EDUARDO ANDERSON BRUGNOLI
COLABORA: Espaรงo de Trabalho Colaborativo para Londrina-PR
Londrina 2015
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EDUARDO ANDERSON BRUGNOLI
COLABORA: Espaço de Trabalho Colaborativo para Londrina-PR
Trabalho Final de Graduação apresentado à UNIFIL- Centro Universitário Filadélfia, como exigência final para graduação em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Prof. Ms. Lucy Ana Staut.
Londrina 2015
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EDUARDO ANDERSON BRUGNOLI
COLABORA: Espaço de Trabalho Colaborativo para Londrina-PR
Trabalho Final de Graduação apresentado a UNIFIL – Centro Universitário Filadélfia, como exigência final para graduação em Arquitetura e Urbanismo. Aprovado com nota final igual a______, conferida pela Banca Examinadora formada por:
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________ Orientador - Prof. Centro Universitário Filadélfia
__________________________________________ Avaliador 01 - Prof. Centro Universitário Filadélfia
__________________________________________ Avaliador 02 - Prof. Centro Universitário Filadélfia
Londrina,___ de ___________ de 2015.
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“Em essência, o Design e a Arquitetura nos falam sobre o tipo de vida que deveria desenvolver-se mais adequadamente dentro e ao redor deles. Eles nos falam de certos estados de espírito que buscam incentivar e sustentar. Enquanto nos mantêm aquecidos e nos ajudam mecanicamente, eles nos convidam a sermos tipos específicos de pessoas. Elas falam de visões de felicidade” (BOTTON, 2007, p.72).
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MEUS AGRADECIMENTOS,
Este trabalho representa a conclusão da maior aventura da minha vida até aqui! Acredito que ela tenha começado em algum tempo atrás, digamos que na minha infância, quando sonhava um dia desenhar casas com lagos. Esse sonho começou a se tornar possível ao passo que minha vida se tornou outra. Novos sonhos, novos caminhos, novo relacionamento com meu pai, e um novo amor, minha atual noiva. Devo a ela grande parte de tudo isso, foi o primeiro e maior incentivo a me entregar de corpo e alma ao sonho de se tornar Arquiteto, e foi ela quem me deu suporte para continuar ao longo desses cinco anos de aventura, mas também de sofrimentos, angústias e muita ansiedade. O meu muito obrigado aos meus pais, Walter e Sirlei, meus irmãos, e minha noiva Graziela. Não poderia deixar de mencionar também minha prima Flávia, um elo que ultrapassa os laços sanguíneos e que mais se parece com um encontro de almas. No início da vida acadêmica tive que optar por mais mudanças e nessa fase o apoio da professora Norma Jung me impulsionou a chegar até aqui e serei eternamente grato. No decorrer da faculdade encontrei pessoas tão importantes quanto, como Camila, Cibele, Ricardo e minha orientadora Lucy Ana Staut, que nesse último ano esteve ao meu lado e me deu todo o apoio e suporte necessário para alcançar meus objetivos. E como não agradecer a Deus, a razão de tudo ser o que é! A todos, o meu mais sincero obrigado. Com o coração feliz pelo resultado, por tudo o que passei para estar aqui, e por tudo que está por vir! À vocês dedico esse trabalho.
´´Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou’’ Eclesiastes 3:1,2
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BRUGNOLI, Eduardo Anderson. ESPAÇO DE TRABALHO COLABORATIVO PARA A CIDADE DE LONDRINA-PR. 2015. 162p. Trabalho Final de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Centro Universitário Filadélfia.
RESUMO
A evolução do setor industrial e o crescimento no número de empresas ao longo das últimas décadas criaram a necessidade de novas formas de adaptação no espaço de trabalho, sendo a mudança perceptível tanto nas relações empresariais quanto na relação com o espaço. Hoje, a criação de espaços com intuitos interativos, humanizados, e que realmente façam parte da forma com que o trabalho é feito, torna-se fundamental na diferenciação no mercado. O presente trabalho tem como objetivo a elaboração de um anteprojeto para um Espaço de Trabalho Colaborativo para a cidade de Londrina-PR. Para tal, realizou-se pesquisa bibliográfica sobre a evolução desses espaços ao longo das décadas até o surgimento da flexibilização do trabalho que se desvincula do ambiente físico das empresas, bem como, os novos conceitos aplicados ao ambiente de trabalho do século XXI. Além disso, elaborou-se um estudo da realidade, em que as questões relativas à cidade, aos espaços de trabalho colaborativo existentes na mesma, e o local de implantação do projeto a ser elaborado, foram analisados para embasamento da proposta de projeto. Espera-se criar uma discussão sobre a influência da arquitetura no comportamento humano, no desenvolvimento social, intelectual e profissional, tendo o espaço físico como agente transformador, em busca de caminhos que convirjam múltiplas áreas em um projeto inovador que agregue valor e estimule melhores resultados nos fluxos e processos de uma forma geral, tendo como princípio fundamental o aspecto humano dos espaços.
PALAVRAS-CHAVE: Espaço de trabalho colaborativo, Criatividade, Inovação.
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BRUGNOLI, Eduardo Anderson. ESPAÇO DE TRABALHO COLABORATIVO PARA A CIDADE DE LONDRINA-PR. 2015. 162p. Trabalho Final de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo. Centro Universitário Filadélfia.
ABSTRACT
The evolution of the industrial sector and the growth in the number of companies over the past decades have created the need for new forms of adaptation in the workspace, with a noticeable change in both business relationships and in relation to space. Today, the creation of spaces with interactive, humanized intentions, and that really part of the way the work is done, it is essential to differentiate in the market. This paper aims to draw up a draft for a Collaborative Workspace for the city of Londrina-PR. To this end, there was literature research on the evolution of these spaces over the decades until the emergence of flexible working that decouples the physical environment of the companies, as well as new concepts applied to the working environment of the XXI century. Moreover, elaborated a study of reality, in which issues relating to the city, the already existing collaborative work spaces, and the place of the project to be developed, were analyzed for project proposal basis. It is expected to create a discussion about the influence of architecture in human behavior, social development, intellectual and professional, having the physical space as an transformer agent in search of paths that converge multiple areas in an innovative project that adds value and encourage better results the flows and processes in general, having the fundamental principle the human aspect of space.
KEY WORDS: Collaborative work space, Creativity, Innovation.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 2.1 - Vista externa The Larkin Company Administrative Building ................... 26 Figura 2.2 – Planta: The Larkin Company Administrative Building ............................ 26 Figura 2.3 - The Larkin Company Administrative Building: Vista interna. .................. 27 Figura 2.4 - Johnson Wax Building: Vista externa. .................................................... 28 Figura 2.5 - Johnson Wax Building: Vista interna. ..................................................... 29 Figura 2.6 – Action Office System ............................................................................. 31 Figura 2.7 – Fábrica da Volkswagen no Brasil (1959) ............................................... 32 Figura 2.8 - Recepção/espaço informal ..................................................................... 45 Figura 2.9 - Espaço de trabalho compartilhado ......................................................... 46 Figura 2.10 - Espaço de trabalho semi-compartilhado .............................................. 46 Figura 2.11 - Espaço multiuso ................................................................................... 47 Figura 2.12 - Sala de reunião/brainstorming ............................................................. 48 Figura 3.1 – Espaço de Descompressão 8° pavimento ............................................. 53 Figura 3.2 – Mapa síntese de localização ................................................................. 54 Figura 3.3 – Implantação ........................................................................................... 55 Figura 3.4 – Espaço de vivência sexto pavimento .................................................... 56 Figura 3.5 – Setorização 6° pavimento ..................................................................... 57 Figura 3.6 – Perspectiva 6° pavimento ...................................................................... 58 Figura 3.7 – Setorização 7° pavimento ..................................................................... 58 Figura 3.8 – Perspectiva 7° pavimento ...................................................................... 59 Figura 3.9 – Setorização 8° pavimento ..................................................................... 59 Figura 3.10 – Perspectiva 8° pavimento .................................................................... 60 Figura 3.11 – Setorização 9° pavimento ................................................................... 60 Figura 3.12 – Perspectiva 9° pavimento .................................................................... 61 Figura 3.13 – Setorização 10° pavimento ................................................................. 61 Figura 3.14 – Espaço de descompressão 9° pavimento ........................................... 62 Figura 3.15 – Circulação/fluxo 6° pavimento ............................................................. 63 Figura 3.16 – Circulação/fluxo 7° pavimento ............................................................. 64 Figura 3.17 – Circulação/fluxo 8° pavimento ............................................................. 64 Figura 3.18 – Circulação/fluxo 9° pavimento ............................................................. 65 Figura 3.19 – Circulação/fluxo 10° pavimento ........................................................... 65 Figura 3.20 – Acesso principal 7° pavimento ............................................................ 66 Figura 3.21 – Módulo Central 6° pavimento .............................................................. 67 Figura 3.22 – Espaço Informal 8° pavimento ............................................................ 67 Figura 3.23 – Espaço Informal 9° pavimento ............................................................ 68
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Figura 3.24 – Cozinha 6° pavimento ......................................................................... 69 Figura 3.25 – Copa 9° pavimento ............................................................................. 69 Figura 3.26 – Fachada Av. Prof. Fonseca Rodrigues ............................................... 70 Figura 3.27 – Mapa síntese de localização............................................................... 72 Figura 3.28 – Implantação ........................................................................................ 73 Figura 3.29 – Setorização pavimento térreo ............................................................. 74 Figura 3.30 – Setorização pavimento superior ......................................................... 75 Figura 3.31– Circulação/fluxos pavimento térreo ...................................................... 76 Figura 3.32 – Circulação/fluxos pavimento superior ................................................. 77 Figura 3.33 – Fachada Av. Prof. Fonseca Rodrigues ............................................... 78 Figura 3.34 - Fachada Av. Arruda Botelho................................................................ 78 Figura 3.35 – Lounge pavimento térreo .................................................................... 79 Figura 3.36 – Fachada fundos/espaços-vivência ...................................................... 80 Figura 3.37 – Espaço de trabalho compartilhado ..................................................... 81 Figura 3.38 – Lounge pavimento superior ................................................................ 81 Figura 3.39 – Fachada Rua Natingui ........................................................................ 83 Figura 3.40 – Mapa síntese de localização............................................................... 85 Figura 3.41 – Implantação e Acesos ........................................................................ 86 Figura 3.42 – Setorização pavimento térreo ............................................................. 87 Figura 3.43 – Setorização 1° pavimento ................................................................... 88 Figura 3.44 – Setorização 2° pavimento ................................................................... 88 Figura 3.45 – Setorização terraço ............................................................................. 89 Figura 3.46 – Espaço-vivência .................................................................................. 90 Figura 3.47 – Circulação/fluxos pavimento térreo ..................................................... 90 Figura 3.48 – Circulação/fluxos 1° pavimento........................................................... 91 Figura 3.49 – Circulação/fluxos 2° pavimento........................................................... 91 Figura 3.50 – Espaço-vivência .................................................................................. 92 Figura 3.51 – Espaço-vivência/espaços-corredores ................................................. 93 Figura 3.52 – Espaços-corredores ............................................................................ 94 Figura 3.53 – Entrada principal Rua Natingui ........................................................... 95 Figura 3.54 – Pavimento intermediário ..................................................................... 95 Figura 4.1 – Localização estado do Paraná e cidade de Londrina ........................... 99 Figura 4.2 - Fachada Junt.us .................................................................................. 101 Figura 4.3 - Espaço de trabalho compartilhado Junt.us .......................................... 101 Figura 4.4 - Fachada Contato Work ........................................................................ 102 Figura 4.5 - Espaço de trabalho compartilhado Contato Work ............................... 103 Figura 4.6– Localização bairro Higienópolis ........................................................... 106
Figura 4.7 – Localização terreno ............................................................................. 107 Figura 4.8 – Entorno imediato terreno ..................................................................... 107 Figura 4.9 - Dimensionamento terreno e locação infraestrutura.............................. 108 Figura 4.10 - Estudo Climático ................................................................................ 109 Figura 4.11 - Uso do solo e malha viária ................................................................. 110 Figura 4.12 - Vista Av. Higienópolis ........................................................................ 110 Figura 4.13 - Vista Rua Tijuca ................................................................................. 111 Figura 4.14 - Vista Rua Joaquim de Matos Barreto ................................................. 111 Figura 4.15 - Topografia original do terreno ............................................................ 112 Figura 4.16 - Topografia modificada e atual ............................................................ 113 Figura 4.17 - Vista interna do terreno ...................................................................... 113 Figura 4.18 - Estudo 3D do terreno ......................................................................... 114 Figura 4.19 - Estudo 3D perfil do terreno ................................................................ 114 Figura 4.20 - Vista esquina Av. Higienópolis e Rua Tijuca ...................................... 115 Figura 4.21 - Vista fachada Rua Tijuca ................................................................... 115 Figura 4.22 - Vista Rua Tijuca sentido Av. Higienópolis .......................................... 116 Figura 4.23 - Vista fachada Av. Higienópolis ........................................................... 116 Figura 4.24 - Vista Av. Higienópolis sentido Centro ................................................ 117 Figura 4.25 - Vista Iate Clube .................................................................................. 117 Figura 4.26 - Vista Av. Higienópolis sentido Zona Sul ............................................. 118 Figura 4.27 - Vista Rádio Paiquerê ......................................................................... 118 Figura 4.28 - Vista fachada Rua Joaquim de Matos Barreto ................................... 119 Figura 4.29 - Vista Ed. Estrela do Lago ................................................................... 119 Figura 4.30 - Vista Lago Igapó ................................................................................ 120 Figura 4.31 - Mapa síntese zoneamento ................................................................. 120 Figura 5.1 - Diagramas de apresentação projeto: West 57th Street........................ 125 Figura 5.2 - Croqui estudo inicial do terreno............................................................ 127 Figura 5.3 - Croqui esquemático proposta inicial .................................................... 128 Figura 5.4 - Croqui estudo ponto de fuga ................................................................ 129 Figura 5.5- Croqui esquemático locação ponto de fuga .......................................... 130 Figura 5.6 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Térreo 130 Figura 5.7 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Pav. Superior ................................................................................................................... 131 Figura 5.8 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Cobertura ................................................................................................................................ 131 Figura 5.9 - Croqui esquemático proposta volumétrica resultante .......................... 132 Figura 5.10 – Esquema: primeiro estudo topográfico .............................................. 133 Figura 5.11 – Esquema: solução topográfica adotada ............................................ 133
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Figura 5.12 - Arquibancada .................................................................................... 134 Figura 5.13 – Implantação ...................................................................................... 135 Figura 5.14 - Implantação ....................................................................................... 135 Figura 5.15 - Acesso Rua Joaquim de Matos Barreto ............................................ 136 Figura 5.16 - Acesso Av. Higienópolis .................................................................... 136 Figura 5.17 - Acesso Principal ................................................................................ 137 Figura 5.18 - Acesso Praça Cobertura.................................................................... 138 Figura 5.19 - Terraço .............................................................................................. 138 Figura 5.20 - Café ................................................................................................... 139 Figura 5.21 - Acesso Principal, Embasamento e Rampas de Acesso .................... 140 Figura 5.22 – Shed: Auditório e Galeria .................................................................. 140 Figura 5.23 - Jardim e Espaço de Trabalho Temporário......................................... 141 Figura 5.24 – Organograma.................................................................................... 144 Figura 5.25 – Fluxograma ....................................................................................... 145 Figura 5.26 – Setorização pavimento térreo ........................................................... 146 Figura 5.27 - Átrio, Recepção e Circulação vertical ................................................ 146 Figura 5.28 - Setorização pavimento superior ........................................................ 148 Figura 5.29 - Sacada Linear Espaços Semi-Compartilhados ................................. 148 Figura 5.30 – Circulação/fluxos pavimento térreo ................................................... 149 Figura 5.31 – Circulação/fluxos: pavimento superior .............................................. 150 Figura 5.32 – Setorização e Circulação/fluxos: pavimento cobertura ..................... 151 Figura 5.33 - Acesso Cobertura .............................................................................. 151 Figura 5.34 – Layout pavimento superior................................................................ 152 Figura 5.35 - Espaço de Trabalho Compartilhado .................................................. 153 Figura 5.36 - Área de Descompressão ................................................................... 153 Figura 5.37 - Auditório ............................................................................................ 154 Figura 5.38 - Estante modular Espaço de Trabalho Individual ............................... 154 Figura 5.39 - Vista Praça Cobertura a partir da Rua Tijuca sentido Lago Igapó ..... 155 Figura 5.40 - Espaço de Trabalho Compartilhado .................................................. 156 Figura 5.41 - Rampa de acesso Av. Higienópolis ................................................... 157 Figura 5.42 - Coroamento paisagístico ................................................................... 157 Figura 5.43 – 3D Esquemático sistema estrutural .................................................. 158 Figura 5.44 - Sala de Workshop ............................................................................. 159 Figura 5.45 - Espaço de Trabalho Compartilhado e Jardim interno ........................ 160
LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 - Tabela comparativa parâmetros contextuais-ambientais ...................... 96 Tabela 3.3 - Tabela comparativa parâmetros estético-compositivos......................... 97 Tabela 3.4 - Tabela comparativa parâmetros técnico-construtivos ........................... 97 Tabela 4.1 – Tabela síntese zoneamento ............................................................... 121 Tabela 4.2 - Tabela comparativo de coeficiente de aproveitamento básico ............ 121 Tabela 5.1 - Pré-dimensionamento ......................................................................... 142 Tabela 5.2 – Continuação tabela 5.1 ....................................................................... 143 Tabela 5.3 – Cálculo volume cisterna ..................................................................... 161 Tabela 5.4 - Cálculo volume caixa d’água ............................................................... 161
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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 21 2. FUNDAMENTAÇÃO TEMÁTICA ........................................................................ 25 2.1 A Evolução dos espaços de escritórios ........................................................... 25 2.1.1 Escritório Virtual ............................................................................................ 33 2.1.2 Home Office .................................................................................................. 34 2.1.3 Coworking ..................................................................................................... 35 2.2 Os Novos Caminhos do Século XXI ................................................................ 36 2.2.1 O Espaço como Ferramenta e Parte do Processo de Inovação e Criatividade ............................................................................................................................... 39 2.2.2 O espaço de trabalho do Google EMEA Engineering Hub - Zurique. ........... 44 2.3 Considerações Finais ...................................................................................... 48 3. ANÁLISE DE CORRELATOS ............................................................................. 51 3.1 Sede Walmart.com .......................................................................................... 52 3.1.1 Ideia Geradora .............................................................................................. 52 3.1.2 Parâmetros Contextuais-ambientais ............................................................. 53 3.1.3 Parâmetros Funcionais ................................................................................. 55 3.1.4 Parâmetros Estético-compositivos ................................................................ 66 3.1.5 Parâmetros Técnico-construtivos ................................................................. 68 3.1.6 Aspectos Positivos e Negativos .................................................................... 69 3.2 Agência Rock................................................................................................... 70 3.2.1 Ideia Geradora .............................................................................................. 71 3.2.2 Parâmetros Contextuais-ambientais ............................................................. 71 3.2.3 Parâmetros Funcionais ................................................................................. 73 3.2.4 Parâmetros Estético-compositivos ................................................................ 77 3.2.5 Parâmetros Técnico-construtivos ................................................................. 80 3.2.6 Aspectos Positivos e Negativos .................................................................... 82 3.3 Edifício Corujas ................................................................................................ 82 3.3.1 Ideia Geradora .............................................................................................. 83 3.3.2 Parâmetros Contexto-ambientais ................................................................. 83 3.3.3 Parâmetros Funcionais ................................................................................. 86 3.3.4 Parâmetros Estético-compositivos ................................................................ 92 3.3.5 Parâmetros Técnico-construtivos ................................................................. 94 3.3.6 Aspectos Positivos e Negativos .................................................................... 95 3.4 Síntese Parâmetros Analisados ....................................................................... 96 3.5 Considerações Finais ...................................................................................... 97
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4. CONTEXTO DA PROBLEMÁTICA .................................................................... 99 4.1 Interpretação da Realidade ............................................................................. 99 4.1.2 Espaços de Trabalho Colaborativo em Londrina........................................ 100 4.1.3 Considerações ........................................................................................... 103 4.2 Perfil do Usuário Alvo .................................................................................... 104 4.3
Escolha do Terreno ................................................................................... 104
4.4 Estudo de Viabilidade.................................................................................... 105 4.4.1 Localização ................................................................................................ 105 4.4.2 Análise Gráfica do Terreno ........................................................................ 108 4.4.2.1 Aspectos Relativos ao Entorno ............................................................... 114 4.4
Legislação Específica do Terreno.............................................................. 120
5. MEMORIAL DE PROJETO .............................................................................. 123 5.1 Referencial Arquitetônico: Bjarke Ingels Group (BIG) ................................... 124 5.2 Conceituação da Proposta ............................................................................ 125 5.3 Partido Arquitetônico ..................................................................................... 126 5.4 Parâmetros Contextuais-ambientais ............................................................. 132 5.4 Parâmetros Funcionais ................................................................................. 142 5.5 Parâmetros Estético-compositivos ................................................................ 155 5.6 Parâmetros Técnico-Construtivos: Sistema Construtivo e Materiais ............. 158 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 163 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 165 APÊNDICE A: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 01 .......... 171 APÊNDICE B: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 02 .......... 173 APÊNDICE C: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 03 .......... 175 APÊNDICE D: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 04 .......... 177 APÊNDICE E: Pranchas de projeto anteprojeto – PRANCHA 05 ........................... 179 APÊNDICE F: Identidade Visual ............................................................................. 181
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1. INTRODUÇÃO
A aplicabilidade da arquitetura nos escritórios e espaços de trabalho em geral, visa através da estrutura física, aprimorar o funcionamento prático da rotina e do fluxo de trabalho criando dinâmicas internas e estabelecendo relações sequenciais do próprio fluxo até delimitações da hierarquia e parâmetros organizacionais. Atualmente, os ambientes corporativos possuem a preocupação em criar um espaço confortável para o cliente e também para o trabalhador, mas essa preocupação nem sempre existiu, muitas mudanças ocorreram nos modelos de espaços de trabalho ao longo dos anos. A evolução do setor industrial e o crescimento no número de empresas criaram a necessidade de novas formas de adaptação no espaço de trabalho, e percebemos claramente a mudança tanto nas relações empresariais quanto na relação com o espaço. Hoje, a criação de espaços com intuitos interativos, e que realmente façam parte da forma com que o trabalho é feito, ganha destaque e tornase fundamental na diferenciação no mercado. Embora os recentes estudos apontem para mudanças significativas no modo de vida das pessoas, as novas visões sobre felicidade e sucesso, e as novas formas que se relacionam com os espaços de trabalho, a realidade nos mostra que a grande maioria das estruturas organizacionais ainda estão ligadas aos métodos rígidos de trabalho, com ambientes não humanizados, pouca estrutura voltada ao bem-estar dos funcionários e espaços não estimulantes. Em contrapartida, há o surgimento de diversas outras formas de realizar as atividades relacionadas ao trabalho como, por exemplo, os escritórios virtuais, o teletrabalho, mais conhecido como home-office, que possibilitaram a realização do trabalho desvinculado do ambiente físico da empresa, ou seja, sua flexibilização; e mais atualmente, os espaços de trabalho colaborativos denominados como coworking, que visam, através do uso compartilhado, a redução dos altos custos de manutenção dos espaços corporativos bem como a ampliação das relações interpessoais. No entanto, pouco se vê uma arquitetura constituída para esse fim específico, em sua maioria, esses espaços estão instalados em edificações já
22 existentes, sendo o ambiente edificado um agente limitador do espaço, mesmo que se aplique um bom projeto de arquitetura de interiores, podendo resultar em adaptações que não valorizem ao máximo esses ambientes. Entende-se que a inovação é parte fundamental desde a concepção desses espaços até a estrutura organizacional das empresas. Sendo assim, se faz necessária a idealização de uma arquitetura que busque a otimização dos aspectos envolvidos neste novo modelo de trabalho a fim de se obter espaços múltiplos, humanizados, e que contribuam para o bem-estar e a felicidade de seus usuários. A criatividade e a inovação são os aliados nessa fase cada vez mais competitiva no mercado de trabalho e as mudanças tecnológicas constantes impulsionam mais e mais para que a forma de trabalho corresponda a essas necessidades latentes e produzam soluções, produtos e serviços inovadores. A pesquisa caracteriza-se, segundo seus objetivos, como descritiva, pois “têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições” (GIL, 2006, p.41). Para isso, conta com as informações obtidas através da Pesquisa Bibliográfica somada às informações da análise de correlatos e problematização, sendo realizada em seis capítulos. O Capítulo 1, Introdução, apresenta o tema a ser estudado, destacando a importância da temática escolhida, a metodologia e a estruturação do presente trabalho. Como forma de embasar a pesquisa estabelecendo um panorama conceitual acerca do tema, o Capitulo 2, Fundamentação Temática, aborda as questões sobre como os espaços de trabalho evoluíram ao longo das décadas, tendo início no taylorismo e os modelos rígidos de trabalho, até a chegada do momento atual, em que há a flexibilização do trabalho, com a desvinculação das atividades exclusivamente dentro das empresas, e ainda os espaços de trabalho inovadores, como o Google EMEA Engineering Hub. O Capitulo 3, Análise de Correlatos, apresenta um estudo detalhado de obras que possuem características relevantes ao tema, seja por questões funcionais, formais ou estéticas. O Capitulo 4, Contexto da Problemática, aborda questões relativas a cidade, ao local escolhido para a implantação do projeto no que diz respeito a topografia, entorno, malha viária, entre outros. Há ainda um estudo sobre os espaços de trabalho colaborativo em Londrina, e perfil do usuário alvo. O Capitulo 5, Memorial de Projeto, é destinado a explanação sobre a concepção projetual
da
proposta,
abordando
temas
como
referencial
arquitetônico,
conceituação, partido e a justificativa do projeto a partir dos parâmetros contextuais,
23 ambientais, funcionais, estético-compositivos e técnico-construtivos. O Capitulo 6, Conclusão, demonstra os resultados obtidos a partir do ponto de vista do autor e apresenta reflexões para estudos futuros. O conhecimento acerca do tema foi obtido sobre a influência da arquitetura no comportamento humano, no desenvolvimento social, intelectual e profissional, tendo o espaço físico como agente transformador. Busca-se encontrar caminhos que convirjam múltiplas áreas em um projeto inovador, para um espaço de trabalho colaborativo, que agregue valor e estimule melhores resultados nos fluxos e processos de uma forma geral, tendo como princípio fundamental o aspecto humano dos espaços.
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEMÁTICA
Os espaços de trabalho têm evoluído ao longo do tempo sendo, de certa forma, o reflexo da sociedade de determinada época, ora movida somente pelo capital, ora movida pelos aspectos humanos ou até mesmo por revoluções e guerras, até o surgimento da era tecnológica, onde as questões de espaço e tempo se modificam numa velocidade intangível. O objetivo dessa explanação é desenvolver uma linha do tempo da evolução desses espaços destacando os acontecimentos e ou alterações mais significativas, e que de certa forma, ainda fazem parte da nossa realidade. Não se tem a intenção de fazer um estudo aprofundado e detalhado de todos os acontecimentos, mas sim, discorrer de modo direto e simples sobre como os espaços e as formas de trabalho se modificaram ao longo dos anos. 2.1 A Evolução dos espaços de escritórios A Revolução Industrial1 marcou a história da evolução dos espaços de trabalho. Com o surgimento das indústrias e o capitalismo regendo a economia, os processos produtivos passam a ser controlados com o objetivo de aumentar os lucros e impulsionar o crescimento dessas corporações. Nesse contexto, se torna necessária a criação de um setor onde as atividades administrativas pudessem ser realizadas e surgem assim os espaços destinados exclusivamente para escritórios (FONSECA, 2004). Com a expansão do setor industrial, surgem estudos e teorias que visam ordenar os processos de produção pautados exclusivamente na obtenção de lucro, como por exemplo, o taylorismo - teoria da administração científica criada por Frederick Winslow Taylor. Essa teoria tinha como princípio a organização do trabalho a partir de um estudo detalhado dos movimentos envolvidos para a realização de cada tarefa com o intuito de se extrair ao máximo a capacidade produtiva humana. Houve do ponto de vista organizacional, uma divisão clara entre o trabalho intelectual e o manual (ANDRADE, 2007). 1
Movimento de expansão do setor industrial no século XVIII, na Inglaterra, impulsionado pela mecanização do sistema de produção (CANÊDO, 2007).
26 Suas ideias, quanto à concepção espacial, preconizavam a segregação espacial como meio de reafirmar as diferenças hierárquicas, visando o incentivo da competição interna e estímulo das performances individuais. A racionalização introduzida pela padronização do mobiliário e a rigidez do layout era uma forma de assegurar a disciplina e a linearidade do processo de trabalho. Assim, constitui-se o perfil de um novo tipo de escritório denominado layout americano ou taylorista (FONSECA, 2004, p. 22).
Figura 2.1 - Vista externa The Larkin Company Administrative Building
Fonte: FUERMANN, 2015, s/p. Figura 2.2 – Planta: The Larkin Company Administrative Building
Fonte: WESTON, 2014, p.27, modificados pelo autor.
27 O Edifício Larkin (1904), projetado por Frank Lloyd Wright, para ser sede de uma empresa em Buffalo, Nova York, pode ser considerado um representativo do modelo taylorista (Figura 2.1). A partir de uma arquitetura rígida, e da forma com que as plantas foram dispostas (Figura 2.2), criou-se um grande átrio central (Figura 2.3), onde ficavam os trabalhadores de menor escalão, e voltados a esse átrio, galerias localizadas nos pavimentos superiores, de onde era possível, por parte dos superiores e gerentes, ter o controle total da produção, assim como pregava o modelo criado por Taylor (ANDRADE, 2007). Figura 2.3 - The Larkin Company Administrative Building: Vista interna.
Fonte: THE WRIGHT LIBRARY, 2015, s/p.
Baseado na teoria de Taylor, Henry Ford – fundador da empresa automobilística Ford Motor Company – desenvolveu a teoria conhecida como fordismo, na qual utilizava os parâmetros de divisão de trabalho taylorista aliados à mecanização, visando produção em massa. Esse sistema de trabalho resultou em uma segregação interna das indústrias por departamentos, onde os funcionários eram separados por funções e hierarquias (ANDRADE, 2007). A rigidez do modelo taylorista e, posteriormente, do modelo fordista, cujo sistema de produção em massa tinha como lado negativo a alienação dos funcionários, associado a um tratamento frio e controles excessivos, encontrou resistência em um grupo de teóricos conhecidos como relações
28 humanas, ou de administração humanista. A administração humanista pregava como princípio que os homens de negócios deveriam, de um modo geral, tratar seus empregados como seres humanos, e não como máquinas (ANDRADE, 2007, p. 44).
A partir desses fatos, os espaços de trabalho desenvolvidos com base nos padrões rígidos de trabalho impostos por Taylor e Ford, passam a ser estudados por arquitetos e designers de interiores visando uma maior qualidade de vida para os trabalhadores (FONSECA, 2004). Pode-se afirmar que nesse momento os sistemas administrativos das empresas continuavam sendo regidos pelos métodos rígidos de trabalho, porém, quanto ao aspecto físico, esses espaços começam a demonstrar novos conceitos. O edifício projetado por Frank Lloyd Wright em 1936 para sediar a administração mundial da empresa SC Johnson, em Racine, Wisconsin, Estados Unidos, é um grande exemplo dos novos conceitos da arquitetura de escritórios. Conhecido como Johnson Wax Building, na Figura 2.4 o edifício possui uma arquitetura sem precedentes; inspirado na natureza, Wright utilizou linhas orgânicas desde a fachada até o interior do edifício. Figura 2.4 - Johnson Wax Building: Vista externa.
Fonte: GARCIA, 2010, s/p.
Os pilares, de grandes proporções, desenhados em analogia ao formato dos cogumelos, formam a estrutura interna do edifício de modo a permitir a entrada da iluminação natural de forma indireta (Figura 2.5). O mobiliário desenhado por Wright é a confirmação de que a arquitetura desses espaços havia mudado, uma vez que, o arquiteto desenvolveu mais de quarenta tipos de mobiliário, certamente de acordo com as necessidades de cada área da empresa (MINNER, 2010).
29 Figura 2.5 - Johnson Wax Building: Vista interna.
Fonte: GARCIA, 2010, s/p.
A partir do início do século XX, os avanços da ciência apontam para um novo sistema organizacional, o pós-industrial, impulsionado pelo avanço da tecnologia e suas variações, como por exemplo, informática e telecomunicação, a globalização e os meios de comunicação em massa (SADER, 2007). [...] A partir da Segunda Guerra Mundial, a sociedade industrial, centrada na produção em larga escala de bens materiais, deu vez à sociedade pósindustrial, centrada na produção de bens não materiais (serviços, informações, símbolos, estética, valores) [...]. Os valores apreciados na sociedade industrial (padronização, eficiência, produtividade etc.) são muito diferentes e, em certos aspectos, opostos aos valores cada vez mais apreciados na sociedade pós-industrial (criatividade, subjetividade, emotividade, qualidade de vida etc.) (DE MASI, 2001, p. 19-20).
Em meados de 1950, surge na Alemanha, o conceito de Landscape Office ou Escritório Panorâmico, idealizado pelos líderes da empresa de consultoria Quickborner. Partindo do pressuposto de que os ambientes fechados se tornavam barreiras e impediam as inter-relações entre as diversas áreas da empresa, eliminaram-se as barreiras resultando em um ambiente totalmente aberto, livre de paredes e qualquer tipo de divisórias. O fluxo de informação, o contato visual e pessoal, a comunicação entre os diversos setores e os demais aspectos relacionados ao processo de trabalho passaram a ser valorizados (FONSECA, 2004).
30 Como resultado, os layouts eram extremamente orgânicos, às vezes parecendo caóticos. Além disso, era bastante comum nos layouts executados segundo esse conceito a existência de lounge áreas, ou salas de estar, disponíveis para o uso de todos os funcionários, e a segregação do armazenamento, posicionado em pool em área de fácil acesso, porém fora do ambiente de trabalho (ANDRADE, 2007, p. 45).
As ausências de barreiras físicas, como paredes e divisórias desses espaços, resultaram em problemas relacionados ao conforto acústico e certo descontentamento, por parte dos executivos, devido à falta de privacidade, fazendo com que esse modelo de layout sofresse diversas alterações ao longo dos anos e não sendo difundido nos EUA, onde o layout ainda permanecia rígido, porém, com a implantação de certa humanização e flexibilização em alguns setores (FONSECA, 2004). A década de 1970 é marcada por crises no cenário mundial. “Os Estados Unidos perdem a Guerra do Vietnã, o preço do petróleo explode, gerando uma crise de grandes proporções, e os movimentos sociais se consolidam, numa tentativa de romper com o status quo” (ANDRADE, 2007, p. 48). Passa-se a questionar a real eficiência dos padrões de produção existentes e os novos rumos do setor industrial perante a chamada crise do petróleo. Após diversas visitas a fábricas americanas a fim de analisar o sucesso da produção em massa e da linha de montagem, a política de qualidade foi introduzida no Japão por Kichiro Toyoda, chefe da Toyota, e Taiichi Oho, seu braço direito – ambos chegaram à conclusão de que o sistema vigente estava repleto de desperdícios, tanto de material quanto de esforço e tempo. [...] o modelo criou um sistema de produção inteiramente novo, baseado, fundamentalmente, na economia de tempo, em vez de economia de escala. Esse sistema passou a ser chamado de sistema de produção Toyota, ou “produção enxuta”, como ficou conhecido mundialmente (ANDRADE, 2007, p. 48).
O sistema era fundamentado em três princípios: o primeiro, a autonomação, dava autonomia aos funcionários para que os possíveis problemas que pudessem surgir fossem corrigidos no momento em que fossem detectados pela máquina na linha de produção, ocasionando ganhos em quanto ao tempo; o segundo, chamado de just-in-time, estava ligado à organização produtiva, onde cada processo deveria ser suprido com os itens e quantidades certas, no tempo e lugar certo, reduzindo os custos com movimentações excessivas e manutenção de grandes quantidades em estoque; o terceiro refere-se ao atendimento ao cliente, criando uma equipe capacitada a compreender as exigências do consumidor final. Essa “padronização”
31 permitiu a empresa Toyota se destacar mundialmente no setor automobilístico (GHINATO, 1996). É nesse cenário que a empresa norte-americana, Herman Miller, desenvolve uma linha de mobiliários para escritórios assinada por Robert Propst2: a Action Office System. Propst desenvolveu um sistema de mobiliário integrado onde o biombo deixou de ser apenas um elemento de fechamento e passou a ser parte de uma estrutura, possibilitando a verticalização de alguns elementos como armários suspensos, prateleiras, luminárias, entre outros (Figura 2.6). Nasce assim o conceito de estação de trabalho, ou sistema integrado. Esse sistema permitiu com que as barreiras físicas, como por exemplo, pilares e paredes, fossem reduzidas ou eliminadas no interior dos edifícios resultando em um layout mais permeável e flexível. Essa configuração de layout e planta ficou conhecida como Open Plan, ou Escritório de Planta Livre (ANDRADE, 2007). Figura 2.6 – Action Office System
Fonte: KRISTAL, 2013. s/p.
O Action Office System e o Open Plan permitiram uma maior humanização desses espaços de escritório, uma vez que, a modulação do layout e o dimensionamento das estações de trabalho eram projetados de acordo com cada tipo de atividade e usuário. 2
Designer americano, natural do Colorado, EUA, iniciou a carreira na década de 40. Em 1953, formou a Propst Co, empresa especializada no desenvolvimento de produtos especulativos. Em 1960 tornou-se presidente da Herman Miller Research Corp. Disponível em: <www.herman miller.com.br/pt/designers/propst.html> Acesso 14 set 2015.
32 Por ser modular, o sistema permitia agregar componentes diferenciados de acordo com as necessidades de cada atividade, bem como a justaposição de vários postos de trabalho no caso de atividades inter-relacionadas. O Action Office foi concebido de forma a atender às especificidades de cada funcionário e de cada departamento sem criar uma compartimentação excessiva e definitiva da planta aberta original (CALDEIRA, 2005, pg. 73).
Assim como o Landscape Office, o Open Plan sofreu uma série de modificações ao longo do tempo como forma de se adaptar as novas exigências do mercado, como por exemplo, o aumento do uso de tecnologias, as novas formas de inter-relações entre os funcionários, os novos fluxos e serviços, além da exigência cada vez maior por sistemas de montagem e desmontagem, uma vez que, devido aos altos custos imobiliários, as empresas passam por uma redução quanto ao número de funcionários e consequentemente de espaço físico, resultando em alterações de layout muito mais frequentes (ANDRADE, 2007). Figura 2.7 – Fábrica da Volkswagen no Brasil (1959)
Fonte: VOLKSWAGEN DO BRASIL, 2015, s/p.
No Brasil, o desenvolvimento significativo do setor industrial só teve início em meados do século XX, com surgimento de algumas indústrias de grande porte e com a instalação de empesas multinacionais no país, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro (Figura 2.7). Dessa forma, os espaços de trabalho evoluíram mais lentamente em comparação ao cenário internacional (ANDRADE, 2013). A partir do avanço tecnológico da década de 1980, se introduz no espaço de escritório uma série de equipamentos que permitiram maior agilidade e facilidade na
33 execução das tarefas cotidianas, como por exemplo, o fax, os notebooks, a internet, os telefones celulares, entre outros. Esses equipamentos e seus avanços possibilitaram que os profissionais se desvinculassem dos espaços físicos de trabalho, surgindo assim, uma série de conceitos de ocupação denominados “Escritórios Não-Territoriais” ou “Escritórios Alternativos” (ANDRADE, 2007). Os últimos vinte anos do século 20 assistiram à eclosão de uma revolução tecnológica sem precedentes com a introdução da informática no ciclo produtivo. No estágio mais recente desse desenvolvimento, a popularização da telemática pela internet trouxe novas possibilidades no que se refere à organização espacial do trabalho coletivo de gabinete, diminuindo a obrigatoriedade da presença física para a interação das atividades [...] (CALDEIRA, 2005, pg. 74).
Para milhões de trabalhadores parece cada vez mais irracional que o trabalho seja executado na unidade de tempo e local do grande escritório centralizado; difunde-se a aspiração por uma gestão autônoma, flexível, subjetiva e descentrada do próprio trabalho; toma-se consciência das oportunidades cada vez mais revolucionárias oferecidas pelo progresso tecnológico, capaz enfim de tornar ubíquas as informações e de eliminar os vínculos entre espaço e tempo (DE MASI, 2001, p. 208).
Essa desestruturação do tempo e do espaço resultou em novas formas de trabalho, muda-se o foco, antes lucro e corporação, hoje realização profissional e satisfação pessoal. 2.1.1 Escritório Virtual O conceito de “escritório virtual” nasceu nos Estados Unidos, a ideia inicial resumia-se em manter um endereço físico, onde fosse possível receber correspondências e chamadas telefônica. Com o passar do tempo e as novas necessidades do mercado, esses espaços passaram a incluir outros serviços como, por exemplo, aluguel de salas de reunião e de trabalho (QUARESMA; GONÇALVES, 2013). Quanto ao termo “escritório virtual”, este é utilizado para designar a capacidade que e dada ao funcionário, através da disponibilidade, pela empresa, de equipamentos tais como computadores portáteis, telefones celulares e redes de telefonias internas, de transformar qualquer espaço em seu escritório de trabalho. (ANDRADE, 2007. p. 67).
34 De acordo com a ANCEV3 esse conceito pode ser associado a Centro de Negócios, Escritório Terceirizado, Escritório Inteligente, entre outros. É uma empresa que fornece infraestrutura e os serviços necessários para a realização de atividades temporárias ou permanentes tanto para pessoas físicas como jurídicas, sendo estes: salas de trabalho completamente mobiliadas, salas de reuniões, recepção, serviços de secretária, telefonia e internet. Portanto, o conceito de “escritório virtual” não se refere a uma nova forma de ocupação do espaço de trabalho, mas sim, uma alternativa para a realização das atividades, ou ainda, um novo modelo de trabalho. Este modelo permitiu com que as empresas ampliassem seu campo de atuação de forma mais rápida e econômica. 2.1.2 Home Office O avanço da tecnologia e suas variações permitiu a flexibilização da jornada de trabalho e a realização das atividades profissionais desassociadas do espaço físico das empresas, sendo possível, ao funcionário ou ao profissional liberal trabalhar a partir de sua própria residência (ANDRADE, 2007). Esse modelo de trabalho é conhecido atualmente, de forma mais ampla, como Home Office, mas sua base inicial está associada ao termo Teletrabalho. Com o teletrabalho acabaram as fronteiras, trata-se de trabalho global e sem preconceitos, pois não existe idade, sexo, cultura, deficiência física, distâncias ou qualquer outro tipo de barreiras, encontradas no modelo de trabalho convencional. [...] A não deslocação para o “escritório” consiste numa poupança de milhões de litros em combustível e milhões de toneladas de gases emitidos para a atmosfera. Se todos os profissionais com trabalhos compatíveis como teletrabalho desenvolvessem a sua atividade a partir de casa, a emissão de gases poluentes seria reduzida em cerca de cinquenta toneladas por ano, o equivalente a retirar toda a força de trabalho de Nova Iorque e os seus veículos das estradas, apenas para se ter uma ideia da dimensão (QUARESMA; GONÇALVES, 2013).
Com o aumento do número de funcionários realizando suas atividades a partir de suas residências, as empresas puderam reduzir seus espaços físicos e sua infraestrutura, ocasionando economias em aluguéis e manutenção. Do mesmo modo, os funcionários puderam adequar seus horários de trabalho, passar mais tempo com a família, reduzir os gastos com deslocamento, entre outros.
3
Associação Nacional de Coworking e Escritórios Virtuais.
35 Embora a princípio o Home Office apresentasse ganhos significativos, com o passar do tempo, a liberdade de horários, a falta de controle constante, a infraestrutura independente da empresa e limitada ao ambiente doméstico ocasionou uma série de problemas (QUARESMA; GONÇALVES, 2013). O que de início parecia ser uma solução fácil para reduzir custos relativos à locação e operação do espaço físico gerou, por outro lado, uma série de problemas que resultaram em experiências nem sempre bem-sucedida e em prejuízos de ordem fisiológica, psicológica, social e mesmo econômica para os dois lados (ANDRADE, 2007, p. 68).
Em um contraponto entre benefícios e malefícios cabe julgar a necessidade de cada profissional ou empresa buscando equilíbrio entre a rigidez e a flexibilização dos modelos de trabalho para eleger a opção mais viável, sendo possível inclusive, optar por uma mescla entre os dois sistemas, em uma alternância de dias, por exemplo. 2.1.3 Coworking Com o passar dos anos o consumo colaborativo constitui-se um movimento focalizado no conceito de compartilhamento, que ressalta o senso de comunidade e resgata práticas sociais cooperativas, possibilitando a aquisições e o uso de bens, espaços e serviços de forma coletiva, como compras, locações, uso compartilhado de espaços de trabalho, de transportes alternativos, dentre outras iniciativas inovadoras. Apresentam-se hoje alguns novos modelos, considerados mais econômicos e capazes de facilitar a mobilidade urbana, a redução da perda de tempo em grandes congestionamentos, a redução das grandes distâncias entre a moradia e o trabalho e a racionalização de despesas e de consumo (SANTOS, 2014). Dentro do universo de espaços de trabalho, o Coworking 4 é um importante representante desse novo cenário, de um consumo mais consciente, criativo e inovador. Através do uso compartilhado do espaço, profissionais de diversas áreas formam um ambiente múltiplo e dinâmico, através da troca de conhecimentos, experiências e colaboração.
4
Termo criado por Bernie DeKoven para identificar um método de trabalho colaborativo e controlado por computadores (FOERTSCH; CAGNOL, 2013).
36 Um grupo de pessoas que trabalham independentes umas das outras, mas que partilham formas de estar e valores e que procuram sinergias; é isto, no fundo, que caracteriza o coworking, um espaço de trabalho onde se pode entrar num fluxo de troca de ideias e experiências. Um desafio irrecusável (QUARESMA; GONÇALVES, 2013, p. 3/49).
Pesquisas elaboradas pela revista eletrônica alemã Deskmag, demonstram que no período entre 2010 e 2012, os espaços de coworking saltaram de 600 para 2072 unidades em uma escala global, sendo os crescimentos mais significativos observados no Brasil, Japão e Reino Unido. Ainda de acordo com a revista, no ano de 2013 os espaços ultrapassaram a casa das 3 mil unidades e os usuários foram para mais de 100 mil (CASHMAN, 2012; FOERTSCH; CAGNOL, 2013, tradução nossa). No Brasil, Anderson Costa (COSTA, 2013), idealizador do site Movebla, juntamente com a Deskmag, elaborou uma pesquisa de destaque internacional sobre o perfil dos usuários brasileiros desses espaços. Os resultados demonstram, entre outros dados, que 58,06% dos entrevistados trocaram o home-office pelo coworking, 75,6% optam por estes espaços pela infraestrutura, 41% apreciam os horários flexíveis e 59,3% usam o coworking pela possibilidade de interação com outros profissionais. Costa (2013) apresenta ainda uma pesquisa mundial elaborada pela Deskmag, onde 62% dos entrevistados afirmam que seu padrão de trabalho melhorou, 71% afirmam que sua criatividade aumentou após ingressarem num espaço de coworking, 64% garantem que conseguem completar suas atividades em melhor tempo e 68% afirmam ser capazes de se concentrar melhor. Esse conceito vem se consolidando como um “movimento” e se encaixa perfeitamente no futuro das organizações e dos espaços de trabalho. O coworking surge como opção não apenas para uma determinada classe social, dita mais confortável financeiramente, mas sim, como uma plataforma, um meio de se construir negócios, em que o foco deixa de ser exclusivamente o lucro e passa a englobar os aspectos de sociabilização, criatividade e inovação (QUARESMA; GONÇALVES, 2013).
2.2 Os Novos Caminhos do Século XXI
37 O
mundo
vive
um
momento
de
constante
mudança,
claramente
impulsionado pela globalização e os avanços em tecnologia. Há o crescimento contínuo dos mercados internacionais e o desenvolvimento da economia em escala mundial fazendo com que as relações se tornem interculturais. Mudou-se o paradigma, descontruiu-se a velha filosofia dos ambientes de escritório em busca de novas formas de se relacionar com o ambiente de trabalho. Surge assim, um redesenho desses espaços, um novo conceito sustentado internacionalmente, o conceito dos espaços de trabalho do futuro (QUARESMA; GONÇALVES, 2013). As diferenças entre os aspectos relacionados com o trabalho e seu ambiente físico, considerando-se os valores culturais antigos e novos, são significativas. Pode-se dizer que as regras do jogo mudaram. As empresas, que tinham estruturas funcionais simplificadas, hoje possuem estruturas multifuncionais; o trabalho, de base manual/operacional, era composto por atividade individual e muitas vezes repetitiva, passando a ser, hoje, muito mais criativo realizado por equipes com suas ideias e inovações; o controle hierárquico e centralizado cede lugar ao participativo e integrado; e a existência de uma economia globalizada, com as empresas atuando em mercados cada vez mais competitivos e de dimensões intercontinentais, exige maior mobilidade e agilidade nas tomadas de decisão (ANDRADE, 2007, p. 90).
É preciso ir além para compreender a nova dinâmica das relações homem/espaço, tempo/lugar, que vêm alterando a maneira como agimos, pensamos e nos relacionamos, em um mundo veloz e conectado permanentemente, onde a internet se torna um elo intangível entre pessoas, lugares e acontecimentos. No âmbito da internet, a Nuvem, sistema de armazenamento de dados virtuais, desfez as poucas barreiras existentes, tornando-se dispensável em muitas situações, outras formas de armazenamento, como em pendrives ou HD externo, e de certa forma, redistribuiu mais igualitariamente as ferramentas de trabalho antes de posse apenas das grandes corporações, possibilitando ainda mais a flexibilização das atividades relacionadas ao trabalho (QUARESMA; GONÇALVES, 2013). Além disso, a mobilidade que vem cada vez mais moldando o nosso modo de vida é essencialmente diferente de tudo o que foi predito no passado. Isto porque, somente no início desse novo século surgiram as ferramentas tecnológicas que deram início ao conceito efetivo de sociedade nômade, cuja tecnologia da informação faz parte do nosso dia a dia, de forma intuitiva, possibilitando interagir socialmente – em todos os sentidos – independente da localização física (ANDRADE, 2013. p. 22).
38 Outro fato importante, que vêm impulsionando essas mudanças, é a chegada da geração Y5 ao mercado de trabalho e sua busca ao perfeito equilíbrio entre satisfação pessoal e profissional. Os profissionais dessa geração dominam a tecnologia, possuem alta qualificação, buscam autonomia, flexibilidade e boa remuneração. Ansiosos por natureza têm sede por novas e variadas experiências quanto à carreira e vislumbram oportunidades, mesmo que para isso seja necessário encontrar novos rumos e até mesmo mudar de carreira. Quanto ao relacionamento com a empresa, se baseiam em uma relação de troca e não de servilismo, em busca de um significado para aquilo que fazem. Nesse sentido, o ambiente físico se torna um suporte fundamental, devendo refletir suas necessidades e atender suas mais altas expectativas (ANDRADE, 2013). Os profissionais do século XXI dominam as redes sociais e profissionais e as utilizam como forma de promoção e socialização. Quanto ao ambiente de trabalho, possuem controle das ferramentas e plataformas virtuais, de forma que possam realizar suas atividades de forma combinada, tanto presencialmente como virtualmente. O espaço físico onde essas atividades se desenvolvem têm cada vez menos importância, dado a evolução das plataformas tecnológicas que permitem a colaboração remota e a interação, independente de tempo e espaço (QUARESMA; GONÇALVES, 2013). Os novos espaços de trabalho estão cada vez mais direcionados às mais diversas formas e processos de ocupação. Quanto ao ambiente físico, estes espaços têm se tornados múltiplos, englobando as diferentes formas de execução das atividades e as diferentes formas de apropriação do espaço, agregando novos usos ao ambiente corporativo, como por exemplo, cafés e salas de jogos. Dessa forma, o que antes era funcional, se torna multifuncional. O sentido de equipe ocupa o lugar do individual, o colaborativo em lugar do hierárquico, o integrado em lugar do segregado e a criatividade em lugar do processo monótono. Em termos de layout, as novas tendências direcionam para a adoção de soluções mistas que atendam essa nova dinâmica organizacional, com o uso de salas coletivas, ambientes integrados e salas individuais ou para pequenos grupos (CALDEIRA, 2005).
5
Nome dado ao grupo de pessoas nascidas entre 1979 e 2000 (ANDRADE, 2013).
39 Os novos espaços de trabalho estão cada vez mais direcionados para as diferentes formas e processos de ocupação. São a base para uma filosofia colaborativa, no acréscimo do conhecimento e da criatividade. O espaço de trabalho deve proporcionar bem-estar pessoal e vincar a cultura da empresa e, ser assim, a imagem de marca da organização (QUARESMA; GONÇALVES, 2013, p. 58/115).
Consequentemente, destacando a qualidade de vida e a produtividade das pessoas, o ambiente de trabalho será um meio cada vez mais importante. A tomada de decisão baseada somente na economia de custo não se justifica e deverá ser levado em consideração o benefício, ou ganhos que a decisão trará para o funcionamento de toda a organização e especialmente para as pessoas que nela trabalham (ANDRADE, 2007, p. 91). [...] modelos diferentes de organizações emergem a cada dia diferindo em estilo, conteúdo, estratégias e, principalmente, na forma de tratar suas bases de sustentação: as pessoas, com suas necessidades, desejos e expectativas; a comunidade, formada a partir da convivência social desses indivíduos; o seu ambiente de trabalho, onde as atividades são realizadas e as pessoas se integram e se conectam; a informação, como insumo para o conhecimento e base para a tomada de decisão e o negócio em si, com suas metas e suas estratégias de mercado (ANDRADE, 2013, p.33).
2.2.1 O Espaço como Ferramenta e Parte do Processo de Inovação e Criatividade Devido às mudanças ocorridas nos espaços de trabalho ao longo dos anos, têm surgido, especialmente na última década, novas formas de se pensar e estudar esses ambientes a fim de transformar o espaço em uma ferramenta facilitadora dos processos que envolvem as atividades relacionadas ao trabalho bem como promover a melhoria da qualidade de vida dos usuários. Dentro deste contexto, os novos espaços de trabalho devem ser pensados como um suporte para o desenvolvimento das atividades de trabalho, do compartilhamento – tanto do espaço como de informações; e dos aspectos relacionados à humanização e estímulo a criatividade e inovação. Se a forma de realizar o trabalho mudou – com o uso cada vez mais intenso de novas mídias, como ferramenta de consulta e pesquisa, e tablets como ferramenta de trabalho, aliado a processos mais instigantes e criativos [...] – o ambiente físico deve refletir a mentalidade dessa geração, comportando a diversidade que mantém o equilíbrio da organização, considerando a nova dinâmica do trabalho: mais colaborativo, com maior mobilidade, com uma atmosfera instigante, que estimule a criatividade e inovação [...] (ANDRADE, 2013, p. 27).
40 Segundo Andrade (2007), os espaços de trabalho atuais devem ser compostos por diversos tipos de ambiente, sendo eles:
Espaços abertos e amplos mobiliados com grandes estações de trabalho ou estações compactas para atividades que necessitem de maior integração e comunicação;
Pequenas salas fechadas, para a realização de atividades que necessitem de maior privacidade e/ou concentração;
Salas de trabalho compartilhado, equipadas com recursos multimídia e mobiliários que permitam a reconfiguração do espaço;
Salas de reuniões ou para atendimento, de menor tamanho, porém, com recursos que permitam a junção de uma ou mais salas para atender reuniões maiores;
Ambientes de vivência, de contatos sociais, como cafeteira e salas de estar,
Ambientes informais e/ou de descompressão que proporcionem ao usuário momentos de relaxamento e de recarga das energias
Do mesmo modo, Wright (2013) diretor de consultoria do escritório HOK empresa global de design, arquitetura, engenharia e planejamento, com mais de 24 escritórios espalhados pela América do Norte, Europa e Ásia -, desenvolveu diretrizes para elaboração de projetos de espaços de trabalho que visam à melhoria do desempenho, da saúde e do bem-estar do usuário; dentre as quais se optou por: conforto térmico, relação interior/exterior, mudança sensorial e variabilidade, cor, conforto acústico, humanização e ergonomia, escolha e envolvimento do usuário.
Conforto Térmico O conformo térmico é criado por meio da correta combinação entre temperatura, fluxo de ar e umidade. Dessa forma têm-se como temperatura ideal em ambientes de escritório 21,6° C, sendo indicado o controle individual da mesma em espaços fechados como salas de reuniões e conferência, e por “zonas” em espaços compartilhados. Segundo pesquisas realizadas pelo autor, a possibilidade de controle de temperatura está associada a aumentos de até 2,8% na produtividade. Quanto às aberturas, devem ser amplas, de fácil operação e projetadas de modo a permitir a maior incidência dos fluxos de ar, além disso, devem possuir,
41 quando necessário, elementos de proteção solar, como brises e persianas, evitando ganhos/perdas excessivas de calor.
Relação Interior/Exterior Em sua grande maioria, as pessoas preferem estar cercados pela natureza e as infinitas possibilidades sensoriais que ela fornece. A presença da luz natural, a permeabilidade visual entre interior/exterior, e a possibilidade de contato ativo e passivo com a natureza, possuem impactos significativos no bem-estar. As alternativas para otimização destes aspectos dentro dos espaços de escritórios é a utilização de mecanismos que maximizem a penetração da luz natural, preferencialmente direcionada ao piso; a disposição dos espaços de trabalho de forma periférica possibilitando maior contato visual com o exterior do edifício; grande utilização de fechamentos/aberturas envidraçadas, onde a privacidade visual não é determinante; fornecer espaços de vivência ao ar livre, e mecanismos que incentivem os usuários a permear por esses espaços em momentos de pausa, ou até mesmo para realização de atividades relacionadas ao trabalho como, por exemplo, uma reunião ao ar livre.
Mudança Sensorial e Variabilidade Assim como o contato com a natureza, grande parte das pessoas preferem alterações sensoriais e a variabilidade dos espaços. A falta de estímulo visual, a predominância de cores neutras, o uso de texturas uniformes, a pouca variação de volumes, entre outros, afetam negativamente a capacidade produtiva dos usuários. No entanto vale destacar que as alterações sensoriais e a variabilidade não dizem respeito a utilização de luzes brilhantes e ruídos, mas sim, ao acesso a luz natural, visibilidade para o exterior, materiais bem selecionados que permitam a experiência sensorial (toque, alteração visual, sons, cor), variabilidade espacial (mudança em níveis de iluminação, alturas, texturas), e complexidade visual. Deve-se buscar a variação de ambiências, utilização de materiais naturais, como madeira, plantas, fibras naturais, entre outros. Minimizar a ocorrência de grandes corredores através da criação de nichos, intervenções artísticas, alterações de texturas e iluminação.
42 Cor A percepção visual das cores varia de indivíduo para indivíduo e está relacionada à sua cultura e experiência de vida. Contudo, é possível “generalizar” alguns aspectos relacionados à forma como a cor é percebida no ambiente de trabalho, seja de forma objetiva ou subliminar.
Cores brilhantes (tons de vermelho, azul e verde) estão relacionadas com atividades de maior foco e precisão;
O azul é uma cor fria e também está relacionada à tranquilidade, proporcionando maior controle mental e raciocínio criativo;
A cor rosa diminui sentimentos de agressividade, irritabilidade, desânimo e solidão;
O vermelho está associado a vitalidade e ambição, podendo aumentar o sentimento de força e energia;
O amarelo está relacionado á sensação de lucidez e alerta, permitindo o pensamento claro para a tomada de decisões;
O laranja auxilia no alívio das emoções e no aumento da autoestima, criando sensações de entusiasmo.
Sendo assim, as cores devem ser utilizadas de forma estratégica a fim de promover os comportamentos desejados; como elementos de identificação de circulações, ambientes ou até mesmo setores; e como estratégia para melhoria do bem-estar dos usuários.
Conforto Acústico Ao mesmo tempo em que o ruído é um dos principais problemas dos ambientes de trabalho, curiosamente, ele pode ativar ou desativar a produtividade, a depender do tipo de atividade que está sendo executada e do tipo de indivíduo que a executa. O autor discorre sobre o guia para acústica no local de trabalho elaborado pela Administração de Serviços Gerais dos EUA (2011), intitulado “Sound Matters: How to Achieve Acoustic Comfort in the Contemporary Office”, o qual destaca a importância do conforto acústico para o bem-estar nos ambientes de trabalho. Segundo o Guia, a existência de espaços com ausência de ruídos é essencial para atividades que envolvem conhecimentos complexos, ao mesmo tempo em que é essencial a possibilidade de interações, sem perturbar outras pessoas, para
43 atividades que envolvem trabalho em equipe; ou seja, o conforto acústico é alcançado quanto o espaço de trabalho fornece suporte para atividades de interação, concentração e confidencialidade. O autor destaca ainda três estratégias para a redução dos ruídos, sendo elas: absorção (através de tetos acústicos, tecidos e tapetes), bloqueio (através de mobiliários, divisórias, alvenarias, entre outros), e cobertura (alteração dos ruídos através da utilização de mecanismos eletrônicos).
Humanização e Ergonomia Ambientes de trabalho projetados com foco no usuário tendem a serem mais confortáveis e flexíveis além de dar suporte para maior produtividade ao longo do tempo. A humanização está relacionada à psicologia ambiental e envolve uma série de fatores como ergonomia, segurança, interação homem/espaço, entre outros. Em pesquisa elaborada pela HOK, em que foram entrevistados 3.600 trabalhadores, um total de 82% dos entrevistados relatou ter algum tipo de doença física relacionada ao desenvolvimento da atividade no trabalho, sendo as mais comuns, dores no pescoço, costas e ombros. Dentro desse contexto, os mobiliários devem ser flexíveis, possuírem ajustes de altura; deve-se fornecer tecnologia eficiente que permita a mobilidade dos usuários dentro dos diversos ambientes, estimular o uso de escadas e rampas como forma de incentivo a prática de atividade física e possibilitar espaços que permitam ao usuário ter momentos de relaxamento. Vale destacar que de modo geral, os demais aspectos levantados até aqui, estão inclusos na construção de ambientes mais humanos e estimulantes.
Escolha Os novos modelos de trabalho da atualidade como, por exemplo, o trabalho do conhecimento, exigem altos níveis de concentração, colaboração e estímulos diversos. Pode-se dizer que um ambiente de trabalho bem concebido é aquele que proporciona oportunidade para ambos e permite ao usuário o poder de escolha de quando e como utilizá-los. Desse modo, deve-se fornecer uma variedade de ambientes na proporção ideal para apoiar certa variedade de funções de trabalho como “zonas” mais restritas
44 para atividades de maior foco, espaços de trabalho colaborativo e espaços informais – de socialização e de trabalho alternativo; bem fornecer infraestrutura física e tecnológica que sustentem a mobilidade do espaço e as novas formas de realização do trabalho com o uso cada vez mais excessivo de laptops, smartphones, entre outros.
Envolvimento do Usuário A satisfação do usuário no ambiente de trabalho está diretamente relacionada ao seu envolvimento, o que por sua vez, afeta diretamente na produtividade e na inovação. Profissionais engajados são mais produtivos e tendem a criar relacionamentos mais fortes tanto com clientes quanto com a empresa. Assim sendo, os espaços de trabalho devem ser fluidos (há maior propensão de conectividade e colaboração entre funcionários quando há maior contato visual entre si), devem ser interativos (com ambientes variados, como cafés e espaços informais), e atribuir identidade visual a cada setor ou área pode promover a colaboração por determinadas equipes e contribuir para a criação do sentido do lugar. 2.2.2 O espaço de trabalho do Google EMEA Engineering Hub - Zurique. A empresa norte-americana de software e serviços online Google Inc., fundada em meados de 1998 no Silicon Valley, é hoje uma das mais representativas no campo de inovação e tecnologia. Segundo o Google (2015), a empresa foi fundada com a ideia de que o trabalho deve ser desafiador, e o desafio deve ser divertido: Acreditamos que coisas incríveis e criativas têm maior probabilidade de acontecer com a cultura correta na empresa, e isso não significa apenas luzes de lava e bolas de borracha. Existe uma ênfase nas realizações da equipe e um orgulho nas conquistas individuais que contribuem para nosso sucesso. Temos muitas expectativas em relação aos nossos funcionários – pessoas dispostas e apaixonadas, oriundas de diversos lugares e com abordagens criativas no trabalho, no lazer e na vida. Nosso ambiente pode ser casual, mas à medida que novas ideias surgem na fila da cafeteria, em uma reunião de equipe ou na sala de ginástica, elas são compartilhadas, testadas e colocadas em prática com velocidade vertiginosa e podem ser o primeiro passo no desenvolvimento de um projeto destinado a ser usado em todo o mundo (GOOGLE, 2015, s/p).
45 A Google EMEA Engineering Hub (Figura 2.8), sede da empresa em Zurique, Suíça, construída em 2008, reforça a ideologia inovadora da Google. Seu projeto realizado pelo escritório suíço Camenzind Evolution pode ser considerado um nos mais inovadores do mundo em arquitetura corporativa devido, entre outros fatores, pelo processo interativo em que o projeto foi idealizado, onde a participação dos próprios funcionários foi fundamental para a criação da identidade do local. Os Zooglers, como são chamados os funcionários do Google de Zurique, puderam vivenciar todas as etapas do projeto contribuindo para a criação de um sentido de pertencimento e propriedade dos espaços por todos os funcionários da empresa (GOOGLE, 2009, tradução nossa). Figura 2.8 - Recepção/espaço informal
Fonte: EVOLUTION, 2009, s/p.
Através de uma pesquisa realizada pelos arquitetos e guiadas por um psicólogo, constatou-se, entre outros fatores mantidos como confidencias pela Google, que para os Zooglers o ambiente de trabalho deveria ser diversificado e harmonioso tornando-se um espaço de diversão e agradável de trabalhar, onde os espaços “privativos” deveriam ser funcionais e com cores neutras (Figura 2.9), e os espaços coletivos deveriam contribuir para a criatividade, a colaboração e a inovação através de ambientes esteticamente agradáveis, divertidos e com cores
46 fortes (Figura 2.10). Concluiu-se ainda que o relaxamento é fundamental para a inovação. Vale ressaltar que além das pesquisas os Zooglers participaram diretamente das decisões de projeto, como por exemplo, a de se reduzir as áreas de uso privativo em favor de se obter espaços mais amplos de uso coletivo e salas de reuniões (GOOGLE, 2009, tradução nossa). Figura 2.9 - Espaço de trabalho compartilhado
Fonte: EVOLUTION, 2009, s/p. Figura 2.10 - Espaço de trabalho semi-compartilhado
Fonte: EVOLUTION, 2009, s/p.
Com base neste conceito, os arquitetos desenvolveram espaços distintos com grande variedade de atividades e experiências emocionais e visuais (Figura
47 2.11 e 2.12). Os espaços comuns são intencionalmente dispersos ao longo de todo o edifício de sete andares e cerca de 12 mil metros quadrados, a fim de se incentivar a troca de informações e a interação entre os Zooglers, melhorando a comunicação entre os diferentes grupos de trabalho e equipes. Ainda segundo o escritório que realizou o projeto o resultado é um verdadeiro reflexo de uma empresa com visão de futuro que foi preparado para adotar abordagens inovadoras propostas pela equipe de arquitetura para determinar o conceito de design ideal e nutrir o talento e a criatividade de seus funcionários (GOOGLE, 2009, tradução nossa). Figura 2.11 - Espaço multiuso
Fonte: EVOLUTION, 2009, s/p.
48 Figura 2.12 - Sala de reunião/brainstorming
Fonte: EVOLUTION, 2009, s/p.
O exemplo apresentado (Figura 2.12), reflete questões fundamentais para o desenvolvimento
do
espaço
contemporâneo
de
trabalho.
Inicialmente,
há
necessidade de um briefing extenso e detalhado objetivando conhecer os processos de trabalho da empresa e suas metas, as expectativas dos usuários do espaço e suas necessidades físicas, psicológicas e sociais. Segundo Meel et al. (2012, p.19): O objetivo de um edifício de escritórios é dar suporte aos seus ocupantes no exercício de suas funções e atividades, de preferência a um custo mínimo para obter a maior satisfação possível. Além desse objetivo funcional, os edifícios de escritórios possuem uma importante função social e simbólica. O projeto e o layout de espaços podem incentivar a interação e a criatividade [...].
2.3 Considerações Finais Os dados históricos nos ajudam a “construir” uma linha do tempo da evolução dos espaços de escritórios, bem como, das mudanças ocorridas com o surgimento da era tecnológica, em que os parâmetros de tempo e espaço são redesenhados. Compreender a realidade atual é entender que os modelos tradicionais de trabalho, como taylorismo e fordismo, mesmo tendo evoluído ao
49 longo dos anos, ainda fazem parte da grande maioria das corporações, com divisões hierárquicas, ambientes fechados e individualizados, pouca ou nenhuma forma de interação e ausência de espaços de descompressão6. Ao mesmo tempo em que, diariamente, somos surpreendidos por novas tecnologias que modificam as bases das relações humanas, tanto interpessoais como de trabalho, espaço, tempo, entre outras, é necessário buscar um equilíbrio dentro dessa nova dinâmica do trabalho, onde a mobilidade se torna cada vez mais um fator base da relação homem/trabalho, a diversidade cultural se torna um fator de diferenciação perante o mercado e o uso de diferentes tecnologias se torna indispensável. O espaço deve atender a uma nova ordem, a multiplicidade, se tornando parte fundamental do processo de fomento a criatividade e a inovação, agindo como um potencializador de resultados. [...] uma contribuição criativa é possível, qualquer que seja o contexto profissional. Entretanto, a probabilidade de inovar no trabalho será facilitada se houver uma estrutura que permita e mesmo encoraje a criatividade de cada um de seus membros, em particular, implicados no cotidiano dentro das tarefas especializadas (LUBART, 2007, p.83).
Dentro desse contexto, a arquitetura exerce um papel fundamental, devendo sustentar esta multiplicidade e dinâmica do trabalho. O ambiente construído deve fornecer sustento às dualidades impostas pelos novos modelos de trabalho, como individualidade e colaboração, aberto e fechado, bem-estar e produtividade, tradicional e inovador, rigidez e flexibilidade, entre tantas outras. Acredita-se que o ambiente pode e deve influenciar comportamentos, indicar caminhos, refletir o caráter do lugar e ou da organização, bem como contribuir para a satisfação pessoal e a realização profissional, com ambientes mais humanizados, idealizados de acordo com as necessidades de cada usuário e ou grupo de usuários, áreas de estar, lazer e descompressão.
6
Entende-se aqui como espaços de relaxamento, jogos, ou ainda espaços coletivos de interação.
50
51
3. ANÁLISE DE CORRELATOS
Este capítulo englobará as análises de correlatos realizadas pelo autor e servirão como base norteadora para a proposta de projeto a ser elaborada. Uma das problemáticas encontradas no decorrer da pesquisa é a inexistência de espaços de escritórios concebidos em sua totalidade para tal fim, encontra-se em grande quantidade, projetos de interiores para espaços de escritórios, como sedes corporativas, por exemplo. Estes projetos são de grande importância para o entendimento dos fluxos, programa de necessidades e humanização destes espaços, porém, em se tratando de um trabalho final de graduação, que envolve o projeto como um todo, foi necessário buscar, além destes, projetos que contemplassem a organização espacial e a ordenação ambiental. Dessa forma fez-se a escolha pelo projeto de interiores para a sede da empresa Walmart.com em Barueri - SP, idealizado pelo Estúdio Guto Requena, por englobar os aspectos citados acima, bem como, ser consistente no que diz respeito aos novos rumos da arquitetura corporativa, uma vez que, apresenta soluções quanto à humanização dos espaços, áreas de trabalho compartilhado, espaços de descompressão, entre outros. O segundo correlato selecionado foi a Agência Rock, do escritório MM18 Arquiteto, localizada em São Paulo - SP, por se tratar de um projeto que envolve a organização espacial e ordenação ambiental, bem como apresenta, quanto sua organização interna, elementos similares aos explanados na fundamentação temática, como espaços privativos e colaborativos, áreas de estar, entre outros. Outro ponto que contribuiu para a escolha foi o sistema estrutural adotado no projeto, que utiliza de estrutura metálica, com uso de grandes vão livres, e fechamentos em telha metálica e vidro. Optou-se ainda pela análise do Edifício Corujas, também em São Paulo – SP, e de autoria do escritório Forte, Gimenes & Marcondes Ferraz Arquitetos. A escolha se deu por se tratar de um edifício de escritórios de menor proporção, com apenas três pavimentos, por sua relação com o entorno e com usuário, bem como, pelas características de implantação e restrições legais do projeto que se assemelham
com
diretrizes
desenvolvimento do projeto.
existentes
para
o
terreno
escolhido
para
52 Como metodologia para a análise das obras correlatas utilizou-se os Parâmetros Básicos de Infraestrutura para Instituições de Educação Infantil (BRASIL, 2006) desenvolvido pelo Ministério da Educação. Embora tenham sido desenvolvidos visando estabelecer diretrizes para a implantação de instituições de educação infantil, os parâmetros apresentados podem ser utilizados para outros programas, pois englobam uma série de fatores pertinentes a qualquer tipo de edificação. Os parâmetros que serão utilizados neste trabalho são: contextuaisambientais
(circunstâncias
preexistentes
que
influenciam
as
decisões
arquitetônicas), funcionais (organização espacial e dimensionamento dos conjuntos funcionais, acessos, percursos, segurança e adequação do mobiliário), estéticocompositivos (dizem respeito à imagem e à aparência) e técnico-construtivos (infraestrutura, materiais e acabamentos). 3.1 Sede Walmart.com A sede do escritório Walmart.com está instalada em cinco pavimentos de um edifício comercial, com mais de 1.000 m² cada um, somando um total de 6.400 m² de área, englobando departamentos específicos da empresa, como Comercial, Vendas, Recursos Humanos, Financeiro, e também lounges e ambientes de descompressão, como sala de jogos, cinema e vídeo game e biblioteca. O projeto/execução é de 2013 e de autoria do escritório paulistano Estúdio Guto Requena em parceria com os arquitetos Paulo de Camargo e Lucas Ciciliato (ARCHDAILY, 2013). 3.1.1 Ideia Geradora O projeto para a sede do Walmart.com nasce a partir de uma nova perspectiva, a do usuário. Através de uma metodologia de pesquisa, criada pelo Estúdio Guto Requena, em que se detectavam valores, necessidades e expectativas dos funcionários por meio de entrevistas e dinâmicas presenciais e online, os arquitetos desenvolveram três eixos norteadores para o projeto: cultura digital, marca Walmart.com e brasilidade (ARCHDAILY, 2013). Dentro desse contexto, os eixos se tornaram a base para a criação do conceito de Varanda Urbana (Figura 3.1), que busca no costume brasileiro de apropriação das áreas externas para convívio social e relaxamento, nos típicos
53 quintais e varandas das casas, e no hábito interiorano de se utilizar das áreas de calçada como ponto de encontro e até mesmo contemplação, elementos que reforcem a brasilidade do projeto e incentivem as relações interpessoais (ARCHDAILY, 2013). Figura 3.1 – Espaço de Descompressão 8° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
3.1.2 Parâmetros Contextuais-ambientais Os parâmetros contextuais-ambientais são condições preexistentes que atuam nas decisões arquitetônicas, ou seja, “condições do terreno, infraestrutura, legislação em vigor, o que está construído nas proximidades, aspectos socioculturais e econômicos e aspectos físico-climáticos e ambientais (insolação, temperatura, ventos, umidade, índice pluviométrico, qualidade do ar, etc.)” (BRASIL, 2006, p. 22). Alguns aspectos são determinantes para o entendimento da proposta analisada, são eles:
Localização/Entorno/Malha Viária A sede do Walmart.com ocupa do sexto ao décimo pavimento do edifício Canopus Corporate Alphaville, localizado na Av. Tamboré, n° 267, em um dos mais importantes polos industriais e comerciais do estado de São Paulo, o bairro Alphaville Industrial, em Barueri-SP. A marca Alphaville é uma das mais importantes
54 e de maior notoriedade no cenário nacional, devido aos empreendimentos horizontais de grande porte e alto padrão construídos pela empresa. Figura 3.2 – Mapa síntese de localização
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
Por se tratar de um bairro industrial, o entorno é basicamente formado por grandes indústrias, armazéns e complexos comerciais como, por exemplo, o Shopping Iguatemi Alphaville, que engloba 187 lojas tipo e 5 lojas âncoras em uma área construída de 116.110 mil m². Desse modo, a malha urbana do entorno é caracterizada por formas orgânicas que se desenvolvem em relação às quadras de grandes proporções que abrigam as edificações (Figura 3.2). A empresa Walmart possui ainda duas grandes unidades no Alphaville Industrial, sendo elas a Walmart Brasil, localizada na Alameda Araguaia, n° 2751; e a Walmart Supercenter Tamboré, instalada no Shopping Tamboré, localizado na Av. Piracema, n° 669.
55 Implantação/Acessos Os acessos ao edifício se dão pela Av. Tamboré sendo um acesso principal para pedestres e um acesso para embarque/desembarque localizados na parte central do terreno; e dois acessos para veículos localizados nas extremidades superior e inferior do mesmo (Figura 3.3). Figura 3.3 – Implantação
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
3.1.3 Parâmetros Funcionais Os parâmetros funcionais são utilizados na concepção da edificação e são destinados para o melhor desempenho de cada ambiente e atividade. Estes parâmetros abordam a organização espacial e funcional dos ambientes além do seu dimensionamento, os acessos e percursos entre eles, a segurança e a adequação do mobiliário aos usuários (BRASIL, 2006).
56 Programa de necessidades/Setorização Para atender as solicitações da empresa e estimular a troca de ideias e o convívio entre os funcionários, optou-se por uma organização diversificada, ou seja, diferentes setores ocupando o mesmo pavimento, em conjunto com as áreas de convívio como copas, espaços informais e áreas de descompressão. Esta configuração se repete ao longo dos cinco pavimentos ocupados pela Walmart.com. O programa de necessidades engloba grandes espaços de trabalho compartilhado; espaços de trabalho semi-compartilhado que possuem alguma forma de segregação das demais áreas e são utilizadas por duas ou mais pessoas; salas de reuniões; espaços de descompressão que funcionam como sala de jogos, música (Figura 3.14), biblioteca, cinema, entre outros; espaços informais, com mesas e cadeiras; cozinha, copas, sanitários e central de rede. Há ainda um grande espaço de vivência localizado no sexto pavimento (o primeiro da Walmart.com), com áreas de descanso, lazer (Figura 3.4), trabalho, espaço para ioga e uma arquibancada voltada para a fachada que proporcionam a realização de pequenos eventos, shows e cinema. Figura 3.4 – Espaço de vivência sexto pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
Para promover a otimização da iluminação e ventilação natural, as amplas áreas de trabalho foram dispostas nas periferias dos pavimentos devido às fachadas envidraçadas, o que de certa forma contribuiu para a configuração dos “módulos” no
57 centro dos pavimentos e que abrigam as áreas mais privativas, como os espaços de descompressão, espaços de trabalho semi-compartilhados e salas de reuniões (Figuras 3.5 a 3.13). Figura 3.5 – Setorização 6° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
58 Figura 3.6 – Perspectiva 6° pavimento
Fonte: CORATO, 2013, s/p., modificado pelo autor. Figura 3.7 – Setorização 7° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013 s/p., modificado pelo autor.
59 Figura 3.8 – Perspectiva 7° pavimento
Fonte: CORATO, 2013, s/p., modificado pelo autor.
Figura 3.9 – Setorização 8° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
60 Figura 3.10 – Perspectiva 8° pavimento
Fonte: CORATO, 2013, s/p., modificado pelo autor.
Figura 3.11 – Setorização 9° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
61 Figura 3.12 – Perspectiva 9° pavimento
Fonte: CORATO, 2013, s/p., modificado pelo autor.
Figura 3.13 – Setorização 10° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
62 Figura 3.14 – Espaço de descompressão 9° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
Circulação/Fluxos Como forma de facilitar a localização no interior da empresa, tanto por funcionários como visitantes, os arquitetos desenvolveram diferentes identidades visuais para cada pavimento através da criação de “módulos” situados no centro do pavimento (Figuras 3.6, 3.8, 3.10 e 3.12) e da utilização de cores específicas para cada andar. Devido ao formato dos “módulos”, que se desenvolvem de maneira orgânica entre os pilares, a rigidez ortogonal do espaço é quebrada resultando em fluxos diversos. Contudo, é possível delimitar um fluxo direcionado desde o acesso principal até às áreas de apoio, como sanitários e centrais de rede. De certa forma esse fluxo também conduz o usuário às demais áreas, como por exemplo, espaços de trabalho, salas de reuniões e descompressão. No entanto, há diversas formas de se locomover dentro destes espaços, não sendo possível destacar um fluxo predominante (Figuras 3.15 a 3.19).
63 Figura 3.15 – Circulação/fluxo 6° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
64 Figura 3.16 – Circulação/fluxo 7° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor. Figura 3.17 – Circulação/fluxo 8° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
65 Figura 3.18 – Circulação/fluxo 9° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor. Figura 3.19 – Circulação/fluxo 10° pavimento
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2013, s/p., modificado pelo autor.
66 Cada andar possui um único acesso principal, de grande dimensão e bem demarcado através da utilização de pintura, de mesma cor, nas paredes e teto; e dois acessos secundários, localizados nas extremidades da circulação de acesso, que levam aos sanitários e escadarias (Figura 3.20). Figura 3.20 – Acesso principal 7° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
3.1.4 Parâmetros Estético-compositivos Os parâmetros estético-compositivos são definidos pelo uso de cores e materiais no ambiente, além do tratamento do acesso à edificação como ponto de referência para a vizinhança (BRASIL, 2006).
Cores, materiais e caracterização ambientes O projeto se desenvolve de forma a evidenciar a brasilidade, a marca e o bem-estar do usuário. Dessa forma, a brasilidade é evidenciada nos mobiliários, tantos os corporativos como os de design assinado, que são brasileiros; no uso de elementos que remetem ao conceito de Varanda Urbana, como poltronas de balanço e cadeiras de praia; e no uso intenso de revestimentos em madeira, utilizados também para reforçar a identidade dos espaços, com o uso de um tipo específico para cada andar, podendo ser: Pinus, OSB, Eucalipto Natural e Zurich Masisa. Os “módulos” criados pelos arquitetos (Figura 3.21), além da função de organizar os fluxos, possuem grande destaque na composição estética dos
67 ambientes e atribuem bem-estar ao usuário devido à ambiência criada a partir da utilização dos mesmos. Revestidos com tábuas de madeira na vertical e com aberturas bem marcadas por meio da utilização de molduras coloridas e sobressaltadas, os “módulos” trazem uma sensação de conforto e aconchego ao mesmo tempo em que se tornam elementos que instigam o usuário a descobrir o que há no decorrer de suas curvas. Figura 3.21 – Módulo Central 6° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
Os pisos são em carpete e possuem inúmeras variações, nos espaços de trabalho apresentam um desenho quadriculado em tons de cinza, as áreas de convívio são sempre demarcadas com a utilização de carpetes lisos e texturizados, ou ainda, pisos de madeira em alguns ambientes (Figura 3.22). Figura 3.22 – Espaço Informal 8° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
68 As cores amarelas, laranja, azul e verde (Figura 3.23), utilizadas como forma de agregar identidade aos pavimentos são resultado da pesquisa elaborada somada a identidade visual da marca. Desde o acesso principal, passando pelos “módulos” e no percorrer dos espaços é visível o uso da cor que agrega identidade a determinado andar estando presente em detalhes, molduras, pisos, paredes e até mesmo teto. Figura 3.23 – Espaço Informal 9° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
3.1.5 Parâmetros Técnico-construtivos Por se tratar de um projeto de interiores em um edifício comercial, os aspectos técnico-construtivos analisados dizem respeito à forma com que a estrutura do próprio edifício se apresenta bem como as soluções adotadas para as instalações complementares (BRASIL, 2006). A estrutura do edifício foi mantida em seu caráter original, com pilares, vigas e lajes em concreto aparente, agregando valor estético ao projeto. As instalações hidráulicas são mantidas aparentes no nível da laje, sendo revestidas apenas em alguns pontos de descida. Já as instalações elétricas são realizadas através de canaletas e tirantes, também aparentes, possibilitando soluções de reparos e rearranjos mais rápidas e econômicas (Figura 3.24 e 3.25).
69 Figura 3.24 – Cozinha 6° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p. Figura 3.25 – Copa 9° pavimento
Fonte: PARENTE, 2013, s/p.
3.1.6 Aspectos Positivos e Negativos Quanto aos aspectos positivos vale destacar a pesquisa elaborada pelos arquitetos para a idealização do projeto a partir das necessidades e expectativas dos usuários; as diversas identidades visuais criadas como forma de melhorar a localização interna por funcionários e visitantes; a otimização dos espaços residuais por meio da criação de ambientes informais, de estar e de descompressão; o bom aproveitamento da iluminação e ventilação natural nos espaços de trabalho; a ampla área de vivência criada na parte externa do sexto pavimento; e a repetição do
70 programa de necessidades em todos os pavimentos, fazendo com que todos os usuários se beneficiem do espaço da mesma maneira. Em relação aos pontos negativos é possível identificar, em algumas áreas, a existência de circulações estreitas, como no caso das circulações entre os mobiliários dos espaços de trabalho compartilhado e entre os “módulos”; há também a existência de ambientes com dimensões reduzidas proporcionando certo desconforto aos usuários, o que acontece em algumas salas de reuniões e espaços de trabalho semi-compartilhado. 3.2 Agência Rock Figura 3.26 – Fachada Av. Prof. Fonseca Rodrigues
Fonte: VANNUCCHI, 2015, s/p.
O projeto para agência de publicidade Rock (Figura 3.26) é de 2012 e de autoria do escritório paulistano MM18 Arquitetura. O escritório foi convidado para realizar o projeto, que englobou reforma e construção, para ampliação da sede da agência de 750 m² para 1500 m², com o objetivo principal de criar ambientes que acomodassem, de forma compartilhada, as áreas de atendimento e criação, melhorando o fluxo interno de informações e de pessoas. A obra teve sua conclusão no início de 2013 e desde então o espaço vem contribuindo para a criação de um ambiente criativo e inspirador, as bases da agência Rock.
71 3.2.1 Ideia Geradora O projeto é resultado de quatro necessidades apontadas pelo cliente, a primeira diz respeito à nova demanda por espaço, ou seja, a necessidade de ampliação da agência; a segunda diz respeito às questões de fluxos de informação, que devido à segregação especial existente no antigo prédio, eram confusas e estavam prejudicadas; a terceira, executar a obra no menor tempo possível; e a última, buscar novas alternativas para tornar o ambiente de trabalho mais inspirador e criativo (ARCHDAILY, 2014). Dessa forma, os arquitetos optaram pela utilização de estrutura metálica para executar a ampliação da antiga residência em menor tempo e com uma construção mais limpa, tendo como conceito para elaboração do projeto a linguagem industrial. Outro ponto fundamental foi a redução das paredes divisórias ao mínimo necessário, criando grandes espaços de trabalho compartilhados e setorizados de acordo com atividades desempenhadas, solucionando grande parte dos problemas referentes ao fluxo de informação (ARCHDAILY, 2014). O projeto engloba ainda uma grande área externa e espaços internos residuais utilizados como área de convívio, o que permite outras formas de apropriação do espaço pelos usuários, de realização do trabalho, de relações pessoais, e consequentemente maior bem-estar e qualidade no ambiente de trabalho. Ao visitar a agência é possível perceber que a soma do ambiente construído com os profissionais criativos que ali atuam, torna o espaço realmente inspirador e estimulante. A atmosfera criada pelos arquitetos faz com que os usuários permeiem pelos espaços, utilizando-se de todo o potencial criativo e inovador que ele sustenta. 3.2.2 Parâmetros Contextuais-ambientais Localização/Entorno/Malha Viária Localizado no Alto de Pinheiros, bairro nobre da capital paulista, o terreno faz esquina com as Avenidas Prof. Fonseca Rodrigues e Arruda Botelho. A região é de uso predominantemente residencial e caracterizada pela qualidade de vida, com avenidas largas, ciclovias, pistas de caminhada, e presença abundante de vegetação, além da proximidade com o Parque Villa Lobos, local de lazer, recreação
72 e contemplação, e com o Rio Pinheiros que percorre a céu aberto pela cidade ladeado por um dos principais eixos viários da cidade. Figura 3.27 – Mapa síntese de localização
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
A malha viária do entorno possui características mistas, sendo possível identificar nas vias mais próximas ao terreno um traçado mais ortogonal e nas vias mais afastadas a confluência de traçados radiais formados a partir de praças e pontos nodais7 circulares localizadas em diversos setores do bairro (Figura 3.27).
Implantação/Acessos Por se tratar de uma ampliação e devido às características do terreno não foi necessárias alterações na topografia para a implantação do anexo, dessa forma o projeto se apropria dos aspectos existentes para a execução do novo edifício em harmonia com o formato do terreno.
7
Locais de convergência física do tecido urbano e ou locais de concentração de atividades, podendo ser locais centrais dos setores urbanos (DEL RIO, 1990).
73 Figura 3.28 – Implantação
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015. Dados modificados pelo autor.
Os acessos de veículos ocorrem pelas duas avenidas que ladeiam o terreno e dão acesso a estacionamentos localizados nos recuos frontais da edificação. Já o acesso principal, localizado ao centro, e o acesso de serviços, localizado próximo ao lote de divisa, ocorrem na fachada principal do edifício que está voltada para a Av. Prof. Fonseca Rodrigues. Há ainda um acesso restrito aos fundos da edificação localizado na Av. Arruda Botelho (Figura 3.28). 3.2.3 Parâmetros Funcionais Programa de Necessidades/Setorização O programa de necessidades da agência é distribuído em dois pavimentos e engloba uma recepção, duas áreas de trabalho compartilhadas, duas áreas de trabalho semi-compartilhado, ou seja, que são compartilhadas por um menor número
74 de funcionários e separadas fisicamente das demais; oitos salas de gerência, uma sala para o setor financeiro, três salas de reuniões, uma sala de rede, uma sala de call center, dois lounges, quatro sanitários, uma copa, uma cozinha com refeitório, uma área de serviço, um almoxarifado, uma expedição, uma área destinada à fumantes, dois vestiários, um loft8 para o caseiro e ainda uma grande área de vivência externa (Figura 3.29 e 3.30). Figura 3.29 – Setorização pavimento térreo
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2015, s/p., modificado pelo autor.
A setorização acontece em três grandes grupos: área de atendimento ao cliente, áreas de produção/criação e áreas de uso comum. O atendimento ao cliente ocorre no pavimento térreo, na grande área de trabalho compartilhado, que é circundada pelas salas de gerência, área de trabalho semi-compartilhado, lounge e espaço-vivência.
8
Espaço, geralmente de habitação, caracterizado pelos ambientes conjugados, com pouca ou nenhuma divisória.
75 As áreas de criação e produção acontecem nos espaços de trabalho compartilhado e semi-compartilhado localizados no pavimento superior assim como a área destinada ao setor financeiro. As áreas comuns são formadas pelas áreas de convívio como lounges e espaço-vivência, salas de reuniões, cozinha/refeitório e copa, além dos sanitários e demais áreas de uso coletivo, e ocorrem tanto no pavimento térreo como no superior. Figura 3.30 – Setorização pavimento superior
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2015, s/p., modificado pelo autor.
Circulação/Fluxos Devido à extensão do programa, o edifício possui diversos espaços de circulação horizontal, definidos aqui como espaços-corredores. Esses espaços são demarcados ora por barreiras propriamente ditas como divisórias e mobiliários, ora pela percepção espacial, o que também determina o fluxo principal.
76 No pavimento térreo (Figura 3.31), os fluxos são maiores e mais intensos devido ao maior número de setores, por agregar os fluxos do pavimento superior e pela relação com as atividades que ocorrem no exterior da edificação. Ao contrário do que ocorre no pavimento superior (Figura 3.32), onde os fluxos são mais definidos e em menores proporções. Figura 3.31– Circulação/fluxos pavimento térreo
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2015, s/p., modificado pelo autor.
Nota-se nos espaços-corredores definidos por divisórias e outros tipos de fechamento, que a circulação ocorre de maneira linear e contínua, e nos demais espaços em que o mobiliário determina a circulação, esta ocorre de maneira periférica, sendo no pavimento térreo mais intensa na lateral voltada aos espaços de trabalho semi-compartilhado e gerência, resultando na subutilização das demais áreas de circulação.
77 Figura 3.32 – Circulação/fluxos pavimento superior
Fonte: ARCHDAILY BRASIL, 2015, s/p., modificado pelo autor.
3.2.4 Parâmetros Estético-compositivos Cores, materiais e caracterização entrada/ambientes Uma vez mantida, em grande parte, as características da residência existente no projeto de ampliação, o contraponto entre o antigo e o novo se torna evidente e bem demarcado. Manteve-se ao máximo a fachada original da residência que recebeu nova pintura e um toque criativo com ilustrações que remetem a essência da agência (Figura 3.33). O contraponto surge nas demais fachadas (Figura 3.34) e no interior da edificação em que o caráter industrial se torna evidente, resultado da utilização aparente da estrutura metálica obtida pelo retrofit de antigos galpões industriais e fechamentos em telha metálica tipo sanduíche pintadas de azul. As telhas além de vedação das fachadas funcionam como cobertura da área ampliada e levam pintura branca nas partes voltadas para o interior da edificação.
78 Figura 3.33 – Fachada Av. Prof. Fonseca Rodrigues
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 3.34 - Fachada Av. Arruda Botelho
Fonte: O AUTOR, 2015.
Os contrastes internos envolvem o uso de piso cimentício com resina, divisórias e paredes brancas, fechamentos envidraçados em tom fumê, telhas metálicas em azul e branco, lajes em vigota de concreto pré-moldada aparente, guarda-corpos metálicos e estruturas metálicas, vigas e pilares, pintadas de preto somadas às diversas intervenções artísticas como painéis e quadros além do mobiliário em tons de cinza, azul, branco, preto e amarelo (Figura 3.35). As aberturas acontecem com maior intensidade no pavimento térreo e são, em sua maioria, portas janelas de correr que vão de piso a teto, possibilitando
79 grande diálogo interior/exterior. O lounge do pavimento térreo é contemplado, além do pé direito duplo, com três portas pivotantes que se abrem para a área de vivência convidando o usuário a explorar ambos os espaços. Figura 3.35 – Lounge pavimento térreo Descrição: Detalhe pé direito duplo, portas pivotantes, mobiliário e intervenções artísticas
Fonte: VANNUCCHI, 2015, s/p.
A parte externa da agência segue o mesmo conceito, há espaços executados em estrutura metálica, como cozinha/refeitório, além da utilização de contêineres, que abrigam o almoxarifado, grande área de deck, executado com plástico reciclado em alternativa ao uso de madeira natural, e espaços gramados (Figura 3.36).
80 Figura 3.36 – Fachada fundos/espaços-vivência
Fonte: VANNUCCHI, 2015, s/p.
3.2.5 Parâmetros Técnico-construtivos A residência existente possui sistema estrutural convencional, vigas e pilares em concreto e fechamentos em alvenaria, tendo suas características preservadas sofrendo apenas adaptações aos novos usos e necessidades da agência, como novas aberturas e demolição de algumas paredes. A ampliação é executada, quase que inteiramente, em estrutura metálica, levando concreto apenas no piso e lajes pré-moldadas, e fechamentos em vidro (Figura 3.37). Boa parte da estrutura foi obtida através do retrofit e recuperação de materiais residuais de antigos galpões industriais, permitindo a obtenção de uma construção mais racional e menos impactante sobre os recursos naturais. Há ainda a utilização de contêineres, localizados na parte externa da edificação, garantindo a execução da obra em tempo hábil.
81 Figura 3.37 – Espaço de trabalho compartilhado Descrição: Detalhe estrutura metálica, laje pré-moldada, piso cimentício e fechamentos em vidro
Fonte: VANNUCCHI, 2015, s/p.
As telhas metálicas (Figura 3.38), utilizadas tanto como vedação quanto como cobertura, são do tipo sanduíche, o que segundo o administrador da agência Igor Peres (PERES, 2013), resultam em grandes ganhos quanto ao conforto térmico, o que se torna essencial uma vez que boa parte da edificação recebe incidência solar intensa. Figura 3.38 – Lounge pavimento superior Descrição: Detalhe telha metálica, piso cimentício e junção estrutura metálica/alvenaria existente
Fonte: VANNUCCHI, 2015, s/p.
82 Ainda segundo o administrador da agência (PERES, 2013), optou-se, em decisão conjunta entre os proprietários e arquitetos, pela utilização de deck executado em “madeira plástica”, obtida através de reciclagem, visando menor impacto ambiental. Contudo, devido à grande incidência solar, houve grande deformação das peças formando irregularidades no piso, por esse motivo, a adoção dessa alternativa está sendo revista pelos proprietários e arquitetos. 3.2.6 Aspectos Positivos e Negativos Podemos destacar como aspectos positivos a ambiência dos espaçoscorredores e de espera, com a criação de lounges e intervenções artísticas; a preocupação com o bem-estar dos usuários, através da utilização de mobiliários adequados e criativos, criação de espaços de lazer e vivência ao ar livre, entre outros; e a solução adotada para a ampliação, em que os materiais utilizados como, por exemplo, a estrutura metálica e telha sanduíche além de possibilitarem menor prazo de execução da obra e melhor conforto térmico e acústico, contribuíram para a criação do valor estético do projeto ressaltando seu caráter industrial. Os pontos negativos que se tornam mais evidentes são a falta de acessibilidade desde espaços-corredores, sanitários, espaços de vivência e a inexistência de acesso ao pavimento superior através de elevador ou rampa; escada pouco valorizada e em formato não convencional para ambientes de grande fluxo; espaços-corredores subutilizados nas áreas de trabalho compartilhado; e a ausência de elementos de cobertura nas circulações externas. 3.3 Edifício Corujas O Edifício Corujas (Figura 3.39) pode ser chamado de Centro de Negócios, pois engloba em uma mesma edificação diversas empresas independentes umas das outras. O edifício conta com uma área construída de 6.880 m², sendo 5.750 m² de área privativa, e o terreno de 3.470 m², abrigando um total de 25 unidades de escritórios. O projeto é assinado pelo escritório FGMF, com autoria de Fernando Forte, Lourenço Gimenes e Rodrigo Marcondes Ferraz, data inicial do projeto em 2009 e a conclusão da obra em 2013.
83 Figura 3.39 – Fachada Rua Natingui
Fonte: AUTOR, 2015.
3.3.1 Ideia Geradora O Edifício Corujas nasce a partir de um novo olhar para a relação homem/espaço de trabalho e para as relações com o contexto. Na contramão da habitual verticalização dos espaços de escritórios, os arquitetos buscaram a idealização de um projeto em uma escala mais compatível com o bairro, de forma a manter seu caráter horizontal, a partir do estudo das características do entorno, dos parâmetros urbanísticos para o terreno e dos desejos do empreendedor (SHIEH, 2014). Buscou-se a criação de ambientes abertos e integrados, uso extensivo da vegetação, criação de escritórios com pé-direito duplo, terraços e avarandados e espaços de circulação abertos, com grande permeabilidade visual. O resultado é um edifício em escala harmônica com seu entorno, aberto para si, onde todos os espaços se relacionam de alguma maneira, com grande valorização dos espaços de convivência, dos usuários, da iluminação e ventilação natural, e com presença constante do paisagismo. 3.3.2 Parâmetros Contexto-ambientais Localização/Entorno/Malha Viária
84 O edifício está localizado em um dos bairros mais boêmios de São Paulo – SP, no setor de transição entre os bairros Vila Madalena, com características de uso misto, e Vila Beatriz, bairro predominantemente residencial; e privilegiado pela proximidade de um dos poucos trechos do córrego Corujas, a céu aberto e presença de alguma vegetação às margens, o que explica os parâmetros urbanísticos para o terreno com limitação de altura da edificação a um gabarito de 9 m e coeficiente de aproveitamento de uma vez a área do terreno. O empreendimento encontra-se ainda próximo de duas grandes áreas verdes, a Pça. Rui Washington Pereira e a Pça. José Carlos Burle, localizadas a noroeste e nordeste respectivamente. O traçado viário do entorno é caracterizada por formas orgânicas e irregulares, contudo, a Rua Natingui, via de acesso principal ao edifício, e a Rua Pascoal, via localizada na face oeste do terreno, apresentam traçado regular e tráfego de média intensidade (Figura 3.40). O terreno de formato irregular é fruto da compra, demolição e agrupamento de diversos lotes residenciais. Durante o período de projeto, o proprietário de um dos imóveis que compunham o terreno desistiu da venda, ocasionando uma subtração do mesmo, e alterações no projeto que passou a circundar a edificação residencial.
85 Figura 3.40 – Mapa síntese de localização
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
Implantação/Acessos A implantação da edificação ocorre a partir da criação de dois grandes blocos que acompanham o formato do terreno em suas fachadas leste e oeste e um terceiro bloco, localizado ao norte, contornando a edificação existente. A implantação dos três blocos resulta na criação de uma grande área de convívio social (Figura 3.41). Os acessos se dão pela Rua Natingui e são distintos entre si, sendo um acesso para veículos localizado na extremidade sul, devido a cota mais baixa do terreno facilitar o acesso ao subsolo por rampa; um acesso principal, na parte central, por escada e plataforma elevatória; um acesso ao subsolo, também na parte central, e realizado por escada; e um acesso de serviços, localizado na extremidade norte do terreno, em nível com a calçada.
86 Figura 3.41 – Implantação e Acesos
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
3.3.3 Parâmetros Funcionais Programa de necessidades/Setorização Por se tratar de um Centro de Negócios em que os escritórios atuam de forma independente e possuem planta livre, o programa de necessidades se torna mais simples e reduzido com a existência de uma guarita/recepção, uma ampla área de vivência, um espaço destinado a serviços, doze escritórios térreos, sendo destes, seis escritórios duplex à nível de subsolo, devido ao desnível existente no terreno, e 1 escritório duplex à nível do primeiro pavimento; oito escritórios no 1° pavimento e 7 escritórios com terraço no 2° pavimento. No que diz respeito às subdivisões internas de cada escritório, todos apresentam a mesma configuração, com espaços de trabalho em planta livre; um “módulo” com uma copa e dois banheiros, e uma área de convívio externa.
87 A setorização da edificação ocorre igualmente à implantação, sendo os espaços de escritórios distribuídos nos três blocos existentes, possuindo diferenças apenas quanto às configurações de alguns escritórios, como no caso dos que possuem área externa gramada devido às possibilidades criadas pela topografia. A guarita/recepção está localizada no pavimento térreo, assim como os espaços-vivência resultantes dessa disposição dos blocos, e o espaço destinado a serviços localizado na parte nordeste do terreno (Figura 3.42 a 3.45). Figura 3.42 – Setorização pavimento térreo
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor.
88 Figura 3.43 – Setorização 1° pavimento
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor. Figura 3.44 – Setorização 2° pavimento
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor.
89 Figura 3.45 – Setorização terraço
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor.
Circulação/Fluxos A circulação da edificação se desenvolve a partir do espaço de vivência (Figura 3.46), por onde são distribuídos os fluxos, espaços-corredores, escadas e elevador. No pavimento térreo os fluxos são livres e variados, contudo a disposição das floreiras e bancos de madeira delimitam um fluxo principal, que direciona ao acesso dos escritórios em cada bloco, às escadas e ao elevador. O acesso aos demais pavimentos é realizado através de escadas até os espaços-corredores, que possuem fluxo definido e direcionado, e que permeiam pela edificação formando passarelas que funcionam como elemento de ligação entre os blocos. Esses espaços são abertos e convergem para a área de vivência, possibilitando uma ampla visão de todo o conjunto, proporcionando uma sensação de conforto e segurança. Os escritórios do 2° pavimento possuem escadas internas que dão acesso a um terraço privativo (Figura 3.47 a 3.49).
90 Figura 3.46 – Espaço-vivência Descrição: Detalhe dos fluxos livres no térreo e passarelas nos demais pavimentos
Fonte: NETTO, 2014, s/p. Figura 3.47 – Circulação/fluxos pavimento térreo
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor.
91 Figura 3.48 – Circulação/fluxos 1° pavimento
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificado pelo autor. Figura 3.49 – Circulação/fluxos 2° pavimento
Fonte: SHIEH, 2014, s/p., modificados pelo autor.
92 3.3.4 Parâmetros Estético-compositivos Cores, materiais e caracterização entrada/ambientes A volumetria do edifício é resultado da soma dos três blocos, que se distribuem de forma a acompanhar e envolver o formato do terreno irregular formando a grande área de vivência, e as passarelas que funcionam como elemento de ligação entre os mesmos. Utilizou-se como embasamento para a edificação, no pavimento térreo, empenas levemente inclinadas revestidas em madeira e com aberturas horizontais filetadas, que além de permitirem maior privacidade aos escritórios voltados para área de vivência, criam um contraponto com os demais pavimentos onde a transparência é o ponto principal com grandes aberturas e fechamentos envidraçados (Figura 3.50). Figura 3.50 – Espaço-vivência Descrição: Detalhe embasamento empena cega madeira e aberturas filetadas
Fonte: NETTO, 2014, s/p.
A leveza da volumetria se dá por esse contraponto entre o embasamento e os demais pavimentos, pela utilização de cheios e vazios, que permeiam entre os pavimentos, pelas áreas de convívio com grande presença de verde e pela grande utilização de fechamentos em vidro. Outro ponto que contribui para essa leveza e agrega valor estético ao edifício é a forma como a estrutura mista de concreto e aço foi utilizada. Manteve-se
93 o caráter natural do concreto pré-moldado e os elementos em aço como as vigas intermediárias dos pavimentos, e a estrutura da circulação foram pintadas de branco, o que somado aos revestimentos em madeira proporcionam uma sensação de acolhimento, e de certa forma “reduzem” a escala do edifício para apenas dois pavimentos (Figura 3.51). Figura 3.51 – Espaço-vivência/espaços-corredores Descrição: Detalhe estrutura em concreto, estrutura metálica e revestimentos em madeira
Fonte: NETTO, 2014, s/p.
Como proteção solar e elemento estético, tanto da fachada principal voltada para a Rua Natingui como para a fachada voltada para área de vivência, os arquitetos utilizaram-se de brises de chapa metálica perfurada, que permitem o bloqueio de parte da incidência solar sem prejudicar os visuais interessantes. Os arquitetos contaram ainda com a criatividade de João Nitsche para resolver
o
problema
relacionado
às
paredes
circundantes
à
residência
remanescente. O artista plástico criou um painel, em escala 1:1, que retrata como em um corte arquitetônico os elementos que hipoteticamente fazem parte de uma residência, desde a estrutura, mobiliário e até mesmo objetos decorativos e escalas humanas (Figura 3.52).
94 Figura 3.52 – Espaços-corredores Descrição: Detalhe painel artístico, embasamento em madeira e passarelas metálicas
Fonte: NETTO, 2014, s/p.
3.3.5 Parâmetros Técnico-construtivos A estrutura do Edifício Corujas é formada por um misto de concreto prémoldado, concreto moldado in loco e estrutura metálica. A estrutura principal é formada por elementos pré-moldados aparentes, em que os pilares nascem no térreo e vão até a cobertura, e as vigas de travamento dessa estrutura acontecem apenas na cobertura, formando um grande esqueleto estrutural. E devido à existência de mais de um pavimento, adotou-se no pavimento térreo, laje protendida moldada in loco (Figura 3.53). Os pavimentos intermediários são formados por vigas metálicas que se unem na parte posterior dos pilares em concreto, proporcionando maior valor estético pela inexistência de ligações aparentes. Há também o emprego da estrutura metálica nas circulações, passarelas, estruturas de sustentação das paredes inclinadas e brises, entre outros (Figura 3.54).
95 Figura 3.53 – Entrada principal Rua Natingui Descrição: Detalhe esqueleto estrutural em concreto pré-moldado
Fonte: AUTOR, 2015. Figura 3.54 – Pavimento intermediário Descrição: Detalhe junção estrutura metálica e vão livre entre pavimentos
Fonte: NETTO, 2014, s/p.
3.3.6 Aspectos Positivos e Negativos Os aspectos positivos mais relevantes observados no projeto são a relação harmoniosa com o entorno; a valorização do usuário, com a criação de espaços de vivência, áreas de convívio ao ar livre (externas aos escritórios) e áreas de contemplação, como no caso dos terraços e passarelas; o bom aproveitamento da
96 iluminação e ventilação natural (nos pavimentos superiores); a grande quantidade de paisagismo; e as boas soluções plásticas adotadas nos elementos estruturais (concreto pré-moldado e aço), e revestimentos (madeiras e painel artístico). Podemos citar como pontos negativos as dimensões das passarelas quanto a sua reduzida largura; a inexistência de acessibilidade nos escritórios duplex e a pouca otimização da iluminação e ventilação natural no pavimento térreo devido ao embasamento criado, porém, vale destacar que este elemento agregou valor estético ao edifício. 3.4 Síntese Parâmetros Analisados Os principais aspectos levantados nas análises de correlatos apresentadas acima foram organizados em forma de tabelas comparativas (Tabelas 01 a 04), de acordo com a sequência dos parâmetros básicos analisados. Sendo demonstrado o cumprimento ou não de cada item exposto. Tabela 3.1 - Tabela comparativa parâmetros contextuais-ambientais PARÂMETROS CONTEXTUAIS-AMBIENTAIS Área prevista para ampliação Área permeável satisfatória Área gramada Pouca ou nenhuma alteração topográfica Preservação da vegetação existente Área de estacionamento Otimização da iluminação/ventilação natural Respostas às características climáticas do local
Walmart.com Agência Rock Ed. Corujas − − − − − √ √ √
− √ √ √ √ √ √ √
− √ √ − √ √ √ √
Organização: O AUTOR, 2015. Tabela 3.2 - Tabela comparativa parâmetros funcionais PARÂMETROS FUNCIONAIS Acessos restritos (pessoas, veículos, serviço, etc.) Organização funcional de fácil compreensão Recepção com área de espera e sanitários Sanitários com acessibilidade Copa/Cozina Espaços-corredores valorizados Espaços-vivência Espaços-infomais (lounges, estar, entre outros) Decks, sacadas ou terraços Elevador Escada Acessos externos por rampas Acessos internos por rampas
Walmart.com Agência Rock Ed. Corujas √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ √ −
Organização: O AUTOR, 2015.
√ √ √ √ √ − √ √ √ − √ √ −
√ √ − − √ √ √ √ √ √ √ − −
97 Tabela 3.3 - Tabela comparativa parâmetros estético-compositivos PARÂMETROS ESTÉTICO-COMPOSITIVOS Acesso principal demarcado Setorização demarcada Variação de cores e texturas Interação interior/exterior Harmonia com a identidade da empresa Uso da infraestutrua na composição estética
Walmart.com Agência Rock Ed. Corujas √ √ √ √ √ √
− − √ √ √ √
√ √ √ √ √ √
Organização: O AUTOR, 2015. Tabela 3.4 - Tabela comparativa parâmetros técnico-construtivos PARÂMETROS TÉCNICO-CONSTRUTIVOS Uso de materiais renováveis/sustentáveis Uso de sistema estrutural misto Sistema estrutural aparente Instalações aparentes Inovação materiais/técnicas construtivas
Walmart.com Agência Rock Ed. Corujas √ − √ √ −
√ √ √ √ √
√ √ √ √ √
Organização: O AUTOR, 2015.
3.5 Considerações Finais A realização do estudo detalhado dos correlatos, de acordo com os parâmetros básicos, permitiu a construção de um raciocínio linear, onde se obteve com maior clareza os aspectos em comuns e divergentes entre as obras analisadas, bem como, as soluções arquitetônicas adotadas desde a implantação até os aspectos construtivos. O projeto para a sede da Walmart.com auxiliará na setorização dos espaços e nos aspectos estético-compositivos relativos ao interior dos mesmos. Já a Agência Rock possibilitou maior conhecimento sobre os aspectos que envolvem a essência dos espaços compartilhados, e como estes influenciam no dia-a-dia das corporações, fomentando a criatividade e inovação; além disso, o projeto contribuirá nas questões técnico-construtivas. Por fim o Edifício Coruja, que permitiu a compreensão da importância dos espaços de vivência dentro desses espaços, a valorização dos visuais e do entorno; e ainda, a análise da utilização de estrutura mista (concreto e aço), a forma com que o edifício se relaciona com o terreno, e a maneira com que os espaços verdes permeiam por toda a edificação, contribuindo tanto para a questão estética quanto para os referentes ao bem-estar do usuário.
98
99
4. CONTEXTO DA PROBLEMÁTICA
O presente capítulo abordará as questões relativas à cidade de LondrinaPR, aos espaços de trabalho colaborativo existentes na mesma, e o local de implantação do projeto a ser elaborado, no que diz respeito aos aspectos históricos, físicos e sociais que o envolve. Para tal, foram elaborados análises e mapas sínteses de localização, dimensionamento, aspectos climáticos, uso do solo e zoneamento vigente. 4.1 Interpretação da Realidade 4.1.1 Caracterização da Cidade
Localizada na região norte do estado do Paraná (Figura 4.1), a cidade de Londrina engloba cerca de 1% da área total do estado, totalizando 1.715,897 km² de extensão. Seu perímetro territorial está situado entre os paralelos 23° 10’ 17’’ e 23° 51’ 10’’ Sul e os meridianos 50° 52’ 11’’ e 51° 14’ 35’’ Oeste, com altitudes que variam, na área urbana, de 520 a 620 metros, sendo a menor altitude encontrada na porção sul-sudeste do município, com altitudes em torno de 410 metros. (LONDRINA, 2013; ARCHELA; BARROS, 2009). Figura 4.1 – Localização estado do Paraná e cidade de Londrina
Fonte: O AUTOR, 2015.
100 O município apresenta crescimento significativo desde a década de 50 quando emergiu no cenário nacional como potencialidade no setor cafeeiro, o que resultou em um crescimento populacional de aproximadamente 280%, onde a população passou de 20.000 para 75.000 habitantes, sendo quase a metade residente em área rural (SUZUKI, 2003). Desde então Londrina vem se consolidando no cenário nacional, a ponto de, na década de 90, ser considerada a terceira cidade mais importante do Sul do Brasil; e atualmente, ter se tornado Polo Regional de bens e serviços, e principal ponto de referência do Norte do Paraná, com grande influência regional e nacional. Em 2014 a estimativa populacional elaborada pelo IBGE9 demonstrava que o número de habitantes chegaria a 506.701 mil habitantes, colocando-a entre as maiores cidades do sul do país a nível populacional (LONDRINA, 2013). 4.1.2 Espaços de Trabalho Colaborativo em Londrina Segundo
Joel
Franzin,
consultor
do
Sebrae,
“Londrina
tem
essa
característica de ser uma cidade criativa, então o coworking tem tudo para ser um sucesso na cidade” (CALSAVARA, 2012, s/p.). Londrina possui dois espaços referência:
o espaço colaborativo Junt.us, inaugurado em julho de 2012, se
destacando como uma opção para profissionais que buscam uma nova forma de trabalho, favorecendo a criatividade, a inovação e relação custo-benefício; e a Contato Work, escritório compartilhado, possui como “missão oferecer, aos profissionais de diversas áreas e empresas, um espaço colaborativo para desenvolver suas atividades e que promova networking, crescimento e inovação” (CONTATO WORK, 2015, s/p.).
Junt.us Localizado na região central da cidade, mais precisamente na Rua Goiás, 1774, o espaço colaborativo Junt.us (lê-se juntos) está instalado em uma antiga residência onde atualmente atuam mais de sessenta empresas (Figura 4.2). O espaço possui uma sala de reuniões, três salas de atendimento, uma sala de treinamentos para aproximadamente 24 pessoas, duas salas de trabalho semi9
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
101 compartilhado, um espaço de trabalho compartilhado com capacidade para 34 pessoas, espaço gourmet, espaço para eventos, área de lazer e um espaço fitness. Os serviços oferecidos incluem secretária, endereço comercial e fiscal, impressora compartilhada, e internet de alta velocidade. Figura 4.2 - Fachada Junt.us
Fonte: JUNTUS, 2015. Figura 4.3 - Espaço de trabalho compartilhado Junt.us
Fonte: JUNTUS, 2015.
Contato Work
102 O Contato Work (Figura 4.4) é um espaço de coworking localizado na Rua Fernando de Noronha, n° 956, também na região central da cidade, instalado em uma antiga residência de dois pavimentos. O espaço conta com uma sala de treinamento, três salas de atendimento terapêutico, três salas de reuniões, um espaço gourmet, um auditório para aproximadamente 30 pessoas, e um espaço de trabalho compartilhado com capacidade para 20 usuários (Figura 4.5). Os serviços oferecidos pela empresa incluem endereço comercial, endereço fiscal, central de recados, recepcionista, ambientes climatizados, internet de alta velocidade e café. Atualmente, além dos usuários rotativos, quatro empresas estão instaladas no Contato Work. Figura 4.4 - Fachada Contato Work
Fonte: CONTATO WORK, 2015, s/p.
103 Figura 4.5 - Espaço de trabalho compartilhado Contato Work
Fonte: CONTATO WORK, 2015, s/p.
4.1.3 Considerações A análise dos espaços de trabalho colaborativo existentes em Londrina-PR possibilitou maior conhecimento sobre a realidade atual do trabalho colaborativo e a estrutura física oferecida para o mesmo. O Junt.us possui ambientes integrados e permite a interação do usuário com os espaços que estão em constante mutação, seja no arranjo físico dos ambientes ou nos objetos de decoração. O local oferece diversos cursos, palestras e workshops voltados à economia criativa e ao empreendedorismo. Já o Contato Work possui um caráter mais corporativo, com ambientes segregados, espaços de uso específico para atendimento terapêutico, e pouca interação do usuário com o espaço. Quanto ao espaço físico, embora ambos tenham sido adaptados para o uso compartilhado por se tratar de edificações já existentes e concebidas para outra finalidade, o mesmo se torna segregado com grandes limitações quanto à flexibilização do mobiliário e ao fluxo das atividades. É possível identificar que o ambiente construído não atua como ferramenta no processo de criatividade, inovação e colaboração. Sendo assim, o presente trabalho se torna de fundamental importância para a concepção de um espaço que seja idealizado para tal finalidade e que atue de forma direta nos processos.
104 4.2 Perfil do Usuário Alvo A pesquisa realizada pelo site Movebla (COSTA, 2013), além dos dados citados no capitulo dois, demonstrou que os usuários de espaços de trabalho compartilhados possuem, em sua grande maioria, idade entre 26 e 35 anos, nível superior completo e pós-graduação, perfil empreendedor e moram na mesma cidade em que trabalham. Norteado por tal pesquisa, buscou-se a relação dos dados apresentados com a cidade de Londrina. Atualmente Londrina conta com nove instituições de ensino superior, as quais recebem cerca de quarenta mil novos alunos a cada ano (IPARDES, 2013); e segundo dados do IBGE (2010), o número de pessoas residentes com idade entre 25 e 34 anos no ano de 2010 era de aproximadamente oitenta e seis mil. O perfil do usuário para o espaço proposto neste trabalho surge neste nicho citado acima, caracterizado por jovens recém-formados e em início de carreira, profissionais com atividades mais flexíveis, autônomos, start ups, freelancers, consultores, professores, e demais profissionais que não possuem um espaço físico fixo e que buscam a interação com profissionais de diversas áreas, acreditando que essa interação agrega valor ao trabalho e gera resultados ainda melhores. A área criativa é uma das áreas que mais pede por espaços como este devido à necessidade de liberdade e de variedade de possibilidades para fomento da criação e inovação. Profissionais de arquitetura, publicidade, design, artes, artesanato, moda, cinema e vídeo, televisão, editoração e publicações, artes cênicas, rádio, softwares de lazer e música fazem parte do perfil de usuários. 4.3 Escolha do Terreno A escolha do terreno se deu primeiramente pela localização privilegiada às margens do Lago Igapó, uma das imagens mais representativas da cidade e uma importante área de lazer, estar e contemplação (ARCHELA; BARROS, 2009). Além disso, a estrutura existente no lago, como pistas de caminhada, ciclovia, entre outros, permitirá ao usuário do espaço de trabalho manter e/ou adquirir hábitos que promovam a qualidade de vida e bem-estar, e o contato constante com a natureza. Outros aspectos que nortearam a escolha do terreno foram à facilidade de acesso possibilitado pela Av. Higienópolis, uma das principais vias da cidade, sendo
105 possível ao usuário se deslocar até o local por diversos meios de transporte como automóvel, transporte coletivo, bicicleta ou até mesmo a pé; e à topografia existente no terreno que permite a integração entre o ambiente natural e o ambiente construído a fim de valorizar e evidenciar as características do entorno. 4.4 Estudo de Viabilidade 4.4.1 Localização O terreno está localizado no bairro Higienópolis, região central da cidade, sendo delimitado pela Av. Higienópolis, Ruas Tijuca e Joaquim de Matos Barreto (Figura 4.6). A região é caraterizada pela existência do Lago Igapó, local de grande concentração de pessoas, principalmente para a prática de atividade física; pela Av. Higienópolis, importante via de ligação entre o Centro Histórico e a região Sul; e pelos usos mistos que vão desde comércios e serviços à lazer e moradia (Figuras 4.7 e 4.8).
106 Figura 4.6– Localização bairro Higienópolis
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
107 Figura 4.7 – Localização terreno
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor. Figura 4.8 – Entorno imediato terreno
Fonte: Imagem de satélite obtida pela ferramenta Google Maps, 2015, modificado pelo autor.
108 4.4.2 Análise Gráfica do Terreno Dimensionamento/orientação O terreno a ser utilizado é resultado da junção de duas datas, a 1A10 que possui área de 4.111,74 m² e a 56/9B com 1.504,41 m², resultando em um lote de formato em “L” com dimensões conforme apresentado na figura 4.8, totalizando uma área de 5.616,15 m²; sendo delimitado pela Rua Tijuca ao norte, pela Rua Joaquim de Matos Barreto ao sul, pela Av. Higienópolis a leste, e por lotes vizinhos na face oeste (Figura 4.9). Figura 4.9 - Dimensionamento terreno e locação infraestrutura
Fonte: O AUTOR, 2015.
Clima Londrina possui clima Subtropical Úmido Mesotérmico, característico em regiões de menor altitude, com pouca ocorrência de geadas, verões quentes, e maior índice de chuva nos meses de verão (MAACK,1968). Nos últimos 30 anos apresentou temperatura média anual de 21° C, com média anual máxima de 27,3° C e média anual mínima de 16° C (IAPAR apud LONDRINA, 2009). Quanto à precipitação anual, os valores variam entre 1.400 e
109 1.600 mm, sendo os meses mais chuvosos, dezembro, janeiro e fevereiro, com média de 500 a 600 mm; e os meses menos chuvosos, junho, julho e agosto, com média de 225 a 250 mm; apresentando umidade relativa do ar média anual de 70,4%. Os ventos predominantes do município ocorrem nos sentidos leste e nordeste, com velocidade média de 2,6 m/s (LONDRINA, 2009) (Figura 4.10). Figura 4.10 - Estudo Climático
Fonte: O AUTOR, 2015.
Malha Viária e Fluxos de Trânsito Notoriamente a Av. Higienópolis (Figura 4.12) é a via de maior relevância no entorno do terreno e uma das principais avenidas da cidade por ser uma via arterial de ligação entre o centro e a região sul, além de possuir conexão com outras vias de grande importância como, por exemplo, a Av. Juscelino Kubitschek - principal eixo de ligação entre as regiões leste e oeste. A avenida possui pista dupla nos dois sentidos e apresenta grande fluxo de veículos em diversos horários. A Rua Professor Joaquim de Matos Barreto (Figura 4.14), possui fluxo de veículos de média intensidade, sendo importante via de conexão entre a Av. Higienópolis e a Av. Maringá; seu traçado acompanha o desenho do Lago Igapó e apresenta caixa viária com três faixas, sendo uma destinada à ciclovia, uma para veículos e uma para estacionamento. Já a Rua Tijuca (Figura 4.13) possui baixo
110 fluxo de veículos e pista de mão dupla. Ambas caracterizadas como vias locais (Figura 4.11). Figura 4.11 - Uso do solo e malha viária
Fonte: O AUTOR. Figura 4.12 - Vista Av. Higienópolis
Fonte: O AUTOR, 2015.
111 Figura 4.13 - Vista Rua Tijuca
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.14 - Vista Rua Joaquim de Matos Barreto
Fonte: O AUTOR, 2015.
Infraestrutura Quanto à infraestrutura urbana, nota-se que a Av. Higienópolis é a via em melhor estado de conservação, tanto de pavimentação quando dos canteiros, além dos postes de energia elétrica e elementos de sinalização como placas e pinturas asfálticas. Há também na fachada do terreno voltado para esse via um ponto de ônibus em estado regular de conservação. As demais vias se encontram em bom
112 estado de conservação, sendo necessário, apenas em alguns pontos, melhorias quanto à pintura asfáltica e sinalizações (Figura 4.12 e 4.13). Em todas as vias o calçamento apresenta situação precária, com irregularidades na pavimentação e inexistência de faixa de pedestres, sendo o pior quadro encontrado na Rua Tijuca, onde o calçamento possui apenas dois metros de largura e divide espaço com arbustos de pequeno porte, inapropriados para este uso, e postes de energia elétrica de grandes dimensões. Pode-se afirmar que nenhuma das fachadas do terreno possui arborização adequada por se tratar de espécies de pequeno porte e formação arbustiva, sendo inexistente na fachada voltada à Rua Joaquim de Matos Barreto, por este motivo, não foi considerada na análise a localização das mesmas.
Topografia O terreno apresenta caimento de aproximadamente 09 metros, sendo a cota mais alta próxima a Rua Tijuca, com valor de 537 m, e cota mais baixa próxima a Rua Joaquim de Matos Barreto, com valor de 528 m (Figura 4.15). Figura 4.15 - Topografia original do terreno
Fonte: O AUTOR, 2015.
Contudo é possível identificar, através de análise in loco, que houve modificações quanto à topografia original através da criação de dois grandes platôs.
113 O primeiro e de maior dimensão, está localizado na parte central do terreno sendo possivelmente obtido pela modificação da curva de cota 530. O segundo está localizado próximo à fachada voltada para a Av. Higienópolis, ocupando toda a extensão lateral do terreno e com comprimento de aproximadamente 30 metros, aparentemente implantado sobre a cota 533 (Figuras 4.16 a 4.19). Figura 4.16 - Topografia modificada e atual
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.17 - Vista interna do terreno
Fonte: O AUTOR, 2015.
114 Figura 4.18 - Estudo 3D do terreno
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.19 - Estudo 3D perfil do terreno
Fonte: O AUTOR, 2015.
4.4.2.1 Aspectos Relativos ao Entorno O entorno é fortemente caracterizado pela presença do Lago Igapó e sua vitalidade, como exposto nos demais tópicos, bem como por ser uma região de uso misto, sendo os principais o de comércio/serviços e o residencial. O terreno faz divisa com a sede da Rádio Paiquerê, que possui grande destaque regional e é conhecida pela maioria dos londrinenses, e com o edifício Estrela do Lago, composto por comércio no térreo e apartamentos nos demais pavimentos.
115 Hรก ainda nas proximidades o Iate Clube, um dos principais locais privados de lazer e eventos da cidade, o Spa Viva Livre, a Escola de Gastronomia, e a sede da Guarda Municipal de Londrina (Figuras 4.20 a 4.30).
Vistas do Terreno Figura 4.20 - Vista esquina Av. Higienรณpolis e Rua Tijuca
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.21 - Vista fachada Rua Tijuca
Fonte: O AUTOR, 2015.
116 Figura 4.22 - Vista Rua Tijuca sentido Av. Higienรณpolis
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.23 - Vista fachada Av. Higienรณpolis
Fonte: O AUTOR, 2015.
117 Figura 4.24 - Vista Av. Higienรณpolis sentido Centro
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.25 - Vista Iate Clube
Fonte: O AUTOR, 2015.
118 Figura 4.26 - Vista Av. Higienópolis sentido Zona Sul
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 4.27 - Vista Rádio Paiquerê
Fonte: O AUTOR, 2015.
119 Figura 4.28 - Vista fachada Rua Joaquim de Matos Barreto
Fonte: O AUTOR, 2015.
Figura 4.29 - Vista Ed. Estrela do Lago
Fonte: O AUTOR, 2015.
120 Figura 4.30 - Vista Lago Igapó
Fonte: O AUTOR, 2015.
4.4 Legislação Específica do Terreno Segundo a Lei n° 12.236 (LONDRINA, 2015), de 29 de janeiro de 2015, que dispõe sobre o Uso e a Ocupação do Solo no Município de Londrina e dá outras providências (Figura 4.31), as datas 1A10 e 56/9B que compõem o terreno estão enquadradas nos seguintes parâmetros urbanísticos: Figura 4.31 - Mapa síntese zoneamento
Fonte: O AUTOR, 2015.
121 Tabela 4.1 – Tabela síntese zoneamento TABELA SÍNTESE ZONEAMENTO - LEI MUNICIPAL Nº 12.236, DE 29/01/2015 ZONA
ÁREA MIN. FRENTE USOS DO LOTE MIN. DO ESPECÍFICOS (m²) LOTE (m²)
COEFICIENTE DE APROV. BÁSICO
COEFICIENTE DE APROV. MÁX.
15 ZC3 (DATA 1A10)
COMERCIAL/ SERVIÇOS
500
20 (ESQUINA)
2 a 3,5
4,5 (OUTORGA ONEROSA)
COMERCIAL/ SERVIÇOS
360
2
-
17 (ESQUINA)
RECUOS
OBS.
R = (H/10) MÍNIMO 5m R = (H/15)+4,40m 1° PAV 80% FUNDO MÍNIMO 6m R = (H/15)+1,20m DEMAIS PAV. 50% LATERAIS MÍNIMO 2,5m R = (H/10)+4,40m TÉRREO 80% FRENTE MÍNIMO 5m GABARITO R = (H/15)+4,40m FUNDO MÁXIMO MÍNIMO 6m DEMAIS PAV. 50% 11m R = (H/15)+1,20m LATERAIS MÍNIMO 2,5m TÉRREO
12 ZC6 (DATA 56/9B)
TAXA DE OCUPAÇÃO 100%
FRENTE
LEI MUNICIPAL Nº 12.236, DE 29/01/2015
É obri ga tóri a a ma nutençã o de uma á rea permeá vel com vegetaçã o pa ra i nfi l tra çã o da s á gua s pl uvi a i s , na proporçã o de 20% Art. 227 (vi nte por cento) da á rea total do l ote, dentro dos s eus l i mi tes . É permi tida a a nexa çã o de da tas res ul tantes de l otea mento urba no com zonea mentos di ferentes , obs erva do o s egui nte: (...) II. Em ca s o de a nexa çã o de da tas de zonea mento nã o res i denci a l , a zona res ul tante deverá s er a quel a que contenha o menor Art. 228 coefi ci ente de a provei tamento bá s i co, s egundo cri téri o de compa ra çã o entre os coefi ci entes . §1º Pa ra fi ns de i dentifi ca çã o do menor coefi ci ente de a provei tamento, deverã o s er a pura dos todos os coefi ci entes de a provei tamento bá s i co previ s tos na s Zona s a s erem a nexa da s , i ndependentemente do us o a que s e pretenda des tina r o i móvel . Art. 236 Nos l otes de es qui na , s ó s erã o cons i dera dos os recuos de frente e l a tera i s . Na s á rea s ci rcunvi zi nha s a Fundo de Va l e, numa fa i xa perpendi cul a r de 120,00m (cento e vi nte metros ) a pa rtir da á rea de Art. 263 Pres erva çã o Perma nente, s erã o permi tida s s omente edi fi ca ções a té 2 (doi s ) pa vi mentos , i ncl ui ndo o térreo, e com a l tura má xi ma de 8,00m (oi to metros ). Anexo III
O número míni mo de va ga s de es taci ona mento pa ra Edi fíci os de Es cri tóri os deve obedecer a rel a çã o de 1 va ga a ca da 50 m² de á rea cons truída .
Organização: O AUTOR, 2015.
Sendo assim, de acordo com o artigo 228 da lei acima mencionada (LONDRINA, 2015), os parâmetros a serem considerados para a realização do anteprojeto são os referentes à Zona Comercial 3 - ZC3, por esta apresentar os menores índices quanto ao coeficiente de aproveitamento básico, conforme demonstrado na tabela a seguir: Tabela 4.2 - Tabela comparativo de coeficiente de aproveitamento básico
Zona Comercial 3 (ZC3)
Zona Comercial 6 (ZC6)
Uso R.U. R.M.H.V. D.U.P. R.U. D.U.P.
C.A.= Coeficiente de Aproveitamento R.U. = Residencial Unifamiliar R.M.H.V.= Residencial Multifamilar em Vilas D.U.P.= Demais Usos Permitidos
Organização: O AUTOR, 2015.
C.A. Básico 1 1,2 2 1,2 2
122
123 5. MEMORIAL DE PROJETO
A idealização de um Espaço de Trabalho Colaborativo para Londrina nasce a partir do entendimento em relação à necessidade de um espaço que seja concebido para se tornar parte integrante dos processos de fomento à inovação e à criatividade. O estudo exposto na fundamentação temática dá base a compreensão dos novos conceitos que estão sendo atribuídos às atividades relacionadas ao trabalho, e a necessidade de se otimizar tempo, recursos, relações e ganhos, ao passo que se minimizam as perdas, os gastos, o consumo, as desigualdades, entre outros. Acredita-se que o espaço de trabalho usado de forma compartilhada pode representar o futuro das relações de trabalho, onde os aspectos relacionados ao usuário ditam as regras e atuam a favor da produtividade, bem-estar e satisfação pessoal. Estes espaços podem representar um caminho para o começo de uma vida profissional para diversos profissionais recém-formados que se deparam com os altos custos corporativos, como aluguel, água, luz, funcionários, entre outros, que dificultam qualquer início de carreira. Ou ainda, uma solução economicamente e estrategicamente viável para diversas empresas que atuam a níveis regional, nacional e mundial, permitindo que as mesmas se desvinculem do ambiente corporativo, ou seja, da sede da empresa, e passem a atuar de maneira prática e rápida em diversas partes do mundo. Contudo, mais do que um benefício econômico, um espaço colaborativo atua como ferramenta de conexão entre pessoas, serviços e atividades, mais do que um espaço físico, este tipo de trabalho possibilita a criação e o desenvolvimento de uma vida profissional em rede, onde o ambiente físico atua como suporte para as diversas inter-relações pessoais e profissionais que ali surgem e que extrapolam as barreiras físicas, locais e temporais. Mais do que um espaço de trabalho, busca-se sustentar uma nova forma de se realizar as atividades profissionais, de se conectar com as pessoas e, consequentemente, de se manter em constante evolução perante o mundo globalizado e ultraconectado. Esse capítulo englobará as questões referentes ao embasamento da proposta de projeto desenvolvida, ou seja, será apresentado o referencial arquitetônico escolhido, a conceituação temática que norteará o desenvolvimento do
124 projeto quanto suas questões plásticas, funcionais e de relação com o entorno; o partido arquitetônico que sustentará a materialização do conceito proposto, e por fim a justificativa do projeto a partir dos parâmetros contextuais, ambientais, funcionais, estético-compositivos e técnico-construtivos. 5.1 Referencial Arquitetônico: Bjarke Ingels Group (BIG) O referencial arquitetônico constitui parte fundamental para a elaboração da proposta de projeto a ser desenvolvida, uma vez que se torna possível identificar quais os métodos de projeto utilizados por determinado arquiteto e como o projeto se desenvolve perante o programa arquitetônico, as condicionantes do lugar, as questões formais e funcionais, entre outros. Optou-se pelo arquiteto dinamarquês Bjarke Ingels, fundador do escritório BIG (Bjarke Ingels Group), devido sua metodologia de projeto e os conceitos em que sua arquitetura é baseada. A inspiração criativa do arquiteto nasce a partir da fusão da teoria da evolução de Charles Darwin com o pensamento filosófico de Friederich Nietzsche, resultando em seu manifesto denominado “Yes is More - Uma teoria da evolução” (MOLLER, 2013, tradução nossa). Ingels (apud MOLLER, 2013, tradução nossa), parafraseia Darwin ao dizer que a espécie mais adaptável às mudanças sobrevive, utilizando-se desse pensamento para descrever sua arquitetura. A sociedade está para Ingels assim como a natureza está para Darwin, sendo a arquitetura uma força que impulsiona o processo evolutivo da mesma. Os projetos do BIG nascem a partir de um problema, para o qual são elaboradas diversas respostas arquitetônicas, sendo escolhida para se materializar a que apresentar melhor solução perante o problema exposto.
125 Figura 5.1 - Diagramas de apresentação projeto: West 57th Street
Fonte: BIG, 2010. Organização: O AUTOR, 2015.
Outro aspecto bastante interessante é a forma com que o arquiteto desenvolve os diagramas de suas propostas de projeto. A partir de ilustrações geométricas em três dimensões, Ingels apresenta as etapas da concepção formal de sua obra destacando em cada uma quais as condicionantes que foram consideradas para tal (Figura 5.1). Essa forma de apresentação traz maior entendimento do pensamento do arquiteto e de como os demais aspectos envolvidos são refletidos em sua solução formal. 5.2 Conceituação da Proposta Atualmente, a realidade das grandes corporações pode ser compreendida de modo holístico, compreendendo o todo como resultado de diversos aspectos envolvidos em sua criação, ou ainda, através de uma visão ecológica, em que o todo pode ser descrito como o meio ambiente, ou seja, formado por sistema vivo
126 composto por diversos fatores e relações, sejam elas independentes ou interconectadas, e que fazem parte de um ecossistema que se organiza de modo a garantir sua sustentabilidade. Sendo os princípios envolvidos nesse processo: a interdependência, em que se baseiam todas as relações ecológicas, isto é, membros interdependentes e interligados, onde o desenvolvimento de cada um determina o sucesso da comunidade e vice-versa; a natureza cíclica dos processos ecológicos, sistema que envolve as trocas entre os indivíduos promovendo a reciclagem dos nutrientes continuamente; a cooperação e parceria, forma com que as comunidades se desenvolvem e coevoluem; e a flexibilidade e diversidade, maneira com que os organismos se desenvolvem e se adaptam às diversas mudanças que ocorrem no meio (ANDRADE, 2013). Sendo assim, compreende-se o edifício como resultado da junção de todos os aspectos envolvidos em sua concepção, sejam eles funcionais ou formais, bem como, o entendimento de que o mesmo é parte integrante da paisagem em que está inserido, contribuindo para a criação da imagem do lugar. Dessa forma, conceitua-se o projeto com base na compreensão do todo em busca da coexistência harmônica entre ambiente natural e construído; espaços públicos e privados; espaços de lazer e trabalho; rigidez e flexibilidade; aberto e fechado; individual e coletivo; entre outros.
5.3 Partido Arquitetônico O partido arquitetônico surge como uma resposta à topografia do terreno, às restrições impostas pelo zoneamento vigente e à busca de uma relação entre o edifício e seu entorno imediato. Inicialmente fez-se o estudo a partir da relação do edifício com a topografia existente, com a Av. Higienópolis e com o Lago Igapó (Figura 5.2). Dessa forma a edificação se desenvolve de acordo com o formato do lote e como forma de conexão entre o ambiente construído e o ambiente natural. Optou-se por manter a topografia existente e restringir a altura da edificação à cota mais alta do terreno e a dois pavimentos, criando assim, grande permeabilidade visual da Rua Tijuca para o Lago Igapó e ao mesmo tempo uma grande praça de uso público simbolizando a relação Cidade/Lago. Como forma de criar um espaço-vivência para o ambiente de trabalho e consequentemente maior relação do usuário com o
127 exterior, criou-se um terraço na fachada sul do terreno gerando a relação Espaço de Trabalho/Lago. Por fim, optou-se por liberar parte do pavimento térreo para a criação de uma praça, também de uso público, que funciona como meio de ligação entre pedestres e o lago, e acessos principais a edificação, resultando em um ambiente múltiplo e de grande vivência (Figura 5.3). As formas que compõem a paisagem, a natureza, deveriam ser aproveitadas para criar uma continuidade entre o espaço natural e o construído, permitindo que a cidade se inscreva com facilidade no meio natural, produzindo, assim, uma transição gradual do puramente construído, do artificial para o natural através de matizes da paisagem, com a sua carga de transformações, confirmações e contraposições [...] (MASCARÓ, 2005, p.11).
Figura 5.2 - Croqui estudo inicial do terreno
Fonte: O AUTOR, 2015.
128 Figura 5.3 - Croqui esquemático proposta inicial
Fonte: O AUTOR, 2015
A evolução do partido acontece através da busca de uma maior relação da edificação com seu entorno imediato, uma vez que o mesmo faz divisa com dois edifícios de características marcantes e bem distintas entre si. Dessa forma, adotouse como critério para criação da volumetria da edificação a relação do usuário com as vistas do entorno. Para locação do usuário, aqui representado através do ponto de fuga, criou-se linhas guias a partir dos pontos limítrofes do terreno e pontos intermediários originários dos lotes que o circundam (Figura 5.4).
129 Figura 5.4 - Croqui estudo ponto de fuga
Fonte: O AUTOR, 2015.
A volumetria deu-se através de adições e subtrações realizadas em dois blocos principais obtidos a partir do pré-dimensionamento do estacionamento e do programa da edificação. Primeiramente alinhou-se o bloco de estacionamento no recuo frontal (Rua Joaquim de Matos Barreto) e fez-se a sobreposição do segundo bloco acompanhando o recuo de fundos (Rua Tijuca). Obtendo-se o volume primário, as linhas resultantes do ponto de fuga foram sobrepostas e realizaram-se as adições e subtrações que resultaram na concepção formal adotada (Figuras 5.5 a 5.9).
130 Figura 5.5- Croqui esquemático locação ponto de fuga
Fonte: O AUTOR, 2015.
Figura 5.6 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Térreo
Fonte: O AUTOR, 2015.
131 Figura 5.7 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Pav. Superior
Fonte: O AUTOR, 2015.
Figura 5.8 - Croqui estudo adições e subtrações a partir do ponto de fuga: Cobertura
Fonte: O AUTOR, 2015.
132 Figura 5.9 - Croqui esquemático proposta volumétrica resultante
Fonte: O AUTOR, 2015.
5.4 Parâmetros Contextuais-ambientais Características do Terreno Conforme exposto no Capitulo 4, a partir de análise in loco verificou-se que a topografia original do terreno apresentava modificações através da criação de dois grandes platôs localizados em níveis distintos, um na cota 530 e outro na cota 533. A execução do platô na cota 530 resultou, na fachada norte do terreno (Rua Tijuca), em um grande talude de inclinação inferior a 45° e com altura aproximada de sete metros. Já o platô da cota 533 gerou um muro de arrimo de três metros de altura em relação à cota 530, e elevou o nível do piso à altura próxima a adotada pelo muro de divisa dos lotes voltados para a Rua Joaquim de Matos Barreto, não sendo viável para ambas as partes por questões de salubridade. Sendo assim, em uma primeira análise optou-se por manter a topografia em seu estado atual retirando apenas o platô da cota 533 (Figura 5.10).
133 Figura 5.10 – Esquema: primeiro estudo topográfico
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.11 – Esquema: solução topográfica adotada
Fonte: O AUTOR, 2015.
Em um segundo momento, após o pré-dimensionamento e o estudo de acesso tanto de veículos como de pedestres, foi necessário realizar desnível de um metro no terreno, sendo este executado por meio da abertura da cota 529 (Figura 5.11). Essa solução permitiu a execução do estacionamento no nível adotado como térreo evitando a necessidade de subsolo, bem como, obter acessos com
134 inclinações compatíveis com as normas de acessibilidade. As cotas 537 a 530 foram modificadas e rearranjadas de modo a se obter um talude de 45° de inclinação na fachada norte (Rua Tijuca) e de modo a facilitar a criação de uma arquibancada (Figura 5.12) na fachada leste (Av. Higienópolis). Figura 5.12 - Arquibancada
Fonte: O AUTOR, 2015.
Implantação/Acessos A implantação foi realizada para facilitar os acessos, permitir melhor aproveitamento do terreno, reduzir cortes e aterros, e otimizar a iluminação e ventilação natural. Dessa forma, optou-se pela disposição da edificação em concordância com o formato do terreno utilizando com maior intensidade a porção sudoeste do mesmo viabilizando assim o acesso de veículos, a criação de um terraço voltado para o Lago Igapó e maior incidência da iluminação e ventilação natural, também obtida pelo afastamento da fachada norte (Figuras 5.13 e 5.14).
135 Figura 5.13 – Implantação
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.14 - Implantação
Fonte: O AUTOR, 2015.
136 O acesso de veículos dá-se pela Rua Joaquim de Matos Barreto por ser uma via de fluxo moderado e é realizado por meio de rampa (Figura 5.15). Figura 5.15 - Acesso Rua Joaquim de Matos Barreto
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.16 - Acesso Av. Higienópolis
Fonte: O AUTOR, 2015.
137 Os acessos de pedestres acontecem, no pavimento térreo, por meio de rampas que fazem a ligação entre a Av. Higienópolis e a Rua Joaquim de Matos Barreto, criando um grande espaço público de convívio, passagem e acesso à edificação (Figura 5.16). Vale destacar que o formato e a disposição das rampas induzem o usuário à entrada principal da edificação, localizada na porção central do terreno. Já no pavimento cobertura, o acesso à edificação é restrito aos usuários e ocorre por meio de eclusa localizada no átrio central que abriga as circulações verticais (elevador e escadas), sendo o acesso à mesma realizado por meio da praça pública acessada através da Rua Tijuca (Figura 5.17). Figura 5.17 - Acesso Principal
Fonte: O AUTOR, 2015.
Aspectos Ambientais O projeto se desenvolve a partir da compreensão da importância da relação entre espaço construído/ambiente natural, uma vez que o terreno se localiza em uma das vias mais importantes e de maior fluxo de Londrina (Av. Higienópolis) e voltado para um dos principais pontos de lazer/recreação da cidade (Lago Igapó). Sendo assim, buscou-se compreender as forças do lugar, as relações do usuário com as vistas proporcionadas pelo terreno, a relação do edifício a ser proposto com os demais edifícios adjacentes, a inserção do mesmo no meio urbano e natural, bem como as questões de conforto térmico/acústico e iluminação/ventilação natural.
138 Figura 5.18 - Acesso Praça Cobertura
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.19 - Terraço
Fonte: O AUTOR, 2015.
O ponto chave do projeto é a dualidade espaço público e privado, sendo representado pela criação de uma praça pública no nível da Rua Tijuca (Figura 5.18), um espaço de uso múltiplo e de contemplação para o Lago Igapó e a região sul da cidade; pela praça de passagem que funciona como elemento de ligação
139 entre a Av. Higienópolis e a Rua Joaquim de Matos Barreto; e pelo Café localizado no pavimento térreo que atende tanto ao Foyer como a área externa de uso público (Figura 5.20). Outro elemento de grande relação entre o ambiente construído/natural é o terraço (Figura 5.19) localizado na fachada sul do terreno e voltado ao Lago e à praça de passagem, permitindo a relação dos usuários do espaço de trabalho com tudo o que acontece no exterior da edificação. Figura 5.20 - Café
Fonte: O AUTOR, 2015.
Quanto às questões de conformo térmico/acústico e insolação/ventilação natural optou-se por soluções construtivas e materiais que possibilitassem a idealização de um projeto que completa os recursos naturais e as potencialidades do local em que está inserido. Para tal, além dos recuos citados anteriormente, adotouse revestimento de fachada com isolamento acústico (Sandwich Wall, da Hunter Douglas) como embasamento do pavimento térreo, aberturas ao longo de todo o perímetro da edificação possibilitando maior incidência de iluminação natural, bem como ventilação cruzada (Figura 5.21).
140 Figura 5.21 - Acesso Principal, Embasamento e Rampas de Acesso
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.22 – Shed: Auditório e Galeria
Fonte: O AUTOR, 2015.
Outra estratégia para iluminação/ventilação natural é a criação de três grandes pontos de troca de ar por meio de efeito chaminé, bem como entrada de iluminação natural, sendo o primeiro realizado através do vazio formado pelo jardim localizado no espaço de trabalho compartilhado, o segundo através de venezianas
141 ventiladas localizadas no fechamento do átrio central que abriga as circulações verticais (elevador e escadas), e o terceiro por meio de janelas basculantes de acionamento automático, que fazem o fechamento do shed instalado na parte superior do auditório/descompressão. Vale destacar que, o shed foi desenhado para permitir a instalação de painéis solares com inclinação de 35° voltados à norte, possibilitando a utilização de um único elemento para duas finalidades que visam a otimização dos elementos construtivos e a redução dos danos ao meio ambiente (Figura 5.22 e 5.23). Figura 5.23 - Jardim e Espaço de Trabalho Temporário
Fonte: O AUTOR, 2015.
Embora seja necessário um estudo mais detalhado sobre a real eficiência dos sistemas de ventilação/iluminação natural utilizados, e sobre os aspectos climáticos específicos do local de implantação do projeto, não há na proposta projetual a especificação/detalhamento de sistema de ar refrigerado, de modo a dar ênfase em soluções alternativas e mais naturais.
142 5.4 Parâmetros Funcionais Programa de Necessidades O programa de necessidades, bem como seu pré-dimensionamento (Tabela 5.1), foram obtidos através da junção do todo, ou seja, o estudo explanado anteriormente aliado às diretrizes projetuais desenvolvidas por Meel et al. (2012), em seu livro intitulado, “Como planejar os espaços de escritórios: Guia prático para gestores e designers”. Sendo os ambientes que compõem o programa selecionado de acordo com os aspectos envolvidos na pesquisa, desde as questões levantadas na fundamentação temática, passando pela análise de correlatos, até o estudo dos espaços de trabalho colaborativo existentes em Londrina. Tabela 5.1 - Pré-dimensionamento TABELA DE ATIVIDADES PARA DIMENSIONAMENTO DO PROJETO Nº
Espaço
Desempenho arquitetônico
Detalhamento das atividades
Espaço destinado Funcional; Amplo; ao atendimento 1 Recepção/Foyer Convidativo; dos usuários, café e Aconchegante foyer para auditório
2 Café
3 Auditório
4 Lokers 5 Sanitários Sanitários 6 Acessíveis
7 D.M.L/ Serviços
Espaço de 8 Trabalho Compartilhado
Semi-integrado, Funcional, Aconchegante
Espaço junto ao foyer, para venda de lanches rápidos, produtos industrializados, bebidas, etc.
Nº de pessoas
Balcão, poltronas, mesas e cadeiras
35
4
35
140
21
1
161
Bancada de trabalho com área molhada e seca, armário para guardar materiais e utensílios e balcão vitrine seco e refrigerado
4
3,5
4
14
2,1
1
16,1
80
1,5
80
120
18
1
138
-
50
1
50
7,5
1
57,5
6
3
6
18
2,7
4
82,8
1
2,5
2
5
0,75
1
5,75
2
20
1
20
3
1
23
80
6
80
480
72
1
552
Local destinado a Flexível, Interativo, palestras, cursos de Funcional, curta duração, Cadeiras/Arquibancad Dinâmico, eventos a Multimídia específicos, entre outros Espaço para abrigar Estações de trabalho, Flexível atividades com mesas e cadeira caráter social. Funcional Funcional
-
AL (m²) X Nº AL * X Área circ. Área total Área Atividades Qtde. (m²) 15% (M²) (m²) Layout simultâneas
Equip. Móveis
-
Local destinado ao armazenamento de Funcional materiais e Armários atividades de limpeza Atividades de trabalho em Flexível; Dinâmico; ambiente integrado Mesas de trabalho e Interativo; e compartilhado cadeiras Integrado; Amplo com demais usuários
Organização: O AUTOR, 2015.
143 Tabela 5.2 – Continuação tabela 5.1 TABELA DE ATIVIDADES PARA DIMENSIONAMENTO DO PROJETO Nº
Espaço
Desempenho arquitetônico
Espaço de 9 Trabalho Semicompartilhado
Flexível; Dinâmico; Semi-Integrado;
Espaço de 10 Trabalho Individual
Flexível; Dinâmico; Intimista;
Espaço de 11 Trabalho Temporário
Flexível; Dinâmico; Semi-Integrado
Sala de 12 Brainstorm
Flexível, Interativo, Dinâmico; Semiprivativo; Multimídia
Flexível, Interativo, 13 Espaço Informal Dinâmico; Privativo; Multimídia
Flexível, Interativo, 14 Sala de Reunião Dinâmico; Privativo; Multimídia
15
Sala de Workshop
Detalhamento das atividades
Atividades de trabalho em ambiente Mesas de trabalho, compartilhado com cadeiras e arquivos grupo de usuários pré-determinados (escritórios) Atividades de trabalho em ambiente mais Mesa de trabalho e reservado utilizado cadeira por apenas um usuário Atividades de trabalho de curta duração utilizado Mesa e cadeira por apenas um usuário Sala utilizada para a geração de ideias e Lousa, puffs/poltronas reuniões criativas e dinâmicas Sala informal utilizada para Poltronas, puffs, atividades de lousa, entre outros. trabalho, reuniões ou estar Sala utilizada para reuniões mais formais e com Mesas e cadeiras maior necessidade de privacidade
Flexível, Interativo, Sala destinada a Dinâmico; Privativo; cursos, workshops, Multimídia entre outros
Mesas e cadeiras
Espaço destinado a Mesas de jogos, sofas, atividades de lazer puffs, e demais e momentos de equipamentos relaxamento relacionados ao lazer Mesas, cadeiras, Semi-integrado, mobiliários Comer, beber, 17 Copa/Refeitório Funcional, destinados à interagir e estar. Aconchegante preparação dos alimentos Mesas, cadeiras, Local destinado a Centro de Funcional, balcão, e 18 serviços de Plotagem Organizado equipamentos impressões e afins específicos Espaço para abrigar Estações de trabalho, 19 Central de Rede Flexível atividades com mesas e cadeira caráter social. Espaço para Flexível, Interativo, exposições Moveis flexíveis e 20 Galeria Funcional, Dinâmico artísticas temporários. temporárias. Total 16
Sala de Descompressão
Dinâmico, Interativo, Descontraído, Proteção Acústica
Equip. Móveis
Nº de pessoas
AL (m²) X Nº AL * X Área circ. Área total Área Atividades Qtde. (m²) 15% (M²) (m²) Layout simultâneas
6
6
6
36
5,4
5
207
1
8
1
8
1,2
5
46
1
3
1
3
0,45
6
20,7
8
3
8
24
3,6
2
55,2
4
3
6
18
2,7
2
41,4
8
2
8
16
2,4
2
36,8
6
4
6
24
3,6
2
55,2
40
3
40
120
18
1
138
30
2,5
30
75
11,25
1
86,25
4
6
4
24
3,6
1
27,6
1
20
1
20
3
1
23
20
2
20
40
6
1
46
Organização: O AUTOR, 2015.
1819,3
144 Organograma/Fluxograma O desenvolvimento do organograma e fluxograma (Figura 5.24 e 5.25) permitem a compreensão das relações entre os diversos setores e atividades que se desenvolverão no espaço proposto, bem como, quais os fluxos ideais a serem organizados para o melhor funcionamento das mesmas. Figura 5.24 – Organograma
Organização: O AUTOR, 2015.
145 Figura 5.25 – Fluxograma
Organização: O AUTOR, 2015.
Setorização A setorização da edificação foi realizada com base no conteúdo teórico apresentado anteriormente, visando à qualidade espacial pautada no usuário com a otimização da iluminação e ventilação natural, dos visuais, o aumento das relações interior/exterior, público/privado e a variabilidade espacial. No pavimento térreo (Figura 5.26 e 5.27), a distribuição do programa acontece a partir da criação do átrio central onde estão dispostos a recepção, foyer e circulação vertical. Os demais ambientes são distribuídos a partir do foyer e no sentido leste do terreno, sendo eles: sanitários/vestiários, locker, descompressão e auditório. Já o estacionamento acompanha o formato do terreno ocupando cerca de 75% do pavimento térreo, onde estão dispostos estacionamento de automóveis e motocicletas, bicicletário, serviços e acessos a caixa d’água inferior e cisterna.
146 Figura 5.26 – Setorização pavimento térreo
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.27 - Átrio, Recepção e Circulação vertical
Fonte: O AUTOR, 2015.
147 Do mesmo modo, a setorização do pavimento superior dá-se através do átrio central (Figura 5.28 e 5.29). Como forma de otimizar os fluxos internos, e as relações interior/exterior em todos os ambientes do projeto, optou-se pela distribuição dos espaços de uso semi-compartilhado (escritórios, administração, salas de reuniões, espaços informais, workshops, brainstorm e plotagem) na porção norte do terreno e voltados para uma grande sacada linear que percorre toda a extensão do edifício criando um espaço de uso mais restrito (Figura 5.29), possibilitando contato com o exterior e permitindo a incidência de iluminação e ventilação natural. O espaço de trabalho compartilhado funciona como o centro criativo da edificação e está localizado próximo a face oeste e voltado para o terraço que funciona como elemento de ligação entre o ambiente de trabalho e o ambiente natural (Lago Igapó) (Figura 5.19). Os espaços de trabalho individual e temporário foram locados na porção oeste, semi-integrados ao grande espaço de trabalho compartilhado. Ao centro da edificação foram locados os sanitários e a copa, permitindo facilidade de acesso a partir de todos os demais ambientes. Os demais ambientes como auditório, galeria, central de rede e descompressão, foram dispostos na porção leste da edificação e entre circulações periféricas possibilitando a melhor distribuição dos fluxos.
148 Figura 5.28 - Setorização pavimento superior
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.29 - Sacada Linear Espaços Semi-Compartilhados
Fonte: O AUTOR, 2015.
149 Circulação/Fluxos Assim como a setorização, a circulação e os fluxos se distribuem a partir do átrio central. No pavimento térreo, os espaços corredores/fluxos são definidos por barreiras físicas fixas, como divisórias e paredes, com exceção do foyer onde os fluxos podem acontecer de diversas maneiras (Figura 5.30). Contudo, a disposição do mobiliário, escada e elevador, auxiliam na orientação espacial e na criação de um fluxo principal. As circulações externas ocorrem por meio de rampas bem marcadas e definidas, e por meio de um corredor coberto que faz a ligação da porção norte do estacionamento à recepção. Figura 5.30 – Circulação/fluxos pavimento térreo
Fonte: O AUTOR, 2015.
150 No pavimento superior os espaços corredores são dinâmicos e variados e ocorrem de maneira orgânica entre todos os espaços propostos (Figura 5.31). No entanto, há de maneira intencional a partir da disposição dos ambientes, a criação de uma circulação principal que percorre toda a edificação no sentido longitudinal, permitindo a distribuição dos diversos fluxos de forma prática e definida. Já no pavimento cobertura, a circulação interna é clara e definida (Figura 5.32 e 5.33). Figura 5.31 – Circulação/fluxos: pavimento superior
Fonte: O AUTOR, 2015.
151 Figura 5.32 – Setorização e Circulação/fluxos: pavimento cobertura
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.33 - Acesso Cobertura
Fonte: O AUTOR, 2015.
152 Ambientação/Mobiliário Internamente os espaços se desenvolvem de forma orgânica com linhas curvas e anguladas gerando espaços dinâmicos, bem marcados, com variabilidade sensorial e visual, e de forma a permitir a apropriação do espaço pelo usuário, tornando-o flexível e em constante transformação. Todos os ambientes foram dispostos de acordo com suas especificidades visando maior facilidade de fluxos e interação. Figura 5.34 – Layout pavimento superior
Fonte: O AUTOR, 2015.
Quanto ao mobiliário, os exemplos utilizados na proposta de layout foram escolhidos por apresentarem questões relacionadas à ergonomia, flexibilidade, conforto, valor agregado e praticidade. O intuito principal da solução de layout adotada (Figura 5.34) é demonstrar que o espaço proposto possibilita uma série de soluções quanto à arquitetura de interiores, sendo possível (e viável) o rearranjo do layout de todos os espaços, com exceção aos que abrigam infraestrutura como sanitários e auditório, por exemplo. Os espaços informais nascem quase que involuntariamente e vão preenchendo as lacunas do projeto (Figura 5.35). Esses ambientes de certo modo atuam como pontos de apoio aos espaços de trabalho e se tornam locais de estar,
153 trabalho, reuniões informais, e até mesmo descanso. Do mesmo modo os espaços de descompressão se desenvolvem dentro da proposta de projeto, há de maneira mais definida a criação de duas áreas destinadas a esse fim, uma voltada à jogos e diversão, com parede de escalada, mesa de jogos, entre outros, e outra voltada ao descanso, um local mais tranquilo e aconchegante para as pausas do trabalho. No entanto, existem outras áreas que também funcionam como descompressão, como o terraço, a galeria e cobertura, por exemplo (Figura 5.36). Figura 5.35 - Espaço de Trabalho Compartilhado
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.36 - Área de Descompressão
Fonte: O AUTOR, 2015.
154 Outros pontos de destaque são: o auditório, que ocupa boa parte do pavimento térreo e possui pé-direito duplo conectando-se com o pavimento superior através de uma escadaria/arquibancada, um local aberto, integrado e de uso múltiplo (Figura 5.37); os dois módulos de container utilizados para abrigar o setor de plotagem e que auxiliam na demarcação e criação da ambiência do lounge de acesso do pavimento superior; e por último a estante modular desenvolvida como elemento de divisão entre o espaço de trabalho compartilhado e o espaço individual, sua modulação/desenho permite que o usuário se aproprie do espaço dispondo os elementos que o compõem (mesa, nichos, armários e biombo) de acordo com sua necessidade e desejo, atribuindo identidade ao seu local de trabalho (Figura 5.38). Figura 5.37 - Auditório
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.38 - Estante modular Espaço de Trabalho Individual
Fonte: O AUTOR, 2015.
155 A proposta possui espaços culturais, como a galeria localizada no pavimento superior que abriga exposições temporárias, e o mural cultural instalado na praça de acesso do pavimento térreo, juntamente com o jardim vertical. Este espaço é destinado à arte urbana, também de forma temporária. A valorização do usuário ocorre de diversas formas na concepção do projeto, sendo representada desde as linhas que resultaram na solução formal, nos desenhos de piso e floreiras, até nas diversas ambiências criadas e que foram idealizadas a partir do ponto de vista do usuário. 5.5 Parâmetros Estético-compositivos Cores, Materiais e caracterização entrada/ambientes Conforme exposto anteriormente, a volumetria da edificação nasce a partir de adições e subtrações realizadas em dois blocos principais, térreo e primeiro pavimento, de modo a valorizar as vistas do usuário, a relação ambiente natural versus construído e sua relação com o entorno imediato (Figura 5.39). Figura 5.39 - Vista Praça Cobertura a partir da Rua Tijuca sentido Lago Igapó
Fonte: O AUTOR, 2015
O ponto chave da criação da identidade estética do edifício é a escolha pela eliminação de certos acabamentos e ou revestimentos de modo a destacar e valorizar seus elementos/processos construtivos tornando-os a base estética de todo o projeto. Desse modo, os elementos estruturais metálicos como vigas, pilares e laje,
156 bem como instalações elétricas e hidráulicas são mantidos aparentes, e os demais materiais utilizados buscam agregar valor utilizando a mesma linguagem, mais rústica e industrial (Figura 5.40). Figura 5.40 - Espaço de Trabalho Compartilhado
Fonte: O AUTOR, 2015.
Sendo assim, utilizou-se como embasamento da edificação nas fachadas voltadas para as áreas de uso público do pavimento térreo, fechamento em Sandwich Wall, devido às suas características funcionais, isolamento térmico e modulação, e estéticas, aspecto industrial semelhante a telhas metálicas e opacidade, permitindo a criação de pontos estratégicos de visibilidade realizados através da utilização de janelas pivotantes do piso ao teto, na mesma largura dos painéis de fechamento, ou seja, cinquenta centímetros, e dispostas de duas em duas, criando ritmo à fachada em concordância com os fechamentos do pavimento superior. Já nas fachadas voltadas para os taludes, e que fazem o fechamento do estacionamento, optou-se por fechamento vazado, através da utilização de pilares de concretos espaçados entre si, criando grande relação interior/exterior, em um ambiente que geralmente é fechado e sem esse tipo de interação. O pavimento superior se torna um contraponto ao embasamento da edificação, uma vez que seu fechamento é realizado através da utilização de janelas envidraçadas de correr do piso ao teto, e brises de madeira também de correr, que agregam além de valor estético e dinamismo às fachadas, valor funcional, pois
157 atuam como elementos de proteção solar e de bloqueio visual em alguns pontos específicos. Figura 5.41 - Rampa de acesso Av. Higienópolis
Fonte: O AUTOR, 2015. Figura 5.42 - Coroamento paisagístico
Fonte: O AUTOR, 2015
Outro ponto que agrega grande valor estético ao edifício e contribui para criação de maior relação com o ambiente natural, é a utilização de diversos pontos ajardinados, desde o térreo até a cobertura. No pavimento térreo a presença do verde fica a cargo dos grandes taludes que ocupam toda a face norte e oeste do
158 terreno, e por floreiras pontuais nas áreas de circulação. Já no terraço, sacada e cobertura, os jardins são perimétricos, o que somados a utilização de guarda corpo com cabos de aço permitem o desenvolvimento de espécies trepadeiras, criando um coroamento paisagístico à edificação. 5.6 Parâmetros Técnico-Construtivos: Sistema Construtivo e Materiais Optou-se pela utilização de sistema construtivo misto, sendo a estrutura principal (vigas e pilares) executada em aço, somada a laje alveolar protendida prémoldada para os vãos ortogonais, e laje protendida in loco para os vãos com angulações (Figura 5.43). A escolha deste sistema deu-se pela racionalização da obra permitindo sua execução de maneira menos agressiva ao meio ambiente e em menor tempo, pela possibilidade de se obter elementos de menores dimensões se comparada ao uso do concreto e ainda agregar valor estético ao projeto quando utilizada de forma correta e aparente. Figura 5.43 – 3D Esquemático sistema estrutural
Fonte: O AUTOR, 2015.
Como forma de possibilitar a flexibilização dos espaços de trabalho e demais áreas adotou-se piso elevado de vinte centímetros em todo pavimento superior, esta solução permite a passagem de grande parte da infraestrutura necessária como cabos de telefonia e internet, instalações elétricas, entre outros, além de possibilitar
159 fácil manutenção e alterações de layout quando necessárias. No pavimento térreo não houve a necessidade da utilização desse sistema uma vez que seus ambientes não exigem tal flexibilidade. Os fechamentos opacos ocorrem por meio do sistema steel frame, variandose os revestimentos de acordo com a necessidade do projeto. As paredes do pavimento térreo são revestidas com Sandwich Wall conforme mencionado anteriormente, as paredes das instalações sanitárias são revestidas com placa cimentícia e recebem acabamento de pintura, e as divisórias dos demais ambientes são revestidas com madeira podendo receber materiais específicos para aumentar o isolamento/eficiência acústico como no caso do auditório. Esse sistema além de possuir princípios de sustentabilidade, reduz os esforços estruturais e permite fácil modificações/flexibilização. As aberturas envidraçadas são realizadas por meio de porta-janelas de correr em todo o perímetro do pavimento superior somadas a elementos vazados executados em painéis de correr de madeira, permitindo a entrada da iluminação/ventilação natural e a permeabilidade/bloqueio visual em locais estratégicos (Figura 5.44). Figura 5.44 - Sala de Workshop
Fonte: O AUTOR, 2015.
160 A utilização de forro ocorre de maneira pontual, através da utilização de painéis acústicos, dispostos de acordo com o layout proposto nas áreas de trabalho e afins, e de maneira convencional, com a utilização de forro de gesso fixo, nos sanitários. A escolha por painéis acústicos se dá pela compatibilidade com o projeto, permitindo sua instalação de acordo com as necessidades de cada ambiente específico, ou até mesmo, a não utilização, e ainda por possibilitar a instalação de iluminação no próprio painel, otimizando sua aplicabilidade. Figura 5.45 - Espaço de Trabalho Compartilhado e Jardim interno
Fonte: O AUTOR, 2015.
A captação/drenagem das águas pluviais ocorre de duas maneiras. No pavimento térreo é realizada a drenagem por meio de pisos permeáveis em toda área pavimentada. Já no pavimento cobertura utilizou-se dois sistemas integrados de piso elevado, que permitem a absorção e armazenamento das águas pluviais. O primeiro sistema é denominado ecotelhado, que consiste na utilização ecodrenos modulares, sobre os quais são colocados substratos de argila expandida permitindo a criação de áreas gramadas e de plantio. O segundo é denominado piso elevado drenante, o qual consiste na instalação de pedestais de material plástico reciclado, de altura regulável (variação de altura entre sete centímetros a dois metros), sobre os quais são encaixados painéis plásticos com revestimento. Esses sistemas
161 possibilitam a criação de uma lâmina de água/ar (até 160L/m²) entre o piso acabado conferindo à edificação ganhos consideráveis quanto ao conforto térmico e acústico. Embora a solução adotada dispense o uso de cisterna convencional, há no projeto uma área prevista para instalação da mesma, caso um estudo mais detalhado determine a necessidade de sua instalação. Tabela 5.3 – Cálculo volume cisterna CÁLCULO VOLUME CISTERNA NECESSÁRIO Área Ambiente Aprox. (m²) 1800
Fórmula
Quantidade (L)
Cobertura V=0,042xPxAxT 126336,00 Onde: P= valor numérico da precipitação média anual, expresso em milímetros (mm). Valor adotado= 1600 mm A= valor numérico da área de coleta em projeção, expresso em metros quadrados; T= valor numérico do número de meses de pouca chuva ou seca. Valor adotado= 0 V= valor numérico do volume de água aproveitável e o volume de água do reservatório, expresso em litros (L). *Método de cálculo AZEVEDO NETO, segundo NBR 15527:2007 (ABNT, 2007) CÁLCULO VOLUME CISTERNA PROJETADO Cobertura 1800 V=160L*A 288000,00 Onde: 160L= Capacidade de armazenamento do sistema integrado (ecotelhado e piso elevado drenante)
Organização: O AUTOR, 2015. Tabela 5.4 - Cálculo volume caixa d’água
CÁLCULO VOLUME CAIXA D'ÁGUA Ambiente Espaço Compartilhado Espaço Semi-comp. (Esc.) Espaços Individuais Espaço Temporário Plotagem Workshop Central de Rede Auditório Café N° Total de Pessoas
Área Aprox. Fórmula (m²) 520 6 pessoas/m² 200 6 pessoas/m² -------------------------
Volume necessário (reserva para dois dias)
50L/pessoa
N° Pessoas 87 33 5 6 5 30 1 80 30 277 27700
*Cálculo realizado de acordo com NBR 5626:1998 (ABNT 1998) Organização: O AUTOR, 2015.
Utilizou-se sistema de abastecimento de água integrado, após o estudo da capacidade e viabilidade do mesmo perante o projeto. O sistema é composto pela
162 junção de caixas d’água inferiores e superiores. As inferiores estão localizadas no subsolo do estacionamento e armazenam vinte mil litros, o que representa 60% da capacidade total, que soma trinta e dois mil litros. As superiores foram instaladas no pavimento cobertura de modo aparente em concordância com a estética adotada em todo o projeto.
163
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento do presente trabalho possibilitou maior aprofundamento sobre a temática proposta, sendo possível destacar as mudanças significativas dos espaços de trabalho desde a revolução industrial até a atualidade, ou seja, os espaços de trabalho se tornam múltiplos e dinâmicos, com foco no usuário, na flexibilidade e impulsionados cada vez mais pelo avanço tecnológico e suas inúmeras possibilidades. A proposta de projeto desenvolvida apresenta-se como a materialização de todo apanhado teórico, uma vez que desde sua concepção inicial, buscou-se a valorização do usuário e as relações do mesmo com o ambiente de trabalho, utilizando-se da arquitetura como suporte às atividades relacionadas ao trabalho, lazer, interação, compartilhamento e ainda transformando o ambiente físico desses espaços em uma ferramenta extra no processo e fomento à criatividade e à inovação. O projeto buscou otimizar recursos e processos de modo a tornar sua construção e manutenção menos agressiva ao meio ambiente e mais condizente com o local de sua inserção. Para tal, utilizou-se de recursos como: integração entre público/privado, realizada por meio das praças de acesso e cobertura; captação e reaproveitamento da água da chuva, grandes áreas de drenagem de água como os taludes e arquibancada; a não utilização de sistema de refrigeração de ar, através de soluções que aperfeiçoam a ventilação/iluminação natural como ventilação cruzada, efeito chaminé, shed, entre outros; revestimentos com isolamento térmico e elementos de proteção solar como os brises em madeira. Esta pesquisa apresenta-se como um passo inicial para a criação de questionamentos e novos olhares sobre o espaço de trabalho e sua importância na qualidade de vida de seus usuários e das relações que o mesmo sustenta. O suporte a novas pesquisas que possam contribuir para a criação de ambientes cada vez mais dinâmicos e interativos, que realmente façam parte do processo criativo e inovador, faz-se necessário. A motivação para análise e adoção de novas práticas projetuais identificará possibilidades de intervenção para promover melhorias no processo de projeto e consequentemente nas edificações.
164
165
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171 APÊNDICE A: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 01
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173 APÊNDICE B: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 02
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175 APÊNDICE C: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 03
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177 APÊNDICE D: Anteprojeto Colabora: espaço colaborativo – PRANCHA 04
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179 APÊNDICE E: Pranchas de projeto anteprojeto – PRANCHA 05
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181 APÃ&#x160;NDICE F: Identidade Visual
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