8 ano por toda parte

Page 1

8

º.

Solange Utuari • Carlos Kater • Bruno Fischer • Pascoal Ferrari

ACOMPANHA CD EM ÁUDIO

Componente curricular: Arte

ISBN 978-85-20-00277-3

9

788520 002773

8

º.

ano Anos finais do Ensino Fundamental Componente curricular: Arte


Anos finais do Ensino Fundamental Componente curricular: Arte

SOLANGE DOS SANTOS UTUARI FERRARI Mestre em Artes (área: Artes Visuais) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC-SP). Especialização em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Especialização em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Artista plástica e ilustradora, formadora de educadores em Arte, assessora de projetos educativos e culturais, autora de materiais didáticos e de livros para formação em diversos níveis.

CARLOS ELIAS KATER Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisas em Música Contemporânea da UFMG; foi Vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e membro do Conselho Editorial (função atual). É Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e Curador da Fundação Koellreutter da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos.

BRUNO FISCHER DIMARCH Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), com Licenciatura em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (Famosp-SP). Membro do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia (CISC). Participou do Centro de Estudos da Dança (CED). Trabalhou na equipe curricular de Arte da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi coordenador de Educação a Distância na Fundação Bienal de São Paulo e consultor pedagógico na Rádio e TV Cultura de São Paulo.

PASCOAL FERNANDO FERRARI Mestre em Ciências (área de concentração: ensino de Ciências) pela Universidade Cruzeiro do Sul (UCS-SP). Especialização em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UCCB-SP). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC-SP). Professor universitário, ator, diretor de teatro, consultor em projetos culturais em Artes Cênicas e autor de materiais didáticos para cursos de formação de professores em ambientes virtuais.

1ª. edição São Paulo – 2015

8

º.

ano


Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari, 2015 Diretor editorial Lauri Cericato Gerente editorial Silvana Rossi Júlio Editor Roberto Henrique Lopes da Silva Editor assistente José Alessandre S. Neto Assessoria Alice Kobayashi, Daniela Alves, Daniela de Souza, Rosemary Aparecida Santiago, Roze Pedroso, Solange de Araújo Gonçalves, Thiago Abdalla, Vera Sílvia de Oliveira Roselli Assistente editorial Bruna Flores Gerente de produção editorial Mariana Milani Coordenadora de produção Marcia Berne Pereira Coordenadora de arte Daniela Máximo Projeto gráfico Juliana Carvalho, Alexandre S. de Paula Capa Juliana Carvalho Editor de arte Fabiano dos Santos Mariano Diagramação Ingrid Velasques, YAN Comunicação Tratamento de imagens Eziquiel Racheti Ilustrações Frosa, Marcelo Cipis, Mariana Waechter Coordenadora de preparação e revisão Lilian Semenichin Preparação Líder: Sônia R. Cervantes. Preparadora: Veridiana Maenaka Revisão Líder: Viviam Moreira. Revisores: Alessandra Maria R. da Silva, Aline Araújo, Caline Devèze, Carina de Luca, Desirée Araújo, Fernando Cardoso, Lívia Perran, Paulo José Andrade, Rita Lopes Supervisora de iconografia Célia Maria Rosa de Oliveira Iconografia Érika Nascimento, Graciela Naliati Araújo Diretor de operações e produção gráfica Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte, 8.º ano / Solange dos Santos Utuari Ferrari... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2015. Outros autores: Bruno Fischer Dimarch, Carlos Elias Kater, Pascoal Fernando Ferrari ISBN 978-85-20-00277-3 (aluno) ISBN 978-85-20-00278-0 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Dimarch, Bruno Fischer. III. Kater, Carlos Elias. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 15-04075 372.5 Índices para catálogo sistemático: 1. Arte : Ensino fundamental 372.5

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei no 9.610 de 19 de fevereiro de 1998 Todos os direitos reservados à

Editora FTD S.A. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. (0-XX-11) 3598-6000 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br E-mail: ensino.fundamental2@ftd.com.br

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD S.A. CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375


APRESENTAÇÃO Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares, tempos e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemos uma imagem, uma música, um gesto ou movimento, às vezes tudo junto ao mesmo tempo. Música que saiu do rádio do carro que passou pela rua agora há pouco, ou nos sons a revelar o gosto musical do seu vizinho. Bem pertinho, no fone de ouvido do seu celular, naquela música preferida, escolhida por você ou enviada por um amigo que encontra você. Somos contemporâneos do tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravação de áudios e vídeos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas há muito tempo e agora mesmo, neste último minuto. Você já parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, tirou uma fotografia, criou uma composição, um arranjo musical? Ou que há pessoas apresentando uma peça teatral ou mostrando uma coreografia, com os corpos a movimentar-se em uma dança? Quem sabe alguém por aí está fazendo uma performance, criando uma instalação, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, vídeos, cenários, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? É possível que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu possam, neste exato momento, ser bordadas pelas mãos de quem faz arte do povo para o povo! A arte é assim. Está mesmo em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estudá-la é procurar mais maneiras para encontrá-la. As produções artísticas brasileiras e as que foram ou são feitas mundo afora nos mostram um caminho para conhecer mais sobre o ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, entre as quais muitas são artísticas. Nosso estudo quer ajudá-lo a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos você para estudar Arte. Vem! Veja, cante, movimente-se, sinta a arte da gente. Os autores


Caro aluno, conheça o seu livro de estudo da Arte! VEM ANIMAR! CANTAR!

VEM TOCAR! Observe a imagem a seguir.

Observe a imagem a seguir. 02_SECAO_1_TEXTO Ana Paula Costa

Filme de Céu D´Ellia. Pauliceia CANTA, TY-ETÊ!. Brasil, 2013

VEM! Você gosta de ser convidado? Imaginamos que sim. Logo de início fazemos convites: Vem olhar! Vem

Cena da animação Pauliceia CANTA, TY-ETÊ!, direção de Céu D’Ellia. Brasil, NUPA, 2012.

Cores e formas mostram para nós um lugar e indicam que algo ali vai começar.

Cantar! Vem encenar, dançar, imaginar,

O desenhista tem algo a dizer, cria imagens, personagens.

Meninos do Morumbi, projeto social de inclusão por meio da música que envolve crianças e jovens de bairros como Paraisópolis, Campo Limpo e parte dos municípios de Embu das Artes e Taboão da Serra, em São Paulo. apresentação no Parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP), em 2009.

São pessoas a transitar pela cidade em uma noite chuvosa. De repente, algo se modifica, imagens em movimento e com cores tomam vida. Olhares atentos na narrativa.

Canta

O que será que vai acontecer?

Que hoje estou para alegria

tramar, pintar... conhecer e fazer arte!

Qualquer canção, qualquer poesia Vou transformar em batucada

Uma enorme forma colorida toma conta da tela do cinema, salta no ar e mergulha no rio. Rio, que antes era poluído, fica agora colorido.

Hoje quero ficar de bem com a vida [...]

A mágica das imagens dos desenhos de animação tem algo a dizer sobre a poluição. E essa história é contada no curta de animação Pau-

Trecho da letra de música Traje de princesa.

liceia CANTA, TY-ETÊ!. A arte é crítica, mas mostra suas ideias pela poética.

SÃO BETO; SCALA, Beto. Traje de princesa. Intérprete: Alcione. In: _____. Morte de um poeta. Rio de Janeiro: Universal Music, 1976. [LP relançado em CD]. Faixa 10.

Venha desenhar e animar essas imagens, e com elas expressar mensagens.

152

O ato fotográfico

TEMAS

MUNDO CONECTADO „ Som, natureza e cultura

Observe a imagem a seguir.

Estudar Arte pode ser bem instigante e divertido, é como mergulhar em um mar de saberes sem fim. Existem muitas

Fabio Colombini

By permission of Gary Varvel and Creators Syndicate, Inc

Será que um dia as pessoas ouviram o som do vento e desejaram reproduzi-lo? Será que foi por isso que criaram flautas e outros instrumentos de sopro? Existem apitos que imitam o canto dos pássaros. São instrumentos de sopro conhecidos também como pios de passarinhos. Esses instrumentos são usados por ecologistas que pesquisam sobre os pássaros e por músicos em gravações de arranjos e nos shows. Observe um apito pio de madeira uru e o pássaro que ele “imita” nas imagens a seguir.

Lucas Trevelin

obras de arte, feitas por milhares de artistas em diferentes lugares e tempos. Nesta seção, escolhemos alguns temas

Cartum de Gary Varvel.

Observe o cartum do artista norte-americano Gary Varvel (1957). Olhando para essa imagem, o que vem à sua cabeça? Você lembra de alguma situação que presenciou em que pessoas estavam fotografando algo? Como você se relaciona com o ato de fotografar? É bem comum ver pessoas fotografando em nossos dias, não é mesmo? Será que essa atitude torna todas essas pessoas fotógrafas? A fotografia é uma linguagem artística? Será que ao fotografar estamos fazendo arte? Diante do que você já estudou sobre as linguagens artísticas, pense e responda: O que é arte? O acesso às tecnologias mais baratas, como as câmeras fotográficas e os celulares que contêm esse recurso, deixou o ato de fotografar mais comum. Tornou-se um ato tão corriqueiro que as pessoas estão fotografando cada vez mais e quase tudo o que veem! No entanto, para que a imagem produzida por esses meios seja arte, é necessário ter a intenção de fazer arte, além de explorar esses materiais e o entorno de forma pessoal e poética.

Apito pio de madeira uru.

e exemplos para que você conheça ideias e histórias do

Pássaro uru (Odontophorus capueira). Foto de 2011.

Será que o som do trovão inspirou a criação de instrumentos de percussão? Tambores, maracas, reco-reco... Sons feitos por meio dos atritos, no sacudir, friccionar ou bater de matérias. Dos instrumentos de corda são emitidos sons que podemos relacionar com algumas “vozes” da natureza, como a água que corre entre as pedras de um rio. São possibilidades imaginativas de como os sons naturais podem ter inspirado as pessoas a criar instrumentos. O som do vento, o cantar das cigarras, os berros da arara, o som do andar sossegado do jabuti e de outro bicho qualquer sobre as folhas secas que caem no solo da mata misturam-se aos sons que nascem dos instrumentos, dos cantos e da percussão corporal

88

mundo da Arte. A arte está relacionada a outras disciplinas e à vida cotidiana. Você pode descobrir como isso aconte59

ce lendo a seção Mundo conectado.

MAIS DE PERTO

MAIS DE PERTO „„Grupo„Experimental„de„Música„(GEM) Observe a imagem a seguir. Grupo Experimental de Música. 2013. SESC, Santos. Foto: Jefferson Fernandes

Quando começamos a conhecer Arte e tudo que, neste universo de saberes, pode nos ajudar a compreender melhor o mundo, não queremos mais parar de conhecer! Assim, a seção Mais de perto resgata o convite feito

Apresentação do Grupo Experimental de Música (GEM) em Santos (SP), 2013.

inicialmente na seção Vem! para aprofundar seus conhecimentos sobre os temas e linguagens estudados. E, para aproximar você ainda mais da Arte, trazemos sempre uma entrevista ou um depoimento na seção Palavra do artista.

Sylvio Coutinho

Tema 1

181

O que é uma instalação sonora? Pode ser um ambiente em que os músicos vão mexendo aqui e ali. Assim, nessa ação de criação musical, fazem seu som, sua música contemporânea. O Grupo Experimental de Música (GEM) associa a linguagem da música com a linguagem visual. Harmonizam-se nessa criação os luthiers, que criam instrumentos e objetos sonoros, e artistas plásticos, que criam o visual. Os materiais são os mais inusitados, criando sons orgânicos e sintéticos. Na instalação, na ação de tocar, os músicos desse grupo extraem sons, timbres e ritmos diversos, enfim, fazem música instrumental contemporânea. O GEM surgiu em 2003 e desde então vem criando instrumentos, instalações sonoras e realizando shows e cursos para socializar essa arte com outras pessoas. Em suas apresentações criam performances com outros artistas e inventam linguagens, como fizeram com o músico Naná Vasconcelos (1944) e também com bailarinos, como a turma do coreógrafo Ivaldo Bertazzo (1949).

Os músicos Marco Antônio Guimarães (primeiro à esquerda), Artur Andrés, Décio Ramos e Paulo Santos formam o grupo instrumental Uakti.

Marco Antônio Guimarães (1948) e Uakti (1978) Marco Antônio Guimarães (1948), integrante e luthier do grupo de música instrumental Uakti (1978), é compositor, arranjador, violoncelista brasileiro e sempre foi um inventor de coisas. Desde criança inventava seus brinquedos e objetos sonoros. No Uakti, todos dedicam-se a estudar o som, a música e os materiais que podem potencializar as expressões culturais da nossa arte musical. Já fizeram arranjos para músicas de Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e The Beatles, entre outros, e tocaram ao lado de grandes músicos brasileiros e estrangeiros. Marco teve contato com um músico que marcou a sua vida de inventor e compositor, o educador e músico Walter Smetak (1913-1984).

Em Salvador eu descobri que, no porão da Escola de Música, tinha um cara construindo instrumentos e fui lá saber o que era. Fiquei atordoado: era o violoncelista Walter Smetak, cercado por centenas de instrumentos esquisitos, extremamente coloridos. A minha vida mudou quando entrei naquele porão. [...] Quando se lida com materiais que nunca foram usados em instrumentos musicais, não se tem parâmetros nem referências; é preciso experimentar até atingir o resultado procurado... De repente, os timbres graves soam bem mas os agudos não, ou vice-versa. Então, você tem que encurtar ou esticar um pouco mais a corda, ou ainda fazer modificações na caixa, até obter uma boa extensão de afinação. RIBEIRO, Artur Andrés. Grupo Uakti. Estudos Avançados, São Paulo, v. 14, n. 39, maio/ago. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid= S0103-40142000000200016&script=sci_arttext>. Acesso em: 20 maio 2015.

64

MUNDO CONECTADO „„A„ciência„dos„instrumentos„musicais Alex Silva

Observe a charge a seguir.

AMPLIANDO

Charge de Alex Silva que brinca com a ligação entre a Arte (no caso, a música) e as Ciências.

AMPLIANDO Antropologia é a ciência que estuda as culturas humanas. Etnomusicólogo é a pessoa que estuda a música em sua concepção sociocultural, analisando sua origem etnográfica, a manifestação em determinados povos, na língua, religião, hábitos etc. A etnografia pode ser considerada um ramo da Antropologia. Organologia é um ramo da ciência que estuda os instrumentos musicais, a partir da sua materialidade, ou seja, a forma, a qualidade de som produzido, o timbre, o modo de execução, entre outros. Faz parte dessa ciência estudar os instrumentos e suas características, como os aerofones, os cordofones, os idiofones e os membranofones (veja detalhes no quadro da próxima página).

Pode ser que algumas palavras sejam novas em seu vocabulário. Assim,

Você já ouviu falar de Organologia? E o que é um etnomusicólogo? Será que tantas palavras podem complicar? Vamos esclarecer! A palavra etnografia é a junção de dois termos, etnia e grafia. Etnia é uma palavra usada para fazer referência a um grupo de pessoas de uma mesma matriz biológica e cultural. Grafia é o registro da escrita. Geografia é a ciência que estuda a descrição de como são os lugares da Terra em seus aspectos físicos e as relações que temos com esse planeta sob muitos aspectos, incluindo a arte e a cultura. A Antropologia estuda as culturas e os grupos que as criam. Assim, um etnomusicólogo é uma pessoa que leva em consideração em seus estudos vários aspectos: as manifestações culturais de cada etnia, o lugar geográfico em que essas manifestações musicais aparecem, como permanecem e a cultura que as criou. É preciso conhecer muitas áreas além da música para ser um etnomusicólogo.

preparamos um boxe em estilo de glossário para você saber mais sobre essas palavras e ajudá-lo a compreender melhor o universo da Arte e seus termos. No final do livro há um índice remissivo para você localizá-los sempre que precisar. 53

63


LINGUAGEM DA ARTE Para criar em cada linguagem, precisamos conhecer seus códigos e procedimentos. Toda linguagem tem seu jeito de

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS

Matthias Oesterle/Corbis/Latinstock

Cortina de sensações Escolha um local na escola para fazer uma

ser e de se comunicar. Para se expressar por meio de lingua-

instalação e ao mesmo tempo uma intervenção no espaço por onde as pessoas passam todos os dias. Corte várias tiras de revista e cole uma na outra, criando fios compridos. Monte uma espécie de cortina ou cachoei-

gens é preciso aprender sobre esses jeitos e significados.

ra e aplique no espaço escolhido, de modo que as pessoas passem por ela. A proposta é cada um ter a sua própria interpretação ou sensação dessa “passagem” pela instalação. O mesmo pode ser feito com papéis laminados, porém, nesse caso, coloque-os den-

Assim, nesta seção vamos estudar como as linguagens da

tro de salas de aula e ilumine o lugar com lanternas, abajures e outros materiais. Crie quantos projetos quiser com os colegas e o professor porque a arte também é Exploração de sensações em instalação no Festival de Luzes em Barcelona, Espanha, em 2015.

uma invenção!

arte são criadas. Na subseção Ação e criação, sugerimos projetos de criação e experimentos artísticos para você,

Olhando para as pinturas com luz e as instalações, como você percebe o mundo da arte atualmente? Que relações você faz entre Arte e Ciências? Inventos criados pela ciência têm influenciado a criação e invenção de obras artísticas? Como isso acontece? Que tal investigar mais sobre esses artistas e suas máquinas maravilhosas? Lembre-se de anotar suas pesquisas e descobertas em seu diário de artista. Invente as suas próprias maneiras de registro das suas aventuras pelas linguagens das artes!

seus colegas e professores poderem fazer arte. Nos boxes Procedimentos artísticos, damos algumas dicas sobre como fazer e usar materiais em produções artísticas.

43

MISTURANDO TUDO!

Lucia Koch. 1999. Coleção da artista. Foto: Elaione Tedesco.

No Brasil, a gaúcha Lucia Koch (1966) trabalha com a luz natural do Sol na obra Gabinete (1999). O tempo e espaço são tomados pela luz que passa pelas janelas revestidas com material transparente e colorido.

LINGUAGEM DAS ARTES VISUAIS „„Impressões„e„composição„em„fotografias

„„Experiências„fotográficas„–„„

Rita Demarchi

do a outro. Uma linguagem pode ter relação com outras e até estarem jun-

AÇÃO E CRIAÇÃO „ Intervenções Eus, Série Autorretrato, de Rita Demarchi, 2014.

tas em uma produção artística. Esta

Neste capítulo, vimos que luz, cor, som, texturas, reflexos, movimento e muitos outros recursos podem ser explorados para criar sensações, provocar reações ou reflexões sobre a arte e a vida. A linguagem da instalação explora a criação de um lugar, um ambiente. Às vezes, podemos fazer intervenções nos espaços ou criar um. Vamos inventar instalações, som, imagens, cores, formas, movimentos, reflexos? O que você vai querer explorar?

Rita Demarchi

seção traz questões para você pensar

PROCEDIMENTOS ARTÍSTICOS

Pintando somente com cores Vamos mudar a cor de um lugar dentro da escola? Observe a imagem ao lado. Vamos pintar as paredes, mas em vez de tin-

Eu/Helena/Eu, Série Autorretrato, de Rita Demarchi, 2013.

em„busca„do„interessante„„

Um conhecimento pode ser conecta-

O gabinete, de Lucia Koch, 1999. Chapas de acrílico em janelas e frestas da oficina de reparos do antigo cais do porto de Porto Alegre. Instalação apresentada na II Bienal do Mercosul, em Porto Alegre, RS.

tas vamos usar cores! Para fazer esse experimento precisamos de folhas de papel celofane em várias cores e

e„do„enquadramento

fitas adesivas transparentes. Combine com o

Rita Demarchi estava passeando em Arcos, uma pequena cidade da região do Alentejo, interior de Portugal, quando registrou essas impressões por meio de texto e imagens. Acompanhe nas páginas a seguir.

sobre isso e para perceber o que você

Olafur Eliasson. Séc. XX. Museu de Arte Moderna, Dinamarca. Foto: Hugo Ortuño Suárez/Corbis/Latinstock

Observe as imagens a seguir. Você costuma fotografar? Como você fotografa? Será que sempre haverá uma fotografia para falar de nós? Um retrato tirado por alguém? Uma selfie? Uma cena que queremos guardar para lembrar coisas que vivemos? Será que imagens podem falar sobre nós? Pensar sobre os melhores ângulos, a posição da luz, o zoom nos detalhes... Enfim, como suas escolhas podem ajudar a ampliar seu conhecimento sobre a arte da fotografia? Para Emídio Contente, entrevistado na seção Palavra„do„artista, o fotógrafo deve ser um eterno estudioso. Portanto, vamos estudar algumas possibilidades de composição de imagens na linguagem da fotografia? Para isso, contamos com a colaboração da fotógrafa Rita Demarchi. Rita é uma artista viajante. Pelos lugares que passeia, captura imagens, que são sensações e lembranças de experiências. Ela nos enviou um trecho de seu diário de artista, que mostraremos a seguir. Por meio dele, vamos entrar mais em contato com a experiência da arte da fotografia.

aprendeu ao estudar cada capítulo.

professor, chame os colegas e cubra todas as janelas da sala de aula com os papéis colori-

Vista externa da obra Your Rainbow Panorama (Seu panorama do arco-íris), de Olafur Eliasson, 2006-2011.

dos e transparentes. Que efeito terá?

42

134

CONEXÃO ARTE Sugestões de sites, livros, músicas, filmes, animações e documentários para você aprofundar sua viagem pelos conteúdos da unidade que mais despertaram o seu interesse no universo das artes.

EXPEDIÇÃO CULTURAL

Você já viu alguma dessas linguagens artísticas que estudamos em seu cotidiano? Como são as linguagens que usam cor luz? O que é arte propositora? Como são as instalações descritas nesta unidade? O que você descobriu de novo? A Arte e as Ciências estão sempre juntas? Por quê? E em relação à música, o que aprendemos sobre Arte e Ciências? Pesquise mais sobre os luthiers brasileiros. Na sua cidade há alguma oficina desse tipo de atividade? Como é possível criar linguagens e expressar-se pela arte na sua escola? Como podemos criar instalações com luzes e sons no ambiente da sua sala? Estudamos que algumas produções artísticas são em grupo e outras individuais. Como você vê o seu processo de criação? Qual das linguagens estudadas aqui você considera mais interessante a criação de arte em grupo? Que tal chamar a turma e seus professores e criar projetos de arte com base no aprendizado desta unidade?

Depois de conhecer algumas trajetórias da Arte, você e os colegas podem ter interesse em ver, ouvir ou sentir a arte mais de perto. Nesta seção, há propostas de Mar celo

Cipis

passeios culturais e dicas de como ou onde encontrar

DIÁRIO DE ARTISTA

mais arte. Registre tudo em seu Diário de artista e aproveite as dicas da seção Conexão arte.

Vamos registrar suas experiências artísticas em caderno criado especialmente por você e para você, um tipo de diário de artista? Pesquise mais sobre a cor luz, as instalações e criações na arte contemporânea. Analise também as características dos instrumentos musicais, como foram criados no passado e como são hoje. Registre suas percepções no seu diário de artista de muitas formas possíveis, escrevendo, desenhando, por meio de pinturas, colagens... O diário é o seu suporte e o artista é você!

CLIQUE ARTE Carlos Cruz-Diez. Confira os espaços projetados pelo artista que cria um espetáculo de cores. Disponível em: <http://eba.im/c6x85y>. David Teniers. Para conhecer outras obras do artista, visite o site da National Gallery. Disponível em: <http://eba.im/cf38h3>. Jésus Rafael Souto. Conheça as obras do artista em incríveis imagens 3D, além de conhecer mais sobre a biografia do artista. Disponível em: <http://eba.im/m4icr4>.

LEIA ARTE Aves musicais, de Thomaz Meanda. São Paulo: Leya, 2011. Sinopse: Um exercício de observação encontrando semelhanças entre diversos instrumentos musicais e aves que existem na natureza. Como fazíamos sem..., de Bárbara Soalheiro. São Paulo: Panda Books, 2006. Sinopse: Como era a vida nos tempos em que certos objetos (que hoje podem ser até banais) não haviam sido inventados ainda. Furundum! Canções e cores de carinho com a vida, de Carlos Rodrigues Brandão e Rubens Matuck. Campinas: Autores Associados, 2001. Sinopse: Livro em que os autores mesclam poemas de palavras e desenhos, para ser lido a partir de qualquer página, do começo para o fim, do fim para o começo, de trás pra frente e da frente pra trás. Poemas para ler e sentir sobre arte, natureza e sentimentos. Rembrandt. São Paulo: Folha de São Paulo, 2007. (Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, v. 17). Sinopse: Rembrandt, em muitos de seus quadros, faz uso de uma forte iluminação frontal, com o objetivo de fazer que o observador preste atenção no aspecto mais importante da obra. Assim, desviava o foco do público para onde quisesse. Van Gogh. São Paulo: Folha de São Paulo, 2007. (Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, v. 1). Sinopse: Detalhes dos hábitos, das técnicas e da vida conturbada do grande pintor Van Gogh, que já foi tema de inúmeros filmes.

OUÇA ARTE Canto do povo de um lugar. Intérprete e autor: Caetano Veloso. Disponível em: <http://eba.im/ n9fq45>. Roda-viva. Intérprete e autor: Chico Buarque. Disponível em: <http://eba.im/bajfs7>.

VEJA ARTE Abraham Palatnik. Confira vídeo com um relato das experiências do artista com Arte Cinética e como foi todo o seu processo criativo e produção para a 1ª Bienal de São Paulo. Disponível em: <http://eba. im/xspmfe>. Alexandre Calder. Confira os vídeos das esculturas do artista em imagens 3D que simulam o movimento de suas criações. Disponível em: <https://eba.im/3ititp>.

78

79

LINHA DO TEMPO

A lira, instrumento amplamente usado na Antiguidade, acompanhava as récitas poéticas gregas. Há registros em outras culturas de até 3 mil a.C.

Pré-História

No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo rela-

New York Times Co/Getty Images

1949

Anos 2000: grupos musicais como o GEM fazem experimentos com instrumentos já existentes ou criados com materiais não convencionais, desenvolvendo sonoridades contemporâneas.

ções entre passado e presente. A viagem pela arte nem

Os antigos tambores eram feitos com pedaços de troncos de árvores ocos e recobertos com pele de animal.

Séc. XVII (registro ofical do afresco)

Yoshi0511/Shutterstock.com

Acredita-se que o cravo tenha sido criado por volta de 1300. A principal diferença entre o cravo e o piano é que no cravo as cordas são pinçadas e no piano, percutidas com martelos. Nesta imagem, cravo do século XVIII.

Séc. XIV

sempre ocorre no tempo cronológico. Precisamos estudar

Em 1949, John Cage fazia experimentos com instrumentos, por exemplo, alterando a afinação de seu piano com moedas e parafusos entre as cordas.

O xilofone, cuja origem remete a várias culturas de regiões da África e da Ásia, teria sido introduzido nas orquestras no século XIX.

Berents/Shutterstock.com

1300

1840 Holbox/Shutterstock.com

Séc. XIX

a arte do nosso tempo porque somos contemporâneos

1815 Duzan Zidar/Shutterstock.com

Trompete persa primitivo, da dinastia Aquemênida (séc. VI a.C.), fabricado em bronze. Museu de Persépolis (Irã).

O saxofone, criado em 1840 pelo belga Adolphe Sax, é o único entre os instrumentos de sopro de metal que possui palheta.

dessas produções. Olhar para o passado e ver como a arte

Séc. XV Aliaksandr Shatny/Shutterstock.com

Séc. XVII. Château de Thoiry, Yvelines. Foto: Gianni Dagli Orti/AFP/Otherimages

Classic statue/Shutterstock.com

3000 a.C.

Grupo Experimental de Música. 2013. SESC, Santos. Foto: Jefferson Fernandes

Sauletas/Shutterstock.com

Museu de Persépolis, Irã

Séc. VI a.C.

A harpa, um dos mais antigos instrumentos criados, originou-se dos arcos de caça que faziam barulho ao roçarem na corda. Nesta imagem, gravura de 1805 com destaque para o instrumento.

80

2013 6000 a.C.

2009 a.C.

Gaudenzio Ferrari. Séc. XVII. Afresco. Santuário Madona dos Milagres, Saronno. Foto: The Bridgeman Art Library/Easypix

James Gilbray. 1805. Gravura. Coleção particular. Foto: Everett Historical/Shutterstock.com

Instrumentos que o tempo traz

O triângulo, conhecido na Europa no século XIV, só foi empregado na orquestra a partir do século XVIII, por Mozart.

Detalhe da obra Concerto dos anjos, afresco de Gaudenzio Ferrari (1534-1536), mostra o alaúde, instrumento de origem árabe que teria sido introduzido na Península Ibérica por volta do século XII.

Idade Antiga

se transforma pode provocar reflexões sobre como a vida

Trompete de pistão, idealizado por Heinrich Stölzel, em 1815.

e a sociedade também mudam com o passar dos séculos.

Os europeus encontraram registros de maracas em praticamente toda a América Latina no período das navegações, iniciadas no século XV.

Idade Média

Idade Moderna

Assim, observe a linha do tempo e pesquise mais sobre

Idade Contemporânea

81

alguma obra de arte que lhe chamar a atenção.


SUMÁRIO Olafur Eliasson. 2003. Tate Modern, London. Foto: Gustoimages/SPL/Latinstock

UNIDADE 1

A arte e suas invenções maravilhosas

Capítulo 1 – COR, ESPAÇO E TEMPO............................................ 10 VEM PINTAR!............................................................ 12 VEM PARTICIPAR!..................................................... 13

Tema 1 – A linguagem da luz.............................14

Criações iluminadas e luminosas........................15 Mundo conectado: Magos da luz e da cor..........21

Tema 2 – Entre as artes e as propostas............ 23

Espaços luminosos..............................................24 Mais de perto: Cor luz e a poética do espaço tempo................................................26 Palavra do artista: Abraham Palatnik.................29 Mais de perto: Multicores, multimídia................30 Palavra do artista: Luiz Zerbini..........................32

Linguagem das artes visuais............................ 33 Arte Cinética.......................................................33

Ação e criação: Arte em movimento...................36

Linguagem das artes visuais.............................41

Mergulhe nessa cor.............................................41 Ação e criação: Intervenções.............................42

Misturando tudo!.............................................. 43

Capítulo 2 – SOM E INVENÇÃO.........44 VEM TOCAR!..............................................................46 VEM INVENTAR! ....................................................... 47

Tema 1 – Invenção e som.................................. 48 Sons, silêncios e invenções.................................48 Mundo conectado: A ciência dos instrumentos musicais.............................................................53

Tema 2 – O luthier e suas criações maravilhosas.............................................. 56

Artesanato musical.............................................56 Mundo conectado: Som, natureza e cultura.......59 Mais de perto: Uakti – a lenda e o grupo............61 Palavra do artista: Marco Antônio Guimarães e Uakti................................................................63 Mais de perto: Grupo Experimental de Música (GEM).................................................64 Palavra do artista: Fernando Sardo e GEM.........65

Linguagem da música...................................... 66

Famílias musicais................................................66 Ação e criação: Escutar e criar..........................70

Linguagem da música...................................... 72

Ontem e hoje, o som em invenção.......................72 Ação e criação: Criando uma ocarina.................75

Misturando tudo!...............................................77

Holbox/Shutterstock.com

Expedição cultural......................................................... 78 Diário de artista ............................................................ 78 Conexão arte................................................................. 79 Linha do tempo............................................................. 80 Instrumentos que o tempo traz................................ 80

UNIDADE 2

Olhando pela lente

Capítulo 1 – IMAGEM: CAPTURA E CRIAÇÃO..............................................84 VEM FOTOGRAFAR E DESENHAR! .............................86 VEM CAPTURAR!....................................................... 87

apiguide/Shutterstock.com

Tema 1 – O ato fotográfico................................ 88 Tema 2 – Fotografias artísticas........................ 89

Mundo conectado: A imagem como denúncia....91 Mais de perto: Formas e fotoformas ..................92 Palavra do artista: Geraldo de Barros................94 Mais de perto: A arte do artista e a arte do outro..................................................95 Palavra do artista: Emidio Luisi.........................96

Linguagem das artes visuais............................ 97

Mesclando fotografias e desenhos......................97 Ação e criação: Experimentando linguagens com a arte de fotografar....................................101

Linguagem das artes visuais...........................105

Para onde olhar?...............................................105 Ação e criação: Experimentando linguagens com a arte de fotografar....................................110

Misturando tudo!.............................................. 111


Ação e criação: Escolhendo temas e composições de cenas...................................139

Tema 1 – Olhar pela lente.................................116

Linguagem das artes audiovisuais....................141

A história da luz e da escuridão.........................118 Uma máquina gigante.......................................121 Mundo conectado: Processos físico-químicos.................................................123

Misturando tudo!.............................................143

Tema 2 – Em um segundo, 24 quadros que transformaram o mundo............................124

A visão em zoom...............................................141 Ação e criação: Fazendo um filme...................142

Expedição cultural....................................................... 144 Diário de artista .......................................................... 144 Conexão arte............................................................... 145 Linha do tempo........................................................... 146 Fotografia: registros marcantes de arte e história.................................................... 146

Mundo conectado: Memória da retina.............126 Mais de perto: Gêneros e estilos......................129 Palavra do artista: Wagner Moura....................130 Mais de perto: Olhando por dentro...................131 Palavra do artista: Emídio Contente.................133

Tecnologia, corpo e voz Capítulo 1: BATUCADAS E BATIDAS................................ 150 VEM TOCAR!............................................................ 152 VEM COMPOR!......................................................... 153

Tema 1 – O toque do tambor............................154

Batuque de bambas..........................................154

Tema 2 – Ritmo marcado.................................156 A fala dos tambores..........................................156

Mundo conectado: Tambores sagrados............158 Mais de perto: Rrookadoong kadoong kadokadokadoongdoong...................................159

Tema 3 – Experimentos concretos....................161

É abstrata, é concreta, é música........................161 Música eletrônica popular.................................164 Palavra do artista: Sílvio Ferraz.......................166

Linguagem da música.....................................168 Tambores..........................................................168

Ação e criação: Batucada................................171

Linguagem da música..................................... 174 Composição......................................................174 Ação e criação: Concretizando uma música... concreta!.............175

apiguide/Shutterstock.com

UNIDADE 3

Capítulo 2: OLHO E VOZ.......... 178 VEM DUBLAR!......................................................... 180 VEM ANIMAR!........................................................... 181

Tema 1 – Impressionar os sentidos..................182

Arte para todos.................................................182

Arte que anima.................................................185

Das páginas para as telas.................................189 Mundo conectado: A invenção do rádio...........190 As radionovelas.................................................191 Mundo conectado: Celular, um aparelho multimídia....................................193 Mais de perto: Versão brasileira.......................194 Palavra do artista: Gabi Porto..........................196 Mais de perto: A animação no Brasil................198 Palavra do artista: Céu D’Ellia e NUPA.............201

Tema 2 – Imagens animadas...........................184 Tema 3 – Cenas sonoras..................................189

Linguagem das artes audiovisuais.................. 202

Dublagem.........................................................202 Ação e criação: Dublando................................203 Ação e criação: Ilustrações..............................206

Linguagem das artes audiovisuais.................. 209

As técnicas de animação...................................209

Misturando tudo!.............................................213

Misturando tudo!............................................. 177

Páginas finais Ampliando: Índice remissivo, 218

Referências, 219

Expedição cultural....................................................... 214 Diário de artista........................................................... 214 Conexão arte............................................................... 215 Linha do tempo........................................................... 216 Animação: da Pré-História à contemporaneidade (das paredes às telas)........ 216

Olafur Eliasson. 2003. Tate Modern, London. Foto: Gustoimages/SPL/Latinstock

VEM FOTOGRAFAR!.................................................. 114 VEM FILMAR!........................................................... 115

Linguagem das artes visuais...........................134 Impressões e composição em fotografias..........134

Holbox/Shutterstock.com

Capítulo 2 – IMAGEM FIXA E EM MOVIMENTO............................. 112


UNIDADE 1

1

A arte e suas invenções maravilhosas 2

3

8

As cores de tintas e luz nas artes. A luz retratada nas pinturas. As cores projetando-se pela luz. Nas telas, objetos e instalações, os artistas manipulam as cores e exploram a luz. No corpo e na tecnologia, o som e a música transformam-se. Objetos de arte sonoros, instrumentos e performances musicais, a música em metamorfose permanente.


8

10

9

6

7

5

4

Trajetórias para a arte: ¡¡ Capítulo¡1¡/¡Cor, espaço e tempo ¡¡ Capítulo¡2¡/¡Som e invenção Créditos das imagens: 1. PianOrquestra. Foto: Márcia Moreira; 2. Lowefoto /Alamy/Latinstock; 3. New York Times Co/Getty Images; 4. Abraham Palatnik. 1969. Motor engrenagens e lâmpadas. Art Unlimited, São Paulo. Foto: Vicente de Mello; 5. Marka /Alamy/Latinstock; 6. Van Gogh. 1888. Museu D'Orsay, Paris; 7. Eduardo Ortega Estudio Foto; 8. Abraham Palatnik. 1966/2005. Tinta, madeira, fórmica, metal, motor e engrenagens. Art Unlimited, São Paulo. Foto: Vicente de Mello; 9. Gijsbert Hanekroot/Alamy/Latinstock; 10. Rune Hellestad/Corbis/Latinstock

9


Capítulo 1

COR, ESPAÇO E TEMPO Arte e você em: ¡¡ A linguagem da luz ¡¡ Entre as artes e as propostas ¡¡ Linguagem das artes visuais

10


O Projeto Tempo, de Olafur Eliasson, 2003.

11

Olafur Eliasson. 2003. Tate Modern, London. Foto: Gustoimages/SPL/Latinstock


VEM PINTAR! Abraham Palatnik. 1969. Motor engrenagens e lâmpadas. Art Unlimited, São Paulo. Foto: Vicente de Mello

Observe a imagem a seguir.

Aparelho cinecromático, de Abraham Palatnik, 1969. Madeira, metal, plástico, tecido sintético, lâmpadas e motor, 112 cm × 70 cm × 20 cm.

Que cores parecem saltar quando você olha para essa obra? Que formas podemos, em um instante, encontrar, perceber? Espaço em cores... será um lugar? Formas, tons, luminosidade que acende a curiosidade: será uma pintura ou tela iluminada? Paisagem ou composição abstrata? A maioria dos artistas pinta com cores presentes em tintas, são cores químicas. E há, também, quem pinte com luzes. Então, são cores físicas. Olhe mais uma vez. Tons claros embaixo. Em cima, um tom mais escuro desponta. Azul profundo convida a mergulhar, cores claras e rosas intensos parecem saltar. Essa imagem será sempre assim? Ou a cada instante as cores vão mudar? O artista é um pintor ou um inventor de máquinas de criar imagens coloridas? Um mistério para você descobrir. Vem pintar com cor química ou cor luz, vem ser inventor de novos jeitos de ver e fazer arte.

12


VEM PARTICIPAR! Eduardo Ortega Estudio Foto

Observe a imagem a seguir.

Eu tenho uma proposta. Entre e participe dessa obra. Este é um convite que alguns artistas fazem sempre.

Instalação Inferninho, de Luiz Zerbini, para a 29a Bienal de São Paulo, 2010.

São artistas que têm propostas. São artistas propositores. O que você percebe na imagem? Luzes convidam a participação de alguém. Será que participar dessa obra é um convite a uma viagem? Viagem a um universo de sensações sonoras, visuais e táteis? Será que podemos entrar e mergulhar em luzes, sonoridades e ser parte da obra também? Quem é o artista a criar? Será ele dono dessa criação? Ou você também o ajuda a inventar essa instalação? Vamos aceitar o convite? A arte propositora chama para participar. Vamos lá?

13


Tema 1

A linguagem da luz Shintaro Ohata Sparklers. 2010. Courtesy of the artist and YUKARI ART

Observe a imagem a seguir.

Brilhantes, de Shintaro Ohata, 2010. Pintura, escultura de poliestireno.

Agora, leia este trecho de letra de música. Todo dia o Sol se levanta E a gente canta Ao Sol de todo dia [...] Trecho da letra de música Canto do povo de um lugar. VELOSO, Caetano. Canto do povo de um lugar.¡ Intérprete: Caetano Veloso. In: _____. Joia.¡ Rio de Janeiro: Philips, 1975. LP. Faixa 6.

Houve um tempo em que a escuridão era iluminada apenas pela luz da Lua, das estrelas e de outros eventos da natureza. As pessoas desse tempo observaram o fogo, que era produzido por raios que caíam do céu, por rochas incandescentes saindo de vulcões, e pensaram: “Como será que se captura essa luz?”. E foi com esse desejo de possuir a luz que muitas pessoas tentaram obtê-la.

14


Criações iluminadas e luminosas

Xinhua News Agency/Eyevine/Glow Images

O fogo foi a primeira conquista. Imagine, você, que conseguir recriar uma fagulha, a luz do fogo, mudou profundamente o destino da humanidade. Contudo, as pessoas queriam mais luzes, queriam brilho e beleza. Na China antiga, inventaram os fogos de artifício. Agora o mundo podia ver muitas luzes a explodir em cores e formas nos céus. Veja um exemplo na imagem a seguir.

E como levar a luz para onde se quiser? Assim, havia ainda mais desejos... E então são inventadas as velas em bastões, embora a técnica utilizada já fosse conhecida muito tempo antes. Observe a imagem ao lado.

O alquimista, de David Teniers, o Jovem, século XVII. Óleo sobre tela, 23,2 cm × 31,8 cm.

David Teniers. Séc.XVII. Gravura. Coleção particular. Foto: Fine Art Images/Keystone

Performance de dança do dragão com fogos de artifício feita por atores na província de Yunnan, na China, em 2013.

15


Detalhe de São José, o carpinteiro

Acima, detalhe da obra A parábola do homem rico, de Rembrandt, 1627. Painel (carvalho), pintura a óleo, 31,9 cm × 42,5 cm (ao lado).

Acima, detalhe da obra São José, o carpinteiro, de Georges de La Tour, c. 1640. Óleo sobre tela (ao lado).

16

Rembrant Van Rijn.1627. Óleo sobre tela. Coleção particular

Detalhe de A parábola do homem rico

Alquimistas eram pesquisadores que misturavam vários materiais na busca por conhecimento e riqueza. Foram importantes para a Química porque pesquisaram e descobriram muitas propriedades de materiais e suas reações. Contudo, durante a Idade Média foram perseguidos pela Igreja católica por suas pesquisas para transformar materiais em ouro, acusados de bruxaria. Para sobreviver, viviam da venda de velas e perfumes.

Na Idade Média, alquimistas desenvolveram vários materiais que tinham aromas mais agradáveis ao queimar. Os alquimistas não eram bem-vistos pela Igreja Católica em função de suas atividades (eram considerados feiticeiros). Assim, para sobreviver, criavam velas e as comercializavam nas cidades. No início as velas eram caras e apenas alguns podiam adquiri-las. Com o tempo, a luz das velas ficaram mais populares e mudaram a forma de todos olharem a noite e lidarem com a escuridão. Também mudaram o universo da arte. Pinturas, iluminação de teatro, cenas e lugares foram vistos pelo filtro da luz da vela. Essas imagens foram registradas pelos artistas e podemos apreciá-las até hoje. Veja alguns exemplos a seguir.

Georges de la Tour. Séc. XVII. Óleo sobre tela. Museu do Louvre, Paris. Foto: Peter Willi/Getty Images

AMPLIANDO


AMPLIANDO Paleta é um acessório utilizado pelos pintores, um recipiente em que se coloca a tinta. Geralmente, é feita de madeira ou cerâmica, possui um orifício em que o artista pode colocar o dedo polegar para apoiar e uma base para colocar as tintas e fazer as suas misturas.

Mel Curtis/Fotosearch/Latinstock

Como são as cores nessas pinturas? Você percebe as tonalidades que os artistas usaram em suas paletas? Que tal fazer uma lista das cores que você percebe nas imagens? Quantas tonalidades de uma mesma cor podemos ver? Em relação aos espaços de luz e sombra, como os artistas escolheram iluminar uma área da composição? Há um motivo para isso? Que sensações essas imagens causam a você? Você considera a luz das velas um bom recurso para explorar tonalidades de cores em pinturas? Na fotografia também podemos criar imagens com essas tonalidades? E no cinema, você se lembra de uma cena com essas nuances?

AMPLIANDO Paleta em tons de terra, laranja e amarelo.

Na história da pintura, temos registro da luz natural (Sol, Lua, estrelas, trovão) e da luz artificial (fogueiras, velas acesas e outras invenções tecnológicas). Os artistas barrocos aproveitaram a iluminação de ambientes a partir de luzes artificiais de velas para criar tonalidades amareladas, capturando a luz da vela e suas cores misteriosas. Percebemos isso em pinturas barrocas criadas entre os séculos XVI e XVIII, como nas obras A parábola do homem rico (1627), do holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669), e São José, o carpinteiro (c. 1640), de Georges de La Tour (1593-1652), vistas anteriormente.

Pinturas barrocas são obras produzidas entre o século XVI e o século XVIII dentro do estilo barroco. Este é caracterizado por contrastes de luz e sombra e composição assimétrica e pictórica. As pinturas geralmente são compostas de tons em escala que vai de terra escura aos tons de laranja e amarelo intenso. Esse estilo também apresenta dramaticidade na composição e na escolha dos temas.

17


Van Gogh. 1888. Museu D'Orsay, Paris

Vincent Van Gogh. 1888. Museu Kröller-Müller. Holanda. Foto: World History Archive /Alamy/ Latinstock

A explosão de cores luminosas nas pinturas desses artistas barrocos tornou possível retratar o nascimento das trevas da noite em uma atmosfera dramática causada pela poesia dos contrates. Agora, observe as imagens a seguir.

Terraço do café à noite, de Van Gogh, 1888. Óleo sobre tela, 81 cm × 65,5 cm. Van Gogh. 1889. Óleo sobre tela. Museum of Modern Art, New York, USA

Noite estrelada sobre o Ródano, de Van Gogh, 1888. Óleo sobre tela, 72,5 cm × 92 cm.

Noite estrelada, de Van Gogh, 1889. Óleo sobre tela, 73 cm × 92 cm.

18


Outros artistas também fascinados pela luz criaram imagens para capturar reflexos de luz em águas de um rio – Noite estrelada sobre o Ródano (1888) –, a vida noturna que podia conhecer ao frequentar um café – Terraço do café à noite (1888) –, ou os brilhos de estrelas – Noite estrelada (1889) –, em cidades do sul da França, todas obras do holandês Vincent Willem Van Gogh (1853-1890) vistas na página anterior. Essa é a época dos artistas pós-impressionistas. Observe novamente essas imagens. A paleta do artista mudou de cor? A paleta de cores usadas por Van Gogh é diferente da utilizada por Rembrandt e Georges de La Tour? Que cores são percebidas nessas paisagens noturnas? Os contrastes em setores escuros e claros das pinturas são provocados por quais cores? Estou terrivelmente fascinado pelo problema de pintar cenas ou efeitos noturnos no local, ou melhor, à noite. [...] No azul profundo as estrelas eram cintilantemente esverdeadas, amarelas, brancas, cor-de-rosa, de um brilhante mais vítreo do que em casa – mesmo em Paris: chame-se-lhes opalas, es-

AMPLIANDO Pós-impressionistas são os artistas considerados a segunda geração do Impressionismo ou os artistas que seguiram caminhos artísticos independentes. A arte dos impressionistas, movimento artístico do final do século XIX e início do século XX, tinha como foco o estudo da luz. Em seus processos, estava a criação de pinturas feitas ao ar livre, a partir de pesquisas sobre as mudanças da atmosfera e da luz. O termo impressionismo foi inicialmente usado para definir pinturas inacabadas. Os artistas pós-impressionistas inovaram na cor e na forma e abriram caminhos para outros estilos como o expressionismo e o cubismo. Sinfonia cromática significa uma composição de cores.

meraldas, lápis-lazúli, rubis, safiras. Certas estrelas são amarelo-limão, outras têm um rubor rosa, ou um verde ou azul ou um brilho que não se esquece. E, sem querer alargar-me neste assunto, torna-se suficientemente claro que colocar pequenos pontos brancos numa superfície azul-preta não basta. Trecho da carta de Van Gogh para o seu¡ irmão Théo em 19 de junho de 1888. VAN GOGH, Vincent. Cartas a Théo. Tradução de Pierre Ruprecht. Porto Alegre: LM&P, 2002.

Van Gogh olhou para a luz em contrastes com as sombras da noite e criou pinturas repletas de tonalidades azuis, amarelas, laranja e violeta, formando uma verdadeira sinfonia cromática. Em cartas enviadas ao seu irmão Théo, ele contou que gostava de sair à noite para pintar e que colocava presas ao seu chapéu velas acesas para iluminar sua tela, a paleta e os pincéis.

19


Shintaro Ohata. In the rain. 2012. Courtesy of the artist and YUKARI ART

Shintaro Ohata.“2”. 2011. Courtesy of the artist and YUKARI ART

Na época que Van Gogh pintou suas cenas noturnas mais famosas, entre meados dos anos de 1888 e 1889, a lâmpada elétrica já tinha sido inventada por Thomas Alva Edison (1847-1931) desde 1879. Esses objetos para iluminar a noite começavam a mudar a vida noturna das cidades que antes eram iluminadas por velas, depois lampiões a gás e, finalmente, pelas lâmpadas incandescentes. Pouco a pouco, a vida urbana ficava mais clara e luminosa até chegar à visão contemporânea do artista japonês Shintaro Ohata (1975). Em suas pinturas, vemos o cotidiano das cidades grandes hoje, repletas de luzes que explodem em cores, brilhos e reflexos. Na sua paleta podemos encontrar os tons azuis de Van Gogh, assim como os tons amarelados dos artistas barrocos Rembrandt e La Tour. Agora, vamos apreciar as pinturas de Shintaro Ohata. Observe as imagens em vários ângulos. É uma pintura ou escultura? Esse artista cria combinações harmônicas entre as duas linguagens (pintura bidimensional e escultura tridimensional). Cores que nascem na mente do artista ao observar a cidade, o tempo, a vida, em cores, e tons que se misturam em sua paleta e encontram na tela ou na escuridão o brilho da arte. Cores que representam luzes do passado influenciam as cores luminosas do presente. E você, se fosse representar a luz na linguagem da pintura, que cores estariam em sua paleta? Saia por aí, observe a noite e pense nisso.

Registro fotográfico da obra tridimensional In the rain (Na chuva), de Shintaro Ohata, 2012. Pintura em poliestireno e escultura.

20

Registro fotográfico da obra tridimensional 2, de Shintaro Ohata, 2011. Pintura em poliestireno e escultura.


MUNDO CONECTADO

Rita Demarchi

„„Magos da luz e da cor Na história das invenções, cientistas e artistas trilham caminhos semelhantes. Van Gogh foi obstinado por sua arte, por sua maneira de ver o mundo. Um estudioso da cor, fazia várias anotações em diários que depois transformava em cartas para amigos e para seu irmão Théo. Por meio das cartas de Van Gogh, podemos aprender sobre cores complementares, análogas e temperaturas da cor. Por exemplo, descobrimos que cores escolher para representar o ar quente e o calor que brota da terra em tons e formas de trigais ou campos de girassóis em um dia ensolarado de verão, o amarelo, que pareceu exagerado aos olhos de alguns pintores e críticos de arte da época, e que, na verdade, era a percepção física de calor para Van Gogh. Ele teve essa percepção porque estudou a natureza e a arte de outros mestres da pintura, à sua maneira. Van Gogh não chegou a frequentar escolas de arte, mas valorizava a criação e as pesquisas dos que vieram antes. Van Gogh era um homem simples que gostava de olhar para a natureza. Hoje, suas obras são exibidas em todo o mundo. Muitas imagens desse artista vistas em exposições podem ser reproduções usando altas tecnologias, como no caso da Mostra de arte digital em São Paulo de 2012, que permitia ao público interagir com obras de Van Gogh ao toque em uma tela. O artista multimídia que projetou a obra Noite estrelada animação interativa (2012), o grego Petros Vrellis (1974), explica em site oficial (<http:// eba.im/t769pz>) que existem componentes instalados com sensores ao lado da tela que usam tecnologia semelhante à de videogames. Esses sensores enviam informações para um computador, que transforma os movimentos feitos com a mão do espectador em uma animação projetada em uma grande tela. É uma experiência única para quem visita esse tipo de exposição, que pode se sentir também um pintor. Só que, no lugar de tintas, cores e pigmentos, como fez Van Gogh, esse pintor multimídia utiliza luzes da tecnologia. Veja um exemplo na imagem ao lado.

Visitante interage com reprodução da obra Noite estrelada, de Van Gogh, na exposição Mostra de arte digital, em São Paulo, em 2012.

21


Enrica Scalfari /AGF/Isuzu Imagens

Na sua investigação sobre como são as cores e AMPLIANDO formas dos céus noturnos, Van Gogh criou imagens Artistas multimídias são que fascinam até hoje os astrônomos e artistas aqueles que produzem arte explorando várias linguagens multimídias. Na sua criação e poética pessoal, ele e tecnologias. observou intensamente a vida e a interpretou em cores. Astrônomos são cientistas Thomas Edison foi um criador de vários inventos. que pesquisam os astros e Como Van Gogh, Thomas também era uma pessoa o universo em sua história, obstinada por suas criações. Ele conhecia a história dinâmica, física e química. daqueles que, antes dele, já tinham percorrido caminhos para elaborar muitos dos seus inventos. O mundo da Ciência e o mundo da Arte são assim. Há processos iniciados por alguns que são continuados por outros. O que faz diferença é encontrar ideias, materiais, saberes que façam combinações e, assim, conceber uma obra artística ou científica em sua plenitude. O que a história do pintor Van Gogh tem a ver com a história do inventor Thomas Edison? O pintor olhou para a luz natural das estrelas e o cientista inventou uma luz artificial e, talvez inspirados nas estrelas, ambos contribuíram para que hoje pudéssemos ver o mundo em todas as suas cores e luzes. Talvez esses saberes presentes na Arte e nas Ciências tenham movido artistas contemporâneos como o italiano Giancarlo Neri (1955) a criar instalações como a realizada em 2012 na Praça Paris, bairro da Glória, no Rio de Janeiro. Esse artista usou 9 mil lâmpadas, que mudavam de cor e intensidade luminosa a cada momento, criando um mar de estrelas espalhado no chão da praça e iluminando com cores a noite carioca.

Uma imagem da instalação Máximo silêncio em Paris, de Giancarlo Neri, 2007. Foram utilizados 10 000 globos luminosos.

22


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.