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A vida nada fácil de Nina Simone

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EMPATIA PARA DAR E VENDER

Estrelas da edição de 2019 do SXSW, o encontro anual de Austin que antecipa ou tenta adivinhar as tendências de tecnologia, relações de trabalho e até da política, apontam que é preciso pensar muito além do próprio umbigo para ganhar produtividade, viver melhor e até lucrar

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por paulo vieira

elebração da “convergência entre

Ca interatividade e as indústrias da música e do filme”, como se define, o festival SXSW, em Austin, no Texas, vem ganhando tanta envergadura que é de surpreender que ainda não tenha gerado filhotes ou dissidências. Nenhum maluco, oportunista ou purista reclamou, até onde se sabe, de uma volta às supostas raízes românticas que nortearam a fundação do SXSW no fim dos anos 1980 – tempo que de alguma forma ainda está expresso nessa velha definição, que há tempos merece revisão.

É que hoje o SXSW tem uma ambição muito maior, e o que se discute em seus auditórios são, entre outros temas, tecnologia, relações de trabalho, empatia, propósito, missão, meio ambiente, as pautas afirmativas e a política – o festival, a propósito, recebeu este ano a sensação Alexandria Ocasio-Cortez, a AOC, deputada democrata por Nova York que é o grande nome da nova esquerda americana; e também Howard Schultz, ex-CEO da Starbucks, hoje ocupado em divulgar sua candidatura independente à Presidência dos Estados Unidos em 2020.

Publicitários, coachs, RHs, diretores de marketing e consultores, toda essa gente esteve novamente mês passado em Austin. Muito do que ouviram – e leram – teve a ver com empatia e com perda de produtividade por conta do vício em mídias sociais. Como deter esse processo e “viver a própria vida sem que ninguém esteja olhando”, nas palavras do consultor Brian Solis, é uma tradução razoavelmente aproximada dessas conversas. PODER, que também esteve no SXSW, selecionou livros de três autores presentes este ano ao evento para que você possa ter um “hint” do que aconteceu em Austin.

NON-OBVIOUS – ROHIT BHARGAVA

Nova edição da seleção de 15 “trends” de negócios e marketing que o consultor indiano Rohit Bhargava lança anualmente. Com longa passagem por agências como Ogilvy e Leo Burnett, o autor compara sua tarefa com a dos viajantes frequentes. “Coleto ideias como eles coletam milhas.” Entre as tendências do ano, há, por exemplo, o “downgrade deliberado”. Aqui, Bhargava vê a aparição de um consumidor ávido pelo retorno de objetos e equipamentos simples, que apenas cumpram com competência o que deles se espera. Como o celular que serve unicamente para comunicação telefônica. Por só precisar desempenhar essa função, tem bateria de ótima durabilidade, o que é um ativo. “Empatia” é outro tema central, e há aqui uma inesperada associação com lucro financeiro. Para Bhargava, que clama por um “mundo com empatia e liderança”, o “foco em empatia por empreendedores e empresas pode ser surpreendentemente lucrativo”. De embalagens de xampu desenhadas para portadores de deficiência visual a lâminas de barbear pensadas para ser usadas por cuidadores de pessoas que já não podem dar conta sozinhos de sua higiene pessoal; das lojas Starbucks em que os atendentes entendem a linguagem de sinais à força de trabalho autista empregada pela multinacional SAP, o autor coleciona casos em que altruísmo e negócios se encontram; outro trend é a lealdade, aqui a relação estabelecida entre empresa e consumidor. Quando há alinhamento de valores, um ciclo virtuoso se estabelece. Bhargava destaca a empresa de telecomunicação T-Mobile, identificada por seus consumidores como disruptiva e costumer-friendly, que apresenta o maior índice de retenção de clientes no segmento (85%) e o maior crescimento anual (19%) do período estudado.

LIFE SCALE – BRIAN SOLIS

“Antropólogo digital”, como se define no LinkedIn, o americano Brian Solis estuda a disrupção digital e seu impacto nos negócios e na sociedade. Em Life Scale insta seus leitores a buscarem sentido neles próprios, não alhures.

Para isso enumera uma série de ações que se apresentam em sequência lógica. São, não por acaso, os nomes dos capítulos do livro: despertar, refocar, acreditar, reconsiderar, silenciar, encontrar propósito etc. “Ou tomamos consciência dos nossos comportamentos e de como eles nos afetam ou seguimos com o status quo”, alerta. Eis uma preocupação que vem de tempos imemoriais, mas que ganhou emergência com os novos hábitos digitais. “Como os cigarros no passado, não percebemos que nossos brinquedos digitais foram criadas para se tornarem vícios, e não temos informação sobre seus efeitos em nosso corpo, emoção e psiquê”, diz o autor, para logo depois afirmar que Mark Zuckerberg, Steve Jobs e os fundadores do Twitter e do Snapchat são os grandes jogadores do negócio que chama de “capitalização das vulnerabilidades humanas”. “Há duas maneiras de influenciar comportamentos – manipular ou inspirar. As companhias de tecnologia escolheram manipular.”

Epígrafes cuidadosamente escolhidas abrem os capítulos. Steve Jobs vai ao ponto e aconselha o interlocutor a “não desperdiçar a [própria] vida vivendo a de outra pessoa”; já Gandhi ilustra o capítulo “valor”: “Seus credos tornam-se seus pensamentos. Seus pensamentos, suas palavras. Suas palavras, seus atos. Seus atos, seus hábitos. Seus hábitos, seus valores. Seus valores tornam-se o seu destino”. Solis acha que a receita para uma vida que vale a pena ser vivida é encontrar uma “causa” ou, numa tradução mais literal da expressão inglesa “greater good”, um “bem maior”. Talvez seja por isso que a cantora Lauryn Hill, ex-Fugees, aparece na conclusão do livro para dar o seguinte recado: “Você pode ter tudo. Todo o dinheiro do mundo. Mas se não pode ser uma pessoa íntegra, o que significa isso?” .

WISDOM @ WORK - CHIP CONLEY

Chip Conley só deu as caras no SXSW para autografar seu livro, que se apoia em seus anos de Airbnb para passar uma mensagem para os contemporâneos, cinquentões e sessentões que se veem perdidos nas novas rotinas corporativas de startups e empresas que se pretendem disruptivas. Após duas décadas e meia abrindo e gerindo hotéis-butique, o executivo achou que era hora de rever o fluxo da vida, vender a empresa que havia fundado e, aos 52 anos, acabou por aceitar ser consultor e mais tarde head global de hospitalidade e estratégia do Airbnb. Sem qualquer intimidade com o mundo digital, contratado para partilhar conhecimento e experiência com colegas de metade de sua idade, ele precisou se munir de enorme curiosidade e interesse para performar. “Nos primeiros dias de Airbnb eu estava preparado para colocar fogo na empresa com minha curiosidade catalítica. Não sabia nada melhor. Num setor novo para mim, minha mente de iniciante nos ajudou a ver melhor nossos pontos cegos”, rememora. Ter emprestado à empresa e aos jovens colegas bom juízo, expertise, inteligência emocional e mostrado o valor da colaboração foram atos que fizeram dele figura central no sucesso da startup. Num capitalismo em que a juventude se tornou um valor em si mesmo, a importância dos “ anciões modernos”, como Conley se define, é um bálsamo. FOTOS JOYCE PASCOWICTH; GETTY IMAGES; DIVULGAÇÃO

PODER INDICA

ALÉM DAS MASSAS

É em uma esquina arborizada na Vila Nova Conceição, bairro nobre de São Paulo, que há pouco mais de um ano um charmoso restaurante tem se destacado: Muza, de cozinha democrática e sofisticada, dedicado à gastronomia italiana. A casa, idealizada pelo empresário GUSTAVO BUNEMER, nasceu com o objetivo de reunir pessoas em um espaço aconchegante e carrega o conceito no nome, brincando com a sonoridade da palavra muçarela – a musa inspiradora da cozinha do Muza.

“Estou muito feliz com o sucesso do Muza”, comemora Bunemer. “E com as críticas dos nossos clientes, sempre muito especiais. A relação é tão boa que eles praticamente cuidam do restaurante, dando feedbacks para que possamos manter o padrão merecido.”

Recentemente, a casa acrescentou novas criações em seu cardápio, entradas e pratos para aqueles que preferem uma refeição mais leve, e opções para os que não abrem mão de uma massa caprichada. Entre as novidades estão polvo à galega, ossobuco com risoto milanês e caçarola de frutos do mar. A carta de drinques, outro ponto alto do Muza, também ganhou opções – porto tônica, com vinho do Porto branco, tônica e limão-siciliano, e o xeque matte, feito com saquê, xarope de açúcar, suco de limão taiti e mate.

“Morei, estudei e sempre pensei em contribuir para trazer mais charme ao bairro [Vila Nova]”, lembra Bunemer, que não descarta levar os sabores do Muza para outras vizinhanças. “Quero me dedicar mais a este projeto, mas já penso em abrir uma segunda casa.”

Se você quiser se sentir à beira do Mediterrâneo, o Muza é lugar. Salute! E buon appetito!

+MUZARESTAURANTE.COM.BR @MUZARESTAURANTE

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