Poesia didรกtica
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universidade estadual de campinas Reitor José Tadeu Jorge Coordenador Geral da Universidade Alvaro Penteado Crósta
Conselho Editorial Presidente Eduardo Guimarães Esdras Rodrigues Silva – Guita Grin Debert João Luiz de Carvalho Pinto e Silva – Luiz Carlos Dias Luiz Francisco Dias – Marco Aurélio Cremasco Ricardo Luiz Coltro Antunes – Sedi Hirano Coleção Bibliotheca Latina Comissão Editorial Coordenadores Matheus Trevizam e Paulo Sérgio de Vasconcellos Isabella Tardin Cardoso – Luiz Francisco Dias Marcos Martinho dos Santos – Pedro Paulo Abreu Funari
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Matheus Trevizam
Poesia didática
Virgílio, Ovídio e Lucrécio
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Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990. Em vigor no Brasil a partir de 2009.
ficha catalográfica elaborada pelo sistema de bibliotecas da unicamp diretoria de tratamento da informação T729p
Trevizam, Matheus. Poesia didática: Virgílio, Ovídio e Lucrécio / Matheus Trevizam. – Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014. 1. Virgílio. 2. Ovídio. 3. Lucrécio. 4. Poesia didática latina. 5. Literatura latina – História e crítica. I. Título.
cdd 871.01
e-isbn 978-85-268-1253-6
870.9
Índice para catálogo sistemático:
1. Virgílio 2. Ovídio 3. Lucrécio 4. Poesia didática latina 5. Literatura latina – História e crítica
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Dedicatória
Para meus pais e para meus amigos Paulo Sérgio de Vas concellos, Tereza Virgínia Barbosa, Teodoro Rennó Assunção, Isabella Tardin Cardoso, Raquel, Neto, Francesco e Valderês.
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Agradecimentos
A Paulo Sérgio de Vasconcellos e à Editora da Unicamp, pela pronta acolhida à ideia desta obra; a esse professor, pelas proveitosas sugestões e pelo empenho; a nossos alunos, para quem este material foi, primeiramente, pensado.
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Vsus opus mouet hoc: uati parete perito. “A experiência move esta obra: obedecei ao vate perito”. (Ovídio, Ars amatoria I, 29)
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Sumário
Apresentação............................................................................................................................................ 13
capítulo i — Delimitação de fronteiras...................................................................... 15 i.1 Questões preliminares......................................................................................................... 15 i.2 Conheceram os antigos um “gênero” da poesia didática?...................... 23 i.3 O que vem a ser um “poema didático”?............................................................... 30 i.4 Panorama geral de alguns momentos de importância na
história da poesia didática antiga............................................................................ 40
capítulo ii — As Geórgicas de Virgílio e a tradição da
poesia didática............................................................................................................................ 57
ii.1 Questões preliminares......................................................................................................... 57 ii.2 Descrição geral dos livros e partes das Geórgicas....................................... 59 ii.3 Que tipo de poema didático são as Geórgicas?............................................. 66 ii.4 Comentário de dois painéis mítico-narrativos (ou descritivos)
das Geórgicas............................................................................................................................ 87
capítulo iii — A erotodidáxis ovidiana da Ars amatoria e as lições
metapoéticas do magister amoris........................................................................... 101
iii.1 Questões preliminares......................................................................................................... 101 iii.2 Modos de funcionamento de alguns traços característicos da
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poesia didática antiga nesta específica obra ovidiana............................. 103
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iii.3 A posição da Ars amatoria na carreira de poeta amoroso
de Ovídio, segundo Gian Biagio Conte................................................................. 119
iii.4 Metapoesia em um painel mítico-narrativo da Ars amatoria.......... 122 capítulo iv — O De rerum natura lucreciano e a divulgação do
epicurismo em Roma......................................................................................................... 131
iv.1 Questões preliminares......................................................................................................... 131 iv.2 Descrição geral do teor dos sucessivos livros de
De rerum natura.................................................................................................................... 135
iv.3 Delineamento de alguns aspectos do De rerum natura em sua
face didática................................................................................................................................ 140
iv.4 Duas faces da elaboração literária do De rerum natura....................... 150 v — Conclusão......................................................................................................................................... 161 vi — Breve bibliografia crítica comentada...................................................................... 165 vii — Pequena antologia traduzida da poesia didática romana............... 169 VII.1.1 Publius Vergilius Maro — Georgicon I, 43-70.........................................
170
VII.1.2 Publius Vergilius Maro — Georgicon IV, 528-558...............................
172
VII.2.1 Publius Ouidius Naso — Ars amatoria I, 1-34........................................
174
VII.2.2 Publius Ouidius Naso — Ars amatoria III, 169-204............................
176
VII.3.1 Titus Lucretius Caro — De rerum natura I, 1-43.................................. 180 VII.3.2 Titus Lucretius Caro — De rerum natura II, 1-19................................
182
VII.3.3 Titus Lucretius Caro — De rerum natura IV, 858-897.....................
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viii — Referências bibliográficas......................................................................................... 191
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Apresentação
Inicia-se com este Poesia didática a série Bibliotheca Latina, que, dirigida sobretudo aos alunos de graduação de nossas universidades e aos leigos interessados no tema, oferece uma introdução à literatura latina a partir dos gêneros textuais consagrados pela tradição: poesia didática, épica, sátira etc. Integram a equipe de autores docentes-pesquisadores de várias universidades brasileiras (Ufes, UFMG, UFPR, Unesp, Unicamp, USP), todos especialistas em língua e literatura latina com larga experiência didática. Espera-se, assim, assegurar ao públi co leitor também a divulgação das pesquisas dos autores, em nível introdutório. Nosso objetivo maior é oferecer, da maneira mais clara e ob jetiva, aos que se iniciam no estudo da literatura latina, ma nuais que definam e contextualizem cada gênero, sempre que possível a partir das teorizações dos próprios antigos (mas sem deixar de lado, quando elucidativas, as considerações dos estudiosos modernos), e apresentem a obra de seus principais prati cantes em Roma. No final de cada volume, sempre haverá uma antologia de trechos das obras analisadas e uma breve biblio grafia comentada de ensaios fundamentais sobre os poetas e prosadores contemplados em cada volume.
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Não temos a pretensão de tratar de todos os autores cujas obras a Antiguidade nos legou, mas destacamos os mais sig nificativos em cada gênero, conscientes, entretanto, das limitações e arbitrariedades de todo “cânone”. Convém sempre frisar que esta série tem caráter introdutório e didático, embora não se esquive de tocar em problemas complexos quando se trata de evitar simplificações excessivas que possam falsear a visão de determinado gênero ou autor. Esperamos, assim, preencher uma lacuna bastante sensível nos estudos clássicos brasileiros: a falta de material didático atualizado, em língua luso-brasileira, sobre uma literatura que há mais de dois mil anos — desmoronado há tanto tempo o “Império sem fim” que Júpiter prometera aos romanos no livro I da Eneida — continua a exercer fascínio e influência. Matheus Trevizam e Paulo Sérgio de Vasconcellos
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capítulo i
Delimitação de fronteiras
I.1 — Questões preliminares O estudo e a leitura das obras antigas, aquelas produzidas na Grécia e em Roma desde períodos tão recuados quanto os tempos homéricos (século VIII a.C.), até a plena cristianização do Império romano (século IV d.C.), demanda-nos alguns esforços, com fins de nos despirmos de preconceitos prejudiciais à plena fruição daquele vasto legado cultural. Para o tema de estudo a que nos propomos com a escrita desta obra introdu tória — a assim chamada poesia didática antiga —, tal atitude de cautela importa de duas maneiras, já que, por um lado, funcio namentos (ou usos!) instrutivos quaisquer dos textos muitas vezes não prescindiram, então, de aliar-se àqueles valorizadores de sua face de objetos de fruição artística; por outro, conforme distingue uma estudiosa como Katharina Volk (com base, mesmo, no caso prático da Arte poética horaciana)1, é prudente di ferenciar meros “tons” instrutivos, eventualmente encontráveis numa gama maior de textos, do que seriam efetivos poemas didáticos, segundo parâmetros que procuraremos adiante estabelecer sem absoluta rigidez. Sobre o primeiro desses aspectos, dispomos de testemunhos que nos confirmam que as práticas antigas de recepção dos tex–15–
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tos não contrapuseram cerradamente as belezas da poesia, mesmo aquela dos mais valorizados e talentosos autores, e sua eficá cia como veículos educadores, ou apenas instrutivos, do público. O caso de Homero, para de fato introduzirmos o assunto pela via de um pioneiro, exemplifica bem o sério potencial formador humano com frequência atribuído então ao que, para nós modernos, antes são “obras literárias”, cuja valia corresponde diretamente a seu grau de elaboração artística. Assim, abalizados estudos têm demonstrado a adoção da Odisseia e, sobretudo, da Ilíada, como textos referenciais da ex celência para o homem helênico: o relato odisseico, na verda de, representa-nos na figura de Ulisses o herói habilidoso (anér polýtropos), aquele capaz de muitos ardis a fim de livrar-se de difíceis embaraços na longa viagem de volta para casa, a ilha de Ítaca, após dez anos da Guerra de Troia. A Ilíada, por sua vez, centrada na focalização de um episódio dessa guerra — a chamada “ira de Aquiles” e seus desdobramentos —, põe em cena os valores da velha nobreza grega, entre os quais se destaca a areté/vigor em combate do protagonista, mais forte que o medo da morte. Com efeito, Aquiles não hesita em retirar-se do conflito, acarretando duras perdas para o exército grego, quando sente que Agamêmnon, chefe desse povo, ultraja-lhe a honra pelo “confisco” da jovem Briseida, a qual coubera a si como butim de guerra; também não se furta de enfrentar — e, enfim, aniquilar — o valoroso Heitor, guerreiro maior dos troianos, quando quer vingar o abate de Pátroclo, seu mais dileto companheiro; derradeiramente, embora o clássico homérico se acabe com a devolução do cadáver de Heitor ao rei Príamo (canto XXIV), seu pai, e os funerais correspondentes, outras tradições em torno do nome de Aquiles conservam a anedota de sua morte por causa de uma seta vingadora atirada –16–
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por Páris, um dos irmãos de Heitor2. Ora, antes mesmo de ir para a guerra, o herói soubera que haveria de morrer em decorrência de sua resolução nesse sentido, tendo, porém, deliberadamente preferido uma vida breve e gloriosa... a outra longa e obscura3. A presença, na trama dos textos aludidos, de tais qualida des humanas, merecedoras, do ponto de vista antigo, dos maiores louvores e de tornar-se parâmetros inspiradores de conduta para os gregos dos tempos seguintes aos do poeta, justifica que Homero se tenha feito, nas palavras de Jaeger, o “educador de seu povo”4. Não faltam, assim, testemunhos sobre o alto conceito de que dispuseram esses textos na cultura helênica5, bem como sobre a vasta difusão da Ilíada e da Odisseia entre o público de várias épocas, a qual se exemplifica abaixo através de seu emprego escolar inclusive como meio difusor de valores: Depois de aprender a ler, o menino era apresentado a Homero e outros poetas, muitas vezes para aprendê-los de cor e recitá-los de memória. Tal como diz Platão: “Quando o menino aprende as letras e está pronto para passar da palavra falada para a escrita, seus profes sores colocam-no em sua mesa e fazem-no ler as obras dos grandes poetas e aprendê-las de cor; nelas ele encontra muitos bons conselhos e muitas histórias, grandes elogios e glorificação dos grandes homens do passado, que o estimulam a admirá-los e imitá-los e a modelar-se com base neles”. (Platão, Protágoras, 325e-326a)6
A plena separação, observamos, entre a poesia e os “discursos da verdade” (ou da ética), foi estranha ao pensamento helênico e romano, tendo maturado em sua forma acabada apenas durante o Romantismo, de que ainda somos herdeiros em tantos pontos. Desse modo, explica-nos Dalzell, o crescente racio-
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nalismo iluminista do século XVIII e os avanços científicos nesse período forçaram aos poucos a poesia a ceder seu espaço de detentora de “verdades” para refugiar-se no “mundo da imaginação, ou emoção, fazer a própria justificativa numa doutrina da ‘arte pela arte’, ou (mais ambiciosamente) ganhar acesso a um reino de valores transcendentais que nunca pareceram cruzar-se com o mundo da ciência”7. Também Jaeger se posiciona semelhantemente a esse respeito, afirmando que: A não separação entre a estética e a ética é característica do pensamento grego primitivo. O procedimento de separá-las surgiu relati vamente tarde. Para Platão, ainda, a limitação do conteúdo de verdade da poesia homérica acarreta imediatamente uma diminuição no seu valor. Foi a antiga retórica que fomentou pela primeira vez a consideração formal da arte e foi o Cristianismo que, por fim, converteu a avaliação puramente estética da poesia em atitude espiritual pre dominante8.
O esboço de tal forma apreciativa geral da poesia antiga9 contribui para desfazer-nos os preconceitos sobre a suposta im possibilidade de se terem um dia reunido, num mesmo texto, potenciais estéticos e “educadores” do público, conforme cremos que ocorra tipicamente com os poemas didáticos. Ainda, além do aspecto moralizador, também se acreditou, na Grécia e em Roma antigas, que os poetas pudessem ensinar de um mo do distinto. Referimo-nos, desta vez, aos saberes, efetivamente, técnicos ou “científicos” que se lhes atribuíram, mesmo quando seu principal intento não fora a transmissão de semelhantes conhecimentos. O mesmo Dalzell, assim, evoca em esparsas ocorrências apre ciativas da literatura antiga testemunhos nos quais se poderia
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ancorar a firme crença dos receptores na validade de palavras poéticas também como fontes de conhecimentos especializa dos: esse seria o caso de Estrabão, geógrafo e leitor de Homero, pois assevera, segundo o crítico anglófono, logo ao início de sua obra dedicada a tal especialidade, que o poeta fizera acuradas descrições sobre o mundo mediterrâneo; o rapsodo do Íon platônico, por sua vez, considera-se o melhor dos generais — posição, todavia, combatida por Sócrates!10 — por seu domínio dos poemas homéricos, os quais, sabemos, incluem muitas passagens relativas a táticas de combate; para o Ésquilo de Aristó fanes, enfim (As rãs, 1031-6), Hesíodo de fato ensina da agricul tura, Museu da medicina e a produção épica das artes bélicas11. De novo, a percepção antiga dos textos poéticos e, diríamos atualmente, “artísticos”, já que decerto valorizadores de faces estéticas da composição, não alijou das “obras literárias” citadas, e de outras mais possíveis, funcionamentos de formação do público, mesmo que não em elevados princípios morais, mas nas técnicas e nas ciências (geografia, medicina, astronomia, estratégia militar, navegação...). Dado, por outro lado, o caráter bastante peculiar dos textos que chamamos de “poemas didáticos”, não há obviamente que julgar, com base no que vimos de dizer sobre a crença dura doura dos gregos (e latinos)12 no poder formador da arte, que todas as obras entre eles consideradas instrutivas e utilizadas com fins educativos ou, ao menos, de informação, possam enquadrar-se no âmbito genérico, do ponto de vista literário, aqui em pauta. Um ensaio revelador de autoria de Alessandro Perutelli, com efeito, demonstrou, apesar de centrado em análises do corpus da literatura latina, como foi amplo o espectro de textos aos quais se atribuíram, na Antiguidade, as funções do “professor”, de que os poemas didáticos partilham. –19–
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Com fins de ilustração e aclaramento de ideias, lembramos com o crítico italiano que o De agri cultura de Catão Censor (sé culos III a II a.C.), o qual se conserva como um dos primeiros monumentos das letras de Roma e contém grande variedade de preceitos instrutivos em nexo com o mundo das práticas agrárias itálicas — cultivo de grãos, cultura das uvas e oliveiras, ovinocultura... —, sequer se pode considerar produto da poesia ou um acurado “espécime” da arte literária. Trata-se, antes, de um manual escrito em prosa, cujas rubricas/capítulos técnicos, livremente ligados entre si, apresentam traços linguísticos bastante repetidos, objetivamente informadores, ricos em fórmulas simplificadoras da escrita... Seus fins básicos, pois deparamos, em Catão, saberes práticos que o autor deve ter adquirido inclusive em sua experiência pessoal de contato com a terra e reunido ao longo de dilatados anos13, provavelmente se vinculam a intentos “professorais” de oferecer ao público, para as necessidades do percurso, informações de imediato uso na gestão e na feitura dos tantos gestos cotidianos da lida camponesa. Algumas outras obras técnicas da literatura latina, como o De re rustica de Varrão reatino, são citadas por Perutelli no dito ensaio, exemplificando casos em que, apesar do acabamento artístico do todo e, conjuntamente, da funcionalidade infor mativa dos textos, eles não se encaixam pela forma nos dita mes da poesia didática antiga, tendo também sido escritos em prosa, embora mais cuidada do ponto de vista estético que a do De agri cultura. Este segundo texto não didático de “tonalidades” instrutivas, na verdade, é um artefato literário complexo, pois nele se harmonizam forma e fundo a cada sucessão de seus três livros, correspondendo o primeiro, por nos vermos diante de um “espécime” do antigo gênero do diálogo, a uma “conversa”, no templo da deusa Terra e no dia fortuito das Feriae Se–20–
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