PROGRAMA EDUCATIVO EM ARTES VISUAIS DA FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO
IV BIENAL BRASILEIRA DE DESIGN BELO HORIZONTE 2012
É com muita satisfação que a Fundação Clóvis Salgado o convida a conhecer seus espaços expositivos. São quatro galerias de arte no Palácio das Artes (Alberto da Veiga Guignard, Genesco Murta, Arlinda Corrêa Lima e espaço Mari’Stella Tristão) e um Centro de Arte Contemporânea e Fotografia que recebem, no decorrer de todo o ano, mostras artísticas de diversas temáticas. Essas exposições têm entrada gratuita e acontecem de terça a sábado, das 9h30 às 21h, e aos domingos, das 16h às 21h. As visitas às exposições podem proporcionar aos alunos uma incrível oportunidade de aprendizado e aproximação do meio artístico, potencializando o trabalho em sala de aula, estimulando a observação, o pensamento crítico e o questionamento. A Fundação Clóvis Salgado conta com uma equipe de arte-educação com atuação permanente nos espaços das galerias de arte e que atende à demanda do público espontâneo e agendado. Sinta-se à vontade para solicitar a visita com acompanhamento de educadores sempre que desejar. No decorrer deste ano de 2012 também serão oferecidas oficinas para professores, além de um espaço especialmente destinado à pesquisa e experimentação artística de temáticas diversas relacionadas às exposições. Para mais informações sobre as exposições e atividades, acesse o site www.fcs.mg.gov. br, ou entre em contato pelos telefones (31)3236 7363 e (31)3236 7389. Este material foi desenvolvido pela equipe de arte-educação da Fundação Clóvis Salgado como uma ação complementar e integrante às visitas agendadas às galerias. Neste material você encontrará atividades e textos para introdução ao conteúdo da IV Bienal Brasileira de Design que poderão ser utilizados com os alunos antes, durante e depois da visita. Esperamos que as informações encontradas aqui possam ser um ponto de partida para o aprofundamento dos temas expostos. Esperamos que você use este material, participe das atividades propostas e faça uma ótima visita!
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Caro Professor,
O que significa o design? O primeiro pensamento que nos vem, quando vemos um “objeto de design” é a beleza. Móveis, luminárias, utensílios de cozinha, tudo tem mais encanto quando é bem desenhado. Mas essa palavrinha hoje significa muito mais. O design é importante como solução para nossos problemas pela funcionalidade dos objetos e pelos serviços que oferece e é capaz de desempenhar. E, mais ainda, é por meio do design, dos materiais escolhidos para a produção dos objetos e a possibilidade de descarte e reciclo dos mesmos, pela economia do material empregado, que os produtos pensados com os métodos do design são capazes de ajudar a cuidar do meio ambiente. Esses cuidados correspondem ao que chamamos hoje de um produto responsável e bem projetado. Qual é a outra grande utilidade do design? Sem dúvida, ele serve como instrumento para a exportação e para a competitividade no mercado brasileiro e internacional. O que é essencial para a economia e o desenvolvimento do País. Com a clara noção de que não é possível ser global sem ser, antes, local, é que foi pensada a grande mostra da edição 2012 da Bienal, DA MÃO À MÁQUINA, exposição que traça um percurso de nossa cultura material, do artesanato ao produto industrial, finalizando com alguns cases e demonstrações do que se faz hoje no Brasil em termos de produção avançada com tecnologia 3D.
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IV BIENAL BRASILEIRA DE DESIGN
Minas Gerais, estado conhecido pela qualidade e graça de seu artesanato, é o estado escolhido para acolher a IV Bienal Brasileira de Design em 2012. Entre 19 de setembro e 31 de outubro, o público poderá visitar em Belo Horizonte algumas das mais recentes criações de designers de todo o País. A Bienal reunirá mostras, seminários e encontros envolvendo designers, empresários, professores e teóricos, brasileiros e internacionais.
Pouco a pouco, durante os séculos XVIII e XIX, a produção industrial foi se descaracterizando de elementos decorativos, o que levou ao primeiro movimento contra a industrialização e pela beleza estética. Surgiu assim na Inglaterra, berço da Revolução Industrial, o Movimento de Artes e Ofícios que buscava uma linguagem visual para as novas artes decorativas. No final do século XIX, outros artistas, menos antagonistas da industrialização, buscaram fazer com que o design de objetos fizesse parte integrante do processo industrial. E, no princípio do século XX, surgiram nas fábricas os primeiros artistas contratados como designers de produtos de consumo. As considerações estéticas com os objetos do cotidiano passariam cada vez mais a ser um elemento essencial das linhas de montagem no mundo industrializado. A industrialização veio mudar radicalmente os hábitos dos consumidores, dando forma ao período do modernismo, caracterizado pela vida urbana, agora mais veloz com a invenção das máquinas e dos veículos motorizados. Com o desenvolvimento da indústria, as populações rurais começaram a migrar em massa para as cidades em busca de trabalho e melhores condições de vida, e, nesse processo, tornaram-se consumidores de produtos fabricados por máquinas, que ao longo do século XX adquiriram uma linguagem estética reflexiva do período moderno e suas inovações. Ao mesmo tempo, a necessidade de um maior funcionalismo nos objetos e espaços frequentados no cotidiano se refletiu na própria arquitetura, mais austera, menos decorativa, pensada mais pelo lado prático que pelo lado estético. Escolas como a Bauhaus, na Alemanha, foram orientadas por esses princípios, tendo uma enorme influência no design em todo o mundo.
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DESIGN O PROCESSO HISTÓRICO
Se hoje a funcionalidade prevalece sobre a questão da beleza estética do objeto, também é verdade que o debate entre o que é mais importante, função ou forma, marcou a história do design. Até a industrialização, objetos utilitários ou de decoração eram produzidos por talentosos artesãos. Estes se distinguiam de artistas, como pintores e escultores, que trabalhavam com um objetivo puramente estético, produzindo obras de arte encomendadas por mecenas de alta posição social e financeira. Com o desenvolvimento industrial, os artesãos foram perdendo trabalho, pois os objetos poderiam agora ser fabricados por processos mecânicos, em maior número e menor preço, e por esse motivo gerar um rendimento maior para quem investia na produção em série.
A partir da década de 1950, o design brasileiro foi se afirmando no palco internacional. Nomes como Alexandre Wollner, que estudou na sucessora da Bauhaus, a Escola de Ulm, na Alemanha, tornaram-se mundialmente conhecidos. O primeiro escritório de design foi o “formInform”, que o próprio Wollner abriu em São Paulo. Ao longo da segunda metade do século XX, os designers brasileiros foram se destacando cada vez mais, e a classe profissional foi adquirindo mais direitos e prestígio. Vários objetos de design ganharam prêmios mundiais e até planejamentos urbanos e de transporte concebidos por designers nacionais influenciaram os estrangeiros. É o caso do ônibus Ligeirinho, de Curitiba, que inspirou o sistema Metrobús da Cidade do México.
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A JUTA E O PROJETO EXPOGRÁFICO
No Brasil, a industrialização foi tardia, mas já no início do século XX se sentia a influência do design no trabalho de Eliseo Visconti, artista italiano que chegou ao Brasil ainda criança. Regressou à Europa anos mais tarde para estudar arte, e foi aluno de Eugene Grasset, um dos grandes nomes da Art Nouveau, um estilo que traria quando regressou no início da década de 1920. Nessa altura, surgia também a Art Déco, que entrou com força no Brasil, constituindo a opção estética arquitetônica de cidades como Goiânia, fundada em 1933, que hoje possui um dos maiores acervos do País. Outras cidades que adotaram o estilo nesse período foram Belo Horizonte, Campo Grande e Porto Alegre, e até o famoso Cristo Redentor do Rio de Janeiro foi concebido tendo em conta os elementos da Art Déco.
A Juta foi rapidamente adotada por indústrias brasileiras variadas. A fibra vegetal possibilita um maior controle da umidade de certos produtos, o que levou os principais produtores de café de Minas Gerais a adquirir sacaria em Juta para garantir a melhor preservação dos grãos. A cultura da Juta e a cultura do café se tornaram assim indissociáveis, sendo significativo que, num dos maiores estados produtores de café no Brasil, a Juta venha desenhar nas galerias da Fundação Clóvis Salgado uma cenografia paisagística de Minas Gerais para a Bienal Brasileira de Design. Mais que um material ecologicamente correto, a Juta simboliza também a diversidade cultural que marca o Brasil de hoje e que é o tema central da Bienal. Do Oriente à América do Sul, a Juta se torna brasileira no seu percurso de fibra vegetal a objeto, e chega a Belo Horizonte para servir de suporte à Bienal de Design 2012.
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A Juta é uma erva lenhosa que pode atingir quatro metros de altura, e que cresce em climas úmidos e tropicais. Originária da Índia, era importada para o Brasil até ser introduzida no País no início da década de 1930 pelo Japonês Ryota Oyama, numa missão científica de Tóquio chefiada pelo professor Tsukasa Oyetsuka, em parceria com o Instituto Amazônia, de Parintins.
Uma das mais populares peças de mobiliário urbano de todos os tempos, o protetor de telefone público, conhecido como Orelhão, foi projetado no início dos anos 1970 pela arquiteta e designer sino-brasileira Chu Ming Silveira, que não cobrou nada por ele à Companhia Telefônica Brasileira (CTB). Hoje, a patente do equipamento é de domínio público. Foi inicialmente instalado nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo e atualmente pode ser encontrado por todo o Brasil, além de estar presente em vários países da América Latina, como o Peru, a Colômbia e o Paraguai, em países africanos, como Moçambique e Angola, na China e em outras partes do mundo. A inspiração para esse bem-sucedido projeto foi o formato do ovo, que, segundo Chu Ming Silveira, teria “a melhor forma acústica”. A palavra “orelhão” tornou-se sinônimo de telefone público no Brasil, apesar de telefones públicos instalados em áreas cobertas serem afixados na parede e desprovidos da concha acústica. O Orelhão é um dos grandes ícones do design brasileiro.
Orelhões na década de 1970.
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CURIOSIDADES DO DESIGN BRASILEIRO
1. ORELHÃO
3. HAVAIANAS
A rede de descanso ou rede de dormir é um objeto de uso doméstico de origem indígena, que inicialmente era feito com cipó e lianas e cujo nome original era “ini”.
São inspiradas nas Zori, sandálias japonesas feitas de palha de arroz ou madeira lascada que eram usadas pelos agricultores japoneses. A textura do solado é uma referência aos grãos daquele cereal.
Os primeiros registros sobre a utilização de redes vêm do período colonial, quando eram usadas para dormir, enterrar os mortos, e como meio de transporte no qual os escravos carregavam seus senhores em passeios e até mesmo em viagens. Pero Vaz de Caminha é considerado o “padrinho da rede”, por tê-la batizado assim devido à sua semelhança com a rede de pesca. Não são conhecidos relatos antigos do uso da rede fora da América e teriam sido os portugueses a levá-la para a Índia e a África. Hoje em dia, as redes são fabricadas de diversas formas e materiais, do algodão ao nylon, principalmente no Nordeste, chegando às casas dos consumidores em paus-de-arara, pelas mãos de seus artesãos que as vendem por todo o Brasil.
Rede de origem indígena.
Feitas de borracha, foram lançadas no final da década de 1950, e por mais de trinta anos foram conhecidas como “chinelo de pobre”. O grande público consumidor das Havaianas era a classe financeiramente desfavorecida, que as comprava em mercados populares. Foi somente na década de 1990, a partir de uma campanha publicitária agressiva e cheia de celebridades, que as havaianas começaram a virar objeto de culto fashion. Novos modelos dotados de solados mais altos davam a ideia de pertencimento a uma “classe mais alta”, assim como os preços que também se elevaram.
Zori, sandália japonesa que inspirou as Havaianas.
Havaianas tradicionais.
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2. A REDE
1765
Josiah Wedgwood, avô materno de Charles Darwin, cria a Queen’s Ware, uma linha de cerâmica industrial que vende em toda a Europa. Junto com Matheus Bulton, Wedgwood seria um dos primeiros a advogar pela “mecanização da produção”.
Cerâmica Queen’s Ware.
1851 1860 1914
Primeira Grande Exposição de Design Industrial na Inglaterra e fundação do Museu das Manufaturas, hoje Victoria & Albert Museum (http://www.vam.ac.uk/), considerado o maior museu de artes decorativas e design do mundo. O artista William Morris e o arquiteto Charles Voysey fundam o Arts & Crafts Movement, na Inglaterra - uma reação contra a industrialização e o que consideravam ser o estado decadente das artes decorativas naquele país.
Textile, por William Morris.
Passion Flower Textile, por Charles Voysey.
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LINHA DO TEMPO DO DESIGN
1870 1850
Partindo da Inglaterra e de lá se expandindo pela Europa, a Revolução Industrial trouxe alterações tecnológicas na agricultura, na produção e no transporte, com um profundo impacto no modo de vida de populações em todo o mundo.
1910 Bières de La Meuse, de Alphonse Mucha, grande expoente da Art Noveau.
1896 1897
1908
É fundada a Escola de Glasgow, a primeira dedicada à arquitetura moderna na Escócia. O curso contava entre seus docentes com o conhecido arquiteto e designer Charles Rennie Mackintosh.
1917
O pintor Peter Behrens começa a trabalhar com a empresa alemã AEG, projetando vários produtos e criando catálogos e logotipos (design visual). Nascia assim o conceito de aliar a arte aos produtos utilizados no cotidiano. É fundada a Escola de Chicago de Arquitetura e Urbanismo, que teve uma enorme influência nas construções desta cidade, onde passaram a predominar os arranha-céus com estrutura em ferro. Entre os professores presentes encontrava-se o famoso arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright. Walter Gropius, aluno de Behrens, funda a Escola Bauhaus na Alemanha, unindo o ensino técnico à prática artística, seguindo assim a proposta internacional de inserir a arte no cotidiano.
Gustav Klimt funda em Viena o Grupo Secessão Austríaco, que, inspirado pelas formas decorativas da Art Nouveau, visava a romper com a estética tradicional.
Bauhaus, fundada na Alemanha em 1917.
1917
Surge a De Stijl, a primeira publicação dedicada ao design. Fundada por Theo van Doesburg, professor da Bauhaus, artista, designer e arquiteto holandês, a revista foi um dos pilares do movimento Neoplasticista e Concretista na Holanda, e ficou ativa até 1931, quando Doesburg faleceu.
The tree of life, de Gustav Klimt.
1900
Designers franceses criam a Sociedade de Artistas Decorativos, os quais passam a expor no Salão de Outono.
1907
É fundada em Munique, na Alemanha, a Deutscher Werkband, uma Associação de artistas, artesãos e publicitários que seria extinta em 1935.
Revista De Stijl, primeira publicação de design.
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1880 1910
Movimento internacional de artes decorativas, conhecido como Art Nouveau ou Arte Nova, realça as formas naturais, os motivos florais e as linhas curvas, procurando assim o equilíbrio com a natureza.
1925 1925 1939 1925 1928
Exposição internacional de artes decorativas e industriais modernas em Paris apresenta uma diversa mostra que vai da arquitetura a objetos do cotidiano. A exposição atraiu cerca de 16 milhões de visitantes e contou com a participação de 20 países.
1932
Stanley Morison inventa um clássico da tipografia, comissionado pelo jornal norte-americano The Times - o Times New Roman.
1933
Harry Beck desenha o primeiro mapa diagramado da história, uma representação do sistema de metrô de Londres, hoje popularizado pelo mundo inteiro. A escola Bauhaus é fechada na Alemanha pelo Partido Nazista.
1934
Período áureo da Art Déco, movimento internacional de design que permeou áreas da arquitetura até o design industrial e das artes plásticas ao cinema. Inspirado pela Art Nouveau, a Art Déco serviu-se de expressões artísticas modernistas, como o cubismo e o construtivismo, utilizando materiais modernos como o concreto ou betão. Em Belo Horizonte surgem designers pioneiros, como os artistas Érico de Paula e Monsã, que se dedicam à decoração de vitrines na capital mineira, simbolicamente traduzindo a sociedade de consumo da época, e a sua relação com a industrialização. Jan Tschichold escreve Nova Tipografia, dando início a um novo movimento de design gráfico moderno.
1930
É inaugurado em Nova Iorque o edifício Chrysler. Com mais de 60 andares e 3.000 janelas, é considerado o ex-libris da Art Déco nos Estados Unidos.
1931
É introduzida no Brasil a cultura da Juta, originária da Índia e levada para a Amazônia por uma missão científica japonesa. A Juta é hoje o material que serve de suporte à Bienal de Design de 2012, em Belo Horizonte.
Eliseu Visconti, considerado o pai do design brasileiro, começa a lecionar um curso de arte decorativa e aplicada à indústria, na Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro. Introduz assim, no Brasil, o conhecimento da Art Nouveau que aprendera em Paris com Eugène Grasset.
Eliseu Visconti.
1944
1945
Surge, em Belo Horizonte, o Curso Livre de Pintura e Desenho, ministrado pelo artista carioca Alberto da Veiga Guignard, que introduzia assim na capital mineira os preceitos dos movimentos artísticos modernistas. O ensino de Guignard foi comparado ao da Bauhaus por Susane Worcman. Após a Segunda Grande Guerra, são desenvolvidos novos materiais, como o plástico, o que leva a uma maior facilidade de reprodução de objetos industriais.
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1920
É desenvolvido na União Soviética o estilo artístico Construtivismo Russo, que rejeita as belas artes clássicas e entende a arte como parte integral do cotidiano, expressão das conquistas sociais do proletariado, e da utilização da máquina e da indústria na construção de um novo estado comunista. O movimento durou até meados da década de 1930.
1957
A poltrona Mole, do arquiteto carioca Sergio Rodrigues, com a utilização de materiais brasileiros como jacarandá, couro natural, redes e catres, ganha notoriedade internacional tornando-se um ícone de brasilidade e ocupando hoje um lugar permanente no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque.
Sergio Rodrigues em sua Poltrona Mole, ícone de brasilidade.
Famosa Vespa Piaggio.
1951
É fundado o Instituto de Arte Contemporânea, do Museu de Arte de São Paulo, no qual a arquiteta Lina Bo Bardi e o diretor do museu, Pietro Maria Bardi, ministram o primeiro curso de desenho industrial do País.
1952
Fundação da Escola Superior da Forma, em Ulm, na Alemanha, considerada a sucessora da Bauhaus, pelo designer Otl Aicher e a escritora Inge Aicher-Scholl. A escola ficou aberta por 16 anos.
1956
É fundada a atual Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais, com o nome de Escola de Artes Plásticas, parte da Escola de Música da Universidade Mineira de Arte que havia sido criada no ano anterior. O novo curso incluía matérias de desenho Industrial e comunicação visual.
1958 1958 1972 1963
Alexandre Wollner, primeiro aluno brasileiro da Escola de Ulm, regressa da Europa e inaugura na cidade de São Paulo, com Geraldo de Barros, Rubem Martins e Walter Macedo, o “formInform”, o primeiro escritório de design no Brasil, passando a trabalhar em projetos de logomarcas, embalagens e anúncios para indústrias diversas. Surge na Inglaterra e nos Estados Unidos a Pop Art, que procurava expressar a cultura de massas capitalista numa estética chamada Kitsch, criada a partir de materiais como gesso, poliéster, ou látex, em cores intensas e vibrantes produzidas com acrílicos. Fundação da primeira escola superior de design, a Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro. O design começa a se profissionalizar no Brasil, recebendo forte influência das escolas Bauhaus e Ulm.
Vista do telhado da ESDI, primeira escola superior de design fundada no Brasil, em 1963.
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1946
O designer Corradino d’Ascanio concebe a famosa motorizada Vespa Piaggio, dando projeção internacional ao design italiano, que a partir de então passou a contar com designers na indústria automobilística naquele país.
1965
A Pop Art brasileira, inspirada pelas técnicas norte-americanas, procura ironizar questões sociais no cenário tenso do início da ditadura militar. A maior expressão dessa atitude surge com a exposição Opinião 65, que reuniu 16 artistas brasileiros e 13 estrangeiros no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
1965 1969
O designer brasileiro Lívio Levi, especializado em design de iluminação, integra a equipe de Oscar Niemeyer e fica responsável pela iluminação dos principais edifícios administrativos de Brasília.
1968 1978
i-Design, um movimento antidesign, que rejeitava a industrialização e o consumismo, surge na Itália durando até ao início da década de 1980. Algumas de suas características estéticas eram cores vibrantes e objetos de escala distorcida, subvertendo assim a ideia do consumidor relativamente ao objeto.
1970
Lívio Levi desenvolve o projeto de design de iluminação dos foyers, plateia e balcões do Teatro-Ópera do Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
1971
Vivienne Westwood abre em Londres a loja Let it Rock, onde começa a desenvolver o visual punk que teria enorme influência nas artes gráficas e na moda das décadas seguintes.
1974
Fundação do Museu da Casa Brasileira, dedicado à conservação e à catalogação do mobiliário artístico e histórico brasileiro, onde também se realizam eventos relacionados com o Prêmio Design, criado pelo museu em 1986 para incentivar a produção de design no Brasil.
1977
Surge em Milão, na Itália, o Studio Alquimia, um grupo de designers que se propunha a transformar o lixo em ouro, oferecendo remakes de objetos de design bem conhecidos.
1980
A Fundação Mineira de Arte passa a se chamar Fundação Mineira de Arte Aleijadinho. Ettore Sottsass funda o Grupo Memphis, na cidade homônima, uma colaboração de designers que seria bastante influente na década de 1980.
1987
Surge, no Rio Grande do Sul, a primeira associação dedicada aos profissionais do design.
1993
A dupla de designers gaúchos José Carlos Bornancini e Nelson Petzold, em colaboração com a empresa Zivi-Hercules, cria a tesoura Softy que pode ser utilizada tanto por destros quanto canhotos.
1994
O Plano Real modifica o panorama do consumidor brasileiro, e os cidadãos mais desfavorecidos passam a ter acesso a produtos antes inacessíveis. Surgem a lavadora Nina e o Pop Tank, desenhados pelo escritório Chelles & Hayashi, de São Paulo, para a Mueller Eletrodomésticos, de Santa Catarina.
Lavadora Nina, de 1994.
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1963
A Universidade Mineira de Arte, juntamente com a Escola de Artes Plásticas fundada na década anterior, torna-se uma Fundação subordinada à Secretaria de Estado do Trabalho e Cultura Popular, e muda sua denominação para Fundação Mineira de Arte - FUMA.
2003
Em 2003, Wollner comemora seus 50 anos de design com o livro Design Visual 50 Anos , e com a exposição de suas fotografias no Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo.
2005
Primeira Mostra de Design de Belo Horizonte, organizada pelo Instituto Cidades Criativas. O evento anual é realizado no Café com Letras, na área da Savassi.
2006
Primeira Bienal Brasileira de Design, realizada em São Paulo com mostra de vários objetos representativos do design brasileiro em geral, com o tema inovação.
2008
Segunda Bienal Brasileira de Design, realizada em Brasília, refletiu sobre a relação entre arte e tecnologia sob o tema da competitividade.
2010
Terceira Bienal Brasileira de Design, realizada em Curitiba, tratou do tema da sustentabilidade.
2012
Quarta Bienal Brasileira de Design, realizada em Belo Horizonte, dedicada à diversidade cultural no Brasil.
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Primeiro Salão Pernambucano de Design, com mostra de trabalhos de Janete Costa e José Roberto Peixe, entre outros, numa década marcada pela aproximação entre artesãos e designers buscando técnicas tradicionais e regionais.
GLOSSÁRIO
1998
Art Déco: Movimento ligado na origem ao Art Nouveau. Porém, diferentemente da Art Nouveau, que explora as linhas sinuosas e assimétricas tendo como motivos fundamentais as formas vegetais e os ornamentos florais, na Art Déco predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, as formas geométricas e o design abstrato. Entre os motivos mais explorados estão os animais e as formas femininas. Art Nouveau: Estilo artístico que se desenvolve entre 1890 e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) na Europa e nos Estados Unidos, espalhando-se para o resto do mundo. Essencialmente decorativo, era voltado às artes aplicadas: arquitetura, design, artes gráficas e outras. Reagindo ao historicismo da Arte Acadêmica do século XIX, a fonte inicial de inspiração é a natureza, as linhas sinuosas e assimétricas de flores e animais, tendo o movimento da linha no primeiro plano dos trabalhos ditando o contorno das formas, com arabescos e curvas.
Empírico: O que é baseado na experiência. Ex-libris: Expressão latina que significa, literalmente, “dos livros”. Fonte: Fonte tipográfica, chamada de tipo ou simplesmente “fonte”, é um padrão, variedade ou coleção de caracteres tipográficos com o mesmo desenho ou atributos, e, na maioria das vezes, o mesmo tamanho. Foyer: Área externa de auditórios e teatros onde as pessoas podem se reunir nos intervalos de espetáculos. High-tech: Traduzindo literalmente do inglês, quer dizer “alta tecnologia”. Refere-se à tecnologia considerada de ponta, isto é, que trabalha com as mais recentes inovações tecnológicas, ou na sua investigação. Kitsch: O termo kitsch é utilizado para designar mau gosto artístico ou produções consideradas de qualidade inferior. Passa a ser utilizado no cenário de arte em Munique, em torno de 1860 e 1970, derivado da palavra kitschen, que quer dizer atravancar, e verkitschen, trapacear, o que já demonstra o sentido pejorativo do uso da palavra.
Betão: Concreto. De Stijl: Do holandês, De Stijl quer dizer “O estilo”. O termo dá nome à primeira publicação sobre design, lançada em 1917 por Theo van Doesburg, Piet Mondrian e o designer Gerrit Rietvield. Geralmente o nome também é utilizado para determinar um movimento artístico criado pelos mesmos artistas, o Neoplasticismo, que tinha como característica principal retirar a pintura do campo da representação, de forma a abraçar o abstracionismo total, objetivando a síntese das formas de arte. Diagramação: Paginação. Diz respeito a distribuir os elementos gráficos no espaço limitado da página impressa ou outros meios. É uma das práticas principais do design gráfico. A diagramação é aplicada em diversas mídias como jornais, livros, revistas, cartazes, sinalização, websites e televisão.
Patente: Registro de uma invenção ou descoberta, de forma a garantir propriedade ao autor, bem como uso e exploração exclusiva. Remake: Refazer, traduzindo literalmente do inglês. É o nome que se dá às novas produções ou regravações de algo já conhecido do público e que já tiveram uma produção anterior. Times New Roman: A Times New Roman é uma família tipográfica serifada. Um dos tipos mais conhecidos e utilizados no mundo. Seu nome faz referência ao jornal norte-americano The Times e também a uma releitura das antigas tipografias clássicas: new roman. Tipografia: Processo de criação na composição de um texto, em meio físico ou digital. O objetivo principal da tipografia é dar ordem estrutural e forma à comunicação impressa.
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Arts&Crafts: Movimento estético e social inglês, da segunda metade do século XIX, que defende o artesanato criativo como alternativa à mecanização e à produção em massa. Busca revalorizar o trabalho manual e recuperar a dimensão estética de objetos produzidos industrialmente para uso cotidiano.
REPENSAR – RECUSAR – REDUZIR – REUTILIZAR – RECICLAR Ecodesign é um conceito considerado recente e é definido como um conjunto de práticas orientado à criação de produtos e processos ecoeficientes, ou seja, a utilização de práticas ambientalmente responsáveis. Vamos montar uma cadeira com toda a turma utilizando garrafas PET? Não há objeto de uso individual mais projetado e desenvolvido pelos designers e arquitetos na história do que a cadeira.
MATERIAL NECESSÁRIO 200 a 250 garrafas plásticas de dois litros Tesoura Fita adesiva larga (ou barbante nº 6/8) Chave de fenda
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PARA APROXIMAR E APROFUNDAR
DESIGN E COTIDIANO Vamos observar com os alunos os objetos que utilizamos no nosso cotidiano. A cadeira e a carteira projetada para a sala de aula, a cadeira de rodas, a garrafa de café, a caneta, os bancos de uma praça e do transporte coletivo contêm especificidades para o público ao qual se destinam. Peça a seus alunos para procurar e recortar, de revistas, panfletos de lojas ou jornais, objetos que tenham a mesma função, mas que sejam direcionados para públicos diferentes. Agora, eles devem identificar nesses objetos as estratégias utilizadas pelos designers para torná-los tanto funcionais quanto estéticos.
ENCOSTO DA CADEIRA • Encaixe três peças “b+c” por cima da peça de resistência, formando um tubo. Faça dois tubos dessa maneira. • Faça mais dois tubos, desta vez encaixando quatro peças “b+c” sobre a peça de resistência. Amarre os quatro tubos com fita adesiva para formar o encosto da cadeira. • Junte o encosto ao assento com várias voltas de fita adesiva para ficar bem firme. c b c
b
c
b
c
a
c
b
a c
d
a c b
b
c
b
b d
a c
a c b
b
ASSENTO DA CADEIRA • Faça 16 peças de resistência e prenda-as, duas a duas, com fita adesiva, formando oito duplas. • Junte novamente os conjuntos de dois em dois, formando quatro grupos de quatro peças de resistência. • Mais uma vezamarre-os de dois em dois, formando dois grupos de oito peças de resistência. • Amarre os dois grupos de oito peças de resistência para formar o assento da cadeira.
REDESENHANDO O redesign é a reformulação do design de algo. Essa necessidade de renovação surge por diversas razões. Pode ser pelo aparecimento de novas técnicas, de novos materiais, para eliminar falhas existentes ou como estratégia de marketing para renovar o produto no mercado. Proponha para seus alunos que façam um redesign. Peça que os alunos venham para a próxima aula com o calçado de que mais gostam. Cada um deverá, individualmente, analisar o seu calçado e especificar a forma, a cor, o material e as funções. Então, o aluno deverá redesenhar o calçado, agregando ou tirando funções, modificando forma, tamanho e outras características que quiser. Sugira que o aluno faça o redesign através da inspiração de algum objeto existente como uma forma da natureza, brinquedo ou acessório. QUE TIPO DE IMAGEM VOCÊ GOSTARIA DE PASSAR PARA AS PESSOAS? Finalizando o processo, é importante propor aos alunos a montagem de uma exposição que mostre ao restante da escola o resultado do trabalho da turma.
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CONSTRUINDO A PEÇA DE RESISTÊNCIA • Separe uma garrafa limpa, vazia e sem rótulo. Vamos chamá-la de peça “a”. • Pegue uma garrafa e corte-a ao meio. Vamos chamar a parte de baixo de peça “b” e a de cima de peça “c”. • Corte outra garrafa ao meio. Vamos chamar a parte de baixo de peça “d” e a de cima de peça “e”. • Use uma chave de fenda para ajudar a encaixar as peças. • Encaixe a peça “c” dentro da peça “b”. • Encaixe a peça “a” dentro da peça “b+c”. • Encaixe a peça “d” por cima da peça “a+b+c”.
Websites: http://www.bienalbrasileiradedesign.com.br/bienal2010/ http://designhistorytimeline.com/ http://www.minasdesign.mg.gov.br/noticias/2-bienal-2012/227-diversidade-brasileira-e-tema-da-4o-bienal-brasileira-de-design.html http://www.comartevirtual.com.br/ericodpa.htm http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm http://pt.wikipedia.org/wiki/Design http://pt.wikipedia.org/wiki/Design_no_Brasil http://mcb.org.br/mcbPremio.asp?sMenu=P003&sPremio=PPD http://www.eliseuvisconti.com.br/designer_nouveau.htm http://www.vam.ac.uk/ http://desedu.tumblr.com/ http://needesign.com/wp-content/uploads/2008/03/fontoura_educacao_atraves_do_design.pdf http://www.ceramicaportinari.com.br/blog/ http://ihaa.com.br/historiaorigem-da-rede-de-descansodormir/ http://revistagalileu.globo.com/Revista/Galileu/0,,EDG87055-8489-217,00-HAVAIANAS+DE+CHINELO+SEM+ENCA NTOS+A+ACESSORIO+FASHION.html http://www.orelhao.arq.br/historico.html http://pt.wikipedia.org/wiki/Chu_Ming_Silveira http://www.slideshare.net/marthaandya/conceitos-ecodesign http://blogs.anhembi.br/congressodesign/anais/artigos/70276.pdf http://www.iserj.net/2011/08/crie-moveis-com-garrafa-pet/ http://www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=9532 http://www.atividadeseducativas.com.br/index.php?id=9533
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Livros: CARDOSO, Rafael. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blucher, 2000. CARDOSO, Rafael (org.). O design brasileiro antes do design. São Paulo: Cosac Naify, 2005. CENTRO DE DESIGN PARANÁ. Catálogo da Bienal Brasileira de Design 2010. Curitiba: 2010. KRUCKEN, Lia. Design e Território: Valorização de Identidades e Produtos Locais. São Paulo: Sebrae/Studio Nobel, 2009. LEON, Ethel. Memórias do Design Brasileiro. São Paulo: Senac, 2009. MORAES, Dijon de. Análise do Design Brasileiro. Belo Horizonte: Blucher, 2006. MORAES, Dijon de. Os Limites do Design. São Paulo: Studio Nobel, 2008. NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil: origens e instalação. Rio de Janeiro: 2AB. 1997. PEVSNER, Nikolaus. Os Pioneiros do Desenho Moderno. São Paulo: Martins Fontes, 2002. VIEIRA, Ivone Luzia. Escola Guignard na Cultura Modernista de Minas 1944-1962. Pedro Leopoldo (MG): Companhia Empreendimento Sabará, 1988. ZILIO, Carlos (org.) A Modernidade em Guignard. Rio de Janeiro: Empresas Petróleo Ipiranga, 1982.
Governador do Estado de Minas Gerais: Antonio Augusto Junho Anastasia Vice-governador do Estado de Minas Gerais: Alberto Pinto Coelho Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais: Eliane Parreiras Secretária Adjunta de Estado de Cultura de Minas Gerais: Maria Olívia de Castro e Oliveira FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO Presidente: Solanda Steckelberg Vice-presidente: Bernardo Correia Diretora Artística: Edilane Carneiro Diretora de Ensino e Extensão: Patrícia Avellar Zol <http://www.fcs.mg.gov.br/institucional/48,,quem-e-quem.aspx> Diretora de Marketing, Intercâmbio e Projetos Institucionais: Cláudia Garcia Elias <http://www.fcs.mg.gov.br/admin/popups/popups_cadastrar.aspx> Diretora de Planejamento, Gestão e Finanças: Cynthia Bernis de Oliveira Diretora de Programação: Sandra Fagundes Campos Gerente de Artes Visuais: Fabíola Moulin Mendonça Assessora da Gerência de Artes Visuais: Tatiana Cavinato Chefe de Departamento de Artes Plásticas: Junia Fatorelli Carneiro Chefe de Departamento do Centro de Arte Contemporânea e Fotografia: Rodrigo Gonçalves da Paixão Assessora do Departamento de Artes Plásticas: Liliane Antunes Produtora do Departamento de Artes Plásticas: Sheila Katz Assessora Administrativa: Lorena Fassy Gestão de Acervo: Fernando Pacheco Montagem: Edivaldo Gomes da Cruz e Ronaldo Braz da Silva Estagiários: André Murta, Afonso Scliar, Diego Penido e Gabriela Guimarães Ação Educativa: Livia Seymour Supervisores/Ação educativa: Alex D’ates, Bianca Spósito Educadores: Ana Luiza Neves, Carolina Mazzini, Clarice Steinmuller, Daniela Eugênia, Fernanda Albuquerque, Karolina Penido, Letícia Lima, Lucas Fonseca, Manuela Tenreiro, Matheus Fleming, Morgana Mafra, Poliana Xavier e Priscila Rezende Revisão de textos: Trema Textos Design gráfico: Greco Design