VOLUME ÚNICO
ENSINO MÉDIO

MANUAL DO PROFESSOR

VOLUME ÚNICO
ENSINO MÉDIO
MANUAL DO PROFESSOR
Projetos Integradores em interface com o mundo do trabalho
EDITOR RESPONSÁVEL: ROGERIO EDUARDO ALVES
ORGANIZADORA: FTD Educação
Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação
ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
em interface com o mundo do trabalho
EDITOR RESPONSÁVEL:
ROGERIO EDUARDO ALVES
Doutor em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo (USP).
Bacharel em Letras pela Universidade de São Paulo (USP).
Bacharel em Administração de Empresas pela Fundação Getulio Vargas (FGV-SP).
ORGANIZADORA: FTD EDUCAÇÃO
Obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação.
ÁREA DE CONHECIMENTO: LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Copyright © FTD Educação, 2024.
Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira
Direção de conteúdo e negócios Cayube Galas
Direção editorial adjunta Luiz Tonolli
Gerência editorial Natalia Taccetti, Nubia de Cassia de Moraes Andrade e Silva
Edição Luiza Sato (coord.)
Brunna Mayra, Leve Soluções Editoriais
Preparação e revisão de textos Viviam Moreira (coord.)
Leve Soluções Editoriais
Produção de conteúdo digital João Paulo Bortoluci (coord.), Bianca Cristina Fratelli
Gerência de produção e arte Ricardo Borges
Design Andréa Dellamagna (coord.), Sergio Cândido (criação), Andréa Lasserre
Projeto de capa Everson de Paula Imagem de capa Will & Deni McIntyre/Corbis/Getty Images
Arte e produção Rodrigo Carraro (coord.)
Leve Soluções Editoriais
Diagramação Leve Soluções Editoriais
Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga
Licenciamento de textos Leve Soluções Editoriais
Iconografia Leve Soluções Editoriais
Ilustrações Leve Soluções Editoriais
Elaboração de originais
Larissa Andrioli Guedes
Mestra em Artes, Cultura e Linguagens (UFJF-MG).
Mestra em Literatura, Cultura e Contemporaneidade (PUC-RJ).
Licenciada em Letras – Língua e Literaturas de Língua Portuguesa (UFJF-MG).
Autora e editora de materiais didáticos.
Lívia Bueloni Gonçalves
Doutora e mestra em Letras em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP).
Bacharela em Letras – Português (USP).
Tradutora e professora.
Autora e editora de materiais didáticos.
Mariana de Lima Albertini
Mestra em Ciência da Religião (PUC-SP).
Bacharela em Letras – Português (USP).
Autora e editora de livros didáticos.
Raquel de Mattos Albieri Corrêa
Pós-graduada em Ergonomia (Universidade Gama Filho-RJ).
Licenciada em Educação Física (PUCCamp-SP).
Professora de Ginástica Laboral e Promoção da Qualidade de Vida.
Técnica de Natação Infantil e Juvenil na rede privada de Campinas (SP).
Thaís de Mattos Albieri
Doutora e mestra em Teoria e História Literária (IEL-Unicamp-SP).
Bacharela e licenciada em Letras – Português (Unicamp-SP).
Formadora de educadores.
Coordenadora editorial em editoras e em escolas particulares de São Paulo. Coordenadora de Língua Portuguesa na rede privada de São Paulo.
Autora e editora de materiais didáticos.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Horizontes linguagens : projetos integradores em interface com o mundo do trabalho : ensino médio : volume único / organizadora FTD Educação ; obra coletiva concebida, desenvolvida e produzida pela FTD Educação ; editor responsável Rogerio Eduardo Alves. -- 1. ed. -- São Paulo : FTD, 2024.
Área do conhecimento: Linguagens e suas tecnologias.
ISBN 978-85-96-04722-7 (livro do estudante)
ISBN 978-85-96-04723-4 (manual do professor)
ISBN 978-85-96-04724-1 (livro do estudante HTML5)
ISBN 978-85-96-04725-8 (manual do professor HTML5)
1. Linguagem (Ensino médio) I. Alves, Rogerio Eduardo.
24-228846
Índices para catálogo sistemático:
1. Linguagem : Ensino médio 373
CDD-373
Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427
Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à
EDITORA FTD
Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo-SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300
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Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.
Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33
Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375
Caro estudante,
Quando observamos atentamente a sociedade em que estamos inseridos, identificamos diversas situações que desafiam nossa compreensão e nossas ações. Os avanços da tecnologia, por exemplo, têm modificado as interações sociais e a produção e o compartilhamento de informações, além de produzirem mudanças no mundo do trabalho e nas culturas juvenis.
O Ensino Médio é uma etapa crucial na formação de cidadãos críticos. Nele, os jovens adquirem conhecimentos historicamente construídos, relacionando-os ao cotidiano e às expectativas sobre o futuro. Esses conhecimentos ampliam os repertórios intelectual e emocional dos jovens e os preparam para lidar com questões contemporâneas ao desenvolverem competências e habilidades, individuais e coletivas, que possibilitam compreender o saber científico de maneira integrada e empregá-lo com flexibilidade.
Os Projetos Integradores desta obra propõem a realização de trabalhos desenvolvidos em etapas que integram as Linguagens e suas Tecnologias. Além disso, exploram diversas situações de interesse social, como a comunicação e a vivência nos espaços públicos, o multiculturalismo e as mídias digitais.
Esperamos que você explore estes Projetos Integradores com dedicação e entusiasmo e que, com os professores e os colegas, desenvolva trabalhos de relevância que impactem e modifiquem, de maneira positiva, a escola e a comunidade nas quais está inserido, contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva e se preparando para se tornar protagonista de sua vida e sua futura carreira.
Bons estudos!
A abertura de cada projeto traz uma questão mobilizadora a ser investigada, um texto introdutório e atividades para que você reflita previamente sobre o tema.
Os projetos são organizados em etapas que sugerem trajetos a serem percorridos na investigação dos temas em foco.
Ao longo de cada etapa,
Com esta ficha, você organiza todas as informações sobre o projeto e ainda tem uma síntese do percurso planejado.
Nesta seção, você vai aprofundar o estudo de variados aspectos relacionados ao mundo do trabalho, de acordo com o tema da etapa.
Nesta seção de encerramento de etapa, você vai criar um subproduto que contribui para a elaboração do produto final
Saiba mais
No Saiba mais, você vai ampliar os temas trabalhados.
Conexões
No Conexões, você encontra indicações de livros, filmes, sites e outros conteúdos para enriquecer seus estudos.
Na Etapa final, é o momento de compartilhar o produto final planejado por você e pelos colegas.
Os sites indicados nesta obra podem apresentar imagens e eventuais textos publicitários junto ao conteúdo de referência, os quais não condizem com o objetivo didático da coleção. Não há controle sobre esses conteúdos, pois eles estão estritamente relacionados ao histórico de pesquisa de cada usuário e à dinâmica dos meios digitais.
Ao final de cada projeto, você é convidado a realizar uma autoavaliação e a refletir sobre as aprendizagens.
Os ícones a seguir identificam os diferentes tipos de objetos educacionais digitais presentes neste volume. Esses materiais digitais apresentam assuntos complementares ao conteúdo trabalhado na obra, ampliando a aprendizagem.
PROJETO
Como usar sua voz para mudar realidades? 8
Ficha de estudo 10
Etapa 1 – Protagonismo e juventude • O que é ser protagonista? .................................................. 12
Interferência ativa 12
O protagonismo de Greta Thunberg 14
Em ação: Pesquisando jovens protagonistas 18
Etapa 2 – Usando sua voz • Como é possível atuar na comunidade em que vivo? 20
Propondo mudanças 20
Os problemas na escola e no bairro 21
Em ação: Identificando problemas da comunidade 26
Etapa 3 – Protagonista dos meus caminhos • Como ser protagonista e se preparar para o mundo do trabalho? 28
Estratégias para o futuro 28
Mundo do trabalho: Leis do trabalho 33
Em ação: Pesquisando projetos escritos por jovens
Etapa final – Elaborando um manifesto
PROJETO
Etapa 1 – Memória como tradição e cultura • A tradição oral ainda tem espaço atualmente? 44 A tradição oral 44
Em ação: Histórias da comunidade escolar 50
Etapa 2 – Memória e arte • Por que a arte é essencial na preservação da memória humana? 52
Arte como guardiã da memória 52
Mundo do trabalho: Profissão: artista 57
Em ação: Representação visual das histórias da comunidade escolar 59
Etapa 3 – A revolução da memória • Como os processos de transmissão de memória evoluíram com a tecnologia? 61
A memória na era digital 61
Em ação: Postagem em rede social 67
Etapa final – Cápsula do tempo 69
Ficha de estudo 74
Etapa 1 – Espelho, espelho meu... • Como somos e como nos vemos representados fisicamente? 76
Pluralidade de corpos e representações físicas 76
Insatisfação com o corpo 77
Padrões de beleza impostos e... inalcançáveis 82
Em ação: Desvendando a beleza real 84
Etapa 2 – A busca pelo corpo perfeito e pela saúde • Há diferença entre saúde e estética? 86
Estética e saúde em foco 86
Em ação: O “peso” da pressão estética 92
Etapa 3 – Saúde e bem-estar em diferentes profissões • Trabalhar com ou para o corpo? 94 A saúde do corpo e da alma 94
Física e saúde 95
Mundo do trabalho: Profissionais envolvidos com a saúde do trabalhador 97
Regulamentação das profissões da área da saúde 99
Em ação: Guia de serviços em saúde e bem-estar 101
Etapa final – Arena escolar esportiva 103
Autoavaliação 105
Como o design e a comunicação afetam
de estudo
Etapa 1 – Comunicação via design • Como o design comunica? 110 O design está em tudo 110 Garantindo uma comunicação clara 112
Em ação: Identificando problemas 116
Etapa 2 – Elementos do design • Como são organizadas as informações no design? 118
Quais elementos compõem um design? 118 O trabalho com design 121
Mundo do trabalho: Qualquer pessoa pode projetar um espaço público?
122
Em ação: Comunicando certo 124
Etapa 3 – O design, os espaços e as pessoas • Como o design influencia nosso relacionamento com os espaços em que circulamos? 126
Pensar espaços para pessoas reais
O design de sinalização nas escolas 133
Em ação: O espaço escolar 135
Etapa final – Projeto de comunicação visual 137 Autoavaliação 139
PROJETO
Ficha de estudo 142
Etapa 1 – Conflito, um outro olhar • Como melhorar a convivência no espaço escolar? ......................... 144
Como definir “conflito”? 144
Justiça restaurativa na escola 146
A importância da empatia 148
Em ação: Combate ao bullying e à violência na escola 150
Etapa 2 – O poder do diálogo • Como construir uma cultura de paz? 152
Comunicação não violenta 152 Direitos humanos e cultura de paz 156
Em ação: Manual de boas práticas de convivência ... 158
Etapa 3 – A convivência no trabalho • Como lidar com as questões de convivência no trabalho? 160
O equilíbrio nos conflitos profissionais 160
Saúde mental no trabalho 164
A precarização do trabalho 166
Mundo do trabalho: Burnout, uma síndrome ocupacional 167
Em ação: Manual de cuidados com a saúde mental 168
Etapa final – Grupo de mediação de conflitos 170 Autoavaliação 173
relação saudável com as mídias sociais? 174
Ficha de estudo
Etapa 1 – Mídias sociais • Você utiliza as mídias sociais de maneira saudável?
O impacto das mídias sociais no dia a dia
Em ação: Meu dia a dia on-line
Etapa 2 – Mídias sociais e saúde mental • Há credibilidade no conteúdo de influencers digitais?
A comunicação mediada por influenciadores digitais
Mundo do trabalho: A psicologia e a questão do digital
Em ação: A prática de “desinfluenciar”
Etapa 3 – Mídias sociais e mercado de trabalho • Como as mídias sociais e as novas tecnologias impactam o mercado de trabalho?
A influência da tecnologia
Em ação: Guia de profissões
176
178
178
186
188
189
191
194
196
196
202 Etapa final – Elaborando um podcast 204
207
Podcast: Jovens protagonistas e transformadores ....... 14
Podcast: Lendas indígenas e a tradição oral no Brasil 47
Carrossel de imagens: Como a arte preserva a memória humana 52
Podcast: Como a tecnologia pode preservar a memória cultural 61
Podcast: Todos contra o bullying e os padrões opressivos 82
Infográfico clicável: Pressões estéticas e imposição de padrões de beleza 89
Infográfico clicável: A relação entre design e comunicação 112
Mapa clicável: O design e a comunicação nos mapas 129
Podcast: Comunicação não violenta e direitos humanos nas escolas 152
Vídeo: A dualidade do uso das redes sociais............... 179
Vídeo: Tecnologias nas escolas e as profissões do futuro 196
Carrossel de imagens: As profissões do futuro e as que ficarão no passado 197
A população jovem sempre esteve presente em grandes momentos de movimentação social, política e estrutural em várias partes do mundo. A garra e a determinação das novas gerações, além do forte desejo de mudança, impulsionam os jovens a sair às ruas, expor suas opiniões em redes sociais e agir em prol de uma sociedade que esteja alinhada a seus valores e ideais.
No entanto, existe uma diferença entre apenas compartilhar ideias e efetivamente usar a voz para transformar a realidade – uma prática protagonista e cidadã que pode ser realizada em diversos contextos.
Pensando na importância da contribuição da população jovem para mudar positivamente a realidade, você será incentivado, neste projeto, a refletir sobre sua participação social e a elaborar propostas de melhorias em sua comunidade escolar e no entorno dela utilizando os recursos disponíveis.
Com isso, você terá a oportunidade de ser um agente de mudanças significativas utilizando sua maior força: a voz.
1. Resposta pessoal. Os estudantes podem abordar, inicialmente, a insegurança como voz única de uma causa. Leve-os a refletir que, com a união dos jovens em prol de causas, essa voz se torna poderosa.
1. Você consegue imaginar o poder de sua voz para promover mudanças positivas na comunidade em que vive?
2. Que temas você considera mais relevantes para mobilizar os jovens a reivindicar mudanças na sociedade?
2. Resposta pessoal. Aproveite essa pergunta para levar os estudantes a refletir também sobre os problemas da realidade local, não só problemas de nível mundial.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
■ Jovens de universidades públicas protestando contra cortes de verba na educação, em São Paulo (SP). Fotografia de 2022.
• Compreender seu papel como protagonista de práticas sociais.
• Utilizar sua voz para discutir e reivindicar ações e políticas públicas.
• Realizar entrevistas para identificar os principais problemas que atingem a escola e seu entorno.
Discutir os caminhos possíveis após o Ensino Médio.
R efletir sobre o mundo do trabalho e o combate ao trabalho infantil.
Elaborar propostas de melhorias para a comunidade e redigir um manifesto.
Justificativa do projeto
Fundamentado na perspectiva de que o protagonismo juvenil corresponde à inserção do jovem como elemento central da prática educativa, este Projeto Integrador busca estimulá-lo a agir como sujeito da construção de seu conhecimento de modo ativo, levando-o a considerar o contexto em que está inserido e a refletir sobre sua situação para que possa identificar e analisar problemas e suas consequências, propondo soluções. Desse modo, você poderá assumir uma participação social efetiva, integrando os conhecimentos das áreas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Matemática e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias, e contribuir para seu desenvolvimento como cidadão e, sobretudo, para o desenvolvimento da comunidade em que está inserido.
Para elaborar propostas de melhoria em sua comunidade como produto final deste projeto,
será preciso explorar todas as informações e reflexões obtidas ao longo das três etapas, concretizando a utilização de sua voz em prol de um bem maior. As ponderações sobre os caminhos possíveis após o Ensino Médio e sobre o mundo do trabalho visam oferecer dados para que você continue atuando como protagonista em suas escolhas após o término da escola.
• Educação em direitos humanos
• Vida familiar e social
• Direitos da criança e do adolescente
4 Educação de qualidade
5 Igualdade de gênero
8 Trabalho decente e crescimento econômico
10 Redução das desigualdades
11 Cidades e comunidades sustentáveis
13 Ação contra a mudança global do clima
17 Parcerias e meios de implementação
• Cade rno, folhas de papel sulfite ou bloco de anotações
• Pranchetas
• Canetas
• Computadores com acesso à internet
Produto final Manifesto.
Nessa etapa, você vai refletir acerca do conceito de protagonismo juvenil com base na leitura de textos com exemplos de jovens que atuam ou atuaram em diversas esferas sociais de maneira ativa, utilizando sua voz para buscar soluções e/ou promover debates sobre questões que afetam a comunidade em que estão inseridos. Além disso, você e os colegas serão incentivados a realizar uma pesquisa sobre jovens protagonistas de destaque pelo mundo.
Nessa etapa, você vai explorar as possibilidades de protagonismo juvenil em contextos como a escola, o bairro e a comunidade escolar, entendendo a relevância do impacto local gerado pelas ações sociais. Na finalização da etapa, você e os colegas serão incentivados a refletir sobre os problemas de seu entorno, suas causas e consequências por meio da realização de entrevistas na comunidade em que vivem.
Nessa etapa, você vai refletir sobre os possíveis caminhos após o Ensino Médio, analisando histórias de jovens que ingressaram no mercado de trabalho e a importância do combate ao trabalho infantil. Na finalização da etapa, você e os colegas serão incentivados a pesquisar projetos que foram acolhidos por fundações ou instâncias governamentais.
O projeto traz como produto final a elaboração de uma ou mais propostas de melhorias que possam ser direcionadas a alguma instituição ou divulgadas por sua escola. Nesta última etapa, você e os colegas também vão produzir um manifesto com as reivindicações da turma.
O que é ser protagonista?
■ Alguns manifestantes pintaram o rosto com o desenho do planeta Terra durante uma greve pelo clima em Nantes, França. Fotografia de 2019.
Consulte as orientações no Manual do professor
Você já ouviu falar de protagonismo? Sabe o que esse termo significa? Converse com os colegas e confira o que a turma entende por ser protagonista.
A palavra protagonista vem do vocábulo grego protagonistes, constituído de duas raízes: proto, que significa “primeiro, principal”, e agonistes, que significa “ator, lutador ou competidor”.
Um personagem principal de um livro, filme ou programa de televisão é um protagonista, pois toda a ação da história é direcionada a ele.
Na vida real, o protagonismo está relacionado à postura de assumir um papel central em sua vida e em suas práticas sociais.
No contexto social, o protagonismo pode estar relacionado a diversas práticas por meio das quais o indivíduo interfere de forma ativa e construtiva no contexto em que está inserido com o objetivo de identificar e propor soluções ou, ainda, de buscar ajuda de pessoas ou órgãos que possam agir para solucionar problemas que acometam a escola ou a comunidade.
Já a expressão protagonismo juvenil relaciona-se à centralidade do papel da geração de jovens na busca por mudanças que impactem positivamente a sociedade. Nesse contexto, o jovem é responsável pela reflexão e por atitudes que, disparadas por um incômodo causado por uma realidade social, podem gerar um movimento de conscientização, manifestação, disseminação de ideias e transformação social.
Para saber um pouco mais sobre a prática de jovens que agem com protagonismo, leia o Texto 1, a seguir, sobre uma série de protestos que aconteceu em várias partes do mundo em defesa do meio ambiente.
[...]
Jovens em greve contra as mudanças climáticas: “Estamos lutando pelas nossas vidas”
[...] De Vanuatu a Bruxelas, estudantes se reuniram exibindo cartazes, cantando, entoando gritos de protesto e se mobilizando em uma tentativa coordenada de expressar suas preocupações àqueles que têm poder para abordar a questão.
Esses jovens nunca tiveram a chance de ver um mundo intocado pelas mudanças climáticas. Ainda assim, serão eles que sofrerão os impactos, afirma Nadia Nazar, uma das organizadoras da greve em Washington, D.C.
“Somos a primeira geração a ser significantemente impactada pelas mudanças climáticas e a última capaz de fazer algo a respeito”, disse ela.
Mais de 1 700 greves foram coordenadas para que ocorressem ao longo do dia, começando nos países ao leste, como Austrália e Vanuatu, e prosseguindo para todos os continentes, incluindo a Antártida. A previsão era que mais de 40 mil alunos se manifestassem na Austrália e as ruas das principais cidades europeias ficaram repletas de jovens.
No Brasil, eventos aconteceram em pelo menos 20 cidades. A reportagem acompanhou a manifestação em São Paulo, onde cerca de 50 estudantes se concentraram no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. Apesar do baixo quórum – organizadores culparam o pouco tempo de divulgação –, a animação dos jovens empolgou até manifestantes mais experientes.
[...]
Mas o evento também atraiu estudantes que nunca tinham protestado pelo clima, mas compartilham do sentimento de urgência levantado por outros manifestantes. Eles disseram que pretendem continuar a protestar nas sextas-feiras e levar mais colegas da escola nas próximas ações.
[...]
“Um crime contra o nosso futuro”
Em outubro de 2018, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) emitiu um relatório que advertia que, sem uma ação internacional séria e coordenada para frear as emissões de gases de efeito estufa, é praticamente certo que o nosso planeta vai esquentar mais de 1,5 grau Celsius e que os impactos desse aquecimento possivelmente serão muito mais nocivos e devastadores do que se pensava anteriormente. O prazo? Reduzir as emissões até 2030.
Muitos jovens ao redor do mundo tomaram conhecimento do prazo, fizeram as contas e perceberam que nessa época estariam vivendo a fase que deveria ser a melhor de suas vidas.
“Tenho muitas metas e sonhos a serem realizados até eu completar 25 anos”, diz Karla Stephan, uma adolescente de 14 anos que organizou a greve de Washington D.C. a partir de Bethesda, Maryland. “Mas em apenas 11 anos, os danos das mudanças climáticas não poderão ser desfeitos. Isso é simplesmente algo que eu escolhi não aceitar.”
E quando os jovens se deram conta, viram que pouca ou nenhuma providência estava sendo tomada para resolver o problema. Então, Stephan e muitos outros perceberam que eles eram os responsáveis por mudar o cenário.
“A ignorância não é uma bênção”, diz Stephan. “É a morte. É um crime contra o nosso futuro.”
[...]
BORUNDA, Alejandra. Jovens em greve contra as mudanças climáticas: “Estamos lutando pelas nossas vidas”. National Geographic , 18 mar. 2019. Disponível em: www.nationalgeographicbrasil.com/2019/03/jovens-estudantes-greve-pelo-clima-mudancas -climaticas-mundo-greta-thurnberg. Acesso em: 15 ago. 2024.
• Após a conversa inicial sobre o protagonismo juvenil e a leitura do Texto 1, responda às questões a seguir.
a) Resposta pessoal. Conduza os estudantes a trazer informações sobre essa série de manifestações ou outras que conheçam, em níveis mundial e local.
a) Você já tinha ouvido falar sobre essa série de manifestações organizada por jovens em várias partes do mundo? Em caso afirmativo, que outras informações sobre a atuação deles você pode compartilhar com os colegas?
b) De acordo com as informações apresentadas no texto, responda: Por que tantos jovens estão engajados na luta contra as mudanças climáticas agindo com protagonismo em prol da causa ambiental?
b) Aproveite esse momento para trabalhar a pauta sobre o ODS 13, que prevê o combate às alterações climáticas, e observar a postura dos jovens sobre o assunto.
c) Você acredita que o destaque dado às manifestações na mídia colabora para as propostas que elas defendem? Por quê?
c)Resposta pessoal. Desenvolva o trabalho com os estudantes sobre a relação do alcance de diferentes tipos de mídia e como podem contribuir para as causas destacadas nas manifestações.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
É impossível falar em combate às mudanças climáticas sem citar Greta Thunberg, a grande inspiração para jovens do mundo todo que começaram a protestar em prol dessa causa. A ativista sueca é o exemplo do protagonismo juvenil. Thunberg ficou conhecida quando começou a faltar na escola para protestar em frente do Parlamento sueco em 2018. Ela queria que os representantes de seu país reconhecessem e tomassem medidas para combater as mudanças climáticas.
A projeção de Thunberg a levou a discursar em importantes eventos, e a jovem foi eleita uma das 100 personalidades mais influentes do mundo pela revista Time, em 2019. No mesmo ano, Greta fez um discurso histórico ao falar na abertura da Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU). Leia o Texto 2 , a seguir, que fala sobre a jovem protagonista.
Greta Thunberg termina ensino médio, encerra greves escolares e promete seguir protestando
Ativista climática Greta Thunberg, de 20 anos, se formou nesta sexta-feira [9 jun. 2023] no ensino médio e anunciou ofim das greves escolares que ela lidera e organiza desde 2018.
A saída da sueca da escola não significa o fim da militância a favor do meio ambiente e contra as mudanças climáticas, promete em uma série de publicações feitas em sua conta [...].
[...]
Greta começou a militar aos 15 anos quando começou a faltar às aulas para protestar sozinha em frente ao parlamento da Suécia. “Depois de fazer greve todos os dias por três semanas, nós éramos um pequeno grupo de crianças que decidiram continuar a fazer isso toda sexta-feira. E nós fizemos
e foi assim que o Fridays For Future (do inglês, Sextas para o Futuro) se formou”, descreveu.
[...]
“Nós, que podemos falar, temos o dever de fazê-lo. Para mudar tudo, nós precisamos de todos. Vou continuar a protestar nas sextas-feiras, mesmo que não seja mais tecnicamente uma ‘greve escolar’. Nós simplesmente não temos outra opção a não ser fazer tudo o que a gente pode. A luta apenas começou”, declarou Greta.
ISMERIM, Flávio. Greta Thunberg termina ensino médio, encerra greves escolares e promete seguir protestando. CNN, 9 jun. 2023. Disponível em: https://www.cnnbrasil. com.br/internacional/greta-thunberg-termina-ensino -medio-encerra-greves-escolares-e-promete-seguir -protestando/. Acesso em: 2 set. 2024.
■ Greta Thunberg em protesto em Estocolmo, Suécia. Fotografia de 2023.
• Reúnam-se em duplas e respondam às questões sobre o Texto 2 .
a) Vocês já conheciam a história de Greta Thunberg? Como avaliam a importância da atuação da jovem?
a) Resposta pessoal. Muitos dos estudantes já devem ter ouvido falar sobre a jovem, ajude-os a elaborar posicionamentos em relação ao que conhecem de sua atuação.
b) Vocês já participaram de algum protesto ou ação em prol da causa climática? Como foi a experiência?
b) Resposta pessoal. Permita que os estudantes conversem sobre suas experiências de maneira produtiva e sem julgamento, com respeito aos turnos de fala.
c) Qual é o valor que Greta dá à voz em suas declarações?
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes mencionem que foi falando para a sociedade que Greta conseguiu reunir muitos jovens que pensam como ela e, hoje, suas ideias em prol da defesa do planeta ecoam no mundo todo.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
Outro exemplo de protagonismo juvenil pode ser conferido no Texto 3, a seguir, sobre a presença feminina em movimentos populares
Jovens mulheres são protagonistas das lutas sociais no Brasil
Presença feminina nos movimentos populares é mais frequente e ocorre cada vez mais cedo.
Entre as principais demandas está a educação pública de qualidade. Nas comunidades quilombolas, maioria das lideranças são mulheres
As mulheres são protagonistas na formação das crianças e dos jovens, na atenção aos idosos e até mesmo nos cuidados básicos de maridos e companheiros. Em meio a várias discussões sobre a democracia e as lutas sociais, jovens mulheres lutam para assumir o protagonismo de tratar do rumo das políticas públicas no Brasil, sobretudo em relação ao acesso de minorias à educação.
■ Imagem do grupo Meninas Decidem. Fotografia de 2022.
Uma das ações de destaque é o Meninas Decidem, grupo liderado pela rede de ativistas pela educação do Fundo Malala, que visa fortalecer a atuação feminina pelo direito à educação. A primeira etapa da campanha foi feita por meio das redes sociais para estimular garotas de até 17 anos a tirar o título de eleitor e participar das eleições deste ano. Em seguida, a Rede Malala formou um comitê de 20 jovens de vários lugares do Brasil e com diferentes origens e lutas — adolescentes indígenas, quilombolas, negras, deficientes, trans, travestis e trabalhadoras rurais — com o intuito de traçar as prioridades das meninas para a educação.
O grupo se reuniu por um ano para estudar questões como feminismo e lutas quilombolas. O resultado foi o lançamento do manifesto #MeninasDecidem pelo Direito à Educação, realizado na última terça-feira em Recife (PE). Entre as demandas do documento estão uma educação pública de qualidade, antirracista, antissexista e que combata as desigualdades sociais e a discriminação baseada em gênero.
Segundo Denise Carreira, coordenadora da ação educativa da Rede Malala, é essencial a construção do engajamento coletivo desde cedo, pois a “soma de fatores traz maior capacidade de lutar por essas mudanças”. Ela destaca que o Brasil, desde o governo à população, deve ouvir a nova geração para garantir maior representatividade nos espaços de poder. “É uma juventude que está dizendo bem alto para o Brasil: queremos mais!”
“A população brasileira deve ouvir, muito mais do que ouve, as vozes da juventude. Precisamos de uma educação que dialogue com as realidades, sonhos e desejos das meninas. O manifesto faz vários chamados: a retomada do investimento público, a necessidade de dizer não a essa onda ultraconservadora e de censura nas escolas e uma educação que enfrente racismo, machismo, lgbtfobia e capacitismo. É importante destacar a gestão democrática, pois não é possível construir uma educação transformadora sem ouvir as vozes dessa juventude. Elas têm muito o que dizer e é preciso ouvi-las.”
Carta compromisso
Além de liderar o manifesto, o Fundo Malala enviou a Carta Compromisso pelo Direito à Educação nas Eleições de 2022 à Câmara dos Deputados. O documento propõe um acordo para que os próximos governos eleitos coloquem a educação como pauta urgente e prioritária. Entre as propostas, a pasta reivindica a realocação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a educação de jovens mulheres.
Moradora de uma região administrativa do Distrito Federal, Glenda Teixeira, 16 anos, participou da produção da Carta Compromisso e do Manifesto #MeninasDecidem. Para ela, a experiência foi “maravilhosa”, pois teve a oportunidade de conhecer diferentes realidades e pôde se posicionar em causas importantes. “Nós, adolescentes, não estamos inseridos nos debates, porque não nos veem como como presente e, sim, como futuro. As pessoas acham que, por sermos jovens, não sabemos e não temos opinião”, afirma.
Eleições
A ativista ressalta que a ideia era expandir a reivindicação para o maior número de pessoas possível. “Escrevemos para todo mundo, para todas as pessoas saberem a situação da educação e chamar as meninas para lutarem por um ensino de qualidade. É uma luta contínua, se pararmos a gente nunca vai mudar. Temos que insistir, falar sobre”, completa.
[...]
FREITAS, João Gabriel. Jovens mulheres são protagonistas das lutas sociais no Brasil. Correio Braziliense, 4 set. 2022. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2022/09/5034359-jovens-mulheres-sao-protagonistas-das-lutas-sociais-no-brasil.html. Acesso em: 16 ago. 2024.
Os exemplos apresentados demonstram a importância dos jovens na luta por melhorias nos âmbitos local e mundial, principalmente em temas de preservação do meio ambiente e de resgate de direitos que são revogados em alguns países.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Converse com os colegas sobre o Texto 3 e responda às questões.
a) Você conhece outros exemplos de jovens que usam a voz para lutar por mudanças? Contra quais problemas ou questões eles lutam? Compartilhe seus conhecimentos com os colegas.
b) Uma das entrevistadas diz que os adolescentes não estão inseridos nos debates, pois as pessoas consideram que eles não têm opinião. Você concorda com essa afirmação? Em caso afirmativo, como mudar essa visão?
c) Em sua opinião, que outras causas merecem atenção dos jovens atualmente? Por quê?
d) Considere os apontamentos feitos no item anterior e pense na realidade da escola em que estuda ou do bairro em que vive. De que maneira o protagonismo juvenil pode ser praticado nesses ambientes para promover mudanças significativas?
2. Nos textos apresentados nesta etapa, você pôde conhecer exemplos de jovens protagonistas. Pense em sua comunidade e no contexto social em que você está inserido: De que maneira você poderia atuar com protagonismo para melhorar suas condições de vida ou das pessoas a seu redor? Sobre quais dificuldades ou problemas você poderia agir para contribuir para a construção de uma sociedade melhor?
■ O protagonismo é um conceito que está intimamente ligado à prática da cidadania.
Neste livro, Malala Yousafzai, uma menina paquistanesa sobrevivente de um ataque do movimento fundamentalista islâmico Talibã, viu, aos 11 anos, seu país impedir as meninas de frequentar a escola. Iniciou-se então uma luta incessante pelo direito à educação. Ela é a pessoa mais jovem a receber o prêmio Nobel da Paz.
• YOUSAFZAI, Malala; McCORMICK, Patricia. Eu sou Malala: como uma garota defendeu o direito à educação e mudou o mundo. São Paulo: Seguinte, 2015.
Consulte as orientações no Manual do professor
Existem muitos jovens, de várias partes do mundo, que lutaram e continuam lutando para transformar a política, a cultura, a ciência, o meio ambiente e a educação. O incentivo necessário para esses jovens pode vir de uma situação na comunidade ou de algum problema familiar ou pessoal que também afete a sociedade em que estão inseridos.
Além de ler sobre o ativismo de Greta Thunberg, você conheceu um pouco sobre o Fundo Malala, mencionado no Texto 3 desta etapa. Você sabe quem é Malala? Ela pode ser considerada uma grande protagonista da luta pela educação feminina e pelos direitos da mulher.
Conheça no Texto 4, a seguir, dois exemplos de jovens que impactaram a comunidade em que vivem e o mundo usando sua voz para expor problemas reais e lutar por mudanças. Malala é um desses exemplos.
Após a leitura do Texto 4, vocês vão fazer uma pesquisa sobre jovens protagonistas e apresentá-los aos colegas.
Malala Yousafzai
Já foram publicados livros, documentários e muito conteúdo na internet sobre Malala. Em muitos países, a educação é um direito básico para homens e mulheres, crianças e adultos. Mas no Paquistão, o Talibã proíbe as mulheres de estudar. Isso fez com que a pequena Malala, na época com 11 anos de idade, começasse sua luta pelo direito à educação. Suas ações começaram a ganhar repercussão, e o Talibã começou a perseguir a menina até conseguir acertá-la com um tiro na cabeça e outro no pescoço. Ela sobreviveu e, depois disso, ganhou o prêmio Nobel da Paz, tudo isso na adolescência! E ela fez muita diferença: o Malala Fund hoje garante a educação de cerca de 130 milhões de meninas pelo mundo!
Rene Silva é um jovem morador do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Ele tinha 11 anos de idade quando fundou o jornal Voz da Comunidade , que falava sobre os problemas que sua comunidade enfrentava, por meio de impressões feitas com xerox, em papel A4. O jornal foi ganhando visibilidade e, após 6 anos, ele postou em sua conta no Twitter detalhes ao vivo sobre a ocupação do complexo do Alemão, servindo de fonte para os principais jornais do país. Aos 19 anos, Rene publicou seu primeiro livro e foi convidado a ministrar palestras em congressos e universidades, como a Universidade de Harvard. Com toda a visibilidade que conquistou, o jornal Voz da Comunidade se tornou uma fonte de notícias imparcial, muitas vezes até corrigindo as notícias sensacionalistas que saíam sobre o local.
7 JOVENS cidadãos do mundo que revolucionaram a história. Yázigi, Campinas, SP, [201-]. Disponível em: http://www.yazigi.com.br/noticias/cultura/7-jovens-cidadaos-do-mundo -que-revolucionaram-a-historia. Acesso em: 16 ago. 2024.
Durante esta etapa, você foi apresentado a histórias de jovens que, com suas ações, foram muito além de impactar suas comunidades locais. Contudo, suas histórias não são as únicas. Você e os colegas vão pesquisar outros jovens que se destacaram por suas práticas protagonistas ao redor do mundo. Reúnam-se em duplas e sigam o passo a passo indicado.
PASSO
1 Escolha
• Cada dupla deve fazer uma pesquisa e selecionar um jovem protagonista. Vocês podem buscar essas informações em portais de notícias pesquisando jovens que se destacaram em algum campo e impactaram a sociedade em que vivem. É importante que a dupla responda às seguintes perguntas:
• Por que vocês escolheram essa pessoa?
• O que chamou a atenção de vocês na trajetória do(a) jovem escolhido(a)?
PASSO
2 Coleta de informações e escrita
• Após a escolha, anotem as principais informações a respeito da biografia e da atuação da pessoa selecionada. Escrevam um pequeno texto para a turma. Vocês podem se basear nos textos sobre Malala e Rene Silva. É importante inserir no texto as respostas às seguintes perguntas:
• De que maneira o(a) jovem retratado(a) praticou o protagonismo para agir em prol da coletividade?
• Ele(a) enfrentou alguma dificuldade, como falta de apoio ou recursos escassos?
PASSO
3 Apresentação
• No dia estabelecido pelo professor, a dupla vai apresentar a pessoa escolhida e responder a eventuais perguntas da turma sobre ela. Um dos integrantes da dupla deve se responsabilizar pela apresentação do texto sobre o(a) jovem protagonista.
PASSO
4 Discussão em sala de aula
• Após a apresentação de todas as duplas, converse com os colegas sobre os(as) jovens apresentados(as). Reflitam sobre as seguintes questões:
• Vocês consideram que a ação desses(as) jovens melhorou, de alguma forma, a vida de outras pessoas? Por quê?
• Após ouvir todas as duplas, quais ações a turma destacaria como mais relevantes? Por quê?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: O que é ser protagonista?
■ A análise e o debate sobre as histórias de protagonismo são fundamentais para inspirar ações que tenham o potencial de transformar a realidade.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Como é possível atuar na comunidade em que vivo?
■ Estudantes observam trabalhos na 1a edição da Feira Literária Internacional da Rocinha (FLIR), no CIEP 303 G P Ayrton Senna da Silva, no Rio de Janeiro (RJ). Fotografia de 2024.
Você conheceu, na etapa anterior, dois exemplos de jovens que agiram motivados por questões pessoais ou problemas da comunidade em que estavam inseridos e que utilizaram a voz deles para propor mudanças e novas reflexões sobre os problemas que observaram ao redor. A participação social desses jovens é um exemplo de ação cidadã.
É importante perceber que eles começaram a atuar no círculo social deles, em grupos menores, com impactos locais e pontuais. No caso de Rene Silva, por exemplo, seu jornal começou circulando apenas em sua comunidade e, ao longo do tempo, passou a cobrir também acontecimentos ocorridos em comunidades vizinhas de sua cidade. Leia, a seguir, o Texto 1, que apresenta um momento da história desse jovem e do início de seu projeto.
[...]
Aos 11 anos de idade, Rene Silva dos Santos, quando estudava na Escola Municipal Alcides de Gasperi, no bairro de Higienópolis, próximo da comunidade onde vive até hoje, no Morro do Adeus, criou o jornal Voz da Comunidade após participar durante 3 meses de um jornal que já existia dentro da escola, criado por alunos do grêmio estudantil para mostrar o que acontecia dentro do ambiente escolar e propondo melhorias na qualidade de educação.
Rene insistiu muito pra participar do jornal escolar, pois geralmente quem entrava eram alunos dos últimos anos e ele ainda estava na 5ª série. Depois que entrou pra equipe do Jornal Vip, nome dado ao folhetim bimestral da escola, começou a observar mais os problemas sociais que existiam entre sua comunidade e a escola. “Eram muitos lixos pelas escadas, ruas cheias de buracos e falta de saneamento básico em muitos lugares” – conta Rene [...].
SILVA, Rene. Nossa história. Voz das Comunidades, [Rio de Janeiro], 5 jun. 2016. Disponível em: https://www.vozdascomunidades.com.br/geral/nossa-historia/. Acesso em: 18 dez. 2019.
Os estudantes podem perceber que, assim que aprendeu a trabalhar com comunicação, Rene passou a dedicar sua energia para ir em busca de conquistas para toda a comunidade, não somente dentro da escola. Com base nas infomações vistas na Etapa 1, fica claro que isso não bastou para o jovem protagonista, que chegou a palestrar na Universidade de Harvard.
• Como evidencia o Texto 1, Rene Silva se destacou na escola quando conseguiu, apesar da pouca idade, entrar para o jornal estudantil a fim de conquistar melhorias para a comunidade escolar. Para ele, isso bastou? Como seu protagonismo evoluiu com seu trabalho no jornal da escola?
Como você pôde perceber, o entorno de Rene – a escola e a comunidade – exerceu um papel importante para ajudá-lo em seu projeto, pois foi por meio de sua participação nesses espaços que ele desenvolveu sua percepção e conseguiu identificar os problemas que afetam a comunidade em que ele está inserido e o ambiente escolar, já que falta divulgação de informações sobre esses problemas na mídia regular.
A escola é um espaço propício para a participação em projetos sociais nos quais os jovens podem usar a voz para expor problemas e buscar soluções para questões que afetam a comunidade, seja o bairro, seja a comunidade escolar.
Nesta etapa, você será incentivado a identificar os problemas de seu entorno e a pensar em possíveis soluções para eles. Para se inspirar em um exemplo real, leia o Texto 2, a seguir, sobre um projeto realizado em uma escola brasileira.
Educomunicação leva jovem a debater soluções para violência
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[...] No bairro Protásio Alves, na periferia de Porto Alegre (RS), a produção de mídia foi a ferramenta usada por alunos para quebrar o paradigma de que só os adultos falam, questionam e participam das decisões.
Com a proposta de trazer a voz do jovem para o centro do debate, o grupo produz fanzines, cartazes, vídeos e textos que denunciam os diferentes tipos de violência presentes no seu dia a dia. Da insegurança provocada pela falta de iluminação no entorno da escola à discriminação e o preconceito vivido por eles, os conteúdos trazem sempre a perspectiva e a linguagem da juventude. “São temas que vemos todos os dias no cotidiano”, diz o estudante Felipe Demartini, 17.
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O trabalho começou pequeno, com um grupo de 17 alunos do segundo ano, que foi preparado para debater o tema, conduzir pesquisas sobre o clima escolar com os colegas e produzir conteúdos para diferentes mídias. [...]
Fanzine: palavra originada da expressão em inglês fanatic [maga] zine (fanatic = fanático; magazine = revista), designa uma publicação independente elaborada por uma pessoa ou por um grupo de pessoas interessadas por um assunto.
[...] “No início, surgiram muitas dúvidas sobre como seria organizar essas ações. Os professores e os alunos foram devagar até se apropriarem da proposta. Depois eles começaram a crescer juntos e perceberam que as coisas estavam ganhando corpo”, lembra a diretora.
[...]
Alunos viram pesquisadores
Como uma das primeiras ações conduzidas pelo grupo, os alunos fizeram uma pesquisa com os colegas de todas as turmas do Ensino Médio para identificar a percepção deles sobre a violência no
bairro, seus reflexos na escola e o que poderia ser feito para solucionar esse problema. “Antes de fazer o trabalho de pesquisa, tivemos que transformar esses alunos do segundo ano do Ensino Médio em pesquisadores. Sabemos que eles devem ser protagonistas, mas também precisam de orientação sobre como fazer e o que pesquisar.”
A preparação aconteceu por meio de aulas, debates e até simulações de entrevistas. Com o roteiro pronto, os alunos passaram de sala em sala para ouvir os colegas. “Foi uma coisa nova para a escola. Teve gente que não calava a boca, mas algumas turmas pareciam mais comprometidas com a pesquisa”, avalia Gabriel Ramiro, 16, em tom bem-humorado.
A partir das entrevistas, os jovens identificaram que a falta de segurança no entorno da escola, a ausência de alguns professores e a inexistência de um grêmio escolar para garantir a representatividade dos alunos eram os problemas que mais incomodavam os colegas. “Muitas vezes eles vinham para escola e apenas sentavam para ser ouvintes, mas aqui eles tiveram a oportunidade de falar”, ressalta a professora de Matemática Daiane Campos.
Depois de levantar as prioridades, foi a hora de elaborar um plano de ação. De forma participativa e com o suporte da educomunicação, os alunos engajados no projeto apresentaram algumas possíveis estratégias para resolver os problemas apontados. “As ideias foram todas dos alunos. Eles são protagonistas em tudo o que fazem. Nós apenas orientamos e tentamos fazer o máximo para que eles consigam se organizar”, garante a professora de biologia Sandra Augustin.
Para que os alunos conseguissem dar conta de desenvolver ações em prol de melhorias na escola e no entorno, cada demanda ganhou um responsável. “Todas as ações foram divididas entre alunos responsáveis, mas sempre com o auxílio de um professor mediador”, diz Sandra.
A partir daí, o grupo partiu para mudanças concretas. Como resposta ao sentimento de insegurança dos colegas com o entorno da escola, os jovens coletaram assinaturas para reivindicar melhorias na iluminação do ponto de ônibus. “Quando fizemos o abaixo-assinado, conversamos bastante com os responsáveis. Até eles nos incentivaram e falaram ‘que bom que vocês estão preocupados com o entorno da escola’. Tivemos total apoio dos pais, mas também teve muita gente desinteressada”, conta a estudante Tamires Santos da Costa, 18.
[...]
EDUCOMUNICAÇÃO leva jovem a debater soluções para violência. Porvir, São Paulo, [2016?]. Disponível em: https://porvir.org/especial/ participacao/educomunicacao-leva-jovem-debater-solucoes-para-violencia/. Acesso em: 29 set. 2024.
A Educomunicação (termo criado com a fusão das palavras educação e comunicação) é um método de ensino que aplica técnicas e conteúdos dos meios de comunicação de massa. Em sala de aula, os estudantes, a maioria alinhada ao mundo digital, usam recursos de produção de filmes, fotojornalismo e edição de imagens para complementar seus trabalhos a respeito dos temas dados. Analisar jornais, sites e telejornais é uma forma de eles replicarem as técnicas para produzir os conteúdos sugeridos pelo currículo escolar. A Educomunicação traz outra vantagem: é naturalmente interdisciplinar, unindo vários componentes curriculares, por exemplo, Linguagens e Geografia. Uma atividade sobre meio ambiente pode envolver investigação de degradações ambientais, entrevista com moradores, cobrança de autoridades para dar uma solução ao problema. A atividade pode ter, até mesmo, um caráter mais artístico do que documental. É mais uma forma de os estudantes praticarem protagonismo.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Após conhecer o projeto realizado pelos estudantes dessa escola em Porto Alegre (RS), responda às questões a seguir sobre a proposta que norteou suas ações de protagonismo.
a) Os estudantes da escola mencionada na reportagem seguiram um tema principal em suas denúncias. Que tema é esse e por que ele é relevante para esses jovens?
b) O tema escolhido por esses jovens é relevante apenas para eles? Justifique sua resposta.
c) Esses adolescentes usam diferentes mídias (fanzines, cartazes, vídeos e textos) para fazer denúncias. Reúna-se com um colega para refletir sobre esta pergunta: De que outras maneiras esses jovens poderiam fazer denúncias sobre o tema?
d) Você diria que esse projeto amplifica a voz dos jovens? Por quê?
2. De acordo com a matéria, o projeto se desenvolveu ao longo de um processo que exigiu a participação de estudantes e professores.
a) Identifique uma das primeiras ações realizadas pelo grupo. Qual é a importância dessa etapa?
b) Além dessa etapa inicial, que outros momentos ocorreram ao longo do projeto? Qual é a relevância de cada um desses momentos para a proposta final?
c) Ao falar sobre uma das ações do projeto, uma das estudantes da escola comentou o incentivo que os jovens receberam para agir em prol da preocupação deles com o entorno da escola. Você acha que esse tipo de incentivo é importante para a continuidade do projeto e para a realização de novas propostas de intervenção na realidade? Justifique sua resposta.
3. Considere o seguinte fragmento retirado do texto: “‘Muitas vezes eles vinham para escola e apenas sentavam para ser ouvintes, mas aqui eles tiveram a oportunidade de falar’”.
a) O que você entende desse trecho?
b) De que outras maneiras é possível permitir que os estudantes tenham voz e participação ativa na realidade da escola?
■ Para serem ouvidos, os jovens podem se valer de vários recursos: passeatas, cartazes, faixas, mensagens em redes sociais.
Fazer uma pesquisa para identificar os principais problemas que ocorrem na comunidade em que vivemos é fundamental para buscar soluções. Foi o que os estudantes da escola em Porto Alegre fizeram, como é possível verificar no Texto 2 .
Agora, você vai ler o Texto 3, que apresenta os resultados de uma pesquisa realizada em 2023 sobre as principais dificuldades da educação pública em São Paulo. Compare sua realidade escolar com os pontos levantados pela comunidade pesquisada. Há problemas semelhantes ou não? Adiante, nesta etapa, você também fará uma pesquisa sobre sua comunidade escolar.
Comunidade escolar aponta que excesso de alunos em sala de aula é uma das principais dificuldades da educação pública em SP
Pesquisa, feita pelo Instituto Locomotiva e pelo Sindicato dos Professores do estado de São Paulo, foi divulgada nesta terça (23). Levantamento ouviu professores, estudantes e famílias em todas as regiões do estado.
Lotação máxima, falta de segurança e infraestrutura são algumas das dificuldades apontadas
Mais de 90% da comunidade escolar pesquisada acredita que o ensino a distância durante a pandemia causou grandes perdas de aprendizado.
Professores, os próprios alunos e as famílias relataram que os estudantes voltaram às aulas presenciais com mais dificuldade de concentração e menor participação em sala.
O número de alunos por classe também é um obstáculo para o ensino de qualidade, segundo os entrevistados. Cerca de 79% dos professores consideram que suas turmas estão mais lotadas que o máximo ideal, 66% dos estudantes concordam.
Sobre a segurança: a maioria da comunidade escolar avalia como média ou alta a violência nas escolas estaduais de São Paulo. 69% dos estudantes, 68% dos professores e 75% dos familiares.
41% dos estudantes e 24% dos professores não se sentem seguros no entorno das escolas, 26% dos estudantes e 16% dos professores não se sentem seguros dentro das escolas.
A pesquisa revela ainda que 48% dos estudantes e 19% dos professores sofreram algum tipo de violência nas escolas. Avaliação de insegurança é maior para todos os perfis da periferia.
Foi quase unânime em todos os perfis a percepção de que os professores recebem menos do que deveriam e os problemas de infraestrutura também foram citados pelos entrevistados.
COMUNIDADE escolar aponta que excesso de alunos em sala de aula é uma das principais dificuldades da educação pública em SP. G1, 23 maio 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2023/05/23/comunidade-escolar-aponta -que-excesso-de-alunos-em-sala-de-aula-e-uma-das-principais-dificuldades-da-educacao-publica-em-sp.ghtml. Acesso em: 29 jul. 2024.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Depois de ler o texto sobre a pesquisa realizada em São Paulo, responda:
a) Você encontrou alguma semelhança entre o que a comunidade escolar de Porto Alegre e a comunidade escolar de São Paulo apontaram como problemas?
b) Em caso afirmativo, a questão apontada pela comunidade escolar em São Paulo poderia ser considerada um problema de toda a sociedade?
c) Você encontrou outras semelhanças entre o que foi citado na pesquisa e sua realidade escolar? Em caso afirmativo, quais?
2. Converse com os colegas sobre a realidade da escola e/ou do entorno em que vocês estão inseridos. Considerem os problemas e as dificuldades enfrentados por vocês para ir à escola e voltar para casa e no dia a dia nesse ambiente. Em seguida, construam, no caderno, um quadro conforme o modelo a seguir, indicando a situação-problema, as possíveis causas e as consequências para você e para a comunidade escolar. Incluam também possíveis soluções para essa situação ou problema, que podem ser ações a ser praticadas pelos estudantes ou por autoridades competentes.
Situação-problema
Estudantes, professores e pais implementaram melhorias em uma escola da região administrativa do Gama, no Distrito Federal. O ambiente escolar, antes de baixo rendimento e até perigoso, melhorou muito com a adoção da educação em tempo integral e novos componentes curriculares. A TV Brasil fez uma reportagem sobre essas transformações na escola.
• P ROFESSORES, pais e alunos se unem para melhorar escola no Gama. TV Brasil . Disponível em: https://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-df/2018/05/professores-pais-e-alunos-se-unem-para-melhorar -escola-no-gama. Acesso em: 17 ago. 2024.
■ Estudantes vão à escola na favela do Vidigal, no Rio de Janeiro (RJ).
as orientações no Manual do professor.
Neste momento, você vai realizar um trabalho de campo por meio de entrevistas com as pessoas de sua comunidade escolar.
As entrevistas podem ser feitas por meio de perguntas elaboradas previamente ou de maneira não estruturada, com base na troca de informações entre o entrevistador e o entrevistado. Também é possível misturar os dois formatos (entrevista semiestruturada). Uma vantagem da entrevista é a possibilidade de participação de indivíduos não alfabetizados, uma vez que as perguntas são feitas oralmente, além da flexibilidade da entrevista não estruturada e da semiestruturada.
Organizem-se em grupos e façam a atividade a seguir.
• Anteriormente, vocês elaboraram um quadro com um problema, suas causas e consequências e possíveis soluções. Considerando as informações que foram registradas, vocês acham que o quadro é o melhor modelo de apresentação desses dados? Por quê? Em caso negativo, que outro formato vocês usariam?
Respostas pessoais.
Para dar continuidade ao trabalho iniciado com a reflexão sobre os problemas de sua escola e com a elaboração do quadro, vocês vão agora expandir seu conhecimento sobre o problema identificado por meio de entrevistas com os estudantes de outras turmas para verificar a percepção coletiva sobre essa questão.
Caso a situação apontada por vocês afete também o entorno da escola, a entrevista pode ser expandida para incluir moradores e trabalhadores da região. O objetivo dessa atividade é coletar informações, analisá-las para chegar a possíveis soluções (propostas pelos participantes ou pelo grupo) e, por fim, compartilhar os resultados com a turma.
■ A entrevista sobre problemas da escola pode ser expandida para a comunidade.
Para a realização do trabalho de campo, sigam as orientações.
PASSO
• Definam o local do trabalho de campo (o prédio da escola, a rua, o bairro etc.) e o público participante. Caso escolham explorar o entorno da escola, organizem-se em dois grupos: um fica responsável pelo contato com os estudantes; outro, pelo contato com os moradores e trabalhadores dos arredores.
PASSO
2 Preparação da entrevista
• Definam as perguntas que serão feitas aos participantes; se escolherem realizar uma entrevista não estruturada, selecionem alguns tópicos que deverão ser abordados de maneira geral para que o entrevistador possa colher as informações necessárias. Lembrem-se de propor aos participantes questões que envolvam as opiniões deles sobre o problema, as causas e as possíveis soluções. Confiram, a seguir, algumas sugestões de perguntas:
• Há quanto tempo você mora ou trabalha neste bairro?
• Você considera que a violência é um problema no bairro?
• Você tem uma sugestão para solucionar esse problema?
• Caso não considere a violência um problema no bairro, cite qual(ais) problema(s) você identifica na região.
PASSO
3 Aplicação da pesquisa
• Após essas definições, organizem os materiais necessários para a entrevista (papéis, pranchetas, canetas, blocos de anotação etc.) e marquem um dia para realizá-la. No dia combinado, expliquem brevemente aos participantes a intenção da entrevista e a importância de sua participação.
PASSO
4 Compilação das informações
• Após a coleta, reúnam-se para a leitura e a análise dos dados, considerando sempre os objetivos finais. É importante perceber quais informações são pertinentes e quais não são adequadas para a intenção da entrevista. Com as informações esclarecidas, organizem os dados da maneira que acharem mais apropriada (em gráfico, tabela, esquema etc.) e elaborem um relatório simples, incluindo informações sobre os problemas citados, algumas conclusões sobre as respostas dos participantes e as sugestões de solução para os problemas.
PASSO
5 Apresentação dos dados
• Com os dados coletados e as informações do relatório elaborado pelo grupo, montem uma apresentação breve e, em um dia combinado, apresentem os resultados da pesquisa aos demais grupos.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como é possível atuar na comunidade em que vivo?
Como ser protagonista e se preparar para o mundo do trabalho?
Consulte as orientações no Manual do professor
Nas etapas anteriores, você conheceu jovens que atuaram em causas importantes e fez uma pesquisa para descobrir a percepção da comunidade em que vive sobre os problemas que a cercam. Agora, você vai exercer seu protagonismo de outra forma. Com o Ensino Médio acontecendo, você também deve estar pensando em suas possibilidades futuras. Seja na universidade, ingressando no mercado de trabalho ou realizando um intercâmbio, a questão é: Por onde seguir? Nesta etapa, você será incentivado a buscar um caminho com o qual se identifique para que continue agindo como protagonista mesmo após o término da escola.
Há diversos caminhos possíveis para ser protagonista de seus caminhos durante ou após o Ensino Médio. Veja, a seguir, alguns dos mais comuns.
Curso técnico
Muitos jovens decidem fazer um curso técnico. Esse tipo de formação enquadra-se entre o Ensino Médio e o Ensino Superior e tem como objetivo preparar o jovem para o mercado de trabalho. É um curso focado em habilidades práticas. Você pode ingressar em um curso técnico logo após o Ensino Fundamental, mas precisa finalizar o Ensino Médio. Ao contrário de um curso universitário, que tem uma duração maior, o curso técnico dura, em média, dois anos. Caso se interesse por esse tipo de formação, pesquise as opções disponíveis, a qualidade dos cursos e a vida profissional de quem atua na área.
■ Durante o Ensino Médio chega o momento de aplicar o protagonismo em sua vida.
Universidade
Cursar uma universidade vai prepará-lo, por exemplo, para exercer a profissão que escolheu. Para seguir esse caminho, é necessário prestar vestibular. Pesquise informações sobre a carreira que pretende exercer, sobre os melhores cursos disponíveis e sua duração, sobre as possibilidades de estágio e a vida profissional de quem se forma na área.
Esteja atento ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e prepare-se para realizá-lo, pois a maioria das universidades utiliza essa nota como critério de seleção. Caso ingresse em uma universidade privada e não tenha condições financeiras de arcar com as despesas, é possível participar do Programa Universidade para Todos (Prouni), financiado pelo governo federal, que oferece bolsas de estudo. Se não obtiver uma bolsa, há ainda o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), um programa do Ministério da Educação de financiamento estudantil.
Intercâmbio
Estudar ou até trabalhar em outro país durante um tempo para aprender uma língua e ter uma experiência cultural e autônoma é outro caminho seguido por muitos jovens. Fazer um intercâmbio pode significar uma pausa produtiva antes de decisões mais definitivas relativas à carreira. Caso se interesse por esse caminho, faça uma pesquisa sobre os países de sua preferência e as opções que eles oferecem de intercâmbio.
Trabalho e estudo
Muitos jovens no Brasil precisam conciliar trabalho e estudo. Para saber um pouco mais sobre políticas públicas que aliam essas duas experiências, leia o trecho de uma reportagem sobre o Programa Jovem Aprendiz.
Como o programa Jovem Aprendiz pode ensinar o Brasil a oferecer perspectivas de uma vida melhor no futuro
Ônibus, casa, escola, trabalho, aulas de inglês, planilhas. A rotina de Sarah Dias começou aos 14 anos e continua puxada aos 20. Ela quer ser o exemplo para o irmão mais novo e vizinhos de Pirituba, bairro onde mora em São Paulo. Para isso, determinou que dividiria trabalho e estudos. A melhor opção foi uma vaga como Jovem Aprendiz.
O Jovem Aprendiz é uma política pública criada em 2000 e é a primeira experiência de trabalho para milhares de jovens. O programa aumenta em mais de 40% a continuação dos estudos e permite fazer planos, se formar e ter uma carreira.
[...]
Sarah entregava panfletos para pagar um curso de inglês. Desde os 16, sonha com um intercâmbio e uma vaga em um banco. Quando se tornou aprendiz na área de tecnologia, escreveu um pedido de bolsa para cursar Economia em uma universidade. Conseguiu. Em maio, foi efetivada como estagiária em um banco. “Tudo que conquistei foi pelo programa de aprendiz”, diz.
A lei do Jovem Aprendiz permite a contratação de funcionários entre 14 e 24 anos. O principal objetivo é diminuir a evasão escolar e abrir caminho para empregos. A carga horária deve ser ajustada com o horário da escola e, além da prática, há cursos teóricos obrigatórios. Não faltam interessados.
No Brasil, são 47,8 milhões de pessoas entre 15 e 29 anos, quase 25% da população brasileira. Apesar disso, a taxa de desemprego entre 18 e 24 é de 29%, dobro da média geral do IBGE.
[...]
Desemprego, abandono escolar e informalidade podem gerar um efeito-dominó por décadas. Para especialistas ouvidos por Ecoa, o próprio programa Jovem Aprendiz tem soluções contra esse cenário.
Um exemplo é Gabriel de Sousa, 21. Ele sofreu um acidente com a moto comprada no trabalho informal em uma padaria em Belo Horizonte e foi substituído pelo patrão enquanto se recuperava. Daí, foi para o tráfico de drogas. “Fui convidado e fui participando cada vez mais”, diz.
Há dois anos, Gabriel foi apresentado ao Jovem Aprendiz em uma palestra após ser apreendido por assalto. “Pedi a oportunidade e fiz cursos de informática”, diz. Atualmente, trabalha no aconselhamento a dependentes químicos. No futuro, será enfermeiro. “Com a aprendizagem, saí encaminhado.”
Para Mariana Resegue, da ONG Em Movimento, o Programa Aprendiz poderia privilegiar jovens vulneráveis, como aqueles que cumprem medidas socioeducativas, negros, indígenas, imigrantes e outras populações minorizadas. Outra alternativa pode ser ampliar ou criar um novo aprendiz para jovens entre 25 e 29 anos. Seria um meio de impedir o aprofundamento das desigualdades sociais no futuro.
“Entre todos os brasileiros desempregados, cerca de 70% são negros. A juventude não é experimentada igualmente entre os jovens”, diz ela.
[...]
Segundo o pesquisador do Ipea [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada] Miguel Foguel, o principal feito do Jovem Aprendiz é ligar as duas realidades. “O jovem conhece regras do ambiente de trabalho, como hierarquia, pontualidade e outras tarefas junto com a parte teórica em sala de aula”, pontua. Uma pesquisa feita por ele nos primeiros anos do programa e divulgada em 2019 apontou que a chance de um aprendiz ser efetivado aumenta em 7,9% nos três primeiros anos e 6,9% em cinco anos em relação a outros contratos temporários. Há 43% mais chance de um aprendiz terminar os estudos. Apesar dos casos de sucesso, também há espaço para melhorias. Para especialistas, há dificuldade de fiscalização de empresas que não cumprem a lei. Outro problema é a falta de vagas obrigatórias, como para pessoas com deficiência – para elas, o contrato independe da idade. [...]
CANDIDO, Marcos. Aprendizagem como modelo. Ecoa Uol. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/reportagens-especiais/ trabalho-jovem-aprendiz/#cover. Acesso em: 17 ago. 2024.
■ O jovem aprendiz conhece regras do ambiente do trabalho, como hierarquia, pontualidade e disciplina.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. b) Resposta pessoal. Durante essa discussão, permita que os estudantes apresentem o ponto de vista deles sem que sejam julgados, com respeito entre os turnos de fala e as diferentes condições sociais, que podem ser presentes em sua turma.
1. Com base nos caminhos apresentados nesta etapa, reúnam-se em grupos e conversem a respeito de suas possibilidades durante ou após o Ensino Médio.
a) Com qual caminho você mais se identifica? Por quê?
1. a) Resposta pessoal.
b) Quais são os prós e os contras de cada opção apresentada (universidade, curso técnico, intercâmbio, trabalho e estudo)?
c) Você pensou em outras possibilidades além das que foram mencionadas? Quais?
1. c) Resposta pessoal.
d) Quais são suas principais dúvidas e angústias a respeito do período após o Ensino Médio?
2. Após a leitura do Texto 1, responda:
1. d) Resposta pessoal. Para essa questão, acolha as principais dúvidas e angústias dos estudantes. Caso não consiga responder algo, proponha um momento para que a turma pesquise as informações e compartilhem.
a) Qual é o objetivo do programa Jovem Aprendiz?
2. a) Diminuir a evasão escolar e gerar uma oportunidade de aprendizado e carreira.
b) Como participar do projeto mudou os rumos da vida de Sarah e Gabriel, os dois jovens mencionados na reportagem?
2. b) Ambos tiveram a vida alterada, para melhor, após a participação no programa.
c) De que forma o projeto pode auxiliar jovens em situação de vulnerabilidade?
2. c) O projeto permite que o jovem trabalhe sem abandonar a escola.
d) Mariana Resegue, da ONG Em Movimento, diz: “Entre todos os brasileiros desempregados, cerca de 70% são negros. A juventude não é experimentada igualmente entre os jovens”. Que realidade essa frase revela? Como o programa Jovem Aprendiz pode ajudar a modificá-la?
2. d) A frase revela a desigualdade social experienciada pelos negros na sociedade brasileira e seu impacto na questão da empregabilidade. O programa, ao fornecer condições a todos os jovens, oferece a possibilidade de modificar essa situação.
Como você pôde perceber no Texto 1, que acabou de ler, é possível fazer parte do programa Jovem Aprendiz a partir dos 14 anos. Há uma estrutura nessa política pública para que o jovem possa trabalhar e continuar estudando. No entanto, é preciso estar atento a situações que envolvem o trabalho infantil, uma grave violação de direitos. Para entender um pouco mais sobre o tema, leia, a seguir, o Texto 2.
O trabalho infantil é uma violação dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes à vida, à saúde, à educação, ao brincar, ao lazer, à formação profissional e à convivência familiar.
Todas as formas de trabalho infantil são proibidas para crianças e adolescentes com menos de 16 anos de idade (Art. 7º, inciso XXXIII da Constituição Federal de 1988). A única exceção é a Aprendizagem Profissional, a partir dos 14 anos.
O trabalho noturno, perigoso ou insalubre e as atividades que por sua natureza ou condições em que são executadas comprometem o pleno desenvolvimento físico, psicológico, cognitivo, social e moral das crianças e adolescentes são terminantemente proibidos para pessoas com menos de 18 anos de idade.
O Brasil ratificou em 2000 a Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com isso, o país assumiu o compromisso de adotar medidas imediatas e eficazes que garantam a proibição e a eliminação das piores formas de trabalho infantil em caráter de urgência.
Em cumprimento à Convenção, o Brasil elaborou a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), aprovada pelo Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008. Dentre elas, destacam-se:
• Trabalho infantil na agricultura
• Trabalho infantil doméstico
• Trabalho Infantil na produção e tráfico de drogas
• Trabalho infantil informal urbano
• Trabalho infantil no lixo e com o lixo
• E xploração sexual de crianças e adolescentes
Consequências do trabalho infantil
O trabalho infantil é reconhecido como uma das formas de exploração mais prejudiciais ao desenvolvimento pleno do ser humano. Seus efeitos deixam marcas que, muitas vezes, tornam-se irreversíveis e perduram até a vida adulta.
Exemplos dos impactos negativos do trabalho infantil:
Aspectos físicos : fadiga excessiva, problemas respiratórios, doenças causadas por agrotóxicos, lesões e deformidades na coluna, alergias, distúrbios do sono, irritabilidade. Segundo o Ministério da Saúde, crianças e adolescentes se acidentam seis vezes mais do que adultos em atividades laborais porque têm menor percepção dos perigos. Fraturas, mutilações, ferimentos causados por objetos cortantes, queimaduras, picadas por animais peçonhentos e morte são exemplos de acidentes de trabalho.
Aspectos psicológicos : abusos físicos, sexuais e emocionais são os principais fatores de adoecimento das crianças e adolescentes trabalhadores. Outros problemas identificados são: fobia social, isolamento, perda de afetividade, baixa autoestima e depressão.
Aspectos educacionais: baixo rendimento escolar, distorção idade-série, abandono da escola e não conclusão da Educação Básica. Cabe ressaltar que quanto mais cedo o indivíduo começar a trabalhar, menor é seu salário na fase adulta. Isso corre, em grande parte, devido ao baixo rendimento escolar e ao comprometimento no processo de aprendizagem. É um ciclo vicioso que limita as oportunidades de emprego aos postos que exigem baixa qualificação e com baixa remuneração, perpetuando a pobreza e a exclusão social.
FÓRUM NACIONAL DE PREVENÇÃO E ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL . Formas e consequências do trabalho infantil. FNPETI, Brasília, DF, [20--]. Disponível em: https://fnpeti.org.br/formasdetrabalhoinfantil/. Acesso em: 17 ago. 2024.
Dia 12 de junho é o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. O catavento é o ícone da luta contra o trabalho infantil no mundo. Suas cinco pontas representam os cinco continentes e suas cores simbolizam a diversidade racial.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
• Após a leitura do segundo texto, reúnam-se novamente em grupos e respondam:
a) Qual é a importância da conscientização da sociedade sobre o trabalho infantil?
b) Vocês conheciam a Lista TIP? Em sua opinião, que motivos levam crianças a tais tipos de trabalho?
c) De que maneiras o trabalho infantil prejudica o desenvolvimento de crianças e adolescentes?
d) Como podemos agir para combater esse tipo de trabalho?
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ocorreu em 1o de maio de 1943 durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954). A CLT unificou normas trabalhistas já existentes no Brasil da época. Entre elas estão o salário mínimo, o direito a férias e a regulamentação das jornadas de trabalho. A CLT é essencial, pois reúne direitos e deveres de empregadores e empregados, facilitando a aplicação das leis trabalhistas. Seu principal documento é a carteira de trabalho, na qual estão os dados pessoais do trabalhador e os dados de seus contratos. Atualmente, também existe a carteira de trabalho digital.
■ Carteiras de trabalho digital e física.
Aprovada em 2017, reforma trabalhista alterou regras para flexibilizar o mercado de trabalho
Em vigor desde 2017, a reforma trabalhista (Lei 13.467, de 2017) mudou as regras relativas a remuneração, plano de carreira e jornada de trabalho, entre outras. A norma foi aprovada para flexibilizar o mercado de trabalho e simplificar as relações entre trabalhadores e empregadores. Os favoráveis à mudança argumentavam que ela seria a esperança de gerar mais empregos. [...]
Veja outras mudanças introduzidas pela reforma trabalhista [...]:
• Os acordos coletivos passaram a prevalecer sobre a legislação. Com isso, o que for acertado entre empregado e empregador não é vetado pela lei, respeitados os direitos essenciais como férias e 13o salário.
• O pagamento da contribuição sindical, equivalente a um dia de trabalho, deixou de ser obrigatório.
• A jornada de trabalho, antes limitada a 8 horas diárias e 44 horas semanais, pode ser agora pactuada em 12 horas de trabalho e 36 horas de descanso, respeitadas as 220 horas mensais.
• A s férias, de 30 dias corridos por ano, agora podem ser parceladas em até três vezes.
• Possibilidade do trabalho intermitente, com direito a férias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), contribuição previdenciária e 13º salários proporcionais. O salário não pode ser inferior ao mínimo, nem aos vencimentos de profissionais na mesma função na empresa.
• Grávidas e lactantes só poderão trabalhar em locais com insalubridade de grau médio ou mínimo. Mesmo assim, se for por vontade própria e desde que apresentem um laudo médico com a autorização.
APROVADA em 2017, reforma trabalhista alterou regras para flexibilizar o mercado de trabalho. Agência Senado, 2 maio 2019. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/05/02/aprovada -em-2017-reforma-trabalhista-alterou-regras-para-flexibilizar-o-mercado-de-trabalho. Acesso em: 30 set. 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Você já pensou em escrever algum projeto que contribua para a comunidade ou região em que vive? Qual seria o caminho para submetê-lo a alguma instância que possa dar prosseguimento a suas reivindicações? Agora, você vai conhecer um pouco da história do Ativa 027, um projeto do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância, em português) em conjunto com o Cieds (Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável) que ocorreu em 2021 no Espírito Santo. Nesse projeto, vivenciado durante a pandemia de covid-19, jovens líderes elaboraram propostas e foram ouvidos pelo poder público. Leia o texto a seguir.
Fala Roça
O Jornal da PUC traz uma reportagem que mostra o engajamento dos jovens da comunidade da Rocinha na criação do Fala Roça, uma associação de comunicação que visa mostrar a cultura local e buscar soluções para problemas sociais.
COSTA, Ana. Jovens se unem para dar voz à comunidade.
Comunicar, 11 maio 2015. Disponível em: http://jornaldapuc. vrc.puc-rio.br/cgi/ cgilua.exe/sys/ start.htm? from%5Finfo% 5Findex=37&infoid =3875&sid=28. Acesso em: 30 ago. 2024.
Adolescentes e jovens capixabas apresentam propostas para gestoras estaduais
[...]
[...] jovens líderes do projeto Ativa 027 dialogam com a vice-governadora Jacqueline Moraes e com a secretária de Cidadania e Direitos Humanos do Espírito Santo, Nara Borgo, sobre propostas para as juventudes capixabas. [...]
[...]
Nas últimas semanas, adolescentes e jovens líderes do projeto participaram de discussões sobre os desafios vividos localmente e discutiram possíveis soluções para uma maior garantia de direitos, especialmente para meninos e meninas mais vulneráveis. Foram mais de 30 propostas pensadas coletivamente a partir dos vários eixos temáticos do Estatuto da Juventude.
“O Ativa 027 engajou os jovens participantes na discussão sobre políticas públicas para juventudes. É importante que agora elas e eles possam apresentar as propostas elaboradas a partir de suas vivências nos territórios onde estão inseridos e nos espaços que ocupam no dia a dia”, destaca Vivian Cunha, coordenadora de projetos do Cieds.
No tema do direito à igualdade e à diversidade, os jovens propõem a produção e a veiculação de histórias sobre as mais diversas juventudes do estado, bem como maior divulgação das políticas existentes para essa faixa etária. Em relação ao direito à saúde, destacaram a importância da distribuição de absorventes menstruais, além de preservativos e folhetos informativos nos serviços públicos de saúde. Para promover o direito à cultura, uma das propostas é aumentar oportunidades profissionalizantes, oficinas e palestras com artistas jovens capixabas.
“Apenas com a participação efetiva dos próprios adolescentes e jovens no debate das políticas públicas é possível avançar na promoção dos direitos das meninas e dos meninos mais vulneráveis. É essencial a escuta de suas propostas, especialmente em tempos de pandemia, quando estão sendo duramente impactados em direitos básicos, como educação e saúde mental”, destaca Luciana Phebo, coordenadora do Unicef na Região Sudeste.
ADOLESCENTES e jovens capixabas apresentam propostas para gestoras estaduais. Unicef, 8 jul. 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/comunicados-de-imprensa/adolescentes-e -jovens-capixabas-apresentam-propostas-para-gestoras. Acesso em: 17 ago. 2024.
Esse projeto é um exemplo de ação possível em que adolescentes trabalharam coletivamente para debater melhorias necessárias em seu entorno. As ações tiveram um resultado muito positivo: as propostas dos estudantes foram levadas ao governo de seu estado.
Considerando essas informações, com o objetivo de organizar uma ação semelhante, reúnam-se em grupos e sigam as orientações.
PASSO
1 Discussão
• A escola em que vocês estudam promove algum evento ou fórum de discussão para conversar sobre os problemas nela existentes e buscar melhorias?
• Em caso afirmativo, você já participou desses debates? Como foi sua experiência?
• Em caso negativo, seria possível propor a realização de um evento como esse na escola? De que forma?
• Vocês conhecem algum projeto em sua comunidade escolar ou região que acolha propostas de jovens como vocês? Quais? Como participar dele?
PASSO
2 Pesquisa
• Pesquisem fundações ou instâncias governamentais que tenham ações voltadas a ouvir propostas de jovens como vocês. Escrevam no caderno os principais resultados dessa pesquisa e um resumo das ações.
• Vocês conhecem o Programa Jovem Senador? Em que consiste esse programa? Gostariam de participar dele?
PASSO
3 Apresentação
• Em um dia estipulado pelo professor, organizem-se para apresentar os resultados da pesquisa do passo anterior em sala de aula. Concentrem-se nas propostas e ideias que mais chamaram a atenção de vocês e apresentem-nas aos colegas.
PASSO
4 Reflexão
• Vocês já participaram de alguma ação promovida por jovens protagonistas? Em caso afirmativo, quais? Como foi a experiência?
• Pensem no que gostariam de melhorar em sua comunidade escolar ou regional e anotem no caderno.
• D e que forma vocês se organizariam para escrever uma proposta de melhoria para a comunidade em que vivem?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como ser protagonista e se preparar para o mundo do trabalho?
Consulte as orientações no Manual do professor
Nas etapas anteriores, você explorou o conceito de protagonismo juvenil, identificando sua importância para promover determinadas mudanças necessárias em uma comunidade. Essa reflexão inicial permitiu a análise de seu entorno em busca da identificação de problemas que acometem a escola, a rua ou o bairro e o início de uma discussão sobre propostas que podem ser postas em prática pela população ou por autoridades competentes.
Agora, usando os conhecimentos adquiridos sobre protagonismo juvenil e sobre o uso da voz dos jovens para a transformação social, você e os colegas vão elaborar uma ou mais propostas de melhoria que possam ser levadas a alguma instituição ou divulgadas em sua escola. Vocês também vão produzir um manifesto com as reivindicações da turma.
Na matéria citada na etapa anterior, as propostas concentraram-se em direito à igualdade e à diversidade, direito à saúde e direito à cultura. Relembre as propostas dos jovens do projeto Ativa 027 para cada um desses itens:
• Direito à igualdade e à diversidade: produção e a veiculação de histórias sobre as mais diversas juventudes do estado, bem como ampliação da divulgação das políticas existentes para essa faixa etária.
• Direito à saúde: importância da distribuição de absorventes menstruais, além de preservativos e folhetos informativos nos serviços públicos de saúde.
• Direito à cultura: aumento das oportunidades profissionalizantes e oficinas e palestras com artistas jovens capixabas.
Confiram, no texto a seguir, como o Ativa 027 formalizou uma de suas propostas.
TEXTO 1
[...]
[...]
Direito à cultura
Problema: Pouca oferta de projetos culturais e políticas na área da cultura, para as juventudes periféricas, oportunidades que ajudariam a proteger adolescentes e jovens mais vulneráveis de diferentes tipos de violência.
Dados que nos orientaram: Carência de políticas públicas em regiões vulneráveis, falta de acesso à informações para esses jovens, falta de conhecimento sobre a cultura e os seus direitos.
[...]
Proposta: Desenvolvimento de ações culturais dentro das comunidades que levem formação profissionalizante, oficinas e eventos culturais com o envolvimento dos artistas jovens do Espírito Santo.
Como: Elaboração de um plano cultural pela Secretaria Estadual da Cultura, com ações voltadas para as comunidades menos atendidas atualmente englobando atividades com artistas, oficineiros e palestrantes capixabas. Ao mesmo tempo, desenvolver um plano de mobilização para que os jovens em situação de vulnerabilidade ocupem os espaços culturais presentes no Estado, como os museus e teatros.
[...]
ATIVA 027: conheça propostas de adolescentes e jovens para as políticas públicas do Espírito Santo. Unicef, Brasília, DF. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/media/14966/file/ativa-027_propostas-de-adolescentes-e-jovens-para-politicas-publicas-do-espirito -santo.pdf. Acesso em: 25 jul. 2024.
Com base nesse exemplo, sigam as orientações e preparem-se para elaborar propostas de melhorias na comunidade em que vivem. Vocês devem se reunir nos mesmos grupos da etapa anterior.
1
2
Fórum de discussão
O fórum é uma forma de promover discussões e debater temas relevantes. Procurem as autoridades da escola e proponham um evento no qual os estudantes e demais agentes escolares possam falar sobre as melhorias que consideram necessárias tanto na comunidade escolar como em seu entorno. Algumas questões podem norteá-los. Vejam alguns exemplos:
• Quais são os principais problemas do entorno de onde vivem e da escola em que estudam?
• Quais são suas causas?
• O que podemos fazer para tentar resolvê-los?
• Como as autoridades escolares ou regionais podem ajudar?
• O que está fora do alcance da comunidade escolar?
Seleção de temas
Após o debate entre todos os interessados, reúnam os principais problemas citados na discussão e organizem-se para elaborar propostas de solução. As questões seguintes podem norteá-los:
• Quais são os principais problemas levantados?
• O que foi percebido em relação a tais problemas?
• O que propor para buscar uma solução?
• Como aplicar a proposta?
3
Definição e escrita das propostas
Após a seleção dos temas, escolham um (ou mais) deles para a elaboração de uma proposta que será apresentada a alguma autoridade ou divulgada no blogue da escola. Se quiserem, utilizem o exemplo do Ativa 027 como modelo.
Escrevam a(s) proposta(s) do grupo.
4
5
Apresentação e ação
Em um dia estipulado pelo professor, cada grupo vai apresentar sua proposta para a turma. Em seguida, discutam as propostas dos demais grupos e organizem-se para encaminhar as que considerarem prioritárias à direção da escola ou a uma autoridade regional.
Elaborando um manifesto
Para sintetizar o trabalho desenvolvido neste projeto e expor as intenções de mudança social dos grupos, é possível elaborar um manifesto com as reivindicações da turma. O manifesto, envolvendo as questões problemáticas levantadas pelos grupos, deverá ser elaborado coletivamente pela turma. Além disso, é possível entregá-lo a autoridades competentes para que as reclamações e as sugestões de soluções possam chegar a um interlocutor apto a agir sobre o problema, como a direção da escola, a Secretaria de Educação do estado ou a prefeitura do município.
Leia, a seguir, algumas orientações sobre o manifesto e como ele pode ser elaborado.
O manifesto, assim como a dissertação de vestibular e o artigo de opinião, faz parte dos gêneros textuais argumentativos. Por esse caráter, ele tem como objetivos expressar as intenções e os valores de um grupo e tentar convencer o interlocutor de alguma ideia por meio de argumentos e do uso de linguagem persuasiva.
Nesse gênero textual, as intenções devem ser direta e claramente expressas, pois ele é um instrumento de denúncia coletiva de um fato que, apesar de afetar uma parcela da população, ainda não recebeu a devida atenção pública. Parte essencial dessa característica reivindicatória é o pedido de mudança ou de tomada de atitudes por parte do interlocutor.
Embora não apresente uma estrutura fixa rígida, o manifesto geralmente se apresenta da seguinte maneira:
Título: sintetiza a reflexão do texto sobre determinado assunto. Exemplos: “Manifesto pela segurança do bairro X”, “Manifesto dos estudantes da escola X”. Também é possível incluir subtítulos ao longo do texto.
Assinatura: por ser uma produção coletiva, inclui a assinatura de vários autores ou do nome do representante do grupo. Exemplos: “Estudantes da escola X” ou “Moradores do bairro X”.
Local e data: registro do local em que o texto foi escrito e da data de elaboração do manifesto. Corpo do texto: começa com a apresentação dos reivindicadores; depois, citam-se os problemas em foco e os argumentos que evidenciam a relevância do tema. Na finalização, sugerem-se possíveis soluções para a problemática apresentada.
Confira, a seguir, um fragmento de um modelo de manifesto, que é um exemplo da apresentação de intenções e pode inspirar a produção do texto coletivo da turma. Por se tratar de uma reprodução feita originalmente em plataforma digital, não apresenta data, local nem assinatura dos manifestantes.
O Manifesto Jovem #ENDviolence
O Manifesto Jovem #ENDviolence é um documento apresentado a ministros no Fórum Mundial de Educação em janeiro de 2019. O fórum foi organizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (agência do Unicef) e outras instituições ligadas a direitos humanos. O manifesto é parte de uma campanha global do Unicef, chamado #ENDviolence (pôr fim à violência).
Trata-se de um modelo para apresentação de intenções e pode inspirar a produção do texto coletivo da turma. Por se tratar de uma reprodução feita originalmente em plataforma digital, não apresenta data, local e assinatura dos manifestantes.
O manifesto, que traz suas intenções da maneira mais clara possível, já começa com a síntese do que é pleiteado: "Os jovens querem pôr um fim à violência nas escolas. Aqui dizemos como." Ou seja, mediante a urgência do que é reivindicado, não há tempo para floreios textuais.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Como usar sua voz para mudar realidades?
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual como coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Argumente.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Reúna-se com um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva, de modo sucinto, quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens você desenvolveu no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste Projeto Integrador, você:
a) refletiu sobre o conceito de protagonismo juvenil e realizou uma pesquisa sobre projetos sociais em sua cidade, bairro ou comunidade que atuem em prol de mudanças?
b) explorou as possibilidades de protagonismo juvenil em contextos como a escola, o bairro e a comunidade e refletiu sobre os problemas de seu entorno, pensando em suas causas e consequências e em possíveis propostas de solução?
c) realizou as entrevistas na escola ou comunidade participando ativamente da elaboração das perguntas, da coleta de dados e da análise dos resultados?
d) refletiu sobre seus caminhos após o Ensino Médio, bem como sobre a necessidade de combater o trabalho infantil?
e) discutiu e elaborou, com os colegas, propostas de melhorias para a comunidade em que vivem?
f) participou ativamente da produção do manifesto escrito pela turma?
1. Incentive os estudantes a pensar no conceito de maneira psicológica, histórica e cultural.
2. Leve os estudantes a considerar questões como identidade coletiva, transmissão de cultura e conhecimento, além de reconhecimentos e homenagens.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
A tradição oral é anterior à invenção da escrita, sendo a forma mais antiga de contar histórias, transmitir informações, narrar acontecimentos reais e fictícios. Usar principalmente a voz para transmitir conhecimento de geração em geração ainda faz parte do cotidiano de diversos povos: na tradição indígena, por exemplo, a transmissão oral de mitos, lendas e histórias ainda acontece por meio das vozes dos mais velhos, que compartilham seus conhecimentos com as novas gerações, passando a história e a cultura de seu povo adiante. Neste projeto, você vai fazer entrevistas, produzir arte e criar uma cápsula do tempo, com o objetivo de preservar e valorizar as histórias e as memórias da comunidade escolar. Como essa experiência poderá aprofundar seu entendimento sobre a importância da memória e fortalecer os laços entre as pessoas da comunidade? Vamos descobrir as respostas a essa e a outras perguntas ao longo deste projeto!
1. O que são memórias?
2. Por que as memórias são importantes dentro de uma comunidade?
■ O fogo, elemento vital para as sociedades humanas, faz parte das narrativas de diversos povos indígenas. Na fotografia, uma avó conta uma história a seu neto na aldeia Idzu-hurro, da etnia Xavante, em General Carneiro (MT), 2010.
• Compreender o papel da memória em diversas áreas profissionais.
• Desenvolver habilidades relacionadas à realização de uma entrevista, como escuta ativa, formulação de perguntas e registro de informações.
Reconhecer as representações visuais de histórias na comunidade escolar, cultivando o senso de pertencimento e de identidade.
E xplorar e resgatar tradições orais de diferentes povos e culturas.
Usar ferramentas digitais para preservar memórias.
Refletir sobre o impacto tecnológico na cultura local.
Os momentos de contação de histórias, além de promoverem a socialização, contribuem para a preservação e a valorização da memória ancestral de diferentes povos, gerações e culturas. No contexto escolar, essa prática possibilita a troca de experiências, a convivência entre diferentes indivíduos e a disseminação de narrativas provenientes de diversas épocas e locais. Além disso, colabora para a formação cidadã e estimula a imaginação de todos os envolvidos neste Projeto Integrador.
O objetivo deste projeto é ampliar o repertório cultural dos estudantes, fortalecer seu senso de identidade e pertencimento e promover o protagonismo. Assim, cada participante se torna agente de sua própria história, integrando os conhecimentos das áreas de Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas para valorizar as narrativas familiares e comunitárias.
• Direitos da criança e do adolescente
• Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
• Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
• Educação em direitos humanos
• Vida familiar e social
• Educação financeira
• Educação fiscal
• Trabalho
• Ciência e tecnologia
• Diversidade cultural
4 Educação de qualidade
10 Redução das desigualdades
11 Cidades e comunidades sustentáveis
17 Parcerias e meios de implementação
• Gravador de áudio, câmera digital ou smartphone
• Tintas, pincéis, papéis diferentes e tela para pintura
• Latas de spray de diferentes cores e estêncil ou molde
• Máscaras, óculos e luvas de proteção
• Recipiente para a cápsula do tempo
• Itens e objetos para compor a cápsula do tempo, como fotografias antigas e recentes da comunidade escolar, trabalhos artísticos e textos produzidos, entre outras possibilidades
• Projetor multimídia
• Caixas de som ou sistema de áudio
Produto final
Cápsula do tempo.
Nessa etapa, você vai estudar a tradição oral e seu papel na transmissão de conhecimentos e na socialização ao longo da história. Como produto dessa etapa, cada um de vocês vai fazer uma entrevista com um integrante da comunidade escolar com o objetivo de conhecer uma história familiar transmitida pela tradição oral e que seja relevante para a preservação da memória e da identidade cultural do entrevistado. Além de planejar e conduzir as entrevistas, vocês vão registrar e organizar as informações mais importantes coletadas para apresentá-las e compartilhá-las entre si. 1
Nessa etapa, você vai refletir sobre o papel da arte na preservação da memória. Pinturas, fotografias e grafites têm sido usados ao longo da história para documentar, interpretar e transmitir experiências, valores e conhecimentos. Por meio da observação de obras de arte e do estudo de movimentos artísticos, você vai compreender que a arte pode capturar momentos efêmeros, marcar mudanças sociais e culturais e expressar sentimentos, registrando aspectos comunitários e identitários da época em que é produzida.
Nessa etapa, será abordada a evolução dos processos de transmissão de memória com o avanço da tecnologia. Você vai explorar as transformações profundas no modo como são preservadas e compartilhadas as memórias individuais e coletivas decorrentes da era digital e da internet, refletindo sobre os impactos positivos e negativos da tecnologia tanto na preservação da memória quanto na prática profissional de artistas no mundo contemporâneo.
O projeto traz como produto final a produção de uma cápsula do tempo que, provida de itens significativos coletados e produzidos durante o projeto, vai armazenar as memórias e os conhecimentos acumulados ao longo das etapas anteriores. O projeto resultará em uma apresentação para a comunidade escolar, em que você e os colegas vão explicar o propósito e a importância da cápsula do tempo.
tradição oral ainda tem espaço atualmente?
■ Gravura que ilustra o livro A gift for a pet (“Um presente para um animal de estimação”, em português), de Annie R. Butler, publicado em Londres por The Religious Tract Society, em 1896.
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Ao ouvir sobre tradição oral, o que lhe vem à cabeça? Pode ser que você associe essa expressão a lendas e mitos antigos ou à imagem de um ancião rodeado por um grupo de jovens contando histórias cheias de fantasia. Em um caso ou em outro, as duas representações são exemplos do compartilhamento de informações por meio da oralidade.
A tradição oral faz parte da história da humanidade e vai além do ato de recontar histórias. Ela desempenha uma função social importante, transmitindo conhecimentos e informações que impactam diferentes campos da vida, desde aspectos culturais e educacionais até práticas cotidianas.
Quando se valorizam as práticas orais e se reconhece nelas a representatividade coletiva de um povo, é possível promover a partilha de aprendizados com as futuras gerações. Exemplos disso incluem a transmissão de conhecimentos sobre culinária, o uso de plantas medicinais, a produção de artesanatos e as práticas de agricultura familiar, entre outros. Essas ações favorecem a troca de saberes e asseguram a preservação cultural de grupos específicos.
Parte importante dessa tradição cultural é o contato social garantido pela troca de conhecimentos, especialmente entre pessoas de diferentes idades e experiências, como as de uma família ou comunidade. Essa interação possibilita o enriquecimento cultural e histórico do grupo e pode estar associada até mesmo à sobrevivência.
Antes da invenção da escrita, a comunicação oral era o principal meio de contato entre as pessoas. Sem a prática de registro escrito de informações, a tradição oral permitia a sobrevivência de um grupo por meio da transmissão de saberes básicos: onde encontrar alimentos seguros e como prepará-los, onde se abrigar para se proteger de perigos e dos elementos naturais, entre outros saberes necessários para a vida no cotidiano. Ao longo do tempo, esses conhecimentos eram transmitidos entre os participantes de um mesmo grupo e de geração em geração.
■ Pinturas rupestres que datam de cerca de 50 mil anos gravadas em uma caverna localizada no Parque Nacional Serra da Capivara, unidade de conservação que ocupa parte de quatro municípios do estado do Piauí, Brasil.
■ Impressões de mãos datadas de aproximadamente 9 mil anos, encontradas em rochas da Caverna das Mãos, localizada na Patagônia, Argentina.
■ As pinturas rupestres foram utilizadas como uma forma de comunicação visual e, possivelmente, de preservação de conhecimentos. Acredita-se que essas imagens desempenhavam funções ritualísticas, como representar os animais que se desejava caçar. Embora a razão exata para a existência de sítios como a Caverna das Mãos permaneça desconhecida, as pinturas rupestres sugerem que, desde a Pré-História, diferentes formas de expressão visual e oralidade têm feito parte da cultura de povos em todo o mundo.
ATIVIDADES NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Observe as pinturas rupestres reproduzidas nesta página e converse com os colegas sobre elas.
a) O que você acha que elas representam?
b) Como você acha que essas imagens ajudavam os seres humanos da Pré-História a se conectar com seus ancestrais e transmitir conhecimentos às gerações futuras?
2. Em sua opinião, como os seres humanos se comunicavam na Pré-História?
Incentive os estudantes a levantar hipóteses e compartilhar suas ideias e interpretações com os colegas, com base na observação das imagens rupestres e em seus conhecimentos prévios.
Cada cultura, a seu modo, busca explicar o que não pode ser compreendido facilmente, como a origem do mundo, a morte – ou, até mesmo, o que acontece após a morte –, acontecimentos extraordinários e fenômenos da natureza. Para isso, são criadas narrativas como os mitos, que envolvem questões existenciais e apresentam deuses e forças sobrenaturais, ou as lendas, que muitas vezes relatam as sagas de heróis e figuras históricas. Mitos e lendas podem refletir valores e crenças que moldam a identidade cultural do povo que os originou.
Essas narrativas têm sido compartilhadas há muito tempo, de geração em geração, por meio da fala.
Leia a seguir o Texto 1, que trata da tradição oral.
As civilizações africanas, no Saara e ao sul do deserto, eram em grande parte civilizações da palavra falada, mesmo onde existia a escrita, como na África ocidental a partir do século XVI, pois muito poucas pessoas sabiam escrever, ficando a escrita muitas vezes relegada a um plano secundário em relação às preocupações essenciais da sociedade. Seria um erro reduzir a civilização da palavra falada simplesmente a uma negativa, “ausência do escrever”, e perpetuar o desdém inato dos letrados pelos iletrados [...].
Uma sociedade oral reconhece a fala não apenas como um meio de comunicação diária, mas também como um meio de preservação da sabedoria dos ancestrais, venerada no que poderíamos chamar elocuções-chave, isto é, a tradição oral. A tradição pode ser definida, de fato, como um testemunho transmitido verbalmente de uma geração para outra. Quase em toda parte, a palavra tem um poder misterioso, pois palavras criam coisas. Isso, pelo menos, é o que prevalece na maioria das civilizações africanas. [...]
KI-ZERBO, Joseph (ed.). História geral da África: metodologia e Pré-História da África. 2. ed. rev. Brasília, DF: Unesco, 2010. p. 193-194.
■ Os Dogons são um grupo étnico que habita a região central do Mali, na África ocidental. Esse povo desenvolveu um sistema cultural complexo, composto de mitologias, práticas espirituais e conhecimentos transmitidos oralmente, sem o uso da escrita. Fotografia de 2014.
Nesta coletânea de ensaios, Walter Benjamin descreve a figura do narrador. O filósofo alemão Walter Benjamin (1892-1940) relaciona o gradual desaparecimento da tradição de contar histórias nas sociedades modernas com o declínio da esfera artesanal da vida e a “perda progressiva da comunicabilidade da experiência”. O ensaio “O Narrador” é um dos textos incluídos nessa coletânea.
• BENJAMIN, Walter. A arte de contar histórias . São Paulo: Hedra, 2018. v. 1.
ATIVIDADES
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
1. Converse com os colegas sobre o Texto 1. Como você entende a frase ”a palavra tem um poder misterioso, pois palavras criam coisas”?
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, nas culturas orais, a palavra falada tem um poder transformador, capaz de influenciar ações, evocar emoções e moldar a realidade.
2. Qual é o papel da memória na maneira como as civilizações africanas lidam com o conhecimento e a comunicação?
2. A memória é um elemento-chave para as civilizações africanas, pois permite a preservação e a transmissão de conhecimentos e tradições de geração em geração, sem a necessidade de registros escritos.
3. A tradição oral pode ser considerada uma forma inclusiva de transmissão de conhecimento? Por quê?
3. Espera-se que os estudantes afirmem que sim, a tradição oral é inclusiva, pois permite que as pessoas, independentemente de suas capacidades de leitura e escrita, participem e contribuam para a transmissão de conhecimentos e histórias.
A seguir, leia uma lenda tradicional que Daniel Munduruku apresenta em seu livro
Vozes ancestrais: dez contos indígenas. A lenda revela algumas das crenças e tradições presentes nas culturas indígenas brasileiras.
TEXTO 2
Havia um tempo em que ninguém tinha fogo. Quem tinha o fogo era o Tamanduá-bandeira. Assim como as pessoas, nenhum dos outros animais tinha fogo. Quando descobrimos que só havia um ser que tinha fogo, tentamos roubar do Tamanduá-bandeira, e muitos animais também tentaram, mas ninguém nunca havia conseguido.
Por muito tempo, nossa gente perseguiu o Tamanduá-bandeira para saber onde ele andava e ver se não deixava o toco do fogo em algum canto. Mas ele não vacilava, nem mesmo quando ia caçar ou trabalhar. Ele andava grudado com o fogo para ninguém mexer.
Assim o tempo foi passando. Todos nós sabemos que existe uma época em que chegam o frio e a chuva. Nesse tempo, passávamos muito frio e não tinha onde achar fogo para nos aquecer. Um dia, para conseguir o fogo, mandamos um Tatu entrar debaixo da terra e tentar roubá-lo para a gente se aquecer, mas não deu certo. Parece que o Tamanduá-bandeira adivinhava quando a gente estava se aproximando dele e saía correndo do lugar.
Então apareceram dois pajés: o kwaijalosu (beija-flor) e o kaiyalalusu (abelha).
AUGUSTO FROEHLICH/MOMENT/GETTY IMAGES
■ Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).
Eles juntaram toda a comunidade para descobrir o segredo do Tamanduá-bandeira e conseguir roubar o fogo dele. O Beija-Flor falou:
— Como nós vamos fazer para roubar o fogo?
A Abelha disse:
— Eu não sei. Por baixo da terra ou voando? Pela água não dá, senão o fogo vai se apagar.
Até que descobriram uma maneira.
A Abelha Kaiyalalusu vive em troncos secos; ela rói a madeira e lá dentro se aloja para criar seus filhotes. E a Abelha combinou com o Beija-Flor, que voa muito rápido. O Beija-Flor disse:
— Eu vou esperar você lá naquele galho. Vou esperar você fazer algum sinal.
— Combinado! — respondeu a Abelha.
A Abelha foi para o chão, arrastando-se até onde estava o fogo. Roeu a madeira e foi entrando como se estivesse fazendo um ninho. Passaram horas e horas e o Beija-Flor ficou esperando o sinal da Abelha. Finalmente o sinal foi dado.
— Iiiiiiiiii... Iiiiiiiiiiii.
Como o Beija-flor já sabia o que fazer, pensou: “Ah, este é o sinal da Abelha. Lá vou eu!”.
Ele voou para bem mais longe e depois voltou com muita velocidade, quebrou o tronco onde estava o fogo e sumiu com o fogo do Tamanduá-bandeira, que saiu gritando atrás do Beija-Flor:
— Devolva o meu fogo, por favor!
Quando ele disse “favor”, o Beija-Flor já estava bem longe. Aí começou a espalhar o fogo por todo lado para que todos pegassem. E o Tamanduá-bandeira ficou sem fogo.
Hoje, se você anda no cerrado e vê um buraco de mais ou menos 20 centímetros, tenha certeza de que é o Tamanduá-bandeira se escondendo do frio porque não tem mais como se aquecer com o fogo. Assim contam os velhos.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. O texto narra um “roubo”. Você acha que ele apresenta um desfecho positivo ou negativo para o tamanduá-bandeira? Por quê?
2. O texto mostra uma situação em que o fogo, algo essencial à existência humana, é dividido entre todos na comunidade. Com base nessa história, quais valores da cultura indígena você entende que estão sendo transmitidos? Como esses valores podem ser aplicados em nossa vida cotidiana ou em situações que você já viveu?
Na tradição oral, habilidades de memorização e narração permitem a transmissão de conhecimentos, valores e práticas culturais de geração em geração, preservando a identidade cultural. Os causos são histórias curtas, muitas vezes engraçadas, que podem misturar realidade com exageros ou elementos inusitados e são contadas de maneira informal durante reuniões familiares ou comunitárias. Eles capturam a atenção dos ouvintes e transmitem sabedoria popular, valores morais e lições de vida, mantendo vivas as tradições e reforçando os laços sociais.
Leia a seguir o Texto 3, em que a autora reflete sobre sentimentos evocados ao ouvir e contar histórias.
■ O causo não é apenas um relato, pois apresenta elementos narrativos mais complexos. Quem conta um causo geralmente utiliza diferentes tons de voz para cada personagem, alternando-se no papel de narrador e de personagens, de forma fluida. No Brasil, o compartilhamento desse tipo de história é comum em encontros familiares, em torno da mesa.
[...] Pessoas de uma pequena comunidade rural recontam (e recriam) e saboreiam juntas, contador e plateia, histórias que ouviram de seus antepassados. Revivem (e reinventam) juntas, periodicamente, suas festas e ritos. Cantam, dançam e improvisam versos e canções que, ao mesmo tempo, ressaltam as perplexidades do grupo, emocionam e divertem. No costume do povo, as fronteiras entre palco e plateia, o artista e o público, a criação e a recepção, são bem menores. Tudo é produzido para ser compartilhado e vivenciado por todos. [...]
LISBOA, Henriqueta. Literatura oral para a infância e a juventude: lendas, contos e fábulas populares no Brasil. São Paulo: Peirópolis, 2002. p. 10.
ATIVIDADES
1. A prática de contar e recontar a mesma história em família pode fortalecer os laços afetivos entre as pessoas desse grupo? Por quê?
1. Espera-se que os estudantes conversem sobre o impacto da tradição oral dentro da família deles. Incentive os estudantes a levantar hipóteses sobre como a prática de contar e recontar uma mesma história pode fortalecer os laços afetivos desse grupo.
2. Em sua opinião, nas histórias guardadas na memória de sua família, há espaço para elementos fantásticos e imaginários? Por quê?
2. Respostas pessoais. Oriente os estudantes a refletir sobre como as narrativas familiares frequentemente se entrelaçam com elementos fantásticos, que tornam as histórias mais envolventes e memoráveis. Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
Consulte as orientações no Manual do professor.
Que tal conhecer uma história que foi transmitida de geração em geração da família de alguém de sua comunidade escolar?
Por meio de uma entrevista, a turma vai coletar relatos familiares de estudantes, professores ou outros funcionários da escola, promovendo a valorização da memória e da identidade cultural dessa comunidade. Para isso, siga o passo a passo indicado.
PASSO
1
Planejamento
• R eúna-se com três ou quatro colegas. Juntos, definam quem será o entrevistado. Ele deve pertencer à comunidade escolar e estar disposto a compartilhar uma história familiar que tenha sido transmitida por meio da tradição oral em sua família.
• E screvam um convite formal para o entrevistado explicando o objetivo da entrevista e a importância de sua participação. Se preferirem, vocês também podem ser mais informais e fazer o convite pessoalmente. Certifiquem-se de oferecer informações sobre a entrevista e combinem uma data e um horário em que tanto vocês como o entrevistado possam se encontrar.
MELITAS/SHUT TERSTOCK COM
PASSO
2
Preparação
• Preparem as perguntas da entrevista. Elaborem uma lista de perguntas abertas que ajudem a explorar as memórias transmitidas na família do entrevistado. Seguem algumas sugestões:
• Qual é a história mais significativa transmitida de geração em geração em sua família?
• E xiste algum costume ou tradição que você aprendeu com seus familiares e que você continua praticando?
• Como as histórias contadas por seus avós ou bisavós influenciam seu modo de ver o mundo hoje?
• Há algum conhecimento ou ensinamento que você recebeu de seus familiares e que considera importante transmitir para as próximas gerações?
■ As histórias transmitidas de geração em geração conectam diferentes épocas e fortalecem a identidade cultural familiar por meio da tradição oral.
• Organizem os materiais necessários. Vocês podem utilizar um caderno, folhas de papel sulfite e canetas para fazer anotações, um gravador de áudio ou smartphone para registrar a entrevista em áudio ou vídeo (com a permissão do entrevistado).
Condução da entrevista
• Iniciem a entrevista. Apresentem-se (se for necessário) e expliquem o objetivo da atividade. Caso tenham optado por gravar a entrevista, peçam permissão ao entrevistado antes do início das perguntas.
• Façam as perguntas. Comecem com perguntas mais gerais e depois passem para as mais específicas. Ouçam atentamente e não interrompam o entrevistado. É possível que, no decorrer da entrevista, seja necessário fazer perguntas de seguimento, isto é, perguntas que aprofundam o assunto abordado ou que instigam o entrevistado a fornecer mais detalhes sobre o que está sendo comentado.
• Registrem a entrevista. Lembrem-se de tomar notas detalhadas ou usar o gravador de áudio/ vídeo para garantir que todas as informações importantes sejam capturadas.
Após a entrevista
• Agradeçam ao entrevistado pelo tempo e pelas memórias familiares compartilhadas.
• Revisem as notas ou a gravação e transcrevam as partes mais importantes.
• O rganizem as informações. Elaborem uma narrativa coesa e clara para contar a história que foi compartilhada pelo entrevistado.
Análise e apresentação
• Analisem as histórias. Reúnam-se com outros dois grupos, compartilhem as entrevistas e identifiquem temas comuns, valores culturais e lições importantes. Reflitam sobre o que as histórias revelam a respeito da cultura familiar e dos valores pessoais do entrevistado e como isso se reflete na comunidade.
• Compilem as histórias em um formato de apresentação, como um e-book, um mural, alguns slides ou um documentário. Utilizem ferramentas digitais para enriquecer o projeto com fotografias, áudios ou vídeos das entrevistas.
• Apresentem as histórias compiladas à comunidade escolar e discutam a importância da tradição oral e da preservação das memórias familiares. Caso escolham apresentar as narrativas em etapas posteriores, reservem um momento ao fim desta etapa para conversar sobre o valor das histórias familiares e como elas contribuem para a construção da identidade cultural da comunidade.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: A tradição oral ainda tem espaço atualmente?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Por que a arte é essencial na preservação da memória humana?
Transcender: ir além de um limite ou superar algo; passar de um nível para outro, alcançando algo maior ou diferente.
A memória humana não é compartilhada apenas por meio de palavras. Diferentes formas de arte, incluindo as expressões visuais, musicais, cênicas e literárias, também são veículos de transmissão de memórias e conhecimentos. Dessa forma, pode-se afirmar que a arte, em suas diversas manifestações, é uma das formas mais antigas de preservar a memória humana. Por meio de diversas expressões artísticas, as sociedades têm documentado, interpretado e transmitido suas experiências, seus valores e seus conhecimentos ao longo dos séculos: pinturas, desenhos e fotografias capturam cenas do cotidiano e eventos históricos; e artesanatos e máscaras carregam não somente tradições, mas técnicas transmitidas de geração em geração. Além disso, por meio da arte é possível expressar sentimentos e emoções, o que a torna uma importante ferramenta de preservação e transmissão da memória da experiência humana que transcende o tempo.
Ao longo da história, vários pintores destacaram-se pela habilidade de recriar cenas em momentos diferentes, muitas vezes utilizando apenas suas lembranças, sem precisar observar diretamente a cena no ato de pintar. Suas pinturas capturam não apenas a aparência física das cenas, mas também as pequenas mudanças na atmosfera e na iluminação ao longo do tempo. Além disso, essas obras frequentemente expressaram a interioridade e os sentimentos dos artistas no momento da criação, misturando a representação da realidade com a expressão pessoal.
Considere a Pintura 1, uma obra do pintor francês Claude Monet (1840-1926).
Orsay, França.
Reconhecido como um dos fundadores do movimento impressionista, Claude Monet fez parte de um grupo de artistas, como Pierre-Auguste Renoir (1841-1919), Edgar Degas (1834-1917) e Camille Pissarro (1830-1903), que revolucionou a pintura no final do século XIX. Na França, as convenções acadêmicas da arte enfatizavam temas históricos, mitológicos, religiosos e alegóricos, utilizando técnicas rígidas de composição, perspectiva e proporção, bem como pinceladas suaves. As sombras eram pintadas com tons escuros e neutros, e a iluminação era idealizada. O sucesso de um artista dependia da aceitação de suas obras, que eram expostas nos salões oficiais
Também conhecidas como nenúfares ou lírios-d’água, as ninfeias são plantas aquáticas frequentemente retratadas nos quadros de Monet. Em sua casa em Giverny, na França, o artista cultivava plantas ornamentais e tinha o costume de representá-las em pinturas, em diversas épocas do ano.
Observe outras duas telas em que o autor retratou o mesmo tema.
■ MONET, Claude. Ponte japonesa e lago de ninfeias. 1899. Óleo sobre tela, 89 cm × 93 cm. Museu de Arte da Filadélfia, Estados Unidos.
■ MONET, Claude. Ninfeias. 1907. Óleo sobre tela, 100,5 cm × 73,4 cm. Museu Artizon, Japão.
A imagem a seguir retrata uma obra do artista francês Jacques-Louis David (1748-1825) que exemplifica o estilo de pintura predominante na época anterior a Claude Monet.
Claude Monet e os impressionistas revolucionaram as convenções acadêmicas ao pintar cenas da vida cotidiana, paisagens e pessoas comuns ao ar livre usando pinceladas rápidas e soltas. Suas cores vibrantes eram aplicadas puras – sem diluição ou com pouca mistura – para captar a luz e a atmosfera, evitando o uso de preto para representar sombras. A luz natural e suas variações eram temas centrais em suas obras, como evidenciado na série Ninfeias, que exploram a luz e a reflexão sobre a água de maneira inovadora. Devido à rejeição de suas obras pelos salões oficiais, organizaram exposições independentes, rompendo com a tradição acadêmica e abrindo caminho para novos modos de expressão artística.
ATIVIDADES
Converse com os colegas sobre as Pinturas 1, 2 , 3 e 4.
■ DAVID, Jacques-Louis. O juramento dos Horácios. 1784. Óleo sobre tela, 26 cm × 37 cm. Museu do Louvre, França. Jacques-Louis David foi o pintor oficial da Corte francesa durante a Revolução Francesa e o período napoleônico. O artista destacou-se como o principal pintor neoclássico e influenciou a arte e a propaganda política de sua época.
O Salon de Paris, exposição oficial da Academia de Belas Artes de Paris, na França, começou em 1667 e tornou-se uma das exposições mais importantes da Europa. Realizada anual ou bienalmente, permitia que artistas exibissem suas obras para a avaliação da academia e do público, possibilitando vendas e conexões entre artistas, colecionadores e patrocinadores.
1. Que diferenças podem ser notadas na iluminação das três pinturas?
2. Que emoções ou sensações diferentes cada uma das pinturas evoca em você?
3. Compare as obras de Monet apresentadas nesta etapa com a Pintura 4. Como as técnicas e os temas retratados refletem as mudanças nas prioridades artísticas e sociais das épocas em que essas obras foram produzidas? Pesquise informações sobre os contextos históricos em que essas pinturas foram criadas para responder à questão proposta.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
No contexto do final do século XIX e do início do século XX, a profissão de artista, assim como a dos pintores, estava intimamente ligada ao reconhecimento e ao apoio das academias de arte: ser admitido e expor as próprias obras nos salões oficiais garantia visibilidade, prestígio e, muitas vezes, patrocínio financeiro. Além disso, as academias ofereciam formação rigorosa, moldando os artistas para seguirem as normas estabelecidas. No entanto, no contexto dos salões oficiais, os artistas inovadores, cujas obras não se alinhavam às expectativas acadêmicas, frequentemente enfrentavam dificuldades para ganhar reconhecimento e apoio financeiro. A revolução iniciada pelos impressionistas ao desafiar essas normas e criar espaços alternativos para expor suas obras não apenas mudou a trajetória da arte, mas também redefiniu a profissão de pintor, ampliando a liberdade criativa dos artistas e as oportunidades de sucesso fora dos circuitos tradicionais.
Georgina de Albuquerque
Georgina de Albuquerque (1885-1962) foi uma importante pintora brasileira. Nascida em Taubaté (SP), estudou na Escola Nacional de Belas Artes (Enba), no Rio de Janeiro, e, posteriormente, na Académie Julian, em Paris. Foi a primeira mulher a integrar a Academia Nacional de Belas Artes no Brasil, e sua obra, embora não tenha feito parte de um movimento impressionista formal no país, incorporou elementos impressionistas que influenciaram a arte brasileira da época.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Que características impressionistas você observa nas Pinturas 5 e 6, de Georgina de Albuquerque?
Se achar oportuno, oriente os estudantes a realizar uma pesquisa prévia para poderem responder com mais embasamento às atividades 1 e 2.
2 De que maneira as obras de arte, assim como as histórias transmitidas oralmente, contribuem para a construção e manutenção da memória cultural de uma sociedade?
Converse com os colegas e, na sequência, responda às questões a seguir.
3. Você acha que era difícil exercer a profissão de artista – ser um pintor ou uma pintora – no final de século XIX e no início do século XX? Justifique sua resposta.
4. Em sua opinião, havia mais dificuldades para homens ou mulheres no exercício desse tipo de profissão? Por quê?
5. Hoje em dia, você acredita que essas dificuldades aumentaram, diminuíram ou apenas se transformaram? Justifique sua resposta.
Você percebeu que, assim como a tradição oral, a arte transmite histórias e preserva a memória do tempo em que é produzida, representando eventos, pessoas, lugares, objetos, visões de mundo e, até mesmo, sentimentos, que são transmitidos para as próximas gerações.
Por meio das obras de diversos artistas, é possível observar, por exemplo, mudanças na paisagem de cidades, que refletem transformações sociais, econômicas e culturais. Assim como os pintores, os fotógrafos capturam, ao longo do tempo, essas mudanças e oferecem uma visão detalhada da evolução das paisagens e das sociedades. Através das lentes de suas máquinas fotográficas, esses profissionais documentam os desafios, as histórias humanas e as transformações que acompanham o desenvolvimento urbano, possibilitando que as gerações futuras tenham uma visão detalhada das mudanças que ocorreram ao longo do tempo.
Observe as fotografias a seguir.
■ Avenida Paulista, em São Paulo (SP), em 1974.
■ Avenida Paulista, em um domingo, fechada para automóveis, em São Paulo (SP), em 2022.
A avenida Paulista, um dos ícones da cidade de São Paulo, é um exemplo de evolução urbana. Inaugurada em 1891, a avenida foi inicialmente um símbolo de modernidade e desenvolvimento. Ao longo das décadas, a Paulista se transformou em um centro financeiro e cultural, com arranha-céus, museus e centros comerciais. Nos últimos anos, ela tem se tornado um espaço de lazer aos domingos, dia em que é fechada para automóveis e aberta para pedestres e ciclistas. Essa mudança reflete uma transformação social, caracterizada pela reivindicação da população por mais espaços públicos de convivência e atividades ao ar livre. As fotografias conseguem capturar essas modificações, deixando essas memórias registradas para o futuro.
Nas comunidades urbanas, o grafite preserva memórias e expressa visões de mundo, críticas sociais e culturais. Artistas usam o espaço urbano para criar tanto grafites quanto murais, contando histórias de resistência, identidade e mudança, transformando essas obras em marcos culturais e históricos. São expressões artísticas que conectam o presente ao passado e poderão inspirar futuras gerações. Observe a imagem a seguir.
Grafite 1
Banksy, um dos artistas de rua mais famosos e misteriosos do mundo, começou sua carreira no Reino Unido nos anos 1990. Conhecido por usar a técnica do estêncil, ele cria obras que misturam simplicidade visual com profundidade conceitual, tornando-se um ícone da arte urbana contemporânea, como a que você vê nesta página.
O artista usa espaços públicos como tela, transformando o ambiente urbano com mensagens provocativas e críticas à sociedade moderna, ao consumismo e ao poder. Além dos grafites, ele explora outras formas de arte, como instalações e filmes, desafiando e inspirando tanto o público quanto a arte tradicional.
■ Grafite produzido com estêncil intitulado Flower Thrower (“O atirador de flor”, em português), do artista britânico Banksy (c. 1974-1975), em muro na Cisjordânia, região que integra o território da Palestina, 2003.
Estêncil: técnica artística caracterizada pelo uso de um molde vazado para aplicar tinta e criar imagens ou padrões. Muito utilizado no grafite por artistas como Banksy, o estêncil permite fazer desenhos precisos que podem ser reproduzidos rapidamente. Feito de papel, plástico ou metal, o estêncil é colocado sobre uma superfície e a tinta é aplicada com spray, pincel ou rolo.
Profissão: artista
A profissão de artista, incluindo pintores, fotógrafos e grafiteiros, muitas vezes é autônoma. Muitos criam a própria empresa e trabalham como pessoa jurídica (PJ), emitindo notas fiscais pelos serviços prestados. Esse modelo oferece flexibilidade, possibilitando que aceitem diversos projetos e clientes.
No entanto, ser PJ também implica responsabilidades extras. O artista deve gerenciar suas finanças, pagar impostos e encargos sociais e cuidar de sua segurança e seus benefícios, como saúde e previdência. Embora esse formato ofereça liberdade, ele também exige habilidades empresariais e disciplina para lidar com a burocracia e as finanças.
O grafite e a expressão comunitária
O grafite tem raízes antigas, desde os tempos de Pompeia, antiga cidade do Império Romano, onde já eram feitos desenhos nas paredes. Com a ascensão das mídias sociais, o grafite ganhou uma nova dimensão, permitindo que artistas compartilhem suas obras instantaneamente com um público global e criem um diálogo contínuo. Algumas obras usam realidade aumentada (AR), e os espectadores podem ver elementos animados ao apontar seus smartphones para os murais, vivenciando uma experiência interativa.
O grafite também é uma ferramenta importante em projetos comunitários, ajudando a revitalizar áreas degradadas e a promover inclusão. Muitos artistas estão adotando tintas ecológicas para reduzir o impacto ambiental. Escolas e instituições culturais oferecem oficinas de grafite e ensinam a história e as técnicas dessa arte, incentivando o pensamento crítico e a expressão individual. Em muitas cidades, murais de grafite combinam elementos de diferentes culturas, refletindo a diversidade urbana e podendo funcionar como registros visuais que narram as experiências da comunidade.
■ GOMES, Gustavo. Mural interativo. 2023. Grafite, 20 m × 15 m (300 m2). Bloco H, da Universidade de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul. Neste mural, a realidade aumentada (AR) transforma a arte em uma experiência interativa. Ao usar um smartphone, você pode ver elementos animados e informações adicionais que enriquecem a mensagem do grafite, conectando arte e tecnologia de maneira inovadora.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Você sabe a diferença entre grafite, murais e pichação? Junte-se a um colega para pesquisar esses três termos e entender as diferenças.
1. Se oportuno, apoie os estudantes para efetivarem a pesquisa e responderem à questão.
2. Como você interpreta o Grafite 1, feito por Banksy? Troque ideias com os colegas para explorar diferentes pontos de vista.
2. Resposta pessoal.
3. Há alguma relação entre o movimento que os impressionistas fizeram em seu tempo, ao organizarem novos espaços de exposição, e a atuação dos grafiteiros hoje? Discuta essa questão com a turma.
3. Espera-se que os estudantes identifiquem as semelhanças entre o movimento impressionista e os grafiteiro contemporâneos. Ambos os grupos romperam com as convenções artísticas de suas respectivas épocas, desafiando as normas estabelecidas.
4. Como o grafite e a fotografia atuam na preservação da memória urbana? Quais impactos essas expressões artísticas têm na construção da identidade de uma comunidade?
4. Estimule os estudantes a pensar em como essas formas de arte são capazes de registrar transformações, presenças históricas e sociais, expressões culturais, suscitar diálogos etc.
Consulte as orientações no Manual do professor
Que tal representar visualmente, por meio de pinturas, fotografias ou grafites, as memórias familiares que você coletou na Etapa 1? Para isso, siga o passo a passo indicado.
PASSO PASSO
Planejamento
• Reúna-se com o grupo formado na Etapa 1. Reflitam sobre as histórias coletadas e decidam como elas podem ser representadas visualmente.
• D ecidam se vocês vão utilizar pintura, fotografia ou grafite para representar a história. Considerem as habilidades e os recursos disponíveis no grupo e na escola.
PASSO
Desenvolvimento da ideia
• Se vocês escolherem a pintura ou o grafite, façam esboços ou rascunhos das ideias. Se escolherem a fotografia, planejem as cenas, os personagens e as locações.
• R eúnam todos os materiais necessários, como tintas, pincéis, câmeras fotográficas ou smartphones e sprays.
• Recursos adicionais.
• Materiais: tintas, pincéis, telas, câmeras, sprays de grafite.
Se possível, convidem o entrevistado da Etapa 1 para participar desse momento! Ouçam como ele gostaria de ver representada a história que ele compartilhou!
Criação da obra
• Pintura
• Ferramentas digitais: softwares de edição de imagem para a fotografia.
• Espaço: local para a exposição da pintura ou da fotografia, ou parede para o grafite (nesse caso, é importante pedir permissão para executar a obra).
• Preparem a superfície (papel, cartolina, tela ou mural).
• Pintem seguindo o esboço ou rascunho, utilizando cores e técnicas para representar o tema da melhor maneira.
• Fotografia
• Organizem os cenários e os personagens.
• Tirem fotografias de momentos-chave da história ou façam uma sequência para contar a história.
• Grafite
• Escolham um local adequado.
É preciso pedir permissão para a realização desse tipo de arte. Verifiquem com antecedência a possibilidade de fazer o grafite em um dos muros ou paredes da escola, por exemplo. Como alternativa, considerem criar um grande cartaz ou painel de papel em que o grafite possa ser feito e exibido posteriormente.
• Produzam o grafite seguindo o esboço ou estêncil e utilizem cores e estilos característicos desse tipo de arte.
PASSO Apresentação
5
PASSO
4
• Adicionem detalhes e revisem a obra para garantir que todos os elementos da história que vocês escolheram estejam de acordo com o planejado.
• Preparem as obras para serem exibidas. As pinturas, as fotografias e os grafites produzidos em cartaz devem ser expostos e apresentados à comunidade escolar. Caso algum grupo tenha produzido um grafite fora da escola, documentem o processo com fotografias ou vídeos para mostrá-lo na exposição.
• Organizem uma exposição na escola para apresentar todas as obras.
• Promovam uma discussão sobre o processo de criação e os impactos da transformação das histórias orais em representações visuais. Encorajem a participação de todos para compartilhar suas experiências e impressões.
Lembrem-se de mostrar o resultado para as pessoas que contaram a história ou o causo na Etapa 1!
■ As memórias podem ser representadas por diferentes expressões artísticas.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Por que a arte é essencial na preservação da memória humana?
Como os processos de transmissão de memória evoluíram com a tecnologia?
■ A internet possibilita a preservação e o compartilhamento de memórias digitais, garantindo acesso a elas de forma global e duradoura.
Consulte as orientações no Manual do professor
Na era digital, a internet desempenha um papel importante ao disponibilizar acesso a um vasto repositório de conhecimento. Plataformas on-line, como bibliotecas digitais, arquivos, redes sociais e websites, facilitam a preservação e o compartilhamento de memórias individuais e coletivas. Além disso, tecnologias como armazenamento em nuvem e bancos de dados permitem a proteção de grandes volumes de informação. Por meio dessas ferramentas, é possível acessar conhecimentos e compartilhá-los globalmente, democratizando o acesso e preservando a memória coletiva. No entanto, será que há apenas pontos positivos nessa evolução?
Era digital: período em que a tecnologia digital, como computadores e a internet, começou a desempenhar um papel central em nossa vida, facilitando o armazenamento, o processamento e a transmissão de informações em formatos digitais.
Tecnologia digital: uso de dispositivos e sistemas eletrônicos que processam e armazenam informações em formato digital. Isso inclui computadores, smartphones, internet e serviços de armazenamento em nuvem. A digitalização transforma dados analógicos, como som e imagem, em digitais, facilitando o compartilhamento e o armazenamento.
Você já ouviu a expressão “guardar na memória”, certo? Há poucas décadas, isso significava lembrar de momentos importantes ou felizes. Atualmente, essa expressão ganhou um novo sentido: armazenar todos os tipos de informação e de dado em formatos digitais.
A era digital é o período em que tecnologias digitais como computadores e internet passaram a afetar profundamente a vida das pessoas. Ela iniciou na segunda metade do século XX, quando informações, como documentos e imagens, começaram a ser transformadas em formatos digitais. Isso facilitou o armazenamento e o acesso rápido a dados de praticamente todos os lugares do mundo.
A internet é um dos principais pilares da era digital, pois conecta as pessoas de todo o mundo e permite acesso rápido às informações. Além disso, a automação e a computação avançada tornaram tarefas complexas mais fáceis em áreas como indústria, saúde e educação. O armazenamento em nuvem transformou a maneira como guardamos e acessamos informações. Se antes tudo era armazenado em pastas ou gavetas físicas, hoje é possível manter tudo on-line, com a facilidade de acessar seus dados de qualquer lugar e a qualquer momento.
A era digital trouxe grandes mudanças na comunicação, com ferramentas como os e-mails, os chats e as videoconferências; na economia, com o crescimento do comércio eletrônico; e no trabalho, como o trabalho remoto. Também democratizou a cultura, possibilitando que mais pessoas criem e compartilhem conteúdos. A era digital transformou a maneira de viver, estudar, trabalhar e comunicar-se.
■ A tecnologia digital transformou a maneira como o ser humano experimenta e desfruta o dia a dia.
Permita que os estudantes expressem suas reflexões e troquem ideias sobre como o avanço das tecnologias digitais impactam narrativas orais e até mesmo expressões artísticas. Espera-se que levantem hipóteses de acordo com o que experienciam em seu dia a dia.
• Converse com a turma sobre o impacto das tecnologias digitais na preservação da memória humana. A narrativa oral e a expressão artística ainda desempenham papel relevante como guardiãs da memória da humanidade? Como você enxerga a interação entre essas diferentes formas de preservar memórias?
Consulte a resposta e as orientações no Manual do professor
As plataformas digitais são infraestruturas tecnológicas que oferecem um espaço para diversas atividades digitais, como comunicação, comércio eletrônico e serviços de streaming, que hospedam conteúdos e funcionalidades variadas.
Um exemplo de plataforma digital são os serviços de streaming Nessas plataformas, destacam-se os podcasts: programas em formato de áudio que possibilitam a narração de histórias, discussões sobre temas atuais, entrevistas e compartilhamento de experiências pessoais e conhecimentos especializados. Eles podem ser acessados a qualquer momento e em qualquer lugar, oferecendo uma forma flexível e acessível de consumir conteúdos informativos ou de entretenimento.
Há inúmeros podcasts que compartilham vivências do cotidiano das pessoas, disseminando e preservando essas histórias por meio das plataformas de streaming. Esse registro digital garante que as memórias e vivências possam ser mantidas e difundidas por um tempo indefinido, conectando pessoas e culturas em uma rede global.
Streaming: tecnologia que permite a transmissão de áudio e vídeo pela internet em tempo real, sem precisar baixar o arquivo completo. Possibilita o acesso imediato a filmes, músicas e vídeos disponíveis em plataformas digitais, reproduzindo o conteúdo à medida que é transmitido, desde que haja conexão à internet.
■ Apresentação do podcast Faxina em um aplicativo de streaming. Os episódios são dedicados à contação de histórias de imigrantes brasileiros nos Estados Unidos, bem como de outras nacionalidades que chegam ao Brasil. Focado nas experiências de vida, cultura e identidade, o podcast busca dar voz a essas histórias muitas vezes ignoradas, conectando o público com os desafios e realidades dessas comunidades. O podcast recebeu o prêmio de melhor áudio documentário em língua não inglesa pelo Third Coast Audio Festival, um dos mais reconhecidos festivais de áudio nos Estados Unidos.
As redes sociais são um tipo específico de plataforma digital projetada para conectar pessoas, permitindo que elas compartilhem conteúdo, interajam e formem comunidades on-line.
Memórias são criadas e compartilhadas, nas redes sociais, em tempo real, por pessoas de todo o mundo. Esses canais permitem que indivíduos compartilhem momentos, mantenham contato com amigos e familiares e encontrem pessoas com interesses semelhantes. O objetivo inicial das redes sociais era possibilitar que as interações sociais características do mundo off-line acontecessem em um ambiente digital.
Com o tempo, as redes sociais tornaram-se ferramentas poderosas de visibilidade global. Notícias, eventos e informações podem ser compartilhados instantaneamente com um público mundial. Essa disseminação rápida tornou a informação acessível a todos, independentemente da localização geográfica, democratizando o conhecimento e aumentando a conscientização a respeito de questões globais.
■ Na era digital, o celular é mais que uma ferramenta de conexão, é o repositório moderno de memórias coletivas. Ao compartilhar momentos nas redes sociais, estamos criando uma narrativa para o mundo, que atravessa fronteiras e preserva histórias para as gerações futuras.
As redes sociais também transformaram o circuito da arte, oferecendo um espaço virtual para que artistas do mundo todo exibam suas criações. Plataformas de interação social tornaram-se galerias on-line em que artistas podem alcançar um público global diretamente, sem a necessidade de intermediários. Essa possibilidade não só democratizou a arte, mas também incentivou a colaboração e a inovação, permitindo que novas formas de expressão artística florescessem e se espalhassem rapidamente.
Além de favorecerem a ascensão de artistas especializados nos meios virtuais, as plataformas digitais e as redes sociais proporcionaram a criação de novas linguagens artísticas. Há artistas digitais, por exemplo, que utilizam inteligência artificial e outras tecnologias para criar suas obras, desenvolvendo técnicas e formas de expressão que antes não existiam.
■ Ilustração produzida com técnicas digitais pela artista Isabella Parra, 2022.
Com a popularização da internet e a facilidade de compartilhamento digital, algumas profissões ganharam força, por exemplo, a de webquadrinista. Esses artistas criam e publicam quadrinhos na internet, em plataformas como blogues, sites pessoais e redes sociais, publicando suas obras diretamente para o público, sem depender das editoras tradicionais.
No Brasil, alguns webquadrinistas exemplificam a diversidade e a criatividade da cena de quadrinhos digitais, como Fábio Coala, criador do Mentirinhas, tirinhas humorísticas e reflexivas que abordam temas do cotidiano; Bianca Pinheiro, autora da série Bear, que mistura aventura e fantasia em seus quadrinhos; e Carlos Ruas, conhecido por Um sábado qualquer, que explora temas religiosos e filosóficos de forma bem-humorada.
Além de criar os fenômenos da web Um sábado qualquer e Mundo avesso, Carlos Ruas tem uma obra voltada para o cotidiano, os sentimentos e as memórias dos pets Cães e gatos desenvolve uma narrativa sobre o amor, mesmo quando existem diferenças.
• RUAS, Carlos. Cães e gatos . São Paulo: Outro Planeta, 2019.
Observe a tirinha a seguir, do webquadrinista brasileiro Alexandre Beck, criador de uma série popular de quadrinhos chamada Armandinho, que começou a ser publicada on-line e ganhou notoriedade por meio das redes sociais. Suas tirinhas abordam temas do cotidiano relacionados à família e a questões sociais com sensibilidade e humor.
Além de estar disponível em plataformas digitais, a série Armandinho foi publicada em livros físicos, o que evidencia a transição bem-sucedida entre os meios digital e os tradicionais.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Para você, o que provoca humor nesta tirinha?
2. Converse com os colegas sobre outras profissões que se originaram ou se destacaram com o surgimento das redes sociais, além dos webquadrinistas. Cite alguns exemplos e reflita sobre como essas novas profissões têm influenciado o processo de memória coletiva.
Na Etapa 2 , você e seu grupo representaram visual e artisticamente as histórias ou causos familiares que coletaram na Etapa 1
Que tal, agora, na Etapa 3, usar a rede social para registrar e compartilhar memórias?
Vamos lá? Siga o passo a passo indicado.
PASSO
1 Planejamento
• Reúna-se com seu grupo. Escolham uma história para transformar em vídeo, fotografia ou quadrinho. A história pode ser algo pessoal, um acontecimento da escola ou da comunidade. Pensem em momentos que sejam significativos e que possam ser bem representados visualmente. Escolham, também, uma rede social para publicar a produção de vocês.
PASSO
2 Escolha do formato
• Planejem como contar essa história no formato escolhido.
a) Se optarem por vídeo, definam cenas que contem a história de forma clara.
• Dividam a narrativa em partes principais, como introdução, desenvolvimento e conclusão.
• Criem um roteiro que inclua diálogos, descrições de ações e os planos de filmagem.
• Pensem nos locais, personagens, figurinos e adereços que vão utilizar. O roteiro deve ser detalhado para guiar as filmagens e assegurar que cada cena transmita a mensagem desejada, mantendo a coerência e o impacto visual.
b) Para fotografias, pensem em ângulos que melhor capturam a essência da história e nos elementos visuais que reforçam a narrativa.
• Escolham cenários e objetos que tenham relevância simbólica e que ajudem a contar a história sem palavras.
• Considerem a composição da imagem, como a disposição dos personagens, a iluminação e os detalhes que podem transmitir emoções ou contextos importantes.
• E xperimentem diferentes perspectivas para tornar as fotografias mais dinâmicas e expressivas, assegurando que cada imagem contribua para o entendimento completo da narrativa.
■ As redes sociais permitem diferentes formatos de publicação.
c) No caso de quadrinhos, elaborem os desenhos e diálogos que melhor transmitam a narrativa da história.
• Comecem criando um storyboard simples, dividindo a história em quadros que mostrem os principais momentos.
• Nos desenhos, foquem expressões faciais e detalhes visuais que ajudem a contar a história de forma clara.
Storyboard: sequência de desenhos ou esboços que representam as cenas principais de um vídeo, filme ou quadrinho. Ele serve como um roteiro visual, ajudando a planejar a narrativa, a disposição das cenas e os ângulos de câmera. Cada quadro do storyboard inclui descrições de ações, diálogos e outros elementos importantes, facilitando a visualização do produto final antes da produção completa.
• Os diálogos devem ser curtos e diretos, cabendo nos balões de fala de cada quadro. Usem as cores, as linhas e os cenários para dar mais vida e contexto à narrativa.
• Iniciem o processo de criação conforme o planejamento. Combinem reuniões frequentes para ajustar o que não estiver funcionando bem, alinhar detalhes da produção ou testar novas ideias.
Feedback: retorno ou resposta sobre o desempenho de uma tarefa, trabalho ou comportamento. Pode ser positivo, para reforçar o que foi bem-feito, ou construtivo, para sugerir melhorias. O feedback ajuda a identificar pontos fortes e áreas que precisam ser aprimoradas. Ele deve ser claro, específico e oferecido de maneira respeitosa e colaborativa, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento e aperfeiçoamento contínuo.
• N o grupo, revisem o trabalho uns dos outros para garantir que a narrativa esteja clara e coesa. Ofereçam feedback construtivo, destacando os pontos fortes e sugerindo melhorias. Certifiquem-se de que o formato escolhido (vídeo, fotografia ou quadrinho) transmite a mensagem de forma eficaz e que todos os elementos visuais e textuais estão alinhados com o tema da história. Se necessário, façam ajustes para melhorar a qualidade e garantir que o produto final seja bem executado.
PASSO
4 Publicação
• Publiquem na rede social escolhida. Usem hashtags para ampliar o alcance.
PASSO
5 Interação
• Troquem ideias e experiências. Curtam as postagens dos colegas e façam comentários nelas.
• Atentem-se aos feedbacks dos leitores. Respondam aos comentários que a produção de vocês receber.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como os processos de transmissão de memória evoluíram com a tecnologia?
Consulte as orientações no Manual do professor
Você sabe o que é uma cápsula do tempo?
É um recipiente físico ou um arquivo digital em que são armazenados objetos, documentos, imagens, histórias e outros itens significativos, com a intenção de serem abertos e explorados no futuro. Essas cápsulas podem conter uma variedade de conteúdos, como cartas, fotografias, jornais, artefatos culturais e registros de eventos contemporâneos. A ideia é preservar a memória de determinada época para que as futuras gerações possam entender e apreciar como era a vida ou quais eram as preocupações, os valores e as culturas no passado. As cápsulas do tempo podem ser enterradas fisicamente ou armazenadas digitalmente, com instruções claras sobre quando e por quem devem ser abertas. Em vários países, elas são frequentemente criadas durante celebrações de marcos importantes, como aniversários de cidades, escolas ou eventos históricos, e são programadas para serem abertas décadas ou até séculos depois. Além de servirem como ferramentas de educação e reflexão histórica, as cápsulas do tempo promovem a valorização da identidade cultural e a conexão entre diferentes gerações, permitindo que os futuros habitantes do planeta tenham uma janela direta para o passado. No Brasil, por exemplo, em 2022, o Museu Nacional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), selou uma cápsula do tempo na sede da instituição, na Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio de Janeiro (RJ). A cápsula foi produzida pelo Instituto Nacional de Tecnologia (INT) em aço inox e foi enterrada em um espaço com aproximadamente 1 metro de profundidade, contendo mais de 100 itens, como cartas de autoridades, jornais, documentos, vídeos, desenhos de estudantes de escolas públicas, entre outras recordações. A abertura da cápsula está prevista para 2072.
■ Placa aplicada no local onde a cápsula do tempo do Museu Nacional, da UFRJ, foi enterrada, em 2022.
Agora, vocês vão criar uma cápsula do tempo para guardar os conhecimentos que acumularam ao realizar este projeto.
1
2
Decisão sobre o tipo de cápsula do tempo
• Discussão em grupo. A turma deve discutir as vantagens e as desvantagens associadas à criação de uma cápsula do tempo física ou digital. Considerem fatores como longevidade, acessibilidade, recursos disponíveis (A escola tem um lugar para enterrar ou deixar a cápsula física segura? Em caso afirmativo, verifiquem as permissões necessárias para que seja possível colocar em prática a produção de uma cápsula física).
• Votação. Se necessário, realizem uma votação para decidir se a turma prefere criar uma cápsula do tempo física ou digital. Certifiquem-se de que todos tenham a oportunidade de expressar suas opiniões e de que a decisão seja tomada de forma democrática.
Planejamento e preparação
Se a escolha for uma cápsula do tempo física:
• Escolham um recipiente durável e resistente às intempéries para armazenar os itens. Pode ser uma caixa de metal, plástico ou outro material resistente.
• Reúnam todos os itens que serão incluídos na cápsula do tempo. Certifiquem-se de que estejam bem embalados para protegê-los contra danos.
• Documentação. Criem uma carta explicativa, um índice dos itens armazenados e as instruções sobre quando e como a cápsula deve ser aberta.
• Selem o recipiente e escolham um local seguro para enterrar ou armazenar a cápsula. Documentem a localização exata e combinem com a direção da escola o local e a data de abertura.
Se a escolha for uma cápsula do tempo digital:
• Reúnam e digitalizem todos os itens que serão incluídos na cápsula. Organizem os arquivos em pastas claras e bem estruturadas.
• Escolham uma plataforma de armazenamento confiável em nuvem ou similar para armazenar os dados.
• Criem um índice digital detalhado dos conteúdos incluídos e uma carta explicativa com instruções sobre a data e o método de acesso futuro.
• Façam backups dos arquivos para garantir a segurança dos dados e considerem o uso de senhas ou criptografia para proteger as informações.
3
Implementação e preservação
• Apresentem o plano final para a comunidade escolar, explicando o propósito, os conteúdos, refletindo sobre quais são as memórias da comunidade e a importância da cápsula do tempo.
• Garantam que a cápsula do tempo, física ou digital, seja armazenada em um local seguro e acessível. Documentem todas as informações necessárias para a futura abertura.
• Celebrem a conclusão do projeto com todos os participantes e reflitam sobre a importância de preservar memórias e conhecimentos para as futuras gerações.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Quais são as memórias de sua comunidade? Se possível, convidem os entrevistados da Etapa 1 para participar desse momento!
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual como coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Você participou de todas as atividades propostas? Argumente.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Por que você acha que isso aconteceu?
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação neste projeto. Argumente.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto?
e) Escreva, de modo sucinto, quais foram suas dificuldades e aprendizagens desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Sobre seu entrosamento com o grupo neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Você sente que contribuiu de maneira significativa com seu grupo para a realização deste projeto?
b) O que você aprendeu com os colegas de grupo nesse processo?
c) Como você avalia a comunicação entre os integrantes do grupo durante o desenvolvimento do projeto?
d) Quais desafios você encontrou ao trabalhar em equipe neste projeto e como eles foram superados?
Junte-se a seu grupo para comparar as respostas do item 2 .
3. Agora, reflita sobre os temas deste Projeto Integrador.
a) Você compreendeu a função da tradição oral como instrumento de transmissão de saberes e elemento de socialização?
b) Você identificou a importância da arte como guardiã da memória?
c) Em relação ao mundo do trabalho, você percebeu como artistas e outros profissionais contribuem para a memória coletiva de uma comunidade?
d) Você conseguiu entender as novas formas de memória originadas com a era digital?
e) Como você avalia a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos neste projeto em sua vida pessoal e em sua futura carreira profissional?
Diariamente, somos expostos a imagens e discursos que influenciam comportamentos e formas de ser, especialmente entre os jovens. A busca constante por se enquadrar em padrões de beleza gera insatisfação com o próprio corpo, frustração, tristeza e isolamento social, impactando a saúde física e mental.
A proposta deste Projeto Integrador é discutir os padrões de beleza que exaltam o corpo magro (que não necessariamente é saudável) e compreender a diferença entre saúde e estética.
A turma será incentivada a criar um evento esportivo aberto à comunidade, promovendo aceitação e bem-estar, além de explorar a visão de diferentes profissionais sobre a saúde física e mental. Com isso, pode haver a desconstrução de preconceitos relacionados à aparência das pessoas e às diversas formas de existência e convivência na sociedade.
Consulte as orientações no Manual do professor
1. Você sabe a diferença entre os conceitos de saúde e estética?
2. Você costuma perceber situações do cotidiano em que a estética é mais valorizada que a saúde? Em caso afirmativo, indique alguns exemplos.
1. Leve os estudantes a compartilhar suas referências dos conceitos de saúde e estética. Provavelmente, eles vão associar a questão da saúde à medicina ou ao bem-estar físico, mental e social. Enquanto isso, é possível que relacionem a questão estética exclusivamente com a aparência e a beleza.
2. Apoie os estudantes para que se sintam livres ao expor seus exemplos, desde que haja respeito em seus posicionamentos. Em caso de falas preconceituosas ou estereotipadas, use esse momento para desconstruir a visão da turma.
■ A s diferenças físicas não impedem as pessoas de desenvolver as variadas possibilidades de movimento oferecidas pela pluralidade do corpo. Contudo, um ideal inalcançável de perfeição pode prejudicar a saúde física e mental dos indivíduos, principalmente os jovens.
• Compreender a relação entre padrões estéticos e problemas de saúde.
• Desenvolver habilidades essenciais para o trabalho em grupo e a execução de projetos.
• M obilizar a comunidade escolar e profissionais da saúde para a criação de um evento esportivo.
Pesquisar e analisar textos para explorar diferentes aspectos da saúde e áreas do conhecimento.
R efletir sobre os padrões de beleza e sua influência na saúde física e mental das pessoas.
A preocupação com o corpo tem se intensificado com a imposição de padrões de beleza muitas vezes desconectados da realidade dos jovens. Discutir essa questão em sala de aula é fundamental para que você possa questionar esses discursos e desenvolver uma relação saudável com seu corpo.
Neste Projeto Integrador, você entrará em contato com textos que possibilitam a diferenciação entre estética e saúde e que servirão de base para formular argumentos que poderão ser utilizados para justificar seu posicionamento diante das temáticas que serão abordadas. Será importante entender como os padrões de beleza impostos podem gerar insatisfação e levar à busca por um corpo “perfeito”, trazendo consequências tanto para a saúde física como para a saúde mental.
As discussões permitirão, ainda, que você integre conhecimentos de Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências da Natureza e suas Tecnologias, o que contribui para a formulação de perspectivas futuras e a construção de um projeto de vida sólido, fortalecendo o protagonismo juvenil.
• Educação em direitos humanos
• Vida familiar e social
• Diversidade cultural
• Saúde
3 Saúde e bem-estar
4 Educação de qualidade
• Borracha
• Caderno
• Caneta
• Computadores com acesso à internet
• Folhas avulsas (papel kraft, cartolina ou sulfite)
• Lápis
Arena escolar esportiva.
Nessa etapa, você vai compreender o impacto da imposição de padrões estéticos, que geram insatisfações com o próprio corpo. O foco é refletir sobre padrões inalcançáveis, bem como sobre a gordofobia e seus efeitos na saúde física e mental.
A etapa inclui a elaboração de uma pesquisa e um questionário sobre as percepções de beleza.
Nessa etapa, você vai refletir sobre a falsa equivalência entre estética e saúde e sobre os malefícios decorrentes da busca pelo corpo “ideal”, que afeta negativamente a saúde física e mental das pessoas. A etapa se encerra com um seminário sobre preconceitos relacionados à aparência das pessoas e sobre doenças causadas por procedimentos estéticos.
Nessa etapa, você conhecerá profissões das áreas de estética e de bem-estar e a importância de sua regulamentação para proteger as pessoas de profissionais que atuam ilegalmente, assegurando, dessa forma, a saúde e a qualidade de vida da população. A atividade prática será criar um guia de serviços de saúde e bem-estar na cidade.
O produto final busca planejar, organizar, desenvolver e avaliar um evento esportivo com a participação de profissionais da saúde, educadores, estudantes e seus familiares, promovendo a integração da comunidade por meio de atividades práticas.
Como somos e como nos vemos representados fisicamente?
■ ROSA, Gustavo. [Sem título]. Pintura da série Banhistas. 2003. Óleo sobre tela, 65 cm x 54 cm. Acervo imagético Instituto Gustavo Rosa. Em suas obras, o artista plástico Gustavo Rosa representa imagens com proporções exageradas para fazer críticas sociais.
As pessoas retratadas na televisão e nas redes sociais geralmente são belas, esbeltas, sensuais, mostrando um padrão de beleza que é imposto a todos os espectadores. Ao observar essas pessoas, você se sente representado? Sente-se confortável com essas imagens? Quais sensações elas despertam em você e nas pessoas ao seu redor? A forma como você se vê no espelho se aproxima desses corpos apresentados?
Promover uma representação mais inclusiva e realista na mídia pode criar um senso de pertencimento e evitar insatisfações com a autoimagem. Para isso, deve-se mostrar a diversidade cultural e racial, representar corpos de diversos tamanhos e pessoas de idades variadas e incluir pessoas com deficiência. Essas representações visuais são essenciais para questionar estereótipos, valorizar todas as formas de expressão e para que as pessoas estabeleçam uma relação saudável com a própria imagem.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Quais são os elementos mais marcantes da pintura de Gustavo Rosa (1946-2013) reproduzida na página anterior?
2. Como as formas e as cores da pintura contribuem para sua impressão geral da obra?
3. Qual é o tema principal dessa pintura?
4. Que emoções ou pensamentos a pintura desperta em você? Existe algo na composição ou no tema com o qual você se identifique?
5. Qual história ou narrativa você acha que Gustavo Rosa está contando por meio dessa pintura? Quais são as possíveis relações entre as figuras na obra?
6. Como você acha que o público pode reagir a essa pintura? Existem aspectos que podem ser considerados controversos ou inovadores?
7. Busque informações e outras pinturas de Gustavo Rosa e compartilhe com a turma.
No tópico Pluralidade de corpos e representações físicas , você explorou importantes temas sobre como os corpos são representados e percebidos na sociedade, uma reflexão fundamental para questionar os padrões estéticos estabelecidos. Esses questionamentos são importantes p ara que, ao debater com os colegas, você não só contribua para uma discussão mais rica e fundamentada, mas também amplie sua compreensão dos impactos desses padrões na percepção individual. Com base nesse debate, será possível aprofundar a análise das causas e consequências da insatisfação com a aparência, abordando as implicações diretas para a s aúde física e mental, conforme o tema explorado no Texto 1.
■ Montagem de fotografias para representar a pressão dos padrões estéticos que dificulta o entendimento sobre a variedade genética e pluralidade dos corpos.
Tenho a impressão de que a aparência se tornou a coisa mais importante do mundo. Antigamente, as pessoas se cumprimentavam e falavam do tempo. Hoje, aquela velha conversa sobre o clima se transformou em: “Bom dia, você emagreceu?”, “Boa tarde, você engordou?”. Não é assim? Tudo se concentra na aparência, ou seja, no peso, como se a balança fosse o indicador do estado de felicidade, bem-estar, saúde ou sucesso.
Olhar-se no espelho não deveria ser um pesadelo.
Alguns anos atrás, eu estava aguardando o elevador quando duas moças à minha frente começaram a conversar. Uma falou para a outra “Nossa, você emagreceu!” e depois perguntou: “Você tomou remédio ou fechou a boca?”. Fiquei surpresa ao ver aquelas moças com menos de 30 anos já pensando que, para emagrecer, eram necessários métodos radicais. Que pena!
Aprendi, em função do meu trabalho, a não elogiar alguém que tenha perdido muito peso, porque em geral a pessoa recebe centenas de parabéns e acaba se empolgando. A verdade é que a gente nunca sabe como a pessoa perdeu todos esses quilos. [...]
■ A imposição de padrões impossíveis de serem alcançados acaba fazendo com que até mesmo os mais jovens se sintam insatisfeitos com o próprio corpo.
Tudo atualmente parece relacionado à aparência, ao que vamos mostrar para os outros, e acabamos nos esquecendo do que sentimos por dentro. É muito importante rever esse conceito e se questionar. [...] Essa insatisfação permanente e a busca pela perda de peso e pelo corpo perfeito alimentam uma indústria mundial de bilhões de dólares, que a cada minuto produz uma novidade milagrosa para emagrecer ou para parecer mais jovem. Preste atenção no que você compra ou naquilo que você investe. Que seja para melhorar sua saúde e seu bem-estar, e não para deixar você mais infeliz ou com mais vontade de se tornar alguém que não é.
DERAM, Sophie. O peso das dietas: faça as pazes com a comida dizendo não às dietas. Rio de Janeiro: Sextante, 2018. p. 74-75.
1. Releia o seguinte trecho do texto.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
Tudo atualmente parece relacionado à aparência, ao que vamos mostrar para os outros, e acabamos nos esquecendo do que sentimos por dentro. É muito importante rever esse conceito e se questionar. [...]
a) Você concorda com essa afirmação? Escreva dois argumentos para justificar sua resposta.
b) E xponha a um colega sua opinião a respeito do tema abordado no texto. Mostre seus argumentos e ouça os dele. Em seguida, faça uma síntese das ideias apresentadas pelo colega em formato de mapa mental.
1. b) Resposta pessoal. Caso os estudantes desconheçam como construir um mapa mental, reserve um tempo inicial de orientação.
2. Com base no texto escrito pela engenheira agrônoma, nutricionista e doutora em Endocrinologia
Sophie Deram, faça o que se pede.
a) Em sua opinião, como as diferentes áreas de formação da autora contribuem para sua excelência profissional?
b) Como as áreas de formação que fazem parte da trajetória de Sophie se relacionam e qual é o público-alvo do trabalho dela?
c) Que outros profissionais poderiam integrar uma equipe multidisciplinar para tratar de questões ligadas à insatisfação com o corpo?
d) Reúna-se novamente com um colega para verificar as respostas que ele elaborou no item anterior. Caso você não tenha mencionado alguma profissão listada por ele, escreva o nome dessa atividade no caderno.
e) Faça uma pesquisa para conhecer as possibilidades de atuação das profissões que você e o colega mencionaram. Qual delas chamou mais sua atenção e por quê?
2. e) Este item complementa o anterior e permitirá aos estudantes fazer uma pesquisa para conhecer as possibilidades de atuação das profissões mencionadas.
A pressão estética afeta a percepção que muitos têm do próprio corpo, pois as referências impostas pelos meios de comunicação e pelas redes sociais são, muitas vezes, inatingíveis. A situação se torna pior quando as pessoas são impactadas pela gordofobia, que discrimina as pessoas gordas e gera até mesmo uma situação de exclusão social. Compreender essa distinção é essencial para abordar de maneira adequada as questões de discriminação e saúde pública que serão discutidas no Texto 2 .
Destaque para os estudantes que a obesidade é classificada como uma doença crônica pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que exige um olhar mais compreensivo e empático sobre o tema, mas a gordofobia é inaceitável. É fundamental promover a inclusão e o respeito sobre o assunto.
Falar de gordofobia é falar de discriminação e perda de direitos!
A maioria das pessoas confunde gordofobia com pressão estética, mas há uma grande diferença entre os dois termos.
A pressão estética atinge todas as pessoas, mas principalmente as mulheres, pois estamos submetidas a um padrão de beleza socialmente imposto.
Uma pesquisa realizada [...] em 2019 revela que aproximadamente 70% das mulheres não se sentem representadas por imagens que veem no seu dia a dia e [que] 96% delas não se acham bonitas. Essa pesquisa aponta como a pressão estética nos afeta, impondo um padrão de beleza inatingível.
Quando falamos de gordofobia, estamos falando sobre discriminação e sobre ser vista como doente sem nenhum exame que comprove isso. Estamos falando de exclusão social e de espaços e dos muitos olhares e atitudes que dizem e afirmam que determinados espaços não são nossos.
[...]
A gordofobia desumaniza e torna público o corpo gordo, o preconceito vem disfarçado de preocupação com a saúde, todo mundo finge preocupação com ele e se sente à vontade para aconselhar dietas ou recomendar um médico, as pessoas precisam entender e separar o corpo saudável do corpo magro, eles não são sinônimos. Todos os tipos de corpos podem ter pessoas doentes. Todos os tipos de corpos podem ter pessoas saudáveis.
■ A ressignificação do corpo gordo é um ato de resistência que desafia padrões estéticos limitantes, promovendo a autoestima e o bem-estar integral. É uma jornada de compreensão e empoderamento que reafirma o direito de existir plenamente em qualquer forma física.
Precisamos que as pessoas parem de destilar seu preconceito em forma de dicas, e, em vez disso, peguem essa energia e o tempo para lutar pra que as pessoas gordas tenham seus direitos assegurados, lutem para que hospitais tenham macas, cadeiras, braçadeiras, aparelhos e roupas para todos, precisamos garantir acesso a todos os corpos. O corpo gordo não precisa ser tutelado, mas precisa de direitos garantidos!!
É importante falarmos sobre autoestima, porém é essencial e urgente falarmos sobre direitos e acessos, sobre política pública e defender o direito e o respeito que o meu e todos os corpos deveriam ter. Reivindicar e ressignificar os nossos corpos gordos, pretos e periféricos no território e na consciência política é caminhar em direção à garantia da cidadania plena de todos nós!
LIMA, Keit. Falar de gordofobia é falar de discriminação e perda de direitos, Portal Geledés, [s. l.], 11 set. 2020. Disponível em: https://www.geledes.org.br/falar-de-gordofobia-e-falar-de-discriminacao-e-perda-de-direitos/. Acesso em: 20 ago. 2024.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Quais são as ideias principais apresentadas por Keit Lima nesse artigo?
2. Releia os dados estatísticos a seguir, retirados do artigo.
[...] aproximadamente 70% das mulheres não se sentem representadas por imagens que veem no seu dia a dia.
[...] 96% das mulheres não se acham bonitas.
a) Converse com os colegas sobre as questões a seguir:
• Você se sente representada(o) pelas imagens que vê no dia a dia?
• Você se acha bonita(o)?
2. b) Caso seja uma possibilidade, os estudantes poderão utilizar recursos de softwares e editores para a composição dos gráficos.
b) Em grupos, criem dois gráficos: um deve conter as respostas da primeira pergunta do item a. O outro deve conter as respostas da segunda pergunta. Cada gráfico deve ter o número de respondentes que se identificam como homens e que se identificam como mulheres.
c) Analisem os dados e reflitam: A pesquisa apresentada no texto é de 2019. Algo mudou em relação ao ano em que vocês fizeram a pesquisa com a turma? Qual foi a principal mudança?
3. Com base nos textos lidos, em seus conhecimentos prévios e nas pesquisas realizadas, participe de um debate com os colegas sobre o tema:
Você concorda com a ideia de que o padrão de beleza imposto pela sociedade é inatingível?
a) Para se preparar para o debate, reúnam-se em grupos para discutir as seguintes questões:
• O padrão de beleza imposto pela sociedade considera aspectos como aparência, etnia, gênero, idade e identidade? Por quê?
• Qual é a relação entre a imposição de um padrão de beleza e a insatisfação com o próprio corpo?
• Vocês acham importante questionar os padrões de beleza socialmente impostos? Por quê?
b) Para organizar o debate:
• Reúna-se com o grupo para definir as regras do debate com a turma.
• Em seguida, sua equipe vai planejar a sequência de apresentação dos argumentos e como vocês responderão aos contra-argumentos de outro grupo.
• Após o debate, avaliem a experiência em grupo, destacando o que funcionou bem e o que pode ser melhorado para futuros debates.
Maria Luísa, a protagonista do romance, sente-se insatisfeita com o próprio corpo, a ponto de isso afetar sua relação com o mundo, com as pessoas, com seus sentimentos e com a maneira de lidar com as diferentes situações.
• F IGUEIREDO, Isabela. A gorda . São Paulo: Todavia, 2018.
•
O ideal de beleza atual é inatingível e ignora a diversidade genética, étnica, de gênero e regional. Ele impõe padrões específicos, como mulheres magras, altas, de pele clara e cabelos lisos, e homens musculosos, altos e de pele clara. Esses padrões desconsideram as particularidades individuais e levam muitas pessoas a uma obsessão com o corpo e a aparência, fazendo com que passem grande parte da vida buscando características muito difíceis de alcançar – e, às vezes, inalcançáveis.
Vivemos em uma sociedade na qual a imagem é frequentemente colocada acima da essência, e os padrões de beleza promovidos pela mídia acabam moldando, muitas vezes de maneira distorcida, o modo como nos enxergamos. A busca incessante por uma estética normalmente difundida pela mídia pode levar a consequências graves, tanto físicas quanto psicológicas, e coloca em dúvida nossa percepção de valor e de autoestima. O editorial a seguir propõe uma reflexão sobre essa obsessão e questiona se é possível encontrar um caminho de valorização da diversidade e promoção do bem-estar genuíno.
Vivemos em uma era em que a imposição da perfeição estética se tornou onipresente e, ao mesmo tempo, cada vez mais inalcançável. Redes sociais, revistas e a mídia em geral promovem diariamente imagens irreais de corpos esculturais, pele impecável e cabelos sempre brilhantes. Padrões inatingíveis que têm levado inúmeras pessoas a adotar medidas extremas e perigosas para se encaixar em um ideal de beleza que, na realidade, é artificial e frequentemente manipulado.
O impacto dessa busca incessante por um corpo perfeito é preocupante. Procedimentos cirúrgicos, dietas radicais e o uso de produtos químicos nocivos são apenas algumas das práticas adotadas por aqueles que desejam atingir esses padrões estéticos irreais. [...]
Mas o problema não reside apenas nos riscos físicos, como as complicações cirúrgicas, distúrbios alimentares e danos permanentes à saúde. Há também um impacto psicológico profundo, que se manifesta em baixa autoestima, isolamento social, ansiedade [...].
Pois o que é a beleza? A filosofia, historicamente, traz diversas reflexões sobre esse conceito. Platão argumentava que a beleza é uma forma de verdade que nos leva a um amor transcendente e divino [...]. Já Nietzsche, embora tão oposto a Platão, criticou a conformidade e a busca pela aprovação social, sugerindo que a verdadeira beleza e autenticidade surgem quando nos libertamos das expectativas externas [...].
Porém, longe das reflexões intelectuais, em nosso mundo cotidiano, os padrões de beleza têm sido moldados pelos interesses do mercado. Uma pequena boneca, lançada nos anos [19]50 nos Estados Unidos foi por décadas “tudo o que uma menina queria ser”: loira, alta, longilínea, olhos azuis, cintura
■ Padrões de beleza inatingíveis impactam a saúde física e mental dos indivíduos, principalmente das mulheres mais jovens.
absurdamente fina, Barbie conseguia tudo em seu universo cor-de-rosa e luxuoso. Ela foi um fenômeno mundial, mesmo onde sua figura era o oposto total do padrão local. Ressurgida em um sucesso de bilheterias [...], a boneca de proporções irreais mostra que seu apelo não ficou no passado, e ainda é referência para muitas e muitos jovens que perseguem um ideal impossível de corpo e de vida – isso, embora o filme ironize, com doses até de sarcasmo, justamente esse mito.
[...] A indústria da moda e da beleza é, obviamente, a que mais capitaliza em cima dessas inseguranças, oferecendo a seus ávidos consumidores todos os tipos de produtos e tratamentos que prometem transformações milagrosas, cenários perfeitos, status e felicidade. Promessas ilusórias que alimentam uma outra indústria: a dos antidepressivos e ansiolíticos.
A busca por padrões estéticos inatingíveis, dessa forma, traz à tona muitas questões éticas. Esse culto ao visual tem um impacto profundo na autoestima e na saúde mental, especialmente entre os jovens. [...] Campanhas para valorizar a diversidade de corpos e características, celebrando a individualidade e a autenticidade em vez de um modelo único e restritivo de perfeição, têm sido fortalecidas, mas não possuem ainda o mesmo sex-appeal daqueles mágicos filtros [...].
É possível fugirmos dessa tirania e promovermos um ambiente onde a beleza verdadeira seja reconhecida na diversidade e onde o bem-estar físico e mental prevaleça? Como sociedade, o de promover uma cultura de aceitação e bem-estar, na qual a saúde e a felicidade sejam priorizadas sobre a aparência. Afinal, a beleza não deve ser um fardo, um castigo ou uma meta inalcançável. Bonito é ser, simplesmente.
RIBEIRO, Renato Janine. Beleza editada. Notícias da SBPC , 7 jun. 2024. Disponível em: https://portal.sbpcnet.org.br/noticias/editorialbeleza-editada/. Acesso em: 20 ago. 2024.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. No editorial escrito por Renato Janine Ribeiro, há a seguinte pergunta:
É possível fugirmos dessa tirania e promovermos um ambiente onde a beleza verdadeira seja reconhecida na diversidade e onde o bem-estar físico e mental prevaleça?
• Com base no trecho e em seus conhecimentos prévios, escreva um parágrafo para responder a essa pergunta.
2. O texto apresenta a ideia de beleza do ponto de vista de dois filósofos: Platão e Nietzsche. Faça uma pesquisa sobre os ideais de beleza nos dois períodos em que esses filósofos viveram: Platão viveu na Grécia, na Antiguidade, e Nietzsche, na Alemanha, no século XIX. Em seguida, monte uma linha do tempo com as informações e as imagens pesquisadas.
3. Com base na pesquisa que você fez sobre a beleza na Grécia antiga e na Alemanha do século XIX, converse com os colegas, apresente suas ideias principais e escute as da turma. Anote o que mais chamou sua atenção e o fez refletir e ampliar seus conhecimentos sobre o assunto.
4. Atualmente, a insatisfação com o corpo está intimamente ligada à pressão sofrida pelas pessoas em relação à aparência física e a um padrão de beleza inatingível.
a) Retome os textos que você leu nesta etapa e relacione os termos pressão estética, padrão de beleza inatingível e saúde mental.
b) Quais ações você proporia aos colegas para que pudessem estabelecer uma relação mais saudável com o corpo e a aparência?
Auxilie os grupos na escolha de imagens que representem a diversidade de corpos e biotipos, além de diferentes períodos históricos, para enriquecer a reflexão e desfazer estereótipos. Consulte as orientações no Manual do professor
Nesta etapa, você e os colegas já exploraram as causas e as consequências dos padrões de beleza impostos pela sociedade, compreendendo que a insatisfação com o corpo, devida a pressões estéticas e preconceitos, pode levar a comportamentos que comprometem a saúde física e mental. Agora, chegou o momento de aprofundar essa reflexão por meio de uma pesquisa em grupo. Para isso, siga o roteiro proposto, que ajudará você e o grupo a elaborar o produto final deste projeto.
PASSO
1 Organização da pesquisa
• Você e mais três colegas deverão fazer uma pesquisa sobre a importância da percepção da beleza real para a saúde e para o bem-estar físico e mental.
• Reúnam-se para levantar ideias sobre o tema, aproveitando o que já foi discutido e aprendido.
• Cada integrante do grupo deve buscar informações em fontes variadas, como revistas especializadas, sites, entrevistas com profissionais, artigos científicos, reportagens etc.
• Anotem as ideias centrais e compartilhem os textos em uma pasta virtual comum que servirá como base para as reflexões.
• Após a pesquisa textual, busquem imagens que representem diferentes tipos de corpo e que complementem o tema da pesquisa.
• Salvem as imagens na pasta compartilhada.
PASSO
2 Reunião das ideias e criação do questionário
• Reúnam-se para revisar as informações e as imagens encontradas.
• Confiram se as imagens selecionadas estão de acordo com o tema da pesquisa; caso não estejam, busquem novas.
• Definam os objetivos, a quantidade de pessoas entrevistadas, se as perguntas serão de múltipla escolha, dissertativas ou dos dois tipos, o público-alvo, o meio de divulgação e o prazo das respostas.
• Criem as perguntas e definam a ferramenta on-line que será usada para criar o questionário e como as respostas serão armazenadas e compartilhadas.
PASSO
3 Divulgação do questionário
• Discutam e planejem como o questionário será divulgado para garantir um bom número de respostas.
• Implementem as ações planejadas e compartilhem o questionário com a comunidade escolar e os familiares, informando o prazo de resposta.
4
Análise e compartilhamento dos resultados
• Baixem e revisem as respostas ao final do prazo.
• Analisem as respostas, considerando a natureza das perguntas. Para as dissertativas, observem, por exemplo, as palavras ou ideias que mais apareceram. Para as de múltipla escolha, analisem as alternativas que tiveram o maior número de escolhas em cada questão e construam gráficos com as alternativas registradas em cada pergunta.
• Escrevam as conclusões com base na análise dos dados e apresentem ao professor e à turma.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como somos e como nos vemos representados fisicamente?
Há diferença entre saúde e estética?
■ BOTTICELLI, Sandro. O nascimento de Vênus. 1486. Óleo sobre tela, 173 cm x 279 cm. Galleria degli Uffizi, Florença. Essa pintura foi criada no século XV na Itália e apresenta o padrão de beleza e de saúde europeu na época. Nela, Vênus é retratada como uma mulher alta, magra, branca e de cabelos claros.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como já vimos, a busca pelos padrões estéticos impostos pela sociedade pode causar insatisfação com o corpo e com a autoimagem, afetando negativamente a saúde física e mental de jovens e adultos. Esse sofrimento leva muitas pessoas a recorrer a medidas extremas como cirurgias plásticas, motivadas pela falsa ideia de que saúde e estética são sinônimos. Logo, é fundamental diferenciar saúde de estética. Enquanto a saúde visa ao bem-estar físico, mental e social, com práticas como boa alimentação e exercícios físicos, a estética foca a melhoria da aparência. Embora a saúde esteja diretamente ligada à qualidade de vida, as questões estéticas, mesmo que interligadas à saúde, estão mais próximas à percepção de beleza e padrões corporais individuais.
Além disso, as decisões relacionadas à saúde devem ser baseadas em evidências científicas e necessidades médicas, enquanto as decisões estéticas são mais pessoais e podem envolver riscos. A sociedade tende a apoiar a busca por saúde, mas a pressão por padrões estéticos pode impactar negativamente a saúde mental, física e social de um indivíduo.
1. Resposta pessoal. Os estudantes podem mencionar aspectos ligados às cores, aos traços, às formas etc. para embasar as impressões sobre a pintura.
ATIVIDADES NÃO ESCREVA NO LIVRO.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Retome a imagem do artista Sandro Botticelli. Quais sensações a pintura desperta em você? Converse com um colega sobre suas principais impressões.
2. A obra remete ao mito de Vênus, uma deusa romana. Pesquise informações sobre essa narrativa e compartilhe com os colegas.
2. Resposta pessoal.
3. Que relações você poderia estabelecer entre o mito de Vênus e a pintura de Botticelli?
3. Os estudantes deverão citar uma das versões do mito de Vênus em que a deusa teria nascido das espumas do mar, simbolizadas, na pintura, pela concha e pela água.
4. Em sua opinião, as características físicas de Vênus e das outras pessoas retratadas na imagem refletem um padrão estético específico? Em caso afirmativo, você acredita que esse padrão ainda é relevante nos dias de hoje? Justifique sua resposta.
4. Resposta pessoal.
5. Se você pudesse recriar Vênus partindo de uma estética plural e inclusiva, como ela seria? Recrie a Vênus (pode ser em meio analógico ou digital) e compartilhe sua produção com os colegas, justificando suas escolhas em um texto.
5. Resposta pessoal.
6. Quais prejuízos à saúde física e mental você acha que podem ser observados nas pessoas que buscam um corpo perfeito?
6. Resposta pessoal.
7. O que você entende por autocuidado?
7. Resposta pessoal.
8. Reúna-se com um colega para realizar uma breve pesquisa.
a) Perguntem aos colegas das outras turmas e aos adultos que trabalham na escola o que eles entendem por autocuidado.
b) Busquem as definições da palavra e comparem as respostas das pessoas com suas reflexões e com as definições que encontraram.
c) A quais conclusões chegaram? Façam um relatório no caderno e apresentem as principais impressões para a turma.
8. Resposta pessoal. Antecipadamente, preveja um momento da aula para a execução da pesquisa no ambiente escolar e para a posterior apresentação dos relatórios.
A busca pelo corpo perfeito pode levar as pessoas, especialmente as mais jovens, a ignorar aspectos emocionais e físicos, cedendo às pressões estéticas e optando por procedimentos arriscados e sem a orientação adequada. O Texto 1 a seguir aborda a relação dos jovens com cirurgias plásticas no Brasil e a importância de entender os limites entre estética e saúde, especialmente em relação à saúde mental.
[...]
Cresce em mais de 140% o número de procedimentos estéticos em jovens
O Brasil é líder mundial no ranking de cirurgias plásticas em jovens. De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), dos quase 1,5 milhão de procedimentos estéticos feitos em 2016, 97 mil (6,6%) foram realizados em pessoas com até 18 anos de idade. Entre as justificativas para o quadro está a insatisfação com a própria imagem e, segundo o psicólogo Michel da Matta Simões, pesquisador da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP, boa parte é motivada por demandas sociais “que exigem dessas pessoas mais do que elas podem ou se sentem capazes de oferecer”.
[...]
Somente nos últimos dez anos, houve um aumento de 141% no número de procedimentos entre jovens de 13 a 18 anos, segundo a SBCP. Entre as cirurgias mais procuradas estão os implantes de silicone, a rinoplastia e a lipoaspiração. Para o psicólogo Michel Simões, essa procura está muito ligada a um conflito entre aquilo que os indivíduos gostariam de ser e o que é exigido para que se considerem ajustados à sociedade. Diz que a insatisfação com a própria imagem vem da infelicidade causada por “dificuldades em se sentir capaz ou insuficiente para lidar com o mundo, a sociedade e a realidade de uma forma geral”.
Para o psicólogo, as redes sociais desempenham um papel importante nesse processo de insatisfação, seja pelo alcance “que elas proporcionam quanto pelas possibilidades que elas oferecem”. Simões acredita que o universo virtual, ao veicular a ideia de corpo e estilo de vida perfeitos como algo real e concreto, cria padrões e ideais de beleza que são inatingíveis. [...]
Quando cirurgia representa qualidade de vida
Porém, os jovens não procuram as cirurgias plásticas somente devido à preocupação estética; sofrimentos emocionais agravados por restrições sociais autoimpostas podem justificar correção cirúrgica. É o que explica o cirurgião plástico e professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Pedro Coltro.
[...]
O professor diz que os procedimentos cirúrgicos com fins estéticos são recomendados para jovens a partir dos 18 anos, quando possuem mais autonomia e maturidade para tomarem decisões. Mas, casos em que pessoas estão suscetíveis ao sofrimento do bullying escolar, além de “uma redução drástica de autoestima e qualidade de vida”, devem ser analisados separadamente. “Se a gente pensar que a definição de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é o estado de bem-estar físico, social, mental e psicológico, a cirurgia plástica nesses casos vai trazer uma melhora para a qualidade de vida do paciente, logo para a saúde”, analisa Coltro.
LOURENÇO, Tainá. Cresce em mais de 140% o número de procedimentos estéticos em jovens. Jornal da USP, Ribeirão Preto, 14 jun. 2024. Disponível em: https://jornal.usp.br/?p=381431. Acesso em: 21 ago. 2024.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Retome as informações apresentadas no texto e escreva suas reflexões acerca da relação entre esses dados e a saúde mental.
2. De acordo com o texto, em quais situações a cirurgia plástica com valor estético é recomendada antes dos 18 anos? Você concorda com essa recomendação?
3. A proposta desta atividade é aprofundar o conhecimento dos estudantes sobre distúrbios alimentares como anorexia, bulimia e ortorexia, abordando os impactos da distorção da autoimagem na saúde física e mental. Ao realizar pesquisas em fontes confiáveis, produzir textos explicativos e preparar apresentações, eles exercitarão a leitura crítica, a comunicação e a colaboração em grupo.
3. A distorção da autoimagem pode levar o indivíduo a desenvolver distúrbios psicológicos, como a anorexia, a bulimia e a ortorexia, que afetam diretamente a saúde física. Reúna-se com dois colegas para fazer uma pesquisa sobre esses transtornos. Sigam o roteiro proposto.
1. Preparação
• Reflitam sobre o que vocês sabem sobre anorexia, bulimia e ortorexia.
• Dividam a pesquisa de modo que cada integrante fique responsável por um dos transtornos.
2. Pesquisa
• Procurem a definição de cada transtorno (anorexia, bulimia e ortorexia) e suas consequências para a saúde física e mental. Para isso, utilizem fontes confiáveis, como artigos acadêmicos e textos especializados.
• Anotem as principais ideias e informações dos textos encontrados. Registrem também as fontes, incluindo autor, veículo de divulgação e ano de publicação.
• Cada integrante do grupo deve criar um texto explicando o transtorno que pesquisou, incluindo definições, exemplos contextualizados e, se possível, imagens ilustrativas.
• Criem uma pasta digital compartilhada para organizar todas as informações e garantir que todos os integrantes do grupo tenham acesso às pesquisas realizadas.
3. Elaboração da apresentação
• Decidam como os textos serão apresentados: em cartazes (papel kraft, cartolina ou sulfite) ou programas digitais.
• Elaborem um roteiro com a sequência das informações e organizem a apresentação de acordo com o meio escolhido.
4. Troca de ideias
• Apresentem suas descobertas aos outros grupos.
• Após as apresentações, reúnam-se para discutir as informações coletadas e compartilhar percepções sobre os impactos dos transtornos na saúde física e mental.
• Aproveitem para verificar quais dados foram abordados por cada grupo e aprofundar a discussão sobre as consequências da distorção da autoimagem.
O Texto 1, sobre procedimentos estéticos em jovens, abordou os limites entre estética e saúde, destacando como esses conceitos, embora distintos, frequentemente se confundem devido a fatores como cultura, mídia, indústria da beleza e percepções individuais. Essa confusão afeta diretamente a autoimagem das pessoas.
Na sociedade moderna, a estética é entendida como a percepção da beleza e a aplicação de princípios voltados para a melhoria da aparência física de uma pessoa, objeto ou espaço. O foco atual da estética recai principalmente sobre a aparência e a busca pelo bem-estar associado a ela.
Em contrapartida, a saúde é definida como um estado de completo bem-estar físico, mental e social e vai além da simples ausência de doenças ou enfermidades. A saúde prioriza a funcionalidade e o bem-estar integral do corpo e da mente.
Para esclarecer as especificidades desses dois termos, é fundamental promover a educação em saúde e fomentar uma compreensão clara das diferenças entre práticas estéticas e de saúde. Nesse
contexto, os profissionais de ambas as áreas desempenham um importante papel ao orientar as pessoas a fazer escolhas mais informadas e conscientes. Além disso, campanhas de sensibilização que alertam para os riscos associados aos procedimentos estéticos e ao uso de produtos não regulamentados são essenciais para a proteção do bem-estar público.
A seguir, você vai explorar um artigo que discute os conceitos de saúde e estética, destacando a importância de diferenciá-los.
TEXTO 2
[...]
O que é saúde e estética?
Saúde e estética são conceitos próximos, mas não relacionados. Saúde tem a ver com o bem-estar físico, psíquico e social, enquanto a estética se refere tão somente à aparência física e à beleza. Pode ocorrer, contudo, de procedimentos estéticos terem também implicações de saúde.
É possível nos aprofundarmos um pouco mais nessas definições.
Saúde é um conceito utilizado para caracterizar um organismo que está com todas as suas funções fisiológicas regulares além de características estruturais normais e estáveis, considerando a forma de vida e fase do ciclo vital dessa pessoa.
[...]
Já a estética não tem relação direta com a saúde [...], ela está relacionada à harmonia das formas e das cores.
Quando se fala da estética do corpo humano, estamos falando de beleza e aparência física. O que podemos concluir dessas duas definições?
A saúde e a beleza podem estar relacionadas, mas não há uma ligação direta e necessária entre elas.
É possível ter saúde e não seguir os padrões estéticos da sociedade. Assim como é possível seguir os padrões estéticos da sociedade e não ter saúde.
O problema surge quando uma coisa atropela a outra.
Em nome da beleza e da estética, algumas pessoas podem colocar a saúde em risco, em uma clara inversão de valores. [...].
A ditadura da beleza e os limites entre estética e saúde
[...] você sabia que há estudos que se dedicam a entender como funciona essa ditadura da beleza, e por que ela é alimentada?
A pesquisadora Camila Camacho Bohm é responsável pelo estudo Um Peso, Uma Medida: o padrão de beleza feminina, apresentado por três revistas brasileiras.
No material, ela se dedica a entender como três revistas nacionais criam um padrão de beleza por meio da imposição de um peso a ser perseguido por todas as mulheres.
São corpos magros, altos e atléticos. Aquele ideal de beleza quase inalcançável para a maior parte das pessoas.
[...] E quais são os interesses econômicos por trás disso?
Produtos de emagrecimento, remédios milagrosos, pílulas e sucos, comidas e bebidas light e zero, além de todos os tipos de aparelhos de ginástica e a profusão das academias.
Cosméticos e cirurgias se somam a esses serviços e fecham a lista da indústria que se alimenta do culto à beleza.
E, como você já deve ter notado, a imposição desse padrão tem sido lucrativa.
Os números da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não deixam dúvidas: o Brasil é o segundo país do mundo no ranking de cirurgias plásticas, e esse número só tende a crescer.
De acordo com o censo mais recente da SBPC, foram realizadas 1,7 milhão de cirurgias plásticas no Brasil em 2018. Dessas, mais de um milhão foram estéticas, e o restante reparadoras.
A curva de crescimento mostra que as cirurgias não param de aumentar, com as estéticas subindo em ritmo mais rápido do que as reparadoras.
E é exatamente aqui que começam a surgir os riscos no dilema entre estética e saúde.
Diante do crescimento de cirurgias estéticas, algumas pessoas sem capacidade técnica e formação têm oferecido esses serviços, em condições precárias e inadequadas – e perigosas, claro.
Em busca do corpo perfeito, há quem se sujeite a essas cirurgias, colocando em risco a própria saúde.
LIMITES entre estética e saúde: entenda o conceito e os perigos. Blog da Upis, Brasília-DF, 19 dez. 2019. Disponível em: https://institucional.upis.br/blog/estetica-e-saude. Acesso em: 21 ago. 2024.
As atividades a seguir preveem um momento de trabalho em duplas. Oriente a melhor disposição da turma para a execução das atividades. Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Reúna-se com um colega e pesquise o conceito de estética na Filosofia e compare-o com a definição apresentada no artigo.
2. Procurem no dicionário as definições de saúde e de estética. Qual dos sentidos encontrados para cada termo dialogam com as definições apresentadas no artigo?
3. Como a “ditadura da beleza” imposta pela mídia influencia a percepção individual de saúde e bem-estar? Discuta com sua dupla os impactos desse padrão de beleza sobre a autoestima e o senso de pertencimento das pessoas.
4. Como o artigo aborda a relação entre estética e saúde e o que ele sugere sobre a importância de equilibrar esses dois aspectos na vida cotidiana? Discuta com sua dupla.
5. Agora, individualmente, releia o trecho a seguir.
Em nome da beleza e da estética, algumas pessoas podem colocar a saúde em risco, em uma clara inversão de valores.
a) Com base em seus conhecimentos, comente o trecho escrevendo um texto de, no mínimo, 10 linhas.
b) Troque o texto produzido por você com o do colega e faça comentários sobre a produção dele.
c) Retome seu texto com os comentários feitos pelo colega, analise-o, tire possíveis dúvidas com sua dupla e reescreva o texto.
Nesta obra inspiradora, o leitor encontra 100 dicas práticas e motivacionais para cultivar o amor-próprio e a aceitação corporal. Com uma abordagem leve e empoderadora, o livro convida a uma jornada de autoconhecimento e autoestima, incentivando uma relação saudável com o corpo e com a mente.
• MACHADO, Thati. 100 dicas para amar seu corpo como ele é . Rio de Janeiro: Galera Record, 2022.
Ao apresentar um seminário, é fundamental, além de conhecer o assunto, estabelecer um diálogo com os espectadores, deixando-os à vontade para interagir, conversar sobre o tema, tirar dúvidas e expressar opiniões.
Você aprofundou seus conhecimentos sobre questões relacionadas à saúde mental e física, como o aumento das cirurgias plásticas devido à insatisfação corporal, o que, por sua vez, pode comprometer a saúde emocional. Além disso, foram abordados os conceitos de estética e saúde, bem como as confusões entre eles, especialmente no contexto das definições modernas.
■ O seminário permitirá uma nova visão sobre o tema e a troca de ideias.
As leituras, atividades e reflexões realizadas, combinadas com seus conhecimentos prévios, vão culminar na criação de um seminário sobre preconceitos estéticos. Para realizar essa atividade, reúna-se com quatro colegas e siga o roteiro proposto, que auxiliará na elaboração desse subproduto e contribuirá para o produto final do projeto.
1 Discussão e pesquisa do tema PASSO
• Debatam o tema, considerando a importância de refletir sobre preconceitos estéticos, e compartilhem os conhecimentos prévios com o grupo.
• Reflitam sobre as questões a seguir, em grupo, e usem-nas como diretrizes para a pesquisa.
• O que são preconceitos estéticos? Como eles surgem e se manifestam na sociedade?
• Certas doenças afetam a aparência física, originando preconceitos estéticos?
• Como a sociedade reage à aparência das pessoas em razão dessas doenças e quais são as consequências para os indivíduos afetados?
• Q ual é a importância da educação para a redução dos preconceitos e a promoção da aceitação?
• Como o suporte psicológico pode ajudar os indivíduos a lidar com preconceitos estéticos?
• Há campanhas e movimentos que combatem preconceitos estéticos? Quais?
• Dividam os temas de pesquisa entre os integrantes do grupo.
• Realizem a pesquisa em fontes confiáveis, como artigos científicos, textos jornalísticos, livros, revistas especializadas, entrevistas e podcasts com especialistas.
• Criem uma pasta virtual compartilhada para que todos tenham acesso aos materiais pesquisados, permitindo que os integrantes do grupo leiam os conteúdos disponibilizados.
PASSO
2 Discutir ideias sobre o tema
• Após a pesquisa, reúnam as informações coletadas pelos integrantes e discutam as descobertas em grupo.
• Verifiquem se todas as questões propostas no Passo 1 foram abordadas nas pesquisas.
PASSO
3 Organização do seminário
• Organizem a ordem dos tópicos e a sequência das falas de cada integrante do grupo.
• Discutam o formato de apresentação e decidam quem será responsável por organizar os conteúdos.
• Ensaiem a apresentação.
4 Apresentando o seminário
• No dia combinado, cada grupo deverá apresentar o seminário preparado.
• Escutem atentamente as ideias apresentadas pelos outros grupos, façam anotações e, em caso de dúvidas, façam perguntas e compartilhem ideias.
• Após a apresentação de todos os grupos, avaliem a experiência, discutindo os pontos positivos e as áreas que precisam de melhoria.
• Avalie sua participação e a dos colegas durante as etapas de criação do seminário. Considere as questões a seguir.
• Como foi meu desempenho ao longo das etapas de construção do seminário?
• Quais foram minhas facilidades e dificuldades?
• Colaborei com os colegas de grupo? Eles colaboraram comigo?
• Consegui me expressar com facilidade durante a apresentação? Como posso melhorar?
• M eus colegas expressaram-se com facilidade durante a apresentação? Como poderiam melhorar? Como posso contribuir para essa melhora?
• A participação dos ouvintes foi satisfatória? O que foi positivo e o que pode ser aprimorado?
• Quais foram as impressões gerais sobre o seminário?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Há diferença entre saúde e estética?
■ A dança explora os movimentos do corpo, transformando-o em uma ferramenta fundamental para a criação e a comunicação de ideias e emoções. Como profissão, a dança integra saúde e trabalho corporal, exigindo um equilíbrio entre técnica, expressão artística e bem-estar físico.
Consulte as orientações no Manual do professor
A saúde é definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como bem-estar físico, mental e social, envolvendo algo a mais do que a mera ausência de doença. Apropriados dessa definição, podemos também definir a promoção da saúde como o conjunto de políticas e programas de saúde pública com ações individuais e coletivas voltadas para evitar que as pessoas se exponham a situações que as adoeçam.
Se a promoção da saúde não se limita a melhorá-la, torna-se necessária uma perspectiva multidisciplinar que envolva profissionais de diferentes áreas, como educadores físicos, médicos, nutricionistas, psicólogos e biomédicos.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Discuta com um colega as sensações que a imagem despertou em vocês.
2. Imagine o contexto da cena representada por meio das seguintes perguntas:
• Em que lugar a dança está sendo praticada?
• Qual gênero musical acompanharia os movimentos da mulher?
• Como o figurino dialoga com o tipo de dança?
• Qual é a relação do cenário e das luzes com a dança?
Apresente a um colega os elementos que você considerou para chegar a essas conclusões.
3. Formule hipóteses sobre o tipo de dança representado na imagem e justifique-as com elementos dessa imagem.
4. Pesquise imagens sobre diferentes tipos de dança, das clássicas às modernas, e monte um painel digital inspirador com diferentes fotografias.
5. Busque, na região onde você vive, pessoas que praticam dança, como hobby e profissionalmente. Elabore perguntas para uma entrevista com uma dessas pessoas. As perguntas podem explorar a proposta profissional, a rotina de exercícios e ensaios, os cuidados para evitar contusões e outros males físicos, noções de coreografia e a relação dos movimentos do corpo com a música. Reserve um momento para a entrevista e, depois, compartilhe as respostas em sala de aula.
Com base na definição de saúde proposta pela OMS, seria possível relacionar essa área com a da Educação Física? Esses dois campos do conhecimento estão profundamente interligados e desempenham papel importante na promoção do bem-estar físico e mental.
A prática regular de atividades físicas é essencial para manter uma vida saudável. Além de melhorar a condição física, ela contribui para o bem-estar geral, prevenindo doenças e promovendo saúde.
A Educação Física ensina habilidades que podem ser aplicadas ao longo da vida, incentivando um estilo de vida ativo tanto física quanto mentalmente.
O Texto 1 explora o papel da Educação Física na promoção da saúde e do bem-estar.
■ A dança ajuda no desenvolvimento no que se refere à consciência e à construção de sua imagem corporal.
TEXTO 1
A Educação Física e a saúde aparecem relacionadas ao longo da histó ria. Frases como “o exercício faz bem à saúde” e “o esporte é saudável” são comuns em nosso cotidiano e demonstram empiricamente essa relação, a qual se dá pela via da aptidão física e apoia-se na influência benéfica do exercício no status de saúde.
Enquanto educador, o professor de Educação Física deve estar atualizado ao conceito multifatorial da saúde, para que, munido de instrumentação teórica consistente, tenha condições de discutir e ampliar a relação de compromisso da Educação Física para além da esfera da aptidão física.
A Lei no 9.696/1998 dispõe sobre a regulamentação da Profissão de Educação Física e cria os respectivos Conselho Federal e Conselhos Regionais de Educação Física, estabelecendo, ainda, que, para exercer a profissão, é essencial ter diploma de ensino superior e registro no Conselho Regional de Educação Física (CREF), obrigatoriamente.
O principal objetivo do profissional de Educação Física é proporcionar saúde e bem-estar às pessoas por meio da prática de atividades físicas. Seu trabalho consiste em acompanhar e orientar as pessoas durante a prática de esportes ou exercícios físicos, buscando encontrar os que melhor se adequem para cada perfil.
O exercício físico traz benefícios que vão além da estética, contribuindo para a prevenção de doenças e para o bem-estar da mente. Ou seja, é uma questão de saúde pública.
■ A profissão de educador físico é muito versátil; afinal, esse profissional pode atuar em diversas áreas, desde a escolar até a gestão de espaços esportivos, passando por reabilitação, academias, ginástica laboral, entre outras atividades. Cada uma dessas áreas contribui para a promoção da saúde física e do bem-estar das pessoas.
Os profissionais da área têm conhecimento para trabalhar com diversas faixas etárias, como crianças em idade escolar, atletas profissionais, pacientes que estão em reabilitação, portadores de deficiência física e idosos, exercendo papel crucial para a manutenção da saúde e longevidade da população.
O profissional de Educação Física pode atuar nas seguintes áreas:
• Ensino: nos níveis básico, fundamental e médio, com o objetivo de incentivar a prática de atividade física entre crianças e jovens; [...]
• E sportes: como atletas, técnicos ou preparadores físicos nas mais diversas modalidades esportivas;
• Saúde e reabilitação: atuam com pacientes que passaram por doenças, cirurgias ou têm problemas físicos e necessitam de ajuda profissional para retomar seus movimentos. Nessa área, é comum que os profissionais de Educação Física atuem em parceria com os fisioterapeutas;
• Academias: orientar os alunos e planejar treinos específicos de acordo com seus objetivos;
• Ginástica laboral: orientar exercícios laborais entre os trabalhadores nas empresas;
• L azer e recreação: planejar e executar atividades de lazer e recreação em hotéis, resorts, cruzeiros e afins;
• G estão: atuar na gestão de espaços e projetos relacionados à prática de exercício físico e esportes; [...]
• Pesquisa: ao seguir carreira acadêmica, dando continuidade aos estudos com cursos de pós-graduação para encontrar soluções que melhorem a qualidade de vida da população, relacionadas diretamente com sua saúde física.
BRASIL. Ministério da Saúde. Educação Física. Biblioteca Virtual em Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/educacao-fisica-2/. Acesso em: 21 jul. 2024.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (ONU, 2006) recomenda o uso de "pessoa com deficiência" e não "portador de deficiência" como consta no texto.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Releia a definição de saúde estabelecida pela OMS e relacione-a à área da Educação Física.
1. Espera-se que os estudantes compreendam a Educação Física como uma área do conhecimento associada à saúde e à promoção da qualidade de vida. Isso se comprova ao observar as diferentes possibilidades de atuação desse profissional; entre elas, o trabalho com a ginástica laboral, saúde e reabilitação.
2. Pesquise, em fontes confiáveis de informação, a definição do conceito de saúde utilizada nas seguintes profissões: médicos, psicólogos, nutricionistas, biomédicos e educadores físicos.
2. Resposta pessoal.
3. Com base no texto lido, em quais áreas os profissionais de Educação Física podem atuar?
4. Converse com um colega sobre as possibilidades de trabalho relacionadas à Educação Física. Vocês conheciam essas áreas de atuação?
4. Resposta pessoal.
5. Em duplas, façam uma pesquisa na escola para descobrir quantos estudantes praticam atividades físicas regularmente fora do ambiente escolar com a supervisão de um profissional de Educação Física. Para isso, utilizem as seguintes perguntas:
5. Preveja um momento para a execução da atividade na escola.
• Quais tipos de atividades físicas você realiza fora da escola?
• Quais profissionais acompanham você durante as atividades?
• Quais são os benefícios à saúde promovidos pela atividade física regular?
Reflitam e discutam sobre os resultados obtidos na pesquisa e elaborem um texto analisando os dados.
3. O profissional de Educação Física pode atuar nas seguintes áreas: ensino; ginástica laboral; esportes; academias; saúde e reabilitação; lazer e recreação; gestão e pesquisa.
Pensando no contexto do trabalho, a ginástica laboral é uma atividade que traz diversos benefícios aos trabalhadores, como melhora da postura corporal, redução do estresse, prevenção de lesões, ativação da circulação sanguínea, diminuição de tensões musculares e redução da fadiga visual, mental e corporal. Assim como o educador físico, outros profissionais atuam para melhorar a qualidade de vida desses trabalhadores, como médicos do trabalho, psicólogos, enfermeiros e nutricionistas. Cada uma dessas profissões exerce papel fundamental e complementar na saúde corporal e mental das pessoas.
■ Ter saúde é priorizar a funcionalidade e o bem-estar integral do corpo e da mente.
As profissões mais procuradas na área da estética
A busca por bem-estar e autoestima faz com que a estética se destaque como uma área em constante crescimento e inovação. Profissionais da estética desempenham um papel importante quando alinham saúde, beleza e cuidados pessoais, utilizando conhecimentos científicos e técnicos para melhorar o bem-estar das pessoas. A seguir, conheça algumas das profissões mais populares relacionadas à estética.
■ O mercado da estética disponibiliza uma série de procedimentos atualmente.
• Medicina estética: envolve procedimentos como aplicação de toxina botulínica, preenchimentos dérmicos e lipoaspiração. Esses tratamentos, realizados por médicos especializados , buscam melhorar a aparência dos pacientes, impactando positivamente a autoestima e o bem-estar deles. No dia a dia, esses profissionais avaliam as necessidades dos pacientes, discutem expectativas e realizam os procedimentos com foco na segurança e nos resultados estéticos.
• Nutrição estética: embora seja uma área focada na alimentação e na saúde, a nutrição impacta diretamente a estética. Nutricionistas especializados em estética elaboram planos alimentares personalizados que visam tanto à saúde quanto à melhoria da aparência física, como o controle de peso e o cuidado da pele.
• Dermatologia: relaciona-se ao cuidado com a pele, o cabelo e as unhas, tratando condições médicas e realizando procedimentos estéticos, como retirada de manchas e aplicação de técnicas de rejuvenescimento. No cotidiano, esses profissionais diagnosticam problemas de pele, indicam tratamentos e realizam procedimentos que melhoram tanto a saúde quanto a aparência dos pacientes.
• Dermoestética: envolve o desenvolvimento de técnicas avançadas para tratar a pele e prevenir sinais de envelhecimento, como linhas de expressão e flacidez. São utilizadas tecnologias como laser, radiofrequência e peeling químico para melhorar a textura e a firmeza da pele. O dia a dia envolve a avaliação da pele dos clientes e a escolha e a aplicação de tratamentos personalizados, sempre com foco na segurança e eficácia.
• E stética: área especializada em tratamentos de beleza que visam à melhoria da aparência física. Os esteticistas realizam procedimentos como limpeza de pele, massagens, drenagem linfática e depilação. No cotidiano, esses profissionais avaliam as necessidades estéticas dos clientes e aplicam técnicas manuais e tecnológicas para promover o bem-estar e a beleza.
• Cosmetologia: relaciona-se ao desenvolvimento de produtos cosméticos e ao estudo de seus efeitos sobre a pele, o cabelo e as unhas. Os cosmetologistas desenvolvem, testam e recomendam produtos de beleza que melhoram a aparência e a saúde da pele. No dia a dia, esses profissionais podem atuar tanto na pesquisa e no desenvolvimento de novos produtos quanto na orientação dos clientes sobre os melhores cuidados para cada tipo de pele.
• Micropigmentação: relaciona-se ao desenvolvimento de técnicas de pigmentação da pele das sobrancelhas, dos lábios e até de cicatrizes, para melhorar a estética facial. No dia a dia, o micropigmentador analisa as feições e a tonalidade da pele dos clientes para oferecer um resultado natural e harmonioso.
Ao explorar essas profissões, é importante reconhecer a necessidade de buscar profissionais qualificados e certificados para fazer qualquer tipo de procedimento estético, especialmente os invasivos. Embora muitas dessas áreas estejam voltadas para a aparência física, é necessário ter uma visão crítica sobre os impactos dessas intervenções na saúde física e mental e estar consciente das pressões estéticas que podem influenciar escolhas pessoais. A busca pela beleza deve ser alinhada ao bem-estar e fundamentada no respeito à individualidade, na autoestima e na saúde.
Ao conhecer as diferentes profissões voltadas ao cuidado do corpo, com foco na promoção de saúde e bem-estar, fica explícita a importância do cuidado e da interação constante entre os profissionais e as pessoas que buscam ajuda. Esse cenário ressalta a necessidade da regulamentação das profissões das áreas que atuam diretamente na promoção da saúde e do bem-estar.
Essa regulamentação é essencial por três principais razões: para garantir a segurança dos pacientes, para garantir a qualidade dos serviços prestados e para proteger os profissionais. Mas como essa regulamentação preserva tanto os profissionais quanto os pacientes nessas três diretrizes? Confira a seguir.
Segurança do paciente: os profissionais de saúde devem ter a formação, as competências e as qualificações necessárias para oferecer cuidados seguros e eficazes. Isso não só reduz o risco de erros procedimentais, mas também aumenta a confiança dos pacientes nos serviços de saúde.
Padrões de qualidade: os profissionais de saúde devem seguir determinados padrões, oferecendo um atendimento de alta qualidade. Isso inclui diretrizes sobre ética profissional, procedimentos de tratamento e responsabilidade no cuidado ao paciente.
Proteção do público contra práticas fraudulentas ou incompetentes: as autoridades reguladoras têm o poder de suspender ou revogar licenças de profissionais que não cumprem as normas estabelecidas quando necessário.
Mas, afinal, o que é uma profissão regulamentada? A regulamentação de uma profissão define legalmente seu exercício, incluindo os requisitos, as competências e as habilidades necessárias. As leis estabelecem a jornada de trabalho, as atribuições, a área de atuação, a formação exigida, entre outros aspectos profissionais.
Dessa forma, é possível garantir que as pessoas sejam atendidas por profissionais providos de formação adequada, que minimiza os riscos à saúde e ao bem-estar.
A regulamentação das profissões traz benefícios tanto para a sociedade quanto para os profissionais, pois, quando uma profissão é regularizada, as pessoas que a exercem passam a ter obrigações, direitos e deveres estabelecidos por lei.
Converse com os colegas sobre a importância da regulamentação das profissões. Em seguida, leia a reportagem sobre casos de exercício ilegal da medicina no Brasil e suas consequências tanto para quem exerce a profissão de forma irregular quanto para quem confiou em profissionais não regulamentados.
TEXTO 2
Brasil registra dois crimes de exercício ilegal da medicina por dia, aponta levantamento do CFM
Nos últimos 12 anos, a cada dia, pelo menos dois casos de exercício ilegal da medicina passaram a tramitar no Poder Judiciário ou nas polícias civis dos estados. Esse é o retrato traçado por levantamento inédito no País realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) [...].
O trabalho dimensiona os riscos aos quais a população está exposta pelas tentativas de invasão de competências da medicina por profissionais de outras categorias da saúde. De acordo com a pesquisa [...], entre 2012 e 2023, o País registrou 9.566 casos de crimes classificados como exercício ilegal da medicina, enquadrados no artigo 282, do Código Penal.
[...]
O crime definido pelo artigo 282, do Código Penal, prevê pena de 6 meses a 2 anos, além da aplicação de multa. No entendimento legal, essa prática se trata de conduta criminosa o ato de exercer, ainda que a título gratuito, a medicina sem autorização legal ou fora dos limites impostos pela legislação. O texto do Código contempla ainda a existência de abusos no que chama de arte dentária e farmacêutica.
[...] O estado com o maior número de registros nas delegacias de Polícia Civil é o Rio de Janeiro, com 937 ocorrências. Desse total, 11 resultaram em morte, sendo cinco contabilizadas na capital fluminense, e 31 ocasionaram lesão corporal grave. Em consequência, a Justiça do Estado é a que mais registrou novos processos (74) no ano passado, por exemplo.
Já São Paulo aparece na sequência entre as unidades da Federação com mais registros nas delegacias de polícia. A maior parte das ocorrências policiais ocorre no interior do estado. Minas Gerais é o terceiro com a maior quantidade de boletins de ocorrência: 337.
[...] O levantamento do CFM consultou todos os estados do País. Apenas Alagoas, Espírito Santo, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Sul não encaminharam as informações solicitadas, sendo que Alagoas informou não ter os dados em sua base antes de 2021 e o Rio Grande do Sul enviou dados amplos de exercício ilegal da profissão que não possibilitam recorte específico.
Além disso, é importante ressaltar que o quadro de subnotificação de casos pode ser pior, já que muitos deles não são chegam às delegacias e à Justiça, pois não são denunciados.
BRASIL registra dois crimes de exercício ilegal da medicina por dia, aponta levantamento do CFM. Conselho Federal de Medicina (CFM), 22 mar. 2024. Disponível em: https://portal.cfm.org.br/noticias/brasil-registra-dois-crimes-de-exercicio-ilegal-da-medicina-por-dia -aponta-levantamento-do-cfm. Acesso em: 20 ago. 2024.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. O que é a regulamentação de uma profissão?
2. Você acredita que a regulamentação das profissões traz benefícios para a população? Justifique sua resposta.
3. A quais riscos a população está exposta em razão do exercício ilegal da Medicina por profissionais de outras categorias da saúde? Registre suas ideias e converse com os colegas.
4. Quais são as áreas que previnem os casos de exercício ilegal de profissões?
Conexões
A iniciativa mostra o dia a dia de diferentes áreas de atuação. O episódio 2 apresenta a Nutrição e pode ser acessado em sua plataforma de áudios preferida.
• Podcast das profissões. #2 Nutrição. Fortaleza: Universidade de Fortaleza, jan. 2022.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Na Etapa 3, você aprofundou seus conhecimentos sobre as profissões ligadas à área da saúde e do bem-estar, compreendendo a importância da regulamentação em determinadas áreas de atuação para a preservação da vida. Além disso, refletiu sobre o papel do educador físico e as diversas possibilidades de atuação desse profissional na promoção da saúde, do bem-estar e da qualidade de vida. Agora, chegou sua vez de se envolver com o assunto! Vamos criar um guia de serviços de saúde e bem-estar da cidade em que você vive. Para isso, reúna-se com três colegas para desenvolver um material que auxilie as pessoas a encontrar atividades físicas, serviços médicos, terapias, entre outros serviços. Sigam o roteiro proposto para elaborar o produto final do projeto!
PASSO
1 Definição do objetivo e do público-alvo
• Conversem sobre as questões a seguir.
• O que vocês esperam fazer por meio desse guia: informar, educar, conectar serviços a pessoas etc.?
• Quem são as pessoas que utilizarão esse guia? Quais são a idade, os interesses e as necessidades específicas do público-alvo?
PASSO
2 Pesquisa e coleta de informações
• Listem os tipos de serviço incluídos no guia. É importante que estejam disponíveis em diferentes regiões da cidade e sejam gratuitos, incluindo postos de saúde, eventos com atividades físicas gratuitas, serviços de lazer e bem-estar (parques, praças, massagem, por exemplo), de saúde mental, como psicólogos, de reabilitação, entre outros.
• Coletem os dados de fontes confiáveis, como o site oficial da prefeitura, associações de classe, recomendações de pessoas, Secretarias Municipais de Esporte, de Saúde, de Cultura, de Educação, entre outras. Para cada informação coletada, confiram se há o nome do serviço, o endereço, o telefone, o horário de funcionamento, o site e a descrição do serviço.
PASSO
3 Organização do conteúdo
• Organizem os serviços em categorias para facilitar a consulta; por exemplo, saúde física, saúde mental, esporte, reabilitação, lazer e bem-estar.
• Criem uma lista ou tabela para cada categoria com as informações coletadas.
PASSO
4 Design e layout
• Decidam se o guia será impresso, digital (PDF, site) ou será apresentado nos dois formatos.
• Usem um design fácil e incluam índice, títulos e uma estrutura prática que propicie a leitura.
• Observem as sugestões de estrutura a seguir.
Posto de saúde
Nome do posto:
Endereço:
Telefone:
Horário de funcionamento:
Site:
Descrição: (breve comentário sobre o lugar)
Projeto de atividades físicas
Nome do projeto:
Endereço:
Frequência (dias da semana):
Horários:
Site:
Descrição: (breve comentário sobre a atividade)
• Adicionem também elementos visuais, como logotipos, ícones e imagens para tornar o guia mais atraente.
PASSO
5 Redação e revisão
• Redijam descrições claras e concisas para cada serviço.
• Revisem o texto para corrigir equívocos de gramática e ortografia e para garantir que todas as informações estejam corretas e atualizadas.
7 Avaliação
PASSO
• Planejem como o guia será divulgado. Se for digital, considerem a possibilidade de enviá-lo por e-mail e disponibilizá-lo nas redes sociais da escola e em sites de associações de bairro.
• O objetivo das perguntas que serão utilizadas na avaliação é promover uma discussão aberta e honesta, que ajude os integrantes do grupo a melhorar suas habilidades de trabalho em equipe.
• Avaliem o processo de execução do guia. As perguntas a seguir podem orientar vocês.
• Vocês cumpriram o objetivo do guia?
• De que maneira vocês trabalharam para alcançar esse objetivo?
• Vocês ficaram satisfeitos com o resultado?
• Quais foram as facilidades no trabalho com o grupo? E as dificuldades?
• O que você diria a cada integrante do grupo em relação à participação dele no desenvolvimento do guia?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Trabalhar com ou para o corpo?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Ao longo das etapas deste projeto, você teve a oportunidade de explorar e estudar a imposição de padrões estéticos pela sociedade, a distinção entre estética e saúde e as diversas profissões que atuam na promoção da saúde e do bem-estar, contribuindo para a qualidade de vida.
Lembre-se da importância de promover a inclusão de estudantes com deficiência nas atividades esportivas, garantindo que todos tenham a oportunidade de participar, aprender e se desenvolver em um ambiente seguro e acolhedor. Para isso, avalie se o espaço do projeto permite acessibilidade física e se os equipamentos podem ser adaptados. Também procure adaptar as atividades esportivas escolhidas ou oferecer modalidades esportivas já adaptadas, como o atletismo adaptado ou o goalball. Essas adaptações incentivarão a sensibilização dos estudantes não deficientes sobre inclusão e respeito às diferenças.
■ Os eventos esportivos realizados na escola são excelentes momentos de integração entre a comunidade e os estudantes.
Além disso, você desenvolveu três subprodutos relacionados a cada etapa, que poderão ser utilizados na elaboração da Etapa final. As ideias discutidas e o conhecimento adquirido ao longo do processo servirão como base sólida para as reflexões e atividades exigidas na conclusão do projeto.
Agora, com base nas leituras, análises e reflexões realizadas até aqui, você e a turma organizarão um evento esportivo interclasses, que contará com a participação de convidados e convidadas das áreas de saúde e bem-estar. Sigam o roteiro proposto para planejar e executar o evento.
Planejamento
a) Levantem nomes de pessoas da área da saúde e entrem em contato para saber se elas poderão comparecer para trocar ideias com os estudantes sobre assuntos que permeiam o dia a dia da profissão, imposição social de padrões estéticos inatingíveis e possíveis insatisfações com o corpo, entre outras, o que remete aos subprodutos das Etapas 1 e 2. Para isso, vocês podem utilizar, também, o guia criado por vocês e buscar nos postos de saúde, por exemplo, profissionais que poderiam participar do evento. É possível, ainda, consultar os professores de Educação Física da escola.
b) Com a diretoria da escola, escolham a data e o local adequados para realizar o evento. Certifiquem-se de verificar a disponibilidade do espaço e de considerar a previsão do tempo, se o evento for ao ar livre.
c) Verifiquem a possibilidade de levantar recursos financeiros e, assim, estabelecer um orçamento para o evento, o que pode incluir custos com premiações, uniformes, lanches, material esportivo, entre outros.
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5
Formação da equipe organizadora
a) Montem uma comissão com professores, estudantes, familiares e funcionários para ajudar na organização e execução do evento.
b) Distribuam as tarefas entre os integrantes da comissão, indicando quem se sente confortável em se responsabilizar pela comunicação, pela inscrição dos participantes, pela organização dos espaços de competição, pela alimentação, pelos convidados, entre outras atividades.
Atividades esportivas e convidados
a) S elecionem as modalidades esportivas que serão incluídas, como futebol, basquete, vôlei e atletismo.
b) D efinam as categorias de participação (por idade, ano, gênero etc.).
c) E scolham as pessoas que serão convidadas para as conversas com os estudantes.
Logística e preparativos
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4
Inscrição e participação
a) Criem materiais de divulgação como cartazes e anúncios em sala de aula e nas redes sociais da escola.
b) Organizem um sistema simples para que os estudantes possam se inscrever facilmente. Pode ser uma ficha de inscrição física ou um formulário on-line.
c) Certifiquem-se de que todos os estudantes se sintam bem-vindos e encorajados a participar, independentemente de suas habilidades esportivas.
a) Listem todo o material necessário (bolas, cones, apitos, coletes etc.) e verifiquem a disponibilidade deles. Certifiquem-se, ainda, de que os espaços das conversas com os profissionais sejam adequados.
b) Estabeleçam um cronograma detalhado do evento, incluindo horário das competições, pausas, conversas com os profissionais, cerimônia de abertura e encerramento.
c) Garantam uma equipe de primeiros socorros para atuar em imprevistos e mantenham uma constante supervisão de adultos em todas as atividades.
d) Promovam um ambiente divertido com música e decoração. Atividades paralelas podem ajudar a criar um ambiente festivo e agradável para a comunidade escolar.
Realização do evento
a) Planejem uma cerimônia de abertura para motivar os participantes e definir o tom do evento.
b) Realizem as competições e as conversas com os profissionais de acordo com o cronograma, garantindo que todos sigam as regras de forma justa, bem como participem das rodas de conversa.
c) Organizem uma cerimônia de premiação para reconhecer os vencedores e todos os participantes.
d) Preparem um agradecimento aos profissionais de saúde que compareceram à conversa com os estudantes.
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Pós-evento
a) Reúnam a equipe organizadora para avaliar o evento, identificando pontos fortes e áreas de melhoria para futuras iniciativas como essa.
b) Agradeçam a todos os envolvidos pelo apoio e pela participação.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Corpo saudável, mente saudável?
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual como coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Os objetivos do projeto foram alcançados?
b) Você se envolveu em todas as atividades propostas? Argumente.
c) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique sua resposta.
d) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
e) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
f) Escreva, de modo sucinto, quais foram as aprendizagens desenvolvidas no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste Projeto Integrador, responda às perguntas a seguir.
a) Você leu os textos e as imagens e respondeu às questões ao longo do projeto?
b) Compreendeu as diferenças entre estética e saúde?
c) Alguma das profissões apresentadas despertou seu interesse em aprofundar seus conhecimentos sobre ela? Justifique sua resposta.
3. Sobre os subprodutos e o produto final, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos do trabalho em equipe para a realização dos subprodutos e do projeto final? Houve pontos negativos? Em caso afirmativo, descreva-os.
b) Como foi sua participação no desenvolvimento dos subprodutos e do produto final? Escreva um parágrafo expressando suas reflexões.
c) Registre as dificuldades que você encontrou ao longo da realização dos subprodutos e do produto final.
d) Reflita e escreva sobre os aspectos que você ainda precisa desenvolver depois de realizar este projeto.
4. Reflita sobre as atividades em grupo de modo geral.
a) O que você aprendeu com essa experiência de trabalho em grupo?
b) Como o trabalho em equipe contribuiu para o sucesso do projeto/tarefa?
c) Como a experiência do grupo pode ser aplicada em futuros projetos ou contextos?
As perguntas são um aquecimento, um convite aos estudantes para que comecem a pensar sobre o design ao redor deles.
Você já deve ter reparado que, em qualquer espaço público que visitamos, como parques, shoppings ou museus, encontramos placas de sinalização que nos ajudam a encontrar o banheiro ou a saída, por exemplo. Embora a palavra design seja comumente associada ao aspecto estético dos objetos, esse termo também denomina uma área do conhecimento que estuda a funcionalidade de objetos e imagens que, além de agradáveis aos olhos, devem informar, resolver problemas ou suprir as necessidades de determinado público.
Neste projeto, você vai conhecer o design como uma área da comunicação e entender como sua execução afeta o cotidiano e as experiências das pessoas nos espaços em que estão inseridas. Além disso, você vai entrar em contato com conceitos essenciais para a construção de um design funcional e interessante.
Observe a imagem da abertura. Nela, é possível ver um conjunto de sinalizações que indicam as direções a serem seguidas para chegar a certos lugares dentro do Parque Ambiental Chico Mendes, em Rio Branco, no Acre. Esse parque tem 57 hectares de vegetação, com trilhas de mais de 1,3 quilômetro de extensão e áreas de conservação de diversas espécies de animais nativos.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Qual é a importância da sinalização em um espaço como esse?
2. A forma como a sinalização foi feita parece satisfatória? Você acha que, ao observar a placa, conseguiria se guiar nesse espaço?
3. Chico Mendes foi um ambientalista importante na história do Brasil por sua luta pela preservação da floresta contra o desmatamento. Seu trabalho foi reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Tendo isso em vista, você acha que o destaque dado ao nome dele na placa do parque é coerente? Por quê?
Espera-se que os estudantes confirmem a coerência para o destaque de “Chico Mendes” na placa, tendo em vista a importância do ambientalista.
4. Você se lembra de algum exemplo de boa e de má comunicação decorrentes do design? Compartilhe sua experiência.
■ Placas de orientação no Parque Ambiental Chico Mendes, em Rio Branco (AC). Fotografia de 2011.
• Discutir a relação entre o design e a comunicação.
• Associar o design de sinalização e a circulação de pessoas em espaços públicos ao trabalho de planejamento arquitetônico e de Engenharia conectado aos processos artísticos de criação.
Fazer uma pesquisa na comunidade para identificar possibilidades de melhoria e propor soluções em relação à comunicação.
Propor um projeto de comunicação visual para melhorar as experiências da comunidade.
Neste projeto, explora-se a relação entre design (Arte), Arquitetura e Engenharia e como o design afeta espaços públicos e a experiência comunitária. O estudo inclui a área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, por meio da análise da comunicação nos ambientes.
Propõe-se refletir sobre o design como um meio de comunicação que utiliza textos verbais, visuais e verbo-visuais, bem como sobre a importância de sua interação com o público. A elaboração de um projeto de comunicação visual, com base em problemas identificados na comunidade, destaca a colaboração entre Arte e Tecnologia para melhorar espaços físicos. O projeto incentiva, ainda, o estudo de Matemática e suas Tecnologias e de Ciências da Natureza e suas Tecnologias para avaliar sinalizações e materiais, desenvolvendo habilidades socioemocionais, a criatividade e o protagonismo juvenil.
• Vida familiar e social
• Ciência e tecnologia
9 Indústria, inovação e infraestrutura
10 Redução das desigualdades
11 Cidades e comunidades sustentáveis
• Câmera
• Celular
• Software de edição de imagens
• Software de edição de texto
Projeto de comunicação visual.
Percurso do projeto
Nessa etapa, você vai fazer uma pesquisa para identificar falhas e possibilidades de promover melhorias na comunicação visual e na sinalização de espaços públicos. Algumas vezes, as representações visuais e os textos que compõem um trabalho de design trazem uma comunicação dúbia ou insuficiente. Por isso, não é difícil propor melhorias em um projeto já implantado.
Nessa etapa, você vai obter, após ler o texto sobre design de informação, sinalização e sinalética, subsídios para propor a correção dos problemas identificados anteriormente. A intervenção exige conhecimentos de elementos que promovem comunicação. Esses itens vão desde o estilo das letras até as cores das placas, além de adição de ícones e sinais gráficos.
Nessa etapa, você vai analisar a comunicação visual no espaço escolar e registrar os itens passíveis de correção. Imagine que alguém tenha dificuldades de se locomover em um ambiente mesmo seguindo placas e indicações. Então, é preciso analisar esses itens e corrigi-los.
O produto final busca usar os dados coletados e analisados na etapa anterior para propor um projeto de comunicação visual para o espaço escolhido, com soluções para os problemas encontrados ou para a melhoria da sinalização já existente de modo a facilitar a circulação, a segurança e o bem-estar dos usuários e visitantes. Podem ser repensados alguns elementos complementares da identidade visual do espaço ou ser criada uma proposta visual nova. Há muitos detalhes para considerar: desde uma nova redação para os textos até a análise do material (madeira, vidro, metal) em que eles estão gravados, levando em conta a durabilidade e o cuidado com o ambiente.
Como o design comunica?
A Etapa 1 tem como objetivo levar os estudantes a reconhecer a presença do design ao seu redor. Incentive-os a compartilhar experiências e percepções acerca do tema.
Consulte as orientações no Manual do professor.
O design está em tudo ao seu redor: na cadeira em que você está sentado, na disposição das informações que você está lendo agora, no modelo do seu calçado e na placa com o nome da escola onde você estuda. Sem ele, a sociedade poderia funcionar, mas os produtos e serviços dos quais usufruímos perderiam qualidade e funcionalidade, provavelmente não sendo tão úteis quanto são hoje graças ao trabalho de designers das mais diversas áreas.
Mas, afinal, o que é design? Você consegue identificar seu papel nos elementos à sua volta? A palavra design é geralmente associada à ideia de beleza, como se o papel dessa área fosse única e exclusivamente criar objetos esteticamente mais interessantes ou atraentes. No entanto, a intenção principal do design é agir como instrumento para solucionar problemas ou para sanar uma necessidade, com foco na apresentação visual ou na forma do produto ou do serviço, para que sua função e utilidade sejam destacadas, valorizadas e aproveitadas da melhor maneira possível pelo usuário.
Todo esse trabalho pode ser imperceptível para os consumidores, que, muitas vezes, não imaginam o processo criativo e o esforço investidos até que o produto final chegue ao público. Por isso, muitas vezes, “a mão” do designer só é notada quando falhas ou imperfeições práticas ou visuais são identificáveis pelo usuário, o que influencia diretamente o consumo e a aquisição de produtos e serviços, bem como a imagem das marcas e das instituições.
Como você pôde perceber, ainda que seja difícil alcançar um consenso e elaborar uma definição única e absoluta, o trabalho do designer pode ser entendido como a compreensão de um problema, uma necessidade ou uma oportunidade e a busca de maneiras inovadoras para que a experiência do usuário seja positiva. Para que isso ocorra, é importante que o processo criativo aconteça tendo em vista o design como um campo de estudo da área da comunicação, uma vez que transmite mensagens específicas associadas a um produto ou serviço, direcionadas ao público-alvo.
No caso do design visual, uma parte importante da comunicação com o público é realizada por meio de imagens, que podem ser literais (fotografias e ilustrações, por exemplo) ou formadas pela combinação de elementos verbais ou visuais, como o uso de textos, imagens e ícones que, juntos, passam determinada mensagem de maneira sutil, implícita.
■ Suporte para bicicletas em rua de Watertown, nos Estados Unidos. Fotografia de 2023.
A seleção desses elementos que compõem uma peça de comunicação visual deve ser feita com base na análise de informações, como a mensagem a ser passada, a intenção dessa comunicação, o ambiente de circulação do produto e as características do público-alvo. Isso quer dizer que, assim como na comunicação oral ou verbal, uma peça de design deve ter um objetivo para que tenha efetividade.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
No momento dessas atividades, leve os estudantes a perceber o design, inclusive, nos elementos da sala de aula e dos materiais que possuem.
Conexões
1. O design faz parte do cotidiano de diversas maneiras, mas nem sempre identificamos o trabalho criativo que envolve a criação de um produto ou serviço do qual usufruímos. Aproveite essa oportunidade para pensar sobre seu cotidiano e seu entorno.
a) Em que elementos de seu dia a dia você reconhece ou imagina o resultado do trabalho de um designer? De que maneira você acha que isso acontece?
b) E ssa percepção está relacionada a características de produtos e serviços consideradas positivas, negativas ou dos dois tipos? Explique aos colegas sua resposta.
2 . Alguns produtos, por mais que tenham a mesma função básica, podem variar em formato, cor e material, além de ter detalhes específicos que tornam a experiência de utilizá-lo única. Isso ocorre porque há diversas maneiras possíveis de pensar o design de um mesmo item, o que acarreta alterações, mudanças e melhorias – ou ainda adequações para finalidades e públicos determinados. Observe as três imagens do mesmo produto em algumas de suas variações. Depois, responda às perguntas.
a) Identifique os itens retratados nas três imagens e a função desses objetos.
b) Que características todos os objetos representados nas imagens têm em comum?
c) Que elementos estruturais os tornam diferentes?
d) R eflita e proponha hipóteses: De que maneira o design desses objetos influencia a experiência de seus usuários no dia a dia? Você concorda com essa afirmação? Justifique.
A palestra (“O primeiro segredo de um ótimo design ” em português), apresentada por Tony Fadell, engenheiro responsável pela criação de produtos considerados ícones do design moderno, aborda o dia a dia das pessoas e como há problemas para serem resolvidos. Entretanto, a maioria das pessoas não percebe esses problemas até que um designer apareça com a solução.
• THE FIRST Secret of Great Design. 2015. Vídeo (16 min 41 s). Publicado pelo canal TED. Disponível em: https://youtu.be/9uOMectkCCs. Acesso em: 23 ago. 2024.
A palavra comunicação tem origem no latim communis, que significa “comunidade”. Com base nessa definição, é possível estabelecer uma relação entre comunicação e a ideia de partilhar, como forma de divulgar para a comunidade informações que são de interesse de todos. Por isso, o ato de comunicar, para a sociedade atual, relaciona-se principalmente com o modo como as mensagens são transmitidas, sejam pela linguagem verbal (textos escritos ou orais), visual (imagens, cores, figuras estáticas ou em movimento), sejam pela linguagem verbo-visual, em que há uma combinação das duas anteriores.
Pensando nisso, reveja uma síntese de como a comunicação funciona:
Produto ou serviço
EMISSOR (marca + designer)
MENSAGEM
RECEPTOR (usuário/leitor)
CONTEXTO
No design, podemos associar o emissor ao conjunto de uma marca (que pode ser uma empresa, um órgão público ou um indivíduo). Parte do trabalho do designer é analisar o contexto (ambiente, pessoas envolvidas, situação-problema a ser solucionada, intenções preestabelecidas) para traduzir a mensagem pretendida por meio de um produto ou serviço, a fim de que ela chegue ao receptor (usuário) de modo claro e objetivo, alcançando as intenções iniciais. Essa relação comunicativa torna-se essencial sobretudo no caso de produtos do design visual focados na relação dos usuários com ambientes públicos, como placas, sinalizações, cartazes e avisos coletivos. Nessa situação, quando há falha na comunicação, o usuário é prejudicado. Para que a leitura do produto ou serviço pelo usuário (ou público) seja apropriada, é importante que os códigos utilizados nesse material sejam compreendidos pelo receptor, ou seja, que as representações visuais, os textos escritos, as ambiguidades ou quaisquer outras estratégias façam sentido para quem recebe a mensagem.
Deve-se lembrar que a comunicação só ocorre quando o designer produz um projeto ou material compreensível em sua totalidade pelo público. Caso contrário, a mensagem é apenas uma informação, que nem sempre é considerada comunicação.
Leia as informações do cartaz a seguir. Depois, leia um trecho de uma notícia sobre uma falha de comunicação gerada pelo uso desse texto e pelas possibilidades múltiplas de interpretação do público.
TEXTO 1
■ Cartaz da campanha da Prefeitura de São Paulo (SP) contra o mosquito Aedes aegypti. Fotografia de 2018.
Com duplo sentido, slogan da prefeitura contra a dengue causa dúvida em São Paulo
A campanha publicitária institucional de combate ao mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela, recém-lançada pela Prefeitura de São Paulo, foi parar nas redes sociais. O slogan “Aedes aegypti. Juntos, a gente te pega” provocou dúvida. Afinal, quem pega quem?
“Não está claro quem está junto, o que provoca uma leitura enviesada, principalmente quando se trata de uma ação do poder público, e a tendência é sempre de provocar críticas ou dúvidas por parte das pessoas”, diz Kleber Carrilho, professor de redação publicitária do curso de Publicidade e Propaganda [...].
Opinião compartilhada por Marcelo Pontes, professor de Comunicação e Marketing [...]. “Juntos, quem? A gente te pega ou a gente pega dengue? O jogo de palavras provoca o duplo sentido, o que não é aconselhável em uma campanha institucional”, afirma. O profissional também critica a colocação do nome científico do mosquito. “O mais importante é ser direto”.
[...]
A redação do texto mudou e ganhou o seguinte slogan : “Vamos derrotar o mosquito vilão”. Segundo a prefeitura, a mensagem, agora mais clara, convoca a população a combater o mosquito transmissor de dengue, zika e chikungunya.
GRANCONATO, Elaine; PASQUINI, Patrícia. Com duplo sentido, slogan da prefeitura contra a dengue causa dúvida em São Paulo. Folha de S.Paulo, São Paulo, 7 dez. 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/12/com-duplo-sentido-slogan -da-prefeitura-contra-a-dengue-causa-duvida-em-sao-paulo.shtml. Acesso em: 25 ago. 2024.
O exemplo da campanha da prefeitura de São Paulo, embora tenha causado confusão no que pretendia comunicar, foi apenas um evento curioso e que levantou discussões e piadas. No entanto, falhas no design relacionadas à comunicação podem ter consequências mais graves, como a má sinalização no trânsito. Leia, a seguir, a matéria sobre acidentes causados pela má elaboração de uma peça comunicativa.
Sinalização confusa facilita acidentes em rotatória que vitimou feirante em Araguaína
O trecho fica em frente ao campus do IFTO e dá acesso à UFT, à Casa do Estudante e à Casa de Saúde Indígena.
A sinalização no cruzamento das avenidas Amazonas e Paraguai, onde ocorreu o acidente com vítima fatal na manhã desta sexta-feira (10), em Araguaína, confunde os motoristas e causa insegurança no trânsito.
[...]
No ano passado, o cruzamento foi beneficiado com pavimentação asfáltica e drenagem. E com as obras, criou-se uma espécie de minirrotarória no local.
Como as duas avenidas são duplicadas, o cruzamento recebe motoristas de quatro direções diferentes ao mesmo tempo.
Para confundir ainda mais, no local há placas nas quatro direções indicando “dê a preferência”, outras sinalizando o sentido do trânsito e nenhuma de “Pare” ou sinalização no asfalto.
[...]
Em nota, a Prefeitura de Araguaína informou que as placas no local seguem o Manual Brasileiro de Sinalização do Conselho Nacional de Trânsito (Contram).
“De acordo com o artigo 29 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), tem a preferência na rotatória aquele veículo que já estiver em circulação. Isso significa que o motorista deve esperar aquele que estiver circulando passar”, disse.
Na tarde desta sexta-feira (10), após o acidente, uma equipe da Agência Municipal de Segurança, Transporte e Trânsito (ASTT) esteve no local e implantou placas de “Pare” no cruzamento das avenidas.
ARAUJO, A. Sinalização confusa facilita acidentes em rotatória que vitimou feirante em Araguaína. Portal AF Notícias, [s. l.] , 10 maio 2019. Disponível em: https://afnoticias.com.br/estado/sinalizacao -confusa-facilita-acidentes-em-rotatoria-que -vitimou-feirante-em-araguaina. Acesso em: 25 ago. 2024.
■ Placa na rotatória onde ocorreu o acidente relatado na notícia, Araguaína (TO). Fotografia de 2019.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Como você pôde ver no exemplo do cartaz da campanha de combate ao mosquito da dengue, na etapa de concepção de um produto ou serviço, especialmente quando voltado a um público amplo, é importante compreender o contexto em que a mensagem será transmitida e os códigos usados por seus receptores.
a) Ao analisar o cartaz pela primeira vez, qual foi sua leitura da campanha? Sua interpretação foi igual à apontada pelos especialistas entrevistados na notícia?
b) De acordo com o título da notícia, o duplo sentido na redação do slogan foi o causador da dúvida do público quanto à mensagem passada. Além do texto verbal, você acha que os elementos visuais do cartaz podem ter afetado essa leitura? Em caso afirmativo, de que forma?
c) No f inal da notícia, há a informação de que o slogan da campanha foi alterado para “Vamos derrotar o mosquito vilão”. O que você achou dessa mudança? Resolveu o problema?
d) Se você fosse o designer responsável por essa campanha e pudesse opinar no texto, que slogan criaria para a nova versão do anúncio? Além da mudança de slogan, você mudaria algum outro elemento do cartaz? Em caso afirmativo, que tipo de mudança você faria e por quê?
2. No texto sobre a rotatória de Araguaína, podemos notar que falhas de comunicação podem ocasionar incidentes graves, até mesmo fatais.
a) E xplique, com suas palavras, o problema de comunicação relatado na notícia.
b) Como esse problema afetou a circulação dos carros nessas vias?
c) A s placas mostradas na imagem foram utilizadas nas quatro direções do cruzamento, indicando que os carros em todas as direções deveriam dar a preferência aos outros condutores na rotatória. Você acredita que a implantação de placas de “Pare” no cruzamento resolveu a situação? Justifique sua resposta.
3. Você se lembra de algum cartaz ou outra comunicação visual cuja mensagem não foi passada com clareza para o público? Forme um grupo com alguns colegas para compartilhar suas experiências. Juntos, respondam às questões a seguir.
a) Quais foram os problemas de comunicação que ocorreram nos casos mencionados por vocês?
b) Que soluções poderiam ser pensadas para corrigir ou melhorar a comunicação nesses exemplos?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Como vimos, é essencial, ao criar um projeto de comunicação visual, ter atenção ao público-alvo, ao espaço em que o projeto será exibido e à função que ele vai desempenhar. Nem sempre esses critérios são vistos com atenção, o que gera sinalizações confusas, problemáticas ou mesmo prejudiciais. Leia o texto a seguir.
3
São tantos os detalhes ao montar um negócio que, entre o planejamento e a execução de tudo, é fácil o empreendedor se perder, principalmente, quando se trata em montar um ambiente físico para sua empresa. [...] quando começa esta decoração é comum pensar em cores, quadros, objetos e outros elementos visuais que irão compor e dar um toque especial ao seu estabelecimento, porém, a sinalização não deve ser negligenciada.
[...]
Para realização de um projeto de sinalização é importante que um profissional qualificado visite o local para mapeá-lo, criando posteriormente uma planta baixa do local, onde indicará os locais que necessitam de placas e quais são os tipos das placas – se indicativa, de orientação de destino, informativa entre outras [...]. Além de, claro, identificar neste projeto também as placas que são obrigatórias para a segurança de sua empresa. São elas:
• Placas de equipamentos e alarmes: indicam a localização dos equipamentos de combate a incêndio e alarmes.
• Placas de orientação e salvamento: indicam rotas de saída e evacuação de emergência, orientando as pessoas como agir de forma a conduzir e evacuação rápida e de forma segura.
• Placas de proibição: proíbem e ajudam a coibir atitudes que possam representar riscos à empresa, como, por exemplo, fumar, utilizar os elevadores em caso de incêndio, além de outras.
Mesmo cada projeto de sinalização sendo único e sempre diferente um do outro, no que diz respeito às sinalizações de segurança, devem respeitar as especificações da norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) NBR 13434, que: “Padroniza as formas, as dimensões e as cores da sinalização de segurança contra incêndio e pânico utilizada em edificações, assim como apresenta os símbolos adotados.”
Desta forma, recomenda-se que as placas obrigatórias não sejam alteradas, ou seja, não vamos inventar moda, ok? O design das placas da sua empresa pode e deve estar de acordo com a identidade visual, entretanto, as placas de segurança (aquelas vermelhas florescentes) não devem ser modificadas: não altere os ícones, cores ou formato destas placas. Deixem-nas sempre visíveis nos locais, sem que objetos ou plantas impeçam sua visualização. Tudo isso é importante e, quando infringido, pode acarretar sérios danos, além de multa ao estabelecimento.
[...]
Sinalize! As pessoas podem perguntar onde fica o banheiro, mas, certamente, não há tempo para perguntar onde fica a saída de emergência mais próxima.
A IMPORTÂNCIA da sinalização nas empresas. Simplifica Design, [s l.], c. 2020. Disponível em: http://simplificadesign.com.br/importancia-da-sinalizacao-nas -empresas/. Acesso em: 25 ago. 2024. Adaptado. ■ Placa indicando a localização da cafeteria. GOBIGOO/SHUTTERSTOCK.COM
Agora é o momento de aplicar na prática o olhar crítico que você desenvolveu. Com base na leitura e no conhecimento que você acumulou até esta etapa, junte-se a alguns colegas para fazer uma atividade colaborativa. Cada grupo realizará uma pesquisa de campo com o objetivo de identificar e coletar exemplos de placas e outros elementos de sinalização semelhantes aos que discutimos e analisamos até este ponto. Esta atividade permitirá que vocês coloquem em prática os conceitos aprendidos e observem como esses elementos são usados em diferentes contextos.
PASSO
1 Pesquisa de campo
• Façam um passeio pela escola em busca de cartazes, placas e diversos outros elementos de comunicação cujo design, layout ou aparência vocês considerem falho, confuso, inadequado ou mal elaborado.
• S e possível, usem uma câmera fotográfica de boa qualidade ou um celular com uma câmera eficiente para registrar todos os itens encontrados e capturem também as falhas que possam estar presentes em cada elemento observado.
PASSO
2 Análise dos dados
• Depois que todos retornarem à sala de aula, cada grupo deve iniciar uma conversa detalhada entre si e, em seguida, escrever, no caderno ou em uma folha avulsa, um relato abrangente sobre o que foi observado, incluindo as informações:
■ Sinalização de porta de saíde de emergência.
a) os objetos que foram destacados e analisados pelo grupo durante a atividade;
b) a localização exata onde cada objeto foi encontrado no espaço da escola, especificando o local e o contexto;
c) a função específica de cada um dos objetos e como eles são utilizados na comunicação escolar;
d) uma análise detalhada dos motivos pelos quais os designs e layouts dos objetos foram considerados mal elaborados, incluindo aspectos visuais e funcionais que contribuíram para essa avaliação.
■ Sinalização de porta de saída de emergência.
PASSO
3 Apresentação das conclusões
• Após a conversa e a documentação das conclusões alcançadas, façam uma apresentação oral completa e bem estruturada com o apoio de elementos visuais. Esses elementos podem incluir as fotografias que foram registradas durante o passeio exploratório ou, caso prefiram, desenhos cuidadosos dos itens selecionados e analisados.
• A apresentação deve explicar de forma clara e organizada as visões e as anotações coletivas que foram feitas ao longo da atividade, destacando os principais pontos observados e discutidos pelo grupo.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como o design comunica?
Consulte as orientações no Manual do professor
Como são organizadas as informações no design?
Para o designer Paul Rand, um dos maiores nomes do Design mundial, a comunicação visual precisa incorporar forma e função, integrando beleza e utilidade. Assim, os elementos que compõem uma peça visual devem estar em harmonia com o todo e relacionados com a ideia e o objetivo por trás dela para que a execução seja satisfatória. Para que a mensagem de um material gráfico seja transmitida, é preciso, portanto, organizá-lo de modo que os elementos que o compõem possam ser lidos e compreendidos de acordo com sua importância e com a intenção planejada pelo designer. É importante que cada elemento que compõe uma peça de design seja usado de forma complementar, cumprindo uma função específica e atingindo um objetivo final. No caso de uma peça de sinalização, por exemplo, espera-se que as informações contidas sejam selecionadas e organizadas de modo que o usuário possa compreender facilmente o que está sendo dito, o que geralmente inclui o uso de símbolos e ícones familiares ao público e textos verbais curtos e diretos. É o caso, por exemplo, da sinalização que aparece na imagem desta página, que informa às pessoas sobre a direção e localização das saídas.
A escolha dos elementos do design depende, ainda, da intenção e da mensagem pretendida, além do público-alvo e do contexto da peça de comunicação, que podem determinar o uso de diferentes tipografias, imagens, formatos, cores e hierarquias específicas.
Ao abrir um software de edição de texto, o usuário tem à sua disposição dezenas de fontes tipográficas diferentes. Há as fontes com serifa (pequeno traço no final de um traço principal de uma letra, seja ele vertical, seja horizontal) e sem serifa. Além dessas categorias, há outras fontes, como cursivas (que simulam letras manuscritas), letras fantasia ou decorativas etc. Dependendo do contexto de uso, podemos escolher a fonte que mais nos agrada. Contudo, cada tipografia tem uma carga de informações e aspectos positivos e negativos, o que faz com que seja, em geral, priorizada em determinados contextos.
Em trabalhos acadêmicos, por exemplo, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) indica o uso das tipografias Times New Roman ou Arial (os dois primeiros exemplos da caixa a seguir). A Times (com serifa) e a Arial (sem serifa) são preferidas por sua simplicidade, facilidade de leitura e sobriedade. Porém, em um mosaico de fotografias para um post nas redes sociais, é possível ousar e escolher uma fonte artística.
Fonte Times New Roman
Fonte Arial
Fonte Jumble
Fonte Lucida Console
Fonte High Tower Text
Fonte Mistral
■ E xemplos de fontes em estilos com serifa, sem serifa e cursiva.
Design editorial
Você já reparou que os livros de literatura costumam ter fontes parecidas? Isso não é à toa: o uso de fontes serifadas para textos longos é mais confortável para leitura, por isso, em geral, as editoras optam por fontes nesse estilo para garantir uma experiência agradável ao leitor. Além disso, são levados em conta na produção de um livro aspectos como a cor do papel, o espaçamento entre as linhas e o tamanho da fonte. O profissional responsável pela execução desses projetos é o designer gráfico com especialização em design editorial.
Você já percebeu que algumas cores costumam ser predominantes em certos materiais de comunicação visual? É bastante comum o uso de verde e branco em anúncios de produtos de limpeza; de preto e tons escuros de verde e vermelho em anúncios de perfume; e da cor azul em mensagens formais.
Além disso, com essas cores, costumam aparecer imagens recorrentes: plantas e pessoas felizes nos anúncios de produtos de limpeza, pessoas vestidas com roupa social em mensagens formais ou com roupa de gala e com maquiagem marcante em propagandas de perfume.
Essas relações não são por acaso, são escolhas visuais pensadas com base nas intenções do projeto e que podem ser encontradas não apenas em anúncios publicitários mas também em identidades visuais e outras formas de comunicações associadas a empresas e instituições públicas e privadas.
Na produção de pôsteres, cartazes, placas ou letreiros, é importante que o tamanho das letras que vão compor as informações propostas no projeto seja pensado com base nas relações de proporção entre o suporte que carrega a mensagem, o espaço e o público que o frequenta. Isso vale, por exemplo, para considerar a leitura de informações importantes que precisam ser expostas claramente a distância, como as sinalizações de saídas de emergência ou de banheiros. Entretanto, se o texto for mais longo, o ideal é que o tamanho não seja exagerado, pois exigiria uma área maior para que ele possa ser apresentado. No caso de textos informacionais em exposições de arte, o tamanho das letras costuma ser bem menor, até mesmo para não ser maior que a própria obra de arte.
O tamanho (normalmente chamado de “corpo” no contexto do design) também pode servir para indicar a hierarquia, ou seja, a escolha do tamanho dos elementos de um design, já que, quanto maior o elemento, maior a rapidez na sua visualização. Além disso, a ordem da disposição dos elementos indica a ordem em que o público vai ler as informações. Logo, é preciso que eles sejam organizados e dimensionados de modo coerente para que a comunicação seja clara.
■ Duas versões de placa indicando sanitários e saída.
Nos exemplos das versões de placa, há duas alternativas para o layout de uma placa de sinalização. Na primeira, todos os elementos estão alinhados, embora indiquem direções diferentes. Na segunda, no entanto, a seta e a palavra Sanitários estão alinhadas à esquerda, que é a direção em que estão localizados os banheiros, e a seta e a palavra Saída estão alinhadas à direita, correspondendo à direção da saída. O que você acha? A segunda proposta ficou mais clara? Discuta esse ponto com os colegas.
Nesses exemplos, também é possível notar o uso da hierarquia tipográfica: o texto em português, idioma da maioria do público que vai ler a placa, aparece grande; e uma versão do mesmo texto em inglês aparece em menor tamanho, para que não “roube” a atenção do texto em português e para que não falantes da língua portuguesa também consigam se orientar.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
• Confira, no anúncio, a comunicação visual de uma campanha de vacinação realizada pela Universidade Federal Rural de Pernambuco em 2023. Considere a hierarquia das informações da arte da campanha para responder aos itens a seguir.
a) Ao observar a organização dos elementos, você consegue identificar a principal informação da campanha? Que informação é essa?
b) Que informação é apresentada com um peso menor, mas ainda com grande destaque?
c) A mensagem “Apresentar cartão de vacinação e CPF” aparece com um corpo menor na campanha. Entretanto, ainda assim tem destaque. Por quê?
REPRODUÇÃO/UFRPE
■ Anúncio de campanha de atualização de caderneta de vacinação.
d) A palavra vacinação tem um peso maior que o restante do texto. Por que isso ocorre?
e) Qual é o elemento de maior destaque na campanha?
O conhecimento e o domínio desses aspectos do design, bem como a experiência e a habilidade de colocá-los em prática, fazem com que um designer seja capaz de trabalhar em diversas áreas, como o mercado editorial (produzindo livros), a publicidade (atuando em peças publicitárias), a moda (criando designs para marcas de roupa), a criação de produtos (produzindo objetos como cadeiras, sofás, móveis e decoração), entre outras. O designer gráfico, especificamente, atua nos espaços criando sinalizações e identidades visuais. Observe as imagens desta página, que mostram algumas estações do metrô de São Paulo.
As três estações pertencem a linhas diferentes que são administradas independentemente – a Linha Azul, da qual faz parte a estação Portuguesa-Tietê, é administrada pela prefeitura; já a Linha Lilás, onde fica a estação Moema, e a Linha Amarela, representada pela estação Fradique Coutinho, são administradas por duas empresas privadas diferentes. Ainda assim, é possível notar uma semelhança entre as fotografias, certo? Mesmo que sejam três administradoras distintas, todas fazem parte de um mesmo serviço público – o sistema metroviário de São Paulo –, portanto precisam ser visualmente coerentes. Assim, o desenho das placas, a fonte utilizada e a disposição dos elementos são os mesmos – ainda que seja possível ver elementos diferentes em cada uma –, isto é, as placas das estações de metrô apresentam o que chamamos de identidade visual, caracterizada pela coerência entre os elementos que fazem parte de um mesmo projeto.
Os exemplos que vimos até agora estão ligados a uma área específica: Design de ambientes. Você provavelmente já ouviu falar em Design de Interiores – um ramo do Design que atua, assim como a Arquitetura, em projetos de decoração de espaços privados, como casas, escritórios e consultórios. O trabalho do designer de ambientes é similar, mas é mais amplo: em conjunto com arquitetos e engenheiros, esse profissional atua em espaços externos, que também podem ser públicos, como as estações de metrô e os parques sobre os quais já conversamos, além de praças, prédios e sinalização de ruas.
■ Identidade visual de três estações de metrô de São Paulo (SP). Fotografias das estações Portuguesa-Tietê e Moema, 2020. Fotografia da estação Fradique Coutinho, 2019.
A atuação dessa área não é voltada para a decoração, e sim para a criação da coesão estética e da funcionalidade, visando agradar e atender a um público amplo, variável e que precisa de informações rápidas e simples. Assim, enquanto o designer de interiores busca atender às demandas de um público bastante reduzido e fixo (os moradores de uma casa, os trabalhadores de um escritório), o designer de ambientes comunica-se com um grande número de pessoas variadas (como os usuários do metrô, incluindo os moradores da cidade e os visitantes, que podem falar ou não a língua do país) para que consigam entender as informações indicadas e encontrem os direcionamentos de que precisam naquele ambiente.
MUNDO DO TRABALHO
Considerando o que você viu até aqui e o que estamos desenvolvendo ao longo deste projeto sobre observação, crítica e atuação do design de espaços públicos, você pode se perguntar: Qualquer pessoa pode fazer isso? Podemos ir até a prefeitura e dizer que gostaríamos de alterar a forma como a sinalização no transporte público é feita?
Claro que podemos (e devemos!) opinar, criticar e sugerir melhorias ao poder público em relação a nossa experiência nos espaços comuns. No entanto, não podemos simplesmente alterar o que parece errado ou passível de melhora. Como qualquer outro aspecto dos espaços públicos, seu design é feito por meio de licitações
A licitação é um processo feito pela administração pública de uma cidade, estado ou país para contratar obras, serviços ou compras. Por meio do contrato de licitação, um órgão público fecha um acordo com uma empresa particular para realizar alguma ação. Por exemplo, se a prefeitura da cidade onde você mora for construir um hospital, ela vai abrir uma licitação para que construtoras privadas concorram entre si para conseguir a oportunidade de executar a obra. Para isso, existem cinco tipos de licitação: concorrência, concurso, diálogo competitivo, pregão e leilão.
Os fatores mais importantes nas licitações são preço, que costuma ser um critério central para que uma empresa consiga vencer a concorrência, capacidade técnica e operação da mão de obra. A ideia é que a empresa ofereça o serviço mais barato e com a melhor qualidade. O designer pode se encaixar em diversos tipos de serviço. Ele pode atuar em obras (em geral, por meio de concorrência ou leilão) ou em projetos gráficos, como peças publicitárias governamentais ou a criação de identidade visual para a administração pública.
As duas administradoras privadas que atuam no metrô de São Paulo, por exemplo, participaram de uma licitação para conseguir o direito de administrar uma parte do Sistema Metroviário. Além de atuarem na construção e na operação das linhas, elas precisam se adequar à identidade visual do metrô, por isso um time de designers trabalhou para que fosse possível unir a identidade visual já existente no serviço com as particularidades de cada empresa privada.
Além de incorporar a identidade visual, é preciso que as empresas promovam um nível alto de facilidade de comunicação e compreensão para os usuários dos espaços em que vão atuar.
■ No projeto de sinalização de um espaço público, a funcionalidade é uma prioridade.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. a) A criação de uma identidade coesa facilita a transmissão de informações e torna a comunicação mais clara.
1. b) O design de ambientes tem como objetivo tornar os espaços públicos um lugar de mais fácil navegação, seja de forma espacial, seja de forma verbo-visual, incluindo representações imagéticas e em outras línguas para ampliar o acesso.
1. Sobre a presença do Design em espaços públicos como as estações de metrô, debata as questões a seguir com os colegas.
a) Como a identidade visual, incluindo elementos como placas, fontes e logomarcas, contribui para a coerência e a eficiência na comunicação em um sistema de transporte público? Quais são os benefícios de manter uma identidade visual consistente entre diferentes administradoras ou empresas que operam partes de um mesmo serviço público?
b) D e que maneira o Design de ambientes em espaços públicos, como estações de metrô, pode influenciar a acessibilidade e a inclusão de diferentes grupos de usuários, como pessoas com deficiência, visitantes estrangeiros e pessoas que não falam a língua local? Quais estratégias de design podem ser implementadas para melhorar a experiência desses usuários?
c) Como o Design de ambientes equilibra as necessidades de funcionalidade e de estética? Em que situações a funcionalidade deve prevalecer sobre a estética, e vice-versa?
d) D e que maneira a identidade visual de um espaço público pode afetar a experiência do usuário e a percepção do serviço oferecido?
e) Como os designers podem garantir que os espaços públicos sejam eficazes em termos de funcionalidade e inclusão, enquanto mantêm uma coesão estética?
2. Agora releia o texto em Mundo do trabalho para refletir sobre as implicações legais do design por meio das questões a seguir.
a) A té que ponto a participação cidadã pode influenciar o design de espaços públicos? Como as sugestões e críticas da população podem ser integradas efetivamente ao processo de design sem comprometer a eficiência e a coerência dos projetos?
b) Como o processo de licitação procura manter a qualidade e a coerência dos projetos de design em espaços públicos?
c) Considerando que o preço é um fator central nas licitações, de que forma isso pode influenciar as escolhas estéticas e funcionais? Existe um equilíbrio adequado entre custo e qualidade?
2.
d) Como o processo de licitação pode ser ajustado para promover um design mais eficaz e coeso?
2.
1. c) O design de ambientes precisa equilibrar estética e funcionalidade, fazendo com que os espaços sejam navegáveis, seguros e de fácil comunicação, com coerência visual.
1. d) A identidade visual gera um ambiente acolhedor ou hostil, dependendo de sua execução.
1. e) Os designers precisam estar sempre atualizados em busca das melhores soluções.
2. a) A participação cidadã pode demandar mudanças específicas no ambiente, fazendo com que os projetos sejam pensados especificamente para atender a suas necessidades.
Conexões
A obra de Ellen Lupton é considerada a mais importante do ramo para quem se interessa pelo trabalho com tipografia. A obra é indicada a leitores, escritores, designers , editores, professores e estudantes, todos interessados na palavra escrita.
• LUPTON, Ellen. Pensar com tipos : guia para designers , escritores, editores e estudantes. São Paulo: Olhares, 2024.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Na etapa anterior, vocês identificaram e analisaram detalhadamente alguns exemplos de problemas que podem acontecer no design de sinalizações. Agora, vocês vão atuar diretamente na proposição de alternativas para resolver esses problemas. Para se preparar para essa atuação mais direta, leia o Texto 1 sobre Design de Informação, sinalização e sinalética.
O que é sinalização?
Trocando em miúdos, utilizamos a sinalização para organizar, indicar, advertir, alertar, informar um fluxo de pessoas e/ou veículos. E ela faz isso, como o próprio nome já diz, através de sinais, símbolos, marcas, tipografia, cores que transmitam determinado significado.
Projetos de sinalização normalmente são implementados em lugares de grande acesso como shoppings , museus, supermercados, terminais de transporte, hospitais, edifícios complexos, parques etc. Mas isso não é exclusivo de grandes empreendimentos (como veremos a seguir na sinalética). A sinalização também pode estar presente em ambientes menores como escolas, pequenas empresas e estabelecimentos.
Qualquer lugar que necessite de informação e orientação pode utilizar a sinalização como um recurso.
O que é sinalética?
A sinalética deriva da sinalização, porém não é igual. Trata-se do conjunto de signos/sinais que compõem um determinado sistema de sinalização e comunicação visual. Ela também é o estudo da sinalização originada do Design da Informação e Semiótica que trata das relações entre pessoas, espaço e os signos responsáveis pela orientação.
[...]
Princípios da sinalética:
• O usuário é o centro da comunicação;
• ser precisa e rápida na identificação;
• manter a coerência e consistência em todo o sistema: manter um padrão de tamanhos, de símbolos, cores etc.
• sua forma deve se destacar dos demais objetos do espaço e ser bem localizada;
• fácil leitura e compreensão.
Diferenças entre sinalização e sinalética
Sinalização é um termo mais amplo; já a sinalética é mais pontual. A primeira é mais universal, enquanto a outra é mais singular. A sinalização é um sistema único para todos. É mais fechado e determinado pelo conhecimento empírico inerente a todos (ou à grande maioria). Também tem a função de regulamentar fluxos de vias e de pessoas. Um exemplo clássico de sinalização é a que vemos todos os dias nas ruas. A sinalização de trânsito é um tipo que regulamenta e que precisa ser de uso universal. Já a sinalética é um sistema aberto em que se leva em conta o ambiente, o entorno e as pessoas que a frequentam. Ela não é necessariamente universal, pois leva em conta o perfil dos usuários, a cultura na qual está aplicada, entre outras questões. Utiliza-se a linguagem e símbolos personalizados que levam em conta a necessidade que cada ambiente demanda.
ARTY, David. Sinalização, sinalética e design de informação. Chief of Design, [s. l.], [20-]. Disponível em: https://chiefofdesign.com.br/sinaletica/. Acesso em: 25 ago. 2024. Adaptado.
Retome o material que foi coletado na atividade prática da Etapa 1. Esse é o momento para começar a trabalhar na correção dos problemas identificados anteriormente.
PASSO
1
Discussão sobre os problemas
• Escolham um dos exemplos que foram indicados e analisados pelo grupo para implementar as mudanças sugeridas. Discutam com atenção qual é o problema específico presente nesse exemplo e determinem a melhor forma de aplicar as alterações necessárias. Essas mudanças podem incluir ajustes no texto, nas imagens e nas cores, entre outros.
PASSO
2 Criação de rascunho
• Utilizem uma folha de papel tamanho A4 ou A3 para criar um rascunho detalhado do projeto de mudança. O rascunho deve ser feito manualmente, para que vocês expressem suas ideias de forma criativa. Por se tratar de um rascunho, não é necessário que a execução esteja perfeita: o objetivo é mostrar as ideias principais.
PASSO
3 Exposição preliminar
• Após a conclusão dos rascunhos, organizem uma exposição dos projetos para que os outros grupos possam ver e analisar. Exponham tanto a comunicação visual original quanto as sugestões de melhorias desenvolvidas por vocês, justificando as mudanças.
PASSO
4 Revisão dos elementos
• Revejam os elementos planejados e sugeridos inicialmente no rascunho produzido pelo grupo. Considerem as perguntas a seguir para avaliar os conhecimentos adquiridos nesta etapa.
• O uso planejado de cores e imagens realmente realça a intenção e o objetivo da proposta?
• Qual será o tipo de fonte utilizado para a apresentação visual dos textos verbais no produto final? Será empregada mais de uma fonte?
• A hierarquia de informações está adequada? Orienta a leitura do leitor?
• O tamanho dos elementos de comunicação está apropriado?
• Com base nas respostas fornecidas pelo grupo, finalizem o produto utilizando materiais de pintura e desenho, bem como os recursos digitais disponíveis.
PASSO
5 Apresentação do produto
• Por fim, apresentem o produto aos colegas e compartilhem suas opiniões sobre as comunicações visuais que foram produzidas. Certifiquem-se de oferecer críticas construtivas e respeitosas, promovendo um ambiente de aprendizado e crescimento para todos.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como são organizadas as informações no design?
O design, os espaços e as pessoas
Consulte as orientações no Manual do professor.
Como o design influencia nosso relacionamento com os espaços em que circulamos?
Como estudamos, o design precisa atuar muito acertadamente em espaços públicos para que sua relação com as pessoas que ali circulam comunique de forma clara o que precisa ser comunicado. No entanto, para além disso, o design pode ser usado para enriquecer essa relação, extrapolando a simples funcionalidade.
Nos museus, por exemplo, é fácil observar esses dois lados do design: ao mesmo tempo que é importante ter placas e sinalizações claras sobre as localizações e informações das obras, bem como indicações de direção, saída e outras funcionalidades, esses espaços, por seu caráter artístico, também utilizam técnicas que fazem com que o público possa mergulhar melhor nas obras, criando ambientes em que as pessoas se sintam à vontade para explorar ao máximo cada obra.
Para que isso ocorra, os museus costumam usar algumas estratégias visuais de design que ajudam a moldar a experiência do visitante. Observe os seguintes exemplos:
• disposição das obras: pensar na ordem e na progressão das informações da exposição de modo que se direcione a experiência do público;
• design de iluminação: planejar de que modo a luz será utilizada na exposição para favorecer as obras, seja por motivos de preservação, de visibilidade, seja por motivos de destaque. É possível, por exemplo, manter uma sala mais escura, com uma luz direcionada a uma única escultura para que o visitante foque sua atenção completamente nessa peça;
• conforto, segurança e acessibilidade: considerar o fluxo de visitantes para organizar o espaço e privilegiar o bem-estar do público e o cuidado com as obras expostas, tendo em vista, inclusive, necessidades de adaptação relacionadas à acessibilidade;
• sinalização e informações: planejar placas e avisos de sinalização para facilitar o fluxo e a movimentação dos visitantes e funcionários no espaço do museu, além das peças de identidade visual do evento, como convites, fôlderes, catálogos e textos descritivos das obras e de áreas específicas da exposição.
GIUSEPPE BIZZARRI/FOLHAPRESS
■ Vista interna do Museu Oscar Niemeyer, que, em razão da arquitetura arrojada e do formato da construção, é conhecido como Museu do Olho. Curitiba (PR). Fotografia de 2003.
Os museus não são os únicos espaços que precisam levar esses elementos em conta. Ambientes públicos de modo geral, em especial aqueles com grande circulação de pessoas, como parques, hospitais, centros comerciais e escolas, devem ser projetados para priorizar a experiência do usuário. A comunicação visual da orientação é uma das principais ferramentas utilizadas para que isso ocorra de maneira positiva e funcional. Leia, a seguir, um trecho de notícia sobre o projeto de sinalização instalado no Parque Nacional.
Unidade de Conservação terá mais de 300 placas bilíngues seguindo o Manual de Sinalização do ICMBio
Unidade de conservação federal com maior número de visitantes no país [...], o Parque Nacional da Tijuca vai ter toda a sua sinalização modernizada este ano. O layout segue o Manual de Sinalização do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), moderno e valorizando as informações visuais. Mais de 80 placas já foram instaladas nos setores Floresta da Tijuca e Serra da Carioca, de um total de 350. São mapas com informações sobre as trilhas e atrativos, orientações sobre normas de uso e conduta consciente e placas indicativas em toda a área do Parque.
■ Placa de sinalização no Parque Nacional da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Fotografia de 2018.
A nova sinalização está sendo custeada com recursos destinados pela Câmara de Compensação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro. Todas as placas agora são bilíngues, atendendo o grande número de turistas estrangeiros que visitam o Parque, considerado patrimônio mundial pela UNESCO na categoria Paisagem Cultural.
A sinalização que está sendo substituída foi instalada em 2000 em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, mas já estava bastante deteriorada e desatualizada. Além da sinalização convencional nas vias de acesso, estruturas e atrativos, o Parque Nacional da Tijuca conta com sinalização rústica nas trilhas. A equipe de monitoria ambiental do Parque, responsável pela sinalização das trilhas, fez a troca, no ano passado, de 140 placas deterioradas. As placas rústicas são produzidas na própria oficina do Parque utilizando também madeira de árvores que caíram naturalmente na área do Parque.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Parque Nacional da Tijuca recebe nova sinalização. Gov.br, [s l.], 26 jul. 2018. Disponível em: https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/noticias/ultimas-noticias/parque -nacional-da-tijuca-recebe-nova-sinalizacao. Acesso em: 2 set. 2024.
O projeto de sinalização citado no Texto 1 tem como principal atualização em sua comunicação a renovação e a implementação de novos códigos visuais em formato de placas, totens, mapas e outros suportes com funções similares que têm como objetivo o entendimento rápido e fácil de informações ou advertências. Essa função é desempenhada pelo design de sinalização.
Você já teve dificuldade para se locomover em um espaço mesmo seguindo placas e indicações? Isso acontece porque nem toda sinalização é pensada para atender às necessidades do usuário por meio de mensagens simplificadas e acessíveis. Nesses casos, há uma falha na comunicação e no projeto de design.
O design de sinalização e informações tem grande importância como elemento de comunicação social. Não se trata simplesmente de um projeto de comunicação visual para um ambiente; configura-se, principalmente, como uma maneira de organização e diálogo entre os espaços construídos, seus usuários, a tecnologia de materiais e os processos de fabricação – além, é claro, da própria comunicação. Dessa maneira, trata-se de uma área que não só reúne os conhecimentos do design como também dialoga com a Arquitetura, a Engenharia e a Comunicação, além de se conectar com as Ciências Humanas para compreender os espaços em que está inserida. Logo, o designer de sinalização precisa utilizar dados obtidos em pesquisas sobre o ambiente e os usuários e considerar a informação que será passada para pensar nas estratégias que serão utilizadas.
Por incluir indicações de tipos de acesso, relacionadas ao funcionamento do fluxo de pessoas, à setorização do espaço, às atividades realizadas e às atividades proibidas naquele local, entre outras possibilidades, o projeto de sinalização idealmente é desenvolvido junto com o projeto arquitetônico do espaço para que a sinalização permita que o usuário ou frequentador se sinta seguro e confortável ao circular pelo complexo físico do ambiente.
O caso do Parque Nacional da Tijuca é interessante porque, como o projeto foi concebido muito anos depois da criação do parque, as placas de madeira, que já eram conhecidas pelo público, foram mantidas nas trilhas, mas foram complementadas com novas informações em sinalizações oficiais, ou seja, há novas informações, até com complementos em outro idioma, mas a identidade visual já conhecida dos visitantes está preservada. Esse exemplo mostra a importância de o designer de sinalização adequar a linguagem utilizada nas informações ao repertório cultural
RODRIGOBARRETO/SHUTTERSTOCK.COM
■ Placas rústicas indicando atrações da região do Pico das Prateleiras, dentro do Parque Nacional do Itatiaia, no sul do estado do Rio de Janeiro. Fotografia de 2017.
O serviço de orientação não está restrito somente a placas indicativas. Um mapa também usa uma linguagem gráfica com elementos que ajudam as pessoas a se localizar e se orientar no espaço. O mapa é uma representação plana de uma área da superfície terrestre em escala reduzida e mais simplificada. Os mapas podem representar tanto elementos naturais, como oceanos, formas do relevo e vegetação nativa, quanto elementos antrópicos e culturais, como edificações, plantações e sítios arqueológicos. Além dos mapas, há outras representações cartográficas, como plantas e cartas, que representam áreas, mas em uma escala maior.
Uma planta é uma representação cartográfica de uma área em um nível de detalhamento maior, já que a região retratada é menor que uma cidade ou um bairro. A planta é muito comum na representação de um parque público, por exemplo, ou das dependências de um shopping center
Analise, a seguir, um mapa das imediações da Catedral da Sé, em São Paulo, capital. Os estilos de letra padronizam os tipos de informação. A indicação das vias é diferente da representação das praças, e assim por diante. Nesta composição cartográfica, é possível contemplar as ruas, os trechos onde passam as linhas de metrô e a indicação de um ponto relevante (no caso, a localização da Catedral da Sé).
São Paulo: Praça da Sé – 2024
R.SenadorFeijó
R.Riachuelo
da Sé
R. Dr. Rodrigo Silva R.Anita Garibaldi
Largo Sete de Setembro
Estação de metrô Sé Catedral da Sé Linha do trem
Praça Clóvis Beviláqua
R. Tabatinguera R FelipedeOliveira
040
Fonte: GOOGLE MAPS. [Praça da Sé]. 2024. Disponível em: https://maps.app.goo.gl/fFT2o56VrV8TVjR3A. Acesso em: 18 out. 2024.
Mapa tátil no centro cultural Japan House, em São Paulo (SP). Fotografia de 2020. Além de permitir que o visitante observe as estruturas da instalação na planta do espaço (piso térreo do prédio), o mapa utiliza o alto-relevo e textos em braile para que pessoas com deficiência visual possam ter acesso às informações. A sinalização usa, ainda, pictogramas e textos em português e inglês para ampliar as possibilidades de leitura do público.
Como o objetivo de uma sinalização é tornar o espaço acessível para diferentes usuários, alguns aspectos devem ser considerados para projetá-la.
Como já foi mencionado, quando abordamos as estações de metrô, é muito comum ver placas e sinalizações que trazem, abaixo do texto em português, a tradução em inglês das informações. Isso acontece porque, hoje, o inglês é uma língua franca, ou seja, é utilizado pela maioria das pessoas para se comunicar com falantes de outras línguas. Assim, a inclusão desse idioma nas placas possibilita que turistas, imigrantes e refugiados que ainda não têm familiaridade com a língua portuguesa também consigam se localizar no espaço.
Além disso, há a acessibilidade para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida por meio de placas em braile, pisos táteis, sinalizações sonoras e do uso de pictogramas correspondentes aos textos verbais (como os “bonecos” que indicam os banheiros feminino e masculino). Para elaborar um projeto de design de ambiente, é preciso levar em conta as necessidades de grupos sociais diferentes, considerando desde a implantação de rampas de acessibilidade para cadeiras de roda até o uso de informações imagéticas que incluam pessoas analfabetas, bem como o uso de cores, sons e iluminação especiais que atendam pessoas daltônicas, autistas ou com epilepsia, entre outras possibilidades.
Leia, a seguir, o artigo, que trata da importância da sinalização como ferramenta de acessibilidade em espaços culturais.
TEXTO 2
Um projeto de sinalização jamais pode ser tomado como de caráter decorativo porque é algo que necessita de estudo, planejamento e adaptação para as necessidades específicas a que se propõe. Requer responsabilidade, conhecimento e comprometimento de quem o executa; logo, sendo associado a uma profissão fecunda. Dessa forma, D’Agostini (2017) defende que ao papel do Design de Sinalização associa-se a mediação da comunicação entre ambientes e pessoas, dispondo de informações e soluções para o melhor uso e deslocamento dentro dos espaços. Assim, o Design de Sinalização consegue, de maneira interdisciplinar, reunir e produzir conhecimentos que amparam as demandas de informação de determinados espaços.
[...]
Diariamente, milhares de pessoas com deficiência visual são impedidas de exercer seus direitos e sua mobilidade com autonomia pela falta de informação acessível nos espaços que frequentam, sejam públicos ou privados. [...]
A cultura tem o poder de transformar uma sociedade ao oferecer conhecimento e educação, podendo inclusive interferir na atitude que as pessoas têm em relação às outras, sobretudo em relação aos indivíduos com deficiência. [...]
Dessa maneira, acredita-se que proporcionar subsídios para que futuros designers e projetistas possam criar ou rearranjar espaços culturais acessíveis é contribuir para que cada vez mais pessoas com deficiência visual tenham acesso à culturalização de forma mais igualitária e justa. Acredita-se, ainda, nos esforços dos espaços culturais em promover acessibilidade e equidade, e o Design , assim como a Tecnologia, tem as ferramentas capazes de suprir essa demanda.
[...]
Além disso, é notável a necessidade de mudança de perspectiva sobre as pessoas com deficiência visual em relação às suas decisões de estilo de vida e autonomia, assim como investigações que elucidem a convergência entre esferas culturais, materiais e humanas em área naturalmente interdisciplinar.
BRONDANI, Cristine Porto. Fundamentos do Design de Sinalização para pessoas com deficiência visual: inclusão em espaços culturais. 2023. 296 p. Dissertação (Mestrado em Design) –Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023. Disponível em: https://www. teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16140/tde-19012024 -130002/publico/ME_CRISTINEPORTOBRONDANI_rev.pdf. Acesso em: 25 ago. 2024.
■ Designers e projetistas podem criar ou rearranjar espaços culturais acessíveis, contribuindo para que cada vez mais pessoas com deficiência visual tenham acesso à culturalização de maneira mais igualitária e justa.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Observe, a seguir, duas fotografias que retratam elementos de sinalização do metrô na cidade de São Paulo e na cidade do Rio de Janeiro.
a) Que recursos de sinalização podem ser identificados nessas imagens?
b) Você acha que outros recursos poderiam ser implementados nesse espaço? Em caso afirmativo, quais?
c) O metrô de São Paulo recebe milhões de usuários todos os dias, e é um ambiente de grande circulação que atrai um público diverso. Considerando essa característica, qual é a importância do uso dos recursos identificados no item a?
2 Conheça agora um exemplo de sinalização peculiar utilizada no metrô da Cidade do México, capital desse país. Na fotografia a seguir, é possível notar o uso de pictogramas para identificar informações tradicionais, como a saída (“salida ”, em espanhol).
Além da sinalização tradicional, desde sua criação em 1968, há, nas estações desse sistema de transporte, pictogramas que representam os nomes das estações. Essa escolha foi feita em razão da alta porcentagem de analfabetos na população local nessa época (30%) e se manteve até os dias atuais, em indicações dos mapas do sistema e nas placas dentro das estações.
a) Qual é sua opinião sobre o uso de pictogramas para indicar os nomes das estações? Você acha que essa escolha promove a inclusão nesses espaços, ajudando pessoas que não saibam ler a identificar a estação onde elas estão? Justifique sua resposta.
b) Em sua opinião, esse recurso poderia ser usado na sinalização em terminais de meios de transporte na cidade onde você mora?
c) Além do uso de pictogramas, as estações de metrô são anunciadas em caixas de som nos trens e estações do metrô, mas esse recurso nem sempre funciona em todas as linhas. De que maneira isso pode afetar a experiência do usuário?
d) Pesquise, em sites confiáveis, uma rede brasileira de sistema de transporte que também utiliza pictogramas na sinalização de suas estações.
■ Estação de metrô na Cidade do México, no México. Fotografia de 2012.
O momento com essas atividades proporciona uma oportunidade interessante para fazer um trabalho interdisciplinar com o professor de História para que os estudantes entendam um pouco melhor a história do México e façam possíveis relações com o contexto brasileiro.
Como você viu nas etapas anteriores, o design, incluindo o de sinalização, pode ter um grande impacto no dia a dia da população, especialmente no que diz respeito ao fluxo e à circulação em espaços públicos, como parques, shoppings centers, museus, escolas e ruas. A falta de placas indicativas ou problemas de comunicação nas orientações existentes podem dificultar mais do que facilitar as atividades do cotidiano.
Leia, a seguir, o trecho de um artigo sobre a sinalização em ambientes escolares.
[...]
Qual a importância da sinalização dentro de ambientes com grande fluxo de pessoas? Você já percebeu que ao entrar em um hospital ou um shopping, por exemplo, há sinalização para tudo? Se você quer chegar ao setor administrativo, certamente haverá placas indicando o caminho. Caso precise saber onde fica o banheiro, também poderá contar com a ajuda das placas sinalizadoras. E em qualquer possibilidade de acontecer uma emergência, você precisará se guiar através da sinalização para encontrar a saída mais rápida e segura do local ou a localização dos equipamentos de segurança.
Em um ambiente escolar [...] a comunicação deve ser dirigida para dois públicos diferentes: adultos e crianças. E dentre as crianças, parte delas ainda está em processo de alfabetização e entendimento de linguagem e comunicação através de sinais.
Portanto, em uma escola não basta ter uma placa com uma mensagem escrita indicando a saída de emergência, por exemplo, ou uma placa indicando onde ficam os banheiros, pois uma criança ainda não alfabetizada ou que aprendeu a ler recentemente não irá compreender o significado de placas que expressem uma mensagem através da linguagem escrita.
Ao mesmo tempo, os professores precisam de orientação para se localizarem entre os ambientes dentro de uma escola. [...] As placas de sinalização devem indicar onde ficam as salas de aula, a biblioteca, o laboratório de ciências, a sala de informática, a quadra poliesportiva ou a área onde acontecem as aulas de educação física, além da sala dos professores e os banheiros.
A IMPORTÂNCIA da sinalização dentro do ambiente escolar. Printi Blog, [s l.], 5 out. 2017. Disponível em: https://www.printi.com.br/blog/ a-importancia-da-sinalizacao-dentro-do-ambiente-escolar. Acesso em: 25 ago. 2024.
Normas técnicas
Além de desenvolver o projeto de design de sinalização considerando recomendações de comunicação e aspectos ligados às Ciências Sociais, o designer pode levar em conta normas regulamentadoras – as duas mais consultadas são a NR-26 e a NBR-7195.
A NR-26, editada pelo Ministério do Trabalho, determina o uso adequado de cores para que haja mais segurança, sobretudo em espaços de trabalho. Assim, os extintores devem ser vermelhos; a mesma cor vale para canos expostos que transportam água para combater incêndios. Os canos de água potável porventura expostos devem ter cores diferentes, bem como os de gás. A norma também determina rótulos especiais em embalagens com produtos químicos e padroniza treinamentos de funcionários voluntários para agir com eficiência em situações de crise.
Já a NBR-7195 é editada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e se refere a uso de cores para aumentar a segurança. A cor vermelha é usada para indicar equipamentos de combate a incêndios; a laranja é indicada para sinalizar partes móveis de máquinas e equipamentos e coletes salva-vidas; a amarela indica cuidado com desníveis no solo, corrimão de escadas, cavaletes em obras etc.
Apesar de serem normas aplicadas em ambiente de trabalho, sobretudo industrial, você pode observar na sua escola algumas dessas recomendações.
Nos exemplos apresentados até aqui, você pôde perceber que pensar na experiência do usuário é essencial para que o design esteja alinhado às necessidades do público. Analise, a seguir, alguns tópicos importantes que devem ser considerados na identificação de problemas de comunicação em um espaço.
Local analisado
A primeira definição importante para o trabalho de análise da sinalização e da comunicação visual de um ambiente é determinar o local que será objeto de estudo. No caso de espaços públicos, deve-se levar em conta seu público abrangente e seu impacto na comunidade em que está inserido.
Público
Além da seleção do ambiente, é importante reconhecer o público que frequenta esse espaço e depende, no dia a dia, da utilização dele. Devem-se considerar tanto o público que já frequenta o espaço quanto a possibilidade de atrair novos públicos. Algumas pessoas podem não se sentir confortáveis ou seguras nesse ambiente, por isso ainda não integram o grupo que costuma visitar esse local. A identificação desses usuários possibilita avaliar essas percepções para ajustar o ambiente, fazer melhorias no design de sinalização e orientação, garantindo acessibilidade e conforto para atrair novos grupos.
Objetivos do espaço e de seu uso
Após a determinação do espaço e de seu público, deve-se entender quais são as principais funções desse espaço para a comunidade: é um centro de lazer, um ponto de encontro, um local para expor produções culturais, um espaço para estudos, uma área de preservação? A definição dos objetivos desse ambiente ajuda no entendimento das necessidades do público ao utilizá-lo e na elaboração das soluções de sinalização que podem ser propostas.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
• Com base nas leituras e no conhecimento acumulado até aqui sobre as relações entre sinalização, acessibilidade e ambiente escolar, converse com os colegas e responda às seguintes questões.
a) Como a sinalização pode ser adaptada para atender de maneira eficaz as diferentes faixas etárias e os níveis de alfabetização dos estudantes em um ambiente escolar?
b) Qual é o impacto potencial da falta de sinalização adequada em ambientes escolares na segurança dos estudantes e na eficiência na comunicação entre professores e funcionários?
c) De que maneira a sinalização escolar pode contribuir para a inclusão de estudantes com necessidades especiais, como aqueles com deficiência visual ou auditiva? Que tipos de sinalização são mais eficazes para garantir que todos os estudantes, independentemente de suas necessidades, possam andar pelo ambiente escolar com segurança e autonomia?
d) Considerando a diversidade cultural e linguística dos estudantes em muitas escolas, como a sinalização pode ser projetada para ser inclusiva e acessível para todos, independentemente de seu idioma ou origem cultural? Quais desafios estão relacionados à criação de uma sinalização universalmente compreensível em contextos diversos? Como esses desafios poderiam ser solucionados?
e) Como a sinalização pode influenciar o comportamento e a organização no ambiente escolar?
PASSO
1 Análise preliminar
Consulte as orientações no Manual do professor.
• Seguindo os tópicos para a identificação de problemas de sinalização apresentados na página anterior, reúna-se com seu grupo para começar a pesquisa sobre os problemas de comunicação visual em um espaço público de seu entorno. No caderno, registrem as informações dos itens a seguir para estruturar sua avaliação.
• Q ue espaço público foi selecionado pelo grupo para ser estudado?
• Qual é o público principal desse espaço? Há um público que pode fazer parte desse ambiente e ainda não o faz por questões associadas à comunicação visual? Em caso afirmativo, qual?
• Qual é a função principal desse espaço? Há outros serviços e atrações que podem ser mais bem identificados por meio de sinalização?
• No caderno ou em uma folha avulsa, elaborem um quadro como o modelo a seguir (não escrevam no livro). Nele, indiquem sinalizações que vocês consideram essenciais para a circulação no espaço escolar. Lembrem-se de adaptar o exemplo às necessidades locais. Nas colunas, deixem espaço para fazer comentários sobre três tópicos:
• presença: verificar se há sinalização equivalente para cada item;
■ Refletir sobre a sinalização em um espaço ajuda a garantir o sucesso de um projeto.
• legibilidade: analisar a leitura do texto da sinalização – identificar se está apagado ou se há elementos do espaço atrapalhando a visualização, por exemplo;
• informatividade: verificar se as informações são passadas de forma clara e objetiva e se elas ajudam o público-alvo efetivamente.
• Se acharem pertinente, vocês podem incluir mais colunas para inserir outros tópicos de análise.
Sinalização Presença Legibilidade Informatividade
Sanitários
Saídas
Indicação de espaços específicos (sala dos professores, sala de informática etc.)
Piso tátil
Mapa da escola ou dos andares
Outros
Pesquisa de campo
• Organizem uma ida ao espaço selecionado pelo grupo para observar a sinalização presente e as possíveis lacunas ou falhas de comunicação. Para isso, verifiquem a necessidade da autorização dos responsáveis pelo local ou da presença de um adulto para acompanhá-los nesse momento.
• No dia combinado, realizem um mapeamento da experiência de seus usuários no ambiente, conforme sugerido no trecho a seguir.
A diversidade de perfis de usuários fazendo uso de um mesmo espaço pode ser algo comum em um projeto de sinalização, principalmente quando vemos, no ambiente, pessoas com diferentes idades, condições físico-motoras e aspectos culturais a serem considerados. Mapear essas diferenças dos usuários é fundamental para o projeto de sinalização, pois, a partir desses dados, é possível direcionar as alternativas que melhor atendam à demanda de comunicação dessas pessoas em um ambiente.
D’AGOSTINI, Douglas. Design de sinalização. São Paulo: Blucher, 2017. p. 138. Disponível em: https://issuu.com/editorablucher/docs/dagostini_issuu. Acesso em: 25 ago. 2024.
• Anotem, no caderno, algumas informações sobre os usuários que vocês observaram na visita, como as aparentes necessidades deles e os desafios de circulação, locomoção e acesso a informações pertinentes.
• Após a visita ao espaço selecionado, conversem sobre as informações levantadas. Em seguida, organizem uma apresentação de slides ou uma apresentação oral com o apoio de cartazes para mostrar o que vocês encontraram aos colegas dos demais grupos. Considerando a troca entre os colegas, respondam coletivamente às perguntas a seguir.
• Os públicos dos espaços selecionados são diferentes? Em caso afirmativo, identifiquem as diferenças.
• Quais pontos positivos apresentados pelos grupos se destacaram? Alguns se repetiram em mais de um ambiente analisado?
• Entre os pontos que precisam ser melhorados, houve alguma sugestão que poderia ser colocada em prática nos ambientes de outros grupos? Em caso afirmativo, quais?
• Qual dos espaços analisados precisa de mais ajustes na comunicação visual e na sinalização? E qual precisa de menos ajustes?
• Após escolherem o espaço que receberá melhorias na sinalização, discutam quais alterações serão aplicadas.
Conexões
Para reforçar e expandir seus conhecimentos sobre Design , leia o livro de Robin Williams, que contém dicas e truques que podem ser utilizados em trabalhos simples de comunicação visual.
• W ILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer: princípios de design e tipografia para iniciantes.
São Paulo: Callis, 2013.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como o design influencia nosso relacionamento com os espaços em que circulamos?
Consulte as orientações no Manual do professor
Conheça, a seguir, o projeto de comunicação visual criado para o Museu da Casa Brasileira, localizado na cidade de São Paulo (SP). Considerando a identidade visual do museu, os designers propuseram informações que foram reproduzidas, por exemplo, em sinalizações de banheiros, nos espaços do museu e nas indicações de proibições e limitações.
■ E xemplos de sinalização do projeto de comunicação visual do Museu da Casa Brasileira.
Além disso, alguns elementos visuais, como as fontes e as cores utilizadas na identidade visual, foram utilizados também nos uniformes dos funcionários, nos pôsteres e em outras mídias usadas no dia a dia do museu. Essa unidade das informações visuais ajuda o usuário a se localizar no ambiente, a reconhecer facilmente a linguagem do museu em espaços diferentes de sua estrutura e a perceber padrões que permitem que a leitura das mensagens seja feita mais facilmente por associação visual.
Neste momento final do projeto, chegou a vez de seu grupo usar os dados coletados e analisados na etapa anterior para criar um projeto de comunicação visual para o espaço escolhido com propostas para solucionar os problemas encontrados por vocês ou melhorar a sinalização que já existe no local. As soluções ou melhorias devem facilitar a circulação e promover a segurança e o bem-estar dos usuários e visitantes. Vocês podem, ainda, repensar alguns elementos complementares da identidade visual do espaço ou criar uma proposta visual.
Um projeto de comunicação visual, como esta atividade, inclui circulação por espaços fora da sala de aula. Portanto, é importante garantir que os estudantes tenham autorização dos responsáveis. Além disso, esteja disponível para o caso de eles apresentarem dúvidas sobre os processos descritos.
Planejamento
a) Retomem os conceitos explorados ao longo deste projeto para propor novas sinalizações e/ou uma identidade visual apropriada ao local selecionado.
b) Considerem as necessidades de acessibilidade dos ambientes.
c) Pensem nos materiais que serão utilizados na sinalização: madeira, aço, acrílico etc. Para isso, considerem as propriedades desses materiais (durabilidade e flexibilidade, por exemplo) e os impactos no meio ambiente.
d) Elaborem um rascunho das sinalizações planejadas.
2
3
Modelos e protótipos
a) Utilizem os rascunhos produzidos durante o planejamento para testar modelos e protótipos utilizando materiais reaproveitados, como papelão e madeira.
b) Com base na análise do ambiente feita durante a visita, considerem, na produção de placas, totens e outras sinalizações, o tamanho e a proporção adequada para esses elementos. Levem em conta a largura e a altura da parede, a circunferência do poste ou pilar, a distância entre a sinalização e o público, entre outros elementos.
c) Caso haja recursos disponíveis na escola, utilizem softwares para propor uma versão digitalizada dos rascunhos.
Revisão
a) Avaliem a necessidade de repensar cores, materiais, tamanhos, hierarquias etc.
b) Conversem com os demais grupos e comparem as propostas para enriquecer o momento com trocas, sugestões e críticas construtivas.
c) Se necessário, reestruturem os projetos considerando sugestões dos colegas.
d) Caso utilizem softwares de edição de imagem, produzam neste momento a versão finalizada dos modelos.
Apresentação do projeto
a) Após a finalização da parte visual do projeto, escrevam uma explicação para as propostas elaboradas.
b) Direcionem o texto a uma autoridade responsável pelo espaço público analisado.
c) Iniciem o texto explicando que a intenção do projeto é apresentar sugestões de aprimoramento da comunicação visual do espaço selecionado e as informações coletadas.
d) Insiram imagens dos modelos e protótipos para explicar as propostas.
e) Justifiquem escolhas gráficas como uso de cores, imagens e pictogramas, disposição e hierarquia das informações em placas, totens e cartazes.
f) Finalizem o texto agradecendo à autoridade pública responsável pela atenção e coloquem-se à disposição para mais esclarecimentos.
Próximos passos
Caso os projetos elaborados pelos grupos sejam implementados ou testados nos espaços públicos escolhidos, façam entrevistas com os usuários desses locais para avaliar se as propostas funcionaram.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Como o design e a comunicação afetam o cotidiano?
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação tanto de sua participação individual quanto coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Argumente.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) E screva, de modo sucinto, suas dificuldades e as aprendizagens desenvolvidas neste projeto.
2. Em relação ao assunto deste Projeto Integrador, você:
a) refletiu acerca da função do design e seu impacto na vida das pessoas, além de participar ativamente de uma pesquisa de campo na escola para identificar a funcionalidade do design dos elementos nesse espaço?
b) compreendeu a relação entre design e comunicação?
c) entendeu como o design utiliza a tipografia, a escolha de cores e imagens, o tamanho e a hierarquia de informações para transmitir sua mensagem efetivamente?
d) compreendeu a relação entre design e espaço público e reconheceu e valorizou diferentes exemplos de produções do design, especialmente de sinalização, identificando seus problemas e seus pontos positivos?
e) pesquisou problemas de comunicação causados pelo design e propôs um projeto de comunicação visual para um espaço público, correspondente ao produto final deste projeto?
A escola é palco de uma grande diversidade de pessoas, com pensamentos, histórias de vida e interesses distintos. Em um espaço de convivência como esse, é natural surgirem conflitos, que são inerentes à vida em sociedade. As diferenças de ideias e de posicionamentos refletem a diversidade de culturas e valores humanos. Por isso, devem ser vistas como oportunidades de troca, crescimento e aprendizado. Por meio de nossas experiências e das interações que estabelecemos com outras pessoas, podemos contribuir para a construção de uma sociedade mais pacífica.
Neste Projeto Integrador, você vai refletir sobre as oportunidades de crescimento que um conflito pode trazer e aprender algumas técnicas de comunicação e de mediação para estar apto a intervir de maneira construtiva nos conflitos que presenciar ou dos quais fizer parte – seja na escola, seja fora dela. Você também vai ponderar sobre os conflitos que podem surgir no ambiente de trabalho e sobre a importância de cuidar de sua saúde mental. Após essas reflexões, você e os colegas vão investigar as principais situações motivadoras de conflitos na escola para criar um grupo de mediação de conflitos: um espaço acolhedor em que vocês poderão assumir os papéis de participantes e de mediadores, exercitando o protagonismo e contribuindo para que a escola seja um ambiente pacífico, seguro e acolhedor.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
Em dupla, observem a imagem de abertura deste projeto e respondam:
1. Que tipo de ambiente é retratado? Como chegaram a essa conclusão?
2. O que as pessoas parecem estar fazendo?
3. De acordo com a expressão das pessoas, vocês acham que elas estão em uma conversa pacífica ou em uma discussão acalorada? Por quê?
■ Um diálogo fundamentado na prática da comunicação não violenta promove a compreensão mútua e fortalece as relações humanas. Quando o diálogo acontece, todos se sentem ouvidos e respeitados, o que evita mal-entendidos e conflitos.
• Discutir a natureza dos conflitos.
• R efletir sobre a importância da empatia e adotar técnicas de comunicação não violenta como ferramentas essenciais para a resolução de conflitos e a promoção do entendimento mútuo.
Praticar e incorporar valores relacionados aos direitos humanos e à cultura de paz.
Pesquisar sobre bullying, violência escolar, precarização do trabalho e conflitos geracionais.
Neste projeto, os estudantes vão explorar atividades ligadas a Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, com produção de textos a partir de realização de coleta de dados, pesquisas com questionários, interpretando-os para extrair uma situação real no ambiente escolar. Em um espaço de convivência como a escola, é comum o aparecimento de conflitos que, quando não são bem gerenciados, podem resultar em situações indesejadas. Para evitar que os conflitos se agravem, é importante aprender a mediá-los por meio da adoção de algumas técnicas que incluem a empatia, o diálogo e a prática de valores relativos aos direitos humanos e à cultura de paz, para que a escola seja um ambiente que acolha a diversidade das pessoas. Essas práticas também ajudarão você a construir relações mais positivas tanto na escola quanto no ambiente de trabalho.
O mundo do trabalho apresenta inúmeros desafios que podem ser potenciais desencadeadores de conflitos. Neste Projeto Integrador, você também vai refletir sobre como lidar com os problemas que podem surgir no âmbito profissional e sobre a importância de cuidar da saúde mental.
• Direitos da criança e do adolescente
• Educação em direitos humanos
• Vida familiar e social
• Trabalho
• Saúde
3 Saúde e bem-estar
4 Educação de qualidade
8 Trabalho decente e crescimento econômico
10 Redução das desigualdades
16 Paz, justiça e instituições eficazes
• Caderno ou blocos de anotação
• Canetas
• Computador com acesso à internet
• Folha de papel sulfite e cartolina
Grupo de mediação de conflitos.
Nessa etapa, você vai discutir o conceito de conflito e explorar maneiras de lidar com ele. Também vai conhecer a justiça restaurativa e refletir sobre como aplicá-la no ambiente escolar para uma melhor convivência. Por fim, você vai entender a empatia como ferramenta para gerenciar conflitos e promover uma convivência mais pacífica e pesquisar informações sobre o bullying e a violência na escola.
Nessa etapa, você vai compreender o papel do diálogo nas relações interpessoais e conhecer técnicas de comunicação não violenta para expressar-se com clareza e identificar sentimentos. Vai estudar a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração sobre uma Cultura de Paz, com o objetivo de criar um ambiente escolar mais harmonioso. Por fim, você vai elaborar um manual de práticas de boa convivência.
Nessa etapa, você vai refletir sobre conflitos no mundo do trabalho, focando as diferenças geracionais, reconhecer a importância do cuidado com a saúde mental diante das pressões profissionais e discutir formas de combater a precarização. Por fim, você vai criar um manual de cuidado com a saúde mental.
O produto final do projeto será produzido com base no mapeamento, por meio da aplicação de um questionário, dos principais conflitos existentes na escola. Esse material será a base para, em seguida, organizar os grupos de mediação de conflitos em duas frentes: os círculos de construção da paz e os círculos restaurativos.
Consulte as orientações no Manual do professor
melhorar a convivência no espaço escolar?
■ Abordar e resolver conflitos no ambiente escolar é essencial não apenas para promover uma convivência harmoniosa entre colegas, mas também para desenvolver habilidades socioemocionais, como empatia, respeito, comunicação não violenta e escuta ativa.
É muito provável que você esteja familiarizado com a palavra conflito e já tenha usado ou escutado esse termo em vários ambientes e em diferentes situações. Mas o que é conflito para você? Essa questão tem diferentes respostas, que variam dependendo do ponto de vista e das experiências de cada pessoa. Se você consultar um dicionário, vai encontrar definições que se relacionam à falta de entendimento entre duas ou mais partes; ao choque, ao enfrentamento; a uma discussão acalorada. Mas será que podemos olhar para o conflito de outra maneira? Para saber mais sobre esse assunto, leia o Texto 1 a seguir.
[...] Se disséssemos para você que o conflito também pode ser oportunidade, espaço de criatividade, propulsor de mudanças, essa seria uma ideia nova ou velha? E se disséssemos que não podemos viver sem conflito, que a vida pressupõe conflito?
Como você se sente em relação a essas questões?
Elas lhe trazem conforto, desconforto?
[...] Talvez você esteja se dizendo: Quanta pergunta! Chega! Eu quero chão firme. Isto é uma coisa que o conflito não traz: chão firme. Talvez, por isso, muitos de nós tenhamos tanta dificuldade em aceitá-lo como parte integrante da vida.
Olhar para o conflito, lidar com ele, encontrar caminhos de conversa e de ação por meio dele e aprender com ele implica aguentar uma dose de contradição e incerteza. Se, por um lado, isso pode representar um peso, uma angústia, por outro, pode ser libertador: ter certeza de que a certeza não existe. [...]
CATÃO, Ana. Conflito, violências e escola. Respeitar é preciso! , 4 nov. 2017. Disponível em: https://respeitarepreciso.org.br/conflito-violencias-e-escola/. Acesso em: 4 set. 2024.
2. c) Resposta pessoal. É importante que os estudantes percebam que é possível gerenciar os conflitos para que eles não se agravem e terminem em situações violentas.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Considerando o texto que você leu, responda:
1. a) Respostas pessoais.
a) Você já tinha pensado no conflito como uma oportunidade, um espaço de criatividade e um acontecimento propulsor de mudanças? De que maneira você acredita que o conflito pode se relacionar com esses elementos?
b) Considere o fragmento de texto a seguir.
1. b) A autora afirma que o conflito não traz “chão firme” porque lidar com ele e encontrar caminhos de ações e de conversas traz incertezas, proporcionando certo desconforto. Resposta pessoal.
Isto é uma coisa que o conflito não traz: chão firme. Talvez, por isso, muitos de nós tenhamos tanta dificuldade em aceitá-lo como parte integrante da vida.
• Por que a autora afirma que o conflito não traz “chão firme”? Você concorda com essa afirmação? Compartilhe sua resposta com os colegas e explique-a.
c) Você acredita que o conflito é parte integrante da vida? Por quê?
1. c) Respostas pessoais.
2. Pesquise algumas definições para a palavra conflito e, depois, faça o que se pede.
a) Levante hipóteses: Que motivos podem desencadear um conflito?
2. a) Resposta pessoal.
b) Você acredita que um conflito é necessariamente violento? Explique sua resposta.
2. b) Resposta pessoal. Ajude os estudantes a perceber que o conflito não é necessariamente violento.
c) Em sua opinião, o que podemos fazer para que um conflito não culmine em violência?
d) Segundo sua percepção, em que situações um conflito pode ser destrutivo e em quais contextos ele pode ser construtivo?
2. d) Resposta pessoal.
3. Em grupos, escolham um tipo de conflito comum no ambiente escolar e respondam aos itens a seguir.
a) Descrevam esse conflito.
3. Respostas pessoais. As respostas para os itens desta atividade podem variar conforme os conflitos selecionados pelos grupos. Avalie as respostas caso a caso.
b) Na opinião de vocês, que ações podem gerar esse tipo de conflito?
c) Quais sentimentos vocês imaginam que os envolvidos podem vivenciar antes desse conflito, durante a situação e depois dela?
d) O que pode agravar esse tipo de situação?
e) O que pode ser feito para evitar que esse conflito se agrave?
4. Você acredita que alguns conflitos são mais graves que outros? Explique sua opinião e compartilhe-a com os colegas.
4. Espera-se que os estudantes mencionem que alguns conflitos são mais graves que outros.
5. Depois das discussões levantadas pelo Texto 1 e da realização das atividades, explique, com suas palavras, o que é conflito e compartilhe sua resposta com os colegas. Depois, com toda a turma, elabore uma definição para esse termo.
5. Resposta pessoal.
■ Conflitos positivos são oportunidades de crescimento e entendimento mútuo. Quando o diálogo é valorizado, até mesmo as diferenças podem se transformar em pontes que unem, possibilitando a construção de um ambiente escolar mais harmonioso e colaborativo.
Você explorou algumas noções de conflito e maneiras de lidar com ele. Neste projeto, você será estimulado a olhar para o conflito como uma potência, uma oportunidade para, com base nele, construir espaços de diálogo e contribuir para que a convivência em sociedade seja mais harmoniosa e pacífica.
Para garantir o gerenciamento dos conflitos, podem ser adotadas algumas ações elaboradas pela justiça restaurativa, chamadas de práticas restaurativas. Trata-se de um conjunto de metodologias de gestão de conflitos baseado no diálogo, na escuta ativa e na criação da empatia a fim de que as partes envolvidas cheguem a um consenso, propiciando o entendimento mútuo.
Veja, a seguir, algumas metodologias que compõem esse conjunto de práticas.
• Círculos de construção de paz: encontros coletivos em que são discutidos os conflitos existentes em um ambiente, dos mais corriqueiros aos mais graves, a fim de pensar em práticas que possam promover uma convivência mais pacífica.
• Círculos restaurativos: também conhecidos como círculos de mediação, consistem em encontros reservados dos quais participam as partes diretamente envolvidas em um conflito, a fim de que possam conversar, entender as motivações uma da outra e chegar a um consenso ou a uma solução que seja boa para ambas.
Esses encontros são mediados por um ou dois facilitadores ou mediadores, isto é, indivíduos que olham para o conflito com neutralidade e facilitam o diálogo entre as partes sem tomar partido, julgar ou aplicar punições.
Veja, a seguir, o exemplo de uma escola que adotou algumas práticas restaurativas em seu ambiente.
■ É possível garantir uma convivência mais pacífica por meio de algumas técnicas de práticas restaurativas.
A aposta da justiça restaurativa para evitar que conflitos gerem violência em escolas
Um círculo de diálogo, em que se coloca pessoas frente a frente para falar de seus sentimentos e resolver conflitos. Pode parecer prática religiosa ou terapêutica, mas não é isso. Trata-se de uma atividade relativa à justiça restaurativa, abordagem que nasceu no sistema judiciário, mas que tem encontrado caminhos principalmente na educação, especialmente em tempos em que ameaças de violência e insegurança pairam sobre as escolas.
No Paraná, experiência vira exemplo para o país
Maringá, no interior do Paraná, é uma cidade que percebeu antes que o próprio MEC [Ministério da Educação] o que podia fazer com o modelo nas escolas. Em 2017, em parceria com professores da Universidade Estadual de Maringá (UEM), onde funcionava o programa ProPaz de justiça restaurativa, a prefeitura iniciou um projeto-piloto com 5 escolas e 4 centros de educação infantil para implementar os chamados círculos de construção de paz.
“A ideia era levar para a escola a compreensão de que os conflitos existem, mas é preciso falar sobre eles para evitar que se transformem em violência”, conta a coordenadora do Núcleo de Justiça Restaurativa do município, Silvana Valin. Na prática, quando um professor identifica um caso de bullying, por exemplo, ele chama todos os alunos para o diálogo, reunindo-os em círculos. “É uma metodologia ancestral, inspirada nos ensinamentos indígenas, onde todos são considerados iguais. Essa abordagem é aplicada em diversos ambientes como forma de promover a justiça restaurativa”, explica.
Quando o projeto começou, 30 servidores, entre membros das equipes escolares e da Secretaria de Educação, foram capacitados em justiça restaurativa, círculos de construção de paz e comunicação não violenta para aprender a conduzir as práticas de diálogo. [...]
Falando sobre sentimentos
Silvana Valin explica que, nas práticas, as crianças são estimuladas a falar de seus sentimentos e expor situações de conflito entre alunos e, também, com professores. Os pais são envolvidos, já que muitas vezes as crianças trazem situações de casa para a escola.
“São sugeridos círculos completos uma vez por mês, com abordagens mais amplas, além das práticas de atenção plena diárias, com o que chamamos de checkins e checkouts. As crianças contam como estão se sentindo na chegada e na saída da escola”, exemplifica.
Temas como respeito em sala de aula e entre colegas são abordados. “E as atividades incluem questionamentos que incentivam a reflexão sobre questões de raça, aparência física e rótulos negativos.”
Dados ainda não foram computados, mas já se percebe diminuição no índice de denúncias e reclamações envolvendo conflitos no ambiente escolar. Daqui para frente, porém, os resultados poderão ser mais palpáveis, já que, com o programa plenamente instituído, desde março relatórios trimestrais devem ser enviados pelas escolas à promotoria de justiça do Ministério Público do Paraná na cidade e ao núcleo de justiça restaurativa da prefeitura para análise dos órgãos sobre a efetividade das ações.
Embora muitas cidades tenham avançado dentro das práticas de justiça restaurativa com programas próprios no país, para o desembargador Leoberto Brancher o exemplo de Maringá é uma marca para o Brasil, e está na vanguarda das políticas públicas. “Desconheço casos semelhantes, com todas as escolas dotadas de núcleos próprios, com facilitadores capacitados.” [...]
MARTONI, Ligia. A aposta da justiça restaurativa para evitar que conflitos gerem violência em escolas. Gazeta do Povo, 24 jun. 2023. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/justica-restaurativa-aposta-evitar-violencia-escolas/ Acesso em: 4 set. 2024.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Com base no Texto 2 , responda às questões.
a) Você acha que as práticas restaurativas são um bom modelo para uma convivência melhor no ambiente escolar? Por quê?
b) Releia a seguinte fala da coordenadora do Núcleo de Justiça Restaurativa de Maringá, Silvana Valin:
“São sugeridos círculos completos uma vez por mês, com abordagens mais amplas, além das práticas de atenção plena diárias, com o que chamamos de checkins e checkouts . As crianças contam como estão se sentindo na chegada e na saída da escola”, exemplifica.
• Em sua opinião, por que é importante avaliar como as crianças se sentem ao chegar e sair da escola?
c) Segundo a reportagem, já é possível perceber uma “diminuição no índice de denúncias e reclamações envolvendo conflitos no ambiente escolar”. De que maneira as práticas restaurativas contribuíram para isso?
2. Retome a atividade 3 da página 145 e responda aos itens a seguir.
a) Nos conflitos sobre os quais você e os colegas refletiram, há espaço para diálogo entre as partes envolvidas? Em caso afirmativo, como essa prática pode influenciar a resolução do conflito?
b) Caso não haja espaço para diálogo, por que isso acontece?
■ Os círculos de mediação são encontros orientados por um mediador ou facilitador, que cria um ambiente seguro e estruturado para que todos os participantes possam expressar opiniões e sentimentos. Essa dinâmica incentiva a reflexão e a construção coletiva de soluções, reforçando valores como cooperação, respeito e responsabilidade mútua, fundamentais para uma convivência saudável no ambiente escolar.
Para saber mais sobre a adoção de práticas restaurativas no ambiente escolar, consulte o guia de justiça restaurativa na escola desenvolvido no âmbito do Projeto Ciranda, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
• JAYME, Fernando Gonzaga; ARAÚJO, Mayara de Carvalho. Justiça restaurativa na escola: formando cidadãos por meio do diálogo e da convivência participativa. Belo Horizonte: Nós, 2018. Disponível em: https://ciranda.direito.ufmg.br/wp-content/uploads/2018/08/cartilha-nos-versao-final.pdf. Acesso em: 4 set. 2024.
Você já parou para pensar sobre o que é empatia? Converse com os colegas a respeito. Empatia vai além de tentar imaginar como nos sentiríamos no lugar de outra pessoa. Trata-se de compreender as necessidades, os sentimentos e as perspectivas do outro considerando a realidade
em que ele vive, e não a nossa. Ao exercermos empatia, respeitamos a individualidade e as circunstâncias únicas do outro, criando espaço para uma compreensão mais profunda e respeitosa. Essa habilidade é fundamental para resolver conflitos de forma pacífica e construtiva.
Para ilustrar essa ideia, podemos nos inspirar na filosofia ubuntu, praticada pelos povos originários da África subsaariana. Essa filosofia valoriza a interconexão entre os indivíduos, promovendo a ideia de que “eu sou porque nós somos”, o que reforça a importância da empatia nas relações humanas.
Leia o Texto 3 a seguir para saber mais sobre o ubuntu e sua relevância.
TEXTO 3
África subsaariana: região do continente africano localizada ao sul do deserto do Saara.
Ubuntu: a filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência
Uma sociedade sustentada pelos pilares do respeito e da solidariedade faz parte da essência de ubuntu, filosofia africana que trata da importância das alianças e do relacionamento das pessoas, umas com as outras. Na tentativa da tradução para o português, ubuntu seria “humanidade para com os outros”. Uma pessoa com ubuntu tem consciência de que é afetada quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos. – De ubuntu, as pessoas devem saber que o mundo não é uma ilha: “Eu sou porque nós somos”. Eu sou humano, e a natureza humana implica compaixão, partilha, respeito, empatia – detalhou, em entrevista exclusiva ao Por dentro da África , Dirk Louw, doutor em Filosofia Africana pela Universidade de Stellenbosch (África do Sul).
Dirk conta que não há uma origem exata da palavra. Estudiosos costumam se referir a ubuntu como uma ética “antiga” que vem sendo usada “desde tempos imemoriais”. Alguns pesquisadores especulam sobre o Egito Antigo (parte de um complexo de civilizações, do qual também faziam parte as regiões ao sul do Egito, atualmente no Sudão, Eritreia, Etiópia e Somália) como o local de origem do ubuntu como uma ética, mas o próprio fundamento do ubuntu é geralmente associado à África Subsaariana e às línguas bantas (grupo etnolinguístico localizado principalmente na África Subsaariana). [...]
Na esfera política, o conceito é utilizado para enfatizar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária. [...] A ideia de ubuntu inclui respeito pela religiosidade, individualidade e particularidade dos outros. [...]
LUZ, Natalia da. Ubuntu: a filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência. Por dentro da África, 24 set. 2014. Disponível em: http://www.pordentrodaafrica.com/cultura/ubuntu-filosofia-africana-que-nutre-o-conceito-de-humanidade-em-sua-essencia Acesso em: 3 ago. 2024.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
• Considere o texto para responder às perguntas a seguir.
a) De que forma as ideias do ubuntu podem nos inspirar a adotar atitudes mais empáticas no dia a dia? Justifique sua resposta utilizando exemplos.
a) Resposta pessoal.
b) No fragmento “Uma pessoa com ubuntu tem consciência de que é afetada quando seus semelhantes são diminuídos, oprimidos”, o autor sugere uma interconexão entre os indivíduos. Você concorda com essa ideia? Explique como a opressão de uma pessoa pode impactar a comunidade a seu redor.
b) Resposta pessoal.
c) Em sua opinião, as ideias discutidas no texto podem contribuir para a construção de uma sociedade mais pacífica? Descreva de que maneira isso poderia acontecer, mencionando aspectos como respeito e solidariedade.
c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam que, ao respeitar o próximo e não o diminuir, compreendendo que todos são afetados de alguma maneira quando isso ocorre, pode-se promover o respeito às diferenças e às particularidades de cada um, contribuindo para uma sociedade mais pacífica.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Um dos grandes desafios nas comunidades escolares é o combate ao bullying e à violência, práticas que comprometem a convivência entre os estudantes e podem causar graves consequências para as vítimas, afetando seu bem-estar emocional, social e acadêmico. Leia o trecho a seguir de um texto do Unicef sobre esse tema.
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Suas consequências e como combatê-las
Você já se sentiu intimidado por algum colega na sua escola? O bullying tem sido um dos maiores problemas encarados no ambiente escolar e a principal forma de violência praticada nesse espaço. Mas, afinal, o que é bullying nos dias de hoje?
Antes de qualquer coisa, precisamos ter em mente que qualquer tipo de agressão e constrangimento, com a intenção de inferiorizar alguém, é indiscutivelmente errado e gera consequências péssimas para a saúde mental das pessoas – e, se você conhece alguém que disse que sofreu bullying e que isso não impactou sua vida, não quer dizer que não existe sofrimento com essa forma de violência. Precisamos falar sobre o tema e ficar atentos, as consequências são muitas e só podem ser enxergadas ao ser discutidas.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a palavra bullying é um termo em inglês para descrever um ato de violência física, verbal e/ou psicológica, sendo intencional e repetitiva. Tal prática na maioria dos casos está ligada ao contexto escolar, representado por violências físicas, verbais e atitudes pejorativas, que buscam prejudicar a imagem de outra pessoa. Posteriormente a isso, as ações decorrentes do bullying podem levar à alta incidência de violência nas escolas, visto que é o espaço de maior interação entre os jovens, podendo resultar em desafios para a saúde mental, como depressão, ansiedade, fobia e isolamento social.
[...] Segundo um levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 23% dos brasileiros declararam ter sofrido bullying em algum momento da sua vida. Assim, nesse cenário, esse tipo de violência se apresenta como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Essas taxas são muito perigosas, ainda mais se considerarmos que essa depreciação do próximo pode levar a uma autodepreciação, na qual o sujeito que sofre bullying pode aderir a comportamentos prejudiciais a seu bem-estar e crescer com essa dor, caso nunca busque ajuda. [...]
PITANGA, Giovanna et al Bullying e violência escolar: suas consequências e como combatê-las. Unicef, 18 jul. 2023. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/blog/bullying-e-violencia-escolar. Acesso em: 3 ago. 2024.
Agora você e os colegas vão realizar uma pesquisa anônima sobre casos de bullying e violência na escola. Sigam o passo a passo.
1 2
Organização dos grupos
• A turma deve se organizar em dois grupos. Em seguida, cada grupo deve formular perguntas que poderiam constar em um questionário sobre o tema “Bullying e violência na escola”.
Redação do questionário
• Escrevam o questionário do grupo em uma folha avulsa ou, se possível, imprimam o questionário. O participante da pesquisa deverá responder “sim” ou “não” e, se desejar, escrever algum comentário. Escrevam “Grupo 1” ou “Grupo 2” no topo do questionário. Vejam um exemplo com cinco questões.
PASSO
3
Grupo 1
1. Você já presenciou ou sofreu bullying ou violência no espaço escolar?
( ) Sim. ( ) Não.
Comente se desejar:
2. Caso tenha sofrido bullying ou violência, você foi acolhido pelos colegas ou pelos funcionários da escola?
( ) Sim. ( ) Não.
Comente se desejar:
3. Caso tenha presenciado uma situação de bullying ou violência, você tomou alguma atitude?
( ) Sim. ( ) Não.
Comente se desejar:
4. Você já agrediu algum colega verbal ou fisicamente?
( ) Sim. ( ) Não.
Comente se desejar:
5. Sua escola aborda e discute o problema de bullying e violência?
( ) Sim. ( ) Não.
Comente se desejar:
Aplicação dos questionários
Recomenda-se verificar previamente a possibilidade de aplicação dos questionários por meio das urnas com a direção da escola.
• Cada grupo deverá distribuir seu questionário para outras turmas da escola. Os estudantes devem responder em casa e devolvê-lo no dia seguinte sem colocar o nome.
• Também é possível que cada grupo confeccione uma urna, identificando-a adequadamente (por exemplo, “Questionário do Grupo 1” e “Questionário do Grupo 2”). As urnas podem ser colocadas na entrada da escola, para que os questionários sejam depositados corretamente e recolhidos de forma organizada.
PASSO PASSO
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Análise de dados
• Após recolher os questionários, reúnam-se para a leitura e análise das respostas. Reflitam sobre os comentários apresentados e redijam um pequeno relatório com conclusões do grupo.
Apresentação
• Em um dia definido pelo professor, cada grupo deverá apresentar suas conclusões para a turma. Uma sugestão é apresentar com ajuda de cartazes ou em uma projeção de slides. Reflitam juntos sobre maneiras de melhorar a convivência escolar, com base nos pontos discutidos.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como melhorar a convivência no espaço escolar?
Consulte as orientações no Manual do professor.
construir uma cultura de paz?
Nesta etapa, você será apresentado a algumas técnicas de comunicação que podem ajudar na mediação de conflitos tanto no ambiente escolar quanto fora dele.
Você já sabe que o diálogo é parte fundamental das práticas restaurativas e que a empatia e a escuta ativa têm um poder positivo na construção de relações interpessoais. No entanto, assim como o diálogo pode contribuir para a criação de vínculos pacíficos, ele tem o potencial de fragilizar as relações humanas. Por isso, aprender a expressar sentimentos de maneira respeitosa e empática, sem julgamentos, é fundamental para estabelecer uma comunicação saudável e evitar impactos negativos nos interlocutores.
■ Dialogar não é apenas expressar nossas ideias, mas também ouvir e compreender as perspectivas do outro.
Ademais, vamos falar sobre a comunicação compassiva, também conhecida como comunicação não violenta (CNV).
Essa abordagem foi desenvolvida pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg e sua equipe. Ela consiste em expressar-se de forma mais assertiva, com foco na empatia e na compreensão mútua. Rosenberg também identificou um tipo de comunicação que ele chama de “comunicação que bloqueia a compaixão” e que, segundo ele, contribui para o surgimento de comportamentos violentos em relação aos outros e a nós mesmos, configurando-se como uma “comunicação alienante da vida”.
Entre as formas de “comunicação alienante da vida”, Rosenberg destaca julgamentos, insultos, depreciações, rotulações e críticas destrutivas. Essas atitudes, quando presentes na comunicação, criam barreiras emocionais e dificultam a conexão entre as pessoas.
Contudo, a CNV oferece várias técnicas que podem ser incorporadas a nosso repertório para comunicar nossos sentimentos de forma mais clara e estabelecer conexões mais profundas com as pessoas ao nosso redor. Entre elas estão a observação sem julgamentos, a identificação dos sentimentos e das necessidades e o pedido claro para que as necessidades sejam atendidas.
Agora, vamos conhecer quatro técnicas que podem ser úteis tanto nas práticas restaurativas quanto no cotidiano. São elas:
• observar uma situação sem emitir julgamento ou avaliação;
• identificar seus sentimentos e expressá-los de forma assertiva;
• reconhecer a causa do sentimento, ou seja, a necessidade que está sendo atendida ou negligenciada;
• fazer um pedido específico de maneira clara e objetiva.
Uma das principais características da CNV é a habilidade de observar sem avaliar, ou seja, descrever situações e referir-se a outras pessoas sem emitir julgamentos ou opiniões. Ao expressarmos nossas observações com um tom avaliativo ou crítico, é mais provável que o interlocutor não compreenda plenamente a mensagem, podendo interpretá-la como uma crítica pessoal. Isso cria barreiras na comunicação e dificulta a resolução de conflitos.
A seguir, leia um trecho que aborda essa questão.
O primeiro componente da CNV acarreta necessariamente separar observação de avaliação. Precisamos observar claramente, sem acrescentar nenhuma avaliação, o que vemos, ouvimos ou tocamos que afeta nossa sensação de bem-estar.
As observações constituem um elemento importante na CNV, em que desejamos expressar clara e honestamente a outra pessoa como estamos. No entanto, ao combinarmos a observação com a avaliação, diminuímos a probabilidade de que os outros ouçam a mensagem que desejamos lhes transmitir. Em vez disso, é provável que eles a escutem como crítica e, assim, resistam ao que dizemos.
A CNV não nos obriga a permanecermos completamente objetivos e a nos abstermos de avaliar. Ela apenas requer que mantenhamos a separação entre nossas observações e nossas avaliações. A CNV é uma linguagem dinâmica, que desestimula generalizações estáticas; ao contrário, as avaliações devem sempre se basear nas observações específicas de cada momento e contexto. [...]
ROSENBERG, Marshall Bertram. Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. São Paulo: Ágora, 2003. p. 49.
Geralmente, quando julgamos algo, alguém ou alguma situação, utilizamos verbos com conotação avaliativa. Veja a diferença.
João vive deixando as coisas para depois
observação com avaliação implícita
João só estuda na véspera das provas observação isenta de avaliação
A segunda frase se limita a relatar um fato, sem emitir julgamentos. Isso facilita a compreensão e evita que o interlocutor se sinta criticado ou atacado, promovendo uma comunicação mais clara e objetiva.
Você consegue nomear e comunicar seus sentimentos e suas emoções com precisão? Embora pareça simples, muitas vezes, temos dificuldade em expressar nossos sentimentos de forma clara ou até mesmo em reconhecer o que estamos sentindo. Além disso, nosso vocabulário emocional pode ser limitado, restringindo-se a termos ligados a emoções, como triste ou feliz . No entanto, entre esses dois extremos, existem muitas nuances emocionais. Ampliar o repertório de palavras para descrever os sentimentos é fundamental para estabelecer diálogos mais precisos e empáticos. Por exemplo, em vez de dizer apenas “estou triste”, você pode identificar que está “frustrado”, “decepcionado” ou “melancólico”, o que oferece uma comunicação mais exata e rica.
Diferenciando causa de estímulo: como identificar as próprias necessidades
Um aspecto importante ao lidar com nossos sentimentos é a capacidade de diferenciar o estímulo da causa. Muitas vezes, tendemos a atribuir nossa raiva ou frustração a outra pessoa e acabamos “descontando” esses sentimentos nela. No entanto, é importante investigar a verdadeira necessidade por trás desses sentimentos.
As mensagens-eu e as mensagens-você podem nos ajudar nessa tarefa. As mensagens-eu enfatizam como nos sentimos e quais são nossas necessidades, enquanto as mensagens-você colocam a culpa no outro, gerando defensividade. Por exemplo:
Você sempre me ignora!
Eu me sinto ignorado quando você não responde a minhas mensagens.
mensagem-você: foco no outro, o que gera acusação
mensagem-eu: foco no sentimento e na necessidade pessoal
Dessa forma, a comunicação se torna mais construtiva, pois estamos expressando nossas necessidades sem acusar ou julgar o outro.
Observe, no trecho a seguir, como o conceito é explorado.
[...] As “mensagens-eu” são importantes durante um conflito, para restabelecer diálogos, para superar ressentimentos, não são acusatórias e ajudam a pessoa a ver o “outro lado”. São exemplos de “mensagens-eu”: “eu me sinto ofendido por causa disso”, “eu não gostei daquilo”; “eu penso que esta é a melhor opção por causa disso”; “eu senti raiva por esse motivo”; “estou triste porque você pegou o meu material”; “em minha opinião isto poderia ser resolvido de outra forma, o que você acha disto?”.
As “mensagens-você” são acusatórias, invadem o íntimo da outra pessoa e geralmente impõem culpa ao outro. Elas fazem com que as pessoas revidem ou se retirem da conversa. São exemplos de “mensagens-você”: “você me irrita”; “você está errado”. [...]
NUNES, Antonio Carlos Ozório. Diálogos e mediação de conflitos nas escolas: guia prático para educadores. Brasília, DF: CNMP, 2014. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/stories/Comissoes/CSCCEAP/Di%C3%A1logos_e_Media%C3%A7%C3%A3o _de_Conflitos_nas_Escolas_-_Guia_Pr%C3%A1tico_para_Educadores.pdf. Acesso em: 4 ago. 2024.
Após identificarmos nossos sentimentos e a necessidade que está por trás deles, o próximo passo é fazermos pedidos claros e objetivos. Nesse momento, é importante mencionar ações positivas, expressando o que queremos em vez do que não queremos. Isso ajuda a evitar ambiguidades e facilita o entendimento por parte do interlocutor.
Por exemplo, em vez de dizer:
Eu não gostaria que você falasse dessa maneira comigo.
Pode-se dizer:
Eu gostaria que você falasse comigo de maneira mais educada e gentil.
foco no que não queremos foco no que desejamos
Essa abordagem ajuda a garantir que o pedido seja compreendido de maneira positiva e cria um espaço para que a outra pessoa possa atender à solicitação de modo mais eficaz.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do Professor
1. Você já praticou algum dos hábitos de comunicação violenta citados?
Em caso afirmativo, cite quais e comente se eles já foram um fator de agravamento de conflitos em seu dia a dia.
1. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes reflitam sobre os próprios hábitos de comunicação, identificando se costumam utilizar julgamentos, críticas ou rótulos nas interações.
2. Sobre a expressão dos sentimentos, responda às questões.
a) De modo geral, você acredita que consegue nomear e expressar seus sentimentos e suas emoções em situações de conflito?
b) Pense em uma situação de conflito que você vivenciou recentemente e procure descrever os sentimentos que teve nesse momento. Você acredita que, durante o conflito, usou palavras que poderiam comunicar adequadamente o que sentiu?
2. b) Resposta pessoal.
3. Sobre a maneira como você costuma expressar sentimentos supostamente negativos, responda às seguintes questões.
a) Em geral, ao expressar sentimentos como raiva e frustração, você costuma responsabilizar uma pessoa pelo que sente?
3. a) Resposta pessoal.
b) Você considera importante investigar os motivos que podem ter causado esses sentimentos em você? Explique sua resposta.
c) Tente se lembrar de uma situação de conflito em que você ficou com raiva, triste ou frustrado e faça o que se pede nos itens a seguir.
3. c) Resposta pessoal.
• Relembre o que aconteceu, onde você estava e se havia outras pessoas envolvidas que, em sua avaliação, disseram ou fizeram coisas que causaram esse sentimento em você.
• Agora, procure distinguir o estímulo da causa, ou seja, de seus sentimentos. Para isso, tente identificar uma necessidade básica sua que foi afetada pela ação da outra pessoa.
• Por fim, pense em uma mensagem para essa pessoa, mas não use a construção “Fiquei com raiva porque ‘você’...”. Uma maneira de iniciar essa frase pode ser a seguinte:
Naquele dia, quando você fez/agiu [descrever a ação da pessoa], eu senti raiva porque [descrever a necessidade básica que foi afetada].
Conexões
O filme, baseado em um romance do escritor François Bégaudeau, expõe a realidade de uma escola de Ensino Médio localizada na periferia de Paris. As diferenças étnicas, sociais e culturais, somadas a um contexto de vulnerabilidade econômica, geram uma série de conflitos relacionados à falta de diálogo.
• ENTRE os muros da escola.
Direção: Laurent Cantet. França, 2008. Vídeo (128 min).
2. a) Resposta pessoal. Os estudantes devem avaliar se conseguem identificar com precisão o que estão sentindo em momentos de tensão e se conseguem verbalizar esses sentimentos de forma clara e respeitosa.
3. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes percebam a importância de investigar as causas de seus sentimentos.
Você já ouviu falar na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH)?
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi elaborada por representantes de diversas origens e culturas ao redor do mundo e proclamada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Seu principal propósito era assegurar que atrocidades como o Holocausto, que violou profundamente a dignidade humana, jamais se repetissem. A DUDH visa proteger os direitos fundamentais de todas as pessoas, independentemente de raça, nacionalidade, etnia, gênero ou religião, promovendo a igualdade e o respeito universal. Leia, a seguir, alguns artigos desse documento.
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Artigo 1o
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2o
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. [...]
Artigo 7o Todos são iguais perante a lei e, sem distinção, têm direito a igual proteção da lei. Todos têm direito a proteção igual contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
[...]
ASSEMBLEIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Paris, 1948. Texto traduzido para o português. Disponível em: https://www.ohchr.org/EN/UDHR/Documents/UDHR_Translations/por.pdf. Acesso em: 4 ago. 2024.
Outro documento criado pela ONU para prevenir eventos violentos e promover a pacificação entre as nações é a Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, lançada em 1999. Esse documento reforça a importância de construir sociedades baseadas no respeito, na cooperação e na resolução pacífica de conflitos. Leia, a seguir, o artigo 1o dessa declaração.
TEXTO 4
Artigo 1o
Uma cultura de paz é um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados em: a) Respeito à vida, fim da violência e promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação. [...]
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resolução no 53/243: Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz. In: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Resoluções adotadas pela Assembleia Geral. United Nations, 6 out. 1999. Tradução do autor. Disponível em: https://undocs.org/en/A/RES/53/243. Acesso em: 4 ago. 2024.
Nesse trecho, a ONU destaca que a educação e o diálogo desempenham um papel crucial na construção de uma sociedade mais pacífica, igualitária e comprometida com os direitos humanos. Por essa razão, muitas escolas têm adotado os princípios da Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz como referência para enfrentar desafios no ambiente escolar, como o bullying.
1. a) Espera-se que os estudantes reconheçam que esse documento é importante por determinar os direitos inerentes a todos os seres humanos.
1. b) Podem ser considerados violações dos direitos humanos preconceitos, discriminações, trabalho escravo, tortura etc. Se houver possibilidade, promova uma leitura coletiva da Declaração Universal dos Direitos Humanos com os estudantes.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Em grupo, respondam aos itens a seguir, sobre a DUDH.
a) Qual é a importância da DUDH para a sociedade?
b) Pesquisem a declaração completa e respondam: Que ações podem ser consideradas violações dos direitos humanos?
c) É responsabilidade do Estado assegurar o cumprimento dos artigos da DUDH por meio da criação de políticas públicas que protejam as populações mais vulneráveis e da investigação de denúncias de violações. No Brasil, um dos mecanismos disponíveis para isso é o Disque 100, um canal de denúncias que qualquer cidadão pode acessar para relatar situações de violação de direitos humanos que tenha presenciado ou vivenciado. Pesquisem mais sobre o Disque 100 e registrem outras informações importantes, como as medidas tomadas após o recebimento de uma denúncia e os principais casos atendidos por esse serviço.
1. c) O serviço atende situações de violações e aciona os orgãos competentes. de violências e promover políticas públicas que visem à proteção dos grupos mais afetados.
d) Por que é importante denunciar casos de desrespeito aos direitos humanos?
1. d) É importante denunciar casos de violações dos direitos humanos porque, por meio das denúncias recebidas, o Estado pode traçar estatísticas
2. Sobre a cultura de paz nas escolas e a prática do bullying, reflita sobre as questões a seguir.
a) Além do bullying, que outras atitudes você acredita que devam ser coibidas na escola? Explique sua resposta.
2. a) Resposta pessoal.
b) Pensando no contexto da escola em que você estuda, que ações ou projetos você acredita que poderiam contribuir para firmar a cultura de paz nesse espaço e evitar problemas indesejados como o bullying?
2. b) Resposta pessoal.
■ Crianças na United Nations International Nursery School (Creche Internacional das Nações Unidas, em tradução livre para o português) com um pôster da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1950.
Conexões
Essa obra de Niki Walker explora o conceito de conflito, traçando paralelos entre os grandes conflitos históricos e os desafios cotidianos enfrentados na vida pessoal. Por meio dessa comparação, a autora nos convida a refletir sobre como os princípios de resolução de conflitos podem ser aplicados tanto em escala global quanto no dia a dia.
• WALKER, Niki. Por que lutamos? Conflito, guerra e paz. Tradução: Antonio Carlos Vilela. São Paulo: Melhoramentos, 2013.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Para garantir que as práticas de boa convivência sejam respeitadas no ambiente escolar, é essencial que as regras sejam claramente estabelecidas e compreendidas por todos. Leia, a seguir, algumas regras do pacto social elaborado pela Escola Técnica Estadual (Etec) Irmã Agostina, do Centro Paula Souza, que aborda normas de convivência escolar, buscando, entre outras recomendações, que os estudantes respeitem diferenças e pratiquem a tolerância.
Direitos dos alunos, deveres e do regime disciplinar do corpo discente
Dos direitos:
1. Ter garantido o acesso à educação gratuita e de qualidade até a conclusão do curso.
2. Receber educação em uma escola limpa e segura;
3. Usufruir de ambiente de aprendizagem apropriado e incentivador, livre de discriminação, constrangimentos ou intolerância;
4 . Receber informações sobre as aulas, programas disponíveis na escola e oportunidades de participar em projetos especiais;
5. Ter garantido a confidencialidade das informações de caráter pessoal ou acadêmicas registradas e armazenadas pelo sistema escolar, salvo em casos de risco ao ambiente escolar ou em atendimento a requerimento de órgãos oficiais competentes;
6. Na falta do professor haverá reposição a ser combinada de forma que atenda aos discentes e professores nos horários pós-aula e/ou aos sábados para totalizar a carga horária e dia(s) letivo(s) exigíveis no calendário escolar e para a certificação do nível ou modalidade de ensino;
[...]
Dos deveres:
1 . Acatar as Normas de Convivência desta Unidade e do Regimento Comum das Escolas Técnicas do Centro Paula Souza; [...]
5. O aluno deve aguardar na sala de aula a chegada do professor;
6. Trajar-se adequadamente nas dependências da escola, não sendo permitido o uso de: shorts , minissaia, regata, top e outros que confrontem com o ambiente escolar;
7. Observar as disposições vigentes sobre entrada e saída das classes e demais dependências da escola, independentemente da idade;
8. Ser respeitoso e cortês para com colegas, diretores, professores, funcionários e colaboradores da escola, independentemente de idade, sexo, raça, cor, credo, religião, origem social, nacionalidade, condição física ou emocional, deficiências, estado civil, orientação sexual ou crenças políticas e acatar as Normas de Convivência desta Unidade e do Regimento Comum das Escolas Técnicas do Centro Paula Souza; [...]
10. Abster-se de condutas que neguem, ameacem ou de alguma forma interfiram negativamente no livre exercício dos direitos dos membros da comunidade escolar;
1 1. Respeitar e cuidar dos prédios, equipamentos e símbolos escolares, ajudando a preservá-los e respeitando a propriedade alheia, pública ou privada; [...]
1 3. Compartilhar com a direção da escola informações sobre questões que possam colocar em risco a saúde, a segurança e o bem-estar da comunidade escolar;
14. Utilizar meios pacíficos na resolução de conflitos;
1 5. Reunir-se sempre de maneira pacífica e respeitando a decisão dos alunos que não desejem participar da reunião; [...]
MARTORELLI, Marco Aurélio Chagas (org./coord.). Etec Irmã Agostina/Centro Paula Souza/Governo do Estado de São Paulo [s. d.]. Disponível em: https://etecia.com.br/wp-content/uploads/2020/01/Nomas-de-Conviv%C3%AAncia.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.
Um manual de boas práticas de convivência escolar deve funcionar como uma referência para orientar o comportamento dos estudantes, promovendo o respeito mútuo e um ambiente propício ao aprendizado. Mas o que deve constar em um manual como esse? Entre os itens mais relevantes, é possível destacar:
• regras que promovam a empatia e o respeito entre estudantes, professores e funcionários;
• valorização do diálogo como ferramenta de resolução de conflitos;
• manter um ambiente limpo e organizado, incentivando a responsabilidade coletiva;
• pontualidade e comprometimento com as tarefas escolares;
• cultivo de uma cultura de paz, que priorize a convivência harmoniosa e o respeito às diferenças. Agora, você e os colegas vão produzir um manual de boas práticas pensando na realidade de sua turma na escola. Para isso, sigam o passo a passo indicado.
Organização dos grupos
• Reúnam-se em grupos de cinco integrantes e discutam o que consideram essencial para uma boa convivência na turma. Por exemplo:
• E xiste respeito entre os colegas? E entre os estudantes, os professores e os funcionários?
• Há empatia e disposição para ouvir os outros?
• Os estudantes chegam pontualmente às aulas?
• As tarefas solicitadas pelos professores são realizadas?
• A turma colabora para manter a sala e os espaços comuns limpos?
Redação do manual
• Após a discussão, redijam um manual de boas práticas de convivência com até dez itens que resumam as principais conclusões do grupo, como ouvir com atenção as opiniões dos colegas, respeitar o momento de fala do professor e ser pontual nas atividades.
• Escrevam essas regras em um cartaz e fixem-no na sala de aula.
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Apresentação e
• Em um dia determinado, apresentem seu cartaz e circulem pela sala de aula para ler as propostas de outros grupos.
4
Debate
• Após a leitura, discutam com a turma:
• H ouve itens repetidos nos manuais? Por quê?
• Os manuais consideraram o diálogo entre os estudantes, professores e funcionários e promovem a cultura de paz?
• A lguma proposta parece difícil de cumprir? Por quê?
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como construir uma cultura de paz?
■ A paz no ambiente escolar nasce do cumprimento consciente das regras e da valorização do diálogo.
Consulte as orientações no Manual do professor.
Como lidar com as questões de convivência no trabalho?
■ Uma convivência harmoniosa no ambiente de trabalho é essencial para o bem-estar coletivo e a produtividade. Saber lidar com diferenças de opinião, evitar confrontos desnecessários e cultivar o respeito mútuo são passos fundamentais para a construção de um ambiente profissional saudável.
As reflexões que você fez até agora também serão valiosas para suas experiências quando ingressar no mundo do trabalho. Diálogo, empatia e comunicação não violenta são pilares fundamentais para garantir uma convivência profissional saudável. Saber se posicionar adequadamente, colaborar de forma eficiente e ser assertivo são habilidades indispensáveis em qualquer função que você venha a desempenhar.
Agora, você vai refletir sobre as melhores maneiras de lidar com as diferenças no ambiente de trabalho, que muitas vezes podem ser fonte de conflitos. Também é o momento de ponderar a importância da saúde mental e a necessidade de estar atento às diversas formas de precarização do trabalho.
Conciliar as demandas complexas do mundo profissional e manter o equilíbrio mental são atitudes que podem parecer desafiadoras, mas o objetivo desta etapa é oferecer ferramentas e recursos para lidar com essa realidade.
Um dos obstáculos que podem surgir ao ingressar no mercado de trabalho é o conflito geracional. Em um mundo que valoriza cada vez mais a diversidade, a convivência entre trabalhadores
de diferentes idades será uma constante. Como criar harmonia entre pessoas de gerações distintas? Como evitar que essas diferenças afetem negativamente a rotina de trabalho? Para iniciar essa reflexão, faça as atividades a seguir.
ATIVIDADES
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Você sabe quais são as principais gerações do mundo contemporâneo? Realize uma pesquisa e cite o período que compreende cada uma delas.
2. Sobre sua geração, responda:
1. As principais gerações atuais são os baby boomers (nascidos entre 1947 e 1963), a geração X (nascidos en -
tre 1964 e 1983), a geração Y ou millenials (nascidos entre 1984 e 1995), a geração Z (nascidos entre 1996 e 2009) e a geração Alfa (nascidos a partir de 2010).
a) Quais as características típicas dela? Converse com os colegas a respeito disso.
b) Você se identifica com as características típicas de sua geração? Em quais aspectos?
c) E m sua opinião, qual é a principal diferença entre a sua geração e as gerações anteriores?
2. Respostas pessoais.
Leia o Texto 1 a seguir, que trata do conflito de gerações no mundo do trabalho.
TEXTO 1
Como lidar com o conflito de gerações no ambiente de trabalho?
Para lidar com essas diferenças, é importante praticar a empatia e o respeito pelas perspectivas e experiências de cada geração
Lidar com o conflito de gerações no ambiente de trabalho é uma habilidade crucial para estudantes que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho. A dinâmica entre diferentes gerações pode ser desafiadora, mas também oferece oportunidades para aprendizado e crescimento. No post de hoje, vamos explorar algumas estratégias para lidar com o conflito de gerações e criar um ambiente de trabalho mais harmonioso e produtivo.
Uma das principais razões para o conflito de gerações no ambiente de trabalho é a diferença de costumes, expectativas e formas de trabalhar entre as gerações. Por exemplo, os estudantes da geração Z e millennials tendem a valorizar a flexibilidade, a inovação e a colaboração, enquanto as gerações mais antigas podem priorizar a hierarquia, a estabilidade e a tradição. Essas diferenças podem levar a mal-entendidos, falta de comunicação e possíveis conflitos.
Para lidar com essas diferenças, é importante praticar a empatia e o respeito pelas perspectivas e experiências de cada geração. Em vez de julgar ou criticar as diferenças, é fundamental buscar compreender o ponto de vista do outro e encontrar maneiras de trabalhar juntos de forma construtiva. Isso pode envolver abrir espaço para discussões abertas e honestas sobre as diferenças e como elas podem ser aproveitadas para benefício mútuo.
[...]
Além disso, é essencial reconhecer que cada geração traz habilidades e conhecimentos únicos para o ambiente de trabalho. Os estudantes mais jovens podem oferecer insights inovadores, habilidades digitais avançadas e uma mentalidade empreendedora, enquanto as gerações mais antigas podem contribuir com sua experiência, sabedoria e capacidade de lidar com desafios complexos. Ao reconhecer e valorizar essas diferenças, é possível criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo.
Conexões
Nesse filme, um viúvo de 70 anos volta ao mercado de trabalho e precisa conviver com uma geração bem diferente da sua. Uma bela amizade acaba se construindo entre o idoso e sua jovem chefe.
• UM SENHOR estagiário.
Direção: Nancy Meyers. EUA, 2015. Vídeo (121 min).
BROS
■ É essencial reconhecer que cada geração traz habilidades e conhecimentos únicos para o ambiente de trabalho. Os mais jovens podem oferecer habilidades digitais avançadas e uma mentalidade empreendedora, enquanto as gerações mais antigas podem contribuir com sua experiência e capacidade de lidar com desafios complexos.
Trocando conhecimento
Outra estratégia importante para lidar com o conflito de gerações é promover o trabalho em equipe e a troca de conhecimentos entre as gerações. Os estudantes podem se beneficiar da orientação e mentoria das gerações mais antigas, enquanto estas podem aprender com a energia e a criatividade dos mais jovens. Estabelecer programas formais ou informais de mentorização pode ajudar a promover uma cultura de aprendizado contínuo e colaboração no ambiente de trabalho.
A comunicação também desempenha um papel fundamental na gestão do conflito de gerações. É importante estabelecer canais abertos e transparentes de comunicação, onde as diferentes gerações se sintam à vontade para compartilhar suas ideias, preocupações e sugestões. Isso pode envolver o uso de ferramentas digitais, reuniões regulares ou até mesmo grupos de discussão focados em temas relevantes para todas as gerações.
No ambiente de trabalho é essencial promover uma cultura de respeito, diversidade e inclusão […]. Isso significa combater atitudes preconceituosas ou discriminatórias com relação à idade, sexualidade, religião etc. e promover a diversidade geracional como um ativo para a organização. Ao criar um ambiente onde todas as gerações se sintam valorizadas e respeitadas, é possível reduzir o conflito e promover um clima de trabalho mais positivo e produtivo.
Lidar com o conflito de gerações no ambiente de trabalho requer empatia, respeito, reconhecimento das diferenças e promoção da colaboração e do aprendizado mútuo. Ao adotar essas estratégias, os estudantes podem não apenas enfrentar os desafios do conflito de gerações, mas também aproveitar as oportunidades que ele oferece para crescer e se desenvolver profissionalmente. Um ambiente de trabalho harmonioso e inclusivo beneficia a todos, independentemente da geração a que pertencem.
COMO lidar com o conflito de gerações no ambiente de trabalho? Blog da Graduação FGV, 8 fev. 2024. Disponível em: https://vestibular.fgv.br/blog/como-lidar-com-o-conflito-de-geracoes-no-ambiente -de-trabalho. Acesso em: 4 ago. 2024.
FIZKES/SHUTTERSTOCK.COM
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Com base na leitura do Texto 1, responda:
a) Qual é a vantagem do convívio entre diferentes gerações?
b) Você concorda com as principais razões relacionadas ao conflito de gerações apontadas no texto? Explique o motivo de sua resposta.
c) O que o texto sugere para que haja uma cultura de respeito no ambiente de trabalho?
d) Considerando as duas etapas anteriores, quais práticas construtivas podem ser empregadas para lidar com as diferenças geracionais?
2. Que habilidades você acha que possui para lidar com as diferenças geracionais no trabalho?
O que precisaria aperfeiçoar?
3. Em grupo, conversem sobre suas experiências de convívio com pessoas mais velhas, em casa
ou na escola, e respondam:
a) Que tipo de aprendizado ocorre nesse convívio?
b) Que dificuldades você já enfrentou nesse convívio?
■ Colaborar em um ambiente de trabalho intergeracional é uma oportunidade de unir a experiência e a inovação. Ao valorizar as diferentes perspectivas de cada geração, ampliamos a capacidade de resolver problemas de forma criativa e eficiente.
Você sabe o que esse termo significa? No mercado de trabalho, ele está associado a habilidades comportamentais. Diferentemente das habilidades técnicas adquiridas por meio de formações específicas (também conhecidas como hard skills), as soft skills envolvem a capacidade de interação com os colegas. Em um processo seletivo, essas habilidades podem fazer a diferença. Capacidade de trabalho em equipe, empatia, liderança, flexibilidade, resiliência, ética e criatividade são alguns exemplos de soft skills
■ As soft skills indicam como uma pessoa lida com o outro e com suas próprias emoções.
Além de lidarmos com os conflitos que podem surgir no ambiente de trabalho, é fundamental prestarmos atenção à nossa saúde mental. O mundo profissional nos impõe diversos desafios e pode ser uma fonte significativa de estresse.
A saúde mental pode ter relação com a forma como gerenciamos as pressões do dia a dia, seja no trabalho, com a família, entre amigos ou em outras atividades cotidianas. Para manter uma boa saúde mental, é essencial buscarmos equilíbrio em diferentes áreas da vida. Além disso, estabelecer limites entre trabalho e vida pessoal, praticar atividades físicas, manter uma alimentação saudável e garantir um bom sono são práticas que favorecem esse equilíbrio. No entanto, para muitas pessoas, o trabalho pode se transformar em uma fonte de sofrimento, dificultando a conquista desse bem-estar.
Para refletir sobre o tema, leia o Texto 2 a seguir.
Burnout : palavra de origem inglesa associada ao esgotamento. A síndrome de burnout também é conhecida como “síndrome do esgotamento profissional”.
Saúde mental: 86% dos funcionários mudariam de emprego por saúde mental, diz estudo
76% dos trabalhadores conhecem alguém que precisou se afastar do trabalho por razões psicológicas
Equilibrar a saúde mental com o trabalho tem se tornado cada vez mais relevante para os trabalhadores brasileiros. Tanto que 86% dos funcionários mudariam de emprego para preservar a saúde mental , segundo pesquisa [...].
De acordo com a pesquisa, 61% não se sentem satisfeitos ou felizes no trabalho, e a maioria (76%) já conheceu alguém que precisou se afastar das atividades de trabalho por razões psicológicas. Somado a esses resultados, 86% dos participantes acreditam que as empresas não estão preparadas para lidar com a saúde mental dos funcionários.
Saúde mental nas empresas
De acordo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 86% dos brasileiros têm algum transtorno mental, como ansiedade e depressão, o que influencia a saúde mental dos colaboradores.
Dos transtornos que acometem a saúde mental do trabalhador a ansiedade lidera como a doença que mais afasta os colaboradores do trabalho (51%). Em seguida vêm depressão (17%), estresse (16%) e síndrome de burnout (14%), de acordo com pesquisa realizada durante o Congresso Nacional de Gestão de Pessoas (Conarh), neste ano, em São Paulo.
Ainda conforme o estudo, 48% dos gestores e funcionários de RH relataram que acreditam que possam existir pelo menos 10% de colaboradores espalhados em suas empresas com doenças mentais não detectadas. Outros 19% acham que 20% dos funcionários em seus ambientes de trabalho têm diagnósticos ainda não identificados, além de também 19% declararem que não sabem dizer.
Quais são as causas dos problemas de saúde mental nas empresas?
Competitividade excessiva
A busca individual por superar os colegas pode prejudicar o bem-estar emocional dos colaboradores, gerando uma atmosfera de insegurança, ambiente excessivamente competitivo e clima de constante pressão e ansiedade.
Altas exigências
Lidar com uma lista interminável de tarefas a serem cumpridas e a imposição de demandas de trabalho exageradas, especialmente quando desequilibradas e irrealistas, pode levar a altos níveis de estresse.
Falta de organização e flexibilidade
A falta de organização sobre funções e responsabilidades e a rigidez em relação a mudanças criam um ambiente de desconforto emocional.
Assédio moral
O medo de retaliação, a humilhação pública e a constante preocupação com a interação com colegas e superiores estão entre as causas de danos emocionais significativos. A presença de assédio moral ou práticas intimidadoras cria um ambiente emocionalmente tóxico capaz de afetar a saúde mental dos colaboradores.
Longas jornadas de trabalho
Trabalhar longas horas sem o devido descanso resulta em esgotamento físico e emocional, causando estresse e contribuindo para diminuir a produtividade ao longo do tempo. [...]
CHÉROLET, Brenda. Saúde mental: 86% dos funcionários mudariam de emprego por saúde mental, diz estudo. Educa Mais Brasil, 10 nov. 2023. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/carreira/saude-mental-86-dos-funcionarios -mudariam-de-emprego-por-saude-mental-diz-estudo. Acesso em: 4 ago. 2024.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
ATIVIDADES
a) Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes respondam que não imaginavam que a saúde mental fosse um problema tão significativo, mas que, ao refletirem sobre isso, reconhecem o aumento da pressão no trabalho moderno.
• Após a leitura da matéria, formem uma roda de conversa com cinco colegas para discutir as seguintes questões:
a) A pesquisa revela que 86% dos funcionários mudariam de emprego para preservar a saúde mental. Vocês imaginavam que a saúde mental era um problema tão presente no ambiente de trabalho brasileiro? Por que vocês acham que esse índice é tão elevado?
b) Os distúrbios e transtornos mais comuns mencionados são ansiedade, depressão, estresse e síndrome de burnout. Vocês conhecem alguém que tenha passado por algum desses distúrbios e transtornos? Como essa pessoa lidou com a situação?
b) Respostas pessoais.
c) Ao reler as causas dos problemas de saúde mental nas empresas, vocês acham que é possível reduzir ou prevenir essas causas? Que mudanças poderiam ser implementadas no dia a dia dos profissionais?
c) Respostas pessoais.
d) A escola também pode ser uma fonte de estresse devido às exigências. Quais práticas vocês adotam para preservar a saúde mental no ambiente escolar? Que outras estratégias poderiam ser eficazes?
d) Respostas pessoais. Os estudantes podem mencionar práticas como organizar o tempo de estudo, fazer pausas regulares, conversar com amigos ou realizar atividades de que gostam como formas de manter o equilíbrio emocional.
A precarização do trabalho refere-se à diminuição da qualidade das condições do trabalho, geralmente em razão da perda ou da flexibilização de direitos trabalhistas. Situações extremas, nas quais os direitos trabalhistas são violados, são consideradas situações de trabalho análogo à escravidão. A seguir, leia um trecho de uma reportagem que relata o drama de um grupo de brasileiros que, ao buscar uma oportunidade de emprego, acabou envolvido em uma trágica situação.
Trabalhadores em situação vulnerável expõem a precarização dos direitos trabalhistas no Brasil
Organização Internacional do Trabalho aponta que desaceleração da economia pode forçar aumento de aceitação de empregos degradantes, intensificando desigualdade; entenda o que é precarização do trabalho
“A gente foi em busca de um sonho, de conquistar nosso próprio salário e ajudar no sustento da família, mas quando chegou lá era um pesadelo”, relatou, ao podcast O assunto, um trabalhador que foi resgatado de uma vinícola em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Ele faz parte do grupo de 207 homens que saíram da Bahia para colher uvas, com a promessa de receber alojamento, comida e até 4 mil reais de salário, mas acabaram em situação análoga à escravidão. A promessa foi feita pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA, que prestava serviços para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.
De acordo com os depoimentos, os trabalhadores recebiam comida estragada e eram obrigados a contrair dívidas exorbitantes nos estabelecimentos próximos do alojamento, onde eram “tratados como bicho”. Espancados com cabos de vassoura, mordidas e spray de pimenta, eles eram acordados com choques elétricos por volta das 4 da manhã para trabalhar até as 9 da noite, sem descanso.
Em 22 de fevereiro, o Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho e as polícias Federal e Rodoviária Federal realizaram uma operação, na qual constataram as condições degradantes de trabalho.
A situação dos trabalhadores de Bento Gonçalves vai ao encontro das observações feitas pelo novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), lançado no início deste ano. De acordo com o documento, a atual desaceleração econômica mundial vai forçar cada vez mais trabalhadores e trabalhadoras a aceitar empregos precários, de baixa remuneração e sem proteção social, reforçando ainda mais as desigualdades expostas pela pandemia.
[...]
TRABALHADORES em situação vulnerável expõem a precarização dos direitos trabalhistas no Brasil. Conectas, 9 mar. 2023. Disponível em: https://www.conectas.org/noticias/trabalhadores-em-situacao -vulneravel-expoem-a-precarizacao-dos-direitos-trabalhistas-no-brasil/. Acesso em: 4 ago. 2024.
MUNDO DO TRABALHO
A síndrome de burnout foi reconhecida pela OMS em 2022 como uma síndrome ocupacional. Isso garante que trabalhadores diagnosticados tenham direito a benefícios trabalhistas e previdenciários, como ocorre com doenças relacionadas ao trabalho, sendo necessário o diagnóstico por meio de perícia médica. Além disso, o trabalhador afastado por burnout não pode ser demitido nos 12 meses seguintes a seu retorno. Esse reconhecimento também aumenta a responsabilidade dos empregadores, que precisam estar atentos às condições de trabalho para prevenir ambientes que favoreçam o esgotamento. Segundo a International Stress Management Association (ISMA), o Brasil é o segundo país com mais casos de burnout, que se caracteriza por exaustão física e emocional, causada pelo excesso de trabalho e pela pressão. Sintomas comuns incluem sentimento de esgotamento e falta de energia, negativismo ou cinismo relacionado ao trabalho e uma sensação de ineficácia e falta de realização. O tratamento pode incluir psicoterapia e, em alguns casos, acompanhamento psiquiátrico.
A precarização do trabalho pode gerar o aumento dos casos de burnout . Condições de emprego marcadas por sobrecarga, baixa remuneração e insegurança no trabalho colocam os trabalhadores em um ciclo de estresse contínuo. Quando direitos fundamentais, como pausas e um ambiente equilibrado, não são garantidos, o risco de burnout aumenta. Além disso, a insegurança financeira e o medo da demissão fazem com que muitos suportem condições extremas, o que agrava o impacto sobre sua saúde mental.
■ O excesso de trabalho e pressões podem levar à síndrome de burnout
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Sobre a precarização do trabalho e a síndrome de burnout, responda:
a) Por que a condição em que os trabalhadores de Bento Gonçalves estavam foi considerada análoga à escravidão?
b) O que leva as pessoas a aceitar trabalhos precários?
2. Reúna-se com o mesmo grupo formado para a realização da atividade da página 165 e discuta:
a) Como combater o trabalho precarizado?
b) Que alternativas poderiam ser colocadas em prática para que essa condição de trabalho não existisse?
3. Façam uma pesquisa e citem algumas medidas que podem ser tomadas para a prevenção da síndrome de burnout
4. Por que o reconhecimento do burnout como síndrome ocupacional é importante?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Na atividade anterior, você pesquisou medidas que podem ser tomadas para a prevenção da síndrome de burnout. O enfrentamento dos distúrbios e transtornos mentais no ambiente de trabalho é um tema que ganha cada vez mais relevância. Leia, a seguir, o trecho de um texto da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) sobre o assunto.
4
e OIT fazem chamado para novas medidas de enfrentamento das questões de saúde mental no trabalho
As novas diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho são reforçadas por estratégias práticas descritas no resumo de política conjunto da OMS e OIT
A OMS e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fizeram um chamado a ações concretas para atender às preocupações sobre a saúde mental da população trabalhadora.
Estima-se que anualmente 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos por causa de depressão e ansiedade, custando à economia global quase 1 trilhão de dólares. Com o objetivo de abordar essa temática, duas novas publicações foram lançadas nesta quarta (28): Diretrizes da OMS sobre saúde mental no trabalho e um resumo de política conjunto da OMS e OIT.
As diretrizes globais da OMS sobre saúde mental no trabalho recomendam ações para enfrentar os riscos à saúde mental, como cargas pesadas de trabalho, comportamentos negativos e outros fatores que geram sofrimento no trabalho. Pela primeira vez, a OMS recomenda o treinamento de gestores para desenvolverem capacidades para prevenir ambientes de trabalho estressantes e responder aos trabalhadores em sofrimento.
[...]
O resumo de política conjunto da OMS/OIT explica as diretrizes da OMS em termos de estratégias práticas para governos, empregadores e trabalhadores e suas organizações, nos setores público e privado. O objetivo é apoiar a prevenção dos riscos à saúde mental, proteger e promover a saúde mental no trabalho e apoiar as pessoas com condições de saúde mental, para que possam participar e prosperar no mundo do trabalho. O investimento e a liderança serão fundamentais para a implementação das estratégias.
“Como as pessoas passam uma grande parte de suas vidas no trabalho – um ambiente de trabalho seguro e saudável é fundamental. Precisamos investir para construir uma cultura de prevenção em torno da saúde mental no trabalho, reformulando o ambiente de trabalho para pôr fim ao estigma e à exclusão social e garantir que os funcionários com condições de saúde mental se sintam protegidos e apoiados”, disse Guy Ryder, diretor-geral da OIT.
[...]
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. OMS E OIT fazem chamado para novas medidas de enfrentamento das questões de saúde mental no trabalho. OPAS, 28 set. 2022. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/28-9-2022-oms-e-oit-fazem-chamado-para-novas-medidas-enfrentamento-das-questoes-saude. Acesso em: 6 ago. 2024.
Para produzir um manual sobre os cuidados com a saúde mental no trabalho, é necessário ampliar a pesquisa que vocês realizaram na atividade sobre burnout. No texto sobre saúde mental, são citados os transtornos, distúrbios e sintomas mais comuns que acometem o trabalhador: ansiedade, depressão, estresse e síndrome de burnout. Considere esses exemplos e siga o passo a passo:
PASSO
Organização dos grupos e reflexão
A ansiedade, com a nomenclatura aplicada aqui, trata-se de uma experiência humana comum. Em alguns casos, pode ser o indício de um transtorno, como a TAG, o pânico etc.
• Reúna-se com o mesmo grupo da etapa anterior para refletir sobre as questões a seguir.
• O que vocês fariam se começassem a desenvolver sintomas de ansiedade ou estresse no ambiente de trabalho?
• Por que a manutenção da saúde mental no trabalho é importante?
PASSO
Pesquisa e reflexão
• R ealizem uma pesquisa on-line sobre as medidas que podem ser tomadas para prevenir transtornos, distúrbios e sintomas mentais no trabalho. Respondam às seguintes questões:
• C omo identificar o que o trabalhador está sentindo? O que ele deveria fazer ao começar a perceber sintomas de tensão, ansiedade, cansaço excessivo ou estresse?
• O que é possível fazer antes de buscar ajuda profissional?
• Há medidas que podem ser tomadas individualmente? Quais?
• Q ue medidas dependem do amparo da empresa ou instituição?
PASSO
Redação
• Com base na reflexão do grupo e na pesquisa, elaborem uma lista de, no máximo, dez itens com sugestões para a prevenção a transtornos, distúrbios e sintomas mentais no trabalho. Vejam dois exemplos de itens possíveis, um no âmbito pessoal e outro no coletivo:
Praticar atividades físicas para melhorar o bem-estar → âmbito pessoal
Treinar gestores para reconhecer sintomas em seus funcionários → âmbito coletivo
PASSO
4 Leitura
• No dia determinado, cada grupo deverá escolher um representante para ler o manual que produziram para a turma.
PASSO
5 Debate
• Após as leituras, a turma vai discutir a respeito do manual de cada grupo, refletindo sobre as seguintes questões:
• H ouve itens repetidos nos manuais criados pelos grupos?
• Q uais itens são mais relevantes? Por quê?
PASSO
6
Manual coletivo
• Após o debate, a turma vai redigir um manual único sobre cuidados com a saúde mental no trabalho com, no máximo, dez itens.
PASSO
7 Divulgação
• O manual da turma pode ser divulgado no blogue da escola como uma contribuição de vocês ao debate em torno da saúde mental no trabalho.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como lidar com as questões de convivência no trabalho?
Consulte as orientações no Manual do professor
■ O gr upo de mediação é uma estratégia eficiente para a resolução de conflitos no ambiente escolar.
Conexões
Este documentário apresenta depoimentos de jovens estudantes de escolas das redes pública e particular sobre suas experiências no ambiente escolar, seus medos, anseios, projetos e inquietações.
• P RO dia nascer feliz Direção: João Jardim. Brasil, 2006. Vídeo (88 min).
Para consolidar os aprendizados deste Projeto Integrador, vocês vão se organizar para criar círculos restaurativos na escola com base na identificação dos principais conflitos existentes nesse ambiente. Para isso, a proposta é elaborar um questionário, que pode ser aplicado apenas entre os estudantes ou estendido a toda a comunidade escolar, como funcionários, professores e até os responsáveis.
1
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Definam o espaço
Pensem em quem vai participar da pesquisa: se apenas os estudantes da escola; se os professores e funcionários também vão responder ao questionário; se os responsáveis e a comunidade escolar vão participar etc.
Organização dos grupos
Definam como vocês vão se organizar para realizar a pesquisa. Caso tenham decidido estendê-la para a comunidade escolar, por exemplo, formem dois subgrupos: um para aplicar o questionário no entorno e outro para aplicar o questionário na escola.
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Elaboração do questionário
Discutam se o questionário terá perguntas abertas, espaço para que os participantes da pesquisa deem opiniões e expressem seus sentimentos em relação aos problemas que os afetam ou perguntas mais objetivas, com alternativas fechadas e respostas “sim” e “não”. Outra opção é misturar os formatos.
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Modelo de questionário – Identificando os problemas na escola
Responda sim ou não para cada pergunta a seguir.
1. Você se sente seguro na escola?
2. Você já sofreu algum tipo de discriminação no ambiente escolar?
3. Você já se sentiu intimidado por alguém na escola?
4. Você já presenciou ou já se envolveu em discussões relacionadas a divergências de opinião no ambiente escolar?
Adaptem o roteiro conforme as decisões do grupo e o contexto da escola. Verifiquem a necessidade de criar perguntas diferentes caso tenham decidido estender o questionário para a comunidade escolar e propor questionamentos sobre como a vizinhança ou como os pais ou responsáveis percebem a escola.
Análise dos resultados
Analisem os resultados obtidos e verifiquem a existência de problemas mais graves, como bullying e discriminação.
Apresentação dos resultados
Definam a melhor maneira de organizar os resultados considerando o tipo de questionário que adotaram. Vocês podem, por exemplo, criar gráficos ou tabular os dados usando planilhas eletrônicas.
Criação do grupo de mediação
A proposta é que vocês formem duas frentes de ação:
• círculos de construção da paz: momentos em que os problemas coletivos são discutidos a fim de pensar em soluções para situações de bullying, discriminações e outros desentendimentos na escola.
• c írculos restaurativos: espaços em que as partes envolvidas em um conflito ficam frente a frente para apresentar seus pontos de vista e sentimentos sobre o ocorrido, e pensar em possíveis soluções que sejam boas para ambas por meio do diálogo.
Nas duas frentes, deve haver a figura de um ou mais mediadores ou facilitadores. Aos participantes delas, é preciso explicar seu ponto de vista sobre os conflitos e os problemas presentes no ambiente escolar usando as técnicas de comunicação estudadas:
• falar sobre o que ocorreu;
• mencionar seus sentimentos com assertividade;
• dizer as necessidades básicas que foram afetadas;
• usar mensagens-eu;
• construir falas isentas de julgamentos;
• praticar a escuta ativa, estabelecendo uma conexão com os sentimentos das outras pessoas.
Para começar a organizar os círculos, sigam as orientações indicadas.
1. Definição do conflito
• Retomem os conflitos mapeados ao longo das atividades deste projeto e decidam quais deles serão discutidos em cada frente:
• nos círculos de construção da paz, vocês podem conversar sobre conflitos que dizem respeito à convivência de modo geral;
• nos círculos restaurativos, vocês podem trabalhar questões que exigem a interação entre os participantes para a resolução da situação.
2. Definição das funções
a) Os estudantes mediadores podem ser indicados pela turma, podendo ser eleitos ao menos dois mediadores por sessão. Essa escolha pode ser rotativa. Para isso, considerem que o mediador deve:
• garantir a horizontalidade das sessões, ou seja, assegurar que ninguém fique em uma posição superior, nem mesmo os mediadores;
• facilitar o diálogo entre os envolvidos;
• não expressar opiniões ou julgamentos;
• ter uma atitude empática, captando a confiança dos participantes;
• não dar conselhos ou dizer aos envolvidos o que fazer;
• não ameaçar ou prever consequências negativas, do tipo “Se você não fizer isso…”.
b) Os estudantes mediadores devem definir quando e onde acontecerão as sessões dos círculos de construção da paz e dos círculos restaurativos.
3. Definição dos recursos
• Depois de definir os papéis e os conflitos sobre os quais vão atuar, procurem a gestão da escola e conversem com os professores para obter os recursos necessários, como a sala que será usada para as sessões.
4. Divulgação
• Pensem em uma estratégia de divulgação dos círculos de construção de paz e dos círculos restaurativos para os outros estudantes da escola. Vocês podem usar cartazes, folhetos, blogues ou as mídias sociais da escola, caso existam. O importante é que esse material contenha as informações mais básicas e necessárias, como uma breve explicação do que constituem essas reuniões; o objetivo delas; os dias, o horário e o local ou a sala da escola onde vão acontecer.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora do projeto: Como praticar o diálogo?
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante avaliar sua participação tanto individual como coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Os objetivos do projeto foram alcançados?
b) Seus objetivos de aprendizagem foram atingidos? Justifique sua resposta.
c) Você se envolveu em todas as atividades propostas? Argumente.
d) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique sua resposta.
e) Qual foi seu maior desafio ao longo do projeto? Como você conseguiu superar as dificuldades?
f) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e para a participação da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
g) Qual foi o maior desafio do grupo ao longo do projeto? Como vocês superaram as dificuldades?
h) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
i) Junte-se a um colega para comparar as respostas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
j) E screva, de modo sucinto, quais foram as aprendizagens que você desenvolveu neste projeto.
2 Em relação ao assunto deste Projeto Integrador, você:
a) discutiu sobre os conflitos e refletiu sobre a possibilidade de lidar com eles de maneira mais positiva?
b) Compreendeu que algumas práticas restaurativas podem contribuir para melhorar a convivência na escola e no ambiente de trabalho?
c) Entendeu o conceito de empatia e a importância de tentar se conectar com os sentimentos das outras pessoas e compreender suas necessidades e motivações?
d) Assimilou e aplicou algumas técnicas de comunicação não violenta e passou a identificar os próprios sentimentos e a se expressar com mais assertividade?
e) Refletiu sobre a importância de respeitar os direitos humanos e contribuir para a propagação da cultura de paz na escola?
f) Ponderou sobre os possíveis conflitos entre gerações no ambiente de trabalho?
g) Reconheceu a importância de cuidar da saúde mental?
h) Refletiu sobre a importância de lutar contra a precarização do trabalho?
i) Identificou os principais conflitos existentes no ambiente escolar por meio da aplicação de questionário na escola e/ou na comunidade?
j) Participou ativamente da criação de um grupo de mediação de conflitos na escola?
k) Planejou e elaborou as etapas de acordo com os roteiros propostos nas seções Em ação?
O cotidiano de grande parte da população é permeado por mídias digitais e mídias sociais. Se no passado, quando surgiram, podiam ser consideradas apenas um passatempo, hoje elas representam mais do que isso: fazem parte da nossa rotina, impactando não apenas a forma como nos divertimos, mas também como estudamos, trabalhamos e nos relacionamos com outras pessoas.
É importante entender como essas mídias funcionam, para que possamos refletir criticamente sobre como utilizá-las de forma ética e segura, para receber ou produzir informações. Além disso, elas têm um papel crescente no mercado de trabalho, influenciando desde a construção de marca pessoal até estratégias de marketing digital e comunicação corporativa. Dominar essas plataformas pode abrir portas para diversas oportunidades profissionais, como gerenciar redes sociais, criar conteúdo, trabalhar com publicidade digital ou atuar como influenciador, adaptando-se às exigências de um mercado cada vez mais digital e conectado.
Neste projeto, você vai criar um guia de uso saudável das mídias sociais, atuar como um “desinfluenciador” e elaborar um guia de profissões. Depois, vai compartilhar com a comunidade escolar o que aprendeu sobre esses assuntos por meio de um podcast ! Será que é possível ter uma relação saudável ao usar as mídias sociais? Vamos descobrir as respostas para essa e outras perguntas ao longo deste projeto!
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Em sua opinião, é possível ter uma relação saudável com as mídias sociais? Quais comportamentos ou hábitos você acredita que são importantes para manter essa relação de forma positiva?
1. Respostas pessoais.
2. Resposta pessoal. Possibilidade de resposta: Eventos do tipo fazem sucesso porque oferecem um ambiente único de imersão em tecnologia, inovação e cultura digital, reunindo entusiastas, estudantes, profissionais e empresas em um só lugar. Durante o evento, os participantes têm acesso a palestras, workshops práticos, competições e oportunidades de networking que não são facilmente encontrados em outros contextos. A experiência de acampar no local e participar de atividades interativas, como robótica, realidade virtual e inteligência artificial, cria uma sensação de comunidade e pertencimento, em que todos compartilham interesses semelhantes e a paixão pela tecnologia.
2. Após observar a imagem de abertura e ler a legenda que a acompanha, responda: Por que você acha que eventos como a Campus Party fazem sucesso entre jovens e profissionais interessados em tecnologia e inovação? Se necessário, faça uma pesquisa sobre o evento antes de responder.
■ Campus Party Brasil, evento de tecnologia, inovação e cultura digital do país. Durante o evento, os participantes acampam no local e participam de palestras, workshops e atividades interativas relacionadas à robótica, à realidade virtual e à inteligência artificial. São Paulo (SP). Fotografia de 2024.
• Refletir sobre a influência das mídias sociais na comunicação e no compartilhamento de informações.
• Identificar os possíveis danos à saúde mental causados pelo uso exagerado das mídias sociais.
R esponsabilizar-se por conteúdo produzido para as mídias sociais.
Analisar as mudanças no mercado de trabalho causadas pelas mídias sociais e por novas tecnologias.
Pesquisar profissões no contexto digital. Produzir e divulgar podcast com informações das leituras, pesquisas e discussões realizadas ao longo do projeto.
Diante da influência das mídias digitais, principalmente das mídias sociais (ou redes sociais), é necessário refletir sobre o espaço que elas ocupam em nosso dia a dia e os impactos positivos e negativos decorrentes de sua utilização. A proposta deste projeto envolve pesquisas, debates e troca de ideias que vão enriquecer seu repertório sobre o tema. Além disso, o produto final – um episódio de podcast – será compartilhado com a comunidade escolar, proporcionando uma oportunidade para que todos reflitam de maneira mais clara e consciente sobre diversos impactos do avanço das mídias digitais no cotidiano, o que inclui o mercado de trabalho.
O objetivo deste projeto é ampliar o entendimento sobre as mídias sociais, fortalecer o senso crítico e promover o protagonismo dos participantes na criação de conteúdo digital. Assim, cada participante se torna agente da própria história, integrando conhecimentos das áreas de Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e
Sociais Aplicadas e Ciências da Natureza e suas Tecnologias para valorizar o uso consciente e ético das mídias sociais e digitais.
• Vida familiar e social
• Trabalho
• Ciência e tecnologia
3 Saúde e bem-estar
8 Trabalho decente e crescimento econômico
12 Consumo e produção responsáveis
• Computador ou notebook
• Celular
• Software de edição de texto
• Software de gravação
• Software de edição de áudio
Produto final Podcast.
Nessa etapa, você vai debater sobre os impactos das mídias digitais, principalmente das redes sociais, na sociedade e no comportamento humano. Cada estudante vai monitorar e registrar o próprio tempo de uso das redes sociais e, com base nisso, refletir sobre as possíveis consequências para a própria saúde mental. Ao final dessa etapa, em duplas, vocês vão elaborar um guia para o uso saudável das redes sociais.
Nessa etapa, você vai entender aspectos da atuação de influenciadores digitais, com a proposição de debates sobre a responsabilidade na produção de conteúdo e a responsabilidade do consumidor. Será estimulada a discussão sobre as relações estabelecidas com os influenciadores digitais e com as redes sociais. Ao final, você e sua dupla terão a oportunidade de atuar como “desinfluenciadores” para refletir sobre práticas de marketing exageradas nas redes sociais.
Nessa etapa, você vai conhecer algumas mudanças no mercado de trabalho causadas pelas novas tecnologias, incluindo a transformação de profissões existentes, a criação de novas carreiras e os impactos da modernização dos serviços contratados por meio de plataformas digitais. Ao longo do projeto, você vai refletir sobre esses temas, o que culminará na organização de um guia de profissões.
O projeto traz como produto final a produção de um podcast sobre os temas trabalhados. Essa atividade servirá como uma plataforma para disseminar informações, em que você e os colegas poderão debater as mudanças no mercado de trabalho causadas pelas novas tecnologias e inspirar um uso mais consciente das mídias sociais. Ao produzir o podcast, você vai ter a chance de aplicar o conhecimento adquirido, desenvolver habilidades de comunicação e colaborar na criação de um conteúdo relevante e acessível para todos.
Você utiliza as mídias sociais de maneira saudável?
■ Atualmente, o celular é uma ferramenta do cotidiano, facilitando o acesso a informações e transformando a maneira como nos comunicamos, trabalhamos e nos divertimos.
Consulte as orientações no Manual do professor
Pense em seu dia a dia. É provável que você e outros colegas tenham um celular no bolso ou na mochila, não é mesmo? Quantas vezes ao dia você pega o celular e acaba perdendo a noção do tempo rolando os feeds de vários aplicativos? Nessas horas de tela, você encontra postagens interessantes, informativas e divertidas, mas também é possível deparar com algumas informações irrelevantes ou que, até mesmo, despertam emoções, como alegria ou tristeza.
A interação em plataformas digitais tornou-se parte importante da vida, conectando pessoas, oferecendo acesso a informações globais, entretenimento e espaço para a expressão pessoal. Entretanto, com as mídias sociais também aparecem desafios, como disseminação de desinformação, prática do cyberbullying e questões de privacidade.
O tema desta etapa pode mobilizar bastante os estudantes. É importante guiar a discussão sobre o uso do celular de maneira crítica, mas é fundamental que eles não se sintam julgados.
Chamamos de mídia digital qualquer tipo de conteúdo acessado por meio de dispositivos eletrônicos, como computadores, smartphones e tablets, geralmente por meio da internet. O que caracteriza a mídia digital é a possibilidade de distribuição e acesso on-line, permitindo uma interação dinâmica e imediata com o conteúdo, diferenciando-se de mídias tradicionais, como jornais impressos ou televisão.
Mídias sociais ou redes sociais são plataformas específicas dentro da mídia digital que permitem a interação direta entre os usuários, como comentar, curtir e compartilhar conteúdos, possibilitando que as pessoas troquem experiências e conhecimentos e compartilhem virtualmente determinados interesses.
Ao longo do dia, é comum as pessoas reservarem um tempo para, de forma on-line, conversar com amigos, ler as últimas notícias ou pesquisar temas de interesse. Entretanto, passar muitas horas em frente a telas pode levar a uma percepção distorcida da realidade, porque cria a sensação de presença constante e a necessidade de engajamento, em detrimento, muitas vezes, das interações e experiências presenciais.
Embora as redes sociais ofereçam muitos benefícios, como manter contato com amigos e descobrir novos conteúdos, elas também apresentam desafios. As pessoas podem, por exemplo, sentir-se pressionadas a estar sempre conectadas ou até mesmo se comparar constantemente com os outros.
Engajamento: comprometimento e participação ativa de uma pessoa ou um grupo em uma atividade, causa, projeto ou comunidade; no contexto das redes sociais, refere-se à interação dos usuários com o conteúdo por meio de curtidas, compartilhamentos, comentários e outras formas de participação em plataformas de mídia social.
■ Pessoas utilizando o celular para filmar show da banda Jonas Brothers em São Paulo. Fotografia de 2024.
Leia, a seguir, o trecho de um artigo que aborda a influência das redes sociais no cotidiano das pessoas.
[...]
O impacto de tudo isso nas nossas vidas on-line e off-line
[...] considerando o gigantesco alcance que as plataformas dominantes do mercado apresentam hoje em dia, pode-se considerar ingenuidade o pensamento de que as redes sociais existem somente no mundo virtual. Sim, elas funcionam no ambiente da internet, mas impactam profundamente as nossas “vidas reais”. Inclusive, vivemos um momento da história em que os conceitos de “vida virtual” e “vida real” se mesclam quase que por completo – exceto para quem prefere se manter longe dessa nova sociedade conectada.
[...]
Com tanta influência, há quem acredite que as pessoas estão ficando mais [...] “preguiçosas” com o advento das redes sociais. Isso porque, em uma época não muito distante, precisávamos nos esforçar muito mais para obter uma informação, consultando livros, enciclopédias e perguntando por aí. [...] E, apesar dessa facilidade sem precedentes na história da humanidade, uma das consequências é justamente a falta de interesse em realmente aprender sobre assuntos por aí, já que basta dar aquela pesquisadinha rápida.
GNIPPER, Patrícia. A evolução das redes sociais e seu impacto na sociedade – Parte 3. CanalTech, 6 mar. 2018. Disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/a-evolucao-das-redes-sociais-e-seu-impacto-na-sociedade-parte-3-109324/. Acesso em: 20 jul. 2024.
Nesta obra, a jornalista aborda as “bolhas de filtros” nas redes sociais e sugere práticas para rompê-las, como diversificar fontes de informação e buscar opiniões contrárias. Ela destaca a importância da educação midiática para entender os algoritmos e a influência das redes sociais, defendendo que uma postura crítica e ativa amplia o horizonte informativo e fortalece a democracia.
• FERRARI, Pollyana. Como sair das bolhas . São Paulo: Educ, 2018.
O livro analisa como os algoritmos de algumas empresas personalizam conteúdos, criando um “filtro invisível” que limita a exposição a diferentes informações. Pariser argumenta que essa personalização confina os usuários a “bolhas de filtros”, o que reduz o debate público e o entendimento mútuo e impacta negativamente as relações sociais e democráticas.
• PARISER, Eli. O filtro invisível . Rio de Janeiro: Zahar, 2012.
■ Longas horas de conexão on-line podem influenciar de forma negativa o bem-estar do ser humano.
ATIVIDADES
1. O que são redes sociais?
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
2. Segundo o Texto 1, como o uso constante das redes sociais pode afetar as habilidades das pessoas em realizar pesquisas e a abertura para novas ideias?
3. No Texto 1, afirma-se que a vida real e a vida virtual quase se fundem para quem usa as mídias sociais. Você concorda com essa afirmação? Justifique.
As mídias digitais transformaram a maneira como as pessoas se comunicam. Há apenas algumas décadas, a comunicação dependia principalmente de interações presenciais, cartas e telefonemas. Com a internet e os dispositivos eletrônicos, é possível enviar mensagens instantâneas, e-mails e fazer chamadas de vídeo para qualquer lugar do mundo em questão de segundos. Essa mudança permitiu uma comunicação mais rápida e acessível, conectando pessoas de diferentes regiões e culturas de forma instantânea. Essa interatividade mudou a reação do receptor de informação, que agora pode responder e interagir com o conteúdo de forma imediata. A comunicação tornou-se mais colaborativa e participativa, permitindo um fluxo constante de troca de ideias e informações. Leia, a seguir, o Texto 2 , que é mais um trecho do artigo “A evolução das redes sociais e seu impacto na sociedade”.
TEXTO 2
Conversamos, então, com a escritora Maria Augusta Ribeiro, especialista em comportamento digital e netnografia [...]. Encarando o universo digital como uma ferramenta de transformação, ela crê que as redes sociais são poderosas na transformação de comportamentos que transitam entre o “real” e o digital. “A velocidade nas comunicações realizadas pela internet nos obrigou de alguma forma a nos relacionarmos pelas redes sociais, dada a sensação de falta de tempo gerada”, opina. [...] E tudo isso começou a se firmar nos anos 2000, pois, antes disso, não tínhamos tanto acesso à tecnologia e, portanto, acabávamos interagindo mais pessoalmente do que digitalmente. Quanto à qualidade das relações interpessoais, Maria Augusta enxerga uma piora. “Não por causa da rede social, mas pelo amplo uso da tecnologia”. Explicando: “o consumo de qualquer coisa através da internet nos dá uma sensação de atenção atendida, e não é porque você tem uma geladeira na sua casa que você vai comer tudo o que tem ali de uma só vez; porém, com a internet, é isso o que queremos fazer”.
[...]
Maria Augusta ainda acredita que o fato de mais gente ter ferramentas que possam gerar conhecimento, se comunicar e consumir é algo fascinante. Ainda assim, o anonimato proporcionado pela internet traz outros problemas, incluindo a disseminação de discursos de ódio e comportamentos nocivos. [...] GNIPPER, Patrícia. A evolução das redes sociais e seu impacto na sociedade – Parte 3. CanalTech, 6 mar. 2018. Disponível em: https://canaltech.com.br/redes-sociais/a-evolucao-das-redes-sociais-e-seu -impacto-na-sociedade-parte-3-109324/. Acesso em: 5 ago. 2024.
Netnografia: campo de estudo que analisa o comportamento dos usuários da internet.
ATIVIDADES
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Como você definiria a expressão “uma nova era para a comunicação”?
1. Resposta pessoal.
2. Segundo a especialista citada no Texto 2 , a sensação de anonimato propiciada pela internet contribui para que discursos de ódio sejam disseminados. Você concorda com a especialista?
O que faz você dizer isso?
sação de segurança, em que as pessoas se sentem livres para expressar opiniões negativas e ofensivas sem, muitas vezes, enfrentar
2. Os estudantes podem mencionar que o anonimato na internet oferece uma falsa senconsequências diretas. Isso pode gerar a sensação de diminuição da responsabilidade pelo que é dito e fomentar comportamentos nocivos on-line.
A expansão das mídias sociais e da internet móvel popularizou o uso dos smartphones. Esses dispositivos portáteis facilitaram a comunicação e o compartilhamento de informações e também transformaram o modo como as pessoas consomem conteúdo e interagem diariamente. Com a internet móvel e a variedade de aplicativos disponíveis, os smartphones se tornaram acessíveis a um público amplo, impactando as formas de socialização.
Ao passar horas em frente às telas, principalmente nas redes sociais, as pessoas costumam esquecer que os conteúdos postados são frequentemente editados e filtrados, o que impacta a percepção de identidade e as expectativas individuais.
Leia, a seguir, o Texto 3, que é um trecho de uma reportagem.
TEXTO 3
SUS: sigla do Sistema Único de Saúde. Instituído pela Constituição de 1988, é o sistema público de saúde do Brasil, que oferece acesso universal e gratuito a serviços de saúde, desde a atenção básica até tratamentos complexos; financiado por recursos federais, estaduais e municipais, o SUS inclui infraestruturas como hospitais e postos de saúde, além de serviços como programas de prevenção e promoção da saúde e ações de vigilância sanitária e epidemiológica.
Registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos pela 1a vez no Brasil
[...] Pela primeira vez na história, os registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos, mostra análise da Folha a partir da Rede de Atenção Psicossocial (Raps), do SUS de 2013 a 2023, período com dados disponíveis.
Com um crescimento expressivo nos últimos anos, a taxa de pacientes de dez a 14 anos atendidos pelo transtorno é de 125,8 a cada 100 mil, e a de adolescentes, de 157 a cada 100 mil. Já entre pessoas com mais de 20 anos, a taxa é de 112,5 a cada 100 mil, considerando dados de 2023. A situação dos mais jovens passou a ficar mais crítica do que a dos adultos em 2022.
Não há apenas uma causa que motive esse aumento, mas alguns apontamentos são comuns para especialistas e citados em diferentes estudos: crises econômicas, climáticas, autodiagnósticos simplistas e uso excessivo de celulares e jogos. [...]
“Estudos diversos e rigorosos mostram uma piora na depressão e na ansiedade, e a pandemia se mostrou muito pior do que os estudos previam”, avalia Guilherme Polanczyk, psiquiatra da infância e adolescência e professor da Faculdade de Medicina da USP. “Mudanças culturais e sociais fortes aconteceram na última década, e muitas associadas às redes sociais, embora seja perigoso atribuir o problema só a elas.”
REGISTROS de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos pela 1a vez no Brasil. Folha de S.Paulo, São Paulo, 31 maio 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folhateen/2024/05/registros-de -ansiedade-entre-criancas-e-jovens-superam-os-de-adultos-pela-1a-vez.shtml. Acesso em: 5 ago. 2024.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Segundo o Texto 3, qual é a novidade relacionada aos registros de ansiedade entre crianças e jovens no Brasil?
2. Que fatores são apontados como possíveis causas para o aumento da ansiedade entre crianças e jovens? Você concorda com as causas apontadas na reportagem?
3. Por que é perigoso atribuir o aumento da ansiedade apenas às redes sociais, segundo o psiquiatra citado no Texto 3?
Lidar com a grande quantidade de informações expostas nas redes sociais não é fácil e pode levar as pessoas à prática de comparar a própria vida com os conteúdos mostrados nas redes, impactando a autoestima e afetando o bem-estar. Leia outro trecho da reportagem “Registros de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos pela 1a vez no Brasil”, que apresenta mais dados sobre o assunto. O assunto abordado na reportagem desta página é sensível, e pode ser difícil para os estudantes falarem abertamente sobre seus conflitos. É importante criar um ambiente seguro e acolhedor. Se perceber alguma situação mais séria, considere conversar com os pais ou responsáveis e encaminhar o estudante para um acompanhamento especializado.
Além da popularização dos transtornos e do maior acesso a informações, Polanczyk afirma que há também o aumento de distorções sobre esses transtornos. “Influenciadores têm simplificado esses transtornos cada vez mais nas redes sociais. Ansiedade é uma emoção que faz parte do repertório humano, todos nós sentiremos em algum nível, assim como a tristeza, que não significa depressão.” [...]
De modo geral, dados mostram que a piora em índices de saúde mental se acentua a partir da segunda década dos anos 2000. Além do maior acesso à informação pela internet, o período é marcado pela popularização do smartphone, com as câmeras frontais para selfies, das redes sociais e dos jogos on-line.
Há anos, estudiosos se debruçam sobre a relação entre a tecnologia e o comportamento humano, em especial entre crianças e adolescentes, que ainda não desenvolveram todo o sistema de autocontrole. Já se sabe, por exemplo, como as redes sociais têm mecanismos designados a viciar, e não à toa já existe lei para proibir o uso dessas plataformas antes dos 14 anos, caso da Flórida, nos Estados Unidos. Em São Paulo, deputados passaram a discutir a proibição de celulares nas escolas.
REGISTROS de ansiedade entre crianças e jovens superam os de adultos pela 1a vez no Brasil. Folha de S.Paulo, São Paulo, 31 maio 2024. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/folhateen/2024/05/registros-de-ansiedade-entre-criancas-e-jovens-superam-os-de -adultos-pela-1a-vez.shtml. Acesso em: 5 ago. 2024.
■ O paradoxo das mídias sociais: o ser humano pode se sentir conectado com muitas informações, mas desconectado de si mesmo.
NÃO ESCREVA NO LIVRO.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Você percebe quais sentimentos surgem em você ao passar horas em frente às telas, principalmente navegando nas redes sociais?
2 Você acha que o uso de celulares na escola traz mais benefícios ou malefícios? Justifique sua resposta.
Sobrecarga informacional: refere-se ao excesso de informações disponíveis provenientes de múltiplas fontes digitais, como e-mails, mensagens instantâneas e redes sociais. A oferta abundante de dados pode sobrecarregar a capacidade de processamento do indivíduo, resultando em dificuldades para tomar decisões, aumento do estresse e exaustão mental, afetando negativamente o bem-estar.
■ Pessoas checando o smartphone em transporte público.
Em um mundo em que as informações são constantemente atualizadas e disseminadas, muitas pessoas sentem uma pressão constante para se manter informadas e atualizadas. Essa necessidade de estar sempre conectado pode levar a situações de estresse e a uma sensação de sobrecarga informacional.
A quantidade massiva de informações disponível na internet contribui para o surgimento de fenômenos conhecidos pelos termos em inglês FOLO (Fear of Logging Out) e FOMO (Fear of Missing Out).
O FOLO, ou “medo de desconectar”, em português, refere-se à ansiedade de não estar ciente ou atualizado sobre eventos importantes, notícias ou tendências compartilhadas em plataformas virtuais. As pessoas que sofrem de FOLO sentem a necessidade de verificar constantemente suas redes sociais e outras fontes de informação on-line para não perderem nenhuma atualização. Essa constante vigilância pode gerar um estado de alerta contínuo, dificultando o relaxamento e a desconexão, o que prejudica o bem-estar geral.
Já o termo FOMO, ou “medo de ficar de fora”, refere-se à percepção de que os outros estão tendo experiências mais gratificantes e interessantes, das quais a pessoa não está participando. Esse medo é amplificado pelas redes sociais, nas quais os usuários são constantemente expostos a um grande número de postagens que mostram bons momentos, muitas vezes acompanhadas de imagens editadas e filtradas. Essa exposição contínua pode levar a comparações desfavoráveis, fazendo com que as pessoas sintam que a vida delas é menos interessante ou satisfatória.
Ver amigos e conhecidos aparentemente aproveitando mais a vida pode intensificar sentimentos de inadequação, baixa autoestima e insatisfação pessoal, à medida que as pessoas comparam a vida real delas com as versões idealizadas vistas on-line. Essas comparações constantes podem distorcer a percepção da própria vida, criando uma visão irrealista e muitas vezes negativa de si mesmo. A pressão para estar à altura dessas imagens idealizadas contribui para um ciclo de busca incessante por validação e reconhecimento on-line.
Leia o trecho de uma notícia a seguir.
TEXTO 5
mostra que brasileiros passam 9 h por dia ao celular ou em outros aparelhos eletrônicos
Brasil é vice-líder mundial em dependência da tecnologia; especialistas alertam que o uso, quando em excesso, pode fazer mal à saúde
Uma pesquisa internacional feita por um site de tecnologia mostrou que os brasileiros são praticamente recordistas em tempo conectado a telas de celulares ou outros eletrônicos. Por aqui, a população fica em média nove horas e meia por dia utilizando esses aparelhos.
O número assusta bastante, e só não é maior que o da África do Sul. Em 2022, Brasil ocupava o mesmo posto no mundo. Curiosamente, o Japão, país que é considerado dos mais avançados em tecnologia, vê a população utilizar celulares por 1/3 do tempo que os brasileiros utilizam.
Os motivos são muitos. Os jovens, por exemplo, começam o uso com os estudos e terminam por utilizar as redes sociais. Entre adultos, por sua vez, o trabalho costuma ser o principal motivo.
A neuropsicóloga Joana Heim explicou que o uso das telas pode passar a ser problemático com o passar do tempo e o aumento das horas conectado.
■ Segundo a pesquisa, brasileiros passam mais de nove horas por dia no celular ou em outros aparelhos eletrônicos.
PESQUISA mostra que brasileiros passam 9 h por dia ao celular ou em outros aparelhos eletrônicos. G1, 25 ago. 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/hora1/noticia/2023/08/25/pesquisa-mostra-que-brasileiros-passam-9h-por-dia-ao-celular-ou-em-outros-aparelhos -eletronicos.ghtml. Acesso em: 6 ago. 2024.
As redes sociais impactaram de forma revolucionária a área de Marketing . Isso porque os algoritmos personalizam o conteúdo que as pessoas consomem nessas redes, recomendando conteúdo personalizado, o que aumenta a probabilidade de que os usuários continuem engajados com a plataforma.
Nas redes sociais, um algoritmo é um conjunto de regras que decide quais conteúdos aparecem para cada usuário. Ele analisa dados como curtidas, compartilhamentos e comentários para mostrar posts que sejam mais relevantes para cada pessoa. Por exemplo, se você curte muitas fotografias de gatos, o algoritmo vai exibir mais conteúdos sobre gatos em seu feed, personalizando sua experiência na plataforma.
ESCREVA NO
1. Segundo o Texto 5, quais são alguns dos motivos para o alto uso de tecnologia entre jovens e adultos brasileiros?
1. Os jovens brasileiros utilizam a tecnologia principalmente para estudos e redes sociais, enquanto os adultos costumam usar os dispositivos eletrônicos principalmente para o trabalho.
2. De acordo com essa pesquisa, por que o número de horas conectadas dos brasileiros pode ser considerado “alarmante”?
2. O número é alarmante porque os brasileiros passam, em média, mais de nove horas por dia conectados a telas, o que é um dos maiores tempos de uso no mundo, atrás apenas da África do Sul. Esse uso excessivo pode levar a problemas de
3. Troque ideias com os colegas: Você se reconhece nos resultados dessa pesquisa? Por quê?
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor saúde mental
3. Respostas pessoais. e física, conforme alertado por especialistas.
Esta atividade exige a observação e a coleta de dados ao longo de duas semanas. Assim, é preciso introduzi-la e pedir aos estudantes que iniciem o levantamento de dados no começo da Etapa 1, para que seja possível, ao fim das duas semanas, fazer a discussão proposta. Consulte as orientações no Manual do professor.
Quais são seus hábitos diários de uso da internet? Vamos analisá-los? Fazer isso pode ajudá-lo a perceber quanto tempo você realmente dedica às atividades on-line, a identificar padrões de uso e entender melhor como a tecnologia impacta sua rotina.
Ao saber claramente como é seu comportamento digital, você poderá priorizar tarefas importantes, reduzir distrações e melhorar seu bem-estar. Esse tipo de análise pode destacar situações em que o uso excessivo da internet afeta sua saúde mental ou física.
Que tal, então, criar um guia pessoal sobre o uso saudável da tecnologia? Para isso, siga o passo a passo indicado.
PASSO
1 Definição dos objetivos pessoais
• Inicie com uma reflexão. Pense em por que é importante para você monitorar seu uso da tecnologia. Escreva suas motivações no caderno ou em um aplicativo de edição de texto.
• Junte-se a um colega e compartilhe seus hábitos de uso da tecnologia digital, sobretudo das redes sociais. Pratique a escuta ativa. Quando o colega estiver fazendo seu relato, preste atenção e permita que ele o conclua. Tentem responder juntos à seguinte pergunta: Nós gastamos muito tempo on-line?
PASSO
2 Coleta de dados
• Durante duas semanas, monitore diariamente seu tempo de uso do celular e do computador. Sempre que checar o celular ou fizer alguma pesquisa on-line, escreva o horário em que se conectou e o horário em que se desconectou. Além do tempo, anote os principais assuntos que você pesquisou, bem como as plataformas e os sites acessados.
Tempo de uso do celular (horário de início e horário de término)
Tempo de uso do computador (horário de início e horário de término)
Assuntos pesquisados Plataformas on-line acessadas
Segunda-feira
Terça-feira
Quarta-feira
Quinta-feira
Sexta-feira
Sábado
Domingo
PASSO
3 Cálculo da média semanal e análise comparativa
• Some os registros de tempo de uso do celular e do computador ao longo dos sete dias e divida o total por sete para obter a média diária. Repita o cálculo na segunda semana.
• Compare suas médias com dados nacionais ou internacionais disponíveis e com as da turma.
• Considere as implicações socioeconômicas dos dados obtidos, analisando como o acesso à tecnologia e o tempo gasto on-line variam entre diferentes grupos sociais.
PASSO
4 Reflexão em duplas
• Reúna-se com o colega com quem conversou no Passo 1 e respondam novamente à pergunta: Nós gastamos muito tempo on-line?
• Compare hábitos. Vocês têm hábitos parecidos de uso das mídias digitais?
PASSO
5 Pesquisa sobre uso saudável da tecnologia
• Busque estratégias e dicas para o uso saudável da tecnologia. Utilize fontes confiáveis como artigos, blogues de especialistas e vídeos educativos.
• Busque e registre as dicas que você acredita que pode implementar facilmente.
PASSO
6 Curadoria de informações
• Avalie as melhores estratégias. Reúna-se com o colega de dupla. Compartilhem as informações que vocês descobriram e escolham, juntos, as mais relevantes e que, na opinião de vocês, podem ser praticadas facilmente no dia a dia.
• Pense em alternativas. Ainda em dupla, elenquem atividades off-line que poderiam substituir o tempo excessivo de tela e que sejam estimulantes ou relaxantes, por exemplo.
PASSO
7 Organização do guia
• Planeje a estrutura. Individualmente, organize o guia em seções. Veja os exemplos:
Introdução. Explique a importância do uso consciente da tecnologia.
Monitoramento de uso. Explique como fazer e, se achar interessante, inclua um resumo dos seus dados de uso.
Dicas para reduzir o tempo de tela. Liste as estratégias que você encontrou na pesquisa.
Sugestões de atividades alternativas. Proponha as atividades off-line que poderiam substituir o tempo excessivo de tela.
Plano de ação. Descreva seu plano para implementar essas mudanças em sua rotina.
PASSO
8 Revisão
• Troque o Guia de uso saudável da tecnologia que você elaborou com o material produzido pelo colega de dupla para vocês revisarem o texto um do outro.
• Escreva um feedback sobre o guia do colega, inserindo impressões e revisões textuais. Analise o feedback que você recebeu e incorpore em seu texto os comentários que achar importantes e necessários.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Você utiliza as mídias sociais de maneira saudável?
Há credibilidade no conteúdo de influencers digitais?
Consulte as orientações no Manual do professor.
■ Nas redes sociais, é possível encontrar perfis exclusivamente dedicados a determinados assuntos, como moda, tecnologia, estilo de vida, saúde, pets, entre tantos outros. Na fotografia, uma influencer apresenta cosméticos.
Na era da internet, influenciadores digitais têm desempenhado um papel significativo no compartilhamento de conteúdos. Eles abordam diversos assuntos da vida, moldando opiniões e comportamentos.
Ao valorizar a autenticidade e a representatividade de suas experiências, esses influenciadores viabilizam a partilha de tendências e conhecimentos relacionados a moda, saúde, educação, atividades de lazer e de entretenimento e muitos outros setores. Dessa forma, eles favorecem a troca de ideias e a criação de comunidades digitais engajadas.
Parte importante do papel dos influenciadores é a interação direta com seus seguidores, proporcionando um senso de conexão e pertencimento. Contudo, é essencial estar atento a perigos como a disseminação de informações equivocadas e fake news e a pressão para adotar padrões irreais de vida, que podem afetar negativamente a autoestima e a saúde mental.
Os estudantes, provavelmente, vão mencionar muitos exemplos de influenciadores para enriquecer a discussão. Explore ao máximo as sugestões dadas por eles para que se engajem no debate.
No cotidiano, é comum as pessoas procurarem a opinião de outras sobre os mais diversos assuntos, não é mesmo? Seja para ajudar na tomada de uma decisão ou simplesmente para se sentir mais confiante com as próprias escolhas.
Nesse contexto, os vídeos de explicação e tutoriais postados em redes sociais, principalmente aqueles produzidos por influenciadores digitais, tornaram-se recursos de pesquisa para as pessoas, que buscam neles orientações, dicas e análises detalhadas sobre os mais variados temas. Eles permitem que os usuários tenham acesso a diferentes perspectivas e, muitas vezes, conhecimentos especializados, enriquecendo a compreensão e ajudando-os a tomar decisões mais bem informadas.
A princípio, o acesso a essa infinidade de informações parece ser algo ótimo, mas é preciso também ligar um alerta: todas essas pessoas exercem uma influência positiva? A popularidade de um influenciador não garante que seu conteúdo tenha qualidade ou que suas intenções sejam benéficas. Portanto, é essencial desenvolver um olhar crítico sobre os conteúdos consumidos. Leia, a seguir, o trecho de um artigo.
A responsabilidade de criadores de conteúdo que falam diretamente com crianças e adolescentes numa fase em que identidade e senso crítico estão em formação
Quando crianças colocam a vida em risco, em alguns casos com desfechos trágicos, por causa de desafios na internet, ficam algumas perguntas no ar. Quem está influenciando essas atitudes? Em quem estão se espelhando para desenvolver comportamentos tão violentos e abusivos? Será que esses comunicadores têm consciência da responsabilidade que carregam ao falar com um público especialmente vulnerável? Influenciadores digitais estão preparados para essa missão? Que valores eles transmitem?
No Brasil, onde 95% das pessoas entre 9 e 17 anos acessam a internet todos os dias, podemos imaginar que parte da educação de crianças e adolescentes fica a cargo de influenciadores digitais, produtores e distribuidores de conteúdo que, de forma espontânea, movem tendências, temas e públicos no ecossistema informacional.
Segundo a revista americana Entrepreneur, 80% do tráfego on-line está ligado a algum tipo de influenciador. Pesquisas como a Creators Connect revelam que, para jovens, influenciadores nas redes sociais são mais relevantes que jornalistas
Tutorial: recurso educativo que oferece instruções passo a passo sobre como realizar uma tarefa ou entender um conceito. Pode ser apresentado em texto, vídeo ou imagens, sendo projetado para guiar o usuário de maneira clara e compreensível. Na internet, tutoriais são amplamente utilizados para ensinar habilidades práticas, como usar um software, consertar dispositivos, fazer receitas de alimentos ou aprender técnicas artísticas, permitindo que qualquer pessoa adquira novos conhecimentos com autonomia.
■ Jovem influencer ajusta celular para gravar um vídeo para seus seguidores.
ou veículos oficiais de comunicação. Outro estudo, do Survey Monkey e da Common Sense Media, mostrou que 60% dos adolescentes consomem notícias via redes sociais. Apesar de 75% deles afirmarem que é importante manter-se bem informado e a maioria admitir que a imprensa é uma fonte mais confiável do que as redes sociais, eles acreditam que influenciadores digitais “geralmente acertam os fatos”.
Além de ser perigoso depositar desejos e necessidades em pessoas que não estão necessariamente preparadas para lidar com desinformação e fake news , nessa nossa “onlife”, neologismo cunhado pelo filósofo italiano Luciano Floridi para marcar uma nova era em que virtual e digital se (con)fundem, o influenciador deixa pegadas digitais que serão seguidas por milhares de crianças e jovens.
Contudo, nessa fase, a identidade ainda está em construção e uma das maneiras pelas quais descobrimos quem somos é quando nos comparamos com os outros. Isso tem impacto em como o público vê e compreende o mundo em que vive, on ou off-line. Pode, inclusive, afetar decisões no futuro: econômicas, sociais, ambientais.
[...]
“Um bom influenciador é alguém que está compartilhando bons valores e garantindo que todos se sintam bem depois de terminar de assistir a seu conteúdo.” A afirmação é da professora Elizabeth Milovidov, especialista em direitos da criança e do adolescente. [...]
BECKER, Clara; ALVES, Januária Cristina. Serás eternamente responsável por aquilo que compartilhas. Lunetas, 13 nov. 2023. Disponível em: https://lunetas.com.br/o-papel-dos -influenciadores-digitais-na-formacao-de-criancas-e-adolescentes/. Acesso em: 21 jul. 2024.
■ A conexão digital permite a comunicação instantânea e o acesso a um grande número de informações, o que inclui conteúdos de influencers nas redes sociais.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Como o acesso diário de crianças e adolescentes à internet pode afetar a educação deles e o processo de formação de valores?
2. O Texto 1 apresenta uma paráfrase de um texto famoso da literatura mundial. Que texto é esse? Em sua opinião, qual é o significado dessa paráfrase?
Agora, leia mais um trecho do artigo “Serás eternamente responsável por aquilo que compartilhas” e observe como as autoras respondem à pergunta que inicia o trecho.
Como as crianças podem, portanto, desenvolver senso crítico para discernir a boa da má influência?
Identificar os influenciadores que fazem com que se sintam bem consigo mesmas daqueles que as diminuem e desconsideram? Essa musculatura crítica deve estar presente principalmente entre as meninas pré-adolescentes. Isso porque os índices de depressão em decorrência do excesso de uso de redes sociais são significativamente mais altos do que aqueles encontrados em meninos.
■ Influencer usa celular para transmitir uma live tocando violão.
Ao observar com atenção esse fenômeno dos influencers, uma educação midiática direcionada a crianças e jovens pode favorecer a construção de competências e habilidades para que possam acessar as mídias com um olhar crítico e consciente. O objetivo é aprender a se perguntar se as mensagens que recebem promovem conhecimento, tolerância, empatia e a convivência pacífica consigo e com os demais.
BECKER, Clara; ALVES, Januária Cristina. Serás eternamente responsável por aquilo que compartilhas. Lunetas, 13 nov. 2023. Disponível em: https://lunetas.com.br/o-papel-dos-influenciadores-digitais-na-formacao-de-criancas-e-adolescentes/. Acesso em: 21 jul. 2024.
1. O artigo afirma que, em decorrência de questões sociais, as meninas e as mulheres costumam sofrer mais com pressões estéticas do que os meninos e os homens. Essa situação também acontece com meninas e mulheres que fazem parte de seu cotidiano? De que forma?
2. O que é preciso para que as crianças consigam desenvolver criticidade para discernir a boa da má influência? Você concorda com essas premissas?
3. Em sua opinião, com que idade é possível começar a introduzir a educação midiática para que as crianças desenvolvam criticidade em relação ao conteúdo que consomem? Por quê?
Conexões
O guia oferece diretrizes claras e práticas sobre como produzir conteúdos que respeitem e apoiem o desenvolvimento saudável dos jovens. Ele aborda questões de ética, segurança e responsabilidade, destacando a importância de educar e entreter de maneira consciente.
• #influencerdigitalnareal: guia para criadores de conteúdo infantojuvenil, de Januária Cristina Alves. Redes Cordiais: Galo da Manhã, 2021. Disponível em: https://www.redescordiais.org.br/wp-content/ uploads/2022/03/2203-InfluencerDigitalNaReal.pdf. Acesso em: 7 ago. 2024.
MUNDO DO TRABALHO
Os psicólogos desempenham um papel crucial no tratamento de transtornos de ansiedade, ajudando os indivíduos a identificar as causas subjacentes aos sintomas. Por meio de processos terapêuticos, como a terapia cognitivo-comportamental, esses profissionais ensinam técnicas para gerenciar a ansiedade, promover o bem-estar emocional e melhorar a qualidade de vida. Psicólogos também oferecem suporte em momentos de crise, ajudando as pessoas a desenvolver resiliência e habilidades de enfrentamento.
Os psicólogos têm se adaptado ao mundo virtual por meio da teleterapia, que possibilita que os pacientes recebam atendimento em qualquer lugar com acesso à internet. Plataformas on-line facilitam sessões de terapia por vídeo, oferecendo flexibilidade e acessibilidade, principalmente para as pessoas com dificuldades de deslocamento. Esse formato propõe confidencialidade e suporte, assim como as consultas presenciais.
Código Civil Brasileiro: conjunto de leis que regulam os direitos e os deveres das pessoas, bem como contratos, propriedades e responsabilidades civis no Brasil.
Você sabe o que significa responsabilidade civil? O termo refere-se à obrigação de reparar danos causados a terceiros por ações ou omissões que resultem em prejuízo material, moral ou físico. Esse tipo de responsabilidade pode ser contratual, decorrente do descumprimento de um contrato entre duas partes, ou extracontratual, por ato ilícito não relacionado a um contrato, conforme previsto no Código Civil Brasileiro.
Ilícito: ato ou comportamento que contraria a lei, sendo ilegal ou proibido; pode resultar em responsabilidade civil ou criminal.
Os influenciadores digitais também podem ser responsabilizados por eventuais danos causados por discursos e publicações de imagens nas redes sociais. Além disso, ao resenhar produtos ou indicar serviços, suas recomendações devem ser honestas e precisas. Caso contrário, podem enfrentar consequências legais por promover informações enganosas ou prejudiciais.
Ao assumir uma importante posição na estratégia de marketing, os influenciadores também precisam ter uma relação de transparência e ética tanto com as empresas quanto com os consumidores.
Atualmente, os influenciadores são obrigados por lei a sinalizar suas publicidades, ou seja, eles devem indicar quando estão fazendo propaganda de algum produto ou serviço, para que o público saiba que se trata de um conteúdo pago e que, portanto, é possível que alguma informação negativa sobre o que está sendo anunciado seja omitida.
■ Sinalizar publicidade é uma exigência legal para influenciadores, que precisam informar quando um post ou vídeo é pago. Isso ajuda o público a identificar conteúdos patrocinados, sabendo que as opiniões podem ser influenciadas e algumas informações negativas, omitidas. A transparência permite que os seguidores façam escolhas mais conscientes sobre o que consomem nas redes sociais.
Análise de engajamento
A medição de engajamento nas redes sociais é feita por meio da análise de várias métricas que indicam a interação dos usuários com o conteúdo. Isso inclui curtidas, comentários, compartilhamentos, visualizações, cliques em links e tempo de visualização. Ferramentas de análise de mídia social e algoritmos ajudam a compilar esses dados, proporcionando uma visão abrangente do desempenho das postagens e do comportamento dos seguidores.
Diversos profissionais podem atuar nessa área, incluindo estatísticos, analistas de dados, especialistas em marketing digital e cientistas de dados. Esses profissionais utilizam técnicas estatísticas e ferramentas de análise para interpretar os dados de engajamento, identificar tendências e oferecer insights que ajudam a otimizar as estratégias de conteúdo e aumentar a eficácia das campanhas nas redes sociais.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Nas redes sociais, você costuma consumir conteúdo de influenciadores de estilo de vida (atividades físicas, alimentação, viagens, moda etc.)?
Qual sua percepção sobre a forma como eles divulgam o conteúdo? Você sente algum tipo de pressão para se aproximar do estilo de vida de algum influenciador digital? Compartilhe suas respostas com os colegas.
2. Como você descreveria sua relação com os conteúdos de influenciadores? Trata-se de uma relação saudável, que traz benefícios, ou sua autoestima é impactada negativamente por não se parecer com eles ou não ter acesso a muitas das coisas que eles apresentam nas redes?
Assim como os sintomas de FOMO e FOLO, um comportamento excessivo e prejudicial dos usuários ao interagirem com influenciadores digitais, conhecido como “engajamento problemático”, ocorre quando há uma necessidade constante de verificar atualizações e acompanhar postagens de determinado influenciador digital. Esse comportamento muitas vezes é exacerbado por táticas usadas pelos influenciadores para manter o interesse das pessoas, o que provoca sentimentos de desconexão e de solidão nos seguidores ao ficarem longe das redes sociais ou não conseguirem acessar essas informações.
Leia o texto a seguir para saber mais sobre esse assunto.
TEXTO 3 Para a leitura do texto desta página, é preciso planejar antecipadamente com o professor de Língua Inglesa a melhor forma de conduzir a atividade.
Do you follow influencers on social media? Do you always check their posts? Do you find you’re spending too much time or becoming obsessed with checking influencers’ accounts? And when you can’t check in, do you feel disconnected or lost?
If you answered yes to all of these questions, you may have what’s known as “problematic engagement” with social media influencers.
But don’t blame yourself too much. You are among the many who have been swept away by dazzling social media influencing. And this can be attributed to many features and tactics social media influencers employ that help keep them influential – like livestreams and polls on Instagram. […]
[...]
Whether you are a fashion fan or want information on health and fitness – there’s an influencer to follow. And followers often gravitate towards them for their authenticity and content creation.
But less focus is put on the dark side of social media influencing. Influencers are motivated and often incentivized (through product and brand endorsement) to increase their power on social media and many are becoming more proficient in attracting and engaging followers. [...]
[...]
We argue that social media users who are attracted to influencers can become easily attached and engage excessively. Users need to be aware of, watch out for and exert self-regulations to manage their interactions with influencers. [...]
FARIVAR, Samira; WANG, Fang; TUREL, Ofir. The dark side of social media influencing. The Conversation, 12 maio 2022. Disponível em: https://theconversation.com/the-dark-side-of-social-media-influencing-181553. Acesso em: 24 jul. 2024.
NÃO ESCREVA NO LIVRO. Consulte as as respostas e as orientações no Manual do professor
1. Segundo o Texto 3, o que caracteriza um “engajamento problemático” nas redes sociais?
2. Quais são algumas das táticas usadas pelos influenciadores digitais para manter o engajamento dos seguidores nas redes sociais?
3. Você acha que os influenciadores digitais, principalmente os que utilizam as redes sociais para empreender, devem se preocupar com o tipo de engajamento de seus seguidores? Por quê? Compartilhe suas opiniões com os colegas.
4. O que você pode fazer para não se engajar de forma problemática nas redes sociais?
Consulte as orientações no Manual do professor.
Nesta etapa do projeto, você já percebeu que é necessário estar atento ao próprio comportamento ao usar as mídias sociais para não impactar seu bem-estar emocional. Agora, você já conhece as consequências negativas que podem ser vivenciadas quando as pessoas estabelecem uma relação tóxica com as mídias sociais e com influenciadores digitais.
Nesse contexto, surgiram os “desinfluencers ” ou “desinfluenciadores”, que são influenciadores digitais que focam seu conteúdo em desencorajar comportamentos de consumo excessivos e desnecessários. Ao contrário dos influenciadores que incentivam a compra de produtos e serviços, os desinfluencers” criticam práticas de marketing exageradas e recomendam alternativas mais conscientes e sustentáveis.
Entretanto, é importante analisar criticamente se a prática de desinfluenciar também não poderia ser uma estratégia de marketing disfarçada, com potencial para se tornar uma nova forma de influência comercial. Além disso, o desinfluenciamento não se limita apenas ao consumo sustentável, mas pode englobar movimentos mais amplos, como campanhas para reduzir ou até evitar o consumo. Durante este projeto, você investigará essas nuances ao pesquisar, criar e compartilhar conteúdos que promovam o bem-estar e o consumo consciente, sempre mantendo um olhar crítico sobre as intenções e os efeitos dessas práticas.
Para entender melhor esse conceito, você vai pesquisar e analisar postagens em redes sociais e, então, atuar como um desinfluencer, oferecendo alternativas conscientes e sustentáveis para situações que considerar nocivas. Para isso, siga o passo a passo indicado.
PASSO
1 Definição dos objetivos pessoais
• Pesquise o conceito de “desinfluenciar”. Faça uma busca de artigos e reportagens sobre o assunto.
• Pesquise perfis em redes sociais. Destaque diferenças entre influenciadores e desinfluencers.
PASSO
2 Identificação de postagens nocivas
• Faça uma curadoria. Selecione postagens nas redes sociais que considere nocivas, como aquelas que incentivam o consumo excessivo ou divulgam padrões de beleza fora da realidade.
• Analise as postagens. Explique, por meio de um texto expositivo, por que essas postagens são nocivas e quais podem ser seus efeitos negativos.
PASSO
3 Criação de alternativas positivas
• Junte-se ao colega com quem realizou a Etapa 1 da seção Em ação. Juntos, criem postagens alternativas que desincentivem comportamentos nocivos, promovendo mensagens de bem-estar. Produzam conteúdos multimídia (textos, imagens, vídeos).
Texto: escrevam textos curtos que ofereçam alternativas conscientes e sustentáveis.
Sejam claros e objetivos: usem linguagem simples e direta.
Apresentem soluções práticas: ofereçam alternativas reais e viáveis que os seguidores possam implementar no dia a dia.
Usem fatos e dados: apoiem suas sugestões com informações baseadas em pesquisas para aumentar a credibilidade.
Mantenham um tom positivo: encorajem mudanças de comportamento de forma positiva e empática, sem julgamentos.
Imagens: incluam mensagens de bem-estar, autenticidade e consumo responsável.
Utilizem elementos visuais relevantes: ícones, gráficos e ilustrações.
Mostrem exemplos reais: incluam fotografias de práticas sustentáveis, por exemplo.
Mantenham a simplicidade: evitem sobrecarregar a imagem com muitos elementos; a clareza é fundamental na hora de comunicar.
Vídeos: gravem vídeos curtos para transmitir as informações.
Planejem o roteiro: escrevam o conteúdo no formato introdução-desenvolvimento-conclusão, garantindo que todos os pontos sejam abordados.
Treinem a apresentação: antes de gravar, treinem com o roteiro em mãos para verificar se o conteúdo ainda pode melhorar.
Sejam vocês mesmos: falem de maneira natural.
Mantenham a qualidade: garantam boa iluminação, som claro e edição cuidadosa.
4 Planejamento da divulgação
• Desenvolvam um plano de divulgação para suas postagens, escolhendo as melhores plataformas e horários. Utilizem as redes da escola e programem-se com a ajuda dos professores.
• Compartilhem suas postagens e acompanhem a resposta do público, coletando feedbacks.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Há credibilidade no conteúdo de influencers digitais?
5 Reflexão
• Conversem com os colegas sobre a atividade e, então, respondam às seguintes questões, com base no que aprenderam nesta etapa.
a) Que tipo de compromisso ético é necessário para que uma pessoa produza conteúdo nas redes sociais?
b) Como evitar que a relação com os influenciadores impacte negativamente sua visão de si mesmo?
c) “Desinfluenciar” também é uma forma de influenciar? Justifique sua resposta.
Consulte as orientações no Manual do professor
Como as mídias sociais e as novas tecnologias impactam o mercado de trabalho?
■ O mercado de trabalho é diretamente impactado pelas mudanças tecnológicas.
Com a pandemia de covid-19, que teve início no ano de 2020, o mercado de trabalho foi impactado por mudanças significativas. No Brasil, o trabalho remoto e o trabalho híbrido se popularizaram, permitindo que profissionais de diversas áreas trabalhassem fora das sedes das empresas. Esse modelo trouxe benefícios para os trabalhadores, com a economia de tempo no transporte, e para as empresas, com a redução de custos operacionais.
A tecnologia digital foi um fator preponderante nessa transformação, pois proporcionou a continuidade das atividades profissionais e a adaptação a novos modelos de trabalho, por meio da facilitação da comunicação e da colaboração remota por meio de ferramentas como videoconferências, e-mails, aplicativos de mensagens instantâneas e plataformas de gerenciamento de projetos. Essas ferramentas permitiram que equipes mantivessem a produtividade, mesmo trabalhando a distância.
Além disso, a digitalização acelerada de processos empresariais e o aumento do acesso à internet de alta velocidade possibilitaram que empresas e profissionais se adaptassem rapidamente às novas condições de trabalho.
Com o avanço das tecnologias digitais, surgiram novas profissões. Os influenciadores digitais são um exemplo prático dessa transformação, pois utilizam plataformas de redes sociais para criar conteúdo, compartilhar suas opiniões e influenciar o comportamento de seus seguidores. Atualmente, essa profissão é fundamental para o marketing digital, pois os influenciadores alcançam públicos específicos e promovem produtos de maneira eficaz.
Além dos influenciadores, outras profissões essenciais para a infraestrutura digital moderna emergiram e consolidaram-se, como desenvolvedores de aplicativos, analistas de dados e especialistas em cibersegurança. Essas possibilidades profissionais demonstram como o mercado de trabalho continua se modificando rapidamente em resposta às inovações tecnológicas, exigindo habilidades e conhecimentos atualizados.
Para saber mais sobre a transformação do mercado de trabalho desencadeada pela tecnologia, leia o artigo a seguir.
Futuro do trabalho: 23% das profissões devem se modificar até 2027
[...]
[...] O futuro do trabalho não está mais tão distante. As tendências que pensávamos ver em 10 ou 2 0 anos chegarão em breve, no curto prazo, e já são impulsionadas por fatores políticos, ambientais, sociais e econômicos. Ao todo, 23% das ocupações devem se modificar até 2027, segundo o estudo Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum
Econômico Mundial [...]
[...]
Nos próximos cinco anos, a adoção de tecnologia será um fator-chave na transformação dos negócios, assim como a implementação de práticas ambientais, sociais e de governança, reunidas na sigla ESG , e de mudanças no cenário geopolítico e econômico, mostrou a pesquisa de opinião com executivos.
Segundo os profissionais, big data, computação em nuvem e inteligência artificial são as tecnologias mais populares sendo introduzidas em suas empresas hoje. Mais de 75% das empresas estão procurando incorporá-las nos próximos cinco anos. [...]
[...]
As transformações trazidas principalmente pelas novidades tecnológicas não apenas criam novos postos de trabalho, mas começam a transformar as habilidades exigidas pelos empregadores. Eles estimam que 44% das habilidades dos trabalhadores serão alteradas nos próximos cinco anos.
FUTURO do trabalho: 27% das profissões devem se modificar até 2027. Forbes, 1o maio 2023. Disponível em: https://forbes.com.br/ carreira/2023/05/futuro-do-trabalho-23-das-profissoes-devem-se -modificar-ate-2027/. Acesso em: 22 jul. 2024.
1. Observe os termos sublinhados no Texto 1 e responda:
a) Você sabe o que eles significam? Se necessário, realize uma pesquisa para formular sua resposta.
b) Você acha importante conhecer o significado desses termos? Por quê?
2. Em duplas, realizem as atividades a seguir.
a) Você tem interesse em seguir alguma das profissões citadas no Texto 1? Por quê? Há outras áreas tecnológicas que despertam seu interesse?
b) Escolha uma das profissões mencionadas ou outra que lhe interesse e pesquise as habilidades necessárias para atuar na área. Identifique quais dessas habilidades você já possui e quais precisa desenvolver.
c) Investigue as possibilidades de atuação dessa profissão em sua região ou de forma remota. Há oportunidades disponíveis? Se a resposta for não, o que poderia ser feito para que essa profissão se torne uma opção viável onde você vive?
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor
As transformações das práticas e dos ambientes de trabalho impulsionadas pelas inovações tecnológicas e pelas mudanças sociais são fenômenos dinâmicos que fazem parte da modernização do trabalho. Esse processo envolve a adoção de novas tecnologias, a reconfiguração dos espaços de trabalho e a evolução das relações trabalhistas para se adaptar às demandas do século XXI. No trabalho em modelo home-office, também conhecido como trabalho remoto, o funcionário desempenha suas funções na residência utilizando recursos tecnológicos para se comunicar e executar tarefas. O trabalho também pode ser realizado em qualquer local fora do ambiente tradicional da empresa, como cafés, coworkings ou até durante viagens, desde que haja conexão com a internet. Esse é um exemplo de transformação nos ambientes físicos de trabalho.
Internet das coisas: rede de dispositivos físicos conectados à internet que coletam e compartilham dados, que abrangem desde eletrodomésticos inteligentes, como termostatos e geladeiras, até sensores industriais, como câmeras de segurança e veículos conectados. O IoT permite a automação, o monitoramento em tempo real e a melhora da eficiência em várias áreas, como saúde, transporte e agricultura. A principal característica do IoT é a comunicação entre os dispositivos sem intervenção humana direta.
O avanço das tecnologias digitais tem sido um fator central na modernização do trabalho. Ferramentas como inteligência artificial (IA), big data, computação em nuvem e internet das coisas (IoT, sigla em inglês para a expressão Internet of Things) estão revolucionando a forma como as empresas operam. Essas tecnologias permitem a automação de tarefas repetitivas, a análise de grandes volumes de dados para a tomada de decisões bem informadas e a criação de novos modelos de negócios baseados na conectividade e na eficiência digital.
A modernização do trabalho exige que os trabalhadores desenvolvam novas habilidades. A educação continuada e a requalificação profissional são necessárias para que os indivíduos se mantenham competitivos no mercado de trabalho. Competências em áreas como tecnologia da
informação, análise de dados e gestão de projetos são cada vez mais valorizadas. Além disso, habilidades interpessoais, como comunicação eficaz, pensamento crítico e adaptabilidade, tornaram-se fundamentais.
As relações de trabalho também estão mudando com a modernização. Modalidades de trabalho mais flexíveis e autônomas, como freelancing e gig economy, são uma tendência crescente. Embora essas modalidades ofereçam mais liberdade aos trabalhadores, também podem resultar na precarização do trabalho, como redução de direitos trabalhistas, instabilidade e má remuneração, o que gera maior vulnerabilidade para esses profissionais.
Gig
Gig, em inglês, vem do jargão do mundo da música para se referir a apresentações que músicos faziam de maneira temporária. Com o tempo, o termo foi adotado para descrever qualquer trabalho temporário, não apenas na música, mas em diversas áreas profissionais. A gig economy refere-se a trabalhos curtos que caracterizam o modelo de trabalho flexível e sem vínculos formais.
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1. Em dupla, leiam os termos em inglês a seguir, relacionados à internet, a tecnologias digitais e ao mundo do trabalho.
Wi-Fi Bluetooth podcast backup update
Freelancing: trabalho autônomo em que indivíduos oferecem seus serviços a várias empresas ou clientes de maneira independente, sem vínculos empregatícios formais. Freelancers podem atuar em muitas áreas, como design gráfico, redação, programação e consultoria em diversos assuntos. Eles têm a liberdade de escolher projetos, horários e locais de trabalho, mas também são responsáveis por gerenciar seus negócios, incluindo a busca por clientes, a negociação de contratos e o pagamento de impostos. Gig economy : modelo econômico baseado em trabalhos temporários ou gigs, em que as pessoas realizam tarefas ou projetos específicos em vez de terem empregos fixos de longo prazo. Essas tarefas podem variar desde entregas por aplicativos até serviços freelance em diversas áreas de atuação.
hard skills job interview full-time hashtag networking software hardware link startup gadget
browser screenshot username upload download update upgrade firewall cloud router search engine algorithm bug cybersecurity virtual reality (VR) artificial intelligence (AI) internship outsourcing deadline skill set soft skills part-time spam cookie social media app
a) Iniciem descrevendo os termos que vocês já conhecem. Deem exemplos práticos de como aparecem ou são usados em sites, redes sociais e aplicativos utilizados por vocês.
b) Pesquisem o significado dos outros termos. Da mesma forma que fizeram no item a, deem exemplos práticos de como aparecem ou são usados em sites, redes sociais e aplicativos. Observem o exemplo.
Browser (navegador)
Significado: Um browser, ou navegador, é um software utilizado para acessar e navegar na internet. Ele permite que os usuários visualizem páginas da web, assistam a vídeos, leiam notícias, realizem pesquisas e muito mais.
Uso prático: Quando você digita um endereço de site na barra de pesquisa ou clica em um link em uma rede social, é o browser que carrega e exibe o conteúdo da página. Além disso, os browsers possuem funcionalidades, como favoritos e histórico de navegação, e extensões (plugins) que podem personalizar a experiência de navegação, como bloqueadores de anúncios e tradutores automáticos.
2. Existem, atualmente, termos equivalentes em português para esses termos em inglês?
Pegada de carbono: é a medida da quantidade total de emissões de dióxido de carbono (CO₂) e outros gases de efeito estufa que são produzidos direta ou indiretamente por uma pessoa, organização, evento ou produto. Essas emissões resultam de atividades como uso de combustíveis fósseis para o transporte, produção de energia, fabricação de bens e o desmatamento. A pegada de carbono é usada para avaliar o impacto ambiental dessas atividades e incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis que reduzam as emissões desses gases.
ATIVIDADES
A modernização do trabalho também abrange a incorporação de práticas sustentáveis e socialmente responsáveis. Empresas estão cada vez mais comprometidas com a adoção de políticas ambientais, sociais e de governança (ESG), o que envolve tecnologias digitais, pois a adoção de políticas ESG frequentemente depende de ferramentas tecnológicas geradas e utilizadas por profissionais de tecnologia para monitorar, medir e implementar essas práticas. A redução da pegada de carbono, por exemplo, pode ser facilitada por tecnologias digitais que otimizam o uso de energia. Além disso, a promoção de diversidade e inclusão pode ser apoiada por plataformas digitais que gerenciam e analisam dados demográficos e de desempenho, enquanto práticas éticas e transparentes são reforçadas por sistemas de governança digital. Medir e reduzir a pegada de carbono é importante para empresas que buscam práticas mais sustentáveis, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas e atendendo às demandas de consumidores e reguladores por maior responsabilidade ambiental.
As empresas costumam comunicar e divulgar nas mídias digitais suas políticas de ESG, permitindo que essas práticas sejam amplamente conhecidas e promovendo a transparência. Além disso, as redes sociais e outras plataformas digitais são usadas para engajar o público em discussões sobre sustentabilidade, diversidade e responsabilidade social, bem como para medir o impacto dessas iniciativas por meio de métricas de engajamento e feedbacks dos usuários.
Consulte as respostas e as orientações no Manual do professor.
1. Quais são as vantagens e as desvantagens do trabalho remoto em comparação com o trabalho presencial, principalmente em termos de condições de trabalho e qualidade de vida? Compartilhe suas respostas com os colegas.
2. Você acha que as políticas trabalhistas devem abranger freelancers? De que forma? Discuta esse assunto com os colegas.
3. De que maneira as redes sociais podem influenciar a percepção pública das práticas de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas?
As mudanças no mercado de trabalho não se limitam ao surgimento ou extinção de profissões, elas incluem a precarização causada pelas novas tecnologias. A automação e o uso crescente de inteligência artificial estão substituindo algumas funções – por exemplo, no atendimento a clientes (na área de prestação de serviços e comércio), tarefas de contabilidade (na área administrativa) – e funções repetitivas como montagem de peças e soldagem na linha de produção (nas áreas industriais), o que resulta na redução de postos de trabalho em setores como manufatura e serviços e na perda de segurança e benefícios, além de maior dependência de empregos temporários e instáveis.
O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023 está disponível em: https://www.weforum.org/publications/the-future-of-jobs-report-2023/. Acesso em: 9 set. 2024.
Segundo o “Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2023”, emitido pelo Fórum Econômico Mundial, em 2023, está previsto que 23% dos empregos no mundo mudem até 2027, com 69 milhões de novos empregos criados e 83 milhões eliminados.
Paralelamente, a transformação digital, impulsionada pela big data e pela computação em nuvem, exige habilidades altamente especializadas, o que pode aumentar a desigualdade socioeconômica, pois trabalhadores que não se adaptam rapidamente às novas tecnologias enfrentam dificuldades para se manter competitivos. Isso cria uma divisão na força de trabalho: de um lado, os que têm acesso a treinamento, educação e, portanto, a melhores oportunidades; de outro, aqueles que, sem acesso a esses recursos, acabam submetendo-se a funções menos qualificadas e precárias, perpetuando disparidades de renda e oportunidades.
Leia o trecho da reportagem a seguir.
Como a terceirização e a uberização precarizam as condições de vida dos trabalhadores
[...]
O mercado de trabalho por aplicativo – ou uberização do trabalho – explodiu no Brasil, durante a pandemia da covid-19. Esta modalidade de trabalho teve início, em junho de 2010, na cidade de São Francisco, Califórnia, Estados Unidos. Chegou em terras brasileiras em 2014. A primeira cidade a adotá-la foi o Rio de Janeiro. Rapidamente se espalhou pelo país. [...] Hoje existem cerca de 1,27 milhão de pessoas trabalhando como motoristas e outras 385 mil como entregadores para aplicativos no Brasil. O dado é de uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia. O estudo mapeou o perfil desses trabalhadores, levando em conta questões como raça, renda e tempo de jornada, com base em informações cedidas pelos próprios apps [...]. Entre os motoristas, 95% são homens, dos quais 62% declaram-se negros ou pardos, e têm em média 39 anos. Já entre os entregadores, 97% são homens, dos quais 68% se declaram negros ou pardos, com idade média de 33 anos.
Com a facilidade que supostamente viria pelo trabalho independente já que estavam sendo chamados de microempresários, donos do seu próprio nariz e horário, aos poucos grande parte dos uberizados caiu na realidade. [...]
[...]
■ Entregadores de aplicativo protestam por melhores condições de trabalho em São Paulo (SP). Fotografia de 2021.
“O mais grave de tudo é a terceirização da atividade-fim. Ela potencializa o trabalho escravo, a exploração da mão de obra e a precarização. Cabe a nós revogar isso. De cada dez trabalhadores resgatados em condição análoga à escravidão, nove são terceirizados”, disse o senador gaúcho Paulo Paim (PT) em 2018. Mesmo assim, o Senado aprovou a lei, depois declarada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 2020.
BORTOLON, Eugênio. Como a terceirização e a uberização precarizam as condições de vida dos trabalhadores. Brasil de Fato, Porto Alegre, 24 jul. 2023. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/07/24/como-a-terceirizacao-e-a-uberizacao-precarizam-as -condicoes-de-vida-dos-trabalhadores. Acesso em: 22 jul. 2024.
as respostas e as orientações no Manual do professor
1. O que você entende por “uberização” do trabalho? Por que você acha que o termo foi usado no Texto 2 para designar esse tipo de serviço?
2. Converse com os colegas: Em sua opinião, esse modelo de trabalho pode impactar a dignidade e a segurança no trabalho? Por quê?
Nesta etapa, você se aprofundou na influência das novas tecnologias, sobretudo as mídias digitais e as plataformas de serviços, no mercado de trabalho. Não se trata de um assunto simples, pois envolve muitos aspectos da sociedade e interfere profundamente em como nos organizamos socialmente. As novas tecnologias não só transformam as relações de trabalho como também criam, modificam e extinguem profissões, além de impactarem o meio ambiente. Por isso, o tema deve ser discutido a fundo, sempre recorrendo a especialistas que pesquisam e debatem o assunto há muito tempo.
Nesta seção, você vai pesquisar, com um colega, profissões que surgiram como uma consequência das redes sociais ou que foram bruscamente modificadas por elas. O intuito é que a turma produza um guia de profissões relacionadas às mídias sociais. Para isso, siga o passo a passo.
PASSO
1 Definição dos objetivos da pesquisa
• Escolham as profissões. Determinem que tipo de profissões vocês vão explorar: profissões que surgiram recentemente ou que foram modificadas pelas mídias sociais e pelo avanço das tecnologias digitais?
• Definam aspectos da profissão para explorar: funções específicas, requisitos educacionais ou tendências de mercado.
Atenção: Para que o guia de profissões fique bem completo, a escolha das profissões deve ser feita com as duplas formadas na turma. Para fazer o Passo 1, contem com a ajuda do professor.
PASSO
2 Seleção de fontes de pesquisa
• Utilizem motores de busca de sites especializados em carreiras. Vocês também podem pesquisar em publicações e notícias sobre marketing digital e tecnologia para identificar informações relevantes.
PASSO
3 Identificação e escolha das profissões
Especialista em SEO (Search Engine Optimization): É um profissional responsável por otimizar sites, blogues ou páginas na internet para melhorar sua visibilidade nos motores de busca. O objetivo do SEO é fazer com que o conteúdo apareça entre os primeiros resultados de pesquisa, atraindo mais visitantes, sem a necessidade de pagar por anúncios.
• Listem profissões diretamente ligadas às mídias sociais. Por exemplo, gerente de mídias sociais, analista de conteúdo, especialista em SEO, influenciador digital e estrategista de mídias sociais.
• Escolham as profissões. Cada dupla ficará responsável por, pelo menos, duas profissões.
PASSO
4 Coleta das informações
• Para cada profissão, busquem detalhes sobre as responsabilidades, as habilidades necessárias, a formação recomendada, a faixa salarial e as oportunidades de crescimento.
PASSO
5 Análise do mercado de trabalho
• Investiguem as demandas do mercado para essas profissões. Isso inclui as áreas de crescimento, os tipos de empresa que contratam e a relevância dessas funções no contexto atual.
PASSO
6 Organização e apresentação dos resultados
• Compilem as informações em um formato organizado. Pode ser um relatório ou apresentação, destacando as descobertas mais importantes e as tendências observadas.
PASSO
7 Organização do Guia de profissões
• Cada profissão pesquisada pelas duplas deve ter uma descrição clara e objetiva. Vocês podem incluir gráficos, tabelas ou infográficos que facilitem a compreensão dos dados.
• Compilem todas as informações que as duplas pesquisaram em um formato acessível. Um documento digital ou uma apresentação. Certifiquem-se de que o guia seja visualmente atraente e fácil de navegar.
PASSO
8 Divulgação do Guia de profissões
• Apresentem o guia para outras turmas da escola e considerem disponibilizá-lo em um meio virtual para que outros estudantes possam acessá-lo.
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora desta etapa: Como as mídias sociais e as novas tecnologias impactam o mercado de trabalho?
■ O mercado de trabalho está em constante transformação, com novas profissões surgindo e outras se adaptando às demandas das tecnologias digitais. Na fotografia, profissional em sala do servidor de uma empresa.
Para se preparar para esta etapa final, é importante se familiarizar com o formato do podcast. Caso você não tenha o hábito de consumir esse tipo de mídia, ouça alguns episódios de podcasts de formatos variados, como informacional, investigativo, narrativo ou de variedades.
Consulte as orientações no Manual do professor
Você provavelmente já ouviu algum podcast, certo? Essa mídia, que se assemelha aos programas de rádio, é composta de episódios postados periodicamente nas plataformas de distribuição, que podem ser serviços de streaming ou sites próprios. Existem diversos tipos de podcast que abordam praticamente qualquer tema – afinal, você já sabe que basta procurar algo na internet para encontrar alguém falando sobre o assunto buscado. O formato dos episódios pode variar, com entrevistas, debates ou mesmo uma única pessoa discorrendo sobre um tema.
Para finalizar este projeto, você e os colegas vão usar os dados reunidos e as reflexões que fizeram nas atividades, principalmente nas seções Em ação, para produzir um podcast, informando os ouvintes sobre as mídias sociais e seus impactos na sociedade.
■ Com o auxílio do professor, reservem um tempo para ouvir podcasts de interesse da turma. Assim, poderão se inspirar nos efeitos sonoros e em como os programas são conduzidos para produzir o podcast de vocês.
• Organizem-se em cinco grupos. Cada um ficará responsável pela produção de um episódio que terá como tema um assunto discutido no projeto. Definam o formato do podcast (informativo, debate, conversa informal etc.) e escolham um dos temas apresentados no Passo 2 , a seguir.
2
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Escolha do tema
• Impacto das mídias sociais nas relações interpessoais.
• Relações entre mídias sociais e saúde mental.
• Influenciadores digitais, ética e responsabilidade.
• Precarização do trabalho na sociedade contemporânea.
• Profissões na sociedade contemporânea.
Elaboração do roteiro
• Esbocem um roteiro. O roteiro é um guia para o momento da locução dos podcasts. Nele, os participantes ou o apresentador inserem as informações mais importantes, como o tema do programa, a duração, os assuntos que serão tratados, a apresentação dos convidados etc.
Gravação
• Treinem a locução do que será gravado para o podcast. Aproveitem e cronometrem o tempo de duração das falas.
• Se necessário, façam alterações. Revisem o roteiro para reduzir ou aumentar os textos, de acordo com o que acharem adequado.
• Sigam o roteiro revisado para gravar o episódio.
5
6
Edição
• Edição da gravação. Como vocês seguiram um roteiro, há uma lógica narrativa na conversa gravada, o que vai facilitar bastante o trabalho de edição. Nesse processo, é importante cortar momentos de silêncio ou hesitação, bem como equívocos que vocês tenham cometido. Outro aspecto importante da edição é a inclusão de vinheta e trilha sonora.
Divulgação
Trilha sonora: música que compõe o ambiente da gravação.
Vinheta: chamada de curta duração utilizada na abertura, no encerramento ou em determinado momento do programa, utilizada para identificar, destacar ou separar blocos de conteúdo.
• É importante divulgar o podcast para as outras turmas da escola e para a comunidade escolar. Algumas opções são:
a) o canal de compartilhamento escolhido no início do projeto;
b) as mídias sociais da escola;
c) as contas pessoais de vocês em mídias sociais ou em aplicativos de mensagens instantâneas;
d) um cartaz que possa ser afixado em um espaço de grande circulação, próximo à saída ou à entrada da escola.
Caso decidam divulgar por escrito, escrevam um pequeno texto explicando o assunto tratado no podcast de modo atrativo e convidativo, para atrair possíveis ouvintes. Depois, é só publicar e compartilhar!
Aproveitem para retomar a pergunta norteadora deste projeto: É possível ter uma relação saudável com as mídias sociais?
Para finalizar este Projeto Integrador, é importante realizar uma avaliação de sua participação tanto individual quanto coletiva. Para isso, em uma folha de papel sulfite, faça o que se pede.
1. Sobre seu envolvimento e o da turma neste Projeto Integrador, responda às questões a seguir.
a) Houve participação em todas as atividades propostas? Argumente.
b) Em qual etapa houve mais dedicação? Em qual houve menos? Justifique.
c) Atribua uma nota de zero a dez para sua participação e a da turma neste projeto. Argumente sobre essas notas.
d) Em relação a suas ações, em quais aspectos você acredita que pode melhorar na realização do próximo projeto? Em quais aspectos a turma pode melhorar?
e) Junte-se a um colega para comparar as respostas dadas às questões anteriores, verificando com quais itens da avaliação vocês concordam e de quais discordam.
f) Escreva, de modo sucinto, quais foram suas dificuldades e quais aprendizagens desenvolveu no decorrer deste projeto.
2. Em relação ao assunto deste Projeto Integrador, você:
a) discutiu, argumentando com base em informações confiáveis, sobre os impactos positivos que as mídias sociais têm na maneira como as pessoas se comunicam e compartilham informações?
b) refletiu sobre prejuízos à saúde física e mental decorrentes do uso exagerado das mídias sociais?
c) discutiu os impactos positivos e negativos dos influenciadores digitais?
d) refletiu sobre a precarização e a modernização do mercado de trabalho e como elas se relacionam com o avanço tecnológico, sobretudo com as mídias sociais?
e) organizou, gravou e divulgou, como produto final deste projeto, um podcast abordando os temas discutidos no decorrer do projeto, apresentando opiniões formadas com base em pesquisas feitas em fontes confiáveis e nas leituras realizadas?
3. Sobre as seções Em ação, responda às questões a seguir.
a) Em sua opinião, quais foram os pontos positivos dessas seções em cada etapa do projeto? E quais foram os pontos negativos?
b) Como foi sua participação no desenvolvimento desse trabalho?
c) Registre as dificuldades que você encontrou e como buscou solucioná-las.
ALMEIDA, Tania; PELAJO, Samantha; JONATHAN, Eva (coord.). Mediação de conflitos : para iniciantes, praticantes e docentes. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Juspodivm, 2019.
Destinada a três tipos de pessoas interessadas na temática da mediação de conflitos: iniciantes, praticantes e docentes, essa obra apresenta orientações teóricas e práticas sobre o método de resolução de conflitos.
AMARAL, Ana Carolina Soares. Imagem corporal de adolescentes: descrição e intervenção preventiva em âmbito escolar. 2015. Tese (Doutorado em Psicologia) –Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ ufjf/1544. Acesso em: 29 set. 2024.
A tese avalia a eficácia de aplicar intervenções preventivas em adolescentes com transtornos de imagem corporal e alimentares, com foco na dimensão atitudinal da imagem corporal e em suas associações com autoestima, depressão e transtornos alimentares, e na maneira como meninas e meninos adolescentes lidam com essas questões.
AMSTUTZ, Lorraine Stutzman; MULLET, Judy H. Disciplina restaurativa para escolas: responsabilidade e ambientes de cuidado mútuo. Tradução de Tônia Van Acker. São Paulo: Palas Athena, 2012. Fundamentadas nas práticas restaurativas, as autoras desse livro aplicam a mesma lógica para analisar os conflitos escolares.
ARAÚJO, Ulisses F. Temas transversais, pedagogia de projetos e mudanças na educação. São Paulo: Summus, 2014. (Coleção Novas Arquiteturas Pedagógicas).
Esse livro discute o papel dos temas transversais, articulados com a pedagogia de projetos e com os princípios de interdisciplinaridade, na construção de caminhos para a educação formal e para a ressignificação da prática docente.
BRASIL. Ministério da Educação. Temas contemporâneos transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. Documento emitido pelo Ministério da Educação (MEC) que apresenta o contexto histórico e os pressupostos pedagógicos relativos ao trabalho com os Temas Contemporâneos Transversais (TCT).
BRINGHURST, Robert. Elementos do estilo tipográfico. São Paulo: Ubu, 2022.
Redigido e idealizado pelo tipógrafo, ensaísta e poeta estadunidense Robert Bringhurst, o livro compila e analisa detalhadamente a história da tipografia ocidental com uma linguagem extremamente acessível e cativante.
CARDOSO, Rafael. Design para um mundo complexo. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
Essa obra examina a função do design na era contemporânea, marcada tanto pela sobrecarga de informações quanto pela imaterialidade que permeia a vida moderna.
CAVALCA, Renata Falson. O protagonismo juvenil: o direito fundamental à educação como instrumento de inclusão social do adolescente trabalhador. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021. O livro aborda temas como educação, aprendizagem e inclusão social, além de discutir a importância do combate ao trabalho infantil.
CHRISTOV, Luiza Helena S. Escola como espaço para a aprendizagem da convivência democrática e do respeito à diversidade. In: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Saber em ação 2013. São Paulo: Sesi, 2013.
Nesse texto, a escola é compreendida como um lugar privilegiado para aprender a viver junto e a respeitar a diversidade.
CLAUDE Monet , s Giverny. Disponível em: https:// claudemonetgiverny.fr/en/. Acesso em: 28 set. 2024. No site, é possível conhecer a casa e os jardins em que viveu o pintor impressionista Claude Monet, em Giverny, na França.
DARIDO, Suraya Cristina (org.). Educação Física no Ensino Médio: diagnóstico, princípios e práticas. Ijuí: Unijuí, 2017. As três partes que compõem o livro abordam a relação entre Educação Física e ensino.
FADEL, Luciane Maria; ULBRICHT, Vania Ribas; BATISTA, Claudia Regina (org.). Design para acessibilidade e inclusão. São Paulo: Blucher, 2018. Coletânea de vinte trabalhos focados em design , acessibilidade e inclusão, que exploram a relação entre o design e o direito à plena participação cidadã.
FAUSTINI, Marcus (org.) Rene Silva: ativismo digital e ação comunitária. Rio de Janeiro: Cobogó, 2020. (Coleção Cabeças da Periferia).
O livro taz uma entrevista com Rene Silva, fundador do jornal Voz das Comunidades
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
A obra explora as relações entre linguagem, conhecimento e poder ao longo da história e analisa a influência das formas de saber nas sociedades e em suas estruturas.
FREITAS, Maria Helena Sassi. Oralidade e cultura. Laboratório de Pesquisa em Identidade e Diversidade Cultural – Unesp, São Paulo, 2010. Disponível em: https:// identidadediversa.wordpress.com/projetos-coletivos/ oralidade-e-cultura/. Acesso em: 10 out. 2024.
Artigo que apresenta a cultura oral como uma forma de representatividade de um povo ou grupo social, destacando a importância da manutenção dessa tradição.
GONDIM, Sônia Maria G.; MORAIS, Franciane Andrade de; BRANTES, Carolina dos Anjos A. Competências socioemocionais: fator-chave no desenvolvimento de competências para o trabalho. Revista Psicologia –Organizações e Trabalho, v. 14, n. 4, p. 394-406, out./dez. 2014. As autoras defendem a ideia de que o domínio de competências socioemocionais é relevante no
desenvolvimento de habilidades para o trabalho, que não são atributos inatos, mas capacidades adquiridas nos processos de socialização familiar, educacional e profissional.
GUARESCHI, Pedrinho A.; BIZ, Osvaldo. Mídia, educação e cidadania: tudo o que você deve saber sobre mídia. Petrópolis: Vozes, 2015. Esse livro apresenta uma reflexão sobre o papel da mídia na atualidade e sobre a importância de a educação ampliar as possibilidades dos cidadãos de se comunicarem.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO, Joseph (ed.). História geral da África I: metodologia e Pré-História da África. 2. ed. rev. Brasília, DF: Unesco, 2010.
O capítulo comenta especificamente um dos papéis da oralidade: a manutenção da tradição de um povo, especialmente de povos africanos.
HELLER, Eva. A psicologia das cores: como as cores afetam a emoção e a razão. São Paulo: Gustavo Gili, 2012.
Essa obra explora a relação entre as cores e os sentimentos e apresenta essas combinações como experiências universais enraizadas culturalmente.
HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat.
A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2017.
Nessa obra, a principal proposta dos autores é reorganizar o currículo por projetos. Nessa proposta, o professor deve deixar o papel de “transmissor de conteúdos” para se transformar em um pesquisador, e o estudante, por sua vez, passa a ser o sujeito do processo ensino-aprendizagem.
KAWASHIMA, Larissa Beraldo; GODOI, Marcos; MARTINS, Elias. Educação Física no Ensino Médio Integrado da Rede Federal: compartilhando experiências. 2021. E-book. Disponível em: https://www.researchgate.net/ publication/353665026. Acesso em: 29 set. 2024.
O e-book é uma coletânea de textos sobre as experiências do ensino de Educação Física em institutos federais de diferentes regiões brasileiras e apresenta reflexões sobre as práticas docentes e curriculares.
MANZINI, Ezio. Proximidade habitável: ideias para a cidade que cuida. São Paulo: Blucher, 2024. Esse livro contribui para um debate social sobre a cidade e seu futuro, fundamentando-se na noção de uma cidade funcionalmente próxima, onde tudo se encontra a poucos minutos a pé de casa. Essa proposta é complementada por uma proximidade relacional, que promove mais oportunidades de interação, apoio mútuo, cuidado com o meio ambiente e colaboração em prol de objetivos comuns.
NOGUEIRA, Nilbo R. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2008.
Nessa obra, o autor aborda a pedagogia dos projetos como uma estratégia para auxiliar na formação do sujeito integral, enfatizando as vantagens para o desenvolvimento das habilidades e competências e para a conquista da autonomia.
OLIVEIRA JUNIOR, Lafaiete Luiz de et al. Exercício físico na infância e na adolescência. Porto Alegre: Sagah, 2022. O livro apresenta um cojunto de artigos escritos por profissionais da área de Educação Física e uma abordagem detalhada sobre os conceitos de saúde e doença, bem como de atividades, aptidões e exercícios físicos voltados para a população infantojuvenil.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Brasília, DF: ONU, 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020 -09/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 10 out. 2024.
O documento apresenta diretrizes, metas e visões estabelecidas pela ONU para garantir a dignidade e a qualidade de vida dos seres humanos, preservando o meio ambiente e assegurando o bem-estar das futuras gerações.
PACHECO, Denis. Arte rupestre pode ajudar a entender como linguagem humana evoluiu. Jornal da USP, São Paulo, 21 mar. 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/ciencias/ ciencias-humanas/arte-rupestre-pode-ajudar-a-entender -como-linguagem-humana-evoluiu/. Acesso em: 28 set. 2024.
O artigo discute como a arte rupestre pode fornecer percepções sobre a evolução da linguagem humana, mostrando a importância dessas expressões artísticas no desenvolvimento cognitivo e na comunicação simbólica.
SANTOS, Myrian Sepúlveda dos. Memória coletiva e teoria social. São Paulo: Annablume, 2003.
A obra explora como a teoria social busca alternativas para enfrentar a perda de valores na modernidade, destacando a relação entre passado, tempo, espaço e memória.
SETTON, Maria da Graça. Mídia e educação. São Paulo: Contexto, 2010.
Esse livro busca apresentar a mídia como espaço educativo e transmissor de informações e valores, ampliando a reflexão sobre sua função e suas implicações no cotidiano das pessoas.
SILVA, Júlio Cezar Augusto da. Design para sustentabilidade: um guia para projetar soluções de baixo impacto ambiental. São Paulo: Blucher, 2022.
Um livro prático que busca oferecer soluções simples e diretas, organizadas por estratégias de ecodesign, para o desenvolvimento de produtos e serviços com baixo impacto social e ambiental.
TOGNETTA, Luciene Regina P.; VINHA, Telma P. Estamos em conflito, eu comigo e com você: uma reflexão sobre o bullying e suas causas afetivas. In: CUNHA, Jorge Luiz da; DANI, Lúcia Salete C. (org.). Escola, conflitos e violências Santa Maria: Editora UFSM, 2008.
Esse livro desafia os leitores a refletir sobre os limites e as possibilidades de educar diante da violência e dos conflitos nas escolas.
TOLENTINO, Jia. Falso espelho. São Paulo: Todavia, 2021. O livro traz uma série de ensaios sobre a relação entre autoimagem e internet.
Caro professor,
Sabemos que o processo de ensino-aprendizagem é dinâmico e desafiador e nosso objetivo é apoiar você, educador, nessa jornada. Este manual foi elaborado com o intuito de servir como uma ferramenta prática e eficiente, oferecendo subsídios para o planejamento de suas aulas e a execução das atividades propostas.
Aqui, você encontrará orientações detalhadas sobre a condução dos projetos desenvolvidos, sugestões de atividades e estratégias que podem ser adaptadas às necessidades de sua turma.
Nossa intenção é proporcionar suporte para que suas práticas pedagógicas sejam enriquecedoras e eficazes, promovendo o desenvolvimento integral dos estudantes.
Esperamos que este material contribua para seu trabalho, potencializando o aprendizado e fortalecendo seu papel como mediador do conhecimento.
Boas aulas!
Orientações gerais
A Política Nacional de Ensino Médio 211
Trabalho com competências e habilidades 213
Estudante protagonista ...........................215
Culturas juvenis 216
Contextualizar para dar sentido à aprendizagem 217
Temas Contemporâneos Transversais 217
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 220
Mundo do trabalho e juventudes 221
Atualidade e desafios do mundo do trabalho 222
Projetos Integradores 223
Interdisciplinaridade e áreas de conhecimento 224
A contribuição da área de Linguagens e suas Tecnologias e de seus componentes curriculares 226
Aprendizagem baseada em projetos 228 O trabalho docente 232
Metodologias ativas 233
Habilidades digitais........................................236
Competências socioemocionais ................. 236
Escola plural e inclusiva ..............................
Desafios da sala de aula
Descrição das seções e dos boxes 242 Orientações específicas
Projeto 1 – Como usar sua voz para mudar realidades? 243
Projeto 2 – Quais são as memórias de sua comunidade? .................................... 251
Projeto 3 – Corpo saudável, mente saudável? 262
Projeto 4 – Como o design e a comunicação afetam o cotidiano?
Projeto 5 – Como praticar o diálogo? ............................................................
Projeto 6 – É possível ter uma relação saudável com as mídias sociais?
Transcrição dos podcasts 299
Jovens protagonistas e transformadores............................................299
Lendas indígenas e a tradição oral no Brasil 299
Como a tecnologia pode preservar a memória cultural 300 Todos contra o bullying e os padrões opressivos 301
Comunicação não violenta e direitos humanos nas escolas ................ 302
Referências bibliográficas comentadas
No panorama das políticas públicas voltadas para a educação, em fevereiro de 2017 entrou em vigor a Lei no 13.415, que foi elaborada com o objetivo de reformar a organização curricular do Ensino Médio. Entre outras finalidades, pretendia-se com essa lei reduzir os índices de evasão e reprovação escolar, dois dos principais desafios do Ensino Médio atualmente.
De acordo com o cronograma definido pelo governo federal, a implementação de um Novo Ensino Médio deveria ocorrer de maneira progressiva até 2024. Foram, contudo, identificados problemas durante a implementação da reforma, antes mesmo que ela fosse concluída. Em azão disso, o Ministério da Educação decidiu retomar as discussões sobre o Ensino Médio e instituir a Política Nacional de Ensino Médio (Lei no 14.945, de 2024). Essa lei revogou parcialmente a Lei no 13.415, de 2017, e alterou a Lei no 9.394, de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB)1, promovendo outra reforma do Ensino Médio, cuja implementação foi adiada para 2025. O movimento do governo federal para instaurar uma renovação curricular das instituições públicas e privadas que oferecem vagas para esse segmento de ensino é resultante do Plano Nacional da Educação
vigente no período de 2014 a 2024, cujas metas 3 e 6 preveem, respectivamente, a universalização progressiva do atendimento escolar de jovens de 15 a 17 anos, além da renovação do Ensino Médio, com abordagens interdisciplinares e currículos flexíveis, e a ampliação da oferta da educação de tempo integral, com estratégias para o aumento da carga horária e para a adoção de medidas que otimizem o tempo de permanência do estudante na escola. Essa proposta, portanto, é proveniente de um longo debate educacional que começou a tomar forma com a promulgação da Constituição Brasileira, em 1988, e com a LDB, em 1996, e se viabilizou juridicamente com as mais recentes regulamentações. Além da ampliação da carga horária, a reforma inclui a flexibilização do currículo escolar, especificando uma parte para a Formação Geral Básica (FGB) – na qual os conteúdos são obrigatórios e comuns a todas as escolas de Ensino Médio – e outra a ser definida com a participação dos estudantes, que poderão escolher Itinerários Formativos (IF) segundo seus interesses e a disponibilidade nas instituições de ensino. Essas duas partes do currículo devem se complementar de maneira que uma ajude a outra a atribuir significado ao processo de ensino-aprendizagem. No quadro comparativo a seguir, são apresentadas as principais mudanças que devem ser implementadas a partir de 2025, de acordo com a Lei no 14.945, de 2024.
• Eram estabelecidas 1 800 horas de carga horária obrigatória para a FGB).
• Eram estabelecidas 1 200 horas de carga horária para os IF.
• As escolas podiam definir os IF a serem ofertados.
• M atemática e Língua Portuguesa eram os únicos componentes curriculares obrigatórios em todos os anos do Ensino Médio.
• Eram estabelecidas 1 800 horas de carga horária obrigatória para a FGB no Ensino Técnico.
• Eram estabelecidas 1 200 horas de carga horária para os IF do Ensino Técnico.
• São estabelecidas 2 400 horas de carga horária obrigatória para a FGB.
• São estabelecidas 600 horas de carga horária para os IF.
• As escolas precisam ofertar, no mínimo, dois IF, que devem contemplar todas as áreas de conhecimento.
• Todos os componentes curriculares obrigatórios na FGB devem ser oferecidos em todos os anos do Ensino Médio.
• S ão estabelecidas 2 1 00 horas de carga horária obrigatória para a FGB, podendo ser dedicadas 300 horas a conteúdos da FGB que estejam relacionados ao Ensino Técnico.
• São estabelecidas até 1 200 horas de carga horária para os IF do Ensino Técnico.
Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. Panorama MEC: Política Nacional do Ensino Médio. Brasília, DF: MEC, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/centrais-de-conteudo/infograficos/politica-nacional-ensino-medio-bra-jul-24.pdf. Acesso em: 9 out. 2024.
1 A Lei no 9.394 é um dos principais marcos históricos da reformulação do sistema educacional brasileiro.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC)2, homologada em 2018, orienta a elaboração dos currículos alinhados ao Novo Ensino Médio e garante uma base comum mínima para todos eles. A principal finalidade da BNCC é promover a equidade na educação brasileira ao balizar as aprendizagens essenciais em todos os segmentos da Educação Básica. Isso contribui para alinhar a educação às demandas sociais atuais e melhorar a articulação entre os diferentes atores envolvidos no processo escolar. Na prática, essas aprendizagens se efetivam por meio do desenvolvimento, pelos estudantes, das competências e habilidades mobilizadas em sala de aula. A BNCC também explicita os fundamentos pedagógicos que devem nortear a concepção de educação a ser praticada nas escolas: o foco no desenvolvimento de competências e o compromisso com a educação integral dos estudantes. Na elaboração dessas orientações, não se desconsiderou o conhecimento acumulado pela humanidade, mas se entendeu que ele precisa ser contextualizado e problematizado a fim de ser reconstruído e consolidado, possibilitando a construção de outros conhecimentos que possam ser aplicados no entendimento do mundo contemporâneo, identificando problemas e propondo soluções.
Essencial ao novo projeto para o Ensino Médio, a formação integral é definida na BNCC como o desenvolvimento intencional dos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais dos estudantes por meio de processos educativos que promovam a autonomia, o comportamento cidadão e o protagonismo “em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida”3. Para que essa prática seja alcançada, a organização curricular deve propiciar a devida articulação dos conteúdos dos diferentes componentes curriculares com as práticas sociais dos diversos campos da atividade humana, tendo como consequência esperada a atribuição de significado a esses conteúdos pelos estudantes.
Outra novidade implementada no Novo Ensino Médio é a organização curricular por área do conhecimento. Embora já estivesse presente nos documentos educacionais oficiais, essa proposta foi consolidada de maneira efetiva na BNCC, por meio do agrupamento das competências e habilidades em quatro áreas do conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências da Natureza e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
É nesse contexto da reforma do Ensino Médio, tendo a BNCC como principal referência pedagógica, que se inserem as propostas de Projetos Integradores apresentadas
nesta obra, buscando atender às demandas do cenário educacional atual com base em seus pilares de protagonismo juvenil, flexibilização e formação integral. Isso faz parte do esforço da educação brasileira para aproximar os estudos da realidade dos estudantes, capacitando-os à participação e à intervenção neste mundo, marcado pela transformação das formas de trabalho e de socialização.
Com essas características centrais, pretende-se favorecer as práticas escolares que atribuem significado aos processos de ensino-aprendizagem, ajudando os estudantes a consolidar seus projetos de vida – os quais, por vezes, incluem o enfrentamento dos exames seletivos de acesso ao Ensino Superior – e a desenvolver as competências e as habilidades necessárias para o exercício da cidadania e para a atuação no mercado de trabalho.
Práticas escolares que contribuem para atribuir significado ao processo de ensino-aprendizagem, a flexibilização curricular e o protagonismo dos jovens na construção de seu conhecimento não são ideias novas; algumas são seculares. Logo, no contexto do Novo Ensino Médio, o novo não está no âmbito das ideias, mas em sua implementação, considerando as possibilidades e limitações do atual cenário social, econômico, cultural e tecnológico do país. O novo está no efetivo cumprimento dos objetivos que justificam a proposição dessa reforma, que é colocar a educação a serviço da construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva.
Nesse sentido, pretende-se, com os seis Projetos Integradores que compõem este volume, atribuir sentido aos conceitos estudados ao longo da vida escolar e relacioná-los ao conhecimento a ser construído pelos jovens, em um processo de aprendizagem por meio da leitura e da interpretação dos fenômenos naturais e sociais, da identificação e da descrição dos problemas observados nesse contexto, bem como da proposição e da validação de estratégias para a solução dessas demandas.
As propostas foram elaboradas com o objetivo de servir a estudantes e professores como recursos auxiliares na construção de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores inseridos em uma relação entre o ensino e a aprendizagem na qual é considerado o contexto dos jovens e da comunidade escolar. Nelas, assume-se como princípio o envolvimento dos estudantes, de maneira individual e coletiva, na identificação e na solução de problemas. Assume-se também como princípio o uso ético e responsável dos recursos tecnológicos digitais disponíveis na busca, na produção e no compartilhamento de informações, muitos dos quais já são sistematicamente utilizados fora da escola.
2 BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: MEC, 2018. p. 15. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 18 out. 2024.
3 BRASIL, ref. 2, p. 15.
Um dos princípios pedagógicos estabelecidos na BNCC é o foco no desenvolvimento de competências. De acordo com esse documento, competência é:
[...] a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho4
Portanto, ao orientar a elaboração dos currículos da Educação Básica de acordo com um conjunto de competências e habilidades, a BNCC busca superar a concepção de uma educação voltada à transmissão e à memorização de conhecimentos pelos estudantes ao longo da vida escolar. Essa abordagem favorece o compromisso com a formação integral, pois promove um modelo de aprendizagem centrado nos sujeitos, e não nos conteúdos dos componentes curriculares. Nesse sentido, com a mudança para o ensino de competências, o foco do processo educativo se desloca para os estudantes, a fim de que estes não só se apropriem dos conhecimentos, mas também sejam capazes de aplicá-los em diferentes contextos5
Para garantir a efetivação das propostas para o Ensino Médio e balizar a especificação das partes obrigatória e comum, espera-se que os materiais didáticos e as práticas realizadas nas escolas de todo o país estejam alinhados às competências e habilidades apresentadas na BNCC. Por isso, é importante entender como elas estão organizadas para o Ensino Médio e como elas se materializam na prática em sala de aula.
Como comentado anteriormente, a BNCC define as aprendizagens essenciais que devem ser garantidas pelas escolas ao longo da Educação Básica como forma de garantir os diretos de aprendizagem estabelecidos por outras legislações no âmbito da educação brasileira. Essas aprendizagens essenciais são expressas no documento por meio de um conjunto de competências e habilidades que os estudantes devem desenvolver ao longo do percurso escolar.
A princípio, a BNCC define dez competências gerais, que devem ser mobilizadas em todas as áreas do conhecimento ao longo da Educação Básica. Essas competências envolvem conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que contribuem para promover a formação integral dos estudantes, contemplando aspectos sociais, culturais, físicos, afetivos e cognitivos. São elas:
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
4 BRASIL, ref. 2, p. 8.
5 ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Como aprender e ensinar competências. Porto Alegre: Artmed, 2010.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários6
No Ensino Médio7, as competências gerais se desdobram em competências específicas, a fim de demonstrar como aquelas podem ser abordadas no contexto de cada uma das quatro áreas do conhecimento previstas para essa etapa da escolaridade. Em razão de sua relação intrínseca com as competências gerais, as competências específicas de área devem ser desenvolvidas tanto na FGB como nos IF. Além disso, para garantir a progressão dos conteúdos de forma articulada com o Ensino Fundamental, as competências específicas de área dos dois segmentos estão associadas.
Com enfoque maior no desenvolvimento cognitivo, a cada competência específica corresponde um conjunto de habilidades a fim de garantir, na prática, seu desenvolvimento em contextos específicos,
trabalhando conceitos e processos atrelados a cada área do conhecimento. A exceção é a área de Linguagens e suas Tecnologias, na qual são apresentadas habilidades específicas também para o componente curricular Língua Portuguesa8
Assim, conforme as habilidades específicas de determinada área são mobilizadas em sala de aula pela perspectiva de cada componente curricular, ao final de cada etapa da escolaridade, entende-se que os estudantes desenvolveram as competências específicas dessa área. Com o desenvolvimento das competências específicas de cada área, por sua vez, espera-se que os estudantes se tornem capazes de lidar com diferentes situações cotidianas de acordo com sua faixa etária, selecionando os conhecimentos necessários para enfrentá-las com autonomia e eficiência, atuando de forma crítica e propositiva em sua realidade.
Uma vez entendidos os fundamentos da BNCC, é importante refletir sobre o modo como isso se expressa nas práticas pedagógicas. Cabe ao professor avaliar como o componente curricular sob sua responsabilidade pode contribuir para que essas competências e habilidades sejam efetivadas em sala de aula e, ao mesmo tempo, atender ao projeto político pedagógico da escola e a suas intencionalidades pedagógicas. Essa é uma tarefa complexa que não deve ser feita de forma isolada, mas com a colaboração dos gestores e de outros integrantes do corpo docente, sobretudo daqueles que lecionam componentes curriculares da mesma área do conhecimento. Além disso, pela perspectiva de uma aprendizagem ativa, espera-se que os estudantes desempenhem um papel importante nesse processo. Nesta coleção, são sugeridos alguns caminhos que favorecem esse trabalho pedagógico. Esses caminhos, porém, não esgotam todas as possibilidades, sendo importante analisar todas as propostas e avaliar a necessidade ou não de adaptá-las a seu contexto escolar, principalmente porque as realidades das escolas brasileiras são diversas.
6 BRASIL, ref. 2, p. 9-10.
7 A organização do Ensino Médio difere da de outras etapas da escolaridade. No Ensino Fundamental, por exemplo, são estabelecidas competências e habilidades específicas de cada componente curricular (BRASIL, ref. 3).
8 BRASIL, ref. 2.
No desenvolvimento dos Projetos Integradores, ao intervir na realidade de sua comunidade, os jovens podem se tornar sujeitos ativos de seu processo de aprendizagem e ser reconhecidos pela comunidade escolar e familiar com base em sua individualidade e potencialidade. Essa perspectiva de educação envolve um plano de ação complexo, que prioriza, por exemplo, a criação de manifestações artísticas e culturais voltadas para a solução de problemas reais da escola ou da comunidade.
Dessa maneira, os estudantes são reconhecidos como agentes de transformação social capazes de tomar iniciativas e se responsabilizar por suas escolhas, exercendo uma postura cidadã 9. Nesse papel, os estudantes desenvolvem habilidades inerentes à liderança, uma vez que o empreendedorismo e a gestão de projetos são reforçados, cabendo ao professor atuar como mediador e incentivador de debates e encaminhamentos.
Em 2019, foi produzido um relatório contendo 27 propostas voltadas à criação de caminhos para a construção de um Ensino Médio democrático, inclusivo, integral e transformador, com base na participação presencial e virtual de estudantes, educadores, gestores e pesquisadores, entre outros envolvidos na área da educação. Nesse relatório, foram apresentados princípios orientadores válidos para os projetos cujo tema é o protagonismo juvenil. Esses princípios são:
Inclusão
O ensino médio brasileiro deve não só reconhecer, mas também valorizar as diferenças de idade, origem, raça, cor, religião, gênero, orientação sexual, condições físicas e habilidades, que caracterizam a diversidade sociocultural e humana. Há ainda que se reconhecer a potência da diversidade das juventudes brasileiras: urbanas centrais e das periferias, vilas e favelas; as do campo, ribeirinhas, as indígenas. Assim, as orientações educacionais devem dialogar com as diversas expectativas e culturas juvenis, apoiando a constituição de escolas que garantam as condições para que todos
se sintam acolhidos, pertencentes e incluídos em processos qualificados de aprendizagem, sem qualquer tipo de discriminação, e valorizem o convívio e aprendizado com os diferentes.
A democracia implica, em primeiro lugar, a universalização do acesso ao direito para o fortalecimento de uma educação pública de qualidade e gratuita. Implica, também, a participação qualificada dos diversos segmentos nos processos decisórios, tanto na gestão das escolas quanto na elaboração e realização das políticas públicas. O princípio constitucional da gestão democrática da educação não se esgota em escolha de dirigentes, mas se realiza de fato na participação cotidiana da comunidade escolar nas decisões e responsabilidades que dizem respeito ao convívio e às aprendizagens. [...]
A educação é processo contínuo e permanente, desde o nascimento até o fim da vida, e ocorre em todos os ambientes em que as pessoas se relacionam. A escolarização representa uma parte importante desse processo, porque tem a intencionalidade de educar e é a grande depositária dessa responsabilidade pela sociedade. Mas, para as pessoas se desenvolverem integralmente – em suas dimensões intelectual, física, afetiva, social e cultural –, é preciso integrar todos os agentes e setores sociais envolvidos em propostas que dialoguem com seus contextos históricos e territoriais.
Contemporaneidade e Transformação
O conjunto de propostas apresentadas neste documento reconhece a potência dos estudantes, dos professores e das escolas, que enfrentam os desafios socioambientais do presente e promovem a justiça social para gerar transformações positivas na sociedade. A realização dessa potência se torna ainda mais urgente no mundo contemporâneo, marcado pela constante transformação, no qual as regras, hierarquias e institucionalidades se tornam cada vez menos eficazes, mas em que a tecnologia amplia a incidência das pessoas e dos coletivos nos processos sociais10.
9 DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo. Juventude e Ensino Médio: quem é este aluno que chega à escola. In: DAYRELL, Juarez; CARRANO, Paulo; MAIA, Carla Linhares (org.). Juventude e Ensino Médio: sujeitos e currículos em diálogo. Belo Horizonte: UFMG, 2014. p. 101-133. Disponível em: https:// observatoriodajuventude.ufmg.br/wp-content/uploads/2021/06/livro-completo_juventude-e-ensino-medio_2014-2.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
10 FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; ASHOKA; CAMPANHA NACIONAL PELO DIREITO À EDUCAÇÃO (org.). Por um Ensino Médio democrático, inclusivo, integral e transformador: construção coletiva de propostas para o Ensino Médio. São Paulo: Fundação Santillana, 2019. p. 10-11. Disponível em: http://www4.fe.usp.br/wp-content/uploads/em-transformador-para-publicar.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
Com base nesses princípios, devem ser desenvolvidos projetos que contribuam para que os jovens se conheçam, apreciem-se e cuidem melhor de si, dos outros e de seu entorno, reconhecendo e desenvolvendo seu potencial como agentes de transformação da própria realidade e do mundo que os cerca. Essa abordagem, portanto, está alinhada com o foco no ensino de competências preconizado na BNCC, uma vez que possibilita a mobilização de todos esses aspectos por meio do desenvolvimento integral dos estudantes, priorizando sua formação cidadã e para o mundo do trabalho.
O esforço para implementar o Novo Ensino Médio no país advém dos desafios enfrentados pelos jovens brasileiros, sobretudo no contexto educativo. É na juventude que muitos dos problemas sociais ficam ainda mais evidentes, afetando diretamente a vida dos indivíduos. Embora os jovens sejam reconhecidos como sujeitos de direitos na legislação, faltam políticas públicas que garantam efetivamente esses direitos. O primeiro passo para dar visibilidade aos jovens e a suas demandas é entender o que se considera juventude e como se constituem as culturas juvenis. Dessa forma, é possível delinear suas especificidades e valorizar suas vivências, seus anseios e seus saberes11
O Ensino Médio representa um momento importante no processo de formação da identidade dos jovens, pois é nessa fase que eles experimentam os limites e as possibilidades de sua condição juvenil por meio da inserção social na escola e em outros meios.
Embora a juventude possa ser considerada uma fase de maturação biológica que precede a vida adulta, é importante ter em mente o fato de que delimitar essa fase apenas do ponto de vista biológico é simplificar as diferentes formas de experimentar a juventude, principalmente porque ela ganha contornos diversos de acordo com os contextos culturais, sociais e históricos em que os jovens estão inseridos. Portanto, ao conceber a ideia de juventude no Brasil, é preciso considerar que ela é plural e reflete condições sociais muito distintas12. De acordo com a BNCC:
Adotar essa noção ampliada e plural de juventudes significa, portanto, entender as culturas juvenis em sua singularidade.
11 DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
12 BRASIL, ref. 2; DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
13 BRASIL, ref. 2, p. 463.
Significa não apenas compreendê-las como diversas e dinâmicas, como também reconhecer os jovens como participantes ativos das sociedades nas quais estão inseridos, sociedades essas também tão dinâmicas e diversas.
Considerar que há muitas juventudes implica organizar uma escola que acolha as diversidades, promovendo, de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa humana e aos seus direitos. [...]13
Assim, tratar de juventudes em sua forma plural nestes Projetos Integradores significa reconhecer toda a diversidade social e cultural que as compõe, considerando cor, etnia, gênero, orientação sexual, religião e modo de vida. Isso ocorre na obra por meio da valorização da experiência de aprender com o outro, reforçando a busca da erradicação de qualquer tipo de discriminação. Para isso, é importante também refletir sobre quem são os jovens que povoam as escolas e como eles vivenciam suas juventudes na realidade em que estão inseridos.
Isso se reflete nas culturas juvenis, que são as formas de os jovens se expressarem, por meio da comunicação e das relações interpessoais que estabelecem ou dos comportamentos, dos valores e das atitudes que assumem. Essas expressões simbólicas típicas da condição juvenil se orientam por diferentes aspectos, como manifestações culturais, questões de gênero e sexualidade, diferenças territoriais, condições sociais e identidades étnico-raciais14
No espaço escolar, os jovens têm oportunidade de experimentar diferentes formas de ser e de se ver no mundo, podendo construir sua identidade com base no meio que os cerca, influenciados pelo agrupamento específico ao qual se associam. Sendo assim, como o ambiente tem um impacto muito forte no desenvolvimento dos jovens, o professor e a escola podem ajudar na formação deles. Para isso, é importante que o entendimento sobre quem são os jovens brasileiros que chegam às escolas se efetive em sala de aula por meio de práticas curriculares acolhedoras e respeitosas da diversidade que lhes permitam experenciar situações nas quais possam explorar seus limites e suas potencialidades, protagonizando ações de transformação social locais e globais e aumentando seu engajamento nos estudos.
14 REIS, Juliana Batista dos; SALES, Shirlei Rezende. Juventudes: culturas juvenis e cibercultura. Belo Horizonte: Fino Traço, 2021. E-book. Disponível em: https://observatoriodajuventude.ufmg.br/wp-content/uploads/2022/10/Juventudes-cuturas-juvenis-e-cibercultura.pdf. Acesso em: 11 out. 2024; DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
Em uma educação comprometida com a formação integral dos estudantes por meio do ensino de competências, espera-se que as práticas pedagógicas sejam voltadas para uma aprendizagem ativa, na qual os estudantes vivenciem experiências que os instiguem a mobilizar conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em situações semelhantes às que ocorrem no dia a dia. Por essa ótica, o processo educativo deve aproximar a vivência em sala de aula da realidade dos estudantes, contextualizando a aprendizagem para que esta faça sentido para eles, e engajá-los nesse processo15. Em outras palavras, Ensinar competências implica utilizar formas de ensino consistentes para responder a situações, conflitos e problemas relacionados à vida real, e um complexo processo de construção pessoal que utilize exercícios de progressiva dificuldade e ajuda eventual, respeitando as características de cada aluno16.
Nesse processo é preciso que se estabeleçam relações de forma intencional e sistematizada entre os conhecimentos prévios dos estudantes e aquilo a ser aprendido. Essa abordagem promove uma aprendizagem significativa e está atrelada a um ensino contextualizado em sala de aula. O processo de contextualização curricular, portanto, é uma forma de facilitar o entendimento e a aplicação dos conhecimentos das diferentes áreas por meio da aproximação entre os conteúdos escolares e as experiências dos estudantes, reforçando as conexões entre o que eles já sabem e o que estão aprendendo. Dessa forma, pode-se entender a contextualização como uma prática pedagógica por meio da qual os estudantes podem atribuir sentido aos saberes escolares, reconhecendo-se como sujeitos do processo de ensino-aprendizagem. Cabe ao professor impulsionar os estudantes nesse processo, de modo que eles se tornem aptos a integrar e extrapolar os conhecimentos aprendidos no contexto de cada componente curricular para situações que vão além do que é abordado em sala de aula17.
Em consonância com essa perspectiva, nos Projetos Integradores foram tomados como referência
os Temas Contemporâneos Transversais (TCT) para a contextualização dos conteúdos e conhecimentos abordados. Assim, cada projeto é orientado pelos TCT propostos na BNCC e pela articulação de componentes curriculares de diferentes áreas do conhecimento.
De forma articulada aos TCT, também são abordados nos Projetos Integradores os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), assumidos pelos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), na Agenda 203018. Por meio do trabalho com os TCT e os ODS, abordam-se questões sociais, ambientais, econômicas e políticas de interesse global e com forte impacto na realidade dos jovens, o que possibilita problematizar e contextualizar conteúdos relevantes e que estejam alinhados com as demandas da sociedade atual.
Cabe ao professor avaliar a relevância social de quaisquer dos temas propostos nos Projetos Integradores para os estudantes, considerando a realidade deles e adaptando, se necessário, as atividades propostas ao contexto escolar. Considerando os temas abordados nos projetos, o ideal é o professor procurar sempre apresentar exemplos, fatos, dados e informações da realidade local ou regional para que os estudantes consigam se reconhecer como parte da solução para as questões emanadas dos contextos estudados.
No contexto da implementação do Novo Ensino Médio, o Ministério da Educação sugere alguns TCT que contextualizam os conteúdos para despertar o interesse dos estudantes e favorecer sua atuação na sociedade.
Nos Projetos Integradores, deve-se considerar uma concepção de transversalidade na qual os conteúdos tradicionais possam ser compreendidos como instrumentos para o trabalho com temas relevantes à atuação dos estudantes na sociedade a fim de conectar a escola à realidade desses jovens e da comunidade em que estão inseridos. Dessa forma, espera-se superar uma abordagem fragmentada dos conhecimentos e favorecer uma visão sistêmica e mais orgânica da realidade.
15 ZABALA, Antoni; ARNAU, Laia. Métodos para ensinar competências. Porto Alegre: Penso Editora, 2020.
16 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 13.
17 BRASIL, ref. 2.
18 NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Transformando nosso mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável. Brasília, DF, 25 set. 2015. Disponível em: https://brasil.un.org/sites/default/files/2020-09/agenda2030-pt-br.pdf. Acesso em: 27 out. 2024.
Outro aspecto que contribui para o desenvolvimento dos Projetos Integradores tendo como referência os TCT é a associação das habilidades e competências previstas na BNCC em um contexto de resolução de problemas. Ao se optar por uma educação comprometida com o ensino de competências, faz-se necessário aplicar estratégias de ensino para propor situações de aprendizagem que representem a realidade e, consequentemente, sejam complexas e exijam a seleção e a integração de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em um contexto específico.
Pragmaticamente, a abordagem dos TCT deve contribuir para que os estudantes desenvolvam habilidades relacionadas à educação financeira, ao cuidado com a própria saúde, ao uso das tecnologias digitais, à preservação do meio ambiente, ao entendimento das diferenças e ao respeito a elas, bem como o reconhecimento e a compreensão de seus direitos e deveres como cidadãos.
Dessa forma, a transversalidade desses temas, que podem ser explorados de diversas maneiras e relacionados às quatro áreas do conhecimento de maneira desfragmentada,
[...] orienta para a necessidade de se instituir, na prática educativa, uma analogia entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real (aprender na realidade e da realidade). Dentro de uma compreensão interdisciplinar do conhecimento, a transversalidade tem significado, sendo uma proposta didática que possibilita o tratamento dos conhecimentos escolares de forma integrada. Assim, nessa abordagem, a gestão do conhecimento parte do pressuposto de que os sujeitos são agentes da arte de problematizar e interrogar, e buscam procedimentos interdisciplinares capazes de acender a chama do diálogo entre diferentes sujeitos, ciências, saberes e temas19
A proposta de abordar temas transversais faz parte oficialmente do contexto educacional brasileiro desde 1997, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Na época, foram sugeridos os temas
Saúde, Ética, Trabalho e consumo, Orientação sexual, Meio ambiente e Pluralidade cultural.
Desde então, com as novas demandas sociais e as necessidades de adequações curriculares nas escolas, foi necessário aprimorar esses temas e ratificar sua importância. Com isso, a BNCC passou a usar a terminologia Temas Contemporâneos Transversais, designando que:
[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. [...]20
É importante salientar que os TCT são obrigatórios nos atuais currículos escolares, mas, nos PCN, os temas transversais eram opcionais. Outra mudança significativa é a ampliação de seis para 15 TCT, agrupados em seis macroáreas temáticas, conforme o esquema a seguir21.
Meio ambiente
Multiculturalismo
Diversidade cultural Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras
Educação ambiental
Educação para o consumo
Economia
Trabalho
Educação financeira
Temas
Contemporâneos
Transversais na BNCC
Ciência e tecnologia
Ciência e tecnologia
Educação fiscal Saúde Saúde Educação alimentar e nutricional
Cidadania e civismo
Vida familiar e social
Educação para o trânsito
Educação em direitos humanos
Direitos da criança e do adolescente
Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso
19 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília, DF: MEC, SEB, DICEI, 2013. p. 29. Disponível em https://www.gov.br/mec/pt-br/acesso-a-informacao/media/seb/pdf/d_c_n_educacao_ basica_nova.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
20 BRASIL, ref. 2, p. 19.
21 BRASIL. Ministério da Educação. Temas Contemporâneos Transversais na BNCC: contexto histórico e pressupostos pedagógicos. Brasília, DF: MEC, 2019. p. 13.
Todas essas temáticas assumem muito significado nas sociedades contemporâneas. A Educação ambiental e a Educação para o consumo, por exemplo, são temas vitais para a coletividade global, principalmente no contexto da crise climática que aflige o planeta, e um currículo escolar que se comprometa com a responsabilidade social não pode deixar de contemplá-las. Além disso, é indispensável repensar as relações do ser humano com as mudanças tecnológicas para compreender os impactos da revolução digital na sociedade contemporânea. Tais impactos afetam diretamente a vida dos jovens no mercado de trabalho, promovendo diferentes formas de trabalhar e criando diversas oportunidades de carreira.
A implementação dos TCT é um dos traços da flexibilização curricular proposta pelo Novo Ensino Médio, uma vez que não é subjacente a apenas um componente curricular. Para possibilitar essa integração, eles podem ser abordados de maneira intradisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar.
A abordagem intradisciplinar, ou seja, em apenas um componente curricular, deve integrar diversos conteúdos desse componente. Isso não significa desenvolver outro trabalho na sala de aula paralelamente, mas usar o tema para articular os conteúdos previstos no plano de ensino para a referida fase de escolarização. Nessa abordagem, os objetivos pedagógicos de cada componente curricular são preservados de acordo com seus limites, dificultando sua articulação com os de outros.
Em um tratamento interdisciplinar, os limites pedagógicos de cada componente curricular são mantidos e, ao mesmo tempo, são estabelecidas conexões entre os objetivos de cada um deles, possibilitando a relação dos diferentes componentes ou de áreas de conhecimento. Com a proposição de uma organização escolar interdisciplinar, busca-se, [...] de modo geral, o estabelecimento de uma intercomunicação efetiva entre as disciplinas, por meio do enriquecimento das relações entre elas. Almeja-se, no limite, a composição de um objeto comum, por meio de objetos particulares de cada uma das disciplinas componentes22.
Com a transdisciplinaridade, os objetivos pedagógicos extrapolam os objetivos pedagógicos definidos em componentes curriculares. Na abordagem transdisciplinar, a ideia central está no fato de que, “[...] na organização do trabalho escolar, as pessoas, e não os objetos ou os objetivos disciplinares, deveriam estar no centro das atenções”23. Nessa abordagem, o conhecimento a ser construído depende do contexto, da prática social a ser desenvolvida e do propósito que se pretende alcançar com ela.
Nas escolas de Educação Básica:
[...] Nenhum conhecimento deveria justificar-se como um fim em si mesmo: as pessoas é que contam, com seus anseios, com a diversidade de seus projetos. E assim como um dado nunca se transforma em informação se não houver uma pessoa que se interesse por ele, que o interprete e lhe atribua um significado, todo o conhecimento do mundo não vale um tostão furado, se não estiver a serviço da inteligência, ou seja, dos projetos das pessoas.
Naturalmente, tal informação não estabelece qualquer subordinação do conhecimento a uma aplicabilidade prática: a construção do conhecimento está relacionada à produção e à compreensão de significados muito mais do que à mera produção de bens materiais. Também não é o caso de se associar a linha direta entre os conhecimentos e os interesses das pessoas a uma superestimação do individualismo24.
Com a transdisciplinaridade, passa-se a reconhecer a complexidade dos fenômenos e processos, nos quais estão sempre presentes a subjetividade, a emoção e a articulação dos saberes disciplinares que se aproximam da realidade e da significação do conhecimento. Nessa lógica, ao dividir as dificuldades em partes, não se pode perder a ideia da globalidade, a inter-relação das partes e as características do conjunto, uma vez que este é muito maior do que a simples união dessas partes25.
Independentemente da abordagem metodológica –intradisciplinar, interdisciplinar ou transdisciplinar –, diante do processo criativo de elaboração de soluções, que envolve a articulação das informações, diferentes percursos podem ser traçados pelos professores com os estudantes.
22 MACHADO, Nílson José. Educação: autoridade, competência e qualidade. São Paulo: Escrituras, 2016. p. 165.
23 MACHADO, ref. 22, p. 166.
24 MACHADO, ref. 22, p. 167.
25 MORIN, Edgar. Educação e complexidade: os setes saberes e outros ensaios. Organização: Maria da Conceição de Almeida; Edgar de Assis Carvalho. Tradução: Edgar de Assis Carvalho. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2013.
Em 2015, os países-membros da ONU definiram um conjunto de objetivos e metas universais com o propósito de alcançar o desenvolvimento sustentável nos âmbitos econômico, social e ambiental. Esses objetivos se ancoram nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, estabelecidos em 2000, e envolvem uma abordagem mais ampla e integrada para promover o desenvolvimento sustentável no planeta.
Ao todo, foram estabelecidos 17 ODS, que se desdobram em 169 metas integradas.
Fonte: ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Sobre o nosso trabalho para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável no Brasil. Disponível em: https://brasil.un.org/pt-br/sdgs. Acesso em: 18 out. 2024.
Tais objetivos e metas representam o resultado de um esforço global para promover a Agenda 2030, que visa
[...] acabar com a pobreza e a fome em todos os lugares; combater as desigualdades dentro e entre os países; construir sociedades pacíficas, justas e inclusivas; proteger os direitos humanos e promover a igualdade de gênero e o empoderamento de mulheres e meninas; e assegurar a proteção duradoura do planeta e de seus recursos naturais. [...] criar condições para um crescimento sustentável, inclusivo e economicamente sustentado, prosperidade compartilhada e trabalho decente para todos, tendo em conta os diferentes níveis de desenvolvimento e capacidades nacionais26
Como é possível perceber, os ODS propostos na Agenda 2030 abrangem questões atuais relacionadas aos grandes desafios globais. Muitos desses objetivos envolvem interesses de crianças e adolescentes e fazem parte do compromisso firmado pela ONU de proteger os direitos deles, sobretudo ao buscar reduzir as desigualdades sociais, melhorar a qualidade da educação
26 NAÇÕES UNIDAS BRASIL, ref. 18, p. 3.
e garantir um planeta saudável para todos. Nesse sentido, pode-se dizer que a Agenda 2030 [...] identifica os jovens como agentes críticos de mudança social, econômica e global, e, portanto, todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) requerem ação juvenil para ter sucesso. Os jovens também representam a parcela da população mais afetada pela pobreza, desigualdade, desemprego e mudanças climáticas – fatores que são focos da Agenda para os próximos dez anos.
Para garantir a participação contínua dos jovens nessas agendas e em outras emergentes, é necessário um forte engajamento desse grupo na implementação e no monitoramento de políticas locais, nacionais e regionais, bem como criar e fomentar espaços de diálogo em nível global para que reflitam suas preocupações e necessidades dentro da estrutura vigente. [...]27
A escola pode contribuir com a Agenda 2030 ao promover um espaço em que os jovens aprendam sobre cidadania e sejam encorajados a se perceber como agentes de mudança. No contexto dos Projetos
27 BARÃO, Marcus; RESEG, Mariana; LEAL, Ricardo (coord.). Atlas das juventudes: evidências para a transformação das juventudes. [S l.]: Em Movimento: Pacto das Juventudes pelos ODS, 2021. p. 27. Disponível em: https://atlasdasjuventudes.com.br/relatorio/. Acesso em: 11 out. 2024.
Integradores desta coleção, os ODS são mobilizados para contextualizar os conteúdos e promover reflexões profundas sobre temas atuais e de relevância para a vida dos jovens. Essa abordagem possibilita aos estudantes desenvolver uma postura crítica e propositiva, com grande potencial de transformação da própria vida e da comunidade em que vivem. Conhecer os ODS e discuti-los em sala de aula, portanto, é uma forma de manter os estudantes informados sobre as urgências de seu tempo e prepará-los para os desafios atuais e futuros.
Para que isso seja possível, é de suma importância que o professor reconheça e incentive o protagonismo dos jovens que chegam às escolas. Além disso, em razão do caráter global dos ODS, cabe ao professor aproximá-los das realidades nacional, regional e local28.
A população jovem brasileira é diversa e sofre de forma desigual os impactos dos problemas sociais, políticos e culturais do país. Em razão dessa discrepância, além dos aspectos individuais, os interesses dos estudantes de diferentes grupos sociais são divergentes, de modo que, ao término do Ensino Médio, eles podem ter expectativas muito diferentes, as quais podem afetar as escolhas relacionadas a seu projeto de vida. Para muitos, a oportunidade de trabalhar e ter uma renda estável lhes possibilita contribuir para a economia familiar e melhorar suas condições de vida. Em alguns casos, isso ainda pode representar uma forma de conseguir se manter e/ou prosseguir nos estudos, ingressando, por exemplo, no Ensino Superior29
Contudo, a inserção no mercado de trabalho tem sido um desafio para os jovens, que compõem o grupo com maior índice de desemprego no país. Os jovens não só sofrem com a falta de experiência profissional, como também podem ter de enfrentar problemas ainda maiores sem a devida formação no ensino formal, chegando despreparados ao mercado de trabalho. Em razão desses fatores, formam um grupo vulnerável e propenso ao trabalho informal ou com condições precárias.
Cabe às escolas de Ensino Médio assegurar aos estudantes uma formação que lhes permita enfrentar os desafios da vida contemporânea. Isso inclui auxiliá-los
na construção de seu projeto de vida nos âmbitos pessoal e profissional. Portanto, em uma educação baseada na formação integral, espera-se que os estudantes desenvolvam competências e habilidades em suas múltiplas dimensões, incluindo a dimensão profissional. Para Zabala e Arnau, é importante que a escola promova [...] uma educação também para o trabalho, mas sem perder a visão global da pessoa como ser crítico diante das desigualdades e do comprometimento com a transformação social econômica em direção a uma sociedade na qual não apenas se garantisse o direto ao trabalho, como ainda este fosse desenvolvido em função do desenvolvimento das pessoas e não apenas dos interesses de mercado.
Na dimensão profissional, o indivíduo deve ser competente para exercer uma tarefa profissional adequada às suas capacidades, a partir dos conhecimentos e das habilidades específicas da profissão, de forma responsável, flexível e rigorosa que lhe permita satisfazer suas motivações e suas expectativas de desenvolvimento profissional e pessoal30. Nessa perspectiva, é papel do professor favorecer o desenvolvimento de competências, incluindo as profissionais, para que os estudantes atuem de forma crítica, propositiva e responsável nas diversas situações com as quais possam deparar no mundo do trabalho. Nesse contexto, ser capaz de resolver problemas, ser criativo, ter autonomia de pensamento, ser proativo, liderar, trabalhar de forma colaborativa, saber interpretar dados e informações com criticidade, fazer escolhas de acordo com as próprias reflexões, conseguir se comunicar de forma assertiva e regular as emoções, entre outras, são características importantes que os estudantes precisam desenvolver em sala de aula não só para exercer seus direitos e deveres como cidadãos, mas também para empregá-las no contexto profissional.
Para desenvolver essas competências, entretanto, é preciso que os estudantes se apoiem em diferentes saberes que não se limitam a componentes específicos da área curricular. Trata-se, portanto, de um trabalho conjunto entre as áreas do conhecimento, envolvendo também competências socioemocionais que perpassam a aprendizagem dos componentes curriculares31.
28 BARÃO; RESEG; LEAL, ref. 27.
29 BARÃO; RESEG; LEAL, ref. 27.
30 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 82.
31 ZABALA; ARNAU, ref. 5; CAVALCANTI, Carolina Costa. Aprendizagem socioemocional com metodologias ativas: um guia para educadores. São Paulo: Saraiva Uni, 2023.
A fim de assegurar essa preparação para o trabalho e a cidadania, os Projetos Integradores presentes neste volume abordam temas relacionados ao contexto do mundo do trabalho, procurando aproximar os estudantes de diversos campos de atuação profissional.
No contexto recente do Brasil, diversas mudanças no mundo do trabalho, ocorridas a partir da década de 2010, afetaram diretamente a inserção profissional dos jovens e suas expectativas de obter um emprego, especialmente em um contexto de crise econômica e flexibilização das relações trabalhistas. Somadas a isso, ocorreram grandes transformações provocadas pelas novas tecnologias, o que reflete nas relações humanas e nas demandas por qualificação profissional e aumento da produtividade32.
Entre os motivos da baixa inserção dos jovens no mercado do trabalho está o baixo nível de experiência e/ou escolaridade. Com isso, ou eles não conseguem ser contratados pela incompatibilidade com as exigências das vagas, ou tendem a ser os primeiros dispensados em contextos de crise.
Os efeitos da dispensa em contextos de crise podem se estender por muitos anos até que a economia se recomponha. Com a pandemia de covid-19, que teve início em 2020, por exemplo, a atividade econômica foi brutalmente atingida e muitas pessoas perderam seu posto de trabalho, o que refletiu na inclusão e na permanência dos jovens brasileiros no mercado de trabalho. Os efeitos foram ainda mais alarmantes entre os jovens em situação de vulnerabilidade social. Mesmo com o fim da pandemia, os jovens entre 18 e 24 anos ainda formavam o grupo com a maior taxa de desemprego no país até o segundo trimestre de 2023, chegando a 14,3% da população, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora esteja em queda no país, a taxa de desemprego dessa faixa etária chega a ser mais do que o dobro da apresentada
pelo segundo grupo mais atingido pelo problema, mostrando-se bem acima do patamar das demais faixas. De acordo com os estudos sobre o tema, em vez de estarem desempregados ou procurando emprego, muitos jovens estão apenas fora do mercado de trabalho, o que não só impacta no futuro profissional deles, como também nas perspectivas para a economia do país33.
Os dados estatísticos ainda mostram que, em 2022, um em cada grupo de cinco jovens brasileiros de 15 a 29 anos não estava estudando e não tinha ocupação. Isso representa 22,3% da população que está nessa faixa etária, ou seja, 10,9 milhões de jovens em todo o país. Desse total de jovens fora do sistema de ensino e do mercado de trabalho, 61,2% eram pobres e quase metade eram mulheres pretas e pardas, o que evidencia ainda mais o fato de que esse fenômeno social afeta a população juvenil de forma desigual. Esses resultados são alarmantes porque escancaram a vulnerabilidade social dos jovens brasileiros e expõem a realidade de que muitos deles não têm perspectivas de qualificação profissional34
Como visto, os jovens representam grande parcela da população brasileira e são os mais afetados em situações de crise, sofrendo com a pobreza, as desigualdades sociais e o desemprego. Por isso, é importante engajá-los civicamente em defesa de uma sociedade mais democrática, inclusiva e sustentável, de modo que possam se tornar agentes transformadores dessa realidade, participando da implementação de políticas públicas com esse enfoque ou do monitoramento delas. Existem diversas políticas públicas voltadas a essas demandas dos jovens, mas, para que elas se efetivem, é preciso que eles sejam ouvidos, e isso pode começar no espaço escolar. A criação de um ambiente acolhedor e a construção de um sentimento de pertencimento à comunidade escolar representam o primeiro passo para envolvê-los no processo de ensino-aprendizagem e contribuir para que compreendam suas possibilidades de crescimento e desenvolvimento pessoal, tanto no âmbito acadêmico quanto no profissional.
32 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnóstico da inserção dos jovens brasileiros no mercado de trabalho em um contexto de crise e maior flexibilização. Brasília, DF: Ipea, 2020. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/ bitstream/11058/10107/1/Diagnostico_de_insercao_de_jovens.pdf. Acesso em: 17 out. 2024.
33 ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO; INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA; FRANCA, ref. 32.
34 BRIT TO, Vinícius. Um em cada cinco brasileiros com 15 a 29 anos não estudava e nem estava ocupado em 2022. Agência IBGE Notícias, 6 dez. 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/38542-um-em-cada-cinco-brasileiros-com-15-a -29-anos-nao-estudava-e-nem-estava-ocupado-em-2022. Acesso em: 11 out. 2024.
Alinhados à proposta de consolidação do trabalho organizado em áreas de conhecimento e com o objetivo de buscar a formação integral dos estudantes do Ensino Médio, a proposta destes Projetos Integradores, é tornar a aprendizagem mais significativa.
Para o cumprimento desse objetivo, é necessária a conexão dos estudantes ao contexto de sua comunidade. Isso requer o reconhecimento da diversidade de perfis das juventudes existentes no país e de sua potencialidade de avaliar e sugerir políticas educacionais. Especificamente em relação ao Ensino Médio, os marcos regulatórios mostram que as atuais políticas favorecem uma reorganização curricular que possibilite diferentes rotas de aprendizagem (diversificando os tempos e recursos pedagógicos), a multiplicidade de linguagens e a elaboração e a implementação de projetos que envolvam os estudantes, contribuindo para que eles desenvolvam um efetivo protagonismo. Dessa maneira, os jovens têm a possibilidade de se reconhecer como participantes das decisões e das práticas e de enxergar-se como cidadãos com direitos e deveres, agindo com ética e responsabilidade.
Além disso, a fim de despertar o interesse dos estudantes, é necessário levar a experiência cotidiana para a escola, relacionando conteúdos, produzindo informações e organizando métodos que, devidamente interconectados, constituem conhecimentos. Por isso, é necessário que os estudantes desenvolvam o autoconhecimento e conheçam também o mundo no qual estão inseridos, lendo, descrevendo, identificando, interpretando e analisando problemas na perspectiva dos eixos temáticos que estruturam os Projetos Integradores para, ao final, construírem um produto que estimule ações com o envolvimento da comunidade escolar e de seu entorno, conforme os objetivos estabelecidos.
Com base nessas premissas, pretende-se, por meio do trabalho com Projetos Integradores proposto nesta obra, desenvolver ações, individuais e coletivas, que tragam impactos sociais e ambientais positivos para a comunidade e, ao mesmo tempo, contribuir para que os estudantes desenvolvam as competências, as habilidades, os valores e as atitudes previstos na BNCC. O trabalho com projetos, nessa concepção, contribui
para que os estudantes lidem com situações práticas a fim de obter ganhos concretos para a vida cotidiana, preparando-se também para o mundo do trabalho. Para um trabalho potencialmente produtivo com Projetos Integradores no Ensino Médio, é importante considerar:
• os pressupostos epistemológicos e as especificidades teórico-metodológicas do componente curricular, assim como dos diversos componentes curriculares integrados e das áreas de conhecimento a que se relacionam;
• os contextos da comunidade local, que possibilitam a identificação de um problema e da questão central que desafiam os estudantes, gerando o interesse e despertando criatividade e envolvimento;
• as situações que favorecem a aprendizagem e a proposição de diferentes percursos para a solução do problema identificado, chegando à elaboração de um produto final;
• a reorganização curricular para o desenvolvimento de práticas escolares contextualizadas, garantindo atribuição de significado às aprendizagens construídas pelos estudantes e aos procedimentos por eles adotados;
• as práticas escolares, desenvolvidas de acordo com os pressupostos epistemológicos específicos do componente curricular e da área de conhecimento correspondente, com linguagem, recursos e rigor próprios, a serem colocados em prática durante o registro e a análise das experiências vividas e seu compartilhamento;
• a redefinição do perfil e dos conhecimentos especializados do professor para o adequado exercício de sua função diante das novas demandas sociais e tecnológicas;
• a ar ticulação de atividades condizentes às propostas de trabalho, individuais e/ou coletivas, que favoreçam a organização e a troca de contribuições a fim de atingir um objetivo comum;
• as possibilidades de exploração das potencialidades dos recursos tecnológicos digitais para acessar, analisar, produzir e compartilhar informações de maneira crítica e ética;
• as opor tunidades de exercitar o pensamento crítico, a argumentação, a leitura inferencial e o pensamento computacional;
• o desenvolvimento das competências socioemocionais para que os estudantes possam colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para compreender e regular emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia e manter relações sociais positivas;
• o perfil das juventudes que chegam a esse nível de ensino, para que se estabeleçam conexões com as propostas que dialogam com questões que os inquietam e os apoiam na construção de projetos de vida, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional;
a proposição de um produto final que caracterize o conjunto de conhecimentos adquiridos ao longo de todo o projeto e produza impacto na comunidade na qual os estudantes estão inseridos;
os TCT, que proporcionam as situações propícias para o desenvolvimento das competências e habilidades especificadas na BNCC;
o s ODS, com base nos quais é possível trabalhar questões sociais, econômicas, ambientais e políticas com os estudantes de forma contextualizada, problematizando temas atuais e relevantes para eles e promovendo seu protagonismo como agentes de transformações sociais e culturais.
Além disso, no âmbito do trabalho com Projetos Integradores, espera-se a integração dos componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento previstas na BNCC. Esse trabalho precisa ser coordenado de forma interdisciplinar pelos diversos atores envolvidos nos projetos propostos.
A interdisciplinaridade é uma das formas de promover uma educação mais integrada e contextualizada. No Ensino Médio, a preocupação com essa perspectiva de educação evidencia-se com a definição na BNCC de competências e habilidades específicas apenas para as áreas de conhecimento, a fim de favorecer a articulação entre os diferentes componentes curriculares. Essa organização proposta pela BNCC não extingue os componentes curriculares das áreas, mas busca
35 BRASIL, ref. 2.
36 MORIN, ref. 25, p. 52.
superá-los por meio de uma abordagem mais interconectada com a realidade. Em outras palavras, essa nova estrutura abre portas para um currículo mais flexível no Ensino Médio, incentivando o trabalho interdisciplinar e contribuindo para que os estudantes tenham uma visão menos fragmentada da realidade35.
De acordo com Morin:
[...] Não se pode jogar fora o que foi criado pelas disciplinas, não se pode quebrar todas as clausuras. Este é o problema da disciplina, da ciência e da vida: é preciso que uma disciplina seja ao mesmo tempo aberta e fechada.
[...] para que nos serviriam todos os conhecimentos parcelares se não os confrontássemos uns com os outros, a fim de formar uma configuração capaz de responder às nossas expectativas, necessidades e interrogações cognitivas?
[...] um conhecimento em movimento, em circuito pedagógico, em espiral, que avança ao ir das partes ao todo e do todo às partes, e é isso que constitui nossa ambição comum36
Tal reflexão evidencia o desafio que é um trabalho interdisciplinar em sala de aula, para o qual é necessário o movimento constante de partir das partes ao todo e do todo às partes. Nesse sentido, para que a interdisciplinaridade se efetive na prática pedagógica, é fundamental que haja um planejamento intencional e articulado entre os docentes dos diferentes componentes curriculares. Por isso, os professores precisam ter em mente seu papel nesse processo de tornar a aprendizagem integrada por meio da contribuição de cada área do saber, a fim de promover uma educação que transcenda a segmentação tradicional dos conteúdos. Ao conectar diferentes saberes, os estudantes podem ter uma compreensão mais global dos fenômenos naturais e sociais e aprender de forma mais significativa, favorecendo a aplicação dos conhecimentos aprendidos em sala de aula em situações reais e complexas. A abordagem interdisciplinar, nesse sentido, está alinhada com os princípios pedagógicos da BNCC, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e capazes de entender a realidade de maneira integral e complexa, estabelecendo relações entre as diferentes áreas do saber e aplicando esses conhecimentos para solucionar problemas concretos.
Espera-se do trabalho articulado entre professores que os conteúdos dos componentes curriculares não sejam abordados de forma isolada, longe da real complexidade do mundo, mas de forma orgânica e dinâmica, em que as partes se integram para dar sentido aos fenômenos em estudo. Não se trata, portanto, de associar conteúdos de diferentes componentes de forma arbitrária, mas de criar uma relação lógica entre diferentes saberes que possa contribuir para a formação integral e significativa dos estudantes.
Isso pode ser feito por meio de atividades didáticas com o mesmo tema ou problema que demandem a aplicação de conhecimentos das diferentes áreas do conhecimento. Nessa perspectiva, os TCT e os ODS podem contribuir para um trabalho pedagógico interdisciplinar e articulado. Ao colocar em pauta questões que desafiam a sociedade contemporânea, essa abordagem contribui para que os estudantes explorem diferentes perspectivas e façam uso de diversos recursos em busca de soluções.
Alinhado a essa perspectiva de ensino, o trabalho com projetos integradores é uma abordagem teórica e metodológica que favorece a interdisciplinaridade ao empenhar diferentes componentes curriculares em um objetivo comum. Nesse tipo de estratégia didático-pedagógica, os estudantes, com o apoio de professores de diferentes componentes curriculares, dedicam-se colaborativamente a elaborar soluções para as questões e demandas do mundo real.
Os estudantes precisam lidar com a realidade de forma complexa, recorrendo aos conteúdos e conhecimentos dos diversos componentes curriculares para solucionar problemas. Essas interconexões potencializam o desenvolvimento de competências essenciais para a vida e para o mundo do trabalho, uma vez que os estudantes precisam mobilizar não só conhecimentos, mas também habilidades, valores e atitudes que perpassam as barreiras entre os componentes.
Considerando esses aspectos, pode-se afirmar que a interdisciplinaridade é uma demanda do ensino por competências, uma vez que
Optar por uma educação de competências representa a busca por estratégias de ensino que definam seu objeto de estudo na forma de responder satisfatoriamente a “situações reais” e, portanto, complexas. [...]
[...]
[...] O ensino tradicional foi estruturado em torno de disciplinas isoladas, e estas, por sua vez, em corpos teóricos cada vez mais segmentados. A escola, a reboque de uma ciência parcializada, “simplificou” a realidade convertendo em objeto de estudo os meios para seu conhecimento, pretendendo que o aluno realize por si só o que o saber estabelecido não soube resolver, ou seja, a abordagem da realidade em toda a sua complexidade.
[...] o conhecimento disciplinar, apesar de seu reducionismo, é imprescindível à compreensão da realidade, mas sempre quando se assume a aplicação de um conhecimento parcial da realidade não se chega a constituir uma ação competente se não se aprendeu a intervir em situações da “realidade global”, cuja essência é a complexidade. De tal modo que a complexidade não seja apenas uma circunstância na qual se desenvolvam as aprendizagens, mas também que esta seja objeto prioritário de ensino. Deve-se aprender a agir na complexidade, ou seja, saber responder a problemas e situações os quais nunca na vida real serão apresentadas de forma simples e, muito menos, nas quais o número de variáveis que nela intervêm sejam reduzidas a partir de situações expressadas unicamente com os dados necessários para uma resposta estereotipada a problemas também estereotipados. Assim, uma atuação competente significa não só conhecer os instrumentos conceituais e as técnicas disciplinares, mas também ser capaz de reconhecer quais deles são necessários para ser eficiente em situações complexas, e ao mesmo tempo saber como aplicá-los em função das características específicas da situação. Atuação que exige um pensamento complexo e, consequentemente, um ensino dirigido à formação para a complexidade 37
37 ZABALA; ARNAU, ref. 5, p. 110-112.
Portanto, ao estar comprometida com uma educação orientada para o desenvolvimento de competências, a escola assume o papel de mediadora entre os conhecimentos especializados dos componentes curriculares e as demandas da vida cotidiana. Essa mediação precisa ser feita de forma intencional e sistematizada, buscando romper as barreiras disciplinares e promover uma educação que valorize tanto o pensamento crítico quanto a capacidade de adaptação a situações inesperadas e multifacetadas, uma vez que a realidade exige soluções que não se encaixam em apenas uma área do conhecimento.
Em outras palavras, com o ensino de competências, pretende-se instrumentalizar os estudantes com os recursos necessários para enfrentar problemas reais, os quais demandam um olhar que integre diferentes saberes, habilidades, valores e atitudes. Para isso, é essencial que o planejamento das aulas e atividades inclua discussões coletivas sobre a articulação dos conteúdos dos diferentes componentes curriculares de forma contextualizada e integrada, a fim de favorecer a aprendizagem significativa e o desenvolvimento de um pensamento complexo.
Vale destacar também o fato de que, além de integrar os conteúdos dos componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento, a interdisciplinaridade promove a troca de saberes e a colaboração entre os integrantes do corpo docente da escola, contribuindo para uma prática pedagógica mais reflexiva e colaborativa. Em uma escola na qual ainda predomina um ensino fragmentado, muitas vezes, os docentes atuam de forma isolada e limitada a sua área. Em uma proposta interdisciplinar, em contrapartida, o diálogo entre os componentes curriculares é central, exigindo dos professores uma abordagem colaborativa que possibilite o alinhamento do que é relevante para os estudantes e o compartilhamento de estratégias de ensino. Nesse cenário, a escola se torna um espaço de aprendizagem contínua no qual o conhecimento é construído coletivamente, de acordo com as demandas reais e atuais da escola, dos professores e dos estudantes.
As competências específicas desenvolvidas pela área de Linguagens e suas tecnologias, que inclui os componentes curriculares Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Arte e Educação Física, visam desenvolver, entre outras, as habilidades relacionadas diretamente com a consolidação da autonomia e do pensamento crítico dos estudantes. O contato direto com diferentes linguagens, que envolvem as esferas verbal, visual, sonora, corporal e digital, promove o desenvolvimento da comunicação, da interpretação e da produção textuais, que são habilidades essenciais para uma vida consciente e ativa em sociedade.
Combinando as várias linguagens, os estudantes formam-se cidadãos capazes de entrar em contato com ideias, bem como de absorvê-las criticamente e produzi-las, estejam elas na forma de um texto escrito ou oral, de uma obra de arte visual, de uma música, de um espetáculo de dança ou teatral etc. Além disso, as habilidades desenvolvidas na área de Linguagens e suas Tecnologias, por seu caráter transversal, são fundamentais para o acesso a outros componentes. Ao mesmo tempo, constituem-se como habilidades essenciais para a construção de identidades e a educação socioemocional, que envolve a empatia e o diálogo na sociedade contemporânea.
O componente Língua Portuguesa é base da formação dos estudantes, pois desenvolve habilidades essenciais para a comunicação e o pensamento crítico. Entre as competências específicas, destacam-se a leitura e interpretação de diferentes gêneros textuais, o que garante aos estudantes habilidades fundamentais para o desenvolvimento de sua criticidade e capacidade interpretativa. Igualmente relevante é a produção textual, que implica a estruturação clara e coesa de ideias, resultando no aprimoramento das capacidades de expressão e de persuasão. Por fim, é a habilidade de analisar textos literários clássicos ou contemporâneos que permite que os estudantes explorem temas universais e questões sociais, enriquecendo sua compreensão do mundo.
Tanto a capacidade interpretativa quanto a de produção e a de análise, no entanto, só são desenvolvidas em uma base sólida por meio do estudo da gramática, da ortografia e da pontuação, fundamentais para o domínio das ferramentas das linguagens.
O componente Arte promove o desenvolvimento da criatividade, da sensibilidade e da expressão pessoal. Entre as habilidades específicas que esse componente abrange, destacam-se as capacidades de usufruir, analisar e interpretar diferentes linguagens artísticas, como a Música, o Teatro, as Artes visuais e a Dança, que estimulam a percepção crítica dos estudantes em relação às manifestações culturais e sociais.
Da mesma forma, a produção artística é importante, pois incentiva os estudantes a experimentar e criar obras em diversos meios. Ao criar, tendo à disposição diferentes técnicas, observa-se o fortalecimento da autoconfiança e da autoestima dos estudantes, uma vez que eles podem se expressar de forma única e original.
Além disso, o componente Arte promove a apreciação estética e o entendimento dos contextos históricos e culturais das obras. Por fim, ao estudar os movimentos artísticos e seus impactos na sociedade, os estudantes são levados a refletir sobre questões como identidade, diversidade e inclusão.
Incluindo desde os jogos e esportes até as danças e lutas, a Educação Física constitui uma forma de expressão rica e complexa.
Ao longo do processo de formação, este componente contribui para o desenvolvimento de diversas habilidades que extrapolam o âmbito esportivo. A prática regular de atividades físicas refina a coordenação motora, essencial para o desempenho em diversas atividades do dia a dia, desde tarefas simples até a prática de esportes e artes marciais. A consciência corporal, desenvolvida por meio de atividades que exploram o movimento, permite que o indivíduo se relacione de forma mais harmoniosa com o próprio corpo e com o espaço ao seu redor. Além disso, a linguagem corporal é uma forma poderosa de comunicação, permitindo que o indivíduo expresse emoções, ideias e sentimentos de maneira não verbal. A maioria das atividades físicas exige cooperação e colaboração, além de desen-
volver habilidades sociais e possibilitar a construção de relações interpessoais saudáveis. A prática de esportes e jogos exige a tomada de decisões rápidas e a resolução de problemas, habilidades essenciais para a vida em sociedade.
No mundo atual, marcado pela sedentarização e pelo estresse, a Educação Física tem um papel ainda mais relevante. Ao promover a prática regular de atividades físicas, o componente contribui para a prevenção de doenças crônicas, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares. Além disso, a prática de esportes e jogos proporciona momentos de lazer, bem-estar e descontração, fatores que ajudam a melhorar a saúde mental dos estudantes e a favorecer o convívio entre os diferentes e o fortalecimento das relações sociais.
Dada a realidade global, o componente Língua Inglesa desempenha um papel relevante na formação integral do estudante, contribuindo para o desenvolvimento de diversas habilidades e competências essenciais para a vida em sociedade.
Ao estudar uma língua estrangeira, o estudante desenvolve: competência comunicativa, já que aprender a se comunicar em outra língua implica dominar as habilidades de ouvir, falar, ler e escrever, ampliando as possibilidades de interação com pessoas de diferentes culturas; pensamento crítico, pois a análise de textos em língua estrangeira estimula o desenvolvimento da ponderação minuciosa de ideias e da capacidade de interpretar informações, e a construção de argumentos; consciência cultural por meio do contato direto com a cultura do país de origem dessa língua, promovendo a compreensão de diferentes realidades e a valorização da diversidade cultural; e autoconfiança, pois o domínio de uma língua estrangeira aumenta a autoestima e a segurança em si mesmo, além de abrir portas para novas oportunidades.
É preciso considerar, ainda, que o domínio de uma língua estrangeira é cada vez mais valorizado no mercado de trabalho. Empresas procuram profissionais com habilidades comunicativas em diferentes idiomas. Por fim, vale destacar que o estudo de línguas estrangeiras facilita o acesso a informações e conhecimentos de diversas áreas, como ciência, tecnologia, arte e cultura. Ao dominar uma língua estrangeira, o estudante pode ampliar seus horizontes e ter uma visão mais abrangente do mundo.
Por meio da metodologia de trabalho com projetos, propõe-se o estabelecimento de conexões entre os diferentes componentes curriculares das diversas áreas do conhecimento e das práticas sociais nos distintos campos da atividade humana.
Para Hernández e Ventura38, o trabalho com projetos educacionais deve valorizar o desenvolvimento do conhecimento de maneira contextualizada, globalizada e relacional e consistir na criação de estratégias para resolver problemas ou hipóteses que facilitem a construção do conhecimento pelos estudantes, por meio da transformação das informações procedentes dos diferentes saberes disciplinares.
Além disso, a aprendizagem com base em projetos não pode se desenvolver de maneira individual, solitária; ela requer o trabalho em grupo como condição essencial para dar conta da complexidade dos problemas a serem discutidos, investigados, analisados e repensados no contexto suscitado pelos temas focados. Nessa proposta, a transmissão de conteúdos, característica do ensino tradicional, perde espaço para o processo de aprendizagem no qual são valorizadas a prática e a experimentação.
O propósito de trabalho com os Projetos Integradores converge para os objetivos apresentados por Hernández e Ventura:
A proposta que inspira os projetos de trabalho está vinculada à perspectiva do conhecimento globalizado e relacional [...]. Essa modalidade de articulação dos conhecimentos escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino e a aprendizagem, que implica considerar que tais conhecimentos não se ordenam para sua compreensão de uma forma rígida, nem em função de algumas referências disciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares
em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a relação entre os diferentes conteúdos em torno dos problemas ou hipóteses que facilitam aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação procedente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio39
De maneira geral, no ensino com base no desenvolvimento de projetos, são necessárias a identificação e a descrição de um problema, em um contexto específico, para que, tomando-o como referência, sejam propostas questões problematizadoras que motivem a busca por soluções. Dessa forma, propõe-se uma questão central com base em ao menos dois critérios: o contexto, entendido como terreno fértil para o cumprimento dos objetivos pedagógicos, e o interesse dos estudantes. Nesse sentido, no processo de aprendizagem por meio de projetos, os estudantes devem confrontar questões e problemas do mundo real que façam sentido para eles a fim de determinar o modo como abordá-los e solucioná-los de forma colaborativa, crítica e propositiva40
O que é aprendizagem baseada em projetos?
Ter questionamentos abertos
Apresentar para o público
Incluir processos de revisão e reflexão
Ter conteúdo relevante
Desenvolver habilidades para o séc. XXI
Dar oportunidade de voz e escolha
Ter espírito de exploração Criar a necessidade de saber
Fonte: MENDONÇA, Helena Andrade. Construção de jogos e uso de realidade aumentada em espaços de criação digital na educação básica. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 106-127.
38 HERNÁNDEZ, Fernando; VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Penso, 2017.
39 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 59.
40 BENDER, William N. Aprendizagem baseada em projetos: educação diferenciada para o século XXI. Tradução de Fernanda de Siqueira Rodrigues. Porto Alegre: Penso, 2014.
O propósito de vencer o desafio deve motivar os estudantes a realizar pesquisas, formular estratégias e buscar soluções para apresentar resultados concretos, no final de todo o processo. Como forma de regular e autorregular o conhecimento e seus avanços, esse processo é gerenciado por meio da avaliação e das vivências e dos resultados da autoavaliação.
No desenvolvimento da metodologia de projetos, deve-se ter o cuidado de não permitir que a preocupação com a resolução do problema prejudique o interesse pelas aprendizagens envolvidas nesse processo.
A resolução dos problemas não é algorítmica, ou seja, não pode ser definida a priori. Embora seja feito um planejamento orientador, seu real desenvolvimento é suscetível a ajustes diante de obstáculos não previstos e da dinâmica em sala de aula. Nesses ajustes, o compromisso com a aprendizagem não pode ser alterado.
Nessa perspectiva, evidencia-se uma das principais características do trabalho com projetos, que está relacionada às estratégias da organização das informações e à sua aplicação na resolução do problema ou na elaboração de respostas à questão central, que deve ser valorizada e monitorada durante o desenvolvimento do projeto.
A construção do conhecimento se consolida por meio das conexões entre as informações e as interações internas e externas ao grupo. Segundo Hernández e Ventura:
[...] Os procedimentos são utilizados na escola para que os estudantes incorporem novas estratégias de aprendizagem que, estando inseridas no processo de construção do projeto e derivando-se dele, podem ser compreendidas pelos alunos e utilizadas em outras situações.
[...] É o domínio e conhecimento dessas estratégias o que permite aos estudantes organizarem e dirigirem seu próprio processo de aprendizagem. [...]41
Diante desse novo papel do estudante, o professor deixa de ser apenas um transmissor de informações e um agente controlador dos comportamentos em sala de aula para assumir diversas facetas:
[...] o professor também é consultor nesse processo. Não mais aquele que expõe todo o conteúdo aos alunos, mas aquele que fornece as informações necessárias, que o aluno não tem condições de obter sozinho. Nessa função, faz explanações, oferece materiais, textos etc.
41 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 75.
Outra de suas funções é como mediador, ao promover a confrontação das propostas dos alunos, ao disciplinar as condições em que cada aluno pode intervir para expor sua solução, questionar, contestar. Nesse papel, o professor é responsável por arrolar os procedimentos empregados e as diferenças encontradas, promover o debate sobre resultados e métodos, orientar as reformulações e valorizar as soluções mais adequadas. Ele também decide se é necessário prosseguir o trabalho de pesquisa de um dado tema ou se é o momento de elaborar uma síntese. [...]
Atua como controlador ao estabelecer as condições para a realização das atividades e fixar prazos, sem esquecer de dar o tempo necessário aos alunos.
Como um incentivador da aprendizagem, o professor estimula a cooperação entre os alunos, tão importante quanto a própria interação adulto/criança. [...]42
É importante destacar o fato de que retirar o professor do papel central não significa desvalorizá-lo, pois ele ganha novas dimensões de atuação, assim como os estudantes. Para Hernández e Ventura43, o percurso para a construção de um projeto se inicia com o estabelecimento pelos professores dos objetivos educacionais e de aprendizagem.
Considerando que as concepções do projeto partem de questões problematizadoras, por meio das quais os estudantes são desafiados a refletir e a usar a criatividade, mobilizando ações individuais e coletivas, elas se complementam, favorecendo o delineamento do processo e a construção de um produto final que ajude a transformar a realidade.
Além disso, em razão da disparidade das realidades locais brasileiras, com diferentes conflitos, vocações e especificidades, o percurso dos projetos pode ser alterado e construído de acordo com as necessidades da turma, ficando também a critério do professor e da escola a criação, com os estudantes, de outros projetos.
Os processos de escuta dos jovens e de construção coletiva podem propiciar ganhos ainda maiores na aprendizagem, pois os estudantes nascem conectados com a comunidade em que vivem. Essa abordagem mais contextualizada, como vimos, contribui para aumentar o engajamento dos estudantes, de modo que
42 BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília, DF: MEC, SEF, 1997. p. 31. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
43 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38.
o processo de ensino-aprendizagem seja mais motivador e envolvente.
De forma sintética, para visualizar melhor o desenvolvimento geral de um projeto integrador, o processo pode ser compreendido, basicamente, em seis passos:
1. contextualização e sensibilização por meio de questão mobilizadora que motive a aprendizagem;
2. investigação e busca de informações sobre o tema;
3. registro e divulgação dos resultados da investigação;
4. estabelecimento de um plano de ação com base na discussão dos resultados encontrados;
5. aplicação das informações e dos conhecimentos na elaboração do produto final;
6. conclusão e apresentação dos trabalhos e avaliação.
Vale destacar o fato de que, nesse processo, a pesquisa entra em cena como uma atividade praticamente transversal ao desenvolvimento do projeto. Quando se menciona a busca por informações, fica implícita a necessidade de sistematização, interpretação, análise e compartilhamento ou aplicação das informações resultantes de todas as etapas da investigação científica.
A pesquisa também sustentará a pluralidade de ideias, qualificando o debate entre os estudantes.
Hernández e Ventura definem os principais aspectos que devem ser estabelecidos na relação entre o tema e a organização curricular:
1. Um sentido da aprendizagem que quer ser significativo, ou seja, que pretende conectar e partir do que os alunos já sabem, de seus esquemas de conhecimento precedentes, de suas hipóteses (verdadeiras, falsas ou incompletas) ante a temática que se há de abordar.
2. Assume, como princípio básico para sua articulação, a atitude favorável para o conhecimento por parte dos estudantes, sempre e quando o professorado seja capaz de conectar com seus interesses e de favorecer a aprendizagem.
3. Configura-se a partir da previsão, por parte dos docentes, de uma estrutura lógica e sequencial dos conteúdos, numa ordem que facilite sua compreensão. Mas sempre levando em conta que essa previsão constitui um ponto de partida, não uma finalidade, já que pode ficar modificada na interação da classe.
4. Realiza-se com um evidente sentido de funcionalidade do que se deve aprender. Para isso, torna-se fundamental a relação com os procedimentos, com as diferentes alternativas organizativas aos problemas abordados.
44 HERNÁNDEZ; VENTURA, ref. 38, p. 60-61.
5. Valoriza-se a memorização compreensiva de aspectos da informação, com a perspectiva de que esses aspectos constituem uma base para estabelecer novas aprendizagens e relações.
6. Por último, a avaliação trata, sobretudo, de analisar o processo seguido ao longo de toda a sequência e das inter-relações criadas na aprendizagem. Parte de situações nas quais é necessário antecipar decisões, estabelecer relações ou inferir novos problemas44.
Como em todas as práticas educativas empregadas para promover uma aprendizagem significativa, na intervenção pedagógica baseada em projetos, deve-se partir dos saberes prévios dos estudantes. Para isso, é fundamental a realização de uma avaliação diagnóstica no início de cada etapa. Esse procedimento é importante para mapear os conhecimentos, as habilidades, as atitudes e os valores dos estudantes ao chegar à sala de aula, possibilitando que o professor tenha condições de planejar melhor suas aulas, definindo procedimentos que serão adotados para realizar as atividades principais do projeto, as estratégias que serão utilizadas, os materiais que serão usados como fontes de pesquisa, a duração dos trabalhos etc. Essa abordagem torna-se ainda mais relevante em uma educação comprometida com a aprendizagem ativa, uma vez que os estudantes se tornam o centro do processo de ensino-aprendizagem. No planejamento, também é preciso levar em consideração o fato de que os projetos apresentam dinâmicas diferentes, de modo que as atividades apropriadas para o desenvolvimento de um tema podem não ser adequadas ao trabalho com outros. Além disso, é necessário identificar dificuldades ao longo do percurso e criar procedimentos alternativos para resolvê-las.
Definido o tema e traçados os objetivos, o projeto começa a entrar na fase de execução. O professor deve fazer um acompanhamento constante, auxiliando os alunos com os recursos humanos, materiais, com a orientação da parte procedimental e com a inclusão dos conteúdos conceituais.
[...] O acompanhamento é fundamental para a correção de rotas, depuração, orientação, inclusão de conceitos, ajustes de hipóteses e até para o próprio ato de investigação, pois o professor é um dos membros desse processo e como tal também investiga, descobre e busca soluções para os problemas45.
Dessa forma, os Projetos Integradores possibilitam o desenvolvimento de diferentes percursos para chegar ao
45 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: etapas, papéis e atores. São Paulo: Érica, 2008. p. 69.
produto final. Também é importante não perder de vista o fato de que existem várias formas de abordar e solucionar uma questão ou problema, de modo que pode haver múltiplas soluções aceitáveis. Nesse sentido, ao encorajar os estudantes a participar do planejamento dos projetos e de todas as suas etapas, é preciso estar aberto ao que eles têm a propor. A multiplicidade de abordagens também é um ponto relevante a ser considerado, já que os problemas enfrentados na realidade são multifacetados e não apresentam uma estrutura organizada que determine apenas um caminho a ser traçado. Até mesmo as soluções podem ser diferentes. Portanto, aceitar essa complexidade do processo é um aspecto importante que contribui para que os estudantes experenciem situações mais próximas às da vida real. De acordo com Bender: [...] Esse tipo de aprendizagem força os alunos, ao trabalharem em equipes cooperativas, a criarem significado a partir do caos de superabundância de informações, a fim de articularem e apresentarem uma solução para o problema de forma eficaz [...].
Em uma era em que as mídias digitais permitem a comunicação instantânea e há disponibilidade de informações quase ilimitadas na internet, os defensores da ABP sugerem que produzir sentido a partir de grande quantidade virtual de informações caóticas é exatamente o tipo de construção do conhecimento que todo aluno no mundo de hoje precisa dominar [...]46.
Ao longo dos projetos, as atividades tornam-se práticas contextualizadas, de forma que todos os conhecimentos e procedimentos façam sentido para os estudantes, pois estão próximos à realidade deles. São processos predominantemente especulativos, nos quais hipóteses são levantadas para serem refutadas ou validadas, às vezes, por meio de tentativa e erro, gerando oportunidades de busca de informações para as devidas justificativas científicas.
O fechamento do projeto é um momento decisivo.
Ainda que tenham sido feitos ajustes ao longo do processo, podem surgir surpresas na conclusão do produto final. Portanto, deve-se dar atenção especial a esse momento. Mesmo que durante o projeto o professor tenha feito suas interferências, é sempre bom
que ao final ele “alinhave e costure” tudo, ou seja, que faça um fechamento, lembrando qual era o problema inicial, quais eram as dúvidas, os interesses, as propostas de ações, os resultados obtidos e a finalização das conclusões. É papel do professor traçar esse quadro histórico de toda a trajetória do projeto, dando assim uma imagem de sequência de fatos e acontecimentos, para auxiliar os alunos na memorização e fixação de tudo aquilo que foi vivenciado no período em que realizaram o projeto47
Tradicionalmente, a produção dos estudantes é usada para que eles mostrem ao professor aquilo que aprenderam. Essa produção compreende desde os simples registros feitos para a resolução de exercícios até a entrega de trabalhos extraclasse. Por vezes, são realizadas apresentações em eventos culturais e científicos. É comum o uso dessas produções para fechar um ciclo didático ou uma das etapas da Educação Básica. Todas elas apresentam em comum o fato de serem utilizadas de alguma forma para atribuir significado aos conteúdos estudados, demonstrar a aprendizagem e fechar um ciclo.
Nos Projetos Integradores, essa lógica é revertida. A produção dos estudantes é usada desde o início para que eles tomem consciência sobre um tema que envolve uma problemática real, seguida de um estudo aprofundado desse tema e da proposição e do planejamento para construir um produto que envolve a comunidade do ambiente escolar e de fora dele. Esse processo contribui para gerar conhecimentos e para que os estudantes desenvolvam competências, habilidades, valores e atitudes que transformam os indivíduos e a realidade em que vivem.
A produção dos estudantes não deve ter impacto apenas durante o ciclo de aprendizagem ou ao final dele; deve constituir um bem comum para a comunidade na qual os jovens estão inseridos, extrapolando os muros da escola. Isso não significa que essa produção não possa ser usada para os processos avaliativos e o compartilhamento das experiências. Ela deve ser usada para esses fins, porém com intenções mais pragmáticas, dando significado às questões teóricas e científicas.
Ao longo das etapas dos projetos e de acordo com a realidade dos estudantes, os recursos digitais devem ser usados para o compartilhamento das experiências dos estudantes durante e após o processo de
46 BENDER, ref. 40, p. 25.
47 NOGUEIRA, ref. 45, p. 69-70.
aprendizagem e para a divulgação de informações. Essas experiências podem se tornar referência na aprendizagem de outros estudantes que as acessarem, atingindo também pessoas da comunidade e de fora dela. Dessa forma, as produções passam a ter uma abrangência mais ampla.
Os produtos documentais podem ser planos de ação, propostas de encaminhamento, projetos e esboços, análises, vídeos, depoimentos, guias ou diários de campo, mas não apenas. É desejável que os resultados dos projetos – que podem ser produtos concretos ou serviços – causem impactos na comunidade.
Nessa perspectiva, os Projetos Integradores estão inseridos na chamada “cultura maker”, ou seja, os estudantes devem “pôr a mão na massa”, produzindo mecanismos, artefatos, manifestações culturais e artísticas, campanhas publicitárias de conscientização e educação ou soluções dos problemas identificados. O importante é que as produções dos estudantes tenham algum impacto social na resolução de problemas da escola ou da comunidade local.
Em geral, costuma predominar nas salas de aula abordagens pedagógicas dedutivas – aquelas em que os estudantes recebem, memorizam e acumulam informações repassadas pelos professores para aplicar em determinadas situações. Embora esse modelo de aprendizagem seja eficaz em certos contextos, cada vez mais se constata que uma aprendizagem ativa, na qual os estudantes assumem um papel de protagonistas no processo de aprendizagem, pode se mostrar mais engajadora por fazer mais sentido para os estudantes 48 .
De acordo com essa ótica, é necessário deslocar o foco do processo de ensino-aprendizagem do professor para o estudante. Com essa mudança de perspectiva, o professor atua mais como um mediador do processo, impulsionando as aprendizagens dos estudantes e direcionando-os para que atinjam os objetivos pedagógicos estabelecidos.
Para que isso seja possível na sala de aula, é importante estabelecer uma relação de parceria com os jovens que se baseie no respeito mútuo e no acolhimento, principalmente no encontro de saberes e de expectativas sobre o papel de cada um. Na prática, mais do que aprimorar as práticas pedagógicas, é importante que o professor se aproxime dos jovens para entender suas inquietações e demandas, bem como seus interesses e anseios49. No entanto, essa responsabilidade não deve ser atribuída apenas ao professor. Para que a escola se torne um espaço democrático, inclusivo e acolhedor, é preciso que toda a comunidade escolar se engaje nesse processo, entendendo os jovens que chegam ao Ensino Médio como sujeitos que buscam construir uma identidade ao mesmo tempo em que lidam com os impactos dos desafios que enfrentam.
No que diz respeito às práticas pedagógicas, o papel do professor como mediador assume alguns contornos específicos no trabalho com Projetos Integradores. Nessa abordagem, além da promoção de uma aprendizagem ativa, espera-se que os conteúdos sejam abordados de forma interdisciplinar, integrando conhecimentos das diversas áreas. Assim, os projetos desta coleção foram concebidos para abranger mais de uma área do conhecimento. Entretanto, para cada projeto é sugerido um professor-líder, que pode ser escolhido de acordo com a realidade escolar.
É importante que esse profissional:
• v alorize o enfoque participativo para garantir a proatividade dos estudantes, assumindo o papel de mediador, ciente de que ensinar não é transferir conhecimento, mas possibilitar sua construção de forma crítica, ativa e participativa;
• estabeleça regras e combinados de forma colaborativa para que todos os envolvidos possam atribuir significados a elas;
• compartilhe e construa com os estudantes as metas, os prazos e os propósitos de maneira nítida e objetiva, a fim de proporcionar à turma autonomia nos momentos de decisão, ação e avaliação – nesse contexto, os estudantes poderão reconhecer suas
48 MORAN, José. Metodologias ativas para uma aprendizagem mais profunda. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 1-25. 49 DAYRELL; CARRANO, ref. 9.
responsabilidades e sua autonomia, perceber suas limitações, encontrar apoio nos colegas e no professor para superá-las e identificar os progressos alcançados;
• incentive o interesse dos estudantes ao longo do projeto, garantindo a otimização dos tempos de aprendizagem, de modo que possam sistematizar dados, estabelecer conexões entre as informações e cumprir tarefas de cada uma das etapas, construindo os conhecimentos gradativamente; estabeleça com nitidez e precisão os objetivos pedagógicos e os processos de avaliação e autoavaliação –por meio do registro de suas observações sobre o andamento do projeto e sobre a evolução do desempenho dos estudantes, será possível fundamentar as devolutivas individuais e coletivas que orientarão os estudantes a adotar rotas alternativas de aprendizagem, flexibilizando seu tempo de aprendizagem e o acesso aos recursos didáticos, digitais ou não;
faça uma exposição de suas expectativas em relação à turma e a cada estudante, particularmente, se necessário – elas devem ser exequíveis e flexíveis, de modo que os próprios jovens expressem seus limites e possibilidades;
tenha entendimento da concepção de avaliação que deve ser considerada diante de uma proposta metodológica que pressupõe uma flexibilização curricular; explique aos estudantes os instrumentos de avaliação que serão usados ao longo e no final do processo –essa informação os tranquilizará e os ajudará na organização dos trabalhos;
t enha ciência de que, na perspectiva formativa, os estudantes, ao mesmo tempo que são avaliados, devem se tornar avaliadores – paulatinamente, eles vão se apropriando dos objetivos e desenvolvendo a habilidade de avaliar, de forma crítica e ética, o próprio processo de aprendizagem, assim como o desenvolvimento do projeto e a elaboração dos produtos resultantes dos Projetos
Integradores; por isso, a autoavaliação e a produção de portfólios, vídeos, fotografias e cadernos de anotações, entre outros recursos, podem ser instrumentos adequados para os processos avaliativos dessa natureza.
A respeito da expressão, pelo professor e pelos estudantes, de seus limites e suas possibilidades, afirma Boaler:
[...] as ideias que temos sobre nós mesmos –em especial se acreditamos em nós mesmos ou não – mudam os mecanismos de nossos cérebros. Se acreditamos que podemos aprender e que erros são valiosos, nossos cérebros se desenvolvem mais quando cometemos um erro. Esse resultado é muito significativo, pois novamente ressalta o quanto é importante que todos os estudantes acreditem em si mesmos –e como é fundamental para todos nós acreditarmos em nós mesmos, sobretudo quando estamos diante de algo desafiador50.
Nas discussões mais recentes sobre educação, as metodologias ativas têm ganhado cada vez mais espaço e relevância entre as práticas pedagógicas. A principal característica desse tipo de abordagem é o foco no estudante, ou seja, as atividades propostas em sala de aula são planejadas a fim de colocar o estudante no centro do processo de ensino-aprendizagem.
Para Valente, as metodologias ativas podem ser definidas como
[...] alternativas pedagógicas que colocam o foco do processo de ensino e aprendizagem no aprendiz, envolvendo-o na aprendizagem por descoberta, investigação ou resolução de problemas. Essas metodologias contrastam com a abordagem pedagógica do ensino tradicional centrado no professor, que é quem transmite a informação aos alunos. [...]51
As metodologias ativas não são um modelo novo de educação, mas estão se tornando mais relevantes no cenário educativo por atender às demandas atuais da escola. Elas envolvem abordagens didáticas que favorecem
50 BOALER, Jo. Mentalidades matemáticas: estimulando o potencial dos estudantes por meio da matemática criativa, das mensagens inspiradoras e do ensino inovador. Porto Alegre: Penso, 2018. p. 13.
51 VALENTE, José Arnando. A sala de aula invertida e a possibilidade do ensino personalizado: uma experiência com a graduação em Midialogia. In: BACICH, Lilian; MORAN, José (org.). Metodologias ativas para uma educação inovadora: uma abordagem teórico-prática. Porto Alegre: Penso Editora, 2018. p. 27.
o desenvolvimento de competências alinhado à formação integral com base na aprendizagem ativa.
O papel do professor passa a ser de um facilitador do processo de ensino-aprendizagem, promovendo experiências didáticas desafiadoras que possibilitem a aplicação do conhecimento em situações concretas e engajem o estudante na aprendizagem. Para trabalhar com as metodologias ativas em sala de aula, é necessário que esta seja um espaço de diálogo, em que todos possam se sentir acolhidos e valorizados52.
Ao adotar as metodologias ativas em sala de aula, é preciso implementar estratégias a fim de mobilizar os estudantes para uma participação ativa na construção de saberes. Espera-se que eles participem de debates, desenvolvam projetos, testem hipóteses, proponham soluções, criem protótipos, trabalhem de forma colaborativa, façam experimentações etc.
De acordo com Moran53, as metodologias ativas estão vinculadas aos modelos híbridos, cuja conotação tem sido associada à mediação por tecnologias digitais no processo de aprendizagem. Esses modelos híbridos favorecem a personalização das aprendizagens, que, por sua vez, contribui para que os estudantes se conheçam melhor e ampliem sua autopercepção, reconhecendo seus potenciais e suas limitações. Essa abordagem é particularmente enriquecedora no contexto da construção dos projetos de vida dos estudantes, que são de caráter individual.
As tecnologias facilitam a aprendizagem colaborativa, entre colegas próximos e distantes. É cada vez mais importante a comunicação entre pares, entre iguais, dos alunos entre si, trocando informações participando de atividades em conjunto, resolvendo desafios, realizando projetos, avaliando-se mutuamente. Fora da escola, acontece o mesmo na comunicação entre grupo, nas redes sociais, que compartilham interesses, vivências, pesquisas, aprendizagens. A educação se horizontaliza e se expressa em múltiplas interações grupais e personalizadas.
[...]
A combinação de metodologias ativas com tecnologias digitais móveis é hoje estratégia para
a inovação pedagógica. As tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa, autoria, comunicação e compartilhamento em rede, publicação, multiplicação de espaços e tempos; monitoram cada etapa do processo, tornam os resultados visíveis, os avanços e as dificuldades. As tecnologias digitais diluem, ampliam e redefinem a troca entre os espaços formais e informais por meio de redes sociais e ambientes abertos de compartilhamento e coautoria54.
As tecnologias são importantes aliadas na adoção de metodologias ativas na sala de aula, favorecendo até mesmo a aprendizagem socioemocional. Contudo, para que o uso delas na educação se efetive, é preciso haver uma articulação entre os aspectos metodológicos e de conteúdo e as intencionalidades pedagógicas do professor55. Sendo assim, o uso de tecnologias digitais por si só não garante a aprendizagem ativa e digital, sendo central o papel do professor nesse processo, orientando e intervindo de forma intencional e sistematizada. Vale também destacar o fato de que, embora tenham grande potencial na mediação da aprendizagem, especialmente nos modelos de aprendizagem ativa, as tecnologias digitais não são essenciais para que as metodologias ativas sejam adotadas em sala de aula. É possível fazer adaptações que dependam mais ou menos do uso dessas tecnologias.
Outro aspecto fundamental dessa abordagem é a aprendizagem colaborativa e compartilhada, que promove o trabalho em equipe e valoriza o aprendizado entre pares. No processo de ensino-aprendizagem, é fundamental que os estudantes compartilhem informações e experiências, conhecendo e discutindo diferentes pontos de vista e participando de atividades coletivas. Ao trabalhar em grupos heterogêneos, os estudantes desenvolvem competências socioemocionais, como respeito, empatia, capacidade para resolver conflitos e comunicação. Além disso, as tecnologias digitais podem desempenhar um papel importante oferecendo suporte para a manutenção das relações interpessoais e facilitando a colaboração e a comunicação, tanto dentro quanto fora da sala de aula.
A organização da sala de aula também é um fator importante para a implementação de metodologias ativas nas práticas pedagógicas. O modelo tradicional de
52 MORAN, ref. 48; CAVALCANTI, ref. 31; FILATRO, Andrea; CAVALCANTI, Carolina Costa. Metodologias inov-ativas na educação presencial, a distância e corporativa. São Paulo: Saraiva Uni, 2018.
53 MORAN, ref. 48.
54 MORAN, ref. 48, p. 11-12.
55 CAVALCANTI, ref. 31.
disposição das carteiras enfileiradas e a mesa do professor à frente precisa ser avaliado para a aplicação das metodologias ativas. Afinal, o centro do processo de ensino-aprendizagem está nos estudantes, não no professor, que é o foco desse formato de organização da sala de aula. Isso, porém, não significa que essa disposição da sala de aula deva ser totalmente abandonada, pois pode haver momentos em que o professor prefira uma abordagem mais dirigida das atividades, para a qual seja necessária maior concentração dos estudantes.
O que é importante considerar na gestão do espaço é o alto grau de complexidade esperado da organização social de uma sala de aula para o ensino de competências. Em qualquer abordagem, por meio de metodologias ativas ou não, é preciso levar em conta o fato de que, para ensinar competências, é preciso escolher métodos que contemplem momentos de trabalho colaborativo – tanto em grupos homogêneos ou heterogêneos quanto em grandes equipes – ou individual. Isso se faz necessário porque os estudantes só poderão aprender o trabalho colaborativo realizando-o na prática. Além disso, no ensino de competências, também é igualmente importante o desenvolvimento de habilidades que englobem as dimensões interpessoais, sociais e socioemocionais56.
Sendo assim, faz-se necessário explorar, de acordo com as intencionalidades pedagógicas, diferentes organizações físicas e sociais da sala de aula. Alguns formatos que podem ser considerados são: a disposição dos estudantes em semicírculo (ou em formato U), em roda de conversa (formato circular), em agrupamentos modulares (pares, trios, grandes e pequenos grupos etc.) ou em estações de trabalho. Todos esses exemplos favorecem o trabalho colaborativo ao contribuir para a interação dos estudantes.
A organização dos grupos também precisa ser planejada, principalmente quando são formados por muitos estudantes. Esse planejamento deve seguir as intencionalidades pedagógicas previstas para cada atividade. Por exemplo, em metodologias que visam à instrução por pares, a escolha dos pares deve ser criteriosamente planejada, pois é preciso que um estudante tenha como instruir o outro, ou seja, os estudantes de cada par devem ser complementares. Já em grupos grandes, pode ser necessário atribuir funções específicas para cada integrante, a fim de garantir a
participação de todos na atividade a ser desenvolvida.
A atribuição de funções pode ser realizada com o direcionamento do professor ou seguir critérios adotados pelos próprios grupos, conforme o grau de autonomia dos estudantes e os objetivos pretendidos.
No contexto da aprendizagem baseada em projetos, os estudantes são envolvidos ativamente em atividades que envolvem problemas reais. Tal abordagem tem como princípio a aprendizagem colaborativa, que implica a necessidade do trabalho em grupo e em sala de aula. No âmbito dos Projetos Integradores, há articulação e integração de diferentes saberes e áreas de conhecimento para abarcar a complexidade de questões da vida cotidiana. Quando bem estruturados, os projetos também contribuem para o desenvolvimento de competências cognitivas e socioemocionais, possibilitando aos estudantes mobilizar diferentes habilidades ao longo das etapas do projeto. Nesse processo, várias atividades podem ser empregadas para promover a aprendizagem ativa:
• Atividades para motivação e contextualização: os alunos precisam querer fazer o projeto, se envolver emocionalmente, achar que dão conta do recado caso se esforcem etc.
• Atividades de brainstorming: espaço para a criatividade, para dar ideias, ouvir os outros, escolher o que e como produzir, saber argumentar e convencer.
• Atividades de organização: divisão de tarefas e responsabilidades, escolha de recursos que serão utilizados na produção e nos registros, elaboração de planejamento.
• Atividades de registro e reflexão: autoavaliação, avaliação dos colegas, reflexão sobre qualidade dos produtos e processos, identificação de necessidade de mudanças de rota.
• Atividades de melhoria de ideias: pesquisa, análise de ideias de outros grupos, incorporação de boas ideias e práticas.
• Atividades de produção: aplicação do que os alunos estão aprendendo para gerar produtos.
• Atividades de apresentação e/ou publicação do que foi gerado: com celebração e avaliação final57.
56 ZABALA; ARNAU, ref. 15.
57 MORAN, ref. 48, p. 18-19.
A ampliação do acesso aos recursos digitais ocorrida nas primeiras décadas do século XXI é um dos fatores que mais têm modificado a interação entre as pessoas. O uso de celulares e computadores e a interconexão proporcionada pela internet transformaram significativamente as práticas sociais nos mais diversos campos da atividade humana e possibilitaram a interação entre pessoas e entre pessoas e máquinas.
Atual e necessário, o processo de ensino-aprendizagem no campo das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDICs) deve ser fomentado e trabalhado no contexto escolar, pois o domínio de seus usos instrumentaliza os estudantes não só para a aprendizagem na escola, mas também para a atuação nos contextos social e profissional. A incorporação das tecnologias digitais nas práticas pedagógicas e o desenvolvimento de habilidades para usá-las de forma responsável, além de necessários para que os estudantes atuem em um mundo altamente conectado, podem atrair o interesse dos jovens e engajá-los no processo de ensino-aprendizagem58.
A atividade escolar envolvendo o uso de tecnologias digitais, unida às experiências prévias dos estudantes com essas ferramentas, possibilita o desenvolvimento de habilidades voltadas à participação consciente e democrática dos jovens na sociedade por meio da comunicação digital, assim como a reflexão sobre os fundamentos das TDICs e os aspectos relacionados à comunicação de dados e à segurança de rede, por exemplo. As tecnologias digitais possibilitam o diálogo entre os diversos componentes curriculares e entre as áreas de conhecimento, por meio da realização de pesquisas, do planejamento para a apresentação de trabalhos e da partilha de informações, favorecendo as interações com o mundo virtual e globalizado que nos cerca. Portanto, as habilidades necessárias para utilizá-las de forma crítica e propositiva perpassam os limites dos componentes curriculares e podem ser trabalhadas nos mais diversos contextos.
Os Projetos Integradores também abrem terreno para o pensamento computacional, que contribui para o desenvolvimento de competências e habilidades específicas associadas à abstração, à visualização, à generalização e ao uso de estratégias algorítmicas. Na implantação
de propostas pela metodologia de projetos, o pensamento computacional está associado ao desenvolvimento do pensamento lógico e do pensamento algébrico (como previsto na BNCC); por isso, sua prática não deve ser entendida como uma preparação dos jovens para trabalhar com computação, mas como uma forma de lidar com problemas que demandam a capacidade de analisar e organizar logicamente as informações para, posteriormente, resolvê-los de modo eficiente.
Vale destacar o fato de que, embora o ensino baseado em tecnologia seja desejável e recomendado nas escolas, o trabalho com Projetos Integradores não depende do uso extensivo de tecnologia. Em um país desigual como o Brasil, a disponibilidade de recursos digitais pode constituir um desafio à realidade de muitas escolas e jovens. Para superar esse desafio, os professores podem explorar diferentes estratégias de ensino e adaptá-las a seu contexto, sem comprometer a aprendizagem dos estudantes. Um exemplo é o pensamento computacional, citado anteriormente. Embora o aprendizado possa ser enriquecido com o uso de tecnologias digitais, é possível trabalhar o pensamento lógico e matemático sem o uso delas.
A aprendizagem socioemocional é contemplada na BNCC e se expressa por meio das competências gerais propostas no documento para a Educação Básica de todo o país. Entre as dez competências propostas, três estão mais atreladas à aprendizagem socioemocional. São elas:
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base
em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários59.
Essa perspectiva está alinhada com o compromisso com a formação integral dos estudantes, o que significa promover uma educação que vá além da aprendizagem de conteúdos dos diferentes componentes curriculares e envolva questões sobre autoconhecimento, autorregulação das emoções e relacionamento com outras pessoas.
Nesse contexto, o trabalho com metodologias ativas, como a proposta de Projetos Integradores, é uma estratégia eficaz na aprendizagem socioemocional60. Além da aprendizagem ativa, a aprendizagem baseada em projetos parte do princípio do trabalho colaborativo entre os estudantes.
O trabalho em equipe é prática fértil para aflorar interesses, expectativas e pontos de vista pessoais. Assim, eventuais conflitos não devem ser evitados, pois a superação dos embates, quando bem gerenciados, possibilita o estabelecimento de novas relações, o questionamento de valores e o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes. Uma saída para conectar os jovens a um trabalho em grupo significativamente produtivo passa pelo desenvolvimento das competências socioemocionais. Nesse processo, eles aprendem a colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para compreender e regular emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável, como aponta o trecho a seguir:
[...] as competências socioemocionais constituem uma integração de saberes e fazeres sobre si mesmo e sobre os demais, apoiando-se na consciência, na expressão, na regulação e na utilização (manejo) das emoções, cujo objetivo é aumentar o bem-estar pessoal (subjetivo e psicológico) e a qualidade das relações sociais. Em resumo, a inteligência emocional, a regulação emocional, a criatividade emocional e as habilidades sociais integram um conjunto mais amplo denominado de competências socioemocionais61
No contexto do trabalho em grupo, espera-se que os estudantes se desenvolvam na dimensão socioemocional, ao conseguir praticar a escuta ativa, refletir e argumentar
adequadamente e expor suas ideias e justificativas com objetividade. Ao pensar, preparando argumentos contrários aos dos colegas ou concordando com eles, os jovens estabelecem conexões entre as informações e sintetizam diferentes conhecimentos. Objetivamente, isso significa desenvolver o pensamento crítico e ético e a capacidade de agir coletivamente para a melhoria das condições sociais e ambientais no seu contexto local e, ao mesmo tempo, desenvolver o conhecimento científico e as competências específicas e habilidades da BNCC.
O desenvolvimento de habilidades socioemocionais favorece uma experiência que abarca reflexões e debates a respeito de problemas reais, presentes na comunidade escolar: ocorrências de assédio (moral, físico ou emocional) ou violência praticada com o outro ou autoprovocada, casos graves de indisciplina escolar e de ataque ao patrimônio público, práticas de bullying, complicações da saúde mental e comportamento agressivo, além de outras questões relacionadas às particularidades da vivência cotidiana dos jovens. Por isso, espera-se que o trabalho com os Projetos Integradores sirva como instrumento para que os estudantes lidem com a complexidade da vida cotidiana e aprendam a valorizar seus pontos fortes e a reconhecer seus pontos a melhorar, de modo que superem e compreendam suas dificuldades e as dos colegas.
Ao longo da formação das crianças e dos jovens, a escola é um espaço propício para o desenvolvimento e a consolidação das ideias de democracia, e isso se torna muito mais viável quando as práticas educacionais são baseadas em situações reais e contextualizadas. Esse é um dos motivos pelos quais, no trabalho com Projetos Integradores, valoriza-se a formação dos estudantes para que considerem a perspectiva social, a reflexão, o diálogo e a abordagem da diversidade e das múltiplas existências.
Desse modo, a escola não apenas propõe o exercício da democracia, tornando-se um espaço de “aprendentes”, mas também acolhe efetivamente a diferença. Larrosa (2004) apresenta uma interessante reflexão sobre as possibilidades de
59 BRASIL, ref. 2, p. 10.
60 CAVALCANTI, ref. 31.
61 GONDIM, Sônia Maria G.; MORAIS, Franciane Andrade de; BRANTES, Carolina dos Anjos A. Competências socioemocionais: fator-chave no desenvolvimento de competências para o trabalho. Revista Psicologia – Organizações & Trabalho, Florianópolis, v. 14, n. 4, p. 400, out./dez. 2014.
encontros com o outro. Em uma primeira possibilidade, vemos no outro a identificação diante do conforto de sermos iguais: mesmos gostos, modos de encarar a vida e valores. Nesse encontro não estou com o outro, mas comigo mesmo. É o encontro do reconhecimento de si. Diante do idêntico, encontro a mim mesmo. A segunda possibilidade está em ver o outro como algo a ser conquistado, dominado, controlado e capaz de nos satisfazer. Esse encontro, segundo Larrosa, é o da apropriação. Nele também não estou encontrando o outro, mas o meu próprio desejo, minha necessidade de controle e de uso do outro. Estou mais uma vez encontrando a mim mesmo. Mas temos ainda a terceira possibilidade que é o encontro efetivo com o outro. [...] esse é o encontro da experiência de tombamento diante do outro, do abandono da ideia de dominá-lo e da entrega ao que o outro pode me trazer de absolutamente novo e capaz de me fazer sair de mim mesmo para vê-lo como outro, não mais como idêntico, não mais como objeto de apropriação.
Não basta estar com o outro como reconhecimento de si mesmo ou como dominação e imposição de si mesmo. Devemos estar com o outro como experiência democrática: como entrega, confiança e curiosidade efetiva pelo que pode ensinar o outro, ainda que muito diferente62.
Essas são oportunidades nas quais as práticas escolares, com a implantação de Projetos Integradores, promovem o reconhecimento da diferença e o convívio social republicano. Em uma sociedade democrática, a escola pode se tornar o espaço ideal para determinados assuntos serem discutidos, analisados e resolvidos da forma mais adequada possível.
Esse espaço democrático pode começar na sala de aula, de uma perspectiva inclusiva. Na organização do espaço escolar, deve-se garantir a circulação de estudantes com deficiência ou mobilidade reduzida, por exemplo. Além disso, é preciso considerar a diversidade entre os estudantes no planejamento das aulas, levando
em conta a escolha dos recursos e das estratégias didáticas. Muitas situações de discriminação podem ser evitadas com a adaptação das atividades propostas, dos recursos utilizados ou do rearranjo de móveis. Em certos casos, conversar com os familiares ou responsáveis pode ser uma alternativa para compreender as necessidades de cada estudante. Nesse sentido, Borba e Lesnosvki definem inclusão no contexto escolar [...] não apenas como o aumento da porosidade de nossas práticas à participação física dos indivíduos, mas também como a possibilidade de que todos os sujeitos envolvidos se apropriem do ambiente e se sintam pertencentes à situação. Não basta fornecer acesso à educação inclusiva, é preciso também possibilitar o aprendizado e a produção de significado63.
É fundamental que, diante de turmas muito diversas, o professor esteja atento às demandas individuais de cada estudante.
Um dos objetivos pedagógicos propostos para o Novo Ensino Médio é o de tornar a aprendizagem mais eficaz, o que acarreta a melhoria dos indicadores educacionais e diminui os índices da evasão escolar. Isso certamente vai ao encontro dos objetivos de todos os professores e gestores educacionais.
A melhoria do processo de aprendizagem implica o envolvimento dos estudantes na construção do conhecimento. O desinteresse dos jovens é mencionado de forma recorrente, gerando um problema aparentemente paradoxal: como o principal agente da aprendizagem, o estudante, pode participar de um processo pelo qual não demonstra interesse?
O desinteresse em estudar tem sido observado com mais força e nitidez na faixa etária de 15 a 25 anos, conforme aponta a Pnad Contínua realizada em 2023, pelo IBGE. A pesquisa indica que a taxa de escolarização de jovens entre 15 e 17 anos ficou estável entre 2022 e 2023, chegando a 91,9% em 2023. De acordo
62 CHRISTOV, Luiza Helena S. Escola como espaço para a aprendizagem da convivência democrática e do respeito à diversidade. In: SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA. Saber em ação 2013. São Paulo: Sesi, 2013. p. 105.
63 BORBA, Gustavo Severo; LESNOVISKI, Melissa Merino. Transformando a sala de aula: ferramentas do design para engajamento e equidade. Porto Alegre: Penso Editora, 2023. p. 63. e-pub
com a meta 3 do Plano Nacional de Educação, a taxa ajustada líquida de escolarização64 nessa faixa etária deveria estar em 85% em 2024. No entanto, o resultado no país foi de 75%, o que demonstra que o Brasil ainda está distante das metas estabelecidas para esse grupo de pessoas65
Levando-se em consideração o grupo de jovens de 14 a 29 anos do País, 9,0 milhões não completaram o ensino médio, seja por terem abandonado a escola antes do término desta etapa ou por nunca a terem frequentado. Desses, 58,1% eram homens e 41,9% eram mulheres. Considerando-se cor ou raça, 27,4% eram brancos e 71,6% eram pretos ou pardos.
Ao analisar a idade que estes jovens de 14 a 29 anos deixaram a escola, é importante observar que os maiores percentuais de abandono a escola se deram nas faixas a partir dos 16 anos de idade (entre 16,0% e 21,1%). Mesmo assim, ainda existe abandono precoce na idade do ensino fundamental, que foi de 6,2% até os 13 anos e de 6,6% aos 14 anos. Esse padrão se mantém semelhante entre homens e mulheres e entre as pessoas de cor branca e preta ou parda. Vale destacar que o grande marco da mudança foi a idade de 15 anos que, em geral, é a idade de entrada no ensino médio. Nessa idade, o percentual de jovens que abandonaram a escola quase duplicou frente aos 14 anos de idade. Frente a 2019, o grupo que deixou de frequentar a escola com até 13 anos de idade foi o que apresentou maior redução de abandono escolar (2,3 p.p). Por outro lado, o grupo que abandonou a escola com 18 anos registrou o principal aumento (5,4 p.p.)
[...]
Quando perguntados sobre o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, esses jovens apontaram a necessidade de trabalhar como fator prioritário. No Brasil, este contingente chegou a 41,7% em 2023, aumento de 1,5 p.p. em comparação a 2022. Para aqueles que responderam que abandonaram por não terem interesse de estudar, embora seja o segundo principal motivo, este tem apresentado queda sequencial
nos três anos investigados pela pesquisa, chegando a 23,5% em 2023.
Para o principal motivo apontado ser a necessidade de trabalhar, ressaltam-se os homens, com 53,4%, seguido de não ter interesse de estudar (25,5%). Para as mulheres, o principal motivo foi também a necessidade de trabalhar (25,5%), seguido de gravidez (23,1%) e não ter interesse em estudar (20,7%). Além disso, 9,5% das mulheres indicaram realizar afazeres domésticos ou cuidar de pessoas como o principal motivo de terem abandonado ou nunca frequentado escola, enquanto para homens, este percentual foi inexpressivo (0,8%)66.
Diante dessa realidade, faz-se necessário pensar sobre a origem do desinteresse dos estudantes. O afastamento entre as práticas escolares e as demais práticas sociais presentes na vida cotidiana, que fragmenta e hierarquiza os conhecimentos, é um dos possíveis fatores que ocasionam a falta de interesse dos jovens no aprendizado formal. Segundo Freitas:
[...] O conhecimento foi partido em disciplinas, distribuído por anos e os anos foram subdivididos em partes menores que servem para controlar uma certa velocidade de aprendizagem do conhecimento. Convencionou-se que uma certa quantidade de conhecimento devia ser dominada pelos alunos dentro de um determinado tempo. Processos de verificação pontuais indicam se houve ou não domínio do conhecimento. Quem domina avança e quem não aprende repete ano (ou sai da escola).
A necessidade de introduzir mecanismos artificiais de avaliação (provas, testes etc.) foi motivada pelo fato de a vida ter ficado do lado de fora da escola. Com isso, ficaram lá também os “motivadores naturais” para a aprendizagem, obrigando a escola a lançar mão de “motivadores artificiais” – foi desenvolvido um sistema de avaliação com notas como forma de estimular a aprendizagem e de controlar o comportamento de contingentes cada vez maiores de crianças que acudiam à escola e tinham de ficar dentro dela, imobilizadas, ouvindo o professor. [...]67
64 Corresponde à relação entre o total de matrículas de estudantes na idade esperada para frequentar certo nível de ensino e o número total de indivíduos na mesma faixa etária.
65 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação 2023. Rio de Janeiro: IBGE, 2024. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv102068_informativo.pdf. Acesso em: 11 out. 2024.
66 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, ref. 65, p. 9-10.
67 FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação: confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. p. 27-28.
Esse diagnóstico evidencia o fato de que o processo avaliativo tem um papel importante na superação do modelo de aula no qual cabe aos estudantes apenas ouvir, copiar e memorizar aquilo que o professor apresenta ou está assinalado nos livros didáticos para depois, na avaliação, reproduzir as informações que lhes foram transmitidas. Como forma de resgatar o interesse dos estudantes pela escola, é fundamental dar sentido às atividades desenvolvidas para que eles se reconheçam nelas e se tornem cidadãos participantes, éticos e críticos, cientes das próprias responsabilidades e capazes de corresponder às demandas da sociedade contemporânea, que é um dos propósitos do trabalho com os Projetos Integradores. Além de resgatar o interesse dos estudantes, é essencial construir um ambiente seguro e acolhedor, tanto por meio da seleção dos temas trabalhados em sala de aula, que devem se aproximar do universo juvenil sempre que possível, quanto por meio do incentivo a práticas sociais respeitosas. Nesse sentido, conforme destacado anteriormente, um dos problemas mais frequentes e indesejados nos ambientes escolares é o fenômeno do bullying. Pensando nessa prática como um desafio a ser superado nas escolas, [...] os projetos de intervenção ao bullying precisam garantir que crianças e adolescentes – tanto protagonistas como espectadores –possam construir identidades autônomas que consigam gostar de si para gostar dos outros no seu sentido moral: é pela construção do respeito a si que podemos construir o respeito a outrem. Portanto, propostas que insistem apenas no estabelecimento de regras pautadas em deveres e obrigações pouco poderão favorecer ao desenvolvimento de relações mais éticas, principalmente quando utilizam punições e castigos que mais aumentam o problema já que incidem exatamente sobre como esses meninos e meninas podem se ver sem valor posto que esse último está exterior a eles, na autoridade que impõe as regras de boa convivência68
Assim como o bullying, outras formas de violência devem ser combatidas no ambiente escolar para que seja possível a promoção da cultura de paz, de modo que os estudantes se sintam à vontade para expor e celebrar suas diferenças como parte essencial da construção coletiva do conhecimento.
Na vida cotidiana, as pessoas planejam, agem e avaliam seus passos continuamente. Por vezes, isso é feito de forma intuitiva, mas em muitas ocasiões é realizado intencionalmente, sobretudo nas práticas sociais, educacionais e profissionais.
Abordar a avaliação no contexto do trabalho com projetos é essencial, pois o que se propõe é superar a lógica da avaliação a serviço do mero controle, da classificação e da seleção de estudantes, há séculos enraizada nas práticas escolares.
Nas últimas décadas, o conceito de avaliação foi se modificando, ao mesmo tempo que avançaram os estudos voltados para o processo de ensino-aprendizagem na área da educação. Assim, de instrumento de atribuição de notas e de classificação dos estudantes, como era considerada até meados da década de 1980, a avaliação passou a ser definida como um processo contínuo utilizado para diagnosticar a maior ou a menor aproximação aos objetivos propostos, a fim de indicar o que foi atingido e o que precisa ser revisto e/ou visto (pois, muitas vezes, na avaliação se percebem aspectos que não foram previstos no planejamento, mas, em razão do que foi apresentado pelos estudantes, precisam ser abordados). Tipos de avaliação
Em oposição à interpretação tradicional da prática avaliativa, encontra-se aquela que está a serviço da aprendizagem, defendida por muitos autores e pesquisadores. Entre eles, os mais conhecidos no Brasil são Charles Hadji, Jussara Hoffmann, Cipriano Luckesi, Luiz Carlos de Freitas e Celso Vasconcellos, que enquadram as práticas avaliativas em uma das seguintes modalidades: diagnóstica, formativa e somativa.
A avaliação diagnóstica fornece informações importantes para o planejamento das ações de professores e estudantes. Por causa desse vínculo com a elaboração de planos, as avaliações diagnósticas são feitas nas fases iniciais do projeto ou de cada uma de suas etapas. Avaliações individuais, orais e/ou escritas, podem ser usadas como instrumentos, assim como estudos de caso, dinâmicas de grupo, pesquisas e dramatizações podem fornecer informações sobre os aspectos cognitivos e
68 TOGNETTA, Luciene Regina P.; VINHA, Telma P. Estamos em conflito, eu comigo e com você: uma reflexão sobre o bullying e suas causas afetivas. In: CUNHA, Jorge Luiz da; DANI, Lúcia Salete Celich. (org.). Escola, conflitos e violências. Santa Maria: UFSM, 2008. p. 17.
socioemocionais dos jovens, além de seus conhecimentos prévios a respeito de determinado assunto ou área. Essas informações orientam ações que podem conduzir o planejamento e a aprendizagem, em detrimento da mera atribuição de notas e conceitos.
A modalidade formativa deve ser usada por estudantes e professores para coletar informações em cada etapa do processo de ensino-aprendizagem. Esse continuum avaliativo é importante para retomadas necessárias e aprimoramento do processo de construção do conhecimento. Com os dados coletados durante o processo, o professor pode ajustar a rota de ensino, a fim de fazer as necessárias intervenções pedagógicas, com foco na aprendizagem dos estudantes, e na gestão do projeto, com foco no resultado esperado.
Segundo Hadji69, esse tipo de avaliação acontece no centro da ação de formação dos estudantes e é integrado ao processo de ensino. Seu principal objetivo é:
[...] contribuir para melhorar a aprendizagem em curso, informando o professor sobre as condições em que está a decorrer essa aprendizagem, e instruindo o aprendente sobre o seu próprio percurso, os seus êxitos e as suas dificuldades70
A avaliação somativa é aquela feita ao término de cada processo ou na etapa final dos trabalhos. Em geral, ela tem por finalidade atender a uma determinação de natureza administrativa de atribuição de um valor ou conceito. Quando as médias ou valores atribuídos (ou obtidos) ao longo do projeto são representativos de uma síntese significativa do processo global, a avaliação somativa passa a ter caráter formativo, não por ter a finalidade de selecionar ou classificar, mas por ser um indicador daquilo que precisa ser melhorado ou mantido. Além desses tipos de avaliação, há o que se pode chamar de ipsativo. Esse tipo de abordagem, quando usado no contexto educacional, visa fornecer informações sobre o desempenho dos estudantes de acordo com métricas definidas por eles, ou seja, o rendimento dos estudantes relativo ao desenvolvimento das competências e habilidades previstas ao longo da Educação Básica é avaliado e comparado com avaliações anteriores. Desse modo, é possível ter uma perspectiva dos avanços na aprendizagem de cada estudante, identificando o que ainda precisa ser desenvolvido e o
que já foi atingido. De certa forma, a avaliação ipsativa colabora com a autoavaliação dos estudantes, fornecendo um panorama de suas aprendizagens ao longo do percurso educativo e ajudando a estabelecer metas pessoais de desenvolvimento.
No Ensino Médio, esse tipo de avaliação é uma ferramenta poderosa no acompanhamento das aprendizagens com o exercício contínuo do autoconhecimento. Além disso, é nessa etapa da Educação Básica que os estudantes demonstram mais autonomia para tomar decisões em sua trajetória no espaço escolar e em relação a seu futuro profissional e pessoal.
Assumindo uma postura de mediador, o professor oferece aos estudantes a oportunidade de participar ativamente do processo educacional – quer no próprio, quer no dos colegas. A reflexão e a discussão coletiva sobre o que foi produzido pelos estudantes constituem ferramentas importantes da avaliação e da interação escolar, pois articulam pareceres de colegas e do professor.
É fundamental que, no encerramento de um projeto, ou conforme o que for mais adequado em cada contexto, os estudantes façam a autoavaliação de seu envolvimento, de seu interesse, de seus desafios e de suas conquistas nesse processo.
A autoavaliação, seguida de uma discussão coletiva sobre o modo como os outros estudantes avaliam os colegas, é sempre recomendada antes da avaliação final do professor. Se os objetivos de cada etapa de trabalho e os critérios de avaliação estiverem nítidos para todos, tanto a autoavaliação quanto a avaliação feita pelo professor ficarão mais fáceis. Para desenvolver essa proposta, é necessário que os registros orais ou escritos dos estudantes sejam partes constitutivas do sistema de avaliação, de acompanhamento e de autoacompanhamento, de modo que possibilitem considerar os objetivos e os critérios de avaliação estabelecidos em cada etapa e no projeto como um todo.
Nessa direção, a ação de avaliar consiste em um processo que deve ser sistemático e compartilhado, e que demanda assertividade, organização, sensibilidade e criticidade. Essa dinâmica contínua integra três ações: a de recolher informações, a de elaborar juízos e a de tomar decisões de melhoria. Nesse sentido, ela só se efetiva nas tomadas de decisão no cotidiano e no planejamento, que requer diagnósticos permanentemente
69 HADJI, Charles. A avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. 4. ed. Porto: Porto, 1994.
70 HADJI, ref. 69, p. 63-64.
atualizados e pautados na análise de dados representativos do conjunto que a subsidiem adequadamente. Com base nesse contexto, os processos avaliativos:
• do ponto de vista docente, servem para analisar e compreender as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos estudantes, acompanhar e comunicar os resultados do processo de aprendizagem, dar um feedback individualizado aos estudantes, além de afirmar, (re)orientar e regular as ações pedagógicas;
• do ponto de vista do estudante, possibilitam a percepção das conquistas obtidas ao longo do projeto e o desenvolvimento de habilidades metacognitivas que compreendem a consciência do próprio conhecimento e a regulação dos processos de construção do conhecimento.
Este volume é composto de seis Projetos Integradores. Nas Orientações específicas deste manual, é indicado o perfil do professor sugerido para liderar cada projeto.
Os projetos são independentes uns dos outros, podendo ser realizados pelos professores na ordem que for mais interessante para cada unidade escolar. O tempo proposto para a realização de cada projeto está descrito nas Orientações específicas, mas pode ser adaptado de acordo com a realidade de cada turma. Nas orientações, o professor também dispõe de quadros com as habilidades e competências trabalhadas, além de sugestões de condução de cada atividade e respostas complementares àquelas disponíveis no Livro do estudante
Na abertura do projeto, em página dupla, são apresentados o número do projeto, a questão mobilizadora – que é o título do projeto – e uma imagem, que informam ao leitor a temática e sua importância nos âmbitos local e geral.
Na dupla de páginas seguinte, a Ficha de estudo contém informações essenciais sobre o projeto, como os objetivos, a justificativa da pertinência desses objetivos, os TCT e ODS abordados e a descrição do trabalho que será desenvolvido em cada etapa do projeto.
A questão norteadora é o disparador de todas as atividades que serão realizadas. No desenvolvimento do projeto, a organização das etapas viabiliza a concretização dos objetivos de aprendizagem, a apreensão de conteúdos e a realização de atividades relacionadas à questão mobilizadora. A ordenação das etapas também contribui para a realização de um conjunto de procedimentos interligados, que garantem a organicidade do processo de ensino-aprendizagem, gerando produções coletivas e individuais, orais e escritas, em múltiplas linguagens.
Todas as etapas do projeto permitem que os grupos produzam subprodutos, que vão auxiliar na composição do produto final.
A seção Atividades foi elaborada para explorar o conteúdo abordado de forma reflexiva e interpretativa e para promover a aproximação entre tema do projeto e as vivências do estudante. As atividades apresentam modalidades e graus diversos de dificuldade, a fim de estabelecer relações entre as áreas do conhecimento e explorar com profundidade habilidades e competências gerais e específicas da BNCC.
A seção Em ação, no final de cada etapa, define o momento de produção do subproduto.
Na seção Mundo do trabalho, são abordados aspectos relacionados ao tema, como a apresentação de profissões e a discussão do contexto mais amplo e atual do mundo do trabalho.
O Saiba mais apresenta uma ampliação ou um complemento do tema central da etapa, e no Conexões são apresentadas dicas de filmes, livros e outros recursos para enriquecer o conteúdo estudado.
Na Etapa final, os grupos devem consolidar os aprendizados e os subprodutos desenvolvidos nas etapas anteriores para a execução do produto final, além de compartilhar com a comunidade os resultados desse trabalho.
Como um processo fundamental para a compreensão do diálogo com o outro e consigo mesmo na construção do conhecimento, ao final de cada projeto, é proposta uma Autoavaliação, que propicia um momento de reflexão individual e coletiva sobre os conhecimentos adquiridos ao longo do projeto, considerando o que foi atingido e o que precisa ser revisto, corroborando o conceito de avaliação concebido na elaboração desta obra.
As quatro etapas do projeto conduzem os estudantes por uma trilha de reflexões e práticas de protagonismo juvenil. Os textos selecionados têm o objetivo de aguçar a percepção dos estudantes sobre temas essenciais, como mudanças climáticas, jovens que se destacaram em ações sociais, caminhos possíveis após o término da escola, perspectivas de ingresso no mundo do trabalho e combate ao trabalho infantil. As atividades que acompanham os textos suscitam discussões aprofundadas sobre cada um dos temas trabalhados. Além disso, as seções Em ação convidam os jovens para atuações efetivas dentro da temática de cada etapa. Sendo assim, eles vão conhecer jovens protagonistas ao redor mundo (Etapa 1), os problemas de sua comunidade escolar e de seu bairro (Etapa 2) e propostas de jovens que foram acolhidas por fundações ou instâncias governamentais (Etapa 3). Esse processo vai prepará-los para a Etapa final do projeto, em que, após a elaboração de propostas de melhoria para seu entorno, os estudantes vão redigir coletivamente um manifesto com reivindicações que pode ser direcionado a órgãos e instituições relacionados às situações apontadas.
O primeiro objetivo deste projeto é que os estudantes compreendam seu papel como protagonistas de práticas sociais. Com esse foco, nas atividades da Etapa 1, eles vão conhecer e refletir sobre a atuação de jovens como eles em prol de um bem coletivo. Por meio da pesquisa realizada ao final dessa etapa, eles vão entrar em contato com diversas ações importantes já praticadas por jovens.
Para exercer o papel de protagonista, é preciso que os estudantes saibam utilizar sua voz para discutir e reivindicar ações e políticas públicas. Na Etapa 2, eles
vão estudar a realidade em que estão inseridos e identificar, por meio de entrevistas, os principais problemas que atingem a escola e o entorno, as expectativas das pessoas da comunidade e as melhorias necessárias.
Na Etapa 3 , eles vão discutir os caminhos possíveis após o Ensino Médio. As atividades propostas dão subsídios para que os estudantes reflitam sobre o que farão após o término da escola. Refletir sobre o mundo do trabalho é essencial nesse momento, e essa questão é abordada por dois ângulos: leitura e atividades a respeito do Programa Jovem Aprendiz, uma política pública que alia trabalho e estudo; e leitura e atividades sobre a importância do combate ao trabalho infantil, um problema que merece nossa atenção e atuação.
Ao longo das etapas, os estudantes serão incentivados a buscar maneiras de atuar como protagonistas em sua comunidade. Na Etapa final, eles serão convidados a elaborar propostas de melhoria para a comunidade e a redigir um manifesto com suas reivindicações.
Este projeto baseia-se no pressuposto de que o protagonismo juvenil é fundamental para a inserção dos estudantes como elementos centrais da prática educativa. Logo, eles terão a oportunidade de agir como sujeitos da construção de seu conhecimento de modo ativo, considerando o contexto em que estão inseridos para identificar problemas, analisar elementos geradores e suas consequências, e propor soluções. Desse modo, os estudantes poderão assumir uma participação social efetiva que contribuirá para seu desenvolvimento como cidadãos e, sobretudo, para o desenvolvimento da comunidade em que estão inseridos.
Como produto final, os estudantes vão sintetizar o trabalho desenvolvido ao longo do projeto em um manifesto, que será elaborado coletivamente e apresentará as reivindicações da turma após o estudo de suas comunidades, a identificação de problemas e, então, a discussão para a composição de propostas de melhorias.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
O TCT Educação em direitos humanos perpassa todo projeto, uma vez que o protagonismo juvenil está ligado ao desenvolvimento de ações em prol do bem comum, visando à construção de uma sociedade mais justa, igualitária e digna para todos. O TCT Vida familiar e social é abordado por meio de leituras e atividades que convidam os estudantes a elaborar propostas de melhoria na comunidade escolar e no bairro, o que impacta positivamente a vida familiar e social dos estudantes. O TCT Direitos da criança e do adolescente é abordado na Etapa 3 na abordagem sobre a importância do combate ao trabalho infantil, já que essa prática é uma violação de direitos fundamentais.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
O ODS Educação de qualidade (4) está presente nas discussões que os estudantes vão realizar visando melhorar a comunidade escolar. A educação inclusiva é especialmente discutida no Texto 3 da Etapa 1 a respeito do coletivo de meninas que tem como principal demanda a educação pública de qualidade para todos.
O ODS Igualdade de gênero (5) visa "alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas". O projeto trabalha com esse objetivo ao apresentar aos estudantes protagonistas femininas como Malala e Greta Thunberg. Além disso, a reportagem sobre o coletivo de meninas que busca melhorias na educação pública também ressalta a participação feminina em ações em prol de um bem comum. Esses exemplos têm o potencial de empoderar outras meninas e incentivá-las a buscar maneiras de participar ativamente na sociedade.
O ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8) é desenvolvido na Etapa 3, que aborda o mundo do trabalho. Nessa etapa, os estudantes vão refletir sobre o mundo do trabalho e entrar em contato com políticas públicas voltadas para a inserção dos jovens no mercado, como o Programa Jovem Aprendiz. Além disso, vão se conscientizar acerca do trabalho infantil e da necessidade de combatê-lo.
O ODS Redução das desigualdades (10) perpassa o projeto como um todo, tanto na apresentação de
propostas formuladas por jovens que visam a melhorias em suas comunidades e países como na reflexão acerca das formas dignas de trabalho, o que também contribui para a diminuição da desigualdade.
O ODS Cidades e comunidades sustentáveis (11) está presente no desenvolvimento de propostas de melhorias na comunidade escolar e no bairro, o que também impacta as cidades, e nas discussões acerca das mudanças climáticas na Etapa 1, visando a comunidades mais sustentáveis.
O ODS Ação contra a mudança global do clima (13) é trabalhado na Etapa 1, na qual os estudantes vão refletir sobre protestos que reivindicam a mitigação das mudanças climáticas e sobre o papel da ativista sueca Greta Thunberg. Essa abordagem também possibilita o desenvolvimento do ODS Parcerias e meios de implementação (17).
Professor indicado para liderar o projeto
Língua Portuguesa com o auxílio de Matemática, História, Geografia ou Sociologia.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9, 10
Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias 1, 2, 3, 7
Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias
EM13LGG101, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305, EM13LGG703, EM13LGG704
Habilidades de Língua Portuguesa
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
EM13LP01, EM13LP02, EM13LP05, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP25, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP32, EM13LP33, EM13LP34, EM13LP35
Matemática e suas Tecnologias: 2 Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 4, 6
Matemática e suas Tecnologias: EM13MAT202
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS404
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
As competências gerais 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9 e 10 da BNCC são trabalhadas de diversas maneiras:
A competência geral 1 é desenvolvida, ao longo de todas as etapas, no trabalho com as análises de realidades e contextos histórico-sociais para compreender as necessidades e os problemas da comunidade de maneira integral e propor soluções fundamentadas, a fim de contribuir para a construção de uma sociedade democrática.
A competência geral 2 é explorada nas Etapas 1, 2 e 3 nas propostas de pesquisa que fazem parte da seção Em ação. Os estudantes vão pesquisar jovens protagonistas (Etapa 1) e farão uma pesquisa de campo na comunidade em que a escola está inserida (Etapa 2). Eles também farão uma pesquisa sobre projetos de outros jovens que tenham sido acolhidos por instâncias governamentais ou fundações (Etapa 3). Dessa forma, serão incentivados a utilizar recursos de investigação e análise crítica.
A competência geral 4 faz parte de todo o Projeto Integrador, uma vez que as atividades visam incentivar os estudantes a se expressarem e se comunicarem em busca de soluções para os problemas e questões propostos.
A competência geral 5 é mobilizada sobretudo nas atividades de pesquisa que perpassam as Etapas 1, 2 e 3, pois os estudantes terão que recorrer à internet para buscar informações e utilizá-las de forma crítica.
A competência geral 6 é explorada na Etapa 3, em que os estudantes vão discutir sobre o mundo do trabalho mobilizando os conhecimentos, as vivências e as expectativas relacionados a esse campo. Essas reflexões contribuirão para o exercício da cidadania, uma vez que eles também vão discutir sobre o combate ao trabalho infantil.
A competência geral 7 é desenvolvida por meio da proposição de questões investigativas e de reflexões que exigem que os estudantes apresentem argumentos baseados em dados e informações coletados em pesquisas e discussões em grupos. Além disso, espera-se que eles, ao responderem aos questionamentos propostos nas atividades, defendem suas ideias e pontos de vista sobre os temas de maneira ética e respeitosa.
A competência geral 9 é parte integrante deste projeto, uma vez que os estudantes vão exercitar a empatia e a resolução de conflitos em todas as etapas. Ao longo do projeto, o trabalho em grupo é proposto para incentivar a cooperação e o respeito ao outro.
A competência geral 10 também é mobilizada por meio do incentivo à atuação coletiva dos estudantes, uma vez que muitas atividades são realizadas em grupo com a proposta de provocar discussões saudáveis e respeitosas em prol de um bem comum.
As habilidades de Linguagens e suas Tecnologias EM13LGG101 e EM13LGG202 são trabalhadas durante a análise dos textos apresentados e dos exemplos de protagonismo juvenil evidenciados. É importante que os estudantes analisem os discursos e os interesses dos jovens mencionados para que entendam como funcionam as práticas de protagonismo juvenil.
A habilidade EM13LGG204 é trabalhada por meio de atividades e trabalhos em grupo que exigem o exercício do diálogo para que os estudantes elaborem soluções para os problemas discutidos.
A habilidade EM13LGG301 é mobilizada sobretudo na Etapa final por meio da criação de propostas de melhoria e da produção do manifesto da turma.
Na Etapa 2, é desenvolvida a habilidade EM13LGG303, especialmente ao incentivar os estudantes a pensar sobre uma situação-problema do entorno, suas causas, consequências e possíveis soluções. Na mesma etapa, essa habilidade também é explorada na pesquisa de campo e na elaboração de sugestões de resolução dos problemas identificados. A habilidade EM13LGG304 também é mobilizada, pois os estudantes vão formular propostas visando ao bem comum.
Na Etapa final, explora-se ainda a habilidade EM13LGG305 por meio do mapeamento das ações sociais possíveis na elaboração das propostas dos grupos.
A habilidade EM13LGG703 é mobilizada por meio do desenvolvimento de materiais coletivos, como gráficos de pesquisa, e na produção do manifesto coletivo. A habilidade EM13LGG704 também é explorada nas atividades de pesquisa.
Também serão desenvolvidas as seguintes habilidades de Língua Portuguesa:
A habilidade EM13LP01 é explorada na leitura dos textos de todas as etapas, já que os estudantes devem interpretá-los para a realização das atividades. A habilidade EM13LP02 é mobilizada por conta de seu caráter
de análise textual e da inferência de sentidos com base na leitura dos textos apresentados.
A habilidade EM13LP05 também está ligada à análise dos textos e é explorada neste projeto, uma vez que uma de suas propostas é levar estudantes a posicionar-se criticamente diante das questões discutidas.
As habilidades EM13LP11 e EM13LP12 são mobilizadas em todas as atividades que demandam pesquisas, pois associam-se à curadoria e à seleção de informações.
A habilidade EM13LP25 é explorada nas atividades que envolvem encontros na escola, tais como o fórum de discussão proposto na Etapa final
A habilidade EM13LP27 é mobilizada nas atividades que visam à busca de soluções para problemas da coletividade, que é um dos focos deste projeto. Essa habilidade é mobilizada em todas as etapas.
As habilidades EM13LP30, EM13LP32, EM13LP33 são favorecidas nas atividades de pesquisa nas Etapas 1, 2 e 3. Elas são mobilizadas no levantamento de dados e na seleção de informações para o cumprimento das atividades de pesquisa.
As habilidades EM13LP34 e EM13LP35 são mobilizadas na apresentação e na discussão dos dados pesquisados. Elas estão presentes nas Etapas 1, 2 e 3
O projeto mobiliza ainda a habilidade EM13MAT202, da área de Matemática e suas Tecnologias. É possível fazer uma parceria interdisciplinar com o professor de Matemática para auxiliar os estudantes na elaboração de esquemas e/ou gráficos que podem compor a apresentação dos resultados da pesquisa da seção Em ação na Etapa 2.
A habilidade EM13CHS404, da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, é desenvolvida na Etapa 3, uma vez que está associada à discussão dos múltiplos aspectos do trabalho.
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas Desenvolvimento
Aula 1: Introdução da temática e das características do projeto.
Aula 2: Leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Etapa 1 4
Etapa 2 4
Aula 3: Leitura do Texto 3, realização das atividades correspondentes e preparação para a realização da seção Em ação
Aula 4: Realização da seção Em ação
Aula 5: Leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Aula 6: Leitura do Texto 3 e realização das atividades correspondentes.
Aula 7: Preparação para realização da seção Em ação.
Aula 8: Realização da seção Em ação
Aula 9: Leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Etapa 3 4
Etapa final 4
Aula 10: Leitura do boxe Mundo do trabalho e do Texto 3.
Aula 11: Preparação para realização da seção Em ação
Aula 12: Realização da seção Em ação
Aula 13: Apresentação do produto final e organização dos grupos para a realização do primeiro passo.
Aula 14: Debate dos grupos após fórum de discussão e escrita da(s) proposta(s).
Aula 15: Redação do manifesto e escolha do representante.
Aula 16: Leitura do manifesto e autoavaliação.
A organização das etapas apresentadas neste projeto é apenas uma possibilidade de ordenação de conteúdos. Os momentos propostos em cada etapa, assim como a ordem em que elas serão executadas, podem ser adaptados de acordo com as necessidades e as demandas dos estudantes.
1. Espera-se que os estudantes respondam que o poder de sua voz tende a aumentar à medida que outros jovens se unem à sua causa. Assim, um grupo de jovens unidos pelo mesmo ideal, ou seja, buscando o mesmo objetivo, é o ponto de partida para obter resultados concretos.
2. Espera-se que os estudantes apontem causas de grande impacto na sociedade, como a defesa do meio ambiente, o incremento da segurança pública, a prevalência dos direitos humanos, o combate ao racismo, entre outras.
O que é ser protagonista?
Nesta etapa, os estudantes vão refletir acerca do conceito de “protagonismo juvenil” por meio da leitura de textos que evidenciam jovens atuantes ou que já atuaram em diversas esferas sociais, utilizando sua voz para buscar soluções e/ou promover debates sobre questões que afetam a comunidade em que estão inseridos. Inicialmente, permita que os estudantes compartilhem suas hipóteses e conhecimentos sobre o termo protagonismo, o que poderá variar conforme suas experiências pessoais e seus conhecimentos de mundo. Ainda que informalmente, peça que compartilhem exemplos de práticas de protagonismo em seu cotidiano, realizadas por eles mesmos ou por pessoas de seu convívio.
Aproveite para trabalhar outros exemplos de protagonismo e juventude com os estudantes a partir do Podcast Jovens protagonistas e transformadores.
a) Os estudantes podem citar informações encontradas em notícias recentes acerca da participação de jovens em eventos relacionados à preservação do meio ambiente.
b) De acordo com o texto, esses jovens acreditam que são a última geração capaz de fazer algo a respeito das mudanças climáticas e, por isso, compartilham de um sentimento de urgência para resolver esse problema.
c) Espera-se que os estudantes compreendam a crescente participação e o impacto da geração Z (que
compreende os nascidos entre meados dos anos 1990 até o início de 2010) e da geração alfa (nascidos a partir de 2010) em movimentos e causas sociais. Instigue-os a expressar suas opiniões a respeito da participação juvenil em movimentos e causas sociais e a buscar argumentos para defender seus pontos de vista.
a) É possível que a maioria dos estudantes já tenha ouvido falar de Greta Thunberg. O Texto 2 fornece informações para que eles conversem e opinem sobre a atuação da ativista. Nesse momento, ajude-os com outras informações sobre a atuação da jovem ativista extraídas de sites de notícias.
b) Mesmo que os estudantes não tenham participado de uma ação, permita que eles conversem sobre as manifestações em prol das ações climáticas. Eles podem dar exemplos de ações que eles viram nos noticiários e consideraram válidas.
c) Espera-se que os estudantes mencionem a emoção, a indignação e a cobrança explícita de Thunberg ao se dirigir às autoridades como maneiras de chamar a atenção para sua causa e que reconheçam que ela conseguiu reunir muitos jovens que pensam como ela.
Dica!
O livro do clima, organizado pela jovem ativista ambiental sueca Greta Thunberg, conta com pequenos ensaios de mais de cem especialistas em meio ambiente. Eles discutem os desastres climáticos, apresentando causas, consequências e desafios para reverter os prejuízos ambientais ao planeta. Greta também fala sobre seus protestos.
• TH UNBERG, Greta. O livro do clima . São Paulo: Companhia das Letras, 2023.
1. a) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a conversar sobre os jovens protagonistas sobre os quais já leram ou ouviram falar. Se necessário, dê um tempo para que eles pesquisem outros jovens ativistas.
1. b) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a refletir sobre a opinião do senso comum a respeito dos adolescentes.
1. c) Resposta pessoal. Os estudantes podem citar questões pertinentes a suas realidades, como poluição,
violência, deficiência na educação etc. Incentive uma breve conversa sobre temas em pauta nos noticiários e nas redes sociais durante as semanas anteriores, permitindo que identifiquem questões sociais do contexto em que se inserem e com as quais sentem proximidade. Nesse momento, a proposta é que eles percebam os problemas que os cercam e que afetam sua comunidade.
1. d) Espera-se que os estudantes citem exemplos concretos, ainda que abordados de maneira superficial, de situações e problemas que afetam a escola ou o bairro e que poderiam ser resolvidos ou abordados pelos jovens da comunidade.
2. Respostas pessoais. Os estudantes podem falar sobre sua participação como cidadãos na sociedade. Aproveite a discussão para incentivar os estudantes a pensar em maneiras de protagonizar ações coletivas, visando ao bem da comunidade.
Em ação – p. 18 e 19
A pesquisa proposta pela seção pode ser realizada em casa ou, se possível, na sala de informática da escola. No dia marcado, a dupla deve apresentar o que pesquisou sobre o jovem protagonista. Incentive os demais estudantes a formular questões para a dupla no momento da apresentação. Verifique se os itens solicitados foram incorporados pela dupla.
Dica!
O jovem ativista paulistano Bruno Souza, cofundador do Núcleo de Jovens Políticos, um coletivo que busca promover políticas públicas voltadas para a periferia, conta sua história em um texto publicado pelo site Ashoka Brasil
SOUZA, Bruno. A palavra constitui o mundo. Ashoka Brasil/Medium, 13 jul. 2021. Disponível em: https:// ashokabrasil.medium.com/a-palavra-constitui-o -mundo-409d3de43085. Acesso em: 12 out. 2024.
Usando sua voz – p. 20
Como é possível atuar na comunidade em que vivo?
Nesta etapa, os estudantes vão explorar as possibilidades de protagonismo juvenil em contextos como a escola, o bairro e a comunidade escolar e entender a relevância do impacto local gerado pelas ações sociais.
Na finalização da etapa, eles serão incentivados a refletir sobre os problemas de seu entorno, suas causas e consequências e possíveis propostas de solução para a situação identificada. Esse trabalho permite que os estudantes se percebam como agentes participativos da realidade em que estão inseridos.
1. a) Os estudantes produziram materiais que denunciam diferentes tipos de violência, como a insegurança provocada pela falta de iluminação no entorno da escola e as atitudes de discriminação e preconceito que acontecem do dia a dia. O tema da violência é relevante porque está presente em seu cotidiano e apresenta-se como um risco e um problema com os quais precisam conviver todos os dias. Espera-se que os estudantes compreendam, por meio dessa pergunta, a importância de identificar uma situação-problema para elaborar projetos sociais e culturais como o mencionado no texto citado.
1. b) Espera-se que os estudantes identifiquem a violência como um problema social que aflige grande parte da população brasileira. Converse com eles, extraindo exemplos de problemas locais e outros de repercussão nacional.
1. c) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a propor maneiras criativas de denunciar os problemas que fazem parte do cotidiano.
1. d) Resposta pessoal. Verifique se eles compreendem que os estudantes da escola de Porto Alegra (RS) se responsabilizaram pelo levantamento dos problemas da escola e do entorno e agiram ativamente, propondo soluções e reivindicando mudanças, com base em suas experiências e nas de seus colegas. Espera-se que, com essa percepção, os estudantes se sintam instigados a agir com responsabilidade social.
2. a) Verifique se os estudantes identificam as informações contidas no trecho “[...] os alunos fizeram uma pesquisa com os colegas de todas as turmas do Ensino Médio para identificar a percepção deles sobre a violência no bairro, seus reflexos na escola e o que poderia ser feito para solucionar esse problema”. Espera-se que eles percebam que a pesquisa é importante, pois permite obter informações diretamente com os envolvidos e conhecer suas necessidades.
2. b) Depois da pesquisa com os colegas da escola e o levantamento das prioridades do grupo, os
estudantes, de forma participativa, elaboraram um plano de ação e apresentaram algumas possíveis estratégias para resolver os problemas apontados. Em seguida, colocaram em prática algumas das sugestões, como a elaboração de um abaixo-assinado para reivindicar melhorias na iluminação do ponto de ônibus.
2. c) Resposta pessoal. Estimule os estudantes a discutir a importância do incentivo e da participação da comunidade escolar nas ações propostas.
3. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes identifiquem a mudança de paradigma proposta pelo projeto ao privilegiar e incentivar a participação dos jovens no debate sobre os problemas da escola. Pergunte se eles também acham que, muitas vezes, agem apenas como ouvintes na escola. Essa é uma oportunidade para incentivá-los a entender melhor suas percepções e suas emoções a respeito do papel que exercem na escola.
3. b) Resposta pessoal. Os estudantes podem citar a realização de projetos que incentivem a participação das turmas nas decisões, como a criação de um grêmio estudantil, de um jornal da escola, de uma rádio comunitária etc.
1. a) As duas comunidades mencionaram a sensação de insegurança e o medo da violência. A comunidade de Porto Alegre também mencionou o preconceito vivido por ela e a ausência de alguns professores. A pesquisa de São Paulo detectou reclamações de lotação máxima e de baixos salários aos professores.
1. b) Sim, pois esses problemas afetam a sociedade como um todo. Segundo a pesquisa, a sensação de insegurança é maior nos bairros periféricos.
1. c) Incentive os estudantes a mencionar possíveis semelhanças entre a reportagem e a realidade escolar deles.
2. Oriente os estudantes a formar grupos, que poderão ser os mesmos nas etapas seguintes, para que a troca entre os integrantes possa acompanhar a progressão planejada para esta proposta. As respostas para esta atividade dependerão do contexto escolar em que os estudantes estão inseridos. Avalie a pertinência dos problemas indicados por cada grupo, assim como as causas, consequências e soluções sugeridas. Após a
elaboração dos quadros, permita que os estudantes compartilhem suas informações e verifique se há problemas indicados por mais de um grupo, orientando-os a considerar a “coincidência” como uma evidência da relevância desse problema para a comunidade.
Proposta de ampliação
Reserve um tempo da aula para assistir com os estudantes à reportagem mencionada no boxe Conexões da página 25. Caso não seja possível acessar a internet em sala de aula, peça aos estudantes que assistam à reportagem em casa ou na sala de informática da escola. Depois, reserve um momento para uma roda de discussão para que a turma possa debater sobre a efetividade das estratégias adotadas no caso apresentado e se consideram que alguma das ideias de melhoria poderia ser aplicada à realidade atual da escola.
• Por se tratar de uma estrutura simples, o quadro é pertinente para apresentar informações por facilitar a identificação de cada tópico e dos respectivos textos-resposta. Verifique as sugestões dos estudantes e analise coletivamente cada uma delas.
Passo 1: Oriente os estudantes a formar grupos, que poderão ser os mesmos que realizarão as etapas seguintes. Verifique se é possível entrar em contato com os moradores e os trabalhadores dos arredores da escola e se isso poderia acarretar algum risco aos estudantes. Caso não seja possível ou seguro permitir que a turma realize a pesquisa em um ambiente exterior à escola, proponha a cada grupo que contate os estudantes de outras turmas da escola, para que possam coletar opiniões de realidades e faixas etárias diferentes.
Passo 2: O professor de Sociologia pode auxiliar os estudantes na elaboração das perguntas da entrevista.
Passo 3: Previamente, combine com a direção da escola e com a turma o dia em que a pesquisa de campo será realizada. Verifique a necessidade de organizar um esquema de segurança caso os estudantes saiam do ambiente escolar. Também é importante solicitar a autorização dos pais para a realização de atividades externas.
Passo 4: Os estudantes devem analisar os dados coletados e escolher a forma como vão apresentá-los.
Passo 5: Converse com o professor de Matemática sobre a melhor forma de apresentar os dados da pesquisa. Ele pode auxiliar os estudantes a construir gráficos e esquemas.
Como ser protagonista e se preparar para o mundo do trabalho?
Nesta etapa, os estudantes vão refletir sobre os caminhos possíveis após o Ensino Médio. Os textos e as atividades propostas vão incentivá-los a refletir sobre o ingresso no mundo do trabalho e a importância do combate ao trabalho infantil.
1. a) Incentive os estudantes a refletir sobre cada um dos caminhos apresentados.
1. b) É possível que os estudantes discutam o prazo dos cursos, questões financeiras, o desejo ou a necessidade de ingressar rapidamente no mercado de trabalho e/ou de conciliar trabalho e estudo etc.
1. c) É possível que os estudantes mencionem possibilidades não apresentadas no texto, como ser atleta ou iniciar um negócio próprio.
1. d) É provável que surjam dúvidas a respeito de qual carreira escolher, receios sobre o ingresso no mercado de trabalho etc.
2. a) Os principais objetivos do programa são diminuir a evasão escolar e incentivar a contratação dos jovens, uma vez que os participantes do programa têm chances de ser efetivados nas instituições e empresas em que são aprendizes.
2. b) Ambos consideram o programa um divisor de águas em suas vidas. Sarah foi aprendiz na área de tecnologia, ganhou uma bolsa para cursar Economia e foi efetivada como estagiária em um banco. Gabriel estava envolvido com o tráfico de drogas e, por meio do programa Jovem Aprendiz, fez cursos de informática, começou a trabalhar no aconselhamento a dependentes químicos e está estudando para ser enfermeiro.
2. c) Ao participar do programa, os jovens em situação de vulnerabilidade podem trabalhar e continuar
estudando. Dessa forma, terão mais oportunidades no mercado de trabalho e mais condições de buscar a própria autonomia, saindo de uma situação de vulnerabilidade.
2. d) Aproveite o término das atividades para discutir sobre a realidade dos estudantes negros e o mercado de trabalho. Proponha uma conversa sobre as barreiras e oportunidades quando o assunto é representatividade. Garanta que o espaço seja seguro para o diálogo.
a) Espera-se que os estudantes reflitam sobre a importância de ter acesso a informações sobre esse problema para combatê-lo.
b) É possível que os estudantes mencionem situações como pobreza, exploração, abandono e necessidade de ajudar financeiramente a família como possíveis causas.
c) É provável que os estudantes citem prejuízos como fadiga, abusos, baixo rendimento escolar etc. Espera-se que eles entendam que o trabalho infantil pode prejudicar a saúde, assim como o desenvolvimento intelectual e psicológico de crianças e adolescentes.
d) É importante que os estudantes percebam que a conscientização da população e a denúncia dessa prática são formas de combatê-la.
Leis do Trabalho
Leia o texto com a turma e enfatize a importância da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para o acesso da população aos direitos trabalhistas.
Passo 1: O objetivo das questões do tópico de discussão é estimular os estudantes a refletir sobre a importância de eventos em que se promovem debates sobre os problemas da escola. Assim, estimule os estudantes a falar sobre os projetos que eles conhecem.
Passo 2: Oriente os estudantes a pesquisar a existência desses programas na internet ou informando-se na escola.
• Respostas pessoais. Caso o Programa Jovem Senador tenha sido mencionado no item anterior ou pesquisado pelos estudantes, solicite a eles que expressem sua opinião sobre esse projeto.
Passo 3: É possível pedir aos estudantes que leiam os resumos escritos no caderno para a turma ou que organizem o resultado da pesquisa em um cartaz.
Passo 4: O objetivo das questões do tópico de reflexão é permitir um momento de troca de experiências entre os estudantes. Caso a resposta dos estudantes seja negativa, estimule-os a refletir sobre a importância da participação dos jovens na elaboração de propostas. A última questão prepara os estudantes para a próxima etapa, fazendo com que pensem em maneiras de elaborar propostas de melhorias na comunidade.
Oriente os estudantes a se conscientizarem de que eles estão chegando ao momento de colocar em prática o que aprenderam e pesquisaram, ou seja, é o momento em que eles, de fato, se tornam protagonistas. Nesta etapa, os estudantes vão mobilizar os conhecimentos adquiridos para elaborar propostas de melhoria que possam ser enviadas a alguma instituição ou divulgadas na escola. Eles também vão produzir um manifesto com as reivindicações da turma. Veja orientações detalhadas a seguir.
Orientação sobre a elaboração de propostas
Retome o texto lido ao final da Etapa 3 e relembre as propostas dos jovens do Projeto Ativa 027. Eles servirão de inspiração para os grupos elaborarem as próprias propostas.
Oriente os estudantes a se reunirem em grupos para fazer os passos descritos na página 37.
Faça a intermediação entre a turma e as autoridades da escola para viabilizar o fórum de discussão proposto. As questões são sugestões e podem ser substituídas por outras a critério da turma. Após a discussão coletiva, os grupos devem se reunir para pensar em soluções. Circule pela sala de aula nesse momento e auxilie os estudantes a pensar em uma ou mais propostas considerando os temas discutidos. Selecione um dia para que cada grupo leia sua proposta e discuta-a com a turma.
Orientação sobre a elaboração do manifesto
Apresente o gênero manifesto aos estudantes com base nas definições e em suas especificidades. Caso não seja possível enviar o manifesto às autoridades
competentes, exponha-o em um local de destaque na escola.
Leia as instruções descritas na página 38 para familiarizar a turma com a estrutura do manifesto. Em seguida, organize uma roda de conversa para que os estudantes decidam quais reivindicações entrarão no manifesto. Um estudante pode ser escolhido para redigir o texto, que deve ser lido em sala de aula e avaliado pela turma.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador.
Projeto 2 Quais são as memórias de sua comunidade? – p. 40
Este Projeto Integrador foi criado para incentivar a valorização e o resgate da tradição oral no contexto escolar, em razão da importância dessa prática para a socialização e a transmissão de memórias e valores culturais. Os tópicos são explorados de modo a incentivar os estudantes a socializar com os colegas, os professores e outros integrantes da comunidade e a vivenciar a escuta de histórias que fazem parte da vida pessoal e familiar dos interlocutores e dos próprios estudantes. Para iniciar o projeto, proporcione um momento de compartilhamento em sala de aula sobre o que são memórias e por que elas são importantes para a comunidade. Na Etapa 1, ao realizar as entrevistas, além de coletar
informações, os estudantes estarão fortalecendo os laços com os colegas e com outros integrantes da comunidade escolar, promovendo a troca de saberes. Além disso, a entrevista é uma ferramenta científica utilizada principalmente na área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Durante a Etapa 1, auxilie os estudantes a utilizar os conhecimentos prévios para formular as perguntas das entrevistas, incentivando-os a pensar nas três sugestões de tipo pergunta a seguir.
• Pergunta aberta: “Quais são as memórias mais marcantes de sua infância que você costuma compartilhar com sua família?” (Objetivo: incentivar o entrevistado a explorar um tema amplo sem direcionar a resposta.)
Pergunta de seguimento: “Você mencionou que sua avó costumava contar histórias. O que mais você lembra dessas histórias e como elas influenciaram sua vida?” (Objetivo: aprofundar a resposta anterior e explorar mais detalhes sobre o que foi mencionado.)
Pergunta reflexiva: “Como você acha que essas histórias que foram passadas de geração em geração ajudam a manter viva a memória de sua família?”
(Objetivo: incentivar o entrevistado a refletir sobre o impacto e a importância das histórias na própria vida e no contexto cultural.)
Na Etapa 2, eles terão a oportunidade de entender como a arte pode atuar como guardiã da memória, refletindo as transformações sociais ao longo do tempo. Os estudantes também serão incentivados a perceber como a arte se adapta às novas realidades e, ao mesmo tempo, preserva memórias coletivas e individuais. Na seção Em ação da Etapa 2, eles vão produzir ilustrações, fotografias ou até mesmo grafites, de acordo com as possibilidades de material e do espaço da escola. Se achar oportuno, é possível adaptar a Etapa 2, inserindo outras formas de arte, como encenações (esquetes) ou uma perfomance de dança.
O objetivo da Etapa 3 é mostrar como a tecnologia digital tem revolucionado a forma como transmitimos e preservamos a memória. A internet e as mídias sociais facilitam o registro e o compartilhamento de memórias de forma global e instantânea: o que antes era restrito a álbuns de fotografias ou arquivos físicos, agora pode ser armazenado digitalmente em nuvens ou plataformas de mídia.
No entanto, com essas facilidades surgem também novos desafios. Embora a tecnologia ofereça uma
capacidade impressionante de armazenamento e disseminação, pode dificultar a autenticidade, a privacidade e a durabilidade dessas memórias digitais. Por isso, é importante separar alguns momentos para conversar com os estudantes sobre a volatilidade dos dados, as vulnerabilidades de segurança e a obsolescência tecnológica.
Na seção Em ação da Etapa 3, os estudantes são convidados a planejar e elaborar uma postagem sobre alguma memória escolar que considerem significativa e coletiva. Por fim, a Etapa final consolida os aprendizados por meio da criação de uma cápsula do tempo, que é uma forma simbólica de preservar as memórias e conectar o presente com o futuro. Essa atividade estimula os estudantes a pensar sobre a importância da preservação cultural e da transmissão de conhecimentos para as próximas gerações.
O projeto busca colaborar para a compreensão dos estudantes sobre o papel da memória para a humanidade e as maneiras como ela é preservada e transmitida comunitariamente ao longo do tempo. Por meio de atividades reflexivas e práticas, visa ampliar o repertório cultural dos estudantes a respeito da tradição oral e da arte, ajudando-os a desenvolver habilidades de pesquisa e planejamento de registros de informações em diversas linguagens.
Os estudantes aprenderão a reconhecer a tradição oral e as representações visuais no resguardo da memória comunitária, fortalecendo os sensos de pertencimento e de identidade, bem como serão incentivados a utilizar ferramentas digitais para preservar memórias, refletindo a respeito do impacto da tecnologia nos processos de transmissão de conhecimentos e de valores.
O projeto amplia o repertório cultural dos estudantes ao envolvê-los diretamente em três etapas fundamentais: a realização de entrevistas, a tradução das narrativas coletadas nas entrevistas em expressões artísticas e a criação de uma cápsula do tempo. As entrevistas permitem que os estudantes se tornem mediadores do processo de preservação da memória coletiva, promovendo o pertencimento e a valorização das vivências como fonte de conhecimento.
Em seguida, após coletar as narrativas obtidas nas entrevistas, eles ganham protagonismo ao transformar os dados em expressões artísticas como pinturas, fotografias ou grafites, resgatando e preservando a identidade cultural da comunidade. Para reforçar o protagonismo juvenil, eles são convidados a criar uma cápsula do tempo. Eles serão os responsáveis pela curadoria de itens e documentos que serão preservados na cápsula, que só será aberta em uma data futura.
O produto final deste projeto será uma cápsula do tempo, criada para preservar itens significativos coletados ao longo das atividades realizadas, como gravações de entrevistas, produções artísticas e objetos simbólicos que representem as memórias e vivências da comunidade escolar. Esses itens serão cuidadosamente selecionados pelos estudantes, o que possibilitará que eles estabeleçam uma conexão mais profunda com suas raízes culturais e históricas. A cápsula do tempo será selada e programada para ser aberta em uma data futura, permitindo que as próximas gerações acessem esse retrato histórico de um momento específico da comunidade escolar.
Transversais (TCT)
O projeto começa trabalhando o TCT Direitos da criança e do adolescente, uma vez que oferece aos estudantes a oportunidade de serem protagonistas em um processo de aprendizado que valoriza histórias, vozes e perspectivas da comunidade na qual estão inseridos. O projeto também reforça o direito à participação ativa, promovendo uma educação inclusiva.
O TCT Processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso também é mobilizado, pois os estudantes vão refletir sobre o respeito às pessoas idosas e entender a contribuição cultural relevante que elas oferecem, por conta de sua consolidada experiência de vida. Outro aspecto importante é o TCT Educação para valorização do multiculturalismo nas matrizes históricas e culturais brasileiras, à medida que o projeto valoriza as narrativas orais dessas culturas. Ao resgatar histórias de diferentes povos, os estudantes contribuem para a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
O TCT Educação em direitos humanos também é mobilizado, pois os estudantes vão refletir sobre o respeito à diversidade e a justiça social ao preservar memórias de suas famílias e da comunidade.
O TCT da Vida familiar e social também está presente no projeto, já que as memórias compartilhadas são muitas vezes ligadas à história familiar e às relações sociais dentro da comunidade.
Os TCT de Educação financeira e Educação fiscal são acionados com a discussão do profissional artista e a abordagem sobre pessoa jurídica.
O TCT Trabalho também é abordado, pois o uso de tecnologia e arte para contar histórias e preservar memórias dialoga com as habilidades exigidas no mercado de trabalho contemporâneo, especialmente em áreas criativas e digitais. Assim como o TCT Ciência e tecnologia, que envolve o uso de ferramentas digitais para a preservação de memórias, como a criação de uma cápsula do tempo.
Por fim, o projeto aborda o TCT Diversidade cultural, ao dar visibilidade às diferentes histórias e tradições de cada grupo social envolvido, celebrando a riqueza cultural da comunidade escolar e promovendo o respeito e a valorização das múltiplas identidades que compõem a sociedade.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
O projeto envolve os estudantes na preservação da memória e na valorização da identidade cultural, reforçando os princípios de respeito, igualdade e justiça social, pilares da Educação em direitos humanos, atendendo ao ODS Educação de qualidade (4) e contemplando a promoção do protagonismo estudantil nas várias etapas do projeto.
Além disso, ao valorizar histórias e tradições orais de diferentes culturas, o projeto contribui para a abordagem do ODS Redução das desigualdades (10), promovendo a inclusão e a valorização de diversas narrativas comunitárias e engajando os estudantes no fortalecimento de laços pessoais, o que fomenta atitudes relacionadas ao ODS Parcerias e meios de implementação (17).
O projeto também estimula e promove a reflexão sobre as cidades e suas transformações econômicas e culturais, mudando estilos de vida, incorporando projetos sustentáveis e recorrendo à arte para expressar ideias e apoiar protestos, focalizando o ODS Cidades e comunidades sustentáveis (11).
Professor indicado para liderar o projeto
Arte com o auxílio de Língua Portuguesa, História ou Geografia.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias
1, 2, 3, 4, 5, 6
1, 2, 3, 6, 7
Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias
Habilidades de Língua Portuguesa
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG202, EM13LGG301 EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG601, EM13LGG602, EM13LGG603, EM13LGG604, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703, EM13LGG704
EM13LP01, EM13LP14, EM13LP16, EM13LP32
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: 1, 4
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS104, EM13CHS401, EM13CHS403
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
No que tange às competências gerais da Educação Básica da BNCC, a competência geral 1 é focalizada quando os estudantes se apropriam dos conhecimentos históricos e culturais coletados nas entrevistas e os utilizam para refletir sobre a memória coletiva, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva e aplicando conhecimentos culturalmente construídos.
A competência geral 2 é mobilizada nas situações em que os estudantes exercitam a curiosidade intelectual para investigar histórias das comunidades das quais fazem parte. Eles analisam criticamente o impacto das narrativas orais na preservação da memória e, posteriormente, utilizam a criatividade para transformá-la em produções artísticas e tecnológicas, como a cápsula do tempo. Além disso, são convidados a valorizar e
participar de manifestações artísticas ao traduzirem as histórias coletadas em pinturas, fotografias ou outras expressões visuais, o que mobiliza a competência geral 3.
A competência geral 4 é desenvolvida nas atividade em que os estudantes utilizam diferentes linguagens, como a visual e a digital, para expressar e transmitir as histórias e experiências da comunidade. Nessas experiências, eles vão se comunicar de maneira diversificada, utilizando as artes visuais e a tecnologia para compartilhar memórias e construir sentidos coletivos.
A competência geral 5 é explorada nas situações em que os estudantes exercem protagonismo ao utilizar tecnologias digitais, como redes sociais e ferramentas de armazenamento em nuvem, de maneira crítica e criativa para preservar e disseminar as memórias coletadas.
Finalmente, os estudantes desenvolvem a competência geral 6 por meio da compreensão da diversidade de saberes e vivências culturais da comunidade e do estabelecimento de relações entre memória, cultura e mundo do trabalho, o que possibilita que eles reflitam sobre suas escolhas para o futuro.
As competências específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias são mobilizadas das seguintes maneiras:
A competência específica 1 é abordada quando os estudantes compreendem como diferentes linguagens, como a oral, a visual e a digital, podem ser utilizadas na produção e recepção de discursos. Ao participar de atividades que envolvem a transformação de narrativas orais em expressões artísticas e digitais, eles ampliam a capacidade de interpretar criticamente a realidade.
A competência específica 2 é mobilizada nas atividades em que os estudantes são incentivados a explorar questões de identidade e relações de poder, presentes nas práticas sociais e culturais. Ao coletar histórias da comunidade, eles aprendem a respeitar a pluralidade de ideias e posições, promovendo valores democráticos e exercitando habilidades como empatia e cooperação. A competência específica 3 é fortemente mobilizada na criação das obras de arte, no uso de redes sociais para compartilhar as memórias coletadas e no desenvolvimento de uma consciência crítica sobre o consumo e a produção de cultura.
A competência específica 6 é abordada nas atividades em que os estudantes apreciam esteticamente as produções artísticas criadas no projeto e refletem sobre a diversidade cultural e identitária presente nas narrativas coletadas nas entrevistas. A valorização de manifestações culturais locais e globais é evidenciada ao traduzirem as histórias em produções autorais.
A competência específica 7 é mobilizada nas atividades em que os estudantes utilizam tecnologias digitais para preservar e compartilhar as memórias coletadas, explorando as dimensões técnicas e éticas do universo digital. Eles vão produzir e disseminar conteúdos críticos e criativos, além de aprender a utilizar essas tecnologias para fortalecer práticas colaborativas e autorais.
Quanto às habilidades de Linguagens e suas Tecnologias, atividades como a produção de vídeos, fotografias e grafites mobilizam a compreensão dos processos de produção de discursos (EM13LGG101), a análise crítica de visões de mundo e ideologias presentes nas mídias digitais (EM13LGG102) e a experimentação de processos multissemióticos e transmídia (EM13LGG105). Além disso, os estudantes desenvolvem uma visão crítica da arte e da cultura, valorizando seu papel nas diferentes dimensões da vida social (EM13LGG601).
O uso ético e criativo de tecnologias digitais também é incentivado (EM13LGG701), permitindo que os estudantes exercitem o protagonismo ao produzir conteúdos colaborativos em plataformas digitais (EM13LGG703). As habilidades EM13LGG301 e EM13LGG603 são desenvolvidas em atividades de produção de textos de forma colaborativa, utilizando diferentes linguagens. A habilidade EM13LGG704 é mobilizada na utilização de ferramentas digitais para pesquisa, na reflexão crítica sobre os meios digitais e na produção de conteúdos em redes digitais, bem como no processo de criação de uma cápsula do tempo.
As habilidades específicas de Língua Portuguesa são realçadas em vários momentos, como a EM13LP14, que é desenvolvida na produção e na análise das representações visuais das histórias coletadas. Ao criar vídeos, pinturas, fotografias ou grafites, eles precisam considerar como a escolha de elementos visuais, como ângulo, iluminação, cor e sequenciamento, afeta os significados das obras. Eles também vão trabalhar com performances (no caso de vídeos), utilizando gestos e sons para reforçar os impactos visual e sonoro. Essa habilidade ajuda a expandir a capacidade dos estudantes de analisar e produzir imagens e vídeos com sentidos complexos e apreciáveis esteticamente.
A habilidade EM13LP16 é exercitada durante as entrevistas orais e nas apresentações das histórias. E a habilidade EM13LP32 é fundamental para a seleção, a comparação e a análise das informações obtidas nas entrevistas, nas pesquisas e em fontes adicionais.
As habilidades específicas da área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas EM13CHS101 e EM13CHS104 também são desenvolvidas ao longo do projeto na identificação e na análise de textos de diferentes narrativas e linguagens, bem como na identificação de valores e conhecimentos que formam a identidade e a diversidade cultural das sociedades.
No decorrer das etapas previstas, será necessário o trabalho conjunto de professores especialistas de diferentes componentes curriculares. O professor de Arte poderá conduzir o projeto e facilitar o diálogo entre os especialistas envolvidos. As orientações dos professores de História ou Geografia serão essenciais para contextualizar histórica e culturalmente o papel da tradição oral, destacando sua importância na preservação dos conhecimentos e dos costumes de diferentes civilizações.
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Etapa 1 4
Desenvolvimento
Aula 1: Apresentação do projeto e apresentação do conceito de tradição oral e de suas diferentes manifestações culturais.
Aula 2: Reflexão sobre as pinturas na Serra da Capivara (Brasil) e na Caverna das Mãos (Argentina). Orientação sobre o levantamento de hipóteses e a pesquisa sobre o papel dessas imagens na preservação das memórias das civilizações antigas.
Aula 3: Apresentação do texto sobre as civilizações africanas e análise da importância da memória e da oralidade nas culturas africanas.
Aula 4: Apresentação da tradição oral familiar e exploração de causos, que misturam realidade e fantasia para transmitir sabedoria e valores morais. Compartilhamento de histórias da famílias dos estudantes, análise das entrevistas e escolha de como será feita a compilação coletiva dos relatos coletados.
Etapa 2 4
3 4
Aula 5: Apresentação da arte e da tradição oral como meios de preservação da memória humana. Planejamento da representação artística das narrativas de memória coletadas na Etapa 1
Aula 6 : Observação das pinturas de Monet e análise da iluminação e das cores.
Aula 7: Apresentação de artistas que romperam com convenções artísticas em suas épocas; análise do grafite de Banksy e da preservação de memórias e expressão de críticas sociais de forma direta e acessível em suas obras.
Aula 8: Transformação das histórias coletadas na Etapa 1 em representações visuais, utilizando pintura, fotografia ou grafite.
Aula 9: Introdução à memória digital e reflexão sobre as transformações nas maneiras de preservar a memória desencadeadas pela tecnologia.
Aula 10: Reflexão sobre o impacto das redes sociais na criação e na disseminação de memórias.
Aula 11: Estudo da relação entre arte e memória na era digital e análise de webquadrinhos e podcasts
Aula 12: Finalização da criação do conteúdo digital. Orientação para a publicação e a utilização ética de estatégias de engajamento.
Aula 13: Apresentação do conceito de cápsula do tempo.
Aula 14: Votação para decidir se a cápsula será física ou digital. Apresentação das vantagens de cada modalidade e, em seguida, a eleição realizada pelos estudantes.
1. Trabalhe com os estudantes o conceito de memória considerando várias esferas, como a psicológica (Do que eu me lembro? O que me marcou?), a histórica (Que fatos foram registrados?) e a cultural (O que a cultura e as artes ajudam a preservar?). Os significados do termo memória são amplos e podem ser aplicados até mesmo na tecnologia (Quanto de memória tem um computador?).
Dica!
Para compartilhar com os estudantes mais sobre memórias, uma dica é o artigo “Memória coletiva e lembranças individuais a partir das perspectivas de Maurice Halbwachs, Michael Pollak e Beatriz Sarlo”, publicado na revista Intratextos, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. O texto compara memórias coletivas e individuais, de acordo com cada um dos três pensadores.
• RIOS, Fábio. Memória coletiva e lembranças individuais a partir das perspectivas de Maurice Halbwachs, Michael Pollak e Beatriz Sarlo. Intratextos, v. 5, n. 1, p. 1-22, 2013.
A tradição oral ainda tem espaço atualmente?
Etapa final 4
Aula 15: Curadoria dos objetos e dos documentos, e definição dos itens que serão colocados na cápsula.
Aula 16: Finalização da cápsula do tempo e autoavaliação do projeto. Reflexão sobre o processo de criação da cápsula, a importância da preservação da memória e as contribuições feitas pelos estudantes ao longo do projeto.
Inicie a etapa destacando a importância da tradição oral na preservação da história e dos conhecimentos de uma comunidade. Utilize a questão norteadora “A tradição oral ainda tem espaço atualmente?” para verificar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre o papel e a relevância desse tipo de tradição nos dias de hoje, especialmente em um mundo em que as tecnologias digitais e a comunicação escrita dominam grande parte das interações.
Oriente os estudantes a se reunirem em duplas ou trios para descrever a imagem de abertura da etapa. Instrua-os a observar atentamente e descrever com detalhes tudo o que veem. Após a descrição, peça às duplas ou aos trios que levantem hipóteses sobre o que acontece na cena.
Proposta de ampliação
Se achar oportuno, proponha uma atividade criativa: peça aos estudantes que criem uma breve narrativa baseada na imagem. Oriente-os a imaginar quem é uma das crianças retratadas e desafie-os a pensar o que o ancião está contando e como eles se sentem ao ouvir a história. Convide alguns volutários para compartilhar com a turma. Além de experienciar o ato de contar histórias, reforce a importância da voz e da escuta ativa na transmissão de saberes.
Convide-os a pensar além do que está visível, explorando possíveis emoções e intenções das figuras retratadas. Depois que as duplas ou trios concluírem suas discussões, reúna todos para um momento de compartilhamento e conduza uma conversa coletiva para comparar as interpretações e destacar a riqueza de perspectivas que a imagem pode suscitar. Aproveite para destacar que a interpretação de imagens é sempre influenciada por quem as interpreta, refletindo suas experiências, seus conhecimentos prévios e suas perspectivas culturais e emocionais. Essa é uma oportunidade de valorizar a diversidade de interpretações e reconhecer que não há uma maneira correta de entender uma imagem, o que possibilita a troca de ideias e a construção coletiva de significados.
Em seguida, pergunte aos estudantes se eles já vivenciaram uma cena parecida com a retratada na imagem com a família ou com a comunidade escolar. Informe-os de que a tradição oral vai além de contar histórias, pois é um meio de passar adiante saberes, valores e experiências que definem a identidade de um grupo. Deixe que contem sua experiências livremente e pergunte se eles convivem com alguém que costuma compartilhar histórias e o que elas representam na vida deles.
Aproveite essa reflexão para apresentar o conceito de tradição oral, destacando a função social dos contadores de histórias e a importância dessas narrativas para a preservação da memória e da cultura de um povo. Explique que muitas culturas ao redor do mundo dependem da tradição oral para manter vivas suas histórias e transmitir conhecimentos para as próximas gerações. Verifique se os estudantes percebem que, ao longo da história da humanidade, a tradição oral tem sido uma ferramenta para garantir que os conhecimentos e as experiências dos antepassados continuem relevantes e presentes na vida das novas gerações.
Verifique se os estudantes compreendem que tradição oral e oralidade são conceitos relacionados, mas não são sinônimos. A tradição oral refere-se à transmissão de conhecimentos, histórias, lendas, mitos, práticas culturais e valores de geração em geração por meio da fala. É um processo intencional e estruturado que busca preservar a memória coletiva e a identidade cultural de uma comunidade, garantindo que esses saberes sejam mantidos vivos ao longo do tempo por meio de narrativas verbais. Já a oralidade é um conceito mais amplo que abrange as formas de expressão e comunicação verbal, como conversas diárias, discursos, aulas e apresentações artísticas, e não está necessariamente ligada à preservação de saberes. Assim, enquanto a tradição oral focaliza a continuidade cultural e a transmissão de conteúdos específicos entre gerações, a oralidade inclui qualquer tipo de comunicação falada.
Na página 45, apresente as duas imagens de pinturas rupestres: a da Serra da Capivara, no Brasil, e a da Caverna das Mãos, na Patagônia, Argentina. Oriente os estudantes a observar com atenção as características de cada pintura, como as formas, as cores e os elementos representados. Incentive-os a compartilhar interpretações e hipóteses sobre o que essas pinturas podem significar e o propósito delas para as comunidades que as produziram.
Explique que, embora as razões exatas para a existência das pinturas rupestres permaneçam desconhecidas, elas podem sugerir um desejo de conexão com a vida ao redor, os ciclos da natureza e os ancestrais e descendentes. Aproveite o trabalho com as pinturas rupestres para introduzir o conceito de memória e evidenciar seu vínculo com a tradição oral. O intuito é ajudar os estudantes a estabelecer relações entre memória, arte e tradição oral, por isso, incentive-os a pensar como as práticas culturais se conectam com a ancestralidade e a refletir sobre o papel da memória na transmissão desses saberes.
1. a) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes levantem hipóteses. É possível que respondam que pinturas rupestres representam aspectos da vida cotidiana dos povos pré-históricos, provavelmente cenas de caça, rituais religiosos, figuras humanas e animais. Verifique se eles mencionam a possibilidade de essas
representações visuais constituírem uma maneira de comunicar e preservar conhecimentos.
1. b) Resposta pessoal. É possível que os estudantes definam a arte rupestre como um meio de comunicação visual que permitia aos seres humanos transmitir conhecimentos e histórias de maneira acessível a todos. Ao olhar para essas pinturas, as gerações futuras poderiam aprender sobre as práticas de caça, sobre os animais presentes na região e as crenças e os costumes sociais de seus ancestrais.
2. Resposta pessoal. É possível que os estudantes levantem hipóteses, como a de que os humanos se comunicavam principalmente por meio de gestos e símbolos visuais, como as pinturas rupestres.
Apresente o Texto 1 e oriente os estudantes a refletir sobre a relevância da palavra falada como um veículo de preservação da sabedoria ancestral nessas sociedades. Utilize a imagem dos Dogons do Mali para evidenciar que a tradição oral envolve performances, música e rituais, preservando a memória e a identidade coletiva.
O Texto 2, "Como o fogo foi roubado do tamanduá-bandeira", de Daniel Munduruku, nas páginas 47 e 48, é um conto de origem indígena com elementos de fantasia que aborda temas como cooperação, astúcia e compartilhamento de recursos. Explique que a narrativa utiliza elementos da fauna e do ambiente natural para transmitir valores culturais como a solidariedade e o espírito comunitário, evidenciados na maneira como o fogo é compartilhado por todos após ser obtido.
Aproveite para trabalhar nesse momento com o Podcast Lendas indígenas e a tradição oral no Brasil
1. Os estudantes podem destacar algumas lições morais, como o fato de a inteligência, a engenhosidade e o planejamento superarem a força bruta ou a importância da perseverança, uma vez que os personagens não desistiram diante das primeiras dificuldades e continuaram a buscar uma solução até alcançarem seu objetivo. Além disso, a cooperação e o trabalho em grupo podem ser destacados.
2. Os estudantes podem citar habilidades essenciais para a sobrevivência e o bem-estar das comunidades indígenas, como a colaboração entre pares e integrantes da comunidade, a sabedoria coletiva e a resiliência para enfrentar as adversidades cotidianas.
1. Ressalte que memórias compartilhadas, valores culturais e ensinamentos reforçam a identidade coletiva. Ao reviver essas narrativas juntas, as pessoas, além de se conectarem com um passado comum, experienciam momentos de união e intimidade. O ato de compartilhar histórias promove comunicação, empatia e entendimento mútuo, aprofundando as relações e criando um senso de pertencimento e coesão.
2. Verifique se os estudantes entendem que a fantasia permite que os contadores de histórias exagerem ou enriqueçam certos aspectos, capturando a atenção dos ouvintes e tornando a narrativa mais divertida e impactante. Além disso, a imaginação mantém as histórias relevantes e interessantes para diferentes gerações, adaptando-se às mudanças culturais e sociais que acontecem ao longo do tempo.
A seção valoriza a memória e a identidade cultural da comunidade escolar. Por meio de entrevistas com colegas, professores e funcionários, serão coletadas histórias passadas de geração em geração, e os estudantes terão a oportunidade de compreender a importância da tradição oral para a preservação dos saberes familiares.
Oriente os grupos a elaborar questões abertas e a ficar atentos a detalhes das respostas dos entrevistados para formular perguntas de seguimento, explorando sentimentos e significados das histórias ou causos familiares relatados. Lembre-os de levar cadernos e gravadores e de obter permissão para gravar as entrevistas.
Enfatize a importância de ouvir os entrevistados atentamente e evitar interrupções. Posteriormente, eles devem revisar as notas e transcrever as partes significativas, organizando as informações de forma clara e coesa.
Peça que compartilhem as entrevistas com outros grupos, identificando temas comuns e valores culturais.
Por que a arte é essencial na preservação da memória humana?
Para verificar os conhecimentos prévios dos estudantes sobre os conceitos de memória e arte, bem como sobre a relação entre eles, apresente a questão
norteadora e incentive a turma a se expressar livremente. Você também pode introduzir o assunto através de um trabalho com o Carrossel de imagens Como a arte preserva a memória humana
Explique aos estudantes que as diferentes formas de arte podem capturar e manter vivas as experiências e os conhecimentos de uma sociedade. Utilize a pintura naïf de Ana Maria Dias como exemplo. Ao apresentar a imagem de abertura, pode ser interessante salientar que pinturas naïf geralmente ilustram cenas do cotidiano, valores e tradições de uma época, imprimindo simplicidade e espontaneidade nas telas, características estilísticas desse tipo de arte. Reitere que a arte não se limita à expressão visual, mas inclui manifestações musicais, cênicas e literárias, que atuam como guardiãs da memória.
1. As três pinturas de Monet apresentam variações na iluminação, que representam diferentes condições climáticas e momentos do dia. O lago das ninfeias, harmonia verde (Pintura 1) apresenta uma luz suave, enquanto a obra Ponte japonesa e lago de ninfeias (Pintura 2) tem uma iluminação mais brilhante e uma atmosfera mais vibrante. Ninfeias (Pintura 3), criada em 1907, mostra uma paleta de cores mais intensa e uma iluminação mais difusa, criando uma sensação de profundidade.
2. Resposta pessoal. Sugere-se incentivar os estudantes a expressar suas emoções e sensações pessoais ao observar cada uma das pinturas de Monet. É recomendável reforçar que não há respostas certas ou erradas, pois a arte pode evocar uma ampla gama de reações individuais. Encoraje a turma a descrever como as cores, a iluminação e a composição de cada obra influenciam suas percepções e seus sentimentos.
Dica!
O site do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) apresenta a exposição O Impressionismo e o Brasil, destacando a influência desse movimento artístico no Brasil. Com imagens e descrições, a página explora a conexão entre artistas brasileiros e o estilo impressionista, contextualizando o movimento na arte nacional.
• O IMPRESSIONISMO e o Br asil. Museu de Arte Moderna de São Paulo . Disponível em: https:// mam.org.br/exposicao/o-impressionismo-e-o -brasil/. Acesso em: 28 set. 2024.
3. O juramento dos Horácios (Pintura 4), de Jacques-Louis David, reflete as prioridades neoclássicas relacionadas à disciplina e ao dever. Utilizando uma composição equilibrada e definida, bem como cores sóbrias, a obra enfatiza valores como o patriotismo e a honra, que eram altamente valorizados na sociedade do século XVIII. Em contraste, as pinturas de ninfeias de Claude Monet destacam cenas da vida cotidiana e a beleza efêmera da natureza. A técnica impressionista de Monet, caracterizada por pinceladas soltas e pelo uso de cores vibrantes aplicadas diretamente na tela, captura a luz e a atmosfera de momentos específicos. Essa abordagem reflete as mudanças sociais e artísticas do final do século XIX, marcado por um crescente interesse pela subjetividade, pela percepção individual e pela inovação técnica.
1. Nas obras No cafezal e Dia de verão, é possível observar várias características impressionistas, como o uso da luz natural, de uma paleta de cores vibrantes e de pinceladas soltas e visíveis, bem com a escolha de temas cotidianos, como cenas ao ar livre. Essas características demonstram a influência do impressionismo na obra de Georgina Albuquerque e sua habilidade em capturar a efemeridade e a beleza dos momentos do dia a dia.
2. As obras de arte e as histórias orais mantêm a memória cultural ao registrar e transmitir valores, tradições e identidades de um povo, preservando suas experiências e fortalecendo a identidade coletiva ao longo do tempo.
3. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes troquem ideias e percebam que, no contexto do final do século XIX e do início do século XX, devido à forte dependência do reconhecimento e do apoio das academias de arte, pintores e pintoras precisavam ser aceitos em salões oficiais para obter visibilidade, prestígio e patrocínio financeiro. Comente com a turma que o mercado de arte era restrito e altamente competitivo e que a inovação e a experimentação frequentemente enfrentavam resistência.
4. Respostas pessoais. Espera-se que os estudantes concluam que, provavelmente, havia mais dificuldades para mulheres no exercício da profissão de artista. As mulheres enfrentavam preconceitos de gênero, o
que frequentemente as excluía de redes de patrocínio e exposição. Mesmo quando conseguiam superar essas barreiras e produzir obras de alta qualidade, suas carreiras eram frequentemente marginalizadas, e suas contribuições, desvalorizadas.
5. Resposta possível: Muitas das dificuldades enfrentadas por artistas no final do século XIX e no início do século XX foram reduzidas, mas outras se transformaram.
O acesso à educação artística e a plataformas de exposição tornou-se mais inclusivo. Contudo, desafios como a alta competitividade no mercado de arte, a necessidade de redes de apoio e financiamento e a pressão para inovar e se destacar ainda são significativos. Os estudantes podem citar novas dificuldades, advindas da era digital, como a necessidade de divulgar as obras nas redes sociais por meio do marketing digital.
Se achar oportuno, oriente os estudantes a fazer uma pesquisa prévia para responder com mais embasamento às questões 1 a 5 da página 55, pois essas atividades envolvem o pensamento computacional.
Na página 56, utilize as fotografias da avenida Paulista (Fotografias 1 e 2) para exemplificar como as imagens capturam a evolução urbana e as mudanças sociais, permitindo observar a história e o desenvolvimento das cidades e sociedades ao longo do tempo.
Nas páginas 57 e 58, verifique os conhecimentos prévios dos estudantes sobre grafite e comece uma conversa exploratória utilizando perguntas abertas.
Profissão: artista
Para expor a ideia de trabalho autônomo e as responsabilidades envolvidas, pergunte aos estudantes o que eles entendem sobre ser um artista autônomo. Verifique se eles compreenderam a importância das habilidades empresariais e pergunte quais desafios e vantagens eles acreditam que existem nesse modelo de trabalho. Pergunte se algum dos estudantes pretende trabalhar como artista. Se alguém se pronunciar, convide-o a compartilhar com a turma, caso se sinta à vontade para isso, o que já pesquisou sobre a profissão.
Dica!
O que é melhor para o trabalhador? Uma contratação com carteira assinada? Ou ser autônomo? Ou ainda trabalhar em um regime PJ (pessoa jurídica)?
A influencer Adriana Cubas explica as vantagens e as desvantagens das modalidades, levando em consideração ganhos e jornada de trabalho.
• CUBAS, Adriana. Trabalho CLT, PJ, terceirizado ou temporário: vantagens e desvantagens. YouTube, 29 abr. 2019. Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=Dk4suaqwRt4. Acesso em: 11 out. 2024.
1. Grafite é uma forma de arte urbana que usa espaços públicos como tela para criar ilustrações e pinturas com valor estético e cultural, frequentemente abordando temas sociais, políticos e culturais. Exemplos de artistas: Os Gêmeos, Banksy, Shepard Fairey e Lady Pink. A pichação é caracterizada por inscrições de letras e símbolos feitos ilegalmente e sem preocupação estética. De acordo com a Lei de Crimes Ambientais (Lei n o 9.605/1998), a pichação é uma prática ilegal e passível de penalidades vista como um ato de vandalismo. Por fim, a criação de grandes pinturas murais em paredes públicas formam o movimento artístico conhecido por muralismo. Os murais trazem mensagens políticas ou sociais e são frequentemente legais e encomedados. Alguns exemplos de muralistas são Diego Rivera, do México, e Eduardo Kobra, do Brasil.
2. O grafite Flower Thrower, de Banksy, mostra um manifestante prestes a lançar um buquê de flores, em vez de um objeto perigoso como uma bomba. A imagem pode ser interpretada como um símbolo de paz e resistência pacífica, sugerindo que a delicadeza pode ser mais poderosa que a violência.
3. No século XIX, os impressionistas desafiaram a arte acadêmica, priorizando luz e cor e adotando novas abordagens, como pintar ao ar livre. Eles também organizaram as próprias exposições fora dos salões oficiais. De forma semelhante, os grafiteiros utilizam espaços públicos para abordar temas sociais, desafiando o circuito tradicional de arte. Ambos contribuíram para democratizar a arte, tornando-a mais acessível ao público.
4. Espera-se que os estudantes mencionem que o grafite e a fotografia preservam a memória urbana ao documentar e expressar as transformações, as vivências e as identidades das comunidades nas cidades. O grafite registra críticas sociais, culturais e políticas.
A fotografia, por sua vez, congela momentos da paisagem urbana, capturando mudanças arquitetônicas, eventos e o cotidiano das pessoas. Ambas as expressões impactam a construção da identidade comunitária ao valorizar e tornar visíveis as histórias, as lutas e os valores coletivos.
Oriente os grupos a revisitar as memórias coletadas na Etapa 1 para planejar como elas podem ser transformadas em representações visuais, como pinturas, fotografias ou grafites. Verifique se os estudantes estão com dificuldade de traduzir os elementos dessas histórias para a arte e ofereça sugestões, considerando as habilidades e os recursos disponíveis na escola.
Durante o desenvolvimento da ideia, oriente-os a criar esboços ou rascunhos, a planejar as cenas e a organizar os materiais necessários, como tintas e câmeras. Garanta que o espaço para a criação das obras esteja preparado e que todas as autorizações necessárias, especialmente para o grafite, sejam obtidas com antecedência, promovendo um ambiente de trabalho seguro e colaborativo.
Na etapa de criação, incentive os estudantes a seguir seus planos enquanto exploram as ideias artísticas com liberdade e expressão pessoal. Após a conclusão das obras, organize uma exposição na escola para apresentar as criações e abrir espaço para uma discussão sobre como a arte pode preservar memórias e fortalecer a identidade comunitária.
Como os processos de transmissão de memória evoluíram com a tecnologia?
Ao iniciar a Etapa 3, retome brevemente com os estudantes as estratégias de preservação da memória discutidas nas etapas anteriores, como a tradição oral, a tradição escrita e a arte, destacando como cada uma contribui para a transmissão de saberes e histórias ao longo do tempo, até os dias atuais, de diferentes formas. Apresente, então, a Etapa 3, que aborda a revolução da memória na era digital, e explore com os estudantes os conhecimentos que eles já têm sobre esse tema, como o uso da internet, das redes sociais e das
tecnologias de armazenamento em nuvem, por exemplo. Você também pode aproveitar o momento para trabalhar com o Podcast Como a tecnologia pode preservar a memória cultural.
Promova uma discussão crítica sobre os impactos da era digital na preservação da memória, incentivando os estudantes a considerar tanto os benefícios, como o acesso rápido e global a informações, quanto as possíveis desvantagens, como a dependência tecnológica, os riscos à privacidade e a efemeridade das memórias digitais.
• R esposta pessoal. Ressalte para a turma que o avanço das tecnologias digitais não promove, necessariamente, a perda de espaço da narrativa oral e da expressão artística, mas, sim, transforma seus papéis. As tecnologias digitais ampliam as formas de registrar e compartilhar memórias, permitindo que histórias orais sejam gravadas e disseminadas em plataformas digitais e que obras de arte sejam exibidas virtualmente, alcançando um público global, mas não alteram a essência dessas tradições.
Promova um momento de compartilhamento para que os estudantes contem como eles utilizam as redes sociais no dia a dia. Pergunte quais plataformas eles mais usam e que tipos de conteúdo costumam compartilhar ou consumir, bem como em que formatos (fotografias, vídeos ou memes, por exemplo). Incentive-os a falar sobre seus hábitos, como frequência de uso, o que costumam postar e como interagem com amigos, familiares e outras pessoas. Discuta também o papel das redes sociais na criação e preservação de memórias pessoais e pergunte se eles costumam revisitar postagens antigas ou usar essas plataformas como uma espécie de álbum digital. Encoraje-os a refletir sobre a privacidade e a exposição excessiva.
1. Ajude os estudantes a percerber que o personagem utiliza a simplicidade e a sinceridade para abordar questões do cotidiano com um toque humorístico e, muitas vezes, crítico.
2. Alguns exemplos podem incluir influenciadores digitais, criadores de conteúdo, streamers de jogos,
podcasters e designers de mídia digital. Incentive a turma a refletir sobre os impactos do surgimento dessas novas profissões na memória coletiva.
Para iniciar a atividade, oriente os estudantes a se reunirem nos grupos para escolher a história ou experiência que será transformada em uma peça digital. É importante reforçar a importância de escolher histórias que tenham relevância e sejam representativas, tanto visual quanto emocionalmente, para fortalecer o vínculo entre o projeto e a cultura digital.
Cada formato requer um planejamento adequado: vídeos precisam de roteiros e divisão em cenas; fotografias demandam atenção a ângulos e composição; já quadrinhos exigem um storyboard claro, com foco em diálogos curtos e expressivos. Incentive os estudantes a considerar como a linguagem visual contribui para a preservação da memória e como esses conteúdos podem engajar o público nas redes sociais.
No processo de criação, que é a parte mais prática e colaborativa, a turma vai materializar suas ideias. Reforce a importância de eles combinarem reuniões frequentes para que possam fazer ajustes ao longo da produção. No passo de revisão, a troca de feedbacks visa aprimorar o produto final.
Oriente a publicação das produções na rede social escolhida. Encoraje-os a interagir com os colegas, comentando e curtindo as produções uns dos outros, criando um ciclo de troca de ideias e valorização do trabalho em grupo.
Para finalizar o projeto, os estudantes criarão uma cápsula do tempo para guardar conhecimentos e memórias. Converse com a turma sobre as vantagens e as desvantagens associadas à cápsula física e à cápsula digital. A cápsula física requer um recipiente durável, resistente às intempéries, enquanto a digital deve ser armazenada em uma plataforma confiável, e é preciso fazer backups para garantir a segurança dos dados.
Após a escolha, é importante documentar os itens incluídos, criar uma carta explicativa e definir claramente quando e por quem a cápsula será aberta. Incentive a participação ativa dos estudantes no planejamento e
na execução, reforçando a relevância de preservar memórias e o impacto que isso terá no futuro.
Por fim, celebre o término do projeto convidando os participantes e a comunidade escolar para refletir sobre a importância de manter vivos as histórias e os conhecimentos coletivos. A cápsula do tempo é uma forma concreta de conectar gerações futuras às experiências e ao aprendizados de hoje, valorizando a memória comunitária.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador.
saudável? – p.
O trabalho desenvolvido neste Projeto Integrador possibilita que os estudantes reflitam sobre temas, situações e aspectos da sociedade contemporânea relacionados à imposição de padrões de beleza, à diferença entre saúde e estética e à atuação de diferentes profissionais nessas áreas, bem como sobre suas condições de trabalho. Para isso, são apresentados textos de diferentes gêneros, obras de arte, questões norteadoras, atividades reflexivas orais e escritas, tanto individuais quanto em grupo. Esse conjunto de propostas a se realizar ao longo das etapas contribuirá para ampliar e aprofundar os conhecimentos sobre os assuntos tratados, além de propiciar a construção de subprodutos
a cada etapa; estes, por sua vez, vão compor o produto final, que será um evento esportivo com diferentes profissionais da área da saúde.
O projeto tem como objetivo incentivar os estudantes a compreender a relação entre padrões estéticos e saúde, promovendo uma reflexão crítica sobre a influência de ideais de beleza tanto na saúde física quanto na saúde mental das pessoas. Ademais, as pesquisas e as análises de textos visam explorar diferentes aspectos da saúde em suas múltiplas áreas do conhecimento, proporcionando uma abordagem interdisciplinar pautada nos componentes Língua Portuguesa e Educação Física, ao apresentar aos estudantes as possibilidades de atuação em diferentes profissões ligadas ao campo da saúde e a importância da regulamentação para o exercício ético desses profissionais.
O projeto oportuniza a reflexão sobre a representação dos corpos, a diferença entre estética e saúde e a insatisfação decorrente da tentativa de adequação ao padrão de beleza imposto socialmente, o que leva à busca por um corpo perfeito – geralmente inalcançável – e impacta a saúde física e mental dos indivíduos.
Por meio das pautas sobre saúde, bem-estar e profissões ligadas a essas áreas, associadas aos textos, às imagens e às atividades, os estudantes vão integrar conhecimentos de diferentes áreas, o que os ajudará a estruturar e organizar perspectivas para o futuro, construir um projeto de vida sólido e fortalecer o protagonismo juvenil. É importante ressaltar que as etapas mobilizam diferentes áreas do conhecimento, com ênfase em Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e nos componentes Educação Física, Língua Portuguesa, Arte e História, o que aponta caminhos para um trabalho inter e transdisciplinar.
Os subprodutos das Etapas 1, 2 e 3 culminam na organização de uma arena esportiva com a participação de alguns profissionais ligados à área da saúde.
Dividido em sete passos – planejamento, formação da equipe organizadora, atividades esportivas e convidados, inscrição e participação, logística e preparativos, realização do evento e pós-evento –, o produto final incentiva os estudantes a mobilizar a comunidade escolar e a conscientizar os participantes sobre a importância de considerar aspectos físicos e emocionais na promoção da saúde e do bem-estar.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
Os TCT Saúde e Educação em direitos humanos são abordados ao discutir a imposição de padrões estéticos pela sociedade e a consequente insatisfação com o corpo decorrente dessas pressões, explorando a diferença entre os conceitos de saúde e de estética por diferentes perspectivas e os impactos da falta de clareza sobre essa distinção. O TCT Diversidade cultural é desenvolvido ao proporcionar a interação com textos e imagens diversos relacionados à saúde e ao bem-estar, o que proporciona o contato com diferentes perspectivas para a análise e problematização da realidade relacionada ao tema do projeto.
Por fim, o TCT Vida familiar e social é abordado ao explorar cuidados com a saúde física e mental por meio da construção de um guia de serviços de saúde e bem-estar oferecidos na região onde os estudantes vivem. Tal iniciativa visa destacar o protagonismo juvenil perante a sociedade.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
Este projeto fundamenta-se em dois ODS para desenvolver as etapas propostas, a saber: Saúde e bem-estar (3) e Educação de qualidade (4). As propostas são desenvolvidas ao longo das etapas do projeto, incluindo atividades de reflexão sobre a importância das diferentes profissões da área da saúde na promoção do bem-estar físico e emocional. Além disso, os estudantes realizam pesquisas e debates sobre a percepção corporal, refletindo sobre a importância de cuidar da saúde física e mental. O projeto também enfatiza a necessidade de construir uma sociedade mais inclusiva, baseada em valores que transcendam os padrões sociais impostos.
Professor indicado para liderar o projeto
Educação Física com o auxílio de Língua Portuguesa, Arte e História.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias
Hábilidades de Linguagens e suas Tecnologias
Competências e habilidades específicas de Língua Portuguesa
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
1, 2, 3, 4, 6, 7
1, 2, 3, 6, 7
EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG104, EM13LGG202, EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG601, EM13LGG701, EM13LGG703, EM13LGG704
1, 2, 3, 7
EM13LP01, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP15, EM13LP18, EM13LP32, EM13LP33, EM13LP35
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 3, 5
Ciências Humanas e Sociais
Aplicadas: EM13CHS102, EM13CHS303, EM13CHS502
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
As propostas desenvolvidas ao longo das três etapas do projeto trabalham as competências gerais 1, 2, 3, 4, 6 e 7 e promovem a construção de saberes associados a elas em diferentes situações, que serão apresentadas a seguir.
No trabalho com a leitura de imagens, presente na abertura do projeto e nas etapas que o compõem, os estudantes estabelecem possíveis relações entre estas e suas impressões e seus conhecimentos prévios, e as competências gerais 1 e 3 são evidenciadas, pois as manifestações artísticas e culturais são essenciais para o desenvolvimento das aprendizagens sociais e culturais, aprofundando o trabalho com as habilidades EM13LP01 e EM13LGG601. Essa articulação colabora para a promoção de uma sociedade mais justa, inclusiva e disposta a enfrentar as desigualdades e os preconceitos, além de fortalecer aspectos socioemocionais,
como empatia e respeito, conforme as competências específicas 1 e 5 de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e as habilidades EM13CHS102 e EM13CHS502
O conjunto de textos selecionados para cada etapa direciona o trabalho com a compreensão leitora dos estudantes, bem como com aspectos ligados à oralidade, à escrita e aos contextos de produção, recepção e circulação. As atividades e os gêneros textuais variados – reportagens, relatos e textos informativos – mobilizam as competências gerais 2 e 4, as competências específicas 1, 2 e 6, as habilidades de Linguagens e suas Tecnologias EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG104, EM13LGG202 e EM13LGG601 e as habilidades específicas de Língua Portuguesa EM13LP01 e EM13LP35.
O desenvolvimento do trabalho de pesquisa tem lugar em diversas propostas ao longo do projeto, tanto para incentivar os estudantes a descobrir informações e, assim, ampliar seu repertório para a execução de entrevistas e atividades de escrita, quanto para aprofundar o trabalho argumentativo previsto nos debates; além disso, investigar dados em fontes confiáveis, encontrá-los nos textos apresentados e torná-los públicos são atividades que também fazem parte do percurso de formação do projeto. Todas essas ações permitem relacionar as competências gerais 2 e 6, a competência específica 3 e as habilidades EM13LP32, EM13LP33, EM13LP35. Os subprodutos – uma entrevista com a comunidade escolar, uma pesquisa, um debate e a construção de um guia sobre os serviços de saúde e bem-estar – e o produto final – a organização de um evento esportivo – mobilizam diferentes conhecimentos, pois tornam evidentes aspectos das áreas de Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, especialmente a competência específica 3 e a habilidade EM13CHS303, as competências específicas 3 e 7 de Linguagens e suas Tecnologias e as habilidades EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG701, EM13LGG703 e EM13LGG704, bem como as habilidades EM13LP11, EM13LP12, EM13LP15 e EM13LP18 de Língua Portuguesa.
É importante destacar, ainda, que todas as ideias de atividades e intervenções sugeridas ao longo do projeto estão centradas nos estudantes e buscam incentivá-los a ter um comportamento crítico diante das situações apresentadas, dando a oportunidade para que se expressem com consciência de si e do outro. O projeto
também incentiva a participação da comunidade escolar por meio de discussões sobre questões ligadas aos padrões impostos pela sociedade e os impactos dessas atitudes nas relações humanas, no consumo e no cotidiano de pessoas de diferentes idades, em diferentes lugares, motivando, dessa maneira, o desenvolvimento da habilidade EM13LGG202
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas Desenvolvimento
Aula 1 : Introdução da temática e das características do projeto. Apreciação da pintura de abertura, leitura do Texto 1 e realização das atividades correspondentes.
Etapa 1 4
Aula 2: Leitura dos Textos 2 e 3 e realização das atividades correspondentes.
Aula 3: Preparação para realização da seção Em ação.
Aula 4: Realização da seção Em ação. Etapa 2 4
Aula 5: Apresentação da etapa, apreciação da pintura de abertura e realização das atividades correspondentes.
Aula 6: Leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Aula 7: Preparação para realização da seção Em ação
Aula 8: Realização da seção Em ação
Aula 9: Apresentação da etapa, apreciação da imagem de abertura e realização das atividades correspondentes.
Etapa final 4
Etapa 3 4
Aula 10: Leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Aula 11: Preparação para realização da seção Em ação.
Aula 12: Realização da seção Em ação
Aula 13: Apresentação da proposta, planejamento e formação das equipes de trabalho.
Aula 14: Preparativos e logística.
Aula 15: Realização evento.
Aula 16: Realização do pós-evento e da autoavaliação.
Abertura e Ficha de estudo
Inicie o projeto apresentando aos estudantes o título e incentive-os a elaborar hipóteses sobre o tema. Em seguida, promova a leitura da imagem, questionando a turma sobre as possíveis relações com o título desta etapa. Solicite aos estudantes que observem atenta e cuidadosamente as pessoas representadas na fotografia. Faça uma leitura coletiva do texto e das perguntas, promovendo uma discussão sobre o conteúdo apresentado.
Como somos e como nos vemos representados fisicamente?
Mostre o título da Etapa 1 e verifique se os estudantes o remetem à frase clássica dos contos de fadas. Enfatize as relações entre a busca pela beleza e o uso do espelho como parâmetro para corroborar ou refutar o belo.
1. Verifique se os estudantes percebem que a proporção das formas se destaca bastante por se distanciar do corpo idealizado e comumente representado atualmente.
2. Espera-se que os estudantes analisem a pintura e busquem elementos que justifiquem suas impressões, conectando-as às experiências que já tiveram com outras obras de arte.
3. A pintura da série Banhistas, do artista plástico Gustavo Rosa, tem como tema principal uma mulher aproveitando seu dia à beira-mar, em momento de lazer e descanso.
4. Recomenda-se incentivar os estudantes a compartilhar as sensações e os sentimentos despertados pela observação da pintura, encorajando-os a conectar
essas impressões com questões relacionadas aos padrões estéticos.
5. Incentive os estudantes a refletir sobre os elementos que transmitem uma sensação de lazer e descanso, ao mesmo tempo que retratam uma mulher que não se enquadra nos padrões estéticos convencionais, mas que aparenta estar à vontade com seu corpo em um ambiente praiano.
6. Recomenda-se um diálogo com o docente de Arte, a fim de garantir que a turma desenvolva um olhar mais crítico e técnico sobre a obra de arte apresentada. Rosa é conhecido por seu estilo figurativo, caracterizado por formas corpulentas, simplificadas e expressivas. Figuras desproporcionais, frequentemente representando personagens em situações do cotidiano, são usadas para desmistificar padrões estéticos tradicionais, desafiando a noção de beleza idealizada e trazendo à tona uma visão mais inclusiva e crítica da sociedade.
7. Antes de solicitar aos estudantes que façam esta atividade, analise a obra de forma mais detalhada, para que eles percebam as diferentes possibilidades de representatividade, tópico que será o foco de suas pesquisas. Depois, peça aos estudantes que conversem, em grupos, sobre essas possibilidades com base nas obras escolhidas, consolide as informações na lousa e solicite a eles que as registrem no caderno.
1. a) Espera-se que os estudantes apresentem argumentos favoráveis ou contrários à afirmação, estabelecendo uma relação entre aparência e essência. É fundamental destacar para a turma a diferença entre opinião e argumento: enquanto a opinião expressa um ponto de vista pessoal, os argumentos são construídos para sustentá-la, apropriando-se de evidências e raciocínios lógicos para reforçar o que se pensa.
1. b) Os estudantes devem criar o mapa mental considerando as principais ideias do argumento do colega. Oriente-os quanto à organização espacial, à seleção dos tópicos principais e às ramificações.
2. a) Os estudantes podem refletir sobre o fato de a diversidade de áreas de formação de Sophie proporcionar a ela uma jornada profissional com diferentes possibilidades, pois os conhecimentos em campos di-
versos geram um repertório amplo para lidar com situações e perspectivas distintas.
2. b) Espera-se que os estudantes relacionem as três áreas do conhecimento do ponto de vista da promoção de saúde por meio dos alimentos.
2. c) Psicólogos, médicos, biomédicos, educadores físicos, entre outros.
2. d) Peça aos estudantes que compartilhem suas ideias e anotem as profissões que eles não mencionaram em suas respostas.
2. e) Incentive os estudantes a buscar informações em fontes confiáveis, como sites de universidades, guias de profissões, jornais com entrevistas com profissionais da área, entre outras possibilidades.
1. A autora evidencia como a falta de clareza sobre as expressões pressão estética e gordofobia pode ser prejudicial. Além disso, ela destaca o preconceito associado ao segundo termo, que, muitas vezes, aparece disfarçado de "dica" ou "conselho", ressaltando a urgência de combatê-lo.
2. a) Ao explorar a percepção corporal dos estudantes, é importante abordar o tema com sensibilidade. As perguntas podem ser eficazes para trabalhar o tema, mas precisam ser tratadas com cuidado, para garantir um ambiente seguro e acolhedor. Se necessário, procure o apoio dos serviços de orientação da escola para oferecer suporte adicional.
2. b) Organize os estudantes em dois grupos para criar cada um dos gráficos. É possível incluir o professor de Matemática para ajudar na elaboração e, posteriormente, na análise dos gráficos.
2. c) Espera-se que os estudantes sejam capazes de comparar criticamente os dados e encontrar uma resposta final condizente com a realidade da turma. Caso tenha havido uma melhora em relação aos dados do texto, eles podem levantar hipóteses sobre os fatores que contribuíram para uma perspectiva mais positiva; caso os dados tenham se mantido ou piorado, instigue-os a debater quais fatores levaram a essa visão ainda mais pessimista.
3. Nesse momento, os estudantes são incentivados a refletir criticamente sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade, conectando as discussões aos
aspectos físicos, de gênero, etários e identitários. Eles devem explorar como esses padrões afetam a percepção do corpo e questioná-los. Durante o debate, espera-se que se envolvam ativamente na construção e na defesa de argumentos, bem como na elaboração de contra-argumentos, desenvolvendo habilidades como pensamento crítico, comunicação e trabalho em equipe. Após a atividade, os estudantes devem avaliar a dinâmica do debate, reconhecendo os pontos fortes e identificando áreas que precisam ser melhoradas. Esse processo reflexivo aprimora suas habilidades argumentativas e a capacidade de colaborar em discussões futuras.
Antes de introduzir as questões da página 83, aproveite para trabalhar com o Podcast Todos contra o bullying e os padrões opressivos
1. Resposta pessoal. Os estudantes podem escrever o parágrafo pensando na relação entre aparência e essência e na importância de desconstruir os padrões impostos pela sociedade que desconsideram as diferenças físicas das pessoas. É possível, ainda, explorar a ideia trazida por Renato Janine Ribeiro de fomentar uma cultura que promova a aceitação e o bem-estar em detrimento da aparência.
2. Resposta pessoal. Oriente a pesquisa dos estudantes, garantindo a busca por informações em fontes como livros, sites confiáveis, revistas especializadas, entre outras. Se achar pertinente, reúna a turma em duplas para desenvolver aspectos socioemocionais ligados ao trabalho em equipe, como empatia e colaboração.
3. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a trabalhar aspectos ligados à escuta ativa, como respeitar os turnos de fala e fazer silêncio nos momentos de apresentação.
4. a) Os estudantes devem associar a insatisfação corporal, resultante das pressões estéticas impostas pela sociedade ao esforço de se conformar a essas expectativas. Esse processo pode desencadear uma relação negativa com o próprio corpo, afetando tanto a saúde mental quanto a saúde física.
4. b) Respostas possíveis: informar-se sobre a história da beleza; desconstruir os padrões estéticos por meio de leituras de diferentes profissionais, como educadores físicos, médicos, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros;
praticar esportes com a ajuda de profissionais e em lugares confiáveis; entre outras possibilidades.
O primeiro subproduto do projeto será uma pesquisa de imagens, seguida da elaboração de um questionário que será disponibilizado para a comunidade escolar e as famílias dos estudantes. Supervisione os grupos, tirando dúvidas e apresentando sugestões.
Auxilie os grupos na escolha de imagens que representem a diversidade de corpos e biotipos, além de diferentes períodos históricos, para enriquecer a reflexão e desconstruir estereótipos. Se a abertura de uma pasta virtual compartilhada for inviável, recomende que os textos, as anotações e as imagens sejam reunidos em uma pasta ofício.
Chame a atenção dos estudantes para a importância de o questionário contemplar a pluralidade de gêneros, idades e profissões, destacando como a percepção da pressão estética pode variar entre diferentes setores da sociedade.
Caso não seja possível realizar o questionário inteiramente on-line, peça aos estudantes que disponibilizem uma versão impressa das perguntas aos participantes que desejarem e reforce a necessidade de computar esses dados (para as questões dissertativas, os estudantes podem priorizar a análise de palavras-chave).
A busca pelo corpo perfeito e pela saúde – p. 86
Há diferença entre saúde e estética?
Comece a etapa com a leitura do título e da pergunta norteadora; verifique os conhecimentos prévios dos estudantes e incentive-os a elaborar hipóteses sobre os temas que serão abordados. Peça a eles que escrevam uma definição de saúde e outra de estética e, em seguida, ouça as respostas.
Faça uma leitura coletiva do texto de abertura e da legenda que acompanha a imagem O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, incentivando os estudantes a comentar o que veem na reprodução da obra de arte e de que maneira a escolha dela dialoga com padrões de beleza, saúde, estética e os assuntos tratados.
Ao longo das leituras e atividades propostas, busque avaliar como os estudantes se sentem ao tratar dos assuntos e atente ao surgimento de emoções e sensações desconfortáveis, bem como a possíveis gatilhos provocados pelos assuntos. Como se trata de um assunto delicado, a cuidadosa condução das questões apresentadas torna-se fundamental para promover reflexões significativas, profundas e responsáveis.
1. Ao falar sobre as sensações que a pintura provoca, os estudantes podem analisar diversos elementos visuais, como a escolha das cores, a espessura e o estilo dos traços, bem como as formas utilizadas pelo artista. As cores podem transmitir emoções específicas, como tranquilidade, intensidade ou melancolia, enquanto os traços e formas podem sugerir movimento, delicadeza ou rigidez. Além disso, eles podem explorar como esses aspectos dialogam com os padrões de beleza ao longo da história.
2. Oriente os estudantes a buscar o mito de Vênus em livros e em fontes digitais confiáveis. Há muitas versões dos mitos romanos. Para ampliar o repertório e comparar as diferentes narrativas, é importante buscar mais de uma fonte.
3. A relação entre o mito de Vênus, deusa do amor e da beleza, e a pintura O nascimento de Vênus, de Sandro Botticelli, é profundamente simbólica e estética, pois a obra representa seu nascimento nas espumas do mar, simbolizadas, na pintura, pela concha e pela água.
4. Os estudantes podem mencionar que o padrão estético representado na obra de Botticelli é considerado eurocêntrico, sendo caracterizado pela pele branca, pelo corpo magro, pelos cabelos claros, por mulheres de traços delicados e homens fortes. Esse padrão ainda se mantém relevante hoje em dia, porque, historicamente, os países europeus disseminaram seus valores de beleza, estética, saúde e cultura para outras regiões do mundo, especialmente durante os processos de colonização e industrialização.
5. Incentive os estudantes a criar sua Vênus com base nas próprias experiências e vivências. Se achar interessante, promova uma exposição para a comunidade escolar com textos explicativos sobre os processos criativos dos estudantes.
6. Os estudantes podem mencionar depressão, estresse, fraqueza, perda de funções fisiológicas importantes, entre outros prejuízos.
7. Incentive os estudantes a pensar nos sentidos e na definição do termo com base em diferentes contextos.
8. Os estudantes devem buscar as definições em fontes confiáveis. Além disso, é importante motivar a turma a procurar o maior número de respostas possível, pois quanto mais pessoas entrevistadas, mais informações poderão ser apresentadas e, assim, maior a possibilidade de aprofundar a análise sobre o assunto. Ao final, converse com eles sobre as conclusões a que chegaram após as entrevistas.
1. O Brasil lidera o ranking mundial de cirurgias plásticas em jovens. Esses números refletem a pressão dos padrões estéticos idealizados, muitas vezes reforçados pelas redes sociais, que podem impactar negativamente a saúde mental dos jovens. Embora a cirurgia plástica possa, em alguns casos, melhorar a autoestima e a qualidade de vida, é essencial considerar a maturidade das pessoas que se submetem a elas e os motivos que as levam a optar por esses procedimentos, garantindo que suas decisões estejam fundamentadas em necessidades reais de bem-estar e não apenas em pressões sociais.
2. Segundo o professor Pedro Coltro, antes dos 18 anos poderiam ser realizados procedimentos em situações nas quais a autoestima e a qualidade de vida do indivíduo sejam afetadas. Ao opinar sobre isso, é importante que os estudantes exponham seus argumentos. Ao fim das atividades, aproveite para desenvolver um trabalho com o Infográfico clicável Pressões estéticas e imposição de padrões de beleza, introduzindo o próximo tópico da etapa.
1. A estética é uma área da Filosofia que se dedica ao estudo do belo, da arte e da sensibilidade. Sua origem remonta à Grécia antiga, mas foi no século XVIII, com filósofos como Alexander Baumgarten e Immanuel Kant, que ela se consolidou como uma área de estudo, um campo filosófico. A definição apresentada no texto está mais próxima da definição filosófica, já que está relacionada à "harmonia das formas e das cores".
2. Incentive os estudantes a procurar as palavras em dicionários físicos e digitais. Espera-se que eles tragam definições relacionadas, no caso de estética, tanto à profissão quanto ao conceito de harmonia de cores e formas; no caso de saúde, a aspectos do estado fisiológico, bem como do bem-estar físico e psicológico.
3. A "ditadura da beleza" imposta pela mídia influencia de maneira profunda a percepção individual de saúde e bem-estar ao promover padrões estéticos inatingíveis e muitas vezes irreais. Esses padrões de beleza, reforçados por imagens em mídias sociais, televisão e publicidade, criam uma visão limitada e superficial do que significa ser "saudável" ou "bonito". Essa pressão para se adequar a esses moldes estéticos impacta a forma como as pessoas percebem o próprio corpo, e isso pode afetar o senso de pertencimento, pois aqueles que não se encaixam no padrão imposto podem se sentir marginalizados.
4. Espera-se que os estudantes analisem como a imposição de padrões de beleza, como os descritos no texto, afeta a autoestima das pessoas, criando um ideal muitas vezes inalcançável. Eles devem refletir sobre a possibilidade de a ditadura da beleza levar à insatisfação com o próprio corpo e é importante que reflitam também sobre a necessidade de estabelecer um equilíbrio entre o que é saudável e o que é estético.
5. a) Espera-se que os estudantes identifiquem a crítica implícita no texto sobre a prevalência da estética em detrimento da saúde. Eles devem compreender a importância de encontrar um equilíbrio entre os cuidados com a aparência e a manutenção de uma saúde integral.
5. b) Incentive os estudantes a ter uma postura empática e gentil durante a leitura e os comentários sobre o texto do colega.
5. c) Ressalte a importância da reescrita de textos como parte do processo de apropriação da escrita.
Em ação – p. 92 e 93
O segundo subproduto do projeto será realizado de um seminário. A ação tem como objetivo incentivar os estudantes a refletir sobre os padrões de beleza e seus impactos na saœde mental e física. Eles desenvolverão um seminário sobre preconceitos estéticos relacionados às pressões exercidas pelos padrões de beleza com base nas discussões e nas pesquisas realizadas anteriormente.
Organize os estudantes em grupos para executarem as etapas. Leia todos os itens para que compreendam a dinâmica, pois haverá uma parte de pesquisa, uma de consolidação das informações em grupo e uma de apresentação para a turma.
Após as apresentações, uma avaliação reflexiva permitirá que a turma discuta sobre o que foi aprendido, como foi o trabalho em grupo e suas impressões sobre o tema. A atividade desenvolve habilidades de expressão oral e promove uma compreensão crítica dos impactos dos padrões estéticos na saúde e no bem-estar.
Trabalhar com ou para o corpo?
Comece a etapa analisando a imagem de abertura. Peça aos estudantes que a descrevam e questione-os a respeito de outras profissões cujo trabalho depende do corpo para ser realizado. Pergunte se eles já assistiram a um espetáculo de dança e se lembram dos movimentos e das impressões que tiveram durante o evento.
Proponha a realização das atividades e, se achar pertinente, inicie pela atividade 5, para complementar e ampliar a conversa sobre espetáculos de dança e as pessoas ligadas a essa profissão. Se na região onde a escola está localizada houver grupos ou academias de dança, marque uma visita para que os estudantes conheçam o espaço e quem faz parte dele, como os profissionais e as pessoas que praticam dança por hobby As entrevistas podem ser realizadas nesse lugar. É possível, ainda, convidar profissionais da área para conversar com os estudantes.
1. Resposta pessoal. Como a dança é uma arte que explora o corpo como um todo, é provável que a imagem desperte várias sensações nos estudantes. Incentive-os a descrevê-la com diferentes adjetivos.
2. Espera-se que os estudantes reconheçam que a dança está sendo realizada em um ambiente fechado, possivelmente um teatro, e percebam a atmosfera solene sugerida pelo figurino da mulher, pela escuridão do espaço e pela iluminação direcionada que a destaca.
3. Os estudantes podem encontrar elementos que os levem a pensar que se trata de um balé, em razão da sapatilha, da roupa e dos movimentos da mulher.
4. Se possível, planeje antecipadamente um momento para o acesso a computadores e celulares. Se não for possível, solicite à turma que faça a pesquisa em casa e reserve um momento para compartilhamento em sala. Ainda que os estudantes criem um quadro de inspirações somente com imagens, eles deverão identificá-las com base nas informações pesquisadas.
5. Resposta pessoal. Incentive os estudantes a iniciar a busca das pessoas na comunidade escolar e em espaços existentes na região onde vivem, como academias, clubes, associações, companhias de dança, projetos sociais e educativos, entre outros.
2. Espera-se que os estudantes diferenciem as percepções que cada profissional tem a respeito da saúde. Os médicos veem a saúde como bem-estar físico, mental e social. Os psicólogos focam no equilíbrio emocional e mental. Os nutricionistas associam saúde a uma dieta balanceada. Os biomédicos estudam saúde em nível celular e molecular. Os educadores físicos promovem saúde por meio da atividade física regular. Encoraje a turma a fazer a pesquisa em fontes confiáveis para aprofundar os conceitos e a compreender que, apesar de cada área focar em um aspecto, a saúde física, a mental e a social estão interligadas.
4. Resposta pessoal. Deixe que os estudantes conversem livremente, expondo suas percepções sobre o que foi apresentado até o momento, mas utilizando sua bagagem pessoal para trabalhar a argumentação, a escuta ativa e a empatia com o colega.
5. Solicite aos estudantes que utilizem as perguntas para coletar informações sobre os tipos de atividades realizadas, os profissionais envolvidos e os benefícios percebidos para a saúde. Após a coleta dos dados, incentive a reflexão e a discussão dos resultados e a elaboração de um texto explicativo e analítico sobre a pesquisa realizada.
Profissionais envolvidos com a saúde do trabalhador Peça aos estudantes que criem um esquema relacionando as profissões mencionadas. Auxilie a turma a
buscar informações sobre as profissões apresentadas em fontes confiáveis. Os estudantes podem combinar imagens e palavras-chave para organizar as ideias.
1. As leis regulamentam a jornada de trabalho, as atribuições, a área de atuação, a formação exigida, entre outros itens que viabilizam o exercício da profissão.
2. Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes concordem com a regulamentação, uma vez que ela protege o profissional e as pessoas que buscam os serviços dele.
3. Respostas possíveis: riscos à saúde física e metal, prejuízos econômicos, pois as pessoas podem pagar por serviços executados de maneira equivocada, entre outras.
4. Os policiais civis e os advogados trabalham em conjunto para prevenir o exercício ilegal das profissões, na tentativa de garantir um cenário mais ético e seguro para todos.
O objetivo da ação proposta é envolver os estudantes na criação de um guia de serviços em saúde e bem-estar da cidade onde vivem, aplicando os conhecimentos adquiridos ao longo das etapas. Espera-se que eles desenvolvam habilidades de pesquisa, organização, trabalho em equipe e pensamento crítico, além de utilizar tecnologias digitais para a criação do guia.
Oriente a turma em cada passo, garantindo que a pesquisa seja feita em fontes confiáveis, que as informações sejam organizadas de maneira acessível e que o texto final seja claro e coeso. A orientação inclui também o apoio na escolha de estratégias de divulgação do guia, considerando a realidade da comunidade. Ao final, a avaliação deve ser uma oportunidade para os estudantes refletirem sobre o processo, identificando pontos fortes e áreas de melhoria no trabalho em equipe e na realização do projeto.
Para realizar a Etapa final, os estudantes devem se envolver ativamente em todas as fases do evento, desde o planejamento até a execução e a avaliação final. Eles devem colaborar na definição dos objetivos da ação, na seleção de convidados, na organização
logística e na comunicação com a comunidade escolar. A atividade proporciona uma oportunidade para desenvolver habilidades socioemocionais importantes, como trabalho em equipe, responsabilidade, liderança e habilidades de comunicação.
É fundamental garantir que todas as atividades sejam inclusivas e respeitem a pluralidade dos participantes. Além disso, a segurança dos envolvidos deve ser uma prioridade, com a disponibilização de uma equipe de primeiros socorros e a implementação de medidas de segurança apropriadas. Cuidados adicionais incluem preparação adequada dos materiais e equipamentos.
Os estudantes devem ser constantemente incentivados a manter o foco na missão do evento (integração de saúde, bem-estar e educação) e a avaliar continuamente a execução das etapas para identificar e corrigir possíveis problemas.
O feedback final deve ser utilizado para aprender com a experiência e aprimorar futuras iniciativas.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador. Projeto 4 Como
cotidiana, abordando os seguintes temas: design em seus aspectos gerais, design e comunicação e design de ambientes.
O projeto visa desenvolver o pensamento crítico dos estudantes sobre a função do design, incentivando-os a observar e analisar a forma, a função e a estética de diferentes objetos e espaços. Além disso, o trabalho interdisciplinar proposto nesse projeto integra as áreas de Linguagens e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias, por meio de discussões sobre as relações entre o design e suas funcionalidades, bem como com a cultura e o comportamento.
Os objetivos deste projeto são discutir a relação entre o design e a comunicação; associar o design de sinalização e a circulação de pessoas em espaços públicos ao planejamento arquitetônico e à Engenharia; estudar a conexão do design com processos artísticos; realizar uma pesquisa na comunidade para identificar oportunidades de melhoria e propor soluções relacionadas à sinalização em um espaço público; e criar uma proposta de comunicação visual para melhorar as experiências da comunidade.
Neste projeto, são exploradas a relação entre design, Arquitetura e Engenharia e suas influências nos espaços públicos e na experiência comunitária. O estudo inclui predominantemente as áreas de Linguagens e suas Tecnologias e de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, que são mobilizadas para a análise da sinalização em diversos ambientes.
– p. 106
O objetivo deste Projeto Integrador é aprofundar o estudo sobre o design e sua importância na vida
O design é apresentado como um meio de comunicação que mobiliza textos verbais, visuais e verbo-visuais e promove a acessibilidade de diferentes públicos por meio dessas formas de expressão. A elaboração de um projeto de comunicação visual, com base em problemas identificados na comunidade, destaca a importância do uso da arte e da tecnologia para melhorar a experiência das pessoas ao frequentar espaços físicos. Também serão mobilizados conhecimentos das Ciências da Natureza e da Matemática para avaliar as
sinalizações e os materiais utilizados, incentivando a criatividade e o protagonismo juvenil.
O produto final será um projeto de comunicação visual para um espaço previamente selecionado. Para isso, os estudantes irão propor soluções criativas e funcionais para os problemas identificados no local ou melhorias da sinalização já existente, com o objetivo de facilitar a circulação, promover mais segurança e proporcionar bem-estar tanto aos usuários quanto aos visitantes do ambiente.
Além da sinalização, os estudantes irão refletir sobre elementos complementares da identidade visual do espaço, considerando a coerência entre estética e funcionalidade. Dessa forma, desenvolverão soluções visuais conectadas ao ambiente.
Temas Contemporâneos Transversais (TCT)
O TCT Vida familiar e social é desenvolvido ao favorecer a interação e o convívio em um espaço físico e o TCT Ciência e tecnologia é abordado ao introduzir novas soluções automatizadas e sustentáveis, adaptando-as às necessidades modernas. Isso implica utilizar metodologias de resolução de problemas para criar espaços mais inteligentes e funcionais, com base na análise de dados sobre como os usuários interagem com o ambiente e na aplicação de princípios de design centrados nos usuários.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
O ODS Indústria, Inovação e Infraestrutura (9) é contemplado à medida que as soluções desenvolvidas pelos estudantes interferem diretamente na infraestrutura da escola e/ou comunidade, garantindo que a circulação de pessoas e o acesso à informação sejam mais eficazes. O ODS Redução das desigualdades (10) se reflete no projeto a partir de intervenções que promovem a equidade no acesso aos espaços, evitando barreiras para grupos mais vulneráveis. O ODS Cidades e comunidades sustentáveis (11) é contemplado ao sugerir o aprimoramento do espaço não apenas esteticamente, mas também funcionalmente, considerando os princípios de sustentabilidade urbana.
Professor indicado para liderar o projeto
Arte com o auxílio de Língua Portuguesa, Matemática, História ou Geografia.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias
Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias
Habilidades de Língua Portuguesa
Competência específica de outra área
Habilidade de outra área
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7
1, 3, 6, 7
EM13LGG101, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG301, EM13LGG304, EM13LGG603, EM13LGG701, EM13LGG703, EM13LGG704
EM13LP33, EM13LP34
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1
EM13CHS106
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Em relação à competência geral 1, conhecimentos teóricos de estética, funcionalidade, ergonomia, história do design e até mesmo de Matemática são essenciais e serão aplicados na criação de soluções inovadoras e contextualizadas, o que motiva a reflexão sobre a utilidade e o impacto das escolhas dos estudantes.
Quanto à competência geral 2, o pensamento crítico e criativo é constantemente exercitado. O design exige que os estudantes identifiquem problemas e proponham soluções criativas, ao mesmo tempo em que refletem criticamente sobre suas decisões estéticas e funcionais.
A competência geral 3, relacionada ao repertório cultural, é trabalhada nas situações em que os estudantes exploram referências históricas, culturais e estéticas, projetando inovações que dialogam com um repertório visual e cultural diverso.
No que tange à competência geral 4 , a comunicação é um elemento central no design , área que lida com a transmissão de mensagens visuais e
conceituais. Os estudantes irão desenvolver habilidades de comunicação ao criar projetos que, além de expressarem suas ideias com mais clareza, serão mais eficazes na transmissão de informações para diferentes públicos.
A competência geral 5, que trata da cultura digital, também é essencial no desenvolvimento do projeto. Ao utilizar softwares de edição, os estudantes terão a oportunidade de utilizar ferramentas tecnológicas avançadas para criar e testar suas ideias.
A competência geral 6, que trata do trabalho e do projeto de vida, é fortemente explorada no projeto nas situações em que os estudantes são incentivados a trabalhar em equipe, gerenciar o tempo disponível para a execução das atividades e desenvolver o senso de responsabilidade.
Por fim, a competência geral 7, que trata da argumentação, é desenvolvida ao longo de todo o projeto, uma vez que os estudantes precisam justificar suas escolhas e decisões.
Além das competências gerais, este projeto trabalha habilidades específicas da área de Linguagens e suas Tecnologias, entre elas as habilidades EM13LGG101 , EM13LGG103 e EM13LGG104 , que envolvem a produção e a interpretação de diferentes gêneros textuais. Os estudantes também vão produzir textos como briefings , apresentações e justificativas, desenvolvendo as capacidades de organizar e de expressar ideias de forma clara e coesa. Já as habilidades EM13LGG301 , EM13LGG304 , EM13LGG603 , EM13LGG701 , EM13LGG703 e EM13LGG704 são desenvolvidas por meio da interpretação crítica das linguagens verbais e não verbais. No projeto, os estudantes são incentivados a compreender como as diferentes linguagens dialogam com a sociedade, utilizando essas reflexões para aprimorar suas criações.
Habilidades como EM13LP33 e EM13LP34 , que envolvem a produção e a análise de textos e conteúdos midiáticos, são trabalhadas na criação de protótipos e campanhas visuais, nos quais os estudantes exercitam a capacidade de comunicar mensagens de forma eficiente e ética, considerando os impactos sociais e culturais de suas produções.
Por fim, a habilidade EM13CHS106, vinculada às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, estimula a reflexão crítica sobre os contextos culturais e históricos em
que o design está inserido, possibilitando que os estudantes criem soluções que respeitem a diversidade e considerem os impactos sociais de suas criações.
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Etapa 1 3
Etapa 2 3
Etapa 3 5
Etapa final 5
Desenvolvimento
Aulas 1 e 2: Introdução da temática e das características do projeto. Leitura do cartaz (referente à campanha publitária), das notícias e realização das atividades correspondentes.
Aula 3: Realização da seção Em ação
Aula 4: Introdução ao tema, leitura do tópico Quais elementos compõem um design? e realização das atividades correspondentes.
Aula 5: Leitura do tópico O trabalho com design, do boxe subsequente e realização das atividades correspondentes.
Aula 6: Realização da seção Em ação.
Aulas 7 e 8: Introdução ao tema, leitura do tópico Pensar espaços para pessoas reais e realização das atividades correspondentes.
Aula 9: Leitura do tópico O design de sinalização nas escolas e realização das atividades correspondentes.
Aula 10: Realização dos Passos 1 e 2 da seção Em ação.
Aula 11: Realização do Passo 3 da seção Em ação.
Aula 12: Apresentação da Etapa final. Discussão com os estudantes sobre o projeto, levantamento de conhecimento acerca do tema e apresentação de exemplos. Execução do Passo 1.
Aulas 13 e 14: Execução do Passo 2
Aula 15: Execução do Passo 3.
Aula 16: Apresentação do produto final e autoavaliação.
A organização das etapas apresentadas neste projeto é apenas uma possibilidade de ordenação de conteúdos. Os momentos propostos em cada etapa, assim como a ordem em que elas serão executadas, podem ser adaptados de acordo com as necessidades e as demandas dos estudantes.
Para iniciar o projeto, é importante criar um ambiente de aprendizagem que favoreça a reflexão sobre o papel do design no cotidiano e sua relação com a comunicação. O ponto de partida pode ser uma observação do ambiente ao redor, incentivando os estudantes a identificar a presença de exemplos concretos do design. A ideia é que os estudantes compreendam que o design vai além da estética, uma vez que está intrinsecamente ligado à funcionalidade e à solução de problemas.
A proposta inicial é desmistificar a visão de que o design está apenas relacionado à criação de objetos esteticamente agradáveis. Para isso, explore a imagem de abertura e as funcionalidades do design presentes nela. Essa atividade permite que os estudantes observem a função dos elementos visuais, como cores, formas e textos, na transmissão de mensagens. Promova uma discussão em que os estudantes identifiquem quem é o locutor da mensagem (por exemplo, uma marca ou instituição) e como o design foi utilizado para facilitar a compreensão do público-alvo.
Outro aspecto fundamental a ser explorado é o contexto em que o design está inserido. No caso de produtos de design visual voltados para ambientes públicos, como sinalizações e avisos, é essencial que os estudantes percebam a importância da clareza na comunicação. Quando esses elementos falham, a compreensão do usuário é prejudicada, e o objetivo do design não é alcançado. Proponha uma análise crítica de exemplos reais de sinalizações ou campanhas publicitárias que não foram eficazes em transmitir suas mensagens, incentivando os estudantes a apontar possíveis soluções para esses problemas.
Como o design comunica?
Proposta de ampliação
O desenvolvimento de projetos práticos pode ser uma excelente forma de consolidar o aprendizado. Sugira à turma que crie as próprias peças de design, como cartazes informativos para a escola, utilizando os conceitos discutidos em aula. O foco deve ser na clareza da comunicação e na adequação do design ao público-alvo. Além disso, essa atividade oferece aos estudantes a oportunidade de experimentar o processo criativo do designer, desde a compreensão do problema até a execução da solução visual.
Atividades –
1. a) Incentive os estudantes a observar o design presente ao seu redor e a refletir sobre eles. Comente que o design vai além de produtos estéticos e tecnológicos, abrangendo também elementos do cotidiano, como a disposição dos móveis na sala de aula, a organização dos espaços, as cores das paredes, a iluminação e até os materiais escolares, como cadernos, canetas e mochilas.
1. b) Nas explicações aos colegas, estimule os estudantes a justificar suas respostas.
2. a) Os três itens retratados são cadeiras, cuja função é fornecer um lugar para sentar, evitando o desconforto.
2. b) Os três objetos têm apoio no chão, espaço para sentar e encosto.
2. c) Alguns elementos que tornam as cadeiras diferentes entre si são o apoio para os braços, a estrutura e o material utilizado.
2. d) Espera-se que os estudantes mencionem que os diferentes designs de cadeira proporcionam níveis diversos de conforto e são utilizados em contextos distintos.
Aproveite para introduzir o tópico seguinte da etapa, desenvolvendo um trabalho com o Infográfico clicável
A relação entre design e comunicação.
Atividades – p. 115
1. a) É possível que os estudantes respondam que “juntos” pode indicar uma relação entre o mosquito, em
foco no slogan e na imagem, e a Prefeitura de São Paulo, indicando uma ação em conjunto para pegar (picar) as pessoas. Essa possibilidade de interpretação foi apontada por internautas em mídias sociais na época de circulação da campanha. Caso algum estudante discorde da interpretação feita pelos especialistas entrevistados na notícia ou de uma sugestão de um colega, peça-lhe que explique sua opinião utilizando argumentos.
1. b) Os estudantes podem responder que a imagem do Aedes aegypti reproduzida no cartaz, considerando seus traços e suas feições, pode indicar que ele está agindo com maldade, com a intenção de ir atrás do receptor da campanha.
1. c) Espera-se que os estudantes percebam que a ambiguidade inicial foi desfeita, e o texto ficou mais compatível com a real mensagem que a Prefeitura de São Paulo queria transmitir.
1. d) Reserve um momento para discutir as propostas dos estudantes, incentivando-os a detalhar e justificar suas escolhas.
2. a) Espera-se que os estudantes percebam que o problema de comunicação ocorreu pela falta de sinalização adequada para indicar a preferência em uma rotatória. Se necessário, peça-lhes que releiam o texto para chegar à resposta.
2. b) A sinalização inadequada e confusa contribuiu para a insegurança dos motoristas, que, diante da falta de clareza, enfrentaram dificuldades para seguir corretamente as orientações de trânsito. Esse cenário culminou em um acidente grave, com uma vítima fatal, evidenciando a seriedade do problema.
2. c) É provável que os estudantes identifiquem que a implantação das placas de “Pare” forneceu mais informações para os motoristas sobre o fluxo dos carros na rotatória, evitando acidentes e controlando melhor a circulação na área.
3. a) Peça a cada grupo que identifique os principais problemas que ocorreram. Os estudantes podem mencionar aspectos como o uso inadequado de cores, fontes pouco legíveis, excesso de informações ou falta de clareza na mensagem.
3. b) Depois de identificarem os problemas, oriente os grupos a pensar em soluções práticas. Algumas sugestões podem incluir o uso de contrastes mais nítidos entre as cores, a simplificação do texto ou até a inclusão
de ícones que possibilitem uma comunicação mais rápida e eficaz da mensagem.
Em ação – p. 116
Nesta etapa, os estudantes vão explorar o ambiente escolar em busca de exemplos práticos de comunicação visual. Antes de iniciar essa pesquisa, certifique-se de que eles compreenderam o objetivo da atividade: identificar falhas no design desses elementos, sejam elas estéticas ou funcionais, e refletir sobre como isso impacta a comunicação com os usuários. Incentive os estudantes a usar uma câmera fotográfica ou um celular para registrar esses itens, destacando os aspectos que consideram problemáticos.
Durante o passeio pela escola, estimule-os a observar com atenção as mensagens transmitidas pelos elementos de design e a refletir sobre como esses elementos poderiam ser melhorados. Caso haja alguma dificuldade em identificar falhas, auxilie os grupos fornecendo exemplos ou apontando aspectos que podem ser considerados ao avaliar o design, como legibilidade, cores, organização dos textos e localização das placas.
A segunda parte da atividade, voltada à análise dos dados coletados, deve ocorrer na sala de aula. Peça aos estudantes que compartilhem suas impressões e discutam as observações feitas durante a pesquisa. Lembre-se de orientá-los a ser detalhistas e cuidadosos, considerando os aspectos visuais e os funcionais de cada elemento.
A última parte desta atividade é a apresentação dos resultados. Organize um momento para que cada grupo apresente suas conclusões de forma clara e estruturada. Instrua os estudantes a utilizar os registros fotográficos ou desenhos que fizeram durante a pesquisa como apoio visual para a apresentação.
Como são organizadas as informações no design?
Ajude os estudantes a entender como cada componente visual se conecta para formar uma mensagem clara e eficiente.
Converse sobre a função de cada elemento visual e a importância de fazer escolhas considerando o contexto, o público-alvo e o propósito da comunicação. Analise a sinalização do metrô, mencionada no texto,
e incentive os estudantes a refletir sobre a escolha de cores, símbolos e textos, identificando como essas decisões impactam a compreensão e a funcionalidade do design
Explique a diferença entre fontes com e sem serifa, como exemplificado no material, e auxilie-os a entender que a escolha da tipografia não é meramente estética, mas influencia diretamente a legibilidade e a percepção de uma peça de design.
O uso das cores no design é outro aspecto fundamental. Comente que elas têm o poder de transmitir emoções, influenciar percepções e até mesmo guiar o comportamento das pessoas.
Ao tratar da hierarquia visual e da disposição dos elementos, enfatize a importância de organizar a informação de maneira clara e eficiente.
a) Espera-se que os estudantes respondam que a principal informação é o anúncio do início de uma campanha de vacinação, que visa conscientizar e mobilizar a população para a importância de se vacinar.
b) As informações incluem as datas específicas em que a vacinação será realizada, permitindo que a população se organize para comparecer aos locais de imunização. Além disso, são apresentadas as doenças que serão prevenidas durante a campanha.
c) Essa escolha de design reflete a importância da mensagem sem, no entanto, exagerar na ênfase. Um destaque mais expressivo, como um aumento significativo do tamanho da fonte ou a utilização de cores vibrantes, não foi considerado necessário. A justificativa é que, embora seja recomendável que as pessoas apresentem esses documentos, sua ausência não constitui um impedimento para que sejam vacinadas.
d) Porque o objetivo principal dessa campanha é promover a conscientização sobre a importância da atualização das doses de vacina, garantindo que a população esteja devidamente imunizada contra doenças que podem ser prevenidas.
e) A imagem da mão segurando a seringa tem mais destaque a fim de comunicar a mensagem de forma impactante e direta. Nesse caso, o uso de elementos visuais fortalece o objetivo da campanha, indo além da comunicação verbal.
Qualquer pessoa pode projetar um espaço público?
Explique aos estudantes o conceito de licitação e sua importância no processo de contratação de serviços como o design de sinalização. Ressalte que o design dos espaços públicos pode ser criticado e discutido por qualquer cidadão, mas segue normas e procedimentos estabelecidos pelo poder público. Isso é feito por meio de licitações, nas quais empresas privadas concorrem para realizar obras ou prestar serviços. A escolha dessas empresas é feita com base em critérios como preço, qualidade e capacidade técnica.
1. b) Ao integrar recursos verbais e visuais, o design amplia o acesso e promove a inclusão, tornando os espaços públicos mais acolhedores e funcionais para uma gama de usuários.
1. c) Comente que, quando o equilíbrio entre estética e funcionalidade não for possível, a funcionalidade deve ter prioridade.
2. b) O processo de licitação visa contratar os melhores fornecedores, buscando equilibrar qualidade de execução e custo. Licitações transparentes são fundamentais para alcançar esse objetivo.
2. c) Quando o preço é um fator central nas licitações, as escolhas estéticas e funcionais dos projetos podem ser fortemente influenciadas, muitas vezes levando à adoção de soluções mais econômicas, mas potencialmente menos duráveis.
2. d) Incentive o diálogo evidenciando que o processo de licitação pode ser ajustado ao incluir critérios que valorizem qualidade e inovação, além de preço, promovendo a colaboração entre especialistas para garantir padrões de sustentabilidade e de durabilidade.
Oriente os estudantes a retomar o material coletado na seção Em ação: identificando problemas. No Passo 1, organize-os em grupos e peça-lhes que escolham um dos exemplos analisados anteriormente. Cada grupo deve discutir e identificar o problema específico da sinalização escolhida, como a má organização do texto, o uso inadequado de cores ou imagens ou problemas com a hierarquia visual.
O objetivo é encontrar soluções que melhorem a clareza e a eficácia da comunicação.
No Passo 2, reforce que a perfeição do desenho não é o foco, e sim a clareza das ideias e a apresentação dos conceitos principais. Encoraje os estudantes a explorar diferentes possibilidades, lembrando-os de que o rascunho é uma ferramenta inicial para comunicar suas intenções e pode ser aprimorado.
No Passo 3, é importante criar um ambiente colaborativo e de troca de ideias, favorecendo o feedback construtivo. Durante essa apresentação, eles devem mostrar tanto o design original quanto a proposta de melhoria, demonstrando a funcionalidade e a criatividade das soluções.
No Passo 4 , cada grupo deve revisar os elementos de sua proposta, avaliando o uso das cores, as imagens, as fontes e a hierarquia das informações. Questione se as cores escolhidas ajudam a reforçar a mensagem, se as fontes selecionadas são apropriadas e se o tamanho dos elementos de comunicação é adequado ao contexto em que a sinalização será inserida. É fundamental orientar os estudantes a refinar seus projetos.
No Passo 5, oriente os grupos a apresentar o produto final aos colegas. A apresentação deve ser direta e clara, detalhando as decisões tomadas e as alterações realizadas. Incentive a turma a fazer comentários construtivos e respeitosos, viabilizando o aprendizado mútuo. Finalize a atividade propondo uma reflexão sobre a organização das informações no design e seu impacto na comunicação visual.
O design, os espaços e as pessoas – p. 126
Como o design influencia nosso relacionamento com os espaços em que circulamos?
Contextualize a importância do design em espaços públicos e esclareça que ele vai além da funcionalidade e pode enriquecer a experiência das pessoas que utilizam os ambientes. Como exemplo, mencione os museus, em que o design, além de organizar informações práticas, como direções e sinalizações, molda a experiência dos visitantes por meio da disposição das obras, da iluminação e do planejamento do fluxo de pessoas.
A partir do estudo com o tópico A sinalização expressa nas representações cartográficas, p. 129, aproveite para ampliar o trabalho sobre as representações cartográficas com o Mapa clicável O design e a comunicação nos mapas
Proposta de ampliação
Depois do estudo dos elementos do design nas representações cartográficas, desafie os estudantes a criar uma representação de um caminho cotidiano.
A atividade envolverá a coleta de dados, análise de informações e a representação gráfica dos elementos de seu lugar de vivência em um mapa. Reserve um momento para a apresentação do resultado final da atividade e para que possam compartilhar suas soluções visuais na representação de diferentes elementos.
1. a) Espera-se que os estudantes identifiquem o uso de pictogramas, setas e textos verbais em português e em inglês.
1. b) Avalie as sugestões dos estudantes e incentive-os a justificar suas ideias.
1. c) Os recursos utilizados permitem o acesso e a utilização do metrô por pessoas com deficiência (uso de recursos táteis e elementos verbais e visuais), pessoas analfabetas (uso de pictogramas com figuras facilmente reconhecíveis) e pessoas que não falam português (uso de textos em inglês). Esses recursos facilitam a circulação de um público amplo, incluindo pessoas que não conhecem esse ambiente.
2. a) Espera-se que os estudantes entendam esse uso como inclusão social, por facilitar a utilização do metrô e de suas estações por um público analfabeto ou com dificuldades de leitura.
2. b) A resposta pode variar de acordo com o contexto em que os estudantes estão inseridos. Avalie as sugestões de acordo com a realidade de seu entorno.
2. c) A falta de indicação sonora prejudica o usuário do metrô com deficiência visual ou com problemas de visão, que, sem o acesso a recursos visuais (texto escrito ou pictograma) e sonoros, fica dependente da ajuda de outras pessoas para identificar as estações ou decorar o número de paradas entre um e outro ponto.
2. d) Espera-se que os estudantes encontrem informações sobre o metrô de Recife, que utiliza pictogramas para representar os nomes das estações.
a) Para garantir que a comunicação seja acessível e eficaz, é importante utilizar símbolos simples e claros, utilizando uma linguagem de fácil compreensão, que possa ser entendida por diferentes públicos. O tamanho da fonte também deve ser adequado, ou seja, suficientemente grande para ser lido confortavelmente. Para complementar, é essencial garantir contrastes visuais apropriados entre o texto e o fundo.
b) Sem sinalizações claras e visíveis, pode haver confusão em situações rotineiras, como a locomoção entre diferentes áreas da escola, resultando em desorganização e atrasos. Além disso, em casos de emergência, como incêndios ou outras situações de risco, a ausência de sinalização apropriada pode levar a atrasos na resposta, dificultando a evacuação rápida e segura, o que aumenta o risco de acidentes e ferimentos.
c) É fundamental disponibilizar informações em braille para pessoas com deficiência visual, além de utilizar sinais sonoros que transmitam informações importantes, como avisos e emergências. Sinais visuais bem definidos e com alto contraste também são essenciais para facilitar a leitura e a navegação de todas as pessoas. Por fim, as mensagens devem ser disponibilizadas em diferentes formatos, para que todos possam acessar e compreender as informações de maneira clara e eficiente.
d) Por meio da adoção de ícones de compreensão universal e da tradução dos sinais para os principais idiomas dos estudantes, respeitando as diferenças culturais. Os desafios incluem variação na interpretação de símbolos e limitações no espaço para textos multilíngues. Para superá-los, é possível investir em testes com grupos diversos, simplificação visual e integração de tecnologias digitais, como QR Codes que forneçam informações adicionais em vários idiomas.
e) A sinalização adequada em ambientes escolares contribui para a criação de rotinas organizadas, orientando o fluxo de pessoas e promovendo comportamentos desejados por meio de instruções claras e visíveis.
A atividade está dividida em três passos, permitindo uma investigação aprofundada sobre os problemas de sinalização. Lembre-se de que, para a segunda parte desta atividade, é necessário obter autorização prévia dos responsáveis.
No Passo 1, peça aos estudantes que formem grupos e escolham um espaço público para estudar. Oriente-os a registrar informações sobre o público principal desse espaço e a identificar se há outros grupos que poderiam ser beneficiados por melhorias na comunicação visual. Eles também devem observar a função do espaço e os serviços que podem ser mais bem identificados por meio de sinalização. Em seguida, solicite que criem o quadro indicado e que analisem a sinalização existente.
No Passo 2, organize uma visita ao espaço selecionado. Durante a visita, os estudantes devem observar e anotar as necessidades dos usuários e os desafios que enfrentam ao caminhar pelo espaço. Essa coleta de dados será fundamental para entender as falhas de comunicação e a eficácia da sinalização.
Depois da visita, inicie o Passo 3. Incentive os estudantes a discutir as informações coletadas, analisar os dados e organizar suas descobertas em uma apresentação que possa ser compartilhada com os colegas. Isso pode ser feito com slides ou cartazes. Durante a apresentação, promova o debate sobre as diferenças entre os públicos dos espaços, os pontos positivos e as sugestões de melhoria que poderiam ser implementadas.
Na Etapa final, é fundamental que os estudantes utilizem os dados coletados e analisados anteriormente para desenvolver soluções que melhorem a sinalização em um espaço público escolhido. Essa etapa visa não apenas resolver problemas identificados, mas também promover a segurança e o bem-estar dos usuários.
No Passo 1, encoraje a turma para uma reflexão aprofundada sobre os conceitos discutidos ao longo do projeto. Ao propor novas sinalizações ou uma identidade visual, incentive-os a não apenas focar na estética, mas também na funcionalidade e acessibilidade das soluções propostas. Ao analisar os materiais, estimule os
estudantes a refletir sobre o impacto ambiental de suas escolhas. Reforce a importância de equilibrar durabilidade com responsabilidade ecológica, orientando-os a pensar em soluções que sejam práticas, mas também sustentáveis. O rascunho visual que será desenvolvido nesta etapa deve refletir essas considerações.
No Passo 2, ao transformar os rascunhos em materiais de papelão reaproveitados, reforce a importância de testar a viabilidade das ideias, incentivando-os a considerar proporção e tamanho adequado das sinalizações em relação ao ambiente real, levando em consideração distâncias e visibilidade. Se recursos tecnológicos estiverem disponíveis na escola, incentive os estudantes a digitalizar seus rascunhos usando softwares de edição, promovendo o desenvolvimento de habilidades digitais, mas sem excluir os que trabalham com recursos manuais.
No Passo 3, oriente os estudantes a analisar criticamente a eficácia dos seus projetos, considerando elementos fundamentais como cores, materiais e hierarquia das informações. Proporcione a interação entre os grupos para que compartilhem críticas construtivas e sugestões de melhorias. Caso identifiquem aspectos que possam ser aprimorados, incentive-os a reestruturar seus projetos, incorporando novas ideias e ajustes.
No Passo 4, os grupos podem ser orientados a preparar uma explicação formal direcionada à autoridade responsável pelo espaço público analisado. Ressalte a importância de produzir um texto coeso e coerente com o seu objetivo. Lembre-os também de compor uma explicação visualmente atrativa, considerando o que aprenderam nesse projeto e de fazer o fechamento adequado.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a
turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador.
Este projeto aprofunda o estudo sobre a importância do diálogo, da resolução de conflitos e da comunicação não violenta, abordando os seguintes temas: práticas restaurativas, comunicação empática, escuta ativa, cultura de paz e construção coletiva de soluções pacíficas. Ao trabalhar com esses conceitos, os estudantes terão a oportunidade de refletir sobre a comunicação e a resolução de conflitos em suas rotinas e como essas habilidades impactam a maneira como interagimos com o mundo ao nosso redor, ou seja, nos ambientes em que convivemos e nas relações interpessoais que construímos.
O projeto visa desenvolver o pensamento crítico dos estudantes sobre a função do diálogo na transformação de conflitos, incentivando-os a observar e analisar as próprias interações para buscar soluções colaborativas e respeitosas. Além disso, o trabalho interdisciplinar viabiliza uma integração das áreas de Linguagens e suas Tecnologias e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e da Educação Socioemocional, promovendo discussões sobre como a comunicação não violenta se relaciona com a cultura, o comportamento e a convivência. O papel do professor é o de facilitador desse processo e é essencial ao conduzir debates, promover atividades práticas de resolução de conflitos e incentivar os estudantes a pensar de forma reflexiva e empática.
O projeto visa discutir a natureza dos conflitos, além de refletir sobre a importância da empatia e de adotar técnicas de comunicação não violenta como ferramentas essenciais para a resolução de conflitos e a promoção do entendimento mútuo. Em um segundo momento, objetiva também incentivar a prática e a incorporação de valores relacionados aos direitos humanos e a execução de pesquisas sobre bullying, violência escolar, precarização do trabalho e conflitos geracionais.
Neste projeto, os estudantes vão explorar atividades ligadas a Linguagens e suas Tecnologias, com produção de textos a partir da realização de coleta de dados e pesquisas com questionários, interpretando-os para extrair uma situação real no ambiente escolar.
Em um espaço de convivência como a escola, o aparecimento de conflitos é comum. Quando essas situações não são bem gerenciadas, podem resultar em situações indesejadas. Para evitar que os conflitos se agravem, é importante aprender a mediá-los por meio da adoção de algumas técnicas que incluem a empatia, o diálogo e a prática de valores relativos aos direitos humanos e à cultura de paz, para que a escola seja um ambiente que acolha a diversidade das pessoas. Essas práticas também ajudarão na construção de relações mais positivas tanto na escola quanto no ambiente de trabalho.
O mundo do trabalho também apresenta inúmeros desafios que podem ser potenciais desencadeadores de conflitos. Nesse sentido, este projeto oferece estratégias para lidar com os problemas que podem surgir no âmbito profissional, com ênfase na preservação da saúde mental.
O produto final será a criação de grupos de mediação de conflitos na escola divididos em dois focos: círculos de construção da paz e círculos restaurativos. Após mapear os principais conflitos por meio de questionários, os círculos de paz promoverão diálogo e cooperação contínua, enquanto os círculos restaurativos abordarão conflitos já ocorridos, visando à responsabilização e à reconciliação.
Temas Contemporâneos Transversais (TCT)
O TCT Direitos da criança e do adolescente é abordado ao tratar da importância de proteger e promover os direitos das crianças e adolescentes, incentivando práticas de respeito e valorização entre eles. Além dele, o TCT Educação em direitos humanos é
contemplado ao sensibilizar os estudantes para o respeito mútuo e a igualdade. Isso cria um ambiente de paz, onde o diálogo sobre direitos humanos previne conflitos e incentiva a responsabilidade social.
O TCT Vida familiar e social é desenvolvido ao valorizar o papel das relações familiares e sociais no desenvolvimento de habilidades de comunicação e resolução pacífica de conflitos. Com diálogos sobre convivência saudável, promove o respeito e a solidariedade também entre gerações. Já o TCT Trabalho é abordado ao trazer a importância de condições dignas de trabalho, motivando a reflexão sobre o seu impacto na saúde mental. Por fim, o TCT Saúde é contemplado ao associar a resolução de conflitos por meio do diálogo ao bem-estar e ao abordar trabalho e saúde mental, conforme mencionado anteriormente.
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
O ODS Saúde e bem-estar (3) é desenvolvido ao promover o bem-estar emocional por meio da resolução pacífica de conflitos. O ODS Educação de qualidade (4) é trabalhado ao criar um ambiente escolar seguro e inclusivo, favorecendo uma boa educação.
O ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8) é abordado ao mobilizar habilidades socioemocionais essenciais para o mercado de trabalho, como cooperação e mediação. Já o ODS Redução das desigualdades (10) é fortalecido por meio da promoção da equidade nas relações escolares. E, por fim, o ODS Paz, justiça e instituições eficazes (16) é desenvolvido ao fomentar a cultura de paz e a justiça e as práticas restaurativas.
Professor indicado para liderar o projeto
Língua Portuguesa com o auxílio de Sociologia ou Filosofia.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica
1, 7, 8, 9, 10
Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias 2, 3
Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias
Habilidades de Língua Portuguesa
Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
EM13LGG204, EM13LGG301, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG305
EM13LP25, EM13LP27, EM13LP30, EM13LP32, EM13LP33, EM13LP34, EM13LP35
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: 1, 4, 5
EM13CHS103, EM13CHS404, EM13CHS502, EM13CHS503
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
Quanto às competências gerais para a Educação Básica, a competência geral 1, relacionada ao conhecimento como base para a atuação pessoal e social, será desenvolvida nas situações em que os estudantes aprendem diferentes formas de comunicação e mediação de conflitos, compreendendo as implicações sociais e culturais dessas práticas. A competência geral 7 caracteriza-se pela formulação de argumentos baseados em fatos, dados e informações confiáveis. O projeto fomenta essa competência ao ensinar os estudantes a se expressarem de maneira clara, respeitosa e embasada em pontos de vista próprios e a respeitar as opiniões alheias nos processos de mediação de conflitos. Já a competência geral 8 é trabalhada nos momentos em que os estudantes exercitam a empatia, a cooperação e a resolução de problemas. As atividades de mediação incentivam os estudantes a compreender as perspectivas dos outros, facilitando o desenvolvimento de habilidades interpessoais essenciais. A competência geral 9, que trata do exercício da responsabilidade e da cidadania, é central no projeto, já que as práticas restaurativas envolvem a tomada de responsabilidade individual e coletiva, promovendo um ambiente de justiça e equidade. A competência geral 10, relacionada à promoção da autonomia e do protagonismo dos estudantes, também é fortemente contemplada, pois eles vão assumir papéis ativos na construção de um ambiente escolar mais harmônico.
No âmbito das competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias, o projeto também desempenha um papel crucial. A competência específica 2 é abordada nas atividades que fomentam a capacidade de expressão e comunicação em diferentes contextos,
incentivando os estudantes a se comunicarem de forma clara, coesa e respeitosa, tanto nos círculos de paz quanto nos restaurativos. A competência específica 3, que trata da reflexão sobre as práticas comunicativas e seus impactos sociais e culturais, é trabalhada à medida que os estudantes analisam a comunicação como uma ferramenta de transformação social, identificando as diferentes formas de discurso e suas consequências na resolução de conflitos.
Quanto às habilidades de Linguagens e suas Tecnologias, o projeto trabalha intensamente com a habilidade EM13LGG204, que prevê o uso das linguagens verbal e não verbal para resolver conflitos e melhorar as relações interpessoais. Nas práticas restaurativas, os estudantes são incentivados a utilizar as comunicações verbal e gestual de forma cuidadosa, refletindo sobre o impacto de suas palavras e ações no ambiente escolar. A habilidade EM13LGG301 é desenvolvida ao promover a construção colaborativa de significados e soluções de conflitos, incentivando a escuta ativa e o diálogo como formas de mediar desentendimentos. A habilidade EM13LGG303 está presente nas atividades de mediação, ao passo que os estudantes analisam os diferentes tipos de comunicação presentes nas situações de conflito e suas implicações nas relações interpessoais. A habilidade EM13LGG304, que trata do respeito e da valorização das diferenças, é fortemente incentivada nos círculos restaurativos, que promovem a inclusão e o respeito às diferentes perspectivas e vivências. A habilidade EM13LGG305 é mobilizada conforme os estudantes refletem sobre as formas de comunicação empregadas nos conflitos e como elas podem ser transformadas em práticas restaurativas. Nas habilidades específicas de Língua Portuguesa, o projeto também se mostra relevante. A habilidade EM13LP25, que incentiva a análise crítica de situações de comunicação, é trabalhada nas atividades de mediação de conflitos, em que os estudantes são desafiados a refletir sobre os modos de falar e agir. A habilidade EM13LP27, que foca a utilização da linguagem nas interações sociais, é abordada de forma prática durante os círculos de construção da paz e nos círculos restaurativos. A habilidade EM13LP30, que trata da produção de textos argumentativos e expositivos, é trabalhada quando os estudantes precisam expressar suas ideias de forma clara e argumentativa nos diálogos de mediação. A habilidade EM13LP32, que
incentiva a análise dos contextos de produção discursiva, é essencial para que os estudantes compreendam os diferentes fatores que influenciam a comunicação nas situações de conflito. A habilidade EM13LP33, que desenvolve a compreensão de enunciados e discursos, e a habilidade EM13LP34, que aborda a produção de enunciados coerentes, estão presentes nas atividades de escuta e argumentação durante as sessões de mediação. Por fim, a habilidade EM13LP35, que trata da produção e da interpretação de textos, é desenvolvida nas reflexões sobre o papel da linguagem na resolução de conflitos.
No campo das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, o projeto também contempla importantes competências específicas. A competência específica 1 da área é trabalhada ao incentivar os estudantes a refletir sobre a complexidade das relações sociais e dos conflitos, promovendo uma visão crítica sobre as interações humanas. A competência específica 4, que trata da valorização da diversidade e da cultura de paz, é central, pois as práticas restaurativas visam justamente construir um ambiente inclusivo e cooperativo. A competência específica 5, que aborda a construção da cidadania e da justiça social, é promovida na medida que os estudantes atuam como mediadores de conflitos, contribuindo para a construção de um espaço escolar mais justo e equitativo.
Nas Ciências Humanas, a habilidade EM13CHS103, que trata da análise crítica de contextos históricos e sociais, é desenvolvida nas situações em que os estudantes analisam as raízes dos conflitos e suas implicações sociais. A habilidade EM13CHS404 é contemplada nas reflexões sobre os impactos das ações humanas no bem-estar coletivo e nas relações sociais. As habilidades EM13CHS502 e EM13CHS503, que incentivam a análise de conflitos e a busca por soluções colaborativas, são praticadas nos círculos de construção da paz e nos círculos restaurativos, que incentivam os estudantes a ser protagonistas na solução de problemas e na construção de um ambiente escolar mais harmônico.
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas
Etapa 1 3
Etapa 2 3
Etapa 3 5
Etapa Final 5
Desenvolvimento
Aula 1: Introdução da temática e das características do Projeto. Leitura do Texto 1 e realização das atividades correspondentes.
Aula 2: Leitura dos Textos 2 e 3 e realização das atividades correspondentes.
Aula 3: Realização da seção Em ação
Aula 4: Introdução ao tema, leitura dos Textos 1 e 2 e realização das atividades correspondentes.
Aula 5: Leitura dos Textos 3 e 4 e realização das atividades correspondentes.
Aula 6: Realização da seção Em ação.
Aula 7: Introdução ao tema, leitura do Texto 1 e realização das atividades correspondentes.
Aula 8: Leitura do Texto 2 e realização das atividades correspondentes.
Aula 9: Leitura do Texto 3, do boxe Mundo do trabalho e realização das atividades correspondentes.
Aula 10: Realização dos Passos 1 a 3 da seção Em ação
Aula 11: Realização dos Passos 4 a 7 da seção Em ação.
Aula 12: Apresentação da Etapa final e realização dos Passos 1 a 3.
Aula 13: Aplicação do questionário.
Aula 14: Realização do Passo 4
Aula 15: Realização do Passo 5.
Aula 16: Apresentação do produto final e autoavaliação.
Ao iniciar a apresentação do projeto, crie oportunidades de compartilhamento de experiências pessoais para que os estudantes se sintam acolhidos, estando sempre atento(a) a quaisquer sinais que apontem para a necessidade de algum acompanhamento especial, já que, ao longo do projeto, temas delicados relacionados à saúde mental serão discutidos.
A organização das etapas apresentadas nesse projeto é apenas uma possibilidade de ordenação de conteúdos. Os momentos propostos em cada uma delas, assim como a ordem em que elas serão executadas, podem ser adaptados de acordo com as necessidades e as demandas dos estudantes.
1. A imagem remete a um espaço de trabalho, possivelmente uma reunião em um escritório. É possível chegar a essa conclusão ao notar a presença de móveis e computadores e a vestimenta das pessoas.
2. Elas parecem estar em uma reunião de trabalho.
3. A expressão das pessoas denota uma conversa pacífica. As duas pessoas sentadas à direita parecem sorrir para a mulher que está no centro da fotografia, que parece ser a encarregada de conduzir a conversa.
Como melhorar a convivência no espaço escolar?
Para o trabalho com este projeto, é fundamental considerar que o conflito é natural, ou seja, faz parte da convivência humana. Logo, quando surgirem situações conflituosas entre os estudantes, em vez de evitá-las ou reprimi-las, incentive o diálogo e a escuta ativa, ajudando-os a perceber que o conflito pode ser um espaço de construção coletiva e criatividade.
Durante as atividades de mediação de conflitos e práticas restaurativas, como os círculos de construção de paz e os círculos restaurativos, lembre-se de que sua principal função será a de facilitador, eximindo-se de julgamentos. Isso significa que você precisará criar um ambiente de confiança, em que os estudantes se sintam à vontade para expressar seus sentimentos e suas perspectivas. Encoraje a participação de todos, assegurando que cada voz seja ouvida e respeitada.
Questões como bullying, diferenças culturais, respeito mútuo e convivência devem ser trabalhadas abertamente, levando os estudantes a refletir coletivamente sobre como podem melhorar suas interações, mas sempre tendo em mente que se trata de um tema bastante sensível. Essa é uma excelente oportunidade para exercitar a empatia, uma habilidade crucial que pode ser desenvolvida por meio do reconhecimento
das emoções alheias e do respeito às experiências individuais.
A aplicação constante de práticas restaurativas contribui para a construção de uma cultura de paz, justiça e respeito dentro da escola. O projeto também envolve o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, essenciais para a vida em sociedade e para o mundo do trabalho. Incentive os estudantes a pensar em maneiras de aplicar as habilidades que eles estão aprendendo, como a comunicação não violenta e a cooperação, fora da escola, em casa, na comunidade em que estão inseridos e em sua futura carreira.
1. a) Espera-se que os estudantes levantem hipóteses sobre as mudanças que podem ser desencadeadas por um conflito, com base em reflexões e nas próprias experiências e percepções.
1. c) É possível que alguns estudantes digam que o conflito é parte integrante da vida porque as pessoas são diferentes entre si e têm opiniões e percepções distintas. Outros podem responder que o conflito não é parte integrante da vida porque é algo ruim, que deve ser evitado. Incentive os estudantes a perceber que, na vida em sociedade, a expressão da diversidade pressupõe conflitos.
2. a) Os conflitos podem originar-se das diferentes opiniões e percepções, das diferentes maneiras de se comunicar e expressar sentimentos e emoções, entre outros motivos.
2. b) É importante promover a comunicação aberta e a empatia, encorajando os estudantes a expressar suas opiniões e a ouvir as dos outros. Técnicas como a mediação e o diálogo podem ajudar a transformar conflitos em oportunidades de aprendizado e crescimento.
2. c) É fundamental que os estudantes entendam que é viável administrar os conflitos para evitar que estes se intensifiquem e resultem em situações de violência. Ao desenvolver habilidades para lidar com essas situações, eles conseguem resolver problemas de forma mais construtiva e pacífica.
2. d) Um conflito pode ser construtivo quando as pessoas envolvidas estão dispostas a dialogar. Porém, um conflito pode ser destrutivo quando as partes não estão abertas ao entendimento mútuo.
3. a) Espera-se que os estudantes consigam reconhecer e elaborar pelo menos um conflito que aconteça no ambiente escolar.
3. b) No decorrer do projeto, os estudantes devem compreender que conhecer os fatores que desencadeiam um conflito é importante para atuar de maneira adequada em sua resolução ou evitar que se agrave.
3. c) Neste projeto, os estudantes também conhecerão a importância de identificar e nomear sentimentos.
3. d) Espera-se que os estudantes mencionem atitude como alterações no tom de voz, falta de clareza na comunicação, falta de empatia, entre outros.
3. e) Espera-se que os estudantes comecem a pensar, com base em suas percepções e experiências pessoais, em ações que possam resolver o conflito de maneira construtiva.
4. No decorrer do projeto, a turma será incentivada a identificar os conflitos que podem ser gerenciados por meio da criação de um grupo de mediação escolar e aqueles que devem ser evitados por configurarem formas de opressão e de violência psicológica que podem ter efeitos nocivos para as vítimas, como a prática do bullying e de discriminações.
5. Após a reflexão individual, os estudantes devem compartilhar suas definições em pequenos grupos antes de se reunir com toda a turma. Assim, facilita-se o debate e permite a consideração de diferentes pontos de vista. Ao final, ao guiar a elaboração de uma definição coletiva, destaque elementos essenciais como a divergência de interesses e necessidade de comunicação. Por fim, apresente a definição de um dicionário disponível para comparação.
1. a) Espera-se que os estudantes demonstrem que compreenderam o conceito de prática restaurativa e, com base nele, consigam formular uma opinião sobre sua aplicação na escola.
1. b) É importante incentivar os estudantes a considerar a validade e a importância da checagem diária.
1. c) A prática de reconhecer e discutir as emoções é fundamental para prevenir e lidar com situações de conflito, já que os sentimentos dos estudantes são dinâmicos e podem variar conforme as experiências vividas na escola. Os círculos de diálogos podem evitar que os conflitos se transformem em atos de violência.
2. a) É fundamental que os estudantes compreendam que o diálogo e a empatia são essenciais para construir relações mais harmoniosas entre as pessoas.
2. b) A resistência ao diálogo em situações conflituosas, geralmente, decorre da falta de confiança mútua ou da ausência de habilidades comunicativas eficazes. Ademais, em ambientes onde a cultura de escuta e empatia não é fomentada, a tendência é evitar confrontos ou buscar soluções rápidas e punitivas, em detrimento de abordagens colaborativas.
a) A filosofia Ubuntu nos mostra que nossas atitudes influenciam diretamente a vida das pessoas ao redor, destacando a importância de cultivarmos respeito e solidariedade nas relações. Essa perspectiva nos lembra que o bem-estar de cada indivíduo está profundamente ligado ao bem-estar da comunidade.
b) Espera-se que os estudantes consigam compreender a conexão e o impacto que um ato de injustiça com uma pessoa pode ter ao seu redor, seja por abrir margem para a injustiça com outros, seja pelo fato de que, quando uma pessoa é vítima, todo o sistema é prejudicado.
c) Espera-se que os estudantes reconheçam a interconexão entre as relações humanas e entendam que o respeito mútuo, assim como a apreciação das diversidades, é essencial para a formação de uma sociedade mais harmoniosa e pacífica. Compreender essa interdependência é crucial para promover a boa convivência e a colaboração entre os indivíduos.
Ao aplicar a atividade de pesquisa sobre bullying e violência na escola, oriente a turma em cada etapa do processo para garantir o envolvimento e a compreensão dos estudantes.
No Passo 1, incentive os estudantes a refletir sobre perguntas relevantes relacionadas ao tema. É preciso que todos participem da elaboração das questões para que o espaço seja de colaboração e diálogo.
No Passo 2 , as perguntas devem ser claras e diretas e respondidas com "sim" ou "não". Também é preciso disponibilizar um espaço para comentários opcionais. Assegure que os questionários estejam identificados como "Grupo 1" ou "Grupo 2", para facilitar a análise posterior.
No Passo 3, ao aplicar a pesquisa, oriente os estudantes a distribuir os questionários em outras turmas, lembrando que as respostas devem ser anônimas. A confecção de urnas para a coleta dos questionários pode tornar o processo mais organizado.
No Passo 4, após a coleta, discuta o que foi encontrado e como os estudantes percebem o bullying e a violência, além das ações dos colegas diante dessa situação. Incentive reflexões sobre os comentários e as ideias que surgiram, orientando-os a pensar em formas de melhorar a convivência escolar com base nas informações coletadas. Cada grupo deve redigir um pequeno relatório com suas conclusões.
Por fim, no Passo 5, defina uma data com antecedência para que os grupos tenham tempo suficiente para se preparar para a apresentação e relembre os pontos-chave das discussões anteriores sobre formas de melhorar a convivência escolar. Ao final das apresentações, abra espaço para que a turma discuta as ideias apresentadas.
Como construir uma cultura de paz?
Inicie a atividade apresentando o conceito de CNV, cujo objetivo é expressar sentimentos e necessidades de maneira respeitosa, evitando julgamentos e críticas.
Aprofunde-se nas quatro técnicas fundamentais da CNV. Primeiramente, incentive os estudantes a observar situações sem emitir julgamentos, promovendo uma comunicação mais clara. Isso significa relatar eventos de maneira neutra, evitando avaliações que possam gerar resistência por parte do outro. A diferenciação entre observações e avaliações é essencial para garantir que a mensagem seja compreendida, e não interpretada como crítica.
Em seguida, oriente os estudantes a identificar e expressar seus sentimentos de forma assertiva. Ajude-os a ampliar seu vocabulário emocional, encorajando-os a nomear emoções de maneira precisa, como “frustrado” ou “decepcionado”, em vez de simplesmente “triste”. Essa habilidade facilita diálogos mais empáticos e construtivos. Depois de identificados os sentimentos, ensine-os a reconhecer a necessidade que está por trás dessas emoções. Utilize exemplos de “mensagens-eu” para demonstrar que concentrar-se nos sentimentos pessoais,
em vez de atribuir a culpa a outras pessoas, pode promover uma comunicação mais eficaz. Esclareça que, ao expressar como se sentem e quais são suas necessidades, os estudantes podem evitar que a pessoa com quem estão conversando fique na defensiva e abra espaço para o diálogo.
Por último, instrua os estudantes sobre como fazer pedidos claros e específicos. Mostre a importância de expressar o que desejam em vez de dizerem o que não querem. Isso torna os pedidos mais compreensíveis e promove a colaboração.
Mais adiante, incorpore discussões sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Cultura de Paz, ressaltando a importância do respeito e da empatia nas relações. Encoraje os estudantes a refletir sobre como a CNV pode ser aplicada na prática, especialmente ao enfrentar situações de bullying e conflitos no ambiente escolar.
Aproveite o moneto e o tópico para trabalhar com o Podcast Comunicação não violenta e direitos humanos nas escolas.
1. A pergunta incentiva a autorreflexão entre os estudantes. Sugira que reflitam honestamente sobre suas experiências, identificando hábitos como críticas, desqualificações ou a falta de escuta ativa. Encoraje os estudantes a pensar em alternativas para esses hábitos e como pequenas mudanças na forma de se expressar podem levar a interações mais positivas e construtivas.
2. a) Ao abordar a capacidade dos estudantes em nomear e expressar seus sentimentos e emoções em situações de conflito, é fundamental criar um ambiente seguro e acolhedor. Reforce que todos os sentimentos são válidos e que a sala de aula é um espaço para expressar e discutir o assunto sem julgamentos.
2. b) A intenção da atividade é motivar uma autorreflexão dos estudantes sobre o uso da linguagem em situações de conflito.
3. a) Espera-se que os estudantes reflitam sobre as causas subjacentes a seus sentimentos e evitem culpar automaticamente outras pessoas por suas emoções.
3. b) Espera-se que os estudantes analisem cuidadosamente os fatores internos que geram seus sentimentos, buscando compreender as verdadeiras origens de suas emoções. Esse processo inclui
reconhecer que suas reações emocionais podem ser influenciadas por percepções pessoais, experiências passadas e expectativas.
3. c) Nesta atividade, além de buscar a autorreflexão, os estudantes devem elaborar seus sentimentos. Ajude-os a transformá-los em palavras. Para isso, é importante encorajá-los a utilizar um vocabulário emocional mais preciso, expressando suas emoções de maneira consciente e assertiva, sem recorrer a julgamentos ou rótulos. A habilidade de transformar seus sentimentos em palavras claras permitirá uma comunicação mais autêntica e empática.
Se houver a oportunidade de todos assistirem ao filme Entre os muros da escola, indicado no boxe Conexões, página 155, desenvolva o trabalho de acordo com as orientações a seguir.
Preparação: Antes da exibição do filme, explique o contexto da obra e os temas principais, como bullying, autoridade e relações entre estudantes e professores.
Exibição: Assista ao filme em partes, fazendo pausas estratégicas para discutir cenas relevantes e incentivar a reflexão.
Discussão em grupo: Após a exibição, promova um debate por meio de perguntas como: Quais situações do filme você já vivenciou? Como a comunicação influenciou os conflitos?
Reflexão final: Encerre esta atividade com uma roda de conversa em que os estudantes possam compartilhar suas aprendizagens e propor ações para melhorar o ambiente escolar.
1. a) A importância da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) para a sociedade é inegável e abrangente. Esse documento representa um marco histórico na luta pelos direitos humanos e estabeleceu um padrão comum de conquistas a serem alcançadas por todos os povos e nações.
1. b) Preconceito, discriminação, trabalho escravo e tortura caracterizam violação aos Direitos Humanos. Leia coletivamente a Declaração e proponha discussões sobre os artigos, contextualizando-os com situações reais e históricas, além de fomentar debates que permitam
aos estudantes fazer conexões entre esses direitos e as próprias experiências e percepções.
1. c) As ligações para o Disque 100 podem ser feitas de todas as regiões do Brasil e são gratuitas. O denunciante também pode ficar anônimo. Esse canal de comunicação analisa as denúncias relacionadas a crianças e adolescentes e a pessoas idosas, com deficiência e em restrição de liberdade, bem como às populações LGBTQIA+ e em situação de rua, e à discriminação ética ou racial, e as encaminha aos órgãos e às instituições responsáveis.
1. d) Proteção das vítimas, responsabilização dos indivíduos e instituições que praticam os abusos, conscientização da sociedade, prevenção de novas ocorrências e promoção da justiça em prol dos grupos mais vulneráveis, como mulheres, crianças, idosos, pessoas com deficiência, comunidades LGBTQIA+, populações indígenas e minorias raciais.
2. a) Pode ser interessante verificar as respostas dos estudantes individualmente, a fim de que aqueles que tenham sofrido bullying não sejam expostos.
2. b) Espera-se que os estudantes respondam que devem ser promovidas práticas por meio da educação, do diálogo e da cooperação, além de serem evitadas situações de violência física e verbal e discriminações como racismo e homofobia. Caso eles elaborem outras respostas, avalie-as.
Explique aos estudantes que o manual deve promover o respeito mútuo e um ambiente escolar saudável. Comente os itens sugeridos, como empatia, diálogo, limpeza, pontualidade e cultura de paz. Em seguida, organize a turma em grupos de cinco integrantes. Incentive a discussão, fazendo perguntas que incitem à reflexão sobre a convivência em sala de aula, o respeito entre colegas e a colaboração nas tarefas. Assegure que todos os estudantes participem, dando espaço para que expressem opiniões e experiências pessoais.
Depois da discussão, oriente os grupos a redigir um manual de boas práticas com até dez itens. Enfatize que as regras devem ser claras, práticas e refletir as conclusões do debate. Incentive a elaborar uma apresentação criativa, sugerindo que façam um cartaz atrativo para fixar na sala de aula.
Na sequência, determine um dia para que os grupos leiam suas propostas para a turma. Isso promoverá um momento de troca de ideias. Após a leitura, conduza um debate focado em questões como a repetição de itens entre os manuais, a promoção do diálogo e a viabilidade das propostas. Estimule os estudantes a compartilhar seus sentimentos sobre as regras e a discutir como podem trabalhar juntos para implementar as práticas sugeridas.
Para finalizar a atividade, retome a pergunta norteadora desta etapa: "Como construir uma cultura de paz?". Incentive os estudantes a pensar em ações concretas que possam ser empreendidas para fortalecer essa cultura em seu cotidiano.
Como lidar com as questões de convivência no trabalho?
Inicie a aula apresentando a importância do diálogo, da empatia e da comunicação não violenta no contexto profissional. Explique que relações de trabalho podem ser complexas e que lidar com conflitos, especialmente geracionais, é fundamental.
Ao abordar o conflito geracional, destaque as diferenças de valores e expectativas entre as gerações e discuta exemplos práticos de como essas diferenças podem gerar mal-entendidos e desafios. Incentive a reflexão sobre a aplicação dessas dinâmicas em suas futuras experiências profissionais.
Traga à tona a importância da saúde mental, discutindo como o estresse e a precarização do trabalho impactam a vida profissional. Utilize dados e pesquisas para contextualizar a relação entre saúde mental e ambientes de trabalho.
Após a leitura do texto sobre precarização do trabalho, que ocorrerá mais adiante, promova um debate sobre as condições de trabalho e a importância do respeito aos direitos dos trabalhadores. Utilize exemplos concretos, como relatos de trabalhadores em situações vulneráveis, para sensibilizar os estudantes sobre a necessidade de lutar contra a precarização.
A interação e o aprendizado colaborativo são essenciais para que eles desenvolvam as competências necessárias para uma convivência profissional harmoniosa.
1. A população mundial é formada por diversas gerações, como os baby boomers (nascidos entre 1947 e 1963), a geração X (nascidos entre 1964 e 1983), os millennials (nascidos entre 1984 e 1995), a geração Z (nascidos entre 1996 e 2009) e a geração Alfa (nascidos a partir de 2010). A classificação das gerações mencionadas configura uma maneira de agrupar pessoas de acordo com a data de nascimento e, consequentemente, com os contextos históricos, sociais, culturais e tecnológicos, que influenciaram e ainda influenciam padrões de vida e de comportamentos.
2. a) Resposta pessoal. Segundo profissionais, a geração Z se caracteriza por ser: nativa digital, multitarefa, informada, individualista, empreendedora; essa geração se caracteriza também por valorizar a diversidade, a sustentabilidade e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Caso a turma já se enquadre na geração alfa, algumas características são: forte familiaridade com a tecnologia, preferência por aprendizado visual e personalizado e mais consciência social e ambiental. Esses jovens, altamente conectados e adaptáveis, crescem em um ambiente de rápidas mudanças e inovações digitais.
2. b) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes consigam, por meio da autorreflexão, identificar algumas dessas características em si mesmos.
2. c) Resposta pessoal. Espera-se que os estudantes consigam perceber e comparar suas características com as de outras gerações. Atenção: Nesse momento, pode haver um olhar negativo e depreciador dos estudantes sobre as gerações anteriores. Caso isso aconteça, ajude-os a compreender os contextos que fazem com que as diferenças existam.
1. a) O texto destaca o crescimento pessoal e o aprendizado como os principais benefícios da interação. com diferentes pessoas em contextos sociais, acadêmicos ou profissionais, como a oportunidade de desenvolver novas habilidades, ampliar sua visão de mundo e aprimorar sua capacidade de lidar com desafios.
1. b) Espera-se que os estudantes percebam que diferenças de costumes, expectativas e métodos de trabalho entre as gerações constituem as principais causas de conflito, conforme aponta o texto. No entanto, avalie a pertinência de opiniões diferentes, desde que justificadas.
1. c) O texto sugere a criação de um ambiente inclusivo por meio do combate a preconceitos relacionados a idade, sexualidade, religião etc. e da valorização da diversidade entre as gerações. Além de eliminar barreiras preconceituosas, essa iniciativa também promove o intercâmbio de conhecimentos e experiências entre os indivíduos, criando um espaço onde todos possam se sentir valorizados, respeitados e capazes de contribuir.
1. d) Os valores da empatia, do respeito e da escuta ativa são apresentados como fundamentais para uma convivência positiva, tanto nas etapas anteriores do projeto quanto no texto. Esses valores, além de facilitarem o diálogo eficaz entre os indivíduos, criam um ambiente propício para o entendimento mútuo e a colaboração.
2. Espera-se que os estudantes consigam, por meio da autorreflexão, perceber habilidades mencionadas anteriormente em si mesmos, bem como quais eles ainda precisam desenvolver.
3. a) Oriente os estudantes a refletir sobre os ensinamentos e valores que eles absorvem ao conviver com pessoas mais velhas, como pais, avós, professores ou outros adultos.
3. b) Incentive a abordagem de desafios de convivência, como diferenças de opiniões, estilos de comunicação ou conflitos de interesses. Reforce a importância de respeitar essas experiências e tratar o tema com empatia, buscando identificar as causas desses desafios e discutindo maneiras de lidar com eles.
a) Espera-se que compreendam a gravidade dos problemas de saúde mental no mundo do trabalho contemporâneo e que, após refletirem, reconheçam o aumento da pressão exercida sobre os trabalhadores, que se manifesta de várias formas. Incentive os estudantes a compartilhar exemplos pessoais ou de conhecidos para tornar a discussão mais próxima da realidade, caso se sintam à vontade para isso.
b) Incentive os estudantes a compartilhar experiências que possam ter tido com conhecidos e verifique se algum deles já passou por isso.
c) Para essa discussão, oriente os estudantes a refletir sobre como direitos trabalhistas, como jornada regulamentada e ambiente seguro, podem prevenir problemas de saúde mental.
d) Os estudantes podem citar como estratégias para o bem-estar emocional: organização do tempo de estudo, pausas regulares, convívio social e o engajamento em atividades prazerosas. Ao adotar essas práticas, eles podem desenvolver uma abordagem mais equilibrada e saudável, promovendo um estado de bem-estar emocional duradouro.
Burnout, uma síndrome ocupacional
O tópico fornece uma visão abrangente sobre a síndrome de burnout, abordando tanto seu reconhecimento formal pela OMS quanto suas implicações para trabalhadores e empregadores. Ele ressalta a importância da proteção dos direitos trabalhistas e previdenciários, que agora são garantidos a trabalhadores diagnosticados com burnout.
Além disso, o texto alerta para a responsabilidade crescente dos empregadores em criar ambientes de trabalho saudáveis e prevenir o esgotamento, uma vez que condições adversas, como sobrecarga e insegurança, contribuem para um ciclo de estresse e deterioração da saúde mental.
Incentive o debate sobre a importância de ambientes de trabalho equilibrados e da necessidade de políticas que garantam a saúde mental dos trabalhadores.
1. a) O texto relata que os trabalhadores denunciaram condições de trabalho degradantes, como agressões físicas e psicológicas, jornadas exaustivas de 17 horas diárias e tratamento desumano, o que evidencia a falta de respeito pela dignidade humana.
1. b) As pessoas aceitam trabalhos precários principalmente devido a necessidade financeira, falta de oportunidades em contextos de desemprego e baixa qualificação.
2. a) Incentive os estudantes a pensar em estratégias como conscientização sobre direitos trabalhistas, ações individuais e coletivas para reivindicar melhores condições, e a importância de políticas públicas que protejam os trabalhadores, incluindo fiscalização rigorosa.
2. b) Proponha soluções como programas de capacitação profissional, incentivos fiscais para empresas que contratam formalmente, modelos de trabalho flexíveis, entre outros.
3. Os estudos indicam que, para lidar com essa questão, é possível tomar iniciativas como a prática de atividades físicas, a organização da carga de trabalho, o diálogo com superiores e a busca por uma melhor qualidade de vida, conciliando trabalho e vida pessoal.
4. O reconhecimento é importante pois garante que os trabalhadores afetados tenham seus direitos respeitados, responsabiliza as empresas pela prevenção do esgotamento profissional e contribui para a construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e equilibrados.
A proposta desta seção é engajar os estudantes em uma reflexão profunda sobre a saúde mental no ambiente de trabalho, promovendo a pesquisa, a discussão e a produção colaborativa de um manual prático. Com base na experiência anterior com o tema do burnout, os estudantes serão convidados a ampliar seus conhecimentos e a desenvolver habilidades de pesquisa, escrita e comunicação.
Inicie a aula retomando a atividade anterior sobre burnout e reforce a importância do tema e a relevância de cuidar da saúde mental no trabalho. Mantenha os mesmos grupos da etapa anterior para favorecer a continuidade do trabalho e o aprofundamento das discussões.
Proponha as questões de reflexão, incentivando os estudantes a compartilhar suas experiências e percepções sobre o tema. Em seguida, oriente os grupos a fazer uma pesquisa aprofundada sobre as medidas que podem ser tomadas para prevenir danos à saude mental no trabalho. Com base na pesquisa e na reflexão, cada grupo deverá elaborar um manual com no máximo dez itens, que pode conter medidas de prevenção individuais e coletivas. Incentive a criatividade e a originalidade nas sugestões, mas oriente os estudantes a fundamentar suas ideias em pesquisas e evidências.
Organize um momento para que cada grupo apresente seu manual para a turma. Após as apresentações, promova um debate engajador, incentivando os estudantes a comparar as diferentes sugestões, a identificar os pontos em comum e as divergências e a justificar suas escolhas.
Depois do debate, a turma deverá elaborar um manual coletivo com as melhores sugestões de cada grupo. Essa atividade é fundamental para a construção do conhecimento compartilhado e para o desenvolvi-
mento do senso de coletividade. Sugira aos estudantes que divulguem o manual da turma no blogue da escola ou em outro espaço de comunicação, para ampliar o alcance da iniciativa e contribuir para a conscientização sobre a importância da saúde mental no ambiente de trabalho. A construção do manual (e sua publicação) é uma das formas de combater o estigma em torno da saúde mental.
Este Projeto Integrador convida os estudantes a se tornarem agentes de transformação na escola, promovendo o diálogo, a resolução de conflitos e a construção de um ambiente escolar mais justo e acolhedor. A proposta é que, após a identificação dos principais conflitos existentes, os estudantes organizem círculos restaurativos e de construção de paz, além de espaços de diálogo e de escuta ativa que possibilitem a reparação dos danos causados por conflitos e o fortalecimento das relações.
O mapeamento de conflitos deve ser cuidadosamente planejado para englobar diferentes perspectivas. Se for possível, além dos estudantes, é importante envolver professores, funcionários, pais e até mesmo a comunidade externa para obter um panorama mais completo dos desafios enfrentados na escola.
O questionário deve ser elaborado de forma clara e objetiva, utilizando tanto perguntas abertas quanto fechadas para permitir que os participantes expressem suas opiniões e seus sentimentos livremente. O modelo fornecido é um guia, que pode ser adaptado de acordo com as necessidades identificadas pela turma. A organização em grupos de trabalho permite que os estudantes se especializem em diferentes tarefas.
A análise dos dados coletados é fundamental para identificar os principais conflitos e as causas subjacentes. A utilização de gráficos e tabelas pode facilitar a visualização dos resultados e a identificação de padrões.
Os círculos de construção da paz e os círculos restaurativos são ferramentas complementares para a construção de uma cultura de paz na escola. É fundamental oferecer aos mediadores uma formação adequada, para equipá-los com as ferramentas necessárias, facilitar os diálogos e mediar os conflitos.
A divulgação dos círculos deve ser feita de forma clara e atrativa, utilizando diferentes canais de comunicação para alcançar o maior número de pessoas possível e promover ambientes mais humanos e acolhedores.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador.
É possível ter uma relação saudável
Este projeto possibilita uma análise crítica sobre o impacto das mídias sociais na sociedade moderna, explorando suas influências na comunicação e no compartilhamento de informações, com foco no uso excessivo desses recursos e seus efeitos na autoestima. Os estudantes vão investigar como o consumo demasiado das mídias sociais pode afetar a saúde mental, além de examinar questões éticas sobre o papel dos influenciadores digitais na formação de opiniões e na disseminação de informações.
O projeto também viabiliza a análise do impacto das novas tecnologias e das mídias sociais no mercado de trabalho, abordando o surgimento de novas profissões, a precarização de empregos tradicionais e as novas legislações relacionadas. Além disso, os estudantes
participarão de atividades práticas que contribuem para o desenvolvimento de habilidades de comunicação e análise crítica, culminando na produção de um podcast que sintetiza e divulga as pesquisas realizadas e as discussões promovidas. Esse formato vai oportunizar o aprimoramento de competências em produção de mídia e apresentação, abordando temas relevantes com mais engajamento.
O projeto visa explorar a influência das mídias sociais na comunicação e no compartilhamento de informações, destacando tanto os benefícios quanto os riscos associados. Focaliza também a identificação dos danos à saúde mental, que podem advir do uso excessivo dessas plataformas, e a necessidade de cautela ao compartilhar informações pessoais. Além disso, viabiliza a análise das transformações no mercado de trabalho provocadas pelas mídias sociais e pelas novas tecnologias, observando a emergência de novas profissões e a extinção de outras. Para trabalhar essas análises, o projeto incluirá a produção e a divulgação de podcasts, com base em leituras, pesquisas e discussões aprofundadas.
As mídias sociais têm sido utilizadas em situações diversas por um número crescente de pessoas. Diante dessa grande influência, é necessário refletir sobre o espaço que elas ocupam em nosso dia a dia e sobre os impactos positivos e negativos decorrentes de sua utilização. Ao aprender a manusear essas mídias de maneira saudável, adotando uma postura ética e cidadã, podemos utilizá-las como uma ferramenta democrática, que possibilita o compartilhamento de informações e opiniões. Dessa forma, o projeto utilizará das áreas de Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Ciências Humanas e Sociais Aplicadas e Ciências da Natureza e suas Tecnologias para valorizar o uso consciente e ético das mídias sociais e digitais.
Como produto final deste projeto, propomos a criação de um podcast com a turma. Cada etapa levanta discussões específicas sobre o tema geral do projeto, possibilitando a produção de episódios temáticos e
resultando, assim, em um total de cinco episódios. A construção coletiva com base nas discussões em sala de aula, posteriormente aplicada à produção de uma mídia, vai colaborar para que os estudantes desenvolvam não só o trabalho com a tecnologia, como também as próprias habilidades relacionadas ao pensamento estratégico, à produção de síntese, à argumentação e à comunicação.
Temas Contemporâneos
Transversais (TCT)
O TCT Vida familiar e social perpassa todo o projeto, uma vez que este trata do impacto das mídias sociais nas relações pessoais e na autoestima dos indivíduos. Já o TCT Trabalho é abordado por meio da exploração das formas de trabalho que surgem com as novas tecnologias, investigando como as mídias sociais, de modo mais específico, influenciam o mercado de trabalho, desde a criação de novas profissões até a precarização de empregos existentes. O TCT Ciência e tecnologia é desenvolvido não só em relação ao trabalho, conforme mencionado anteriormente, mas principalmente nas atividades que levam os estudantes ao desenvolvimento de habilidades analíticas e críticas na interação com as tecnologias e na criação de conteúdos digitais, como podcasts .
Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS)
O ODS Saúde e bem-estar (3) é contemplado nas discussões sobre o impacto das mídias sociais na saúde mental, levando à busca por soluções para que os estudantes mantenham uma relação saudável com as plataformas digitais. O ODS Trabalho decente e crescimento econômico (8) é desenvolvido ao propiciar reflexões sobre a relação entre mídias sociais, tecnologia e mercado de trabalho, bem como sobre questões éticas também relacionadas às formas de trabalho. O ODS Consumo e produção responsáveis (12) é contemplado ao propor que os estudantes discutam temas como o consumo de conteúdo digital, as novas tecnologias e a relação com a precarização de serviços, levantando questões sobre responsabilidade de consumo na sociedade contemporânea.
Professor indicado para liderar o projeto
Língua Portuguesa com o auxílio de Língua Inglesa, Matemática, História ou Sociologia.
O trabalho com as competências e as habilidades da BNCC
Competências gerais da Educação Básica 1, 4, 5, 7 Competências específicas de Linguagens e suas Tecnologias 1, 3, 4, 7
Habilidades de Linguagens e suas Tecnologias
EM13LGG101, EM13LGG102, EM13LGG103, EM13LGG104, EM13LGG105, EM13LGG301, EM13LGG302, EM13LGG303, EM13LGG304, EM13LGG403, EM13LGG701, EM13LGG702, EM13LGG703, EM13LGG704
Habilidades de Língua Portuguesa EM13LP05, EM13LP11, EM13LP12, EM13LP17, EM13LP39, EM13LP43 Competências específicas de outras áreas
Habilidades de outras áreas
Matemática e suas Tecnologias: 1, 4 Ciências da Natureza e suas Tecnologias: 3
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: EM13CHS403, EM13CHS404
Matemática e suas Tecnologias: EM13MAT102, EM13MAT104, EM13MAT408
Consulte a BNCC para descrição das competências e habilidades mobilizadas neste projeto. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br. Acesso em: 17 out. 2024.
No âmbito da midiaeducação, é crucial que os estudantes desenvolvam competências cognitivas e socioemocionais para usar as mídias digitais de forma crítica e ética. Sendo assim, as competências gerais 1, 4, 5 e 7 da BNCC são abordadas da seguinte forma: a competência geral 1 sugere uma reflexão sobre as interações entre os mundos físico, social, cultural e digital, visando promover uma comunidade mais justa e inclusiva; a competência geral 4 é desenvolvida por meio da exposição a textos variados que incentivam a formação e o compartilhamento de opiniões sobre a tecnologia digital; a competência geral 5 é abordada com uma análise crítica do uso das mídias digitais, contribuindo para que os estudantes identifiquem comportamentos nocivos; e a competência geral 7 é explorada por meio da leitura de textos e de
pesquisas para argumentar e expressar opiniões, incluindo a produção de um podcast que considera as mídias sociais como um direito e uma forma de inclusão social. Quanto às habilidades específicas de Linguagens e suas Tecnologias, o trabalho ocorre da seguinte forma: as habilidades EM13LGG101 a EM13LGG105 envolvem a análise de textos híbridos e multissemióticos para compreender diferentes linguagens e identificar preconceitos na esfera digital; as habilidades EM13LGG301 a EM13LGG304 são desenvolvidas por meio de discussões sobre o impacto das mídias sociais na saúde, nas relações interpessoais e no compartilhamento de informações, com o objetivo de divulgar posicionamentos críticos; a habilidade EM13LGG403 é abordada com a associação entre a leitura de textos em inglês e o material relacionado, viabilizando a compreensão e a contextualização do conteúdo; as habilidades EM13LGG701 e EM13LGG703 são trabalhadas na produção e na publicação do podcast, testando aplicativos e plataformas e utilizando a criatividade na trilha sonora e nos roteiros; finalmente, as habilidades EM13LGG702 e EM13LGG704 são desenvolvidas na elaboração do podcast com base em textos de especialistas e em pesquisas, promovendo uma abordagem crítica e ética. Dessa forma, os estudantes utilizarão as tecnologias digitais de maneira responsável, criando conteúdo de forma colaborativa.
Em relação às habilidades específicas de Língua Portuguesa, a habilidade EM13LP05 é desenvolvida com a análise de opiniões e argumentos em textos jornalísticos relacionados ao tema do projeto. Os estudantes devem adotar uma postura crítica, formulando e defendendo seus argumentos. Já as habilidades EM13LP11 e EM13LP12 são trabalhadas ao longo do projeto, quando os estudantes realizam pesquisas sobre temas como os danos físicos e mentais do uso excessivo das mídias sociais e instituições que oferecem tratamento psicológico gratuito, em fontes consideradas confiáveis. Por fim, eles também exercitam habilidades de curadoria da informação ao selecionar materiais relevantes para a produção.
Na Etapa final , a habilidade EM13LP17 é desenvolvida na criação de um roteiro para podcast , no qual os estudantes precisam entender a relação com os ouvintes, escolher a linguagem e o formato adequados e trabalhar aspectos da voz, como dicção e entonação. As habilidades EM13LP39 e EM13LP43
são abordadas na Etapa 3 , quando os estudantes refletem sobre o compartilhamento de conteúdos nas mídias digitais.
Na área de Matemática e suas Tecnologias, as habilidades EM13MAT102 e EM13MAT104 (competência específica 1) são desenvolvidas na Etapa 1, por meio da análise e da interpretação de dados numéricos sobre redes sociais. A habilidade EM13MAT408 (competência específica 4) é trabalhada na construção de gráficos baseados nesses dados.
Sugere-se, a seguir, uma quantidade de aulas para que o projeto seja trabalhado ao longo de um semestre. Nessa proposta, uma aula por semana será destinada ao projeto.
Caso seja mais adequado para sua realidade escolar, o projeto pode ser desenvolvido ao longo de um bimestre ou trimestre. Para isso, basta rever o total de aulas destinadas ao projeto por semana.
Número de aulas Desenvolvimento
Etapa 1 3
Etapa 2 3
Aulas 1 e 2: Introdução da temática e das características do projeto. Leitura dos Textos 1 a 5 e realização das atividades correspondentes.
Aula 3: Realização da seção Em ação
Aula 4: Leitura do Texto 1 e do Texto 2 e realização das atividades correspondentes e leitura do boxe Mundo do Trabalho
Aula 5: Leitura do tópico Influenciadores digitais e responsabilidade civil e do Texto 3 e realização das atividades correspondentes.
Aula 6: Realização da seção Em ação.
Aulas 7 e 8: Leitura do Texto 1 e do tópico Modernização do trabalho e realização das atividades correspondentes.
Etapa 3 5
Aula 9: Leitura do Texto 2, realização das atividades correspondentes e preparação para a realização da seção
Em ação.
Aula 10: Realização dos Passos 1 a 5: pesquisa e levantamento de dados.
Aula 11: Realização dos Passos 6 a 8: finalização da atividade.
Etapa final 5
Aula 12: Realização do Passo 1: levantamento de conhecimentos sobre podcast e apresentação de exemplos.
Aula 13: Realização dos Passos 2 e 3: pesquisa, levantamento de dados e elaboração de roteiro.
Aula 14: Realização do Passo 4: gravações.
Aula 15: Realização do Passo 5. Edição e aplicação de efeitos sonoros (vinhetas e trilha sonora).
Aula 16: Apresentação do produto final e elaboração de formas de divulgação do podcast produzido.
Abertura e Ficha de estudo
Ao iniciar a apresentação do projeto, explore a abertura, já que se trata de um tema muito próximo da realidade dos estudantes. Oportunize o compartilhamento de experiências pessoais para que eles se sintam acolhidos, estando sempre atento a quaisquer sinais que apontem para a necessidade de algum acompanhamento especial, já que, ao longo do projeto, temas delicados relacionados à saúde mental serão discutidos.
1. Incentive uma reflexão crítica e consciente sobre o uso das mídias sociais, abordando tanto seus benefícios quanto seus potenciais impactos negativos, além de propor estratégias práticas para manter uma relação saudável com essas plataformas.
Você utiliza as mídias sociais de maneira saudável?
O tema da Etapa 1 é muito relevante para os estudantes, tendo em vista que o uso de celulares e mídias sociais está integrado ao cotidiano deles. Comente com os estudantes sobre as "câmaras de eco", fenômeno que ocorre principalmente em redes sociais, caracterizado pela tendência de as pessoas agregarem-se a outras cujos ideais e interesses sejam semelhantes aos delas.
Na discussão sobre temas sensíveis, suscitada pelos Textos 3 e 4 , abra espaço para que os estudantes compartilhem suas inseguranças, atentando sempre a casos que necessitem de acompanhamento mais próximo.
Aproveite para trabalhar com os estudantes o Vídeo A dualidade do uso das redes sociais
1. As redes sociais são plataformas digitais que possibilitam a criação, compartilhamento e disseminação de conteúdos variados, como textos, imagens, vídeos e links . Elas promovem a interação entre indivíduos, grupos e comunidades, permitindo a comunicação em tempo real, a troca de ideias e experiências, além de facilitar a formação de redes de relacionamento e o engajamento em torno de interesses comuns.
2. O Texto 1 menciona que o uso frequente das redes sociais pode impactar a forma como as pessoas buscam informações e pesquisam sobre temas diversos, já que hoje o acesso a qualquer dado é feito com muita facilidade. Nesse sentido, há o receio de que as pessoas fiquem mais acomodadas, já que, anos atrás, era necessário recorrer a livros, enciclopédias e outros materiais para realmente se aprofundar em um tema, o que demandava mais empenho.
3. Incentive os estudantes a refletir sobre as próprias experiências. Pergunte a eles se já sentiram que as interações on-line influenciam suas relações e atividades do dia a dia.
1. Espera-se que os estudantes expliquem que a expressão "uma nova era para a comunicação" refere-se a mudanças na forma como as pessoas interagem, principalmente com o advento da internet, das mídias digitais e das redes sociais. Essa nova era é marcada pela velocidade, pela acessibilidade e pela globalização da comunicação, permitindo trocas instantâneas de mensagens, vídeos e outras formas de conteúdo entre pessoas em diferentes partes do mundo.
1. Segundo o Texto 3, a situação dos jovens tornou-se mais preocupante do que a dos adultos em 2022.
2. Os elementos mencionados envolvem crises econômicas, mudanças climáticas, autodiagnósticos superficiais, o uso excessivo de celulares e videogames, bem como transformações culturais e sociais ligadas às redes sociais. A resposta dos estudantes deve contemplar a aceitação ou rejeição desses fatores, fundamentando-se em argumentos consistentes.
3. De acordo com o psiquiatra Guilherme Polanczyk, é arriscado apontar as redes sociais como a única causa do aumento da ansiedade; ele destaca que as transformações culturais e sociais são muito mais complexas. Simplificar esse cenário atribuindo o problema a um único motivo desconsidera a profundidade da questão, que, quando se manifesta de forma patológica, gera sofrimento emocional e prejudica a qualidade de vida das pessoas.
1. Os estudantes podem mencionar sentimentos como tristeza, frustração, satisfação e alegria, a depender do conteúdo acessado. Incentive-os a refletir sobre quanto o tempo que passam em frente às telas pode ou não fazer bem a eles.
2. Os estudantes podem mencionar que o aparelho celular pode ser útil para pesquisas e para a comunicação, mas também podem concluir que ele causa distrações, afeta a atenção nas aulas e contribui para questões como o cyberbullying.
3. Os estudantes podem refletir sobre os próprios hábitos em relação ao uso da tecnologia, considerando o tempo que passam conectados e como isso impacta no dia a dia de cada um.
Como há levantamento de dados na tarefa, é interessante contar com a participação do professor de Matemática para conversar sobre o uso de estatísticas, bem como maneiras de coletar dados do cotidiano. Introduza a atividade explicando a importância do monitoramento do uso da tecnologia. Oriente os estudantes a escrever suas motivações no caderno, em folha avulsa ou em aplicativo de texto. Forme duplas e peça que compartilhem seus hábitos e motivações. Explique a tarefa de monitoramento diário e reforce a
importância de anotar os dados com precisão. Estabeleça um prazo para o término da coleta de dados, que deve ser de duas semanas. Oriente-os a procurar padrões de uso (período do dia em que se conectam com mais frequência, quais as plataformas mais acessadas, entre outros) e a descrevê-los em um breve relatório. Incentive a comparação de padrões de uso e a reflexão sobre semelhanças e diferenças. Facilite a discussão, ajudando os estudantes a articular suas observações e a entender as razões para seus padrões de uso.
Instrua a turma a realizar uma pesquisa sobre estratégias e dicas para o uso saudável da tecnologia. Destaque a importância de utilizar reportagens atualizadas e artigos científicos para garantir a qualidade das informações. Ajude os estudantes na seleção das dicas mais relevantes e práticas para o cotidiano. Sugira que reflitam sobre possíveis atividades off-line que poderiam substituir o tempo excessivo diante da tela, como alternativas estimulantes ou relaxantes.
Oriente os estudantes a escrever um feedback construtivo sobre o guia do colega, priorizando impressões gerais e revisões textuais. Acompanhe a análise do feedback e incentive-os a incorporar sugestões úteis em seus guias.
Há credibilidade no conteúdo de influencers digitais? O tema desta etapa faz parte diretamente do dia a dia dos estudantes. Eles provavelmente consomem conteúdos de influenciadores sem nem mesmo perceber que se trata de influenciadores. É importante levantar essa discussão sobre o que torna alguém um influenciador: É o número de seguidores? É o tipo de conteúdo produzido? Verifique se os estudantes estão atentos aos conteúdos que acessam. É importante que os estudantes desenvolvam um olhar crítico sobre o conteúdo que consomem e compreendam o poder e a responsabilidade que vêm com a influência digital.
1. O acesso diário à internet por crianças e adolescentes no Brasil significa que grande parte de sua educação e formação de valores é influenciada por conteúdos digitais. Por um lado, esse acesso oferece uma gama de informações e recursos educativos. Por outro lado,
também pode expor os jovens a conteúdos inadequados, desafios perigosos e influências negativas.
2. O título do artigo faz referência ao livro O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, especificamente à frase: "Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Essa paráfrase, no contexto do artigo, sugere que os influenciadores digitais têm uma responsabilidade contínua sobre o impacto que causam em seus seguidores, especialmente em crianças e adolescentes.
1. Incentive os estudantes a refletir sobre como as pressões são reforçadas por padrões de beleza promovidos pela mídia, pelas redes sociais e por influenciadores digitais. Essas pressões podem se manifestar de diversas formas e levar a problemas de autoestima, ansiedade, distúrbios alimentares e até depressão, especialmente entre meninas e adolescentes que estão em fase de desenvolvimento e autodescoberta.
2. O artigo aponta a implementação de uma educação midiática específica para o desenvolvimento da criticidade em crianças e jovens. Essa educação deve capacitá-los para que se perguntem se as mensagens que recebem promovem valores como conhecimento, tolerância, empatia e convivência pacífica consigo mesmos e com os outros. A segunda parte da resposta é pessoal.
3. Incentive os estudantes a levantar hipóteses sobre qual seria o melhor momento de introduzir a educação midiática. Se achar oportuno, oriente uma pesquisa sobre o assunto para que eles possam elaborar uma resposta baseada em evidências.
A psicologia e a questão do digital É importante dialogar com os estudantes acerca da importância dos psicólogos, especialmente no mundo complexo e cheio de dilemas que temos hoje. Levantar o questionamento sobre a eficiência da teleterapia e o estigma que ainda existe ao buscar esse tipo de profissional também é fundamental.
1. Incentive os estudantes a refletir criticamente sobre a influência dos conteúdos de estilo de vida nas redes
sociais. O objetivo é que eles identifiquem tanto o impacto positivo desses conteúdos (a inspiração para hábitos saudáveis, por exemplo) quanto a pressão que pode surgir ao tentar se alinhar a padrões muitas vezes idealizados.
2. Oriente os estudantes a analisar como o conteúdo de influenciadores impacta na autoestima e no bem-estar de cada um. Ajude-os a identificar se a relação que mantêm com esses conteúdos é saudável e enriquecedora ou se está surtindo efeitos negativos.
1. O que caracteriza o “engajamento problemático” nas redes sociais é uma sequência de comportamentos obsessivos e prejudiciais que os usuários demonstram ao se relacionarem com influenciadores digitais. Esses comportamentos incluem a necessidade constante de verificar atualizações e acompanhar postagens de influenciadores específicos.
2. Os influenciadores digitais utilizam transmissões ao vivo (livestreams), enquetes (polls) e outros conteúdos interativos nas redes sociais. Verifique se os estudantes entendem que essas estratégias são projetadas para captar a atenção e incentivar a participação contínua dos seguidores, muitas vezes reforçando o sentimento de pertencimento ou conexão direta com o influenciador. Além disso, influenciadores podem usar estratégias de marketing, como parcerias com marcas e endossos de produtos, para manter seu público interessado e engajado.
3. Espera-se que os estudantes percebam que sim; os influenciadores digitais, especialmente aqueles que utilizam as redes sociais para empreender, devem se preocupar com o tipo de engajamento de seus seguidores. Um engajamento saudável e autêntico fortalece a confiança e a lealdade do público, enquanto um engajamento problemático pode causar danos à saúde mental dos seguidores e prejudicar a reputação do influenciador. Além disso, influenciadores têm a responsabilidade ética de não explorar a vulnerabilidade dos seguidores, especialmente os mais jovens, em processo de formação.
4. Verifique se os estudantes estão acumulando repertório com as atividades e, se necessário, retome algumas estratégias e discussões anteriores para reforçar o entendimento sobre o uso consciente das redes
sociais. Incentive a reflexão sobre as práticas diárias e a aplicação das estratégias aprendidas.
Oriente os estudantes nas pesquisas e na elaboração/edição dos textos para garantir que estejam claros e bem desenvolvidos em relação ao conteúdo e ao formato adotado.
Além disso, ajude-os a elaborar um plano de divulgação, escolhendo as plataformas e os horários mais adequados. Incentive o uso das redes sociais da escola e, com os demais professores, coordene a ação para otimizar o alcance. Supervisione o compartilhamento das postagens e o acompanhamento dos feedbacks recebidos, discutindo as respostas do público e as possíveis melhorias.
Dica!
Na pesquisa periódica publicada sobre o perfil do leitor no Brasil, é possível observar a ascensão dos influenciadores digitais como parte do cenário de leitura do jovem brasileiro.
FAILLA, Zoara (org). Retratos da leitura no Brasil. Rio de Janeiro: Sextante, 2021. Disponível em: https:// www.prolivro.org.br/wp-content/uploads/2021/06/ Retratos_da_leitura_5__o_livro_IPL.pdf. Acesso em: 16 out. 2024.
Como as mídias sociais e as novas tecnologias impactam o mercado de trabalho?
Antes de iniciar a leitura dos textos, é fundamental realizar uma discussão com a turma sobre o mercado de trabalho atual, especialmente no contexto das profissões relacionadas à tecnologia. Converse sobre as expectativas dos estudantes em relação às suas futuras carreiras e como eles percebem as profissões emergentes no campo da tecnologia e das mídias sociais. Esse diálogo inicial ajudará a contextualizar a leitura e contribuirá para que relacionem o conteúdo dos textos com suas perspectivas e seus interesses profissionais. Ao orientar a turma, destaque a importância de reconhecer a diversidade de trajetórias profissionais e a contribuição significativa de diferentes áreas para o mercado de trabalho. Promova um ambiente de respeito e valorização das diversas profissões, incentivando
uma abordagem equilibrada que permita aos estudantes explorar novas possibilidades sem desmerecer os caminhos já trilhados por outros profissionais.
Aproveite os tópicos iniciais dessa etapa para desenvolver trabalhos relacionados ao Vídeo Tecnologias nas escolas e as profissões do futuro e com o Carrossel de imagens As profissões do futuro e as que ficarão no passado. É a chance de desenvolver temas complementares através de diferentes recursos.
1. a) Caso os estudantes demonstrem dificuldade para o reconhecimento dos termos, auxilie-os orientando o trabalho de pesquisa.
Fórum Econômico Mundial (WEF): organização internacional independente sediada em Genebra, na Suíça, que reúne líderes empresariais, políticos, intelectuais e outros para discutir questões econômicas, sociais e políticas globais. É mais conhecido por seu encontro anual em Davos (Suíça), onde são debatidos temas como crescimento econômico, sustentabilidade, inovação tecnológica e políticas de desenvolvimento.
ESG: sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). Corresponde a um conjunto de critérios utilizados para analisar os impactos ambientais, sociais e a governança (estrutura e processos de gestão) de uma organização, além de seus resultados financeiros.
Computação em nuvem: entrega de serviços de computação, como armazenamento e processamento, por meio da internet.
Inteligência Artificial (IA): tecnologia que simula a inteligência humana em máquinas, permitindo que elas "aprendam", "raciocinem" e "realizem tarefas de forma autônoma".
1. b) Espera-se que os estudantes respondam que sim. É importante conhecer o significado desses termos porque representam tecnologias e critérios que estão moldando o futuro do mercado de trabalho e o cotidiano das pessoas. Compreender esses conceitos ajuda a estar preparado para as mudanças profissionais e sociais, permitindo uma adaptação eficiente às novas demandas do mercado.
2. a) Resposta pessoal. Incentive os estudantes a compartilhar seus interesses.
2. b) Para a profissão de desenvolvedor de aplicativos, por exemplo, as habilidades necessárias podem incluir programação em linguagens específicas, conhecimento
em design de interfaces de usuário e habilidades ligadas à resolução de problemas. Um estudante pode identificar que já possui habilidades básicas de programação, sabe como analisar tabelas e gráficos, mas precisa desenvolver conhecimentos específicos em uma linguagem ou aperfeiçoar suas habilidades em design.
2. c) A resposta varia de acordo com a região e a profissão escolhida. Se a profissão de analista de dados não estiver amplamente disponível localmente, por exemplo, o estudante pode explorar oportunidades de trabalho remoto, que são comuns nessa área. Para tornar essa profissão viável localmente, poderiam ser promovidos programas de capacitação, parcerias com empresas tecnológicas ou mesmo iniciativas de empreendedorismo que tragam possibilidades de desenvolvimento dessas habilidades para trabalhadores da região.
1. a) Algumas possibilidades de resposta.
Bluetooth: tecnologia sem fio que permite a troca de dados entre dispositivos próximos, como fones de ouvido, alto-falantes e smartphones.
Exemplo prático: Conectar o aparelho celular a fones de ouvido sem fio para ouvir música.
Hashtag: palavra ou frase precedida por "#" usada nas mídias sociais para categorizar conteúdo e facilitar a busca.
Exemplo prático: Usar #tbt nas redes sociais para marcar uma fotografia antiga no "Throwback Thursday".
1. b) Algumas possibilidades de resposta.
Cloud (nuvem): armazenamento e acesso a dados e programas pela internet, em vez de no disco rígido local.
Exemplo prático: Salvar arquivos em uma plataforma de armazenamento em nuvem para acessá-los de qualquer dispositivo.
Firewall: sistema de segurança que monitora e controla o tráfego de rede, impedindo acessos não autorizados a um computador ou rede.
Exemplo prático: Firewalls são usados em redes domésticas e empresariais para proteger dados contra hackers e ataques cibernéticos.
2. Nem todos os termos em inglês podem ser substituídos por outros em português, especialmente em áreas como tecnologia e internet. Muitos deles, como browser, upload e software, são amplamente utilizados
e fazem parte do vocabulário técnico universal; esses termos são frequentemente adotados diretamente do inglês porque não possuem traduções exatas ou porque as versões em português não são tão populares ou práticas.
1. Espera-se que os estudantes elenquem vantagens como flexibilidade de horários, economia de tempo e custos com deslocamentos, por exemplo. Isso pode melhorar a qualidade de vida e aumentar a produtividade. No entanto, há desvantagens, como o risco de isolamento social e dificuldade em separar trabalho e vida pessoal.
2. Aceite diferentes respostas dos estudantes desde que justificadas com argumentos consistentes.
3. As redes sociais influenciam significativamente a percepção pública das práticas de sustentabilidade e responsabilidade social das empresas, atuando como uma plataforma de divulgação e crítica. Empresas podem usar as redes para promover suas iniciativas sustentáveis e reforçar sua imagem positiva, enquanto consumidores e ativistas utilizam essas mesmas plataformas para expor práticas inadequadas ou denunciar casos de greenwashing
Verifique se os estudantes sabem o que significa o termo greenwashing: prática de algumas empresas que consiste em alegações enganosas ou exageradas sobre suas iniciativas ambientais, para criar uma imagem de responsabilidade ecológica, sem realmente implementar ações sustentáveis significativas. Esse tipo de marketing tenta convencer os consumidores de que a empresa ou seus produtos são mais ecológicos do que realmente são, com o objetivo de atrair consumidores preocupados com o meio ambiente.
1. A "uberização" do trabalho refere-se a um modelo em que trabalhadores atuam como autônomos, realizando tarefas sob demanda por meio de plataformas digitais, como a Uber. O termo é utilizado porque esses serviços promovem uma relação de trabalho sem vínculo empregatício, em que os trabalhadores são pagos por tarefa, sem benefícios trabalhistas tradicionais.
2. Possibilidade de resposta: Esse modelo de trabalho pode impactar negativamente a dignidade e a segu-
rança dos trabalhadores, pois pode envolver longas jornadas sem garantias de uma renda mínima ou de condições de trabalho justas. A falta de regulamentação e de direitos trabalhistas expõe os trabalhadores à exploração, como salários baixos, ausência de benefícios básicos e falta de suporte em caso de acidentes ou problemas de saúde.
Nesta atividade, facilite uma discussão inicial com toda a turma para definir as profissões a serem investigadas e garanta que os estudantes considerem tanto as profissões novas quanto as transformadas pelas tecnologias digitais. Auxilie as duplas na seleção para que haja uma distribuição equilibrada, cobrindo uma variedade de profissões ligadas às mídias sociais.
Em seguida, forneça uma lista de fontes confiáveis que a turma possa consultar, como sites especializados, publicações acadêmicas e relatórios de mercado. Explique a importância de avaliar a confiabilidade das fontes e evitar o uso de informações desatualizadas.
Posteriormente, oriente os estudantes na análise das tendências de mercado, incentivando o uso de relatórios e previsões que ajudem a embasar suas conclusões e promova discussões sobre o impacto das redes sociais no mercado de trabalho e nas profissões tradicionais.
Revise o conteúdo dos relatórios e as apresentações para garantir que estejam organizados de forma lógica e sejam visualmente atraentes, e sugira melhorias, como clareza nas descrições e uso adequado de recursos visuais.
Por fim, auxilie na montagem do guia e oriente os estudantes na divulgação para outras turmas da escola, podendo, posteriormente, disponibilizá-lo em meio virtual, para que outras pessoas também possam acessá-lo.
Selecione podcasts que possam ser de interesse da turma e, depois de avaliar a adequação, traga alguns exemplos para ouvirem juntos. Após a ambientação no tema, explique aos estudantes qual é o objetivo da Etapa final do projeto: repertoriados pelas discussões levantadas ao longo do semestre, eles vão produzir um podcast sobre os temas debatidos.
O primeiro passo é formar os grupos que vão produzir cada episódio. Embora seja positivo formar
os grupos por critério de afinidade entre os estudantes, lembre a turma de que também é importante haver pessoas com diferentes habilidades na mesma equipe, já que a produção do podcast vai demandar aptidões diferentes, como escrita, fala, debate, edição, entre outras.
Em seguida, será desenvolvido o roteiro, que é um guia escrito para a gravação, com indicação de momentos de intervenção e também uma orientação geral para a locução. Auxilie os estudantes na compreensão da estrutura essencial para compor o roteiro, trazendo alguns exemplos pelos quais eles possam se guiar.
Para a gravação, é necessário encontrar um espaço silencioso. Os estudantes poderão utilizar equipamentos disponíveis na escola, mas, caso não haja, é possível utilizar os próprios aparelhos celulares, que também dispõem de softwares de gravação de áudio. É preciso atentar para o tamanho do roteiro e, antes de iniciar a gravação, fazer um ensaio para otimizar o uso do tempo. Caso não seja possível realizar todas as gravações no mesmo dia, é possível solicitar que a gravação seja feita em casa.
Para editar os episódios, a turma poderá utilizar tanto aplicativos de celular quanto softwares gratuitos de computador. Na internet, também é possível encontrar tutoriais que ajudam no processo de corte de áudio, bem como na inserção de efeitos sonoros e vinhetas.
Finalizada a produção do podcast, os estudantes deverão elaborar uma estratégia de divulgação do produto, que pode ser on-line, no canal de compartilhamento criado inicialmente no projeto, ou na própria escola, com a criação de QR Codes e cartazes.
A autoavaliação é importante no processo de ensino-aprendizagem, pois possibilita que os estudantes assumam responsabilidades, identifiquem áreas de melhoria, desenvolvam autonomia, reflitam sobre comportamentos, desenvolvam a capacidade de autorregulação e assumam uma postura crítica. Caso prefira, organize os estudantes em um círculo para que eles possam conversar sobre os pontos positivos e negativos desta produção, verificar o desempenho de cada um e avaliar o que pode ser melhorado em futuros projetos. Antes de iniciar o trabalho com as questões, uma possibilidade é promover um debate com a turma, realizando uma retrospectiva das etapas realizadas neste Projeto Integrador.
Jovens protagonistas e transformadores – p. 14
[Música de transição]
Bem-vindos ao nosso podcast ! Neste episódio, vamos conhecer as histórias de jovens que estão transformando o mundo, assumindo o protagonismo em questões essenciais para o futuro do planeta e da sociedade. Da luta ambiental à transformação educacional e social, esses jovens têm liderado com determinação, criatividade e coragem.
[Música de transição]
O protagonismo jovem no Brasil está crescendo em diversas frentes. Segundo dados da organização Connected Youth, em 2022, 70% dos jovens brasileiros afirmam que gostariam de se envolver em causas sociais e políticas para transformar a realidade ao seu redor. Essa nova geração se mostra engajada, informada e preparada para enfrentar os desafios globais. Na preservação do meio ambiente, na educação ou em causas sociais, os jovens estão ocupando espaços de liderança e usando sua representatividade para promover mudanças significativas. Destacamos, então, algumas histórias que mostram como os jovens podem ser agentes de transformação.
[Música de transição]
Vamos começar com a luta ambiental, uma questão urgente que tem mobilizado muitas vozes.
Quando falamos em ativismo ambiental, um dos nomes mais lembrados é o de Greta Thunberg, a jovem sueca que inspirou milhões com sua greve escolar pelo clima.
[Música de transição]
Aqui no Brasil, também temos uma jovem protagonista que está fazendo a diferença: Txai Suruí. Líder indígena e fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, Txai se destaca por sua atuação em defesa da Amazônia e das comunidades indígenas. Ela liderou campanhas de conscientização em escolas, participou de manifestações e palestras internacionais e é uma das ativistas que lutam pela preservação da biodiversidade brasileira.
Sua atuação vai além dos discursos; Txai ajudou a organizar a Greve Global pelo Clima no Brasil e continua inspirando jovens a se posicionar. Esse movimento é essencial, já que o Brasil é um dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, e são as novas gerações que herdarão o planeta.
[Música de transição]
No campo social, Gelson Henrique, de 24 anos, tem sido um representante ativo e transformador. Morador de uma comunidade periférica de São Paulo, Gelson se destacou pela criação do projeto social Pipa, voltado para jovens da sua região. O objetivo do projeto é incentivar o investimento social privado nas favelas, especialmente em iniciativas para os jovens de baixa renda que têm menos acesso a oportunidades de desenvolvimento educacional e profissional.
Gelson acredita firmemente no poder da educação e da filantropia como ferramentas de transformação. Ele também faz palestras, mostrando que o acesso à educação de qualidade é fundamental para combater a desigualdade no Brasil.
[Música de transição]
Ainda no campo social, temos o exemplo de Felipe Caetano, de 21 anos, ativista no combate ao trabalho infantil. Cofundador
do Comitê Nacional de Adolescentes na Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e membro da Rede Peteca, Felipe promove ações de conscientização sobre os impactos do trabalho infantil na sociedade.
Ele foi homenageado pela campanha dos 75 anos do Unicef, da qual foi embaixador. Atualmente, cursa Direito na Universidade Federal do Ceará e coordena um grupo de estudos sobre trabalho infantil e aprendizagem.
Sua luta por justiça social e suas ações têm gerado oportunidades para que outros jovens se tornem protagonistas de suas próprias histórias.
[Música de transição]
Esses brasileiros notáveis e suas histórias mostram que o protagonismo da juventude no Brasil é uma força transformadora. Na defesa do meio ambiente, na inovação educacional ou na inclusão social, os jovens estão liderando iniciativas criativas em diversas áreas.
[Música de transição]
O futuro é incerto, mas uma coisa é evidente: esses jovens estão moldando um Brasil mais justo, sustentável e inclusivo.
[Música de transição]
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Lendas indígenas e a tradição oral no Brasil – p. 47
[Música de transição]
Bem-vindos ao nosso podcast ! Embarcaremos em uma jornada através do tempo e da cultura, explorando a rica tradição oral das lendas indígenas no Brasil. Por meio das histórias transmitidas de geração em geração, os povos indígenas preservam valores, conhecimentos e sabedoria ancestral. Discutiremos a importância dessas narrativas, seu papel na construção da identidade dos povos originários e o impacto que têm na cultura brasileira.
[Música de transição]
A tradição oral é a espinha dorsal das culturas indígenas. Através da oralidade, conhecimentos, mitos, histórias e costumes são preservados e transmitidos. Darcy Ribeiro, em sua obra O povo brasileiro, destaca que a oralidade é a principal forma de comunicação dos povos indígenas, mantendo vivas suas histórias e identidades, mesmo diante das adversidades.
Essas lendas e histórias, repletas de ensinamentos sobre o meio ambiente, a espiritualidade e as relações sociais, são mais do que simples narrativas: representam um modo de vida e uma maneira de interpretar o mundo.
[Música de transição]
Entre as diversas lendas indígenas brasileiras, algumas se destacam pela profunda conexão com a natureza e o cosmos. Vamos começar com a lenda do Curupira, um dos mitos mais conhecidos. O Curupira é uma entidade protetora das florestas, descrita como um ser pequeno, com cabelos vermelhos e pés virados para trás. Ele confunde e afasta caçadores e pessoas que tentam destruir a natureza. Em muitas aldeias, os mais velhos ainda narram essa lenda para as crianças para ensinar o respeito pelo meio ambiente.
Outra lenda marcante é a do Boto-cor-de-rosa, que conta a história de um boto encantado que se transforma em um belo rapaz durante as noites de festa nas comunidades ribeirinhas. Ele seduz jovens mulheres e depois retorna ao rio, deixando apenas um rastro de mistério. Essa lenda é uma metáfora para a imprevisibilidade dos rios e das águas, além de alertar sobre os perigos ocultos nas situações cotidianas.
[Música de transição]
Os anciãos nas aldeias indígenas desempenham um papel central na transmissão dessas histórias. Eles são os guardiões da sabedoria ancestral e compartilham conhecimentos acumulados ao longo dos séculos. Por meio da palavra falada, ensinam não apenas mitos mas também regras de convivência social, segredos da natureza e práticas espirituais.
Para o cacique Raoni Metuktire, um dos líderes mais influentes do povo kayapó, é essencial que os jovens continuem a conhecer histórias como essas. A tradição oral é uma forma de se conectar com a ancestralidade.
[Música de transição]
Essa sabedoria, passada de geração em geração, é a base da resistência cultural dos povos indígenas diante dos desafios impostos pela modernidade e pelas ameaças a seus territórios.
Atualmente, as aldeias enfrentam o desafio de preservar essas histórias em meio às crescentes influências de culturas externas. No entanto, a oralidade permanece como uma ferramenta de resistência e preservação cultural. O antropólogo Beto Ricardo, fundador do Instituto Socioambiental, em sua obra sobre os povos da Amazônia, Uma enciclopédia nos trópicos, ressalta que as histórias que os mais velhos contam não são apenas mitos; são formas de manter viva a alma do povo, suas tradições e seu modo de ver o mundo.
[Música de transição]
As lendas indígenas não permanecem apenas nas aldeias. Muitas delas atravessaram fronteiras e, hoje, fazem parte da cultura popular brasileira. Histórias como a do Curupira, da Mãe-d‘água e do Boto-cor-de-rosa são contadas em escolas, livros e até nas mídias digitais. Isso mostra o quanto essas narrativas são relevantes e atemporais, capazes de se adaptar e integrar à vida contemporânea.
Além disso, diversas iniciativas educacionais vêm utilizando essas lendas para ensinar às crianças sobre a diversidade cultural do Brasil e a importância do respeito à natureza. Projetos, como o Mitos Indígenas em Travessia, promovido pela Funai, buscam levar as lendas indígenas para as salas de aula, promovendo a valorização das culturas originárias entre os estudantes. No ambiente escolar, as histórias indígenas são pontes entre o passado e o presente, entre culturas diferentes, e oferecem a oportunidade de criar uma educação mais inclusiva, conectada com nossas raízes.
[Música de transição]
As lendas indígenas são mais do que histórias antigas; são a voz viva dos ancestrais, transmitindo conhecimentos e valores essenciais para a preservação cultural e ambiental. A tradição oral continua a ser um elo vital entre as gerações e um meio de resistência dos povos indígenas. Ao preservar essas histórias, estamos mantendo nossa identidade coletiva e aprendendo com a sabedoria dos que vieram antes de nós.
[Música de transição]
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Como a tecnologia pode preservar a memória cultural – p. 61
[Música de transição]
Bem-vindos a mais um podcast ! Neste episódio, vamos investigar como a tecnologia está sendo utilizada para preservar a memória cultural e a identidade no Brasil. Vamos tratar das ferramentas digitais que ajudam a proteger o patrimônio histórico e cultural, e como podem garantir que nossa história seja transmitida às futuras gerações. Fique com a gente para descobrir mais sobre esse fascinante encontro entre tradição e inovação!
[Música de transição]
A memória cultural é o conjunto de conhecimentos, tradições, costumes e histórias que definem a identidade de um povo. No Brasil, esse patrimônio é vasto e diversificado, abrangendo desde as tradições indígenas, africanas e europeias até a riqueza cultural de várias comunidades espalhadas pelo país. Conservar essas memórias é essencial para preservar quem somos. No entanto, com o passar do tempo, a urbanização e até desastres naturais podem ameaçar essa herança. Nesse cenário, a tecnologia desempenha um papel cada vez mais relevante. Graças às ferramentas digitais, surgem novas formas de proteger e compartilhar a história, garantindo que ela seja acessível não apenas para nós, mas para as gerações futuras.
O historiador e antropólogo francês Jacques Le Goff acreditava que a memória é o que mantém viva a identidade de uma sociedade. Sem ela, perdemos parte de nós mesmos. Portanto, encontrar meios de resguardar essa memória é muito importante para a construção de um futuro com raízes sólidas no passado.
[Música de transição]
A digitalização de documentos históricos é uma das principais ferramentas tecnológicas para a preservação cultural. Arquivos, manuscritos, livros e registros de áudio e vídeo podem ser digitalizados, protegendo esses materiais do desgaste causado pelo tempo. Um exemplo notável no Brasil é o projeto Brasiliana USP, que, desde 2009, digitaliza e disponibiliza on-line milhares de obras que fazem parte da história do país.
Além da digitalização, há bancos de dados virtuais e plataformas de acesso livre, onde qualquer pessoa pode consultar informações sobre o patrimônio cultural. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por exemplo, oferece um vasto acervo digital de bens culturais imateriais e edificações históricas preservadas.
Outro destaque é o uso de realidade aumentada e virtual. O Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, proporciona aos visitantes uma experiência interativa, combinando exposições físicas com recursos digitais, tornando o aprendizado sobre história e cultura mais acessível, criativo e envolvente.
[Música de transição]
A preservação digital é uma das revoluções da memória cultural. Por meio dela, culturas que antes corriam o risco de ser esquecidas ou apagadas, agora têm a chance de sobreviver ao tempo. Comunidades indígenas, por exemplo, estão utilizando a tecnologia para registrar e compartilhar suas tradições orais. Muitas línguas indígenas ameaçadas de extinção estão sendo documentadas em plataformas digitais, como o Museu da Língua Portuguesa, que abriga registros e arquivos de línguas faladas no Brasil.
Outra ferramenta poderosa é a fotografia e a filmagem em alta resolução. Monumentos, festas tradicionais e celebrações religiosas podem ser capturados digitalmente, criando arquivos
duradouros de eventos culturais que, de outra forma, poderiam desaparecer com o tempo. A fotografia 3D também está sendo usada para criar réplicas digitais de sítios arqueológicos, como as pinturas rupestres na Serra da Capivara, no Piauí. Essas réplicas são úteis tanto para o estudo acadêmico quanto para garantir que esses tesouros culturais permaneçam acessíveis mesmo que sejam destruídos.
[Música de transição]
O acesso ao conhecimento cultural tem sido expandido por meio de plataformas digitais, em que jovens estudantes podem explorar a riqueza da história do Brasil sem sair de casa.
Museus e arquivos on-line se tornam salas de aula virtuais. Um exemplo é a plataforma Tainacan, que permite a diversas instituições culturais disponibilizar acervos digitais para o público. Professores podem usar esses recursos em aula, tornando a história mais acessível e dinâmica para os estudantes.
Com essa ampliação do acesso à cultura, jovens de diversas regiões podem aprender sobre suas próprias origens, superando barreiras geográficas ou econômicas. Isso fortalece a identidade cultural e promove o respeito à diversidade.
[Música de transição]
A tecnologia nos oferece uma nova forma de preservar e compartilhar a memória cultural do Brasil. Ela é uma ferramenta essencial para manter vivas nossas tradições, histórias e identidades, mesmo em um mundo cada vez mais digital. Para as futuras gerações, é um meio de se conectar com o passado e entender quem somos como sociedade.
Seja por meio da digitalização de documentos, da realidade virtual ou de plataformas educacionais, o futuro da preservação cultural está, literalmente, ao alcance de nossas mãos. É nossa responsabilidade garantir que essas memórias continuem acessíveis para todos.
[Música de transição]
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Todos contra o bullying e os padrões opressivos – p. 82
[Música de transição]
Neste podcast, vamos falar sobre temas urgentes e delicados: o bullying e os padrões opressivos na sociedade. Vamos explorar como o preconceito e a discriminação afetam a vida das pessoas e como o respeito à diversidade é a chave para combater essa violência.
[Música de transição]
O bullying é uma forma de violência que atinge muitas pessoas, principalmente no ambiente escolar e no profissional. Ele se manifesta por meio de agressões verbais, físicas e psicológicas, repetidas e intencionais, com o objetivo de humilhar ou excluir a vítima. No Brasil, cerca de 29% dos estudantes afirmam ter sido vítimas de bullying, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar, realizada em 2019.
O que muitas vezes potencializa o bullying são os chamados padrões opressivos, que são ideias preconcebidas sobre como as pessoas devem se comportar, se vestir ou até como devem se parecer fisicamente. Aqueles que não se enquadram nesses padrões sociais – seja pela aparência, pela orientação sexual, pela origem social ou por outros aspectos – são frequentemente alvos de discriminação.
[Música de transição]
Os padrões opressivos estão enraizados na sociedade. Desde a infância, costumamos aprender que há uma forma “correta” de ser, e qualquer desvio pode levar ao erro e à exclusão. Isso afeta especialmente quem não se encaixa nos padrões sociais de beleza, comportamento ou do modo de pensar imposto pela sociedade.
Um exemplo claro são os estereótipos de gênero. Mulheres e homens que não correspondem à imagem idealizada de feminilidade e de masculinidade são frequentemente alvos de piadas, insultos e agressões.
O preconceito racial também é um fator de exclusão no Brasil e no mundo. Pessoas de diferentes etnias sofrem bullying por não corresponderem a padrões físicos e culturais dominantes em determinado contexto. Essas pessoas são constantemente discriminadas, o que pode afetar profundamente sua autoestima e identidade.
A escritora bell hooks menciona, em seu livro Olhares negros, a maneira como a sociedade marginaliza aqueles que fogem aos padrões dominantes, criando uma hierarquia social que perpetua a violência. [Música de transição]
Os efeitos do bullying vão além do momento da agressão. As vítimas costumam carregar traumas que podem durar por toda a vida. Estudos mostram que jovens que sofrem bullying têm mais chance de desenvolver transtornos de ansiedade, depressão, entre outros.
Em um ambiente no qual o respeito à diversidade é constantemente desafiado, a saúde mental das vítimas pode ser gravemente comprometida. Na escola, por exemplo, isso não apenas pode afetar o desempenho escolar mas também a forma como esses indivíduos se reconhecem no mundo. Muitas vezes, as vítimas de bullying passam a acreditar que não são [dignas] de aceitação, internalizando as críticas e transformando a violência sofrida em autorrejeição.
O bullying também prejudica a socialização. Pessoas que sofrem exclusão e agressões constantes tendem a se retrair por medo de conviver em grupo e enfrentar dificuldades de interação social. O psicólogo Dan Olweus, pioneiro no estudo do bullying, alerta que os danos causados por essa violência podem durar décadas, deixando cicatrizes emocionais profundas. [Música de transição]
A solução para o bullying passa, sem dúvida, pela educação. Promover o respeito à diversidade nas escolas é fundamental para criar uma cultura de inclusão e tolerância. Programas sociais que orientam as escolas a promover a cidadania e o respeito às diferenças são passos importantes nesse caminho. Em muitas instituições de ensino, a Comunicação Não Violenta (CNV) tem se mostrado eficaz no combate ao bullying. Desenvolvida por Marshall Rosenberg, a CNV ensina a resolver conflitos por meio do diálogo e da empatia, transformando as relações entre os estudantes.
Além disso, o papel das famílias é fundamental. Muitas vezes, é no ambiente familiar que crianças e adolescentes absorvem os valores que refletem na escola. Os familiares responsáveis devem estar atentos ao comportamento das crianças e dos jovens, incentivando o respeito e o diálogo em vez da violência e do preconceito.
No Brasil, iniciativas, como a campanha Seja Você Mesmo, Seja Respeitado, promovida pelo Ministério da Educação, reforçam a importância de combater o bullying nas escolas e em espaços públicos, incentivando os jovens a se expressarem de forma autêntica, respeitarem as diferenças e combaterem o preconceito.
[Música de transição]
O bullying e os padrões opressivos são problemas reais que devem ser combatidos diariamente por todos. A conscientização sobre os danos causados pelo bullying é o primeiro passo para a mudança. Quando as escolas, as famílias e a sociedade se unem para combater o preconceito e promover o respeito à diversidade, cria-se um ambiente mais saudável e seguro para todos. [Música de transição]
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Comunicação não violenta e direitos humanos nas escolas – p. 152 [Música de transição]
Olá! Neste episódio, vamos discutir um tema fundamental para o ambiente escolar e para a formação de cidadãos conscientes: a comunicação não violenta (CNV) e sua relação com os direitos humanos nas escolas. Como essa abordagem pode transformar as relações, melhorar a aprendizagem e contribuir para a construção de um projeto de vida mais empático e colaborativo? Fique conosco e vamos descobrir juntos.
[Música de transição]
A comunicação não violenta é uma metodologia desenvolvida pelo psicólogo estadunidense Marshall Rosenberg que tem como objetivo melhorar a qualidade das interações humanas, tanto pessoais quanto profissionais. Segundo Rosenberg, a CNV se baseia em quatro componentes: observação, sentimentos, necessidades e pedidos. Quando aprendemos a expressar nossos sentimentos e necessidades de forma clara e empática, sem julgamentos ou agressões, conseguimos criar ambientes mais respeitosos e harmônicos.
A aplicação da CNV no ambiente escolar é especialmente relevante, pois, além de promover o diálogo, aprofunda habilidades sociais essenciais, como a escuta ativa, a empatia e a cooperação. A comunicação não violenta encoraja a colaboração e o entendimento mútuo, permitindo que as diferenças sejam respeitadas e todos possam se expressar.
Em seu livro Comunicação não violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais , Rosenberg propõe reflexões que auxiliam as pessoas a se relacionar de modo que a valorize, tanto as necessidades individuais quanto as coletivas.
[Música de transição]
Nas escolas, a educação em direitos humanos é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e inclusiva. Respeito mútuo, valorização da diversidade e promoção da dignidade são pilares dos direitos humanos. A comunicação não violenta tem um papel importante nesse contexto, criando condições para que esses valores sejam vivenciados de forma prática e cotidiana.
De acordo com as Orientações gerais para educação em direitos humanos do Instituto Vladimir Herzog e o Projeto Respeitar é Preciso!, é importante garantir espaços coletivos de troca entre os educadores para que eles reflitam sobre suas
práticas, identifiquem obstáculos, reconheçam potencialidades e encontrem formas de garantir a participação de todos na comunidade escolar, como educadores, estudantes, famílias, parceiros da escola. Esse projeto deve envolver toda a escola, e a CNV é uma ferramenta importante para construir uma cultura de paz, especialmente em contextos em que o bullying, a violência verbal e o desrespeito ainda são questões recorrentes.
Escolas que adotaram a CNV em suas práticas pedagógicas reportaram uma redução significativa nos casos de bullying e violência, além de uma melhora na qualidade das interações entre estudantes e educadores. [Música de transição]
Outro aspecto importante é como a CNV se conecta ao projeto de vida de cada estudante. O projeto de vida ganhou relevância na educação brasileira recentemente e refere-se à capacidade dos estudantes de planejar e construir um futuro alinhado com seus valores, interesses e aspirações. A comunicação não violenta oferece recursos essenciais para que os adolescentes desenvolvam habilidades emocionais e sociais que serão úteis não apenas na escola, mas ao longo de toda a vida.
Quando os estudantes aprendem a lidar com conflitos de forma pacífica e a expressar suas necessidades sem agressividade, estão mais preparados para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, em que a cooperação e o trabalho em equipe são essenciais. Além disso, a CNV ajuda a cultivar um senso de propósito e compromisso com o bem-estar coletivo, contribuindo para um ambiente de trabalho mais humano e colaborativo.
[Música de transição]
A comunicação não violenta e os direitos humanos são pilares fundamentais para criar um ambiente escolar mais justo, empático e colaborativo. Ao incorporar esses conceitos no dia a dia da educação, estamos plantando as sementes de uma sociedade mais igualitária e respeitosa. Cada conversa, cada conflito mediado com empatia e cada gesto de respeito ao próximo fortalece não apenas o ambiente escolar mas também a formação dos cidadãos.
Mais do que uma técnica de comunicação, a CNV nos ensina a considerar o outro como um ser humano completo, com sentimentos, necessidades e histórias que merecem ser compreendidas. E isso é algo que levamos para toda a vida. Em um mundo cada vez mais polarizado e desafiador, a prática da CNV nas escolas oferece uma esperança de transformação. Que possamos todos buscar maneiras de praticar e promover a comunicação não violenta em nossos espaços de convivência. Porque o futuro começa com respeito mútuo e capacidade de nos conectarmos de forma colaborativa e empática.
[Música de transição]
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ALVES, Gerlúzia de Oliveira Azevedo. A arte rupestre como expressão comunicativa da cultura. 2006. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2006. Disponível em: https://repositorio. ufrn.br/bitstream/123456789/13799/1/ArteRupestreExpressão_ Alves_2006.pdf. Acesso em: 5 nov. 2024.
A pesquisa estuda o Complexo Xique-xique, no Seridó (RN), e busca compreender o cotidiano dos grupos que viviam na região por meio da leitura de pinturas rupestres.
BOALER, Jo. Mentalidades matemáticas: estimulando o potencial dos estudantes por meio da matemática criativa, das mensagens inspiradoras e do ensino inovador. Tradução de Daniel Bueno. Porto Alegre: Penso, 2018. (Série Desafios da Educação).
Nessa obra, apontam-se razões por que a Matemática se tornou a grande vilã das experiências escolares dos estudantes. Ela revela como professores, gestores e pais podem ajudá-los a transformar suas ideias e experiências com a Matemática.
BUCK INSTITUTE FOR EDUCATION. Aprendizagem Baseada em Projetos: Guia para Professores de Ensino Fundamental e Médio. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2008.
O livro apresenta e descreve um conjunto de princípios que ajudam os professores a planejar projetos efetivos, além de conter ferramentas e recursos de auxílio para a implementação de projetos em todos os ciclos da Educação Básica.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da; VIEIRA, Maria Adenil. Protagonismo juvenil : adolescência, educação e participação democrática. São Paulo: FTD, 2005.
O livro apresenta discussões sobre o protagonismo juvenil, além de incluir depoimentos de jovens.
FREITAS, Luiz Carlos de. A internalização da exclusão. Educação & Sociedade, Campinas, v. 23, n. 80, p. 299-325, set. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/ v23n80/12934.pdf. Acesso em: 16 out. 2024. Esse texto discorre sobre a adoção de medidas para evitar as formas de exclusão objetivas, sem alterar em essência a seletividade da escola, criando um campo de exclusão subjetiva.
FREITAS, Luiz Carlos de. Ciclos, seriação e avaliação : confronto de lógicas. São Paulo: Moderna, 2003. Em uma exposição clara e bastante didática, o autor analisa em quatro breves capítulos a lógica da escola, a lógica da avaliação, a lógica dos ciclos educacionais e a lógica das políticas públicas, colocando o leitor a par dessa polêmica.
HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação : os projetos de trabalho. Tradução de Jussara Haubert Rodrigues. Porto Alegre: Artmed, 1998. Segundo o autor, esse livro é um convite à transgressão das barreiras que impedem o indivíduo de pensar por si mesmo e de construir uma nova relação educativa baseada na colaboração em sala de aula, na escola e com a comunidade. LUCKESI, Cipriano C. Avaliação da aprendizagem escolar: estudo e proposições. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2002.
Nesse livro, são encontrados estudos críticos sobre a avaliação da aprendizagem escolar, bem como proposições para torná-la mais viável e construtiva.
LUPTON, Ellen. O design como storytelling. São Paulo: Olhares, 2022.
Um bom design, assim como uma boa narrativa, dá vida às ideias. Muitos mecanismos narrativos já fazem parte das criações de designers, mesmo que intuitivamente. Esse livro serve como um manual para ensinar a aplicação consciente de técnicas narrativas na concepção de gráficos, produtos, serviços e experiências, proporcionando resultados que se conectam diretamente com os usuários.
MACHADO, Nílson José. Educação: projetos e valores. São Paulo: Escrituras, 2000.
Os textos que compõem essa coletânea oferecem subsídios para uma compreensão mais nítida da importância das ideias de projeto e de valor no universo educacional, fundamentais para a sustentação de projetos em todos os contextos.
MARCUSCHI, Beth; SUASSUNA, Lívia (org.). Avaliação em Língua Portuguesa : contribuições para a prática pedagógica. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
A coletânea discute e propõe reflexões sobre a avaliação no ensino de Língua Portuguesa. A obra reúne textos de diversos autores que trazem perspectivas teóricas e práticas sobre a avaliação, considerando a importância de práticas avaliativas que vão além da simples mensuração de conhecimentos e habilidades.
MARXREITER, Vivian Lely Fasolo et al. Autoavaliação: um olhar de inovação para a avaliação da aprendizagem das novas gerações. P2P & Inovação, Rio de Janeiro, v. 7, n. 2, p. 46-62, mar./ago. 2021. Disponível em: https://revista. ibict.br/p2p/article/download/5633/5190/18842. Acesso em: 29 set. 2024.
O artigo aborda o desafio atual do sistema educacional em promover a participação ativa dos estudantes no processo avaliativo, respeitando sua autonomia e o controle sobre a aprendizagem e propondo reflexões a respeito das concepções e dos princípios avaliativos para uma prática educacional mais eficaz.
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.
O objetivo da obra é apresentar as ideias do pensamento complexo, que, como almeja o autor, pode revolucionar nossa maneira de pensar sobre as ciências e, acima de tudo, sobre a vida e o modo como interagimos com ela.
NORMAN, Donald A. Design emocional: por que adoramos (ou detestamos) os objetos do dia a dia. Rio de Janeiro: Rocco, 2008.
Ao abordar os três tipos de design, visceral, comportamental e reflexivo, o autor define o conceito de “design emocional”, que dá título ao seu livro. Essa estética é responsável por atrair ou repelir a atenção dos consumidores para um produto. Usando exemplos do cotidiano, como a interação com computadores, o uso de fotografias e de objetos adquiridos em viagens, o autor investiga uma dúvida comum: Será que produtos bonitos realmente funcionam melhor do que os menos atraentes?
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Brasília, DF: Unesco, 2018. Esse relatório pretende servir como um importante recurso para os envolvidos em educação, bem como para todos os profissionais que trabalham com igualdade de gênero.
ORTIZ, Renato. Influenciadores, intelectuais, mediadores simbólicos. Rumores, São Paulo, v. 16, n. 31, p. 279-289, jun. 2022. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/Rumores/ article/view/200396/196351. Acesso em: 16 out. 2024.
Nesse artigo, o sociólogo Renato Ortiz aprofunda-se no papel exercido pelos influenciadores em nossa sociedade. RIOS, Fábio. Memória coletiva e lembranças individuais a partir das perspectivas de Maurice Halbwachs, Michael Pollak e Beatriz Sarlo. Intratextos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 1-22, 2013. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/ intratextos/article/view/7102/9367. Acesso em: 5 nov. 2024.
O artigo analisa a relação entre memória coletiva e individual considerando três perspectivas: Halbwachs vê a memória como coletiva, Pollak ressalta a agência individual, e Sarlo foca o discurso mnemônico.
SUZUKI, Júlio César; CASTRO, Rita de Cássia Marques Lima de; GALDINO, Gabriel (org.). A precarização do trabalho e as crises dos modelos produtivos na América Latina no século XXI. São Paulo: FFLCH-USP: Prolam-USP, 2022. Disponível em: https://www.livrosabertos.abcd.usp.br/ portaldelivrosUSP/catalog/view/911/824/3004. Acesso em: 16 out. 2024.
Esse livro apresenta o cenário de precarização do trabalho na América Latina recente, com foco especial na plataformização e no impacto nos direitos trabalhistas.
VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis transformadora. São Paulo: Libertad, 2010.
Com base em dados que apontam elevados índices de reprovação e evasão escolar, o autor discorre sobre a importância de rever a intencionalidade e os objetivos dos instrumentos avaliativos.