A catequese indígena no século XVI: festas e procissões Maria do Carmo Soares da Silva Fabricio Lyrio Santos
Introdução O presente capítulo analisa o processo de catequização dos indígenas no contexto da colonização luso-brasileira com ênfase nas festas promovidas pelos jesuítas nas aldeias, buscando também demonstrar que os indígenas não foram passivos e impuseram aos jesuítas a necessidade de se adaptar à cultura indígena. Ao investigar as cartas que registram o cotidiano da catequese, vários elementos se revelaram como facilitadores na aplicação da mesma, com destaque para as festas e as procissões, que aparecem como parte do processo civilizador missionário no século XVI. Entendemos a catequização como parte do processo de colonização e, por conta disso, algo problemático para os povos indígenas, pois se deu num contexto de intolerância para com suas culturas; mas é importante também pensar em como esses povos se fortaleceram ao longo do processo, pautados na adaptação e na resistência. A pesquisa se originou a partir da análise das cartas escritas por diversos jesuítas que estiveram no Brasil na segunda metade do século XVI, as quais se encontram reunidas no volume intitulado Cartas avulsas (NAVARRO et al., 1988), ao lado das narrativas atribuídas ao jesuíta Fernão Cardim, oriundas de sua passagem pelo Brasil no mesmo período, mais especificamente na década de 1580