Sophia 58

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ANO 13 โ ข Nยบ 58 R$ 12,90



Cartas Terreno fértil “Num mundo onde a mídia e a cultura de massa estão impregnados com temas de violência, competição e superficialidade, ler a revista SOPHIA é uma oportunidade rara de acessar o terreno fértil da espiritualidade e da amorosidade, onde floresce a nossa humanidade em conexão com a natureza e o universo. Artigos como “O silêncio e a verdade interior” (nº 52 da revista) e “O caminho do crescimento” (nº 56) são belos exemplos disso e uma fonte de inspiração. Parabéns à revista e a seus colaboradores. Arnaldo de Castro Costa Brasília (DF) Sutileza e profundidade Como é surpreendente poder ler um material tão cuidadosamente produzido. A história nos conta que o objeto revista surgiu na Alemanha, em 1663, com o nome de Erbauliche Monaths-Unterredungen, algo como “Edificantes Discussões Mensais”. No Brasil os registros apontam para 1812. Mas, para mim, o momento mais importante foi quando surgiu a revista SOPHIA. A sutileza e profundidade dos assuntos provocam em mim uma gostosa expectativa, pois é a certeza de que vou desvelar mais um véu, devido à seriedade e precisão dos assuntos abordados nas matérias. Jovelina Ribeiro da Silva Oliva Curitiba (PR) Fonte de pesquisa A revista SOPHIA está aqui, e sua leitura nos convida à reflexão, ao aprendizado e a descobrir novos caminhos através das ciências, da espiritualidade e da filosofia, na beleza de suas páginas tão bem elaboradas. Ela explora o domínio do conhecimento, às vezes de maneira enigmática e inspiradora, transformando-se em uma fonte de pesquisa, uma janela aberta para o mundo da sabedoria.

Sophia 58 Ao leitor Células da humanidade

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A mente madura Radha Burnier

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A ciência e a reencarnação Regina Medina

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Os artistas do destino Linda Oliveira

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A filosofia taoísta Marcelo Ramos

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Consciência no dia a dia Tim Boyd

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O paradigma de Gaia Pamela Kent Demers

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Joana D’Arc: uma guerreira espiritual Sandy Ravelly

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Margareth Katlen Ignatowska Vitória (ES) Para adquirir edições anteriores, fale com a Editora Teosófica pelo telefone (61) 33227843 ou ligue grátis para 0800-610020.

Sabedoria: o tesouro oculto Barry Bowden

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[ AO LEITOR ]

Células da humanidade

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Olá! Esta é a SOPHIA nº 58, a revista da Sociedade Teosófica no Brasil. Transitando pelas áreas da ciência, da religião e da filosofia, ela tenta apontar para uma espiritualidade que não seja meramente fruto de crenças, de projeções ou imaginações, mas de uma compreensão mais efetiva e real da vida como ela é e de um viver mais fraterno e solidário. O mundo anda cada vez mais caótico. A humanidade vem se distanciando progressivamente da natureza e o homem está mais e mais engajado em uma luta frenética por dinheiro, poder e sucesso no plano material. Todo ser humano, invariavelmente, anseia por felicidade. Todavia, por não compreendermos a vida e a nós mesmos, projetamos inconscientemente que a felicidade está em atingir objetivos materiais e na fruição de prazeres ao extremo e, dessa maneira, criamos esse mundo de individualismo, de competição, de guerras e de crueldade, e a felicidade, quando resultado apenas de conquistas externas, revela-se como algo meramente passageiro.

É possível utilizar a seriedade da mente científica no terreno religioso? Pode haver a inspiração da mente religiosa para uma compreensão mais efetiva e real da vida e de nós mesmos? Pode a filosofia deixar de ser mera abstração para se refletir em sabedoria no viver diário e nas relações cotidianas? Essas questões são importantes e merecem uma reflexão de nossa parte. As barreiras de preconceitos ainda existentes entre os diversos caminhos pelos quais o homem tenta compreender a vida condicionam a mente humana, impedindo-a de ver com clareza. Se, no âmago de nossos corações, ansiamos pela felicidade, precisamos compreender que nossa mente, sendo tendenciosa em razão dos preconceitos, se dirigida para objetivos meramente externos e pessoais, pode nos enclausurar em um casulo de egoísmo e isolamento onde não há espaço para algo que, por natureza, transcende o interesse individual. A chamada vida espiritual não pode estar dissociada do viver diário, nem deve ser mera fantasia. Ela

Ano 13, nº 58 – Nov/Dez 2015 – Publicação da Ed. Teosófica SIG Q.6, Lt. 1.235, Brasília-DF CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843 E-mail: editorateosofica@ editorateosofica.com.br Site: www.editorateosofica.com.br

Edição:

Usha Velasco Revisão:

Zeneida Cereja da Silva Tradução:

Edvaldo Batista de Souza Projeto gráfico e arte:

Editor-chefe:

Usha Velasco

Marcos Luis Borges de Resende Coordenadora editorial:

Zeneida Cereja da Silva

Impressão:

Gráfika Papel e Cores

demanda um questionamento permanente de nossos objetivos e metas, bem como de nossas secretas motivações. Ao nos depararmos com o egoísmo que normalmente permeia nossa consciência, cabe-nos estar conscientes dele a fim de pararmos de alimentá-lo inconscientemente. Qualquer luta contra nossa natureza será conflito e desperdício de energia. Mas a percepção honesta e sincera sobre nossas motivações e ações pode naturalmente transformá-las em atitudes menos egocêntricas, geradoras de felicidade para nós e para os outros. Esta questão, entre outras, está na pauta de SOPHIA. Como atuar para que o ser humano possa ser feliz e a paz possa reinar na Terra? Como derrubar as paredes de preconceitos que existem entre ciência, filosofia e religião, que impedem um olhar sério em direção à verdade? Isso depende de cada um de nós, que somos células desse imenso corpo chamado humanidade. Seremos capazes de fazer o nosso melhor com vistas à dissipação da ignorância existencial? Estamos dispostos a enfrentar a vida com a disposição de descobrir o seu significado de modo a atuarmos com sabedoria e compreensão? Esse desafio é nosso, de cada indivíduo como eu e você. Aproveite a revista. Faça uma boa leitura. Juntos, podemos ir mais longe. Um abraço! Até a próxima.

Conselho Editorial:

Marcos Luis Borges de Resende, Patricia Resende, Pedro Oliveira, Sergio Moraes, Valéria Marques de Oliveira e Zeneida Cereja da Silva

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Distribuição nacional:

Dinap Distribuidora Ltda * As imagens utilizadas são de responsabilidade do editor-chefe

Marcos Luis Borges de Resende Diretor-Presidente da Sociedade Teosófica no Brasil SOPHIA • NOV-DEZ/2015


[ APRENDIZADO ]

‘ A mente madura Na ausência do egoísmo, não há mais motivos por que se ofender ou se perturbar. A mente é como uma luz que queima firmemente, e não é afetada por condições externas

Radha Burnier*

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Há um mundo de diferença entre uma mente madura e uma mente imatura. O fragmento intitulado “Os Sete Portais”, no livro A Voz do Silêncio, diz: “Tua alma tem que se tornar como a manga madura: tão macia e suave quanto sua polpa dourada; para desgosto dos outros, tão dura quanto seu caroço.” O amadurecimento ocorre lentamente, com a experiência de mui-

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“Uma vez tendo o homem se tornado conhecedor, os meios da felicidade e o caminho para o bem estão dentro dele, pois nada que esteja fora dele é bom.”

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ta encarnações, ou rapidamente, quando, em um certo estágio, descobre-se em que consiste a maturidade. Do ponto de vista espiritual, a maturidade não é uma habilidade de tipo mundano. Assim como a manga totalmente madura não tem nenhuma parte verde, a mente madura está livre de todo elemento de imaturidade. A palavra imaturo, ou verde, significa, entre outras coisas, “não treinado”. Um recruta “verde” é, por exemplo, uma pessoa ainda não treinada. A palavra também significa não curado, doente, inflamado, como uma área ferida, uma área que ainda não sarou. Essas palavras ajudam a compreender o estado de imaturidade. Geralmente, os pensamentos e as emoções jorram na mente, sendo, em sua maioria, reações desordenadas a certas pessoas e certas circunstâncias. Essas reações são sintomas de uma condição subconsciente. A insegurança do ego é posta à mostra de muitas maneiras: emoções que facilmente se inflamam, excessiva sensibilidade à opinião dos outros, pensamentos que se vangloriam, e assim por diante. Pessoas que parecem ser fortes podem na verdade estar apenas se endurecendo, por-

“Do ponto de vista espiritual, a maturidade não é uma habilidade de tipo mundano. Assim como a manga totalmente madura não tem nenhuma parte verde, a mente madura está livre de todo elemento de imaturidade.” SOPHIA • NOV-DEZ/2015

que são inseguras e sentem a necessidade de se proteger. Querer se tornar durão, forte ou esperto é um sintoma de fraqueza oculta. Entre as sete virtudes descritas como as chaves para “Os Sete Portais”, em A Voz do Silêncio, está kshanti: a paciente doçura que nada pode abalar. Na ausência do egoísmo, não há mais motivos por que se ofender ou se perturbar. A mente é como uma luz que queima firmemente, e não é afetada por condições externas. A firmeza, um real sentido de paz e de liberdade de desejos e temores são todos características da maturidade. Esse estado é a “verdadeira felicidade” descrita por Plotino: “O sinal de que esse estado foi alcançado é que o homem não procura mais nada. Uma vez tendo o homem se tornado conhecedor, os meios da felicidade e o caminho para o bem estão dentro dele, pois nada que esteja fora dele é bom. Qualquer coisa que ele deseje além disso, ele procura como uma necessidade, e não para si mesmo, mas para um subordinado, pois o corpo a que fez jus, uma vez tendo vida, precisa se suprir das necessidades da vida, as quais, porém, não são necessidades para o homem verdadeiro.” Aquele que cresce em maturidade não se apressa em dar opiniões e a chegar a conclusões. Sua mente é perceptiva e inteligente, mas a própria inteligência faz com que ele pare e espere. Ele não pressupõe que suas opiniões sejam valiosas, e, portanto, com ele não há obstinação, auto-afirmação ou orgulho. O primeiro sinal da maturidade é reconhecer suas próprias limitações e ser S humilde e simples. * Radha Burnier (1923-2013) foi escritora e presidente internacional da Sociedade Teosófica.

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Por que as lembranças de vidas passadas geralmente são relatadas por crianças? Segundo tradições espiritualistas, seria porque elas ainda estão muito ligadas aos planos sutis.


[ PESQUISA ]

A ciência e a reencarnação

Os estudos sobre reencarnação iniciaram-se com o doutor Ian Stevenson, nos Estados Unidos, e mais de vinte e cinco mil crianças foram investigadas nos últimos quinze anos. Esse fato é importantíssimo, pois a ciência certamente lançará novas luzes sobre o processo investigativo

Regina Medina*

Ao longo do tempo, filósofos e religiosos investigaram a razão da vida e seus mecanismos. É óbvio que diferenças impressionantes sempre marcaram as condições de vida dos seres humanos, do nascimento à morte. Por que tanta disparidade? Por que tanto sofrimento para uns e facilidades para outros? Seriam os homens prejudicados ou privilegiados por deuses voluntariosos? Essa foi uma antiga concepção dos antigos. Poderiam os deuses ser levados a favorecer os humanos, quando adulados? Ou seríamos nós mesmos os responsáveis pelos acontecimentos que regem nossas vidas? Seríamos aprendizes de matérias necessárias à nossa evolução? Essa pareceria uma conclusão mais justa, e é o que a Índia nos ensina, com o conceito de reencarnação e karma. Apesar de muitas pessoas pensarem que o karma é uma espécie de castigo, não é esse o seu significado real. Karma significa roda, imagem que nos remete à ideia de tempo e da vida em movimento. Ao girar, ele tece situações, ligações de causas e efeitos. Consequentemente, se em algum momento há um novo direcionamento nas ações, alguma transformação fundamental, imediatamente poderá haver também alguma mudança no efeito. A palavra karma, introduzida no Ocidente pela Teosofia, já está basSOPHIA • NOV-DEZ/2015

tante disseminada, sendo conhecida até pelos que não aceitam essa lei como uma possibilidade. Entretanto, a real compreensão de seu significado ainda não é muito difundida. Na roda kármica, uma vida não seria suficiente para dar conta de todas as metas a serem atingidas; daí vem a compreensão da necessidade da reencarnação. Seria necessário um número maior de oportunidades para consertar nossos erros e aprender mais sobre a finalidade da vida. Esse tema tem sido desenvolvido em filmes e em novelas televisivas, mas são as histórias verídicas que mais nos impressionam. Um exemplo é o filme Minha vida na outra vida, baseado em um livro autobiográfico. Jenny, uma arquiteta do interior dos Estados Unidos, com uma família estável, vivia atormentada por lembranças de um local, de eventos e de pessoas desconhecidas com as quais se identificava. Ela desenhou o local que via em sua mente e localizou-o, através de uma pesquisa, na Irlanda. Descobriu que teria sido Mary, uma mulher que morreu após uma complicação pós-parto, na década de 1930. Ela foi à Irlanda e reencontrou os filhos, já idosos, dos quais a morte prematura a havia separado. Sua memória trazia detalhes tão impressionantes que seu filho mais velho não teve dificuldades em reconhecer a mãe. Hoje, a grande novidade é a notícia de que casos assim estão sen-

do seriamente investigados pela ciência, que busca uma explicação para esses fenômenos. Segundo informações do jornal O Globo, o psicólogo Jim Tucker, pesquisador da Universidade de Virgínia, esteve no Rio de Janeiro para falar sobre o assunto na Sociedade de Estudos Espiritualistas em dezembro de 2014. Ele conta que os estudos sobre reencarnação iniciaram-se com o doutor Ian Stevenson, pesquisador da Divisão de Estudos da Percepção da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, e que mais de vinte e cinco mil crianças foram investigadas nos últimos quinze anos. Esse fato é importantíssimo, pois a ciência certamente lançará novas luzes sobre esse processo investigativo. O mesmo aconteceu no caso das Experiências de Quase Morte (EQM). O estudo não chegou a conclusões definitivas, mas elaborou todo um levantamento comum nesse tipo de ocorrência, independentemente de lugar, cultura, religião ou sexo, e assegurou também uma abordagem mais respeitosa para com doentes terminais por parte das equipes médicas. Agora é a vez da reencarnação. Após o trabalho sistemático iniciado na década de 1960 pelo doutor Stevenson, outros psicólogos respeitados pesquisaram o assunto e deixaram diversos estudos a respeito de crianças que relataram memórias de vidas passadas. Erlendur 9


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os detalhes contados pelo menino. A criança tinha obsessão por aviões, falava sobre sua mecânica e confundia a família, que nada tinha a ver com aeronáutica. Por que as lembranças de vidas passadas geralmente são relatadas por crianças? Segundo tradições espiritualistas, seria porque elas ainda estão muito ligadas aos planos sutis. Na maioria das vezes tiveram mortes violentas, ou simplesmente morreram ainda na infância. Casos assim desafiam os que desprezam a ideia de reencarnação. Quando investigados, eles podem ter implicações complicadas, como o relato recente de um menino de três anos, de etnia drusa, nascido nas Colinas de Golan (Golan Heights), próximo à fronteira de Israel com a Síria. Ele dizia seu nome anterior e contava que tinha sido morto com uma machadada. Sabia o nome do assassino e ainda dizia ser capaz de apontar o local em que fora enterrado. Os anciões da aldeia resolveram testar o garoto, dirigindo-se ao local onde ele dizia ter morrido. Encontraram um esqueleto com uma marca no mesmo ponto em que a criança tem um sinal bastante aparente. Ele então mostrou o local em que a arma do crime havia sido enterrada, o que levou a uma busca pelo assassino, sumido há quatro anos do local do crime. Quando foi encontrado, ele ficou tão aturdido pela forma como fora descoberto que confessou o crime. O caso agora é objeto de um processo criminal de conteúdo no mínimo surpreendente. Conheci pessoalmente uma mãe que perdeu um filho em um acidente de carro, aos dez anos de idade. Ela havia permitido que o menino viajasse com uma família de amigos, para passar alguns dias de férias, e morreram todos. Tendo perdido esse filho único e depois se separado do marido, casou-se de novo e teve um outro menino. Quan-

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Haraldsson, professor emérito da Universidade da Islândia, em Reykjavik, estudou 25 casos no Sri Lanka e escreveu o artigo “Estudos de Replicação de Casos Sugestivos de Reencarnação por Três Investigadores Independentes”, publicado no Jornal da Sociedade Americana para a Pesquisa Psíquica em 1994. O jornal aponta a continuidade dos estudos pelos pesquisadores Jurgen Keil, que estudou 60 casos na Birmânia, Tailândia e Turquia, Antonia Mills, que pesquisou 38 casos no norte da Índia, e o próprio Haraldson. O artigo afirma que “em 80% dos 123 casos foi identificada uma pessoa falecida que aparentemente correspondeu a algumas ou a todas as declarações da criança. (...) Em 51% dos 99 casos resolvidos, a pessoa que a criança alegou ser era desconhecida pela família atual da criança; em 33% era conhecida, e em 16% era parente. Da amostra combinada de 123 casos, apenas um deles parecia estar na fronteira entre o engano consciente e o autoengano.” Assim como no caso da americana Jenny, as crianças, mesmo em lugares onde a reencarnação não faz parte da cultura, começaram a ter pesadelos e a dizer que queriam voltar para casa, segundo o doutor Tucker. Com o tempo, começaram a fornecer detalhes sobre os lugares onde moraram, os parentes que tiveram e as circunstâncias de sua morte. Um caso impressionante é o do menino James Leininger, que teve os primeiros pesadelos aos dois anos e apresentava um grande conhecimento sobre aviões. Lembrava-se de que fora um piloto e de que sua aeronave havia sido abatida pelos japoneses em Iwo Jima, na Segunda Guerra. A história era rica em detalhes; ele descrevia um portaaviões chamado Natoma Bay e um outro piloto que voava com ele. Apenas um homem morreu nessa operação, seu nome era James Huston. Outros sobreviventes confirmaram

O reconhecimento da reencarnação pode gerar um maior compromisso diante da vida, pois, se alguém tem a certeza de que é o único responsável pelo que planta e pelo que colhe, certamente terá mais responsabilidade e consciência em sua forma de agir.

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do a criança estava com dois anos, começou a narrar fatos que ocorreram com seu irmão morto, como se tivessem acontecido com ele mesmo. A mãe dizia ter certeza de que recebera o filho de volta. O que dizer de crianças geniais, que demonstram talentos raros e precoces, como Mozart e tantos outros? Há muito a ser investigado, e é imprescindível e louvável o envolvimento da ciência com o estudo desses casos. O reconhecimento da reencarnação pode gerar um maior compromisso diante da vida, pois, se alguém tem a certeza de que é o úniSOPHIA • NOV-DEZ/2015

co responsável pelo que planta e pelo que colhe, certamente terá mais responsabilidade e consciência em sua forma de agir. Jim Tucker, em sua entrevista ao jornal O Globo, afirmou ter ficado “convencido de que não existe apenas o mundo físico. Há também uma parte da consciência ligada a esse mundo, mas também separada. Os casos que pesquisei trazem evidências de que memórias e emoções podem sobreviver ao corpo, e nossas mentes não são completamente dependentes do cérebro.” É o papel da ciência buscar respostas para esse processo, e o mais im-

portante é a seriedade. Segundo o estudo, 25% das crianças descrevem como ficaram próximas à família anterior durante o processo intermediário entre as duas vidas. Algumas descrevem outros mundos e até o próprio funeral. Se esses fatos não indicam a evidência de uma reencarnação, que outras hipóteses e alternativas poderiam ser levantadas? Este é S um desafio para a ciência.

* Regina Medina é professora do Ensino Médio aposentada e presidente da Loja Teosófica Conde de Saint Germain, no Rio de Janeiro.

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[ AUTORRESPONSABILIDADE ]

‘ Os artistas do destino Muitas pessoas acham que não têm habilidades artísticas. Porém, cada um de nós é um artista, mesmo sem saber – um artista do nosso próprio desenvolvimento e destino

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Linda Oliveira*

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Frequentemente descrevemos nossa vida em termos de habilidades, realizações, carreira, família, lazer, preocupações, compromissos, etc. Nós nos tornamos especialistas em dividir o tempo em compartimentos, mas é triste ver que a atenção dispensada ao lado espiritual frequentemente está em último lugar entre as tantas áreas que compõem a jornada passageira que conhecemos como vida. É possível abordar a vida de uma maneira mais holística, integrando nossas várias experiências e incluindo as espirituais, de modo que haja uma consistência de respostas que não seja determinada pelo “chapéu” que por acaso estejamos usando numa determinada situação. Em outras palavras, podemos agir a partir de quem verdadeiramente somos, e não de acordo com os ditames das circunstâncias. Podemos usar a metáfora da pessoa como um artista, que pode revelar seu eu interior mais íntimo, e no entanto mais universal. Muitas pessoas acham que não têm habilidades artísticas. Porém, cada um de nós é um artista, mesmo sem saber – um artista do nosso próprio desenvolvimento e destino. Para ser um pintor é preciso treinar e desenvolver habilidades básicas com pincéis e tintas; são necessários telas, palhetas de tintas, cavaletes para sustentar as telas. Porém, há muito mais coisas envolvidas, pois o artista tem algum tipo de visão daquilo a que dará vida na tela, cujo esboço pode ser feito de antemão. É provável que essa visão seja refinada no processo resultante. As mais sutis sensibilidades do artista precisam ser despertadas para dar à luz a criação incipiente. O termo “autorresponsabilidade” implica a necessidade de entender o significado de responsabilidade, eu e ego. Responsabilidade significa dever, compromisso, capacidade de conduta

racional. Na literatura teosófica, a personalidade é frequentemente chamada de “eu”, e a individualidade, de “ego”. Podemos dizer que a refinada arte da autorresponsabilidade envolve vários aspectos: possuir uma visão ou intuição daquilo que podemos nos tornar; ser sensível a essa visão; perceber as ferramentas do “eu” com as quais temos que trabalhar; examinar nossas várias tendências; suavizar essas tendências, de modo que as cores sutis de nossa verdadeira natureza possam assumir forma. Esse processo deve pavimentar o caminho para as nossas ações, que vão se tornando cada vez mais equilibradas e cuidadosas, refletindo nosso dever ou missão de vida individual, de modo que nos tornemos conscientes e plenamente responsáveis por nossas ações. Se tivéssemos total responsabilidade por nossas ações, não deveríamos nos encolerizar com o karma, nem nos irritar com as circunstâncias com que nos defrontamos. Existe um fenômeno que pode ser descrito como “fenda”, um hiato entre entender intelectualmente ensinamentos como o karma e de fato fundi-los em nosso ser. No livro A Voz do Silêncio (Ed. Teosófica), de Helena Petrovna Blavatsky, os termos contrastantes “aprendizagem intelectual” e “sabedoria da alma” também se referem a esse hiato, que às vezes pode parecer um abismo. Como artistas do nosso próprio desabrochar, nossa primeira tarefa é ver o que realmente está aqui, identificar as ferramentas com que temos que trabalhar. Isso requer um exame da nossa personalidade que pode ser desconfortável. Nesse processo, os aspectos do eu pessoal que não são úteis se tornam aparentes, assim como os aspectos que não precisam ser mantidos por longo tempo. 13


Clareza de visão

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mento dos hábitos e desejos, enquanto o ser interior começa a emergir: vairagya. Geralmente traduzido como desapego, seus significados incluem também “mudança ou perda de cor” e “palidez crescente”. Mas o que está perdendo a cor e se tornando pálido? Pode-se dizer que a personalidade empalidece, à medida que as compulsões retrocedem; ao mesmo tempo, as verdadeiras cores da individualidade se tornam cada vez mais pronunciadas. Todo esse processo pode parecer assustador, porém, mais uma vez, devemos nos considerar como artistas. Não temos que realizar tudo isso em uma semana, mas podemos começar aqui e agora, com apenas um pequeno aspecto de nós mesmos. Como o pintor, precisamos ter paciência; esse pode ser um processo muito positivo e criativo. Nós decidimos nosso destino através das escolhas e de como lidamos com as coisas. Essas escolhas refletem-se como oportunidades de crescimento na infalível lei do karma. O crescimento espiritual não é algo que somos compelidos a aceitar pelas circunstâncias. Ele deve vir como um ato de escolha, e o desenvolvimento posterior da nossa natureza só pode ser alcançado pelo esforço pessoal. Quando o véu da personalidade é reduzido, a escolha é feita por um aspecto mais profundo de nós mesmos. Lembremos que o significado de responsabilidade é “dever”. No livro A Chave para a Teosofia (Ed. Teosófica), Blavatsky fala do dever em termos amplos e bastante duros: “O dever é aquilo que é devido à humanidade, ao nosso próximo, nossos vizinhos, à família, e especialmente aquilo que devemos a todos aqueles que são mais pobres e mais impotentes. Esse é um débito que, se não for saldado durante a vida, deixa-nos espiritualmente in-

“Para entendermos a nós mesmos, é necessário considerar os vários hábitos e desejos da personalidade de maneira tão imparcial quanto possível. Em suma, é preciso segurar um espelho e revelar a nós mesmos aquilo que somos.”

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Os ensinamentos da Sabedoria Perene podem nos ajudar a ser artistas exímios. Madhava Ashish apontou a necessidade de uma visão clara de nós mesmos, ao comentar que a nossa habilidade de manter os pés na estrada depende da clareza da visão. Ele observou que, “quanto mais entendemos aquilo que somos, e como chegamos a ser o que somos, mais entenderemos o que temos que nos tornar, e como nos tornar”. Quando realmente enxergamos, a maneira e o método tornam-se claros. Para isso é preciso fortalecer os aspectos mais elevados da nossa natureza, e, por outro lado, enfraquecer o poder compulsivo dos velhos hábitos. Para entendermos a nós mesmos, é necessário considerar os vários hábitos e desejos da personalidade de maneira tão imparcial quanto possível: gostos e aversões, amores e temores, respostas às outras pessoas – particularmente as respostas negativas –, tendências duradouras e repetitivas, habilidades que possuímos e as que precisamos desenvolver, áreas em que nosso desenvolvimento é assimétrico e deficiente. Em suma, é preciso segurar um espelho e revelar a nós mesmos aquilo que somos. Esse, no entanto, não é um processo narcisista. É possível ser uma testemunha relativamente imparcial de nossas forças e fraquezas, que podem, então, clarear “aquilo que temos de nos tornar”. Krishnamurti falou do autoconhecimento no sentido de “conhecer cada pensamento, cada estado de ser, cada palavra, cada sentimento, conhecer a atividade de sua mente”. Isso não era complicado nem analítico; era simplesmente observar a mente, pois a mente com frequência colore a nossa sensibilidade, conforme esteja tingida por desejos ou pela faculdade da intuição. Há um termo sânscrito que resume o processo de enfraqueci-

solventes e moralmente falidos na nossa próxima encarnação.” Não se trata do tipo de dever restrito e opressivo contra o qual o eu pessoal poderia lutar. Ele é de uma cor diferente, porque se origina do aspecto de nossa natureza capaz de discernir nossas conexões universais com a vida. O dever ou responsabilidade, no seu sentido mais amplo, refere-se à nossa responsabilidade em relação à vida, um mandado sagrado para o indivíduo no caminho espiritual. Isso inclui cuidar de plantas e animais, envolver-se em

SOPHIA SOPHIA•• NOV-DEZ/2015 NOV-DEZ/2015


assuntos éticos e assumir uma série de responsabilidades para com a humanidade e a vida. No século XXI, quando a tecnologia torna nossas vidas tão mais fáceis, noções como esforço e dever não são muito palatáveis. Todavia, quando tivermos tocado nossa verdadeira individualidade, mesmo que uma única vez, de maneira pequenina, os esforços não parecerão tão pesados. O autor contemporâneo Ken Wilber, que escreve sobre a Sabedoria Perene, explica como a agitação do eu relaxa durante a meditação ou

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a contemplação não dual. Certamente ele se refere à meditação autêntica, não a outras atividades comumente confundidas com práticas meditativas. A noção do eu pessoal se desenrolando implica o fato de que estamos normalmente num estado de autoproteção que não nos permite “desistir do eu pelo não eu”, para usar as palavras de A Voz do Silêncio. Para não ter que abrir mão do eu, o ser humano se comporta como uma cobra, que ataca quando provocada e que se sente mais confortável

quando está dormitando, enroscada em si mesma. Porém, quando a serpente se desenrola e sua superfície fica plenamente exposta ao ambiente, ela também pode corporificar a sabedoria. Ken Wilber observa que, quando nos percebemos aqui e agora, basicamente sentimos “uma diminuta tensão ou contração interior, uma sensação de agarrar, desejar, cobiçar, evitar, resistir – é uma sensação de esforço, de busca”. Em sua forma mais elevada, essa sensação assume a forma da “grande busca pelo espírito”. O paradoxo é que

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o espírito não está em lugar algum. A sabedoria perene fala do “espírito como matéria”; portanto, tudo que percebemos no mundo é uma solidificação do espírito. Não reconhecemos isso pelo que é, nem reconhecemos plenamente a nós mesmos pelo que somos – espírito ou ego. Parece que é necessário um nível de sacrifício pessoal para que o eu se desenrole, mas não é saudável levar isso a extremos. É bom ter em mente o ensinamento budista do Caminho do Meio. Madhava Ashish sabiamente afirmou que “somos mais completos e perfeitos quando estamos despertos tanto para a fonte não diferenciada do nosso ser quanto para sua manifestação diferenciada”.

Não devemos, por exemplo, doar tanto de nós mesmos e de nossos pertences que não possamos mais agir de maneira eficaz. Blavatsky deu uma indicação disso quando escreveu que “o autossacrifício tem que ser feito com discriminação; tal autorrenúncia, se for feita sem justiça, ou às cegas, sem consideração para com os resultados subsequentes, pode frequentemente se tornar não apenas inútil como nociva. Uma das regras fundamentais da Teosofia é a justiça para consigo mesmo – visto como uma unidade da coletividade humana, não como uma autojustiça pessoal, nem mais e nem menos do que para com os outros.” (A Chave para a Teosofia)

O artista geralmente começa com uma ideia do que será trazido à vida sobre a tela. Talvez por um longo período de evolução o ser humano não tenha uma visão específica do que pode se tornar. Um vislumbre precisa de tempo para ganhar clareza. Porém, quando o momento crítico é alcançado, a visão de uma ordem diferente da humanidade pode começar a surgir. Quanto mais focada esteja a visão, mais rápido o retorno. À medida que o eu retrocede, o Eu começa a revelar suas cores delicadas e sutis. Para Krishnamurti e Ken Wilber poderia não ser necessário buscar aquele algo que já somos, mas que percebemos apenas de maneira obscura. Talvez também não lhes tenha sido necessária uma visão, o simples reconhecimento do que é. Para Wilber, o que é importante no final das contas é reconhecer o imutável, o vazio primordial, a divindade inqualificável, o puro espírito. Podemos chamar a isso de reconhecer o eu universal interior, ou conhecer mais uma vez aquilo que verdadeiramente somos. Porém, o desabro16

char humano também requer um processo, a preparação para aquilo a que nos referimos como “a senda”. Voltando à metáfora do artista, isso implica a ocorrência de um processo criativo. Quanto mais identificamos aquilo com que temos que trabalhar, mais podemos remover a dura capa externa de vidas passadas e permitir que o que está no interior possa emergir. Podemos então nos tornar responsivos ao Eu, em vez de reativos aos caprichos do eu pessoal que tende a preencher a maior parte do nosso estado de vigília. A qualidade de vida se torna mais rica, mais equilibrada, tingida de maneira crescente pela beleza interior. O ego reencarnante é refinado e iluminado. A ação do ego, que é individual e universal, não é sequer previsível. Uma artista australiana, Margaret Olley, afirmou: “Estou sempre esperando para ser surpreendida. Se não restam mais surpresas, você poderia muito bem morrer agora. Mantenha o seu senso de curiosidade e de espanto. A grande obra-prima pode estar esperando na próxima esqui-

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Um processo criativo

“A curiosidade e o espanto a respeito de nós mesmos e do mundo evitam a estagnação e a previsibilidade, e estimulam a ação criativa do espírito. Essa postura evita que a mente se cristalize, presa à rotina, e nos ajuda a responder mais à vida, em vez de reagir de acordo com velhos padrões.”

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na.” É assim também com a jornada espiritual. A curiosidade e o espanto a respeito de nós mesmos e do mundo evitam a estagnação e a previsibilidade, e estimulam a ação criativa do espírito. Essa postura evita que a mente se cristalize, presa à rotina, e nos ajuda a responder mais à vida, em vez de reagir de acordo com velhos padrões. Gradualmente nos tornamos autorresponsáveis, agindo em todas as situações alinhados com a nossa natureza mais profunda. Como podemos manifestar isso em termos concretos? Alguns exemplos são a honestidade em assuntos financeiros, admitir um erro em vez SOPHIA • NOV-DEZ/2015

de encobri-lo, fazer o que prometemos, ter cortesia para com os outros em todas as situações, envolver-nos em causas por um mundo melhor. Autorresponsabilidade significa nos tornarmos plenamente responsáveis por nossas ações. Essa obra de arte é tudo o que sempre fomos. Em um estágio avançado do caminho, o processo de buscar o próprio Ego ou Espírito deve ser abandonado, porque então, paradoxalmente, ele não pode ser alcançado – ele é aquilo que somos, como reconheceram Krishnamurti e Ken Wilber, e como mostra um dos Upanishades:

O Senhor de tudo, o conhecedor de tudo, o começo e fim de tudo – esse Ego habita cada coração humano. Olhe para fora – ele se foi. Olhe para dentro – ele se foi. Não pode ser lembrado, não pode ser esquecido, não pode ser agarrado por nenhum meio. Está além de todos os limites e fronteiras. É a pura unidade, S onde nada mais pode existir. * Linda Oliveira é Presidente Nacional da Sociedade Teosófica na Austrália e ex-Vice-Presidente Internacional da ST.

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[ BEM-ESTAR ]

A filosofia taoísta Paz, saúde, felicidade e estabilidade emocional são alguns dos benefícios de práticas taoístas como tai chi chuan, bá-gua, qi-kung e meditação

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Marcelo Ramos*

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“O funcionamento secreto do céu e da terra são as formas pelas quais o grande Tao se manifesta no universo. Ele se move incessantemente para cima e para baixo. É por isso que céu e terra têm um alicerce seguro e duram muito tempo.”

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O objetivo do Taoísmo é ensinar o homem a retornar a seu estado original de paz, saúde e felicidade. A meditação e as práticas taoístas, conhecidas no Ocidente como terapias integrativas, promovem esse retorno. Comecei a estudar o Taoísmo na década de 80, mas passei a praticá-lo somente na década de 90, quando aprendi tai chi chuan e bá-gua, qi-kung, meditação e outras artes taoístas. Por causa dessas práticas, não vou a médicos por motivo de doença há mais de 25 anos. Durante esse tempo, estudei e pratiquei o Taoísmo e usufruo diariamente dos benefícios dessas práticas: paz, saúde, felicidade, estabilidade emocional. Percebi também que esse é o estado original do ser humano. O Taoísmo passou por duas redescobertas ao longo de sua história. Minha expectativa é de que ele seja redescoberto mais uma vez, nesses tempos de rede mundial e informação instantânea e abundante. Nas primeiras décadas do século XX, Carl Gustav Jung, pai da psicologia analítica, fez a introdução do conhecido I Ching, o Clássico das Mutações, e foi um dos que, junto com Richard Wilhelm, apresentou o Taoísmo ao Ocidente. Do I Ching Jung extraiu sua visão da sincronicidade, segundo a qual certas imagens que acontecem na psique humana se concretizam, ou melhor, acontecem “fora” do ser humano. Na década de 80, Fritjof Kapra, com O Tao da Física e O Ponto de Mutação, assim como outros cientistas, redescobriram mais uma vez o Taoísmo. Também por meio das imagens contidas no I Ching e no Tao Te Ching, Kapra faz referência à mudança de paradigma na física clássica e na sociedade, referindose, principalmente, ao meio ambiente e à sustentabilidade do modo de vida do ser humano ocidental. Atualmente, os clássicos taoístas

estão disponíveis em muitas línguas, a maioria em inglês; oito obras foram publicadas em português, uma delas editada pela Editora Teosófica: Meditação Taoísta. Nos últimos 25 anos, tenho sentido, percebido e lido sobre uma mudança de paradigma importante que está acontecendo na área da saúde. Diversos estudos científicos têm indicado que a mente e o estado emocional são mais determinantes para a saúde do que os remédios, e que eles criam as condições de saúde e bem-estar ou de estresse e doença; os remédios alopáticos podem mais atrapalhar do que ajudar, pois como são substâncias que não existem na natureza, atuam sobre um ponto ou órgão específico e desarmonizam o complexo equilíbrio de energias que é o ser humano. Desde 2009, tenho acompanhado pesquisas sobre temas como a densidade da matéria, o cérebro, o estresse e a saúde. Esses estudos mostram que aquilo que pensamos e sentimos (principalmente o que sentimos) influencia a nossa saúde. Eles comprovam os benefícios das artes taoístas e da meditação para a qualidade de vida e a longevidade. A medicina tradicional chinesa e as artes taoístas têm se mesclado, suavemente como a água, aos sistemas de saúde ocidentais. A medicina chinesa é formada pela acupuntura e moxabustão, fitoterapia e tui-ná. Essas artes e terapias taoístas são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, em razão de seu valor preventivo e curativo. Assim, a medicina tradicional chinesa e as terapias integrativas já fazem parte de sistemas de saúde de diversos países, como Austrália, Canadá, Inglaterra, França e Brasil. O Sistema Único de Saúde brasileiro criou o Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), que inclui também homeopatia e terapia com águas termais. 19


Sabedoria milenar O Taoísmo existe há aproximadamente cinco mil anos. Ele influenciou e foi influenciado pelo Confucionismo e pelo Budismo, e alternou com eles a preferência dos imperadores e do povo, como religião oficial ou não oficial. O Zen-budismo é resultado das trocas entre Taoísmo e Budismo, e alguns clássicos taoístas mencionam a busca da iluminação, característica da filosofia budista. O Taoísmo possui a tradição dos imortais, seres que praticaram a al-

quimia interna e alcançaram a imortalidade. Os clássicos taoístas são atribuídos a esses seres. Creio que a melhor forma de compreender o Taoísmo é por meio de suas imagens, que invariavelmente vinculam o ser humano ao universo. Em uma delas, o homem é um microcosmo da natureza – um holograma, na linguagem ocidental, ou, no dizer da Bíblia, feito à imagem e semelhança de Deus. Acima dele está o céu, e abaixo a terra; então, o ser humano

tem em si o céu e a terra. O céu é na cabeça e a terra é o ponto do períneo. Ao unir céu e terra, o homem se assemelha ao universo. Outra imagem do Taoísmo para o ser humano é a árvore. Além de enfatizar a intimidade do ser humano com a natureza, essa imagem ajuda o homem a conhecer a si mesmo: a cabeça são as folhas, os braços são os galhos, o tronco é o tronco e as pernas são as raízes. O Taoísmo também relaciona o que chama de cinco forças (os cinco elementos chineses) aos nossos cin-

“A medicina chinesa é formada pela acupuntura e moxabustão, fitoterapia e tui-ná. Essas artes e terapias taoístas são recomendadas pela Organização Mundial de Saúde, em razão de seu valor preventivo e curativo.”

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co órgãos principais. O conjunto baço, pâncreas e estômago corporifica a terra; o pulmão e o intestino grosso, o metal (que engloba pedras, cristais e metais); os rins e a bexiga são a água; o fígado e a vesícula biliar são a madeira; o coração e o intestino delgado são o fogo. Da mesma forma, relaciona esses cinco elementos às quatro estações: a primavera é a madeira; o verão é o fogo; o outono é o metal; o inverno é a água; e a terra é a estação de transição ou transformação. O leitor pode se perguntar o que

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há de útil nesses relacionamentos. A resposta é simples: eles apontam fenômenos da natureza que também acontecem no interior do ser humano. O Taoísmo identifica três centros principais no corpo humano, chamados de tan-tien (campo de transformação): o tan-tien superior, o tantien médio e o tan-tien inferior. O tan-tien superior fica na cabeça; o médio, no ponto do coração (no centro do esterno, na linha entre os mamilos) e o tan-tien inferior, três dedos abaixo do umbigo. Na natureza, o sol nasce todos os dias e envia seus raios para a Terra; por causa disso, tudo na Terra cresce e se desenvolve. No ser humano, no centro da cabeça, fica a glândula pineal, que corresponde ao tan-tien superior. Segundo estudos científicos, quando o ser humano pensa, a glândula pineal, juntamente com as trocas químicas do cérebro, produz energia para acender uma lâmpada de 10 watts. Por isso, a glândula pineal corresponde ao sol. Da mesma forma que na natureza, onde o céu envia seus raios à terra, a energia do tan-tien superior, vinculada ao espírito, deve descer à região da terra. O principal exercício taoísta é conduzir essa luz interna até a região da água, próximo da região da terra, no tan-tien inferior; quando isso ocorre, a mente/cérebro (incluindo as emoções) se aquieta, e ocorre o silêncio buscado na meditação. Quando o céu/ sol descem, também se realiza o que está expresso no popular símbolo do yin e yang, na posição indicada pelo desenho acima, com o princípio luminoso “descendo”. Isso equivale a dizer que a matéria foi “espiritualizada”, como expresso no livro Meditação Taoísta (Ed. Teosófica): “A verdadeira natureza do ser humano é o espírito original. É chamado de espírito original para diferenciar-se do espírito pensante, adquirido. Aqueles em

quem o espírito entra vivem; aqueles de quem o espírito partiu, morrem. Como sabemos quando o espírito vem? Quando os pensamentos param, o espírito vem. Quando os pensamentos se movimentam, o espírito se afasta.” Quando a intenção é mergulhada abaixo no mar de energia (tantien inferior), produz-se qi (pronúncia-se tchi, vapor), que circula pelos meridianos e pelo corpo na forma de vapor. Fritjof Kapra, na década de 80, foi um dos primeiros cientistas a apontar explicitamente essa convergência, nos livros O Tao da Física e O Ponto de Mutação. Desde então a convergência tem aumentado, com as terapias integrativas e artes taoístas mesclando-se aos sistemas de saúde de diversos países. Recentemente, descobri uma informação que constrói mais uma ponte entre os conhecimentos ocidental e oriental. No fim do século XX, Michael Gershon, gastroenterologista norte-americano, descobriu que na região do intestino existem cerca de cem milhões de células nervosas. Aliás, em seu livro de 1998, The Second Brain, ele diz que redescobriu isso, pois as primeiras pesquisas datam do final do século XIX, com os pesquisadores ingleses Bayliss e Starling. Gershon aprofundou a pesquisa ao descobrir que nessa região está a maioria dos emissores de serotonina. 21


Estados de vibração Segundo Daniel Golleman, um dos autores que popularizou o conceito de inteligência emocional, em seu livro O Cérebro e a Inteligência Emocional, é um erro tratar problemas de depressão apenas com psicofármacos que regulam o sistema de serotonina, já que apenas 5% dos emissores de serotonina está no cérebro. A maioria está no trato gastrointestinal, o “segundo cérebro” de Gershom. O tratamento incorreto acaba causando efeitos colaterais, como problemas com a digestão. Ainda segundo Golleman, o segundo cérebro ajuda a regular o sistema imunológico, razão pela qual os efeitos colaterais podem se ramificar. O livro de Gershon faz uma advertência: os dois cérebros – o da cabeça e do intestino – precisam cooperar, senão pode ocorrer pouca atividade na cabeça e caos no intestino, com cólicas, diarreia e constipação. Com a prática da meditação taoísta, posso afirmar que essa cooperação flui simplesmente e com facilidade. Há alguns anos tenho me beneficiado dos frutos dessa prática, ao fazer a meditação taoísta diariamente. Além dos benefícios físicos e cerebrais, ela é muito agradável e melhora a saúde de uma forma que a ciência ainda não consegue mensurar. É bem conhecida a imagem ocidental, criada pelos gregos, dos átomos como partículas sólidas que se movimentam pelo ar. No entanto, com os progressos da física quântica e dos supermicroscópios, descobriu-se que o espaço entre o núcleo do átomo e a nuvem de elétrons é vazio, e esse vazio constitui 99,99% do átomo. Isso mostra que a matéria não é sólida; o conceito de matéria é vazio. Fazendo uma comparação em escala maior, é como se o núcleo do átomo fosse uma bola de futebol no centro de um estádio, e os elétrons circulassem fora do estádio. Disso se conclui que o corpo físico é denso, mas 22

não é sólido. O corpo é energia densa. Diariamente, milhares de células são descartadas e substituídas nos diversos tecidos e sistemas orgânicos. De acordo com Thomas Cleary, autor de Meditação Taoísta (Ed. Teosófica), “o corpo humano físico é como um laboratório alquímico; os cinco órgãos principais são como vasos. O corpo físico tem um corpo verdadeiro oculto em si; os órgãos físicos ocultam, em si, cinco forças. Cultivar a realidade não significa cultivar o corpo físico e seus órgãos, significa cultivar o corpo verdadeiro e refinar as cinco forças. É tão somente uma questão de tomar emprestado esse corpo artificial com seus órgãos para cultivar as forças do corpo verdadeiro.” Essa é a razão de ser possível modificar o estado emocional e físico: eles são estados de vibração de energia. Do ponto de vista da medicina, só dessa forma seria possível ocorrer o efeito conhecido como psicossomático. Esse é o efeito por meio do qual estados emocionais e mentais se “materializam”, ou melhor, se densificam e se tornam parte do corpo físico, na forma de cistos e nódulos, alguns benignos e outros malignos. Por causa disso, o estresse tem sido foco de muitos estudos e é apontado como causa de diversas doenças, porque já se consegue traçar uma linha reta entre o estresse e seus efeitos no corpo. No entanto, a somatização do oposto do estresse também é possível. O estado de paz e bem-estar também pode ser somatizado, transformando-se em saúde, energia e longevidade. No mesmo sentido, analisamos a água em nosso corpo. Tanto o Taoísmo quanto a ciência ocidental dão muito valor à água. Recentemente, vi uma pesquisa que mencionava que a existência de água na forma líquida, muito comum em nosso planeta, é raríssima no restante do uni-

verso, onde ela só aparece nas formas sólida ou gasosa. Para o Taoísmo, a água é importante para todas as funções do corpo. O principal paralelo que se faz com a água é que dois terços do corpo humano é composto de água, assim como dois terços do planeta. Os oceanos do planeta recebem, todos os dias, os raios do sol. O Taoísmo diz que a água é o verdadeiro yang, pois acumula a energia do sol. Como vimos antes, a meditação taoísta procura colocar a intenção na região da água. Analisando a materialização (condensação) de nódulos e cistos no corpo de um ponto de vista mais amplo, pode-se dizer que, se o corpo humano é energia, a primeira frequência que a energia assume ao se condensar é a frequência da água. Os nódulos e cistos são matéria gelatinosa que endurece. Os textos dos imortais taoístas indicam que a prática da meditação e das artes marciais serve não apenas para obter saúde, estabilidade e energia pessoal; serve também para captar energia da natureza e dos elementos da natureza. Há exercícios de qi-kung para captar a energia do nascer do sol, assim como exercícios para cultivar e fazer circular a própria energia do corpo. Quando se diz que o grande mestre é a natureza, aplica-se principalmente o princípio de o ser humano seguir o ritmo das estações. Segundo o Taoísmo, as quatro estações não ocorrem somente em seus respectivos meses, mas também se reproduzem durante o dia. Ainda segundo Cleary, “o funcionamento secreto do céu e da terra são as formas pelas quais o grande Tao se manifesta no universo. Ele se move incessantemente para cima e para baixo. É por isso que céu e terra têm um alicerce seguro S e duram muito tempo.” * Marcelo Ramos é servidor público e teosofista, e ministra cursos de meditação e tai chi chuan há 15 anos. treinosdotao@gmail.com; www.facebook.com/treinosdotao SOPHIA • NOV-DEZ/2015


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“Os oceanos do planeta recebem, todos os dias, os raios do sol. O Taoísmo diz que a água é o verdadeiro yang, pois acumula a energia do sol.”

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“Atualmente parece que todo mundo está muito ocupado. Todos estão oprimidos pelas inúmeras tarefas que devem cumprir, e muitas vezes dizem que não há tempo suficiente em um só dia para fazer tudo o queSOPHIA precisa ser feito.” • NOV-DEZ/2015


[ VIDA MODERNA]

Consciência no dia a dia

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Tim Boyd*

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Um tema recorrente tem surgido, ultimamente, em minhas conversas com colegas, amigos e familiares. É mais ou menos assim: “Eu queria conversar com você, mas sei que você é tão ocupado”, ou “preciso que você veja algo, mas você está tão ocupado agora...” Aparentemente as pessoas estão mantendo contato com menos frequência, para não tomar o espaço das muitas coisas que imaginam que possam estar exigindo o meu tempo. Há poucos dias uma amiga instigou-me a pensar um pouco sobre o assunto, quando me perguntou: “Com a sua agenda lotada, como você foca a sua mente ao longo do dia? Como mantém o senso de conexão?” Ela estava se referindo a um elo com o nosso centro interno, com o equilíbrio interior. Atualmente parece que todo mundo está muito ocupado. Embora muitas coisas nesse mundo pareçam desiguais, esse senso de ocupação opera de um modo imparcial e abrangente. Pelo menos entre as pessoas que conheço, não faz diferença se estão empregadas ou não, se são homens ou mulheres, ou qual é o seu país de origem. Todos estão oprimidos pelas inúmeras tarefas que devem cumprir, e muitas vezes dizem que não há tempo suficiente em um só dia para fazer tudo o que precisa ser feito. Lembro que desde a minha infância uma das estratégias de venda para uma grande variedade de produtos consistia em dizer que eles “economizam tempo”. Isso valia para

inúmeros itens – máquinas de lavar louça, fraldas descartáveis, fornos de microondas. Para esses utensílios domésticos focados no público feminino, as imagens eram de senhoras sorridentes engajadas em alguma atividade de lazer com amigas ou com a família, enquanto o aparelho que “economiza tempo” estava em segundo plano, aliviando o trabalho e liberando a mulher para desfrutar a vida. Certamente que a realidade mostrou-se diferente; hoje a mulher tem um ou dois empregos, e usa todo o tempo possível (e todo aparelho que economiza tempo) para encontrar uns poucos momentos de qualidade para a família e para si mesma. Estudos sobre o impacto da tecnologia na vida contemporânea indicam que nossas atitudes em relação a ela estão mudando. Em determinado momento, as pessoas esperavam ser salvas pela tecnologia, com mais tempo de lazer e menos trabalho. Agora as pessoas se sentem desafiadas pela falta de tempo e oprimidas por seus muitos aparelhos tecnológicos; elas estão esperando ser salvas da tecnologia. Embora de muitas maneiras tenham sido uma bênção, as tecnologias atuais têm também retirado de milhões de pessoas as suas identidades criativas, transformado seu trabalho em atividades automáticas que levam ao tédio e a pouca ou nenhuma expressão pessoal. Tenho um amigo que é um instrutor espiritual muito respeitado. Ele viaja pelo mundo e é considerado uma das grandes vozes contemporâneas do budismo tibetano, par25


ticularmente no Ocidente. Ministra palestras para milhares de pessoas todos os anos, e está em contato constante com estudantes de várias partes do mundo. No nosso último encontro, ele carregava três telefones celulares. Por definição ele é um homem ocupado, mas, em sua presença, as pessoas nunca sentem pressa, ansiedade, pressão ou impaciência. De algum modo ele consegue não ser afetado pelo turbilhão de atividades em que está imerso. Esse amigo tem um ponto de vis26

ta um tanto incomum em relação ao tema do trabalho. Em poucas palavras, ele diria que o trabalho é uma forma de preguiça. Quando compartilho essa ideia com outras pessoas, observo todo tipo de reação, da concordância à perplexidade. As pessoas cujo tempo e energia são empregados em tentar descobrir a cura do câncer, em organizar movimentos para salvar as florestas tropicais ou em modificar a atitude humana em relação ao aquecimento global não são pessoas preguiço-

sas em qualquer sentido convencional. Também não são preguiçosos o homem ou a mulher cujas horas de vigília são empregadas em negociar na bolsa de valores ou em gerenciar um empreendimento comercial. Em todos esses casos as pessoas focam suas mentes, dirigem suas energias, disciplinam a si próprias para realizar suas metas. No entanto, uma afirmação radical como a do meu amigo faz parte de um contexto. Aqueles que se acham atraídos pela Teosofia ou por SOPHIA • NOV-DEZ/2015


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“Reconhecer que tudo é divino muda tudo. Meu próximo encontro não é com uma personalidade isolada, mas com uma expressão do divino. O e-mail que estou enviando é um movimento da consciência una a partir de si própria em direção a si própria.”

alguma tradição espiritual logo se veem face a face com um paradoxo. Não é por acidente que no livro Aos Pés do Mestre (Ed. Teosófica) a primeira qualificação mencionada é o discernimento. Na vida espiritual, e na vida em geral, algo pode ser verdadeiro e útil para uma pessoa e falso e destrutivo para outra. Portanto, a afirmação a respeito de trabalho e preguiça precisa ser compreendida em um certo contexto. Ela faz referência ao praticante espiritual, aquela pessoa que comSOPHIA • NOV-DEZ/2015

preende que existe um princípio “que tudo permeia na unidade”, e que deseja aprofundar sua conexão com esse princípio. Nem todo mundo está conscientemente engajado nessa prática, mas, para quem está, trabalhar, praticar esportes ou realizar qualquer outra atividade cotidiana é meramente uma distração. É como um estudante que tem um projeto para entregar amanhã, mas passa o dia inteiro jogando no computador: ele sabe que está deixando de cumprir o seu dever. A questão, aqui, diz respeito a prioridades. Uma das três verdades desenvolvidas no livro O Idílio do Lótus Branco (Ed. Teosófica) nos oferece um senso de perspectiva: “O princípio que dá vida existe em nós e fora de nós, é imortal e eternamente beneficente, não é ouvido nem visto, nem cheirado, mas é percebido pelo homem que deseja a percepção.” Para o praticante espiritual, a percepção desse princípio é o foco da vida, e qualquer coisa que desvie a atenção e o esforço desse foco pode ser chamada de preguiça, no sentido de escolher o caminho menos difícil, menos importante e menos produtivo. Infelizmente, a inclinação pessoal não faz as responsabilidades diárias desaparecerem. Os mais espirituais entre nós precisam, mesmo assim, encontrar um modo de alimentar as suas famílias. Para a maioria isso significa ter um emprego, responder e-mails, participar de

reuniões, ler, ensinar, aprender, cozinhar, viajar, e assim por diante. Para aqueles que não se retiraram para o topo de uma montanha, sempre haverá inúmeras atividades exigindo atenção. No entanto, existe uma diferença crítica entre trabalho e um foco harmonioso sobre múltiplas atividades. A pessoa ocupada tem sua atenção dividida entre um leque de coisas distintas; por isso, precisa manter o senso de conexão com o eu que realiza essa variedade de ações. Há um outro ponto de vista sobre esse assunto. Um outro amigo, bastante místico, gosta de dizer que “vivemos num universo espiritual, habitado por filhos de Deus”. O Bhagavad Gita faz eco à mesma ideia, quando Krishna declara ser “o governante interior imortal com sede nos corações de todos os seres”. Quer seja trabalho, pessoas, locais, ideias ou relacionamentos, tudo é uma só coisa – divino. Reconhecer que tudo é divino muda tudo, pois acaba com a sensação de estar dividido e arrastado em mil direções, e estabelece um contexto para as tarefas diárias. Meu próximo encontro não é com uma personalidade isolada, mas com uma expressão do divino. O e-mail que estou enviando é um movimento da consciência una a partir de si própria em direção a si própria, dentro de si própria. As contas que estou pagando são a circulação de um aspecto das energias infinitas da vida una. Sentir nosso caminho rumo a essa realização, encontrar maneiras de nos lembrar dessa verdade fundamental acaba com a fixação no trabalho. A pessoa mentalmente ocupada vê a ação como externa e dividida, mas, para a mente focada no interior, apenas uma coisa está acontecendo – a revelação do esplendor oculS to dentro de todas as coisas. * Tim Boyd é Presidente Internacional da Sociedade Teosófica.

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[ CIÊNCIA ]

O paradigma de Gaia

A nova biologia evolucionária lança luz sobre a ideia da própria Terra estar viva. É uma hipótese científica válida a de que vivemos num organismo vivo, e é também uma teoria biogeoquímica

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Pamela Kent Demers*

SOPHIA • NOV-DEZ/2015

O que é a vida? Ainda não há consenso sobre o significado dessa palavra. A maioria dos cientistas responde de um modo relacionado com o seu campo de estudo, mas nenhum deles capta o sentido da vida de que os místicos falam. Sob esse ponto de vista a vida é mais ampla, mais universal do que aquilo que pode ser estudado nos seres vivos. Mesmo aquilo que distingue o que está vivo do que está morto é relativo. Quando a morte ocorre, sabemos, intuitivamente, que algo parece ter deixado o organismo, mas, pelos critérios científicos, esse “algo” não é detectável. A ciência atual considera a força vital como energia. Ela é visível para nós em seu estado transformado: a matéria. A energia é extraída do meio ambiente. A fotossíntese permite que o vegetal transforme energia luminosa em energia química e matéria. Quando os animais digerem o alimento, estão na verdade transformando matéria em energia química. Quando os organismos morrem, a energia retorna para outros organismos, para ser usada mais e mais vezes; a energia é a matéria reciclada. Os organismos mortos perdem a capacidade de se regular, não têm propósito – a essência especial que fornece o propósito não está mais presente no corpo. Para nós, o cor-

po parece morto, mas há quem considere que a matéria possui vida, mesmo que imperceptível. Se a força vital for a energia que está presente em toda matéria, então de fato tudo está vivo, inclusive as coisas que consideramos inanimadas, como as rochas e a água. A filosofia esotérica afirma, há muito, que tudo está vivo. Helena Blavatsky, em seu livro A Doutrina Secreta, confirma esse ponto de vista: “Já foi dito antes que o Ocultismo não aceita nada inorgânico no Cosmo. A expressão ‘substância inorgânica’, empregada pela ciência, significa simplesmente que a vida latente, adormecida nas moléculas da assim chamada ‘matéria inerte’, é incognoscível. Tudo é vida; todo átomo de toda molécula mineral é uma vida. Isso equivale a dizer que toda matéria sobre a Terra está viva, e talvez essa afirmação inclua toda a matéria do universo. Segundo Lovelock, não há distinção clara em lugar algum sobre a superfície da Terra entre matéria viva e não viva. Há meramente uma hierarquia de intensidade que vai da estrutura ‘material’ das rochas até as células vivas.” Nós, intuitivamente, consideramos que elétrons e átomos não estão vivos; porém, na visão da ciência, a vida é composta diretamente desses mesmos elétrons e átomos. Negar a vida em sistemas “não vivos”, como rochas ou água, compos29


tos de átomos, implica perguntar o que é exatamente um sistema vivo. Talvez a única maneira de começar a entender esse enigma seja retornar ao vitalismo pré-século XIX: tudo está vivo, a não ser que se prove o contrário. O cientista Francisco Varela vê a vida como um processo contínuo do inorgânico ao totalmente vivo; é impossível determinar onde a vida termina ou começa. A rocha pode ser considerada uma forma de vida sobre a Terra, já que é uma par30

ticipante de Gaia, de toda a cadeia de formas orgânicas e inorgânicas que compõem o nosso ambiente. Mas uma rocha estaria viva em Marte, onde não seria parte de um sistema biológico interdependente, já que Marte não possui atmosfera? Segundo Lovelock, não se pode ter apenas “um pouco” de vida no planeta. Ou se tem a plenitude, como na Terra, onde cada parte fornece apoio a todas as outras, ou se tem apenas a vida potencial do universo inorgânico.

Olhando por esse prisma, toda matéria participa, quer queira quer não, da “dança de Shiva”, que nós chamamos de vida. Shiva, como descreve o Hinduísmo, corporifica a vida em sua dança eterna; ele também corporifica a morte no anel de fogo que o circunda. A qualquer momento esse anel de fogo participa da dança, e essa parte do anel é corporificada novamente com o princípio vital. Nos domínios de Shiva, não há linha divisória entre a vida e a morte. SOPHIA • NOV-DEZ/2015


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Uma nova biologia

“A energia é extraída do meio ambiente. A fotossíntese permite que o vegetal transforme energia luminosa em energia química e matéria. Quando os animais digerem o alimento, estão na verdade transformando matéria em energia química.”

SOPHIA • NOV-DEZ/2015

A nova biologia não é de modo algum nova. Um nome melhor para ela seria “a verdadeira biologia”. Atualmente ela passa por uma revolução, exatamente como a física do início aos meados do século XX. A velha biologia que aprendemos na escola está gradativamente sendo modificada por descobertas impressionantes, que não cabem mais nos velhos paradigmas. Segundo o físico Henry Margenay, “ainda é generalizada a crença de que um completo conhecimento de física, química e biologia conseguirá finalmente explicar o fenômeno da vida e responderá pela consciência e pela mente”. Diz-se que consciência e mente “reduzem-se” à vida quando todos os detalhes são compreendidos. A filosofia reducionista afirma essa visão. Sua forma mais simples é o materialismo, doutrina que assegura que toda experiência humana é, em última análise, compreensível em termos relacionados à física da matéria, mais especificamente às teorias da física quântica. O reducionismo, especialmente à luz da biologia molecular e do DNA, é um conceito sedutor. No entanto, ele simplesmente não é verdadeiro. Um organismo vivo é muitíssimo mais que a soma de suas partes físicas. As coisas vivas têm um fator que distingue a vida como algo diferente de um punhado de moléculas agrupadas ao acaso. Quando um organismo tem um propósito, ele possui o “fator vida”. Mas, de acordo com a filosofia esotérica, mesmo moléculas tomadas ao acaso estão impregnadas de vida. Elas podem simplesmente ter um propósito mais sutil, que nós, humanos, não somos capazes de detectar. Uma vez que a linha demarcatória entre vivo e não vivo não está definida, jamais seremos capazes de reduzir

organismos vivos à soma de suas partes, como muitos físicos e biólogos gostariam de fazer. Em outras palavras, tentar reduzir o biológico ao supostamente físico ou mecânico é como atirar pela culatra; você termina andando em círculos – quanto mais próximo chega da partícula física ultérrima, mais viva ela se torna. A biologia pode, de fato, se tornar uma ciência mais verdadeira, mais holística que a física. A física é a dança última; a biologia é a dança de Shiva. Talvez um dos aspectos mais surpreendentes da nova física é a conclusão de que o universo está evoluindo junto com tudo que ele contém: energia, campos, matéria, nós mesmos. O corolário à teoria do Big Bang é que o início do universo predeterminou que ele evolua. Em termos não coloquiais, a chance de que o universo tenha vindo à existência como obra do acaso é extraordinariamente diminuta, e repousa em estranhas improbabilidades. A probabilidade muito maior é de que o universo tenha um propósito: evoluir e produzir. A teoria de que a vida evolui com um propósito e de que o surgimento da humanidade é seu objetivo principal é chamada de Princípio Antrópico Forte. Cunhado por Francisco Varela e Humberto Maturana, o termo autopoiesis incorpora a auto-organização e a manutenção de sistemas vivos. Trata-se da tendência à autoorganização e à autorregulação, em lugar de ação competitiva ou ao acaso. Sheldrake postula a ideia de um campo mórfico que interage ou pode até mesmo ser responsável por alguns dos aspectos da autopoiesis. Essa auto-organização baseia-se em campos – o campo de gravidade e outros, incluindo o campo mórfico. A nova biologia evolucionária, auto-organizante, também lança luz 31


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de da espécie humana. Gaia, muito provavelmente, poderia sobreviver saudável sem os seres humanos. Porém, se destruirmos suas áreas férteis, seu sangue, seus órgãos vitais, podemos acabar não apenas com a humanidade, mas com a própria Gaia. Se falharmos em preservar a natureza, podemos destruir a quase imortal Gaia, que tem se mantido viva por mais de quatro bilhões de anos. Gaia é consciente? Se ela é um ser vivo, podemos presumir que tenha algum tipo de percepção. Sheldrake pensa que isso pode ser possível. Se de algum modo Gaia possui vida, então ela tem algo semelhante a uma alma, um princípio organizador, com seus próprios propósitos. Entretanto, não precisamos pressupor que a Terra seja consciente só porque parece estar viva e ter um propósito. Ela pode ser consciente, mas, se assim for, é provável que sua consciência seja inimaginavelmente diferente da nossa, que está modelada pela cultura e linguagem humanas. Por outro lado, ela pode ser inteiramente consciente ou, assim como nós, ter hábitos inconscientes e um certo grau de consciência. A teoria de Gaia é um exemplo extremo de como a cooperação e a interconexão entre organismos e seus ambientes orgânicos e inorgânicos é o melhor para as partes e para o todo. Gaia cuida de todas as suas criaturas, regulando sua muito singular atmosfera de modo a torná-la hospitaleira. Ela mantém florestas tropicais que regulam o equilíbrio do oxigênio e do dióxido de carbono no globo. Mantém baixios com incontáveis bactérias que produzem gases na atmosfera de que até os organismos no deserto necessitam para sobreviver. Ela trabalha como uma célula viva: os materiais de uma região são sintetizados e transportados para outros lugares onde são necessários.

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sobre a ideia da própria Terra estar viva. É uma hipótese científica válida a de que vivemos num organismo vivo, e é também uma teoria biogeoquímica, para usar uma palavra cunhada por Lovelock. Lawrence Joseph, estudante da Hipótese Gaia, diz: “Científica e espiritualmente, a pergunta mais prática a fazer sobre Gaia não é se ela é viva, mas o quão viva ela é.” Afinado com a nova biologia, ele prossegue: “Se há um tema duradouro para a ciência de Gaia é essa continuidade perfeita da vida e do meio ambiente. Todas as formas de vida adaptam o seu derredor às suas necessidades; considerados como um grupo, ‘biota’, conjunto dos seres vivos que habitam a Terra, somos coletivamente responsáveis pela Terra.” A evolução de Gaia ocorre pelo desgaste das rochas, a química mutante dos oceanos, as mudanças na atmosfera, e tudo isso torna sua sobrevivência possível. Os organismos que vivem em Gaia evoluem junto com ela, contribuindo também para a sua evolução, visto que alteram o meio ambiente segundo suas próprias necessidades. Considera-se que Gaia, como todas as coisas vivas, tem capacidades auto-organizadoras. Algumas partes de Gaia, como de qualquer outro ser vivo, são mais importantes para sustentar a vida do organismo que outras. A autopoesis só pode funcionar apropriadamente se todos os órgãos vitais de um sistema estiverem com boa saúde. O mesmo se aplica a Gaia. Por alguma razão, essas parecem ser as áreas da Terra que os seres humanos estão destruindo mais rapidamente, talvez de forma irreversível. Ainda assim, Gaia tem uma admirável habilidade de se recuperar dos danos que os seres humanos lhe infligem. Porém, com nosso descuido, poluindo e sujando nosso próprio ninho, podemos estar comprometendo seriamente a saú-

“Se a força vital for a energia que está presente em toda matéria, então de fato tudo está vivo, inclusive as coisas que consideramos inanimadas, como as rochas e a água.” SOPHIA • NOV-DEZ/2015


É difícil imaginar que Gaia seja um exemplo solitário de cooperação e interconectividade no universo. Ao contrário, ela parece uma imagem holográfica do universo; representa tanto um quadro da totalidade do Cosmo quanto uma parte do todo. O universo está sempre evoluindo e desenvolvendo novas formas SOPHIA • NOV-DEZ/2015

que personificam a unidade essencial que existe em toda parte. Uma compreensão holística da biologia e da física pode ser um caminho para a descoberta das realidades mais profundas do universo. No universo, a vida tudo penetra. A vida é cooperativa e interconectada. A vida é evolucionária. A vida é unitária. Todos esses são con-

ceitos que os novos biólogos estão começando a aceitar como hipótese e a validar. Essas mesmas ideias são parte das tradições místicas antigas. A biologia está lentamente começando a alcançar as verdades conheS cidas pelos místicos há eras.

* Pamela Kent Demers é escritora.

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“Joana D’Arc foi iniciada pelo Arcanjo Miguel, com a idade de 13 anos, no jardim de seu pai, mas manteve em segredo por quatro anos a missão que lhe foi confiada: unir a França.”


[ HISTÓRIA ]

Joana d’Arc: uma ‘ guerreira espiritual As qualidades que Joana d’Arc mostrou ao longo de sua breve vida podem ser compartilhadas por todos: comprometimento com o espírito, comprometimento com a humanidade, integridade e destemor espiritual

Sandy Ravelly*

Jehanette d’Arc, mais conhecida como a mística Joana D’Arc, foi a caçula de cinco irmãos, nascida no dia santo da festa da Epifania, em janeiro de 1412, na aldeia de Domremy, região nordeste de Lorraine, na França. A região recebeu esse nome em homenagem a São Remy, bispo de Rheims, responsável pela coroação do primeiro rei dos Francos. A peste bubônica assolava a população nessa época, contribuindo para uma vida de dificuldades e sofrimentos. Em consequência da Guerra dos Cem Anos, a pilhagem da aldeia de Domremy por mercenários nômades era um acontecimento comum. Joana D’Arc mostrou extraordinária coragem e presciência numa dessas ocasiões, ao levar o rebanho de seu pai para um abrigo. A coragem é a habilidade de confrontar o medo, a dor, o perigo, a incerteza ou a intimidação. Enquanto a coragem física surge diante da dor, de dificuldades ou da ameaça de morte, a coragem moral, ou espiritual, manifesta-se como a habilidade de agir corretamente diante da oposição popular, da vergonha, do escândalo ou do desânimo. Joana D’Arc foi iniciada pelo Arcanjo Miguel, com a idade de 13 anos, no jardim de seu pai, mas manteve em segredo por quatro SOPHIA • NOV-DEZ/2015

anos a missão que lhe foi confiada: unir a França. Aos 17 anos ela se revelou publicamente pela primeira vez como guerreira e profetisa ativa e transcendental. Ela demonstrava grande reverência para com Jesus Cristo, a Virgem Maria e o Deus de Abraão, Isaac e Jacó. Também teria recebido aconselhamento espiritual de Santa Margaret de Antióquia e Santa Catarina de Alexandria. Visões e vozes são, muitas vezes, associadas a uma imaginação fantasiosa. No entanto, existem aqueles que ouvem essa orientação quietos, firmes, aqueles que não estão presos às suas próprias narrativas, que não se fragmentam psicologicamente, que não entram em transe nem demonstram uma visão alterada da realidade. Joana D’Arc e outros místicos como ela mostraram habilidade para o domínio de múltiplas dimensões e clareza para entender o relacionamento dinâmico entre as ordens explícita e implícita. Com essa clareza e domínio, surge a habilidade para se manifestar no aqui e agora. Quando isso ocorre, geralmente dizemos que estamos no “fluxo universal”; é importante que esse fluxo seja trabalhado para o bem da maioria. Joana D’Arc empenhou ativamente a ajuda do divino para curar o mundo por ela conhecido – a França.

Add-Ru-Shin, um místico do século XX, afirmou: “Quando, de alguma parte da grande criação, em enorme aflição, elevam-se apelos sofredores e ardentes ao Criador, então um servidor da causa é enviado como portador desse amor, para intervir ajudando na necessidade espiritual. Quando paira simplesmente como um mito ou uma lenda na obra da criação, então penetra na criação como uma realidade viva.” No nível pessoal, podemos ouvir essa pequenina voz à medida que comungamos com nossa natureza divina, para sermos servos do Criador e satisfazer a necessidade espiritual que é requerida de nós. Contribuíram para que Joana D’Arc cumprisse seu destino vários símbolos metafísicos de importância, que uniram os franceses, a Igreja Católica e a monarquia – a casa real de Valois –, num esforço para unir um povo que se havia dispersado sob a invasão estrangeira e que foi dividido pela guerra civil. Encorajada por suas vozes interiores, a conduta de Joana d’Arc tornou-se mais séria. Afirma-se que as pessoas ficavam fascinadas quando ela carismaticamente mostrava ousadia e franqueza como oradora, e quando expressava sua pureza de intenção e sua humildade, levando energia espiritual e física a outras pessoas. Charles, o filho e herdeiro 35


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aliado dos ingleses. O rei francês Carlos VII não pagou o resgate aos borgonheses, que a trocaram por uma grande soma de dinheiro com os ingleses. Joana D’Arc foi queimada na fogueira em Rouen, em 30 de maio de 1431, após afrontar a figura paramentada de Pierre Cauchon, o bispo que tinha instigado e estimulado os procedimentos do julgamento, dizendo apenas: “Bispo, morro a teu lado!” Ela preferiu focar o amor que tinha por Deus, Jesus, Maria, Miguel, Catarina e Margareth; não condenou ninguém, e, na fogueira, perdoou todos aqueles que lhe haviam prejudicado. Na investigação preliminar, nada pôde ser encontrado para apoiar qualquer acusação contra ela. No entanto, os ingleses continuaram a pressionar. Falando em sua própria defesa durante dois julgamentos, sob terrível pressão, Joana D’Arc não se permitiu ser intimidada pela corte eclesiástica. Ela anunciou que sua intenção era responder às perguntas seletivamente, já que recebera orientação de seu conselheiro celestial para usar de discrição em suas revelações. Afirma-se que sua voz era ousada e consistente, desafiando o poder eclesiástico. Permanecer centrado quando se é atacado, não retaliar, não vacilar e continuar a ser íntegro são os sinais de um verdadeiro guerreiro espiritual. As qualidades que Joana d’Arc mostrou ao longo de sua breve vida, que terminou na fogueira aos 19 anos, podem ser compartilhadas por todos nós em nossas jornadas espirituais: comprometimento com o espírito, comprometimento com a humanidade, integridade, destemor espiritual. E, acima de tudo, amor e compreensão de que a fraternidade e a unidade são a espeS rança para o mundo.

* Sandy Ravelly é escritor e ex-Presidente da Sociedade Teosófica na Nova Zelândia.

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do rei, assim como seus conselheiros, convenceram-se de que ela – Jehanette, La Pucelle ou “a donzela”, uma jovem de 17 anos – estava agraciada com a inspiração divina, e portanto conseguiria cumprir o que prometera. Eles permitiram que ela liderasse o exército francês e recuperasse o controle de Orleans, que naquela época estava sitiada. O primeiro símbolo metafísico dessa jornada foi que ela reconheceu Carlos VII como o Delfim (herdeiro do trono), e garantiu sua coroação em Rheims. O segundo símbolo foi o frasco sagrado conhecido como ampulla, que foi (e ainda está) guardado na Abadia de Rheims. Ele contém o sacré (óleo consagrado) que santificou cada coroação na França. Dizem que o frasco foi entregue no bico de uma pomba a São Remy, quando ele ungiu o primeiro rei francês, Clóvis. O terceiro símbolo metafísico foi o lírio de ouro da França, ou a flor de lis. Os guias espirituais de Joana D’Arc instruíram-na aonde ir para encontrar sua espada, como deveria empunhá-la e como costurar suas vestimentas de batalha. Ao tomar de assalto a França aos ingleses, vidas foram salvas de ambos os lados. Infelizmente, Carlos VII não recompensou seus esforços; logo após a coroação, ele começou a retirar seu apoio à jovem. Joana d’Arc jamais o julgou ou o condenou por isso – uma qualidade espiritual impressionante, que todos nós deveríamos praticar no mundo de hoje. Antes dar início à jornada de sua vida, Joana d’Arc fora informada por seus guias espirituais de que dentro de um ano terminaria seu tempo para uma ação efetiva. Embora ela não soubesse como sua liberdade terminaria, disseram-lhe que, após sua captura, ela seria levada ao paraíso. Uma série de revezes militares levaram à sua captura pelos borgonheses, uma facção liderada pelo duque de Borgonha, que era

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“O segundo símbolo metafísico da jornada de Joana D’Arc foi o frasco sagrado conhecido como ampulla, que foi (e ainda está) guardado na Abadia de Rheims. Ele contém o óleo consagrado que santificou cada coroação na França.”

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[ REFLEXÃO ]

Sabedoria: o‘ tesouro oculto A formiga construtora, a abelha ativa e o pássaro acumulam, à sua própria e humilde maneira, tanta energia cósmica em forma potencial quanto um Haydn, um Platão ou um lavrador sulcando a terra

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Barry Bowden*

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Helena Petrovna Blavatsky afirmou: “O conhecimento do eu é que é a própria sabedoria”. Alex A. Wilder disse: “A sabedoria é o conhecimento desenvolvido das potências do ser interior do homem.” Ao longo da história, indivíduos de muitos campos do conhecimento – artes, filosofia, ciência e arquitetura, por exemplo – manifestaram notáveis atributos de sabedoria. Se pensamos que isso surge ao acaso, não compreendemos o processo do qual todos somos uma parte: a humanidade é orientada em todos os passos da sua evolução. Nos primórdios do tempo, Reis-Adeptos governaram a humanidade com eficiência e sabedoria, altruístas e sempre em sintonia com a natureza e suas leis. Atualmente temos uma humanidade adolescente julgando-se sábia e cometendo muitos equívocos. Aqueles que guiaram a humanidade (os Adeptos) recolheram-se para longe dos olhos do mundo. Guiada principalmente pelo desejo e pelo egoísmo, a humanidade permite-se cometer seus erros e pagar pelas consequências. Os Adeptos estão ocultos do mundo, mas ainda o orientam através de indivíduos, de grupos e até mesmo de nações. No entanto, a humanidade não surgiu toda ao mesmo tempo; pelo contrário, as pessoas entraram no reino humano em diferentes épocas, algumas individualmente, outras em grupos. Tantos ciclos de evolução nos precederam que sua escala de tempo se situa além da concepção humana. Por esse motivo, alguns que surgiram primeiro são naturalmente mais evoluídos e mais experientes. O que podemos fazer para acelerar a nossa evolução? Uma atitude de que precisamos é a gratidão por

tudo que já temos e pelo que virá. É preciso muito esforço do universo para nos sustentar. Nas Cartas dos Mahatmas (Ed. Teosófica), podemos ler: “O Adepto, para ser bem-sucedido e preservar seu poder, deve viver em solidão e mais ou menos dentro de sua própria alma. A formiga construtora, a abelha ativa e o pássaro acumulam, à sua própria e humilde maneira, tanta energia cósmica em forma potencial quanto um Haydn, um Platão ou um lavrador sulcando a terra. O caçador que mata a caça por prazer ou lucro, ou o positivista que aplica o intelecto para provar que x+y+z=n, não estão dispersando e desperdiçando menos energia do que o tigre que salta sobre a presa. Todos eles roubam a natureza em vez de enriquecê-la, e todos descobrirão, segundo o grau de sua inteligência, que são responsáveis.” Vivemos no mundo como se estivéssemos separados de tudo. Todos nós sabemos quando vivemos harmoniosamente – tudo acontece no tempo certo. Contudo, quando vivemos de maneira desarmônica, nada parece acontecer corretamente. A gratidão é essencial para quem quer que busque o caminho espiritual. Ela está fortemente relacionada ao amor, e é isso que verdadeiramente guia o universo. Steiner afirmou: “Sem o amor oniabarcante, jamais conseguiremos conhecer o universo; quando amamos algo, a coisa se revela a nós”. Uma atitude de gratidão, juntamente com a tentativa de sempre ver o melhor nos outros, muda completamente nossa abordagem com relação a nós próprios e às outras pessoas. Embora eu saiba disso por experiência própria, essa atitude nem sempre é fácil; ela precisa ser continuamente reforçada. No entanto, isso adoça a vida de modo notável. 39


Gratidão e respeito Para descobrir o erro não é preciso verdadeiro esforço, mas, para ver o melhor, é preciso esforço contínuo. A maioria das grandes almas reforçam isso como um lembrete. Diz novamente Steiner: “Devemos buscar em todas as coisas à nossa volta aquilo que consegue despertar nossa admiração e respeito. Se eu conheço outras pessoas e critico suas fraquezas, retiro de mim o poder cog-

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nitivo superior, mas, se penetro profunda e amorosamente em suas boas qualidades, eu assimilo essa força.” Chegamos onde estamos hoje pelas circunstâncias da vida e pelas forças ativas em nós. Este tem sido um estado semiconsciente. Se desejamos alcançar o estado superconsciente, precisamos engajar nosso eu a partir do interior, o que constitui maturidade em ação – ver e sentir a

“Se eu conheço outras pessoas e critico suas fraquezas, retiro de mim o poder cognitivo superior, mas, se penetro profunda e amorosamente em suas boas qualidades, eu assimilo essa força.”

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necessidade de se mover, e então buscar como fazê-lo. Infelizmente, na maioria das vezes olhamos na direção de onde fomos empurrados. Este é o lado inconsciente da vida; o lado consciente está no interior. É preciso um esforço quase que constante; contudo, uma coisa é certa: a chave para a vida é compreender não apenas nós próprios e os outros, mas também o mundo em que vivemos. Um dos passos iniciais do yoga, dito de maneira simples, é “cessa de

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fazer o mal; faz o bem”. São Paulo disse: “Não faço as coisas boas que quero, mas faço as coisas ruins que não quero”. Isso diz respeito a todos nós, mas por quê? As reações, surgindo da mente subconsciente, formam uma grande parte de nossas vidas. É com a mente que julgamos o que está certo ou errado. Vemos o que desejamos fazer e não fazer; sendo assim, por que cometemos erros? Uma resposta, oculta na compreensão esotérica, pode ser colocada simplesmente assim: “O corpo do desejo, ou corpo emocional, move os músculos.” Isso é verdadeiramente parte da resposta ao problema. Se não temos vontade de fazer algo e a mente quer fazê-lo, o que acontecerá? Nada. Se não estivermos alinhados com o que queremos, a coisa não acontecerá; ou, se a ação for guiada pelo medo, ela pode ser iniciada, mas não continuará. Precisamos compreender a nós mesmos retornando ao conhecimento esotérico: “Desejo é vontade voltada para fora. Essa é sua forma latente. Quando ativa, ela se volta para o interior.” Quando somos atraídos por algo ou por alguém, nos sentimos puxados. A vontade é quando os desejos foram compreendidos e subjugados a partir do interior. Ela então substitui o sentimento de “não querer fazer” pela força interior do “fazer”, orientada pela moralidade, não porque é doloroso ou agradável. Uma outra parte do problema é que tentamos compreender tudo com a nossa mente. A mente é alheia aos sentimentos. Ela pode ver comportamentos à medida que aparecem sem compreender os sentimentos que os orientaram. Nós damos muito valor às aparências – outro atributo da mente. A mente abstrata vê, ou melhor, tenta compreender as coisas a partir do interior. No entanto, deve-se notar que, embora haja apenas uma mente, a matéria mental inferior aparece na forma, enquanto a superior parece abs-

trata, ou sem forma. Assim a mente é dividida, para poder perceber as formas de matéria. Até agora a mente superior não é estimulada pela própria natureza do ser humano, mas pelo estudo de temas como a matemática, a ciência ou apenas a contemplação da vida. Singularmente, um dos métodos mais rápidos para estimular a mente superior é sentar-se em silêncio e meditar, que é a absoluta cessação do pensamento e do sentimento. Para conseguir isso, precisamos perceber verdadeiramente o que estamos sentindo e parar de analisar esses sentimentos. Ter coração e mente trabalhando harmoniosamente juntos é verdadeiramente o próximo passo evolutivo para a humanidade – ter a mente permitindo-se estar onde o coração está sentindo, mas sem tentar nomear ou julgar. A vida em geral é uma série de eventos unidos pela memória e por respostas emocionais agradáveis ou dolorosas. É diferente para cada um de nós, conforme nossas experiências. Interessante também é nossa atitude com relação à dor: com compreensão, quando rememoramos experiências dolorosas, frequentemente podemos ver, às vezes muitos anos depois, que aprendemos muito, que a experiência mudou nossa vida. Se a dor é um grande instrutor, precisamos examinar nosso relacionamento com ela, e saber por que a evitamos. Quando fugimos da dor, aumentamos o tempo que transcorre antes de obter a clareza de percepção e aprender a aceitação – que é quando a dor finalmente para e começamos a “entender”. Se saudamos a dor como uma grande instrutora, ela se vai rapidamente e dá lugar ao insight. Isso requer alguma prática, mas nos liberta para viver nossas vidas. Então, as dificuldades da vida diminuirão. Quando permitimos que aconteça a harmonia com a vida, a luta interna quase contínua é substituída pela paz. 41


Amor pela humanidade

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um pensamento bom perpetua-se como um poder benéfico ativo, e um pensamento mau como um demônio maléfico. E assim o homem está continuamente povoando sua corrente no espaço com seu próprio mundo apinhado com a projeção de suas fantasias, desejos, impulsos e paixões, uma corrente que reage sobre qualquer organização sensitiva ou nervosa com a qual entre em contato, proporcionalmente à sua intensidade dinâmica. Os budistas chamam isso skandha, os hindus, karma; o Adepto cria essas formas conscientemente, outros homens lançam-nas fora inconscientemente.” Não temos conhecimento de nossos poderes. A mente é potencialmente capaz de habilidades incríveis. No futuro distante, a mente usará a imaginação para moldar formas conscientes, e saberá disso. Quando pensarmos numa casa, outra pessoa verá como ela se parece. Isso pode ser acelerado atualmente, com a prática correta. Assim que compreendermos isso, poderemos ajudar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo exatamente agora, fazendo uso de pensamento ou de sentimento, ou de ambos conjuntamente. Como afirmou Blavatsky, “a pessoa pode estar na prisão e ainda ser um trabalhador pela causa”. Existem, no entanto, alguns passos primários que precisam ser entendidos. O primeiro é que “o que quer que venha a nós teve origem em nós”. Logo que isso é compreendido em profundidade, requerendo contemplação e possivelmente algum estudo para verdadeiramente apreender, podemos parar de buscar do lado de fora as respostas para nossos problemas, e começar a buscar internamente. Uma das ilusões da vida é pensar que nossos problemas provêm de outras pessoas, situações ou acontecimentos, embora tenha-

Não temos conhecimento de nossos poderes. A mente é potencialmente capaz de habilidades incríveis. No futuro distante, a mente usará a imaginação para moldar formas conscientes, e saberá disso.

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Uma das maiores lições da vida, para mim, foi que a paz não surge do exterior, nem das pessoas ou das coisas. Após esse momento, meu trabalho verdadeiramente começou. Foi somente pelo meu contínuo olhar para o interior que a paz permitiu-se acontecer. Para fazer qualquer coisa, precisamos nos engajar. Isso é autoconhecimento. O engajamento é uma das lutas que permite que as nuvens se dissipem. Finalmente começamos a experimentar nossa natureza superior, resplandecente como é, foi e sempre será. No entanto, isso é apenas parte da história. Nem tudo diz respeito a nós. Krishnamurti disse que “a iluminação tem pouco a ver conosco e tudo a ver com o universo”. O verdadeiro despertar significa que não estamos sós, mas que “tudo é um”. Quando agimos em harmonia com o universo, começamos a ver a necessidade de auxiliar os outros. Contudo, estamos todos sempre tão ocupados... Como se pode mudar isso? Nossa ideia de ajuda geralmente é ver o nosso eu físico auxiliando os outros. Quando compreendemos o poder que temos, verificamos que podemos afetar qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, por meio dos nossos sentimentos e pensamentos. Toda vez que pensamos, empregamos parte do universo – o reino mental. Nas Cartas dos Mahatmas, podemos ler: “Todo pensamento do homem, ao ser criado, passa para o mundo interno e torna-se uma entidade viva associando-se – amalgamando-se, poderíamos dizer – a um elemental; o que equivale a dizer, com uma das forças semi-inteligentes dos reinos. Ele sobrevive como uma inteligência ativa, uma criatura gerada pela mente para um período mais longo ou mais curto, proporcional à intensidade original da ação cerebral que o gerou. Assim,

mos posto em ação forças que, exatamente agora, estão repercutindo sobre nós. Logo que entendemos isso, percebemos não apenas que o problema é na verdade uma bênção, mas também uma resposta. Conseguir isso leva tempo, paciência e amor pelo nosso eu e pelo mundo no qual vivemos. Para encontrar esse tesouro perdido, devemos buscar no lugar certo.

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Aprendemos a sentir, pensar e perceber: esse é o trabalho de uma vida, e também um trabalho ao qual retornaremos na próxima vida. O progresso que fazemos nesta vida retorna facilmente a nós na próxima, o que explica a criança prodígio e o gênio. Dizem que nascimento e morte são incidentes recorrentes numa vida infinita. A viagem da vida é aprender. Se não aprendemos, so-

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fremos. Se aprendemos, há alegria e expansão de consciência. Dito simplesmente, há uma evolução da consciência através da forma. A vida nos guia lentamente para a realização, e isso leva eras. Por meio do esforço autodeterminado, aceleramos nossa jornada e a suavizamos com amor e sabedoria, que é verdadeiramente o tesouro oculto, o tesouro que a natureza promove

lentamente. Então, auxiliamos os seres humanos e a natureza, através de um imenso amor pela humanidade como um todo, pois ela é a grande órfã, a única deserdada sobre a Terra, e é dever de cada pessoa fazer alguma coisa, por menor que S seja, pelo seu bem-estar.

* Barry Bowden é filósofo e teósofo.

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Endereços da Sociedade Teosófica no Brasil

www.sociedadeteosofica.org.br CAPITAIS Aracaju-SE GET Virtudes: R. Alexsandro Oliveira Porto, 115, Sta Luzia. CEP: 49045-750. Tel: (79) 88021012 / 8875-2875. E-mail: teosofiaemaracaju@gmail.com. Reuniões: ter. 19h, sab. 15h. Brasília-DF – SGAS Q. 603, cj. E, s/nº, CEP 70200-630. Tel: (61) 3226-0662. •Loja Alvorada: Reuniões 6ª, 19h30. •Loja Brasília: Reuniões 4ª, 19h. E-mail: lojabrasilia@sociedade teosofica.org.br •Loja Fênix: Reuniões 3ª, 19h. E-mail: lojafenix@sociedadeteosofica.org.br •Coordenadoria das lojas de Brasília – programação pública conjunta: sáb., 14h30 a 21h30. Belém-PA •Loja Annie Besant: R. Tiradentes, 470, Reduto. CEP 66053-330. Tel: (91) 3242-6978. Reuniões: 5ª, 19h. Belo Horizonte-MG •GET Belo Horizonte: Av. Afonso Pena, 748, 26º andar. CEP: 30130-300. Tel: (31) 3464-4310 / 9264-2005. E-mail: f.messias@ globo.com. Reuniões: ter., 19h. Campo Grande-MT •Loja Campo Grande: R. Pernambuco, 824, São Francisco, CEP 79010-040. Tel.: (67) 30257251/9982-8106. Reuniões: sáb, 18h. E-mail: lojacampogrande@ sociedadeteosofica.org.br •GET Flor de Lótus: R. Tinhorão, 672, Cidade Jardim, CEP 79040630. Tel: (67) 3028-6548 / 96377525. Reuniões: 3ª e 6ª, 19h. Email: jacintaines@hotmail.com Curitiba-PR •Loja Libertação: R. Deputado Carlos René Egg, 205, Jardim Ipê, Santa Felicidade, CEP 82410450. Tel: (41) 3088-8140 / 99687625 / 9646-5853. Reuniões: 6ª, 20h; sáb., 10h30 e 18h. E-mail: libertacao@brturbo.com.br •Loja Paraná: R. Dr. Zamenhof, 97, Alto da Glória, CEP: 80030320. Tel: (41) 9646-5853. Reuniões: 2ª, 19h (membros); 3ª e sáb., 16h (público). •GET Dario Vellozo: R. 13 de Maio, 538, Centro, CEP 80510030. Reuniões: 2º e 4º domingos, 15h30 às 17h30. Tel: (41) 33527175, 9979-7970, 9675-8126. E-mail: jorgebernardi12000@ gmail.com ou

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claturismo@yahoo.com.br •GET Água Verde: Av. República Argentina, 1.469, s. 7, Água Verde, CEP 80620-010. Tel: (41) 3536-8344.Reuniões: 2ª e 4ª, 19h30. E-mail: jaime.yeboles@ gmail.com Florianópolis-SC •GET Florianópolis: R. Capitão Pedro Gomes, 188 (Casa do Sol), Bairro Trindade, CEP 88.036-230. Tel: (48) 9960-0637 (Adolfo). Palestras e reuniões: 4ª, 19h. E-mail: sociedade teosofica.floripa@gmail.com Fortaleza-CE •Loja Unidade: R. Rocha Lima, 331-C, Centro, CEP 60135-000. Tel: (85) 9778-6666 e 9138-2068. E-mail: lojateosoficaunidade@ yahoo.com.br Goiânia-GO •GET Sophia: Rua 220, nº 287, s. 5, Setor Coimbra. Tel: (62) 3954-4535/8266-6768/ 3642-0136/8195-0552/32934416. Reuniões: sáb., 17h. Email: sociedadeteosofica.go@ gmail.com. João Pessoa-PB •Loja Esperança: R. Arquiteto Hermenegildo Di Lascio, 468, Tambauzinho, CEP 58042-140. Tel: (83) 3246-1478, 9117-4488, 8866-5051. Palestras públicas sáb. 17h. E-mail: lojaesperança @sociedadeteosofica.org.br Maceió-AL •GET Maceió: R. Prof. Sandoval Arroxelas, 432, ap. 502, Ponta Verde. CEP: 57035-230. Tel: (82) 3377-0297 - 9997-8351. E-mail: marcioteosofia@ yahoo.com.br. Reuniões: sáb., 16h. Palmas-TO • GET Palmas: Q. 101 Sul, cj. 1, lt. 6, s. 408, Ed. Office Center. CEP 77.015-002. Tel: (63) 32150936/9951-0459/8139-3218/ 8415-3122. Reuniões sab., 15h30. E-mail: getpalmasto@ gmail.com/castrodc@gmail. com/gui.nut@hotmai.com Porto Alegre-RS •Loja Dharma: R. Voluntários da Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Site: www.lojadharma.org.br. Reuniões: 4ª, 20h (membros); sáb., 15h às 18h30 (público). •Loja Jehoshua: R. Voluntários da Pátria, 595, s. 1408. CEP: 90039-900. Tel.: (51) 3225-1801. Reuniões: 3ª, 19h30h. E-mail: inaiazluhan@gmail.com

Recife-PE •Loja Estrela do Norte: R. Diogo Álvares, 155, Torre, CEP: 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Reuniões: dom., 16h. E-mail: lojaestreladonorte@sociedade teosofica.org.br Rio de Janeiro-RJ •Loja Augusto Bracet: Av. Treze de Maio, 13, sala 1520, Centro, CEP: 20053-901. Tel: (21) 25699978. Reuniões: 6ª,15h. E-mail: fcarreira@globo.com.br. •Lojas Conde de Saint Germain, Jinarajadasa, Nirvana, Perseverança e Rio de Janeiro: Av. 13 de Maio, nº 13, s. 1.520, Centro, CEP 20053-901. Tel: (21) 2220-1003. •Loja Conde de S.Germain: Reuniões 2ª, 14h. •Loja Himalaia: Tel: (21) 2710-3890. •Loja Jinarajadasa: reuniões 3ª, 14h. Site: www.lojajinarajadasa.com •Loja Nirvana: reuniões 6ª, 17h. •Loja Perseverança: reuniões 5ª, 14h. E-mail: stlojaperseveranca@ gmail.com •Loja Rio de Janeiro: reuniões sáb. 15h30h. Salvador-BA •Loja Kut-Humi: R. das Rosas, 646, Pq. N. S. da Luz, Pituba. CEP: 41810-070. Tel: (71) 33532191 / 9919-1065. E-mail: teobahia@sociedadeteosofica.org.br. Site: www.sociedadeteosofica. org.br/teobahia. Reuniões: sáb., 16h. São Paulo-SP •Loja Liberdade: R. Anita Garibaldi, 29, 10º andar, CEP: 01018-020. Tel: (11) 964644447. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojaliberdade@sociedadeteosofica.org.br e loja@teosofialiberdade.org.br •Loja Raja Yoga: R. Mituto Mizumoto 301, Liberdade, CEP 01513-040. Tel: (11) 3271-3106. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: lojarajayoga@sociedadeteosofica.org.br •Loja São Paulo: R. Mituto Mizumoto, 301, Liberdade. Reuniões: dom., 17h. E-mail: ivanewton@bol.com.br Vitória-ES •GET Blavatsky: Praça Getúlio Vargas, 35, Ed. Jusmar, s. 614, Centro, CEP 29010-925. Tel: (27) 3235-1545/3314-5381/ 9608-5694. Reuniões: 3ª,19h30. E-mail:kmgoncalves@

uol.com.br e mar.ignatowska@hotmail.com OUTRAS CIDADES Águas de São Pedro-SP •GET Águas de São Pedro: R. Pedro Boscariol Sobrinho, 95, SP. CEP: 13525-000. Tel: (19) 3482-1009. Reuniões: 5ª, 20h. Balneário Camboriú-SC •GET Luz no Caminho: Centro de Treinamento Yoga Sadhana, Av. Rui Barbosa, 30 (continuação da Estrada da Rainha, Praia dos Amores) Cep 88330468. Tel: 9987-1797. Reuniões: quinzenalmente, domingo às 17h30. E-mail: marciamolleri64@gmail.com Bragança Paulista-SP •Loja Alaya: Alameda Polônia, 9, Jardim Europa, CEP 12916160. Tel: 4032-5859. Reuniões: 6ª, 20h. E-mail: E-mail: niterapeuta@terra.com.br Campina Grande-PB •Loja Sírius: R. Santa Cecília, 692, bairro Santo Antônio. Tel: (83) 3322-8934/8847-5367. Reuniões: dom., 16h30. E-mail: get.sirius@sociedadeteosofica. org.br/bruno.san@globo.com Campinas-SP •Get Lótus Branco: R. Dr. Antonio Carlos de Sousa, 118, Jd. Novo Chapadão. CEP: 13063450. Tel: (19) 98292-1524. Email: getlotusbrancocampinas @gmail.com. Reuniões: 4ª, 19h. Cataguases-MG •Loja Unicidade: R. Cel João Duarte, 78, s. 204. CEP: 36770000. Tel: (32) 3421-4448/(32) 3421-1567/(32) 9982-1123 e (32) 9984-1164. Reuniões: 3ª 19h30, sex. 18h30 (membros). E-mail: lojaunicidade@gmail.com Criciúma-SC •GET Mabel Collins: Cx P. 263, CEP 88801-970. Tel: (48) 34330380 / 9904-2080. Reuniões: 1º sábado do mês, 15h, na R. Barão do Rio Branco, 549 (perto do Sindicato dos Mineiros). Juazeiro do Norte-CE •GET Padre Cícero: Escola José Geraldo da Cruz, R. do Rosário, s/nº, Salesianos. CEP: 63050-205. Tel: (88) 8808-4808 Reuniões: sáb., 16h. E-mail: alexkarite1@gmail.com Joinville-SC •Loja Shanti-OM: R. Waldemaro Maia, 130, CEP 89202-260. Tel: (47) 3433-3706. Reuniões: SOPHIA • NOV-DEZ/2015


FRED FOKKELMAN

4º domingo do mês, 19h. Juiz de Fora-MG •Loja Estrela D’Alva: Av. Barão do Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) 30614293. Reuniões: 2ª, 4ª, sáb., 18h15. Londrina-PR •GET Lumen: R. Raja Gabaglia, 1020, Jd. Quebec. CEP: 86060-190. Tel: (43) 3027-2623 / 9121-3375 / 9916-0099 / 9911-8142. E-mail: tarsiladomene@hotmail.com / ivguerrini@ hotmail.com. Reuniões: qua., 19h. Mogi das Cruzes-SP •Loja Raimundo Pinto Seild: R. Bras Cubas, 251, 1º andar, s. 14, Centro, CEP 08710-410. Tel: (11) 9-9501-6061 e (11) 4723-3401. E-mail: cavalcante.manoel@ gmail.com Niterói-RJ •Loja Himalaya: R. da Conceição 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, 2611-6949. Reuniões: 2ª, 18h. Piracicaba-SP •Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416-763. Tel: (19) 3432-6540. Reuniões: 3ª e 5ª, 20h. E-mail: lojapiracicaba@ sociedadeteosofica.org.br Praia Grande-SP •Get Thoth: R. Dep. Laércio Corte, 1090, Vila Caiçara. CEP: 11700-000. Tel: (13) 3474-5180. Reuniões: 3ª, 19h30. E-mail: get.thoth @sociedadeteosofica.org.br Ribeirão Preto-SP •GET Ahimsa: R. João Penteado, 38, Jardim Sumaré, CEP 14020180. Tel: (16) 3237-5109/981385148/ 3916.4231. Reuniões: sáb. 16h. E-mail: teosofia.ahimsa@ gmail.com ou bertha.rib@ terra.com.br São Caetano do Sul-SP •GET do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Sta. Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 42297846. Reunião 3ª, 20h. E-mail: getdograndeabc@ gmail.com São José dos Campos-SP •Loja Vida Una: Espaço da Cultura Indiana Nanda Kumara Das, R. Justino Cobra, 265, Vila Ema, CEP 12243-700. Tel: (12) 3941-7173/99712-2349 Sobral-CE •GET Sobral: R. das Dores, 105, Centro. Tel: (88) 9483-8121/99132000. E-mail: gersonhardy@ yahoo.com.br. Reuniões: seg. 19h30, dom. 9h. Timbó-SC • GET Timbó: R. Luxemburgo, 118, Das Nações. CEP: 89120-000. Tel: (47) 3382-2264/9957-1236/ 3385-3068/9993-0797. Reuniões: 6ª, 19h. E-mail: g_muller85@ yahoo.com.br SOPHIA • NOV-DEZ/2015

O que é a

Sociedade Teosófica A Sociedade Teosófica foi fundada em Nova Iorque em 1875 por um grupo que inclui a russa Helena Blavatsky e o norte-americano Henry Olcott, seu primeiro presidente. A sede internacional foi transferida para Chennai, na Índia, onde se encontra hoje. A Sociedade tem sedes em mais de 60 países e divide-se em Seções Nacionais formadas por Lojas e Grupos de Estudos. A Sociedade Teosófica estrutura-se sobre o princípio da fraternidade universal e a livre investigação da verdade. Seus objetivos são formar um núcleo da fraternidade universal da humanidade; encorajar o estudo de religião comparada, filosofia e ciência; investigar as leis da natureza e os poderes latentes no homem. Membros de diversas religiões se filiaram à Sociedade, mantendo suas tradições. Considerando que ela não é uma religião nem uma seita, somente o respeito à liberdade de pensamento torna possível a convivência harmônica que favorece a investigação e o aprendizado. A origem da palavra theosophia é grega (“sabedoria divina”). Quem primeiro utilizou esse termo foi Amônio Saccas, em Alexandria, no século III d.C, que, juntamente com seu discípulo Plotino, fundou a Escola Teosófica Eclética. Esses filósofos neoplatônicos não buscavam a sabedoria apenas nos livros, mas através de correspondências da alma com o mundo e a natureza. A Sociedade Teosófica moderna, sucessora dessa antiga escola, almeja a busca da sabedoria não pela crença, mas pela investigação da verdade que se manifesta na natureza e no homem.

Não há religião superior à

verdade

Esse é o lema da Sociedade Teosófica. Mas a Sociedade não se impõe como portadora da verdade; o laço que une os teosofistas não é uma crença comum, mas a investigação da verdade em relação às diversas religiões, à filosofia ou à ciência.

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Conheça as publicações da

Editora Teosófica

A Vida Espiritual Annie Besant

O Natal dos Anjos Dora van Gelder Kunz

O Teatro da Mente Henryk Skolimowski

Annie Besant é bastante conhecida por suas conferências e seus numerosos livros, onde enfatiza aspectos práticos da vida espiritual: a espiritualidade no mundo, as dificuldades no dia a dia, Teosofia e ética, a devoção, a senda espiritual e o destino evolutivo futuro. Este livro é uma constante meditação sobre pontos essenciais da vida espiritual. É uma coletânea de artigos publicados em The Theosophical Review, editada por A. Besant e G. R. S. Mead em Londres, e de palestras proferidas durante suas viagens pelo mundo (duas das quais no Parlamento das Religiões Mundiais, que ocorreu em Chicago, em 1893).

Os anjos são mencionados, em todas as grandes religiões, como intermediários de expressão da lei de harmonia universal. No Natal eles vertem sua energia espiritual com mais intensidade, aproveitando o solstício e em resposta à devoção dos homens. A autora Dora Kunz nasceu com o dom da clarividência, e desde os cinco anos de idade foi treinada pelo renomado clarividente C. W. Leadbeater. Com anos de experiência nas artes de curar, Dora Kunz desenvolveu a técnica do toque terapêutico com Dolores Krieger. É autora de A Aura Pessoal e coautora de Os Chakras e os Campos de Energia Humanos.

Este livro desafiador aborda o drama do nosso eterno crescimento. O texto de Henryk Skolimowski é surpreendente e aprazível a cada passo, porque este filósofo, que é cientista e místico, rompe permanentemente as imagens cristalizadas em nossa mente. De Prometeu a Prigogine, através de uma filosofia baseada em sua própria experiência, ele fornece ideias geradoras de um desenvolvimento que não negue a vida, mas que a respeite cada vez mais profundamente. O homem, segundo o autor, é um animal construindo sua mente; a evolução trabalha através de nós. Somos os guardiões do nosso próprio crescimento interior.

Vegetarianismo e Ocultismo C. W. Leadbeater e Annie Besant

Este é um livro de grande interesse para todos aqueles que percorrem o caminho espiritual e que se interessam em seguir uma alimentação vegetariana. Nele, C. W. Leadbeater e Annie Besant abordam os aspectos ocultos do vegetarianismo. Como o ocultismo considera o vegetarianismo? Por que a filosofica esotérica recomenda a prática do vegetarianismo? Qual é o nosso dever ético para com os animais? Essas e várias outras perguntas são respondidas nesta obra, que destaca a responsabilidade do ser humano e a sua influência como um agente da natureza no mundo.

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Harmonia espiritual Os Mestres e a Senda C. W. Leadbeater Editora Teosófica

Dentro da Luz Cherie Sutherland

Este livro apresenta vinte relatos de experiências próximas à morte, que ocorrem quando uma pessoa está à beira da morte (ou, em muitos casos, clinicamente morta) e é, então, ressuscitada, ou sobrevive de alguma forma para contar sua intensa e profundamente significativa experiência. São relatos de pessoas que se aproximaram de uma fronteira desconhecida e dela retornaram profundamente transformadas, tendo deixado para trás o medo da morte e descoberto o serviço altruísta como um dos valores essenciais da vida. Este livro é, portanto, um eloquente testemunho da força do espírito presente na consciência humana.

Dos fatos expostos pela Teosofia, um dos mais importantes é o da existência dos Homens Perfeitos. Deriva logicamente dos outros grandes ensinamentos teosóficos do karma e da evolução da consciência. Os Mestres e a Senda mostra esses fatos, que para alguns podem parecer quiméricos, mas, para outros, hipóteses coerentes e luminosas. O livro também indica os meios pelos quais o estudioso ardente de conhecimento pode chegar à sua constatação. Poderá ver então que no universo há uma perfeita harmonia espiritual, regida por uma poderosa hierarquia de

verdadeiros Mestres de Sabedoria, que “suave e poderosamente, dispõe e governa todas as coisas”, e a todo homem de boa vontade é oferecida a honrosa possibilidade de com ela cooperar e desenvolver-se internamente. Tal é a revelação que nos faz o autor, neste livro de conteúdo didático e acessível. Annie Besant prefacia esta obra, dizendo: “É um documentário de atentas observações cuidadosamente registradas, porém sem quaisquer pretensões de autoridade nem demanda de qualquer aceitação. Tampouco são fruto de inspiração, mas sim um honesto relato de coisas observadas por C. W. Leadbeater, notável clarividente, que nos tem apresentado informações vaS liosas do mundo oculto.”

Setor de Indústrias Gráficas – SIG, Quadra 6, Lote 1.235 Brasília-DF – CEP 70.610-460 Fone: (61) 3322-7843

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Para comprar os livros da Editora Teosófica,

peça pelo número! 19. Chamado dos Upanixades, O - Rohit Mehta: R$ 39,00

37. Educação, Ciência e Espiritualidade - P. Krishna: 35,00

20. Chave para a Teosofia, A - H. P. Blavatsky: 36,00

38. Em Busca da Sabedoria - N. Sri Ram: 26,00

3. Alvorecer da Vida Espiritual, O - Murillo Nunes de Azevedo: 25,00

21. Chegando Aonde Você Está - A Vida de Meditação Steven Harrison: 31,00

4. Aos que Choram os Mortos - C. Jinarajadasa [livro de bolso]: 12,00

22. Clarividência - C.W. Leadbeater: 33,00

39. Ensinamentos de Jesus e a Tradição Esotérica Clássica, Os Raul Branco: 57,00

1. Advaita Bodha - Adi Shankara Swami: 26,00 2. Além do Despertar Textos do Mestre Hakuin sobre Meditação Zen: 23,00

5. Aperfeiçoamento do Homem, O - Annie Besant: 25,00

23. A Ciência da Astrologia e as Escolas de Mistérios Ricardo Lindemann: 51,00

6. Apolônio de Tiana G. R. S. Mead: 23,00

24. A Ciência da Meditação - Rohit Mehta: 35,00

7. Aprendendo a Viver a Teosofia - Radha Burnier: 31,00

25. Ciência do Yoga I. K. Taimni: 45,00

8. Aspectos Espirituais das Artes de Curar - Dora van Gelder Kunz: 41,00 9. Através do Portal da Morte - Geoffrey Hodson: 23,00 10. Autocultura à Luz do Ocultismo - I. K. Taimni: 39,00 11. Autoconhecimento Marcos Resende: 18,00 12. Autorrealização pelo Amor - I. K. Taimni: 21,00 13. Bhagavad-Gita - Trad. Annie Besant: 12,00 14. Caminho do Autoconhecimento, O - Radha Burnier [livro de bolso]: 12,00 15. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 1 Mahatmas K. H. e M.: 47,00 16. Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Vol. 2 Mahatmas K. H. e M.: 49,00 17. Cartas dos Mestres de Sabedoria - C. Jinarajadasa: 38,00 18. Causas da Miséria e Sua Superação, As Ulisses Riedel: 25,00

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26. Conheça-te a Ti Mesmo - Valdir Peixoto: 15,00 27. Conquista da Felicidade, A - Kodo Matsunami: 23,00 28. Consciência e Cosmos Menas Kafatos & Thalia Kafatou: 34,00

40. Escolas de Mistérios, As - Clara Codd: 35,00 41. Estudos Seletos em A Doutrina Secreta - Salomon Lancri: 21,00 42. Estudo Sobre a Consciência, Um - Uma introdução à psicologia Annie Besant: 41,00 43. Eu Prometo - C. Jinarajadasa [livro de bolso]: 12,00 44. Fim da Divindade Mecânica, O - John David Ebert (comp.): 33,00 45. Fotos de Fadas Edward L. Gardner: 17,00

29. Contos Mágicos da Índia - Marie Louise Burke: 21,00

46. Fundamentos de Teosofia, C. Jinarajadasa: 35,00

30. Criança Encantada, A C. Jinarajadasa [livro de bolso]: 12,00

47. Fundamentos da Filosofia Esotérica - H. P. Blavatsky: 15,00

31. Dentro da Luz Cherie Sutherland: 31,00

48. Gayatri - O Mantra Sagrado da Índia - I. K. Taimni: 26,00

32. Desejo e Plenitude Hugh Shearman: 15,00 33. Despertar da Visão da Sabedoria, O - Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama: 22,00 34. Despertar de Uma Nova Consciência, O Joy Mills: 17,00

49. Gnose Cristã, A - C. W. Leadbeater: 34,00 50. Helena Blavatsky – A Vida e a Influência Extraordinária da Fundadora do Movimento Teosófico Moderno - Sylvia Cranston: 65,00

35. Deuses no Exílio J. J. Van Der Leeuw: 18,00

51. Helena Blavatsky e a Sociedade para Pesquisas Psíquicas - Vernon Harrison: 25,00

36. Doutrina do Coração, A - Annie Besant: 19,00

52. Hino de Jesus, O G. R. S. Mead: 13,00

rátis: g e u g i L 10020 0800-6 53. Homem: sua Origem e Evolução, O - N. Sri Ram: 17,00 54. Ideais da Teosofia, Os Annie Besant: 23,00 55. Idílio do Lótus Branco, O - Mabel Collins: 20,00 56. Inteligência Emocional As Três Faces da Mente Elaine de Beauport & Aura Sofia Diaz: 49,00 57. Interesse Humano, O N. Sri Ram: 25,00 58. Introdução à Teosofia C.W. Leadbeater: 15,00 59. Investigando a Reencarnação - John Algeo: 24,00 60. Leis do Caminho Espiritual, As - Annie Besant: 20,00 61. Luz da Ásia, A Edwin Arnold: 23,00 62. Luz e Sombra Emma Costet de Mascheville: 17,00 63. Luz no Caminho Mabel Collins: 12,00 64. Meditação - Sua Prática e Resultados Clara M. Codd: 17,00 65. Meditação - Um Estudo Prático - Adelaide Gardner: 22,00 66. Meditações: Excertos das Cartas dos Mestres de Sabedoria - Katherine A. Beechey (comp.) [livro de bolso] - 12,00 67. Meditação Taoísta - Thomas Cleary (comp.): 21,00 68. Mestres e suas Mensagens, Os - Raul Branco: 22,00 69. Milagre do Nascimento - Geoffrey Hodson: 16,00 70. Momentos de Sabedoria - H. P. Blavastky [livro de bolso]: 14,00

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71. Mundo Oculto, O A. P. Sinnett: 30,00 72. Natal dos Anjos, O Dora van Gelder Kunz 12,00 73. Ocultismo Prático Helena Blavatsky: 12,00 74. Ocultismo, Semiocultismo e Pseudoocultismo - Annie Besant: 13,00 75. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Espiritual - N. Sri Ram: 20,00 76. Pérolas de Sabedoria - Sri Ramana Maharshi: 25,00 77. Pés do Mestre, Aos J. Krishnamurti: 12,00 78. Pistis Sophia - Trad. Raul Branco: 49,00 79. Plano Astral, O - C. W. Leadbeater: 25,00 80. Poder da Sabedoria, O - Carlos Cardoso Aveline: 25,00 81. Poder Transformador do Cristianismo Primitivo, O - Raul Branco: 21,00 82. Poder da Vontade, O Swami Budhananda: R$ 13,00 83. Potência do Nada, A -

Marcelo Malheiros: 23,00 84. Preparação para Yoga I. K.Taimni: 22,00 85. Processo de Autotransformação, O Vicent Hao Chin Jr.: 35,00 86. Princípios de Trabalho da Sociedade Teosófica I. K.Taimni: 14,00 87. Procura o Caminho Rohit Mehta: 25,00 88. Raja Yoga - Wallace Slater: 20,00

96. Senda para a Perfeição, A - Geoffrey Hodson: 15,00 97. Sete Grandes Religiões, As - Annie Besant: 35,00 98. Sete Temperamentos, Os - Geoffrey Hodson: 20,00 99. Shiva-Sutras - I.K. Taimni: 35,00 100. Sonhos, Os - C.W. Leadbeater: 21,00 101. Suprema Realização através do Yoga, A Geoffrey Hodson: 29,00

110. Três Caminhos para a Paz Interior - Carlos Cardoso Aveline: 25,0 111. Tudo Começa com a Prece - Madre Teresa de Calcutá: 23,00 112. Vegetarianismo e Ocultismo - C. W. Leadbeater e Annie Besant: 18,00 113. Vida de Cristo, A Geoffrey Hodson: 43,00 114. Vida e Morte de Krishnamurti - Mary Lutyens: 37,00

89. Regeneração Humana Radha Burnier: 21,00

102. Sussurros da Outra Margem - Ravi Ravindra: 23,00

90. Sabedoria Antiga, A Annie Besant: 37,00

103. Teatro da Mente, O Henryk Skolimowski: 24,00

116. Vida Interna, A - C.W. Leadbeater: 39,00

91. Sabedoria Antiga e Visão Moderna - Shirley Nicholson: 33,00

104. Técnica da Vida Espiritual, A. - Clara Codd: 20,00

92. Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, A Geoffrey Hodson: 67,00

105. Teia de Maya, A Itapoã Feliz: 17,00

117. Visão Espiritual da Relação Homem & Mulher, A - Scott Miners (comp.): 33,00

93. Saúde e Espiritualidade - Geoffrey Hodson: 14,00 94. Segredo da Autorrealização, O - I. K. Taimni: 20,00 95. Senda Graduada para a Libertação, A - Geshe Rabten: 15,00

106. Teosofia como os Mestres a Veem - Clara Codd: 33,00

115. Vida Espiritual, A Annie Besant: 27,00

118. Viveka-Chudamani A Joia Suprema da Sabedoria - Shankara: 28,00

107. Teosofia Prática C. Jinarajadasa: 21,00

119. Vivência da Espiritualidade, A Shirley Nicholson: 13,00

108. Teosofia Simplificada Irving Cooper: 19,00

120. Voz do Silêncio, A H.P. Blavatsky: 12,00

109. Tradição-Sabedoria, A - Pedro Oliveira e Ricardo Lindemann: 21,00

121. Yoga - A Arte da Integração - Rohit Mehta: 43,00

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SOPHIA 58 Nov/Dez 2015

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