Entrevista da Editora Valentina e dos blogs Lendo e Esmaltando, Perdidas na Biblioteca e My Queen Side com a autora de Proibido, Tabitha Suzuma.
Quando você escreveu Proibido, imaginou o impacto que o romance teria no mundo inteiro? Não, de modo algum! Apenas esperei que fosse publicado e que poucas pessoas me odiassem por causa dele. A pergunta que todos sempre fazem, pois é impossível não fazer: você imaginou outro final para o livro? Haveria alguma chance de o casal ter um final feliz? Quando se deu conta de que o desfecho deveria ser aquele? Houve algum momento ou história em que foi inspirado? Na verdade, sim, no começo eu tinha outro desfecho em mente. Nunca imaginei um felizes para sempre, e achei que talvez os dois protagonistas devessem morrer como Romeu e Julieta! Mas depois concluí que a verdadeira tragédia seria se um morresse e o outro continuasse vivo... Gosto de explorar os extremos da emoção humana em meus livros. E o luto é uma emoção extremamente poderosa. A reação que os leitores costumam ter ao final do livro é de grande tristeza e lágrimas. Sentem-se partidos e incompletos, como se algo lhes faltasse. Você teve essa sensação ao terminar de escrevê-lo? Sem dúvida. Chorei quase o tempo todo ao escrever os dois últimos capítulos. Quando terminei o livro, fiquei inconsolável. Senti-me totalmente devastada. O que acha de seus leitores e fãs? Tem alguma história divertida sobre algum leitor brasileiro que possa nos contar? Não me lembro de nada particularmente divertido, mas amo os leitores de outros países. Os brasileiros, em particular, são extremamente passionais e afetuosos. Têm emoções fortes, profundas, e sofrem muito ao lado de Lochan e Maya. Querem que o amor dos dois triunfe e ficam devastados porque isso não acontece. O mais notável em Proibido é a sensibilidade do casal de protagonistas. Como criou Lochan e Maya? São inspirados em pessoas reais? Sim, os dois, como todos os meus personagens. Acho que todo escritor tem suas musas, mas não posso revelar quem são as minhas! Lochan e Maya também foram inspirados pela paixão, a dor e o
sofrimento coletivos que afligem muitas pessoas – pessoas que foram negligenciadas, ridicularizadas ou ostracizadas pela sociedade, que tiveram de lutar por suas crenças e enfrentar o preconceito e a opressão. Você acredita que o amor de Lochan e Maya aconteceria de qualquer maneira, ou a negligência dos pais fez a diferença? É difícil dizer. Acho que a situação familiar fomentou um amor improvável que de outro modo poderia não ter acontecido. Mas é impossível afirmar com certeza. Às vezes, o amor simplesmente acontece, e nem sempre há uma razão. Acho que é mais importante nos atermos ao que vem depois. Será que as pessoas podem abrir a mente e o coração para aceitar e compreender um amor que não se encaixa dentro das normas sociais? Ou o casal está condenado a levar uma vida de perseguição só por ser diferente? Esse é um problema que afeta a muitos de nós em diversas sociedades, e não se restringe ao amor. O ser humano tem uma imensa capacidade de amar e sentir compaixão, mas, infelizmente, parece temer aquilo que considera diferente ou anormal. Ainda assim, achei muito encorajador que tantos jovens tenham aceitado e se solidarizado com Lochan e Maya ao lerem Proibido.
Você sofreu retaliações por parte de alguma entidade religiosa ou instituição familiar tradicional por causa do tema do incesto?
A autora, como Lochan, escreve um poema emocionante. Leia agora:
Não exatamente, mas o livro foi proibido em muitas bibliotecas e escolas. Acho que é lamentável, uma atitude preconceituosa. Ninguém vai ler Proibido e pensar: “Muito bem, agora vou me apaixonar pelo meu irmão.” O propósito do livro é fazer com que os leitores questionem o que consideram “normal”. Se algo é diferente, proibido ou mesmo ilegal, será que é necessariamente nocivo ou errado? Acho que é importante que os jovens se lembrem de pensar por si mesmos, em vez de seguir os outros. Eles têm suas próprias cabeças e, como meus leitores já provaram, são perfeitamente capazes de decidir por si mesmos.
Sou o cara estranho escondido na escada De cada olhar como de uma facada Com um livro aberto e uma alma que sonha De olhos abertos com a própria vergonha
Você conversou com alguém que viveu a mesma situação de Maya e Lochan, antes ou depois de publicar o livro? Antes de escrevê-lo, entrevistei casais de irmãos que tinham um relacionamento. Suas histórias eram comoventes, dramáticas, e revelavam uma grande coragem. Eles me fizeram compreender que essa era uma história que valia muito a pena ser escrita. Você acredita que algum dia o incesto deixará de ser tabu? Acho que sempre será, por sua raridade, e por ser arriscado ter filhos de um relacionamento incestuoso. E também por geralmente acontecer devido a um abuso. Mas espero sinceramente que algum dia as pessoas possam ter uma atitude mais aberta e aceitar os relacionamentos incestuosos plenamente consensuais. Ou, pelo menos, se abster de julgá-los, se não conhecerem a história inteira por trás deles.
Eu Sou
Sou o covarde que foge de tudo Que faz da própria sombra cruz e escudo Deixando o mundo inteiro sem respostas Além da silhueta das suas costas Sou o que perturba por ser perturbado E arranca aplausos ao ser internado Já não vivesse eu enterrado vivo No meu silêncio de subversivo Sou o infeliz sem ninguém no caminho Que come só e vomita sozinho Que te parece mudo mas tem medo E chora noites de sangue em segredo O soterrado que ninguém escuta Que grita implora esmurra e perde a luta Pra escapar da escuridão que cresce Sob os escombros que o sol desconhece Fui o que enfim deixou todos olhando Quando não estava mais aguentando Ser e não ser. Sem entender seu espanto E sem entender por que demorei tanto. Poema original “I Am the Guy” por Tabitha Suzuma Traduzido por Heloísa Leal
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