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Capítulo 15 Um retrospecto

CAPÍTULO 15

Um retrospecto

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Era fim de novembro; Holmes e eu estávamos sentados, numa noite fria e nevoenta, ao lado de um fogo ardente em nossa sala de estar na Baker Street. Desde o trágico desfecho de nossa visita a Devonshire, ele estivera empenhado em dois casos da maior importância, no primeiro dos quais havia denunciado a atroz conduta do coronel Upwood em conexão com o famoso escândalo das cartas no clube Nonpareil, enquanto no segundo havia defendido a infeliz madame Montpesier da acusação de assassinato, que pesava sobre ela em relação à morte de sua enteada, a senhorita Carère, a jovem que, como deve ser lembrado, foi encontrada, seis meses depois, viva e casada em Nova Iorque. Como meu amigo estava de excelente humor com o sucesso que havia acompanhado uma sucessão de casos difíceis e importantes, consegui induzi-lo a discutir os detalhes do mistério dos Baskervilles. Eu havia esperado pacientemente pela oportunidade, pois sabia que ele jamais permitiria que casos se sobrepusessem e que sua mente clara e lógica não se deixaria desviar de seu trabalho atual para se demorar em memórias do passado. Sir Henry e o Dr. Mortimer, porém, estavam em Londres, a caminho daquela longa viagem que havia sido re-

comendada para a restauração de seus nervos destroçados. Como eles nos haviam visitado naquela mesma tarde, era natural que o assunto fosse objeto de discussão. – Todo o curso dos eventos – disse Holmes –, do ponto de vista do homem que dizia se chamar Stapleton foi simples e direto, embora para nós, que não tínhamos nenhum meio, no início, de saber os motivos das ações dele e só podíamos conhecer parte dos fatos, tudo parecesse extremamente complexo. Tive a meu favor a vantagem de duas conversas com a senhora Stapleton, e agora o caso foi tão inteiramente elucidado que não sei se há ainda alguma coisa que tenha permanecido secreta para nós. Você vai encontrar algumas anotações sobre o assunto sob a letra B em minha lista indexada de casos. – Talvez pudesse me fazer a gentileza de dar, de memória, um resumo do curso dos fatos. – Certamente, embora não possa garantir ter todos os fatos em mente. A concentração mental intensa tem uma curiosa maneira de rasurar o que passou. O advogado que tem seu caso na ponta da língua, e é capaz de discutir com um especialista sobre seu próprio assunto, descobre que uma ou duas semanas de tribunais varrem aquilo tudo de sua cabeça de novo. Assim, cada um de meus casos apaga o último; e o caso da senhorita Carère obscureceu minha lembrança da mansão Baskerville. Amanhã poderá ser submetido à minha apreciação algum outro pequeno problema, que, por sua vez, vai desalojar a bela dama francesa e o infame Upwood. Com relação ao caso do cão, porém, vou lhe dar o curso dos acontecimentos tão bem quanto posso e você poderá sugerir qualquer coisa que eu possa ter esquecido.

“Minhas investigações mostram, sem dúvida alguma, que o retrato de família não mentia, e que esse sujeito era realmente um Baskerville. Era filho daquele Rodger Baskerville, irmão mais moço de Sir Charles, que fugiu com uma reputação sinistra para a

América do Sul, onde constava que teria morrido solteiro. Na verdade, ele se havia casado e tivera um filho, esse sujeito, cujo nome real é o mesmo do pai. Ele se casou com Beryl Garcia, uma das beldades da Costa Rica e, tendo roubado uma considerável soma de dinheiro público, mudou de nome para Vandeleur e fugiu para a Inglaterra, onde fundou uma escola a leste de Yorkshire. O motivo para ele tentar essa linha especial de negócio foi porque tinha feito amizade com um preceptor tuberculoso na viagem para casa e porque tinha usado a capacidade desse homem para tornar o empreendimento um sucesso. Mas Fraser, o preceptor, morreu, e a escola, que começara bem, decaiu da má fama para a infâmia. Os Vandeleur julgaram conveniente mudar o nome para Stapleton, e ele trouxe o resto da fortuna, os planos para o futuro e o gosto pela entomologia para o sul da Inglaterra. Fiquei sabendo, no Museu Britânico, que ele era uma autoridade reconhecida no assunto, e que o nome Vandeleur ficou permanentemente associado a certa mariposa que ele, em seus tempos de Yorkshire, foi o primeiro a descrever.

“Agora chegamos à parte da vida dele que se revelou ser de interesse tão intenso para nós. O sujeito evidentemente havia feito investigações e tinha descoberto que somente duas vidas se interpunham entre ele e uma valiosa herança. Quando ele foi para Devonshire, os planos dele eram, acredito, extremamente obscuros, mas que ele já tinha más intenções desde o início, fica evidente pelo modo como levou a mulher, disfarçada de irmã. A ideia de usá-la como um chamariz já estava muito clara na mente dele, embora talvez não soubesse ao certo como os detalhes da trama deveriam se encaixar. O objetivo final era apoderar-se da herança e estava disposto a lançar mão de qualquer instrumento ou correr qualquer risco para alcançá-lo. O primeiro ato foi o de se estabelecer tão perto da casa do ancestral quanto pudesse; e o segundo foi cultivar amizade com Sir Charles Baskerville e com os vizinhos.

“O próprio baronete lhe falou sobre o cão da família e assim preparou o caminho para a própria morte. Stapleton, como vou continuar a chamá-lo, sabia que o coração do velho era fraco e que um choque o haveria de matar. Soubera disso pelo Dr. Mortimer. Ouvira falar também que Sir Charles era supersticioso e que havia levado muito a sério essa lenda horrível. No mesmo instante, a engenhosa mente dele concebeu uma maneira pela qual o baronete poderia ser levado à morte, de tal modo que fosse praticamente impossível descobrir e condenar o verdadeiro assassino.

“Tendo concebido a ideia, passou a pô-la em prática com considerável astúcia. Um maquinador comum teria se contentado em trabalhar com um cão selvagem. O uso de meios artificiais, para tornar o animal diabólico, foi um golpe de gênio da parte dele. Comprou o cão em Londres, de Ross e Mangles, comerciantes da Fulham Road. Era o maior e o mais bravio que possuíam. Trouxe-o pela linha North Devon e caminhou uma grande distância pelo pântano, a fim de levá-lo para casa sem despertar nenhum comentário. Já havia aprendido a penetrar no charco de Grimpen durante as caçadas de insetos e, assim, tinha encontrado um esconderijo seguro para o animal. Ali o abrigou e esperou a oportunidade.

“Mas ela demorou um pouco a chegar. Não havia como atrair o velho cavalheiro para fora de suas terras à noite. Várias vezes, Stapleton se escondeu com o cão nas cercanias, mas em vão. Foi durante essas buscas infrutíferas que ele, ou melhor, seu aliado, foi visto por camponeses, e que a lenda do cão demoníaco recebeu nova confirmação. Ele tivera a esperança de que a esposa pudesse atrair Sir Charles para sua ruína, mas nesse ponto ela se mostrou inesperadamente independente. Ela não se disporia a envolver o velho cavalheiro numa ligação sentimental que pudesse entregá-lo ao inimigo. Ameaças e até, lamento dizer, surras foram incapazes de forçá-la. Ela não queria saber daquilo e, por algum tempo, Stapleton se viu num beco sem saída.

“Ele descobriu uma maneira de resolver suas dificuldades por acaso. Sir Charles, que nutria amizade por ele, o fez encarregado de suas ações de caridade no caso dessa infeliz mulher, a senhora Laura Lyons. Apresentando-se como um homem solteiro, ele adquiriu completa ascendência sobre ela e lhe deu a entender que, caso ela conseguisse se divorciar do marido, se casaria com ela. Os planos dele chegaram subitamente a um ponto crítico, ao saber que Sir Charles estava prestes a deixar a mansão, a conselho do Dr. Mortimer, com cuja opinião ele próprio fingiu concordar. Tinha de agir imediatamente ou a vítima poderia escapar das garras dele. Assim, pressionou a senhora Lyons a escrever aquela carta, implorando ao velho que lhe concedesse uma entrevista na noite anterior à anunciada partida para Londres. Depois, por meio de uma argumentação capciosa, impediu-a de ir e assim teve a oportunidade que esperava.”

“Voltando de carruagem de Coombe Tracey à noite, ele teve tempo de apanhar o cão, lambuzá-lo com aquela tinta infernal e levá-lo até as proximidades do portão, onde tinha razões para acreditar que encontraria o velho cavalheiro esperando. O cão, incitado pelo dono, saltou sobre o portão e perseguiu o infeliz baronete, que fugiu gritando pela alameda dos teixos. Naquele túnel sombrio, deve ter sido realmente uma visão terrível ver aquele enorme animal preto, com suas mandíbulas e olhos faiscantes, saltando atrás da vítima. Ele caiu morto no fim da alameda, de ataque cardíaco e de terror. Como o cão se havia mantido sobre a margem gramada enquanto o baronete corria pelo caminho, só as pegadas do homem eram visíveis. Ao vê-lo caído imóvel, o animal provavelmente tinha se aproximado para farejá-lo, mas, encontrando-o morto, voltou a se afastar. Foi então que deixou a pegada que, de fato, foi observada pelo Dr. Mortimer. O cão foi chamado e levado embora às pressas para seu covil no charco de Grimpen; e restou um mistério que intrigou as autoridades, alarmou a região e, finalmente, trouxe o caso para o objeto de nossa observação.

“Tudo isso no tocante à morte de Sir Charles Baskerville. Você percebe a diabólica astúcia disso, pois seria realmente quase impossível incriminar o verdadeiro assassino. Seu único cúmplice era alguém que jamais poderia denunciá-lo, e a natureza grotesca e inconcebível do estratagema só serviu para torná-lo mais eficaz. As duas mulheres relacionadas com o caso, a senhora Stapleton e a senhora Laura Lyons, ficaram com forte desconfiança de Stapleton. A senhora Stapleton sabia que ele tinha planos em relação ao velho e também sabia da existência do cão. A senhora Lyons não sabia de nenhuma dessas coisas, mas havia ficado impressionada pelo fato de a morte ter ocorrido na hora de um encontro não cancelado, do qual somente ele sabia. Ambas, porém, estavam sob a influência dele, que nada tinha a temer delas. A primeira metade da tarefa foi realizada com sucesso, mas ainda restava a mais difícil.

“É possível que Stapleton não soubesse da existência de um herdeiro no Canadá. De qualquer modo, logo tomaria conhecimento dela por meio do amigo Dr. Mortimer, e este lhe contou todos os detalhes sobre a chegada de Henry Baskerville. A primeira ideia de Stapleton foi que esse jovem estrangeiro do Canadá poderia possivelmente ser morto em Londres, sem até mesmo deixá-lo chegar a Devonshire. Ele desconfiava da mulher desde que ela se havia recusado a ajudá-lo a preparar uma armadilha para o velho e não ousava perdê-la de vista por muito tempo, com medo de perder seu controle sobre ela. Foi por essa razão que a levou junto com ele para Londres. Eles se hospedaram, acredito, no Mexborough Private Hotel, na Craven Street, que foi realmente um daqueles visitados por meu agente à procura de indícios. Ali manteve a mulher aprisionada no quarto, enquanto ele, disfarçado com uma barba, seguiu o Dr. Mortimer até a Baker Street e mais tarde até a estação e ao Northumberland Hotel. Sua mulher tinha algum pressentimento dos planos dele; mas sentia tanto medo do marido... um medo fundado em maus-tratos brutais... que não ou-

sou escrever para advertir o homem que sabia estar em perigo. Se a carta caísse nas mãos de Stapleton, a própria vida dela não estaria a salvo. Finalmente, como sabemos, ela adotou o expediente de recortar as palavras que formariam a mensagem e de endereçar a carta com uma letra disfarçada. A mensagem chegou ao baronete e lhe deu o primeiro aviso sobre o perigo.

“Era realmente essencial para Stapleton conseguir alguma peça de vestuário de Sir Charles, de modo que, no caso de ser compelido a usar o cão, pudesse ter sempre o meio de lançá-lo no rastro do baronete. Com especial diligência e audácia, tratou disso imediatamente e não podemos duvidar de que o engraxate ou a camareira do hotel tenha recebido uma bela gorjeta para ajudá-lo no plano. Um acaso, porém, fez com que a primeira bota que lhe foi entregue fosse nova e, portanto, inútil para o propósito dele. Devolveu-a, então, e obteve outra. Um incidente extremamente instrutivo, pois provou conclusivamente para mim que estávamos lidando com um cão verdadeiro, pois nenhuma outra suposição podia explicar essa ansiedade em obter uma bota velha e essa indiferença por uma nova. Quanto mais extravagante e grotesco é um incidente, mais cuidadosamente merece ser examinado, e o próprio ponto que parece complicar um caso é, quando devidamente considerado e cientificamente tratado, o que mais provavelmente o elucida.

“Depois tivemos a visita de nossos amigos, na manhã seguinte, sempre seguidos por Stapleton na charrete. O fato de ele conhecer nosso apartamento e minha aparência, bem como pela conduta geral dele, me levam a pensar que a carreira criminosa de Stapleton não tenha se limitado, em absoluto, a esse único caso de Baskerville. É sugestivo que durante os últimos três anos tenha havido quatro consideráveis arrombamentos com roubo na região oeste, pelos quais nenhum criminoso jamais foi preso. O último deles, em Folkestone Court, em maio, foi notável pelo tiro dado

a sangue-frio no mensageiro que surpreendeu o ladrão mascarado e solitário. Não posso duvidar de que Stapleton amealhou seus recursos, que estavam minguando, dessa maneira e que, por anos, tenha sido um homem desesperado e perigoso.

“Tivemos um exemplo da presença de espírito dele, naquela manhã quando escapou de nós com tanto sucesso e também da audácia dele ao me mandar como mensagem meu próprio nome por meio do cocheiro. A partir daquele momento, ele entendeu que eu tinha assumido o caso em Londres e que, portanto, não havia nenhuma chance para ele ali. Voltou para Dartmoor e esperou a chegada do baronete.” – Um momento! – disse eu. – Sem dúvida, você descreveu a sequência dos fatos corretamente, mas há um ponto que deixou sem explicação. Que foi feito do cão quando seu dono estava em Londres? – Dei alguma atenção a essa questão e ela é de indubitável importância. Não pode haver dúvida de que Stapleton tinha um confidente, embora seja improvável que jamais se tenha ele próprio decidido a compartilhar todos os seus planos com ele. Havia um velho empregado na casa Merripit, cujo nome era Anthony. Sua relação com os Stapletons pode ser marcada por vários anos, remontando aos de diretor da escola, de modo que ele devia saber que seus patrões eram realmente marido e mulher. Esse homem desapareceu e fugiu do país. É sugestivo que Anthony não seja um nome comum na Inglaterra, enquanto Antonio o é em todos os países hispânicos ou hispano-americanos. O homem, como a própria senhora Stapleton, falava um bom inglês, mas com um sotaque peculiar. Eu mesmo vi esse velho atravessar o charco de Grimpen pela trilha que Stapleton havia demarcado. É muito provável, portanto, que na ausência do patrão era ele quem cuidava do cão, embora talvez nunca tenha sabido para qual propósito o animal era utilizado.

“Depois os Stapletons foram para Devonshire, logo seguidos por Sir Henry e você. Uma palavra agora sobre minha posição

naquele momento. Possivelmente você deva se lembrar de que, quando examinei o papel em que as palavras impressas estavam coladas, fiz uma inspeção bem próxima da marca-d’água. Ao fazê-lo, segurei o papel a poucas polegadas dos olhos e percebi um leve cheiro do perfume conhecido como jasmim-branco. Há 75 perfumes e é de capital importância que um especialista em crimes seja capaz de distingui-los uns dos outros; e houve casos, mais de uma vez em minha própria experiência, que dependeram do pronto reconhecimento deles. O perfume sugeria a presença de uma mulher, e meus pensamentos já começavam a se voltar para os Stapletons. Assim, eu me havia certificado do cão e suspeitado do criminoso antes mesmo de irmos para o oeste da região.

“Meu plano era vigiar Stapleton. Era evidente, porém, que não poderia fazer isso se estivesse com você, visto que ele haveria de ficar sobremaneira alerta. Por isso enganei todos, inclusive você, e fui para lá secretamente quando se supunha que eu estava em Londres. Meus apuros não foram tão grandes quanto você imaginou, embora esses detalhes triviais nunca devam interferir na investigação de um caso. Passei a maior parte do tempo em Coombe Tracey e só usei a cabana no pântano quando era necessário estar perto do cenário da ação. Cartwright tinha ido comigo e, em seu disfarce de menino camponês, me foi de grande ajuda. Eu dependia dele para comida e roupa limpa. Enquanto eu vigiava Stapleton, Cartwright estava frequentemente vigiando você, de modo que eu conseguia ter tudo em minhas mãos.

“Já lhe contei que seus relatórios chegavam a mim rapidamente, sendo reenviados no mesmo instante da Baker Street para Coombe Tracey. Foram de grande valia e, de modo especial, aquele trecho incidentalmente verdadeiro da biografia de Stapleton. Consegui estabelecer a identidade do homem e da mulher e, finalmente, soube exatamente qual era minha posição. O caso havia se complicado consideravelmente por causa do in-

cidente do prisioneiro fugitivo e das relações entre ele e os Barrymores. Isso também você esclareceu de maneira muito eficaz, embora eu já tivesse chegado às mesmas conclusões, a partir de minhas próprias observações.

“No momento em que você me descobriu no pântano, eu tinha um conhecimento completo de todo o caso, mas não uma acusação que pudesse ser apresentada a um júri. Nem mesmo o atentado de Stapleton contra Sir Henry naquela noite, que terminou na morte do infeliz prisioneiro, nos ajudava muito para provar que nosso homem era culpado de assassinato. Parecia não haver alternativa senão apanhá-lo em flagrante e, para isso, tínhamos de usar Sir Henry, sozinho e aparentemente desprotegido, como isca. Assim fizemos e, ao custo de um grave choque para nosso cliente, conseguimos concluir nosso caso e levar Stapleton para sua própria destruição. Que Sir Henry tivesse de ser exposto a isso é, devo confessar, uma mancha em minha condução do caso, mas não tínhamos meios de prever o terrível e paralisante espetáculo que o animal apresentou, nem podíamos prever a neblina que lhe permitiu saltar sobre nós tão repentinamente. Logramos nosso objetivo a um custo que tanto o especialista como o Dr. Mortimer me garantem que será apenas temporário. Uma longa viagem poderá permitir a nosso amigo recobrar-se não somente de seus nervos abalados, mas também de seus sentimentos feridos. O amor que ele nutria pela dama era profundo e sincero e, para ele, a parte mais triste de todo esse caso foi ter sido enganado por ela.

“Resta apenas indicar o papel que ela havia desempenhado o tempo todo. Não pode haver dúvida de que Stapleton exercia uma influência sobre ela que talvez fosse amor ou talvez medo, ou muito possivelmente ambos, uma vez que essas não são, de modo algum, emoções incompatíveis. Era, pelo menos, uma influência absolutamente eficaz. A mando dele, ela consentiu em se passar por irmã, embora ele tenha encontrado os limites de seu poder

sobre ela quando tentou torná-la cúmplice direta no assassinato. Ela estava pronta a advertir Sir Henry, desde que pudesse fazê-lo sem incriminar o marido, e tentou isso repetidas vezes. O próprio Stapleton parece ter sido capaz de ciúme e quando viu o baronete fazendo a corte à mulher, muito embora isso fosse parte do plano dele, não conseguiu deixar de interromper o ato com uma explosão apaixonada, que revelou a alma irascível que suas maneiras controladas ocultavam tão habilmente. Ao encorajar a intimidade, ele tinha certeza de que Sir Henry passaria a frequentar seguidamente a casa Merripit; e isso haveria de lhe dar, mais cedo ou mais tarde, a oportunidade que desejava. No dia da crise, no entanto, a esposa se voltou subitamente contra ele. Ela ouvira alguma coisa sobre a morte do prisioneiro e sabia que o cão estava sendo mantido na casinha na noite em que Sir Henry deveria vir para o jantar. Acusou o marido pelo crime que pretendia cometer; seguiu-se então uma cena furiosa, em que ele lhe mostrou, pela primeira vez, que ela tinha uma rival no amor. A fidelidade dela se transformou num instante em ódio implacável; e ele percebeu que ela o haveria de trair. Amarrou-a, portanto, para que não tivesse chance de avisar Sir Henry e esperava que, sem dúvida, quando toda a região atribuísse a morte do baronete à maldição da família, como certamente todos fariam, ele haveria de reconquistar a mulher, levando-a a aceitar um fato consumado e a guardar silêncio sobre o que sabia. Nisso imagino que, de qualquer modo, ele cometeu um erro de cálculo e que, mesmo que nós não estivéssemos lá, o destino dele estaria, de qualquer jeito, selado. Uma mulher de sangue espanhol não perdoa uma afronta como essa tão facilmente. E agora, meu caro Watson, sem me referir a minhas anotações, não posso lhe fazer um relato mais detalhado desse curioso caso. Não sei se algo de essencial ficou sem explicação. – Ele não podia ter esperança de matar Sir Henry de medo com seu cão infernal, como tinha feito com o velho tio.

– O animal era selvagem e estava faminto. Se a aparência dele não matasse a vítima de medo, pelo menos haveria de paralisar a resistência que pudesse ser oferecida. – Sem dúvida. Só resta uma dificuldade. Se Stapleton recebesse a herança, como poderia explicar o fato de que ele, o herdeiro, tinha vivido sem se declarar, sob outro nome, tão perto da propriedade? Como poderia reivindicá-la sem causar suspeita e decorrente investigação? – É uma dificuldade enorme e receio que você esteja me pedindo muito ao esperar que eu a resolva. O passado e o presente estão dentro do campo de minha investigação, mas o que um homem pode fazer no futuro é uma questão difícil de responder. A senhora Stapleton ouviu o marido discutir o problema em diversas ocasiões. Havia três caminhos possíveis. Ele poderia reivindicar a propriedade a partir da América do Sul, comprovar a identidade dele perante as autoridades inglesas de lá e, assim, obter a fortuna sem jamais vir para a Inglaterra; ou poderia adotar um elaborado disfarce durante o curto período de tempo que precisava passar em Londres; ou, ainda, poderia fornecer as provas e os papéis a um cúmplice, apresentando-o como herdeiro e conservando o direito sobre certa proporção da renda deste. Não podemos duvidar, pelo que conhecemos dele, de que teria encontrado algum meio de sair da dificuldade. E agora, meu caro Watson, tivemos algumas semanas de trabalho árduo e acho que, por uma noite, podemos voltar nossos pensamentos para coisas mais agradáveis. Tenho um camarote para a ópera “Les Huguenots”. Já ouviu falar de De Reszke? 1 Poderia então incomodá-lo, ao lhe pedir que esteja pronto em meia hora e assim podermos passar no Marcini’s para um leve jantar no caminho?

 1 Jan Mieczyslaw Reszke (1850-1925), mais conhecido como Jean de Reszke, tenor polonês nascido em Varsóvia, foi considerado o maior cantor de ópera do século XIX. (N. do T.)

Caro leitor

Estamos prestes a embarcar em uma das mais famosas histórias investigativas da literatura policial, e é elementar, meu caro amigo, que o detetive mais amado do mundo será o investigador desse mistério.

Prepare-se, pois, desde a primeira linha desse livro, você ficará interessado em saber como Sherlock Holmes resolverá o mistério de uma morte suspeita em uma mansão na área rural e pantanosa da Inglaterra.

Suspense, aventura e muito mistério rodeiam a morte de Sir Charles Baskerville, nobre aristocrata que vivia em sua enorme casa no condado de Devonshire, sudoeste da Inglaterra. Mas o que levou a morte de Sir Charles? A princípio, o óbito foi atestado como ataque cardíaco decorrente de um enorme susto sofrido em uma noite na alameda dos teixos, via de acesso localizada entre a entrada da mansão e o portão que liga ao misterioso pântano. O que parecia uma morte natural levantou suspeitas pelo médico e amigo de Charles, o Dr. Mortimer, que estranhou algumas evidências na proximidade do corpo e resolveu dias depois procurar em Londres o detetive Sherlock Holmes para tentar desvendar os mistérios dessa morte.

Não era segredo para ninguém no condado de Devonshire que existia uma lenda sobre um animal mortífero que vivia no pân-

tano e assombrava por gerações a família dos Baskervilles. A história foi registrada em um manuscrito antigo, datado do século XVIII, que contava a lenda do cão dos Baskervilles e a maldição que assolava a família desde então. Mas será que uma lenda familiar sobre um cão feroz que saía do pântano para causar a morte do proprietário da mansão seria suficiente para justificar a exaustão do coração do velho Charles? Essa morte estaria relacionada a algo sobrenatural ou foi planejada por alguém que tinha interesses em usar essa lenda para assustar Charles, para que ele morresse? Seria uma morte natural ou um assassinato?

Perguntas como essas são respondidas ao longo dessa notável aventura em que Sherlock Holmes e o seu amigo e assistente, Dr. Watson passam a investigar em uma sucessão de acontecimentos que podem ajudar a desvendar o mistério, mas também podem colocar em perigo o herdeiro da mansão, Sir Henry Baskerville, com o risco de ter o mesmo fim do seu tio Charles.

O romance Sherlock Holmes: o cão dos Baskervilles é o quinto livro de uma sequência de nove histórias publicadas sobre as investigações criminais conduzidas pelo detetive mais famoso do mundo. Publicado em capítulos na revista Strand Magazine entre 1901 e 1902, teve grande sucesso entre os leitores britânicos. Holmes é daqueles personagens que transcendem o autor, protagonizando diversas histórias, tornou-se mais conhecido que o autor da obra; Sherlock raramente é identificado como personagem de Conan Doyle, mas Conan Doyle é conhecido como autor de Sherlock Holmes.

Evidentemente isso não seria demérito ao escritor da sequência de romances e contos policiais que transformaram Sherlock em referência de investigação conhecido no mundo inteiro; ao contrário, atesta a capacidade criativa do autor para produzir histórias cativantes que prendem o leitor do início ao fim, em torno das investigações do personagem central, o detetive.

O criador do detive excêntrico de cachimbo na boca nasceu em Edimburgo, na Escócia, em 1859, e foi batizado com o nome Arthur Ignatius Conan Doyle, celebrizando-se como Conan Doyle por meio do personagem Sherlock Holmes.

Mas antes de escrever as histórias investigativas, Conan Doyle estudou Medicina, obtendo seu diploma em 1881. Abriu, então,

seu consultório, mas por falta de pacientes escrevia, exercendo o que de fato era a sua grande paixão de juventude, a literatura. Ainda insistiu por um tempo na Medicina, atuando como médico em navios, mas as dificuldades pelas viagens levaram o Dr. Conan Doyle a dedicar-se exclusivamente à vida de escritor. Sorte a nossa!

Em 1902, Conan Doyle recebeu da monarquia britânica o título nobiliário de Cavaleiro da Ordem do Império pelos serviços prestados como cirurgião na linha de frente durante a Guerra do Bôeres (1900), na Cidade do Cabo, antiga colônia inglesa e hoje importante cidade da África do Sul. O título Sir foi conferido pelo rei Eduardo VII, e a partir de então o autor de Sherlock Holmes passou a ser nomeado Sir Arthur Ignatius Conan Doyle.

Além das famosas crônicas e romances policiais, Conan Doyle escreveu peças de teatro, poesias, contos, obras históricas, espiritismo, mas nada fez tanto sucesso quanto as histórias de Sherlock Holmes.

A primeira publicação das aventuras de Holmes foi em 1887, com a história Sherlock Holmes: um Estudo em Vermelho. Naquela

época era comum os livros serem publicados em capítulos, em revistas de literatura, e a estreia de Sherlock Holmes foi na Beeton’s Christmas Annual. A primeira edição do livro completo foi lançada em 1888, devido ao grande sucesso da história do detive Sherlock Holmes, que nesse enredo é solicitado pela polícia para investigar a misteriosa morte de um homem encontrado sem ferimentos, mas cercado por uma poça de sangue. Nesse livro, Holmes conhece seu grande amigo e parceiro, o Dr. Watson, e a partir de então passam a morar juntos na Baker Street, em Londres, formando a famosa dupla que protagoniza as soluções de misteriosos crimes em diversos dos livros.

O curioso é que a Baker Street existe, situada no distrito de Marylebone, em Westminster, em Londres e ficou famosa por ser a morada fictícia de Holmes e Watson. Chama a atenção que a casa de Holmes nunca existiu, mas a rua tornou-se ponto turístico. Como meio de homenagear o famoso personagem, foi inaugurado em 1990, pela Sherlock Holmes Society of England, o museu Sherlock Holmes, na Baker Street 221B.

As nove publicações das histórias de Sherlock Holmes estão relacionadas no quadro a seguir, na sequência cronológica do ano de publicação, títulos e a divisão de gêneros literários das obras, romances e contos.

SEQUÊNCIA DAS PUBLICAÇÕES DAS HISTÓRIAS DE SHERLOCK HOLMES POR ORDEM CRONOLÓGICA

Ano Título Gênero

1887 1890 1892 1894 1902 1905 1915 1917 1927 Um estudo em vermelho O signo dos quatro As aventuras de Sherlock Holmes Memórias de Sherlock Holmes O cão dos Baskerville A volta de Sherlock Holmes O vale do medo Os últimos casos de Sherlock Holmes Histórias de Sherlock Holmes Romance Romance Contos Contos Romance Contos Romance Contos Contos

Sherlock Holmes é um personagem que desperta paixões, fato que transcende as capacidades investigativas e seu fantástico raciocínio. Holmes tem características humana definidas, entre elas a preguiça, o desleixo e o vício, possibilitando que o leitor se identifique com ele.

Logo nas primeiras linhas de Sherlock Holmes: o cão dos Baskervilles, seu amigo e narrador da história Dr. Watson nos apresenta algumas características de Holmes apontando a falta de disciplina de horários.

“O senhor Sherlock Holmes, que estava acostumado a se levantar muito tarde de manhã, salvo naquelas ocasiões, não raras, em que passava a noite toda em claro, estava sentado à mesa do café da manhã”, página 11.

O desleixo em relação a vestimenta quando Holmes ficava em casa e o vício com o tabaco também aparecem narrados por Watson:

“Através da névoa tive uma vaga visão de Holmes em seu roupão, enrolado numa poltrona, com seu cachimbo preto de argila nos lábios. Vários rolos de papel estavam esparramados ao redor dele, página 42.

Holmes é tão querido pelo público que, quando Conan Doyle escreveu sobre a morte do detetive no conto “O problema final”, publicado em 1893, em que Holmes teoricamente morre duelando com seu rival, o professor Moryat, quando ambos despencam das cataratas de Reichenbach. A morte de Holmes causou tanta comoção, que jornais londrinos da época registraram que uma multidão cabisbaixa saiu pelas ruas com bandeiras pretas enlutadas. Conan Doyle trouxe Holmes de volta, justificando que o detetive não havia caído das cataratas.

As tramas criativas para a resolução dos mistérios e os diálogos cheio de vivacidades tornam as histórias do detetive inglês deliciosas, e o leitor não consegue deixar de ler, ansioso para saber o final do mistério. Essas são características da literatura policial, que tem como objetivo prender o leitor do começo ao fim da história, colocando o leitor como parte integrante da trama, ao criar

suas próprias linhas de investigação, suspeitos, possibilidades de solução, e tudo isso com as pistas dadas pelo escritor ao longo da narrativa.

Os romances policiais são geralmente bem estruturados, têm enredo composto por começo, meio e fim, é construído por uma trama simples, pois o leitor sabe que a história será estruturada por um crime a ser elucidado proposto nas primeiras páginas do livro, o problema para solucionar o crime durante a narrativa e, nas últimas páginas, a revelação do assassino e a resolução do crime. O tempo e o espaço são curtos, e a quantidade de personagens é menor nos livros de ficção policial comparados com outros tipos de romance, o que torna a leitura mais dinâmica e repleta de pistas para a solução do mistério, cativando o leitor do início ao fim.

Na obra em questão, o quadro a seguir apresenta algumas características sobre a estrutura narrativa e dos elementos da narrativa.

Estrutura da Narrativa

O enredo é escrito em gênero literário de romance policial, com histórias formadas por um mistério a ser resolvido por detetives ao longo da trama. • Apresentação: dos personagens, do lugar em que a história se passa e do crime a ser desvendado.

• Desenvolvimento: desenrolar da trama com a investigação do caso suspeito apresentado na história, são coletadas provas e propostas tentativas de solução do caso que vão ganhando elementos para o leitor contextualizar a solução do mistério. • Clímax: é o momento em que ocorrem os principais acontecimentos da história, ponto-chave da narrativa, em que o detetive consegue desvendar o mistério, e o assassino tem seu destino selado. • Desfecho: é realizada uma retrospectiva da resolução do ponto-chave e a conclusão da trama com os encaminhamentos sobre os personagens. • Narrador: a história é narrada em 1a pessoa, ou seja, por um narrador onipresente, o Dr. Watson, que, ao longo da narrativa, se utiliza dos discursos direto e indireto para representar diálogos entre personagens.

• Personagens: classificados em protagonista: o detetive Sherlock Holmes e o narrador secundário Dr. Watson. A trama é construída por meio dos personagens secundários: Dr. James Mortimer; os membros da família Baskerville: Hugo, Charles e Henry; o casal Barrymore, o mordomo da mansão e sua esposa; os vizinhos da mansão: os Frankland e os Stepleton; A filha de Frankland, Laura Lyons, que mora em outro condado; Selden: o assassino de Notting Hill, entre outros personagens que aparecem com menor frequência. • Tempo: início do século XX, período temporal reduzido; possivelmente a trama se passa ao longo de algumas semanas. • Espaço: a trama desenrola-se predominantemente na área rural e pantanosa da Inglaterra, no condado de Devonshire, onde está localizada a mansão. Em menor escala, porém, em determinados momentos a trama também se passa em Londres.

Elementos da Narrativa

As obras de romance policial popularizaram-se no final do século XIX e ao longo do século XX. Além das histórias do detetive Sherlock Holmes escritas por Conan Doyle, outros escritores importantes desse gênero investigativo imortalizaram suas obras e são sucesso de público até hoje. Entre eles, a escritora inglesa Agatha Christie, que lançou uma série de livros de ficção de investigações policiais, como em seu primeiro livro, O misterioso caso de Styles, lançado em 1920, apresentou ao mundo o protagonista de suas histórias, o detetive belga Hercule Poirot, que, em decorrência da Primeira Guerra Mundial, refugia-se na Inglaterra e usa seus métodos peculiares para resolver o mistério do assassinato de uma matriarca em um enorme casarão de campo. O detetive Hercule Poirot é constantemente comparado a Sherlock Holmes. O que chama a atenção nessa obra de Agatha Christie são as ilustrações no livro, como o mapa da casa e fragmentos do testamento, que auxiliam ao leitor na tentativa de desvendar o mistério.

Outro importante escritor de romances policiais é o estadunidense Edgar Allan Poe, conhecido por seus contos que misturam crimes com elementos fantásticos. Com um estilo gótico, as obras de Alan Poe popularizaram-se pelas características de terror, como na coletânea de contos lançada em 1845, Histórias extraordinárias, em que estão seus principais contos, como “A carta roubada”, “O gato preto”, “O escaravelho de ouro”, “O poço e o pêndulo”, “Assassinatos na rua Morgue” e “O homem da multidão” entre outros, repleto de mistério, suspense e atmosferas macabras.

No Brasil existem muitos escritores de romances policiais, entre eles, Luiz Alfredo Garcia-Roza, com seu Silêncio da chuva; Rubem Fonseca, com Agosto, em que combina ficção com realidade; Jô Soares, com O xangô de Baker Street; entre outros escritores; porém, talvez o romance policial mais lembrado pelos leitores é a obra-prima O gênio do crime, do escritor João Carlos Marinho. Lançada em 1969, a obra inaugurou a sequência de treze histórias da série As aventuras da turma gordo. Em O gênio do crime, uma turma de garotos resolve investigar por que as figurinhas difíceis de um álbum estavam sendo obtidas facilmente pelas crianças. O dono da fábrica, Seu Tomé, contratou o detetive mister John Smith Peter Tony para ajudá-lo a descobrir o gênio do crime, que clandestinamente produzia as figurinhas difíceis e as distribuía

para as crianças completarem seus álbuns. Esse livro marcou gerações, e até hoje é indicado como leitura nas escolas.

Além dos livros, as histórias de romances policiais são facilmente adaptadas ao cinema, justamente em razão de seu caráter de suspense e uma estrutura relativamente simples.

Em 2009, foi lançado o filme Sherlock Holmes, dirigido pelo cineasta inglês Guy Ritchie, com Robert Downey Jr. representando Holmes, e Jude Law como Dr. Watson, inspirado nas histórias escritas por Conan Doyle, cujo enredo se baseia na investigação para impedir o assassinato de uma mulher por um maníaco que pratica rituais de magia.

Em 2011, foi lançado Sherlock Holmes: jogo das sombras, representado pelos mesmos atores, o filme é uma adaptação do conto “O problema final”, que no desfecho apresenta a eventual morte de Holmes nas cataratas de Reichenbach.

Ambos os filmes foram sucesso de bilheteria e fizeram os fãs dos livros poderem visualizar as histórias representadas em audiovisual.

Em dezembro de 2021 está previsto o lançamento do terceiro filme da série dirigida por Guy Ritchie, constituindo uma trilogia inspirada nas histórias do famoso detetive criado por Conan Doyle.

Diversos outros filmes inspiram-se nas histórias de Sherlock Holmes, como Sr. Holmes (2015), O cão dos Baskervilles (1939) e A mulher de verde (1945), entre tantos outros que imortalizaram no cinema o personagem do detetive Holmes.

A série Sherlock, produzida pelo canal britânico BBC e disponível na plataforma de streaming Netflix, adaptou para os tempos atuais as histórias de Holmes, tornando-se também um sucesso de audiência. Lançada em 2010, teve quatro temporadas, que totalizam treze episódios.

O segundo episódio da segunda temporada da série é uma adaptação do livro Sherlock Holmes: o cão dos Baskervilles e tem o título The Hounds of Baskerville, em alusão ao nome de uma raça canina. A adaptação leva em consideração o testemunho do personagem Henry Knight, que procurou Holmes e Dr. Watson para desvendar o mistério da morte de seu pai cerca de 20 anos antes por um cão feroz, a história moderna leva os investigadores a uma base militar onde eles descobrem a razão da agressividade dos cães.

Mas e você, leitor; está curioso para desvendar os verdadeiros

mistérios da morte de Charles Baskerville? Será que um cão demoníaco seria capaz de causar a morte do aristocrata legitimando uma lenda de maldição familiar? Ou o Dr. Mortimer, melhor amigo e médico da família estaria envolvido nessa trama? Ou quem sabe o mordomo Barrymore seria o responsável? Talvez o velho vizinho turrão Frankland? ou então o naturalista caçador de borboletas Stapleton? Ou Selden, perigoso fugitivo da prisão próxima do pântano, conhecido como o assassino de Notting Hill. Talvez Murph, o cigano bêbado. São vários suspeitos de um crime em que apenas Sherlock Holmes e seu colega, Dr. Watson podem desvendar, vamos juntos descobrir os mistérios dessa investigação? Ciro Mioranza, o tradutor

Hilton Mercadante, o ilustrador

Natural de Flores da Cunha/RS, nascido em 1940, Ciro Mioranza traduziu mais de 50 obras de diferentes idiomas: latim, inglês, francês, italiano, espanhol e alemão. Formado em Letras pela PUCRS, Porto Alegre, em 1966, aperfeiçoou-se em diversos cursos no exterior, especialmente no continente europeu. Trabalhou também como professor universitário de Filologia Românica, foi Diretor do Instituto Superior Brasileiro-Italiano de Estudos e Pesquisas e coordenador e conselheiro no Brasil do Movimento Humanismo Latino, além de palestrante em diversas Universidades brasileiras e do exterior sobre emigração/imigração italiana. Desde 2002 dedica-se exclusivamente à tradução.

Nascido na cidade de São Paulo, Hilton Mercadante hoje vive no interior paulista. Trabalha com artes gráficas há quase 40 anos, período em que ilustrou livros, revistas e peças de publicidade. É também autor livros de literatura infantil e história em quadrinhos. Participou das exposições Ilustrando em revista que circulou por quinze capitais do Brasil e da Golden Pen, de Belgrado. De vez em quando se arrisca nas artes plásticas com pintura e modelagem. É professor de arte e grande apreciador de todas linguagens artísticas, seja pré-histórica, seja contemporânea.

Sherlock Holmes, o detetive mais famoso de todos os tempos, investiga a misteriosa morte de Sir Charles Baskerville com a ajuda de seu fiel amigo Dr. Watson. No centro do caso, um suposto cão assassino e sobrenatural assombra a família Baskerville, cujo último herdeiro teme pela vida depois de receber um enigmático bilhete. Com muitas pistas desencontradas, sob o cenário de uma aterradora mansão com mais de 500 anos, Holmes precisa se valer de toda a sua perspicácia para identificar os verdadeiros culpados.

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