Uma mensagem à igreja local e à liderança

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LIDERANÇA BIBLICA APRENDENDO OS LIDERES

PASTOR EDSON OLIVEIRA E-mail: pr.edson6@gmail.com

CRESCIMENTO DA IGREJA 1


UMA MENSAGEM À IGREJA LOCAL E À LIDERANÇA

Texto Base:1Tm 1:1,2; Tito 1: 1-4

“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza” (1Tm 4:12).

INTRODUÇÃO Mais um trimestre se inicia. Estudaremos agora sobre as Epístolas Pastorais: 1º e 2º Timóteo e Tito. Estas Epístolas são as últimas que o apóstolo Paulo escreveu. Elas foram destinadas, originalmente, aos seus amigos e cooperadores Timóteo, que mandara pastorear a igreja em Éfeso (1Tm 1:3) e Tito, em Creta (Tt 1:5). A função primordial delas foi orientar estes obreiros no exercício das funções que lhes foram confiadas como pastores cristãos. O problema comum entre as igrejas de Éfeso e Creta era as falsas doutrinas. Surgiram falsos mestres ensinando uma mistura de doutrinas e práticas judaicas e pagãs: proibição do casamento, abstinência de alimentos (1Tm 4:3); alguns afirmavam que a ressurreição dos mortos já havia ocorrido (2Tm 2:18). Havia, ainda, muitas contendas e discussões nas igrejas (Tt 3:911). Para combater estas e outras falsas doutrinas, Paulo recomenda a nomeação de oficiais qualificados, em cada igreja (1Tm 3:1-13, Tt 1:5-9). Enfim, o conteúdo destas Epístolas está repleto de conselhos úteis sobre a estrutura da vida da igreja. Esses conselhos são atemporais e gerais, por isso devem ser seguidos pela igreja hodierna (1Tm 3:14,15). I. AS EPÍSTOLAS PASTORAIS

1. Datas em que foram escritas. a) 1º Timóteo. Quase todos os conservadores concordam que 1Timóteo é a primeira Carta pastoral escrita, seguida de Tito e de 2Timóteo pouco antes da morte de Paulo. Indica-se uma data entre 64 e 67 d.C., com base na informação de que Paulo foi liberado da prisão domiciliar no ano 61 d.C, o que possibilitou suas viagens. A Epístola foi provavelmente escrita na Grécia. b) 2º Timóteo. Esta epístola foi escrita por ocasião de sua 2ª prisão em Roma. Como cidadão romano, Paulo não poderia ser lançado aos leões nem crucificado, mas "honrosamente" decapitado com uma espada. Uma vez que ele foi morto quando Nero era imperador, falecido

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em 8 de junho do ano 68 d.C, é provável que a redação de 2Tímóteo tenha ocorrido entre o outono de 67 e a primavera de 68. c) Tito. Devido à semelhança dos temas e da linguagem, os conservadores creem que Tito foi escrito por volta do mesmo período ou um pouco depois de 1Timóteo. De qualquer modo, o livro foi escrito entre 1 e 2Timóteo, e não depois de 2Timóteo. Embora seja impossível fixar uma data exata, é provável que tenha sido entre 64 e 66 d.C. O lugar possível de origem é a Macedônia.

2. Conteúdo. O conteúdo de cada epístola pode ser resumido da seguinte maneira: a) 1Timóteo. Nesta Epístola, Paulo transmite cuidados específicos que Timóteo deve proceder na Igreja de Éfeso. Um dos cuidados principais é que Timóteo lute com denodo pela fé e refute os falsos ensinos que estavam comprometendo o poder salvífico do Evangelho (1Tm 1:3-7; 4:18; 6:3-5,20,21). Paulo também instrui Timóteo a respeito das qualificações espirituais e pessoais dos dirigentes da igreja, e oferece um quadro geral das qualidades de um obreiro candidato a futuro pastor de igreja. Entre outras coisas, Paulo ensina a Timóteo sobre o relacionamento pastoral com os vários grupos dentro da igreja, como as mulheres em geral (1Tm 2:15; 5:2), as viúvas (1Tm 5:3-16), os homens mais idosos e os mais jovens (1Tm 5:1), os presbíteros (1Tm 5:17-25), os escravos (1Tm 6:1,2), os falsos mestres (1Tm 6:3-6) e os ricos (1Tm 6:7-10,17-19). Paulo confia a Timóteo cinco tarefas distintas para ele cumprir (1Tm 1:18-20; 3:14-16; 4:11-16; 5:21-25; 6:20-21). Neta Epístola, Paulo exprime sua afeição a Timóteo como seu convertido e filho na fé, e estabelece um elevado padrão de piedade para a vida dele e da igreja.

b) 2Timóteo. É a Epístola de despedida de Paulo. No capítulo 1, Paulo assegura a Timóteo o seu incessante amor e orações, e exorta-o a nunca transigir na fidelidade ao Evangelho, a guardar com diligencia a verdade e a seguir o seu exemplo. No capítulo 2, Paulo incumbe seu filho espiritual a preservar a fé, transmitindo suas verdades a homens fiéis que, por sua vez, ensinarão a outros (2Tm 2:2). Admoesta o jovem pastor a sofrer as aflições como bom soldado (2Tm 2:3), a servir a Deus com diligência e a manejar corretamente a Palavra da verdade (2Tm 2:15), a separar-se daqueles que se desviam da verdade apostólica (2Tm 2:18-21), a manter-se puro (2Tm 2:22) e a trabalhar com paciência como mestre (2Tm 2:23-26). No capítulo 3, Paulo declara a Timóteo que o mal e a apostasia aumentarão (2Tm 3:1-9), porém, ele precisa permanecer sempre, e em tudo, leal às Escrituras (2Tm 3:10-17). No capítulo 4, Paulo incumbe Timóteo de pregar a Palavra e de cumprir todos os deveres do seu ministério (2Tm 4:1-5). Termina, informando a Timóteo quanto aos seus assuntos pessoais, quando ele já encarava a morte, e instando com o pastor a vir logo ao seu encontro (2Tm 4:621).

c) Tito. A carta de Paulo a Tito trata de vários temas fundamentais para a igreja. Dentre elas destacamos:

a) A organização das igrejas (Tt 1:5). Muitas coisas estavam fora de lugar nas igrejas de Creta. Tito foi deixado lá para colocá-las em ordem. Essas coisas incluíam o ensino da sã doutrina, a aplicação da disciplina, o combate aos falsos mestres e a instrução da sã doutrina aos crentes.

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b) A liderança das igrejas (Tt 1:5-9). Paulo tinha uma solene preocupação com o governo da igreja. Uma igreja bíblica precisa ter líderes sãos na fé e na conduta. Paulo deixa claro que o objetivo supremo do governo da igreja é a preservação da verdade revelada.

c) O combate aos falsos mestres e às falsas doutrinas (Tt 1:10-16). A liderança da igreja precisa vigiar para que os lobos que estão do lado de fora não entrem; nem os lobos vestidos de peles de ovelha, disfarçados dentro da igreja, arrastem após si os discípulos (At 20:29-31).

d) O ensino da sã doutrina (Tt 2:1). A igreja não deveria ficar apenas na defensiva, combatendo os falsos mestres, mas deveria, sobretudo, engajar-se no ensino da sã doutrina.

e) A promoção da ética cristã (Tt 2:2-10). Paulo dá orientações claras para os líderes e para os liderados. As prescrições apostólicas contemplam os idosos, os recém-casados, os jovens e os servos. Não é suficiente ter doutrina sã, é preciso também ter vida santa. A doutrina sempre deve converter-se em vida. Quanto mais conhecemos a verdade, tanto mais deveríamos viver em santidade.

f) A prática das boas obras (Tt 2:11-14; 3:8,14). Não somos salvos pelas boas obras, mas demonstramos nossa salvação por meio delas. A salvação é pela fé somente, mas a fé salvadora nunca vem só; ela é acompanhada das boas obras. A fé é a causa; as boas obras são o resultado da salvação. As nossas boas obras não nos levam para o céu, mas nos acompanham para o céu (Ap 14:13).

g) A submissão às autoridades (Tt 3:1-11). A igreja de Deus é um lugar de ordem, e não de anarquia; de obediência, e não de insubmissão. Insurgir-se contra as autoridades instituídas por Deus é desafiar o próprio Deus que as instituiu. Assim, a fonte da autoridade não está nela mesma, mas em Deus. II. PROPÓSITO E MENSAGEM As Epístolas pastorais remetidas a Timóteo e Tito têm o propósito precípuo de orientar esses dois ministros a lidarem corretamente com as diferentes demandas da vida eclesiástica. Aqui, destacamos dois itens comuns importantes:

1. Orientar os líderes quanto à vida pessoal. Veja este texto remetido a Timóteo: “[...] Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem ” (1Tm 4:16). Perceba a ordem. Timóteo é primeiro aconselhado a cuidar de si mesmo e, então, da doutrina. Isso enfatiza a importância da vida pessoal para qualquer servo de Cristo. Se sua vida é torta, por mais ortodoxa que seja a doutrina, ela é inútil. Paulo escreveu que pela leitura, exortação e ensino Timóteo salvaria tanto a si mesmo como os seus ouvintes. A palavra salvar não se refere à salvação da alma. O capítulo 4 começa com a descrição dos falsos mestres que causavam dano ao povo de Deus. Paulo conta a Timóteo que, se ele aderir fielmente à apalavra de Deus e a uma vida de piedade, se salvará dos falsos ensinamentos e também poupará seus ouvintes.

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2. Combater as heresias. Uma heresia é uma negação da verdade ou uma distorção dela. Na época de Paulo, havia diversas heresias, que ameaçavam solapar as bases e as estruturas das igrejas locais, como parte do edifício maior da igreja do Senhor Jesus Cristo. O desafio de manter a unidade da igreja, com fundamento em Cristo e seus ensinos, emanados dos evangelhos, era enorme. As Epístolas eram o único meio de que se valiam os lideres ou supervisores da obra para transmitirem ensinamentos, advertências e doutrinas, mas elas demoravam meses para chegar até aos destinatários, devido a vários fatores, dentre eles a precariedade dos transportes. Enquanto isso, as heresias grassavam com muita penetração nas igrejas locais, causando enorme prejuízo espiritual ao povo de Deus, principalmente aos neoconversos e os crentes mais antigos, que dependiam da orientação de seus líderes, de presbíteros, que os reuniam para lhes transmitir o ensino cristão sadio. Segundo o pr. Elinaldo Renovato, dentre as heresias que Paulo tinha em mente, duas se destacavam por sua influência cultural e filosófica: (a) o judaísmo, que se manifestava de forma insidiosa, visando destruir os ensinos de Cristo, por meio da observância dos rituais estabelecidos na Lei de Moisés; (b) o gnosticismo, que se propõe a explicar todas as coisas por meio da gnosis(gr. conhecimento). Os seguidores desta filosofia herética praticavam “culto aos anjos”, a quem chamavam de “tronos”, “denominações”, “principados” e “potestades”. Além desse ensino estranho ao cristianismo, negavam a supremacia de Cristo, negando sua encarnação, pois consideravam o corpo humano mau; este, sendo matéria, contaminaria a Cristo, visto que a matéria é má e somente o espírito é bom. Por considerarem a matéria essencialmente má, negavam a criação, a encarnação e a ressurreição. Como se vê, era enorme a luta de Paulo e dos líderes designados por ele para manter os cristãos nos retos caminhos do Senhor, seguindo a sã doutrina. Contudo, o ministro do evangelho deve pregar a verdade e também combater a mentira. Deve anunciar a sã doutrina e também reprovar as falsas doutrinas. Deve eleger verdadeiros obreiros para cuidarem da igreja de Cristo, e também combater os falsos mestres. III. UMA MENSAGEM PARA A IGREJA LOCAL E A LIDERANÇA DA ATUALIDADE Como falamos no item 2 acima, duas heresias se destacavam e atormentavam a igreja do primeiro século: o judaísmo e o gnosticismo. Mas, na atualidade, duas heresias têm grassado nas igrejas locais em todo o mundo, mormente aqui no Brasil: a falaciosa “teoria da prosperidade” e a apostasia fatal. As igrejas precisam mais do que nunca serem alertadas sobre essas pragas que assolam o orbe cristão.

1. O “evangelho” da prosperidade. O “evangelho” da prosperidade é um falso evangelho. Paulo disse: “Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema” (Gl 1:9). A teoria da prosperidade é uma das inovações mais influentes nos últimos tempos. Ela tem invadido as igrejas com a devida anuência dos seus líderes. Segundo os pregadores dessa falsa doutrina, todo crente tem que ser rico, não morar em casa alugada, ganhar bem, além de ter saúde plena, sem nunca adoecer. Caso não seja assim, é porque está em pecado ou não tem fé. Paulo contradiz isso em 1Tm 6:9,10 – “Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em

laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e

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ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. Dizem mais os defensores dessa falsa doutrina: cada crente é um deus, cada crente é uma encarnação de Deus como Jesus Cristo o foi; assim sendo, dizem eles, cada crente tem autoridade suprema para decretar, determinar, exigir e reivindicar as promessas e bênçãos de Deus. À luz da Bíblia, tal comportamento equivale a orgulho, presunção e soberba. Isso é doutrina de demônios. Paulo deixou Timóteo em Éfeso para “[advertir] alguns que não ensinem outra doutrina” (1Tm 1:3). Sem dúvida, essa advertência é prá hoje!

2. Apostasia dos últimos dias. O Espírito Santo revelou ao apóstolo Paulo “que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios” (1Tm 4:1). Também, em Tito, o apóstolo Paulo faz advertência semelhante sobre falsos lideres, contra dizentes e de torpe ganância (Tt 1:9-13). A apostasia é o principal resultado que as falsas doutrinas promovem. A apostasia corresponde a um período em que a pessoa peca cada vez mais e obedece cada vez menos. É o abandono deliberado e consciente da verdade e da fé cristã. Por influência dos falsos mestres, muitas pessoas que outrora professaram a fé cristã abandonaram ou abandonam essa confissão. Pessoas que fizeram parte da igreja visível e assumiram um compromisso público deixarão as fileiras da fé cristã. Os falsos mestres que promovem a apostasia engrossam as fileiras das seitas, e muitos estão infiltrados nas igrejas, lecionando nas cátedras dos seminários e subindo aos púlpitos para destilar seu veneno letal. Concordo com o rev. Hernandes Dias Lopes quando diz que “a igreja evangélica brasileira tem crescido espantosamente. Tem crescido em extensão, mas não em profundidade. Tem número, mas não credibilidade. Tem desempenho, mas não piedade. Cresce vertiginosamente o número de igrejas que abandonaram a sã doutrina e abraçaram o pragmatismo com o propósito de crescer numericamente. Muitas igrejas parecem mais um supermercado que disponibilizam seus produtos ao gosto da freguesia. Pregam o que o povo quer ouvir, e não o que precisa ouvir. Falam para entreter, e não para levar ao arrependimento. Pregam palavras de homens, e não a Palavra de Deus. A igreja brasileira precisa desesperadamente voltar às Escrituras. Precisamos de púlpitos comprometidos com o evangelho. Precisamos de igrejas bíblicas. Precisamos de pregadores que alimentem o povo de Deus com o Pão do Céu”. A liderança da igreja precisa ser firme na sã doutrina, zelosa na disciplina. Deve se posicionar em relação aos falsos mestres e seus ensinos perigosos. Precisa advertir o povo de Deus do perigo das falsas doutrinas e da apostasia. Hoje há muitos pastores que não gostam de combater as heresias. Outros não têm apreço pelo estudo das doutrinas da graça. Alguns dizem que a doutrina divide e que só deveríamos falar sobre aquilo que nos une. Mas o pastor precisa alertar a igreja sobre o perigo das heresias e sobre a influência perigosa dos falsos mestres. Expondo e alertando os irmãos sobre esses perigos é que ele se torna um bom ministro de Cristo. IV. MENSAGEM PARA A LIDERANÇA

1. Administração eclesiástica. Em 1Timóteo 3:1-12 e em Tito 1:5-9, o apóstolo Paulo a presenta um conjunto de características que um pretendente ao ministério eclesiástico ou à liderança de uma igreja deve ter. Essas características têm mais a ver com a vida da pessoa do

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que com o seu desempenho. A vida precede o ministério e é a sua base. A vida do líder é a vida da sua liderança. Se algum homem deseja ser “bispo” (gr. episkopos, i.e., aquele que tem sobre si a responsabilidade pastoral, o pastor), deseja um encargo nobre e importante (1Tm 3:1). É necessário, porém, que essa aspiração seja confirmada pela Palavra de Deus (1Tm 3:1-10; 4:12) e pela igreja (1Tm 3:10), porque Deus estabeleceu para a igreja certos requisitos específicos. Por isto, aquele que deseja trabalhar na obra de Deus, deve ser aprovado pela igreja segundo os padrões bíblicos de 1Tm 3:1-13; 4:12; Tt 1:5-9. Isso significa que a igreja não deve aceitar pessoa alguma para a obra ministerial tendo por base apenas seu desejo, sua escolaridade, sua espiritualidade, ou porque essa pessoa acha que tem visão ou chamada ou ainda, por conveniência. Infelizmente, em muitas igrejas, nem sempre estas recomendações são obedecidas. Por causa dessa inobservância, a igreja tem sofrido grandes reveses em sua administração eclesiástica e estrutura espiritual. O rev. Hernandes Dias Lopes, quando analisa 1Tm 3:2-7, diz que das quinze qualificações exigidas para um homem ocupar o presbiterato da igreja, apenas uma se refere à habilidade de ensino. A maioria são qualificações morais e apenas uma está relacionada à habilidade intelectual. Na verdade, os requisitos para ocupar uma posição de liderança na igreja exigem excelência moral mais que intelectual. A qualificações estão relacionadas com a personalidade, o caráter e o temperamento da pessoa.

2. Ética ministerial. A ética é o conjunto de padrões, de condutas, de atitudes que devem ser observados pelos indivíduos. Toda atividade humana tem um padrão a ser observado, tem a sua ética. Isso se aplica ardentemente na liderança ministerial. Na Segunda Epístola de Timóteo 2:15, Paulo exorta o ministro a respeito de como deve se apresentar a Deus – “Procura apresentar-te

a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”. Aqueles que são vocacionados por Deus para liderar o Seu rebanho em alguma igreja local, deve ser um líder autêntico, aprovado por Deus, cônscio de sua responsabilidade, irrepreensível (1Tm 3:2), que tenha um bom testemunho dos de fora (1Tm 3:7). Como bem disse o pr. Elinaldo Renovato, “a verdadeira liderança se estabelece pelo exemplo, pelo testemunho, muito mais do que pela eloquência, pela oratória ou pela retórica. Não são os diplomas de um pastor que o qualificam como líder cristão, mas seu exemplo, sua ética, diante de Deus e da igreja local”. Como tem sido o nosso comportamento no meio das pessoas? Será que nossa conduta revela que somos sal da terra e luz do mundo, ou já estamos irremediavelmente comprometidos com os princípios, valores, crenças e comportamentos mundanos? Será que nossa conduta tem servido para a glória de Deus, ou temos sido motivo de escândalo na igreja ou entre os não crentes? Será que poderemos dizer que nossa conduta é a esperada por Deus? Que Deus nos abençoe e nos faça melhorar os nossos caminhos, para que, a cada dia, possamos nos santificar ainda mais (Ap 22:11), pois Jesus está às portas e, no arrebatamento, somente levará para Si aqueles que forem achados fiéis (Mt 24:45-47).

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CONCLUSÃO “As Epístolas pastorais – escritas por Paulo e enviadas às igrejas de Éfeso e de Creta por mãos de Timóteo e de Tito, respectivamente – são verdadeiros manuais de Administração Eclesiástica. Elas contêm doutrina, ensino, exortações, quanto a assuntos práticos, mas, também, diretrizes gerais sobre liderança, designação de obreiros, suas qualificações, as responsabilidades espirituais e morais do ministério, o relacionamento com Deus, com os líderes e as relações interpessoais. São riquíssimas fontes de ensino preciso para edificação das igrejas locais, no tempo presente” --------

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FRIDA VINGREN: UMA LIDERANÇA FEMININA PIONEIRA Além Gunnar Vingren e de Daniel Berg, muitos outros personagens construíram as bases das Assembléias de Deus no Brasil. Adriano Nobre, José Rodrigues, José Calazans, Nils Nelsons, Nils Kastberg, Samuel Nystrom entre outros foram grandes ícones deste período de implantação das Assembléias de Deus. Mas não podemos nos esquecer de Frida Strandberg[1]. A liderança desta mulher nos chama muita atenção, pois sua atuação foi de suma importância para a consolidação da Assembléia de Deus no Brasil. Frida nasceu em junho de 1891, no norte da Suécia, era de uma família de crentes luteranos (a Igreja Estatal Oficial na Suécia). Formou-se em Enfermagem chegando a ser chefe da enfermaria do hospital onde trabalhava. Tornou-se membro da Igreja Filadélfia de Estocolmo, onde foi batizada nas águas pelo pastor Lewi Pethrus, em 24 de janeiro de 1917. Neste mesmo ano recebeu o batismo com o Espírito Santo e o dom de profecia e se sentiu vocacionada para a obra missionária sendo enviada pelo pastor Pethrus para o campo missionário brasileiro e, chegando a Belém/ Pará, se casou Gunnar Vingren em 16 de outubro de 1917. Contraiu malária em março de 1920 e quase morreu. Recuperada viu seu marido pegar a mesma enfermidade várias vezes. Depois de muitos anos no Pará, a família Vingren migra para o Rio de Janeiro, seguindo o mesmo processo da migração nordestina.Frida Vingren (nome de casada) desenvolveu grandes atividades evangelísticas, abriu frentes de trabalho em muitos lugares do Rio de Janeiro. As atividades de assistência social, círculos de oração e grupos de visitas ficaram sob sua responsabilidade. Também exercia a função de docência nas classes de Escola Dominical e ministrava Estudos Bíblicos. Era responsável – no início da obra no Rio de Janeiro – pela leitura devocional nas aberturas dos cultos, pela execução musical dos hinos – ela era organista e tocava violão – e, quando Gunnar Vingren se ausentava da Igreja em visita ao campo missionário, Frida substituía-o pregando e dirigindo os cultos e trabalhos oficiais. Frida exerceu a direção oficial dos cultos realizados aos domingos na Casa de Detenção no Rio de Janeiro e era excelente pregadora, exercendo sob seus ouvintes grande carisma. Pregava e dirigia os cultos nos pontos de pregação da AD no Rio de Janeiro, em praças públicas e áreas abertas. Os cultos ao ar-livre promovidos no Largo da Lapa, na Praça da Bandeira, na Praça Onze e na Estação Central eram dirigidos por Frida, tendo Paulo Leivas Macalão como seu auxiliar direto[2]. Articulou-se como escritora de diversas matérias nos jornais oficiais[3] da AD, como os jornais Boa Semente, O Som Alegre e Mensageiro da Paz (este último agregou os dois primeiros). Ela escrevia mensagens evangelísticas e traduzia vários outros textos e hinos da língua escandinava. Foi também comentarista das Lições Bíblicas de Escola Dominical (hoje revista oficial da CGADB para a Escola Dominical) na década de 1930. Além de excelente escritora, Frida sempre se dedicou à música. Cantava, tocava órgão, violão e compunha hinos de grande valor espiritual. Vinte e três hinos da Harpa Cristã são de sua autoria e alguns destes têm forte essência escatológica. Frida, ao que parece, não foi simplesmente uma colaboradora no processo de implantação da AD. Ela foi, juntamente com seu marido, a principal líder da Igreja entre 1920 e 1932. Alencar alega que“... Como Berg é inexpressivo na liderança e Vingren, doente, ficou pouco tempo efetivamente na liderança, fica

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a dúvida sobre quem de fato dirigia e dava “as cartas” nesta igreja em seus primeiros anos: Frida Vingren?”.[4] O modelo de liderança de Frida Vingren, segundo relata Alencar, incomodou muito a liderança masculina da AD. Frida é o modelo de uma líder completa, numa época em que”as mulheres ainda não participavam da vida política do país nem mesmo como eleitoras, mas a AD permite que elas, excepcionalmente, sejam pastoras e ensinadoras. [O que incomoda então é a] influência de Frida Vingren? Com certeza. Ela prega, canta, toca, escreve poesia, textos escatológicos, visita hospitais, presídios, realiza cultos e – nada comum – dirige a igreja na ausência do marido (e… na presença também) [...] na foto dos missionários… que participaram da Convenção de Natal [Rio Grande do Norte, 1930] ela é a única mulher que aparece. Onde estão as esposas dos outros [missionários e pastores]? … Frida chega a escrever um texto no Mensageiro da Paz… disciplinando a conduta dos obreiros”.[5] Frida é vista como uma mulher extraordinária. Ivar Vingren argumenta que”a esposa do irmão Vingren, foi também uma missionária fiel, perseverante e zelosa, que além do cuidado pela família, soube participar e ajudar no trabalho do seu esposo. Grande é a multidão de almas que ela ganhou para Jesus durante estes anos de luta junto com o seu esposo”. [6] Frida, numa das cartas selecionadas na obra autobiográfica dos Vingren, expressa o seu esgotamento físico e seus sentimentos acerca de seu trabalho pioneiro no Brasil[7]. Ela enumera as dificuldades na categoria “tribulação”, sofrimento” e “agonia”. Mas tem muita esperança, quando contempla os sinais de Deus operando na Igreja e nas congregações. Ela declara que tem pagado o preço do trabalho, mas sabe que nada é em vão perante o Senhor.A missionária – dirigente dos trabalhos oficiais na AD do Rio de Janeiro (até então Missão Sueca) nesta mesma carta demonstra um sinal de frustração por ter de entregar a direção do Jornal “Mensageiro da Paz” aos líderes nacionais: “O Senhor sabe de tudo, eu não quero defenderme, pois não sou sem falta, mas aquele dia tudo se revelará [...] Agora, depois que entregamos a direção do jornal “Mensageiro da Paz”, eu pensei então que o nosso tempo aqui no Brasil talvez esteja terminado ou o Senhor talvez tenha alguma outra missão para nós cumprirmos [...] Para mim é como arrancar o coração do meu peito, quando penso em deixar o Brasil para talvez nunca mais volta”![8]. É difícil aceitar que Frida seja “sem falta”. Ela faz tudo e assume toda a responsabilidade da Igreja em São Cristóvão/ RJ além de cuidar das congregações ligadas a esta Igreja, dirigir o jornal e articular outros trabalhos acima citados. Ela tem um esgotamento físico que chega a atingir o sistema nervoso e alega sofrer do coração. Sinais claros de cansaço de uma pessoa que se dedica integralmente à obra da Igreja. É complicado vê-la somente como colaboradora ou à sombra de Vingren. Frida desabafa quando diz que “Gunnar tem estado enfermo a tanto tempo, que faz muito [tempo] que ele nem tem podido participar do trabalho”.[9] Por causa da enfermidade de Gunnar Vingren, este não teve o tempo e a energia suficiente para poder assumir o trabalho. Quem assume o trabalho integralmente é Frida, apesar de Samuel Nystrom – teórica e documentalmente – ser o segundo dirigente da Igreja na ausência de Gunnar Vingren. É fato que Frida é uma mulher humilde que compreende seu papel de liderança e, sem soberba, relata como Deus, em uma revelação dada a uma irmã, a via quando ela auxiliava seu marido: ”Quando nós [Gunnar e Frida] saímos do Pará e viemos ao Rio de Janeiro, uma irmã no Pará teve uma visão. Ela viu como Gunnar estava ajuntando frutas maduras num grande pomar e ela me viu também num canto do pomar, trabalhando com uma bomba de água, que estava regando todas as árvores”[10]. Esta visão está muito próxima à lógica do ministério apostólico compreendido por Paulo. “Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento” (1 Co. 3.6). Gunnar seria Paulo? Frida, Apolo? A compreensão hermenêutica pentecostal pode nos abrir para essa possibilidade interpretativa. Mas, Frida nunca esteve “num canto do pomar”.

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O fato é que Frida Vingren, com o agravamento da enfermidade de seu marido, foi preterida pela liderança nacional. Em 1932, por causa do estado de saúde de Gunnar, toda a família Vingren é obrigada a voltar à Suécia para cuidar da saúde de Gunnar. Neste mesmo ano, antes de viajar para a Suécia, o casal Vingren sofre com a morte de sua filha caçula. Frida perde o que lhe é mais precioso no período de dois anos (1932-1933). Perde sua filhinha, é forçada pelas circunstâncias explícitas (doença do marido) e implícitas (a oposição da liderança nacionalista e masculina) a deixar o trabalho eclesiástico por ela exercido e suportar a perda – por falecimento – de seu marido. Sete anos depois do falecimento de Gunnar, Frida também entra pelas portas das mansões celestiais e as obras de suas mãos a acompanharam e naquele dia tudo se revelará. “Então ouvi uma voz dos céus dizendo escreva: Felizes os mortos que morreram no Senhor… Diz o Espírito: Sim, eles descansarão das suas fadigas, pois as suas obras os seguirão” (Ap. 14.13). Frida Vingren é o típico modelo de mulher pentecostal que exerceu o seu ministério pastoral na periferia do poder clerical. Dentro das AD se constituíram as sociedades eclesiais femininas como grupos de visitação, de oração, de louvor, assistência social; Frida é a origem. As mulheres exercem espaço na liturgia, na pregação, no culto, na educação bíblica, na assistência social e no serviço religioso, mas dificilmente o ministério pastoral.Frida (representando aqui o ministério feminino) é um protótipo de liderança silenciada e, infelizmente, marginalizada nas AD. Rosemary Ruether diz que “O ministério feminino baseado em dons carismáticos renasce continuamente na prática e também é continuamente marginalizado do poder nas instituições históricas das igrejas”.[11] As mulheres pentecostais têm um papel fundamental na organização e manutenção das estruturas laicas das igrejas pentecostais, como podermos ver na biografia de Frida Vingren. Contudo, elas são marginalizadas, inferiorizadas e preteridas dentro das estruturas significantes de poder. Estão à margem e dificilmente, dentro do modelo patriarcalista das igrejas pentecostais clássicas, chegarão ao centro do poder. A liderança nacional desde a 1ª. Convenção Geral das Assembléias de Deus do Brasil (caso Frida Vingren, por exemplo) tem feito de tudo para tirar de foco a discussão sobre o ministério feminino na Igreja. O Ministério de Madureira tem consagrado mulheres para o exercício do diaconato e para o ministério missionário.

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MOISÉS – SUA LIDERANÇA E SEUS AUXILIARES Texto Básico: Êxodo 18:13-22

“Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo [...]” (Êx 18:19) INTRODUÇÃO Nesta Aula trataremos acerca do estilo de liderança de Moisés. Até hoje, ele é o grande exemplo seguido pelo povo de Israel. Ele foi um líder que demonstrou humildade em ouvir sábios conselhos e colocá-los em prática para o bem do povo de Deus. Sobre os ombros de Moisés recaía a tarefa de organizar uma multidão de mais ou menos dois milhões de pessoas e julgar o povo mesmo nas coisas insignificantes que surgiam entre eles a cada momento. Ele procurava fazer tudo em vez de repartir trabalhos e responsabilidades entre diversas pessoas. Quando seu sogro Jetro o visitou, trazendo-lhe sua esposa e filhos, Moisés recebeu seu conselho. Organizou o povo em grupos e colocou chefes sobre estes, de acordo com os dons deles, para resolver as dificuldades. Assim, Moisés deixou de apenas ministrar e passou a liderar. Desta feita, o governo de Israel cresceu representativamente. Creio que é assim que Deus quer. I. O TRABALHO DO SENHOR E OS SEUS OBREIROS

1. Despenseiro e não dono (Êx 18:13-27). No sentido bíblico, despenseiro é aquele que administra bens alheios. Então, todo líder do povo de Deus não pode ter dúvida de que ele é apenas um despenseiro dos recursos, dos dons e das pessoas que estão sob a sua responsabilidade. Ele é apenas um líder servo. Moises, como líder, era um despenseiro do Senhor e não dono dos israelitas. Alguns líderes, com o passar do tempo, acabam achando, erroneamente, que são os donos das ovelhas e da Obra do Senhor. Ledo engano! A Bíblia cita um exemplo clássico: Diótrefes (3João 9,10). Este mau obreiro via a congregação que dirigia como propriedade sua. Seu nome significa " filho adotivo de Zeus", o que sugere que ele seja de descendência grega. Era um líder soberbo em vez de ser um líder servo. Ele queria ser o maior, em vez de ser servo de todos. Ele buscava a honra de seu próprio nome, em vez de buscar a glória de Cristo. Ele era um líder na igreja local e, de modo egoísta, tirava vantagem de sua posição de liderança. Ele gostava de ser o primeiro. Em vez de servir à igreja, ele se recusava a reconhecer a autoridade superior. Ele próprio desejava governar a igreja. Ele agia de maneira contrária à instrução de Jesus: "Quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo " (Mt 20.26,27). Diótrefes era um homem amante da preeminência (3João v. 9). Veja o que o apóstolo João disse sobre ele: "Escrevi alguma coisa à igreja; mas Diótrefes, que gosta de exercer a primazia entre eles, não nos dá acolhida". A expressão "gosta de exercer a primazia" significa

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querer ser o primeiro, querer ser o líder-proprietário, orgulhar-se de ser o primeiro. Diótrefes era um homem megalomaníaco. Ele gostava dos holofotes. Ele buscava ficar sob as luzes da ribalta. Diótrefes ele era um narcisista. A expressão "gosta de exercer a primazia" significa ambição, o desejo de preeminência em todas as coisas. Ele se amava mais do que aos outros. Seu eu, e não Cristo, estava no trono da sua vida. Seu eu vinha sempre na frente dos outros. Ele buscava os seus interesses e não os de Cristo. Ele buscava não o interesse dos irmãos, mas o seu próprio. Ele construía monumentos a si mesmo, em vez de buscar a glória de Cristo. A atitude de Diótrefesera oposta à de João Batista: "Convém que ele [Cristo] cresça e que eu diminua" (João 3:30). Por ser amante dos holofotes, e gostar de ser o primeiro em tudo, ele via o apóstolo João como uma ameaça à sua posição. A rejeição possivelmente não era doutrinária, mas pessoal. Seu problema não era heresia, mas egoísmo. Os líderes do povo de Deus devem se lembrar de que foram dados por Deus à igreja e que, portanto, não cuidam senão de rebanho alheio, não podendo demonstrar domínio sobre algo que não lhes pertence (1Pedro 5:1-3).

2. Falta de percepção do líder (Êx 18:14-17). O excesso de atividades que Moisés detinha no dia-a-dia vedou-lhe o sentido perceptivo das coisas e das decisões a serem tomadas para que a sua liderança fruísse os resultados profícuos como deveria ser. Às vezes é necessária a reação de pessoas mais experientes em questões de liderança, que tem uma intuição mais aguçada de nossa administração. Deus, muitas vezes, assim age, porque Ele visa o bem-estar de sua Obra. Foi o que aconteceu com Moisés. Jetro, seu sogro, que era um líder intuitivo, percebeu logo que alguma coisa estava errada na maneira de Moisés conduzir o povo e atender às suas demandas; ele percebeu que Moisés estava centralizando o poder, monopolizando. Essa maneira de administrar de Moisés estava consumindo o tempo das pessoas e dele próprio, além de provocar nele mesmo cansaço intenso que o impediria de tomar decisões corretas. Um líder intuitivo pode, rapidamente, avaliar uma situação. Jetro assistiu a Moisés em ação durante um dia e imediatamente reagiu. Jetro não precisou contratar um consultor, formar uma comissão ou realizar profunda pesquisa. Instantaneamente, identificou um problema de liderança. Nem todos os líderes são capazes de vislumbrar uma solução tão rapidamente quanto Jetro, mas, quando confiam na sua intuição, percebem, imediatamente, que a situação requer sua atenção. Um líder intuitivo vê o que está acontecendo no presente e compreende onde uma organização está situada. Jetro pôde ver Moisés se metendo em problemas. Ele falou ao seu genro: “ Sem

dúvida, desfalecerás, tanto tu como este povo que está contigo; pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer” (Êx 18:18). Talvez Moisés resolvia conflitos com eficiência; talvez não. Mas, mesmo se fosse capaz de dar conta de tudo, não podia suportar tudo. Com o crescimento da população, a sua situação ficaria pior. Jetro sabia que Moisés enfrentaria desastre caso não mudasse.

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Todo trabalho de liderança é propenso a inúmeros problemas: de ordem social e espiritual. Talvez você não esteja percebendo isso, mas eles existem e não devem ser ignorados. Oremos para que Deus levante líderes intuitivos como Jetro que sabem desembaraçar a sua visão.

3. O líder necessita de ajudantes (Êx 18:18). Nenhum líder pode florescer sem contar com colegas de equipe, fato esse que a vida de Moisés ilustra. Quando Josué e suas tropas lutaram contra os amalequitas, Moisés segurou o cajado de Deus em suas mãos, assistidos por Arão e Ur, membros do seu círculo íntimo. Portanto, nenhum líder jamais devia tomar o caminho ou o crédito sozinho. Caso Moisés não segue o conselho de Jetro, acabaria desfalecendo por causa de seu excesso de atividades, além de não ter tempo para interceder pelo povo de Deus. Na verdade, esta era a função que Deus pretendia para Moisés, mas até aquele momento, o legislador estava sobrecarregado atendendo às demandas do povo, sem ajuda de auxiliares idôneos. Por conseguir o conselho de Jetro Moisés pôde exercer melhor seu ministério e partilhar sua autoridade com homens dignos de confiança e que honrariam o nome do Senhor. Moisés deixou de ministrar apenas e passou a liderar. Essa foi a lição que Moisés aprendeu: não se pode fazer tudo sozinho. É necessário delegar autoridade a outras pessoas de confiança e que possuam caráter irrepressível. Além do mais, é imprescindível que o líder reserve tempo para estar com sua família. Também, precisamos entender que nenhuma pessoa é insubstituível na Obra de Deus; mais cedo ou mais tarde, cada um de nós será substituído; nós passamos, mas a obra de Deus continua. Pense nisso! II. OS AUXILIARES DE MOISÉS NO MINISTÉRIO Moisés é um exemplo a ser seguido no tocante à descentralização. Antes mesmo de receber e aplicar o conselho de Jetro, Moisés já determinara a Josué que comandasse o exército na guerra contra Amaleque. Depois da visita do sogro, criou os maiorais de dez, cinquenta, cem e mil, para ajudá-lo nos julgamentos dos litígios no meio do povo e, por fim, pediu a Deus auxiliares na própria tarefa de direção do povo, quando lhe foram dados setenta anciãos. Moisés mostra-nos que o líder não deve ser o faz-tudo, mas deve ter juntamente com ele pessoas capazes, tementes a Deus e que aborreçam a avareza para ajudá-lo no ensino e na jornada do povo rumo à Terra Prometida.

1. Deus levanta auxiliares (Êx 18:21). “E tu, dentre todo o povo, procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez ”. Deus sempre foi a favor que os líderes do seu povo tivessem auxiliares para maior eficiência e resultados na Sua obra. O conselho que Jetro deu a Moises, sobre delegação de autoridade a homens de Deus, continua válido hoje. O texto supra, menciona várias qualificações de líderes do povo de Deus, os quais devem ser: (a) pessoas capazes, (b) pessoas que temem a Deus, (c) pessoas instruídas na verdade e totalmente dedicadas à sua causa, (d) pessoas que abominam o ganho desonesto e que, por isso, estão livres da cobiça e do amor ao dinheiro.

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Moisés tanto aprendeu a lição da descentralização e da necessidade de ajuda que, mais tarde, pediu a Deus que houvesse ainda mais uma repartição de suas funções, desejo este tão de acordo com a vontade do Senhor que foi atendido, tendo, então, o Senhor dado do Espírito a setenta anciãos, que com ele compartilhassem a direção espiritual do povo (Nm 11:11-30). Na Igreja, o líder necessita de auxiliares, cooperadores, colaboradores. Quando a Igreja em Jerusalém precisou de pessoas para ajudar os apóstolos em afazeres especificamente voltados à questão social, atendendo às viúvas no tocante a ajudas oferecidas pelo grupo, a recomendação dos apóstolos foi: “escolhei irmãos, dentre vós, sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6:3). Veja que não podia ser qualquer pessoa; tinha que ter qualidades específicas: “boa reputação”, “cheios do Espirito Santo”, cheios de “sabedoria” e de caráter ilibado. O apóstolo Paulo, sem os seus cooperadores e auxiliares, não teria avançado em seu ministério (cf. Rm 16:3,21; 2Co 8:23).

2. Os auxiliares de Moisés (Êx 18:25). “E escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: maiorais de mil e maiorais de cem, maiorais de cinquenta e maiorais de dez”. Todo o bom líder trabalha bem ao lado de outros líderes. Faz parte da liderança saber delegar funções, atribuir tarefas e missões a quem o Senhor preparou para exercê-las. É capaz de aceitar a posição de líder intermediário, seguindo os outros com lealdade e respeito. E ele pode nomear líderes auxiliares, confiando-lhes o controle de determinadas tarefas. A ênfase disso recai sobre a humildade, a confiança nas outras pessoas e o respeito pelas outras pessoas. Portanto, os dons e as chamadas de todos devem ser respeitados. Somos instruídos assim: “ Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” (Ef 5:21). Paulo deixou o exemplo para os líderes cristãos, nas suas frequentes expressões de apreciação pelos seus cooperadores e pelos que o ajudavam. Entre as muitas referências a esse aspecto, temos Filipenses 4:1-3; Colossenses 4:7-14 e 1Tessalonicenses 1:2-4. Dentre os vários líderes auxiliares de Moisés, a Bíblia registra: a) Miriã, irmã de Moisés - Era profetiza e cantora (Êx 15:20,21); b) Arão, irmão de Moisés – Era seu porta-voz e foi escolhido por Deus para ser sacerdote em Israel (Êx 4:14-16; 7:1,2); c) Os anciãos - Eram líderes e representantes do povo (Dt 1:13-15; Êx 3:16,18). Foram pessoas que muito auxiliaram Moisés em sua liderança na condução do povo à Terra Prometida; d) Josué, que foi o seu sucessor - Ele é mencionado pela primeira vez em Êx 17:9, quando da sua designação para comandar a batalha contra os amalequitas. Portanto, era um combatente, um homem de armas, e foi usado por Deus para abrir o caminho das conquistas ordenadas por Deus. Além disso, era um líder temente a Deus e bastante obediente à liderança de Moisés. É, realmente, lamentável o que se tem observado em muitas igrejas locais na atualidade. A arrogância e a ganância pelo poder fazem com que muitos líderes não escolham pessoas capazes e tementes a Deus para estarem a seu lado, mas escolhem “capachos”, que não têm qualquer capacidade e só servem para bajular e dizer “amém”. O resultado é o esgotamento físico e mental da liderança, liderança esta que não subsiste, bem como a falta de paz no meio do povo de Deus. Livremo-nos destas pretensões enganosas, destes temores totalmente sem respaldo bíblico e

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aproveitemos aqueles que o Senhor tem levantado no meio da igreja para ajudar o povo de Deus a chegar ao céu. III. QUALIDADES DE MOISÉS COMO LÍDER Quando Israel saiu do Egito, Moisés, embora tivesse sua liderança confirmada pelos fatos, não deixou de reconhecer que o senhorio era de Deus. Saindo do Egito, não tomou o caminho que lhe pareceria mais fácil, mas seguiu a direção de Deus. Moisés estava à frente do povo, mas a orientação, a direção era de Deus (Ex.13:17). Que exemplo a ser seguido!

1. Mansidão e humildade (Nm 12:3) – “E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a terra”. a) Moisés, um líder manso. Moisés, durante os quarenta anos do “curso do deserto”, aprendeu a ser manso, um requisito indispensável para quem lidera o povo de Deus, mormente quando sabemos que o Senhor Jesus mandou que aprendêssemos dEle a mansidão (Mt.11:29). A mansidão de Moisés é um resultado de sua intimidade intensa com o Senhor. Moisés, antes tão agressivo e violento, sempre se portou com mansidão, mesmo nas horas mais difíceis em que se teve de enfrentar o povo rebelado. Moisés clamava a Deus, não se envolvendo nas atividades revoltosas, mantendo uma certa distância de tudo aquilo que não correspondia à vontade divina, sem deixar de advertir o povo a respeito dos seus erros. Foi assim, por exemplo, no episódio da guerra empreendida pelos israelitas depois da morte dos espias. Moisés, sem deixar de avisar o povo de que a guerra seria em vão, não impediu o povo de ir guerrear, embora não o tenha acompanhado. Após a derrota militar, sua postura foi decisiva para que o povo se recompusesse e se submetesse aos 38 anos de jornada em círculo até a morte daquela geração incrédula (Nm 14). Mesmo nos momentos mais difíceis de seu ministério, Moisés nunca quis se sobrepor sobre o povo, demonstrando autoridade consoante a ordem de Deus que, mais de uma vez, interveio diretamente para mostrar que Moisés era o homem chamado por Ele para liderar o povo, como no episódio da sedição de Miriã e Arão (Nm 12:1-10). Quando precisou usar de sua autoridade, fê-lo debaixo da chamada e do senhorio divinos na sua vida, como no episódio da rebelião de Datã, Abirão e Coré (Nm 16). b) Moisés, um líder humilde. Quando Moises foi chamado por Deus (Ex 3:10), no Monte Horebe, para libertar o pode Israel do Egito, reconheceu diante do Senhor a sua nulidade: “ Quem sou eu que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? “ (Ex 3:11). Moisés dá um passo importante para se tornar líder: elimina o seu “eu”. Isso é humildade. Ah! Se muitos líderes no meio do povo de Deus tomassem esta decisão de anular o seu “ eu” e compreender que sem Jesus nada pode ser feito! (João 15:5). Se dissessem “quem sou eu”, teriam boa parte dos problemas que hoje enfrentam resolvidos. Foi por ter achado que era ninguém que Moisés, antes de criar um obstáculo, credenciou-se para ser o libertador do povo de Israel. Moisés também demonstrou humildade quando aceitou receber um conselho da parte de seu sogro, que não era nem mesmo israelita. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para resolver as

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“pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro(Ex 18:24), demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a críticas. Esta é uma qualidade imprescindível para quem exerce liderança no meio do povo de Deus: o de ouvir conselhos. Muitos, na atualidade, são arrogantes e soberbos, que não aceitam os conselhos de pessoas mais experientes e que muito podem ajudar na eficácia da liderança. Se é certo que o líder deve seguir a orientação divina, também é certo que Deus, como escolheu um povo, põe à disposição das líderes pessoas que têm capacidades e habilidades para dar bons conselhos e auxiliar no sucesso e êxito da obra do Senhor. Salomão, o homem mais sábio de toda a terra, não abriu mão dos conselheiros e, inspirado pelo Espírito de Deus, disse o seguinte: “ Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão ” (Pv.15:22). Na atualidade, muitos líderes não querem ouvir conselhos, nem aceitam que surjam conselheiros e, muito menos, auxiliares. Querem ter súditos, pessoas que somente saibam dizer “amém”, mas que não têm qualquer poder decisório. O resultado é a ineficiência, o esgotamento do líder e um acúmulo cada vez maior de problemas sem solução, causando um prejuízo muito grande à obra de Deus. Como ensinou Jetro, a descentralização, o aproveitamento de homens e mulheres que o Senhor põe à disposição do seu povo é fundamental para que o líder subsista e o povo de Deus venha em paz ao seu lugar (Ex.18:23), que é o céu.

2. Moisés, um líder de profunda intimidade com Deus. Um líder do povo de Deus precisa ter contínua e cada vez maior intimidade com Deus. Não é possível liderar com triunfo sem que se tenha tal intimidade, pois para se ter a direção de Deus é absolutamente necessário que haja um perfeito entrosamento entre a nossa vontade e a vontade do Senhor. A partir do episódio da sarça, vemos Moisés, cada vez mais, aprofundando a sua intimidade com o Senhor, tanto que o próprio Senhor testifica que Moisés foi o profeta que mais intimidade teve consigo, um profeta com quem Deus falava “boca a boca” (Nm 12:8), conhecido de Deus “face a face” (Dt 34:10). Uma outra demonstração da intimidade de Moisés com Deus está no episódio em que o rosto de Moisés resplandeceu a glória divina (Êx 34:29-35), onde vemos que a intimidade com Deus faz com que cada vez mais o líder não apareça, mas faça Deus aparecer para os seus liderados. Quanto mais o líder se aproxima de Deus, mais o Senhor aparece. As palavras e atitudes do verdadeiro líder devem sempre repetir a fala de João Batista: “é necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30).

3. Fiel (Nm 12:7; Hb 3:2,5). Moisés foi um líder fiel a Deus, ao seu povo, à sua família. Esta é uma virtude essencial que deve ser encontrada no despenseiro (1Co 4:2). Os olhos do Senhor estão à procura dos que são fiéis (Sl 101:6). O ser humano valoriza a astúcia, a sabedoria, a riqueza e o sucesso; mas Deus procura aqueles que estão dispostos a ser fiel a Ele em todas as coisas. Nenhuma amizade, ou política, ou dinheiro, ou circunstância deve nos demover de um ministério fiel centralizado em Cristo. Infidelidade, deslealdade, traição, é um sentimento que não pode existir na vida de um homem de Deus, de um homem de fé. Quem possui a verdadeira fé, é fiel, é leal, é sincero, é verdadeiro.

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Que glorioso tributo a Epafras e a Tíquico de que Paulo chamá-los de "ministro fiel”: “Como

aprendestes de Epafras, nosso amado conservo, que para vós é um fiel ministro deCristo” (Cl 1:7). “Ora, para que vós também possais saber dos meus negócios, e o que eu faço, Tíquico, irmão amado, e fiel ministro do Senhor, vos informará de tudo” (Ef 6:21). “Tíquico, irmão amado e fiel ministro, e conservo no Senhor, vos fará saber o meu estado” (Cl 4:7). Eles atingiram aquilo porque nós todos deveríamos nos esforçar. Como seria doce ouvir o Senhor nos dizendo: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu senhor " (Mt 25:21). CONCLUSÃO Aprendemos com os conselhos de Jetro, que foram conselhos sábios, orientados pelo próprio Deus, e que funcionaram. Aprendemos com Moisés que soube ser humilde o suficiente para mudar o seu estilo de liderar o povo de Deus, reproduzindo-se; ou seja, descentralizando as tarefas, fazendo somente o que estava sob sua alçada em questões intransferíveis. O resultado disso foi o crescimento representativo de Israel. A Igreja tem muito a aprender com Moisés, pois também há a necessidade de a liderança ser plasmada pelo Espírito Santo até que o Senhor venha buscar a sua Igreja. Faz-se necessário que o líder saiba delegar tarefas, tudo fazendo segundo a orientação divina, mas jamais se esquecendo de que o fato de ter sido chamado à liderança não significa que tenha de fazer tudo sozinho. Portanto, prezado irmão, caso você exerça liderança no meio do povo de Deus, reparta com outros a responsabilidade de levar a obra até o fim, quando então, todos receberão a recompensar (1Co 3:13,14; 15:58). Amém? ---------

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O LÍDER VALORIZA AS PESSOAS

Texto Base: Êxodo 18:20-23

"Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas..." (João 8:12)

INTRODUÇÃO Valorizar as pessoas é o segredo do sucesso de qualquer líder inspirador. Veja o exemplo de Davi e seus 400 valentes - "E ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem

endividado, e todo homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens" (1Sm 22:2). Davi, quando no deserto, humilhado, rejeitado e perseguido,

fez com que um grande grupo de seguidores se achegasse a ele. Os primeiros eram em sua maioria estrangeiros em dificuldades, homens rudes e problemáticos, no entanto, Davi valorizouos: recebeu, acolheu, ensinou e preparou-os. Também se chegaram a Davi muitos de seus irmãos de Israel (1Sm 22.1-5; 23.13); a princípio, eram 400 homens "em aperto", mas logo o número chegou a 600 (1Sm 22.2; 25.13). Esses eram os homens que Deus deu a Davi para liderar, e Davi os liderou com maestria. Ele fez com que esses homens tivessem um senso de companheirismo e devoção a Deus. Com esse comportamento, Davi teve pleno êxito em todas as suas empreitadas. Liderar não é uma tarefa simples, pelo contrário, liderança exige paciência, disciplina, humildade, respeito e compromisso, pois a igreja é um organismo vivo, dotado de colaboradores dos mais diferentes tipos. I - ESTILOS DE LIDERANÇA A liderança é classificada em dois estilos podendo ser autocrático ou democrático, dependendo de o líder centralizar ou compartilhar a autoridade com seus liderados. Estes estilos são reconhecidos desde a Antiguidade clássica.

1. Autocrático. Neste estilo, o poder é centralizado e a hierarquia é determinante para definir

o comando. Não há diálogo ou discussão de ideias; o chefe impõe suas ideias e suas decisões sobre o grupo, sem nenhuma participação deste; ele manda e os empregados obedecem cegamente. As principais decisões são tomadas por ele, que estabelece as regras para cumprimento das "suas" decisões. O trabalho é frequentemente monitorado de perto sob ordens, promessas ou ameaças. A coação e a punição estão presentes como forma de manipulação. As

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simpatias e antipatias pessoais interferem nas relações de trabalho. O estilo autocrático pode degenerar e tornar-se patológico, transformando-se no autoritarismo exacerbado. Na Igreja, este comportamento não é tolerado pelo Espírito Santo, haja vista que o líder é apenas um mordomo, um despenseiro, ele apenas está autorizado a desenvolver métodos, os quais estão subordinados aos princípios estabelecidos na Palavra de Deus, que é a constituição inalterável da Igreja. O apóstolo Paulo recomenda aos senhores patrões, que eram cristãos, que não ameaçassem os seus escravos – “...não os ameaçai...” (Ef 6:9). Paulo disse a esses senhores que se lembrassem de que ambos, senhor e escravo, tinham o mesmo Senhor no Céu. Embora os cristãos possam estar em níveis diferentes na sociedade terrena, somos todos iguais diante de Deus. Com Deus, “não há acepção de pessoas”; ninguém é mais importante do que qualquer outro. Um líder autocrata é impaciente e presunçoso. Acredita que, na sua maioria, as pessoas mostram-se passivas e resistentes, precisam ser impelidas, "motivadas" e controladas para a concretização das tarefas. Veja o caso de Saul (1Sm 13:8-12). O Senhor tinha ordenado diretamente a Saul que esperasse em “Gilgal” até que chegasse Samuel, o qual ofereceria sacrifícios e lhe daria instruções (1Sm 10:8). Deus testou a obediência de Saul mediante a demora deliberada de Samuel, além dos sete dias combinados. Em desespero (1Sm 13:8) e presunção (1Sm 13:9), o próprio Saul resolveu oferecer um sacrifício, de modo contrário à Palavra de Deus. Por Saul não ter cumprido o mandamento do Senhor, Samuel lhe disse que Deus lhe tiraria o reino (1Sm 13:13,14). É necessário estar cônscio de que o líder do povo de Deus tem uma autoridade delegada, isto é, a liderança vem da escolha de um superior. Deus é quem escolhe aquele que vai ser o líder do seu povo. Em suma, pode-se assim detalhar as características relacionadas com este estilo de liderança: 

Apenas o líder fixo as diretrizes, sem qualquer participação do grupo.

O líder determina as providências e as técnicas para a execução das tarefas, cada uma por vez, na medida em que se tornam necessárias e de modo imprevisível para o grupo.

O líder determina qual a tarefa que cada um deve executar e qual o seu companheiro de trabalho.

O líder é dominador e é "pessoal" nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada membro.

2. Democrático. Este estilo de líder trabalha com a constante preocupação de que o grupo

participe das decisões, estimulando e orientando, acatando e ouvindo opiniões e é ponderado antes de agir. Ele determina, junto com o grupo, as diretrizes, permitindo o grupo esboçar as técnicas para alcançar os objetivos desejados. É impessoal e objetivo em suas críticas e elogios. Para ele, o grupo é o centro das decisões. Acreditamos que a ação do líder democrático é de suma importância para o progresso e crescimento da Igreja local. Desse modo, observa-se que o grupo interage melhor, participa, colabora e se entusiasma com o trabalho desenvolvido ou a desenvolver. Em suma, pode-se assim detalhar algumas características relacionadas com este estilo de liderança: 

O líder se preocupa com a participação do grupo, estimulando e orientando. Ouve as opiniões da equipe e determina junto com ela os objetivos desejados e as tarefas a serem realizadas.

O próprio grupo esboça as providências e as técnicas para atingir o alvo, solicitando aconselhamento técnico ao líder quando necessário, passando este a sugerir duas ou mais alternativas para o grupo escolher. As tarefas ganham novas perspectivas com os debates.

A divisão das tarefas fica a critério do próprio grupo e cada membro tem liberdade de escolher seus companheiros de trabalho.

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Trabalha com o grupo, permitindo-o fazer escolhas e participar de maneira significativa na tomada de decisões.

É impessoal e objetivo em suas críticas e elogios. Limita-se aos "fatos" em suas críticas e elogios.

Frequentemente pede sugestões e nomeia líderes intermediários, dando-lhes responsabilidades específicas.

3. Equilíbrio. O líder deve ser equilibrado e qualificado a dar condições favoráveis ao seu

desenvolvimento, sendo flexível e usando métodos apropriados para lidar com os variados tipos de pessoas e situações. Na Igreja, o estilo mais apropriado a ser aplicado deve ser o democrático, porém, sem a influência teocrática torna-se muito tendencioso ao estilo liberal (anárquico). Como eu disse supra, os lideres devem ter consciência que eles são apenas autoridades delegadas por Jesus Cristo - o líder por excelência -, que os capacita com dons (Ef 4:11). Para se realizar um determinado trabalho, os lideres devem buscar a vontade de Deus. Desta feita, deve prevalecer o equilíbrio entre teocracia e democracia, jamais a autocracia ou ditadura pastoral. Um exemplo que podemos citar de líder equilibrado, dentro da vontade de Deus, foi Josué. Ele foi um exemplo de líder que Deus precisa. Podemos medir o sucesso da liderança de Josué pelo versículo 31 do capítulo 24 de Josué: “Serviu, pois, Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos anciãos que sobreviveram a Josué e que sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a favor de Israel”. A sua liderança impactou, todo o povo de Israel que, após muitos anos, o povo se manteve fiel e não se afastou de Deus, mesmo após a sua morte, sob a liderança dos anciãos que viveram sob a sua liderança. Josué é o exemplo do líder que consegue expandir sua liderança, para além da sua presença física. O homem passa, mas o exemplo continua falando. Existem líderes, que de longe a sua presença é esmaecida, porque não conseguem ou não permitem que outros sejam espelhos de suas ações. Nunca a Igreja de Cristo esteve tão necessitada de líderes desta estirpe, gente sem o ego inflado pela pequenez da visão. São líderes com estas características que o apóstolo Paulo recomenda ao seu colaborador Tito: ”. Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem

as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei: aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante, retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes. Porque há muitos desordenados, faladores, vãos e enganadores, principalmente os da circuncisão, aos quais convém tapar a boca; homens que transtornam casas inteiras, ensinando o que não convém, por torpe ganância”. II - ACREDITAR NAS PESSOAS Ninguém lidera sozinho. Para ser líder, faz-se necessário que haja pessoas para serem lideradas. Todavia é preciso acreditar nelas e investir nelas para que elas possam atingir sua missão (Ef 4:11,12).

1. Relacionamento. O líder dentro do Plano de Deus tem um bom relacionamento com os seus liderados, consigo mesmo e com Deus. É o segredo do sucesso. Ele compartilha sua visão, inspira e contribui para a concretização dos alvos traçados, esperando sempre o melhor dos seus liderados. Foi assim que aconteceu com Josué, com Davi e com Neemias. Este, jamais teria êxito

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em seus planos (que era o mesmo plano de Deus), se ele não tivesse um relacionamento sadio e harmônico com os seus liderados. No relacionamento com as pessoas, o líder tem plena consciência de que todos podem fazer a mesma coisa que ele faz. Ele sabe que liderar é dar oportunidade aos outros e incentivar a motivação deles; os gansos estão aí para nos ensinar isso com seus vôos. Quando os gansos voam em forma de “V”, eles o fazem a uma velocidade 70% maior do que se estivessem sozinhos. - Eles trabalham em equipe – Quando um ganso que está no ápice do “V” se cansa, passa para trás da formação e outro se adianta para assumir a ponta. - Eles partilham liderança – Quando algum ganso diminui a velocidade, os que estão atrás grasnam encorajando os que estão na frente. - Eles são amigos – Quando um deles, por doença ou fraqueza, sai da formação, outro, no mínimo, se junta a ele, passando a ajudá-lo e protegê-lo. - Eles são solidários – Sendo parte de uma equipe, nós podemos produzir muito mais e mais rapidamente. Com Cristo aprendemos que líder não é chamado para dominar, ele é chamado para servir (ler Mt 20:25-28). Uma pessoa é líder quando tem consciência de que precisa estender as mãos, que consegue ver solução para as coisas, que está pronta a servir e a agradecer. Agir assim é demonstrar um relacionamento saudável com as pessoas, e que certamente produzirá um terreno fértil onde brotará todo o potencial dos liderados. O autocontrole e a autodisciplina são os fundamentos do bom relacionamento com as pessoas, pois, uma vez que respeitamos a visão do outro e conseguimos perceber as suas diferenças e afinidades espontâneas, teremos sempre a ideia de aceitar ou não, sem nos acharmos soberanos.

2. Disposição. “Embora o povo possa desviar-se facilmente dos propósitos divinos, quer por desobediência ou por falta de confiança no Senhor, o líder deve permanecer zelando pelo rebanho, instruindo-o, alimentando-o e inspirando-o, enquanto busca elevar a sua disposição de servir a Deus. O povo de Israel, embora desobediente, às vezes queria aprender e procurava a direção de Deus pare enfrentar as dificuldades em que se encontrava (Êx 18.15). A despeito de suas fraquezas, eles buscavam aceitar o julgamento de Deus em suas disputas pessoais, lutavam corajosamente contra os inimigos, qualidade; reconhecidas por Moisés em sua disposição de ajudá-los”. 3. Intercessão. O verdadeiro líder inspirador se coloca entre Deus e seu povo, levando as

necessidades de seus liderados perante o Senhor com confiança e humildade. Veja o exemplo de Moisés. Quando a ira do Senhor se acendeu contra o povo, de tal maneira que Deus sugeriu consumi-los e fazer de Moisés uma grande nação, a reação de Moisés foi interceder junto a Deus com o rosto em terra, pedindo que desistisse de fazer tal mal ao povo (Dt 9:26). "Então, o Senhor arrependeu-se do mal que dissera que havia de fazer ao seu povo" (Êx 32:14). III - MOISÉS, O EXEMPLO Moisés, até hoje, é o grande exemplo seguido pelo povo de Israel. O Senhor formou este homem para libertar seu povo da escravidão do Egito, bem como para fornecer a lei a Israel, o aio que conduziria os israelitas a Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Desde muito cedo, Moisés manifestou empatia pelas pessoas, interessando-se por seus sentimentos e necessidades, buscando sempre oportunidades para ajudá-las (Êx 2:11-19; 3:4). A Igreja tem muito a aprender

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com Moisés, pois também há a necessidade de a liderança ser plasmada pelo Espírito Santo até que o Senhor venha buscar a sua Igreja.

1. Humildade. Quando Moises foi chamado por Deus (Ex 3:10), no Monte Horebe, para libertar o pode Israel do Egito, reconheceu diante do Senhor a sua nulidade: “Quem sou eu que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel? “ (Ex 3:11). Moisés dá um passo importante para se tornar líder:elimina o seu “eu”. Isso é humildade. Ah! Se muitos líderes no meio do povo de Deus tomassem esta decisão de anular o seu “eu” e compreender que sem Jesus nada pode ser feito! (João15:5). Se dissessem “quem sou eu”, teriam boa parte dos problemas que hoje enfrentam resolvidos. Foi por ter achado que era ninguém que Moisés, antes de criar um obstáculo, credenciou-se para ser o libertador do povo de Israel.

2. O líder não confia em suas habilidades, mas confia na direção de Deus. Quando Israel saiu do Egito, Moisés, embora tivesse sua liderança confirmada pelos fatos, não deixou de reconhecer que o senhorio era de Deus. Saindo do Egito, não tomou o caminho que lhe pareceria mais fácil, mas seguiu a direção de Deus. Moisés estava à frente do povo, mas a orientação, a direção era de Deus (Ex.13:17). Que exemplo a ser seguido! 3. Um líder deve ter iniciativa, mas uma iniciativa de acordo com a vontade do Senhor. Uma vez Deus tendo dito o que fará, cabe ao líder, que sabe se comunicar com os seus liderados e que se apresenta legitimado por estar na direção de Deus, dar o primeiro passo para que tenha a vitória sobre o inimigo. A passagem do mar Vermelho foi um grande teste na vida de Moisés. Embora na direção de Deus, de uma hora para outra, Moisés se viu em uma situação sem saída. Atrás, vinha Faraó e seu exército e, à frente, estava o mar. Moisés, uma vez mais, clamou a Deus, mas o Senhor simplesmente mandou que Moisés dissesse ao povo que marchasse (Ex 14:15). Há instantes na vida do líder em que é preciso que haja uma iniciativa do líder. O Senhor já havia dito a Moisés o que iria fazer (Ex 14:1-14) e, por isso, nada mais cabia a Deus fazer senão esperar a iniciativa do líder e do povo de Israel. Moisés ergueu o cajado, estendeu a mão e um vento fez com que se abrisse um caminho seco no mar. O povo passou e foi seguido pelo inimigo que, porém, foi destruído no mar. Tudo aconteceu para que o povo pudesse ver a grande mão poderosa do Senhor e cressem em Deus e em Moisés, Seu servo (Ex 14:31). 4. O líder exemplar exalta única e exclusivamente a Deus e também leva o povo a fazê-lo – “Então, cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao SENHOR; e falaram, dizendo:

Cantarei ao SENHOR, porque sumamente se exaltou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro” (Êx 15:1). Em gratidão a Deus, Moisés fez um cântico e cantou com o povo. Cantava

a Deus porque o Senhor havia Se exaltado e derrotado os inimigos do povo. Moisés louvava a Deus e, publicamente, engrandecia o nome do Senhor. Não se vangloriara pela posição que estava a ocupar, nem tentou tirar vantagem desta grande vitória para o seu ministério, mas se limitou a engrandecer o nome do Senhor, a mostrar que Deus era o Deus de seu pai, que deveria ser exaltado, que Ele era varão de guerra, que Seu nome era “Eu Sou o que Sou”. Que exemplo de humildade de espírito, que espírito de adoração! Moisés ensina-nos, neste cântico, que foi Deus quem despedaçou o inimigo, que Deus é santo, que Deus é o único Deus, que Deus é poderoso, que Deus é beneficente, que Deus é salvador, que Deus é o guia do Seu povo, que Deus é rei e que iria conduzir o Seu povo para a Terra Prometida. Deus é tudo e só Ele deve ser adorado e louvado. Era este o ensino de Moisés, o cântico que ensinou Israel a cantar. Tem sido está a nossa mensagem aos nossos liderados? 5. O líder exemplar é receptivo aos conselhos. Moisés aceitou receber um conselho da parte de seu sogro, Jetro. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava numa verdadeira “fila do INSS” todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro (Ex 18:24), demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a críticas. Que grande qualidade de um líder: o de ouvir conselhos.

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Muitos, na atualidade, são arrogantes e soberbos, “sabichões”, que não aceitam os conselhos de pessoas mais experientes e que muito podem ajudar na eficácia da liderança. Se é certo que o líder deve seguir a orientação divina, também é certo que Deus, como escolheu um povo, põe à disposição das líderes pessoas que têm capacidades e habilidades para dar bons conselhos e auxiliar no sucesso e êxito da obra do Senhor. Salomão, o homem mais sábio de toda a terra, não abriu mão dos conselheiros e, inspirado pelo Espírito de Deus, disse o seguinte: “Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas, com a multidão de conselheiros, se confirmarão” (Pv 15:22). O apóstolo Paulo ensinou-nos que a igreja é como um corpo, ou seja, tem vários membros que dependem uns dos outros. Assim sendo, não há como uma pessoa sozinha ter o encargo de todo o povo. Necessário se faz que haja um corpo organizado de auxiliares, de pessoas capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza e que possam ter poder decisório sobre todo negócio pequeno, aliviando, assim, a carga do líder, pois, na igreja, devemos levar as cargas uns dos outros, pois esta é a única maneira de cumprirmos a lei de Cristo (Gl 6:2).

6. Responsabilidade. Quando os israelitas mostraram sua fraqueza e caíram em pecado, ficou

claro que precisavam de mais ensino e orientação. Eles eram tanto o povo de Deus como o povo de Moisés (Êx 18:7-11). Deus considerava Moisés responsável pelo povo ("o teu povo"), e ele, dependendo de Deus, aceitara tal responsabilidade. Isso o levou, após o desastre, a organizar novamente o povo em um corpo produtivo, ensinando-lhes a Palavra de Deus, designando-lhes tarefas, procurando trazer à tona seus melhores talentos e dons mais generosos, levando a cabo a grande obra de construção do Tabernáculo (Ex 31). CONCLUSÃO O líder que ama a Deus e também os liderados está pronto para estabelecer relacionamentos que produzam crescimento pessoal, satisfazendo suas necessidades, inspirando-os e se responsabilizando por estes diante de Deus. Um homem jamais deve ser indicado para um cargo de liderança se sua visão se concentra nas fraquezas das pessoas, e não em suas forças. Portanto, meu caro irmão, valorize as pessoas e trate a todos com dignidade, somente assim você terá sucesso em sua nova empreitada.

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A INTEGRIDADE DE UM LÍDER Texto Básico: Neemias 1:5-11 "Assim os limpei de todos os estranhos e designei os cargos dos sacerdotes e dos levitas, cada um na sua obra, [...] Lembra-te de mim, Deus meu, para o bem"(Ne 13:30,31)

INTRODUÇÃO A integridade faz parte da vida do líder. Um líder que não é íntegro em sua vida pessoal não é um verdadeiro líder. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser sincero, esta sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações, no agir, nas finanças, no serviço. Ao examinarmos a vida e o trabalho de Neemias, como foram retratados ao longo deste trimestre, ficamos impressionados com a inabalável lealdade e integridade desse homem em todas as situações que enfrentou. Nenhum sacrifício era demasiado grande e nenhuma tarefa era difícil demais para ele, quando tinha a certeza de qual era a vontade de Deus. Ele estava disposto a adotar quaisquer medidas para colocar em prática aquilo que tinha a certeza de ser a vontade de Deus. Em alguns momentos agiu de forma austera; ele admoestou, repreendeu, protestou, contendeu, amaldiçoou, e até mesmo arrancou os cabelos de alguns (Ne 13:25). Enfim, tornou muito difícil a vida dos impiedosos! Era um homem corajoso e um general astuto em sua luta contra o mal. Além disso, era um trabalhador incansável e um grande restaurador das coisas de Deus. Ele trabalhou duramente a favor da justiça, porem mantinha o coração terno diante do Senhor. Era um homem honesto, íntegro, convicto e piedoso. Sem dúvida, ele foi um magnífico exemplo de liderança. I. DEUS ESCOLHE E PREPARA LIDERES PARA SUA OBRA Segundo afirma J. Oswald Sanders, "líderes espirituais não são feitos mediante eleição ou nomeação por homens ou quaisquer grupos de homens, nem por reuniões eclesiásticas ou sínodos. Só Deus pode fazer líderes. O simples fato de uma pessoa ocupar um lugar de importância não a torna um líder; fazer cursos de liderança não produz líderes; a resolução de tornar-se líder não faz da pessoa um líder”. [1] "[...] todo líder deve ter a certeza de que sua tarefa foi designada por Deus e Deus está nela, pois os fardos são muitos pesados e são muitas as horas de dedicação. É importante que os que têm a responsabilidade de escolher o líder também sintam que essa é uma escolha de Deus”. [2] Existem inúmeras pessoas ocupando funções e cargos de liderança na igreja, sem, contudo, estarem habilitadas ou serem vocacionadas por Deus para isso. Pode ser familiar ou parente de quem quer que seja, pode ter dinheiro, pode ser amigo de "fulano" ou "beltrano", pode ter status social, ser influente etc., se Deus não chamou, essa liderança não produzirá os resultados (frutos) esperados. A escolha de um líder espiritual deveria sempre ser precedida por uma "revelação" visível ou audível da parte de Deus. Um sentimento que promovesse paz e segurança para o coração daqueles que são responsáveis pela indicação de novos líderes. Mas nem sempre isto acontece. Cada vez mais, os propósitos para a indicação de líderes são norteados por interesses pessoais e egoístas por parte daqueles que são detentores do poder de indicar. Há pessoas na igreja que brigam, atropelam, pisam, morrem e matam para serem líderes. Poderão até chegar a alcançar uma posição de líder, mas nunca serão líderes de verdade. Se você não foi escolhido por Deus para liderar Seu povo, não importa quão maravilhoso seja seu caráter, ou quão bem habilitado você está para a tarefa, você nunca se tornará um grande

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líder cristão. Por outro lado, tenha a absoluta certeza, de que, se você foi vocacionado pelo Senhor para ser um líder, ninguém, nem nada, poderá impedir que esse propósito de Deus se cumpra de maneira cabal em vossa vida. Pense nisso!

II. AS CARACTERISTICAS DE UM LIDER 1. Integridade espiritual. Integridade é o proceder santo; é o caráter diferenciado do mundo e da sociedade em que vivemos; é não se conformar com os costumes e modismos que nos cercam; é seguir um padrão de comportamento Bíblico diante de uma sociedade corrupta e imoral. É acima de tudo ser fiel a Deus e à sua Palavra. Em romanos 12:2 o apostolo Paulo assim admoesta: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus". O apóstolo Pedro também diz: "Como filhos obedientes, não vos conformeis às concupiscências que antes tínheis na vossa ignorância"(1Pe 1:14). Neemias foi um homem integro e temente a Deus, não se limitou a reconstruir os muros e reformar as portas de Jerusalém, mas foi usado por Deus para corrigir desmandos e desvios que estavam ocorrendo em Jerusalém. Restaurou os cultos conforme os ditames da lei de Deus. Ele reconheceu que os casamentos mistos que o povo contraiu eram prejudiciais ao fortalecimento da nação, e exortou o povo a que se separasse dessas pessoas. Em alguns momentos agiu de forma radical, como colocar guardas na entrada da cidade para impedir que houvesse comércio no sábado, mas o fez com o objetivo de tornar viva a lei de Deus para o povo. O autêntico líder espiritual conduz o povo à santidade e a um viver íntegro. 2. Integridade moral. Ter uma vida moral reta é algo que não tem preço; não se pode comprar. Tendo uma vida limpa perante Deus e das pessoas, o líder terá uma visão clara de seus alvos e objetivos; será mais fácil para ele alcançar seus objetivos. Pessoas com problemas de visão procuram um oftalmologista para corrigir o problema. Líderes com problemas em sua vida moral, terão uma visão distorcida do ministério, não mais agirão com clareza. Por isso, é fator primordial ter uma vida limpa. 3. Um testemunho irrepreensível. É indispensável que o líder exerça a sua liderança ao lado de Deus. Para isso, é necessário que o coração do líder seja inteiramente de Deus (2Cr 16:9). Seu viver deve ser irrepreensível (ler 1Tm 3:2; Tito 1:6,7). O que ele ensina em relação às verdades espirituais da Palavra de Deus, devem condizer com a verdade. Não deve acontecer de que um membro chegue diante dele e o acuse de não estar praticando o que prega, de não estar cumprindo este ou aquele outro mandamento da Palavra de Deus. Os inimigos de Neemias tentaram denegrir a sua imagem com falsas acusações. Mas permaneceu firme em seu trabalho, não se deixando levar pelos comentários maliciosos de seus inimigos, e sempre motivando seus companheiros a que permanecessem constantes em suas posições. Ele entendeu que as falsas acusações que lhe foram enviadas eram frutos da inveja, e agiu focado em sua missão, demonstrando, cinquenta e dois dias depois, o resultado de sua fé, de seu trabalho e de sua coragem: os muros de Jerusalém reconstruídos e as portas reformadas. Outro exemplo é o de Daniel. Ele era irrepreensível, nada havia que as pessoas pudessem falar com relação a faltas em sua vida. Sendo assim, seus inimigos tentaram achar algo para acusá-lo na lei de Deus. Nada encontraram. Por fim, tiveram que fazer algo para que ele viesse a cair, mas sua vida espiritual era tão elevada que mesmo diante do decreto do rei, ele não sucumbiu. Sua firmeza espiritual foi o seu segredo (Daniel cap. 6). Não esqueçamos que liderança é exemplo. O discurso do líder tem de ser coerente com a sua prática. 4. Exerce influência em tudo que faz na vida das pessoas. O líder é uma pessoa cuja influência se faz sentir em todos os aspectos. Por onde quer que vá, ele é alvo de observações e por isso há de exercer uma influência na vida das pessoas que o cercam. Ele não deve procurar fazer certas coisas somente para que outras pessoas vejam que ele está fazendo, mas ele deve ter em sua mente que quando ele faz alguma coisa os outros estão observando o seu modo de fazer ou agir. Até mesmo tudo o que o líder fala, faz ou pensa serve para influenciar os seus liderados, quer positiva, quer negativamente. De uma maneira ou de outra, o líder, influenciará os seus liderados em tudo o que faz, portanto, é necessário que se tenha o máximo cuidado para não ser uma influência negativa na vida deles. III. A VIDA DEVOCIONAL DO LIDER DE DEUS 1. A oração. Sem oração o líder não vai a lugar algum. Não se pode conduzir o rebanho de Deus sem oração. O líder que negligencia esta ferramenta é considerado presa fácil para

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Satanás, por ausência do poder de Deus em sua vida. Por meio da oração, o líder busca saber a orientação de Deus para os determinados fins que aspira realizar. As vitórias são conquistadas quando os joelhos são dobrados diante de Deus. A oração é a nossa maior arma; é o maior meio que nós temos para recorrer aos recursos infinitos de Deus. O Senhor Jesus Cristo é o nosso maior exemplo. Ele começou seu ministério terreno em oração. Deu prosseguimento ao ministério em oração e terminou a sua vida aqui na terra da mesma forma que iniciou, em oração (Mt 26:39-42; Lc 5:16; 22:41-44). Que belíssimo exemplo a ser seguido, imitado, almejado. O líder deve ser exemplo. Muitas vezes, o líder se encontra sob o peso da responsabilidade da liderança para com os liderados. Esse peso pode drenar-lhe muito de suas forças e energias. Quando este se encontra sobrecarregado com o peso do ministério e as várias circunstâncias que podem estar à sua volta, provavelmente o único meio de vir a aliviar sua tensão é através da oração. A oração deve ser a base para todo líder prosseguir com o seu ministério. Sem oração não existe liderança profícua. Neemias era um homem dedicado à oração. Orou no palácio, pedindo a Deus pela oportunidade de poder ir a Jerusalém e restaurar a cidade (ler Ne 1:5-11). Ele orou diversas vezes, rogando a Deus que o direcionasse em seus desafios, e acima de tudo, reconheceu que Deus estava dirigindo a história da restauração. Qualquer obra que for feita deve ser em oração. Os servos de Deus, em comunhão com Ele, têm ousadia em falar com Ele, da mesma forma que Neemias teve ousadia em falar com o rei (Ne 2:1-8). A oração é uma verdadeira luta, uma luta que o obreiro de Deus deve tratar sem se cansar (1Ts 5:17). A oração deve ser como sangue que passa em nossas veias, constantemente. 2. O estudo da Palavra de Deus. Além da oração, outro aspecto que deve ser uma constante na vida espiritual diária do pastor que lidera é a leitura e o estudo da Bíblia Sagrada, que é a Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada é a Palavra de Deus e a principal fonte de revelação da vontade de Deus para com o homem. Se queremos ter uma vida de comunhão com Deus, fazse mister que saibamos qual é a vontade dEle para com o homem e esta vontade está estampada na Palavra de Deus. O ponto fundamental para conhecermos o caráter e a vontade de Deus é conhecer a Sua Palavra e, por este motivo, Jesus sempre demonstrou que Seu ministério nada mais era senão o cumprimento das Escrituras (Mt 5:17,18; João 5:39; Lc 24:44-47). O estudo e o ensino da Palavra era, ao lado da pregação do Evangelho, o principal e exclusivo trabalho dos apóstolos na igreja primitiva (At 6:2,4). O apóstolo Paulo foi um líder que deu imenso valor o estudo da Palavra de Deus. Em Éfeso, ele ensinou a Palavra durante dois anos, e o ensino era diário Leia Atos 19:8-10. Vimos no capítulo 8 de Neemias que o povo se reuniu para ouvir a Palavra. A leitura, a explicação e a aplicação da Palavra trouxeram choro pelo pecado e alegria de Deus na vida do povo. Vimos também que a liderança se reuniu para aprofundar-se no estudo da Palavra e o resultado foi a restauração da vida religiosa de Jerusalém. Essas reuniões de estudo aconteceram durante 24 dias (8:1-3,8,13,18; 9:1). Havia fome da Palavra. O estudo e a obediência dela trouxeram um poderoso reavivamento espiritual. Não temos nenhum outro relato bíblico de um culto tão impressionante quanto esse, quando o povo, pelo exemplo de seus líderes, reuniu-se durante um mês para estudar a Palavra e acertar a sua vida com Deus. Através do estudo da Palavra de Deus, liderado por Esdras e Neemias, os israelitas compreenderam que se tivessem guardado a Lei do Senhor não tinham ido para o cativeiro, as cidades não tinham sido devastadas e os muros não necessitavam de reconstrução. O arrependimento pelos pecados cometidos fez com que o povo de Israel assumisse um compromisso de obedecer ao Senhor e à Sua Palavra. O salmista alerta que a felicidade do homem está em ter prazer na lei do Senhor de dia e de noite (Sl 1:1,2) e, desde o tempo de Moisés, é dito que o segredo da própria vida espiritual é o fato de termos conhecimento e praticarmos, dia-a-dia, a Palavra do Senhor (Dt 6:1-9). Portanto, o pastor que exerce liderança deve ser um homem que ame de verdade a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada. Ele não pode ler e estudar a Bíblia profissionalmente, buscando mensagem; deve lê-la e estuda-la com avidez, e respeitá-la. Ao subir ao púlpito, o povo deve ver seu amor e seu zelo pelas Escrituras. Ao expô-la, ele deve mostrar conhecimento da Bíblia e como ela se aplica à vida do povo. Para acontecer isto, o pastor deve estudá-la. 3. Adoração ao Senhor. Os nossos compromissos com Deus não devem ser apenas gerais, mas também, e, sobretudo, em áreas específicas como, por exemplo, a adoração ao Senhor. O

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fim principal da nossa vida é glorificar e adorar a Deus, por isso o culto deve ser o centro da nossa vida. O rev. Hernandes Dias Lopes citando John Piper diz que adoração, e não missões, é a ocupação principal da igreja, porque Deus, e não o homem, é o centro de todas as coisas. O propósito de missões é que os povos adorem o Deus vivo, que está assentado no trono do universo. Conforme disse Hernandes Dias Lopes, John Frame, escrevendo sobre adoração, afirma: "A adoração deve ser teocêntrica. Nós adoramos a Deus porque Ele supremamente merece ser adorado e deseja ser adorado. Nós adoramos para agradar a Deus e não a nós mesmos. Nesse sentido, adoração é vertical, focada em Deus. Não devemos adorar para sermos entretidos ou para melhorar a nossa auto-estima, mas para honrar nosso Senhor que nos criou e nos redimiu”. Na dedicação dos muros e portas de Jerusalém, Neemias preparou um culto especial de adoração e louvores a Deus (Ne 12:27) e ordenou que dois corais fossem à frente dos cortejos durante a celebração (Ne 12:38). O verdadeiro líder adora a Deus, porque sabe que toda a glória deve ser endereçada ao Senhor de toda a glória. Neemias adorou a Deus: "Ah! Senhor, Deus dos céus, Deus grande e terrível, que guardas o concerto e a benignidade para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos!"(Ne 1:5). Deus deve ser adorado por ser quem ele é: bendito, exaltado, supremo. Diante dele os anjos se curvam. "Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém"(1Tm 1:17). CONCLUSAO O segredo da vitória de Neemias frente aos desafios que enfrentara, foi a sua "integridade". O verdadeiro servo de Deus deve ser um íntegro, ou seja, estar inteiramente moldado pelo Senhor. É a sinceridade (ser "sem cera", sem qualquer trinco em seu caráter), que nos permitirá vencer o mal e alcançar a vida eterna. Será que podemos repetir as palavras do apóstolo Paulo: "sede meus imitadores, como eu sou de Cristo? "(1Co 11:1). Não nos esqueçamos de que nosso Deus conhece o íntimo do homem (1Sm.16:7; Jo 2:23-25). Assim, não adianta participarmos dos cultos e demais reuniões se não formos sinceros, íntegros e tementes a Deus. Concluindo, gostaria de dizer que há muito para se reconstruir em nossos dias, ou seja, o mundo (humanidade) está com os muros fendidos e as portas destruídas. A humanidade está em calamidade espiritual, moral e material. Deus precisa contar com mulheres e homens destemidos e determinados para refazer lares e revitalizar vidas. Aprendamos, pois, com Neemias que em momento algum retrocedeu. Não faltaram motivos para que esse servo de Deus viesse a fracassar ou desanimar com o ministério que Deus lhe havia confiado, ou seja, revitalizar a cidade de Jerusalém que estava totalmente destruída (cf Ne 2:13-17). No entanto, mesmo diante dos obstáculos foi capaz e muito perseverante em seu objetivo, buscando forças no Senhor para começar e terminar a tarefa de reconstrução da cidade. Coragem, determinação, comprometimento, motivação, amor à obra de Deus e outras qualidades foram muito importantes para o sucesso e triunfo ministerial de Neemias. Da mesma forma a liderança das igrejas locais podem muito bem ser comparadas ao trabalho de Neemias, pois o dia-a-dia de um pastor-líder é desafiador e muito desgastante. Como Neemias, o pastor enfrenta todo tipo de oposição. Apesar de tudo, o Senhor Jesus falou que: "ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus"(Lc 9: 62) . Aqui concluímos o estudo do precioso livro de Neemias, conforme tópicos propostos pelas lições da CPAD. Aprendi muito com a vida e obra deste grande homem de Deus. E você, o que achou? Muito obrigado por acompanhar-me durante todo este trimestre. Espero que os subsídios tenham contribuído para otimizar suas aulas. Que Deus esteja com todos nós no decorrer do ano de 2012. Que o Espírito Santo conserve em nós a mesma integridade, sinceridade, desvelo, obediência a Palavra de Deus, dependência total dEle, e demais qualidades que fizeram de Neemias um servo amado por Deus. Que ao longo de 2012, Deus se agrade de nosso trabalho como se agradou do trabalho de Neemias. Amém? ------

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O LÍDER CRESCE E AJUDA A CRESCER Texto Base: 1Timóteo 4:10-14.

"Não te faças negligente para com o dom que há em ti..." (1Tm 4.14) INTRODUÇÃO O tema desta Aula versa sobre compartilhar a liderança em termos de ajudar as pessoas a crescerem e a se desenvolverem. Um líder servidor e inspirador busca constantemente por oportunidades de cuidar e encorajar os outros, assistindo seus liderados em sua jornada pessoal, profissional e espiritual. Muitos líderes, incertos acerca de sua própria posição e temerosos que alguém esteja trabalhando para tomar seu cargo de liderança, concentram o foco sobre o que outras pessoas podem fazer para exaltar sua própria imagem. Muitos de forma egoísta dizem: “seu trabalho é fazer com que eu apareça bem”. Mas será que essa forma de pensar egoísta contribui para maximizar o desempenho de todos? É possível tornar-se grande ajudando outros também a crescer? Paulo, um dos principais líderes da igreja primitiva alertou os seus seguidores sobre este modo de pensar egoísta: "Ninguém deve buscar os seus próprios interesses e sim os interesses dos outros” (1Co 10:24). Sem dúvida, este é mais do que um ideal nobre e deveria realmente ser um dos objetivos principais de um líder. Escrevendo aos cristãos de Filipos, Paulo também assim os advertiu: "Não façam nada por interesse pessoal ou por desejos tolos de receber elogios; mas sejam humildes e considerem os outros superiores a vocês mesmos. Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas também os dos outros" (Fp 2:3,4). O apóstolo Pedro também fez eco a essas convicções de Paulo, quando ofereceu esta admoestação: "Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo" (1Pe 5:6). Em outras palavras, se você deseja se tornar um grande líder, procure maneiras de servir e exaltar os que estão ao seu redor. Em outras palavras, cresça ajudando a outros a crescerem. Esse é o perfil de um líder inspirador e influenciador. I. CRESCIMENTO DO LÍDER A melhor maneira de um líder desenvolver suas próprias habilidades consiste em começar imediatamente a ajudar outras pessoas a desenvolverem as suas capacidades para liderar. Assim procedeu o apóstolo Paulo. Depois de estar maduro espiritualmente e plenamente capacitado para exercer o oficio de liderança na obra de Deus, agora motiva outros obreiros a se capacitarem para este mesmo ofício, e que estes também assim procedam. Ele recomenda a Timoteo: “ E o

que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para tambémensinarem os outros” (2Tm 2:2). Aqui Paulo lembrou a Timóteo de que o seu papel

essencial como um guardião significava garantir que estas grandes verdades fossem confiadas “a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros”. Como bem diz o pr. Benjamin Ângelo de Souza, “numa liderança espiritual eficaz é vital reconhecer a importância do fundamento da vocação e chamada de Deus em nossas próprias vidas e nas vidas de outros, de modo a desenvolver as nossas próprias habilidades e ajudar os outros a desenvolverem as suas”. Quando um líder deixa de reconhecer os contributos dos irmãos, apenas se debilita a si mesmo.

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1. Escolha. Na escolha de alguém para investir no seu crescimento, o líder cristão não deve ater-se simplesmente em suas habilidades e capacidade de trabalho, e decisão. Mas deve, sobretudo, atentar para o seu caráter (Gl 5:22), considerando sua vocação e chamada de Deus. Na liderança cristã deve sobressair a consciência de que é uma obra para Deus, envolvendo o povo de Deus, e que deve ser feita na dependência de Deus. Seria muito exitoso se todos os líderes tivessem uma orientação direta e explicita de Jesus na escolha de futuros líderes, como ocorreu com Saulo - “Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9:15). Outro nome que não podemos deixar de fazer menção é o de Josué (sucessor de Moisés). Foi o próprio Deus quem o escolhera para ser o novo líder do povo de Israel: “E ordenou o Senhor a Josué, filho de Num, dizendo: sê forte e corajoso, porque

tu introduzirás os filhos de Israel na terra que, com juramento, lhes prometi; e eu serei contigo” (Dt 31:23). Muitos anos antes de substituir Moisés como líder de Israel, Josué

demonstrou ser um homem de fé, visão, coragem, lealdade, obediência inconteste, oração e dedicação a Deus e à sua Palavra. Quando foi escolhido para substituir Moisés, já era um homem “em que há o Espírito” (Nm 27:18; Dt 34:9). Esse é o pré-requisito principal para escolher um líder: um homem “em que há o Espírito Santo”. Temos seguido esse princípio? Ou nos afeiçoamos à síndrome de Samuel – olhar para aparência? “Aquele que é líder, e exerce liderança espiritual, confia em Deus, obedece aos Seus mandamentos, procura compreender qual é a vontade de Deus e anda nela, tem uma dependência em Deus. A liderança espiritual é dada por Deus, por meio do Espírito Santo àqueles que Ele acha por bem designar. O homem não escolhe, mas atende ao chamado de Deus, por isso é uma tarefa celeste” (Pr. Cleverson de Abreu Faria). 2. Desenvolvimento. “A maior habilidade de um líder é desenvolver qualidades extraordinárias em pessoas comuns” (Abraham Lincoln). Um líder inspirador está constantemente a aprender e a crescer, e também a ajudar outras pessoas a aprender e crescer. Ele prepara os liderados para que também se tornem líderes e que acima de tudo saibam que quanto maior o poder mais a humildade é necessário. A sua principal missão é desenvolver pessoas da sua equipe e garantir que no futuro elas possam ser independentes e mais confiantes. Sempre cônscio de que, além de professor, ele é também um aluno. Aliás, um bom professor prepara os alunos para o dia a dia e não para a prova final. Através das suas histórias é capaz de inspirar e motivar um aprendizado para toda a vida. Paulo envolveu-se diretamente no desenvolvimento espiritual e no aprimoramento do caráter de Timóteo, reconhecendo que um dia esse jovem também seria um líder. Paulo instruiu a Timóteo acerca de alguns deveres pastorais: viver uma vida santa (1Tm 4:12), permanecer receptivo à operação e dons do Espírito (1Tm 4:14), ensinar a sã doutrina (1Tm 4:13,15,16), guardar a fé (1Tm 6:20; 2Tm 1:13,14) e vigiar sua própria vida espiritual (1Tm 4:16). Timóteo foi ensinado sobre estas admiráveis verdades que asseguram que os bons líderes permanecem abertos a serem instruídos, ao mesmo tempo que se preocupam com o desenvolvimento dos seus liderados. Paulo pede que Timóteo transmita isso que apreendeu para que outros aprendam e venham, também, ensinarem a outros - “E o que de mim, entre muitas testemunhas, ouviste, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para também ensinarem os outros” (2Tm 2:2). Aqui mostra que Timóteo deveria manter o processo de ensino em andamento. O apóstolo requer que os lideres tenham um programa para o desenvolvimento de novos líderes que possam dar continuidade ao ministério. A partir de Paulo, tem havido uma ligação de discípulo a discípulo, de geração a geração. Precisamos manter esta ligação intacta. Paulo estava dizendo a Timóteo que transmitisse o que já tinha sido provado como verdadeiro e confirmado por “muitas testemunhas” confiáveis. Se a igreja de hoje seguisse constantemente o conselho de Paulo, nunca deixaria de existir lideres habilitados e compromissados com a obra do Senhor, e, por conseguinte, haveria uma transmissão incrível do Evangelho, quando os crentes bem instruídos ensinassem a outros e os encarregassem, por sua vez, de ensinar outros. Os discípulos precisam estar capacitados a transmitir a sua fé; os novos crentes também precisam ser ensinados a fazer discípulos. 3. Influência. É dito que qualquer pessoa que consegue influenciar alguém a realizar alguma coisa, consegue liderar tal pessoa. Com isso, pode-se dizer que quem lidera influencia pessoas à sua volta. Sabe que está no comando e que este comando lhe foi outorgado por Deus. A capacidade de envolver as pessoas em projetos, trabalhos e fazer com que elas cheguem ao fim

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desejado é uma forma adequada de influenciar. Agora, ele não deve de forma alguma incidir uma influência forçada. Isso deve ser natural. Ele é alguém que vê as necessidades das outras pessoas. Está sensível para com elas. Com isso, procura, na maneira do possível, ajudá-las a superar os seus obstáculos. Deve demonstrar um amor genuíno, como um amor de pai para filho. Afinal de contas, eles são o rebanho que Deus lhe confiou nas mãos e que um dia prestará contas disso. O líder deve procurar influenciar o povo de Deus a buscar cumprir os intentos de Deus. é claro que o maior impacto, a maior influência que o líder de Deus pode exercer na vida de uma outra pessoa é a da transformação. Transformar a vida de outros é um grande prazer para o líder, sobretudo porque ele vê o seu suor sendo frutificado. Verifica a Pessoa de Cristo sendo formada na vida de um liderado seu. Com certeza, uma tarefa gratificante. As maiores mudanças que ocorrem na vida de uma pessoa são exercidas mediante aquele a quem ela tem maior contato. “Os grandes líderes influenciam-nos a ir a lugares que nunca iríamos por conta própria e a fazermos coisas de que nunca tínhamos pensado que fôssemos capazes” II. AUXÍLIO NO CRESCIMENTO Uma das formas de estar em contínuo crescimento é auxiliar outras pessoas a crescerem, mesmo que essas pessoas venham a assumir ministérios ou posições maiores do que a sua. André é pouco lembrado na Bíblia, mas foi ele quem convidou Pedro a ir ter com Jesus (João 1:41,42). De forma semelhante, foi Barnabé quem reconheceu que Paulo fora escolhido para uma grande obra e o apresentou aos apóstolos, testemunhando que o mesmo pregava ousadamente no nome de Jesus (At 9:27). Paulo aplica o mesmo ensino recebido, na sua relação com o jovem Timóteo, influindo no crescimento e amadurecimento de seu potencial (At 16:3). Igualmente, requereu de Timoteo que levasse avante esse princípio (2Tm 2:2) (orientação pedagógica – revista do professor). 1. Potencialidades. “Liderança é a capacidade de reconhecer as habilidades especiais e as limitações dos outros, associada à capacidade de introduzir cada um dentro do serviço que desempenhará melhor” ( FINZEL, Hans. Dez Erros que um Líder Não Pode Cometer. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999, p.90). Tomar consciência da vocação e chamada de Deus na vida de outra pessoa é o primeiro passo para ajudá-la a desenvolver suas habilidades. Paulo reconheceu habilidades especiais em Timoteo. Por isso disse: “Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2Tm 1:6). Na época de sua consagração, Timóteo tinha recebido um dom especial do Espírito Santo para capacitá-lo a servir à Igreja (1Tm 4:14). Esse dom era muito provavelmente o dom do ministério, uma graça especial de Deus para realizar a obra cristã. 2Tm 2:7 apóia esta ideia. Em lugar de pedir a Timóteo que reacendesse um fogo apagado, Paulo o estava incentivando a atiçar um fogo que já estava aceso, para mantê-lo ardendo. Timóteo não precisava de novas revelações ou novos dons; ele precisava apenas “atiçar” o dom da liderança que já tinha recebido. Quando Timóteo usasse este dom, o Espírito Santo estaria com ele e lhe daria poder. Deus nunca nos dá uma tarefa sem nos capacitar para realizá-la. 2. Comportamentos. O líder deve ajudar as pessoas a compreenderem exatamente o que se requer e se espera da parte delas, explicando as atitudes e comportamentos adequados, não somente com palavras, mas principalmente com atitudes e ações. Foi isso que Paulo aconselhou a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem ” (1Tm 4:16). Paulo aconselhou Timóteo a ter “cuidado” da sua vida privada e do seu ministério público na igreja – a sã doutrina. A sua conduta nas duas áreas deveria estar acima de qualquer reprovação. Se ele permanecesse no que era correto, isto seria benéfico para ele e para todos os demais. O seu exemplo iria facilitar a salvação dos seus ouvintes. Esse princípio é atemporal, portanto, plenamente aplicável hoje. 3. Credibilidade. Líderes autoritários não desenvolvem credibilidade diante de outros crentes, nem confiança da parte deles ou da parte do Senhor, apenas debilitam sua própria posição. A humildade deve ser uma característica importante quando se estar na posição de liderança. Pois aquele que é humilde está livre do temível orgulho, bem como da arrogância. A humildade traz serenidade e equilíbrio ao líder. No entanto, a pessoa humilde sabe quais são suas qualidades, seus dons, seus talentos. Ser humilde faz com que nos coloquemos em lugar inferior ao que mereço. Cristo demonstrou isso ao lavar os pés dos discípulos (João 13:1-11).

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“A humildade é importante para o líder porque as pessoas seguem mais entusiasticamente aquele

cuja motivação não é servir-se a si mesmo. Se todos os outros fatores forem iguais, o líder humilde está mais perto de alcançar seus objetivos. Por quê? Porque seu objetivo é beneficiar a todo o grupo, e não o seu engrandecimento pessoal. A alegria do líder humilde provém de ver o grupo caminhar no sentido de atender às reais necessidades do grupo. A liderança que não possui essa qualidade, essa expressão de amor, inevitavelmente perde a credibilidade” (HAGGAI, John. Seja um Líder de Verdade: Liderança que permanece para um mundo em transformação. Venda Nova, MG.: Editora Betânia, 1990, p.98,99). III. BARNABÉ, O EXEMPLO Barnabé foi um dos personagens destacados da comunidade cristã primitiva. Era judeu, de uma família de sacerdotes, da tribo de Levi e natural de Chipre, uma ilha do mediterrâneo (At 9:36). Segundo o testemunho de Lucas, "era homem bom, cheio do Espírito Santo e de fé" (At 11:24). Certamente em decorrência disso foi enviado de Jerusalém a Antioquia para cuidar da igreja ali recém-formada (At 11:22). De Antioquia foi designado, juntamente com Paulo, para um empreendimento missionário entre os gentios - a primeira viagem missionária de Paulo (At 13:13). Seu nome judeu era José. Para ressaltar uma característica peculiar, os apóstolos chamavamno Barnabé (At 4:36), interpretado por Lucas como filho da exortação (ou consolação). Barnabé foi um tipo de consolador, um exortador, um paracleto (chamado para o lado de outro a fim de ajudá-lo). Vaie salientar que “parakletos” é um título que Jesus dá ao Espírito Santo no Evangelho de João. O líder que cresce e faz crescer tem MARCAS. Barnabé, como filho da consolação, se coloca ao lado de outros com o fim de ajudá-los, apresentando as seguintes marcas: generosidade, discipulador e zelo pela sã doutrina. 1. Barnabé – a marca da generosidade. A marca da generosidade é uma das mais importantes dentre aquelas que foram responsáveis por tornar a comunidade cristã primitiva rigorosamente singular em sua época (At 4:34,35; 2:44,45). A exemplo disso, a narrativa de Lucas apresenta Barnabé como aquele indivíduo que se pôs ao lado do necessitado: “como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos” (At 4:37). 2. Barnabé – a marca do discipulador. Discipular nada mais é que ensinar a Palavra de Deus aos novos convertidos, àqueles que aceitaram a Cristo como seu único e suficiente Senhor e Salvador de suas vidas e fazer com que eles, que foram escolhidos por Deus, possam viver de tal maneira que deem o fruto do Espírito, ou seja, tenham um novo caráter, uma nova maneira de viver que leve as pessoas a glorificar ao nosso Pai que está nos céus, ou seja, vivam de tal maneira que suas ações os transformem em testemunhas de Jesus, em prova de que Jesus salva e, por isso, outras pessoas reconheçam o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, ou seja, o Evangelho (Rm 1:16). Barnabé foi um discipulador de estirpe admirável. Por isso e para isso foi enviado a Antioquia (At 11:19-24) e, também lá, foi reconhecido como tal (At 13:1). Ele é o tipo de líder que cresce e ajuda a crescer. Apresentamos, a seguir, três altruístas características do seu ministério discipulador: a) O interesse desmedido pelo discípulo. O interesse desmedido de Barnabé aparece primeiramente quando Paulo sofre rejeição da igreja de Jerusalém por parecer suspeito (At 9:26,27). O fato é que Paulo saiu de Jerusalém com a missão de perseguir os cristãos e, após algum tempo, retornou alegando ser cristão. Provavelmente essa alegação foi interpretada como uma nova estratégia de perseguição. No entanto Barnabé, numa atitude corajosa e arriscada, colocou-se ao lado de Paulo para, como advogado, justificá-lo perante os apóstolos - “E, quando

Saulo chegou a Jerusalém, procurava ajuntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, o trouxe aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira ao Senhor e lhe falara, e como em Damasco falara ousadamente no nome de Jesus. E andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo” (Atos 9:26-28).

Depois disso, Paulo viajou para Tarso (At 9:30) e, ao surgir uma comunidade em Antioquia (At 11:19-21), Barnabé foi enviado para assisti-la (At 11:22). De Antioquia, Barnabé dirigiu-se a Tarso em busca de Paulo para juntos servirem ao Senhor na igreja gentílica de Antioquia (At 11:25,26).

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O interesse de Barnabé por Paulo é claro, e mostra que enxergava valor onde todos negavam. É uma visão idêntica à de Jesus, que viu num brutal perseguidor de Sua Igreja um vaso de honra a Seu nome (At 9:15,16). Quantas pessoas há em nosso meio cujo potencial é grande e inexplorado! É necessário que haja visionários cristãos do tipo de Barnabé, capazes de transformar quem está no anonimato em grandes vultos. b) Humildade face à projeção do discípulo. O líder que cresce e ajuda a crescer não se inquieta ao ver o seu discípulo crescer mais do que ele. Barnabé chamou Paulo para ajudar a igreja em Antioquia da Síria, reconhecendo os dons do apóstolo. Ele estava tão dominado por uma consciência de Reino que a humildade se tornou um dos pontos mais salientes em seu ministério de discipulado. Naquela ocasião, Paulo já possuía uma década de experiência crista e ministerial. Mas a força e a sabedoria de Paulo nunca o tornaram um rival de Barnabé. Pelo contrário. Por essas virtudes, Barnabé viu nele um companheiro necessário para o sucesso de seu ministério. Quando os dois foram enviados pela igreja de Antioquia para uma viagem missionária (At 13:1), logo se notou a projeção de Paulo. Ele realizou milagre (At 13:8-12) e fez discurso (At 13:16-41). Segundo Lucas, Paulo foi crescendo, e seu mestre diminuindo. Não se vê vestígio de inquietude em Barnabé por causa da ascensão de Paulo. O conflito que os separou teve outra razão. A atitude de Barnabé em relação ao discípulo é como a de João Batista em relação a Jesus: “convém que ele cresça, e que eu diminua” (João 3:30). Essa visão de Reino o situa além dos seus interesses pessoais e os do discípulo: “importa abençoar os homens e glorificar a Deus”. Nas palavras de Paulo: “nada fazer por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo” (Fp 2:3). Que tenhamos essa visão de Barnabé par que a igreja de Jesus seja o palco da bênção dos homens e da glória de Deus, e nunca palco de rivalidade e glória humanas! c) exerce misericórdia e paciência no momento de fraqueza do discípulo (At 15:36-41). O líder que cresce e ajuda a crescer estar sempre disposto a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou. Barnabé e Paulo haviam concluído a primeira viagem missionária. Quando planejavam a segunda viagem, surgiu um conflito entre os dois que resultou em separação. O falo é que Barnabé insistiu em levar João Marcos (At 15:37). Paulo resistiu fortemente a essa decisão, com a alegação de que João Marcos era desertor (At 15:38). Paulo relembrou o episódio ocorrido em Perge da Panfília quando João Marcos os abandonou durante a primeira viagem (At 13:13). Ambos se mantiveram irredutíveis em suas opiniões, a ponto de se separarem. Barnabé e João Marcos foram para um lado, enquanto Paulo e Silas foram para outro (At 15:40-41). Ao rejeitar a companhia de Marcos, Paulo lhe negou uma segunda chance. Assim, Paulo quebrou a parceria com seu companheiro, visto que, por sua característica peculiar de consolador, Barnabé não se negou a oferecer uma nova oportunidade a quem havia tropeçado. Como Jesus Cristo, Barnabé não esmagou o caniço quebrado e não apagou a mecha que fumegava (Mt 12:20). Exercer misericórdia é um princípio indiscutivelmente válido, tal como Barnabé fez com Marcos. Pela misericórdia, Barnabé transformou um inútil (At 15:38) em alguém “ muito útil ao ministério” (2Tm 4.11). Estaríamos dispostos a dar uma segunda chance a alguém na igreja que falhou? 3. Barnabé – a marca do Zelo pela sã doutrina (At 15). O líder que cresce e ajuda a crescer zela pelo bem-estar de suas ovelhas, por isso preocupa-se com a sã doutrina. A maioria dos primeiros crentes na igreja primitiva era composta de judeus, mas depois muitos gentios foram convertidos, especialmente de Antioquia. Alguns homens vieram de Jerusalém a Antioquia ensinar que a circuncisão era essencial para a salvação (At 15:11), um ensino que Paulo e Barnabé contestavam. A igreja em Antioquia decidiu que a disputa tinha de ser resolvida em Jerusalém. Mandou uma delegação para lá, chefiada por Barnabé e Paulo, para se encontrar com os líderes de Jerusalém. Após muito debate, Pedro usou a palavra e explicou: “ cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus, como também aqueles o foram“ (At 15:11). No Concílio em Jerusalém (c. 49 d.C.) Paulo e Barnabé defenderam a tese (At 15:12) de que a circuncisão não era necessária para a salvação. Após ouvi-los, Tiago deu o seu parecer (At 15:19,20). Paulo, Barnabé e os outros voltaram para Antioquia onde foi lida a carta do Concílio para a alegria de toda a igreja. Em Atos 15:15,26, vemos o alto conceito e estima que os líderes de Jerusalém dispensaram a Barnabé e Paulo chamando-os “os nossos amados Barnabé e Paulo”, homens que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo”.

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Vemos nesse incidente o cuidado pelo bem-estar de suas ovelhas e a preocupação de Barnabé com a sã doutrina. Ele se mostrou um homem sábio e espiritual. Quantas vezes, hoje em dia, faltam sabedoria e coragem para resolver os problemas que surgem no meio da igreja. Por tudo que foi exposto, podemos afirmar que Barnabé é da natureza de dispor a si para o crescimento do próximo com indizível interesse, profunda humildade e incansável perseverança. Enfim, ele usou sua vida para abençoar os homens e glorificar a Deus. Que Deus nos dê a graça de imitar a Barnabé.

CONCLUSÃO “Se o líder não treinar novos líderes, inspirando-os e ajudando-os a desenvolver o seu potencial, não deixará nenhum legado à próxima geração. Se aquilo que realizou acabar com a sua saída, sua obra se perde. A liderança só vale a pena quando líderes crescem e ajudam outras pessoas a crescerem”.

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O LÍDER NO PLANO DE DEUS Leitura Básica: Gênesis 45:4-8

“Não fostes vós que me enviastes para cá, e sim Deus, que me pôs por pai de Faraó...e como governador em todo a terra do Egito” (Gn 45:8). INTRODUÇÃO Todos nós fazemos parte de um Plano e de um propósito de Deus. Não importa em que circunstâncias estivermos, quando fazemos parte do Plano de Deus nada poderá obstar os desígnios dEle. Daniel e seus amigos foram levados para a Babilônia (em 605 a.C), o momento era de adversidades extremas, mas foi do agradado de Deus que Daniel e seus amigos fossem os maiores líderes que a Babilônia já teve. Outro exemplo foi José (filho de Jacó) no Egito; ele saiu de uma sórdida prisão para ser o governador da maior potência econômica e militar da sua época. Outro exemplo foi Neemias, quando foi usado por Deus para ser um dos maiores líderes junto ao seu povo na reconstrução dos muros de Jerusalém; abnegado e fiel servo de Deus, ele tornou-se um exemplo para a liderança da igreja atual; Neemias destacava-se por um elevado senso de organização, humildade e coragem; era um líder completo. Não poderíamos deixar de falar de Moisés; foi tirado do exílio, em Mídiã, da situação de empregado do sogro para se tornar o maior líder do povo escolhido de Deus, Israel. Poderíamos falar de Paulo; ele é um dos maiores exemplos de liderança do Novo Testamento; seu modelo máximo é Jesus. Deus traçou um Plano bem definido, mediante o qual a sua vontade será cumprida. Portanto, quando falamos sobre o Plano de Deus, queremos dizer com isso que Deus tem uma maneira certa e especifica de cumprir o seu propósito, e Ele providenciará para que tudo se cumpra. Nada impede os desígnios

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de Deus. Se você estiver dentro do Seu plano para ser um líder, nada neste mundo e nem Satanás serão óbices para o cumprimento da vontade de Deus. I. O CHAMADO À LIDERANÇA Uma coisa devemos estar ciente: a Obra de Deus foi e sempre será realizado por pessoas guiadas e capacitadas pelo Espírito Santo. Logo, é clarividente que ao escolher alguém para ser líder na Sua Obra, Deus o adorna com algo a mais, a fim de que o Seu propósito de expressar amor e misericórdia para a salvação da humanidade seja o mais amplamente alcançado. Deus pode escolher a quem Ele quiser para ocupar a posição de líder. Afinal de contas, Ele é Deus, nós apenas criaturas, Ele o Criador. Deus está chamando líderes. Ele está à procura de líderes .

“Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei” (Ez 22:30).

Esse texto de Ezequiel mostra que a corrupção dos líderes (Ez 22:25-28) e do povo (22:29) era tão grande em Judá que Deus não encontrou uma só pessoa disposta a levar o povo de volta a Deus. É uma tragédia, quando certas igrejas estão tão dominadas pelo mundanismo que Deus não encontra ninguém na congregação disposto a interceder, isto é, a “tapar o muro” ou “ficar na brecha” da situação, espiritualmente crítica; ninguém para bradar contra a decadência espiritual e moral, ninguém para liderar a oração com humilhação, com verdadeiro arrependimento e com sincera busca da face de Deus, visando um avivamento espiritual (cf 2Cr 7:14). No meio do povo de Deus há muitos crentes fiéis que poderiam se impor contra a mornidão espiritual e tornarem-se fervorosos intercessores por um avivamento. Mas, estão em silêncio, por receio ou acomodação. Deus está à procura de líderes que se ponham na “brecha” da situação espiritual critica porque passa a igreja nestes últimos dias que antecedem a volta do Senhor Jesus.

1. Evidência histórica. Ao longo do compêndio veterotestamentário bem como no compêndio

neotestamentário, vemos Deus desenvolvendo seus propósitos, escolhendo e chamando líderes, dando-lhes instruções precisas, inspirando-os, de modo que cada indivíduo seja afetado com Sua mensagem e Seu plano de ação. Como exemplo no Antigo Testamento, vemos o caso em que Moisés foi orientado por seu sogro, Jetro, para descentralização das tarefas. Ao ver que Moisés decidia sozinho todas as causas do povo, que se aglomerava todos os dias para ser atendido por ele, Jetro, dentro de sua experiência, sugeriu a Moisés que efetuasse a descentralização do poder, resolvendo apenas as causas mais graves, criando maiorais de mil, de cem, cinquenta e de dez para resolver as “pequenas causas”, trazendo agilidade e paz para o povo de Israel. Moisés prontamente atendeu ao conselho de Jetro (Ex 18:24,25), demonstrando ser uma pessoa humilde e receptiva a críticas. Portanto, a evidência histórica denuncia que nenhum mal impediu e impedirá a execução do Plano de Deus. Para isso, ele escolhe os líderes com o fim de cumprir os seus propósitos. Seja qual for o método escolhido.

2. Chamada. Em algumas situações especificas, para execução de Seu Plano, Deus escolhe diretamente os seus líderes e lhes diz o que devem fazer.

No Antigo Testamento, vemos isso ocorrer com Moisés – “E apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote em Midiã; e levou o rebanho atrás do deserto e veio ao monte de Deus, a Horebe. E apareceu-lhe o Anjo do Senhor em uma chama de fogo, no meio de uma sarça; e olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia. E Moisés disse: Agora me virarei para lá e verei esta grande visão, porque a sarça se não queima. E, vendo o Senhor que se virava para lá a ver, bradou Deus a ele do meio da sarça e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui. Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito” (Ex 1:14,10). Outro exemplo que podemos citar é o de Samuel – “Então, veio o Senhor, e ali esteve, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. E crescia Samuel, e o Senhor era com ele, e nenhuma de todas as suas palavras deixou cair em terra”(1Sm 3:10,19). No Novo Testamento, vemos o caso de Paulo, ao qual é dado instruções pormenorizadas sobre o que deve fazer ao longo de seu ministério – “E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que

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faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer” (At 9:6).

Deus concede à Sua Igreja líderes para preencherem posições especificas de liderança. E o padrão universal de liderança eclesiástica que Deus estabeleceu para sua Igreja, bem como a descrição dos propósitos, definidos e mensuráveis, que Ele propôs para serem alcançados, encontra-se em Efésios 4:11 - “E ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Estes dons exarados neste texto, bem como em Rm 12:6-8, são de natureza espiritual, não são título; e são provas da liderança inspiradora dentro do Plano de Deus.

3. Qualificação. Outra evidencia de que o Plano de Deus inclui a ideia de liderança são as listas de

descrições detalhadas das qualificações e responsabilidades dos líderes escolhidos por Deus. Na Igreja, a liderança para ser legítima, deve ter qualificação espiritual e moral e o consentimento dos santos, tudo sob a direção do Espírito Santo (At 14:23).

- No Antigo Testamento, encontramos detalhes das qualificações requeridas de reis e sacerdotes, bem como suas respectivas responsabilidades (Lv 4:3; Nm 31:24; Sl 2:10-11; Pv16:12).

- No Novo Testamento, as qualificações que se exigem das pessoas responsáveis pela liderança e administração da igreja encontram-se listadas em 1Tm 3:1-8 e Tt 1:6-9; 1Pe 5:1-4. Alistamos algumas destas qualificações: A - Quanto à sua moral, o líder deve ser: a.1) irrepreensível (1Tm 3:2). O líder não pode ter uma conduta que seja alvo de repreensão (1Tm 3:2,7), o que não significa não ser alvo de crítica, pois sempre haverá quem fale mal do cristão por seu bom porte, mas a crítica deverá sempre enaltecer o testemunho do obreiro (cf. 1Pe 2:19,20). a.2) Esposo de uma só mulher (1Tm 3:2). A moral do líder deve ser exemplar. Isso é evidenciado logo por sua total devoção à sua esposa. O Espírito Santo acentua grandemente a liderança do crente no lar, no casamento e na família (1Tm 3:2,4,5; Tt 1:6). Isto é, o obreiro deve ser um exemplo para a família de Deus, especialmente na sua fidelidade à esposa e aos filhos. Ele deve ser marido de uma só mulher (1Tm 3:2). Esta expressão denota que o candidato ao ministério pastoral deve ser um crente que foi sempre fiel à sua esposa. B - Quanto ao seu modo de viver, o líder deve ser: b.1) sóbrio (1Tm 3:2; 1Pe 1:13). O líder cristão precisa ter equilíbrio, domínio próprio, autocontrole. Isto é resultado da unção do Espírito sobre sua vida (cf. Ec 9:8). Ao tomar decisões usa de sabedoria. Infelizmente, em nossos dias, muitos têm perdido o equilíbrio. Uns por falta de conhecimento da Palavra de Deus, põem-se a ensinar costumes e modos humanos, que nada tem a ver com a salvação ou santificação; são doutrinas dos homens, que perecem com o tempo (Cl 2:22). Outros preferem ignorar totalmente qualquer ensino de santificação e consagração, preferindo transformar suas igrejas em verdadeiras sociedades entre irmãos, mas voltados para o lazer e a satisfação da carne. Tais "pastores" e "mestres" são considerados biblicamente falsos. b.2). Honesto (1Tm 3:2). A honestidade é indispensável ao líder, que deve se credenciar, como nenhum outro, para habitar no tabernáculo de Deus (cf. Sl:15). C - Quanto ao seu serviço, o líder deve ser: Apto para ensinar (1Tm 3:2). O líder precisa ter uma certa aptidão para ensinar. Entre os crentes sempre há a necessidade de ensino e esta oportunidade não deve de forma alguma ser negligenciada pelo líder, ele deve procurar aproveitá-la ao máximo possível. Ele deve ensinar a outros e treinar

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líderes (Tt 1:9). Infelizmente, temos observado que muitos têm galgado o ministério sem que possam ensinar a quem quer que seja. D - Quanto às suas atitudes, o líder deve ser:

d.1). Não dado ao vinho (1Tm 3:3). Deve ser pessoa que não se deixe dominar por qualquer vício,

seja ele qual for, pois não pode, como qualquer crente, deixar-se dominar por coisa alguma (cf1Co 6:12).

d.2). Não espancador (1Tm 3:3). O líder não pode ser pessoa violenta, mas, assim como o Senhor, "ser manso e humilde de coração"(Mt 11:29). Não se espanca apenas com agressões físicas, mas, também, com palavras, cuidado que o obreiro sempre deve ter (ler 2Tm 2:14,16).

d.3). Cordato. Justamente o contrário do homem que é violento em modo de agir. É alguém cuja

natureza é calma, prudente e bem controlado. Pessoa que tem bom senso. É moderado em sua forma de agir (Tt 3:2).

d.4) Inimigo de contendas (1Tm 3:3). O líder cristão não usa de rivalidades. Não entra em lutas com outra pessoa (1Co 1:11; 3:3).

d.5). Não avarento (1Tm 3:3). O líder que está no Plano de Deus não é uma pessoa escrava do desejo

de acumular riquezas para si. Não é dominado pela avareza, não tem apego demasiado ou sórdido pelo dinheiro.

d.6). Governa bem sua própria casa (1Tm 3:4). Não assume o papel de ditador. A sua autoridade deve ser moral e espiritual, usando para isso a autoridade da Palavra de Deus.

II. QUALIDADES DO LÍDER INSPIRADOR O líder de Deus deve possuir características ímpares que o colocam como um legítimo representante do Senhor Jesus Cristo. É claro que existem muitas outras qualidades que um líder deva ter, mas nós citaremos apenas as seguintes:

1. Empatia. Empatia significa colocar-se na situação de outrem. Significa, na prática, ver as coisas

pelo ponto de vista de outras pessoas, procurando entender como as mesmas se sentem, coadunandose com a regra área ditada por Jesus, exarada em Lucas 6:31 - “E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazeis vós, também”. Significa comungar, sincera e amorosamente, dos sentimentos de nossos irmãos, conforme enfatiza o apóstolo Paulo : "Alegrai-vos

com os que se alegram e chorai com os que choram" (Rm 12:15).

Um grande edifício é construído de pedras que possuem arestas que de vez em quando se cortam e arranham umas nas outras, porém quando são rebocadas e pintadas não mais se lembram das diferenças, pois o mais importante é fazer parte do edifício que chega ao céu. No edifício de Deus, a Igreja, os irmãos se perdoam e se amam, procurando esquecer as falhas de cada um e ajudando-se uns aos outros a serem membros deste tão maravilhoso edifício que vai morar no céu. Em 1Pe 2:5 está escrito: “vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo ”. A empatia é essencial para que líderes não sejam egoístas e medíocres, mas sim solidários e companheiros. É essencial quando o líder compartilha a liderança, em apreciar trabalhar ao lado de outros líderes. Citamos o exemplo de Neemias (Ne 1:4). Seus ouvidos estavam abertos ao clamor do seu irmão e seu coração profundamente sensível às necessidades do seu povo. Neemias vivia no luxo, mas também vivia de forma piedosa. Ele vivia com Deus e se importava com aqueles que viviam na miséria. Jerusalém estava a 1.500 km de Susã. Neemias nunca vira antes a cidade dos seus pais, mas ele se importava com ela. Os problemas da cidade eram os seus problemas, a dor da sua gente era a sua dor. Na sua agenda havia espaço para receber aqueles que estavam sofrendo. Era um homem

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que tinha conhecimento, influência e poder, mas não se afastava daqueles que viviam oprimidos pelo sofrimento. Muitos homens que vivem encastelados no poder aproximam-se do povo apenas para auferir benefícios próprios; correm atrás do povo apenas à cata de votos para depois se locupletarem com lucros abusivos, esquecendo-se deliberadamente daqueles que os guindaram ao poder. Neemias caminha na direção do povo para socorrê-lo e não para explorá-lo. Esse homem tinha um sentimento empático.

2. Foco no alvo. Alguém disse que a “liderança é o que move as pessoas e as organizações para que cumpram seus alvos”. Portanto, um líder inspirador deve estabelecer alvos claros a serem atingidos;

ele romperá todos os obstáculos para que os alvos estabelecidos se tornem uma realidade. Ele deve estabelecer alvos para si mesmo, bem como para seus liderados. O apóstolo Paulo tinha uma meta pessoal, que é a mesma de todo e qualquer líder: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. ” (Fp 3:14). O bom líder inspira pessoas desanimadas e desmoralizadas e dá nova vida a uma organização agonizante. Alguém disse que “O poder de inspirar os outros para o serviço e o sacrifício é a marca do líder de Deus. Sua chama acende os que ficam à sua volta”. Não basta estar à frente do rebanho, é preciso inspirá-lo com disposição e entusiasmo. Motivação é chave para atingir os planos. O líder deve estar sempre motivando os demais, bem como motivando a si mesmo. Quando o trabalho é bem executado, ele deve saber dar crédito às pessoas por isso, deve elogiar o trabalho bem feito. Deve também cobrar quando o trabalho não acontece. Quando Neemias chegou em Jerusalém para reconstruir os muros e as portas da cidade, ele mobilizou o povo para o trabalho e tornou-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse "vá e construa”, mas "vinde e construamos!"(Ne 2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água” (Ne 4:23). Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu! ’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”.

3. Digno de Confiança. “Para que um homem seja líder ele tem de ter seguidores, e para que tenha seguidores ele tem de ter a confiança deles. Assim sendo, a primeira qualidade do líder tem de ser integridade inquestionável. Sem ela, não é possível o verdadeiro sucesso, não importam se estejam trabalhando em turma de fábrica, campo de futebol, no exército ou num escritório. Se os colegas de um homem descobrem nele falsidade, se percebem que nele falta integridade direta, este homem fracassará. Seus ensinos e seus atos devem ser congruentes. Assim, a maior necessidade é integridade e propósito elevado” (BARBER, Cyril J. Neemias e a Dinâmica da Liderança Eficaz. São Paulo, SP.: Editora Vida, 1999, p.79). Esse é o segredo do autêntico líder para conquistar a confiança de seus liderados e motivá-los a seguilo: a sua integridade deve ser indiscutível. Um líder que não é íntegro em sua vida pessoal não é digno de confiança, não é um verdadeiro líder. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser sincero e está sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações, no agir, nas finanças, no serviço. Ninguém pode falar mal do líder que assim procede. Ele é digno de confiança. Temos na vida de Daniel um grande exemplo: ele era íntegro e irrepreensível; não havia nada que pudesse macular o seu caráter. Sendo assim, seus inimigos tentaram achar algo para acusá-lo na lei de Deus. Nada encontraram. Por fim, tiveram que fazer algo para que ele viesse a cair, mas sua vida espiritual era tão elevada que mesmo diante do decreto do rei, ele não sucumbiu. Ele era um líder digno de confiança.

4. Testemunho. O líder é uma pessoa cuja influência se faz sentir em todos os aspectos. Por onde

quer que vá, ele é alvo de observações e por isso há de exercer uma influência na vida das pessoas que o cercam. Ele não deve procurar fazer certas coisas somente para que outras pessoas vejam que ele está fazendo, mas ele deve ter em sua mente que quando ele faz alguma coisa os outros estão observando o seu modo de fazer ou agir. Até mesmo tudo o que o líder fala, faz ou pensa serve para influenciar os seus liderados, quer positiva, quer negativamente. De uma maneira ou de outra, o líder,

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influenciará os seus liderados em tudo o que faz, portanto, é necessário que se tenha o máximo cuidado para não ser uma influência negativa na vida deles. Timóteo era um líder que tinha uma chamada. Uma das coisas mais importantes na vida de Timóteo era o seu testemunho. Para ser padrão exige-se um exemplo bastante elevado. Se Timóteo fosse padrão apenas na Palavra e não no procedimento, ele se tornaria imprestável para o ministério. Sem amor, não se pode viver. “Sem fé é impossível agradar a Deus”. Se não for puro, a impureza há de derrubar por completo a vida do líder. O apóstolo Paulo admoestou a Timóteo que fosse um exemplo tanto aos que estão de fora (os infiéis), quanto aos de dentro (os féis): “Convém também que tenha bom testemunho dos que estão de fora, para que não caia em afronta, e no laço do diabo” (1Tm 3:7). “...sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, n o amor, no espírito, na fé, na pureza ” (1Tm 4:12). Portanto, o líder eficaz, que está no Plano de Deus, deve ter a consciência de que ele é um canal pelo qual Deus manifesta seu amor e misericórdia. Logo, deve procurar permanecer na dependência e orientação do Espírito Santo. Desta feita, deve buscar a primazia do testemunho de ter um caráter irrepreensível, vivendo sempre em consonância com os princípios espirituais revelados na Palavra de Deus tal qual foi Timóteo, tal qual foi Josué, tal qual foi Moisés, tal foi Paulo, tal qual foi José (filho de Jacó), etc. III. JOSÉ, O EXEMPLO O José que referimos neste tópico, é o patriarca José, filho de Jacó e Raquel. Deus escolheu José para ser um exemplo de que a piedade e o temor a Deus são indispensáveis na vida do líder inspirador, e independem das circunstâncias da vida debaixo do sol. 1. Na escravidão. “E viu o seu senhor que Deus era com ele, e que fazia prosperar em sua mão tudo

quanto ele empreendia. Assim José achou graça aos olhos dele, e o servia; de modo que o fez mordomo da sua casa, e entregou na sua mão tudo o que tinha” (Gn 39:3,4). José era servo (Gn

39:1,2) e superintendente dos bens de Potifar (Gn 39:4-6). A Bíblia não diz quanto tempo ele exerceu esta função, mas afirma que Potifar sabia que o Senhor estava com ele e o fazia prosperar em tudo (Gn 39:3). Apesar de ter perdido a condição de filho predileto na casa de seu pai e de, agora, ser um escravo em terra estrangeira, José não havia perdido a companhia do Senhor. O texto sagrado é enfático ao afirmar que “o Senhor estava com José” (Gn 39:2). E por que Deus estava com ele? Porque José se manteve fiel ao Senhor. Como disse o salmista: “Perto está o Senhor de todos os que o invocam, de todos os que o invocam em verdade” (Sl 145:18). José servia verdadeiramente a Deus, adorava a Deus pelo que Ele é, não pelo que Ele fazia ou deixava de fazer e, por isso, o Senhor estava com ele. José manteve a mesma disposição que já demonstrara na casa de seu pai. O texto bíblico diz que José “…estava na casa de seu senhor egípcio” (Gn 39:2), expressão que significa que José mantinha o seu lugar, cumpria à risca os seus deveres, assim como fizera para Jacó. Era escravo, não era mais o filho predileto, mas mantinha a excelência de seu serviço, mantinha a dedicação, apesar de toda a adversidade. O resultado deste serviço sincero foi José se tornar o mordomo da casa de Potifar, o administrador de toda a casa, vez que achara graça aos olhos do seu senhor. A consequência deste gesto de Potifar foi a bênção de Deus sobre todo o patrimônio de Potifar. E José compreendia que seu bom êxito vinha somente de Deus e respeitava o seu senhor Potifar, e ainda mais, a Palavra de Deus (Gn 39:1-6).

2. Na prisão. Mas, quando tudo parecia estar bem na vida de José, surge a tentação. A mulher de

Potifar quis praticar relação sexual com José, pois ele era formoso de parecer e formoso à vista (Gn 39:6). José resistiu a esta oferta, não aceitando deitar-se com a mulher de seu senhor, pois era fiel a Deus e sabia que uma relação sexual fora do casamento estava fora da vontade divina.Ele... Fugiu (Gn 39:12). Acusado injustamente, José foi preso por seu próprio senhor, Potifar (Gn 39.20). Mais uma vez, José é humilhado, desta feita porque resolvera servir a Deus e dar-lhe a devida obediência. José foi levado injustamente ao cárcere, mas ali, também, “o Senhor estava com José” (Gn 39:21). Além de estar

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com ele, mesmo numa situação tão difícil, a Bíblia nos diz que o Senhor “ estendeu sobre ele a Sua benignidade” (Gn 39:21). O momento era assaz difícil para José, que sentia a dor da injustiça e revivia o trauma da cova em que fora lançado pelos seus próprios irmãos. Ciente desta circunstância psicológica altamente adversa, o Senhor lança sobre seu servo a sua benignidade, o seu bem-querer. O Senhor estava com José e José se manteve na mesma linha da vida de comunhão com o Senhor e da excelência do serviço, do esforço e da dedicação. O resultado não poderia ter sido outro: José achou graça também aos olhos do carcereiro-mor (Gn 40:21). Mais uma vez José faz brilhar o nome do Senhor através do seu bom testemunho e isto num tempo em que nem sequer sabia que o servo de Deus deveria ser luz do mundo. E nós, a quem está verdade bíblica já foi revelada, temos sido luz do mundo? Temos sido “…irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio duma geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no mundo ” (Fp 2:15)? José voltou a liderar, porque ele era um líder inspirador que estava no Plano de Deus. Passou a ser o encarregado de todos os presos que estavam na casa do cárcere (Gn 39:22), inclusive do padeiromor e do copeiro-mor, altos funcionários de Faraó que haviam sido presos (Gn 40:3,4). O ambiente prisional não é fácil, é extremamente violento, repleto de intrigas e de crueldade. Ali, notadamente nos dias de José, as pessoas não tinham praticamente nenhuma esperança de sobrevivência, eram extremamente maltratados e a vida não assumia qualquer valor. José, porém, soube liderá-los e ganhar não só a confiança do carcereiro-mor como também dos próprios presos, pois, se assim não fosse, não teriam o copeiro e o padeiro de Faraó tido confiança em lhes contar os sonhos que tiveram, ainda mais sendo, como o eram, egípcios, altamente supersticiosos e que criam que somente os sacerdotes e magos tinham capacidade para interpretar sonhos. José estava, então, sem o saber, iniciando a fase final do seu aprendizado, para, então, exercer a função para a qual o Senhor o estava preparando.

3. No triunfo. José ainda trabalhou dois anos inteiros na casa do cárcere depois que o copeiro-mor foi restituído ao seu cargo e o padeiro-mor, enforcado. Entretanto, depois destes dois anos, exatamente no dia do aniversário de Faraó (Gn 40:20), que este teve dois sonhos seguidos que muito o perturbaram e que não teve qualquer interpretação por parte dos magos (Gn 41:8). O copeiro-mor, então, lembrou-se de José e ele foi chamado à presença de Faraó, que lhe contou os sonhos, que foram interpretados por José (Gn 41:1-32). José, então, não só interpretou os sonhos, mas deu a solução para a questão, aconselhando a Faraó que deveria se prover de um varão entendido e sábio, que fosse posto sobre a terra do Egito e administrasse os anos de abundância para que, nos anos de fome, esta fosse mitigada (Gn 41:33-37).

Ao interpretar o sonho de Faraó, José poderia engrandecer-se. Mas não o fez (Gn 41:39-41). Ele era humilde e soube esperar o tempo de Deus. A confiança no Senhor e o auto-domínio de José estavam sendo provados. Uma pessoa impaciente pediria ao rei a liberdade, um cargo público, ou algum outro tipo de benesse. Entretanto, José foi longânimo, e Deus moveu o coração de Faraó para nomeá-lo como governador do Egito, transformando-o na maior autoridade do país, devendo obediência tão somente a Faraó(Gn 41:38-41). Enquanto governador do Egito, José continuou a ter a mesma integridade de seu tempo de filho predileto, escravo na casa de Potifar e preso na casa do cárcere. Ele era o mesmo, pois a pessoa íntegra é aquela que é o que é, que tem todo o seu ser completamente entregue nas mãos do Senhor, que O serve de coração inteiro. José foi líder inspirador que estava no Plano de Deus. Ele é, sem dúvida, um grande exemplo a todos nós. CONCLUSÃO A liderança advém de uma atitude de serviço e de trabalho. Verdade é que o servo do Senhor é chamado para servir neste ou naquele lugar, seja na igreja local, seja na vida secular. Entretanto, apesar da consciência de seu chamado, o servo do Senhor não deve querer prevalecer apenas com base na divulgação das promessas de Deus, mas, sim, em termos de serviço, de trabalho, de dedicação e esforço. A melhor maneira de mostrarmos que temos chamada divina, que temos uma vocação do Senhor para exercer esta ou aquela tarefa é a realizando, é trabalhando harmoniosamente com as

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pessoas que lidera, esperando sempre o melhor das mesmas. Foi assim que os grandes líderes que estavam no Plano de Deus procederam. --------

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PAULO, UM MODELO DE LÍDER-SERVIDOR "E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão"(2 Co 6.1).

INTRODUÇÃO. Muitas teorias acerca do tema liderança têm sido apresentadas em diversas escolas de administração, porém, a mais importante é a que a Bíblia mostra: a liderança exercida pelo exemplo, a liderança-servidora. A base da liderança não é o poder e sim a autoridade, conquistada com amor dedicação e sacrifício. O respeito, a responsabilidade e o cuidado com as pessoas são virtudes indispensáveis a um grande lider. Liderar não é ser chefe (chefia pressupõe autoritarismo). Liderar também não é o mesmo que gerenciar; você gerencia coisas e lidera pessoas. Liderar é servir. Atualmente muitos querem exercer liderança, mas poucos querem servir ao Senhor Jesus e a Sua Igreja. Jesus foi o nosso exemplo de líder-servidor. Certa vez, Ele declarou que não veio a esse mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.26-28). Paulo foi um homem que seguiu as pisadas do Mestre e personificou sua liderança como um líder-servidor. Ele aprendeu com Jesus que o serviço é a postura ideal para quem deseja liderar na vida eclesiástica. Mesmo sofrendo retaliação e rejeição de alguns, Paulo Amou, liderou e serviu a igreja, e esperava que os coríntios fizessem o mesmo. Ele recomenda aos coríntios na primeira carta:”sede meus imitadores, como eu sou de Cristo”(1Co 11:1). I. PAULO SE IDENTIFICA COMO SERVIDOR DE CRISTO (6.1,2) 1. Paulo se descreve como cooperador de Deus no ministério da reconciliação -“ E nós, cooperando também com ele, vos exortamos a que não recebais a graça de Deus em vão” (6:1). Este versículo é complemento do capitulo 5, que estudamos na aula anterior sobre o “Ministério da reconciliação”. Aqui, Paulo ainda está relatando sua mensagem aos que ainda não eram salvos, precisamente aos corintios, para que se reconciliem com Deus. Fazendo assim, ele afirma que estava cooperando com Jesus Cristo. Ele falou da graça maravilhosa que lhes é oferecida por Deus. Agora, roga-lhes que não a recebam em vão. Eles não devem permitir que a semente do evangelho caia em solo estéril. Antes, devem responder a essa mensagem maravilhosa recebendo o Salvador da qual ele fala. É óbvio que Deus não precisa de ninguém para fazer o que é necessário ser feito, mas Ele deseja uma relação de comunhão e serviço em conjunto com o ser humano, para que este tenha o privilégio de participar do ministério da reconciliação. 2. Paulo, um modelo de líder-servidor. O apóstolo Paulo é considerado um modelo de líderservidor, porque ele é o reflexo da liderança-servidora de Jesus Cristo, cuja essência era “se você quiser liderar, primeiro deve servir”. E Jesus demonstrou isso durante todo o seu ministério terreno. Lembremos, Ele não era detentor de qualquer tipo de poder político, econômico ou religioso da época. Herodes, Pôncio Pilatos, os romanos e muitos judeus religiosos tinham poder, mas Jesus não. Ele possuía autoridade; influência sobre as pessoas que o seguiam. Influência essa que era baseada principalmente na forma como servia ao povo.

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As características do amor ágape são modelos essenciais a serem absorvidos pelo líder. Desta feita, o capítulo 13 de 1Corintios apresenta-se como o texto áureo da verdadeira liderançaservidora. Para verificar, basta trocar as palavras amor/caridade pela expressão verdadeiro líder e terás a seguinte paráfrase: O verdadeiro líder sofre, é bondoso. O verdadeiro líder não é invejoso, não é leviano e não é arrogante. O verdadeiro líder não se porta com indecência, não é mesquinho, não se estressa facilmente e não suspeita mal. O verdadeiro líder não folga com a injustiça, ama a verdade. O verdadeiro líder acredita, é paciente e tudo suporta. 3. Paulo desperta os coríntios para a chegada do tempo aceitável - (Porque diz: Ouvi-te em tempo aceitável e socorri-te no dia da salvação; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação.) ” (6:2). Neste versículo, Paulo cita Isaias 49:8. Neste capítulo, vemos que Deus está em litígio com seu povo porque rejeitaram o Messias. No versículo 7 deste capítulo, o Senhor é rejeitado pela nação de Israel, uma rejeição que, como sabemos bem, resultou na morte de Jesus. No versículo 8, porém, temos as palavras de Jeová, garantindo ao Senhor Jesus que sua oração foi ouvida e que Deus Pai o ajudaria e o preservaria. Socorri-te no dia da salvação. Estas palavras se referem à ressurreição do Senhor Jesus Cristo. O tempo aceitável e o dia da salvação seriam iniciados com a ressurreição de Cristo dentre os mortos. Ao pregar o evangelho, Paulo se apropria dessa maravilhosa verdade e anuncia aos seus ouvintes não – salvos: eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação. Em outras palavras, já estamos vivendo na era sobre a qual Isaias havia profetizado como dia da salvação, de modo que Paulo insta os homens a crer no Salvador enquanto ainda é o dia da salivação. Hoje, ainda é tempo oportuno de você se reconciliar com Deus. Amanhã pode ser tarde demais! II. A ABNEGAÇÃO DE UM LÍDER-SERVIDOR (6.3-10) Paulo tratou da súbita honra de ser um ministro da nova aliança (3:6), um ministro da justiça (3:9), um ministro da reconciliação (5:18); de receber a palavra da reconciliação (5:19) e ser um embaixador de Deus (5:20). Por esse motivo, ele buscava viver de forma irrepreensível a fim de que o ministério não fosse censurado (6:3). 1. O cuidado de um líder-servidor. “Não dando nós escândalo em coisa alguma, para que o nosso ministério não seja censurado”. O apóstolo Paulo tinha o cuidado de não fazer coisa alguma que pudesse servir de tropeço tanto a incrédulos quanto a cristãos (Rm 14:1-23). Ele estava ciente de que sempre haveria pessoas à procura de uma desculpa para não ouvir a mensagem da salvação e dispostas a usar a vida incoerente do pregador como pretexto. Assim, o apóstolo lembra aos coríntios que não deu nenhum motivo de escândalo em coisa alguma, para que o ministério não pudesse ser censurado. “Ministério” aqui não se refere a um alto cargo eclesiástico, mas ao serviço a Cristo. E isto diz respeito a todos os que pertencem a Cristo. Um pastor é sempre em primeiro lugar um ministro da Palavra e, depois, um servo do Senhor para o seu povo. Quando um ministro do evangelho quebra a lei moral de Deus, a Igreja local sentirá muita dificuldade para testemunhar efetivamente para o mundo. A igreja local a que pertence esse ministro se torna objeto de riso, pois a poluição do pecado mostra a contradição entre atos e palavras. O ato pecaminoso ofusca a mensagem do evangelho. 2. Experiências de um líder-servidor (6:4-5). “Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo: na muita paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns”. Paulo descreve seu ministério apostólico apresentando uma série de seis tribulações e aflições experimentadas por ele. Didaticamente, ele aborda três grupos, cada um composto de três situações, em que a paciência é aplicada. Primeiro grupo, os conflitos internos da vida cristã(6:4): aflições, necessidades e angústias. Aflições – podem referir-se a perseguições sofridas pelo apóstolo em nome de Cristo. Necessidades – Dão a idéia de carência de necessidades básicas como alimento, vestuário e abrigo. Angústias – Podem abranger as circunstâncias adversas nas quais ele se via com frequencia. Segundo grupo, as tribulações externas da vida cristã – são exemplos particulares(6:5): açoites, prisões e tumultos. Açoites – O sofrimento de Paulo não era apenas espiritual, mas também físico. Conforme Atos

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16:23 e 2Co 11:23,24, Paulo sofreu muitos açoites. É exatamente porque os cristãos primitivos enfrentaram as fogueiras, as feras e toda sorte de castigos físicos que hoje recebemos o legado do cristianismo. Prisões – Paulo foi preso várias vezes. Ele passou vários anos do seu ministério na cadeia. O livro de Atos registra sua prisão em Filipos, Jerusalém, Cesaréia e Roma. Também são mencionadas em 2Corintios 11:23: “São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes”. Paulo terminou os seus dias numa masmorra romana, de onde saiu para ser decapitado. Tumultos – Se referem às confusões provocadas em várias ocasiões pela pregação do evangelho. A mensagem de que os gentios podiam ser salvos da mesma forma que os judeus foi a causa de alguns dos tumultos mais violentos. Terceiro grupo, as tribulações naturais da vida cristã (6:5b): trabalhos, vigílias e jejuns. Estas provas não vieram de fora nem de dentro, mas foram abraçadas voluntariamente por Paulo. Trabalhos - Os trabalhos de Paulo podem incluir não apenas a confecção de tendas, mas outros trabalhos braçais, sem falar em suas viagens. Vigílias – As vigílias descrevem sua constante necessidade de permanecer alerta às tentativas de seus inimigos lhe fazerem mal e aos ardis do diabo. Jejuns – Os jejuns talvez incluam a abstinência voluntária de alimentos; é mais provável, porém, que se refiram à fome decorrente da pobreza. Apesar de todas essas experiências na vida ministerial de Paulo, ele não se envergonhou do evangelho de Cristo nem desistiu de continuar seu trabalho, que era realizado na pureza(6:6), ou seja, com castidade e santidade. Ninguém podia acusá-lo de praticar atos que maculassem o seu caráter. 3. Os elementos da graça que o sustentaram nestas experiências (6:6). “na pureza, na ciência, na longanimidade, na benignidade, no Espírito Santo, no amor não fingido”. O apóstolo Paulo deixa de lado as provas e tribulações, que a paciência lhe permitiu vencer, e apresenta seis "elementos" que lhe deram força interior, resultantes da graça, e que o sustentaram, bem como a seus companheiros, naquelas tribulações: "pureza, ciência (conhecimento), longanimidade, benignidade, a presença do Espírito Santo e o amor não fingido (verdadeiro)". Em primeiro lugar, as qualidades que Deus outorga à mente. Três virtudes basilares da vida cristã são dadas a Paulo, capacitando-o para ser um ministro da reconciliação: pureza, ciência (conhecimento) e longanimidade. A pureza – O ministério de Paulo era realizado na pureza, ou seja, com castidade e santidade. Ninguém podia acusá-lo de ser imoral. A ciência (conhecimento) - Paulo não se refere à riqueza de informações, conhecimento intelectual, mas a um claro entendimento da mensagem do evangelho. Cristo havia revelado a Paulo o ministério da salvação (Ef 3:6). A longanimidade – Longanimidade é a habilidade de suportar as pessoas mesmo quando elas estão equivocadas ou são cruéis. Refere-se a um demorado refletir mental antes de dar lugar aos sentimentos e à ação. É a capacidade de suportar injúrias e desprezos, sem nutrir ressentimentos. Em segundo lugar, as qualidades que Deus outorga ao coração: benignidade, Espírito Santo e amor não fingido. A benignidade – É ser bondoso. Possibilita o líder cristão a não agir com revanche ou desforra. É uma benevolência compassiva. Ser bom é pensar mais nos outros do que em si mesmo. Paulo em toda a sua vida ministerial investiu na vida dos outros. O Espírito Santo - Tudo que Paulo fez, foi feito no poder e em submissão ao Espírito Santo. Ele pregou no poder do Espírito Santo (1Co 2:4; 1Ts 1:5). Fazer algo no Espírito Santo significa reconhecer a sua direção em todas as decisões da nossa vida. O amor não fingido – É ao amor ágape. É aquele amor tipo de amor que não paga o mal com o mal, mas vence o mal com o bem. É o amor que não se vinga, mas se entrega sacrificialmente em favor da pessoa amada. Esse amor não é misturado com outros sentimentos egoístas. Esse amor foi a maior motivação para o exercício ministerial de Paulo, e deve ser de todos os cristãos. III. AS ARMAS DE ATAQUE E DEFESA DE UM LÍDER-SERVIDOR A vida cristã é um combate sem trégua. Lutamos não contra o sangue e a carne, mas contra

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principados e potestades (Ef 6:12). Nessa peleja não há campo neutro. Somos um guerreiro ou uma vítima. Não podemos entrar nessa batalha sem armas adequadas (2Co 10:3,4). No versículo 7 do capítulo 6 Paulo menciona três qualidades concedidas por Deus, equipando-o para a pregação do Evangelho: a Palavra da verdade, o poder de Deus e as armas da justiça – “na palavra da verdade, no poder de Deus, pelas armas da justiça, à direita e à esquerda”. A Palavra da verdade - Paulo tinha recebido tanto a Palavra de Deus como a força para proclamá-la. Ele não gerou a Palavra, ele a recebeu. Ele não transmite o que vem de dentro, mas o que vem do alto. Não se trata de palavra de homens, mas da Palavra da verdade. Poder de Deus - Paulo anunciava a Palavra no poder de Deus (1Co 2:4; 1Ts 1:5). Ele não realizava o ministério com seu próprio poder, mas na simples dependência da força que Deus provia. Sem poder não há pregação. Paulo não apenas falava do poder, ele experimentava o poder. 1. As armas da justiça numa guerra espiritual (6:7). “[...] pelas armas da justiça, à direita e à esquerda”. Como embaixador de Cristo, Paulo sente-se como um soldado preparado para a luta. Suas armas não são materiais ou exteriores; são espirituais (2Co 10:3-5; Rm 13:12). As armas da justiça são descritas em Efésios 6:14-18 e retratam um caráter reto e firme. Quando a nossa consciência está livre de ofensas contra Deus ou contra outros, o Diabo tem pouca oportunidade de nos atacar. Essas armas são tanto de defesa quanto de combate. Trata-se do escudo usado na mão esquerda; e a espada, na mão direita. O escudo era a arma de defesa; e a espada, a arma de combate. Neste caso, Paulo está dizendo que o bom caráter cristão é o melhor ataque e a melhor defesa. 2. Os contrastes da vida cristã na experiência de um líder-servidor (6:8-10). “ por honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos, mas sendo bem conhecidos; como morrendo e eis que vivemos; como castigados e não mortos; como contristados, mas sempre alegres; como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo”. Nos versículos 8 a 10 Paulo descreve alguns contrastes gritantes encontrados no serviço do Senhor Jesus. O verdadeiro discípulo experimenta tanto o topo da montanha como as regiões mais baixas dos vales mais profundos. Ele oscila entre a honra e a desonra, entre a infâmia e a boa fama, entre a vida e a morte. Alguns falam bem do seu zelo e coragem, enquanto outros só tem palavras de condenação em relação à sua pessoa. Apesar de ser autêntico, é tratado como enganador. Não é um impostor, mas um servo de Deus altíssimo. Enfim, esses paradoxos falam dos dois lados opostos da vida de um homem de Deus: o lado secular e o lado espiritual. O lado visto pelos ímpios, e o lado visto por Deus. 3. Paulo dá uma resposta aos adeptos da Teologia da Prosperidade (6:10). "Como pobres, mas enriquecendo a muitos; como nada tendo e possuindo tudo”. “Como pobres, mas enriquecendo a muitos” - Paulo não era como os falsos apóstolos que ganhavam dinheiro mercadejando a Palavra (2Co 2:17). Paulo era pobre. Ele não tinha dinheiro, mas tinha um tesouro mais precioso do que todo o ouro da Terra: o bendito evangelho de Cristo (4:7). Ele enriquecia as pessoas não de coisas materiais, mas de bênçãos espirituais, provenientes do Evangelho de Cristo. Dessa forma, o apóstolo demonstra que a pobreza terrena não significa nada, e que ninguém precisa tornar-se pobre para obter riquezas espirituais. “ Como nada tendo e possuindo tudo” - Paulo não possuía riquezas terrenas, mas era herdeiro daquele que é dono de todas as coisas. Apesar de não possuir nada, de certa forma ele possuía tudo o que importava. O ímpio tem posse provisória, mas o cristão é dono de todas as coisas que pertencem ao Pai (Lc 15:31). Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo (Rm 8:17). O ímpio tendo tudo aqui, mas nada levará (1Tm 6:7). Nós nada tendo aqui, possuímos tudo: a vida eterna com Cristo em sua glória –“ Aquele que crê no Filho tem a vida eterna, mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece. ” (João 3: 36). “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida” (João 5:24). “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” (João 6:47). Leia o Salmo 73, e veja a diferença entre o crente e o ímpio rico.

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CONCLUSÃO. Embora “servir” tenha uma conotação de fraqueza para alguns, a liderança - servidora pode ter um impacto positivo em nosso desempenho como pais, treinadores, cônjuges, professores, pastores ou gerentes. Afinal, todos querem se tornar os líderes que as pessoas precisam e merecem. O apóstolo dedicou, pois, sua vida e personificou sua liderança como um líderservidor. Ele seguia o exemplo do Senhor Jesus que foi, é e sempre será o modelo perfeito de líder-servidor (Mc 10:45), e esperava que os coríntios fizessem o mesmo (1Co 11:1). Isto se aplica peremptoriamente a todos nós. Se quisermos servir ao Senhor com inteireza de coração, precisamos seguir os passos de Jesus.

- LIDERANÇA EM TEMPOS DE CRISE Texto Básico: Neemias 2:11-18 “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que as suas portas têm sido queimadas; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio” (2:17).

INTRODUÇÃO.

Liderar em tempos de crise é um desafio; não é para qualquer um. Jerusalém estava em plena crise: estrutural, política, social e espiritual. O povo de Deus precisava de um líder com características inatas de liderança para reverter a situação. Deus nunca abandona seu povo; em épocas de crise, quando as circunstâncias pregam que não há mais jeito, Deus entra em ação. Neemias foi a pessoa certa que Deus levantou para mudar a situação caótica da cidade de Jerusalém. Ele era: corajoso, destemido, humilde, prudente, probo, cauteloso, comunicativo, empático, sábio, responsável, organizado, motivador, participativo, prospectivo, proativo, estrategista, determinado, perseverante, discernente, homem de oração, temente a Deus... Era um líder completo. Tal padrão de liderança é indispensável na vida de um líder eficaz em tempos de crise. Vivemos num mundo fragmentado; há vidas quebradas, lares desfeitos e instituições públicas abaladas pela corrupção. A própria Igreja vive uma profunda crise de credibilidade e de liderança. A sociedade está enferma. Precisamos desesperadamente de líderes com as qualidades de Neemias. I. AS CARACTERISTICAS DO LÍDER NEEMIAS 1. Um líder corajoso. “Coragem é aquela qualidade de espírito que capacita os homens a enfrentar o perigo, ou a dificuldade, com firmeza, ou sem medo” (SANDERS, J. Oswald. p.53). O líder deve ter coragem suficiente para tomar decisões difíceis. Coragem leva a ousadia. Ousadia é fazer coisas diferentes que deixam uma marca: uma marca na vida da família, das pessoas, da congregação, do povo, do bairro... Neemias foi um líder corajoso, que lutou contra as desavenças e encorajou o povo a fazer a obra de Deus (2:18), semelhante a Cristo que lutou contra a oposição do povo e encorajou seus discípulos a permanecerem firmes (João 15.18-27). Neemias teve coragem de enfrentar os grandes desafios: a). Motivou o rei a mudar sua política com relação a Jerusalém. Certamente, este foi um grande desafio, talvez o maior dentre os demais. Neemias compreendeu que a reconstrução de Jerusalém passava pela decisão política do rei. A soberania de Deus não anula a responsabilidade humana. O rei Artaxerxes já havia decretado a paralisação da reconstrução do templo (Ed 4:21). Motivar o rei a mudar sua política se constituía uma causa e um sonho humanamente impossíveis. No sistema político medo-persa, a lei era maior que o rei. O rei era

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subalterno à própria lei. Dario não pôde voltar atrás em sua sentença contra Daniel. Veja, também, o caso dos judeus na época do rei Assuero (Ester 8:1-8). Portanto, o interdito assinado pelo rei Arataxerxes era maior que ele. Só um milagre poderia reverter a decisão política do rei. Contudo, os impossíveis dos homens são possíveis para Deus. a.1) Neemias buscou a direção de Deus e o tempo certo antes de agir, com sabedoria e discernimento (1:11; 2:4). O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando oramos e agimos no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Orar é pedir que Deus faça aquilo que não podemos fazer. Neemias orou por quatro meses. No dia em que foi falar com o rei, intensificou sua oração (1:11). Na hora que foi responder ao rei, tornou a orar (2:4); Neemias endereçou ao céu uma oração telegrama, breve, silente, eficaz. Ele esperou um dia de festa, em que a rainha estava presente (2:6) - é preciso ter sabedoria para saber a hora certa de agir - é preciso agir no tempo de Deus. Neemias sabia que a melhor maneira de influenciar os poderosos da terra era ter a ajuda do Deus todo-poderoso. Ele foi ao rei confiando no Rei dos reis. Ele conjugou oração e ação. Pela oração e ação de Neemias um obstáculo aparentemente intransponível foi reduzido a proporções domináveis. O coração do rei se abriu e os propósitos de Neemias foram contemplados. a.2) Veja a seguir, resumidamente, os pedidos que Neemias fez ao rei – só um líder audaz e diligente fará isso. · Ele pediu ao rei para mudar sua decisão política acerca de Jerusalém (2:5) – o rei tinha dado uma ordem para paralisar a obra de reedificação da cidade - Neemias pediu algo que alteraria um decreto do rei. · Ele pediu ao rei para ser enviado com a missão de reconstruir Jerusalém (2:5) - Neemias recebeu seu chamado de Deus, mas precisa ser enviado pelo rei. · Ele pediu cartas de recomendação (2:7) - antecipou soluções – foi prudente - demonstrou uma visão prospectiva e proativa. · Ele pediu provisão para a viagem (2:8) - Não se faz a obra de Deus sem recursos - Neemias pede a quem pode atender – é necessário coragem para isso. · Ele pediu proteção para a viagem (2:9) - Neemias não dispensou os oficiais do exército nem os cavaleiros - a proteção divina não anula a prudência humana. Precisamos confiar em Deus e manter a prudência e a cautela. O grande comandante Oliver Cronwell, que venceu os exércitos do rei Carlos I, na Inglaterra no século 17, ensinava os seus soldados a orar e manter a pólvora seca. [1] b) Neemias não se abateu diante dos escárnios e zombarias. Ao chegar a Jerusalém, Neemias teve fortes oposições, que um líder corajoso poderia suportar; não faltaram críticas e zombarias à atitude desse servo de Deus: “Que é isso que fazeis? ”(2:19). “Que fazem estes fracos judeus? ”(4:2). Neemias, porém, não se intimidou; ele rompeu com o medo e foi corajoso, ainda que o inimigo ameaçasse frustrar seus objetivos (cap. 4). Os féis de Deus constantemente enfrentam o escárnio e a zombaria, pelo fato de, a cada dia, procurarem viver uma vida de retidão entre os que não conhecem a Deus. O mundo continuamente despreza os padrões morais do cristão e zomba da sua dedicação a Cristo. Nossa confiança e nossa resposta devem ser as mesmas de Neemias: o Deus dos céus nos ajudará e por fim vindicará os justos (cf Ne 2:20) 2. Um líder prudente. Quando chegou a Jerusalém, Neemias agiu com muita prudência e discrição. A discrição é uma das marcas de um líder bem-sucedido. O silêncio, muitas vezes, é mais eloquente do que as palavras. Existem momentos que devemos esperar para relatar os nossos planos porque nem todos os liderados estão preparados para ouvi-los. Neemias chegou discretamente a Jerusalém e passou vários dias observando e avaliando cuidadosamente o estado dos muros. Ele manteve em segredo a sua missão e inspecionou os muros sob a luz do luar para evitar comentários sobre a sua chegada e para evitar que os inimigos conhecessem os seus planos. Um anúncio prematuro poderia ter causado rivalidade entre os judeus sobre o melhor modo de começar o trabalho. Neste caso, Neemias não precisou de tediosas reuniões de planejamento; ele precisava de um plano que produzisse resultados imediatos. Está escrito: “Todo prudente procede com conhecimento, mas o insensato espraia a sua loucura” (Pv 13:16). Portanto, um líder prudente e sábio analisa os problemas discretamente antes de encorajar seus liderados publicamente. Quando o líder sabe o que precisa ser feito, e aonde quer chegar e como chegar, seus liderados são encorajados a realizar a obra.

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3. Um líder que sabia lidar com a oposição (ler Ne 2:9,10,19). Os inimigos estavam furiosos porque alguém se levantou para procurar o bem dos filhos de Israel e restaurar a cidade. Da mesma forma, hoje, os nossos inimigos não ficam sossegados quando alguém luta pela Igreja e se levanta para reconstruir a casa de Deus. Onde o povo de Deus busca restauração, avivamento, ocorre a fúria do inimigo. Foram repetidas as vezes em que Neemias e o povo enfrentaram situações de oposição: quando Neemias teve permissão e recursos para voltar para Jerusalém, a oposição ficou profundamente perturbada (Ne 2:9,10); quando o povo declarou sua intenção de reconstruir os muros, a oposição zombou dele e o desprezou (2:18,19); quando o povo de fato começou a reconstruir os muros, a oposição “ardeu em ira, e se indignou muito, e escarneceu dos judeus” (4:1); quando o povo continuou a reconstruir os muros, a oposição ficou muito irada e conspirou atacá-lo e criar confusão (4:6-8); e, por fim, quando o povo concluiu a reconstrução dos muros, a oposição fingiu aceitar, mas queria prejudicá-lo (6:1-9). Sambalate (governador de Samaria), Tobias(da nobreza dos amonitas) e Gesém(o árabe – possível rei de Quedar, segundo descobertas arqueológicas), tentaram de todas as maneiras tirar Neemias do foco, do projeto que estava comprometido. Estes inimigos usaram diversas estratégias para paralisar a obra, inclusive propondo ajuda na restauração da cidade. Neemias, porém, sempre prudente e sábio respondeu-lhes: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2:20). Neemias não cedeu à pressão dos adversários. Ele confiou em Deus, e recusou dar ouvidos aos adversários. Aprendemos algumas lições com esta postura inexorável de Neeemias: 1) O verdadeiro líder não se deixa desencorajar por ataques pessoais injustos. 2) O bom líder se preocupa com a causa em que está envolvido. 3) O líder de Deus não se cansa enquanto não vê a obra das suas mãos concluída. Em cada geração existem aqueles que odeiam o povo de Deus e tentam impedir a realização dos seus propósitos (ler 1João 3:13). Ao tentar realizar a obra de Deus, alguns se oporão e outros até mesmo desejarão que você não consiga realizá-la. Saber que Deus é o idealizador e o patrocinador de sua tarefa é o melhor incentivo para prosseguir, mesmo diante da oposição. Deus é mais forte do que todos os seus adversários. Se confiarmos nele, teremos bom êxito no trabalho. II. ASPECTOS DA LIDERANÇA DE NEEMIAS 1. Neemias motiva seus liderados. O verdadeiro líder é aquele que motiva as pessoas a abraçar o seu projeto. Como um exímio administrador, Neemias conhecia bem a arte de motivar e mobilizar as pessoas. Ele move o povo ao sentimento do patriotismo. Ele abre seus olhos para a realidade em que viviam. Neemias mostra que não podemos nos conformar com o caos, com a crise, com o opróbrio. Ele chama o povo para trabalhar; jamais a reforma teria sido feita se o povo não se envolvesse. Cada um precisa fazer sua parte. Não adianta culpar os outros e apenas ver o que eles precisam fazer. Foi convocada uma assembleia dos líderes dos judeus e o assunto lhes foi exposto claramente. “Bem vedes vós a miséria em que estamos, que Jerusalém está assolada e que a sua porta tem sido queimada; vinde, pois, e reedifiquemos o muro de Jerusalém e não estejamos mais em opróbrio” (2:17). Então ele lhes contou como Deus o tinha convocado para realizar essa missão, e como o Senhor tinha agido sobre o rei para que o ajudasse, não apenas ao dar-lhe a autoridade como governador (5:14), mas também ao tornar disponíveis a ele os materiais necessários para realizar o trabalho. Este fervoroso apelo recebeu resposta rápida. Impressionados com o zelo de Neemias, os líderes judeus responderam imediatamente: “Levantemo-nos e edifiquemos” (2:18). O sumo sacerdote foi o primeiro da lista a abraçar a obra (3:1). Sua posição de liderança não o isentou do trabalho, mas o fez exemplo para os demais. O líder precisa estar na frente. Ele não pode querer que os outros abracem a obra se ele não está na frente. Privilégio e responsabilidade andam juntos. O líder é aquele que se identifica com o povo, é exemplo para o povo e trabalha com o povo. Os sacerdotes, de igual forma, lançaram mão à obra (3:22,28). Eles não apenas trabalharam na obra, mas fizeram mais do que se esperava deles. Os ourives também se envolveram com a obra (3:8,31). Eles também poderiam ter se desculpado, dizendo: "Nós temos as mãos finas, só trabalhamos com coisas delicadas". Mas eles pegaram em pedra bruta e assentaram tijolos. Os regentes de dois distritos, semelhantemente, se dispuseram a trabalhar (3:9,12,14,15,16). Eles deixaram seus aposentos de conforto para trabalhar ombro a ombro com as classes operárias. Trabalharam sem rivalidades ou ressentimentos.

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A motivação de Neemias contaminou todas as pessoas, ninguém ficou de fora. Homens de lugares diferentes e de diferentes ocupações trabalharam juntos no muro. Além dos que foram citados acima, também participaram da obra: os levitas, chefes e pessoas comuns, porteiros e guardas, fazendeiros, farmacêuticos, mercadores, empregados do templo e mulheres. O líder é aquele que vê o potencial de cada pessoa e a motiva a acreditar em si mesma. Só gente abnegada como Neemias pode liderar um povo a se levantar e agir. Mas alguém pode perguntar: ninguém se recusou a participar? Claro que sim. Na obra de Deus, o líder não deve esperar por unanimidade. A elite de Tecoa, a cidade natal do profeta Amós, não quis sustentar o trabalho em Jerusalém e recusou-se a participar da reconstrução do muro (Ne 3:5). Todavia, Neemias não permitiu que a rejeição dessas pessoas tirasse seu entusiasmo e otimismo. Ele trabalhou com quem estava disposto a trabalhar. Bem disse o rev. Hernandes Dias Lopes: não podemos permitir que a omissão ou a ausência de alguns nos tirem a alegria da presença de outros, nem podemos permitir que o desestímulo de alguns desvie os nossos olhos do alvo que é a reconstrução da cidade. Devemos nos alegrar mais com aqueles que estão conosco do que nos entristecermos com aqueles que estão de braços cruzados. [1] Atualmente, Deus continua delegando tarefas diferentes aos cristãos e concedendo dons e habilidades distintos, conforme o propósito de nosso chamado. Além disso, ele conhece os que trabalham em dobro e os que não se envolvem com sua obra. No porvir, isto é, no Tribunal de Cristo, todo serviço ao Senhor será examinado. Está escrito: “a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um” (1Co 3:13). 2. Neemias estabelece parcerias. Sozinho, Neemias não poderia cumprir a sua missão. Por isso embeleceu parcerias. Ele mobiliza o povo para o trabalho e torna-se o pai do chamado mutirão. Neemias participou ativamente dos trabalhos. Ele não disse "vá e construa”, mas "vinde e construamos!"(2:17); não só liderava, também fazia parte da equipe. Ele era um grande e admirável exemplo para o seu povo. Jamais deixou de labutar junto ao povo - “E nem eu, nem meus irmãos, nem meus moços, nem os homens da guarda que me seguiam largávamos as nossas vestes; cada um ia com suas armas à água” (Ne 4:23). Disse o pr. Elinaldo Renovato: “líder não é o que manda, mas o que comanda; líder não é o que ordena: ‘façam’, mas o que motiva: ‘façamos’. O pseudolíder esbraveja: ‘Aqui, quem manda sou eu! ’. Quem assim age, jamais será um líder, mas um capataz”. 3. Neemias prima pela organização. No capitulo 3 é-nos fornecida, principalmente, uma lista daqueles que participaram da construção. À primeira vista, isso parece não ter qualquer interesse intrínseco, mas depois de cuidadosas considerações, podemos concluir que em um projeto comunitário, grande importância deve ser dada à organização cuidadosa, e à certeza da cooperação por parte de todos os membros da comunidade. Neemias se preocupou com a organização: nomeou as pessoas certas para os lugares certos (ver Ne 3:2-15). Cada parte do muro tinha o seu construtor, e parece que Neemias dedicou uma cuidadosa atenção à distribuição adequada das tarefas. Ele sabia onde cada pessoa devia estar, onde devia trabalhar e o que devia fazer. Alguns tinham a responsabilidade de reconstruir os muros desde o alicerce, enquanto outros tiveram apenas de fazer reparos. Cada um sabia o que se esperava de sua tarefa. Em todo trabalho, houve coordenação e organização. A organização e o trabalho em equipe são um dos segredos do sucesso. III. É HORA DE RECONSTRUIR Reconstruir era o grande desafio. Apesar dos que se opunham, nada impediu o avanço e conclusão da obra de Deus. O capítulo 6 diz que os inimigos conspiraram e intimidaram o povo de Deus e usaram até de suborno para atemorizar Neemias (Ne 6:13). Mas ele era um líder determinado e estava convicto de sua missão. É assim que precisamos ser, pois estamos fazendo uma grande obra e não podemos parar ou recuar. 1. Uma cidade destruída. Chegando a Jerusalém e permanecendo na cidade por três dias, Neemias percebe, depois de andar pelas ruas de Jerusalém, à noite, que tudo que tinha ouvido falar era verdade: a cidade estava destruída. Os escombros fechavam os caminhos. Além disso, havia insegurança pública, injustiça social, pobreza e extrema miséria (Ne 2:17). Parecia ser uma causa perdida. As coisas pareciam imutáveis. Mexer em algo tão sedimentado dava medo. Alguns pensavam: “É melhor deixar as coisas como estão. É melhor não revirar essas pedras. Vai levantar muita poeira. Vai trazer muita coisa à memória. Nós não vamos dar conta. Nossos inimigos vão escarnecer de nós”. A restauração de Jerusalém não interessa a todas as pessoas. Há quem lucra com os escombros. Durante os 120 anos que se seguiram depois dos muros terem sido derrubados

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pelos caldeus (2Cr 36:19), dezenas de milhares de habitantes de Jerusalém literalmente viram aquilo e não fizeram nada. O que o povo precisava era de um líder que os motivasse à luta, que traçasse um plano de ação e os conduzisse por todo o processo de reconstrução. Deus chamou Neemias para realizar essa grande obra - “... o que o meu Deus me pôs no coração para fazer em Jerusalém” (Ne 2:12). Muitos viram a desolação da cidade, alguns choraram sobre ela, mas somente Neemias a reconstruiu. Não basta apenas lamentar o caos em que se encontra a sociedade. É preciso conceber sua restauração como alvo supremo da nossa vida. Uma grande obra pode começar quando um homem se levanta e se coloca nas mãos de Deus. O sonho humanamente impossível torna-se realidade quando você ora e age no tempo oportuno de Deus, com discernimento e sabedoria, com objetivos claros diante de Deus e dos homens. Quais são os sonhos que lhe parecem impossíveis? Quer começar a orar, a chorar e jejuar por eles? 2. Dedicação total ao trabalho (ler Ne 4:21,23). A reconstrução dos muros de Jerusalém não é a história de uma única pessoa de sucesso. Os muros foram reconstruídos porque muitas pessoas se ajudaram entre si e trabalharam em conjunto, com dedicação total. Motivadas pelas palavras incentivadoras do grande líder Neemias, e também pelo exemplo que dava às pessoas, participando dedicadamente ao trabalho (liderança se faz com exemplo), se uniram, família por família, e trabalharam por admiráveis 52 dias com espadas em uma mão e trolhas na outra, reconstruindo os muros. Os construtores trabalhavam "desde o raiar do dia até ao sair das estrelas"(Ne 4:21). Deus nos chama para o serviço. Os preguiçosos nunca se envolvem, ou cedo desistem. “O trabalho de Deus exige dedicação, esforço, suor, constância. O chamado de Deus não é para o ócio, mas para o trabalho. Nem mesmo na eternidade, estaremos desobrigados do trabalho, pois no céu os remidos servem o Senhor. Se quisermos ver a reconstrução da família, da igreja e da sociedade, precisamos trabalhar enquanto é dia e na medida das nossas forças

3. A divisão do trabalho. Todos os cidadãos de Jerusalém fizeram a sua parte no imenso trabalho de reconstrução dos muros da cidade. Os capítulos 03 e 04 do livro de Neemias mostram claramente como ele colocou a obra diante de si, delegando tarefas a grupos específicos. Havia todo o tipo de trabalhadores e o resultado foi surpreendente. Assim, Neemias enxergou o trabalho como meio de se atingir um objetivo específico; não teve medo de delegar responsabilidades; foi capaz de enxergar os obstáculos e vencê-los. Deus usou várias pessoas diferentes, de profissões diferentes, de graus culturais diferentes para construir o muro. Todos deviam estar juntos trabalhando. Todos precisavam uns dos outros, e eles sabiam disso. Vemos aqui unidades familiares; pessoas segundo suas cidades; suas perícias - ourives, perfumistas (Ne 3:8); suas profissões - os mercadores (3:31,32) e suas vocações – os sacerdotes (3:1,21,22,28); os levitas (3:17,18), os servos do templo (3:26); os maiorais dos distritos (3:9,12,15-17). Certo homem mobilizou até mesmo suas filhas (3:12). Ao lermos os textos de Neemias 3:2-15, veremos que as expressões “junto a ele”, “ao seu lado”, “junto dele”, “depois dele” mostram que todos trabalhavam em harmonia. Não havia disputas, ciúmes, brigas ou melindres. Cada um devia estar contente com a sua tarefa. Todos deviam trabalhar para o mesmo propósito: a reconstrução da cidade. Não existia ninguém buscando glória pessoal. Os membros da equipe completavam-se uns aos outros - jamais competiam uns com os outros. Semelhantemente, o trabalho da igreja exige o esforço de cada membro, visando o mesmo objetivo: o engrandecimento do reino de Deus. A união, comunhão e unidade são os pilares sustentadores da obra do Senhor Jesus, e imprescindíveis para que o Corpo de Cristo funcione eficientemente (1Co 12:12-27).

CONCLUSÃO Apesar da crise, há muito para se reconstruir em nossos dias. O mundo (humanidade) está com os muros fendidos e as portas destruídas. A humanidade está em calamidade espiritual, moral e material. Deus precisa contar com mulheres e homens destemidos e determinados para refazer lares e revitalizar vidas. Se alguém quiser desanimá-lo e pedir para desistir faça

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como Neemias: "Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? ” (Ne 6: 3). Amém?

CARACTERÍSTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER Leitura Bíblica: 2 Coríntios 10.12-16; 11.2,3,5,6 "Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo" (2 Co 11.2).

INTRODUÇÃO Um autêntico líder é aquele que não avalia o seu sucesso pelo dinheiro e pelo status social que ele adquire, mas sim pelo número de pessoas que ele influenciou positivamente ao longo de sua vida. Ele transforma muito mais por aquilo que ele é como pessoa, do que pelo cargo que ocupa. Paulo é um dos maiores exemplos de liderança do Novo Testamento. Como autêntico líder, ele era compromissado com Deus e com a sua Obra. Ele era exemplo, e sabemos que a liderança na igreja é repleta de desafios. Suas credenciais de ministro de Deus são evidenciadas através do seu trabalho árduo, do sofrimento e da preocupação com as ovelhas do Senhor. Cada Líder que é chamado possui um conhecimento geral do funcionamento do corpo de Cristo, mas precisa exercer seu ministério de acordo com o dom que recebeu de Deus. E a principal exigência bíblica para quem exerce esse dom, é que o faça diligentemente, ou seja, com sinceridade, prudência e zelo (Rm 12.8). Nenhuma igreja pode funcionar bem sem uma boa liderança. O obreiro, enquanto administra a igreja do Senhor, deve estar cônscio de que liderar não é só mandar, é ir à frente para que seus liderados o tomem como exemplo e nunca considerar alguém uma ameaça para sua liderança; basta permanecer sob a direção Divina. Mas, como saber se está no centro da vontade de Deus? É uma pergunta que todo líder deve procurar encontrar a resposta, pois Deus tem um plano específico para cada um de nós e precisamos nos colocar à disposição dEle, que certamente dirigirá os nossos passos. CARACTERÍTICAS DE UM AUTÊNTICO LÍDER O líder de Deus deve possuir características ímpares que o colocam como um legítimo representante do Senhor Jesus Cristo. É claro que existem muitas outras qualidades que um líder deva ter, mas nós citaremos apenas as seguintes: 1) Integridade. Um líder que não é íntegro em sua vida pessoal não é um verdadeiro líder. Integridade requer caráter. Para que um líder seja íntegro, ele deve ser sincero, esta sinceridade é verificada em seu viver diário: nas conversações, no agir, nas finanças, no serviço. A integridade faz parte da vida do autêntico líder. Uma vida pura, sem manchas demonstra integridade. Ninguém pode falar mal do líder que assim procede. 2) Determinação. O autêntico líder deve possuir determinação para fazer a obra de Deus, para corrigir os problemas na igreja, para iniciar trabalhos, e tudo quanto mais é possível. Ele não tem receio de executar o que está ao seu alcance. Jesus foi firme em não se desviar das prioridades estabelecidas em seu ministério terreno. Quando ele disse: “Segue-me e deixa aos mortos sepultar os seus mortos” (Mt 8:22), Jesus falou da necessidade de não sermos desviados da nossa meta real e importante, mesmo em situações de emergência que possam

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solicitar a nossa atenção. 3) Sabedoria. Sabedoria envolve percepção do coração humano, é saber realmente como as coisas são. O líder deve pedir de Deus a sabedoria para poder dirigir o rebanho. Sem sabedoria o líder fracassará, não conseguirá desempenhar o seu papel, não saberá aconselhar, dialogar, discernir as coisas espirituais. Portanto, sabedoria é fator preponderante ao autêntico líder. 4) Disciplina. Disciplina é primordial para a vida do líder. Ele deve ser disciplinado em tudo. Deve estabelecer algumas obrigações para regerem sua vida. Disciplina envolve todas as áreas: na vida espiritual, disciplina para com a leitura da Palavra de Deus, oração, exercício do seu dom, dentre outros; na vida particular: disciplina no seu modo de viver, seu testemunho, seus alvos e planos; na vida financeira: disciplina em saber controlar gastos, organizar orçamentos, manter-se longe do amor ao dinheiro. Um líder sem disciplina não saberá o que fazer primeiro, ou que realizar a seguir. Não conseguirá colocar seus projetos em desenvolvimento, ou apenas começará e não conseguirá terminar ou terminará muito além do prazo estipulado. 5) Humor. Humor é uma qualidade que ajuda em muito ao líder de Deus. Esta qualidade pode ser benéfica em situações de pressão, cuja tensão é bastante grande; nessa hora um pouco de humor também pode ajudar. O líder sabe quando se deve usar de humor, pois até mesmo no humor, há lugar e hora certos. Não adianta possuir senso de humor e usá-lo toda hora, em locais e ocasiões impróprias. O líder deve praticar o humor; ser alegre não faz mal a ninguém e dar risadas não é pecado, relaxa. 6) Atitude Inspirativa. O líder de Deus é alguém cuja presença, cujo modo de falar, de agir, inspira as pessoas para o serviço. Ele é capaz de incendiar as pessoas para a realização de algo. Sua energia faz com que as pessoas queiram colaborar para o bom andamento da obra de Deus. Ele sabe o que deve ser feito, quando, como, e por isso conduz as pessoas a realizar também. Um líder que apenas sabe o que deve ser feito, mas não tem capacidade para executar, para colocar o plano em ação, terá inúmeros problemas. 7) Coragem. O líder deve ter coragem suficiente para enfrentar um erro; também para tomar decisões difíceis com firmeza e sem medo. Uma grande vantagem do líder cristão é que nele habita o Espírito Santo. A coragem do líder se vê diante de enfrentar fatos ou condições adversas, quando têm de ser firme ou enfrentar oposição, ele é corajoso para dizer o que está certo ou errado, não teme ser reprimido pelo povo, pois sabe o que é certo e fica firme na posição, se esta tem respaldo bíblico. A coragem do líder fará com que a igreja o siga. Muitos podem temer enfrentar tal situação ou empreender tal plano ou projeto, o líder de coragem enfrenta sem vacilar, pois, sabe que com ele está o Senhor. Coragem leva a ousadia. Ousadia é fazer coisas diferentes que deixam uma marca. Uma marca na vida da família, das pessoas, da congregação, do povo, do bairro, etc. Temos visto, ao longo deste trimestre, essa característica na vida do apóstolo Paulo. Imagine se ele não fosse corajoso o suficiente para enfrentar com ousadia seus opositores; como teria ficado a vida espiritual da igreja de Corinto? OS DESAFIOS DO APOSTOLADO PAULINO (10.9-18) 1. O desafio da oposição (10.9-11). “Para que não pareça como se quisera intimidar-vos por cartas. Porque as suas cartas, dizem, são graves e fortes, mas a presença do corpo é fraca, e a palavra, desprezível. Pense o tal isto: que somos na palavra por cartas, estando ausentes, tais seremos também por obra, estando presentes”. Os opositores de Paulo de plantão o acusavam de inconsistência, duplicidade e hipocrisia. Denegriam seu caráter, dizendo que não tinha coragem de enfrentar as pessoas nem os problemas cara a cara. Maculavam sua honra dizendo que era um obreiro covarde, que só rugia como leão à distância, mas quando estava perto era tímido e fraco como um cordeiro. A acusação aqui não é à oratória de Paulo, mas ao caráter do apóstolo. Ele, porém, se defende dizendo que a tese dos acusadores será desmantelada. Ele irá à igreja e não poupará os insubmissos e rebeldes. Estamos vivendo uma época parecido com àquela de Corinto, em que as pessoas apreciam belos discursos, com retóricas que impressionam, que satisfaçam seus interesses egoísticos. 2. O desafio do orgulho (10.12,13). “Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas esses que se medem a si mesmos e se comparam consigo mesmos estão sem entendimento. Porém não nos gloriaremos fora de medida, mas conforme a reta medida que Deus nos deu, para chegarmos até vós”.

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Nestes versículos, Paulo fala da arrogância dos falsos apóstolos que se sentiam superiores a ele. Os falsos apóstolos comissionavam a si mesmos e legitimavam seu próprio apostolado. Mas, o chamado deles não vinha de Cristo. O poder deles não procedia do Espírito Santo. A pregação deles não estava baseada nas Escrituras, e a vida deles não estava arraigada na integridade. Conseqüentemente, eles eram falsos apóstolos, falsos obreiros e falsos mestres. Rev. Hernandes Dias Lopes diz (2Corintios – pg 232) que “é insensatez escolher a si mesmo, aprovar a si mesmo e elogiar a si mesmo. É uma consumada loucura bater palmas e aclamar a si mesmo e cantar:’Quando grande és tu’, diante do espelho”. Apesar da acusação de ser excessivamente ousado em suas cartas, Paulo diz no versículo 12 que não é ousado o suficiente para considerar-se em pé de igualdade com “ alguns que se louvam a si mesmos” ou com aqueles cujo único padrão de comparação é sua própria vida. Se uma pessoa serve de padrão para si mesma, é claro que está sempre com a razão! Não há espaço para aprimoramento. Quem procede desse modo revela insensatez; demonstra falta de lucidez e discernimento espiritual; ou, como diz Paulo, “estão sem entendimento”. Como alguém bem disse: “A ruína de todas as panelinhas e grupos exclusivistas é ignorar toda virtude de fora do seu próprio círculo”. 3. O desafio do respeito aos limites e da autoglorificação (10.14-18). Diz o pastor Elienai Cabral que “respeitar os limites alheios é uma atitude indispensável a um líder. Seja do ponto de vista pessoal, ou coletivo, o líder deve respeitar os limites de sua liderança, e não se apossar da honra de um trabalho realizado por outros” (10:15,16). Deus havia delimitado para o apóstolo Paulo uma esfera de atuação que incluía Corinto. Paulo havia ido a Corinto, pregado o evangelho e organizado uma igreja. Ele foi o primeiro a chegar em Corinto com o evangelho (1Co 4:15). Ele lançou o fundamento (1Co 3:10,11) e se tornou o pai espiritual dos coríntios no evangelho (1Co 4:15). Ele havia passado por tribulações, provações, aflições e dificuldades para chegar aos coríntios. Agora, outros estavam invadindo o território que ele havia desbravado e provavelmente se vangloriavam em alta voz das próprias realizações. Assim, com aguda ironia, Paulo mostrou que os opositores são, de fato, desqualificados como seus competidores. Eles nada mais eram do que proselitistas que, como todos de sua classe, se ocupavam com a invasão do trabalho de outros. Paulo não estava invadindo campo alheio; os falsos apóstolos, sim, esses eram impostores, obreiros fraudulentos que não tinham entrado no redil pelas portas, antes, havia pulado o muro como ladrões e salteadores e estavam devorando o rebanho de Deus. “De acordo com 2Corintios 10:15, percebemos que os falsos líderes gostavam de atrair a atenção para si mesmos, gloriando-se em coisas que não fizeram. Aqueles homens não haviam evangelizado aquela cidade, não doutrinaram aquela igreja nem deram de si mesmos para edificar a congregação. Não é muito difícil ser ‘obreiro’ assim. Basta mentir, ser arrogante, crer que o que é exclusivamente de Deus é propriedade sua e debochar daqueles que realmente levam a obra de Deus a sério. Aqueles homens tratavam da obra iniciada por Paulo como se deles fosse exercendo uma autoridade sobre a igreja que era incompatível tanto com o histórico quanto com a vocação – duas coisas que eles não tinham. Paulo deixa claro que ele não participava desta política, pois prezava por pregar em lugares onde ninguém antes tinha ido e dizia aquilo que tinha feito, para que não se gloriasse naquilo que já tinha sido feito antes, como faziam seus acusadores: ‘não nos gloriando fora de medida nos trabalhos alheios; antes, tendo esperança de que, crescendo a vossa fé, seremos abundantemente engrandecidos entre vós, conforme a nossa regra’. Paulo via a grandeza de seu ministério com integridade, ciente de que falava e escrevia a Verdade. Liderança se faz com integridade, não com mentiras” (Revista Ensinador Cristão – nº 41). A autoglorificação é desprezível. A igreja de Laodicéia exaltou-se dando nota máxima a si mesma em todas as áreas. Mas Cristo a reprovou em todos os itens. A Bíblia diz: ” Louve-te o estranho, e não a tua boca, o estrangeiro, e não os teus lábios” (Pv 27:2). Deus detesta o louvor próprio. Jesus explicou essa verdade na parábola do fariseu e do publicano. Aquele que se exaltou foi humilhado, mas o que se humilhou, desceu para sua casa justificado. De igual modo o obreiro não deve fundamentar o seu ministério em elogio de homens. A sua aprovação deve vir de Deus (ver 2Co 10:18) II. AS MARCAS DE UM VERDADEIRO LÍDER (11.2-15) 1. O compromisso de Paulo diante da igreja e de Deus (11: 2-4). Paulo era o pai espiritual dos crentes de Corinto (1Co 4:15). Não podia ver passivamente seus filhos na fé serem

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atacados pelos falsos mestres. Nestes versículos vemos Paulo demonstrar o seu cuidado pastoral pela igreja: Em primeiro lugar, seu zelo (11:2). “ Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo”. Paulo aqui assume a posição de um pai que vela pela pureza da filha até o dia do casamento. A igreja é a noiva de Cristo e deve apresentar-se a Ele, nas bodas, como uma virgem pura e incontaminada. Como pai espiritual dos corintios, Paulo tem zelo por eles e não admite que sejam enganados por falsos amores e falsos amantes. A igreja é a noiva de Cristo, e ela deve apresentar-se a Ele santa, gloriosa, imaculada, sem ruga, nem defeito (Ef 5:27). Em segundo lugar, seu temor (11:3). “ Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos e se apartem da simplicidade que há em Cristo”. Os falsos apóstolos estavam pregando em Corinto uma nova versão do evangelho. Eles eram servos de Satanás, e não de Deus. Estavam a serviço da mentira, e não da verdade. O propósito deles era enganar, e não edificar. A bandeira deles era desviar os crentes da simplicidade e pureza devidas a Cristo. A arma que eles usavam era a mesma da serpente: a astúcia. Em terceiro lugar, sua denúncia (11:4). “Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o tolerais”. A igreja de Corinto estava sendo tolerante com os falsos apóstolos e intolerante com Paulo. Esses falsos apóstolos traziam na bagagem três coisas absolutamente diferentes: · Eles pregavam um outro Jesus. O Jesus dos falsos apóstolos não era o Jesus da Bíblia. Eles pregavam um Jesus triunfalista, o Jesus dos milagres, das curas, das coisas espetaculares, e não o Jesus crucificado (1Co 1:23) que experimentou fraqueza, humilhação, perseguição, sofrimento e morte. Vemos hoje uma grande ênfase na prosperidade, curas e milagres e pouca pregação sobre o sacrifício, abnegação e o sofrimento de Cristo. · Eles tinham um outro espírito. O espírito deles era de arrogância, e não de humildade. Era autoritário, e não manso (11:20). Era inspirado por Satanás, e não por Deus (11:13-15). Eles se vangloriavam de suas obras, de seus talentos e de sua procedência, e não de suas fraquezas. Eles exaltavam-se a si mesmos. · Eles abraçavam um outro evangelho. Só há um evangelho, é o evangelho da cruz, da graça, do favor imerecido de Deus, do arrependimento do pecado e da fé em Cristo. É o evangelho que glorifica a Deus, exalta a Cristo e exige do homem arrependimento e fé em Cristo para ser salvo. Os falsos apóstolos apresentavam um outro evangelho diferente desse, um falso evangelho. 2. Paulo se interessa, antes de tudo, pelo bem-estar espiritual da igreja (11: 5-15). Os falsos apóstolos usavam a política financeira de Paulo como “prova” do que ele não era um verdadeiro apóstolo. Afinal, diziam eles, se ele fosse mesmo um apóstolo teria aceito ser sustentado por eles. Mas, Paulo pregava de graça o verdadeiro evangelho para a igreja, enquanto seus opositores pregavam um falso evangelho e ainda roubavam da igreja. A pobreza de Paulo era um escândalo para os coríntios. Ainda hoje, há aqueles que pensam que um crente fiel precisa necessariamente ser rico, e que toda ostentação de riqueza é sinal da bênção de Deus. Ledo engano. Há muitos ricos pobres e muitos pobres ricos (Pv 13:7). Mas, Paulo dá um testemunho ousado: “ Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade; e em tudo me guardei de vos ser pesado e ainda me guardarei”. Paulo não estava atrás do dinheiro dos corintios(12:14). A motivação dele não era o lucro. Ele não fazia do ministério um negócio para se enriquecer. Não via a igreja como uma oportunidade para locupletar-se. Hoje, há muitos pastores que fazem da igreja um empresa familiar e transformam o evangelho num produto, o púlpito num balcão, o templo em praça de negócio e os crentes em consumidores. Embora Paulo considerasse legítimo o obreiro ser sustentado pela igreja(1Co 9:1-12; 1Tm 5:17; Gl 6:6), para não criar obstáculos ao avanço do evangelho e não dar munição aos seus críticos, ele aboliu mão de receber salário das igrejas durante o tempo em que as pastoreava. E isso, por amor ao evangelho (1Co 9:15-18), por amor aos pecadores (1Co 9:19-23) e por amor a si mesmo (1Co 9:24-27). Nos versículos 13 a 15, Paulo fica tão irritado com os falsos apóstolos que, para desmascarar-lhes a dissimulação, utilizou a figura de Satanás que, conforme reafirma, disfarça-se até de anjo de luz. É o que faziam os falsos apóstolos. 3. Paulo colocou o ato de servir acima dos interesses pessoais (11:16-33). Paulo expõe,

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agora, todos os seus sofrimentos físicos e emocionais por amor a Cristo: fome, sede, nudez, açoites prisões, naufrágios, ameaças e perigos incontáveis. Aquilo que os falsos apóstolos consideravam uma vergonha, Paulo ostenta como triunfo. Enquanto eles se vangloriavam de sua retórica, Paulo se gloria em suas fraquezas. Enquanto eles se ufanam de receber dinheiro da igreja, Paulo era esmagado pela preocupação com todas as igrejas. Enquanto mostram seus troféus, Paulo mostra o catálogo de seus sofrimentos por Cristo. Paulo conclui essa listagem de sofrimento jogando uma pá de cal na presunção de seus oponentes. Enquanto eles se gloriavam em suas virtudes e realizações, Paulo diz: “ Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza” (11:30). Paulo sabia que sua autoridade não vinha de suas habilidades, mas de seu chamado (Rm 1:1,5); não de sua força, mas de sua fraqueza; não de seus feitos, mas de suas cicatrizes. III. PAULO, UM LÍDER SEGUNDO A VONTADE DE DEUS A Bíblia registra muitos homens de Deus que foram líderes competentes segundo a vontade de Deus, como, por exemplo, Moisés, Josué, Davi, Paulo. Quando se trata de liderar o povo de Deus é Ele quem escolhe a pessoa certa, segundo a sua soberana vontade. Quando isso não acontece, ou seja, quando o povo não submete à vontade de Deus na escolha dos seus líderes, as conseqüências serão, inevitavelmente, nefastas e devastadoras. Até hoje, o povo de Israel sofre as conseqüências de suas más escolhas. Se o evangelho chegou até nós é porque ao longo da história da igreja Deus providenciou líderes segundo a sua vontade, que orientou o seu povo no caminho certo, no temor do Senhor. Deus dispõe à igreja as pessoas que Ele deseja que exerçam a liderança em seu nome, em prol do seu Reino. Na história da igreja, o apóstolo Paulo se destacou como um líder autêntico, por seu empenho em relação às missões e ao cuidado para com o rebanho de Deus. Ele se preocupava com o estado do povo de Deus e pela unidade dele. Foi o que ele demonstrou junto aos crentes de Corinto. Foi um líder-servidor que serviu humildemente aquela igreja, como fez o Senhor Jesus durante o seu ministério terreno, e externando-lhes um amor que só o verdadeiro líder chamado por Deus possui. Ele possuía a marca de Cristo: o amor. Demonstrou-lhes ser, realmente, um apóstolo chamado por Cristo Jesus, a fim de levar o Evangelho aos gentios até aos confins da terra. Paulo liderou e influenciou por meio do exemplo, de forma planejada, fazendo com que todos os seus liderados trabalhassem em torno de um propósito específico e atingisse um objetivo comum: viver para agradar a Deus. Um homem ou uma mulher conseguem ser líderes quando conseguem igualmente lidar com pessoas totalmente diferentes e conduzi-las a que trabalhem juntas em prol do Reino de Deus.

CONCLUSÃO

Como ser um autêntico líder, em tempo de tantos enganos, de falsos governantes, de crise moral e social em todas as camadas da sociedade? Mais do que nunca a humanidade necessita de pessoas compromissadas com o reino de Deus, que inspirem confiança em seus liderados. Ser Líder de um organismo vivo, como a Igreja do nosso Senhor Jesus, não é ter um emprego como se fosse um “alto executivo”, um grande “empresário”, mas é ter plena dependência de Deus; é ser servo, capaz de administrar a obra de Deus com humildade e sabedoria; é ser exemplo de vida para os que estão esperando uma orientação. Assim como foi o apóstolo Paulo. O líder autêntico busca seguir o seu conselho: “Sede meus imitadores, como também eu, de Cristo” (1Co 11:1).

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