Educação patrimonial na reserva Caramuru-BA Brisa Santana Pires Fabiana Comerlato
Introdução O sul da Bahia, no período compreendido entre os últimos anos do século XIX e início do XX, sofreu forte impacto econômico devido à expansão da lavoura cacaueira, o que propiciou a vinda de colonos de várias partes do país. Esse processo pode ser compreendido como resultado da intenção do governo republicano em promover o povoamento de regiões ‘desertas’, com o consequente crescimento econômico da região. Não se deve esquecer, entretanto, que os colonos iam a esta região (sul da Bahia) em busca de melhoria da qualidade de suas vidas. Nesse contexto, os grupos nativos foram considerados um estorvo e estavam sujeitos a todos os tipos de atrocidades, desde a disseminação de vírus (a exemplo da varíola) a assassinatos daqueles que opunham algum tipo de óbice à perda de suas terras, inclusive sequestro de crianças. Essa realidade foi reflexo de uma política republicana de incentivo à expansão agrícola em regiões pouco povoadas. Gagliardi destacou três soluções distintas, dadas por políticos da época: a primeira, por Hermann Von Ihering, defendia o extermínio dos ‘mais valentes’, os que eram vistos como empecilho à expansão econômica; a segunda era a catequização desenvolvida e idealizada pela Igreja Católica; e a terceira referia-se à criação de um órgão que garantisse aos nativos direitos às suas terras e proteção, incorporando-os à sociedade (GAGLIARDI, 1989).