Revista Ponto #2 - ABR 2013

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PONTO

Literatura infantil: apenas para menores? Conversa com Tatiana Belinky Para mergulhar no esporte olímpico PRESERVAÇÃO DO PASSADO QUE ILUMINA O PRESENTE O TEATRO DE REVISTA BRASILEIRO A MEMÓRIA DO ESPLENDOR

REVISTAPONTO® Publicação Literária e Cultural DO SESI-SP #2 abril 2O13

editora@sesisenaisp.org.br www.sesispeditora.com.br www.facebook.com/sesi-sp-editora

#2 abril 2O13

SESI-SP Editora Av Paulista 1313 4º andar O1.311-923 São Paulo SP telefone 55 11 3146 7308

#2 abril 2O13




Na página anterior, ilustração de Vanessa Prezoto para o livro Histórias mal contadas, de Claudio Fragata, lançamento da Sesi-SP Editora.


P O N T OD E P A RT I D A

Escrever, ilustrar ou contar histórias para crianças são deliciosas responsabilidades, assim como editar para elas, pois cada livro publicado amplia os horizontes de uma legião de infantes e se espalha ao longo do tempo, do espaço e por diversas línguas. O livro infantil, seja de apoio pedagógico, seja focado na construção de um imaginário livre das morais edificantes, exercita a criatividade e a imaginação e estimula a fantasia, permitindo enredar imagens em uma sequência lógica visual, partindo de palavras estanques duramente impressas no papel ou sugestionadas por ilustrações que pontilham o caminho dessa construção imagética. É por acreditar na importância da literatura infantil na formação das crianças que a SESI-SP Editora investe nesse segmento, e para discuti-lo apresentamos nesta edição da Revista Ponto duas seções dedicadas ao assunto. Convidamos a escritora Tatiana Belinky, um dos maiores nomes da literatura infantil brasileira, para participar da seção Ponto Entrevista, e para a Ponto Especial pedimos ao escritor Luiz Bras que apresentasse o contexto do segmento de livros infantis, estimulando, assim, uma série de questões sobre esse universo. Também dedicamos esta edição a alguns resgates importantes, que contam um pouco da história de nossa indústria. Primeiro, a memória da indústria gráfica é relembrada a partir da evolução histórica dos processos de impressão em um artigo sobre a linotipo, escrito por Cláudio Rocha, um dos grandes nomes brasileiros da tipografia. O passado da indústria da construção civil também foi revivido em matéria sobre o restauro de bens tombados, promovido por um belo projeto de inclusão social e formação técnica de jovens do SENAI-SP. E, por fim, mas não menos importante, resgatamos um capítulo vibrante da indústria do entretenimento: o Teatro de Revista no Brasil, apresentando a reedição do livro brasileiro mais significativo sobre o assunto. Fortalecer o imaginário de uma criança nos parece tão importante quanto preservar a memória de nossa sociedade, esta mesma sociedade que a criança do passado viu transformada e que o adulto do futuro gostaria de ver preservada em sua essência, tanto material quanto imaterial, a fim de sempre poder se aproximar do mundo de quando era criança. Dessa forma, estimular a imaginação e preservar a memória são duas faces de uma mesma moeda nas quais as instituições SESI-SP e SENAI-SP apostam de forma decisiva.

O Editor


#2 abril 2o13

A ReVISTaPONTO® é umA PublIcAÇãO lITERÁRIA E culTuRAl DO sEsI-sP, cOm EDIÇÕEs TRImEsTRAIs. coNSeLHo edIToRIaL PaulO skaf (PresiDeNTe) WalTer viciONi gONçalves DébOra cyPriaNO bOTelhO Neusa mariaNi comISSão edIToRIaL celiO jOrge DeffeNDi DébOra PiNTO alves viaNa rODrigO De faria e silva juliaNa farias alexaNDra salOmãO miamOTO edIToR cHeFe rODrigO De faria e silva edIToRaS aSSISTeNTeS juliaNa farias aNa lucia saNT’aNa DOs saNTOs capa, dIaGRamação e pRodução GRÁFIca Paula lOreTO apoIo TÉcNIco valquíria Palma camila caTTO maTheus lima (esTagiáriO) admINISTRaTIVo e FINaNceIRo feliPe augusTO ferreira De Oliveira flávia regiNa sOuza De Oliveira raimuNDO erNaNDO De melO juNiOr valéria vaNessa eDuarDO comeRcIaL sérgiO De jesus coLaboRadoReS clauDiO rOcha jOsé eDuarDO De carvalhO régis gODOy-rOcha luiz bras ricarDO viveirOs ReVISão DaNielle sales pRoJeTo GRÁFIco oRIGINaL viceNTe gil DesigN JoRNaLISTa ReSpoNSÁVeL juliaNa farias ReGISTRo mTb N.º 0069009Sp TIRaGem deSTa edIção 5.000 exemPlares

Capa ilustração de Vanessa Prezoto para o livro Histórias mal contadas, de Claudio Fragata.

ImpReSSão gráfica e eDiTOra aquarela s.a.

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GeReNTe de opeRaçÕeS cuLTuRaIS DebOra PiNTO alves viaNa SupeRVISão de pRoGRamaS cuLTuRaIS maria DO carmO sOuza muNir rOsaNa firmiNO De araújO guTierrez vaNeiDe cOrreia De casTrO SupeRVISão do ceNTRo cuLTuRaL FIeSp – RuTH caRdoSo alexaNDra salOmãO miamOTO aSSISTeNTe elDer bauNgarTNer GeReNTe de pRoJeToS cuLTuRaIS álvarO alves filhO comuNIcação DeiviD gOmes De sOuza GeReNTe de coNTRoLe de pRoJeToS cuLTuRaIS clauDiO celsO De jesus bruscaliN SupeRVISão de coNTRoLe de pRoJeToS cuLTuRaIS riTa De cássia De jesus


06 estante de livros lançamentos

O8 ponto Entrevista conversa com tatiana belinky, a bruxinha-fada do pacaembu

16 PONTO EXPOSIÇÕES para mergulhar no esporte olímpico

24 PONTO bibliográfico uma breve história da linotipo

32 ponto especial literatura infantil: apenas para menores?

46 contraponto preservação do passado que ilumina o presente

56 teatro popular o teatro de revista brasileiro – a memória do esplendor

66 ponto do conto ali, de joão anzanello carrascoza

72 ao pé da letra o novo acordo ortográfico

78 cardápio agenda cultural 79 galeria de fotos


eSTaNTe de livrOs da Redação

A SESI-SP Editora e a SENAI-SP Editora lançam novos títulos neste mês, novidades em conhecimento e entretenimento. A grande variedade de temas abordados em nossas publicações oferece aos leitores novos olhares sobre tecnologia, ensino profissional, esportes, educação, economia, artes e design. 6

MESTRE DE OBRAS Outros livros para a Série Informações Tecnológicas:

Composto por 12 títulos, este livro descreve, com orientação, os procedimentos a serem adotados para a edificação de uma obra: desde o planejamento global, projeto e fundações até a cobertura e acabamento. O leitor poderá se inteirar do conjunto das informações apresentadas, ou usar o livro como fonte de consulta, lendo títulos de acordo com seu interesse ou necessidade. Neste sentido, o “Mestre de Obras” constitui um manual permanente de consultas uma vez que aborda assunos atualizados com ênfase na prática. Constitui, portanto, uma ferramenta importante para o mestre de obras ou para profissionais e pessoas interessadas na construção civil.

Sistemas Pneumáticos

Soldagem é destinado a estudantes de nível técnico e tecnólogo, mas pode ser utilizado como referência por engenheiros, profissionais e Comandos Elétricos de Pneumáticos e pessoas interessadas na arte da uniãoSistemas dos materiais metálicos.

Hidráulicos

Área Construção Civil e Restauração

Os autores convidados para esta publicação são especialistas que atuam nos mais diversos setores da Hidráulica soldagem eMóbil apresentam ligação direta ou indireta com o Senai-SP, que aqui, por meio de sua editora, Circuitos Lógicos Pneumáticos busca promover a formação de mão de obra de alto nível para esse campo que tanto cresce e se desenvolve em nosso país. Compressores Esta edição ampliada e atualizada apresenta conteúdo abrangente Técnicas de Comando e complexo, mas com uma linguagem simples e clara, que facilita a Pneumático apropriação dos conhecimentos necessários a esse importante setor Tecnologia do Vácuo da indústria.

SOLDAGEM

MESTRE DE OBRAS MESTRE DE OBRAS

Não é comum encontrar um livro para mestres, escrito por engenheiros que aliam conhecimento teórico a experiências adquiridas na prática diária da construção civil. Lado a lado com pedreiros, especialistas em vedações, armadores de estrutura, carpinteiros, telhadistas, etc., os autores contam com a vantagem da visão global de construções, sem perda de detalhes de cada etapa dos processos construtivos. Além disso, os autores são naturalmente estimulados para uma constante atualização por conta da carreira acadêmica e da docência em cursos técnicos e de mestria da construção civil. Esse perfil dos autores explica as características do “Mestre de Obras”, um livro escrito de forma didática, numa linguagem simples e objetiva, abordando, na sequência que corresponde à prática construtiva de uma edificação, desde o planejamento até a cobertura e acabamento de obras. Aqui, mestre de obras, engenheiros, técnicos, docentes, estudantes, profissionais de alvenaria, de instalações hidráulicas e elétricas, de sistemas de impermeabilização, de carpintaria e telhados, encontram informações teóricas e práticas para sua atividades.

SOLDAGEM Área Metalurgia Outros títulos da série Informações Tecnológicas Calibração de Instrumentos de Medição Celulose Comandos Elétricos de Sistemas Pneumáticos e Hidráulicos Eletrônica de Potência Fundição Artística Mestre de Obras Sistemas Hidráulicos Industriais Sistemas Pneumáticos Tecnologia Construtiva de Revestimento Decorativo Monocamada

ISBN 978-85-65418-68-3

9 788565 418683

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28/03/13 16:21

mesTre De Obras SENAI-sP

sOlDagem SENAI-sP

Ao dar corpo e alma à atividade fundamental de um mestre de obras, este lançamento da SENAI-SP Editora contribui para a mudança comportamental tão necessária à construção civil, reafirmando a crença de que o sucesso no setor depende da capacitação profissional dos que nele atuam. Sendo a chave para a produtividade e qualidade tão almejadas nas obras, esses profissionais trazem consigo a bagagem teórica, técnica e prática essencial para garantir os prazos e entregas com quantidade e qualidade requeridas nos contratos.

Este livro destina-se a estudantes de nível técnico e tecnólogo, mas pode ser utilizado como referência por engenheiros, profissionais e pessoas interessadas na arte da união dos materiais metálicos. Os autores convidados para esta publicação são especialistas atuantes nos mais diversos setores da soldagem e apresentam ligação direta ou indireta com o SENAI-SP, buscando promover a formação de mão de obra de alto nível para esse campo que tanto cresce e se desenvolve em nosso país.


segreDOs DO DesigN auTOmOTivO Amoritz GT

la míNima em ceNa lA mínImA cIA.

TraDuçÕes e iNsPiraçÕes SENAI-sP

Fernando Morita, um dos nomes do design automotivo brasileiro, contribui com este livro para a formação dos futuros profissionais ao contar “os segredos de sua rica trajetória profissional”. Conheça a concepção do projeto gráfico do protótipo do DoniRosset, carro superesportivo totalmente projetado no Brasil.

La Mínima em Cena registra a trajetória do Grupo Teatral La Mínima desde a sua criação, há cerca de quinze anos, até a atualidade, consagrado como um dos mais representativos grupos de teatro de linguagem circense no Brasil. Esse grupo de dois, composto pelos amigos Domingos e Fernando, se multiplica nos mais variados personagens na nobre e difícil arte de divertir.

Traduções e inspirações traz um verdadeiro brainstorming de tendências e estilos que, sobrepostos ou justapostos, acabam compondo a linguagem que se vê na joalheria contemporânea. Em um registro de estilos e formatos, serve de referência para designers em seu processo criativo.

Quando percebeu que uma folha côncava e de bico fino era levada pelas águas com mais rapidez do que qualquer objeto achatado e quadrado, o homem descobriu a navegação. Mares e rios foram protagonistas na construção de nações e culturas, funcionaram como vias de transporte e rotas de desenvolvimento, uniram e separaram povos. Dominar as águas tornou-se sinônimo de poder, prova do desenvolvimento da espécie, até que o homem descobrisse que navegar também é um prazer, é lazer e competição. É esporte. Vela, Remo & Canoagem resgata a história da navegação esportiva. Afinal, competir a bordo de um veleiro, de um barco a remo ou de um caiaque nada mais é do que se integrar com o elemento que ocupa três quartas partes do planeta. Nós, brasileiros, vivemos em um país das águas. A costa tem 8.500 quilômetros, metade dos quais navegáveis. Em 21 mil quilômetros da rede hidrográfica, poderiam circular milhares de embarcações.

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Vela, remo & canoagem

MARCELLO GRASSMANN

MARCELLO GRASSMANN

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Ao navegar conosco por estas páginas, você entenderá por que o Brasil, que já conquistou tantas medalhas olímpicas com a Vela, poderá ser uma potência olímpica se associar a cultura náutica ao esporte.

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ISBN 978-85-8205-049-1

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9 788582 050491

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As obras de Marcello Grassmann provocam o espectador de diversas maneiras. Há quem conviva com as características principais dos trabalhos do artista — figuras arcaicas, guerreiros, damas e animais híbridos — e se dê por satisfeito. E há aqueles que desejam ler mais profundamente as imagens, em busca das intenções e dos significados dessas imagens fantásticas e alegóricas. Este livro traz motivos para olhar as gravuras e desenhos de Grassmann mais uma vez, e enriquecer o imaginário sobre esse artista referência quando o assunto é gravura.

Coletâneas em dois volumes com artigos, ensaios e entrevistas produzidos pelo Senai São Paulo Design sobre os mais variados temas: materiais, embalagens, economia sustentável, entrevistas, tendências, entre muitos outros. O objetivo desta publicação é ampliar o acesso ao conhecimento para as empresas e para estudantes da área de design.

Mais um título da coleção Atleta do Futuro, o livro resgata a história da navegação esportiva, explicando por que o Brasil poderá ser uma potência olímpica se associar a cultura náutica ao esporte. Afinal, competir a bordo de um veleiro, de um barco a remo ou de um caiaque nada mais é do que se integrar com o elemento que ocupa três quartos do planeta: a água.



Conversa com tatiana belinky, a bruxinha-fada do pacaembu POR LUIZ BRAS

Foto: acervo familiar de Tatiana Belinky

9 Dizer que Tatiana Belinky é uma das mais importantes escritoras infantojuvenis brasileiras, com mais de duzentos e cinquenta livros publicados, é chover no molhado. Dizer que essa jovem bruxinha nascida na Rússia em 1919 chegou ao Brasil com dez anos de idade, recebeu a cidadania brasileira e está radicada em São Paulo há mais de oitenta anos também é gastar palavras demais com o menos importante. Porque Tatiana já conquistou o direito de dispensar apresentações desse tipo, objetivas e protocolares, cheias de datas e locais. Ela merece algo muito mais criativo: uma biografia imaginária, que comunique a real dimensão de sua existência rica em fantasia, humor e invenção. É claro que Tatiana fez história na literatura, no teatro e na televisão, adaptando e traduzindo os clássicos, escrevendo poemas e contos, peças, telepeças e seriados para crianças e jovens. Quem não sabe que a primeira adaptação da obra infantojuvenil de Monteiro Lobato para a televisão foi feita por ela e Júlio Gouveia, seu marido, na antiga TV Tupi, definitivamente não é deste planeta. É claro que Tatiana foi uma força intelectual importantíssima na renovação da literatura infantojuvenil brasileira, nas décadas de 70 e 80. Suas crônicas e resenhas críticas puseram óculos em muita gente míope que se recusava a enxergar o altíssimo valor dos livros para crianças e jovens.


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Mas essa é a Tatiana das enciclopédias e dos dicionários críticos de literatura. É a Tatiana, vamos dizer, oficial. É a escritora em estado sólido, ou seja, em estado de Monumento da Independência das Letras Infantojuvenis Nacionais. Que tal, hoje, apenas pra variar, a gente conviver um pouco com a outra Tatiana? Estou falando da Tatiana em estado líquido e gasoso, da Tatiana rainha-bruxa do Reino dos Cães e dos Gatos, super-bem-humorada, que veio da Rússia num dirigível invisível, é meia-irmã da Marquesa de Rabicó, adora limeriques e inventar palavras engraçadas. Foi com essa Tatiana que eu passei duas horas mágicas, em seu palácio imaginário no bairro do Pacaembu, em São Paulo. Foi com a bruxinha com anteninhas de fada, capazes de sondar o invisível, que conversei. As plantas curiosas não atrapalharam o bate-papo. Ficaram em silêncio, apenas escutando, enquanto os sete gatos trocavam impressões telepaticamente. Só os dois cachorros, Max e Tuca, de vez em quando lançavam no ar uns comentários divertidos, mas totalmente descabidos. A rainha-bruxa usava suas lentes de contato de enxergar a criança dentro do adulto. Como escreveu o escritor Marcelo Maluf: “Tatiana está sempre no lugar privilegiado do seu imaginário”. Tatiana, esta não é uma entrevista tradicional. É uma conversa entre amigos. Pode ser?

Ótimo. Não gosto de coisas tradicionais, detesto formalidades. Sobre o que você gostaria de conversar? Poesia, teatro?

Gosto muito de poesia. De poemas divertidos, de limeriques. Meu livro Caldeirão de poemas traz traduções de poemas russos, alemães e ingleses, que fizeram parte da minha infância. Adoro escrever poemas, sobre todos os assuntos. Tudo dá samba, não existe tema proibido. Ter senso de humor é importante. Pode ser até um senso de humor negro. As três qualidades fundamentais num texto pra crianças são: ética, estética e humor. Aposto que muitas crianças perguntam pra você que bicho é esse, o limerique.


Aí eu leio pra elas meus limeriques e explico que esse é um gênero poético inspirado numa cidade da Irlanda, Limerick. Ele foi desenvolvido pelo poeta Edward Lear. Também o Lewis Carroll escreveu alguns limeriques. São cinco linhas, três versos rimando, o primeiro, o segundo e o quinto. O terceiro e o quarto, mais curtos, rimam entre si. Isso dá ritmo, é ótimo pra fazer algumas brincadeiras. Meu primeiro livro de poemas foi justamente o Limeriques, publicado em 1987. Todo mundo conhece o limerique por minha causa, mas não fui eu quem inventou, não. A poesia, de modo geral, é um espaço riquíssimo pra imaginação.

Poesia é fundamental na vida. Poesia e humor. Poesia como sinônimo não só de verso, mas também de magia. Isso nos leva ao mago dos magos, que não era poeta mas era extremamente poético, Monteiro Lobato.

Foto: Vivian Fernandez

Ele foi um divisor de águas, um pioneiro. Antes dele, os livros para crianças eram muito chatos, moralistas. Um horror.

Cena de Crônicas de Cavaleiros e Dragões: o tesouro dos Nibelungos, adaptação do livro A Saga de Siegfried — O Tesouro dos Nibelungos, de Tatiana Belinky, em exibição no Teatro do Sesi-SP.

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Todo mundo sabe que o Lobato foi uma figura importante na sua vida…

Vou contar como foi meu primeiro contato com o Monteiro Lobato. Foi a minha primeira gafe com ele. Na época eu já o admirava muito, como escritor. Ele tinha lido um artigo do meu marido sobre sua literatura infantojuvenil, publicado numa revista chamada Literatura e Arte, e gostado bastante. Então, telefonou pra nossa casa, procurando o Júlio, e eu atendi. “Aí é da casa do Júlio Gouveia?” “Sim. Quem está falando?” “Aqui é o Monteiro Lobato.” Eu pensei que fosse um trote e respondi: “E aqui é o Rei George da Inglaterra”. Ele riu do outro lado do telefone. Só então eu percebi que era mesmo o Monteiro Lobato. Ele queria fazer uma visita e foi à nossa casa naquela noite. Ele era parecido com o Júlio, fisicamente. Mas o Júlio era mais bonito. Também sei que você gostaria de ser uma bruxa de verdade.

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Quando eu era pequena, queria ser uma bruxa. Porque, diferente da criança, uma bruxa tem muito poder. Não queria ser uma fada. As fadas são boazinhas demais, certinhas demais. Eu queria ser uma bruxa. Mas uma bruxa bonita, como a madrasta da Branca de Neve. Quando a minha mãe ficava muito brava comigo, ela me chamava de bruxa, porque eu não chorava e não protestava, mas não dava o braço a torcer. Pra mim e pra muita gente você é uma bruxinha de verdade. A bruxinha-fada do Pacaembu. Com um caldeirão incrível, onde você cozinha seus poemas e seus contos.

As pessoas descobriram que eu adorava bruxas e passaram a me mandar bruxinhas de todos os tipos. Hoje eu tenho uma coleção delas. Mas, quando eu era criança, depois que conheci a Emília, eu disse: “Não, agora eu quero ser a Emília”. A Emília é muito melhor, muito engraçada, ela é contestadora e tem um senso de humor maravilhoso. Quando me perguntam qual a figura feminina da literatura brasileira de que eu mais gosto, eu sempre respondo: “A Emília”. “Eu sou a independência ou morte.” Foi o que a Emília respondeu certa vez, quando perguntaram à famosa boneca de pano o que afinal ela era. Adoro essa resposta. A Emília é o triunfo da imaginação. E a imaginação é isso: independência ou morte.


A imaginação é tudo, a fantasia é tudo. Sempre digo às crianças que o livro é um objeto mágico que não precisa de bateria ou eletricidade. O livro é muito maior por dentro do que por fora. Por fora ele tem a dimensão real, mas dentro dele cabem um castelo, uma floresta, uma cidade inteira. Cabe uma multidão de fadas, bruxas, heróis e vilões. Um livro a gente pode levar pra qualquer lugar. E com ele se leva tudo o que o escritor imaginou. Um livro também é uma máquina do tempo. Com ele podemos viajar a qualquer época.

É verdade: uma máquina do tempo. Capaz também de impedir que a criança dentro da gente envelheça. Hoje eu sou antiga, mas não sou velha. Dentro de mim continua vivinha a criança que um dia eu fui. Vamos conversar um pouco sobre o teatro?

Sempre fui apaixonada pelo teatro. A primeira vez que fui ao teatro, eu era muito pequena, foi em São Petersburgo, antes de vir para o Brasil. O teatro e os livros sempre fizeram parte da minha vida. Meus pais liam muito e sempre me levavam pra ver as peças em cartaz. Aos dez anos, quando cheguei ao Brasil, eu já tinha visto muito teatro e lido muito. Com o Júlio, que era psiquiatra, psicólogo e um educador nato, eu escrevi minhas primeiras peças. Esse foi o início de sua carreira, ou, pra evitar a palavra carreira, de “uma trajetória cheia de aventuras”, como você gosta de dizer.

Em São Paulo não havia teatro para crianças. A primeira peça que fizemos foi uma adaptação de Peter Pan, que foi apresentada no Theatro Municipal, cedido pela prefeitura. Foi assim que comecei a escrever para as crianças. Mais tarde, quando começou a televisão no Brasil, alguém da direção da TV Tupi foi ver uma de nossas peças, Os irmãos ursos. Então, fomos convidados pra fazer as encenações nos estúdios da emissora. Foi um sucesso. O público adorou. Era algo novo: o teleteatro. Não havia videoteipe, nada disso. Era ao vivo. Para evitar os acidentes, precisávamos prever o imprevisto. Em pouco tempo, já tínhamos três programas por semana e a emissora logo pediu mais.

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As ideias tinham que vir rapidinho, aos montes, não?

Eu sou uma escritora ambidestra. Eu agarro as ideias com a mão direita e escrevo com a mão esquerda. Ou vice-versa. O início de sua carreira foi no teatro. Mais tarde, depois da televisão, vieram também os livros.

Aos quatro anos eu já sabia ler, primeiro em russo, depois em alemão. A leitura fazia parte da minha vida, como escovar os dentes. Ainda mais porque minha mãe era dentista. Ela era comunista, feminista e dentista, uma mulher forte, incrível. Não me lembro de mim sem livros. Hoje os pais querem que os filhos leiam mais, mas os próprios pais não gostam de ler. Isso é um contrassenso. Livro não é castigo ou obrigação, não é chateação. Ao mesmo tempo, tem gente que idolatra demais os livros, guardando todos bonitinhos na estante, longe dos filhos pequenos. Isso é terrível. Livro tem de ser curtição, prazer, sempre. E no Brasil há pessoas que passam a vida toda sem conhecer o verdadeiro prazer da leitura.

O escritor francês Daniel Pennac disse: “O verbo ler não comporta imperativo, assim como o verbo amar e o verbo sonhar”. É verdade. O Ziraldo está certíssimo quando diz que ler é mais importante do que estudar. A criança não gosta de estudar, ela gosta é de aprender. E ela aprende o tempo todo. Profissão de criança é aprender, mesmo quando está brincando. Especialmente quando lê, a criança está aprendendo. Adorei nosso papo, Tatiana. Também gostei de conhecer sua boneca Emília, de pano.

Foto: Vivian Fernandez

Ela está sempre aí, com as bruxas, me fazendo companhia. Seus sete gatos e seus dois cachorros parecem se dar bem…

É a paz armada. É só um não invadir o território do outro, que fica tudo bem.

Cena de Crônicas de Cavaleiros e Dragões, em cartaz no Teatro do SESI-SP.

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SESI-SP – Vila Leopoldina – Maratonas Aquáticas – Ana Marcela Cunha


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Foto: Jonne Roriz

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Os valores do esporte são atemporais: estavam presentes na origem da convivência civilizada e acompanharam os maiores saltos da humanidade até a era tecnológica. Sobreviveram às diferenças e aos conflitos, adaptaram-se às grandes transformações sociais e tiveram ativa participação nas revoluções do conhecimento. Na construção da memória esportiva, as façanhas dos tempos modernos do olimpismo são fiéis retratos da obsessão do homem em ter pleno domínio do corpo, bem como dos elementos que o cercam, por terra, mar e ar. E no momento em que o Brasil está prestes a assumir um posto de honra entre os protagonistas dessa riquíssima história, ao organizar os Jogos Olímpicos de 2016, nada mais conveniente do que receber uma parcela significativa da memória esportiva mundial, um valioso patrimônio preservado pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Parte do impressionante acervo do Museu Olímpico de Lausanne, sede do COI, na Suíça, está na exposição Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte até o dia 30 de junho na Galeria de Arte do SESI São Paulo, no Centro Cultural Fiesp.

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PARA MERGULHAR NO ESPORTE OLímpico

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Inaugurado em 1993, visitado anualmente por mais de 200 mil pessoas, o museu de Lausanne é uma preciosidade composta por mais de dez mil peças que extrapolam seu valor esportivo – são pedaços de uma trajetória que reconta a evolução da humanidade sob a ótica das práticas olímpicas. Estão ali desde o uniforme do mítico Jesse Owens, o negro norte-americano que conquistou medalhas de ouro em plena Alemanha de Hitler, nos Jogos de 1936, em Berlim, até tochas olímpicas e equipamentos diversos que contam as façanhas das disputas mais recentes. Ao acervo fixo somam-se exposições temporárias de esporte, arte, cultura e ciência, uma diversificação que já rendeu o prêmio europeu de Museu do Ano em 1995. Em sua área de exposição com 11 mil m2, cercada por 22 mil m2 de jardins que incluem esculturas de artistas como o colombiano Fernando Botero e a francesa Niki de Saint Phalle, a memória esportiva é preservada por meio de imagens, símbolos gráficos, escritos de várias origens, objetos de todas as espécies e material eletrônico e digital. Nomes famosos do esporte já fizeram doações ao museu do material utilizado em suas participações nos Jogos – verdadeiros mitos como Roger Federer, Carl Lewis, Alberto Tomba, Sergei Bubka e El Guerrouj.

Foto: Josias Neto

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Imagem captada por Josias Neto, que tem deficiência visual.


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Olhar a toda prova

Entre os mais significativos lemas olímpicos, aquele que consagra “o mais alto, o mais rápido, o mais forte” inspirou também a mostra Olhar a toda prova, paralela à exposição do Museu Olímpico. Trata-se de sensível coletânea de imagens sobre a experiência sensorial e a riqueza de movimentos que caracterizam o mundo do esporte de alto rendimento, centrada nos atletas e modalidades do âmbito do SESI, como forma de aproximar o público brasileiro das atrações olímpicas que compõem o acervo que veio da Suíça. A proposta de reunir um material fotográfico especial e esteticamente diferenciado – muito além dos registros fotojornalísticos com maior valor documental – só foi possível com a convocação de profissionais de altíssimo calibre e a realização de um trabalho envolvendo todos os segmentos do esporte do SESI, a partir de uma visão particular das práticas das diferentes modalidades, promovidas em nove unidades do estado de São Paulo. A missão foi entregue aos fotógrafos Renan Cepeda, Claudio Edinger, Marlene Bergamo e Jonne Roriz, todos com reconhecida trajetória no mundo das imagens. Entre os mais significativos lemas olímpicos, aquele que consagra “o mais alto, o mais rápido, o mais forte” inspirou também a mostra Olhar a toda prova.

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O crescimento do acervo e as múltiplas atividades paralelas levaram o museu a ser fechado para uma ampla reforma em janeiro de 2012 (com previsão de reabertura no fim de 2013), motivando os responsáveis a transferir parte de seu acervo para um local provisório, um navio ancorado próximo à sede. A reforma também abriu caminho à programação de exposições itinerantes pelo mundo, com o propósito de compartilhar os valores olímpicos, colocando obviamente várias cidades brasileiras em primeiro plano nesse roteiro, em função do ambiente de entusiasmo gerado pela realização da Olimpíada no Rio. A exposição paulistana na Galeria de Arte do SESI tem aproximadamente 300 peças e atrações audiovisuais e oferece, paralelamente, mais um ingrediente aos interessados no mundo do esporte e em suas riquezas como formação de patrimônio cultural: um conjunto de registros fotográficos dos esportes e esportistas vinculados ao SESI São Paulo. A entrada nas exposições é gratuita.

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SESI-SP – Unidade Suzano Vôlei Sentado

Foto: Marlene Bergamo

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A mostra, que tem curadoria de João Kulcsár e produção da Alfavisual Comunicação, é composta por 48 fotos, todas tendo os atletas do SESI como protagonistas. Para Kulcsár, a proposta de revelar as particularidades do treinamento, as reações e emoções e, principalmente, o comportamento técnico no dia a dia dos atletas foi interpretada com perfeição pelos fotógrafos: “Eles transcenderam uma pretensa estética do fotojornalismo esportivo, expressaram-se com a intenção de colocar seus olhares a diversos desafios técnicos para discutir as implicações culturais, ideológicas, sociais e psicológicas que essas imagens representam”. Para tanto, é fundamental a utilização de técnicas que caracterizam o estilo individual de cada fotógrafo, como ressalta Kulcsár: “Renan Cepeda, por exemplo, utiliza a técnica do light painting e Marlene Bergamo trabalha geralmente com fotos em preto e branco. A ideia é justamente que o profissional traga para o mundo do esporte essa forma pessoal de retratar o movimento, um olhar artístico sobre as práticas esportivas”. Também compõe a exposição e o livro um material fotográfico produzido por seis deficientes visuais, com registros de sua percepção dos esportes olímpicos e paralímpicos. “O grupo foi fotografar nos centros esportivos de Suzano e da Vila Leopoldina”, conta o curador, “e realizou um trabalho que valoriza numa exposição fotográfica a questão da inclusão e da acessibilidade, um exercício de sensibilidade que ocorre a partir da percepção do ambiente por parte do fotógrafo com deficiência”. Esse grupo é formado pelos fotógrafos Marco Oton, Ana Guimarães, Lelo Almeida, Be Moraes, Adelaine Silva e Josias Neto. Há um segmento especial no contexto da exposição, composto por um audiovisual a respeito do programa SESI-SP Atleta do Futuro, mas com outra linguagem estética em relação ao núcleo central da mostra. Também há uma linha do tempo interativa sobre a história dos esportes no Sesi, dividida por décadas, com destaque para os Jogos Operários, que marcaram as primeiras décadas, até chegar a etapa atual de alto rendimento, a partir de 2008. Em outra área interativa, voltada mais para as crianças, é possível tirar uma foto num contexto esportivo e enviá-la para as redes sociais, como uma forma de integração para se trabalhar melhor a questão educativa e motivacional para o esporte. Por fim, a mostra conta com 12 casos retratados em vídeo, presente em DVD que acompanhará o livro da exposição, com um significado especial. São oito minutos de gravações onde a ideia é trabalhar com a emoção por meio de episódios como o do casal Dani Lins e Sidão, que defendem as equipes do SESI, a história de José Montanaro, supervisor de esportes, e das meninas do vôlei que


Foto: Marlene Bergamo

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estudam em escolas da instituição ao mesmo tempo em que jogam pelo SESI. Entre os atletas que participaram das fotos e do audiovisual estão Serginho (Vôlei Adulto), Dani Lins (Vôlei Adulto), Reinaldo Colucci (Triatlo), Aline da Silva Ferreira (Luta Olímpica), Ana Marcela de Jesus Soares da Cunha (Maratona Aquática), Gustavo de Freitas Guimarães (Polo Aquático), Hugo de Moura Praxedes (Judô), Marco Aurélio Lima Borges (Atletismo Paralímpico), Luisa Lisboa dos Reis (Bocha Paralímpica) e Janaina Petit Cunha (Vôlei Sentado). Material pedagógico

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A faceta educativa da exposição também foi contemplada pelos organizadores, reforçando a marca registrada e a própria vocação histórica do SESI. A mostra fotográfica será itinerante e estará presente nas 52 unidades da instituição no estado de São Paulo nos próximos dois anos, até a Olimpíada de 2016, que será realizada no Rio de Janeiro. Um kit pedagógico, produzido com ênfase no material da exposição, vai ajudar os professores a utilizar as imagens em sala de aula de modo interdisciplinar. Ou seja, ao mesmo tempo em que os alunos poderão visitar a exposição nas unidades, os professores utilizarão o material pedagógico para permitir uma conexão entre o aprendizado e as práticas esportivas reproduzidas nas fotos. Para o SESI como instituição, na opinião do curador João Kulcsár, “a exposição é importante para que muito mais gente conheça as propostas esportivas e as modalidades que são apoiadas pela entidade. Tem também a história da tradição dos Jogos Operários, que precisa ser difundida. E quanto à exposição fotográfica, ressalto a importância da conexão com as coisas que são daqui e os próprios atletas do SESI estarão participando com tardes de autógrafos e de visitas. Tudo isso é uma forma de juntar educação, cultura e esporte, algo que está no próprio DNA do SESI.” De fato, tanto a exposição Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte quanto a mostra Olhar a toda prova e suas ações paralelas, como a circulação da montagem fotográfica e audiovisual por todas as unidades do estado, trazem para o SESI-SP novos instrumentos de promoção do esporte de rendimento, tendo como pano de fundo o entusiasmo pela realização dos Jogos Olímpicos no país. Para o professor Luís Claudio Marques, da Divisão de Esporte do SESI-SP, “com a realização dos grandes eventos esportivos em nosso país, grande parcela de nossa população tende a vivenciar e praticar diversas modalidades esportivas, e, com isso, o SESI-SP também terá a oportunidade de


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Capa do livro Olhar a toda prova, lançamento da sesi-sP editora.

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Por José Eduardo de Carvalho

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receber este público, uma vez que seus programas de desenvolvimento esportivo estão estruturados em todo o estado de São Paulo, bem como a sua própria proposta educacional”. E a iniciativa das exposições vai trazer aos jovens “um contato mais próximo com a realidade esportiva, propiciando a descoberta de cenários voltados a esta prática. Nem todos os jovens que fazem esportes serão futuros atletas, mas todos serão cidadãos que poderão, a partir dessas vivências, encontrar outras formas de trabalho e lazer relacionados ao esporte”, conclui.

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Período das exposições De 16 de abril a 30 de junho de 2013 Às segundas-feiras, das 11h às 20h; de terça a sábado, das 10h às 20h; e domingo, das 10h às 19h (entrada até 20 minutos antes do fechamento). Local: Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso Avenida Paulista, 1313 – Metrô Trianon-Masp Entrada gratuita

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Olhar a toda prova Mostra paralela à exposição olímpica com fotos e material audiovisual sobre os atletas das modalidades esportivas praticadas pelas equipes do SESI-SP

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Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte Exposição de cerca de 300 peças do Museu Olímpico de Lausanne, Suíça, sede do Comitê Olímpico Internacional (COI)



P O N B TO I BL IO G RÁ FI C O

UMA BREVE HISTÓRIA DA LINOTIPO POR CLAUDIO ROCHA

A Linotipo é um equipamento que compõe e funde linhas de texto para impressão no sistema tipográfico. Foi desenvolvida na década de 1880 por Otmar Mergenthaler, um imigrante alemão, em Baltimore, EUA, e fabricada até o final da década de 1970. Foi o invento mais significativo na arte tipográfica desde a invenção do molde ajustável por Gutenberg, 432 anos antes. A invenção de Mergenthaler foi decisiva para a explosão da informação que caracterizou o século xx. Na página à esquerda, a Simplex Linotype Model 1, que começou a ser fabricada em 1892. O sistema de linotipo também ficou conhecido como “composição a quente”, pelo fato de utilizar uma liga de metal em ponto de fusão para a produção de linhas de texto. Nesse equipamento, as matrizes (imagem à direita) são armazenadas em um depósito, conhecido como magazine, que fica localizado na parte superior da máquina. Completam o equipamento um teclado especial, um sistema de fundição e um sistema de distribuição ou retorno das matrizes ao depósito.

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Os primeiros experimentos com a composição mecânica de textos ocorreram a partir da década de 1820, mas a engenhosa e complexa invenção de Ottmar Mergenthaler, de 1886, foi a primeira a obter êxito comercial. Graças à sua praticidade e qualidade técnica, conseguiu se impor no mercado tipográfico, especialmente para a produção de jornais e livros. A segunda metade do século xix assistiu a uma sucessão de inventos, com a crescente busca pela mecanização e aumento da produtividade, em pesquisas com materiais e processos que desembocavam necessariamente no empreendedorismo. A Linotipo é considerada uma das mais importantes contribuições para o avanço das artes gráficas e foi considerada pelo inventor, cientista e empresário norte-americano Thomas Edison (1847-1931) “a oitava maravilha do mundo”. O relojoeiro alemão Ottmar Mergenthaler (1859-1899) emigrou para os EUA em 1872 e o seu primeiro emprego foi em uma loja de instrumentos científicos, na cidade de Washington. Uma das atividades ali desenvolvidas era a confecção de protótipos para as invenções dos clientes, atendendo a uma exigência do departamento de patentes norte-americano. Mergenthaler logo se destacou nessa função. Em 1883, ele foi encarregado de desenvolver o protótipo de uma máquina de escrever, que compunha linhas de texto com tinta litográfica em tiras de papel, para serem transferidas diretamente para a pedra litográfica. O projeto se mostrou problemático e foi solicitado a Mergenthaler uma outra solução. Ele começou a trabalhar em um novo projeto, batizado como Rotary Matrix Machine, que utilizava punções para gravar letras em baixo-relevo sobre fitas de cartão umedecido (papier-mâché), que serviriam como matrizes para estereotipia. Esse projeto também não chegou a resultados satisfatórios, mas gerou o conceito de produzir linhas inteiras de texto. Finalmente, o projeto foi abandonado e Mergenthaler iniciou suas próprias pesquisas, em um caminho diverso.

Acima, a Rotary Matrix Machine, de 1883, e na página à direita, a Linotype Machine with Band, de 1884, que teve apenas dois protótipos produzidos: o primeiro se encontra no Smithsonian Institute, em Washington, e o segundo, no Museum of Printing, em North Andover, EUA. As imagens são do livro Ottmar Mergenthaler - Leben und Schaffen, Berlim, de 1941.


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Em 1885, ele finalizou a construção de um equipamento que utilizava barras metálicas com matrizes do alfabeto completo, em baixo-relevo, e produzia linhas de texto fundidas em metal. Esse equipamento ficou conhecido como Linotype Machine with Band. Enquanto os equipamentos de composição mecânica inventados até então produziam linhas com tipos já fundidos, sua invenção combinava a composição de textos com a fundição de tipos – com a utilização de matrizes de metal – em uma única operação. Logo ele intuiu que poderia agilizar o processo de composição utilizando matrizes de metal separadas, cada uma com um único caractere. Assim, no mesmo ano, ele iniciou a construção de um novo modelo, que realizava as operações de composição, fundição e distribuição de uma maneira bastante veloz. Ottmar Mergenthaler afirmou, em uma palestra proferida naquele período: “A não ser que seja inventado algum sistema de impressão, no qual os tipos não sejam necessários, estou convencido de que o método empregado em nossa invenção será dominante no futuro, não apenas por ser econômico, mas principalmente por sua qualidade superior”.


O INÍCIO DA PRODUÇÃO

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Esse equipamento recebeu o apelido de blower (ventilador ou ventoinha) por causa do jato de ar comprimido que conduzia as matrizes pelos canais que as levavam para o reunidor. A Blower Linotype foi colocada em funcionamento pela primeira vez em 3 de julho de 1886, no jornal New York Tribune. O nome Linotype é derivado da expressão line-of-type, cunhada por Whitelaw Reid, editor do jornal, durante a apresentação do equipamento. Além de compor as páginas do diário nova-iorquino, a Blower foi utilizada pela empresa para compor o primeiro livro em linotipo, o The Tribune Book of Open-Air Sports, em 1887. Mais de 200 Blowers foram produzidas, sendo que dez delas foram vendidas para a Inglaterra. Ottmar Mergenthaler dedicou-se, então, a aperfeiçoar a Blower. Assim, em 1890, chegou ao mercado a Linotype Model 1 Square Base, com mudanças importantes. Além de solucionar definitivamente o sistema de distribuição de matrizes, foi eliminado o sistema de ar comprimido: no novo modelo, as matrizes desciam em direção ao reunidor pela ação da gravidade, acondicionadas em um novo magazine, colocado em posição elevada na parte frontal do equipamento. Foram produzidas 360 Linotype Square Base, mas poucas sobreviveram. Uma delas encontra-se no International Museum of Printing, em Carson, na Califórnia. Em 1892 surgiu a Simplex Linotype Model 1, e já no ano seguinte fez sucesso na Feira Mundial de Chicago. Foi também a primeira a usar matrizes com dois caracteres. Na extensa lista de equipamentos produzidos pela Linotype Company, em constante renovação, sempre buscando aumentar a eficiência operacional e os recursos técnicos, encontramos os seguintes modelos: Linotype Square Base, modelo 1 (Simplex), 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 (magazine simples e magazine duplo), 9, 10, 11, 12, 14 (com magazine simples e magazine duplo), 14 (com três magazines laterais), 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 24, 25, 26 e 26 (com três magazines laterais), 27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35 e 36. Foram produzidos, também, os modelos K, L, M, Ideal, Special, Comet, Junior Linotype, Lead and Rule Caster, Elektron, Elektron II, Elektron Mixer e Elektron Ace, All-Purpose Linotype, modelo 13 (Alemanha) e os modelos 48 e 50 (Inglaterra). Os modelos 6, 7, 11 e 12 eram idênticos aos modelos 4, 5, 8 e 9, respectivamente, com a diferença que os primeiros fundiam linhas mais largas.


P O N B TO I BL IO G RÁ FI C O

29 Acima, o desenho técnico do modelo conhecido como Blower Linotype, no requerimento de patente, de 1888 (em imagem do livro Ottmar Mergenthaler — Leben und Schaffen, Berlim, 1941). À esquerda, a Linotype Model 1 Square Base, produzida a partir de 1890 e a primeira a apresentar o aspecto visual que caracterizou o equipamento nas décadas seguintes.


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A Linotype Model 3, de 1898, trouxe novos recursos: fundia linhas com tamanhos até corpo 14 e possuía dois magazines para uso simultâneo, por intermédio de uma chave no teclado. Também foi aperfeiçoado o uso das matrizes com duas letras, permitindo combinar as variações regular, com negrito, itálica ou versalete em uma mesma linha. A Elektron, lançada em 1964, foi a última, mais avançada, mais rápida e mais produtiva máquina de composição a quente lançada pela Linotype Company. Produzia até 15 linhas de jornal por minuto, sendo operada por fita de papel codificada, com a opção de funcionamento manual. Foi idealizada para proporcionar todas as facilidades de operação, com aumento sensível de produtividade. Entre os aperfeiçoamentos estão o teclado com teclas de pressão, sensíveis ao toque; o disparo das linhas para fundição, antes feito por meio de uma alavanca, passou a ser feito por um botão de pressão; incorporação de sistemas hidráulicos, tanto na movimentação dos magazines quanto na justificação das linhas, garantindo um funcionamento silencioso e suave, mesmo em altas velocidades; um sistema de reunião contínua de matrizes eliminou o movimento do componedor e a consequente interrupção da digitação. Antes, nessa operação, o linotipista era obrigado a aguardar o despacho das linhas para retomar a digitação do texto. ETAOIN SHRDLU

Em 2012, foi lançado um documentário de 72 minutos, celebrando a trajetória da Linotipo, dirigido e produzido por Doug Wilson. No filme podemos ver diversas máquinas ainda operacionais, funcionando da mesma maneira que fizeram por mais de 100 anos, em pequenas gráficas ou em museus, por todo o mundo. Em algumas passagens, o aspecto emocional é evidenciado, revelando a estreita ligação dos profissionais com esse equipamento centenário. Uma dessas passagens marcantes é a reprodução de um trecho do antigo documentário Farewell, Etaoin Shrdlu, dirigido por Carl Schlesinger, que registrou a noite da última edição do jornal The New York Times no sistema tipográfico de impressão, composto em linotipo, no dia 2 de julho de 1978. O estranho título se refere a uma antiga praxe: quando um linotipista cometia um erro de digitação, ao invés de substituir manualmente as matrizes erradas, a solução mais rápida era fundir a linha com problema e compô-la novamente. E como uma linha só podia ser fundida depois de completa, o modo mais rápido de


P O N b TO Ib lI O G RÁ fI c O

finalizá-la era correr o dedo sobre o teclado, digitando a sequência de teclas. Dessa maneira, era composta a sequência “etaoin shrdlu”, que corresponde às duas colunas verticais à esquerda, no teclado. A presença dessa expressão tornou-se um “código” para assinalar que a linha deveria ser descartada na montagem da forma tipográfica. Ocasionalmente, uma linha com a sequência etaoin escapava à revisão e era impressa inadvertidamente. A sequência completa do teclado – etaoin shrdlu cmfgyp wbvkxj qz – era usada para testar o equipamento, sendo considerada uma linha de teste e, portanto, também não deveria ser impressa... O equívoco ocorria com certa frequência e a expressão acabou sendo incorporada ao Oxford English Dictionary e ao Webster’s Unabridged Dictionary. este artigo faz parte do livro A Letra Impressa, publicado pela seNAi-sP editora.

b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y & z

A LETRA IMPRESSA

a origem da tipografia no século XV, passando pelos avanços trazidos pela revolução industrial até chegar à tipografia digital de nossos dias, esta obra nos apresenta a evolução da arte ipográfica e a tecnologia revolucionária esponsável pela mais ampla disseminação de conhecimento de nossa história.

CLAUDIO ROCHA

Claudio Rocha é tipógrafo e diretor da OTsP — Oficina Tipográfica são Paulo, uma ONG dedicada à preservação da cultura gráfica brasileira.

C L A U D I O

R O C H A

A LETRA

IMPRESSA ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXY&Z

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

Capa do livro A letra impressa, lançado pela seNAi-sP editora.

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Ilustração: Vanessa Prezoto


P O N ES TO P EC IA L

LITERATURA INFANTIL: APENAS PARA MENORES? POR LUIS BRAS

Silêncio visual e sonoro.

É o que o livro mais pede: um minutinho ou dois (ou muitos mais) de quietude visual e sonora. Ninguém gosta de

Ilustração: Vanessa Prezoto

ler com barulho, com luzes pipocando. Mas onde conseguir uma boa dose de paz e sossego hoje em dia?


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O rádio e a televisão não fazem silêncio. O tocador de MP3, o aparelho de som, o videogame e o cinema também não. Seria loucura se fizessem, foram inventados justamente para encher nossos olhos e ouvidos de estímulos maravilhosos. Pensando bem, quase nada faz silêncio neste mundo. O livro faz e pede silêncio. Ao menos o livro de papel. A experiência silenciosa que um bom livro de papel propõe é única e intransferível. Ela é fruto da potência máxima do texto e das figuras, tudo paradinho, quietinho, sem movimento nem som. Se um dia o livro de papel for totalmente substituído pelo livro eletrônico, é importante que a experiência do silêncio da leitura seja preservada. Os livros eletrônicos, com texto e figuras em movimento, coloridas e vibrantes, com situações interativas, com trilha sonora, efeitos acústicos e vozes, são muito atraentes, não resta dúvida. Livro-filme, livro-videoclipe ou livro-jogo, o nome não importa tanto, eles são sempre muito sedutores. Mas são outro tipo de experiência sensorial e intelectual. Não substituem a experiência profunda que apenas o livro-livro pode proporcionar. Se isso é válido para as obras produzidas para o leitor maduro e crítico, capaz de refletir sobre as qualidades e os limites das muitas formas de representação artística, é mais válido ainda para as obras produzidas para o leitor iniciante, que está começando a tomar contato com essas muitas formas de sensibilização. A experiência silenciosa que um bom livro de papel propõe é única e intransferível, ela é fruto da potência máxima do texto e das figuras, tudo paradinho, quietinho, sem movimento nem som. O livro-livro é uma máquina de sensibilização contraditoriamente poderosa e frágil ao mesmo tempo. Poderosa, porque é capaz de provocar na mente do leitor de qualquer idade uma grande onda, um genuíno tsunami

ilustração de Fábio sgroi para o próximo lançamento da sesi-sP editora, O colecionador de histórias, de edison Rodrigues Filho.


P O N ES TO P EC

O conceito de infância é relativamente novo na história da humanidade. O historiador francês Philippe Ariès, em sua célebre História social da criança e da família, argumenta que a infância como nós a conhecemos começou a tomar forma somente nos últimos quinhentos anos. Do século XVI para trás havia, é claro, os pequenos seres biológicos chamados criança, mas não a percepção subjetiva de infância. Porém, logo que foi elaborado e adotado pela sociedade moderna, o conceito de infância deu origem a inúmeros conceitos aparentados, entre os quais o de literatura infantil. Bastou juntar a invenção máxima de Gutenberg, agora aperfeiçoada pela Revolução Industrial, com a nova instituição burguesa, chamada escola primária, para que acontecesse a reação química tão desejada: livros para a molecada.

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Breve história, vasta aventura

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sensorial e intelectual. Frágil, porque demanda constantes esforços para sua preservação, como se fosse uma espécie animal ameaçada de extinção. Ele é o panda ou a morsa dos bens culturais. A televisão ou o videogame não precisam de amplas campanhas de formação de telespectadores ou de jogadores. Dificilmente encontraremos pais e educadores distribuindo panfletos que incentivem as pessoas a passar mais tempo na frente da tevê ou do computador. Já o livro-livro precisa, precisa MUITO, de amplas campanhas de formação de leitores. O livro-livro é um objeto tão frágil, que, em sua defesa, os próprios escritores às vezes brigam feio com os supostos parceiros na campanha de formação de leitores: os editores, os livreiros, os professores e os contadores de histórias. Brigam com os maus editores que preferem investir apenas em best-sellers estrangeiros. Brigam com os maus livreiros que tratam a literatura escrita para crianças como algo inferior. Brigam com os maus professores que assassinam, no ensino básico, qualquer possibilidade de os alunos um dia se apaixonarem pela leitura e pela literatura. Brigam com os maus contadores de histórias que, ao adaptar um livro, apenas criam um substituto audiovisual para esse livro, que não será lido.

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A literatura escrita para crianças tem sido há décadas um segmento bastante lucrativo do mercado editorial. Hoje a infância é antes de tudo um ótimo negócio. No planeta inteiro, uma quantidade incalculável de livros publicados para os pequenos leitores movimenta anualmente zilhões de dólares. É claro que o mercado editorial está apenas acompanhando uma tendência já fortalecida nos dois mercados culturais mais poderosos, o cinema e a televisão, que movimentam zilhões de zilhões de dólares com o vasto público infantil. São cifras tão fabulosas, pulverizadas por nações e economias tão diversas, que ninguém conseguiu computá-las ainda. No Brasil, o primeiro grande momento da literatura para crianças foi com o pai-fundador, Monteiro Lobato, nas décadas de 30 e 40 do século passado. Então, se o segundo grande momento foi na década de 70, com os talentosos filhos literários de Lobato (Lygia Bojunga, Tatiana Belinky, Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Ziraldo, entre outros), hoje certamente estamos vivendo o terceiro, com os netos e bisnetos não menos talentosos (Índigo, Leo Cunha, Roger Mello, Ilan Brenman, Heloisa Prieto e tantos outros). Na figura principalmente de uma boneca de pano desbocada e rebelde, Monteiro Lobato trouxe para a literatura infantil de sua época a transgressão e a irreverência politicamente incorreta. Sua personagem mais bem realizada, a pequena Emília, logo se transformou numa figura literária gigantesca, dessas que rompem com qualquer classificação redutora. A questão agora não é mais a segmentação etária, que separa do universo adulto o infantil. Na literatura brasileira, Emília tornou-se uma protagonista feminina tão carismática quanto Capitu, Diadorim e Macabéa. Afinal, era pela boca de Emília que o escritor divulgava sua própria opinião, sempre muito crítica, sobre o Brasil e o mundo. A professora Nelly Novaes Coelho, em seu livro Literatura infantil, acerta na mosca ao dizer que Emília é “o protótipo-mirim do super-homem nietzschiano”, uma personalidade afirmativa e individualista, capaz de grandes realizações mas também de grandes injustiças. É justamente a dualidade de caráter o que faz dessa boneca assertiva e mandona uma figura tão interessante. Com a morte de Lobato, somente na década de 70, depois de um intervalo modorrento, animado mais pelas histórias em quadrinhos e pela te-

Ilustração: Vanessa Prezoto


P O N ES TO P EC IA L

levisão, um novo período de pujança e criatividade volta a agitar a literatura escrita para crianças. Nessa época, um grupo grande de talentosos escritores reuniu-se nas páginas da revista Recreio, da editora Abril. Sua primeira e mais importante edição circulou de 1969 a 1981. Esse extraordinário florescimento da literatura escrita para crianças, agora repleta de personagens irreverentes e subversivos, filhos legítimos e bem-vindos da irreverente e subversiva Emília, tem início curiosamente no pior momento da ditadura militar. Num breve ensaio intitulado Pressões e expressão, incluído na coletânea Silenciosa algazarra, Ana Maria Machado observa que “não houve uma ação oficial contra a literatura infantil, enquanto o teatro, o cinema e sobretudo a música popular foram tremendamente perseguidos nessa ocasião”. Os livros para o público adulto também sofriam demais com a censura. Como os livros infantis conseguiam passar incólumes? Conclusão irônica: os militares provavelmente não liam para os filhos e netos. Do fim da ditadura militar para cá, a situação só fez melhorar. É certo que nosso país ainda não é um país de leitores. É certo que aqui a cultura eletrônica e audiovisual ainda dá de dez a zero na cultura letrada. Mas não resta dúvida de que nosso mercado editorial evoluiu demais, e continua evoluindo. Nunca se publicaram tantos livros para crianças e adultos quanto agora. Segundo o Censo do Livro, encomendado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), nossas

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editoras lançam perto de 1.700 novos títulos por mês. São mais de vinte mil por ano. Graças às gigantescas compras do governo, os títulos didáticos e paradidáticos (literatura infantil, infantojuvenil e juvenil) representam uma fatia grande desse mercado. Comportamento do setor editorial brasileiro 2010-2011 2010

2011

Var (%)

Título

54.754

58.192

6,28

Exemplares produzidos total

492.579.094

499.796.286

1,47

Faturamento total

4.505.918.296,76

4.837.439.173,32

7,36

Mercado

3.348.165.376,68

3.449.255.680,52

3,02

Governo

1.145.369.026,35

1.388.183.492,80

21,20

Exemplares vendidos total

437.945.286

469.468.841

7,20

Mercado

258.697.902

283.984.382

9,77

Governo

163.133.158

185.484.459

13,70

Fonte: CBL e SNEL.

Para menores e maiores, sempre

Em certo momento do breve ensaio intitulado Três maneiras de escrever para crianças, C. S. Lewis aparece com uma afirmação inquietante: “uma história para crianças de que só as crianças gostam é uma história ruim”. Que absurdo é esse? Quer dizer que os livros que cativam os pequenos leitores, mas não seus pais e professores, são medíocres, sem qualidades salientes? A provocação lançada pelo autor de As crônicas de Nárnia pretende, na verdade, enfatizar a autonomia da literatura escrita para crianças. Não se trata de uma literatura menor, que serviria de suporte para a alfabetização e de escada para a Literatura maior, com inicial maiúscula, escrita para os adultos. Trata-se de um gênero literário pleno, com suas próprias convenções, e por isso diferente de todos os outros. C. S. Lewis está apenas nos conscientizando de que o rótulo literatura para crianças disfarça uma estratégia secreta. São contos e ficções muitas Ilustração de Jô Oliveira. Parceria com Marco Haurélio para A lenda do batatão, mais um lançamento infantil da Sesi-SP Editora.

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vezes híbridos (texto + imagem) que, produzidos para crianças, mesmo assim não abrem mão de seduzir também os mais velhos. Minha própria experiência confirma isso. Só comecei a me interessar verdadeiramente pela literatura infantil depois dos trinta anos de idade. Até então eu acreditava, em consonância com o senso comum, que os livros para crianças eram algo menos interessante. Porém, ao tomar contato com a obra de Lygia Bojunga, tudo mudou. Aconteceu a epifania. Logo vi que a autora de O sofá estampado não é apenas uma grande escritora de livros para crianças. Lygia Bojunga é uma grande escritora, ponto. Tão importante para a cultura brasileira quanto Hilda Hilst e Lygia Fagundes Telles. Finalmente entendi que há escritores geniais que escrevem histórias para crianças porque, como disse C. S. Lewis, essa é a forma artística mais apropriada para expressar o que eles querem de fato expressar. Desde então eu leio os bons livros infantis não por dever profissional, mas por puro prazer estético. Por saber que não encontrarei em outro lugar (na televisão, no cinema, na música, no teatro, nos quadrinhos, na pintura, na literatura adulta) a experiência única que eles proporcionam. Imagens-imaginação: vórtice

Linhas, superfícies e volumes em expressivas reviravoltas. Luz e cor abrindo as portas da percepção, da fantasia, do delírio poético. Semelhanças e contrastes, tensão espacial, ritmo ora delicado, ora atrevido, proporções e distorções. Sorrisos e caretas. Humor rejuvenescedor, muito humor rejuvenescedor. O mundo como ele é, chato e sem brilho, transformado agora em mil mundos diferentes, nada naturalistas. Acompanhando a evolução do texto, também a ilustração dos livros para crianças está vivendo um grande momento criativo no Brasil. Já faz um bom tempo que o ilustrador deixou de ser apenas o profissional que repete, com imagens previsíveis e redundantes, na linguagem do cartum ou dos quadrinhos, o que o texto já está falando. Agora o ilustrador é coautor dos livros, um cúmplice conceitual do escritor. Quando não é ele mesmo o próprio escritor. Artistas como Graça Lima, Nelson Cruz, Renato Moriconi, Fernando Vilela e Odilon Moraes levaram a ilustração dos livros infantis para o universo das artes plásticas. Tornaram-se alquimistas da imagem, constantemente pesquisando novas técnicas e soluções visuais, sempre praticando os en-


P O N es TO P Ec IA l

sinamentos das vanguardas. Tornaram-se amigos muito próximos de Tarsila do Amaral, Lasar Segall, Di Cavalcanti, Portinari, Volpi e outros mestres, daqui e de fora. Hoje nós encontramos nos livros para crianças a libertadora e maliciosa indisciplina do impressionismo, do cubismo, do expressionismo, do surrealismo, da pop art, do hiper-realismo fotográfico. Essa bem-vinda renovação multiplicou as possibilidades, trazendo para pertinho dos olhos das crianças — às vezes, em narrativas sem texto algum, feitas apenas de ilustrações — o silêncio vibrante da gravura, da modelagem, do origami, da fotografia, da colagem e da mistura de técnicas artísticas. quais sãO as NOvas regras DO jOgO?

A partir das entrevistas e dos textos teóricos de Ana Maria Machado, Nelly Novaes Coelho e Tatiana Belinky sobre a literatura infantil, publicados em revistas e livros, elaborei o decálogo abaixo, principalmente para os novos escritores interessados em escrever para crianças. Certamente não é um conjunto de regras que a espevitada Emília aprovaria. A boneca detestava esse velho costume da maioria dos adultos, sempre tão severos e sentenciosos, de criar regras e mandamentos para tudo na vida. Mas quero acreditar que um decálogo como esse, se bem compreendido, ajudará a evitar que muitos livros ruins superlotem as livrarias, as bibliotecas e a cabeça das crianças. Dez maNDameNTOs Da liTeraTura iNfaNTil

1. Evitar a infantilização da linguagem e das imagens 2. Não ser professoral nem moralista 3. Evitar os estereótipos e os clichês literários e visuais 4. Não subestimar a inteligência do leitor 5. Questionar os preconceitos e as verdades prontas 6. Não fugir dos temas proibidos 7. Investir nas sutilezas e no vocabulário mais elaborado 8. Propor experiências literárias e visuais enriquecedoras 9. Saborear a boa literatura infantil brasileira e estrangeira 10. Conviver prazerosamente com as crianças

ilustração de Yuri Garfunkel para o livro Shui entre os vermes da superfície.

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Uma rápida passada de olhos por estas recomendações deixa bem claro de que lado deve ficar o escritor de livros infantis: do lado da criança, sempre. Não do lado dos pais, do professor, do presidente da República ou do papa, mesmo que o escritor também seja pai, mãe, professor, professora, presidente da República ou papa. Não é difícil perceber que mais da metade das recomendações diz respeito também à literatura para o público adulto. Afinal, não dá para negar que os melhor romances, contos, poemas e crônicas da literatura brasileira e estrangeira desmontam os estereótipos e os clichês literários, batem forte nos preconceitos e nas verdades prontas, enfrentam corajosamente os temas proibidos (violência, morte, sexualidade, racismo etc.), sempre tratando com carinho e respeito a matéria-prima da literatura: a linguagem. Em nome das experiências mais fluidas e enriquecedoras, também os melhores livros para os marmanjos recusam, em todos os níveis de significação, a banalidade e o politicamente correto. Essa correspondência normativa evidencia o fato de que a boa literatura infantil não é apenas uma escada para a boa literatura adulta. É uma arte autônoma, com seu código próprio, com seu jogo de forças particular. É uma arte capaz de promover uma interação singular, muito diferente da proporcionada pela literatura adulta. Está explicado por quê, como pensava C. S. Lewis, os bons livros feitos para crianças desafiam e encantam também os mais velhos. É preciso lutar furiosamente contra o preconceito dos leitores menos esclarecidos, que encaram a literatura feita para crianças como uma arte menor. Esse preconceito restringe, por exemplo, a visibilidade na imprensa cultural. É fato que os jornais e as revistas de grande circulação reservam seu espaço nobre para a literatura adulta, destinando às resenhas de livros infantis apenas as poucas páginas dos raros suplementos para crianças. Também os prêmios literários mais importantes, como o Nobel ou o Camões, simplesmente esnobam os autores que escrevem para crianças, que acabam segregados numa realidade paralela de segunda ordem. O escritor e cineasta João Batista Melo, em seu estudo sobre a infância e o cinema infantil, intitulado Lanterna mágica, denuncia uma variante desse preconceito, muito viva e devastadora no universo cinematográfico.


P O N es TO P Ec IA l

Citando o crítico norte-americano Tim Morris, especialista em literatura e cinema para crianças, João Batista Melo nos lembra, no final de seu livro, de algo muito importante, que raramente percebemos: “na relação de alteridade criança-adulto, ao contrário de outras dualidades humanas, como raça ou sexo, está o único caso em que é possível já ter sido o outro alguma vez”. E conclui: “isso já seria motivo para que houvesse maior abertura e compreensão por parte do mundo adulto em relação à infância”. Faço minhas suas palavras finais.

sugesTÕes De leiTura

História social da criança e da família, de Philippe Áries. LTC Editora, 1981. Literatura infantil: teoria, análise, didática, de Nelly Novaes Coelho. Moderna, 2002. Pressões e expressão, ensaio de Ana Maria Machado incluído no livro Silenciosa algazarra. Companhia das Letras, 2011. Revista Emília, publicação on-line criada e mantida por especialistas e apaixonados pela literatura infantil, infantojuvenil e juvenil: www.revistaemilia.com.br Três maneiras de escrever para crianças, ensaio de C. S. Lewis incluído no volume único de As crônicas de Nárnia. Martins Fontes, 2009.

ilustração de Fábio sgroi para o livro Rapto em Istambul, de elenice Machado de Almeida.

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eSTaNTe de livrOs

coLeção quem lê sabe POr quê da Redação

A coleção Quem lê sabe por quê visa promover o estímulo à leitura e o desenvolvimento de acervos. É composta por livros voltados a crianças e jovens, além de livros sobre temas relacionados à leitura e à formação de um público leitor. Aqui apresentamos os livros infantis e infantojuvenis desta coleção.

44 a leNDa DO baTaTãO AUTOR: MARCO HAURÉLIO ILUSTRAÇÕES: JÔ OLIVEIRA

a meNiNa que NuNca TermiNava NaDa AUTOR: SELMA MARIA ILUSTRAÇÕES: NINA ANDERSON

Utilizando a estrutura do cordel e inspirando-se na xilogravura, Marco Haurélio e Jô Oliveira nos contam A lenda do Batatão, em enredo engenhoso e fiel à nossa rica tradição oral. O vaqueiro Chico Lopes se mete numa grande aventura para ajudar o rico coronel Juca Bastos a encontrar paz depois da morte.

As crianças que nunca terminam nada são espécies raras de encontrar. Mas, se por acaso – bem por acaso mesmo –, você conhecer uma menina ou menino que nunca termina nada e que leva bronca por tudo, peça que leia essa história. Ou melhor: leia essa história para eles, porque, já que nunca terminam nada, não vão chegar ao final e descobrir o porquê de essa menina nunca terminar o que começa.

Aproxima-se o décimo aniversário do menino Wang Li e, para uma ocasião tão importante, ele quer convidar um Dragão que vive nas montanhas próximas. Enquanto os adultos temem o dragão sem entender, Wang Li fará uma viagem para conhecer a verdade por si mesmo.

CHINA

A convivência durante anos com os bichanos motivou o autor a escrever a história. Utilizando cola, papel e tesoura, Sônia Magalhães fez as colagens que ilustram este livro. Num texto poético e divertido, vamos descobrindo as mil estripulias que dois gatos fazem a cada minuto.

Às vezes os armários guardam segredos, às vezes é a imaginação da gente que guarda segredos dentro do armário, e outras vezes temos mesmo cutias falantes, macacos, sapos e emas dançantes em nossos quartos. Toda história que tem começo pode ter final a partir da imaginação, guardada num armário, escondida dentro de uma mala.

Edição bilíngue mandarim-português

Mónica Melo Ilustrações de Katana

Mónica Melo Poeta e tradutora argentina, licenciada em Letras e Editoração pela Universidade de Buenos Aires. Trabalhou na China como docente de espanhol para estrangeiros. Este é seu primeiro livro de literatura infantil.

DOis gaTOs fazeNDO hOra AUTOR: GUILHERME MANSUR ILUSTRAÇÕES: SÔNIA MAGALHÃES

Claudio Fragata nasceu em Marília, no interior de São Paulo, em 1952, mas mora na capital desde os 17 anos.

Vanessa Prezoto vive em São Paulo. Estudou Desenho Industrial e já trabalhou em várias agências de propaganda e design. Desde pequena adorava desenhar e resolveu se dedicar

Katana Ilustradora e desenhista gráfica argentina formada pela Universidade de Buenos Aires. Faz parte do Fórum de Ilustradores da Argentina.

a isso novamente depois de muitos anos trabalhando como designer gráfica. Hoje Vanessa se divide entre os projetos de design e as ilustrações para livros. Ela ficou superfeliz por ilustrar as Histórias mal contaA série Nossos Povos apresenta relatos antigos de culturas que tiveram de emigrar e se integrar em outras sociedades. Porque só se ama o que se compreende e só se compreende o que se conhece.

Formado em jornalismo, trabalhou como editor em revis-

A história

tas como Galileu e Recreio e criou o projeto editorial dos

As lendas têm a capacidade de resistir ao tempo e são a base dos sonhos dos povos. O convite está baseado em um antigo relato chinês, que Mónica Melo e Katana interpretaram com criatividade e respeito. Deste trabalho conjunto surge um belíssimo livro que combina doses precisas de poesia, humor e encanto.

Manuais da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Já escreveu vários livros para crianças e jovens, entre eles Zé Perri: a passagem do Pequeno Príncipe pelo Brasil; Uma história bruxólica; Adorada; As filhas da gata de Alice moram aqui, e Jura? Hoje, além de escrever livros e dar aulas, ainda arruma tempo para cuidar dos gatos Sofia e Fellini e também de um pé de ipê branco que ele preten-

das e achou muito divertido participar da imaginação

de ver dando flor em cinco anos.

da Glória Bárbara. ISBN 978-85-8205-069-9

O convite

ISBN 978-85-8205-024-8

9 788582 050248

邀請

9 788582 050699

fábulas faNTásTicas AUTOR: ELENICE MACHADO DE ALMEIDA ILUSTRAÇÕES: WALTER ONO

O cONviTe AUTOR: MÓNICA MELO ILUSTRAÇÕES: KATANA

hisTórias mal cONTaDas AUTOR: CLAUDIO FRAGATA ILUSTRAÇÕES: VANESSA PREZOTO

As oito histórias de Elenice Machado de Almeida reunidas neste livro resgatam o universo da fábula, em que os personagens não só divertem, mas também ensinam enquanto vivem suas aventuras. As ilustrações de Walter Ono nos transportam para um mundo inocente e habitado por simpáticos animais.

Em edição bilíngue mandarim-português, O convite conta a história do menino Wang Li, que tem que convidar um dragão para a festa do seu décimo aniversário. Enquanto os adultos temem o dragão sem entender, Wang Li fará uma viagem para conhecer a verdade por si mesmo.

Às vezes os armários guardam segredos, às vezes é a imaginação da gente que guarda segredos dentro do armário, e outras vezes temos mesmo cutias falantes, macacos, sapos e emas dançantes em nossos quartos. Toda história que tem começo pode ter final a partir da imaginação, guardada num armário, escondida dentro de uma mala.


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em Desenho Industrial e pós-graduado em Multimídia, possui mais de 100 livros publicados. livros Ser criança é..., Sob controle, O livro do lobisomem e Em busca da meleca perdida, este último em parceria com a escritora Fátima Mesquita. Atualmente, além de ilustrar e escrever, também ministra cursos e oficinas em instituições como o

A sempre misteriosa Istambul — com seus mercados repletos de vendedores comunicativos e sua tradição de odaliscas de rostos cobertos — é cenário desta aventura intrigante, envolvendo quatro jovens iatistas brasileiros e a treinadora da equipe, que desaparece sem deixar vestígios! Em terras estrangeiras, esses garotos decidem investigar por conta própria e acabam fazendo uma importante descoberta...

Elenice Machado de Almeida

Entre seus trabalhos mais conhecidos estão os

RAPTO EM ISTAMBUL

Fábio Sgroi nasceu na cidade de São Paulo, em 1973. É ilustrador, escritor e quadrinista. Formado

SESI (programa Literatura Viva), a prefeitura de São Paulo e em diversas escolas públicas pelo Brasil.

RAPTO EM ISTAMBUL Elenice Machado de Almeida Ilustrações de Fábio Sgroi

Elenice Machado de Almeida nasceu em 1937 no município de Santo Amaro, hoje um bairro na zona sul da cidade de São Paulo. Cursou Letras, com especialização em Línguas Latinas, e pós-graduação em Orientação Educacional na PUC-SP. A vocação de escritora nasceu da personalidade brincalhona e criativa de Elenice, das boas convivências na infância e da incansável leitura, incentivada pela mãe. Seus primeiros textos foram publicados na revista Recreio, contos bem-humorados que abririam espaço para a publicação de seus livros de histórias: No tempo em que girafa falava; Presente de grego; O pomo da discórdia; Deu minhoca na história, entre outros reunidos em duas antologias publicadas pela SESI-SP Editora. Além das lembranças repletas de boas personagens e fatos, Elenice teve mais um entusiasmo para escrever ao ver seus quatro filhos – Gilberto, Renato, Otávio e Eduardo – crescerem. Ela lhes contava contos dos irmãos Grimm, de Andersen e de Monteiro Lobato, porém, quando o estoque de histórias acabava, a mãe se punha a inventar novas personagens, tramas e cenários. Este livro foi escrito no final dos anos 1970 e traz a mesma leveza e fluidez de seus livros infantis. Um pouco da linguagem foi atualizada, mas ele mantém uma atmosfera daquele período em que os jovens leitores de hoje ainda não tinham nascido. Apresentar aquele período não é a intenção desta nova edição, mas resgatar para os leitores de hoje a agilidade e o prazer que encontramos nesta narrativa, sim. Elenice Machado de Almeida faleceu no dia 9 de outubro de 1989, aos 52 anos de idade, legando-nos uma deliciosa bibliografia.

ISBN 978-85-8205-023-1

9 788582 050231

o rapto da coroa_capa.indd 1

Paulo Garfunkel

Essa foi a maneira que Esopo encontrou para nos ensinar a entender a natureza humana. Paulo Garfunkel, utilizando os recursos e enredos do mestre grego, reconta aqui três de suas fábulas, com humor e atualidade.

Tres Fabulas de Esopo

Esopo viveu na Grécia, no século VI a.C., e se tornou conhecido como o criador das fábulas — histórias curtas em que os personagens geralmente são animais. Mas os bichos falantes das fábulas têm as mesmas qualidades e fraquezas dos seres humanos... No final, uma frase resume a moral da história.

06/02/13 16:08

POr uma NOiTe AUTOR: MARIO LILLO ILUSTRAÇÕES: CUBILLAS

PreseNTes De gregOs AUTOR: ELENICE MACHADO DE ALMEIDA ILUSTRAÇÕES: MARIO CAFIERO

raPTO em isTambul AUTOR: ELENICE MACHADO DE ALMEIDA ILUSTRAÇÕES: FÁBIO SGROI

Em edição bilíngue aymará-português, Por uma noite é mais um livro da série Nossos Povos. Fala do tempo em que os povos das montanhas bolivianas não tinham noite, e que duas crianças, Amaru e Kusi, pediram emprestadas as noites do porquinho-da-índia e do tatu. Buscando a noite com o tamanho certo, exploraram a imensidão do universo.

Elenice Machado de Almeida traduziu histórias mitológicas para uma linguagem simples e engraçada, reconhecendo a importância da mitologia grega na formação do imaginário ocidental. Neste livro, estão reunidas pela primeira vez todas essas releituras de Elenice, passando pelo Pomo da discórdia, O canto das sereias e O gigante de um olho só. As ilustrações divertidas são de Mario Cafiero, que fez uma perfeita relação entre texto e imagem.

A sempre misteriosa Istambul – com seus mercados repletos de vendedores comunicativos e sua tradição de odaliscas de rostos cobertos – é cenário desta aventura intrigante, envolvendo quatro jovens iatistas brasileiros e a treinadora da equipe, que desaparece sem deixar vestígios. Em terras estrangeiras, esses garotos decidem investigar por conta própria e acabam fazendo uma importante descoberta.

Três fábulas De esOPO AUTOR: PAULO GARFUNKEL ILUSTRAÇÕES: SANZIO MARDEN

suPerímã e O mar AUTOR: SELMA MARIA ILUSTRAÇÕES: NINA ANDERSON

shui eNTre Os vermes Da suPerfície AUTOR: PAULO GARFUNKEL ILUSTRAÇÕES: YURI GARFUNKEL

Esopo viveu na Grécia, no século VI a.C., e se tornou conhecido como o criador das fábulas – histórias curtas em que os personagens geralmente são animais. Mas os bichos falantes das fábulas têm as mesmas qualidades e fraquezas dos seres humanos. No final, uma frase resume a moral da história. Paulo Garfunkel, utilizando os recursos e enredos do mestre grego, reconta aqui três de suas fábulas, com humor e atualidade.

Como é ser velho? O que é ser jovem? O super-herói Superímã quis entender melhor esses mistérios da vida, que a gente só conhece e fica observando sem conseguir compreender direito. Então resolveu procurar o maior e mais sábio dos seres para fazer suas perguntas: o Mar! Voou até a praia e ficou esperando até que o velho amigo se aproximasse para uma conversa. Em Superímã e o mar, a gente vê que nunca se é velho demais ou jovem demais para trocar experiências.

Quando Zeca estava ansioso para a aula acabar, e finalmente voltar para casa naquela tarde quente, nem imaginava a aventura em que se meteria. Afinal, fazia pouco tempo que tinha se mudado para aquela vizinhança, e ainda nem tinha feito muitos amigos. Como poderia imaginar que uma velha misteriosa e seu cachorro de três patas o levariam a iniciar uma jornada fantástica por um mundo que, embora invisível, está o tempo todo à nossa volta?

Tres Fabulas de Esopo Por Paulo Garfunkel Desenhos de Sanzio Marden

ISBN 978-85-8205-020-0

9 788582 050200

Consulte nosso site para mais informações:

www.sesispeditora.com.br

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Ilustração: Sanzio Marden

AP TR O

Ao caminhar pelas ruas de Paraty, no litoral fluminense, não é difícil imaginar que, naquele mesmo calçamento de pedras rústicas, devem ter circulado personalidades históricas, como o imperador Pedro II (1825-1891). Quem visita a mineira cidade de Congonhas do Campo pode tentar visualizar o artista Antônio Francisco Lisboa, o “Aleijadinho” (1730-1814), trabalhando nas estátuas de pedra-sabão que representam os 12 profetas bíblicos. Em pleno centro do Rio de Janeiro, os turistas que visitam o Paço, hoje convertido em centro cultural, passam exatamente pelo mesmo sítio onde o príncipe regente Dom João VI (1767-1826) recebia seus súditos para a cerimônia do “beija-mão”. Os edifícios tombados como patrimônio histórico são os guardiões das origens, cultura e valores de nosso País. Algo que só possível graças a um cuidadoso trabalho de restauro e preservação, realizado ao longo dos últimos 75 anos.

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“Os elos mais sólidos entre um povo e seus diretos, estão registrados nos seus hábitos, na sua história de trabalho, de sacrifício e gozo. Formam, assim, seu referencial histórico e cultural. A consciência histórica destes processos é, sem dúvida, o fortalecimento da identidade cultural deste povo, que saberá, orgulhoso, fazer prevalecer seu jeito de ser e sua vontade de direito, gerando uma consciência (popular) coletiva, e por ela, mesmo nos terrenos de maior conflito poderá se construir ações de grande solidariedade e compreensão.” Prof. Júlio Barros

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PRESERVAÇÃO DO PASSADO QUE ILUMINA O PRESENTE

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48 A origem da palavra tombamento está no Arquivo Nacional Torre do Tombo, situado em Lisboa. Em atividade há mais de 600 anos, o centro de documentação histórica português reúne documentos que remontam o período da Idade Média. No Brasil, a palavra designa o reconhecimento de determinado bem cultural como objeto de proteção especial pelos órgãos oficiais dos governos federal, estadual ou municipal. Podem ser tombados bens imóveis, como áreas urbanas ou naturais, ou móveis, como coleções de arte, joias e demais acervos representativos de uma cultura ou fato histórico. Embora a sociedade venha dispensando atenção especial à preservação do patrimônio cultural brasileiro somente nos últimos anos – até como reflexo da Constituição Federal de 1988, cujo texto privilegia o fortalecimento do conceito de cidadania –, a legislação que regulamenta o tombamento data de 30 de novembro de 1937: o decreto-lei no 25 organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Autarquia do governo federal, vinculada ao Ministério da Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) nasceu no mesmo ano que o decreto-lei no 25. Portanto, há mais de 75 anos, o órgão realiza o trabalho de fiscalização, proteção, identificação, restauração, preservação e revitalização dos monumentos, sítios e bens móveis e imóveis do País. A Ilustração: Sanzio Marden


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O cadastro de bens culturais registrados pelo IPHAN pode ser consultado na internet, no endereço: http://portal.iphan.gov.br/bcrE/pages/indexE.jsf

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criação do organismo foi confiada a intelectuais e artistas brasileiros ligados ao movimento modernista, e entre eles estavam Rodrigo Melo Franco de Andrade, Lucio Costa, Carlos Drummond de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Afonso Arinos, Sergio Buarque de Holanda e Mario de Andrade. A este último, o Ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, em 1936, solicitou a elaboração de um anteprojeto para a criação do Instituto, o que resultou no surgimento do IPHAN, pela lei no 378, de 13 de janeiro de 1937. Desde então, milhares de bens arqueológicos estão catalogados nos chamados Livros de Tombo, classificados de acordo com sua natureza: arqueológico, paisagístico, etnográfico, histórico, belas-artes e artes aplicadas. Este acervo integra o patrimônio cultural brasileiro, que, de acordo com o artigo 216 da Constituição Federal, é definido como o conjunto de “bens de natureza material e imaterial tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade”. São aproximadamente 21 mil bens ou conjuntos de materiais tombados, entre centros e conjuntos urbanos e sítios arqueológicos, além de mais de um milhão de objetos, incluindo acervo museológico, volumes bibliográficos, documentação arquivística, registros fotográficos, cinematográficos e videográficos. Dezoito dos bens imóveis são considerados patrimônios da humanidade pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura). Entre eles estão a cidade de Ouro Preto, o centro histórico de Olinda, o Plano Piloto de Brasília e a Mata Atlântica (reservas do Sudeste). No caso dos bens imateriais, no entanto, não se trata de tombamento, e sim de um registro que tem a função de instrumento de salvaguarda, com a finalidade de manter viva, preservada e íntegra determinada tradição. Os livros de registros estão divididos em quatro categorias: Formas de Expressão, Celebrações, Lugares e Saberes, e englobam, por exemplo, manifestações culturais como o samba, o frevo ou a literatura de cordel1. A tarefa de preservação dos bens culturais, em âmbito estadual ou municipal, é realizada por institutos do patrimônio histórico e artístico locais. No Estado de São Paulo, a responsabilidade é do Conselho de Defesa do Patri-

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mônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), fundado em 1968, cujos braço técnico e executivo é a Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH), uma das Coordenadorias da Secretaria de Estado da Cultura. Em mais de quatro décadas, o órgão tombou mais de 500 bens, que formam um conjunto de representações da história e da cultura estadual entre os séculos XVI e XX. Os tombamentos podem ser feitos a partir do pedido de abertura do processo, por iniciativa de qualquer cidadão ou instituição pública. Após uma avaliação técnica preliminar, que analisa se o bem em questão tem valor histórico, arquitetônico, cultural, ambiental ou afetivo para a população, o processo é submetido à deliberação das unidades técnicas responsáveis pela proteção dos bens culturais brasileiros. Caso o pedido seja aprovado, será expedida uma notificação ao seu proprietário, o que significa que o bem já se encontra sob proteção legal, até que seja tomada a decisão final, depois de o processo ser devidamente instruído, ter a aprovação do tombamento pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural e a homologação ministerial publicada no Diário Oficial. O processo finalmente termina com a inscrição no Livro do Tombo e a comunicação formal do tombamento aos proprietários. O direito à propriedade permanece inalterado após o tombamento, ou seja, o imóvel não necessariamente será desapropriado. Ele pode até mesmo ser vendido, mas antes deve ser oferecido para a União, o estado e município, nessa ordem. Caso nenhum deles queira adquiri-lo, a venda para outros é autorizada. Um imóvel tombado também pode mudar de uso, mas para isso é necessário que o projeto não prejudique o bem e haja harmonia entre a preservação das características do edifício e as adaptações ao novo uso. É necessária, ainda, a aprovação do órgão responsável pelo tombamento. Há, porém, exceções, casos em que a alteração do tipo de uso não é permitida. Políticas públicas

Lançado há cerca de três anos, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das Cidades Históricas integrou a preservação do patrimônio histórico nacional às políticas de estímulo da economia adotadas pelo governo federal. O programa começou em 2009 com a proposta de atingir 44 cidades de 20 estados da federação.


C O N AP TR O N TO

É um herdeiro de iniciativas desenvolvidas entre 1973 e 1983, com o Programa de Cidades Históricas do IPHAN, que buscava integrar a riqueza patrimonial às políticas de desenvolvimento econômico e regional, com ênfase no turismo, e também do Programa Monumenta, de 1999, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e apoiado tecnicamente pela Unesco. O PAC das Cidades Históricas caracteriza-se por ser uma política transversal que envolve os ministérios da Cultura, das Cidades, da Educação e do Turismo, além de agências como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a CEF (Caixa Econômica Federal). Sobre tais iniciativas governamentais de preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro, o professor Júlio Barros, coordenador do Projeto Oficina Escola de Artes e Ofícios (POEAO), organismo vinculado ao Senai-SP, menciona as Normas de Quito – documento resultante de reunião realizada em novembro de 1967, pela Organização dos Estados Americanos (OEA), para traçar as diretrizes de conservação e utilização de monumentos e lugares de interesse histórico e artístico. De acordo com tais parâmetros, todo monumento nacional está implicitamente destinado a cumprir uma função social. “Cabe ao Estado fazer com que ela prevaleça e determinar, nos diferentes casos, a medida que a referida função social é compatível com a propriedade privada e com o interesse dos participantes”, cita o especialista em restauro. Em sua opinião, entre os principais acervos do patrimônio arquitetônico nacional que cumprem essa função social, seja por suas características estruturais ou por sua representatividade na história do País, está a cidade de Ouro Preto, especialmente por se tratar do primeiro monumento tutelado no Brasil, antes mesmo do decreto-lei no 25, e a primeira cidade tombada pela Unesco. Entre os bens imateriais, Júlio cita a cultura nordestina, “que é de dar inveja”, lembrando ser fundamental fugir um pouco do olhar monumentalista e entender a preservação, não somente daquilo que conta a história de vencedores, mas salvaguardar cada jeito de ser de cada canto ou recanto do Brasil, proteger de maneira integral, para a vida saudável dos que nos herdarão. “A preocupação é preservar integralmente o nosso jeito de ser, a nossa cultura, o como fazer, e essencialmente nosso jeito de viver. A preservação histórica pode, de fato, iluminar nosso presente e nos ajudar a planejar o futuro, é artefato de construção cívica, política, econômica e social. Um povo sem a identidade preserva-

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da está fadado a desaparecer como unidade”, declara, acrescentando que muito ainda precisa ser feito no sentido de preservar nosso acervo cultural. “Acredito que devemos construir políticas públicas mais bem articuladas, fomentadas e perenes, para que os cidadãos, as cidades, os estados e a Nação venham, de fato, cumprir as orientações constitucionais em sua plenitude”, sentencia. Restauração

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A preservação do patrimônio histórico nacional está necessariamente vinculada ao trabalho de restauro, já que muitos edifícios estão em condições precárias de conservação ou, em muitos casos, descaracterizados. O professor Júlio Barros é um dos fundadores do POEAO, surgido em 1996 e que está integrado ao Núcleo de Preservação do Patrimônio (NPPH), da Escola Senai “Gaspar Ricardo Júnior”, em Sorocaba (SP), desde 2009. Um dos principais objetivos do Projeto é oferecer oportunidades a jovens carentes, que recebem qualificação e tornam-se profissionais especializados. “Fomos para o Senai em busca de melhores condições de aprendizado, aperfeiçoamento e trabalho”, afirma, lamentando que o Projeto por ele iniciado tenha sido replicado, plagiado e apropriado devida e indevidamente muitas vezes Brasil afora. “Formação profissional não é para amadores, seu histórico e sua trajetória no Brasil sempre solicitou muito de quem se aventurou por esta estrada longa, íngreme, mas altamente recompensadora. A educação para o trabalho não pode ser vista como um ‘jeitinho’ de resolver problemas ‘domésticos’. É necessária uma postura de amor ao próximo e todos os valores de uma política pública responsável, comprometida com a população menos favorecida e as áreas produtivas, de pesquisa e de sustentabilidade de nosso meio ambiente, no termo mais amplo da expressão”, defende o especialista. No Senai de Sorocaba, a equipe do Projeto estruturou, com a supervisão e colaboração da Gerência de Pedagogia (GED), um itinerário pedagógico totalmente inovador e composto por formação inicial e continuada em 48 programas. Os alunos aprendem e atuam diretamente na restauração de bens culturais, conhecendo os ofícios de Auxiliar de Pedreiro Restaurador, Auxiliar de Carpinteiro Restaurador e Pintor Restaurador. Além do benefício social para os jovens, há um ganho geral da comunidade com as restaurações, que recuperam a identidade local e colocam a cidade em evidência para o turismo. “Há toda uma engenharia pedagógica que


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nunca teríamos montado se não estivéssemos fazendo parte deste corpo que é o Senai. Hoje fazemos tudo com a necessária clareza. O processo se solidifica na primazia de uma formação profissional de alto nível, capaz de colocar este indivíduo no mercado formal de trabalho, de modo eficiente e comprometido com o seu desenvolvimento e de seus possíveis empregadores”, diz Júlio. Em complemento ao trabalho desenvolvido pelo POEAO no Senai-SP, em breve a Sesi-SP Editora lançará o livro Restauração do patrimônio histórico, cujo objetivo é registrar a figura do programa de Especialização do Itinerário de Formação Inicial e Continuada. A literatura define a figura do agente difusor do meio ambiente histórico como o indivíduo que atua na comunidade, produzindo efeitos positivos, que se estendem em todas as direções, partindo do meio ambiente físico e social onde se vive e nas circunstâncias em que estão imersas todas as pessoas, instrumentalizando-as adequadamente pelo quadro cronológico dos fatos e dados, relativos ou pertencentes a história. Ou seja, a obra da Sesi-SP Editora buscará instrumentalizar os indivíduos das pequenas e médias cidades, para que se tornem capazes de construir e desenvolver as relações necessárias, dentro e fora dos conselhos e das escolas, dando sua importante contribuição à educação patrimonial. Resgate

No Senai, o trabalho de inclusão social, que sempre permeou o POEAO, ampliou-se. “Como atuamos na indústria da construção civil, qualificamos e especializamos gente humilde de enormes dificuldades e/ou em risco social”, explica o professor. Mais que um trabalho, o Projeto se tornou uma missão para toda a equipe, que vem buscando instrumentalizar-se e construir uma visão menos elitista de meio ambiente histórico e cultural brasileiro. “Afinal, quem edificou estes bens que hoje tentamos proteger foram mestres e oficiais negros, índios, mestiços ou brancos pobres. É justo e natural que seus herdeiros possam se qualificar para mantê-los apreciáveis como registro histórico”, declara o professor. Para ele, o Programa representa a quebra do círculo da miséria, por se tratar de um atendimento dirigido, em razão da natureza de seu público, ao grupo social que preenche as vagas da indústria da construção civil. “É um trabalho de construção da cidadania e mitigação dos processos de miséria e fome, fortalecidos pela desqualificação de toda uma enorme parte de nossas populações”, resume.


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AGENTE DIFUSOR DO MEIO AMBIENTE HISTÓRICO

Por Ricardo Viveiros

RESTAURAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO Uma proposta para a formação de agentes difusores

Outros livros do autor para a Série Informações Tecnológicas:

Sistemas Pneumáticos Comandos Elétricos de Sistemas Pneumáticos e Hidráulicos Hidráulica Móbil Circuitos Lógicos Pneumáticos

Área Construção Civil e Restauração

Compressores Técnicas de Comando Pneumático Tecnologia do Vácuo

O livro Restauração do patrimônio histórico, da seNAi-sP editora, faz parte da série informações Tecnológicas. 03/05/13 11:11

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ma verciumque nosam que poribusant undita denihillaut aliquod istemquatet nis mi, anit, test a vel et mo bero int lant enti oreiusda nonsentur, te ma adit voque mod est, sum sunt eos dipis natur, us doluptas eatum ut dolore, con comt desciate num apitiunt pratque sa cor ta comnimi, sit, con corro inimodi am, s paruptiatur, entium rectatium rem ra da provitat volor site volorepre et facia uam quost alignatur, to doluptis eatiotur.

Júlio defende que é possível, através de instituições de notoriedade indubitável, como o SENAI-SP, dar uma contribuição segura e preciosa para a preservação de nosso meio ambiente. “É como o acender de uma chama de relações das comunidades com seu passado, que se perpetuaria pelo tempo, se não fosse um agora, que, diante do ‘moderno’, impessoal e de velocidade voraz, nos consome por conceitos imediatistas ligados a sobrevivência a qualquer custo, enriquecimento, consumo, baixa estima e qualidade de vida duvidosa. Como professores de ofícios do restauro, acreditamos que nossa contribuição para um mundo melhor é, sem sombra de dúvidas, demonstrar a todos, ao maior número de pessoas possível, que a identidade cultural, tratada, e sob o domínio de todas as classes sociais, é ótimo artefato de integração e transformação, capaz de contribuir para a melhoria da qualidade de vida, onde todos nós, instrumentalizados e capazes de nos identificar como indivíduos construtores da história, lutaremos pelos direitos coletivos e democráticos, e um meio ambiente devidamente compreendido e preservado”, conclui o mestre.

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Boa parte dessa cumplicidade do público com a ação no palco se deve à improvisação, que é um dos elementos mais importantes do teatro de revista. Foi fundamentado no improviso que, desde a sua origem, a revista de-

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Originada no teatro de rua, encenada no meio do povo em uma linguagem simples que favorecia a identificação com a realidade da época, a revista tem como um de seus principais objetivos a aproximação do público com a cena, estabelecendo uma interação cúmplice com os atores.

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Há 60 anos, os espetáculos de teatro de revista eram programa obrigatório para o público das maiores cidades do Brasil. Multidões se maravilhavam com suas apoteoses, que lançavam ao estrelato os cantores e vedetes mais importantes da época. Eles repercutiam na imprensa e também na política, ditavam modismos e influenciavam a cultura popular, desempenhando um papel importantíssimo e decisivo para a divulgação de uma linguagem verdadeiramente nacional, uma música autêntica e a cultura popular brasileira, livres das influências da indústria cultural estrangeira. A revista ajudou a inventar o Brasil que conhecemos hoje. O teatro de revista chegou ao Brasil vindo de Portugal em 1859, mas a sua história remonta até a Grécia antiga. Gênero de teatro ligeiro, cômico e feito para o povo, ele chegou até o século XX depois de uma longa trajetória, que atravessou o Império Romano, passou pelos teatros de feira dos tempos medievais, pelo circo e pela Commedia dell’Arte italiana e até pelos autos do poeta português Gil Vicente (1465-1536).

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senvolveu uma dramaturgia toda específica, com características bem distintas das composições eruditas do teatro clássico. Nela, uma figura importante era o compére (do francês, compadre): um ator constantemente em cena, que fazia o papel de mestre de cerimônias e interligava com seus improvisos os diversos quadros do espetáculo, por vezes comentando as cenas sob o mesmo ponto de vista da plateia. Tendo como pano de fundo os principais acontecimentos do ano anterior, o teatro de revista ganhou esse nome ao fazer uma revisão crítica dos principais personagens e notícias da época. Em uma sucessão de cenas curtas e bem-humoradas, recheadas com música e dança, a plateia se divertia envolvida por uma linguagem que lhe era muito familiar, em um discurso livre de qualquer pretensão além do mero entretenimento. Talvez por isso a revista, junto a outros gêneros célebres como o vaudeville, a opereta e a opera-buffa, tenha enfrentado tanto preconceito por parte dos puristas do teatro tradicional, este sim considerado uma arte elevada. Sendo um gênero popular, no sentido de que era feito para o povo e não pelo povo, e dotado de um discurso político frequentemente pouco simpático às elites, a revista nunca foi vista com bons olhos por aqueles que se viam representados no palco. Contudo, desconsiderar o seu valor cultural é uma grande injustiça. Afinal, embora feito para o povo, o teatro de revista não foge da riqueza cultural inerente ao próprio teatro – e nunca é demais lembrar que as tragédias gregas, consagradas como o mais significativo berço do teatro clássico, também eram feitas dessa maneira. Talvez por isso a revista, junto a outros gêneros célebres como o vaudeville, a opereta e a opera-buffa, tenha enfrentado tanto preconceito por parte dos puristas do teatro tradicional, este sim considerado uma arte elevada. Em Portugal, ele encontrou um terreno particularmente fértil para se desenvolver, em muito devido à longa tradição dos autos vicentinos que comentavam feitos do presente sob uma ótica crítica, passando em desfile as figuras e os personagens mais típicos da sociedade lusitana do século XVI. Sem sombra de dúvida, Gil Vicente foi o primeiro revisteiro da língua portuguesa.

Final da peça Muié macho sim sinhô, da Cia Walter Pinto de Teatro, 1950.


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Foto: Acervo CEDOC / FUNARTE.

O teatro de revista estreou em Portugal com a peça Lisboa em 1850, de Francisco Palha (1826-1890) e Latino Coelho (1825-1891), que imediatamente foi bem recebida pelo público. De Lisboa para o Rio de Janeiro, contudo, não foi muito fácil: em 1859 estreava em terras cariocas a peça As surpresas do Senhor José da Piedade, que, apesar de não ter sido um sucesso, assinalou o início dos cem anos de trajetória deste gênero teatral que lançou ao estrelato nomes da magnitude de Chiquinha Gonzaga (1847-1935), Oscarito (1906-1970), Carmen Miranda (1909-1955), Grande Otelo (1915-1993) e Dercy Gonçalves (1907-2008).

Dercy Gonçalves, nome que nasceu no teatro de revista e se tornou grande.

Oscarito, perfeito como O malandro.

Nesses primeiros anos, as companhias teatrais portuguesas foram responsáveis pelas principais investidas do teatro de revista no Brasil. E com a publicação em Portugal da Lei de Lopo Vaz, em 1883, que proibiu a caricatura pessoal e as alusões políticas nos palcos, os artistas lusitanos intensificaram a migração para os palcos brasileiros em busca da liberdade de expressão que ainda não havia sido de todo banida por aqui. O Rio de Janeiro foi se tornando o


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grande centro teatral da América do Sul, e grandes nomes da dramaturgia nacional, como Arthur Azevedo (1855-1908), Goulart de Andrade (1881-1936), Moreira Sampaio (1851-1901) e Raimundo Magalhães Junior (1907-1981) foram sendo atraídos pela intensa produção do gênero que começou a tomar vulto no país. O teatro de revista brasileiro começava a ganhar contornos próprios. Desenvolveu regras e padrões de produção peculiares, que aboliram a tradicional figura do compère, e estabeleceu o estreitamento com a música popular que transformou a revista na grande promotora de sucessos da época. O grande impulso para a revista no Brasil veio com a eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). A Europa em guerra e os portos fechados tornaram as travessias transatlânticas extremamente arriscadas, e por isso várias companhias teatrais estrangeiras que excursionavam pelo país ficaram por aqui durante os anos do conflito. Isolado das influências estrangeiras, o teatro de revista voltou-se ainda mais para a essência brasileira. Mergulhou no folclore nacional, nas nossas paisagens, ritmos, variedades de usos e costumes, sem esquecer a realidade política da época. O teatro de revista brasileiro começava a ganhar contornos próprios. Desenvolveu regras e padrões de produção peculiares, que aboliram a tradicional figura do compère, e estabeleceu o estreitamento com a música popular que transformou a revista na grande promotora de sucessos da época. Seu apogeu, contudo, só aconteceria no começo da década de 1940, no histórico Teatro Recreio. Fundado no Rio de Janeiro em 1877, e palco da proclamação da República em 1889, o Recreio já era respeitado como um dos principais palcos do teatro de revista desde os anos 1920, sob o comando de Manoel Pinto. Em 1938, quando ele morreu, o teatro passou às mãos do seu filho mais velho, Álvaro, que logo também faleceu num desastre de avião. Restou ao filho mais novo, Walter Pinto (1913-1994), assumir o comando da casa. E, embora fosse ainda muito jovem, revelou-se um grande homem de negócios, que soube levar o velho teatro ao seu esplendor máximo. Luxuoso e confortável, o Recreio passou a exibir espetáculos suntuosos, de um apuro técnico jamais visto até então. Tinha uma orquestra bem

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equipada, figurinos elaborados, e contava com uma série de efeitos especiais que incluía até cascatas de água no palco. A plateia assistia a apresentações com mais de 40 coristas no palco, rigorosamente coreografadas, que a cada apresentação desciam graciosamente uma enorme escadaria que entrou para o folclore da revista brasileira. Conta-se que Walter Pinto fazia com que suas vedetes ensaiassem descer esses degraus mais de trinta vezes por dia, até que conseguissem fazê-lo com graciosidade e de cabeças erguidas, como o público espera de uma estrela. Luxuoso e confortável, o Recreio passou a exibir espetáculos suntuosos, de um apuro técnico jamais visto até então. Tinha uma orquestra bem equipada, figurinos elaborados, e contava com uma série de efeitos especiais que incluía até cascatas de água no palco.

62 A partir do Teatro Recreio, a revista no Brasil se profissionalizou e adquiriu contornos de uma indústria. Walter Pinto mantinha uma equipe de apoio que contava com diretor de cenografia, diretor de carpintaria, diretor musical, coreógrafo, professores de dança, canto e postura, luminotécnicos, além

Capas de programas da Companhia Walter Pinto.


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de um elenco regular numeroso, que contava com vedetes que se celebrizaram nas capas dos principais periódicos da época, como a revista O Cruzeiro: Virgínia Lane, Araci Cortes (1904-1985) e Mara Rúbia (1909-1991) arrastavam legiões de fãs e eram conhecidas no país todo. A sua companhia fez várias excursões internacionais e, de quebra, também ajudou a impulsionar o mais brasileiro dos gêneros de cinema: as chanchadas, musicais cômicos que se tornaram grandes sucessos dos estúdios Cinédia e Atlântida nos anos 1940 e 1950. Com a popularização da televisão e do cinema estrangeiro, contudo, os espetáculos começaram a perder seu público. Em uma tentativa de atrair plateias mais populares, as peças passaram a recorrer cada vez mais a repetições mecânicas de fórmulas e esquemas preconcebidos, além da temática de mau gosto e frequentemente obscena, que só serviu para afugentar de vez a classe média e acelerar o processo de derrocada do teatro de revista no Brasil. Por fim, a pesada censura imposta pelo governo militar que se instalou no país a partir de 1964 lhe serviu como um golpe de misericórdia. Os escombros do Teatro Recreio, demolido em 1963, serviram de túmulo para a era de ouro das vedetes. Nos trinta anos que se seguiram, a revista pareceu ter sido esquecida completamente. Apenas alguns poucos saudosistas lembravam os frenéticos anos das décadas de 1940 e 1950, e muitos achavam que essa memória não tinha lugar em meio à modernidade dos anos 1970 e 1980. O gênero teatral tão popular outrora estava fadado a ser uma página virada na cultura brasileira, que a academia não estava disposta a reler porque estava muito ocupada estudando a sisudez do teatro clássico. Esse ocaso só começou a ser revertido quando, em 1989, a atriz e diretora de teatro Neyde Veneziano obteve o título de mestre em Artes na Universidade de São Paulo defendendo a dissertação O Teatro de Revista no Brasil, publicada em 1991 pela Editora da Unicamp, edição hoje esgotada. A opção pelo teatro de revista não foi por acaso. Embora a sua trajetória já tivesse se encerrado quando Neyde ainda era uma criança, as histórias de seu sogro, que na juventude fez parte da Companhia de Revistas Lyson Gaster, foram mais que suficientes para despertar a sua curiosidade sobre esse tema tão pouco estudado – e por que não dizer, negligenciado – na dramaturgia brasileira.

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Foto: Acervo Edgard Levuenroth

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Foto: Acervo Edgard Levuenroth

A vedete Mara Rúbia (1918-1991), rainha das escadarias, um dos maiores símbolos sexuais da época. Fez oito espetáculos com Walter Pinto.

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Por Régis Godoy-Rocha

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A SESI-SP Editora lançará uma nova edição de O Teatro de Revista no Brasil, cuidadosamente revisada e ampliada com as mais recentes pesquisas da autora. Além do texto revisto, novas e raras imagens ilustrarão o livro. A intenção de um trabalho tão minucioso é levar ao leitor o máximo do encantamento e da riqueza do período áureo desse gênero teatral. Apesar de ter sido tão popular e contribuído tanto para o teatro brasileiro, Neyde Veneziano não acredita em um retorno do teatro de revista aos nossos dias. Mas, quem sabe, a exemplo da sempre viva Commedia dell’ Arte italiana, ele talvez possa ser reinventado para trazer de volta a exuberância da alegria brasileira para os nossos palcos. Essa ideia nos faz sonhar.

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Com a popularização da televisão e do cinema estrangeiro, contudo, os espetáculos começaram a perder seu público. Em uma tentativa de atrair plateias mais populares, as peças passaram a recorrer cada vez mais a repetições mecânicas de fórmulas e esquemas preconcebidos, além da temática de mau gosto e frequentemente obscena, que só serviu para afugentar de vez a classe média e acelerar o processo de derrocada do teatro de revista no Brasil.


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Ilustração: Valquíria Palma

de joão anzanello carrascoza Era sábado e eles haviam acordado cedo. Uma expectativa silenciosa os movia, o encontro com a família há duzentos quilômetros da cidade onde residiam, algumas horas de viagem, cortando canaviais, montanhas, túneis, e, de repente, ao fim de uma vereda, Olha, olha lá, o sítio! O homem, talvez porque era à casa de seu irmão que iam, experimentava uma alegria fresca, como o pão que sai do forno para a mesa. Modesto, ele, no entanto, queria tudo daquela manhã: a rodovia (e suas curvas imprevisíveis), a paisagem (e o sol parado acima dela), o céu (e todo o seu muito azul), a mulher e o filho (seus amores em marcha), as conversas no caminho, as coisas lá de trás, Você fechou todas as janelas?, e as lá da frente, Será que vai chover?, enquanto a vida viajava neles, a cumprir também o seu destino. No carro, o vento vinha para todos, entrando rumoroso pelos vidros abertos, e cada um erguia na imaginação, com a matéria-prima de seu desejo, as cores e as formas desse encontro: o homem se via ao lado do irmão, girando os espetos, de olho na carne que crestava acima do carvão; a mulher, entre as mulheres, se punha a falar de seu fruto bendito e a ouvir a façanha do filho das outras; e o menino, o menino, quem sabe o que ele pensava? Pensava no primo e em seu cachorro com quem sempre se divertia, pensava na água transparente da piscina, no pomar que, da última vez, descobrira ser um mundo de cheiros, tão gostoso apanhá-los no ar. E, ao mesmo tempo que pisavam, em devaneio, no futuro, para nele provar calmamente o que pensavam ser o seu gomo mais doce – a realidade depois confirmaria ou desmentiria seu sabor –, seguiam também ali, no presente de asfalto, em velocidade controlada, observando as margens da estrada, que eram o que eram, margens, se as observassem ou não. O que seria daquele trecho da rodovia sem eles? Para onde iria aquele sol, quando estivessem dor-

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mindo lá no sítio, o homem e a mulher em camas de solteiro encostadas, o menino no alto do beliche? O que seria de tudo, que somente existia, sem a presença humana? Por vezes, sentiam, o homem mais do que todos – com as mãos no volante, a dirigir, naquele trecho, a sua vida e a deles –, que o tempo escorria ora lento, os quilômetros se repetindo (assim é quando se tem pressa de viver o que inevitavelmente virá), ora rápido, Tá vendo, filho?, É outra cidade!, tudo passando num segundo, e eles querendo esticá-lo, como elástico. E, nesse ritmo, na variável percepção do movimento, eis que dele se contagiava o coração, compassivo, de um a um, até que, súbito, o sobressalto da alegria, que, crescendo lentamente, eclodiu, enfim, numa palavra, Chegamos!, sem revelar, no entanto, a contundência de sua força – no sorriso dos três é que a encontramos. Com seus latidos, e girando o rabo como hélice, lá vem o cachorro, o primeiro a lhes dar as boas-vindas. Atrás dele, o garoto, saltitante, a acenar para o primo que lhe responde, também efusivo, a mão para fora do vidro, a felicidade lá dentro, segura. Os tios saem da casa, em seguida, a satisfação no jeito de observar o carro que estaciona sob a sombra do ipê, tentando distinguir em seu interior quem é quem, seus parentes. Vieram os abraços, os beijos, contidos é verdade, eles se gostam sem exibições ostensivas de afeto, preferem o quieto contato das almas, e, então, ouviu-se um oi, outro, e outro, depois muitos como vai?, igualmente muitos tudo bem!, e vários venham, venham, entrem! Assim, na naturalidade dos reencontros, no exato minuto em que se concretizam, ainda sob a emoção de outra vez se depararem uns com os outros, foram se adaptando à nova pele do presente: os meninos já caminhavam pelo gramado, em progressivo reconhecimento, o cachorro a se entremear pelos seus passos; os adultos na mescla das falas, Fizeram boa viagem?, Fizemos, Que flores lindas!, São daqui mesmo, daquele canteiro ali, Quem quer café?, Eu quero, Eu também, Açúcar ou adoçante?, Adoçante, Açúcar, O quarto tá arrumado, é o mesmo que vocês dormiram da outra vez, Vou pegar as malas, Eu te ajudo, Não precisa, Precisa sim, O sítio tá mais bonito!, É a primavera, os donos lá orgulhosos de seu quinhão de natureza, os visitantes louvando a sua conquista e já a usufruindo, na sua primeira camada, a suave superfície. As mulheres continuaram na cozinha, a contar uma a outra as suas novidades, às vezes por cima, às vezes descendo a detalhes, era o que a vida


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das duas pedia, nada de grande como o primeiro amor, uma gravidez, a morte de alguém. Os homens preferiram se sentar nas cadeiras de vime da varanda, onde o verde se exagerava nos vasos pelo chão ou suspensos na parede e, ao redor, os eucaliptos deixavam espaços, para se ver, entre eles, de um lado a piscina azul azul, e do outro o vale oscilante a se desdobrar longamente. De um irmão para o outro voavam uns assuntos comuns, Como andam as coisas?, E os negócios?, degraus para se chegar àquilo que não sabiam verbalizar, mas apenas sentir calados. E esse ir-e-vir de palavras, dos dois, repetia o dos pássaros lá, em ziguezague pelas árvores, rabiscando com a sua penugem colorida os vazios entre os galhos e voejando alto com seus desejos de céu. Mas, se ali estavam, os pés na terra, no leve da conversa, logo seria a vez dos acontecimentos, porque próprios são da existência, as coisas são para acontecer... O primeiro fato – que iria mover outras palavras – veio com os dois meninos, eles emergindo do pomar, falantes, re-acostumados um ao outro, mais rápidos na aproximação e na entrega que os pais, mesmo sendo esses muito irmãos, A gente pode nadar?, Pode, mas agora?, É! Não é cedo demais, não? Não!, Tudo bem, podem ir!, Mas passem o protetor antes, hein! Assim, de repente, um grito alegre, outro, mais forte, o menino e o primo correndo, ambos à beira do salto, mas já inteiramente dentro da alegria, e aí, quase simultâneos, dois chuás na piscina – e no olhar dos adultos, que vieram vê-los de perto e se respingaram de satisfação, eles sorriam também, entreolhando-se, os homens primeiro, e depois as mulheres, que saíram às pressas da cozinha atrás dos filhos, por um bom motivo dessa vez – crianças na água! Outros gritos dos meninos, outros pulos na piscina espalharam uns comentários entre os adultos sobre as virtudes de seus pequenos, Ele adora nadar, parece um peixinho, O meu também, se eu deixar passa o dia inteiro na piscina, e as maravilhas da infância, nas quais, havia tempo, também tinham se molhado. As árvores, ao lado, e o céu, às alturas, os assistiam, sendo árvores e céu a existir unicamente, sem testemunhas. Aí, veio vindo, ao longe, pela estrada de terra, o segundo fato, que logo estacionou à frente da casa, um velho amigo em sua caminhonete, ele e a esposa, sem filho algum, que esse jamais poderiam ter por um problema dela – cada um com seu corpo e, nele, a sua cota de sorte e azar. E, antes mesmo de se abraçarem, todos se saudaram, a buzina soou duas vezes lá perto do portão, uns acenos silenciosos responderam daqui, varanda da casa.

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Com a chegada dos últimos convidados, o pequeno grupo estava completo, era hora de preparar o almoço. Os homens, reunidos, foram para o rancho, um a temperar a carne, outro a acender a churrasqueira, o terceiro já pegava na geladeira para si e para os demais uma cerveja, os meninos brincavam com a bola no raso da piscina, o cachorro latia para eles e raboabanava-se, feliz. No fundo da casa, as mulheres cuidavam dos complementos, essa lavava as folhas verdes para a salada, aquela fazia o molho vinagrete, a terceira controlava o arroz ao fogo, logo iriam se juntar aos maridos, também elas no desfrute daquele sábado de sol, de reencontro, de simples existência. A vida, despercebida, no seu fluir. Não tardou, juntaram-se à sombra do rancho, de biquínis elas, de sunga eles, refrescando-se com os seus drinques à mão, ora um homem a pular na água e a se lembrar que também fora garoto, Iuuupi!, ora essa mulher a comentar com as outras o último capítulo da novela, Li na revista que ele vai morrer num acidente, Parece que já gravaram as cenas, Se o personagem tá com pouco ibope, tiram logo de circulação, e aí a primeira rodada de carne, Huumm, tá uma delícia, Pega, pega mais um pedaço, o vaivém dos assuntos, cortado aqui por um sorriso, lá por um olhar, e o silêncio... Em torno da mesa abundante, conversavam e comiam – as crianças, pingando piscina, ali se encostavam, para beliscar o pão, ou pegar um copo de refrigerante –, todos em comunhão, esquecidos de outras fomes, maiores, e o tempo, devagarzinho, macerando os minutos, a envelhecer o dia. Outras bandejas de carne, fumegante, foram servidas, Muito boa essa picanha, você tempera com quê?, e a cerveja, Ahhh, agora, sim, tá bem gelada!, e, então, o encontro ia se abrindo, feito uma flor, o dono da casa falava animadamente com a mulher do amigo, o amigo entre os meninos experimentava a condição provisória de pai que almejava ser, o irmão secava a louça que a cunhada lavava, enquanto sua esposa nadava solitária – e, de repente, já saía da água, como Vênus, o corpo bonito se remodelando aos olhos do amigo. Continuaram naquele regozijo, que era bom estar entre pessoas queridas, sendo quem se é, no seu conjunto de vícios e virtudes, tanto as menores quanto os maiores, sem precisar dizer uns aos outros que se aceitavam, se compreendiam, se perdoavam. E, na escrita de dias assim, de horas compartilhadas, chegaram ao ponto em que, invariavelmente, se dá uma dispersão: as crianças sumiram dentro


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da casa, o cachorro se espichou num canto, um dos homens voltou à churrasqueira para vigiar os espetos e lá permaneceu, quieto e distante dos demais, uma mulher desapareceu e retornou um minuto depois com um pote de sorvete, e aí, outra vez, eles se agruparam sob o rancho, a sobremesa os atraiu, outras conversas vieram, e, dali a pouco, acima delas, eis que pairaram umas nuvens. Falaram de umas dificuldades financeiras, Os juros subiram de novo, o que é normal nesses e em outros tempos, de umas artes dos meninos, sempre a surpreender os pais com suas perguntas, Mãe, o que as árvores fazem à noite?, de umas reminiscências entre os amigos, Lembra daquele carnaval?, que iriam ganhar outras versões, mais ou menos fiéis à verdade – a memória reescreve os episódios com imprecisão –, falaram também de umas injustiças, uns temores, uns dramas alheios que abafavam, por um momento, os seus próprios. A vida, um aprender com os outros sobre si mesmo. Dividir aqueles momentos miúdos era, enfim, tudo o que tinham. E eles estavam tão entregues, que nem sentiam o quanto doía estarem vivos. Assaram mais carne, comeram, e seguiram nos assuntos amenos, sem exigir nada um do outro, sem nenhuma urgência à vista. O homem, embalado pelo cansaço da viagem e a comida farta, deitou-se numa espreguiçadeira e adormeceu. O irmão e o amigo entraram na piscina com latas de cerveja na mão, e permaneceram no raso, junto aos meninos, bebericando ao sol. As mulheres estenderam toalhas no chão e ficaram a se bronzear, os maridos lá na água – e na conversa delas. O homem despertou, de repente, com as risadas dos meninos. Sentou-se, esfregando os olhos, para ver de novo o mundo, inteiro no seu real. E, então, como se experimentasse um estado de pré-descoberta, que ia se expandir para, de fato, se tornar plena descoberta, ele sentiu que todos, ali, não apenas existiam naquele instante, mas eram, distraídos, as suas próprias vidas, umas diante das outras. E ele não queria fazer a descoberta, queria só vivê-la, vendo o que via – a sua mulher e o seu filho misturando a sua existência a dos outros; o irmão e a cunhada, generosos, com seu menino e seu cachorro; o amigo e a esposa, uma alegria revê-los, assim como as árvores ao vento e o sol cercado de céu. Ele só queria ver e sentir, sentir aquele silêncio que ecoava dentro dele, no único lugar que desejava estar, um lugar sem antes e sem depois: ali.

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AO PÉ DA LETRA por Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras

Apesar de o decreto que promulgou o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa ter sido assinado em setembro de 2008, sua vigência passou para 1° de janeiro de 2016, por decisão da presidente Dilma Rousseff. Esse será o prazo final para que todos nós tenhamos assimilado as novas regras, isto é, 2016 chegará com os brasileiros precisando escrever corretamente.

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Você precisa saber Quando os prefixos pre e pos são átonos (não são acentuados), não admitem o uso do hífen. Já os prefixos acentuados exigem o uso do hífen. Exemplo: O professor do curso de pós-graduação recomendou que os alunos lessem o posfácio de um livro. Divergência “A opinião dos advogados de defesa do réu deferiu sobre o encaminhamento do processo criminal.” Seria natural e chegariam a um consenso se o verbo usado fosse correto. O verbo “deferir” não é o adequado. Observe: Deferir: atender a algo que é requerido ou pedido. Diferir: divergir. Frase correta: A opinião dos advogados de defesa do réu diferiu sobre o encaminhamento do processo criminal. Imprevisibilidade As obras de prevenção a acidentes contra os temporais nas regiões serranas foram suspensas sine die. Muito triste, mas a prioridade foi dada à cons-

trução de novas casas. A expressão latina sine die é comum, isto é, já faz parte do nosso linguajar e quer dizer: sem dia marcado para recomeçar. Modernismo “A garotada atual não conhece um candieiro.” Nem poderia, porque a palavra “candieiro” não existe. O vocábulo correto é candeeiro. Frase correta: A garotada atual não conhece um candeeiro. Abandono “Um bebê não deve ficar a só.” Claro que não! Porém, deixá-lo “a só” é muito pior e mais errado. Observe: a locução adverbial é a sós, não admitindo outra forma, pois é invariável. Frase correta: Um bebê não deve ficar a sós.


L ETRA

AO PÉ DA

Selvageria “Atualmente são muito poucos os aborígines que vivem no nosso país.” Lamentável, mas verdadeiro. Aborígines ou aborígenes? Tanto faz! Os dois termos constam do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras (ABL) e significam indígenas, habitantes primitivos de um país. O que verdadeiramente importa é que atendamos a um dispositivo constitucional: a preservação da cultura, dos hábitos e dos costumes daqueles que restaram. Rapaz esforçado “João fez o curso de Medicina a custa de muito sacrifício.” Coitado! Será um bom médico? A expressão “a custa de”, sem o acento grave indicativo de crase, está errada. Frase correta: João fez o curso de Medicina à custa de muito sacrifício. Faltosos “Uma e outra aluna erraram o trabalho passado pelo professor.” Se não fosse o problema do erro, estaria tudo certo. A expressão uma e outra admite o verbo no plural, o que é mais usual, mas no singular também está certo. Observe no singular: Uma e outra aluna errou o trabalho passado pelo professor.

Caso perdido “O diretor daquela empresa foi obrigado, pelo juiz, a pagar a custa do processo que lhe foi impetrado por um concorrente.” Certamente esse diretor perdeu na justiça ao pagar “a custa”. Esta palavra só pode ser usada no plural (as custas) e significa os gastos feitos em processo judicial. Período correto: O diretor daquela empresa foi obrigado, pelo juiz, a pagar as custas do processo que lhe foi impetrado por um concorrente. Problema dermatológico “A eczema do rosto da criança não melhorou depois da aplicação da pomada que lhe foi receitada.” Não há remédio que cure “a eczema”. Esta palavra é masculina: o eczema. Período correto: O eczema do rosto da criança não melhorou depois da aplicação da pomada que lhe foi receitada. Profissional relapso “Apesar das constantes advertências do dono da fábrica, o gerente tergiverça nos assuntos mais sérios.” Não pode dar certo um funcionário que “tergiverça”. Este verbo não deve ser escrito com “ç”, e sim com s: tergiversar, que significa, em sentido figurado, ser evasivo, torcer a realidade dos fatos. Frase correta: Apesar das constantes advertências do dono da fábrica, o gerente tergiversa nos assuntos mais sérios.

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Diretor exigente “O diretor da escola de ensino médio vive elocubrando meios e modos de incentivar seus alunos a terem bom comportamento.” Assim, não atingirá seus objetivos. O verbo “elocubrar” não consta do Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras. Prefira o verbo elucubrar, que é sinônimo de lucubrar e significa meditar, trabalhar durante a noite. Período correto: O diretor da escola de ensino médio vive elucubrando meios e modos de incentivar seus alunos a terem bom comportamento. Antipatia gratuita “O rapaz sempre se simpatizou com a vizinha, mas ela jamais gostou dele.” Entende-se o porquê da antipatia da moça. O verbo simpatizar não é pronominal, logo não admite o pronome oblíquo (“se” simpatizou). Período correto: O rapaz sempre simpatizou com a vizinha, mas ela jamais gostou dele. Programa de TV “O menino assistiu o desenho animado na televisão e não gostou.” Nem poderia. O verbo assistir, no sentido de ver alguma coisa, é transitivo indireto, exigindo preposição no seu complemento – objeto indireto – ao desenho animado. Período correto: O menino assistiu ao desenho animado na televisão e não gostou.

Sem presença “Um ou outro jovem participarão do Encontro de Jovens com o novo Papa, no próximo mês de julho.” Isso não poderá acontecer, pois prejudicará a cerimônia. A expressão um ou outro exige o verbo no singular e fica fácil de se entender o porquê, pois o ou mostra que apenas uma pessoa participará. Período correto: Um ou outro jovem participará do Encontro de Jovens com o novo Papa, no próximo mês de julho. Crime inafiançável “ O crime de sequestro seguido de morte, além de inafiançável, é considerado hodiondo.” De fato é um crime terrível, mas, se for considerado “hodiondo”, ficará ainda mais inafiançável. Esta palavra não existe. O vocábulo correto é hediondo. Frase correta: O crime de sequestro seguido de morte, além de inafiançável, é considerado hediondo. Sem edição “Um escritor novato recusou as ambas ofertas da editora para publicar seu primeiro livro.” Jamais terá esse livro publicado! Atenção: depois de ambos/ambas usam-se sempre os artigos as ou os, e não antes (ambas as ofertas). Período correto: Um escritor novato recusou ambas as ofertas da editora para publicar seu primeiro livro.


L ETRA

AO PÉ DA

Elogio infeliz O colega, querendo agradar o estilo de se vestir de sua companheira de trabalho, disse que ela tem um jeito hodierno de ser. A moça pareceu ofendida, pensando que hodierno era algum nome feio, até mesmo um palavrão. Coitado! Ele quis falar difícil, hodierno é sinônimo de moderno, atual, relativo aos dias de hoje. Procure ser hodierno, mas não exagere!

Repetição desnecessária “O político discursava na tribuna, esbravejando que seus pares não chegavam a um consenso geral.” “Consenso geral?” Bem feio isso, não? Consenso significa concordância de ideias, de opiniões. Se há consenso, já é geral, logo, “consenso geral” é uma redundância, desnecessária. Período correto: O político discursava na tribuna, esbravejando que seus pares não chegavam a um consenso.

Torcida organizada “ Um grupo de rapazes torceu para o Vasco no jogo com o Botafogo na decisão da Taça Guanabara.” Foi por isso que o clube de São Januário perdeu a taça. O verbo torcer, no sentido de torcedor, não aceita a preposição “para”, e sim a preposição por e todas as suas variações (pelo, pela, pelos e pelas). Frase correta: Um grupo de rapazes torceu pelo Vasco no jogo com o Botafogo na decisão da Taça Guanabara.

Cavalgada sem sucesso “ O cavaleiro arriou o seu cavalo para montar, mas acabou caindo.” Que pena! Precisou que abaixassem o cavalo para conseguir montar? Observe: arriar – descer, baixar arrear – colocar o arreio Período correto: O cavaleiro arreou o seu cavalo para montar, mas acabou caindo.

Exigência docente “Os professores aceitam qualquer coisas, menos o mau comportamento dos seus alunos.” Eles estão certos, mas ninguém pode aceitar “qualquer coisas”, esquecendo a concordância nominal: quaisquer (plural de qualquer) coisas. Frase correta: Os professores aceitam quaisquer coisas, menos o mau comportamento dos seus alunos.

Péssima assistência “O médico assistiu ao doente, mas não houve melhora no estado clínico do paciente.” Foi tudo uma questão de assistência. O verbo assistir, no sentido de cuidar de alguém, é transitivo direto, isto é, não admite complemento com proposição, logo o correto é: - o doente – objeto direto desta frase. Período correto: O médico assistiu o doente, mas não houve melhora no estado clínico do paciente.

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falsO agraDecimeNTO “A senhora agradeceu o neto pelo presente recebido.” Não foi um agradecimento sincero. O verbo agradecer é transitivo indireto, porque precisa de complemento preposicionado. Quem agradece, agradece a alguém. Frase correta: A senhora agradeceu ao neto pelo presente recebido.

cONsTruçãO iNaDequaDa A Rede Globo de Televisão vem veiculando com bastante insistência a expressão: “RJ FILMA EU”. Muito feia! Dois sujeitos numa mesma frase? Porque RJ é o sujeito natural, e o pronome pessoal do caso reto “eu” só pode ser sujeito. Para honrar a nossa língua, teria que aparecer na telinha: RJ, me filma!

iNfOrmaçãO imPOrTaNTe Pra é uma forma abreviada da preposição para. É usada com frequência na linguagem coloquial, entretanto não aceita na linguagem formal. Caso opte pela linguagem coloquial, jamais acentue o pra e não exagere no seu uso. Prefira falar e escrever para.

DúviDa O estudante desconfiou que seu colega escrevera sub-humano (com hífen) de maneira errada, porque ele achava que a forma correta de grafar esta palavra era subumano. Os dois alunos estavam certos, pois as duas formas estão perfeitas.

curiOsiDaDe Não escreva nem fale “e etc”. Sabe por quê? Atenção: etc. é a abreviatura da expressão latina – et coetera – que significa e outras coisas. Não há necessidade de se usar o “e etc” porque ficaria: e e outras coisas – repetição desnecessária.

uma quesTãO De PriNcíPiOs “A princípio de tudo devemos ter em princípio que é preciso amar a Deus sobre todas as coisas.” Perfeito! Construção correta. Observe: a princípio – no início em princípio – em tese, antes de qualquer coisa.


NOvOs laNçameNTOs Da sesi-sP eDiTOra cOleçãO exPOsiçÕes A gravura e a cerâmica brasileiras em edições definitivas!

As gravuras e os desenhos de Marcello Grassmann provocaram o leitor e a crítica ao longo dos anos. Este livro chega para motivar um novo olhar sobre a obra de Grassmann, com uma minuciosa seleção de artigos de jornais, revistas e catálogos sobre o artista, em que é possível ter uma visão geral sobre a recepção desses trabalhos, desde o decênio de 1950 até hoje.

MARCELLO GRASSMANN

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KISLANSKY cerÂmicAs

O livro Kislansky cerâmicas: argilas do Brasil mostra a pesquisa desse grande artista ao explorar as argilas de todo o país, experimentando diversos tipos de queima dos fornos elétricos aos fornos a gás, das queimas cruas aos esmaltes de alta temperatura.

Argilas do Brasil

à venda nas principais livrarias. ISBN 978-85-8205-068-2

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cARDÁPIO

ceNTrO culTural fiesP* AvEnIDA PAulIsTA, 1313 sãO PAulO sP ExPOsIÇãO jOgOs OlímPicOs: esPOrTe, culTura e arTe 16 De abril a 30 De juNhO sEGunDAs DAs 11h Às 20h; DE TERÇA A sÁbADO DAs 10h Às 20h; E DOmInGOs DAs 10h Às 19h

TEATRO crôNicas De cavaleirOs e DragÕes — O TesOurO DOs NibeluNgOs 18 De marçO a 30 De juNhO QuARTAs Às 21h; QuInTAs E sExTAs Às 11h (EscOlAs); sÁbADOs E DOmInGOs Às 16h

Parceria com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e COI (Comitê Olímpico Internacional) em uma exposição inédita que traz o acervo do Museu Olímpico de Lausanne, na Suíça.

Siegfried é um príncipe que não aceita a vida pacata da corte e decide partir pelo mundo em busca de aventuras e conquistas. Na trajetória para se tornar herói, o jovem encontra um anão ferreiro que o presenteia com um anel por Siegfried ter matado um dragão. Autoria de Tatiana Belinky, Idealização de Deborah Corrêa e Elder Fraga. Dramaturgia de Paulo Rogério Lopes. Direção de Kleber Montanheiro.

ExPOsIÇãO Olhar a TODa PrOva 16 De abril a 30 De juNhO sEGunDAs, DAs 11h Às 20h; DE TERÇA A sÁbADO DAs 10h Às 20h; E DOmInGOs DAs 10h Às 19h

Sob a curadoria de João Kulcsár, a exposição fotográfica traça a história dos Jogos Olímpicos desde sua origem, na Grécia Antiga, até a era moderna e apresenta os flagrantes das atividades desenvolvidas pelo SESISP nos esportes olímpicos.

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ExPOsIÇãO mOsTra brasil-alemaNha: culTuras cONecTaDas De 15 De maiO a 9 De juNhO TODOs Os DIAs, DAs 20h Às 22h (ObRAs InTERATIvAs); E DAs 22h Às 6h, ObRAs vIsuAIs (víDEOs)

Curadoria de Marília Pasculli, da Verve Cultural/Brasil, e Susa Pop, do Public Art Lab/Alemanha, com apoio cultural do Goethe Institut. ExPOsIÇãO bieNal NO sesi-sP — 1ª mOsTra iTiNeraNTe De viDeOarTe De 11 De abril a 29 De maiO DAs 10h Às 20h

Em parceria com a fundação Bienal de São Paulo, a mostra exibirá trabalhos de sete artistas participantes da 30a Bienal de São Paulo, que aconteceu entre setembro e dezembro de 2012. TEATRO lamPiãO e laNcelOTe 14 De marçO a 30 De juNhO DE QuInTA A sÁbADO Às 21h; DOmInGOs Às 20h

De Fernando Vilela, Dramaturgia de Braulio Tavares, Direção de Debora Dubois, Direção musical de Zeca Baleiro. Com Cássio Scapin, Daniel Infantini, Leonardo Miggiorin, Luciana Carnieli, Vanessa Prieto, Ale Pessôa e Tarita de Souza.

TEATRO aNa NãO esTá 28 De marçO a 30 De juNhO DE QuInTA A sÁbADO Às 20h30; DOmInGOs Às 19h30

Um casal refugiado em seu apartamento vive o desespero diante da própria impotência. Ana, sua filha, está desaparecida. Como encontrá-la? Onde procurá-la? De Murilo De Paula, autor do Núcleo de Dramaturgia SESI - Britsih Council. Direção de Gilberto Gawronski. cInEmA ciNe sesi NO muNDO: fraNça Para TODOs aTé 5 De juNhO QuARTAs-fEIRAs

Parceria com a Cinemateca da embaixada da França no Brasil e com o apoio do Institut Français. músIcA OrquesTra De cÂmara De sãO PaulO 19 De maiO DOmInGO 12h

Compositores Brasileiros do Século XX. Espetáculo do projeto Música em Cena. músIcA euDóxia De barrOs 26 De maiO DOmInGO 12h

Espetáculo do projeto Música em Cena. músIcA baNDa siNfôNica DO esTaDO De sãO PaulO 29 De maiO QuARTA 12h

Série Pra Ver a Banda Tocar! Espetáculo do projeto Música em Cena.

*Atenção: as datas e horários são passíveis de alterações. Confira no site www.sesisp.org.br/cultura/.


Liana Brazil

Arquivo particular

GALERIA DE FOTOS

Centro Cultural FIESP Eudóxia de Barros: recital de piano.

Centro Cultural FIESP Mostra Brasil-Alemanha:Culturas Conectadas

centro cultural fiesp Orquestra de Câmara de São Paulo

Centro Cultural FIESP Bienal no SESI-SP: Primeira Mostra Itinerante de Videoarte

Centro Cultural FIESP

Pedro Tolfo

Divulgação

Monica Cardim

Banda Sinfônica do Estado de São Paulo


Jose Olmiro

JoĂŁo Caldas

Suzane Medeiros Vianna

Ruthe Zuntz

Lenise Pinheiro

Vivian Fernandez

GALERIA DE FOTOS

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Lenise Pinheiro

CARDÁPIO

Divulgação

Suzane Medeiros Vianna

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Centro Cultural FIESP Lampião e Lancelote

Centro Cultural FIESP Ana não está

Centro Cultural FIESP Mostra Play!

Centro Cultural FIESP Budapest Bár

Bruno Schultze Cjto

Centro Cultural FIESP Crônicas de Cavaleiros e Dragões — O Tesouro dos Nibelungos

Centro Cultural FIESP Brazilian Guitar Quartet

centro cultural fiesp Parténope

Centro Cultural FIESP Conjunto de Música Antiga da ECA-SP


Bruno Veiga—Acervo COB

Jonne Roriz

Divulgação

Divulgação

Pedro Cattony

Divulgação

GALERIA DE FOTOS

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Divulgação

CARDÁPIO

Jonne Roriz

Hugo Moura

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centro cultural fiesp Black Voices

centro cultural fiesp Duo Impressões

centro cultural fiesp Mostra Cine SESI-SP no Mundo: França para Todos

centro cultural fiesp Jogos Olímpicos: Esporte, Cultura e Arte

centro cultural fiesp Bienal no SESI-SP — 1ª Mostra Itinerante de Videoarte

centro cultural fiesp Olhar a toda prova

centro cultural fiesp Poema bar


UNIDADES DO SESI-SP AMERICANA CAT DR. ESTEVAM FARAONE AVENIDA BANDEIRANTES,1000 - CHÁCARA MACHADINHO CEP 13478-700 - AMERICANA - SP Tel: (19) 3471-9000 www.sesisp.org.br/americana ARAÇATUBA CAT FRANCISCO DA SILVA VILLELA RUA DR. ALVARO AFONSO DO NASCIMENTO, 300 - J. PRESIDENTE CEP 16072-530 - ARAÇATUBA - SP Tel: (18) 3519-4200 www.sesisp.org.br/aracatuba

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ARARAQUARA CAT WILTON LUPO AVENIDA OCTAVIANO DE ARRUDA CAMPOS, 686 - JD. FLORIDIANA CEP 14810-901 - ARARAQUARA - SP Tel: (16) 3337-3100 www.sesisp.org.br/araraquara ARARAS CAT LAERTE MICHIELIN AVENIDA MELVIN JONES, 2.600 - B. HEITOR VILLA LOBOS CEP 13607-055 - ARARAS - SP Tel: (19) 3542-0393 www.sesisp.org.br/araras BAURU CAT RAPHAEL NOSCHESE RUA RUBENS ARRUDA, 8-50 - ALTOS DA CIDADE CEP 17014-300 - BAURU - SP Tel: (14) 3234-7171 www.sesisp.org.br/bauru

CAMPINAS I CAT PROFESSORA MARIA BRAZ AVENIDA DAS AMOREIRAS, 450 CEP 13036-225 - CAMPINAS I - SP Tel: (19) 3772-4100 www.sesisp.org.br/amoreiras CAMPINAS II CAT JOAQUIM GABRIEL PENTEADO AVENIDA ARY RODRIGUEZ, 200 - B. BACURI CEP 13052-550 - CAMPINAS II - SP Tel: (19) 3225-7584 www.sesisp.org.br/campinas2 COTIA OLAVO EGYDIO SETÚBAL RUA MESOPOTÂMIA, 300 - MOINHO VELHO CEP 06712-100 - COTIA - SP Tel: (11) 4612-3323 www.sesisp.org.br/cotia CRUZEIRO CAT OCTÁVIO MENDES FILHO RUA DURVALINO DE CASTRO, 501 - VILA ANA ROSA NOVAES CEP 12705-210 - CRUZEIRO - SP Tel: (12) 3141-1559 www.sesisp.org.br/cruzeiro CUBATÃO CAT DÉCIO DE PAULA LEITE NOVAES AVENIDA COM. FRANCISCO BERNARDO, 261 - JD. CASQUEIRO CEP 11533-090 - CUBATÃO - SP Tel: (13) 3363-2662 www.sesisp.org.br/cubatao

BIRIGUI CAT MIN. DILSON FUNARO AVENIDA JOSÉ AGOSTINHO ROSSI, 620 - JARDIM PINHEIROS CEP 16203-059 - BIRIGUI - SP Tel: (18) 3642-9786 www.sesisp.org.br/birigui

DIADEMA CAT JOSÉ ROBERTO MAGALHÃES TEIXEIRA AVENIDA PARANAPANEMA, 1500 TABOÃO CEP 09930-450 - DIADEMA - SP Tel: (11) 4092-7900 www.sesisp.org.br/diadema

BOTUCATU CAT SALVADOR FIRACE RODOVIA MARECHAL RONDON, KM 247,4 - PQ. RES. CONVÍVIO CEP 18605-900 - BOTUCATU - SP Tel: (14) 3811-4450 www.sesisp.org.br/botucatu

FRANCA CAT OSVALDO PASTORE AVENIDA SANTA CRUZ, 2870 - JD. CENTENÁRIO CEP 14403-600 - FRANCA - SP Tel: (16) 3712-1600 www.sesisp.org.br/franca

GUARULHOS CAT MORVAN DIAS DE FIGUEIREDO RUA BENEDITO CAETANO DA CRUZ, 566 - JARDIM ADRIANA CEP 07135-151 - GUARULHOS - SP Tel: (11) 2404-3133 www.sesisp.org.br/guarulhos INDAIATUBA CAT ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES AVENIDA FRANCISCO DE PAULA LEITE, 2701 - JD. CALIFORNIA CEP 13346-000 - INDAIATUBA - SP Tel: (19) 3875-9000 www.sesisp.org.br/indaiatuba ITAPETININGA CAT - BENEDITO MARQUES DA SILVA AVENIDA PADRE ANTONIO BRUNETTI, 1.360 - VL. RIO BRANCO CEP 18208-080 - ITAPETININGA - SP Tel: (15) 3275-7920 www.sesisp.org.br/itapetininga ITÚ CAT CARLOS EDUARDO MOREIRA FERREIRA RUA JOSÉ BRUNI, 201 - BAIRRO SÃO LUIZ CEP 13304-080 - ITÚ - SP Tel: (11) 4025-7300 www.sesisp.org.br/itu JACAREÍ CAT KARAM SIMÃO RACY RUA ANTONIO FERREIRA RIZZINI, 600 JD. ELZA MARIA CEP 12322-120 - JACAREÍ - SP Tel: (12) 3954-1008 www.sesisp.org.br/jacarei JAÚ CAT RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA AVENIDA JOÃO LOURENÇO PIRES DE CAMPOS, 600 - JD. PEDRO OMETTO CEP 17212-591 - JAÚ - SP Tel: (14) 3621-1042 www.sesisp.org.br/jau JUNDIAÍ CAT ÉLCIO GUERRAZZI AVENIDA ANTONIO SEGRE, 695 - JARDIM BRASIL CEP 13201-843 - JUNDIAÍ - SP Tel: (11) 4521-7122 www.sesisp.org.br/jundiai


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LIMEIRA CAT MARIO PUGLIESE AVENIDA MJ. JOSÉ LEVY SOBRINHO, 2415 - ALTO DA BOA VISTA CEP 13486-190 - LIMEIRA - SP Tel: (19) 3451-5710 www.sesisp.org.br/limeira

OURINHOS CAT MANOEL DA COSTA SANTOS RUA PROFESSORA MARIA JOSÉ FERREIRA, 100 - BAIRRO DAS CRIANÇAS CEP 19910-075 - OURINHOS - SP Tel: (14) 3302-3500 www.sesisp.org.br/ourinhos

MARÍLIA CAT LÁZARO RAMOS NOVAES AVENIDA JOÃO RAMALHO, 1306 - JD. CONQUISTA CEP 17520-240 - MARÍLIA - SP Tel: (14) 3417-4500 www.sesisp.org.br/marilia

PIRACICABA CAT MARIO MANTONI AVENIDA LUIZ RALPH BENATTI, 600 - VL INDUSTRIAL CEP 13412-248 - PIRACICABA - SP Tel: (19) 3403-5900 www.sesisp.org.br/piracicaba

MATÃO CAT PROFESSOR AZOR SILVEIRA LEITE RUA MARLENE DAVID DOS SANTOS, 940 - JARDIM PARAÍSO III CEP 15991-360 - MATÃO - SP Tel: (16) 3382-6900 www.sesisp.org.br/matao

PRESIDENTE EPITÁCIO CIL - CARLOS CARDOSO DE ALMEIDA AMORIM AVENIDA DOMINGOS FERREIRA DE MEDEIROS, 2.113 - VILA RECREIO CEP 19470-000 - PRES. EPITÁCIO - SP Tel: (18) 3281-2803 www.sesisp.org.br/presidenteepitacio

MAUÁ CAT MIN. RAPHAEL DE ALMEIDA MAGALHÃES AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO, 237 - JARDIM ZAÍRA CEP 09320-590 - MAUÁ - SP Tel: (11) 4542-8950 www.sesisp.org.br/maua MOGI DAS CRUZES CAT NADIR DIAS DE FIGUEIREDO RUA VALMET, 171 - BRAZ CUBAS CEP 08740-640 - MOGI DAS CRUZES - SP Tel: (11) 4727-1777 www.sesisp.org.br/mogidascruzes

PRESIDENTE PRUDENTE CAT BELMIRO JESUS AVENIDA IBRAIM NOBRE, 585 - PQ. FURQUIM CEP 19030-260 - PRES. PRUDENTE - SP Tel: (18) 3222-7344 www.sesisp.org.br/presidenteprudente RIBEIRÃO PRETO CAT JOSE VILLELA DE ANDRADE JUNIOR RUA DOM LUÍS DO AMARAL MOUSINHO, 3465 - CASTELO BRANCO CEP 14090-280 - RIBEIRÃO PRETO - SP Tel: (16) 3603-7300 www.sesisp.org.br/ribeiraopreto

MOGI GUAÇU CAT MIN. ROBERTO DELLA MANNA RUA EDUARDO FIGUEIREDO, 300 - PARQUE RESIDENCIAL ZANIBONI III CEP 13848-090 - MOGI GUAÇU - SP Tel: (19) 3861-3232 www.sesisp.org.br/mogiguacu

RIO CLARO CAT JOSÉ FELICIO CASTELLANO AVENIDA M-29, 441 - JD. FLORIDIANA CEP 13505-190 - RIO CLARO - SP Tel: (19) 3522-5650 www.sesisp.org.br/rioclaro

OSASCO CAT LUIS EULALIO DE BUENO VIDIGAL FILHO AVENIDA GETÚLIO VARGAS, 401 CEP 06233-020 - OSASCO - SP Tel: (11) 3602-6200 www.sesisp.org.br/osasco

SANTA BÁRBARA D' OESTE CAT AMÉRICO EMÍLIO ROMI AVENIDA MÁRIO DEDINI, 216 - V. OZÉIAS CEP 13453-050 - S. B. D OESTE - SP Tel: (19) 3455-2088 www.sesisp.org.br/santabarbara

SANTANA DE PARNAÍBA CAT JOSÉ CARLOS ANDRADE NADALINI AVENIDA CONSELHEIRO RAMALHO, 264 - CIDADE SÃO PEDRO CEP 06535-175 - SANTANA DE PARNAÍBA - SP Tel: (11) 4156-9830 www.sesisp.org.br/parnaiba SANTO ANDRÉ CAT THEOBALDO DE NIGRIS PÇA. DR. ARMANDO DE ARRUDA PEREIRA, 100 - STA. TEREZINHA CEP 09210-550 - SANTO ANDRÉ - SP Tel: (11) 4996-8600 www.sesisp.org.br/santoandre SÃO BERNARDO DO CAMPO CAT ALBANO FRANCO RUA SUÉCIA, 900 - ASSUNÇÃO CEP 09861-610 - S. B. DO CAMPO - SP Tel: (11) 4109-6788 www.sesisp.org.br/sbcampo SÃO CAETANO DO SUL CAT PRES. EURICO GASPAR DUTRA RUA SANTO ANDRÉ, 810 - BOA VISTA CEP 09572-140 - S. C. DO SUL - SP Tel: (11) 4233-8000 www.sesisp.org.br/saocaetano SANTOS CAT PAULO DE CASTRO CORREIA AVENIDA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, 366 - JD. SANTA MARIA CEP 11085-202 - SANTOS - SP Tel: (13) 3209-8210 www.sesisp.org.br/santos SÃO CARLOS CAT ERNESTO PEREIRA LOPES FILHO RUA CEL. JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA SALLES, 1325 - V. IZABEL CEP 13570-900 - SÃO CARLOS - SP Tel: (16) 3368-7133 www.sesisp.org.br/saocarlos SÃO JOSÉ DO RIO PRETO CAT JORGE DUPRAT FIGUEIREDO AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, 4656 - VL. ELVIRA CEP 15061-010 - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP Tel: (17) 3224-6611 www.sesisp.org.br/sjriopreto


SÃO JOSÉ DOS CAMPOS CAT OZIRES SILVA AVENIDA CIDADE JARDIM, 4389 BOSQUE DOS EUCALIPTOS CEP 12232-000 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP Tel: (12) 3936-2611 www.sesisp.org.br/sjcampos SÃO PAULO – AE CARVALHO CAT MARIO AMATO RUA DEODATO SARAIVA DA SILVA, 110 PQ. DAS PAINEIRAS CEP 03694-090 - SÃO PAULO - SP Tel: (11) 2026-6000 www.sesisp.org.br/carvalho SÃO PAULO – VILA DAS MERCÊS CAT PROFESSOR CARLOS PASQUALE RUA JÚLIO FELIPE GUEDES, 138 - V. DAS MERCÊS CEP 04174-040 - SÃO PAULO - SP Tel: (11) 2946-8172 www.sesisp.org.br/merces SÃO PAULO – VILA LEOPOLDINA CAT GASTÃO VIDIGAL RUA CARLOS WEBER, 835 - VILA LEOPOLDINA CEP 05303-902 - SÃO PAULO - SP Tel: (11) 3832-1066 www.sesisp.org.br/leopoldina SERTÃOZINHO CAT NELSON ABBUD JOÃO RUA JOSÉ RODRIGUES GODINHO, 100 CONJ. HAB. MAURÍLIO BIAGI CEP 14177-320 - SERTÃOZINHO - SP Tel: (16) 3945-4173 www.sesisp.org.br/sertaozinho SOROCABA CAT - SEN JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES RUA DUQUE DE CAXIAS, 494 - MANGAL CEP 18040-425 - SOROCABA - SP Tel: (15) 3388-0444 www.sesisp.org.br/sorocaba SUMARÉ CAT FUAD ASSEF MALUF AVENIDA AMAZONAS, 99 - JARDIM NOVA VENEZA CEP 13177-060 - SUMARÉ - SP Tel: (19) 3854-5855 www.sesisp.org.br

SUZANO CAT MAX FEFFER AVENIDA SENADOR ROBERTO SIMONSEN, 550 - JARDIM IMPERADOR CEP 08673-270 - SUZANO - SP Tel: (11) 4741-1661 www.sesisp.org.br/suzano TATUÍ CAT WILSON SAMPAIO AVENIDA SÃO CARLOS, 900 - B. DR. LAURINDO CEP 18271-380 - TATUÍ - SP Tel: (015) 3205-7910 www.sesisp.org.br/tatui TAUBATÉ CAT LUIZ DUMONT VILLARES RUA VOLUNTÁRIO BENEDITO SÉRGIO, 710 - B. ESTIVA CEP 12050-470 - TAUBATÉ - SP Tel: (12) 3633-4699 www.sesisp.org.br/taubate VOTORANTIM CAT JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES FILHO RUA CLÁUDIO PINTO NASCIMENTO, 140 - JD. MORUMBI CEP 18110-380 - VOTORANTIM - SP Tel: (15) 3353-9200 www.sesisp.org.br/votorantim

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Ilustração de Nina Anderson para o livro A menina que nunca terminava nada.



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