arte parte 8

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POR TODA PARTE 8 Ensino Fundamental – Anos Finais

Componente curricular: Arte

SOLANGE DOS SANTOS UTUARI FERRARI Educadora, escritora e artista visual. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Especializada em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Especializada em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Autora de diversos livros, propostas curriculares e materiais educativos, é ilustradora, pesquisadora e assessora em projetos de Educação, Arte e Cultura. CARLOS ELIAS KATER Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisa em Música Contemporânea da UFMG; foi vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e membro do Conselho Editorial. É professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e consultor da Fundação Koellreutter da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos, pesquisa e realiza trabalhos de ensino de música em escolas. BRUNO FISCHER DIMARCH Educador, escritor, bailarino e artista multimídia. Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Licenciado em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (FAMOSP). Autor de livros e propostas curriculares, pesquisa e desenvolve trabalhos sobre a dança em escolas. PASCOAL FERNANDO FERRARI Educador, escritor, ator e diretor teatral. Mestre em Ensino pela Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). Especializado em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC). Autor de diversos livros, propostas curriculares, é pesquisador de linguagem teatral em escolas.

MANUAL DO PROFESSOR

2a edição São Paulo, 2018

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Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari, 2018 Diretor editorial Diretora editorial adjunta Gerente editorial Editor Editores assistentes Assessoria Gerente de produção editorial Coordenador de produção editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto gráfico Projeto de capa Foto de capa Supervisor de arte Editor de arte Diagramação Tratamento de imagens Coordenadora de ilustrações e cartografia Ilustrações

Coordenadora de preparação e revisão Supervisora de preparação e revisão Revisão

Supervisora de iconografia e licenciamento de textos Iconografia Licenciamento de textos Supervisora de arquivos de segurança Diretor de operações e produção gráfica

Antonio Luiz da Silva Rios Silvana Rossi Júlio Roberto Henrique Lopes da Silva Paulo Roberto Ribeiro Carlos Silveira Mendes Rosa, Lilian Ribeiro de Oliveira Daniela Alves, Maria da Graça R. B. Câmara, Rita Demarchi, Roze Pedroso, Tarcila Ferrari Mariana Milani Marcelo Henrique Ferreira Fontes Ricardo Borges Daniela Máximo Bruno Attili Juliana Carvalho Por MAR Photography Vinicius Fernandes Leandro Brito Select Editoração Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Marcia Berne Alex Silva, Arthur Crispim Duarte, Biry Sarkys, Daniel Gonçalvez Almeida, Fernando Vilela, Frosa, Jorge Zaiba, Luciano Tasso, Luciano Veronezi, Luis Moura, Mariana Waechter, Paulo Cesar Pereira, Thiago Soares Lilian Semenichin Viviam Moreira Adriana Périco, Camila Cipoloni, Carina de Luca, Célia Camargo, Felipe Bio, Fernanda Marcelino, Fernanda Rodrigues, Fernando Cardoso, Heloisa Beraldo, Iracema Fantaguci, Paulo Andrade, Pedro Fandi, Rita Lopes, Sônia Cervantes, Veridiana Maenaka Elaine Bueno Érika Nascimento Bárbara Clara, Erica Brambila Silvia Regina E. Almeida Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte : 8o ano : ensino fundamental : anos finais / Solange dos Santos Utuari Ferrari...[et al.]. — 2. ed. — São Paulo : FTD, 2018. Outros autores: Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari. "Componente curricular: Arte." ISBN 978-85-96-01933-0 (aluno) ISBN 978-85-96-01934-7 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Kater, Carlos Elias. III. Dimarch, Bruno Fischer. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 18-20696

CDD-372.5 Índices para catálogo sistemático:

1. Arte : Ensino fundamental 372.5 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br

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Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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apresentação A arte está sempre conectada a seu tempo, a seu contexto e à poética – aos modos de construção e expressão de seus autores. Em toda a sua existência, a arte se reinventou e se mesclou, criando diferentes linguagens e novas formas de expressão e de investigação do mundo. Partimos da premissa de que o aluno, como cidadão, tem direito ao conhecimento estético e artístico produzido e acumulado pelo ser humano no percurso histórico e no contexto contemporâneo. Neste Manual do Professor, procuramos expor aos educadores as proposições pedagógicas e os fundamentos para a caminhada de ensinar e aprender Arte. Este material constitui, juntamente com o livro do aluno, um instrumento organizado para o ensino das linguagens artísticas, em possibilidades interessantes de investigação ao trilhar por campos conceituais da arte e da cultura. Para facilitar sua consulta, este Manual foi organizado em duas partes. A primeira parte, de orientações gerais, apresenta os princípios que embasam a proposta didático-metodológica da coleção e comentários sobre a estrutura dos livros, além de sugestões de conteúdos complementares para sua formação profissional. Na segunda parte, há a reprodução das páginas do livro do aluno acrescentada de orientações específicas e conteúdos suplementares. Propomos o estudo da Arte e da Cultura adequado às premissas e exigências curriculares que se fazem presentes na educação brasileira, na atualidade. Deste modo, como uma bússola, em meio às inúmeras escolhas entre acervos artísticos, culturais e recortes de conteúdo para propor aprendizagem de Arte, esta coleção indica possíveis caminhos, enquanto o professor, sendo propositor, criador e mediador do processo de ensino e aprendizagem, decidirá, com base em suas experiências e realidades, quais serão seguidos em sua viagem estésica e pedagógica. Essa orientação também aponta para vários caminhos quando sugere diferentes publicações, virtuais e físicas, para consulta e pesquisa, a fim de ampliar os conhecimentos sobre Arte e Cultura. Tendo em foco o respeito pela autonomia e pela autoria do trabalho pedagógico do educador no processo de ensino e aprendizagem de Arte, convidamos você a trilhar percursos poéticos, estéticos, artísticos e educativos, os quais desejamos que sejam significativos. Assim, fazemos o convite: venha conosco caminhar pelo universo da Arte e da Cultura!

Os autores

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sumário

Conheça seu Manual do Professor ....................................................... V Escolhas e caminhos: autoria e protagonismo .................................... VI O desafio de ensinar Arte hoje ............................................................ VI Experiências na arte e na vida ............................................................. VI A experiência estésica e estética ......................................................... VII O professor como criador e propositor ................................................ VII Nutrição estética e curadorias educativas ............................................ VIII O professor mediador ...................................................................... VIII Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o currículo de Arte ........... IX Temas e exigências educativas............................................................. X História e culturas afro-brasileiras e indígenas na escola ........................... X Educação, sexualidade e diversidade .................................................... XI Educação inclusiva de pessoas com deficiência ....................................... XI Quem nos inspira no caminho ............................................................ XI Abordagem Triangular do ensino de Arte ............................................. XI Conexões interdisciplinares e transdisciplinares ..................................... XII Os territórios de arte e cultura ........................................................... XII Estudos contemporâneos do ensino de Arte..................................... XIII Cultura visual .................................................................................. XIII Interculturalidade e multiculturalismo ................................................ XIII Arte participativa, arte socialmente engajada, arte propositora ............. XIV Abertura para o novo e o instigante: tempos Cronos e Kairós ............. XIV Proposições pedagógicas e as diversas linguagens da arte ................ XV Artes visuais .................................................................................... XV Teatro ............................................................................................ XVI Dança ........................................................................................... XVII Música ......................................................................................... XVIII Artes integradas (linguagens híbridas) ................................................. XX Avaliação ........................................................................................... XX Diário de arte do professor e do aluno ............................................... XXI Portfólio ........................................................................................ XXI Avaliações processuais ...................................................................... XXI Exposições e apresentações da produção dos alunos ............................ XXI Material do Professor – Digital e Material digital audiovisual .......... XXII Plano de desenvolvimento ............................................................... XXII Sequências didáticas ....................................................................... XXII Proposta de acompanhamento da aprendizagem ................................ XXII Material digital audiovisual .............................................................. XXII Quadros de competências................................................................ XXII Unidades temáticas, objetos de conhecimento e habilidades ......... XXIV Quadro de conteúdos do 6O ano .....................................................XXVI Quadro de conteúdos do 7O ano ....................................................XXVII Quadro de conteúdos do 8O ano ...................................................XXVIII Quadro de conteúdos do 9O ano ..................................................... XXIX Quadro de conteúdos dos CDs de áudio ..........................................XXX Referências ....................................................................................XXXII

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CONHEÇA SEU MANUAL DO PROFESSOR

Este Manual do Professor apresenta orientações pedagógicas para apoiá-lo na aplicação e na mediação dos conteúdos em sala de aula. Essas orientações estão divididas em: parte geral, comum a todos os volumes, e parte específica, referente a cada ano. A parte geral apresenta os princípios que embasam a proposta didático-metodológica da coleção como um convite para trilharmos juntos os percursos no ensino de Arte. A parte específica apresenta a reprodução das páginas do livro do aluno acompanhada das conexões referentes aos fundamentos expostos na parte geral, com propostas e comentários de situações de aprendizagem, além de sugestões práticas para a sala de aula, esperando, assim, auxiliar no desenvolvimento do processo de ensino e de aprendizagem e propor o melhor aproveitamento possível da coleção. Desse modo, sugerimos que as consultas a estas sugestões sejam constantes, em um movimento integrado às propostas do livro do aluno. A seguir, conheça as seções da parte específica do seu Manual do Professor. As páginas são ilustrativas, a fim de representar toda a coleção.

Possibilidades e estratégias de abordagem das linguagens da arte presentes na Unidade.

PATRIMÔNIO PATRIMÔNIO CULTURAL CULTURAL DIVERSIDADE DIVERSIDADE

JOÃO CALDAS FILHO JOÃO CALDAS FILHO

ARTE ARTEEESAÚDE SAÚDE

CC

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Indicação dos principais conceitos abordados nas respectivas páginas.

PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS D3-ARTE-EF2-V6-U2-058-099.indd D3-ARTE-EF2-V6-U2-058-099.indd 5858

Converse com os alunos sobre as imagens que abrem a Unidade. Durante a apreciação da forma orgânica, chame a atenção dos alunos para as imagens e palavras e para a

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Propostas e sugestões de ampliação das atividades e dos conteúdos apresentados no livro do aluno, com orientações importantes para a mediação em sala de aula.

relação estabelecida entre elas e as várias linguagens da arte. A palavra “conexões” propõe caminhos para aproximar arte e outras disciplinas do currículo escolar por meio da interdisciplinaridade e do trabalho com temas transversais. Esta abertura pode ser um

COLEÇÃO PARTICULAR. REPROCOLEÇÃO PARTICULAR. REPRODUÇÃO AUTORIZADA POR JOÃO DUÇÃO AUTORIZADA POR JOÃO CANDIDO PORTINARI CANDIDO PORTINARI

CIRCO CIRCO

Arte Arteeevocê vocêem: em: •• Capítulo Capítulo11––OOcirco circo •• Capítulo Capítulo22––Brasil Brasilplural plural

ANDRÉ SEITI ANDRÉ SEITI

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guia, mostrando como cada unidade visitará linguagens e conhecimentos. Faça sempre a leitura das imagens, explorando o imaginário do aluno. Esse início de conversa é relevante para perceber e diagnosticar o que os alunos conhecem sobre o universo artístico.

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Converse sobre essas imagens, formule hipóteses com os alunos sobre o que cada uma delas pode representar em nosso percurso pela arte. Por meio de perguntas, estimule os alunos a refletir: Já viu alguma destas imagens antes?. Por que estas ima-

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gens estão aqui?. O que você percebe ao observá-las?. Vamos descobrir o que elas representam e quem as produziu?. As imagens da abertura podem ajudar na problematização e potencialização de temas trabalhados nos capítulos do livro.

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CONCEITOS EM FOCO

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BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PARA AMPLIAR CONCEITOS Durante a montagem de um espetáculo é preciso visualizar sempre a cena e pensá-la para o público. Nesse sentido, a apresentação tem de fazer parte de um contexto, envolvendo todos os participantes em cena, para que o público visualize a imagem de uma obra única, como uma composição em pintura, ou seja, a cena acontece diante dos olhos dos espectadores em um espaço cênico, um cenário (físico ou imaginário). É nesse espaço cênico que os atores exploram o enredo de uma história. No circo encontramos várias linguagens integradas. Temos música, que é a trilha sonora do espetáculo, coreografias e encenações. Tudo isso dentro de uma única apresentação. Aprender as artes circenses, em suas múltiplas expressões de linguagens, é desafiador, exigindo estudos de vários conhecimentos e muitos ensaios e treinamentos.

O O circo circo Trajetórias Trajetórias para para aa arte arte •• Artes Artesque quese seintegram integram •• Tema Tema11––Circo: Circo:um umlugar lugarmuito muitoespecial especial •• Arte Arteem emProjetos Projetos––Artes Artesintegradas integradas •• Tema Tema22––OOcirco circoestá estáde demudança mudança •• Arte Arteem emProjetos Projetos––Artes Artesintegradas integradas

CONEXÕES Cirque du Soleil. Vídeos que permitem aprofundar o tema “o circo e a tecnologia”. Disponível em: <http://livro. pro/9ovg3c>. Acesso em: 10 set. 2018. OVO. Veja mais informações sobre esse espetáculo. Disponível em: <http://livro. pro/4xw93o>. Acesso em: 10 set. 2018. Cena Cenado doespetáculo espetáculoOVO, OVO,do doCirque Cirquedu duSoleil, Soleil,com com coreografia coreografiavertical verticalde deDeborah DeborahColker. Colker.Foto Fotode de2012. 2012.

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hipóteses; no entanto, o professor pode ampliar o olhar chamando a atenção para o cenário, o figurino, a iluminação da cena e os movimentos dançados. Uma “pausa para olhar” pode ser criada para esse momento de nutrição estética; para isso sugerimos as reflexões a seguir: D3-ARTE-EF2-V6-U2-058-099.indd D3-ARTE-EF2-V6-U2-058-099.indd 6060

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• O que vemos aqui é um cir-

co visualmente diferente do que imaginavam? Então, vamos comentar essas cenas? Vamos começar pela descrição da imagem. • O que está acontecendo nessas imagens? Onde elas se passam? Quem são esses seres? O que eles estão fazendo?

• Na cena, podemos perce-

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ber alguma situação que lembra um esporte? • Esse espetáculo de arte circense tem o título OVO; que história será que é contada nele? Proponha aos alunos que, em pequenos grupos, conversem sobre a imagem, depois abra para colocações no

grande grupo. Os alunos podem fazer registros de suas conversas e impressões sobre esse momento de fruição em seu Diário de arte. Mais pesquisas podem ser realizadas para descobrir o enredo desse espetáculo, que tem sido apresentado em várias partes do mundo desde 2009.

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SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Em cada capítulo, encontraremos a seção Venha!, que apresenta duas linguagens posteriormente exploradas ao longo dos Temas. Essa seção tem como propósito a integração entre linguagens. A sequência didática apresenta situações de aprendizagem, momentos de fruição, nutrição estética, leitura e interpretação de textos, trabalhando a competência leitora e a contextualização das propostas nos Temas e na seção Mundo conectado. A seção Mais de perto retoma e aprofunda conhecimentos apresentados anteriormente e, na seção Palavra do artista, esses conhecimentos são ampliados por depoimentos de artistas, que falam sobre os seus processos de criação. A seção Arte em Projetos é dedicada à ação criadora, momento em que os alunos são convidados a experimentar a criação nas diversas linguagens da arte. Durante todo o percurso da sequência didática, há paradas para a expressão dos alunos, por meio de perguntas e momentos de reflexão, atividades de pesquisas individuais e em grupo, sugestões de conversas no pequeno e no grande grupo e possibilidades de registros e produções artísticas no Diário de arte. Oriente os alunos a sempre completarem seus diários com desenhos, anotações, colagens e outros registros, procurando dar um caráter pessoal para esse material.

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• Espaço cênico • Artes circenses • Circo contemporâneo

Combine com os alunos que pesquisem previamente, na semana da aula, sobre o espetáculo OVO, do Cirque du Soleil, com coreografia vertical de Deborah Colker. A partir da pesquisa realizada, abra espaço para que os alunos conversem sobre suas descobertas. Proponha um momento de mediação cultural com os alunos para que eles se sintam familiarizados com o tema gerador, o circo. Esse será o primeiro contato visual deles com inúmeras imagens que enriquecerão o repertório artístico sobre os vários contextos das artes circenses. Ao longo desse percurso, veremos um pouco mais sobre as artes circenses e suas modalidades, suas linguagens artísticas e o espaço cênico. Começaremos pelo circo nos dias de hoje. O universo do circo contemporâneo está em constante renovação, principalmente com o uso das tecnologias atuais. Um exemplo dessa renovação é o Cirque du Soleil. Suas apresentações interessantes, com elementos de tecnologia, misturam a representação de uma história com as apresentações tradicionais de equilíbrio, força e técnica. Aproveite esses momentos de nutrição estética e peça aos alunos que descrevam os elementos cênicos dessa cena que se assemelham ao teatro e à dança. Dê espaço para que os alunos expressem

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE Nesta Unidade, serão mobilizadas as competências: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

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PAUL CHIASSON/AP/GLOW IMAGES PAUL CHIASSON/AP/GLOW IMAGES

Indicação de unidades temáticas e habilidades contempladas pelos conteúdos das respectivas páginas.

ROMEO GACAD /AFP ROMEO GACAD /AFP

RISCOS RISCOSEE RABISCOS RABISCOS

TRAÇO TRAÇOEE ETNIA ETNIA

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

BNCC

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MANGUEBEAT MANGUEBEAT

MUSEUS CASTRO MAYA, RIO DE JANEIRO, RJ/REPROMUSEUS CASTRO MAYA, RIO DE JANEIRO, RJ/REPRODUÇÃO AUTORIZADA POR JOÃO CANDIDO PORTINARI. DUÇÃO AUTORIZADA POR JOÃO CANDIDO PORTINARI.

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ARTE ARTEEETECNOLOGIA TECNOLOGIA

Misturas Misturasculturais culturaisque que alimentam alimentamaaarte arteeeaahistória. história. Patrimônio Patrimôniomaterial materialeeimaterial imaterial de deuma umanação. nação.Somos Somosmuitos muitos eevivemos vivemosjuntos juntosààarte arteeeàà cultura culturado donosso nossopaís. país.

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CONCEITOS EM FOCO

ARTES ARTES CIRCENSES CIRCENSES

ROMEO GACAD /AFP ROMEO GACAD /AFP

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ARTE ARTEDA DA PALHAÇARIA PALHAÇARIA

ESTÚDIO GUSTAVO ESTÚDIO GUSTAVO ROSA. 2006 ROSA. 2006

COLEÇÃO PARTICULAR COLEÇÃO PARTICULAR

POVOS POVOS ARTEIROS ARTEIROS

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PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS

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MAURÍCIO QUADROS MAURÍCIO QUADROS

Momento de apresentação dos conteúdos da Unidade, com base na apreciação antecipada das imagens que compõem a abertura e que aparecerão nos capítulos.

CONTEXTUALIZAÇÃO A forma orgânica desta abertura de Unidade propõe um convite para refletir e pesquisar com base nas palavras: riscos e rabiscos, traço e etnia, manguebeat, arte e tecnologia, arte e saúde, patrimônio cultural, diversidade, circo, arte da palhaçaria e artes circenses. Essas palavras/ conceitos são pistas para o nosso percurso de estudos no universo da arte. Outros conceitos aparecem para ampliar e fazer relações entre saberes em arte e outras áreas do conhecimento. Temos como foco nesta Unidade a investigação e a experimentação em várias linguagens artísticas, como o teatro, a dança, as artes visuais, a música e as artes integradas, que aparecem com especial destaque. Na arte, cada artista ou grupo de artistas tem sua poética e intenção, fazendo, em razão disso, suas escolhas de materialidades e processos de criação. No Brasil, temos território fértil para misturas entre culturas e expressões artísticas; por isso demos o título de Povos arteiros a esta Unidade: para falar sobre a arte que forma a história e o acervo do nosso patrimônio artístico, material e imaterial. Apresentamos conceitos como “cultura”, “diversidade” e “miscigenação” para propor reflexões sobre o fato de sermos diferentes uns dos outros, com características diversas e resultado da mistura de povos e culturas. Vivemos juntos, valorizando e criando arte e cultura, com “cores unidas e alegria” e não há “nada de errado em nossa etnia” como diz a letra da canção Etnia de Chico Science e Lúcio Maia.

CARLOS EZEQUIEL VANNONI / FOTOARENA CARLOS EZEQUIEL VANNONI / FOTOARENA

CONTEXTUALIZAÇÃO

+ IDEIAS A nutrição estética acontece no momento de apreciação e contato dos alunos com a arte. Mesmo uma fotografia é passível de ser observada para leitura e interpretação. Embora a imagem fixa seja, como

registro de cena, um ótimo recurso, ela oferece limites na apreciação. Assim, sugerimos, se possível, possibilitar a apreciação de imagens em movimento (vídeos), que podem ser pesquisadas na internet. Veja sugestões em Conexões. 10/2/18 10/2/18 12:01 12:01PM PM

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ESCOLHAS E CAMINHOS: AUTORIA E PROTAGONISMO

Paulo Freire descreveu, em várias palestras e publicações, relatos de conversas com educandos, diálogos esses que o tocaram profundamente. Esse educador, amante do ato de ensinar, também era apreciador do ouvir e do aprender. Em um desses relatos, ele nos conta que uma aluna, que era artesã na arte de modelar o barro, se emociona ao perceber o quanto é autora do seu próprio fazer. “Criar o jarro com o trabalho transformador sobre o barro não era apenas a forma de sobreviver, mas também de fazer cultura, de fazer arte” (FREIRE, 1993, p. 27). Refletimos agora sobre como pensamos o “preparar”, o “fazer” e o “ser” na docência. Trazemos aqui Paulo Freire, que nos convida a refletir sobre o ato de aprender e ensinar. No entanto, ele também nos oferece a oportunidade para a tomada de consciência do papel do professor, como um educador consciente de seu empoderamento, bem como da sua competência e sensibilidade, autor e protagonista do seu próprio trabalho e que, com segurança, pode dizer: “Faço cultura”. Dois dos objetivos deste material são lançar algumas possíveis conexões entre manifestações das diferentes linguagens da arte e estimular o professor a criar outras conexões, como autor e protagonista no seu trabalho, que, no ato de investigar e ensinar, aprende, reaprende e descobre. Na proposta que apresentamos aqui são contempladas as quatro principais linguagens da arte na escola: música, dança, teatro e artes visuais, além das manifestações híbridas, formadas por duas ou mais linguagens, como é o caso das artes audiovisuais (cinema, vídeo, videoarte, webart...) e das manifestações em performances, artes circenses, instalações, intervenções urbanas e outras, que são citadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) como Artes integradas. Entretanto, não se trata de almejar um professor “polivalente”, que tenha de saber e fazer “tudo”. Ao contrário, pensamos que o professor é um criador que, com base em sua formação e experiência, faz suas escolhas e combinados pedagógicos com os alunos, com seus pares na escola e com a comunidade. Dessa forma, pode fazer adequações com foco em sua prática nas linguagens que melhor conhece e pode buscar conexões com as outras, já que é positivo ampliar saberes e possibilidades pedagógicas, garantindo aos alunos o direito à aprendizagem e à expressão em diferentes linguagens. A criação artística se mostra ao longo da história como infinita, do mesmo modo que encontrar caminhos para o ensino de Arte não pode ser limitante. Cada educador, diante de sua história, experiência, afetos, cria e desenvolve percursos no ensino de Arte. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• FREIRE, Paulo. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar. 10. ed. São Paulo: Olho D’Água, 1993.

O DESAFIO DE ENSINAR ARTE HOJE

À medida que ensinamos também aprendemos a interpretar o mundo por meio da arte. A melhor forma de abrir caminhos para aprender talvez seja permitir-se desaprender concepções cristalizadas e aventurar-se a trilhar novos percursos ou explorá-los, como um navegante em mares virtuais, em meio a infinitas conexões.

A cultura é dinâmica, não para! Na construção de interpretações, educadores e aprendizes descobrem possibilidades de expressão e podem experimentá-las. Como professores, consideramos importante a reflexão sobre as questões a seguir, bem como sua compreensão. • O que é arte? • Qual é o sentido do ensino de Arte na escola? • Como os alunos dos anos finais do Ensino Fundamental se relacionam com as culturas e com suas manifestações? Como eles criam suas interpretações e expressões poéticas, estésicas e artísticas junto a manifestações artísticas de diferentes tempos e espaços? Há muita discussão sobre o que é a arte, sobre o sentido de sua existência, o que acarreta um sem-número de definições. Entretanto, nesse momento, não pretendemos defini-la, mas sim discutir alguns de seus aspectos mais difundidos, que a constituem como atividade humana de criações relevantes realizadas com base em linguagens e modos de expressão específicos. A partir do que se percebe, se sente e se pensa, os artistas, profissionais e produtores de arte criam, com intencionalidade — que pode ser chamada de “artística” — de despertar nos apreciadores/espectadores o interesse pela obra de arte e de chamar a atenção sobre algo que consideram relevante. Por isso a apreciação, a fruição da obra, é tão importante quanto a criação, pois a arte pede uma relação profunda com o seu público para ser desvelada. Todos nós podemos viver a relação estésica da arte enquanto fruidores e também podemos viver a dimensão poética, ou seja, a da criação; podemos nos expressar por diferentes linguagens. Portanto, a presença da arte na escola tratada como área específica de rico conhecimento é uma das mais importantes vias de democratização do acesso à arte e à cultura. Ao pensar sobre o ensino de Arte, devemos considerar que a interpretação de mundo dos alunos da Educação Básica de hoje é bem diferente da nossa de quando éramos crianças e adolescentes. Quais eram nossos sonhos e desejos? O que gostávamos de aprender? Como aprendíamos? Mesmo considerando as diferenças entre tempos e contextos, essa volta ao passado nos deixa mais sensíveis para compreender nossos alunos, especialmente seus desejos e direitos. Ao ensinar Arte nos anos finais do Ensino Fundamental, é preciso compreender o universo dos alunos, valorizar a curiosidade e o desejo de saber e de se expressar. É necessário estimular o processo de criação, produção e expressão artística deles e propor encontros significativos com a arte, de modo a ficar sempre um “gostinho de quero mais”. É importante haver desafio, pois, desse modo, estimulam-se os alunos a investigarem muitas linguagens, construindo novos discursos que representem sua visão e percepção de mundo por meio da arte. Assim, consideramos importante haver a preocupação do educador de ser um provocador, de criar processos de ensino emancipadores e significativos para os alunos.

EXPERIÊNCIAS NA ARTE E NA VIDA

Somos seres sensíveis e poéticos, por isso produzimos e fruímos arte. Para compreender como podemos ensinar Arte, vamos conversar sobre como a percebemos? Diante de uma música, uma poesia, um grafite no muro, uma manchete de jornal, cenas de um filme, a nuvem que anuncia chuva, o olhar terno de alguém... Ao dançarmos embalados por uma música de que gostamos, ou ao tomarmos nas mãos uma fruta que pede para ser degustada

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com os olhos, com o olfato, com o tato e o paladar... Ao percebermos cores e formas ao andar pela calçada... O que faz a diferença é a abertura para sentir. Na aventura de estar e ser no mundo, o sentir, perceber, decodificar e refletir sobre o que nos cerca e sobre o que se passa conosco e com o outro nos abre para uma vida mais rica de possibilidades.

trução criativa de vários percursos poéticos e estéticos indicados pelo artista e pelo público. Outros artistas contemporâneos a Clark também fizeram esse convite, como Lygia Pape (1927-2004), Hélio Oiticica (1937-1980), Augusto Boal (1931-2009), entre outros.

Como professores de Arte, trabalhamos em um campo que envolve percepção, sensibilidade e conhecimento sobre um mundo culturalmente vivido e construído. Arte nos ensina a viver, com intensidade, múltiplas formas de manifestação de diferentes sensações e sentimentos, juntamente com a cognição. Envolve o pensar, o sentir, o expressar-se sobre as coisas. Trata-se de uma área própria de conhecimento, uma via que contribui para a existência humana em sua plenitude. Ensinar Arte é descobrir o prazer de abrir caminhos para perceber e aprender a interpretar e se colocar no mundo, de maneira sensível, aguçada, crítica e criativa.

Cartografar seu próprio fazer pedagógico, como um professor propositor, é elevar-se à condição de criador dos próprios percursos de aprendizagem junto aos alunos, de tecer a coautoria do seu pensar/fazer pedagógico com escolha de caminhos que possam abrigar e expressar também os desejos de seus alunos.

A EXPERIÊNCIA ESTÉSICA E ESTÉTICA

Usamos a sensibilidade, vivenciamos experiências marcantes nas situações mais variadas e junto a diversos objetos, pessoas, lugares e acontecimentos ao longo de nossa vida. E a arte se mostra como um campo muito fértil para as experiências profundas, significativas, que marcam nossa existência: as chamadas experiências estéticas. Experiências que podem influenciar a visão de mundo e as escolhas das pessoas. Quem não se lembra de uma cena de filme, de uma pintura ou de um desenho visto na infância que tenha marcado sua história de vida? Uma música, um perfume ou uma imagem podem fazer viajar a tempos passados e nos comover. Esse é o poder da experiência estética: nos encontros com a beleza ou com a estranheza, e até mesmo com a inquietação e a dor, trata-se de algo que nos mobiliza fortemente e que nos marca nas emoções e na memória para sempre. No senso comum, por vezes ouvimos a associação da palavra “estética” com um padrão de beleza “agradável” — em uma distorção e simplificação de seu significado original. Aprofundando o conceito em nossa área, a Estética é um ramo de estudos que engloba a Filosofia da Arte. A fim de se compreender o termo “experiência estética”, é importante enfatizar que essa experiência só é possível em estado de estesia, intencional ou ocasional, em que se envolvem a cognição, a emoção e a memória. Segundo a definição de Duarte Jr. (2001), a palavra “estesia”, derivada do grego aesthesis, remete à capacidade humana de sentir-se em um todo integrado. Portanto, anestesia é o seu oposto, o embrutecimento dos sentidos, o não sentir.

O PROFESSOR COMO CRIADOR E PROPOSITOR

Lygia Clark (1920-1988) apresentou a ideia de “artista propositor”1 ao dizer que a obra de arte como pura contemplação está morta. Sua preocupação era apresentar um convite ao processo de criação, que não seria mais apenas de responsabilidade do artista — o público precisava participar da produção da obra de arte. Ao negar a separação entre obra e público, a arte passou a ser vista não mais como algo dado, pronto à contemplação em único percurso, criado apenas pelo artista, mas como um convite à cons-

Como se constitui um professor propositor?

(MARTINS; GUERRA; PICOSQUE, 2010, p. 195)

A ideia de artista propositor se aproxima da proposta de professor propositor, como apontam as educadoras Mirian Celeste Martins, Maria Guerra e Gisa Picosque (2010) no texto citado. Desse modo, ser professor propositor implica abrir espaço para a voz do outro, escolher caminhos nos quais os alunos possam estar presentes de forma ativa, como protagonistas de seu processo de construção de saberes e ampliação de repertórios culturais. Um professor propositor é pesquisador, porque tem sede de saberes, é sensível, anseia pela diversidade de belezas do mundo. Ser propositor é pensar e permitir que o outro pense. Não é ter ânsia de explicar e de concluir, é mais saber perguntar, provocar pensamentos e conexões. Dúvidas e formulação de hipóteses fazem parte desse processo. O estado de dúvida é vento para pensamentos moventes. Ser professor propositor inclui ouvir, querer saber o que o outro pensa, sente, intui. Acreditamos em um professor que atua em diversos papéis: criador, investigador, pesquisador, proponente, apreciador, estudioso, debatedor, que se posiciona e trabalha em equipe, junto de seus alunos e de seus pares. De acordo com Jorge Larrosa (2007, p. 21), todos os dias muitas coisas nos acontecem, mas nem todas nos tocam verdadeiramente. Quando algo nos toca, nos afeta em profundidade, pode ser alimento para experiências significativas. O educador contemporâneo, o professor propositor, pode se constituir pela formação/ação/reflexão, por sua experiência vivida na escola e fora dela, como docente, pesquisador, aprendiz, apreciador, amante e desbravador da arte e da diversidade de fenômenos e manifestações. Nesse sentido, “experiência”, segundo o pesquisador, é aquela condição especial que “nos passa, o que nos acontece, o que nos toca”. Entender arte como conhecimento e linguagem que dialoga com outros saberes e sistemas de linguagem, materialidades, sentimentos, ambientes, tempos, culturas, lugares, povos, pessoas, poéticas, entre outros, é um fator importante na concepção contemporânea de ensino e aprendizagem de arte. O conceito de proposição pedagógica para o ensino de Arte, do qual estamos tratando aqui, está ligado ao desafio de buscar uma poética pessoal, um modo pessoal de aprender e ensinar Arte, o que representa de modo singular o ser professor propositor em sua realidade. Trata-se de educadores que, mesmo tendo como referência um material didático, refletem e realizam

1 “Nós somos os propositores: nós somos o molde, cabe a você soprar dentro dele o sentido da nossa existência. Nós somos os propositores: nossa proposição é o diálogo. Sós, não existimos; estamos à sua mercê. Nós somos os propositores: enterramos a obra de arte como tal e chamamos você para que o pensamento viva através de sua ação. Nós somos os propositores: não lhe propomos nem o passado nem o futuro, mas o agora” (Lygia Clark apud MILLIET, 1992, p. 143).

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ações que resultam em escolhas autônomas e pensadas para compartilhar com os seus grupos de aprendizes de Arte. Profissionais que são autores dos seus projetos e processos pedagógicos, uma vez que criam situações de aprendizagem, mapeiam desejos e necessidades; realizam mediações culturais; criam curadorias educativas (seleção de imagens, músicas e cenas de espetáculos, por exemplo) de modo a valorizar e expandir o repertório dos alunos; preparam espaços de criação para o fazer artístico; ampliam saberes por meio de pesquisas e contextualizações; proporcionam momentos de nutrição estética na apreciação da arte e buscam embasamento teórico nos fundamentos da arte e da educação; discutem com os pares, entre outras ações educativas e de busca de formação constante.

NUTRIÇÃO ESTÉTICA E CURADORIAS EDUCATIVAS

Educadores propositores criam situações interessantes para momentos de nutrição estética, por exemplo: lançar para os alunos oportunidades de escuta sensível na apreciação de músicas, sons; projeção de imagens fixas ou em movimento, como vídeos, filmes; e outras produções artísticas virtuais e presenciais. Em momentos de nutrição estética pelo mundo das imagens, sons e gestos, o educador pode mostrar as obras aqui apresentadas e também ampliar o trabalho a partir da pesquisa de mais imagens e obras para criar curadorias educativas que contemplem as suas intenções, seus objetivos. Tradicionalmente, o termo curador tem ligação com “curar”, “cuidar”, e está atrelado aos profissionais que propõem e gerenciam exposições de arte, bem como propostas dos museus e espaços culturais. No contexto de criação de situações de aprendizagem em Arte, o termo nos remete à função de escolher imagens em artes visuais e outras linguagens que podem ampliar saberes sobre determinado tema ou conceito. Nesse sentido, convidamos os educadores para o interessante e criativo trabalho de serem professores curadores, ao enriquecer as proposições pedagógicas aqui sugeridas com a descoberta e seleção de mais imagens e exemplos de outras obras artísticas para serem apresentados a seus alunos, ampliando as possibilidades de ações mediadoras. Nos espaços museológicos, o curador é aquele que cria a concepção da exposição e gerencia a organização, buscando a qualidade estética, histórica e conceitual do que será exposto, e a apresentação adequada das obras e objetos que “conversarão” entre si e com o público. Dessa forma, estabelece um discurso por meio das relações entre as obras, objetos, espaços e público. Hoje, o curador também pode acompanhar o trabalho do setor educativo, contribuindo em projetos colaborativos. Há casos de espaços contemporâneos inovadores em que instituições convidam dois curadores, um geral e outro específico, para pensar a ação educativa junto ao público. Expandimos a concepção de Vergara (1996 apud MARTINS, 2006) para afirmar que, no universo do ensino de Arte, o curador educativo é uma dimensão do ofício do educador que escolhe um conjunto de obras, objetos ou imagens a fim de criar conversas para e com os seus alunos, tendo uma intenção pedagógica, a intenção de nutrir esteticamente, de estimular o estabelecimento de relações, de chamar a atenção para determinados elementos e conceitos. A curadoria educativa que proporciona diversos momentos de nutrição estética não se restringe a artes visuais, pode abarcar produções muito variadas, como vídeos de espetáculos de dan-

ça, teatro, áudios de músicas, filmes, animações e imagens das mais variadas, mostrando a produção de artistas de diferentes linguagens e contextos culturais (grupos étnicos, comunidades indígenas, africanas e afrodescendentes ou, ainda, manifestações populares, patrimônios culturais materiais e imateriais, entre outras possibilidades). Para esta coleção de livros de Arte, fizemos uma seleção cuidadosa de imagens, poemas, músicas e cenas de espetáculos de dança, teatro e linguagens integradas, registros de manifestações e patrimônios culturais, um “acervo” que pode ser ampliado diante do projeto da escola ou do contexto cultural local. Essas são algumas pistas para professores construírem projetos em proposições pedagógicas e mediação cultural. No entanto, cada educador tem sua própria história, seu repertório cultural, seu espaço, intenções e caminhos a trilhar em suas descobertas enquanto professor propositor. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• MARTINS, Mirian Celeste (Coord.). Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e Ação – Revista do Departamento de Educação/UNISC, Universidade de Santa Cruz do Sul, v. 14, n. 1, p. 9-27, jan./jun. 2006. Disponível em: <http://livro.pro/ hhpo2g>. Acesso em: 31 ago. 2018.

O PROFESSOR MEDIADOR

Um dos campos de ação potentes para o arte-educador é a mediação cultural, que propõe estudos e diálogos entre os universos da arte, do mediador e do fruidor. A consciência sobre o potencial da mediação cultural incentiva o educador a se preocupar em como apresentar as produções artísticas para crianças e jovens, a investigar como a arte afeta as pessoas, e estimula o educador a ser um mediador entre a arte e o público (no caso, seus alunos). As imagens, as obras musicais, as artes cênicas, audiovisuais, as criações das linguagens integradas, que são apresentadas neste livro, são oportunidades para criar momentos de mediação cultural na apreciação artística. As obras fazem parte das aulas de Arte e mostram aos alunos como diferentes artistas, em épocas distintas, fazem escolhas sobre linguagens, elementos estruturais, materialidades e temas como parte do processo de criação de cada um. No ensino de Arte na contemporaneidade, temos visto o papel essencial do professor mediador. Mesmo dentro da sala de aula, é possível viver situações de aprendizagem significativas no encontro com a arte, mas é preciso pensar e preparar esses encontros, ir além do comum e proporcionar experiências provocativas para os alunos. O professor mediador sabe a importância da escuta sensível e pode provocar conversas com os alunos para falar sobre o que estão aprendendo sobre a apreciação de uma imagem, por exemplo. É um modo de preparar os alunos para o que vão apreciar, conhecer, perceber. Essas conversas vão muito além de meras “explicações” sobre as obras, criam aproximações, transformam-se em diálogos, dão voz aos alunos para que criem e manifestem suas impressões e hipóteses. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• BARBOSA, Ana Mae; COUTINHO, Rejane G. (Org.). Arte/educação como mediação cultural e social. São Paulo: Editora da Unesp, 2009.

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BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC) E O CURRÍCULO DE ARTE

Em relação às linguagens artísticas, às dimensões do conhecimento e aos direitos de aprendizagem, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) apresenta diretrizes norteadoras nas quais esta coleção se fundamenta. A construção de conhecimento em Arte precisa ser, tanto para o educando quanto para o educador, uma aventura repleta de experimentações, com ênfase na curiosidade, na pesquisa e nas descobertas. Sabemos que o Brasil é um grande país e diverso em sua cultura e arte. Então, qual é o sentido de termos uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em Arte? Mesmo em nossa diversidade, é importante que possamos construir uma identidade enquanto nação justa e democrática, na qual direitos, princípios educacionais, competências e habilidades sejam garantidos a todos os educandos dentro de um ensino de qualidade. A Base Nacional Comum Curricular é um documento normativo que orienta a base curricular de todas as escolas das redes de ensino (públicas e privadas) em todos os níveis de escolarização do país, e suas diretrizes devem ser contempladas nas propostas pedagógicas, livros e materiais didáticos. Trazemos aqui um estudo a partir de questões que são tratadas no nível dos anos finais do Ensino Fundamental. O documento estabelece direitos de aprendizagem e desenvolvimento, competências e habilidades específicas, integração entre saberes escolares e temas transversais para os componentes curriculares. O objetivo é que os alunos possam desenvolver competências específicas de cada área e em seus respectivos componentes curriculares, além de garantir que os alunos possam aprender e desenvolver habilidades em cada etapa da Educação Básica, respeitando o tempo e a cultura de cada idade e região geográfica. São propostos estudos por campos conceituais que ajudem os alunos a se desenvolverem culturalmente e de modo autônomo e protagonista. A BNCC aponta bases para a construção do currículo em Arte. É proposto um trabalho que proporcione oportunidade de desenvolvimento integral ao aluno com base em seis dimensões do conhecimento. A dimensão da criação está ligada ao fazer artístico, propondo investigação e análise sobre como “os sujeitos criam, produzem e constroem” (BRASIL, 2017, p. 192). Nesse campo de estudo, cabe investigar o processo criador tanto do artista quanto dos alunos. Podemos, assim, explorar as poéticas de materialidades, ideias e escolhas estéticas, sensações, sentimentos, desejos e modos de ler e interpretar o mundo. Podemos, ainda, explorar os acontecimentos históricos no contexto em que as produções artísticas foram e são criadas, em um percurso que não precisa ser linear, uma cronologia da História da Arte, mas também por conjunturas e conexões. Nesse percurso de investigação, podemos afirmar, então, que arte se cria por atitudes, escolhas, intenções, estudos e ações, procurando desmistificar ideias preconcebidas de “dom artístico” ou “inspiração mágica”.

Na parte específica deste Manual, assim como no livro do aluno, apontamos vários momentos em que o fazer artístico com foco na ação criadora e o desenvolvimento de poéticas estão presentes. No livro do aluno, são proposições feitas nas seções Arte em Projetos e Mundo conectado, e ao longo dos temas em vários exercícios. Também há boxes sinalizando propostas de ação criadora, como o Diário de arte e Mais ação. Trazemos indicações sobre a ação criadora, poéticas e conceitos na parte específica do Manual do Professor, sempre trazendo fundamentos do ensino de Arte em várias linguagens. A dimensão da crítica pode ser trazida em vários momentos com propostas de mediação cultural e exercícios de análise. O potencial para a crítica é inerente ao ser humano, tendo em vista que construímos conhecimentos a partir de formulações de hipóteses e compreensões de mundo. Essa dimensão do conhecimento sustenta que os processos de ensino e aprendizagem só se consolidam mediante o desenvolvimento do pensamento crítico. Elucida que “ação e pensamento propositivo” são potências na análise dos “aspectos estéticos, políticos, históricos, filosóficos, sociais, econômicos e culturais” (BRASIL, 2017, p. 192). Conhecer, compreender e saber criticar produções artísticas desenvolve o protagonismo e a independência intelectual e cultural. A dimensão da estesia está ligada à percepção do ser enquanto sujeito que tem experiências sensíveis. Essas experiências podem acontecer tanto no cotidiano como no encontro com a arte e, uma vez vividas, nos convidam a pensar como nos relacionamos com o espaço, o tempo, o som, as imagens, as palavras e o próprio corpo. Essas relações acontecem em diferentes situações e podem estar relacionadas a materiais, ideias e poéticas. São formas de conhecer e perceber de modo sensível “a si mesmo, o outro e o mundo” (BRASIL, 2017, p.192). Como já colocamos, ao falar da experiência estésica e estética, a dimensão estésica está ligada ao desenvolvimento de consciência do ser e estar no mundo. É o viver experiências em que o corpo na sua totalidade se emociona, percebe, intui, sente e pensa de modo estésico. Na parte específica deste Manual, chamamos a sua atenção em vários momentos em que há potencial para se trabalhar com a dimensão estésica. Esses momentos podem estar presentes ao apreciar imagens e textos na seção Venha!, um convite inicial para pensar sobre arte e seus processos e conceitos, que são ampliados na seção Mais de perto. A dimensão da expressão diz respeito à investigação e compreensão de como os sujeitos se manifestam em suas “criações subjetivas por meio de procedimentos artísticos, tanto em âmbito individual quanto coletivo” (BRASIL, 2017, p. 192). Essa dimensão coloca o desafio de propor situações de aprendizagem em que os alunos possam se sentir seguros em suas experiências artísticas, tendo como potencialidade o conhecimento e o uso de “elementos constitutivos de cada linguagem, dos seus vocabulários específicos e das suas materialidades” (BRASIL, 2017, p. 192). Também colabora para criar espaços de manifestação de opiniões e ideias, ampliando o direito à expressão e à prática democrática na escola. Na parte específica deste Manual, apontamos momentos com combinados, sensibilização e sugestões de situações de aprendizagem para você propor aos alunos e oferecer mais espaço para expressão. No livro do aluno, são propostas diversas atividades em que se convida o aluno a conversar com os colegas e professores sobre o tema abordado.

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A dimensão da fruição está ligada ao deleite, ao prazer ou até mesmo ao estranhamento que as produções artísticas podem nos provocar, além das aberturas para nos “sensibilizar durante a participação em práticas artísticas e culturais” (BRASIL, 2017, p. 193). Essa é uma dimensão importante no ensino e aprendizagem de Arte, uma vez que abre possibilidades para a formação de interesse e de um sentimento de pertencimento entre os alunos, de modo sensível, com relação às manifestações culturais regionais e globais. Possibilita que vivam enquanto seres de cultura e arte, identificando-se como produtores e/ou apreciadores de arte. Assim como falamos na dimensão da estesia, o ato de fruir pode acontecer em diferentes momentos sinalizados no livro do aluno, nas seções Venha! e Mais de perto. No Manual do Professor, trazemos várias sugestões de perguntas que podem ser provocadoras e mediadoras em momentos de fruição artística. A audição das faixas do CD é outro ponto relevante a ser potencializado pelo educador em momentos de fruição pela nutrição estética. A dimensão da reflexão está ligada ao potencial do ser que aprende a pensar de modo artístico, poético e estético, e desenvolve, nesse processo, “argumentos e ponderações sobre as fruições, as experiências e os processos criativos, artísticos e culturais” (BRASIL, 2017, p. 193). Dimensão fundamental para aprender a aprender e, nesse movimento, perceber, analisar, interpretar e se posicionar diante das produções e “manifestações artísticas e culturais, seja como criador, seja como leitor” (BRASIL, 2017, p. 193). No livro do aluno há varias sinalizações para trabalhar com essa dimensão, em especial nos boxes Diário de arte e + Perto de você, que propõem ao aluno que desenvolva contextualizações entre a arte que acontece no mundo e a arte que acontece na sua região, ou seja, próximo a ele. É importante ainda dizer que essas dimensões do conhecimento não têm ordem de importância, mas todas contribuem para a formação global dos alunos no âmbito da educação pela arte. São, portanto, um ponto bastante relevante a ser estudado e analisado pelos professores de Arte. Essas dimensões do conhecimento são propostas para estudo no âmbito das artes visuais, do teatro, da dança, da música e das linguagens integradas em suas muitas faces entre o criar, ler, produzir, construir, exteriorizar, refletir e as muitas formas de ter experiências com arte fora e dentro da escola.

TEMAS E EXIGÊNCIAS EDUCATIVAS

Se a arte está na vida, faz parte dela e é nutrida por ela, nós que almejamos ser professores propositores somos também pesquisadores. Assim, devemos lançar um olhar cuidadoso, respeitoso e atento para o presente. O presente nos lembra que a contemporaneidade faz de nossos alunos pessoas mais conectadas às demandas de seu tempo. É necessário um fazer pedagógico que se ligue à política, à cultura, à ciência e à filosofia. Trata-se de uma sociedade que passa por profundas transformações, um período de ebulição com muitas demandas sobre as bases democráticas, igualitárias e de justiça social. O que assistimos a partir da década de 1980, mundialmente, é a uma pedagogia atravessada por “novas emergências”, novas exigências e novas fórmulas educativas que apontam para a formação de novos sujeitos sociais. É necessário que orientações político-culturais

e metodológicas contemplem fenômenos como o feminismo, a diversidade cultural, religiosa e sexual, as diferentes classes sociais, as questões étnico-raciais, as pessoas com deficiência e as pessoas privadas de liberdade, entre tantas urgências dos nossos tempos. Desse modo, apresentamos nesta obra temas relacionados à educação e à cultura inclusivas em um sentido amplo, com o desejo de contribuir para o debate e para a elaboração de projetos que tenham consonância com as questões educacionais do nosso tempo. Sabemos que para falar de uma educação e cultura amplamente inclusivas é preciso nos posicionarmos em relação ao conceito sobre o qual estamos amparados. Para isso, propomos uma reflexão tendo como base as palavras exclusão/inclusão e integração/marginalização. O prefixo “ex-”, presente na palavra exclusão, pode significar “fora”, “separado”, “afastado”. Esses significados contradizem os princípios da educação democrática. Por sua vez, a palavra inclusão pode expressar “trazer para dentro”, “permitir que faça parte de um todo maior”, significados mais condizentes com a proposta de criar uma sociedade mais justa. A palavra inclusão, no contexto educacional, refere-se a preocupações com pessoas que possam sofrer exclusão por origem étnica, crenças religiosas, ideias políticas, gênero, cultura, origem social ou em função de limitações cognitivas, de mobilidade ou de habilidade, temporárias ou permanentes. A palavra integração está associada ao ato de “trazer para perto”, “reunir”, “tornar inteiro”. As ações educativas, os projetos e as políticas educacionais devem garantir a integração diante das necessidades educacionais e dos contextos de cada situação, eliminando, assim, qualquer possibilidade de marginalização, ou seja, não permitindo que a pessoa fique “à margem” de seus direitos.

HISTÓRIA E CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS E INDÍGENAS NA ESCOLA

Como forma de garantir uma educação democrática, justa e igual para todos, assim como garantir o acesso à escola e a permanência nela, temas como culturas afro-brasileiras e indígenas e formação étnica e cultural tornaram-se objeto de debate no campo das políticas educacionais no Brasil. A Lei no 10.639/03 e a Lei no 11.645/08 – que alteraram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei no 9.394/96), tornando obrigatório o ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas – foram criadas com o propósito de formar cidadãos conscientes da diversidade cultural e étnica da sociedade brasileira. Elas determinam que os conteúdos de história e culturas afro-brasileiras e indígenas sejam trabalhados no contexto de todo o currículo escolar, em especial no âmbito das disciplinas de Arte (por meio de diferentes linguagens e situações de aprendizagem), Literatura e História do Brasil, como parte do processo de reconhecimento, respeito e apoio na conquista e garantia de direitos para essas populações, bem como na valorização de suas diversas expressões artísticas e socioculturais. Percebe-se, assim, como o tema da educação e diversidade cultural torna-se cada vez mais presente no campo educacional e desafia políticos, gestores escolares e professores a organizar o conhecimento por meio de um currículo que contemple a história e as culturas africanas e indígenas, a fim de lançar um movimento de superação de uma história calcada na violência, exclusão e na hegemônica influência da matriz cultural europeia, que ainda predomina em nossas instituições escolares, culturais, organizacionais e econômicas. Hoje o

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termo descolonização sintetiza uma luta que ganha corpo ano após ano, inclusive nos currículos e práticas educativas. Para que os direitos previstos nas leis tenham ressonância na escola, cabe uma ação pedagógica apoiada numa renovação teórico-metodológica que é de responsabilidade de todos os atores envolvidos no processo educacional. Nesta coleção, procuramos atender a essa legislação por acreditar em uma educação democrática e alicerçada em nossa rica diversidade cultural. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• GOMES, N. L. (Org.). Práticas pedagógicas de trabalho com relações étnico-raciais na escola na perspectiva da Lei 10.639/2003. Brasília, DF: MEC: Unesco, 2012. Disponível em: <http://livro.pro/ haatcc>. Acesso em: 23 ago. 2018.

EDUCAÇÃO, SEXUALIDADE E DIVERSIDADE

A escola é vista como um espaço voltado para o conhecimento. Por esse motivo, atribuímos a ela o papel principal de construção e divulgação do saber. Entretanto, não se trata de um lugar idealizado, à parte da sociedade, pois nela também podem ser produzidos e reproduzidos preconceitos tão difundidos no cotidiano, nos meios de comunicação de massa e nos ambientes virtuais, dando espaço para a discriminação que tem se concretizado por meio do bullying. Por essa razão, apresentar a pais, professores, gestores e educandos temas polêmicos como os ligados à diversidade sexual e de gênero, por exemplo, pode não ser uma tarefa simples, porém consideramos que abordar tais temas seja importante à realidade contemporânea e necessário para que a escola também seja um lugar de construção da cultura do respeito e da paz. Dada sua urgência social e sua complexidade, esses temas devem ser tratados de maneira cuidadosa e interdisciplinar. Para isso, é necessário conhecê-los de forma mais aprofundada e buscar metodologias de abordagem com a comunidade escolar e, especialmente, com os alunos, respeitando o tempo e o direito de ser criança e adolescente, assim como a ludicidade e a maturidade desses alunos. Acreditamos que a abordagem dos temas sexualidade e diversidade de gênero deve ser realizada sob a perspectiva dos direitos humanos. Somente por meio do respeito aos direitos humanos poderemos humanizar as relações entre os indivíduos, o que significa ir muito além da tolerância e do simples diálogo entre os diferentes segmentos sociais: significa a construção de um sujeito capaz de comunicação e de integração independentemente da diversidade e utilizando-a para a construção de reflexões e conceitos aprofundados, não de preconceitos. Assim como a educação é um direito de todos os indivíduos, é direito de todas as pessoas expressarem livremente seu afeto, sua sexualidade e sua identidade de gênero e serem respeitadas por isso.

EDUCAÇÃO INCLUSIVA DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Como vimos, a questão da educação inclusiva é ampla e, assim, abarca as preocupações de como incluir e garantir o direito à educação de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades ou superdotação nas redes regulares de ensino. A prática da exclusão ocorreu durante séculos, pois considerava-se que as pessoas com deficiência eram inválidas, incapazes de estudar e trabalhar. Também não havia estudos

detalhados mostrando os aspectos e necessidades singulares dos alunos em diferentes situações, já que todos eram considerados “incapazes” e, consequentemente, marginalizados. A inclusão depende de condições que proporcionem aos alunos o seu desenvolvimento pessoal, social, educacional e profissional. A inclusão pressupõe que as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades ou superdotação assumam seus papéis na sociedade e que princípios sejam considerados nesse processo, como a valorização de cada pessoa, a convivência dentro da perspectiva da diversidade humana, a aceitação da diversidade em todas as suas nuances. A inclusão educacional de crianças e jovens com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento (TGD) e altas habilidades ou superdotação vai além de apenas colocá-los em salas de aula. É preciso criar estrutura, condições pedagógicas e acessibilidade ao sistema escolar que favoreçam o desenvolvimento dos educandos e o trabalho dos educadores diante de cada situação e singularidade.

QUEM NOS INSPIRA NO CAMINHO

Sabemos que, muitas vezes, nos identificamos com novas ideias e palavras de autores e estudiosos da educação. E a partir delas precisamos expandir e encontrar caminhos para seguir e marcar nossas próprias histórias e as dos alunos com ações propositoras, por meio de vivências artísticas e educativas significativas. Ao longo desse percurso, podemos nos perguntar: • Como trazer essas teorias para minha prática docente? • Que relações esses fundamentos e proposições pedagógicos têm com a minha história de educador e a realidade dos educandos? Relacionar teoria e prática e encontrar fundamentos para alicerçar nossa prática docente são grandes desafios. Para superá-los, é importante conhecer a história e as trajetórias pedagógicas de outros educadores que podem nos inspirar nessa caminhada. Assim, apresentamos, a seguir, algumas pesquisas e proposições pedagógicas para contextualizar e aprofundar os estudos sobre o ensino de Arte. É importante dizer que documentos como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e a BNCC, entre outros, são frutos de percursos históricos da educação brasileira como um todo e, particularmente em nosso estudo, refletem os caminhos trilhados no ensino de Arte. Nesse sentido, vale conhecer alguns dos principais estudos e práticas metodológicas que vêm sendo investigados e discutidos por pesquisadores e vivenciados por educadores no Brasil a partir da década de 1980, bem como a relação que essas propostas estabelecem com as proposições pedagógicas trazidas nesta coleção.

ABORDAGEM TRIANGULAR DO ENSINO DE ARTE

Na direção do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), no fim da década de 1980, a professora Ana Mae Barbosa desenvolveu, com base em suas pesquisas e ações educativas, a chamada Abordagem Triangular do Ensino de Arte (BARBOSA, 2009). Ainda hoje, essa proposta sobre o ensino da Arte é a base da maioria dos programas de educação de Arte no Brasil, seja em escolas, seja em museus. A proposta consiste em uma proposição pedagógica que aborda três eixos para a construção de saberes artísticos. Esses eixos não apresentam uma ordem preestabelecida. É o educador, diante de seu projeto, que propõe os momentos de apreciar/ler, fazer e

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contextualizar. Ao apreciar a arte, o enfoque dá peso, segundo a própria Ana Mae Barbosa2, à leitura conforme a concepção de Paulo Freire (1982), no sentido de que, antes de ler a palavra e os signos de uma imagem ou de perceber sons, gestos ou movimentos em obras de arte, a criança lê o mundo. Para esses momentos, o professor precisa preparar diálogos provocadores, criando ambientes de mediação cultural. Em diálogo com essa proposta, todos os volumes desta coleção trazem várias imagens e faixas de músicas no CD que são oportunidades para apreciar a arte. A leitura de obras artísticas proporciona momentos para situações de aprendizagem de nutrição estética, alimento para o olhar, ouvir, sentir no corpo e outras percepções da arte enquanto produto do sensível e do intelectual, da intuição e da racionalidade humana. São possibilidades de leituras de obras que se fundem às leituras de mundo dos alunos para estabelecer relações entre arte e vida, construções de interpretações de um mundo culturalmente vivido, aspectos já trazidos neste Manual quando falamos sobre as dimensões do conhecimento estesia e fruição. O fazer artístico apresenta oportunidades para instituir espaços de produção criativa nas linguagens artísticas. A obra de um artista alimenta e nutre o repertório cultural dos alunos, porém o foco no fazer artístico deve estar sempre na poética e no contexto de criação do educando. Dessa forma, “releituras”, enquanto “cópias”, que por vezes são produzidas nas escolas como práticas em que os alunos não expressam a sua poética pessoal, não são consideradas como um fazer artístico adequado e enriquecedor. São bem-vindas as iniciativas experimentais, a pesquisa e a criação de projetos de arte em que os alunos sejam protagonistas de suas produções. Também são favoráveis as pesquisas de materialidades, de procedimentos, de ferramentas e de elementos de linguagem que constroem a arte. É preciso dar espaço para expressão e criação dos alunos, como recomenda a BNCC. Ao contextualizar a produção artística, o ensino de Arte deve ir além da apresentação de fatos históricos. Deve ampliar o âmbito informativo e levar o aluno a perceber a história da obra de arte como produção social, que abarca dimensões do conhecimento histórico-culturais, além de proporcionar relações entre as produções artísticas e a leitura de mundo. Contextualizar é também permitir a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, é conhecer a história e possibilitar que o passado se conecte com o presente e liberte o pensamento para o futuro. A Abordagem Triangular visa, segundo Ana Mae Barbosa (2009), desenvolver nos alunos a competência em conhecer, fruir e analisar criticamente a obra de arte. Essa abordagem tem como base procedimentos de descrição e análise para interpretação, avaliação, investigação de significados e discussão de assuntos de estética da obra, ampliando o repertório cultural dos alunos e explorando seu potencial de criação artística. Ana Mae Barbosa mostra que a arte está, antes de tudo, presente na vida dos alunos, e ter contato com ela na escola pode desenvolver conceitos de cidadania e de identidade cultural. Pensar de modo contextualizado se propõe como potência para desenvolver a crítica e a reflexão. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• BARBOSA, Ana Mae. A imagem do ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São Paulo: Perspectiva, 1991.

CONEXÕES INTERDISCIPLINARES E TRANSDISCIPLINARES

A interdisciplinaridade parte do princípio da interlocução entre diferentes disciplinas dentro do currículo da escola. É um exercício de interação e criação para estudar ou resolver problemas apresentados em percursos de aprendizado – um exercício de ampliação, jamais de redução. Não se trata de uma área estar a serviço da outra, mas sim de descobrir a potência do encontro entre elas e, dessa forma, promover diálogos. Também não se trata de muitas áreas terem o mesmo tema gerador, de forçar relações artificiais, mas sim de estimular as parcerias em processos colaborativos. Parcerias entre educadores de diferentes áreas de conhecimento que, juntos, possam construir uma teia de relações de interação, em que o grande ganho é a diversidade e a ampliação de repertório. A singularidade, a formação e o modo de ver o conhecimento que cada um traz ao grupo potencializam saberes e criam outras possibilidades inventivas. A proposta é sempre a busca por parcerias em trabalhos colaborativos e interdisciplinares. A proposição transdisciplinar sugere ir além das especializações, em voos mais livres, rompendo as tradicionais fronteiras rígidas entre as categorias do conhecimento e fazendo conexões entre os estudos específicos e a vida. Mais que uma proposta, a transdisciplinaridade é uma postura pedagógica, em que os professores podem trazer para as aulas saberes com potencial de integração a conhecimentos de outra ordem.

OS TERRITÓRIOS DE ARTE E CULTURA

A proposição dos territórios de arte e cultura engloba ideias disseminadas desde 2003 pelas educadoras Mirian Celeste Martins, Maria Guerra e Gisa Picosque (2010, p. 36) e está presente em propostas curriculares de Arte em redes públicas e privadas do Brasil. Os territórios de arte e cultura são marcados pela ideia de currículo-mapa, em que o professor traça percursos, escolhe caminhos e é autor do próprio trabalho. Um professor propositor que cria trajetos percorrendo campos conceituais como: processo de criação; linguagens artísticas; forma e conteúdo; mediação cultural; materialidade; patrimônio cultural; saberes estéticos e culturais; conexões transdisciplinares e interdisciplinares, entre outros. São campos conceituais que nos ajudam a pensar o ensino de Arte de modo ampliado e inter-relacionado. A proposição de pensar o ensino de Arte por campos conceituais amplia visões e percepções sobre como conhecer a arte por diversas vias. É possível que um campo conceitual se interlace com outro; porém, olhar mais de perto um conhecimento ajuda a dar mais objetivo aos percursos didáticos e pode facilitar o processo de ensino e aprendizagem de Arte. É importante que o professor tenha como foco objetos de conhecimento para provocar, mediar e propor processos de ensino e aprendizagem em que os alunos possam desenvolver suas competências e habilidades. Os campos conceituais presentes nos territórios de arte e cultura podem nos ajudar a pensar proposições pedagógicas para investigar os objetos de conhecimento que são expressos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para o desenvolvimento de competências e habilidades em Arte no Ensino Fundamental – Anos Finais (6o a 9o anos) em várias linguagens (unidades temáticas): • Artes visuais: contextos e práticas; elementos da linguagem; matrizes estéticas e culturais; materialidades; processos de criação; sistemas da linguagem.

2 Apud PROJETO Memórias da ECA/USP: 50 anos. Disponível em: <http://livro.pro/hih7j8>. Transcrição disponível em: <http://livro.pro/zauyge>. Acessos em: 19 set. 2018.

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• Dança: contextos e práticas; elementos da linguagem; processos de criação. • Música: contextos e práticas; elementos da linguagem; materialidades; notação e registro musical; processos de criação. • Teatro: contextos e práticas; elementos da linguagem; processos de criação. • Artes integradas: processos de criação; matrizes estéticas e culturais; patrimônio cultural; arte e tecnologia. Nesta coleção, a proposta foi trazer os campos conceituais, dimensões e objetos de conhecimento presentes na BNCC já citados, os territórios de arte e cultura e a contribuição da Abordagem Triangular do Ensino de Arte em seu desenvolvimento metodológico e conceitual, convidando o professor a ser um inventor de novas proposições, uma vez que a proposta dessas tendências de ensino e aprendizagem de Arte não é fechada. O educador pode sempre propor mais vias de investigação do ensino de Arte e encontrar novos territórios, campos conceituais, objetivos e proposições. Relembramos, aqui, as palavras de Paulo Freire, ao dizer que o educador “permanentemente se faz na prática e na reflexão sobre a prática”. Tudo o que já encontramos em nossos caminhos e já estudamos e tudo o que hoje estamos encontrando de novidade vai nos construindo enquanto educadores, porque estamos em permanente formação/reflexão nesse espaço/universo conhecido como sala de aula.

Não se trata de explicar a arte ou apresentar certezas, mas de abrir espaços para conversar, trocar ideias e experiências buscando múltiplas fontes de estudos e pesquisas que nutram o pensamento. Pela via dos territórios da arte e cultura, podemos vislumbrar situações de aprendizagem que exploram diversos conceitos que visam potencializar a experiência com a arte. Trabalhar com a proposição de territórios da arte e cultura implica percorrer vias do pensamento rizomático que ampliam as possibilidades de criar projetos em ensino de Arte segundo visões e percepções de como conhecer a arte por vias diversas. Como os territórios de arte e cultura se configuram como uma rede infinita, portanto não se fecham nos campos conceituais e dimensões de aprendizagem apresentados até aqui, fica o convite para que mais professores propositores os ampliem, tenham ideias e multipliquem-nas, estabeleçam conexões entre saberes e criem diferentes espaços de troca, de modo a constituir novos territórios de arte e cultura.

ESTUDOS CONTEMPORÂNEOS DO ENSINO DE ARTE

Uma abordagem teórica e prática na leitura e estudo da imagem é a cultura visual. Esse campo de estudo da arte-educação é interdisciplinar e não se restringe às obras de arte, ao contrário, busca referenciais para o ensino de Arte na arquitetura, publicidade, design, moda, história da arte, mediação cultural, psicologia, antropologia, produções artísticas contemporâneas e outras possibilidades de estudo do universo das imagens. A cultura visual não se organiza somente com base em nomes de peças, fatos e sujeitos, mas considerando a relação estabelecida com seus significados culturais. É um campo plural que vem sendo elaborado há décadas a partir de teóricos de diferentes áreas, como William J. T. Mitchell (1942-), nos EUA, e Stuart Hall (1932-2014), importante sociólogo jamaicano-inglês da vertente dos Estudos Culturais. Na prática, não é incomum ver educadores e pesquisadores que, de formas diferentes, lançam propostas que podem ser atreladas a essa concepção, ainda que não fosse nomeada. Há vários estudiosos sobre esse tema no Brasil e no exterior; entretanto, um dos primeiros autores a publicar no Brasil textos com a nomenclatura cultura visual foi Fernando Hernández, em 2000. Esse autor defende uma abordagem para o ensino de Arte que considere “a arte e a cultura como mediadores de significados”, na qual o “significado pode ser interpretado e construído” e as imagens podem “informar àqueles que as veem sobre eles mesmos e sobre temas relevantes no mundo” (HERNÁNDEZ, 2000, p. 54).

A proposição dos territórios de arte e cultura, desenvolvida por Mirian Celeste Martins, Maria Guerra e Gisa Picosque (2010), apresenta a ideia de que educadores e educandos, ao realizar percursos educativos no ensino e no estudo de Arte, fazem conexões, relacionam-nas e ampliam saberes, transitando por territórios, campos e conceitos fundamentais. Esses trajetos não têm limite nem formas fechadas e estão à disposição de quem quer se embrenhar nos conhecimentos teóricos e práticos, no intuito de criar pensamentos e atitudes pedagógicas moventes. O pensamento rizomático recebeu a influência de concepções teóricas dos filósofos Deleuze e Guattari (1995). Rizoma é um termo utilizado em Biologia para nomear estruturas vegetais com aspecto de raiz que não apresentam bulbo central e que crescem na direção em que buscam nutrientes. Os rizomas desenvolvem raízes e caules em seus nós, que se abrem em múltiplas bifurcações e ganham o aspecto de rede (como exemplo: o gengibre), armazenam energia e, em alguns casos, crescem em situações adversas. Essa imagem inspirou os filósofos citados a refletir sobre a ideia de que o pensamento também poderia se desenvolver dessa forma, ao fazer e criar outras ideias que vão além da inicial e da ordem preestabelecida – um pensamento em constante estado de invenção. Nessa perspectiva, o pensamento rizomático, proposto por Deleuze e Guattari, é uma metáfora sobre pensamentos moventes, construídos em redes, em linhas de fuga, cuja essência não é a unidade ou a sequencialidade, mas a multiplicidade e a complexidade, a expansão de ideias que se proliferam por campos conceituais. Como uma estrutura de pensamento que busca crescer por caminhos nutridos pela inteligência, por encontros, pela afetividade e pelos desejos do ser humano, pensar de forma rizomática é fazer conexões entre pensamentos e saberes, conviver com as incertezas, aventurar-se e espalhar-se por territórios na busca por nutrientes, construindo e ampliando saberes e conhecimentos.

PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• MARTINS, Mirian C. (Coord.); PICOSQUE, Gisa; GUERRA, Maria T. T. Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 2010.

CULTURA VISUAL

INTERCULTURALIDADE E MULTICULTURALISMO

Sem conhecimento de arte e história não é possível a consciência de identidade nacional. A escola seria o lugar em que se poderia exercer o princípio democrático do acesso à informação e formação estética de todas as classes sociais, propiciando-se na multiculturalidade brasileira uma aproximação de códigos culturais de diferentes grupos (BARBOSA, 2009, p. 34).

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Em consonância com as demandas contemporâneas debatidas anteriormente e em busca de uma escola acessível em sentido amplo, nos últimos anos observamos no país o aumento da produção teórica que valoriza o ensino com foco na interculturalidade e no multiculturalismo, o qual propõe um diálogo dinâmico, buscando a compreensão das produções artístico-culturais de grupos diferentes e das redes que se formam nessas produções. A abordagem com base na interculturalidade valoriza a identidade dos diversos povos, das sociedades e das práticas culturais, concentrando-se no cotidiano, nos diálogos, nos encontros e nas construções conjuntas das diversas culturas e tradições, valorizando o surgimento do novo e das novas identidades culturais, inclusive discussões sobre o feminismo. Também se preocupa em pensar como a educação trabalha as relações socioculturais construídas pelas novas mídias e tecnologias. Propõe romper barreiras entre conceitos e entre popular e erudito, incluindo saberes artesanais e arte contemporânea, por exemplo. Apresenta, ainda, a ideia de que não há uma “arte oficial” para ensinar Arte. Estimula, também, a valorização do sentimento de pertencimento e de identidade cultural para as diversas classes e grupos, além de valorizar patrimônios culturais materiais e imateriais locais e mundiais. Nesta coleção, valorizamos as várias linguagens das produções artísticas e manifestações culturais de diferentes localidades do nosso país, propondo a ampliação do repertório cultural e incentivando o educando a conhecer mais sobre o seu entorno e também sobre o rico patrimônio artístico e cultural brasileiro.

ARTE PARTICIPATIVA, ARTE SOCIALMENTE ENGAJADA, ARTE PROPOSITORA

Solicitar ao público que participe da obra tem sido uma prática bastante presente na arte contemporânea. Artistas têm chamado o público para ser coautor da obra de arte, seja na sua criação ou por meio da interação com ela no espaço expositor. A inspiração vem dos trabalhos radicais do artista alemão Joseph Beuys (1921-1986), que, depois de ser demitido e deixar a docência de Escultura na Academia de Arte de Düsseldorf, fundou a “Universidade Livre”, uma experiência comunitária auto-organizada fora do padrão convencional de ensino. Seus trabalhos são inusitados e fruto de fortes experiências de vida, reflexões filosóficas, liberdade de experimentação e interação com o outro e com a natureza. Uma das propostas mais conhecidas é a que foi chamada de 7 000 carvalhos, uma “escultura social”, em que artista e público fizeram um mutirão e plantaram 7 mil árvores na cidade de Kassel, para a exposição Documenta 7 (1982). Desde essas primeiras experiências que surgiram a partir da segunda metade do século XX, muitas produções artísticas propositoras foram inventadas. São propostas conceituais, sensoriais, interativas, proporcionando espaços para discursos poéticos que podem ser lidos pelos olhos e pelo corpo. No Brasil, participantes do movimento neoconcreto, artistas como Lygia Pape (1927-2004), Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980), entre outros, se pronunciavam como artistas propositores, lançando trabalhos exploratórios entre arte, experiência e aprendizado. Essas ideias de arte propositora/participativa também aconteceram em várias linguagens; no teatro, por exemplo, o dramaturgo, teórico e educador Augusto Boal

escreveu sobre sua prática no teatro e costumava dizer que: “Somos todos ‘espect-atores’”. Nesse sentido, a ação propositora na arte apresenta a ideia de que: • o público não é apreciador passivo, apenas, mas ativo e participante; • é preciso abrir espaço para diálogos entre artistas, obras e apreciadores, entre arte e vida. Como as relações criativas entre arte e pedagogia podem contribuir para um despertar crítico e engajado dos participantes das propostas? Essa seria uma questão fundamental para projetos de artistas e coletivos que se enquadram no que tem ganhado cada vez mais força nos últimos anos com diferentes nomes: educational turn, virada educativa, giro educacional (PODESVA, 2007; ROGOFF, 2010), arte participatória (BISHOP, 2012), pedagogia no campo expandido e transpedagogia (HELGUERA, 2011) e arte propositora (MARTINS; GUERRA; PICOSQUE, 2010). São estudos que analisam obras de artistas de várias partes do mundo, como os de Tania Brughera (Cuba, 1968), Paulo Nazareth (Brasil, 1977), Gonzalo Pedraza (Chile, 1981), Pawel Althamer (Polônia, 1967), Francis Alÿs (Bélgica, 1969, radicado no México), Paul Chan (Hong Kong, 1973, radicado nos EUA), Yoko Ono (Tóquio, 1933, radicada nos EUA) e Coletivo Mapa Xilográfico (Brasil, São Paulo), entre outros. Esses são alguns propositores cujas ações e projetos artísticos e curatoriais trazem também a preocupação com a dimensão didática e pedagógica no processo de aprender sobre arte e vida para além dos muros da escola. A valorização dos processos, a abertura para o acaso e práticas colaborativas são algumas de suas características. Para nós, professores, entrar em contato com a produção desses criadores contemporâneos traz uma chance de olhar sob outro prisma para a arte e a educação e enriquecer a nossa própria prática. Muitas dessas produções são ótimas para trazer aos alunos o conceito de arte híbrida – artes integradas no termo da BNCC. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• COLETIVO MAPA XILOGRÁFICO. Disponível em: <http://livro.pro/9shizu>. Acesso em: 29 ago. 2018. • PAULO NAZARETH − ARTE CONTEMPORÂNEA/LTDA. Disponível em: <http://livro.pro/geati5>. Acesso em: 29 ago. 2018. • ROSENTHAL, Dália. Joseph Beuys: o elemento material como agente social. Disponível em: <http://livro. pro/3zqur9>. Acesso em: 29 ago. 2018.

ABERTURA PARA O NOVO E O INSTIGANTE: TEMPOS CRONOS E KAIRÓS

Quando olhamos para a história, que é composta pelo tempo em suas possíveis contagens, relatos de experiências vividas e produções, podemos refletir sobre o conceito de tempo. Na educação contemporânea, o ensino de História, de modo geral,

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tem mudado no sentido de mostrar aos alunos que eles também são sujeitos da história, que o estudo dessa área de conhecimento se faz com análise crítica a respeito dos acontecimentos, sujeitos e contextos. Na disciplina de Arte não cabe mais a preocupação apenas com a cronologia histórica, ou seja, um ensino de arte apenas linear. Atualmente se busca trabalhar com um ensino de Arte mais contextualizado, trazendo o percurso histórico que resultou na formação do acervo artístico e cultural da humanidade, mas sempre estabelecendo relações com o tempo presente e seus desdobramentos na relação entre Arte, história e outros campos do saber.

Ao conhecer as concepções sobre o tempo, a história e a arte e ao usar como metáfora a mitologia grega, podemos apresentar os acontecimentos históricos e artísticos de duas formas: cronológica, de Cronos, ou dos momentos significativos, seguindo a lógica de Kairós.

Trazemos aqui como metáfora aspectos da mitologia grega para conversar com você sobre o tempo e o ensino da história da arte proposto nesta coleção. Na Grécia antiga, acreditava-se que Cronos (Khrónos ou Chronos), o senhor do tempo, teria surgido no princípio de tudo e encontrado Ananke, deusa do destino. Segundo a mitologia, os dois deuses uniram-se e passaram a reger tudo o que conhecemos. Segundo essa crença, somos regidos tanto pelo tempo quanto pelo destino.

Howard Gardner (1994) escreveu que as inteligências são múltiplas e expressam competências e habilidades a serem exploradas em várias linguagens. São aptidões intelectuais autônomas que devem ser desenvolvidas desde a infância. Nesta coleção, procuramos apresentar a diversidade das linguagens artísticas, que podem se manifestar nas formas visual, musical, cênica, corporal e nas artes integradas, em que todas essas linguagens podem existir unidas em uma simbiose de linguagens, tornando-se linguagens híbridas. Por quais meios as crianças e adolescentes têm contato com as linguagens artísticas? Será por meio de uma ilustração de livro ou revista, uma música que toca na rádio ou na televisão, uma cena de dança na rua, um grafite no muro, uma página na internet ou imagens de filmes ou desenhos animados? Com quais linguagens artísticas os alunos já tiveram contato? Como apresentar esse universo aos alunos? Que conceitos e ideias são importantes para explorar em um projeto de arte? Essas são algumas questões a serem analisadas na proposta de um currículo de Arte.

Escolher o que estudar e como estudar no emaranhado fio da história pode ser tão desafiador como sair de um grande labirinto. Aqui trazemos mais uma metáfora baseada na mitologia grega, a história do fio de Ariadne, personagem que ajuda o herói Teseu a sair do labirinto do Minotauro ao lhe dar um novelo de lã, que ele desenrola à medida que caminha, marcando assim seu percurso e conseguindo retornar ao ponto de partida. A linha do tempo pode nos ajudar, tal qual o novelo de fios de lã dado por Ariadne, a encontrar pontos históricos nas origens, nos desdobramentos em várias culturas até a arte produzida na atualidade, e deste modo estudar épocas, estilos, artistas e obras; é como desemaranhar os fios da memória e da história.

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS E AS DIVERSAS LINGUAGENS DA ARTE

ARTES VISUAIS

Mas existem outras maneiras de olhar para o tempo histórico e tudo o que foi produzido e experienciado nesses percursos. Entre os mitos criados na Grécia antiga sobre o tempo, temos ainda o mito do deus Kairós, filho de Cronos. Dizem que era belo, atlético, rápido e que só possuía cabelos na parte da frente da cabeça. Por isso, costuma-se dizer, até hoje, que devemos “agarrar as oportunidades pelo topete”. É o deus do momento certo, da ocasião propícia. Sabe aqueles momentos de prazer que passamos com amigos, familiares, em uma festa, viagem ou realização de algo importante? Aquele tempo tão marcante e significativo que nem vimos passar? Esse é o tempo do deus Kairós (tempo significativo). Os artistas, ao longo da história da arte, apresentaram suas impressões, não do passado nem do futuro, mas do exato momento em que viviam. Olhar para a história da arte é viajar para outros tempos e tentar compreender como os artistas viveram seu tempo Kairós (significativo) e como sua obra ficou marcada no tempo Cronos (tempo contado e datado).

No que se refere a artes visuais, os alunos podem desenvolver competências e habilidades na interpretação e criação de imagens ao serem apresentados a diversas possibilidades de articulações e combinações entre os elementos da linguagem visual, às materialidades, aos diversos processos de criação, além dos discursos e contextos em que as imagens são criadas.

Nesta coleção trazemos momentos em que valorizamos o tempo Cronos, apresentando linhas do tempo temáticas na relação com os assuntos estudados em cada unidade. O tempo Kairós é apresentado a todo momento nos temas e outras seções, com a proposta de trazer um estudo de arte contextualizado, valorizando o passado no estudo da história da arte e apontando relações com o universo cotidiano do aluno e com o contexto contemporâneo.

Para Fayga Ostrower (2007), poucos elementos de linguagem visual em múltiplas combinações abrem infinitas possibilidades para criar imagens e, assim, expressar ideias, emoções, sensações. O estudo da gramática visual deve ir além de estabelecer técnicas e códigos ou de se perder em explicações verbais. Para Santaella (2012, p. 13), “[...] a alfabetização visual significa aprender a ler imagens, desenvolver a observação de seus aspectos e traços constitutivos, detectar o que se produz no interior da

A proposta desta coleção é desenvolver processos de alfabetização visual ampliados e contextualizados quanto à cultura visual. Sugerimos situações de aprendizagem para apresentar aos alunos conceitos e noções, mostrando que as imagens são constituídas a partir de elementos específicos da linguagem visual, como ponto, linha, forma, cor, luminosidade e espaço. Mostrando, também, como esses elementos articulados podem criar texturas, tonalidades, variações de luz e sombra, valores cromáticos, movimentos, e como o espaço e as formas podem se apresentar em relações de bidimensionalidade e tridimensionalidade, entre outras possibilidades.

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própria imagem, sem fugir para outros pensamentos que nada têm a ver com ela”. Além de compreender as imagens e seus contextos, os alunos podem aprender, por exemplo, por meio da compreensão de como esses elementos são combinados, que muitas linhas podem ser usadas para a construção de texturas e de luminosidade em seus desenhos. O desenho é uma linguagem tradicionalmente ensinada nas escolas. Entretanto, há muito a ensinar sobre essa linguagem, uma vez que os desenhos em arte podem ser tanto estudos, esboços em processos criativos para a construção de outras linguagens como a própria obra finalizada. Os elementos que compõem um traçado ou um grafismo podem variar em direção, espessura e forma. Desenhar é algo que pode ser prazeroso e desafiador e, para alguns, angustiante a princípio. Se pensarmos que a escrita é uma forma de desenho, podemos entender que o traço, a forma de desenhar, as soluções, o “estilo” são autorais, intrinsecamente ligados a quem faz o desenho. O universo de criação de imagens tem muitas possibilidades além do desenho, como compreender de que modo os artistas criam cores e matizes, saber como colocam cor ao lado de cor ou de que forma misturam cores e criam nuances. Com base nessas descobertas, os alunos também podem olhar e ler suas próprias produções e as de seus colegas e desenvolver o senso crítico em relação à produção de imagens em pinturas, desenhos, colagens, gravuras, técnicas mistas, fotografias e outras linguagens visuais. Nas esculturas, a arte dos volumes, conceitos de espaço e de forma tridimensional são trabalhados, assim como linguagens contemporâneas presentes em intervenções, objetos, instalações, land art (arte com recursos da natureza, nela fazendo intervenções) e outras tantas formas de expressão artística. Trabalha-se também a percepção de que vivemos em um mundo de múltiplas possibilidades de criação de imagens, fixas ou em movimento, traçadas com lápis de cor ou criadas por computador. As formas de manifestação do pensamento estético resultam em muitas linguagens artísticas. É importante que alunos de diferentes níveis de ensino explorem a potencialidade de expressão das artes visuais em suas diferentes produções, como a pintura, a escultura, o desenho, a gravura, a instalação, a performance, a fotografia, o cinema, a arte digital e tecnológica, entre outras. A visualidade está em tudo ao nosso redor e o ensino nas artes visuais precisa estabelecer relações com o mundo e a cultura visual e promover condições para que ocorram encontros e experiências estéticas e estésicas. Assim como citamos, a história das imagens e as produções artísticas atuais podem ser trazidas para os alunos nos pautando na compreensão dos tempos: Cronos e Kairós. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• OSTROWER, Fayga. Criatividade e processo de criação. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. • OTT, Robert Wiliam. Ensinando crítica nos museus. In: BARBOSA, Ana Mae. Arte-educação: leitura de subsolo. São Paulo: Cortez, 1997. • SANTAELLA, Lúcia. Como eu ensino: leitura de imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012.

TEATRO

O termo artes cênicas refere-se a linguagens que têm como princípio o uso de um espaço cênico, como o palco de um teatro ou até mesmo uma rua ou praça pública. É um lugar destinado à expressão do corpo como materialidade e ao uso de espaços como ambientes de relação espaço-corpo. O espaço cênico, nesse sentido, pode ser compreendido como qualquer local onde acontece uma representação, dança ou manifestação de expressão corporal. Estudar artes cênicas é investigar a prática da representação, do movimento, da percepção do espaço e do corpo em toda a sua expressividade. Existem muitos gêneros nas artes cênicas, tanto na linguagem do teatro como na linguagem da dança, como as peças teatrais que usam bonecos e máscaras, os espetáculos em que os atores realizam diálogos ou monólogos, as apresentações em que os bailarinos fazem movimentos e expressões corporais, entre outras possibilidades, como a arte do circo. Também podemos pensar em tipos de espetáculo, como comédias, musicais, tragédias, teatro gestual ou dramático, danças típicas, coreografias de dança e outras modalidades. Nas linguagens cênicas, os conceitos propõem a aprendizagem sobre movimento, corpo, gesto, comunicabilidade, recursos cênicos, jogos teatrais, improvisação com foco em processo de criação e compreensão das linguagens artísticas do teatro, da dança e outras. Conhecer os meandros dessas linguagens é um grande desafio, pois o aprendiz das artes cênicas precisa se descobrir, desvendar seus limites e possibilidades do corpo como materialidade expressiva. Ensinar linguagens cênicas é recuperar a autonomia do sujeito criador e a autoconsciência de expressão. Conhecendo o próprio corpo, como ele se expressa e também como outros corpos se expressam, aprende-se a respeito das artes cênicas, e esse aprendizado pode ser levado para o contexto da escola. A linguagem artística teatral concretiza-se mediante a composição de diversos elementos, embora, mesmo abrindo mão de alguns deles, o espetáculo teatral ainda possa se realizar. Por sua natureza, o teatro agrega outras linguagens, como a dança, a música, as artes visuais, a arquitetura, o circo, entre outras. Sua composição complexa e repleta de nuances estéticas e ideológicas, assim como seus diversificados elementos de linguagem, contribui para a existência dessa multiplicidade de elementos. Há vários criadores na linguagem teatral: quem cria a cenografia, a iluminação, o figurino, a maquiagem, a sonoplastia, a dramaturgia, a direção, a atuação (ação teatral), entre muitas possibilidades dessa linguagem de múltiplas expressões. Conhecer os elementos mencionados é fundamental para compreender as muitas formas do fazer teatral. Também é importante, no ensino de teatro na escola, conhecer alguns princípios sobre jogos teatrais. Um bom início para a criação no teatro é investigarmos três perguntas básicas para o fazer teatral: “Onde?”, “O quê?” e “Quem?”. São perguntas que fazemos durante o processo de criação de uma cena ou de um jogo teatral. Essa abordagem tem como base as ideias de Viola Spolin (1906-1994), autora e diretora de teatro estadunidense que criou uma proposta para tornar possível o trabalho da linguagem teatral em

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qualquer escola. O jogo e a improvisação teatral são a forma e o caminho de sua metodologia. Esses três conceitos (onde, o que e quem) compõem o sistema dos jogos teatrais proposto por Spolin (2012) e podem contribuir muito para o ensino do teatro nas escolas. É possível trabalhá-los em conjunto ou separadamente, dependendo dos objetivos ou das expectativas de aprendizagem estabelecidas. Essa escolha de trabalho em linguagem teatral com a busca pelas respostas para as questões (“Onde a cena se passa?”; “O que vou fazer em cena?”; “Quem é o personagem que vou representar?”) é fundamental para desenvolver um trabalho teatral ou outras formas de expressão corporal, como a dança. Já citamos aqui neste Manual o diretor, dramaturgo e teórico carioca Augusto Boal (1931-2009), que criou um método de concepção e encenação teatral que reúne exercícios (monólogos corporais) e jogos (diálogos corporais) com a utilização de diversas técnicas, ao qual ele chamou de Teatro do Oprimido, conhecido pela sigla TO. O método foi pensado para um fazer teatral de atores e não atores, tendo como principais objetivos buscar a (des)mecanização física e intelectual dos atores ou não atores, dar acesso ao universo teatral às camadas sociais menos favorecidas e transformar a realidade por meio do diálogo e da representação teatral. O Teatro do Oprimido é uma invenção brasileira difundida no mundo inteiro. A ideia de Boal surgiu na década de 1970, quando ele era diretor da companhia Teatro de Arena, na cidade de São Paulo. Podemos considerar Boal e seu método uma referência do teatro e da dramaturgia brasileira. Artista propositor, Boal apresenta a ideia de “espect-ator”, termo proposto para nos referirmos à ideia de que todos os seres humanos são espectadores, porque observam, e podem ser ao mesmo tempo atores na medida em que agem. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

DANÇA

Para Roger Garaudy (1980-), a dança é a expressão que potencializamos por meio de movimentos do corpo. Esses movimentos são organizados em sequências coreográficas, movimentos significativos. Dançar é uma experiência, um modo de existir. Uma das formas de ampliar saberes culturais dos alunos é apresentar espetáculos de dança para nutrir esteticamente o repertório cultural deles. Hoje, há muitas possibilidades de conhecer sobre dança, como fazer pesquisas na internet ou assistir a espetáculos gravados, mas o caminho mais frutífero é sempre assistir aos espetáculos presencialmente. Desde tempos remotos, a dança foi se consolidando de maneira particular nas diferentes culturas e etnias ao redor do mundo. Dessa forma, cada civilização desenvolveu sua lógica, sua mística e sua estética para criar na arte dos movimentos. É fundamental apresentar aos alunos diferentes manifestações de dança e debater com eles as transformações estéticas e

filosóficas da dança ao longo dos tempos. Para isso, é importante apontar a história da dança e as diversas funções dessa manifestação cultural, como rito, diversão, expressão individual ou manifestação coletiva de uma comunidade étnica. Há muitas manifestações de danças antigas ainda presentes em várias culturas. Como exemplo, as danças étnicas brasileiras e suas manifestações indígenas e afrodescendentes podem ser trabalhadas dentro do tema transversal pluralidade cultural. No geral, entende-se por dança étnica a que é produzida por uma comunidade étnica e cultural. A forma e os motivos são passados de geração a geração, com mínimos acréscimos e modificações. Nesse caso, incluem-se as danças ritualísticas, dramáticas e populares de vários grupos culturais, consideradas patrimônio histórico e cultural da humanidade. No Brasil, existem ricos acervos de manifestações de dança disponíveis para sua pesquisa e para apresentação aos alunos. Na dança moderna e contemporânea, surgem concepções dessa arte em que se rompem as barreiras do movimento expressivo tradicional, abrindo espaço para outras formas artísticas na dança que possibilitam um trabalho na escola mais adequado à expressividade corporal das crianças. A bailarina alemã Pina Bausch (1940-2009) inovou a dança ao fazer uma união de linguagens, criando a dança/teatro. Em suas coreografias marcantes, explorava tanto o corpo dos bailarinos como suas emoções, criando movimentos e expressões diferentes dos vistos na arte clássica do balé. Bausch costumava dizer que até nas pontas dos dedos podemos perceber movimentos belos e expressivos. Acreditava que cada bailarino precisava conhecer o próprio corpo para potencializá-lo ao máximo na arte da dança. Valorizava a investigação e a criação de repertórios de movimentos. Ela também acreditava que, para dançar, o bailarino deveria fazer aflorar suas emoções e sensibilidade e fazer os movimentos que o corpo convocasse. Rudolf Laban (1879-1958), bailarino e coreógrafo austro-húngaro, analisou de forma sistemática os elementos constitutivos do movimento humano (linguagem corporal). Além disso, enfatizou a importância da dança na escola, onde deveriam ser realizadas atividades que reforçassem as faculdades naturais de expressão da criança e que preservassem a espontaneidade do movimento. No livro do aluno, propomos, em vários momentos, que as crianças se movam, experimentem e comecem a tomar consciência dos elementos constitutivos dos movimentos estudados por Laban. Além disso, você pode criar outras situações de aprendizagem para ensinar aos alunos que a arte da dança consiste em proporcionar o autoconhecimento do corpo e a percepção do que ele pode fazer. Laban realizou vários estudos com base em movimentos cotidianos. Você pode explorar os movimentos realizados pelos alunos no dia a dia e estimulá-los a criar sequências coreográficas. Convidá-los a formar uma roda em um espaço amplo e depois conversar sobre como eles se movem no dia a dia pode servir de estímulo para iniciar essa atividade. Propor que pesquisem exercícios em que expressem, de forma livre e dinâmica, esses

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movimentos e façam combinações deles para criar sequências coreográficas, o que cria ricas oportunidades de desenvolver a dança na escola, explorando a linguagem corporal, a arte como área de conhecimento e a expressão poética. Como vimos até aqui, a dança se manifesta em nossos corpos de maneira natural, basta estarmos atentos à nossa proposta ao utilizar cada linguagem. A dança não implica apenas rebuscadas coreografias; uma simples brincadeira de roda ou um único movimento pode se transformar em uma aula de dança, até mesmo para aqueles mais tímidos. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• GARAUDY, Roger. Dançar a vida. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1980. • KOUDELA, Ingrid D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2011. • LABAN, Rudolf. Domínio do movimento. São Paulo: Summus, 1978. • SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2012.

MÚSICA

A proposição pedagógica para música presente nesta coleção convida professores e educandos a trilhar um percurso sensível e lúdico pela experiência criativa. Temos compromisso com o conhecimento da música e da linguagem musical. Propomos apresentar ideias para percursos que favoreçam a aprendizagem significativa da linguagem musical no ato de ouvir, cantar, tocar, construir, criar, pesquisar, analisar etc. Pesquisas desenvolvidas nos últimos tempos têm nos instigado a considerar a música, a educação musical e o ensino da música de maneira inventiva e reflexiva, integrando o saber musical e os discursos possíveis sobre a música. Desde as contribuições dos métodos ou das pedagogias musicais chamados “ativos” – Carl Orff (1895-1982), Edgar Willems (1890-1978), Zoltán Kodály (1882-1967), Émile Jaques-Dalcroze (1865-1950) e Maurice Martenot (1898-1980) –, surgidos no período entre as duas grandes guerras e apoiados nas contribuições de Maria Montessori (1870-1952) e Célestin Freinet (1896-1966), vem sendo perseguido um equilíbrio entre a música praticada ou vivenciada, por um lado, e a música ensinada ou abordada teoricamente, por outro. Essas proposições consideram a arte não como um conteúdo rígido, mas sim um modo de ser, de estar e de pensar o mundo. Buscamos integrar, na proposta musical que oferecemos nesta coleção, as diversas contribuições desses estudiosos. Convidamos você a conhecer um pouco dessas diversas pesquisas e trajetórias. De Carl Orff, guardamos a dança e o movimento, os instrumentais variados, as percussões e a percussão corporal, o contato com o repertório musical tradicional de diferentes culturas e o papel relevante do jogo, da improvisação e da criação. Do músico e pedagogo austro-suíço Émile Jaques-Dalcroze, valorizamos a ligação do movimento corporal com o movimento musical, fundados no ritmo e na improvisação. Essa proposta ficou conhecida como rythmique (rítmica). Com base nessas proposições, podemos propor brincadeiras musicais, jogos de mãos, percussões corporais e outras propostas que podem abrir caminhos para pensar a possibilidade de criar

no fazer musical, posteriormente levando à exploração de leituras e escritas musicais. A voz também é trabalhada como meio de expressão e comunicação. São propostas formas criativas de exploração da voz para que as crianças experimentem processos de improvisação, composição e interpretação. O educador e músico húngaro Zoltán Kodály nos provoca em suas pesquisas, defendendo o acesso irrestrito à música pela prática do canto (tradicional, em particular, mas não exclusivamente), sem obrigatoriedade da aprendizagem de um instrumento musical. Ele desenvolveu propostas que se baseiam na utilização de gestos para representar sonoridades e potencializou canções populares e folclóricas em material cultural educativo para o ensino de música para crianças. De Edgar Willems consideramos alguns princípios fundamentais, como a possibilidade de acesso que toda criança tem a esse importante elemento cultural que é a música – sem qualquer tipo de referência a talento ou dote especial –, com iniciação ativa por meio de canções, jogos de escuta, ritmo e movimentos corporais. De Maurice Martenot, trazemos a importância da improvisação e da criação, praticadas num ambiente de confiança e alegria, criando condições para a escuta sensível da criança, mas também valorizando a observação e a percepção, e oportunizando experiências auditivas particulares. Educadores musicais mais recentes aportam também subsídios para o trabalho apresentado aqui. Nos anos 1970, o educador musical inglês Keith Swanwick (1931-) formulou sua proposta de desenvolvimento musical espiral, tendo por base a teoria de Piaget (1896-1980), intitulada CLASP, que no Brasil foi traduzida para a sigla TECLA. No processo concebido por ele, três atividades são priorizadas na música: o compor, o ouvir e o tocar, atividades a serem mescladas em aula pelo estudo da história da música e pela aquisição de habilidades musicais. Para Swanwick, é fundamental que os conteúdos sejam trabalhados de maneira integrada, sem ênfase excessiva num ou noutro aspecto, em razão de suas respectivas importâncias. Veja o que ele diz em uma entrevista dada a uma revista brasileira em 2010: Que aspectos devem ser considerados no ensino de música nas escolas? [SWANWICK] O fundamental é que os conteúdos sejam trabalhados de maneira integrada. Nos anos 1970, resumi essa ideia na expressão inglesa clasp. Além de ser uma sigla, um dos sentidos dessa palavra em português é “agregar”. Proponho que há três atividades principais na música, que são compor (a letra C, de composition), ouvir música (A, de audition) e tocar (P, de performance). Essas três atividades, que formam o CAP, devem ser entremeadas pelo estudo da história da música (L, de literature studies) e pela aquisição de habilidades (S, de skill acquisition). (No Brasil, esse processo ficou conhecido como TECLA: T de técnica, E de execução, C de composição, L de literatura e A de apreciação.) GONZAGA, Ana. Keith Swanwick fala sobre o ensino de música nas escolas. Nova Escola, 1o jan. 2010. Disponível em: <https://novaes cola.org.br/conteudo/1017/keith-swanwick-fala-sobre-o-ensino -de-musica-nas-escolas>. Acesso em: 31 ago. 2018.

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Por sua vez, o inglês John Paynter (1931-2010) e o canadense Murray Schafer (1933-), por exemplo, adotam a escuta e sobretudo a criação como eixos centrais da educação musical, utilizando-se dos mais variados recursos e tipos de materiais sonoros que possam ajudar os educadores a explorar o potencial criativo dos educandos. Murray Schafer apresenta uma proposta educativa ampla, na qual enfoca a percepção da paisagem sonora, que consiste em perceber conscientemente a relação som/ silêncio e a existência de sonoridades próprias de diferentes ambientes. Nessa concepção, a paisagem sonora é tudo o que está em nosso campo auditivo, dos sons característicos que estão à nossa volta – das grandes cidades, locais de trabalho ou equipamentos tecnológicos – às sonoridades humanas e aquelas típicas da natureza. Pode-se acordar o sentido da audição para desenvolver uma escuta inteligente, pensante e consciente e, assim, aprender a ouvir melhor diferentes tipos de música e sons que nos cercam. Ouvindo com maior atenção e curiosidade, as crianças são capazes de apreender o mundo pela escuta e discernir as características de seus sons, tendo por referência não apenas os parâmetros sonoros usuais (como intensidade, altura, duração e timbre), mas também noções importantes como tipos de textura, de perfil, de planos sonoros e outros, de grande utilidade para a criação musical e para o entendimento amplo dos processos musicais, contemporâneos ou não. Ao lado desses estudiosos e pesquisadores da educação musical, já consagrados historicamente, representam também importantes fontes de referência os trabalhos produzidos na França na década de 1980. Entre eles, Le geste musical (O gesto musical), de Claire Renard (1982), baseado na noção de movimento sonoro, e La musique est un jeu d’enfant (A música é um jogo de crianças), de François Delalande (1984), bem como L’enfant du sonore au musical (A criança do sonoro ao musical), de Delalande, Élisabeth Dumaurier e Bernadette Céleste (1982). Essas obras propõem a integração do fazer e do escutar, da percepção e da criação, bem como o recurso a partituras gráficas na aprendizagem musical.

ao professor que procure oportunizar a escuta, o contato e o conhecimento de manifestações musicais de diferentes épocas, gêneros, estilos, tendências e culturas. Para isso, oferecemos uma gama de representações musicais: de “sonoridades paleolíticas” a produções sonoras e musicais contemporâneas; de músicas da tradição brasileira a experimentações sonoras internacionais; de instrumentos usuais ao uso de objetos sonoros e à construção de novos meios expressivos. Ao mesmo tempo, lembramos a importância de não restringir esses momentos à audição ou à fala sobre música, mas que sejam oferecidos espaço, recursos e motivação suficientes para que cada aluno, além de se expressar criativamente pelos sons e pela música, entre em contato consigo e com o outro, com suas sensações, sentimentos e entendimentos, estando, assim, em medida de exprimi-los com clareza, compartilhando-os no coletivo. Sugerimos, também, estimular a curiosidade dos alunos a fim de que sejam motivados a pesquisar sobre as músicas apresentadas – seus autores, estilos, formas de expressão, organização, projeto compositivo, representação estética e cultural −, instigando-os a perceberem e a conhecerem o mundo pela audição em movimento. Nesse sentido, devem ser aproveitadas todas as oportunidades possíveis para a escuta atenta e a expressão criativa, visando conhecer mais profundamente a maneira como as músicas estão concebidas, organizadas e apresentadas. A abordagem de ensino musical proposta aqui procura oferecer atividades prazerosas que tratem de conteúdos relevantes para o conhecimento e a formação musicais, como os conceitos de tempo e espaço, noções de ritmo e melodia, bem como a prática de interpretação, improvisação, criação e agenciamento de materiais. Importante frisar que, sempre que possível, os diversos conteúdos musicais sejam disponibilizados em classe de maneira lúdica e integrada. Assim, propomos, ao longo dos temas, seções e proposições do fazer artístico, trabalhar várias situações de aprendizagem que transitam entre: •

escutar, acolher e conhecer;

Trata-se, hoje, de oferecer aos alunos meios adequados e condições favoráveis que propiciem o contato com o universo musical existente – patrimônio já constituído, em suas múltiplas formas de manifestação –, e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de sua própria musicalidade com base em suas necessidades presentes.

apreciar, avaliar e comentar;

experimentar, descobrir e se apropriar;

expressar, cantar e tocar;

interpretar, improvisar e criar;

Para um professor propositor, esses saberes podem se desenvolver em mais estudos, pois aqui estamos propondo que o professor vivencie a música e seu ensino por encontros significativos. Os autores aqui citados nos apontam caminhos, nos contam sobre suas experiências e podem nos estimular, a partir daquilo que cada um de nós já realiza, a conhecer mais, mediante a experimentação desses saberes, bem como a vivência e a apropriação de novos outros.

compreender, comunicar e compartilhar.

Consideramos que é possível criar e interpretar música com qualidade, mesmo em nível mais inicial e elementar. Nesse sentido, é essencial a participação do professor, visando transformar em momento “extraordinário” a realização de atividades musicais aparentemente as mais simples e singelas, de modo que os alunos construam vivências profundas e significativas. Sugerimos

PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL (ABEM). Disponível em: <http://livro.pro/z2zwsq>. Acesso em: 23 ago. 2018. • FONTERRADA, Maria T. de O. De tramas e fios: um ensaio sobre a música e educação. 2. ed. São Paulo: Unesp, 2005. • SCHAFER, R. Murray. Caixa de música. In: ______. O ouvido pensante. Tradução de Maria Lúcia Pascoal, Magda R. Gomes da Silva e Marisa Trench de Oliveira Fonterrada. 2. ed. atualizada. São Paulo: Unesp, 2011.

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ARTES INTEGRADAS (LINGUAGENS HÍBRIDAS)

As tecnologias trouxeram muitas possibilidades para conhecer e criar arte. Entretanto, segundo Lucia Gouvêa Pimentel (apud BARBOSA, 2002), sem um trabalho consistente por parte dos educadores, só o uso dessas tecnologias não vai garantir o aprendizado e o desenvolvimento artístico dos alunos. O ser humano sempre foi fascinado por imagem e movimento desde as pinturas em cavernas, onde há representações de animais que parecem ter sido registradas quando estes estavam em pleno movimento. Das imagens fixas às imagens em movimento, das linguagens artísticas construídas há muito tempo às mais recentes, das diversas manifestações em música, teatro e dança, das linguagens híbridas (como a videoinstalação e a videoarte, que exploram tanto o universo das imagens como o som e as palavras) às performances, dos muitos gêneros no cinema à arte feita com o advento da informática, são tantas as linguagens possíveis que precisamos, como educadores, estudar e conhecer como nascem e se transformam essas manifestações artísticas. É imprescindível trazer aos alunos um ensino de Arte em consonância com seu tempo, já que os alunos são pessoas contemporâneas a essa multiplicidade de linguagens. Das máquinas fotográficas mecânicas às supercâmeras digitais, muito foi criado e experimentado. Além disso, o uso da fotografia tem alcançado uma proporção inigualável no desenvolvimento da cultura visual. A fotografia está presente na contemporaneidade e tem muitos usos e funções além do uso artístico. Já o cinema nasceu do fascínio de capturar, movimentar e projetar as imagens. Sendo narradores de histórias, os seres humanos associaram imagens a contos, o que vem de muito tempo, desde as primeiras projeções de sombras chinesas na Antiguidade, passando pelas engenhocas dos primórdios das investigações que deram origem às imagens em movimento do século XIX, até as câmeras digitais da atualidade. É possível propor às crianças que apreciem e experimentem criar as próprias imagens usando recursos de produção de imagem acessíveis, como as câmeras digitais, fáceis de manusear e disponíveis até em celulares. As tecnologias e novas linguagens, como a videoarte e a instalação feitas com recursos de computador, podem estar entre as propostas no ensino de Arte, mas é preciso ter objetivos claros e criar situações de aprendizagem que estimulem a compreensão e a produção nas linguagens da arte contemporânea. Assim, podem ser consideradas artes integradas aquelas que são híbridas, podendo ser verbais, visuais, sonoras, corporais, tecnológicas, audiovisuais e, ainda, tudo isso junto. PARA PESQUISAR, LER E APROFUNDAR O CONHECIMENTO

• BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: MEC, 2017. Disponível em: <http://livro.pro/uo7bsh>. Acesso em: 23 ago. 2018. • COVALESKI, Rogério L. Artes e comunicação: a construção de imagens e imaginários híbridos. Galáxia, São Paulo, n. 24, p. 89-101, dez. 2012. Disponível em: <http://livro.pro/fbokyo>. Acesso em: 23 ago. 2018.

AVALIAÇÃO

O professor, como educador, assumiu uma nova postura diante da sala de aula e do conhecimento. Pensamos que seja coerente com uma postura democrática a integração de seu papel de mediador do conhecimento e propositor de situações de aprendizagem. Nesses processos de apropriação e produção do conhecimento, professores e alunos têm grande responsabilidade. Diante dessas mudanças, a avaliação também assume uma função diferenciada e tem como foco tanto a formação do aluno quanto a reflexão sobre a prática do próprio professor. Observar, anotar e registrar são ações que você precisa realizar para compor a gama de materiais a ser analisada durante e no final de cada percurso de aprendizagem. O foco é a avaliação formativa, em que professor e alunos precisam estabelecer diálogos sobre as conquistas de saberes ao longo do trajeto: o que deu certo, que situações de conflitos ocorreram. O conflito pode ser semente da criação. Desse modo, conversar com a turma sobre as ansiedades e dificuldades que surgirem no decorrer do percurso é importante, inclusive para compreender os pensamentos criativos. Ao contrário do que se pensa, a avaliação não é apenas responsabilidade do educador. Um bom percurso de aprendizagem não deve se esgotar em seu término, mas deixar aquele “gosto de quero mais”, criar conexões com outras etapas que virão. Assim, criar situações de diálogo franco em que a autoavaliação seja estimulada, tais como rodas de conversa para debater com os alunos sobre o que eles aprenderam, o que gostariam de conhecer mais, ou sobre onde poderiam pesquisar para continuar a aventura de conhecer o universo da arte, é imprescindível. Nesta coleção, sugerimos uma diversidade de propostas e de experimentações. Diante delas, nosso desejo é que os alunos tenham acesso a diferentes situações de aprendizado, que estimulem a autonomia, a compreensão e a produção significativa nas aulas de Arte. As propostas lançadas pelo professor podem gerar experiências estéticas e poéticas significativas, tendo como ponto de partida a problematização e a conexão entre conceitos, promovendo a solução de problemas e o estímulo ao intelecto e à criatividade. A ideia é permitir que os alunos se aventurem na experimentação e na descoberta de processos criativos, com a experimentação de materialidades e de linguagens. O foco da avaliação deve ser tanto o processo de aprendizagem como o produto – em consonância com propostas contemporâneas em arte que valorizam os processos. Ao olhar para a experiência, é importante retomar conceitos e debates mobilizados pelos conteúdos temáticos das unidades e dos temas. É o momento oportuno para que os alunos falem a respeito do que aprenderam, do que acharam do processo, das dificuldades que encontraram e das possibilidades futuras. A proposta é realizar uma avaliação reflexiva tanto do trabalho individual quanto do coletivo, e trabalhá-la de modo construtivo. Debater as angústias e dificuldades que surgirem no decorrer do percurso com os alunos é importante para a compreensão dos pensamentos criativos. Nesse sentido, propomos nesta coleção a avaliação diagnóstica em vários momentos para valorizar e procurar saber o que os alunos já trazem de conhecimentos sobre o universo artístico. Também defendemos a avaliação do processo

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e a avaliação de resultados e compreensões desenvolvidos pelos alunos, mas sempre com foco no conhecimento prévio e conhecimento adquirido, nas experiências significativas vivenciadas.

DIÁRIO DE ARTE DO PROFESSOR E DO ALUNO

A ideia de um diário de arte tanto para o professor como para o aluno é proposta como forma de registro e criação de materiais que possam ser instrumento para reflexão de processos e estudos vividos. O diário de arte para o professor é como um diário de bordo que será útil para o registro dos percursos de seu trabalho docente. O exercício de ter o diário é olhar para suas anotações e se descobrir, se constituir professor propositor. Em seu diário de arte, você pode registrar a conquista de saberes, os sonhos, os lugares já visitados, os teóricos estudados e outros recursos a explorar, algo útil e prazeroso de fazer, integrando diários, mapas, curadorias educativas, de modo a ajudá-lo a descobrir os percursos da arte com seus alunos. Na história da arte, sabe-se de artistas que criaram diários de bordo ou diários de artistas, com nomes e formatos diversificados. Há muitos jeitos de fazer diários. Uma proposta para pensar e criar esse material de registro pessoal é pesquisar sobre diários de artistas e de pessoas que fizeram a diferença na construção e no compartilhamento de saberes. Experimente ser você também um professor propositor e, ao mesmo tempo, artista criador em seu diário de arte. Você poderá descobrir uma maneira poética e pessoal de fazer o seu diário, em diferentes formatos. A proposta, já que estamos no campo da arte, é criar um diário personalizado e artístico, com materiais e formatos a escolher. Abra espaço para a criação de poesias, desenhos, colagens e pinturas e para a anotação de impressões em várias linguagens. Incentive os alunos a exercerem a autoavaliação também ao falarem sobre como percebem as produções dos colegas. Pensar sobre seus próprios percursos é um jeito de “aprender a aprender”, de se apropriar dos processos.

PORTFÓLIO

Você encontrará ao longo dos textos desta coleção diversas propostas para os momentos de análise, reflexão, fruição, pesquisa e criação artística. O portfólio é uma possibilidade de registro dessas experiências de produção. Pensamos no portfólio como um espaço para registro de trabalhos, frases reflexivas, citações, fotos de processos de criação e momentos de encontro com a arte. Criar um portfólio é contar a história de um percurso coletivo ou individual. Pode ser produzido de forma escrita, desenhada, impressa ou em mídia eletrônica (recursos de computação gráfica ou gravação de sons, imagens, textos etc.), entre várias possibilidades – um espaço para criar, ousando nas materialidades e no formato. O portfólio é, então, um recurso de avaliação da aprendizagem, uma percepção de que ensinar e aprender arte é estar no fluxo da vida, da cultura.

AVALIAÇÕES PROCESSUAIS

Sugerimos também as avaliações processuais. Para isso, o professor precisa estar atento aos movimentos e percursos dos alunos. O professor é a figura essencial que os encoraja,

os estimula a buscar a sua própria poética, a buscar os meios necessários à sua expressão, a não se preocupar em mostrar “trabalhos perfeitos”, tampouco em se comparar com os colegas. Avaliar constitui um exercício de análise do outro, mas também de autoanálise. Da mesma forma, é olhar tanto para a aprendizagem como para os trajetos. Portanto, ao avaliar, não analise apenas o fim e os resultados dos percursos vividos, mas reflita sobre o que foi planejado e sobre o seu desenvolvimento. O professor, como educador, assumiu uma nova postura diante da sala de aula e do conhecimento. A apropriação e a produção do conhecimento são de responsabilidade do professor e do aluno. Diante dessas mudanças, a avaliação também assume uma função diferenciada e tem como foco a formação. A avaliação formativa busca o diálogo sobre as conquistas de saberes ao longo do percurso. O que deu certo? Quais situações de conflitos ocorreram? Que aprendizagem ocorreu? Assim, debata sempre com os alunos sobre o que eles aprenderam e o que eles gostariam de saber mais. Em alguns momentos do acompanhamento do livro do aluno neste Manual do Professor, você encontrará lembretes dessas conversas sobre avaliação processual, que você pode adaptar e ampliar conforme os conteúdos abordados em cada situação de aprendizagem.

EXPOSIÇÕES E APRESENTAÇÕES DA PRODUÇÃO DOS ALUNOS

Expor os trabalhos dos alunos pode ser uma experiência muito enriquecedora. Pode, inclusive, fechar um ciclo de aprendizagem e ser integrada como mais um meio de avaliação, se o professor considerar desejável. Exposições de artes visuais, apresentações de música, peças de teatro e de dança, saraus com as várias linguagens são algumas das possibilidades. Entretanto, apresentar os trabalhos dos alunos requer cuidados para valorizá-los em sua diversidade, para estimular a participação dos alunos no planejamento dessa proposta e também para não gerar ansiedade desnecessária, uma vez que expor a própria criação costuma mobilizar e catalisar emoções, até mesmo para artistas bastante experientes. Algumas perguntas podem ajudar a manter o foco: Quais são os objetivos da exposição ou apresentação? Como valorizar a produção de todos os alunos que queiram participar? De que forma organizar isso na escola? Como deve ser esse trabalho de curadoria? Seria interessante envolver também a comunidade escolar e de fora da escola nesses eventos? Nosso intento é que este material seja alimento para que, com seus conhecimentos e intenções, você possa criar seu próprio percurso pedagógico, seu próprio voo. É importante sempre ter em mente que a proposta geral do livro é a de incentivo para que o professor seja autor do próprio trabalho, oferecendo nutrientes para a trajetória de aprender e vivenciar a arte de forma singular em cada realidade. Esperamos que você seja coautor ao ressignificar e maximizar em sala de aula a potência das propostas, com base nas possibilidades infinitas de criação de situações de aprendizagem sustentadas pela teoria dos territórios da arte e cultura, da Abordagem Triangular, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), inspirado pela própria arte e pelas suas escolhas pedagógicas construídas com base em suas caminhadas, desejos e escolhas.

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MATERIAL DO PROFESSOR – DIGITAL E MATERIAL DIGITAL AUDIOVISUAL

Além dos quatro volumes impressos deste Manual do Professor, a coleção apresenta quatro volumes de Material do Professor – Digital e Material digital audiovisual. São recursos que ajudam a enriquecer seu trabalho e a potencializar as relações de ensino e aprendizagem em sala de aula. Os materiais estão organizados em bimestres e cada um deles possui a composição a seguir.

PLANO DE DESENVOLVIMENTO

O documento apresenta os temas que serão trabalhados ao longo do bimestre, relacionando-os aos objetos de conhecimento, às habilidades e às competências presentes na BNCC. Também são sugeridas estratégias didático-pedagógicas que auxiliam na gestão da sala de aula e fontes de pesquisa complementares que podem ser consultadas pelo professor ou apresentadas para os alunos. Cada plano de desenvolvimento apresenta um Projeto integrador, cujo objetivo é tornar a aprendizagem dos alunos mais concreta, articulando diferentes componentes curriculares a situações de aprendizagem relacionadas ao cotidiano da turma. Por meio dos projetos, é possível explorar temas transversais, estimular o desenvolvimento das competências socioemocionais e trabalhar com habilidades próprias de diferentes componentes curriculares.

SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS

São um conjunto de atividades estruturadas aula a aula que relacionam objetos de conhecimento, habilidades e competências presentes na BNCC, de modo a ajudar o aluno a alcançar um objetivo de aprendizagem definido. Nas sequências didáticas, foram propostas atividades que podem ser aplicadas complementarmente ao livro impresso. Também estão presentes sugestões de avaliações que ajudam o professor a aferir se os alunos alcançaram os objetivos de aprendizagem propostos.

PROPOSTA DE ACOMPANHAMENTO DA APRENDIZAGEM

Trata-se de um conjunto de dez atividades (e seus respectivos gabaritos) destinadas ao aluno, acompanhadas de fichas que podem ser preenchidas pelo professor. Esse material tem o objetivo de ajudar a verificar a aprendizagem dos alunos, especialmente se houve domínio das habilidades previstas para o período, e a mapear as principais dificuldades apresentadas pela turma, auxiliando o trabalho de planejamento do professor e autoavaliação da própria prática pedagógica.

MATERIAL DIGITAL AUDIOVISUAL

São vídeos, videoaulas e áudios produzidos para os alunos. Nesses materiais, tivemos a preocupação de trazer à tona grupos e personagens pouco privilegiados nos materiais didáticos e dialogar com questões do presente.

QUADROS DE COMPETÊNCIAS COMPETÊNCIAS GERAIS DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.

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COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE LINGUAGENS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Compreender as linguagens como construção humana, histórica, social e cultural, de natureza dinâmica, reconhecendo-as e valorizando-as como forma de significação da realidade e expressão da subjetividade e identidades sociais e culturais. 2. Conhecer e explorar diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e linguísticas) em diferentes campos da atividade humana para continuar aprendendo, ampliar suas possibilidades de participação na vida social e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva, como meio de construção de identidades de seus usuários e da comunidade a que pertencem. 3. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao diálogo, à resolução de conflitos e à cooperação. 4. Utilizar diferentes linguagens para defender pontos de vista que respeitem o outro e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, atuando criticamente frente a questões do mundo contemporâneo. 5. Desenvolver o senso estético para reconhecer, fruir e respeitar as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, inclusive aquelas pertencentes ao patrimônio cultural da humanidade, bem como participar de práticas diversificadas, individuais e coletivas, da produção artístico-cultural, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. 6. Compreender e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares), para se comunicar por meio das diferentes linguagens e mídias, produzir conhecimentos, resolver problemas e desenvolver projetos autorais e coletivos.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE PARA O ENSINO FUNDAMENTAL 1. Explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades. 2. Compreender as relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção, na prática de cada linguagem e nas suas articulações. 3. Pesquisar e conhecer distintas matrizes estéticas e culturais – especialmente aquelas manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira –, sua tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte. 4. Experienciar a ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte. 5. Mobilizar recursos tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística. 6. Estabelecer relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade. 7. Problematizar questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais, por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas. 8. Desenvolver a autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes. 9. Analisar e valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.

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UNIDADES TEMÁTICAS, OBJETOS DE CONHECIMENTO E HABILIDADES Arte no Ensino Fundamental – Anos Finais Unidades temáticas

Objetos de conhecimento

Contextos e práticas

(EF69AR01) Pesquisar, apreciar e analisar formas distintas das artes visuais tradicionais e contemporâneas, em obras de artistas brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas e em diferentes matrizes estéticas e culturais, de modo a ampliar a experiência com diferentes contextos e práticas artístico-visuais e cultivar a percepção, o imaginário, a capacidade de simbolizar e o repertório imagético. (EF69AR02) Pesquisar e analisar diferentes estilos visuais, contextualizando-os no tempo e no espaço. (EF69AR03) Analisar situações nas quais as linguagens das artes visuais se integram às linguagens audiovisuais (cinema, animações, vídeos etc.), gráficas (capas de livros, ilustrações de textos diversos etc.), cenográficas, coreográficas, musicais etc.

Elementos da linguagem

(EF69AR04) Analisar os elementos constitutivos das artes visuais (ponto, linha, forma, direção, cor, tom, escala, dimensão, espaço, movimento etc.) na apreciação de diferentes produções artísticas.

Materialidades

(EF69AR05) Experimentar e analisar diferentes formas de expressão artística (desenho, pintura, colagem, quadrinhos, dobradura, escultura, modelagem, instalação, vídeo, fotografia, performance etc.).

Processos de criação

(EF69AR06) Desenvolver processos de criação em artes visuais, com base em temas ou interesses artísticos, de modo individual, coletivo e colaborativo, fazendo uso de materiais, instrumentos e recursos convencionais, alternativos e digitais. (EF69AR07) Dialogar com princípios conceituais, proposições temáticas, repertórios imagéticos e processos de criação nas suas produções visuais.

Sistemas da linguagem

(EF69AR08) Diferenciar as categorias de artista, artesão, produtor cultural, curador, designer, entre outras, estabelecendo relações entre os profissionais do sistema das artes visuais.

Contextos e práticas

(EF69AR09) Pesquisar e analisar diferentes formas de expressão, representação e encenação da dança, reconhecendo e apreciando composições de dança de artistas e grupos brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas.

Elementos da linguagem

(EF69AR10) Explorar elementos constitutivos do movimento cotidiano e do movimento dançado, abordando, criticamente, o desenvolvimento das formas da dança em sua história tradicional e contemporânea. (EF69AR11) Experimentar e analisar os fatores de movimento (tempo, peso, fluência e espaço) como elementos que, combinados, geram as ações corporais e o movimento dançado.

Processos de criação

(EF69AR12) Investigar e experimentar procedimentos de improvisação e criação do movimento como fonte para a construção de vocabulários e repertórios próprios. (EF69AR13) Investigar brincadeiras, jogos, danças coletivas e outras práticas de dança de diferentes matrizes estéticas e culturais como referência para a criação e a composição de danças autorais, individualmente e em grupo. (EF69AR14) Analisar e experimentar diferentes elementos (figurino, iluminação, cenário, trilha sonora etc.) e espaços (convencionais e não convencionais) para composição cênica e apresentação coreográfica. (EF69AR15) Discutir as experiências pessoais e coletivas em dança vivenciadas na escola e em outros contextos, problematizando estereótipos e preconceitos.

Contextos e práticas

(EF69AR16) Analisar criticamente, por meio da apreciação musical, usos e funções da música em seus contextos de produção e circulação, relacionando as práticas musicais às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética. (EF69AR17) Explorar e analisar, criticamente, diferentes meios e equipamentos culturais de circulação da música e do conhecimento musical. (EF69AR18) Reconhecer e apreciar o papel de músicos e grupos de música brasileiros e estrangeiros que contribuíram para o desenvolvimento de formas e gêneros musicais. (EF69AR19) Identificar e analisar diferentes estilos musicais, contextualizando-os no tempo e no espaço, de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética musical.

Artes visuais

Dança

Música

Habilidades

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Unidades temáticas

Objetos de conhecimento

Habilidades

Elementos da linguagem

(EF69AR20) Explorar e analisar elementos constitutivos da música (altura, intensidade, timbre, melodia, ritmo etc.), por meio de recursos tecnológicos (games e plataformas digitais), jogos, canções e práticas diversas de composição/criação, execução e apreciação musicais.

Materialidades

(EF69AR21) Explorar e analisar fontes e materiais sonoros em práticas de composição/ criação, execução e apreciação musical, reconhecendo timbres e características de instrumentos musicais diversos.

Notação e registro musical

(EF69AR22) Explorar e identificar diferentes formas de registro musical (notação musical tradicional, partituras criativas e procedimentos da música contemporânea), bem como procedimentos e técnicas de registro em áudio e audiovisual.

Processos de criação

(EF69AR23) Explorar e criar improvisações, composições, arranjos, jingles, trilhas sonoras, entre outros, utilizando vozes, sons corporais e/ou instrumentos acústicos ou eletrônicos, convencionais ou não convencionais, expressando ideias musicais de maneira individual, coletiva e colaborativa.

Contextos e práticas

(EF69AR24) Reconhecer e apreciar artistas e grupos de teatro brasileiros e estrangeiros de diferentes épocas, investigando os modos de criação, produção, divulgação, circulação e organização da atuação profissional em teatro. (EF69AR25) Identificar e analisar diferentes estilos cênicos, contextualizando-os no tempo e no espaço de modo a aprimorar a capacidade de apreciação da estética teatral.

Elementos da linguagem

(EF69AR26) Explorar diferentes elementos envolvidos na composição dos acontecimentos cênicos (figurinos, adereços, cenário, iluminação e sonoplastia) e reconhecer seus vocabulários.

Processos de criação

(EF69AR27) Pesquisar e criar formas de dramaturgias e espaços cênicos para o acontecimento teatral, em diálogo com o teatro contemporâneo. (EF69AR28) Investigar e experimentar diferentes funções teatrais e discutir os limites e desafios do trabalho artístico coletivo e colaborativo. (EF69AR29) Experimentar a gestualidade e as construções corporais e vocais de maneira imaginativa na improvisação teatral e no jogo cênico. (EF69AR30) Compor improvisações e acontecimentos cênicos com base em textos dramáticos ou outros estímulos (música, imagens, objetos etc.), caracterizando personagens (com figurinos e adereços), cenário, iluminação e sonoplastia e considerando a relação com o espectador.

Contextos e práticas

(EF69AR31) Relacionar as práticas artísticas às diferentes dimensões da vida social, cultural, política, histórica, econômica, estética e ética.

Processos de criação

(EF69AR32) Analisar e explorar, em projetos temáticos, as relações processuais entre diversas linguagens artísticas.

Matrizes estéticas e culturais

(EF69AR33) Analisar aspectos históricos, sociais e políticos da produção artística, problematizando as narrativas eurocêntricas e as diversas categorizações da arte (arte, artesanato, folclore, design etc.).

Patrimônio cultural

(EF69AR34) Analisar e valorizar o patrimônio cultural, material e imaterial, de culturas diversas, em especial a brasileira, incluindo suas matrizes indígenas, africanas e europeias, de diferentes épocas, e favorecendo a construção de vocabulário e repertório relativos às diferentes linguagens artísticas.

Arte e tecnologia

(EF69AR35) Identificar e manipular diferentes tecnologias e recursos digitais para acessar, apreciar, produzir, registrar e compartilhar práticas e repertórios artísticos, de modo reflexivo, ético e responsável.

Música

Teatro

Artes integradas

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QUADRO DE CONTEÚDOS DO 6º ANO

Unidade 1

• Pinturas em grandes dimensões • Instalação e materialidades • Mensagens na arte • A cidade como suporte para a arte • Sons da natureza • Composição, regência e interpretação • Espaços do teatro e da dança • A rua como espaço para a arte • O corpo no espaço cênico • Movimento e expressão • Improvisação teatral

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Sistemas da linguagem • Notação e registro musical • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33)

Unidade 2

Habilidades

• Artes integradas no circo • Arte e história: o circo no Brasil • Os circos contemporâneos • Artes circenses e as linguagens da arte • Técnicas e materialidades no desenho • Miscigenação e mistura cultural expressas na arte • Diversidade étnica e influências musicais • Arte, cultura e meio ambiente

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Processos de criação • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia • Materialidades • Sistemas da linguagem

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 3

Objetos de conhecimento

• A arte dos povos indígenas • O indígena sob o olhar estrangeiro na arte • Encontro de culturas: o indígena e o europeu • A arte da azulejaria • Arte e intervenção urbana • O teatro das missões • Os autos e o teatro brasileiro

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR16), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR22), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR33), (EF69AR34)

Unidade 4

Conteúdos

• Arte afrodescendente no Brasil • Ancestralidade na arte • Sincretismo cultural • A dança na arte afrodescendente • Cores, ritmos e passos do maracatu • Danças brasileiras na arte naïf • Manguebeat e o maracatu contemporâneo • Os códigos da música • A ciência e a arte do luthier

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Notação e registro musical • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34)

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QUADRO DE CONTEÚDOS DO 7º ANO

Unidade 1

• Mensagens em cartuns • Discursos e leituras da arte • Parâmetros sonoros • Corpo: instrumento musical • A arte rupestre e o grafite • Street art: a arte de rua • A arte da fotomontagem • O clássico e o contemporâneo na música • Elementos da linguagem e a criação musical

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Notação e registro musical • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR16), (EF69AR18), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR35)

Unidade 2

Habilidades

• A arte ontem, agora e sempre • A escultura através do tempo • Teatro: espaço e forma • A brincadeira representada na arte • Brincadeira e arte na rua • Corpo e espaço na arte • Arte participativa

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 3

Objetos de conhecimento

• União de música e dança • Registro e preservação da cultura • A ciranda na música e na dança • A ciranda contemporânea • A matemática no ritmo e no passo • A arte da xilogravura • Música e imagem: a arte do cordel • Embolada: a arte do improviso

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Notação e registro musical • Sistemas da linguagem

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR16), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23)

Unidade 4

Conteúdos

• Os cantos de vários povos • O sagrado no canto • Música e tecnologia • Cânone • As muitas formas da ópera • Elementos da ópera • Parcerias entre música, literatura e teatro • Filmes e trilhas em sincronia

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Notação e registro musical • Processos de criação • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR14), (EF69AR16), (EF69AR18), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

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QUADRO DE CONTEÚDOS DO 8º ANO

Unidade 1

• Luz e sombra nas artes visuais • Luzes e tecnologias na arte propositora • Arte cinética: a arte do movimento • Esculturas sonoras • Materiais alternativos e novos instrumentos • Classificação dos instrumentos musicais

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia • Notação e registro musical

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 2

Habilidades

• Criação e registro de imagens • A arte da fotografia • A fotografia como instrumento de denúncia • Integração entre a fotografia e o desenho • Elementos constitutivos do desenho • Elementos históricos da fotografia • O processo fotográfico • Imagens em movimento • Surgimento e história do cinema

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Sistemas da linguagem • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 3

Objetos de conhecimento

• O som do tambor • O ritmo da batucada • Tecnologias aplicadas à música • Música eletrônica • A invenção do rádio e a comunicação de massa • A dublagem no cinema • Filmes de animação

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Sistemas da linguagem • Notação e registro musical • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 4

Conteúdos

• Artes integradas • Arte e arquitetura • Arte e tecnologias • Videodança • Filme de animação • Land art • A cidade como suporte • Eventos artísticos • Festivais de arte

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Sistemas da linguagem • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

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QUADRO DE CONTEÚDOS DO 9º ANO

Unidade 1

• Palavras nas artes visuais • Dramaturgia • Diálogos e monólogos • Comunicação verbal e não verbal • Adaptações e releituras • Cenografia • Arte concreta • Poesia concreta • Artes integradas • Arte e mídia • Instalação • Música contemporânea

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Processos de criação • Notação e registro musical • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 2

Habilidades

• Performance • Intervenção • Happening • Vanguardas • Artes integradas • O corpo que dança • Coreografia • Culturas urbanas

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR09), (EF69AR11), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

Unidade 3

Objetos de conhecimento

• Desenho • Gravura • Cultura tradicional popular • Arte naïf • Arte e religião • Arte e ciência • Estudo das cores • Composição • Hip-Hop

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR16), (EF69AR17), (EF69AR18), (EF69AR19), (EF69AR20), (EF69AR21), (EF69AR22), (EF69AR23), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34)

Unidade 4

Conteúdos

• Arquitetura • Modernismo • Cultura tradicional popular • Coreografia • Encenação • Concerto • Artes integradas • Festivais artísticos

• Contextos e práticas • Elementos da linguagem • Materialidades • Processos de criação • Sistemas da linguagem • Matrizes estéticas e culturais • Patrimônio cultural • Arte e tecnologia

(EF69AR01), (EF69AR02), (EF69AR03), (EF69AR04), (EF69AR05), (EF69AR06), (EF69AR07), (EF69AR08), (EF69AR09), (EF69AR10), (EF69AR11), (EF69AR12), (EF69AR13), (EF69AR14), (EF69AR15), (EF69AR16), (EF69AR23), (EF69AR24), (EF69AR25), (EF69AR26), (EF69AR27), (EF69AR28), (EF69AR29), (EF69AR30), (EF69AR31), (EF69AR32), (EF69AR33), (EF69AR34), (EF69AR35)

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QUADRO DE CONTEÚDOS DOS CDS DE ÁUDIO 6o ano

7o ano

8o ano

9o ano

1. Panphonia: Sons da rua de uma cidade Compositor: Janete El Haouli Intérprete: Janete El Haouli (03:01:00)

1. Parâmetro sonoro – Altura Compositor: domínio público Intérprete: Fil Pinheiro (00:06:00)

1. Prelúdio no 1, de “O cravo bem temperado”, v. I, de J. S. Bach (piano) Compositor: Johann Sebastian Bach Intérprete: Fernando Tomimura (02:16:00)

1. Ácronon Compositor: Hans-Joachim Koellreutter Intérprete: Sérgio Villafranca, Wagner Ortiz (06:52:00)

2. Sinfonia para os sapos Compositor: Janete El Haouli Intérprete: Janete El Haouli (03:11:00)

2. Parâmetro sonoro – Duração Compositor: domínio público Intérprete: Ricardo Takahashi (00:12:00)

2. Prelúdio no 1, de “O cravo bem temperado”, v. I, de J. S. Bach (cravo) Compositor: Johann Sebastian Bach Intérprete: Fernando Tomimura (02:29:00)

2. Cenas de carnaval de Viena, opus 26, intermezzo, para piano solo Compositor: Robert Schumann Intérprete: Fernando Tomimura (02:29:00)

3. Duorganum II, no 4 Compositor: José Augusto Mannis Intérprete: José Augusto Mannis (03:48:00)

3. Parâmetro sonoro – Intensidade Compositor: domínio público Intérprete: Felipe Pipeta (00:08:00)

3. 32 Variações (Tema e 12 variações iniciais) Compositor: Ludwig van Beethoven Intérprete: Fernando Tomimura (04:15:00)

3. Gymnopédie no 1 Compositor: Erik Satie Intérprete: Fernando Tomimura (03:10:00)

4. Da serpente ao canário (Micropeça no 6) Compositor: Carlos Kater Intérprete: Carlos Kater (00:38:00)

4. Parâmetro sonoro – Timbre Intérpretes: Fil Pinheiro, Angelo Ursini (00:07:00)

4. Missa abreviada em Ré / Glória Compositor: Manoel Dias de Oliveira Intérpretes: Coral de Câmara de São Paulo, Orquestra Engenho Barroco e regência de Naomi Munakata (02:03:00)

4. O trenzinho do Caipira Compositor: Heitor Villa-Lobos Intérpretes: Fernando Tomimura, Alberto Kanji (03:42:00)

5. Um mistério em cada canto (Micropeça no 7) Compositor: Carlos Kater Intérprete: Carlos Kater (02:23:00)

5. Barbapapa’s Groove Compositor: Fernando Barba Intérprete: Barbatuques (03:17:00)

5. Pescador Compositor: Xisto Bahia Intérprete: Ivan Vilela (04:30:00)

5. Bagatela no 4 Compositor: Guerra-Peixe Intérprete: Ana Claudia de Assis (00:27:00)

6. Rio São Francisco e o gotejar da nascente Compositor: Cildo Meireles Intérprete: Cildo Meireles (01:00:00)

6. 3 Palmas, variação I Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Carlos Kater, Cris Boch, Tomaz Silva (00:43:00)

6. Desbloqueio de games Compositor: Chelpa Ferro Intérprete: Chelpa Ferro (02:56:00)

6. Seresta Compositor: Edino Krieger Intérpretes: Fernando Tomimura, Alberto Kanji (08:01:00)

7. Águas residuárias e Parque das Águas Emendadas Compositor: Cildo Meireles Intérprete: Cildo Meireles (00:59:00)

7. Música dos tubos Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Nelton Essi, Magno Camilo, Leky Onias, Adriana Mello, Carlos Kater (02:34:00)

7. Pequena serenata noturna Compositor: Wolfgang Amadeus Mozart Intérpretes: Ciro Visconti e Orquestra de Guitarras (04:09:00)

7. Libres en el sonido, presos en el sonido Compositor: Graciela Paraskevaides Intérprete: Ensemble Aventure (10:13:00)

8. Minno amor Compositor: Anônimo Intérpretes: Patrícia Nacle, Anna Carolina Moura, Sabah Teixeira (01:00:00)

8. Peixinhos do mar Compositor: domínio público Arranjo de: Carlos Kater Intérpretes: Nelton Essi, Magno Camilo, Leky Onias, Adriana Mello, Simone Essi (01:37:00)

8. O Tzitziras o Mitziras Compositor: Demetrio Stratos Intérprete: Demetrio Stratos (01:15:00)

8. Caminhos e percursos Compositor: criação coletiva da Orquestra Errante a partir de roteiro de Carlos Kater Direção de: Rogério Costa Intérpretes: Grupo de Improvisação Orquestra Errante (05:57:00)

9. Pars mea Dominus Compositor: Palestrina Intérpretes: Patrícia Nacle, Anna Carolina Moura, Regiane Martinez (01:05:00)

9. Partitura gráfica – Versão 1, coral Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Grupo Cauim, regente Paulo Moura (01:34:00)

9. Baependi (Dobrado fantasia) Compositor: Nelson Salomé de Oliveira Intérpretes: Marcelo Ramos e Companhia dos Inconfidentes (03:55:00)

9. Miniaturas, 2o movimento Compositor: Rogério Vasconcelos Intérpretes: Marcos Silva, Joana Monteiro, Rommel Fernandes e Elise Pittenger (03:11:00)

10. Instrumentos de cordas Intérpretes: Ricardo Takahashi, Daniel Pires, Joel de Souza, Marcio Arantes, Fil Pinheiro, Beatrice Galev (03:01:00)

10. Partitura gráfica – Versão 2 (coral) Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Grupo Cauim, regente Paulo Moura (02:02:00)

10. Chikende Compositor: domínio público Intérprete: MarimBrasil (02:56:00)

10. Exercício no 1, atividade lúdico-musical Compositor: Fabio Freire Intérprete: Fabio Freire (02:54:00)

11. Instrumentos de teclado Intérpretes: Lucas Weier Vargas, Beatrice Galev (01:04:00)

11. Partitura gráfica – Versão 3 (quarteto de cordas) Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Marcos Scheffel, Ricardo Takahashi, Daniel Pires, Joel de Souza (01:11:00)

11. Calango em pedra quente Compositor: Marco Antônio Guimarães Intérprete: Uakti (03:59:00)

11. Pot-pourri: cantos das cinco regiões do Brasil Arranjo de: Marcos Scheffel Intérpretes: Marcos Scheffel, Ricardo Takahashi, Daniel Pires e Joel de Souza (03:20:00)

12. Instrumentos de sopro de madeira Intérpretes: Angelo Ursini, Thiago Branco, Beatrice Galev (02:27:00)

12. Epitáfio de Seikilos Compositor: Anônimo Intérpretes: Patrícia Nacle, Camilo Carrara, Fil Pinheiro (01:12:00)

12. Ser Tao Compositor: Fernando Sardo Intérprete: Fernando Sardo (05:25:00)

12. Corta-jaca Compositor: Chiquinha Gonzaga Intérpretes: Patrícia Nacle, Camilo Carrara, Ari Colares, Fil Pinheiro (05:53:00)

13. Instrumentos de sopro de metal Intérpretes: Felippe Pipeta, Gil Duarte, Léo Gervásio, Leanderson Ferreira, Beatrice Galev (02:20:00)

13. Orema Rojerure Araguy’je Ve’i Ma Compositor: Música tradicional guarani Intérprete: Música tradicional guarani (02:56:00)

13. Tambores de mina (Cangoma) Compositor: domínio público Intérpretes: Meninos do Morumbi (04:56:00)

13. Coração que sente Compositor: Ernesto Nazareth Intérprete: Fernando Tomimura (03:45:00)

14. Instrumentos de percussão Intérpretes: Fil Pinheiro, Lucas Vargas, Beatrice Galev (01:54:00)

14. Tamota moriorê Arranjo de: Magda Pucci Intérprete: Mawaca (03:49:00)

14. Música breve para tambores ou baldes Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Fil Pinheiro e Douglas Alonso (00:32:00)

14. Palpite infeliz Compositor: Noel Rosa Intérpretes: Grupo Cauim, regente Paulo Moura (02:22:00)

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6o ano

7o ano

8o ano

9o ano

15. Flautas Intérprete: Angelo Ursini (06:03:00)

15. Allunde alluya Arranjo de: Magda Pucci Intérprete: Mawaca (02:15:00)

15. Estrelas duplas Compositor: Silvio Ferraz Intérprete: Silvio Ferraz (08:07:00)

15. Brinco Compositor: Arrigo Barnabé Intérpretes: Tuca Fernandes e o “Quinteto d’Elas” (01:45:00)

16. Nota (música medieval) Compositor: Anônimo Intérpretes: César Villavicencio e Ricardo Kanji (03:40:00)

16. Canône Frère Jacques Compositor: domínio público Intérpretes: Coral Juvenil e Paulo Moura (01:18:00)

16. Mosaic para piano, pianola e processamento digital Compositor: João Pedro Oliveira Intérprete: Ana Cláudia Assis (12:08:00)

16. As quatro estações de Hermeto Pascoal: Outono Compositor: Miguel Briamonte Intérprete: Banda Sinfônica do Estado de São Paulo (02:18:00)

17. Figuras rítmicas Intérprete: Angelo Ursini (00:37:00)

17. Summer is incumen in Compositor: Anônimo Intérpretes: Anna Carolina Moura, Regiane Martinez, Sabah Teixeira (01:11:00)

17. Sensação sonora de uma conferência musical Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Reinaldo Renzo e Cassiano Ricardo (02:53:00)

17. Uma canção inacabada Compositor: Fabio Miranda e Adalberto Rabelo Filho Intérprete: Fabio Miranda (01:51:00)

18. Escala de Dó maior (piano) Intérprete: Fil Pinheiro (00:47:03)

18. Chá Compositor: Anônimo Intérpretes: Anna Carolina Moura, Regiane Martinez (01:02:00)

18. Relembrando Ligeti – Música para metrônomos Compositor: Carlos Kater Intérprete: Fil Pinheiro (01:08:00)

18. Baião de gude Compositor: Paulo Bellinatti Intérprete: Quaternaglia (04:40:00)

19. Escala de Dó menor (clarinete) Intérprete: Angelo Ursini (00:48:00)

19. Paz Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Anna Carolina Moura, Regiane Martinez (01:28:00)

20. Escala de Dó maior “mixolídio” (violão) Intérprete: Fil Pinheiro (00:47:00)

20. Olga (II Ato – Reunião dos revolucionários e cenas de rua) Compositor: Jorge Antunes Intérpretes: Orquestra Sinfônica Municipal e Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo Regência: José Maria Florêncio (06:38:00)

21. Escala de Tons Inteiros (piano) Intérprete: Fil Pinheiro (00:42:00)

21. O que é uma opereta? Compositor: Tim Rescala Intérpretes: Maurício Tizumba, Regina Souza, Marina Machado, Tim Rescala (03:40:00)

22. Escala Pentatônica (shamisen) Intérprete: Vinicius Sadao Tamanaha (00:31:00)

22. The Entertainer Compositor: Scott Joplin Intérprete: Fernando Tomimura (02:20:00)

23. Maracatu ritmo característico Intérprete: Ari Colares (01:27:00)

23. Sonoridades paleolíticas Compositor: Carlos Kater Intérprete: Fil Pinheiro (01:35:00)

24. Música para pratos, copos e panelas Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Cris Bosh, Tomaz Silva, Ari Colares (00:59:00)

24. Cirandeiro Compositor: domínio público Intérpretes: Grupo Vocal Juvenil, regente Paulo Moura (02:02:00)

25. Chico Rei Compositor: Carlos Kater Intérpretes: Nelton Essi, Magno Camilo, Leky Onias, Adriana Mello, Simone Essi (02:57:00)

25. Base rítmica de percussão para a dança da ciranda Intérprete: Ari Colares (02:02:00)

19. As sílabas Compositor: Luiz Tatit Intérprete: Luiz Tatit (03:37:00)

26. Maracatu de Chico Rei: Dança dos 3 Macotas e Dança do Chico Rei e da Rainha N’ginga Compositor: Francisco Mignone Intérprete: Norton Morozowicz (05:43:00) Tempo total: 53:50:03

Tempo total: 47:49:00

Música de diversas tradições (brasileira, africana, indígena etc.) CD 6 ano: Faixas 15, 25 CD 7o ano: Faixas 13, 15, 24 CD 8o ano: Faixas 10, 11, 12, 13 CD 9o ano: Faixas 11, 16 o

Música popular brasileira CD 9 ano: Faixas 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19 o

Tempo total: 69:52:00

Tempo total: 76:24:00

Música, teoria e informação CD 6 ano: Faixas 10, 11, 12, 13, 14, 17, 18, 19, 20, 21, 22 CD 7o ano: Faixas 1, 2, 3, 4 o

Peças lúdico-musicais CD 6 ano: Faixas 4, 5, 23, 24 CD 7o ano: Faixas 6, 7, 8, 9, 10, 11, 15, 16, 18, 19, 25 CD 8o ano: Faixa 14 CD 9o ano: Faixa 10 o

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REFERÊNCIAS

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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez: Autores Associados, 1982. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática pedagógica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 2011. FREIRE, Paulo. Professora, sim; tia, não: cartas a quem ousa ensinar. 10. ed. São Paulo: Olho D’Água, 1993. GARAUDY, Roger. Dançar a vida. 6. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1980. GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a teoria das inteligências múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 1994. HELGUERA, Pablo. Education for Socially Engaged Art. New York: Jorge Pinto Books, 2011. HENTSCHEKE, Liane et al. A orquestra tim-tim por tim-tim. São Paulo: Moderna, 2005. HERNÁNDEZ, Fernando. Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. LARROSA, Jorge. Linguagem e educação depois de Babel. Belo Horizonte: Autêntica, 2007. MARTINS, Mirian Celeste (Coord.). Curadoria educativa: inventando conversas. Reflexão e Ação – Revista do Departamento de Educação da Unisc, Universidade de Santa Cruz do Sul, v. 14, n. 1, p. 9-27, jan./jun. 2006. MARTINS, Mirian Celeste (Coord.); GUERRA, Maria T. T.; PICOSQUE, Gisa. Teoria e prática do ensino de arte: a língua do mundo. São Paulo: FTD, 2010. MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa. Travessias para fluxos desejantes do professor-propositor. In: OLIVEIRA, Marilda O. de (Org.). Arte, educação e cultura. Santa Maria: Ed. UFSM, 2007. p. 349-356. MERLEAU-PONTY, M. A dúvida de Cézanne. In: ______. O olho e o espírito. São Paulo: Cosac Naify, 2004. MILLIET, Maria Alice. Lygia Clark: obra e trajeto. São Paulo: Edusp, 1992. OLIVEIRA, Valdemar de. Frevo, capoeira e passo. Recife: Companhia Editora de Pernambuco, 1971. OSTROWER, Fayga. Criatividade e processo de criação. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2007. PODESVA, Kristina Lee. A pedagogical turn: brief notes on education as art. Fillip, Vancouver, n. 6, 2007. Disponível em: <http:// fillip.ca/content/a-pedagogical-turn>. Acesso em: 22 set. 2018. PIMENTEL, Lucia Gouvêa. Tecnologias contemporâneas e o ensino de arte. In: BARBOSA, A. M. (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo: Cortez, 2002. RENARD, Claire. Le geste musical. Paris: Éditions Hachette: Van del Velde, 1982. ROGOFF, Irit; O’NEILL, Paul; WILSON, Mick (Org.). Curating and educational turn. Londres: Open Editions; Amsterdã: De Appel, 2010. SANTAELLA, Lúcia. Como eu ensino: leitura de imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012. SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2012. VIADEL, Ricardo Marín; ROLDÁN, Joaquín. Arte para aprender. Granada, España: Editorial de la Universidad de Granada, 2017.

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POR TODA PARTE 8 Ensino Fundamental – Anos Finais

Componente curricular: Arte

SOLANGE DOS SANTOS UTUARI FERRARI Educadora, escritora e artista visual. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp). Licenciada em Educação Artística pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Especializada em Antropologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Especializada em Arte-Educação pela Universidade de São Paulo (USP). Autora de diversos livros, propostas curriculares e materiais educativos, é ilustradora, pesquisadora e assessora em projetos de Educação, Arte e Cultura. CARLOS ELIAS KATER Educador, musicólogo e compositor. Doutor pela Universidade de Paris IV – Sorbonne. Professor Titular pela Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (EM-UFMG). Coordenou o Centro de Pesquisa em Música Contemporânea da UFMG; foi vice-presidente da Associação Brasileira de Educação Musical (Abem) e membro do Conselho Editorial. É professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) e consultor da Fundação Koellreutter da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Autor de diversos livros e artigos, pesquisa e realiza trabalhos de ensino de música em escolas. BRUNO FISCHER DIMARCH Educador, escritor, bailarino e artista multimídia. Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Licenciado em Educação Artística pela Faculdade Mozarteum de São Paulo (FAMOSP). Autor de livros e propostas curriculares, pesquisa e desenvolve trabalhos sobre a dança em escolas. PASCOAL FERNANDO FERRARI Educador, escritor, ator e diretor teatral. Mestre em Ensino pela Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul). Especializado em Sociologia pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP). Licenciado em Pedagogia pela Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO). Licenciado em Psicologia pela Universidade Braz Cubas (UBC). Autor de diversos livros, propostas curriculares, é pesquisador de linguagem teatral em escolas.

2a edição São Paulo, 2018

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Copyright © Solange dos Santos Utuari Ferrari, Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari, 2018 Diretor editorial Diretora editorial adjunta Gerente editorial Editor Editores assistentes Assessoria Gerente de produção editorial Coordenador de produção editorial Gerente de arte Coordenadora de arte Projeto gráfico Projeto de capa Foto de capa Supervisor de arte Editor de arte Diagramação Tratamento de imagens Coordenadora de ilustrações e cartografia Ilustrações Coordenadora de preparação e revisão Supervisora de preparação e revisão Revisão

Supervisora de iconografia e licenciamento de textos Iconografia Licenciamento de textos Supervisora de arquivos de segurança Diretor de operações e produção gráfica

Antonio Luiz da Silva Rios Silvana Rossi Júlio Roberto Henrique Lopes da Silva Paulo Roberto Ribeiro Carlos Silveira Mendes Rosa, Lilian Ribeiro de Oliveira Daniela Alves, Daniela Souza Martins Grillo, Maria da Graça R. B. Câmara, Sandra Facchini, Tarcila Ferrari Mariana Milani Marcelo Henrique Ferreira Fontes Ricardo Borges Daniela Máximo Juliana Carvalho Juliana Carvalho Por MAR Photography Vinicius Fernandes Leandro Brito Estúdio Anexo Ana Isabela Pithan Maraschin, Eziquiel Racheti Marcia Berne Adilson Marques, Alex Silva, Frosa, Héctor Gómez, Leonardo Conceição, Vanessa Novais Lilian Semenichin Viviam Moreira Adriana Périco, Camila Cipoloni, Carina de Luca, Célia Camargo, Felipe Bio, Fernanda Marcelino, Fernanda Rodrigues, Fernando Cardoso, Heloisa Beraldo, Iracema Fantaguci, Paulo Andrade, Pedro Fandi, Rita Lopes, Sônia Cervantes, Veridiana Maenaka Elaine Bueno Érika Nascimento Bárbara Clara, Erica Brambila Silvia Regina E. Almeida Reginaldo Soares Damasceno

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Por toda parte : 8o ano : ensino fundamental : anos finais / Solange dos Santos Utuari Ferrari...[et al.]. — 2. ed. — São Paulo : FTD, 2018. Outros autores: Carlos Elias Kater, Bruno Fischer Dimarch, Pascoal Fernando Ferrari. "Componente curricular: Arte." ISBN 978-85-96-01933-0 (aluno) ISBN 978-85-96-01934-7 (professor) 1. Arte (Ensino fundamental) I. Ferrari, Solange dos Santos Utuari. II. Kater, Carlos Elias. III. Dimarch, Bruno Fischer. IV. Ferrari, Pascoal Fernando. 18-20696

CDD-372.5 Índices para catálogo sistemático:

1. Arte : Ensino fundamental 372.5 Maria Alice Ferreira - Bibliotecária - CRB-8/7964

Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à

EDITORA FTD. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br

Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada.

Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375

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apresentação Podemos encontrar arte nos mais diferentes lugares e contextos. Um olhar atento, um ouvido esperto e logo percebemos uma imagem, uma música, um gesto ou um movimento, às vezes tudo junto ao mesmo tempo. Somos contemporâneos ao tempo das tecnologias, da cultura visual, dos sistemas de gravação de áudios e vídeos. Podemos compartilhar tudo isso com alguém, mesmo que bem distante. A arte alimenta-se de tudo que o ser humano inventa porque ela também foi inventada por pessoas há muito tempo e agora mesmo, neste último minuto. Você já parou para pensar que alguém, em algum lugar, acabou de fazer um desenho, uma pintura, uma escultura, uma fotografia, escreveu um texto teatral, um arranjo musical? Ou que há pessoas apresentando uma peça teatral ou mostrando uma coreografia, com os corpos a movimentar-se em uma dança? Quem sabe alguém por aí está fazendo uma performance, criando uma instalação, escrevendo ou lendo um livro de literatura ou de poemas, ou criando filmes, vídeos, videogames, cenários, figurinos ou imagens para ilustrar um livro? É possível que alguém também esteja organizando uma festa, e roupas de carnaval ou maracatu podem, neste exato momento, estar sendo bordadas pelas mãos de quem faz arte do povo para o povo! A arte é assim mesmo! Está em todos os lugares e é criada e apreciada por toda a gente. Estudá-la é procurar mais maneiras de encontrá-la. As produções artísticas brasileiras e as que foram ou são feitas mundo afora nos mostram um caminho para conhecer mais o ser humano e sua maneira poética e estética de viver. Somos seres culturais. Por isso inventamos linguagens, e muitas delas são artísticas. Nosso estudo quer ajudar a desvendar essas linguagens para compreender e fazer arte. Convidamos você a estudar Arte. Venha! Os autores M STOCK.CO HUTTER KUSZ/S /MARE N O S ELIAS AFUR © OL

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MUSEU D’ORSAY, PARIS

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ART UNLIMITED, SÃO PAULO/VICENTE DE MELLO

N

MEDIACITYUK, SALFORD QUAYS, MANCHESTER/ LOWEFOTO / ALAMY/FOTOARENA

U

Imagem: registro e criação

Capítulo

A cada abertura de capítulo, trazemos uma imagem para você fruir e refletir, além de informações sobre os conhecimentos presentes no universo da arte, o qual convidamos você a descobrir e aprender.

Trajetórias para a arte • O ato fotográfico • Tema 1 – Fotografias artísticas? • Arte em Projetos – Artes visuais • Tema 2 – Criando o inusitado • Arte em Projetos – Artes integradas

Reprodução da fotografia Lápis vs. câmera – 30, do artista belga Ben Heine, na qual ele interage com a imagem, 2015.

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venha inventar!

tema 1

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Ritmo marcado

Observe a imagem a seguir.

Observe a imagem a seguir. JEFFERSON FERNANDES

BRUNO DE HOGUES/GETTY IMAGES

Venha! e Temas

Logo de início fazemos convites: Venha olhar, cantar, encenar, dançar, imaginar, tramar, pintar... conhecer e fazer arte! Também escolhemos alguns temas e exemplos para que você conheça ideias e histórias do mundo da arte.

Tambores africanos em Gitega, no Burundi (África), em 2015.

CLIQUE ARTE Na África, os tambores soaram e ressoam sua relação com o Taikô – Tambores do sagrado. Os toques e o som do canto saudavam e permitiam o contato Japão. Esse site conta dos humanos com as forças da natureza, com os deuses e os antepasa história do tambor japonês e dá detalhes sados, em cultos que ainda hoje são realizados em algumas regiões do de sua produção. continente. Também eram usados para comunicação a distância, por Disponível em: <http:// livro.pro/miob2n>. meio de uma linguagem sonora. As batidas assumiam a forma de um Acesso em: 26 set. 2018. código, que poderia ser compreendido por quem o escutasse e soubesse decifrá-lo. CHRIS STEELE-PERKINS/MAGNUM PHOTOS/LATINSTOCK Sob o nome taikô, o Japão agregou uma série de tambores à sua cultura. Assim como a dos tambores chineses, coreanos, vietnamitas, tailandeses, entre outros do Sudeste Asiático, a história do taikô está ligada ao teatro, à dança e à religião. A palavra taikô pode se referir tanto aos instrumentos musicais em si quanto à apresentação com eles. Veja um exemplo na imagem ao lado.

Panela, roda de bicicleta, canos, tambores... Metal, plástico, madeira. Cada coisa tem seu timbre. Cada objeto está em um lugar. São os instrumentos do GEM (Grupo Experimental de Música).

Taikô em festival na cidade de Tóquio (Japão), em 2003.

Música brasileira, coisas da nossa gente que gosta de inventar.

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Mundo conectado, Mais de perto E PALAVRA DO ARTISTA

A arte está relacionada com outras disciplinas e com a vida cotidiana. Você pode descobrir como isso acontece lendo a seção Mundo conectado. A seção Mais de perto retoma o convite feito inicialmente na seção Venha!, a fim de aprofundar seus conhecimentos sobre os temas e as linguagens estudados. E, para aproximar você ainda mais da arte, apresentamos citações, trechos de entrevista ou depoimentos na seção Palavra do artista.

mundo conectado

MAIS DE PERTO RACHEL CANTO/OPÇÃO BRASIL

Tambores sagrados

Rroong ka doong ka roo ka do ka doong doong

Observe a imagem ao lado. Você já reparou quão abundante é a música na religião? Os instrumentos de percussão teriam sido os primeiros instrumentos que deram ritmo aos rituais sagrados. Na Torá e no Antigo Testamento, há passagens que mencionam o uso do tambor pelo povo hebreu. Por exemplo, a terceira estrofe do salmo 149, em sua súmula de adoração a Deus, exclama: “Louvem o nome do Senhor com danças; cantem-lhe salmos ao som de tamborins e harpas”. Os atabaques são instrumentos costumeiros em religiões como a Umbanda e o Candomblé. Em sinal de luto eterno, os rabinos (líderes religiosos judaicos) baniram a música instrumental das sinagogas (seus locais de culto). Esse fato ocorreu após a Primeira Guerra Judaico-Romana (66 d.C.-73 d.C.), na Judeia, e apenas a partir AMPLIANDO do século XVIII os judeus do Ocidente passaram a usar o órgão em sua A Torá é tanto a lei do liturgia. Os tambores, todavia, não mais regressaram. profeta hebreu Moisés Por outro lado, muitas vertentes do Cristianismo, ainda que não quanto o volume que a contém, composto de utilizem tambores, empregam seu descendente moderno, a bateria, nas cinco livros sagrados bandas que animam seus louvores. do Judaísmo, também A tabla, instrumento formado por um par de tambores tocados chamados Pentateuco. O Antigo Testamento com os dedos e as mãos, é parte constitutiva da música clássica indiana, cristão corresponde ao considerada sagrada pelos seguidores do Hinduísmo. Pentateuco judaico. O som dos tambores embala também o Islamismo. Em certas ceriForma a Bíblia com o Novo Testamento, o qual mônias, como o sema (ou sama) praticado pelos sufistas (dedicados à engloba os evangelhos, dimensão mística da religião), as batidas somam-se ao canto, à poesia e as epístolas (cartas) e os à dança em busca de uma ligação de todos com Deus. atos dos apóstolos de Jesus Cristo e, ainda, o No Brasil, religiões de matriz africana ou a elas livro do Apocalipse. ligadas, como o Candomblé e a Salmo é um cântico Umbanda, usam tambores (canto ou poema (principalmente atabaques) religioso) dividido em estrofes e versos. como parte essencial de A palavra vem do sua relação com o sagrado. A tabla, instrumento típico da música clássica indiana.

“Meu coração está batendo como um tambor da selva”, canta a islandesa Emiliana Torrini na canção Jungle Drum (Tambor da selva), que contém no refrão a onomatopeia rítmica “doong ka doong ka rroo ka do ka doong doong”. Afinal, o coração é o tambor do corpo, tocando o ritmo da vida. Muitos são atraídos pelas batidas do tambor, e essa atração está diretamente ligada à história dos Meninos do Morumbi.

Emiliana Torrini canta em Munique (Alemanha), em 2009.

Meninos do Morumbi Flávio Pimenta, músico especializado em percussão e bateria, encontrou em 1996 um grupo de meninos em uma praça no bairro do Morumbi, em São Paulo (SP), e os convidou para formar uma banda com ele. Os ensaios, de início na casa de Pimenta, começaram a ocorrer nas ruas por causa do aumento do número de meninos interessados em fazer música. Com isso, passaram a atrair a atenção de mais pessoas. O grupo cresceu e hoje é um instituto que já atendeu a mais de 14 mil pessoas.

Apresentação do grupo Meninos do Morumbi, em Londres (Inglaterra), em 2000, início do projeto de inclusão social por meio da música.

PALAVRA DO ARTISTA

Flávio Pimenta (1958-) Acabei me apaixonando. Você só sabe o quanto é forte quando, com o que possui, transforma o outro […]. Não é atender à miséria o que me atrai, e sim a ideia de a gente conseguir ser cada vez melhor, de que eles [os Meninos do Morumbi] são protagonistas e responsáveis por isto aqui.

grego psalmós, que significa, entre outras ações, a de tocar um instrumento musical.

FONTES, Bruna Martins. Músico afina jovens para compor destino. Folha de S.Paulo, 2007. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/finalistas/2007-flavio-pimentameninosdomorumbi.shtml>. Acesso em: 27 set. 2018.

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MIGUEL VILLAGRAN/GETTY IMAGES

Será uma grande escultura ou instalação sonora? Olhando bem para esses objetos, o que provoca o seu olhar?

CAMILA WATSON

Que parafernália será essa? É para ver ou tocar?

NBATURO/SHUTTERSTOCK.COM

Instrumentos criados pelo Grupo Experimental de Música (GEM), feitos com materiais alternativos. Apresentação em Santos, foto de 2013.

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Processo de criação

arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

Oficina 1 – Cinético giratório VEJA ARTE

Materialidades

“Calder” Paintings in 3D. Nesse vídeo, as obras de Alexander Calder se tornam imagens 3D que simulam o movimento sugerido por suas criações. Disponível em: <http:// livro.pro/7ukw68>. Acesso em: 8 ago. 2018.

• Papel-cartão

• Compasso

• Papelão

• Canetas ou lápis de cor

• Cola branca

• Ventilador pequeno ou parafuso

Vamos fazer um objeto de arte cinética? Você poderá explorar cores e formas e experimentar os efeitos delas quando estiverem em movimento. Para começar:

3. Pinte essas formas e linhas usando canetas ou lápis de cor.

© 2018 CALDER FOUNDATION, NEW YORK/AUTVIS, BRASIL, 2018/CHRISTIE'S IMAGES/SUPERSTOCK/GLOW IMAGES

Móbile (1962) de Alexander Calder, feito de folha de metal e haste pintadas.

XICA LIMA

2. Na folha de cor branca, trace círculos de vários tamanhos, um dentro do outro. Você pode usar um compasso para fazer esses desenhos. Não há regras, invente seus desenhos.

Anéis rotativos (2012), de Gavin Turk, fez parte de uma exposição em Londres, em 2014, chamada O que Marcel Duchamp ensinou-me, na qual diversos artistas expuseram obras inspiradas em Duchamp.

Você pode fazer composições monocromáticas ou policromáticas. Crie vários desenhos. Explore as possibilidades de padrões e composições usando os círculos. Com os desenhos propostos, agora é hora de colar os dois círculos, o de papelão e o de papel-cartão desenhado. AMPLIANDO Composições monocromáticas usam uma única cor e suas diferentes tonalidades. Composições policromáticas usam combinações de duas ou mais cores.

XICA LIMA

© SUCCESSION MARCEL DUCHAMP/ AUTVIS, BRASIL, 2018. UKARTPICS/ALAMY/FOTOARENA

1. Recorte um círculo de 30 cm de diâmetro, aproximadamente, em uma folha de papel-cartão branco. Recorte mais um círculo de 30 cm de diâmetro, aproximadamente, em uma folha de papelão (pode ser reciclado, como os de embalagens de pizza).

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Arte em projetos e PROCESSO DE CRIAÇÃO

Em Arte em Projetos, apresentamos sugestões para estudar e criar em várias linguagens da arte. Em Processo de criação, o fazer artístico é relacionado a conceitos, materialidades, processos e procedimentos de criação.

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arte em projetos

ARTES VISUAIS

Mais ação e Misturando tudo

Mesclando fotografias e desenhos O artista belga Ben Heine (1983-) cria imagens mesclando as linguagens da fotografia e do desenho. Ele ganhou fama internacional em 2000, quando apresentou essa nova linguagem artística com a série Lápis vs. câmera. Depois, também se destacou com as séries Circulismo digital e Carne e acrílico. O desenho é uma linguagem muito antiga – vem desde antes do surgimento da escrita –, e a fotografia só surgiu no século XIX. A mistura dessas duas linguagens pode ser bem divertida! Veja a imagem a seguir.

Pesquisar, criar e compartilhar são algumas das várias propostas que fazemos a você na seção Mais ação. Uma linguagem pode ter relação com outras e até estarem juntas em uma produção artística. A seção Misturando tudo traz questões para você pensar sobre isso e para perceber o que você aprendeu ao estudar cada capítulo.

EMIDIO LUISI

O fascínio do ser humano por imagens em movimento o guiou pelos mais diferentes caminhos. Em duas ou três dimensões, muitas foram as criações artísticas que simulavam o movimento, mas essa história toma novos rumos em 1955. Naquele ano, o francês Marcel Duchamp (18871968) apresentou obras que pareciam engenhocas, mas criavam imagens com efeitos visuais quando colocadas em movimento. Esse tipo de arte rompeu a tradição de imagens e esculturas estáticas. Pelo mundo, a proposta de arte do movimento espalhou-se.

O dançarino de butô Yoshito Ohno em fotografia de Emidio Luisi. Foto de 2013.

Lápis vs. câmera – 66, de Ben Heine, 2015.

Linhas, pontos, cores, formas, luminosidades e espaços são elementos que constituem as linguagens visuais. A fotografia, o desenho e a pintura estão entre as linguagens visuais. Ao fazer escolhas e combinações, podemos criar imagens. MAIS AÇÃO O que você já estudou e conhece sobre os elementos da linguagem visual? Vamos pesquisar e conhecer mais?

• Faça um roteiro da sequência de imagens. • Em seu bloco de sequências de imagens, crie os desenhos e suas modificações passo a passo.

GEMÄLDEGALERIE, BERLIN, GERMANY

• Agora, digitalize as imagens e escolha um programa para tratá-las e depois editá-las. Há vários tutoriais na internet que podem ajudar nessa etapa. Caso a escola tenha um professor ou assistente de informática, convide-o a conversar com a turma sobre o processo.

Como são as cores nessas pinturas? Você percebe as tonalidades que os artistas usaram em suas paletas? Que tal fazer uma lista de todas as cores que você percebe nas imagens? Quantas tonalidades de uma mesma cor podemos perceber? Na história da pintura, temos registro da luz natural (Sol, Lua, estrelas, raios, relâmpagos) e da luz artificial (fogo). Os artistas barrocos aproveitaram a iluminação de ambientes com a luz de velas e criaram tonalidades amareladas, captando essa luz e suas cores misteriosas. Percebemos isso em pinturas barrocas. 1. Pensando nos espaços de luz e sombra, como os artistas escolheram iluminar uma área da composição? Há um motivo para isso?

2. Que sensações essas imagens causam a você?

3. Você considera a luz das velas um bom recurso usado por artistas barrocos para explorar tonalidades de cores nas pinturas?

4. Na fotografia, também podemos captar imagens com essas tonalidades?

Que tal participar de festivais de animação em sua localidade? Se na sua região não houver eventos de animação, que tal criar um? Um festival de cinema com animações consegue mesmo agitar toda a escola! Essa ideia pode ser levada a toda a sua localidade, envolvendo mais escolas. Converse com os professores e peça apoio para esse projeto. Podem surgir novos talentos nessa aventura audiovisual!

AMPLIANDO Paleta é uma chapa usada pelos pintores para depositar e misturar tintas. Geralmente é de madeira, arredondada e tem um orifício em que o pintor coloca o polegar para segurá-la. Pinturas barrocas são obras produzidas no estilo barroco do século XVI ao século XVIII e se caracterizam por contrastes de luz e sombra e composição assimétrica. Essas pinturas costumam ser compostas de uma escala que vai dos tons de terra escura aos tons de laranja e amarelo intenso.

D i á r i o d e a rt e Lembre-se de registrar suas pesquisas e descobertas – e as de seus colegas – em seu Diário de arte, no qual você pode ser roteirista, diretor, ator e personagem das histórias! Reveja seu diário, procure identificar o que ainda pode ser inventado e o que pode ser refeito de modo inovador.

MISTURANDO TUDO 1. Com base nas imagens e conteúdos apresentados neste capítulo, que tal criar um cineclube para assistir a filmes de animação? 2. Sobre o que você aprendeu neste capítulo? Do que mais gostou? 3. Você já tinha parado para pensar na história das narrativas por rádio? E nas técnicas de gravação da voz, o que você descobriu?

5. E no cinema, você se lembra de uma cena com essas nuances? Respostas pessoais.

4. Quais são os desafios para a criação de efeitos sonoros? E para fazer a dublagem de um filme ou vídeo? Anote descobertas, sensações e comentários em seu Diário de arte.

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1. Como a linguagem da fotografia afeta seu dia a dia? Você pode imaginar como era o mundo antes dela? O que será que mudou? 2. Para você, que tipo de temática é mais atraente em uma fotografia: questões sociais, imagens da natureza, pessoas, registros do cotidiano ou de ações? 3. Pesquise sobre o tema de sua preferência e estude a maneira e o cuidado com que fotógrafos registram temáticas semelhantes à sua. Busque uma forma particular de fazer esses registros, de modo que sua obra artística na linguagem da fotografia ganhe uma identidade, uma maneira particular de captar o que acontece ao seu redor.

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O boxe Ampliando, em estilo de glossário, ajuda você a saber mais sobre algumas palavras e expressões e a compreender melhor o universo da arte e seus termos. No + Perto de você, há propostas de passeios culturais e dicas de como ou onde encontrar mais arte. Você também poderá fazer registros sobre seu processo de criação, reflexões, análises e descobertas no mundo da arte a partir das dicas deixadas no Diário de arte.

• Escolha uma trilha sonora, reúna áudio e vídeo e ponha para rodar o seu curta de animação. + PERTO DE VOCÊ

São José, o carpinteiro (cerca de 1640), pintura a óleo sobre tela de Georges de La Tour.

Neste capítulo, vimos técnicas, materiais e poéticas relacionadas à arte de fotografar.

Ben Heine. Para conhecer mais sobre esse artista belga, visite seu site oficial. Disponível em: <http:// livro.pro/85oiny>. Acesso em: 10 set. 2018.

Ampliando, + Perto de você e Diário de arte

Oficina 2 – Animação audiovisual Que tal ir do flip book à animação audiovisual? Veja quais tecnologias você poderá usar. Há muitas possibilidades utilizando o computador ou o celular. Primeiro escolha um tema.

A parábola do homem rico (1627), de Rembrandt, em pintura a óleo sobre madeira (carvalho), 31,9 cm × 42,5 cm.

Por que fotografamos o tempo todo? Um dia com amigos, uma festa, o show daquele músico preferido são momentos que fazem parte da sua história e devem ser guardados na memória? Será que as pessoas também querem registrar e guardar sensações, momentos efêmeros e únicos? Você já pensou nisso? O que chama sua atenção ao escolher o que fotografar?

MISTURANDO TUDO

CLIQUE ARTE

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MUSÉE DES BEAUX-ARTS, PARIS

MAIS AÇÃO

D i á r i o d e a rt e Registre em seu diário as etapas de seu processo de criação, os desafios, as escolhas e as descobertas, como foi fotografar e criar em grupo, o que foi mais interessante no estudo da fotografia e sua relação com outras linguagens. Use o Diário de arte também para registrar ideias sobre novas possibilidades.

IMAGE BY BEN HEINE © 2015 – WWW.BENHEINE.COM

Arte em movimento

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DIEGO GRANDI /ALAMY/ FOTOARENA

O Pavillon Le Corbusier (Suíça), último edifício concebido por Le Corbusier, em 1967, dedica-se à obra desse arquiteto suíço.

Construído pela civilização maia em cerca de 400 d.C., o Templo V de Tikal, na Guatemala, é outro Patrimônio Mundial da Humanidade. Seu nome foi dado por arqueólogos, já que há outros seis templos na Acrópole Central maia.

O Museu da Memória e dos Direitos Humanos (2010), em Santiago (Chile), denuncia os crimes do regime militar chileno (1973-1990). Foi projetado pelos arquitetos brasileiros Mario Figueroa, Lucas Fehr e Carlos Dias.

A Notre Dame de Paris, na capital da França, é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Sua construção se iniciou em 1163 e só terminou por completo no século XIV.

Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida por Catedral de Brasília, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1970.

PRÉ-HISTÓRIA

IDADE ANTIGA

IDADE MÉDIA

(c. 2 milhões a.C.-4000 a.C.)

(c. 4000 a.C.-476 d.C.)

(476 d.C.-1453 d.C.)

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KAROL KOZLOWSKI / IMAGEBROKER / FOTOARENA

SILVANA GUILHERMINO / IMAGEBROKER / FOTOARENA

LUCIANO MORTULA / ALAMY / FOTOARENA

Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e inaugurado em 1969.

Uma das mais famosas e mais antigas construções budistas do Japão, o Templo Yakushiji (680 d.C.) foi erigido pelo imperador Tenmu e é hoje declarado Patrimônio Mundial da Humanidade.

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PETER LANGER/PETER LANGER / ALAMY/ FOTOARENA

FRANCISCO SANDOVAL GUATE/SHUTTERSTOCK.COM

IONUT DAVID /ALAMY/ FOTOARENA

O Partenon, construído em 447 a.C. e situado no interior da Acrópole de Atenas, foi o templo mais importante dessa cidade e de toda a Grécia antiga.

O Palácio de Versalhes, usado pela realeza francesa de 1682 a 1789 (Revolução Francesa), passou por muitas obras de expansão e reforma e tem mais de 2 mil cômodos. Em primeiro plano, a escultura La Seine, modelada por François Girardon e fundida de 1685 a 1694.

ALAMY FOTO / FOTOARENA

Situada a 2 430 metros de altitude, no topo da escarpada Cordilheira Oriental, no Peru, a cidadela de Machu Picchu foi construída pelos incas no século XV. A maioria dos arqueólogos acredita que ela era propriedade de Pachacuti, imperador de 1438 a 1472. As mais famosas pirâmides egípcias, construídas por volta de 2550 a.C., estão na Necrópole de Gizé, nos arredores da cidade do Cairo (Egito).

GUMBAO/SHUTTERSTOCK.COM

Olhar para o passado e perceber como a arte se transforma pode provocar reflexões sobre como a vida e a sociedade também mudam com o passar dos séculos. As linhas do tempo permitem fazer relações, entre passado e presente, com base no que foi estudado a cada unidade.

IONUT DAVID /ALAMY/ FOTOARENA

BRIAN KINNEY/SHUTTERSTOCK.COM

ARTE PELO TEMPO

E.O./SHUTTERSTOCK.COM

Arquitetura e arte se misturam

O Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, está ao lado da Praça Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), e foi inaugurado em 2015.

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(1453 d.C.-1789 d.C.)

(1789 d.C. à atualidade)

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sumário

TI TUR

UT X/SH

TER

C STO

M K.CO

Unidade 1

Unidade 2 ⬤

A ARTE E SUAS INVENÇÕES MARAVILHOSAS 8

Capítulo 1 – Cor, espaço e tempo .......... 10 Venha colorir! ....................................... 12 Venha participar!.................................. 13 Tema 1 – Criações iluminadas e luminosas .......................................... 15 Mundo conectado – Magos da luz e da cor ................................................. 18 Mais de perto – Cor-luz e a poética do espaço-tempo .................................. 19 Arte em Projetos – Artes integradas – Arte em movimento ................................ 20 Tema 2 – Entre as artes e as propostas .................................... 26 Mundo conectado – Arte cinética ........ 28 Mais de perto – Multicores, multimídias .......................... 30 Arte em Projetos – Artes integradas – Intervenções............................................ 31 Misturando tudo ................................. 33 Capítulo 2 – Som e invenção.................. 34 Venha tocar! ......................................... 36 Venha inventar! .................................... 37 Tema 1 – Como se toca um instrumento? ................................. 39 Mundo conectado – A ciência dos instrumentos musicais ............................ 40 Mais de perto – Uakti – a lenda e o grupo ............................................... 42 Arte em Projetos – Música – Famílias musicais .................................... 43 Tema 2 – Como se faz um instrumento? ................................. 46 Mundo conectado – Som, natureza e cultura.................................................. 47 Mais de perto – Grupo Experimental de Música (GEM) .................................... 48 Arte em Projetos – Música – Os primeiros luthiers ................................ 49 Misturando tudo ................................. 51 Arte pelo tempo – Instrumentos que o tempo traz ........................................... 52

OLHANDO PELA LENTE 54

Capítulo 1 – Imagem: registro e criação ................................................. 56 Venha fotografar e desenhar!........... 58 Venha captar! ..................................... 59 Tema 1 – Fotografias artísticas ....... 61 Mundo conectado – A imagem como denúncia .................................... 62 Mais de perto – Formas e fotoformas ............................ 63 Arte em Projetos – Artes visuais – Mesclando fotografias e desenhos........ 65 Tema 2 – Criando o inusitado ......... 70 Mundo conectado – Arte e imigração .................................. 71 Mais de perto – A arte do artista e a arte do outro.................................. 72 Arte em Projetos – Artes integradas – Fotoação e sensibilidade poética .............. 73 Misturando tudo ............................... 75 Capítulo 2 – Imagem fixa e em movimento ................................... 76 Venha fotografar! .............................. 78 Venha filmar! ...................................... 79 Tema 1 – Luz e escuridão ................ 81 Mundo conectado – Processos físico-químicos ...................... 82 Mais de perto – Olhando por dentro ............................. 85 Arte em Projetos – Artes visuais – Em busca do interessante e do enquadramento............................ 86 Tema 2 – Em um segundo, 24 quadros que transformaram o mundo............................................. 92 Mundo conectado – Memória e retina................................... 93 Mais de perto – Gêneros e estilos ....... 95 Arte em Projetos – Artes integradas – Fazendo um filme ............ 98 Misturando tudo ............................. 101 Arte pelo tempo – Fotografia: registros marcantes de arte e história .... 102

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ALIAKSANDR

COM

TTERSTOCK.

SHATNY/SHU

Unidade 3 ⬤ TECNOLOGIA,

CORPO E VOZ 104

Capítulo 1 – Batucadas e batidas ......... 106 Venha tocar! ........................................ 108 Venha compor! .................................... 109 Tema 1 – Ritmo marcado.................. 111 Mundo conectado – Tambores sagrados ................................. 112 Mais de perto – Rroong ka doong ka roo ka do ka doong doong ................ 113 Arte em Projetos – Música – Batucada ............................................... 114 Tema 2 – É abstrata, é concreta, é música... ...................................................118 Mundo conectado – Música e tecnologia................................ 119 Mais de perto – Explosão eletrônica ..... 120 Arte em Projetos – Música – Composição ........................................... 121 Misturando tudo ................................ 125 Capítulo 2 – Olho e voz ......................... 126 Venha dublar! ....................................... 128 Venha animar! ...................................... 129 Tema 1 – Sentir e fruir a arte ..............132 Mundo conectado – A invenção do rádio ............................... 135 Mais de perto – Versão brasileira.......... 137 Arte em Projetos – Artes integradas – No ar, nosso programa de rádio! ............. 139 Tema 2 – Arte que anima ................. 144 Mundo conectado – O cinema em nossas mãos. .................................... 145 Mais de perto – A animação no Brasil................................................. 146 Arte em Projetos – Artes visuais – Como animar um desenho...................... 148 Misturando tudo ................................ 149 Arte pelo tempo – Desenhos e animações ........................................... 150

IMAGE BY BEN HEINE © 2015 – WWW.BENHEINE.COM

Unidade 4

MUITAS EM UMA 152

IOME

DIA

Capítulo 1 – A integração das artes .....154 Venha projetar e construir! ..................156 Venha dançar e filmar! .........................157 Tema 1 – Criar e mudar ....................160 Mundo conectado – Cidades e afetos .....................................162 Mais de perto – Construir espaços para pessoas ..........................................163 Arte em Projetos – Artes integradas – Desenhando e criando uma cidade ..........164 Tema 2 – O corpo que dança nas telas ...................................166 Mundo conectado – Híbridos ..............167 Mais de perto – Quando o vídeo encontrou a dança .................................168 Arte em Projetos – Artes integradas – Videodança............................................169 Misturando tudo ................................171 Capítulo 2 – Arte e acontecimento.......172 Venha mudar e integrar! ......................174 Venha mostrar!.....................................175 Tema 1 – Para mudar o mundo! ......177 Mundo conectado – Ver, sentir, representar e intervir na paisagem.........181 Mais de perto – Arte ambiental ..........182 Arte em Projetos – Artes visuais .....183 Tema 2 – Mostrar a arte ...................184 Mundo conectado – Arte e público ........................................185 Mais de perto – Mostra audiovisual ......186 Arte em Projetos – Artes integradas – Animação ..............................................187 Misturando tudo ................................189 Arte pelo tempo – Arquitetura e arte se misturam ....................................190

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REFERÊNCIAS ......................................192

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A ARTE E SUAS INVENÇÕES MARAVILHOSAS

PERFORMANCES MUSICAIS

PIANORQUESTRA/MÁRCIA MOREIRA

ESCULTURA SONORA

CRIAÇÃO E MÚSICA

PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS

As cores de tintas e da luz nas artes. A luz retratada nas pinturas. As cores projetando-se pela luz. Nas telas, nos objetos e nas instalações, os artistas manipulam as cores e exploram a luz. No corpo e na tecnologia, o som e a música transformam-se. Objetos de arte sonoros, instrumentos e performances musicais, a música em metamorfose Te permanente. s at

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COLEÇÃO PARTICULAR

LUTHIER NEW YORK TIMES CO./GETTY IMAGES

Faça sempre a leitura das imagens, explorando formulações de hipóteses e o imaginário do aluno. Esse início de conversa é relevante para perceber e diagnosticar o que os alunos conhecem. Para isso, inicie com algumas perguntas: • Por que estas imagens estão aqui? O que você sente? Já viu alguma destas imagens antes? Vamos descobrir o que elas representam e quem as produziu? Quais chamam mais a sua atenção? • Ao ler as legendas das imagens, o que você pensa? Sobre quais delas você consegue dizer algo? Quais palavras são novidade? Vamos pesquisar, estudar e descobrir seus sentidos? O volume 8 da coleção aborda as linguagens da Dança, Música, Teatro, Artes visu-

ART Es Vi su a

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Música

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O fazer artístico dá asas à imaginação e transforma o inimaginável em invenção. Observar os inventos da arte pode proporcionar novas leituras sobre objetos e fazeres na arte. Converse com os alunos sobre as imagens que abrem esta Unidade 1, cujo título é A arte e suas invenções maravilhosas. São imagens que mostram invenções artísticas que abrem portas para possibilidades inovadoras e pelas quais passaremos. Todas as aberturas de Unidade deste livro trarão esta estrutura orgânica. Cada Unidade é composta de dois capítulos com a presença de várias linguagens da arte que se integram e propõem a construção de saberes junto aos alunos. Essa forma de apresentar imagens e palavras/conceitos se propõe a ser uma orientação para o seu planejamento e um convite aos alunos para que entrem no universo da arte pelos temas e conceitos aqui escolhidos.

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MEDIACITYUK, SALFORD QUAYS, MANCHESTER/ LOWEFOTO / ALAMY/FOTOARENA

CONTEXTUALIZAÇÃO

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ais e as Artes integradas (linguagens híbridas que unem várias linguagens em uma proposta artística), no entanto, o convite não é para o trabalho polivalente, mas para o desenvolvimento de uma proposta interdisciplinar entre as linguagens artísticas ampliada pela D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 8

mediação cultural e pesquisas. O professor pode escolher, de acordo com sua formação, criar percursos pedagógicos com foco em algumas linguagens, mas deixamos o convite para que se aventure a estudar e a apresentar aos alunos caminhos que lhes proporcio-

nem contato com mais linguagens da arte. Há conceitos e temas que podem ser abordados em várias linguagens e as relações entre elas são feitas ao longo de cada capítulo. Sobre os conceitos propostos, trazemos aqui o estudo da “arte e invenção”. O uso das

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MUSEU D’ORSAY, PARIS

ART UNLIMITED, SÃO PAULO/VICENTE DE MELLO

COR-PIGMENTO

© CRUZ DIEZ, CARLOS/AUTVIS, BRASIL, 2018

ARTE CINÉTICA

EDUARDO ORTEGA /ESTUDIO FOTO

ARTE E INTERAÇÃO

INSTALAÇÃO SONORA

COR-LUZ

PAVEL NEMECEK/AP/GLOW IMAGES

JEFFERSON FERNANDES

ARTE E TECNOLOGIA

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE Nesta Unidade, desenvolveremos as seguintes competências específicas do ensino de Arte: 1, 2, 3, 4 , 5 , 6 , 7 , 8 e 9 .

Arte e você em: • Capítulo 1 – Cor, espaço e tempo • Capítulo 2 – Som e invenção

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invenções nos faz sermos mais atualizados e dispostos a querer mais saberes e informações. Vamos estudar como artistas têm inventado arte explorando tecnologias e conceitos científicos. Sobre a história da arte, citamos movimentos, como Geração 80, arte cinética e Barro-

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co. Também propomos estudos sobre ideias e concepções artísticas iniciadas com as vanguardas e seus desdobramentos na arte contemporânea. Além disso, abordamos a ideia de arte propositora e participativa, em que o artista convida o público a fazer parte do processo.

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Para trabalhar com esta Unidade, sugerimos situações de aprendizagem que são compostas de momentos de nutrição estética (apreciação de imagens, músicas e textos), em especial nas seções Venha!, Temas e Mais de perto; ação criadora, proposta na seção Arte em projetos (exploração de materiais, procedimentos artísticos e processos de criação); e proposições de pesquisas, nas seções de exercícios (que exploram ora o conhecimento prévio, ora o construído e adquirido). A construção de reflexões e análises críticas é proposta no eixo contextualização. Lembramos nossa intenção de dar espaço para que o professor seja autor do seu trabalho, por isso, é importante que você se prepare e se organize metodologicamente na gerência dos projetos e percursos de aprendizagem da arte. O planejamento prévio será fundamental para o bom desempenho nas aulas. Outra estratégia é fazer combinados com os alunos sobre como ocorrerão as aulas.

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NO DIGITAL • Veja o plano de desenvolvimento para a Unidade 1. • Desenvolva o projeto integrador sobre culturas indígenas do Brasil. • Explore as sequências didáticas propostas para o primeiro bimestre. • Acesse a proposta de acompanhamento da aprendizagem.

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CONCEITOS EM FOCO

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• Cor e luz • Instalação artística • Arte propositora

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR05) • (EF69AR02) • (EF69AR08) • (EF69AR03) • (EF69AR31)

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Cor, espaço e tempo Trajetórias para a arte

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Sugira aos alunos que observem as luzes ao seu redor, pensando que luzes são essas e se conseguem classificá-las em tipos, como luz natural do sol, de lâmpadas fluorescentes, de LED, entre outras. Peça que prestem atenção na forma, nas cores, no brilho. Estimule-os a pensar na luz como um elemento para inventar arte. Abrimos este capítulo com a imagem da instalação do artista Olafur Eliasson, O projeto tempo, de 2003, por meio da qual é criada uma atmosfera atemporal sobre a sensação climática. O artista transmite a sensação da presença do sol. A obra procura ocasionar a percepção sobre a questão climática em uma perspectiva não lugar e não temporal, ou seja, a sensação da presença do sol acontece em um lugar geográfico ou em um momento climático que não corresponde necessariamente à natureza do lado de fora do espaço de exposição. A obra aconteceu no espaço da Tate Modern, em Londres. Observe com os alunos a imagem e, a partir do que se pode perceber nela, levante hipóteses com eles sobre, por exemplo, como foi feita, que materiais o artista usou, como o público reage dentro da instalação. Explique que essa é uma obra de arte propositora, por meio da qual o artista pro-

• Luz, arte e criação! • Tema 1 – Criações iluminadas e luminosas • Arte em Projetos – Artes integradas • Tema 2 – Entre as artes e as propostas • Arte em Projetos – Artes integradas

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põe que haja uma interação entre a obra e o público. Nesse conceito de arte contemporânea, iniciada por volta da segunda metade do século XX, o público não apenas contempla a obra, mas participa dela, cria e intervém com o artista, que é um propositor. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 10

+IDEIAS Será que os alunos já observaram o pôr do sol? Que tal os alunos apreciarem esse momento juntos? Se o horário da escola não coincidir com o pôr do sol, pode-se combinar um encontro ou cada um pode apreciá-lo no lugar em que estiverem, fotografá-lo e enviar a imagem para um

grupo de internet organizado para esse fim. Proponha aos alunos e a seus familiares que apreciem juntos o pôr do sol. Quais são as relações que podem surgir entre o pôr do sol visto e a obra? Os alunos podem criar registros sobre a experiência representando-a em desenhos, pinturas, poemas, instalações etc.

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© OLAFUR ELIASSON/GUSTOIMAGES/SPL/LATINSTOCK

REGISTROS E AVALIAÇÃO Aproveite este início de capítulo para fazer sondagens sobre conhecimentos prévios dos alunos sobre o universo da arte. Uma roda de conversa e a criação de palavras-chaves sobre o que foi debatido pode ser um bom início de diálogo e uma forma de realização de uma avaliação diagnóstica. Podem ser, por exemplo, utilizados pedaços de papel para que os alunos coloquem palavras que lhes vêm à cabeça quando questionados sobre o que sabem sobre o universo da arte. Compartilhe, como mediador, as ideias que surgirem. CONEXÕES • Olafur Eliasson. Projeto Tempo (The Weather Project, 2003). Site com texto sobre a instalação na Tate Modern. Disponível em: <http:// livro.pro/pbsdny>. Acesso em: 31 out. 2018.

O projeto tempo (2003), de Olafur Eliasson, em Londres.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A ideia proposta na arte participativa pode relacionar-se ao ensino, quando o professor convida os alunos a participar de todo o processo de aprender arte. Nesse contexto, o aluno é um ser ativo,

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autônomo e pensante sobre o seu processo de aprender a aprender arte (um dos pilares da educação contemporânea). Pesquise mais sobre essas ideias de artistas e professores propositores. São muitas as possibilidades de convidar o público

para participar de um processo artístico. Por ser uma arte tridimensional em que muitas vezes é possível entrar e participar da experiência proposta, a instalação é a linguagem escolhida por vários artistas propositores. Elas são obras criadas para espaços diferen11/7/18 4:34 PM

ciados e que levam em conta sua arquitetura. Muitas delas exploram a participação sensorial do visitante, estimulando-o através do tato, da visão e do olfato. Geralmente é uma produção efêmera, podendo ocorrer somente uma vez ou ser adaptada para outro local.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Cor e luz Arte propositora História da arte Objeto artístico Instalação artística

venha colorir!

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR04) •

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Proponha aos alunos que observem as luzes produzidas por objetos eletroeletrônicos ao nosso redor, como celulares, TVs, tablets e computadores. Todos eles produzem luz, mas como é essa luz? É estática ou se movimenta? Qual a sua cor? Ela se modifica? A partir das respostas dadas, encaminhe a conversa sobre a luz na obra de Abraham Palatnik. Será que os alunos conhecem e sabem a diferença entre cor-luz e cor-pigmento? Sugerimos que você apresente aos alunos vídeos que mostrem experiências com a cor-luz passando através de um prisma, por exemplo. Depois, apresente a cor-pigmento e a diferença entre elas. Se necessário, pesquise sobre o tema e traga mais informações. Sugira então ao alunos que observem as imagens destas páginas e leiam os textos correspondentes. Leve os alunos a conhecerem inicialmente a obra Aparelho cinecromático, de Abraham Palatnik (1928-). Trata-se de um objeto artístico construído a partir de uma caixa de madeira com instalações elétricas contendo lâmpadas de várias cores por detrás de uma trama de tecido sintético que dá trans-

ART UNLIMITED, SÃO PAULO/VICENTE DE MELLO

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Aparelho cinecromático (1969), de Abraham Palatnik. Madeira, metal, plástico, tecido sintético, lâmpadas e motor, 112 cm × 70 cm × 20 cm.

Que cores parecem saltar quando você olha para essa obra? Que formas podemos, em um instante, encontrar, perceber? Espaço em cores... será um lugar? Formas, tons, luminosidade que acende a curiosidade. Será pintura ou tela iluminada? Paisagem ou composição abstrata? Olhe mais uma vez. São tintas ou luzes coloridas? Um mistério para você descobrir. 12

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parência e mostra as cores mudando a cada momento. O efeito obtido nos dá a impressão de uma tela de pintura convencional. No entanto, nela o artista usou o princípio da pintura com cor-luz e a tecnologia disponível na época. Sugerimos que, a partir do texto poético, você esti-

mule os alunos a olhar para a imagem e a descrever o que veem, a analisar as cores (formas e relações de espaço) e a interpretar o que percebem. Sugerimos a seguinte “pauta para olhar”: • Observe a imagem: Que materiais você acha que foram usados?

• A maioria dos artistas já

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usou efeitos de cores presentes em tintas, as cores químicas (cores-pigmento). Você sabe explicar o que são? • E sobre as cores-luz (também conhecidas como cores-energia ou cores-físicas)? A luz tem cor? Ele irradia alguma cor? Qual?

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• Sobre a arte participativa:

Será que o artista é dono dessa criação ou o público também o ajuda a inventar? • As luzes convidam o público a participar? Imagine estar no local em que ocorreu a exposição. O que você pensa a partir desse exercício? A obra traz a integração das linguagens artísticas em sua concepção e existência: temos a música, a cor em efeitos de luz, o cenário (local), a ambientação. O artista relata que quis provocar a sensação de uma discoteca, salão de baile popular.

EDUARDO ORTEGA /ESTUDIO FOTO

venha participar!

Instalação Inferninho, de Luiz Zerbini, para a 29a Bienal de São Paulo (2010).

Eu tenho uma proposta. Entre nessa obra e participe dela. O que você percebe na imagem? Será que participar dessa obra é um convite a uma viagem? Viagem a um universo de sensações sonoras, visuais e táteis? Será que podemos entrar e mergulhar em luzes, sonoridades e fazer parte da obra também? Vamos aceitar o convite? A arte propositora chama para participar. Vamos lá?

PARA AMPLIAR CONCEITOS As duas obras fazem uso da tecnologia e apresentam novas possibilidades para a arte. Na arte contemporânea, são inúmeras as possibilidades e formas tecnológicas para explorar em processos artísticos, como o uso de linguagens multimídias, máquinas e programas de computadores. CONEXÕES • Para ver a instalação Inferninho, de Luiz Zerbini, acesse: <http://livro.pro/drjsx7>. Acesso em: 31 out. 2018. • A obra Aparelho cinecromático, de Abraham Palatnik, pode ser vista em: <http:// livro.pro/tzmdpb>. Acesso em: 31 out. 2018.

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• E que cores aparecem na

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pintura de Abraham Palatnik? São pintadas (química/pigmento) ou cores iluminadas (cor-luz)? Apresente, então, a obra Inferninho, de Luiz Zerbini (1959-), uma instalação apresentada na 29a Bienal de São Paulo, em 2010. O texto po-

ético pode ajudar os alunos a entrar nesse universo das linguagens contemporâneas. Essa também é uma obra propositora, que convida o espectador a interagir com os círculos de luz. A música presente também propõe uma outra forma de interação com o público, que passa a inventar a

obra ou a percebê-la, senti-la de forma diferente. Nessa obra, também temos a cor-luz. Conte que, para essa instalação, Zerbini usou areia no chão, explorando assim outras possibilidades táteis para os espectadores que a visitavam. Como “pauta para olhar”, sugerimos: 11/7/18 1:29 PM

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CONCEITOS EM FOCO

pintura • História da arte • Alquimia

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR04) • (EF69AR02) • (EF69AR05) • (EF69AR03) • (EF69AR08)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Proponha que os alunos observem a imagem da obra de Shintaro Ohata. Converse com eles sobre como percebem a representação da luz. Esse artista estabelece diálogos entre a escultura e a pintura. Provoque-os a observar por onde entra a luz na sala de aula e como ela incide nos objetos. Leve-os a relacionar essa entrada de luz com a obra. Conte sobre o processo de criação do artista, que cria a escultura e depois trabalha a pintura da peça procurando recriar os efeitos luminosos. Ele mistura técnicas de pintura com as de modelagem, usa processos de colagem de retalhos sobre a parte escultórica para criar efeitos parecidos com as pinceladas feitas na tela de pintura. Dependendo do ângulo de que observa a obra, o espectador pode ter a impressão de que se trata de uma pintura ou de uma escultura tridimensional. Utilize as questões propostas para provocar nos alunos a reflexão e a formulação da crítica sobre a arte. Como professor mediador, atente para o fato de que todas as hipóteses são válidas e devem ser acolhidas. Por fim, explore a relação entre a leitura dessa obra e a das obras de Palatnik e Eliasson, observando como elas representam as cores e a luz.

Luz, arte e criação! Observe a imagem ao lado. Como podemos criar luzes? Precisamos de eletricidade? Podemos dar cor à luz? Houve um tempo em que a escuridão era iluminada apenas pelo clarão da Lua, das estrelas e de outros eventos da natureza. As pessoas desse tempo observaram o fogo, que era produzido por raios que caíam do céu, por rochas incandescentes lançadas por vulcões, e pensaram: “Como será que se captura essa luz?”. E foi com esse desejo de possuir a luz que muitas pessoas tentaram obtê-la. No universo das artes, a luz aparece nas mais diferentes formas. Os artistas prestam muita atenção nas luzes que estão em nossa vida e criam arte a partir de suas observações e pesquisas. Você já prestou atenção nas diferentes luzes em seu cotidiano? E na arte, como a luz está presente? Estrelinhas (2010), de Shintaro Ohata. Pintura sobre tela e escultura de poliestireno.

SHINTARO OHATA. SPARKLERS. 2010. COURTESY OF THE ARTIST AND YUKARI ART

• Cor e luz • Representação da luz pela

Observe a imagem acima e descreva o que você vê.

1. Quais cores você identifica na obra? Como elas foram usadas?

2. O que a obra está representando?

3. Uma cena como essa poderia ser vista em seu cotidiano?

4. Como a luz aparece na obra de Ohata?

5. Há mais alguma observação que você gostaria de compartilhar com seus colegas?

Agora, volte às seções Venha colorir! e Venha participar! (páginas 12 e 13), observe novamente as imagens e leia os textos. Qual é a relação entre aquelas duas obras? Qual é a sua interpretação a partir da leitura dos textos? O que você pensa a respeito dessas produções artísticas? Respostas pessoais.

D i á r i o d e a rt e Escreva em seu Diário de arte a palavra “luz”. Em volta dela, escreva, desenhe ou cole imagens relacionadas à luz em seu cotidiano e na arte.

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Depois, convide os alunos a pesquisarem outras obras de Shintaro Ohata e a observar como a luz está presente em suas obras. Proponha então que, usando o que viram sobre luzes e cores, criem no Diário de arte. Deixe-os livres para o uso de cores, materialidades, técnicas. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 14

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considerado um grande avanço em épocas passadas. Procure relacionar os principais acontecimentos tecnológicos com a sua época e o impacto deles no mundo, por exemplo, a descoberta do fogo, a eletricidade, a roda, o computador, a internet, o telefone, o rádio, o cinema. Converse com os alunos sobre a ideia que, em qualquer parte do mundo, vamos encontrar algo inventado por pessoas e que eles também podem ser inventores de coisas. Dê exemplos, como o de uma aldeia indígena, onde encontramos utensílios domésticos feitos de barro, palha e outros materiais retirados da natureza. E que tudo isso é tecnologia. Diga também aos alunos que, nessa mesma comunidade indígena, podem existir computadores conectados à internet. Existem blogues, sites ou páginas em redes sociais criados por comunidades indígenas para divulgar sua cultura e língua. Que tal mostrar aos alunos essas páginas na internet? Pode-se constituir, assim, uma parceria interdisciplinar entre Arte, Geografia e História.

Criações iluminadas e luminosas XINHUA NEWS AGENCY/EYEVINE/GLOW IMAGES

O fogo foi a primeira conquista. Imagine como mudou o destino da humanidade quando se conseguiu recriar uma fagulha e a luz do fogo. Contudo, as pessoas queriam mais luzes, queriam brilho e beleza. Na China antiga, inventaram os fogos de artifício. A partir daí, o mundo pôde ver muitas luzes explodindo em cores e formas nos céus.

Apresentação da Dança do Dragão, com fogos de artifício, executada por atores na província de Yunnan, na China, em 2013.

Na Idade Média, uma época em que a ciência chamada química ainda não existia, os alquimistas desenvolveram vários materiais que tinham aromas agradáveis ao queimar. Eles eram considerados feiticeiros pela Igreja Católica por causa de suas atividades e, para sobreviver, faziam velas e as vendiam nas cidades. No início, as velas eram caras e poucos podiam adquiri-las. Com o tempo, a luz das velas se popularizou e mudou a maneira de encarar a noite e a escuridão. E também mudou o universo da arte: pinturas, iluminação de teatro e os lugares passaram a ser vistos à luz de velas. Artistas registraram essas imagens, e podemos apreciá-las até hoje. Veja alguns exemplos na página seguinte.

AMPLIANDO Os alquimistas eram pesquisadores que misturavam materiais em busca de conhecimento e riqueza. Foram importantes para a química, porque descobriram muitas propriedades de materiais.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Que tal registrar em palavras-chaves as citações sobre a luz feitas pelos alunos até aqui? Em seu Diário de arte, escreva as palavras mais citadas, as relações entre os saberes e os conceitos até aqui desenvolvidos.

1. Você já viu uma queima de fogos de artifício? De que você mais gostou?

2. Na fotografia acima, vemos um festejo chinês com fogos de artifício e um dragão alegórico. Existe algo parecido no Brasil? 3. É possível encontrar alguma característica em comum entre essa fotografia e a obra Estrelinhas, de Shintaro Ohata? Respostas pessoais.

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Proponha a leitura do texto do Tema 1: Criações iluminadas e luminosas. Como pauta, sugerimos: • O que você entende por tecnologia? Será que são sempre elementos ligados ao futu-

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ro e a sistemas complexos? Será que o nosso passado também foi tecnológico? Converse com os alunos sobre o que são tecnologias e qual o sentido dessa palavra, esclarecendo que tecnologia é

tudo o que o ser humano inventou desde a Pré-História e que, em cada tempo e lugar, esses inventos tiveram sua importância e sentido. Assim, o que hoje nos parece velho ou ultrapassado pode ter sido 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • Sobre os momentos do dia e suas cores, propomos um momento de nutrição estética com a escuta sensível e atenta da música Canto do povo de um lugar, de Caetano Veloso. Disponível em: <http://livro.pro/ br7t34>. Acesso em: 31 out. 2018. • Sobre o artista Shintaro Ohata e suas obras, acesse <http://livro.pro/8pugeo>. Acesso em: 31 out. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

MUSÉE DES BEAUX-ARTS, PARIS

• Cor e luz • Pintura e representação da cor • História da arte

BNCC

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR08)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Solicite aos alunos que observem as imagens das páginas prestando atenção na fonte de luz das cenas retratadas. Separe, então, os seguintes materiais: caixa de sapatos, pisca-pisca natalino de cor única, extensão elétrica, tesoura e fita adesiva. Faça uma abertura na caixa que permita a passagem do bocal da tomada. Organize o pisca-pisca dentro da caixa, prendendo-o com fita adesiva. Sele a abertura da passagem do fio, para que não vaze luz, e tampe a caixa. Ligue o bocal da luz a uma extensão elétrica e, depois, plugue-a na tomada. Num ambiente escuro, peça para um aluno por vez abrir a caixa. Registre os momentos de abertura com fotografias ou vídeos. Em seguida, apresente a eles as imagens e converse sobre a incidência da luz. Relacione o que viveram e viram nas fotografias/vídeos com as obras que observaram nas páginas do livro. Comente como diferentes artistas em épocas e contextos distintos se relacionaram com os inventos tecnológicos e como eles influenciaram, e influenciam, a cor utilizada nas pinturas, do Barroco aos nossos tempos. No Barroco, um movimento marcado pela dramaticidade na composição

GEMÄLDEGALERIE, BERLIN, GERMANY

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

A parábola do homem rico (1627), de Rembrandt, em pintura a óleo sobre madeira (carvalho), 31,9 cm × 42,5 cm.

São José, o carpinteiro (cerca de 1640), pintura a óleo sobre tela de Georges de La Tour.

Como são as cores nessas pinturas? Você percebe as tonalidades que os artistas usaram em suas paletas? Que tal fazer uma lista de todas as cores que você percebe nas imagens? Quantas tonalidades de uma mesma cor podemos perceber? Na história da pintura, temos registro da luz natural (Sol, Lua, estrelas, raios, relâmpagos) e da luz artificial (fogo). Os artistas barrocos aproveitaram a iluminação de ambientes com a luz de velas e criaram tonalidades amareladas, captando essa luz e suas cores misteriosas. Percebemos isso em pinturas barrocas. 1. Pensando nos espaços de luz e sombra, como os artistas escolheram iluminar uma área da composição? Há um motivo para isso?

2. Que sensações essas imagens causam a você?

3. Você considera a luz das velas um bom recurso usado por artistas barrocos para explorar tonalidades de cores nas pinturas?

4. Na fotografia, também podemos captar imagens com essas tonalidades?

AMPLIANDO Paleta é uma chapa usada pelos pintores para depositar e misturar tintas. Geralmente é de madeira, arredondada e tem um orifício em que o pintor coloca o polegar para segurá-la. Pinturas barrocas são obras produzidas no estilo barroco do século XVI ao século XVIII e se caracterizam por contrastes de luz e sombra e composição assimétrica. Essas pinturas costumam ser compostas de uma escala que vai dos tons de terra escura aos tons de laranja e amarelo intenso.

5. E no cinema, você se lembra de uma cena com essas nuances? Respostas pessoais.

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e escolha dos temas, são percebidas pinturas que seguiam uma escala de tons em terra escura que iam “iluminando-se” em tons de laranja até o amarelo intenso. Na leitura de imagens, converse com os alunos sobre a paleta dos pintores barrocos. Comente como tons terrosos,

amarelos e laranja, assim como o de claro e escuro, trazem interesse ao quadro, provocando a percepção de formas iluminadas em parte da composição. Ao observar a luz nas obras de Vincent van Gogh, chame a atenção para o fato de que se pode perceber o olhar pensante do artista, que tanto

olha para as luzes da natureza como para a luz elétrica. Nesta mesma época, acontecem os movimentos artísticos impressionista e pós-impressionista, com artistas que inovaram na cor, na forma e na composição, abrindo caminhos para outros estilos, como o Expressionismo e o Cubismo.

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Agora, observe a imagem a seguir.

AMPLIANDO Na atualidade, os artistas têm à disposição vários materiais industrializados, mas, durante muito tempo, criavam suas próprias tintas. Tais como os alquimistas, eles misturavam elementos químicos como aglutinantes, pigmentos e solventes para conseguir a textura e as cores das tintas. Na época de Van Gogh, já havia casas especializadas em vender tintas prontas, mas muitos dos pigmentos eram extraídos de minerais, e a relação entre cor e luz pode causar efeitos inesperados. Uma pesquisa desenvolvida pelo Museu Van Gogh e a Universidade da Antuérpia, na Bélgica, mostra que os quadros de Van Gogh, por exemplo, estão perdendo as cores por causa de um mineral utilizado na confecção das tintas vermelhas na época, o plumbonacrite.

MUSEU D’ORSAY, PARIS

LEIA ARTE

Noite estrelada sobre o Ródano (1888), de Van Gogh. Óleo sobre tela, 72,5 cm × 92 cm.

Outros artistas também fascinados pela luz criaram imagens para captar os reflexos dela nas águas de um rio – como na pintura acima de Van Gogh –, a vida noturna que se podia conhecer ao frequentar um café – Terraço do café à noite (1888) – ou o brilho das estrelas em cidades do sul da França, todas obras do holandês Vincent Willem van Gogh (1853-1890). Essa é a época dos artistas pós-impressionistas. Van Gogh olhou para a luz em contraste com as sombras da noite e criou pinturas repletas de tonalidades azuis, amarelas, alaranjadas e violeta, formando uma verdadeira sinfonia cromática.

Observe novamente a imagem acima.

1. A paleta do artista mudou de cor?

2. A paleta de cores usadas por Van Gogh é diferente da utilizada por Rembrandt e Georges de La Tour?

3. Que cores você percebe nessa paisagem noturna?

4. Os contrastes em setores escuros e claros da pintura são provocados por quais cores? Respostas pessoais.

Rembrandt. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2007 (Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, v. 17). Sinopse: Rembrandt, em muitos de seus quadros, faz uso de uma fonte de iluminação frontal, com o objetivo de fazer que o observador preste atenção no aspecto mais importante da obra. Assim, desviava o foco do público para onde quisesse. Van Gogh. São Paulo: Folha de S.Paulo, 2007 (Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura, v. 1). Sinopse: Detalhes dos hábitos, das técnicas e da vida conturbada do grande pintor Van Gogh, que já foi tema de inúmeros filmes.

AMPLIANDO Pós-impressionistas são os artistas da segunda geração do Impressionismo ou aqueles que seguiram caminhos artísticos independentes. A arte do Impressionismo, movimento do final do século XIX e início do século XX, centrava-se no estudo da luz. Havia muitas pinturas feitas ao ar livre, em forma de pesquisa sobre as mudanças da atmosfera e da luz. Sinfonia cromática é uma composição de cores.

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+IDEIAS A paleta é uma ferramenta usada por pintores. Que tal criar uma com seus alunos? Você pode usar uma caixa de leite (tipo longa vida). Abra-a, cortando-a pela lateral, estique-a bem e depois recorte-a no formato de uma paleta.

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Oriente os alunos, antes de começarem a pintar, a criar várias nuances misturando cores. Uma dica é criar uma escala cromática dos tons que trazemos ao estudar a corrente estilística do Barroco. Que tal comparar o Barroco europeu e o Barroco bra-

sileiro? Apresente aos alunos imagens dos movimentos artísticos e peça que apontem as características de ambos. As pinturas de Mestre Ataíde, por exemplo, trazem muitas cores, e contrastam diretamente com o Barroco europeu, mas a dramaticidade continua pre11/7/18 1:29 PM

sente. As cores da paleta em tons de amarelo a terra queimada aparecem em cenas com a luz em foco, mas há obras barrocas que mostram mais colorido. Aproveite para ampliar saberes sobre harmonia e contraste ao falar de sinfonia cromática.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR04) •

(EF69AR05) (EF69AR06) (EF69AR07) (EF69AR08)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Sugira aos alunos que observem o céu sobre suas casas e, em seguida, desenhem-no e pintem-no. Os desenhos podem ser expostos durante a aula e utilizados para a sensibilização. Após o combinado, converse com os alunos sobre como é o céu de sua região, se aparecem estrelas ou se a poluição as encobre, se as luzes das metrópoles enfraquecem as luzes das estrelas, se as luzes mudam de lugar. Anote essas proposições para depois relacioná-las com a obra Céu estrelado, de Van Gogh. Comente com os alunos que as cartas enviadas por Van Gogh a seu irmão Théo continham relatos de seu trabalho como pintor, descobertas e estudos artísticos. Estão presentes, por exemplo, estudos sobre cores complementares, análogas e temperaturas da cor. Van Gogh não chegou a frequentar escolas de arte, mas valorizava a criação e as pesquisas dos que vieram antes. Essa relação de estudos se dá também na obra de Petros Vrellis, na qual o artista relaciona o movimento, a ondulação, a força e a expressão da pintura com a tecnologia ligada aos videogames, para poder tocar no

mundo conectado

Magos da luz e da cor Na história das invenções, cientistas e artistas trilham caminhos semelhantes. Van Gogh foi obstinado por sua arte, sua maneira de ver o mundo. Um estudioso da cor, fazia várias anotações em diários que transformava em cartas para amigos e para o irmão Théo. Era um homem simples que gostava da natureza. Hoje, suas obras são exibidas em todo o mundo. Muitas imagens desse artista vistas em exposições podem ser reproduzidas usando altas tecnologias, como no caso da Mostra 3M de Arte Digital, em São Paulo, em 2012, que permitia ao público interagir com obras de Van Gogh com movimentos da mão. O artista multimídia que projetou a obra Noite estrelada (animação interativa), o grego Petros Vrellis (1974-), explica que são instalados sensores ao lado da tela, de tecnologia semelhante à dos videogames. Esses sensores enviam informações a um computador, que transforma os movimentos feitos pela mão do espectador em animação projetada em uma grande tela. Quem visita esse tipo de exposição pode se sentir também um pintor. Só que, no lugar de tintas, cores e pigmentos, o pintor multimídia utiliza luzes da tecnologia. Tecnologia, arte digital e pintura confluem em artes integradas. Veja essa obra na imagem ao lado. Em sua investigação sobre as cores e as formas dos céus noturnos, Van Gogh criou imagens que fascinam até hoje astrônomos e artistas multimídia. E em sua criação e poética pessoal, ele observou intensamente a vida e a interpretou por meio de cores.

AMPLIANDO Artistas multimídia são aqueles que produzem arte explorando várias linguagens e tecnologias. Astrônomos são cientistas que pesquisam a história, a dinâmica, a física e a química dos astros e do universo.

RITA DEMARCHI

Arte e ciência Arte e tecnologia Cor poética Espaço e tempo História da arte brasileira Processo de criação do artista Abraham Palatnik • • • • • •

Visitante interage com reprodução da obra Noite estrelada, de Van Gogh, em São Paulo.

D i á r i o d e a rt e Quando apreciamos uma pintura de Van Gogh, percebemos movimento na imagem. Por meio da tecnologia, foi possível transformar essa sensação dada pela pintura em imagens em movimento, como na obra citada de Petros Vrellis, Noite estrelada (animação interativa). Retorne à pintura da página 17 e observe-a com atenção. Quais movimentos você encontrou na obra? Registre suas observações em seu Diário de arte.

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quadro e fazer as linhas e pinceladas se movimentarem. Apresente novamente as imagens dos objetos/pinturas luminosas criadas por Palatnik. Depois, leia com os alunos a fala de Palatnik em Palavra do artista, a proposta é aproximar o universo D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 18

do artista, seu processo de criar e pensar, ao contexto do aluno. O que os alunos pensam sobre essa fala? Que tal pesquisar sobre o sentido da palavra “cibernética”? Nos dicionários, cibernética é descrita como sendo a ciência do controle. Trata-se de um

campo de estudo interdisciplinar sobre as estruturas de sistemas reguladores. Na obra de Palatnik, há de certa forma um controle dos resultados da sequência visual da sua “pintura de luzes coloridas”. Discuta com os alunos sobre esse conceito.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A exposição de trabalhos pode ser uma boa forma de ampliar conceitos sobre produzir e mostrar. Grandes exposições ajudam na afirmação de uma ideia ou um conteúdo. Convide os alunos a conhecerem as grandes exposições que acontecem no país e no mundo através da internet. As Bienais de Arte de São Paulo e do Mercosul são dois ótimos exemplos. Muitas das formas de exposição podem ser montadas na escola. Sugerimos a pauta para refletir e pesquisar: • O que está acontecendo na região que envolve a arte? • Há exposições e eventos artísticos? • Vamos organizar uma exposição de arte no espaço da escola ou em algum lugar na cidade?

MAIS DE PERTO

Cor-luz e a poética do espaço-tempo

ART UNLIMITED, SÃO PAULO/VICENTE DE MELLO

É uma pintura? É uma escultura? Que linguagem é essa? Como vamos classificá-la? Onde colocá-la em uma exposição? Essas dúvidas fizeram a comissão do júri da Bienal de São Paulo de 1951 quase impedir a exposição da obra do artista potiguar Abraham Palatnik (1928-). Sua obra era algo diferente; pegara o júri de surpresa com tanta novidade para aquela época. Tecnologia, ciência e movimento aparecem integrados em sua obra. Com a obra Aparelho cinecromático, Palatnik criou uma “máquina de pintar”. Em lugar de tintas, usou cor-luz que se move, associando a pintura ao espaço e ao tempo. Vamos ver como funciona? AMPLIANDO Bienal de São Paulo é uma exposição de arte realizada a cada dois anos na cidade de São Paulo (SP). Teve uma exposição em 1951 e se repete desde 1962, no Parque Ibirapuera. Aparelho cinecromático é uma máquina composta de uma caixa com lâmpadas no seu interior e telas coloridas que se movimentam acionadas por motores, gerando imagens de luz e cor em uma superfície semitransparente.

Aparelho cinecromático, de Abraham Palatnik, em versão de 1969. Madeira, metal, tecido sintético, lâmpadas e motor, 112 cm × 70 cm × 20 cm.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Assim como os alunos, registre o percurso em seu Diário de arte. Que tal criar uma sequência de ideias sobre todo o processo até aqui? O registro do desenvolvimento artístico é muito valioso. Junte fotos, desenhos e anotações suas e dos alunos para uma possível exposição. Um portfólio pode ser criado com os alunos.

PALAVRA DO ARTISTA

Abraham Palatnik (1928-) Nascido em Natal (RN) em 1928 e vivendo no Rio de Janeiro, o artista Abraham Palatnik vê na arte um espaço para a invenção. Fiz estudos no campo da cibernética, mas meu foco ficou totalmente dirigido a testar materiais, formas e cores. Foram experiências bem práticas. [...] Começo com uma ideia vaga do que quero obter, e o próprio processo de fazer o trabalho vai ditando as escolhas e o resultado final. [...] Para inventar alguma coisa é preciso ter um comportamento anticonvencional. Apud CORDEIRO, Tiago. Arte feita de física. Galileu. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/ Common/0,,ERT338453-18538,00.html>. Acesso em: 3 ago. 2018.

D i á r i o d e a rt e Registre em seu Diário de arte seus estudos e ideias sobre a relação entre arte e tecnologia. Que tal aproveitar e criar nele invenções artísticas imaginadas por você?

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+IDEIAS Relacionar as obras de Shintaro Ohata, Van Gogh e obras barrocas através da luz é uma forma de apresentar o tema em diferentes linhas artísticas. Na época que Van Gogh pintou suas cenas noturnas mais

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famosas, em 1888 e 1889, a lâmpada elétrica já tinha sido inventada por Thomas Alva Edison (1847-1931). Objetos para iluminar começavam a mudar a vida noturna das cidades. A vida urbana ficava mais luminosa até chegar à

visão contemporânea do japonês Shintaro Ohata (1975-). Propomos aqui a interdisciplinaridade entre Arte e Ciências através dos inventos. Thomas Edison foi um criador de vários inventos que usamos até hoje. Muitos deles revolu7/5/19 10:41

cionaram a vida das pessoas, como a lâmpada incandescente, o fonógrafo, o cinematógrafo e o telefone. Explore com os alunos a utilização desses inventos no mundo da arte. Em seguida, apresente os resultados em cartazes.

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CONCEITOS EM FOCO

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07)

ARTES INTEGRADAS

Arte em movimento O fascínio do ser humano por imagens em movimento o guiou pelos mais diferentes caminhos. Em duas ou três dimensões, muitas foram as criações artísticas que simulavam o movimento, mas essa história toma novos rumos em 1955. Naquele ano, o francês Marcel Duchamp (18871968) apresentou obras que pareciam engenhocas, mas criavam imagens com efeitos visuais quando colocadas em movimento. Esse tipo de arte rompeu a tradição de imagens e esculturas estáticas. Pelo mundo, a proposta de arte do movimento espalhou-se.

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Proponha aos alunos que pesquisem sobre arte cinética ou arte do movimento. Comece pela pesquisa do que é o movimento. Talvez os alunos já tenham feito experimentos em Ciências que podem auxiliar na conversa. Os resultados podem ser apresentados em vídeos e imagens. Quais serão os artistas que aparecerão? Crie uma lista na lousa, ela será importante para pesquisas futuras. Um móbile pode ser levado para a sala de aula para mostrar como o movimento cinético acontece. Quais serão as leituras que os alunos farão? Será que fatores, como tamanho, peso, divisão, influenciam no giro do móbile? Com a reutilização de papéis, você e seus alunos podem fazer tiras compridas, colá-las ou prendê-las no teto de uma sala ou outro local da escola e usar um ventilador para dar o efeito de arte cinética. Dessa proposição, pode surgir a conversa sobre o movimento involuntário dos objetos e de como ele se torna arte. Apresente aos alunos o escultor norte-americano Alexander Calder (1898-1976), que usava em suas obras artísticas objetos como latas de sardinha,

VEJA ARTE

“Calder” Paintings in 3D. Nesse vídeo, as obras de Alexander Calder se tornam imagens 3D que simulam o movimento sugerido por suas criações. Disponível em: <http:// livro.pro/7ukw68>. Acesso em: 8 ago. 2018.

Anéis rotativos (2012), de Gavin Turk, fez parte de uma exposição em Londres, em 2014, chamada O que Marcel Duchamp ensinou-me, na qual diversos artistas expuseram obras inspiradas em Duchamp.

Móbile (1962) de Alexander Calder, feito de folha de metal e haste pintadas.

© 2018 CALDER FOUNDATION, NEW YORK/AUTVIS, BRASIL, 2018/CHRISTIE'S IMAGES/SUPERSTOCK/GLOW IMAGES

BNCC

arte em projetos

© SUCCESSION MARCEL DUCHAMP/ AUTVIS, BRASIL, 2018. UKARTPICS/ALAMY/FOTOARENA

História da Arte Arte cinética Dadaísmo Experimentação de materialidade • Ponto, linha, forma e cor • • • •

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caixas de fósforos e pedaços de vidro coloridos. Calder criava esculturas com movimento, algumas acionadas à manivela, além de inventar móbiles. Explore ainda as obras dos artistas brasileiros que utilizaram essa técnica, como Mary Vieira (1927-2001) e Waldemar Cordeiro (1925-1973). D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 20

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Processo de criação

Oficina 1 – Cinético giratório Materialidades • Papel-cartão

• Compasso

• Papelão

• Canetas ou lápis de cor

• Cola branca

• Ventilador pequeno ou parafuso

Vamos fazer um objeto de arte cinética? Você poderá explorar cores e formas e experimentar os efeitos delas quando estiverem em movimento. Para começar: 1. Recorte um círculo de 30 cm de diâmetro, aproximadamente, em uma folha de papel-cartão branco. Recorte mais um círculo de 30 cm de diâmetro, aproximadamente, em uma folha de papelão (pode ser reciclado, como os de embalagens de pizza).

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2. Na folha de cor branca, trace círculos de vários tamanhos, um dentro do outro. Você pode usar um compasso para fazer esses desenhos. Não há regras, invente seus desenhos.

3. Pinte essas formas e linhas usando canetas ou lápis de cor. Você pode fazer composições monocromáticas ou policromáticas. Crie vários desenhos. Explore as possibilidades de padrões e composições usando os círculos. Com os desenhos propostos, agora é hora de colar os dois círculos, o de papelão e o de papel-cartão desenhado. AMPLIANDO

XICA LIMA

Composições monocromáticas usam uma única cor e suas diferentes tonalidades. Composições policromáticas usam combinações de duas ou mais cores.

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+IDEIAS Que tal instigar o processo artístico e poético dos alunos? Através da observação das imagens, inspire os alunos a criarem desenhos que serão movimentados em seguida e podem virar outra imagem, diferente da criada inicialmente. Comente

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que é importante que ele pense sua produção como um todo. Prepare-se, organize-se e procure ter os materiais que serão utilizados. Os procedimentos são importantes partes do fazer artístico. Prepare também modelos de cada etapa, para os alunos observarem

e para você construir com eles. Estude os materiais e proponha novas experiências nas aulas de Arte. É importante que os alunos façam o esboço no Diário de artista e anotem todos os materiais necessários. Pense na proposta de ser um professor propositor. 11/7/18 1:30 PM

PARA AMPLIAR CONCEITOS Abstracionismo é uma tendência de arte desprendida da imitação do mundo, ou seja, da figuração. Historicamente, está ligada às vanguardas europeias do início do século XX. Essa corrente estilística desencadeou várias ramificações, como o abstracionismo geométrico e o expressionismo abstrato. Converse sobre como os alunos podem ir além da figuração criando composições abstratas e explorando a arte cinética. Arte cinética é uma proposta que desencadeou várias experimentações e produções. Cada artista desenvolveu essa proposta de arte em movimento com diferentes materialidades e efeitos. O Dadaísmo também veio mudar os paradigmas da arte e abrir debate para a uma arte conceitual, ou seja, a arte da ideia. Seu princípio básico é que as ideias ou conceitos constituem a poética da obra. O Dadaísmo manifestou-se segundo uma concepção de arte sem fronteiras ou delimitações entre as linguagens (poesia, teatro, música e artes visuais). Foi um movimento de contestação absoluta dos valores artísticos. O movimento dadaísta impulsionou ao longo de todo o século XX muitas outras tendências. REGISTROS E AVALIAÇÃO Observe o processo de criação dos alunos, perceba como resolvem os problemas e desafios, como pesquisam materialidades e trabalham com autonomia, e se desenvolvem uma poética pessoal. Sugerimos analisar: • Como realizam as etapas da proposição artística? • Como se organizam e agem em relação às suas angústias na resolução de problemas? Essas ações fazem parte da construção artística e sugerem como o aluno pensa e cria.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Arte cinética Materialidade e experiência Cor-energia (luz) Arte e tecnologia Técnica e poética

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Colocando em movimento Vamos precisar de um mecanismo que coloque os desenhos em movimento. Como uma roda de bicicleta, por exemplo. Você pode usar um ventilador pequeno em potência baixa ou o motor de uma batedeira em baixa velocidade. Para isso, basta prender o disco nesse mecanismo. Caso não queira ou não possa usar um mecanismo elétrico, utilize um recurso manual, criando um pião. Você já estudou em Ciências a dinâmica do movimento? Que tal pesquisar a relação entre arte e ciência observando os objetos cinéticos que você criar? Pesquise mais sobre artistas que criaram com o princípio do movimento. Analise os aspectos sobre a criação artística e o uso de conhecimentos científicos.

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR06) • (EF69AR02) • (EF69AR07) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR35)

1. Faça um tambor de rodar reaproveitando sua arte anterior ou repita o procedimento e cole novos desenhos em um círculo recortado de uma embalagem.

2. Para montar o tambor, faça um furo no centro da embalagem e encaixe um parafuso pequeno com a ponta para o lado contrário dos desenhos, a qual será a ponta do “pião”. Então, é só girar o seu objeto cinético pela cabeça do parafuso.

A XICA LIM

Organize e separe previamente com os alunos todo o material necessário para continuarem a construção do objeto cinético. Apresente a construção cinética pronta, mas sem nenhum desenho, coloração ou pintura, para que saibam como ficará. A intenção é que ele saiba como ficará o objeto, no entanto, esse protótipo não deve influenciá-lo artisticamente. Comente com os alunos que eles podem fazer suas imagens usando apenas uma cor para criar as linhas ou, se preferirem, podem fazer as linhas com uma cor e depois pintar as áreas que ficaram entre elas com outra. Esse momento pode ser interessante para estabelecer parcerias com outros professores na elaboração dos sistemas de rotação. Quando usar materiais com motores, como ventilador ou batedeira, é importante estar atento e acompanhar todo o processo. Proponha aos alunos que façam várias experimentações de suas proposições. Oriente-os sobre os cuidados com acidentes ao usar recursos com objetos com motores. Na proposta da Oficina 2 – Cinecromáticos, propomos o trabalho com a cor-luz.

XICA LIMA

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

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Organize o espaço e os materiais para a realização da atividade: 1 lanterna por aluno; 10 folhas de papel-celofane em cores variadas e 5 rolos de fita adesiva para uma turma de 25 alunos. Providencie tudo com antecedência. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 22

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+IDEIAS Que tal unir linguagens? Proponha aos alunos que criem pequenas coreografias com as luzes de acordo com uma melodia musical. O movimento das luzes pode ser ditado pelo ritmo da música. Crie uma performance a partir dos movimentos das lanternas coloridas por trás do lençol, por exemplo, enquanto um colega registra a performance em vídeo.

Oficina 2 – Cinecromáticos

Materialidades • Papel-celofane • Fita adesiva • Lanterna

XIC AL

IMA

• Tecido grande

REGISTROS E AVALIAÇÃO Propomos ações com a cor-pigmento (cor-química) e com a cor-luz para que os alunos comparem formas de uso da cor. Você pode fazer vídeos dessas propostas em ação. Eles podem ser exibidos depois em aula, criando um momento de apreciação e reflexão das próprias produções artísticas. Um portfólio sobre o estudo da cor pode ser criado com os alunos.

Para criar pinturas com a cor-luz, podemos fazer várias experiências. Combine com os colegas para que tragam lanternas e folhas de papel-celofane. Cubra a parte luminosa da lanterna com os papéis coloridos e prenda-os com fita adesiva. Cada lanterna terá uma cor.

1. Pendure esticado um tecido grande (pode ser um lençol branco) em um local com pouca ou nenhuma luz. Para criar efeitos com cores-luz, cada colega pode segurar uma lanterna acesa já coberta com a cor do celofane.

2. Aproxime a lanterna do tecido e faça movimentos lentos percorrendo essa área. Quem estiver na parte oposta do tecido verá uma pintura feita pelos movimentos criados por você e pelos colegas. Vocês podem revezar entre quem faz a obra e quem a aprecia. Movimentos corporais e coreografias podem ser criados misturando linguagens.

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Outra ideia é prender as lanternas em duas rodas de bicicleta. Para isso, basta colocar uma bicicleta de ponta-cabeça, prender as lanternas nos aros da roda usando arame maleável, para que fiquem bem firmes. Depois, coloque o tecido perto desse mecanismo e movimente as rodas com um impulso manual. Que efeitos isso dará? Vamos experimentar? Como essa arte é efêmera, que tal combinar com a turma para gravar os experimentos?

CONEXÕES • Jesús Rafael Soto. O artista faz grandes obras usando a cor e transparência como elementos de suas obras em fios suspensos. Para saber mais, visite: <http://livro.pro/d4fmby>. Acesso em: 31 out. 2018. • Lumina (Festival de Arte e Luz). Apresente aos alunos propostas em que a luz (cor e energia) esteja presente. Pelo mundo, acontecem festivais de arte e tecnologia em luzes, formas e cores como o Lumina, em Portugal. Disponível em: <http://livro.pro/gwpxon>. Acesso em: 31 out. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A luz energia (cor-luz) tem sido bastante explorada na arte. Converse com os alunos sobre os festivais de luz e tecnologias atuais. São festivais, mostras, exposições temporárias, cada evento tem suas características, mas todos

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são marcados pelo “acontecimento” e a presença da luz, cor-energia (cor-física, luz). A luz pode ser vista em muitas superfícies, shows de luzes, projeções de imagens, objetos luminosos e outras propostas artísticas em que a cor-luz está presente ou é o próprio tema da arte.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Oficina 3 – Objeto de pintar cinético (movimento do pêndulo)

Arte cinética Materialidade e experiência Cor-pigmento (cor-química) Técnica e poética Arte e Física

Materialidades • Garrafa PET • Tesoura

BNCC

• Fita adesiva

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

• Pedaço de madeira, haste de metal ou plástico não flexível

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07)

• Três pedaços de cordão de comprimento igual • Guache

Esta proposta explora o movimento de um pêndulo. É a união entre arte e ciência. Um pêndulo produz movimentos em certos padrões por determinado tempo. Assim, podemos usar essa ideia para criar pinturas. Vamos experimentar? Atenção: as etapas a seguir devem ser feitas com o acompanhamento e o apoio do professor.

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

1. Comece cortando a parte de baixo da garrafa PET.

2. Depois faça três furos laterais na garrafa logo abaixo do corte.

3. Faça um furo na tampa da garrafa já rosqueada.

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4. Coloque um pedaço de madeira ou haste de metal ou plástico não flexível preso com fitas adesivas entre duas mesas (prenda bem), mas deixe um bom espaço entre elas.

5. Use o cordão para prender o pêndulo de garrafa na haste. Verifique se os pedaços são do mesmo tamanho, para que o movimento seja uniforme.

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Combine com os alunos que respeitem os espaços marcados e as etapas das atividades. Peça que tragam os materiais solicitados para a aula. Converse com eles sobre as formas de pintar e comente que existem inventos criados para fazer pinturas. Comente que, nesse tipo de pintura, não se tem o controle absoluto sobre a forma, somente sobre o movimento do pêndulo de tinta. Por isso, podemos variar a forma de desenho que é traçado com a tinta a partir dos movimentos e da posição do pêndulo. A proposta é fazer experimentações para conseguir efeitos. Converse com os alunos a respeito do passo a passo e sobre o fato de o desenho ser resultante do movimento e da força motriz empregada no objeto que contém a tinta. O resultado pode surpreender o aluno, embora seja possível prevê-lo a partir de experiências sobre movimento e força motriz. Prepare o espaço com antecedência e as folhas onde serão realizadas as pinturas. Crie estações de pintura pela sala de aula ou espaço da atividade. Proponha aos alunos a mistura de cores ou troca de estações. Ao final, os trabalhos podem ser expostos.

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• Água

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D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 24 PARA AMPLIAR CONCEITOS O artista Jackson Pollock (1912-1946) fazia suas pinturas de forma diferenciada. Ele carregava o pincel na tinta e deixava ela escorrer e pingar sobre a tela ou, o tecido esticado no chão. Fazia movimentos com os pincéis sem que eles tocas-

sem a tela, buscando a abstração e revolucionando a forma de pintar na época. Você pode levar uma proposta de comparação entre pintar pela ação do corpo do artista, na arte gestual, e pela ação de um objeto como o pêndulo. Destaque que o artista, na pintura gestual, trabalha com o acaso e com a

expressividade do gesto, muitas vezes sem controlar onde a tinta pode cair na tela, nem a forma que cria. No entanto, na pintura com o pêndulo existe um padrão de movimento contínuo conhecido que vai mudando pela intensidade da força motriz, possibilitando que o resultado seja previsto.

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6. Vamos começar com um teste: coloque um pedaço de fita adesiva no furo da tampa para que o líquido não saia. Coloque água dentro da garrafa. Cubra o chão com folhas de papel (pode ser de qualquer tipo). Retire a fita que veda a saída do líquido e solte a garrafa para que ela balance como um pêndulo. 7. Feito o teste, se o desenho formado com água estiver de acordo com a sua intenção, retire a água. Em outro recipiente, dissolva o guache na proporção de um copo para meio copo de água. Misture bem e coloque a tinta diluída na garrafa, que é o nosso pêndulo, o objeto cinético de pintar. Repita o procedimento, agora com o guache. Forre o chão com folhas grandes de papel – você pode fazer um painel grande unindo com fita adesiva quatro folhas de cartolina branca. Solte o pêndulo e crie sua arte com esse objeto cinético.

FOTOS: XICA LIMA

MAIS AÇÃO Que tal organizar uma mostra de arte cinética? Podem ser expostos imagens e vídeos dos processos de criação, das criações realizadas e até mesmo criar espaços de experiência, como os cinecromáticos.

+ PERTO DE VOCÊ

Você já viu algum objeto de arte com movimento em sua região? Existem trabalhos da cultura popular brasileira com bonecos e cenários que se movimentam por meio de ações manuais ou por meio de mecanismos automáticos. Procure essa forma tradicional de arte em sua localidade ou faça uma pesquisa para conhecê-la.

D i á r i o d e a rt e Em seu Diário de arte, além do registro dos processos de criação, você pode fazer anotações, desenhos e esboços sobre a Mostra de Arte Cinética e sobre os objetos de arte de sua região.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Crie fichas de pesquisa para obter respostas dos alunos sobre as oficinas. Essa é uma proposta mais formal, mas que garante a autonomia do aluno quanto às suas respostas. Procure criar perguntas que estimulem respostas sobre o processo e o fazer artístico.

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+IDEIAS Que tal transformar a sala de aula em um laboratório? Crie com os alunos misturando elementos que combinam. Na maioria das tintas, utilizamos três componentes básicos: • Pigmentos – substâncias naturais ou artificiais usadas para dar cor; • Solventes – substâncias que servem para diluir ou controlar a consistência; • Aglutinantes – substâncias que ajudam a fixar as tintas sobre os suportes. Cada tipo de tinta usa determinados tipos de componente. Veja como fazer as misturas e conseguir tintas artesanais: • Tinta plástica – Coloque 1/3 de cola branca e uma colher de sopa de água em um copo descartável e misture bem. Como pigmento, use de 5 a 10 gotas de anilinas líquidas comestíveis, dependendo da intensidade desejada. Misture e use imediatamente porque essa tinta seca rápido. Se sobrar tinta, guarde em recipientes bem fechados. • Aquarela – Em um copo descartável, coloque duas colheres de sopa de goma-arábica, acrescente anilina líquida comestível (de 5 a 10 gotas) e, para finalizar, despeje água na quantidade desejada (cerca de duas colheres de sopa, por exemplo). Faça várias cores e pinte com pincéis macios. Você pode criar pincéis amarrando fios de lã em palitos de madeira. • Guache – Siga a mesma receita da aquarela, porém acrescente algum tipo de substância em pó (talco ou giz moído, por exemplo) para dar opacidade e consistência à tinta (de duas a três colheres, dependendo da consistência desejada). Misture bem e guarde em potes bem fechados.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Instalações artísticas Arte e luz Materialidade Cor-energia Luz natural e artificial na arte

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR04) • (EF69AR02) • (EF69AR05) • (EF69AR03) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Converse com os alunos sobre a importância da participação para a experiência artística acontecer, para que a arte seja ativada. Peça a eles que tragam imagens que os representem. Oriente-os a não trazer fotografias deles próprios, mas imagens do que mais lhes interessam. Para a sensibilização dos alunos sobre o tema, crie uma caixa que desperte sensações táteis. O exercício pressupõe uma disposição para se tocar em materiais sem vê-los. São superfícies, texturas, sensações, temperaturas que depois podem ser relacionadas com as imagens trazidas pelos alunos. Você pode usar uma caixa de papelão de tamanho médio. Em um dos lados, faça uma abertura para que os alunos possam tocar nos objetos sem ver. Em seguida, peça que registrem suas percepções em uma folha sem mostrar para os demais ou comentar com eles. Por fim, converse sobre as sensações percebidas. Algumas obras de arte contemporâneas são propositoras, precisam da participação do público para completar seu sentido. Os brasileiros Lygia Pape (1927-2004), Augusto Boal (1931-2009), Lygia Clark (1920-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980) fizeram grande uso de proposições entre 1960

tema 2

Entre as artes e as propostas

Arte, tecnologia e luz se encontram também integradas em obras propositoras. São criações que convidam o público a participar ou interagir, como na obra Nuvem, dos canadenses Caitlind r.c. Brown e Wayne Garrett, de 2012. Para criar essa escultura foi preciso juntar 6 mil lâmpadas incandescentes queimadas. Os artistas reutilizaram as lâmpadas e usaram também luzes fluorescentes, estrutura de metal e cordões que dão a ilusão de gotas de chuva, além de convidar o público a puxá-los para acender ou apagar essas luzes. Outra obra notável é a instalação O projeto tempo, do artista dinamarquês Olafur Eliasson (1967-), que convida as pessoas a sentir sensações como ver um pôr do sol em meio a uma neblina suave. Bela imagem, mas é ilusão! Essas cenas estão dentro de um museu na Inglaterra, o Tate Modern.

PAVEL NEMECEK/AP/GLOW IMAGES

Nuvem (2012), de Caitlind r.c. Brown e Wayne Garrett. Na foto, a instalação dessa escultura interativa no Festival de Luzes em Pilsen, na República Tcheca, em 2015. © OLAFUR ELIASSON/© PICCAYA / DREAMSTIME.COM/GLOW IMAGES

AMPLIANDO Tate Modern é um museu britânico de arte moderna e contemporânea.

D i á r i o d e a rt e Pesquise mais sobre a obra de Olafur Eliasson e registre suas descobertas em seu Diário de arte.

Instalação visual O projeto tempo, de Olafur Eliasson, em Londres, 2003.

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e 1980, mostrando uma nova forma da arte. Comente com os alunos que muitas obras têm se caracterizado por esse novo olhar, como a obra de Olafur Eliasson, que remete a um clima diferente do local onde a obra foi exposta, em Londres. Os artistas contemporâneos parecem não se dar D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 26

por satisfeitos em criar sozinhos as suas obras, pedem às pessoas que também criem com eles. Para isso, inventam ambientes e situações, instalações e esculturas que seduzem o público a participar. A luz pode propor aos espectadores sensações tér-

micas, nos transporta para outros lugares, ambientes, como na obra de Cruz-Diez, Cromossaturação (2009), que é uma instalação que convida o espectador a ser diferente mesmo sem querer, através de um jogo de luz que satura o olhar e leva a diversas sensações.

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Mergulhe nessa cor

+IDEIAS As questões do livro do aluno ajudam a sondar os saberes prévios dos alunos e estimular mais estudos e pesquisas sobre o universo da arte, em especial, da arte contemporânea. Sugerimos debates a partir das seguintes questões: 1. Peça aos alunos que descrevam suas percepções e sensações a partir da fruição da imagem das pessoas na instalação Projeto tempo, do artista dinamarquês Olafur Eliasson. 2. Solicite aos alunos que escolham uma das três imagens apresentadas no livro. Peça então que a descrevam, analisando, em seguida, suas materialidades e propostas poéticas. Para ampliar, sugira que pesquisem sobre a linguagem da instalação no contexto da arte brasileira. Podem começar, por exemplo, por Eduardo Srur e Henrique Oliveira.

NIR ALON/ALAMY/FOTOARENA

Observe a imagem ao lado. A arte da instalação é uma linguagem criada para um espaço, um lugar, com materialidades que podem ser bem diversas. São ambientes preparados para que o público, além de ver a obra de arte, possa participar dela, caminhar pelo ambiente e, assim, dependendo da proposta do artista, completar a obra. Em algumas propostas, a obra artística só existe com a participação do público. Esse tipo de linguagem da arte começou a ser explorado no início do século XX, mas foi na década de 1960 que aumentaram as produções. É uma maniFamília palestina explora as sensações festação que acontece no mundo inteiro e tem marcado provocadas por instalação no Festival de Luzes em Jerusalém, Israel, em 2014. a arte do nosso tempo. Nos ambientes cromáticos das instalações criadas pelo pintor venezuelano Carlos Cruz-Diez (1923-), como na sua obra Cromossaturação (2009) – um ambiente artificial composto de salas coloridas por luzes –, quem os visita é convidado a mergulhar na pintura de luz e deixar-se “tingir” por ela. Observe na imagem a seguir. VEJA ARTE

Carlos Cruz-Diez. Confira os espaços projetados pelo artista que cria um espetáculo de cores. Disponível em: <http://livro.pro/c6x85y>. Acesso em: 8 ago. 2018

Vamos pesquisar sobre instalações criadas por artistas brasileiros?

© CRUZ-DIEZ, CARLOS/AUTVIS, BRASIL, 2018

1. Você se lembra de ter visto uma instalação em uma exposição ou reportagem?

Cromossaturação, de Carlos Cruz-Diez, em montagem de 2013.

2. O que você pensa ao observar a imagem que mostra uma cena com pessoas visitando a instalação O projeto tempo, do artista islandês-dinamarquês Olafur Eliasson? 3. Observe as imagens neste tema. Qual lhe chamou mais a atenção? Justifique sua escolha. Respostas pessoais.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A ideia de artista propositor surgiu no Brasil com o movimento Neoconcreto (entre 1950 e 1960), no qual os artistas buscavam ampliar a ideia de arte como experiência estética, expressiva, como uma

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linguagem em fluxo com a vida e com a cultura. Eles viam a arte como a criação de um espaço para discursos poéticos que pudessem ser lidos pelos olhos e pelo corpo. Amplie a conversa sobre a arte no Brasil no período com os professores de História.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Como forma de perceber e avaliar como os alunos estão desenvolvendo seu aprendizado em relação a conhecimentos adquiridos, proponha uma dinâmica: Os alunos podem escrever palavras sobre o que sabem e aprendem sobre arte contemporânea em pequenos pedaços de papéis. Coloque essas palavras na lousa e, usando fios de lã, vá unindo e fazendo ligações entre uma palavra e outra. Os alunos também podem trazer imagens impressas (de pesquisas na internet) para formar o painel orgânico. Registre ao final fazendo fotografias do resultado.

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CONCEITOS EM FOCO Arte cinética Materialidade e poéticas Movimento e arte Arte propositora e participativa

BNCC UNIDADE TEMÁTICA

• Artes visuais

HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR05) •

(EF69AR06) (EF69AR07) (EF69AR32) (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Combine com os alunos para levarem para a aula molas malucas, um brinquedo que parece uma mola só que de plástico leve. Combine também que prestem atenção no movimento que ela faz. Um simples brinquedo pode ser utilizado para sensibilizar os alunos quanto ao movimento. Molas malucas podem ser utilizadas para mostrar a movimentação, passando de um nível para o outro em uma escada ou pilhas de livros, como se ela estivesse andando. Converse sobre o cinetismo na arte. O cinetismo está ligado ao movimento, seja pela própria ação ou por sua representação. Existem peças que se movimentam sozinhas, por motores, ou por justaposição, dando a impressão de movimento pela ilusão de ótica. As primeiras aparições de obras dessa linha deram-se em 1955, na exposição Le Mouvement, na galeria francesa Denise René, com obras de Victor Vasarely, Alexander Calder, Marcel Duchamp, Jean Tinguely, entre outros artistas. Em 1960, foi feita uma outra grande exposição sobre o tema, a exposição de arte MAT-Kinetische Kunst, em Zurique, na Suíça, na qual o nome arte cinética foi reconhecido por uma ins-

mundo conectado

Arte cinética Os artistas são pessoas muito atentas ao que acontece no mundo à sua volta. Descobertas das ciências e tecnologias impulsionaram o surgimento de movimentos artísticos, como Arte Cinética. A arte cinética é a arte do movimento. O ser humano sempre foi fascinado por imagens e movimento. Em imagens criadas há muito tempo na história da arte, já existia a representação de movimento em desenhos, pinturas, esculturas... Entretanto, representar é diferente de colocar o movimento como parte da obra de arte, que é um passo além, e assim nasce a arte cinética. As propostas de dar movimento a objetos artísticos surgem com os avanços tecnológicos e as mudanças na forma de criar e apreciar arte. A partir dessas invenções artísticas, as relações entre tempo e movimento, arte e ciência passaram a ser cada vez mais notadas no universo da arte. As experiências com objetos com movimento e imagens já existiam desde o início do século XX, mas o termo arte cinética começou a ser elaborado a partir de duas exposições que ocorreram na Europa: Le Mouvement (O Movimento), em uma galeria parisiense em 1955, e a exposição de arte MAT-Kinetische Kunst – Multiple Art Transformable-Op Art (em tradução livre: Arte Cinética, Arte Múltipla Transformável, ou móvel), realizada em 1960 em um museu suíço. Artistas como Marcel Duchamp se envolveram em pesquisas sobre o princípio da “cinética” e criaram vários mecanismos com sistemas de movimento e reflexos luminosos, entre outros efeitos.

Respostas pessoais.

1. O que você conhece sobre arte cinética?

2. Que relações a arte pode ter com as ciências quando estudamos arte cinética?

© SUCCESSION MARCEL DUCHAMP/ AUTVIS, BRASIL, 2018

• • • •

Semiesfera rotativa (Óptica de precisão) (1925), de Marcel Duchamp. Papel machê pintado e montado em disco revestido de veludo; círculo de cobre com cúpula de acrílico; motor, polia e base metálica, 148,6 cm × 64,2 cm × 60,9 cm.

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tituição cultural. A partir daí, formaram-se grupos de artistas envolvidos com o tema. Tomam-se por características da arte cinética a proposta do movimento, a quebra das imagens e esculturas estáticas, o uso de materiais diferentes, a D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 28

articulação de elementos artísticos (forma, cor, linhas, planos, espaços), o uso de sistemas integrados de movimentação. Dessa forma, propõe ao espectador uma mudança na forma de olhar, de interagir e de perceber a arte da época.

Comente que na obra de Julio Le Parc há a junção de cor e luz através das placas vermelhas, cria-se outra atmosfera, a luz refletida transforma o ambiente. Os artistas brasileiros também foram grandes propositores da arte cinética.

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+IDEIAS Um cata-vento pode transformar a forma de se ver a arte cinética. Crie com os alunos o molde do cata-vento e, em suas faces dobráveis, os alunos devem traçar desenhos e formas com linhas e cores diferentes. Ao se movimentar com o cata-vento, os desenhos criam formas divertidas. Para fazer o cata-vento, você vai precisar de palitos de churrasco, alfinetes com cabeça de bolinhas, fita-crepe, fita adesiva, papel-cartão, lápis de cor ou canetas hidrocor. Corte o papel-cartão em quadrados de 20 cm de cada lado e marque o centro. Trace duas linhas diagonais e marque 9 cm em cada linha a partir das pontas. Depois de os alunos desenharem de ambos os lados do papel, corte até a marca de 9 cm, e prenda a ponta ao centro do papel, fazendo o mesmo com as outras pontas, prendendo sempre o mesmo lado. Use o alfinete para passar no papel reforçado com a fita adesiva e prenda-o no palito de churrasco com fita adesiva. Dobre o final do alfinete com um alicate de ponta e finalize com fita adesiva. Inspirados pela obra de Duchamp, os alunos podem criar vários efeitos, variando e trabalhando com pontos, linhas e formas.

Julio Le Parc (1928-), artista argentino, foi um dos fundadores do movimento Arte Cinética, criando imagens que exploram objetos brilhantes e efeitos de luz. Observe uma de suas obras.

© LE PARC, JULIO/AUTVIS, BRASIL, 2018

ACESSE ARTE

O interesse de Marcel Duchamp por máquinas capazes de produzir efeitos ópticos motivou-o a criar vários experimentos. A maioria das imagens produzidas por ele com esse conceito é composta de círculos que, organizados na superfície de um disco, criam efeitos ao girá-lo. O artista filmou vários de seus inventos ópticos, e você pode vê-los em <http://livro.pro/ fdbzih>. Acesso em: 21 set. 2018.

Contínuo móvel: esfera vermelha, obra de Julio Le Parc exposta em Paris (França) de 2001 a 2013.

FOTOS: MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, SÃO PAULO

No Brasil, artistas como Abraham Palatnik, Mary Vieira (1927-2001) e Waldemar Cordeiro (1925-1973), entre outros, desenvolveram a arte cinética.

Polivolume (1953), de Mary Vieira. Disco plástico, ideia para uma progressão serial, e alumínio anodizado, 36,7 cm × 36,7 cm.

O beijo (1967), de Waldemar Cordeiro. Objeto eletromecânico e fotografia em preto e branco em papel sobre madeira, 50 cm × 45,2 cm.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Converse com o professor de Ciências sobre a ideia de se trabalhar a energia eólica. O cata-vento é um brinquedo que funciona através dela, mas existem geradores de energia através do vento. Os alunos podem criar mais

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ideias que gerem arte e energia para a escola. Que outros experimentos científicos você pode propor em parceria com o professor de Ciências para trabalhar de maneira interdisciplinar o conceito de cinetismo? Que tal criar na escola um evento cultural sobre Arte e Ciências?

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CONEXÕES Pesquise sobre essas e outras possibilidades estudando a obra de: • Mary Vieira, disponível em: <http://livro.pro/zbj3j4> . Acesso em: 31 out. 2018. • Waldemar Cordeiro, disponível em: <http://livro.pro/ r4ha92>. Acesso em: 31 out. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

MAIS DE PERTO

Artista multimídia Uso de tecnologias Materialidade e poética Cor e luz Intervenções artísticas

Multicores, multimídias Uma caixa preta. Ao entrar, há cores, formas, texturas, luzes... Em um momento, são raios luminosos em formas multicoloridas. Em outro, a cena já muda e a visão é monocromática. Que lugar é esse?

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas (EF69AR05) (EF69AR06) (EF69AR32) (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Pesquisas sobre cores, tons, matizes podem ampliar a percepção do aluno para o uso das cores na arte. Uma coleta de imagens sobre o tema pode ser muito valiosa. Os alunos podem fazer registros com fotografias. Sugerimos o foco na coleta de imagens: • A luz que entra pela janela propõe um novo olhar. Como é essa luz? Sua forma influencia na incidência da luz sobre os objetos? • Observe os detalhes da arquitetura da escola, sobre como a luz natural entra na escola, se ela muda com o passar do dia. Que imagens podemos capturar? Comente com os alunos que estamos em contato com a cor-luz o tempo todo. Ela está nas apresentações de teatro, de dança, shows, mas também nos aparelhos de TV, celulares, luzes de Natal e iluminação em geral. A cor-luz faz a climatização de ambientes, deixando-os mais aconchegantes, quentes ou mais frios, tenebrosos. Na obra de Zerbini, o uso das cores-luz se alterna, mudando as sensações sobre o ambiente. Na instalação Inferninho, o público que participou pode interagir com as formas, sons e luzes criando movimentos ao andar ou dançar no espaço da

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HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR04) •

Parte externa da obra Inferninho, em São Paulo.

Parte interna da obra Inferninho, em São Paulo.

Trata-se da instalação Inferninho (2010), do artista paulista Luiz Pierre Zerbini, que foi apresentada na 29a Bienal de Arte de São Paulo. Esse artista multimídia convida o público a experimentar a sensação de estar dentro de uma caixa acústica. Ao mesmo tempo que o público vê as luzes, cores e formas, também escuta um som de altíssimos decibéis.

AMPLIANDO

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• • • • •

Artista multimídia é aquele que produz sua arte (happening, performance, instalação etc.) fazendo uso de novas tecnologias, criando uma nova linguagem. Decibel é a unidade de medida usada para registrar a intensidade do som. Monocromática é a radiação produzida por uma só cor. O termo não deve ser empregado em relação ao branco (soma de todas as cores) ou ao preto (ausência de cor e luz). É uma harmonia conseguida com apenas uma cor e seus tons diferentes.

PALAVRA DO ARTISTA

Luiz Zerbini (1959-) Esse artista se expressa em várias linguagens, mas é apaixonado pela pintura, veja o que ele diz a respeito: Sou um pintor, penso como um pintor, mas não estou limitado a pintar telas. Não houve um momento de transição. Sempre fui assim. Para mim a maior característica dessa geração, se é que existe uma, é a construção e expressão de um pensamento não linear. Apud TRIGO, Luciano. Pintar após a morte da pintura. In: Máquina de Escrever, G1, 27 maio 2010. Disponível em: <http://g1.globo.com/platb/maquinadeescrever/2010/05/27/830>. Acesso em: 20 jul. 2018.

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instalação. O artista propõe o uso das cores de diversas formas, às vezes policromáticas (várias cores ao mesmo tempo), às vezes monocromáticas. Você pode propor aos alunos a criação de luzes coloridas com lanterna e papel celofane, ou usar pequenas lâmpadas de LED (de decoraD2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 30

ção) para colocar dentro de bexigas. Coloque a lâmpada dentro de uma bexiga, encha e feche. Esse material pode ser usado para criar uma instalação luminosa na escola. Combine com os alunos que materiais pesquisar e converse sobre a intenção e a proposta poética do trabalho.

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+IDEIAS Faça mais experimentos, por exemplo: • Utilizando potes transparentes com água, pingue gotas de anilina, um corante líquido comestível, e use lanternas para projetar a luz colorida através da água. • É possível trabalhar com cor-química e cor-luz ao mesmo tempo. Esses potes podem ser tampados e pendurados pela sala ou colocados em locais com pontos de luz por trás (lâmpadas de LED, lanternas e outros) que possam iluminar o líquido colorido.

arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

Intervenções Observe a imagem abaixo.

COLEÇÃO PARTICULAR/ELAIONE TEDESCO

Veja no material audiovisual o vídeo Lucia Koch.

O gabinete (1999), de Lucia Koch. Chapas de acrílico em janelas e frestas da oficina de reparos do antigo cais do porto de Porto Alegre. Instalação apresentada na II Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (RS).

PARA AMPLIAR CONCEITOS Comente com os alunos que Luiz Zerbini fez parte de um grupo de artistas conhecidos como Geração 80 , um grupo de jovens artistas brasileiros que, no início da década de 1980, se uniram pela recuperação da pintura como linguagem artística. Era uma pintura gestual, solta, carregada por uma explosão de cores e sem engajamento político, uma vez que o Brasil nesta época vivia tempos de grandes mudanças. Os artistas se reuniam em eventos e já percebiam as presenças das instalações e intervenções artísticas.

© OLAFUR ELIASSON/RUDY MAREEL/SHUTTERSTOCK.COM

Neste capítulo, vimos que luz, cor, som, texturas, reflexos, movimento e muitos outros recursos podem ser explorados para criar sensações, provocar reações ou reflexões sobre a arte e a vida. A linguagem da instalação explora a criação de um lugar, um ambiente, aproximando arte e arquitetura. Às vezes, podemos fazer intervenções nos espaços ou criar um. A gaúcha Lucia Koch (1966-) trabalhou com a luz natural do Sol na obra O gabinete (1999). O tempo e o espaço são tomados pela luz que passa pelas janelas revestidas com material transparente e colorido. Olafur Eliasson também utilizou os efeitos da luz natural penetrando no ambiente em sua obra Seu panorama do arco-íris. Vamos inventar instalações, sons, imagens, cores, formas, movimentos, reflexos? O que você vai querer explorar? Vista externa da obra Seu panorama do arco-íris (2006-2011), do artista islandês-dinamarquês Olafur Eliasson, na Dinamarca.

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No trabalho da artista Lucia Koch, a luz é parte criadora de sua obra. Ao atravessar placas de acrílico colorido, a luz do sol se transforma e muda sua relação com o espaço e o tempo. Em cada hora, a luz anda em

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diferentes direções, mudando as formas refletidas no chão, nas paredes, suas intensidades e suas relações com o próprio espaço físico. Na obra de Olafur Eliasson, andar dentro de um arco-íris modifica a forma

como se percebe o mundo do lado de fora do espectro colorido. A luz perpassa pelo corredor de cores modificando como se vê e como se é visto. O espectador faz parte da obra. A obra faz parte do espectador. 11/7/18 4:34 PM

REGISTROS E AVALIAÇÃO Você pode levar seus alunos a registrarem suas ideias sobre a luz através de desenhos. Proponha a eles que coloquem no papel como gostariam de ver suas ideias sobre cor e luz apresentadas em instalações. Comente que os artistas criam projetos e planejam antes de executar obras como as instalações artísticas. Os registros podem ser feitos no Diário de arte. NO AUDIOVISUAL No vídeo Lucia Koch, o professor e crítico de arte Agnaldo Farias comenta sobre a poética dos espaços e os processos de criação na arte da artista Lucia Koch.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Arte cinética Materialidade e poética Cor-energia e cor-pigmento Instalações Site specific (local específico)

Processo de criação

Oficina 1 – Pintura de luz natural Materialidades

BNCC

• Papel-celofane

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Vamos mudar a cor de um lugar dentro da escola? Observe a imagem ao lado. Vamos pintar paredes ou janelas, mas em vez de “cor-tinta” usaremos a “cor-luz”! Para fazer esse experimento, precisamos de folhas de papel-celofane de várias cores e fita adesiva transparente ou de dupla face. Combine com o professor, chame os colegas e cubra, por exemplo, as janelas da sala de aula com os papéis coloridos e transparentes. Que efeito terá? Que tal fazer vários recortes no papel-celofane e criar desenhos com formas variadas? Na arte contemporânea podemos trabalhar com materialidades que despertem sensações e percepções de mundo explorando os órgãos dos sentidos. Peça ajuda aos seus professores de Arte e Ciências para pesquisar mais sobre arte e percepção sensorial. Ao criar instalações com cores e luzes, você também pode integrar outros elementos à intervenção e usar seus órgãos dos sentidos. Ao utilizar um som suave de uma música, que sensações poderiam ser provocadas? E a declamação de um poema? A fragrância de um incenso ou de ervas como arruda ou de bebida como café ou chá?

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

© OLAFUR ELIASSON/MAREKUSZ/SHUTTERSTOCK.COM

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Combine com os alunos que tenham em mãos materiais que serão utilizados nessa atividade, como cola, régua e tesouras. Converse com eles sobre uma forma diferente de ver as coisas. Com um outro olhar, uma outra cor. Tudo de uma cor só ou de uma forma diferente. Converse com eles sobre como seria esse olhar e sobre as formas de realizá-lo. Para desenvolvimento do proposto na Oficina 1 – Pintura de luz natural, leve papel-celofane de diversas cores para a sala, fita adesiva ou dupla face, tesouras e cola branca. Deixe os alunos livres para cobrir as janelas com formas e cores diferentes, respeitando o espaço do outro. Podem ser feitas formas, misturas de cores, sobreposições de cores. A cola branca, por exemplo, pode modificar a forma como a luz passa através do papel, podendo ser explorada para experiências com a transparência. Oriente os alunos a ter cuidado ao utilizar o material. Para a intervenção proposta em Oficina 2 – Cortina de sensações, os alunos precisarão de cola branca, tesoura, re-

• Fita adesiva DOTTA2

AMPLIANDO Os órgãos dos sentidos são os elementos receptores externos de estímulos sensoriais: olho (visão), nariz (olfato), ouvido (audição), pele (tato) e língua (paladar).

O artista Olafur Eliasson cria fazendo experimentos variados com materiais transparentes e coloridos. Ele é um exemplo de artista que trabalha com a cor-luz em suas instalações, como esta intitulada Your rainbow panorama, no topo de um museu de arte na Dinamarca. Foto de 2014.

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vistas e jornais, papéis de diferentes texturas e cores, régua. Corte tiras finas dos papéis e depois cole-as em linhas. Você pode propor aos alunos que observem o material que estão utilizando e pensem nele como fios a serem tecidos. Os alunos podem ainda buscar informações ou juntar D2-ARTE-EF2-V8-U1-C1-008-033.indd 32

palavras soltas para formar frases ou poemas, propondo uma outra percepção para quem passar pelas cortinas. Elas podem ser colocadas em vários lugares da escola, procurando intervir e propor novas perspectivas, e provocando assim uma nova forma de olhar o lugar cotidiano.

Para ambas propostas, combine com os alunos o tempo de duração e exposição das oficinas. Isso é importante para que pensem sobre a duração e a efemeridade de algumas obras de arte contemporâneas. Algumas delas só estão de passagem e é esse caráter que traz surpresa ou estranhamento.

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Oficina 2 – Cortina de sensações

MATTHIAS OESTERLE/ZUMA

Escolha um local na escola para fazer uma instalação e ao mesmo tempo uma intervenção onde as pessoas passam todos os dias. Corte várias tiras de revista e cole uma na outra, criando fios compridos. Monte uma espécie de cortina ou cachoeira e aplique no espaço escolhido, de modo que as pessoas a atravessem. A proposta é cada um ter a sua interpretação ou sensação dessa “passagem” pela instalação. O mesmo pode ser feito com papéis laminados – nesse caso, porém, coloque-os dentro de salas de aula e ilumine o lugar com lanternas, abajures e outros recursos. Crie quantos projetos quiser com os colegas e o professor porque a arte também é uma invenção!

Exploração de sensações em instalação no Festival de Luzes de Barcelona, na Espanha, em 2015.

D i á r i o d e a rt e Anote em seu Diário de arte as suas descobertas, reflexões e experiências com a linguagem da instalação.

+ PERTO DE VOCÊ

Você já presenciou uma intervenção artística? Qual era a forma dela? Qual foi a proposta trazida pelo(s) artista(s)? Qual instalação artística você criaria para intervir em sua região?

MISTURANDO TUDO A luz e as cores têm marcado forte presença na arte ao longo de sua história. Invenções e inovações impulsionaram artistas a desenvolver novas formas de fazer arte com luz e cores. Compare o modo como a luz e a cor eram propostas no Barroco, no Impressionismo, no Pós-Impressionismo e na contemporaneidade. 1. Como a maneira de pensar de cada momento se desdobrou em criações artísticas?

2. As instalações muitas vezes são criadas pela integração entre arte e arquitetura. Que tal conhecer mais sobre essa arte e técnica que pensam a relação do ser humano com o espaço?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A artista Janet Echelman (1966-) usa em suas obras redes de pesca de diferentes cores para criar gigantescas esculturas móveis e leves, que modificam as formas como os

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espectadores olham para o céu. Suas obras são suspensas e mudam de acordo com o soprar do vento. Proponha aos alunos que conheçam mais sobre os artistas que trabalham com propostas que exploram cores e formas inovadoras.

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+IDEIAS Sala das sensações: Criar uma ação interdisciplinar com o professor de Ciências explorando os cinco sentidos humanos mostra como as disciplinas podem se dar muito bem. Explorar os sentidos do tato, olfato, visão, audição e paladar através de estações de sensações amplia os saberes, as experiências estéticas, a percepção através de ações propositoras. Cada estação pode explorar através de seu sentido as sensações despertas, mostrar diferentes situações para a mesma pessoa e criar uma forma e registrar artisticamente. Tentem extrair ao máximo as potencialidades do material utilizado, as mudanças dos estados físicos do elemento, seus diversos usos. Pesquisas feitas pelos alunos podem trazer muitas referências. As estações devem ter formas de acesso, como caixas com aberturas para as mãos ou opções para sentir cheiros e sabores. Um aluno ou professor deve orientar ou acompanhar os visitantes. A experiência estética pode acontecer frente à descoberta do elemento, da proposta e do participar da ação propositora. É interessante criar uma estação para cada sensação e explorar ao máximo suas possibilidades. Os registros podem ser feitos ao final, com uma parede coberta com papel e materiais utilizados durante o percurso para a escrita. Fotografias e vídeos de todo o processo também fazem parte do registro. CONEXÕES • Janet Echelman. Site da artista. Disponível em: <http:// livro.pro/c8rduw>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • • •

CA

Arte e tecnologia Música Som História da música Instrumentos Arte e invenção

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música

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PÍT

ULO

Som e invenção

HABILIDADES • (EF69AR17) • (EF69AR20) • (EF69AR18) • (EF69AR21)

Trajetórias para a arte

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

• Invenção e som

Neste capítulo, o foco está na música e sua integração com as artes visuais, por meio do estudo de esculturas e instalações sonoras. Entre os assuntos abordados, estão os instrumentos musicais e objetos sonoros utilizados em processos criativos. Os instrumentos musicais conhecidos atualmente são resultado de diversas transformações em seus processos de fabricação ao longo do tempo. O arco utilizado para tocar violino, por exemplo, já teve o formato de um semicírculo (de onde provém sua denominação) até chegar ao atual formato retilíneo. A partir do século XX, as rupturas e experimentações no âmbito da linguagem musical tanto ampliaram as possibilidades sonoras de instrumentos musicais existentes quanto permitiram o surgimento de invenções sonoras, como o uso de objetos de fora do contexto musical já consolidado (chaleiras, pratos de uso culinário, entre muitos outros). Nesse sentido, vamos percorrer situações de aprendizagem relacionadas ao estudo das categorias de instrumentos musicais e sua história; à criação e fabricação de instrumentos (lutherie = luteria); e à exploração de objetos sonoros. Como forma de introduzir o assunto, convide os alunos a ouvir os sons a seu redor. Con-

• Arte em Projetos – Música

• Tema 1 – Como se toca um instrumento? • Tema 2 – Como se faz um instrumento? • Arte em Projetos – Música

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verse também, neste início de capítulo, sobre como percebem os sons que escutam em suas residências ou em outros locais fora da escola. Valem todos os sons, não somente os musicais. Os sons da natureza (vento, mar, pessoas, animais...) e os artificiais (máquinas, sons mixados e outros). D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 34

Na sequência, peça à turma para observar a imagem da obra Aeolus (2012), do artista britânico Luke Jerram (1974-), presente nestas páginas. Sugerimos a seguinte pauta: • Como você imagina ser o som dessa obra? • De que forma ele é produzido?

• É uma escultura ou um ins-

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trumento musical? Ou será que é a mistura de duas linguagens da arte? Explique que Aeolus é uma escultura sonora instalada em Manchester, na Inglaterra, e proponha que observem a imagem e seus detalhes. Essa escultura sonora é um instrumento

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MEDIACITYUK, SALFORD QUAYS, MANCHESTER/ LOWEFOTO / ALAMY/FOTOARENA

REF

REGISTROS E AVALIAÇÃO Peça aos alunos que observem e anotem em seus Diários de arte como eles percebem os sons ao seu redor. Também proponha a eles que registrem suas expectativas a respeito dos estudos deste capítulo.

Aeolus (2012), uma das esculturas sonoras do artista britânico Luke Jerram (1974-) instalada em Manchester, na Inglaterra. A obra de arte também é um instrumento musical gigante, um tipo de harpa eólica com 310 tubos polidos, e seu nome vem do guardião grego dos ventos, Éolo.

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musical gigante, um tipo de harpa eólica com 310 tubos polidos. Seu nome vem do guardião grego dos ventos, Éolo, e sua afinação se dá pelo tamanho dos tubos, pela disposição e localização na estrutura.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Outros artistas também fizeram esculturas sonoras que usam o vento para gerar o som. Árvore cantante (2012), de

+IDEIAS Observar os sons que a circulação do ar faz ao nosso redor pode render muitas descobertas. Peça aos alunos que escutem com atenção o som do ar produzido: • pelo ventilador; • ao passarmos por uma fresta na janela; • quando sopramos uma garrafa; • ao rodarmos um barbante muito rápido; • quando entramos pela janela do carro. Pergunte se há diferenças entre esses sons e como eles poderiam ser descritos. Você também pode solicitar aos alunos uma pesquisa sobre a relação entre vento e som e a história dos instrumentos de sopro. Oriente-os a pesquisar sobre quando foram encontradas flautas de ossos de aves e de marfim de mamute em diversos locais do mundo. Elas são consideradas os instrumentos mais antigos que permaneceram até os nossos dias, algumas com mais de 35 mil anos.

Mike Tonkin e Anna Liu, é uma estrutura de três metros de altura feita com tubos de aço de diversos tamanhos. Os tubos têm furos e, com o vento, produzem sons em várias oitavas. 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • Aeolus, escultura sonora de Luke Jerram. Disponível em: <http://livro.pro/kq56wh>. Acesso em: 2 nov. 2018. • Mike Tonkin e Anna Liu. Disponível em: <http://livro. pro/wqrvzw>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • • •

Som e música Timbre Fonte sonora Objetos sonoros Instrumentos musicais Instalação sonora

venha tocar!

FAIXA 11

Observe a imagem a seguir. BRUNO LEÃO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) • • (EF69AR20) •

(EF69AR21) (EF69AR22) (EF69AR23) (EF69AR32)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Nesta página, trazemos uma imagem do grupo Uakti. Esse grupo de música instrumental brasileira foi criado em 1978, existindo até o ano de 2015, quando seus componentes resolveram se separar e seguir seus trabalhos em carreira solo. O grupo teve em sua formação os artistas: Artur Andrés Ribeiro, Paulo Sérgio Santos, Décio Ramos e Marco Antônio Guimarães, ex-aluno de Walter Smetak. Eles utilizavam instrumentos musicais não convencionais, de construção própria, feitos dos mais diversos materiais. Peça aos alunos que observem a imagem da página 36 e descrevam o que veem. Pergunte a eles: • Conhecem algum dos instrumentos presentes na foto? Se sim, quais? • Que materiais foram usados para construí-los? • Como os músicos usam o corpo para tocá-los? No momento da leitura da imagem e do estudo do texto de apoio, proponha uma nutrição estética por meio da escuta da faixa 11 do CD: Calango em pedra quente, de Marco Antônio Guimarães.

Grupo Uakti em apresentação em Belo Horizonte, MG. Foto de 2013.

Olhe, imagine e escute. São músicos a se apresentar. E o que tem mais nesse lugar? No palco tem cano de PVC, pandeiro, violão, tamborim. Água no cano, na bacia? Será que sai som? Dá para tocar? São muitos instrumentos, alguns há tempos conhecidos, outros, recém-inventados. Esses artistas são músicos ou inventores? Algo que eu nunca vi. Gira manivela, sopra no tubo, toca tampa de panela... É o Uakti! 36

Na página 37, temos uma imagem do Grupo Experimental de Música (GEM), que criou várias instalações sonoras. Você pode retomar o conceito de “instalação”, ampliando-o para a música. Oriente os alunos a observar a imagem e D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 36

descrever os materiais usados para fazer os instrumentos desse grupo. Pergunte a eles: • Como imaginam que essa instalação-instrumento é tocada? • Quais sons ela produz? • É possível unir sons e formas visuais para fazer música?

Proponha, então, mais um momento de audição, agora da faixa 12: Ser Tao, de Fernando Sardo. Ajude os alunos a perceber que é possível produzir música com diferentes objetos, inclusive os do cotidiano.

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venha inventar!

COMENTÁRIO SOBRE AS FAIXAS 11 E 12 DO CD Calango em pedra quente (faixa 11), de Marco Antônio Guimarães, foi composta no ritmo original do calango e é interpretada pelo grupo mineiro Uakti (criado em 1978), com instrumentos em sua maioria concebidos pelo próprio grupo, como marimbas de PVC ou com lâminas de vidro, flautas, engenhos sonoros originais etc. Conte aos alunos que, segundo uma antiga lenda dos povos Tukano (habitantes da região do Alto Rio Negro, no Amazonas), Uakti é o nome de um músico que produzia sons que seduziam as mulheres, pois havia vários buracos em seu corpo que geravam belas sonoridades quando o vento passava por eles. Essa faixa faz parte do CD Oiapok Xui, gravado pelo grupo Uakti. Ser Tao (faixa 12), de Fernando Sardo, é interpretada pelo compositor com instrumentos que ele próprio construiu, entre os quais se encontram: bambulon – um tipo de violoncelo, com seis cordas, construído com cabaça, bambu e madeira; libelulola – uma espécie de violino de quatro cordas, construído com coité, bambu e madeira; violitara – instrumento próximo a um violão de 12 cordas, com sonoridade de sitar (cítara indiana); e tambor construído com estrutura de papel. Nessa música, o compositor busca mesclar Oriente e Ocidente com sonoridades do Brasil e da Índia. Essa faixa integra o CD Bambuzais.

FAIXA 12

Observe a imagem a seguir. JEFFERSON FERNANDES

Instrumentos criados pelo Grupo Experimental de Música (GEM), feitos com materiais alternativos. Apresentação em Santos, foto de 2013.

Que parafernália será essa? É para ver ou tocar? Será uma grande escultura ou instalação sonora? Olhando bem para esses objetos, o que provoca o seu olhar? Panela, roda de bicicleta, canos, tambores... Metal, plástico, madeira. Cada coisa tem seu timbre. Cada objeto está em um lugar. São os instrumentos do GEM (Grupo Experimental de Música). Música brasileira, coisas da nossa gente que gosta de inventar.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Explique aos alunos que o som é uma vibração que se propaga no ar por meio de ondas de pressão. Fale sobre os quatro parâmetros físicos do som: altura, duração, intensidade e

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timbre. Também é importante esclarecer que os parâmetros sonoros básicos são relativos. Quando dizemos que um som é forte, significa que ele é “mais forte” do que outros. Vale lembrar que, mesmo que possamos medir com precisão as caracte-

rísticas de um som, há sempre um componente subjetivo na escuta. Em determinados casos, um som fraco pode parecer forte de acordo com as condições que influenciam nossa percepção e experiência sonora, seja ela artística ou não. 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • PEDREIRO, Ranulfo. Uakti e os sons da natureza. Disponível em: <http://livro.pro/4t6fyz>. Acesso em: 2 nov. 2018. • Grupo Experimental de Música (GEM). Disponível em: <http://livro.pro/z22eoq>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

Invenção e som

• Movimento de arte: Fluxus • Instrumentos musicais não

convencionais • Experimentação sonora e musical • Arte e invenção

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Dança • Artes integradas

GAMMA-RAPHO /GETTY IMAGES

HABILIDADES • (EF69AR09) • (EF69AR21) • (EF69AR18) • (EF69AR32) • (EF69AR19) • (EF69AR35) • (EF69AR20)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Após a leitura do texto de apoio, convide os alunos a conversar sobre as perguntas da página. Aprofunde o assunto, propondo outras reflexões, como: • O que transforma o som em arte? São os instrumentos musicais? É o modo como o artista (compositor) estuda os sons para criar combinações e arranjos? • Como o artista (músico instrumentista) toca os instrumentos com base na arte dos compositores? Como você acha que esse processo acontece? • Quais sons e objetos podem ser usados para compor uma música (ou performance musical)? • Pode existir ruído na música? • A música é apenas som ou contém silêncio? Explique que o compositor John Cage (1912-1992) se interessava por todos os sons à sua volta. Em Variações V, os bailarinos dançam ao som de máquinas, rádios, buzinas etc., uma grande novidade para a época. Ruídos, antes considerados inadequados na produção musical, passaram a ser valorizados e incorporados. Cage também pesquisava o silêncio. Mesmo em uma câmara anecoica (ambiente preparado à prova de som),

Apresentação em estúdio de TV do balé Variações V, coreografado por Merce Cunningham, com performance musical de John Cage, em 1966.

Quais sons podem ser usados para fazer música? O som da voz e dos instrumentos musicais? Para Cage, o mundo é sonoro e todo artista deve se alimentar desses sons para criar. Esse artista desenvolveu sua arte influenciado pelas novidades tecnológicas do século XX. Inventou sons usando os mais diferentes materiais, objetos do cotidiano, instrumentos musicais e sons mixados com programas de computador. Cage também inovou integrando dança e performances a sua criação musical. Para ele, a música poderia ativar o corpo em gestos, movimentos e ganhar visualidade. Assim como os sons criados por Cage eram muito diferentes e não seguiam padrões tradicionais da música, os bailarinos ao dançar criavam novos movimentos e coreografias, rompendo padrões tradicionais também na dança. Invenção e som se tornam a base de uma nova fase da música.

1. Você já fez música com um objeto do cotidiano? Como foi essa experiência? 2. Qual é o instrumento musical mais incomum que você conhece? Respostas pessoais.

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percebeu que era possível ouvir os sons de sua respiração e seu batimento cardíaco. Assim, chegou à conclusão de que não existe silêncio absoluto. Comente, ainda, que o artista fazia parte do movimento Fluxus, que buscava ir além da forma tradicional de fazer arte. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 38

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Como se toca um instrumento?

John Cage costumava preparar instrumentos para suas performances musicais, como o piano, para executar suas músicas de modo não convencional e mais criativo. Cage chegou a escrever peças para piano para serem tocadas nas teclas, mas criava também modos diferentes de pesquisar e conseguir extrair sonoridades. Muitas vezes alterava o interior do piano. Para ele, o instrumento precisava ser preparado por meio da instalação de peças de borracha, parafusos e outros apetrechos, resultando em uma alteração completa da sua sonoridade. Aqui no Brasil, o grupo musical PianOrquestra, composto de “dez mãos e um piano preparado”, como anuncia, cria composições e faz arranjos de obras já conhecidas da música brasileira e internacional, modificando o piano (e outros instrumentos) com luvas, baquetas, palhetas de violão, peças de metal, madeira etc. para ser tocado a muitas mãos. Esses artistas buscam materiais e instrumentos que proporcionem novos timbres. Ao ouvir a música, temos a impressão de estar diante de uma orquestra, tamanha a riqueza de sonoridades. Artistas como John Cage inovaram a forma de criar música e, na sequência da história, outros artistas trilham o caminho da invenção sonora na arte da música.

+IDEIAS Estimule os alunos a criar sons com objetos do cotidiano. Uma exploração na cozinha de uma casa pode trazer muitos objetos sonoros, como copos de plástico, caixas e latas vazias e limpas, grãos de diversos tamanhos, talheres, raladores, tampas, panelas etc. Incentive-os a pensar em instrumentos musicais incomuns. Disso pode resultar, por exemplo, batucadas com colheres ou varetas em potes e panelas. Há um aplicativo para celular gratuito chamado John Cage Piano, em que a sonoridade do piano preparado pode ser experimentada. Você pode propor aos alunos que criem pequenas composições nesse aplicativo e a apresentem, em seguida, para os colegas.

NEW YORK TIMES CO./GETTY IMAGES

tema tema11

uma composição seja interpretada por outros artistas. As partituras proporcionam acesso a obras compostas em qualquer época, bem como a criação de novos arranjos e improvisações para elas.

John Cage (1912-1992) prepara um piano de cauda inserindo moedas, borrachas e parafusos entre as cordas, no auditório Gaveau, em Paris (França), em 1949.

AMPLIANDO Performances musicais são ações artísticas que envolvem expressão corporal e musical. Como exemplo podemos citar a percussão corporal ou o modo de tocar instrumentos ou fazer sons com objetos.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Observe as reações dos alunos diante das novas possibilidades sonoras apresentadas nestas páginas. Peça a eles que registrem nos Diários de arte suas percepções sobre esses novos sons e novas formas de tocar.

PIANORQUESTRA/MÁRCIA MOREIRA

VEJA E OUÇA ARTE PianOrquestra. No canal oficial do grupo no YouTube você pode apreciar diversos vídeos de suas apresentações, como Pia no frevo. Disponível em: <http:// livro.pro/3mh7jk>. Acesso em: 14 ago. 2018.

Grupo musical PianOrquestra em apresentação.

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Apresente a proposta musical do grupo brasileiro PianOrquestra, que, assim como Cage, inova na forma de tocar piano. Proponha à turma uma pesquisa sobre outros músicos que trabalhem com instrumentos tradicionais, mas de forma não convencional.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Os integrantes do movimento artístico Fluxus tinham uma postura inovadora perante a arte e o mundo. Seu nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova, de Wiesbaden (Alemanha),

em 1962, e ao artista lituano George Maciunas (19311978), radicado nos Estados Unidos. Ele batizou o movimento com uma palavra de origem latina, fluxus, que significa “movimento, escoamento”. O registro e as formas de notação musical permitem que 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • Site oficial do músico John Cage. Disponível em: <http://livro.pro/4tfoj9>. Acesso em: 5 nov. 2018. • Site oficial do grupo PianOrquestra. Disponível em: <http://livro.pro/n7xquq>. Acesso em: 5 nov. 2018. • Vídeo da apresentação performática Variações V, de John Cage, da década de 1960. Disponível em: <http://livro.pro/onocw4>. Acesso em: 5 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Arte e ciência • Categorias de instrumentos

musicais • Etnomusicologia • Aspectos musicais e contexto sociocultural • Organologia

mundo conectado

A ciência dos instrumentos musicais Observe a charge a seguir. Formado em música e doutorado em química, o etnomusicólogo austríaco Erich von Hornbostel (18771935) foi quem, em 1933, afirmou que qualquer objeto com o qual se produzisse um som intencionalmente poderia ser classificado como instrumento musical. Hornbostel e o alemão Curt Sachs criaram a primeira classificação de instrumentos musicais do Ocidente. Em 1933, o governo nazista da Alemanha, que anexara a Áustria, destituiu os dois de todos os seus cargos públicos por terem origem judia.

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR19) • (EF69AR17) • (EF69AR20) • (EF69AR18) • (EF69AR21)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

AMPLIANDO

ALEX SILVA

Na semana anterior à aula, peça aos alunos que tragam imagens impressas e, se possível, gravações em áudio de seus instrumentos preferidos (que gostam de tocar ou ouvir). Comente que esse material será usado para criar um painel musical. Após trabalhar com o conteúdo presente nestas páginas, auxilie os alunos a descobrir os aspectos musicais e o contexto sociocultural do instrumento que eles trouxeram, por meio da análise de sua história e origem. Para isso, eles podem consultar livros de música ou mesmo fazer uma pesquisa na internet, com sua orientação. Em seguida, peça a eles para classificá-los de acordo com a organologia. Com os dados coletados e as informações presentes nos quadros destas páginas do livro, organizem um painel musical para ficar exposto na sala. Você pode usar papel Kraft para isso. Já com as gravações em áudio trazidas por eles, é possível organizar um painel virtual, que pode estar disponível em um espaço de compartilhamento e apreciação de arquivos na internet. Ao considerar o contexto de produção musical, podemos convidar os alunos a pesquisar sobre a música em

Charge de Alex Silva brinca com a ligação entre a arte (no caso, a música) e química.

Etnomusicólogo é a pessoa que estuda a música em sua concepção sociocultural, analisando sua origem etnográfica, sua manifestação em determinados povos, na língua, religião, hábitos etc. A etnografia pode ser considerada um ramo da Antropologia, ciência que estuda as culturas humanas.

Basicamente, a classificação de um instrumento depende de dois fatores: aspectos musicais e contexto sociocultural. Veja no quadro a seguir.

Classificação de um instrumento musical segundo aspectos etnográficos Aspectos musicais

Contexto sociocultural

Leva-se em consideração aqui a construção dos instrumentos, seus aspectos técnicos e musicais, que envolvem timbres, estilos e tendências artísticas. Os materiais escolhidos, os mestres construtores dos instrumentos, chamados de luthiers, também são estudados pelos pesquisadores. Os instrumentos são construídos em meio a contextos sociais, históricos, religiosos e tradições culturais, entre outras situações, que podem determinar a maneira e a função de seu uso. Assim, ocorre a valorização de uns e a desvalorização de outros. Por exemplo, os instrumentos de percussão em geral, por estarem mais presentes na música pagã, foram pouco valorizados pela música erudita e religiosa em diferentes épocas.

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sua comunidade. Eles poderão descobrir patrimônios escondidos, lembrando que o ofício de fazer instrumentos é considerado patrimônio cultural imaterial. Estas perguntas podem orientar a busca: • Quais gêneros musicais você identifica? D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 40

• Há criações tradicionais da

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região? • Existem construtores de instrumentos em sua comunidade ou em locais próximos? • Que instrumentos musicais podem ser encontrados? • Como e em quais ocasiões eles são utilizados?

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FAIXAS 1a3

Faixa 3: 32 Variações (tema e as 12 variações iniciais), para piano, de Ludwig van Beethoven. Conte aos alunos que, considerado o último grande representante do Classicismo, Beethoven (1770-1827) preparou a transição para o Romantismo musical, tornando-se, por sua originalidade e personalidade, uma das referências mais marcantes da história da música no Ocidente. Interpretação de Fernando Tomimura (piano).

Descrição da ciência da organologia

Instrumento musical

Contexto sociocultural

Esquema elaborado pelos autores.

Aspectos musicais

EDITORIA DE ARTE

Veja o esquema ao lado, que mostra como funciona a classificação de estudos dos instrumentos na organologia. É muito interessante perceber que existem somente quatro grupos originais de instrumentos nessa ciência. Observe a descrição deles no quadro a seguir.

Classificação organológica

PARA AMPLIAR CONCEITOS O experimento de John Cage com a câmara anecoica pode ser retomado para criar um diálogo entre arte e ciência. Após permanecer algum tempo nessa câmara à prova de som e, ainda assim, ouvir os sons do próprio corpo, o artista criou uma composição chamada 4’33’’. Nela, o “silêncio” toma conta do ambiente durante quatro minutos e trinta e três segundos, e os sons que constituem a música são os produzidos por aqueles que assistem à apresentação.

Grupos de instrumentos segundo a organologia Aerofones

Instrumentos cujos sons resultam da vibração do ar, sem passar por tubos (como gaita de boca e acordeom) ou passando dentro de tubos (flauta, saxofone e outros).

Cordofones

Conjunto de instrumentos cujos sons são resultantes de cordas esticadas. Existem dois subgrupos: os simples (como piano ou cravo), em que existe uma corda para cada nota; e os compostos (violão ou violino, entre outros), em que uma corda pode gerar diferentes sons, dependendo do local em que o músico a prende.

Idiofones

Instrumentos que têm sons resultantes das vibrações no próprio instrumento, por meio de percussão em batidas, fricção, agitação ou sopro. Nessa categoria temos diferentes instrumentos sem altura definida (como agogô, caxixi, triângulo, clave) e instrumentos com altura definida (como o xilofone e o metalofone).

Membranofones

Instrumentos de membrana que é percutida (como o tambor, a conga, o atabaque, o tímpano etc.), friccionada (como a cuíca), que ressoa no ar (por exemplo, o kazoo) ou é pulsada (como a ektara).

Cada conjunto desses tem grupos de instrumentos que são estudados pela ciência da organologia. Um dos aspectos de estudo é a questão física do som, como a frequência em que certos instrumentos ou tipos de vozes variam dentro de determinadas alturas. Esse é um estudo que envolve música e outros saberes das ciências que você e os colegas vão aprender nos próximos anos.

+IDEIAS Disponibilize alguns instrumentos musicais aos alunos para que eles possam manuseá-los, tocá-los e levantar hipóteses sobre como eles são produzidos. Mesmo que você não seja especialista em música, ofereça essa experiência aos alunos. Se possível, convide um músico (instrumentista) da comunidade para conversar com a turma sobre sua relação com a música e seu instrumento.

AMPLIANDO

Organologia é um ramo da ciência que estuda os instrumentos musicais com base em sua materialidade, ou seja, a forma, a qualidade de som produzido, o timbre, o modo de execução, entre outros. Faz parte dessa ciência estudar os instrumentos e suas características, como os aerofones, os cordofones, os idiofones e os membranofones (veja detalhes no quadro acima).

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Para ilustrar a categoria dos cordofones, proponha a escuta das faixas 1, 2 e 3 do CD.

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COMENTÁRIO SOBRE AS FAIXAS 1, 2 E 3 DO CD Faixa 1: Prelúdio no 1, de O cravo bem temperado, v. I, de J. S. Bach (piano). (Ver Faixa 2).

Faixa 2: Prelúdio no 1, de O cravo bem temperado, v. I, de J. S. Bach (cravo). O cravo bem temperado é uma coletânea musical em dois volumes, composta por Johann Sebastian Bach (1685-1750). Cada volume contém 24 prelúdios

(forma de expressão mais livre e de caráter muitas vezes improvisado) e 24 fugas (forma imitativa, que se assemelha ao cânone, embora mais complexa). Comente com os alunos que, por sua qualidade e originalidade, essa coleção ocupa um lugar especial na história da música ocidental. 11/7/18 1:29 PM

REGISTROS E AVALIAÇÃO Analise os painéis musicais criados pelos alunos para realizar sua avaliação. CONEXÕES • CARDOZO, Cláudio Roberto. Etnomusicologia. Disponível em: <http://livro.pro/bobkzy>. Acesso em: 5 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Lenda indígena • Instrumentos musicais • Instrumentos de cordas

e metais

BNCC

MAIS DE PERTO

Uakti – a lenda e o grupo Observe a imagem a seguir. Ninguém sabe como as pessoas começaram a criar instrumentos. Lendas indígenas, como a do Uakti, dão algumas pistas. O povo Tukano conta que existiu, muito tempo atrás, um ser com o corpo cheio de furos, por onde o vento passava e ressoava um som que encantava as mulheres e as levava embora. Os homens resolveram capturar esse monstro. Na luta, o Uakti morreu e foi sepultado em um local onde nasceram palmeiras. É delas que a comunidade Tukano faz seus instrumentos de sopro. Hoje, os músicos exploram instrumentos existentes e criam novos. O grupo mineiro Uakti (1978-2015), que assumiu o nome da lenda, era composto de criadores na arte de fazer música e instrumentos.

UNIDADE TEMÁTICA • Música HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21)

Ilustração do Uakti, conforme lenda indígena.

BRUNO LEÃO

Apresente aos alunos uma peça do Uakti, em um momento de escuta musical. Sugerimos novamente a faixa 11 do CD: Calango em pedra quente, de Marco Antônio Guimarães. Essa peça foi composta no ritmo original do calango e é interpretada com instrumentos, em sua maioria, concebidos pelo próprio grupo, como marimbas de PVC, lâminas de vidro, flautas etc. A faixa faz parte do CD Oiapok Xui. Peça à turma que permaneça de olhos fechados durante a audição, buscando imaginar para onde essa sonoridade pode levá-los. Pergunte a eles: • Que sons foram ouvidos? • Você reconhece algum instrumento? Se sim, quais? Anote os comentários na lousa. Em seguida, promova outra escuta musical, agora de uma composição orquestrada de sua escolha. Repita a proposta anterior e também anote as colocações dos alunos. Observe com qual peça houve mais familiaridade e se alguma delas causou mais estranhamento ou interesse. Na sequência, encaminhe a leitura das seções Mais de perto e Arte em Projetos, relacionando-as com as considerações dos alunos.

FROSA

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Grupo Uakti em apresentação, com Artur Andrés Ribeiro de frente e Paulo Sérgio Santos de costas, em Belo Horizonte, MG. Foto de 2013.

PALAVRA DO ARTISTA

Marco Antônio Guimarães (1948-) O criador do Uakti comenta sobre o processo de criação dos instrumentos do grupo: Quando se lida com materiais que nunca foram usados em instrumentos musicais, não se tem parâmetros nem referências; é preciso experimentar até atingir o resultado procurado. Apud RIBEIRO, Artur Andrés. Grupo Uakti. Estudos Avançados, São Paulo, v. 14, n. 39, maio/ago. 2000. Disponível em: <http://livro.pro/vmz8a7>. Acesso em: 20 set. 2018.

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Na página 43, apresente exemplos de áudios de instrumentos de cordas e metais. Comente com os alunos que existem orquestras somente com instrumentos de sopros ou de cordas. Proponha mais momentos de nutrição estética para que os alunos possam ampliar seu repertório musical. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 42

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poderão alternar entre diferentes instrumentos. Em seguida, peça a eles que digam quais instrumentos musicais reconheceram e como imaginam que eles sejam tocados. Essa situação de escuta ativa pode ser repetida diversas vezes, variando as músicas de acordo com suas características étnicas, contexto de produção, gênero, família etc.

arte em projetos

MÚSICA

Famílias musicais Conhecemos a classificação dos instrumentos musicais em aerofones, cordofones, idiofones e membranofones, mas há ainda outras categorias. Em relação aos instrumentos utilizados nas orquestras clássica, romântica e moderna – nas quais despontaram compositores como Bach, Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert, Brahms, Wagner e Mahler –, classificamos e denominamos as seguintes famílias ou naipes de instrumentos: cordas, madeiras, metais e percussão. Observe a ilustração a seguir. M

REGISTROS E AVALIAÇÃO É por meio de movimentos que o maestro rege a orquestra. Se possível, apresente aos alunos um vídeo com apresentação de uma orquestra (links disponíveis na seção Conexões). Peça a eles que observem com atenção os movimentos do maestro. Pergunte a eles se perceberam alguma relação entre os movimentos executados pelo maestro e o desempenho dos músicos, como começar ou parar de tocar os instrumentos, por exemplo. Peça que registrem as observações deles e dos colegas no Diário de arte. É possível pedir a eles um registro na forma de desenho ou descrição.

D C

B A E

J F G

I

K

H LEONARDO CONCEIÇÃO

L

O

Ilustração de instrumentos de uma orquestra atual de tamanho médio. (A) 24 violinos, (B) 8 violas, (C) 8 violoncelos, (D) 4 contrabaixos, (E) 3 flautas transversais, (F) 3 oboés, (G) 3 clarinetes, (H) 3 fagotes, (I) 4 trompas, (J) 4 trompetes, (K) 4 trombones, (L) 2 tubas, (M) 1 piano, (N) 1 harpa e (O) vários instrumentos de percussão (caixas, repinique, xilofone, carrilhão, cajón, atabaques, gongo, pratos, triângulo, entre outros).

Cordas – Nesta família estão instrumentos cujo som é produzido por dedilhamento, como o violão, o alaúde e a lira, pela fricção das cordas, prioritariamente pela ação do arco (em uma orquestra são os violinos, violas, violoncelos e contrabaixos) ou pela percussão nas cordas, como o piano. Metais – Fazem parte dessa família todos os instrumentos de sopro feitos sobretudo de metal, menos aqueles cuja embocadura contém algum elemento de madeira, como o saxofone. Trompete, trombone, trompa, tuba e eufônio são os principais instrumentos do grupo dos metais.

AMPLIANDO Os instrumentos que emitem sons pela fricção das cordas (em uma orquestra, os violinos, as violas, os violoncelos e os contrabaixos) são tocados principalmente com um arco, feito sobretudo de madeira de pau-brasil e crina de cavalo. Existe um tipo de orquestra composto exclusivamente por essa família: a orquestra de cordas. A obra Bachianas brasileiras no 9, de Heitor Villa-Lobos, foi composta para essa formação.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS O Uakti se dissolveu em 2015, porém seus músicos continuam atuando em outros contextos. Eles são referências importantes na criação de instrumentos musicais e na música contemporânea brasileira. A sonoridade do grupo tor-

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nou-se marcante graças a seus instrumentos musicais únicos e à exploração de timbres diferenciados.

+IDEIAS Com base no estudo das classificações de instrumentos, proponha situações de escuta ativa. Em roda, reproduza uma

música (preferencialmente instrumental). Se julgar conveniente, promova a audição das faixas 10 a 14 do volume 6 desta coleção. Por meio de gestos, os alunos poderão improvisar movimentos, como se estivessem tocando um instrumento musical que identificaram. Eles 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • RIBEIRO, Artur A. Grupo Uakti. Disponível em: <http:// livro.pro/vmz8a7>. Acesso em: 5 nov. 2018. • SEBASTIÃO, Walter. Uakti: tem, mas acabou. Disponível em: <http://livro.pro/sw692j>. Acesso em: 5 nov. 2018. • Orquestra Petrobras Sinfônica. Disponível em: <http:// livro.pro/a8dzqa>. Acesso em: 5 nov. 2018. • Bachianas Brasileiras no 9, de Heitor Villa-Lobos, com a Orquestra de Cordas (Orquestra Sinfônica Brasileira). Disponível em: <http://livro.pro/zanzbr>. Acesso em: 5 nov. 2018. • Instrumentos da orquestra. Disponível em: <https:// www.youtube.com/watch? v=lYCE8IqO-tI>. Acesso em: 5 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Instrumentos de madeira e

percussão • Confecção de instrumentos • Sustentabilidade

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música

Madeiras – Também formada por instrumentos de sopro, mas feitos de madeira, como flautas, apitos e o didgeridoo, instrumento musical criado pelos aborígenes da Austrália cujo som é produzido pela vibração dos lábios do instrumentista. Que tal construir um instrumento musical da família da percussão? Percussão – É o naipe mais variado da orquestra, sendo explorado pelos compositores para sonoridades que comportam melodias e harmonias, com os instrumentos de altura definida, como tímpanos, carrilhão, glockenspiel, vibrafone, xilofone e marimba; e diferentes ritmos e texturas com os instrumentos de alturas indefinidas, como triângulo, gongo, castanhola, chicote, maraca, bigorna, bongô, pandeiro, tambor e pratos.

HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR23)

Afoxé

Agogô

Carrilhão Castanholas

Apresente os instrumentos de madeira. Depois, explique que os de percussão podem ser batidos, raspados ou balançados, criando sons diferentes. O som de atabaques, surdos e tímpanos é amplificado pelo corpo desses instrumentos, que podem ser tocados com baquetas. Comente que as baterias das escolas de samba também dividem os instrumentos em famílias, de acordo com os timbres. O mestre de bateria é responsável pela regência musical da escola durante todo o desfile de carnaval. Que tal usar as mesas da sala de aula como instrumentos de percussão? Remova os objetos de cima delas e estimule os alunos a explorar possibilidades sonoras, com as mãos ou baquetas improvisadas. Eles devem observar parâmetros musicais como altura e timbre, que variam de acordo com cada parte da mesa que for percutida.

TAMARA KULIKOVA/SHUTTERSTOCK.COM, GRIGIOMEDIO/SHUTTERSTOCK.COM, CRISPUS INTERNATIONAL/SHUTTERSTOCK.COM, SLAVKO SEREDA/SHUTTERSTOCK.COM, TURTIX/SHUTTERSTOCK.COM, ALIAKSANDR SHATNY/SHUTTERSTOCK.COM, FERNANDO FAVORETTO/CRIAR IMAGEM, ELENA SCHWEITZER/SHUTTERSTOCK.COM, PANJARONG URAWAN/SHUTTERSTOCK.COM, PAVEL SAVCHUK/SHUTTERSTOCK.COM, VENUS ANGEL/SHUTTERSTOCK.COM, FURTSEFF/SHUTTERSTOCK.COM,

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Caxixis

Chocalhos

Atabaque

Surdo

Reco-reco

Pandeiro

Cuíca

Tímpanos

Triângulo

Repinique

Zabumba

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Processo de criação

Batateria

DARIO SABLJAK/ SHUTTERSTOCK.COM

O que é uma batateria? Antes, veja ao lado a imagem de uma bateria. Você vai precisar de: • 5 potes cilíndricos do mesmo material (papelão, lata, plástico etc.) e diâmetro (pote de batata frita, por exemplo – daí o nome batateria); • hastes de madeira ou plástico, para fazer a base que prenderá os potes (cabo de vassoura, caixa de frutas ou tubos de PVC finos); • elásticos (1 por pote), abraçadeiras de plástico ou barbante para prender cada pote nas hastes. Uma maneira fácil de conseguir um bom conjunto de notas em seu instrumento é realizando marcações que dividam os cinco potes em duas, três e quatro partes iguais. Obteremos intervalos musicais ao cortar os cilindros de modo que o primeiro esteja inteiro e os demais em algum ponto de igual divisão, como 1/2, 1/3, 2/3, 1/4 e 3/4. Lembre-se de que você precisa manter o fundo do pote para servir de “membrana”, como em um tambor. Para cortar os potes, muito cuidado; peça ajuda a um adulto, pois necessitará instrumentos de corte afiados ou uma serra. Após os cortes, prenda tudo com o barbante, as abraçadeiras ou os elásticos na ordem em que preferir (normalmente em ordem decrescente – do grave para o agudo, que é do pote maior até o menor). Pronto! Use os dedos ou materiais diferentes que sirvam de baqueta. Caso você utilize outro material para substituir o pote de batata frita, como tubos de PVC ou rolos de papel-alumínio, você precisará acrescentar uma membrana ao tubo. Deve ser um material resistente, como papelão, plástico grosso ou até mesmo couro. Quanto mais esticado você conseguir prender esse material, mais preciso será o som. Contudo, você terá mais dificuldade em afinar os tubos, já que a afinação muda de acordo com a pressão da membrana.

+IDEIAS Pesquise em vídeos sobre a Orquestra de Metais Lyra de Tatuí e de uma bateria de escola de samba e apresente aos alunos. Comente a forma como os músicos se organizam coletivamente. REGISTROS E AVALIAÇÃO Observe e anote o desempenho de cada aluno no processo de construção de instrumentos e na exploração de sonoridades.

DOTTA2

Exemplo de uma batateria, ou o nome que você quiser dar, dependendo dos potes que utilizar.

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Para a atividade do Processo de criação, os alunos devem trazer objetos limpos e que sejam de uma mesma materialidade. Assim, os sons produzidos ficarão mais parecidos entre si, sendo modificados por alterações de tamanho e não de material. Desse modo fica mais fácil perceber os timbres.

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Supervisione o corte de cilindros de papel e verifique se as latas de alimentos não apresentam rebarbas pontiagudas. Em tubos de PVC ou papelão, podem ser usadas bexigas como membranas. Estique-as para regular a afinação. Os alunos devem prestar atenção aos sons produzidos de

PARA AMPLIAR CONCEITOS Pesquise com os alunos na internet sobre o uso de materiais reutilizados na construção de instrumentos. Apresente os três “Rs” da sustentabilidade – “reduzir”, “reutilizar” e “reciclar” – e explique sobre a diferença entre os termos reciclar e reutilizar. O primeiro se relaciona com o reprocessamento e a geração de um novo material. Na reutilização, não há esse tipo de transformação. Um material ou parte dele é simplesmente usado de uma forma nova ou com outro significado. Desse modo, a reutilização evita o desperdício de recursos e o acúmulo de resíduos no meio ambiente.

acordo com o tamanho dos instrumentos: quanto menor, mais agudo. Quanto maior, mais grave. Para fazer baquetas, aproveite materiais como palitos de churrasco, rolhas de cortiça e bolinhas de meia. Também experimente criar castanholas com tampinhas metálicas e pedaços de papelão. 11/7/18 1:29 PM

CONEXÕES • Música conscientiza sobre responsabilidade ambiental. Informe do Instituto Oswaldo Cruz. Disponível em: <http://livro.pro/wowyfz>. Acesso em: 2 nov. 2018. • A democracia das madeiras. Vídeo sobre instrumentos de orquestra no canal do selo Sesc no Youtube. Disponível em: <http://livro.pro/yz3yzu>. Acesso em: 2 nov. 2018. • SOARES, Adalto. Orquestra de Metais Lyra de Tatuí: a trajetória de uma prática musical de excelência e a incorporação de valores culturais e sociais. Disponível em: <http://livro.pro/48i3f6>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

sileira

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

(EF69AR20) (EF69AR21) (EF69AR22) (EF69AR23)

tema 2

Como se faz um instrumento?

Os instrumentos musicais podem ser construídos de muitas formas. Há métodos ancestrais de construção que envolvem uma preparação ritualística e a consagração do instrumento. Pode-se também fazê-lo de modo artesanal, técnico ou até mesmo industrial. Os construtores e os inventores de instrumentos musicais são chamados luthiers. Originalmente, a palavra luthier era utilizada apenas em referência a quem construía e consertava alaúdes (luth, em francês). Mais tarde, o termo foi empregado para quem lidava com instrumentos de corda em geral, como Antonio Stradivari (1644?-1737) e sua família, que foram mestres na construção de violinos. COLEÇÃO PARTICULAR

• Construção de instrumentos • Paisagem sonora • Arte e cultura indígena bra-

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

No Brasil, Aurimar Monteiro de Araújo (1937-2015), o Mestre Ari, foi um dos mais importantes artesãos da construção de instrumentos populares, nesse caso, a rabeca, típica das festas populares brasileiras. Hoje em dia, quem constrói, conserta e inventa todo tipo de instrumento é considerado luthier. FÁBIO CORTEZ/DN/D.A PRESS

Os alunos devem fechar os olhos e escutar os sons do ambiente. Depois, peça a eles que anotem seus Diários de arte o que foi escutado, como o canto de pássaros, pessoas conversando, carros passando, chuva caindo etc. Esses registros também podem ser feitos com desenhos. Estimule reflexões por meio das seguintes perguntas: é possível fazer música com esses sons? E reproduzi-los? Explique que os instrumentos podem ser fabricados tanto de maneira artesanal quanto industrial. Alguns são feitos em lutherias, locais onde os luthiers fazem instrumentos por encomenda. Os construtores de instrumentos mais famosos do Renascimento são da família Amati, de Cremona, Itália. Um dos membros dessa família foi professor de outros dois grandes luthiers: Stradivari (1644?-1737) e Guarnieri (1626-1698). Os instrumentos produzidos por eles atingem atualmente valores superiores a R$ 3 milhões. Apresente o importante trabalho feito pelo mestre Ari das Rabecas, na região Norte do país. Seu Ari não era músico: era marceneiro. Ele construía rabecas e doava para a comunidade. Hoje, existe uma associação que carrega seu nome e forma luthiers.

Gravura romântica retratando o luthier italiano Antonio Stradivari, cujo nome deu origem aos violinos Stradivarius, os mais valiosos do mundo.

AMPLIANDO

Apresentação de rabeca durante o Encontro de Rabecas e Rabequeiros, promovido pelo Projeto Conexão Felipe Camarão, em Natal (RN), em 2011.

1. Você já viu alguém construindo um instrumento?

2. Qual era o instrumento e como foi sua construção?

Rabeca é um instrumento de três ou quatro cordas muito parecido com o violino, mas anterior a ele. É característico de festas populares brasileiras, como a marujada de Bragança (PA), manifestação cultural de tradição católica da Região Norte, realizada de 18 a 26 de dezembro há mais de 200 anos.

3. Apenas profissionais constroem instrumentos musicais? Respostas pessoais.

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tema tema11 mundo

Sobre a fabricação do iridinam, pelo povo indígena Ikolen Gavião, de Rondônia, mostre vídeos para ampliar o repertório dos alunos a respeito desse instrumento e de seu uso dentro dessa cultura. Por meio da etnomusicologia, da organologia e da lutheria, podemos relacionar diversos momentos da história da música e oferecer elementos para os alunos investigarem as transformações dessa arte a partir do século XX.

conectado

Som, natureza e cultura

AMPLIANDO

A paisagem sonora da floresta inspirou o surgimento de diferentes instrumentos musicais. Tambores, maracas, reco-recos... Sons feitos por meio de atrito, pelo sacudir, friccionar ou bater de matérias. Existem apitos que imitam o canto dos pássaros. São instrumentos de sopro conhecidos também como pios de passarinhos. Dos instrumentos de corda são emitidos sons que podemos relacionar com algumas “vozes” da natureza, como a água que corre entre as pedras de um rio. A materialidade das coisas da natureza se desdobra nas hábeis mãos indígenas em chocalhos feitos de cabaça e sementes, em paus de chuva e flautas de bambu, no iridinam feito de fibras de plantas e gravetos. Instrumentos de sopro, percussão e cordas divulgam e mantêm viva a música dos indígenas brasileiros. Cada aldeia ou comunidade sabe fazer seus instrumentos e entoar seus cânticos. Ilustração de pau de chuva feito por indígenas.

Iridinam é um instrumento musical de corda com dois pequenos arcos, criado e tocado pelas mulheres da comunidade indígena Ikolen Gavião, de Rondônia, no Norte do Brasil. Para tocá-lo, as mulheres friccionam as cordas dos dois pequenos arcos e também usam os dedos para apoiar o instrumento na boca e criar ressonâncias. Paisagem sonora refere-se ao ambiente e aos sons de cada lugar. Podemos perceber a paisagem sonora urbana, do campo (campestre), da floresta, da praia, entre outras. Hoje, essas sonoridades específicas são exploradas na música, no cinema, na televisão, nas rádios, na internet e em outras mídias.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Pesquise sobre o instrumento iridinam e outros pertencentes a culturas indígenas do Brasil. Para aprofundar seus conhecimentos sobre paisagem sonora, estude a obra de Murray Schafer, criador desse conceito.

FROSA

+IDEIAS No filme O som do coração, há uma cena em que o personagem principal desembarca em uma grande cidade e é tomado pelos sons a seu redor. Esse trecho ilustra o conceito de paisagem sonora e pode ser mostrado aos alunos.

FROSA

Ilustração de uma indígena com um iridinam.

1. Quais instrumentos musicais indígenas imitam sons da natureza? Cite os nomes deles e os sons que imitam. 2. Em quais situações os instrumentos musicais costumam ser tradicionalmente usados pelos povos indígenas? Respostas pessoais.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO No Diário de arte, os alunos podem criar notações musicais próprias, identificando sons de paisagens sonoras. Esse material pode compor um portfólio sobre o estudo de música. CONEXÕES • O arco e a lira. Direção: Priscilla Ermel. Documentário. Brasil: LISA, 2002. (18 min). Disponível em: <http://livro. pro/55j9oe>. Acesso em: 2 nov. 2018. • O som do coração. Direção: Kirsten Sheridan. Drama. EUA: Europa Filmes, 2007. (114 min). • SCHAFER, R. Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 2000.

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CONCEITOS EM FOCO • Construção de instrumentos • Paisagem sonora • História da música

BNCC

MAIS DE PERTO

Grupo Experimental de Música (GEM) Observe a imagem a seguir.

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas

AMPLIANDO

JEFFERSON FERNANDES

HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR33) • (EF69AR34)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Convide os alunos a refletir sobre lugares da escola que poderiam acolher uma instalação sonora. Depois de mostrar imagens da instalação do grupo GEM, pergunte: • Quais sons podem ser produzidos por um conjunto de canos? • E pela hélice de um ventilador? Anote os comentários da turma.

O GEM, composto por Fernando Sardo, Luciano Sallun, Fábio Marques, Rodrigo Olivério, Fabio Daros e Rodrigo Rossi, surgiu em 2003 e desde então vem criando instrumentos e instalações sonoras e realizando shows e cursos para socializar essa arte com outras pessoas.

Apresentação do GEM, no Sesc de Santos (SP), em 2013.

Uma instalação sonora pode ser um ambiente em que os músicos vão mexendo aqui e ali. O Grupo Experimental de Música (GEM) associa a linguagem musical à linguagem visual. Harmonizam-se nessa criação os luthiers, que inventam instrumentos e objetos sonoros, e artistas plásticos, que criam o visual. Os materiais são incomuns, gerando sons orgânicos e sintéticos. Na instalação, os músicos desse grupo extraem sons, timbres e ritmos diversos, enfim, fazem música instrumental contemporânea. PALAVRA DO ARTISTA

Fernando Sardo (1963-) Idealizador e membro do grupo GEM, Fernando Sardo comenta sobre o ofício de luthier: Quando invento instrumentos, [...] minha busca é explorar novas sonoridades e descobrir diferentes timbres, e para isso é natural experimentar diversos materiais. Quando construo um tipo de violino com a caixa acústica feita de cabaça, ele fornece uma sonoridade bem diferente da de um instrumento similar com a caixa acústica feita de lata, ou plástico ou papel, como também da de um violino tradicional; cada um terá uma identidade sonora própria. Para mim, o resultado dessa pesquisa na área da luthieria amplia o universo sonoro com que posso fazer música. Entrevista concedida aos autores em São Paulo, em 2015.

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arte em projetos

MÚSICA

O instrumento xun, que influenciou a dança e a música oriental, teria sido criado no período Neolítico na região da China, mas já foi encontrado em várias partes da Ásia.

CONEXÕES • Grupo Experimental de Música. Disponível em: <http:// livro.pro/y6ksx4>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Fernando Sardo. Site oficial do artista. Disponível em: <http://livro.pro/ac5pp6>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Flauta pré-histórica é mais antigo instrumento musical. Disponível em: <http://livro. pro/5f55tf>. Acesso em: 3 nov. 2018.

THIRTEEN/SHUTTERSTOCK.COM

SVILEN G/SHUTTERSTOCK.COM

Como as pessoas começaram a construir instrumentos? Será que os sons da natureza, como o canto dos pássaros, foram a primeira inspiração? Sabe-se que os povos muito antigos também utilizavam a música em rituais sagrados diante dos fenômenos da natureza. Cantavam para pedir proteção, chuva, ter sorte na caça, agradecer os alimentos conseguidos, mas também para entoar cantos de guerra, de funeral e se proteger dos maus espíritos. Foram encontrados objetos como uma flauta de marfim de mamute de cerca de 40 mil a.C., considerada um dos Flauta de osso de abutre descoberta em 2009 em exemplares mais antigos do mundo. Também uma caverna da Alemanha, entalhada há mais de foram encontradas flautas de ossos de pássaros, 35 mil anos. como mostra a imagem ao lado. Alguns tipos de flauta também foram forjados pelo barro e pelo fogo e datam de mais de 12 mil anos a.C. Conhecidas como ocarinas, são instrumentos de sopro muito antigos feitos de cerâmica. Registradas em diversas culturas, são ainda produzidas na contemporaneidade. Na China, uma espécie de flauta de cerâmica chamada xun tem o formato de um ovo com um orifício no centro, para que o músico o sopre, e geralmente oito furos para colocar os dedos. É de vários tamanhos, o que proporciona timbres diferentes. No Japão, existe um instrumento bem parecido com a xun, o tsuchibue (literalmente, flauta de cerâmica). Vários povos do mundo têm diferentes ocarinas, feitas de porcelana, terracota, madeira ou pedra. Alguns povos indígenas também confeccionam ocarinas de diversos formatos e tamanhos.

SASCHA SCHUERMANN / DDP / DDP IMAGES/AFP

Os primeiros luthiers

PARA AMPLIAR CONCEITOS Os avanços tecnológicos da música são contínuos. Desde as ocarinas pré-históricas, criadas com o domínio do fogo, a humanidade segue criando novos instrumentos. A partir do século XX, cresceram as pesquisas e os acréscimos de timbres. No começo da década de 1920, surgem as primeiras guitarras amplificadas. Na mesma década, o cientista russo Leon Theremin (18961993) inventou o teremim. Nesse instrumento, duas antenas controlam a frequência e o volume pelos movimentos de mãos do intérprete, que não encostam em sua superfície. Ainda no início do século passado foram criados os primeiros teclados elétricos e, posteriormente, os sintetizadores e teclados digitais. Em 1980, surge a tecnologia MIDI, acrônimo para o termo em inglês musical instrument digital interface: (instrumento musical de interface digital), que possibilita a interação do músico com o computador.

Ocarina indígena.

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CONCEITOS EM FOCO • Confecção de instrumentos musicais • Instalação sonora

Processo de criação

BNCC

Vamos criar um instrumento de sopro muito antigo, a ocarina, mas com materiais atuais, como uma garrafa PET pequena (600 mL). Você vai precisar de:

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR22) • (EF69AR23) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Auxilie os alunos a fazer marcações na garrafa. Para realizar os furos, use furadeiras ou pregos aquecidos. Se preferir, utilize a ponta de uma pistola de cola quente aquecida. Esse procedimento só poderá ser feito por um adulto. Estimule os jovens a criar composições com suas ocarinas. Elas podem ser apresentadas para a turma. Muitas sonoridades podem surgir nesse desafio musical.

PARA AMPLIAR CONCEITOS A ludicidade é uma grande aliada na prática didática. Há diversas vertentes de pedagogia musical que agregaram jogos e outras linguagens artísticas ao ensino. Experimente criar novas proposições que sigam esse caminho. Pesquise sobre a Orquestra de Instrumentos Reciclados de Cateura. Desde 2006, ela desenvolve no Paraguai um trabalho musical com jovens, usando instrumentos feitos de materiais reutilizados. Outro grupo que merece ser estudado é o Embatucadores. Ele nasceu em uma escola estadual da Zona Norte de São Paulo, com o intuito de pesquisar sons de materiais reutilizados e oferecer conhecimentos musicais aos alunos.

Oficina 1 – Criando uma ocarina

• 1 garrafa PET de 600 mL • 1 rolo de fita adesiva • 1 régua • 1 caneta hidrográfica ou permanente (para CD ou acetato)

Veja no material audiovisual o vídeo Música com sucata.

• 1 tesoura • 1 chave de fenda ou outro objeto pontiagudo (para uso do professor) • 1 pedaço de outra garrafa PET

Instruções

1. Marque o local onde será o bocal da ocarina (um quadrado de cerca de 2 cm × 2 cm na parte de baixo da garrafa).

2. Recorte três dos lados do quadrado do bocal, mas deixando uma "língua" presa a ela.

3. Meça onde seus dedos alcançam, para poder tocar o instrumento soprando o bocal. Serão quatro marcações de cada lado feitas a caneta.

4. Peça ao professor que fure a garrafa nas marcações usando um material com a ponta aquecida no fogo, como uma chave de fenda, por exemplo (esse procedimento deve ser feito apenas por adulto experiente). 5. Finalize o bocal com outro pedaço de garrafa (de 3 cm × 4 cm). Dobre-o em três partes, envolva-o com fita adesiva transparente e depois encaixe-o na parte que ficou solta no bocal da garrafa (a “língua” que deixamos reservada).

SON

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Ilustrações da montagem da ocarina de garrafa PET.

Está pronta a sua ocarina de garrafa PET. Agora é só tocar! 50

+IDEIAS Pesquise sobre a criação de outros instrumentos, como um reco-reco feito com conduíte ou uma cuíca de alumínio. Com um punhado de tampas de garrafas de plástico é possível criar um chocalho, cujo som remete às ondas do mar. D2-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 50

NO AUDIOVISUAL No vídeo Música com sucata, o professor Rafael Rip, integrante do grupo Embatucadores, comenta sobre a reutilização de materiais (sucata) para produzir instrumentos musicais.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Registre o processo de construção das instalações por meio de vídeos, fotos, desenhos e relatos. O registro detalha como foi a experiência e auxilia os jovens em uma futura montagem. Anotações reflexivas sobre essa atividade também devem ser feitas no Diário de arte. Promova debates em torno de questões que permitam aos alunos retomar o percurso de aprendizagem. A seguir, sugerimos algumas perguntas: • Quais artistas citados neste capítulo chamaram mais a sua atenção? • Como podemos criar instalações com luzes e sons no ambiente da sala? • Como você descreveria seu processo de criação? • Para você, qual das linguagens estudadas é mais interessante para a criação de arte em grupo?

Oficina 2 – Instalação sonora Pesquise sons de objetos do cotidiano para você tocar, como fez John Cage, ou crie instalações sonoras, como o grupo GEM. Ou, ainda, invente instrumentos novos, como os músicos do Uakti. Que tal fazer uma instalação sonora? Geralmente, o processo de criação de uma instalação é inverso do proposto aqui (o artista elabora as ideias e intenções de sua obra e, então, procura os recursos técnicos necessários para concretizá-la). Vamos partir dos recursos disponíveis e investigar que possibilidades eles oferecem. Sua instalação será uma fusão entre proposta artística (suas ideias, intenções, escolhas, tema) e os recursos tecnológicos que permitirão materializá-la. Por exemplo, você poderá gravar sons e utilizar músicas ou até criar dispositivos mecânicos – sinos, guizos, chocalhos acionados por cordas –, ou seja, uma instalação sonora sem eletricidade. Para instalar o dispositivo sonoro, veja quais espaços estão disponíveis e como inserir sua proposta. Se for preciso, solicite a ajuda do professor nas questões técnicas. + PERTO DE VOCÊ

Você já viu alguma dessas linguagens artísticas que estudamos em seu cotidiano? Como são as instalações descritas nesta unidade? O que você descobriu de novo? A arte e as ciências estão sempre juntas? Por quê? Como são as linguagens que usam cor-luz? E em relação à música, o que aprendemos sobre arte e ciências? Pesquise mais sobre os luthiers brasileiros. Na sua cidade há alguma oficina desse tipo de atividade? D i á r i o d e a rt e

CONEXÕES • Embatucadores. Site oficial do grupo. Disponível em: <http://livro.pro/pcgfjt>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Site da Orquestra de instrumentos reciclados de Cateura. Disponível em: <http:// livro.pro/fyuj4m>. Acesso em: 3 nov. 2018.

Registre em seu Diário de arte as etapas de seu processo de criação, os desafios, escolhas e descobertas. Pode-se utilizá-lo também para registrar ideias sobre novas possibilidades.

MISTURANDO TUDO Neste capítulo, trilhamos caminhos que foram da cultura indígena à música contemporânea, dos primeiros instrumentos musicais à instalação sonora. 1. O que você aprendeu sobre a profissão de um luthier? Como podemos produzir sons usando objetos? 2. O que você acha de produções como as dos grupos de música brasileiros Uakti e GEM?

3. Sobre a relação entre arte e ciências, o que você aprendeu neste capítulo?

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Para a criação da instalação sonora, incentive os alunos a pesquisar os materiais e suas qualidades, como cor, peso, tamanho, temperatura, textura, e os timbres produzidos. Os jovens devem criar experimentações

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coletivas e desenvolver uma partitura do que será apresentado nessa instalação. Essa obra pode ser constantemente recriada, de modo a ampliar as suas possibilidades sonoras e visuais. O CD que acompanha este

livro traz faixas que complementam o estudo sobre instrumentos musicais. Há uma composição de Beethoven criada para piano, outra de Mozart interpretada por uma orquestra de guitarras, entre outras. 11/8/18 11:54 AM

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Apresente as imagens da linha do tempo e esclareça que esse é apenas um recorte histórico. As datas indicadas para os diferentes períodos comportam variação significativa conforme a cultura e a sociedade nos diversos continentes. Pré-História e Antiguidade (desde tempos remotos até cerca do século V). Origem da música como meio de comunicação e expressão. Constituição progressiva de seus primeiros elementos (ritmo e melodia). Flautas de osso de aves e de marfim de mamute ,encontradas em cavernas da Europa (Alemanha, França, Eslovênia etc.) e em diversos outros locais (África, Rússia, Brasil etc.), são consideradas os instrumentos mais antigos que sobreviveram até nossos dias, algumas datando de mais de 35 mil anos. Idade Média (c. séculos V-XV). Música e espiritualidade: a importância da melodia na expressão da fé. A primeira música religiosa de que se tem conhecimento é o cantochão, que consistia em uma única linha cantada (monofônica), sem acompanhamento. Seus ritmos decorrem das acentuações das palavras e das divisões silábicas na língua latina. Com a inserção de mais linhas melódicas, criou-se um sistema de ritmo para garantir o entendimento do que era cantado do texto nas peças polifônicas, e a

Detalhe da obra Concerto dos anjos, afresco de Gaudenzio Ferrari (1534-1536), mostra o alaúde, instrumento de origem árabe que teria sido introduzido na Península Ibérica por volta do século XII.

AMADORGS/SHUTTERSTOCK.COM SANCTUARY OF SANTA MARIA DELLE GRAZIE, SARONNO, ITALY/EASYPIX BRASIL

HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR19) • (EF69AR17) • (EF69AR31) • (EF69AR18) • (EF69AR34)

A harpa, um dos mais antigos instrumentos, originou-se dos arcos de caça que faziam barulho ao roçar na corda. Nesta imagem de um baixo-relevo assírio do 1o milênio a.C., vemos harpas e instrumentos de percussão.

A lira, instrumento amplamente usado na Antiguidade, acompanhava as récitas poéticas gregas. Há registros de até 3000 mil anos antes de Cristo da existência da lira em outras culturas.

Trompete persa primitivo, da dinastia aquemênida (séc. VI a.C.), feito de bronze. Museu de Persépolis (Irã).

BUFFY1982/SHUTTERSTOCK.COM

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas

MUSEU DE PERSÉPOLIS, IRÃ

BNCC

Instrumentos que o tempo traz

SAULETAS/SHUTTERSTOCK.COM

• Instrumentos musicais • História da música

arte pelo tempo

PALACE OF ASHURBANIPAL AT NINEVEH,IRAQUE/ALBUM / DEA / G. DAGLI ORTI

CONCEITOS EM FOCO

Acredita-se que o cravo tenha sido criado por volta de 1300. A principal diferença entre o cravo e o piano é que no cravo as cordas são pinçadas e no piano, percutidas com martelos. Nesta imagem, cravo do século XVIII.

Os antigos tambores eram feitos com troncos de árvore ocos e recobertos com pele de animal. São possivelmente os mais antigos instrumentos criados pelo ser humano.

PRÉ-HISTÓRIA

IDADE ANTIGA

(c. 2 milhões-c. 4000 a.C.)

(c. 4000 a.C.-476 d.C.)

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música deu assim um passo a mais em sua evolução. Renascença (c.1450-1600). Desenvolvimento cuidadoso das formas instrumentais e vocais. Na Renascença musical, os compositores passaram a ter maior interesse pela música profana (não religiosa) e também por END-ARTE-EF2-V8-U1-C2-034-053.indd 52

obras compostas apenas para instrumentos (sem a presença do canto). No entanto, as maiores obras foram compostas para a Igreja, no estilo de “polifonia coral”, ou seja, música contrapontística para um ou mais coros, cantada com ou sem acompanhamento instrumental.

Barroco (c.1600-1750). Constituição e refinamento de formas musicais vocais e instrumentais. As principais características do período barroco foram o desenvolvimento do sistema tonal (modo maior-menor, dó maior e dó menor, por exemplo), o uso do contraponto, a inserção

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ALIAKSANDR SHATNY/SHUTTERSTOCK.COM

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Os europeus encontraram registros de maracas em praticamente toda a América Latina no período das navegações, iniciadas no século XV.

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O xilofone, cuja origem (por volta de 2000 a.C.) remete a várias culturas de regiões da África e da Ásia, teria sido introduzido nas orquestras somente no século XIX.

DUSAN ZIDAR/SHUTTERSTOCK.COM

Em 1949, John Cage já fazia experimentos com instrumentos, por exemplo alterando a afinação de pianos com moedas e parafusos entre as cordas.

JEFFERSON FERNANDES

TONO BALAGUER/SHUTTERSTOCK.COM

Trompete de pistons, idealizado por Heinrich Stölzel em 1815.

O saxofone, criado em 1840 pelo belga Adolphe Sax, é o único entre os instrumentos de sopro de metal que possui palheta.

Anos 2000: grupos musicais como o GEM fazem experimentos com instrumentos já existentes ou criados com materiais não convencionais, desenvolvendo sonoridades contemporâneas.

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(1453 d.C.-1789 d.C.)

(1789 d.C. à atualidade)

IDADE MÉDIA (476 d.C.-1453 d.C.)

NEW YORK TIMES CO./GETTY IMAGES

O triângulo, conhecido na Europa no século XIV, só foi empregado na orquestra a partir do século XVIII, por Mozart.

de de criação, nacionalismo romântico. Os compositores românticos buscaram mais liberdade formal e expressiva em suas obras com o intuito de transmitir não só sentimentos e emoções, mas também ideias. Carlos Gomes é o principal compositor do período romântico no Brasil. Música moderna (c.19001950). A chamada música moderna é aquela produzida na primeira metade do século XX, compreendendo tendências de caráter experimental, com novas técnicas, expressões e sonoridades que surgiram à época. A música tonal (que possuía uma tonalidade específica) vai se transformando tanto em atonal (sem nenhum tom) quanto em politonal (com muitos tons). No Brasil, considera-se Villa-Lobos o principal representante do modernismo musical. Música de invenção (Contemporânea ou Música nova) (c.1940 em diante). A música contemporânea envolve as tendências estéticas adotadas a partir da segunda metade do século XX, quando vários compositores passaram a priorizar formas de expressão originais na concepção, interpretação, apresentação e escrita de suas músicas. No Brasil, os primeiros compositores a aderirem a essa tendência foram os do grupo Música Nova, constituído em 1963 por Gilberto Mendes (1922-), Rogério Duprat (19322006) e Willy Corrêa de Oliveira (1938-), entre outros.

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constante de ornamentos musicais e a criação de formas para a música vocal e instrumental. O principal compositor desse período foi Johann Sebastian Bach (1685-1750). Classicismo (c.1750-1820). O Classicismo na música ocorre durante o período iluminista.

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As obras desse período são conhecidas por sua simplicidade e objetividade, possuindo temas claros e formas bem definidas. Um de seus principais representantes é Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791). Foi no Classicismo, por volta de 1709, que o piano se de-

senvolveu (pianoforte) e que novas possibilidades de expressão surgiram pelo controle do volume das notas forte (de intensidade forte) ou piano (de intensidade fraca). Romantismo e Pós-romantismo (c. 1810-1920). Privilégio da emoção, liberda11/7/18 4:35 PM

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As imagens e palavras que compõem esta abertura indicam possibilidades de estudos de conceitos. Oriente os alunos a anotarem em seus Diários de arte as palavras e expressões associadas às imagens desta abertura (captar, luz e movimento, fotoformas, arte de revelar, pinhole etc.). A partir desse registro, oriente-os a pesquisar sobre o significado desses termos dentro do universo da Arte. Os alunos podem se reunir em pequenos grupos para conversar sobre as imagens e palavras. Apresente a pauta para olhar e conversar: • Que imagens despertam sua curiosidade? • Que relações as palavras e imagens podem ter? • Você escolheria outras palavras para acompanhar as imagens. Quais?

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ADE

GERALDO DE BARROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

Olhando pela lente

FOTOFORMAS

LUZ E MOVIMENTO

teatro

EMIDIO LUISI

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ART ES VI SU A

ça an

O mundo das imagens reveladas em processos físico-químicos. Máquinas maravilhosas de criar imagens fixas, na arte da fotografia, e em movimento, na linguagem artístico-cinematográfica. Mundo visual em transformação. E você faz parte dessa história. co

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CAPTAR

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ARTE DE REVELAR

COREPICS/FOTOSEARCH/ LATINSTOCK

PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS

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O desenho e a pintura são linguagens frequentes na escola. As artes visuais, contudo, abarcam muitas linguagens. Entre elas, a fotografia e o cinema encontram-se muito próximas dos alunos, fazendo parte da cultura visual e de seu cotidiano. Assim, escolhemos tratar nesta Unidade de conceitos e contextos históricos da arte de captar imagens nas linguagens da fotografia e do cinema, na intenção de ampliar a expressão artística dos alunos e promover a reflexão sobre a cultura visual contemporânea. Propomos também experimentações artísticas com materialidades e outras linguagens, bem como as relações entre linguagem visual e o registro de outras linguagens como a performance, a dança, o teatro e outras ações artísticas e poéticas. Estudar, ver e criar pela lente de máquinas fotográficas e de filmagem é o convite que fazemos a você e a seus alunos neste momento.

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EMIDIO LUISI

CONTEXTUALIZAÇÃO

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D2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 54 • Que relações você tem com

as linguagens da fotografia e do cinema? • Quais palavras você já conhecia e quais são novas? Escreva algo sobre as palavras que você já conhecia. Depois da roda de conversação nos pequenos grupos, pro-

ponha a socialização no grande grupo. Também oriente os alunos a consultar em dicionários e na internet mais significados e informações sobre as palavras e imagens. Proponha aos alunos que registrem essa experiência de análise e investigação em seus Diários de arte.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE Nesta Unidade, serão mobilizadas as competências: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

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RITA DEMARCHI

FOTO E CRIAÇÃO

FOTOAÇÃO

EMIDIO CONTENTE

CÂMARA ESCURA

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C A ORT NA RTIS ES RA TA IA RO E G DO ES AL LE ER R IA

FOTOGRAFIA E DESENHO

BENOIT PAILLÉ

PINHOLE

REAL E VIRTUAL

Arte e você em: • Capítulo 1 – Imagem: registro e criação • Capítulo 2 – Imagem fixa e em movimento

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NO DIGITAL • Veja o plano de desenvolvimento para a Unidade 2. • Desenvolva o projeto integrador sobre narrativa digital (técnica do Stop motion). • Explore as sequências didáticas propostas para o segundo bimestre. • Acesse a proposta de acompanhamento da aprendizagem.

SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Para trabalhar com esta Unidade, propomos situações de aprendizagem compostas de momentos de nutrição estética, com foco no eixo ler, com momentos de fruição, reflexão, expressão e estesia; esses momentos são propostos espe11/7/18 11:08 AM

cialmente nas seções Venha! e Mais de perto. Lembramos que as propostas de nutrição estética são fundamentadas na mediação cultural (professor mediador). A ação criadora está proposta nas indicações de registro no Diário de arte e na seção Arte em Projetos. A proposta nesta seção tem ênfase no eixo fazer, na pesquisa e experimentação de materialidades, processos de criação, procedimentos artísticos e desenvolvimento de poéticas pessoais e autonomia dos alunos. As proposições de pesquisa são trazidas nas seções de exercícios (que exploram ora o conhecimento prévio, ora o conhecimento construído e adquirido, com o objetivo de ampliação do repertório dos alunos sobre o universo da arte e cultura). O desenvolvimento de reflexões e análises críticas é proposto no eixo “ contextualização”, por meio de estudos das linguagens artísticas (em abordagens históricas, relações com a vida cotidiana do aluno e investigação de intenções poéticas e artísticas de produtores de arte). Lembramos que o professor é autor do seu trabalho pedagógico. Neste sentido, a proposta é oferecer caminhos metodológicos organizados, mas com abertura para a autonomia e autoria do professor diante de sua formação e intenção pedagógica. Lembramos da importância do planejamento prévio das ações educativas a serem desenvolvidas e das providências de ordem técnica e didática a serem tomadas a cada sequência didática. Também chamamos a atenção para os registros, feitos tanto pelos alunos como pelo professor. Indicamos a avaliação diagnóstica, formativa, processual, sempre em parceria com os alunos na autoavaliação.

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CONCEITOS EM FOCO

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• Fotografia e desenho • Composição visual • Cultura visual

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR07) • (EF69AR32)

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Imagem: registro e criação Trajetórias para a arte • O ato fotográfico

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

• Tema 1 – Fotografias artísticas?

Neste capítulo, vamos estudar os conceitos e temas que envolvem o registro de imagens por meio da fotografia, explorando o ato fotográfico, os processos de criação e a história da arte brasileira e mundial. Chame a atenção dos alunos para a imagem de abertura. Trata-se de uma imagem do artista belga Ben Heine (1983-), em que se misturam as linguagens da fotografia e do desenho. Sugerimos a criação de uma pauta para olhar. Pergunte aos alunos o que eles percebem: • O que podemos ver nesta imagem? Que detalhes podemos descrever? • Como podemos analisar as cores, as formas e as linhas? O que lhe chama a atenção nesta composição? • Que linguagens artísticas Ben Heine usou na composição da imagem? Como será que ela foi produzida? Há artistas que apresentam como característica principal na criação de suas obras a mistura de linguagens. É o caso das composições com fotografias e desenhos de Ben Heine. Em seu processo de criação, Heine escolhe uma cena, cria desenhos e coloca-os sobre a cena, em uma posição previamente planejada, de modo que pareçam estar na mesma

• Tema 2 – Criando o inusitado

• Arte em Projetos – Artes visuais • Arte em Projetos – Artes integradas

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perspectiva. Então, ele fotografa a imagem, obtendo resultados surpreendentes. Para unir imagens, Ben Heine usa várias técnicas, entre elas o tratamento por meio de programas informatizados. Converse com os alunos sobre a criação artística usando fotografias e desenhos. D2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 56

PARA AMPLIAR CONCEITOS Nesta coleção, sugerimos que o professor crie “pautas para olhar” para os momentos de leitura de imagens ou apreciação de obras ou registros (imagens fotográficas) em outras linguagens. Roteiros para momentos de fruição artística

têm sido propostos na educação brasileira, em Arte, desde o final do século XX; você pode pesquisar e escolher aquele que melhor se adeque à sua concepção de ação mediadora. É importante ressaltar que os roteiros precisam ser abertos e respeitar a percepção e formação de hipóteses interpretativas

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+IDEIAS Proponha aos alunos que criem experiências usando imagens fotográficas e traços. Converse com eles sobre os vários tipos de materiais para os desenhos (riscadores). É importante que os alunos percebam que o desenho tem como característica o grafismo, com traçados de linhas que fazem surgir formas, efeitos de luminosidade, texturas, movimento, relações entre figura e fundo e outros procedimentos, e que compreendam o uso de elementos constitutivos da linguagem visual do desenho. Há muitos modos de fazer a linha no desenho. Incentive os alunos a pesquisar e descobrir modos pessoais de criar traçados. Como temáticas ou assuntos para seus trabalhos, proponha que escolham cenas interessantes sobre as quais vão colocar os desenhos e fotografá-los. Você pode usar até uma câmara de celular para fazer esse tipo de trabalho. CONEXÕES • BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte-educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005. • BARBOSA, Ana Mae; COUTINHO, Rejane Galvão (Org.). Arte/educação como mediação cultural e social. São Paulo: Unesp, 2009. v. 1. • SANTAELLA, Lúcia. Como eu ensino: leitura de imagens. São Paulo: Melhoramentos, 2012. • Ben Heine. Disponível em: <http://livro.pro/85oiny>. Acesso em: 3 nov. 2018.

Reprodução da fotografia Lápis vs. câmera – 30, do artista belga Ben Heine, na qual ele interage com a imagem, 2015.

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dos alunos em relação ao que veem, escutam e percebem no universo da arte e cultura cotidiana. Sobre as propostas de roteiros e “pautas para olhar”, citamos aqui Robert W. Ott, que estruturou um sistema de leitura de imagens que influenciou muitos programas de

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ação educativa em museus e escolas no Brasil. Esse sistema ficou conhecido como Image Watching e foi reconhecido como uma proposta dinâmica por muitos educadores, que viram nesse tipo de metodologia um modo de desenvolver um olhar pensante e noções sobre

a crítica de obras de arte. Ott propõe explorar seis momentos. Um deles é introdutório, o qual denominou Thought Watching, o que significa “pensar uma imagem ou assistir a ela” ou, ainda, “provocar sensibilização, aquecimento”. As etapas seguintes trabalham 11/7/18 11:08 AM

as categorias descrever, analisar, interpretar e fundamentar, para desenvolver a crítica e o pensamento estético. Na última etapa, os alunos revelam seus saberes em uma ação criadora ou na escrita de textos críticos sobre o que aprenderam nas etapas anteriores.

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CONCEITOS EM FOCO • Captar imagens • Fotografia como registro do

movimento dançado • Criar na fotografia e no desenho • Fotoformas

venha FOTOGRAFAR E DESENHAR! Observe a imagem a seguir.

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR04) •

(EF69AR05) (EF69AR07) (EF69AR08) (EF69AR32)

Apresente aos alunos a imagem na página 58 (sem título, um desenho com ponta-seca e nanquim sobre o negativo de uma fotografia feita no cemitério), uma reprodução do trabalho de Geraldo de Barros, importante artista brasileiro, fotógrafo que realizou várias inovações no contexto da fotografia artística brasileira. O texto poético que aparece nesse início de leitura visual tem o objetivo de provocar reflexões; não deve ser visto como uma relação de perguntas, e sim um disparador de conversas. Oriente os alunos a fazer anotações sobre o que observam na imagem. Proponha que eles criem uma pauta de observações analisando estes aspectos: • Como são as formas, os efeitos de luminosidade, as texturas? • Que parte da imagem é fotografia e em que trecho o artista fez intervenções com tintas e traçados? Comente que Geraldo de Barros costumava fazer intervenções nos negativos ou nas fotografias impressas. Ele inovou na fotografia criando o que chamou de fotoformas, foi um dos pioneiros da arte abstrata no Brasil (criando desenhos, pinturas e fotografias, ou mis-

GERALDO DE BARROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Obra sem título de Geraldo de Barros. Desenho com ponta-seca e nanquim sobre o negativo de uma fotografia feita no Cemitério do Tatuapé, São Paulo (SP), 1949. 49,8 cm × 39,8 cm.

O que você vê? Uma fotografia ou um desenho? Serão duas linguagens se encontrando? Onde está a foto? Onde está o desenho? De onde vêm essas ideias? Por onde a imagem começou? Quem é o artista? É desenhista? É fotógrafo? Esse inventor de imagens encontrou um jeito de brincar com as formas e de criar mundos visuais apreciados por nós. Vamos apreciar e criar fotografias e desenhos? 58

turando processos entre essas linguagens). Também desempenhou papel importante na valorização da fotografia como linguagem artística em nosso país. Na página 59, temos a obra de Emidio Luisi (1948-), que registra o momento do salto da bailarina do Ballet Stagium durante o espetáculo de dança D2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 58

Estatutos do homem, uma coreografia de 1983 inspirada no poema homônimo do amazonense Thiago de Mello (1926-). Emidio Luisi, artista ítalo-brasileiro, iniciou sua carreira na década de 1970 como fotógrafo jornalístico, depois seguiu caminho na etnofotografia. Converse sobre a

fotografia como forma de registro de outra linguagem da arte; aqui, a dança. Fale sobre a etnofotografia, que tem por característica um olhar mais antropológico, ou seja, um olhar para as pessoas estudando, analisando, registrando e/ou valorizando suas origens e relações étnico-raciais.

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+IDEIAS Comente com os alunos que fotógrafo é o profissional que domina o uso de equipamentos fotográficos, lentes e filmes, bem como as técnicas de revelação, ampliação e tratamento de imagens analógicas e digitais, técnicas de iluminação e enquadramento, com o objetivo de captar a melhor imagem possível do objeto fotografado. Sua produção pode ser jornalística, documental, comercial ou artística. Proponha aos alunos que escolham um fotógrafo e pesquisem sobre seu trabalho.

venha CAPTAR!

EMIDIO LUISI

Observe a imagem a seguir.

Estatutos do homem, coreografia de 1983 do Ballet Stagium, inspirada no poema homônimo do amazonense Thiago de Mello (1926-). Fotografia de Emidio Luisi.

Um salto no escuro. Um momento. Um registro do movimento. Capta a imagem o artista, fotógrafo atento. Um instante registrado no tempo. Máquina fotográfica que contém lentes. Dentro dela, um filme sensível à luz. Por trás dela, uma pessoa que registra uma história num instante. No salto da bailarina, um olho sensível, um olhar técnico, capta a luz. Vamos captar imagens?

CONEXÕES • Geraldo de Barros. Site oficial do artista. Disponível em: <http://livro.pro/6mfxxh>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Emidio Luisi. Disponível em: <http://livro.pro/xtdwgb>. Acesso em: 3 nov. 2018. • ROUILLÉ, André. A fotografia: entre documento e arte contemporânea. São Paulo: Senac, 2009. • SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004. • SOUGEZ, Marie Loup. História da fotografia. Lisboa: Dinalivro, 2001. • SMITH, Ian Haydn. Breve história da fotografia. São Paulo: Editorial Gustavo Gili, 2000. Disponível em: <http:// livro.pro/75kno7>. Acesso em: 3 nov. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A fotografia, hoje, é uma linguagem cotidiana na vida dos alunos. Algumas são artísticas, outras jornalísticas, publicitárias etc. Essa arte nasceu de inventos e pesquisas, como

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as de Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833) e Louis Jacques Mandé Daguerre (1787-1851) e outros estudos. Daguerre foi pintor, cenógrafo, físico, trabalhou com Niépce e patenteou o daguerreótipo, primeiro processo fotográfico comercializado

para o público. A partir do século XVIII, algumas conquistas no campo da indústria abriram caminho para novas tecnologias. A paixão pelas máquinas nasceu com a Revolução Industrial e, nos séculos seguintes, as pessoas criaram cada vez mais 11/7/18 11:08 AM

máquinas de fazer e perceber imagens. Das máquinas fotográficas mecânicas às supercâmeras digitais, muita coisa foi feita e experimentada, e os usos da fotografia têm alcançado proporção inigualável no desenvolvimento da cultura visual.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

O ato fotográfico

Ato fotográfico A fotografia no cotidiano A fotografia como registro A fotografia artística

Observe o cartum a seguir.

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

BY PERMISSION OF GARY VARVEL AND CREATORS SYNDICATE, INC

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Ainda criamos imagens, pintamos e gravamos, mas também utilizamos máquinas, como as fotográficas, como meio de reprodução de imagens, tanto em situações mais corriqueiras como em registros da história e para fazer arte. Proponha um debate: • Somos todos fotógrafos? O que a imagem do artista estadunidense Gary Varvel nos diz sobre esse assunto? • Olhando para a imagem, o que vem à sua mente? Fotografamos em quais situações? Como vocês se relacionam com o ato de fotografar? O ato de fotografar faz parte do processo de criação, reprodução e compartilhamento de imagens durante a adolescência de nossos alunos. É uma forma de expressão e de protagonismo juvenil. Durante as aulas de Arte, esses adolescentes podem transformar o ato de fotografar em uma atitude mais consciente em sua estética e poética, além de terem a oportunidade de desenvolver competências e habilidades de análise e crítica. As questões na página 60 são mediadoras e visam ao exercício de reflexão e debate sobre a relação das pessoas com a fotografia na atualidade. Proponha aos alunos que retomem as imagens e os textos das páginas 58 e 59 para

Cartum do artista estadunidense Gary Varvel (1957-).

O acesso a tecnologias mais baratas, como as câmeras fotográficas e os celulares que contêm esse recurso, deixou o ato de fotografar mais comum. Tornou-se tão corriqueiro que as pessoas fotografam cada vez mais e quase tudo que veem! No entanto, para que a imagem produzida por esses meios seja arte, é necessário ter a “intenção de fazer arte”, além de explorar esses materiais e investigar como você os percebe e pode criar com eles. Respostas pessoais. 1. Observe novamente o cartum de Gary Varvel. Olhando para ele, o que lhe vem à cabeça? Você presenciou alguma situação em que pessoas estavam fotografando algo? Hoje em dia é bem comum ver pessoas fotografando, não é mesmo? 2. Será que esse ato torna todas essas pessoas fotógrafas?

3. Agora, volte à seção Venha fotografar e desenhar! (página 58) e Venha captar! (página 59). Observe novamente e analise as imagens e os textos. Como você se relaciona com o ato de fotografar? 4. A fotografia é uma linguagem artística? Será que ao fotografar estamos fazendo arte?

5. Podemos intervir em fotografias desenhando ou pintando para criar novas imagens? Vamos pesquisar e conversar sobre o ato fotográfico?

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conversar sobre atitudes e intenções no ato de fotografar. A proposta é que eles exponham suas percepções sobre a linguagem da fotografia e suas relações com ela. Não há expectativas de respostas exatas, e sim a opinião pessoal dos alunos com base em seus

repertórios prévios. Converse com os alunos sobre a fotografia artística, aquela que acontece quando há intenção artística e poética por parte do fotógrafo. Relembre com os alunos a produção de fotoformas, com base na obra de Geraldo de Barros, na página 58.

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tema tema11

Fotografias artísticas

Yanomami (1976), fotografia de Claudia Andujar, da série A Casa. A artista preocupou-se em explorar o espaço e a luz de uma oca em que se encontra uma criança Yanomami iluminada por uma luz etérea.

ROSA GAUDITANO/ STUDIO R

CLAUDIA ANDUJAR. 1976. GALERIA VERMELHO, SÃO PAULO.

Existem muitas possibilidades, saberes técnicos, temas e escolhas para fotografar. O importante é descobrir a sua poética e compreender que as imagens, antes de serem captadas por uma máquina, são captadas pelo olhar do fotógrafo. Olhe para algum ponto próximo de você – uma paisagem, um objeto, uma pessoa. Imagine como essa imagem pode transformar-se do ponto de vista da linguagem da fotografia. Elabore-a mentalmente. Então, escolha o melhor ângulo (verifique se a luz está boa nesse lugar) e a melhor opção para que fique interessante e expressiva. Veja as escolhas feitas por alguns artistas da fotografia.

Crianças brincam em oca Xavante. Fotografia de 1992, de Rosa Gauditano, feita na aldeia Xavante de Pimentel Barbo (MT).

Claudia Andujar (1931-) e Rosa Gauditano (1955-) são fotógrafas que escolheram dedicar-se, entre outros temas, à fotografia documentária e social. D i á r i o d e a rt e Veja as luzes na foto acima à esquerda. O que você pensa dessa escolha na composição da fotografia? Por que será que a artista explorou dessa maneira a luz e o espaço? Registre suas ideias em seu Diário de arte.

AMPLIANDO Oca é um tipo de habitação indígena. Yanomami e Xavante são povos indígenas brasileiros. O primeiro nome significa “seres humanos”. Os Xavante se autodenominam A’uwe (“gente”) ou A'uw Uptabi (“povo verdadeiro”).

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Sugerimos que você sempre faça questionamentos aos alunos, como: • O que é poética? Você já ouvir falar nisso? Quando você gosta da produção artística de uma pessoa, o que chama a sua atenção? Você consegue

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identificar a poética na obra do seu artista favorito? O que você pensa sobre isso? Você pode debater com seus alunos o que é arte. Sobre essa definição, existem muitas possibilidades para responder à questão, porém você pode ter como base o autor Alfredo Bosi (Refle-

xões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1999), que diz que criar arte é transformar materiais dados pela natureza ou cultura por meio da poiesis (palavra de origem grega que significa fazer de determinado modo alguma coisa), um jeito particular, singular de criar. 11/7/18 11:09 AM

+IDEIAS Aproveite este momento de leitura do texto e das imagens para discorrer sobre como cada fotógrafo escolhe ângulos, focos principais da composição, enquadramentos, oposição da luz, cores e texturas, entre outros aspectos compositivos das imagens. Sugerimos a seguinte pauta para conversação: • O que é fotografar artisticamente? • Como vocês escolhem o tema? Pensam na composição ou simplesmente escolhem uma imagem e a fotografam? Há reflexão no ato de fotografar? • Fotografia é uma linguagem artística? Toda foto é arte? O que é arte? Aborde a ideia de que, para fazer arte, é preciso ter intenção, e cada um tem os próprios processos de criação e poética. A pergunta “o que é arte?” pode ter diferentes respostas em diversos contextos históricos, artísticos e culturais. Assim, o que é arte hoje pode não ter sido aceito no passado, ou nem foi criado para esse fim, bem como o que não se considera arte hoje pode mudar de status no futuro. Converse com os alunos sobre qual é o papel da arte na sociedade. Por que somos fazedores e/ou apreciadores de arte? CONEXÕES • Gary Varvel. Disponível em: <http://livro.pro/wvkwmq>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Claudia Andujar. Disponível em: <http://livro.pro/2bftxd>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Rosa Gauditano. Disponível em: <http://livro.pro/7hq8c7>. Acesso em: 3 nov. 2018. • O ÍNDIO na fotografia brasileira. Disponível em: <http://livro. pro/28icrw>. Acesso em: 3 nov. 2018. • ENTRAR num museu e tirar uma selfie: um novo olhar sobre o objeto artístico. Disponível em: <http://livro.pro/st4qur>. Acesso em: 3 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

crítica • Fotoformas

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A proposta na seção Mundo conectado, página 62, é mostrar aos alunos que a fotografia artística pode ter muitas intenções além da estética, como denunciar o descaso com a poluição dos nossos mares. A arte e a ecologia podem se unir para criar belas imagens sobre graves problemas. Proponha aos alunos a produção de fotografias-denúncia a partir do estudo do seu meio. Que questões ecológicas afetam sua localidade? Como a arte pode transformar realidades? Se os alunos usarem celulares ou máquinas fotográficas digitais, que tal imprimir esse material e propor uma exposição, por exemplo, na Secretaria do Meio Ambiente de sua cidade? Também pode ser criada uma exposição virtual com essas imagens em alguma rede social e/ou blogues que tratem do mesmo tema. Na seção Mais de perto, página 63, aprofundamos o olhar sobre o que foi previamente visto na página 58. O olhar provocativo será mais focalizado aqui. Assim, trazemos novamente a obra de Geraldo de Barros, falando sobre o seu processo de criação e importância na história da arte. Geraldo de Barros pertenceu ao movimento con-

mundo conectado

A imagem como denúncia Há fotógrafos que se inspiram em lugares de que a maioria se esqueceu de cuidar, como aqueles repletos de lixo e outros que deveriam ser límpidos e seguros para os seres vivos. A fotógrafa britânica Mandy Barker escolhe como tema resíduos retirados do mar ou recolhidos em praias. A artista declara em seu site que tem a preocupação de apresentar essas imagens para dar a ilusão de algo belo e infinito e chamar a atenção das pessoas para a feiura da destruição e do lixo. Com o tempo e a ação das ondas do mar, das marés, dos ventos e do atrito com a areia das praias, esses materiais sofrem quebra mecânica. O resultado é o que os químicos e ambientalistas chamam de microplástico.

CLIQUE ARTE

Mandy Barker. Veja as fotografias de resíduos plásticos criadas pela artista em seu site oficial (em inglês). Disponível em: <http:// livro.pro/msnhtc>. Acesso em: 10 set. 2018.

AMPLIANDO

© MANDY BARKER HTTP://MANDY-BARKER.COM

• Arte e meio ambiente • A imagem como denúncia e

Quebra mecânica é o processo de quebra de partículas por meio de atrito, agitação ou pressão. Microplásticos são partículas de plástico que poluem os oceanos, provocando a morte de muitos animais, alterando a composição química da água e o ecossistema e prejudicando a saúde humana, já que também consumimos produtos que vêm do mar.

Fotografia de resíduos plásticos criada pela artista Mandy Barker. Foto de 2012.

Que tal fazer uma pesquisa sobre arte e ecologia? Você e os colegas podem começar pesquisando sobre os materiais que mais causam prejuízos à natureza. Depois, sobre artistas que escolhem esse tema em diferentes linguagens, em especial a fotografia. Se possível, usem celulares ou câmeras digitais para tirar fotos que denunciem esse problema ambiental.

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cretista brasileiro e foi um dos mais importantes artistas da fotografia experimental. Entre suas criações mais marcantes estão as experiências com fotoformas, em que criava imagens usando os materiais de fotografias, desenho, pintura e gravura. Ele fazia interferências nos negativos das fotograD2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 62

fias ou sobrepunha imagens no processo de revelação. De uma marca na parede a uma placa em um cemitério, surgia uma ideia e logo uma nova imagem interagia com a anterior, criando outra imagem. Proponha momentos de nutrição estética fazendo leituras das imagens criadas por

Geraldo de Barros: • O que podemos notar na imagem? • Onde é esse lugar? • Que imagem está ao fundo e que figura se forma no primeiro plano? • Que materiais foram usados? Como será que essa imagem foi feita?

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+IDEIAS Proponha aos alunos uma pesquisa sobre processo de criação em arte na linguagem da fotografia. Sugerimos como pauta para essa investigação: • Como os fotógrafos escolhem seus temas? O que interessa a eles capturar? Podemos dizer algo usando a linguagem das imagens? Apresente mais imagens aos alunos e explore com eles a percepção de desenhos, recortes, pinturas e outras intervenções criadas por Geraldo de Barros em suas fotografias. A obra desse artista é ampla e pode enriquecer o repertório dos alunos para que criem suas próprias fotografias e conheçam o movimento concretista no Brasil.

MAIS DE PERTO

Formas e fotoformas

GERALDO DE BARROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

Observe as imagens a seguir.

GERALDO DE BARROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

CONEXÕES • Mandy Barker. Informações e imagens. Disponíveis em: <http://livro.pro/msnhtc>. Acesso em: 3 nov. 2018. • VIDA e obra de Geraldo de Barros. Vídeo sobre o artista e suas obras. Disponível em: <http://livro.pro/tnpkgz>. Acesso em: 3 nov. 2018. • NOME: Geraldo de Barros. Disponível em: <http://livro. pro/kzffvq>. Acesso em: 3 nov. 2018.

Obras sem título de Geraldo de Barros. Acima, de 1949, trabalhada com ponta-seca e nanquim sobre negativo fotográfico, e abaixo, de cerca de 1949, pertencente à série Fotoformas.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Os termos microplástico e quebra mecânica podem ser estudados em interdisciplinaridade com a área de Ciências. Os alunos podem criar composições fotográficas usando

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objetos que poluem o meio ambiente, como faz a artista e fotógrafa britânica Mandy Barker. Os componentes desses objetos e os males que causam à natureza também podem ser investigados nas aulas de Ciências. Sugerimos que você oriente os

alunos a criar projetos com temas ecológicos a partir dos princípios do tema transversal meio ambiente e o consumo, presente nos PCNs (BRASIL, 1997). Também podemos refletir sobre o uso de materiais recicláveis ou reaproveitáveis na escola. 11/7/18 11:09 AM

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Estudamos neste capítulo artistas como Ben Heine, Geraldo de Barros, Emidio Luisi e outros que expressam seu olhar do mundo pela lente de máquinas fotográficas. Agora é hora de os alunos analisarem como esse tipo de produção pode ser realizada também por eles. Para se expressar em uma linguagem, é preciso compreendê-la, daí termos criado a seção Arte em Projetos. No momento da leitura, podemos observar que algumas imagens de Ben Heine são inspiradas no estilo surrealista, por apresentarem situações fantásticas e improváveis, ou seja, que só podem existir em nossa imaginação. Comente com os alunos que movimentos de arte do passado influenciam artistas contemporâneos que revisitam o estilo. Para ampliar os saberes sobre história da arte, pesquise e mostre aos alunos como a estética surrealista surgiu. Sob forte influência das teses psicanalíticas de Sigmund Freud, surge na França, em 1920, esse movimento artístico em que os sonhos e o inconsciente têm total importância no desenvolvimento da criatividade. As ações surrealistas rompem com os padrões artísticos estabelecidos e apresentam uma arte com

O paulista Geraldo de Barros, reconhecido internacionalmente como um dos precursores da fotografia experimental, destaca-se também como pintor, gravador e comunicador visual. Foi o primeiro brasileiro que misturou linguagens na arte de fotografar: ao tirar fotos (o que era já mais comum) e depois, ao fazer sobre elas ou sobre os negativos experiências com pintura, desenho, recortes e marcações (o que era muito incomum). Geraldo se lançou no estudo da pintura e da fotografia ainda bem jovem, em 1945, e já no ano seguinte passou a produzir suas fotos com uma câmera construída por ele mesmo. Foi por volta dessa época que começou a fazer experiências com as próprias fotografias reveladas em papel e também nos seus negativos, que são os filmes analógicos com fotografias ainda não reveladas. Sobrepunha, perfurava, recortava imagens, compunha com elas, pintava ou desenhava sobre elas, experimentava a ação da luz e a sobre-exposição do filme – ou seja, deixava que a luz entrasse na câmera por mais tempo do que o recomendado para não manchar a imagem. Criou fotografias abstratas e figurativas, trabalhando com técnicas variadas. Com interesse incansável pela fotografia, filiou-se ao Foto Cine Clube Bandeirante, principal reduto de fotógrafos de vanguarda (os mais modernos) no Brasil. Em 1949, montou, com o famoso fotógrafo e teórico húngaro Thomaz Farkas (1924-2011), o laboratório fotográfico do Museu de Arte de São Paulo e ajudou a criar cursos para essa instituição. Passou-se apenas um ano, e Geraldo realizou sua primeira exposição fotográfica, que reunia muitas de suas experiências chamadas de fotoformas – o mesmo nome que deu à mostra. Daí em diante, participou de outros grupos dedicados à arte da fotografia, como o Grupo 15 e o Grupo Ruptura, e se dedicaria depois à comunicação visual.

CLIQUE ARTE

Geraldo de Barros. Visite o site oficial desse artista nascido em Chavantes (SP) para conhecer outras de suas obras. Disponível em: <http://livro.pro/ hht8ct>. Acesso em: 10 set. 2018.

AMPLIANDO Fotoformas são os experimentos fotográficos criados de 1948 a 1951 pelo artista brasileiro Geraldo de Barros, que mesclou neles várias técnicas e linguagens.

PALAVRA DO ARTISTA

Geraldo de Barros (1923-1998) Criar, errar, criar de novo, observar o que pode ficar melhor, aprender com os acasos é compreender que o processo de criação está sempre em construção. Veja o que o artista Geraldo de Barros diz sobre isso: A fotografia é para mim um processo de gravura. Acredito também que é no “erro”, na exploração e no domínio do acaso que reside a criação fotográfica. O lado técnico não faz senão duplicar nossas possibilidades de descoberta. BARROS, Geraldo de. A fotografia. In: ______. Fotoformas. 2. ed. São Paulo: Cosac Naify, 2006. p. 17.

ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

• Fotógrafo • Fotoformas • Fotografias e desenhos

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ausência de lógica, que ultrapassa os limites da imaginação, explorando o irracional, o inconsciente, o imaginário. São muitas as formas de criação no estilo surrealista. Salvador Dalí, Joan Miró e Tarsila do Amaral criaram o próprio universo surrealista.

Os manifestos são fonte de saber e escuta do pensamento dos artistas. Sugerimos a leitura de trechos do manifesto do surrealismo (veja link na seção Conexões). Traga esse material para os alunos e leia trechos que considerar apropriados.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Geraldo de Barros era um experimentador de técnicas, ideias e linguagens. Para ele, não havia limites para a criação artística, pois acreditava que, quando erramos, estamos aprendendo a criar solu-

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Ben Heine, ao contar sobre seu processo de criação, diz que trabalha com essas duas linguagens (desenho e fotografia) expressando mundos reais e imaginários em um jogo visual, convidando as pessoas a imaginar. Os desenhos são hiper-realistas, conversando e criando, assim, certa harmonia com as imagens realistas das fotografias. O resultado é uma composição bem lúdica. O desenho, uma linguagem tão antiga quanto nossa própria história, está longe de ser coisa do passado ou uma atividade apenas para crianças pequenas. O desenho também pode ser mesclado a outras linguagens, como faz Ben Heine, criando-se, dessa forma, projetos em arte bem interessantes.

arte em projetos

ARTES VISUAIS

Mesclando fotografias e desenhos

IMAGE BY BEN HEINE © 2015 – WWW.BENHEINE.COM

O artista belga Ben Heine (1983-) cria imagens mesclando as linguagens da fotografia e do desenho. Ele ganhou fama internacional em 2000, quando apresentou essa nova linguagem artística com a série Lápis vs. câmera. Depois, também se destacou com as séries Circulismo digital e Carne e acrílico. O desenho é uma linguagem muito antiga – vem desde antes do surgimento da escrita –, e a fotografia só surgiu no século XIX. A mistura dessas duas linguagens pode ser bem divertida! Veja a imagem a seguir.

Lápis vs. câmera – 66, de Ben Heine, 2015.

Linhas, pontos, cores, formas, luminosidades e espaços são elementos que constituem as linguagens visuais. A fotografia, o desenho e a pintura estão entre as linguagens visuais. Ao fazer escolhas e combinações, podemos criar imagens. MAIS AÇÃO O que você já estudou e conhece sobre os elementos da linguagem visual? Vamos pesquisar e conhecer mais?

CLIQUE ARTE

Ben Heine. Para conhecer mais sobre esse artista belga, visite seu site oficial. Disponível em: <http:// livro.pro/85oiny>. Acesso em: 10 set. 2018.

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ções, e dessas situações boas ideias podem nascer em um projeto de arte. Leia o que o artista diz a respeito: “Acredito também que é no ‘erro’, na exploração e domínio do acaso, que reside a criação em fotografia…”. O lado técnico não faz senão duplicar nossas

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possibilidades de descoberta. Proponha mais pesquisas sobre fotoformas criadas por esse artista brasileiro e oriente os alunos a observarem quais eram seus focos de interesse na aventura de capturar e criar imagens misturando técnicas e linguagens.

+IDEIAS Visite o site oficial do artista Ben Heine (veja link na seção Conexões). Ele trabalha com a criação de imagens fantásticas. É um jogo divertido que mistura a realidade, mostrada em fotografias, com desenhos que mexem com nossa imaginação. 11/7/18 11:09 AM

REGISTROS E AVALIAÇÃO Converse com os alunos sobre o que pensam a respeito de aprender pelo erro na produção da arte. A experimentação e o processo de investigação na criação artística são pontos importantes para trazer ao debate com os alunos. Oriente-os a escrever textos críticos analisando a questão do erro e aprendizado na vida e na arte em seus Diários de arte. CONEXÕES • LÁPIS vs. CÂMERA, por Ben Heine (em inglês). Disponível em: <http://livro.pro/ gwyp4y>. Acesso em: 3 nov. 2018. • MANIFESTO do surrealismo. Disponível em: <http://livro.pro/ wx6ekn>. Acesso em: 3 nov. 2018. • Ben Heine. Site oficial. Disponível em: <http://livro. pro/85oiny>. Acesso em: 3 nov. 2018. • BARROS, Fabiana de (Org.). Geraldo de Barros: Isso. São Paulo: Edições Sesc, 2013.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Ponto Linhas Cores Formas

Pontos, linhas e texturas Pontos e linhas são elementos visuais que transmitem sensações de afastamento ou proximidade, escalas de tamanho, movimento e outras sensações visuais. Veja esta imagem.

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

TATISHDESIGN/SHUTTERSTOCK.COM

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR04)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Exemplo de elementos com pontos e linhas.

O que acontece no desenho quando deixamos as linhas mais próximas entre si? Você já sentiu a superfície de alguma coisa e percebeu sua aspereza ou maciez, temperatura ou outra propriedade? Essa experiência é um tipo de contato com o universo das texturas táteis (sentidas pelo toque). Além delas, existem também as texturas visuais, que são formas de manipular linhas e efeitos de luminosidade para criar a sensação de textura. Observe alguns exemplos de texturas visuais.

SAMUI/SHUTTERSTOCK.COM

Retome com os alunos o que já foi estudado sobre os elementos constitutivos nas linguagens de artes visuais. Sugerimos analisar junto com os alunos: • Pontos e linhas se acomodam em planos e formas, que podem ser geométricas, orgânicas, abertas, fechadas. São muitas as possibilidades de criar na arte com esses três elementos básicos: ponto, linha e plano. Como notam a articulação entre esses elementos? • As linhas nascem e criam formas, texturas, movimento, criam poéticas visuais. Como os alunos usam as linhas em seus desenhos? • As cores são químicas (tintas) e energia (cor luz); são primárias, secundárias, terciárias; são puras, matizadas, quentes, frias, neutras, complementares, análogas; são muitas as possibilidades de classificações e citações quando se trata do estudo das cores. O que os alunos já trazem de conhecimentos prévios e como eles podem ampliá-los? Proponha aos alunos que analisem os elementos da linguagem visual – pontos, linhas, cor e forma – e como esses são articulados para produzir texturas, volumes, sensação visual de movimento, luminosidade e outros. Os alunos podem se organizar em pequenos grupos e cada grupo pode ficar responsável pela investigação e análise de um desses ele-

Exemplos de texturas visuais (hachuras em desenhos com grafite ou caneta).

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mentos da linguagem visual. Eles podem escolher imagens de obras artísticas (pintura, desenho, fotografia, cena de filme e outros). Explique aos alunos o conceito de cultural visual e como eles podem observar e analisar o mundo visual ao seu redor. Sugerimos a pauta para análise: D2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 66

• Pontos e linhas

Proponha aos alunos que observem as linhas na arquitetura do prédio da escola, na decoração, design, estampas de roupas etc. Há artistas que se dedicaram a pesquisar o uso desses elementos de linguagem. Você pode apresentar os estudos da Bauhaus (es-

cola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda que surgiu em 1919 na Alemanha e foi fechada em 1933 pelo nazismo). • Cor No fazer artístico, é importante pensar em quais cores gostamos de usar e como podemos explorá-las em nossas

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Cor

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A cor é um elemento fundamental na linguagem visual. Temos uma relação muito familiar com as cores, pois sabemos de quais gostamos mais e como elas podem nos transmitir mensagens e sensações. Elas estão em todos os lugares e nos ajudam também a fazer arte. Observe a escala de cores ao lado. Cartela de escala de cores.

Exemplo de elementos com formas geométricas.

FOTOS: IMAGE BY BEN HEINE © 2015 – WWW.BENHEINE.COM

As formas nascem da junção de linhas. Podem ser geométricas, como o quadrado, o círculo, o triângulo e os poliedros, e também abstratas ou figurativas. Podem ser formas orgânicas, como aquelas que não têm uma aparência precisa e representam ou lembram figuras de seres vivos. Podem ser bidimensionais, com altura e comprimento, ou tridimensionais, com altura, comprimento e profundidade – ou seja, ter duas ou três dimensões, respectivamente. Agora observe a reprodução de duas obras de Ben Heine e procure nelas os elementos que acabamos de estudar.

CREATIVE MOOD/SHUTTERSTOCK.COM

Forma

Lápis vs. câmera – 53 (à esquerda) e Lápis vs. câmera – 28, de Ben Heine, 2015.

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imagens. Há composições com muitas cores, com tons derivados de uma única cor ou cores puras ou matizadas, quentes ou frias, neutras, primárias, secundárias, terciárias etc. Como o aluno percebe a cor e suas combinações em imagens na arte e no cotidiano?

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• Forma

Converse com os alunos sobre o conceito de forma figurativa e abstrata. Também fale sobre as formas geométricas e orgânicas. Como o aluno percebe as formas e suas combinações em imagens na arte e no cotidiano?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Na Bauhaus (veja link na seção Conexões), os professores, que também eram artistas, pesquisavam sobre os elementos visuais na criação de composições com pontos, linhas, cores, formas e suas articulações em criações de imagens no desenho, pintura, arquitetura e design. No Brasil, tivemos o movimento de Arte Concreta, que pesquisou a criação de imagens abstratas com base no trabalho com pontos, linhas, formas e cores. Comente com os alunos que o movimento começou na Europa, e quem usou o termo Arte Concreta inicialmente foi Theo van Doesburg (1883-1931), artista holandês que defendia o rompimento com a representação da natureza e imagens narrativas na arte, afirmando que a arte e seus elementos de linguagem, como pontos, linhas, planos, formas e cores, podem se bastar, ou seja, a arte pode ser simples e pura. No Brasil, o Grupo Ruptura foi o que melhor representou essa estética. Artistas como Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998), Luiz Sacilotto (1924-2003) propunham romper com a tradição da arte figurativa e com a função apenas retratista da fotografia e explorar as formas geométricas e os elementos de linguagem visual, como pontos, linhas, formas, cores, luminosidades e superfícies. CONEXÕES • ARTE concreta. Disponível em: <http://livro.pro/rsrq64>. Acesso em: 3 nov. 2018. • BARROS, Lilian Ried Miller. A cor no processo criativo: um estudo sobre a Bauhaus e a teoria de Goethe. 3. ed. São Paulo: Senac SP, 2009. • BAUHAUS. Disponível em: <http://livro.pro/ioa76z>. Acesso em: 3 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Fotodesenhos Fotoformas Clube de fotografia Ato fotográfico

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR07) • (EF69AR32)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A proposta da seção Arte em Projetos é trazer ideias de como criar, providenciar materiais e desenvolver o processo de criação em arte. Oriente os alunos a pesquisar sobre materialidades a serem usadas em seus projetos de arte e a anotar suas descobertas em seus Diários de arte. Trabalhe com os alunos a ideia de que fotografar pode ser um ato mais pensado, planejado e, nesse processo, eles podem estudar os elementos de linguagem para criar imagens com um olhar mais poético e artístico. Dê exemplos de mistura de linguagens artísticas. Proponha que façam muitas experiências, como fez Geraldo de Barros. A experimentação é fundamental nesse processo. No fazer artístico, com base em nossos estudos do capítulo, os alunos podem escolher imagens criadas por eles em fotografias digitais ou imagens fotocopiadas ou impressas. Sobre essas imagens, podem criar desenhos ou pinturas. Também podem fazer carimbos com legumes, criando desenhos que podem ser aplicados sobre as imagens. Faça várias experimentações usando diversos materiais. Outra ideia que apresentamos é tratar as imagens e fazer montagens

Processo de criação

Crie seus fotodesenhos Como você gostaria de criar seus fotodesenhos? Você escolhe! Para isso, seguem-se algumas dicas: 1. Tire fotografias e faça desenhos que combinem com elas ou as complementem. Depois, digitalize-os e trate as imagens em um programa de computador apropriado, para fazer a junção das fotografias com os desenhos.

2. Ben Heine costuma tirar uma fotografia segurando o seu desenho, para depois montar outra imagem fotográfica. Essa é uma possibilidade, mas você pode criar outras.

3. Use o que você já sabe sobre os elementos de linguagem visual, articulando cores, linhas, pontos, formas, texturas e luminosidade. Procure criar efeitos com filtros e outros recursos.

4. Você também pode se utilizar de fotografias feitas por outras pessoas, como as que vemos em revistas, e fazer desenhos que interajam com elas. 5. Ao criar seus desenhos, explore também os elementos de linguagem, como linhas, pontos e formas, que criam texturas e impressão de movimento, profundidade e outras possibilidades.

6. Use técnicas de recorte e colagem para juntar as imagens no computador – ou mesmo no papel. 7. Note que os artistas podem criar dimensões diferentes que se harmonizam na composição. Volte às imagens apresentadas neste capítulo, observe-as e pesquise mais, em livros e na internet, sobre esse tipo de produção.

8. Em suas imagens, Ben Heine usa um truque: a imagem do desenho dá continuidade à fotografia. Já nas fotografias de Geraldo de Barros, a criação artística acontece com base naquilo que a fotografia lhe oferece de motivação, como um sapato e sua sombra, os quais, na visão do artista, podem se transformar em uma imagem de menina. Crie universos lúdicos, imaginários e situações inusitadas. Não há limites para a sua criatividade. Não tenha medo de errar e refazer seus trabalhos, porque isso faz parte do processo de criação!

IMAGE BY BEN HEINE © 2015 – WWW.BENHEINE.COM

Lápis vs. câmera – 32, de Ben Heine, 2015.

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explorando os conhecimentos de informática dos alunos. Sugerimos aqui a montagem de um clube de fotografia, uma prática muito comum no Brasil nas décadas de 1950 a 1970. Para esse momento de produção e investigação da linguagem da fotografia, sugerimos a pauta:

• Fotografar é mais que ape-

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nas dar um clique. O que você acha dessa afirmação? • Vamos fazer experiências na arte de fotografar? O que é preciso para criar fotografias artísticas? • E quanto a mesclar as linguagens da fotografia a outras, como desenhos, gravuras e pinturas?

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Observe a imagem ao lado. O que você pensa sobre as propostas de criação em grupo? Na escola, essa prática é bem comum, mas você sabia que na história da arte também? Muitas ideias para criar obras de arte nasceram de conversas em grupo! Geraldo de Barros participou de vários desses grupos. Os mais conhecidos foram o Grupo 15, o Foto Cine Clube Bandeirante e o Grupo Ruptura, este último com vários artistas ligados às artes visuais e à literatura. Criar em grupo facilitava não apenas compartilhar materiais, mas também trocar ideias e opiniões sobre a arte e seu papel na sociedade. Que tal criar um clube de fotografia com seus colegas? Vocês podem compartilhar experiências, informações, materiais e até montar um laboratório coletivo. Podem ser realizadas exposições com os trabalhos da turma na escola, em pontos de cultura perto dela e outros lugares, até mesmo espaços virtuais. Vamos nos aventurar na arte da fotografia?

NATHALIE MELO

Clube de fotografia da turma

Grupo de fotografia em pesquisa e ação, no Beco do Batman, Vila Madalena, em São Paulo (SP), 2012.

CONEXÕES • NOME: Geraldo de Barros. Disponível em: <http://livro. pro/kzffvq>. Acesso em: 3 nov. 2018. • RUPTURA. Disponível em: <http://livro.pro/8vinvt>. Acesso em: 3 nov. 2018.

AMPLIANDO O Grupo Ruptura era constituído por artistas que se uniram para conversar, produzir e divulgar suas ideias e trabalhos ligados à arte abstrata brasileira. Eles propunham explorar as formas geométricas e os elementos da linguagem visual (ponto, linha, forma, volume, cor, luminosidade, superfície e espaço), criando imagens e rompendo a representação da realidade.

GERALDO DE BARROS/ACERVO INSTITUTO MOREIRA SALLES

+IDEIAS Estudamos neste capítulo sobre a arte de Geraldo de Barros, um dos mais importantes fotógrafos experimentais do Brasil, que fazia interferências em suas imagens. Além disso, observamos que o artista contemporâneo Ben Heine também mistura linguagens em suas produções. Cada um desses artistas tem o seu próprio estilo e seus processos de criação. Eles criam com base em suas intenções e com os recursos disponíveis na época em que vivem ou viveram. Desse modo, Geraldo de Barros fazia intervenções manuais em suas fotografias, desenhando, colando e pintando. Já Ben Heine, além desses mesmos procedimentos artísticos, também faz montagens e tratamentos de imagens utilizando as tecnologias de informática disponíveis em nosso tempo.

Obra sem título (1950), de Geraldo de Barros, da série Fotoformas. Cópia de negativo recortado, prensado entre duas placas de vidro. 30,1 cm × 30,1 cm.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Para o clube da fotografia da turma, prepare-se, organize-se e procure providenciar os materiais que serão utilizados nessa proposta. Os procedimentos artísticos são importantes e também fazem parte do fazer artístico e do processo

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de criação. O esboço no Diário de arte e a escrita de todos os materiais necessários são um bom início da produção. Comente com os alunos que, na história da arte, muitas ideias e obras foram criadas em grupo. Criar fotoclubes pode ser uma proposta bem interessante. Os fotoclu-

bes eram uma prática comum entre os fotógrafos do início da segunda metade do século XX no Brasil. Um dos mais conhecidos foi o Foto Cine Clube Bandeirantes, no qual os artistas fizeram vários experimentos sobre a fotografia abstrata, que rompeu com a tradição retratista. 11/7/18 11:09 AM

Pesquise entre os alunos que tipo de material será mais adequado para ensaios fotográficos. Você pode solicitar pesquisas sobre artistas ou pedir aos alunos que tragam suas fotografias de família para uma conversa sobre o significado da arte na captura de imagens no cotidiano.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Etnofotografia Ato fotográfico Fotografia e registro Fotografia e criação

tema 2

Criando o inusitado

Você acha que esta imagem é real? AMPLIANDO

BNCC

Simulacro é algo criado para parecer real e na verdade é uma situação simulada, criada para iludir ou provocar a imaginação.

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Proponha aos alunos a leitura do texto e a fruição da imagem criada por Benoit Paillé, fotógrafo e artista canadense que usa a manipulação de imagens para criar uma imagem ilusória. Proponha a fruição das imagens criadas por Kleiner, artista que trabalha com os mais variados motivos, temas e objetos, com cenários, personagens e situações inusitados. Sugerimos a pauta: • O que você achou dessas fotografias? • O que mais lhe chamou a atenção? • Você já realizou fotografias com experiências semelhantes? • Que ideias surgem para criar novas fotografias a partir da observação dessas imagens criadas por Benoit Paillé e Kleiner? Que tal descrever essas ideias e registrá-las em seu Diário de arte? Comente com os alunos que a fotografia, por ser uma forma de expressão, pode ir muito além do puro registro, uma vez que somos dotados de sensibilidade e, portanto, nossa maneira de ver e interpretar o mundo se transforma a cada momento. Dessa maneira, os objetos à nossa volta podem transformar-se e adquirir novos significados na criação artística.

Montagem fotográfica dos mundos real e virtual, da série Realidades Inventadas, de Benoit Paillé.

O artista canadense Benoit Paillé (1985-) estuda imagens de videogame e as fotografa da tela de uma televisão ou aparelho de projeção. Depois, ele tira outra fotografia de uma pessoa segurando uma câmera ou um tablet. Então, o artista executa edições nas fotos digitalizadas usando aplicativos de tratamento de imagens, faz sobreposições, trabalha a luz e aplica outros efeitos. Assim, elabora um jogo entre o mundo virtual dos videogames e o mundo real, criando um simulacro! Outro artista que cria situações inusitadas, fazendo montagens com objetos, recortes de papéis coloridos e pessoas, é o sueco Carl Kleiner (1983-). Vamos conhecer algumas de suas obras? Veja as imagens a seguir. FOTOS: PHOTOGRAPHER: CARL KLEINER FOR MONOPRIX

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

BENOIT PAILLÉ

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR05) • (EF69AR02) • (EF69AR31) • (EF69AR03) • (EF69AR35)

Monoprix, fotografia de Carl Kleiner.

Skanska, fotografia de Carl Kleiner.

D i á r i o d e a rt e Registre em seu Diário de arte o que mais lhe chamou atenção nessas inusitadas formas de usar a fotografia. Anote, desenhe e faça colagens trazendo novas ideias de fotografias inusitadas e simulacros.

CLIQUE ARTE

Carl Kleiner. Vamos conhecer mais sobre o fotógrafo sueco que cria cenários, personagens e situações inusitadas com suas fotomontagens. Disponível em: <http://livro. pro/rau5rh>. Acesso em: 10 set. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Emidio Luisi denomina seu trabalho de etnofotografia. Converse com os alunos sobre esse termo. Para Emidio, a etnofotografia usa a imagem foD2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 70

tográfica para trazer uma leitura antropológica. Em sua obra, há a busca de identidade na fotografia e o respeito à identidade no tema fotografado. Para Emidio, a fotografia é um duplo testemunho, tanto de quem olha

pela lente quanto de quem é captado no instante do ato fotográfico. Na atualidade há vários profissionais da fotografia que se dedicam a contribuir com o registro histórico, social e cultural na prática da etnofotografia.

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tema tema11 mundo

conectado

Arte e imigração

LIVIA AQUINO/FOTOGRAMA

O Brasil é um país formado por diferentes povos e etnias. As três matrizes originais do país são a indígena, a portuguesa e a africana, sendo que os povos indígenas aqui vivem desde muito antes da chegada dos portugueses e, depois, dos povos escravizados da África. Coincide com a invenção da fotografia a imigração de novos povos para o Brasil. A partir das décadas finais do século XIX e ao longo do século XX, alemães, italianos, eslavos, espanhóis, gregos, sírios, libaneses, japoneses, chineses, coreanos, bolivianos e muitos outros imigrantes vieram para o nosso país em busca de oportunidades e uma vida melhor, trazendo consigo arte, costumes e hábitos que contribuíram para a formação da cultura brasileira. Emidio Luisi (1948-) fez uma série de fotografias a respeito de pessoas de diversas etnias; a maioria, imigrantes de várias partes do mundo que vieram para o Brasil fugindo de guerras, pobreza ou até mesmo pela aventura de conhecer outros lugares e pessoas. Fotografia de Emidio Luisi retratando imigrantes no Brasil.

Respostas pessoais. 1. Em sua família há histórias de imigração para o Brasil?

2. E em sua cidade, há algum bairro de característica imigrante?

3. Como são a cultura e a arte trazidas por essas pessoas?

4. Que tal fazer pesquisas e fotografias explorando esse tema? Para onde você quer olhar? O que interessa registrar ou inventar?

CLIQUE ARTE

Cultura brasileira. Conheça mais sobre a influência dos imigrantes na formação da arte e da cultura brasileiras lendo o fascículo Diálogos com a Geração Z, do grupo Fronteiras do Pensamento. Disponível em: <http:// livro.pro/4g5cp8>. Acesso em: 10 set. 2018.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Resgatando a proposta de elaboração de um glossário de arte, proponha aos alunos que pesquisem sobre o termo “etnofotografia” e anotem as descobertas em seus Diários de arte.

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CONEXÕES • Benoit Paillé. Disponível em: <http://livro.pro/xf436u>. Acesso em: 3 nov. 2018. • A INSUSTENTÁVEL leveza do clique fotográfico. Disponível em: <http://livro.pro/hpqjtw>. Acesso em: 3 nov. 2018.

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+IDEIAS Apresente a obra de Emidio Luisi, na página 71, importante fotógrafo jornalístico, artístico e da fotografia etnográfica (etnofotografia). Esse fotógrafo atuou como curador do projeto Caixa Populi, com apoio cultural da Caixa Econômica Federal, que resultou na publicação de quatro livros sobre as diversas etnias que povoam a cidade de São Paulo. Proponha aos alunos que pesquisem sobre a obra desse artista de origem italiana que vem registrando no clique fotográfico diferentes povos que chegam ao Brasil e ajudam a formar nossa nação. Proponha aos alunos um momento de apreciação da imagem na página 71. Sugerimos: • Observe os contrastes de luz e sombra, o clima emocional e outros aspectos. • Como seus familiares expõem as fotografias? Você já viu imagens parecidas (retratos) com a que é mostrada na fotografia? • Pelas fotografias que existem nos acervos de seus familiares é possível conhecer a origem étnica de sua família? O que podemos descobrir olhando fotografias? • Com um olhar etnofotográfico, vamos fazer registros de pessoas com as quais você convive na escola ou entre os familiares? Não se esqueça de solicitar às pessoas autorização para que sejam fotografadas. Proponha aos alunos que pesquisem sobre festas populares (bumba meu boi, festas do Divino etc) em sua cidade e criem um ensaio fotográfico sobre esses acontecimentos. Um ensaio fotográfico é uma série de imagens criadas com base em um tema ou pesquisa estética ou técnica. Outros ensaios podem ser feitos pelos alunos explorando mais temas, como a ecologia ou outros que os provoquem a criar na linguagem da fotografia. Podemos elaborar vários projetos sobre fotografia estabelecendo conexões interdisciplinares entre História, Geografia, Língua Portuguesa, Ciências e outras disciplinas.

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CONCEITOS EM FOCO • Fotografia e registro • Fotoação, fotografia e outras

linguagens da arte

BNCC

MAIS DE PERTO

A arte do artista e a arte do outro Observe as imagens a seguir.

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Na página 72, trazemos novamente a obra de Emidio Luisi. Esse fotógrafo ítalo-brasileiro registrou com sua arte a arte de outros. Ele se especializou em fotografias de espetáculos de teatro e dança. Também criou outras séries, mostrando os imigrantes. Trabalhe com os alunos a percepção visual na leitura de imagens: • Emidio Luisi apresenta em seu trabalho contrastes gritantes. Ccomo você percebe esse jogo entre luzes e sombras? Como o movimento dos corpos dos bailarinos é capturado? • O que significa dizer que as artes cênicas são linguagens efêmeras? Entre os alunos pode haver quem goste mais de se expressar na dança, e outros, de criar imagens fotografadas. Assim, pode nascer um projeto em que alunos se expressem por meio de movimentos corporais e outros capturem esses movimentos. A proposta é explorar o registro do movimento e a expressão visual dessa percepção. Converse com os alunos sobre as linguagens artísticas efêmeras. Essas são chamadas assim porque acontecem em um determinado tempo e lugar, como a performance, um espetáculo de dança, de teatro e outras ações. Assim, o registro desses acontecimentos é fundamental. Os registros de ações

FOTOS: EMIDIO LUISI

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR31)

A arte da fotografia no registro da arte da dança e do teatro sob as lentes de Emidio Luisi, que fotografou a coreografia de Décio Otero e a direção teatral de Marika Gidali nos espetáculos Batucada (1980), à esquerda, e Coisas do Brasil (1979), à direita.

Emidio Luisi, imigrante italiano, tornou-se fotógrafo no Brasil em 1978, primeiro tirando fotografias para jornais e, dois anos depois, fotografando espetáculos de teatro e dança. Nessas imagens, vemos uma escolha do artista pela dramaticidade da cena, ao enfocar a luz e a sombra. Você percebe esse jogo entre luzes e sombras? Há áreas mais escuras; em outras, a luz parece acender de repente. Os movimentos dos atores e bailarinos também são importantes no momento de fazer as imagens. As artes cênicas são artes do espaço e do tempo porque acontecem em um lugar (espaço cênico) e têm uma duração. Assim, em apresentações ao vivo, as imagens de um espetáculo ficam gravadas em nossa memória. PALAVRA DO ARTISTA

Emidio Luisi (1948-) Não raramente os produtores contratam fotógrafos para documentar o ensaio geral, fotos essas que serão utilizadas na divulgação do espetáculo. É possível obter boas fotos nesses ensaios, mesmo porque a ausência de plateia oferece a liberdade e mobilidade que o espetáculo limita. A diferença entre fotografar ensaios e o espetáculo é a emoção que reverbera do palco para a plateia e vice-versa. Uma boa foto de cena é, principalmente, aquela que consegue captar esse momento único de vibração emocional. [...] LUISI, Emidio. Emidio Luisi ensina o posicionamento certo de um fotógrafo na hora de clicar um espetáculo. Portal Photos, 3 nov. 2014. Disponível em: <http://photos.com.br/fotografando-espetaculos>. Acesso em: 11 set. 2018.

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artísticas passaram a ser realizados graças ao invento de máquinas que capturam (captam) imagens, e essas imagens puderam ser fixadas em suportes ou projetadas em movimentos, permitindo que possamos ver esses espetáculos registrados nas fotografias ou filmagens. D2-ARTE-EF2-V8-U2-C1-054-075.indd 72

Dessa forma, por exemplo, você pode não ter estado presente no dia da apresentação de um grupo de teatro em sua cidade, mas ela pode ter sido filmada e estar disponível na internet para você assistir a ela. Na leitura da seção Palavra do artista, converse com

os alunos sobre a fotografia como documento e expressão cultural. O que os alunos compreendem sobre capturar (captar) emoções por meio de fotografias? Como realizam suas fotografias? Por que hoje usamos tanto essa forma de registro e expressão?

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arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

Fotoação e a sensibilidade poética

FOTOS: CORTESIA DO ARTISTA E GALERIA NARA ROESLER

A fotografia, como você já sabe, pode ser também um registro da arte. Como sentimos e vivemos o tempo? Um ser mais lento sente a passagem do tempo da mesma forma? Observe as imagens a seguir.

Timeless Alex, criação artística de Eduardo Navarro, em Nova York, 2015. Fotografia.

O artista incorpora poeticamente uma tartaruga ancestral, pensando em sua longevidade e como ela afeta a forma de perceber o mundo. Um estado sem tempo pode ser atingido, tal como acontece durante uma meditação. A performance Timeless Alex (Alex Eterno, em tradução livre) foi uma ação realizada ao vivo no New Museum de Nova York, inspirada na última tartaruga-da-ilha-pinta (Chelonoidis abingdonii), um macho, das Ilhas Galápagos, apelidado de Solitário George. Apesar de não termos assistido pessoalmente à performance, podemos ver parte do que ocorreu por meio do registro fotográfico. Os registros de ações artísticas muitas vezes são chamados de “fotoação” – um tipo de produção bem atual no mundo da arte, geralmente usado por artistas que realizam performances, intervenções, apresentações e outras ações. Essas fotos de ações podem ser registros de linguagens efêmeras. Assim, Eduardo Navarro apresenta suas ações em galerias ou museus por meio de vídeos e fotografias, para que o público, ao ver suas imagens, possa experimentar a sensação que elas transmitem.

+IDEIAS Converse com os alunos sobre a fotoação. Essa produção pode ser proposta sempre que os alunos estiverem se expressando em outras linguagens, como as performances, intervenções artísticas e outras ações poéticas. Nesse sentido, trabalha com a ideia de fotografia de registro, porém, no caso da fotoação, há também preocupações poéticas no registro da imagem (ação). Na seção Arte em Projetos, a proposta é desenvolver processos artísticos trabalhando com as poéticas pessoais dos alunos. Faz parte da construção das linguagens a intenção. Vimos que o fotógrafo pode ser uma testemunha da história ou de fenômenos da natureza. Pode também ser uma testemunha de uma situação ao acaso e capturar uma imagem que será vista por muitas pessoas durante anos. Proponha o desenvolvimento das seguintes questões com os alunos: • Podemos criar formas e cenas inusitadas com objetos? • Como você compreende as escolhas de temas feitas por você e pelos colegas? • O que você entende por fotoação? E arte efêmera? CONEXÕES • ENCICLOPÉDIA ITAÚ CULTURAL. Emidio Luisi. Disponível em: <http://livro.pro/xtdwgb>. Acesso em: 3 nov. 2018.

D i á r i o d e a rt e Registre em seu Diário de arte o que mais lhe chamou atenção nessas inusitadas formas de usar a fotografia. Anote, desenhe e faça colagens, trazendo novas ideias para fotografias inusitadas e simulacros.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A obra de Emidio Luisi é importante por sua construção poética pessoal, bem como pelo registro que fez de outros artistas, como atores, bailarinos, diretores de espetáculos,

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cenógrafos, figurinistas e outros que têm sua obra registrada no ato do fotógrafo de olhar pela lente da máquina fotográfica e capturar imagens na linguagem da fotografia. Ele afirma que o ato fotográfico exige aprender a olhar. Prin-

cipalmente quando se trata de registrar a arte do outro artista. Nesse sentido, o “fotógrafo de cena” na ação poética e artística tem de documentar a arte sem intervir. São diálogos artísticos e poéticos entre quem fotografa e o fotografado. 11/7/18 4:36 PM

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CONCEITOS EM FOCO

Experimentando linguagens com a arte de fotografar

• Fotografia e registro • Fotoação, fotografia e outras

Que tal criar performances, coreografias, cenas e registrar fotoações? Você pode criar um grupo de artistas performáticos, dançarinos, atores e fotógrafos!

linguagens da arte

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A passagem do tempo é também uma das preocupações da artista mineira Néle Azevedo (1950-), que investiga as muitas maneiras de criar. Dependendo da proposta, a fotoação pode ser sobre a duração da ação do artista ou sobre a duração da materialidade usada. No caso da obra Monumento mínimo, por exemplo, o gelo pode representar muitas coisas, como a brevidade da vida, os momentos efêmeros e outros motivos. Dessa maneira, dizemos que essa artista usou o material como parte de sua poética, ou seja, a poética da materialidade. Converse com os alunos sobre a experiências de Néle Azevedo em que ela utiliza homens feitos de gelo. Gelo pode ser um material para criar arte? Proponha aos alunos que exercitem seu olhar no ato fotográfico. Sugerimos o foco: • Você também pode usar a fotografia como registro da vida cotidiana ou como forma de denunciar algo com que não concorde. O que o toca? • Para onde e como você quer olhar o mundo à sua volta? • Que tema e assuntos você gostaria de registrar ou de criar em fotografias artísticas?

Instruções do céu (2016), performance de Eduardo Navarro, em Nova York, que chama a atenção para o movimento imprevisível das nuvens refletidas nos espelhos, em uma ação meditativa.

CORTESIA DO ARTISTA E GALERIA NARA ROESLER

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR07) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

Processo de criação O primeiro passo é selecionar a ação que será realizada. Que tal escolher um tema? Pode ser uma ação poética como as de Eduardo Navarro, uma reflexão sobre a passagem do tempo como fez Néle Azevedo (1950-) em Monumento mínimo (veja a imagem ao lado), uma coreografia que tematiza questões de nosso tempo, a exemplo dos trabalhos de Décio Otero e Marika Gidali, ou uma cena teatral inspirada em situações do cotidiano. Prepare a ação, ensaie, escolha um local para realizá-la e então descubra um modo de registrá-la. Existem muitas possibilidades de composição, ângulo, foco e enquadramento das imagens. Lembre-se de que a arte se manifesta por meio da poesia de cada um.

PRAÇA DA SÉ, SÃO PAULO/ANTÔNIO GAUDÉRIO/FOLHAPRESS

Monumento mínimo, intervenção urbana de Néle Azevedo, realizada pela primeira vez em 2005. Fotografia feita com 200 estatuetas de gelo nas escadarias de passagem para a estação do metrô, ao lado da Catedral da Sé, em São Paulo (SP), em 2005. Ao ar livre, o gelo tem pouco tempo de existência, assim como a obra efêmera de Néle Azevedo, artista que cria pequenas esculturas representando figuras humanas. Por causa da rápida mudança de forma, é preciso registrar essas obras em fotografia ou filme.

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fazendo arte? O que você aprendeu sobre fotoação? Converse também com os alunos sobre o processo de criação de Néle Azevedo. Essa artista plástica brasileira estuda as formas de criar arte e, entre suas pesquisas, destaca-se

seu projeto de intervenções efêmeras em espaços urbanos, o Monumento mínimo, em que pequenas esculturas de gelo são colocadas em espaços públicos e derretem. A ação chama a atenção de quem passa pelo local, provocando a alteração temporária do trajeto.

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EMIDIO LUISI

+IDEIAS Você pode convidar o professor de História para a elaboração de um projeto interdisciplinar sobre a coleção de fotografias da família imperial no Brasil durante o Segundo Império. Dom Pedro II tinha como hobby a fotografia, algo que naquela época era possível a poucos, dado seu alto custo. Essas fotografias fazem parte da nossa história, assim como outros arquivos que podem ser pesquisados e estudados sob a ótica da fotografia como documento. REGISTROS E AVALIAÇÃO Na seção Misturando tudo, a proposta é promover um momento de conversa com os alunos sobre o que estudaram neste capítulo. A conclusão do capítulo é o desfecho da série de conhecimentos que se entrelaçam na unidade. As idas e vindas de imagens são importantes, pois sempre retomam o que já foi aprendido pelos alunos. Dê espaço para que os alunos falem abertamente sobre seu processo de aprendizagem entre conhecimentos prévios e os adquiridos neste estudo.

O dançarino de butô Yoshito Ohno em fotografia de Emidio Luisi. Foto de 2013.

MAIS AÇÃO

D i á r i o d e a rt e Registre em seu diário as etapas de seu processo de criação, os desafios, as escolhas e as descobertas, como foi fotografar e criar em grupo, o que foi mais interessante no estudo da fotografia e sua relação com outras linguagens. Use o Diário de arte também para registrar ideias sobre novas possibilidades.

Por que fotografamos o tempo todo? Um dia com amigos, uma festa, o show daquele músico preferido são momentos que fazem parte da sua história e devem ser guardados na memória? Será que as pessoas também querem registrar e guardar sensações, momentos efêmeros e únicos? Você já pensou nisso? O que chama sua atenção ao escolher o que fotografar?

MISTURANDO TUDO

CONEXÕES • EXPOSIÇÃO Monumento Mínimo, de Néle Azevedo, no centro cultural Oswald de Andrade. Disponível em: <http:// livro.pro/8cvqfi>. Acesso em: 3 nov. 2018.

Neste capítulo, vimos técnicas, materiais e poéticas relacionadas à arte de fotografar. 1. Como a linguagem da fotografia afeta seu dia a dia? Você pode imaginar como era o mundo antes dela? O que será que mudou? 2. Para você, que tipo de temática é mais atraente em uma fotografia: questões sociais, imagens da natureza, pessoas, registros do cotidiano ou de ações? 3. Pesquise sobre o tema de sua preferência e estude a maneira e o cuidado com que fotógrafos registram temáticas semelhantes à sua. Busque uma forma particular de fazer esses registros, de modo que sua obra artística na linguagem da fotografia ganhe uma identidade, uma maneira particular de captar o que acontece ao seu redor.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Muitas materialidades podem ser usadas em um processo de produção de fotografias. Podemos usar papel fotográfico fotossensível e criar imagens colocando objetos ou elementos da natureza (flores, folhas, pedras e

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outros) sobre ele por alguns minutos, enquanto fica exposto à luz, técnica conhecida como fotograma. Em parceria com o professor de Ciências, podemos descobrir como essa técnica acontece do ponto de vista da ciência. Procure conversar com os alunos sobre a relação entre

materialidades e poética, ou seja, a poética da matéria. Aborde a ideia de que, para fazer arte, é preciso ter intenção. Comente que cada um tem os próprios processos de criação e poética e que existem inúmeras possibilidades, saberes técnicos, temas e escolhas. 11/7/18 4:36 PM

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CONCEITOS EM FOCO

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• A relação entre luz e sombra na arte • Teatro de sombras

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Teatro • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR24) • (EF69AR25) • (EF69AR32) • (EF69AR33)

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PÍT

ULO

Imagem fixa e em movimento Trajetórias para a arte • Olhar pela lente • Tema 1 – Luz e escuridão

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

• Arte em Projetos – Artes visuais • Tema 2 – Em um segundo, 24 quadros que transformaram o mundo

Neste capítulo, continuaremos estudando a linguagem da fotografia e ampliaremos nosso espectro com a linguagem do cinema. Observe a imagem de abertura. Trata-se de uma fotografia que mostra um teatro de sombras oriental. Pergunte aos alunos o que veem e sentem. O que está acontecendo na imagem? Como se dá o contraste entre luz e sombra? Como essa imagem se relaciona com as linguagens da fotografia e do cinema? As linguagens da fotografia e principalmente a do cinema nasceram de dois princípios que podemos ver no teatro de sombras: a relação que as pessoas estabeleceram com a luz e a narrativa de histórias por imagens. Como vocês veem essa relação?

• Arte em Projetos – Artes integradas

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+IDEIAS Você pode propor que os alunos criem usando a linguagem do teatro de sombras. Aproveite para reutilizar chapas de acetato (como as usadas em radiografias), caixas de papelão ou cartolina preta para fazer as silhuetas. PrimeiD2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 76

ramente, oriente os alunos a planejarem quais serão os personagens, os movimentos e os diálogos (se houver, porque o teatro pode ser apenas de movimentação e gestos). Pensem também nos sons e na trilha sonora para sua peça de teatro de sombras.

É importante estudar os detalhes das figuras. Oriente os alunos a fazerem esboços para estudar as formas e os pontos vazados na figura. Recorte com cuidado a silhueta dos personagens. Os detalhes podem criar efeitos incríveis.

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APIGUIDE/SHUTTERSTOCK.COM

PARA AMPLIAR CONCEITOS O teatro de sombras é uma arte muito antiga. Há relatos de que seja proveniente da China. Inicialmente, os artistas trabalhavam sob a luz do sol para criar os contrates de luz e sombras. Depois, os chineses começaram a usar velas, acesas ao cair da noite, por trás da cortina, e assim criaram um mundo lúdico e mágico por séculos e séculos. Essa arte se espalhou por todo o mundo e ainda é muito praticada, tanto no teatro quanto na dança, como recurso cênico com efeitos de iluminação. REGISTROS E AVALIAÇÃO Um clima de curiosidade e de expectativa pode ser gerado nesse momento de apresentação do capítulo. Proponha aos alunos que realizem pesquisas iniciais sobre os processos de criação no teatro de sombras e a influência dessa arte antiga na criação do cinema. Aproveite o momento para fazer uma avaliação diagnóstica através de um levantamento sobre os conhecimentos prévios dos alunos em relação aos saberes aqui propostos. Avalie quais trajetos serão interessantes seguir. CONEXÕES • Animação teatro de sombras. Disponível em: <http:// livro.pro/b9kozv>. Acesso em: 1o nov. 2018.

Apresentação de teatro de sombras na Tailândia, em 2015.

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CONCEITOS EM FOCO • Fotografia • Cinema • Pinhole

venha FOTOGRAFAR! Observe a imagem a seguir.

BNCC

EMÍDIO CONTENTE

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR32) • (EF69AR33) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Veja as imagens e crie uma “pauta de olhar” para trabalhar com os alunos. Podemos nos basear em vários teóricos para essa proposta. Sugerimos que você leia Robert W. Ott para ampliar saberes sobre roteiros de leitura. Mostre aos alunos a imagem de Emídio Contente e converse sobre a linguagem da fotografia. Resgate o que foi trabalhado no capítulo anterior. Sugerimos a seguinte pauta para olhar a imagem: • Uma imagem que se revela aos poucos. Com o que ela se parece? • Será um instrumento musical? Podemos tocá-lo ou apenas espiar? De quem será esse objeto? • De quem será a criação dessa imagem? Por que ela se repete? Quadro a quadro, o objeto aparece dentro dos quadrados? É como olhar por um cobogó, elemento vazado feito de barro ou cimento, que, usado na arquitetura, permite que se veja o que há dentro de moradias. Na obra de Emídio Contente, o cobogó vira uma câmera de pinhole, uma máquina fotográfica sem lente. Dessa forma, o artista nos ensina diferentes maneiras de capturar uma imagem. Luz que entra e

Bandolim, da Série Cobogó, de Emídio Contente, 2013.

Contente fotografa. Mas o que ele cria? Por seis vezes, um instrumento. Qual será? Venha espiar! Com o que a sua obra se parece? É como, em uma parede, olhar no vão. Nos espaços de um cobogó típico do Brasil. Arquitetura de uma casa que vira uma pinhole, câmera fotográfica sem lente. Capta a imagem e cria de modo incrível. Uma obra diferente, o artista Emídio Contente. 78

marca o papel, mostrando-nos a forma de um instrumento musical. Arte e memória. Um jeito de revisitar a história das engenhocas que mudaram a história da cultura visual. Se a fotografia já tinha mudado o modo de olhar o munD2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 78

do, as imagens em movimento trazidas pela arte do cinema o fizeram de maneira mais radical. Você já se imaginou em um mundo sem esses sistemas de reprodução de imagens? Para começar a conversar, traga aos alunos a imagem do

filme brasileiro O homem do futuro. Perguntas podem ser feitas para provocar a leitura, sugerimos: • Será que já pensaram em viajar no tempo? O que pensam sobre as produções cinematográficas de ficção científica?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Emídio Contente, em entrevista dada especialmente para este livro, nos conta que se baseou na técnica de câmera pinhole, que consiste em uma máquina fotográfica feita artesanalmente. Essa câmera tem como principio a câmara escura e não tem lente, apenas um pequeno furo, por onde passa luz, que incide sobre o papel fotossensível dentro dela. Nesse processo, a imagem se forma. Emídio Contente sempre pesquisou diferentes processos na fotografia. Geralmente, para fazer um pinhole são usadas latas, mas, no projeto Cobogó, o artista usou elementos presentes na arquitetura de casas, muros e prédios que via desde criança. O artista recolheu esses materiais e os transformou em câmeras pinhole. Na pesquisa da poética da materialidade e dos processos em fotografar, o artista produz imagens a partir da proposta da sensação de espiar por esses furos nas paredes dos muros da cidade. Desejo em registrar mundos secretos, privados e imaginários transformando objetos em câmeras fotográficas.

venha filmar! Observe a imagem a seguir.

O HOMEM DO FUTURO. FILME DE CLÁUDIO TORRES. PARAMOUNT PICTURES. BRASIL, 2011/RICARDO PICCHI

Cena do filme O homem do futuro (2011), direção de Cláudio Torres.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha aos alunos que realizem pesquisas iniciais sobre os processos de criação do artista Emídio Contente. Oriente que façam registros sobre suas pesquisas em seus Diários de arte.

O que você faria se pudesse voltar no tempo? Muitos gostariam de mudar aquilo que foi feito. O homem do futuro, filme brasileiro. Mostra um personagem que realiza esse desejo. A tela do cinema transforma em realidade aquilo que é sonho. Venha dar vida ao imaginário com essa linguagem! Um homem que pode voltar no tempo? 79

• Pergunte de que gênero de

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cinema eles gostam e qual sua relação com essa linguagem artística como público e como produtores de filmagens. Com base na imagem, o que seus alunos interpretam?

+IDEIAS Se possível, proponha que os alunos assistam ao filme O homem do futuro. Viajar no tempo é um desejo do personagem, e talvez um desejo de todos nós. Quem já não quis voltar no tempo, refazer coisas de um modo diferente?

Será possível essa façanha? Há alguma artimanha para isso, uma máquina do tempo? Enquanto isso ainda não é possível, podemos criar uma história e filmar agora! Assim, um sonho, que é de tanta gente, vai virar realidade na tela do cinema. Como os alu11/7/18 11:08 AM

nos veem essas questões. A história do cinema tem relação com as histórias das invenções. Convide os alunos a debater sobre o que gostam de assistir no cinema. O que podemos ver pela lente da fotografia e pelo cinema?

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CONCEITOS EM FOCO

Olhar pela lente

• História da fotografia e do cinema • Olhar pela lente na história • Câmara escura

Observe estas imagens.

BNCC SCIENCE & SOCIETY PICTURE LIBRARY/GETTY IMAGES

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Este capítulo explora mais um pouco a linguagem da fotografia e seus processos de criação, a história das câmeras fotográficas e de filmagem, ampliando para a invenção das engenhocas e pesquisas sobre as imagens em movimento, ou seja, a invenção do cinema. Nesse contexto, apresentamos a história da arte com foco na fotografia e no cinema, considerando a criação da cultura visual a partir de imagens fixas e em movimento. Fale dos inventos da lente para ver o mundo (óculos, máquinas fotográficas, estereoscópio, câmeras filmadoras e outros). Apresente o texto sobre a câmara escura e como esses experimentos foram importantes para o desenvolvimento da cultura visual, da fotografia e do cinema. Resgate o que vimos no capítulo anterior. Sugerimos as seguintes perguntas: • Vocês se lembram do que conversamos sobre a fotografia no capítulo anterior? O que ficou dessa nossa conversa? • O que vocês sabem sobre a história da linguagem do cinema? Esclareça que o estereoscópio é um aparelho que, com o auxílio de prismas, cria a ilusão de uma imagem tridimensional. Na época em que foi inventado, costumava-se colocar dentro dele desenhos

Modelos de estereoscópio.

Milhares de pessoas já admiraram imagens em um estereoscópio, aparelho muito usado principalmente nos Estados Unidos na segunda década do século XX. Ao olhar pelas lentes do seu visor, veem-se imagens como se tivessem três dimensões. Essa ilusão é criada por duas imagens captadas ou impressas em ângulos ligeiramente diferentes, como ocorre com nossos olhos, que registram duas imagens e o cérebro que as unifica, gerando a sensação de profundidade, de tridimensionalidade. Em 1838, quando esse aparelho foi inventado pelo físico inglês Charles Wheatstone, costumava-se colocar dentro dele desenhos e gravuras. Depois, no século XX, eram inseridas no estereoscópio também fotografias tiradas por máquinas especiais, estereoscópicas. Atualmente, o estereoscópio serve mais a criações de artistas e se apresenta ainda na forma de objeto acoplado a telefones celulares para ver imagens 3D por meio de um aplicativo específico. Olhar através de lentes, todavia, é uma prática muito antiga. Al-Hazen (965-1040), nascido na Pérsia (atual Irã) e considerado por muitos o primeiro cientista, possibilitou a fabricação de lentes de aumento ainda no século XI. Em meados do século XVII, foram inventados óculos mais parecidos com os que conhecemos hoje. As lentes acabariam equipando binóculos, lunetas, lupas, telescópios. Mas foram as lentes das máquinas de fotografia e das filmadoras que mudaram radicalmente nossa forma de olhar. Hoje existem inúmeros modelos, tamanhos e funções de lentes usadas nesses aparelhos. D i á r i o d e a rt e Em que as lentes participam de sua vida? Há lentes em sua casa, na escola, em seu bairro? Que tipo de lente? Registre em seu Diário de arte as lentes que encontrar e em que objeto elas estão.

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e gravuras, porém, com a invenção da fotografia, a estereoscopia caiu em desuso. Traga uma reflexão sobre fotografias jornalísticas. A partir das imagens apresentadas, converse com os alunos sobre o que percebem em relação à criação de lentes para olhar: óculos, lunetas, potentes telesD2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 80

cópios, microscópios, câmeras fotográficas, filmadoras etc. Apresente aos alunos a história das invenções das câmeras fotográficas, de máquinas manuais (analógicas), que usam processos físico-químicos de revelação de imagem, e câmeras digitais de alta resolução. Se possível, traga câmeras antigas e exemplos

dessas invenções no contexto da arte brasileira. Informe-os sobre como as pessoas estudaram e conseguiram criar máquinas que produzem imagens. Mostre que pesquisar materialidades e procedimentos é fundamental no fazer artístico, que arte não é algo que acontece sem investigação e experimentação.

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tema tema11

Luz e escuridão

A história da fotografia é uma narrativa que envolve duas grandes personagens: a luz e a escuridão. Em um local escuro, o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) observou que a passagem da luz através de um orifício produzia uma imagem invertida. Já no Oriente Médio, conta-se que, durante um eclipse solar, um raio de luz que entrava por um pequeno orifício projetou uma imagem na parede. Histórias como essas deram origem à construção da camera obscura, termo do latim que significa câmara escura. No início, as câmaras escuras eram quartos fechados com uma pequena passagem de luz. Observe a imagem a seguir, que mostra um exemplo de câmara escura.

KATHARINE ANDRIOTIS / ALAMY /FOTOARENA

Câmara escura gigante localizada em São Francisco (EUA).

+IDEIAS Olhar pela lente parece ser uma prática humana muito antiga. Como os alunos veem essa questão? Em meados do século XVII, óculos mais parecidos com os que conhecemos hoje foram inventados. Contudo, foram as lentes das máquinas de fotografia que mudaram radicalmente nossa forma de olhar, criando uma cultura visual repleta de imagens fixas (fotografias e outras) e em movimento (cine vídeo). Proponha aos alunos que consultem seus familiares sobre câmeras fotográficas ou de filmar manuais. Talvez as máquinas mais antigas estejam guardadas em armários na casa dos alunos, sem uso. A partir do resgate desse material, pode ser desenvolvido na escola um projeto sobre a história da fotografia.

Na época do Renascimento, do século XIV ao XVI, já se conheciam lentes de materiais transparentes. Assim, adaptou-se uma lente no orifício por onde a luz entrava na câmara escura, e a imagem adquiriu maior qualidade. A câmara escura foi, então, diminuindo de tamanho e, com o passar do tempo, pôde ser transportada. Veja a imagem abaixo.

1. Como funciona a câmara escura?

221A / ISTOCK / GETTY IMAGES

PARA AMPLIAR CONCEITOS Com os recursos de zoom, podemos fotografar coisas que estão longe de nós. Por meio dos recursos de tempo de exposição, conseguimos capturar o movimento da luz e até fazer fotos debaixo da água. As máquinas fotográficas foram inventadas para captar e fazer imagens que mostrassem a vida em suas realizações. Também podem estar a serviço de uma função social. O mais interessante é que, com uma câmera fotográfica, podemos ampliar nosso olhar, aprender a ver o mundo de maneiras diferentes.

2. Qual é a relação entre a câmara escura e a fotografia? Respostas pessoais. Gravura do século XIX que retrata uma câmara escura.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Na sequência didática com propostas de leitura de imagens, Robert W. Ott propõe explorar diferentes estados de pensamentos, como descrever, analisar, interpretar. Em diálogo, o professor pode oferecer informações sobre a obra,

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assim como os alunos podem pesquisar mais e fundamentar o estudo com base na história da arte, crítica e processos de criação. Observe e avalie como os alunos desenvolvem a leitura de imagens e como essa experiência pode reverberar em sua produção artística e ampliação de repertório.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR05) • (EF69AR02) • (EF69AR07) • (EF69AR03) • (EF69AR08) • (EF69AR04)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Aqui apresentamos uma informação pitoresca que pode instigar a curiosidade dos alunos em relação à história da fotografia: o caso da câmera Mamute, de 1900. A ideia é mostrar a eles que cada época tem suas soluções técnicas. Hoje temos uma tecnologia que pode se tornar obsoleta no futuro. Oriente os alunos a buscar mais histórias sobre as invenções de máquinas que mudaram o mundo visual nos últimos dois séculos. Mostre como funciona uma câmara escura, que é o mesmo princípio das máquinas fotográficas da época da câmera Mamute. Proponha questões aos alunos: • Quem foram os personagens da história da fotografia, grandes inventores de engenhocas que resultaram nas máquinas superpotentes atuais? • Como funcionava a câmera Mamute? Quem criou essa máquina gigante e por quê? Que outras fotografias feitas pelo mesmo autor dessa câmera mudaram a forma de olhar o mundo? • Que relações existem entre Arte e Ciências na produção de fotografias? Proponha que os alunos pesquisem sobre materiais fotossensíveis. É possível fazer experiências como, por exemplo, usar uma folha de papel fotográfico, colocar objetos sobre ela, expor por alguns segundos. Esclare-

mundo conectado

Processos físico-químicos A fotografia produzida com máquinas manuais (hoje chamadas câmeras analógicas) passa por processos físico-químicos que se dão em muitas etapas. Esses processos foram inventados ao longo da história da fotografia e dele participaram muitas pessoas, por meio de vários estudos que envolveram a busca do controle da exposição à luz de materiais fotossensíveis, ou seja, pesquisas para compreender como lidar melhor com a luz e a escuridão. Com o tempo, cientistas passaram a observar que materiais compostos com prata escureciam com a exposição ao sol. Assim, imagens podiam ser vistas por um curto período, fixadas em algum suporte embebido dessa substância, mas logo desapareciam porque a luz as “queimava”. As pesquisas seguiram por muitos anos até que, em 1826, o químico francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833), com técnicas bem primárias, produziu uma fotografia com a imagem fixada. Foi necessário expor à luz solar uma placa de estanho por oito horas. Esse processo foi sendo desenvolvido até que, em 1851, o inventor inglês William Henry Fox Talbot (1800-1877) criou o negativo fotográfico, invenção que contribuiu para o que conhecemos hoje sobre os filmes e a revelação de fotografias. No Brasil, no início do século XIX, o artista francês Hercules Florence (1804-1879) fez experiências com processos de captação e fixação de imagens. Usando uma câmara escura e substâncias químicas obtidas com um amigo farmacêutico, realizou uma imagem negativa que mostrava a paisagem vista da janela onde morava, no interior do estado de São Paulo. O resultado dessa experiência de 1833 é considerado uma das primeiras fotografias criadas no mundo.

Primeira câmera fotográfica popular, lançada pelo estadunidense George Eastman (1854-1932), fundador da empresa Eastman Kodak. Sua simplicidade popularizou a fotografia amadora.

OXFORD SCIENCE ARCHIVE/PRINT COLLECTOR/GETTY IMAGES

• Processos físico-químicos na fotografia • Experiências fotográficas na história da fotografia

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ça que os papéis fotográficos são sensíveis à luz porque são compostos de uma emulsão de gelatina animal e sais de prata. Quando expostos à luz, gravam a imagem do objeto no papel. Essa técnica foi bastante usada no início dos experimentos com papel fotográfico e ficou conhecida como fotogramas. D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 82

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A maior câmera do mundo No final do século XIX, a fotografia, assim como a locomotiva e outros inventos, dava os primeiros passos. Em meio a tantas novidades, foi encomendada a George Raymond Lawrence (1868-1938) uma fotografia de um trem, para a qual esse fotógrafo estadunidense criou a gigantesca câmera fotográfica Mamute, que se vê na imagem a seguir. Acreditava-se na época que, para tirar uma fotografia de algo muito grande, a câmera também deveria ser imensa. Isso acontecia porque os recursos fotográficos ainda eram limitados. Por exemplo, cada câmera dessas podia bater somente uma fotografia por vez, já que usava uma placa chamada negativo e processos físico-químicos de revelação. Além disso, precisava de 15 homens para transportá-la e operá-la no momento de fotografar. Assim, é possível imaginar que não foi nada fácil criar essa preciosidade da história da fotografia, assim como fotografar um trem, cuja imagem horizontal, no formato de panorama, ficou conhecida na época também por ter sido apresentada na Exposição Universal de 1900, em Paris. Com isso, aquela câmera gigantesca entrou para a história da fotografia e da evolução de seus equipamentos, hoje tão presentes na vida de todos. Veja abaixo a reprodução da famosa fotografia do trem tirada pela câmera Mamute, importante registro dessa história.

BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL

Câmera Mamute, em Chicago (EUA), em 1900.

IP ARCHIVE/GLOW IMAGES

REGISTROS E AVALIAÇÃO Converse com os alunos sobre as linguagens artísticas, seus procedimentos técnicos e materialidades. Proponha que descubram mais acontecimentos na história da fotografia. Oriente-os a registrarem suas descobertas e análises em seus Diários de arte. Um portfólio coletivo também pode ser criado sobre a história da fotografia.

Trem registrado pela câmera Mamute, em 1900. A fotografia original mede 2,4 m × 1,5 m.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Acreditava-se na época que, para fazer uma fotografia de algo muito grande, a câmera também deveria ser imensa. Isso acontecia porque os recursos para fazer fotografia ainda eram limitados. Por exemplo, cada câmera podia fazer somente uma fotografia por vez, já que usava uma placa chamada de negativo e processos físico-químicos de revelação. É possível imaginar que não foi nada fácil criar essa preciosidade da história da fotografia, assim como fazer a fotografia do trem, que ficou conhecida na época por ter sido apresentada na Exposição Universal de 1900, em Paris. Com isso, a câmera Mamute entrou para a história da invenção da linguagem fotográfica, hoje tão presente em nossa vida. Converse com os alunos sobre pesquisa científica e criação artística. Essa relação fez nascer vários materiais e recursos que temos à nossa disposição, como as câmeras fotográficas, que agora são digitais, embora ainda existam fotógrafos que usam as câmeras manuais (analógicas).

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CONEXÕES • A câmera fotográfica... Como surgiu? Disponível em: <http://livro.pro/wev8dr>. Acesso em: 1o nov. 2018. • A maior câmera fotográfica do mundo: a câmera Mamute. Disponível em: <http:// livro.pro/uiswyf>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Processos físico-químicos na fotografia • Pesquisa artística • Poética da materialidade

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR07) • (EF69AR08)

Controle da luz e do tempo Se a luz é a matéria principal dos processos físico-químicos da fotografia, o tempo é outro fator importante. Esse tempo é o da exposição à luz de uma superfície fotossensível, como os papéis e filmes fotográficos utilizados hoje em dia. Assim, para fazer uma fotografia usando uma máquina analógica, é preciso controlar manualmente a entrada e a intensidade da luz e o tempo de exposição. No processo de revelação, também há a preocupação com a luz e com o tempo. Não se pode abrir uma câmera com filme em ambiente de luz natural e, por isso, costuma-se manipular o filme dentro de uma sala em que não entre luz externa, dotada apenas de luzes vermelhas. Só se pode usar esse tipo de iluminação porque os materiais usados, como os papéis fotossensíveis, não se alteram sob a luz vermelha. Observe esta imagem.

Unir Ciências e Arte no estudo da fotografia é bem interessante para compreender como se deram as pesquisas em processos físico-químicos. Explique aos alunos que, para gerar uma imagem, é preciso expor uma superfície fotossensível à luz. Também é necessária uma câmara escura por onde a luz entra, projetando a imagem nessa superfície, porém essa luz deve ser controlada. Conseguir o controle de entrada de luz e os materiais certos para fixar e revelar imagens não foi um processo fácil. Muitas experiências e máquinas foram criadas e muitos produtos químicos foram testados para fixar as imagens. Proponha uma pesquisa sobre a luz e suas características e propriedades. Para isso, você pode seguir o seguinte roteiro: Como a luz se propaga? Qual é a relação entre luz e tempo na criação de fotografias? Que produtos químicos são usados para deixar o papel fotossensível? Quais são as substâncias químicas que compõem um filme fotográfico? Na fixação da imagem no papel, que produtos são usados e por quê? Na sua casa, há uma câmera de processo físico-químico? Sugira ao professor de Ciências uma conversa sobre o tema.

COREPICS/FOTOSEARCH/LATINSTOCK

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Revelação de fotografia em laboratório com equipamento e luz apropriados.

Outra preocupação no processo físico-químico são os produtos usados para revelar e fixar as fotografias e equipamento para, por exemplo, ampliá-las e definir o enquadramento desejado. Dessa forma, estudar a fotografia analógica é também mergulhar em saberes da física e da química. D i á r i o d e a rt e Pesquise se na sua cidade há fotógrafos que possuem laboratórios de revelação e se você pode conhecê-los. Leve seu Diário de arte e anote quais são os procedimentos artísticos e físico-químicos empregados. Se não for possível visitá-los, que tal fazer uma entrevista pela internet com esses fotógrafos?

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Observe as imagens de Emídio Contente e potencialize leituras com os alunos. Você deve sentir, ouvir o que os alunos têm a dizer e conduzir a leitura em tom de conversa, atuando como mediador: Sobre a imagem, que formas vocês percebem? Como será que essas imagens foram feitas? D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 84

Que materiais foram usados? As figuras parecem escondidas? Se se revelam, o que vocês conseguem ver? Do que se trata? Converse com os alunos sobre a pinhole e comente que o nome vem de uma palavra inglesa que significa “buraco de alfinete”. Proponha que os alunos voltem à página 78. A

partir das duas imagens criadas por Emídio, sugerimos a pauta: • Como você acha que o artista criou essas fotografias? • Que tipo de câmera fotográfica ele usou para criar essas imagens? Converse com os alunos sobre escolha de temas e assuntos para processo de criação

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Filme fotográfico é um suporte plástico, flexível e transparente à base de celulose e recoberto de material fotossensível que contém sais de prata. O filme pode ser mais ou menos sensível à luz, dependendo do grau de exposição, e isso é o que determina seu tipo. Papel fotográfico é um suporte preparado com camadas fotossensíveis com o auxílio de produtos químicos para ser utilizado em reproduções fotográficas.

MAIS DE PERTO

Olhando por dentro

AMPLIANDO

Emídio Contente (1988-) é um artista paraense que vive em sua cidade natal, Belém. Trabalha em seu ateliê, a Casa de Imagens, com várias linguagens artísticas, sendo a fotografia sua principal expressão, com a qual já recebeu inúmeros prêmios. Observe a imagem a seguir.

EMIDIO CONTENTE

Cobogós são tijolos vazados feitos de barro, cerâmica esmaltada ou cimento, usados para substituir janelas e paredes. Pinhole é uma câmera fotográfica que consiste em uma caixa vedada dotada de um pequeno orifício e, em seu interior, leva um material sensível para registrar a imagem captada. Esse tipo de câmara escura foi reinventado no início das primeiras pesquisas de fotografia, já que houve experimentos com ele ainda na Grécia antiga.

Anjo (2012), da série Cobogó, de Emídio Contente.

Emídio conta que usou cobogós para construir câmeras pinhole especialmente para a série de fotografias ilustrada acima. Ele também utiliza meios digitais atuais para tratar as imagens e criar composições. PALAVRA DO ARTISTA Meus trabalhos são processos fotográficos que não começam pensados como imagem. Na série Cobogó, houve um estudo feito em casas que tinham paredes com os cobogós. [...] Eu fotografo essas casas, com câmera digital, filmo, analiso e não tenho contato com quem mora nelas. Com base nessas fotos, penso no que vai acontecer e começo a refletir sobre o produto final. Então, desenvolvo as câmeras com tijolos [construção de pinhole] e com elas recrio mundos que poderiam ser os dessas casas. O processo em si não é feito para ser uma imagem, ele se torna uma imagem depois, no fim da história. Entrevista dada à fotógrafa Xica Lima em 1o de maio de 2015, na cidade de São Paulo (SP), e cedida aos autores.

CASA DE IMAGENS, 2014

Emídio Contente (1988-)

Emídio Contente com uma câmera pinhole (câmara escura) e uma câmera atual.

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em arte. Cada artista desenvolve sua pesquisa com base em escolhas de temas ou assuntos, argumentos, materialidades e poéticas pessoais. Apresente aos alunos novamente a obra de Emídio Contente. Depois, você pode fazer

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perguntas como: O que vocês acharam sobre a ideia de usar um cobogó como material para fazer uma pinhole? Que outros materiais podemos usar? Como se dá o processo de pesquisa e criação na obra desse artista?

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+IDEIAS Se possível, faça um protótipo de uma pinhole para os alunos conhecerem ou apresente um vídeo mostrando como fazê-la. Pesquise com os alunos que tipo de material será mais adequado para criar pinholes. Em outro momento, use também máquinas mais desenvolvidas tecnologicamente. Diante da sua realidade e a de seus alunos, proponha que criem projetos de como poderão ser as máquinas fotográficas e de filmar no futuro. Que recursos os alunos desejam que elas tenham? Uma feira com esses projetos de design futurístico pode ser organizada na escola. Convide o professor de Ciências a se engajar no projeto. REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha conversas em pequenos grupos para que os alunos possam também ser mediadores. Depois, no grande grupo, proponha o compartilhamento do que ficou da conversa nos grupos. CONEXÕES • A Física e a Matemática intrínsecas na fotografia, de Alex Gimenes. Santa Catarina: Photos, 2015.

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CONCEITOS EM FOCO • Fotografia e procedimentos de enquadramento

arte em projetos

ARTES VISUAIS

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR08)

Em busca do interessante e do enquadramento A fotógrafa e pesquisadora de imagens Rita Demarchi (1969) estava em Arcos, pequena cidade da região do Alentejo, no interior de Portugal, quando registrou estas impressões, sensações e experiências por meio de texto e imagens. Em um primeiro momento fiquei um pouco decepcionada com a praça principal, deserta, com suas árvores podadas. Tudo me parecia “árido”. A foto de um grande plano geral, que tem por objetivo capturar o máximo da paisagem (nesse caso, urbana), foi feita como mero registro, com a câmera em modo “automático”, sem busca do melhor ângulo da praça ao sol.

Com base nos artistas estudados no capítulo, proponha um estudo sobre os vários ângulos para criar imagem em fotografias. Como exemplo, trazemos aqui um relato de experiência da fotógrafa Rita Demarchi que nos ajuda a ver e a fazer escolhas no ato fotográfico. Apresente-a aos alunos e discuta com eles sobre a importância da busca do interessante e do enquadramento na criação de imagens. A fotógrafa parte do grande plano geral até um plano em detalhe. Proponha a leitura do texto e depois o exercício da captura de imagens que sejam de interesse dos alunos. Converse com eles sobre os conceitos de verticalidade e simetria com base nas análises das fotografias que estão nestas páginas. Você também pode fazer comparações com outros conceitos, como horizontalidade, assimetria, unidade e multiplicidade. Use as imagens feitas pela fotógrafa Rita Demarchi como exemplo ou traga outras, isso pode ajudar os alunos a aprenderem a ver como se enquadra, se buscam campos e focos de visão e se constroem imagens nessa linguagem.

FOTOS: RITA DEMARCHI

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Plano geral da praça de Arcos, que faz parte da série Arcos (2015), de Rita Demarchi.

Plano geral da casa que foi objeto de estudo de Rita Demarchi para a série Arcos.

Neste momento, deparo-me com uma casa muito interessante. Nessa imagem, registrada em plano geral, procurei mostrar toda a sua fachada. Para a imagem ao lado, também em plano geral, pelo fato de o terreno ser um pouco inclinado, alinhei o enquadramento pelo telhado, pois é a linha dele que se mantém horizontal, um detalhe que me chamou a atenção. Na sequência, resolvi fazer uma foto em plano médio, que aproxima um pouco mais a casa e elimina algumas informações laterais que não interessavam. Eu queria um pouco mais de foco para ver os detalhes. A mesma casa, registrada em plano médio.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Converse sobre o relato da artista com os alunos e proponha um debate sobre como eles escolhem fazer suas fotografias. Conte que a artista relatou que, posteriormente, descobriu que essa casa, que D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 86

registrou de diversas maneiras, era diferente de todas as outras da praça, a única que resguardava a arquitetura original típica da cidade. Portanto, tratava-se de um singelo, mas importante, patrimônio cultural e arquitetônico da cidade de Arcos. A dona da

casa preservava-a na sua integridade e originalidade, ao contrário de seus vizinhos, que optaram por realizar reformas que modificaram o padrão estético de suas moradias. Fotografar também registra essas descobertas. Um projeto sobre fotografias

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+IDEIAS Você pode trabalhar com o tema patrimônio material da cidade e criar um projeto em que os alunos fotografem em vários ângulos os prédios históricos ou relevantes para os bens culturais da localidade. Converse com os alunos sobre o patrimônio cultural enquanto conjunto dos bens culturais de um povo.

FOTOS: RITA DEMARCHI

Com base na imagem em plano médio, decidi dar maior aproximação usando o recurso de zoom. Escolhi focar a porta, pelas formas geométricas e pelo grande contraste entre o vermelho, o azul e o branco. Incluí alguns vasos de flores, que deram um toque singelo à composição da cena. Notei que poderia recortar parte das imagens dos vasos para não serem mostradas por inteiro. Lembrei-me das lições de fotografia que chamam essa técnica de “sangramento da imagem”. A sensação quando se sangra uma imagem é de que as formas continuam. Fiquei pensando nesse recurso e lembrei também que podemos trabalhar com a ideia de expanPorta da casa, destacada com dir as imagens. aproximação da imagem. Assim, depois de pensar em todos esses recursos (focar um detalhe, recortar, sangrar ou expandir), eu voltei a olhar a cena. Escolhi, portanto, fazer uma composição vertical e com a porta disposta de forma simétrica, centralizada. Fui aproximando meu olhar e trabalhando o zoom da máquina e da mente. A cada fotografia fui chegando mais perto. Em uma delas, escolhi compor a imagem em linhas diagonais. A busca de ângulos interessantes e recortes pode se dar diante de um objeto simples, movendo-se ao redor dele, usando o zoom ou afastando-se. Quem não gosta de tirar fotografias mostrando que esteve em algum lugar interessante? Fico pensando que, quando temos a oportunidade e a vontade de dedicar um pouco mais de tempo para olhar a paisagem, o ambiente e alguns de seus detalhes e diversos ângulos, vemos suas Recorte com sangria da particularidades, e essa experiência pode aprimorar nosso olhar porta da casa. por trás da lente de uma câmera fotográfica. AMPLIANDO Zoom, palavra inglesa aportuguesada para zum, faz referência tanto aos recursos ópticos de lentes de máquinas fotográficas e cinematográficas como ao ato de aproximar ou ampliar uma imagem. Grande plano geral é o enquadramento fotográfico que registra o local junto com o principal elemento da imagem. Plano geral é o enquadramento que evidencia o “elemento” no espaço, o qual pode ser um objeto, uma pessoa ou outra coisa que mereça destaque. Plano médio é o enquadramento fotográfico no qual o elemento ocupa a maior área da imagem.

CONEXÕES • KRAUSS, Rosalind E. O fotográfico. Barcelona: Gustavo Gili, 2010. • LUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002. • ORWIG, Chris. Poesia visual: um guia para inspiração e criatividade fotográfica. Rio de Janeiro: Alta Books, 2010.

Imagem composta de linhas diagonais. Série Arcos, de Rita Demarchi, 2015. Fotografias e texto cedidos aos autores pela fotógrafa Rita Demarchi especialmente para esta obra.

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pode, além de ensinar a linguagem aos alunos, descobrir patrimônios e histórias. Os patrimônios culturais classificam-se em: • materiais, que são pinturas, desenhos, fotografias, esculturas, prédios, cidades, partituras musicais, textos, entre outros.

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• imateriais, que são práticas

REGISTROS E AVALIAÇÃO Depois que fizerem várias experiências na fotografia, proponha que analisem o trabalho dos colegas. A avaliação feita pelos alunos em relação à produção dos colegas ajuda no compartilhamento de processos e técnicas. Essa avaliação pode ser feita em pequenos grupos. As imagens em fotografias podem ser impressas ou visualizadas virtualmente. Você pode, por exemplo, disponibilizar arquivos em redes sociais (grupo apenas de alunos), deixar algum tempo para que a avaliação seja feita. Depois socialize os resultados. É importante estabelecer combinados pedagógicos para esse tipo de ação avaliadora.

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da vida social, tradições e métodos de criação que uma pessoa, um grupo ou uma comunidade comunica de geração em geração e entre si, como os ofícios da confecção de instrumentos, cestaria, objetos de barro, ou na execução de músicas, cantos, ritos, danças, entre outros.

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CONCEITOS EM FOCO • Fotografia e procedimentos de enquadramento

Processo de criação

BNCC

Escolhendo temas e composições de cenas

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

Pensar nos melhores ângulos, na posição da luz, no zoom, nos detalhes... Afinal, como as suas escolhas podem ajudar a ampliar seu conhecimento sobre a arte da fotografia? Existem muitas publicações, sites e blogues de fotografia que têm o objetivo de dar dicas, de “ensinar” a fotografar. Da mesma maneira, existem câmeras digitais com grandes recursos até em telefones celulares. E ainda há a possibilidade de essas imagens serem manipuladas no próprio celular ou em computador, em aplicativos ou programas específicos, para fazer ajustes ou servir à criatividade. Veja a seguir duas obras de Rita Demarchi que captam artisticamente reflexos em espelhos.

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR08)

Neste momento dos estudos sobre a fotografia, indicamos vários processos de criação e experimentação de materialidades. Na maioria das vezes, compramos aparelhos e nem sempre sabemos usar todas as suas potencialidades. Você pode sugerir aos alunos que estudem os manuais de seus equipamentos de fotografia para descobrir que recursos têm, de modo a explorá-los melhor. Proponha que estudem os aspectos de composição. Proponha que os alunos anotem em seus Diários de arte sobre as possibilidades de enquadramento no momento do ato fotográfico. Os alunos podem fazer experiências e pesquisar sobre os seguintes temas: • Na atualidade podemos fotografar usando câmeras digitais ou mesmo a que temos em aparelhos celulares. Os alunos também podem fazer experiências com câmeras fotográficas analógicas (que usam filmes que precisam ser revelados por processo específico). • Proponha que os alunos observem os recursos da câmera que estão usando. É possível escolher lentes quando usamos câmeras profissionais.

RITA DEMARCHI

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Eus, da série Autorretrato (2014), de Rita Demarchi.

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Mesmo que não seja possível usar uma câmera que permite a troca de lentes, esclareça que a lente fotográfica pode facilitar o melhor ângulo diante da intenção do fotógrafo. • Oriente os alunos a escolher focos, ênfases nos elementos D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 88

que querem captar, enquadramentos, posição em relação à luz. Proponha que pensem sobre a oposição deles em relação aos elementos a serem fotografados. O olhar, no momento da fotografia, é uma mistura de técnica e poética.

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RITA DEMARCHI

PARA AMPLIAR CONCEITOS Na atualidade é possível usar vários recursos no tratamento e na manipulação de imagens. O mercado de trabalho a partir do desenvolvimento da cultura visual em nossa época tem aberto campos de trabalho para profissionais, seja na produção ou no tratamento das imagens. Converse com os alunos sobre esses contextos do mundo do trabalho. Esclareça que, para exercer essas profissões, é importante conhecer materiais como os equipamentos de captura de imagem fotográfica, ferramentas digitais, técnicas e desenvolver o olhar atento e sensível.

Eu/Helena/Eu (2013), da série Autorretrato, de Rita Demarchi.

Explore o equipamento a que você tem acesso. Pode ser um celular com câmera ou uma máquina fotográfica. Leia o manual dele e descubra o que o aparelho lhe oferece. O desafio é perceber a beleza e o instigante de diferentes ângulos e pontos de vista. Olhe, pesquise, imagine situações e crie composições visuais em fotografias. Procure pensar nos aspectos da composição da fotografia: • Escolho iluminação pela frente ou por trás do objeto da foto? Luzes mais intensas ou luzes mais baixas?

REGISTROS E AVALIAÇÃO Escolha os focos do trabalho com base no que foi desenvolvido com os alunos e prossiga em projetos experimentais e conceituais em arte. Proponha aos alunos que, ao criarem fotografias, pensem nas escolhas técnicas e intenções artísticas e poéticas. Pode ser produzido um portfólio com as produções dos alunos, assim como mostras de arte na escola.

• Fotografo ao meio-dia ou no final da tarde? Qual é o melhor horário para o tema? • Depois de eu ter escolhido o motivo, o foco de interesse, ele deve ser centralizado ou descentralizado? • Dou preferência ao plano geral ou ao plano médio? Só se aprende a fotografar fotografando. Arrisque-se e experimente criar nessa linguagem! 89

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+ IDEIAS Mostra de fotografia – Com a produção dos alunos sobre a fotografia, oriente-os a organizar uma mostra com seus trabalhos. Separe as produções por temas ou técnicas. Faça um cartaz ou convite on-line. Convide a comunidade para esse evento. Os alunos podem ser os mediadores da exposição, ficando próximos aos seus trabalhos e conversando com o público sobre o seu processo de criação.

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CONEXÕES • FABRIS, Annateresa. Fotografia: usos e funções no século XIX. 2. ed. São Paulo: Editora da USP, 1998.

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CONCEITOS EM FOCO • Pinholes • Câmara escura • Processos físico-químicos

BNCC

Oficina 1 – Criação de pinhole Fazer este experimento tanto significa rever criações passadas com uma roupagem atual quanto compreender a evolução dessa linguagem artística, a fotografia. Vamos então criar a nossa câmera pinhole?

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais

SSPL/GETTY IMAGES

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR08)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A proposta é fazer uma pinhole. Nesse projeto, os alunos podem descobrir mais sobre a história da fotografia. Organize os materiais com antecedência. Sugerimos que os alunos sempre participem de todas as etapas do projeto. Acompanhe os alunos em todas as etapas que envolvem corte e perfuração. Se achar mais prudente, realize essas etapas previamente. Materiais necessários: 5 latas de alumínio; 5 folhas de papel fotográfico; 2 folhas de papel-cartão preto; 10 pregos (um tipo maior e outro bem fino); 5 latas de refrigerante vazias; 5 lixas próprias para metal; 5 rolos de fita dupla face; 5 rolos de fita isolante preta (usadas para encapar fios elétricos); 1 martelo; 1 caixa de papel fotográfico (comprado em lojas especializadas em fotografias e revelação). Converse sobre o processo de construção da pinhole. Organize a lista de materiais necessários e combine a melhor maneira de adquiri-los.

+IDEIAS Oriente os alunos nos procedimentos de revelação. Ele pode ser feito levando o pinhole em uma casa especializada de revelação de fotografias. No

Exemplo de câmara escura antiga, preservada em museu. Foto de 2014.

Primeiro, faça um furo com prego pequeno e martelo no fundo de uma lata ou abra um buraco com agulha de costura, para dar o efeito de “buraco de alfinete” (pinhole) na lateral de uma caixa de papelão com tampa, a qual não pode ser muito grande, a fim de não distorcer a imagem que será captada. Peça ajuda ao professor para evitar acidentes e tome cuidado com a borda interna da lata, que pode ser cortante. O furo deve ser o mais perfeito possível, também para melhorar a capacidade da sua câmera de focar a imagem. Agora, forre todo o interior da lata com cartolina ou papel-cartão preto – os lados, o fundo e a parte interna da tampa – ou pinte de preto toda a caixa, por dentro e por fora. Para fazer o forro se adaptar ao interior da lata com mais precisão: 1. tome a medida do diâmetro externo do fundo da lata, descontando a espessura da borda;

2. meça a altura da lata, desprezando a espessura das duas bordas;

3. meça toda a circunferência da lata com uma fita métrica, para saber qual será o comprimento do forro, adicionando a essa medida cerca de um centímetro. Corte o papel-cartão ou a cartolina de acordo com essas medidas, lembrando-se de que a cartolina adapta-se mais facilmente, por ser mais fina. Antes de colar o forro definitivamente na parte interna da lata, faça um teste para confirmar se as medidas estão corretas. Recorte, em um dos lados, uma pequena abertura na região inferior da lata, para que um pouco de luz possa passar de modo controlado. 90

D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd entanto, um laboratório 90também pode ser criado na escola. Neste caso, veja algumas dicas: • Ao criar na escola um ambiente de revelação, é preciso que o local seja preparado, não deve ter nenhuma entrada de luz, apenas uma luz vermelha fraca. Abra a lata e retire com

cuidado o papel. Em seguida, passe-o por quatro banhos: 1. líquido revelador fotográfico; 2. líquido interruptor fotográfico; 3. líquido fixador fotográfico; 4. água para limpeza. • Deixe o papel secar em um varal, preso com pregadores.

Você deverá fazer ou acompanhar de perto os processos que envolvem o manuseio de produtos químicos. • Proponha que os alunos pesquisem sobre outras formas de criar pinholes, como, por exemplo, com caixa de fósforo.

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• Com um abridor, recorte uma parte plana de uma lata de refrigerante, que pode ser um quadrado de 3 cm × 3 cm. Use um prego menor que o primeiro para fazer um pequeno furo no centro dessa placa de alumínio e depois prenda-a à lata usando fita adesiva preta, como a fita isolante. • Coloque uma folha de papel fotográfico dentro da lata (não o confunda com papel fotográfico para impressoras caseiras). Essa etapa é um pouco delicada, porque deve ser feita em um local preparado, já que o papel fotográfico é sensível à luz. Você pode improvisar um laboratório em uma sala da escola bem escura, em que não entre luz. Leve tesoura, uma fita de dupla face e um abajur com uma lâmpada vermelha de 15 watts. Dentro desse ambiente, acenda o abajur e abra a embalagem do papel fotográfico. Tire uma folha e recorte-a em um tamanho que caiba dentro da lata. Depois, prenda o papel com pedaços de fita adesiva dupla face do lado contrário ao do furo da lata.

CLIQUE ARTE

Pinhole (câmara escura). Visite o site que explica o funcionamento da câmara escura e seu processo fotográfico. Disponível em: <http:// livro.pro/rd3hzv>. Acesso em: 19 out. 2018.

XICA LIMA

• Feche bem a lata e verifique se não está entrando luz por outra fresta que não o buraco que você fez nela. Tampe essa pequena abertura com uma fita adesiva preta. Está pronta a sua pinhole, sua câmara escura! Combine com os colegas e o professor de guardar esse material em local protegido de luz e umidade, para ser usado em outras aulas.

Câmera pinhole (câmara escura) caseira feita de lata.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Na pedagogia de projetos de trabalhos didáticos descrita por Fernando Hernández (2000), é defendida a ideia de que os alunos participem das escolhas de temas e processos de pesquisa. Sugerimos a seguir os critérios de análise das escolhas de focos e temas para os projetos tendo a fotografia como linguagem expressiva: • O aluno participou das escolhas do tema? Consegue colocar suas opiniões? Tem interesse em fazer pesquisas? É curioso e participou de todas as fases do projeto? • Desenvolveu habilidades na relação entre perceber os comandos de cada ação nos procedimentos descritos e resolver problemas e dificuldades ao longo do projeto? Como registro dos processos e produções, você pode filmar, fotografar cada etapa, recolher depoimentos dos alunos sobre suas descobertas e dificuldades. Depois, organize esses materiais em portfólios. CONEXÕES • Como fazer uma câmera pinhole. Disponível em: <http:// livro.pro/mskwgc>. Acesso em: 1o nov. 2018. • Pinhole: como funciona. Disponível em: <http://livro. pro/uzgn5q>. Acesso em: 1o nov. 2018. Fernando. • HERNÁNDEZ, Catadores da cultura visual: proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007. • NUNES, Luciana Borre. As imagens que invadem as salas de aula: reflexões sobre cultura visual. São Paulo: Ideias & Letras, 2010.

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CONCEITOS EM FOCO

Observe a imagem à direita. O mundo rodou em 24 quadros por segundo e a imagem fotográfica virou cinema! Se a fotografia já havia influenciado a maneira de ver o mundo, o cinema a mudou ainda mais. As imagens em movimento nos abriram milhares de possibilidades de viver experiências visuais. A origem do cinema está relacionada com a paixão por imagens. Desde a Pré-História, cenas da vida cotidiana eram representadas por meio de desenhos em movimento, como caça a animais, danças, rituais, entre outras. Também temos uma relação muito forte com as luzes e as sombras, assim como com a necessidade de contar histórias. No teatro de sombras da China (e de outras regiões do Oriente), por exemplo, existem histórias contadas por meio da luz, da sombra e do movimento. No entanto, foi a fotografia que possibilitou a criação do cinema. O fenômeno óptico da persistência das imagens na retina permitiu o desenvolvimento de máquinas capazes de dar a ilusão de movimento a elas. Os experimentos dos irmãos franceses Louis e Auguste Lumière os levaram em 1895 à invenção do cinematógrafo, aparelho que registrava uma série de fotogramas (quadros com imagem) em um filme negativo perfurado. Movido a manivela, o cinematógrafo depois passava as imagens em velocidade para dar a ilusão de movimento. Só no final do século XX as máquinas fotográficas teriam condições de fazê-lo.

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR32) • (EF69AR02) • (EF69AR33) • (EF69AR31)

A luz, o tempo e a velocidade foram fatores que possibilitaram a criação do cinema – invenção que nasceu da fotografia, mas fascinou tanto o olhar das pessoas que durante um tempo foi considerado a grande descoberta entre as linguagens artísticas. Hoje, a fotografia e o cinema, assim como outras linguagens, têm seus papéis na sociedade. Existe um grande foco nos meios de produção de imagem multimídia, que usam muitas linguagens ao mesmo tempo. Apresente a ligação entre fotografia e cinema e mostre que as pesquisas de uma linguagem contribuíram para a outra. Conte como funciona o movimento quadro a quadro na velocidade de 24 quadros por minuto. Relacione a projeção de imagens no cinema com o teatro de sombras, arte que existe desde a Pré-história, mas que, na cultura milenar chinesa e de outros países asiáticos, teve grande desenvolvimento técnico e artístico. O teatro de sombras, de certa maneira, tem relação com o cinema porque foi uma das primeiras manifestações da narrativa de histórias por imagens e que usou a luz e a sombra. Converse com os alunos sobre as relações deles com a linguagem do cinema. Sugerimos a pauta: • Que impacto as mídias com vídeo e som têm em sua vida? Ao ouvir a palavra audiovisual, o que vem à sua mente?

PHOTOLOGY1971/SHUTTERSTOCK.COM

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

GRANGER, NYC. / ALAMY / FOTOARENA

BNCC

Em um segundo, 24 quadros que transformaram o mundo

Cinematógrafo dos irmãos Lumière, o precursor das filmadoras e dos projetores.

KATOOSHA/SHUTTERSTOCK.COM

tema 2

• História do cinema • Fisiologia do olho

Boneco em apresentação de teatro de sombras, Yinchuan, China, 2011.

Rolo de filme de cinema, com sua divisão em fotogramas e as perfurações laterais.

Depois surgiriam outras filmadoras e projetores e se estabeleceria no cinema o padrão de exibição de 24 fotogramas por segundo, para provocar uma sensação bem realista de movimento e continuidade. 92

D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 92 • Pensem em um mundo sem

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fotografias e filmes: o que vocês imaginam? Como as pessoas se comunicavam, contavam histórias ou registravam acontecimentos? • O que vocês consideram que mudou no mundo depois do cinema?

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Crie em parceria com o professor de Ciências um projeto sobre como funciona nosso olho ao ver imagens em movimento. Nas trocas entre disciplinas, podem-se ainda estabelecer relações entre Química e Arte no estudo da fotografia. Em Língua Portuguesa, textos podem ser interpretados e questões trazidas para o Diário de artista.

mundo conectado

Memória e retina É comum dizer que cinema é uma arte de base matemática. Essa é uma afirmação de certo modo correta, mas o cinema não seria possível sem outro campo de estudo, o da fisiologia. AMPLIANDO

EDITORIA DE ARTE

Fisiologia é a parte da biologia que estuda as funções orgânicas e o funcionamento dos seres vivos. O disco de Newton é um disco dividido em oito partes, cada qual com uma cor do arco-íris. Seu nome vem do cientista inglês Isaac Newton, que descobriu que a luz branca do Sol se decompõe nas cores do espectro da luz visível ao olho humano.

eixo óptico

lente convergente

retina

Representação de um olho humano em vista lateral. A retina, a membrana interna do olho, é responsável pela formação das imagens.

A observação do funcionamento do olho humano é antiga. O estudioso grego Cláudio Ptolomeu (90-168) observou que, ao tingir parte de um disco de vermelho e girá-lo rapidamente, o disco todo se apresentava vermelho. Essa experiência mostrou que o olho humano guarda na retina a impressão da imagem. Com base nesse saber, séculos depois Isaac Newton (1643-1727) fez experimentos com cores e discos em movimento. 1. Você já fez essa experiência na escola? Que tal pesquisar e realizar a experiência do disco de Newton? Resposta pessoal.

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+ IDEIAS Proponha ao professor de Ciências um trabalho de interdisciplinaridade, reforçando o princípio da câmara escura, que inverte a imagem como faz o olho humano. Estude também sobre a persistência retiniana.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Combine com a turma para que façam uma pesquisa sobre os inventos: taumatrópio, zootrópio, estroboscópio, fenacistoscópio, cinetoscópio e o cinematógrafo. Os alunos podem escolher um invento

para focar em seus estudos e fazer registros nos Diários de arte. Depois, em sala de aula, os dados levantados na pesquisa podem ser socializados. 11/7/18 11:09 AM

CONEXÕES • MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas & pós-cinemas. 6. ed. Campinas: Papirus, 2011.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Foram muitas as contribuições científicas para a história da fotografia, como a de Isaac Newton (1643-1727). Foi ele que observou como o olho humano capta imagens que se misturam na retina. É a teoria da persistência retiniana, ou seja, a capacidade da retina do olho de reter a imagem de um objeto por cerca de 1/20 a 1/5 segundos após seu desaparecimento do campo de visão, ou seja, a imagem permanece na retina por apenas alguns segundos, e o olho, então, associa uma imagem à outra e, em certa velocidade, vemos uma imagem em movimento. Outra contribuição foi a de Peter Mark Roget (1779-1869) que, em 1826, com base nos estudos de Newton, divulgou seus conhecimentos sobre o funcionamento do olho humano. Anos depois, Joseph Antoine Plateau (1801-1883), um físico belga, fez mais experimentos, criando mecanismos para medir o tempo da persistência retiniana. Com base nessas pesquisas, foram inventadas várias engenhocas, que eram aparelhos de reprodução de imagens em movimento, como o taumatrópio, zootrópio, estroboscópio, fenacistoscópio, cinetoscópio e o cinematógrafo, este último aprimorado e explorado pelos Irmãos Lumière (Auguste Marie Louis Nicolas Lumière, 1862-1954, e Louis Jean Lumière, 1864-1948).

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CONCEITOS EM FOCO • História do cinema • Taumatrópio • Gêneros e estilos

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Taumatrópio Apresentado em 1827 pelo físico britânico John Ayrton Paris (1785-1856) e atribuído a ele, o taumatrópio é um tipo de brinquedo que consiste em um círculo (ou dois colados) com dois furos em pontos opostos na borda, para que se possa amarrar um barbante em cada furo ou passar elásticos por eles. Em cada lado do círculo há um desenho diferente, e os dois parecem um só quando se gira o círculo em velocidade pelos barbantes. Veja a imagem a seguir.

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR33) • (EF69AR35)

2 VASILYEV MAXIM/SHUTTERSTOCK.COM

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Inicie conversando sobre esse invento dos primórdios da história do cinema. Apresente a forma de fazer o taumatrópio. É importante combinar com os alunos o material a ser providenciado com antecedência. Na década de 1820, John Ayrton Paris inventou o taumatrópio, termo formado por duas palavras gregas: thaûma (maravilha) e tropos (girar ou transformar). Proponha que os alunos inventem vários desenhos e possibilidades de combinações. Vamos resgatar a imagem do filme O homem do futuro (2011) para ampliar o estudo sobre os gêneros de filmes. Converse com os alunos sobre o cinema brasileiro atual. Comente que O homem do futuro pertence ao gênero ficção científica e que há muitos outros gêneros, entre eles comédia, drama, terror, suspense, documentário etc. Sugestões e perguntas: • A que gênero de filme vocês costumam assistir? Por quê? • Vocês costumam assistir a filmes brasileiros? O que vocês acham dessas produções? Quais são seus pontos positivos e pontos de fragilidade?

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Ao girar pelos barbantes o círculo com flores de um lado (1) e um vaso invertido do outro (2), tem-se a ilusão de óptica de que as flores estão dentro do vaso (3).

Veja como fazer o seu taumatrópio: • Recorte um círculo (ou dois círculos iguais) em papel resistente, como cartolina ou cartão. • Faça dois desenhos que se encaixem, um de cada lado do círculo (ou um em cada círculo). Um dos desenhos deve ficar de cabeça para baixo em relação ao outro. (Se você fez os desenhos em dois círculos, cole-os antes de prosseguir.) • Faça dois furos em pontos opostos da borda do círculo. • Amarre dois pedaços de barbante nos furos ou passe um elástico cortado por cada furo. • Movimente-os e divirta-se! 94

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MAIS DE PERTO

Gêneros e estilos O cinema no século XX alcançou enorme influência na vida das pessoas, inclusive na dos brasileiros. Ação, suspense, comédia, ficção científica, romance, drama, documentários e outros são gêneros cinematográficos produzidos no Brasil e surgem em meio a um novo cenário, graças ao crescimento da indústria cinematográfica no país. O filme O homem do futuro (2011), por exemplo, com direção de Cláudio Torres (1962-), faz parte da série de filmes nacionais da chamada nova fase do cinema brasileiro. Ele pertence ao gênero ficção científica, que se enquadra na arte de contar histórias tanto por meio de livros quanto de filmes, novelas, desenhos de animação, histórias em quadrinhos e outras linguagens. Essas histórias podem basear-se em fatos ou ser situações que só existem na imaginação. Algumas possibilidades imaginadas pelos autores de ficção científica no passado tornaram-se realidade, como a viagem à Lua, a conversa por meio do telefone sem fio, entre outras. Será que no futuro poderemos também viajar no tempo, como o personagem João/Zero, vivido pelo ator Wagner Moura (1976-) no filme O homem do futuro? Talvez nem tudo que vemos no cinema possa ser realizado, mas é aí que reside a magia dessa linguagem Detalhe de cena do filme O homem artística, principalmente do gênero ficção científica, que do futuro (2011), com Wagner Moura, dirigido por Cláudio Torres. permite a invenção de mundos imaginários.

FOTOS: O HOMEM DO FUTURO. FILME DE CLÁUDIO TORRES. PARAMOUNT PICTURES. BRASIL, 2011/RICARDO PICCHI

PALAVRA DO ARTISTA

Wagner Moura (1976-) Eu faço os três [personagens], né? Na verdade é um cara só. […] Tem ele jovem, que é este cara aqui, na festa a fantasia, em que ele está vestido de príncipe, […] ele no futuro, que é um cientista, o cara que inventou a máquina, […] criou um microburaco negro e viajou no tempo. Voltou nesse dia, nessa festa. E o terceiro é um cara de um futuro alternativo, dessas coisas que a gente pensa na vida da gente, “o que seria da minha vida se eu não tivesse feito jornalismo ou cinema, ou se naquele dia aquele carro não tivesse passado”. Trecho de entrevista de Wagner Moura, em 2011, para o canal Omeletevê, no set de filmagem de O homem do futuro. Disponível em: <https://youtu.be/95TUjeM34D4>. Acesso em: 17 set. 2018.

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CONEXÕES

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Arlindo. O sujeito na tela. Modos de enunciação no cinema e no ciberespaço. São Paulo: Paulus, 2007.

• MACHADO,

• MACHADO, Arlindo. Pré-cinemas e pós-cinemas. Campinas: Papirus, 1997.

• Enquadramento:

planos e ângulos. Disponível em: <http://livro.pro/a5x4ux>. Acesso em: 1o nov. 2018. • STIVALETTI, Thiago. Wagner Moura: o homem do futuro… do cinema brasileiro. Revista de Cinema. Disponível em: <http://livro.pro/64c977>. Acesso em: 1o nov. 2018.

11/7/18 11:09 AM • Viagem à Lua (Le Voya-

ge Dans la Lune), de Georges Méliès. Filme francês de 1902 com base em dois romances de seu tempo: Da Terra à Lua, de Júlio Verne, e Os primeiros homens na Lua, de H.G. Wells. Disponível em: <http://livro.pro/9kzbop>. Acesso em: 1o nov. 2018.

+IDEIAS Proponha que os alunos conversem sobre personagens de filmes, sobre adaptações de conhecimentos científicos e outros temas que chamem a atenção deles. Escolha uma crítica de jornal sobre o lançamento recente de um filme brasileiro apropriado à faixa etária de sua turma. Leia o texto para os alunos e peça que façam comentários (orais ou escritos) sobre o texto. Sugira que assistam ao filme, se possível, e tragam sua opinião sobre ele. Nessa conversa, podem também emitir opiniões sobre a crítica lida, dizendo se concordam ou não com a análise. Se houver condições, promova expedições culturais ao cinema. Converse com os alunos sobre a entrevista dada pelo ator baiano Wagner Moura. Pergunte o que pensam sobre dirigir cenas de filmagem ou atuar como protagonista em um filme. Explore se sabem como se faz um filme, como podemos criar nessa linguagem, quais são os profissionais envolvidos e os papéis que desempenham. Converse com os alunos sobre as muitas etapas na produção. REGISTROS E AVALIAÇÃO Você pode propor aos alunos um trabalho com jogos para que investiguem e experienciem a interpretação de personagens que eles conhecem de filmes. Um grupo pode encenar e outro filmar. Pergunte quem quer cuidar do figurino, maquiagem, cenário, iluminação, sonoplastia e edição das imagens. Uma roda de conversa ao final do exercício pode ser feita para avaliar o processo. Converse sobre a pesquisa, o estudo e a participação nos jogos teatrais que atores, mesmo de cinemas, participam. Converse sobre o jogo de improvisação teatral e suas possibilidades expressivas na linguagem do teatro e do cinema.

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CONCEITOS EM FOCO • A visão em zoom • Decupagem • Ângulos e enquadramentos

A visão em zoom Observe as imagens a seguir.

no cinema

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas

ILUSTRAÇÕES: HÉCTOR GOMEZ

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Converse com os alunos sobre a história do cinema. No início, os filmes eram mudos, não tinham som. As imagens eram mostradas em cenas abertas, deixando a narrativa confusa. Assim, para ajudar o público a compreender melhor a história que estava sendo contada, apareciam imagens com quadros escritos. Que tal fazer um cinema mudo com os alunos? Converse com eles e planeje bem as ações. Os alunos irão criar, mas você desempenhará o papel de gerenciador do projeto, mediando saberes e até conflitos de grupos, já que essa linguagem tem como característica a criação em equipe, embora seja possível fazer filmagens individuais.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Dê exemplos de decupagem. Fale sobre os diferentes planos, ângulos, cortes, movimentos da câmera que amadureceram após o surgimento dessa técnica e como, a partir dela, podemos explorar conteúdos, ações dos personagens, objetos de cena, diálogos, sonoridades e outros elementos.

Exemplo de apresentação de um letreiro explicativo entre quadros de um filme mudo.

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+IDEIAS Na proposta do cinema mudo, sugira vários experimentos (cenas e temas), enquadramentos, focos em visão em zoom. Após essas experimentações, proponha aos grupos que escolham como querem criar suas produções. Criar festivais com gêneros e temas é uma ideia bem interessante, assim como organizar mostras em festivais do minuto. Será preciso ser mediador dos processos de trabalhos em grupo, como a criação de roteiros e outros aspectos necessários à produção cinematográfica em sua escola. Um cinema não é nada sem o público. Dessa forma, a organização da mostra será fundamental. Você e os alunos poderão organizar um período para a exibição de todos os filmes produzidos por eles.

AMPLIANDO Decupagem é o detalhamento por escrito de como deve ser feita a filmagem de um roteiro cinematográfico, informando o planejamento de câmera cena por cena, criando um roteiro técnico ou roteiro decupado. Do ponto de vista do crítico de cinema e do espectador, decupagem é a percepção e a compreensão que eles têm dessa composição técnica de um filme, quanto aos ângulos, planos e enquadramentos.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Um portfólio eletrônico com cenas ou os filmes pode ser criado. Uma mostra virtual de cinema pode ser interessante para convidar os familiares para assistirem. Proponha que os alunos façam uma avaliação do processo de criação e estudo da história do cinema neste momento. UNIVERSAL PICTURES /GETTY IMAGES

Nos primórdios da história do cinema, o filme não tinha som, ou seja, era mudo. As imagens eram mostradas em cenas abertas, o que deixava a narrativa confusa. Assim, para ajudar o público a compreender melhor a história que era contada, apareciam imagens com quadros escritos (situação reproduzida nas imagens anteriores) ou havia uma pessoa que parava a cena e explicava partes do filme, contando o que aconteceria nas próximas cenas. Era o explicador, um funcionário do cinema. Já pensou como devia ser estranho alguém aparecer para explicar o que aconteceu ou o que viria a seguir na cena do filme? Seguindo a história do cinema, uma importante criação foi a decupagem (termo de origem francesa que significa recorte), a qual proporcionou maior domínio das filmagens. Com esse conceito, o roteiro cinematográfico (o enredo, indicações de cena, o desenrolar da ação e as falas dos personagens) passou a ser complementado por um guia técnico: as cenas previstas foram numeradas e ganharam descrições de plano, ângulo, enquadramento e movimentos da câmera. Sob esse novo olhar, tornou-se possível explorar com mais precisão o conteúdo do roteiro do filme, as ações dos personagens, os objetos de cena e a indicação de trilha sonora, entre outros elementos. O roteiro decupado ajuda a compor o storyboard, que é uma visão artística de cenas principais de um filme, realizada em quadrinhos desenhados, reproduzindo a visão estabelecida pelo roteiro e pela decupagem. Desse modo, o diretor pode visualizar como serão determinadas cenas antes de rodar o filme. A decupagem inaugurou uma cultura visual de zoom, close e outras escolhas de ângulos e enquadramentos. Assim, hoje, conforme a orientação dada a um filme, podemos ver muitos detalhes nas cenas e, como cada vez mais queremos mais emoções, a indústria do cinema nos oferece mais tecnologias inovadoras a cada dia. Mais tarde, esse tipo de procedimento técnico saiu do cinema para a sociedade e tornou-se conceitual e poético.

Plano fechado (close) no ator Christopher Lloyd, que interpreta um cientista que cria um carro capaz de viajar no tempo, em De volta para o futuro (1985).

CONEXÕES • Os segredos da decupagem no cinema. Disponível em: <http://livro.pro/uyk4sh>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO Cinema Ângulos Enquadramentos Posição da câmera: deslocamentos, em panorâmica e fluxos simultâneos • • • •

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Na linguagem do cinema, há a interação com várias outras linguagens artísticas. Proponha que os alunos escolham em que linguagem gostam mais de se expressar. Sugerimos a montagem de equipes: • Artes visuais: planejamento das cenas, criação de desenhos para planejar as sequências de imagens. Filmagem, edição das imagens, criação do cartaz do filme, figurinos, cenários e outros. • Teatro: quem serão os atores, como irão desenvolver os personagens na expressão corporal (gesto e voz). • Dança: o filme poderá ter coreografia, isto dependerá da proposta. • Música: a trilha sonora e os efeitos especiais são partes importantes do filme, quem poderá trabalhar nesse aspecto da produção? • A literatura também está presente. Muitas vezes um filme pode ser adaptado de um romance ou conto literário. De qualquer forma, será preciso pesquisar e escolher um texto, que deverá ser adaptado para ser encenado ou que já tenha o formato de dramaturgia, neste caso, cinedramaturgia. O diretor do filme é uma figura importante, mas, como

arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

Fazendo um filme

BURT GLINN / MAGNUM/MAGNUM PHOTOS/LATINSTOCK

Vamos criar na linguagem do cinema? A proposta é utilizar a câmera para investigar as possibilidades dos elementos da linguagem cinematográfica (cores, formas, planos, luminosidade e outros). Observe como você e seus colegas podem criar. Converse com eles e seus professores sobre o cinema ser, por natureza, uma arte que mistura muitas linguagens e que se faz com muitas mãos e mentes. Lembre-se de que, para a produção de um filme cinematográfico, são de fundamental importância, entre outros procedimentos, a escolha do tema, a criação do roteiro e a escolha do gênero. Observe a imagem ao lado. Agora é a sua vez! A atriz Elizabeth Taylor fotografada durante as filmagens de De repente, no último verão, em junho de 1959.

Processo de criação Faça várias experimentações. Lembre-se de que dominar uma linguagem exige experiência. Dessa forma, faça pesquisas com base nas considerações a seguir, a respeito da linguagem do cinema.

Ângulos Correspondem às inclinações da câmera. Podemos fazer ângulos com sensação de mergulho, visão vertical, do alto para baixo (plongée – pronuncia-se plongê) ou de baixo para cima (contra-plongée), enquadramento de imagens em vários planos, como a experiência da fotógrafa Rita Demarchi que vimos anteriormente. São muitas as possibilidades de escolha de ângulos cinematográficos.

VEJA ARTE

Assista ao vídeo que explica o que é um storyboard, qual é a sua função no cinema e como fazê-lo. Disponível em: <http://livro.pro/npzexd>. Acesso em: 9 out. 2018.

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o cinema é uma obra coletiva, os trabalhos devem ser sempre colaborativos. Nas filmagens, os alunos precisam se ater às técnicas do cinema, como os ângulos, enquadramentos e posição da câmera (deslocamentos, em panorâmica e fluxos simultâneos). D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 98

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+IDEIAS Proponha que os alunos realizem uma análise fílmica para compreender melhor os aspectos dessa linguagem. Você pode também projetar um filme e depois fazer uma análise. Na análise fílmica, os alunos podem observar vários pontos, sugerimos os relacionados a seguir: • Comece com a descrição de aspectos formais das imagens: planos, enquadramento, composição, ângulos, luz, cor e outros. • Depois, inicie uma análise mais detalhada sobre gêneros (comédia, drama, terror etc.) e como o tema foi trabalhado no tocante a efeitos visuais, sonoros e outros. • Sobre a interpretação, os alunos podem analisar assuntos, personagens e como são tratados no filme. • É possível também observar o roteiro, se a obra foi adaptada de algum texto ou outro filme, além de outros aspectos próprios da linguagem cinematográfica. Oriente os alunos a assistir ao filme e depois conversar sobre a obra com os colegas para escrever sua análise. Você pode trazer para a aula análises feitas por críticas de arte publicadas em jornais e revistas como exemplos.

Posições da câmera Alguns exemplos dos muitos planos de cinema são enquadramentos de plano aberto, em zoom (com aproximação), do alto para o solo, de aproximação e afastamento da câmera no próprio eixo em relação ao objeto da filmagem, de vários detalhes captados bem de perto (um close, como os de boca, orelha, olho, nariz, pé). Trabalhe os movimentos de câmera que levam o olhar a várias direções ou chamam a atenção para um foco específico. A filmagem pode acontecer de uma posição fixa, constante, ou a câmera pode deslocar-se para seguir uma ação dramática ou para apresentar outros pontos de vista, mantendo ou modificando o plano da cena. No cinema, podemos ter três formas básicas de movimento com a câmera: • deslocamentos: horizontal, vertical ou circular, sugerindo intensidade na ação; • em panorâmica: quando a câmera se move em seu próprio eixo, semelhante a uma pessoa que mexe a cabeça de um lado para o outro ou de cima para baixo, alterando o ângulo de visão;

VEJA ARTE

Assista a um dos episódios sobre produção de cinema que explica com imagens quais são os principais planos de câmera usados em filmagens de cinema e vídeo. Disponível em: <https:// www.youtube.com/ watch?v=7T4R1TF_q-Y>. Acesso em: 21 set. 2018.

KONRADBAK/FOTOSEARCH/LATINSTOCK

• com o deslocamento do eixo (panorâmico) em fluxos simultâneos.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Propomos que uma roda de conversa seja proposta para questionar os alunos sobre suas experiências ao criar na linguagem do cinema. Faça registros sobre as falas dos alunos em seu Diário de arte.

Câmera filma em plano fechado ou primeiro plano uma mulher tomando café no estúdio.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS O cinema nasceu do fascínio de capturar, movimentar e projetar imagens. A palavra “cinema”, em grego (κίνημα), significa “movimento”. Por causa dessa obsessão por imagens em movimento, muitas engenhocas foram criadas ao

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longo da história. Experimentos foram feitos para investigar como podíamos colocar imagens desenhadas ou fotografadas em movimento e assim contar histórias. Desde as primeiras projeções de sombras chinesas, por volta de 5000 a.C., até as primeiras cenas capturadas

por aparelhos, a obsessão por imagens em movimento sempre foi muito grande. Durante o período chamado Modernismo, assistimos à entrada em cena da indústria fonográfica, da cinematográfica e, logo a seguir, na segunda metade do século XX, da televisão. 7/5/19 11:13

CONEXÕES • VANOYE, Francis; GOLIOT-LÉTÉ, Anne. Ensaio sobre a análise fílmica. Trad. Marina Appenzeller. São Paulo: Papirus, 1994.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Cinema Ângulos Enquadramentos Curta-metragem Cenas

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Na continuidade da seção Arte em projetos, converse com os alunos como eles vêm resolvendo os problemas sobre o que foi visto antes, por exemplo: • Ângulos • Enquadramentos • Posição da câmera: deslocamentos, em panorâmica e fluxos simultâneos. Como eles resolveram as questões do trabalho: atores e atrizes, figurinos, cenários (onde acontecem as tomadas de cena, o set de filmagem), sonoplastia, iluminação, trabalho de direção do filme, textos e roteiros, entre outros detalhes. Converse também sobre o termo “curta-metragem”, palavra de origem francesa que designa os filmes de curta metragem. Como podem criar esse gênero de filme, ou seja, no formato de poucos minutos? Leve essa problematização para os alunos e proponha que criem ensaios para ver o que cabe dentro do tempo de filmagem.

Cenas Podem conter apenas imagens ou também diálogos entre personagens. Para a criação de roteiro, em geral são escolhidos textos da literatura (em prosa ou poema), compondo os chamados roteiros adaptados; histórias reais, ou, ainda, histórias inventadas − os chamados roteiros originais. Explore a ideia dos três princípios da atuação utilizada no teatro, que podemos também explorar em cenas de filmes de cinema: quem é o personagem? O que ele está fazendo? Onde ele está?

Curta-metragem O filme de curta metragem (ou curta-metragem ou simplesmente curta) é um formato de filme ou de cinema de animação de duração imprecisa, mas de todo modo mais breve do que os filmes comerciais, cuja projeção dura, em geral, mais de uma hora. A legislação brasileira considera que um curta deve ter a duração máxima de 15 minutos, mas as normas são diferentes em outros países. Nos Estados Unidos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas (a mesma que concede o prêmio Oscar todos os anos) define curta-metragem como o filme ou desenho animado que dure até 40 minutos. Na França, a norma de duração do curta é de menos de 59 minutos; na Espanha, de no mínimo 5 minutos e no máximo 30 minutos, como também na Alemanha. O termo “curta-metragem” vem do francês court-métrage, que era, no princípio do século XX, uma referência direta ao comprimento em metros da própria película cinematográfica. Passou a ser usado nos Estados Unidos na década de 1910, quando os filmes já ultrapassavam 10 minutos de duração e se achou necessário diferenciar os mais curtos dos mais longos. Atualmente, esse formato é mais adotado mundialmente na produção de filmes independentes, documentários, filmes de animação, experimentais e de ficção.

ALEKSANDRS MUIZNIEKS/ SHUTTERSTOCK.COM

Garoto filma com o celular na posição correta, o modo paisagem, o que resulta em imagens na horizontal. Nesse modo são gravados filmes e vídeos em geral, amadores ou profissionais.

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+IDEIAS Organize um festival de cinema na sua escola. Os alunos podem escolher o tema e o gênero. A criação pode acontecer em grupos, em que cada um tenha um papel na produção do filme. Combine com os alunos o melhor formato em relação ao tempo do filme. Ele D2-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 100

pode ser de um minuto, como ocorre em vários festivais nesse formato. Agendem também o dia das apresentações. É importante cuidar de toda a logística do evento, como providenciar materiais de projeção e sons. Será importante estabelecer os critérios de participação e divulgá-los aos alunos.

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Na seção Misturando tudo, proponha que os alunos dialoguem e reflitam sobre o que aprenderam ao estudar este capítulo, que também finaliza a Unidade. Estudamos aqui duas linguagens: a fotografia e o cinema. Essa seção propõe uma reflexão sobre as misturas de linguagens e como a arte, que está em todos os lugares, pode nutrir o repertório cultural dos alunos dentro e fora da escola. Ao final de um percurso, podemos refletir sobre o que foi aproveitado e o que podemos buscar e criar no futuro.

Como os limites de tempo não são tão rígidos nas normas escritas, a duração dos curtas-metragens é bem variada, a ponto de existirem festivais de cinema que propõem o desafio de produzir filmes de somente um minuto. Que tal criar um festival assim na sua escola? Organize o ambiente, estoure pipocas e aprecie a produção de todos os colegas! + PERTO DE VOCÊ

Que tipos de foto, filme e vídeo já foram criados em sua cidade? Você conseguiria descobrir quando foram feitos os primeiros? Converse com os moradores mais antigos e peça que lhe mostrem fotos e vídeos de longa data. D i á r i o d e a rt e Vamos continuar o seu Diário de arte? Ao registrar seu percurso, você poderá colocar imagens que lhe chamaram a atenção, bem como fazer anotações, inserir imagens do processo de produção e algumas que você tenha criado. Informações sobre artistas e obras que você achou interessantes também enriquecem o diário. Lembre-se de registrar os desafios e as ideias para novos projetos de arte! Um diário é como um companheiro nessas aventuras no mundo da arte. Traga o seu sempre perto de você!

REGISTROS E AVALIAÇÃO Estamos encerrando mais um capítulo e unidade e fazemos uma revisão sobre tudo o que foi visto. O que os alunos aprenderam sobre fotografia e cinema? Proponha que façam registros sobre o que sabiam antes dos nossos estudos e o que sabem agora. Avalie como os alunos se apropriam de novos termos e conceitos. Essa avaliação pode ser feita por meio de debates, produção de textos escritos ou desenhos feitos nos Diários de arte. Retome o glossário de palavras iniciado na primeira página desta Unidade e traga para ver como os alunos ampliaram seu repertório sobre o universo da arte. Que palavra ainda falta pesquisar, quais consideram mais interessante conhecer? Quais já conheciam?

MISTURANDO TUDO Neste capítulo, estudamos mais um pouco sobre a história e a criação de duas linguagens: a fotografia e o cinema. 1. Faça mais pesquisas sobre a história da fotografia e do cinema brasileiro. Há uma produção grande e diversificada, sempre crescente, em nosso país. Existem outros modos de fazer uma câmara escura. Pesquise e construa suas máquinas fotográficas. 2. O que você descobriu no universo da arte ao estudar esta unidade? Como você se relaciona com o universo das imagens? 3. Você tem o hábito de pesquisar imagens em revistas, livros, internet? Quais são os temas que mais lhe chamam a atenção? 4. Você fotografa? Faz filmagens? Sobre o quê? 5. Como foi seu processo de criação de imagens fotográficas e filmes? Quais são as diferenças entre fazer uma fotografia e um filme? 6. Quais são os desafios ao criar individualmente? E em grupo? 7. Depois de estudar, conhecer, apreciar e criar, seu olhar sobre as imagens permanece o mesmo? O que mudou em seu modo de ver imagens? 8. Que tal continuar a criar imagens e filmes com base no que você aprendeu nesta unidade?

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CONCEITOS EM FOCO • História da fotografia

arte pelo tempo

Fotografia: registros marcantes de arte e história

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais (EF69AR05) (EF69AR06) (EF69AR07) (EF69AR08)

O francês Joseph Nicéphore Niépce fez em 1826 a primeira fotografia permanente, de seu quintal, depois de expor ao sol por 8 horas uma placa de estanho coberta de betume branco, criando a heliografia.

As primeiras fotografias aéreas, tiradas em 1858 pelo francês Nadar de um balão amarrado em Bièvres, a sudoeste de Paris (França), foram perdidas. A mais antiga que conhecemos é essa, tirada por James Wallace Black, em 1860, de um balão sobre Boston (EUA).

Usando um disparador elétrico, o fotógrafo inglês Eadweard Muybridge desenvolveu um sistema para captar imagens sequenciais com várias câmeras, como essas de um cavalo galopando, feitas em 1877.

IP ARCHIVE/GLOW IMAGES

PARA AMPLIAR CONCEITOS A paixão pelas máquinas sempre acompanhou os seres humanos e, desde a invenção da roda, muita coisa foi criada. Depois da Revolução Industrial, no século XVIII, algumas conquistas no campo da industrialização de materiais abriram caminho para novas tecnologias. De lá para cá, surgiram diversos inventos, máquinas e verdadeiras engenhocas que, aperfeiçoados com o tempo, resultaram em muitos dos objetos que conhecemos hoje. As pesquisas e os experimentos que moveram o mundo das invenções, como as feitas por Joseph Nicéphore Niépce, Louis Daguerre e outros, marcaram a história da produção de imagens. Assim, com o tempo, chegou-se à produção de uma caixa escura que captava imagens (câmara escura). Era a base necessária para o posterior desenvolvimento das primeiras câmeras fotográficas, que evo-

Capa de The Pencil of Nature (O lápis da natureza), primeiro livro com fotografias, do inglês William Henry Fox Talbot, publicado em 1844.

ALBUM / AKG-IMAGES / ALBUM / FOTOARENA

A linha do tempo surge como mais um instrumento didático para você conversar com os alunos sobre as transformações na arte, sendo também muito útil para localizá-los na relação tempo-espaço dos acontecimentos. É importante fazer essa ambientação, mostrando as diferenças entre a época estudada e hoje. Nesta Unidade, o tema é a história da fotografia.

Utilizando três fotografias em preto e branco captadas através de três filtros (verde, vermelho e azul), o fotógrafo inglês Thomas Sutton compôs em 1861, com um laço de tecido escocês, a primeira fotografia colorida permanente.

SCIENCE & SOCIETY PICTURE LIBRARY/GETTY IMAGES

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

GREEN AND LONGMANS

HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR04) •

SSPL/GETTY IMAGES

SSPL/GETTY IMAGES

BNCC

Trem registrado pela câmera Mamute, em 1900.

PRÉ-HISTÓRIA

IDADE ANTIGA

(c. 2 milhões a.C.-4000 a.C.)

(c. 4000 a.C.-476 d.C.)

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luiriam para as câmeras digitais supermodernas de hoje. No século XIX e início do XX, as novas técnicas de capturar imagens criaram uma febre por retratos, antigamente feitos por meio de pinturas e de END-ARTE-EF2-V8-U2-C2-076-103.indd 102

outras linguagens tradicionais. As imagens passaram a ser capturadas por uma máquina. A fotografia está presente na era contemporânea e tem muitos usos além do artístico. Desde as máquinas fotográfi-

cas mecânicas até as supercâmeras digitais, muita coisa foi feita e experimentada. As engenhocas ou os aparelhos de projeção de imagens também foram inventados há bastante tempo.

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D2-ARTE


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NATIONAL INSTITUTE OF STANDARDS AND TECHNOLOGY COLLECTIONS

BETTMANN/GETTY IMAGES

O engenheiro Russell Kirsch fez em 1957 a primeira imagem digital com base em fotografia de seu filho de 3 meses.

SPL DC/LATINSTOCK

W. H. LONGLEY AND CHARLES MARTIN/ NATIONAL GEOGRAPHIC CREATIVE

© 2010 MIT. COURTESY OF MIT MUSEUM.

Uma das primeiras fotos subterrâneas, tirada em 1924 em uma caverna do Parque Nacional de Carlsbad, no Novo México (EUA).

Ascensão da Terra foi a primeira fotografia em cores do nosso planeta, feita em 1968 pelos astronautas da Apollo 8 (EUA).

SPL DC/LATINSTOCK

O fotógrafo Charles Martin e o botânico William Longley tiraram em 1926 as primeiras fotografias subaquáticas em cores.

O estadunidense Harold Edgerton criou nos anos 1940 a câmera de rapatronic (rapid action electronic – eletrônica de ação rápida), a qual, aperfeiçoada, tirou essa foto em 1964.

IDADE MÉDIA (476 d.C-1453 d.C.)

Primeira fotografia da Terra tirada do espaço, a 105 km de altitude, por câmera presa a um foguete alemão modificado, lançado de uma base militar no Novo México (EUA) em 1946.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Durante vários momentos da história da arte os artistas criam manifestos escritos para expressar suas ideias. Proponha aos alunos que, em pequenos grupos, escrevam defendendo ideais na arte da fotografia. Por que escolheram um tema e uma maneira de enquadramento e outros aspectos técnicos? Qual é a poética nas imagens que produziram? Resgate com eles a proposta de clube de fotografia e a criação em grupo de modo coletivo e colaborativo. Esse material pode ser usado como um dos critérios e recursos para a verificação da aprendizagem e a avaliação formativa.

NASA/REUTERS/LATINSTOCK

WHITE SANDS MISSILE RANGE/ APPLIED PHYSICS LABORATORY

Orvil Anderson e Albert William Stevens, militares dos EUA, subiram no balão Explorer II a 22 km do solo e tiraram a primeira foto da curvatura da Terra em 1935.

Em Marte, o robô Curiosity, da Agência Nacional de Aeronáutica e Espaço (Nasa, EUA), registrou em 2013 o primeiro autorretrato em outro planeta.

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(1453 d.C.-1789 d.C.)

(1789 d.C. à atualidade)

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+IDEIAS A câmara escura já era conhecida antes do Renascimento. Artistas como Leonardo da Vinci parecem ter usado e aperfeiçoado esse invento de captura de imagens. As paredes da câmara escura eram geralmente pintadas de preto. Em uma delas, um orifício deixava entrar a luz e fazia a projeção de uma imagem. Uma placa pintada de branco era colocada dentro da caixa. Quando os raios luminosos atingiam algum objeto (uma árvore, por exemplo), a luz passava pelo orifício da câmera e projetava a imagem na placa branca dentro da caixa. O que se via era uma imagem real do objeto, porém invertida. Há relatos de que, no lugar da placa branca, os artistas usavam espelhos um pouco inclinados para projetar a imagem em uma superfície plana, o que facilitava a cópia da imagem e sua transformação em desenho.

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CONEXÕES • Breve história da fotografia, por Filipe Salles. Disponível em: <http://livro.pro/twe47k>. Acesso em: 1o nov. 2018. • Museu Eastman (fotografia e cinema). Disponível em: <http://livro.pro/wu96w2>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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U

ID

3

ADE

TR ISH G

ARTES INT EG RA DA S

Reverbera o som de todos os tempos nas batidas do tambor. Tambores de pele, tambores eletrônicos. A ancestralidade dá as mãos ao contemporâneo no pulsar de toda a música. Imagem desenhada, linguagem primitiva, caminha, caminha e ganha nova vida. Movimenta-se, ganha som e voz. Na linguagem audiovisual, desenhos são animados e podem falar a todos nós.

CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

Música

S AI U

ART ES VI S

FILME DE CÉU D´ELLIA. PAULICEIA CANTA, TY-ETÊ! BRASIL, 2013

FLIP BOOK

PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS

RO AT TE

ça Dan RACHEL CANTO/OPÇÃO BRASIL

SINFONIA. ANÉLIO LATINI FILHO. AMAZÔNICA. BRASIL, 1951.

Converse com os alunos sobre as imagens que compõem a abertura da Unidade, quais delas podem reconhecer, o que imaginam em relação àquelas que não conhecem. Esse momento lhe permitirá diagnosticar o repertório dos alunos com relação aos temas propostos para a Unidade. Pergunte: • O que você conhece sobre a música e o cinema de animação? • Observe as imagens e palavras nesta abertura. Por que essas imagens e palavras estão aqui? O que você percebe, lembra, sente? • Já viu alguma dessas imagens antes? Conhece o significado dos termos aqui apresentados? Vamos descobrir o que elas representam e quem as produziu? As imagens e palavras que compõem esta abertura indicam possibilidades de estudos de conceitos. Sugerimos que você oriente os alunos a anotarem em seus Diários de arte os termos: curta-metragem de animação, animação no Brasil, flip book, tambores, dublagem e narração, batucada, heranças culturais,

tecnologia, corpo e voz AN T/G ET TY I

Na abertura desta Unidade, um elemento se destaca: o tempo. Temos a presença de todos os tempos no presente, seja nas batidas, que vão dos tambores à música eletrônica, seja nos desenhos, que continuam a existir em forma estática ao lado das formas animadas e sonorizadas. Assim, na arte, as tradições e inovações, com as tecnologias, acontecem juntas. As conexões que aparecem nesta abertura são apenas algumas das muitas linhas que interligam linguagens e produções artísticas. Inúmeras outras linhas ligam, cruzam, entrelaçam e fazem dos territórios da arte um grande tecido cultural.

N

MA GE S

CONTEXTUALIZAÇÃO

ANIMAÇÃO NO BRASIL TAMBORES

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som e animação, música eletrônica, música e tecnologias. A partir desse registro, oriente os alunos a pesquisar sobre o significado deles no universo da arte. Sugerimos que você apresente uma “pauta para olhar” e converse, apontando questões e problematizações. Sugerimos: D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 104

• Que imagens despertam

sua curiosidade? • Que relações as palavras e imagens podem ter? • Você escolheria outras palavras para acompanhar as imagens, quais? • Que relações vocês têm com as linguagens do cinema de animação e a música?

E sobre as produções artísticas tradicionais, como desenho, pintura, escultura, música, teatro e dança e suas inovações, o que você pensa a respeito? • Que imagens lhe chamam mais a atenção e despertam sua curiosidade? Escreva o que você pensa sobre elas.

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PHOTOS 12 CINEMA/DIOMEDIA

WALT DISNEY PICTURES / ALBUM / ALBUM / FOTOARENA

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE Nesta Unidade, desenvolvemos as seguintes competências específicas do ensino de Arte: 1, 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 e 9 .

DUBLAGEM E NARRAÇÃO

DANIEL GUIMARAES / AFP

SOM E ANIMAÇÃO

CAMILLA WATSON/ GETTY IMAGES

MÚSICA ELETRÔNICA

HERANÇAS CULTURAIS

LEVI BIANCO/BRAZIL PHOTO PRESS/FOLHAPRESS

BRUNO DE HOGUES/GETTY IMAGES

BATUCADA

MÚSICA E TECNOLOGIA

Arte e você em: • Capítulo 1 – Batucadas e batidas • Capítulo 2 – Olho e voz

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NO DIGITAL • Veja o plano de desenvolvimento para a Unidade 3. • Desenvolva o projeto integrador sobre realização de processos investigativos. • Explore as sequências didáticas propostas para o terceiro bimestre. • Acesse a proposta de acompanhamento da aprendizagem.

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SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Lembramos que, para trabalhar com esta Unidade, propomos situações de aprendizagem que são compostas de momentos de nutrição estética, com foco no eixo “ ler”. Para isso, trazemos imagens que mostram cenas de performances na dança e na música, a história do cinema de animação, os registros sobre a arte da dublagem e narrativas, as relações entre imagem e sonoplastia. Elas proporcionam momentos de fruição, reflexão, expressão e estesia. Podemos trabalhar com essas dimensões a partir de imagens de obras de arte bem como com registros de apresentações, especialmente nas seções Venha! e Mais de perto. A ação criadora está proposta nas indicações de registros no Diário de arte e na seção Arte em Projetos. As proposições de pesquisas são trazidas nas seções de exercícios. Já a construção de reflexões e análises críticas é proposta no eixo contextualização por meio de estudos das linguagens artísticas. Lembramos que o professor é autor do seu trabalho pedagógico. Nesse sentido, a proposta é oferecer caminhos metodológicos organizados, mas com abertura para a autonomia e autoria do professor diante de sua formação e intenção pedagógica. Lembramos da importância do planejamento prévio. E chamamos a atenção para os registros, feitos tanto pelos alunos quanto pelo professor. Sugerimos que a avaliação, diagnóstica, formativa, processual, sempre seja feita em parceria com os alunos na autoavaliação.

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CONCEITOS EM FOCO

CA

• Tambores • Instrumento de percussão

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR19) • (EF69AR17) • (EF69AR20) • (EF69AR18) • (EF69AR21)

ULO

Batucadas e batidas

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS O capítulo de abertura procura fazer um passeio histórico artístico como meio de ampliar as formas de pensar, sentir e criar na linguagem musical. O tema sobre o qual os diferentes conteúdos gravitam é o som da batida. A partir dele, temos uma linha construída com foco nos tambores, considerando seus diversos contextos, momentos históricos e características do instrumento. Outra linha é construída sobre a temática da música eletrônica. Até na consolidação da música eletrônica dançante e suas batidas, temos um caminho que se inicia na música concreta e suas experimentações artísticas. Para começar com uma abordagem diferente, você pode realizar uma curadoria artística com músicas que destaquem as batidas em diferentes gêneros. As escolhas podem ser feitas a partir das músicas do CD que acompanha este livro ou outras de seu repertório pessoal. Sugerimos momentos de escuta sensível e atenta, depois uma conversa a partir da pauta: • O que essas músicas têm em comum? Como é o som das batidas em cada uma delas? Quais instrumentos musicais são usados? A partir das hipóteses trazidas pelos alunos, converse sobre a música de percussão e a presença do tambor nesse naipe de instrumentos.

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PÍT

Trajetórias para a arte • O toque do tambor • Tema 1 – Ritmo marcado • Arte em Projetos – Música • Tema 2 – É abstrata, é concreta, é música • Arte em Projetos – Música

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A partir da apreciação da imagem, questione os alunos se o tamanho e a materialidade do tambor influenciam em seu som. Por que isso acontece? Cada tipo de tambor possui uma tessitura, um timbre e uma intensidade diferente. Os tambores maiores produzem sons mais graves em comparaD2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 106

ção aos menores, que produzem sons mais agudos. Converse sobre a importância cultural do tambor, um instrumento de percussão usado em todas as culturas e épocas. Eles podem ter diferentes formatos como: forma cilíndrica, cônica, mais largo no centro e menor nas extremidades etc.

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ANTON J. GEISSER/AGE FOTOSTOCK/EASYPIX BRASIL

+IDEIAS Proponha um momento de escuta sensível e atenta da Música breve para tambores ou baldes (faixa 14 do CD do 8o ano). Essa escuta é introdutória, uma vez que vamos indicar o mesmo exercício de escuta em vários momentos neste capítulo. Após a escuta, sugerimos a pauta para conversar com os alunos: • O que vocês imaginam ao ouvir a música? Quais as sensações? • E possível sentir e interpretar o ritmo batendo palmas ou o pé no chão? • O que vocês sabem a respeito de instrumentos de percussão? Converse com os alunos que há grupos de músicos que criam e interpretam músicas tendo como principal instrumento o tambor. Há grupos que exploram as sonoridades de vários instrumentos de percussão. E também que podemos criar sonoridades de percussão usando variados instrumentos (de percussão), materialidades e objetos. REGISTROS E AVALIAÇÃO Aproveite este momento para fazer uma avaliação diagnóstica para saber o que os alunos já estudaram na escola ou se tiveram contato com instrumentos de percussão. CONEXÕES • Projeto Guri. Disponível em: <http://livro.pro/o3jgyz>. Acesso em: 1o nov. 2018. • JACOB, Mingo. Método básico de percussão: universo rítmico. São Paulo: Irmãos Vitale, 2003.

Tambores africanos, batuques e batidas que influenciam o mundo.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • • •

Música de percussão Tambores Música eletrônica Grupo musical DJ Arte e tecnologia

venha TOCAR!

FAIXA 13

Observe a imagem a seguir. ANA PAULA COSTA

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Aqui trazemos uma imagem dos Meninos do Morumbi em diálogo com um trecho de Traje de princesa, música interpretada pela cantora Alcione. São dois signos que se encontram na música e na alegria. Leia o texto com os alunos e pergunte: O que vocês fazem para espantar a tristeza? Há alguma música que os deixa alegres? Quais músicas e estilos vocês gostam de ouvir quando estão alegres? Na seção Venha compor!, trazemos uma provocação: por que temos a imagem de um DJ destacada em um convite à composição? Até a década de 1990, a maior parte dos DJs era responsável por fazer a seleção musical e criar performances ao vivo com seus equipamentos, como o famoso scratch, no qual o DJ cria sons distintos mexendo no disco com os dedos. Entretanto, o trabalho deles como compositores cresceu sobremaneira a partir do final dos anos 1990, assim como os recursos tecnológicos para a produção de música eletrônica. Quais são os segredos de seu som eletrônico?

Meninos do Morumbi, projeto social de inclusão por meio da música que envolve crianças e jovens de bairros paulistanos como Paraisópolis, Campo Limpo e parte dos municípios de Embu das Artes e Taboão da Serra (SP). Apresentação no Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP), em 2009.

Os sons dos meninos e das meninas do Morumbi. Entoam o canto, batem tambores e a voz e o som de quem canta deseja ser feliz. Poesia e música, de bem com a vida segue essa moçada, em ritmo de batucada.

CLIQUE ARTE

Meninos do Morumbi. Página oficial do Instituto Meninos do Morumbi, que engloba o grupo artístico de mesmo nome, com toda a sua trajetória e os programas de inclusão social de crianças e jovens por meio da linguagem da música. Disponível em: <http://livro.pro/pqmxbq>. Acesso em: 20 set. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A definição de DJ (abreviatura de disc jockey), hoje, é muito abrangente. Se inicialmente eles comandavam os toca-discos em festas ou em rádios, hoje são criadores e arranjadores muD2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 108

sicais que se apresentam em festivais de música eletrônica para milhares de pessoas. Costumam misturar sons inusitados com músicas já gravadas, modificar músicas ou criar novas composições com suas batidas programadas em computador.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha que os alunos façam registros em seus Diários de arte sobre as hipóteses e descobertas em pesquisas sobre os contextos estudados nas seções Venha! Eles podem pesquisar sobre a formação de grupos de música e a profissão do DJ (abreviatura de disc jockey). Também proponha que conversem sobre o que gostariam de aprender neste capítulo.

venha COMPOR! Observe a imagem a seguir. ETHAN MILLER/GETTY IMAGES

COMENTÁRIO SOBRE A FAIXA 13 DO CD Tambores de mina (Cangoma), autor desconhecido. Melodia interpretada pelo grupo Meninos do Morumbi, que reúne jovens de diversas faixas etárias da comunidade de Paraisópolis, em São Paulo. A música começa por uma espécie de paisagem sonora com canto de pássaros diversos e trovões, podendo-se ouvir o som crescente de xilofones. Nesse ambiente sonoro, surgem, então, as vozes do canto acompanhadas por teclado e contrabaixo. À melodia de Sansa Kroma seguem-se os tambores. A letra da melodia faz menção à libertação dos escravos (“Tava durumindo, cangoma me chamou, disse levanta, povo, cativeiro já acabou.”) e é entoada por um grupo de vozes, sempre com acompanhamento das percussões e, por vezes também, de palmas. Mesmo que possamos escutar o timbre de outros instrumentos ao fundo, os tambores representam a sonoridade mais viva e evidente dessa música.

Apresentação do mineiro Felipe Augusto Ramos (1984-), DJ que desenvolve trabalhos com música eletrônica sob o pseudônimo Ftampa. Show realizado nos Estados Unidos em 2015.

A batida que não vem do tambor, de onde vem? Que máquinas são essas de criar e soar? Esse som marcado, de batidas constantes, como foi elaborado? Ei, DJ, quais são os seus segredos? Queremos desvendar seu som elétrico! Os bits e bytes da sua música, que embalam a dança nas casas, nos palcos e nas ruas.

AMPLIANDO DJ (abreviatura de disc jockey) é, hoje, o profissional que cria músicas eletrônicas ou também toca músicas ao vivo.

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+IDEIAS Apresente a faixa 13 do CD do 8o ano: Tambores de mina (Cangoma). Converse com os alunos sobre a proposta desse grupo de jovens que se unem para criar arte por meio dos cantos

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e instrumentos de percussão, em especial os tambores. Promova um momento na escola em que os alunos possam trazer seus instrumentos de percussão ou sistemas de música eletrônica. É possível, por exemplo, que os alunos

tenham ou conheçam quem tem aparelhos como toca-discos (pick up). Proponha que os alunos desenvolvam a ação e a dinamização cultural na escola promovendo eventos artísticos com música e outras linguagens. 11/7/18 11:10 AM

CONEXÕES • Traje de princesa. Intérprete: Alcione. Autores: São Beto e Beto Scala. Disponível em: <http://livro.pro/rdythk>. Acesso em: 2 nov. 2018. • Felipe Tampa (FTampa). Disponível em: <https://ftam pa.com>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • • •

O toque do tambor

Arte e cultura Tradição e inovação Música de percussão Tambores e culturas Música étnica Etnomusicologia

Observe a imagem a seguir.

BNCC

HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

CHANWIT WHANSET/SHUTTERSTOCK.COM

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas (EF69AR20) (EF69AR21) (EF69AR33) (EF69AR34)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Iniciamos o tema com um olhar etnomusicológico para o tambor e sua relação com o sagrado. Destacamos o tambor xamânico, os tambores africanos e os japoneses. Sugerimos a pauta para conversar: • O que há em comum e o que há de diferente nesses tambores? Qual é o seu formato e tamanho? Como e onde são tocados? • Você conhece algum tambor semelhante? Essas questões provocam um debate sobre o que os alunos conhecem a respeito das manifestações de várias culturas na música. As questões propostas provocam debates sobre a relação entre arte e religião. As respostas são pessoais, no entanto, você pode trazer mais informações. Neste sentido, sugerimos: 1. O xamã é uma pessoa com função importante nas questões religiosas de comunidades em várias culturas. São conhecedores de práticas etnomédicas, atividades mágicas e religiosas segundo as crenças de cada local e cultura. A prática da música é um dos aspectos expressivos do xamanismo. 2. No Brasil, o nome dado à pessoa que é responsável, dentro de culturas indígenas, é pajé

Xamã da Mongólia convoca os espíritos com tambor e incenso durante ritual de inverno.

O toque percutiu na pele fazendo o ar vibrar em ondas que cortaram o espaço até onde o som se perdeu. Toque após toque, o tambor soou, em homenagem ao sagrado, em dias festivos de muita alegria e na marcação dos passos nos campos de batalha. Tão antigo e arraigado em nossa história é o tambor! Quem sabe não teria sido ele o primeiro dos instrumentos musicais? Quem sabe qual teria sido o significado de seus primeiros toques? Como esse instrumento tão antigo ainda ecoa em nossa cultura? Na imagem acima vemos uma tradição que nasceu nas regiões geladas do norte geográfico do nosso planeta. São os xamãs que, desde tempos longínquos, se dedicam a rituais religiosos. Creem que pela música ecoada dos tambores podem estabelecer contatos com o mundo natural e espiritual. 1. Você já conhecia a figura do xamã?

2. No Brasil, qual nome é dado aos sacerdotes nas culturas indígenas?

3. A música está presente em cerimônias religiosas de hoje? Dê exemplos. Quais instrumentos musicais são utilizados nas cerimônias? 4. Observe as imagens e os textos das seções Venha! (páginas 108 e 109). Em sua opinião, como a música acompanha as mudanças na cultura e os avanços tecnológicos? 5. Tocamos e ouvimos música em que contextos na vida cotidiana? Respostas pessoais.

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(ou pagé). Um sacerdote, figura mágica e religiosa responsável pelos processos de cura (por meio de práticas etnomédicas) e orientação espiritual de sua comunidade. Esclareça para os alunos que as práticas etnomédicas se pautam em conhecimentos ancestrais.

3. Sobre a presença da música em cerimônias religiosas proponha que os alunos expressem suas experiências pessoais. O respeito é fundamental ao tocar nesses temas. 4. Chame a atenção para os avanços tecnológicos e a música. O que os alunos sabem a

respeito e como você poderá ampliar a partir dos estudos neste livro? 5. Os alunos podem ser motivados a lembrar de suas experiências, como em festas, cultos religiosos e outras situações cotidianas.

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tema tema11

+IDEIAS Você pode convidar o professor de História e Geografia para mais estudos sobre o papel étnico-cultural da música em várias sociedades, trazendo exemplos de como os povos conhecedores de crenças e práticas etnomédicas chegaram ao continente americano. Como toda linguagem, a comunicação por tambores depende das condições básicas para ocorrer, ou seja, um canal (o ar, nesse caso) e um código partilhado entre aqueles que participam do ato comunicativo (o que significa uma batida, duas batidas seguidas etc.). A mensagem parte dos toques do tambor e pode ser interpretada por todos aqueles que puderem escutá-la e souberem o código. A música eletrônica dos DJs vale-se do som de batidas repetidas e simétricas que marcam o ritmo da dança. Em todo o mundo, as batidas eletrônicas passaram a adentrar o mundo da música, ora substituindo ora coexistindo com os tambores.

Ritmo marcado

BRUNO DE HOGUES/GETTY IMAGES

Observe a imagem a seguir.

Tambores africanos em Gitega, no Burundi (África), em 2015.

CLIQUE ARTE Na África, os tambores soaram e ressoam sua relação com o Taikô – Tambores do sagrado. Os toques e o som do canto saudavam e permitiam o contato Japão. Esse site conta dos humanos com as forças da natureza, com os deuses e os antepasa história do tambor japonês e dá detalhes sados, em cultos que ainda hoje são realizados em algumas regiões do de sua produção. continente. Também eram usados para comunicação a distância, por Disponível em: <http:// livro.pro/miob2n>. meio de uma linguagem sonora. As batidas assumiam a forma de um Acesso em: 26 set. 2018. código, que poderia ser compreendido por quem o escutasse e soubesse decifrá-lo. CHRIS STEELE-PERKINS/MAGNUM PHOTOS/LATINSTOCK Sob o nome taikô, o Japão agregou uma série de tambores à sua cultura. Assim como a dos tambores chineses, coreanos, vietnamitas, tailandeses, entre outros do Sudeste Asiático, a história do taikô está ligada ao teatro, à dança e à religião. A palavra taikô pode se referir tanto aos instrumentos musicais em si quanto à apresentação com eles. Veja um exemplo na imagem ao lado.

REGISTROS E AVALIAÇÃO As pesquisas e os registros nos Diários de arte são excelentes oportunidades para momentos de reflexão e elaboração de textos críticos que expressem o que os alunos já sabem e o que estão aprendendo.

Taikô em festival na cidade de Tóquio (Japão), em 2003.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS O uso dos tambores durante as batalhas impulsionou o desenvolvimento das artes de marcha. No Brasil, muitas são as fanfarras e bandas marciais. Crie uma oportunidade de contato com as artes de

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marcha, seja por meio de uma expedição cultural, seja por vídeos na internet ou produções cinematográficas como o filme Ritmo total (Drumline), de 2002, dirigido por Charles Stone III. O taikô foi utilizado pelos japoneses na guerra, tanto

como forma de guiar a marcha quanto como forma de comunicação. No Ocidente, o uso militar dos tambores desdobrou-se nas fanfarras, bandas marciais e outras artes de marcha. Nos Estados Unidos, há grupos que unem a coreografia à música e à marcha. 11/7/18 5:54 PM

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CONCEITOS EM FOCO Arte e cultura Tradição e inovação Música de percussão Tambores e culturas Música étnica Etnomusicologia

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A partir do breve panorama apresentado podem ser desenvolvidos trabalhos interdisciplinares com História, Geografia e Ensino Religioso, investigando locais, épocas e culturas que se utilizaram das batidas, em particular, e da música, em geral, em contexto religioso e de que forma isso ocorria. Traga a questão de que o Brasil é um país laico. Neste sentido é garantido a todo cidadão brasileiro a livre expressão de ideias e crenças religiosas. Comente e trabalhe com os valores estabelecidos nos temas transversais: • Ética: respeito mútuo, justiça e direitos humanos, cultura da paz. • Pluralidade cultural: diversidade, liberdade de crença, de gênero e étnica. Na seção Mais de perto, trazemos questões ligadas à linguagem da música. Os termos musical pulso ou pulsação estão relacionados às batidas do coração. Esse empréstimo metafórico abre um caminho relacionado ao aspecto emocional da música. Apresentamos uma breve história do grupo Meninos do Morumbi, um caso de destaque sobre a potência psicossocial da música. Você pode criar uma situação de fruição estética da música Tambores

mundo conectado RACHEL CANTO/OPÇÃO BRASIL

Tambores sagrados

Observe a imagem ao lado. Você já reparou quão abundante é a música na religião? Os instrumentos de percussão teriam sido os primeiros instrumentos que deram ritmo aos rituais sagrados. Na Torá e no Antigo Testamento, há passagens que mencionam o uso do tambor pelo povo hebreu. Por exemplo, a terceira estrofe do salmo 149, em sua súmula de adoração a Deus, exclama: “Louvem o nome do Senhor com danças; cantem-lhe salmos ao som de tamborins e harpas”. Os atabaques são instrumentos costumeiros em religiões como a Umbanda e o Candomblé. Em sinal de luto eterno, os rabinos (líderes religiosos judaicos) baniram a música instrumental das sinagogas (seus locais de culto). Esse fato ocorreu após a Primeira Guerra Judaico-Romana (66 d.C.-73 d.C.), na Judeia, e apenas a partir AMPLIANDO do século XVIII os judeus do Ocidente passaram a usar o órgão em sua A Torá é tanto a lei do liturgia. Os tambores, todavia, não mais regressaram. profeta hebreu Moisés Por outro lado, muitas vertentes do Cristianismo, ainda que não quanto o volume que a contém, composto de utilizem tambores, empregam seu descendente moderno, a bateria, nas cinco livros sagrados bandas que animam seus louvores. do Judaísmo, também A tabla, instrumento formado por um par de tambores tocados chamados Pentateuco. O Antigo Testamento com os dedos e as mãos, é parte constitutiva da música clássica indiana, cristão corresponde ao considerada sagrada pelos seguidores do Hinduísmo. Pentateuco judaico. O som dos tambores embala também o Islamismo. Em certas ceriForma a Bíblia com o Novo Testamento, o qual mônias, como o sema (ou sama) praticado pelos sufistas (dedicados à engloba os evangelhos, dimensão mística da religião), as batidas somam-se ao canto, à poesia e as epístolas (cartas) e os à dança em busca de uma ligação de todos com Deus. atos dos apóstolos de Jesus Cristo e, ainda, o No Brasil, religiões de matriz africana ou a elas livro do Apocalipse. ligadas, como o Candomblé e a Salmo é um cântico Umbanda, usam tambores (canto ou poema (principalmente atabaques) religioso) dividido em estrofes e versos. como parte essencial de A palavra vem do sua relação com o sagrado. A tabla, instrumento típico da música clássica indiana.

NBATURO/SHUTTERSTOCK.COM

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grego psalmós, que significa, entre outras ações, a de tocar um instrumento musical.

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de mina (Cangoma), interpretada pelo grupo, disponível na faixa 13 do CD que acompanha este livro. Na Palavra do artista, trazemos a fala de Flávio Pimenta que formou o grupo Meninos do Morumbi, em São Paulo (SP). Pergunte aos alunos o que eles acham desse tipo de iniciativa. D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 112

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+IDEIAS Converse com os alunos sobre a faixa 13 do CD, Tambores de mina (Cangoma). Diga aos alunos que o texto da melodia faz menção à libertação dos escravos (“Tava durumindo, cangoma me chamou, disse levanta, povo, cativeiro já acabou.”) e o canto das vozes é acompanhado por um conjunto de instrumentos de percussão. Cangoma é o nome de um tambor e pode significar, ainda, festejar. Comente que uma das primeiras gravações dessa canção encontra-se no disco Canto dos escravos, de Clementina de Jesus, e é considerada um vissungo, nome dado ao canto dos escravos nas minas em Diamantina, Minas Gerais. A regência é do criador e coordenador do projeto, Flávio Pimenta.

MAIS DE PERTO

“Meu coração está batendo como um tambor da selva”, canta a islandesa Emiliana Torrini na canção Jungle Drum (Tambor da selva), que contém no refrão a onomatopeia rítmica “doong ka doong ka rroo ka do ka doong doong”. Afinal, o coração é o tambor do corpo, tocando o ritmo da vida. Muitos são atraídos pelas batidas do tambor, e essa atração está diretamente ligada à história dos Meninos do Morumbi.

MIGUEL VILLAGRAN/GETTY IMAGES

Rroong ka doong ka roo ka do ka doong doong

Meninos do Morumbi Flávio Pimenta, músico especializado em percussão e bateria, encontrou em 1996 um grupo de meninos em uma praça no bairro do Morumbi, em São Paulo (SP), e os convidou para formar uma banda com ele. Os ensaios, de início na casa de Pimenta, começaram a ocorrer nas ruas por causa do aumento do número de meninos interessados em fazer música. Com isso, passaram a atrair a atenção de mais pessoas. O grupo cresceu e hoje é um instituto que já atendeu a mais de 14 mil pessoas.

CAMILA WATSON

Emiliana Torrini canta em Munique (Alemanha), em 2009.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Você pode sugerir aos alunos que realizem entrevistas com outros estudantes para saber como eles têm acesso à música. Sugerimos: • Onde costumam ouvir músicas? • Quais canais, mídias e meios de comunicação de massa podem ou não influenciar a escolha pelo que ouvir?

Apresentação do grupo Meninos do Morumbi, em Londres (Inglaterra), em 2000, início do projeto de inclusão social por meio da música.

PALAVRA DO ARTISTA

Flávio Pimenta (1958-) Acabei me apaixonando. Você só sabe o quanto é forte quando, com o que possui, transforma o outro […]. Não é atender à miséria o que me atrai, e sim a ideia de a gente conseguir ser cada vez melhor, de que eles [os Meninos do Morumbi] são protagonistas e responsáveis por isto aqui. FONTES, Bruna Martins. Músico afina jovens para compor destino. Folha de S.Paulo, 2007. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/empreendedorsocial/finalistas/2007-flavio-pimentameninosdomorumbi.shtml>. Acesso em: 27 set. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Converse com os alunos sobre música e mídia. Nem sempre as músicas com maior qualidade produzidas por diferentes grupos e artistas chegam pelo caminho das mídias e meios de comunicação de massa. Proponha que pesqui-

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sem na internet sites que apresentem músicas divulgadas em meios alternativos. Faça uma pesquisa antes e indique sites que considera adequado ao contexto escolar e à idade dos alunos. Esclareça que há uma série de categorias e subcategorias musicais, sendo que algumas não se referem dire-

tamente a um gênero, como é o caso da música pop e da alternativa, que podem englobar uma série de gêneros. Apesar do termo pop ser popular como tradução, conceitualmente a música pop está mais ligada à indústria cultural, enquanto a alternativa refere-se mais ao gosto. 11/7/18 11:10 AM

CONEXÕES • MARSICANO, Alberto. A música clássica da Índia. São Paulo: Perspectiva, 2011. • ELIADE, Mircea. O xamanismo e as técnicas arcaicas do êxtase. São Paulo: Martins Fontes, 1988. • A relação entre música e religião no Brasil fez parte de diversos programas da série Veredas, de Julio de Paula, disponíveis em <http://livro.pro/ jgcemo>. Acesso em: 2 nov. 2018. • Música religiosa. Site com detalhes sobre a história da música sacra judaica. Disponível em: <http://livro.pro/gknhjg>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Notação musical convencional e não convencional • Peça rítmica • Percussão • Pulsação • Ritmo • Compasso

arte em projetos

FAIXA 14

MÚSICA

Batucada Observe as partituras nesta página e na seguinte.

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Música HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR22) • (EF69AR23)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

PARA AMPLIAR CONCEITOS Se retomarmos a classificação dos instrumentos musicais (Unidade 1, Capítulo 2), podemos afirmar com mais precisão que o nome “tambor” se refere a membranofones, que produzem som por meio de percussão. Atualmente, podemos encontrar tambores de todos os tipos no Brasil, mas nem sempre foi assim. Se, por um lado, a música europeia teve grande impacto na formação cultural erudita, foi a África quem deu

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ACERVO DOS AUTORES

Proponha aos alunos que observem as duas partituras da Música breve para tambores ou baldes (faixa 14 do CD do 8o ano). Esclareça que a escrita musical, ou seja, a notação convencional (página 114) é formada por símbolos que ficaram mundialmente conhecidos a partir do desenvolvimento da música no Ocidente e que é usada por músicos. Já um esquema de escrita musical diferente, não convencional (página 115), possibilita que a música seja executada a partir de combinações de sons (suas propriedades) e acordos a partir da base rítmica. Partitura elaborada pelos autores.

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os toques e ritmos de nossa cultura popular. Em um conjunto de tambores africanos, há uma ordem sociocultural que rege o contexto da performance musical, o modo de utilização dos diferentes instrumentos e suas técnicas. De acordo com o músico e professor Willie Anku D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 114

(1949-2010), de Gana (África ocidental), podemos reconhecer diferentes tradições musicais africanas de acordo com alguns parâmetros, como: • tipos de instrumentos contidos no grupo; • características de construção dos instrumentos; • modos de se tocar;

• modos de se vocalizar os

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sons percussivos (também chamado “mnemônica”). Muitas vezes, regiões africanas que compartilham o mesmo idioma, como é o caso do país de Gana, possuem diferenças significativas no fazer musical. Entre os instrumentos mais comuns, destacam-se agogôs (ganko-

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Partitura gráfica elaborada Partitura gráfica pelos autores.pelos autores. elaborada

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Acervo dos autores

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha que os alunos investiguem sobre pulsação, compasso, ritmo, base rítmica, som e silêncio. Que também pesquisem sobre os parâmetros sonoros e explorem objetos e materiais sonoros que reproduzam sons a partir da investigação de parâmetros sonoros. Que façam anotações sobre seus estudos nos Diários de arte. COMENTÁRIO SOBRE A FAIXA 14 DO CD Música breve para tambores ou baldes é uma peça rítmica interpretada por Fil Pinheiro e Douglas Alonso (00:32:00) sob forma de cânone a três vozes. Ela é apresentada em dois tipos de notação com uma intenção dupla: em um primeiro instante, facilitar o acesso à interpretação musical e, em um segundo momento, possibilitar a assimilação da notação musical tradicional. Se achar pertinente, proponha aos alunos que pesquisem nos espaços cotidianos objetos que produzam som interessante (como baldes, latas, caixas de papelão, panelas etc.), explorem sons diferentes em instrumentos convencionais (instrumentos de percussão, flauta, teclado etc.), no corpo e na voz, e, então, após a escolha, interpretem essa pequena peça.

ACERVO DOS AUTORES

Chegou vez de Depois adesuaconhecer tocar! Como essas duas partanto sobre os tambores, tituras referem-se mesma chegou a sua vezà de fazer música, você pode comparábatucada! -las e escolher qual prefere ler para interpretar essa música.

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gui), xequerês (axatse) – que são idiofones – e diferentes tipos de tambores (ou membranofones). Cada tipo de tambor possui uma tessitura, um timbre e uma intensidade diferente.

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+IDEIAS Para ampliar retome com os alunos sobre o que conhe-

cem a respeito de parâmetros sonoros: intensidade (som forte e som fraco), duração (som curto e som longo), altura (som grave e som agudo) e timbre (fontes sonoras e suas características). Esclareça que esses parâmetros são relativos na comparação entre sons.

Os parâmetros dos tambores africanos podem ser trabalhados paralelamente a outras linguagens artísticas. Você pode criar situações de aprendizagem que envolvam o desenho, a pintura, a escultura, a improvisação teatral ou a dança como desdobramentos das origens dos tambores. 11/7/18 11:10 AM

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CONCEITOS EM FOCO • Notação musical convencional e não convencional • Peça rítmica • Percussão • Pulsação • Ritmo • Compasso

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Processo de criação

Dando cor ao batuque Essa breve peça rítmica pode ser interpretada por tambores, mas também por outros instrumentos, à escolha de cada um. “Gr. A”, “Gr. B” e “Gr. C” indicam cada um dos três grupos de intérpretes que podem executar a peça rítmica, que está escrita sob a forma de partitura convencional e também em outro tipo de notação. Nessa outra escrita, estão marcadas as pulsações 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 para cada compasso (indicado por “Cp.”). Assim, será bom que uma pessoa marque esses tempos (1 a 8 de cada compasso, de maneira continuada) com um instrumento de timbre diferente (por exemplo um prato, um agogô ou uma tampa de panela, entre outras sonoridades), em dinâmica mais baixa (som menos forte do que o dos tambores). AMPLIANDO

Depois de tocar a composição proposta nas partituras das páginas 114 e 115, incentive os alunos a criar cada um o próprio tema rítmico. Em seguida, o ritmo será registrado na forma de partitura retangular. Por fim, propomos que a composição seja executada em forma de cânone, ou seja, o tema será tocado e, em compasso posterior, outro aluno iniciará o tema, como um eco do anterior.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Antes de se lançarem à interpretação da peça, esclareça para os alunos alguns conhecimentos específicos relativos ao tempo na música: • Pulsação: chamamos de pulso ou pulsação as batidas que se repetem de maneira regular e idêntica ao longo de sua execução. Dê exemplo contextualizado ao universo do aluno. Comente que ele pode perceber o pulso quando ouve uma canção e de repente está balançando o corpo, batendo palmas ou marcando o tempo com os pés no chão. • Compasso: é o espaço delimitado por duas barras verticais (como uma “caixa”) dentro da qual colocamos as notas musicais (de valor igual ou diferente), completando uma determinada duração total. En-

CAMILLA WATSON/GETTY IMAGES

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Meninos do Morumbi e seus instrumentos musicais, em 2000.

O “X” significa ataque (ou entrada) da nota; o “.....” indica o prolongamento dessa nota pelo tempo indicado; o “−” assinala silêncio. O “x” de menor tamanho − visto apenas na última pulsação do Cp. 4 do Gr. A e do Cp. 5 do Gr. B − sinaliza que os intérpretes desses grupos deverão tocar com intensidade bem baixa. Essa música breve está escrita sob a forma de cânone, sendo o tema rítmico exposto inicialmente pelo “Gr. A” do compasso 1 ao 6. A entrada do grupo B se dá depois de um compasso, e a do grupo C ocorre dois compassos após a entrada do grupo A e um compasso após a do grupo B. Veja os quatro desafios rítmicos na página seguinte.

Cânone é uma forma musical baseada na imitação: uma frase rítmica ou melódica (um tema) é tocada ou cantada por uma pessoa ou grupo de pessoas, sendo em seguida repetida com um breve deslocamento de tempo por outra pessoa ou grupo, como se fosse o seu eco. Se tivermos um cânone a três ou mais vozes, repetiremos o mesmo procedimento, entrando cada voz sucessivamente, sempre com um deslocamento de tempo. O cânone é, assim, uma forma polifônica, isto é, realizada por mais do que uma voz. A sobreposição de linhas rítmicas (em um cânone rítmico) ou melódicas (em um cânone melódico) corresponde ao que em música se chama contraponto.

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tre os compassos mais usuais, estão os de dois tempos (chamado de binário, como o 2/4, por exemplo), os de três tempos (conhecido por ternário, como o 3/4, por exemplo) e os de quatro tempos (o quaternário, como o 4/4, por exemplo). • Ritmo: é a sucessão de notas de durações diferentes ou, D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 116

ainda, a articulação entre sons e silêncios. Toda sequência de sons que não sejam idênticos gera uma irregularidade que podemos chamar de ritmo. • Som e silêncio: a música é constituída por sons e silêncios. Esclareça aos alunos que, no sentido da vida cotidiana, o silêncio completo não é pos-

sível, mas, na música, chamamos “pausa” o silêncio de um instrumento ou voz. Proponha que os alunos experimentem realizar uma sequência de sons idênticos para vivenciarem sonoramente o pulso. Peça-lhes depois para tocarem quatro notas iguais, mas acentuando a primeira,

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+IDEIAS Se possível, estimule os alunos a escreverem o tema da música deles sob forma de notas na partitura, segundo a escrita tradicional, como foi apresentada a Música breve para tambores ou baldes (faixa 14 do CD do 8o ano). Caso perceba alguma dificuldade, você também pode sugerir que criem seu tema rítmico usando apenas sons curtos e sons longos; os curtos representados por ponto ou pequeno círculo (o), os longos por traço ( - ).

Temas rítmicos – desafios Propomos agora quatro desafios rítmicos para você batucar e registrar suas criações:

1. Crie um tema rítmico de quatro a seis compassos e realize-o sob a forma de cânone, primeiramente a duas vozes (ou grupos de vozes), depois a três e mesmo a quatro (desde que o resultado a duas e a três vozes tenha obtido êxito). Experimente interpretá-lo em um instrumento que tenha à mão ou mediante uma sonoridade interessante, batendo palmas, dando tapas sobre a mesa, batendo em um balde de plástico de ponta-cabeça, um galão de água ou também usando a voz para imitar sonoridades de instrumentos, por exemplo. É muito importante escolher um bom timbre, isto é, uma sonoridade original e agradável, pois por meio dele é que a sua música será percebida pelos outros.

2. Em turmas de três a cinco participantes, escreva o tema na notação de retângulos e depois acrescente as demais vozes (ou a parte musical de cada grupo).

REGISTROS E AVALIAÇÃO Observe como os alunos interpretam e executam essa breve peça rítmica em partitura não convencional. Explique-lhes que cada casa (retângulo) corresponde a um compasso, que X corresponde ao ataque da nota e o pontilhado a sua duração. Procurem, a partir disso, compreender como essa notação se propõe a representar os sons. Veja as dificuldades e procure dar exemplos próximos da realidade deles. O objetivo não é conseguir uma formação musical rígida e técnica, mas proporcionar experiência na interpretação e execução musical de maneira lúdica, atraente e também eficiente.

RENAN PEROBELLI

3. Interprete agora sua própria “música breve sob a forma de cânone” para a classe, fazendo um instante de silêncio e imobilidade antes de começar e, depois, no seu encerramento. Bom trabalho, mãos à obra e muita imaginação em sua composição!

O grupo Embatucadores, fundado em 2013 pelo professor de Arte Rafael Rip, cria ritmos e inventa instrumentos musicais. Foto de 2018.

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e que repitam a sequência de quatro tempos (com o primeiro tempo marcado) algumas vezes. Poderão assim experimentar a base do compasso quaternário. Depois dessas e outras experimentações, leiam no livro do aluno os comandos para executar a partitura não convencional da página 115.

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CONEXÕES • BALBINO, Erika. Num tronco de iroko vi a lúna cantar. São Paulo: Peirópolis, 2014. • A lenda do tambor africano. Neste site você encontra uma das lendas que conta uma história sobre a origem do tambor na África. Disponível em: <http://livro.pro/ 5cjsrr>. Acesso em: 2 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO tema 2

• Música e tecnologias • Música experimental • Composição

Entre os primeiros experimentos de novas tecnologias aplicadas à música encontra-se a música concreta, termo que surgiu na França na primeira metade do século XX. Justamente a música, a menos material ou mais abstrata das artes, é considerada “concreta” aqui.

BNCC

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Traçamos um breve panorama do desenvolvimento da música eletrônica, que tem seu início na música concreta. Abordamos mais especificamente a música eletrônica experimental, destacando os trabalhos realizados no Brasil. Comente, por exemplo, que o maestro Jorge Antunes explorou a sonoridade de um theremin (ou teremim), em 2010, um dos primeiros instrumentos musicais que se vale de meios eletrônicos para a produção sonora. Desde a música mais antiga até as atuais, o caminho foi de busca de originalidade e inovação, perseguindo-se meios autênticos e atuais de se expressar pelos sons. Comente com os alunos que, se a música até o início do século XX era criada e interpretada por meio dos sons de instrumentos acústicos e consagrados, como aqueles que compõem as orquestras, a música concreta amplia o repertório de materiais, gravando diferentes tipos de som e manipulando-os com base em técnicas próprias para gerar música.

Grande parte das festas particulares e dos clubes contrata DJs de música eletrônica, como nesta danceteria em São Paulo (SP).

DANIEL GUIMARAES / AFP

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR19) • (EF69AR20) • (EF69AR21) • (EF69AR33) • (EF69AR35)

É abstrata, é concreta, é música

Esse termo foi utilizado para designar um tipo de música experimental, produzida orginalmente em estúdios de som por meio de recursos eletroacústicos ou eletrônicos, mediante edição e/ou montagem de áudio, integrando também sons naturais, do ambiente comum e ruídos, além daqueles gerados pelos instrumentos musicais já tradicionais. Uma arte de experimentações e de explorações da matéria sonora, que visa criar música. ALBUM / AKG-IMAGES / HARALD FRONZECK / ALBUM /FOTOARENA Com isso, as fronteiras se ampliaram e surgiram outras maneiras tanto de entender a música quanto de produzi-la e escutá-la. Podemos destacar alguns pioneiros que se debruçaram sobre a pesquisa da música eletrônica, como o compositor alemão Karlheinz Stockhausen (1928-2007), os franceses Pierre Schaeffer (1910-1995) e Pierre Henry (19272017) e o brasileiro Jorge Antunes (1942-), que compôs em 1962 a sua Valsa sideral, na qual utiliza exclusivamente sons eletrônicos. D i á r i o d e a rt e Pesquise e registre em seu Diário de arte o que aprendeu sobre a música concreta e o início da música eletrônica.

O alemão Karlheinz Stockhausen no Estúdio de Música Eletrônica de Colônia, cidade da antiga Alemanha Ocidental, em 1994.

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D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 118 PARA AMPLIAR CONCEITOS A música pode ser definida como a combinação de ritmo, harmonia e melodia de maneira agradável ao ouvido. É uma linguagem artística que tem por base a organização temporal de sons e silêncios (pausas), entre outras defini-

ções. No entanto, a música é mais ampla do qualquer uma de suas definições. Podemos hoje criar música de inúmeras maneiras, com imagens, com gestos e movimentos do corpo, sem sons ou com ruídos. No início do século XX, o artista futurista italiano Luigi Russolo (1885-1947) lançou

o Manifesto Futurista, publicado no jornal Le Figaro, em Paris (20 de fevereiro de 1909). Em 1913, ele escreveu uma carta ao compositor Francesco Balila Pratella na qual propõe uma nova maneira de fazer música, “a arte dos ruídos”. Para essa nova maneira de música que utili-

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tema tema11 mundo

+IDEIAS Proponha aos alunos que pesquisem sobre os músicos citados no livro do aluno, por exemplo: • Pierre Schaeffer (19101995) e Pierre Henry (19272017), que criaram, em 1950, a Sinfonia para um homem só. • Delia Derbyshire (19372001), que desenvolvia trabalhos na música concreta, interpretou o tema musical da série televisiva Doctor Who, um dos primeiros temas criados e produzidos inteiramente por meios eletrônicos. As sonoridades eletrônicas foram aproximando-se do grande público. Nos anos 1970, bandas de rock passaram a recorrer a equipamentos eletrônicos, como sintetizadores, em suas apresentações e gravações. Para a fruição de música eletrônica, pode-se optar pelos videoclipes. Deixe que os alunos escutem um trecho de uma música e depois pergunte: • Como é essa música? Que sons vocês identificam? Há outros instrumentos além dos eletrônicos? • Qual imagem vocês usariam para fazer um videoclipe da música? Por quê?

conectado

Música e tecnologia

LEVI BIANCO/BRAZIL PHOTO PRESS/FOLHAPRESS

Em vários momentos da história, fatores externos intensificaram as experimentações de maneira particular. A expansão da indústria do som e das estações de rádio, sobretudo na Europa e nos Estados Unidos, a partir da Segunda Guerra Mundial, deu impulso decisivo ao desenvolvimento de novas maneiras de conceber e compor música. Novas tecnologias dão acesso a microfones, gravadores, toca-discos (ou picapes), sintetizadores, processadores de áudio (ou geradores de som), autofalantes etc., e com boa qualidade. Stockhausen, por exemplo, fez experiências com a gravação da voz de um rapaz que cantava e falava, fazendo-a ficar mais rápida e mais lenta, o que o levou a criar em 1957 a Canção de um jovem. O grande passo no rumo da atual música eletrônica popular veio da então Alemanha Ocidental, ou República Federal da Alemanha (hoje unificada com o mesmo nome), com destaque para o trabalho da banda Kraftwerk (usina de energia). Fundado em 1970 e ainda em atividade, o Kraftwerk tem a poética singular de usar ritmos repetitivos e melodias cativantes. A banda utiliza um som instrumental econômico, minimalista e estritamente eletrônico.

AMPLIANDO A técnica minimalista de composição musical baseia-se de modo característico na repetição constante, com alterações sutis de ritmos, modulações e dinâmicas. Muitas dessas características foram adotadas inicialmente pela música eletrônica.

Show do Kraftwerk em São Paulo, em 2012.

Respostas pessoais. 1. Antes da popularização das tecnologias digitais, como as músicas eram compartilhadas? Quais eram as mídias e os gravadores existentes? 2. O que são sintetizadores e samplers? Como eles são usados na música?

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zava os ruídos, foram criados também novos instrumentos, os “ruidores” (intonarumori). A música futurista, assim, representava as sonoridades produzidas pelas máquinas e motores. O criador do movimento, Marinetti, assim como os artistas e músicos futuristas, a consideravam a música

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de uma nova época, a “música do futuro”. A arte concreta na música é uma vertente que emerge dos experimentos tecnológicos ampliando e criando caminhos para a música eletrônica popular, veiculada em rádios e frequente em festas e shows. Outra corrente estética que

influenciou a música eletrônica foi o minimalismo. O conceito de minimalismo musical nasceu nos Estados Unidos na década de 1960, tendo à frente o compositor John Cage. Em pouco tempo, a expressão “minimalismo” passou a representar as músicas ditas repetitivas, concebidas 11/7/18 11:10 AM

por compositores americanos, como Phillip Glass, Steve Reich e Terry Riley. Nos anos 1970, suas obras passam a figurar no cenário europeu. Nas artes visuais, o minimalismo surgiu por volta de 1965, com a proposta de reduzir a pintura e a escultura às formas mais simples.

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CONCEITOS EM FOCO • Música e tecnologias • Música experimental • Composição

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

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MAIS DE PERTO

Explosão eletrônica Na década de 1980, a música eletrônica dançante explodiu e pôde se consolidar como uma linguagem com características mais específicas, uma vez que antes os recursos eletrônicos estavam quase sempre associados a outra linguagem musical, como o rock ou o jazz. Os DJs, que primeiro estavam mais voltados para tocar e remixar músicas, começaram a compor obras próprias, graças, em grande parte, ao desenvolvimento dos equipamentos eletrônicos musicais.

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS O CD que acompanha este livro traz faixas que complementam o estudo deste capítulo, entre elas duas composições: Estrelas duplas, de Sílvio Ferraz (faixa 15 do CD do 8o ano), e Mosaic, de João Pedro Oliveira (faixa 16 do CD do 8o ano). Inspirados em recomendações do compositor de Mosaic, propomos os seguintes procedimentos de escuta: 1. Ouvir a obra sem qualquer preocupação em compreendê-la. 2. Ouvir novamente a obra escutando com atenção a forma como o final dos gestos instrumentais se prolonga para a eletrônica. É possível definir com precisão os momentos em que terminam os sons de instrumentos e começam os sons eletrônicos? Que intenções podemos imaginar que teve o compositor? De que maneira isso pode ter sido feito? 3. Ouvir novamente tentando entender o diálogo entre os três instrumentos (piano, piano de brinquedo, eletrônica). Algum deles começa uma frase? Algum deles responde? Há alguma pergunta? Que diálogo se estabeleceu entre os três personagens nessa frase ou gesto musical? Foi um diálogo de oposição, de complementação, de contraponto, de continuidade etc.? 4. Ouvir novamente a obra, localizando os pontos de mais tensão ou de relaxamento musicais. Quais são os momentos

PALAVRA DO ARTISTA

DUDU ROSA

Maurício Bischain (1969-), conhecido como DJ Mau Mau, começou a trabalhar na área em 1987 e relembra: O começo da carreira era discotecar; eu era o cara que chegava lá e colocava as músicas pra rolar. Hoje em dia o DJ está muito ligado com a profissão de produtor. Você tem que ter o seu cartão de visitas, que é a produção musical, tem que ter uma produção de estúdio, criar um som e mostrar esse som. Através disso que você começa a tocar nos lugares, você tem que mostrar um trabalho. Transcrição de trecho de entrevista realizada no Programa Novo, da TV Cultura de São Paulo (SP), em 10 de setembro de 2010.

DJ Mau Mau, um dos mais experientes e atuantes do Brasil, durante apresentação em uma casa de shows em São Paulo (SP), em 2015.

Sílvio Ferraz (1959-) um dos primeiros artistas que fizeram concertos inteiros com computadores, relembra: Mudaram o foco da música. Em vez de pensar a música como sendo a articulação de melodias, ritmos e harmonias, começaram a pensar a música a partir do som. [...] Essa tecnologia − que antes dependia de um grande computador e de um estúdio de rádio − está hoje embutida em um simples aparelho celular, em um laptop, em um tablet. E as interfaces, que antes eram um campo restrito a técnicos, hoje permitem a qualquer pessoa brincar de sintetizar seus sons, de gravar e transformar sons ambientes e de encadear esses sons em forma de música. Trecho da entrevista exclusiva dada aos autores deste livro em abril de 2015.

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em que as explosões sonoras se tornam mais impetuosas? Há algum momento em que a obra parece parar? 5. Com toda a informação obtida nas audições anteriores, procure ouvir a obra novamente, agora atendo-se ao seu todo, desfrutando ainda mais da experiência de escuta. Por D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 120

fim, propomos a escuta de Relembrando Ligeti (faixa 18 do CD do 8o ano), que faz referência a György Ligeti (1923-2006), expoente da música do século XX, e seu Poema sinfônico, concebido para 100 metrônomos (1962). Ajustados para soar em velocidades distintas, na peça de Ligeti eles devem ser

acionados simultaneamente. Daí em diante, é desnecessária qualquer ação humana, pois a música se encerrará quando a corda dos metrônomos não possuir mais energia para operar. Isso se assemelha às práticas de música eletrônica, já que na maioria das vezes não é necessário que o músico esteja pre-

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quatro tempos) é que os alunos primeiro toquem apenas os tempos pares e façam uma pausa (silêncio) nos tempos ímpares; então, num momento seguinte, inversamente, tocam nos tempos ímpares. Incentive-os a fazer propostas, cada grupo escolhendo instrumentos ou sonoridades próprias.

arte em projetos

MÚSICA

Composição Selecionamos duas obras para você conhecer mais um pouco sobre composição na linguagem da música eletrônica. Vamos conferir?

Estrelas duplas, de Sílvio Ferraz Estrelas duplas, do brasileiro Sílvio Ferraz, é uma peça eletroacústica realizada em 2009 a partir do poema de mesmo título do poeta Heitor Ferraz, irmão do compositor. O poema traz memórias da infância dos irmãos em meio a textos de astronomia – mistura de dois mundos que foi a base do processo de criação. Ouvimos uma mistura da voz de Heitor lendo o poema e do som de diversos grupos de cultura popular tradicional, de um tambor de maracatu e de carros de boi. A peça tem algo de um céu noturno em que vemos as estrelas ora um tanto isoladas, ora formando grandes constelações.

+IDEIAS A questão rítmica nem sempre é fácil para os alunos. Uma maneira de introduzi-la é propor que identifiquem a pulsação nas músicas pela escuta. À exceção de trabalhos realizados na música moderna e contemporânea, a música ocidental está marcada pela pulsação. Propostas lúdicas são uma boa maneira de estudá-la. Coloque para tocar músicas com o pulso bem marcado e peça aos alunos que caminhem sincronizados com o pulso da música usando o som da pisada para marcá-lo, como uma dança simplificada. Depois, peça que marquem um compasso com pisadas alternando com outro onde baterão palmas.

FAIXA 15

Mosaic, de João Pedro Oliveira A obra Mosaic foi composta em 2010 pelo músico português João Pedro Oliveira (1959-) a pedido da pianista Ana Cláudia de Assis, que queria algo diferente para tocar. Oliveira propôs que Ana Cláudia tocasse tanto um piano quanto um piano de brinquedo, enquanto a composição eletrônica, previamente gravada, era disparada. Mosaic é composta de frases e gestos musicais curtos, como pastilhas de um mosaico, cujo sentido só se percebe à medida que a obra progride no tempo. Cada fonte sonora – o piano, o piano de brinquedo e o som eletrônico – se completa para dar o “colorido” da música.

FAIXA 16

Sugestões para a audição de Mosaic 1. Ouvir a obra sem preocupação de compreendê-la.

2. Ouvi-la de novo escutando com atenção o modo como os finais dos gestos instrumentais prolongam-se para a música eletrônica. Onde acaba um e começa o outro?

3. Reouvir a música, tentando entender o diálogo entre os três instrumentos (piano, piano de brinquedo e música eletrônica). Qual começa uma frase? Qual responde? Que diálogo se dá entre as três “personagens” nessa frase ou gesto musical? É um diálogo de oposição, de complementação, de contraponto, de continuidade etc.?

4. Voltar a ouvir a obra, agora tentando entender onde estão os pontos de maior tensão musical (clímax) ou de relaxamento musical. Quais são os momentos em que as explosões sonoras ficam mais impetuosas? Quando a obra parece parar e não avançar? 5. Por fim, com a informação obtida nas audições anteriores, ouvir a obra inteira desfrutando a experiência.

Sugestões indicadas pelo compositor aos autores deste livro.

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sente durante toda a realização da música. Aproveite a entrevista com Sílvio Ferraz para imaginar como é possível pensar a música a partir do som. Pergunte aos alunos: como essas transformações resultaram numa nova maneira de lidarmos com a música, também enquanto ouvintes?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Você pode criar várias situações para os alunos utilizarem o corpo, objetos ou instrumentos musicais para marcar o pulso das músicas. Pode, por exemplo, dividir a classe em grupos, sendo o primeiro responsável pelos três ou quatro primeiros

tempos, o segundo, pelos próximos três ou quatro tempos, e assim sucessivamente. Quando os alunos já estiverem familiarizados com o pulso, você pode introduzir pausas e marcar em qual tempo eles produzirão som. Por exemplo: uma possibilidade para uma música em compasso quaternário (com 11/7/18 11:10 AM

COMENTÁRIO SOBRE A FAIXA 18 DO CD Relembrando Ligeti (música para metrônomos). Essa proposta sonora tem em vista relembrar uma criação original do compositor húngaro György Ligeti (1923-2006). Ela se chama Poema sinfônico e foi concebida em 1962, para 100 metrônomos. Na faixa proposta aqui, foram usados apenas 20 metrônomos, em andamentos (pulsações) diferentes, sendo o mais lento com 46 batidas por minutos (bpm); o mais rápido, com 200 bpm. Nos oito segundos iniciais, todos tocam juntos e, em seguida, vão sendo aleatoriamente desligados, em alguns momentos um por vez, em outros, dois ou mais ao mesmo tempo. Ao final, fica apenas um, justamente o mais lento, com 46 bpm. A duração total é de cerca de 1 minuto, ao passo que o Poema sinfônico dura aproximadamente 20 minutos.

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CONCEITOS EM FOCO • Música e tecnologias • Música experimental • Composição

Concretizando uma música... concreta!

BNCC

Podemos também simular uma manipulação dos sons. Vamos lá?

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

Processo de criação

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Atentos ao trecho da peça Sensação sonora de uma conferência musical (faixa 17 do CD do 8o ano), o que os estudantes percebem sobre os procedimentos realizados? Após a identificação dos jogos de inversão e simultaneidade de leitura direta e leitura contrária, simulando procedimentos utilizados na música concreta e eletroacústica, pode-se perguntar a eles se é possível realizar procedimentos similares com outros textos. Aproveite as respostas para solicitar que deem exemplos. Quais outros procedimentos eles podem inventar e realizar com textos recolhidos de poesias ou da literatura em geral? Estimule ações como dizer o texto de traz para frente, da última à primeira letra ou sílaba, bem como embaralhar palavras e letras com critérios distintos, avaliando também a presença do acaso, do entrópico. Convide-os para criarem breves poemas e composições musicais baseadas nos procedimentos de decomposição, mistura livre e reorganização de elementos do texto, a exemplo dos utilizados na peça citada.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Propomos aqui um jogo com sons inspirado no compositor francês Pierre Schaeffer (19101995) que consiste em, tendo

Oficina 1 – Criatividade vocal Escolha um texto de qualquer gênero que não seja longo. Leia-o em voz alta e altere a interpretação: leitura muito lenta, depois muito rápida; leitura de trás para a frente; inversão da ordem das palavras; leitura com um ou mais colegas, sobrepondo expressões diferentes (sonoridades, tipos de pronúncia, andamentos etc.). Explore essas e outras maneiras de interpretar. A ideia básica é manipular e modificar a sonoridade de cada palavra, sílaba, fonema, vogal ou consoante, produzindo assim uma versão sonora e musical criativa do texto escolhido. Ouça, como exemplo, um breve trecho da parte final de uma peça musical cênica, com texto para dois músicos-atores, em forma de jogral, intitulada Sensação sonora de uma conferência musical. O texto concebido pelo compositor foi realizado ao vivo pelos intérpretes, misturando simultaneamente sua ordem normal com a ordem contrária, invertendo sílabas. A impressão é de que houve uma montagem com recursos tecnológicos.

Voz 1

FAIXA 17

Voz 2

Diversos posti de interligação,

çãoariva, pedais e tosnatios

Sosverdi tipos de çãogalitirim,

variação, daispe e ostinatos

são trabalhados ed mafor livre!

são doslhabatra de forma vreli!

Diversos tipos de interligação,

Grande parte dos recursos com-

pedais e ostinatos são trabalhados de forma livre, criativa e muito

posicionais utilizados no Nonetto ocorrem intensamente na maioria de suas

atual para

obras da década

sua época.

de vinte.

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um som gravado à disposição para a escuta, ouvi-lo tentando se esquecer de sua fonte sonora. Você pode tratar isso de maneira lúdica, por exemplo, pedindo aos estudantes que levem sons gravados para a escola sem dizer qual é a fonte sonora. O imediato será, no geral, que os demais tentem D2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 122

adivinhar qual foi o objeto que produziu o som. No entanto, é conveniente que você intervenha, propondo conversas sobre os sons, sem tentar, de início, adivinhar a fonte. O que esse exercício possibilita? Indague-os a perceberem como os sons começam, duram e terminam. Distintos sons se iniciam e

terminam de maneiras distintas entre si? Escutando sons provenientes de objetos distintos entre si, o que podemos concluir? Lembre-se de que não há certo e errado.

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+IDEIAS Estimule os alunos a investigarem os sons presentes ou

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ções de maneiras diversas, que incluem recortes e modificações com aplicativos de celular, mas ouvi-los atentamente tentando entender suas características minuciosas. Informe-lhes que os sons em geral possuem um ataque, um corpo e uma cauda, e toque-o novamente para que possam discernir esses três momentos característicos de existência do som.

Oficina 2 – Sonoridades cotidianas Nossa segunda proposta envolve a utilização de outros recursos, além da voz. Pesquise em sua casa e na escola algum tipo de instrumento musical ou objeto que produza sons interessantes. Experimente mexer, manipular ou intervir nos diferentes objetos que encontrar, a fim de explorar as sonoridades que cada um deles é capaz de produzir. Uma porta ou uma janela pode produzir som, uma cadeira quando arrastada também, assim como a ação de despejar água de uma garrafa em um copo (sonoridade que vai se modificando à medida que o copo fica mais cheio), uma colher batida sobre uma panela ou tampa de panela ou ainda friccionada (raspada) sobre um copo ou prato que tenha ondulações etc.

ROGER VIOLLET/GETTY IMAGES

REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha que os alunos façam registros em seus Diários de arte sobre as hipóteses e descobertas, lembrando que, para questões mais inventivas, como o exercício de escuta, você pode solicitar anotações igualmente inventivas. Quais conceitos e reflexões os próprios estudantes podem formular sobre suas maneiras de ouvir os sons? Sugira-lhes que redijam um breve manual sobre “Como localizar um som, escutá-lo e comentar sobre ele?”, no qual proponham suas próprias maneiras de perceber, apreender e descrever um som com base nas dicas dadas aqui.

Em 1963, o compositor francês Pierre Henry explorou as sonoridades cotidianas na música intitulada Variações para uma porta e um suspiro, peça concreta de 25 movimentos.

Você pode agir com mais ou menos força (intensidade), com ações mais rápidas ou mais lentas, de maneira contínua ou descontínua, com intervenções regulares ou irregulares etc. 123

possíveis de serem obtidos com objetos cotidianos. Indague-os sobre quais são as maneiras de produção sonora a partir deles e como ações sobre os objetos podem provocar sonoridades diferenciadas. Você pode lhes sugerir questões como as seguintes: quais são as implicações de

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modificar temporariamente a maneira como o objeto soa, por exemplo, procurando abafá-lo com as mãos? Quais são as implicações de tocar um objeto, isto é, colocá-lo para soar, através das mãos ou através de outros objetos? Um mesmo objeto soa diferente em lugares distintos, vamos

reposicioná-lo nos cantos ou no meio da sala? É possível formular uma hipótese sobre isso a partir da física acústica? Inspirando-se em práticas, como as do francês Pierre Henry, estimule os alunos a gravarem os sons descobertos e investigados. É possível não somente usá-los em composi11/7/18 11:10 AM

COMENTÁRIO SOBRE A FAIXA 17 DO CD Sensação sonora de uma conferência musical, para dois músicos-atores. No trecho final dessa cena musical (2min53), dois músicos-atores no palco atuam de maneira rigorosamente simétrica e falam suas conferências de forma complementar em alguns momentos, em outros, simultânea, ou, ainda, de forma intercalada e independente. Pode-se perceber procedimentos de manipulação eletroacústica, onde sons são ouvidos ao contrário (expostos de trás para diante, em movimento retrógrado). Elas estão concebidas como melodias, tratadas como um grande jogral, buscando motivar uma escuta musical diferente daquela que se pratica normalmente. Interpretação: Reinaldo Renzo e Ricardo Cassiano M. Paiva.

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CONCEITOS EM FOCO • Música e tecnologias • Música experimental • Composição

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) • • (EF69AR19) •

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A improvisação é uma forma lúdica de produção musical, que faz parte dos processos criativos. De maneira geral, podemos dizer que improvisar consiste em inventar a música no mesmo momento em que se toca ela. Apesar de também se tratar de uma criação, a improvisação difere da composição, na qual se planeja antes o que será feito durante a execução musical. Você pode propor aos alunos que elaborem um breve ritmo e que, em seguida, realizem uma pequena improvisação sobre ele ou a partir dele. O resultado se assemelhará a uma variação sobre o ritmo. No entanto, conforme experimentem improvisar sobre um ritmo, ou sobre o que chamamos de motivo rítmico, os estudantes terão uma restrição que, justamente, funcionará como um estímulo para se expandir de maneira mais livre e inventiva. É imprescindível que os estudantes possam conversar sobre cada improvisação antes de realizar outra. Você pode ouvir uma proposta de improvisação, sem combinado prévio, em O tzitziras o mitziras, realizada por Demetrio Stratos, na faixa 8 do CD do 8o ano. Quando você perceber que os alunos estão mais soltos, criativos e apreciando brin-

Como não temos um estúdio de som à disposição, o desafio proposto aqui, a você e a um colega, será o de escolherem pelo menos um objeto sonoro cada um, depois de terem explorado suas possibilidades de produção sonora. Então, coloquem-se um diante do outro e façam uma improvisação, utilizando-se apenas das sonoridades dos objetos, como se fosse, por exemplo, um diálogo, com momentos nos quais um fala e o outro escuta e vice-versa. Em suas realizações, procurem também repetir o que o outro fez, variando ou modificando o que ele realizou. Explorem ainda momentos de silêncio e momentos em que se expressam ao mesmo tempo. Tudo é possível numa boa conversa! Para isso, vocês podem utilizar, entre outros, os procedimentos seguintes: • explorar as sonoridades do objeto; • experimentar produzir sons em velocidades bem variadas (de bem lentamente a bem rapidamente; iniciar bem baixinho e ir aumentando a intensidade etc.); • justapor os sons ou as sonoridades (realizar um som e em seguida outro); • intercalar os sons ou as sonoridades (um som A é seguido de um som B, depois pelo som A novamente, e assim sucessivamente); • sobrepor sons (o som A é realizado ao mesmo tempo que o som B, sobreposição que pode ser total ou parcial). Seria interessante elaborar um roteiro para essa improvisação, indicando os momentos em que cada um intervém (se há silêncio, se tocam juntos etc.). Sugestão de roteiro para realizar a improvisação em dupla: PESSOA A

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Primeira vez – Toda a classe ficará de costas para a dupla que se apresenta e apenas escutará a interpretação, de preferência de olhos fechados. Segunda vez – Todos se virarão para a frente e assistirão à apresentação de olhos abertos. Ao término das apresentações, lembre-se de trocar impressões com os colegas e fazer anotações em seu Diário de arte. 124

car, experimentar, explorar os sons, você pode lhes propor a realização da improvisação em dupla sugerida no livro do aluno. Eles podem realizar novas improvisações e até composições baseadas nessas guias. Recomendamos que você tome a experimentação como um dos grandes motes das práD2-ARTE-EF2-V8-U3-C1-104-125.indd 124

ticas até aqui propostas. Como fazer da experimentação algo constante tanto nas práticas artísticas quanto em nossa vida? Você pode elaborar atividades que integrem, por exemplo, os instrumentos musicais e a delicada descoberta de sonoridades em objetos cotidianos com tecnologias musicais que este-

jam disponíveis aos estudantes, como aplicativos de tablets, celulares e notebooks. Você também pode se basear na realização de composições eletroacústicas similares às de Jorge Antunes e Pierre Henry. Os alunos podem não somente gravar sons cotidianos, incluindo a

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CAMILLA WATSON/GETTY IMAGES

Um garoto da banda Meninos do Morumbi toca tambor na paisagem urbana de São Paulo ao pôr do sol. + PERTO DE VOCÊ

Você já havia percebido a relação entre a música e o sagrado em seu cotidiano? Que tal descobrir quais manifestações religiosas existem na sua região e como a música se manifesta nelas? Quais instrumentos musicais são utilizados? Há aparelhos eletrônicos? Em que situações há música? Qual é a sua função em cada contexto?

+IDEIAS Ao planejar o desenvolvimento dos estudos, considere espaços para a repetição e o treino, que podem, sempre que possível, serem alternados com espaços de realização de atividades lúdicas e de experimentação, a fim de preservar a dinâmica de prazer e interesse dos alunos pelas aulas.

D i á r i o d e a rt e Lembre-se de registrar suas pesquisas e descobertas em seu Diário de arte, do modo como você achar mais apropriado, com escritos, desenhos, colagens... No seu diário, os protagonistas são a arte e você!

MISTURANDO TUDO Neste capítulo, fizemos um percurso pelas batidas analógicas do tambor e pelas batidas eletrônicas dos DJs. Além disso, entramos no universo da música concreta e de seus experimentos. 1. Que relações você descobriu entre a música e o sagrado? E entre a música e a tecnologia?

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voz, mas sons de instrumentos acústicos e até mesmo gerados por instrumentos eletrônicos. Investigue ainda aplicativos de tablet e celular capazes de modificar os sons gravados, permitindo aos alunos que obtenham sons inusitados. Que resultados poderemos obter a partir disso?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS É muito importante que os alunos possam ter momentos de improvisação musical em classe. Dispostos em roda, cada um deles escolhe um instrumento ou opta por utilizar sua voz ou percussão corporal e, de maneira livre a partir de um som ou expressão emitida por alguém, os demais interagem espontaneamente, procurando alternar momentos de proposição sonora e silêncio. Durante os anos 1970 e 1980, a improvisação foi largamente praticada em países do Ocidente. Existem formas musicais caracterizadas pela improvisação, como o jazz e o chorinho. Entre alguns reconhecidos músicos improvisadores estão Keith Jarret, Jacques Loussier e os brasileiros Hermeto Pascoal, Andre Mehmari e Benjamin Taubkin.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha aos alunos que, em grupos, criem novos roteiros de interpretação ou de improvisação musical. Esses roteiros deverão ser experimentados sob a forma de interpretação enquanto a classe, em pequenos grupos, buscará anotá-la. Em seguida, os roteiros originais serão apresentados para que todos comparem os resultados. Peça então aos alunos que registrem em seus Diários de arte as descobertas, as dificuldades e os entendimentos.

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CONCEITOS EM FOCO

CA

• Cinema brasileiro • Filme de animação

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

ULO

Olho e voz

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Trajetórias para a arte

Neste capítulo, estudaremos a arte da animação e da dublagem. Propomos a apreciação de imagens relacionadas a filmes de animação e o estudo sobre a narrativa e a interpretação sonora na dublagem ou locução. As linguagens audiovisuais estão presentes em nosso cotidiano, e estudá-las é investigar a cultura contemporânea. Para iniciar nossa trajetória, pergunte aos alunos qual é a relação que eles têm com as imagens de animação e com os sons da dublagem. Sugerimos a pauta para conversar: • O que você imagina ao ouvir a voz de um personagem? É possível perceber se ele é vilão ou mocinho, por exemplo? Já ouviu a voz de um ator no áudio original de um filme e antes ou depois ouviu também uma versão dublada? Qual é a sensação? • A que gênero de filmes de animação você gosta de assistir? • Qual é sua relação com o mundo da linguagem audiovisual ligada a vídeos e cinema?

PARA AMPLIAR CONCEITOS Storyboard é um termo em inglês que se refere a desenhos (ilustrações) que mostram a sequência das cenas de um filme. É uma ferramenta de visualização prévia muito usada no processo de criação da linguagem do cinema. Esse recurso também é usado na publicidade como forma de planejamento.

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PÍT

• Arte e experiência • Tema 1 – Sentir e fruir a arte • Arte em Projetos – Artes integradas • Tema 2 – Arte que anima • Arte em Projetos – Artes visuais

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FILME DE CÉU D´ELLIA. PAULICEIA CANTA, TY-ETÊ! BRASIL, 2013

+IDEIAS Na imagem de abertura, trazemos uma cena do filme de animação Pauliceia Canta, Ty-Etê!. Produção brasileira de 2012. Trata-se de um filme de curta-metragem dirigido por Céu D’Ellia, que tem como tema o rio Tietê, em São Paulo (SP). Os alunos podem criar um roteiro para um filme de animação, escrevendo textos e criando desenhos na técnica do storyboard, que, de maneira geral, é uma sequência de imagens organizadas que narra histórias; é um esboço, um layout próximo à linguagem das histórias em quadrinhos. O roteiro pode ter como base riquezas naturais ou culturais existentes na localidade da escola, contexto dos alunos. Você pode orientar os alunos sobre: • escolher um tema ou abordagem para a narrativa; • criar vários quadros; • desenhar em cada quadro uma cena da história; • escrever detalhes de como deve ser filmada a cena. REGISTROS E AVALIAÇÃO A proposta é que os alunos fiquem curiosos sobre o que o capítulo pode trazer de novos conhecimentos neste estudo que se inicia. Proponha aos alunos que criem uma lista do que já sabem sobre o cinema de animação no contexto da produção brasileira e outra lista sobre o que gostariam de conhecer, apreciar e produzir. Essas duas listas podem ser interessantes para sua avaliação diagnóstica.

Cena do filme Pauliceia Canta, Ty-Etê!, de 2013.

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CONEXÕES • Brasil animado 3D (2011). Depoimento do dublador de um dos personagens do filme. Disponível em: <http://livro. pro/6bjpxb>. Acesso em: 6 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Cinema de animação • Cinema brasileiro e estran-

geiro • Arte da dublagem • Arte e meio ambiente

venha dublar! Observe a imagem a seguir.

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR31) • (EF69AR34)

Nesse primeiro momento, escolhemos o filme de animação Frozen: uma aventura congelante para apresentar o trabalho e a expressividade de uma brasileira, a atriz e dubladora Gabi Porto. A arte da dublagem é a arte de dar vida a um personagem. Apresente a imagem e converse com os alunos sobre a profissão de dublador, sobre o mundo sonoro presente na linguagem do cinema, do rádio, da televisão, da internet. Na seção Venha animar!, na página 129, a imagem do curta-metragem Pauliceia Canta, Ty-Etê! aquece esse nosso primeiro contato com o estudo da linguagem do cinema de animação. Essa imagem colorida e expressiva pode desencadear muitas conversas sobre filmes de animação e ecologia. Apresente-a aos alunos e permita que criem hipóteses. Use o texto poético como mediador para ler a imagem. Quem é este ser que salta aos olhos? Onde a história se passa? O que expressa essa imagem?

WALT DISNEY PICTURES/COURTESY EVERETT COLLECTION/AGBPHOTO LIBRARY

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Princesa Anna, da animação Frozen: uma aventura congelante, direção de Chris Buck e Jennifer Lee. Estados Unidos: Walt Disney, 2013.

Animação. Desenho animado. Animação computadorizada. Imagens e vozes invadem a sala de cinema! Risos, gritos, falas expressam emoções. Expressões visuais e sonoras. Você vê imagens de personagens, mas quem lhes empresta voz à fala? Em Frozen: uma aventura congelante, quem deu voz a Anna? De quem é a voz que escutamos quando ela canta? Muitas línguas são faladas no mundo, mas você pode compreender um filme ou desenho animado estrangeiro porque alguém que fala a nossa língua se expressou pela técnica da dublagem. Venha embarcar nessa viagem ao admirável mundo da dublagem!

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PARA AMPLIAR CONCEITOS O estudo da seção Venha animar! permite a abordagem do tema transversal meio ambiente. Este tema trabalha a consciência ambiental, conduzindo o aluno para uma visão mais crítica e D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 128

política, de modo que possa refletir e atuar na melhora da qualidade de vida de sua região, estado, país e mundo. Que ideias os alunos têm sobre meio ambiente? Para saber mais sobre o que os alunos pensam a respeito de problemas relacionados ao

meio ambiente, você pode trabalhar com a pauta: • Você conhece obras de arte que tratam de questões relacionadas ao meio ambiente, como músicas, filmes, pinturas, poemas e outras linguagens? • Estudar as questões sobre o meio ambiente pode fazer di-

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+IDEIAS Convide os alunos a pesquisarem sobre a voz do ator que dubla o seu personagem favorito em filmes de animação. Cada aluno pode escolher um personagem e dublador para investigar e compartilhar com a turma. Um painel revelando personagem e dublador pode ser criado e exposto na escola.

venha animar!

FILME DE CÉU D´ELLIA. PAULICEIA CANTA, TY-ETÊ! BRASIL, 2013

Observe a imagem a seguir.

Fotograma de Pauliceia Canta, Ty-Etê! (2012), filme de animação do brasileiro Céu D’Ellia.

Cores e formas nos mostram um lugar e indicam que algo ali vai começar. O desenhista tem algo para dizer, cria imagens, personagens. São pessoas a transitar pela cidade em uma noite chuvosa. De repente, algo se modifica, imagens em cores tomam vida. Olhares atentos na narrativa. O que será que vai acontecer? Uma enorme forma colorida toma conta da tela do cinema, salta no ar e mergulha no rio. Rio que, antes poluído, agora fica colorido. A mágica das imagens dos desenhos animados denuncia a poluição. O desenho animado Pauliceia Canta, Ty-Etê! conta essa história. A arte é crítica, mas mostra suas ideias pela poética. O que pode o cinema? Narrar, inventar, encantar? Os filmes conseguem nos fazer sorrir, chorar, refletir, criticar? Sons, música, imagens, cores, movimento. Tempo, sequência, ângulo, enquadramento. O cinema permite fazer de outra forma o que se fazia: transformar realidade e imaginação em poesia.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Falar sobre meio ambiente pode esbarrar em questões que envolvem interesses econômicos. Acolha todas as opiniões dos alunos e faça mediações caso haja conflito de ideias. O diálogo e o confronto de ideias enriquecem a formação do senso de democracia. CONEXÕES • Frozen: uma aventura congelante. Disponível em: <http://livro.pro/z2htfr>. Acesso em: 6 nov. 2018. • Pauliceia Canta, Ty-Etê! Disponível em: <http://livro.pro/ asz2gh>. Acesso em: 6 nov. 2018. • PCN. Temas transversais: Meio ambiente. Disponível em: <http://livro.pro/u6rq4c>. Acesso em: 6 nov. 2018.

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ferença no futuro ambiental da nossa região e planeta? Você concorda que estudar e discutir sobre questões ambientais pode desencadear novas maneiras de pensar e agir individualmente e coletivamente? Discorra sobre suas ideias a respeito.

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• Cuidar do meio ambiente é

garantir a sobrevivência dos seres humanos? Como você vê essa questão? Que soluções você aponta para resolver problemas ambientais? O que você acha que pode ser feito sobre as questões ambientas em sua cidade?

E no contexto do Brasil, qual é a sua maior preocupação? Você pode propor aos alunos que criem desenhos, pinturas, encenações teatrais, coreografias, performances, filmes ou documentários com a temática “meio ambiente”. 11/7/18 5:55 PM

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CONCEITOS EM FOCO

Arte e experiência

• Arte e experiência • Instalação artística

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA, ROMA / RITA DEMARCHI

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Você pode iniciar a aula conversando com os alunos sobre as experiências que o contato com a arte nos proporciona. Como eles recebem e sentem a experiência com a arte? Converse com os alunos sobre como é estar em um espaço de exposição ou espetáculo de música, teatro ou dança. Como eles se comportam? O que sentem? Proponha a eles que contem suas experiências. Comente sobre a fruição artística, sobre o estado de estesia, que está ligado à sensibilidade do ser humano. Estar em estado de estesia é se permitir sentir. Comente que, por vezes, é preciso “desaprender” e sair do “piloto automático” do mero reconhecimento, como se não houvesse novidade. O estado oposto ao de estesia é o de anestesia, que acontece quando ficamos insensíveis ao que vemos e percebemos. Depois de um tempo, não vemos mais as fachadas das casas em nosso caminho e pode acontecer de só notarmos que havia uma árvore depois de ela ser cortada e o vazio nos acordar. É possível deixar de ver a degradação da natureza ou a necessidade das pessoas. É possível morar em um local bonito e não

Visitante aprecia instalação de Jason Rhoades no Museu de Arte Contemporânea de Roma (Macro), em 2012.

O artista californiano Jason Rhoades (1965-2006), nascido na Califórnia (EUA), especializado em instalações artísticas, criou a obra da imagem acima, em que palavras como "continuidade", "paz", "solução", "vermelho", suspensas em armações metálicas e feitas com luzes de neon coloridas, enchem de cores variadas o espaço e compõem a cena com um sofá incomum, banquetas e um livro. É bem provável que a pessoa que admira a obra tenha visto letreiros de neon nas ruas, em painéis publicitários, na fachada de restaurantes, mas o artista, ao trazer esses elementos para um contexto de arte, dá novo significado a um material cotidiano e lhe atribui uma qualidade poética, estética e artística. Já pensou nisso? Muitas vezes a arte nos anima, nos atinge de um modo que nos impulsiona, nos dá vontade de fazer coisas novas ou nos faz pensar sobre a vida e as nossas emoções. Ao assistir a um filme de animação, como por exemplo Pauliceia Canta, Ty-Etê! (2012) – citado na seção Venha animar! (página 129) –, podemos nos emocionar e refletir sobre a situação do meio ambiente. Cria-se uma comunicação entre nós e as ideias poéticas e intenções postas na obra pelos artistas que a conceberam e realizaram. 130

perceber mais a paisagem. Há quem vá ao museu, tire fotos e selfies, espie as imagens pela pequena tela do celular, mas não veja de fato as obras em si. A relação com a vida e com a arte em estado de estesia nos faz perceber melhor o que existe em nossa existência D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 130

e, mais que isso, começamos a nos importar com o que acontece à nossa volta. Sugerimos um debate em que os alunos possam escolher uma obra de arte para descrever como se dá sua experiência com ela. As respostas às questões na página 131 são abertas e

espera-se que os alunos se expressem de modo livre e autônomo. O educador pode, contudo, trazer exemplos para ampliar o repertório dos alunos: • Sobre a dublagem no filme de animação Frozen (2013), trazemos aqui o trabalho da atriz Gabi Porto (1989-), que fez

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PARA AMPLIAR CONCEITOS

Qual é a sua relação com a arte? A arte contemporânea oferece experiências novas, nas quais se pode até entrar em uma obra de arte, como na instalação Morte de um rei (2012), da artista alemã Ulla von Brandenburg (1974-) (veja a imagem à direita). A artista ocupou o espaço com cores e formas, criando a atmosfera de uma pista de esqueite. A arte, em suas muitas linguagens, pode nos envolver e provocar emoções. Temos vivências significativas com ela, quando talvez nos aconteça aquilo que chamamos experiência estésica ou estética.

PALÁCIO DE TOKYO, PARIS / RITA DEMARCHI

Jovens visitam a instalação Morte de um rei, da alemã Ulla von Brandenburg, no Palácio de Tóquio, em Paris (França), em 2012.

1. A arte pode nos colocar em estados emocionais diferentes dos sentidos no dia a dia? A arte já mexeu com você de um jeito que mudou seu humor? Já se sentiu mais feliz ou entusiasmado depois de assistir a um filme, a uma série ou a um desenho animado? Ficou triste, pensativo ou empolgado depois de ouvir uma música ou estar em uma sala de exposição de arte ou ter encontrado a arte em outras situações? 2. Reflita. Você se lembra de ter tido alguma experiência significativa com a arte? Já teve uma experiência estésica? Como foi? Descreva uma experiência sua com a arte.

AMPLIANDO Experiência estésica ou estética é aquela que sensibiliza os nossos sentidos de modo significativo, ativando todo o corpo e permitindo refletir sobre o mundo e sobre nós. É o contrário de anestesia.

3. Volte às seções Venha dublar! e Venha animar! (páginas 128 e 129). Você já conhecia o filme de animação Frozen (2013)? Sabe de quem é a voz que dubla as canções da personagem Anna em português? Que tal pesquisar sobre o universo da dublagem?

REGISTROS E AVALIAÇÃO Dê espaço para que cada aluno se expresse em relação à sua experiência com a arte. Registros podem ser feitos no Diário de arte ou em um portfólio eletrônico com filmagens contendo entrevistas com os alunos relatando suas experiências com a arte.

4. Você já assistiu ao filme de animação Pauliceia Canta, Ty-Etê! (2012), do diretor brasileiro Céu D’Ellia? Que ideias você tem ao apreciar a imagem e o texto que estão em Venha animar! (página 129)? 5. Você gosta muito da arte da animação? Cite três desenhos animados a que você gostou de assistir e nos diga por quê. Respostas pessoais.

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a dublagem da voz da personagem Anna na fase adolescente. Ela também participou da dublagem da personagem Moana no filme Moana: um mar de aventuras. Nesse momento, podemos aproveitar para conversar mais com os alunos sobre a dublagem dentro de uma produção cinematográfica.

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• Sobre o filme de anima-

ção Pauliceia Canta, Ty-Etê! (2012), do diretor brasileiro Céu D’Ellia, você pode trazer questões referentes a escolhas de temas que sirvam de argumentos para a composição de textos e imagens em filmes de animação, de modo a apresentar ideias, ideologias, ativismo

A estesia pode se dar de forma espontânea quando, distraídos, somos capturados por algo que seja surpreendente ou atraente para nós. Pode também ser cultivada, ser aprendida quando passamos a ter intenção consciente de nos colocarmos em estado de atenção para melhor perceber, ouvir, ver. Seja como for, de acordo com a corrente da fenomenologia, usamos nosso corpo no contato direto com os objetos e fenômenos, para colher percepções fundamentais (Merleau-Ponty, 2004) para os processos de elaboração de nossas “leituras” e relações, em busca de construir significados. Portanto, a razão e a inteligência se somam nesse jogo. O professor, enquanto mediador cultural, cria situações de aprendizagem para que os alunos possam ter encontros significativos com as obras artísticas. Isso pode acontecer em momentos de nutrição estética (imagens, vídeos e músicas) que indicamos nesta coleção ou em situações, inclusive as lúdicas, por meio de criação de jogos.

ambiental e outras propostas. Como são feitas as imagens e o que chama a atenção dos alunos? Os alunos podem criar fichas de leitura sobre os desenhos animados de que mais gostam, analisando estes e outros aspectos. 11/7/18 5:55 PM

CONEXÕES • Museu lúdico. Disponível em: <http://livro.pro/ty2m89>. Acesso em: 6 nov. 2018. • MUSEU, educação e o lúdico. Disponível em: <http://livro.pro/u2ptqk>. Acesso em: 6 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO Arte e experiência Instalação artística Intervenção urbana Educação inclusiva Cultura audiovisual Mapeamento 3D

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

tema 1

Sentir e fruir a arte

Na arte contemporânea, existem muitas experiências e propostas que exploram o olfato, o tato e o paladar. Porém, percebemos que a visão e a audição ainda são bastante privilegiadas nesse universo artístico. Além disso, em casa e nos aparelhos celulares acessamos muitas músicas (linguagem musical), vídeos (linguagem audiovisual), imagens e fotografias (linguagem visual). E, quanto mais conhecemos as artes do som e da imagem, mais encontramos maneiras de desfrutar a arte. E a arte pode estar em toda parte! Podemos encontrá-la e sentir sensações com ela em museus, casas de espetáculos ou mesmo em meio a um jardim, como na imagem ao lado. Pessoas aproveitam o dia próximas à instalação artística no jardim do Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Foto de 2014.

MUSEU GULBENKIAN DE LISBOA/RITA DEMARCHI

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Proponha aos alunos que reflitam sobre as principais linguagens da arte: música, teatro, dança, artes visuais e audiovisuais. Elas estão voltadas para os nossos cinco sentidos? Converse com os alunos sobre os museus espalhados pelo mundo que se preocupam em reproduzir obras de arte em relevo para que pessoas com deficiência visual possam, de alguma maneira, ter acesso ao mundo da arte visual. Esses espaços criam ações que propõem o toque, a percepção sensorial tátil, para “ver”, pelo toque sensível, a imagem. Pesquise mais sobre essas possibilidades e traga o que você encontrar para suas aulas como propostas de inclusão. Mesmo sendo a visão e a audição ainda bastante privilegiadas na fruição da arte, há muitas formas de sentir a arte. Aproveite este momento para conversar sobre a fruição da arte e do mundo por pessoas com deficiência e como todos podem ajudar a ampliar as possibilidades. Se na turma houver alunos com deficiência, crie materiais em relevo, use sons e outros recursos quando for tra-

Arte para todos Como somos capazes de fazer adaptações, muitos aprendem a usar os sentidos de formas diferentes ou mais aguçadas. Assim, mesmo quando temos alguma dificuldade ou deficiência, podemos ter sensações com a arte e suas linguagens, pois cada qual encontra a sua forma de apreciar e potencializar os sentidos. Para garantir que essa capacidade se realize, muitos museus se preocupam em dar a todos os visitantes acesso à arte. Observe a imagem ao lado.

GERARD JULIEN/AFP

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Programa de acessibilidade a obras com detalhes tridimensionais oferecido pelo Museu do Prado, em Madri (Espanha), uma das galerias de arte mais famosas da Europa.

D i á r i o d e a rt e Analise, reflita e anote suas hipóteses em seu Diário de arte. 1. Como se tem contato com uma obra de arte? 2. Qual sentido você utiliza mais, a visão, a audição, o tato, o olfato ou o paladar? 3. A tecnologia afeta o modo como você entra em contato com a arte?

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balhar com a nutrição estética a partir de obras de arte. Esclareça que a instalação é uma linguagem artística contemporânea que utiliza diversos meios e suportes – por vezes, tecnológicos – e ocupa um espaço (lugar) que pode ser visitado pelo público, o qual, em

alguns casos, pode até interagir com a proposta do artista. A partir do século XX, muitos materiais começaram a fazer parte de obras artísticas, inclusive objetos do cotidiano, e algumas propostas artísticas também começaram a proporcionar experiências sensoriais (tato, olfa-

to, visão, audição e paladar). A intervenção urbana nasce de movimentos relacionados ao surgimento de ações artísticas (em várias linguagens) realizadas em espaços públicos. No início, essas ações eram consideradas transgressoras, originárias do meio da arte e cultura

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xão sobre a recepção da obra de arte. A estesia é uma dimensão do conhecimento que proporciona aos alunos conhecer e refletir como se sentem, não apenas em relação à arte, mas como seres sensíveis e culturais que experimentam, conhecem, interpretam, sentem e leem o mundo de modo sensível.

BRIDGEMAN IMAGES/EASYPIX BRASIL

A criação do audiovisual

Nos primórdios do cinema, só as imagens tinham movimento. O som geralmente era criado ao vivo por músicos contratados. Na imagem, o ator russo Vladimir Georgievich Gajdaro interpreta um violinista em filme de 1893.

+IDEIAS Em nosso cotidiano, somos a todo momento motivados a olhar para imagens, sentir diferentes cheiros, ouvir sons e músicas, tocar diversos materiais e até provar sabores. Quando uma imagem, um cheiro, um som, um gosto ou uma sensação tátil chega até nós, dizemos que impressionaram nossos sentidos. Muitas vezes, o que nos leva a experimentar uma sensação é o estímulo de outro sentido que não a desperta diretamente. Por exemplo, as embalagens de perfume estimulam a visão como forma de atrair os consumidores. O artista espanhol Salvador Dalí (1904-1989) criou um frasco para o perfume que levaria seu nome, tomando por base uma de suas pinturas. O sucesso visual do produto levou a marca do perfume a utilizar esse frasco para diversas fragrâncias e a encomendar ao artista outros designs de frascos.

GEORGY GOLOVIN / ALAMY / FOTO ARENA

O advento do cinema no final do século XIX, a era do rádio, o qual se popularizou no início do século XX, e a união dessas duas formas de criar e apreciar imagens e sons influenciaram o nascimento de muitas linguagens ligadas às artes audiovisuais. Cinema, televisão, vídeo, videoarte, videoinstalação, web art, arte digital, videogame, arte multimídia e outras linguagens audiovisuais nasceram da mistura de técnicas e poéticas de som e imagem, linguagens muito presentes na vida e arte contemporâneas. Observe a imagem a seguir.

Projeção por mapeamento de vídeo sobre uma estrutura de tecido especial, durante o Festival Círculo de Luz, em Moscou (Rússia), em 2018.

Mapeamento 3D Uma das mais recentes misturas de linguagens da arte é o mapeamento por vídeo, também chamado mapeamento 3D. O conteúdo da projeção – um vídeo – é produzido em computador com programas especiais, que rastreiam (mapeiam) as superfícies de qualquer objeto de duas ou três dimensões. O vídeo, já concluído com as cores, as texturas e os motivos desejados para cada superfície, é projetado por equipamento especial com capacidade de cobrir até construções do tamanho de edifícios altos. Essa tecnologia surgiu na década de 1960, mas só passou a ser usada por um grande número de artistas e agências de publicidade no século XXI. Tem servido para projetar vídeos em prédios, palcos teatrais, obras de arte, criando cor, ilusão de óptica, movimento em objetos e dimensões que o modelo não tem, reconstruindo o espaço real.

CONEXÕES • Museu Nacional do Prado. Disponível em: <http://livro. pro/h6arn2>. Acesso em: 6 nov. 2018. • DUARTE JÚNIOR, João-Francisco. O sentido dos sentidos: a educação (do) sensível. Campinas: Editora da Unicamp, 2000.

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alternativas, mas, com o tempo, foram ganhando importância e estrutura. Na atualidade, existem intervenções urbanas de vários portes, desde ações individuais a grandes projetos de ocupação artística que usam tecnologias elaboradas, como o mapeamento em 3D em espetaculares projeções de imagens.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS As tecnologias criadas nos séculos XX e XXI desenvolveram a arte audiovisual e nos colocaram novas maneiras de fruir a arte em experiências que eram impossíveis antes dessas invenções. Proponha debates sobre como os alunos

percebem de modo sensível o mundo em meio a tantas tecnologias. A dimensão de conhecimento estesia aponta que o ensino de Arte precisa trabalhar com a educação estésica e estética, não apenas apresentando produções artísticas e seus contextos, mas desenvolvendo a refle11/7/18 5:55 PM

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR18) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Proponha uma pesquisa sobre o invento de equipamentos de transmissão de som. Sugerimos a pauta: • Você costuma ouvir rádio? O que você gosta de ouvir? • Como a sua família usa esse meio de comunicação de massa? Como um rádio funciona? • Como você teve acesso à última nova música que você ouviu? Alguém comentou essa nova gravação? Você estava assistindo a um programa na TV, ouvindo a rádio ou acessando a internet quando se deparou com esse novo som? • Será que os meios de comunicação e as novas mídias de informação influenciam no seu gosto pessoal musical ou na escolha de filmes para assistir? As questões acima têm o objetivo de provocar a reflexão sobre o tema e servem como aquecimento conceitual sobre o papel da indústria cultural na influência do consumo dos produtos fonográficos e cinematográficos. Em 1863, na Inglaterra, James Clerk Maxwell (1831-1879), um professor de física experimental, comprovou teoricamente que era possível a existência das ondas eletromagnéticas. Na sequência das pesquisas, o alemão Heinrich Rudolph Hertz (1857-1894) comprovou

O som na cena

HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES

Antes da popularização da linguagem audiovisual, era por meio do rádio que se contavam as histórias. Os estúdios das estações de rádio recebiam artistas que interpretavam papéis e levavam histórias aos ouvintes por meio da fala. Os sonoplastas acrescentavam música, atingindo as emoções dos ouvintes com trilhas de suspense, tensão, paixão, entre outras. Criavam também efeitos sonoros, mexendo ainda mais com a imaginação do ouvinte, que passou a voar mais alto com sons de chuva, trovão, tiro, passos sobre um piso de madeira, portas rangendo, explosão, trote de cavalo, ventania etc. Esse trabalho pioneiro, de simular sons em estúdio, continua a dar frutos nas linguagens do cinema e da televisão até hoje. Se o rádio não oferecia mais espaço aos artistas da voz, o cinema e a televisão possibilitaram o surgimento de um novo profissional, o ator de voz ou dublador. A dublagem é uma linguagem audiovisual, sendo a parte sonora aquela que parece nos impressionar mais e causar reações. Os dubladores, que também são artistas, emprestam a voz a personagens dos desenhos animados, dando vida a eles, e também aos atores de filmes em língua estrangeira. Veja as imagens a seguir.

No estúdio de uma rádio em Nova York (EUA), em 1926, o ator (em pé, à esquerda) e sonoplastas trabalham em transmissão de radioteatro.

AMPLIANDO Radioteatro é uma peça de teatro representada no estúdio de uma estação de rádio e transmitida, simultaneamente ou não, a várias localidades. A maior parte das radionovelas brasileiras permaneceu viva até o início dos anos 1970. Sonoplastas são profissionais que providenciam os efeitos sonoros (música e ruídos) de programas de rádio, filmes, animações e peças teatrais.

Burro, personagem da série de filmes de animação Shrek.

DREAMWORKS/COURTESY EVERETT COLLECTION/AGB PHOTO LIBRARY

Sonoplastia Rádio e comunicação de massa Dublagem Cultura audiovisual

DREAMWORKS/COURTESY EVERETT COLLECTION/AGB PHOTO LIBRARY

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O ator Eddie Murphy usa a voz nos três filmes da série Shrek para dar um tom ainda mais cômico ao Burro.

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a propagação radiofônica. A partir de 1887, o mundo conhece o termo “ondas hertzianas” (Hz) ou “quilohertz”. O cientista italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) desenvolveu vários experimentos que desencadearam a fabricação industrial de aparelhos de rádio no início do século XX. D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 134

A era de ouro do rádio permitiu que muitos ouvintes apreciassem a mesma música, ao mesmo tempo, em diferentes localidades. Antes desse advento tecnológico, músicas ou histórias narradas e interpretadas por atores e atrizes só eram ouvidas por um grupo de pessoas que tinha acesso a

espetáculos. Os filmes lançados na época também levavam multidões ao cinema, que no início era mudo, e depois se tornou audiovisual. A invenção do aparelho de transmissão de sons e imagens deu origem à era da televisão.

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nhecimentos sobre a cultura audiovisual e tecnológica. Outra sugestão é trabalhar aqui com o tema transversal trabalho e consumo, que pode provocar debates mais fundamentados sobre como os alunos lidam com as demandas de consumo trazidas pela indústria cultural. Comente com eles que a dublagem é uma linguagem audiovisual e como a parte sonora parece nos impressionar mais e causar reações (assista a uma cena dramática de um filme com o som desligado e note a diferença de impacto que ela causa).

mundo conectado

A invenção do rádio AMPLIANDO Comunicação de massa é um sistema de comunicação capaz de atingir um grande número de receptores ao mesmo tempo.

Engenheiros testam o rádio, uma das primeiras tecnologias de comunicação a distância sem fio.

SUPERSTOCK/GLOW IMAGES

THE GRANGER COLLECTION/GLOW IMAGES

A imaginação é o alvo dos contadores de história, não importando se a história é contada a uma roda de pessoas, em um teatro, em um gibi, em um livro, no cinema ou em uma transmissão pelo rádio. Uma das primeiras formas de comunicação de massa a distância utilizava a emissão de ondas eletromagnéticas. No início do século XX, o engenheiro elétrico italiano Guglielmo Marconi inventou o telégrafo e, a seguir, um eletrodoméstico capaz de transmitir notícias, informações e entretenimento de uma mesma fonte para milhares de lares: o rádio. Veja as imagens a seguir.

Crianças ouvem atentamente uma transmissão pelo rádio na década de 1950.

Em seus primeiros anos de existência, o rádio foi utilizado como dispositivo de comunicação, tanto no comércio quanto na guerra. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, os aparelhos se tornaram abundantes e sua função de entretenimento começou a ser percebida. No fim do conflito, uma fábrica de rádios nos Estados Unidos tinha diversos aparelhos em estoque. Então, distribuiu-os à vizinhança, instalou uma antena na fábrica e passou a transmitir música. Como o rádio era um aparelho de transmissão e de escuta, não demorou para que artistas também descobrissem seu potencial. Peças de teatro, óperas, novelas e gêneros do entretenimento, que posteriormente seriam populares na televisão (como programas de variedades e de talentos), emergiram naqueles primeiros anos, chamados de “A Era de Ouro do Rádio”. 135

PARA AMPLIAR CONCEITOS Converse com os alunos sobre o que pensam do termo “comunicação de massa”. Hoje o rádio não é a única mídia com essa característica. Pergunte a opinião dos alunos sobre quais mídias de comu-

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nicação exercem atualmente o mesmo papel do rádio, o de atingir simultaneamente um grande número de pessoas. Pesquise sobre podcasts e como os alunos se relacionam com essa tecnologia. Outra pesquisa interessante é sobre o sistema

bluetooth . Será que os alunos sabem como funcionam todos os recursos tecnológicos e aplicativos que usam em seu cotidiano? Uma pesquisa interdisciplinar (Arte, Ciências, História e Língua estrangeira) pode ser interessante para ampliar co11/7/18 11:10 AM

+IDEIAS Padre Landell de Moura (1861-1928) foi um padre católico, cientista e inventor brasileiro. Construiu o primeiro aparelho sem fio para a transmissão da voz humana, em 1892 – o rádio. Um detalhe interessante é que existem várias pesquisas que apontam que a primeira transmissão de palavra falada a distância realizada no mundo foi feita pelo padre Landell de Moura, em 1899, do alto de Santana para a Avenida Paulista, na capital de São Paulo. Os alunos podem realizar pesquisas sobre as invenções e seus criadores, para perceber que alguns inventores entraram para a história porque divulgaram seus trabalhos antes que os demais, enquanto outros ficaram no anonimato, mesmo tendo feito descobertas importantes. CONEXÕES Disponível • Radioteatro. em: <http://livro.pro/kdmu6n>. Acesso em: 7 nov. 2018. • O QUE é bluetooth ? Disponível em: <http://livro.pro/ 47kqba>. Acesso em: 7 nov. 2018. • PCN. Temas transversais: Trabalho e consumo. Disponível em: <http://livro.pro/u6rq4c>. Acesso em: 7 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • • • • • •

Ficção ou realidade

Sonoplastia Rádio e comunicação de massa Dublagem Cultura audiovisual Personagem Ficção e realidade

A crença na veracidade das notícias veiculadas pelo rádio acabou gerando uma grande confusão nas cidades dos Estados Unidos em 1938. O ator, diretor e produtor Orson Welles (1915-1985) adaptou para o rádio a obra A guerra dos mundos (1898), do escritor britânico H. G. Wells (1866-1946). O que teria causado pânico nos ouvintes? Eles já não estavam acostumados a ouvir histórias de ficção no rádio?

BNCC

HABILIDADES • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR25) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Leia o texto com os alunos para que compreendam melhor como eram feitas as dublagens no passado e como acontecem hoje. Os alunos podem fazer uma pesquisa sobre seus personagens de animação preferidos e de quem é a voz que fez a versão de dublagem brasileira. Eles podem também criar narrativas vocais para seus personagens como exercício de criação. Oriente-os a assistir às imagens do filme e retirar o som, observando, a partir desse momento, as ações dos personagens que eles irão dublar, improvisando as falas. Esclareça aos alunos que, no início do cinema, os atores falavam durante a gravação apenas para terem o registro de seus lábios em movimento. Depois, era realizada a edição do filme, isto é, a seleção e organização da sequência de imagens, colocadas uma após a outra. Somente após todo esse processo era inserida a parte sonora, com músicas, efeitos e falas. Essas foram as primeiras dublagens do cinema. Os atores procuravam repetir suas falas, sincronizando os movimentos dos lábios

KEYSTONE-FRANCE/GAMMA-KEYSTONE/GETTY IMAGES

UNIDADES TEMÁTICAS • Música • Artes visuais • Artes integradas

Orson Welles (à esquerda, de braços levantados) e sua equipe ensaiando para a transmissão de A guerra dos mundos. No fundo, à direita, a orquestra que executou a sonoplastia do programa.

Welles era um artista inventivo e, em vez de narrar a história, simulou um programa jornalístico. Quem ligou o rádio sem ouvir o anúncio inicial, que dizia se tratar de uma obra de radioteatro, ficou assombrado, pois o noticiário (fictício) dizia que o mundo estava sendo invadido por marcianos! Muitos ouvintes, apavorados, congestionaram as linhas de telefone e fugiram de casa. A mesma peça foi realizada em 1971 pela Rádio Difusora de São Luís (MA) e mais uma vez causou grande rebuliço. 1. Você já confundiu alguma obra de ficção com a realidade?

2. Sempre é possível distinguir a ficção da realidade?

3. Atores e atrizes de novelas já foram confundidos com suas personagens?

CLIQUE ARTE

1938: Pânico após transmissão de “Guerra dos mundos”. Matéria em português da empresa de comunicação alemã Deutsche Welle (DW) sobre a reação ao programa de Orson Welles. Disponível em: <http://livro.pro/oo7gi4>. Acesso em: 1o out. 2018.

4. Você conhece mais algum caso de obra de ficção que simulou ser um documentário sobre uma situação real? Respostas pessoais.

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registrados nas imagens com o som de suas vozes. Na atualidade há um mercado crescente no Brasil para os profissionais de dublagem. Os alunos podem assistir a documentários sobre a dublagem brasileira. Veja sugestões na seção Conexões. D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 136

PARA AMPLIAR CONCEITOS A linha que separa ficção e realidade pode parecer bem demarcada, mas há muitos que encaram obras de ficção como algo real. Atores de novelas que interpretaram vilões já chegaram a ser agredidos na rua,

não por seu trabalho como atores, mas pelo público, que não conseguia distinguir a pessoa do personagem. Hoje vivemos na era das fake news (notícias falsas), que podem influenciar a opinião das pessoas sobre alguém ou algum acontecimento. Converse com os alunos sobre a

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Os alunos também podem fazer jogos teatrais com base em notícias de jornais, dando expressividade à interpretação do fato. Uma sugestão é usar a proposta desenvolvida pelo teatrólogo Augusto Boal, que produziu textos críticos e proposições pedagógicas com jogos de teatro, na perspectiva de uma formação crítica e política do cidadão. A prática dos jogos propostos por Boal pode provocar a reflexão sobre o papel dos alunos e educadores na sociedade e desenvolver noções de coletivo e cidadania. Nos jogos do Teatro do oprimido, o professor deve selecionar temas, textos e questões relevantes sobre os contextos social, cultural e político atuais, estimulando a produção de reflexões críticas. Em uma proposta de radioteatro, as falas e os efeitos sonoros resultantes da encenação podem ser gravados. Essa proposta será trabalhada também mais à frente neste capítulo.

MAIS DE PERTO

Versão brasileira

JIM SPELLMAN/WIREIMAGE/GETTY IMAGES

Veja as imagens desta página.

O ator e dublador estadunidense James Earl Jones (1931-), que deu voz a Darth Vader, da série de cinema Guerra nas estrelas, e a Mufasa, da animação O rei Leão, sofria de forte gagueira e quase não falava até os 8 anos de idade.

Personagens criados por computação ou por robótica também são dublados, como ocorreu com Sonny, do filme Eu, robô (2004).

ACERVO PESSOAL DE NELSON MACHADO

ALAMY/FOTOARENA

ANIMAÇÃO CHAVES.VOL 1.ROBERTO GOMEZ

Nos primeiros filmes sonorizados do cinema, a fala das personagens não era gravada ao mesmo tempo que as imagens. O primeiro filme dublado foi O cantor de jazz, produzido nos Estados Unidos em 1927. O projecionista devia sincronizar a imagem com o som durante a exibição do filme. Três anos depois, foi criada a tecnologia capaz de sincronizar áudio e vídeo na gravação e, com ela, surgiu a possibilidade de dublar filmes em outros idiomas que não o original. Atualmente, as séries e os filmes estrangeiros fazem muito sucesso no Brasil, e boa parte das pessoas prefere a versão dublada à original. Veja as imagens a seguir.

Capa do volume 1 do DVD do desenho animado da série mexicana Chaves (2011). À direita, Nelson Machado Jr., ator, escritor e compositor brasileiro que dublou o personagem Quico, da mesma série, e personagens das séries Chapolim Colorado e Clube do Chaves.

O Brasil destaca-se na dublagem tanto de falas quanto de canções de filmes, e algumas trilhas sonoras de animações são mais conhecidas na versão brasileira do que na original. Atualmente, nosso país se especializa em uma nova área da dublagem: jogos de videogame. 137

disseminação de notícias falsas e suas consequências, bem como a questão ética envolvida. Uma sugestão é trabalhar aqui com o tema transversal Ética, provocando a reflexão sobre o comportamento humano, conjunto de valores, respeito mútuo e formação cidadã.

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+IDEIAS Mesmo os documentários não são apenas registro de fatos, pois trazem pontos de vista, escolhas no modo de documentar, de fazer a montagem do filme e de narrar. Proponha, como nutrição estética, que os alunos assistam

a documentários e analisem a postura do narrador ou apresentador e também o enfoque dado ao tema. Depois, os alunos podem criar um documentário sobre algo que julguem importante ser abordado no contexto da sua localidade ou de interesse do grupo. 11/7/18 11:10 AM

REGISTROS E AVALIAÇÃO As paradas para conversar com os alunos sobre como estão aprendendo os temas e conceitos estudados são essenciais para avaliar o processo de aprendizagem. Também dialogue com eles sobre como veem as fake news (notícias falsas) sob o ponto de vista da Ética. CONEXÕES • PCN. Temas transversais: Ética. Disponível em: <http://livro. pro/u6rq4c>. Acesso em: 7 nov. 2018. • O UNIVERSO da dublagem. Disponível em: <http://livro. pro/4tzg8k>. Acesso em: 7 nov. 2018. • DUBLAGEM: os donos da voz. Disponível em: <http://livro. pro/fdyojz>. Acesso em: 7 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes integradas • Artes visuais • Música • Teatro HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR18) •

A cantora e atriz Gabriela Porto, conhecida como Gabi Porto, participou da dublagem da personagem Anna na versão brasileira do filme Frozen (2013). Ela dublou o canto de Anna na fase da adolescência – Gabi Guimarães foi responsável pela voz da personagem na infância e Hannah Zeitoune, na pré-adolescência. Gabi, que também fez a voz da personagem Moana, do filme Moana: um mar de aventuras, contou-nos sobre a gravação e o trabalho de dublagem.

PHOTOFEST / EASYPIX BRASIL

Sonoplastia Rádio e comunicação de massa Dublagem Cultura audiovisual Personagem Radioteatro

Anna, uma das personagens principais do desenho animado Frozen (2013).

PALAVRA DA ARTISTA

Gabi Porto (1989-)

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Apresente aos alunos a arte da cantora e atriz Gabriela Porto, conhecida como Gabi Porto. Muitos artistas que trabalham com música e teatro atuam também como dubladores de filmes. Sugerimos a seguinte pauta para conversa com os alunos: • O que os alunos sabem a respeito do processo de dublagem dos filmes a que assistem? • Como eles veem as versões (em língua portuguesa) dubladas dos filmes e desenhos animados a que assistem? • Apresente aos alunos a entrevista concedida por Gabi Porto especialmente para este livro. O que eles aprenderam sobre a profissão de dublador?

PARA AMPLIAR CONCEITOS Na criação da radionovela da turma, oriente os alunos a criarem o conflito dramático, ou conflito central, da trama. Um exemplo de conflito central na trama é o amor de Romeu e Julieta frente à oposição de suas famílias. Proponha exercícios práticos para estudar os termos “conflito dramático” e “melodrama”.

Sobre a dublagem das canções da personagem Anna quando adolescente, a artista afirma: Eu tive que alterar bastante a voz, pois Anna tem mais ou menos 16 anos e eu já tinha 24 anos. Então, em Por uma vez na eternidade e Vejo uma porta abrir, por exemplo, eu precisei “infantilizar” muito a minha voz, ainda mais porque ela está superanimada nas duas músicas. Cantava sempre com um sorriso no rosto, muita ansiedade no corpo, procurando fazer minha voz soar de forma que eu parecesse um pouco mais nova do que eu sou, puxando-a, assim, um pouco mais pra cima (mais aguda). [...] Olha... é bem difícil... Ficar batendo a boca (sincronizar o movimento dos lábios) junto é complicado, principalmente porque a animação é feita em inglês, então a boca nunca bate perfeitamente com a letra em português. E ainda é preciso ler a letra ao mesmo tempo que faz isso. Porque, na verdade, a gente aprende a música na hora (e acho que é esse o maior desafio). A gente não leva para casa, escuta, estuda, pratica, nada disso! É tudo ensinado na hora! O diretor vai passando aos poucos, parte a parte, a versão original, a gente aprende a melodia (e ele é superexigente, quer notinha por notinha certa!) e grava...

PEDRO BUCHER

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Entrevista concedida aos autores em 2015, em São Paulo.

D i á r i o d e a rt e Quais são seus desenhos animados favoritos? Registre quais são em seu Diário de arte e procure descobrir quem são os dubladores que dão voz às personagens. Escreva o nome deles e veja que outros filmes, séries e filmes de animação eles já dublaram. Você pode aproveitar também para ver vídeos dos dubladores em ação!

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+IDEIAS Na seção Arte em Projetos, a proposta é que os alunos desenvolvam vários projetos a partir das sugestões apresentadas. Oriente os alunos a desenvolver o projeto de radioteatro, nutridos pelos estudos aqui indicados. D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 138

Converse com os alunos sobre a proposta de jogos teatrais, improvisando narrativas que possam ser dramatizadas por eles em encenações gravadas no estilo radionovelas: • Oriente os alunos a criar um enredo ou argumento para a radionovela.

• Depois peça a eles que defi-

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nam as características de cada personagem. • Diga aos alunos para organizarem as ideias escrevendo e desenhando o desenrolar da história. • Proponha a eles que estabeleçam os pontos de conflito da trama.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Em roda de conversa, proponha uma avaliação: • Como o aluno percebe seu empenho e participação nas propostas de oficinas? • Os alunos se mobilizam para conseguir os recursos e desenvolver as propostas? • O que mais motiva os alunos em um projeto de arte como o proposto aqui? • Que soluções os alunos apresentam para a resolução de problemas na realização do projeto? Saber ouvir é fundamental para a realização da avaliação em processo.

arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

No ar, nosso programa de rádio! Observe a fotografia abaixo.

ACERVO ICONOGRAPHIA

Atriz e atores gravam radionovela em estúdio da Rádio Tupi de São Paulo, aproximadamente em 1950.

Que tal fazer um radioteatro ou uma radionovela em sua escola? Veja na foto acima os artistas registrando essa arte integrada. Note os dois microfones pendurados no teto. Na época, era assim que se captava a fala de muitas pessoas ao mesmo tempo, gravadas em apenas um canal de áudio; nada de microfones individuais. E o som estéreo ainda nem existia.

Processo de criação

Oficina 1 – Da ideia à criação Podemos tomar emprestada a linguagem do teatro para viver a experiência de uma transmissão ao vivo. Combine com o professor e os colegas para dividir a turma em grupos de mais ou menos sete alunos. Sugerimos que todas as radionovelas sigam o mesmo gênero e, para dar um toque divertido, propomos que seja o do melodrama. A proposta é construir uma cena da novela. O exagero característico desse gênero pode ser muito bem aproveitado na elaboração do enredo. Para alimentar a “tempestade” de ideias do grupo, podem ser usados os seis princípios do jornalismo para a redação de notícias e reportagens: o que aconteceu, quem participou, quando aconteceu, onde aconteceu, como aconteceu, por que aconteceu. Qual é a trama central, o conflito dramático que sustentará o enredo?

CONEXÕES • MEDEIROS, Martha. O que é radioteatro. Florianópolis: Insular, 2016. • LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem – componente do ato pedagógico. São Paulo: Cortez, 2011. • PACHECO, José; PACHECO, Maria de Fátima. A avaliação da aprendizagem na Escola da Ponte. Rio de Janeiro: Wake, 2012.

AMPLIANDO Conflito dramático é aquele que está presente na obra teatral ou cinematográfica e ocorre tanto na intimidade de uma personagem quanto na trama como um todo. Um exemplo é a luta de Romeu e Julieta pelo amor que têm um pelo outro em meio à divergência entre suas famílias. Melodrama é um gênero teatral que surgiu no século XVIII e acabou incorporando enredos exagerados, que prosperaram em telenovelas.

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• Oriente-os a descrever as

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principais ações das cenas, registrando-as no papel na ordem em que aparecem. • Oriente-os também a dar atenção à duração das cenas, equilibrando-as para não ficarem muito longas ou muito curtas. Os diálogos podem ser es-

critos ou improvisados. Caso o grupo opte por redigir as falas dos personagens, a representação poderá ser realizada com o texto em mãos. Ao interpretarem, deixe os alunos à vontade para que esse momento seja lúdico, mas oriente-os a manter foco na ação e no jogo dramático.

Cada aluno do grupo poderá escolher o papel que irá representar na leitura dramática do texto. Os alunos também podem criar fotonovelas com base na radionovela criada pela turma. Oriente os alunos a se caracterizar e atuar com gestos e movimentos próprios dos per11/7/18 11:10 AM

sonagens. Enquanto uma parte da turma atua, outra cuida da direção das cenas e dos registros em fotografias. Depois, outro grupo deve cuidar da edição e da inserção dos textos nos balões de diálogos. Esse trabalho pode envolver a turma toda em um projeto coletivo e colaborativo.

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CONCEITOS EM FOCO Sonoplastia Rádio e comunicação de massa Dublagem Cultura audiovisual Personagem Radioteatro

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes integradas • Artes visuais • Música • Teatro HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR16) • (EF69AR17) • (EF69AR25) • (EF69AR26) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Proponha exercícios práticos para criar o material na dramatização sonora. Oriente os alunos a dar ênfase vocal, expressando emoções e características do personagem. Um grupo de alunos pode ser responsável pelos efeitos especiais sonoros (ruídos, sons de passos, chuva, batidas em uma porta e outros). Outro grupo de alunos pode gravar o material sonoro. Para o proposto na Oficina 2 – Dublagem, fale da dublagem no cinema e na televisão como uma linguagem dentro de outra linguagem. O mundo das profissões ligadas à arte pode ser trazido para esse debate, apresentando a ideia de que, além do dublador, há vários outros profissionais envolvidos, como os técnicos de áudio do estúdio de gravação, o diretor de dublagem e o roteirista, que cria a versão brasileira das falas.

Depois de criados o enredo e o argumento de sua novela, escolha em qual momento se inserirá a cena que será apresentada: no início, no desenvolvimento ou no final da trama. Trace as principais ações da cena, registrando-as no papel na ordem em que aparecem. Cuidado com a duração da cena, equilibrando-a para não ficar muito longa nem muito curta. Os diálogos podem ser escritos ou improvisados. Caso o grupo opte por redigir as falas das personagens, a representação poderá ser realizada com o texto em mãos. Ao interpretar, não deixe de trocar impressões com os colegas. E não se esqueça de se divertir!

Dramatização sonora O desafio mais interessante é a escolha das trilhas e dos efeitos sonoros. As músicas, que podem ser gravadas ou executadas ao vivo, precisam dialogar com a proposta da novela, em geral, e da cena, em particular. Para compor os efeitos sonoros, pesquise a sonoridade de materiais diferentes. Apure o ouvido para identificar semelhanças sonoras. Por exemplo, sacos plásticos são ótimos emissores de sons. Conforme a manipulação e o tipo de plástico, podem simular folhas ao vento, fogo crepitando, tempestade, passos sobre pedras, ondas do AMPLIANDO mar. O som de um legume firme, como o pepino, sendo quebrado Podcasts são arquivos simula o de um osso que se quebra. O som de coisas viscosas pode ser de áudio ou vídeo acessíveis na internet simulado mexendo em gel para cabelo... As possibilidades são muitas. ou baixados a qualquer Basta investigar, testando e ouvindo! Será ainda mais proveitoso se você momento. O termo puder gravar seus experimentos, anotando a sequência de ações utilizada podcast vem da mistura do nome comercial de de cada um e o material usado. um aparelho de áudio, Pode-se também registrar a cena com um gravador (como o de um o iPod, e de broadcast (difusão ou transmissão, celular). A difusão da gravação para fora da sala de aula seria realizada em inglês). por um equipamento de áudio da escola ou por meio digital, como os atuais podcasts. Uma alternativa é pensar em um programa mensal ou semanal, seja uma radionovela, seja formado de programas independentes. Pode-se até criar um grupo de radiodifusão na escola especializado em dramatizações sonoras.

HARRY KERR /GETTY IMAGES

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Comediantes britânicos (em primeiro plano) gravam programa humorístico na Rádio BBC, de Londres (Inglaterra), em 1955.

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D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 140 PARA AMPLIAR CONCEITOS Trazemos aqui, como sugestão para organização das oficinas propostas, as etapas do projeto a partir das ideias de Hernández e Ventura (1998, p. 179-180). Leve em consideração a oportunidade de criar projetos com a parti-

cipação efetiva e ativa dos alunos em sistema cooperativo e dando espaço ao protagonismo juvenil. O projeto de trabalho prevê que professores e alunos criem e potencializem passos e caminhos nos trajetos do ensino e da aprendizagem de Arte, tais como:

1. Escolha do tema: • Realizar sondagens para perceber os interesses dos alunos e os temas que emergem para, assim, integrá-los ao projeto de trabalho. • Definir os objetivos do projeto de trabalho após a identificação dos temas de interesse dos alunos: um fato da atuali-

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Oficina 2 – Dublagem

ALEXEY FURSOV/SHUTTERSTOCK.COM

Veja a imagem a seguir.

Estúdio de gravação, com o artista com fones de ouvido, microfone protegido por um filtro e paredes forradas de material que absorve o som, evitando que ele vaze de uma sala para outra.

Esses adolescentes são dubladores e apresentadores do projeto TV Piá, veiculado pela TV Brasil. Os jovens são os protagonistas da programação, em entrevistas, depoimentos e dublagens, mostrando sua diversidade cultural.

MATHEUS FERREIRA/TV PIÁ- 2010

ANA CAROLINA LOTTO/TV PIÁ- 2010

A dublagem no cinema e na televisão é uma linguagem dentro de outra. Apesar de se destacar a figura do dublador, vários outros profissionais participam dela, como os técnicos do estúdio de gravação, o diretor de dublagem e o roteirista, que cria a versão das falas. Há desafios em todas as etapas do processo. O técnico de áudio precisa dar um tratamento adequado ao som da voz dos dubladores. Se a cena se passa em uma caverna, por exemplo, ele precisará criar um efeito sonoro com eco para simular esse ambiente. O diretor de dublagem é o responsável por organizar e coordenar todo o processo da dublagem. O roteirista precisa escrever uma fala em português que se adapte ao tempo da fala original, uma vez que a tradução direta pode não coincidir com o movimento labial ou a duração da fala do filme. Depois de gravada, a fala dublada é misturada ou mixada às demais trilhas do filme (músicas e efeitos sonoros) e, depois, às imagens. Vale a pena destacar que nem sempre a dublagem segue os mesmos padrões. Em documentários e reportagens, por exemplo, a dublagem costuma ser mais evidente, pois os dubladores não sincronizam a voz com o movimento labial das pessoas que aparecem na gravação.

necessárias para o desenvolvimento do projeto. • Mediar a criação no percurso de aprendizagem da Arte, elaborando textos ou produzindo em outras linguagens artísticas. • Dialogar durante o percurso, retomando conceitos construídos inicialmente a fim de que os alunos não percam de vista os objetivos e o foco do trabalho. • Elaborar e apresentar a história do percurso de aprendizagem do aluno. 5. Registro do percurso: • Apresentar as possíveis formas da produção final por meio da criação de registros, como: diários de arte, portfólios e outros que favoreçam a avaliação do processo de aprendizagem. • Apresentar novas possibilidades de passos/rotas e caminhos a serem traçados em meio a outras ações inseridas no projeto de trabalho. • É importante ressaltar que esse processo é repleto de singularidades e deve oferecer ao professor possibilidades de trabalho no ensino de Arte.

CONEXÕES Fernando. • HERNÁNDEZ, Cultura visual, mudança educativa e projeto de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2000. Fernando; • HERNÁNDEZ, VENTURA, Montserrat. A organização do currículo por projetos de trabalho: o conhecimento é um caleidoscópio. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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dade, vivências, um olhar sobre a realidade, proposição do professor etc. 2. Elaboração de um índice ou roteiro inicial de investigação e organização do percurso: • Elaborar com os alunos sequências de trabalho, planejando percursos e propondo a escolha de caminhos, num

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diálogo permanente entre professores e alunos. • Organizar o tempo e o lugar em que o projeto de trabalho poderá ocorrer. • Prever e providenciar os recursos necessários para o desenvolvimento do projeto de trabalho. 3. Levantamento de hipóteses e problematização:

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possam contribuir para melhor conhecer o tema e os conceitos envolvidos na investigação. 4. Busca de fontes de informação: • Incentivar a autonomia dos alunos assumindo a mediação de saberes, orientando os alunos na busca de informações

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Sonoplastia Dublagem Cultura audiovisual Personagem

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes integradas • Artes visuais • Música • Teatro HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR03) • • (EF69AR16) • • (EF69AR17) • • (EF69AR19)

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS No momento das oficinas com foco no fazer artístico dos alunos há desafios em todas as etapas do processo. Assim como na profissão dos dubladores, resolver problemas e criar caminhos para o fazer artístico faz parte das habilidades que estamos trabalhando neste momento das oficinas. Esclareça para os alunos que eles podem, após a gravação, incluir efeitos ou fazer edições usando programas de computador de edição de som. Na Oficina 3 – Novos sons para as imagens, oriente os alunos a criar roteiros que se adaptem ao tempo da fala original da cena, lembrando que a fala direta pode não coincidir com o movimento labial ou a duração da fala do filme. Um grupo de alunos pode trabalhar com a parte da fala (diálogos entre os personagens), e outro grupo de alunos pode criar sonorizações para as cenas. Ainda é possível organizar mais um grupo de alunos, que filmará a cena no mesmo momento em que os sons (falas e efeitos) acontecem.

Mãos à obra! Apresentamos aqui três desafios de criação e expressão sonoro-musical, enfocando temas tratados anteriormente. 1. Sonorização de cenas Dispostos em roda e voltados para o centro, os alunos realizarão cada um a sua vez um gesto sonoro original, que será filmado pelo professor. A filmagem ocorrerá de forma contínua, sem corte nem pausa, com os alunos imóveis no início e no fim de sua apresentação. Quando todos tiverem sido filmados, o professor projetará o filme inteiro, mas sem som! A classe terá o desafio de interpretar ao vivo cada uma das expressões, simultaneamente, fazendo silêncio completo nos intervalos entre cada uma das proposições. 2. Criação e percepção de cena • Em pequenos grupos, os alunos escolherão temas que considerem significativos. O professor também poderá propor uma temática específica para todos ou para cada grupo. Com base no tema, os alunos escreverão um texto breve. • Os alunos imaginarão uma cena com personagem em situação particular e experimentarão diversas maneiras de interpretá-la. • Anotarão em uma folha de papel o texto a ser dito pela personagem na cena (por exemplo, uma pessoa raivosa que foi assaltada, um político fazendo discurso persuasivo, um jovem que recebeu notícia especialmente boa), bem como as características da cena e da situação. • Os representantes do grupo B chamarão um participante do grupo A para interpretar a cena concebida por eles e dublar a fala da personagem (sem emitir nenhuma palavra). Os membros do grupo A anotarão o texto dublado e descobrirão as características da cena. • Podem participar mais do que dois grupos. Serão cronometrados os tempos de performance para verificar qual grupo desempenhou melhor, e também se avaliarão a originalidade da cena concebida e a qualidade do desempenho dos intérpretes. 3. Dublagem de personagem Organizados em duplas ou grupos maiores, você e seus colegas dublarão uma cena existente – de filme, comercial publicitário, desenho animado. Acompanhe as etapas. • Escolham uma cena de pequena duração. • Identifiquem as personagens. • Selecionem os membros do grupo que interpretarão as personagens – um aluno pode interpretar mais de uma personagem, desde que caracterize cada uma delas. • Elejam um ou mais membros do grupo para elaborar as novas falas em contexto diferente do original, o que deixará a proposta mais divertida. 142

PARA AMPLIAR CONCEITOS As dublagens nem sempre são realizadas por dubladores especialistas. A voz do personagem Shrek, (em filme homônimo) por exemplo, foi feita pelo humorista Bussunda (1962-2006), nome artístico de Cláudio Besserman D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 142

Vianna, um dos atores integrantes da série televisiva de humor Casseta & Planeta. Bussunda não era um profissional da área, mas foi escolhido pela afinidade que os produtores encontraram entre seu trabalho e as características do protagonista da animação. Após a morte de Bussunda,

Mauro Ramos, dublador profissional, assumiu seu lugar para dar continuidade à série (a partir de Shrek terceiro). É interessante destacar que nem sempre a dublagem segue os mesmos padrões. Em documentários e reportagens, por exemplo, a dublagem cos-

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+IDEIAS A proposta da Oficina 3, apesar de simples, requer bastante criatividade e disponibilidade dos alunos. Incentive-os a explorar as possibilidades de mudança de contexto da fala e descobrir como a intenção e a entonação da voz terão um papel significativo. Pode-se propor o uso de exercícios de interpretação vocal, ou seja, utilizando apenas a expressão facial, que atua mais diretamente no som. Pesquise sobre exercícios vocais, como: • realizar movimentos de bocejo; • movimentar os lábios reproduzindo expressões de bico e sorriso; • esticar e enrolar a língua; • pronunciar letras, como AAAAA, TRTRTRTR, IU, IU, IU, TA, TA, TA...

Imagine como seria dublar as personagens de seu filme, série ou desenho animado favorito falando apenas, por exemplo, de culinária ou de futebol. O aluno roteirista deverá estar atento ao tempo de fala para que os alunos dubladores consigam realizar a dublagem no tempo da fala original. Lembrem-se de que a dublagem é uma arte sonora. Por isso, os dubladores precisam cuidar da entonação e da dramaticidade da fala, já que os gestos e a expressão corporal não serão perceptíveis no resultado final. Veja as imagens a seguir.

PHOTOS 12 CINEMA/DIOMEDIA

Dublagem ao vivo de Pinguins de Madagascar no Festival Internacional de Cinema Infantil (Fici), em 2014. O festival percorre diversas cidades do Brasil.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Lembramos que, no caso de trabalhar com recursos em gravações, um portfólio eletrônico pode ser criado, como registro dos processos e produtos gerados nos projetos de radionovela (radioteatro) e de dublagem.

Para apresentar a proposta de seu grupo, utilizem os recursos disponíveis na escola. Não é necessário mais do que uma televisão, um computador ou um tablet para realizar essa experiência. O aluno roteirista poderá também ser responsável por disparar a exibição do vídeo. Os dubladores deverão encontrar um modo de acompanhar o vídeo sem ser vistos pelos demais alunos da classe. Eles poderão, por exemplo, ficar atrás dos demais alunos ou encobertos por um biombo ou uma cortina. Essa é uma experiência que pode ser repetida, permitindo explorar e descobrir mais recursos vocais – e textuais, para os roteiristas – nessa linguagem.

Oficina 3 – Novos sons para as imagens

CONEXÕES • VEIGA, I. P. A.; FONSECA, M. (Org.). As dimensões do projeto político-pedagógico: novos desafios para a escola. Campinas: Papirus, 2001. p. 175-212. • VILLAS BOAS, B. M. F. Portfólio, avaliação e trabalho pedagógico. São Paulo: Papirus, 2004.

Que tal criar os sons das cenas de um filme de animação? Troque ideias com o professor e seus colegas. • Escolha um trecho de filme de animação. • Reproduza a cena (usando um celular, computador ou outro meio). • Não se esqueça de abaixar o som totalmente. Enquanto a cena é reproduzida, você e seus colegas podem criar dublagens com falas novas, reproduzir uma música ao mesmo tempo para trazer uma nova trilha sonora ou criar efeitos especiais com objetos sonoros ou instrumentos musicais. 143

tuma ser mais evidente, pois a voz da versão brasileira não acompanha a original. A expressão vocal não se confunde com a voz das pessoas que aparecem no documentário ou com a voz do narrador (os dubladores não sincronizam suas vozes com o movimento labial das pessoas que apare-

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cem na gravação). Esses efeitos de distanciamento procuram, de fato, evidenciar que o filme, a reportagem ou o programa estão sendo dublados. As vozes originais podem ser ouvidas, geralmente, um pouco antes e/ou durante a dublagem (com a voz dublada mais destacada que a original).

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CONCEITOS EM FOCO

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR31) • (EF69AR02) • (EF69AR32) • (EF69AR03) • (EF69AR35)

Flowers and Trees (Flores e árvores), dos Estúdios Walt Disney, 1932.

EVERETT/ FOTOARENA

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

OLD PAPER STUDIOS / ALAMY / FOTOARENA

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Fantasmagoria, de Émile Cohl, 1908.

Steamboat Willie (1928), dos Estúdios Walt Disney.

COURTESY EVERETT COLLECTION/AGB PHOTO LIBRARY

Dar movimento às imagens é como dar-lhes uma alma. A palavra “animação” nasceu com esse sentido – o de dar alma, aparência de vida, movimento. Entre os primeiros aparelhos para criar ilusão óptica na percepção de imagens em movimento estão o zootrópio, inventado em 1833, e o folioscópio, ou flip book, criado em 1868 (veja na página 148), mas foi no cinema que a animação encontrou seu maior potencial. O primeiro desenho animado produzido foi o curta-metragem Fantasmagoria (1908), do caricaturista francês Émile Cohl (1857-1938), tido como “pai da animação”. Cohl levou cerca de cinco meses para concluir o filme de 700 desenhos e um minuto de duração. Já o primeiro desenho animado com som, dos Estúdios Walt Disney, chamou-se Steamboat Willie (1928) e é considerado o primeiro filme oficial do camundongo Mickey. No Brasil, recebeu o nome de Guilherme, o Timoneiro. Os Estúdios Walt Disney também produziram, em 1932, o primeiro desenho animado colorido, Flores e árvores. Veja na imagem abaixo o cartaz de divulgação. O grande marco foi 1937, com Branca de Neve e os sete anões, primeiro longa-metragem animado, também da Disney. Nele se vê claramente a evolução técnica na qualidade dos movimentos.

BNCC

Converse com os alunos sobre como eles imaginam um mundo sem os filmes de animação, sem as linguagens audiovisuais, sem as imagens em movimento, e como essa arte surge. Sugerimos a pauta: • Quem inventou a primeira técnica de animação? Será que foi apenas uma pessoa ou muitas se dedicaram a criar esse sonho? Quais são os primeiros aparelhos inventados para criar a ilusão de movimento das imagens? • E para projetar as imagens, quais aparelhos foram inventados? • Que técnicas de animação vocês conhecem hoje? Já ouviram falar em animação 2D, 3D e 4D? Quais são as diferenças? Vamos estudar o mundo da animação? Na seção Mundo conectado, na página 145, temos a relação entre arte e tecnologia. Você pode criar um fórum presencial ou virtual em que os alunos possam se expressar sobre a questão: fruição de arte em mídias eletrônicas. Trazemos aqui a possibilidade de desenvolver diálogos interdisciplinares com as ciências exatas, com a tecnologia e até mesmo com as ciências humanas, para serem debatidos o acesso a essas tecnologias e a dependência que elas criam. Outro assunto que poderá ser abordado é a

Arte que anima

WALT DISNEY PICTURES / ALBUM / ALBUM / FOTOARENA

tema 2

• Cinema de animação • Cultura audiovisual • Personagem

Branca de Neve e os sete anões, dos Estúdios Walt Disney, 1937.

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obsolescência programada dos aparelhos modernos. O consumo, como tema transversal, também pode ser abordado com base nesse contexto. Sobre as questões trazidas nos exercícios, a expectativa é que os alunos se expressem de modo pessoal, mas você pode D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 144

aproveitar esse momento para criar mais espaços para debates. Sugerimos a pauta: 1. O uso de aparelhos celulares tem impactado vários setores da sociedade e também a esfera da arte. Muitas invenções que já estiveram em evidência hoje são obsoletas. Traga essas questões para os alunos debaterem.

2. Converse com os alunos sobre as mudanças tecnológicas que influenciam a arte, a cultura e a sociedade. Os artistas usam as materialidades e os procedimentos técnicos disponíveis em seu tempo; assim, o desenvolvimento de tecnologias sempre irá influenciar o universo da arte.

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tema tema11 mundo

+IDEIAS A descoberta que levou à projeção de 24 quadros por segundo mudou a percepção da imagem e, na trajetória da história do cinema, foram criados muitos inventos para colocá-la em movimento. Um deles, o precursor dos atuais aparelhos de projeção, foi criado no século XVII pelo sacerdote jesuíta alemão Athanasius Kircher (1602-1680). Posteriormente, o dinamarquês Thomas Walgenstein (16221701) inventou um modelo mais aperfeiçoado que o de Kircher e, em 1665, deu-lhe o nome oficial de lanterna mágica. Muitos modelos passaram, então, a ser criados e neles acrescentadas lentes de vidro e luz elétrica, até começarem a ser comercializados.

conectado

O cinema em nossas mãos Houve uma época em que só era possível se comunicar a distância e no mesmo momento por meio de uma linha telefônica conectada por fios. Os aparelhos fixos podiam fazer ligações para outros aparelhos fixos. Depois de Guglielmo Marconi (1874-1937) ter inventado o telégrafo sem fio, no final do século XIX, a busca de tecnologias de comunicação sem fio se intensificou. O telefone celular surgiu para substituir por completo os telefones sem fio, que dependiam de uma base ligada por fio à rede telefônica. Foi criado nos Estados Unidos e apresentado pela primeira vez em 1973, mas passou a ser vendido apenas dez anos depois e ainda demorou mais alguns anos para se tornar uma tecnologia acessível. Atualmente não somente podemos falar a distância sem conexão por fios, como também temos à disposição inúmeros recursos digitais. A linguagem do cinema, antes restrita a salas de cinema e televisores, pode ser acessada por meio de celulares. Mais que um aparelho telefônico, os celulares se assemelham a um computador portátil e permitem experiências como assistir a filmes em 360º, gravados com esse propósito, com os quais o usuário-espectador precisa mover o aparelho para visualizar o que ocorre em outros ângulos do vídeo. Podem-se até viver experiências de dublagem ou de composição de trilhas sonoras.

INDRANIL MUKHERJEE/AFP/GETTY IMAGES

CONEXÕES • ARTISTAS hackeiam exposição do MOMA com realidade aumentada para protestar contra elitismo da arte. Disponível em: <http://livro.pro/ d5ighp>. Acesso em: 7 nov. 2018. • ARTISTA usa realidade aumentada para levar obras até pontos famosos de São Paulo. Disponível em: <http:// livro.pro/32vdnq>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Estudantes assistem a filme juntos no celular.

1. Qual será o destino do celular?

2. Ele poderia substituir totalmente computadores e até mesmo o rádio e a televisão? 3. Como ele poderia afetar o universo da arte? Respostas pessoais.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Com a popularização do telefone celular, intensificou-se a era da mobilidade na comunicação. Se, antes, para falarmos a distância com determinada pessoa, precisávamos saber onde ela estava e qual era o

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número de telefone daquele local (casa, escola, clube etc.), na era da mobilidade, a comunicação pode ser realizada em qualquer lugar em que o aparelho consiga conectar-se a uma rede remota, ou seja, onde o aparelho consiga captar o sinal de conexão com a rede.

Atualmente, o celular tornou-se muito mais do que um aparelho telefônico com capacidade de deslocamento e de comunicação sem fio. Cada vez mais ele se aproxima de um computador portátil, com recursos tão variados que a função básica de 11/7/18 11:10 AM

telefone muitas vezes fica em segundo plano (até mesmo dublagem já pode ser feita por meio de aplicativos digitais desenvolvidos para os celulares mais modernos). Há artistas que usam a realidade aumentada para proporcionar novas experiências.

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CONCEITOS EM FOCO

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS É importante que os alunos conheçam a arte no mundo, mas é essencial que também conheçam a arte nacional. Há produções incríveis no nosso patrimônio artístico e cultural. Pesquise com os alunos sobre os festivais de cinema de animação que acontecem no Brasil. Quem são os premiados? Quais são as últimas produções e que técnicas utilizam, 2D, 3D ou outra? Aqui trazemos o curta de animação Pauliceia Canta, Ty-Etê!, de 2012, que explora muitas técnicas e aborda o tema meio ambiente. Esse curta-metragem foi dirigido e produzido por Céu D’Ellia, desenhista, diretor e produtor brasileiro. Céu D’Ellia concentra-se em produções de animação com discussões de questões socioambientais. Em Pauliceia Canta, Ty-Etê!, traz tanto uma visão poética quanto um alerta sobre a vida e o modo como lidamos com ela. Na seção Palavra do artista, o que os alunos descobriram sobre o processo de criar desenhos de animação e sobre os eventos de divulgação desse tipo de produção? Proponha mais pesquisa sobre essa linguagem.

O primeiro longa-metragem de animação brasileiro, Sinfonia amazônica (1951), foi concebido e desenhado por Anélio Latini Filho, que teve a ajuda de seu irmão Mário Latini na fotografia. Anélio levou cinco anos para concluir esse desenho animado de 72 minutos, em preto e branco, o qual reúne histórias do folclore da região amazônica. Iniciado em 1968, Piconzé , o segundo longa-metragem brasileiro colorido e o terceiro de animação, ficou pronto em 1972 e foi exibido no ano seguinte. Ypê Nakashima, japonês radicado no Brasil, concebeu o filme e contou com uma equipe para produzi-lo e finalizá-lo. Essa animação é considerada inovadora por causa da composição de cada um dos fotogramas: os desenhos dos personagens são dispostos em um cenário montado em planos diferentes, o que transmite ao espectador um efeito tridimensional. O protagonista Piconzé tenta salvar a namorada de um bandido terrível em uma vila do Nordeste, e a aventura esquenta à medida que eles encontram uma bruxa, um dragão e o Saci. O primeiro filme brasileiro de animação totalmente digital (com imagens geradas em computador) foi Cassiopeia (80 minutos, 1996), de Clóvis Vieira, que estabeleceu métodos, conceitos e linguagem na animação digital. Brasil animado (2011), filme de animaCapa do DVD do filme de animação ção brasileiro em 3D dirigido por Mariana digital Cassiopeia Caltabiano, associa à animação tradicional (1996). outros recursos tecnológicos.

SINFONIA. ANÉLIO LATINI FILHO. AMAZÔNICA. BRASIL, 1951.

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

A animação no Brasil

Cartaz de Sinfonia amazônica (1951).

FILME DE MARIANA CALTABIANO. BRASIL ANIMADO.IMAGEM FILMES. BRASIL, 2011

BNCC

MAIS DE PERTO

Capa do DVD do filme de animação Brasil animado (2011).

Reconhecimento no exterior As produções brasileiras desenvolveram-se, mas só em 2013 um filme nacional ganhou o prêmio de melhor animação, no Festival Internacional de Cinema Animado de Annecy, e o de público, no Festival Europeu de Cinema Fantástico de Estrasburgo, ambos na França. Uma história de amor e fúria, dirigido por Luiz Bolognesi, traça a trajetória de um brasileiro de 600 anos de idade que vive momentos marcantes da nossa história, dos conflitos com indígenas no Brasil Colônia à guerra da água em 2096. Os personagens são dublados por atores brasileiros famosos, como Selton Mello, Camila Pitanga, Rodrigo Santoro e Paulo Goulart.

UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA. LUIZ BOLOGNESI. EUROPA FILMES. BRASIL, 2013

Cinema de animação no Brasil Longa e curta-metragem Cultura audiovisual Roteiros Personagem

FILME DE CLÓVIS VIEIRA. CASSIOPEIA. BRASIL,1996

• • • • •

Cartaz do filme de animação Uma história de amor e fúria (2013).

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Que tal criar em sua escola, com a participação dos alunos, um festival de curtas-metragens na linguagem da animação? Os alunos podem criar uma curadoria selecionando filmes de animação com as D2-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 146

características do curta-metragem. A palavra “curta-metragem” é usada para definir filmes de curta duração. Há festivais de cinema criados especialmente para esse formato de filme. Há regras internacionais que estabelecem que um filme de curta-metragem deve

ter no máximo 40 minutos. No Brasil, a orientação estabelece apenas 15 minutos. Existem festivais de cinema em que o desafio é criar um filme em apenas um minuto. O longa-metragem possui um tempo maior de duração. Você pode apresentar aos

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+IDEIAS Converse com os alunos sobre a importância de o setor de cultura ter incentivos para a produção de arte nacional. O Brasil desenvolveu várias obras até a década de 1960. Com a falta de incentivo nacional para as produções audiovisuais entre as décadas de 1970 e 1980, houve um período de escassez de produções brasileiras. Alguns produtores, como Walbercy Ribas, insistiram em criar suas animações, mas levaram muitos anos para conseguir finalizá-las. O Grilo Feliz, produção desse animador, precisou de 17 anos para ser concluída. Sem produção interna, o Brasil passou a exportar profissionais de cinema de animação. Carlos Saldanha, que se destaca nesse segmento, é o brasileiro que está entre os responsáveis pelas produções A era do gelo e Rio.

Trabalho de equipe Para criar um filme de animação, é preciso unir o trabalho de muitas pessoas. O filme Pauliceia Canta, Ty-Etê! (2013), por exemplo, contou com uma equipe de desenhistas, técnicos em computadores e designers. Céu D’Ellia dirigiu e produziu essa animação com o Núcleo Paulistano de Animação (Nupa), criado por ele. Esse curta refere-se ao rio Tietê e é inspirado no poema Pauliceia desvairada, de Mário de Andrade (1893-1945). A história se passa na cidade de São Paulo em um dia de chuva. De repente, as pessoas olham para algo que está acontecendo no rio Tietê e acaba transformando-o. A obra é um alerta, mostrando que a arte pode tratar de muitos temas CLIQUE ARTE e despertar o olhar e a reflexão das pessoas sobre a vida.

FILME DE CÉU D´ELLIA. PAULICEIA CANTA, TY-ETÊ! BRASIL, 2013

Quem assiste aos dois minutos da animação pode nem desconfiar do trabalho que há por trás dessas imagens. É realmente muito complexo realizar um desenho animado, que depende de diversas pessoas e de muitas técnicas.

Assista a Pauliceia Canta, Ty-Etê! Disponível em: <http:// livro.pro/w28qmh>. Acesso em: 4 out. 2018.

Cena do filme Pauliceia Canta, Ty-Etê!

REGISTROS E AVALIAÇÃO Converse sempre com os alunos sobre como eles percebem seu processo de aprendizagem. O ato da escuta é tão importante quanto o ato da fala na ação do professor propositor.

PALAVRA DO ARTISTA

Céu D’Ellia (1963-) Diretor de filmes de animação, quadrinista, desenhista, produtor, escritor e ambientalista, Céu D’Ellia iniciou a carreira animando anúncios publicitários. Estreou como autor de filmes em 1988, com o curta-metragem Adeus. Além de criar e batalhar em todas essas funções, D’Ellia criou o Núcleo Paulistano de Animação (Nupa), com apoio da Secretaria de Cultura de São Paulo. O que acontece no Brasil é que […] existe dinheiro para fazer animação, existe interesse, porque se percebeu que a animação é importante. E daí você ter um cinema brasileiro, uma cultura associada à comunicação de massa, ao século XXI, brasileira também – a gente interagir, não ficar só no papel receptivo (de filmes estrangeiros) e ter também um papel ativo dentro da comunicação. […] Os brasileiros estão começando a perceber que o mais importante é ter filmes originais, ideias próprias.

CONEXÕES • REALIZADOR de Adeus e animador de Fievel, Céu D’ Ellia é atração do Anima Mundi. Disponível em: <http://livro.pro/ hoznrm>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Trecho de entrevista ao vivo de Céu D’Ellia em 2014, ano em que foi o grande homenageado do 22o Anima Mundi. Disponível em: <http://livro.pro/7vh82d>. Acesso em: 4 out. 2018.

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alunos clássicos do cinema de animação brasileira, como o filme Cassiopeia, de 1h 20min de duração, considerado por muitos críticos como o primeiro filme de animação 100% digital.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Comente com os alunos que o flip book surgiu em 1868, como a primeira forma de animação linear. Patenteado por John Barnes Linnett, esse método é usado até hoje para os testes de animação. Proponha aos alunos que realizem várias experiências criando desenhos. Oriente-os a fazer um desenho em cada folha, alterando a ação ou algum detalhe na sequência do movimento.

PARA AMPLIAR CONCEITOS Um festival de animação pode ser promovido junto aos alunos. Veja o que foi criado para o festival de animação que acontece na cidade de Barretos, no interior do estado de São Paulo. A professora de Arte Maria de Lourdes Sousa Fabro desenvolve um belo trabalho há alguns anos na criação e organização do Festival Anima Barretos, um festival de animação feito por alunos da escola pública. Segundo Maria de Lourdes, na organização de um evento como esse, é preciso divulgar um edital/regulamento claro e com todas as informações para que os alunos possam participar. Veja algumas dicas que ela nos oferece: Nos últimos anos fomos aperfeiçoando as normas

arte em projetos

ARTES VISUAIS

Como animar um desenho Observe a imagem ao lado. Existem várias formas de “animar”, dar movimento a um desenho. Nosso olho vê imagens em movimento porque temos uma “memória do olho”, conhecida na ciência como “persistência retiniana”. Vamos experimentá-la? Faremos um flip book (termo do inglês) ou um folioscópio (termo do português europeu), inventado e patenteado em 1868 pelo gravador britânico John Barnes Linnett. Ele se compõe de vários desenhos de ações sequenciais feitos em um bloco de papel, os quais parecem adquirir movimento quando fazemos as folhas “correrem”.

TRISH GANT/GETTY IMAGES

• Desenho e animação • Flip book • Animação audiovisual

Flip book sendo manuseado.

Processo de criação

Oficina 1 – Criando sequências em flip book Materialidades • Folhas de papel branco, tamanho A4 ou ofício. • Lápis preto, lápis de cor, caneta esferográfica ou hidrográfica.

Para começar, corte várias folhas de papel em tiras de 5 centímetros de largura por 10 centímetros de comprimento. Na primeira tira de papel, faça um desenho perto da margem direita, se você é destro, ou da esquerda, se canhoto. Comece com desenhos simples e depois vá se aventurando em formas mais complexas. Em outra tira, faça o segundo desenho, mudando-o um pouco em relação ao primeiro. O desenho deve ficar sempre na mesma área que ocupa na tira anterior. Em outra tira, trace o terceiro desenho, e assim por diante. Faça quantos desenhos conseguir ou desejar, sempre mudando algum detalhe e pensando no movimento que sua personagem fará. Depois de finalizar todos os desenhos, pegue um objeto roliço (lápis, caneta etc.) para enrolar nele as tiras de papel, de modo que, ao soltá-las, você possa ver os desenhos em movimento. Se você fez muitos desenhos, basta segurar as tiras juntas – ou grampeá-las, ou colá-las – e depois soltar rapidamente uma a uma, para que o desenho ganhe movimento. 148

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e o formato do festival. Fomos percebendo o que era importante colocar no edital, como, por exemplo, de quais categorias os alunos podem participar (Ensino Fundamental ou Médio), porque, para cada idade, podemos pensar em como serão os critérios de ava-

liação. Também estabelecemos quais escolas podem participar; no caso, como somos um evento ligado à escola pública, este é nosso público-alvo. Assim, faz parte do regulamento o item que estabelece que podem participar do festival os alunos de escolas

públicas (estaduais e municipais da nossa região). Sobre a quantidade de projetos de que cada grupo ou aluno pode participar e em quais categorias, também estabelecemos modalidades com temas dados por nós a cada festival e também a modalidade “tema livre”.

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Geralmente todas essas informações ficam no site do evento e também no da Secretaria de Educação regional para orientar igualmente os professores. Sobre o tempo, geralmente estipulamos que cada animação tenha a duração de, no mínimo, 30 segundos e, no máximo, 3 minutos. Cada grupo deve se inscrever com a ajuda de um professor orientador e ter no máximo três alunos. As animações são postadas em algum site hospedeiro de imagens em vídeo em que oferecemos as instruções a cada festival. O aluno ou grupo nos envia o link, e a votação acontece também on-line. O júri deve ser selecionado também por categorias, e geralmente convidamos educadores de arte da nossa região. A premiação é sempre uma festa, e geralmente mais alunos da escola vêm para esse evento que tem contaminado toda a rede de escolas da nossa região há alguns anos.

Oficina 2 – Animação audiovisual Que tal ir do flip book à animação audiovisual? Veja quais tecnologias você poderá usar. Há muitas possibilidades utilizando o computador ou o celular. Primeiro escolha um tema. • Faça um roteiro da sequência de imagens. • Em seu bloco de sequências de imagens, crie os desenhos e suas modificações passo a passo. • Agora, digitalize as imagens e escolha um programa para tratá-las e depois editá-las. Há vários tutoriais na internet que podem ajudar nessa etapa. Caso a escola tenha um professor ou assistente de informática, convide-o a conversar com a turma sobre o processo. • Escolha uma trilha sonora, reúna áudio e vídeo e ponha para rodar o seu curta de animação. + PERTO DE VOCÊ

Que tal participar de festivais de animação em sua localidade? Se na sua região não houver eventos de animação, que tal criar um? Um festival de cinema com animações consegue mesmo agitar toda a escola! Essa ideia pode ser levada a toda a sua localidade, envolvendo mais escolas. Converse com os professores e peça apoio para esse projeto. Podem surgir novos talentos nessa aventura audiovisual! D i á r i o d e a rt e Lembre-se de registrar suas pesquisas e descobertas – e as de seus colegas – em seu Diário de arte, no qual você pode ser roteirista, diretor, ator e personagem das histórias! Reveja seu diário, procure identificar o que ainda pode ser inventado e o que pode ser refeito de modo inovador.

Maria de Lourdes Sousa Fabro, mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (IA-Unesp-SP), em entrevista concedida especialmente para esta coleção em 30 maio 2015.

MISTURANDO TUDO 1. Com base nas imagens e conteúdos apresentados neste capítulo, que tal criar um cineclube para assistir a filmes de animação? 2. Sobre o que você aprendeu neste capítulo? Do que mais gostou?

CONEXÕES • CINEMA na escola: um ensinar que (me) ensina! Experiências e experimentos nas oficinas de cinema. Disponível em: <http://livro.pro/4dqfgs>. Acesso em: 7 nov. 2018.

3. Você já tinha parado para pensar na história das narrativas por rádio? E nas técnicas de gravação da voz, o que você descobriu? 4. Quais são os desafios para a criação de efeitos sonoros? E para fazer a dublagem de um filme ou vídeo? Anote descobertas, sensações e comentários em seu Diário de arte.

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Sobre as técnicas de animação, temos estabelecido os seguintes critérios: • Desenho: animação realizada somente com desenho. • Stop motion: animação realizada com massinha. • Pixelation: animação com atores [...] ou objetos.

• Mista: animação utilizando diversas técnicas, como desenho, massinha, papel, entre outras. As instruções para inscrição servem para orientar os alunos, que recebem as fichas de inscrição com datas-limites de entrega e a documentação necessária.

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É importante a autorização dos responsáveis para a participação dos alunos e também para a cessão dos direitos de imagens das produções para que possam ser exibidas em nossos sites e em páginas de divulgação do evento atual e dos próximos.

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DESENHOS E ANIMAÇÕES

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR31) • (EF69AR02) • (EF69AR33) • (EF69AR03) • (EF69AR34) • (EF69AR05)

Inventado em 1833, o zootrópio contém tiras de papel com imagens. Ao ser girado, cria-se a sensação de movimento.

O taumatrópio, de 1827, cria ilusão de movimento quando duas imagens complementares são giradas.

O britânico John Linnett patenteou em 1868 a primeira animação linear, o flip book, método usado até hoje em testes de animação.

Essa pintura rupestre, encontrada no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI), deixa clara a intenção humana de registrar o movimento há milhares de anos.

M. CARRIERI/DEA/GETTY IMAGES

Nessa ânfora grega da Antiguidade, que retrata cenas mitológicas, nota-se a tentativa de registrar o movimento de humanos e animais.

OLD PAPER STUDIOS / ALAMY / FOTOARENA

FABIO COLOMBINI

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS No estudo de Arte, estamos o tempo todo fazendo relações entre passado e presente. Como temos lembrado sempre neste Manual, podemos trabalhar com o acervo de produções artísticas de várias maneiras, dando ênfase a contextos ou à sequencialidade do tempo. Comente com os alunos que o estudo da Arte nem sempre precisa ocorrer no tempo cronológico, é importante olhar para o que foi produzido no passado tanto como para o que produzimos hoje. Nesse sentido, olhamos a história com o olhar do nosso tempo e também para que o produzimos hoje analisando e refletindo sobre o que foi feito antes. Olhar para o passado e ver como a arte se transforma pode provocar reflexões sobre como a vida e a sociedade também mudam com o passar do tempo. Proponha aos alunos que observem a linha do tempo que trazemos aqui e pesquisem mais sobre alguma produção que lhes chame a atenção. Cada aluno pode escolher uma obra ou época para a pesquisa sobre o desenho e cinema de animação. Esta seção da linha do tempo é um recorte temático. Trata-se de um caminho, mas pode-se criar outros percursos, fazendo curadorias para selecionar produções e temáticas.

TRISH GANT/GETTY IMAGES

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

O primeiro desenho animado produzido foi Fantasmagoria (1908), do francês Émile Cohl, tido como “pai da animação”.

WALT DISNEY PICTURES / ALBUM / ALBUM / FOTOARENA

BNCC

VASILYEV MAXIM/SHUTTERSTOCK.COM

• Desenho e animação • Cultura audiovisual

SSPL/GETTY IMAGES

arte pelo tempo

CONCEITOS EM FOCO

O primeiro desenho animado com som próprio foi Steamboat Willie (1928), dos Estúdios Walt Disney.

PRÉ-HISTÓRIA

IDADE ANTIGA

(c. 2 milhões a.C.-4000 a.C.)

(c. 4000 a.C.-476 d.C.)

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END-ARTE-EF2-V8-U3-C2-126-151.indd 150 PARA AMPLIAR CONCEITOS As propostas de ensino de Arte atuais ocorrem livres da obrigatoriedade de abordá-la somente pela perspectiva da história da Arte, mas essa disciplina está inserida nos conteúdos de nossas aulas. Consideramos que finalizar

cada unidade com uma linha do tempo temática pode ajudar os alunos e professores a ter referências para se situarem no período histórico de obras tratadas na Unidade, bem como desencadear mais pesquisas e encontros significativos com a arte, as culturas e suas histórias. Nesse senti-

do, a linha do tempo pode ser útil para localizar os alunos na relação tempo × espaço dos acontecimentos. É importante fazer essa ambientação, mostrando como há diferenças entre a época estudada e hoje. Utilize sua abordagem sempre que possível. Nesta Unidade, o tema é a história da animação.

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BUENA VISTA PICTURES/COURTESY EVERETT COLLECTION/AGB PHOTO LIBRARY BRASIL

COURTESY EVERETT COLLECTION/AGB PHOTO LIBRARY

Produções com imagens geradas em computador estão cada vez mais evoluídas, como se nota em Toy Story 3 (2010), da Pixar (EUA).

IDADE MÉDIA (476 d.C-1453 d.C.)

A ERA DO GELO. CARLOS SALDANHA E CHRIS WEDGE. 20TH CENTURY FOX. EUA. 2002 COM AMOR, VAN GOGH. DOROTA KOBIELA, HUGH WELCHMAN. GOOD DEED ENTERTAINMENT. REINO UNIDO, 2017

Primeiro longa brasileiro de animação totalmente digital, Cassiopeia (1996), de Clóvis Vieira.

FILME DE CLÓVIS VIEIRA. CASSIOPEIA. BRASIL, 1996.

Sinfonia amazônica (1951), primeiro longa brasileiro de animação, foi criado por Anélio Latini Filho, com a ajuda de seu irmão Mário Latini.

SINFONIA. ANÉLIO LATINI FILHO. AMAZÔNICA. BRASIL, 1951

Branca de Neve e os sete anões (1937) foi o primeiro longa animado. Vê-se nele a evolução da técnica na qualidade dos traços e movimentos.

Cineasta, produtor e animador, o brasileiro Carlos Saldanha foi codiretor de A era do gelo (2002) e diretor de outras animações dessa série (2 e 3) e dos dois filmes Rio.

O filme de animação Com amor, Van Gogh (2017) deu vida às telas do pintor holandês Van Gogh (1853-1890), com pinturas feitas à mão, quadro a quadro.

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(1453 d.C.-1789 d.C.)

(1789 d.C. à atualidade)

+IDEIAS Visitas a cineclubes ou a cinemas podem ajudar os alunos a exercer com autonomia a vida cultural. Procure saber se na sua cidade há algum profissional que trabalha com cinema e proponha um encontro entre ele e seus alunos. Outras possibilidades também podem ampliar repertórios e proporcionar nutrição estética, como visitar museus e galerias, de modo presencial ou virtual, de acordo com sua realidade e a de seus alunos. Organize expedições culturais a cinemas e exposições de fotografias em sua localidade. O professor pode ser uma figura importante no processo de encontros dos alunos com a arte. Assim, seja, além de um professor, um propositor, um dinamizador cultural. Procure se informar se há programas de incentivo à formação de público em sua cidade. REGISTROS E AVALIAÇÃO Você pode solicitar aos alunos que façam uma reflexão e a registrem em seus Diários de arte quanto ao seu processo pessoal de criação nos projetos propostos nesta Unidade nos dois capítulos que estudaram. Eles podem fazer anotações sobre os filmes a que gostam de assistir, as imagens e sons que lhes chamam a atenção e criar desenhos e histórias para futuros projetos em arte audiovisual.

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4 ADE

muitas em uma

ESCULTURA TEMPORÁRIA

A humanidade ocupa espaços e intervém neles, criando ambientes para viver a cultura. A arquitetura é uma linguagem que converge para a arte. A arte, por sua vez, também se instala na paisagem urbana e natural. No mundo contemporâneo, lugares são ocupados com novos espaços para viver experiências com a arte.

A SU VI ES ART

IS

CENTRAL PARK, NEW YORK/RICHARD LEVINE / ALAMY /FOTOARENA

Converse com a turma sobre as imagens que compõem estas páginas de abertura. Isso lhe permitirá diagnosticar o repertório deles com relação aos temas propostos para a Unidade. Você pode trabalhar com a seguinte pauta: • Como você interpreta o título da Unidade (Muitas em uma)? • O que você compreende por linguagens artísticas integradas e linguagens convergentes? • A que as imagens e palavras desta abertura lhe remetem? • O que você sabe sobre a construção de obras arquitetônicas e urbanização? • Cite uma obra arquitetônica que chame a sua atenção. Que conhecimentos são empregados para construí-la? Oriente os alunos a anotar, em seus Diários de arte, os termos presentes nas páginas. Peça a eles que busquem seus significados no universo da arte. Para isso, sugira uma reunião em pequenos grupos. Os seguintes tópicos podem balizar o trabalho:

O

ARTES INT EG RA DA S

Música

PERCURSOS POÉTICOS, ESTÉTICOS E ARTÍSTICOS

ARTE E ARQUITETURA

TE AT R

U

ID

RAGA JOSE FUSTE/PRISMA/EASYPIX BRASIL

Nesta Unidade, destacamos a interação entre diferentes linguagens da arte. É importante que os alunos conheçam e possam se expressar também em linguagens contemporâneas, como performances, intervenções urbanas, videoarte, videodança e cinema, que normalmente têm essa tônica. Eles também vão estudar as relações entre a arte e outros ramos do conhecimento humano, como o design, a publicidade e a arquitetura. Essas áreas se alimentam das linguagens artísticas, mas têm outros focos de atuação. Nesse sentido, os alunos podem conhecer mercados de trabalho em que a arte se insere.

N

HYDE PARK, LONDON/ALBERTO PEZZALI/NURPHOTO / GETTY IMAGES

CONTEXTUALIZAÇÃO

ça Dan

PLANEJAMENTO DA ARTE

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D2-ARTE-EF2-V8-U4-C1-152-171.indd 152 • Que imagens despertam

sua curiosidade? Escreva o que você pensa sobre elas. • Que palavras você já conhece? Quais são novas? Escreva algo sobre aquelas que você já conhece. • Que relações pode haver entre as palavras e as imagens nesta abertura de Unidade?

• Você escolheria outras pa-

lavras para acompanhar as imagens? Se sim, quais? • O que você sabe sobre intervenções urbanas, arquitetura e urbanismo, videodança, festivais e eventos de arte e cultura? • Que linguagens artísticas você mais aprecia ou escolhe para se expressar?

NO DIGITAL • Veja o plano de desenvolvimento para a Unidade 4. • Desenvolva o projeto integrador sobre o olhar e o ouvir os espaços urbanos onde estamos inseridos. • Explore as sequências didáticas propostas para o quarto bimestre. • Acesse a proposta de acompanhamento da aprendizagem.

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THIERRY CHESNOT/GETTY IMAGES

© LEO ELOY/ESTÚDIO GARAGEM/ FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO

LINGUAGEM HÍBRIDA

FOLHAPRESS/FOLHAPRESS

FLAVIO CORVELLO/FUTURA PRESS

ARTE E TECNOLOGIA

MULHERES NA ARQUITETURA

MICHAEL DUDOK/PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO/ MINISTÉRIO DA CULTURA

CESAR D IMAGEN INIZ/PULS AR S

FESTIVAL DE LUZES

ARQUITETURA E CONSTRUÇÃO

EVENTOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS

LUCIANA PONSO

Arte e você em: • Capítulo 1 – A integração das artes • Capítulo 2 – Arte e acontecimento

DANÇA

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COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DE ARTE • Nesta Unidade, serão mobilizadas as competências: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9.

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SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM Há momentos de nutrição estética, com foco no eixo “ler”, em que trazemos imagens de obras arquitetônicas, desenhos e projetos, esc ulturas, intervenções urbanas, videodanças, eventos artísticos e culturais. São momentos de 11/7/18 11:11 AM

fruição, reflexão, expressão e estesia, com base em imagens e textos. A ação criadora está presente nas indicações de registros no Diário de arte e na seção Arte em Projetos. A proposta dessa seção tem como ênfase o eixo “fazer”, por meio da pesquisa e experimentação de várias materialidades, procedimentos artísticos e processos de criação. Buscamos nessas ocasiões o desenvolvimento da poética pessoal e autonomia dos alunos. As proposições de pesquisas são trazidas nas seções de exercícios – que exploram ora o conhecimento prévio, ora o conhecimento construído e adquirido, com o objetivo de ampliar o repertório artístico dos alunos. A construção de reflexões e análises críticas é proposta no eixo “contextualização”, por meio de abordagens históricas, relações com a vida cotidiana dos alunos e investigação de intenções poéticas e artísticas de produtores de arte. Lembramos que o professor é o autor de seu trabalho pedagógico. Nesse sentido, oferecemos caminhos metodológicos organizados, mas com abertura para que você possa trabalhar de acordo com sua formação e intenção pedagógica. Assim, recomendamos o planejamento prévio das ações educativas a serem desenvolvidas, dos combinados pedagógicos com os alunos e das providências de ordem técnica e didática a serem tomadas a cada sequência didática. Também chamamos atenção para a importância dos registros, feitos tanto pelos alunos quanto pelo professor em seus diários. Como esta Unidade é a última do livro, sugerimos que, ao final do trabalho, você retome anotações e reflexões produzidas ao longo do ano para realizar sua avaliação.

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CONCEITOS EM FOCO

CA

• Arquitetura • Urbanismo • Projeto

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR33) • (EF69AR34) • (EF69AR35)

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PÍT

ULO

A integração das artes Trajetórias para a arte • Artes que convergem e se integram • Tema 1 – Criar e mudar • Arte em Projetos – Artes integradas • Tema 2 – O corpo que dança nas telas • Arte em Projetos – Artes integradas

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Apresente a imagem com o Museu da Montanha Messner Corones, um projeto da arquiteta iraniana Zaha Hadid (19502016). Ela se tornou famosa por projetar e criar obras de grande porte com formas abstratas e orgânicas, muitas vezes inspirada em elementos da natureza. Nesse projeto, por exemplo, a arquiteta criou formas em concreto que remetem a fragmentos de rocha e gelo. Dessa forma, ela busca estabelecer um diálogo com a paisagem natural do lugar (geologia local). Ela também respeitou a topografia da montanha para criar as galerias do museu, que abriga uma coleção temática sobre esportes ligados ao montanhismo. Explique para os alunos que, para construir essa obra, a artista teve que estudar a geografia do lugar e pôr em prática uma série de conhecimentos matemáticos. +IDEIAS Solicite uma pesquisa sobre obras arquitetônicas de sua cidade. Será que há prédios com formas geométricas ou orgânicas, em projetos inovadores que desafiam os limites da relação entre peso e espaço? Os alunos podem fazer registros fotografando

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o lugar ou fazendo desenhos de observação e podem buscar o projeto estudado na biblioteca, no órgão de urbanismo local ou na internet. Cada aluno (ou grupo) pode ficar responsável por pesquisar um prédio. Sugerimos a seguinte pauta para orientar a pesquisa: D2-ARTE-EF2-V8-U4-C1-152-171.indd 154

• Que prédio chama a sua

atenção na cidade? • Ele é antigo ou novo? Há quanto tempo foi construído? • Qual é a história de sua construção? • Quem fez o projeto? • Apresenta relação com alguma escola estética, como a neoclássica, barroca, Art

Nouveau, arquitetura moderna, de vanguarda (minimalista, por exemplo)? • Você conhece essas correntes estéticas? Que tal pesquisar sobre isso também? • O prédio está bem conservado ou precisa de reparos? • Faz parte do patrimônio cultural ou ainda será tombado?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Formas geométricas são representações gráficas, como o retângulo, triângulo, círculo, entre outras, com contorno preciso. Já as formas orgânicas são normalmente encontradas na natureza e caracterizadas por uma imprecisão em sua superfície. São formas irregulares. Na arquitetura, as formas orgânicas são sinuosas, fluidas, em movimentos que lembram organismos vivos. A arquiteta Zaha Hadid criou projetos usando formas orgânicas. Dizia que suas ideias vinham do ato de observar o lugar e a natureza, sempre pensando nas pessoas que iriam usar os ambientes que projetava. REGISTROS E AVALIAÇÃO Relembre com os alunos os estudos das formas (abstrata, figurativa, geométrica e orgânica), aproveitando o momento para realizar uma avaliação diagnóstica acerca desse assunto. CONEXÕES • Zaha Hadid. Site oficial da artista. Disponível em: <http:// livro.pro/6snjfm>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Museu da Montanha Messner Corones, projetado pela arquiteta Zaha Hadid, está instalado na montanha Plan de Corones, no norte da Itália, a 2 275 metros de altitude.

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• Você sabe o que é tomba-

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mento? É provável que as informações relacionadas a correntes estéticas e processos de tombamento sejam novidade para os alunos. Assim, será necessário acompanhar as pesquisas e trazer esclarecimentos sobre esses aspectos. Se os

alunos forem fazer registros no local a ser pesquisado fora do período de aula, é fundamental orientar os familiares para que os acompanhem. Ao final do trabalho, você pode organizar um mural na escola com os dados recolhidos, para divulgar e compartilhar esses conhecimentos.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Projeto e construção Museu de arte Videodança Protagonismo feminino na arte

venha PROJETAR E CONSTRUIR! CESAR DINIZ/PULSAR IMAGENS

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Dança • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR03) • • (EF69AR08) • • (EF69AR09) • • (EF69AR10) • • (EF69AR11)

(EF69AR32) (EF69AR33) (EF69AR34) (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Lembramos que as seções Venha projetar e construir! e Venha dançar e filmar! são uma introdução aos temas que vamos estudar neste capítulo. Nelas, apresentamos duas produções. Uma obra de 1968, que é um marco na história da arquitetura brasileira, o Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado por Lina Bo Bardi. E uma sequência de imagens do filme Uma interpretação pela dança e fotografia, de Maria e Herbert Duschenes, produzido no ano de 1949, em Campos do Jordão (SP). Nesse vídeo, o arquiteto Herbert Duschenes fez registros dos movimentos dançados por Maria Duschenes. Embora o termo videodança só tenha aparecido na década de 2000, esse foi um dos primeiros ensaios brasileiros com a proposta de dançar para uma câmera, e não para a plateia de um teatro. Peça aos alunos que, em um primeiro momento, conversem em pequenos grupos sobre as imagens e textos de apoio. A proposta dos textos em linguagem poética é provocá-los a refletir, fruir e entrar em estados de estesia. Depois, no grande grupo, eles podem compartilhar o que conversaram.

Visto por trás, o Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado por Lina Bo Bardi, que preservou o belvedere (em primeiro plano) para a Avenida 9 de Julho.

Observe a imagem. Como ocupamos o espaço? O que os espaços dizem sobre nós? Quantos mistérios e segredos se ocultam à nossa volta Nos espaços que criamos, ocupamos, em que nos movemos e moramos? Há uma arte que se volta para pensar como cada pessoa. Relaciona-se com os outros, com os objetos, os edifícios, as ruas, Praças, moradias, escolas, veículos, pavimentos, museus... Tão antiga quanto a civilização humana é a arquitetura. Arte e ciência unidas para pensar o ambiente e seus elementos. Linguagem que se integra e converge para a arte. 156

PARA AMPLIAR CONCEITOS Achilina di Enrico Bo (19141992), conhecida como Lina Bo, nasceu em Roma, onde se formou em Arquitetura. Naturalizou-se brasileira em 1951. Lina Bo Bardi é uma das arquitetas mais importantes D2-ARTE-EF2-V8-U4-C1-152-171.indd 156

da América Latina. Suas obras mais importantes são o Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp) e a Casa de Vidro, também em São Paulo. Em sua Casa de Vidro, ela recebia vários artistas que desenvolveram projetos arquitetônicos inovadores e arte abstrata

brasileira. A arquiteta sempre defendeu o acesso à arte e cultura para todos, arquitetura e urbanismo sustentáveis e a conservação do patrimônio histórico e cultural. Maria Duschenes (19222014) foi uma importante bailarina, coreógrafa e edu-

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venha DANÇAR E FILMAR! Observe as imagens a seguir. FOTOS: DIREÇÃO HERBERT DUSCHENES /ACERVO FAMÍLIA DUSCHENES

+IDEIAS Divida os alunos em grupos e peça que investiguem alguns movimentos de dança, enquanto algum colega os filma. Oriente quem tiver dançando a estudar variações de velocidade (mais e menos rápidos) e intensidade (mais e menos suaves) em seus movimentos. Quem filma deve se preocupar com o enquadramento e em encontrar o melhor ângulo para destacar os gestos mais expressivos. Esse exercício é apenas um ensaio de videodança. Essa proposta será trabalhada com mais detalhamento na seção Arte em Projetos. REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha aos alunos que façam registros em seus Diários de arte sobre as hipóteses e descobertas encontradas nas seções Venha!. Combine com eles que esses registros serão retomados na seção Mais de perto. CONEXÕES • Instituto Bardi Casa de vidro. Disponível em: <http:// livro.pro/zovtjc>. Acesso em: 7 nov. 2018. • Exposição virtual Maria Duschenes expressão da liberdade. Disponível em: <http://livro.pro/gf8cgm>. Acesso em: 7 nov. 2018. • CAMPOS do Jordão – uma interpretação pela dança e fotografia. Vídeo de Maria e Herbert Duschenes. Disponível em: <http://livro.pro/ f3xt8r>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Campos do Jordão – uma interpretação pela dança e fotografia (1949), filme gravado pelo arquiteto e professor de Arte Herbert Duschenes, em que Maria Duschenes, sua mulher, dança junto à paisagem das araucárias de Campos do Jordão (SP).

Uma fusão, um encontro, uma união. Juntos vídeo e dança em uma linguagem. O corpo em sua movimentação. Filme que movimenta imagem. Que possibilidades surgem então de duas linguagens em integração? 157

cadora húngara, radicada no Brasil a partir de 1940. Desenvolveu trabalhos significativos na dança, criando um método próprio de ensino. Ela foi uma das primeiras bailarinas a trazer para o Brasil a Teoria do Movimento de Rudolf Laban

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(1879-1958), importante bailarino, coreógrafo e pesquisador da dança, nascido na antiga Áustria-Hungria. Ele defendia que podemos potencializar os movimentos e gestos cotidianos para torná-los expressivos por meio da dança.

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CONCEITOS EM FOCO

Artes que convergem e se integram

• Arte e arquitetura • Linguagens convergentes • Geometria sagrada

Observe as imagens desta página e da seguinte.

BNCC

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Você pode iniciar a aula trabalhando com o conceito de linguagem convergente. As linguagens convergentes são aquelas que se nutrem dos aspectos estéticos e poéticos da arte, mas estão a serviço de outras demandas da cultura contemporânea, como o consumo, o utilitarismo, a comunicação de massa e o urbanismo. Quando vemos um objeto, uma cadeira, por exemplo, podemos nos perguntar: Como foi feita, quem a desenhou? Cadeira é arte? Design é arte? Será essa uma linguagem convergente? E quando vemos uma obra arquitetônica, nos sentimos no mesmo estado de dúvidas? As linguagens que convergem para as artes visuais, como o design e a arquitetura, descendem da criação da forma, da poesia, mas se destinam à funcionalidade.

DAVID HERRAEZ / ALAMY/FOTOARENA

HABILIDADES • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR33) • (EF69AR34)

O Pavilhão-Ponte, obra de 270 metros de comprimento sobre o rio Ebro, projetada pela arquiteta Zaha Hadid, foi erigido para a Expo 2008, em Saragoça (Espanha). À direita, uma das passagens internas dessa obra.

Há trabalhos que são criados com intenção artística; outros, mesmo tendo preocupações estéticas, são construídos para também ser funcionais. Dizemos que algumas linguagens, como a arquitetura, convergem para a arte. O que isso quer dizer? Se você notar bem os prédios e as casas de sua cidade, é possível que observe linhas, formas, cores… No entanto, quem cria esses projetos também tem a preocupação de pesquisar o uso que as pessoas farão deles e do lugar em que serão construídos. Os arquitetos usam conhecimentos das linguagens artísticas, mas a arquitetura não é criada exclusivamente com intenção artística. As ideias podem sair da nossa cabeça. Mas como entram lá? Será que elas entram ao observarmos algo? Ao prestarmos atenção em alguma coisa que passa pela nossa frente? Será que temos um baú cheio de memórias e, quando necessário, vamos lá buscar aquilo que é preciso para ter novas ideias? Ou apenas imaginamos, e imaginar é coisa de criança ou de poeta? Podemos experimentar processos de criação em arte e em outras áreas. A relação entre observação, memória e imaginação pode deflagrar uma ideia criativa. Um elemento da natureza, como uma planta, pode inspirar projetos artísticos e arquitetônicos. Na imagem, vemos a obra da anglo-iraquiana Zaha Hadid (1950-2016), que se inspirou em um gladíolo (planta bulbosa que floresce nos países à volta do Mar Mediterrâneo e na Ásia) e a construiu para a Expo 2008, em Saragoça, na Espanha, com o tema “Água e desenvolvimento sustentável”. Assim, para criar precisamos observar, pesquisar, calcular, experimentar e inventar soluções a fim de encontrarmos meios de resolver problemas e viabilizar projetos, seja lá em que área estivermos trabalhando e criando. Um ponto em comum na arte e na arquitetura é o processo criador. 158

Comente com os alunos sobre a geometria sagrada, um conhecimento antigo presente em construções com finalidades religiosas. Quando matemáticos, cientistas e historiadores começaram a investigar templos antigos, perceberam relações entre símbolos religiosos e padrões geométricos. D2-ARTE-EF2-V8-U4-C1-152-171.indd 158

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UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Na imagem do Templo Bahai, inaugurado em 1996, temos um exemplo contemporâneo de geometria sagrada. Para esse projeto, o arquiteto iraniano Fariborz Sahba (1948-) escolheu a forma da flor de lótus. Por ser um símbolo sagrado comum a várias religiões, o templo apresenta

um caráter ecumênico, recebendo pessoas de diversas crenças. As questões da página 159 propõem reflexões sobre arquitetura e videodança. Acolha as respostas dos alunos e, para aprofundar, aborde os seguintes pontos: • Os arquitetos pensam no

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PARA AMPLIAR CONCEITOS No início do século XX, uma revista chamada De Stijl (O Estilo) apresentava diálogos travados entre designers, arquitetos, gravuristas e pintores, em um movimento que se iniciou na Holanda e ficou conhecido como Neoplasticismo. Gerrit Rietveld (18881964), arquiteto e designer, Piet Mondrian (1872-1944), pintor, e Theo van Doesburg (1883-1931), pintor, designer e poeta, foram responsáveis por divulgar as principais peculiaridades desse movimento. Entre suas propostas, estavam o abandono da arte como representação, a exaltação do abstracionismo com base em formas geométricas e uma estética sem excessos. A Bauhaus foi uma escola de arte e arquitetura que existiu durante o período de 1919 a 1933, na Alemanha. De acordo com ela, objetos e obras arquitetônicas, mesmo tendo fins utilitários, deveriam ter uma preocupação estética e poética no uso de formas, cores, desenhos de linhas, texturas e outros elementos próprios da composição da linguagem visual. Essas ideias aproximaram ainda mais arquitetura, design e arte.

Arte geométrica e sacra As diferentes linguagens da arte podem se mesclar e dar origem a novas linguagens. Também é possível integrar outras ciências. Esse fenômeno não é apenas de nosso tempo. Na Antiguidade, período em que a arquitetura se expandiu e deixou obras monumentais, cresceu nos construtores uma preocupação criativa e simbólica conhecida como “geometria sagrada”. Os construtores eram preparados para projetar e realizar obras arquitetônicas com preocupações que iam além dos saberes artísticos, estéticos e matemáticos, sem deixar de considerar também os aspectos religiosos de cada cultura. Cada obra artística criada com essa proposta se compõe de elementos simbólicos que exploram, entre outros aspectos estruturais, a simetria, a proporcionalidade, a harmonia e o equilíbrio de formas. Essa ideia se ampliou no decorrer dos tempos, criando templos, palácios e catedrais, construções vistas ainda em nossa época. Exemplo contemporâneo, o Templo de Lótus, inaugurado em 1996, recebe milhares de pessoas para contemplar as formas simétricas da forma da flor de lótus materializada em concreto. A imagem dessa flor é um signo sagrado de religiões como o Hinduísmo, o Budismo e o Islamismo. A flor de lótus representa sabedoria, purificação, vida longa, espiritualidade e boa sorte, e suas delicadas formas já estão presentes em esculturas e pinturas de várias culturas. Esse templo sagrado é símbolo de harmonia porque respeita e recebe a fé Bahai, religião mundial independente.

SUMIT.KUMAR.99/SHUTTERSTOCK.COM

Templo de Lótus, em Nova Délhi (Índia), com arquitetura inspirada na flor de lótus.

CLIQUE ARTE

Zaha Hadid. Conheça outras obras de arquitetura, mobiliário e moda do escritório dessa arquiteta. Disponível em: <http://livro. pro/7vs8o4>. Acesso em: 13 out. 2018.

1. Observe a primeira imagem da página anterior, do Pavilhão-Ponte, de Zaha Hadid. Como é possível criar algo como essa obra? Basta ocupar o local da obra e construí-la ou é preciso unir vários saberes para que a arquitetura se realize? O que você pensa a respeito? 2. Volte às seções Venha! (páginas 156 e 157), observe as imagens novamente e leia os textos. Você já viveu a experiência de construir uma maquete? Qual foi o objetivo? Que materiais você usou?

+IDEIAS Proponha momentos de debates, para saber como os alunos percebem as relações entre arte e design, moda, arquitetura, publicidade, entre outras linguagens convergentes.

3. Você já participou de espetáculos de dança? Já ouviu falar de videodança? Como você imagina que essa sequência de imagens foi criada? Respostas pessoais.

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conceito de suas obras, desenham, projetam, calculam, estudam os materiais de suas estruturas, verificam as condições do terreno, constroem maquetes, fazem simulações digitais etc. São muitos os saberes que se integram para que a arquitetura possa existir.

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• O desenvolvimento tec-

nológico dos últimos séculos promoveu o surgimento de novas possibilidades artísticas. Assim, por meio da união das linguagens da dança e do audiovisual (e, muitas vezes, da música) surgiu a videodança, uma linguagem híbrida.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Você pode pedir aos alunos que pesquisem sobre como as linguagens convergentes buscam na arte seus elementos. Solicite a eles que registrem alguns exemplos em seus Diários de arte. CONEXÕES • Fariborz Sahba. Site oficial do artista. Disponível em: <http://livro.pro/dkvfdb>. Acesso em: 8 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO Planejamento Tempestade de ideias Arte e arquitetura Linguagem convergente

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR03) • (EF69AR04) • (EF69AR05) • (EF69AR06) • (EF69AR07) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR33)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Converse com a turma sobre projetar o espaço e intervir no mundo. Especialmente quando tratamos de arquitetura, esse trabalho é colaborativo, já que pessoas de diferentes áreas precisam participar. Muitas vezes, também está presente a influência de outros criadores. A arquiteta Zaha Hadid já disse em entrevistas que suas linhas fluidas e formas orgânicas são frutos de seus estudos de elementos da natureza, mas também da observação de projetos de grandes nomes da arquitetura mundial, como o carioca Oscar Niemeyer (1907-2012). Proponha aos alunos que criem um painel para esboçar ideias sobre a arte e arquitetura. Durante a tempestade de ideias, eles podem traçar formas que poderiam se tornar prédios ou estruturas na cidade em que vivem. Para isso, sugira a eles que observem elementos da natureza, como fizeram os arquitetos Fariborz Sahba e Zaha Hadid, e estudem os traços soltos e sinuosos de Oscar

tema 1

MARCO CANTILE/LIGHTROCKET / GETTY IMAGES

Criar e mudar

A arquitetura é uma área muito complexa, pois se destina principalmente ao planejamento e à construção de áreas e edifícios que as pessoas utilizarão. Uma obra arquitetônica malsucedida pode ter impactos no bem-estar, na relação das pessoas com o ambiente ou até mesmo na segurança de quem a usufrui. Ao projetar uma obra, muitos passos são dados antes da construção. Destacamos dois elementos presentes nesse processo: as plantas baixas e as maquetes.

SALVATORE LAPORTA/KONTROLAB /LIGHTROCKET / GETTY IMAGES

Acima, a maquete da estação de trem-bala de Afragola (Itália), projetada por Zaha Hadid; ao lado, a estação concluída, inaugurada em junho de 2017. A estação, na região metropolitana de Nápoles (sudoeste da Itália), serve a quatro ferrovias de alta velocidade, três inter-regionais e uma municipal.

Imagine como seria ver um local estando acima ele. Pense em uma casa de bonecas; retirando o telhado, você teria uma visão superior dos móveis, das paredes, das portas e das janelas. Transformando essa visão em desenho, esquema, você teria uma planta baixa da casa de bonecas. Depois de fazer a planta baixa, pode-se construir modelos em três dimensões digitais ou físicos. Há programas de computador especiais para criar projetos tridimensionais (3D) que simulam o ambiente construído, como na imagem ao lado. E há também as maquetes, construções geralmente menores do que são ou serão na realidade. Representação em 3D do projeto de um conjunto de edifícios de escritórios.

FRANCK BOSTON/SHUTTERSTOCK.COM

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D i á r i o d e a rt e Você já viu uma planta baixa? Pesquise com seus familiares ou na internet sobre esse tipo de desenho de projetos. Anote as suas descobertas em seu Diário de arte.

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Niemeyer. Lembre-os de que a tempestade de ideias é um processo de criação coletivo, assim todos podem participar e traçar esboços. D2-ARTE-EF2-V8-U4-C1-152-171.indd 160

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No século XIX, principalmente na cultura ocidental ligada ao movimento do Romantismo, é forte a visão de que, para criar, é preciso uma inspiração (ideia associada à musa inspiradora). O artista tinha de viver as mais profundas paixões para criar. No século XX, com os experimentos artísticos, essas noções sobre criatividade e ato criador foram aos poucos dando espaço para a ideia de pesquisa, vivência, repertório cultural e experimentação. Essa última está mais próxima da ideia atual de criatividade.

Tempestade de ideias Os arquitetos fazem, na verdade, o processo inverso. O primeiro passo é a criação da planta baixa quando se pretende construir algo. Caso se trate de um projeto de restauração ou reforma, é diferente, pois o edifício, o local ou o objeto já estarão finalizados. Portanto, os primeiros passos para a elaboração de um projeto de arquitetura é conhecer as características do terreno, dos arredores e dos moradores, suas expectativas com a obra (ou conjunto de obras), seu impacto no ambiente e na vida das pessoas e as condições de sua execução. Depois da pesquisa e dos estudos, costuma-se fazer uma tempestade de ideias (tradução livre do termo em inglês brainstorming), utilizada em várias propostas artísticas, como de teatro, cinema, vídeo e outras. Na tempestade de ideias, todos os envolvidos no projeto podem apresentar suas propostas. Então, o arquiteto ou a equipe de arquitetos vai para a prancheta de desenho ou para o computador e são criados croquis (esboços) e plantas baixas, desenhos e/ou modelos em duas e três dimensões. Só depois de tudo muito bem detalhado no projeto dá-se início à construção física da obra ou do conjunto de obras arquitetônicas.

HALFPOINT IMAGES / GETTY IMAGES

+IDEIAS O ensino de Arte pode despertar o interesse e o cuidado com o patrimônio cultural. Nesse sentido, proponha pesquisas sobre o patrimônio material presente na cidade em que os alunos vivem. Peça a eles que observem: • história e contexto da criação desse patrimônio; • protagonistas da criação (quem projetou, calculou e construiu); • situação de documentação e preservação (tombamento e processos de restauro).

Arquitetos jovens fazem anotações sobre um projeto.

1. Que tal criar com seus colegas um momento de tempestade de ideias para transformar sua cidade? Que local ou prédio precisa de reforma ou restauração? Pode ser até o prédio da escola. Que tal criar um mural para afixar as propostas que surgirem na tempestade de ideias da turma?

REGISTROS E AVALIAÇÃO Observe a forma como os alunos trabalham em grupo durante a tempestade de ideias e a criação de seu painel de arte e arquitetura.

3. Em quais tipos de propaganda elas costumam ser utilizadas? Respostas pessoais.

CONEXÕES • ARGAN, Giulio C. Arte moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. • ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 2002. • ZAHA Hadid fala sobre suas raízes e o processo de criação de suas obras. Disponível em: <http://livro.pro/ 28r8u2>. Acesso em: 8 nov. 2018. • Museu Oscar Niemeyer. Visita virtual ao museu. Disponível em: <http://livro.pro/tn7f cm>. Acesso em: 8 nov. 2018.

2. Você já viu uma planta baixa?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Historicamente, o conceito de criatividade tem sido associado a muitos fatores e causas. Na Idade Média, os povos cristãos acreditavam que o dom de criar vinha de “Deus” (ideia presente principalmente nas culturas cristã, judaica e

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mulçumana). Para ser um artista talentoso e criativo, era preciso fazer jus a essa graça. Essas ideias estão relacionadas à concepção de merecimento. Com a valorização do artista como um grande mestre, que aconteceu principalmente a partir do Renascimento, surgiu a ideia de “gênio

nato”, aquele que nasce especial e com um “dom artístico”. Ainda hoje é comum as pessoas se referirem a Leonardo da Vinci, artista renascentista, como um “gênio”. Na verdade, esse artista pesquisou muito e realizou grandes obras porque era curioso e inventivo. 11/7/18 11:12 AM

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CONCEITOS EM FOCO • Arquitetura e urbanização • Arte e cidade

mundo conectado

BNCC

Cidades e afetos

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Imaginação e criatividade são muito importantes para os arquitetos, mas é fundamental fazer cálculos para verificar se é possível (ou como é possível) construir aquilo que se planejou. Se em uma estação de trem, por exemplo, houver um erro de cálculo no projeto, como a distância entre os pilares que sustentam o teto ou sua estrutura, pode ser que tudo desabe. Além disso, é preciso desenhar bem os espaços para que as pessoas possam usufruir dele, e cabe ao calculista garantir que essa obra comporte o número de pessoas e objetos esperados. Muitos viadutos já caíram mundo afora, inclusive no Brasil, por cálculos malfeitos para sustentar o peso que constantemente pode passar por eles. Observe a imagem a seguir.

HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR08) • (EF69AR31) • (EF69AR33) • (EF69AR34) • (EF69AR35)

Converse com os alunos sobre a relação entre arte, arquitetura e o modo de viver nas cidades. A arte influencia a arquitetura, assim como a construção das cidades afeta as escolhas estéticas dos artistas. Os produtos culturais também refletem o cotidiano das cidades. Na década de 1940, o Brasil vivia o regime político do Estado Novo, sob a presidência de Getúlio Vargas (1882-1954), cujo governo ditatorial impunha censura à arte e aos meios de comunicação. Nesse momento, o país iniciava um processo de industrialização. A urbanização dos grandes centros avançou e surgiram artistas que discutiam sobre projetos arrojados na arquitetura. Após a Segunda Guerra, com a urbanização das cidades, também vieram para o Brasil arquitetos europeus em busca de trabalho. Nesse contexto, a italiana Lina Bo Bardi (1914-1992) chegou ao país em 1946. Uma das primeiras mulheres a se destacar na arquitetura mundial, ela se naturalizou brasileira em 1951. Entre suas principais obras estão o prédio do Masp na Avenida Paulista e a Casa de Vidro, também em

MAARTEN ZEEHANDELAAR/SHUTTERSTOCK.COM

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Museu do Amanhã, inaugurado em dezembro de 2015 na zona portuária do Rio de Janeiro (RJ). Em primeiro plano, a Praça Mauá; no fundo, a Ponte Rio-Niterói.

Os arrojados e interessantes projetos do Museu do Amanhã, criado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava (1951-), precisaram ser cuidadosamente calculados. Com o desenvolvimento da tecnologia computacional, foram aprimorados programas capazes de fazer cálculos muito complexos, ajudando a transformar imaginação em realidade. Uma obra arquitetônica pode mudar o seu entorno e construir novos afetos na relação com a cidade e o seu espaço urbano. 1. Analise como a arquitetura muda as relações de afetos e mobilidade em sua cidade.

2. O que falta de infraestrutura na sua cidade? Que prédio ou obra arquitetônica poderia fazer diferença? Crie com os colegas uma proposta com base na tempestade de ideias. Um mural pode ser um bom local para afixar fotos, anotações e escrever ideias. Respostas pessoais.

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São Paulo. Essa residência foi um importante ponto de encontro para artistas, escritores e jornalistas. Ao criar estruturas transparentes de vidro, Lina prestava homenagem ao povo, que sofreu com a censura na ditadura de Getúlio Vargas.

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MAIS DE PERTO

Construir espaços para pessoas

Maquete de Lina Bo Bardi exposta no Instituto Bardi/Casa de Vidro.

ALBERTO ROCHA/FOLHAPRESS

PAULO FRIDMAN/CORBIS /GETTY IMAGES

Observe as imagens a seguir.

A Casa de Vidro, projetada por Lina Bo Bardi, foi a residência dela e de seu marido, Pietro Maria Bardi, a partir da década de 1940.

sileira, foi reconhecida por vários projetos que marcam a história da nossa arquitetura, entre eles, o prédio do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). Seus projetos oferecem diferentes experiências

REGISTROS E AVALIAÇÃO Promova uma conversa sobre a cidade e peça aos alunos que apontem locais com os quais tenham ligações afetivas. Eles podem produzir fotografias ou desenhos desses espaços. Organize uma apresentação desse material com os demais colegas da escola.

AMPLIANDO

Lina Bo Bardi (1914-1992), italiana naturalizada bra-

Belvedere é um mirante, uma construção ou um local de onde se tem uma vista panorâmica. A palavra, muito usada em arquitetura, vem do italiano e tem o significado de “linda vista”.

aos visitantes. Ao assumir o projeto do Masp, Lina deparou com um desafio: a construção deveria preservar o belvedere do qual as pessoas poderiam ver a Avenida 9 de Julho, que passa por baixo do museu. Sua solução foi dividir o museu em duas partes, uma suspensa e outra abaixo do nível da Avenida Paulista, onde foi construído.

CLIQUE ARTE

CÁRDENAS, Alexandre Silva. Masp: estrutura, proporção e forma. São Paulo: ECidade, 2015. Disponível em: <http://livro.pro/ jwsmzd>. Acesso em: 13 out. 2018.

CONEXÕES • ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1998. • MUSEU Oscar Niemeyer. Vídeo do projeto Conhecendo Museus. Disponível em: <http: //livro.pro/ic32ns>. Acesso em: 6 nov. 2018. • CÁRDENAS, Alexandra Silva. Masp: estrutura, proporção e forma. São Paulo: Editora da Cidade, 2015. Disponível em: <http://livro.pro/jwsmzd>. Acesso em: 6 nov. 2018.

PALAVRA Da ARTISTA

Lina Bo Bardi (1914-1992)

CARRILHO, Marcos J. O Museu de Arte de São Paulo. Revista aU, n. 129, dez. 2004. Disponível em: <http://au17. pini.com.br/arquitetura-urbanismo/129/o-museu-de-arte-de-saopaulo-23246-1.aspx>. Acesso em: 30 jul. 2018.

FOLHAPRESS/FOLHAPRESS

A artista homenageia os brasileiros ao criar formas e transparências. As paredes serão transparentes como compensação pelos esforços do povo.

+IDEIAS Esclareça que o urbanismo é uma disciplina em que se projetam estruturas que solucionem problemas de ocupação, mobilidade e qualidade de vida na cidade. Converse com os alunos sobre como eles percebem os projetos urbanísticos de sua localidade. Estabeleça um debate com base nas seguintes questões: Como o urbanismo impacta o nosso dia a dia? O que pode ser feito na área da urbanização e arquitetura para melhorar algumas regiões da cidade? Como são suas relações de afeto com a cidade?

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PARA AMPLIAR CONCEITOS As obras arquitetônicas são espaços nos quais as fronteiras entre as linguagens estão cada vez mais tênues. Nos prédios que aco-

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lhem a arte, como museus, centros culturais e casas de espetáculos, é possível perceber diálogos entre conceitos artísticos que estão no seu interior e na sua própria estrutura física.

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CONCEITOS EM FOCO • Arquitetura • Criação de projetos arquite-

tônicos

arte em projetos

ARTES ARTES INTEGRADAS VISUAIS

BNCC

Desenhando e criando uma cidade

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Que tal criar com traços livres uma cidade imaginária? Você pode pensar na forma de prédios, pontes, ruas, praças, lagos e outros ambientes nesse lugar imaginário. Use folhas grandes e riscadores que deixem seus traços bem soltos, como um pedaço de carvão.

HABILIDADES • (EF69AR03) • • (EF69AR04) • • (EF69AR05) • • (EF69AR06) • • (EF69AR07)

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Na Oficina 1, trabalhe com a proposta de tempestade de ideias, prática utilizada por arquitetos, designers, produtores de moda e artistas de diferentes linguagens. Para isso, disponibilize folhas de papel e vários tipos de canetas. Convide os alunos a criar desenhos e projetar ideias. Antes de elaborar o painel, promova uma troca de ideias. Para elencar prioridades e necessidades em seus projetos, os alunos também podem fazer estudos sobre a região em que vivem. Na criação da planta baixa, da Oficina 2 , os jovens podem projetar vários ambientes, inclusive cenários e instalações artísticas. Explique que muitos arquitetos são convidados a trabalhar no desenvolvimento de cenários para produções de teatro e dança. Destaque o trabalho da arquiteta Zaha Hadid, que também criou cenografia para desfiles de moda.

Processo de criação Que tal viver uma experiência na linguagem da arquitetura? Reúna-se com seus colegas e invente um escritório de arquitetura! Os estudos podem começar por desenhos soltos no traço das formas que vocês querem criar. Depois, na integração com arte e matemática, trabalhar com medidas mais precisas.

Oficina 1 – Espaço coletivo Crie um lugar novo para viver que você aprecie! Convide os colegas e professores de Arte, História, Geografia e Matemática para este projeto. Acompanhe estas dicas. Com base em pesquisas sobre a realidade local e como um prédio poderia mudar as relações de afetos com a cidade, crie um painel para a tempestade de ideias da turma. Trace linhas esboçando ideias, faça anotações, cole imagens. Papéis de grandes dimensões podem dar mais liberdade para criar linhas e formas, dando mais espaço para as ideias. O foco do projeto é criar um prédio que você e seus colegas considerem importante ter na sua cidade. Há muitas possibilidades – por exemplo, um museu de arte! A integração entre arte e arquitetura pode estar tanto na forma como na funcionalidade. Para fazer mais estudos, pesquise sobre projetos arquitetônicos de museus, sobre as necessidades da produção de arte local e sobre as características dessa obra arquitetônica, de modo que seja capaz de abrigar a arte dos artistas locais ou de um artista mais destacado. Que linguagens artísticas são produzidas em sua cidade? Há museus que conseguem abrigar instalações, pinturas, desenhos, gravuras, figurinos, fotografias, artesanatos ou elementos de festas populares (maracatu, bumba meu boi e outras manifestações)? Que relações arquitetônicas você e seus colegas podem criar e estabelecer com a produção da arte em sua cidade? Será que esse museu pode se transformar em realidade e mudar as relações de afetos e desenvolvimento cultural local? Vamos projetar e construir, mudar realidades em sua cidade por meio da arquitetura e da arte! 164

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PARA AMPLIAR CONCEITOS A cenografia é um elemento importante do teatro. Ela pode oferecer informações sobre o tempo e o local da cena e provocar no público sensações de alegria, medo, frieza, entre outras, ampliando a percepção sobre o texto encenado. O cenógrafo precisa ter noções de espaço, proporções e peso de materialidades. Esse profissional trabalha em diálogo com diretores e produtores do espetáculo e, antes de fazer um cenário, apresenta suas ideias em uma planta baixa.

Oficina 2 – Desenhando uma planta baixa Como seria a planta baixa de seu lar? Vamos experimentar transformar um cômodo do lugar em que você mora em uma planta baixa? A primeira coisa a fazer é medir o espaço. Para isso, a melhor ferramenta é uma trena – objeto com uma fita flexível graduada que serve para medir distâncias. Se não houver uma disponível, podem-se utilizar fitas métricas de costura, réguas, metro e/ou objetos que tenham um tamanho definido. Use seu Diário de arte para registrar as distâncias e medir objetos. Lembre-se de que a planta baixa é feita como se você estivesse vendo o cômodo de cima. Meça a distância entre as paredes e entre o canto das paredes e as portas e as janelas; meça os objetos e os móveis que estão no ambiente. Depois de coletar as medidas, é hora de desenhar a planta baixa. Pode-se utilizar saberes de desenho geométrico e ferramentas como esquadro, transferidor e compasso, utilizando papel quadriculado ou mesmo uma folha simples de papel em branco. Veja abaixo um exemplo de planta baixa. Você consegue identificar como foram representadas portas, janelas, móveis e outros objetos e elementos?

ANNA MARYNENKO/SHUTTERSTOCK.COM

+IDEIAS Proponha a construção de uma planta baixa que mostre o cenário de um espetáculo de dança ou teatro. Esse tipo de projeto mostra uma visão aérea da cena. Disponibilize folhas grandes de papel, lápis preto macio e canetas para colorir. Uma maquete pode ser elaborada com base nesse desenho. No momento do planejamento, faça perguntas que possam alimentar essa criação, tais como: • Como é a história da peça e onde ela se desenvolve? • Quais objetos e materiais precisam estar em cena? Peça aos alunos que pesquisem sobre projetos de museus criados no Brasil e em outros países. Esclareça que a finalidade de cada museu pode afetar a sua arquitetura. Se possível, organize uma visita com a turma a um espaço cultural da cidade, de modo que os alunos analisem o projeto arquitetônico desse local.

Planta baixa de residência, já prevendo o espaço reservado aos móveis.

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Na criação de projetos arquitetônicos, avalie os alunos em relação ao modo como eles se organizam e colaboram entre si. CONEXÕES • ARQUITETURA e projetos de museus. Disponível em: <http://livro.pro/ccehhh>. Acesso em: 7 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO • Videodança • Linguagens híbridas

tema 2

O corpo que dança nas telas

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Dança • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR09) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR33) • (EF69AR35)

Converse sobre o processo de criação de uma videodança. Esclareça que a principal característica desse tipo de obra é a fusão entre a dança e o audiovisual. O mero registro em vídeo de uma coreografia não configura uma videodança. É preciso pensar nas questões que envolvem as duas linguagens conjugadas. Proponha aos alunos que pesquisem também sobre videoarte. Explique que temas científicos costumam influenciar a produção de artistas contemporâneos. Organize uma pesquisa sobre alimentos, animais e outros elementos da natureza que passam por processos de misturas genéticas. Convide o professor de Ciências para orientar esta atividade. Ela pode inspirar os jovens a criar desenhos, instalações, sons e projeções de imagens.

LUCIANA PONSO

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Cena da obra de videodança Duas, uma (2012), dirigida por Luciana Ponso e Cavi Borges.

Você já deve ter assistido a filmes e videoclipes com cenas de dança. Se não assistiu, aproveite para fazê-lo logo. Existem vídeos que são feitos apenas com uma câmera, com a função de registrar a ação da dança. Todavia, em geral o que observamos não é apenas o registro das pessoas dançando. Há formas de pensar, como as linguagens da dança e do audiovisual, que podem se unir para criar uma obra única. Assim é a videodança, linguagem híbrida que somente existe se houver uma conjugação, uma parceria legítima. A criação coreográfica se une à criação do roteiro de gravação, à escolha de enquadramentos, a ângulos, planos, cores, locações (lugares em que o vídeo será gravado), sons, trilha sonora e outros elementos da linguagem audiovisual. Para realizar a obra de videodança Duas, uma, protagonizada pela dançarina Flavia Tapias na praia em momentos diferentes, juntaram-se diversos profissionais (intérprete, coreógrafa, diretores, cinegrafista, produtora…). Diferentemente de um videoclipe, a videodança não visa à divulgação de um músico ou conjunto, mas à criação de uma obra artística. 1. Você já assistiu a uma videodança? Qual(is)?

2. Qual é a principal característica dessa arte integrada?

3. Basta registrar em vídeo uma coreografia para se ter uma videodança? Respostas pessoais.

CLIQUE ARTE

Duas, uma. Videodança dirigida por Luciana Ponso e Cavi Borges e coreografada e interpretada por Flavia Tapias. Disponível em: <http://livro.pro/ r7p7ap>. Acesso em: 25 out. 2018.

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tema tema11 mundo

conectado

Híbridos

© LEO ELOY/ESTÚDIO GARAGEM/ FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO

O que é uma linguagem híbrida? Pensemos sobre o significado da palavra “híbrida”. A ciência utiliza esse termo para se referir ao cruzamento de animais e vegetais. A hibridação pode ser natural ou artificial. Algumas espécies e raças de animais, como os cães boxer e pitbull, surgiram por meio de cruzamento artificial. As ciências que mais se debruçam sobre a hibridação são a biologia e a genética. A biologia é uma ciência ampla que estuda os seres vivos, a evolução das espécies, suas relações com os diferentes ambientes e entre si. A genética é uma especialização da biologia que se ocupa do estudo dos genes, responsáveis pela hereditariedade, de suas funções, estrutura e formas de manipulação. Em arte, linguagens que se integram para criar uma nova linguagem são chamadas linguagens híbridas. O diálogo entre arte e ciência se dá tanto no fazer artístico quanto nas formas de pensar a arte. Muitas obras da 32a Bienal de São Paulo – Incerteza viva – ressaltavam essa relação. Veja a imagem a seguir.

Farfalho 2.0 (2016), instalação do artista camaronês Em’kal Eyongakpa (1981-), integra ciência e arte. Obra apresentada durante a pré-abertura para funcionários da 32a Bienal de São Paulo.

D i á r i o d e a rt e Você já viu alguma obra que une arte e ciência? Pesquise, na página oficial da 32a Bienal de São Paulo – <http://livro.pro/3x42t7> (acesso em 20 out. 2018) –, artistas e coletivos que elucidam a relação entre arte e ciência e registre suas impressões em seu Diário de arte.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Ao tratar de hibridismo, traga exemplos próximos aos alunos. A Quimera, personagem da mitologia grega, é conhecida como uma criatura híbrida, que mistura a aparência de três ou mais animais.

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Essa característica já vinha de sua mãe, Equidna, representada por uma figura metade mulher, metade serpente. Do passado à contemporaneidade, a Quimera está presente em desenhos, pinturas, esculturas, filmes e games. Assim como esse monstro é

uma mistura de seres, o conceito de hibridismo é usado frequentemente com o sentido de miscelânea, combinação de linguagens que se entrelaçam. A arte híbrida se comunica por meio de vários canais, oferecendo ao apreciador diversas formas de percepção. 11/7/18 11:12 AM

+IDEIAS Explique aos alunos que uma linguagem artística não precisa morrer para dar lugar a outra. Elas nascem e se multiplicam. Dentro de cada uma há outras que se misturam, conectam-se, adaptam-se e se transformam com os meios de produção e comunicação de cada tempo. Quando a fotografia foi inventada, muitos pensaram que a pintura estaria superada, o que não ocorreu. Ela se transformou, se expandiu e ainda hoje é uma linguagem expressiva. Surgiram no século XX muitas linguagens híbridas, também conhecidas como artes integradas: o happening, a performance, a videoarte, a land art, entre outras. Para a autora Lúcia Santaella, o que fez nascer tantas possibilidades de expressão estética, técnicas e poéticas foram os meios de comunicação e o sistema de consumo, que se transformaram radicalmente a partir do século XX. REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha aos alunos que retomem suas anotações iniciais das palavras a serem investigadas durante o estudo deste capítulo e façam registros em seus Diários de arte sobre os conceitos aprendidos. CONEXÕES • 32 a Bienal de São Paulo: Incerteza viva: processos artísticos e pedagógicos. Disponível em: <http:// livro.pro/vqf9hp>. Acesso em: 7 nov. 2018. • SANTAELLA, Lúcia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo? São Paulo: Paulus, 2004. • SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual e verbal. São Paulo: Iluminuras, 2005. • SANTAELLA, Lúcia. Linguagens líquidas na era da mobilidade. São Paulo: Paulus, 2007.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes integradas • Dança HABILIDADES • (EF69AR09) • (EF69AR10) • (EF69AR11) • (EF69AR12) • (EF69AR13) • (EF69AR14) • (EF69AR15) • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Inspirados nas propostas de Maria Duschenes (19222014), os alunos podem criar obras de videodança. Parte da turma elabora sequências coreográficas enquanto o outro grupo cuida do registro fílmico. Ambos devem explorar e mesclar os fundamentos de cada linguagem. Organize na escola uma exibição dos trabalhos produzidos.

MAIS DE PERTO

Quando o vídeo encontrou a dança Observe as imagens ao lado. Já estudamos o impacto que a invenção do cinema causou no mundo da arte. Quanto mais acessível se tornava a linguagem audiovisual, mais os artistas faziam uso dela. É importante lembrar que nem sempre foi tão fácil captar imagens em movimento, editá-las e exibi-las. Maria Duschenes (1922-2014) explorou a videodança antes mesmo que ela se estabelecesse como linguagem. Foi aluna de Rudolf Laban (1879-1958) e de outras importantes figuras da dança, como Martha Graham (1894-1991). Professora, coreógrafa e dançarina húngara, Maria Ranschburg chegou ao Brasil em 1940 e se casou dois anos depois com o arquiteto e professor alemão Herbert Duschenes (1914-2003), chegado ao Brasil no mesmo ano que ela. Herbert criou fotografias e filmes de Maria, formando um importante acervo e legando experiências de união de vídeo e dança. Grandes foram as contribuições de Maria para a dança e a educação em nosso país.

DIREÇÃO HERBERT DUSCHENES /ACERVO FAMÍLIA DUSCHENES

• Prática de dança • Videodança

Fotogramas de Hands, filme gravado na década de 1940 por Herbert Duschenes, com foco no movimento das mãos de sua mulher, Maria.

PALAVRA DA ARTISTA

Maria Duschenes (1922-2014) Nós chegamos para o Rio [sic] [...]. E no Rio o pessoal dançava nas ruas, com guerra [Segunda Guerra Mundial] e tudo. [...] Não era nem carnaval, mas estavam dançando. […] E aqui no Brasil a dança era tão parte da vida, era muito fácil eu dar aula. Trecho de entrevista de Maria Duschenes em Herbert e Maria Duschenes, da Miração Filmes Produtora. Disponível em: <https://youtu.be/3dRhicIIhrA>. Acesso em: 28 jul. 2018.

CLIQUE ARTE

Exposição virtual Maria Duschenes: expressão e liberdade. Confira vídeos, áudios, entrevistas e fotografias dessa importante figura da dança. Disponível em: <http://livro.pro/ gf8cgm>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS É possível a criação de vídeos, uma vez que os alunos já têm noções de enquadramento e posicionamento de câmera. Por meio das aulas de Arte, a escola deve potencializar esses saberes, oferecendo aos jovens a oportUnidade de se expressar artisticamente com recursos audiovisuais.

arte em projetos

ARTES INTEGRADAS

Videodança

FOTOS: LUCIANA PONSO

Observe as imagens a seguir.

Sequência coreográfica na água remete à ideia do parto em Duas, uma (2012).

Observe como os elementos da videodança Duas, uma estão relaVEJA ARTE cionados com a ideia central. A locação é uma praia. O mar tem muitas Duas, uma. Assista a essa videodança e simbologias, encontradas em várias culturas – por exemplo, o fluxo das observe os movimentos marés é associado ao tempo de nascimentos. Também podemos observar da dançarina Flavia Tapias e a dança da e ver os movimentos leves e sinuosos em movimentos dançados, inspiracâmera, em seus dos nas ondas do mar, no deslocamento da areia, no vento e na brisa. deslocamentos, planos e enquadramentos. Sobre a gestação, tema central dessa videodança, os movimentos Disponível em: expressam a vida uterina. Portanto, não é por acaso que parte do <http://livro.pro/r7p7ap>. Acesso em: 13 out. 2018. vídeo tenha sido gravada dentro do mar, interessante metáfora de estar dentro da mãe. Na trilha sonora, ouvimos o som de brinquedos infantis, e a coreografia, da própria dançarina Flavia Tapias, apresenta movimentos que sugerem a maternidade, ressaltam o ventre, o cordão umbilical (ligação entre mãe e filha, as duas em uma) e o parto.

+IDEIAS Mostre exemplos de espetáculos de dança que aproveitem elementos tecnológicos, tais como projeções interativas. Ao trabalhar movimentos de dança com os alunos, retome os estudos sobre Laban. Um corpo expressivo é consciente de seu peso e deslocamento, assim como de suas capacidades e limitações. REGISTROS E AVALIAÇÃO Avalie como se dá o processo de criação dos alunos. Observe como eles lidam com os desafios de trabalhar em grupo. Na exibição das obras de videodança, os jovens devem decidir o que irão mostrar aos demais colegas. CONEXÕES • Caldas, Paulo; Brum, Leonel; Bonito, Eduardo; Levy, Regina. Ensaios contemporâneos de videodança. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2012. • SÃO Paulo. Vídeo de Herbert Duschenes e Maria Duschenes. Disponível em: <http://livro.pro/hmmqdx>. Acesso em: 7 nov. 2018.

• Que outra ideia poderia ser explorada para a criação de uma videodança? • Que temas você e seus colegas escolheriam para criar movimentos dançados? 169

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CONCEITOS EM FOCO • Prática de dança • Videodança

Processo de criação

BNCC

Oficina 1 – Criando movimentos e sequências coreográficas

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Converse sobre a bailarina alemã Pina Bausch (19402009). Ela criou coreografias que exploravam tanto o corpo dos bailarinos quanto suas emoções, com movimentos e expressões distintos do balé clássico. Pina costumava dizer que até nas pontas dos dedos podemos perceber movimentos belos e expressivos. Para ela, cada bailarino deveria conhecer o próprio corpo para potencializá-lo na dança. Inspirados no pensamento da bailarina alemã, os alunos devem imaginar uma ação cotidiana e expressar essa ideia com uma sequência de três movimentos. É preciso definir qual parte do corpo será usada na prática. Movimentos dançados também podem ser criados em uma formação de roda. Um aluno faz uma sequência de três movimentos, que será reproduzida pelo resto da turma. Depois, outro aluno faz o mesmo, até que todos tenham essa experiência. Os movimentos podem ser inspirados por um tema predefinido em conjunto. Na filmagem da videodança, os jovens devem articular técnicas de composição visual, explorando fundamentos da linguagem cinematográfica: enquadramentos, ângulos, luz e sombra, montagem etc.

• Você e seus colegas podem combinar um tema, assunto ou sensações. • Para criar movimentos dançados, explore as potencialidades expressivas do corpo. • Você pode pesquisar sobre teóricos que criaram propostas para desenvolver movimentos dançados, como Rudolf von Laban (1879-1958), um dos precursores da dança moderna ocidental, que pesquisou sobre os movimentos corporais cotidianos e como eles podem levar à criação de movimentos na dança. • Outra referência na dança e sua criação é a dançarina e coreógrafa Pina Bausch (1940-2009), que valorizava o conhecimento do corpo e das possibilidades expressivas para dançar. Essa artista e pesquisadora considerava o repertório pessoal dos dançarinos um material potente para a criação coreográfica.

ALBUM / DPA / ALBUM / FOTOARENA

HABILIDADES • (EF69AR09) • • (EF69AR10) • • (EF69AR11) • • (EF69AR12) • • (EF69AR13)

Agora que você conhece um pouco mais essa linguagem, que tal aprendê-la na prática? Vamos começar pelo planejamento de movimentos dançados.

Pina Bausch.

• Com base nessas propostas, investigue o seu corpo e tudo que ele possa expressar em movimentos dançados. Por exemplo, comece com movimentos de várias partes do corpo, como dedos, braços, pernas, pés, cabeça e tronco. • Repare na velocidade e na força que você pode exercer em seus movimentos. • Observe o espaço em que você se desloca e se movimenta.

MARLENE BERGAMO/FOLHAPRESS

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes integradas • Dança

• Você pode criar movimentos individuais, em duplas ou com mais pessoas, de modo coletivo e colaborativo. • A partir desse estudo, você pode fazer combinações com vários movimentos, criando sequências coreográficas.

Cena do ensaio geral do espetáculo Ten Chi, da companhia Pina Bausch, em São Paulo (SP), em 2011.

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+IDEIAS Tendo como referência os ensinamentos de Pina Bausch, os alunos podem contar histórias usando movimentos e criar sequências coreográficas de acordo com as necessidades de cada corpo. Em rodas de conversa, estimule os jovens a refletir sobre arquitetura e videodança, resgatando conteúdos aprendidos.

Oficina 2 – Gravação e edição de vídeo Para a gravação, o diretor (que pode ser auxiliado por assistentes ou por produtores) acompanhará a gravação com o roteiro em mãos. O cinegrafista fará a captação das imagens de dança (se o coreógrafo não for dançarino, ele também poderá auxiliar nessa etapa). Faça um ensaio antes da gravação. Enquanto a coreografia é realizada, o responsável pela captação das imagens pode se mover no espaço onde estão dançando. Para ter uma ideia melhor do enquadramento, repita esse processo em uma folha de papel com um retângulo recortado no centro. Procure fazer o retângulo com proporções semelhantes às de uma tela de TV, computador ou celular. Pode-se ainda fazer esse ensaio filmando com um aparelho celular – sempre na posição horizontal, a não ser que você queira dar um efeito momentâneo de deslocamento do eixo horizontal da câmera. Depois, confira quais foram os melhores ângulos e enquadramentos. A última etapa é a montagem do vídeo. Em geral, a edição segue o roteiro. Entretanto, é possível que surjam acontecimentos inesperados e interessantes durante a gravação que a equipe considere importante fazerem parte da obra. Finalizada a videodança, mostre-a aos seus colegas e familiares!

+ PERTO DE VOCÊ

Como é a arquitetura em sua região? Que tipos de local, edifício e construção são mais comuns e quais se destacam? Qual é a arquitetura de sua escola? O que você mudaria na arquitetura de seu bairro ou sua cidade? Existem grupos que produzem videodança em sua região? Que tal formar um?

REGISTROS E AVALIAÇÃO Peça aos alunos que se expressem oralmente e registrar no Diário de arte o que descobriam sobre arte, arquitetura e videodança. Eles também podem organizar portfólios com base nas produções e estudos deste capítulo. CONEXÕES • MACHADO, Arlindo. Arte e mídia: aproximações e distinções. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. • Kai Fobbe. Site oficial do artista. Disponível em: <http:// livro.pro/rkid6n>. Acesso em: 8 nov. 2018.

D i á r i o d e a rt e Registre em seu Diário de arte as etapas de seu processo de criação, os desafios, as escolhas e as descobertas. Como foi fazer um projeto arquitetônico, criar uma obra de videodança? O que você e seus colegas poderiam ter feito diferente e o que ainda desejam fazer?

MISTURANDO TUDO Neste capítulo, estudamos como saberes e linguagens podem se integrar.

1. Você já havia pensado no espaço ocupado por pessoas?

2. O que você descobriu sobre a arte de planejar e construir edifícios e lugares?

3. O que mais você entende por arquitetura?

4. Como foi a experiência de integrar vídeo e dança? O processo de criação é mais complexo? Pesquise mais sobre essas e outras artes integradas!

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CONCEITOS EM FOCO

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• Escultura temporária • Intervenção artística

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Arte visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR05) • (EF69AR31) • (EF69AR32)

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PÍT

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Arte e acontecimento Trajetórias para a arte • Arte que envolve a cidade

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A abertura do capítulo é sempre uma oportunidade para momentos de nutrição estética na fruição de imagens que remetem a contextos do universo da arte. Nesta imagem, temos um registro da escultura temporária de Christo e Jeanne-Claude. Trata-se de uma escultura em grandes dimensões criada no Hyde Park, em Londres, que foi composta com 7.506 barris empilhados horizontalmente em uma plataforma flutuante no lago Serpentine. A obra ficou com 20 metros (65,5 pés) de altura ! 30 metros (90 pés) de largura (nas paredes inclinadas de 60°) ! 40 metros (130 pés) de comprimento. Os barris usados eram todos do mesmo tamanho, 59 ! 88 cm, fabricados para essa obra. Para dar o efeito cromático que vemos na imagem, os barris foram pintados de vermelho e branco nos lados que mostravam as duas paredes inclinadas da escultura; as partes visíveis nas duas paredes verticais foram pintadas com tons de vermelho, azul e lilás. Solicite aos alunos que observem a imagem. Sugerimos a seguinte pauta para sua mediação: • Ao observar a imagem, é possível perceber o material usado para compor a escultura?

• Tema 1 – Para mudar o mundo! • Arte em Projetos – Artes visuais • Tema 2 – Mostrar a arte • Arte em Projetos – Artes integradas

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construção que você já tenha visto? • Como o artista consegue os efeitos de cores e formas? • Quais cores e formas podemos perceber na imagem? • Observando a imagem é possível ter uma ideia do ta-

manho da obra? • O que mais chama a atenção na imagem? • Por que os artistas deram o nome de Mastaba para sua escultura temporária? As respostas nascem da observação dos alunos e da formulação de hipóteses. Es-

clareça para os alunos que “mastaba” é uma palavra de origem árabe que significa “banco de pedra”. Aplicado à escultura, o termo remete a monumentos construídos no Egito antigo em forma de pirâmides retas no topo.

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THE LONDON MASTABA, SERPENTINE LAKE, HYDE PARK, 2016-18/© 2018 CHRISTO/ALAMY/FOTOARENA

+IDEIAS Para construir obras como essa, é preciso de muito investimento e de muitas pessoas, mas a relação que o público passa a ter com o lugar onde é apresentada vale a pena. Os artistas Christo e Jeanne-Claude sempre financiaram suas próprias obras, comercializando os desenhos dos projetos que criaram. Proponha aos alunos que pesquisem, na semana da aula, sobre a arte de Christo e Jeanne-Claude, um casal que criou arte juntos. Converse com os alunos sobre os temas e os conceitos que serão propostos neste capítulo, como a arte ambiental, a Land Art, a representação e a expressão da natureza na arte, os geoglifos, a arte egípcia, mostras e eventos artísticos e culturais. REGISTROS E AVALIAÇÃO Aproveite este início do capítulo para fazer uma avaliação diagnóstica a partir dos conhecimentos prévios dos alunos e suas expectativas em relação ao estudo dos conceitos e temas aqui propostos. Faça um levantamento sobre as curiosidades dos alunos. Você pode anotar na lousa e solicitar que registrem a lista em seus Diários de arte, material que pode ser sempre consultado no percurso. CONEXÕES • Christo e Jeanne-Claude. Disponível em: <http:// livro.pro/fj48rc>. Acesso em: 7 nov. 2018.

Christo e Jeanne-Claude inspiraram-se na forma trapezoidal dos "bancos de pedra" do Egito antigo para criar a Mastaba de Londres, escultura flutuante instalada temporariamente (de 19 de junho a 9 de setembro de 2018) no Lago Serpentine, Hyde Park, na capital inglesa. Era feita de barris empilhados de acordo com cálculos estruturais de grandes empresas de engenharia.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS O mundo contemporâneo apresenta muitas demandas urgentes em relação ao meio ambiente, por isso artistas saem de seus ateliês, bem como dos museus e galerias, e ocupam o mundo. Nesse tipo de proposta artística e poética, o mundo é

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o suporte para as intervenções e esculturas temporárias. É uma arte efêmera, mas intensa, pois ocupa o lugar, os ambientes em que as pessoas estão acostumadas a viver suas rotinas cotidianas. A arte, assim, invade não apenas o lugar, mas a vida das pessoas. A arte ambiental tem esse objetivo, ou seja, ocu-

par lugares e provocar experiências estésicas e estéticas a quem por ali viver ou passar. O casal de artistas visuais Christo e Jeanne-Claude dedicaram-se a criar nessa proposta, empacotando prédios, pontes, árvores e inserindo na paisagem materialidades, como tecidos e tambores. 11/7/18 11:11 AM

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CONCEITOS EM FOCO

venha MUDAR E INTEGRAR!

• Intervenção artística • Evento artístico e cultural

BNCC

Observe a imagem a seguir.

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS A seção Venha mudar e integrar! apresenta outra obra dos artistas Christo e Jeanne-Claude de título Os portões, instalada no Central Park, em Nova York, em 2005. Para fazer essa instalação, os artistas convidaram cerca de 600 pessoas, que trabalharam como voluntários. Foram colocadas 7.500 bandeiras de tom alaranjado (açafrão) ao longo de um percurso de cerca de 37 quilômetros, local em que as pessoas costumam passear e fazer exercícios. Um dia não havia nada e então esse caminho em tom de açafrão apareceu. As pessoas ficaram maravilhadas com o tamanho da obra construída. Os artistas contam que escolheram o mês de fevereiro pelo fato de ser um período em que as árvores estão sem folhas e, por isso, a cor alaranjada dos tecidos nos portões seria vista com mais facilidade. Além das pessoas que vivem na cidade de Nova York, muitos turistas foram caminhar entre os tecidos cor de açafrão. Por ser uma obra efêmera, foi certamente uma experiência única. Proponha aos alunos que pesquisem mais sobre a obra. Na seção Venha mostrar!, é apresentada a imagem do cartaz do festival de animação Anima Mundi. Esse evento foi criado em 1993 com o objetivo de fortalecer o mercado de animação no Brasil. Hoje,

THE GATES, CENTRAL PARK, NEW YORK CITY, 1979-2005/© 2005 CHRISTO AND JEANNE-CLAUDE/ALAMY/FOTOARENA

UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas

Visitantes passeiam pela obra Os portões, dos artistas Christo (1935-) e Jeanne-Claude (1935-2009), no Central Park (Nova York, EUA), exposta de 12 a 27 de fevereiro de 2005. Constituída por passagens de 4,87 metros de altura adornadas com panos cor de açafrão, a obra desdobrou-se por 37 km de caminhos do parque.

Na imagem, cores e formas invadem a cidade. Pessoas caminham pelos portões. Traves e tecido criando sensações. Um dia a paisagem é uma. Passa um tempo e já tem novidade. É a arte que invade e muda o jeito de ver e perceber a vida, de viver em um lugar! Cor de açafrão, verde do parque, uma arte ambiental! Ideias instaladas pela cidade mudam, integram, convidam a passear e fruir. 7 503 portões instalados para criar uma arte monumental! Tudo para olhar diferente um lugar. Para deixar uma sensação que convida a seguir esse caminho de cor. Venha! Vamos desvendar esse jeito de criar? 174

depois de crescer e alcançar importância internacional, o evento oferece, além do festival com premiações, cursos e formação de professores. A proposta em trazer essas duas produções neste capitulo tem por finalidade trabalhar com o conceito de arte e acontecimento. D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 174

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+IDEIAS Pergunte aos alunos se eles têm recebido notícias ou participado de eventos artísticos e culturais. Proponha que pesquisem mais sobre os festivais de animação, entre eles o Anima Mundi. Que tal propor para os alunos que criem um cartaz para um evento de arte? Eles podem imaginar uma temática hipotética e criar a visualidade do cartaz. Também podem pesquisar no site do Anima Mundi os vários cartazes que já foram criados para o evento ao longo dos anos.

venha mostrar!

MICHAEL DUDOK/PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO/MINISTÉRIO DA CULTURA

Observe a imagem a seguir.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Aproveite este momento para conversar com os alunos sobre suas expectativas de aprendizagem. Proponha que, em pequenos grupos, conversem sobre as imagens e os textos de apoio e registrem em seus Diários de arte suas hipóteses interpretativas. Os registros serão importantes para os estudos na seção Mais de perto.

Cartaz do festival Anima Mundi, 2018.

Depois de um ano de muita ação, Chega o momento de mostrar, De fazer uma grande exibição, Das obras que você veio a criar. É necessário fazer a produção Para que isso possa se concretizar em uma mostra de arte e educação que todos possam apreciar! Venha criar, preparar e exibir arte criada na escola ou em outra parte! 175

PARA AMPLIAR CONCEITOS As propostas de arte como acontecimento tiveram início com os movimentos das primeiras vanguardas (futurista, dadaísta e surrealista). Eram ações, atitudes e formas de arte

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caracterizadas por serem efêmeras. Essas atitudes artísticas e poéticas expandiram-se para o movimento de arte e conhecimento Fluxus. Esse movimento artístico, iniciado na década de 1960, caracteriza-se por ter uma concepção da arte como

um acontecimento coletivo. Essa arte podia ser feita com materialidades diversas e em locais públicos ou privados com o objetivo de questionar o mercado e o papel das galerias, dos museus e das casas de espetáculos que apresentavam as pro11/7/18 11:11 AM

duções artísticas de modo tradicional. Para os integrantes do Fluxus, não havia limites para a criação do artista. Essas atitudes deram origem à performance, ao happening e à Body Art, e, na atualidade, à arte ambiental e às intervenções urbanas.

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CONCEITOS EM FOCO

Arte que envolve a cidade

• Land Art • Materialidades e tecnologias

na arte • Arte ambiental • Intervenções urbanas luminosas • Festivais de arte

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR04) • • (EF69AR05) •

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Aqui iniciamos nossos estudos sobre arte e acontecimento. Proponha que os alunos observem as imagens, estudem o texto e conversem em pequenos grupos sobre as obras apresentadas nestas páginas. As questões da página 176 são mediadoras e provocam conversas sobre: 1. As experiências dos alunos em relação aos eventos de arte e cultura a que talvez já tiveram acesso ou gostariam de ter. Oriente-os a escreverem em seus Diários de arte sobre suas experiências ou expectativas. Pesquise se em sua cidade acontecem eventos artísticos e divulgue-os para os alunos. O professor pode ter papel fundamental na mediação da arte e da cultura e ser, assim, um dinamizador cultural potencializando o acesso para os alunos. 2. O que os alunos percebem na imagem que mostra a instalação criada pelos artistas Christo e Jeanne-Claude na cidade de Nova York. Proponha que registrem. Nessa introdução, fazemos o exercício de ler e contextualizar. Na seção Venha!, os alunos exercitaram a leitura de imagens e de textos poéticos de apoio. Aqui trazemos mais

ALEXANDRE ROTENBERG / ALAMY STOCK PHOTO / FOTOARENA

Observe a imagem ao lado. Um lugar pode se modificar com a presença da arte – com festivais, mostras, exposições temporárias, saraus etc. Cada tipo de evento tem características próprias, mas todos são marcados pelo “acontecimento”. Há eventos tão grandiosos que sua realização parecia uma utopia. No entanto, tornaram-se realidade por causa da mente criativa de artistas e do esforço de muitas pessoas. A arte que se faz em eventos é assim, feita por muitos e apreciada por mais gente ainda. Pelo mundo acontecem festivais de arte e tecnologia de luzes, formas e cores, como o Lumina (Festival de Arte e Luz), realizado em Portugal. O Brasil também tem festivais de luzes, como o que levou tecnologia e arte à cidade de São Paulo (SP), o 1o Festival de Luzes de São Paulo (FLSP). Esse festival tomou monumentos, praças e edifícios com arte e tecnologia, que, além de cores e formas, espalhou mensagens de amor e paz.

Lumina, festival de luz realizado na cidade de Cascais, em Portugal, em setembro de 2018.

FLAVIO CORVELLO/FUTURA PRESS

Luzes projetadas no Monumento às Bandeiras, de Victor Brecheret (1894-1955), diante do Parque Ibirapuera, em São Paulo (SP).

1. Você já havia deparado com uma arte assim, que toma a cidade e muda o jeito de vê-la? Já esteve em algum evento de arte (festas populares, bienais de arte, do livro, em feiras ou exposições)? Descreva sua experiência. 2. Observe a imagem e o texto da seção Venha mudar e integrar! (página 174). Essa arte ambiental proposta pelos artistas Christo e Jeanne-Claude convidou a cidade de Nova York a passear entre portões de tecido cor de açafrão. O que você pensa ao olhar para essa proposta de arte? Gostaria de participar de um evento artístico assim? Justifique a resposta. Respostas pessoais.

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informações que podem ajudá-los na contextualização. D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 176

PARA AMPLIAR CONCEITOS A Land Art (Arte da terra) foi uma das respostas, surgida na década de 1960, dos artistas que buscavam a natureza como lugar de suas obras. Essa

postura é bastante diferente da utilização da natureza para a pintura de gênero, como no Romantismo, Realismo e Impressionismo. A Land Art usa a natureza, enquanto uma pintura representa a natureza. Os artistas que criam na Land Art precisam fazer estudos que envolvem muitas

disciplinas, como sobre os ecossistemas locais, sobre as características da geologia e do clima. As interferências podem ser feitas em pequenas ações, como agrupar pedras ou fazer desenhos na areia da praia, ou em grande escala, como a obra Píer espiral, de Robert Smithson (1938-1973).

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tema tema11

+IDEIAS Muitos artistas usam materialidades dadas pela própria natureza para criar na proposta da Land Art. Sugira aos alunos que busquem no espaço da escola ou local próximo materialidades naturais, como folhas, pedras e gravetos, para criar arte. A arte ambiental pode trazer mensagens de paz. Para criar intervenções luminosas, a dupla de artistas audiovisuais VJ SUAVE, composta pela argentina Ceci Soloaga e pelo brasileiro Ygor Marotta, usam arte digital. Eles criam desenhos de animação usando programas de computação gráfica e projetam (usando projetores multimídia) as imagens nas paredes, árvores e prédios em cidades que visitam. Além do 1o FLSP (1o Festival de Luzes de São Paulo), a dupla já participou de vários outros eventos de arte no Brasil e no mundo. Para eles, a cidade é o suporte para a arte! Que tal propor aos alunos que criem projetos para espalhar mensagens de amor e paz nas paredes da escola? Você pode orientá-los a desenhar ou a escrever imagens usando programas de computação gráfica e depois projetá-las com o apoio de projetores multimídia.

Para mudar o mundo!

Observe a imagem a seguir. VEJA ARTE

ROZEL POINT, GREAT SALT LAKE, UTAH/ OHLSEN / ALAMY /FOTOARENA

Spiral Jetty (Píer espiral). Assista ao filme rodado em 1970 e narrado (em inglês) pelo próprio Robert Smithson, mostrando e comentando a construção de sua obra-prima. Disponível em: <http://livro.pro/9c6hmk>. Acesso em: 15 out. 2018.

O Píer espiral, maior criação de Robert Smithson, foi instalado em 1970 na margem do Grande Lago Salgado (EUA).

Mudar o mundo! Quem já não sonhou com esta façanha? O artista estadunidense Robert Smithson (1938-1973) foi um dos primeiros artistas que tentaram alcançar pela arte a mudança de paisagens e a criação de outras formas de olhar e sentir o mundo, no início da década de 1970. Esse artista se dedicou ao movimento que seria conhecido por Land Art (Arte da Terra), como também pelos termos Earth Art e Earthwork. Na Land Art, a natureza é tanto a materialidade quanto o tema e objetivo poético do trabalho artístico. O Píer espiral (Spiral Jetty, em inglês), criado em 1970 por Smithson, é uma obra de grandes proporções com a qual o artista interveio no meio ambiente do Grande Lago Salgado, localizado no estado de Utah (EUA). Vários operários contratados pelos financiadores da obra de Robert Smithson participaram do deslocamento de terra, cristais de sal e pedras para formar uma espiral em sentido anti-horário de 460 metros de comprimentos e 4,6 metros de largura – uma arte que é feita com a natureza e também se modifica com as condições atmosféricas e naturais. Vimos que Land Art refere-se a manifestações artísticas que criam interferências ou instalações, usando o meio ambiente como suporte e poética. Será que a criação de desenhos em meio à paisagem natural é uma prática artística apenas do nosso tempo? Não é mesmo. Povos ancestrais já criavam o que se convencionou chamar geoglifos. 177

REGISTROS E AVALIAÇÃO Depois que os alunos conversarem e estudarem o texto e as imagens em pequenos grupos, sugerimos que as ideias sejam compartilhadas no grande grupo. Os alunos podem registrar em seus Diários de arte o que aprenderam.

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Proponha aos alunos que criem e escrevam sobre suas ideias para um projeto que possa mudar sua cidade. Mesmo que seja apenas uma maneira de projetar, esse exercício de criação e registro pode desencadear várias conversas sobre temas como a cultura da paz.

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CONEXÕES • Lumina (Festival de Arte e Luz). Disponível em: <http:// livro.pro/gwpxon>. Acesso em: 7 nov. 2018. • Robert Smithson. Site do artista. Disponível em: <http:// livro.pro/a2wc5r>. Acesso em: 7 nov. 2018. • VJ Suave. Site da dupla. Disponível em: <http://livro. pro/98x5mb>. Acesso em: 7 nov. 2018.

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CONCEITOS EM FOCO

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • • (EF69AR02) • • (EF69AR04) • • (EF69AR05) •

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PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Os chamados geoglifos, vestígios arqueológicos deixados no solo por diversas culturas em várias partes do mundo, podem ter inspirado a forma de expressão artística contemporânea denominada Land Art, tipo de manifestação artística que faz intervenções na natureza utilizando seus próprios recursos, como folhas, galhos, pedras e areia. Seguem algumas sugestões de atividades interessantes envolvendo geoglifos e Land Art: • Pesquise ou solicite aos seus alunos que busquem imagens de geoglifos em diversas partes do mundo. Pesquise também sobre artistas de Land Art, como Richard Shilling, Jim Denevan, Robert Smithson e Vicenzo Sponga. • Analise as imagens pesquisadas em sala de aula, estabelecendo uma proposta de reflexão: que marcas estamos deixando hoje na natureza? Proponha um debate sobre questões urbanas e de meio ambiente. • Solicite aos alunos ideias de intervenções que poderiam ser feitas na escola, bairro ou cidade. Se possível, elabore com eles um projeto para que essas intervenções possam ser analisadas e realizadas. As ideias podem ser desenhadas e escritas nos Diários de arte.

Geoglifos Existem sítios arqueológicos com desenhos gigantescos que impressionam e nos levam a questionar como essas formas podem ter sido feitas pelo povo da cultura de Nazca, que viveu ali de cerca de 200 a.C. a cerca de 700 d.C. Um dos mais conhecidos e talvez mais impressionantes geoglifos encontrados na América do Sul são as figuras e linhas de Nazca, no Peru. A hipótese é de que esse povo os teria criado com trabalho em equipe. Segundo estudos, as pessoas que participaram dessa criação removeram parte do solo e pedras da região para formar uma figura que, para ser inteiramente vista, teria de ser olhada do céu. Em nossa época, é bem fácil ver o mundo de cima. Porém, como um povo que viveu em época tão remota conseguiu planejar e apreciar suas obras? Isso continua sendo um mistério! Mas já sabemos que são obras incríveis, com desenhos abstratos ou figurativos, como o beija-flor da imagem abaixo. São obras tão maravilhosas que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconheceu-as como Patrimônio da Humanidade.

AMPLIANDO Geoglifos são desenhos ou motivos enormes feitos no solo com elementos naturais duráveis, como pedra e madeira, por culturas de várias partes do mundo. Existem geoglifos com formas geométricas – linhas, quadrados, círculos, octógonos, hexágonos ou uma composição de todas – e com figuras zoomórficas (com forma de animal) e antropomórficas (com formas humanas).

JOHN KERSHNER/SHUTTERSTOCK.COM

• Geoglifos • Arte ambiental • Escultura temporária

Desenho de um beija-flor na planície de Nazca (Peru). Acredita-se que os geoglifos tenham sido criados aproximadamente entre 200 a.C. e 700 d.C. pelos habitantes do local.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Conhecemos hoje grandes obras arquitetônicas do Egito antigo graças às técnicas e materialidades dessas construções. Essas obras foram construídas com pedras cortadas e encaixadas com D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 178

minuciosa precisão ao longo de várias dinastias e reinados, desde a unificação do Egito (em meados de 3200 a.C.), passando pelo Antigo, Médio e Novo Império, até a invasão dos persas em 525 a.C. Muitas construções foram erguidas às margens do rio Nilo e no

Vale dos Mortos. As pirâmides mais famosas são as que foram construídas em Gizé na IV dinastia do Império Antigo. Todas recebem os nomes dos faraós que governavam durante o período em que foram construídas: Quéops, Quéfren e Miquerinos (c. 2550 a.C.).

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+IDEIAS Você pode abordar o tema das construções da civilização egípcia e contextualizá-las com as criações que os artistas da arte ambiental e Land Art fazem hoje. Embora os objetivos da arte egípcia, que era religiosa e ritualística, sejam diferentes das intenções artísticas e poéticas da arte contemporânea na linguagem da arte ambiental e Land Art, é interessante conversar com os alunos sobre a questão de deixar nossas marcas culturais no mundo.

Arte ambiental e monumental Observe as duas imagens desta página.

THE LONDON MASTABA SERPENTINE LAKE, HYDE PARK, 2016-18/ © 2018 CHRISTO/AC MANLEY/SHUTTERSTOCK.COM

ALBUM / PRISMA / ALBUM / FOTOARENA

A Mastaba de Londres flutua no Lago Serpentine, no Hyde Park, em Londres.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Os alunos podem pesquisar mais sobre a proposta de arte ambiental de Christo e Jeanne-Claude. Christo tem planejado erguer uma mastaba monumental com barris em pleno deserto perto de Abu Dhabi, Emirados Árabes Unidos. A intenção é que esse projeto Mastaba seja a maior escultura do mundo, feita com 410 mil barris multicoloridos. Organize um debate sobre a arte ambiental atual a partir das pesquisas. Registros podem ser feitos nos Diários de arte.

Mastaba de Nhnumhotep e Niankhkhnum (séc. XXV a.C.), em Sacará (Egito).

O que essas duas obras têm em comum? Se você disse o nome, está correto: ambas se chamam mastaba. Há outra semelhança? Podemos notar que as quatro laterais formam figuras geométricas: duas parecem retângulos, e as outras duas, trapézios (quadrilátero com apenas dois lados paralelos). Mas o que há de diferente entre elas? Embora a forma e o nome sejam os mesmos, o que distingue essas duas obras da criatividade humana é o tempo, o lugar, as materialidades e as intenções. A Mastaba de Londres, de Christo e Jeanne-Claude, foi criada com base em um projeto concebido em 1977 para os Emirados Árabes Unidos e concretizado em uma escultura flutuante exposta de 19 de junho a 9 de setembro de 2018 no Lago Serpentine, no Hyde Park, em Londres (Inglaterra). Essa obra foi realizada com o empilhamento de 7 506 barris de 200 litros nas cores vermelha, azul e malva (uma cor rosa-arroxeada). Aí, a intenção é artística e poética – uma arte que ocupa um espaço na cidade, intervindo nele e na vida cotidiana, integrando uma forma efêmera à paisagem. Trata-se de uma escultura temporária, já que não foi feita para durar muito tempo. A Mastaba de Londres em construção. Depois de pronta, a obra foi rebocada até o lugar estabelecido no Lago Serpentine.

CONEXÕES • Conheça o Projeto Mastaba, nos Emirados Árabes Unidos. Disponível em: <http:// livro.pro/bjn7cz>. Acesso em: 7 nov. 2018.

THE LONDON MASTABA SERPENTINE LAKE, HYDE PARK, 2016-18/ © 2018 CHRISTO/ALBERTO PEZZALI/NURPHOTO/GETTY IMAGES

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O Vale dos Mortos, ou Vale dos Reis, é um lugar montanhoso em que os principais faraós do Novo Império egípcio foram sepultados. Está localizado na margem ocidental do Nilo, próximo de Luxor (antiga Tebas). Embora as tumbas tenham sido invadidas ao longo

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dos anos, essa região guarda grande parte do Patrimônio Mundial da Humanidade de arte egípcia na forma de afrescos e construções arquitetônicas. No Vale dos Mortos, muitas construções em forma de mastabas foram erguidas.

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CONCEITOS EM FOCO

ção na pintura e na música • Arte e meio ambiente • Paisagem como tema

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR06) • (EF69AR07)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Converse com os alunos sobre o caráter de permanência da arte do passado tendo como referência a arte egípcia e as propostas de arte efêmera que hoje ocorrem. Esclareça que na atualidade também há propostas de construções de obras de arte permanentes. Você pode trazer exemplos de obras de artistas da história da arte egípcia. Esclareça que no Egito antigo havia a crença em obras com a finalidade de eternizar a vida. Os escultores criavam imagens de rostos em pedra calcária, entre outros materiais, para que as pessoas continuassem a viver além-túmulo. Segundo o historiador de arte Ernst Gombrich (1995, p. 58), a expressão “escultor”, em egípcio, podia significar “aquele que mantém vivo”. Talvez fosse esse o desejo de reis e rainhas e de outras pessoas que encomendaram aos escultores formas que eternizassem seus traços. Na crença egípcia, o poder dos escultores mantinha vivas a alma e a imagem da pessoa retratada por meio da arte.

Criar para a eternidade ALBUM / PRISMA / ALBUM / FOTOARENA

Mastaba é uma palavra de origem árabe que significa “banco de pedra” – de fato, vistas de longe, as mastabas em geral lembram bancos de pedra. No Egito antigo, porém, a palavra significava “casa eterna” ou “casa para a eternidade”. As mastabas egípcias são construções feitas de tijolos de barro cozidos ao sol ou de blocos de pedra. Erigidas na Antiguidade por essa civilização, elas serviam de túmulo e eram usadas para sepultamentos e orações. Depois, a realeza Entrada da mastaba de Sacará. Note as inscrições acima egípcia deixou de construí-las e deu da passagem, que revelam em hieróglifos quem está ali sepultado e sua história. prioridade às pirâmides. Na página anterior, vemos uma fotografia da Mastaba de Niankhkhnum e Khnumhotep (nome de servos do faraó Niusserre, ali sepultados), criada entre 2460 a.C. e 2420 a.C. no deserto, no atual sítio arqueológico de Sacará, localidade usada como necrópole da antiga cidade de Mênfis. Na atualidade, o lugar fica perto da cidade do Cairo, capital do Egito. Ao contrário da Mastaba de Londres, de Christo e Jeanne-Claude, feita de tambores coloridos e sem intenção fúnebre, as mastabas do Egito eram construídas para durar eternamente, já que a continuidade da vida após a morte fazia parte de sua cultura religiosa. E foi tal desejo que levou essa civilização a criar intervenções na paisagem natural, erguendo a Interior da Mastaba de Mereruka, vizir arte monumental das pirâmides e dos templos do mundo antigo. (ministro) do faraó Téti, fundador da A Mastaba de Londres nasceu da inspiração nessas 6a Dinastia egípcia (séc. XXIV a.C.). O túmulo está em Sacará (Egito). formas geométricas antigas.

GRANGER, NYC. /ALAMY /FOTOARENA

• Arte egípcia • Arte e religião • Natureza como representa-

1. Será que o ato de mudar e integrar “arte e vida” é uma atitude percebida no passado, hoje e sempre? 2. Como você vê os projetos de intervenção artística de Christo e Jeanne-Claude?

3. Vamos pesquisar mais sobre esses artistas? Respostas pessoais.

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PARA AMPLIAR CONCEITOS Em todas as culturas, encontramos mitos sobre a vida após a morte ou vestígios da crença nela. Não sabemos ao certo os motivos dessa crença, mas sabemos que é bem antiga. Entre todas as cerimônias, cultos e mitos ligados à morte e à transD2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 180

cendência, nada se compara às tradições do povo egípcio. Os egípcios constituíram uma sociedade extremamente religiosa e desenvolveram uma cultura muito rica e complexa, em que a arte tinha papel de destaque: imagens, objetos, obras arquitetônicas, dança e música. Eram adoradores de vários deu-

ses, e muitos deles eram, em sua representação física, metade humanos, metade animais. Essa característica atribuída aos seres cujo corpo é metade humano e metade animal denomina-se antropozoomorfismo. Cada deus tinha uma função e um papel na cultura egípcia. As imagens pintadas seguiam

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+IDEIAS Converse com os alunos sobre os costumes culturais do povo egípcio, que criava arte funerária. Cemitérios repletos de obras de arte são ainda um costume existente nos nossos tempos. Será que próximo aos alunos há arte tumular (funerária)? Uma pesquisa sobre esse tipo de arte em diferentes tempos pode ampliar saberes sobre a relação entre vida, arte e morte. Os alunos podem observar a paisagem local, estudar sobre o ambiente e as características naturais do lugar em que vivem e criar trabalhos artísticos em várias linguagens, como desenhos e pinturas, letras de música e poemas, coreografia e contos, entre outras propostas artísticas. Proponha também que os alunos pensem e criem projetos sobre: • Quais as intervenções que podem ser feitas no meio ambiente preservando a natureza? Que materialidades usar? Qual a intenção artística e poética na intervenção ou criação da Land Art?

mundo conectado

Ver, sentir, representar e intervir na paisagem PINACOTECA DO ESTADO DE SÃO PAULO

A paisagem com suas cores, formas e sensações já foi representada em muitas obras artísticas. Você se lembra de qual é a sensação em um dia de mormaço? Apreciar paisagens e sentir o frescor de uma brisa, o calor ou o frio do ar, o vento úmido ou outras situações meteorológicas cria em nós conhecimentos sobre o lugar que habitamos e a vivência dessas sensações e situações. A arte já representou algumas delas, sobre paisagens e condições do tempo. Observe a pintura Dia de mormaço, criada pelo pintor brasileiro Antônio Parreiras (1860-1937). Ao Dia de mormaço (1900), de Antônio Parreiras, escolher as tonalidades das cores, o artista teve um dos últimos paisagistas românticos brasileiros. Óleo sobre tela, 68 cm × 106 cm. a intenção poética de nos transmitir a sensação do ar quente de um dia de verão. Outro exemplo é a obra musical As quatro estações, quatro concertos para violino escritos por volta de 1720 pelo italiano Antonio Vivaldi (1678-1741). Em cada concerto, Vivaldi deixou sua percepção de cada estação do ano, com base em sua experiência do clima europeu. No Brasil, a percepção das estações do ano pode ser diferente. Criar arte para expressar sensações sobre a natureza passa pela percepção pessoal, mas também por momentos de estudo que podem envolver várias disciplinas. Na arte contemporânea, a criação a partir da percepção e do fascínio pela natureza continua presente. Contudo, a arte se expandiu e não se volta apenas para a representação por meio da pintura, da música ou de outra linguagem, mas também para a transformação, aproximando a arte da vida, com experimentações de diversas intenções poéticas e usando as materialidades mais inusitadas ou simples, como areia da praia, pedras e gravetos. D i á r i o d e a rt e No lugar em você vive, observe como é a paisagem, o ecossistema, a vegetação e outros aspectos ambientais e geográficos. A paisagem se modifica com a mudança das estações do ano. Como você percebe a passagem do tempo e as alterações meteorológicas em seu lugar? Que tal fazer desenhos para registrar suas percepções em seu Diário de arte? Que intervenções é possível fazer no meio ambiente e ainda assim preservar a natureza?

VEJA E OUÇA ARTE

As quatro estações. Assista à interpretação desses concertos famosíssimos de Vivaldi e sinta a variação de sensações e de “clima” ao longo dos movimentos de Primavera, Verão, Outono e Inverno. Disponível em: <http:// livro.pro/b7fxtb>. Acesso em: 16 out. 2018.

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algumas normas, entre elas, a lei da frontalidade, isto é, o tronco da imagem sempre era representado de frente; a cabeça e os membros na posição de perfil. O tamanho de cada imagem era diferente, respeitando o grau de importância da figura representada na sociedade ou na religião.

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Na pintura não havia a intenção de criar imagens realistas, mas simbólicas. Para representar seus deuses, abusavam de cenas narrativas que contavam histórias e grandes feitos, como a criação do mundo e o equilíbrio entre as coisas da natureza, a transição entre o dia e a noite, o fluxo

das estações e as cheias no rio Nilo. As cores usadas eram carregadas de simbolismo. Na escultura, as figuras mostravam principalmente faraós e deuses olhando de modo sereno para o infinito, parecendo imunes ao tempo. As esculturas do Egito antigo tinham caráter mais realista do que as pinturas. 11/7/18 11:11 AM

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CONCEITOS EM FOCO • • • • •

Arte ambiental Land Art Natureza como representação Arte e meio ambiente Paisagem como tema

MAIS DE PERTO

Arte ambiental MALCOLM PARK EDITORIAL / ALAMY/FOTOARENA

BNCC UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR05) • (EF69AR02) • (EF69AR06) • (EF69AR04) • (EF69AR07)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Inicie o assunto comentando sobre o trabalho em conjunto de Christo e Jeanne-Claude, cujas obras marcaram a história da arte mundial. Mesmo depois da morte de Jeanne-Claude, seu esposo e companheiro na arte, Christo continua a assinar com o nome que criaram juntos: Christo e Jeanne-Claude. No seu site oficial, os artistas argumentam que não fazem Land Art, mas arte ambiental, que difere da Land Art pela materialidade de origem industrial utilizada (tambores, tecidos e outros) e também pela proposta, que é a de mudar, intervir e integrar a arte ao ambiente, ao lugar em que as pessoas vivem, principalmente nos meios urbanos. PARA AMPLIAR CONCEITOS Na arte contemporânea, a criação a partir da percepção e do fascínio pela natureza ainda está presente. No entanto, a atualidade apresenta outras propostas que nasceram de conceituações na arte, de preocupações com as questões ecológicas e de novas ressignificações de materialidades e assuntos. Deste modo, a ideia de natureza na arte se expandiu e não está restrita apenas à representação. Os artistas que se decidem pela

Christo Vladimirov Javacheff é um artista nascido em Gabrovo, na Bulgária, em 1935 e naturalizado estadunidense. Jeanne-Claude Denat de Guillebon (1935-2009) nasceu em Casablanca, no Marrocos. A coincidência do ano de nascimento se repetiu incrivelmente no dia em que nasceram: 13 de junho. Durante a vida, encontraram-se e resolveram fazer arte juntos, com uma identidade artística que uniu os dois prenomes, Christo e Jeanne-Claude. Esses artistas implantaram vários projetos de arte ambiental mundo afora. Após a morte de sua parceira de vida e Estudo da Mastaba de Londres exibido no Hospital Real de Chelsea, em Londres. de arte, Christo dá continuidade a eles. Essas intervenções monumentais que essa dupla chamou de arte VEJA ARTE ambiental começam com ideias brilhantes e depois continuam no papel. Desfrute algumas obras dos artistas Christo Sobre fotografias do local onde desejam instalar sua arte, eles fazem e Jeanne-Claude em desenhos e anotações. Por vezes, partem de croquis com planejamento <http://livro.pro/ bxw7ww> (em inglês). minucioso. Depois é que são contratadas as pessoas que calcularão o Acesso em: 16 out. 2018. material necessário e as que executarão determinado projeto. PALAVRA DO ARTISTA

Christo (1935-) Christo geralmente se mostra disposto a comentar suas obras, novas ou antigas. Em entrevista publicada no site dele e de Jeanne-Claude, Christo declarou o seguinte. Nem desenhos, nem fotomontagens, nem um esboço preparatório podem se comparar com a realidade de um projeto nosso […] não conseguem simular a riqueza do projeto. Nossos projetos são como a vida: frágeis, algo que levaremos para sempre – e nós tentamos traduzir essa particularidade, e também a particularidade de que eles são gratuitos, não podem ser possuídos. […] Estão lá e, depois de uns dias, desaparecem. CHRISTO. Trecho de entrevista em vídeo. Tradução feita pelos autores. Disponível em: <http://www. christojeanneclaude.net/videos/interview-with-christo-about-wrapped-coast>. Acesso em: 19 out. 2018.

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Land Art propõem transformar a natureza e, para isso, usam materialidades presentes no próprio ambiente natural. Assim a “natureza” funciona como matéria poética para transformar a natureza. Arte e vida natural se aproximam em experimentações artísticas D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 182

com intenções poéticas, materialidades e atitudes no ato de mudar e intervir com ações que vão desde mudar a areia da praia, pedras e gravetos de lugar até o uso de ferramentas pesadas como tratores e a participação de muitas pessoas. Proponha que os alunos criem

na Land Art. Para isso, sugerimos algumas ideias: 1. É possível fazer intervenções no jardim da escola mudando matéria orgânica (natural) de lugar ou transportando material de um lugar para um espaço com natureza dentro da escola.

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+IDEIAS Na seção Arte em Projetos, oriente os alunos em suas pesquisas e movimentos de observação da natureza e também em relação aos materiais que podem usar. Organize com eles os materiais necessários para realizar as propostas das oficinas. Nesse fazer artístico, usamos várias materialidades de riscadores, que podem ser canetas, giz ou lápis de diversos tipos. Combine com os alunos como organizar esses materiais com antecedência. A dica é que você crie um espaço-ateliê na escola ou, se não for possível, improvise um ateliê móvel (organizando os materiais em mala, carrinho, caixa com rodas ou de outra maneira que seja de fácil locomoção). Na organização do ateliê móvel ou fixo, procure estabelecer o foco em relação à materialidade proposta.

arte em projetos

ARTES VISUAIS

Oficina 1 – Observar e criar Em um projeto de arte, pode-se representar a paisagem de um lugar por meio de desenhos, pinturas e várias outras linguagens artísticas. • Que técnicas e linguagens podem ser usadas para criar imagens sobre a paisagem de sua cidade? • Que paisagens existem na sua região? Qual é o clima e o ecossistema dela? • Depois de pesquisar sobre isso, faça esboços ao ar livre ou observe fotografias, que podem ser registradas por você e seus colegas.

Oficina 2 – Planejar, mudar, intervir e integrar Inspirados nos artistas como Robert Smithson, Christo e Jeanne-Claude, vamos criar projetos e croquis para estudar possíveis intervenções e instalações artísticas? Registre com fotografias lugares de sua cidade. • Imprima essas imagens em preto e branco. • Escolha riscadores (lápis de cor, giz de cera, canetas e outros). • Faça intervenções nessas imagens, como, por exemplo, criar com desenho o efeito de envolver o lugar (traçando linhas, formas e texturas que mostrem que o local foi envolvido com tecidos ou papéis). A colagem também pode ser uma alternativa. Nesse caso, cole retalhos de tecidos ou papéis sobre a imagem. Lembre-se de que essa é uma maneira de criar croquis para planejar ações. Sua criatividade não tem limite! Arrisque-se a inventar e planejar novos modos de ver a paisagem.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Oriente os alunos a desenharem livremente e a fazerem intervenções nos projetos. Você também pode explorar a materialidade que os alunos usam. Observem como eles resolvem os problemas nos momentos da criação de seus trabalhos e como compartilham ideias e materialidades com os colegas no espaço da sala de aula em postura colaborativa. Um conjunto de materiais coletivos pode ser providenciado com a ajuda dos alunos e de seus familiares.

• Você também pode fazer desenhos dos lugares e intervir neles com outras imagens, de revistas, jornais ou da internet, usando a técnica de colagem ou fotomontagem.

Oficina 3 – Mudando a escola Com base nos desenhos, é possível que vocês, ajudados pelos professores, consigam realizar alguns dos projetos criados pela turma – claro, em uma escala realizável. Veja que a intervenção no ambiente da escola pode ser simples e singela, e mesmo assim realizar transformações. • Qual é a proposta artística e poética? Qual é a intenção ou a temática? • Que ambiente da escola pode ser transformado com essa proposta? • Que materialidades serão necessárias? • Quais são os desafios do projeto? Lembre-se de que será necessário ter autorização dos professores e da direção da escola. Também é importante registrar tudo com fotografias ou vídeos, porque pode ser que sua obra seja temporária.

CONEXÕES • CANTON, Kátia. Espaço e lugar. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009. (Coleção temas da arte contemporânea).

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2. Com autorização de órgãos públicos, também é possível criar um trabalho de Land Art em uma praça ou parque da cidade. Acompanhe e oriente as propostas dos alunos.

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CONCEITOS EM FOCO • • • •

Mostra de arte Expografia Arte e acontecimento Arte e tecnologias

BNCC UNIDADES TEMÁTICAS • Artes visuais • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02) • (EF69AR03) • (EF69AR05) • (EF69AR31) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Aproveite este momento para conversar com os alunos sobre como criar eventos e montar exposições dos trabalhos de arte na escola. Os alunos podem criar, por exemplo, eventos na escola, como exposições de arte com fotografias, pinturas ou desenhos; intervenções artísticas, com projeção de imagens ou objetos e materialidades; festivais de música, dança ou cinema; e saraus de poesias. Oriente os alunos a criarem um regulamento com combinados entre os participantes e a planejarem para que tudo se realize bem. PARA AMPLIAR CONCEITOS A primeira Bienal de Arte de São Paulo foi realizada em 1951 com a mobilização de vários empresários e intelectuais da época, entre eles Francisco Matarazzo Sobrinho (1892-1977). A exposição apresentou Guernica, de Pablo Picasso (1881-1973), uma das obras mais famosas do mundo, feita em 1937 para retratar os horrores da guerra. As exposições são eventos em que podemos conhecer tanto as obras mais recentes quanto as consagradas.

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Mostrar a arte

Você e seus colegas estudaram, apreciaram e criaram arte durante todo o ano. Foram muitas experiências, individuais e coletivas, nesse percurso. Que tal agora levá-las a público? THIERRY CHESNOT/GETTY IMAGES Existem diversas maneiras de mostrar a arte, desde as mais tradicionais às inovadoras. Na imagem ao lado, um visitante admira a exposição dedicada ao artista austríaco Gustav Klimt (1862-1918), a qual também marcou o centenário da morte dele e a inauguração, em Paris (França), do Atelier des Lumières (Ateliê das Luzes). A exposição, de abril de 2018 a janeiro de 2019, apresentou ainda obras dos austríacos Friedensreich Hundertwasser (1928-2000) e Egon Schiele (1890-1918), seguidores de Klimt, e de outros artistas contemporâneos do mestre austríaco. O Atelier des Lumières volta-se Exposição imersiva Gustav Klimt, no Atelier des Lumières, para a tecnologia digital e inova ao em Paris, 2018. criar uma exposição imersiva, por meio da projeção de obras digitalizadas e de elementos das pinturas nas paredes, no chão, em passarelas, em movimento contínuo – ou seja, as obras deixam seu suporte original, as telas, e ganham suportes tridimensionais animados. Com essa tecnologia, o público se sente dentro das obras. Como mostrar as produções artísticas criadas na escola? Embora não CLIQUE ARTE contemos com a tecnologia da galeria parisiense que realizou a exposição Gustav Klimt. Vídeo leva a um passeio pela de Gustav Klimt, temos diversos recursos à mão, inclusive digitais. exposição imersiva em homenagem ao artista Uma das formas mais utilizadas na escola é a exposição. Outra austríaco. Apresenta é realizar um evento ao vivo de teatro, dança, música, performance, também obras de Hundertwasser e Schiele desfile etc. Além disso, a tecnologia digital nos permite criar ambiene cenas de época. tes virtuais para mostrar a arte feita na escola, de modo que ela possa Disponível em: <http:// livro.pro/4q39y8>. ser divulgada em mídias digitais. Acesso em: 17 out. 2018. Que tal criarmos uma mostra de arte na escola? 184

Como as Bienais, outras exposições marcaram a história da arte, como a Semana de Arte Moderna de 1922. O evento ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo e contou com a participação de artistas como Anita Malfatti (1889D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 184

1964), Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Heitor Villa-Lobos (1887-1959). O evento fez parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil e mudou os rumos da arte no Brasil.

Nos eventos atuais, é possível entrar em contato, por exemplo, com obras que exploram o mundo das máquinas e da inteligência artificial. Leve os alunos a refletirem como suas propostas a serem desenvolvidas na escola podem combinar arte e tecnologias.

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tema tema11 mundo

conectado

MARIO LAPORTA/KONTROLAB /LIGHTROCKET / GETTY IMAGES

Arte e público

Visitantes observam fotografias de Salvador Dalí no Palácio das Artes de Nápoles, 2018.

Um dos aspectos mais importantes no mundo da arte é o contato entre as criações artísticas e o público, pois elas ganham nova vida. E as impressões pessoais são bem variadas, pois cada um interpreta a obra de modo único. Quando assistimos a um filme, peça teatral ou espetáculo de dança, quando observamos um desenho ou ouvimos uma canção, sentimos algo, pensamos em algo e muitas vezes quem está conosco tem impressões muito diferentes. Você já viveu essa experiência? Existem muitas maneiras de aproximar o público da arte: por meio de uma exposição, um show, um concerto, um festival, uma mostra de arte, mídias digitais. É tão importante a experiência do contato com a arte que existe uma área do conhecimento dedicada a pensar no espaço e na relação entre arte e público: a expografia. Quando se realiza um estudo de expografia, considera-se o conceito da exposição, a ambientação, a cenografia, quais serão e onde estarão os textos mediadores, as cores das paredes, a iluminação, entre outros. Observe as fotografias da exposição na imagem acima. Como elas estão dispostas? Como é a iluminação? Qual é a cor da parede? Repare que nessa expografia preferiram não colocar legendas nas fotografias, talvez para fortalecer a fruição apenas das imagens. Há pequenos números abaixo das fotos para que o público possa consultar as informações pertinentes. 185

CONEXÕES • Bienal de São Paulo. Site oficial do evento. Disponível em: <http://livro.pro/3zn9y5>. Acesso em: 8 nov. 2018. • Fundação Bienal do Mercosul. Site oficial da mostra. Disponível em: <http://livro. pro/asi9ut>. Acesso em: 8 nov. 2018.

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+IDEIAS Converse com os alunos sobre os eventos de arte que acontecem no Brasil, como as Bienais. Como exemplo temos a Bienal de Arte de São Paulo e a Bienal do Mercosul, que acontece em Porto Alegre, no RS. Sugira que os alunos visitem os sites oficiais para saber mais sobre os eventos. Depois pergunte aos alunos: O que está acontecendo sobre arte em sua região? Há exposições e eventos artísticos? Que tal organizar com seus colegas uma exposição de arte no espaço da escola ou em algum lugar na sua cidade? Organize eventos com a sua turma. Você pode propor aos alunos, por exemplo, dois formatos de exposição: • Exposição de artistas da cidade: os alunos podem convidar um grupo de artistas locais para fazer uma exposição na escola. Oriente-os a pensar no espaço, na apresentação das obras, nas condições de segurança do evento e na divulgação. • Bienal de arte jovem: a proposta é criar a tradição de realizar a cada dois anos uma exposição com os trabalhos de jovens. A programação pode ser variada. Os participantes podem usar em seus trabalhos as linguagens de que mais gostam, como desenho, mangá, pintura, gravura, escultura, dança, música, teatro etc. Com esse tipo de evento, você e seus alunos abrem espaço para discutir na escola o que é fazer arte hoje e marcam presença na história da sua cidade. REGISTROS E AVALIAÇÃO Proponha aos alunos que dialoguem a respeito do que aprenderam sobre a organização de uma mostra de arte. Oriente-os a produzir registros dos eventos que acontecem na escola. A memória do processo de aprendizagem pode ajudar na autoavaliação.

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CONCEITOS EM FOCO

UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR31) • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Já sugerimos neste livro a criação de roteiros e de regulamentos para criar um festival de animação na escola. A professora de Arte Maria de Lourdes Sousa Fabro esteve à frente da organização do festival Anima Barretos, um festival de animação feito por alunos da escola pública. Ela comentou especialmente para este livro o modelo de regulamento. Vale a pena rever e trazer novamente para os alunos o assunto que está na Unidade 3 (página 148). Lá foram propostos exercícios de animação, aqui trazemos mais algumas ideias. A partir da produção dos alunos, você pode propor a organização de um festival de animação na escola. Proponha aos alunos que observem a sequência de desenhos de Danilo Pugim e depois que também se aventurem a criar seu próprios desenhos em sequências. Os desenhos podem ser fotografados e, com programas de edição de imagens, colocados em sequência como imagens em movimento. Retome com os alunos o que já foi estudado sobre o significado da palavra animar. Relembre que o termo vem do latim animare ou anima, e significa “dar alma”, “alma” ou “movimento”. No contexto da arte da animação, a palavra animar está ligada ao desenvolvimento de desenhos em movimento para ganhar alma, vida nas telas de cinema. Lembre os alunos

Mostra audiovisual O maior festival de animação da América Latina é realizado no Brasil e se chama Anima Mundi. Mostras, palestras, oficinas, concursos, exposições fazem parte da proposta deste festival que começou na capital carioca em 1993. O Anima Mundi já exibiu mais de 9 mil filmes de curta e longa metragem de 70 países. Inspirada nele, a professora Maria de Lourdes Souza Fabro, conhecida como Lurdinha, criou em 2007 o Anima Barretos, uma mostra de animações criadas por alunos das escolas da cidade de Barretos (SP) e região. Desde o início, a mostra exibe vídeos em local público e pela internet. Que tal animar sua escola ou até escolas de sua região com uma mostra de vídeos estudantis?

Cartaz do Festival Anima Mundi de 2018.

PALAVRA DA ARTISTA

Maria de Lourdes Souza Fabro (1962-) Os professores de arte ressaltam que, com esse projeto, os alunos utilizam a linguagem da animação, imprimem sua maneira de ver o mundo, expressando suas opiniões e olhares acerca de temas recorrentes na mídia e ou pesquisados por eles. Dominam programas diversos, transformando e ressignificando as imagens através dos desenhos animados.

© SATTVA HORACI / FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO

BNCC

MAIS DE PERTO

MICHAEL DUDOK/PREFEITURA DO RIO DE JANEIRO/MINISTÉRIO DA CULTURA

• Festival de animação • Animação

FABRO, Maria de Lourdes Souza. Depoimento aos autores em 1o out. 2018.

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que já foi estudado em capítulos anteriores que o olho vê imagens em movimento porque temos uma “memória do olho”, conhecida, em termos científicos, como “persistência retiniana”. Atualmente, existem muitos estudos sobre essa capacidade de guardar por alguns instantes a memória de D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 186

uma imagem enquanto outra a sobrepõe. Criando desenhos em sequência e fazendo os processos descritos nas oficinas, os alunos poderão desenvolver e perceber como a persistência retiniana funciona. Proponha aos alunos que organizem os materiais necessários para a seção Arte em Projetos.

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arte em projetos

ARTES ARTES INTEGRADAS VISUAIS

Animação Para criar uma animação, podem ser utilizadas diversas técnicas. Por exemplo, Danilo Pugim, que participou do Anima Barretos, criou uma sequência de desenhos, digitalizou-os e criou a animação Idade da Pedra em: O portal do tempo.

Veja no material audiovisual o vídeo Criação de personagens. DANILO PUGIM

Sequência de imagens feitas por Danilo Pugim para criar a animação Idade da Pedra em: O portal do tempo.

REGISTROS E AVALIAÇÃO Um espaço virtual pode acolher o material criado em um portfólio a partir das produções dos alunos.

Danilo Pugim é um jovem que fez várias experiências no campo da animação. Muitas delas enquanto ainda era estudante, como você. 187

PARA AMPLIAR CONCEITOS Os alunos podem expressar melhor seu potencial criador com base na relação entre observação, memória e imaginação. Já sabemos que apresentar modelos de imagens é uma prática que se torna ne-

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gativa, mas, por outro lado, apresentar obras de arte aos alunos amplia o seu olhar. Proponha momentos de nutrição estética trazendo trechos de filmes de animação. Os alunos podem fazer análises fílmicas para apurar o olhar técnico. Eles já trazem em seu reper-

+IDEIAS Vamos criar animações? Veja o processo de criação descrito por Danilo Pugim. Ele usou as tecnologias a que tinha acesso e conhecimento para criar seu curta de animação. • Primeiro, escolha um tema. • Faça um roteiro da sequência de imagens. • Em seu caderno de sequências (flip book), crie os desenhos e suas modificações passo a passo. • Agora, digitalize as imagens e escolha um programa para tratá-las e depois editá-las. Há várias opções e tutoriais na internet que podem ajudá-lo nessa etapa. Caso a escola tenha um professor de informática, peça a ele que converse com a turma sobre o processo. • Reúna áudio e vídeo e coloque seu curta de animação para rodar. Que tal participar de festivais de animação em sua localidade? Se, na sua região, não tiver eventos de animação, que tal criar um? Um festival de cinema com animações pode realmente agitar toda a escola! Essa ideia pode ser ampliada para toda a sua localidade, envolvendo mais escolas. Converse com os professores e peça apoio para o projeto. Novos talentos podem surgir nessa aventura audiovisual!

tório a memória de filmes e imagens que veem na cultura visual que vivenciam, por isso, aproveite esse material. Peça que tragam o que costumam assistir para analisarem em grupo como são produzidos e quem são os artistas por trás das produções. 11/7/18 6:01 PM

NO AUDIOVISUAL No vídeo Criação de personagens, a artista Zuzu Leiva, integrante do Mawaca, fala sobre o processo de criação e os tipos de personagens.

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CONCEITOS EM FOCO Leia o que ele conta sobre o seu processo de criação.

• Festival de animação • Animação em stop motion

UNIDADE TEMÁTICA • Artes integradas HABILIDADES • (EF69AR32) • (EF69AR35)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS Para este momento de criação, proponha aos alunos que escolham qual técnica querem usar: massinha, desenhos, objetos etc. A partir da escolha, oriente-os a criar um roteiro e, em seguida, esboçar desenhos e anotações criando um storyboard (série de desenhos com anotações sobre as sequências e principais ações do roteiro do filme). Nessa etapa de planejamento, também é importante: • Descrever a caracterização dos personagens. • Planejar como será feito o cenário. • Que sons e músicas podem compor a sonoplastia do filme. • Estabelecer os combinados e funções de cada um no grupo (quem irá filmar, quem irá animar, quem irá compor o som ou fazer edições do material audiovisual etc.). PARA AMPLIAR CONCEITOS A técnica de stop motion é usada em várias produções de animação. Na atualidade, apesar dos avanços tecnológicos, muitos animadores ainda preferem criar com essa técnica. A animação é um gênero de filme no qual um desenho, objeto ou fotografia ganha movimento. As técnicas mais conhecidas são o desenho animado, o stop motion e a animação digital (feita por computador). Traga animações para que os alunos assistam. Também é possível

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Bom, eu criei os personagens e os batizei com os nomes UG e JHONI. Desenhei cada um dos desenhos nos meus cadernos em sequências [ flip book], cada folha contendo uma modificação de movimento, de cenário ou de algum outro detalhe. Depois de prontos, digitalizei os desenhos um a um, usando um escâner, e usei programas de computador [ferramentas para ilustração e desenho] para edição da imagem de cada desenho, fazendo as pinturas, sombreamentos e outros detalhes, e depois usando outros programas de computador [especiais para edição de imagens] e montei as imagens, dando movimento aos personagens. Para fazer as gravações de áudio eu usei mais um programa de computador e, com a ajuda de amigos, fiz uma dublagem associando a fala ao movimento dos personagens. Para isso, usamos um microfone comum de computador e conseguimos um arquivo de áudio. Depois trabalhei na edição de som e imagem, com programa que vem na maioria dos computadores domésticos, e juntamos os dois arquivos, o de áudio e o de vídeo [com as imagens em movimento], e aí participamos do festival Anima Barretos! Participei com esse curta de animação e também com outros. Recebi algumas premiações, mas legal mesmo é criar! Entrevista com Danilo Henrique Pugim cedida especialmente para este livro.

Processo de criação

Filme de stop motion Os processos de criação variam bastante. Podem-se fotografar desenhos (ou escaneá-los), objetos ou pessoas, conforme a técnica stop

A. EINSIEDLER/SHUTTERSTOCK.COM

BNCC

motion: cada um dos quadros formará a sequência de animação. Assim se criam animações com figuras de massinha, argila ou material similar, como o desenho animado Fuga das galinhas (2000) e outros. Para fazer uma stop motion,

Oficina de modelagem e animação com massinhas no Anima Mundi 2012, no Rio de Janeiro.

• escolham o local onde as imagens serão registradas; • fixem a câmera, para que ela não mude de posição; • façam variações bem pequenas no desenho ou na cena fotografada para criar cada quadro; • selecionem a trilha e os efeitos sonoros e quem fará as dublagens; • transfiram as imagens para um computador dotado dos programas de edição necessários e coloque-as em sequência.

CLIQUE ARTE

Zero Gravity (Gravidade Zero). Assista a uma animação de stop motion de videodança. Disponível em: <http://livro. pro/24tbmj>. Acesso em: 1o nov. 2018.

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criar um cineclube a fim de que os alunos escolham filmes para compartilhar e conversar sobre eles. A família pode ser convidada a participar em ocasiões programadas pela escola. No desenho animado Fuga das galinhas (2000) e na série Shaun, o carneiro (2007, com longa-metragem lançado D2-ARTE-EF2-V8-U4-C2-172-191.indd 188

em 2015), foram usadas as técnicas de animação com figuras de massinha. +IDEIAS Para fotografar, filmar ou mesmo produzir uma sequência de imagens para criar uma animação, é preciso pensar em alguns aspectos, como: • A fotografia deve registrar

o plano geral em que todo o conjunto da cena é mostrado? • A imagem fica mais interessante se focada no rosto do personagem ou outras partes expressivas para enfatizar suas emoções? • É melhor aproximar a imagem para mostrar um detalhe da cena?

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REGISTROS E AVALIAÇÃO Registre os momentos de criação dos alunos e compartilhe sempre suas produções criando eventos de arte na escola. Proponha que expressem o que aprenderam nesta Unidade. O que sabem agora sobre arquitetura e urbanismo e arte? O que compreendem por linguagens híbridas e por linguagem de animação? Que eventos de arte têm interesse em criar na escola?

Em uma animação de stop motion, é preciso tirar centenas de fotografias. Como se costuma usar 24 quadros (fotogramas) para cada segundo, se quiserem fazer uma animação de 60 segundos serão necessárias 1 440 fotos. No entanto, algumas imagens podem ser repetidas. Se em seu roteiro de animação o objeto da imagem estiver parado durante 2 segundos, você deverá tirar 48 fotos iguais, ou tirar uma só e copiá-la no computador 47 vezes para compor os 2 segundos. Você e seus colegas poderão fazer as fotos com um celular. Porém, ele não é indicado para criar a animação, porque o tamanho pequeno da tela dificulta bastante o acesso aos controles para fazer a montagem e visualizar o resultado.

CONEXÕES Internacional • Festival Brasil Stop Motion. Site oficial do evento. Disponível em: <http://livro.pro/3ad4hc>. Acesso em: 8 nov. 2018.

Mostra de arte na escola Organize com seus colegas, professores e membros da escola e da comunidade uma mostra com as criações de todos. Podem ser apresentados vídeos, gravações sonoras, coreografias, dramatizações, apresentações musicais e registros dos processos de criação. Verifique qual é a possibilidade de fazer uma expografia na escola e convidar a comunidade. É importante pensar na relação entre arte e público e como disponibilizar as informações sobre as artes. Podem-se também utilizar meios digitais para divulgar a mostra, algumas obras e registros ao vivo do evento. D i á r i o d e a rt e Registre em seu Diário de arte as etapas de seu processo de criação, os desafios, as escolhas e descobertas, o que você sentiu ao executar um projeto arquitetônico e ao criar uma obra de videodança, o que poderia ter feito de outro modo e o que ainda deseja fazer.

+ PERTO DE VOCÊ

Há intervenções na paisagem, na arquitetura ou em monumentos de sua região? O que elas propõem? Você já participou de uma mostra de arte? Como visitante ou como artista? Qual exposição você gostaria de ver em sua cidade?

MISTURANDO TUDO Neste capítulo, estudamos como saberes e linguagens podem ser integrados.

1. Você já havia refletido a respeito de um espaço ocupado por pessoas?

2. Pesquise mais sobre essas e outras artes integradas!

3. Como foram as experiências artísticas deste ano?

Pegue seu Diário de arte e reveja seu processo. Que história contam os seus registros?

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CONCEITOS EM FOCO • Arte e arquitetura

arte pelo tempo

Arquitetura e arte se misturam IONUT DAVID /ALAMY/ FOTOARENA

BNCC

BRIAN KINNEY/SHUTTERSTOCK.COM

UNIDADE TEMÁTICA • Artes visuais HABILIDADES • (EF69AR01) • (EF69AR02)

PROPOSIÇÕES PEDAGÓGICAS

Construído pela civilização maia em cerca de 400 d.C., o Templo V de Tikal, na Guatemala, é outro Patrimônio Mundial da Humanidade. Seu nome foi dado por arqueólogos, já que há outros seis templos na Acrópole Central maia.

LUCIANO MORTULA / ALAMY / FOTOARENA

O Partenon, construído em 447 a.C. e situado no interior da Acrópole de Atenas, foi o templo mais importante dessa cidade e de toda a Grécia antiga.

FRANCISCO SANDOVAL GUATE/SHUTTERSTOCK.COM

IONUT DAVID /ALAMY/ FOTOARENA

As mais famosas pirâmides egípcias, construídas por volta de 2550 a.C., estão na Necrópole de Gizé, nos arredores da cidade do Cairo (Egito).

Uma das mais famosas e mais antigas construções budistas do Japão, o Templo Yakushiji (680 d.C.) foi erigido pelo imperador Tenmu e é hoje declarado Patrimônio Mundial da Humanidade.

GUMBAO/SHUTTERSTOCK.COM

Nesta coleção, mostramos que há várias maneiras de estudar a história da arte, entre elas a cronológica. A cronologia é o estudo do tempo, tempo contado por datas, épocas, períodos, estudo feito por ordem de acontecimentos e contextos históricos na forma linear. A história da arte apresenta muitos fios para desenrolar e caminhos para seguir. Por isso, quem conta a história tem sempre que fazer escolhas. Nossa escolha é apontar na linha do tempo alguns momentos e obras que marcam a história da arquitetura. Proponha que os alunos observem as imagens e converse sobre como os seres humanos buscaram modos de intervir e mudar os ambientes criando construções que tanto são funcionais quanto estéticas. A arquitetura é uma linguagem que converge para os conhecimentos de arte, que, mesmo não sendo criada com intenção puramente artística ou poética, dialoga com essas questões.

Situada a 2 430 metros de altitude, no topo da escarpada Cordilheira Oriental, no Peru, a cidadela de Machu Picchu foi construída pelos incas no século XV. A maioria dos arqueólogos acredita que ela era propriedade de Pachacuti, imperador de 1438 a 1472.

A Notre Dame de Paris, na capital da França, é uma das mais antigas catedrais francesas em estilo gótico. Sua construção se iniciou em 1163 e só terminou por completo no século XIV.

PRÉ-HISTÓRIA

IDADE ANTIGA

(c. 2 milhões a.C.-4000 a.C.)

(c. 4000 a.C.-476 d.C.)

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E.O./SHUTTERSTOCK.COM PETER LANGER/PETER LANGER / ALAMY/ FOTOARENA

ALAMY FOTO / FOTOARENA

O Palácio de Versalhes, usado pela realeza francesa de 1682 a 1789 (Revolução Francesa), passou por muitas obras de expansão e reforma e tem mais de 2 mil cômodos. Em primeiro plano, a escultura La Seine, modelada por François Girardon e fundida de 1685 a 1694.

DIEGO GRANDI /ALAMY/ FOTOARENA

O Pavillon Le Corbusier (Suíça), último edifício concebido por Le Corbusier, em 1967, dedica-se à obra desse arquiteto suíço. O Museu da Memória e dos Direitos Humanos (2010), em Santiago (Chile), denuncia os crimes do regime militar chileno (1973-1990). Foi projetado pelos arquitetos brasileiros Mario Figueroa, Lucas Fehr e Carlos Dias.

Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida, mais conhecida por Catedral de Brasília, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1970.

IDADE MÉDIA (476 d.C.-1453 d.C.)

KAROL KOZLOWSKI / IMAGEBROKER / FOTOARENA

SILVANA GUILHERMINO / IMAGEBROKER / FOTOARENA

Museu de Arte de São Paulo (Masp), projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi e inaugurado em 1969.

PARA AMPLIAR CONCEITOS A palavra “arquitetura” tem origem no termo grego arkhitekton, ligação entre arkhé (“principal”) e tékhton (“construtor” ou “construção”). Na origem em latim, a palavra “arquitetura” significa architectus, ou seja, a arte e a técnica de projetar um lugar (edificação, ambiente ou construção). Assim, arte e arquitetura estão unidas por saberes e atitudes que usam elementos de linguagem e poéticas que podem mudar o modo como nos relacionamos com os lugares através dos séculos. +IDEIAS Os alunos podem escolher uma das obras citadas (cada grupo ou aluno) e pesquisar mais sobre ela. Sugerimos os seguintes focos para a pesquisa: • Quem ou qual civilização a construiu? • Em que momento e contexto histórico? • Quais materiais foram usados? • A construção está dentro de um contexto de estilo estético? • Qual é a função dessa construção?

O Museu do Amanhã, projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava, está ao lado da Praça Mauá, no Rio de Janeiro (RJ), e foi inaugurado em 2015.

IDADE MODERNA

IDADE CONTEMPORÂNEA

(1453 d.C.-1789 d.C.)

(1789 d.C. à atualidade)

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referências Estudante on-line: artistas para conhecer ABRAHAM PALATNIK: <http://livro.pro/6dynte>. ANIMA MUNDI: <http://livro.pro/zxvr73>. AUGUSTO BOAL. Teatro do Oprimido: <http://livro. pro/7izma2>. BEN HEINE: <http://livro.pro/85oiny>. CAITLIND R. C. BROWN / WAYNE GARRETT: <http:// livro.pro/7wer8d>. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FOTOGRAFIA: <http://livro.pro/2qqkyi>. FOTO ATIVA: <http://livro.pro/m2bodk>. FOTÓGRAFOS DE POVOS INDÍGENAS: <http://livro. pro/28icrw>. GERALDO DE BARROS: <http://livro.pro/6mfxxh>. GRUPO UAKTI: <http://livro.pro/ybrxdv>. JOHN CAGE: <http://livro.pro/4tfoj9>. LUIZ ZERBINI: <http://livro.pro/yzzgvr>. MENINOS DO MORUMBI: <http://livro.pro/vsmhw8>. O ARCO E A LIRA: <http://livro.pro/55j9oe>. OLAFUR ELIASSON: <http://livro.pro/yeum5z>. PAULICEIA CANTA, TY-ETÊ!: <http://livro.pro/wqst6o>. PIANORQUESTRA: <http://livro.pro/n7xquq>. Todos os acessos realizados em: 23 out. 2018.

Biblioteca do estudante: livros para ler AMARAL, Ana Maria. O ator e seus duplos: máscaras, bonecos, objetos. São Paulo: Edusp/Senac, 2002. ANDRADE, Mário de. Danças dramáticas do Brasil: folclore. 2. ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 2002. BAÊ, Tutti. Canto: uma consciência melódica: treinamento dos intervalos através dos vocalizes. São Paulo: Irmãos Vitale, 2003. BARBOSA, Ana Mae Tavares Bastos. Interterritorialidade: mídias, contextos e educação. São Paulo: Senac, 2008. BERNARDET, Jean-Claude. O que é cinema. São Paulo: Brasiliense, 2000. BERTAZZO, Ivaldo. Gesto orientado: reeducação do movimento. São Paulo: Sesc, 2014. BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000. BOAL, Augusto. Jogos para atores e não atores. 10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 1986. BOUCIER, Paul. História da dança no ocidente. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília, DF: MEC, 1997. BRASIL. Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília, DF: MEC, 2004. CANTON, Katia. Novíssima arte brasileira. São Paulo: Iluminuras, 2001. CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global, 2012. COSTA, Edilson. Voz e arte lírica: técnica vocal ao alcance de todos. São Paulo: Lovise, 2001. COSTELLA, Antônio. Introdução à gravura e à sua história. Campos do Jordão: Mantiqueira, 1984. DEMPSEY, Amy. Estilos, escolas e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. DEWEY, John. Arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010. (Coleção Todas as Artes). FONTERRADA, Marisa. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Unesp, 2008. HENTSCHEKE, Liane et al. A orquestra tim-tim por tim-tim. São Paulo: Moderna, 2005. KOUDELA, Ingrid Dormien. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 2011. MANGUEL, Alberto. Lendo imagens. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. PORTINARI, Candido. Depoimento feito ao poeta Vinicius de Moraes e publicado postumamente, em março de 1962. In: BALBI, Marilia. Portinari: o pintor do Brasil. São Paulo: Boitempo, 2003. p. 12. SANTAELLA, Lúcia. Matrizes da linguagem e pensamento: sonora, visual e verbal. São Paulo: Iluminuras, 2005. SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000. Créditos do CD 8o ano Produção e mixagem: Fil Pinheiro Intérpretes: Ana Cláudia Assis, Carlos Kater, Cassiano Ricardo, Chelpa Ferro, Ciro Visconti, Banda Companhia dos Inconfidentes, Coral de Câmara de São Paulo, Demetrio Stratos, Douglas Alonso, Fernando Sardo, Fernando Tomimura, Fil Pinheiro, Flávio Pimenta, Ivan Vilela, Marcelo Ramos, MarimBrasil, Mauricio Weimar, Meninos do Morumbi, M. Paiva, Naomi Munakata, Orquestra de Guitarras Souza Lima, Orquestra Engenho Barroco, Reinaldo Renzo, Silvio Ferraz, Uakti.

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