Copyright © Rosa Amanda Strausz, 2011
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Diagramac¸ão Luis Vassallo
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Rosa Amanda Strausz vive no Rio de Janeiro, RJ. É ganhadora do Prêmio Jabuti e do Prêmio de Revelac¸ão da Fundac¸ão Nacional do Livro Infantil e Juvenil.
Tem cerca de 20 livros publicados.
Dados Internacionais de Catalogac¸ ão na Publicac¸ ão (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Strausz, Rosa Amanda
Um nó na cabec¸a / Rosa Amanda Strausz ; ilustrac¸ões Laurent Cardon. – 1. ed. –São Paulo : FTD, 2011.
ISBN 978-85-322-7993-4
1. Ficc¸ão – Literatura infantojuvenil I. Cardon, Laurent. II. Título.
11-08120
CDD-028.5
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficc¸ão : Literatura infantil 028.5
2. Ficc¸ão : Literatura infantojuvenil 028.5
Este livro foi publicado anteriormente pela Editora Salamandra (1998).
Vou contar um segredo para você.
Já olhei dentro da cabec¸a dos carneiros. E sabe o que tem lá dentro? Uma porc¸ão de lã. Um novelinho.
Não diga nada ao veterinário, nem ao médico, nem ao professor de Ciências. O veterinário pensará que você é burro. O médico lhe receitará um calmante. E o professor de Ciências vai lhe dar um belo zero. Então, bico fechado. Fica entre nós.
Há carneiros que têm uma porc¸ão de lã quente e macia. Eles só pensam coisas aconchegantes, mastigam a comida devagar e com prazer, suspiram de felicidade antes de dormir, porque sabem que terão bons sonhos.
Outros têm um bolo de lã áspera, daquele tipo que pinica. Esses são mal-humorados, vivem brigando, dando cabec¸adas nos outros, reclamam de tudo. A maioria tem os dois tipos de lã misturada. Um dia, está contente. Outro dia, está de mal com o mundo.
Entretanto, existem uns carneiros com o novelo mal enrolado. Ninguém sabe direito o motivo. Eles nascem com um nó bem no meio do novelo. Este nó faz com que eles vejam o mundo de um modo só deles. E também se comportem de um jeito muito particular.
A história que vou contar é a de um carneiro que tinha a cabec¸a cheia de lã macia e quentinha. E um nó bem grande, quase do tamanho de uma bola de pingue-pongue.
Ele se chamava T co.
Tico nasceu igual aos outros carneiros. Tinha quatro patas, uma cabec¸a só e o corpo felpudo e cacheado. Tinha também um emprego igual ao de todos os carneiros do mundo: fazer dormir pessoas que têm insônia. Quando alguém comec¸ava a contar carneirinhos, ele entrava na fila, esperava a sua vez e, quando chegava no número dele, pulava a cerca.
Obed ente, o T co.
Mas, um dia, quando ele era o número 459 da fila contratada pelo senhor Godofredo Inácio, o nó apareceu. O senhor Godofredo Inácio era um agiota que sofria de insônia. Assim que botava a cabec¸a no travesseiro, ficava pensando no dinheiro que deviam a ele, imaginava que ninguém ia pagar e... pronto!
Lá ia o sono embora. Ele só conseguia dormir se contasse 500 carneiros sem interrupc¸ão.
E os carneiros iam pulando a cerca na maior disciplina. Ninguém era besta de falhar com um homem tão poderoso!
Mais de 400 carneiros já tinham saltado sobre o barrigão de Godofredo. O sono estava comec¸ando a chegar. Ele bocejou, se ajeitou melhor na cama, puxou o lenc¸ol e foi contando:
457, 458... 458, 458...
Não conseguia contar o próximo. Arregalou os olhos. A cerca estava vazia. Faltava o 459. Era para ser o Tico. Tico tinha sumido.
Nem todos os carneiros são criaturas fofinhas, feitos com lã macia. Há aqueles bem rabugentos, feitos com lã áspera e “piniquenta”. Tico faz parte de outro grupo: o dos carneiros com lã mal enrolada. Ninguém sabe o motivo de ele ser assim tão diferente e ver o mundo de modo tão particular. Será que esse jeito fará Tico se dar bem na vida agitada de carneiro?
Acompanhe os pulos de Tico, enrolado em sua tarefa de fazer adormecer o menino Quim e curá-lo da insônia que assombra suas noites.