PONTO
ALEXANDRE DUMAS E A GUERRA DOS LIVROS FUTEBOL, PRAZER E PARADOXO CONVERSA COM ZEZÉ MOTTA A NATUREZA EM SEU PAPEL DE MUSA INSPIRADORA AS MULHERES EM TRÊS CONTOS DE IVANA ARRUDA LEITE
REVISTA PONTO® PUBLICAÇÃO LITERÁRIA E CULTURAL DO SESI-SP #5 MARÇO 2O14
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#5 MARÇO 2O14 #5 MARÇO 2O14
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Na página anterior, ilustração de Guga Schultze para o livro O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas, lançamento da SESI-SP Editora.
P O N T OD E P A D A
O Editor
RT I
Nesta quinta edição da Revista Ponto apresentamos um retrato iluminado de Zezé Motta, a cantora e atriz – ou “cantriz”, como ela mesma se define – que comemora 45 anos de carreira com diversos shows nas unidades do SESI-SP. Nesta entrevista, ela relembra momentos importantes de sua trajetória. Segundo ela, “gosto de música desde que estava na barriga da minha mãe”. Na matéria de capa, o escritor Luiz Brás nos apresenta a “guerra dos livros”, um texto inspirado que traz o antagonismo histórico entre a chamada “alta literatura” e a “literatura de entretenimento”, e insere Alexandre Dumas nos desdobramentos dessa “guerra”, ainda no século XIX. Mestre do gênero folhetim, ele foi o criador de Os três mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo. Segundo certas fontes, ele foi o escritor mais lido e traduzido da história da França. Mesmo assim, não alcançou o respeito da crítica de seu tempo. Seus contemporâneos não permitiram que ele fosse sepultado no Panteão de Paris, onde estão os grandes escritores e pensadores franceses. De Dumas, a SESI-SP Editora lança um de seus poucos títulos juvenis e ainda inédito no Brasil: O capitão Panfílio. Com o objetivo de discutir o futebol em todo seu aspecto cultural e sociológico, o jornalista José Eduardo de Carvalho mostra o alcance econômico, político e social de um evento de tal porte. Segundo ele, os países participantes da copa de 2014 representam 40% da população mundial e estima-se que a partida final será vista por um bilhão de pessoas, mundo afora. Do mesmo autor, a SESI-SP Editora lança agora um boxe com cinco volumes sobre os 150 anos do futebol. A seção Ponto Design discute as relações entre design e natureza, e nos mostra num belo estudo acadêmico sobre como a natureza inspirou e inspira o design e como este retribui apontando rumos para a construção dentro dos preceitos da sustentabilidade, que começa a envolver parte deste segmento da indústria, buscando a conciliação entre arte e produtividade. Ainda neste número apresentamos o Método Alla Corda - Formação e Educação Musical Juvenil, que a área de cultura do SESI-SP, em parceria com a Fundação Bachiana, desenvolveu e implantou entre os alunos da rede. Trata-se de uma série de cinco volumes: viola, violino, violoncelo e contrabaixo, além do livro do educador com uma metodologia inovadora desenvolvida pelo violinista e pedagogo Ênio Antunes e que passou, desde 2013, a ser utilizada nos Núcleos de Música SESI-SP, sob a coordenação do maestro João Carlos Martins. Muita cultura e boa leitura!
#5 marçO 2O14
A rEvisTA PONTO® é umA PuBLICAÇÃo LITERÁRIA E CuLTuRAL DA sEsI-sP EDIToRA, Com EDIÇÕEs TRImEsTRAIs
CONsElhO EdiTOriAl PaUlO sKaF (PresiDeNTe) walTer viCiONi GONçalves DÉBOra CyPriaNO BOTelHO NeUsa mariaNi COMissÃO EdiTOriAl
FerNaNDO aNTONiO CarvalHO De sOUZa DÉBOra PiNTO alves viaNa aleXaNDra salOmÃO miamOTO álvarO alves FilHO rODriGO De Faria e silva GaBriella PlaNTUlli
EdiTOr ChEFE
rODriGO De Faria e silva
EdiTOrAs AssisTENTEs
jUliaNa Farias aNa lUCia saNT’aNa DOs saNTOs GaBriella PlaNTUlli BeaTriZ simÕes araújO mONalisa Neves
CAPA, EdiTOrAÇÃO E PrOduÇÃO GrÁFiCA PaUla lOreTO valqUíria Palma Camila CaTTO
COMuNiCAÇÃO EdiTOriAl GaBriella PlaNTUlli
divulGAÇÃO E PrOMOÇÃO valÉria vaNessa eDUarDO reNaTa De Cassia silva
AdMiNisTrATivO E FiNANCEirO
raimUNDO erNaNDO De melO jUNiOr FeliPe aUGUsTO Ferreira De Oliveira Flávia reGiNa sOUZa De Oliveira márCiO Da COsTa veNTUra eDilZa alves leiTe
COMErCiAl
vaNessa BUZeli BONOmO viCeNTe raPHael CalDeira
COlAbOrAdOrEs
Capa Ilustração de Guga Schultze para o livro O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas.
arNalDO NisKier CarOliNa CarDOsO ivaNa arrUDa leiTe jOsÉ eDUarDO De CarvalHO lUiZ Bras marília FONTaNa GarCia
rEvisÃO
DaNielle meNDes sales
JOrNAlisTA rEsPONsÁvEl
GaBriella PlaNTUlli (MTb 0030796sP)
PrOJETO GrÁFiCO OriGiNAl viCeNTe Gil DesiGN
TirAGEM dEsTA EdiÇÃO 5 mil eXemPlares iMPrEssÃO riCarGraF rEvisTA PONTO® - PubliCAÇÃO liTErÁriA E CulTurAl NÚMErO 5 – MArÇO dE 2014 sEsI-sP EDIToRA Av PAuLIsTA 1313, 4º AnDAR TELEFonE: 3146-7134
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06 estante de livros lançamentos 10 ponto Entrevista CONVERSA COM ZEZÉ MOTTA 16 Ponto ESPORTE FUTEBOL, PRAZER E PARADOXO 24 ponto especial ALEXANDRE DUMAS E A GUERRA DOS LIVROS 36 ponto DESIGN A NATUREZA EM SEU PAPEL DE MUSA INSPIRADORA 44 PONTO EXPOSIÇÃO ESPAÇO GALERIA RECEBE EXPOSIÇÕES ITINERANTES 50 PONTO MUSICAL CONHEÇA O MÉTODO ALLA CORDA 54 PONTO DO CONTO POR IVANA ARRUDA LEITE 60 ao pé da letra POR ARNALDO NISKIER 64 EVENTOS DAs EDITORAs LANÇAMENTOS 68 AGENDA CULTURAL PROGRAMAÇÃO GALERIA DE FOTOS UNIDADES DO SESI
EsTANTE dE livrOs dA rEdAÇÃO
Literatura infantil ou para adolescentes? Livro técnico ou sobre a história de 40 anos de um trabalho sério destinado à indústria? Culinária, teatro, temas diversos para você escolher o que mais lhe agrada. Destacamos aqui alguns dos nossos lançamentos do trimestre, mas os nossos catálogos completos podem ser conferidos nos sites da SESI-SP Editora e SENAI-SP Editora.
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reCeiTas De Terra e mar
meTODOlOGia sesi-sP ParaDesPOrTO
NÍCIA MARIA DANTAS
SESI-SP
O gosto pela culinária começou ainda criança, quando observava suas avós na cozinha mexendo em panelas e preparando pratos saborosos. Foi nessa época que passou a entender a alimentação sob a perspectiva do prazer. Assim, mais do que apresentar receitas clássicas, que vão desde as mais sofisticadas até as caseiras, a autora revela truques, apresenta sugestões para situações variadas, ensina como servir as receitas e nos mostra que a elegância é um estado natural de quem sabe e gosta de receber.
Esta obra apresenta a trajetória desde o início de 2009, quando surgiu a primeira equipe de paradesporto no SESI-SP, que engloba o voleibol sentado, a bocha paraolímpica, o futebol de PC (paralisia cerebral), o atletismo e o golbol. Além disso, mostra que a metodologia do paradesporto pode contribuir na formação da criança e do adolescente, auxiliando os profissionais da educação e do esporte com ferramentas pedagógicas que propiciem conhecimentos alternativos para o desenvolvimento do esporte para todos.
seNai miX DesiGN Primavera-verÃO 2014/2015 SENAI-SP
Este boxe reúne cinco volumes (Direções Criativas, Vestuário, Calçados, Artefatos de Couro, Joias Folheadas e Bijuterias), que trazem novos conceitos e posicionamentos metodológicos capazes de dar uma dimensão mais real e objetiva à sua prática. Foi criado por meio de um trabalho unificado com profissionais de moda, a partir de uma pesquisa feita do cruzamento de informações desses diversos setores, com o intuito de estimular a indústria paulista do Sistema Moda no desenvolvimento de seus produtos e no fortalecimento de suas identidades e marcas.
lAnÇAmEnTos
esCOlas móveis DO seNai-sP 40 aNOs
eleTrÔNiCa DiGiTal
HiDráUliCa móBil
SENAI-SP
LEANDRO POLONI DANTAS E RICARDO ARROIO
ILO DA SILVA MOREIRA
Criadas para atender necessidades urgentes, imediatas e específicas de empresas localizadas nos municípios de São Paulo que não contam com uma Escola SENAI, as Escolas Móveis do SENAI-SP completam 40 anos de existência, com um trabalho cuidadosamente desenvolvido. E esta obra trata da concepção, implantação, desenvolvimento, diversificação e permanente modernização dessas unidades flexíveis de educação profissional.
Dividido em dez capítulos, o livro conduz o leitor gradativamente a um entendimento profundo da eletrônica digital. Aborda princípios e fundamentos como circuitos básicos, técnicas para criação e desenvolvimento de projetos de circuitos digitais, tecnologias utilizadas na fabricação de dispositivos digitais e muito mais. Para melhor fixação do conteúdo, traz uma série de exercícios ao final de cada capítulo.
Este livro aborda os conceitos fundamentais aos comandos hidráulicos automotivos. Rico em detalhes e ilustrações esquemáticas, é destinado a profissionais da área de manutenção de veículos automotores, bem como a estudantes de nível médio e superior que queiram aprofundar seus conhecimentos na área automotiva.
FreiOs HiDráUliCOs: Da FísiCa BásiCa à DiNâmiCa veiCUlar, DO sisTema CONveNCiONal aOs sisTemas eleTrÔNiCOs
TraTameNTO TÉrmiCO DOs meTais − Da TeOria à PráTiCa
TÉCNiCas De CONsTrUçÃO De esqUemas PNeUmáTiCOs De COmaNDO
RONALDO DEZIDERIO PRIETO
Com uma linguagem simples, mas preservando a profundidade técnica necessária, esta obra apresenta a tecnologia que embasa as transformações de microestruturas dos metais e as técnicas aplicadas na prática para a operacionalização dessa etapa produtiva, que promove as alterações das características dos diversos tipos de metais para que possam atender a diferentes solicitações mecânicas requeridas em projetos de peças que fazem parte de equipamentos compostos de materiais metálicos.
Esta obra fornece um apanhado histórico do sistema de freios e reúne os conceitos de física aplicados a ele, incluindo sua relação com a dinâmica veicular, sua concepção, o princípio de funcionamento do sistema de freios ABS e sua integração com outros sistemas (como o EBD, o TCS, o ASR e o ESP), possibilitando o entendimento de todos os fatores envolvidos durante uma frenagem.
PAULO SERGIO DE FREITAS
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ILO DA SILVA MOREIRA
Este livro detalha as técnicas e os procedimentos indispensáveis para a construção de esquemas pneumáticos de comando empregados na automatização dos processos industriais. O domínio desse conteúdo fornecerá a técnicos e desenhistas projetistas de máquinas as regras fundamentais para o exercício de sua função, facilitando a leitura e interpretação dos esquemas pneumáticos e contribuindo para a identificação de possíveis defeitos operacionais em máquinas e equipamentos automáticos.
LITERATURA INFANTOJUVENIL
COLEÇÃO QUEM LÊ SABE POR QUÊ A partir deste ano, a SESI-SP Editora passa a adotar a classificação etária para suas publicações infantojuvenis, com base na proposta da professora Nelly Novaes Coelho, apresentada no livro Literatura infantil: teoria, análise e didática (Moderna, 2000). Ela esclarece que as indicações sugeridas são apenas aproximativas, afinal, a evolução biopsicológica das crianças, dos pré-adolescentes e dos adolescentes depende de muitos fatores socioeconômicos e culturais, podendo divergir bastante de uns para outros.
A ILHA
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JOÃO GOMES DE ABREU Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
Era uma vez uma ilha, nem grande nem pequena, do tamanho de uma ilha normal. Um dia, um barco com habitantes do continente chega à ilha e, a partir de então, os ilhéus só desejam ser iguais aos visitantes. Começa assim a construção de uma ponte: uma ponte tão grande que, para construí-la, será preciso toda a pedra das montanhas, toda a madeira das florestas, toda a areia das praias... O que sobrará no fim?
O QUE HÁ ISABEL MINHÓS MARTINS Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
O que há dentro deste livro? Dezenas de imagens para observar e desafios divertidos que só os leitores mais atentos vão descobrir. Vivemos em um mundo cheio de coisas. Coisas que servem para comer, para vestir, para brincar e coisas que já nem sabemos bem para o que servem. Porque há coisas que estão ligadas a outras coisas e o mundo das coisas acaba por ser como um quebra-cabeças. Preparados para jogar?
TANTOS ANIMAIS E OUTRAS LENGALENGAS DE CONTAR MANUELA CASTRO NEVES Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
Professora durante muitos anos, a autora, ao longo desta experiência, criou materiais para ajudar as crianças a gostar de aprender, entre os quais várias lengalengas inspiradas por conceitos matemáticos. Este livro reúne pequenas histórias, marcadas pelo ritmo das palavras e pela existência de padrões, e a matemática funciona como uma espécie de mote para a autora se divertir e divertir todos os leitores.
DESMIOLAÇÕES LU LOPES Classificação indicativa: Leitor fluente (de 10 a 11 anos)
As 14 histórias apresentadas nesta obra mostram as mais variadas descobertas feitas pelas crianças e as transformações que elas ocasionam em suas vidas. Com ilustrações para lá de divertidas e coloridas, Edith Derdyk reforça o mundo de sonhos, devaneios e mirabolações de crianças desmioladas que a autora nos convida a conhecer. Mais que isso, Desmiolações nos levará a descobrir que secretamente todos nós podemos desmiolar a vida toda.
IR E VIR
OITO A COMER BISCOITO
ISABEL MINHÓS MARTINS Classificação indicativa: Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
ELENICE MACHADO DE ALMEIDA Classificação indicativa: Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
Percorrer quilômetros – sejam muitos ou poucos – parece mesmo muito fácil para nós, humanos. Temos as pernas e os pés, mas temos mais: carros, barcos e aviões, bicicletas, motos e caminhões, tudo indo e vindo, chegando e partindo. Mas transportar-nos, a nós e às coisas do mundo, tem suas consequências. E desconfiamos que muitas delas não serão do agrado das andorinhas, gnus e borboletas, que também se movimentam neste planeta...
Nesta publicação, a autora fez uma brincadeira com palavras, com folclore, com bichos, com números e até com a cabeça da gente. As divertidas e coloridas ilustrações são assinadas pela jovem Nina Anderson.
lAnÇAmEnTos
Wilson Marques
Os dOis Os dOis irmãOs e O Olu
Este livro nos aproxima do imaginário de um povo irmão, que habita um continente muito próximo e ao mesmo tempo muito distante. Suas características se encaixam em nossa ancestralidade da mesma forma que a África se encaixa ao nosso continente, como podemos perceber no mapa-múndi. Recontada em formato de cordel, esta lenda nos mostra como a ganância e a mentira são suplantadas pelo amor familiar e pela justiça na relação conflituosa entre dois talentosos irmãos, que altera a vida de uma pequena aldeia.
irmãOs e O Olu Ilustrações:
Taisa Borges
ISBN 978-85-65025-66-9
Os dois irmãos_capa.indd 1-5
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as emOçÕes De Um FilHOTe De PerDiZ
Os DOis irmÃOs e O OlU
HisTória DO verDaDeirO simPlíCiO
ALPHONSE DAUDET Classificação indicativa: Leitor fluente (de 10 a 11 anos)
WILSON MARQUES Classificação indicativa: Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
GEORGE SAND Classificação indicativa: Leitor crítico (a partir dos 12 ou 13 anos)
Datado do final do século XIX, este texto traz a angústia de uma perdiz em meio à temporada de caça, coisa comum nos tempos passados e ainda nos dias de hoje em certas tradições e culturas. Este relato escancara a brutalidade que essas temporadas representam segundo a perspectiva do caçado. Escrito muito antes de serem fundadas as sociedades protetoras de animais ou mesmo de algumas espécies estarem ameaçadas de extinção decorrente de ações predatórias do ser humano, mostra-se atual em seu discurso ambientalista e de respeito aos seres vivos.
Este livro nos aproxima do imaginário de um povo irmão, que habita um continente muito próximo e ao mesmo tempo muito distante. Suas características se encaixam em nossa ancestralidade da mesma forma que a África se encaixa em nosso continente, como podemos perceber no mapa-múndi. Recontada em formato de cordel, esta lenda nos mostra como a ganância e a mentira são suplantadas pelo amor familiar e pela justiça na relação conflituosa entre dois talentosos irmãos, que altera a vida de uma pequena aldeia.
Embora seja do século XIX, esta bela novela, escrita em tom de fábula, continua atual e representa uma fantástica alegoria do mundo em que vivemos. O idealismo de Simplício serve perfeitamente como contraponto à brutalidade do mundo dos homens. Vemos neste livro a retomada dos valores mais belos que o ser humano pode construir e, por outro lado, todas as dificuldades e consequências de se preservar dentro desses valores.
R aquel Matsushi ta iONi t Z ilBeRMaN
Você gosta de perguntar? – sim. – Não. – talvez. O menino gostava de perguntar. Mas quando havia respostas diferentes para a mesma pergunta, ele emburrava feio. até que
isBN 978-85-8205-127-6
um dia, o menino se perguntou: nãosimtalvez
– quaNtas RespOstas uMa peRguNta pOde teR?
R aquel Matsushita iONit Z ilBeRMaN
nao_sim_capa.indd 1
a viDa É Um Trem
CAROLINA CARNEIRO Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
ALEXANDRE CAMANHO Classificação indicativa: Pré-leitor (de 15 meses até os 6 anos)
RAQUEL MATSUSHITA Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
Com imagens coloridas e elaboradas, este livro ilustrado nos leva a uma alegoria da vida por meio do olhar de uma criança, repleto de surpresa e entusiasmo diante das coisas que passam com um trem. Porque, se a vida é um trem, só nos resta brincar com ele e nos divertir com personagens, bichos e brinquedos encontrados em seus vagões perdidos no tempo e no espaço de nossa imaginação, que nos transporta pela beleza de uma vida que passa, sempre passa, percebida em cada estação.
Como toda criança curiosa, o personagem principal deste livro adora uma pergunta. Quando começou a fazê-las, achava que só existia uma resposta para cada. Mas, com a ajuda da irmã mais velha, descobriu que pode haver mais de uma resposta, e que, por meio delas, é possível aprender. O personagem cresce ao se dar conta de que o aprendizado exige esforço, que deve ser cultivado desde cedo para que as crianças aprendam a pensar e agir por si, diante dos vários caminhos que a vida oferece.
O que aconteceria se você descobrisse estar sendo caçado enquanto almoça? Na natureza é assim: uma vez é a hora da caça, outra vez, do caçador. Mas a todo instante pode-se encontrar novos amigos! Descubra com Bicho-pau, bicho-folha algumas surpresas desses curiosos insetos que se camuflam para se proteger de seus predadores.
NÃO, sim, TalveZ
1/31/14 7:01 PM
BiCHO-PaU, BiCHO-FOlHa
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ZEZÉ MOTTA: multifacetada e realizada Em entrevista para a Revista Ponto, a artista, que em maio se apresenta em três unidades do SESI-SP, no interior paulista, conta um pouco de sua trajetória de 45 anos como cantora e atriz. Muito prazer, eu sou Zezé
Divulgação
Mas você pode me chamar como quiser...
A frase que abre “Prazer Zezé”, a principal música do primeiro LP de Zezé Motta como cantora profissional, mostra muito de sua personalidade: uma pessoa leve, livre de amarras e convenções, movida pelo amor à arte de cantar e atuar. Sentimento que é facilmente percebido em cada minuto de uma simples conversa com essa “cantriz”, como prefere ser chamada, que completa 45 anos de carreira e acumula um vasto e diversificado currículo, com onze discos, trinta filmes, dezesseis peças de teatro e vinte novelas. Mas se profissionalmente Zezé Motta ganhou fama primeiro como atriz, principalmente por sua atuação no filme Xica da Silva (1976) — “um divisor de águas na minha carreira”, diz —, foi por meio da música, ainda quando criança, que aconteceram seus primeiros contatos com o mundo artístico. Filha de um professor de violão que dava aulas em casa, sempre esteve muito atenta a cada nota passada e repassada pelo pai, antes, durante e após as lições. “Eu costumo brincar que ouço e gosto de música desde que estaZezé Motta em início de carreira.
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va na barriga da minha mãe, pois naquela época minha casa já era um ambiente totalmente musical”, conta. “Além de dar aulas, meu pai também tinha um grupo de chorinho. Então, eu vivenciava música 24 horas por dia.” Com todo esse ambiente familiar propício ao seu desenvolvimento musical, por que você começou a atuar antes de cantar?
Apesar do convívio diário com a música, quando eu estava ainda na escola já me pegava sonhando em ser atriz com 6 ou 8 anos de idade. Depois que tive a oportunidade de fazer minha primeira peça no ginásio, “O Diário de Anne Frank”, na qual representei a mãe da personagem principal, decidi que era aquilo que queria fazer para o resto da vida. A partir de então passei a me dedicar de todas as maneiras para fazer participações em datas comemorativas, que eram as ocasiões nas quais eu poderia atuar. Passavam finais de semana, feriados, todo mundo descansando e eu ensaiando e me dedicando.
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E como foi o despertar da cantora Zezé Motta?
Como não poderia deixar de ser, foi meu pai que enxergou em mim, quando eu já estava na adolescência, o potencial para desenvolver esse talento. Certo dia ele chegou em casa e eu cantei para ele músicas de Nora Ney e Emilinha Borba que havia acabado de ouvir no rádio. Ele então me perguntou: “Desde quando tem ouvido essas músicas?”. Eu respondi que tinha sido a primeira vez e ele já emendou: “Você cantou as músicas inteiras, com a melodia e as letras corretas, e ainda é afinada!”. Acho que foi quando eu passei a sonhar com as duas carreiras.
À esquerda, cartaz do filme Xica da Silva. Acima, capa do disco Negritude.
Como foi o caminho de lá até sua estreia como cantora profissional?
Não é à toa que digo que Xica da Silva foi um marco na minha carreira e na minha vida como um todo. Isso porque, quando percebi que havia conquistado um reconhecimento nacional e internacional com aquela personagem, pensei: “É a oportunidade que tenho de me lançar também como cantora”. E me agarrei a essa chance com unhas e dentes. Tive a sorte de o Guilherme Araújo, um dos mais importantes empresários do meio na época, ter se interessado em trabalhar comigo. Isso sem dizer que, com o filme, tive a chance de conhecer países e me abrir para o mundo. A partir dali, tudo aconteceu muito rápido: em seis meses, eu já havia gravado meu primeiro LP, com músicas de compositores do porte de Gilberto Gil e Rita Lee, entre outros grandes nomes da música brasileira. Até então, cantava apenas no chuveiro e em sonhos?
De jeito nenhum! Meu pai costumava tocar em clubes do Rio de Janeiro e, com o passar dos anos, começou a me levar para dar canjas nos intervalos. Me lembro claramente do pânico que senti na primeira vez em que ele me colocou para cantar. Trabalhei ainda muitos anos como crooner, período que, para mim, foi uma verdadeira prova de fogo, pois, quando se é crooner, você tem que chamar a atenção de um público que não está ali para ver você — e sim o cantor principal da noite — e, pior, em um momento em que todos estão bebendo e conversando. Sempre aliei esse trabalho com a atuação em peças teatrais, na esperança de um dia ser descoberta por alguma gravadora. Mas, nas conversas que tinha com cantoras que já estavam na luta há muitos anos, percebi que a realidade não era nada fácil. Depois, ainda na década de 60, comecei a fazer novelas e a rotina puxada de gravações não me permitiu mais cantar noite adentro. Voltando, mais uma vez, para o início de tudo, quais os principais ensinamentos musicais que aprendeu com o seu pai?
Com a minha mãe também, tá? Ela trabalhava como costureira, mas costumava cantar em casa e tinha uma voz belíssima. Acho que só não se lançou na carreira artística porque na época dela era tudo bem mais difícil para as mulheres de uma forma geral. Mas vamos à pergunta. Depois de alguns anos como cantora entendi os motivos pelos quais meu pai se dedicava quase que integralmente à música. Ela exige dedicação e aprendizagem constantes para se chegar realmente a algum lugar. Sem dúvida, foi um grande ensinamento que meu pai me passou.
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Como foi sua iniciação no teatro?
Quando eu digo que sou uma pessoa de muita sorte, algumas pessoas acham que é exagero. Mas quando eu estava terminando o ginásio, ganhei como prêmio, por toda minha dedicação às artes, uma bolsa para fazer o Tablado, o curso de teatro da Maria Clara Machado. Na semana seguinte, fui convidada para um teste para a peça Roda Viva, de Chico Buarque. Um mês depois já comecei os ensaios sob a direção de ninguém menos que José Celso Martinez Correa. Comecei mesmo com o pé direito. Além disso, eu encontrei muitas pessoas especiais na minha trajetória no meio artístico, pessoas que sempre estiveram muito próximas de mim e me ajudaram pessoal e profissionalmente. Uma dessas pessoas é a maravilhosa Marília Pera, com quem já trabalhei muito, principalmente no início da carreira. Em um determinado momento, chegou até a me acolher na casa dela. Hoje ela ainda é minha amiga e comadre do coração. Seu primeiro papel em novela foi o de uma empregada doméstica, em
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Beto Rockfeller, em 1968, na TV Tupi. Anos depois, você esteve no centro de uma trama que abordava preconceito racial, em Corpo a Corpo, de Gilberto Braga. Fazendo a conexão entre essas duas obras, acha que os atores negros ainda têm dificuldades para ganhar papéis de maior representatividade na dramaturgia brasileira?
Olha, a empregada doméstica que fiz em Beto Rockfeller não entrava em cena apenas para servir cafezinho, viu? Ela aprontava muito! Mas, brincadeiras à parte, apesar de os atores negros já terem um espaço maior e mais diversificado nas novelas em relação às primeiras obras exibidas e de, inclusive, já termos tido negros que protagonizaram algumas poucas obras, ainda há muito espaço a ser conquistado. Nessa transição do teatro para a TV, o que mais te marcou?
A diferença no ritmo, sem dúvida. No teatro, você podia, pelo menos ainda naquela época, estudar a fundo o personagem durante dois meses e meio a três meses. Na TV, você tinha que decorar seus textos em um dia para gravar no dia seguinte praticamente. Isso me assustou bastante no começo. Desde que você começou na televisão, muita coisa mudou na relação do público com as obras de teledramaturgia, principalmente no que diz respeito ao culto às celebridades. Acha que esse cenário acaba valorizando muito a aparência e ofuscan-
do a importância de um requisito até pouco tempo atrás fundamental para um ator: o talento?
Você acabou resumindo tudo o que realmente vem acontecendo, mas eu prefiro me ater ao fato de que há grandes talentos despontando, mesmo dentro dessa nova realidade. Acompanho o trabalho de atores e diretores realmente muito bons, como o da galera com a qual trabalhei recentemente na minissérie O Canto da Sereia, exibida no ano passado pela Rede Globo. Um trabalho em um formato inovador, que veio para dar um novo gás à teledramaturgia brasileira. E quais são seus planos na dramaturgia atualmente?
Eu fui convidada recentemente a participar de um projeto que ainda está sendo desenhado, de um filme sobre a história de Pixinguinha. Atualmente estou na torcida para que ele realmente aconteça porque será um prazer homenagear um grande mestre da nossa música brasileira. No mais, estou aberta a convites para participar de outros trabalhos, seja em TV, teatro ou cinema. Você também costuma dizer que gosta de homenagear artistas brasileiros em seus shows. Por quê?
Porque são realmente homenagens que faço aos meus compositores e intérpretes preferidos. Tem um show em especial, o Divina Saudade, em que reúno músicas que ficaram famosas na voz de Elizeth Cardoso, e com o qual já me apresentei por 14 anos. Já me despedi desse show diversas vezes, mas sempre acabo fazendo de novo. O novo show que tenho feito (nos dias 23, 24 e 25 de maio, a cantora se apresenta nas unidades do SESI de Birigui, Marília e Itapetininga, no interior paulista) é uma coletânea de diversas dessas homenagens que já realizei ao longo de minha carreira. Com esse apanhado de sua carreira, é difícil não fazer essa pergunta: Afinal, você se satisfaz mais cantando ou atuando?
Por circunstâncias da vida, em alguns momentos acabei priorizando uma das carreiras em detrimento da outra, mas eu realmente me sinto uma “cantriz”, e isso não é da boca pra fora. Tanto que, quando estou cantando, busco dramatizar e viver a história de cada música no palco. Fico muito feliz de poder fazer as duas coisas ao mesmo tempo, seja por meio dessa interpretação das músicas em meus shows ou atuando em musicais, que são mais uma oportunidade de explorar as duas coisas e de ser feliz.
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P O N ES TO P O RT E
Futebol, prazer e paradoxo
Gettyimages
Por José Eduardo de Carvalho
Com maior ou menor entusiasmo, envolvido pelo magnetismo dos estádios ou olimpicamente instalado diante da TV, o torcedor sabe que existem poucas certezas absolutas no mundo do futebol. Uma delas: em futebol, cada cabeça é uma sentença. É essa a receita do sucesso. A contradição e o paradoxo estão liberados nesse maluco ambiente de contágio emocional e experiências sensoriais de alta voltagem, nas quais regozijo e dor se misturam, sofrimento convive com prazer estético e a leveza de espírito pode dar lugar ao padecimento em uma fração de segundo. No circuito multipolar do futebol, composto por incontáveis rituais, ídolos e celebrações, é possível comprovar todos os dias o quanto a rotina pode ser inconsistente diante de uma paixão. Tem sido assim nos 150 anos de existência desse jogo que se transformou em uma forma de vida, um jeito de ser. Dos muitos pensadores, sociólogos e antropólogos que buscaram criar uma teoria dos jogos, o francês Roger Caillois pode ter sido, involuntariamente, aquele que mais se aproximou de um perfil acabado do futebol, embora tenha refletido sobre outras atividades lúdicas e não especificamente sobre o ludopédio. Caillois define os jogos de uma forma geral como ações físicas e exercícios mentais pautados pela liberdade, ainda que praticadas em espaços limitados, com resultados imprevisíveis, regulamentadas, mas fictícias sob o ponto de vista ortodoxo, porque ocorrem de forma paralela à vida cotidiana. Também classifica os jogos sob quatro graduações: o agonismo, que contempla as tensões competitivas; o aleatório, marcado pelo acaso da sorte e do azar; a simulação, que utiliza disfarces e truques, como o blefe; e a vertigem, um coquetel formado de emoções, prazer, ansiedade e medo. Se todas essas características forem processadas sob o manto de um poImagem utilizada na capa do livro Futebol, da coleção Atleta do Futuro, da SESI-SP Editora.
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deroso instrumento social – a capacidade de mobilização –, não tenha dúvidas, estaremos falando de futebol. Mesmo o fã mais ardoroso, conhecedor das minúcias do jogo e de seus personagens, especialista em táticas e estratégias, às vezes não se dá conta da grandiosidade dessa manifestação popular. Não foi à toa que o futebol criado e regulamentado no século XIX a partir de uma prosaica demonstração de habilidades com uma bola conduzida pelos pés transformou-se em um xodó de mais da metade da população mundial no século XXI, depois de superar dois conflitos mundiais, inúmeras guerras civis e revoluções políticas em todos os continentes, crises econômicas e transformações regionais e geográficas que poderiam ser obstáculos definitivos para sua expansão. Ao contrário, tais adversidades apenas comprovaram que se tratava de uma atividade cultural com apelo popular na plenitude de seus argumentos, imune a diferenças étnicas, raciais e religiosas, capaz de assumir uma posição supranacional, sem fronteiras. O futebol não é de ninguém e é de todo mundo, apesar das cifras bilionárias manejadas por uns poucos – pela Fifa, pelas corporações de mídia, pelos fabricantes de material esportivo e pelos empresários que descobriram seu poder de mercado. Não seria possível menosprezar o tamanho desta paixão coletiva com mais de meio bilhão de praticantes profissionais e um público consumidor de mais de quatro bilhões de pessoas, que movimentam o equivalente a um país que estaria entre as 15 maiores economias do mundo. Uma Olimpíada só de futebol
Bem antes de se transformar em um atraente modelo de negócio globalizado, o futebol descobriu que tinha armas para conquistar a sociedade apenas com seus atributos genéticos: simplicidade das regras, estética dos movimentos, valores democráticos da disputa e ampla aceitação por todas as camadas sociais. Sua linguagem universal permitiu que saltasse das ruas, descampados e vielas para as escolas e bairros e daí para as cidades e províncias até vencer as fronteiras nacionais, estimulado por um componente que fez parte de sua essência, a rivalidade. Foram as disputas regionais entre rivais que impulsionaram a criação, em 1884, do primeiro torneio entre países, o British Home Championship, envolvendo os pais do jogo – Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales. Era natural, portanto, que, com o desenvolvimento do futebol em outras paragens, um grande encontro de nações estivesse no horizonte dos mandachuvas do esporte, reunidos em torno do órgão fundado no início do século XX, a Fifa (Fédération Internationale
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Organizar uma Copa do Mundo não significa apenas mobilizar vários setores da economia e estabelecer planejamentos cuidadosos de curto ou médio prazo. É um trabalho de mobilização social e de convencimento político que não pode se restringir ao atendimento de uma demanda de entusiasmo popular. Adequar a infraestrutura e construir projetos permanentes, que irão além do mês de duração do evento, são bases de sustentação tão fundamentais quanto estabelecer uma ponte de cooperação com os vários segmentos da sociedade. As propostas básicas de impacto e legado, além de tudo, variam de acordo com a cultura local, ao sabor da vocação receptiva de cada sociedade e de seus padrões econômicos e adminis-
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Ganhos, perdas e capital social
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de Football Association). Desde sua criação, a Fifa advogava por uma competição internacional que harmonizasse a comunidade do futebol, até como maneira de uniformizar as regras ainda um tanto esparsas, o que começou a acontecer com a inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos, a partir de 1908, em Londres. Foi o embrião do grande sonho que seria materializado mais de duas décadas depois, a Copa do Mundo, esta sim uma verdadeira Olimpíada de um esporte só. Organizar a cada quatro anos uma competição envolvendo dezenas de nações, com diferentes tipos de cultura, climas, ambientes políticos e econômicos, é tarefa complicada mesmo no mundo tecnológico e globalizado de hoje, quanto mais na década de 1920, depois de um conflito mundial que envolveu povos de praticamente toda a Europa e em um cenário financeiro conturbado, já sinalizando o crack da Bolsa de Nova York, em 1929. Foi uma espinhosa negociação diplomática que resultou na Copa do Mundo do Uruguai, com participação de 13 países em circunstâncias das mais adversas – longas viagens de navio, logística complexa, problemas de hospedagem, falta de estádios, comunicação adequada e segurança, entre outras tantas dificuldades. Desde então, e mesmo atravessando terremotos sociais em sequência – ascensão do nazifascismo, Guerra Civil Espanhola, Segunda Grande Guerra, sucessão de ditaduras na América Latina, Guerra Fria e outros conflitos –, a Copa do Mundo só fez crescer, mobilizar multidões e conquistar adeptos. Daqueles 13 países da primeira edição, o salto foi amazônico nestes 84 anos: mais de 200 nações se inscreveram para o vigésimo Mundial de Futebol, a partir de junho, no Brasil; os 32 países que disputarão a Copa de 2014 representam cerca de 40% da população mundial; e a previsão é de que só a partida final seja vista por 1 bilhão de pessoas em todos os continentes.
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trativos, o que torna complexa a elaboração de um modelo único de gestão para um evento deste porte. As 19 Copas do Mundo realizadas até 2014 foram entregues a 15 países, sendo que quatro já organizaram o evento duas vezes (Alemanha, Itália, México e França, grupo ao qual vai se incorporar o Brasil) e duas nações realizaram a competição em conjunto, Japão e Coreia do Sul. Algumas propostas são comuns a muitos desses eventos, mas o contexto local determina muito do significado de uma Copa do Mundo. As necessidades dos primeiros tempos – as três Copas antes da Segunda Guerra e o período de amadurecimento que se seguiu ao conflito até a década de 1970 – não se comparam com o cenário fervilhante do futebol de negócios estabelecido desde o Mundial da Itália, em 1990. Preparar um encontro esportivo internacional entre várias nações que envolva tantas exigências estruturais e tantos interesses econômicos passou a exigir um imenso aparato de gestão. Há um consenso entre os especialistas de que os investimentos para a construção de uma Copa devem atingir oito setores prioritários quando se trata de abordar impacto-legado: Estádios (infraestrutura esportiva), Turismo (Infraestrutura Hoteleira), Energia, Saúde/Saneamento, Mobilidade (Infraestrutura de Transportes), Segurança, Comunicações/Tecnologia e Aeroportos (Infraestrutura Aeroportuária). Uma das maiores autoridades em estudos sobre grandes eventos esportivos, o economista alemão Holger Preuss, da Universidade de Mainz, defende que, na concepção de uma Copa do Mundo, é praticamente inevitável que haja vencedores e perdedores – ou entre grupos sociais e políticos ou entre segmentos econômicos. Mas, em suas pesquisas, assegura que dificilmente haverá lucro ou prejuízo financeiro para os países organizadores, linha de ação compartilhada com vários economistas, tendo como base a experiência em todos os torneios disputados após o advento do futebol de mercado, na segunda metade da década de 1990. Segundo esses estudos, os gastos de uma Copa do Mundo oscilam entre 0,4% e 0,5% do PIB do país organizador, enquanto os lucros podem variar de 0,3% até 0,6% do PIB, como ocorreu, por exemplo, na Alemanha em 2006. Em linhas gerais, dá empate. Equivale dizer que o grande lucro para quem organiza se concentra em duas áreas intangíveis: o ganho de imagem para o país, que costuma se transformar recursos concretos no médio e longo prazo; e o ganho de capital social, com formação e aperfeiçoamento de mão de obra e qualificação de setores que, até então, estavam de certa forma relegados no processo econômico. São bens que ficam para sempre.
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Quanto às questões tangíveis, os analistas destacam a aceleração de obras de infraestrutura que muitas vezes são mais importantes do que as melhorias realizadas diretamente para o evento, como ocorre hoje com vários aeroportos brasileiros, cujas obras modernização, de uma necessidade gritante, não tinham prazos definidos, mas foram antecipadas. O approach às questões tangíveis obviamente depende da cultura empresarial e da política econômica de cada país e de fatores como estrutura de gestão, competências especializadas, transparência, rigor fiscal etc. São fatores que, na opinião de Preuss, indicam o caráter transformador de um evento com esse alcance: “A aceleração da economia gera inúmeras oportunidades que, muitas vezes, parecem não ter nenhuma ligação com o megaevento em si, mas não aconteceriam sem ele.” (Em “Legados de Magaeventos Esportivos”, Confef, 2008). Preuss, por fim, sintetiza em cinco pontos o que deve pautar as discussões sobre um plano diretor de organização de uma Copa:
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Não há nem poderia haver impedimento algum para que prossigam, com insistente rigor, as análises dos prós e contras da construção do evento, o balanço do efetivo legado da Copa e a fiscalização das contas finais, independentemente de quando a bola começar a rolar. Foi assim em outros países e o Brasil não reinventará nenhum procedimento. Mas, para o admirador do futebol, que valoriza a experiência de viver o jogo intensamente, sem que isso afete sua capacidade crítica
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a respeito das mazelas sociais, uma Copa do Mundo sempre será fonte de inspiração, emoção e prazer estético – o que significa que, a partir de 12 de junho, um novo capítulo começa. No livro Elogio da Beleza Atlética (Companhia das Letras, 2007), o professor de Literatura Comparada da Universidade de Stanford Hans Ulrich Gumbrecht, ferrenho defensor do “esporte pelo esporte”, eleva o sentido do jogo a um patamar que define como “epifania da forma”, um sistema de encantamentos que o esporte proporciona no mesmo nível das grandes obras de arte e de outras manifestações culturais: “Essas epifanias, acredito, são a fonte da alegria que sentimos ao assistir a um evento esportivo, e elas marcam a intensidade de nossa resposta estética. Elas nos lançam numa oscilação entre nossa percepção da pura beleza da forma física e nossa obrigação de interpretar essa forma de acordo com as regras de um jogo específico”. Num país em que a arte de jogar bola é parcela relevante do patrimônio cultural, desfrutar dos encantamentos é direito supremo. E não exclui o fato de a Copa do Mundo poder funcionar como um exercício de cidadania e convivência, mesmo diante da intolerância. Circular, esbravejar, descobrir e palpitar, é bom que ninguém se esqueça, são ingredientes elementares neste território livre, atraente e de sensações contraditórias chamado futebol. José Eduardo de Carvalho, com formação em Jornalismo e História, trabalhou por mais de duas décadas como repórter, redator e editor no Grupo Estado (Jornal da Tarde/O Estado de S. Paulo/Agência Estado/Rádio Eldorado), em grande parte desse tempo vinculado às Editorias de Esportes, onde comandou a cobertura de quatro Copas do Mundo, duas Eurocopas e três edições dos Jogos Olímpicos. Foi ainda correspondente do Grupo Estado em Madrid, Espanha, e correspondente no Brasil do Diário AS, de Madrid, entre 1995 e 2003. Colaborador de várias publicações nos segmentos de Economia Popular, Educação, Patrimônio Histórico, Memória, Cultura e Esportes.
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Cinco volumes destinados ao esporte que tem o poder de fazer o mundo parar. José Eduardo de Carvalho faz uma análise detalhada e aborda, em cada volume, um assunto diferente que dá o título aos livros: O Jogo, Geopolítica, Dinheiro, Gente e Fantasia. Uma excelente oportunidade para conhecer, em profundidade, tudo o que o futebol movimenta, afinal, como disse Tostão, no prefácio de O Jogo, que abre a coleção: “Uma partida de futebol é muito mais que uma disputa esportiva, de técnica, tática, habilidade e criatividade. É também um espetáculo lúdico, de grande emoção, em que estão presentes todos os sentimentos e contradições humanas. É uma metáfora da vida”.
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ALEXANDRE DUMAS E A GUERRA DOS LIVROS Por Luiz Bras
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Duas elites
Engana-se quem pensa que os livros são criaturas silenciosas. Que estão adormecidos nas estantes, ao menos até que alguém os pegue e comece a ler. Nunca foi assim. A maioria das pessoas é que não treinou os ouvidos para o blablablá desses tagarelas. Bibliotecas e livrarias são locais barulhentos. Não importa o tamanho do edifício, não interessa se a biblioteca ou a livraria é física ou on-line. O alvoroço é sempre grande. Os livros não param de papaguear, fazem isso há séculos. Basta prestar atenção e você logo escutará suas reclamações, seus discursos, tudo o que falam. Engana-se ainda quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Grande equívoco. Semelhante às sociedades humanas, as sociedades dos livros também são agitadas por intermináveis conflitos, estão em constante desassossego. Ilustração de Guga Schultze para o livro O capitão Panfílio, da SESI-SP Editora.
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Iguais às pessoas, os livros são feitos de crenças e desejos. Estão sempre divulgando e defendendo as mais diferentes doutrinas filosóficas, políticas, econômicas, sociais e artísticas. Umas autênticas, outras enganosas. Umas legítimas, outras oportunistas. Os livros não fogem da briga. Eles constantemente se reúnem em grupos maiores para combater outros grupos que divulgam e defendem ideologias diferentes. No campo da prosa de ficção, por exemplo, ocorre o confronto feroz das obras consideradas de alta densidade literária contra as obras consideradas de puro entretenimento. Pense nos romances e nos contos de Thomas Pynchon e Alice Munro e você estará pensando nos livros considerados de alta literatura, mais sofisticados, menos comuns. Pense nos romances e nos contos de Dan Brown e Stephen King e você estará pensando nos livros considerados de entretenimento, menos sofisticados, mais populares. São duas elites, dois modos legítimos de trabalhar a literatura. Ambos produzem obras-primas e obras medíocres. Pena que estejam constantemente em guerra. Folhetim
Um dos escritores mais prestigiados do segundo grupo, o da literatura de entretenimento, é o francês Alexandre Dumas. O autor de obras-primas como Os três mosqueteiros, O homem da máscara de ferro e O conde de Monte Cristo saiu de cena há quase cento e cinquenta anos, mas seus romances continuam sendo traduzidos e lidos no mundo todo. De certo modo, sem Dumas, sem a influência avassaladora de seus folhetins, não existiriam hoje Dan Brown e Stephen King. Não existiria hoje George R. R. Martin e sua estupenda saga As crônicas de gelo e fogo. Alexandre Dumas nasceu em 1802, num local próximo a Paris, mais precisamente na comuna Villers-Cotterêts, no departamento de Aisne. No pequeno futuro grande escritor reuniam-se fisicamente a aristocracia e o povo. Ele era neto do marquês de la Pailleterie e de uma jovem negra da ilha de São Domingos, chamada Marie Césette Dumas. Seu pai foi o famoso general Thomas-Alexandre Dumas, membro das forças napoleônicas, e sua mãe foi Marie-Louise Dumas, filha de um estalajadeiro.
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Um dos primeiros e mais bem-sucedidos folhetinistas franceses foi ninguém menos que o prolífero Honoré de Balzac. Mas os campeões de vendas, os queridinhos dos leitores, foram mesmo Eugène Sue e Alexandre Dumas, que publicavam em jornais concorrentes e costumavam ser muito bem pagos, como acontece com os novelistas de hoje. Sobre o autor de Os três mosqueteiros, Arnold Hauser escreveu: “Alexandre Dumas, o mestre da tensão dramática, é também um brilhante expoente da técnica do seriado, muito semelhante à técnica do melodrama e do teatro
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Best-sellers
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Basta uma rápida olhada no calendário histórico para perceber que Alexandre Dumas nasceu num país e numa época turbulentos. A Revolução Francesa havia acabado de estourar, em 1789. O liberalismo político e filosófico inspirava um análogo liberalismo literário e artístico. A Europa estava em chamas e os intelectuais não paravam de jogar lenha nessa fogueira. Na passagem do século XVIII para o XIX, tiveram início a ascensão da burguesia e a democratização da cultura. Foi quando irrompeu um dos movimentos mais vigorosos da história da arte e da literatura: o romantismo. A maior atração dos jornais da época eram os folhetins: narrativas ágeis e magnetizantes publicadas em capítulos, cheias de romance e suspense, intrigas e peripécias. O folhetim foi um fenômeno cultural tão violento que, no século XX, os novos meios de comunicação de massa (o rádio, o cinema e a televisão) logo trataram de incorporar sua linguagem. As telenovelas e os seriados de hoje são os herdeiros do antigo folhetim. Refletindo sobre o período, na excelente História social da arte e da literatura, o crítico alemão Arnold Hauser escreveu: “Todo mundo lê os folhetins: a aristocracia e a burguesia, a sociedade política e a intelligentsia, homens e mulheres, jovens e velhos, patrões e empregados”. Essa popularidade assombrosa deu novo impulso à arte da ficção de entretenimento. O folhetim significou uma democratização sem precedentes na história da literatura. Na passagem do século XVIII para o XIX, o analfabetismo começou a ser erradicado, o poder aquisitivo da população começou a crescer e o preço dos bens culturais, entre eles o jornal, começou a cair. A poderosa indústria cultural, que há muito tempo alimenta nossa sociedade do entretenimento, estava apenas começando.
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popular. Quanto mais dramático é o desenvolvimento de um folhetim, mais forte é o efeito que a narrativa exerce sobre o público”. O sucesso literário e financeiro era o combustível de que o autor precisava para continuar produzindo compulsivamente. O que poucos leitores sabem é que Dumas não trabalhava sozinho. Da mesma maneira que os novelistas de hoje, ele contava com uma boa equipe de apoio. Do contrário, seria impossível para Dumas escrever os mais de seiscentos títulos assinados com seu nome. “Para satisfazer a enorme demanda, os romancistas populares aliam-se a redatores que lhes proporcionam inestimável ajuda na criação de obras padronizadas”, escreveu Arnold Hauser. “São montadas verdadeiras fábricas de literatura, nas quais os folhetins são produzidos de modo quase mecânico. Numa ação judicial, fica provado que Dumas publica mais com seu próprio nome do que poderia escrever mesmo que trabalhasse dias e noites a fio sem uma pausa. De fato, ele emprega setenta e três colaboradores, entre eles Auguste Maquet, a quem concede certa autonomia na produção.” Publicado originalmente no jornal Le Siècle, de março a julho de 1844, Os três mosqueteiros é sem dúvida uma das aventuras mais amadas e recontadas de todos os tempos. Trata-se do primeiro folhetim de uma trilogia histórica que romanceia fatos importantes dos reinados de Luís XIII e Luís XIV e da Regência que se instaurou na França entre os dois governos. O sucesso do romance de capa e espada protagonizado pelo jovem D’Artagnan e pelos veteranos Athos, Porthos e Aramis foi tamanho que o próprio Dumas logo o adaptou também para o teatro. Vinte anos depois, lançado em 1845, e O visconde de Bragelonne — ao qual pertence a famosa história d’O homem da máscara de ferro —, escrito entre 1848 e 1850, completam a trilogia. Sucesso
Dumas ganhou muito dinheiro com o trabalho literário. Apesar disso, não conseguia escapar das dívidas multiplicadas por seu estilo de vida desregrado, boêmio. Mesmo sendo casado, o escritor mantinha relacionamentos extraconjugais e teve pelo menos três filhos fora do casamento, entre eles o não menos famoso escritor Alexandre Dumas, filho, autor de A dama das camélias. Cuidado para não confundir os autores. Dumas pai amava o grande público e nunca escondeu que seu principal objetivo, ao escrever para o teatro ou a imprensa, era entreter e magnetizar sua legião de fãs. No mesmo ano em que foi publicado Os três mosqueteiros, saiu também O conde de Monte Cristo.
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Cartazes de época que ilustram um dos principais livros de Alexandre Dumas: O conde de Monte Cristo.
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Inveja doentia, traição, injustiça, fuga de uma prisão de segurança máxima, um tesouro secreto, um plano ardiloso de vingança e, é claro, vários assassinatos. Esses são os elementos da trama de outro best-seller do século XIX. A primitiva necessidade humana de narrativas intensas, capazes de promover a catarse coletiva, fez os leitores esperarem ansiosamente, de agosto de 1844 a janeiro de 1846, pelos capítulos dominicais d’ O conde de Monte Cristo. Desde então, nunca mais saíram do imaginário ocidental a queda e a ascensão de Edmond Dantès, o jovem pobre que, motivado pelo desejo de vingança, enriquece, se torna conde e, fazendo justiça com as próprias mãos, triunfa sobre seus inimigos. Diante de tanta exuberância, há quem pergunte por que Dumas não é tão respeitado, pela crítica especializada, quanto Stendhal, Balzac e Flaubert. Talvez porque em seus escritos há a mão de vários assistentes? Pode ser. Heloisa Prieto, especialista em Alexandre Dumas, escreveu: “O processo industrial de fabricação de histórias, por meio do novo suporte midiático, o jornal, exigia o trabalho de equipe. Longe de explorar seus colaboradores, Dumas os valorizava. Sua metodologia coletiva já antecipava as futuras reuniões de roteiro e brainstorming, a troca intensa de ideias, atualmente tão comum no cotidiano das produtoras cinematográficas.”
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Mas a principal razão para Dumas não ser tão respeitado quanto os grandes nomes das letras francesas foi o longo namoro do escritor com o sucesso comercial. Segundo os especialistas, Dumas cometeu o pior pecado no seu ramo de trabalho: com suas aventuras ele procurou acima de tudo, e sempre conseguiu, seduzir e aprisionar os leitores. Mesmo que para isso tivesse que esbanjar na ação e nos efeitos especiais. Obras-primas reconhecidas ou não, o fato é que a bravura dos mosqueteiros do rei e a vingança implacável de Edmond Dantès extrapolam o papel impresso. Elas pertencem à esfera do mito, como a loucura do pobre Dom Quixote e o ciúme de Bentinho pela amada Capitu. São narrativas que fincaram raízes em nosso imaginário coletivo e agora fazem parte de nossa essência cultural. Há quem afirme que Alexandre Dumas é o escritor mais lido e traduzido da história da França. Porém, apesar do sucesso estrondoso em vida, o escritor, por ser mulato, não escapava da hostilidade dos racistas. Quando morreu, em 1870, Dumas não foi sepultado no Panteão de Paris, o magnífico mausoléu onde estão os grandes escritores e pensadores franceses. Somente em 2002, durante o governo de Jacques Chirac, essa injustiça foi corrigida. Numa cerimônia televisionada, os restos mortais de Dumas foram exumados do cemitério de Villers-Cotterêts e transferidos solenemente para o Panteão. Romance juvenil
Da vasta obra de Alexandre Dumas, somente os títulos mais badalados foram lançados aqui. Totalmente desconhecidas no Brasil são as aventuras exploratórias do capitão Panfílio, comandante do brigue mercante La Roxelane. Publicado pela primeira vez em 1839, o bem-humorado O capitão Panfílio foi escrito para o público juvenil. O protagonista do romance é um sujeito simpático e cativante, mas também oportunista e cruel, cujo maior objetivo é a rapinagem e o lucro. A intenção do autor foi denunciar os abusos mercantilistas na África, principalmente o tráfico de escravos e de animais selvagens. Dumas, na verdade, juntou nesse romance duas histórias, interligadas por animais. A primeira, publicada originalmente em 1832, intitulava-se Jacques I e Jacques II. Nela, um grupo de jovens boêmios reunidos ao redor do pintor Alexandre Descamps convivem com bichos de estimação exóticos, entre eles um macaquinho angolano chamado Jacques I e seu amigo da mesma espécie, Jacques II. Na história dentro da história, tirada de um manuscrito, o capitão Panfílio é apresentado aos outros personagens e ao leitor. Foi ele quem capturou
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Repito o que eu disse no início: engana-se quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Os romances de Alexandre Dumas, da mesma maneira que os de Dan Brown, Stephen King, George R. R. Martin e de tantos outros ficcionistas congelados pela crítica especializada, estão sempre em guerra com os romances da chamada alta literatura. Estão sempre brigando com Madame Bovary, de Flaubert, O arco-íris da gravidade, de Thomas Pynchon, Felicidade demais, de Alice Munro, e outros. É sabido que a crítica acadêmica, praticada nas universidades e em boa parte da imprensa (a maioria dos jornalistas tem mestrado e doutorado, outros são professores universitários), torce vigorosamente o nariz para a literatura de gênero: aventura, policial, espionagem, ficção científica, fantasia, terror etc. Também é sabido que os autores, os editores e os consumidores da literatura de gênero torcem o nariz, com igual vigor, para a crítica acadêmica e as obras que ela legitima. Isso deixa claro que o jogo literário, diferente do futebol ou do boxe, tem pelo menos dois conjuntos de regras. O critério aplicado pelo primeiro grupo na avaliação das obras literárias é o reverso do critério aplicado pelo segundo grupo. São duas elites críticas, cada qual com sua balança e sua régua. A primeira diz que trabalha apenas com a alta literatura, com a grande literatura, com a Literatura com inicial maiúscula. Ela acusa a segunda de trabalhar somente com a baixa literatura, com a literatura vulgar, fácil, de entretenimento. A segunda elite acusa a primeira de ser elitista, aristocrática e esnobe, de só apreciar obras de linguagem complicada e obscura. As obras abençoadas pela segunda elite geralmente vendem mais do que as obras abençoadas pela primeira, que se ressente muito disso. E se vinga, fundando um clube muito mais elegante e prestigiado, chamado establishment, ao qual jamais permitirá que sejam admitidos uma obra ou um autor da segunda elite, que também se ressente disso.
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Duas críticas
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Jacques I durante uma caçada na África. Mais tarde Dumas ampliou consideravelmente a aventura protagonizada pelo capitão de caráter duvidoso. A primeira edição brasileira do romance acaba de ser publicada pela SESI-SP Editora, com tradução de Ubiratan Paulo Machado, mas conta somente com a história dentro da história, deixando de lado as considerações dos jovens boêmios e se fixando somente nas aventuras pitorescas do capitão Panfílio.
Os DOis CriTÉriOs De avaliaçÃO liTerária sÃO:
CriTÉriO Da eliTe aCaDêmiCa
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1. Linguagem original, conotativa, que não possa ser atribuída a outros escritores do presente e do passado, por vezes avessa à norma culta. O autor deve se expressar de maneira única, inaugurando seu próprio modo poético. Contratar colaboradores? Nem pensar! 2. Subjetivismo. Narrador modernista, tortuoso ou fragmentário, psicológico, pouco confiável, às vezes delirante. 3. Enredo frio, pobre em ação, sem muitas peripécias ou surpresas, próximo da vida comum. A forma literária é mais importante do que o conteúdo. 4. O mundo interior do protagonista e das personagens é mais importante do que seu mundo exterior. 5. Fuga do gênero a que (supostamente) pertence. Faz parte do desejo supremo de originalidade a rejeição das principais diretrizes do gênero a que a obra pertenceria. O novo romance quer transcender os limites do gênero romance, o novo conto quer transcender os limites do gênero conto, o novo poema quer transcender os limites do gênero poema. 6. Purismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam elementos dos dois mundos, são violentamente rejeitadas pelo sistema.
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CriTÉriO Da eliTe Da liTeraTUra De GêNerO
1. Linguagem transparente, denotativa, por vezes complexa, mas ainda assim reconhecível por uma vasta gama de leitores. O autor deve se expressar respeitando a norma culta que orienta o uso do idioma. 2. Realismo. Narrador clássico, organizado e disciplinado, pouco introspectivo, confiável, onisciente. 3. Enredo quente, rico em ação, cheio de peripécias e surpresas, afastado da vida comum do leitor. O conteúdo literário é tão importante quanto a forma, ou até mais. 4. O mundo exterior do protagonista e das personagens é mais importante do que seu mundo interior. 5. Adequação ao gênero e ao subgênero a que pertence. O romance ou o conto policial, de fantasia ou de ficção científica respeitam as balizas que definem o gênero e o subgênero a que pertencem. 6. Ecumenismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam elementos dos dois mundos, se não são bem aceitas pelo sistema, ao menos não são sumariamente rejeitadas.
O escritor francês Alexandre Dumas.
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Atualmente, muitos autores do primeiro grupo caem em depressão ao perceberem que seu romance, ou sua coletânea de contos ou de poemas, é um retumbante fracasso comercial, apesar do amplo reconhecimento da crítica especializada. Jamais terão o número de leitores de que se julgam merecedores. Muitos autores do segundo grupo, diante do sucesso de vendas de seu romance, ou de sua coletânea de contos (raramente há poetas aqui), também ficam deprimidos ao perceberem que jamais terão o reconhecimento da crítica acadêmica e, consequentemente, jamais figurarão nas apostilas e nos compêndios do ensino oficial. Jamais pertencerão ao establishment. Uns aceitam a contragosto a situação e seguem em frente. Outros esperneiam e brigam. Insultam. Dizem, os do primeiro grupo, que o Brasil não é um país de leitores (de leitores qualificados, é o que querem dizer), afirmam que a imbecilidade e a massificação reinantes são culpa da tevê e da péssima qualidade do ensino público. Dizem, os do segundo grupo, que os críticos acadêmicos confundem complexidade com complicação, afirmam que os membros dessa elite literária beneficiam as obras mais áridas e menos inteligíveis como estratégia de dominação cultural e social. Mas o maior pecado que os membros de cada grupo cometem é avaliar as obras do grupo adversário com o critério errado. Avaliar as obras da literatura de gênero com o critério da elite acadêmica gera todo tipo de mal-entendido. Avaliar as obras da alta literatura com o critério da elite da literatura de gênero também. Confusão e encrenca. Nada de proveitoso pode resultar dessa inversão de valores motivada pelo puro chauvinismo.
Luiz Bras nasceu em 1968, em Cobra Norato, MS. É escritor e doutor em Letras pela USP. Já publicou diversos livros, entre eles Sozinho no deserto extremo (romance) e Paraíso líquido (contos). Colabora regularmente com a Folha de S.Paulo, resenhando lançamentos do mercado editorial.
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iNDiCaçÕes De leiTUra
Alexandre Dumas, deux siècles de littérature vivante Portal mantido pela Société des Amis d’Alexandre Dumas http://www.dumaspere.com A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles. Editora Zahar, 2012. O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas. Tradução de Ubiratan Paulo Machado. SESI-SP Editora, 2014. Folhetim: uma história, de Marlyse Meyer. Companhia das Letras, 1996.História social da arte e da literatura, de Arnold Hauser. Tradução de Álvaro Cabral. Editora Martins Fontes, 1998. O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Editora Zahar, 2012. Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Editora Zahar, 2011.
Capa do livro recém-lançado pela SESI-SP Editora.
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A Natureza em seu papel de musa inspiradora A natureza sempre foi um dos principais focos de observação da humanidade. Seja para garantir sua adaptação e sobrevivência nas primeiras épocas nas quais se relata a vida humana ou para buscar, até hoje, no meio ambiente, soluções para questões ligadas a diversas áreas como saúde, engenharia e arquitetura, o homem constantemente recorreu às experiências que viveu ou ao menos, de alguma forma, testemunhou no meio natural. Basta uma breve análise das consideradas grandes descobertas da história para concluir que essas referências contribuíram – e continuam contribuindo – para parte considerável delas. Podemos partir de exemplos mais simples, como a invenção do velcro, na década de 40, pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, a partir de observações das sementes de Arctium que grudavam em suas roupas em suas caminhadas matinais, chegando a outro que tem um impacto muito profundo no tratamento de doenças: a descoberta da penicilina. Ao analisar o bolor que se formou acidentalmente no material que estudava enquanto esteve em férias, o escocês Alexander Fleming notou que este auxiliara na eliminação de diversas bactérias. Uma observação que já salvou e continua a salvar milhares de vidas no mundo todo. Foi justamente a enorme curiosidade e suas profundas análises de aspectos da natureza que transformaram o italiano Leonardo da Vinci em um dos principais gênios de nossa história. Hoje reconhecido mundialmente como pintor, Da Vinci, entre seus diversos estudos, observou o voo dos pássaros e a estrutura de suas asas com o objetivo de desenvolver máquinas que fizessem o homem voar. Não obteve sucesso, mas hoje seus projetos são considerados precursores de instrumentos de voo como o helicóptero e o paraquedas. Imagem utilizada na capa do livro A natureza no processo de design e no desenvolvimento do projeto, lançamento da SENAI-SP Editora.
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Eduardo Dias, mestre em Design e Arquitetura pela Universidade São Judas Tadeu de São Paulo, quando ainda era estudante, na década de 90, começou a se interessar pela influência das linhas e da funcionalidade da natureza nos projetos de profissionais de diversas áreas. Em suas pesquisas sobre o tema, conheceu o trabalho de Luigi Colani, designer alemão e fundador do conceito de biodesign, pelo qual se apaixonou. Formado na Academia de Belas Artes de Berlim, Colani foi ainda aluno de engenharia aerodinâmica na Universidade de Sorbonne, em Paris, onde efetivamente passou a estudar as linhas e formas da natureza e começou a adaptá-las a seus projetos de artes e engenharia. “Hoje ele é, sem dúvida, um dos maiores inspiradores de profissionais de designers do mundo todo e suas linhas são incontestavelmente – e por vezes exageradamente – orgânicas”, comenta Dias. Para se ter uma ideia de como a natureza pode ser uma riquíssima fonte de inspiração, os trabalhos do “pai” do biodesign incluem desde projetos de aeronaves — inspirados nas formas de aves e animais subaquáticos — , automóveis e obras de arte até coleções de sapatos para as mais famosas grifes do mundo, sempre tendo como referência não apenas a estética, mas também a aplicabilidade de cada um dos componentes do meio natural. SUSTENTABILIDADE
Com o passar dos anos, a natureza continuou a ser observada e contemplada em projetos da humanidade, mas, principalmente na última década, passou também a ser vista com um olhar diferenciado, para além de suas formas, linhas e funcionalidades. Um olhar para os impactos dessas invenções no futuro de seus recursos naturais. “O acesso cada vez maior a informações, o cuidado com o planeta e os impactos das ações do homem na natureza passaram a se refletir cada vez mais em todas as áreas; e no design mundial não está sendo diferente”, afirma Dias. Seja por meio da utilização de materiais que podem ser reutilizados ou totalmente reciclados, pela economia e maior eficiência na utilização de recursos durante o desenvolvimento dos projetos ou mesmo considerando a amenização de impactos ambientais após a conclusão dos mesmos, cada vez mais designers vêm aderindo a essa onda sustentável.
Hoje, cursos como Design e Desenho Industrial, entre outros da área, já possuem disciplinas específicas sobre sustentabilidade. “Isso porque o mercado e as empresas já estão atentas à importância do tema”, afirma Dias. “Em um primeiro momento, porque valoriza a marca, mas, mais importante que isso, porque é um passo fundamental na construção de um futuro melhor e para a garantia da perenidade dos recursos naturais”, complementa. Dias comenta que o despertar da consciência em relação ao mundo natural também é um dos principais responsáveis pela divulgação cada vez maior da disciplina chamada biomimicry ou biomimetismo, que “busca em estruturas naturais soluções para problemas na engenharia, na ciência dos materiais, na medicina e em outros campos”. Uma das principais referências no assunto, a bióloga e cientista norte-americana Janine Benyus esteve no Brasil recentemente para desenvolver, em parceria com a Tátil Design de Ideias, um projeto na área de inovação em embalagens para a empresa de cosméticos Natura. A intenção foi buscar insights nas formas como “a natureza contém e transporta líquidos”. “Estudamos a cadeia de ponta a ponta para otimizar recursos, ganhar eficiência e reduzir impacto ambiental em cada etapa do processo”, comenta a gerente de Marketing da Natura, Fabiana Pellicari. “Assim é possível chegar a soluções que geram menos lixo, menor gasto de energia, menos transporte e, consequentemente, menos poluição”, explica. A Tátil Design de Ideias, parceira da Natura, é uma empresa que já se apresenta como uma consultoria estratégica que usa o design para criar conexões sustentáveis entre pessoas e marcas. São poucas as companhias que desenvolvem, na prática, ações sustentáveis com tamanha profundidade. Não restam dúvidas de que ainda há muito a ser feito para que a sustentabilidade seja contemplada em sua totalidade nos projetos das mais diversas áreas, mas Dias acredita que este seja um caminho sem volta, principalmente em razão do número cada vez maior de
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estudos nesse sentido. “Na área de design, por exemplo, esse é um assunto que vem ganhando força nas faculdades e nos cursos livres”, comenta. Mas ele ainda tem os pés no chão: “Ainda é preciso mudar a maneira de pensar o design e superar o medo de agir”, alerta. A ARTE COMO FORMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL
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Ao desenvolver a vitrine para os trabalhos de conclusão de curso dos alunos de Design de Joias da unidade paulistana do Instituto Europeu de Design (IED), em janeiro deste ano, o designer Rubens Mancini vislumbrou mais uma oportunidade de aplicar todo seu conhecimento e, mais que isso, sua crença na importância de se trabalhar sempre tendo em vista um mundo melhor. O resultado foi um grande painel de 16 metros de comprimento todo elaborado com papel e chapas de papelão. “Neste caso, pude demonstrar a possibilidade de se produzir mobiliário duradouro e com ótimo acabamento com um material que pode ser reciclado”, comenta. Com um vasto currículo, que inclui atendimento a grandes empresas do país, Mancini acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido, e que ele deve ser apontado desde as escolas ou faculdades que de alguma maneira abordam a área de design. “O design é a alavanca de qualquer projeto, é a partir dele que se deve contemplar a logística reversa dos materiais utilizados e os impactos de sua implantação para as gerações futuras”, comenta. O paulistano Nido Campolongo ganhou fama e reconhecimento por ser um designer que utiliza o papelão como matéria-prima, mas seus trabalhos vão muito além desse tipo de material e hoje são fonte de inspiração para outros artistas que buscam conscientizar a população sobre reciclagem por meio de suas obras. Em linha com o conceito de design sustentável aplicado em suas obras, Campolongo utilizou taipa urbana no cenário que produziu recentemente na II Feira de Livros das Editoras SESI-SP e SENAI-SP, em novembro de 2013. Para desenvolver o trabalho, uniu terra e materiais residuais para fazer alguns dos mobiliários que ornamentaram o local. Para o evento, também produziu móveis feitos de outros materiais reciclados, como papelão.
Os mobiliários da feira foram desenvolvidos pelos alunos do projeto “Taipa Urbana”, idealizado por Nido e pela arquiteta Letícia Achat, em uma parceria com a Oficina Cultural Alfredo Volpi, na zona leste da capital paulista. O objetivo da iniciativa é ensinar pessoas de comunidades carentes daquela região a utilizarem taipa urbana em projetos de construção. “Além de aprenderem um novo ofício, os participantes do curso podem utilizar o conhecimento adquirido para desenvolver móveis e casas para uso próprio”, comenta o designer. Nido destaca ainda que a taipa urbana é um material que substitui o concreto, que tem um dos processos industriais mais poluentes do mundo. Outro exemplo importante de seu trabalho é a decoração da rampa que dá acesso aos pisos superiores do Conjunto Nacional, edifício localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Ela é ornamentada com 34 anéis posicionados ao longo de uma espiral, por isso o nome Projeto Espiral. Dentro de cada um desses anéis, é possível visualizar materiais recicláveis como alumínio, madeira e papelão. “Comecei a trabalhar com papel há 17 anos, primeiramente pela estética que esse tipo de material possibilita criar. Com o passar dos anos, a questão da reciclagem passou a ganhar uma relevância muito grande”, explica.
Chris von Ameln
Para Nido, a tecnologia voltada para reciclagem está mais desenvolvida em alguns outros países, mas no Brasil o tema conquistou um espaço muito significativo por sua função social. “Isso porque a reciclagem é responsável pela absorção de mão de obra de cooperativas e organizações não governamentais, o que acaba tendo reflexos também na área de design sustentável”, comenta.
Produção das peças pelos alunos do projeto "Taipa Urbana", coordenado pelo artista Nido Campolongo.
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Quando fala de suas inspirações, Nido afirma que estão muito voltadas para o design oriental na parte estética, mas enfatiza que não poderia deixar de citar o brasileiro Vik Muniz na questão social. O artista plástico, atualmente radicado em Nova York, nos Estados Unidos, é conhecido mundialmente por utilizar novas mídias e materiais inusitados em suas obras. Entre elas, estão réplicas da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, feitas com geleia e manteiga de amendoim. O trabalho de Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, foi filmado ao longo de quase dois anos – entre 2007 e 2009 – e originou o documentário Lixo Extraordinário. Com o objetivo inicial de retratar a rotina dos catadores de materiais recicláveis, o documentário acabou demonstrando o poder transformador da arte na vida daquelas pessoas. Não foi à toa que, além de ter sido eleito o Melhor Documentário no Festival de Cinema de Paulínia em 2011, a obra foi indicada ao Oscar no mesmo ano. Quem tiver interesse nessa relação entre o homem e a natureza e como tirar proveito dessa sinergia em nome da arte, pode conferir o livro lançado neste mês pela SENAI-SP Editora: A natureza no processo de design e no desenvolvimento do projeto. Nele, o autor, Eduardo Dias, fez uma viagem no tempo para demonstrar as principais abordagens do sistema natural nas artes, na arquitetura, na engenharia e em outras áreas ao longo da história.
Acervo SESI-SP Editora
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Mobiliário utilizado na II Feira de Livros das Editoras SESI-SP e SENAI-SP feito a partir de materiais reciclados do projeto "Taipa Urbana".
www.sesispeditora.com.br
o gênio das cordas
O GAROTO
Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, deixou um vasto legado de peças musicais, mas, passados 50 anos de sua morte, a grandiosidade de seu talento não é
ANÚNCIO INTERATIVO
proporcional ao público que o conhece. Esta obra apresenta a trajetória desse instrumentista, que, autodidata, gravou seu primeiro disco aos 15 anos.
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Percorremos o mundo de Garoto por meio de amigos músicos, que nos contam histórias, muitas delas inusitadas, além de fotos memoráveis e
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partituras com suas melodias de maior destaque. acompanha cd de músicas
Na sequência, a página interativa irá aparecer e você poderá ouvir a canção "Inspiração".
Espaรงo Galeria
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locais como os foyers dos teatros de
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Espaço Galeria, projeto inédito em que
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O SESI-SP estreou, em outubro de 2013, o
cinco de suas unidades se transformam em plataforma expositiva, recebendo exposições itinerantes de diferentes linguagens e formatos. São cinco mostras diferentes, que circularão durante 11 meses, permanecendo 45 dias em cada cidade.
45 Nostalgia dos Tempos da Pureza
Nostalgia dos Tempos da Pureza, do fotógrafo lituano Antanas Sutkus, 74 anos, apresenta 30 imagens em preto e branco que revelam o talento de Sutkus, considerado um dos principais fotógrafos da antiga União Soviética e um dos mais expressivos do século XX. As imagens são dedicadas aos dois principais heróis da obra do fotógrafo, os idosos e as crianças. Durante toda a sua carreira, prestou homenagem aos seus conterrâneos, retratando o cotidiano dos lituanos, fotografando-os com um senso de humanidade e sem efeitos dramáticos. Ao contrário, seu olhar traz amor e esperança. SESI Itapetininga: até 23 de março de 2014 SESI Botucatu: 17 de abril a 31 de maio 2014 SESI Bauru: 11 de junho a 27 de julho de 2014 SESI São José do Rio Preto: 14 de agosto a 28 de setembro de 2014
Foto: Everton Ballardin
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Trama Ativa
Importante nome no cenário artístico nacional e internacional a partir dos anos de 1950, Norberto Nicola (1930-2007) revolucionou a tapeçaria ao trazê-la para o contexto da arte contemporânea, trabalhando com tramas de fibras naturais e cores vivas. O resultado é um intenso movimento com formas que brotam da superfície plana e adquirem características escultóricas. Trama Ativa reúne peças de grandes dimensões, uma vitrine com materiais têxteis, uma cronologia ilustrada e um vídeo sobre o pintor e tapeceiro. SESI Botucatu: até 12 de abril de 2014 SESI Rio Claro: 17 de abril a 31 de maio de 2014 SESI São José do Rio Preto: 11 de junho a 27 de julho de 2014 SESI Bauru: 14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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A instalação de Célia Barros, Inutilitários – Techné, é feita de centenas de potes de cerâmica, formando um grande círculo no chão. O trabalho da artista nascida em Portugal e que escolheu o Brasil para viver reúne arte, técnica, contemporaneidade, artesanato, design e indústria. Queimadas à temperatura de 54oC – o ponto mais frágil da cerâmica e que permite um derretimento controlado –, as peças colocam o espectador diante da frustração da incontinência da água que deveriam conter e ao mesmo tempo diante da possibilidade da germinação do microcosmos criado a partir da lama e dos restos de cerâmica. Todo esse movimento resulta em novas formas, fragmentadas, inacabadas, mas acima de tudo vivas.
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Inutilitários – Techné
SESI Rio Claro: 13 de março a 11 de abril de 2014 SESI Bauru: 17 de abril a 31 de maio de 2014 SESI Botucatu: 11 de junho a 27 de julho de 2014
Foto: Everton Ballardin
SESI Itapetininga: 14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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Foto: Everton Ballardin
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A Natureza Invade a Cidade
A Natureza Invade a Cidade é uma instalação acompanhada de trilha sonora, animações 2D e 3D, poesias, frases e pequenas narrativas que estimulam reflexões sobre a escassa natureza em espaços públicos da cidade. A proposta inédita do new media art duo – com trabalhos reconhecidos na Alemanha, Argentina, Espanha e Rússia – é um pedido de maior compartilhamento da natureza com o panorama urbano, muitas vezes dominado pelo concreto. Especialistas em intervenções urbanas – como o projeto Mais Amor, por Favor – e projeções em movimento, os artistas do VJ Suave realizam exibições que sensibilizam o espectador por meio da luz e do som. SESI Bauru: de 7 de março a 6 de abril de 2014 SESI São José do Rio Preto: 17 de abril a 31 de maio de 2014 SESI Itapetininga: 11 de junho a 27 de julho de 2014 SESI Rio Claro: 14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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Ramificações do Objeto como Contrapartida é uma exposição de pinturas e esculturas nascidas da relação entre o artista e a cidade, que tem o cenário urbano como base referencial. Com a intenção de traçar a passagem do plano para o tridimensional, Rodrigo Sassi trabalha tanto suas pinturas quanto esculturas com matéria-prima e técnicas da construção civil, conectando essas linguagens por meio de suas aproximações plásticas, materiais, conceituais e estéticas.
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Ramificações do Objeto
SESI São José do Rio Preto: até 31 de março de 2014 SESI Itapetininga: 10 de abril a 31 de maio de 2014 SESI Rio Claro: 11 de junho a 3 de agosto de 2014
Foto: Everton Ballardin
SESI Botucatu: 14 de agosto a 28 de setembro de 2014
Mais informações no site www.sesisp.org.br/cultura
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Violinista desenvolve método de iniciação musical com o resgate da infância e valores culturais
A metodologia enfoca o ensino coletivo de instrumentos de corda para crianças e adolescentes.
Foto: Fernando Mucci
51 Iniciação musical por meio do resgate da cultura brasileira e do convívio familiar com a utilização de cantigas infantis nacionais como “A canoa virou”, “Alecrim”, “Boi da cara preta”, “Sapo Cururu” e “Cai-cai balão”, entre outras do nosso folclore. Essa é a proposta do método de ensino coletivo Alla Corda, o primeiro voltado à identidade da música brasileira adaptada para a formação e para a educação com orquestra de cordas e de câmara. A metodologia, desenvolvida pelo violinista e pedagogo Ênio Antunes após 17 anos de pesquisas, é utilizada, desde 2013, nos Núcleos de Música SESI-SP, nas cidades de Bauru, Botucatu, Diadema, Indaiatuba, Limeira e São Caetano do Sul, sob a coordenação do maestro João Carlos Martins, regente da Orquestra Bachiana SESI-SP. O objetivo desses núcleos é promover com excelência o acesso à música e incentivar a criação de orquestras de cordas em todo o país. Os cursos são livres e direcionados para alunos da rede SESI-SP de ensino, beneficiários da indústria e para a comunidade em geral, com foco em crianças e adolescentes com idade entre 6 e 19 anos. Com a iniciativa, os organizadores pretendem desmitificar o aprendizado da música, demonstrando que toda pessoa pode se desenvolver musicalmente. Perguntado sobre os benefícios dessas ações, o maestro João Carlos Martins é categórico: “A música oferece um ambiente de paz, amor, solidariedade, cidadania e respeito pelas artes. Preciso dizer mais?”.
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Essa é uma das razões pelas quais o SESI-SP decidiu disseminar esse conteúdo e lançou, pela SESI-SP Editora, recentemente, em parceria com a Fundação Bachiana, a série Método Alla Corda – Formação e Educação Musical Juvenil, que traz cinco volumes: viola, violino, violoncelo e contrabaixo, além do livro do educador. A coordenação do material é de João Carlos Martins. O Método Alla Corda utiliza uma linguagem educativa fundamentada na pedagogia de autonomia da prática coletiva com orquestra de cordas, construída em 35 encontros-aula que abordam a formação teórica e específica de cada instrumento e a percepção tímbrica de quatro diferentes instrumentos de cordas. Para o maestro, um dos mais renomados do País, o diferencial da metodologia criada por Ênio Antunes está no fato de ensinar a criança ou o jovem a tocar um instrumento de corda como se estivesse aprendendo a andar de bicicleta, ou seja, partindo do princípio de que tudo deve acontecer natural e organicamente. “Evidentemente que, após a iniciação, é necessário ter a disciplina de um atleta e a alma de um poeta, como em toda iniciação musical”, ressalta. Martins já utiliza a metodologia Alla Corda há dois anos nos projetos de iniciação musical que desenvolve e, segundo ele, os resultados têm sido excepcionais. “No Brasil, nos tempos de Alberto Jaffé, tivemos a formação de excelentes jovens instrumentistas de cordas. Infelizmente, com a sua mudança para os Estados Unidos, onde recentemente faleceu, nunca mais tivemos um método de cordas de excelência musical. E agora, finalmente, após muitos anos, o professor Ênio Antunes lança o Método Alla Corda, que é um passo muito importante para a formação de novos instrumentistas de corda no País”, comenta o maestro, em uma referência a Alberto Jaffé, autor do Método Jaffé, criado no início da década de 70, que formou instrumentistas nas décadas seguintes e que até hoje atuam em nossas principais orquestras sinfônicas. O autor do livro, Ênio Antunes, ressalta que o conteúdo das publicações proporciona uma nova alavanca para o ensino de música, não apenas nas escolas destinadas à iniciação musical, mas também na rede pública do país. “Apesar de não serem obrigadas, as escolas têm, sim, a opção de estimular a formação musical dos alunos em seu dia a dia. E a música traz um novo olhar da criança e do jovem sobre o mundo”, comenta. Nesse sentido, Antunes enfatiza que o Alla Corda tem o objetivo de ativar o conceito de sociabilidade por meio da convivência coletiva e de aumentar a autoconfiança do aprendiz nele mesmo e no grupo.
P O N m TO u s
Método Alla Corda Método Alla Corda Op. 1
Op. 1
FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICALFORMAÇÃO JUVENIL E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENIL
Com instrumentos de cordas friccionadasCom instrumentos de cordas friccionadas
Contrabaixo
Viola
Fundação Bachiana Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Fundação Bachiana
Fundação Bachiana
Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Método Alla Corda Método Alla Corda
Método Alla Corda
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Op. 1
Op. 1 - Livro I
FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENILFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENIL Com instrumentos de cordas friccionadas
MUSICALIZAÇÃO JUVENIL
Com instrumentos de cordas friccionadas
Com instrumentos de cordas friccionadas
Violino
Violoncelo
Livro do professor
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Livro do aprendiz
Livro do aprendiz
Livro do aprendiz
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Os cinco volumes do Método Alla Corda — Formação e Educação Musical Juvenil, da SESI-SP Editora.
Livro do aprendiz
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Fundação Bachiana
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Fundação Bachiana
Coordenação: Maestro João Carlos MartinsCoordenação: Maestro João Carlos Martins
IC
Segundo o autor, que colabora com os principais festivais de formação musical, música de câmara e orquestra sinfônica do País, as escolas que têm acesso à iniciação musical percebem um aumento considerável no índice de sociabilidade de seus alunos. Além disso, nos lugares que têm altas taxas de risco juvenil, programas sociais que proporcionam vivência musical apresentam um impacto na vida de jovens e de seus familiares”, comenta Antunes, que, entre outros projetos que desenvolve, é diretor artístico e musical da Orquestra Antunes Câmara e da Orquestra Brasileira Arte do Som Filarmônica, coordenador da Orquestra Sinfônica Juvenil Emesp e orientador de música do projeto Musicando – no programa Fábricas de Cultura do governo do Estado de São Paulo. Mas ele concorda que a realidade do país, no que diz respeito à iniciação musical, ainda está em uma fase embrionária. Se por um lado as grandes orquestras de todo o mundo são predominantemente formadas por instrumentistas de corda, o Brasil, um país de quase 200 milhões de habitantes, conta com apenas um instrumentista de corda reconhecido internacionalmente: o violoncelista pernambucano Antonio Meneses. Para o maestro João Carlos Martins, “ações como a publicação do Método Alla Corda – Formação e Educação Musical Juvenil e a criação dos Núcleos de Música, pelo SESI-SP, aliadas à aplicação de verbas públicas na área musical, são de grande importância para transformar esse atual cenário, principalmente porque contribuem para a democratização da música e das artes em geral para todos os segmentos da sociedade.
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AS MUlheres em três contos de IVANA ARRUDA LEITE
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Quando Cristóvão me viu sentada no pátio do hospital, tomando sol, me achou linda e quis me tirar de lá, casar-se comigo, ser pai dos meus filhos. Se aproximou, puxou conversa. Eu abri meu coração e contei minha vida inteira naquela tarde, ali mesmo sentada no banco do jardim do hospital. Desde então estamos juntos. Nunca tive pai nem mãe, fui criada em orfanato. Quando fiquei mocinha fui trabalhar em casa de família. Trabalhei numa porção delas, gente boa, gente ruim, gente de tudo que é jeito. Um dia o marido de uma patroa, um homem gordo, horroroso, grosseirão mesmo, foi ao meu quarto e me pegou à força. Eu pensei em ir embora, mas pra onde? A patroa era tão boa e o peste me dava dinheiro pra comprar batom, ingresso pro cinema, fotonovela. As crises começaram naquela época. Umas demoravam mais, outras menos. A dona me disse que eu não podia continuar morando lá, acordando o prédio inteiro com meus gritos, pondo tudo em perigo. Me pagou o que devia e me aconselhou a procurar tratamento. No hospital público me fizeram um monte de exames e me mandaram para um outro, psiquiátrico. Confesso que eu gostava de lá. A comida era boa, eles davam remédio direitinho, tinha água quente no chuveiro, tudo na hora certa. Na época, Cristóvão era motorista do hospital. Quando ele foi pedir autorização pra me tirar de lá, os médicos disseram que problema grave eu não tinha. Na verdade, eles nem sabiam por que eu estava lá. A casa dele era muito simples mas toda arrumadinha. Ele dizia que sua maior alegria era chegar do serviço e me ver de banho tomado, perfumada e arrumadinha como a casa. Nunca entendi como um homem bom e inteligente como o Cristóvão pode se apaixonar por mim, me tirar do hospital, casar-se comigo. Um ano depois nosso filho nasceu. Um menino lindo e forte como o pai. Eu pegava ele no colo e custava a crer que fosse meu. Como tudo ao redor: essa casa linda, os empregados (Cristóvão progrediu muito na vida), a piscina, os jardins, a despensa lotada, as joias que ele me dá. As crises desapareceram mas ficou essa sensação esquisita de não ser dona de nada por aqui. Se elas voltarem quero que Cristóvão me leve de volta ao hospital e me deixe lá, sentada no banco embaixo da amoreira onde passávamos as tardes conversando. Então eu dormirei e acordarei pensando que foi tudo um sonho. Porque foi mesmo.
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TITILA
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Titila andava ao redor do telefone sem conseguir se decidir. Ligo ou não ligo? Ia à cozinha, tomava café, bebia água. Outro café. Fumava, sentava, levantava, ligava o som, desligava o som, ligava a tevê, fazia exercícios de relaxamento. Relaxava mas não decidia. Tirava o fone do gancho. Ligo ou não ligo? Colocava o fone no gancho. Na tevê muda, a apresentadora lhe dizia: liga!, liga! Mas faltava coragem pra obedecer. Ao meio-dia chupou uma laranja tentando ler os pensamentos do cachorro. Esperava um sinal que decidisse por ela. Levantou o fone do gancho e discou. Chamando. Coração disparado. Chamando. Chamando. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Desligou com o coração saindo pela boca e as mãos trêmulas. Mais um café, mais um cigarro. Passados cinco minutos, nova decisão. Vou ligar e deixar um recado. Chamando. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Desligou. Falar o quê? Oi, aqui é a Titila, estou com saudade, quando der me liga, um beijo. Ou será melhor um abraço? Oi, Genaro, aqui é a Titila, por que você sumiu? Se você não me ligar hoje ainda, amanhã amanheço morta. Recado dado. Correu à cozinha, tirou a vodca do freezer e serviu-se de uma dose generosa. Voltou pra sala e sentou ao lado do telefone. Foram muitas as idas à cozinha. A vodca estava pela metade quando ela resolveu ligar de novo. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Oi, Genaro, antes de me matar, resolvi enxugar a vodca que você deixou na geladeira. Te dou mais uma chance se você me ligar até meia-noite. Te adoro. Me liga, vai. Desligou o telefone morta de arrependimento. O que será de mim, mãe santíssima?, perguntou à Virgem da correntinha. Depois ao Barão: por que fui fazer essa besteira? Mas o cachorro continuava mudo, lendo os lábios das pessoas na televisão muda. O mundo mudo esperando uma decisão. Foi a vodca. Vodca me faz cometer loucuras. Resolveu fazer um café pra botar as ideias no lugar. O Genaro não pode ouvir esse recado de jeito nenhum. Bebeu o café de um gole só, calçou os sapatos e pegou a bolsa disposta a ir à casa dele. Peço pro porteiro abrir o apartamento (ou arrombo a porta) e arranco a maldita fita da secretária eletrônica. Mas quem disse que o porteiro
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vai me deixar entrar se ele nunca me viu! O Genaro nunca me levou à casa dele. Aliás, nem sei onde ele mora!!! Jogou a bolsa no chão e plantou-se ao lado do telefone. Decidiu deixar um segundo recado pedindo desculpas pelo primeiro. Chamando. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Genaro, aqui é a Titila, eu te deixei um recado há uns dez minutos, ou quinze, sei lá, e acabei falando o que não devia. Esquece, tá? Mais sossegada, foi pro uísque. Agora sim, tenho munição pra noite inteira. No segundo copo bateu a dúvida. Como sou idiota. Agora é que ele não me liga nunca mais. É melhor falar a verdade. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Genaro, aqui é a Titila. Olha, eu te deixei um recado, um não, dois, mas acabei me embananando. Eu só queria te dizer que tô com muita saudade e gostaria de te ver. Um beijo. Pronto! Agora ficou legal. Guardou o uísque e fez outro café. Respirando na janela, ela tentava ordenar os telefonemas. No primeiro eu falei que estava tudo bem, no segundo eu falei que estava tudo mal. Eu falei que amava ele? Afinal, quantos recados deixei? É melhor começar de novo, com calma. Mais uma dose de uísque. Chamando. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Oi, Genaro, aqui é a Titila, desculpa a palhaçada mas é que foi tudo tão legal entre a gente... Por que você sumiu? Tenho pensado muito em você. Tô tão triste... Desligou o telefone aos prantos. Que ridícula. Ele vai pensar que eu tô morrendo por causa dele. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Olha aqui, Genaro, se quiser ligar, liga, se não quiser vá pra puta que pariu. Eu não estou nem aí com você. Foda-se cara. Bateu o telefone. Como eu me odeio. Por que faço isso? O Genaro não merece isso, ele sempre foi tão bonzinho comigo. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Genaro, tô em casa, me liga. Sem conseguir levantar do sofá, caiu em sono profundo com a perna esticada sobre a mesinha e a cabeça pendurada no vazio. Acordou com o telefone tocando.
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Oi, Titila, aqui é o Genaro, acabei de chegar e ouvi seu recado. Que bom que você ligou, precisamos nos ver. Com um gosto horrível na boca e a cara toda babada, ela olhou pro cachorro pra entender o que estava acontecendo. Na sala escura, a televisão muda brilhava feito um abajur.
AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA
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Ele não tinha esse direito. Não depois de tudo que vivemos juntos. Um dia namora, me leva ao cinema, jura eterno amor, no outro diz que não quer mais saber de mim? E as promessas, os beijos, as juras de amor? Não se brinca assim com uma mulher. Na semana passada ele tocou a campainha, sentou-se a minha frente e disse que guardaria ternas recordações do nosso namoro mas que daqui pra frente estava tudo terminado. Fiquei furiosa: _ Quem você pensa que eu sou pra ser deixada assim? _ Assim como? _ Assim, de repente, sem que nem porquê. Um belo dia você acorda, resolve terminar o namoro e fim? Ele então se pôs a dar explicações. _ Veja bem... tem isso... tem aquilo outro... Fui ficando num tal estado de exasperação que peguei um vasinho de violetas que estava ao meu alcance e acertei-lhe em cheio na testa. Ele levou um baita susto. Achei que ele fosse voltar atrás, me pedir desculpas, mas só o que fez foi levantar, sacudir a roupa e sair batendo a porta. Resolvi esperar um pouco. Dois dias depois fui à casa dele. Tempo suficiente pra esfriar a cabeça e botar as ideias no lugar. Comprei um maço de flores do campo e uma caixa de marzipãs para adoçar o nosso encontro. Ao me ver na porta, ele me mandou entrar com certa frieza. Pegou os presentes e colocou-os na estante sem nem abrir. Em seguida, com a cara mais lavada do mundo, perguntou o que eu estava fazendo ali. Eu pirei. Esse cara me faz vir até aqui, gastar um dinheirão com flores e doces e não sabe
P O N D TO O ON
IVANA ARRUDA LEITE nasceu em 1951, em Araçatuba (SP); é mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo. Publicou três livros de contos Histórias da Mulher do Fim do Século, Falo de Mulher e Ao homem que não me quis, uma novela, Eu te darei o céu – e outras promessas dos anos 60, e dois romances, Hotel Novo Mundo e Alameda Santos. Participou de inúmeras antologias. É autora de livros infantis e infantojuvenis.
C
TO
o que estou fazendo aqui? Será que ele pensa que é só chegar, namorar, jantar fora, beijar na boca e se mandar? Quando ele falou que “namoro é coisa que se termina todo dia” eu perdi a cabeça. Fui até à estante, joguei os marzipãs no chão e pisei neles feito cabrita. As peras e maçãs coloridinhas viraram uma pasta que deve estar grudada no carpete até hoje. Ele me apontou a porta da rua e me pediu pra sair, aos berros. Quem esse cara pensa que é pra me expulsar dessa maneira da casa dele? Um dia namora, beija, me acorda com café da manhã, diz que me ama, no outro me enxota feito cachorro? Ou ele pede desculpas ou vai ter o troco que merece. Essa eu não vou deixar barato. Esperei três dias e voltei à casa dele. Ele abriu a janelinha e de lá mesmo perguntou o que eu queria. Estranhei a falta de modos mas me controlei. _ Precisamos conversar – disse educadamente. Quando ele berrou lá de dentro pra que eu o esquecesse e sumisse da vida dele, comecei a chutar o portão desesperada. Quem ele pensa que eu sou pra falar comigo desse jeito? Seu estúpido, grosseirão. Ontem mesmo era meu namorado, ia comigo ao cinema, jurava eterno amor, hoje quer chamar a polícia pra me prender? Pulei o portão e arranquei a primavera do jardim com raiz e tudo. Minha mão ficou toda ensanguentada. A vontade era jogar a primavera nele e matá-lo. Mas quem disse que primavera serve pra matar um homem? A coitada ficou lá, jogada no chão, torta e descabelada como eu. Antes de ir embora, passei a mão suja de sangue na parede branca da casa pra que todo mundo soubesse que ali mora um homem capaz de fazer uma coisa dessas com uma mulher. Dessa ele escapou, mas deixa estar. Aqui se faz, aqui se paga.
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AO PÉ DA LETRA por Arnaldo Niskier da Academia Brasileira de Letras
FILME RUIM “Lourdes assistiu o filme com o marido.” Aposto como o filme era muito ruim! O verbo assistir, no sentido de “acompanhar visualmente, testemunhar, ver”, é transitivo indireto, requerendo o uso da preposição a. Frase correta: “Lourdes assistiu ao filme com o marido”.
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OPINIÃO EQUIVOCADA “Não vejo nada demais na sua opinião.” Nem poderia! O vocábulo foi empregado erroneamente. Veja: Demais: em demasia, em excesso. De mais: é oposto “de menos” (capaz de causar estranheza). Frase correta: “Não vejo nada de mais na sua opinião”. NAMORO ACABADO “O rapaz se explicou de maneira tão sussinta, que a namorada irritou-se e terminou o namoro.” Não poderia ser diferente! A palavra “sussinta” não existe. O termo correto é sucinta (com s inicial e c) e quer dizer resumida, concisa. Período correto: “O rapaz se explicou de maneira tão sucinta, que a namorada irritou-se e terminou o namoro.”
REGIMENTO INTERNO “O regimento do colégio do João previa advertências aos alunos que transgridissem as normas de disciplina previstas.” Primeiramente deveriam se preocupar com a correção na escrita do verbo transgredir. É um verbo irregular e em algumas pessoas do presente do indicativo e em todo o presente do subjuntivo, o e do radical passa para i . Observe: transgrido/ transgrides/ transgride/ transgredimos/ transgredis/ transgridem; transgrida/ transgridas/ transgrida/ transgridamos/ transgridais/ transgridam. Entretanto, não é o caso do imperfeito do subjuntivo, não há a troca do “e”, logo a forma correta é transgredissem. Período correto: “O regimento do colégio do João previa advertências aos alunos que transgredissem as normas de disciplina previstas.” SUSPENÇÃO JUSTA “O atraso constante da funcionária implicou em suspensão por dois dias. A punição seria mais justa se o complemento do verbo implicar estivesse certo. Este verbo, no sentido de acarretar, é transitivo direto, logo o seu complemento — objeto direto — não admite preposição. Frase correta: “O atraso constante da funcionária implicou suspenção por dois dias”.
L ETRA
AO PÉ DA
TRAVESSURA DE CRIANÇA “O menino caiu quando brincava com o seu patineti.” Deve ter sido um tombo feio com “o patineti”. Observe: o brinquedo infantil, feito com uma tábua sobre duas rodas, é patinete, com e no final; patinete é uma palavra do gênero feminino - a sua patinete. Período correto: “O menino caiu quando brincava com a sua patinete”. IGNORÂNCIA! A mãe do rapaz tranquilizou-se quando disseram que seu filho estava malferido. Coitada! Como é triste desconhecer o significado correto das palavras. Atenção: malferido não quer dizer “com poucos ferimentos” e, sim, ferido mortalmente. Cuidado para que dúvidas como essa impeçam a compreensão de um texto. Consulte sempre um dicionário. VOCÊ PRECISA SABER! A pessoa deve escrever seu nome como foi registrado na certidão de nascimento. Não importa se com ou sem acento. Qualquer outra pessoa deve respeitar as regras de acentuação, sob pena de escrever errado.
APRENDIZAGEM “ O treinamento em serviço contribui para a auto-aprendizagem.” Será mesmo? A “auto-aprendizagem” escrita desse jeito não melhora a condição de qualquer profissional. Quando um prefixo termina em vogal (auto) e o segundo elemento começa por vogal diferente (aprendizagem), não se admite o uso do hífen — autoaprendizagem é a forma certa. Período correto: O treinamento em serviço contribui para a autoaprendizagem”. BOA IDEIA “O esporte é uma solução para evitar que o adolescente venha a delenquir.” Exato! Porém, com o verbo “delenquir” não se consegue prevenir nada. Está escrito erradamente - o verbo é delinquir, com i. Em tempo: o verbo delinquir é defectivo, isto é, a primeira pessoa do singular do presente do indicativo não deve ser conjugada. Período correto: “O esporte é uma solução para evitar que o adolescente venha a delinquir”.
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Instigação
Informativo do SESI-SP e SENAI-SP SUP/DR - número 02 - março de 2014
Bônus demográfico e a educação Neste número são apresentadas algumas informações sobre as projeções populacionais do Estado de São Paulo e da Capital e algumas interrogações sobre o bônus demográfico e seus reflexos na educação. Bônus demográfico Podemos dizer que o bônus demográfico ou vantagem demográfica é a situação em que, em um determinado período, a população de um país, estado ou município tem mais pessoas em idade produtiva (15-64 anos) do que em idade dependente (0-14 anos 62e 65 ou mais anos). Tal situação será benéfica se, e somente se, o país oferecer oportunidades de emprego de qualidade à sua população. Caso contrário, haverá momentos de muita tensão social.
A população jovem tende a diminuir Ora, se a população de jovens tender a diminuir, a construção de novas escolas só se justificará em localidades em que o comportamento demográfico assim o requerer. Em alguns casos, unidades poderão ser fechadas por falta de clientela, ou ainda, o local poderá ser destinado a outra função pública. Os gastos orçamentários anteriormente destinados às novas obras poderão privilegiar a formação continuada de professores, a melhoria salarial, e uma política mais vigorosa de manutenção dos ambientes escolares.
O estoque e o fluxo demográfico A mudança do comportamento demográfico, mesmo que gradativa, comporta muitas e distintas visões, seja do ponto de vista econômico, previdenciário, social, de saúde pública ou educacional. Em todos eles, precisamos evitar um deslize comum em análises de população, que é a confusão entre estoque e fluxo demográfico. Isso acontece, por exemplo, quando políticos, ao pleitearem a instalação de uma escola profissionalizante, usam como argumento o número total de empregos de um determinado município, sem considerar as tendências desse estoque ao longo dos anos, ou ao se pleitear uma nova escola de educação básica, não levando em conta a distribuição etária da população e as salas de aula já existentes. No caso do bônus demográfico, o mesmo tipo de deslize se repete. Não é preciso ser demógrafo para compreender a confusão que as pessoas fazem ao analisar os dados. Sob a ótica do estoque, as projeções da população do Estado de São Paulo e da Capital apresentam os seguintes números:
Ao analisar os dados da projeção da Tabela 1, vemos um contingente ativo superior ao dependente (SP: 71,5% e Capital: 71,4%), com tendência a decrescer ao longo dos anos. A população dependente jovem tende a diminuir (SP: 19,6% para 18,4%; Capital: 19,5% para 18,7%) e a idosa, a aumentar (SP: 8,8% para 12,2% e Capital 9,1% para 12,5%). A par disso, a expectativa de vida vem aumentando significativamente no Estado de São Paulo (67,3 anos em 1980 para 76 anos em 2010). Assim, ao olhar para o futuro, vislumbra-se uma situação previdenciária nada confortável. Contudo, a participação da população ativa, ainda que decrescente, aparenta ser a tábua salvadora de nossa passagem para um mundo mais desenvolvido.
Tabela 1: Projeção da população paulista e paulistana – 2015-2025 Estado de São Paulo Faixa etária da população
Capital
2015
% Vertical
2025
% Vertical
2015
% Vertical
2025
% Vertical
12.257.388
28,5%
14.057.497
30,6%
3.310.723
28,6%
3.775.699
31,2%
0-14 anos
8.451.932
19,6%
8.430.731
18,4%
2.256.817
19,5%
2.259.716
18,7%
65 anos e mais
3.805.456
8,8%
5.626.766
12,2%
1.053.906
9,1%
1.515.983
12,5%
15-64 anos
30.790.029
71,5%
31.868.472
69,4%
8.271.075
71,4%
8.321.661
68,8%
População total (POT)
43.047.417
100,0%
45.925.969
100,0%
11.581.798
100,0%
12.097.360
100,0%
Dependente (não ativa)
Idade ativa (PIA)
Fonte: Sistematizada a partir dos dados do Seade
Ao examinar o panorama via fluxo (Tabela 2), por meio das taxas anuais de crescimento geométrico para o período 2015-2025, o que se vê é uma tendência ao envelhecimento da população. A população ativa (PIA)63 cresce anualmente 0,35% no Estado e 0,06 na Capital, enquanto a população total (POT) cresce a taxas maiores, 0,67% no Estado e 0,45% na Capital. E a pergunta que se faz é: como lidar com isso na educação e na formação profissional, de forma a não comprometer o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento da indústria paulista?
Tabela 2: Taxa geométrica de crescimento da população total e da população em idade ativa – 2015-2025
Discriminação
Estado
Capital
Taxa geométrica de crescimento anual da PIA
0,35%
0,06%
Taxa geométrica de crescimento anual da POT
0,67%
0,45%
Estado de São Paulo
Fonte: Calculada com base nos dados do Seade
e Capital
Nota: PIA – População em idade ativa (15 a 64 anos); POT – População total
Implicações educacionais Ora, se a taxa de crescimento da população ativa evolui mais lentamente que a taxa da população total, cada vez mais teremos mais idosos, sejam eles trabalhadores ou não. E que implicações isso traz para a política educacional e de formação profissional do Estado de São Paulo e da Capital? Reafirma-se o fato de que haverá menos demanda de novas escolas de educação básica. Assim, o correto será adotar uma política de efetiva, desejada, e até hoje procrastinada valorização salarial e formativa do magistério.
Quanto à formação profissional nesse cenário de bônus demográfico, haverá necessidade de constante monitoramento com o objetivo de detectar, a tempo e hora, as tendências de emprego, de crescimento econômico, de fluxo e perfil demográfico e de interesse da população. No próximo número, aprofundaremos a análise dessas implicações.
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EVENTOS DAS EDITORAS SESI-SP E SENAI-SP
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E VE N ES TO DI TO
Imagens de acervo
RA
DESMIOLAÇÕES LIVRARIA DA VILA
FEIRA DE LIVROS DAS EDITORAS FOYER DO CENTRO CULTURAL FIESP RUTH CARDOSO
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NA TRILHA DOS SABERES LIVRARIA CULTURA
OLHAR A TODA PROVA SESI VILA LEOPOLDINA
O TEATRO DE REVISTA NO BRASIL LIVRARIA DA VILA
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EVENTOS DAS EDITORAS SESI-SP E SENAI-SP
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E VE N ES TO DI TO
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RA
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GRAFFITI FINE ART MUSEU BRASILEIRO DA ESCULTURA – MuBE
DESMIOLAÇÕES LIVRARIA DA VILA
FESTA DO LIVRO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
STRINDBERG E O PODER BAR BALCÃO
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O TEATRO DE REVISTA NO BRASIL LIVRARIA DA VILA
TRÊS FÁBULAS DE ESOPO LIVRARIA DA VILA
CONVERSA DE ALGUMAS HORAS E MUITOS ANOS COM O DRAMATURGO TEATRAL VLADIMIR CAPELLA BAR BALCÃO
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CARDÁPIO
UNIDADES DO SESI-SP
CENTRO CULTURAL FIESP* AVENIDA PAULISTA, 1313 SÃO PAULO SP TEATRO MUSICAL A MADRINHA EMBRIAGADA ATÉ 29/06/2014
Com texto original de quatro canadenses, tradução e direção de Miguel Falabella, elenco de 25 atores, orquestra com 15 músicos, Stella Miranda como atriz convidada, a produção deste musical teve orçamento de R$ 12 milhões. Durante 11 meses, serão realizadas 325 sessões do musical com ingressos gratuitos, para ampliar e democratizar o acesso do público. MOSTRA DE CINEMA 10º PRÊMIO FIESP/SESI-SP DE CINEMA ATÉ 31/03/2014
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Todo cineasta tem um pouco de contador de histórias, de narrativas que se mostram e se entrelaçam em seu caminho, nas viagens, na experiência própria do fazer cinematográfico. E é aí que está o prêmio, na própria vivência das histórias e na certeza da beleza de cada uma delas. O Prêmio FIESP/SESI-SP de Cinema incentiva a produção nacional, o botar o pé na estrada e sair em busca de uma pequena grande história, carregando gente, cenário e figurino, tudo junto e misturado. Com curadoria de André Sturm, diretor do MIS, a premiação reconhece os melhores em 13 categorias: ficção, documentário, curta-metragem, diretor, atriz, ator, atriz coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro, montagem, fotografia, direção de arte e trilha sonora. Embarque com a gente nessa viagem, essa história quem conta é você! MOSTRA CINE SESI-SP NO MUNDO: ALEMANHA CONTEMPORÂNEA II DE 15/04/2014 ATÉ 27/05/2014
Seja no formato, seja no conteúdo, são diversos os caminhos que a produção cinematográfica alemã tem tomado nas últimas décadas. Mas hoje é certo que os novos cineastas se distanciaram dos filmes autorais dos anos de 1970 e passaram a revelar em suas obras as diversas Alemanhas existentes após mais de 20 anos de Reunificação. Temas emergentes desse país, como o mundo globalizado, o multiculturalismo, a imigração e a crise de identidade pós-Reunificação, são abordados de forma crescente pela chamada nova geração de cineastas alemães. MÚSICA EM CENA CONJUNTO DE MÚSICA ANTIGA ECA-USP ATÉ 16/03/2014
Por ser ligado à Universidade de São Paulo, o conjunto pode implementar uma proposta específica que agrega ensino, pesquisa e interpretação musical de alta qualidade. Seus participantes dominam a técnica de instrumentos antigos, trabalham ativamente
em diversos setores da pesquisa histórica, traduzem e estudam tratados antigos, editam partituras e reproduzem instrumentos, transformando conhecimento em prática musical inteligente. Criado em 2001, o grupo foi o primeiro desse gênero em uma universidade brasileira, executando repertório dos séculos XVI ao XVIII com a utilização de instrumentos de época. As atividades musicais do conjunto têm tido excelente repercussão, e a proposta de realizar concertos é uma ação efetiva com o objetivo de levar as pesquisas que fundamentam essa prática para fora dos muros da universidade. Seus integrantes estão convictos de que é possível mostrar, de forma simples e acessível, que essas pesquisas não constituem especulações herméticas, pelo contrário, é um meio poderoso para enriquecer a apreciação do público em geral e o diagrama perceptivo de músicos e de ouvintes seletivos. O grupo reúne alunos da graduação, pós-graduação e extensão cultural, professores do Departamento de Música da ECA e profissionais convidados. No programa, obras de Matthew Locke, Henry Purcell, Georg Muffat e George Frideric Handel. TANGATA QUARTETO ATÉ 23/03/2014
O Tangata Quarteto utiliza o bandoneon e o acordeon, o violino, o contrabaixo acústico e o piano para contar ao público uma parte da história do Tango, desde o tango-milonga até Piazzolla, mesclando tradição e novos arranjos numa primorosa interpretação instrumental. Neste concerto o grupo apresentará obras dos compositores argentinos Gerardo Matos Rodriguez, Pedro Laurenz, Astor Piazolla, entre outros. ORQUESTRA DE REPERTÓRIO MANFREDO DE VICENZO ATÉ 30/03/2014
Orquestra Manfredo De Vincenzo trata-se de uma orquestra jovem com repertório agradável de músicas de cinema, com arranjos de temas famosos bem como o tema do “Poderoso Chefão”, “Cinema Paradise”, “Harry Poter” e uma Suíte inspirada nas composições de John Willians. São arranjos escritos especificamente para este grupo, sob regência de Rafael Vicole. A orquestra possui 15 jovens instrumentistas de cordas que demonstram o máximo de sua técnica musical. O grupo tem preocupação com a formação de plateia e difusão da música de um modo geral, trabalhando sempre com repertório de grande impacto.
* Datas e horários sujeitos a alterações. Mais informações no site www.sesisp.org.br/cultura/
TAILÂNDIA, ENTRE TEMPOS E POVOS CAT CRUZEIRO 1º/03 A 31/03
EXPOSIÇÃO ITINERANTE OLHAR A TODA PROVA CAT CUBATÃO 1º/03 A 31/03
TOY CAMERA CAT JUNDIAÍ 1º/03 A 31/03
O OLHAR DO MINOTAURO CAT MARÍLIA 1º/03 A 31/03 CAT CAMPINAS 11/04 A 11/05 CAT BIRIGUI 23/05 A 22/06
CARDÁPIO
GALERIA DE FOTOS A menina lia por uma estrela as aventuras de pepino cores da índia
Henrique Sitchin Igor Oliveira
Ivan Pontes
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Marcelo Kahn
GALERIA DE FOTOS TAILÂNDIA, ENTRE TEMPLOS E POVOS EXPOSIÇÃO ITINERANTE OLHAR A TODA PROVA TOY CAMERA O OLHAR DO MINOTAURO
Iberê Romani
Pedro Silvestre
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Jonne Roriz
Renan Rosa
Ronaldo Gutierrez
Divulgação
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Cintia Pimentel
FOGO AZUL DE UM MINUTO O GIGANTE EGOÍSTA OCUPAÇÃO ARTÍSTICA – FILA
AS CANÇÕES QUE VOCÊ DANÇOU PRA MIM
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EXPOSIÇÃO ITINERANTE – COTIDIANO CONTEMPORÂNEO
UNIDADES DO SESI-SP AMERICANA CAT DR. ESTEVAM FARAONE AVENIDA BANDEIRANTES,1000 CHÁCARA MACHADINHO CEP 13478-700 - AMERICANA - SP Tel: (19) 3471-9000 www.sesisp.org.br/americana ARAÇATUBA CAT FRANCISCO DA SILVA VILLELA RUA DR. ALVARO AFONSO DO NASCIMENTO, 300 - J. PRESIDENTE CEP 16072-530 - ARAÇATUBA - SP Tel: (18) 3519-4200 www.sesisp.org.br/aracatuba
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ARARAQUARA CAT WILTON LUPO AVENIDA OCTAVIANO DE ARRUDA CAMPOS, 686 - JD. FLORIDIANA CEP 14810-901 - ARARAQUARA - SP Tel: (16) 3337-3100 www.sesisp.org.br/araraquara ARARAS CAT LAERTE MICHIELIN AVENIDA MELVIN JONES, 2.600 - B. HEITOR VILLA-LOBOS CEP 13607-055 - ARARAS - SP Tel: (19) 3542-0393 www.sesisp.org.br/araras BAURU CAT RAPHAEL NOSCHESE RUA RUBENS ARRUDA, 8-50 - ALTOS DA CIDADE CEP 17014-300 - BAURU - SP Tel: (14) 3234-7171 www.sesisp.org.br/bauru
CAMPINAS I CAT PROFESSORA MARIA BRAZ AVENIDA DAS AMOREIRAS, 450 CEP 13036-225 - CAMPINAS I - SP Tel: (19) 3772-4100 www.sesisp.org.br/amoreiras CAMPINAS II CAT JOAQUIM GABRIEL PENTEADO AVENIDA ARY RODRIGUEZ, 200 - B. BACURI CEP 13052-550 - CAMPINAS II - SP Tel: (19) 3225-7584 www.sesisp.org.br/campinas2 COTIA OLAVO EGYDIO SETÚBAL RUA MESOPOTÂMIA, 300 - MOINHO VELHO CEP 06712-100 - COTIA - SP Tel: (11) 4612-3323 www.sesisp.org.br/cotia CRUZEIRO CAT OCTÁVIO MENDES FILHO RUA DURVALINO DE CASTRO, 501 - VILA ANA ROSA NOVAES CEP 12705-210 - CRUZEIRO - SP Tel: (12) 3141-1559 www.sesisp.org.br/cruzeiro CUBATÃO CAT DÉCIO DE PAULA LEITE NOVAES AVENIDA COM. FRANCISCO BERNARDO, 261 - JD. CASQUEIRO CEP 11533-090 - CUBATÃO - SP Tel: (13) 3363-2662 www.sesisp.org.br/cubatao
BIRIGUI CAT MIN. DILSON FUNARO AVENIDA JOSÉ AGOSTINHO ROSSI, 620 - JARDIM PINHEIROS CEP 16203-059 - BIRIGUI - SP Tel: (18) 3642-9786 www.sesisp.org.br/birigui
DIADEMA CAT JOSÉ ROBERTO MAGALHÃES TEIXEIRA AVENIDA PARANAPANEMA, 1500 TABOÃO CEP 09930-450 - DIADEMA - SP Tel: (11) 4092-7900 www.sesisp.org.br/diadema
BOTUCATU CAT SALVADOR FIRACE RUA CELSO CARIOLA, 60 – ENG. FRANCISCO CEP 18605-265 - BOTUCATU - SP Tel: (14) 3811-4450 www.sesisp.org.br/botucatu
FRANCA CAT OSVALDO PASTORE AVENIDA SANTA CRUZ, 2870 - JD. CENTENÁRIO CEP 14403-600 - FRANCA - SP Tel: (16) 3712-1600 www.sesisp.org.br/franca
GUARULHOS CAT MORVAN DIAS DE FIGUEIREDO RUA BENEDITO CAETANO DA CRUZ, 566 - JARDIM ADRIANA CEP 07135-151 - GUARULHOS - SP Tel: (11) 2404-3133 www.sesisp.org.br/guarulhos INDAIATUBA CAT ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES AVENIDA FRANCISCO DE PAULA LEITE, 2701 - JD. CALIFÓRNIA CEP 13346-000 - INDAIATUBA - SP Tel: (19) 3875-9000 www.sesisp.org.br/indaiatuba ITAPETININGA CAT - BENEDITO MARQUES DA SILVA AVENIDA PADRE ANTONIO BRUNETTI, 1.360 - VL. RIO BRANCO CEP 18208-080 - ITAPETININGA - SP Tel: (15) 3275-7920 www.sesisp.org.br/itapetininga ITÚ CAT CARLOS EDUARDO MOREIRA FERREIRA RUA JOSÉ BRUNI, 201 - BAIRRO SÃO LUIZ CEP 13304-080 - ITÚ - SP Tel: (11) 4025-7300 www.sesisp.org.br/itu JACAREÍ CAT KARAM SIMÃO RACY RUA ANTONIO FERREIRA RIZZINI, 600 JD. ELZA MARIA CEP 12322-120 - JACAREÍ - SP Tel: (12) 3954-1008 www.sesisp.org.br/jacarei JAÚ CAT RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA AVENIDA JOÃO LOURENÇO PIRES DE CAMPOS, 600 - JD. PEDRO OMETTO CEP 17212-591 - JAÚ - SP Tel: (14) 3621-1042 www.sesisp.org.br/jau JUNDIAÍ CAT ÉLCIO GUERRAZZI AVENIDA ANTONIO SEGRE, 695 - JARDIM BRASIL CEP 13201-843 - JUNDIAÍ - SP Tel: (11) 4521-7122 www.sesisp.org.br/jundiai
LIMEIRA CAT MARIO PUGLIESE AVENIDA MJ. JOSÉ LEVY SOBRINHO, 2415 - ALTO DA BOA VISTA CEP 13486-190 - LIMEIRA - SP Tel: (19) 3451-5710 www.sesisp.org.br/limeira
OURINHOS CAT MANOEL DA COSTA SANTOS RUA PROFESSORA MARIA JOSÉ FERREIRA, 100 - BAIRRO DAS CRIANÇAS CEP 19910-075 - OURINHOS - SP Tel: (14) 3302-3500 www.sesisp.org.br/ourinhos
MARÍLIA CAT LÁZARO RAMOS NOVAES AVENIDA JOÃO RAMALHO, 1306 - JD. CONQUISTA CEP 17520-240 - MARÍLIA - SP Tel: (14) 3417-4500 www.sesisp.org.br/marilia
PIRACICABA CAT MARIO MANTONI AVENIDA LUIZ RALPH BENATTI, 600 - VL INDUSTRIAL CEP 13412-248 - PIRACICABA - SP Tel: (19) 3403-5900 www.sesisp.org.br/piracicaba
MATÃO CAT PROFESSOR AZOR SILVEIRA LEITE RUA MARLENE DAVID DOS SANTOS, 940 - JARDIM PARAÍSO III CEP 15991-360 - MATÃO - SP Tel: (16) 3382-6900 www.sesisp.org.br/matao
PRESIDENTE EPITÁCIO CIL - CARLOS CARDOSO DE ALMEIDA AMORIM AVENIDA DOMINGOS FERREIRA DE MEDEIROS, 2.113 - VILA RECREIO CEP 19470-000 - PRES. EPITÁCIO - SP Tel: (18) 3281-2803 www.sesisp.org.br/presidenteepitacio
MAUÁ CAT MIN. RAPHAEL DE ALMEIDA MAGALHÃES AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO, 237 - JARDIM ZAÍRA CEP 09320-590 - MAUÁ - SP Tel: (11) 4542-8950 www.sesisp.org.br/maua MOGI DAS CRUZES CAT NADIR DIAS DE FIGUEIREDO RUA VALMET, 171 - BRAZ CUBAS CEP 08740-640 - MOGI DAS CRUZES - SP Tel: (11) 4727-1777 www.sesisp.org.br/mogidascruzes
PRESIDENTE PRUDENTE CAT BELMIRO JESUS AVENIDA IBRAIM NOBRE, 585 - PQ. FURQUIM CEP 19030-260 - PRES. PRUDENTE - SP Tel: (18) 3222-7344 www.sesisp.org.br/presidenteprudente RIBEIRÃO PRETO CAT JOSÉ VILLELA DE ANDRADE JUNIOR RUA DR. LUÍS DO AMARAL MOUSINHO, 3465 - CASTELO BRANCO CEP 14090-280 - RIBEIRÃO PRETO - SP Tel: (16) 3603-7300 www.sesisp.org.br/ribeiraopreto
MOGI GUAÇU CAT MIN. ROBERTO DELLA MANNA RUA EDUARDO FIGUEIREDO, 300 - PARQUE RESIDENCIAL ZANIBONI III CEP 13848-090 - MOGI GUAÇU - SP Tel: (19) 3861-3232 www.sesisp.org.br/mogiguacu
RIO CLARO CAT JOSÉ FELÍCIO CASTELLANO AVENIDA M-29, 441 - JD. FLORIDIANA CEP 13505-190 - RIO CLARO - SP Tel: (19) 3522-5650 www.sesisp.org.br/rioclaro
OSASCO CAT LUIS EULALIO DE BUENO VIDIGAL FILHO AVENIDA GETÚLIO VARGAS, 401 CEP 06233-020 - OSASCO - SP Tel: (11) 3602-6200 www.sesisp.org.br/osasco
SANTA BÁRBARA D' OESTE CAT AMÉRICO EMÍLIO ROMI AVENIDA MÁRIO DEDINI, 216 - V. OZÉIAS CEP 13453-050 - S. B. D`OESTE - SP Tel: (19) 3455-2088 www.sesisp.org.br/santabarbara
SANTANA DE PARNAÍBA CAT JOSÉ CARLOS ANDRADE NADALINI AVENIDA CONSELHEIRO RAMALHO, 264 - CIDADE SÃO PEDRO CEP 06535-175 - SANTANA DE PARNAÍBA - SP Tel: (11) 4156-9830 www.sesisp.org.br/parnaiba SANTO ANDRÉ CAT THEOBALDO DE NIGRIS PÇA. DR. ARMANDO DE ARRUDA PEREIRA, 100 - STA. TEREZINHA CEP 09210-550 - SANTO ANDRÉ - SP Tel: (11) 4996-8600 www.sesisp.org.br/santoandre SÃO BERNARDO DO CAMPO CAT ALBANO FRANCO RUA SUÉCIA, 900 - ASSUNÇÃO CEP 09861-610 - S. B. DO CAMPO - SP Tel: (11) 4109-6788 www.sesisp.org.br/sbcampo SÃO CAETANO DO SUL CAT PRES. EURICO GASPAR DUTRA RUA SANTO ANDRÉ, 810 - BOA VISTA CEP 09572-140 - S. C. DO SUL - SP Tel: (11) 4233-8000 www.sesisp.org.br/saocaetano SANTOS CAT PAULO DE CASTRO CORREIA AVENIDA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, 366 - JD. SANTA MARIA CEP 11085-202 - SANTOS - SP Tel: (13) 3209-8210 www.sesisp.org.br/santos SÃO CARLOS CAT ERNESTO PEREIRA LOPES FILHO RUA CEL. JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA SALLES, 1325 - V. IZABEL CEP 13570-900 - SÃO CARLOS - SP Tel: (16) 3368-7133 www.sesisp.org.br/saocarlos SÃO JOSÉ DO RIO PRETO CAT JORGE DUPRAT FIGUEIREDO AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, 4656 VL. ELVIRA CEP 15061-010 - SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP Tel: (17) 3224-6611 www.sesisp.org.br/sjriopreto
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Este livro explica também como a natação se desdobrou, nos últimos anos, em novas modalidades esportivas, igualmente olímpicas. Você está convidado a mergulhar nestas águas.
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NATAÇÃO
SALTOS ORNAMENTA POLO AQUÁTICO NADO SINCRONIZAD liT
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SÃO JOSÉ DOS CAMPOS CAT OZIRES SILVA AVENIDA CIDADE JARDIM, 4389 BOSQUE DOS EUCALIPTOS CEP 12232-000 - SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SP Tel: (12) 3936-2611 www.sesisp.org.br/sjcampos
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SUMARÉ CAT FUAD ASSEF MALUF AVENIDA AMAZONAS, 99 - JARDIM NOVA VENEZA CEP 13177-060 - SUMARÉ - SP Tel: (19) 3854-5855 www.sesisp.org.br SUZANO CAT MAX FEFFER AVENIDA SENADOR ROBERTO SIMONSEN, 550 - JARDIM IMPERADOR CEP 08673-270 - SUZANO - SP Tel: (11) 4741-1661 www.sesisp.org.br/suzano
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REVISTAPONTO® Publicação literária e cultural Do SeSi-SP #2 abril 2o13
150 anos de
SeSi-SP eDitora av PauliSta 1313 4º anDar o1.311-923 São Paulo SP telefone 55 11 3146 7308
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Uma borboleta em seu voo fugidio aproxima duas crianças, que se descobrem ao buscá-la num jogo de esconde-esconde em meio a uma cidade só delas.
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Com a proximidade dos primeiros Jogos Olímpicos na América Latina, o SESI-SP documenta, pelo trabalho de fotógrafos consagrados e também de fotógrafos amadores com deficiência visual, os feitos de atletas masculinos e femininos da instituição, distribuídos em 12
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modalidades. Suas performances e conquistas são mais do que um exemplo: são um incentivo para a formação de jovens campeões para as Olimpíadas do Rio, em 2016.
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O JOGO
da Glória Bárbara.
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A disputa de dois times no teatro entre as linhas
SÃO PAULO –do VILA DAS MERCÊS TAUBATÉ gramado pode ser encarada como uma metáfora CAT PROFESSOR VILLARES daCARLOS própriaPASQUALE vida: a luta diáriaCAT de LUIZ cadaDUMONT um de nós pela RUA JÚLIO FELIPE GUEDES, 138à custa de esforço RUA VOLUNTÁRIO sobrevivência e sacrifício,BENEDITO e tam- SÉRGIO, CEP 04174-040 - SÃO PAULO - SP - B. ESTIVA bém de muita criatividade e710 esperteza. Tel: (11) 2946-8172 CEP 12050-470 - TAUBATÉ - SP Em O JOGO, livro que abre a coleção comemorawww.sesisp.org.br/merces Tel: (12) 3633-4699 Às vezes os armários tiva dos 150 anos do Futebol, José Eduardo deguardam Car- segredos, às vezes é a imawww.sesisp.org.br/taubate ginação da gente que guarda segredos dentro do armário, valho faz uma análise detalhada do esporte que tem SÃO PAULO – VILA LEOPOLDINA e outras vezes temos mesmo cutias falantes, macacos, o poder de fazer o mundoVOTORANTIM parar. saposConsiderado e emas dançantes por em nossos quartos. Toda históCAT GASTÃO VIDIGAL alguns835 como deERMÍRIO ascensão soria que tem começoDE pode ter final a FILHO partir da imaginação, RUA CARLOS WEBER, - VILAuma oportunidade CAT JOSÉ MORAES guardada num de armário, escondida dentro de uma mala. instrumento alienaLEOPOLDINA cial, e por outros como umRUA CLÁUDIO PINTO NASCIMENTO, ideológica, que CEP 05303-902ção - SÃO PAULO - SPo futebol provoca 140 - JD.controvérsias MORUMBI Tel: (11) 3832-1066 18110-380 - VOTORANTIM - SP envolvem a própria vivênciaCEP humana, a economia, a www.sesisp.org.br/leopoldina Tel: (15) 3353-9200 política e as relações internacionais. Vanessa Prezoto vive em São Paulo. Estudou Desenho www.sesisp.org.br/votorantim Industrial e já trabalhou em várias agências de propaSERTÃOZINHO ganda e design. CAT ABBUD JOÃO DesdeNELSON pequena adorava desenhar e resolveu se dedicar a issoJOSÉ novamente depois de muitos anos trabalhando ISBN-978-85-65025-39-3 RUA RODRIGUES GODINHO, 100 como designer gráfica. CONJ. HAB. MAURÍLIO BIAGI Hoje Vanessa se divide entre os projetos de design e as CEP 14177-320 ilustrações para livros. - SERTÃOZINHO - SP 9 788565 025393 Ela ficou por ilustrar as Histórias mal contaTel: (16)superfeliz 3945-4173 das e achou muito divertido participar da imaginação www.sesisp.org.br/sertaozinho
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fazer é pensar
POLO AQUÁTICO & NADO SINCRONIZADO
primórdios da humanidade se transformaram em um esporte de alto rendimento, em que campeões, como o fenomenal Michael Phelps e o brasileiro Cesar Cielo, estabelecem recordes e marcas espetaculares que valem de ouro, prata e bronze.
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JOSÉ ED PR
Vela, Remo & Canoagem resgata a história da navegação esportiva. Afinal, competir a bordo de um veleiro, de um barco a remo ou de um caiaque nada mais é do que se integrar com o elemento que ocupa três quartas partes do planeta. Nós, brasileiros, vivemos em um país das águas. A costa tem 8.500 quilômetros, metade dos quais navegáveis. Em 21 mil quilômetros da rede hidrográfica, poderiam circular milhares de embarcações.
AÇÃO PONTO
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fazer é pensar
Quando percebeu que uma folha côncava e de bico fino era levada pelas águas com mais rapidez do que qualquer objeto achatado e quadrado, o homem descobriu a navegação. Mares e rios foram protagonistas na construção de nações e culturas, funcionaram como vias de transporte e rotas de desenvolvimento, uniram e separaram povos. Dominar as águas tornou-se sinônimo de poder, prova do desenvolvimento da espécie, até que o homem descobrisse que navegar também é um prazer, é lazer e competição. É esporte.
fazer é pensar
AMENTAIS, QUÁTICO & Ao navegar conosco por estas páginas, você entenderá Construindo Casas e móveis por que o Brasil, que já conquistou tantas medalhas olímpicas RONIZADO liTeraTura iNfaNTil: com a Vela, poderá ser uma potência olímpica se associar
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Em apenas dois anos de história, a SESI-SP Editora e a SENAI-SP Editora já produziram grandes feitos. Em números, foram mais de 140 títulos distribuídos em diversas coleções que compõem seus respectivos catálogos; em palavras, o conteúdo de qualidade de nossos livros que têm o compromisso de contribuir para a formação de um leitor diferenciado e bem informado.
Claudio Fragata nasceu em Marília, no interior de São Paulo, em 1952, mas mora na capital desde os 17 anos. Formado em jornalismo, trabalhou como editor em revistas como Galileu e Recreio e criou o projeto editorial dos Manuais da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Já escreveu vários livros para crianças e jovens, entre eles Zé Perri: a passagem do Pequeno Príncipe pelo Brasil; Uma história bruxólica; Adorada; As filhas da gata de Alice moram aqui, e Jura? Hoje, além de escrever livros e dar aulas, ainda arruma tempo para cuidar dos gatos Sofia e Fellini e também de um pé de ipê branco que ele pretende ver dando flor em cinco anos.
www.senaispeditora.com.br
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23/07/13 17:42
Ilustração de Guga Schultze para o livro O capitão Panfílio.