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SUMÁRIO • BIOGRAFIA • CONTOS • POEMAS • CONTO: O GATO PRETO • CONTO EM INGLÊS • O PRINCIPAL DETETIVE CRIADO POR EDGAR ALLAN POE • LIVROS DE EDGAR ALLAN POE • FRASE DE EDGAR ALLAN POE • FOTOGRAFIA
BIOGRAFIA Edgar Allan Poe destacou-se como contista, poeta e crítico literário exigente Segundo filho de David Poe e Elizabeth Arnold, ambos atores, Edgar Poe ficou órfão ainda criança e foi adotado por um casal rico de Richmond, Virgínia, Jonh Allan e Frances Kelling Allan. Isso lhe permitiu ter uma educação de qualidade, bem como fazer uma longa viagem pela Inglaterra, Escócia e Irlanda com os pais adotivos. Regressou aos Estados Unidos em 1822 e continuou seus estudos sob a orientação dos melhores professores dessa época. Dois anos depois, entrou para a Universidade de Charlotesville, distinguindo-se tanto pela inteligência quanto pelo temperamento inquieto, que o levou a ser expulso da escola.
A seguir, verificou-se um período ainda pouco esclarecido na vida de Poe, no qual se registram viagens fora dos Estados Unidos. Retornou a seu país em 1829 e manifestou desejo de seguir a carreira militar. Foi admitido na célebre Academia de West Point, mas acabou expulso poucos meses depois por indisciplina. Com a morte da mãe adotiva, John Allan voltou a casar-se, com uma mulher muito jovem que lhe deu dois filhos. Isso impediu que Poe se tornasse herdeiro da fortuna paterna e ele se afastou da casa do pai adotivo, deixando Richmond. Após um período de relativa dificuldade, conheceu uma certa prosperidade ao vencer simultaneamente os concursos de conto e poesia promovidos pela revista "Southern Literary Messager". O fundador da publicação, Thomas White, convidou-o a dirigir a revista que rapidamente se impôs ao público. Durante dois anos, Poe esteve a frente do periódico, onde pôde exibir seu talento, que se manifestava num estilo novo, no conto e na poesia, bem como pelos artigos de crítica literária que revelavam seu rigor e sensibilidade estética. Escritor bem-sucedido, Poe casou-se com Virginia Clemm. Entretanto, ao fim de dois anos, White cortou relações com o escritor, que já desenvolvera a doença do alcoolismo. Poe passou a produzir como "free-lancer", em grande quantidade, mas sem ganhar o suficiente para manter uma vida digna e saudável, o que o levou a afundar-se ainda mais na bebida.
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A morte de sua mulher agravou o problema. O escritor passou a beber cada vez mais e já sofria os primeiros ataques de delirium tremens. Numa viagem a Nova York, para tratar de negócios, parou em Baltimore e hospedou-se numa taberna onde se distraiu durante horas bebendo com amigos. Era a noite de 6 de outubro de 1849. O escritor morreu na madrugada do dia 7, aos 40 anos. Hoje Poe é um escritor estudado e cultuado em todo o Ocidente. Entre suas obras destacam-se: The Raven (O Corvo, poesia, 1845), Annabel Lee (poesia, 1849) e o volume Histórias Extraordinárias (1837), onde aparecem seus contos mais conhecidos, como "A Queda da Casa dos Usher", "O Gato Preto", "O Barril de Amontillado", "Manuscrito encontrado numa Garrafa", entre outros, considerados obras-primas do terror.
CONTOS A Máscara da Morte Escarlate Berenice William Wilson A Queda da Casa de Usher O barril de Amontillado O Gato Preto O Poço e o Pêndulo O Retrato Oval Silêncio Sombra Leonor Coração Denunciador Uma Descida no Maelstrom O Caixão Quadrangular O Rei Peste Os Crimes da Rua Morgue Revelação Mesmeriana
POEMAS Só O Corvo A Cidade do Mar Annabel Lee
CONTO: O GATO PRETO Não espero nem peço que se dê crédito à história sumamente extraordinária e, no entanto, bastante doméstica que vou narrar. Louco seria eu se esperasse tal coisa, tratando-se de um caso que os meus próprios sentidos se negam a aceitar. Não obstante, não estou louco e, com toda a certeza, não sonho. Mas amanhã posso morrer e, por isso, gostaria, hoje, de aliviar o meu espírito. Meu propósito imediato é apresentar ao mundo, clara e sucintamente, mas sem comentários, uma série de simples acontecimentos domésticos.
Devido a suas consequências, tais acontecimentos me aterrorizaram, torturaram e destruíram. No entanto, não tentarei esclarecê-los. Em mim, quase não produziram outra coisa senão horror — mas, em muitas pessoas, talvez lhes pareçam menos terríveis que grotesco. Talvez, mais tarde, haja alguma inteligência que reduza o meu fantasma a algo comum — uma inteligência mais serena, mais lógica e muito menos excitável do que, a minha, que perceba, nas circunstâncias a que me refiro com terror, nada mais do que uma sucessão comum de causas e efeitos muito naturais. Desde a infância, tornaram-se patentes a docilidade e o sentido humano de meu caráter. A ternura de meu coração era tão evidente, que me tomava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava, especialmente, de animais, e meus pais me permitiam possuir grande variedade deles. Passava com eles quase todo o meu tempo, e jamais me sentia tão feliz como quando lhes dava de comer ou os acariciava. Com os anos, aumentou esta peculiaridade de meu caráter e, quando me tomei adulto, fiz dela uma das minhas principais fontes de prazer. Aos que já sentiram afeto por um cão fiel e sagaz, não preciso dar-me ao trabalho de explicar a natureza ou a intensidade da satisfação que se pode ter com isso. Há algo, no amor desinteressado, e capaz de sacrifícios, de um animal, que toca diretamente o coração daqueles que tiveram ocasiões frequentes de comprovar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade de um simples homem.
Casei cedo, e tive a sorte de encontrar em minha mulher disposição semelhante à minha. Notando o meu amor pelos animais domésticos, não perdia a oportunidade de arranjar as espécies mais agradáveis de bichos. Tínhamos pássaros, peixes dourados, um cão, coelhos, um macaquinho e um gato. Este último era um animal extraordinariamente grande e belo, todo negro e de espantosa sagacidade. Ao referir-se à sua inteligência, minha mulher, que, no íntimo de seu coração, era um tanto supersticiosa, fazia frequentes alusões à antiga crença popular de que todos os gatos pretos são feiticeiras disfarçadas. Não que ela se referisse seriamente a isso: menciono o fato apenas porque aconteceu lembrar-me disso neste momento. Pluto — assim se chamava o gato — era o meu preferido, com o qual eu mais me distraía. Só eu o alimentava, e ele me seguia sempre pela casa. Tinha dificuldade, mesmo, em impedir que me acompanhasse pela rua. Nossa amizade durou, desse modo, vários anos, durante os quais não só o meu caráter como o meu temperamento — enrubesço ao confessá-lo — sofreram, devido ao demônio da intemperança, uma modificação radical para pior. Tomava-me, dia a dia, mais taciturno, mais irritadiço, mais indiferente aos sentimentos dos outros. Sofria ao empregar linguagem desabrida ao dirigir-me à minha mulher.
. No fim, cheguei mesmo a tratá-la com violência. Meus animais, certamente, sentiam a mudança operada em meu caráter. Não apenas não lhes dava atenção alguma, como, ainda, os maltratava. Quanto a Pluto, porém, ainda despertava em mim consideração suficiente que me impedia de maltratá-lo, ao passo que não sentia escrúpulo algum em maltratar os coelhos, o macaco e mesmo o cão, quando, por acaso ou afeto, cruzavam em meu caminho. Meu mal, porém, ia tomando conta de mim — que outro mal pode se comparar ao álcool? — e, no fim, até Pluto, que começava agora a envelhecer e, por conseguinte, se tomara um tanto rabugento, até mesmo Pluto começou a sentir os efeitos de meu mau humor. Certa noite, ao voltar a casa, muito embriagado, de uma de minhas andanças pela cidade, tive a impressão de que o gato evitava a minha presença. Apanhei-o, e ele, assustado ante a minha violência, me feriu a mão, levemente, com os dentes. Uma fúria demoníaca apoderou-se, instantaneamente, de mim. Já não sabia mais o que estava fazendo. Dir-se-ia que, súbito, minha alma abandonara o corpo, e uma perversidade mais do que diabólica, causada pela Genebra, fez vibrar todas as fibras de meu ser. Tirei do bolso um canivete, abri-o, agarrei o pobre animal pela garganta e, friamente, arranquei de sua órbita um dos olhos! Enrubesço, estremeço, abraso-me de vergonha, ao referir-me, aqui, a essa abominável atrocidade. Quando, com a chegada da manhã, voltei à razão — dissipados já os vapores de minha orgia noturna — , experimentei, pelo crime que praticara, um sentimento que era um misto de horror e remorso; mas não passou de um sentimento superficial e equívoco, pois minha alma permaneceu impassível.
Mergulhei novamente em excessos, afogando logo no vinho a lembrança do que acontecera. Entrementes, o gato se restabeleceu, lentamente. A órbita do olho perdido apresentava, é certo, um aspecto horrendo, mas não parecia mais sofrer qualquer dor. Passeava pela casa como de costume, mas, como bem se poderia esperar, fugia, tomado de extremo terror, à minha aproximação. Restava-me ainda o bastante de meu antigo coração para que, a princípio, sofresse com aquela evidente aversão por parte de um animal que, antes, me amara tanto. Mas esse sentimento logo se transformou em irritação. E, então, como para perder-me final e irremissivelmente, surgiu o espírito da perversidade. Desse espírito, a filosofia não toma conhecimento. Não obstante, tão certo como existe minha alma, creio que a perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano - uma das faculdades, ou sentimentos primários, que dirigem o caráter do homem. Quem não se viu, centenas de vezes, a cometer ações vis ou estúpidas, pela única razão de que sabia que não devia cometê-las? Acaso não sentimos uma inclinação constante mesmo quando estamos no melhor do nosso juízo, para violar aquilo que é lei, simplesmente porque a compreendemos como tal? Esse espírito de perversidade, digo eu, foi a causa de minha queda final. O vivo e insondável desejo da alma de atormentar-se a si mesma, de violentar sua própria natureza, de fazer o mal pelo próprio mal, foi o que me levou a continuar e, afinal, a levar a cabo o suplício que infligira ao inofensivo animal. Uma manhã, a sangue frio, meti-lhe um nó corredio em torno do pescoço e enforquei-o no galho de uma árvore. Fi-lo com os olhos cheios de lágrimas, com o coração transbordante do mais amargo remorso. Enforquei-o porque sabia que ele me amara, e porque reconhecia que não me dera motivo algum para que me voltasse contra ele.
Enforquei-o porque sabia que estava cometendo um pecado — um pecado mortal que comprometia a minha alma imortal, afastando-a, se é que isso era possível, da misericórdia infinita de um Deus infinitamente misericordioso e infinitamente terrível. Na noite do dia em que foi cometida essa ação tão cruel, fui despertado pelo grito de "fogo!". As cortinas de minha cama estavam em chamas. Toda a casa ardia. Foi com grande dificuldade que minha mulher, uma criada e eu conseguimos escapar do incêndio. A destruição foi completa. Todos os meus bens terrenos foram tragados pelo fogo, e, desde então, me entreguei ao desespero. Não pretendo estabelecer relação alguma entre causa e efeito - entre o desastre e a atrocidade por mim cometida. Mas estou descrevendo uma sequência de fatos, e não desejo omitir nenhum dos elos dessa cadeia de acontecimentos. No dia seguinte ao do incêndio, visitei as ruínas. As paredes, com exceção de uma apenas, tinham desmoronado. Essa única exceção era constituída por um fino tabique interior, situado no meio da casa, junto ao qual se achava a cabeceira de minha cama. O reboco havia, aí, em grande parte, resistido à ação do fogo — coisa que atribuí ao fato de ter sido ele construído recentemente. Densa multidão se reunira em torno dessa parede, e muitas pessoas examinavam, com particular atenção e minuciosidade, uma parte dela, As palavras "estranho!", "singular!", bem como outras expressões semelhantes, despertaram-me a curiosidade. Aproximei-me e vi, como se gravada em baixo-relevo sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem era de uma exatidão verdadeiramente maravilhosa. Havia uma corda em tomo do pescoço do animal.
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Logo que vi tal aparição — pois não poderia considerar aquilo como sendo outra coisa — , o assombro e terror que se me apoderaram foram extremos. Mas, finalmente, a reflexão veio em meu auxílio. O gato, lembrei-me, fora enforcado num jardim existente junto à casa. Aos gritos de alarma, o jardim fora imediatamente invadido pela multidão. Alguém deve ter retirado o animal da árvore, lançando-o, através de uma janela aberta, para dentro do meu quarto. Isso foi feito, provavelmente, com a intenção de despertar-me. A queda das outras paredes havia comprimido a vítima de minha crueldade no gesso recentemente colocado sobre a parede que permanecera de pé. A cal do muro, com as chamas e o amoníaco desprendido da carcaça, produzira a imagem tal qual eu agora a via. Embora isso satisfizesse prontamente minha razão, não conseguia fazer o mesmo, de maneira completa, com minha consciência, pois o surpreendente fato que acabo de descrever não deixou de causar-me, apesar de tudo, profunda impressão. Durante meses, não pude livrar-me do fantasma do gato e, nesse espaço de tempo, nasceu em meu espírito uma espécie de sentimento que parecia remorso, embora não o fosse. Cheguei, mesmo, a lamentar a perda do animal e a procurar, nos sórdidos lugares que então frequentava, outro bichano da mesma espécie e de aparência semelhante que pudesse substituí-lo.
Uma noite, em que me achava sentado, meio aturdido, num antro mais do que infame, tive a atenção despertada, subitamente, por um objeto negro que jazia no alto de um dos enormes barris, de Genebra ou rum, que constituíam quase que o único mobiliário do recinto. Fazia já alguns minutos que olhava fixamente o alto do barril, e o que então me surpreendeu foi não ter visto antes o que havia sobre o mesmo. Aproximei-me e toquei-o com a mão. Era um gato preto, enorme — tão grande quanto Pluto — e que, sob todos os aspectos, salvo um, se assemelhava a ele. Pluto não tinha um único pelo branco em todo o corpo — e o bichano que ali estava possuía uma mancha larga e branca, embora de forma indefinida, a cobrir-lhe quase toda a região do peito. Ao acariciar lhe o dorso, ergueu-se imediatamente, ronronando com força e esfregando-se em minha mão, como se a minha atenção lhe causasse prazer. Era, pois, o animal que eu procurava. Apressei-me em propor ao dono a sua aquisição, mas este não manifestou interesse algum pelo felino. Não o conhecia; jamais o vira antes. Continuei a acariciá-lo e, quando me dispunha a voltar para casa, o animal demonstrou disposição de acompanhar-me. Permiti que o fizesse — detendo-me, de vez em quando, no caminho, para acariciá-lo. Ao chegar, sentiu-se imediatamente à vontade, como se pertencesse a casa, tomando-se, logo, um dos bichanos preferidos de minha mulher.
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De minha parte, passei a sentir logo aversão por ele. Acontecia, pois, justamente o contrário do que eu esperava. Mas a verdade é que - não sei como nem por quê — seu evidente amor por mim me desgostava e aborrecia. Lentamente, tais sentimentos de desgosto e fastio se converteram no mais amargo ódio. Evitava o animal. Uma sensação de vergonha, bem como a lembrança da crueldade que praticara, impediam-me de maltratá-lo fisicamente. Durante algumas semanas, não lhe bati nem pratiquei contra ele qualquer violência; mas, aos poucos - muito gradativamente — , passei a sentir por ele inenarrável horror, fugindo, em silêncio, de sua odiosa presença, como se fugisse de uma peste. Sem dúvida, o que aumentou o meu horror pelo animal foi a descoberta, na manhã do dia seguinte ao que o levei para casa, que, como Pluto, também havia sido privado de um dos olhos. Tal circunstância, porém, apenas contribuiu para que minha mulher sentisse por ele maior carinho, pois, como já disse, era dotada, em alto grau, dessa ternura de sentimentos que constituíra, em outros tempos, um de meus traços principais, bem como fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros. No entanto, a preferência que o animal demonstrava pela minha pessoa parecia aumentar em razão direta da aversão que sentia por ele. Seguia-me os passos com uma pertinácia que dificilmente poderia fazer com que o leitor compreendesse.
Sempre que me sentava, enrodilhava-se embaixo de minha cadeira, ou me saltava ao colo, cobrindo-me com suas odiosas carícias. Se me levantava para andar, metia-se-me entre as pernas e quase me derrubava, ou então, cravando suas longas e afiadas garras em minha roupa, subia por ela até o meu peito. Nessas ocasiões, embora tivesse ímpetos de matá-lo de um golpe, abstinha-me de fazê-lo devido, em parte, à lembrança de meu crime anterior, mas, sobretudo — apresso-me a confessá-lo — , pelo pavor extremo que o animal me despertava. Esse pavor não era exatamente um pavor de mal físico e, contudo, não saberia defini-lo de outra maneira. Quase me envergonha confessar — sim, mesmo nesta cela de criminoso — , quase me envergonha confessar que o terror e o pânico que o animal me inspirava eram aumentados por uma das mais puras fantasias que se possa imaginar. Minha mulher, mais de uma vez, me chamara a atenção para o aspecto da mancha branca a que já me referi, e que constituía a única diferença visível entre aquele estranho animal e o outro, que eu enforcara. O leitor, decerto, se lembrará de que aquele sinal, embora grande, tinha, a princípio, uma forma bastante indefinida. Mas, lentamente, de maneira quase imperceptível — que a minha imaginação, durante muito tempo, lutou por rejeitar como fantasiosa —, adquirira, por fim, uma nitidez rigorosa de contornos. Era, agora, a imagem de um objeto cuja menção me faz tremer... E, sobretudo por isso, eu o encarava como a um monstro de horror e repugnância, do qual eu, se tivesse coragem, me teria livrado. Era agora, confesso, a imagem de uma coisa odiosa, abominável: a imagem da forca! Oh, lúgubre e terrível máquina de horror e de crime, de agonia e de morte! Na verdade, naquele momento eu era um miserável — um ser que ia além da própria miséria da humanidade.
Era uma besta-fera, cujo irmão fora por mim desdenhosamente destruído... uma bestafera que se engendrara em mim, homem feito à imagem do Deus Altíssimo. Oh, grande e insuportável infortúnio! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite, conheceria jamais a bênção do descanso! Durante o dia, o animal não me deixava a sós um único momento; e, à noite, despertava de hora em hora, tomado do indescritível terror de sentir o hálito quente da coisa sobre o meu rosto, e o seu enorme peso — encarnação de um pesadelo que não podia afastar de mim — pousado eternamente sobre o meu coração! Sob a pressão de tais tormentos, sucumbiu o pouco que restava em mim de bom. Pensamentos maus converteram-se em meus únicos companheiros — os mais sombrios e os mais perversos dos pensamentos. Minha rabugice habitual se transformou em ódio por todas as coisas e por toda a humanidade — e enquanto eu, agora, me entregava cegamente a súbitos, frequentes e irreprimíveis acessos de cólera, minha mulher - pobre dela! - não se queixava nunca convertendo-se na mais paciente e sofredora das vítimas. Um dia, acompanhou-me, para ajudar-me numa das tarefas domésticas, até o porão do velho edifício em que nossa pobreza nos obrigava a morar, O gato seguiu-nos e, quase fazendo-me rolar escada abaixo, me exasperou a ponto de perder o juízo. Apanhando uma machadinha e esquecendo o terror pueril que até então contivera minha mão, dirigi ao animal um golpe que teria sido mortal, se atingisse o alvo. Mas minha mulher segurou-me o braço, detendo o golpe. Tomado, então, de fúria demoníaca, livrei o braço do obstáculo que o detinha e cravei-lhe a machadinha no cérebro. Minha mulher caiu morta instantaneamente, sem lançar um gemido.
Realizado o terrível assassínio, procurei, movido por súbita resolução, esconder o corpo. Sabia que não poderia retirá-lo da casa, nem de dia nem de noite, sem correr o risco de ser visto pelos vizinhos. Ocorreram-me vários planos. Pensei, por um instante, em cortar o corpo em pequenos pedaços e destruí-los por meio do fogo. Resolvi, depois, cavar uma fossa no chão da adega. Em seguida, pensei em atirá-lo ao poço do quintal. Mudei de ideia e decidi metê-lo num caixote, como se fosse uma mercadoria, na forma habitual, fazendo com que um carregador o retirasse da casa. Finalmente, tive uma ideia que me pareceu muito mais prática: resolvi emparedá-lo na adega, como faziam os monges da Idade Média com as suas vítimas. Aquela adega se prestava muito bem para tal propósito. As paredes não haviam sido construídas com muito cuidado e, pouco antes, haviam sido cobertas, em toda a sua extensão, com um reboco que a umidade impedira de endurecer. Ademais, havia uma saliência numa das paredes, produzida por alguma chaminé ou lareira, que fora tapada para que se assemelhasse ao resto da adega. Não duvidei de que poderia facilmente retirar os tijolos naquele lugar, introduzir o corpo e recolocá-los do mesmo modo, sem que nenhum olhar pudesse descobrir nada que despertasse suspeita. E não me enganei em meus cálculos. Por meio de uma alavanca, desloquei facilmente os tijolos e tendo depositado o corpo, com cuidado, de encontro à parede interior. Segurei-o nessa posição, até poder recolocar, sem grande esforço, os tijolos em seu lugar, tal como estavam anteriormente. Arranjei cimento, cal e areia e, com toda a precaução possível, preparei uma argamassa que não se podia distinguir da anterior, cobrindo com ela, escrupulosamente, a nova parede. Ao terminar, senti-me satisfeito, pois tudo correra bem.
A parede não apresentava o menor sinal de ter sido rebocada. Limpei o chão com o maior cuidado e, lançando o olhar em tomo, disse, de mim para comigo: "Pelo menos aqui, o meu trabalho não foi em vão". O passo seguinte foi procurar o animal que havia sido a causa de tão grande desgraça, pois resolvera, finalmente, matá-lo. Se, naquele momento, tivesse podido encontrá-lo, não haveria dúvida quanto à sua sorte: mas parece que o esperto animal se alarmara ante a violência de minha cólera, e procurava não aparecer diante de mim enquanto me encontrasse naquele estado de espírito. Impossível descrever ou imaginar o profundo e abençoado alívio que me causava a ausência de tão detestável felino. Não apareceu também durante a noite — e, assim, pela primeira vez, desde sua entrada em casa, consegui dormir tranquila e profundamente. Sim, dormi mesmo com o peso daquele assassínio sobre a minha alma. Transcorreram o segundo e o terceiro dia — e o meu algoz não apareceu. Pude respirar, novamente, como homem livre. O monstro, aterrorizado fugira para sempre de casa. Não tomaria a vê-lo! Minha felicidade era infinita! A culpa de minha tenebrosa ação pouco me inquietava. Foram feitas algumas investigações, mas respondi prontamente a todas as perguntas. Procedeu-se, também, a uma vistoria em minha casa, mas, naturalmente, nada podia ser descoberto.
Eu considerava já como coisa certa a minha felicidade futura. No quarto dia após o assassinato, uma caravana policial chegou, inesperadamente, a casa, e realizou, de novo, rigorosa investigação. Seguro, no entanto, de que ninguém descobriria jamais o lugar em que eu ocultara o cadáver, não experimentei a menor perturbação. Os policiais pediram-me que os acompanhasse em sua busca. Não deixaram de esquadrinhar um canto sequer da casa. Por fim, pela terceira ou quarta vez, desceram novamente ao porão. Não me alterei o mínimo que fosse. Meu coração batia calmamente, como o de um inocente. Andei por todo o porão, de ponta a ponta. Com os braços cruzados sobre o peito, caminhava, calmamente, de um lado para outro. A polícia estava inteiramente satisfeita e preparava-se para sair. O júbilo que me inundava o coração era forte demais para que pudesse contê-lo. Ardia de desejo de dizer uma palavra, uma única palavra, à guisa de triunfo, e também para tomar duplamente evidente a minha inocência. — Senhores — disse, por fim, quando os policiais já subiam a escada — , é para mim motivo de grande satisfação haver desfeito qualquer suspeita. Desejo a todos os senhores ótima saúde e um pouco mais de cortesia. Diga-se de passagem, senhores, que esta é uma casa muito bem construída... (Quase não sabia o que dizia, em meu insopitável desejo de falar com naturalidade.) Poderia, mesmo, dizer que é uma casa excelentemente construída. Estas paredes — os senhores já se vão? — , estas paredes são de grande solidez. Nessa altura, movido por pura e frenética fanfarronada, bati com força, com a bengala que tinha na mão, justamente na parte da parede atrás da qual se achava o corpo da esposa de meu coração.
Que Deus me guarde e livre das garras de Satanás! Mal o eco das batidas mergulhou no silêncio, uma voz me respondeu do fundo da tumba, primeiro com um choro entrecortado e abafado, como os soluços de uma criança; depois, de repente, com um grito prolongado, estridente, contínuo, completamente anormal e inumano. Um uivo, um grito agudo, metade de horror, metade de triunfo, como somente poderia ter surgido do inferno, da garganta dos condenados, em sua agonia, e dos demônios exultantes com a sua condenação. Quanto aos meus pensamentos, é loucura falar. Sentindo-me desfalecer, cambaleei até à parede oposta. Durante um instante, o grupo de policiais deteve-se na escada, imobilizado pelo terror. Decorrido um momento, doze braços vigorosos atacaram a parede, que caiu por terra. O cadáver, já em adiantado estado de decomposição, e coberto de sangue coagulado, apareceu, ereto, aos olhos dos presentes. Sobre sua cabeça, com a boca vermelha dilatada e o único olho chamejante, achava-se pousado o animal odioso, cuja astúcia me levou ao assassínio e cuja voz reveladora me entregava ao carrasco. Eu havia emparedado o monstro dentro da tumba!
CONTO EM INGLĂŠS
The Black Cat
I do not expect nor ask if you give credit to the exceedingly remarkable story and yet, I will narrate quite domestic. I would be mad if he expected such a thing, since it is a case that my own senses refuse to accept. Nevertheless, I'm not crazy, and surely no dream. But tomorrow I die, and so I would like today to ease my mind. My immediate purpose is to present to the world, clearly and succinctly, but without comment, a series of mere household events. Due to their consequences, these events have terrified me, tortured and destroyed. However, do not try to enlighten them. Me, hardly produced anything other than horror - but many people may seem less terrible them grotesque. Maybe later there is any intelligence that reduces my ghost to something common - a more serene intelligence, more logical and far less excitable than, my, you know it, the circumstances to which I refer with terror, nothing more than an ordinary succession of very natural causes and effects. Since childhood, became patent docility and the human sense of my character. The tenderness of my heart was so evident, that took me a target of jokes of my companions. Liked, especially of animals, and my parents allowed me to have variety of them. Spent with them almost all my time, and never felt so happy as when he gave them to eat or caressed them.
Over the years, increased this peculiarity of my character, and when I took adult, made it one of my principal sources of pleasure. Those who have felt affection for one, do not need faithful and sagacious dog giving me the trouble of explaining the nature or the intensity of satisfaction to be had with it. There is something in the unselfish love, and capable of sacrifice, an animal that directly touches the heart of those who had frequent occasions to prove the paltry friendship and the fragile loyalty of a simple man. I married early, and was lucky to find in my wife layout similar to mine. Noting my love for pets, never missed an opportunity to get the nicest species of animals. We had birds, gold fish, a dog, rabbits, a little monkey and a cat. This latter was a remarkably large and beautiful, all black wit and amazing animal. In referring to his intelligence, my wife, who, in their heart of hearts, was somewhat superstitious, made frequent allusions to ancient folk belief that all black cats are witches in disguise. Not that she seriously referring to this: mention the fact that just because it happened to remember that at this time. Pluto - this was the name the cat - was my favorite, with which I most distracted me. I alone fed him, and he always followed me around the house. Had difficulty even prevent accompany me on the street.
Our friendship lasted, in this manner, several years, during which not only my character as my temper - I blush to confess it - suffered due to the demon of intemperance, a radical change for the worse. Took me, day by day, more moody, more irritable, more indifferent to the feelings of others. Suffered the unbridled use language to direct me to my wife. In the end, I even treat her with violence. My pets, of course, felt the change wrought in my character. Not only did not give them any attention, as also abused them. As for Pluto, however, still aroused in me enough consideration that kept me from maltreating him, while he did not feel any qualms about maltreating the rabbits, the monkey, and even the dog, when by accident, or affection crossed my path . My bad, however, was taking care of me - what else can hardly compare to alcohol? - And in the end, even Pluto, who was now beginning to age and therefore had become somewhat cantankerous, even Pluto began to experience the effects of my bad mood. One night, returning home, much intoxicated, from one of my wanderings through the city, I had the impression that the cat avoided my presence. I picked it up, and he scared before my violence, hurt my hand lightly with his teeth. A demonic fury seized instantly from me. Already did not know what he was doing. Dir would that suddenly, my soul had left the body, and a more than fiendish wickedness caused by geneva, thrilled every fiber of my ser.Tirei a penknife from his pocket, opened it, grasped the poor beast throat and coldly pulled its orbit an eye!
Blush, tremble, abrasion shame me by referring me here to this abominable atrocity. When, with the arrival of the morning, I went back to the reason - already dissipated the fumes of my nightly orgy - tried for the crime he had done, a feeling that was a mixture of horror and remorse; but it was just a misunderstanding and superficial sense, because my soul remained impassive. Plunged again into excesses, drowning in wine soon the memory of what happened. Meanwhile, the cat has recovered slowly. The orbit of the lost eye presented, it is true, a horrendous aspect, but seemed not to suffer any pain. Paced the house as usual, but as well you might expect, fled, seized with extreme terror at my approach. That left me still enough of my old heart so that, in principle, suffer with that apparent aversion on the part of an animal before, loved me so much. But that feeling soon turned to irritation. And then to lose me as final and irrevocably, the spirit of wickedness arose. Of this spirit philosophy takes no notice. Nevertheless, just as sure as my soul, I believe that perverseness is one of the primitive impulses of the human heart - one of the colleges or primary feelings that drive the character of the man. Who has not seen hundreds of times, committing vile or stupid actions, for the sole reason that he knew he should not commit them? Do I not feel a constant slope even when we are in our best judgment, to violate that which is Law, merely because we understand it as such? This spirit of perverseness, I say, was the cause of my ultimate downfall.
The living and unfathomable desire of the soul to torment herself to violate his own nature, to do evil for evil itself, was what led me to continue and, ultimately, to carry out the torture he had inflicted the harmless animal. One morning, in cold blood, methylamine you a noose around his neck and hanged him on a tree branch. I did it with eyes full of tears, heart overflowing with the bitterest remorse. Hanged him because I knew he loved me, and because it recognized that there had given me some to come back against him reason. Hanged him because he knew he was committing a sin - a deadly sin that compromised my immortal soul, away from, if that was possible, the infinite mercy of an infinitely merciful and infinitely terrible God. On the evening of the day when it was committed this action so cruel, I was awakened by the cry of "fire". The curtains of my bed were in flames. The whole house was burning. It was with great difficulty that my wife, a servant and I managed to escape the fire. The destruction was complete. All my worldly goods were engulfed by fire, and since then, I surrendered to despair. Not intend to establish any relationship between cause and effect - between the disaster and the atrocity committed by me. But I am describing a sequence of events, and do not wish to omit any of the links in this chain of events. In the days following the fire, I visited the ruins. The walls, with one exception only, had collapsed. The only exception consisted of a thin inner bulkhead, located in the middle of the house, next to which he was the head of my bed.
The plaster was, then, largely resisted the action of the fire - something I attributed to the fact that he has recently been built. Dense crowd had gathered around that wall, and many people examined, with particular attention and thoroughness, one "singular" part of it's "strange" words and other similar expressions, aroused my curiosity. I approached and saw, as if engraved in bas-relief upon the white surface, the figure of a gigantic cat. The image was a truly wonderful accuracy. There was a rope around the animal's neck tome. As soon as I saw this apparition - because it could not consider it as something else - the awe and terror that seized me were extreme. But finally, the reflection came to my aid. The cat, I remembered, had been hung in a garden next to the existing house. With cries of alarm, the garden outside immediately invaded by the crowd. Someone must have removed the animal tree, throwing him through an open window, into my room. This was done probably intended to arouse me. The falling of other walls had compressed the victim of my cruelty in plaster recently placed on the wall that remained standing. The lime wall, with the flames and the ammonia detached housing, which produced the image as I now saw it. Although it readily satisfy my reason, could not do the same, completely, with my conscience, for the startling fact just described did not fail to cause me, though, deep impression. For months, I could not get rid of the ghost cat, and in that time, was born in my mind a sort of feeling that seemed remorseful, although was not.
Came even to mourn the loss of the animal and to seek, in sordid places frequented then another pussy the same species and of similar appearance who could replace him. One night, where I was sitting, half dazed, a den more than infamous, had aroused the attention suddenly by a black object that lay on top of one of the huge barrels, gin or rum, which constituted almost the only furniture in the room. Was already a few minutes he looked fixedly at the top of the barrel, and what struck me then was not seen before which was about the same. I approached and touched it with his hand. It was a black cat, huge - as big as Pluto - and that, in all respects, save one, resembled him. Pluto had not a single white hair on the entire body - and the pussy that was there and had a large white spot, though indefinitely, almost covering his entire chest area. To stroke her back, stood up immediately, purring hard and rubbing my hand, as if my attention caused him pleasure. It was therefore the animal I was looking for. I hastened to propose to the owner to purchase, but this has not expressed any interest in feline. Did not know; never seen before. I continued to stroke him, and when I had to go home, the animal showed willingness to accompany me. Allow did - pausing, occasionally, on the way to pet him. Upon arriving, he felt immediately at ease, as if it belonged to the house, taking thus a favorite of my wife pussies.
For my part, I just feel disgust for him. Happened because, precisely the opposite of what I expected. But the truth is - I do not know how or why - his obvious love for me disgusted and annoyed me. Slowly, these feelings of disgust and annoyance has become the most bitter hatred. Avoided the animal. A sense of shame, and the remembrance of cruelty practiced, prevented me from physically abusing it. For a few weeks, do not hit her or any violence practiced against him; but gradually - very gradually - I came to feel for him unspeakable horror, fleeing in silence for their odious presence, as if fleeing from a plague. Undoubtedly, which increased my horror the animal was the discovery, on the morning of the next day took it home, that, like Pluto, had also been deprived of one eye. This circumstance, however, only contributed to my wife felt great affection for him, because, as I said, was endowed, in a great degree, this tenderness of feeling that constituted, in other times, one of my main features as well as source of many of my simplest and purest pleasures. However, the preference that the animal showed by my person seemed to increase in proportion to the disgust she felt for him. I followed the steps with a tenacity that could hardly make the reader understand. Whenever I sat, it enrodilhava beneath my chair, or bounced me on her lap, covering me with its loathsome caresses. If I arose to walk, if Metia-PEMAS between me and almost knocked me, or else, digging her long, sharp claws into my clothes, climbed through it to my chest.
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On these occasions, although he had an urge to kill him a blow, I refrained from doing so due, in part, to the memory of my former crime, but above all - I hasten to confess it at extreme dread the animal awoke me. This dread was not exactly a dread of physical evil, and yet know not define it otherwise. Almost shames me to confess - yes, even in this felon's cell - almost shames me to confess that terror and panic that the animal inspired me were raised by one of the purest fantasies imaginable. My wife, more than once, called my attention to the appearance of the white spot which I have already referred, and which constituted the sole visible difference between the one and the other strange animal, I hanged. The reader, of course, remember that that sign, though large, was at first a rather indefinitely. But, slowly, almost imperceptibly - that my imagination for a long time, struggled to reject as fanciful - acquired, finally, strict sharpness of outline. It was now the image of an object whose mention makes me tremble ... And above all this, I saw as a monster in horror and disgust, which I, had courage, he would have gotten away. It was now, I confess, the image of a hideous thing, an abomination: the image of the gallows! Oh, mournful and terrible horror and crime, of agony and death machine! In fact, at that time I was a miserable - a being that went beyond the misery of humanity itself. It was a beast, whose brother had contemptuously destroyed by me ... an evil beast that is engendered in me, man made in the image of Almighty God. Oh, great and unbearable misfortune! Alas! Neither day nor night, never would know the blessing of the rest! During the day, the animal would not leave me alone for a single moment; and at night, woke up each hour, taken from the unspeakable horror of feeling the hot breath of the thing upon my face, and its enormous weight - incarnation of a nightmare that I could not walk away from me - landed on my heart forever !
Under the pressure of such torments, succumbed to what little remained of good in me. Evil thoughts have become my only companions - the darkest and most evil of thoughts. My usual grumpiness turned into hatred for all things and for all mankind - and while I now blindly handed me the sudden, frequent and uncontrollable fits of rage, my wife - poor her! - Never complained never becoming the most patient and suffering of the victims. One day, accompanied me, to help me in the housework, to the basement of the old building which our poverty compelled us to live, The cat followed us and, almost causing me to roll down the stairs, exasperated me to the point losing my mind. Picking up a hatchet and forgetting the childish terror that until then had held my hand, drove the animal a blow that would have been deadly if hit the target. But my wife grabbed my arm, stopping the blow. Taken, then the demonic fury, delivered the arm of the obstacle that held him and dug up the hatchet in the brain. My wife fell dead instantly without launching a groan. Realized the terrible murder, tried, moved by sudden resolution, hide the body. Knew I could not pull it out of the house, day or night, without running the risk of being seen by neighbors. Occurred to me several plans. I thought for a moment, to cut the body into small pieces and destroy them by fire. I decided then dig a pit on the floor of the cellar. Then I thought of throwing him to the backyard pit. I changed my mind and decided to put him in a box, as if it were a commodity, in the usual way, making a boot removed it from the house. Finally, I had an idea that seemed much more practical: I decided to immure him in the cellar, as did the monks of the Middle Ages with their victims. That winery was paid very well for that purpose. The walls had not been built with great care and, shortly before, had been
covered in its entire length, with a plaster that moisture prevented from hardening. Furthermore, there was a protrusion on the wall produced by a chimney or fireplace, which was capped so that resembles the rest of the cellar. I did not doubt that it could easily remove the bricks that place, entering the body and put them in the same way, without any look could find nothing that aroused suspicion. And I was not wrong in my calculations. By means of a lever, the bricks easily dislocated body and having deposited gently against the inner wall. I held it in place until you can replace, without much effort, the bricks in place, such as they were previously. Got cement, lime and sand, and with every possible precaution, I prepared a plaster which could not be distinguished from the former, covering her scrupulously the new wall. When finished, I felt satisfied that all had gone well. The wall did not present the slightest sign of being towed. I wiped the floor with the greatest care, and cast take on the look, said, from me to me: "At least here, my work was not in vain." The next step was to look for the beast which had been the cause of so great a disgrace as decided finally kill him. If, at that moment, had been able to find it, there would be no doubt as to their fate: but it seems that the animal is alarmed smart against the violence of my anger, and tried not to appear before me as I found myself in that state of mind. Impossible to describe or imagine the profound and blessed relief that caused me no so obnoxious feline. Not also appeared during the night - and thus for the first time since its entry into the house, got quiet and sleep deeply. Yes, slept even with the burden of that murder on my soul. Passed the second and third day - and my tormentor came not. I could breathe again as a free man. The monster, in terror fled forever home. Would not see him again! My happiness was endless! The guilt of my dark little action made
me uneasy. Some investigations were made, but readily answered all questions. Also, we proceeded to a survey in my house, but of course, nothing could be discovered. I've felt like my future happiness right thing. On the fourth day after the murder, a police caravan arrived unexpectedly at home, and realized, again, rigorous research. Insurance, however, that no one ever would find the place where I had hidden the corpse, not experienced the slightest disturbance. The police asked me to accompany them in their search. Have left to scan even a corner of the house. Finally, by the third or fourth time, they descended into the cellar again. I have not changed the least were. My heart beat calmly as that of an innocent. I walked around the basement, from end to end. With arms crossed over his chest, walked calmly from side to side. The police were fully satisfied and prepared to leave. The joy that flooded my heart was too strong so he could contain it. Burning with desire to say a word, one word, by way of triumph, and also to make doubly clear my innocence. - Gentlemen - said finally, when the police already climbed the ladder - is for me a great pleasure having broken any suspicion. I wish all the great masters health and a little more courtesy. Tell by the way, gentlemen, this is a very well built home ... (Almost did not know what he was saying, in my unquenchable desire to speak naturally.) Could even say it is a excellently constructed house. These walls - the lords ever will? - These walls are of great solidity. At that time, motivated by pure and frantic bluster, hit hard with the cane in his hand, precisely in the part of the wall behind which he was the body of the wife of my heart. God help me and free from the clutches of Satan! Mal echo beats sank into silence, a voice answered me from the bottom of the tomb, first with a choppy and muffled cries as the sobs of a child; then suddenly, with a raucous, continuous, completely abnormal and inhuman prolonged scream. A howl,
a shriek, half of horror and half of triumph, such as might have arisen only from hell, the throat of the damned in their agony, and elated with his conviction demons. As for my thoughts, is crazy talk. Feeling faint, I staggered to the opposite wall. For a moment, the police group stopped on the stairs, immobilized by terror. After a moment, twelve strong arms attacked the wall, which collapsed. The corpse, already in an advanced state of decomposition, and covered with clotted blood, appeared, standing in the eyes of the present. Over his head, with dilated red mouth and the only flaming eye, found himself landed the odious animal, whose cunning drove me to murder and revealing whose voice gave me to the executioner. I had walled the monster inside the tomb!
O PRINCIPAL DETETIVE CRIADO POR EDGAR ALLAN POE Auguste Dupin é um detetive fictício criado por Edgar Allan Poe. Dupin aparece pela primeira vez no livro Os Assassinatos da Rua Morgue, e é muitas vezes considerado o primeiro detetive da ficção. Dupin foi o precursor dos detetives da literatura, incluindo Sherlock Holmes sem favor nenhum, o mais famoso. Aparece em três histórias de Poe: Os Assassinatos da Rua Morgue(1841) O Mistério de Marie Rogêt (1842) A Carta Roubada (1844)
Dupin não é de fato um detetive profissional, e suas motivações mudam ao longo das histórias. Ele investiga Os Assassinatos na Rua Morgue por diversão e para provar a inocência de um homem acusado injustamente, não aceitando recompensas. Em A Carta Roubada Dupin sai propositalmente em busca de recompensa.
LIVROS DE EDGAR ALLAN POE
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FRASE DE EDGAR ALLAN POE
FOTOGRAFIA
Fotografia de Auguste Dupin um detetive fict铆cio criado por Edgar Allan Poe. Em que aparece na sua hist贸ria: Os Assassinatos da Rua Morgue(1841)
Escola: Escola Estadual De Ensino Fundamental E Médio Heitor Villa Lobos.
Trabalho: Revista Digital; Tema: Edgar Allan Poe; Disciplina: Inglês Série: 1º ano Turma: “C”.
Período: Matutino. Alunos(as):
Eduarda Thalia, Everton Passos;
Henrique Machado; Leticia Isabella;
Natalia T. Oliveira; Trabalho realizado pelos alunos da E.E.E.F.M Heitor Villa-Lobos Professor: Marcos Pereira
Wesley Meireles. *Produção sem fins lucrativos
*Objetivo: Divulgação de obras e autores de romance policial/ incentivo a leitura.