Revista Ensino Superior 204

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Crise Os desafios de 2016 e as estratégias para superá-los

Internacionalização Como viabilizar parcerias no exterior

Pesquisa As vantagens de manter uma revista científica ANO 18 • NO 204 • Novembro de 2015 • R$ 7,90 • www.semesp.org.br

À ESPERA DE MAIS MÉDICOS Lista das instituições autorizadas a criar novos cursos de medicina segue indefinida, gerando incertezas e prejuízos para as IES privadas

BRIGITTE RIECKMANN, DA UNISANTA: POR QUE ESTIMULAR A INICIAÇÃO CIENTÍFICA 01_Capa_204_OK.indd 1

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CARTA AO LEITOR

Freios burocráticos m 8 de julho de 2013, a presidência da República lançava o Programa Mais Médicos, visando, entre outras coisas, ampliar o atendimento de saúde no Brasil, em especial em regiões rurais e mais pobres, de difícil acesso. Em 23 de dezembro de 2014, foi publicado o primeiro edital de chamada de mantenedoras do ensino superior para autorização de novos cursos de medicina. Dois anos e meio depois do lançamento do Mais Médicos, nenhum novo curso ou vaga foi autorizado pelo governo federal. Durante esse período, diversas das medidas anunciadas pelo Ministério da Educação, como a metodologia de escolha das instituições e os critérios pelos quais foram avaliadas, tornaramse objeto de contestação por parte das IES. As boas intenções regulatórias transformaramse em exigências burocráticas. O resultado preliminar de autorização de cursos, divulgado em julho,

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tem tido sua confirmação adiada a cada nova promessa de confirmação. Durante esse período, várias instituições investiram somas expressivas e não sabem se e quando verão o retorno desses valores, tendo mais um elemento de incerteza em meio a uma economia já muito tumultuada. Se, como desde o início defendeu o Semesp, as instituições tivessem podido continuar a protocolar seus pedidos de novos cursos de medicina, confiando-se em sua capacidade de atender às necessidades da sociedade, talvez muitos novos cursos já estivessem em funcionamento a essa altura. Com a aposta no controle excessivo, apoiado nos freios tão caros aos burocratas, o fim da disputa parece apontar para mais uma contenda a ser decidida nos tribunais. Hermes Ferreira Figueiredo, presidente do Semesp

Sumário 14 ENTREVISTA Brigitte Rieckmann Martins dos Santos, diretora de pesquisa da UniSanta, de Santos (SP)

18 MERCADO Matrículas em IES já caíram 30% em média por causa das restrições no Fies e da recessão econômica; 2016 será um ano ainda mais desafiador

24 CAPA MEDICINA (QUASE) EM EXPANSÃO Instituições questionam critérios utilizados pelo MEC para selecionar mantenedoras autorizadas a oferecer cursos de medicina no âmbito do Programa Mais Médicos

30 GESTÃO Com o acirramento da competitividade no setor e a deterioração do cenário econômico, atribuições do coordenador pedagógico ganham complexidade

34 RUMO AO EXTERIOR Internacionalização das instituições de ensino começa a ganhar corpo no Brasil e abre perspectivas para uma educação de mais qualidade

40 PESQUISA Revistas científicas colocam em evidência o pesquisador e as instituições que as editam

Seções 6 MURAL 10 A QUESTÃO É... 12 EDUCAÇÃO NO MUNDO

47 COMPRAS 48 LENTE 50 CULTURA

46 BOAS PRÁTICAS 4

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Mural O nó do Fies Fies autorizadas pelo MEC, apenas 453 contratos foram efetivamente assinados (50%). Já a Kroton informou que apenas 39% de suas vagas foram preenchidas, enquanto a Ser Educacional divulgou em outubro que em torno de 60% das vagas ainda estavam disponíveis. A dificuldade dos alunos de se enquadrar às novas exigências é uma das principais justificativas para a ociosidade dos contratos. Até o fechamento desta edição, o MEC ainda não havia aberto negociações com os representantes do ensino superior privado para redefinir as regras com vistas ao exercício de 2016.

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Desde que o governo estabeleceu os novos requisitos para solicitar o Fies, como mínimo de 450 pontos no Enem e comprovação de renda familiar mensal bruta per capita de até 2,5 salários mínimos, o Semesp vem alertando para o caráter excessivamente restritivo das regras. Somente a pontuação mínima do Enem reduziu em 75,3% o estoque de potenciais candidatos ao programa (cálculo feito com base nos alunos que fizeram a prova em 2014). O alerta agora se confirmou com a divulgação feita por alguns grupos educacionais, como o Anima, que reportou que das 902 vagas de

Estudantes e pesquisadores

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A 5ª edição do Perfil do Aluno de Iniciação Científica será divulgada pelo Semesp durante a realização do 15º Congresso de Iniciação Científica, o Conic. O levantamento foi feito com base nas respostas dos questionários aplicados aos mais de 2 mil participantes e revela quem são os alunos que têm participado desses programas. Entre outros dados, o relatório mostra que 77,6% dos estudantes estão matriculados em IES privadas e a maioria é composta de mulheres (64,9% na rede privada e 61,6% na rede pública). A faixa etária dos alunospesquisadores com até 25 anos é dominante nesse universo (74,6% do total), embora haja uma quantidade significativa na faixa de 26 a 30 anos (13,15%). A maioria tem renda familiar de até 3 salários mínimos (55,2%), enquanto na esfera privada esse grupo corresponde a 40,2% do total. Programado para os dias 27 e 28 de novembro, o Conic registrou um número de inscrições 6,2% superior em comparação com 2014. A área de conhecimento que mais cresceu (31,4%) foi a de engenharias e tecnologias, com 337 trabalhos ante 287 no ano anterior.

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Para acompanhar as metas

14 mil bolsas de estudos

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou um importante documento sobre a situação atual da educação brasileira: o Plano Nacional de Educação 2014-2024: Linha de Base (disponível em www.publicacoes.inep.gov.br/). Como o nome indica, a proposta do material é servir de base para aqueles que querem acompanhar o cumprimento das metas do PNE partindo de uma contextualização e de um diagnóstico das condições de cada um dos objetivos traçados. Trabalho similar já existe desde o ano passado, realizado por 20 entidades atuantes na educação sob coordenação do Todos pela Educação (www.observatoriodopne.org.br), porém o próprio PNE prevê que o governo publique a cada dois anos, durante toda a vigência do plano (2014-2024), estudos para aferir a evolução no cumprimento das metas estabelecidas.

A divisão do banco Santander voltada ao ensino superior destinará, entre 2015 e 2018, 70 milhões de euros ao Brasil. Os recursos serão destinados a alunos, professores e instituições de ensino superior privadas e públicas e serão usados para custear atividades de ensino e pesquisa no exterior e, por um curto período, até o salário de egressos empregados por pequenas e médias organizações. O Santander mantém parcerias com instituições de ensino superior de várias regiões do mundo, como Portugal, para onde vão 165 mil brasileiros todos os anos.

A Kroton adquiriu mais um ativo, mas desta vez não se trata de mais uma instituição de ensino. Por R$ 4,1 milhões, a companhia comprou a Studiare, start-up de tecnologia aplicada à educação. Um dos produtos que a companhia oferece é uma plataforma de ensino que adapta o conteúdo didático ao nível de conhecimento do aluno, na linha de várias outras que têm chegado ao mercado. A ferramenta foi adotada há aproximadamente três meses nas aulas de reforço para calouros e veteranos que estão se preparando para a prova da Ordem dos Advogados do Brasil, por exemplo. Outra solução é um sistema operacional que permite conjugar dados das áreas acadêmica e administrativa, possibilitando aos gestores analisar, entre outros aspectos, a melhor distribuição de alunos por sala.

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Ampliando horizontes

Mais educação Uma pesquisa realizada pelo Datafolha a pedido do Conselho Federal de Medicina mostrou que os brasileiros estão mais preocupados com a educação. Em 2014, 18% dos entrevistados disseram que o governo federal deveria priorizar a área, índice que saltou para 27% na enquete de 2015. Já a saúde, que continua no topo da lista, caiu de 57% para 43%. De acordo com o presidente do CFM, uma das razões para a maior participação da educação no levantamento é o impacto dos cortes orçamentários e restrições de acesso em relação ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), decididos a partir do final de 2014.

Mais de 40 cursos aprovados

Calendário Novembro

24 e 25 8º FinancIES. Realização: Fórum dos Executivos Financeiros para as Instituições de Ensino Privadas do Brasil

27 e 28 15ª Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic). Realização: Semesp divulgação

O grupo Ser Educacional recebeu do Ministério da Educação a aprovação de 41 novos cursos de graduação. 56% deles são das áreas de saúde, engenharia e licenciatura, correspondendo a 9,2 mil novas vagas, das quais 85% destinadas para a região Nordeste e 15% para a região Norte. Foi autorizada ainda a implantação de cinco cursos de odontologia e e de outros três de psicologia. Dos novos cursos, 66% obtiveram Conceito de Curso (CC) 4. Nos segmentos de saúde, engenharia e licenciatura, esse índice foi de 57%. Fundado em 2003 e com sede no Recife, o grupo conta com 38 unidades e 150 mil alunos.

*As inscrições para os cursos do Semesp podem ser feitas no site www.semesp.org.br

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Mural Presidente: Edimilson Cardial Diretoria: Carolina Martinez Márcio Cardial Rita Martinez Rubem Barros

15%

dos empreendedores têm, no mínimo, o superior incompleto, segundo o Sebrae. Embora ainda seja uma participação minoritária, esse universo populacional cresceu 59% entre 2003 e 2013, um acréscimo de 1,3 milhão de pessoas. Do total, 61% dos empreendedores estão no setor de serviços, 23% no comércio, 8% na indústria, 4% na construção e 4% no setor agrícola. Os proprietários de negócios com ensino médio completo também se tornaram mais numerosos, passando de 30% para 41%. O único grupo que caiu foi o de empresários com ensino fundamental incompleto, que passou de 59% para 44% do total. O estudo utilizou como base os microdados da Pnad, do IBGE, que aponta que o número de empreendedores no país saltou de 21,4 milhões para 23,5 milhões. Cada vez mais, escolarização é fator de sucesso.

ANO 18 – No 204 – NOVEMBRO DE 2015 www.semesp.org.br ISSN: 2238-5576

Diretor editorial e editor: Rubem Barros Subeditoras: Marina Kuzuyabu (marina.kuzuyabu@editorasegmento.com.br) e Flávia Siqueira (flavia@editorasegmento.com.br) Fotografia: Gustavo Morita Diagramação: Débora de Bem Projeto Gráfico: Casa Paulistana Design & Comunicação Colaboradores: Gerson Trajano, José Eduardo Coutelle, Juliana Duarte e Paulo de Camargo (texto); Fernando Brum (infográfico); Luiz Roberto Malta e Maria Stella Valli (revisão) Capa: Getty Images Processamento de Imagem: Paulo Cesar Salgado Produção Gráfica: Sidney Luiz dos Santos PUBLICIDADE Gerente: Cibele Tommasini (cibele@editorasegmento.com.br)

No papel de consultora educacional

Diretoria Semesp Presidente Hermes Ferreira Figueiredo 1º Vice-Presidente Antônio Carbonari Netto 2º Vice-Presidente Thiago Rodrigues Pegas 3º Vice-Presidente Lúcia Maria Teixeira 1º Diretora-Secretária Tania Cristina Bassani Cecílio 2º Diretor-Secretário Raul Gustavo Porto Gennari

Diretores de Segmento Universidade Elmara Lúcia de Oliveira Bonini José Francisco Hintze Júnior Diretores de Segmento Centro Universitário Pd. Leocir Pessini João Otávio Bastos Junqueira Diretores de Segmento Faculdade Zely de Toledo Pennachi Machado Ruy Guérios Membros Efetivos do Conselho Fiscal Carmen Laganá Bruno Roberto Pereira De Toledo Irmã Rumilda Maria Cesca Longo

1º Diretora-Financeira Cecília B. Pires Tavares de Anderlini

Membros Suplentes do Conselho Fiscal Giacomo Pasetto Logatti Joel Garcia de Oliveira Paulo Pires Vila Verde

2º Diretor-Financeiro Marcos Vinicius Busoli Cascino

Membros Natos do Conselho da Presidência Gabriel Mário Rodrigues Paulo Antonio Gomes Cardim

Diretor de Relações Institucionais Valdir José Lanza

Diretor Executivo Rodrigo Capelato

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A Fundação Getulio Vargas (FGV) criou o Programa de Certificação de Qualidade (CQ) para prestar consultoria a instituições de ensino superior que oferecem cursos de administração e economia, provendo-lhes suporte acadêmico e administrativo de professores e pesquisadores nos níveis pedagógico, institucional e corpo docente. A Faculdade Metropolitana, de Ribeirão Preto (SP), a Unifenas, de Alfenas (MG), e a Fatece, de Pirassununga (SP), são algumas das instituições que obtiveram o certificado para o curso de administração. Elas foram visitadas pelos consultores da FGV, que avaliaram a infraestrutura, o projeto pedagógico e o corpo docente das IES. A validade é de um ano. Quando concluem seus cursos e colam grau, os alunos dessas instituições também obtêm uma declaração de que o curso que fizeram tem qualidade chancelada pela instituição credenciadora.

Escritórios Regionais Brasília: Sonia Brandão Tel.: (61) 3225-0944/ 3321-4304/ 9973-4304 – sonia@editorasegmento.com.br Paraná: Marisa Oliveira Tel.: (41) 3027-8490 – parana@editorasegmento.com.br TECNOLOGIA Gerente: Paulo Cordeiro Analista Programador: Diego de Andrade MARKETING/WEB Diretora: Carolina Martinez Gerente: Ana Carolina Madrid Lopes Desenvolvedor: Jonatas Moraes Brito Analistas Web: Lucas Carlos Lacerda e Lucas Alberto da Silva Coordenador de Criação e Designer: Gabriel Andrade ASSINATURAS Gerente: Mariana Monné Vendas Avulsas: Cinthya Müller Eventos Assinaturas: Ana Lúcia Souza Vendas Governo: Cláudia Santos Analista de Marketing e Circulação: Gabriela Fróes Vendas Telemarketing Ativo: Cleide Orlandoni FINANCEIRO Coordenadora: Melissa Ramos Contas a Pagar: Simone Melo Faturamento: Weslley Patrick Recursos Humanos: Cláudia Barbosa Planejamento: Roseli Santos Contas a Receber: Viviane Carrapato Ensino Superior é uma revista mensal do Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo) em parceria com a Editora Segmento, destinada a mantenedores, diretores, orientadores, professores, educadores e alunos universitários. São Paulo: o maior centro de ensino superior particular da América Latina. Esta publicação não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas, que expressam apenas o pensamento dos autores, não representando necessariamente a opinião da direção do Semesp. A revista se reserva o direito, por motivos de espaço e clareza, de resumir cartas e artigos. EDITORA SEGMENTO Revista Ensino Superior Rua Cunha Gago, 412, 1o andar CEP 05421-001, São Paulo, SP Tel.: (11) 3039-5600 – Fax: (11) 3039-5610 CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR De 2a a 6a feira, das 8h30 às 18h Tel.: (11) 3039-5666 / Fax: (11) 3039-5643 E-mail: atendimento@editorasegmento.com.br acesse www.editorasegmento.com.br

Rua Cipriano Barata, 2431, Ipiranga – São Paulo – SP CEP 04205-002 – Tel.: (11) 2069-4444 / Fax: (11) 2914-2190 e-mail: semesp@semesp.org.br www.semesp.org.br

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Indicadores

Semesp/Ministério da Educação

São Paulo é o estado com maior número de matrículas no ensino superior

INFogRÁFICo: FERNaNdo BRuM

Considerando a população com 10 anos ou mais de idade em todo o Brasil (2010)

Indivíduos com ensino médio completo e superior incompleto Considerando a população com 10 anos ou mais de idade em todo o Brasil (2010)

1.516.460

1.342.285

869.660

808.062

Rio de Janeiro

Minas Gerais

Paraná

Rio Grande do Sul

33.081

Acre

Roraima

38.626

42.245

22.721

São Paulo

9.577.012

26.404

64.852

Amapá

65.223

30.690

77.463 Tocantins 70.525

Rondônia

81.772

80.702 Sergipe

127.981

98.261

105.237 Piauí

Alagoas

137.773

109.162 Mato Grosso do Sul 99.328

129.931

120.522 Rio Grande do Norte 135.609

131.832 Paraíba

Maranhão

138.252

311.610

134.586 Espírito Santo 134.950

148.297 Mato Grosso 159.669

185.516

150.413 Amazonas 189.948

Pará

Distrito Federal 110.549

388.329

359.736

228.576 Ceará

237.690

247.137 Pernambuco

Goiás 259.489

383.898

295.925 Santa Catarina 284.162

437.279

382.574 Bahia 561.978

Paraná

585.990

457.303 396.332

476.110

Rio Grande do Sul

Rio de Janeiro 599.352

1.870.127

Número de pessoas

749.300 Minas Gerais

4.171.221

Fonte: Sindata /Semesp | Base: IBGE

Indivíduos com ensino superior completo

796.167

Ensino médio, normal/ magistério e integrado em todo o Brasil (2014)

1.927.855

Número de alunos matriculados no ensino médio

Número de pessoas

Estado

Cursos presenciais e EAD de todo o Brasil (2013)

São Paulo

Número de alunos matriculados no ensino superior

204.114

estados, no entanto, a proporção é bem inferior, como é o caso do Ceará, onde a quantidade de inscritos no ensino médio é 40% superior à do ensino superior. Os indicadores desta edição também mostram os cinco estados brasileiros que concentram o maior número de pessoas com ensino médio completo e superior incompleto, e ensino superior completo.

Em São Paulo, o número de alunos matriculados no ensino superior é de 1.870.127, 40% a mais que o segundo colocado na lista, Minas Gerais, que tem 749.300 estudantes. O último do ranking, Roraima, tem apenas 1,4% do universo paulista: 26.404. O total de matrículas é compatível com a quantidade de estudantes no ensino médio em cada estado. Em São Paulo, de acordo com dados do Censo Escolar de 2014, havia 1.927.855 alunos matriculados nessa etapa de ensino, enquanto em Minas, 796.167. Em alguns

3.908.693

3.663.701

2.504.833

2.214.879

Rio de Janeiro

Minas Gerais

Bahia

Rio Grande do Sul

São Paulo

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A questão é...

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Como estimular os alunos a participarem de projetos de iniciação científica? D

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Fábio Reis, diretor de operações do Unisal Lorena Tania Cristina Pithon-Curi, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa da Universidade Cruzeiro do Sul

Fábio Reis / Unisal Projetos de iniciação científica são um exercício de trabalho em equipe. A formação tem de estimular o aluno a pensar além da sala de aula e deixálo “inquieto”. O aluno só se transforma em um cidadão engajado quando entende que o projeto no qual está envolvido terá um significado positivo para a comunidade. Quanto maior o significado, maior o envolvimento. Há estudantes que já têm maturidade para projetos de iniciação científica ainda no ensino básico, outros precisam ser despertados. O papel da escola é colocar dúvidas na vida do aluno. Os projetos de iniciação científica também chegam a ser o início de um projeto de mestrado e doutorado e, portanto, devem ser estimulados.

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Tania Cristina Pithon-Curi / Universidade Cruzeiro do Sul O estímulo deve vir do professor, que deve explicar aos alunos como o conhecimento científico é gerado, os princípios do método científico, o quanto é fascinante realizar novas descobertas e como elas podem melhorar a qualidade de vida das pessoas. Para isso, é fundamental que a instituição conte com um corpo docente qualificado, com experiência na investigação científica e na publicação dos resultados obtidos. A atividade científica enriquece o currículo do estudante, melhora sua formação acadêmica e aumenta sua inserção no mercado de trabalho. A prática também possibilita a integração das atividades de ensino e pesquisa da universidade e a formação de profissionais mais críticos e mais bem preparados para os desafios do mundo globalizado.

Marli dos Santos, coordenadora do programa de pós-graduação em comunicação social da Universidade Metodista de São Paulo

Marli dos Santos / Universidade Metodista de São Paulo O estímulo à iniciação científica deve acompanhar a vida do estudante desde a formação básica, visando o seu desenvolvimento. Ao chegar ao ensino superior, algumas ações podem ser decisivas, como a realização de congressos de iniciação e produção científica e a participação em oficinas de leitura, grupos de pesquisas, mesas-redondas e demais eventos científicos integrados com a pós-graduação, como os que acontecem na Universidade Metodista. São ações decorrentes de políticas institucionais voltadas à formação de uma cultura científica, com foco na inovação e na responsabilidade social.

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Educação no mundo

e Desenvolvimento Econômico (OCDE) está trabalhando em um novo modelo para avaliar o desempenho dos sistemas de ensino superior. A ideia é substituir o projeto Assessment of Higher Education Learning Outcomes (AHELO) – em português, Avaliação dos resultados de aprendizagem do ensino superior –, que não conseguiu apoio de países-chave. n O anúncio foi feito pelo vice-secretário geral da OCDE, Stefan Kapferer, durante a conferência Higher education futures, realizada em Cingapura em 14 de outubro. Kapferer não entrou em detalhes sobre o novo modelo, mas disse que o objetivo será “monitorar e analisar as mudanças que estão ocorrendo no ensino superior” e permitir à OCDE “oferecer aos países um apoio mais robusto no futuro”. Um levantamento anual de dados dos sistemas de educação criará a base para o trabalho. n Em sua fala, Kapferer destacou a dificuldade que os estudantes têm ao buscar instituições que tragam resultados apropriados ao seu perfil. É por isso, acrescenta, que algumas poucas universidades de renome concentram a maioria dos pedidos de admissão para intercâmbio. “São instituições com grande reputação, populares entre os estudantes estrangeiros. Mas, na verdade, não sabemos o suficiente sobre seus resultados de aprendizagem.

Rosa dos Ventos Em extinção? Diante de grandes cortes nos repasses feitos pelo governo americano, presidentes de universidades dos Estados Unidos têm discutido a possibilidade de instituições públicas desaparecerem no país. A Universidade do Kansas, por exemplo, perdeu 40% da verba pública em 15 anos.

Acesso restrito Estudantes sul-africanos protestam contra taxas cobradas pelas universidades. Com falta de verbas e baixo repasse do governo, muitas instituições defendem aumentos de cerca de 10% dessas taxas – cobrança que torna o ensino superior inacessível a jovens pobres.

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divulgação

A Organização para a Cooperação

Universidade Harvard: grande procura baseada em renome, e não em medições de resultados de aprendizagem, afirma representante da OCDE.

Acho que esse é o tópico mais relevante para o futuro. Temos de estabelecer um sistema.” n Kapferer fez questão de destacar que o projeto não será um ranking nem um “novo AHELO”, concebido como um equivalente universitário do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa). As principais críticas ao AHELO mencionam a tentativa de usar critérios iguais para avaliar instituições de países em contextos muito diferentes. n “Parece muito improvável obter um ponto de referência comum para comparar resultados entre países tão diferentes. Os estudos de nível superior começam em idades variadas”, afirma Philip Altbach, pesquisador e fundador do Centro de Educação Superior Internacional da Boston College, nos Estados Unidos, em artigo publicado no site University Global News. “Na Educação Básica, é mais fácil encontrar pontos em comum entre os currículos de cada país. No nível superior, os cursos e currículos variam de forma significativa.”

Carreira Estudo realizado com jovens britânicos em busca de aconselhamento profissional mostra que eles estão trocando conversas com professores por buscas na internet e em redes sociais. Em relação a 2012, houve uma queda de 12% no número de estudantes que dizem buscar conselhos de docentes. Os que recorrem a vídeos no YouTube são 15%.

Acadêmicos refugiados A organização Council for At-Risk Academics, conhecida pela sigla Cara, está ajudando refugiados sírios com carreira na academia a encontrarem espaço em universidades no Reino Unido. Na Síria, certos grupos terroristas têm como alvo preferencial pesquisadores e funcionários de instituições de ensino superior.

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Entrevista

Brigitte Rieckmann Martins dos Santos

Soluções de ensino Estimular a iniciação científica ajuda IES a melhorar a qualidade da educação ofertada e a criar maior vínculo com as comunidades onde estão inseridas, defende diretora de pesquisa da UniSanta, de Santos (SP) por Rubem Barros iniciação científica vem sendo cada vez mais valorizada dentro das instituições de ensino superior, tanto por gestores como por professores e estudantes. E essa valorização é fundamental para melhorar a infraestrutura e o ensino das IES, criando um corpo docente mais comprometido e alunos mais envolvidos com projetos que possam significar soluções mais efetivas para o desenvolvimento e bem-estar das comunidades do entorno da instituição. Quem defende esse ponto de vista é a professora Brigitte Rieckmann Martins dos Santos, diretora do Centro Institucional de Pesquisa da Universidade Santa Cecília (UniSanta), de Santos (SP), instituição que integra o Complexo Educacional Santa Cecília e que começou a atuar no ensino superior em 1969. Desde 2002 na UniSanta, a professora Brigitte, mestre em biologia molecular e doutora em ciências pela Universidade Federal de São Paulo, destaca que é preciso criar um ambiente propício para que a cultura da pesquisa floresça nas universidades. E que esse ambiente passa pela identificação dos professores com perfil de pesquisadores, para que atuem em orientação para o corpo discente desde a graduação. E que alunos de graduação e pós-graduação possam fazer parte de projetos conjuntos. A UniSanta também tem apostado suas fichas na realização do Congresso Brasileiro de Iniciação Científica (Cobric), que neste ano teve 299 trabalhos apresentados. Leia, a

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seguir, a análise que a professora Brigitte faz acerca da importância da iniciação científica para as instituições de ensino superior. Como avalia o espaço que a iniciação científica tem hoje nas IES particulares? É um espaço em franca expansão e valorização, não somente em função das exigências legais, decorrentes das visitas de comissões de avaliação. Percebe-se essa valorização também do ponto de vista dos gestores, assim como dos docentes e discentes. Existe uma busca cada vez maior para que o processo da iniciação aconteça, isso está sendo hipervalorizado. Qual o perfil das instituições que mais incentivam a iniciação científica? Não saberia dizer o que as outras instituições têm feito. Mas na UniSanta existe hoje em dia um incentivo por parte da universidade para que a iniciação aconteça de fato, e não seja um mero cumprimento de lei. Que aconteça como lócus em que o aluno e o professor estejam buscando soluções, inovação e respostas aos problemas que aparecem na comunidade. Existe uma mudança nesse perfil. Quais são os mecanismos de incentivo à iniciação vigentes? O que mais poderia ser introduzido? Nas universidades particulares, esses mecanismos são mais difíceis, pois envolvem muito custo. Essas instituições sobrevivem de men-

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Brigitte Rieckmann: para estimular a iniciação científica, IES devem identificar e, eventualmente, treinar os professores com vocação para a pesquisa

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Entrevista

Retorno: resultados devem se traduzir em publicações e maior participação em congressos

salidades e repasses do Fies e do ProUni, diferentemente de uma universidade pública que não tem essa preocupação, pois já tem cota prevista para a iniciação. A instituição privada tem de garantir dois pilares para que a iniciação aconteça. Primeiro, o incentivo em termos de remuneração. O professor obrigatoriamente tem de ter um tempo disponível para poder dedicar-se efetivamente a essa atividade e precisa ter uma vocação para que isso aconteça. A universidade tem de identificar o professor que tenha perfil de pesquisador, que disponha de tempo e que não espere uma grande recompensa financeira, pois estamos passando por um momento difícil. Em todos os segmentos, percebe-se que houve uma mudança e nesse também. Os professores não estão sendo remunerados como deveriam ser para essa atividade. E, com o professor, é preciso identificar o aluno que queira fazer a iniciação, e que não a veja apenas como forma de obtenção de uma bolsa ou de desconto na mensalidade, pois corre-se muito risco nesse sentido. Há cobrança por resultados? Meu papel, neste momento, atuando como gestora, é de trabalhar com resultados. No momento em que a universidade investe tanto em professores como em alunos, é preciso apresentar resultados, que se traduzem em participação em congressos e publicações. Por isso, não há espaço para achismos. É preciso conhecer o professor, ele tem de ter uma história pregressa de pesquisador, ou de professor que efetivamente trabalhe com iniciação científica. Não há como fazer um trabalho de formação com os docentes que não tenham esse histórico, mas estejam interessados em investir nessa área? Com certeza. Isso é analisado caso a caso. Para ajudar nessa definição, conto com uma comissão de iniciação científica, multidisciplinar, em geral composta por professores mais antigos na casa e que convivem diariamente com esses outros docentes e ajudam na identificação de professores com potencial para orientação de iniciação científica. Além dos objetivos mensuráveis, há outros objetivos estratégicos que a

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instituição visa ao fazer esse trabalho? Sim, mas isso depende muito da missão de cada universidade. A iniciação científica deve atender primordialmente à missão e à vocação de cada instituição. A UniSanta, pela sua inserção na Baixada Santista, tem uma história muito importante de formação de profissionais para atuar na área e encontrar soluções para problemas específicos dessa região. A instituição tem muito a ver com a cidade, foi surgindo em função do polo petroquímico da região e, principalmente, do porto de Santos. Nossos projetos e as ideias que surgem são mais direcionados para a indústria e principalmente para as pessoas que vivem na Baixada. Poderia dar um exemplo disso? Sim. Em função de toda a mudança que houve na Baixada por causa do pré-sal, muitas pessoas mudaram para lá com suas famílias e o número de idosos aumentou consideravelmente. Mas o IDH da Baixada é um dos mais baixos. Então estamos enfrentando sérios problemas de saúde em função dessa mudança. Nesse momento cabe à gestão da pesquisa como um todo e da iniciação científica identificar esse cenário, pontuá-lo e direcionar eventualmente ideias que possam trazer respostas para esse processo. Ou seja, estamos falando de um processo em que as instituições de ensino têm de ter uma sintonia fina com as atividades econômicas e os problemas da região em que estão inseridas, certo? Isso é o primordial. Essa talvez seja a diferença entre as universidades públicas e as particulares. As públicas podem se dar ao luxo de fazer uma pesquisa básica. As particulares até conseguem, mas é mais difícil. O nosso foco é a comunidade, achar soluções e trazer bem- estar para essa comunidade. Trazer essa população para dentro da universidade e mostrar-lhes que existem soluções possíveis, que podemos fazer alguma coisa por ela. A interação entre alunos de pós e de graduação, em projetos comuns, pode incentivar a iniciação? Essa é uma das estratégias que ajudam bastante. Os docentes que estão no stricto sensu

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lecionam também na graduação – uma carga pequena – justamente para que o aluno da graduação conheça o que acontece na pós-graduação. Nesse ínterim, o professor faz uma ponte com o aluno de pós e envolve o estudante da graduação no projeto de pós. Então o aluno tem oportunidade de interagir em dois níveis, na graduação e na pós-graduação, lato sensu ou stricto sensu. Acaba ocorrendo mais no stricto sensu, pois esse aluno fica mais tempo conosco. Então, nos projetos elaborados na pós, sempre há algum aluno da graduação atuando como voluntário ou participando com bolsa. E muitas vezes, a partir daí, esse aluno da graduação acaba se envolvendo com outro projeto de iniciação científica que surge desse projeto do stricto sensu.

Iniciação Científica. Surgiu há 14 anos como Jornada Ceciliana de Iniciação Científica, mas a atual reitoria julgou que, pela dimensão que estava tomando, o nome não expressava o porte do evento, era necessário expandi-lo. Primeiro para atender a Baixada. Foi transformado em evento regional, e depois em estadual e nacional. Atualmente, temos trabalhos de Tocantins, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio Grande do Sul. É ainda pequena a participação de outras universidades, mas já existe. Muitas instituições particulares são mais voltadas ao ensino do que à pesquisa. Mesmo estas podem ter ganhos na qualidade dos cursos se incentivarem a iniciação científica?

Que [a iniciação] aconteça como lócus em que o aluno e o professor estejam buscando soluções, inovação e respostas aos problemas que aparecem na comunidade E a UniSanta tem parcerias com empresas também? Sim. A história da UniSanta é de parcerias com empresas da Baixada, principalmente as indústrias químicas. Muitas vezes há reuniões entre essas indústrias e os professores da UniSanta em que se discutem propostas, ideias. Existe um setor também que elabora aulas específicas para atender necessidades da indústria. Com isso, envolvem-se os alunos em novos projetos. E também com outras instituições de ensino. Sim, temos parcerias com a Poli/USP, com a FEI, vários projetos conjuntos com a Unifesp da Baixada Santista. São alguns professores que transitam em duas universidades, professores que lecionam em ambas. E qual a importância da realização de eventos de iniciação científica como o Conic, do Semesp, e o Cobric, realizado pela UniSanta no início de novembro? O Cobric é muito semelhante ao Conic. Ele recebeu o nome de Congresso Brasileiro de

Com certeza, elas têm muito a ganhar. A iniciação científica requer esforço. Mas no momento em que você tem um professor que se dedica algumas horas a mais dentro da universidade, que cria o outro pilar essencial, que é o ambiente para que a iniciação ocorra, com uma boa biblioteca, laboratórios adequados, isso acaba revertendo diretamente na qualidade do ensino. Muitas instituições têm uma vocação maior para o ensino, instintivamente. Só que no momento em que promovem iniciação científica, projetos de pesquisa, passam a fazer um trabalho para melhorar a infraestrutura da instituição, fazem que o professor se transforme em algo mais, em um colaborador que se dedica mais à universidade e ao aluno. E vai ficar mais feliz com o trabalho que executa. Isso reverte diretamente num melhor atendimento, numa maior satisfação do aluno. E não há melhor propaganda para uma universidade do que ter um colaborador feliz e satisfeito e um aluno atendido e também feliz e satisfeito, realizado com sua opção. E essa opção vai ajudá-lo a trilhar o seu futuro praticamente até o final da vida.

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MERCADO

Contenção de crise Matrículas em IES já caíram 30% em média por causa das restrições no Fies e da recessão econômica; 2016 será um ano ainda mais desafiador por Paulo de Camargo

crise econômica e política que se instalou no país traz impactos para a sociedade como um todo: gera desemprego, eleva o custo de vida, coloca no horizonte uma nuvem de incerteza. Mas é no futuro que estão os maiores prejuízos que ainda serão contabilizados: milhares de jovens deixarão de entrar em instituições de ensino superior, já em 2016, em função de uma conjuntura adversa que comprime a renda e, ao mesmo tempo, diminui as fontes de financiamento estudantil. Apenas no processo seletivo de meio de ano de 2015, o número de novas matrículas caiu em média 30% em relação a 2014, segundo levantamento feito pelo Semesp. O resultado prenuncia um 2016 difícil para o setor educacional privado. O olho deste furacão que se anuncia tem um nome curto: Fies. Ainda que as medidas propostas pelo governo em 2015 tenham como argumento a necessidade de uma revisão de regras com vistas a racionalizar recursos e estabelecer parâmetros de qualidade, os especialistas no setor dizem que é difícil desassociar o torniquete no principal programa público de financiamento estudantil da crise fiscal que provocou o contingenciamento de recursos de todos os

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ministérios e, em especial, do Ministério da Educação. A exigência imposta pelo MEC de um desempenho mínimo no Exame Nacional do Ensino Médio (definido em 450 pontos e nota da redação diferente de zero) e a diminuição do teto de renda para se tornar elegível ao programa (que cai de 10 salários mínimos por família para 0,5 salário per capita) fazem que o setor educacional privado projete dias difíceis e corra para buscar alternativas. Será difícil manter o ritmo de crescimento verificado nos últimos anos. O número de novos contratos do Fies já despencou de 732 mil, em 2014, para 312 mil, em 2015, voltando a níveis anteriores ao ano de 2012.

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Crescimento interrompido Para entender o impacto que isso representa, é preciso compreender melhor o cenário do desenvolvimento do ensino privado brasileiro ao longo dos últimos anos. O diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, define alguns marcos essenciais no crescimento das matrículas do ensino superior privado brasileiro. O primeiro foi a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que, entre outros pontos, estabeleceu prazos para que os professores da Educação Básica conseguissem se graduar e licenciar, em um contexto então marcado por docentes com apenas o grau médio, sem pedagogia ou licenciatura. Havia então 1,86 milhão de alunos matriculados em cursos de graduação presenciais

ou a distância, sendo que 1,1 milhão na rede privada de ensino. Em 2002, outro impulsionador da expansão foi a regulamentação dos cursos tecnológicos de ensino superior e do ensino a distância. O país contava, então, com 3,5 milhões de alunos matriculados na graduação. A rede privada atendia 2,4 milhões de jovens e adultos. Mas os grandes catalisadores recentes do crescimento foram a instituição do Programa Universidade para Todos (ProUni), em 2005, permitindo a renúncia fiscal com a conversão de créditos em bolsas integrais ou parciais, e o advento do novo Fies, em 2010. O programa ampliou o financiamento estudantil, aumentando a carência de pagamento, amortizando juros e estimulando o acesso por meio de campanhas de comunicação. “A rede privada cresceu rapidamente porque é muito mais ágil para responder às mudanças”, diz Capelato. Apenas com a ampliação do Fies, as matrículas saltaram de 6,4 milhões, naquele ano, para 7,3 milhões, em 2013, sendo que 5,3 milhões de alunos apenas nas instituições particulares de ensino superior.

Perda de credibilidade As mudanças impostas ao Fies representam, segundo fontes do setor, um grande revés – e não apenas porque tornou mais difícil o acesso aos recursos. “O primeiro problema é que agora os jovens não acreditam mais no Fies e têm receio de pegar dinheiro em banco”, lamenta o diretor executivo do Semesp. Como todo sistema de financiamento está assentado sobre a credibilidade, esse fator coloca em risco a modalidade de crédito. Com isso, as instituições privadas estão projetando aumento de inadimplência e de evasão, além de queda no ingresso. “O Fies vinha promovendo o acesso mais amplo de estudantes à universidade privada, especialmente os das classes C e D. Com as restrições ocorridas, deverá haver uma retração considerável de ingressantes a partir de 2016”, diz Sidnei Stuchi, vice-diretor das Faculdades Integradas Padre Albino, de Catanduva (SP). É exatamente entre os jovens das classes emergentes que o impacto deverá ser

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maior, estima Capelato. Para ele, o que se deve observar, a partir do ano que vem, é a estagnação das matrículas para os jovens e adultos das classes A e B e queda expressiva nos segmentos C e D, que representam 53% da população brasileira. “Estas foram as camadas da população mais beneficiadas”, ressalta. Segundo as estatísticas oficiais, 75% dos alunos que recorrem ao programa de financiamento são egressos da rede pública, sendo que 80% vêm de famílias com renda de até 1,5 salário mínimo.

“Com relação ao impacto das mudanças, não há dúvida de que foi um dos maiores golpes que o mercado de educação já sofreu, tanto pelas proporções que o programa tinha tomado quanto pela agressividade e velocidade das mudanças”, reforça Fernando Domingues, diretor de inovação e novos negócios da Faculdade Eniac. Para o pró-reitor administrativo do Centro Universitário Salesiano de São Paulo (Unisal), Nilson Leis, a forma como as medidas foram anunciadas prejudicou o

Para sair da crise

Fundo próprio Poucas instituições de ensino superior escaparam da guinada do Fies. Entre elas, o Instituto Mauá de Tecnologia,

que possui desde 1966 um fundo próprio para financiamento de alunos. Com recursos de R$ 23 milhões, atende cerca de 350 alunos e funciona de modo semelhante ao Fies. Com as prestações dos alunos já formados e que ainda pagam parcelas do financiamento, o fundo da Mauá é autossustentável há sete anos e pode ser um bom exemplo para o setor. Muitas instituições estão optando também por abrir mão do Fies. É o caso da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc). Entre as razões apontadas estão as mudanças no sistema, do ponto de vista financeiro. “Essas modificações são bastante expressivas, pois elevam a taxa de juros para o acadêmico de 3,4% para 6,5% ao ano. O pagamento de juros trimestrais também foi modificado, passando de R$ 50 para R$ 250 (ou R$ 1.000 ao ano)”, explica o coordenador de orçamentos e finanças da Unisc, Dorivaldo Brites de Oliveira. A Unisc está entre as instituições que também buscam alternativas próprias de crédito. Em 2006, lançou o CrediUnisc, que concede financiamento de 50% no valor das mensalidades dos cursos de graduação. Para o segundo semestre de 2015 serão ofertadas 200 vagas do CrediUnisc. Por fim, é hora de olhar com cuidado para as estratégias de marketing. As instituições de ensino já elevam suas previsões de investimento em comunicação e campanhas de captação – um esforço extra que se mostra necessário para reverter, ao menos em parte, o receio dos jovens de buscar o sonho do ensino superior.

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Ficou célebre a frase do executivo San Walton, fundador do Walmart, quando a economia mundial derretia, em 2008. “Convoquei uma reunião sobre a crise com meus diretores hoje e decidimos não participar dela”, disse então, marcando a posição do grupo sobre como deveriam agir dali por diante. E é assim que muitos mantenedores estão reagindo ao baque de 2015. “Apesar de uma perda já ser esperada, estamos adotando estratégias para não só combater essa perda, mas também superá-la e continuar crescendo”, diz Fernando Domingues, vice-diretor da Faculdade Eniac. Para isso, a instituição aposta em três caminhos: explorar novas praças e públicos com novos cursos ou reformulando já existentes para um nicho de mercado; ampliar a capilaridade da divulgação por meio de parcerias estratégicas com escolas de ensino médio, empresas, comércio e indústria, e trabalhar a oferta de cursos EAD e tecnólogos como opções mais acessíveis e de alto impacto na empregabilidade e qualidade de vida a médio prazo. Outras instituições, como a Unisal, optaram por racionalizar custos e reajustar as mensalidades em percentuais inferiores à inflação. Ao mesmo tempo, buscam alternativas de crédito. Este foi o caso também das Faculdades Integradas Padre Albino que, segundo o vice-diretor Stuchi, agora acelera tratativas com uma instituição financeira nacional.

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setor. “A gestão equivocada do programa, sem parâmetros adequados, inviabilizou sua continuidade e restringiu de maneira expressiva o acesso a esses recursos”, critica. A Unisal estima uma redução de até 20% no número de ingressos. Para Capelato, entre as alternativas que se desenham para o setor estão a busca de modalidades próprias de crédito, parcerias com financiadoras privadas, concessão de descontos e bolsas e postergação de recebimentos. Para ele, sofrerão mais os cursos mais caros, como as engenharias. Ao mesmo tempo, oferecerão menos riscos os cursos com melhor relação econômica, como os de educação a distância e as graduações tecnológicas. O desequilíbrio do sistema afeta grupos que têm grande participação da receita vinculada aos programas oficiais. Em outubro, o presidente da Kroton Educacional, Rodrigo Galindo, veio a público para demonstrar sua convicção de que não haverá aumento das restrições. Para ele, a expectativa é de que se mantenha em 2016 o mesmo número de vagas novas de 2015, ou seja, entre 300 e 350 mil. O executivo acredita que a temperatura continuará baixa até que o cenário econômico dê sinais de melhora. Dentro das linhas de ação adotadas pela Kroton, que tem 24% de seus alunos financiados por programas oficiais, estão as negociações com o governo para que se aprimore a operação do Fies, eliminando gargalos que dificultaram o preenchimento das vagas oferecidas no 2º semestre. Entre esses fatores estaria o impedimento dos candidatos a uma segunda opção quando se inscreviam para concorrer em cursos específicos. Segundo o executivo, no 2º semestre de 2015, a Kroton lançou mão apenas de 40% das vagas autorizadas no Fies, e a inadimplência permanece em nível sustentável.

Metas ameaçadas Outra consequência dada como certa pelo setor é a dificuldade de cumprir as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE). A lei estabelece a expansão das matrículas totais para

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50% da população de 18 a 24 anos. Hoje elas estão em 32,1%. Nas projeções feitas pelo setor, sem as restrições do Fies, a curva de crescimento apontava para a elevação de até 25%, em 2024. Com as mudanças, o crescimento cai para 20%. O impacto se estende para outras áreas. A evasão da graduação situa-se na faixa de 50%, em média, no Brasil. Porém, segundo dados do Inep, detalhados pelo Sindata/Semesp, enquanto 23,1% dos ingressantes sem Fies desistem no primeiro ano, isso acontece apenas para 6,7% das pessoas que utilizam o financiamento estudantil. Para Capelato, o desestímulo criado para o ensino superior é um erro também econômico. Ele cita um estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) segundo o qual o aumento da população com ensino superior completo está entre os fatores que mais impactam na elevação do PIB. O Brasil está atrás de boa parte dos vizinhos sul-americanos, como Chile, onde 74% dos jovens de 18 a 24 anos estão no ensino superior, Argentina, Colômbia e Uruguai. A boa notícia é que há movimentação no Congresso Nacional para buscar alternativas. Há projetos para permitir o uso dos recursos do FGTS para financiamento do ensino superior, por exemplo. Está em debate também a redistribuição da oferta do Fies. O programa tem entre seus fundamentos a elevação da equidade. Há grandes diferenças entre os anos de escolaridade segundo regiões do país. Hoje, o Fies é distribuído levando em conta essas diferenças. Para Capelato, no entanto, isso não resolve o problema, pois seria mais justo olhar as microrregiões. “O Vale do Ribeira, em São Paulo, tem índices tão baixos como os do interior do Norte e do Nordeste, por exemplo, assim como há capitais nordestinas com índices elevados de matrículas”, diz. Contudo, ainda há riscos e muita incerteza no ar. Entre eles, o medo do setor de o governo não cumprir o compromisso de pagar 13 parcelas do Fies em 2016 – como já ocorreu em 2015, quando foram pagas oito das 12 parcelas devidas. As famosas “pedaladas”, que hoje ameaçam a continuidade do governo, também assombram o sono das empresas do setor.

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Saiba mais em www.semesp.org.br ou ligue para n贸s (11) 2069-4416. Ensino_204_Novembro.indb 23

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Medicina (quase) em expansão Instituições questionam critérios utilizados pelo MEC para selecionar mantenedoras autorizadas a oferecer cursos de medicina no âmbito do Programa Mais Médicos por Flávia Siqueira

o dia 23 de outubro, o Ministério da Educação (MEC) adiou pela terceira vez a divulgação da lista final de instituições autorizadas a ofertar cursos de medicina nos 36 municípios selecionados em edital ligado ao programa Mais Médicos. A incerteza passou a afetar boa parte das mantenedoras que comemoraram a aprovação inicial em julho, quando o MEC e o Ministério da Saúde fizeram a apresentação das propostas classificadas. Desde então, uma série de ações judiciais impetradas por IES inabilitadas ou que não venceram a concorrência para determinados municípios conseguiu estender o prazo para apresentação de recursos. Talvez neste momento a lista já seja conhecida. Em nota publicada no dia 23, o MEC apontava o dia 10 de novembro como nova data para a divulgação do resultado da chamada pública e informava que, dessa vez,

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o adiamento decorria de decisão judicial referente a ação ajuizada pela União de Ensino Superior da Amazônia Ocidental (Unnesa). A instituição, mantenedora da Faculdade Metropolitana – com atuação em Porto Velho –, foi classificada em segundo lugar para o oferecimento do curso em Vilhena (RO). A primeira colocada foi a Associação Educacional de Rondônia, responsável pela Faculdade de Educação e Cultura de Vilhena. No mês de setembro, em nota semelhante, o MEC havia informado o segundo adiamento, devido a ação ajuizada pela Associação Educativa do Brasil (Soebras), mantenedora das Faculdades Unidas do Norte de Minas (Funorte). A instituição se inscreveu na seleção do MEC como concorrente em cinco municípios: Alagoinhas (BA), Contagem (MG), Eunápolis (BA), Guanambi (BA) e Sete Lagoas (MG). Seu nome aparece entre as propostas desclassificadas pelo MEC

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Assim, de acordo com Thalita, o MEC não esclareceu os critérios usados para inabilitar as mantenedoras. “Ele apenas promoveu a desclassificação. Isso, por si só, motivou o juiz a acatar nossos pedidos e conceder a liminar.” Com a ação, o MEC encaminhou à instituição tabelas para que fossem elucidados os critérios de cálculo. Segundo a diretora acadêmica da Soebras, a metodologia usada para avaliar a saúde financeira da mantenedora não foi adequada para aferir a real situação de várias das instituições que participaram da concorrência. “Os parâmetros exigidos beneficiam empresas com finalidade lucrativa. Os índices adotados são utilizados para análise da vida financeira de empresas de grande porte e, em especial, daquelas de capital aberto”, afirma Thalita. “A Soebras é uma instituição de ensino sem fins lucrativos e de caráter filantrópico, assim como a maior parte das participantes que foram con-

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na admissibilidade e na habilitação da mantenedora. Trata-se, no edital, do item 5.1.1.1, que define a etapa como eliminatória, “composta de avaliação da capacidade econômico-financeira e da regularidade jurídica e fiscal da mantenedora”. Thalita Pimentel, diretora acadêmica da Soebras, explica que a instituição pediu o esclarecimento da metodologia utilizada pelos avaliadores do MEC. “A instituição foi inabilitada do processo sem o devido esclarecimento da razão, especialmente no que diz respeito às notas alcançadas por todos os participantes”, afirma a diretora. “A apresentação da metodologia de análise do processo está prevista na legislação vigente. A falta desse esclarecimento, mediante o resultado de desclassificação da instituição, foi o que nos levou a buscar detalhes do processo, principalmente por conhecer sua capacidade favorável à aprovação em todos os aspectos previstos no edital.”

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Inajara Vargas Ramos, da Feevale: “não há como ficar esperando para começar a se mexer”

sideradas não habilitadas.” Ainda segundo a instituição, houve equívocos em alguns cálculos de índices financeiros, e a análise não considerou fatores como o ambiente econômico em que a empresa está inserida. Para a etapa de habilitação das mantenedoras, o MEC procurou a FGV Projetos, unidade de assessoria técnica e pesquisa aplicada da Fundação Getulio Vargas, para desenvolver a metodologia. Ricardo do Valle Dellape, coordenador de projetos da unidade, diz que o objetivo era avaliar se as mantenedoras tinham capacidade econômico-financeira para implantar o curso e mantê-lo até se tornar autossustentável. “Trata-se de um projeto de prazo relativamente longo. Se falhar no meio do caminho, é um problema enorme”, afirma o coordenador. Ele também destaca que o papel da FGV Projetos foi desenvolver a metodologia, e não realizar a avaliação propriamente dita das instituições. Dellape explica que a metodologia de avaliação prevê três etapas. Na primeira delas, há a avaliação da sustentabilidade econômica atual da instituição, com base em demonstrativos financeiros auditados. Depois, é feita uma análise do plano de negócios do curso de medicina: se consegue obter autossustentação financeira em um prazo de dez anos. Por fim, é avaliado o provável cenário financeiro futuro da mantenedora. A Soebras e a Unnesa não foram as únicas mantedenedoras a apresentar recursos e acionar a justiça solicitando esclarecimentos a respeito da seleção do MEC. Ainda em

Primeiro edital de chamada de mantenedoras para autorização de funcionamento de cursos de medicina • Publicado em 23 de dezembro de 2014 • Resultado preliminar divulgado em 10 de julho de 2015 • Aprovou 36 novos cursos (1 por município) • Cada curso estará autorizado a oferecer de 50 a 100 vagas, de acordo com decisão do MEC. No total, são 2.290 novas vagas. • Para mais informações e editais completos, acesse http://goo.gl/7PsiQv (link encurtado)

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julho, por exemplo, o grupo Kroton foi um dos primeiros a contestar a decisão do ministério. As incertezas em torno do processo, contudo, fizeram com que a maior parte das instituições com as quais a reportagem da Ensino Superior entrou em contato se recusasse a falar sobre o tema no momento. Muitas afirmaram que preferem esperar a publicação do resultado final para se pronunciar. Matérias publicadas em jornais e sites regionais, por outro lado, ajudam a entender melhor o cenário. Basicamente, as IES inabilitadas no processo ou que não obtiveram a primeira colocação demandaram três coisas ao apresentar seus recursos: o esclarecimento da metodologia – como fez a Soebras –, a justificativa para as notas recebidas e o acesso às propostas e avaliações das instituições consideradas vencedoras na primeira lista publicada pelo MEC. Em muitos municípios, o fato de uma instituição local – muitas vezes com experiência em cursos de saúde – ter sido preterida em prol de IES maiores e de outros estados acirrou ainda mais os ânimos e contestações.

Do outro lado Se, de um lado, instituições questionam a metodologia e os critérios de avaliação usados pelo MEC, de outro, IES que comemoraram a aprovação na primeira lista precisam equilibrar a espera pelo resultado final e a necessidade de já iniciar os trabalhos para oferecer seus cursos de medicina, caros e de alta complexidade. “Estamos bem pontuados, mas é preciso aguardar o resultado final”, afirma Inajara Vargas Ramos, reitora da Universidade Feevale, apontada como vencedora para oferecer o curso em Novo Hamburgo (RS). “Por outro lado, não há como ficar esperando para começar a se mexer.” Inajara conta que a IES já está, por exemplo, trabalhando para estruturar as vagas de residência. Caso o resultado se confirme, esse será o primeiro curso de medicina da universidade – que, na área de saúde, já oferece graduação em biomedicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, gestão hospitalar, nutrição e quiropraxia. O projeto da Feevale começou a ser pensado quando o município de Novo Hambur-

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No mesmo dia em que apresentaram a relação de instituições selecionadas para oferecer novos cursos no âmbito do Programa Mais Médicos, o MEC e o Ministério da Saúde anunciaram a criação de 100 vagas para o curso de medicina da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, em São Paulo (SP). Julio Cesar Martins Monte, coordenador do curso, conta que o planejamento começou há cerca de dois anos e meio e o projeto foi submetido ao MEC em 2014. A principal novidade do curso do Einstein está, provavelmente, na seleção dos candidatos. A primeira fase da seleção é composta por uma prova nos moldes de um vestibular, com 50 questões de múltipla escolha, seis questões analítico-dissertativas e uma redação. Os 240 candidatos com melhor desempenho passam, então, à segunda fase, composta por múltiplas minientrevistas. O objetivo dessa etapa, explica o coordenador, é avaliar competências como postura ética, habilidade para trabalhar em equipe, capacidade de comunicação, resposta a

go se apresentou, em 2013, como candidato a receber cursos de medicina no primeiro edital para municípios publicado pelo MEC. Segundo a reitora, a ideia é que parte do corpo docente seja formada por professores que já são da universidade. Além disso, a instituição pretende estabelecer parcerias com médicos do município. Quanto ao novo modelo de seleção de cursos de medicina, Inajara afirma que foram necessárias algumas adaptações para a apresentação financeira. “É um processo bem diferente do que se fazia antes.” Para o reitor do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium (UniSalesiano) de Araçatuba (SP), Luigi Favero, a etapa mais trabalhosa da seleção foi desenvolver a previsão de investimentos ao longo de dez anos, que devem chegar a R$ 32 milhões. Ele conta que, durante o mês de janeiro, a comissão responsável pelo projeto “trabalhou dia e noite”, com a participação de professores de administração e economia. Favero diz que a ideia de abrir um cur-

situações de estresse e pensamento crítico. “Somos a primeira escola médica do Brasil a fazer isso”, afirma Monte. “Não faz sentido admitir o aluno apenas com base em uma prova.” Cada candidato passará por oito entrevistas com tempo controlado diante de dois avaliadores. Os estudantes poderão ser convidados a argumentar em torno de um caso cotidiano e existe, inclusive, a possibilidade de interagirem com um ator para demonstrar como agiriam em uma determinada situação. Esse formato de avaliação está ligado ao conceito de que um bom médico não é formado só a partir de conhecimento técnico, mas de um conjunto de fatores que inclui características pessoais. A metodologia de ensino aplicada será o Team based learning (TBL) – em português, aprendizado baseado em equipes. Ela prevê o trabalho em grupos de seis a oito alunos e a seguinte sequência de atividades: (1) estudo prévio do material para a aula, (2) avaliação individual e em grupo, antes do início da discussão dos casos e (3) aplicação de conceitos em casos.

divulgação

Além de prova, entrevista

Luigi Favero, do UniSalesiano: comissão responsável pelo projeto “trabalhou dia e noite”

so de medicina existe há dez anos no UniSalesiano. Com a nova forma de seleção, a instituição adaptou seu modelo pedagógico. Assim como a Feevale, o UniSalesiano aproveitará parte da estrutura física e do corpo docente dedicados a seus cursos da área de saúde, como biomedicina, enfermagem, farmácia e nutrição. “Não partiremos do zero na abertura do curso de medicina. De qualquer forma, estamos em espera. A esperança é que o governo consiga resolver essa situação”, afirma o reitor. Questionado se instituições que queiram abrir novos cursos poderão apresentar propostas individuais, o MEC evitou ser taxativo e justificou a política de editais: “o modelo é diretriz definida pela Lei 12.871/2013 para que o Programa Mais Médicos cumpra sua finalidade de promover a reordenação da oferta de cursos de medicina e de vagas para residência médica. São priorizadas regiões de saúde em condições de ofertar campo de prática suficiente e de qualidade para os alunos”. ensino superior

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Medicina (quase) em expansão

Em nome da atenção básica

TÂNIa RÊgo/agÊNCIa BRaSIl

Cursos de medicina enfrentam o desafio de reduzir a tendência à hiperespecialização e introduzir os alunos à prática desde o início da graduação. CFM questiona qualidade dos novos profissionais

m levantamento da consultoria Bloomberg em 2013 feito em 48 países põe o Brasil em último lugar quanto à eficiência dos sistemas de saúde – ou seja, pagamos caro por um atendimento público de baixa qualidade. Como avançar? O atual governo aposta suas fichas no Programa Mais Médicos. De acordo com o MEC, com a política de editais para abertura de cursos de medicina, todas as regiões do país terão pelo menos 1,34 vaga por 10 mil habitantes até 2017 – taxa próxima à da

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maioria dos países com sistemas de saúde públicos e universais. O Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que as ações do governo são pautadas muito mais pela quantidade do que pela qualidade. Em nota, Carlos Vital, presidente do CFM, chamou a expansão de cursos promovida pelo governo de “interferência autoritária nos processos de ensino e formação”, prevendo um “ciclo vicioso”: “alunos mal preparados serão médicos e educadores com pouca formação e limitações inaceitáveis”.

Unidade do Programa de Saúde da Família de Parada Angélica, no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense

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O MEC argumenta que o aumento de vagas não é contraditório com a garantia de qualidade. “A seleção de municípios que receberão os novos cursos é feita com base em critérios que combinam a necessidade social (proporção de vagas e médicos por habitante, tamanho da população atendida e distância de outro curso de medicina) e as condições de oferta do curso (critérios referentes à estrutura da rede de saúde local)”, diz nota da assessoria de imprensa da pasta. O ministério também afirma estar aperfeiçoando os mecanismos de avaliação. A previsão é que todos os cursos de medicina do país sejam avaliados in loco a partir do 2º semestre de 2016. Além disso, todos os estudantes deverão ser avaliados no 2º, no 4º e no 6º ano do curso. Outro ponto polêmico é se a abertura de cursos no interior do país vai contribuir para fixar médicos nessas regiões. Para o presidente do CFM, trata-se de uma “falácia populista e demagógica”. Segundo o MEC, a experiência é baseada em estudos internacionais e em iniciativas de países como Canadá e Austrália. “A expectativa é de que o ingresso de estudantes da própria região do curso represente até 30% do total, fator relevante de fixação dos egressos nessas localidades”, afirma a assessoria do ministério. Para Laura Camargo Feuerwerker, professora do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, é importante existir uma ação regulatória para a abertura de cursos de medicina, mas não podemos esperar que o edital sozinho traga uma solução para a falta de médicos. “São necessárias várias ações combinadas”, afirma a professora. Uma das possibilidades é oferecer, além de bolsas de estudo, cotas regionais para o acesso aos cursos: reservar parte das vagas para estudantes que sejam da região. É o chamado Argumento de Inclusão Regional, implantado, por exemplo, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Boa parte da discussão atual em torno da formação profissional e do exercício da medicina não é exclusiva do Brasil. Uma das questões mais debatidas é como incentivar mais profissionais a atuarem na atenção bá-

sica, num cenário em que a hiperespecialização se tornou tão atrativa – principalmente devido à alta remuneração. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina, publicadas em 2014, enfatizam a necessidade de a graduação se voltar à formação do médico generalista, com foco no atendimento às famílias e comunidades. Laura Feuerwerker diz que é preciso evitar a fragmentação do currículo na graduação e propõe uma “mudança de mão” na forma como os estudantes têm contato com conteúdos de especializações: em vez de simplesmente receberem o conteúdo préselecionado por um professor especialista, partir de casos e dificuldades encontrados na atenção básica para, então, verificar como o conhecimento especializado pode ajudar. Nesse sentido, Julio Cesar Monte, coordenador do curso de medicina recém-criado pela Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, aponta uma vantagem das novas graduações: a possibilidade de estruturar um currículo “do zero”.

Vivências Todos os entrevistados destacam a importância de os estudantes terem contato com pacientes e casos reais desde o início da graduação. “Na área de saúde, as experiências são muito marcantes para o aprendizado. É preciso que o aluno vivencie e, então, que discuta, elabore e pense a respeito. A vivência deve ser o centro do processo de aprendizagem”, afirma Laura. E, dentro do universo da prática, há formas de tornar uma vivência ainda mais significativa. O estudante poderá trabalhar melhor vínculo e empatia, por exemplo, se acompanhar o pré-natal completo de uma mulher – em vez de ter contato com grupos “genéricos” de pacientes em cada estágio da gestação. Por fim, Laura aponta que ainda serão necessários ajustes nas políticas e nos editais do MEC e do Ministério da Saúde. “Estamos começando. Esse é ainda um processo em construção”, diz a professora. “Acredito que será possível reduzir o desequilíbrio, mas essa é uma questão de longo prazo. As próximas gerações é que sentirão algum efeito.” (F.S.) ensino superior

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Sob pressão Com o acirramento da competitividade no setor e a deterioração do cenário econômico, atribuições do coordenador pedagógico ganham complexidade e se expandem para múltiplas frentes por Marina Kuzuyabu

á menos de um ano, a especialista em arquitetura hospitalar Mônica do Amaral Melhado foi promovida a coordenadora pedagógica na instituição em que trabalha, o Centro Universitário Módulo, localizado no litoral norte de São Paulo. O convite chegou menos de um ano depois de sua contratação como professora do curso de arquitetura e urbanismo. Apesar da falta de experiência na área administrativa, Mônica teve apenas um mês para se inteirar dos processos com a antiga coordenadora. Encerrado esse período, precisou do apoio de colegas e superiores para desempenhar as tarefas que encontrou sob sua responsabilidade, muitas delas sem qualquer relação com a gestão acadêmica do curso. Trajetórias como essa são frequentes no ensino superior, onde há uma carência de cursos voltados exclusivamente para os gestores que atuam no setor. Sem profissionais com formação específica, as instituições geralmente promovem funcionários da casa para ocupar os cargos administrativos. “No caso do coordenador pedagógico, a tendência é que a instituição selecione um professor que se destaque, que tenha um bom desempenho e um bom relacionamento

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com alunos e colegas para exercer a função”, conta Marcio Sanches, coordenador do programa de formação e capacitação de coordenadores de cursos, oferecido pela universidade corporativa do Semesp. De acordo com o professor, que também é coordenador de cursos na pós-graduação da Fundação Getulio Vargas (FGV), o programa do Semesp é exclusivo e tem atraído um alto número de interessados, como a arquiteta Mônica. O conteúdo é dividido em três módulos (128 horas) e cobre todos os seis grandes campos de atuação do especialista. A gestão educacional é o primeiro deles e constitui o centro do trabalho do profissional, que deve coordenar equipes de professores e otimizar o processo de ensino-aprendizagem para que os resultados sejam os melhores possíveis. Nem sempre as condições são as melhores, especialmente quando os alunos admitidos apresentam lacunas na formação básica e restrições de horário. Problemas como esses precisam ser contornados pelos coordenadores para que a qualidade do ensino não seja afetada. O segundo papel é lidar com aspectos regulatórios. Entre outras atividades, cabe ao gestor elaborar o projeto pedagógico institucional (PPI) e o projeto pedagógico do curso (PPC), receber as comissões

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Sob pressão

do Ministério da Educação responsáveis pelos atos de verificação, credenciamento e recredenciamento e checar, em parceria com o procurador institucional (PI), toda a documentação enviada ao governo relacionada aos cursos sob sua responsabilidade. “O coordenador tem de lidar com todas as questões relativas à regulação. O PI faz a interface da instituição com o MEC, mas dentro da instituição e em cada curso, quem administra essas questões é o coordenador pedagógico”, explica Sanches. Por isso, é desejável que o profissional conheça a fundo as leis que regem o ensino superior privado e tenha grande capacidade de organização e comunicação para sintetizar de forma clara e precisa as informações relativas ao curso. A gestão de pessoas constitui a terceira frente de atuação do profissional. Está sob sua responsabilidade coordenar o corpo docente, gerenciar o processo de contratação de novos professores, fazer a atribuição das aulas, providenciar eventuais substituições e atender às demandas dos alunos relativas à gestão do curso. Esse talvez seja um dos pontos mais delicados e desafiadores da carreira do coordenador, afinal manter professores e alunos satisfeitos requer, além de habilidade para solucionar conflitos, flexibilidade, autoridade, liderança e uma boa dose de empatia. “Apesar disso, grande parte das pessoas que coordenam cursos nunca tiveram capacitação para gerir pessoas”, ressalta Sanches. Mesmo com a pouca experiência que conseguiu acumular nesse curto espaço de tempo, Mônica já instituiu reuniões quinzenais com os educadores para que eles possam trazer suas observações e análises a respeito de aspectos que podem ser melhorados no curso. Pensando em contemplar os alunos, foi criada uma agenda mensal de reuniões com representantes de cada turma para que, da mesma forma, eles tenham a oportunidade de expor seus pontos de vista. “Gerenciar pessoas implica aprender a escutá-las”, resume.

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Marketing Juntamente com a gestão do desempenho acadêmico, dos aspectos regulatórios e do clima organizacional, o coordenador ainda tem a responsabilidade de zelar pela imagem do curso de maneira tal que os alunos matriculados percebam as vantagens do programa que estão cursando e os que estão de fora tenham interesse em ingressar na instituição. Isso é especialmente importante quando se está inserido em um mercado altamente competitivo, com condições econômicas desfavoráveis para a captação e a retenção de novos alunos. Para sobreviver nesse cenário é importante que coordenadores trabalhem em sintonia com a equipe de marketing, fornecendo dados para a criação das campanhas. Ter uma noção clara de quais pontos merecem ser destacados é fundamental no exercício dessa função, assim como a habilidade de multiplicá-los por meio do estabelecimento de parcerias e do alinhamento do currículo às necessidades do mercado, só para citar alguns exemplos. Caso aspectos como esses sejam inexistentes, caberá ao profissional torná-los viáveis. Quelen Torres, coordenadora dos cursos de comunicação da Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc), analisa a tarefa de conciliar a função acadêmica com a mercadológica como uma das mais desafiadoras da profissão, especialmente nesse cenário de crise, em que a retenção se tornou palavra de ordem nas IES. “Nós, coordenadores, temos de provocar encantamento nos alunos, além de fazer a ponte entre eles e o mercado”, analisa. Para trabalhar especialmente esse último aspecto, Quelen foca o estabelecimento de programas de estágio e em eventos que possibilitem o contato entre as duas pontas. “Vínhamos de um cenário muito favorável, com incentivos do governo para incorporar a classe C ao ensino superior. Mas agora, com as restrições, muitos alunos poderão abandonar os estudos e é isso o que precisamos evitar. Temos de tornar o curso atraente para retê-los. Reter se tornou mais importante do que atrair”, relata a coordenadora.

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A quinta principal responsabilidade desse gestor é garantir que o curso tenha resultado financeiro, independentemente da qualidade do programa acadêmico ou de sua reputação no mercado. Mesmo em tais condições, os cursos devem ser autossustentáveis em termos financeiros, ou seja, não podem depender de aportes extras da instituição e, tampouco, gerar prejuízo. Assim, cabe ao coordenador controlar os custos, supervisionar o faturamento, orçar as despesas e fazer projeções. “Um bom coordenador precisa, no mínimo, saber fazer uma leitura básica dos resultados. Isso também é importante para que ele possa fazer investimentos em sua área, pois essas noções lhe darão argumentos para negociar com a instituição”, afirma Sanches.

Interação institucional Finalmente, a sexta grande responsabilidade desse gestor é estabelecer uma rede

forte de relacionamentos com outros departamentos da organização – como as áreas de pesquisa, extensão e pós-graduação – a fim de aumentar o intercâmbio entre os setores. Com tantas atribuições, mesmo profissionais experientes têm buscado formação complementar. É o caso de Mônica Alonso, coordenadora do curso de pedagogia da Faculdade Dom Domenico, do Guarujá (SP). “Estou há quase cinco anos na função e vim aqui [no curso realizado pelo Semesp] em busca de um manual – que descobri que não existe. Além das múltiplas responsabilidades, o coordenador também tem de lidar com as particularidades de cada instituição”, descreve. Neste ano, especificamente, a gestora também está lidando com o desafio de evitar uma queda na captação e na retenção de alunos em função das restrições no Fies, mas espera conter esses problemas com os recursos e estratégias de que dispõe à frente da coordenação do curso.

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INTERNACIONALIZAÇãO

rumo ao exterior

Movimento cada vez mais consistente no mundo, a internacionalização das instituições de ensino começa a ganhar corpo no Brasil e abre perspectivas para uma educação de mais qualidade guSTavo MoRITa

por José Eduardo Coutelle

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s ventos da globalização – ou mundialização, como preferem os franceses – já sopram há muito tempo na economia e ficaram mais fortes na educação nas últimas décadas, em especial após a assinatura do Protocolo de Bolonha, em 1999, que visava um maior intercâmbio e equalização entre as universidades europeias. De lá para cá, sua força só faz crescer. A internacionalização das instituições de ensino superior, assim como na economia, é requisito para atualização em nível mundial, para troca de experiências dos corpos docente e discente e, principalmente, para elevação da qualidade do ensino e da pesquisa. Ainda que meio aos trancos e barrancos, carecendo de políticas estratégicas mais firmes para isso, o Brasil vem abrindo mais os olhos para a questão, tanto na educação pública como na privada. Entre 2004 e 2012, o número de estudantes universitários brasileiros no exterior saltou 78,5%, de 19,6 mil para 35 mil, número estimado pela OCDE para 2012. A cifra ainda é comparativamente irrisória, pois países menores em termos de população, como a Turquia (83 mil) e a Itália (63 mil), ou pouco maiores, como os Estados Unidos (62 mil), apresentavam números mais expressivos no mesmo ano. Segundo a Unesco, o Brasil envia 0,4% dos seus estudantes para o exterior e apenas 0,2% dos alunos matriculados no país são estrangeiros. Na Austrália, 18% dos estudantes são estrangeiros. No Reino Unido, 17%. Para o crescimento recente do movimento de estudantes brasileiros rumo ao exterior, o programa Ciência sem Fronteiras serviu como alavanca. Mas, atualmente, enfrenta dois problemas: a restrição de verbas e a forte pressão de pesquisadores de ponta, que acabam concorrendo por verbas do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a iniciativa. Isso sem falar na barreira da língua inglesa, dominada por baixo percentual de estudantes brasileiros. Mas o interesse internacional, materializado pela presença cada vez mais constante de agências de vários países no Brasil, tende a impulsionar esse movimento de internacionalização no âmbito de instituições públicas e privadas. Para as IES, o processo só tende a

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gerar valor. Instituições com programas bem estruturados ganham pontos nas avaliações do Ministério da Educação e nos diversos rankings privados, além de aumentar a procura dos alunos pela oferta de uma formação mais completa, inclusive com horizontes profissionais fora do Brasil. As parcerias proporcionam o intercâmbio de ideias, pesquisas inovadoras e soluções para problemas mais complexos, o que impacta diretamente a qualidade das experiências acadêmicas.

Passo a passo Mas é preciso criar uma cultura para esse processo. Representantes das agências internacionais relatam que boa parte das IES bra-

O amigo americano O 100.000 Strong in the Americas é uma iniciativa lançada pelo presidente Barack Obama com o objetivo de conectar os Estados Unidos aos países da América Latina por meio do intercâmbio estudantil e do desenvolvimento de pesquisa e inovação, principalmente ligados à sustentabilidade. A meta do programa é alcançar a cifra de 100 mil alunos americanos em instituições latino-americanas, e o mesmo número de visitantes até 2020. Qualquer instituição brasileira pode participar do programa e concorrer ao financiamento de US$ 25 mil. Por isso, a cada edital a seleção se torna mais disputada. Nas seis edições lançadas, 54 universidades brasileiras se inscreveram e apenas três foram selecionadas. Areta Galat, orientadora da Education USA – rede de escritórios do Departamento de Estado Americano que promove a internacionalização – explica que para concorrer a instituição deve apresentar um projeto de acordo com o tema indicado, e ter parceria com uma instituição norteamericana. Além disso, destaca a orientadora, é preciso contemplar a inserção de comunidades carentes, ter foco em pesquisa e beneficiar as duas instituições envolvidas.

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sileiras demonstra interesse em internacionalizar-se, mas não sabe por onde começar. A algumas faltam pré-requisitos como pessoal capacitado e um projeto focado nos objetivos da instituição. Definidos esses pontos, a próxima etapa é encontrar IES parceiras de dimensão e vocação semelhantes. Não adianta, por exemplo, uma instituição mais voltada à formação para o mercado associar-se com outra voltada para a pesquisa. É necessário, também, investir na fluência de alunos e dos professores em um segundo idioma e criar condições mínimas para receber estudantes e docentes estrangeiros.

Exemplo positivo Esses foram alguns dos passos vencidos pela FAE Centro Universitário, de Curitiba, cujo foco está na área de negócios. Desde

2005, a instituição mantém um programa de internacionalização, consolidado de fato em 2014. Sob o comando de Areta Ulhana Galat, coordenadora do Núcleo de Relações Internacionais, a FAE se inscreveu no primeiro edital do 100.000 Strong in the Americas – iniciativa americana de fomento à internacionalização na América Latina – e acabou sendo uma das instituições selecionadas para receber uma bolsa de US$ 25 mil. O projeto vencedor teve como foco o desenvolvimento de um escritório de relações internacionais que suprisse as demandas acadêmicas norte-americanas. Nele estava incluído um curso de português para estrangeiros, capacitação dos professores para receber os alunos intercambistas e um espaço de interação multicultural. Após a elaboração, o projeto ganhou vida com a vinda de um grupo de 15 alunos e um professor do

Países e agências em busca de estudantes brasileiros estados unidos/ education uSA: Órgão ligado ao departamento de Estado americano com o intuito de promover internacionalização e atrair estudantes para o país. www.educationusa.org.br

Canadá/Caldo: Consórcio canadense formado em 2011. atualmente conta com nove das principais instituições de educação e pesquisa do país. www.caldo.ca

França/Campus France: agência do governo francês responsável pela promoção do ensino superior e pela facilitação do contato com as faculdades do país. www.brasil.campusfrance.org

Alemanha/dAAd: o Serviço alemão de Intercâmbio acadêmico facilita o contato entre instituições de ensino de todo o mundo com as alemãs há mais de 40 anos. além disso, oferece uma variada gama de bolsas de estudos e pesquisa. www.daad.org.br

Austrália/Group of eight: aliança formada entre as oito principais universidades australianas com foco em pesquisa. www.go8.edu.au

Países que mais receberam alunos internacionais em 2012 estados unidos: 16% do seu corpo discente – 740.475 alunos reino unido: 13% – 568.816 alunos Austrália: 6% – 291.889 alunos Alemanha: 6% – 287.353 alunos França: 6% – 271.399 alunos Canadá: 5% – 221.406 alunos brasil (maior número dentro dos países da América latina): 35 mil Colômbia: 32 mil México: 29 mil Peru: 24 mil

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Principal nacionalidade dos estudantes estrangeiros em 2012: China: 723 mil Índia: 223 mil Coreia do Sul: 139 mil Alemanha: 132 mil Turquia: 83 mil

França: 80 mil rússia: 71 mil itália: 63 mil euA: 62 mil

Percentual de estrangeiros em relação ao total de alunos no país luxemburgo: 41% Austrália: 18% reino unido: 17% Suíça: 16%

Nova Zelândia: 16% Áustria: 15% França: 12% Fonte: OCDE

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e: OCDE

Siena College, faculdade localizada na cidade de Albany, no interior do Estado de Nova York. “Aprendemos o que é a internacionalização na prática. Vimos no que precisávamos melhorar como instituição para receber bem os alunos internacionais. Não temos residências. Como oferecer boas condições de moradia aos estudantes? E o que fazer para tornar o período deles mais útil aqui?”, reflete Areta. Após essa experiência, o processo de internacionalização da FAE passou a contar com um padrão rigoroso. O aluno que quer ir para o exterior precisa ter uma recomendação do seu coordenador de curso e passar por uma avaliação psicológica. Areta explica que o trâmite é importante porque o estudante que fica um ou dois anos no exterior pode apresentar depressão, indisciplina ou ainda dificuldades para se ajustar à cultura local. Assim, o acolhimento na instituição estrangeira e o retorno acadêmico que o aluno terá são algumas das preocupações da FAE. Para minimizar os contratempos, as 17 instituições conveniadas contam com escritórios de relações internacionais e todas as disciplinas cursadas são validadas aqui no Brasil.

Qualidade como mote Pensar em internacionalização e não considerar a qualidade da educação oferecida como a base primordial do processo é um equívoco. A afirmação é do diretor do Departamento de Relações Internacionais da PUC-PR, Marcelo Távora Mira. “As instituições em geral entendem que internacionalizar é importante, mas não sabem bem o porquê, confundem com recrutamento ou imagem da instituição. A internacionalização tem de ser um meio, como uma ferramenta, para garantir a melhor educação para o aluno. Se você não forma estudantes preparados para resolver problemas de nível global, está falhando na formação”, enfatiza. A PUC-PR é uma das instituições brasileiras que está dando um passo à frente nessa direção. O primeiro mito a ser descartado é o de que uma faculdade precisa de inúmeras parcerias para se internacionalizar. Mais importante do que o número é a profundidade das relações. Atualmente, a PUC-PR tem cerca de 250 contratos firmados e uma mobilidade anual

Crescimento do número de alunos internacionais no mundo, em milhão: 4,4

4,2

4,5

3,0

2,1 1,7 1,1

1,3

0,8

1975

1980

1990

1995

2000

2005

2010

2011

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Curiosidades: • Austrália, Canadá, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos, juntos, receberam mais de 50% de todos os alunos estrangeiros do mundo. • Alunos internacionais corresponderam a mais de 10% de todos os alunos do ensino superior na Austrália, Áustria, Luxemburgo, Nova Zelândia, Suíça e Reino Unido. • A importância do idioma: países mais internacionalizados são os que mais disponibilizam suas aulas em inglês. • Todos ou quase todos os programas em inglês: Austrália, Canadá, Irlanda, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos. • Maioria dos programas em inglês: Dinamarca, Finlândia, Holanda e Suécia. • Alguns programas em inglês: Bélgica, República Tcheca, França, Alemanha, Hungria, entre outros (o maior grupo). • Nenhum ou quase nenhum programa em inglês: o Brasil está neste grupo, junto com Áustria, Bélgica, Chile e outros. Fonte: OCDE

próxima de 350 alunos, considerando os estudantes estrangeiros. Ou seja, se metade forem brasileiros, o impacto de cada parceria é reduzido, um custo de manutenção sem retorno. O objetivo da universidade paranaense agora é desenhar um plano conjunto de desenvolvimento com outras cinco instituições parceiras, que estejam engajadas em ensino, pesquisa e extensão, e com isso trazer reais benefícios aos seus alunos. Com o plano já em andamento, a PUC-PR estabeleceu ensino superior

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Mobilidade em números a mobilidade de alunos mais do que dobrou em todo o mundo entre 2000 e 2012, informa a oCdE. os estudantes fora de seus países eram 2,1 milhões no final do século passado. Esse número subiu para 4,5 milhões em 2012. alguns países com forte crescimento econômico nesse período estiveram entre os líderes desse processo. a China enviou 723 mil estudantes para o exterior. a Índia, 223 mil estudantes, e a Coreia do Sul, 139 mil alunos. Com universidades altamente renomadas, Estados unidos e Reino unido são os destinos preferidos e somam juntos quase um terço do total dos intercambistas recebidos em todo o mundo. o Brasil anda devagar nos dois sentidos. governo, órgãos de fomento e instituições de ensino precisam aproveitar a atenção internacional recebida e ampliar suas estratégias na área. Segundo estimativa da unesco, o país recebeu somente 15.211 alunos de outras nacionalidades e enviou 32.051 brasileiros para o exterior em 2012. Este último dado representa a ínfima relação de 0,4% do total de estudantes do ensino superior nacional. E outra constatação pouco animadora: a maior parte dos alunos estrangeiros que estão por aqui é proveniente de economias mais vulneráveis que a brasileira, como angola, guiné-Bissau, argentina e Paraguai.

algumas diretrizes a serem seguidas. A primeira delas é consolidar o inglês dentro do campus como língua franca. A instituição já oferece 60 disciplinas de graduação ministradas no idioma – o que possibilita a experiência da internacionalização a alunos que não têm condições de ir para o exterior –, além de cursos de capacitação gratuitos para os professores. A segunda é adequar a infraestrutura e criar ambientes em que o inglês seja a primeira língua. E, por fim, eliminar a diferença de tratamento entre os alunos e professores estrangeiros e brasileiros.

Rota bem-sucedida A experiência chilena pode indicar um bom caminho para o Brasil. Até 2013, o Chile tinha inúmeras instituições interessadas em internacionalizar-se, mas não sabiam ao certo qual caminho seguir. Naquele ano foi fundado o consórcio Learn Chile, que hoje reúne 23 das 60 universidades do país. O propósito era criar uma marca e tornar a nação mais conhecida e importante no cenário global de pesquisa, inovação e ensino. Para participar, cada instituição precisava ser certificada pelos órgãos oficiais chilenos, demonstrar algum tipo de atividade e estratégia internacional e, por fim, aportar recursos para o financiamento da marca. Dois anos depois, já se veem os resultados. Em 2013, o Chile mantinha 13 mil alunos

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estrangeiros, hoje são 26 mil. O diretor do programa, Marcos Avilez, comenta que esse crescimento não pode ser atribuído exclusivamente à atuação do consórcio, mas que a marca é responsável diretamente pela maior visibilidade do país no exterior. Avilez lembra que havia carência de informação. Não se sabia quantos chilenos estudavam no exterior, o número de estrangeiros no país, quais eram os principais destinos, nem os cursos mais procurados. Foi preciso unificar essas informações, antes dispersas, em um banco de dados comum para traçar estratégias. Houve, também, um longo diálogo com o Ministério de Relações Exteriores, que, por meio de seu escritório comercial – o ProChile –, entendeu que educação poderia ser um serviço passível de ser exportado. “Essa definição foi determinante para termos o apoio do governo”, ressalta. Hoje, o Brasil é um dos principais parceiros do Chile no setor de internacionalização, com México, Colômbia, Peru e Bolívia. E essa relação poderia ser ainda mais intensa, salienta o diretor do Learn Chile. Isso porque a parceria de intercâmbio com os outros quatro países é amparada pela Aliança do Pacífico, da qual os quatro são signatários. Avilez entende que o esforço para criar uma nova plataforma que inclua o Brasil e que facilite a mobilidade acadêmica traria grandes retornos para o estreitamento entre as duas nações.

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Saber compartilhado Importantes na divulgação de artigos, revistas científicas colocam em evidência o pesquisador e as instituições que as editam

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por Gérson Trajano

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aumento da produção científica tirou o Brasil da 24ª posição do ranking mundial e o colocou em 13º lugar. De acordo com o último levantamento da Thomson Reuters, empresa que detém uma das maiores bases de dados no mundo sobre trabalhos científicos, em 20 anos – de 1993 a 2013 – o país passou à frente de Holanda, Rússia e Suíça. A clínica médica foi uma das áreas mais produtivas. No período 2003-2007, o Brasil tinha 14.324 artigos nesse campo do conhecimento. Na temporada 2008-2012, foram 34.957, um salto de 144%.

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Apesar de a divulgação informal da ciência (congressos, palestras e visitas) permitir uma rápida veiculação da informação científica recente, é a comunicação formal, ou seja, a publicação editorial, que dá credibilidade para que a pesquisa seja aceita como suporte para outros trabalhos. Robert Day, autor de Como escrever e publicar um artigo científico (The Oryx Press, 1998), costuma comparar a importância da publicação de uma pesquisa à repercussão, numa floresta, da queda natural de uma árvore. Para ele, a queda da árvore passará despercebida a menos que alguém ouça o barulho provocado por ela. Para Day, se um trabalho científico não for lido, conhecido, será apenas mais uma árvore caindo silenciosamente. “A edição de um texto em uma revista é muito valorizada por ser um dos principais meios de exposição da pesquisa. A publicação de um artigo é muito mais dinâmica do que a de um livro”, diz Aparecida Darcy Delfim, coordenadora pedagógica da Universidade do Oeste Paulista (Unoeste).

Canal de difusão As revistas científicas constituem, hoje, o principal canal formal de disseminação da ciência e de certificação da autoria das descobertas tecnológicas. Trazem prestígio e reconhecimento a seus autores, instituições de ensino, editores, avaliadores e são imprescindíveis na definição e legitimação de novos campos do conhecimento, como destaca Maria Piedade Ribeiro Leite, editora administrativa da Revista Médica de Minas Gerais, criada em 1991 para irradiar e fomentar ideias, experimentação e aferição de tecnologias. Editadas periodicamente, essas publicações podem ser produzidas por sociedades científicas, órgãos de classe e também por instituições de ensino superior. Nesse caso, atuam como o principal meio de veiculação da produção de discentes e docentes, de acordo com Maria Ogécia Drigo, responsável pelas publicações da Universidade de Sorocaba (Uniso). Atualmente, são cinco: a Avaliação e a Quaestio, vinculadas ao programa de pós-graduação em educação, a Tríade, do curso de pós-graduação em comunicação e cultura, a Ecos, da área de ensino superior

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ciências econômicas, e a Revista de Estudos Universitários (REU), de caráter interdisciplinar, que contempla todos os programas da instituição. “Elas são inerentes e vitais no processo de construção de conhecimento. À medida que há geração de cultura, há também a necessidade da sua divulgação, da sua socialização”, afirma.

Compromisso com o saber Marcos da Cunha Lopes Virmond, coordenador das revistas científicas da Universidade do Sagrado Coração, afirma que

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a origem do artigo científico vem da correspondência não diplomática trocada entre as cortes europeias. Esse procedimento tornou-se um sistema de comunicação que superou sua finalidade inicial. ao conteúdo intelectual das cartas foram incluídos gradualmente comentários, revisões e juízos de valor sobre os temas em discussão. a criação das sociedades científicas nos anos de 1660 desencadeou o surgimento dos primeiros periódicos, que tinham a função de resumir livros e fatos da cultura na Europa. No início de 1860, os autores começaram a fazer referências a trabalhos anteriores. a transformação do artigo em sua forma atual completou-se por volta de 1863, embora fosse possível encontrar já em 1900 revistas com artigos, mas ainda sem padronização.

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uma instituição que gera conhecimento deve, por obrigação, divulgar a ciência que produz. “É próprio da universidade produzir conhecimento; nada mais justo do que compartilhá-lo. Sendo assim, é primordial que ela banque um periódico, pelo menos nas grandes áreas em que melhor qualifica”, justifica Virmond. A criação de uma publicação do gênero também contribui para as IES se estabelecerem no cenário acadêmico como centros produtores do desenvolvimento científico e tecnológico. Segundo José Carlos Imparato, reitor da Universidade Camilo Castelo Branco (UniCastelo), a existência de uma revista em uma instituição de ensino também demonstra a valorização que a entidade dá para a pesquisa, a atualização constante, as novas tecnologias e o aprimoramento do corpo docente. Mas, para que essas características sejam percebidas, o título deve ter, primordialmente, qualidade. “Problemas de ordem operacional ou estrutural, dificuldades de captação de conteúdo e mudanças políticas mal administradas no interior das organizações científicas podem minar a expectativa de vida de um periódico”, alerta Paulo Roberto Brofman, presidente da Fundação Araucária de Apoio do Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Paraná. Em tese, para se obter um grau de excelência e qualidade com uma publicação científica seria necessário publicar artigos de conteúdos expressivos para a comunidade e para a sociedade, de pesquisadores eminentes em suas áreas, originais e que passassem por um processo de avaliação rigoroso, mas não moroso. A edição também deve cumprir à risca a periodicidade anunciada. Ana Paula Noronha, do programa de pós-graduação em psicologia da Universidade São Francisco e editora da revista Psico-USF, acrescenta a importância das competências em editoração. “É necessário saber procedimentos de gestão e de políticas editoriais no Brasil e no exterior. Montar uma equipe habilitada e que esteja disposta a trabalhar é muito importante”, reforça. Na prática, porém, a qualidade dos periódicos não é facilmente mensurada, mesmo porque eles são avaliados por diferentes propósitos: indexação por base de dados,

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financiamento da publicação, desenvolvimento de coleções, mensuração da produção ou impacto do conteúdo, podendo ser adotados critérios e metodologias diversos abrangendo os aspectos intrínsecos ou não da impressão, passando do conteúdo à forma de apresentação.

Estímulo à produção Mas de nada vale todo esse empenho sem a produção propriamente dita de conhecimento. As regras para a publicação constituem um dos entraves ao aumento da produção por parte dos estudantes, embora muitos se interessem pela prática. Na opinião de Edson Roberto Berbel, coordenador de editoração institucional da Universidade de Guarulhos, que atualmente publica seis revistas nas áreas de saúde, educação, geociências, gestão, ciências jurídicas e computação, é preciso sensibilizar os alunos para a prática do

texto acadêmico de modo que eles percebam a utilidade dessa produção para seu desenvolvimento acadêmico e profissional. Já Marcos Tadeu, coordenador dos cursos de mestrado de ecologia e de engenharia mecânica da Universidade Santa Cecília (Unisanta), acredita que as IES devem estimular seus alunos de graduação a redigir artigos desde o início do curso. “A disciplina metodologia científica, que normalmente é ministrada nos últimos semestres da graduação, deveria ser oferecida logo nos primeiros semestres, possibilitando assim que os estudantes se capacitassem mais rapidamente para produzir um texto científico”, avalia. Medidas como essas poderiam contribuir para incrementar a produção, alavancar as publicações em termos quantitativos e qualitativos e, consequentemente, valorizar as instituições de ensino no meio acadêmico e também fora dele.

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Ensaio

por Maurício Garcia

Como melhorar a qualidade da educação no brasil Não há como tratar de políticas públicas de educação sem considerar uma grande gama de aspectos, entre os quais o papel exercido pelos pais ex-ministro Renato Janine vinha afirmando reiteradamente, assim como seus antecessores, a importância do foco das políticas públicas na Educação Básica. Afinal, é notório o pífio desempenho do Brasil em exames como o Pisa, avaliação realizada a cada três anos pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A última prova foi em 2012, envolvendo 65 países e 510 mil jovens de 15 a 16 anos. Apenas sete países tiveram resultados piores do que o Brasil. Ficamos atrás de nações com contextos históricos e socioculturais não tão diferentes do nosso, como Vietnã, Sérvia, Cazaquistão, Chile, México, Uruguai e Costa Rica. Em breve, será publicado o relatório de 2015 e dá frio na barriga só de pensar. Os professores que atuam na educação superior conhecem bem essa realidade. Recebem do ensino médio alunos que sabem ler, mas que não são capazes de fazer abstrações a partir de textos de média complexidade. Sabem as operações matemáticas básicas, mas falham nas mais elaboradas, como a soma de frações. Por mais que as instituições criem programas de recuperação e nivelamento, não dá para consertar em pouco tempo um problema tão estrutural. Parece adequado, assim, focar a Educação Básica como solução desse problema. Há, todavia, uma questão mais sistêmica que precisa ser abordada como um todo. Pesquisadores de vários países já demonstraram que o principal fator que interfere na capacidade de aprendizado dos jovens é a qualidade dos estímulos intelectuais que a criança recebe até os sete anos de idade, o

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que está diretamente relacionado com a escolaridade dos pais. Crianças que crescem em ambientes com diálogos mais elaborados e que participam de atividades intelectualmente mais complexas tornam-se melhores alunos e conseguem aprender mais quando vão para a escola. Esse assunto foi abordado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, que acompanharam durante 28 anos o desempenho acadêmico de um grupo de indivíduos, desde a infância até a maturidade. O trabalho publicado na revista Parenting: Science and Practice ( jan/2015) demonstrou o efeito positivo no fato de mães lerem histórias para as crianças no que se refere ao desenvolvimento da capacidade cognitiva na fase adulta. Em abordagem semelhante, pesquisadores da Universidade de Nova Jersey fizeram a revisão de 38 trabalhos também de longo prazo e a conclusão foi a mesma: a educação na tenra idade produz resultados longos e persistentes para a vida toda. Para os nossos lados, a história é a mesma. Pesquisadores da USP demonstraram que a nota que um aluno obtém no Enem depende muito mais (80%) da renda familiar, da escolaridade dos pais e de outros fatores socioeconômicos, do que do trabalho das escolas propriamente dito (20%). Os efeitos não se restringem ao desenvolvimento da capacidade cognitiva na fase adulta. De acordo com o Ounce of Prevention Fund, que cuida de milhares de crianças desamparadas nos EUA, aqueles que não recebem educação de qualidade na infância têm 20% mais chance de abandonar os estudos, 40% mais chance de serem pais/mães

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não em anos, muito menos em governos. Não é possível, assim, pensar em Educação Básica sem pensar na educação superior. O grande papel da educação superior, neste momento, não é apenas formar profissionais para o mercado de trabalho. É ajudar a formar bons pais. Quanto mais escolaridade tiverem, mais ricos serão os diálogos em suas casas e mais vão se desenvolver os seus filhos. O Brasil possui apenas sete milhões de universitários. Deveríamos dobrar para ter uma taxa de escolaridade superior decente. Apostar nos universitários de hoje é investir na geração de seus filhos, ou quem sabe seus netos. Países devastados por guerras, como Coreia e Vietnã, fizeram essa aposta há várias décadas e hoje colhem os seus frutos. Por que não podemos fazer isso também?

Maurício Garcia é doutor pela universidade de São Paulo e vice-presidente de Planejamento e Ensino da devry Brasil

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adolescentes, 50% mais chance de necessitarem de educação especial e 70% mais chance de serem presos por crimes violentos. Não há como tratar de políticas públicas de educação sem considerar uma grande gama de aspectos, entre os quais o papel exercido pelos pais. Crianças que crescem em lares com pais de baixa escolaridade terão mais dificuldade em aprender quando adultos, se comparadas com crianças de lares com maior riqueza na qualidade dos diálogos domésticos. Temos, assim, um perverso círculo vicioso: o desempenho acadêmico médio das crianças brasileiras é pífio, quando comparado com outros países, em grande parte porque elas possuem pais com baixa escolaridade. Dessa forma, a chance de essas crianças não completarem uma faculdade é grande e, por consequência, seus filhos também não se desenvolverão, perpetuando o problema. Dessa forma, o que o Brasil precisa não é melhorar a qualidade dos alunos, mas sim a qualidade dos pais. O Brasil precisa de mais pais que estudem com seus filhos, de mais mães que contem histórias para suas crianças. Precisa de pais que não transfiram para a escola a sua obrigação de educar os seus próprios filhos. Educação é um segmento que produz resultados somente após muitos anos. É algo para ser pensado em termos de gerações,

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O grande papel da educação superior, neste momento, não é apenas formar profissionais para o mercado de trabalho. É ajudar a formar bons pais. Quanto mais escolaridade tiverem, mais ricos serão os diálogos em suas casas e mais vão se desenvolver os seus filhos

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Boas práticas Aprender com solidariedade FoToS: dIvulgação

Ações voltadas a questões como saúde, educação e meio ambiente entram em foco no Dia da Responsabilidade Social por Juliana Duarte onsciente da importância de aproximar a comunidade acadêmica da sociedade, a Universidade Cidade de São Paulo (Unicid) participou mais uma vez do Dia da Responsabilidade Social, comemorado em setembro. Na ocasião, foram realizadas mais de 25 ações voluntárias, entre elas testes para a detecção de doenças, orientação jurídica, consultoria para a elaboração de currículos, aulas sobre prevenção de problemas bucais, oficinas de inclusão digital e palestras sobre como falar em público. Os participantes também puderam conferir uma exposição com o tema água e lixo, além de apreciar um show de hip-hop realizado na praça de alimentação. Todas as atividades foram gratuitas. “Planejamos a programação de acordo com o perfil dos participantes”, afirma Maria Elisabete Saldanha, assessora da pró-

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Dia da Responsabilidade Social 2015 / Unicid Número de alunos envolvidos: 189 Número de professores envolvidos: 18 Campi: 1 dificuldades de implantação: divulgação da iniciativa para a comunidade. Ações: realização de atividades gratuitas para os moradores locais. resultados: proximidade da comunidade com o universo acadêmico, experiências reais para os alunos e cerca de 50 mil pessoas atendidas pela iniciativa.

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De portas abertas: 25 atividades e mais de 1,2 mil participantes

reitoria de pós-graduação, pesquisa e extensão da universidade. O evento envolve os alunos de todos os cursos da instituição e é benéfico para a formação por aproximá-los de questões reais. “O projeto permite uma vivência profissional muito sólida orientada pelos professores. Isso acontece porque os estudantes participam do processo inteiro, desde a elaboração das tarefas até os atendimentos”, comenta. A principal dificuldade de implantação foi a divulgação – havia um receio de não conseguir reunir um bom número de participantes. Para contornar o problema, a universidade decidiu firmar parcerias com organizações regionais influentes, como amigos do bairro, igrejas e conselhos de segurança. A estratégia deu certo. Para se ter uma ideia, mais de 1,2 mil pessoas participaram e cerca de 50 mil já foram beneficiadas pelas ações desenvolvidas até agora. Em 2016, a instituição planeja ampliar as parcerias para alcançar e beneficiar um número ainda maior de moradores locais. “O plano é aumentar a oferta para atrair o interesse da comunidade”, ressalta Maria Elisabete.

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Compras Conhecimento para todos Softwares e equipamentos para tornar o conteúdo acessível a alunos com necessidades especiais por Juliana Duarte

MicroPower o programa virtual vision vem equipado com um sintetizador de voz que transforma textos escritos em fala. o aluno com deficiência visual pode criar arquivos, navegar pela internet e ter acesso a todos os conteúdos que deseja. Sua última versão, por exemplo, tem uma ferramenta que avisa quando o usuário está na última célula de uma tabela do Word, o que evita que crie uma nova linha sem perceber. Para transmitir o som com clareza, o software necessita de uma boa placa acoplada ao computador. Preço sugerido: R$ 1.800 (pela licença) e R$ 300 anuais (contrato de manutenção) www.virtualvision.com.br

ATE o folheador eletrônico Readable permite que alunos com deficiência motora leiam livros sozinhos. Por meio de comandos de dados por controle remoto ou infravermelho, as páginas viram em cinco segundos. a máquina é compatível com títulos nos seguintes tamanhos: 0,1 a 6,5 cm de espessura, 12 a 33 cm de comprimento e 10 a 23 cm de altura. Também é possível ler anotações em blocos sem precisar digitalizá-los, o que favorece a compreensão das aulas. Preço: sob consulta (disponível na Tecassistiva). www.tecassistiva.com.br

grupo ICTS o software Rybená permite a conversão de textos escritos em português para a língua Brasileira de Sinais (libras), o que possibilita ao professor exibir o mesmo material simultaneamente a todos os alunos da classe. a ferramenta

ZoomText Recomendado para alunos com baixa visão, o ZoomText Magnifier/Reader amplia a tela do computador e deixa as informações ainda mais nítidas. além disso, seu sintetizador de voz é capaz de verbalizar todo o conteúdo do Windows e de seus aplicativos. a tecnologia xFont exibe os textos em alta definição e conta com diferentes níveis de ampliação. outras vantagens são a barra de rolamento suave e o movimento restrito do mouse, que facilita a criação de tabelas, linhas e colunas. Preço sugerido: R$ 1.600 (com a ferramenta de voz) e R$ 900 (sem a ferramenta de voz). www.laratec.org.br

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ViewPlus a Mesa Tátil IvEo permite o aprendizado por meio do toque e da fala. Todo o conteúdo fica disponível em uma tela, ou seja, o estudante com deficiência visual pode ter acesso a diferentes arquivos com a facilidade de ser guiado por sons e poder manuseá-los diretamente na superfície. É possível também dar um zoom bem detalhado no texto e redimensionar as imagens sempre que necessário. outro benefício da máquina é a compatibilidade com impressoras em braille. Preço sugerido: R$ 11 mil (disponível na loja Tecnovisão) www.tecnovisao.net

ainda transforma textos escritos em voz, o que torna o conteúdo acessível também a deficientes visuais. as duas traduções acontecem em segundos. Preço: R$ 29,90 por três meses (disponível na loja Nuvem de Serviços). www.nuvemdeservicos.com.br. e www.rybena.com.br.

Freedom Scientific Equipado com sintetizador de voz, o software JaWS for Windows faz a leitura em voz alta de tudo o que aparece na tela do computador (tecnologia disponível em 20 idiomas diferentes). É possível até mesmo saber as informações que estão em células ou colunas de um arquivo do Excel, por exemplo. o aluno também pode navegar por páginas da internet, escrever e-mails e ter acesso a textos de todos os tamanhos – a conversão do material escrito para falado acontece em segundos. o programa é compatível com Windows XP, Windows 7 e 8 e com todos os pacotes office recentes. Preço: R$ 8.450 (disponível na Digital Begotto) www.digitalbegotto.com.br ensino superior

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fotos Gustavo Morita

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Contemporâneo O projeto arquitetônico da Unifev – Fundação Educacional de Votuporanga (SP) tem um toque moderno e ousado graças ao uso de cores variadas, à mistura de materiais e às linhas assimétricas. Também chama a atenção a escultura ao ar livre na Cidade Universitária. ensino superior

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Cultura Exposição A exposição Frida Kahlo: conexões entre mulheres surrealistas no México exibe cerca de 100 obras de 16 artistas no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (SP). Com curadoria da pesquisadora Teresa arcq, a mostra vai até janeiro de 2016 e revela a forma como uma intricada rede se formou tendo como eixo a figura de Frida Kahlo (19071954). o foco são artistas mulheres nascidas ou radicadas no México, cujas produções dialogam com o trabalho de Frida. durante toda a sua vida, Frida Kahlo pintou apenas 143 telas. Nesta exposição, estão reunidas 20 delas, além de 13 obras sobre papel. o legado artístico da mexicana constitui uma narrativa pictórica autobiográfica em que explora o seu corpo e sua realidade interior por meio, principalmente, de autorretratos. Segundo a curadora, os autorretratos e os retratos simbólicos marcam uma provocativa ruptura entre o público e o privado. “Em alguns de seus autorretratos, Frida Kahlo, Maria Izquierdo e Rosa Rolanda elegeram cuidadosamente a identificação com o passado pré-hispânico e as culturas indígenas do México, utilizando ornamentos e acessórios que remetem a mulheres poderosas, como deusas ou tehuanas.” a exposição fica em cartaz até 10 de janeiro de 2016. Para mais informações, acesse www. institutotomieohtake.org.br Autorretrato con vestido rojo y dorado, de Frida Kahlo / Crédito: ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust.

REPRodução

Retrato de Diego Rivera, de Frida Kahlo / Crédito: ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust. Photo, Gerardo Suter. Autorretrato con monos, de Frida Kahlo / Crédito: ©2015 Banco de México Diego Rivera & Frida Kahlo Museums Trust.

Leitura Didática livro voltado principalmente ao professor iniciante e ao pós-graduando. Traz sugestões de conduta para se adaptar ao ambiente escolar e crescer profissionalmente, além de dicas para planejar, desenvolver, avaliar e replanejar o próprio trabalho. Ensinar na universidade – Didática para professores iniciantes – Miguel Carlos Madeira e Rosa Maria alves da Silva (Editora vozes / 264 págs. / R$ 48,00)

Administração obra que reúne experiências práticas e os principais conceitos, ferramentas e tendências do mundo da administração profissional. Entre os temas abordados estão o perfil de profissional desejado pelo mercado de trabalho e uma proposta de alinhamento curricular para o ensino da administração no país. Administração: avanços e desafios – Cleber Suckow Nogueira e Teresinha Covas lisboa (orgs.) (Editora NovaTerra / 320 págs. / R$ 78,00)

Cinema e filosofia a partir do cinema, esse conjunto de ensaios aborda o papel das imagens em nossa cultura: elas podem representar, interrogar e produzir história. os textos são de autoria de filósofos, cineastas e críticos como alain Badiou, vilém Flusser, Jacques Rancière, harun Farocki e gustavo aprea. Pensar o cinema – Imagem, ética e filosofia – gerardo Yoel (org.) (Cosac Naify / 288 págs. / R$ 49,90)

Dica do professor

SinaiS do futuro o

Coletivo educ-açã

no preSente

Como oferecer uma educação capaz de gerar competências com novas tecnologias de informação, agregando valores, buscando inovação e criatividade na relação com os alunos e com a comunidade? algumas sugestões podem ser encontradas no livro eletrônico Volta ao mundo em 13 escolas – Sinais do futuro no presente, organizado por andré gravatá e publicado pela Fundação Telefônica em 2013. o livro em pdf pode ser acessado e baixado gratuitamente em vários sites. Luiz Bido é coordenador do Núcleo de Apoio Psicopedagógico da BandTec

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Volta ao mundo em 13 escolas – Sinais do futuro no presente – Coletivo Educ-ação (download gratuito do pdf em http://goo.gl/nCBb2U)

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Sistema de Informações do Ensino Superior Particular Para facilitar a busca de suas pesquisas, o Sindata – Banco de dados consolidados do setor educacional – foi totalmente reformulado. O Sindata agora conta com: Novo design, que facilita buscas e visualizações; Ranking dos 20 cursos por número de alunos Matriculados, Ingressantes ou Concluintes; Opção de gerar gráfico nas consultas dos dados do Censo do MEC (Matrículas, Ingressantes, Concluintes, Evasão, Cursos e Vagas); Histórico de consulta: ferramenta desenvolvida para agilizar suas consultas; Liberação das Pesquisas realizadas pelo Semesp como: Boletim de Reajustes de Mensalidades, Boletim Econômico, Indicador SEMESP de Gestão, Mapa do Ensino Superior e Perfil do Aluno de Iniciação Científica;

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