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Natureza

Ilustração de Eduardo Marques A partir do romance Memorial do convento



Biografia de José Saramago José Saramago nasceu na aldeia ribatejana de Azinhaga, concelho de Golegã, no dia 16 de Novembro de 1922, embora o registo oficial mencione o dia 18. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não perfizera três anos de idade. Toda a sua vida tem decorrido na capital, embora até ao princípio da idade madura tivessem sido numerosas e às vezes prolongadas as suas estadas na aldeia natal. Fez estudos secundários que não pôde continuar por dificuldades económicas. Em 1972 e 1973 fez parte da redacção do Jornal "Diário de Lisoa" onde foi comentador político

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ÀGUA El-rei vem ao seu quarto, que é ver-se atravessando o Terreiro do Paço para o lado dos açougues, levantando a saia à frente e patinhando numa lama aguada e pegajosa que cheira ao que cheiram os homens quando descarregam

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FOGO Vida, maneiras simbólicas de se entenderem todos Quanto àquilo que os espera, se não reparassem no Que trazem vestido, e isso sim, é tradução visual da Sentença, o sambenito amarela Pereceram a morte, O outro com as chamas viradas para baixo, dito fogo revolto, se confessando as culpas com a cruz.

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AMOR Coberto por uma riquíssima tela encarnada, que também cobre o coche de Estado, e atrás do caixão segue o duque de Cadaval velho, por ser mordomo-mor da rainha, cuja, se tem entranhas de mãe, estará chorando o Seu filho,

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LUZ Eu venho fugindo aos tombos dos que por matar-me morrem, que aqui, quando touros correm, também querem correr pombos, porém nem todos, que alguns abrem voos circulares, escapam ao vórtice das mãos e dos gritos, e sobem, sobem, acertam o bater das asas, colhem nas alturas a luz do sol, e quando se afastam, por cima dos telhados, são como pássaros de ouro

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NOITE D. João V sonhará esta noite. Verá erguer-se do seu sexo uma árvore de Jessé, frondosa e toda povoada dos ascendentes de Cristo, até ao mesmo Cristo, herdeiro de todas as coroas, e depois dissipar-se a árvore e em seu lugar levantar-se, poderosamente

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TERRA O enterraram. Privados da esperança de cura enquanto Não constasse o passamento doutro bemaventurado, no Mesmo lugar se esbofetearam de desespero e fé lograda mudos e manetas, se a estes lhes sobrava mão, em gritos todos e invocações a quantos santos, até que os padres saíram fora a benzer.

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VENTO Qual, por sua vez, atrairá os ímanes que estarão por baixo, os quais, por sua vez, atrairão as lamelas de ferro de que se compõe o cavername da barca, e então subiremos ao ar, com o vento, ou com o sopro dos foles, se o vento faltar, mas torno a dizer, faltando o éter, falta-nos tudo

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ÌNDICE

Página 1...............................................Biografia Página 2 e 3...............................................Água Página 4 e 5...............................................Fogo Página 6 e 7..............................................Amor Página 8 e 9.................................................Luz Página 10 e 11...........................................Noite Página 12 e 13...........................................Terra Página 14 e 15..........................................Vento Página 16..................................................Índice

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Era uma vez uma rei que fez promessa de levantar um convento em Mafra. Era uma vez a gente que contruiu esse convento. Era uma vez um soldado maneta e uma mulher que tinha poderes. Era uma vez um padre que queria voar e morreu doido.Era um vez.

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