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★ O JORNAL MAIS ANTIGO EM CIRCULAÇÃO NA AMÉRICA LATINA – 188 ANOS DE CREDIBILIDADE
DIARIOdePERNAMBUCO SEXTA-FEIRA
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Recife, 1 º de agosto de 2014 N º 213
TEATRO
gastronomia de Naná
Eva Wilma de volta ao Recife
O percussionista pernambucano Naná Vasconcelos inaugura, amanhã, dia em que completa 70 anos, o Vasconcelos’. O espaço fica no bairro de Santo Amaro e funcionará como cafeteria durante o dia e bistrô para o jantar. GASTRÔ 1
Atriz encabeça o elenco do espetáculo Azul resplendor, no Teatro RioMar. VIVER E2 JOAO CALDAS/DIVULGAÇÃO
TERRA DE NINGUÉM BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS
Amanhã deveria ser um marco na gestão e gerenciamento dos resíduos sólidos no país. O dia 2 de agosto foi o prazo estabelecido por lei para que todos os municípios dessem fim aos lixões. Na RMR, os de Aguazinha (foto) e Muribeca estão desativados. Mas o problema agora é o que fazer com estas áreas, que permanecem contaminadas e sem função social.
MIGUEL SCHINCARIOL/AFP
Templo de Salomão Novo ‘cartão postal’ da capital paulista Grandiosa sede mundial da Igreja Universal foi aberta ontem à noite em São Paulo. Evento contou com milhares de fiés e muitos políticos convidados, entre eles a presidente Dilma Rousseff. RADAR D2
Usuários de planos procuram mais o SUS O ressarcimento dos atendimentos nos hospitais públicos de usuários de planos de saúde cresceu 60% entre 2008 e 2012. A demora na liberação de internações e as negativas de coberturas são algumas das razões. PODER B9
MAHMUD HAMS/AFP
Trégua de 72h em Gaza Governo de Israel e os dirigentes do Hamas concordaram em realizar um cessar-fogo humanitário a partir das 8h de hoje. RADAR D3
ARENA PE
urbanismo BINÁRIO ALTERA TRÂNSITO NO IPSEP A PARTIR DE AMANHÃ
Homenagem a Abelardo Foi inaugurada, ontem, uma estátua em homenagem ao artista. LOCAL A6
O equipamento será implantado nas ruasSaturninoMeireleseSilveiraNeto no trecho entre as avenidas Jean Emile Favre e Raimundo Diniz. LOCAL A7
NANDO CHIAPPETTA/DP/D.A PRESS
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DIARIOdeP E R NA M B U C O
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Editor: Fábio Guibu Editor-assistente: Gabriel Trigueiro Editora-assistente de produção: Ana Paula Neiva
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Recife, SEX - 01/08/2014
Criança Cidadã abre núcleo em Ipojuca
LOCAL
Primeira expansão do projeto começa a funcionar em 1º de setembro, com aulas de música para 100 alunos.
JO CALAZANS/ESP.DP/DA PRESS
A terra arrasada dos antigos lixões O dia de amanhã deveria ser um marco na gestão do lixo no Brasil. A dataa foi estabelecida pela Política Nacionall de Resíduos Sólidos (leii federal 12.305/10)) como prazo paraa que icípios todos os municípios dessem fim aos lixõess e estabelecessem uma destinação finall ao lixo respeitando o meio ambiente. Pesquisa da Confederação Nacionall dos Municípios revelou que 61,7% dass administrações não azo. O cumprirão o prazo. onde problema esconde outro: fechadas, essess dos locais degradados lo de pelo acúmulo resíduos podem levarr anos até recuperarem uma função social, como transformar-see ea de em parque ou área reflorestamento. Em Pernambuco, o, os dois is exemplos mais os são os emblemáticos antigos lixões da Muribeca, em Jaboatão, tão, e de Aguazinha, Olinda.
tratamento de chorume. “Quando o lixo se decomBLENDA SOUTO MAIOR (FOTOS) põe, gera um líquido que pofoto@dpnet.com.br de se misturar à água da chuncravado no meio do va, e emite gases. Espaços que bairro de Aguazinha, foram lixões são áreas contaem Olinda, e às mar- minadas e, por isso, não pogens da Avenida Senador Ni- dem receber construções resilo de Souza Coelho, 2ª peri- denciais. É inseguro”, explica metral, o antigo aterro de o coordenador do Grupo de Aguazinha é o vizinho indese- Resíduos Sólidos da UFPE, Jojado da comunidade há 26 sé Fernando Thomé Jucá. anos. Com 19 hectares, funA emissão de gases e a decionou como lixão até 1998, composição, que continuam assumindo depois a função acontecendo, tornam a terra de aterro controlado até 2010, instável. “Quando a tecnoloquando encerrou as ativida- gia é sofisticada, o que não é des. Mesmo assim, nunca pa- o caso do Brasil, ainda é posrou de receber lixo. sível transformar áreas assim Isso porque em parques. continua fun- ÁREA RECEBE Estamos na cionando cofase de remeRESÍDUOS QUE mo estação diação do pasde transbor- SÃO LEVADOS, sivo ambienEM SEGUIDA, do, ou seja, tal, fazendo a local para on- PARA IGARASSU correção para de é levado tornar o amtodo o lixo do município dia- biente minimamente equiliriamente antes de ser transfe- brado”, acrescenta o secretárido para o CTR Igarassu (ater- rio de Meio Ambiente e Susro particular de destinação fi- tentabilidade de Pernambunal do lixo olindense). Entre co, Carlos Cavalcanti. dejetos residenciais e aqueles Um antigo aterro ou lixão coletados nas ruas, são cerca precisa ser monitorado por, de 400 toneladas diárias. pelo menos, cinco anos após “Temos seis carretas que le- o fechamento e pode levar vam para Igarassu. A descar- mais de 20 anos para se desga de lixo domiciliar aconte- contaminar. Em Aguazinha, ce à noite e é feita por 14 com- a proposta é fazer um aterro pactadoras. Os entulhos che- público. Mas, nos próximos gam durante o dia, com nove 15 anos, a área permanecerá caminhões”, explicou o secre- como estação de transbordo. tário de Serviços Públicos de “Isso dependerá de estudo, liOlinda, Manoel Sátiro. Há citação e o que atender a lei. uma área de triagem do lixo São poucos exemplos de atere uma unidade de composta- ros públicos hoje no Brasil”, gem, além de duas lagoas de detalha Manoel Sátiro. ALICE DE SOUZA (TEXTOS) alicesouza.pe@dabr.com.br
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Adolescente cata lixo em Aguazinha, que virou estação de transbordo de resíduos
Família de catadores vive em construção irregular no entorno da área em Olinda
Catadores continuam trabalhando Com os pés chafurdados na água que escorre ao lado da cerca do antigo lixão de Aguazinha, Josefa Maria da Conceição, 56 anos, não disfarça a vergonha por uma condição social que não escolheu. Como uma criança que acabou de fazer algo errado e foi descoberta pelos pais, olha acanhada para todos que passam na rua. Josefa foi criada catando lixo em Aguazinha e, mesmo depois do fechamen-
Josefa Maria, 56, passou a vida toda catando lixo
to do local, dele não conseguiu sair. Passa nove horas por dia arrastando um saco de estopa rasgado pelas laterais do terreno em busca de plástico. Assim como Josefa, a maioria dos cerca de cem antigos catadores de Aguazinha ainda moram em barracos em torno do terreno, à espera da oportunidade de recolher o que chega ao transbordo ou é deixado pelos vizinhos às margens das estradas. Josefa ga-
nha R$ 100 cada vez que leva os materiais à reciclagem. “Já tive um derrame, por isso não consigo falar direito”, explica ela, voz embargada, enquanto recolhe garrafas PET. Não é só nas bordas da atual área de transbordo de lixo que a “profissão” de catador resiste, garante o pintor José Carlos da Silva, 59 anos. “Tem mais de 80 pessoas que pagam R$ 10 aos vigias para entrar à noite e continuar ca-
tando. Quando amanhece, saem antes de a coordenação chegar”, revela. A Secretaria de Serviços Público de Olinda afirma desconhecer a denúncia. “Temos vigilância permanente, com seis pessoas por turno. A informação que temos é que isso não é verdade. O que existem são tentativas de burlar a segurança, mas temos controle”, diz o secretário Manoel Sátiro.
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Trecho da ciclofaixa será interditado O trecho da Ciclofaixa de Lazer que passa pela Rua da Saudade estará interditado no domingo. Como alternativa, a rota seguirá pela Avenida Mário Melo, virando à direita na Rua daAurora e de-
pois seguindo pela Ponte Princesa Isabel.A intervenção foi solicitada pela Celpe para um serviço.
SAÚDE
Semana de amamentação aberta hoje A Semana da Amamentação, comemorada entre 1º e 7 de agosto, será aberta em Pernambuco com um seminário hoje, às 8h, no auditório da Secretaria Estadual de Saúde, no Bongi. Duran-
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te o evento será apresentado um balanço das ações desenvolvidas no estado entre 2013 e 2014.
TERESA MAIA/DP/D.A.PRESS
TURISMO E LAZER
GIL VICENTE/DP/D.A PRESS
Adicione o Diario e entre em contato a qualquer momento: (81) 8181-1818 THIAGO NERES/DP/D.A. PRESS
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CIDADANIA
Ação marca aniversário de Noronha A programação dos 511 anos de Fernando de Noronha, comemorados em 10 de Agosto, começa na segunda-feira.Entre as atividades, haverá serviço gratuito de documentação pe-
lo Programa Balcão de Direitos. Serão disponibilizados registro de nascimento, RG e outros.
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DIARIOde P E R N A M BUC O
local
Recife, SEX - 01/08/2014
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Muribeca recebe mudas nativas BLENDA SOUTO MAIOR/DP/D.A PRESS
Mesmo desativado há cinco anos, antigo lixão em Jaboatão continua produzindo chorume. Um programa de plantio é a esperança para minimizar os danos ambientais
A
área de 60 hectares, equivalente a 67 gramados da Arena Pernambuco, recebeu, durante 24 anos, o lixo proveniente das residências do Recife, Jaboatão dos Guararapes e Moreno, na Região Metropolitana. O antigo lixão da Muribeca, que já foi considerado o maior do estado e local de trabalho de cerca de três mil catadores, hoje é apenas um vizinho desabitado do CTR Candeias, a central de tratamento de resíduos criada em 2007, dois anos antes da desativação do lixão, 2009. Monitorado desde 1994 pelo Grupo de Resíduos Sólidos da UFPE, o antigo depósito já recebeu mudas de espécies da Mata Atlântica, numa tentativa ainda incipiente de recuperação. O Muribeca é composto por nove células, com 40% de resíduos orgânicos. Dos 60 hec-
tares, 40 recebiam o lixo. O restante era destinado a áreas administrativas e de limite com terrenos da região. Mesmo desativado há cinco anos, permanece produzindo chorume, que é enviado ao CTR Candeias para tratamento. São oito lagoas, que bombeiam 3,6 mil litros de chorume por hora para ser tratado. A remediação do passivo ambiental - danos causados pelo descarte de lixo no espaço - é considerado
quase impossível. A prefeitura do Recife, por exemplo, não tem nenhum projeto para a área. Segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), a área está em processo de clausura. O monitoramento da UFPE avalia periodicamente o nível de contaminação do solo e a emissão de gases para a atmosfera. “Em áreas menores no mundo são construídos campos de golfe e até parques.
Mas um espaço como o da Muribeca, que recebeu lixo por quase 30 anos, dificilmente poderá receber equipamentos e unidades residenciais”, explica o coordenador do Grupo de Resíduos Sólidos da UFPE, o professor José Fernando Thomé Jucá. O ideal, para ele, seria erguer um parque tecnológico para tratamento de resíduos sólidos. “Geraria emprego e renda e haveria um prolongamento da vida útil do aterro”,
defende. O terreno onde funcionou o lixão da Muribeca já foi uma reserva de Mata Atlântica e também um canavial. A ideia agora é fazer o replantio para reconstituição da mata virgem. Até agora, foram 15 mil mudas. Se um terreno anexo de 55 hectares for agregado, seria possível replantar 44 mil mudas. Hoje já é possível encontrar no antigo lixão cobras e pássaros, como ja-f . o bem-te-vi e o beija-flor
+ saibamais Muribeca*
Cidades ainda não cumprem lei
Situação do lixo em Pernambuco
Antigo lixão de Aguazinha n Começou a funcionar
n Começou a
funcionar em 1985 n Desativado em
junho de 2009
3 mil catadores aproximadamente
em 1988
10.709,01
n Desativado em 1998 como
toneladas por dia
lixão e em 2010 como aterro controlado
Os lixões são considerados ameaças ao meio ambiente, pois são espaços sem preparação prévia para resíduos. Desde 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu prazo para os municípios acabarem com eles, que termina amanhã. Pernambuco tem 184 municípios e o distrito de Fernando de Noronha. Seis cidades têm aterros regulares, que compartilham o recebimento de lixo de 23 municípios. Outros 17 possuem aterros, mas que operaram irregularmente no ano passado, segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco incluindo Petrolina e Caruaru. O Congresso Nacional estuda a possibilidade de estender o prazo. Enquanto nenhuma proposta é votada e sancionada, o Ministério Público de Pernambuco apresentou nesta semana uma proposta de Termo de Comproual fflemisso Ambiental, no qual
321.270,42
100 catadores aproximadamente
por mês
6 aterros 60 hectares de área = 67 campos de futebol
em condição regular
19 hectares de área = 21 campos de futebol
Diferença entre lixão e aterro sanitário 8 lagoas de chorume
Situação do lixo no Recife
2 lagoas de chorume
Situação do lixo em Olinda Lixão: área de destinação final do lixo sem nenhuma preparação anterior do solo para a função
2,5 mil 11 a 12 mil
toneladas de resíduos por dia
toneladas recolhidas por mês
75 mil 400 ton toneladas por mês
TEMPO DE DECOMPOSIÇÃO DO LIXO
Orgânico - 2 a 12 meses Papel - 3 a 6 meses Garrafa plástica - 400 anos Vidro - mais de 4 mil anos Alumínio - 200 a 500 anos Borracha - tempo indeterminado
por dia
*Gerido pela Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb)
Reflorestamento tem a função de purificar o ar em uma área que não pode receber nenhum tipo de construção
Aterro sanitário: área que teve o solo preparado, com impermeabilização e nivelamento da terra, para receber os resíduos CHORUME
Líquido decorrente do processo de decomposição da matéria orgânica. Se não tratado, pode os recursos hídricos
Fonte: Secretaria de Meio Ambiente e Sustenatbilidade de Pernambuco (Semas), Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), Secretaria de Serviços Público de Olinda e lixo.com.br
xibiliza as exigências da lei. O documento sugere a criação de planos municipais de gestão integrada dos resíduos e fortificação das políticas de educação ambiental, e prolonga por mais 360 dias a obrigação de acabar com o lixão. “Foram quatro anos para digerir a lei, mas os prefeitos continuam com desculpas antigas”, explicou o coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça do Meio Ambiente (Caop Meio Ambiente), promotor André Felipe Menezes. Dez municípios já assinaram o TCA. Na próxima terçafeira, uma nova reunião está marcada com a Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe). “Estamos analisando o documento e estabelecemos um grupo de trabalho para apresentar uma contraproposta”, afirmou o presidente da Amupe, José Patriota. A Semas garantiu que irá acompanhar o cumprimento do novo acordo.
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PESQUISA
Espécies sob ameaça serão mapeadas Será realizada na próxima segunda-feira, na UFRPE, a cerimônia de início da elaboração da Lista de Espécies Ameaçadas do Estado. Prevista para ser concluída em dois anos,a lista será construí-
da durante oito oficinas realizadas com a presença de pesquisadores nacionais e internacionais.
REFORMA
Mercado de Cavaleiro vai fechar por 5 dias ADefesa Civil e a Companhia Municipal de Agricultura e Abastecimento determinaram o fechamento temporário do Mercado de Cavaleiro, em Jaboatão, para reformas. O local será fechado
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domingo e reaberto na quinta. Serão feitos escoramento da cobertura e isolamento elétrico.
TANIA PASSOS/DP/ D.A PRESS
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TERESA MAIA/DP/D.A.PRESS
está no
CECILIA DE SA PEREIRA/ESP. DP/D.A PRESS
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TRÂNSITO
Olinda inicia substituição de 65 semáforos A Secretaria de Transporte e Trânsito de Olinda iniciou a substituição dos 65 semáforos considerados obsoletos da cidade. A rede semafórica deverá ser ampliada, com a implantação
de mais 20 equipamentos. Os antigos serão usados em locais menos movimentados.
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DIARIOde P E R N A M BUC O
local
Recife, SÁB - 02/08/2014
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Reciclagem é desafio para as cidades ra a reciclagem. A segunda está na destinação desse material seco por meio de coleta seletiva, ainda incipiente. “Esse recolhimento ainda representa pouco e não cobre os bairros atendidos totalmente. Ainda tem o problema de como a coleta é feita, misturando, no caminhão, o que a população separa, geALICE DE SOUZA rando retrabalho”, diz. ED WANDERLEY Segundo a gerente operalocal.pe@dabr.com.br cional de coleta seletiva no prazo para os municí- Recife, Katarina Carneiro, 52 pios pernambucanos bairros são completamente se adequarem à nova atendidos - em dias alternalegislação que regula a gestão dos à coleta comum. “A misde resíduos sólidos no país ter- tura acontece porque utilizamina hoje, porém mesmo as mos a área inteira das caçam23 cidades bas dos cinco que desativacaminhões, ram os antique não tem gos lixões aindivisões, mas da têm um o material A maneira com a desafio dispassa por tante de ser qual a coleta é uma triagem superado: a e isso não sustentabili- feita, misturando chega a ser dade. Apenas no caminhão o um proble3% do que é ma”, garante. que a população descartado na A Empresa capital – onde já separou, gera de Manuteno sistema deção e Limpeveria ser mais um retrabalho” za Urbana da eficiente – capital preSoraya Eldeir, pesquisadora da UFPE acabam recitende chegar clados. Nas a 63 bairros demais cidades, o índice é ain- atendidos pela coleta nos próda menor. Não se aproveitam ximos meses. No entanto, há os milhares de toneladas de outras formas de facilitar a resíduos sólidos geradas – pa- gestão destes resíduos: um é ra se ter uma ideia, em 40 dias, pela doação programada jundescarta-se o mesmo que um to à prefeitura e outro é pelo Boeing 747-400 lotado de car- uso de um dos 89 Ecopontos, ga e passageiros. espalhados em vias de grande De acordo com a pesquisa- circulação, praças e acadedora-chefe do Grupo de Ges- mias da cidade. Os contêinetão Ambiental da Universi- res de mil litros são coloridos, dade Federal Rural de Per- para indicar o lugar certo de nambuco (UFRPE), Soraya El- cada material, e estão espaDeir, é preciso pensar em lhados pela cidade. A Emlurb duas políticas. A primeira é trabalha com quase todo tipo a de lixo zero, que começa de resíduo. Ainda não com dentro de casa, envolvendo lâmpada fluor f escentes – cuja o encaminhamento de mate- coleta fica a cargo de empreriais molhados para compos- sas privadas – mas já há platagem e de resíduos secos pa- nos de incluir o material.
Mesmo os poucos municípios que cumpriram o prazo para deixarem de usar lixões ainda têm que descobrir formas de reaproveitar seus resíduos
Como participar da Coleta Seletiva?
O
Faça o cadastro junto à Prefeitura Central telefônica: 156 Cadastro direto: 3355-1034/ 3355-1070 Internet: www.recife.pe.gov.br
saiba
“
10,7 mil Separe, em recipientes diferentes, os seguintes materiais ■ Papel ■ Plástico ■ Vidro ■ Metal ■ Alumínio ■ Isopor ■ Óleo Vegetal
Onde descartar outros tipos de materiais?
1,6 kg de lixo
Em 30 dias
Pilhas e Baterias Pão de Açúcar (Aflitos) e Extra (Boa Viagem e Cordeiro) Eletrônicos SEMAM (Casa Forte), Trapeiros dos Emaús** (Dois Unidos) e CRC Marista** (Apipucos)
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Metralha e materiais de construção Ecoestações da Prefeitura*** (Ibura, Imbiribeira e Campo Grande) Móveis Trapeiros dos Emaús (Dois Unidos)
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**Em estado de uso ***Limite de 1m3/dia INFOGRAFIA: RAFAEL/DP
Fonte: Grupo de Resíduos Sólidos da UFPE, Oeco, Semas e Prefeitura do Recife
RAPHA OLIVEIRA/ESP DP/D.A PRESS
Experiência de sucesso há 18 anos A gente não imagina, mas boa parte daquilo que não nos serve mais pode ser usados em outra residência. Basta um olhar mais atento para ver que uma calça pode virar um short e um computador quebrado pode permanecer útil. Reaproveitar é a palavra de ordem nos Trapeiros de Emaús. Um trabalho que começou há 18 anos, com apoio de dom Helder Camara, para reco-
Grupo recebe pedidos de coleta e vai até as residências
lher tudo o que pode ser recuperado e depois vender, a preços módicos. A associação dispõe de dois caminhões e um telefone como ferramentas de trabalho. Com isso, recebe pedidos de coleta e vai até as residências. Quase tudo serve. Papéis, livros, roupas, eletrodomésticos, computadores. Tudo menos MDF, é levado para a sede em Dois Unidos, para ganhar uma sobrevida.
O trabalho de conserto acontece nas oficinas gratuitas oferecidas para adolescentes a partir dos 16 anos e adultos, na Escola de Formação Profissional Luís Tenderini, dos próprios Trapeiros de Emaús. Os cursos acontecem duas vezes ao ano e duram quatro meses e meio. Duas vezes por semana, eles fazem um bazar. Algumas roupas saem por R$ 1. Equipamentos caros no co-
mércio, como computadores e ar-condicionados, não passam dos R$ 200. “Nosso objetivo é favorecer o comprador final, pessoas mais sofridas”, explica o presidente da associação, Ronaldo Medeiros. Os bazares também acontecem na UFPE e em Aldeia. S E R V I Ç O O contato dos Trapeiros para agendar as coletas são os telefones (81) 3451.2247 e 3451.5604.
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BRT
Via Livre é reforçado em Camaragibe Apartir de segunda-feira,os usuários da linha do Via Livre 2450 – Camaragibe (Centro) terão mais viagens de BRT. Devido ao aumento da demanda do novo modal,dois veículos serão acrescen-
tados à linha 2450 que sai doTerminal Integrado de Camaragibe e segue até o centro da cidade.
TRÂNSITO
Binário do Ipsep começa a operar hoje ACTTU implanta hoje o binário no bairro do Ipsep. As alterações acontecem nas ruas Saturnino Meireles e Silveira Neto, entre as avenidas Jean Emile Favre e Raimundo Diniz. A Rua Saturnino
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Meireles passa a ser mão única, no sentidoAvenida Raimundo Diniz/Avenida Jean Emile Favre.
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CAMPUS
UFPE ficará sem energia nesta manhã O fornecimento de energia elétrica será suspenso no campus Recife da UFPE hoje, das 7h às 12h. A interrupção será necessária para possibilitar a ligação da nova subestação da obra de
ampliação do Departamento de Oceonagrafia - setor 3, segundo informou a universidade.
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Recife, 3 de agosto de 2014 N º 215
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DOMINGO
Série A Sport pega o lanterna de olho no G4
A revolução digital na literatura A combinação de aplicativos, redes sociais e internet está mudando a forma de escrever e ler histórias. O leitor, cada vez mais parceiro, até participa do enredo. VIVER E4 e E5
O Leão, de Neto Baiano, vai tentar manter a boa fase (está há seis jogos invicto) neste domingo, em Florianópolis, às 16h, diante do Figueirense. Se vencer, pode entrar no G4. SUPERESPORTES C3
As salvadoras de animais de Jaboatão Em média, pelo menos um animal é abandonado por dia no Mercado Público de Cavaleiro. Na maioria das vezes, ninhadas de cães e gatos, que são largados pelos donos. Coube a um grupo de 12 mulheres o desafio de tentar protegê-los. LOCAL A4
RICARDO FERNANDES/DP/D.A PRESS
Parlamentares em falta No primeiro semestre, a Assembleia Legislativa funcionou, em média, com 20% de deputados a menos por dia. Na Câmara do Recife, o cenário não foi muito diferente. A média foi oito vereadores faltosos por dia. Com a campanha eleitoral, a tendência é que as ausências aumentem. Saiba quem são os campeões do não comparecimento. PODER A6 e A7
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Timbaúba
noronha
trabalho
enem
O arquipélago é um dos destinos mais procurados pelos turistas. E também um dos mais caros. Mas é possível se divertir sem gastar muito. PODER B18
Conheça o perfil dos cinco tipos de profissionais que não podem faltar em uma empresa. O curioso, o mentor, o faz-tudo, o otimista e o desafiador. PODER B14
A nota do Exame Nacional do Ensino Médio pode ser útil para outras finalidades estudantis além de entrar na universidade. Saiba quais são. LOCAL A5
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Recife, DOM - 03/08/2014 ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS
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Damião com sua família hoje e acompanhado pelos companheiros de lixão (à direita da foto em preto e branco). Duas décadas depois, ele ainda vive em condições precárias HEITOR CUNHA/DP/DA PRESS
De volta ao lixão de Timbaúba De acordo com a Confederação Nacional dos Municípios, seis em cada 10 cidades estão, a partir deste domingo, em desacordo com a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que estabeleceu a data de ontem como prazo final para o fim dos lixões. Timbaúba é um desses locais que, mais do que transgredirem a lei, escondem realidades não contempladas pelas estatísticas oficiais e onde programas sociais ainda não se fizeram sentir. O Diario voltou à cidade situada na Mata Norte 20 anos depois da chocante constatação de que catadores do local comiam ratos. Reencontramos um deles, Damião José da Silva, que ainda mora em meio ao lixo.
xão de Timbaúba. O Brasil de esquerdas e direitas esqueceu de empurrá-lo para frente. O homem de rosto castigado e equilíbrio sofrido parou de contar a idade aos 60. Não se lembra de muita coisa. Passa a manhã catando o que pode render algum dinheiro ou saciar a fome por entre os restos descartados pela população local. À tarde, normalmente cede ao sono cansado ou a desmaios embriagados. E assim vai levando a vida, ao lado da esposa, Maria Madalena da Conceição, 50. Ele lembra bem do episódio, rindo. “Não só eu comia rato. Muita gente fazia também, mas isso era no outro lixão daqui, de Sapucaia. Víamos a cabeça dele mexendo e dávamos o bote, correndo para colocar o pé em cima. Aí era matar, tirar os pelos e assar… A melhor carne que já comi”, conta. Cercado de espécies de roedores, de timbus e gabirus a mocós, antes abundantes na cidade, Damião não saberia identificar qual consumia.
ED WANDERLEY edwanderley.pe@dabr.com.br
as sacolas, ratos. Satisfeitos, os caçadores fazem fila à espera da oportunidade de trocá-los. Um a um, depositam os bichos numa balança e recebem peso equivalente em carne bovina de qualidade. Estamos na Associação Comercial de Timbaúba, há 20 anos. Em três dias, a população retirará 366 roedores de circulação do município, infestado deles. Pouco mais de 123 kg de ratos depois, o caso será esquecido por aqueles que demonstraram asco ou compaixão pelos que dependiam da campanha “Rato no saco, filé no prato”, em outubro do ano de 1994. A polêmica teve início semanas antes, com o rosto de Damião José da Silva estampado em páginas de jornais de todo o país. Capturava o bicho entre sacos plástico e papelões, tirava os pelos e comia. Vinte anos depois, os ratos se foram, mas não Damião, ainda morador do li-
N
Campanha arrecadou 123 kg de ratos, que foram trocados por carne de boi “Acho que era de esgoto mesmo. Não importava. A gente comia, tomava cana… Se tivesse hoje, comeria de novo”. Os cerca de 40 m2 do que chama de residência resistem bravamente ao tempo e ao vento. São estacas de madeira amarradas com cipós e cobertas por lonas plásticas, em improviso. No interior, uma cama com velhos colchões “achados”, que divide com esposa e alguns gatos. O resto da casa é um palco de entulhos do lixo que lhe “pode ser útil algum dia”, coberto por uma numerosa audiência de mos-
cas a fazer-lhes companhia. Encara com bom humor o passado, mas a feição muda quando questionado sobre o futuro. Olha para os céus e dispara. “A chuva vai chegar…”. Engole seco e chora como quem, há tempos, não lamenta a própria sorte. “Mal tenho forças para trabalhar. Não vou poder levantar a casa de novo”, diz o homem que nunca teve o rancho que sonhou. Com as forças que lhe restam, volta para dentro de casa. A porta está tomada por enteados e seus cônjuges. Uma delas é Alessandra da
Conceição Soares, 23, grávida de seis meses do quarto filho, que descansa de mais um dia de trabalho no lixão, de onde a família tira cerca de R$ 180 por mês. “Moro mais à frente, numa casa do Minha casa, minha vida. Eles não conseguiram a deles. Mãe perdeu o prazo para entregar os documentos. Na próxima ‘leva’ deve rolar”, conta. Vê quando o padrasto volta a se deitar na cama, com a mãe. Reunirão forças para um novo dia. Amanhã, chafurdarão no lixo, tais quais os ratos que um dia comeram.
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> Timbaúbaemnúmeros
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53.825 habitantes (destes) 8.372 vivendo em extrema pobreza (destes) 1.860 no meio rural
Minha casa, minha vida
Bolsa Família 12.271 famílias cadastradas 7,8 mil atendidas pelo programa
Habitação de 40 metros quadrados reúne entulhos
487 entregues na primeira etapa
35,1% trabalham com carteira assinada 30,1% trabalham como informais 20% são autônomos
350 prometidas para 2014
3,4% de funcionários públicos
1050 previstas para o município até 2016
2% são empregadores 9,4% desempregados ou sem nenhum rendimento
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DESVIO
Ciclofaixa terá uma alteração neste domingo A 1ª Ciclofaixa de Turismo e Lazer, que liga o bairro de Parnamirim ao Marco Zero, terá um trecho alterado neste domingo devido a um reparo na rede elétrica da Rua da Saudade. A ro-
ta seguirá até a Avenida Mário Melo, virando à esquerda apenas na Rua da Aurora.
REDE MUNICIPAL
Encontro reúne professores em Olinda Cerca de mil professores da rede municipal de Olinda participarão, na segunda e terça-feira, do II Congresso Municipal de Educação, no Centro de Convenções. O evento, que faz parte do ca-
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lendário letivo de formação continuada, terá palestras com profissionais de pedagogia.
CRISTIANE SILVA/ESP.DP/D.A PRESS
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THIAGO NERES/DP/D.A. PRESS
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CULTURA
Sarau poético hoje no Jardim Botânico Um sarau poético será o destaque de hoje na programação da Mostra Ambiental do Jardim Botânico do Recife. O espetáculo Homem, dos músicos Allan Sales, Thiago Mar-
tins e Clésio Ramos, começa às 10h. A mostra segue até 15 de agosto.
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Editor: Fábio Guibu Editor-assistente: Gabriel Trigueiro Editora-assistente de produção: Ana Paula Neiva
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Recife, SEG - 04/08/2014
Ação educativa prosseguirá até dia 22. Agentes de trânsito também fiscalizarão ruas próximas às escolas para coibir irregularidades.
Começa Operação Volta às Aulas
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LOCAL Apesar de não cumprir o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, Timbaúba investe na capacitação do catador para espantar a memória de violações a direitos humanos em lixões
O
lixo de Timbaúba aprisionou dezenas de pessoas e fez parte de famílias inteiras. Mesmo depois de sair do lixão, são várias as Marias que continuam tirando o sustento daquilo que ninguém mais quer. Na Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Timbaúba e Região, um homem divide espaço com uma dúzia de mulheres. Todas Marias. Das Graças, das Neves, da Conceição… Todas ex-catadoras que hoje circulam na cidade em busca de papelão, plástico e latas de alumínio. Severina Maria da Conceição, 63, comemora cada segundo passado com os pés não afundados em sujeira, após quatro décadas de sobrevida no lixão do município. Desde 2009, trabalha com duas filhas na cooperativa de catadores. Já tem “clientela” fixa, que faz a coleta seletiva e facilita o trabalho de limpeza dos materiais. Divide a área com duas filhas. A mais nova, Maria Aparecida da Silva, 27, mal fala sobre o trabalho anterior. Lembra de quan-
O trabalho na rua e com dignidade das Marias do o pai a levava para entregar almoço aos familiares e das histórias de pessoas que morriam atravessando ruas em direção ao lixão ou por rixas entre os que dele dependiam. “Me criei dentro do lixo. Catei desde os 10 anos, mas, aos cinco, já estava sem-
pre lá”, conta. A idade de estreia da irmã foi a mesma, Maria Rosineide da Silva, 37, não encontra motivos para calar seu sorriso, nem quando lembra dos golpes de facão ou dos “outros”, como chama aqueles que, quando não roubavam o material se-
parado por ela durante o dia, nele ateavam fogo. “Sempre tive momentos de alegria. Achar um saco com macaxeira ou batata doce ainda novinha? Tirava a parte pior, e o resto, festa”, ri a mãe de três filhos, uma delas, aos 15 anos, já “bem casada”, como defi-
Depois de passar 40 anos no lixão, Severina Maria da Conceição trabalha desde 2009 com duas filhas na cooperativa de catadores de Timbaúba.
ne. Só para posar para as fotos junto à família, faz cara séria. Logo depois, explica que tem motivos de sobra para ser feliz: antes “fazia” R$ 80 em cinco meses. “Hoje, tenho casa do programa do Governo e tem mês que consigo R$ 500. A vida é outra”, diz.
+ saibamais Índice de reciclagem
7%
45% 40%
39%
8%
35%
plástico filme
2% embalagens longa vida
rejeito
15%
Alemanha
Bélgica
Eslovênia
Irlanda
1%
vidro
5%
1% alumínio
outros
Brasil
39% papel e papelão
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Fonte: Grupo de Resíduos Sólidos da UFPE e Ambiente Brasil
Desafio social vai além da pobreza
Maria José da Conceição, 64 anos, a dona Preta
Das cerca de 13,5 mil famílias de Timbaúba, mais de 12 mil são cadastradas em programas sociais como o Bolsa Família, que atende pessoas em situação de vulnerabilidade social e econômica. Destas, 7,8 mil recebem o benefício do Governo Federal como complemento de renda. Entre os demais, portadores de enfermidades, carroceiros e catadores disputam as cerca de 500 cestas básicas mensais da prefeitura. “Há um desafio financeiro, já que a assistência tem que partir de recursos próprios do município.
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O outro é social. Muitas pessoas mais vulneráveis sofrem de alcoolismo e não se deixam ajudar. Damião, por exemplo (o homem que vive há 20 anos no lixão e se tornou conhecido após ser visto comendo ratos), fez parte da cooperativa, não aguentou e voltou para lá”, lembra a secretária municipal de Assistência Social, Vânia Lúcia Souza. Maria José da Conceição, 64, a dona Preta, saiu do lixão e nunca mais voltou. Não aguenta sequer a ideia do retorno. Mal fala, para não perder o tempo em que poderia
trabalhar. “Sou a que mais junta de tudo”, diz, orgulhosa do próprio esforço. A felicidade, não expressa no rosto. Apenas balança a cabeça, satisfeita. O aceno de Preta, o riso de Rosineide e a casa de Damião estão em capítulos bem distintos, ainda que unidos não apenas pelos resíduos dos quais ainda hoje tiram sustento, mas pela falta de perspectiva de mudanças ainda mais profundas. Certeza tão cega quanto as estatísticas; aquela que o Brasil erradicador da pobreza extrema deixou de contar…
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Há um desafio financeiro, já que a assistência tem que partir de recursos próprios do município” Vânia Lúcia Souza, Secretária de Assistência Social
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Recife, SEG - 04/08/2014
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FERNANDO AZEVEDO/ UFRPE
entrevista special
Soraya El-Deir
Pernambuco que não recicla
+ saibamais
2%
ALICE DE SOUZA Alicesouza.pe@dabr.com.br ED WANDERLEY Edwanderley.pe@dabr.com.br
É o quanto Pernambuco declara reciclar do seu total de lixo
Apenas um em cada seis quilos de lixo gerado pelos pernambucanos deveria seguir para os aterros sanitários. Supostamente, todo o resto deveria ser utilizado em compostagens (material orgânico) e na reciclagem. Na prática, somente um de cada 50 quilos são reaproveitados. A Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 2010, cujo prazo para adequação de lixões e aterros em todo o país terminou no último sábado (2), lançou luz sobre a gestão do lixo - ou falta dela - no estado. Atualmente, Pernambuco recicla 2% dos descartes que produz. Muito distante dos índices da Região Sul, que chegam a 15%. Mais longe da realidade ainda quando se considera o potencial de reciclagem que a própria Secretaria de Meio Ambiente mensurou desde 2012: 25,7%. Para refletir ef sobre o assunto, o Diario entrevista a pesquisadora-chefe de Gestão Ambiental da Universidade Federal Rural de Pernambuco, Soraya El-Deir, que critica a forma como Pernambuco olha para o lixo: das políticas públicas ao interior de sua residência - onde o processo de desenvolvimento sustentável deveria ter início e a consciência ambiental, se fazer presente.
3,7 milhões de toneladas por ano é o montante descartado em um ano
25,7% É o potencial de reciclagem identificado, em 2012, no estado
Perfil do lixo em Pernambuco Vidro
2,69%
Metal
3,1%
Papel
8,93%
Plástico
11,04
Material Orgânico 56,46% Rejeito*
17,84%
*Na teoria, apenas o rejeito (lixo que não se reaproveita) deveria seguir a lixões
“ Não é com uma lei que isso se resolve”
No Brasil, apenas 5% de toda a coleta de resíduos sólidos vai para reciclagem e compostagem. Esse número é esperado ou seria muito baixo quando comparado com países da Europa? Antes mesmo da Lei 12.305/10, a lei de Crimes Ambientais (9605/98) já ressalta que colocar lixo em local impróprio é crime passível de multa e detenção. Ou seja, antes dos índices, há uma questão legal séria. Por outro lado, temos realmente índices muito baixos de reciclagem quando comparados com país como a Alemanha. Lá, apenas 4% de tudo o que é recolhido é considerado re-
jeito (aquilo que não pode ser reaproveitado e deve ir para aterros). O que diferencia os casos do Brasil e da Alemanha? A Alemanha é um caso a parte em relação à questão ambiental. Após a 2ª Guerra Mundial, houve um esforço dos aliados para reconstruir o país. E dentro do Plano Marshall, estabalecido para recuperação europeia em 1947, estava inserida também a recomposição ambiental. Esse foi o primeiro mega plano nesse sentido e, a partir dele, as cidades foram recompostas a partir de uma lógica de gestão ambiental, com investimento e processo educativo do povo. Na Alemanha, existem os Pontos de Entrega Voluntária (PEV), onde tudo é tão aprimorado que é proibido colocar lixo sábado à atrde e domingo para não barulho. Além deles, você tem unidades específicas fora do centro das cidades, onde é possível depositar vidro e madeira por tipo, por exemplo. E a população sabe diferenciá-los. O estado terceiriza isso e coloca como matéria prima de novo na indústria. No Recife, são produzidas diariamente 2,5 mil toneladas de resíduos sólidos. Mas apenas 3% disso passa por coleta seletiva e vai para compostagem e reciclagem. O que explica esse desperdício? O ser humano produz uma média de 1,2 kg por dia, mas isso varia de acordo com o ta-
ANNACLARICE ALMEIDA/DP/D.A PRESS
Muito se falou, na última semana, sobre a Lei Federal 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Qual o grande entrave para o fim dos lixões? No Brasil, a gente tem uma legislação punitiva, mas os municípios abaixo de 100 mil habitantes estão com recursos comprometidos. Eles não têm verba para implantar aterros sanitários. Não é com uma lei que isso se resolve. O Brasil ainda não tem uma diretriz política clara para resolver esse problema. Para ter ideia, nenhum candidato nas próximas eleições colocou a gestão dos resíduos sólidos em pauta. Um dos ministérios que mais perdeu dinheiro durante a gestão de Dilma Rousseff foi o do Meio Ambiente, com cortes excessivos. Para mudar, é preciso aliar vontade política, educação e melhoria tecnológica.
Estação de coleta seletiva do Pão de Açúcar da Caxangá é uma das poucas existentes na RMR manho da população. Em cidades com cerca de 20 mil a 50 mil habitantes, a produção é de 0,5 kg por dia. A medida que os municípios crescem, o valor aumenta. No Recife, por exemplo, passa dos 1,5 kg. Isso porque em cidades menores a população costuma comprar a granel, com pouca embalagem. Na capital, quando você compra uma blusa, por exemplo, ela vem dentro de um saco, que é colocado em uma caixa e depois em outra sacola. É o que chamamos de embalagem primária, secundária e terciária. Ou seja, o maior peso do que a gente produz é inteiramente reciclável. O que falta, então, para ele-
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var o índice de reciclagem e reaproveitamento da capital e do estado de Pernambuco, que hoje é de 2%? A coleta precisa separar, na tipologia, os materiais. Hoje ela não é realizada em todo o Recife. Não bastam só os Pontos de Entrega Voluntária ou o porta a porta, ainda por cima quando a cidade possui mais de 2 mil catadores, espalhados em 32 cooperativas. A maioria deles não é usada pela prefeitura. A gestão acaba concorrendo com eles, quando deveria privilegiar e fortalecer os catadores. Isso é fundamental para tornar a estrutura difusa e garantir uma coleta de forma eficiente. Faz mais sentido a prefeitura coletar o que
pode ter algum tipo de tratamento e destinar os recicláveis aos catadores, para então o material seguir para as indústrias. Um dos objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos é implementar a gestão integrada de resíduos sólidos, ou seja, um conjunto de ações destinadas à busca de soluções para o lixo considerando as dimensões políticas, econômicas, ambientais, culturais e sociais. O que isso, significa, na prática? Antes da Política Nacional, o lixo que a gente colocava na calçada era de atribuição do município, a gente se isentava de qualquer responsabilidade. Nesse sentido, Pernam-
buco foi inovador ao criar a política estadual de resíduos sólidos antes do Brasil, sendo a primeira do país. A gestão integrada coloca todos os pares sob sua responsabilidade. Nós consumidores temos que fazer a segregação correta e recomendável para uma casa, que é a implementação da filosofia de lixo zero. Retirando os materiais usados no banheiro, todo o resto é reaproveitável, seja na compostagem ou reciclagem. Enquanto os grandes catadores, aqueles que produzem acima de 120kg por dia, como restaurantes, deveriam contratar empresas para fazer o recolhimento e tratamento do que produzem. Isso hoje é feito pela prefeitura.