comércio de excedentes nos “burgos”.
b) 1, 3 e 4
c) Na Itália do Renascimento, floresceram cidades sobre os
c) 2, 3 e 5
monumentos restantes da Antiguidade Romana, entre
d) 3, 4 e 5
elas Florença, Veneza, Roma e Milão, que já rompiam
e) 1, 3 e 5
com as tradições feudais. Governantes e burgueses muito
02. (UFTM MG) “Livrai-nos, Senhor, da fome, da peste e da guerra!” Esse pedido, repetido todos os anos, em todas as igrejas, tinha motivação concreta: no século XIV, foram essas as grandes calamidades enfrentadas pelos europeus. (Luiz Koshiba e Denise M. F. Pereira, História Geral e do Brasil: trabalho, cultura e poder)
Nesse contexto, acerca das revoltas populares ocorridas, é correto afirmar que a) os artesãos dos maiores burgos europeus, inspirados nas críticas dos humanistas contra a prática de simonia da Igreja, se insurgiram contra o pagamento do dízimo eclesial.
poderosos dessas cidades disputavam entre si, enriquecendo as cidades com palácios, catedrais e estátuas e afrescos em lugares públicos. d) No final do século XIX, o crescimento urbano foi surpreendente, especialmente as cidades de Londres, Paris, Berlim e Nova York, ultrapassando a marca de 2 milhões de habitantes. As metrópoles, como passaram a ser nominadas, projetaram de maneira predominante os costumes e os modos de vida das recentes classes trabalhadoras industriais. e) Em 1989, caiu o Muro de Berlim, símbolo máximo da Guerra Fria. A cidade de Berlim, dividida entre a Alemanha Ocidental capitalista e a Alemanha Oriental comunista, ocupou-se
b) uma rebelião de servos varreu a Europa, após a peste negra,
do desafio de reunificar o país. Hoje, quase 20 anos depois,
pois um grande número de senhores feudais ampliou a re-
marcas profundas da cisão permanecem na vida de seus
serva senhorial em prejuízo para as terras comunais.
moradores, como discutiu o filme Adeus Lênin, de 2003.
529
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
História
04. (UFSC) Sobre o período conhecido como Idade Média, é CORRETO afirmar que: 01-02-04 01. o romance de cavalaria foi um gênero literário que divulgou ideias de amor cortês. 02. a peste negra foi uma doença que teve graves consequências para a sociedade medieval, dizimando parte da população europeia. 04. as universidades criadas no período tiveram importante papel no desenvolvimento da cultura e do ensino no Ocidente. 08. a formação das corporações de ofício está relacionada à efervescência comercial da Europa no início da Idade Média. 16. várias dissidências da Igreja surgiram no período, como foi o caso dos cátaros. Devido ao acolhimento à diversidade defendido pela Igreja, as comunidades cátaras puderam ser mantidas. 32. o cristianismo difundido pela Igreja penetrou de tal maneira em todas as camadas da sociedade medieval que foi capaz de anular as crenças pagãs de origem antiga. 64. as ordens mendicantes foram criadas por uma parcela do clero medieval que defendia o conceito de usura e estimulava o acúmulo de bens e lucro.
07. (Unimontes MG) No processo de unificação nacional português, após a morte de Dom Fernando I, no século XIV, ocorreu a união de alguns setores sociais em torno de Dom João, mestre da Ordem de Avis, configurando a chamada Revolução de Avis.
05. (FGV SP) Sobre a formação do absolutismo na França, é incorreto afirmar que: a) Seus antecedentes situam-se, também, nos reinados de Filipe Augusto, Luís IX e Filipe IV, entre os séculos XII e XIV. b) Fez-se necessária nesse processo a centralização dos exércitos, dos impostos, da justiça e das questões eclesiásticas. c) A abolição da soberania dos nobres feudais não teve um importante papel nesse contexto. d) A Guerra dos Cem Anos foi fundamental nesse processo. e) Durante esse processo a aliança com a burguesia fez-se necessária para conter e controlar a resistência de nobres feudais.
08. (FGV SP) Da mesma forma que a Terra Santa, ainda que com identidade menor, a Península Ibérica possibilitava a reunião das ideias de paz (luta no exterior da Cristandade), de Guerra Santa (engrandecimento da Igreja em terra anteriormente cristã) e de peregrinação (corpo santo apostólico em Santiago de Compostela). A Reconquista revelou-se especialmente atraente, o que é significativo, para o centro-sul francês (...) cujos cavaleiros foram os mais constantes participantes ultramontanos da luta antimoura na Península.
06. (Ufpel RS) Em relação à consolidação das monarquias no continente europeu, durante o período Moderno, houve um progressivo ________________________, onde o Estado _________________ a economia. Foram criados _______________ e uma ____________________ com funcionários ligados à administração do Estado, configurando-se, assim, o Estado Absolutista. A alternativa que preenche corretamente as lacunas é a) fortalecimento do poder real – não regulamentava – impostos – burocracia. b) enfraquecimento do poder real – regulamentava – impostos – burocracia. c) enfraquecimento do poder real – não regulamentava – impostos – religião. d) fortalecimento do poder real – regulamentava – impostos – burocracia. e) fortalecimento do poder real – não regulamentava – impostos – religião.
Sobre a Reconquista Ibérica, é correto afirmar que se trata de a) um conjunto de guerras e conquistas territoriais cujas motivações foram semelhantes àquelas que estimularam a ação dos cristãos durante as Cruzadas. b) um movimento dirigido pelos comerciantes castelhanos, interessados em se apropriar das riquezas e rotas mercantis do mundo islâmico. c) um movimento sem vinculação às crenças religiosas e devocionais cristãs e estimuladas pelo avanço científico precoce da Península Ibérica. d) uma incursão de cavaleiros a serviço da monarquia francesa com o intuito de anexar a Península Ibérica e reestruturar o antigo Império Carolíngio. e) um movimento essencialmente religioso que visava a combater o fanatismo muçulmano e estabelecer monarquias cristãs que respeitassem a liberdade religiosa na Península Ibérica.
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Essa união pode ser associada à/ao. a) desejo da alta e da pequena nobrezas latifundiárias portuguesas de formar a União Ibérica, aumentando o número de camponeses e servos disponíveis para produzirem dentro do regime feudal. b) apreensão da pequena nobreza, grupos mercantis e artesãos portugueses, em relação à possibilidade de perda da autonomia nacional e da anulação social e política lusa, face ao reino de Castela. c) preocupação das camadas populares rurais em garantir o acesso a terras, de modo a permitir a manutenção e ampliação da economia de plantation, fundamental para a economia lusa. d) necessidade de assegurar, pela conquista e domínio da região de Castela, um fornecimento constante de mercadorias e metais preciosos, com vistas a aumentar o poder político português.
FRANCO JÚNIOR, Hilário. Peregrinos, monges e guerreiros. Feudo-clericalismo e religiosidade em Castela Medieval. São Paulo: Hucitec, 1990, p. 161.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
lismo na Europa Ocidental. 10. (UERN) O velho do Restelo Dura inquietação d’alma e da vida, Fonte de desamparos e adultérios, Sagaz consumidora conhecida De fazendas, de reinos e de impérios: Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Sendo dina de infames vitupérios; Chamam-te Fama e Glória soberana, Nomes com quem se o povo néscio engana! A que novos desastres determinas De levar estes reinos e esta gente? Que perigos, que mortes lhe destinas Debaixo dalgum nome preminente? Que promessas de reinos, e de minas D’ouro, que lhe farás tão facilmente? Que famas lhe prometerás? que histórias? Que triunfos, que palmas, que vitórias? (Luis de Camões. Os Lusíadas, Canto IV.) Disponível em: <www.passeiweb.com> Acesso em 10 out. 2016.
O contexto descrito no poema remete à Expansão Ultramarina Portuguesa dos séculos XV e XVI. Uma das causas do pioneirismo português nas Grandes Navegações foi a) o desenvolvimento industrial, que possibilitou a utilização de tecnologias de ponta na empreitada ultramarina. b) a hegemonia comercial lusa, ou seja, Portugal controlava o comércio mediterrâneo, principalmente na rota veneziana. c) a centralização político-administrativa, pois Portugal já era um Estado nacional, aliás o primeiro a se formar na Europa. d) acumulação primitiva do capital, empreendida por Portugal na Revolução de Avis, que colocou a nobreza no comando da nação. 11. (Unifor CE) O término da Guerra dos Cem Anos, acabando com as pretensões inglesas na França, provocou um conflito interno, na Inglaterra, a Guerra das Duas Rosas, que trouxe como resultado principal: a) o enfraquecimento do poder da nobreza. b) o enfraquecimento do grande Parlamento inglês. c) a ruralização da economia e da sociedade inglesa. d) a descentralização do poder político da Inglaterra. e) a instituição dos Estatutos de Oxford. 12. (Puc PR) Facilitando o comércio e evitando os perigos do transporte do dinheiro amoedado, surgiram os títulos de crédito, como cheques, letras de câmbio, conhecimentos de depósito, e outros, marcando inclusive o nascimento do direito comercial. Esses progressos comerciais tiveram origem: a) no livro de autoria de Marco Polo, que revelava idênticas práticas dos chineses. b) durante a Primeira Cruzada, que conquistou Jerusalém. c) na iniciativa dos monarcas ingleses do final da Guerra dos Cem Anos. d) nas feiras medievais. e) na corte portuguesa dos monarcas da dinastia de Avis. 13. (UFRGS) Durante a Baixa Idade Média, ocorreu em Portugal a denominada Revolução de Avis (1383–1385), que resultou em uma mudança dinástica, cuja principal consequência foi a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das pressões localistas que ainda sobreviviam nas pequenas circunscrições territoriais do Reino b) surgimento de uma burguesia industrial cosmopolita e afinada com a mentalidade capitalista que se instaurava na Europa c) o início das grandes navegações marítimas, que resultaram no descobrimento da América e no reconhecimento da Oceania pelos lusitanos d) o início do processo de expansão ultramarina, que levaria às conquistas no Oriente, além da ocupação e do desenvolvimento econômico da América portuguesa e) o surgimento de uma aristocracia completamente independente do Estado, que tinha como projeto político mais relevante a expansão do ideal cruzadista 531
FRENTE B Exercícios de Aprofundamento
09. (FGV SP) Sobre as relações entre os reinos ibéricos e a expansão ultramarina, é correto afirmar que a a) centralização do poder no reino português só ocorreu após a vitória contra os muçulmanos na guerra de Reconquista, o que garantiu o estabelecimento de alianças diplomáticas com os demais reinos ibéricos, condição para sanar a crise do feudalismo por meio da expansão ultramarina. b) guerra de Reconquista teve papel importante na organização do Estado português, uma vez que reforçou o poder do rei como chefe político e militar, garantindo a centralização do poder, requisito para mobilizar recursos a fim de bancar a expansão marítima e comercial. c) canalização de recursos, organizada pelo Estado português para a expansão ultramarina, só foi possível com a preciosa ajuda do capital dos demais reinos da península Ibérica na guerra de Reconquista, interessados em expulsar o invasor muçulmano que havia fechado o rentável comércio no Mediterrâneo. d) expansão marítima e comercial precisou de recursos promovidos pelo reino português, ainda não unificado, que usou a guerra de Reconquista para garantir a sua unificação política contra os demais reinos ibéricos, que lutavam ao lado dos muçulmanos como forma de impedir o fortalecimento do futuro Estado luso. e) vitória do reino de Portugal contra os muçulmanos foi garantida pela ajuda militar e financeira do Estado espanhol, já unificado, o que permitiu também a expansão marítima e comercial, condição essencial para o fim da crise do feuda-
FRENTE
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HISTÓRIA Por falar nisso A Bahia, cenário em que se deu um dos mais expressivos movimentos emancipacionistas, a Conjuração Baiana, que veremos mais adiante, é o estado brasileiro com maior presença de negros na população. De acordo com os dados do censo de 2000, cerca de três quartos de seus habitantes são afrodescendentes. Logo, é possível perceber uma forte influência da cultura afro-brasileira na sociedade baiana. Um evento realizado em Cachoeira, no Recôncavo Baiano, a 120 km de Salvador, é um exemplo disso. A cidade, além de reunir o mais importante acervo arquitetônico no estilo barroco do estado, é também cenário da Festa de Nossa Senhora da Boa Morte, uma expressiva manifestação do sincretismo religioso, no Brasil. A festa é organizada pela Irmandade da Boa Morte, grupo de mulheres negras que se formou no final do século XIX. A Irmandade continua ativa promovendo a festa que acontece, todos os anos, entre 13 e 17 de agosto. Durante as comemorações, servem-se comidas típicas todos os dias : peixes e frutos do mar; feijoada; cozido, acarajé e caruru. A maior parte desses pratos é de origem africana, assim como o acarajé, tradicional bolinho feito com massa de feijão-fradinho, frito no azeite de dendê e recheado com vatapá, camarão seco e outros ingredientes. A Bahia possui, pelo menos, dois patrimônios reconhecidos internacionalmente: o samba de roda e o Pelourinho, bairro de Salvador onde está localizado o centro histórico da cidade. Os primeiros registros de samba de roda remontam à década de 1860. Para alguns estudiosos, o samba baiano estaria também relacionado à origem do samba carioca. Nas próximas aulas, estudaremos os seguintes temas
C17 C18 C19 C20
Rebeliões nativistas: crise da administração portuguesa no Brasil ���������������������������������������������������534 Rebeliões nativistas: Revolta de Beckman e Guerra dos Mascates �������������������������������������������������������539 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira ........................544 Movimentos emancipacionistas: Conjuração Baiana ������������������������������������������������������������������550
FRENTE
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HISTÓRIA
MÓDULO C17
ASSUNTOS ABORDADOS nn Rebeliões nativistas: crise da ad-
ministração portuguesa no Brasil nn A influência das ideias iluministas nn A gestão do Marquês de Pombal
REBELIÕES NATIVISTAS: CRISE DA ADMINISTRAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL Portugal procurou reforçar a fiscalização de seus negócios, aumentando o controle sobre a atividade mineradora. No entanto, isso não lhe permitiu reequilibrar seus recursos, os quais estavam comprometidos devido à luta contra o poderio espanhol e pela crise da empresa açucareira após a expulsão dos holandeses do Brasil. Devido ao esgotamento progressivo das jazidas de minério, a Coroa portuguesa aumentou significativamente os impostos sobre a quantidade de ouro extraída. A dinastia Bragança, então, determinou a intensificação das restrições comerciais sobre a colônia, visando a aumentar o controle. Dessa forma, houve o aumento expressivo da participação do Estado na economia, que criara companhias privilegiadas de comércio e novos mecanismos de arrecadação de impostos. O Estado português procurava expandir seus negócios e extrair o máximo de riqueza de seus domínios, porém, ao mesmo tempo, estava comprometido com os grupos comerciantes pertencentes às elites nacionais e internacionais, fazendo concessões a esses grupos em troca de vantagens econômicas, como, por exemplo, pagamentos adiantados.
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Aclamação de Amador Bueno (1909), óleo sobre tela, por Oscar Pereira da Silva. Esta pintura ilustra uma das Rebeliões Nativistas, de mesmo nome.
O monopólio sobre a colônia ocorria por meio da definição de que alguns produtos só poderiam ser importados da Europa por meio das companhias de comércio, uma vez que tais companhias eram as únicas autorizadas a comercializar externamente certas mercadorias produzidas na colônia. A fim de garantir lucros altos, as companhias revendiam com preços elevados os produtos importados da Europa, gerando, eventualmente, o descontentamento dos colonos mediante a situação desfavorável.
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Ciências Humanas e suas Tecnologias
A influência das ideias iluministas No século XVIII, enquanto Portugal buscava reforçar o controle administrativo e fiscal, intensificando a exploração dos recursos coloniais, por meio das casas de fundição e da derrama, em alguns países da Europa, e também algumas regiões da América, proliferavam ideias que iam contra o colonialismo mercantilista. Uma dessas ideias era o Iluminismo, que condenava os antigos sistemas de privilégios, advindos do absolutismo e colonialismo, próprios do Antigo Regime. Esse movimento defendia a reorganização da sociedade por meio de um código de leis únicas, a Constituição, garantindo, então, as liberdades individuais e econômicas, cabendo ao Estado intervir o mínimo possível. Nas colônias americanas, as ideias iluministas foram trazidas pelos filhos dos colonos que eram enviados à Europa para cursar a universidade. Tais ideias contribuíram para o florescimento do desejo de emancipação resultara na independência dos Estados Unidos, em 1776, e de outros países latino-americanos, no século seguinte.
Nesse período, Portugal encontrava-se em grande dificuldade financeira, em função do terremoto que, em 1755, arruinara a cidade de Lisboa. Devido ao declínio da extração do ouro no Brasil, houve a redução significativa da entrada de recursos. No entanto, a Coroa precisava investir na reconstrução de sua capital. Para atingir tal objetivo, Marquês de Pombal decretou o aumento da tributação e o estabelecimento de monopólios, de modo a favorecer os produtos portugueses. Durante a administração pombalina, foi abolida a escravidão indígena, em 1757, e as capitanias hereditárias foram extintas e incorporadas aos domínios das capitanias da Coroa, cujos governadores eram nomeados diretamente pelo rei. Também nesse período, a capital da colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, de onde era mais fácil fiscalizar a saída do ouro. Foi Pombal que instituiu a primeira derrama (1762-1763) e, posteriormente, estabeleceu o comando da metrópole sobre a exploração de diamantes.
Figura 03 - Lavagem de diamantes (1770) em Serro Frio, MG, por Carlos Julião.
Fonte: Wikimedia Commons
O Marquês de Pombal deixou o ministério após a morte do rei dom José I, e muitas de suas realizações, como as companhias de comércio e o funcionamento de manufaturas na colônia, foram anuladas por seus opositores. A rainha dona Maria I, a Louca (1777-1816), foi a principal responsável por essas mudanças.
Figura 02 - Retrato de Marquês de Pombal (sec. XVIII), óleo sobre tela, por autor anônimo.
Devido à crise da mineração, houve uma retomada da iniciativa agrícola, que foi beneficiada pela demanda de produtos coloniais, como algodão e tabaco, propiciada pela Revolução Industrial inglesa. Diante desse cenário, a indústria têxtil europeia passou a exigir a importação de quantidades cada vez maiores de algodão. Com isso, a produção algodoeira do Brasil, principalmente no Maranhão, ganhou espaço no mercado internacional. A exportação brasileira de tabaco, produzido principalmente no Recôncavo Baiano, também aumentou, devido ao crescimento do tabagismo na Europa. 535
C17 Rebeliões nativistas: crise da administração portuguesa no Brasil
O Marquês de Pombal, ministro português do rei Dom José I, percebendo a excessiva dependência econômica lusa em relação à Inglaterra, buscou reequilibrar a deficitária balança comercial. Procurou, ao mesmo tempo, tanto possibilitar maior eficiência administrativa e desenvolvimento econômico na metrópole, quanto manter as práticas mercantilistas na América portuguesa. Suas medidas eram características do chamado despotismo esclarecido. Ao lidar com a oposição do clero e da nobreza contra os ideais iluministas, Pombal resolvera expulsar os jesuítas, acabando com a autonomia que essa ordem religiosa possuía perante a Coroa. Além disso, ele confiscou as propriedades jesuítas e transferiu para o Estado a responsabilidade sobre o ensino, que até então ficara a cargo da Companhia de Jesus.
Fonte: Wikimedia Commons
A gestão do Marquês de Pombal
História
Exercícios de Fixação
C17 Rebeliões nativistas: crise da administração portuguesa no Brasil
01. (Ufu MG) O conflito de interesses entre Brasil e Portugal acumulou-se e agravou-se com o decorrer do tempo, gerando tensões que se tornaram insuportáveis. Isso foi provocado pela crise na mineração e pela organização da sociedade colonial que se tornou mais complexa, resultando de tal processo, a explosão de rebeliões que, em determinados momentos, tomaram conta de setores da população colonial. Tendo como referência o texto acima, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas. V-F-V-F-V 1. O Estado português, ao tornar-se conscientemente colonialista, despertou no Brasil o espírito nacional contra o sistema de exploração e dominação da metrópole. 2. Os movimentos nativistas tiveram caráter reformista, formulando um projeto de separação política e desprezando o poder centralizador das câmaras municipais. 3. Apesar da relativa mudança social provocada pela mineração, como a possibilidade de alforria para os escravos negros, estes continuaram submetidos às piores condições de vida e de trabalho. 4. Os movimentos denominados rebeliões nativistas procuraram modificar aspectos da dominação portuguesa, reformar alguns elementos do pacto colonial e proclamar a independência do Brasil. 5. A Revolta de Beckman, liderada por um senhor de engenho, buscava acabar com o monopólio da Companhia do Comércio do Maranhão no abastecimento de escravos negros para a região, embora não questionasse o Sistema Colonial. 02. (Ufam AM) A partir de 1750-60, a produção mineradora colonial começou a declinar. Tal mudança, articulada a outros elementos, determinou a retomada da política colbertista durante a administração do Marquês de Pombal, secretário de Estado de D. José I. Com o objetivo de libertar a economia portuguesa da dominação britânica e tornar mais autônomo o Estado Português, Pombal tomou medidas muito severas para impedir a evasão de capitais. Das alternativas a seguir assinale aquela que NÃO se insere no conjunto dessas medidas: a) Protecionismo alfandegário. b) Estímulo à indústria manufatureira. c) Instalação de refinarias de açúcar nas missões jesuíticas. d) Abolição da escravidão em Portugal. e) Incentivo às companhias de comércio. 03. (UFTM MG) A Portugal, a economia do ouro proporcionou apenas uma aparência de riqueza [...]. Como agudamente observou o Marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII, o ouro era uma riqueza puramente fictícia para Portugal. (Celso Furtado. Formação econômica do Brasil, 1971. Adaptado.)
A afirmação do texto, relativa à economia do ouro no Brasil colonial, pode ser explicada a) pelos acordos diplomáticos entre Portugal e Espanha, que definiam que as áreas mineradoras, embora estivessem em território sob domínio português, fossem explo-
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radas prioritariamente por espanhóis. b) pelas sucessivas revoltas contra os impostos na região das Minas, que paralisavam seguidamente a exploração do minério e desperdiçavam a oportunidade de enriquecimento rápido. c) pela forte dependência comercial de Portugal com a Inglaterra, que fazia com que boa parte do ouro obtido no Brasil fosse transferido para os cofres ingleses. d) pela incapacidade portuguesa de explorar e transportar o ouro brasileiro, o que levava a Coroa de Portugal a conceder a estrangeiros os direitos de extração do minério. e) pelo grande contrabando existente na região das Minas Gerais, que não era reprimido pelos portugueses e impedia que os minérios chegassem à Metrópole. 04. (Unimontes MG) A busca por uma plena centralização administrativa da colônia foi um dos objetivos do chamado período de Pombal (1750-1777). Entre as medidas tomadas nessa época estão: a) a ampliação dos poderes concedidos às Câmaras Municipais e aos “homens bons”. b) a extinção das capitanias hereditárias e sua transformação em capitanias reais. c) as reformas eleitorais para escolha dos representantes do governo geral. d) a instituição do Conselho Ultramarino como órgão máximo do império português. 05. (Enem MEC) O Marquês de Pombal, ministro do rei Dom José I, considerava os jesuítas como inimigos, também porque, no Brasil, eles catequizavam os índios em aldeamentos autônomos, empregando a assim chamada língua geral. Em 1755, Dom José I aboliu a escravidão do índio no Brasil, o que Modificou os aldeamentos e enfraqueceu os jesuítas. Em 1863, Abraham Lincoln, o presidente dos Estados Unidos, aboliu a escravidão em todas as regiões do Sul daquele país que ainda estavam militarmente rebeladas contra a União em decorrência da Guerra de Secessão. Com esse ato, ele enfraqueceu a causa do Sul, de base agrária, favorável à manutenção da escravidão. A abolição final da escravatura ocorreu em 1865, nos Estados Unidos, e em 1888 no Brasil. Nos dois casos de abolição de escravatura, observam–se motivações semelhantes, tais como a) razões estratégicas de chefes de Estados interessados em prejudicar adversários, para afirmar sua atuação política. b) fatores culturais comuns aos jesuítas e aos rebeldes do Sul, contrários ao estabelecimento de um governo central. c) cumprimento de promessas humanitárias de liberdade e igualdade feitas pelos citados chefes de Estado. d) eliminação do uso de línguas diferentes do idioma oficial reconhecido pelo Estado. e) resistência à influência da religião católica, comum aos jesuítas e aos rebeldes do sul.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios Complementares
02. (Puc Campinas SP) A crônica histórica e informativa que se intensifica em Portugal no momento das grandes navegações, conquistas e descobertas ultramarinas, testemunhando a aventura geográfica dos portugueses, os seus ideais de expansão da cristandade, assume um sentido épico e humanístico que se estende ao Brasil e logo adquire entre nós algumas características peculiares. À curiosidade geográfica e humana e ao desejo de conquista e domínio correspondem, inicialmente, o deslumbramento diante da paisagem exótica e exuberante (...) assim como os ideais de catequese, atestados pela literatura informativa e pedagógica dos jesuítas (...). (Antonio Candido e José Aderaldo Castello. Presença da literatura brasileira I. 6. ed. S. Paulo: Difel, 1974. p. 11)
Com base nos ideais a que o texto faz referência e no conhecimento histórico, assinale a alternativa correta. a) Os jesuítas, embora tivessem um papel significativo na colônia, com a obra de catequese dos silvícolas, praticamente não contribuíram para a expansão e consolidação dos domínios portugueses na América do Sul. b) Os jesuítas ao difundir o cristianismo entre os silvícolas, visando preservar seus hábitos, costumes e valores, impediram a destruição da cultura indígena em todo o território dominado pela metrópole portuguesa na América do Sul.
c) A obra de catequese jesuíta ao criar postos de pesca, feitorias e estabelecimentos militares no litoral contribuiu para a ocupação de vasta área territorial, garantindo o domínio português e empurrando as fronteiras territoriais brasileiras. d) A ação da Companhia de Jesus, funcionando apenas como instituição religiosa subordinada à coroa portuguesa, inviabilizou os conflitos com os colonos e acabou com as rebeliões dos indígenas resistentes ao cristianismo no Brasil. e) Os jesuítas ao agenciar a assimilação dos índios à civilização cristã e congregá-los pacificamente em suas missões favoreceram a destribalização dos nativos e facilitaram a obra de expansão e do domínio português no Brasil. 03. (UEA AM) No extremo norte, a especiaria, a famosa droga do sertão, encontrava pela frente não a procura nos mercados do consumo, mas os meios de transporte que eram escassos. Embora a busca ou colheita da droga fosse incentivada pelo poder público, os que com ela mercadejavam não obtinham os rendimentos excessivos ou mesmos satisfatórios para uma vida menos difícil. (Arthur Cézar Ferreira Reis. “O comércio colonial”. In: A época colonial, vol. 2, 1960. Adaptado.)
Em vista dessas condições econômicas coloniais na metade do século XVIII, o Marquês de Pombal, ministro do rei D. José I, a) entregou a direção do trabalho econômico, político e social da região à Companhia de Jesus. b) abriu os portos da região aos comerciantes e aos navios das nações amigas de Portugal. c) reservou ao Estado metropolitano a exploração do conjunto dos produtos florestais. d) concedeu o monopólio do comércio da região à Companhia do Grão-Pará e Maranhão. e) permitiu, por meio de um decreto, a escravização da mão de obra indígena para o trabalho na floresta. 04. (Mackenzie SP) A expulsão da Companhia de Jesus de todos os territórios portugueses, em 1759, foi uma das medidas mais polêmicas tomadas por Pombal. Em geral, as justificativas para esse ato são a total incompatibilidade entre o controle das práticas pedagógicas adotadas pelos jesuítas e o projeto educacional iluminista pombalino. Todavia, é importante assinalar que tal expulsão também está relacionada a) aos embates entre o Despotismo Esclarecido e as convicções dogmáticas da Igreja, que persistiram no governo de Pombal e de D. Maria I. b) à imposição do catolicismo como religião oficial da colônia, fruto da subordinação da coroa portuguesa às decisões do papa.
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C17 Rebeliões nativistas: crise da administração portuguesa no Brasil
01. (Uespi PI) O Brasil enfrentou muitas revoltas e rebeliões durante o período colonial. Algumas são denominadas de nativistas, outras de emancipacionistas. Sobre este tema, é CORRETO afirmar que: a) A Revolta de Vila Rica e a Inconfidência Mineira foram rebeliões nativistas que marcaram a região de Minas Gerais no período colonial. b) A Revolta de Beckman e a Guerra dos Mascates foram rebeliões emancipacionistas ocorridas, respectivamente, em Pernambuco e no Maranhão contra o domínio lusitano. c) As Conjurações Baiana e Mineira, embora emancipacionistas, distinguiram-se pelo fato de a segunda propor o fim da escravidão no Brasil, enquanto a primeira não discutia esta temática. d) O caráter central que distingue as revoltas emancipacionistas das nativistas na Colônia Portuguesa na América é que as primeiras tinham como objetivo central o rompimento com a dominação portuguesa enquanto as demais propunham apenas questionamentos específicos de cada província. e) O rompimento com Portugal e a criação de um governo independente no Brasil foi o ponto comum defendido por todas essas rebeliões.
História
c) ao controle do comércio de escravos africanos pelos jesuítas na região norte, impedindo lucros para a coroa portuguesa. d) à influência da burguesia huguenote na corte de D. José I, exigindo o direito de educar os filhos dos colonos, até então monopólio dos jesuítas. e) ao interesse em estabelecer o controle sobre as fronteiras da América portuguesa e sobre os recursos econômicos produzidos nessas regiões.
C17 Rebeliões nativistas: crise da administração portuguesa no Brasil
05. (UECE) Assinale a opção que apresenta corretamente ações atribuídas ao Marquês de Pombal na Colônia Brasileira. a) Extinção do sistema de capitanias hereditárias e transferência da sede do governo colonial de Salvador para o Rio de Janeiro. b) Criação das Companhias Comerciais do Grão Pará e do Maranhão, e a organização da Universidade de Coimbra. c) Extinção da Mesa de Inspeção dos Portos e da cobrança do quinto na região das minas. d) Expulsão dos Jesuítas do Brasil e incentivo à criação das indústrias de manufaturas. 06. (Uem PR) No século XVIII, um movimento intelectual conhecido como Iluminismo, ou Ilustração, tomou grandes proporções, fazendo com que aquele período fosse conhecido como o “século das luzes”. A esse respeito, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 02-08-16 01. O pensamento filosófico dos iluministas franceses do século XVIII foi utilizado para legitimar as revoluções republicanas inglesas, lideradas por Guilherme de Orange. 02. Em Portugal, o Iluminismo influenciou a administração do Marques de Pombal, ministro de D. José I, que realizou uma série de reformas procurando modernizar o Reino sem abrir mão dos poderes régios. 04. No Iluminismo predominou uma concepção contrária à propriedade privada dos meios de produção. 08. Para os iluministas, por meio da razão o ser humano poderia alcançar o conhecimento, a convivência harmoniosa em sociedade, a liberdade individual e a felicidade. 16. Em oposição ao Absolutismo, os iluministas franceses propuseram novas fórmulas políticas, que iam da monarquia constitucional à república democrática. 07. (Ufu MG) A partir de 1750-60, a produção mineradora começou a declinar. Tal mudança, articulada a outros elementos, determinou uma revisão da política mercantilista durante a administração do Marquês de Pombal, secretário de Estado de D. José I. ALBUQUERQUE, Manuel Maurício de. Pequena História da Formação Social Brasileira. 2.ed. Rio de Janeiro: Graal, 1981, p.100. (Adaptado).
A crise econômica da segunda metade do século XVIII abriu caminho para as reformas pombalinas, vistas como inevitáveis para a recuperação econômica do reino de Portugal e que se caracterizavam, entre outras medidas, a) pelo estreitamento das relações comerciais com a Inglaterra, país que era visto como mercado seguro dos produtos primários das colônias portuguesas. b) pelo estreitamento das relações com a Igreja, com o aumento da presença dos jesuítas, vistos como agentes importantes da modernização educacional. 538
c) pelo incentivo à produção manufatureira na colônia, com o objetivo de diminuir a dependência econômica em relação aos produtos primários. d) pelo surgimento dos primeiros projetos de abolição de escravos, com o objetivo de formar um mercado consumidor para as indústrias da colônia. 08. (Uem PR) Nos séculos XVII e XVIII, a Europa viu nascer um conjunto de teorias filosóficas conhecidas, genericamente, como Racionalismo e Iluminismo, que preconizavam, entre outras coisas, a primazia do sujeito pensante e do sujeito político como fundamento da sociedade. Essas teorias influenciaram diretamente uma série de mudanças sociais e políticas nesse período. Com base em conhecimentos sobre o tema, assinale o que for correto. 01-04-08-16 01. A Revolução Inglesa de 1688, a Gloriosa, foi influenciada pelas teorias políticas dos filósofos do século XVII, como John Locke, que se opunham ao domínio do Estado absolutista. 02. Nas colônias espanholas e portuguesa na América, sob influência do Iluminismo, foram criadas, no século XVII, universidades e burocracias locais para auxiliar a administração da metrópole. 04. Alguns monarcas se aproveitaram também das teorias racionalistas, praticando o “despotismo esclarecido”, que tinha como objetivo racionalizar a administração e incentivar a educação laica. 08. Governantes como Marquês de Pombal, em Portugal, e Frederico II, na Prússia, são exemplos de governantes ilustrados que se utilizaram do Racionalismo para manter o centralismo do poder do Estado. 16. Os ideais iluministas influenciaram a Revolução Francesa, principalmente na defesa dos princípios da igualdade perante a lei, da liberdade política e da solidariedade ou fraternidade entre os cidadãos. 09. (Uem PR) Na segunda metade do século XVIII, o Marquês de Pombal, enquanto ministro do Rei de Portugal, D. José I, arquitetou um plano de reformas para o Reino e para suas colônias. A respeito das reformas pombalinas, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 01-02-04-08 01. Um dos principais objetivos das reformas era modernizar econômica e politicamente os domínios portugueses. 02. Para tornar realidade as reformas, Pombal enfrentou a oposição de parte da nobreza lusitana e foi apoiado por setores ilustrados dessa mesma aristocracia. 04. Com relação ao Brasil, um dos objetivos das reformas do Marquês de Pombal era ampliar a ocupação territorial e reestruturar a administração colonial. 08. Durante a administração pombalina, foram estabelecidos tratados entre Portugal e Espanha que tinham como objetivo estabelecer as fronteiras entre os territórios espanhóis e portugueses na América. 16. Ações administrativas adotadas por Pombal diminuíram drasticamente o contrabando e promoveram, a partir dos anos de 1760, um grande aumento da quantidade de ouro produzido em Minas Gerais.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C18
REBELIÕES NATIVISTAS: REVOLTA DE BECKMAN E GUERRA DOS MASCATES Investigar a crise da administração e do mercantilismo português, combinada aos interesses ingleses não é suficiente para compreender a degradação do sistema colonial brasileiro. Nesse sentindo, as contradições internas do processo de colonização são fatores mais relevantes.
ASSUNTOS ABORDADOS nn Rebeliões nativistas: Revolta de
Beckman e Guerra dos Mascates nn Revolta de Beckman (1684)
nn A Guerra dos Mascates (17101712)
Naquela época, a sociedade da América Portuguesa já era bastante complexa e abrigava tensões e conflitos variados. Havia conflitos entre os próprios colonos, e as autoridades da metrópole se opuseram aos companheiros de administração. Os primeiros vinte anos do século XVIII seriam marcados por uma sucessão de revoltas e motins, constituindo um conjunto em que, pela primeira vez, a dominação portuguesa na América corria sério risco.
Fonte: Wikimedia Commons
A empresa colonizadora, mesmo tendo caráter explicitamente exploratório, promoveu certo crescimento econômico no Brasil Colônia, durante os dois séculos que predominou. As elites locais, apesar das divergências momentâneas, também eram beneficiadas pelas medidas monopolistas. Porém, os mesmos mecanismos responsáveis pelo crescimento da economia colonial tornaram-se insustentáveis perante os colonos, a partir do século XVIII. Entre os séculos XVII e XVIII, a colônia foi palco de diversos conflitos. No início, as tensões envolviam colonizadores e índios, portugueses e estrangeiros, escravos em luta pela liberdade. Mais tarde, tornaram-se cada vez mais acirrados os conflitos entre a sociedade colonial e o Estado Português. O desdobramento desse processo, posteriormente, seria a luta dos colonos por sua emancipação. Entretanto, dentro da própria colônia, grupos sociais e étnicos lutavam entre si. Nesse sentido, são chamadas de rebeliões nativistas, na história brasileira, as revoltas de caráter local que se insurgiram devido à insatisfação com aspectos negativos da administração colonial portuguesa no Brasil. As principais revoltas ocorreram entre os séculos XVII e XVIII quando, devido à perda de sua influência na Ásia e dos acordos com a Inglaterra, Portugal procurou cobrir as despesas da Coroa com a transferência de riquezas da colônia. Veremos nesta aula dois dos principais embates ocorridos no período.
Figura 01 - Revolta de Filipe dos Santos (1720), óleo sobre tela, por Antônio Parreiras.
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História
Revolta de Beckman (1684)
A Guerra dos Mascates (1710-1712)
Nos engenhos do Maranhão, era comum a utilização da mão de obra escrava indígena, apesar da oposição feita pelos jesuítas. O padre Antônio Vieira (1608-1697) era um dos sacerdotes contrários a essa ação. O príncipe regente, dom Pedro, em 1680, alinhando-se ao apelo dos jesuítas, proibira tal procedimento, que, na verdade, já vinha sendo repreendido desde o século XVI. O monarca determinou também que os nativos libertos recebessem pequenas terras para o cultivo, definindo punições rígidas a quem descumprisse as ordens.
A cidade de Olinda era sede da capitania de Pernambuco, onde ainda prosperava a empresa açucareira. Esta fora uma das vilas mais ricas da colônia portuguesa durantes os séculos XVI e XVII. No período em que esteve sob o domínio holandês, Recife, a poucos quilômetros de Olinda, deixou de ser apenas um povoado de pescadores, ganhando uma infraestrutura urbana. Após a expulsão dos holandeses, Recife rapidamente transformara-se no mais importante centro comercial de Pernambuco.
Porém, a organização não conseguiu cumprir a promessa, o que aumentou a insatisfação dos colonos. Em fevereiro de 1684, teve início a revolta, com a deposição do governador da capitania, Francisco de Sá Menezes, assumindo o seu lugar uma Junta Geral liderada por Manuel Beckman. Em seguida, os revoltosos expulsaram os jesuítas do Maranhão, enviando-os de volta a Portugal, e extinguiram a companhia de comércio.
Figura 03 - Um mascate e seu escravo (1822), aquarela de Henry Chamberlain.
Tendo conhecimento de seu poder econômico, os mascates, então, reivindicaram a autonomia política do Recife. Para tal, solicitaram ao governo de Portugal a elevação do povoado à categoria de vila, de forma a poderem instalar uma Câmara Municipal e criar sua própria legislação. Tal possibilidade deixava seus rivais temerosos. No entanto, em 1709, à revelia dos olindenses, o rei dom João V permitiu a conversão de Recife em vila. A reação dos senhores de engenho de Olinda veio em novembro do ano seguinte, quando ordenaram a uma tropa de mil homens a invasão de Recife, destituindo o governador. Fonte: Wikimedia Commons
C18 Rebeliões nativistas: Revolta de Beckman e Guerra dos Mascates
A Coroa nomeou um novo governador para o Maranhão, Gomes Freire de Andrade, que anulara os atos promovidos pelos rebelados e trouxe de volta os jesuítas. Manuel Beckman foi capturado, enforcado e decapitado, juntamente com outro líder do movimento, Jorge Sampaio. Os fazendeiros envolvidos, depois de comprovar suas queixas, conseguiram extinguir definitivamente a Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, em 1685.
Fonte: Wikimedia Commons
Tal medida gerou revolta nos senhores de engenho maranhenses, que ficaram sem mão de obra em suas lavouras. Na tentativa de resolver o problema, o governo português criou, em 1682, a Companhia Geral de Comércio do Estado do Maranhão. Caberia à companhia abastecer a região todos os anos com quinhentos escravos a serem vendidos a preços fixos, além de vender mercadorias vindas da Europa e comprar produtos locais a preços de tabela.
Os comerciantes portugueses tornaram-se a principal lidernaça econômica da capitania, ocupando o lugar que anteriormente pertencera aos senhores de engenho de Olinda. No entanto, eles, que agora viam-se endividados com os comerciantes de Recife, acreditavam ainda possuir prestígio e privilégios, chamando os comerciantes vizinhos de mascates, pois consideravam o comércio, tal como qualquer atividade manual, uma tarefa desprezível. Porém, os senhores de engenho recorriam a esses comerciantes quando precisavam de empréstimos, principalmente, após 1700, quando o preço do açúcar sofreu queda no mercado internacional.
Figura 02 - Mapa de São Luiz do Maranhão (1629), por Albernaz I.
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Os confrontos se estenderam e só se encerraram em outubro de 1711, com a chegada do novo governador enviado pela Coroa. O conflito, que ficou conhecido como Guerra dos Mascates e teve um saldo de 154 mortos, confirmou a elevação do Recife à condição de vila e estimulou sentimentos nativistas entre grupos de pernambucanos, fazendo surgir a ideia de um regime político independente da metrópole.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação 01. (ESPM SP) O senso comum anunciou, durante décadas, a índole pacífica do povo brasileiro, alegando que teríamos sofrido poucos momentos de revolta. No entanto, somente durante o período colonial foram registrados mais de sessenta motins, insurreições, revoltas e rebeliões na América Portuguesa. Um desses movimentos reivindicatórios foi liderado por Manuel Beckman.
02
(Fábio Pestana Ramos e Marcus Vinícius de Morais. Eles formaram o Brasil)
04.
A chamada Revolta de Beckman a) reclamava o fechamento das casas de fundição criadas pelos portugueses na região da mineração; b) escancaravam atritos entre portugueses e espanhóis na região de São Paulo; c) de conflitos entre bandeirantes e forasteiros na região mineradora; d) ocorreu em Pernambuco, onde ocorriam conflitos entre brasileiros e portugueses; e) reclamava da exploração econômica da metrópole, praticada pela Cia de Comércio do Maranhão e dos clérigos que pregavam contra a escravidão dos indígenas. 02. (Uem PR) Sobre esses conflitos, é correto afirmar que: 01-02-08-16 01. A “Revolta de Beckman”, ocorrida entre 1684-85, no Maranhão, foi consequência direta dos entraves criados pela
08.
16.
exploração colonial, que feriam os interesses dos proprietários das lavouras canavieiras, e teve como objetivo a abolição do monopólio de comércio exercido por Portugal. Os quilombos caracterizavam claramente a luta dos escravos pela sua libertação. Geraram uma violenta reação dos opressores, que viram nos quilombos uma ameaça a toda estrutura colonial. As rebeliões coloniais, ocorridas a partir do século XVIII, adotaram uma nova bandeira: a luta pela emancipação. Em Minas Gerais, eclodiram dois movimentos representativos dessa nova reivindicação - Revolta de Felipe dos Santos (1720) e Inconfidência Mineira (1789). Ambos tiveram como características fundamentais, além do caráter emancipatório, a intensa participação das camadas populares. A “Guerra Guaranítica”, ocorrida no sul do Brasil, foi fruto da disputa pela redefinição dos limites territoriais entre portugueses e espanhóis, através do Tratado de Madri (1750). Nesse conflito, envolveram-se jesuítas e índios guaranis da Colônia do Sacramento e da região dos Sete Povos das Missões. A “Confederação dos Tamoios” (1554-55) representou um importante grito de resistência contra o colonizador português, chegando a colocar em perigo o próprio domínio metropolitano, no Rio de Janeiro e na capitania de São Vicente.
01. (UEG GO) Dentre as rebeliões e distúrbios que surgiram durante o Brasil Colônia, destaca-se a Guerra dos Mascates (1710-1711), envolvendo as cidades de Recife e Olinda. A causa desse conflito foi a diferença a) social entre a nobreza proprietária de terras de Olinda e os comerciantes de origem portuguesa que habitavam a cidade de Recife. b) religiosa entre os católicos de Olinda e os protestantes calvinistas que implementaram práticas capitalistas na cidade de Recife. c) econômica entre a cidade de Olinda, enriquecida pela produção de açúcar, e a cidade de Recife, que estava em decadência comercial. d) étnica entre os habitantes de Olinda, formados por brasileiros, e os habitantes de Recife, majoritariamente descendentes dos holandeses. 02. (Unioeste PR) A partir do século XVII, o funcionamento do sistema colonial mostra suas contradições no plano econômico, político e social, levando à eclosão, na colônia brasileira, dos primeiros movimentos de contestação ao domínio
exercido pela metrópole portuguesa. Sobre as revoltas coloniais é correto afirmar que a) as rebeliões nativistas emergentes na colônia durante o século XVII foram movimentos com caráter de libertação nacional, inspirados pelos ideais iluministas. b) a Inconfidência Mineira, conhecida também como a Revolta de Felipe dos Santos, ocorreu quando o governo português proibiu a circulação de ouro em pó em Minas Gerais. c) a Guerra dos Mascates eclodiu no Maranhão motivada pelo descontentamento dos colonos à criação, em 1682, da Companhia Geral do Comércio do Estado do Maranhão, detentora do monopólio do comércio na região. d) a Revolta de Beckman (1684), a Guerra dos Emboabas (1708-09), a Guerra dos Mascates (1710- 11) e a Revolta de Felipe dos Santos (1720) foram movimentos motivados, sobretudo, pela defesa dos interesses dos colonos contra determinadas medidas da metrópole e não tinham o intuito da emancipação política. e) a Conjuração Pernambucana foi uma rebelião promovida principalmente contra os privilégios obtidos pelos comerciantes portugueses de Recife.
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C18 Rebeliões nativistas: Revolta de Beckman e Guerra dos Mascates
Exercícios Complementares
História
03. (FGV SP) Reverendo padre reitor, eu, Manoel Beckman, como
01. O estopim que deu início à Conjuração Mineira (1789) foi
procurador eleito por aquele povo aqui presente, venho inti-
o Decreto da Derrama, cobrança dos impostos devidos que
mar a vossa reverência, e mais religiosos assistentes no Mara-
mobilizou os mineradores a pegar em armas e efetivar o levante contra a coroa portuguesa.
nhão, como justamente alterados pelas vexações que padece por terem vossas paternidades o governo temporal dos índios
02. No cenário que desencadeou a Revolta dos Beckman
das aldeias, se tem resolvido a lançá-los fora assim do espiritu-
(1684) estavam as altas taxas cobradas pela Companhia
al como do temporal, então e não tem falta ao mau exemplo
Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão para o em-
de sua vida, que por esta parte não tem do que se queixar de
barque de mercadorias e a falta de fornecimento de escra-
vossas paternidades; portanto, notifico a alterado povo, que
vos, o que contribuiu para a insatisfação dos colonos.
se deixem estar recolhidos ao Colégio, e não saiam para fora
04. Para combater o contrabando e aumentar a arrecadação de
dele para evitar alterações e mortes, que por aquela via se po-
impostos, foram instituídas as Casas de Fundição na região
deriam ocasionar; e entretanto ponham vossas paternidades
das minas, contra as quais se organizou um levante liderado
cobro em seus bens e fazendas, para deixá-las em mãos de seus
pelos mineradores com tumultos em várias vilas da região.
procuradores que lhes forem dados, e estejam aparelhados
08. Os movimentos da Conjuração Mineira (1789) e da Con-
para o todo tempo e hora se embarcarem para Pernambuco,
juração Baiana (1798) tinham como finalidade criar uma
em embarcações que para este efeito lhes forem concedidas.
nação brasileira, pois seus integrantes almejavam a inde-
João Felipe Bettendorff, Crônica dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão. 2ª Edição, Belém: SECULT, 1990, p.360.
pendência de toda a América portuguesa. 16. As mortes por enforcamento de personagens como Filipe dos Santos e Manuel Beckman representam casos únicos
O movimento liderado por Manuel Beckman no Maranhão, em
de punição aos revoltosos.
1684, foi motivado pela a) proibição do ensino laico no Brasil colonial e pelas pressões que os jesuítas realizavam para impedir a sua liberação. b) questão da mão de obra indígena e pela insatisfação de colonos com as atividades da Companhia de Comércio do Maranhão. c) ameaça dos jesuítas de abandonarem a região e pela catequese dos povos indígenas sob a sua guarda. d) crítica dos colonos maranhenses ao apoio dos jesuítas aos interesses espanhóis e holandeses na região. e) tentativa dos jesuítas em aumentar o preço dos escravos indí-
C18 Rebeliões nativistas: Revolta de Beckman e Guerra dos Mascates
genas, contrariando os interesses dos colonos maranhenses.
05. (ESPM SP) À medida que o século chegava ao fim, agravava-se a tensão entre os comerciantes portugueses residentes em Recife e os produtores luso-brasileiros. Esse atrito assumiu a forma de uma contenda municipal entre Recife e Olinda, ou seja, entre o credor urbano e o devedor rural. Olinda era a principal cidade de Pernambuco e sediava as principais instituições locais. Lá os senhores de engenho tinham suas casas. Por outro lado, o porto de Recife, a poucos quilômetros de distância era o principal local do embarque das exportações de açúcar da capitania.
04. (UFSC) Portugal não deu trégua aos moradores da América. Farejava oportunidade de tributar onde germinassem riquezas.
(Adriana Lopez, Carlos Guilherme Mota. História do Brasil: uma interpretação)
Os engenhos começavam a moer cana-de-açúcar e já apare-
A tensão mencionada no texto contribuiu para desencadear
ciam taxas para as caixas de açúcar; uma nova taberna abria as portas e os barris de vinho chegavam mais caros. O gado que pisava nos pastos exigia do seu dono uma contribuição; os carregadores que palmilhavam os caminhos deixavam nas contagens um pagamento pelos secos e molhados que as tropas levavam [...]. Esse fiscalismo assombrou o Brasil. Mas assombravam mais ainda as reações da população. Um furacão de revoltas contra os impostos varreu a colônia. Revoltas, mas também rumores, pasquins, abaixo-assinados, conspirações. FIGUEIREDO, Luciano. Morte aos impostos! Viva o rei. Revista de História, jul. 2007.Disponível em: <http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/ morte-aos-impostos-viva-o-rei>. Acesso em: 17 ago. 2015.
Sobre as tensões, os conflitos e as resistências na América portuguesa, é CORRETO afirmar que: 02-04 542
qual das rebeliões coloniais citadas abaixo: a) Aclamação de Amador Bueno da Ribeira b) Revolta de Beckman c) Guerra dos Mascates d) Guerra dos Emboabas e) Revolta de Felipe dos Santos 06. (UECE) Considere as afirmações a seguir em relação à Guerra dos Mascates ocorrida na capitania de Pernambuco, entre 1710 e 1711: I.
A Guerra dos Mascates foi um conflito entre os comerciantes de Recife e os proprietários de terras de Olinda, no contexto em que, a primeira florescia e a segunda mostrava claros sinais de decadência.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A vitória dos comerciantes de Recife possibilitou a emancipação de sua vila e o fim da sujeição política, administrativa e jurídica a Olinda.
III.
O discurso dos olindenses derrotados era aquele que os afirmava como nobres homens da terra, destituídos de suas prerrogativas por estrangeiros e seus descenden-
tes aventureiros. Está correto o que se afirma em: a) III apenas. b) II e III apenas. c) I apenas. d) I, II e III. 07. (UECE) “Para conseguir participação política no início do Século XVIII, os comerciantes do Recife precisaram enfrentar um conflito civil, posto que, até então, todos os mercadores do Brasil Colonial eram excluídos das Câmaras Municipais”. CABRAL DE SOUZA, George F. Revista de História da Biblioteca Nacional. Ano 5, n. 53. p. 56-57.
O fragmento acima faz menção à a) Revolta de Felipe dos Santos. b) Revolta de Beckman. c) Guerra dos Mascates. d) Guerra dos Emboabas. 08. (Unifesp SP) “Não resta outra coisa senão cada um defender-se por si mesmo; duas coisas são necessárias... a fim de se recuperar a mão livre no que diz respeito ao comércio e aos índios”. (Manuel Beckman, 1684.)
As duas principais reivindicações do líder da Revolta que leva seu nome são: a) A revogação do monopólio da Companhia de Comércio do Estado do Maranhão e a expulsão dos jesuítas que se opunham à escravidão indígena. b) A saída dos portugueses do Grão Pará e Maranhão e a supressão dos aldeamentos indígenas, que monopolizavam as chamadas “drogas do sertão”. c) A repressão ao contrabando estrangeiro, que prejudicava os negócios dos atacadistas portugueses, e a liberdade para importar escravos negros d) A expulsão dos holandeses do Nordeste, que monopolizavam o comércio do açúcar, e a reedição da guerra justa, que proibia a escravidão indígena. e) A revogação do monopólio comercial da Metrópole sobre o Norte e Nordeste da colônia e a proibição para importar escravos negros. 09. (UEPB) Durante o período colonial ocorreram diversos movimentos de contestação à ordem estabelecida por Portugal.
Entre estes movimentos um ficou conhecido como Revolta de Beckman. Identifique a questão que está relacionada com este movimento. a) Movimento que tinha como principal objetivo estabelecer uma nova relação entre comerciantes e canavieiros da zona da mata de Pernambuco com a coroa portuguesa. b) Revolta ocorrida em Pernambuco no ano de 1645 e que culmina com a expulsão dos holandeses em 1654, após a Batalha dos Guararapes. c) Movimento liderado por Manuel Beckman no Rio Grande do Sul e que solicitava ajuda do governo português na luta em defesa das fronteiras do país frequentemente invadido por Paraguaios, Uruguaios e, principalmente, Argentinos. d) Disputa entre senhores de engenho de Olinda e comerciantes portuários de Recife que culminou com a invasão de Recife. e) Movimento ocorrido em 1654 no Maranhão surgido de uma disputa entre fazendeiros da região e Jesuítas, onde os primeiros tinham como objetivo a escravização dos índios que se encontravam nas missões jesuíticas. 10. (Uema MA) Sobre as relações de poder no Brasil, durante o período colonial, considere as afirmações. I. As câmaras coloniais eram os locais de exercício do poder, cabendo a elas, dentre outras funções, a de aplicar a lei, efetivar prisões e administrar os espaços urbanos e rurais. II. As famílias ricas constituíam a elite colonial, por vezes estabelecendo conexões com o clientelismo político, através de casamentos, favorecimentos e barganha com funcionários metropolitanos. III. Durante o período colonial, não foi rara a disputa entre autoridades coloniais e a Igreja; entre ordens religiosas e colonos por interesses divergentes, como por exemplo, a Revolta de Beckman. IV. No topo da cadeia do poder político das câmaras coloniais, estavam os presidentes das câmaras, os juízes de fora, seguidos dos juízes de órfãos, das oficinas da Câmara, dos juízes ordinários, dos partidores e avaliadores e dos curadores gerais dos órfãos. V..
As administrações judiciárias estavam em todas as cidades brasileiras, impedindo o aparecimento de executores privados da lei e de lideranças locais que se colocavam acima do poder estabelecido.
Está correto o que se afirma apenas em a) I e IV. b) I, II, III e IV. c) II, III e V. d) III, IV e V. e) V.
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C18 Rebeliões nativistas: Revolta de Beckman e Guerra dos Mascates
II.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C19
ASSUNTOS ABORDADOS nn Movimentos emancipacionistas:
inspiração iluminista e Inconfidência Mineira nn A inspiração iluminista nn Inconfidência Mineira
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS: INSPIRAÇÃO ILUMINISTA E INCONFIDÊNCIA MINEIRA Ao mesmo tempo em que a Coroa portuguesa mantinha uma política de reforma do absolutismo, surgiram na colônia várias conspirações contra a sua administração e, consequentemente, movimentos que tinham por objetivo a independência do Brasil perante a metrópole. Tais conspirações tinham a ver com as novas ideias e os fatos ocorridos na esfera internacional, como a Revolução Francesa, mas refletiam também a realidade local. Esse foi o traço comum de episódios diversos como a Inconfidência Mineira, a Conjuração dos Alfaiates, a Revolução de 1817, em Pernambuco, entre outras. No que se refere aos ideais, os movimentos de pré-independência tiveram uma característica importante. O liberalismo por eles adotado tinha surgido na Europa como consequência da desagregação do Antigo Regime. Era, portanto, uma ideia revolucionária e que representava basicamente os interesses da burguesia industrial europeia do século XVIII. Adotado no Brasil, o liberalismo passava a ter um aspecto contraditório: uma forma burguesa de pensar, em um país que não possuía burguesia.
Pombal, como já vimos anteriormente, incentivou as atividades comerciais, agrícolas e de construção naval; promoveu a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro (1763); criou duas companhias de comércio: Maranhão/Grão-Pará e Pernambuco/ Paraíba; expulsou os padres jesuítas e criou as escolas régias; impulsionou a construção naval; incrementou algumas indústrias, como de laticínios e anil; deu maior atenção à mineração; criou o Tribunal de Relação no Rio de Janeiro e Juntas de Justiça nas demais Capitanias; extinguiu o Estado do Maranhão e o sistema de Capitanias Hereditárias. Figura 01 - Jornada dos Mártires (1926), óleo sobre tela, por Antônio Parreiras.
544
Assim, o quadro geral da administração portuguesa era caracterizado pela crescente racionalização das atividades econômicas, tendo por objetivo o máximo de transferência de riquezas da colônia para a metrópole, aumentando o grau de opressão colonial.
Fonte: Wikimedia Commons
No século XVIII, em virtude da pregação das ideias liberais, surge em Portugal uma tentativa de reformulação, especialmente no campo econômico: a política do Marquês de Pombal. A administração pombalina visava à recuperação da economia do Brasil em benefício de Portugal, a fim deste país livrar-se do domínio econômico da Inglaterra.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A inspiração iluminista
Lá muitos entravam em contato com esse novo conjunto de ideias, voltando para a colônia contagiados pelo sentimento republicano e pela negação ao absolutismo monárquico. Livros de pensadores iluministas, como O contrato social, de Jean-Jacques Rousseau, ainda que proibidos, eram difundidos na colônia clandestinamente. Os simpatizantes das ideias iluministas, então, passaram a integrar uma série de movimentos contra a colonização portuguesa. Os movimentos que mais repercutiram foram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Essas revoltas não visavam à construção de uma nação brasileira. Eram separatistas, que, no máximo, pretendiam formar repúblicas regionais ou locais. Porém, elas ficaram conhecidas pela oposição à colonização portuguesa.
Fonte: Wikimedia Commons
Novas ideias foram difundidas na América portuguesa, na segunda metade do século XVIII. Elas integravam o movimento conhecido como iluminismo, surgido na Europa. Os responsáveis pela transmissão dessas ideias no Brasil eram geralmente os jovens pertencentes às elites das cidades de Salvador, Vila Rica, Recife e Rio de Janeiro, os quais haviam sido enviados para estudar nas universidades europeias.
Figura 02 - Bandeira desenhada pelos inconfidentes mineiros para representar a nova República. A expressão latina Libertas Quæ Sera Tamen foi retirada da primeira écloga de Virgílio, tendo os integrantes interpretado-a como “liberdade ainda que tardia”.
Inconfidência Mineira
A nova cobrança desagradou sobremaneira os mineiros, pois, em 1788, o estado era um dos maiores devedores do governo português. Com a aplicação da derrama por parte do novo governador do estado, o visconde de Barbacena, o descontentamento da elite mineira atingiu o seu ápice e alguns membros mais cultos e politizados começaram a conspirar contra o domínio português. Assim surgia a Inconfidência Mineira, ou a Conjuração Mineira. Os conspiradores Os conspiradores, ou inconfidentes, como costumam ser chamados, eram, em sua maioria, homens ricos com idade entre 40 e 50 anos, que trabalhavam ou já haviam trabalhado em cargos públicos. Alguns estavam extremamente endividados com a Coroa portuguesa.
No grupo havia também religiosos e militares, destacando-se o tenente-coronel Francisco de Paulo de Andrade e o alferes (militar de baixa patente) do regimento de cavalaria, Joaquim José da Silva Xavier, que também exercia a função de dentista.
Fonte: Wikimedia Commons
Entre eles havia também poetas, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Alvarenga Peixoto, três dos principais nomes do arcadismo, ou neoclassicismo, estilo literário que se desenvolveu no Brasil colônia, principalmente nas cidades históricas mineiras, em especial, Vila Rica. Estes eram os intelectuais da revolta, cabendo a Tomás Antônio Gonzaga a formulação da Constituição da nova República, que surgiria após o processo de independência.
Figura 03 - Um esboço do autor neoclássico brasileiro Cláudio Manuel da Costa.
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C19 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira
Durante a administração do Marquês de Pombal, que se deu a partir de 1750, a extração do ouro entrava em declínio. Diante disso, o ministro instituiu a derrama, que determinava o recolhimento da diferença entre toda a população, caso a arrecadação do quinto (meta que definia a arrecadação anual de 100 arrobas de ouro) não atingisse a quantidade pré-estabelecida.
História
Devido a este segundo ofício, o soldado ficara mais conhecido como Tiradentes, e foi um dos maiores adeptos do movimento. Ele fazia oposição explícita à administração portuguesa e não ocultava seu vínculo ao grupo emancipacionista, procurando novos integrantes. Além da separação, os conspiradores objetivavam a construção de uma universidade em Vila Rica, a construção de uma casa da moeda e o desenvolvimento da manufatura e indústria. Quanto à escravidão, havia posicionamentos variados, havendo muitos donos de escravos entre os próprios líderes, como por exemplo o poeta Alvarenga Peixoto, que era proprietário de 132 africanos e afrodescendentes. No início de março, o governador notificou alguns devedores a pagarem seus débitos junto ao governo. A fim de obter o perdão de sua dívida, um dos integrantes da conjuração, Joaquim Silvério dos Reis, denunciou a conspiração, revelando a Barbacena o nome dos Tiradentes. Outros participantes também endividados, confirmado a denúncia. Todos os envolvidos foram presos. Os 34 réus detidos foram acusados de crime lesa-majestade e enviados para o cárcere no Rio de Janeiro, enquanto corria o processo. O poeta Cláudio Manuel da Costa morreu na prisão. As autoridades alegaram suicídio, no entanto, supõe-se que foi assassinado, pois possuía informações que poderiam comprometer pessoas poderosas envolvidas na conspiração. Durante os interrogatórios, alguns participantes confessaram, entre os quais Tiradentes, que assumiu sozinho a iniciativa da rebelião, por isso, foi o único condenado à morte que não teve a pena convertida em outra forma de punição, como o banimento para a África. O alferes foi morto por enforcamento, no dia 21 de abril de 1792, depois esquartejado e decapitado, e tendo as partes do seu corpo expostas em estacas no caminho para Vila Rica. Fonte: Wikimedia Commons
C19 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira
SAIBA MAIS SONETOS (Cláudio Manuel da Costa)
I Para cantar de amor tenros cuidados, Tomo entre vós, ó montes, o instrumento; Ouvi pois o meu fúnebre lamento; Se é, que de compaixão sois animados: Já vós vistes, que aos ecos magoados Do trácio Orfeu parava o mesmo vento; Da lira de Anfião ao doce acento Se viram os rochedos abalados. Bem sei, que de outros gênios o Destino, Para cingir de Apolo a verde rama, Lhes influiu na lira estro divino:
Figura 04 - Martírio de Tiradentes (1893), óleo sobre tela, por Aurélio de Figueiredo.
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O canto, pois, que a minha voz derrama, Porque ao menos o entoa um peregrino, Se faz digno entre vós também de fama.
II Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado; Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio: Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio. Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias. Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. Fonte: <www.biblio.com.br>. Acesso em: 17. out. 2017.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Exercícios de Fixação
I.
A luta a favor da abolição da escravidão era uma proposta presente em todas as rebeliões. II. Entre as diversas razões dos movimentos contestatórios colocava-se o abuso tributário do Estado português em relação aos colonos. III. As rebeliões do início do século XVIII tinham por objetivo a Independência do Brasil de Portugal. IV. Até a primeira metade do século XVIII as rebeliões se faziam por mudanças, mas não reivindicavam o rompimento do estatuto colonial. V. Desde o final do século XVIII, os movimentos de libertação sofreram a influência do Iluminismo e defendiam o fim do pacto colonial. Assinale a opção que apresenta as afirmativas corretas: a) apenas I e V b) apenas I, II e IV c) apenas II, IV e V d) apenas II e III e) apenas I e IV 02. (Puc Campinas SP) O texto Cronista sem assunto faz referência à Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil no final do século XVIII, que teve como motivação o rompimento com o domínio colonial português. Pode-se afirmar que essa rebelião, a) tinha um caráter mais econômico, prevalecendo em seus projetos medidas mais anticoloniais que sociais. b) expressava a reação dos mineiros contra a proibição das ordens religiosas na capitânia. c) pretendia criar uma República e tinha propostas de mudanças radicais como o fim do sistema escravista no país. d) possuía sólido apoio popular e eclodiu com a adesão dos dragões articulados na colônia através de seus líderes. e) contestava realmente as estruturas do pacto colonial, quando se opôs ao seu principal elemento: o tráfico negreiro. 03. (ESPM SP) Das minas e seus moradores bastava dizer que é habitada de gente intratável. A terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordens os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião; a natureza anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro é como no inferno. (Lilia Schwarcz e Heloisa Starling. Brasil uma Biografia)
O texto é parte do discurso histórico e político sobre a sublevação que nas minas houve no ano de 1720 e que o gover-
nador Pedro Miguel de Almeida e Portugal, o conde de Assumar, fez chegar às mãos das autoridades régias em Lisboa. A respeito da sedição de Vila Rica, em 1720, é correto assinalar: a) Os sediciosos planejavam forçar a coroa a suspender o estabelecimento das casas de fundição, onde se registrava o ouro em barras e se deduzia o quinto por arroba, o imposto devido ao rei; b) Os sediciosos planejavam forçar a coroa a abolir a derrama, que determinava a cobrança de todos os impostos atrasados; c) Os sediciosos rebelaram-se contra forasteiros que eram beneficiados pela coroa com privilégios na exploração das jazidas auríferas; d) Os projetos dos sediciosos eram o rompimento com Portugal, a adoção de um regime republicano é a criação de uma universidade em Vila Rica; e) A sublevação desafiou a ação do marquês de Pombal que havia determinado o monopólio régio sobre a extração de diamantes. 04. (Fuvest SP) Os ensaios sediciosos do final do século XVIII anunciam a erosão de um modo de vida. A crise geral do Antigo Regime desdobra-se nas áreas periféricas do sistema atlântico – pois é essa a posição da América portuguesa –, apontando para a emergência de novas alternativas de ordenamento da vida social. István Jancsó, “A Sedução da Liberdade”. In: Fernando Novais, História da Vida Privada no Brasil, v.1. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. Adaptado.
A respeito das rebeliões contra o poder colonial português na América, no período mencionado no texto, é correto afirmar que, a) em 1789 e 1798, diferentemente do que se dera com as revoltas anteriores, os sediciosos tinham o claro propósito de abolir o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil. b) da mesma forma que as contestações ocorridas no Maranhão em 1684, a sedição de 1798 teve por alvo o monopólio exercido pela companhia exclusiva de comércio que operava na Bahia. c) em 1789 e 1798, tal como ocorrera na Guerra dos Mascates, os sediciosos esperavam contar com o suporte da França revolucionária. d) tal como ocorrera na Guerra dos Emboabas, a sedição de 1789 opôs os mineradores recém-chegados à capitania aos empresários há muito estabelecidos na região. e) em 1789 e 1798, seus líderes projetaram a possibilidade de rompimento definitivo das relações políticas com a metrópole, diferentemente do que ocorrera com as sedições anteriores.
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C19 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira
01. (Ufu MG) No período colonial ocorreram várias rebeliões e movimentos de libertação, questionando a dominação portuguesa sobre o Brasil. A respeito dessas rebeliões, é correto afirmar que:
História
Exercícios Complementares 01. (Mackenzie SP) A Inconfidência Mineira representou potencialmente uma das maiores ameaças de subversão da ordem colonial. O fato de ter ocorrido na área das Minas, área na qual a permanente vigilância e repressão sobre a população eram as tarefas maiores das autoridades públicas, indica um alto grau de consciência da capacidade de libertação da dominação metropolitana.
C19 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira
(Resende, Maria Eugênia Lage de. A Inconfidência Mineira. São Paulo: Global,1988)
De acordo com o texto acima assinale a assertiva correta. a) A opulência da produção mineradora alcançou o seu apogeu na segunda metade do século XVIII, aumentando a ganância da metrópole portuguesa, que acreditava que os mineiros estivessem sonegando impostos e passou a usar de violência na cobrança dos mesmos. b) O descontentamento dos colonos aumentava de acordo com o preço das mercadorias importadas, já que eram proibidas as manufaturas na Colônia. Além disso, os jornais que circulavam na região, alertavam a população sobre a corrupção nos altos cargos administrativos coloniais. c) Sofrendo violenta opressão, a classe dominante mineira conscientizou-se das contradições entre os seus interesses e os da metrópole. Influenciada pelo pensamento iluminista e na iminência da cobrança da derrama em Vila Rica, em 1789, preparou uma insurreição. d) Contando com adesão e apoio efetivo de diversas parcelas da população mineira, os insurgentes reivindicavam um governo republicano inspirado na ideias presentes na Constituição dos EUA, mas foram traídos por um dos participantes em troca do perdão de suas dívidas pessoais. e) Mesmo sem ter ocorrido de fato, a Inconfidência Mineira, o apoio recebido da população revoltada e influenciada pelos ideais iluministas, demonstrou a maturidade do processo pela independência do país. Tal engajamento vai estar presente durante todas as lutas em prol da nossa emancipação. 02. (Uem PR) A Inconfidência Mineira (1789) foi um dos primeiros movimentos a propor o rompimento com o pacto colonial e a adotar a perspectiva de uma nação independente, fundamentada em novas bases. Sobre o ideário político-filosófico dos inconfidentes, assinale o que for correto. 01-02-08 01. Com relação aos princípios libertários antidespotistas, Voltaire, Montesquieu, Rousseau, entre outros pensadores iluministas, influenciaram os inconfidentes. 02. A Constituição Norte-Americana e a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América serviram de motivação para os inconfidentes, pois valorizavam a autonomia americana em face ao colonialismo inglês. 04. As ideias políticas dos inconfidentes refletiram os valores da classe baixa e popular do Brasil.
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08. Ideais republicanos originados na Europa, como anticolonialismo, antimilitarismo e anticlericalismo, foram adaptados pelos inconfidentes, isto é, modificados de forma a atender seus interesses. 16. Inspirados pela Revolução Francesa, cujo lema é liberdade, igualdade e fraternidade, as pretensões revolucionárias dos inconfidentes visavam, em primeiro lugar, a abolição da escravatura. 03. (UFSC) Sobre as tensões, os conflitos e as resistências na América portuguesa, é CORRETO afirmar que: 02-04 01. O estopim que deu início à Conjuração Mineira (1789) foi o Decreto da Derrama, cobrança dos impostos devidos que mobilizou os mineradores a pegar em armas e efetivar o levante contra a coroa portuguesa. 02. No cenário que desencadeou a Revolta dos Beckman (1684) estavam as altas taxas cobradas pela Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão para o embarque de mercadorias e a falta de fornecimento de escravos, o que contribuiu para a insatisfação dos colonos. 04. Para combater o contrabando e aumentar a arrecadação de impostos, foram instituídas as Casas de Fundição na região das minas, contra as quais se organizou um levante liderado pelos mineradores com tumultos em várias vilas da região. 08. Os movimentos da Conjuração Mineira (1789) e da Conjuração Baiana (1798) tinham como finalidade criar uma nação brasileira, pois seus integrantes almejavam a independência de toda a América portuguesa. 16. As mortes por enforcamento de personagens como Filipe dos Santos e Manuel Beckman representam casos únicos de punição aos revoltosos. 04. (Unicamp SP) A aquarela do artista João Teófilo, aqui reproduzida, dialoga com a pintura de Pedro Américo, “Tiradentes esquartejado” (1893). Sobre a obra de João Teófilo, publicada na capa de uma revista em 2015, é possível afirmar que:
(http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/118.)
Ciências Humanas e suas Tecnologias
05. (UECE) Atente às seguintes afirmações acerca da Inconfidência Mineira (1789): I. A constituição de um regime republicano no Brasil estava entre os objetivos de boa parte dos conspiradores de Vila Rica. II. Havia, por parte dos inconfidentes, a preocupação com o desenvolvimento de produtos manufaturados, pois objetivavam a diminuição da dependência de artigos importados. III. Constituía interesse dos conspiradores a criação de uma nova capital localizada em uma área mais favorável à expansão da lavoura e da pecuária — atividades fundamentais para a subsistência dos mineradores. Está correto o que se afirma em a) I e II apenas. b) I e III apenas. c) II e III apenas. d) I, II e III. 06. (Unifor CE) No dia 21 de abril, comemora-se o fato histórico da morte de Tiradentes. Joaquim José da Silva Xavier foi um dos líderes da Inconfidência Mineira, movimento de liberdade e independência fundamentado no Iluminismo e ocorrido em Minas Gerais no século XVIII. Sobre Tiradentes e a Inconfidência Mineira, pode-se afirmar que a) o movimento de grande repercussão visava separar o Brasil de Portugal e seus líderes, Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Alvarenga Peixoto e o próprio Tiradentes, que foram enforcados. b) o movimento era organizado, fundamentalmente, pelas elites mineiras contra o excesso de impostos cobrados pela coroa portuguesa. c) a Economia de Mineração do Ouro provocou uma grande transformação na sociedade brasileira fortalecendo as classes populares, o que justifica o movimento de base popular e revolucionária. d) por ser um movimento popular, a abolição da escravidão era um consenso entre os inconfidentes.
e) apesar de ter sido um grande proprietário de terras e dono de escravos, Tiradentes é considerado um herói popular pelo seu patriotismo e coragem na defesa dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. 07. (Puc Campinas SP) É possível associar ao movimento emancipacionista, que o texto de Carlos Guilherme Mota e Adriana Lopez identifica, a) a ousadia e o radicalismo do movimento que, sob forte influência da emancipação dos negros do Haiti, tinha como um dos seus objetivos extinguir a escravidão também no Brasil. Essa determinação dava à conjuração o caráter de uma verdadeira revolução social na colônia portuguesa da América. b) o movimento que foi, ao mesmo tempo, mais amplo, mais ousado e mais profundo em relação a todos as revoltas anteriores, pois dele participaram as mais variadas classes sociais e não se limitou a propor o rompimento com Portugal e a implantação de uma república, mas também liberdade e igualdade para todos. c) os inconfidentes que propunham mudanças verdadeiramente revolucionárias na estrutura da colônia, pregavam a igualdade de raça e cor, o fim da escravidão, a abolição dos privilégios, podendo ser considerada a primeira tentativa de uma profunda e mais ampla revolução social ocorrida nas colônias da América. d) a rebelião que apenas contestava alguns aspectos do pacto colonial, e não a dominação da metrópole e que foi ocasionada pela falta de mão de obra escrava negra na região das minas e pelo controle do comércio de produtos de exportação e do fornecimento de escravos pelos comerciantes portugueses. e) as ideias iluministas que encontraram terreno fértil para prosperar, em virtude da existência de círculo de pessoas politizadas e insatisfeitas com a opressão da metrópole, o que estimulou a organização de movimentos de contestação ao poder do governo português sobre sua colônia na América. 08. (Uem PR) Antes da independência do Brasil, ocorrida em 1822, eclodiram em diferentes regiões várias revoltas contra o domínio português sobre o território brasileiro. A respeito dessas revoltas, assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 04-08 01. Na Inconfidência Mineira (1789), o descontentamento em relação à Coroa portuguesa partiu das classes mais desfavorecidas formadas por trabalhadores da extração do ouro e por escravos. 02. Com o objetivo de diminuir as revoltas coloniais, o governo de Portugal dividiu o território brasileiro em sesmarias, sob a administração dos governantes provinciais. 04. As ideias iluministas e a rejeição ao absolutismo monárquico alimentaram e fundamentaram sentimentos e revoltas anticoloniais. 08. A Conjuração Baiana (1798) congregou pessoas de diferentes grupos sociais, e boa parte delas desejava o fim da escravidão e a criação de uma República fundamentada em princípios de igualdade. 16. A Guerra dos Farrapos foi uma revolta organizada pelos criadores de gado do Rio Grande do Sul, que se opunham aos ideais de emancipação política do Brasil em relação a Portugal. 549
C19 Movimentos emancipacionistas: inspiração iluminista e Inconfidência Mineira
a) Trata-se de uma obra baseada em um quadro do gênero da pintura histórica, sendo que no trabalho de Pedro Américo o corpo de Tiradentes no patíbulo afasta-se da figura do Cristo, exemplo maior de mártir. b) Utilizando-se das mesmas formas do corpo esquartejado de Tiradentes pintado por Pedro Américo, o autor limita o número de sujeitos esquartejados e acentua o tom conservador da aquarela. c) A imagem fala sobre seu contexto de produção na atualidade, utilizando-se do simbolismo de Tiradentes, e procura ampliar a presença de negros como sujeitos sociais nas lutas coloniais e antiescravistas. d) Tiradentes consolidou-se como um mártir nacional no quadro de Pedro Américo, daí a necessidade do pintor de retratar seu corpo esquartejado. A obra de João Teófilo mostra que os mártires, embora negros, são um tema do passado.
FRENTE
C
HISTÓRIA
MÓDULO C20
ASSUNTOS ABORDADOS nn Movimentos emancipacionistas:
Conjuração Baiana nn Conjuração Baiana
MOVIMENTOS EMANCIPACIONISTAS: CONJURAÇÃO BAIANA A história da Conjuração Baiana foi alvo de disputas, polêmicas e apropriações. Desde seu início, até os dias atuais, o que as autoridades portuguesas chamaram de Sedição dos Mulatos ganhou várias outras denominações entre os séculos XVIII e XX: sublevação, insistente sublevação, sublevação intentada, conjuração baiana de 1798, entre outras. Cada denominação é fruto de sua época. As autoridades do Tribunal da Relação da Bahia, órgão responsável pelas investigações dos movimentos revoltosos (chamados de devassas) consideraram esse evento como um levante político protagonizado por homens livres pobres, milicianos e soldados, contando com a participação de alguns escravos. Em relação ao primeiro nome atribuído ao movimento, sabe-se que a Bahia é o estado brasileiro com a maior presença de negros na população. De acordo com o censo de 2000, por volta de três quartos da população é afrodescendente, sendo a influência da cultura afro-brasileira na sociedade baiana muito expressiva e perceptível nas várias instâncias da vida social, política e cultural.
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 01 - Foto da Praça da Piedade (sec. XIX), Salvador – BA, onde foram executados os líderes da Conjuração Baiana.
550
A participação popular no levante, inclusive por parte de afrodescendentes e escravos, tratada de forma negativa pelas autoridades da metrópole e por intelectuais do século XIX, foi vista de forma positiva nas análises históricas do século XX. Essa inversão de perspectiva dos estudos sobre a Conjuração Baiana surtiu interesse em historiadores e personalidades políticas da história recente. Isso pode ser notado no pronunciamento do ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil, na abertura do encontro que tratou da “questão de gênero e raça”: “[...] nesta cidade de Salvador da Bahia, em 1798 – e lá se vai muito tempo! –, homens pardos, pretos, mestiços todos, levantaram-se pela transformação da Bahia em uma terra da liberdade. Postulavam os princípios contemporâneos da Revolução Francesa: a liberdade e a igualdade. Aqueles soldados e alfaiates do povo conceituaram muito precisamente a liberdade que propugnavam. Diziam eles, em um de seus panfletos revolucionários, que a liberdade era o ‘estado feliz do não abatimento’. Entendiam que nada deveria abater, rebaixar, humilhar o cidadão perante seu semelhante nem perante o Estado. Compreendia-se o abatimento econômico, o rebaixamento social, a humilhação racial, a exclusão política, o abatimento moral. A felicidade como materialização da liberdade só teria sentido pela realização radical da igualdade. Ainda hoje este ideal está vivo!”.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Conjuração Baiana A Conjuração Baiana (1798) é a mais popular das revoltas coloniais, pois contou com a participação de trabalhadores livres pobres, inclusive alfaiates, ficando conhecida, também, como Revolta dos Alfaiates. Com a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro, em 1763, a antiga capital, a cidade de Salvador, caiu em dificuldade econômica. Ali vivia uma população em situação de miséria, sobrecarregada de impostos, e que contestava a exploração portuguesa com frequência. Diante desse cenário, eventos como a independência dos Estados Unidos, a Revolução Francesa e a revolta dos escravos na Ilha de São Domingos inspiraram entre os baianos os ideais iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade, principalmente entre intelectuais e profissionais liberais, contagiando parte da população.
blicano, democrático e livre de Portugal, reivindicando também liberdade de comércio e aumento do pagamento dos soldados. Nos panfletos, ou pasquins, espalhados eram tratadas questões variadas, como a igualdade dos critérios para a ascensão social e a liberdade de comercialização com países estrangeiros. Muitos foram condenados a penas mais severas, principalmente os participantes mais pobres. Alguns receberam castigos corporais e outros foram enforcados e esquartejados, como os alfaiates João de Deus Nascimento, Manuel Faustino dos Santos Lira e os soldados Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens e Veiga. Outros envolvidos foram inocentados e tiveram suas penas anuladas.
A fim de inspirar a revolta popular, em 12 de agosto foram lançados em locais públicos de Salvador panfletos pregando a mobilização geral do povo. O movimento acabou sendo descoberto pelas autoridades portuguesas, fazendo o governador da Bahia, dom Fernando José de Portugal e Castro, reagir com violenta repressão. Muitos envolvidos foram presos. Os conspiradores pregavam a formação de um governo repu-
Figura 02 - Bandeira da Conjuração Baiana, ou Revolta dos Alfaiates (1798).
Exercícios de Fixação
Manifesto dos Baianos, agosto de 1798 (...) considerando os muitos e repetidos latrocínios feitos com os títulos de imposturas, tributos e direitos que são cobrados por ordem da Rainha de Lisboa (...) e no que respeita à inutilidade da escravidão do mesmo Povo tão sagrado e digno de ser livre, com respeito à liberdade e qualidade ordena, manda e quer que para o futuro seja feita nesta cidade e seu termo a sua revolução para que seja exterminado para sempre o péssimo jugo da Europa. (In: KOSHIBA, Luiz e PEREIRA, Denise M. F. História do Brasil, no contexto da história ocidental. São Paulo: Atual, 2003, p.157)
Com base no manifesto pode-se afirmar que, para os conjurados baianos, a) os movimentos de rebeldia favoreciam a divulgação das ideias liberais europeias e denunciavam a exploração metropolitana das riquezas da colônia. b) o rompimento com a metrópole não significava apenas a autonomia política, mas também a manutenção da estrutura econômica tradicional no país. c) a independência não era apenas a ruptura dos laços coloniais, mas também a alteração da ordem social, a começar pela abolição da escravatura. d) a rebelião não era apenas uma manifestação contra a metrópole, mas também uma forma de demonstrar o amadurecimento da consciência colonial.
e) autonomia política era a melhor maneira de eliminar as desigualdades sociais e construir uma nação baseada nos princípios do socialismo utópico. 02. (Uncisal AL) Entre os diversos movimentos políticos e intelectuais que marcaram a crise do sistema colonial no Brasil, esse apresenta algumas características especiais. Diferentemente de outros movimentos – idealizados por advogados, magistrados, militares, padres e ricos contratantes –, teve na liderança representantes das camadas populares do Brasil colonial: brancos, pobres, mulatos, negros livres, escravos. O movimento foi pautado por preocupações sociais e raciais de igualdade de raça e cor, fim da escravidão e abolição de todos os privilégios sociais e econômicos. Foi a nossa mais importante revolta anticolonial. Não lutava apenas para que o Brasil se separasse de Portugal; advogava também a modificação interna da sociedade, que era preconceituosa, baseada nos privilégios dos grandes proprietários e na exploração do trabalho escravo. COSTA, L. C. A.; MELLO, L. I. A. História do Brasil. São Paulo: Scipione, 1999 (adaptado).
O movimento político descrito no texto se refere à a) Revolta dos Alfaiates. b) Inconfidência Mineira. c) Revolução Farroupilha. d) Confederação do Equador. e) Insurreição Pernambucana.
551
C20 Movimentos emancipacionistas: Conjuração Baiana
01. (Puc Campinas SP) Considere o manifesto abaixo.
História
03. (Expcex RJ) No fim do Século XVIII, era grande a insatisfação com a carestia e a opressão colonial. A isso se somava a simpatia que muitas pessoas demonstravam em relação às lutas pela emancipação do Haiti (1791-1804) e à Revolução Francesa (1789). Para difundir esta ideia fundou-se a loja maçônica Cavaleiros da Luz. Em agosto de 1798, alguns conspiradores afixaram em muros e postes da cidade manifestos exortando a população à revolução. Os panfletos pregavam a proclamação da República, a abolição da escravidão, melhores soldos para os militares, promoção de oficiais, liberdade de comércio, etc. Denunciado por um traidor, o movimento foi esfacelado. Alguns participantes foram presos, outros fugiram e quatro foram condenados à morte: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos. (adaptado de ARRUDA & PILETTI, p.351)
O texto acima descreve, em parte, a a) Revolta dos Alfaiates, ocorrida em Salvador, Bahia. b) Inconfidência Mineira, desencadeada em Ouro Preto, Minas Gerais. c) Revolta de Beckman, que teve por palco São Luís, Maranhão. d) Confederação do Equador, ocorrida em Recife, Pernambuco. e) Cabanagem, ocorrida em Belém, Pará.
04. (Uespi PI) O Brasil enfrentou muitas revoltas e rebeliões durante o período colonial. Algumas são denominadas de nativistas, outras de emancipacionistas. Sobre este tema, é CORRETO afirmar: a) A Revolta de Vila Rica e a Inconfidência Mineira foram rebeliões nativistas que marcaram a região de Minas Gerais no período colonial. b) A Revolta de Beckman e a Guerra dos Mascates foram rebeliões emancipacionistas ocorridas, respectivamente, em Pernambuco e no Maranhão contra o domínio lusitano. c) As Conjurações Baiana e Mineira, embora emancipacionistas, distinguiram-se pelo fato de a segunda propor o fim da escravidão no Brasil, enquanto a primeira não discutia esta temática. d) O caráter central que distingue as revoltas emancipacionistas das nativistas na Colônia Portuguesa na América é que as primeiras tinham como objetivo central o rompimento com a dominação portuguesa enquanto as demais propunham apenas questionamentos específicos de cada província. e) O rompimento com Portugal e a criação de um governo independente no Brasil foi o ponto comum defendido por todas essas rebeliões.
Exercícios Complementares 01. (IF BA) Após a leitura do texto abaixo e dos seus conhecimentos sobre o tema, responda a questão abaixo:
C20 Movimentos emancipacionistas: Conjuração Baiana
“A Inconfidência Mineira (1789) e a Inconfidência Baiana (1798) têm em comum o fato de serem reprimidas pela Coroa Portuguesa ainda na fase de preparativos e o desejo de autonomia de seus participantes, pois consideravam-se prejudicados e excluídos dos benefícios pelos quais acreditavam ter direito de usufruir em sua plenitude. Apesar de algumas opiniões contraditórias, percebe-se que o diferencial entre as duas conjurações é o fato de que a Conjuração Mineira teve um caráter elitista em sua organização e execução até o fim, enquanto a Conjuração Baiana, ao adquirir contornos mais radicais e populares, causou o afastamento dos líderes intelectuais da elite local que organizaram inicialmente o movimento, fazendo com que mulatos, escravos, brancos pobres e negros libertos se transformassem nos cabeças do levante.” Disponível em: http://historiasylvio.blogspot.com. br/2013/inconfidencia-mineira-x-inconfidenciabaiana Acesso em: 02/09/2016
Fazendo um paralelo entre os movimentos revolucionários, a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, podemos afirmar que: a) Enquanto os participantes da Inconfidência Mineira, em geral buscaram como modelo político a república organizada nos Estados Unidos, na Conjuração Baiana foi clara a inspiração na Revolução Francesa.
552
b) A existência da imprensa livre no século XVIII no Brasil possibilitou a difusão dos ideais de liberdade e igualdade em Minas e nas outras as regiões do país, possibilitando o êxito dos revoltos. c) Na capitania das Minas Gerais, o consumo de livros era inferior, quando comparado a outras capitanias, o que dificultou a discussão dos ideais emancipacionistas pelos setores médios urbanos. d) Na Inconfidência Mineira, houve um amplo apoio das camadas populares, dando maior força ao movimento, enquanto a Conjuração Baiana ficou restrita a intelectuais. e) Na conjuração baiana os envolvidos restringiram suas ações a reuniões secretas coordenadas pela loja maçônica Cavaleiros da Luz, sem nenhuma iniciativa de convocação pública para a luta. 02. (Enem MEC) O que ocorreu na Bahia de 1798, ao contrário das outras situações de contestação política na América portuguesa, é que o projeto que lhe era subjacente não tocou somente na condição, ou no instrumento, da integração subordinada das colônias no império luso. Dessa feita, ao contrário do que se deu nas Minas Gerais (1789), a sedição avançou sobre a sua decorrência. JANCSÓ, I.; PIMENTA, J. P. Peças de um mosaico. In: MOTA, C. G. (Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A diferença entre as sedições abordadas no texto encontrava-se na pretensão de a) eliminar a hierarquia militar. b) abolir a escravidão africana. c) anular o domínio metropolitano. d) suprimir a propriedade fundiária. e) extinguir o absolutismo monárquico.
O texto reúne dois trechos dos chamados “boletins sedicio-
03. (Mackenzie SP) Em 12 de agosto de 1798, as paredes das igrejas de Salvador, lugares públicos e paredes de casas, apareceram com panfletos manuscritos que diziam: “Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade, o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais”. Tal manifesto conclamava à revolução a população, que estava insatisfeita com o agravamento do custo de vida. A respeito dessa revolta é correto afirmar que: a) A Inconfidência Mineira foi influenciada pelos ideais de liberdade vindos da Europa, pela independência das Treze Colônias da América do Norte e pela opressão metropolitana. b) A Inconfidência Baiana foi o mais importante e significativo dentre os movimentos emancipacionistas, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana e a Conjura do Rio de Janeiro. c) Tal movimento de rebeldia contra a Metrópole se manifestou em um momento em que o próprio Estado Português afrouxou sua política de arrecadação fiscal sobre a Colônia. d) A Conjuração Baiana, diferente das demais revoltas da época, não se limitou apenas aos ideais de independência e liberdade, como propunha mudanças estruturais para a sociedade brasileira. e) A Revolta dos Alfaiates contou com a participação de todas as classes sociais da Bahia, ao contrário dos outros movimentos emancipatórios, mas a liderança coube aos grandes proprietários de terras.
a) à derrubada do monopólio comercial e à abertura dos portos.
05. (UEFS BA) Homens, o tempo é chegado para a vossa ressurreição; sim para ressuscitares do abismo da escravidão para levantares a sagrada Bandeira da Liberdade. A liberdade consiste no estado feliz, no estado livre do abatimento: a liberdade é a doçura da vida, o descanso do homem com igual paralelo de uns para outros, finalmente a liberdade é o repouso e bem aventurança do mundo. ((MATTOSO, 1969, p. 148).
Revolução dos Alfaiates ou Revolta dos Búzios. O elo comum que o aproxima de dois outros textos igualmente importantes da mesma época — a Declaração dos Direitos do Homem na França e a Declaração de Independência dos Estados Unidos da América do Norte —, diz respeito b) ao estabelecimento de eleições livres e diretas para a escolha dos governantes. c) à necessidade de acabar com a escravidão, libertando todos os cativos. d) à escolha da república como a forma de governo mais apropriada à garantia da liberdade. e) ao direito de todos à liberdade e à igualdade perante a lei. 06. (UFPE) A exploração portuguesa era intensa, no Brasil colonial, e provocava rebeldias e insatisfações constantes. Organizavam-se movimentos de resistência e de busca de autonomia política. Durante o século XVIII, por exemplo, houve: 00-04 00. A Revolta dos Alfaiates, com proposta de libertar a colônia e procurar formar uma sociedade mais justa e igual. 01. A Guerra dos Emboabas, marcada pela luta contra a escravidão dos negros e a disputa por minas de ouro. 02. A Inconfidência Mineira, com objetivos de criar uma nação democrática, sem escravos e sem pobres. 03. A Conspiração dos Suassunas, que abalou o mercado do açúcar e destruiu a vila do Recife. 04. A Revolta de Felipe dos Santos, que reclamava da cobrança exagerada de impostos na região de Minas Gerais. 07. (Unir RO) Está para chegar o tempo feliz da nossa liberdade, o tempo em que todos seremos irmãos, o tempo em que todos seremos iguais. Essa frase apareceu escrita nas paredes das igrejas de Salvador marcando o início da chamada Revolta dos Alfaiates, da qual participaram artesãos, soldados, trabalhadores negros e mulatos livres e mesmo alguns escravos. Entre outros objetivos, esse movimento, de marcado caráter anticlerical, pretendia abolir a escravidão, instaurar a liberdade de comércio e proclamar a República. A partir das características e propósitos desse movimento, pode-se afirmar que foi influenciado principalmente pelos ideais a) do socialismo. b) da Inconfidência Mineira. c) do liberalismo. d) da Revolução Francesa. e) do bolivarismo.
MATTOSO, K. M. de Q. Presença francesa no movimento democrático baiano de 1798. Salvador: Itapuã, 1969.
553
C20 Movimentos emancipacionistas: Conjuração Baiana
04. (UECE) A Historiografia do Brasil registra várias revoltas e insurreições ‒ ações situadas no âmbito do contexto social, político e econômico do Brasil colonial que expressavam a insatisfação dos vários grupos sociais com os poderes instituídos. Assinale a opção que apresenta somente movimentos ocorridos nesse período. a) Inconfidência Mineira, Conjuração dos Alfaiates, Revolução Pernambucana. b) Inconfidência Mineira, Balaiada e Conjuração dos Alfaiates. c) Balaiada, Cabanagem e Revolução Pernambucana. d) Revolução Praieira, Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana.
sos” da Conjuração Baiana de 1798, também conhecida como
FRENTE
C
HISTÓRIA
Exercícios de Aprofundamento 01. (Puc RS) Considere o texto e as afirmativas que seguem. Depois de três séculos de exploração de uma das mais ricas áreas coloniais americanas, Portugal chega ao final do século XVIII como uma das metrópoles mais atrasadas da Europa. A propósito disso, o historiador Fernando Novais afirma: “o fato de a metrópole não se desenvolver paralelamente (à colônia) é que criou condições para os transladamentos dos tesouros. Em outras palavras: os estímulos da exploração colonial portuguesa iam sendo acumulados por outras potências”. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial, Fernando Novaes. 1986, p. 236.
I.
A incapacidade de Portugal de aproveitar as riquezas que retirava do Brasil para o seu próprio desenvolvimento deveu-se ao fato de a Coroa Lusitana nunca ter conseguido constituir um estado forte e centralizado na Metrópole. II. Dentre os motivos que explicam essa situação, está a formação socioeconômica portuguesa, que privilegiava as atividades tradicionais voltadas ao cultivo da terra e à produção de vinho em detrimento do investimento em manufaturas. III. Um dos fatores que contribuiu para que Portugal continuasse um país eminentemente agrícola, não desenvolvendo um setor de manufaturas, foi o Tratado de Methuen, assinado com a Inglaterra, em 1703. IV. Dentre os problemas enfrentados pela Coroa Portuguesa estava a sua incapacidade de controlar tanto o contrabando de bens manufaturados para a sua colônia americana, quanto a fabricação desses bens no Brasil, cuja produção foi liberada pelo Marquês de Pombal quando Primeiro Ministro do rei D. José I. Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. d) I, III e IV. b) II e III. e) II, III e IV. c) I, II e III. 02. (FM Petrópolis RJ) Em meados do século XVIII, o [...] Marquês de Pombal elaborou uma série de medidas visando a integrar as populações indígenas da América à sociedade colonial portuguesa, buscando não apenas o fim das discriminações sobre esses, mas a extinção das diferenças entre índios e brancos. [...] Como um dos elementos viabilizadores deste futuro, em que não seria possível distinguir brancos de índios, [...] enfatizava a necessidade da realização de casamentos mistos, assim como ordenava que os filhos gerados nestas uniões fossem considerados mais capacitados que os colonos brancos para ocupar cargos administrativos nas antigas aldeias indígenas transformadas em vilas e lugares portugueses GARCIA, Elisa Frühauf. O projeto pombalino de imposição da língua portuguesa aos índios e sua aplicação na América meridional. Tempo – Revista do Departamento de História da UFF, v. 12, n. 23, p. 13-38, 2007. p. 24-25. Adpatado.
554
O projeto pombalino de integrar os índios da América Portuguesa à sociedade colonial promoveu mudanças profundas no relacionamento entre as populações indígenas e a Coroa lusa. Na região amazônica, por exemplo, tratar os indígenas como súditos do Império Português era uma das estratégias adotadas pelo Estado lusitano com o intuito de a) recrutar efetivos militares para a guerra na fronteira oeste. b) promover a colaboração com os jesuítas. c) deslocar a população nativa para o Nordeste. d) estimular a escravização dos índios. e) garantir a posse do território. 03. (Puc RS) Associe as revoltas coloniais (coluna A) às suas características essenciais (coluna B). Coluna A 1.
Revolta dos Beckman
2.
Guerra dos Emboabas
3.
Guerra dos Mascates
4.
Revolta de Vila Rica
5.
Inconfidência Mineira
Coluna B ( ) Transcorrido em Pernambuco, entre 1709 e 1710, o movimento caracterizou-se pela oposição entre os comerciantes de Recife contra os senhores de engenho de Olinda, tendo como base a tentativa dos mercadores recifenses em conseguir maior autonomia política e cobrar as dívidas dos produtores de açúcar olindenses. ( ) Deflagrada no Maranhão, em 1684, a revolta teve como base o descontentamento com a proibição da escravidão indígena, decretada pela Coroa Portuguesa, a pedido da Companhia de Jesus, medida que prejudicou a extração das “drogas do sertão” pelos colonos europeus. ( ) Ocorrido em Minas Gerais, em 1720, sob a liderança de Filipe dos Santos, o levante teve como causa a oposição ao sistema de taxação da Coroa Portuguesa, que resolveu estabelecer 4 Casas de Fundição na região mineradora, como forma de cobrar o quinto (imposto de vinte por cento) sobre o ouro. ( ) Sucedido em Minas Gerais, no ano de 1708, o conflito opôs os paulistas (bandeirantes), primeiros aventureiros a descobrir e ocupar a zona da mineração, contra os “forasteiros”, os seja, os grupos que chegaram depois na região, originários do reino ou de outras capitanias.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
A numeração correta na coluna B, de cima para baixo, é
político e econômico do Brasil colonial que expressavam a
a) 3 – 1 – 4 – 2
insatisfação dos vários grupos sociais com os poderes insti-
b) 1 – 2 – 3 – 5
tuídos. Assinale a opção que apresenta somente movimentos
c) 3 – 4 – 1 – 2
ocorridos nesse período. a) Inconfidência Mineira, Conjuração dos Alfaiates, Revolução Pernambucana. b) Inconfidência Mineira, Balaiada e Conjuração dos Alfaiates. c) Balaiada, Cabanagem e Revolução Pernambucana. d) Revolução Praieira, Inconfidência Mineira, Revolução Pernambucana.
e) 3 – 4 – 5 – 2 04. (UEPB) Entre os finais do século XVII e XVIII, a colônia brasileira foi palco de muitos conflitos nos quais, em geral, a convivência entre a sociedade colonial e os agentes do Estado português era posta em xeque. Com base nesse contexto, relacione a segunda coluna de acordo com a primeira: COLUNA 1 I.
Revolta dos Beckman
II.
Guerra dos Emboabas
III.
Guerra dos Mascates
IV.
Guerra dos Guaranis
V.
Inconfidência Mineira
COLUNA 2 ( ) Conflito entre os donos (mazombos) de engenhos de Olin-
06. (Puc MG) “Ó vós Homens cidadãos; ó vós povos curvados e abandonados pelo Rei, pelos seus despotismos, pelos seus ministros. Ó vós povo que nascestes para seres livres e para gozardes dos bons efeitos da liberdade... O dia da nossa revolução está para chegar, animai-vos, que sereis felizes para sempre.” (Panfleto: Aviso ao povo Bahiense)
O fragmento acima se refere ao movimento conhecido como “Conjuração dos Alfaiates”. Com relação a esse movimento ocorrido na Bahia em 1798, é
da e os comerciantes de Recife, entre 1710-1712, onde
CORRETO afirmar que os revoltosos pretendiam:
aqueles defendiam a manutenção da lealdade a Portugal
a) instalar uma República Provisória na cidade de São Salvador,
e estes a formação de um governo independente. ( ) Levante, em 1789, de um grupo de intelectuais influenciados por ideias liberais e por membros da elite que não se conformavam em ter que pagar à Metrópole o imposto chamado derrama. ( ) Revolta de proprietários de terras e engenhos, em 1684, contra a Companhia de Comércio do Estado do Maranhão, que não fornecia bens de consumo e fraudava pesos, medidas e preços de produtos. ( ) Conflito, em 1708, entre os bandeirantes paulistas que descobriram ouro nas Minas Gerais e os chamados forasteiros, liderados pelo autointitulado governador das minas, Manuel Nunes Viana, pelo controle de toda a região aurífera. ( ) Movimento de resistência, entre 1753 e 1756, que consistia na recusa dos indígenas em obedecer à ordem de desocupar terras durante o processo de demarcação dos limites definidos no Tratado de Madri. A alternativa que indica a sequência correta é:
com apoio da elite burocrática e de alguns membros do alto clero. b) defender o fim da dominação colonial garantindo, porém, a preservação do regime monárquico e a manutenção da escravidão. c) estabelecer um governo democrático na Capitania da Bahia de Todos os Santos, com igualdade de direitos, sem distinção de cor ou riqueza. d) protestar contra a política mercantilista portuguesa, buscando conseguir o apoio do governo norte-americano para pôr fim ao pacto colonial. 07. (FGV SP) A respeito da Revolta dos Alfaiates de 1798, podemos afirmar que: a) Trata-se de uma revolução burguesa que tinha por objetivo eliminar o sistema colonial e estimular a entrada de imigrantes no Brasil. b) Os rebeldes foram influenciados pelas ideias do comunismo
a) III, V, IV, II, I
francês, que pregava a igualdade social e a distribuição de
b) IV, I, III, II, V
terras entre os mais pobres.
c) V, III, I, II, IV
c) Influenciados pelas doutrinas sociais da Igreja francesa, os
d) III, V, I, II, IV
líderes da revolta pretendiam garantir o ingresso no clero de
e) II, III, I, V, IV 05. (UECE) A Historiografia do Brasil registra várias revoltas e insurreições ‒ ações situadas no âmbito do contexto social,
homens de todas as raças. d) O discurso rebelde era marcado pelo anticlericalismo e defendia uma reforma na ordem vigente, de modo a eliminar as diferenças sociais. 555
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
d) 2 – 3 – 4 – 5
História
e) O movimento foi liderado pela elite baiana, descontente com a falta de incentivos do governo metropolitano com re-
des e das “minorias”, julgue os itens abaixo. E-C-E-E-E
lação às necessidades da produção açucareira.
00. Portugal, França, Inglaterra e Holanda são Estados eu-
08. (UnB DF) Uma das evidências da fragilidade e d crise do sistema colonial foram as conjurações e as revoltas ocorridas no Brasil do final do século XVIII. 00-02
Média à Idade Moderna. A Espanha consolidou-se como Estado apenas no século XIX. 01. No processo histórico de formação e consolidação dos Estados europeus, inúmeras coletividades nacionais foram sepa-
00. A reafirmação da política protecionista da metrópole em re-
radas pelas fronteiras territoriais dos Estados que surgiram.
lação à colônia, com enrijecimento do fiscalismo para fazer
02. O fortalecimento dos movimentos nacionalistas no conti-
frente à política de livre cambismo defendido pela Inglaterra.
nente africano ocorreu nos anos sessenta, contudo, Mo-
01. O declínio da mineração, acompanhado por uma crise geral
çambique e Angola já tinha conquistado suas independências nos anos cinqüenta.
02. A atuação das Companhias de Comércio, atrelando os pro-
03. A composição em diferentes grupos étnicos da população
dutores da colônia aos interesses comerciais monopolista
negra da República Sul-Africana é um fato social e político,
da metrópole.
tendo facilitado a união entre o grupo étnico-cultural zulu,
03. O caráter meramente contestatório das diversas conjurações, revoltas e rebeliões que eclodiram, uma vez que nenhuma delas manifestou uma intencionalidade explícita à ruptura com a metrópole. 09. (Unesp SP) Nesses contexto, a Coroa Portuguesa, em seu próprio benefício, desenvolveu uma ação ‘educativa’ compreendendo: a) O estabelecimento de condições adequadas ao controle democrático da máquina administrativa. b) A realização de programas intensivos de prevenção dos súditos contra os abusos das autoridades. c) O indulto por dívida fiscal e o estímulo à traição e à delação entre os súditos. d) O arquivamento do inquérito e queima dos autos contra os inconfidentes. e) A promulgação de um novo regime fiscal que acabava com a prática da sonegação. 10. (UnB DF) Com relação a aspectos da crise do sistema colonial no Brasil, julgue as afirmações: C-E-E-E 00. A colonização brasileira proporcionou mecanismos de desenvolvimento que resultam numa maior complexidade
FRENTE C Exercícios de Aprofundamento
ropeus mais antigos, consolidados na transição da Idade
Constituem aspectos dessa crise:
da produção agrícola, principalmente do algodão, arroz e anil.
sócio-econômica, desencadeando assim uma crítica ao sistema colonial. 01. Na segunda metade do século XVII surgiu no Brasil a formação da consciência de nacionalidade. 02. Foi elaborado um programa de organização política durante a Inconfidência Mineira que questionou o pacto colonial e a legitimidade do escravismo colonial. 03. A Conjuração Baiana planejava fundar uma Monarquia parlamentarista que comercializaria livremente como todos os países.
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11. (UnB DF) A respeito dos movimentos sociais, das nacionalida-
liderado por Buthelezi, e o grupo étnico-cultural de maioria xnosa, liderando por Nelson Mandela. 04. Nas últimas décadas do século XX o movimento estudantil, o movimento de resistência de resistência dos índios e o movimento feminista sofreram um esvaziamento por causa das vitórias garantidas junto a sociedade. 12. (UFPE) A Revolução Francesa divulgou ideais iluministas que criticavam o absolutismo e o monopólio comercial. Muitos desses ideais ajudaram a pensar as mudanças do sistema colonial. No Brasil, os ideais iluministas influenciaram a Revolta dos Alfaiates, a qual defendia: a) a imediata instalação de uma monarquia constitucional com sede na Bahia, seguindo o modelo de Montesquieu. b) a convocação de uma Assembleia Nacional para libertar os escravos e ampliar a cidadania. c) a estruturação de uma República e o fim das injustiças sociais existentes na colônia. d) a libertação dos escravos sem contudo haver a emancipação de Portugal, preservando-se, assim, o estatuto colonial. e) a independência da Bahia e a instalação de um governo de ex-escravos, baseado em ideais democráticos.