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HOMENAGEM AO CMEFED

CENTRO MILITAR DE EDUCAÇÃO FÍSICA EQUITAÇÃO E DESPORTOS

Reza a história que o local - a norte do Convento de Mafra - onde se situa a Unidade se chamava o «real buraco» e que foi ali que, em meados do séc. XIX, se instalou um primeiro «Depósito de Garanhões». Mudando de nome e de vocações (sempre equestres) ao longo da história, chega-se à fundação do CMEFED já depois da II Guerra Mundial. E foi ali que se concentrou todo o processo de aprimoramento técnico (e desportivo) da equitação militar portuguesa. De notar que a faceta desportiva é de grande relevância para a equitação militar onde se deparam, naturalmente, situações que exigem desembaraço, destemor e ousadia com cavalos que passem por cima de «toda a folha».

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Foi por decisão do então Ministro do Exército General Fernando Santos Costa que os então Capitães Fernando da Silva Paes (mais tarde, Coronel) e António Reymão Nogueira (mais tarde, General) foram estagiar a França, em Saumur e em Fontainebleau, para se integrarem na equitação militar de tradição francesa onde ambos ganharam as «esporas de oiro». No regresso, Fernando Paes foi colocado na Escola de Mafra e Reymão Nogueira no Colégio Militar.

Posteriormente, veio para Mafra o Coronel Jean de SaintAndré, ex-Chefe do Cadre Noir de Saumur, que acompanhou a formação da «geração de oiro» da equitação militar portuguesa. Refiro-me, por ordem alfabética do primeiro nome, nomeadamente a Álvaro Sabbo, António Pereira de Almeida, Eduardo Neto de Almeida, Henrique Callado, Jorge Mathias, José Carlos Craveiro Lopes, Luís Mena e Silva, … e outros que involuntariamente estão em falta.

Depois, veio a guerra do Ultramar e começaram as soluções de continuidade na vida equestre dos Mestres militares. Houve os que fizeram escola e houve os outros.

Mas pior ainda, houve quebras sucessivas no financiamento daquela Unidade, houve

redução de Quadros de Pessoal militar e civil, houve mudanças funcionais por Decreto, houve a extinção do CMEFED.

Resta apenas muita carolice de quem por lá sobrevive «segurando pelas pontas» o espírito do defunto CMEFED, mantendo a «reprise», cuidando da «coudelaria militar» e fazendo das tripas coração na esperança de que por aí venham melhores dias.

Ámen!

Realizou-se recentemente na Sociedade Hípica Portuguesa uma palestra sobre o CMEFED, por iniciativa do Coronel Sanches Osório, com a colaboração ativa do Dr. Henrique Salles da Fonseca, tendo como convidado especial a falar de forma emocionada sobre o tema que bem conhece, o Coronel José Henriques.

A mudança rápida do mundo que nos rodeia obriga-nos a adaptar ou, a padecer. Infelizmente para o CMEFED, outrora um bastião da sabedoria Equestre Nacional, é hoje muito mais uma recordação do que um ativo.

A Sociedade Hípica Portuguesa, clube centenário, Catedral do Hipismo em Portugal, sempre apoiada pelos militares, compromete-se agora a ajudar à retoma da grande tradição da equitação Militar Portuguesa e a manter viva a chama da sabedoria de criou muitos dos melhores Cavaleiros do Hipismo Nacional. Por sugestão da Direção do Clube, será constituído um núcleo de Sócios que com ela colabore para o efeito.

A ver se nós, os civis, podemos agora ajudar a equitação militar a sair do «real buraco» para que a atiraram. Uma dívida de gratidão historicamente assumida a isso nos obriga.

Que viva para sempre o espírito do CMEFED!

SHP - Maio de 2018

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