Revista Ponto #0 - AGO 2012

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PONTO

O ANJO PORNOGRÁFICO COMPLETA 1OO ANOS LUZ E SOMBRA NA OBRA DE MARCELLO GRASSMANN GRUPO LA MÍNIMA NA GENIALIDADE DE DARIO FO A BEBIDA DOS DEUSES: A PAIXÃO DO HOMEM PELO VINHO A BAHIA FICA LOGO ALI NA SUA COZINHA

REVISTAPONTO® PUBLICAÇÃO LITERÁRIA E CULTURAL DO SESI-SP #O AGOSTO 2O12 SESI-SP EDITORA AV PAULISTA 1313 4º ANDAR O1.311-923 SÃO PAULO SP TELEFONE 55 11 3146 7308

#O AGOSTO 2O12

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Na pรกgina anterior: desenho de Marcello Grassmann, 1987.

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P O N T OD E P A RT I D A

Um dos fundamentos que caracterizam a identidade de uma sociedade é justamente sua cultura, forjada ao longo de um intenso processo histórico. Trata-se do elemento capaz de condensar toda a trajetória de um povo. Nele, tradições, crenças e anseios são livremente expressados e perpetuados em um imenso repertório de imagens, sons e cores. Dar visibilidade às manifestações culturais é a melhor forma de celebrar o povo do qual elas se originam, além de contribuir para a sua perpetuação entre as gerações mais jovens. Uma sociedade que conhece a sua própria cultura mergulha em suas raízes, revela a sua identidade mais fundamental e é capaz de alcançar um importante grau de maturidade. Desde a sua fundação, tanto o Sesi quanto o Senai reconhecem a importância da nossa cultura, e encontram nela um instrumento precioso para a formação dos jovens brasileiros – não só sob os aspectos educacional e profissional, mas também cívico e moral. Com muita alegria preparamos o lançamento da Revista Ponto, visando a proporcionar à sociedade mais um meio de acesso ao que de melhor a cultura brasileira vem produzindo. Paulo Skaf Presidente do Conselho Editorial da SESI-SP Editora

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#O agOsTO 2o12

A REvisTAPONTO® é UmA pUblIcAÇÃo lITERáRIA E cUlTURAl Do sEsI-sp, com EDIÇÕEs nos mEsEs DE mARÇo, jUnHo, sETEmbRo E DEZEmbRo. coNsElho EdiToRiAl PaulO skaf (PresiDeNTe) walTer viciONi gONçalves DébOra cyPriaNO bOTelhO Neusa mariaNi EdiToR chEFE rODrigO De faria e silva EdiToRAs AssisTENTEs juliaNa farias aNa lucia saNT’aNa DOs saNTOs cooRdENAdoR EdiToRiAl régis De gODOy-rOcha PRodUção GRÁFicA Paula lOreTO APoio carOl ermel valquíria Palma AdMiNisTRATivo FiNANcEiRo flávia regiNa sOuZa De Oliveira raimuNDO erNaNDO De melO juNiOr valéria vaNessa eDuarDO

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colABoRAdoREs alexaNDre asquiNi aNDré TOsO arNalDO Niskier beaTriZ lefÈvre carlOs gueller chris vON amelN clauDiO giOrDaNO DOra levy gabriel kwak jOãO calDas jOhN hOwkiNs marcelO sOubhia régis De gODOy-rOcha rODrigO yOkOTa rONalDO guTierreZ ruy casTrO REvisão auDrey ribas bárbara bOrges

Capa Cena de Boca de Ouro, em temporada no Teatro do Sesi-SP, como parte das comemorações pelo centenário de Nelson Rodrigues.

PRoJETo GRÁFico E diAGRAMAção viceNTe gil DesigN JoRNAlisTA REsPoNsÁvEl juliaNa farias REGisTRo MTB N.º 0069009sP TiRAGEM dEsTA Edição 5.000 exemPlares iMPREssão iPsis gráfica e eDiTOra lTDa

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06 estante de livros lançamentos

O8 ponto Entrevista a permanente inquietação de marcello grassmann

16 mEmória e sociedade aos 7O anos, olhando para o futuro

24 alimente-se bem todo mundo tem umbigo – e estômago também

28 teatro popular uma mentira convincente

5 42 economia criativa um fracasso, um sucesso e uma oportunidade

46 ponto especial o anjo pornográfico completa 1OO anos

56 selo audiovisual tem, mas acabou

62 ponto bibliográfico o tempo e o vinho

70 ao pé da letra o novo acordo ortográfico

74 cardápio agenda cultural galeria de fotos

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EsTANTE dE livrOs dA REdAção

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A Sesi-SP Editora e a Senai-SP Editora estão sempre preparando lançamentos de novos títulos, trazendo novidades para a cultura e o entretenimento de seus leitores. Apresentamos na Bienal Internacional do Livro os relatos de viagens de Claudio de Moura Castro, o mais novo lançamento da literatura de Paulo Garfunkel, e muito mais.

revisTa bibliOgráfica & culTural DO sesi-sP Nº 01 rOberTO simONseN sEsI-sp

NaNOmuNDO sEnAI-sp

Roberto Simonsen foi um homem à frente de seu tempo, sendo um dos primeiros a reconhecer a importância da educação como garantia de crescimento econômico. O desenvolvimento estável e ecologicamente sustentável, a distribuição de riquezas e a melhoria da qualidade de vida da população são preocupações de todos os líderes da atualidade. E todas elas encontram numa única solução comum: a disseminação generalizada do acesso à educação de maneira universal, moderna e voltada para a capacitação profissional.

Da compreensão da matéria como um todo até o mergulho aos limites de suas partículas mais ínfimas: ao estudar o papel de cada parte no todo, surgem incontáveis possibilidades de reorganizar as estruturas de tudo que a natureza nos oferece, para alcançar objetivos antes tidos como inatingíveis. Essa é a grande promessa na busca por medicamentos mais eficazes, produtos industriais econômicos, computadores mais rápidos, fontes de energia limpa e uma série de novas tecnologias ambientalmente sustentáveis.

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lAnÇAmEnTos

aveNTuras De um PesquisaDOr irrequieTO clAUDIo DE moURA cAsTRo

shui eNTre Os vermes Da suPerfície pAUlo gARfUnKEl

ciDaDes criaTivas AnA cARlA fonsEcA REIs

Pesquisa e aventura parecem atividades antípodas, mas ambas compartilham o salto no desconhecido, flertando com o risco de não dar certo. A pesquisa é uma jornada do intelecto, que tem seus encontrões no mundo real; as aventuras ao ar livre também desafiam nossa cabeça, de muitas formas diferentes.

Quando Zeca estava ansioso para a aula acabar naquela tarde, nem imaginava a aventura em que se meteria. Como poderia imaginar que uma velha misteriosa e seu cachorro de três patas o levariam a iniciar uma jornada fantástica por um mundo que, embora invisível, está o tempo todo à nossa volta?

Relações sociais, cultura e todas as peculiaridades que fazem que um espaço seja diferente de outro dão alma a uma cidade. Para chegar ao porto da cidade criativa, utilizar a bússola da economia criativa é uma boa estratégia. Afinal, sempre houve relação entre configuração urbana e o modelo econômico.

camiNhOs Da iNclusãO sEnAI-sp

meNOr que O muNDO nAU DE ÍcARos

série meTóDica OcuPaciONal (smO) sEnAI-sp

A história da formação profissional de pessoas com deficiência no Senai-SP resgata memórias pouco conhecidas de ações que encantam por seu arrojo, ineditismo e seriedade. Conhecer as iniciativas do Senai-SP nos ajuda a ter uma ideia do significado da formação profissional na inclusão social das pessoas com deficiências. Resgatar essa memória é muito importante no momento em que o Brasil está firmemente empenhado em implementar e monitorar a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

A Companhia Cênica Nau de Ícaros partilha o registro do processo de criação de “Menor que o Mundo”, espetáculo repleto do lirismo da poesia de Carlos Drummond de Andrade, encenado quando se comemora os seus 110 anos de nascimento. Contando com a colaboração do dramaturgo Leonardo Moreira, a Nau de Ícaros traduziu para a linguagem cênica várias obras de Drummond, postas numa única narrativa que se passa numa cidade onde os moradores amarram-se ao chão, para não serem levados pela ventania incessante.

Fazem parte da Série Metódica Ocupacional – SMO, eixo central do sistema de formação profissional do Senai, conhecimentos de Português, Matemática, Desenho e Ciências Aplicadas, que permitem ao aluno entender e interpretar o fundamento de cada tecnologia e de cada prática profissional. Resultado do processo de acumulação e consolidação cultural de experiências de vários educadores a SMO foi incorporada ao sistema de ensino doSenai, que passou a atualizá-la e a aperfeiçoá-la continuamente.

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A PERMANENTE INQUIETAÇÃO DE MARCELLO GRASSMANN

Foto de Chris Von Ameln

Sempre instigante, o mestre da gravura, em um raro depoimento, fala de seu processo criativo, sua história e influências

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Marcello Grassmann, aos 86 anos, um dos mais imaginosos artistas plásticos de todos os tempos, é considerado por muitos o maior gravador brasileiro vivo. Ao receber a Revista Ponto para rememorar os seus mais de 70 anos de arte em desenhos e gravuras em metal, pedra e madeira, pergunta logo pelas provas de impressão do livro dedicado ao seu trabalho que será publicado pela Sesi-SP Editora em outubro deste ano. Pelas dificuldades motoras decorrentes de um AVC sofrido em 2005, o artista abandonou a gravura e hoje pouco se dedica ao desenho. Seu corpo franzino não surpreende, pois sua aparência frágil sempre foi destacada por seus retratistas. Chega a reconhecer que se achava “um esqueleto”, uma das principais figuras de suas produções. Nascido em São Simão (SP) em 1925, veio para São Paulo com sua numerosa família em 1932. Entre 1939 e 1942, frequentou o Instituto Profissional Masculino (Escola Técnica Getulio Vargas), no Brás, onde eram oferecidos os cursos de fundição, mecânica, eletricidade, marcenaria e pintura. De entalhador de armários e espelhos, Grassmann logo se encantou pela xilogravura, que depois foi preterida em favor da litografia e da gravura em metal. Marcello Grassmann hoje.

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Muito se escreveu sobre a sua obra fantástica, que foi contemplada em mais de 400 exposições no Brasil e no exterior. Como catalogar um universo imagético tão vasto e espantoso? Cioso da coerência e integridade de sua obra, ele parece não se importar com os muitos adjetivos colecionados pela fortuna crítica acumulada em todos esses anos, e muito menos com a aceitação “fácil” de sua obra mágica, com uma sintaxe tão autoral. Os cavaleiros medievais, as madonas, os esqueletos, os bichos, os demônios, os dragões e a morte que acampam no inconsciente de Grassmann também povoam o acervo do MoMA de Nova York, da Bibliothèque Nationale de Paris, da Pinacoteca do Estado de São Paulo e dos principais museus brasileiros. Seu despertar para as artes aconteceu quando frequentava a Biblioteca Municipal de São Paulo. Lá, as revistas de arte e as ilustrações do francês Gustave Doré (1833-1883) para a Divina Comédia, de Dante Alighieri, e para o Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, o fascinaram e lhe traçaram o destino. A Biblioteca, então dirigida pelo crítico Sérgio Milliet, foi a grande universidade que ele não cursou. No fim da década de 1940, iniciou-se em gravura em metal com Henrique Oswald no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro. Em 1953, agraciado com o prêmio de viagem concedido pelo I Salão Nacional de Arte Moderna, do Rio de Janeiro, viajou para Roma. Quatro meses depois foi viver em Viena, em uma redescoberta do mundo que durou cerca de dois anos. Além desse aprendizado na Europa, seu amigo Oswaldo Goeldi (1895-1961), o gravador de maior renome da geração anterior à sua, apadrinhou e inspirou algumas de suas criações. Grassmann, no entanto, nunca se acomodou, nem deixou de se renovar. Também se correspondeu com Alfred Kubin (1871-1959), ilustrador austríaco na linha do grotesco, que influenciou bastante o seu traço. Com dificuldade, Marcello se ergue de sua poltrona no canto de sua sala de estar-ateliê para mostrar as várias versões de suas gravuras: chapas trabalhadas e retrabalhadas até chegar ao resultado pretendido. As tantas provas de suas imagens talvez expliquem o fato de suas matrizes não serem datadas. Dominando como ninguém a técnica, o poeta do buril, das tábuas e da água-forte nunca abriu mão de seu estilo artesanal, apesar da vertiginosa evolução das novas tecnologias. Entre uma xícara e outra de café, não dispensa uma ou outra sentença pontiaguda, sublinhada por boas gargalhadas de alguém que manteve afiado o seu senso de humor e sua aguda observação da alma humana.

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As gravuras de Marcello Grassmann sĂŁo repletas de elementos que remetem ao fantĂĄstico.

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A seguir, reproduzimos os melhores momentos da entrevista: O início na Escola Profissional

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Depois do grupo escolar, eu tinha que escolher a minha profissão. Na escola eu fiz curso de modelagem. Eu gostaria de fazer escultura e tinha aulas com barro. Eu convivia com artistas que tinham outra escolha. Eu, Octávio e Sacilotto [Octávio Araújo e Luiz Sacilotto, artistas plásticos contemporâneos de Marcello Grassmann] íamos a exposições, galerias, ainda não havia museu. Eu ia ver o Octávio pintar, havia um crescimento mútuo. Quando finalmente a gente terminou o curso profissionalizante, os que fizeram pintura pararam de pintar paisagem ou natureza morta, o Octávio foi pintar cartazes publicitários. Ele virou um artista livre para fazer uma espécie de surrealismo. O Sacilotto acabou trabalhando num escritório de arquitetura. Daí ele tomou o rumo do trabalho dele: ele foi concretista. E eu que trabalhava em madeira, o meu trabalho se desenvolveu no sentido do fantasmagórico, para fugir um pouco do decorativismo. Porque, em geral, esses desenhos para móveis tinham máscaras, mas elas eram muito rebuscadas e decorativas. Nesse período eu devorei tudo que havia dentre os fantásticos, dos antigos até os modernos. Nos anos 1930, nós fomos desenvolvendo o nosso vocabulário, dentro daquilo que havia fora do Brasil, mas também das coisas feitas dentro do Brasil. Conheci importantes gravadores em madeira, como o Lívio Abramo e o Oswaldo Goeldi, os quais foram os grandes formadores de gravadores em madeira. A importância da iconografia medieval em sua obra

O medieval é fatal. A história da gravura começa com o aparecimento de figuras de santos, mas eram sempre impressas naqueles prelos manuais. A Idade Média é rica na fantasia, porque o mundo para eles praticamente acabava na Europa e mais nada. Quando aparecia um bicho estranho como um elefante ou um rinoceronte, os artistas iam lá receber essas imagens novas e acabavam introduzindo essas coisas nas suas fantasias. Essa herança fabulosa foi muito rica e num espaço de tempo muito grande. Pensava-se que o mundo não chegava ao ano 1000, depois veio 2000. Você vai dizer: “Mas espera aí, num momento em que já havia rotativa, offset, reproduções feitas em grande escala, você volta para uma coisa artesanal, primitiva?” Se a gente quiser fazer uma analogia, nos lugares mais remotos no Nordeste, apareceu

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o cordel, que era uma forma de pobre fazer o desenho da capa, contar uma historinha fantasiosa, às vezes interessante, às vezes banal, mas sempre popular para ser consumida pelo povo. Antigamente havia prêmios para desenho, prêmios para gravura, coisa que hoje não existe mais. Ninguém faz mais pintura, o pessoal faz instalações. Não dá pra concorrer num salão uma pintura com uma instalação. O artesanal da Gravura DIANTE DAS novas tecnologias

Eu continuo conservador. É uma razão muito simples: você tem um grafismo que é único, cada um tem a sua assinatura, a sua letra. A maneira de a gente traduzir a ideia traduz também o nosso interior. O realismo deixa de ser uma coisa para aparecer um impressionismo em que as imagens não são precisas, não são descritivas e são sugeridas poeticamente, emocionalmente. Depende de cada um que vai receber as imagens de maneira diferente. Uns gostam, outros acham superficial, uns acham profundo. A agressão é ruim? Talvez na realidade, mas na arte pode ser uma forma didática de se evitar a agressividade. Não existe um padrão, nem do bem, nem do mal. As transformações do prazer e da dor se repetem há milhões de anos.

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Crítica aos modernistas de 1922 e A Oscar Niemeyer

Saiu numa revista até que eu chamei o Oswald de Andrade de filho da puta, porque ele era fanático por fazer blague e frases cruéis. A Anita Malfatti era uma pintora do grupo de 22, mas ela tinha um braço paralisado. Malfatti em italiano é malfeita, e o Oswald de Andrade a chamava de Anita Malfeita. Fazer piada com isso? E depois ainda se fazia passar por pobre, quando o Movimento de 22 foi quase todo de grã-finos. Pegaram um ou outro talentoso como o Brecheret, juntaram um bando de intelectuais metidos a besta e fizeram um movimento. O que deixou esse movimento? Nada, não fez escola. Foi muito mais na literatura, porque os escritores meditam para escrever. Quem pinta um quadro pode pintar em meia hora. Quando criticam Oscar Niemeyer, perguntam: “Mas você fez um negócio que não entra luz, por que não fez uma janela?” Ele responde: “Não é meu problema”. Ele assume a arquitetura como uma escultura dele e qualquer intervenção, se não couber, ele não põe. Não põe um mictório, uma janela, um elevador. Queria vê-lo hoje, com 104 anos, subir aquela rampa que ele fez na Bienal de São Paulo.

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A importância artística das gravuras em metal e madeira hoje

A gravura é uma das coisas mais respeitáveis e desprezíveis. Ela não é um investimento porque não é uma coisa única. Entra o teor mercadológico, que é o pior critério que se possa ter. A exclusividade é uma estupidez. A gravura aguentou esses anos todos porque ela permite a divulgação de uma imagem. Outros lugares do mundo podem ter uma imagem parecida ou igual. O contrário é o mesmo que um livro editado num exemplar único. Ninguém leu. A gravura tem uma capacidade grande de resistência, pode-se mexer nela sem estragar. Se eu pegar uma chapa de metal e fizer alguns riscos e depois raspar, eu posso trabalhar o ano inteiro nela. Se eu pegar uma chapa de madeira e der um corte, acabou. Se não está funcionando, não dá certo. Certos materiais são maleáveis e permitem que se crie em cima e se modifique. É mais divertido.

14 A expectativa em relação à recepção de sua obra no futuro

Se você ficar preocupado que está sendo injustiçado, que ninguém compra, vai ficar um boboca à mercê da opinião alheia. A gente tem que ter ao menos a pretensão de ser alguma coisa. Se não acham, que é que vamos fazer? Não se pode impor um gosto. Quer saber de uma coisa? O importante é o que eu fiz, não o que possa ser feito com o que eu fiz. Usufruir a memória das coisas é muito mais importante do que um novo amor! Eu sinto em alguns artistas que eu tive alguma contribuição para que eles fizessem uma determinada coisa em seus trabalhos e isso me dá prazer. Uma besteirinha que foi introduzida no meu trabalho que alguém viu e gostou. Eu acho humildade uma besteira. Só um burro diz que não é vaidoso. Se você passa 80 anos fazendo alguma coisa e banca o humilde dizendo que não tem valor... Ora, se eu não sentisse que fiz coisas que valessem a pena eu não estaria nem conversando com você. Por Gabriel Kwak

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A figura feminina – sobretudo a imagem da donzela medieval – Ê uma constante na obra de Grassmann.

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Em 22 de janeiro de 1942, enquanto se ocupava de um assunto gravíssimo de política externa – a coesão sul-americana para um rompimento com os países do Eixo, em guerra com os Aliados na Europa, na Ásia e no norte da África –, o então presidente Getúlio Vargas anotou em seu diário que havia despachado em palácio “todo o expediente do dia”. Entre os documentos assinados naquela data, estava o Decreto-Lei no 4.048, com apenas 11 artigos, que instituía a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem dos Industriários (Senai). Pouco tempo depois, o nome foi alterado para Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e houve a ampliação do escopo da nova organização, permitindo o desenvolvimento de programas de formação profissional também para trabalhadores em empresas dos segmentos de transportes, de comunicações e da pesca. O Decreto-Lei dava formato e validade jurídica à proposta feita pelos empresários industriais, organizados na Confederação Nacional da Indústria (CNI), então presidida por Euvaldo Lodi, e na Federação e no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), presididos na época por Roberto Simonsen. A concretização dessa proposta era condição fundamental para a arrancada em direção a um novo estágio de industrialização do país. Tratava-se de um plano que tinha como base a bem-sucedida iniciativa do Centro Ferroviário de Ensino e Seleção Profissional, e seu principal estruturador no campo da educação profissional foi o engenheiro e professor suíço Roberto Mange (1885-1955). Aliás, Mange se tornaria o primeiro diretor regional do Senai-SP, e o prepararia “para crescer e aperfeiçoar-se”, como escreveria mais tarde outro importante diretor regional da instituição, o professor Paulo Ernesto Tolle (1918-2010).

MEMÓRIA

aos 7O anos, olhando para O FUTURO

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Aprendizes ferroviários e sua locomotiva.

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O decreto fundador do Senai estabeleceu as concepções educacionais que se tornariam o alicerce e garantiriam o êxito da formação profissional naquele Brasil ainda fortemente rural e com uma população muito jovem. Haveria a formação de menores para o mercado de trabalho em programas de aprendizagem e a concomitante organização e oferta de cursos destinados a preparar, requalificar, aperfeiçoar e especializar trabalhadores adultos – linhas de atuação que se mantêm ainda hoje, ao lado de outras, implementadas mais tarde: cursos técnicos de nível médio, cursos de graduação e pós-graduação. Na primeira década do século XXI, foi implantado um sistema com cursos de educação profissional à distância, distribuídos em mais de 20 áreas, com a utilização de diferentes tecnologias educacionais. URBANIZAÇÃO E INDÚSTRIA

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A existência de uma estrutura educacional profissionalizante se mostraria crucial, pois os primeiros 40 anos de vida do Senai corresponderiam à fase de maior crescimento da economia brasileira no século XX. O forte avanço econômico, iniciado em razão da Segunda Guerra Mundial, se prolongaria até a crise do início dos anos 1980. Segundo o IBGE, em 1940 a população brasileira era de aproximadamente 41,2 milhões de habitantes, dos quais 69% viviam em áreas rurais; em 1980, a população chegava a 119 milhões, com 67,2% vivendo nas cidades. Sem um sistema de formação profissional consistente, teria sido impossível industrializar o Brasil em tão pouco tempo. Em 70 anos, o Senai capacitou em todo o país perto de 55 milhões de alunos.

O Decreto-Lei no 4.048 estabelecia que a nova instituição de formação profissional seria organizada e dirigida pela CNI e definia que as empresas industriais pagariam contribuição mensal para montagem e custeio das escolas de aprendizagem – “dois-mil réis, por operário e por mês”, com arrecadação feita pelo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários (Iapi), uma das organizações que precederam o atual Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Essa seria, de fato, uma tremenda vantagem, pois permitiu ao Senai constituir um grande patrimônio voltado para a formação profissional – um parque que abrange todo o país e é formado por centenas de escolas, centros de treinamento e escolas móveis, com milhares de laboratórios e oficinas de natureza didática, em diferentes especiali-

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RECURSOS GARANTIDOS

Tecelagem no Belenzinho: curso de aprendizagem implantado pelo Senai.

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dades industriais, aos quais nunca faltaram equipamentos em número adequado ao total de alunos, com insumos apropriados para a elaboração das atividades de ensino e corpo docente preparado e presente. A forma de trabalhar do Senai foi descrita em seu regimento, apresentado pela CNI ao Ministério da Educação (MEC) para aprovação, por decreto, pelo presidente da República. IMPLANTAÇÃO E EXPANSÃO

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A implantação do Senai começou a se efetivar rapidamente já em 1942. Em 1o de abril daquele ano, as empresas começaram a contribuir para o financiamento da instituição. Em 3 de agosto, o Departamento Nacional do Senai foi instalado no Rio de Janeiro. O SENAI de São Paulo iniciou atividades em 28 de agosto de 1942, dirigido por Roberto Mange. Mais tarde, em 3 de novembro de 1943, foi instalada provisoriamente, em um pavilhão da IV Feira Nacional da Indústria, a escola Senai da Barra Funda, atualmente, denominada Escola Senai Horácio Augusto da Silveira. Em 22 de setembro de 1945, essa unidade recebeu o primeiro prédio próprio da rede Senai, o qual, com a arquitetura característica daqueles primeiros anos da instituição, está em pleno funcionamento na rua Tagipuru, praticamente no coração da cidade de São Paulo. Outras escolas foram sendo implantadas na capital e no interior do estado, em um processo que prosseguiu ao longo dessas sete décadas. Atualmente, o Senai-SP possui uma rede de 90 unidades fixas, com penetração em todas as regiões do estado e atuação em 30 áreas tecnológicas. Há ainda 70 escolas móveis que apoiam o desenvolvimento de um modelo de ação marcado pela flexibilidade. Nacionalmente – inclusive o estado de São Paulo –, a rede Senai é formada por 797 unidades operacionais, incluindo 471 escolas fixas e 326 escolas móveis, além de 55 postos avançados (vinculados a escolas fixas) e 320 kits didáticos de educação profissional, que funcionam como oficinas móveis em 25 diferentes ocupações. Logo no início, o principal recurso didático desenvolvido pelo Senai para dar conta de sua missão foi a Série Metódica Ocupacional (SMO). Para constituir uma SMO, os especialistas do Senai estudam detalhadamente a ocupação a ser ensinada, compreendendo cada uma de suas tarefas e como elas se encadeiam. As tarefas são, então, didaticamente organizadas, das mais simples às mais complexas, e ensinadas aos alunos por meio de atividades práticas.

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“O projeto inicial exige a execução de operações mais simples e o seguinte incorpora outras e repete o primeiro. Quando o estudante termina sua última tarefa, ele terá dominado todas as principais tarefas de uma profissão. O que torna esse método particularmente valioso é a maneira pela qual o Senai o implementou, com uma mescla de componentes manuais, tecnológicos e conceituais”, escreveu o pesquisador Claudio de Moura Castro, em seu livro Formação profissional da virada do século (Belo Hoizonte: FIEMG, 2003). Em 1956, foi iniciado o processo de atualização e enriquecimento da SMO: além da original folha de tarefa, os alunos passaram a receber a folha de operações e a folha de informações tecnológicas, e foram aprimoradas as condições para o desenvolvimento do estudo dirigido, destinado ao planejamento do trabalho por parte dos estudantes. A Senai-SP Editora lança um livro que apresenta a atualidade desse recurso didático em SMO - Série Metódica Ocupacional: O Ensino Profissional para o Aprender Fazendo. Ainda no fim dos anos 1950, o Senai iniciou sua trajetória de cooperação internacional, marcada inicialmente pelo apoio à organização por parte de agências de formação profissional em países latino-americanos. Atualmente, o Senai mantém parcerias com 29 países e um organismo internacional, e desde os anos 1980 participa com êxito de competições internacionais de formação profissional.

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MÃO DE OBRA PARA O CRESCIMENTO

Um exemplo de como o Senai prosseguiu engajado com o processo de industrialização do país foi o acordo com as empresas para a formação de profissionais para o setor automobilístico, sobretudo na região do ABC de São Paulo, no fim da década de 1950. Mais tarde, já em 1963, o Senai atuou no Programa Intensivo de Preparação de Mão de Obra Industrial (Pipmoi), do MEC, o qual, em 1969, se transformaria no Programa Intensivo de Preparação de Mão de Obra (Pipmo), coordenado pelo Ministério do Trabalho. Em 1973, o Senai-SP desenvolveu um novo recurso didático, implementado depois em outras unidades da Federação pelo Departamento Nacional do Senai e reproduzido por entidades congêneres no próprio Brasil e por instituições de ensino profissional de outros países: as escolas móveis. Essas escolas são oficinas volantes para a formação profissional inicial e continuada, de curta duração. São destinadas a atender às necessidades imediatas e específicas de formação de mão de obra para empresas industriais e outros clientes, como prefeituras, organizações não governamentais (ONGs) e outros. Há dois tipos de escolas móveis.

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Um deles corresponde ao kit didático, um conjunto de equipamentos, materiais e mobiliário que pode ser transportado e instalado em sala de aula ou outro local adequado cedido pelo cliente. O outro tipo se refere às escolas sobre rodas, que contam com oficinas, laboratórios e salas de aula dispostos no interior de um semirreboque (baú). Elas necessitam apenas de local adequado para manobra e estacionamento. MOLDANDO O FUTURO

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A década de 1980 foi marcada por uma longa crise econômica, mas também sinalizou mudanças significativas na economia e na indústria. Muitos segmentos industriais trataram de modificar sua plataforma tecnológica em busca de maior produtividade e competitividade. O Senai reagiu a esse período de incertezas e de transformações com ações: diversificou as atividades de assistência às empresas, empreendeu a ampliação e modernização do parque didático instalado e cuidou do desenvolvimento de seu corpo técnico. Nessa época, foram implantados novos centros de ensino e de pesquisa e desenvolvimento tecnológico – alguns, com apoio tecnológico e financeiro de instituições de cooperação da Alemanha, da França, da Itália, do Canadá, do Japão e dos Estados Unidos. Esses centros constituiriam a base para os futuros cursos de graduação e pós-graduação, e instrumentos indispensáveis ao assessoramento das indústrias em termos de tecnologia de processos, de produtos e de gestão. Neste início do século XXI, a educação profissional, especialmente aquela dedicada à preparação para a indústria, passou a lidar com as questões pedagógicas mais complicadas decorrentes do fato de as tecnologias evoluírem muito rapidamente. Nesse quadro, mais do que em qualquer outro período anterior, é fundamental para o Senai ter acesso no tempo certo às novas tecnologias disponíveis para as indústrias, reunir condições de preparar internamente o ensino de práticas profissionais ligadas a essas tecnologias e, assim, responder às demandas das empresas em termos de cursos, treinamentos e assessoramento. Um dos caminhos para isso tem sido a cooperação e a parceria. Muitas empresas têm propiciado ao Senai a condição de estruturar oferta de programas nos diferentes segmentos – em especial, cedendo produtos e insumos para atualização permanente de oficinas e laboratórios, favorecendo a apropriação de novas tecnologias, o desenvolvimento de técnicos e docentes e a formulação, pelo Senai, de uma visão de futuro a respeito dos diferentes segmentos industriais. O Senai-SP iniciou no fim do ano de 2009 sua atuação em educação à distância, oferecendo cursos com atividades semipresenciais. A procura crescente

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atingiu a marca de 70 mil alunos inscritos nesses quase três anos de vida, ampliando as formas de acesso ao conhecimento oferecido e diversificando com tudo o que as novas tecnologias oferecem ao ensino. O Senai-SP não pode deixar de incorporar em suas atividades o desenvolvimento do design no processo industrial, criando os Núcleos de Design, que oferecem serviços de assessoria e desenvolvimento às empresas, além de apoio estratégico, fóruns e seminários sobre o assunto. E agora, com o advento da Senai-SP Editora em 2011, passa também a oferecer publicações na área. Ainda na inovação, o Senai prepara as empresas para uma eficiente gestão nessa nova pauta, que envolve complexidades que precisam ser enquadradas e compreendidas. Ele também intensifica ações em sua estrutura de Serviços Técnicos e Tecnológicos, que inclui, entre outros recursos em todo o país, cerca de 170 laboratórios, parte considerável dos quais acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Esses laboratórios atendem a diferentes áreas industriais e atuam hoje em parceria com as empresas interessadas fortemente no desenvolvimento de novos produtos e materiais. Na comemoração dos 70 anos da criação do Senai, a Senai-SP Editora está preparando o lançamento de vários títulos que resgatam e reapresentam, de forma renovada e revigorada, algumas das metodologias utilizadas pela instituição, copilando, assim, parte importante do saber pedagógico desenvolvido para o ensino profissionalizante ao longo de sua existência. Essa série, denominada Engenharia de Formação Profissional, será aberta pela reedição de um livro que já se tornou clássico no assunto: De Homens e Máquinas: Roberto Mange e a formação profissional. Essa publicação é seguida por Caminhos da inclusão: a história da formação profissional de pessoas com deficiência no Senai-SP e complementada pelos livros metodológicos Programa de Avaliação da Educação Profissional – Provei, Planejamento de Ensino e Avaliação do Rendimento Escolar – Peare, Além da Teoria e o já citado SMO. Com isso, chegam ao mercado publicações consistentes, que servem para entender a instituição em sua essência e divulgar o conhecimento produzido para a sociedade pelo Senai, facilitando a consulta e promovendo a multiplicação dessas informações.

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Por Alexandre Asquini

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TODO MUNDO TEM UMBIGO — E ESTÔMAGO TAMBÉM O CENTENÁRIO DE JORGE AMADO NOS LEMBRA QUE A BAHIA FICA BEM ALI.

Foto Marcelo Soubhia

[...]toda a Bahia é uma maternal cidade gorda como se dos ventres empinados dos seus montes dos quais saíram tantas cidade do Brasil inda outras estivessem p’ra sair.” “Bahia”, Gilberto Freyre, 1957

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Os rapanuis, que habitavam a remotíssima Ilha de Páscoa, perdidos no meio do Pacífico Sul, acreditavam que o chão sob seus pés era o umbigo do mundo. Os incas, que nessa mesma época viviam incrustados na cordilheira dos Andes, atribuíam o mesmo status à capital de seu império, que ficava no mesmo lugar onde hoje é Cuzco, no Peru. Já os guaranis, por sua vez, diziam que o umbigo da terra ficava na região de Caagazu, no sudeste do Paraguai. Com relação ao Brasil, não restam dúvidas, nosso umbigo fica ali na Bahia. O Brasil começou na Bahia no mesmo dia 22 de abril de 1500, o que serve como uma credencial de berço e, por que não, síntese da civilização brasileira. Gente de toda raça, cor e crença formou o Brasil, e também ajudou a fundar da Bahia. Por isso todo brasileiro, não importa se é gaúcho ou amazonense, carioca ou goiano, é também um pouco baiano. Estamos comemorando este ano o centenário do escritor responsável por colocar a Bahia e o Brasil no mapa-múndi cultural: Jorge Amado. As criações de Amado, mais do que compor a paisagem de Ilhéus ou Salvador, tornaram-se expressões clássicas de toda a cultura brasileira. Depois de Gabriela, Cravo e Canela ou A Morte e a Morte de Quincas Berro D’Água e Capitães de Areia, a baianidade tornou-se indissociável do brasileiro.

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De tão rica, a cultura baiana se difunde pelo mundo das mais diversas maneiras. A literatura e a música estão lá. Mas também não há como se falar da Bahia sem lembrar de sua culinária. Ponto de fusão das culturas europeia, indígena e africana, a comida feita na Bahia constitui em si mesma um elemento antropológico extremamente complexo e rico, que traduz a universalidade de nossa história em uma profusão de cores,res. Paloma Costa, filha de Jorge Amado, escreveu em seu livro A Comida Baiana de Jorge Amado ou O Livro de Cozinha de Pedro Archanjo com Merendas de Dona Flor (São Paulo: Maltese, 1994, p. xxx), que “o ouro do dendê, a doçura da jaca, afeto e violência; o ardor da pimenta-de-cheiro, a sensualidade das mulheres, baianas com suas batas de renda branca sobre a pele cor de canela, formosas filhas de Oxum a vender acarajés: é todo um universo de encantamento, cor, cheiro e sabor”. É por isso que se diz que a Bahia é a musa inspiradora da obra de Jorge Amado e a culinária uma de suas principais personagens. Em quase todos os romances são encontradas muitas referências detalhadas de pratos e quitutes bem baianos – e de certo modo, Gabriela, Cravo e Canela e Dona Flor e seus Dois Maridos são os livros mais “culinários” que Jorge Amado já escreveu. A descrição dos pratos saboreados pelos personagens não só deixa os leitores com água na boca; as receitas detalhadas encontradas no meio dos romances convidam a uma descoberta culinária perfeita para se reproduzir em casa o que o turco Nacib e Vadinho aproveitavam na ficção. O próprio escritor explicava tanta comilança na voz de seus personagens. Em Terras do Sem Fim, por exemplo, Amado faz o personagem coronel Maneca Dantas argumentar com o capitão João Magalhães que “comer é o que se leva do mundo, capitão. A gente vive numas brenhas danadas, derrubando mata para plantar cacau, labutando com cada jagunço desgraçado, escapando de mordida de cobra e tiro de tocaia, se a gente não comer bem, o que é que vai fazer?”. Se a Bahia é capaz de dar tanta água na boca, nada mais adequado do que celebrar a cultura baiana no centenário de Jorge Amado com o lançamento de um livro de receitas dessa umbigal região. Organizado pela nutricionista Rosinéia Aparecida Biguetti e publicado pela Sesi-SP Editora, o Receitinhas para Você: culinária baiana traz 60 receitas, doces e salgadas, de preparo fácil e sem mistérios para ninguém deixar nada a dever para Gabriela e seus quitutes.

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O preparo do livro foi cuidadoso e todas as receitas foram testadas e aprovadas com apuro de quem já muito lecionou culinária e nutrição. Ao organizar o material, uma das grandes preocupações da nutricionista foi adequar as receitas aos ingredientes que são encontrados nos supermercados das grandes cidades, em substituição àqueles que são encontrados só regionalmente – mas tudo isso sem prejudicar em nada o sabor de cada prato e garantindo os teores nutricionais de uma refeição saudável. Como nas criações de Jorge Amado, o livro preparado por Rosinéia não se limita a informar as receitas: ele também traz uma série de curiosidades sobre a origem e o uso dos ingredientes, além de contar um pouco da história da própria culinária baiana. Há um foco todo especial no emprego da mandioca, da pimenta e da carne-seca nas refeições, entre outras curiosidades, e as receitas abrangem tanto a tradição da região litorânea da Bahia como da Zona da Mata, do Agreste e do Sertão baiano.

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O livro Receitinhas para você: culinária baiana, da coleção Alimente-se Bem, já está à venda nas melhores livrarias.

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Em 1977, aos 14 anos de idade, o roteirista e dramaturgo Bráulio Mantovani apaixonou-se pelo teatro ao assistir a uma peça baseada no livro O Diário de Anne Frank. No fim do espetáculo, surgia no canto do palco apenas a perna de um soldado nazista, que tentava invadir a casa da família Frank. A bota negra e reluzente batia com violência no tablado, produzindo um barulho forte, seco e compassado. Mantovani entendeu ali a força do teatro. “O barulho do pé do ator no assoalho do palco (bate com os punhos cerrados na mesa para imitar o som) é de uma realidade estética que o cinema não possui nem mesmo com toda a tecnologia Imax de hoje.” O dramaturgo mineiro Leonardo Moreira entende que a presença física do ator é o material vivo que possibilita a experiência estética única que é assistir a uma peça de teatro. Em cima do palco, é preciso lidar com o inesperado, com o humano, com aquilo que não está nos planos. Em 2011, durante a apresentação de sua peça O Jardim, ele percebeu que uma das atrizes chorava mais do que o normal. Imaginou que algum parente ou conhecido dela estava na plateia, o que poderia explicar o exagero. Só mais tarde descobriu que a atriz havia quebrado o pé em cena, e ainda restavam 40 minutos de espetáculo. Apesar da dor, ela levou sua personagem até o fim. “Ninguém que estava assistindo aceitou aquilo como realidade, ninguém acreditou que ela de fato tinha quebrado o pé. [...] Tem uma camada ficcional que protege esse elemento tão real. Ela não podia parar. O ator de cinema poderia parar, mas ela não”. Conhecido por suas premiadas peças infantojuvenis, Vladimir Capella usa em suas produções cenários grandiosos, figurinos impecáveis e produção teatral e musical cinematográfica. “O teatro tem que ser uma experiência única tanto pra quem faz como pra quem vê”, resume. Pelo fato de seu público ser jovem, o diretor sente a necessidade de conquistá-lo pela qualidade

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UMA MENTIRA CONVINCENTE

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Ao lado e na página 31: Menor que o Mundo da Cia. Cênica Nau de Ícaros, com a direção de Leonardo Moreira.

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do texto, mas também pelo impacto estético na produção. “É preciso mesmo impactá-los, deixar-lhes uma marca profunda do quanto é bonito o artista no palco, do quanto é mágico este sobe e desce de telas que rapidamente se transformam.” Bráulio Mantovani, Leonardo Moreira e Vladimir Capella são três dramaturgos com características diferentes, mas a realidade do material vivo que está no palco encanta os três artistas.

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Nascido na pequena Areado, cidade mineira com 13 mil habitantes, em 1983, Leonardo Moreira vivia em um universo particular. Deslocado, interessou-se ainda criança por ficções que o levavam para longe. Alguns amigos de sua mãe traziam da cidade de Ribeirão Preto fitas em VHS de filmes norte-americanos e livros com peças de autores clássicos do teatro. Moreira montava as peças instintivamente em seus pensamentos e na brincadeira com amigos, mas nunca havia assistido a uma montagem. Aos 18 anos, mudou-se para São Paulo e iniciou o curso de Artes Cênicas na Universidade de São Paulo (USP): só então teve sua primeira experiência como espectador. “A peça não era boa, mas a linguagem do teatro mexeu muito comigo e eu me interessei ainda mais por estudá-la”, conta. Formado, desistiu da ideia inicial de ser ator e iniciou um mestrado em dramaturgia. Na mesma época, ainda estudante, criou a peça Cachorro Morto e a inscreveu em um edital para primeiros autores. Ganhou e chamou alguns amigos de faculdade para montar a história. Baseada no livro Estranho Caso do Cachorro Morto, do inglês Mark Haddon, a peça conta a história de um menino com síndrome de Asperger – semelhante ao autismo –, que descobre a morte do cachorro da vizinha e empreende uma investigação em busca do assassino. “Mais do que falar de algum tipo de deficiência, a intenção foi mostrar a limitação da comunicação: o menino, com seu universo próprio, e as pessoas ditas normais parecem não conseguir dialogar com eficiência”, explica o dramaturgo. O sucesso da peça fez que o grupo se unisse em um novo projeto. A história de sua segunda montagem, Escuro, acontece em um clube do interior em que deficientes e pessoas comuns não conseguem manter diálogos coerentes, apenas respondem uns aos outros com uma lógica falsa e despropositada. Moreira estudava na época a dramaturgia procedimental, que dispensa o linear e a coerência em prol de uma narrativa não apenas fragmentada, como também horizontal. “O texto da peça não existe, ele é um mapa, traz a

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Três encontros com o teatro

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trajetória de dez personagens individuais”, diz. Moreira conta a história de um personagem, de repente, a cena gira, ocorre um deslocamento temporal, e o espectador começa a acompanhar outro personagem. “É uma multitrama, até que, em certo momento, os universos se cruzam, mas a narrativa nunca é abandonada.” Em 2011, a peça venceu o Prêmio Shell de Teatro em três categorias: autor, figurino e cenário. Para ele, sua terceira peça, O Jardim, é uma evolução da fragmentação de Escuro, em que a memória é abordada a partir de um senhor que sofre de mal de Alzheimer. A peça começa com uma unidade dramática que é ampliada até virar uma abstração de memória, fragmentada e sem ordem. O público tem a tarefa de remontar os diálogos e reinventar a história por meio de suas próprias lembranças. Do momento em que assistiu à primeira peça até os dias atuais, Moreira se diz ainda mais apaixonado pelo teatro. “Hoje eu tenho mais domínio da linguagem teatral, entendo os recursos que eu posso utilizar. Mas não sei se isso é bom”. Ele acredita que não conhecer profundamente a teoria teatral no início da carreira permitiu descobrir novas formas de escrever e dirigir. Mais experiente, o dramaturgo foi convidado pela Cia. Cênica Nau de Ícaros para montar uma peça baseada na obra de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que resultou no espetáculo Menor que o Mundo, e prepara seu próximo projeto: Ficção. Enquanto na adolescência Moreira ainda só imaginava teatro no interior de Minas Gerais, foi nessa fase da vida que Bráulio Mantovani teve suas primeiras experiências reais com a arte. Aos 16 anos, o premiado roteirista de cinema e dramaturgo atuou pela primeira vez como ator nos calçadões do centro da cidade de Santo André. Certo dia foi assistir a um grupo que improvisava peças no meio da rua e, quando percebeu, estava no meio da roda de atores. “Sempre fui muito tímido, muito fechado, não sei que força me puxou”, lembra. Naquele dia, improvisando um texto de Millôr Fernandes (1923-2012) do livro, o grupo encenava uma situação em que um dos personagens era um vendedor de bilhetes do jogo do bicho. Mantovani, nervoso, tremendo e gaguejando, entrou na roda e só conseguia repetir sem parar: “A borboleta... A borboleta... A borboleta”. A partir de então passou a dominar melhor sua timidez. “Algo do teatro me foi terapêutico, pois consegui me expressar de alguma maneira, colocar para fora algo criativo que estava escondido”, recorda-se. Na época, Mantovani fazia um curso técnico e tinha como futuro certo a engenharia. “Eu não gostava de nada daquilo, era muito inseguro e frustrado, o teatro fez que eu me sentisse mais confiante.”

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A partir de então, sua relação com a arte se tornou intensa. Desistiu das ciências exatas, foi cursar letras na PUC e iniciou sua convivência com um grupo de teatro da faculdade. Escrevia, dirigia, atuava e, de acordo com ele mesmo, fazia maluquices. “Uma namorada da época dizia que eu só fazia teatro para tirar a roupa... Perdi mesmo a timidez [risos].” O grupo de Mantovani logo se destacou e foi convidado para formar o novo grupo do Teatro Tuca, que na época passava por uma reconstrução após o famoso incêndio de 1984. Lusíadas or not Lusíadas, uma paródia da obra de Luís de Camões (1524-1580), foi a primeira peça de expressão do dramaturgo ao ter montagem no Teatro Sérgio Cardoso e ganhar diversos prêmios em festivais universitários da época. Seria a última peça de Mantovani antes de um recesso de quase 15 anos dos palcos. Os caminhos o levaram ao cinema. Mas, entre a escrita de roteiros consagrados como Cidade de Deus e Tropa de Elite, o artista jamais abandonou afetivamente o teatro. Em 1992, por prazer e sem compromisso, iniciou a escrita da peça Menecma, que só seria encenada 20 anos depois. Durante essas duas décadas, apesar de focado na sétima arte, modificou constantemente o texto da obra, e em 2007 montou outra peça intitulada Alguém Escreveu Isso. Se Mantovani iniciou sua trajetória no teatro e migrou para o cinema, Vladimir Capella fez um percurso mais curioso. Começou, em meados dos anos 1970, a compor canções para peças teatrais. Também era uma espécie de “quebra-galhos”, operando luz, som e se arriscando na atuação. Quando percebeu, já escrevia e dirigia seus próprios espetáculos. “Descobri que no teatro cabiam todas as artes e fui conquistado.” Suas primeiras obras, conta, eram como roteiros onde o grupo e o diretor, que era ele mesmo, definiam juntos as amarras e a cara do enredo. “A palavra de ordem era o processo e não o resultado final”, resume. Seu próximo passo e desafio foi aperfeiçoar a escrita para colocar no papel as diversas histórias que começava a inventar. Naturalmente, percebeu que seus personagens, diálogos e ideias de encenação encaixavam-se no perfil do público infantojuvenil. “Nunca pensei em escrever diretamente para esse ou aquele espectador, apenas crio de acordo com o que me emociona”. Prova disso, conta Capella, foi a remontagem de sua peça Píramo e Tisbe, no fim de 2011, que é baseada em uma lenda mitológica desconhecida do público que ele costuma atingir. “Escolhi essa história porque os jovens ainda não conhecem essa riqueza que é o universo dos mitos.” Mas no fim das contas o texto e o espetáculo, afirma ele, têm muita relação com o período de vida adolescente.

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Teatro hoje “O teatro, hoje, deve deixar clara a ficção do jogo do que nele é real – o ator real, o espaço real, o tempo real – com a ficção proposta, com a mentira que está sendo contada” Leonardo Moreira

Foto Chris Von Ameln

Teatro: um sósia da realidade

Mantovani escreveu o texto de Menecma de forma experimental e sem compromissos em 1992, quando morava em uma minúscula aldeia na Espanha, mais precisamente a sete quilômetros da cidade de León. Homem de teatro, como ele mesmo se define, não precisa de motivos práticos para começar a elaborar os diálogos de uma peça. Sente-se em casa nos palcos, enquanto sua relação com o cinema é muito mais profissional. “Se eu tenho uma ideia espontânea, eu escrevo teatro, mas cinema e televisão só faço quando me pagam”, resume. A ideia do texto de Menecma surgiu de um fragmento de sonho de Mantovani durante um breve cochilo em um ônibus que voltava de Madri para León. Nele, uma mulher vestida de vermelho descia uma escada espiralada e um homem sentia medos incontroláveis ao observá-la se aproximando. Com base na imagem onírica, a escrita foi levando Mantovani por caminhos desconhecidos, até a definição da história de Guilherme, um homem perturbado que resolve fazer um documentário sobre seu pai, um ator famoso recentemente falecido. A palavra “menecma”, que conforme a sua origem no latim significa “sósia”, remete ao fato de que, ao longo do drama, personagens com características físicas idênticas ao pai e à mulher do protagonista aparecem, e ele, por meio das filmagens, tem a oportunidade de tentar reescrever a realidade por meio da ficção. Anos depois de finalizá-la e já de volta ao Brasil, o dramaturgo mostrou o texto para o ator Gustavo Machado e, pouco depois, chegou às mãos de Jô Soares. Com o elenco definido, que além de Gustavo contou com Paula Cohen e Roney Facchini, duas leituras do texto foram realizadas no apartamento de Jô, que se tornou uma espécie de padrinho da peça, finalmente montada em 2011. A direção ficou a cargo de Laís Bodanzky. “Estava difícil conseguir montar e apresentar a peça, se não fosse o Teatro do Sesi-SP, nós não conseguiríamos”, conta Mantovani.

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Ao lado e na página 37: a peça Menecma, de Bráulio Mantovani.

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Teatro hoje “Acho que o papel do teatro é ser inútil. Fazemos porque gostamos e o público assiste porque gosta” Bráulio Mantovani

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Por ser mineiro, Leonardo Moreira sempre teve uma ligação íntima com o poeta Carlos Drummond de Andrade. O convite para escrever e dirigir uma peça baseada na obra do poeta partiu da Cia. Cênica Nau de Ícaros no fim de 2011. A estrutura escolhida pelo grupo para Menor que o Mundo foi a de uma cidade com uma casa só, que, no entanto, transforma-se em várias outras casas. Os personagens, por meio de narrativas paralelas e da técnica de multitrama – marcas sempre presentes nas obras de Moreira –, relacionam-se com a lógica do famoso poema “Quadrilha”. O grande desafio do texto de Moreira foi o de não declamar Drummond, mas apenas trazer o universo poético do escritor. “Pedi aos atores que estudassem o livro e desenvolvessem narrativas a partir dos poemas”, explica. As experimentações com texto foram incansáveis, mas era necessário também resolver tecnicamente o problema das imagens, já que a veia da Nau de Ícaros é de um espetáculo que também contém acrobacias coreografadas. Na trama, a minúscula cidade de apenas uma casa sofre com constantes ventanias. A população, com medo, vive amarrada ao chão por cordas. Esse ponto do texto facilitou as acrobacias, já que os atores tinham a liberdade de subir pelas paredes da casa com as cordas e voar pelo cenário. No decorrer da peça, no entanto, as correntes de vento cessam e o povoado, surpreso, precisa aprender a conviver sem as cordas e com a ausência do medo. O que fazer agora que a obrigação de prosseguir amarrado não existe mais? Para Vladimir Capella, esses efeitos que ultrapassam o texto – como música, luz e figurino – devem ser utilizados para envolver e encantar os jovens. “Simplesmente por crer que deve ser assim o início de um grande amor”. Píramo e Tisbe utiliza todas essas ferramentas para hipnotizar o público. De acordo com Capella, no entanto, não existem fórmulas e receitas prontas para encantar. Para ele, há apenas bom ou mau teatro, sejam eles grandes, pequenos, com música ou sem som algum. “O teatro tem que ser bem-feito e, de preferência, reacender a fé humana, dialogar com o homem. É só isso.”

Foto Beatriz lefèvre

Além do real

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Ele conta que já fez peças com palco vazio, poucos atores, com dificuldades financeiras e nem por isso deixou de chamar a atenção. “Em Píramo e Tisbe reencenamos a obra em um teatro que é um oásis no cenário brasileiro. Então foi possível nos expressarmos livremente com as condições necessárias para criar”, afirma. Capella discorda da ideia de que uma encenação grandiosa remete a um teatro do entretenimento. Na verdade, ele dispensa esse tipo de espetáculo exatamente pela importância do público que atinge. “Fazer teatro meramente como entretenimento para crianças é imperdoável, pois nós, adultos, somos os responsáveis pelo que mostramos a elas”, teoriza. O dramaturgo, assim como a Nau de Ícaros, também não acredita em uma grande diferença entre a forma do teatro adulto e a do infantojuvenil. Para ele, cada pessoa recebe o que é encenado de maneira diferente. “Existem adultos que perdem a criança dentro deles e outros que não: meus trabalhos são para estes últimos, tenham a idade que for.”

39 Teatro hoje “O teatro é, sempre foi e sempre será uma tribuna para discutir a vida do homem” Vladimir Capella

Foto Ronaldo Gutierrez

Real ou ficcional?

Mantovani contou com a diretora Laís Bodanzky para a montagem de Menecma por se considerar velho demais para aprender agora como dirigir uma peça. Mas sua participação durante os ensaios foi intensa e, de acordo com ele mesmo, beirou o exagero. “No cinema, detesto filmagem, não visito set, mas no teatro eu gosto muito e fico me metendo toda hora; achei que os atores e a Laís iam me proibir de entrar no teatro de tanto que eu mudava o texto.” As alterações só pararam com a publicação definitiva do texto da peça em um livro da Sesi-SP Editora. Na obra, Mantovani também optou pela publicação de suas anotações para orientar os atores e uma interessante análise psicanalítica da gênese de Menecma e de seus personagens. Em seu processo criativo, Mantovani busca a influência de um teatro menos realista. Suas influências passam por Samuel Beckett (1906–1989), Shakespeare (1554–1616), Alfred Jarry (1873–1907) e Caryl Churchill (1938), além da clássica obra A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud (1835–1930), que Ao lado e na página 41: a peça Píramo e Tisbe, de Vladimir Capella.

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influencia todo o processo criativo do dramaturgo. “Fico ligado no que meu inconsciente me sopra para me ajudar a solucionar problemas que encontro no momento da escrita; prefiro deixar o espírito criativo me levar do que estudar a teoria teatral”. Ao contrário de Mantovani, a direção sempre acompanhou a carreira de Capella. Sem nunca ter estudado formalmente, considera que o dramaturgo e o diretor cresceram juntos. “É difícil saber onde começa um e termina o outro: eles se misturam para sair o que acontece no palco”. Suas influências são de todos os autores que discutem a existência. “Tenho uma predileção inegável por histórias tristes, mas isso é um gosto pessoal, meu modo de sentir o mundo”, relata. Da mesma forma que o autor de Menecma, Capella é claramente influenciado por temas do inconsciente. O livro com o texto de Píramo e Tisbe, também publicado pela Sesi-SP Editora, apresenta como introdução análises e reflexões do médico e psicoterapeuta junguiano Bernardo de Gregório e da psicanalista Miriam Chnaiderman. “Meus trabalhos em geral falam sobre as dores humanas, sobre perdas, superações e sonhos: buscam respostas aos mistérios indecifráveis da alma humana”, analisa. Para conseguir passar essa ideia ao público, Moreira tem feito o exercício de prestar atenção em como as pessoas narram suas experiências reais e quais as situações ficcionais dessas histórias. “O que me interessa no momento é entender a teatralidade na vida e a realidade no palco”, comenta. E isso é parte fundamental da metodologia que, em conjunto com a Cia. Cênica Nau de Ícaros, originou o livro Menor que o Mundo, publicado pela Sesi-SP Editora, que, além do texto final, traz o registro do trabalho feito para o desenvolvimento da dramaturgia em conjunto com os “nauvegantes”, que é como se denominam os integrantes do grupo teatral.

Foto Ronaldo Gutierrez

Por André Toso

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E CONOM I AC R IA TI VA

Um Fracasso, um Sucesso e uma OPORTUNIDADE POR John Howkins LEIA A PALESTRA DO BRITÂNICO JOHN Howkins PROFERIDA NO Seminário Internacional sobre Economia Criativa, Cultura e Negócios QUE OCORREU NO SESI-SP NOS DIAS 17 E 18 de abril de 2012

Quero falar sobre um fracasso, um sucesso e uma oportunidade. Primeiramente, alguns fatos. A economia criativa é uma parte real e substancial da vida moderna. Muitos setores, por si próprios, são pequenos, mas, em conjunto, eles podem causar um grande impacto. Criatividade, inovação e crescimento são a hélice tríplice de uma sociedade saudável voltada para o futuro. As pessoas que trabalham nessas áreas são mais bem-educadas, mais cosmopolitas e mais empreendedoras do que as pessoas dos outros setores. Elas vivem a expressão “pensar é uma ocupação adequada”. Isso está claro no modo como os jovens usam redes on-line para conseguir audiência e testar seu talento. Vemos isso na explosão das maneiras engenhosas de se escrever um código de programa para permitir que as pessoas produzam, compartilhem, criem tags, remixem e publiquem mídia digital, como TV, filme e música. Vemos isso no uso da busca on-line, nos “grandes dados” e algoritmos complicados para mudar o modo como fazemos, armazenamos e usamos as informações. Vemos isso no extraordinário crescimento do estilo da moda e em seu impacto significativo sobre tecidos, roupas, vidas úteis de produtos e vendas no varejo. Esses são os fatos do que realmente aconteceu. Mas, onde está o fracasso? O fracasso é termos sido lentos para entender todas as implicações.

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Capa do livro Cidades Criativas, arte de Dora Levy.

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As empresas criativas usam ativos diferentes e modelos comerciais diferentes. Seus empreendedores têm ambições diferentes para si mesmos e atitudes diferentes perante o risco. Muitos deles organizam seus próprios negócios não porque querem ser um gerente ou ganhar rios de dinheiro, mas porque essa é a melhor maneira de manter o controle sobre suas ideias. Nada disso se adapta ao pensamento econômico tradicional. Os inúmeros governos que lideraram a promoção dos setores criativos deixaram de entender isso. Sua abordagem à política macroeconômica não mudou, como pode ser visto nas respostas à crise financeira europeia. As atitudes diante do risco, do patrimônio e do débito pouco mudaram. As atitudes perante as taxas de juros, depreciação e contabilidade financeira não mudaram. As atitudes perante o aprendizado, a educação e o treinamento parecem presas ao passado. Ao se comparar os méritos relativos do poder militar e do poder político, a maioria dos governos ainda aspira por aquele. De outro lado, ainda há uma tendência para se ver o patrimônio cultural como o caminho onde grande parte das evidências sugerem que a criatividade repudia o patrimônio tanto quanto o respeita. Esses são assuntos complexos, porém mal começamos a entendê-los. E onde está o sucesso? O sucesso tem uma origem surpreendente: o rejuvenescimento da cidade. A criatividade acontece quando uma determinada pessoa de um determinado local começa a pensar de uma determinada maneira e quando essa maneira passa a ser diferente, mais atraente, mais elegante e, portanto, mais interessante para os outros. Isso acontece mais depressa nas cidades. Em todas as épocas, as cidades têm sido os locais onde as pessoas se sentem mais confiantes e mais confortáveis em arriscar uma novidade. Nas cidades de hoje, isso é ainda mais verdadeiro. Naturalmente, a criatividade pode acontecer em qualquer lugar. Muitos artistas são pessoas solitárias. Mas todo sistema econômico precisa de grupos de pessoas que conheçam umas as outras, permutem direitos e negociem contratos. Os mercados funcionam melhor nas cidades. Assim como a

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VA IA TI E CONOM

I AC R

agricultura precisa de terra e as fábricas precisam de energia e equipamentos, uma economia criativa precisa de recursos humanos – pessoas inteligentes. Uma economia criativa precisa de uma cidade do mesmo modo que uma cidade precisa de uma economia criativa. Os investidores, agentes e produtores precisam estar tão perto quanto possível de outras pessoas do setor. As empresas precisam estar próximas dos mercados de mão de obra, seja na mineração, seja na agricultura, seja na fábrica ou seja na mídia. O símbolo brilhante do sucesso da economia criativa é, portanto, a ascensão da cidade moderna, com seus novos edifícios surpreendentes, suas multidões, seus agrupamentos e sua diversidade cultural, seus estudantes, forasteiros e dissidentes, suas elites, estrelas e aglomerações de indústrias, suas tendências liberais e seus segredos, suas oportunidades de sonhar, fazer estágios e iniciar o trabalho, sua loucura. Estou falando da cidade, mas dentro de cada cidade há uma rede complexa de lugares, bairros, distritos, ruas, becos e esquinas. Cada um tem uma aparência, um gosto, um sabor e um aroma diferente. A três minutos de minha casa estou na Bond Street com as lojas luxuosas mais caras e as galerias de arte de Londres. A três minutos na outra direção estou no centro da indústria cinematográfica de Londres e dos bares e clubes do Soho, com sua mistura de mau gosto e comportamentos estranhos. Uma economia criativa precisa de esquinas ocultas privadas e de lugares abertos ativos. Ela precisa de lugares calmos afastados e lugares sociais barulhentos uns ao lado dos outros. O processo criativo, especialmente no design e na mídia, baseia-se no acúmulo competitivo e volátil de ideias. A criatividade floresce nos buracos e nas fendas, mas uma economia criativa precisa de varejistas e pontos de venda. O desafio de hoje é como aproveitar esse sucesso. Como podemos entender essa ecologia urbana e proporcionar a mistura correta de recursos, ativos, instituições e redes? Qual é o papel do governo? Qual é o papel das normas? Qual é o saldo entre regras e liberdade? Qual é a visão de São Paulo sobre isso?

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John Howkins foi o criador do termo “economia criativa”, em seu livro Economia Criativa: como as pessoas fazem dinheiro com ideias, publicado em 2001. Ele defende que o sucesso não depende apenas de dinheiro, máquinas e equipamentos, mas sobretudo de boas ideias. Ele vê se abrir no século xxi um espaço inédito para novas formas de fazer e de pensar, sustentadas pelo talento das pessoas.

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Nelson Rodrigues, jornalista, cronista, dramaturgo e escritor, torcedor fanático do Fluminense e dotado de uma verve imbatível para a crítica dos valores mais sagrados da sociedade de sua época, é uma daquelas figuras controversas que despertam paixões – sejam elas de ódio, sejam de admiração. O jornalista Ruy Castro é um dos maiores conhecedores de sua obra. Com a autoridade de quem é autor da mais completa biografia já publicada sobre Nelson Rodrigues, ele escreve para a Revista Ponto sobre as duas peças rodriguianas em cartaz no Teatro do Sesi-SP até o fim do ano: A Falecida e Boca de Ouro.

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O ANJO PORNOGRÁFICO COMPLETA 1OO ANOS

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Nelson Rodrigues arte de Nasha Gil.

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a faleciDa POr ruy casTrO

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Foto João Caldas

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O que me interessa é a pessoa em particular. A história que vá para o diabo que a carregue, e Marx que vá tomar banho.

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Em 1953, metade do planeta vivia sob a égide do “realismo socialista” criado pelo teórico stalinista Andreï Jdanov. Era uma teoria segundo a qual todas as histórias deveriam ter um final “positivo”, que ressaltasse as conquistas do proletariado. Se isso valesse para o teatro de Nelson Rodrigues, em Vestido de Noiva, depois de receber o buquê das mãos de Alaíde, Lúcia deveria tirar o vestido de noiva, enfiar-se no macacão e ir para a fábrica ou para a reunião do sindicato. Naquela época, os críticos de esquerda, que ainda não tinham rompido definitivamente com Nelson, reconheciam que ele fazia um teatro antiburguês, mas ficava no meio do caminho. Ou seja, seus personagens não se engajavam na preocupação com a história ou com as grandes massas. Perguntado a respeito, Nelson respondia:

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Pois, com tudo isso, Nelson às vezes ligava o rádio naquele ano e ouvia acusações de que era “um tarado”, além de ser “um dos instrumentos do plano comunista da Última Hora para destruir a família brasileira”! Quem dizia isso era o jornalista Carlos Lacerda, citando Karl Marx e Friedrich Engels, para mostrar o péssimo conceito em que os dois filósofos alemães tinham a família, e lendo trechos de A Vida como Ela É..., para provar que Nelson fazia parte do movimento comunista internacional. Quem ouvisse Lacerda falando aquilo pelo rádio, e não conhecesse Nelson, era bem capaz de acreditar. Mas qualquer um que já tivesse trocado duas palavras com ele só poderia rir. Em sua campanha para arrasar Getúlio Vargas, Carlos Lacerda tinha primeiro de destruir Samuel Wainer e o Última Hora. Para isso, valia tudo, até insinuar que Nelson, além das papinhas para a úlcera, também comia criancinhas no café da manhã. Carlos Lacerda estava cansado de saber que Nelson era quase tão anticomunista quanto ele, e que sua presença na Última Hora, entre todos aqueles esquerdistas do jornal, era até uma excrescência. Foi nesse clima que Nelson estreou sua nova peça. Quando os personagens de A Falecida disseram suas primeiras falas no palco do Teatro Municipal, no dia 8 de junho de 1953, a plateia levou um susto. A atriz Maria Luísa Mendonça representa Zulmira em A Falecida, encenada no Teatro do Sesi-SP.

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A peça tratava de uma sofrida mulher do subúrbio carioca, a tuberculosa Zulmira, cuja única ambição na vida era um enterro de luxo, com cavalo de penacho e outros bichos. Seu marido Tuninho, tricolor fanático, só pensava em futebol. Jogando uma sinuca imaginária, e exclamando “Pimba!” a cada tacada, os personagens se referiam a Carlyle, atacante do Fluminense, Pavão, beque do Flamengo, e Ademir, craque do Vasco, jogadores então em atividade. Zulmira, pouco antes de morrer, manda Tuninho procurar o milionário Pimentel. Ele pagaria seu enterro de luxo. Zulmira morreu, Tuninho foi ao milionário e descobriu que ele era amante de Zulmira. Tomou-lhe o dinheiro, deu a Zulmira um enterro de cachorro e partiu para torrar o dinheiro em apostas. No Teatro Municipal, a plateia parecia horrorizada: Mas como??? Futebol no Municipal! Onde é que nós estamos?

50 De fato, a aura que cercava o Teatro Municipal não autorizava certas liberdades. As pessoas mandavam fazer roupa para frequentá-lo, como se estivessem em Paris ou Milão. Era um palco reservado a óperas, concertos, oratórios sacros e peças “sérias”. E as peças anteriores de Nelson, por mais chocantes que fossem, eram sérias. Mas A Falecida estava cheia de gaiatices. Em certo momento, um personagem diz: A solução do Brasil é o jogo do bicho! Eu, se fosse presidente da República, punha o Anacleto [um bicheiro da época] como ministro da Fazenda! Sem falar nas referências geográficas, que tornavam A Falecida tão carioca quanto uma chanchada da Atlântida ou quanto uma coluna de A Vida como Ela É..., a nova coluna que Nelson agora escrevia diariamente na Última Hora. Hoje isso parece claro. Nelson deixou que a cor local de A Vida como Ela É... contaminasse A Falecida e marcasse o rompimento de seu teatro com o ambiente mítico e sombrio das primeiras sete peças. A história agora podia ser dramática, como a de A Falecida, mas alguns personagens eram mesmo gaiatos, falavam a gíria corrente, estavam vivos. Cenário e tempo não eram “qualquer

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lugar ou qualquer época”, como nas outras peças, mas a Zona Norte do Rio (a Aldeia Campista) ou a Cinelândia. O tempo era hoje, 1953. E a peça era engraçada, não havia como não rir – embora Nelson advertisse no programa que, se alguém risse, seria por conta própria. Ele tinha classificado A Falecida como uma “tragédia carioca”, mas, virada pelo avesso, ela era uma comédia e, a partir de agora, suas peças seriam seriam assim. Seria o reencontro de seu teatro com o sucesso comercial. E, pelo que ele já tinha enfrentado, não era sem tempo. Cansado de desagradar a plateia, os críticos e a censura, Nelson agradaria agora pelo menos a si mesmo. E quanto às referências ao futebol, ele achava que já estava na hora de os personagens da literatura brasileira aprenderem, pelo menos, a “bater um escanteio”.

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Maria Luísa Mendonça e Rodrigo Fregnan em cena de A Falecida, direção de Marco Antônio Braz.

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boca de ouro POR RUY CASTRO

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De onde Nelson Rodrigues pode ter tirado essa ideia? Uma peça em torno de um homem com uma dentadura toda de ouro! Bem, quer saber? Da vida real. Em 1960, o ônibus que Nelson tomava quase todo dia na Central do Brasil para ir almoçar com sua mãe no Parque Guinle era o 115, da linha Laranjeiras/Estrada de Ferro. Um dos motoristas, um pernambucano chamado Rubem Francisco da Silva, gostava de se exibir: tinha 27 dentes na boca, mas eram todos de ouro. Abria a boca no ponto final da rua General Glicério e dizia:

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Olha só! Pode contar, um por um! E não é coroa, é maciço! Ouro 24 quilates! Não se sabe se, rodando diariamente da Central às Laranjeiras com aquela boca de milhões, Rubem, tão exibicionista, viveu para ver o espetáculo. Mas Nelson capturou a ideia, combinou-a com um personagem real do submundo carioca, o bicheiro Arlindo Pimenta, e, com esse material, produziu sua nova peça: Boca de Ouro. A exemplo de Álbum de Família, Anjo Negro, Senhora dos Afogados e Perdoa-me por me Traíres, também Boca de Ouro ficou engasgada na censura e atravessou alguns meses de 1960 proibida, até Nelson desembaraçá-la com o ministro da Justiça de Juscelino, Armando Falcão. Como novidade, Ziembinski levou-a para montá-la em São Paulo, em dezembro, no antigo Teatro Federação, mais tarde Cacilda Becker. Seria a primeira estreia paulista de Nelson – e acabou sendo a única, porque foi um retumbante fracasso. Um dos motivos, o de que Ziembinski, contra todas as evidências de que não daria certo, insistiu em ser, ele próprio, o Boca de Ouro. Tudo bem que Nelson tinha definido o personagem como o “Drácula de Madureira”, o “Rasputin suburbano”, mas essas imagens centro-europeias não obrigavam o ator que o representasse a falar com um sotaque da Transilvânia. A não ser que Ziembinski atribuísse aquele sotaque ao fato de que Boca de Ouro talvez fosse filho de uma polaca do mangue. Mas claro que não podia dar certo: Boca de Ouro era um malandro de subúrbio carioca, com ginga, malícia e swing próprios – o que Ziembinski, com toda a sua vivência do Rio, era incapaz de reproduzir. Foi essa a opinião do crítico Décio de Almeida Prado, com a qual Sábato Magaldi concordou. E, com isso, Boca de Ouro encerrou rapidinho sua temporada em São Paulo.

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Marco Ricca protagoniza Boca de Ouro, no Teatro do Sesi-SP, em cena com Lívia Ziotti.

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“É o nosso Dante!”

Foto João Caldas

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Mas a peça ressuscitou gloriosamente no Rio um mês depois, em janeiro de 1961, com direção de José Renato e elenco perfeito: Milton Morais, como Boca de Ouro; Vanda Lacerda, como sua ex-amante, Guigui; Ivan Cândido, como sua suposta vítima, Leleco; Beatriz Veiga, como sua nova amante, Celeste; e Tereza Rachel, como sua assassina. Em seu habitat natural, Boca de Ouro ganhou outra dimensão, que levaria Hélio Pellegrino a escrever uma ode sobre o personagem em O Jornal. Abram aspas para o Hélio. “Boca de Ouro, nascido de mãe pândega, parido num banheiro de gafieira, tendo perdido o paraíso uterino para defrontar-se com uma realidade hostil e inóspita, sentiu-se condenado à condição de excremento”, escreveu Hélio. “Seu primeiro berço foi a pia da gafieira, onde a mãe, aberta a torneira, o abandonou num batismo cruel e pagão. Essa é a situação simbólica pela qual o autor, com um vigor de mestre, expressa o exílio e a angústia humana do nascimento, o traumatismo que nos causa, a todos, o fato de sermos expulsos do Éden e rojados ao mundo, para a aventura do medo, do risco e da morte. Boca de Ouro, frente a essa angústia existencial básica, escolheu o caminho da violência e do ressentimento para superá-la. Ele, excremento da mãe, desprezando-se em sua enorme inermidade de rejeitado, incapaz de curar-se dessa ferida inaugural, pretendeu a transmutação das fezes em ouro, isto é, de sua própria humilhação e fraqueza em força e potência”. “Essa alquimia sublimatória – continua Hélio –, ele a quis realizar através da violência, da embriaguez do poder destrutivo pela qual chegaria à condição de deus pagão, cego no seu furor, belo e inviolável na pujança da sua fúria desencadeada. Ao útero materno mau, que o expulsou e lançou na abjeção, preferiu ele, na sua fantasia onipotente, o caixão de ouro, o novo útero eterno e incorruptível onde, sem morrer, repousaria.” Fechem aspas. Complicado, não? Mas Nelson adorou. Quando uma autoridade como Hélio Pellegrino se debruçava sobre a obra de Nelson Rodrigues, parecia um aviso de que a obra do dramaturgo era para ser levada mais a sério do que pensavam os críticos, os jornalistas, os censores, o público e, quem sabe, o próprio Nelson. Ele acabou der ler aquele texto com lágrimas nos olhos. Apontou para Hélio e exclamou:

Marco Ricca como Boca de Ouro.

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TEM, MAS ACABOU A temporada de Mistero Buffo já terminou, mas ainda dá para ver a peça

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Foto Carlos Gueller

Era noite de sábado, e uma pequena confusão se formava na frente da bilheteria do Teatro Sesi-SP. Apesar de dois grandes banners negros avisarem que os ingressos para as últimas apresentações de Mistero Buffo estavam esgotados, muita gente ainda fazia fila na esperança de surgir alguma desistência. A espera foi em vão: a sala estava realmente lotada, e aparentemente quem conseguiu o seu ingresso a tempo não estava nem um pouco disposto a se desfazer dele. Quando soaram as primeiras campainhas convocando a plateia para entrar no teatro, a decepção de quem ficou de fora se revelou em um sonoro lamento coletivo. Do alto da escada de acesso à bilheteria, um par de grandes olhos verdes assistia ao tumulto com um brilho de satisfação difícil de disfarçar. Não era para menos: a ansiedade do público para conseguir um lugar no teatro para assistir a Mistero Buffo era a melhor tradução do sucesso da empreitada de Neyde Veneziano, que começou com a tradução do italiano de Dario Fo, passando pela adaptação da obra e chegando até a direção do espetáculo. Os números falam por si mesmos: na temporada de 55 apresentações, mais de 18.800 pessoas assistiram à peça, quase sempre lotando o teatro. Um dos motivos da repercussão tão positiva foi a adaptação por alguém que realmente sabia o que estava fazendo.

Fernando Sampaio e Domingos Montagner em cena de Mistero Buffo.

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Foto Carlos Gueller

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O caminho até Dario Fo começou no fim da década de 1980, quando Neyde dirigiu a peça O Arlecchino, com os formandos da primeira turma de Artes Cênicas da Unicamp. Essa montagem marcou época no Brasil pelo pioneirismo no emprego do formato da commedia del’arte, que é justamente a grande escola de Fo e também um dos pilares do Teatro de Revista que esteve tão em voga no Brasil na primeira metade do século xx. Neyde já era uma grande conhecedora do assunto, desde que escolheu o Teatro de Revista como tema de seu mestrado e doutorado. Inclusive, a Sesi-SP Editora prepara para o primeiro semestre de 2013 a publicação de O Teatro de Revista no Brasil: dramaturgia e convenções, dissertação de mestrado que Neyde defendeu em 1991, como parte da Coleção Teatro Popular do Sesi. Quando chegou a hora de ir para o exterior para fazer seu pós-doutorado, uma sugestão do teatrólogo Sábato Magaldi foi o empurrão que faltava para que ela escolhesse a Itália para estudar a obra de Dario Fo com o próprio. Declaradamente apaixonada pela estética do teatro popular, Neyde Veneziano se delicia com a capacidade dessas peças de abordar assuntos sérios de uma maneira leve, bem-humorada, e de um jeito que acaba transformando a plateia de uma forma fascinante. “Em geral intelectuais falam sobre coisas simples de uma maneira complexa. Já o povo fala de assuntos complexos de um jeito simples”, diz a diretora. A busca dessa linguagem cotidiana e popular caiu como uma luva para a tradição circense do Grupo La Mínima. A familiaridade com a linguagem clown dos atores permitiu que a adaptação de Neyde trouxesse a criação de Dario Fo para o contexto da realidade e da linguagem popular brasileira de maneira sutil e consistente, sem comprometer em nada sua linguagem e seu formato. O entrosamento de Domingos Montagner e Fernando Sampaio, fruto de 15 anos de parceria no palco, consegue fazer o público se envolver com as histórias que contam a ponto de esquecer que se está em um teatro. E quando isso se soma à impressionante polivalência musical de Fernando Paz, que executa no palco boa parte da trilha sonora do espetáculo, a plateia tem garantida quase duas horas de riso solto em uma estética apurada.

Ao lado: Os antigos jograis medievais são a principal linguagem de Mistero Buffo.

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Por Régis de Godoy-Rocha

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Foto Carlos Gueller Foto Carlos Gueller

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Dario Fo conta com uma trajetória que é reflexo de um gênio criativo e engajado. Estudante de arquitetura que acabou se apaixonando pelo teatro, foi mundialmente consagrado como um dos maiores dramaturgos do século xx ao receber o Prêmio Nobel de Literatura em 1997. Trouxe para sua obra muitas histórias que ouviu na infância, misturando-as com uma linguagem política que é fruto do ideário esquerdista que cultiva desde a juventude. Até hoje, aos 86 anos de idade, ele ainda se mantém ativo — recentemente começou a pintar e esculpir, e nunca deixa de exercer a militância política: foi candidato à prefeitura de Milão em 2006, pelo Partido da Refundação Comunista. Escrita e encenada pela primeira vez no fim da década de 1960, quando o mundo inteiro estava em plena efervescência política e a Itália atravessava uma severa crise econômica, Mistero Buffo talvez seja uma das obras em que essa abordagem revolucionária seja mais evidente. Usando o formato de jograis – teatros populares da Idade Média, encenados por artistas do povo nas praças dos burgos geralmente com temática catequética –, Dario Fo escreveu mais de 20 monólogos que, usando o passado como metáfora do presente, denunciavam a luta de classes e defendiam a causa operária com um humor inocente e de fácil assimilação. A plateia que assistiu às últimas apresentações de Mistero Buffo mal percebeu a presença de câmeras que filmavam o espetáculo. A temporada no Teatro terminou, mas a Sesi-SP Editora está preparando o lançamento de um DVD da peça, sob a direção e produção do videomaker Raimo Benedetti. Além da íntegra do espetáculo, que Benedetti vem cuidadosamente adaptando ao formato audiovisual, o DVD também trará um documentário sobre Mistero Buffo e Dario Fo, com entrevistas com o Grupo La Mínima e Neyde Veneziano. “A ideia é fugir do teatro filmado, levando para o vídeo a mesma experiência das plateias do teatro”, explica Benedetti. Serão usadas também fotos da fase de preparação da peça, oferecendo novos enfoques para quem tiver Mistero Buffo em sua coleção de DVDs. Sorte daqueles que tiveram de voltar para casa sem conseguir um ingresso.

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AUDIOVISUAL

SELO

O grupo La Mínima tem 15 anos de trajetória na linguagem circense.

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sermãO em hONra De bacO e favOrável aOs que bebem VINUM LAETIFICAT COR HOMINIS: o viNho AlEGRA o coRAção do hoMEM (sAlMos, 103, 16).

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o TEmpo E O viNhO

o g Rá fI c o O “sermãO” que se lê em seguiDa cONsTa De PreciOsa e mui rara

PoR clAUdio GioRdANo

PlaqueTa recém-aDquiriDa Pela bibliOTeca viNária rePPucci. TraTa-se De liTeraTura De CoLPortAGe, iNiciaDa já NO séculO xv e que equivale aOs NOssOs cOrDéis. Os CoLPorteurs sãO cONsiDera-

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DOs Os ageNTes DOs PrimeirOs imPressOres,

eNcarregaDOs

De

Divulgar as NOvas PublicaçÕes Pelas feiras Da eurOPa. mais TarDe essa aTiviDaDe PassOu a ser O gaNha-PãO De cegOs e meNDigOs, que veNDiam imPressOs De gOsTO POPular e, em fase POsTeriOr, PlaNfleTOs De caráTer religiOsO. O TexTO é TraDuçãO NOssa DO OrigiNal De 16 PágiNas imPressO NO séculO xviii, sem iNDicaçãO De DaTa Nem De imPressOr, e iNTiTula-se serMoN De BACCHus eN fAVeur Des BuVeurs. as ilusTraçÕes sãO DO imPressO; a cOm O DísTicO “DONec TOTum imPleaT” é emblema Da OrDem Da bebiDa, célebre sOcieDaDe báquica De avigNON, Na fraNça.

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Parece-me, caros ouvintes, ouvir a voz de alguns críticos bebedores d’água, de semblante contraído, olhar severo, dizer-me com ênfase: — Vinum et mulieres faciunt apostatare sapientes (Eclesiastes, 9, 2): O vinho e as mulheres são a peste do corpo, o veneno dos sentidos e a perdição da alma. De minha parte, respondo-lhes com vivos argumentos, que se tivessem mente suficientemente esclarecida, esclarecimento assaz inteligente, far-lhes-ia logo compreender o sentido dessa passagem, revelando-lhes que é esse tipo de má mulher que o demônio deixou que perseguisse Jó, e desse vinho de punição que Deus deu a beber aos inimigos de seu povo, do qual se fala no Deuteronômio (32; 32; 33): Que os grãos de suas uvas assemelham-se a grãos de fel, e seu vinho ao fel dos dragões, de que fala a Escritura. De fato, existe algo pior do que uma mulher má, algo pior do que submeter a paciência de um sábio a tão rude prova como a de um vinho ruim? Mas, senhores, se existe um vinho capaz de enfurecer o sábio, é o vinho da maldição, o vinho de Brétigny, mas não o vinho encantador, esse licor adorável, que o fecundo calor do sol produz em nossas colinas, e que Deus oferece a beber aos justos de seu povo: Praeparabo illis vinum deliciosum: Dar-lhes-ei vinho delicioso (Provérbios, IX, 5). Deixemos, pois, murmurarem os críticos, sem dar atenção a suas surpresas sofistas. Que os raios e os anátemas caiam sobre essas raças ímpias, que não querem participar da recompensa celeste, isto é, beber do vinho encantador que o céu nos promete e nos envia para alegrar-nos os corações: Vinum laetificat cor hominis: O vinho alegra o coração do homem. Se estas palavras vos assustam, recorrei ao mesmo vinho. Enquanto ides cantar um hino em louvor do deus Baco, vou fazer a minha parte: Deus, protetor do tonel, Sempre que entoo Um canto em tua honra Jamais a tristeza perturba A alegria de meu coração. Osmen e Achemet, assaz versados nas terríveis ciências, têm afirmado que deixar de beber é tornar-se miserável, dar-se um gosto antecipado da morte e tornar esta vida um inferno. De fato, existe algo mais natural ao homem

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aTeNçãO

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do que beber vinho? Bonum vinum laetificat cor hominis: O bom vinho é o amigo do coração e sustento da vida; é justamente isso que destacou Bruno em sua segunda: Vinum mortem pellit: o vinho combate a morte. E Caromollon, cujo mérito nos é bem conhecido, exorta-nos a refletir sobre a vida do mísero Maomé, que proíbe o vinho a seus seguidores e o rotula de tortor animarum, praeda infernorum, instrumentum diabolicum. Esse ímpio bem sabia que in vino veritas... que no mesmo instante em que esses miseráveis provassem do delicioso licor teriam os olhos abertos e diriam com os verdadeiros filhos de Baco: O quam bonum et jucundum bibere fratres in unum!: Que imenso prazer ver os irmãos bebendo unidos! A excelência do vinho, sua necessidade e o bom uso que dele se deve fazer são as três coisas que pautarão meu discurso e darão seriedade à matéria.

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PrimeirO PONTO

A excelência de uma coisa decorre normalmente de dois princípios: primeiro de sua causa; segundo, de seus efeitos. O mesmo se dá com o vinho, quer olhemos sua causa: omnis arbor bonus bonos fructus facit: toda boa árvore dá bons frutos; quer olhemos seus efeitos, nós o encontraremos igualmente excelente, sob qualquer aspecto. Teria havido em algum tempo planta mais recomendável do que a vinha, à qual o Senhor, após comparar a boa mulher a ela — Uxor tua sicut vitis abundans: a mulher assemelha-se a uma vinha abundante (Salmos 27, 3) —, escolheu identificá-la consigo mesmo: Ego sum vitis et vos palmites: Eu sou a vinha e vós os sarmentos (João, 15, 5)? E também, como diz Mateus: Numquid colligunt de spinis uvas? (Mateus, 7, 16): Não são as sarças nem os espinhos que produzem uvas. Uma das maiores virtudes da mulher forte é economizar para plantar a vinha. Et de fructu manuum suarum plantavit vineam (Provérbios, 30, 17): E com o fruto de suas mãos ela plantará a vinha . Noé tornou seu nome muito mais conhecido para a posteridade pela cultura da vinha do que pela construção da arca. Esse bem-aventurado pai encontrou a pedra filosofal que nossos químicos procuram tão inutilmente, quando nos revelou a adega miraculosa do vinho delicioso, que sabemos admirável e sobrenaturalmente excelente em sua causa e origem.

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Falemos, porém, de seus efeitos, e nos convenceremos dessa mesma verdade. Laetificat cor hominis: Ele alegra o pobre coração abatido do homem, é-lhe consolo em suas aflições. Dá-lhe forças, é-lhe conforto em suas misérias. Salomão nos ensina nos Provérbios (3, 6), que é remédio para as chagas, como diz também Lucas (10, 34): Infundens oleum et vinum alligavit vulnera: Misturando um pouco de azeite com vinho, fez um unguento e um preparado para suas feridas. O vinho é inimigo da corrupção, é ele que produz virgens – vinum germinans virgines (Zacarias, 9, 17) – e tendo em si fecundo calor possui o princípio de nossa vida; é com ele que se descobre a verdade: in vinum veritas (Plínio). Nele encontraram nossos ancestrais seu entusiasmo. Dele nossos adivinhos obtiveram seus pendores premonitórios. E o que escolheram para representar o néctar, a ambrosia? Nada a não ser os excelentes vinhos de Frontignan, das Canárias, os Ciotat da Espanha e de Málaga. Que ouço dizer nas Escrituras? Que ele é bebido até no céu, como se lá não existisse a felicidade perfeita sem o vinho. Mas que necessidade tenho de buscar razões de retórica se tenho em mãos a experiência para convencer-vos com mais força. Eu vos intimo todos a renová-la, e é pelo apelo dessa renovação que encerro o primeiro ponto, entornando esta taça de vinho. seguNDO PONTO

A necessidade de uma coisa se extrai principalmente da finalidade para a qual ela foi criada; claro que se deve concluir daí que o vinho é absolutamente necessário. Ele é necessário, senhores, na religião; é necessário para o sustento das nações. É nesse licor que nossos soldados tomam coragem, é o que os faz combater com tanta audácia. Tomaram desse suco? Pois, seu natural de galinha converte-se no de leão; os mais frouxos nele encontram a generosidade, e é a ele que, bem a propósito, nossos poetas deram o epíteto de vinum generosum: vinho generoso, que nos faz sobrepujar com intrepidez tudo quanto se opõe à nossa glória; é por sua virtude que nossos franceses não apenas conservam suas fronteiras, mas as ampliam todos os dias. No tocante às famílias e aos particulares, sua necessidade é facilmente explicada, pois eu já disse que ele nos faz suportar e resistir às agressões e malignidades do ar, restaura-nos as forças e produz mil outros efeitos dos quais temos provas diárias. Mas avanço mais e venho de estabelecer-vos sua necessidade mediante duas fortes considerações.

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P O N b TO Ib lI o g Rá fI c o

A primeira, porque sua abundância foi sempre uma recompensa, uma bênção para os justos. A segunda, pelo oposto disso: a escassez foi sempre uma maldição contra o pecador. Busquemos os exemplos da primeira consideração: encontraremos que na passagem do povo de Israel do Egito para a terra prometida, Deus transportou a videira: Vineam de Aegypto transtulisti, ejecisti gentes, et plantasti eam, diz Davi (Salmos, 79, 9): Transportastes a vinha do Egito, expulsastes as nações, e a plantastes. Descobrimos também que o primeiro sinal que o Senhor quis dar ao seu povo da bondade da terra para onde os conduzia, foi fazê-los encontrar um cacho de uvas que dois homens mal podiam carregar. Feliz clima! Mais ainda, felizes seus habitantes. Na nova lei, Ele não quis que faltasse vinho nas bodas de Caná. E as famosas adegas de São Martinho e de São Bernardo, que Ele tão maravilhosamente abasteceu, em consideração a seus santos eremitas, devem acabar de persuadir-vos. O Antigo Testamento abre-nos primeiro os olhos: Percussit vineas eorum (Salmos, 104, 33): atingiu os vinhedos deles. Et occidit in grandine vineas eorum (Salmos, 77, 47): Destrói as suas vinhas com o granizo. Escutai a ameaça que Ele faz aos maus: Non erit gérmen in vineis (Habacuc, 3, 17): Não haverá frutos nas vinhas. O que falta, pois, para convencer-vos da necessidade do vinho, a não ser fazer-vos ver o espanto em que se encontraram os banquetes de bodas e os bons religiosos de Claraval e de Marmoutier, quando se viram sem vinho e, entreolhando-se, disseram com os Apóstolos (Mateus, 6, 3): Quid bibemus: O que haveremos de beber? O mesmo espanto em que vos encontraríeis agora, se não tivésseis uma taça de vinho para ajudar-vos a ter a paciência de escutar-me, e a mim para prosseguir neste discurso.

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TerceirO PONTO

Seguir a vontade de Deus é empregar as coisas segundo o fim ao qual se destinam. Sendo o vinho feito para beber-se, seria opor-se aos desígnios do céu não bebê-lo. Si sitit potum da illi, diz São Paulo (Romanos, 12, 20): Se ele tem sede, dá-lhe de beber, mas que seja do melhor, porque as melhores coisas são para os escolhidos: Omnia propter electos (Timóteo, 10, 12), em especial o bom vinho. Produxit foenum jumentis, et vinum ut laetificat cor hominis (Salmos, 104, 14): O Senhor produziu o feno para os animais e o vinho para alegrar o coração do homem.

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Aproximai-vos, caras pálidas; vinde bebedores de água. Tendes ainda a ousadia de persistir em vosso infeliz erro? Acabo de mostrar a excelência do vinho com base em autoridades irretorquíveis, em razões convincentes e provas infalíveis. Demonstrei-vos sua necessidade através de bons argumentos irrefutáveis; ainda assim vós o condenais? Deus o bebeu e vós não quereis bebê-lo! O próprio Senhor embriagou a terra: Visitasti terram et inebriasti eam – diz o profeta-rei (Salmos 64, 9): Visitastes a terra e a embriagastes. A figura dos ébrios também merece respeito, pois Deus amaldiçoou a Cã por ter caçoado de seu pai bêbado. Aprendei, infelizes, que vossas caras pálidas são a marca de vossa reprovação, e as bochechas sadias e vermelhas, sinal de visível e verdadeira elevação: a alegria desenhada em suas fisionomias revela a serenidade de suas consciências, enquanto vossas caras pálidas testemunham corações atormentados. Adversum me machinabantur qui sedebant et me psallebant qui bibebant vinum (Salmos, 69, 13): Os que se sentavam à soleira de suas portas maquinavam inultimente contra mim, e os que bebiam vinho cantavam-me louvores, diz o salmista. Vamos, confrades da garrafa, bebamos todos, sem nos embriagar; tudo nos convida a isso: a excelência do vinho, sua necessidade e a vontade de Deus, que está acima de todas as coisas. Continuemos a plantar cada vez mais vinhas, a fim de que possamos dizer com os filhos de Deus: Seminaverunt agros plantaverunt vineas et benedixit eos (Salmos, 79, 15): Semearam trigo, plantaram vinhas, por isso Deus os abençoou. E dirigindo-Lhe a prece contida no Salmo 79, 15: Deus virtutum vineam quam plantavit dextera: Senhor das virtudes, olhai e vede, visitai e aperfeiçoai esta vinha que minhas mãos vos plantaram – Aquele que jamais abandonou seus servidores quando necessitados, encherá vossos celeiros. Então, do fundo de nossos corações, bebendo em goles vermelhos, abençoaremos seu santo nome: Me psallebant qui bibebant vinum. Convido-vos, pois, a todos a usarem esta bebida deliciosa, que é excelente e necessária. É o que desejo pregar-vos pela palavra e pelo exemplo, tomando esta taça de vinho. Levo manus meas ad coelum et juro bibere in aeternum: Ergo minhas mãos ao céu e prometo beber por toda a minha vida. Fazei o mesmo e encontrareis sempre a alegria neste mundo e o descanso no outro – é o que vos desejo. Boa noite! Fim

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b IblIogRรกfIco

PONTO

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AO PÉ DA LETRA por Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras

COMEÇO DE CONVERSA

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Esta é uma contribuição do Sesi-SP ao esforço de valorização da língua portuguesa, hoje falada no mundo por mais de 280 milhões de pessoas. Claro que o nosso desejo é o de prestigiar a norma padrão, também chamada de culta. É a que se aplica nos exames oficiais e em concursos. Não somos contrários à linguagem popular, mas entendemos que ela possui seu campo limitado às regiões em que isso ocorre. Começaremos abordando as modificações impostas pelo atual Acordo Ortográfico idealizado pelos países lusófonos. Esta seção é interativa. Se você tiver alguma dúvida, envie a pergunta por meio de nosso correio eletrônico. Será respondida com a velocidade possível. Mãos à obra! RIO+20 “A assembléia não gostou dos relatórios apresentados aos chefes de Estado presentes.” Independentemente do teor do material produzido nesse encontro, nenhuma “assembléia” aprovaria qualquer trabalho. Observe: não se admite mais o uso do acento nos ditongos abertos ei e oi das palavras paroxítonas, isto é, aquelas que têm o acento tônico na penúltima sílaba, logo, deve-se escrever assembleia. Período correto: “A assembleia não gostou dos relatórios apresentados aos chefes de Estado.”

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NADA BONITA “A moça chamava atenção pela sua feiúra.” Com certeza ela não era tão feia, o que chamou atenção foi o acento na palavra “feiúra”. No atual Acordo Ortográfico, nas palavras paroxítonas não se usa mais o acento no i e u tônicos, quando vierem depois de um ditongo – feiura. Cuidado: se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final, podendo inclusive ser seguidos de s, o acento permanece. Exemplos: Piauí e tuiuiús. Frase correta: “A moça chamava atenção pela sua feiura.”

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LINDA VISÃO “Os funcionários do Zôo Municipal crêem que o vôo das aves, ao cair da tarde, é uma cena deslumbrante.” Não dá para acreditar, escrevendo: “zôo”, “crêem” e “vôo” com acento. Atenção: não se usa mais o acento nas palavras terminadas em eem e oo/oos – zoo, creem e voo são as formas certas. Período correto: “Os funcionários do Zoo Municipal creem que o voo das aves, ao cair da tarde, é uma cena deslumbrante.” ANIMAL DOMÉSTICO “O gato de pêlo branco não pára de destruir o sofá da sala.” Bem feito! Não há bichano que suporte ter “pêlo” e ver o acento na terceira pessoa do singular do verbo parar: “pára”. É importante saber: não se usa mais o acento diferencial em péla(s)/pela(s), pára/para, pólo(s)/polo(s) e pêra/pera. Frase correta: “O gato de pelo branco não para de destruir o sofá da sala.” APENAS UM LEMBRETE Não se usa mais o trema, sinal que se colocava sobre a vogal u para indicar que ela era pronunciada nos grupos: gue, gui, que e qui. Exemplo: “As sequelas deixadas pelo uso do trema são frequentemente visíveis. Há pessoas que não aguentam escrever sem os dois pontinhos sobre o u. Agora, só se usa em nome próprio. Exemplo: Müller.”

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AMIZADE INCONTESTE “O amigo pode e sempre pôde contar com a minha lealdade.” Perfeito! O acento diferencial do par pôde/ pode permanece, porque pôde é a forma do passado do verbo poder (terceira pessoa do singular do pretérito do indicativo) e pode é a forma do presente do indicativo, na terceira. pessoa do singular. SEM AÇÚCAR “Vou por açúcar no café por estar amargo.” Assim, o café ficará amaríssimo! Continua o acento diferencial em pôr/por. Pôr (com acento) é verbo e por (sem acento) é preposição. Período correto: “Vou pôr açúcar no café por estar amargo.”

L ETRA

AO PÉ DA

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INTERDIÇÃO OBRIGATÓRIA “Este banheiro é antihigiênico para uso. Encontra-se interditado!” Muito justo e não é só uma questão de limpeza, a palavra “antihigiênico” está escrita erradamente. Usa-se sempre o hífen diante de vocábulo iniciado por h: anti-higiênico. Período correto: “Este banheiro é anti-higiênico para uso. Encontra-se interditado.” PROBLEMA EDUCACIONAL “O professor repreendeu o aluno com palavras ásperas. Isso é anti-educativo.” Não há dúvida quanto à atitude do professor, a dúvida é em relação à escrita da palavra “anti-educativo”. Não se usa hífen quando o prefixo termina em vogal diferente da vogal

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PrOjeTO iNDeviDO “O ante-projeto apresentado não foi aceito por ser anti-pedagógico.” De fato, o assunto é sério, mas a escrita errada das palavras “ante-projeto” e “anti-pedagógico” contribuiu para a rejeição. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento começa por consoante diferente de r ou s – “anteprojeto” e “antipedagógico”. Período correto: “O anteprojeto apresentado não foi aceito por ser antipedagógico.” usO cONTrOlaDO “Este antiinflamatório é excelente, mas há a necessidade de autoobservação quanto ao seu uso.” É preciso muito cuidado no uso de remédios, mas também na forma de escrever. Quando o prefixo termina por vogal, usa-se hífen se o segundo elemento começar pela mesma vogal, logo anti-inflamatório e auto-observação. Período correto: “Este anti-inflamatório é excelente, mas há a necessidade de auto-observação quanto ao seu uso.”

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PrecONceiTO “Geralmente uma pessoa anti-social e ultra-resistente não é bem aceita em qualquer comunidade.” Nada mais justo, mas não escrito desse jeito. Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e a segunda palavra começa por r ou s – duplicam-se essas letras: antissocial e ultrarresistente. Frase correta: “Geralmente uma pessoa antissocial e ultrarresistente não é bem-aceita em qualquer comunidade.” Ilustração Rodrigo Yokota

com que se inicia a segunda palavra – antieducativo. Período correto: “O professor repreendeu o aluno com palavras ásperas. Isso é antieducativo.”

rOmaNTismO “Com o coração pulsando forte demonstrou, com sua declaração, ser superromântico.” Nada “superromântico” grafado assim! Quando o prefixo termina por consoante e a segunda palavra começa por essa mesma consoante, o uso do hífen é obrigatório: super-romântico. Período correto: “Com o coração pulsando forte demonstrou, com sua declaração, ser super-romântico.”

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ADMINISTRAÇÃO BANCÁRIA “A subregião sul do banco era controlada por um sub-gerente muito influente na cidade.” Não há administração que dê certo escrevendo “subregião” e “sub-gerente” dessa forma. Observe: o prefixo sub só admite hífen quando o segundo elemento começar por r, h ou b. Nas demais situações não se usa o hífen: sub-região e subgerente. Período correto: “A sub-região sul do banco era controlada por um subgerente muito influente na cidade.” CULTURALMENTE... “A cultura panamericana tem muita coisa em comum.” É verdade, mas a palavra “panamericana” está errada. Usa-se o hífen com o prefixo pan diante de palavra iniciada por vogal, m e n – pan-americana. Observação: essa regra também se aplica ao prefixo circum. Frase correta: “A cultura pan-americana tem muita coisa em comum.” A CRIANÇA DE HOJE “A maioria das pessoas considera a meninada atual hiper-ativa.” Além de achar essa ideia muito exagerada a palavra não é “hiper-ativa”, com hífen. Quando o prefixo termina com consoante, não se usa o hífen se a segunda palavra começar por vogal: hiperativa. Frase correta: “A maioria das pessoas considera a meninada atual hiperativa.”

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VOCÊ PRECISA SABER Os prefixos re e co são exceções às regras, isto é, jamais se separam por hífen com a segunda palavra. Exemplos: reeleição, reorganização, cooperação, coedição etc. RECONHECIMENTO “O ex-diretor, já aposentado, foi homenageado pelos professores, funcionários, alunos e ex-alunos.” Muito justo e correto – o prefixo ex é sempre usado com hífen. Observação: o mesmo acontece com os prefixos sem, além, aquém, pós, pré, pró e recém, isto é, sempre são separados do segundo elemento por um hífen. Exemplos: sem-terra, além-mar, aquém-túmulo, pós-graduado, pré-vestibular, pró-ativo, recém-criado.

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AO PÉ DA

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DÚVIDAS? É natural que uma língua que dispõe de mais de 400 mil vocábulos registrados apresente dúvidas aos seus usuários. No caso, se você quiser, envie as suas perguntas para nosso endereço eletrônico a seguir, e teremos muito prazer em responder nas próximas seções: aniskier@ig.com.br

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AGENDA CULTURAL agosto setembro outubro novembro dezembro 2O12 A Divisão de Desenvolvimento Cultural do SESI-SP reforça o conceito da cidadania por meio da democratização do acesso à cultura.

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Contribui de forma assertiva para a melhoria da qualidade de vida e para a inserção social de expressivo contingente de pessoas. Com seus inúmeros e variados programas, realiza um trabalho abrangente, alcançando todo o estado de São Paulo. Os projetos desenvolvidos têm o objetivo de fortalecer o senso e o exercício da cidadania. Além disso, estimulam a prática da responsabilidade sociocultural por parte das indústrias, beneficiando industriários e seus dependentes. Os trabalhos da Divisão de Desenvolvimento Cultural caracterizam-se por um consistente conjunto de ações nas áreas de artes cênicas, artes visuais, audiovisual, difusão literária e música, e iniciativas que encontram lastro na própria história do Sesi-SP, entidade precursora do terceiro setor e da responsabilidade social no Brasil.

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cARDápIo

ceNTrO culTural fiesP* AvEnIDA pAUlIsTA, 1313 sÃo pAUlo sp TEATRo amaDO 23/08 a 02/12 sábADo E DomIngo 16h

lEITURA DRAmáTIcA TODa NuDeZ será casTigaDa 19/09 QUARTA-fEIRA 20h30

mÚsIcA fraNk herZberg TriO 05/08 DomIngo 12h

Nove artistas usam o teatro, a música e a dança para reinventar personagens e conflitos da obra de Jorge Amado.

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues, com participação do Núcleo de Leituras Rodriguianas do Sesi-SP.

Lançamento do álbum Handmade, do trio que mescla jazz contemporâneo, blues, música europeia e indiana com a linguagem rítmica brasileira.

EXposIÇÃo NelsON rODrigues 100 aNOs 01/08 a 31/12 ToDos os DIAs 10h às 20h

DEbATE NelsON e suas esTrelas a cOragem De ser eNgraçaDiNha 26/09 QUARTA-fEIRA 20h30

mÚsIcA caNTus firmus 12/08 DomIngo 12h

Exposição sobre a obra e a vida do dramaturgo Nelson Rodrigues. lEITURA DRAmáTIcA O beijO NO asfalTO 01/08 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Norma Blum. DEbATE NelsON vs. marx O reaciONáriO liberTáriO 08/08 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Nelson Rodrigues Filho, Wilson Figueiredo e Otávio Frias Filho. DEbATE NelsON Na TelevisãO O malDiTO NO hOráriO NObre 15/08 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Daniel Filho. lEITURA DRAmáTIcA OTTO lara reseNDe Ou bONiTiNha, mas OrDiNária 22/08 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Lucélia Santos. lEITURA DRAmáTIcA seNhOra DOs afOgaDOs 29/08 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Cleyde Yáconis, Lucélia Santos e Pedro Neschling. DEbATE NelsON NO ciNema visTO POr seus DireTOres 05/09 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Nelson Pereira dos Santos, Neville de Almeida e Claudio Torres. lEITURA DRAmáTIcA Os seTe gaTiNhOs 12/09 QUARTA-fEIRA 20h30

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues com participação do Núcleo de Leituras Rodriguianas do Sesi-SP.

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Vera Vianna, Lucélia Santos e Betty Faria. TEATRo a faleciDa aTé 02/12 Em AgosTo, QUInTA E sEXTA-fEIRA 20h30 Em sETEmbRo, sábADo 20h30 DomIngo 20h

Poderá um enterro de luxo compensar uma vida simples e miserável? A Falecida marca o reencontro do teatro de Nelson Rodrigues consigo mesmo e o seu público. TEATRo bOca De OurO aTé 25/11 Em AgosTo, sábADo 20h30 E DomIngo 20h Em sETEmbRo, QUInTA E sEXTA-fEIRA 20h30

Um motorista de ônibus que se gabava de seus 27 dentes de ouro maciço 24 quilates foi a inspiração para uma história do submundo e do poder paralelo da contravenção. DEbATE a DramaTurgia rODriguiaNa sOb a PersPecTiva De DOis auTOres cONTemPOrâNeOs 19/08 DomIngo 20h

Evento em comemoração ao centenário de Nelson Rodrigues. Participação de Leonardo Moreira e Luís Alberto de Abreu. lEITURA DRAmáTIcA cOvO 27/08 sEgUnDA-fEIRA 20h

Covo é uma peça com clima de “suspense noir corporativo”. Um funcionário de uma multinacional depara-se com estranhos acontecimentos no que deveria ser um dia comum de trabalho. EXposIÇÃo file – fesTival iNTerNaciONal De liNguagem eleTrôNica aTé 19/08 sEgUnDA-fEIRA A DomIngo sEgUnDA-fEIRA DAs 11h às 20h; TERÇA-fEIRA A sábADo DAs 10h às 20h, DomIngo DAs 10h às 19h

O Cantus Firmus é um grupo criado sob a direção de Jefferson Bittencourt, tendo como repertório a sonoridade vocal do período medieval e renascentista da Europa. mÚsIcA balkãN NeO eNsemble 19/08 DomIngo 12h

Músicas tradicionais da região dos Bálcãs, com destaque para a música tradicional búlgara, que é rica em ritmos assimétricos e compassos compostos. mÚsIcA DuO PaulO e marcelly 26/08 DomIngo 12h

Duo de música de câmara com grande destaque em concursos nacionais.

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mÚsIcA baNDa siNfôNica DO esTaDO De sãO PaulO 28/08 TERÇA-fEIRA 12h

Apresentação no âmbito do Projeto Pra Ver a Banda Tocar!, com regência do maestro Marcos Sadao Shirakawa. EXposIÇÃo ObservaDOres: fOTOgrafia Da ceNa briTâNica De 1930 aTé hOje 25/09 a 25/11 sEgUnDA-fEIRA A DomIngo sEgUnDA-fEIRA DAs 11h às 20h; TERÇA-fEIRA A sábADo DAs 10h às 20h, DomIngo DAs 10h às 19h

Seleções dos acervos das British Council Art Collection, Arts Council Art Collection e Natcional Portrait Gallery, entre outras coleções privadas. TEATRo máquiNa De escrever reTicêNcias 06/09 a 25/11 QUInTA-fEIRA A DomIngo QUInTA E sEXTA-fEIRA, 20h; sábADo Às 17h e 20h; DomIngo Às 19h30

Tamanha liberdade de ação, expressão e acessibilidade colocam em risco a capacidade do ser humano de aprofundar os sentidos de amizade e de paixão.

O FILE 2012 apresenta a diversidade da cultura digital por meio de instalações interativas, games, animações, maquinemas e música eletrônica.

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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UNIDADES DO SESI-SP ARTES CÊNICAS*

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ARARAQUARA

CAMPINAS

itapetininga

Cat** ARARAQUARA

CAT Campinas

CAT itapetininga

O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 1O e 11/O8 Sacy Pererê A Lenda Da Meia-Noite 18 E 31/O8 Amadiano 31/O8 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O1/O9 1001 Fantasmas O8 e O9/09 As Histórias Do Caixão Do Zé 15/O9 Território Banal 22/O9 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá O5 e O6/1O Produto Perecível Laico 14/1O Paranoia 2O/1O Duas Palhaças O3 e O4/11 Os Saltimbancos 3O/11 e O1/12 Improvisos O8/12 É Só Uma Formalidade O8/12

Amadiano O4 e O5/O8 Os Saltimbancos 1O e 11/O8 Improvisos 18/O8 É Só Uma Formalidade O1/O9 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O8 e O9/O9 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 15/O9 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 22/O9 1001 Fantasmas O5 e O6/1O As Histórias Do Caixão Do Zé 13/1O Território Banal 2O/1O O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 24/1O Duas Palhaças O7 e O8/11 Produto Perecível Laico 1O/11

Improvisos O4/O8 Amadiano 11/O8 Os Saltimbancos 17 e 18/O8 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O1/O9 É Só Uma Formalidade O8/O9 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 14 e 15/O9 As Histórias Do Caixão Do Zé 22/O9 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O6/1O 1001 Fantasmas 13 e 14/1O Produto Perecível Laico 2O/1O Território Banal O3/11 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá O9 e 1O/11 Paranoia O2/12

BIRIGUI

FRANCA

MARÍLIA

CAT Birigui

CAT FRANCA

CAT MARÍLIA

1OO1 Fantasmas O3 e O4/O8 As Histórias Do Caixão Do Zé 11/O8 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 18/O8 Amadiano 27/O8 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 31/O8 e O1/09 Produto Perecível Laico O9/O9 Território Banal 15/O9 Duas Palhaças 21 e 22/O9 Paranoia 13/1O Os Saltimbancos 19 e 2O/1O Improvisos O3/11 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 25/11 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 25 e 26/11 É Só Uma Formalidade O8/12

Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O4/O8 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 17, 18/O8 e 11/1O É Só Uma Formalidade 19/O8 As Histórias Do Caixão Do Zé O1/O9 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O8/O9 1OO1 Fantasmas 14 e 15/O9 Produto Perecível Laico 23/O9 Território Banal O6/1O O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 13 e 14/1O Amadiano 11/1O Paranoia O3/11 Duas Palhaças O9 e 1O/11 Improvisos 25/11 Os Saltimbancos O8 e 09/12

As Histórias Do Caixão Do Zé O4/O8 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 11/O8 1001 Fantasmas 17 e 18/O8 Produto Perecível Laico O2/O9 Território Banal O8/O9 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 14 e 15/O9 Amadiano 13/O9 Paranoia O6/1O Duas Palhaças 13 e 14/1O Improvisos 2O/1O Os Saltimbancos O9 e 1O/11 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 25/11 É Só Uma Formalidade O1/12 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O8 e 09/12

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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**CAT: Centro de Atividades do SESI-SP

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CARDÁPIO

mauá

piracicaba

riO CLARO

CAT mauá

CAT piracicaba

CAT riO CLARO

produto perecível laico O5/O8 Território Banal 12/O8 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 19 e 2O/O8 Paranoia O9/O9 Duas Palhaças 16 e 17/O9 Improvisos 23/O9 Amadiano O7/1O Os Saltimbancos 14 e 15/1O É Só Uma Formalidade O4/11 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 11 e 12/11 As Histórias Do Caixão Do Zé 26/11 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O2/12 1001 Fantasmas O8 e 09/12

paranoia O4/O8 Duas Palhaças 1O e 11/O8 Amadiano O1/O9 Os Saltimbancos O8 e O9/O9 Improvisos 13/O9 É Só Uma Formalidade 22/O9 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O5 e O6/1O Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 13/1O Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 2O/1O 1OO1 Fantasmas O3 e O4/11 As Histórias Do Caixão Do Zé 1O/11 Território Banal 25/11 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 3O/11 e O1/12 Produto Perecível Laico O8/12

OS saltimbancos O3 E O4/O8 Improvisos 11/O8 Amadiano 18/O8 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 31/O8 e O1/O9 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O8/O9 É Só Uma Formalidade 15/O9 1OO1 Fantasmas 21 e 22/O9 As Histórias Do Caixão Do Zé O6/1O Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 13/1O O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 19 e 2O/1O Produto Perecível Laico O3/11 Território Banal 1O/11 Duas Palhaças 25 e 26/11 Paranoia O1/12

osasco

ribeirão preto

santo andré

CAT osasco

CAT ribeirão preto

CAT santo andré

o gato malhado e a andorinha sinhá O3 e O4/O8 Produto Perecível Laico 11/O8 Território Banal 18/O8 Duas Palhaças 31/O8 e O1/O9 É Só Uma Formalidade O2/O9 Os Saltimbancos 21 e 22/O9 Improvisos O6/1O Amadiano 13/1O O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 19 e 2O/1O Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O3/11 Paranoia 11/11 1OO1 Fantasmas 25 e 26/11 As Histórias Do Caixão Do Zé O1/12 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O8/12

O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O4 A O6/O8 E 1O/1O Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 11/O8 É Só Uma Formalidade 18/O8 1001 Fantasmas 31/O8 e O1/O9 As Histórias Do Caixão Do Zé O8/O9 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 15/O9 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 21 e 22/O9 Produto Perecível Laico O7/1O Amadiano 1O/1O Território Banal 13/1O Duas Palhaças 19 e 2O/1O Paranoia 1O/11 Os Saltimbancos 25 e 26/11 Improvisos O1/12

produto perecível laico O4/O8 Território Banal 11/O8 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 17 e 18/O8 Paranoia O8/O9 Duas Palhaças 13 e 14/O9 Improvisos 22/O9 Amadiano O6/1O Os Saltimbancos 12 e 13/1O Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 2O/1O É Só Uma Formalidade O3/11 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O9 e 1O/11 As Histórias Do Caixão Do Zé 25/11 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O1/12 1OO1 Fantasmas O6 e O7/12

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UNIDADES DO SESI-SP ARTES CÊNICAS*

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santos

são josé do rio preto

são paulo

Cat santos

CAT são josé do rio preto

Cat vila das mercês

territorio banal* O4/O8 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 1O e 11/O8 Produto Perecível Laico 18/O8 Duas Palhaças O8 e O9/O9 Amadiano 22/O9 Os Saltimbancos O5 e O6/1O Improvisos 13/1O O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia O5 e O6/11 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 1O/11 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 25/11 1OO1 Fantasmas 3O/11 e O1/12 As Histórias Do Caixão Do Zé O8/12

Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O4/O8 1001 Fantasmas 1O e 11/O8 As Histórias Do Caixão Do Zé 18/O8 Amadiano 25/O8 Território Banal O1/O9 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá O8 e O9/O9 Produto Perecível Laico 16/O9 Paranoia 21/O9 Duas Palhaças O5 e O6/1O O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 17 e 18/1O Os Saltimbancos O3 e O4/11 Improvisos 1O/11 É Só Uma Formalidade O2/12 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O8/12

duas palhaças 3O/O8 paranoia 22 e 23/O9 é só uma formalidade 3O/11

sÃO BERNARDO DO CAMPO

são josé dos campos

CAT são bernardo do campo

CAT são josé dos campos

O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá O5 e O6/08 Produto Perecível Laico 12/O8 Território Banal 19/O8 É Só Uma Formalidade 31/O8 Duas Palhaças O2 e O3/O9 Paranoia 16/O9 Os Saltimbancos 23 e 24/O9 Improvisos O7/1O Amadiano 14/1O Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O4/11 1001 Fantasmas 27 e 28/11 As Histórias Do Caixão Do Zé O2/12 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O8/12

Paranoia 11/O8 Duas Palhaças 17 e 18/O8 Improvisos O1/O9 Amadiano O8/O9 Os Saltimbancos 13 e 14/O9 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite 22/09 É Só Uma Formalidade O6/1O O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 13 e 14/10 As Histórias Do Caixão Do Zé 2O/1O Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete O3/11 1001 Fantasmas 1O e 11/11 Produto Perecível Laico 25/11 Território Banal O1/12 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá O8 E 09/12

sorocaba CAT sorocaba duas palhaças O3 E O4/O8 Amadiano 15/O9 Paranoia 18/O8 Os Saltimbancos 3O e 31/O8 Improvisos O9/O9 Amadiano 13/O9 O Menino Antigo De Brincadeira E De Poesia 22 e 23/O9 Sacy Pererê: A Lenda Da Meia-Noite O6/1O É Só Uma Formalidade 13/1O 1001 Fantasmas 19 e 2O/1O As Histórias Do Caixão Do Zé O3/11 Limpe Todo O Sangue Antes Que Manche O Carpete 11/11 O Gato Malhado E A Andorinha Sinhá 25/11 Produto Perecível Laico O1/12 Território Banal O8/12

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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cARDápIo

UnIDADEs Do sEsI-sp mÚsica eruDiTa* araraquara cAT ARARAQUARA 45 aNOs DO cOral Da usP coRAl Usp 26/O8 semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI 21/O9 hOmeNagem aO maesTrO mOacir saNTOs pRojETo coIsA fInA 29/O9 sexTeTO carlOs gOmes sEXTETo cARlos gomEs 26/1O uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 24/11 De bach a PixiNguiNha vAlE TRIo 14/12

birigui cAT bIRIgUI caNTus firmus cAnTUs fIRmUs 28/O9 ciNePiaNO TonY bERcHmAns 27/1O villaNi-côrTes QUARTETo vIllAnI 24/11 semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI 28/11 reTraTO DO brasil aTravés De caNçÕes e mODiNhas oRQUEsTRA DE cÂmARA ARs mUsIcAlIs 14/12

camPiNas TEATRo Do sEsI semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI 17/O8 harmONiemusik HARmonIEmUsIK 26/O8 bachiaNa filarmôNica sesi-sP bAcHIAnA fIlARmÔnIcA sEsI-sp 23/O9 fesTival sesi mÚsica 2012 fEsTIvAl sEsI mÚsIcA 2012 23 a 3O/O9 45 aNOs DO cOral Da usP coRAl Usp 3O/O9

uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 26/1O iTalia iN cONcerTO gRUpo ópERARTE 23/11 cOrDas russas oRQUEsTRA mETRopolITAnA 14/12

fraNca cAT fRAncA a família bach EnsEmblE noTA bUonnA 24/O8 cameraTa De viOlONcelOs fUKUDA cEllo EnsEmblE 28/O9 TrOmbONe à la carTe josé mIlTon vIEIRA 27/1O sexTeTO carlOs gOmes sEXTETo cARlos gomEs 23/11 semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI 30/11 iTalia iN cONcerTO gRUpo ópERARTE 14/12

iTaPeTiNiNga cAT ITApETInIngA DuO PaulO e marcelly DUo pAUlo E mARcEllY 25/O8 harmONiemusik HARmonIEmUsIK 3O/O9 cOrDas russas oRQUEsTRA mETRopolITAnA 21/1O reTraTO DO brasil aTravés De caNçÕes e mODiNhas oRQUEsTRA DE cÂmARA ARs mUsIcAlIs 23/11 TrOmbONe à la carTe josé mIlTon vIEIRA 16/12

marília cAT mARÍlIA sexTeTO carlOs gOmes sEXTETo cARlos gomEs 26/O8 cONsOaNTes laTiNas EnsEmblE ZAbAIonE mUsIcAlE 28/O9

viOlãO imPressiONisTa DIogo cARvAlHo 26/1O uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 23/11 harmONiemusik HARmonIEmUsIK 16/12

mauá cAT mAUá iTalia iN cONcerTO gRUpo ópERARTE 24/O8 TeaTrO DO sesi oRQUEsTRA fIlARmÔnIcA Do sEnAI-sp 15/O9 viOlãO imPressiONisTa DIogo cARvAlHo 28/O9 meTais em brasa bRAss bAnD “combo bRAZIl” 21/O9 quarTeTO De cOrDas: a fOrma iNicial, a fONTe De hiPOcreNe QUARTETo RomAnov 26/1O caNTus firmus cAnTUs fIRmUs 23/11 caNçÕes, graNDes cOmPOsiTOres DUo REcITAl 14/12

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mOgi Das cruZes cAT mogI DAs cRUZEs NO arcO Das sONOriDaDes: PercursO musical NO rePerTóriO Para harPa pAolA bARon 24/O8 cOrDas russas oRQUEsTRA mETRopolITAnA 3O/O9 meTais em brasa bRAss bAnD “combo bRAZIl” 14/O9 guerra Peixe: Obras Para viOliNO e PiaNO DUo ToKEsHI E boRgHoff 26/1O quarTeTO De cOrDas: a fOrma iNicial, a fONTe De hiPOcreNe QUARTETo RomAnov 11/11 sexTeTO carlOs gOmes sEXTETo cARlos gomEs 14/12

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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UnIDADEs Do sEsI-sp mÚsica eruDiTa* OsascO

riO clarO

cAT osAsco

cAT RIo clARo

uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 24/O8 a família bach EnsEmblE noTA bUonnA 26/1O caNçÕes, graNDes cOmPOsiTOres DUo REcITAl 23/11 villaNi-côrTes QUARTETo vIllAnI 14/12

caNTus firmus cAnTUs fIRmUs 24/O8 bachiaNa filarmôNica sesi-sP bAcHIAnA fIlARmÔnIcA sEsI-sp 26/O8 laNçameNTO DO álbum haNDmaDe fRAnK HERZbERg TRIo 29/O9 harmONiemusik HARmonIEmUsIK 21/1O cameraTa De viOlONcelOs fUKUDA cEllo EnsEmblE 23/11 DuO fukuDa asTrachaN DUo fUKUDA AsTRAcHAn 14/12

Piracicaba cAT pIRAcIcAbA

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sexTeTO carlOs gOmes sEXTETo cARlos gomEs 24/O8 villaNi-côrTes QUARTETo vIllAnI 28/O9 45 aNOs DO cOral Da usP coRAl Usp 27/1O TeaTrO DO sesi oRQUEsTRA fIlARmÔnIcA Do sEnAI-sp 11/11 De bach a PixiNguiNha vAlE TRIo 23/11 laNçameNTO DO álbum haNDmaDe fRAnK HERZbERg TRIo 14/12

ribeirãO PreTO cAT RIbEIRÃo pRETo viOlãO imPressiONisTa DIogo cARvAlHo 24/O8 hOmeNagem aO maesTrO mOacir saNTOs pRojETo coIsA fInA 28/O9 TrOmbONe à la carTe josé mIlTon vIEIRA 26/1O DuO fukuDa asTrachaN DUo fUKUDA AsTRAcHAn 23/11 semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI 29/11 De bach a PixiNguiNha vAlE TRIo 15/12

saNTO aNDré cAT sAnTo AnDRé villaNi-côrTes QUARTETo vIllAnI 24/O8 guerra Peixe: Obras Para viOliNO e PiaNO DUo ToKEsHI E boRgHoff 28/O9 cONsOaNTes laTiNas EnsEmblE ZAbAIonE mUsIcAlE 26/1O viOlãO imPressiONisTa DIogo cARvAlHo 23/11 a família bach EnsEmblE noTA bUonnA 15/12

saNTOs cAT sAnTos Nikkura, a mÚsica eruDiTa jaPONesa waON 25/O8 ellO PercussivO DUo Ello 28/O9 TeaTrO DO sesi oRQUEsTRA fIlARmÔnIcA Do sEnAI-sp 21/1O caNçÕes, graNDes cOmPOsiTOres DUo REcITAl 26/1O

frONTeiras DUo gRAffITI 23/11 uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 14/12

sãO berNarDO DO camPO cAT sÃo bERnARDo Do cAmpo guerra Peixe: Obras Para viOliNO e PiaNO DUo ToKEsHI E boRgHoff 24/O8 Nikkura, a mÚsica eruDiTa jaPONesa WAon 29/O9 DuO PaulO e marcelly DUo pAUlo E mARcEllY 26/1O ciNePiaNO TonY bERcHmAns 24/11 caNTus firmus cAnTUs fIRmUs 14/12

sãO jOsé DO riO PreTO cAT sÃo josé Do RIo pRETo caNTus firmus cAnTUs fIRmUs 29/O9 ciNePiaNO TonY bERcHmAns 26/1O villaNi-côrTes QUARTETo vIllAnI 23/11 semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI O1/12 reTraTO DO brasil aTravés De caNçÕes e mODiNhas oRQUEsTRA DE cÂmARA ARs mUsIcAlIs 15/12

sãO jOsé DOs camPOs cAT sÃo josé Dos cAmpos ZarZuela, O TeaTrO musical mais POPular Da esPaNha cIA scEnA IncAnTo 26/O8 meTais em brasa bRAss bAnD “combo bRAZIl” O3/O8

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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cARDápIo

UnIDADEs Do sEsI-sp mÚsica POPular* uma TrajeTória musical cONTaDa aTravés DO PiaNO e viOlONcelO DAnIElI longo E jI Yon sHIm 28/O9 ellO PercussivO DUo Ello 21/1O bachiaNa filarmôNica sesi-sP bAcHIAnA fIlARmÔnIcA sEsI-sp 27/1O semaNa De arTe De 22 – OrigeNs mARcElo bRATKE E mARIAnnITA lUZZATI O9/11 a família bach EnsEmblE noTA bUonnA 23/11

sãO PaulO cAT vIlA DAs mERcês quarTeTO De cOrDas: a fOrma iNicial, a fONTe De hiPOcreNe QUARTETo RomAnov 24/O8 iTalia iN cONcerTO gRUpo ópERARTE 28/O9 Nikkura, a mÚsica eruDiTa jaPONesa WAon 26/1O um reciTal lONDriNO NO séculO xviii QUARTETo WolfgAng 24/11 bruch TriO bRUcH TRIo 14/12

araraquara

fraNca

cAT ARARAQUARA

cAT fRAncA

aO eTerNO gêNiO DO chOrO PixiNguiNha QUARTETo cAfé 25/O8 fOrró chOraDO osWAlDInHo Do AcoRDEon 28/O9 Pés DescalçOs ZEcA collAREs 27/1O kaDmirra AERomoÇAs E TEnIsTAs RUssAs 15/12

mais caiPira sUZAnA sAllEs, lEnInE sAnTos E IvAn vIlElA 25/O8 sONgs TO swiNg aND lOve RIcARDo bAlDAccI TRIo 29/O9 a filial A fIlIAl 26/1O Pés DescalçOs ZEcA collAREs 24/11 aOs mesTres cOm cariNhO TEREZA gAmA 15/12

birigui cAT bIRIgUI

iTaPeTiNiNga

kaDmirra AERomoÇAs E TEnIsTAs RUssAs 25/O8 mais caiPira sUZAnA sAllEs, lEnInE sAnTos E IvAn vIlElA 29/O9 muiTO merci bERnARD fInEs E jUlIo bITTEncoURT TRIo 26/1O fOrró chOraDO osWAlDInHo Do AcoRDEon 23/11 5 a secO 5 A sEco 15/12

cAT ITApETInIngA

sOrOcaba

camPiNas

cAT soRocAbA

cAT cAmpInAs

OrquesTra filarmôNica DO seNai-sP oRQUEsTRA fIlARmÔnIcA Do sEnAI-sp 12/O8 cameraTa De viOlONcelOs fUKUDA cEllo EnsEmblE 24/O8 ZarZuela, O TeaTrO musical mais POPular Da esPaNha cIA scEnA IncAnTo 28/O9 frONTeiras DUo gRAffITI 26/1O TrOmbONe à la carTe josé mIlTon vIEIRA O9/11 DuO fukuDa asTrachaN DUo fUKUDA AsTRAcHAn 15/12

sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 25/O8 wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE 14/O9 TuliPa efêmera TuliPa ruiZ 27/O9 sãO PaulO ska jaZZ sÃo pAUlo sKA jAZZ 29/O9 aO eTerNO gêNiO DO chOrO PixiNguiNha QUARTETo cAfé 27/10 100 aNOs DO rei DO baiãO mARIA AlcInA 24/11 seresTaNDO: clássicOs DO caNciONeirO brasileirO joÃo mAcAcÃo E gRUpo REgIonAl DE cHoRo 15/12

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sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 24/O8 aO eTerNO gêNiO DO chOrO PixiNguiNha QUARTETo cAfé 29/O9 sãO PaulO ska jaZZ sÃo pAUlo sKA jAZZ 27/1O 33 aNOs De TrajeTória TETê EspÍnDolA 24/11 fesTival iTaPê fEsTIvAl ITApê 26/11 a O1/12 De miNas aO PaNTaNal YAssIR cHEDIAK E RoDRIgo sATER 15/12

marília cAT mARÍlIA seresTaNDO: clássicOs DO caNciONeirO brasileirO joÃo mAcAcÃo E gRUpo REgIonAl DE cHoRo 25/O8 a filial A fIlIAl 29/O9 baNDOlim eléTricO bAnDolIm EléTRIco 27/1O aO eTerNO gêNiO DO chOrO PixiNguiNha QUARTETo cAfé 24/11 5 a secO 5 A sEco 14/12

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UnIDADEs Do sEsI-sp mÚsica POPular*

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mauá

Piracicaba

saNTO aNDré

cAT mAUá

cAT pIRAcIcAbA

cAT sAnTo AnDRé

O hábiTO Da fOrça fIlARmÔnIcA DE pAsáRgADA 25/O8 cOres Da américa De viOleTa a “la Negra” TARAncón 29/O9 sambasONics sAmbAsonIcs 27/1O a filial A fIlIAl 24/11 viraDiNhO à PaulisTa cHoRo DAs 3 15/12

fOrró chOraDO osWAlDInHo Do AcoRDEon 25/O8 meu semba, Teu samba AbEl DUËRË 29/O9 sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 26/1O sambasONics sAmbAsonIcs 24/11 mais caiPira sUZAnA sAllEs, lEnInE sAnTos E IvAn vIlElA 15/12

hechO a maNO jogAnDo TAngo 25/O8 wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE 31/O8 baNDOlim eléTricO bAnDolIm EléTRIco 29/O9 misTura culTural os opAlAs 24/11 TuliPa efêmera TUlIpA RUIZ 30/11 NegrO blue TARYn sZpIlmAn 14/12

mOgi Das cruZes cAT mogI DAs cRUZEs sONgs TO swiNg aND lOve RIcARDo bAlDAccI TRIo 25/O8 De miNas aO PaNTaNal YAssIR cHEDIAK E RoDRIgo sATER 29/O9 aOs mesTres cOm cariNhO TEREZA gAmA 27/1O muiTO merci bERnARD fInEs E jUlIo bITTEncoURT TRIo 24/11 aO eTerNO gêNiO DO chOrO PixiNguiNha QUARTETo cAfé 15/12

OsascO cAT osAsco 100 aNOs DO rei DO baiãO mARIA AlcInA 25/O8 quiNTeTO em braNcO e PreTO QUInTETo Em bRAnco E pRETo 29/O9 hechO a maNO jogAnDo TAngo 27/1O kaDmirra AERomoÇAs E TEnIsTAs RUssAs 24/11 O TemPlO Da gafieira THobIAs DA vAI-vAI 15/12

ribeirãO PreTO cAT RIbEIRÃo pRETo wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE O3/O8 quiNTeTO em braNcO e PreTO QUInTETo Em bRAnco E pRETo 25/O8 fOrró chOraDO osWAlDInHo Do AcoRDEon 29/O9 a filial A fIlIAl 27/1O kaDmirra AERomoÇAs E TEnIsTAs RUssAs 14/12

riO clarO cAT RIo clARo sambasONics sAmbAsonIcs 25/O8 meu semba, Teu samba AbEl DUËRË 28/O9 OrquesTra lyra laTiNa oRQUEsTRA lYRA lATInA 27/1O mais caiPira sUZAnA sAllEs, lEnInE sAnTos E IvAn vIlElA 24/11 NegrO blue TARYn sZpIlmAn 15/12

saNTOs cAT sAnTos caNcióN Necesaria máRIo sÈvE E cEcIlIA sTAnZIonE 24/O8 kaDmirra AERomoÇAs E TEnIsTAs RUssAs 29/O9 viraDiNhO à PaulisTa cHoRo DAs 3 27/1O De miNas aO PaNTaNal YAssIR cHEDIAK E RoDRIgo sATER 24/11 sONgs TO swiNg aND lOve RIcARDo bAlDAccI TRIo 15/12

sãO berNarDO DO camPO cAT sÃo bERnARDo Do cAmpo caNcióN Necesaria máRIo sÈvE E cEcIlIA sTAnZIonE 25/O8 sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 28/O9 NegrO blue TARYn sZpIlmAn 27/1O reNaTO bOrgheTTi REnATo boRgHETTI 23/11 meu semba, Teu samba AbEl DUËRË 15/12

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cARDápIo

UnIDADEs Do sEsI-sp fOTOgrafia* sãO jOsé DO riO PreTO

sãO PaulO

americaNa

cAT sÃo josé Do RIo pRETo

cAT vIlA lEopolDInA

cAT AmERIcAnA

quiNTeTO em braNcO e PreTO QUInTETo Em bRAnco E pRETo 24/08 mais caiPira sUZAnA sAllEs, lEnInE sAnTos E IvAn vIlElA 28/09 muiTO merci bERnARD fInEs E jUlIo bITTEncoURT TRIo 27/10 fOrró chOraDO osWAlDInHo Do AcoRDEon 24/11 aOs mesTres cOm cariNhO TEREZA gAmA 14/12

sambasONics sAmbAsonIcs 04/08 sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 26/08 De miNas aO PaNTaNal YAssIR cHEDIAK E RoDRIgo sATER 30/09 wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE 20/10 33 aNOs De TrajeTória TETê EspÍnDolA 25/11

PaisageNs humaNas DO Olhar 01 a 15/08 amaZôNia, De maNaus a belém 03 a 17/09 a iNDÚsTria Da caNa-De-açÚcar 01 a 15/10 12.000km De chile e argeNTiNa 01 a 19/11

sãO jOsé DOs camPOs

sOrOcaba

cAT sÃo josé Dos cAmpos

cAT soRocAbA

wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE 19/08 De miNas aO PaNTaNal YAssIR cHEDIAK E RoDRIgo sATER 25/08 sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 29/09 NegrO blue TARYn sZpIlmAn 26/10 reNaTO bOrgheTTi REnATo boRgHETTI 24/11 baNDOlim eléTricO bAnDolIm EléTRIco 15/12

aOs mesTres cOm cariNhO TEREZA gAmA 25/08 wOrk rOck suPerDOse bAnDA sUpERDosE 21/09 Pés DescalçOs ZEcA collAREs 29/09 sá e guarabyra sá E gUARAbYRA 27/10 33 aNOs De TrajeTória TETê EspÍnDolA 23/11 meu semba, Teu samba AbEl DUËRË 14/12

araçaTuba cAT ARAÇATUbA eNTre cOchabamba e machu Picchu 01 a 15/08 feliZ ciDaDes 03 a 17/09 Olhares De Passagem 01 a 15/10 PalesTiNa: uma Terra, DOis POvOs 01 a 19/11

83

araraquara cAT ARARAQUARA israel em TemPO De PaZ 01 a 15/08 arquiTeTura luZ e cOr 03 a 17/09 luZes De sãO PaulO 01 a 15/10 suOr 01 a 19/11

araras sãO PaulO

cAT ARARAs

cAT vIlA DAs mERcês

bOlívia eNTre Duas caPiTais 01 a 15/08 hisTórias De PescaDOr 03 a 17/09 jaNelas DO muNDO 01 a 15/10 le TOrre Delle chiese / as TOrres Das igrejas 01 a 19/11

OrquesTra lyra laTiNa oRQUEsTRA lYRA lATInA 25/08 O TemPlO Da gafieira THobIAs DA vAI-vAI 29/09 caNcióN Necesaria máRIo sÈvE E cEcIlIA sTAnZIonE 27/10 5 a secO 5 A sEco 23/11 Pés DescalçOs ZEcA collAREs 15/12

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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UnIDADEs Do sEsI-sp fOTOgrafia* bauru cAT bAURU arTe em sãO PaulO O1 a 15/O8 cOres DO PalcO O3 a 17/O9 mOçambique O1 a 15/1O O flâNeur Da babilôNia O1 a 19/11

birigui cAT bIRIgUI

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cOres DO PalcO O1 a 15/O8 Olhares De Passagem O3 a 17/O9 PalesTiNa: uma Terra, DOis POvOs O1 a 15/1O a iNDÚsTria Da Pesca O1 a 19/11

bOTucaTu cAT boTUcATU bONiTO O1 a 15/O8 bicicleTas e guarDa-chuvas O3 a 17/O9 hisTórias De PescaDOr O1 a 15/1O a iNDÚsTria Da caNa-De-açÚcar O1 a 19/11

camPiNas cAT cAmpInAs I meu PaDim – NOssa fé O1 a 15/O8 méxicO, muiTO além DO que vOcê imagiNa O3 a 17/O9 sãO PaulO cOm esTilO O1 a 15/1O serTãO PreseNTe O1 a 19/11

cAT cAmpInAs II luZ e sOmbra – reflexO De um Olhar O1 a 15/O8 meu PaDim – NOssa fé O3 a 17/O9

méxicO, muiTO além DO que vOcê imagiNa O1 a 15/1O meu queriDO iNimigO 17 a 3O/1O a DiviNa sãO luiZ DO ParaiTiNga 01 a 19/11

cOTia cAT coTIA eNTreaTO O1 a 15/O8 bOlívia eNTre Duas caPiTais O3 a 17/O9 arTe em sãO PaulO O1 a 15/1O viva sãO beNeDiTO: cONgaDas O1 a 19/11

cruZeirO cAT cRUZEIRo um Olhar sObre O jaPãO O1 a 15/O8 ParaTy: hisTórias e cOTiDiaNO O3 a 17/O9 bOlívia eNTre Duas caPiTais O1 a 15/1O urbaNOssOma O1 a 19/11

cubaTãO cAT cUbATÃo a imPerial ciDaDe De PeTróPOlis O1 a 15/O8 urbaNOssOma O3 a 17/O9 sãO PaulO mulTiculTural O1 a 15/1O amaZôNia, De maNaus a belém O1 a 19/11

DiaDema cAT DIADEmA amaZôNia, De maNaus a belém O1 a 15/O8 ciDaDes POrTuguesas O3 a 17/O9 um Olhar sObre O jaPãO O1 a 15/1O arTe em sãO PaulO O1 a 19/11

fraNca cAT fRAncA a iNDÚsTria Da caNa-De-açÚcar O1 a 15/O8 cOres Da íNDia O3 a 17/O9 iNTeriOr em P&b O1 a 15/1O bicicleTas e guarDa-chuvas O1 a 19/11

guarulhOs cAT gUARUlHos viva sãO beNeDiTO: cONgaDas O1 a 15/O8 TailâNDia, eNTre TemPlOs e POvOs O3 a 17/O9 camiNhOs De saNTiagO De cOmPOsTela O1 a 15/1O fachaDas DO abaNDONO O1 a 19/11

iNDaiaTuba cAT InDAIATUbA jaNelas DO muNDO O1 a 15/O8 luZ e sOmbra – reflexO De um Olhar O3 a 17/O9 le TOrre Delle chiese/ as TOrres Das igrejas O1 a 15/1O camiNhOs De saNTiagO De cOmPOsTela O1 19/11

iTaPeTiNiNga cAT ITApETInIngA a iNDÚsTria Da Pesca O1 a 15/O8 um Olhar sObre Paris O5 a 15/O9 um flâNeur Da babilôNia O3 a 13/1O bOlívia eNTre Duas caPiTais O1 a 17/11

iTu cAT ITU mOçambique O1 a 15/O8

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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cARDápIo

le TOrre Delle chiese/ as TOrres Das igrejas O3 a 17/O9 luZ e sOmbra – reflexO De um Olhar O1 a 15/1O meu PaDim – NOssa fé O1 a 19/11

jacareí cAT jAcAREÍ méxicO, muiTO além DO que vOcê imagiNa O1 a 15/O8 grafismO urbaNO: a absTraçãO Das fOrmas sOb O Olhar fOTOgráficO O3 a 17/O9 Peru: muiTO além De machu Picchu O1 a 15/1O jaNelas DO muNDO O1 a 19/11

jaÚ cAT jAÚ feliZ ciDaDes O1 a 15/O8 eNTre cOchabamba e machu Picchu O3 a 17/O9 bONiTO O1 a 15/1O um Olhar sObre Paris O1 a 19/11

juNDiaí cAT jUnDIAÍ ciDaDes POrTuguesas O1 a 15/O8 iNTeriOr em P&b O3 a 17/O9 meu PaDim – NOssa fé O1 a 15/1O bOa sOrTe: cODiNOme esPeraNça O1 a 19/11

limeira

marília cAT mARÍlIA Olhares De Passagem O1 a 15/O8 PalesTiNa: uma Terra, DOis POvOs O3 a 17/O9 feliZ ciDaDes O1 a 15/1O bONiTO O1 a 19/11

maTãO cAT mATÃo imageNs=sONs O1 a 15/O8 luZes De sãO PaulO O3 a 17/O9 suOr O1 a 15/1O cOres Da íNDia O1 a 19/11

mauá cAT mAUá sãO PaulO cOm esTilO O1 a 15/O8 bOa sOrTe: cODiNOme esPeraNça O3 a 17/O9 amaZôNia, De maNaus a belém O1 a 15/1O um Olhar sObre O jaPãO O1 a 19/11

mOgi Das cruZes cAT mogI DAs cRUZEs grafismO urbaNO: a absTraçãO Das fOrmas sOb O Olhar fOTOgráficO O1 a 15/O8 Peru: muiTO além De machu Picchu O3 a 17/O9 serTãO PreseNTe O1 a 15/1O a imPerial ciDaDe De PeTróPOlis O1 a 19/11

cAT lImEIRA DiviNa sãO luiZ DO ParaiTiNga O1 a 15/O8 jaNelas DO muNDO O3 a 17/O9 PaisageNs humaNas DO Olhar O1 a 15/1O luZ e sOmbra – reflexO De um Olhar O1 a 19/11

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OsascO cAT osAsco

viva sãO beNeDiTO: cONgaDas O1 a 15/1O TailâNDia, eNTre TemPlOs e POvOs O1 a 19/11

OuriNhOs cAT oURInHos bOa sOrTe: cODiNOme esPeraNça O1 a 15/O8 bONiTO O3 a 17/O9 12.000 km De chile e argeNTiNa O1 a 15/1O arquiTeTura De luZ e cOr O1 a 19/11

Piracicaba cAT pIRAcIcAbA

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PalesTiNa: uma Terra, DOis POvOs O1 a 15/O8 imageNs=sONs O3 a 17/O9 cOr-ambulaNTe O1 a 15/1O israel em TemPO De PaZ O1 a 19/11

PresiDeNTe PruDeNTe cAT pREsIDEnTE pRUDEnTE suOr O1 a 15/O8 12.000 km De chile e argeNTiNa O3 a 17/O9 eNTre cOchabamba e machu Picchu O1 a 15/1O Olhares De Passagem O1 a 19/11

ribeirãO PreTO cAT RIbEIRÃo pRETo iNTeriOr em P&b O1 a 15/O8 O flâNeur Da babilôNia O3 a 17/O9 cOres DO PalcO O1 a 15/1O feliZ ciDaDes O1 a 19/11

ParaTy: hisTórias e cOTiDiaNO O1 a 15/O8 sãO PaulO cOm esTilO O3 a 17/O9

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UnIDADEs Do sEsI-sp fOTOgrafia* riO clarO cAT RIo clARo O flâNeur Da babilôNia O1 a 15/O8 cOr-ambulaNTe O3 a 17/O9 israel em TemPO De PaZ O1 a 15/1O imageNs=sONs O1 a 19/11

saNTa bárbara D’OesTe cAT sAnTA báRbARA D’oEsTE

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bicicleTas e guarDa-chuvas O1 a 15/O8 israel em TemPO De PaZ O3 a 17/O9 imageNs=sONs O1 a 15/1O cOr-ambulaNTe O1 a 19/11

saNTaNa De ParNaíba cAT sAnTAnA DE pARnAÍbA kiNOkaOs O1 a 15/O8 eNTreaTO O3 a 17/O9 ParaTy: hisTórias e cOTiDiaNO O1 a 15/1O sãO PaulO cOm esTilO O1 a 19/11

saNTO aNDré cAT sAnTo AnDRé urbaNOssOma O1 a 15/O8 sãO PaulO mulTiculTural O3 a 17/O9 a DiviNa sãO luiZ DO ParaiTiNga O1 a 15/1O ciDaDes POrTuguesas O1 a 19/11

saNTOs cAT sAnTos hisTórias De PescaDOr O1 a 15/O8

a iNDÚsTria Da caNa-De-açÚcar O3 a 17/O9 ciDaDes POrTuguesas O1 a 15/1O mOçambique O1 a 19/11

sãO caeTaNO DO sul cAT sÃo cAETAno Do sUl fOTOgOsma O1 a 15/O8 camiNhOs De arTigas O3 a 17/O9 kiNOkaOs O1 a 15/1O eNTreaTO O1 a 19/11

sãO carlOs cAT sÃo cARlos cOr-ambulaNTe O1 a 15/O8 PaisageNs humaNas DO Olhar O3 a 17/O9 arquiTeTura luZ e cOr O1 a 15/1O luZes De sãO PaulO O1 a 19/11

sãO jOsé DO riO PreTO cAT sÃo josé Do RIo pRETo luZes De sãO PaulO O1 a 15/O8 suOr O3 a 17/O9 cOres Da íNDia O1 a 15/1O iNTeriOr em P&b O1 a 19/11

sãO jOsé DOs camPOs cAT sÃo josé Dos cAmpos

sãO PaulO cAT cIDADE A. E. cARvAlHo TailâNDia, eNTre TemPlOs e POvOs O1 a 15/O8 camiNhOs De saNTiagO De cOmPOsTela O3 a 17/O9 fachaDas DO abaNDONO O1 a 15/1O fOTOgOsma O1 a 19/11

sãO PaulO cAT cATUmbI camiNhOs De saNTiagO De cOmPOsTela 01 a 15/08 fachaDas DO abaNDONO O3 a 17/O9 fOTOgOsma O1 a 15/1O camiNhOs De arTigas O1 a 19/11

sãO PaulO cAT IpIRAngA fachaDas DO abaNDONO O1 a 15/O8 fOTOgOsma O3 a 17/O9 camiNhOs De arTigas O1 a 15/1O kiNOkaOs O1 a 19/11

sãO PaulO cAT vIlA DAs mERcês camiNhOs De arTigas O1 a 15/O8 kiNOkaOs O3 a 17/O9 ParaTy: hisTória e cOTiDiaNO O1 a 19/11

um Olhar sObre Paris O1 a 15/O8 a iNDÚsTria Da Pesca O3 a 17/O9 grafismO urbaNO: a absTraçãO Das fOrmas sOb O Olhar fOTOgráficO O1 a 15/1O Peru: muiTO além De machu Picchu O1 a 19/11

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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cARDápIo

UnIDADEs Do sEsI-sp eNcONTrOs liTeráriOs* sãO PaulO

TaTuí

cAT vIlA lEopolDInA

cAT TATUÍ

sãO PaulO mulTiculTural O1 a 15/O8 viva sãO beNeDiTO: cONgaDas O3 a 17/O9 TailâNDia, eNTre TemPlOs e POvOs O1 a 15/1O eNTre cOchabamba e machu Picchu O1 a 19/11

arquiTeTura luZ e cOr O1 a 15/O8 mOçambique O3 a 17/O9 um Olhar sObre Paris O1 a 15/1O hisTórias De PescaDOr O1 a 19/11

serTãOZiNhO

TaubaTé

cAT sERTÃoZInHo

cAT TAUbATé

cOres Da íNDia O1 a 15/O8 a DiviNa sãO luiZ DO ParaiTiNga O3 a 17/O9 bicicleTas e guarDa-chuvas O1 a 15/1O cOres DO PalcO O1 a 19/11

serTãO PreseNTe O1 a 15/O8 a imPerial ciDaDe De PeTróPOlis O3 a 17/O9 urbaNOssOma O1 a 15/1O grafismO urbaNO: a absTraçãO Das fOrmas sOb O Olhar fOTOgráficO O1 a 19/11

sOrOcaba cAT soRocAbA 12.OOO km De chile e argeNTiNa O1 a 15/O8 arTe em sãO PaulO O3 a 17/O9 a iNDÚsTria Da Pesca O1 a 15/1O méxicO, muiTO além DO que vOcê imagiNa O1 a 19/11

suZaNO cAT sUZAno Peru: muiTO além De machu-Picchu O1 a 15/O8 serTãO PreseNTe O3 a 17/O9 a imPerial ciDaDe De PeTróPOlis O1 a 15/1O sãO PaulO mulTiculTural O1 a 19/11

vOTOraNTim cAT voToRAnTIm le TOrre Delle chiese / as TOrres Das igrejas O1 a 15/O8 um Olhar sObre O jaPãO O3 a 17/O9 bOa sOrTe: cODiNOme esPeraNça O1 a 15/1O PaisageNs humaNas DO Olhar fOTOgrafia O1 a 19/11

camPiNas cAT cAmpInAs I

meu queriDO iNimigO 17 a 3O/O9

cAT cAmpInAs II

meu queriDO iNimigO 17 a 3O/10

cruZeirO cAT cRUZEIRo meu queriDO iNimigO 21/11 a O7/12

cubaTãO cAT cUbATÃo meu queriDO iNimigO 17 a 3O/O8

jacareí cAT jAcAREÍ meu queriDO iNimigO 17 a 3O/O8

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juNDiaí cAT jUnDIAÍ meu queriDO iNimigO 17 a 3O/O8

mOgi Das cruZes cAT mogI DAs cRUZEs meu queriDO iNimigO 21/11 a O7/12

saNTOs cAT sAnTos meu queriDO iNimigO 19 a 3O/O9

sãO jOsé DOs camPOs cAT sÃo josé Dos cAmpos meu queriDO iNimigO 19 a 30/09

suZaNO cAT sUZAno meu queriDO iNimigO 17 a 3O/1O

TaubaTé cAT TAUbATé meu queriDO iNimigO 17 a 3O/1O

vOTOraNTim cAT voToRAnTIm meu queriDO iNimigO 21/11 a O7/12

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.

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GALERIA DE FOTOS

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CARDÁPIO

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CAT CAMPINAS Apresentação no Teatro do SESI

CAT ITAPETININGA Espetáculo no Centro de Atividades

Cat GUARULHOS Atividade cultural para alunos

CAT PIRACICABA Banda Dona Zaíra e Banda dos Funcionários

CAT JACAREÍ Bumba Meu Fusca

Cat jundiaÍ COISAS DO BRASIL Balé STAGIUM

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GALERIA DE FOTOS

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CARDÁPIO

Foto João Caldas

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Cat jundiaÍ BOSSA NOVA BRASIL Balé STAGIUM

Cat jundiaÍ UM DIA PARA SEMPRE

Cat jundiaÍ PORONGO VAUDEVILLE

Cat limeira ANA PERSON

Cat limeira LITERATURA

Cat SANTA BÁRBARA D’OESTE kika

centro cultural fiesp coração na bolsa

CAT suzano TAIKO

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