Tipologia das organizações econômicas da agricultura familiar Adriane Carneiro de Almeida Daciane de Oliveira Silva Introdução A agricultura familiar tem um papel essencial no abastecimento dos lares brasileiros e como fonte geradora de renda para milhares de pessoas. Segundo dados do Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), 77% dos estabelecimentos agropecuários (em números absolutos totalizam 3,9 milhões) são pertencentes à agricultura familiar. Apesar dessa participação considerável, em se tratando de área ocupada, representam apenas 23% do total, dados que mostram a concentração de terras nos estabelecimentos patronais. Além disso, apesar da agricultura familiar ser responsável por 23% da produção agropecuária brasileira, a taxa de ocupação em relação aos postos de trabalho chega a 67%, números que confirmam a grande desigualdade de renda na agricultura brasileira. Quando nos deparamos com os elementos dessa ocupação, a partir da associação em cooperativas, por meio das Organizações Econômicas Solidárias da Agricultura Familiar14, segundo o IBGE (2017) apenas 11% dos estabelecimentos viabilizam os postos de trabalho por intermédio dessas organizações coletivas. Em contrapartida, nos estabelecimentos patronais esse percentual aumenta para 23%. 14 São agentes econômicos coletivos que, além de exercitarem os princípios da agricultura familiar, agregam às suas práticas os ideais da Economia Solidária (Ecosol), expressos pela autogestão, ajuda mútua, preocupação com a comunidade, solidariedade, equilíbrio ambiental, entre outros.