Revista Sophia 33

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ANO 9 ย Nยบ 33 R$ 10,90


Editora Teosófica Livros para viver melhor

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4 Ao leitor Mente, instrução e unidade

10 Uma nova concepção da mente Rupert Sheldrake

5 A descoberta da espiritualidade Marco Aurélio Bilibio Carvalho

14 A paz dinâmica Mary Anderson

16 Os cinco pilares da educação total Vicente Hao Chin Jr.

22 Sonhos e psicologia: Freud, Jung e mais além Antonio Lima

26 Instrução e intuição Ernest Wood

32 O que nos divide? P. Krishna

40 Aquietando-se naturalmente Radha Burnier

42 Os planetas e a escola da vida Ricardo Lindemann

Mensagens dos leitores

Estamos criando uma nova seção que estará presente a partir do próximo número da Sophia. Nossos leitores estão convidados a nos enviar suas opiniões e comentários sobre os temas abordados nos artigos de nossa revista. Esperamos, dessa forma, estabelecer um espaço para o debate, a interação e o aprofundamento de nossos estudos. As mensagens e comentários podem ser enviadas para o e-mail editorateosofica@editorateosofica.com.br ou pelo correio para Editora Teosófica SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF - 70200-630.


Mente, instrução e unidade

CAPA: IMAGENS DE SEBASTIAN KAULITZKI/NUTTAKIT

A nossa matéria de capa, um artigo de autoria do brilhante cientista Rupert Sheldrake, leva-nos a refletir sobre a maneira como ideias e crenças que são comuns e universalmente aceitas influenciam a nossa visão de mundo. O paradigma materialista e reducionista, que vem sendo adotado pela maioria dos cientistas de nosso tempo, postula que nossas operações mentais, tais como os pensamentos, são fruto de reações químicas no cérebro físico. O conceito de mente estendida de Sheldrake resgata uma visão de mundo que já era comum na Índia antiga e em outras culturas milenares. Segundo esta nova teoria, que tem embasamento científico, a mente se projeta para o mundo em função da forma como o observamos. Ela abraça os objetos e seres que compõem o nosso campo de percepção. Segundo esta revolucionária teoria, a mente se expande e se integra com o ambiente à sua volta de forma maleável. A teoria de Sheldrake explica fenômenos psíquicos que sempre foram descartados pela ciência ortodoxa como a telepatia, o senso de estar sendo observado, premonições, etc. Esta visão é compatível com os princípios do yoga e das tradições orientais, segundo os quais o sentimento de separatividade é uma grande ilusão. Na verdade estamos todos conectados. A nossa vida não é separada da vida universal. Nossa mente é una com a mente cósmica. Em seu artigo O que nos divide? P. Krishna nos mostra que somos muito mais parecidos, tanto fisicamente como em consciência, com o resto da humanidade. Geneticamente somos muito similares não só a outros seres humanos, mas também a outras espécies. Nossos órgãos, nosso sangue e nossa estrutura biológica são muito similares, independentemente da cor da pele e outros aspectos externos. Quando investigamos a consciência dos seres humanos, percebemos que compartilhamos as mesmas emoções e sentimentos como o medo, a solidão, o desejo de ser bem-sucedido na vida e o desejo de ser amado. Todo ser humano tem apegos, todo ser humano sofre e tem instintos similares. P. Krishna nos alerta que a divisão jaz na nossa incapacidade de ver a realidade na sua totalidade. A divisão é criada por nossa mente porque ela é incapaz de ver as coisas de maneira factual. Ela vê o mundo à luz de seu conteúdo mental, de seus preconceitos e predileções. Infelizmente o nosso sistema educacional, no lugar de promover a integração entre os seres humanos, promove preconceitos, o nacionalismo exacerbado, o conformismo e o consumismo irresponsável. Vincente Hao Chin Jr. sugere que em nossos lares devemos preencher

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as lacunas que a educação convencional não é capaz de prover. O que presenciamos é que as escolas preparam os alunos (especialmente os mais bem dotados) para passar no vestibular, para conseguir um bom emprego, mas não para viver a vida com qualidade e felicidade. Vicente relaciona os cinco pilares que devem ser objeto de atenção de todo o educador. Sugerimos uma leitura atenta e uma reflexão sincera sobre a forma como temos educado nossos filhos. Ernest Wood, em seu artigo, nos fala que instrução e intuição devem sempre estar de mãos dadas. Os ensinamentos que chegam até nós através do estudo e da experiência, do contato com o mundo exterior, somente podem ser compreendidos em profundidade através do lampejo da intuição. Assim como nossos sentidos nos colocam em relação corporal com o sol, com as pessoas e com os objetos, nossas intuições relacionam-nos com a consciência universal. Wood comenta que através da meditação entramos em contato com uma consciência enormemente superior, capaz de dar um significado maior a nossa existência. Ele nos fala da Intuição do Amor, através da qual testemunhamos nossa unidade interior com todos os seres. Radha Burnier dá uma instrução importante para aqueles que buscam se aprofundar na meditação, mas que têm dificuldade de manter a mente num estado de quietude: desenvolvam a impessoalidade e o desapego. A consciência autocentrada tende a se manter inquieta em razão de suas preocupações e sua constante busca de satisfação de desejos. Vamos seguir nos instruindo, aprendendo com a vida, mas vamos estar atentos para nossa postura diante das situações em que a vida nos coloca. Que nós possamos ser cada vez mais impessoais e amorosos. Que nós estejamos abertos para as nossas melhores intuições. Namastê. Eduardo Weaver Diretor-Presidente da Editora Teosófica

SOPHIA - Ano 9, nº 33 - Jan/Mar 2011 - Publicação da Ed. Teosófica SGAS Q. 603, s/nº - Brasília-DF CEP 70.200-630 Fone: (61) 3322-7843 Fax: (61) 3226-3703 E-mail: editorateosofica@ editorateosofica.com.br Site: www.editorateosofica.com.br Editor-chefe: Eduardo Weaver Coordenadora editorial: Zeneida Cereja da Silva Conselho Editorial: Marcos Luis Borges de Resende, Eduardo Weaver, Pedro Oliveira e Zeneida Cereja da Silva.

Edição: Usha Velasco - DRT-DF 954/99 Revisão: Zeneida Cereja da Silva Tradução: Edvaldo Batista de Souza Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Gráfika Papel e Cores Distribuição nacional: Fernando Chinaglia * As imagens utilizadas são de exclusiva responsabilidade do editor-chefe.

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A descoberta da

espiritualidade

Se o desaprender é fundamental, há também o aprender fundamental: abrir-se para o desconhecido, confiando na natureza espiritual da realidade

Marco Aurélio Bilibio Carvalho*

ANNA KAMINSKA

Você já se perguntou o que é espiritualidade? Para muitas pessoas, a espiritualidade é aquilo que é vivenciado por quem professa uma religião. De fato, dentro do universo das religiões, com seus ensinamentos e cultos, pode-se entrar numa atmosfera de profunda elevação espiritual. Além disso, nossa cultura religiosa ocidental ensina que não há espiritualidade fora da religião, e diferentes religiões disputam o privilégio de serem o único caminho para Deus. No entanto, Gordon Allport, um dos mais importantes psicólogos do século XX, em um estudo sobre preconceito observou que, paradoxalmente, no meio religioso encontram-se tanto os mais impactantes exemplos de compaixão e tolerância, como os mais perturbadores exemplos de preconceito, violência ideológica e intolerância. Isso significa que professar uma religião não está necessa-

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riamente associado a uma genuína vivência espiritual. E, portanto, a pergunta continua: o que é espiritualidade? Analisada do ponto de vista subjetivo, ou seja, naquela dimensão que se passa no interior de nossa mente, a espiritualidade surge como uma qualidade especial da consciência da ordem do amor, da sabedoria e da paz interior. Ela pode ser inspirada e estimulada pela prática religiosa ou, como percebeu

Allport, pode ser suprimida por uma prática inadequada e imatura, tanto do ponto de vista existencial como ético. Quando a vivência religiosa atua positivamente na geração da qualidade espiritual da consciência, o faz através de exemplos e ensinamentos libertadores, que geram um entendimento da realidade que é inspirador e induz à ação e ao aprofundamento. A qualidade espiritual da consciência, então, cresce firme-

mente gerando harmonia à sua volta e distribuindo aos mais próximos a inspiração que a alimenta. No entanto, quando a prática religiosa suprime a espiritualidade, surgem estados de fanatismo e credulidade, julgamentos arrogantes em relação ao diferente, domínio sobre a consciência de outros, supressão da autonomia e da liberdade de pensamento, perda da espontaneidade e propensão a representar papéis de superioridade. Nesse caso, a vivên-

Mesmo os seres inanimados, os minerais, por exemplo, possuem algum grau de consciência, e na dimensão da vida e da consciência estão todos ligados

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cia religiosa pode gerar grande prejuízo nas relações interpessoais e desestabilizar interiormente seus praticantes. Impossibilitados de contar de forma autônoma com seus recursos interiores, já que sua liberdade mental e discernimento são vistos com desconfiança, tornam-se cada vez mais dependentes de figuras externas de autoridade. Uma interessante definição de espiritualidade foi dada por Annie Besant, uma ativista social que vi-

veu no final do século XIX e começo do século XX, e que se tornou teosofista após conhecer a fundadora do movimento teosófico, Helena Blavatsky. Besant afirmou que espiritualidade é a percepção da unidade. O conceito de unidade remete a ensinamentos antigos presentes em muitas tradições, e afirma que existe uma realidade última que está na origem do mundo manifestado, onde todas as coisas estão conectadas e compartilham da

mesma natureza e origem. A noção de interdependência, presente no paradigma sistêmico que surgiu da física de partículas e que rapidamente domina os mais diversos cenários atuais da ciência, confirma esse antigo axioma. Do ponto de vista da consciência, portanto, a espiritualidade implica em ultrapassar o pensar discriminativo. No entanto, isso é insuficiente para a compreensão do que Annie Besant procurou mostrar.

Consciência da unidade

LIZZY CORNWELL

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Besant conhecia profundamente o pensamento oriental, pois viveu toda a fase madura de sua vida na Índia, estudando e meditando sobre seus legados espirituais. Profunda conhecedora da filosofia do yoga, ela sabia que a espiritualidade está associada à existência de camadas gradualmente mais profundas de nossa mente. Em outras palavras, a dimensão espiritual é a essência de nós mesmos, sendo a mente como a vivenciamos e todo o funcionamento psicológico que nela toma lugar apenas a camada mais externa de nosso ser. Para o yoga, nossa verdadeira natureza espiritual está semiadormecida em suas regiões mais profundas, impedida de se manifestar plenamente em razão da superficialidade de nossa mente e da falta de sintonia com os estados interiores. Um termo sânscrito, buddhi, esclarece a definição proposta por Besant. Buddhi significa inteligência espiritual, ou intuição, a capacidade de compreender de forma direta a essência e a natureza das coisas. Nos sábios, buddhi está desperto, gerando aquela classe de discernimento que honra esse termo, ou seja, ir ao cerne das coisas. Quanto mais presente está buddhi, mais o centro da consciência está próximo da unidade, e mais firme é a noção de inter-

dependência e da consequente capacidade de identificar-se com todos os seres como parte de si mesmo, ou mais propriamente, sendo todos parte do mesmo ser. Além da noção de unidade, outros dois aspectos da filosofia oculta da Índia explicam o contexto conceitual das palavras de Besant. O primeiro é o de que tudo está vivo e expressa algum grau de consciência. A noção ocidental de seres animados e inanimados não existe nessa visão. Mesmo os seres considerados inanimados, como os minerais, possuem algum grau de consciência, e na dimensão da vida e da consciência estão todos ligados. Mesmo os objetos construídos são átomos e moléculas que estão vivos e também possuem certo grau de consciência. O segundo aspecto é que existe uma relação de analogia e simbolismo entre micro e macrocosmo. Portanto, o ser humano guarda na profundidade espiritual de seu ser as mesmas forças e princípios que criaram o universo. A mente humana é expressão da mente cósmica que arquitetou o universo. O poder criador que move todas as coisas também se move em nós, e a força aglutinadora e geradora de vida se expressa em nós como amor nas mais diversas formas. 7


Exilados de nós mesmos A questão central da espiritualidade, portanto, é como descobrir em nós o seu poder. Se é verdade que ela é a essência de nosso ser, estarmos privados de sua presença significa estarmos exilados de nós mesmos. Para tal exílio, não há movimento físico de volta possível, porque a cisão ocorre na subjetividade da consciência. Tal exílio equivale a estar condenado a uma cons-

tante insatisfação existencial, onde a diversão do momento sempre perde o seu encanto. Buddhi, ao contrário, se expressa como felicidade sem causa, um estado de plenitude e de puro ser que nenhuma busca exige ou necessita. Talvez a primeira atitude segura associada ao despertar da espiritualidade seja assumir que somos apenas alunos e sempre o seremos. Mesmo alguém que está capacitado para ensinar algo sobre espiritualidade a quem está numa fase menos adiantada sempre é uma criança face às crescentes complexidades e aos mistérios que se encontram no caminho. De fato, abandonar a postura de aprendiz pode ser um grave risco para o caminhante, que pode satisfazer-se por orgulho e arrogância com supostas posições de superioridade. Essa inversão de perspectiva está na origem da derrocada de grandes movimentos espiritualistas. A postura do aluno (discípulo) implica assumir a ignorância e ser preenchido pela sinceridade do perguntar e do escutar. O caminho passa a ser, então, o deleite de descobrir o impressionante e encantador

DAVIDE GUGLIELMO

Assim como um copo d água pode guardar em seu fundo, por decantação, partículas de sujeira, também nós temos nosso psiquismo carregado de toxinas emocionais e mentais 8

espetáculo divino, cuja sabedoria vai sendo gradual e parcialmente desvelada. Esse é um processo pleno de beleza e encantos surgidos da comunhão com a grande mente. É ao mesmo tempo pleno de decepção e dor resultantes da nossa ignorância. A superação da ignorância espiritual, sempre lembrada pela dor, faz gradualmente aflorar a qualidade da sabedoria, da paz e do amor característicos da espiritualidade real. Os termos aluno, aprendiz ou discípulo tornam-se ainda mais apropriados quando observados dois aspectos do caminho. O primeiro é que se cria uma relação de aprendizado consciente em que quem ensina é a própria vida. A cada pergunta, consciente ou inconscientemente formulada pelo aprendiz, haverá uma resposta. O que fica em questão, aqui, passa a ser a capacidade do aprendiz identificar e escutar o que a vida traz como resposta. Esse é um exercício encantador que fortalece imensamente a confiança no processo do aprendizado e deixa muito evidente que estamos envoltos num incrível mistério. A pequena mente do aluno e a grande mente cósmica começam a dialogar. O segundo aspecto é explicado pela filosofia oriental como o estabelecimento de um vínculo do aprendiz com mestres espirituais, vínculo esse que o aprendiz pode desconhecer. O que ocorre é que, quando o pensamento purificado e sincero do buscador atinge níveis vibratórios mais sutis, inevitavelmente entra nas faixas vibratórias que são o campo de ação dos verdadeiros mestres espirituais. Tal como sabemos quando alguém bate à porta de nossa casa, esses seres iluminados que acompanham secretamente o desabrochar espiritual de todos os seres não deixam de perceber quando alguém atinge ou toca os reinos invisíveis mais sutis da realidade, SOPHIA JAN-MAR/2011


BENJAMIN EARWICKER

quem deseja tocar essas regiões vibratórias mais sutis. Gerar a motivação correta, desprovida de egoísmo, é uma fase crucial do verdadeiro despertar espiritual. Equivale a colocar água tremendamente pura no copo, o que inevitavelmente levanta a sujeira depositada no fundo. Superar o peso psí O aprendiz deve quico das motivaaprender a desações egoístas é um prender. É necestrabalho alquímico que cabe ao próprio sário reconquistar aprendiz. Descartar a espontaneidade o que se tornou veinterior de uma lho, como conceitos criança na experie crenças que não ência e maturidaservem mais, buscas de de um ancião, obsessivas que só sempre com a monos prendem, hábitivação inegoísta tos perniciosos e a capacidade de gerar sofrimento são a desintoxicação necessária ao aprendiz. Ele deve aprender a desaprender. É necessário reconquistar a espontaneidade interior de uma criança tendo a experiência e maturidade de um ancião. Apenas a leveza da motivação inegoísta possibilita isso. O copo, então, estará cheio de água pura. Se o desaprender é fundamental, há também o aprender fundamental: o de abrir-se para o novo, o desconhecido, e fazê-lo sem ser tomado pela insegurança, confiando apenas no próprio discernimento e na natureza espiritual da realidade. Com a capacidade de olhar de forma nova para tudo, compropa, autocobranças que geram inquimetida com a verdade e com a etação, egocentrismo e isolamento. motivação de gerar felicidade para Isso nos torna psicologicamente petodos os seres, a qualidade amosados, especialmente pelos nódulos rosa, pacífica e sábia da espirituaemocionais que geram as defesas lidade vai ocupando irreversivelque formam nossa personalidade. mente o lugar central que lhe está Por defesa, nos tornamos egocenreservado em nossa vida e em nostrados, em constante busca de nossa consciência. sos interesses. Apesar de ser considerado normal em nossa sociedade, esse funcionamento é pleno de motivações egoístas que se tornam * Marco Aurélio Bilibio Carvalho é psicólogo e membro da Sociedade Teosófica. um impedimento intransponível para

mesmo tendo o pensar e a aspiração ainda incipientes. A criação desse vínculo, mesmo que o aspirante não saiba, será de fundamental importância para seu futuro. Assim como um copo d água pode guardar em seu fundo, por decantação, partículas de sujeira, também nós temos nosso psiquismo carregado de toxinas emocionais e mentais. Carregamos um enorme peso psicológico de crenças, condicionamentos, autoimagens negativas, culSOPHIA JAN-MAR/2011

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Uma nova concepção da

mente

A ideia de que a mente é mais extensa que o cérebro não é nova; é encontrada nas filosofias da Grécia, da Índia e nas tradições budistas. É algo sobre o qual os teosofistas falam há muito tempo

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Rupert Sheldrake*

SEBASTIAN KAULITZKI / NUTTAKIT

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Minha ideia da existência da mente além do cérebro físico é o que chamo de mente estendida. Gostaria de sugerir que a mente é muito mais extensa que o cérebro; ela se estende por meio de campos que chamo de campos mórficos. Os campos mórficos, como os conhecidos campos da física como os campos gravitacionais , são regiões não materiais de influência, estendendo-se no espaço e continuando no tempo. Estão localizados dentro e em torno dos sistemas que organizam. Quando qualquer sistema organizado deixa de existir, como quando um átomo se desintegra, um floco de neve derrete ou um animal morre, seu campo organizador desaparece daquele lugar. Mas num outro sentido, os campos mórficos não desaparecem: são potenciais padrões organizadores de influência e podem de novo aparecer fisicamente em outros tempos e lugares, onde e quando quer que as condições físicas sejam apropriadas. Quando o fazem, contêm dentro de si uma memória de suas prévias existências físicas [The Presence of the Past, p. xviii]. Pelo fato de a existência desses campos ter me intrigado durante muito tempo, desenvolvi experimentos que de fato proveem forte evidência para sua existência como hipótese científica. Todos nós estamos familiarizados com campos que se estendem de objetos materiais; o exemplo mais óbvio é o ímã. O ímã é um objeto físico, material, que você pode segurar na mão, mas que tem um campo de influência que se estende a todo o seu redor o campo magnético que é invisível e que pode ter efeitos a distância. Outro exemplo, mais moder-

no, é o telefone celular. O objeto que você segura na mão tem uma composição material que se pode pesar e analisar, mas sua função depende de fatores muito além de seus componentes materiais. Depende de campos invisíveis que se estendem muito além dos limites do próprio telefone celular, e toda sua função depende desses campos estendidos. De modo semelhante, os campos de nossa mente têm raízes no cérebro, mas se estendem muito além dele, segundo nossas atenções e intenções. A ideia de que a mente é mais extensa que o cérebro não é nova; é encontrada nas anti A visão científica gas filosofias da convencional de Grécia, da Índia que tudo está dene nas tradições tro da cabeça é budistas. É algo apenas uma suposobre o qual sição. É uma teoria também os teosofistas vêm faque não foi adelando há muito quadamente testatempo. da, porque não foi A visão ciquestionada entífica convencional é de que a mente é o cérebro, e a atividade mental só é atividade no cérebro físico em outras palavras, que tudo está dentro da cabeça. Isso é o que muitos dos meus colegas cientistas consideram como sendo ponto pacífico (pelo menos quando estão trabalhando). É também a visão em função da qual milhões de dólares são gastos a cada ano em pesquisa médica e cerebral. É o que é ensinado nas escolas e universidades. É a suposição em voga na nossa cultura. Entretanto, é apenas uma suposição, uma teoria que não foi adequadamente testada, porque não foi questionada. Podemos verdadeiramente testar essa teoria e refutar essa suposição por meio de experiências simples. 11


Exame crítico das evidências

Logo que aceitamos a teoria de que a mente é mais extensa que o cérebro, toda uma gama de fenômenos inexplicados começa a fazer sentido. Entre eles a sensação de estar sendo observado, a telepatia e todo um leque de fenômenos ainda mais misteriosos, como as premonições. Todas essas coisas são normais: normais no sentido de que são comuns, muitas pessoas as experimentam; elas acontecem de fato, são parte da natureza. Contudo, são consideradas tabu do ponto de vista da ciência institucionalizada, porque não combinam com o ponto de vista materialista da mente estar dentro da cabeça . Muitos cientistas preferem não discutir esses fenômenos e consideram sua existência impossível. Aliás, alguns céticos ficam realmente irados à simples menção de coisas como telepatia, e existem grupos organizados de céticos que agem como vigilantes, policiando as fronteiras da ciência e tentando suprimir a discussão e a pesquisa sobre esses tópicos. Como eu sou um de seus alvos preferenciais, isso me tem feito refletir sobre a razão de eles ficarem tão irados com esse tipo de coisa. Parece-me que é porque esses fenômenos são anomalias que ameaçam uma visão estabelecida de mundo. Muitas pessoas aceitam a visão de mundo materialista, tranformando-a em algo semelhante a uma religião. Eles se apavoram com a ideia de que, se algumas dessas teorias forem aceitas, a ciência e a razão serão reduzidas a pó e a civilização será assolada pelo que Freud chamou de a lama negra da superstição . Essas coisas são tão assustadoras para alguns que eles sentem que essas teorias devem ser mantidas a distância a todo custo. Em vez de negá-los veemente e dogmaticamente, o certo seria testar esses fenômenos com a mente aberta. Esse seria o verdadeiro espírito da pesquisa científica. Toda ciência está baseada no exame crítico das evidências para ver se pode haver explicações alternativas. É desse modo que funciona a ciência organizada.

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Estamos familiarizados com campos que se estendem, como o ímã. Ele tem um campo de influência que se estende a todo o seu redor, que é invisível e que pode ter efeitos a distância SOPHIA JAN-MAR/2011


A mente se estica

MICHAEL CHAMBERLIN

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Para entender a ideia da visão estendida, podemos usar a natureza da visão como referência. A visão é absolutamente fundamental para a experiência dos seres humanos e para a maioria dos animais. O mecanismo da visão pode ser descrito da seguinte forma: a luz viaja através do campo eletromagnético, reflete em um objeto, penetra nos olhos e imagens invertidas aparecem na retina. Então mudanças ocorrem nas células cone, impulsos elétricos viajam pelo nervo ótico, produzindo complexos padrões de atividade elétrica e química no cérebro. Tudo isso tem sido estudado usando-se métodos neurofisiológicos. Mas então acontece algo muito misterioso que a ciência não consegue explicar: você se torna consciente do que está vendo. A própria consciência é o maior mistério para a ciência. Nada existe a respeito da consciência nos livros didáticos de física, química ou biologia. Contudo, ela é a base de toda a nossa experiência na própria ciência. O fato de que você se torna cônscio de sua experiência ainda é um mistério. Um mistério ainda maior é que você foi educado para crer que a experiência que está ocorrendo diante de você está acontecendo dentro do seu cérebro, mas na realidade esta não é a forma como você percebe. Você percebe e visualiza a imagem como estando à sua frente. Eu proponho que a imagem que você forma de um objeto está localizada bem à sua frente, e não dentro do seu cérebro. A visão envolve um processo de mão-dupla: um movimento da luz para o interior e uma projeção de imagens para o exterior. Assim, tudo que você vê à sua volta está onde parece estar. Essas imagens são projetadas pela mente. Elas estão na mente porque são interpretadas pela sua mente, produzidas pela mente, mas não estão dentro do cérebro. Em outras palavras, nossa mente

se estica para tocar o que estamos olhando. As imagens que projetamos coincidem com o que estamos vendo. Se não coincidissem, ficaríamos trombando com as coisas o tempo todo (e certamente isso seria uma desvantagem do ponto de vista da sobrevivência). O fato de que tudo se desenrola suavemente e que não atingimos os objetos é algo que temos como fato consumado. Essa visão em mão-dupla está muito mais de acordo com nossa experiência. É no que acreditam hindus, budistas, sábios e mestres tibetanos, e também no que crianças com menos de dez anos geralmente acreditam. Segundo os estudos do psicólogo desenvolvimentista Jean Piaget sobre o desenvolvimento intelectual de crianças antes da idade de dez anos, a criança normalmente acredita que a visão envolve o movimento das influências para fora dos olhos. Após os dez ou onze anos, a criança aprende a visão correta , que é a de que pensamentos e imagens são coisas invisíveis dentro da cabeça. A maioria de nós cresceu com essa ideia. É parte dos axiomas padrões de nossa cultura. A maioria das pessoas, quando assimila a ideia, é jovem demais para desafiar o que é na verdade uma teoria filosófica que se tornou parte integrante de nossa cultura. A ideia de que todos os pensamentos só existem no cérebro começou como uma teoria filosófica excêntrica no século XVII e agora se tornou uma teoria predominante em todo o Ocidente. Ela jamais foi a teoria dominante em outras culturas.

* Rupert Sheldrake, Ph.D., é autor de vários livros e membro do Institute of Noetic Sciences. Foi membro pesquisador da Royal Society, bolsista da Clare College, Cambridge, e membro da Frank Knox na Universidade de Harvard.

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A paz

Mary Anderson*

dinamica ^

Para não haver conflito não deve haver divisão isolando nossos corações. Não podemos nos separar de ninguém internamente

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O século 20 caracterizou-se por guerras cruéis, mais do que qualquer outro período da história. As pessoas anseiam pela paz. Mas o que querem dizer com paz? Podemos pensar na paz como ausência de guerra. Mas será apenas isso? O conflito pode existir separadamente da guerra. Nos chamados tempos de paz também existem conflito e violência nas ruas, nos lares, nas escolas, nos escritórios. Existem crime e persegui-

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VIOLETKAIPA

ções, depressão e outros problemas que levam até mesmo ao suicídio. Portanto, as pessoas anseiam por não apenas estar livres de guerras, mas de violência sob qualquer forma. E acima de tudo anseiam pela paz interior, sem conflitos internos. Frequentemente há conflito em nós, sob muitas formas. Às vezes estamos em guerra contra nós mesmos. Pode ser uma luta entre nossos desejos e deveres, ou entre desejos conflitantes ou deveres conflitantes; ou contradição entre a realidade e nossa imagem das coisas. Krishnamurti indagou: O que ocorre quando se presta total atenção àquilo que chamamos de violência? Quando se está prestando total atenção existe cuidado, e não se consegue cuidar se não há amor. E quando na atenção existe amor, será que haverá violência? Atenção significa ver as coisas como são, sem justificá-las ou rejeitá-las.

A verdadeira paz surge quando cessa o conflito interno. Mas essa não é uma paz passiva; é também força, amor e alegria. Tudo isso se irradia da nossa mente, tornando possível a cooperação e o trabalho construtivo e criativo com os outros SOPHIA JAN-MAR/2011

Mas se rejeitamos a violência, o conflito continua; ele segue pelo subsolo e algum dia pode entrar em erupção como um vulcão. Portanto, o conflito interno é um problema. Mas, por outro lado, pode levar a uma ação necessária e promover a solidariedade. Somos impelidos à atividade como medida defensiva ou nos aproximamos de outros em oposição a um inimigo comum . A atividade e a solidariedade em situações de conflito podem ser necessárias e úteis. A paz que desejamos é a ausência de conflito. Mas poderá ser algo positivo, envolvendo harmonia, amor e criatividade? A paz não é apenas um estado externo, mas também interno, e não apenas passiva, mas dinâmica. Ela depende de condições internas. O espírito está em paz e é livre em quaisquer que sejam as circunstâncias externas: Muralhas de pedra não fazem uma prisão, barras de ferro também não. Podemos perceber o poder do pensamento e a necessidade de paz interior. Mas como essa paz pode acontecer em nós? Pode ser após muita busca espiritual, mas pode também ser num segundo. O primeiro passo é perceber objetivamente nossos conflitos; então, eles podem desaparecer. Krishnamurti disse: Onde há divisão deve haver conflito. É a lei! Divisão aqui significa divisão psicológica: separar-se como indivíduo ou grupo de outros indivíduos e grupos. Para não haver conflito não deve haver divisão isolando nossos corações. Isso não exclui a diversidade. Somos todos diferentes física e psiquicamente, mas espiritualmente estamos unidos. Não podemos nos separar de ninguém internamente. Não imagine que você pode se separar do homem mau ou do tolo. Eles são você mesmo. O que acontece nas relações quando há conflito? Se nosso relacionamento com os outros for superficial, se depender de conforto físico, prazer emocional e concordância mental, se estiver centrado em nós e na convicção de que somos diferentes dos outros talvez melhores ou mais interessantes , o conflito é possível a qualquer mo-

mento. Mas se o relacionamento ocorre num nível profundo, onde o espírito salta para o espírito através do véu da carne , então ficamos mais próximos das pessoas, vemos suas fraquezas como se fossem nossas e sentimos compaixão e compreensão, mesmo que nem sempre concordemos com elas. A verdadeira paz interior surge quando cessa o conflito interno. Mas essa não é uma paz passiva; é também força, tanto quanto amor e alegria. Tudo isso se irradia da nossa mente, dos sentimentos e até do corpo, tornando possível a cooperação e o trabalho construtivo e criativo com os outros. Essa paz que transmite compreensão pode iluminar nossas vidas e, uma vez que todos compartilhamos da mesma vida e somos a mesma vida, pode espalhar-se e plantar as sementes da paz externa a ausência de guerra e de violência. A Primeira Nobre Verdade proclamada por Buda fala da dor e do sofrimento. Não será a violência a própria dor? Não acarretará ela sofrimento? A Segunda Nobre Verdade fala da causa da dor. Não estará a causa da violência em nosso coração? O mesmo se dá com o fim da dor a Terceira Nobre Verdade , que está na transformação em nossos corações, em nossa vida diária. Então o Nobre Caminho Óctuplo a Quarta Nobre Verdade se abrirá diante de nós, pois teremos dado o primeiro passo, a correta percepção das coisas, inclusive a causa interna da miséria humana e o conhecimento de que a paz começa na nossa mente, mais próxima da mente dos outros do que imaginamos. Como podemos compreender isso? Como podemos nos aproximar dos outros quer sejam humanos, animais, a natureza ou o Divino? Virando as costas à autopreocupação, ao autointeresse, à autoimportância. Então, em nossos corações haverá espaço para os outros. Isso produzirá a verdadeira paz em nós e no mundo. * Ex-secretária internacional da ST e autora de inúmeros artigos sobre teosofia e religião comparada.

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Os cinco pilares da

educação total Quando você mandar seus filhos para a escola, lembre-se de que quase nenhuma dará a educação total que irá prepará-los para a vida. As escolas preparam os alunos principalmente para a competência acadêmica, com o intuito de que fiquem mais qualificados para quaisquer que sejam as carreiras que busquem na vida. Mas segurança financeira é apenas uma parte da vida. Existem outros aspectos que são igualmente importantes, se não mais importantes, como realização e felicidade. De que adianta ter muito dinheiro se você não se sente realizado e feliz? As escolas passam até 14 anos sistematicamente ensinando aos alunos como dominar a matemática. No entanto, será que passam duas semanas sistematicamente ensinando aos jovens como lidar com o estresse? Ou a arte e a ciência da felicidade? Ou como ter relacionamentos eficazes? Ensinam aos alunos como lidar com a raiva? Ou como ser honestos e praticar a integridade? Como pais, temos que preencher os vazios na educação de nossos filhos que a escola não pode prover. Portanto, o lar é uma escola importante. É em casa que as jovens mentes aprendem as habilidades do viver. Todo dia, quando você interage com seus filhos, quando janta com eles, quando fala com eles, você está transmitindo importantes lições de vida. Essas lições 16

devem ser planejadas. Devemos também lembrar que um elemento crucial nessa educação para a vida é o modelo você demonstra como é feito. Existem cinco aspectos importantes na educação total. As escolas ensinam apenas alguns deles.

As escolas preparam os alunos principalmente para que fiquem qualificados para suas carreiras. Mas existem outros aspectos igualmente importantes, se não mais, como realização e felicidade

1. Saúde O primeiro pilar da educação total é ensinar aos jovens como serem saudáveis. Quando a saúde sucumbe, todos os sonhos e visões de uma vida podem murchar e desaparecer. Muitas famílias perdem as economias de toda uma vida com apenas uma grande cirurgia, e geralmente incorrem em grandes dívidas que têm que pagar durante muitos anos. Uma saúde debilitada é geralmente acompanhada de baixos ou imprevisíveis níveis de energia. Winston Churchill disse, certa vez, que o segredo do seu sucesso estava em sua energia. Muito frequentemente a educação física nas escolas não ensina os elementos de uma boa saúde. Ensinam-se esportes, exercícios. Mas estas coisas não são suficientes para tornar alguém saudável. O elemento mais importante da saúde é a dieta o que comemos e muitos professores são reservados quando se fala de dieta porque eles mesmos não conseguem se refrear quanto aos tipos de comidas e bebidas errados, como carne e refrigerantes. Você sabe qual grupo étnico tem

FIRMA V

Vicente Hao Chin Jr.*

SOPHIA JAN-MAR/2011


a mais longa média de vida no mundo? São os okinawas do Japão, os hunzas do nordeste do Paquistão, os vilcacambas do Peru e os abkhasianos dos Montes Urais da Rússia. Eles têm a mais elevada concentração de centenários que ainda estão saudáveis e ativos. O que esses quatro grupos têm em comum? A maioria segue uma dieta vegetariana. O maior estudo sobre saúde e nutrição já feito é a pesquisa de 20 anos, agora conhecida como o Estudo da China, realizado pela Universidade Cornell, a Uni-

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versidade Oxford e a Academia Chinesa de Medicina Preventiva. Colin Campbell, o chefe do estudo, resumiu suas descobertas da seguinte maneira: As pessoas que mais ingeriam comida de origem animal adquiriam as doenças mais crônicas. (...) Aquelas que se alimentavam mais com comida de origem vegetal eram as mais saudáveis e não tinham tendências a doenças crônicas. Esses resultados não podem ser ignorados. Você sabe quais grupos étnicos têm a menor média de vida no

mundo? São os esquimós, os lapões e os greenlanders. Eles vivem no Polo Norte, onde não há plantas, já que a terra é coberta de gelo e neve praticamente o tempo inteiro. Sua dieta é baseada exclusivamente em carne e peixe. A média de vida é de apenas 35 a 45 anos. Ensine, então, aos seus filhos as fundações de uma vida saudável, começando com a dieta. Outros aspectos importantes da boa saúde são os exercícios físicos, a ausência de vícios e uma filosofia de vida salutar.

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2. Maturidade emocional O segundo pilar da educação total é a maturidade emocional, que produz equilíbrio e alegria. Nossos filhos quase nada aprendem sobre isso na escola. Na verdade, a vida na escola é muitas vezes fonte de estresse, depressão, frustração, medo, raiva e dor. Hábitos emocionais como medo, raiva, depressão e ressentimento são aprendidos enquanto as crianças crescem. Enquanto houver raízes instintivas para esses padrões de reação, o fator inato é insignificante quando comparado à parte aprendida. Os bebês, por exemplo, têm apenas dois medos instintivos: medo de sons altos e medo de cair.

Com o tempo ambos desaparecem, mas à medida que crescem aprendem uma enorme quantidade de novos medos oriundos de seus pais e da sociedade: medo de autoridade, de rejeição, de falar em público, de críticas, de serpentes, de baratas, de confrontação, de sangue, de dentistas, de acidentes, da morte etc. O medo distorce as percepções e turva o julgamento, resultando em reações e decisões insensatas. A raiva é outro exemplo de um hábito que pode ser danoso. Pessoas com temperamento descontrolado frequentemente são evitadas pelas outras pessoas e tornam-se ineficazes nos relacionamentos e no trabalho. No seu local de trabalho, olhe ao redor e tente identificar as

pessoas que você acha que merecem promoção como gerentes ou líderes. Estou quase certo de que essas pessoas não são escravas de seus temperamentos e raivas. Elas não se voltam indiscriminadamente contra os outros quando estão de mau humor. Sabem lidar bem com suas emoções. Daniel Goleman escreveu, no livro Inteliência Emocional, que se tornou um best-seller: O seu QI lhe garante um emprego, mas seu QE [Quociente Emocional] lhe garante uma promoção. É difícil lidar com pessoas temperamentais; elas são muitas vezes imoderadas não apenas no trabalho, mas também em casa. Sendo assim, geralmente têm dificuldades em suas vidas conjugais. Pessoas temperamentais são candidatas frequentes à SIMONA BALINT

Como pais, temos que preencher os vazios na educação de nossos filhos que a escola não pode prover. Portanto, o lar é uma escola importante

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A inteligência é nutrida por um ambiente de curiosidade, encorajamento, solução de quebra-cabeças, jogos criativos, investigação e liberdade DAVID STERN

demissão do trabalho. Algumas terminam na prisão por tentativa de agressão ou até assassinato, devido a uma raiva incontrolada. A maturidade emocional é tão crucial na educação dos jovens que a escola deve ensinar isso assiduamente, dia após dia, ano após ano. Mas o problema é que mesmo a maioria dos professores não é emocionalmente madura. Fazem uso da raiva e do medo para controlar os alunos. Poderá a maturidade emocional ser aprendida? Sim, definitivamente pode ser ensinada e aprendida. Não é por acaso que algumas pessoas parecem calmas e eficazes ao lidar com situações difíceis, enquanto outras se enfurecem à menor provocação. Ambas aprenderam esses modos de reação com seus pais. Um fundamento importante da maturidade emocional é aprender como controlar a tensão e o estresse na vida diária. Sabe-se que já existem técnicas testadas pelo temSOPHIA JAN-MAR/2011

po para se lidar com o estresse diário, mas apesar disso quantas escolas ensinam essas técnicas nas salas de aula? Como podem os professores ensinar essas coisas se eles mesmos estão estressados?

3. Inteligência Inteligência é a capacidade de compreender as coisas e aplicar tal compreensão em várias situações da vida. Supõe-se que as escolas sejam eficazes no desenvolvimento desse aspecto, mas infelizmente há muitas que fracassam seriamente em nutrir a inteligência nas crianças. Professores e administradores, via de regra, preocupam-se excessivamente com notas, provas e o cumprimento do plano de ensino, e assim não têm tempo para avaliar se os alunos absorveram inteligentemente as lições ou se apenas memorizaram as respostas. Uma parte do problema devese à ênfase nos sistemas de notas e

na competitividade das escolas. Os alunos começam a equiparar a realização com notas e reputação, em vez de equipará-la com a verdadeira inteligência. A maioria dos professores está consciente de que notas e testes escritos não são as verdadeiras medidas da genuína capacidade dos alunos; contudo, são forçados pelo sistema a usá-los como se fossem os melhores meios de avaliar o aprendizado. A inteligência é nutrida por um ambiente de curiosidade, encorajamento, solução de quebra-cabeças, jogos criativos, investigação, liberdade, compreensão conceitual, prática da sua real aplicação na solução de problemas, no desenvolvimento da capacidade para insights e pensamento lateral etc. É difícil aplicar notas a essas habilidades, porque elas são multifacetadas. Howard Gardner, de Harvard, identificou nove tipos de inteligências, e os testes de QI medem apenas um deles. 19


4. Competência Uma pessoa inteligente não é necessariamente uma pessoa competente. Competência é uma capacidade difícil de ser medida, mas, quando vista, é facilmente reconhecida. Quando uma tarefa é designada a alguém, pode-se confiar em que a pessoa a realizará com um mínimo de supervisão. A competência cobre um amplo espectro de capacidades que incluem autoconfiança, gerenciamento de tempo, eficácia em lidar com as pessoas, desembaraço, criatividade, habilidade de suportar infortúnios, perseverança etc. Altas realizações acadêmicas não se traduzem necessariamente em competência. De certa maneira, a educação escolar errada pode prejudicar a competência, como quando os professores induzem os alunos ao medo em vez de auxiliá-los a desenvolver a autoconfiança. A competência desenvolve-se a partir da prática constante da própria inteligência, autodisciplina e qualidades similares ao se enfrentar uma situação ou um problema. Pequenos triunfos aumentam a autoconfiança da pessoa em ser competente. Fracassos repetidos diminuem o sentimento de competência. Assim, pais e professores devem dar repetidas oportunidades aos jovens para aplicar sua inteligência e habilidades em situações complexas, de tal modo que eles se sintam encorajados através de pequenas realizações e sejam elogiados e apreciados.

5. Caráter O quinto pilar da educação total é o caráter. Sem essa qualidade ninguém consegue ser verdadeiramente bem-sucedido na vida, porque o caráter é a fundação da realização e da felicidade. 20

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JASON NELSON

Caráter é aquela coleção de qualidades que permite à pessoa ver o que é certo e o que é errado, aliada à coragem moral para fazer o que é certo; privar-se do prazer e da glória atuais em favor de um valor mais elevado ou de uma meta futura; ser capaz de amar e de ser compassivo; ser abnegado enquanto dá atenção às suas próprias e legítimas necessidades; ser parte da solução do mundo e não parte do problema. O grau mais elevado de caráter é o que chamamos de espiritualidade, que não é a mesma coisa que religiosidade. Espiritualidade é a capacidade de ver níveis mais profundos de realidade e a unidade maior que transcende nossa natureza egocêntrica. O egocentrismo é a raiz da infelicidade e da insegurança. A formação do verdadeiro caráter é um Os bebês têm apenas processo de florescidois medos instintimento e não de condicionamento. É o vos: de sons altos e de surgimento de noscair. Com o tempo sa natureza mais ambos desaparecem, profunda. mas à medida que Theodore Roosecrescem aprendem velt, um dos mais couma enorme quantinhecidos presidentes dade de novos medos norte-americanos, esoriundos de seus pais creveu um ensaio e da sociedade chamado Character and Succes em 1910. Ele afirmou: Em longo prazo, na grande batalha da vida, não é o brilho do intelecto e a perfeição do desenvolvimento corporal que irão contar quando pesados contra aquele conjunto de qualidades morais chamado caráter; e se entre quaisquer dois adversários a diferença de caráter para o lado do que é certo for tão grande quanto a diferença de intelecto ou de força para o outro lado, o lado do caráter é que vai vencer. O caráter tem que ser sistematicamente nutrido com tanta perseverança como quando ensinamos matemática às crianças. Pais e proSOPHIA JAN-MAR/2011

fessores devem estar constantemente vigiando em busca de janelas de oportunidades no desenvolvimento do caráter dos jovens. Essas janelas abrem-se quase que diariamente em pequenas coisas, como em conflito entre irmãos, conversas sobre líderes nacionais, as adversidades por eles enfrentadas, oportunidades para a gentileza e o serviço ao próximo etc. Ensinar o caráter, no entanto, difere do modo como ensinamos matemática ou computação num aspecto importante. O caráter envolve uma perspectiva e um modo de vida, e não simplesmente uma habilidade ou uma técnica. Enquanto é possível demonstrar o processo da multiplicação numa folha de papel, só se pode demonstrar o caráter no modo como se vive. Então, ao ensinar o caráter devemos ter em mente o conselho de Albert Schweitzer, ganhador do Prêmio Nobel da Paz: O exemplo é o principal meio de influenciar os outros. É o único meio. Estes são, portanto, os cinco pilares da educação total: 1. 2. 3. 4. 5.

Saúde Maturidade emocional Inteligência Competência Caráter

Auxilie seus filhos a desenvolverem essas cinco qualidades e você não precisará deixar-lhes riqueza ou fama. Eles se elevarão à excelência em suas próprias áreas, e, o que é mais importante, viverão uma vida realizada e feliz. *Vicente Hao Chin Jr. é Presidente Nacional da Sociedade Teosófica nas Filipinas e ex-Presidente da Federação Indopacífica da ST. Editor da Theosophical Digest e da Peace Ideas, publicou vários livros como O Processo de Autotransformação (Ed. Teosófica) e Why Meditate (Por que Meditar?) e também a edição cronológica das Cartas dos Mahatmas a A.P. Sinnett.

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Sonhos

e psicologia: Freud, Jung e mais além

No contexto mundial de esvaziamento do sentido da vida, nunca se fez tão necessário o retorno à sabedoria interior. Os sonhos são ferramentas valiosíssimas nesse percurso

SOPHIA JAN-MAR/2011

DMITRIY SHIRONOSOV

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Antonio Lima*

Os sonhos, desde os primórdios da humanidade, foram alvo de muita curiosidade e interesse. Ao longo dos séculos, o fenômeno onírico foi compreendido a partir dos mais diversos olhares, adquirindo, com isso, diferentes interpretações. Passagens bíblicas (como a do sonho das vacas magras , por exemplo) demonstram que uma das possibilidades de encarar os sonhos é a de que eles seriam mensagens enviadas pela divindade, concepção também encontrada muito frequentemente em comunidades tribais, nas quais um indivíduo, reconhecido como intermediário entre os mundos material e espiritual, realiza a interpretação de sonhos com o intuito de decifrar o que seriam orientações dos deuses. Há também os chamados sonhos premonitórios, que fornecem ao sonhador a possibilidade de antever situações e desafios. Alguns exemplos: antes do tsunami ocorrido na Ásia, em 2004, foram vários os relatos de pessoas que, em sonhos, testemunharam a tragédia. Em 1913, o próprio Carl Jung (1875 1961), psiquiatra e psicoterapeuta suíço, relatou ter sido perturbado por visões e sonhos sobre a deflagração da Primeira Guerra Mundial, antes que ela ocorresse. Ele também foi alertado em sonhos sobre o suicídio de um paciente e o episódio em que um de seus netos quase morreu afogado. Outra forma de compreender o fenômeno onírico compartilhada pelo espiritismo e pela conscienciologia é a visão de que os sonhos consistem em registros de viagens astrais empreendidas pelo nosso espírito. Ou seja, os encontros e as vivências presentes nos sonhos teriam ocorrido efetivamente, porém em outra dimensão. Já as neurociências possuem um olhar bastante distinto, segundo o SOPHIA JAN-MAR/2011

qual os sonhos seriam apenas uma forma de secreção mental , com o objetivo de restaurar as funções cerebrais e favorecer o processo de aprendizagem. Outras linhas de pesquisa afirmam que os sonhos são uma espécie de dispositivo de segurança , mediante o qual o sono (de imprescindível importância regenerativa para o cérebro) seria protegido dos estímulos vindos do ambiente e do próprio organismo do sonhador. É como se nossa mente produzisse os sonhos para integrar esses estímulos (ruídos, sensações de frio e calor etc) e não permitir que nosso sono seja precocemente desperto. Foram realizados, inclusive, experimentos nesse sentido, constatando que a inserção de estímulos (como uma sirene), durante o sono, teria influência no conteúdo dos sonhos. Ainda no campo das ciências, o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856 1939) foi um dos precursores na proposta de uma abordagem psicológica para os sonhos. Ele foi o autor de uma obra que se consagrou como um dos baluartes da cultura ocidental no século XX: A Interpretação dos Sonhos. Nessa obra, Freud, o pai da psicanálise , realiza um estudo bibliográfico pormenorizado sobre as diversas vias de interpretação dos sonhos, e propõe a noção de que o comportamento humano é profundamente influenciado por instâncias inconscientes de nossa psique, as quais, por serem incompatíveis com os valores da nossa consciência, permanecem ocultas. Os sonhos seriam então, nas palavras do próprio mestre, a estrada real que conduz ao inconsciente. Na perspectiva psicanalítica, o sono seria o momento em que as defesas do nosso ego estariam mais arrefecidas, permitindo, portanto, o aparecimento de conteúdos inconscientes considerados pelos nossos valores morais como repulsivos,

dolorosos ou proibidos. O esquecimento dos sonhos no momento em que acordamos seria explicado, por essa abordagem, como consequência do despertar dos nossos mecanismos de defesa, os quais voltariam a aprisionar os conteúdos inconscientes nos porões da nossa psique. Todavia, o fato de serem inconscientes não faz com que esses conteúdos deixem de existir, cabendo ao psicanalista a função de auxiliar o paciente no processo de criar caminhos (socialmente aceitáveis) para que essa energia represada em sua maioria composta por desejos e afetos recalcados possa reenOs sonhos, segundo contrar sua Freud, teriam a fluidez natufunção de realiral, aliviando tensões e zar desejos inconsdesfazendo cientes que não puos núcleos deram ser atendidos patogênicos que estariam na base dos sofrimentos psíquicos como neuroses e psicoses. Portanto os sonhos seriam, de acordo com a psicanálise, umas das ferramentas principais nesse processo de lançar luzes sobre os conteúdos inconscientes, pois eles teriam a função de realizar desejos inconscientes que não puderam ser atendidos na nossa vida desperta. Contudo, Freud acreditava que os sonhos não desvelavam diretamente esses desejos; em vez disso, eles assumiam um caráter disfarçado, para driblar as nossas defesas. Aí entraria o saber psicanalítico na interpretação dos sonhos: restabelecer o nexo entre a imagem disfar23


Como manifestação espontânea do inconsciente, os sonhos seriam, para Jung, tão diretos como uma folha que cai de uma árvore: ambos são fenômenos naturais CHRISTOFFER V. NIELSEN

çada que aparece no sonho (conteúdo manifesto) e o real desejo que se esconde por trás dessa imagem (conteúdo latente). Nesse ponto encontra-se umas das maiores divergências entre Freud e Jung. Para Jung, os sonhos são fenômenos naturais que se mostram tal como são, e não constituem meras fachadas para conteúdos recalcados. Como manifestação espontânea do nosso inconsciente, os sonhos seriam, para Jung, tão diretos como uma folha que cai de uma árvore: ambos são fenômenos naturais e não se prestam a disfarces e artimanhas para ludibriar mecanismos de defesa. 24

A perspectiva junguiana Como explicar na perspectiva junguiana, então, o caráter enigmático dos sonhos? Para Jung, a dificuldade para compreender o significado do sonho não reside no fato de seu conteúdo estar disfarçado , mas sim no fato do inconsciente se manifestar por via simbólica, ou seja, por meio de imagens que carregam em si um significado muito amplo e quase nunca óbvio. Vejamos um exemplo: sabemos que uma placa contendo a imagem de um cigarro cruzado diagonalmente por uma faixa vermelha significa que não é permitido fumar

naquele local. Essa imagem é um sinal. Todavia, se um cigarro aparece em nosso sonho, essa imagem pode ser considerada um símbolo, pois está profundamente carregada de toda uma rede de associações, relacionadas intimamente à nossa história pessoal. Imaginemos uma situação em que um indivíduo está sendo submetido a uma experiência científica sobre o conteúdo dos sonhos, e que no ambiente em que ele dormia foi borrifada fumaça de cigarro, como parte do experimento. Suponhamos, ainda, que a imagem SOPHIA JAN-MAR/2011


do cigarro tenha aparecido no sonho desse indivíduo que estava sendo examinado. Mesmo assim, aquela imagem estaria cercada por uma teia de significados absolutamente diferentes para cada indivíduo. Um indivíduo tabagista poderia se deliciar com a imagem, pois, para ele, o cigarro estaria associado aos prazeres da vida adulta, ao status social; outro poderia se incomodar, pois a imagem remeteria ao desconforto que sente por ter que trabalhar em um ambiente em que não são respeitadas as leis antitabagismo; um terceiro poderia se incomodar ainda mais, pois o cigarro o faz lembrar de queimaduras infligidas por maus tratos que recebera na infância. Enfim, essa rede associativa poderia seguir por páginas intermináveis. Cabe lembrar que, além das associações de cunho pessoal, os símbolos oníricos podem trazer, ainda, significados que dizem respeito a toda a humanidade: esses seriam os grandes sonhos, ou os sonhos que trazem conteúdos arquetípicos. Os arquétipos, segundo Jung, fazem parte do nosso inconsciente coletivo e se referem às imagens primordiais, que tocam temáticas universais e estão presentes em todas as épocas e lugares. Alguns exemplos são o animus (contraparte masculina que habita a psique feminina), a anima (contraparte feminina que habita a psique masculina), a sombra (arquétipo que reúne em torno de si os elementos rejeitados, excluídos pela luz de nossa consciência, mas que precisamos integrar em nome de uma vida mais plena e equilibrada) e o si-mesmo (arquétipo de Deus, centelha divina que integra os opostos e corresponde à nossa totalidade psíquica). Para Jung, portanto, o papel do analista seria auxiliar o sonhador a entrar em contato com o significaSOPHIA JAN-MAR/2011

do profundo dos símbolos que o seu inconsciente produziu e que apareceram nos sonhos. Vale destacar que esse trabalho aconteceria de forma colaborativa e não impositiva, pois Jung considera que o sonho (mesmo o que contenha significações coletivas) deve ser tratado como um fenômeno absolutamente único e inédito, não passível, portanto, de ser decifrado a priori por qualquer teoria psicológica ou dicionário de símbolos. Ainda de acordo com Jung, os sonhos possuem uma função compensatória, ou seja, são produzidos por nossa psique com o intuito de promover o equilíbrio. Dessa forma, se um indivíduo se considera muito inferior aos demais, é tímido em demasia, acanhado e inseguro, não é incomum que seus sonhos sejam recheados de imagens grandiloquentes de imperadores ou conquistadores. De modo semelhante, já observei em consultório mais de uma situação em que indivíduos absolutamente céticos são visitados em seus sonhos por figuras místicas de grande poder e fascínio. Aqui, cabe destacar o que Jung chama de função teleológica dos sonhos. O termo diz respeito a uma tendência progressiva da psique, de modo que sonhos, sintomas e demais manifestações do nosso inconsciente tenderiam a uma finalidade ou propósito. Na perspectiva junguiana, o propósito último de nossa psique seria caminhar rumo à individuação, ou à realização do si-mesmo . A individuação seria o retorno à nossa essência, às nossas potencialidades e inclinações originárias, ao nosso verdadeiro caminho, por tantas vezes esquecido e negligenciado em nossas vidas cotidianas. Jung chamou a atenção para o fato de que a humanidade, principalmente nas culturas ocidentais, desviou-se marcadamente de sua tendência inata à vida espiritual, à capacidade de

ritualizar, de se voltar para dentro e se comunicar com os mestres interiores ele próprio erigiu sua psicologia a partir do retorno a si mesmo, conforme pode ser verificado no recém lançado Livro Vermelho. Nesse contexto mundial de tamanha violência, desconexão (psíquica, social e ambiental) e esvaziamento de sentido da vida, nunca se fez tão necessário esse retorno à sabedoria interior, ao autoconhecimento. Os sonhos são ferramentas valiosíssimas nesse percurso, pois brotam direta e espontaneamente dos vastos campos de nossa psique, com o Jung considerava intuito de trapapel do analista zer equilíbrio auxiliar o sonhaentre as fordor a entrar em ças que habicontato com o sigtam em nós. nificado dos símSe tivermos bolos que o indisposição para nos deconsciente produbruçarmos ziu nos sonhos sobre eles e apreendermos, ao menos em parte, os infinitos significados de seus símbolos, estaremos, na verdade, abrindo os ouvidos para as orientações provenientes do si-mesmo, o arquétipo da totalidade e da integração psíquica, ou, nas próprias palavras de Jung, do Deus em nós . Estariam errados aqueles que acreditavam ser os sonhos mensagens enviadas pelos deuses? * Antonio Lima é psicólogo clínico, psicoterapeuta junguiano e consultor em psicologia clínica na Câmara Legislativa do Distrito Federal.

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Instrução e

intuição O papel do insight na compreensão da realidade

Além das instruções do mundo e dos objetos materiais, existem também intervenções sutis. Lampejos de luz solar penetram nessa corrente vindos de cima e, quando chegam, o homem compreende alguns fatos num sentido novo e mais profundo

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Ernest Wood*

LEONID TIT

O homem pode ser simbolizado por uma correnteza, às vezes fluindo de maneira prazerosa, ampla e plácida, por prados sorridentes, ou prados estreitos e profundos, rugindo à medida que avança entre penhascos, sobre um leito de pedra. Isso é uma corrente, não de água, mas de reproduções de fatos entremeados com fantasias na mente, uma corrente coberta com bolhas representando fatos e fantasias que se formam e se quebram repetidamente. A consciência do homem é conduzida ao longo dessa correnteza, sorvendo, à medida que segue em frente, as delícias e tristezas do prazer e da dor. Os homens pensam que vivem uma vida material externa, mas na verdade vivem nessa corrente. Na correnteza, à medida que ela passa O pensamento entre as margens, são soprados todos os informa ao hotipos de folhas e poeira, e às vezes pemem o significadras desabam dos penhascos; logo essas do das coisas concoisas chegam ao fundo ou ficam à deriforme os interesses va e se dirigem às margens, mas formaram suas bolhas na corrente fatos certos de sua personaliou errados que a memória forma e que dade. Mas a inso esquecimento quebra repetidamente. trução não pode Por meio dos sentidos, novos fatos peneexplicar o signifitram a correnteza de vida e de consciêncado das coisas cia, instruindo o homem. para a alma Tudo significa algo segundo o que cada pessoa é. Um homem pode construir vários significados a partir de uma experiência uma informação é para o corpo, outra para a mente, outra para a alma. O mundo é como um livro: algumas partes em letras grandes, de modo que até os apressados conseguem ler; outras em letras pequenas e outras ainda em caracteres de diamante; algumas são para todos, e algumas são especiais para cada necessidade. Mas além dessas instruções do mundo e dos objetos materiais, frequentes nas horas de vigília, existem também intervenções sutis. Lampejos de luz solar penetram nessa corrente vindos de cima, iluminando sua superfície e às vezes suas profundezas e, quando chegam, o homem compreende alguns fatos, num sentido novo e mais profundo. Isso é intuição, o trabalho do pensamento mais profundo do que aquele que é levado pela corrente. O pensamento informa ao homem o significado das coisas conforme os interesses de sua personalidade. Diz como conhecer coisas e planejar seu uso, para que o corpo, as emoções e a mente possam estar seguros, tornando-o um bom aluno para quem a instrução é útil. Mas a instrução não pode explicar o significado das coisas para a alma, e assim remover o sentimento de desassossego e o desejo de um propósito e uma meta na vida. SOPHIA JAN-MAR/2011

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Uma consciência superior que haja um lampejo de intuição. É comum as pessoas pensarem que sabem o que as coisas são porque as veem, mas esse não é o caso. Verdadeiramente as vemos, mas não sabemos o que elas são; a visão é sem sentido, a não ser que algo surja das profundezas da mente e diga: Ah, eu conheço você! Esse processo é tão rápido com coisas familiares que a maioria das pessoas não o percebe. Imagine que você abra um livro em sânscrito ou japonês; verá inúmeros sinais sem significado, mesmo que vire a página de cabeça para baixo. Mas se você conhece a escrita, é diferente. Conhecemos a escrita de tábuas e cadeiras, árvores, montanhas e todas as coisas segundo nosso ponto de vista, e é assim que as coisas ganham significado. Os grandes pensadores estão prontos a dar testemunho da intuição no conhecimento. Newton descobriu o princípio da gravitação assim. Ele viu uma maçã cair e se perguntou por que as coisas sempre caem. E então teve o lampejo de que as maçãs não caem realmente, embora pareçam fazê-lo. Ele compreendeu que matéria atrai matéria a maçã e a terra corriam para se encontrar, embora a terra, com massa muito maior, efetue apenas uma parte pequena do aparente movimento. Muito da engenharia moderna depende dessa descoberta. Foi intuição algo das profundezas do homem e não um processo cognitivo. O mundo é como um livro; algumas partes imAs intuições naspressas em letras grandes, de modo que até os cem completas, apressados conseguem ler, outras em letras pequecomo os bebês. nas e outras ainda em caracteres de diamante Sempre há alunos Mais cedo ou mais tarde a verdade mostra que, se podemos nos perder entre as coisas mundanas como um homem que vagueia numa floresta, podemos ainda mais facilmente nos perder entre os pensamentos. Pois, se existem mil coisas, existem milhões de pensamentos possíveis sobre elas e quem é capaz de saber qual é o melhor pensamento, a não ser que os tenha experimentado todos? Se um náufrago como Robinson Crusoé chegasse a uma ilha desabitada e tivesse que buscar o melhor lugar para morar, poderia procurar durante toda a sua vida antes de decidir. Não é só por meio do pensamento que encontramos a verdadeira direção da vida. A intuição deve ser somada à instrução. A humanidade aprende de duas maneiras: com a instrução e a intuição, mas de fato o homem realmente só entende através da intuição. Por instrução queremos dizer o ensinamento exterior por meio da experiência. Mas os objetos no nosso campo de percepção não são compreendidos, não importa o quanto olhemos ou pensemos, até

MJAQUELINE

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que lançam um olhar vazio e desesperançado sobre o professor enquanto ele tenta expor algum princípio simples, até que subitamente faz-se a luz. Portanto, a intuição não é uma coisa rara. Todos os homens a possuem em alguma medida. Muito frequentemente o cientista ou o inventor tenta durante muito tempo e sem sucesso solucionar um problema. Depois, quando não está mais pensando sobre o assunto, a solução subitamente brilha em sua mente. O seu pensar anterior o preparou, assim como, de certa forma, o ensinamento do professor prepara as mentes de seus alunos, mas a intuição surge num lampejo. Às vezes ilumina toda a mente, como um relâmpago numa noite escura. Às vezes vem de tal profundeza de nosso ser que a consideramos algo incomum ou sobrenatural. A universalidade dessas intuições demonstra a existência de uma mente universal. Externamente mantemos contato com um mundo universal. Certamente os sentidos de nossos corpos são limitados em seu escopo, mas nos põem direta e indiretamente em contato com tudo. Estamos realmente em associação corporal com as nuvens, o sol e todo o mundo material. Similarmente, descobrimos que nossas intuições relacionam-nos à consciência universal. Em nossas meditações e inspirações, frequentemente percebemos que estamos recebendo algo de uma consciência enormemente superior ao que estamos acostumados a chamar de nosso. Às vezes, é como se um grande gênio subitamente falasse conosco e, com poucas palavras, esclarecesse dificuldades de pensamento há muito existentes. Algumas pessoas estão tão conscientes disso que não consideram pessoais seus melhores pensamentos. Um grande poeta disse que estimava seus poemas não porque fossem seus, mas porque não eram. SOPHIA JAN-MAR/2011


Se podemos nos perder entre as coisas mundanas como um homem que vagueia numa floresta, podemos ainda mais facilmente nos perder entre os pensamentos. Pois, se existem mil coisas, existem milhões de pensamentos possíveis sobre elas.

JOHN NYBERG

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Amor e unidade A mais elevada emoção humana, assim como a verdadeira compreensão, vem do interior. É uma resposta à realidade além do alcance dos sentidos ou da razão. É a intuição do amor. Ninguém foi ainda capaz de explicar por que uma alma decide amar outra mais do que a si própria, até mesmo se autossacrificando. Às vezes sugere-se que é tudo resultante do instinto de maternidade, que se baseia na necessidade de preservação da espécie. Dizse que a natureza cuida mais da espécie do que do indivíduo o que é muito inteligente por parte da natureza. Mas esse instinto é apenas uma expressão da unidade da vida, por cuja razão age-se em benefício de outrem, como, no corpo unido, os olhos guiam os pés e os pés transportam os olhos. Às vezes o cético diz que as pessoas utilizam o autossacrifício apenas para vangloriar-se. Certamente essas reflexões não existem nas mentes das mães e dos pais comuns, e muito menos em casos como o de Buda e de Jesus. O amor é uma realidade da vida e não precisa de razão material para se desculpar por sua existência. Não amamos outra pessoa por causa de imperfeições ou virtudes que ela possa demonstrar. Podemos gostar ou não das pessoas por causa dessas coisas, já que atendem ao nosso conforto e prazer, ou ao nosso desconforto e dor. Mas o amor está acima dessas considerações; aqueles que amam são os que veem a vida, a qual jamais está totalmente obscurecida. Um irmão, por exemplo, por quem a proximidade acendeu a centelha do amor, independentemente de sua atitude, é sempre amado. Se ele comete um grave erro, apesar de tudo nós o protegemos e ajudamos. O aborrecimento 30

às vezes ocorre em casos assim, mas o amor não pode morrer por essa razão. O chamado espírito crístico em todos nós, que a tudo ama, é um testemunho da nossa unidade interior. Nenhum homem pode ser separado do corpo da humanidade por causa de suas imperfeições. Se qualquer célula nesse grande corpo estiver doente, ela deve, no final das contas, recobrar a saúde. Só existe uma maneira de se livrar de um inimigo: convertê-lo num amigo, mais cedo ou mais tarde. Shakespeare escreveu: Não é amor aquilo que se altera quando encontra alteração , indicando que a natureza do amor é um princípio essencial do homem e um dos eternos valores da vida. O pensamento lida com as relações entre as coisas, de modo que, dado um motivo, ele descobrirá como agir. Quando a mente, com todo seu poder, se curva perante a intuição do amor e diz daqui em diante vós sereis meu mestre; servir-vos-ei sempre , o homem tornase um iniciado nos mistérios do Cristo ou de Krishna, ou do Deus do amor. Se em algum lugar houver uma cerimônia exterior de iniciação, ela visa anunciar que esse estágio foi alcançado, que essa realidade foi atin-

gida pelo membro recém admitido de uma fraternidade. O amor opera de maneira infalível por meio daquele em quem essa intuição esteja trabalhando. Ele não consegue viver para satisfação do corpo ou para a diversão, nem para o acúmulo de conhecimento, e passa a responder às necessidades da vida. Acontece, porém, que o jovem iniciado emprega muita energia, e às vezes o observador vê muitas dessas coisas como desperdício e inutilidade. Mais tarde ele SOPHIA JAN-MAR/2011


próprio descobre a sabedoria de colocar o seu amor onde ele é mais útil. Somente por um instante é que ele perde algo de sua razão; posteriormente ela reaparece como subordinada ao amor. O provérbio que diz que a tolice é a falha comum daquele que é bom só se aplica ao noviço em bondade. O amor não é para ser visto, SOPHIA JAN-MAR/2011

BENJAMIN EARWICKER

Um irmão, por quem a proximidade acendeu a centelha do amor, independentemente de sua atitude, é sempre amado. Se ele comete um grave erro, apesar de tudo nós o protegemos e ajudamos

porém direciona as forças que podem ser vistas as do corpo, das emoções e da mente. E essas forças são limitadas. Portanto, a melhor expressão de amor não é esbanjar descuidadamente genialidade e generosidade. Conheci um grande homem que tinha amor constante. Muitas pessoas consideravam-no frio, porque ele colocava suas forças cuidadosamente. Um homem assim doa a um e depois a outro, de maneira bastante deliberada, onde ele pode ver que o amor produzirá o me-

lhor efeito. Ele é suficientemente sábio para não se desgastar. Mas enquanto está direcionando sua energia dessa maneira, ele está também considerando aqueles que se acham abandonados, porque em seus olhos espera que aqueles a quem ajuda sejam capazes de promover o nascimento da fraternidade entre os homens.

* Ernest Wood é um autor teosófico de meados do século 20. Entre suas obras estão Concentração e Meditação e Os Setes Raios.

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O que nos

divide? Uma das maiores preocupações da teosofista Annie Besant foi a criação de uma fraternidade universal entre os homens. Ela tentou, durante toda a sua vida, ensinar que toda vida é sagrada, que todos os seres humanos são iguais, que as diferentes religiões são meramente diferentes abordagens da mesma verdade, que toda vida e todo ambiente em torno da Terra constitui um todo do qual o homem é uma parte intrínseca. A maior ameaça à criação de um mundo unificado e à fraternidade universal é a tendência do homem de se identificar com aqueles que parecem semelhantes a ele. Isso tem dividido a humanidade em vários grupos religiosos, nacionais, étnicos, línguísticos, profissionais, familiares, políticos e ideológicos nos quais todos, de tempos em tempos, tornam-se antagonistas quando o interesse de cada um precisa ser protegido. O desejo do indivíduo de pertencer a um grupo nasce do sentido de segurança que ele sente em pertencer a uma coletividade. Contudo, é óbvio que essa mesma divisão em grupos criou a maior insegurança para todos os seres humanos na Terra, com as guerras, distúrbios, rivalidades e competições. Apesar de todos os ideais de unidade, de um mundo uno e de uma fraternidade universal, é cla32

ro que a humanidade está se movendo na direção oposta. Tem-se testemunhado em décadas recentes a divisão de países como a URSS, a Iugoslávia e a Checoslováquia, com muita violência e crueldade associadas. Também na Índia existem tendências separatistas semelhantes, na Cachemira, no Punjab e em Assam, e a divisão hindu-muçulmana está tornandose mais aguda a cada dia. Portanto, devemos perguntar por que, após milhares de anos das chamadas cultura e civilização, a humanidade ainda é tão brutal, tão dividida. O que nos divide? Ao se examinar com seriedade, descobre-se que a divisão entre os povos surge do sentimento de que nós estamos separados deles , que por sua vez surge do sentimento de ser diferente. Mas somos realmente diferentes ou apenas imaginamos que somos diferentes? Gostaria de examinar isso de maneira bastante científica, objetiva e precisa, sem tomar partido nem ser emotivo a respeito de religião ou cultura. Olhemos para os seres humanos que parecem estar divididos. Podemos reunir hindus e muçulmanos ou árabes e judeus, ou ainda qualquer outro grupo de pessoas, e perguntar se suas diferenças são verdadeiras ou imaginárias. Por imaginárias entende-se algo que de fato não existe, que foi simplesmente construído pela mente.

AFONSO LIMA

P. Krishna*

Apesar de todos os ideais de fraternidade, a humanidade está se movendo na direção oposta. Por que, após milhares de anos da chamada civilização, a humanidade ainda é tão dividida?

SOPHIA JAN-MAR/2011


O ser humano tem um corpo e uma consciência. Será que somos realmente diferentes em nossos corpos? Será que somos muito diferentes em nossas consciências? Se formos a um médico ou biólogo e perguntarmos se existem diferenças físicas significativas, eles dirão que elas são muito superficiais a cor da pele e a cor do cabelo podem ser diferentes, mas por baixo da pele o que existe é o mesmo: o

SOPHIA JAN-MAR/2011

coração, o fígado, os pulmões, tudo é idêntico. Você pode trocar o sangue de uma pessoa pelo de outra de qualquer nação, de qualquer religião, de qualquer lugar. Portanto, obviamente em nossos corpos não somos realmente diferentes, exceto na forma e características externas. Consideremos agora se somos realmente diferentes uns dos outros em nossa consciência ou se simplesmente diferimos em nossas ideias, que

adquirimos de uma cultura particular e portanto, sentimos que somos diferentes uns dos outros quando na realidade podemos não ser. Ao se retirar todas as posses de um ser humano (sua casa, sua propriedade, seu conhecimento) e olharmos para o conteúdo de sua consciência, será ele realmente muito diferente de outro ser humano? Será muito diferente a consciência do homem pobre, do homem rico, do

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hindu, do muçulmano ou do judeu, do americano ou do indiano? Refiro-me ao que verdadeiramente somos, não às nossas coleções, não ao que acumulamos. Se olharmos além da superfície descobrimos que cada ser humano tem os mesmos sentimentos o sentido de medo, de insegurança, de solidão, o desejo de ser bem-sucedido na vida, de ser alguém. Todo ser humano tem apegos e o consequente sofrimento quando esse apego é rompido. Todo ser humano tem desejos e está lutando para realizá-los ou para lidar com eles. De que maneira realmente diferimos? Um homem pode desejar isso, outro pode desejar aquilo. Um ser humano pode rezar dessa ma-

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neira, outro pode rezar de maneira diferente, mas a necessidade de adoração, as necessidades psicológicas do ser humano, os instintos, são os mesmos. Assim, pergunto se somos realmente diferentes ou se apenas imaginamos que somos diferentes. Não seremos como uma onda na superfície do oceano, dizendo à outra sou diferente de você apenas porque você é um pouco diferente em altura, forma e velocidade de locomoção? Se ela tivesse conhecimento da profundeza do mar, veria que essas diferenças são triviais, não têm grande significado. Parece que, pelo fato de darmos tamanha importância ao que é superficial, sentimos e pensamos que

somos muito diferentes entre nós. Se percebêssemos as profundezas de nossa consciência, do que somos como seres humanos, não apenas as ideias superficiais e o conhecimento na mente consciente, mas a totalidade do nosso ser, seríamos exatamente como a onda no oceano. É feita de água, como todas as outras ondas, mas sente-se diferente simplesmente porque na superfície há distinções mínimas. Assim, parece-me que onde quer que vejamos divisão, onde quer que sintamos divisão em nós mesmos, devemos examinar se ela não está surgindo porque estamos olhando para a coisa total de maneira muito fragmentada, estreita, limitada ou superficial.

SOPHIA JAN-MAR/2011


Antagonismos criados pela mente

ZOJO

A divisão entre ciência e religião também surge porque damos significados um tanto estreitos a essas duas buscas. Na verdade, a ciência é a busca do homem pela descoberta da ordem que se manifesta no mundo externo da matéria e da energia, e a busca religiosa é a busca da descoberta da ordem no mundo interno de nossa consciência. Na verdade não existe divisão nem antagonismo entre elas. Portanto, estará a divisão em alguma outra parte? Os fatos e a realidade não dividem, mas as ilusões que nossa mente constrói em torno deles divide. A divisão é criada por nossa própria mente porque ela não vê as coisas de maneira factual, ela tem conjecturas, opiniões e toda uma gama de preconceitos e predileções associadas ao que observa. O que se faz na sociedade para transcender isso é criar uma nova ilusão para unir as pessoas. Se na Índia a situação interna está ruim e as pessoas estão lutando entre si, consi-

Não seremos como uma onda no oceano, dizendo à outra sou diferente de você apenas porque é um pouco diferente na altura, na forma e na velocidade de locomoção? SOPHIA JAN-MAR/2011

dera-se que para uni-las é preciso falar a respeito de nacionalismo e dizer que o Paquistão é o seu maior inimigo. Então, a partir desse ódio comum, as pessoas sentem-se unidas, mas entre si elas continuam divididas com base em castas, religiões e todo tipo de diferenças superficiais às quais deram tremenda importância. Quando se tem todas essas divisões precisa-se de outra ilusão para unificar, e então dizemos que isso é unidade e integração. Mas é somente outra ilusão. Temporariamente ela pode incitar as pessoas a se unirem, mas essa não é uma unidade verdadeira. Se a pessoa olhasse para a vida e tivesse uma profunda compreensão dela e de si mesma, não haveria divisão porque os fatos não dividem. O fato de que eu vou ao templo e você vai à sinagoga ou à igreja não divide. Diz apenas que um homem vai para um certo prédio e outro vai para outro lugar. Um homem se ajoelha, outro permanece de pé. Um homem tira o chapéu, outro não. Isso divide? Se os fatos não dividem, se não há divisão, não há necessidade de integração. Deseja-se integrar o que está dividido. Mas devemos primeiramente examinar se a divisão é um fato ou se a divisão em si mesma é uma ilusão. Se a divisão surgir da ilusão, quando a ilusão terminar a divisão também terminará. Portanto, não há necessidade de integração porque não há divisão. Assim, é errado perguntar como integrar as pessoas da Rússia. Elas não estão divididas. Apenas acham que estão, por causa da ignorância. Essa ignorância tem que ser dissipada para que vejamos a unidade. É uma falácia pensar que precisamos fazer propaganda para unir. Se pusermos fim a toda propaganda e a toda ilusão, não haverá divisão. Portanto o ato mais importante que os sábios assinalaram, mas

que precisamos compreender por nós mesmos, é dissipar a ignorância e sair da visão superficial em relação aos outros e à vida. Hoje em dia, infelizmente somos educados para ser preconceituosos. Uso a palavra educação não apenas no sentido do que fazemos na escola, mas também de todas as outras influências sobre uma criança na sociedade, o que inclui a influência da família, da televisão etc. Somos educados para ser preconceituosos, e isso se perpetua pela tremenda inércia na sociedade. Vejamos o exemplo das castas na Índia. Começou há mais ou menos cinco mil anos. Na época, a sociedade era dividida em quatro castas diferentes. Não sabemos bem porque isso foi feito, qual foi a intenção. O que sabemos é o que vemos agora. O governo está tentando eliminar as castas, diz que todas as pessoas têm oportunidades iguais, que as profissões nada têm a ver com as castas, que não haverá discriminação. Essa é a lei, mas ainda assim o preconceito continua, porque em cada família a criança cresce vendo a discriminação acontecer à sua volta. O homem de casta inferior é tratado de maneira particular, as pessoas não se sentam com ele, não se casam fora de suas castas. É isso que a criança capta no ambiente. Pode-se dizer qualquer coisa na sala de aula, mas o que ela está vendo na sociedade tem uma influência muito maior em sua mente, e assim ela cresce com isso e adquire o preconceito sem estar consciente de que é preconceito. Para ela isso é um fato, uma realidade. Pode-se ver que o mesmo acontece em toda sociedade, em todo lugar. É por isso que os americanos continuam a ser americanos, os indianos continuam a ser indianos e os cristãos continuam a ser cristãos. 35


Questionar é fundamental Criamos a geração mais jovem segundo a nossa própria imagem. Pode haver uma pequena mudança nas ideias aqui e ali, mas no geral a geração mais jovem é criada à imagem da geração mais velha, o que significa que transmitimos com sucesso os nossos preconceitos aos nossos filhos. Não estamos conscientes disso. Nós os amamos e pensamos que estamos fazendo o bem mas precisamos examinar e questionar isso. É isso que significa questionamento não aceitar qualquer coisa de maneira inquestionável. Nossa intenção pode ser boa, mas, se a educação for baseada na ignorância, ela é falsa. Podemos realmente estar Não damos imcausando malefíportância às rescios aos nossos postas, mas às filhos quando os perguntas. Não é educamos segunimportante viver do aquilo que consideramos com conclusões, apropriado. mas com investiSe os judeus gação e a humilcriarem seres que dade que vem do são judeus, se os fato de sabermos árabes produzique não sabemos rem filhos que são árabes e os hindus deixarem filhos hindus, se todos os idosos morrerem e os jovens crescerem segundo a imagem dos antigos, como o mundo vai mudar? As mesmas divisões continuarão, porque o preconceito continua da geração mais antiga para a geração mais nova através da falta de percepção. Não se está consciente de que isso é preconceito. Assim, se vejo isso, não quero transmitir meus preconceitos aos meus filhos, não quero criá-los segundo a minha própria imagem. Mas é difícil, porque não sabemos de que outra maneira criá-los. O que iremos ensinar senão o que aprendemos? Esse é o problema. Conseguiremos torná-los conscien36

tes disso? Enquanto os educamos e transmitimos nossas tradições, que aprendemos em nossa família e das quais não nos desfizemos após nosso questionamento, podemos ao mesmo tempo encorajá-los a questionar? Podemos pedir a eles que não se conformem e que questionem, para descobrir se esse é o caminho certo, se essa é a verdade, para não aceitar a coisa cegamente? Não vejo nenhuma outra maneira pela qual a humanidade possa mudar de maneira fundamental. Ela pode mudar política ou economicamente e tem mudado, mas isso é trivial. Em vez de três países pode-se ter dez países, mas isso não acabará com as divisões, porque elas surgem da mente quando a mente está cheia de ignorância. Até que essa ignorância seja dissipada, ela vive com ilusões e as ilusões dividem. Portanto, essa é fundamentalmente a fonte da divisão, que pode se manifestar de maneira mais cruel em um lugar e menos cruel em outro. Mas a divisão entre países surge a partir disso, e na família a divisão entre o homem e sua esposa também surge assim. Atualmente não estamos apenas transmitindo nossos preconceitos, mas criando grupos em torno de um preconceito comum. Como hindu, posso ter uma certa noção de Deus que adquiri durante a infância, mas essa noção de Deus pode ser uma ilusão. Em torno dessa ilusão juntamos uma grande quantidade de pessoas que acreditam. De maneira semelhante, existe um outro grupo em torno de uma outra ilusão. Então esse grupo sente-se separado daquele. Toda divisão está baseada na ilusão. Também falamos a respeito de tolerância. Deve-se respeitar o outro por sua ilusão, as ilusões dele não são inferiores às suas, e assim por diante. Tolerância significa que eu não te amo, mas irei suportar-

te. Consideramos isso uma virtude porque não queremos desistir de nossas ilusões. Não queremos viver com fatos e terminar com as divisões porque estamos apegados às nossas ilusões. Sendo assim, poderemos recusar pertencer a algum grupo em torno de alguma ilusão? Como teosofistas, não somos também um grupo? Qual é a diferença? Se considerarmos a Teosofia como sendo inúmeras respostas e conclusões com as quais todos concordamos, então realmente criamos um novo grupo, uma nova religião, e portanto uma nova divisão na humanidade. Porém, se considerarmos a Teosofia não como um corpo de respostas ou instruções a serem obedecidas, mas como uma abordagem à vida, uma abordagem que diz que eu quero descobrir o que é verdadeiro, descobrir o que é certo e olhar para as coisas de maneira não fragmentada, mas holística, então somos todos estudantes da vida. Isso não é um grupo que divide. Nós não temos as respostas, portanto nada há a ser propagado. Apenas se está assinalando que essa é a maneira correta de abordar a vida, um problema ou uma questão como estudante, e essa abordagem é importante para a Teosofia. Pois como saber as respostas? Os cristãos têm suas próprias respostas, os judeus têm as suas, alguém mais tem suas respostas e todos lutam por causa delas. Por isso não damos importância às respostas, mas às perguntas. Não é importante viver com conclusões, mas com investigação, com um profundo senso de mistério, com a humildade que vem do fato de sabermos que não sabemos. Devemos aceitar o fato de que não sabemos e que temos vontade de inquirir. Será de fato necessário chegar a uma resposta? Não basta viver com SOPHIA JAN-MAR/2011


O governo da Índia está tentando eliminar as castas. Essa é a lei, mas o preconceito continua, porque em cada família a criança cresce vendo a discriminação acontecer à sua volta

STEVE ESTVANIK

SOPHIA JAN-MAR/2011

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são. Tenho certeza de que todos nós, se olharmos para trás, descobriremos que nossas ideias mudaram, nossas opiniões mudaram. Sendo assim, como podemos ter certeza de que não mudarão novamente? Por que devo agora me apegar às minhas opiniões particulares, e qual o valor dessas opiniões? Isso não quer dizer que não devamos ter opiniões. Mas as opiniões não são coisas importantes, somente os fatos são importantes. Portanto, continuemos buscando os fatos e duvidando de todas as opiniões, conservando-as como tentativas, sabendo que podem nascer da ignorância, sabendo também que, se nos apegarmos às nossas opiniões, às nossas crenças, às nossas respostas ou a conclusões particulares, criamos uma nova divisão no mundo.

A fraternidade é um fato A fraternidade universal não é um ideal ou um lema, mas um fato. Não é somente porque acreditamos na fraternidade universal do homem, mas sim porque o outro homem é seu irmão. Krishnamurti deu verdadeiramente um passo além. Ele disse que o outro homem é você mesmo. Não o seu irmão, mas você mesmo. Pois qual é a diferença? Até o ponto em que uma onda no oceano é diferente de outra onda do oceano, somos diferentes uns dos outros. Buda expressou isso com outra analogia. Ele disse que um ser humano difere de outros tanto quanto uma vela difere de outra, e que essa diferença não é mais do que a diferença entre o que aquela vela é agora e o que foi antes. Porque, com o tempo e a experiência, minhas ideias continuam mudando, meu condicionamento está mudando; a diferença entre você e eu é também apenas uma diferença de condicionamentos, e o seu condicionamento também está mudando. Sabendo que sou parte de todo

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esse misterioso fenômeno da vida, sabendo que vim a esse mundo não por escolha e que fui dotado dessas faculdades que a mente humana possui, surge a questão: qual é o uso correto dessas faculdades? Estamos fazendo uso correto delas? Se usamos essas faculdades para entender nosso relacionamento com todo o mundo e com nosso semelhante para compreender quem somos, o que é nossa vida, então a vida é uma exploração frutífera. Vejamos uma de nossas faculdades o pensamento. Qual é o uso correto dele? Posso usar o pensamento como auxílio na exploração. Toda exploração intelectual está baseada no pensamento. É limitada, porque funciona dentro do campo do conhecido. A razão e o pensamento têm suas limitações, mas têm também um campo dentro do qual se consegue explorar. Alguém fez a analogia de que o pensamento é como a vara do saltador. No salto, o homem usa a vara para se impulsionar para cima e ultrapassar a

JUSTYNA FURMANCZYK

uma mente inquiridora ao longo da vida? Terá a indagação que terminar numa conclusão ou será possível amar a indagação, e portanto viver com a indagação? Por que se precisa de uma conclusão? Devemos perguntar por que sempre queremos uma resposta. Será isso também algo a que fomos condicionados? Então a indagação torna-se um processo de realização do desejo de obter resposta. Pode-se chamar isso de um nobre desejo, mas é ainda um desejo que busca realização numa resposta. E como se pode saber que se chegou à resposta? Quando sentimos isso, simplesmente é possível que estejamos satisfeitos com um preconceito em particular, já que não sabemos se é realmente verdadeiro. Muitas vezes as coisas parecem ser verdadeiras quando não

Não é somente porque acreditamos na fraternidade, mas sim porque o outro homem é seu irmão. Krishnamurti deu um passo além: ele disse que o outro homem é você mesmo

barra. A razão e os pensamentos são como a vara. No momento certo você tem que deixá-la, se quiser atravessar para o outro lado. Você não pode usá-la durante todo o trajeto. Mas ela é uma ferramenta muito importante que o conduzirá ao ponto almejado. Você tem que descobrir qual é o ponto em que você deve deixar essa ferramenta. Mas não estamos usando o pensamento dessa maneira. Não o estamos usando para a exploração. Primeiramente escolhemos a partir das respostas que são dadas, depois nos alinhamos com uma resposta particular, agrupamoSOPHIA JAN-MAR/2011


nos em torno dela e então usamos o pensamento como um advogado, defendendo o ponto de vista que escolhemos. Por favor, veja a verdade disso. É isso que está criando divisão no mundo o mau uso do pensamento. Devemos perguntar se é essa a verdadeira função do pensamento. Construir muralhas ao nosso redor será o propósito da faculdade de pensar, de raciocinar, de imaginar? Deveria eu dizer primeiramente que sou hindu, que acredito nisso e naquilo, e depois usar o pensamento para propagar as ideias em que acredito? Ou deveria usar o pensamento para inquirir sobre o que é verdadeiro? De que maneira vamos usar o pensamento? Vamos postular o que SOPHIA JAN-MAR/2011

é verdadeiro como sendo desconhecido e inquirir a respeito, ou vamos nos alinhar a alguma nova visão que alguém, grande ou pequeno, diz ser verdadeira? Se eu me junto a um grupo e faço propaganda do que eles afirmam ser a verdade, então o que eu semeio é ilusão. O que eu dissemino é somente a palavra, porque não tenho a verdade; não inquiri e não descobri se é verdadeiro. Se você simplesmente supõe, então toda a sua habilidade e toda a sua inteligência está sendo usada como a do advogado. É exatamente isso que o advogado faz, e ele cobra por isso. O pagamento que recebemos é a segurança ilusória daquele grupo ilusória porque a formação de grupos pode criar a

maior insegurança no mundo. O advogado diz: argumentarei somente pelo meu cliente, e meu cliente está certo porque ele me pagou. Ele não está usando a inteligência para descobrir quem cometeu o crime e quem está errado. Fazemos coisa semelhante quando investimos nossa felicidade num grupo particular, em torno de uma crença particular, e isso cria divisão. Portanto, nossas ilusões, nossa ignorância é que nos dividem. Na verdade, não há divisão; se dissipamos nossa ignorância, não há necessidade de integrar nem de propagar a fraternidade. * P. Krishna é físico, escritor e ex-reitor do Centro Educacional de Rajghat, Fundação Krishnamurti, Varanasi, Índia.

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Aquietando-se

naturalmente

Somente uma mente pacífica parece refletir a essência da vida, assim como as águas de um lago devem estar calmas e claras para refletir o céu

SOPHIA JAN-MAR/2011

BALAZS RASKAI

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Radha Burnier*

Como posso controlar minha mente? Os interessados na vida espiritual em algum momento fazem essa pergunta. A constante atividade mental é cansativa, obstrui a reflexão e não dá espaço para que, nos momentos de calma, surjam percepções profundas. Somente uma mente pacífica parece refletir a essência da vida, assim como as águas de um lago devem estar calmas e claras para refletir o céu. Muitos buscadores tentam, durante muito tempo, meditar de maneira eficaz. Eles se esforçam ardentemente para retirar a mente de suas andanças, mas ela é rebelde e é repetidamente bem-sucedida em fugir. Isso é desanimador, e então surge o sentimento de que a única opção é desistir. Embora vários instrutores tenham aconselhado que a pessoa deve continuar o esforço para subordinar a mente recalcitrante, há um ponto além do qual a pessoa sente que não consegue continuar com a batalha. Portanto, vale a pena uma séria consideração para verificar se, com uma abordagem diferente, a mente se tornará menos excitável e mais tranquila. Krishnamurti disse: Permita que a mente tenha liberdade para morrer. Mas a experiência mostra que, quando se dá liberdade à mente, ela não morre; continua com sua energia frenética. Será porque estamos incessantemente alimentando-a para mantê-la viva? Nesse caso, devemos descobrir qual é o combustível que a inflama e a mantém em atividade. Uma das características de uma pessoa espiritualmente evoluída é que ela não é pessoal. Pelo contrário, a mente-desejo é muito pessoal, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado nossas reações do dia a dia com relação às pessoas e aos incidentes. À medida que a mente se torna mais perspicaz e mais afiada, ela se SOPHIA JAN-MAR/2011

torna crítica em relação ao modo como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem considerável satisfação em notar algo que possa criticar ou condenar. No nível subconsciente, isso fortalece o centro egoico e seu senso de superioridade o que talvez possa explicar por que falar e pensar criticamente dos outros é tão comum. Certamente é bom ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem a sentimentos de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar simplesmente dizendo eu não sou pessoal depende de se estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo resíduos ou imagens na mente. Como outro exemplo, podemos olhar nossa reação a um problema de saúde. Essa experiência, abordada corretamente, pode ensinar a impessoalidade. O corpo é útil e deve ser cuidado, mas não deve receber importância como posse pessoal. Será que podemos olhar para ele com desapego, como se fosse o corpo de outra pessoa que nos é entregue sob custódia? Ele não é nosso , exceto durante algum tempo. Como assinalou Lewis Thomas, os microorganismos que fazem colônias no corpo podem muito bem dizer ele é nosso . Mas por enquanto ele é uma boa ferramenta no plano físico. A perspectiva pessoal e a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal), poderemos des-

cobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. Outro aspecto do problema torna-se aparente quando observamos a nós mesmos, sem querer ser ou fazer isso ou aquilo, abrindo mão de trivialidades e superficialidades. Com relação à profissão ou à ocupação, é necessário ter atenção e cuidadoso discernimento. Mas existem inúmeras atividades superficiais da mente que não têm propósito; seguem em frente mecanicamente. A mente está enredada em desejo, e a mente-desejo sente-se viva quando está em estado de preocupação, medo ou agitação. Ela não consegue Embora leve temse manter ocupapo para a mente da com coisas promorrer, nós não fundas; portanto, desistimos. A esmantém-se numa atmosfera de trivitrada espiritual é alidades. ascendente, mas A mente aquiquando há inteeta-se quando o resse, escalar é foco de sua atenuma alegria ção passa do pessoal para o impessoal, do trivial e superficial para o real e significativo. O estado de quietude torna-se natural quando pensamos em termos da natureza universal da experiência dor, alegria, luta e assim por diante , porque o foco muda. Helena Blavatsky aconselhou aos estudantes de espiritualidade a se demorarem nas verdades universais. À medida que o foco muda, o interesse também muda. Então, embora leve tempo para a mente morrer, nós não desistimos. O desafio é interessante. O estudante universitário acha seu trabalho cansativo quando só tenta conseguir boas notas e um bom emprego, mas se seu interesse estiver desperto, ele trabalha com alegria; assim, a estrada espiritual é o tempo todo ascendente, mas quando há interesse, escalar é uma alegria. * Radha Burnier é escritora e presidente internacional da Sociedade Teosófica.

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Astrologia e mistérios 42

SOPHIA JAN-MAR/2011

INXTI

Ricardo Lindemann é engenheiro civil e astrólogo, licenciado em Filosofia pela UFRGS, presidente dos Sindicato dos Astrólogos de Brasília e membro do Conselho Mundial da Sociedade Teosófica Internacional. Lindemann escreve regularmente para SOPHIA.

Os astros são nossos professores regidos pela lei do karma: Tudo que o homem semear, isso também ele colherá


Os planetas e a

escola da vida Ricardo Lindemann

O mundo é perfeito , dizia Swami Vivekananda, perfeito no sentido de que preenche seus fins . Talvez possamos depreender que o mundo é uma escola perfeita, supondo que a finalidade do mundo seja a aprendizagem. Vivekananda foi o primeiro iogue oriental a falar a uma audiência ocidental no Parlamento Mundial das Religiões em Chicago, em 1893, graças à influência universalista da Sociedade Teosófica. Ele tinha a experiência mística do êxtase, ou samadhi. A filosofia do yoga, bem como a astrologia, não são baseadas em mera especulação ou crença, mas em experiência direta, ainda que não tenham usado, em suas origens milenares, telescópios, microscópios ou quaisquer outros instrumentos que a ciência oficial moderna utilize. A verdadeira astrologia sempre foi, desde suas origens, um ramo derivado da ciência oculta, conforme demonstrei em meu livro A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios (Ed. Teosófica), que pode ser submetida a testes estatísticos com excelentes resultados, como foi a pesquisa de Michel Gauquelin The Scientific Basis of Astrology (Londres, 1969) e The Truth About Astrology (Londres, 1983). Em meu supramencionado livro cito Annie Besant, que assim definiu a diferença entre a ciência oculta e a oficial: Mas qual a diferença entre os métodos? Nenhuma diferença na observação, nenhuma diferença no esforço, nenhuma diferença no raciocínio sobre a obserSOPHIA JAN-MAR/2011

vação feita. Uma diferença de aparelhos eis tudo. O homem de ciência faz os seus aparelhos de vidro, ou metal, ou líquidos corados, ou outras coisas do mesmo gênero. Nós (os ocultistas) arranjamos os nossos aparelhos desenvolvendo em nós um sentido que está em evolução natural, e nós desenvolvêmo-lo um pouco mais rapidamente do que a natureza o pode fazer sem auxílio. (p. 377) À luz da ciência oculta, a vida humana é uma grande escola regida pela lei do karma, sendo os planetas seus agentes como professores de diferentes matérias, onde a alma deve se desenvolver em três capacidades feitas à imagem e semelhança da trindade divina, a saber: autodomínio ou vontade espiritual, autoentrega ou amor espiritual e autoconhecimento ou inteligência espiritual, chamada às vezes também de sabedoria. Em qualquer momento pode-se desenvolver essas três capacidades, pois, na verdade, elas se desenvolvem dentro de nós, sendo as circunstâncias externas meros catalisadores que as despertam em nossa alma. Com o pleno desenvolvimento dessas três capacidades, a alma conquista a libertação das reencarnações compulsórias, pois se torna autossuficiente em relação ao que a escola da vida pode ensinar nesse mundo. Caso ela escolha retornar para esse mundo, ela virá por altruísmo somente para ensinar, como um mestre de sabedoria ou mahatma. Os planetas agem, por analogia, como amplificadores da energia dos

signos, tendo diferentes afinidades ou regências. Um planeta é considerado regente de um signo quando, por afinidade, ele amplifica mais especificamente a energia de um signo, como se viesse a sentir-se em casa naquele setor zodiacal, ou, conforme a expressão astrológica tradicional, em seu domicílio . Talvez fosse oportuno esten Os planetas agem der a analogia como amplificacomparando a dores da energia irradiação dos dos signos. Um astros com a planeta é consideenergia luminosa. Supondo rado regente de que a frequênum signo quando, cia luminosa do por afinidade, ele signo de Áries amplifica mais fosse a luz verespecificamente a melha, e suenergia do signo pondo que o planeta Marte, seu regente, se comportasse como um filtro vermelho, então a coragem característica de Áries encontraria máxima expressão ou irradiação quando Marte estivesse em Áries, amplificando-a. Por outro lado, supondo que Saturno se comportasse como um filtro verde, então quando Saturno estivesse em Áries, o filtro verde anularia a irradiação da luz vermelha, produzindo um ponto preto. Isso indicaria o bloqueio daquela característica e não a sua amplificação. Na verdade a questão é mais complexa, porque os planetas não são meros filtros passivos, mas também têm sua própria irradiação, que se mescla com a irradiada pelos signos que eventualmente amplificam. 43


Além disso, como vimos em nosso artigo anterior (A harmonia na música das esferas), os ângulos geocêntricos ou aspectos entre os planetas estão continuamente a mudar, devido ao seu contínuo movimento, sendo que os trígonos (120º) e sextis (60º) são chamados de harmônicos porque amplificam ou tornam fluentes as respectivas energias, enquanto as quadraturas (90º) e oposições (180º) são chamadas de aspectos desarmônicos, porque as bloqueiam ou as tornam desafiadoras. Além disso estão as conjunções (0º), que são mais intensas, porém menos previsíveis, dependendo sempre das afinidades planetárias. Nessa analogia, o Sol seria o professor para o desenvolvimento da energia potencial do autodomínio, criatividade e senso de individualidade com dignidade (porém, quando mal-empregada, essa energia gera o orgulho e a dominação); a Lua, da capacidade de autoentrega e receptividade intuitiva, que porém, quando mal-empregada, gera a preguiça e a tristeza; Mercúrio, da comunicação da razão buscando o conhecimento, mas que mal-empregada gera inveja e maledicência. Vênus seria o professor para o desenvolvimento do amor e da beleza, mas que quando mal-empregada gera a luxúria e o apego; Marte, da força e coragem, porém quando mal-empregada gera a ira e a violência; Júpiter da fé, autoconfiança e justiça, porém quando mal-empregada gera a gula ou a cobiça, o exagero e a falta de limite; Saturno, da temperança, perseverança, concentração e responsabilidade, mas que mal-empregada gera a avareza, a frieza e o medo. Urano, por sua vez, seria o professor para o desenvolvimento da

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KATHRYN RADMALL

Caminho evolutivo

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busca da libertação individual pela onisciência divina, porém quando mal-empregada gera impaciência, rebeldia e necessidade de excitação e de mudanças de objetivo; Netuno, da busca de libertação transcendente pela percepção da unidade da vida e onipresença divina, mas que mal-empregada gera o escapismo, a dependência viciosa e a ilu O caminho não é são; e Plutão, da encontrado só pela busca da regenedevoção, só pelo traração pela dissobalho com autossalução do ego e crifício, só pela onipotência diviatenta observação na através da huda vida. Nenhuma mildade, porém dessas coisas isolaquando mal-emdamente (...). Todos pregada gera imos degraus são nepotência, insatiscessários para forfação manipuladora e fascinamar a escada ção pelo poder. Uma das passagens magistrais da preciosa joia intitulada Luz no Caminho (Ed. Teosófica), que Mabel Colins atribui aos mahatmas que a inspiraram, compara esse currículo do caminho espiritual ou escola da vida com uma escada a ser galgada, enfatizando: Procura o caminho (...). Não o busques por qualquer via especial. Para cada temperamento existe uma estrada que parece a mais desejável. O caminho, porém, não é encontrado só pela devoção, só pela contemplação religiosa, pelo progresso ardoroso, pelo trabalho com autossacrifício, pela atenta observação da vida. Nenhuma dessas coisas isoladamente é capaz de levar o discípulo mais do que um passo adiante. Todos os degraus são necessários para formar a escada. (p. 44-9.) A vida, portanto, é uma escola que tem uma finalidade, um currículo que nós todos teremos de aprender, mas enquanto não aprendermos, a lei cíclica da reenSOPHIA JAN-MAR/2011

carnação nos dará infinitas oportunidades de aprendizagem, até que a libertação desse ciclo de renascimentos e mortes se torne a nossa formatura: então seremos mestres de sabedoria. Nessa escola, os planetas ou astros são nossos professores regidos pela lei do karma: Tudo que o homem semear, isso também ele colherá (Gal. VI; 7). Porém deve ser compreendido claramente que o karma não existe para nos destruir, mas para nos instruir. Portanto, existe uma divina justiça e uma proporcionalidade em tudo o que nos acontece, como também está expresso na Bíblia: Deus é fiel, não permitirá que sejais tentados acima das vossas forças. Mas, com a tentação, ele vos dará os meios de sair dela e a força para a suportar. (I Cor. X; 13) Os planetas, quando seus aspectos são harmônicos ou fluentes, estimulam em nós o desenvolvimento das respectivas qualidades supramencionadas; mas quando seus aspectos são desarmônicos, analogamente inoculam vacinas em nós, desafiando-nos a reagir e produzir antídotos por nós mesmos. Portanto, mesmo quando os aspectos são desafiadores, os planetas apenas bloqueiam temporariamente a irradiação de suas energias, como um pai que cuidadosamente retira por um momento o apoio da criança, em lugar seguro e no tempo apropriado, para que ela possa aprender a caminhar por si mesma, embora permaneça vigilantemente a protegê-la. Sois deuses (João X; 34), e como deuses em formação na escola da vida, temos por fim que conquistar o mérito da maestria por nós mesmos: isso é a verdadeira libertação, para que aprendamos, por nós próprios, a nos tornar centros de irradiação das energias divinas e mestres construtores de futuros sistemas solares ou novas escolas da vida. 45


Conheça as publicações da

LANÇAMENTO Pérolas de Sabedoria Vida e Ensinamentos Sri Ramana Maharshi Este livro reúne três obras muito especiais de Sri Ramana Maharshi (1879-1950): Pérolas de Bhagavan, Vida e Ensinamentos do Autor e Quem Sou Eu? Conhecido como um dos maiores sábios que já surgiram na Índia, ele alcançou espontaneamente a suprema realização espiritual aos 16 anos de idade. Após vários anos em silêncio completo, absorto em estados profundos de pura consciência, o sábio foi aos poucos retomando a sua vida exterior. A aura de paz que ele então irradiava atraiu estudiosos e devotos de todas as partes do mundo. Pelo resto dos seus dias, Sri Ramana viveu aos pés da sagrada montanha Arunachala, transformando a vida de milhares de pessoas através de seus ensinamentos e sua presença. Sua obra é um convite ao leitor para que abra o seu ser para a poderosa influência desse silêncio.

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A Ciência da Meditação Rohit Mehta A Ciência da Meditação é um guia para compreender a meditação não só como prática, mas como filosofia de vida. O livro apresenta o caminho da meditação como um processo de autotransformação que conduz à solução de problemas desconcertantes da vida psicológica. Na visão de Rohit Mehta, a meditação leva à comunhão com o Supremo, com aquilo que está além do mundo manifesto; essa comunhão permite que os campos ressecados da vida possam ser irrigados com as águas frescas da experiência transcendental e atemporal. Para lidar com os grandes desafios da vida, faz-se necessário o uso do potencial total do cérebro. Mas para isso o cérebro precisa de um suprimento muito maior de energia. É nesse contexto que se insere o despertar da Kundalini, já que somente assim o cérebro pode conseguir essa energia. Isso pode ser feito sem perigos. O livro discute a maneira natural de despertar a Kundalini, sem práticas intrincadas ou orientação de especialistas.

A Tradição-Sabedoria Ricardo Lindemann e Pedro Oliveira

Meditação Um Estudo Prático Adelaide Gardner

A Tradição-Sabedoria é uma obra que apresenta uma investigação comparativa, a partir de paralelos com a ciência contemporânea, sobre as questões fundamentais da existência: quem sou eu? Qual o propósito da vida e da morte? Existe destino ou livre-arbítrio? Quais as possibilidades evolutivas do ser humano e do cosmo? Por que o homem cria tanto sofrimento para si mesmo? Atualmente notamos que a ciência contemporânea vem redescobrindo as tradições do pensamento filosófico-religioso da antiguidade, com liberdade de pensamento e de investigação. Este livro estimula a reflexão sobre o significado de uma visão integrada do homem e do universo, buscando aplicar a harmonia entre ciência, filosofia e espiritualidade na vida diária.

A prática meditativa sempre esteve presente no coração das grandes tradições religiosas da humanidade, na filosofia do Oriente e nas tradições místicas do Ocidente. A meditação é a arte de ser. Adelaide Gardner focaliza neste livro estados ampliados de consciência e a sua grande utilidade. Esta obra, portanto, é recomendada a todos aqueles que buscam uma orientação séria sobre a questão da meditação, que reconhecem ser sua prática algo profundamente relevante para o viver diário, trazendo para nossa experiência a influência benéfica e harmonizadora de nosso verdadeiro Eu, cuja natureza é Verdade, Sabedoria e Bem-aventurança. Além disso, traz sugestões seguras de práticas meditativas tanto individuais quanto grupais, abrindo caminho para um frutífero aprendizado daqueles valores que pertencem ao Espírito. SOPHIA JAN-MAR/2011


Editora Teosófica

Chegando Aonde Você Está a Vida de Meditação Steven Harrison Este livro investiga a meditação sem uma religião, crença ou técnica particular. É um convite para compreender mais e melhor a meditação e a vida. A meditação é encarada como um processo livre de motivações pessoais. Ela é o simples reconhecimento de onde estamos. Essa é a única meditação que não produz mais confusão na mente; pelo contrário, a elimina. É a meditação que nós já estamos fazendo, a meditação da realidade , que é viver.

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Autoconhecimento Marcos Resende Este livro vem trazer luz sobre a atual e importante questão relativa ao percebimento de nós mesmos e à compreensão do vasto movimento que é a vida. Não é um livro para ser apenas lido, mas cuidadosamente considerado. Isso porque o autoconhecimento não pode ser proporcionado pela mera leitura, requerendo zelosa observação de si próprio e de tudo o que se passa dentro e fora de nós. A escola é a vida; o livro, uma importante ferramenta para provocar a reflexão e a investigação.

Meditações Excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria Katherine A. Beechey (comp.) Esta é uma primorosa seleção de pensamentos extraídos das Cartas dos Mahatmas, apresentando um pensamento para cada dia do ano e relacionando cada mês com uma qualidade, como altruísmo, pureza, coragem, intuição e equilíbrio, entre outras. O leitor poderá trazer para sua reflexão diária a profundidade e a beleza das palavras dos mestres de sabedoria, que proporcionam o auxílio necessário para uma vida ética e feliz.

Editora Teosófica SGAS quadra 603, conj. E, s/nº Brasília-DF - CEP 70.200-630 Fone: 61-3322-7843 Fax: 61-3226-3703 E-mail: editorateosofica@editorateosofica.com.br Home page: www.editorateosofica.com.br

Inteligência Emocional As Três Faces da Mente Elaine de Beauport e Aura Sofia Diaz Neste livro pioneiro, resultado de 26 anos de ensino e pesquisa, a doutora Elaine de Beauport mostra que o nosso cérebro tríplice tem pelo menos dez inteligências, algumas mentais, algumas emocionais e outras comportamentais. Contando histórias práticas e recomendando exercícios simples, ela nos ensina a descobrir, a desenvolver e a administrar todas as inteligências. Aprenda a usar a inteligência espacial visual do seu cérebro mental para pré-visualizar um novo e importante projeto. Use a inteligência motivacional do seu cérebro emocional para acender o fogo criativo. Faça a inteligência de padrões do seu cérebro comportamental trabalhar para combater dependências e romper padrões negativos. Este livro é um verdadeiro manual do proprietário , com instruções para o melhor uso possível do corpo e das diversas inteligências próprias da vida humana.

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1. Além do Despertar - Textos do Mestre Hakuin sobre Meditação Zen: 23,00 2. Alvorecer da Vida Espiritual, O - Murillo Nunes de Azevedo: 25,00 3. Apolônio de Tiana - G. R. S. Mead: 23,00 4. Aprendendo a Viver a Teosofia, Radha Burnier, R$ 31,00 5. Aspectos Espirituais das Artes de Curar Dora van Gelder Kunz: 39,00 6. Autocultura à Luz do Ocultismo - I. K. Taimni: 37,00 7. Autoconhecimento - Marcos Resende: 18,00 8. Caminho do Autoconhecimento, O - Radha Burnier: 11,00 9. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 1 - Mahatmas K. H. e M.: 45,00 10. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 2 - Mahatmas K. H. e M.: 48,00 11. Cartas dos Mestres de Sabedoria - C. Jinarajadasa: 38,00 12. Chamado dos Upanixades, O - Rohit Mehta: R$ 37,00 13. Chave para a Teosofia, A - H. P. Blavatsky: 34,00 14. Chegando Aonde Você Está - A Vida de Meditação - Steven Harrison: 31,00 15. A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios - Ricardo Lindemann: 49,00 16. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: 35,00 17. Ciência do Yoga - I. K. Taimni: 43,00 18. Conheça-te a Ti Mesmo - Valdir Peixoto: 15,00 19. Conquista da Felicidade, A - Kodo Matsunami: 23,00 20. Consciência e Cosmos - Menas Kafatos & Thalia Kafatou: 34,00 21. Contos Mágicos da Índia - Marie Louise Burke: 21,00 22. Criança Encantada, A [livro de bolso] - C. Jinarajadasa: 11,00 23. Dentro da Luz - Cherie Sutherland: 31,00 24. Desejo e Plenitude - Hugh Shearman: 15,00 25. Despertar da Visão da Sabedoria, O Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama: 22,00 26. Despertar de Uma Nova Consciência, O Joy Mills: 17,00 27. Doutrina do Coração, A - Annie Besant: 18,00 28. Em Busca da Sabedoria - N. Sri Ram: 26,00 29. Escolas de Mistérios, As - Clara Codd: 33,00 30. Estudos Seletos em A Doutrina Secreta Salomon Lancri: 21,00 31. Fim da Divindade Mecânica, O - John David Ebert (comp.): 33,00

32. Fotos de Fadas - Edward L. Gardner: 17,00 33. Fundamentos da Filosofia Esotérica - H. P. Blavatsky: 15,00 34. Gayatri - O Mantra Sagrado da Índia - I. K. Taimni: 26,00 35. Gnose Cristã, A - C. W. Leadbeater: 32,00 36. Helena Blavatsky - Sylvia Cranston: 63,00 37. Hino de Jesus, O - G. R. S. Mead: 13,00 38. Histórias Zen - Paul Reps (comp.): 27,00 39. Homem: sua Origem e Evolução, O - N. Sri Ram: 17,00 40. Ideais da Teosofia, Os - Annie Besant: 23,00 41. Idílio do Lótus Branco, O - Mabel Collins: 20,00 42. Inteligência Emocional - As Três Faces da Mente - Elaine de Beauport & Aura Sofia Diaz: 47,00 43. Introdução à Teosofia - C.W. Leadbeater: 15,00 44. Investigando a Reencarnação - John Algeo: 24,00 45. Libertação do Sofrimento, A - Alberto Brum: 21,00 46. Luz e Sombra - Emma Costet de Mascheville: 16,00 47. Luz no Caminho - Mabel Collins: 11,00 48. Meditação - Sua Prática e Resultados Clara M. Codd: 15,00 49. Meditação - Um Estudo Prático - Adelaide Gardner: 22,00 50. Meditações: Excertos das Cartas dos Mestres de Sabedoria - Katherine A. Beechey (comp.) [livro de bolso] - 11,00 51. Meditação Taoísta - Thomas Cleary (comp.): 20,00 52. Mundo Oculto, O - A. P. Sinnett: 30,00 53. Natal dos Anjos, O - Dora van Gelder Kunz - 11,00 54. Ocultismo Prático - Helena Blavatsky: 11,00 55. Ocultismo, Semi-ocultismo e Pseudoocultismo - Annie Besant: 12,00 56. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Espiritual - N. Sri Ram: 20,00 57. Pérolas de Sabedoria - Sri Ramana Maharshi: 25,00 58. Pés do Mestre, Aos - J. Krishnamurti: 11,00 59. Pistis Sophia - Trad. Raul Branco: 48,00 60. Poder da Sabedoria, O - Carlos Cardoso Aveline: 25,00 61. Poder da Vontade, O - Swami Budhananda: 12,00 62. Poder Transformador do Cristianismo Primitivo, O - Raul Branco: R$ 20,00 63. Potência do Nada, A - Marcelo Malheiros: 23,00

64. Preparação para Yoga - I. K.Taimni: 22,00 65. O Processo de Autotransformação - Vicent Hao Chin Jr.: 33,00 66. Princípios de Trabalho da Sociedade Teosófica - I. K.Taimni: 12,00 67. Raja Yoga - Wallace Slater: 20,00 68. Regeneração Humana - Radha Burnier: 21,00 69. Rumo a uma Mente Sábia e uma Sociedade Nobre - Radha Burnier e outros: 18,00 70. Sabedoria Antiga, A: 37,00 71. Sabedoria Antiga e Visão Moderna Shirley Nicholson: 32,00 72. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A Geoffrey Hodson: 67,00 73. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 74. Segredo da Autorrealização, O - I. K. Taimni: 20,00 75. Senda Graduada para a Libertação, A Geshe Rabten: 14,00 76. Senda para a Perfeição, A Geoffrey Hodson: 15,00 77. Suprema Realização através da Yoga, A Geoffrey Hodson: 29,00 78. Sussurros da Outra Margem - Ravi Ravindra: 23,00 79. Teatro da Mente, O Henryk Skolimowski: 24,00 80. Teia de Maya, A - Atapoã Feliz: 17,00 81. Teosofia como os Mestres a Vêem Clara Codd: 33,00 82. Teosofia Simplificada - Irving Cooper: 19,00 83. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira e Ricardo Lindemann: 19,00 84. Três Caminhos para a Paz Interior Carlos Cardoso Aveline: 25,00 85. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de Calcutá: 23,00 86. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. Leadbeater - Annie Besant: 18,00 87. Vida de Cristo, A - Geoffrey Hodson: 43,00 88. Vida e Morte de Krishnamurti Mary Lutyens: 35,00 89. Vida Espiritual, A - Annie Besant: 26,00 90. Vida Interna, A - C. W. Leadbeater: 39,00 91. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, A - Scott Miners (comp.): 31,00 92. Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Shankara: 27,00 93. Vivência da Espiritualidade, A - Shirley Nicholson: 13,00 94. Você Colhe o que Planta Antonio Geraldo Buck: 15,00 95. Wen-tzu - A Compreensão dos Mistérios Ensinamentos de Lao-tzu: 29,00 96. Yoga - A Arte da Integração Rohit Mehta: 41,00 97. Yoga do Cristo - No Evangelho de São João, A - Ravi Ravindra: 33,00

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A origem da palavra theosophia é grega e significa sabedoria divina. A Sociedade Teosófica moderna busca a sabedoria não pela mera crença, mas pela investigação da verdade na natureza e no homem.

O que é a

Sociedade Teosófica

A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque, em 17 de novembro de 1875, por um grupo de pessoas, entre as quais se destacaram a russa Helena Petrovna Blavatsky e o norte-americano Henry Steel Olcott, que foi seu primeiro presidente. Posteriormente, a sede internacional foi transferida para a Índia, na cidade de Chennai, antiga Madras, onde se encontra atualmente localizada. Com mais de um século de existência, a Sociedade Teosófica espalhou-se por todo o mundo, com se-

Não há religião superior à

verdade

Esse é o lema da Sociedade Teosófica. Ele não significa que a Sociedade se imponha como portadora da verdade; quer dizer que o laço que une os teosofistas não é uma crença comum, mas a investigação da verdade em relação às diversas religiões, à filosofia ou à ciência.

des em mais de sessenta países. Está dividida em Seções Nacionais, que se compõem de Lojas e Grupos de Estudos. Seus objetivos são: Formar um núcleo da Fraternidade Universal da Humanidade, sem distinção de raça, credo, sexo, casta ou cor. Encorajar o estudo de Religião Comparada, Filosofia e Ciência. Investigar as leis não explicadas da natureza e os poderes latentes no homem. A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o princípio da fraternidade universal. Seus objetivos apontam na direção de uma livre investigação da verdade. Uma vez que essa investigação só pode ser realmente empreendida em uma atmosfera de liberdade, a Sociedade assegura aos membros o direito à plena liberdade de pensamento e expressão, dentro dos limites do respeito para com os demais. Membros de diversas religiões se filiaram à Sociedade Teosófica, man-

tendo, ao mesmo tempo, suas tradições. Considerando que ela não é uma religião, muito menos uma seita, somente o respeito à liberdade de pensamento torna possível a convivência harmônica que favorece a investigação e o aprendizado.

Sabedoria

viva

A origem da palavra theosophia é grega e significa, etmologicamente, sabedoria divina. Quem primeiro utilizou esse termo foi Amônio Saccas, em Alexandria, no Egito, no século III d.C, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatônicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, mas através de analogias e correspondências da alma humana com o mundo externo e os fenômenos da natureza. Assim, a Sociedade Teosófica moderna, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sabedoria não pela mera crença, mas pela investigação da verdade que se manifesta na natureza e no homem.

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Sociedade Teosófica no Brasil

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dade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuniões: 3ª, 20h. Loja Liberdade: R. Anita Garibaldi, 29, 10º andar. CEP: 01018-020. Tel: (11) 3256-9747. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojaliberdade@sociedadeteosofica.org.br e loja@teosofialiberdade.org.br Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizumoto 301, Liberdade. CEP: 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojarajayoga@ sociedadeteosofica.org.br Loja São Paulo: R. Ezequiel Freire, 296, Santana (imediações metrô Santana). CEP: 02034-000. Tel: (11) 5661-1383. Site: groups. yahoo.com/ group/ltsp-sampa. E-mail: ltsp-sampaowner@ yahoogroupps.com. Reuniões: dom. 17h30. Vitória-ES Loja Sabedoria Universal: Tel: 3340-028 (Sr. Alcione). E-mail: jrrm@intervip.com.br. Reuniões: 1ª terça do mês, 20h. Loja Sabedoria Universal: R. Coração de Maria, 215, ap. 801, Praia do Canto, CEP 29.100-013. G.E.T. Blavatsky - Espaço Luz: R. Odete de Oliveira Lacourt, 610, Loja 1, Jardim da Penha. CEP 29060-050. Tel (27) 3227-8249. E-mail: luz_trina@yahoo.com.br. Reuniões: 3ª, 19h30.

Outras cidades

Juazeiro do Norte-CE G.E.T. Ashrama: R. Santa Rosa, 835, Salesianos. CEP: 63010-440. Tel: (88) 3511-2905. Reuniões: domingo, 15h. E-mail: getashrama@sociedadeteosofica.org.br Juiz de Fora-MG Loja Estrela D Alva: Av. Barão do Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. Jundiaí-SP G.E.T Jundiaí: R. Santa Lúcia, 25, Chácara Urbana, CEP 13201-834. Fone: (11) 4586-5022 e 97002012. Reuniões: 5ª, 20h. E-mail: Luciano.Irlanda@ yahoo.com.br. Site: www.rosemeiredealmeida.com Mogi das Cruzes-SP Loja Raimundo Pinto Seidl: Rua Bráz Cubas, 251, sala 14, 1º andar, Centro. CEP: 08715-060. Tel: (11) 4799-0139. Reuniões: sábado, 15h30. Niterói-RJ Loja Himalaya: R. da Conceição 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, 2611-6949. Reuniões: 2ª, 19h. Piracicaba-SP Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. Email: lojapiracicaba@sociedadeteosofica.org.br. Praia Grande-SP Get Thoth: R.Maurício José Cardoso, 1086, Forte. CEP 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 2ª, 20h. E-mail: get.thoth@sociedadeteosofica.org.br Ribeirão Preto-SP G.E.T Ahimsa: R. João Penteado, 38, Jardim Sumaré, CEP 14020-180. Fones: (16) 3024-1755 e 9144-1780. Reuniões: Sáb., 16h. E-mail: getahimsa @sociedadeteosofica.org.br São Caetano do Sul-SP G.E.T. do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Santa Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reuniões: 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@gmail.com São José dos Campos-SP Loja Vida Una: R. General Osório, 48, Vila Ema. CEP: 12216-590. Reunião: 3ª 19h. E-mail: lojavidauna@sociedadeteosofica.org.br Uberlândia-MG G.E.T Uniconsciência: ESP. SAMSARA, Av. Cesário Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 32368661. E-mail: rosaneviola@centershop.com.br. Reuniões: Sáb., 16h.

Águas de São Pedro-SP G.E.T. Águas de São Pedro: Rua Pedro Boscariol Sobrinho, nº 95, SP. CEP: 13525-000. Telefone: (19) 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. Balneário Camboriú-SC G.E.T. Luz no Caminho: R. 2.700, nº 350, CEP 88.300-000. Tel: (47) 3046-0069 e 8401-4412. Reuniões: quinzenalmente, domingo às 17h30. E-mail: aruanik@yahoo.com.br Bragança Paulista-SP Loja Alaya: R. Teixeira, 505, Taboão. CEP 12900000. Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: sercan@uol.com.br Campina Grande-PB G.E.T. Sírius: R. Clementino Siqueira, 34, Jardim Tavares (lateral do restaurante Tábua de Carne). CEP: 58.402-070. Tel: (83) 3055-1770. Reuniões: dom., 16h30. E-mail: get.sirius@sociedadeteosofica.org.br ou bruno.san@globo.com Campinas-SP G.E.T Lótus Branco: Caixa Postal 3835, Av. João Erbalato, 48, ACF Castelo, CEP 13070-973. Reuniões: sábados, 15h, fones: (19) 3027-1224/88152970. E-mail: geteocps@yahoo.com.br Cataguases-MG Loja Unicidade: R. Coronel João Duarte, 78, s. 204. CEP: 36770-000. Tel: (32) 3421-8601/(32) 34212600/(32) 9111-8181 e (32) 9984-1164. Reuniões: 3ª, 20h, sáb., 19h. E-mail: lojaunicidade@sociedadeteosofica.org.br Criciúma-SC G.E.T. Mabel Collins: Cx P. 263, CEP 88801-970. Tel: (48) 3433-0380 / 9904-2080. Reuniões: 1º sábado do mês, 15h. Franca-SP G.E.T. Consciência: R. Jardinópolis, 508. CEP 14405065. Tel: (16) 3723-5676. Reuniões: domingo, 15h. Email: get.consciencia@sociedadeteosofica.org.br Guarulhos-SP G.E.T Mahatma Gandhi: Av. Esperança, 278, s. 5. CEP 07095-005. Tel: (11) 4485-3896/9338-3400. Email: edisonvianna@uol.com.br. Reuniões: 5ª, 20h. Joinville-SC Loja Shanti-OM: R. Eugênio Moreira, 114, Anita Garibaldi. CEP: 89202-100. Tel: (47) 3433-3706. Reuniões: 4º domingo do mês, 19h.




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