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Marizangela Maria de Sá O sentimento de pertencimento é a crença subjetiva numa origem comum que une distintos indivíduos. As pessoas pensam em si mesmo como membros de uma coletividade na qual expressam valores, medos e aspirações. Esse sentimento de pertencimento tem relação com a noção de participação. Na medida em que o ouvinte tem espaço para se expressar, sentese ator da ação em curso, parte do processo de comunicação radiofônica. O rádio é de tal forma presente na vida que assume outros papéis: de amigo, de companheiro, de companhia (BIANCO, 2018, p. 118).
Ao compartilharem suas experiências comuns de vivência diárias ligadas ao meio radiofônico e seus locutores, as pessoas criam laços de proximidade ao ponto de considerá-los como membros da família, e o rádio o companheiro de todos os dias. Interferência política Depois de 40 anos com os serviços de alto-falante, surge em 1989, no município Cachoeira, a primeira emissora com transmissor: a Rádio Magnífica FM. Essa era uma rádio comunitária vinculada à Igreja Católica. As rádios comunitárias são radiodifusão sonora, em Frequência Modulada (FM), de baixa potência (25 Watts), que prestam serviços à comunidade, abrindo espaço real para toda a população. Desta forma, não pode ter fins lucrativos e nem governamentais. Porém, vale salientar que, na prática, nem sempre estas regras são cumpridas. Como aponta Luiz Cláudio Dias Nascimento: A rádio do seu Elias, Vozes da primavera, desenvolvia de fato um papel social de comunitária na cidade, pois, além da programação musical, jornalísticas, tinha uma parte da programação que era dedicado para que as pessoas noticiassem os aniversários das pessoas que moravam na zona rural e enviar mensagens para elas sem pagar nada. Também tinha o programa do professor Curtis um astrólogo da cidade que dava consulta espiritual. As pessoas enviavam cartas