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Dá para fazer tudo em casa. E agora, isso é bom?
POR KIKI GARAVAGLIA
HISTÓRIAS DA TERRA SANTA
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Um dos destinos mais procurados pelos brasileiros hoje, nossa colunista e suas lembranças de uma Israel mais tranquila e menos turística
FOTO ARQUIVO PESSOAL
Em 1953, meu pai foi enviado à Tel-Aviv para abrir a primeira delegação diplomática em Israel. Ali, o conflito com os palestinos era intenso, deixando a cidade sem nada. Tínhamos de ir, por exemplo, até Beirute, capital do Líbano, para comprar o básico. No entanto, apesar da dificuldade, vivemos experiências inesquecíveis visitando todos os lugares santos ao redor.
O Brasil ajudou a erguer a famosa basílica Dormition Abbey e, na cripta, existem oito altares representando os países que a ergueram. No altar do Brasil consta o nome de meu pai.
Morávamos em Tel-Aviv, cujo nome significa “colina da primavera”, cidade fundada em 1909 por uns judeus que se instalaram no subúrbio do porto de Jafa. Em 1950, Tel-Aviv e Jafa se juntaram e hoje em dia é a segunda maior economia do Oriente Médio, atrás apenas de Dubai. Quando olho nossas fotografias dessa época, fico impressionada como a região se desenvolveu.
Lembro de ficarmos boiando nas águas salgadas do Mar Morto – que, aliás, é um lago – sem ninguém por perto. Agora é um lugar repleto de resorts. O rio Jordão era também tão deserto a ponto de uma tartaruga morder meu pé. Hoje em dia é imundo e milhares de pessoas se banham ali...
Todos os meus amigos que vão a Israel voltam encantados, mas confessam que visitar a Basílica do Santo Sepulcro, na Cidade Velha de Jerusalém, é um pesadelo, já que, por mês, são registradas 350 mil turistas. No segundo andar da igreja, no lugar onde a cruz de Jesus foi colocada, as pessoas só podem passar rapidamente, pois a fila é gigantesca e o calor das velas acesas dos devotos insuportável. Quando estávamos lá, levamos nossa avó Mariquinhas, religiosa fanática, que quando chegou ao local desandou a chorar de emoção, rezou por horas.
A Basílica do Santo Sepulcro foi construída pelo primeiro imperador cristão, Constantino 1º, e foi destruída várias vezes em guerras. A última grande reforma foi feita pela Unesco, que fechou o local para refazer as estruturas, e reabriu em 21 de março de 2017, inaugurando a edícula, a pedra onde Jesus foi sepultado.
Hoje fico pensando: será que eu deveria voltar a Israel...? Melhor guardar essas lindas e santas lembranças
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viajante insaciável, KIKI GARAVAGLIA já correu o mundo e, no momento, pode estar em londres ou marrakesh. só tem medo de morrer sem antes conhecer dubai