Apostila de Geografia e História deRondônia - Coleção de Textos

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Índice

PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA ................................................................................................................... 3 ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS ................................................................................................................................................ 4 Criação do Estado ...............................................................................................................................................................................4 Pontos Extremos .................................................................................................................................................................................4 Definição dos Limites ............................................................................................................................................................................... 5 COMPOSIÇÃO ÉTNICA DE RONDÔNIA ................................................................................................................................................. 6 Aspectos sociais no Vale Guaporeano no Período Colonial ..................................................................................................................... 7 População Guaporeana .......................................................................................................................................................................8 ÍNDIOS, PRIMEIROS HABITANTES DE RONDÔNIA .............................................................................................................................. 9 POVOAMENTO - A FORÇA DOS MIGRANTES .................................................................................................................................... 11 Período Colonial, exploração e ocupação territorial. .......................................................................................................................... 11 Os Missionários Jesuítas ................................................................................................................................................................... 12 Real Forte Príncipe da Beira.............................................................................................................................................................. 13 O inimigo que nunca chegou... .......................................................................................................................................................... 14 Urbanização e desenvolvimento ........................................................................................................................................................ 15 A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ ...................................................................................................... 16 Epopeia de Suor e Sangue ................................................................................................................................................................ 16 Cidades nascem com os Trilhos ........................................................................................................................................................ 20 A Ferrovia Esquecida ........................................................................................................................................................................ 21 COMISSÃO RONDON ........................................................................................................................................................................... 22 Marechal Rondon .............................................................................................................................................................................. 22 A Expedição ..................................................................................................................................................................................... 23 DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO........................................................................................................................................... 25 Povoamento e evasões ..................................................................................................................................................................... 27 Colonização espontânea ................................................................................................................................................................... 27 BR-364 ................................................................................................................................................................................................... 29 O Recomeço ..................................................................................................................................................................................... 30 A Pavimentação ................................................................................................................................................................................ 30 CLIMA DE RONDÔNIA .......................................................................................................................................................................... 31 RELEVO DE RONDÔNIA ....................................................................................................................................................................... 32 Planície Amazônica ........................................................................................................................................................................... 33 Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro ....................................................................................................................................... 33 Chapada dos Parecis - Pacaás Novos............................................................................................................................................... 34 Vale dos Rios Guaporé e Mamoré ..................................................................................................................................................... 35 HIDROGRAFIA DE RONDÔNIA............................................................................................................................................................ 35 Bacia do Madeira............................................................................................................................................................................... 36 Bacia do Guaporé.............................................................................................................................................................................. 36 Bacia do Mamoré .............................................................................................................................................................................. 37 Bacia do Abunã ................................................................................................................................................................................. 37 Bacia do Jamari ................................................................................................................................................................................. 37 Bacia do Roosevelt............................................................................................................................................................................ 37 Bacia do Machado ou Ji-Paraná ........................................................................................................................................................ 38 OS PRINCIPAIS RIOS QUE FORMAM ESTAS BACIAS HIDROGRÁFICAS ......................................................................................... 38 RIOS NAVEGÁVEIS EM RONDÔNIA .................................................................................................................................................... 39 VEGETAÇÃO ......................................................................................................................................................................................... 40 ASPECTOS ECONÔMICOS DE RONDÔNIA......................................................................................................................................... 41 A BORRACHA NA HISTÓRIA ECONOMICA DE RONDÔNIA ................................................................................................................ 44 Primeiro Ciclo da Borracha ................................................................................................................................................................ 44 Histórico da ascensão da borracha.................................................................................................................................................... 46 Questões Econômicas ....................................................................................................................................................................... 47 Sistema de Aviamento ....................................................................................................................................................................... 47 A Crise (1913) ................................................................................................................................................................................... 48 O Ciclo do Telégrafo .......................................................................................................................................................................... 48 SEGUNDO CICLO DA BORRACHA E A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDDERAL DO GUAPORÉ ...................................................... 49 A SOBREVIVÊNCIA NA FLORESTA - SOLDADOS DA BORRACHA .................................................................................................... 52 Nasce a OSR .................................................................................................................................................................................... 53 Luta pela preservação das reservas .................................................................................................................................................. 53 CICLO DA CASSITERITA ...................................................................................................................................................................... 54 Cassiterita em Rondônia ................................................................................................................................................................... 55 O CICLO DO OURO............................................................................................................................................................................... 56


CICLO AGRÍCOLA. ................................................................................................................................................................................ 57 O MASSACRE DE CORUMBIARA ......................................................................................................................................................... 61 PECUÁRIA ............................................................................................................................................................................................. 64 MEIO - AMBIENTE ................................................................................................................................................................................. 64 Desmatamento .................................................................................................................................................................................. 65 Impactos Sobre o Ecossistema – Floresta Amazônica....................................................................................................................... 65 O Planafloro ...................................................................................................................................................................................... 66 Detalhamento Sintético do Planafloro ................................................................................................................................................ 66 O Zoneamento Sócio - Econômico – Ecológico ................................................................................................................................. 66 ECOTURISMO ....................................................................................................................................................................................... 67 EDUCAÇÃO ........................................................................................................................................................................................... 68 ARTE ................................................................................................................................................................................................ 68 CULTURA ......................................................................................................................................................................................... 69 Paixão de Cristo: tradição fora de época ........................................................................................................................................... 71 MUNICÍPIOS .......................................................................................................................................................................................... 72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS........................................................................................................................................................ 86


PRIMÓRDIOS DA HISTÓRIA DO ESTADO DE RONDÔNIA

Os primeiros contatos do mundo português com a região noroeste do Brasil ocorreram ao longo do século XVII. Em meados daquele século, Antônio Raposo Tavares, vindo pelo rio Mamoré atingiu o rio Madeira, percorreu toda sua extensão, e desceu o rio Amazonas até a foz. Quando os franceses foram expulsos do Maranhão, as medidas tomadas pela coroa portuguesa para impedir conquistas de terras por parte de outras nações na região levou a fundação do Forte do Presépio de Santa Maria de Belém, e, com base nele, à penetração e construção de fortes na bacia do rio Amazonas. Às ações da coroa juntaram-se os jesuítas, que em 1669 fundaram na foz do rio Madeira a missão de Tupinambarana. Daí iniciaram a penetração do vale do rio Madeira. Foi o padre jesuíta João Sampaio o fundador da aldeia de Santo Antônio das Cachoeiras, onde muitos anos depois pretendeu-se estabelecer o ponto inicial da E.F. Madeira Mamoré. Porém, fora os aldeamentos

jesuíticos que tinham algum sentido de perenidade, não haviam esforços de fixação na terra para produção de riquezas. Apenas exploravam-se as riquezas da floresta e o trabalho indígena. Em toda a região, o maior foco de lutas por conquistas territoriais era o Vale do rio Guaporé, com os espanhóis que se haviam fixado na região que hoje faz parte da Bolívia. Ali, ao longo da primeira metade do século XVIII travaram-se inúmeras batalhas pela posse do lado direito do rio. Lutavam, portugueses e espanhóis, pelas jazidas auríferas descobertas na província de Mato Grosso (em Bom Jesus, atual Cuiabá, e Vila Bela), durante o processo de avanço dos portugueses em direção ao oeste, a despeito do inócuo Tratado de Tordesilhas que consignava aquelas terras ao Rei de Espanha. E depois, para estabelecer melhores posições para dar cumprimento aos Tratados de Limites bilaterais, quando adotaram o princípio do Uti Possidetis (a posse pelo uso), como forma de resolver sem combate armado suas questões de fronteiras. Para garantir as conquistas portuguesas, o governador da província de Mato Grosso Luis Albuquerque de Melo e Cáceres, determinou a construção de uma fortificação nas proximidades do local da antiga Aldeia de Santa Rosa (espanhola, na margem esquerda do rio Guaporé). As obras do Real Forte Príncipe da Beira foram executadas entre 1776 e 1783. Seu povoamento foi efetivado com a exploração dos seringais, no século 19, por ocasião da etapa do ciclo da borracha. Nesse período, a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM).

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ASPECTOS FÍSICOS E GEOGRÁFICOS Criação do Estado O moderno Estado de Rondônia, cuja capital é Porto Velho, surgiu da cisão de terras que, no passado, pertenciam aos seguintes Estados: Mato Grosso e Amazonas. Ao ser criado, pelo Decreto-Lei nº 5.812 de 13 de setembro de 1943 foi denominado de “território de Guaporé”. Em 17 de fevereiro de 1956, passou a ser chamado Território Federal de Rondônia através da Lei nº 21.731, de autoria do Deputado Federal pelo Estado do Amazonas, Áureo de Melo, mas só foi integrado à Federação pela Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981. Seu nome é uma homenagem ao explorador dos sertões do Amazonas e do Mato Grosso, Cândido Mariano da Silva Rondon, o conhecido marechal Rondon. Rondônia com área totalmente localizada na Amazônia Legal e na Região Norte do Brasil, com relação à latitude ao sul da linha do Equador em relação à longitude oeste de Greenwich. Hora Legal - Rondônia está a menos 4 horas de fuso horário em relação a Greenwich, e 1 hora em relação ao horário oficial do Distrito Federal (Brasília). O Estado possui 238.512,80 km2, equivalente a 23.837.870 hectares, que representam 6,19% da área total da Região Norte e 2,80% da área do Brasil. Rondônia é o 15º estado brasileiro em área, sendo maior que os Estados do Acre, Roraima, Amapá, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Espírito santo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e o Distrito Federal. A capital é a cidade de Porto Velho, localizada ao norte do Estado, possui 52 Municípios. As cidades mais populosas: Porto Velho, Ji-Paraná, Ariquemes, Cacoal e Vilhena. Compreende as mesorregiões de Leste Rondoniense e Madeira-Guaporé, em um total de 8 microrregiões. Faz parte da região conhecida como Amazônia Legal. Rondônia Mesorregião Leste Rondoniense Madeira-Guaporé Microrregião Alvorada D'Oeste Ariquemes Cacoal Colorado do Oeste Guajará-Mirim Ji-Paraná Porto Velho Vilhena

Superfície (km2) 131.292 107.222 Superfície (km2) 15.618 24.500 24.682 14.827 41.316 25.125 65.906 26.540

População 907.414 472.373 População 72.428 139.033 225.312 60.603 59.338 304.178 413.035 105.860 *Dados Censo 2000

Pontos Extremos Ao norte, a confluência do Igarapé Maicy com o Rio Madeira à 7º55'30" LS (Latitude Sul); Ao sul, a foz do rio Cabixi no rio Guaporé à 13º41'30" LS (Latitude Sul); A leste, o salto Joaquim Rios no rio Iquê à 13º41'30" LS (Latitude Sul); A oeste, a paisagem da linha Geodésica Cunha Gomes no divisor de águas Abunã-Ituxi à 66º15'00" LnW (Longitude Oeste). Página | 4


O Estado de Rondônia possui 1.342 km de linha divisória com a Bolívia fronteira em sua totalidade delimitada por rios. O limite começa na foz do Rio Cabixi no Rio Guaporé; desce o Rio Guaporé até o Rio Mamoré; desce o Rio Mamoré até o Rio Madeira; desce o Rio Madeira até a foz do Rio Abunã; sobe o Rio Abunã até o cruzamento com a linha geodésica Cunha Gomes, no limite com o Estado do Acre. Rondônia possui 52 municípios localizados na Amazônia Legal e 20 municípios situados em faixa de fronteira. Limita-se ao Norte, Nordeste e Noroeste com o Estado do Amazonas; Ao Leste e Sudeste com o Mato Grosso; Ao Sul e Sudoeste com a República da Bolívia.

Definição dos Limites Começa na foz do Rio Cabixi no Rio Guaporé, desce o Rio Guaporé, o Rio Mamoré e o Rio Madeira até o Rio Abunã; sobe o Rio Abunã até encontrar a linha geodésica Cunha Gomes (Beni Javari); segue a linha geodésica Cunha Gomes até encontrar o divisor de águas dos Rios Ituxi/Iquiri/Abunã, segue o divisor de águas dos Rios Ituxi/Iquiri/Abunã até encontrar o divisor de águas dos Rios Ituxi/Madeira; segue o divisor de águas Ituxi/Madeira até alcançar o paralelo da foz do Rio Maicimirim; sobe o Rio Maicimirim até suas nascentes, no divisor de águas dos Rios Marmelo/Ji-Paraná ou Machado; segue o divisor de águas dos Rios Marmelo/Ji-Paraná ou Machado até o divisor de águas dos Rios Ji-Paraná/Roosevelt; segue o divisor de águas dos Rios Ji-Paraná/Roosevelt até encontrar o paralelo da foz do Rio Capitão Cardoso no Rio Roosevelt; segue por esse paralelo até a foz do Rio Capitão Cardoso; sobe o Rio Capitão Cardoso até o Rio Tenente Marques; sobe o Rio Tenente Marques até a foz do Igarapé Pesqueira; daí segue por uma linha reta até o salto Joaquim Rios no Rio Iquê; sobe o Rio Iquê até o Córrego Toluiri-Inazá; sobe o Córrego Toluiri-Inazá até suas nascentes; daí segue pelo divisor de águas até as nascentes do Rio Cabixi; desce o Rio Cabixi até sua foz, ponto de partida.

Municípios e Divisão Geopolítica O Estado de Rondônia é formado por 52 municípios e 57 distritos. Municípios Rondonienses GuajaráMirim, Nova Mamoré, Porto Velho, Candeias do Jamary, Itapuã do Oeste, Alto Paraíso, Monte Negro, Buritis, Campo Novo de Rondônia, Rio Crespo, Cujubim, Ariquemes, Cacaulândia, Machadinho do Oeste, Vale do Anari, Theobroma, Governador Jorge Teixeira, Jaru, Vale do Paraíso, Nova União, Mirante da Serra, Teixeirópolis, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Presidente Médici, Urupá, Alvorada do Oeste, São Miguel do Guaporé, Seringueiras, São Francisco do Guaporé, Costa Marques, Nova Brasilândia do Oeste, Novo Horizonte do Oeste, Castanheiras, Alta

Floresta do Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Santa Luzia do Oeste, Rolim de Moura, Ministro Andreazza, Cacoal, Espigão do Oeste, Primavera de Rondônia, São Felipe d’Oeste, Parecis, Pimenta Bueno, Chupinguaia, Colorado do Oeste, Corumbiara, Cerejeiras, Pimenteiras do Oeste, Cabixi e Vilhena.1 Os municípios rondonienses localizados na faixa da fronteira boliviana são: GuajaráMirim, Nova Mamoré, Costa Marques, Alta Floresta do Oeste, São Francisco do Guaporé, Alto Alegre dos Parecis, 1

Veja a partir da página 75, o referencial de cada município rondoniense.

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Pimenteiras do Oeste e Cabixi. Dois municípios rondonienses estão entre os 15 municípios brasileiros que obtiveram as maiores taxas nacionais de médias de

crescimento populacional. Buritis, com 29,09% e Campo Novo de Rondônia com 23,20%.

COMPOSIÇÃO ÉTNICA DE RONDÔNIA É semelhante ao restante do país, formada por brancos, negros e índios. Mas em virtude das fases de atração imigratória e migratória ocorrentes durante os ciclos de produção econômica, diversos povos dessas raças deram sua contribuição para o elemento humano rondoniense, cuja identidade regional ainda está em formação. Quando os portugueses chegaram ao Vale do Guaporé, a partir de 1750 – 250 anos depois do Indígenas “descobrimento” do Brasil – todo o território hoje ocupado pelo estado de Rondônia era habitado por indígenas. Estes, em parte, foram escravizados e, em parte, massacrados por resistirem aos brancos. A necessidade de sempre maiores contingentes de mão de obra para os trabalhos nas minas, na pequena produção agrícola e para a defesa da fronteira com os espanhóis levou o governo português a importar escravos negros africanos do Rio de Janeiro, de Salvador e de Recife. O vale do Guaporé abrigou no período colonial uma sociedade mercantilista e escravocrata. A população Guaporeana, predominantemente masculina, apresentava índice elevado de criminalidade e violência. O cotidiano foi marcado por doenças e epidemias, o que Rolim de Moura chamou de "O terror da América". O vale foi um verdadeiro inferno para os escravos que construíram uma história de lutas e resistência à escravidão, que deixou marcas na colonização desta região. A miscigenação (mistura) dessas três etnias foi inevitável, resultando em mamelucos e mestiços. Indígenas escravos, mamelucos, mestiços, negros e brancos pobres foram abandonados à própria sorte quando as minas de ouro do Guaporé se esgotaram. No século XIX, o Primeiro Ciclo da Borracha arregimentou uma avalanche de imigrantes nordestinos, já frutos da mesma miscigenação (brancos, índios e negros). Já no século XX, no período da Segunda Guerra Mundial, novos imigrantes, primeiro do Pará e depois do Nordeste, chegaram para o Segundo Ciclo da Borracha em Rondônia. Lembramos ainda que, para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (1907 – 1912), foram recrutadas mais de 20.000 pessoas no estrangeiro: negros das ilhas da América Central, espanhóis, portugueses, italianos, franceses, ingleses, dinamarqueses, além de brasileiros de outras regiões.

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Os indígenas e os descendentes de toda essa gente são considerados os amazônicos, em oposição aos “sulistas”, os nãos amazônicos. Os “sulistas” é a massa de migrantes de vários estados do Sudeste, do Centro-Oeste e do Sul, atraída pelo governo federal para a nova fronteira agrícola de Rondônia, a partir de 1970. Para termos uma ideia, entre 1980 e 1986 (o período de maior imigração), chegaram a nosso estado mais de 730.000 pessoas. A maioria era pequenos agricultores, com suas famílias, do Espírito Santo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, mas, sobretudo do Paraná. Aqui temos de novo descendentes, miscigenados ou não, de italianos, alemães, espanhóis, portugueses, poloneses, etc. Muitos se entrosaram bem com os amazônicos, adaptando-se a nova situação de vida. Outros enfrentaram dificuldades e até há quem regressou ao estado que deixara. Mas é essa multidão de origem tão diversa de quase 1.400.000 habitantes que, num complexo processo de mescla de hábitos, costumes, identidades peculiares, forma hoje nosso glorioso e vitorioso povo rondoniano. Atividades 1. Qual foi a primeira miscigenação ocorrida em nosso estado? 2. O primeiro Ciclo da Borracha provocou uma nova "mistura", envolvida ainda pela construção da ferrovia Madeira Mamoré. O que há de interessante nesse processo? 3. Essa imensa "misturança' formou os denominados amazônicos rondonianos, a quem viriam se contrapor os não amazônicos ou Sulistas. Quem são os sulistas e o que representam na formação do povo rondoniano?

Aspectos sociais no Vale Guaporeano no Período Colonial

No vale do Guaporé, no Período Colonial, a sociedade era escravocrata e mercantilista. O mercantilismo, uma política econômica dos países europeus, estava centrado no aumento do estoque de metais preciosos, no comércio exterior favorável ao País, dando mais importância ao comércio e a indústria do que a agricultura, mas no caso do Brasil Colônia, o País era Portugal. A riqueza aqui produzida, pelo pacto colonial, tinha de encher os cofres da Metrópole portuguesa. Predominava a população masculina de brancos, mestiços, indígenas e negros, dividida em livres e escravos. Livres eram os brancos; escravos eram os negros e os indígenas em menor número. A maioria absoluta dos habitantes eram mestiços e negros e os brancos Página | 7


eram minoria. A posição social dos mestiços era determinada pela cor da pele. Quanto mais escura, mais baixo seu nível. Os últimos na escala eram os escravos negros.

População Guaporeana Leia o texto a seguir e verifique como era a vida dos escravos na capitania de Mato grosso:

A população branca constituía a reduzida elite guaporeana, formada a partir de sertanistas e aventureiros, provenientes de outras regiões da Colônia. Detinham a posse das minas, as lavras e “Vítimas de abusos de toda as melhores terras. Cabiam-lhes também os altos sorte, vivendo no vale do Guaporé, um cargos públicos da administração local. verdadeiro inferno, sujeitos a maus A elite guaporeana era composta por altos tratos, castigos e suplícios, perseguidos funcionários públicos, militares, grandes e mortos ou vendidos pelos indígenas comerciantes e padres, que possuíam grandes aos castelhanos, os negros do Guaporé fazendas e grande plantel de escravos. Mas buscavam também, por formas diversas, escapar as angústias do poucos conseguiram fazer grande fortuna em geral cativeiro que os atormentava. Suas por suas atividades diversificadas: mineração, atitudes em busca de melhores agropecuária e comércio. Residiam em casas e condições de vida chegavam a medidas luxuosamente mobiliadas. Usavam roupas de seda de rebeldia que exigiam extrema e davam festas suntuosas. coragem e vigor. Os escravos do Vale do Pelo fato de os habitantes brancos “aptos” a Guaporé construíram assim uma comporem a elite social serem minoria, os história de lutas e resistência à governantes permitiram a brancos pobres, escravidão, que deixou marcas na endividados ou culpados perante a justiça, colonização desse rio, perceptíveis até provenientes de outros centros da colônia, e os dias atuais” mestiços de pele mais clara, a reconquista de (Teixeira e Fonseca, p.81) status social pelo perdão de suas dívidas e pelo resguardo das penalidades perante a justiça. Assim, como “homens bons” podiam participar da vida pública guaporeana, ocupando postos e cargos de escalões mais baixos. Os habitantes brancos pobres (endividados ou réus na justiça), os mamelucos, os mestiços, os indígenas e os negros eram os excluídos sociais, sendo os mestiços a camada popular predominante. Os brancos, pobres e mestiços eram pequenos proprietários de terra, dedicando-se as roças de subsistência; pequenos comerciantes revendiam produtos trazidos pelas monções; e os mascates eram apresadores de índios ou aventureiros. Na maioria, eram pobres livres, que andavam ao acaso. O inconformismo com o cativeiro e a luta dos negros pela liberdade no Vale do Guaporé, na segunda metade do século XVIII, manifestaram-se por atos individuais, desde violência, redução intencional da produtividade e insubordinação até as fugas. (Os escravos fugitivos reuniam-se, em quilombos, dos quais o mais célebre foi o Quilombo do Quarite) ou Piolho (cuja líder era a rainha Tereza de Benguela), situado às margens do igarapé Piolho. Nele, os negros resistiram desde sua fundação (1752) até seu extermínio (1795). Atividades: 1- O que caracterizou a sociedade do Vale do Guaporé-Madeira no Período Colonial? 2- Que população predominava no Vale do Guaporé no período Colonial? Página | 8


ÍNDIOS, PRIMEIROS HABITANTES DE RONDÔNIA Até a segunda metade do Séc. XIX, as sociedades indígenas eram dominantes na região onde hoje se localiza o Estado de Rondônia. Essa situação começa a mudar a partir de 1850, quando a região passa a receber migrantes, principalmente de origem nordestinas, atraídos pela atividade extrativa da borracha, que se desenvolveu em função da expansão do comércio internacional desse produto. Os principais povos são: Povo Karitiana, com uma população de cerca de 180 índios, fala a língua Tupi/Arikém, habita a 95 quilômetros ao sul de Porto Velho, numa área de 89.698 hectares. Os primeiros contatos com o não índio aconteceram no final do século XVII, mas conseguiram se manter no isolamento até o começo do século XX, quando caucheiros e seringueiros acabaram com a grande parte do grupo e mantiveram o restante sob regime de escravidão durante longos anos. A “pacificação” aconteceu em 1932 com a passagem do Marechal Rondon. A proteção do grupo passou a ser feita pelo antigo SPI (Serviço de Proteção do Índio), que fundou um posto de assistência, atualmente mantido pela FUNAI. Os Karitiana viviam perto de Ariquemes, na BR-364. Com o passar dos anos e dada a aproximação do “homem branco”, foram recuando até as proximidades do Rio Candeias, onde estão há, aproximadamente, 32 anos, tendo abandonado a vida nômade em consequência de contato. Apesar do contato de muitos de nós a civilização não índia, o povo Karitiana conserva muitas de suas tradições, como pintura corporal e fácil em ocasiões de festas ou eventos importantes, a música, a dança, o artesanato. Dedicam-se mas à caça que a pesca, mas não saem para caçar quando a esposa está de resguardo por acreditarem que nesse período podem ser perseguidos por onça ou se perderem na floresta. Embora utilizem armas de fogo, ainda utilizam o arco e flecha. Antigamente os Karitiana prensavam a cabeça dos bebês índios até os três meses de idade. Queriam filhos diferentes dos macacos. Na constituição familiar, o povo Karitiana adota a prática da poligamia e casamento entre parentes. A área indígena Uru-Eu-Wau-Wau está localizada no relevo central do Estado de Rondônia abrangendo os municípios de Guajará-Mirim, Costa Marques, Nova Mamoré, Campo Novo de Rondônia, Monte Negro, Cacaulândia, Governador Jorge Teixeira, Mirante da Serra, Jaru, Alvorada do Oeste, São Miguel do Guaporé e Seringueiras. Página | 9


Os povos Uru-Eu-Wau-Wau estão linguisticamente classificados no Tronco Tupi, Família Tupi-Guarani, grupo Tupi-Kawahib. São aparentados dos Tenharim e Parintintin, do sul do Amazonas. vários colonos assentados pelo INCRA, Desde 1940 se soube da existência dos através do projeto Burareiro, dentro da área lendários Uru-Eu-Wau-Wau, como um grupo Uru-Eu-Wau-Wau. Os trabalhos de contato só arredio que andava por muitas localidades na tiveram êxito em 1980 e 1981, quando uma região central do Estado de Rondônia. frente de atração da FUNAI, Geograficamente esta liderada pelo indigenista região tem diversas Apoena Meirelles, conseguiu barreiras naturais manter os primeiro contatos como serras e amigáveis com os índios. extensas áreas de Naquela época o grupo campo, o que, porém, era formado por mais de 800 não tem impedido as índios. Os homens usavam constantes tentativas pinturas corporais, nas cores de invasões por parte preta e vermelha, feitas com de posseiros, tintas fabricadas com o madeireiros e jenipapo e o urucum. Sua garimpeiros. Ater hoje única vestimenta era uma espécie de há uma luta constante dos índios em defesa cinturão, bem largo, feito com várias voltas de de suas terras. cipó, em torno da cintura. Cortavam o cabelo Em 1977 foi organizado um plano para em forma de cuia, no alto da cabeça. As tentar contatar com os Uru-Eu-Wau-Wau e mulheres, pequenas e de traços muito interditar sua área. O contrato não havia delicados, usavam tatuagem no rosto, ainda se realizado e quase nada se sabia a costume ainda conservado entre as índias. respeito destes índios, além das lutas contra seringueiros e garimpeiros onde sempre morriam muitos índios e brancos. Em 1979 Depois do contato, em 1981, a população Uru-Eu-Wau-Wau sofreu drástica redução em consequência das doenças levas pelos invasores, dos assassinos e do aumento excessivo da incidência da malária. Atualmente os Uru-Eu-Wau-Wau estão em quatro pequenos grupos. No Posto Indígena do Alto Jamari, vivem cerca de 20 índios. No Posto Indígena do Alto Jaru estão mais 16. No Posto Indígena Jamari vivem cerca de 10 índios e no Posto Indígena Comandante Ari estão 16. a população total é de 62 Uru-Eu-Wau-Wau. Os povos se dividem em duas metades que recebem nome de aves: Mutum e Arara. A regra básica para a formação da família é através do casamento de um membro da metade Mutum com outro da metade Arara. Antigamente um homem podia casar com mais de uma mulher, mas hoje, como as mulheres estão em número reduzido, muitos rapazes não têm com quem casar. Os Uru-Eu-Wau-Wau já têm constituída uma associação e começam a lutar pela implantação de escolas em suas aldeias, e também por projetos de alternativas econômicas e de saúde.

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POVOAMENTO - A FORÇA DOS MIGRANTES “Os migrantes trouxeram suas tradições e aqui criaram muitas outras, próprias de uma região onde impera a mistura das misturas brasileiras”.

(Prof.ª Sônia Arruda)

Período Colonial, exploração e ocupação territorial. Entre as fases de desenvolvimento do estado de Rondônia podemos destacar a descoberta de ouro no rio Corumbiara, no século XVIII; a conquista e o povoamento dos vales do Guaporé, Mamoré e Madeira; a construção do Real Forte do Príncipe da Beira, no período colonial; o Primeiro e o Segundo Ciclos da Extração de Látex; a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e a descoberta de minério de estanho (cassiterita) em 1952. O período mais expressivo do desenvolvimento regional ocorreu a partir da abertura da BR 364, e com implantação de projetos de colonização, pelo Governo Federal, através do INCRA. Os primeiros portugueses chegaram ao atual Estado de Rondônia no séc. XVII, mas a presença de missões religiosas e de exploradores franceses, espanhóis, holandeses e ingleses era constante. Eles entravam nas florestas a procura das chamadas drogas do sertão, como eram conhecidas as essências e frutos do tipo: pimenta-do-reino, anil, urucum, baunilha, âmbar, canela, cravo, paubrasil, pau-preto e, principalmente, o cacau. O interesse pela região aumentou a parir do séc. XVIII, com o descobrimento de pedras preciosas nos Estados de Goiás e Mato Grosso. Os portugueses saíram de Belém subindo o rio Madeira até o rio Guaporé chegando ao arraial do Bom Jesus, antigo nome da localidade de Cuiabá. As jazidas que foram descobertas na região atraíram a atenção de muitos bandeirantes para explorar o mineral. Tal empreendimento resultou no descumprimento do Tratado de Tordesilhas, estabelecido entre Portugal e Espanha. A busca pelas jazidas de ouro proporcionou o surgimento de povoações como o de Vila Bela de Santíssima Trindade do Mato Grosso, no Rio Guaporé e Santo Antônio, no Rio Madeira. No século XVIII, com a fundação da aldeia de Santo Antônio, pelo padre jesuíta João Sampaio, na primeira cachoeira do rio Madeira, sentido foz-nascente. Posteriormente as descobertas de ouro nos afluentes da margem direita do rio Guaporé despertaram interesses na Coroa Portuguesa pela posse da terra, portanto, em 1748, funda a capitania de Mato Grosso, cujos limites abrangiam a maior parte das terras do atual estado de Rondônia. Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, considerado o primeiro governador da capitania de Mato Grosso (1751- 1764), iniciou uma política de povoamento e fundação de feitorias ao longo dos rios Guaporé e Madeira e construiu o Forte de Conceição que foi substituído pelo Real Forte do Príncipe da Beira. Nesse mesmo período, iniciou-se a exploração fluvial do rio Madeira e seus afluentes Mamoré e Guaporé, pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, que utilizava essa rota fluvial com exclusividade para o abastecimento das minas de Página | 11


ouro dos afluentes do rio Guaporé e da capital da capitania de Mato Grosso (Vila Bela da Santíssima Trindade). Com a decadência da mineração, no vale guaporeano, no final do século XVIII, a região foi abandonada por um período aproximado de 100 anos. A partir de 1877, com o desenvolvimento da indústria de produtos derivados de látex o vale do Madeira e seus afluentes foram ocupados pelos seringueiros que, na sua maioria, eram retirantes que fugiam da seca que assolava o nordeste Brasileiro. As fronteiras foram estendidas, sendo reconhecidas algumas das novas delimitações com a assinatura do Tratado de Madri. A construção do Forte Príncipe da Beira (1776) foi um fator estimulante para o surgimento das primeiras povoações na região. Sua construção faraônica, localizada próximo ao rio Guaporé, foi utilizada no princípio como instrumento de defesa contra os espanhóis e, posteriormente ele serviu como espaço de asilo e prisão. A sociedade era movida pelo espírito mercantilista da época, sendo composta por uma elite militar, religiosa, funcionários da administração pública, mineradores, sertanistas, comerciantes, pequenos fazendeiros e donos de engenho. Na base da pirâmide social estavam as classes mais baixas, composta por mulatos, índios e escravos. O período da escravidão na região foi caracterizado por diversas fugas de escravos para a floresta e brigas. Os escravos que fugiram nesse período fundaram alguns quilombos, entre os principais podemos destacar o do Piolho, que resistiu por 43 anos às tentativas de punições por parte da coroa portuguesa, outros quilombos foram estabelecidos na região: Galera, Galerinha, Taquaral, Pedras e Cabixi.

Os Missionários Jesuítas

A atividade dos jesuítas no rio Madeira começou em 1669, com a chegada e instalação de um estabelecimento missionário pioneiro na ilha de Tupinambarana, evitando que os indígenas

comercializassem com os holandeses estacionados no rio Negro. Os índios se opunham à ocupação efetiva do rio Madeira. O maior dos obstáculos que os jesuítas passaram a enfrentar para ampliar suas atividades no baixo e médio Madeira era a resistência indígena. Os Mura eram os mais agressivos. Abandonaram o Peru descendo pelo rio Madeira até às margens e lagos dos rios Solimões e Amazonas. O rio Madeira rendia aos missionários coletas de especiarias o que contribuiu para outras bandeiras fluviais entrarem no rio Mamoré, considerado extensão do rio Madeira, chegando a missão de São Miguel, no rio Guaporé. O rio Guaporé era considerado pelos portugueses o limite natural entre as possessões de Portugal e da Espanha. A margem direita do rio Guaporé em toda a sua extensão era território português e os nativos que nela habitavam, eram vassalos do rei de Portugal.

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Real Forte Príncipe da Beira «A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei, nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que dê… é serviço de Portugal. E tem de se cumprir».

Mais de duzentas fortificações foram erguidas pelos portugueses, no intuito de preservar o imenso continente que lhes fora legado por bula papal (de 1492) e pelo Tratado de Tordesilhas (1494), além das terras que ao longo do tempo conquistaram a oeste da "linha de Tordesilhas". De todas, o Forte Príncipe da Beira é considerada a de localização e construção mais perfeitas, ainda que dela hoje restem apenas ruínas. A construção do Forte teve início em 20 de julho de 1776, quando foi lançada sua pedra fundamental, e a obra dada como concluída em agosto de 1783, embora ainda faltassem executar alguns itens do projeto original. A decisão de construí-lo baseou-se nas muitas escaramuças militares que, ao longo de décadas, buscaram estabelecer o domínio português ou espanhol sobre aquelas terras longínquas, no coração da América do Sul. Os combates intensificaram-se após o Tratado de Madri de 1750, que expandiu o domínio português profundamente na direção oeste, sobre as regiões protegidas pelos Fortes de Macapá (Amapá), São Joaquim (Roraima), São José de Marabitanas (Amazonas), São Gabriel (Amazonas), Tabatinga (Amazonas), Forte Príncipe (Rondônia), Coimbra (Mato Grosso do Sul), Iguatemí (M. G. do Sul) e Jesus Maria e José (R.G. do Sul). O Forte Príncipe protegia toda a margem direita dos rios Guaporé e Mamoré, na fronteira com a Bolívia. Corria o ano da graça de 1771. Sentado no seu gabinete em Lisboa, Sebastião José de Melo, mais conhecido como Marquês de Pombal, tomava a decisão de edificar a maior fortaleza portuguesa alguma vez construída no Brasil (o seu perímetro soma 970 metros e as muralhas têm 10 metros de altura). O objetivo era o de suster uma hipotética invasão da Amazónia pela Espanha, agastada com o avanço dos portugueses para Oeste, muito para além da divisória traçada no célebre Tratado de Tordesilhas. Vivia-se também o auge do Ciclo do Ouro e os espanhóis estavam obstinados em alcançar o Atlântico através dos grandes rios amazônicos. O local, situado nos confins da Amazônia, nas margens do rio Guaporé - hoje, fronteira com a Bolívia, distava mais de 3000 quilômetros do litoral. Os seus construtores foram obrigados a trazer por via fluvial, através dos rios Amazonas, Madeira, Paraguai e Jauru, grande parte do material necessário, nomeadamente, as pedras de cantaria. Desconhece-se quantos operários foram mobilizados e quantos pereceram durante a construção, em que foi necessário desbravar selva virgem. Ainda hoje, é um ponto de difícil acesso. Coube ao Governador do Mato Grosso, D. Luiz de Albuquerque de Mello Pereira e Página | 13


Cáceres impulsionar a empreitada do Real Forte Príncipe da Beira, designação escolhida para homenagear o segundo herdeiro na linha de sucessão ao trono português. As obras foram iniciadas em 2 de Junho de 1776 e concluídas em 20 de Agosto de 1783, com um projeto da autoria do ajudante de Infantaria e engenheiro Domingos Sambucetti (falecido de malária durante a obra), inspirado na arquitetura militar francesa desenvolvida por Vauban. O Forte Príncipe da Beira apresenta um plano quadrangular, amuralhado em cantaria, com baluartes nos ângulos consagrados à Nossa Senhora da Conceição, Santa Bárbara, Santo António de Pádua e São José Avelino - e rodeado de um fosso seco. A porta principal contava com uma ponte levadiça (hoje, inexistente), mas há relatos de que também existiria uma passagem secreta subterrânea para o exterior, com uma saída situada junto a rio. No interior da praça forte, um total de 14 edifícios de alvenaria, argamassa e "pedra canga" (hoje, em ruína), abrigavam os quartéis da guarnição e a capela. Apenas, a porta de armas e as antigas masmorras, com janelas protegidas por grades, se conservam no seu estado original. No centro do terrapleno, existe um poço que fornecia água aos seus ocupantes. Cada um dos quatro baluartes era armado com 14 canhoneiras - num total de 56 peças de artilharia que viajaram, aproximadamente, durante três anos para chegar ao seu destino. Hoje, só existem três (uma nas muralhas e duas na entrada do quartel vizinho).

O inimigo que nunca chegou... Afinal, a tão temida invasão espanhola nunca se verificou e o forte nunca entrou em combate. Um ano após o início da sua construção (1777), foi firmado entre Portugal e Espanha, o Tratado de Santo Ildefonso - que legitimava o domínio da margem direita do Guaporé a Portugal, mas a sua comunicação demorou mais de um ano a chegar à capitania do Mato Grosso. Perdida a sua importância estratégica, o Forte Príncipe da Beira desempenha o papel de presídio, mas acaba por ser desocupado em 1889 (já na República brasileira), permanecendo em absoluto abandono. A última guarnição a sair murou a porta principal e a selva recobriu-o por completo em poucos anos. Em 1911, seria reabilitado depois da visita do, então, Major Cândido Rondon (empenhado num périplo de demarcação das fronteiras do Brasil), sendo inscrito como monumento nacional em 1950. Desde então, foi palco de diversas

«A soberania e o respeito de Portugal impõem que neste lugar se erga um forte, e isso é obra e serviço dos homens de El-Rei, nosso Senhor e, como tal, por mais duro, por mais difícil e por mais trabalho que dê… é serviço de Portugal. E tem de se cumprir».

celebrações, nomeadamente, a do bicentenário da sua construção (1976) e, mais recentemente, da comemoração dos 500 anos do Brasil (Abril 2000). Hoje, o Forte Príncipe da Beira é guardado por um destacamento do 6º Pelotão de Infantaria de Selva e 1º Pelotão de Fuzileiros de Seva na Fronteira da Companhia, com 69 homens. Já ninguém teme uma invasão do Brasil pelos exércitos dos países vizinhos, mas o aviso fica bem claro: Página | 14


“A selva nos une, a Amazônia nos pertence”, pode ler-se numa parede do quartel. Na pequena sala-museu conservam-se algumas relíquias do forte, fotografias da expedição que resgatou as ruínas da selva, em 1911 e a reprodução de "grafites" de antigos e infelizes prisioneiros: “Mato Groço me prendeo a Fortaleza me cativou...” “Nesta triste e horrorosa prisão vive o pobre e enfeliz Pacheco com grossa e comprida corrente no pescoço” “A Deus ingrata prizão De ti me despesso obriozo Tendo suportado gostozo Em Ti a mais dura aflição”

Urbanização e desenvolvimento Com o surto da borracha no séc. XIX, a região começou a se desenvolver. Os primeiros imigrantes que chegaram e usufruíram do ciclo da borracha foram os nordestinos. Eles deixaram o nordeste impelidos pela grande seca de 1877. No ano de 1883, a região que hoje é Ji-Paraná já era povoada por nordestinos que chegavam à Amazônia para trabalhar nos seringais. A construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em 1907, daria continuidade a essa fase do processo migratório com a vinda de milhares de trabalhadores estrangeiros, destacando-se principalmente os negros oriundos de Bárbaros, Trinidad, Jamaica, Santa Lúcia, Martinica, São Vicente, Guianas, Granadas e outras ilhas das Antilhas. Todos de formação protestante e idioma inglês que foram denominados de barbadianos. Muitos não retornaram aos países de origem constituindo família no Estado. Entre 1877 e 1915, surgiram os povoados de Urupá (origem da atual cidade de JiParaná), Pimenta Bueno, Jaru, Papagaios (atual cidade de Ariquemes) e diversos outros que surgiram e desapareceram como Santo Antônio do Rio Madeira, que chegou a ser uma cidade e o povoado de Samuel, no rio Jamari. Em 1942, ocorreu o segundo ciclo da borracha na região. Muitos nordestinos que migraram estabeleceram-se nessa área, não apenas como seringueiros civis, mas uma parte deles acabou se tornando soldados da borracha. Outras pessoas também vieram de outras regiões do Brasil e encontraram a

infraestrutura da região já no período de consolidação. Em 1945 foram criados os municípios de Guajará- Mirim, que ocupava toda a região do Vale do Guaporé, e, Porto Velho, abrangendo toda a região de influências da atual BR - 364. Contudo, apesar do desaquecimento do mercado internacional da borracha, a região não se despovoou como no Primeiro Ciclo, mantendo alguns seringais ativos e prosseguindo o extrativismo da castanha e de algumas outras essências para atender o mercado europeu. Parte dos ex-soldados da borracha deixaram os seringais e fixaram-se na Colônia Agrícola IATA, em Guajará- Mirim, criada em 1945, e na Colônia Agrícola do Candeias, em Porto Velho, criada em 1948. Tanto assim que os primeiros dados demográficos disponíveis registram no final da década de 40 uma população de 36.935 habitantes em Rondônia, sendo 13.816 na área urbana e 23.119 na área rural, tendo a cidade de Porto Velho cerca de 60% da população total da época. Além disso, o traçado telegráfico estabelecido por Rondon deu início, a partir de 1943, os primeiros passos para a construção da BR- 29, posteriormente denominada BR-364. Na década de 50 do século XX é descoberta a existência do minério de estanho (cassiterita), na região de Ariquemes. Com a alta do preço internacional deste mineral, uma nova onda de extrativistas chegou a Rondônia. No início dos anos de 1960, foi aberta a BR 364. Nesse período a população do Estado cresceu rapidamente passando de Página | 15


aproximadamente de 37 mil em 1950 para 70 mil em 1960 e posteriormente para 111 mil em 1970(Rondônia, 1998). A partir de meados de 1970, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA deu início à implantação de projetos integrados de colonização, gerando um intenso fluxo migratório de colonos, procedentes, principalmente, das regiões Sul e Sudeste do país. Vários fatores contribuíram para este processo: a modernização no campo que ocorria nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, onde as tradicionais formas de cultivo do café eram substituídos pela mecanização das terras para o plantio de soja, trigo e cana de açúcar. Essas mudanças reduziam o número de trabalhadores no campo que forçavam a mudança para outras regiões. A modernização do campo acelerou o êxodo rural-urbano para as grandes metrópoles. As regiões de fronteiras eram vistas pelo poder público como uma forma de diminuir o êxodo. É de vital importância ressaltar que a atual ocupação colonizadora do Estado de Rondônia é um resultado estrategista do

governo brasileiro, para ampliação do capital na economia brasileira, fundamentado na economia de mercado que preconizava a ocupação da fronteira por meio de uma política de integração nacional. Essa concepção de desenvolvimento se sedimentou no início da década de 70, baseados em investimentos de recursos financeiros em programas e projetos de infraestrutura econômica e social, estimulando e orientando o fluxo migratório para o Estado de Rondônia. Estas ações governamentais estavam embasadas na Doutrina de Segurança Nacional, introduzida pelo regime autoritário, que incluía a ocupação da Região Amazônica através da colonização agrícola. O fruto do processo de colonização foi o desenvolvimento das vilas e povoados remanescentes do período dos seringueiros e o surgimento de todas as cidades do estado de Rondônia, exceto Porto Velho e Guajará-Mirim. Porém, o desmatamento para fixar o homem no campo gerou o desaparecimento de várias espécies vegetais, principalmente de madeiras nobres, além da destruição da fauna.

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ

Epopeia de Suor e Sangue "Era o homem tentando subjugar as hostis imposições do meio ambiente e escapar ao determinismo geográfico da mais emaranhada rede hidrográfica do planeta" Esron de Menezes

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Encurralada entre os Andes e os desertos do Gran Chaco e refém do Chile e do Peru, na dependência absoluta do escoamento da produção de seus produtos, a Bolívia percebeu, em 1860, a necessidade da construção de um porto no rio Madeira para comunicação direta com o Atlântico. A primeira ideia de uma ferrovia na Amazônia, ao longo dos trechos encachoeirados do Madeira, foi apresentada pelo general boliviano Quentin Quevedo, em 1861. Cinco anos mais

tarde, época da guerra do Paraguai, o Brasil resolve entrar em entendimento com o governo da Bolívia. "Em 1866 a ligação de Mato Grosso com o Atlântico ganhou importância para o Brasil, já que o conflito na bacia do Prata praticamente interditou seus rios à navegação brasileira" - diz textualmente Manoel Rodrigues Ferreira em "A Ferrovia do Diabo". Em 1867 a Bolívia se mostra atraída. Decide ficar do lado brasileiro. A abertura de uma saída através do Madeira serviria também para escoar o ouro e a prata andina, além da borracha. Surgiu então o Tratado de Amizade, Limites, Navegação, Comércio e Extradição, em consequência veio a criação da Madeira Railway Co. Ltda. Construir uma estrada que ladeasse o trecho encachoeirado do rio Madeira foi uma ideia que nasceu na Bolívia no século XIX. O engenheiro boliviano José Augustin Palácios, que percorreu o rio Mamoré e trechos das cachoeiras do rio Madeira em 1846, foi o primeiro a tentar convencer as autoridades bolivianas da necessidade de uma saída para o Oceano Atlântico pela bacia amazônica. Em 1867, o engenheiro alemão Franz Keller fez estudos científicos e apresentou três alternativas ao governo imperial: canalizar os rios Madeira e Mamoré com a construção de comportas; implantar o projeto da ferrovia partindo de Santo Antônio do Madeira ou construir pelo mesmo traçado de contorno dos referidos rios, uma grande rodovia. A Bolívia precisava de uma saída para o mar que tornasse viável economicamente o escoar dos seus produtos. Depois que se envolveu numa guerra contra o Página | 17


Chile e este último se saiu vencedor, anexou em 1882, os territórios que davam acesso ao Oceano Pacífico, entre eles, Antofogasta e Cojiba. Os Bolivianos, através do General Quentin Quevedo, tentaram contratar engenheiros para uma difícil missão: canalizar os trechos encachoeirados ou construir uma ferrovia. Acordou então com o Engenheiro e Coronel do exército americano George Earl Church o pioneirismo da missão na hostil selva amazônica. Ele conseguiu a concessão para explorar a navegação nos rios Mamoré e Madeira, e ainda transformou a empresa Bolivian Navigator Company na The Madeira and Mamoré Railway Company. Com capital e empreiteira ingleses — a Public Works — o sonho de Earl Church foi um grande fiasco. Em 1873, os ingleses, sentindo-se enganados e perdidos na inóspita região, bateram em retirada tal qual soldados derrotados em campo de batalha e ainda processaram o Coronel. Entre indenizações e acordos, Church contratou a empreiteira americana P & T Collins em outubro de 1877 para construir 320 quilômetros de trilhos, pelo valor de 1.200.000 libras esterlinas. Em fevereiro de 1878, a embarcação Mercedita chegou ao Porto de Santo Antônio com 200 homens a bordo, entre engenheiros, médicos, operários e pessoal de apoio. Entretanto, a segunda embarcação a vapor deu de cara com um temporal avassalador. O Metropolis transportava equipamentos para a ferrovia, quando naufragou na costa da Carolina matando 80 pessoas, sem somar os prejuízos materiais. A P & T Collins não desistiu com esse revés. Buscou se sobrepor à ira da natureza selvagem construindo sob a sombra da perda de vidas e prejuízos financeiros irrecuperáveis os trilhos da morte. No dia 4 de julho de 1878 inaugurou simbolicamente a ferrovia, percorrendo 6 km construídos com a locomotiva Church fabricada pela Baldwin — uma empresa norte-americana, mas descarrilou numa curva. Em 1879, a empresa faliu em definitivo. O Coronel Church ―quebrou financeiramente e ainda teve a concessão cassada pelo governo brasileiro em 1881. No local, ficaram os restos de materiais usados no árduo trabalho, algumas construções, sobras de comidas e remédios e um cemitério repleto de corpos dos estrangeiros, de cearenses e índios. Apenas a ideia da ferrovia permaneceu viva. Os trabalhos recomeçaram em 1907 pela empresa May, Jekyll e Randolph, numa nova tentativa e sua conclusão ocorreu e 1912, bem antes da criação do Território Federal do Guaporé. Custou o equivalente a 28 toneladas de ouro e ceifou mais de 6.000 vidas, embora oficialmente se reconheça 1.500 óbitos. Seu trajeto de 364 km foi alterado para 366 em 1922. A construção envolveu trabalhadores de 40 nacionalidades e fez surgir uma nova cidade no Brasil oligárquico: Porto Velho, que acabou adotando o empresário americano Percival Farqhuar como seu fundador, embora esse ianque nunca tenha dado o ar da sua graça pelas terras do Caiari.

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Em 1907, Farqhuar fundou a empresa The Madeira-Mamoré Railway Company e adquiriu do brasileiro Joaquim Catramby, os direitos de construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, na qual aplicou, inicialmente, onze milhões de dólares. Os trabalhadores viram de mais de quarenta países, entre gregos, indianos, chineses, árabes, portugueses, alemães, italianos, espanhóis, americanos e principalmente antilhanos. Empreendedor decidido, além de comandar a faraônica obra ferroviária foi o responsável pelo surgimento da cidade de Porto Velho, na madeira em que, naquele ano autorizou à empreiteira May, Jeckyll & Randolph a transferir a estação inicial da estrada de ferro Madeira-Mamoré, do povoado de Santo Antônio, pertencente ao Mato Grosso, para o local situado a sete quilômetros cachoeira abaixo, em terras do Amazonas. Parte desta importante história está descrita no livro do engenheiro, jornalista e escritor Manoel Rodrigues Ferreira, falecido aos 94 anos, em São Paulo. Ele escreveu “A Ferrovia do Diabo”, a obra mais citada no País quando se fala da Estrada de Ferro MadeiraMamoré. Idealizador e fundador da Sociedade Geográfica Brasileira Manoel Rodrigues foi o mais notável paulista em terras da Amazônia. Recebeu uma herança valiosa do norte-americano chamado Dana Merryll. Pouco se sabe sobre ele. Era funcionário da prefeitura de Nova York e aqui chegou em 1909, ficando até 1912, período em que fotografou mais de dois mil negativos. Após um tempo perdido em algum lugar, as fotos foram entregues ao escritor Manuel Ferreira, que selecionou 189 e publicou parte delas no conhecido livro “A ferrovia do diabo”. Em 1907 foi construído o Hospital da Candelária com 300 leitos, enfermaria e consultório, numa tentativa de dar conta das vítimas das epidemias. O Doutor Shivers foi o primeiro médico da região, mas ficou apenas quatro meses na função. Até o famoso médico sanitarista Oswaldo Cruz esteve por aqui em 1910. Já estávamos em plena época da ditadura militar, um período negro da nossa história. O ditador que governava o Brasil sem ordem expressa do povo era o Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco que em 25 de maio de 1966, assinou o Decreto-Lei 58.501, dando início a desativação. Foi nacionalizada em 1931 e desativada pelo 5° BEC por ordem do Ministério do Interior, em 10 de julho de 1972. Alguns pequenos trechos, no entanto, foram reativados no início da década de 80 para fins turísticos em Porto Velho e Guajará-Mirim durante o governo do Coronel Jorge Teixeira. O controle administrativo de todo acervo da Estrada de Ferro MadeiraMamoré foi transferido para o 5º BEC. Eles usaram como apoio para a construção da rodovia que liga Porto Velho à GuajaráMirim e que ficou concluída em 1971. Destroçaram ainda mais quem já estava agonizando. Foi o golpe de misericórdia na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Restou ouvir um triste apito de despedida que ecoou pelos corações e mentes de todas as pessoas que estavam presentes no pátio da estação em 10 de julho de 1972, quando se anunciou a desativação total da eterna Madeira-Mamoré. Saiu da vida do povo rondoniano para entrar na história de Rondônia e do Brasil. Trabalharam em suas obras mais de 20.000 operários de diversas nacionalidades. Calcula-se que 6.500 trabalhadores tenham morrido vítimas das doenças tropicais. A obra custou o equivalente a vinte e oito toneladas de ouro pelo câmbio de 1912.

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Cidades nascem com os Trilhos Da espinha dorsal de Rondônia surgem municípios, entre eles a atual capital do Estado, Porto Velho As novas lideranças revolucionárias nacionais, distantes das áreas conservadoras, vinham tentando dar ao País uma nova ordem econômica, social e política. Nas regiões mais afastadas do centro de decisão, passaram a atuar delegados do governo revolucionário, a exemplo do tenente Aluízio Ferreira no Amazonas. Um grave problema enfrentado pelo delegado Aluízio Ferreira aconteceu em Porto Velho, em outubro de 1930, quando inúmeros

trabalhadores da Estrada de Ferro Madeira Mamoré foram demitidos. A receita da ferrovia estava em plena queda e a alternativa encontrada foi a redução das despesas. A agitação popular obrigou o delegado a intervir para evitar que a situação se agravasse. Era preciso conciliar os interesses da empresa arrendatária da estrada de ferro com os interesses nacionais. Aluízio Ferreira se comprometeu então em tirar 30 contos de réis dos cofres públicos todo mês, para pagar a companhia

. O documento formal foi assinado em 27 de outubro de 1930. O acontecimento marcou a liderança do tenente Aluízio Ferreira em Rondônia. Porto Velho se transformou no centro urbano mais importante de Rondônia. Na cidade ficavam o porto fluvial e seus armazéns, a sede da administração e os escritórios de departamentos, as oficinas e as casas, em estilo colonial inglês, dos dirigentes, operários e trabalhadores da ferrovia. “Era a Porto Velho americana. A cidade foi pré-fabricada pela última empresa encarregada de construir da Estrada de Ferro” - diz o pesquisador e arquiteto Luiz Leite, dono do mais rico acervo de fotografias da estrada, em Rondônia. A partir de 1907, quando foi alterado em mais sete quilômetros o traçado original da ferrovia, por ter sido constatada a precariedade do ancoradouro de Santo Antônio, seu ponto inicial desceu até o local onde houve porto velho, antigo estacionamento do distrito militar do Jamari. De acordo com Emanuel Pontes Pinto em “Rondônia – Evolução Histórica”, aquele porto velho teria emprestado sua denominação ao povoado surgido ali. O rápido desenvolvimento da vila, situada além da faixa de terreno sujeita à administração ferroviária, originou, no ano de 1913, a criação do termo Porto Velho, anexo à comarca de Humaitá, e que definiu os limites. O município foi criado em 2 de outubro de 1914 e instalado em 24 de janeiro de 1915. Depois de dois anos, em 31 de agosto de 1917, o termo foi elevado à categoria de comarca e à cidade em 7 de setembro de 1919. O mais antigo povoado da região era Santo Antônio do Rio Madeira, sede de município e comarca, criados pelo governo do Mato Grosso em 1908 e instalados em 1912. O núcleo de Guajará Mirim, antes com o nome Esperidião Marques, ponto final da ferrovia, foi elevado à condição de município e comarca em 21 de junho de 1928. Ao longo dos 366 Página | 20


quilômetros de extensão da estrada de ferro, estavam sendo levantadas três cidades: uma do estado do Amazonas (Porto Velho) e duas do Mato Grosso (Santo Antônio do Rio Madeira e Guajará Mirim), além de várias povoações formadas ao redor das estações.

A Ferrovia Esquecida Ali, nas cachoeiras do rio Madeira, os 366 quilômetros da velha e abandonada ferrovia Madeira Mamoré que rasgam a densa floresta amazônica, constituem hoje, antes de tudo, o testemunha impressionante da capacidade realizada do homem. Quando em 1861 surgiu a ideia de ser construída a ferrovia, já havia uma solução para resolver o problema da navegação do trecho encachoeirado do grande rio que vinha sendo tentada por gerações anteriores. Injustiça seria omitir a atuação de nossos antepassados, pois história, é continuidade; há sempre nas grandes ações humanas, um nexo com o passado, por mais sutil ou despercebido que seja. Quase um século antes de sua construção, muitas vidas foram sacrificadas nas cachoeiras do Madeira; eram cientistas, engenheiros, comerciantes e exploradores que pagaram um precioso tributo. Mas a natureza jamais vencerá a raça de um povo obstinado sempre em construir, nesta parte da América, uma grande nação. Durante 190 anos - 1722 a 1912 - o homem sonhou, lutou, sofreu, desesperou-se e morreu, na ânsia de ali construir uma civilização, escrevendo uma das mais notáveis epopeias de nossa engenharia ao longo de toda a história da ferrovia. Das ideias originais do projeto, em 1861, à determinação de construir do governo imperial brasileiro e, finalmente, ao encerramento das atividades da primeira empresa empreiteira, a Public. Works, não se sabe quantos lá trabalharam por mais de dez anos; não se sabe sequer quantos desapareceram num empreendimento malogrado; sabe-se que os ingleses viveram um terrível drama na região amazônica, dali, batendo em retirada e, a considerar-se notícias daquela época, seu pessoal, cruelmente dizimado, às centenas, numa fúnebre trilha de corpos abatidos pelas febres, pelos índios e por enfermidades desconhecidas. Numa segunda tentativa, agora uma construtora americana atirava-se decididamente na imensidão amazônica e, em declarações à imprensa de seu país, afirmava: "para revelar ao mundo região tão bela como o paraíso terrestre que engenheiros da Filadélfia vão contornar as cachoeiras do rio Madeira. Não somos visionários; ao contrário, sabemos bem o que dizemos. Terminada esta obra monumental, a riqueza da Austrália e da Califórnia empalidecerão ante a produção aurífera das montanhas e dos riachos, bem assim ante as safras abundantíssimas das planícies e dos vales que lhe ficam de permeio". Triste destino tiveram eles: doenças tropicais, insetos vorazes e índios são pouparam ninguém: " doente e incapaz de qualquer coisa, vi ontem um enterro. Notei que várias pessoas iam também Página | 21


carregadas, mas não consegui perceber se estavam também mortas ou não" - escreveu um trabalhador. "Os poucos cearenses que ainda nos restam estão falecendo rapidamente. Não se pode fazer ideia da imundície que há entre eles" "Se perigo vencermos, se padecimentos nos aniquilarem, se decepções sofrermos e atos de bravura tivermos da praticar, serão com certeza relatados em frase singela mas modelada em fatos verdadeiros". Mas também, em plena selva, no cumprimento de sua missão, deixavam escritas tristes memórias, os seus mais tremendos padecimentos: "À noite, aumentam-se as dores, avivam-se tristezas! O pensamento ilumina-se e o sofrimento é atroz! Tudo é silêncio. Dormem as aves, dormem as feras, dorme a verdade, o riso e as quimeras. Tudo é nudez e silêncio, só não dormem Deus e este infeliz!" Hoje, ao relento, sendo devorada pela corrosão do tempo, a Madeira Mamoré está pouco a pouco sendo destruída e tomada pela própria selva. Decisões políticas dos homens vencem mais uma vez. Povo sem tradição é povo sem memória. A história de Rondônia é a própria história da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Um silêncio desolados envolve agora os 366 quilômetros da ferrovia. A noite amazônica encobre a soberba e pujante floresta equatorial e com ela as cachoeiras do Madeira e a estrada de ferro. Na escuridão, cantam lugubremente as aves noturnas, pousadas nos galhos das árvores, nos postes do telégrafo da estrada e nas cruzes de ferro dos cemitérios tomadas pela densa mata. Podemos então adicionar, nessas horas mortas da noite, em macabros colóquios À beira da linha, vagando, os milhares de espectros dos mortos da Public. Works, da Collins, das Comissões Morsing e Pinkas, e dos mortos de todas as nacionalidades que haviam finalmente construído a ferrovia, a murmurar: Morremos em vão!

COMISSÃO RONDON As expedições na Amazônia no fim do século XIX e princípio do século XX surgiram da necessidade de integrar as regiões pouco exploradas do Brasil nas áreas desenvolvidas, resolver problemas de transportes e comunicações e de garantir progresso econômico. Com este intuito o Exército reorganizou em 1880 o Batalhão de Engenheiros, que se dedicava à construção de linhas de caminhos-de-ferro e de linhas telegráficas. O Marechal Rondon pertenceu e chefiou algumas das comissões criadas para a construção das linhas telegráficas. As expedições realizadas permitiam ainda explorar geograficamente e cientificamente regiões vastas e desconhecidas. Neste âmbito, o antropólogo Edgar Roquette-Pinto, acompanhou a Comissão Rondon, tendo documentado a parte científica, ao debruçar-se essencialmente sobre as tribos Parecis e Nambiquarás.

Marechal Rondon Cândido Mariano da Silva Rondon nasceu a 5 de Maio de 1865 no Mimoso, Sul de Mato Grosso. Descendente de índios Terenas e Bororos, era órfão de pai e a sua mãe morreu quando tinha dois anos, tendo sido criado pelo avô e mais tarde pelo tio Manuel Rodrigues da Silva Rondon. Estudou em Cuiabá e em 1881 ingressou no exército, tendo-se graduado em Ciências Físicas e Naturais na Escola Militar no Rio de Janeiro. Teve participação ativa na proclamação da República no Brasil (1889). Página | 22


Em 1890 foi integrado na Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Cuiabá ao Araguaia (1890-1898). A partir de então, iniciou uma carreira de expedicionário no Mato Grosso, como construtor das linhas telegráficas. Esta foi também marcada pela apetência para promover contatos e a pacificação das tribos indígenas, que viam os territórios invadidos pela construção das vias de comunicação. Movido por crenças positivistas, o seu lema “morrer se preciso for, matar nunca”. Em 1900 chefiou a Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso (1900-1906), que pretendia ligar as zonas das fronteiras com a Bolívia e o Paraguai. Em 1907 o presidente do Brasil Antônio Pena nomeou-o chefe da Comissão de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas (1907-1915). Acompanhou e orientou o presidente americano Theodore Roosevelt na expedição ao Amazonas em 1913. Foi presidente do Serviço de Proteção aos Índios, instituição criada em 1910, com o objetivo de dar assistência e defesa às populações indígenas. Esteve envolvido no projeto de criação do parque do Xingu, em 1952, serviu de inspiração para a criação do Museu do Índio. Em 1953, foi nomeado para o prémio Nobel da Paz. Em 1956, foi homenageado com a passagem do nome do território de Guaporé para Rondônia, ideia sugerida por Roquette-Pinto. Rondon morreu em 1958 deixando um legado ao serviço da defesa dos direitos dos índios.

A Expedição As fontes para a elaboração do relato da expedição foram os livros: Missão Rondon e Rondônia, cujas fontes primárias a que recorreram foram a Exposição do descobrimento do Juruena e o “minucioso” Diário de Rondon. Foi em inícios do ano de 1907 que o então major Cândido Rondon foi escolhido para proceder à instalação de uma rede de linhas telegráficas, do Mato Grosso ao Amazonas. Este terá sido o seu maior desafio profissional e representa uma das maiores explorações geográficas na América. Esta exploração decorreu nos anos de 1907, 1908 e 1909, sob a forma de três grandes expedições levadas a cabo uma em cada ano e que, em concreto, ligaram Cuiabá a Sto. António do Madeira. Nestas três expedições fez-se a travessia de territórios nunca antes percorridos pelo homem branco. Em 1908, partiu para uma segunda expedição, que decorreu entre 28 de Julho e 2 de Novembro e cujo percurso ligou o Juruena à Serra do Norte, tendo lugar em pleno território Parecis e Nambiquarás. Página | 23


Acompanhado de 127 homens, bois, burros de carga e de sela, cavalos e bois de corte saiu a 28 de Julho de Tapirapoan, com rumo à Aldeia Queimada. O dia 2 de Agosto foi preenchido com a construção de uma ponte sobre o rio Papagaio. Ao entardecer deflagrou um fogo de gravíssimas proporções, acidentalmente provocado pelos expedicionários. Neste episódio estes só foram salvos por uma brisa particular, que abrandou o fogo. Já em novo acampamento em Saue-u-iná, a 10 de Agosto, a coluna foi ainda ameaçada pelo mesmo fogo. O dia-a-dia da expedição desenrolava-se como uma rotina. A alvorada era por volta das quatro da manhã, com o som de cornetas e clarins a abafar as melodiosas flautas Parecís. Fazia-se a primeira refeição do dia e, estando a coluna formada, iniciava-se a marcha sertão adentro, sob os primeiros raios luminosos. A caminhada dava-se por descampados ou matas cerradas, debaixo de sol ou de chuva. No fim do dia os homens dedicavam-se à montagem do acampamento, comiam e repousavam em volta da fogueira, enquanto alguns ficavam de sentinela durante a noite. A 13 de Agosto a coluna acampou em pleno território Nambiquará. Na mente dos homens perpassava o terror, pois podia estar iminente um ataque desta tribo hostil. À vontade de desertar de muitos, contrapunha Rondon um comando exemplar que visava conservar o espírito de sacrifício, de crença na missão de que estavam incumbidos. Era o bem nacional que devia imperar. Ao longo do percurso iam sendo encontrados muitos vestígios de índios, até mesmo aldeias recém abandonadas, que eram alvo de cuidadosa investigação por parte de Rondon que, “radiante”, procurava assim adquirir conhecimentos sobre a gente cuja confiança e amizade desejava conquistar. Em finais de Agosto chegou-se a Aldeia Queimada e nos 29 dias que seguiram à partida desta povoação, os exploradores percorreram cerca de 272 Km e encontram-se no interior do vasto sertão contíguo ao Juruena. Aqui foram de novo vistos vestígios da passagem recente dos índios e reinstalou-se o medo de uma emboscada por parte dos “silvícolas”, que acabou efetivamente por acontecer, sem no entanto daí resultarem quaisquer danos pessoais, apesar da exaltação dos ânimos. A 1 de Setembro é feita a travessia do Juruena. A 7 de Setembro foi instalado o planeado destacamento do Juruena. A expedição prosseguiu caminho sempre para Norte de Mato Grosso, passando por rios importantes. Finalmente, a 4 de Outubro, os expedicionários deparam-se com uma “imponente massa azul limitando o horizonte”. Tinha sido atingida a Serra do Norte, o ponto extremo desta segunda expedição. A 8 de Outubro, vê-se forçado a interromper a expedição, por haver necessidade de reorganizar os trabalhos de “construção”. A 401 km de Aldeia Queimada, é feita a retirada da coluna, no dia 12 de Outubro. A expedição de 1908 teve um significado importante pois, juntamente com as de 1907 e de 1909 deixou reunidas todas as condições necessárias para as expedições posteriores da Comissão das Linhas Telegráficas, fundada em 1907 e que viu o seu nome ser alterado para Comissão Rondon, em homenagem ao seu primeiro impulsionador. Veio a desempenhar funções Página | 24


que transpõem a finalização das obras daquelas linhas, abrangendo a proteção dos índios, bem como trabalhos de caráter científico diversos, como sejam a cobertura de levantamentos topológicos, etnográficos, linguísticos ou de espécimes animais e vegetais. Outro lado da Comissão e mesmo da conduta de Rondon: são conhecidos depoimentos de índios Parecís que mostram como estes foram vítimas do desenvolvimento das linhas telegráficas no seu território, adulterado, ilustrando como foram forçados a integrar-se na “civilização”, com o sacrifício da identidade cultural. A instalação da Estação Telegráfica da comissão Rondon atraiu grande contingente de pessoas vindas de outros estados do país e ajudou-as a formar alguns centros populacionais na região.

DESENVOLVIMENTO E MODERNIZAÇÃO A assinatura do tratado com a Bolívia de nome Petrópolis dá origem ao povoado de Porto Velho, criado oficialmente em 2 de outubro de 1914, adquirindo o status de município e sendo subordinado ao Estado do Amazonas. Seu primeiro administrador foi o Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense, que ficou pouco tempo no poder devido a um desentendimento com os representantes da empresa ferroviária. A população neste período estava em torno de 1.500 habitantes e seus principais bairros eram o Alto do Bode, Baixada União, Triângulo e Olaria. Em 1 de dezembro de 1916 ocorreu a primeira eleição para prefeito do município, elegendo o médico Joaquim Augusto Tanajura, pelo partido político PRC (Partido Republicano Conservador). O primeiro conselho municipal foi formado pelos vereadores José Jorge Braga Vieira, Luzitano Barreira, Antônio Sampaio, Manuel Félix de Campos e José Z. Camargo. Ao abrir o ciclo de conferências no Museu Nacional do Rio de Janeiro sobre as realizações da Comissão de Rondon, o antropólogo Roquette Pinto propôs que se denominasse Rondônia o território compreendido entre os rios Juruena e Madeira. Após estudos do Conselho de Segurança Nacional sobre a proposta de criação e administração dos territórios federais pelo Ministério da justiça foi aprovado o projeto e os três nomes sugeridos para denominar o território que seria criado foram: Mamoré, Guaporé e Rondônia. O último teve maior aceitação. Como Rondon não aceitasse, o território desmembrado do Amazonas e Mato Grosso em 13 de setembro de 1943 foi denominado de Guaporé. Tendo quatro municípios Porto Velho, Alto Madeira (ex. Santo Antônio) Guajará-Mirim e Lábrea. O primeiro governador do território federal do Guaporé foi o Major Aluízio Página | 25


Pinheiro Ferreira. Com o governo de Getúlio Vargas aplica-se as campanhas da marcha para o Oeste e da re-divisão territorial do Brasil, abrindo-se com uma propaganda intensa os caminhos de promessa de propriedade da terra através da sedentarização. Em 1956, foi determinado que o Território de Guaporé passasse a ser denominado de Território de Rondônia. Até a década de 1960 sua economia baseava-se no setor primário, extração da borracha e castanha-do-pará. A partir da década de 1970, com as constantes imigrações causadas pela extração de minerais e as crises entre os territórios federais, aconteceu a ocorrência de campanhas em busca da elevação do Território para o Estado. Em 1979 o governo do então Presidente João Figueiredo mandou para a região o Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, condutor da elevação do Território em Estado. Ele preparou a estrutura e conjuntura para o grande desenvolvimento, não só isso, foi também encarregado de fundar novos municípios e de construir a hidrelétrica de Samuel. Diante da antipatia de seus adversários, Teixeira ficou conhecido como "o homem que fala demais". Em 1981, ele criou os municípios do Colorado do Oeste, Espigão do Oeste, Presidente Médici, Ouro Preto do Oeste, Jaru e Costa Marques. Em 22 de dezembro de 1981 é criado o Estado de Rondônia e, em 04 de janeiro de 1982, o Estado é instalado tendo como primeiro Governador o Cel. Jorge Teixeira. O ponto de origem da cidade de Porto Velho - a ferrovia, foi desativada em 1972, apenas funcionando um pequeno trecho de 7 Km, para a utilização como ponto turístico da cidade. A partir da década de 1960 o governo federal colocou em suas metas o povoamento da região, para isso usaram o incentivo fiscal e investimentos com infraestrutura para absorver as populações derivadas do resto do país, em especial do Centro-Sul. As terras férteis e de custos baixos atraiu grandes empresários do agronegócio e das madeireiras. O ciclo da agricultura atraiu pessoas vindas de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Ceará, Piauí, Paraíba, Bahia e de outros estados brasileiros.

Com a descoberta do ouro e da cassiterita a população de Rondônia sofreu um crescimento aproximado de quase 8 vezes. Entre os anos de 1960 e 1980, passou de 70 mil para 500 mil habitantes. É a partir da década de 1970 que o Estado dá um salto no seu desenvolvimento com a criação, pelo governo federal, de fronteiras agrícolas fazendo com que muitos pecuaristas do Sul do país voltassem para o Estado. Essa abertura tem motivos estratégicos e políticos.

A cidade de Porto Velho tornou-se o centro cultural, onde se misturam os hábitos e falas de diferentes regiões do Brasil. A cidade, como outras do país, sofre com o crescimento acelerado e sem planejamento urbano. Os bairros da periferia não passam de um aglomerado de casebres de madeira cobertos com palhas. Muitos dos moradores vivem em situações calamitosas.

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Hoje em dia o Estado enfrenta problemas com o desmatamento provocado por garimpeiros e donos de propriedades que querem utilizar-se das áreas florestais para pastos de gado bovino, como também para a pecuária intensiva e extensiva. A cidade conta com uma universidade federal, que possui vários campi avançados em outros municípios do Estado e quatro faculdades particulares, onde são formados advogados, economistas, geógrafos, matemáticos, odontologistas, biólogos, processadores de dados e administradores. O rio que deu origem a cidade é vital para o desenvolvimento da população rondoniana, pois sua dependência em relação a ele é muito grande, tornando-se atrativo turístico e servindo para o abastecimento. O governo tem feito melhorias no rio, melhorando as condições principalmente para a população ribeirinha. Hoje em dia o Estado de Rondônia apresenta uma das maiores economias da região, ele está em franco desenvolvimento econômico e social, apresentando um crescimento maior do que a média nacional. Os setores primário, secundário e terciário experimentam um elevado nível de desenvolvimento. A agropecuária ainda é a atividade de maior destaque econômico, fazendo com que outras áreas se desenvolvam através da necessidade de se escoar os produtos para fora do Estado. As rodovias e os portos atuam como ferramentas para o escoamento dos produtos, principalmente no porto Graneleiro que fora o grande impulsionador da cultura de grãos no Estado. Na pecuária, Rondônia está em décimo lugar em nível nacional no rebanho de gado bovino. O Estado hoje se encontra atrás apenas da Amazônia e do Pará na região Norte e obtêm um desenvolvimento bastante acelerando, quando comparado a outros estados do país. Sua principal rodovia é a BR 364, que foi a primeira a ser construída ligando o estado aos países vizinhos, como a Bolívia e o Peru, e os demais estados da região, sendo instrumento singular para o desenvolvimento econômico da região.

Povoamento e evasões O Governo Federal realizaria anos depois a nacionalização da Madeira-Mamoré – oficial, pois, afinal a ferrovia sempre foi brasileira. Este procedimento tinha como meta impedir o êxodo urbano e rural que afetava os municípios de Porto Velho, Santo Antônio do Rio Madeira e Guajará-Mirim. O despovoamento regional era preocupante, um censo registra somente 590 habitantes na região do Alto Madeira. As instalações das linhas telegráficas da Comissão Rondon alavanca um novo processo de ocupação migratória, com a vinda de migrantes do Mato Grosso, no período de 1920 e 1940. Durante a 2ª Guerra Mundial, no governo de Getúlio Vargas, acontece um novo incentivo à ocupação a ocupação da região em

virtude da parceria firmada entre Brasil e Estados Unidos para a produção de borracha. Também nessa fase a migração nordestina foi a mais expressiva. Em 1945, o Governo Federal cria diversas colônias agrícolas com a intenção de evitar novamente o êxodo regional, esta tentativa não surte o efeito desejado. Os ciclos do Diamante e da Cassiterita, entre 1954 e 1958 e a pavimentação da BR-364 que coloca fim ao relativo isolamento do Estado, em relação às demais regiões do País, complementam o processo migratório.

Colonização espontânea

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Em 60 inicia-se processo de colonização espontânea na região quando o Governo Federal considerou o Centro-Oeste do País como área prioritária para o desenvolvimento nacional. Nessa época a interferência oficial no processo de ocupação regional com a criação e implantação do Programa de Integração Nacional (PIN) pelo Decreto-Lei de nº. 1164 de abril de 1971. As terras de Rondônia passaram quase todas à jurisdição da União, que poderia distribuí-las indiscriminadamente no programa de colonização. O INCRA começa então a disciplinar o assentamento desordenado dos colonos que procuravam Rondônia para se fixar através de dois projetos, o Projeto Integrado de Colonização (PIC) e o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD). O primeiro PIC implantado foi o de Ouro Preto, na região onde se localiza Ouro Preto do Oeste, desmembrado do município de Ji-Paraná antigo distrito de Vila de Rondônia. A partir da década de 70, o município de Porto Velho se torna recordista em crescimento populacional o que resultaria na década seguinte, numa explosão de expansão urbana com o surgimento das primeiras invasões na capital. Este movimento diferentemente do que aconteceu em anos anteriores, que era uma busca por riquezas naturais, desta vez a busca era de terras para a agricultura.

Evolução do número de migrantes em Rondônia (1977-1985)

Chegavam a Rondônia mais de três mil famílias por ano. Esses migrantes, vindos principalmente do Sul do País, estavam prontos para trabalhar nos primeiros projetos de colonização do INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Os projetos eram o de Ouro Preto, Ji-Paraná, Vilhena, Sidney Girão e Burareiro. Entretanto o INCRA não conseguiu efetuar o assentamento nem de um terço desses migrantes. Diretores do instituto alegavam que partes das verbas dos projetos foram transferidas para a área da Transamazônica, onde o fluxo migratório era bem maior. Foi o início dos problemas agrários na região, numa luta que levaria novamente a intervenção do INCRA que mesmo assim não consegue controlar os problemas gerados pelas invasões. Esses projetos visavam o assentamento das famílias migrantes, a regularização fundiária nenhum de colonização realmente. Começam em 74 os primeiros investimentos federais em Rondônia. É criado o Programa de Pólos Agropecuário e Agro minerais da Amazônia (Polamazônia que visava desenvolver quinze áreas previamente selecionada, colocando sob a administração da Sudam e da SUDECO que entrariam em operação somente no ano seguinte. O Estado recebe cerca de 8,5 milhões de dólares recursos que deveriam ser usados até 1978. No ano seguinte, o Polamazônia destina mais de 17 milhões de dólares para serem investidos nas áreas de transporte, indústria e desenvolvimento urbano.

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BR-364 “Os sertões e a floresta virgem seriam vencidos para que os produtos e as riquezas da região pudessem ser escoados pela BR-364, que teve o objetivo ainda de incentivar o povoamento da região”. Em 1944, uma comissão chefiada pelo engenheiro Yêdo Laza organizou um plano rodoviário e incluiu nele uma ligação rodoviária entre o Acre e as regiões do Centro Sul do País. Tal ligação recebeu o nome de “rodovia acreana” e a designação de BR-29, cruzando as cidades de Cuiabá, Porto Velho, Rio Branco e Cruzeiro do Sul, até a fronteira com o Peru, fazendo a conexão com a rodovia Pan-Americana. No dia 13 de janeiro de 1945, o então

governador do Território do Guaporé, Aluízio Ferreira, criou a 2ª Companhia Independente, que tinha a missão de construir a rodovia no rastro da linha telegráfica de Rondon que ligaria Porto Velho à Vilhena. A construção de uma estrada ligando Mato Grosso à Rondônia era necessária para o povoamento e colonização da área. Os sertões e a floresta virgem seriam vencidos para que os tesouros da região pudessem ser escoados. Sob o comando do capitão engenheiro Ênio Pinheiro, chegou em 09 de julho do mesmo ano o primeiro grupo de homens para construir a estrada. Dois anos mais tarde, a companhia dava por encerrada as atividades, com apenas 55 quilômetros explorados e o desaparecimento de um de seus homens mais ilustres, o tenente Fernando Gomes de Oliveira.

A partir de 1966 um novo Capítulo começaria a ser escrito na história da estrada em benefício da Amazônia Ocidental. O 5º BEC, que é parte da história da BR-364 e do próprio Estado de Rondônia, o Batalhão de Engenharia de Construção, criado pelo Decreto nº 56.629, de 30 de julho de 1965, com a finalidade de incumbir-se de uma parte das missões rodoviárias atribuídas ao Ministério do Exército, especificamente na Amazônia Ocidental, sendolhe dada como sede a cidade Porto Velho, no então, Território Federal de Rondônia. A necessidade da construção de uma Rodovia de 1ª classe que ligasse aos centros mais adiantados do país essa imensa região desconhecida e incrivelmente rica, bem como dar cumprimento ao Tratado de Petrópolis entre o Brasil e a Bolívia, determinou a principal missão do Batalhão na Amazônia. Arquivo/SECEL

A BR-29 foi obra do governo de Juscelino Kubitschek, num grande esforço para tirar a Amazônia do isolamento. “Demonstrou o Sr. Kubitschek perfeita compreensão do problema Página | 29


da falta de ligação da mais rica região do País com o resto do território nacional” – disse na época o governador Paulo Leal. Foram grandes as dificuldades encontradas pelas firmas empreiteiras contratadas. Durante muito tempo a estrada era apenas um “rasgão” mal acabado nas selvas de Rondônia. Verdadeiras trilhas de lama e pinguelas, onde só os pioneiros se atreviam passar. O percurso de Vilhena à Porto Velho chegava a ser feito em 12 dias, como relata o escritor Amizael Gomes da Silva em “No Rastro dos Pioneiros”.

O Recomeço Durante uma reunião de governadores com o Presidente da República, nos primeiros dias de fevereiro de 1960, o então governador do Território, Paulo Leal, demonstrou a necessidade de reiniciar a construção da BR-29. Juscelino Kubitschek, empolgado com uma série de recortes de jornais e mapas levados pelo governador, ordenou ao DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem – a imediata execução dos trabalhos. A meta era inaugurar a rodovia no final do mesmo ano. No dia 04 de janeiro já haviam sido distribuídos os trechos pelas companhias: Nacional, Via técnica, Sérgio Marques de Souza, Cib., CC., Camargo Corrêia, Triângulo Mineiro e CC. BE., até o local denominado Alto Paraguai, no estado do Mato Grosso, onde estava assentada uma companhia do Exército. O presidente Kubitscheck tinha por norma avançar no tempo, já que seu mandato estava chegando ao fim, por isso ao encontrar o primeiro obstáculo no transporte das máquinas entre o Rio de Janeiro e Porto Velho, mandou descarregar o navio Rio Tubarão, que estava designado para viagem ao Oriente Médio, e ordenou que nele fossem transportadas as máquinas das companhias empreiteiras. No dia 03 de janeiro de 1961, chegava a Porto Velho a primeira leva de construtores da BR-29 para realizar em 9 meses e 14 dias a desmatação, terraplanagem, permitindo em época de verão realizar em 30 horas uma viagem de Cuiabá à Porto Velho.

A Pavimentação Quando Rondônia alcançou sua autonomia, transformando-se em Estado, apenas o trecho Ariquemes/Porto Velho, com 192 quilômetros, era asfaltado. Destes, 48 ainda em barro, onde estava a reserva para a represa de Samuel. Os trabalhos ali foram executados pelo 5º BEC, mas toda a rodovia já estava sofrendo reparos. Ao chegar à Porto Velho par tomar posse como governador do Território, Jorge Teixeira de Oliveira estabeleceu metas de trabalho, entre elas a pavimentação da BR-364. Como nenhum outro Página | 30


governador havia conseguido atingir o objetivo, imediatamente os opositores fizeram correr uma onda de boatos para que Teixeira caísse em descrédito. Jorge Teixeira não se deixou abater pelas críticas da oposição. Depois de várias viagens e contatos com autoridades ligadas ao Território, conseguiu que fossem assinados, pelo ministro Eliseu Resende, na presença do então presidente João Baptista Figueiredo, 19 contratos para a pavimentação da BR-364, rodovia Cuiabá-Porto Velho, no trecho que vai de Cáceres, no Mato Grosso, a Ariquemes, numa extensão de 1.040 quilômetros. De importância decisiva não só para o abastecimento de Porto Velho e do Território, mas também para o surto de desenvolvimento da agricultura e da criação de gado, foi a abertura da BR-364, que ocasionou um grande movimento migratório com destino à região. Na década de 70 do século XX, em decorrência do alto tráfego (migração e transporte de madeiras), as condições da R-364 eram deploráveis. Por incumbência de o governo militar, em 1966 o 5º Batalhão de Engenharia e Construção assumiu as obras de manutenção e conclusão da rodovia. Ao 5º batalhão de Engenharia e Construção se deve-se também a construção do trecho da BR 425, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, que veio substituir a EFMM, desativada em 1972. A facilidade de transporte, a terra fértil e abundante e os incentivos do governo federal atraíram um contingente humano inimaginável nas décadas de 1970 e 1980. A cidade de Porto velho, por exemplo, aumentou em quase cinco vezes sua população entre 1981 e 1990.

Atividades 1. Qual o presidente da República que incluiu em seu plano de metas a abertura de estradas? 2. Que estrada foi aberta em nosso território n governo desse presidente? 3. Qual o objetivo de Juscelino Kubitschek com seu plano de abertura de estradas? 4. Qual a importância da abertura da BR-364 em nosso território? 5. Como seria a abertura democrática prometida pelo presidente Ernesto Geisel?

CLIMA DE RONDÔNIA O clima predominante na região é o Equatorial quente-úmido ou tropical úmido, variando de acordo com a altitude, com a temperatura variando entre 18º e 33º centígrados. A variação mínima ocorre no município de Vilhena e região, e a máxima no de Porto Velho e região. A pluviosidade é bastante elevada (podendo variar de 1.800 a 2.400 mm), com uma estação seca muito curta de 1 a 2 meses. No inverno, a região está sujeita ao fenômeno da "friagem" que, em 2 ou 3 dias, provoca uma descida brusca da temperatura na ordem dos 10 °C, em virtude da entrada da massa de ar frio polar, através da baixada do Paraguai. O clima de uma região está associado ás condições da circulação geral da atmosfera, através das perturbações transientes de escala sinóptica e das perturbações secundárias, Página | 31


formadas em função da topografia e dos efeitos locais. No Estado de Rondônia, o clima está particularmente associado ao da macro Região Amazônica. O verão é o período mais chuvoso na região. Durante esta estação observa-se uma grande atividade convectiva causada por uma maior incidência de radiação solar, durante o ano, e a influência da “ZCIT” e da “AB” que se de intensificam durante o inverno, quando os principais mecanismos associados as chuvas nesta estação são a brisa fluvial, as Lis e as atividades convectivas locais de menor intensidade. O período chuvoso ocorre entre os meses de outubro a abril, e o período mais seco entre os meses de junho, julho e agosto. 90% da precipitação ocorre no período chuvoso. O regime térmico apresenta pouca variação ao longo do ano. A média anual da temperatura do ar varia de 24ºC a 26ºC, com a temperatura máxima variando entre 30ºC e 34ºC e temperatura mínima entre 17ºC e 23ºC.

RELEVO DE RONDÔNIA Quando falamos em relevo, pensamos em montanhas, serras, planaltos, planícies, depressões, etc. Observe o mapa a seguir: Observando o mapa, percebemos que nosso estado apresenta baixas altitudes, isto é, alturas acima do nível do mar. Quase dois terços do estado se situam entre 90 e300 m de altitude. Porto Velho, a margem direita do Rio Madeira, por exemplo, encontra-se na altitude de 85 m. Costuma-se dividir o relevo de Rondônia em quatro porções distintas:    

Planície Amazônica Encosta ou Vertente Setentrional do Planalto Brasileiro Chapada dos Parecis - Pacaás Novos Vale do Guaporé - Mamoré.

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Planície Amazônica A planície do estado de Rondônia é o prolongamento da vasta Planície amazônica. Estende-se desde os limites com o estado do Amazonas até atingir, no sentido sudoeste, a Chapada dos Parecis-Pacaás Novos e a Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro. Sua altitude média oscila entre 90 a 200 acima do nível do mar. A planície é composta de solos sedimentares, areno-argilosos, sendo de depósitos recentes nas várzeas (áreas mais baixas). No médio curso do Rio Madeira e nos baixos cursos de seus afluentes (margem direita), extensas áreas de planície estão sujeitas a inundações. Os barrancos dos rios, de 5 a 10 m de altura, de solo argilo-ferruginoso, sofrem infiltrações das águas e desbarrancamentos. Esse fenômeno recebe o nome de terras caídas que o rio vai desmanchando e transportando. Nos terrenos antigos (Pré-Cambrianos), o curso médio dos rios encontra, a certa profundidade, o substrato rochoso, dando origem às corredeiras e cachoeiras. Caracteriza-se como extensão final, no sentido sul norte, do Planalto Brasileiro. A superfície dessa faixa de terrenos muito antigos (Arqueano) sofreu aplainamento devido as sucessivas fases de erosão, apresentando patamares que variam de 100 a 600 metros de altitude. Os acidentes mais comuns são colinas, pontões, matações, morros isolados, etc.

Encosta Setentrional do Planalto Brasileiro Este acidente do relevo é uma área de terreno arqueano (período pré-cambriano), constituído por restos de uma superfície de aplainamento rebaixada pelas sucessivas fases erosivas subdividem-se em patamares de altitudes que variam de 100 a mais de 500 metros acima do nível do mar, formando cristas residuais esparsas, colinas de topos plainados, colinas com inselbergs, pontões, morros isolados e esporões de cristas agudas. Afloramentos de granotos, lateritos e matações de tamanhos variados. As suas superfícies plainadas são revestidas por rochas sedimentares (pleistocenas) e depósitos de sedimentos resultantes da erosão ocasionada por violentas enxurradas ocorridas em períodos remotos, em decorrência do clima mais seco e pela falta de cobertura florestal. Página | 33


Esta porção do relevo responsável pela origem das várias corredeiras, lajeados e cachoeiras dos rios Madeira, Abunã, Jaci-Paraná e de outros rios. Do baixo rio Madeira, a partir da cachoeira de Santo Antônio na direção norte submerge sob os terrenos sedimentares da planície Amazônica, aflorando no médio curso do rio Ji-Paraná, originando corredeiras e cachoeiras como as de Dois de Novembro, São Vicente, Quatro de Março, São Francisco, Tabajara e do Quatá. Estende-se na direção sul até atingir as encostas das chapadas dos Parecis e Pacaás Novos. Na linha de limites entre o Estado de Rondônia e o Estado de Mato Grosso, forma as serras São João, Machado e das Onças (ou Grande), divisoras de águas entre as bacias dos rios Ji-Paraná e Roosevelt. Afloramentos seus surgem na margem esquerda do rio Madeira e Noroeste e Oeste, formando a serra Três Irmãos na faixa de fronteira Rondônia com o Estado do Amazonas. Essa serra é divisora de águas entre as baixas dos rios Ituxi e Abunã e Madeira. A Encosta Setentrional é limitada ao Norte pela Planície Amazônica; a Noroeste e Nordeste pela linha de fronteira entre o Estado do Amazonas e o Estado de Rondônia; ao Leste, Sudeste e Sul pelas chapadas dos Parecis e Pacaás Novos e ao Oeste a linha de fronteira entre Rondônia e o Estado do Acre e entre Rondônia e a República da Bolívia.

Chapada dos Parecis - Pacaás Novos Como prolongamento do Planalto Brasileiro em nosso estado no sentido sudeste-noroeste, as Chapadas dos Parecis e dos Pacaás Novos representam as maiores altitudes de nosso estado, que variam de 600 a 900 metros. Há pontos culminantes com mais de 1.000 metros. Assim, temos o Pico do Tracuá ou Pico Jaru com 1.126 metros na Chapada dos Pacaás Novos. Os terrenos são sedimentares de arenito vermelho e amarelo com cimento feldspático e silício, predominando as pederneiras (pedras muito duras). As Chapadas recebem nomes locais de serras, que são divisores de águas. Como por exemplo: Pico do Tracuá - 1.126 m Serras de São Francisco (divisora de águas entre os rios Candeias e Jamari); serras Novas, das Queimadas, do Repouso, da Pedra Branca e Uacampânico (divisoras de águas entre os rios Jarú e Machadinho e entre o Jamari e Machadinho); serras da Vitória, Sete de Setembro, Mirante e Trincheira (divisoras de águas entre os rios Ricardo Franco e Pimenta Bueno), estas citadas serras, situam-se na região central do Estado. Serras Gabriel Antunes e João Antunes (divisoras de águas entre os rios Corumbiara e Cabixi), localizam-se na região sul do Estado; serras da Divisa e Pagã (divisoras de águas entre os rios Ji-Paraná e o Preto); serras Aurora, Providência e Sargento Paixão (divisoras de águas entre os rios Roosevelt e Ji-Paraná), localizam-se na região central até a Oeste no vale do rio Mamoré, próxima a cidade de Guajará-Mirim, (divisora de águas entre os rios Pacaás Novos e Mutum Paraná). Observação: A Chapada dos Parecis rondoniana é o prolongamento noroeste da chapada de mesmo nome no estado do Mato Grosso. Observe a em um mapa físico do Brasil. Página | 34


Vale dos Rios Guaporé e Mamoré Vale do Guaporé-Mamoré é uma vasta planície dissimétrica de forma tabular, formada por terrenos sedimentares recentes, cuja altitude média fica entre 100 a 200 metros. Assim sendo constituída por solos alagadiços, associados a platôs mais elevados. É drenada pelas águas dos rios Guaporé, Mamoré e pelos baixos cursos de seus afluentes. As enchentes dos rios inundam dezenas de quilômetros das áreas mais baixas, formando lagos temporários e amplos meandros divagantes de escoamento bastante complexo. Estende-se desde o sopé das chapadas dos Parecis e Pacaás Novos no Estado de Rondônia, até atingir os primeiros contrafortes dos Andes, na República da Bolívia; na direção Sudeste se prolonga pelo Estado de Mato Grosso. A porção pertencente ao Estado é restrita, fica limitada na direção Leste - Oeste entre a Chapada dos Parecis e rios Guaporé e Mamoré, ambos linhas de limite entre o Brasil e a Bolívia; na direção Norte - Sul, entre a Encosta Setentrional e rio Cabixi, nos limites com o Estado de Mato Grosso.

HIDROGRAFIA DE RONDÔNIA

A hidrografia de Rondônia é parte integrante da Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do planeta. Sendo o Amazonas o principal rio, ele é formado pela junção dos rios Negro e Solimões. A hidrografia de Rondônia é formada por uma Página | 35


bacia principal, a do rio Madeira, e por cinco bacias tributarias; Guaporé, Mamoré, Abunã, Jamari e Machado ou Ji-paraná. Todos os rios que nascem no estado de Rondônia são afluentes ou subafluentes do rio Madeira e a maioria deles tem a foz dentro dos limites do Estado com exceção dos afluentes do rio Roosevelt, que tem suas nascentes no município de Vilhena, na região Sudeste do estado de Rondônia, desse no sentido norte, atravessa o estado de Mato Grosso e tem sua foz no rio Madeira no estado do Amazonas.

Bacia do Madeira Área: 31.422,1525 ha O Madeira, principal rio de Rondônia, é formado pela junção dos rios Mamoré e Beni. Essa junção ocorre na região oeste de Rondônia, próximo à cidade de Nova Mamoré. Os rios Mamoré e Beni têm suas nascentes na república da Bolívia, nas proximidades dos contrafortes dos Andes. A partir de sua formação, o rio Madeira nasce no sentido norte fazendo fronteira entre o Brasil e a Bolívia até foz do rio Abunã. A partir daí, ele atravessa o estado de Rondônia no sentido noroeste, norte, até a foz do igarapé Maici, divisa dos estados de Rondônia e Amazonas. Após essa divisa, o Madeira percorre o estado do Amazonas e tem sua foz no rio Amazonas. O rio Madeira é um dos principais afluentes da margem direita do rio Amazonas, tem uma extensão de aproximadamente 1.056 km de Porto Velho até a foz, no rio Amazonas, sendo aproximadamente 180 km dentro dos limites de Rondônia e 876 km no estado do Amazonas. Em um trecho de aproximadamente 360 km, a partir de sua formação, o Madeira tem um desnível de declividade de 20 cm/km e passa por dezoito cachoeiras e corredeiras, sendo as maiores: Jiral, Teotônio e Santo Antônio. Entre a Cachoeira de Santo Antônio e a foz do rio Madeira é navegável durante o ano inteiro, porém com alguns obstáculos, no período de seca, ocasionado por assoreamento no leito do rio, o que não impede a navegação. No rio Madeira, no curso navegável, encontram-se muitas ilhas, algumas com extensão considerável.

Bacia do Guaporé Área: 59.339,3805 ha O rio Guaporé nasce na região noroeste do estado de Mato Grosso, desce no sentido norte do Brasil e, no percurso que se inicia logo abaixo da cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade (ex-capital da capitania de Mato Página | 36


Grosso), até a sua foz no rio Mamoré ele faz fronteira entre o Brasil e República da Bolívia. Os principais afluentes do rio Guaporé, na margem direita, lado brasileiro, são os rios Gelera, Sararé, Piolinho e Guariterê em território mato-grossense e os rios: Cabixi, Corumbiara, Verde, Mequéns, Massaco, Branco, São Miguel, São Domingo e Cautário, em território rondoniense.

Bacia do Mamoré Área: 22.790,6631 ha O rio Mamoré tem suas nascentes nos contrafortes dos Andes bolivianos, desce no sentido leste da Bolívia até a foz do rio Guaporé. A partir daí, ele passa a fazer à fronteira entre o Brasil e a República da Bolívia, até encontrar o rio Beni, que também nasce nos Andes bolivianos. O encontro dos rios Mamoré e Beni formam o rio Madeira. Os principais afluentes do rio Mamoré, na margem direita, em território brasileiro, são os rios Guaporé e Pacaás Novos, Ouro Preto, Lage e Novo.

Bacia do Abunã Área: 4.792,2105 ha O rio Abunã nasce na região sul do estado do Acre, na fronteira com a República da Bolívia, e tem sua foz no rio Madeira. Seu principal afluente da margem esquerda, lado brasileiro, em terras de Rondônia, é o rio Marmelo.

Bacia do Jamari Área: 29.102,7078 ha O rio Jamari tem suas nascentes nas proximidades das serras dos Pacaás Novos, no município de Campo Novo de Rondônia e desce no sentido norte do Estado, recebe as águas do rio Candeias e tem a foz no rio Madeira. No rio Jamari esta instalada a Usina Hidrelétrica de Samuel, que tem potencial de geração de 216 Mw de energia elétrica. A usina de Samuel está situada no município de Candeias do Jamari, e o lago da represa de Samuel abrange o território dos municípios de Candeias do Jamari e Itapuã do Oeste.

Bacia do Roosevelt Área: 15.538,1922 ha O rio Roosevelt tem suas nascentes na região sudeste de Rondônia, nas proximidades da cidade de Vilhena, desce no sentido norte e, a partir da foz do rio Capitão Cardoso, atravessa o Página | 37


estado de Mato Grosso, entra pela porção sul do estado do Amazonas e tem sua foz no rio Madeira.

Bacia do Machado ou Ji-Paraná Área: 80.630,5663 ha O rio Machado ou Ji-Paraná é o principal afluente do rio Madeira, dentro dos limites de Rondônia, é também a segunda mais importante bacia hidrográfica do Estado. Ele é formado pela junção dos rios Comemoração ou Melgaço com o Apediá ou Pimenta Bueno, cuja confluência ocorre nas proximidades da cidade de Pimenta Bueno. Os afluentes, formadores do rio Machado, tem suas nascentes na Chapada dos Parecis, no município de Vilhena. Portanto, o rio Machado têm suas nascentes na região sudeste de Rondônia, desce no sentido norte e atravessa as regiões leste, nordeste e tem a foz no rio Madeira, na região norte do Estado. Os afluentes da margem direita do Machado são poucos e pequenos, os principais deles são: Riozinho, Igarapé Grande e Igarapé Lurdes. Os maiores afluentes do rio Machado ou Ji-Paraná estão na margem esquerda e os principais são os rios Rolim de Moura, Muqui, Urupá, Jaru, Anari, Machadinho e Rio Preto.

OS PRINCIPAIS RIOS QUE FORMAM ESTAS BACIAS HIDROGRÁFICAS Rio Guaporé Nasce na serra dos Parecis, região de Mato Grosso. Ao alcançar a cidade de Vila Bela, toma a direção norteoeste entrando em terras rondonienses na cidade de Pimenteiras do Oeste, passando por Cabixi, Cerejeiras, São Miguel do Guaporé até Costa Marques. A 12o de latitude sul recebe as águas do rio Mamoré. Seu trecho navegável é de 1.500 quilômetros e se constitui em fronteira natural entre o Brasil e a Bolívia. Seus afluentes brasileiros são os rios Cabixi, Corumbiara, Mequéns, Colorado, São Miguel, Cautário e Cautarinho, todos com nascentes na Chapada dos Parecis; Rio Mamoré Nasce na Cordilheira dos Andes, em território boliviano com o nome Grande de La Plata, passando a ser designado Mamoré quando alcança a Serra dos Pacaás Novos, região de Guajará-Mirim. Constituindo-se em fronteira natural entre o

Brasil e a Bolívia, recebe as águas do rio Guaporé e, ao juntar-se ao Beni, outro rio boliviano, recebe a designação Mamoré e passa a formar a nascente do rio Madeira. Seu curso possui uma extensão de 1.100 quilômetros e é totalmente navegável. Tem como principais afluentes brasileiros os rios Sotério, pacaás Novos, Página | 38


Bananeiras e Ribeirão ou Lajes. Seus acidentes hidrográficos são as corredeiras Lages, Bananeiras, Guajará-Acu e GuajaráMirim; Rio Ji-Paraná ou Machado Nasce da junção dos rios Barão de Melgaço, também chamado de Comemoração de Floriano, e Apediá, chamado de Pimenta Bueno, na chapada dos Parecis. Seu curso tem uma extensão de 800 quilômetros, atravessando a região central do Estado até desembocar no rio Madeira, região de Calama, no município de Porto Velho. Tem como afluentes pela margem direita os rios Riozinho, Lourdes, São João e Tarumã. Pela margem esquerda os afluentes são os rios Luiz de Albuquerque, Rolim de Moura, Ricardo Franco, Preto, Jaru, Boa Vista, Urupá e Machadinho. Seu principal acidente hidrográfico, dentre os vários existentes e que dificultam a navegação, é a cachoeira 02 de Novembro, localizada no município de Machadinho do Oeste. Rio Madeira ou Caiary Nasce na junção dos rios Beni e Mamoré, sendo o maior afluente do rio Amazonas pela margem direita. Sua extensão é de 3.240 quilômetros, sendo 1.700 em

território brasileiro. Mas, devido aos diversos acidentes hidrográficos, seu curso navegável é de 1.116 quilômetros, a partir da cachoeira de Santo Antonio, em Porto Velho até Itacoatiara,AM. Seus afluentes pela margem direita são os rios Ribeirão, Mutum-Paraná, Jacy-Paraná, Jamari e Machado. Pela margem esquerda os afluentes são os rios Abunã, Ferreiros, José Alves, São Simão e o igarapé Cuniã. - Os acidentes hidrográficos existentes no rio Madeira são os seguintes: (trecho Porto Velho/Guajará-Mirim) Corredeiras: Periquitos, Três Irmãos, Macaco, Morrinhos, Pederneiras, Chocolatal, Araras e Lages. Guajará-Açu e Guajará-Mirim; Cachoeiras: Santo Antonio, Caldeirão do Inferno, Paredão, Misericórdia, Madeira, Pau Grande e Bananeiras; Saltos: Teotônio, Girau e Ribeirão. As principais Ilhas do Estado: No Rio Madeira, Santana, Jacy-Paraná, Três Irmãos, 7 de Setembro, Misericórdia, 15 de Novembro, Marina e Anús ou da Confluência: No Rrio Mamoré, Soares e Saldanha: No Rio Guaporé, Comprida.

RIOS NAVEGÁVEIS EM RONDÔNIA No

final do século XIX e durante a primeira metade do século XX (18771960), todos os principais rios de Rondônia eram utilizados para navegação. Nesse período, os rios davam acesso aos diversos seringais existentes na região. O rio Madeira, entre Porto Velho e a foz no rio Amazonas, é uma importante via de transporte. O rio Machado ou JiParaná é navegável entre a foz e a cachoeira Dois de Novembro. No trecho entre a cachoeira Dois de Novembro e a localidade de Tabajara existem várias cachoeiras que impedem a navegação. A partir daí, existem algumas pequenas cachoeiras ou corredeiras, que dificultam a navegação mais não a impede. Os rios Mamoré e Guaporé são navegáveis e são explorados pela navegação que abastece a população ribeirinha, dentro dos limites de Rondônia, da cidade de Guajará-Mirim até a foz do rio Cabixi. Página | 39


VEGETAÇÃO Engenheiro substitui madeireiro tradicional em área florestal de Rondônia RICARDO MIOTO ENVIADO ESPECIAL A RONDÔNIA

Ainda que escorrendo suor e cercados de dezenas de insetos per capita, os responsáveis pela empresa Amata têm mais cara de quem trabalha em um escritório na Berrini (região empresarial de São Paulo) do que no meio da floresta amazônica em Itapuã do Oeste, em Rondônia. Biomas Brasileiro

Esses profissionais, quase todos paulistas (o gerente de planejamento é paranaense), são exemplo do tipo de mão de obra qualificada da área florestal que foi para Rondônia depois que o governo federal concedeu a exploração da madeira da Floresta Nacional do Jamari à iniciativa privada. Madeireiro pobre se sente excluído das concessões Contrastam com o modo tradicional de atuação das madeireiras no local, ao estilo velho oeste: terra de ninguém, com grilagem e desmatamento amador, ilegal e total dos terrenos, e madeireiros andando até armados. "Quase todo mundo aqui fez ESALQ", diz Roberto Waack, 50, CEO da Amata, em referência à sede do curso de engenharia florestal da USP em Piracicaba --biólogo pela USP, ele não poderia ter menos jeito de madeireiro. Longe do Norte, até passa por um executivo qualquer: a sede comercial da Amata é mesmo na Vila Olímpia. A empresa do desarmado Waack foi uma das três que ganharam a licitação para explorar por 40 anos a floresta do lugar de maneira sustentável (com técnicas de baixo impacto, tirando apenas as árvores maiores e deixando a mata se recuperar). Editoria de Arte/Folhapress http://www1.folha.uol.com.br(25/11/2010)

Predomina no Estado a floresta equatorial, com apenas algumas ocorrências de cerrado nas áreas mais elevadas das chapadas. É ocupado em grande parte por zonas de bosques de transição entre a Amazônia e o espaço extra-amazônico, com um substrato arbustivo menos denso. Atualmente, apresenta algumas das regiões mais devastadas da floresta amazônica.

1. FLORESTA OMBRÓFILA ABERTA É o tipo de floresta dominante no estado, abrangendo cerca de 55% da área total da vegetação. Esta tipologia caracteriza-se pela descontinuidade do dossel, com ausência de área foliar entre 30 e 40%, permitindo que a luz solar alcance o sub-bosque favorecendo a sua regeneração. Os troncos apresentam-se mais espaçados no estrato mais alto, que atinge cerca de 30 m de altura enquanto o sub-bosque encontrasse estratificado.

2. FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL OU SUBCADUCIFÓLIA

Este tipo de vegetação se desenvolve em solos hidromórficos com baixa capacidade de retenção de água. Ocupam cerca de 2% do total da cobertura vegetal do estado. Página | 40


3. FLORESTA DE TRANSIÇÃO OU CONTATO Ocupam cerca de 8% do estado. Trata-se de área de transição entre o cerrado e a floresta, apresentando características destas duas formações, com o estrato mais alto com cerca de 20 metros de altura.

4. CERRADO Ocupam cerca de 5% da cobertura florestal do estado. São formações vegetais com feições xeromórficas principalmente devido às características do sol.

5. FORMAÇÃO PIONEIRA Ocupam cerca de 4% do estado. Ocorre em terrenos sujeitos a inundações, apresentando diversas fisionomias. Pode apresentar vegetação florestal, ou não. O tamanho das árvores é determinado pela altitude e pelo grau de inundação. Algumas destas áreas encontram-se dominadas por palmeiras conhecidas como buritis.

6. CAMPINARANA O termo campinarana significa “falso campo”. São formações não florestais que ocorrem em manchas pequenas e bem dispersas por toda a Amazônia. É a vegetação menos representativa do estado. Cresce em solos muito pobres de areia branca (Podzol, hidromórfico e Areia Quartizosas). A maioria das espécies são endêmicas mas é possível encontrar algumas que ocorrem também em cerrado ou outras áreas não florestais.

ASPECTOS ECONÔMICOS DE RONDÔNIA Vários

ciclos econômicos fizeram parte do desenvolvimento regional, mas, na atualidade, predomina o agropecuário, com destaque para a cafeicultura e bovinocultura (gado leiteiro e de corte) entre outros produtos e um setor industrial nascente. A composição econômica e a participação nacional no processo produtivo. Participação na formação do PIB (Produto Interno Bruto) nacional: 0,6%. Página | 41


Composição do PIB estadual: - Atividade agropecuária: 15,3%. - Atividade industrial: 30,6%. - Prestação de serviços: 54,1%. - PIB per capita: 6.468 reais. - Volume de exportação: 202,7 milhões de dólares. Principais produtos de exportação com seus respectivos percentuais: - Madeira: 83,6%. - Café em grão: 8,7%. - Granito: 3,2%. - Carne congelada: 3,1%. O primeiro ciclo econômico do Estado ocorreu com as descobertas de ouro no rio Corumbiara, afluente da margem direita do rio Guaporé, a partir de 1744; nessa mesma época houve também o período das drogas do sertão, mas o primeiro grande ciclo econômico foi o da borracha. Este ciclo dividiu-se em dois. O primeiro teve início por volta de 1877, quando uma grande leva de nordestinos migrou para o vale do Madeira e seus afluentes: rio Machado ou Ji-Paraná, Mamoré, Guaporé e Jamari e o segundo ciclo teve início em 1942, ocasião da Segunda Guerra Mundial. No período do Primeiro Ciclo de Extração de Látex foi construída a maior obra da história da Amazônia, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, hoje Museu Histórico. O Primeiro Ciclo de Extração de Látex, (borracha) começou a decair a partir de 1912 e, em 1918, já estava em pleno declínio, não pela falta do produto, mas pelo preço praticado no mercado internacional, principalmente no continente Asiático, mais precisamente na Malásia. A retomada da demanda de extração de látex, seiva da árvore seringueira, nativa da Amazônia, ocorreu em decorrência da Segunda Guerra Mundial, isto porque os seringais da Malásia foram ocupados por tropas japonesas. Naquele período, as atenções do mundo convergiram para a produção do látex na Amazônia. O próprio governo brasileiro (Getúlio Vargas) convocou trabalhadores para trabalharem na extração de látex. Foi neste período que surgiu o soldado da borracha. Os vales amazônicos foram novamente ocupados. Página | 42


O período auge da produção de látex na Amazônia no segundo ciclo correspondeu ao período da Segunda Guerra Mundial. Em 1952, ocorreu a descoberta de existência de estanho, que foi importante para a economia regional de Porto Velho, surgindo ai o ciclo da extração da cassiterita, que também se divide em dois períodos: o primeiro período foi o da garimpagem manual, que durou até 31 de março de 1971, quando foi proibida pelo Governo Federal; a partir dessa data, iniciou-se o período da garimpagem mecanizada. Ainda na década de 50, do século XX, existiram os garimpos de diamante no rio Machado, nas proximidades de Vila Rondônia, atualmente cidade de Ji-Paraná, e Pimenta Bueno, que tiveram pouca durabilidade. O atual ciclo econômico de Rondônia iniciou-se na década de 70, do século XX, com a chegada de migrantes oriundos, principalmente, das regiões Sul e Sudeste do Brasil, cuja maioria era proveniente dos estados do Paraná, Espírito Santo e Minas Gerais, começando assim o plantio de lavoura de café e a formação de pastagem. Nesse mesmo período, deu-se início às instalações de indústrias madeireiras que, do final da década de 70 e durante a de 80, do século XX, eram responsáveis absolutas pela geração de empregos, renda e ainda hoje são de suma importância para a economia do Estado. Em 1971, a CEPLAC Comissão Executiva da Lavoura Cacaueira, respaldada em estudos que apontavam a viabilidade da lavoura cacaueira na região, deu incentivo ao plantio nas localidades de Ouro Preto, Jaru e Ariquemes. Em 1976, foi implantado o programa PROCACAU, que incentivou ainda mais o plantio da lavoura, chegando a 54.000 hectares, em seis mil pequenas propriedades rurais. Paralelamente a esse acontecimento, as lavouras de café e a criação de rebanho bovino se desenvolveram por uma vasta região, mas, no início dos anos 1990, os cafeicultores rondonienses enfrentaram outro problema, o baixo preço na saca do café, que, às vezes, não compensava nem colher. Muitos foram os que, cortaram os cafezais e substituíram as áreas por pastagens. Na década de 90 dois importantes acontecimentos estruturais favoreceram o crescimento econômico de Rondônia. Em 1995 ocorreu a construção de um Porto Graneleiro, em Porto Velho, e dois anos depois houve a abertura da hidrovia do rio Madeira. Esse desenvolvimento no transporte provocou um aumento nos lucros, pois houve uma diminuição nos custos com transporte. Rondônia fornece à Região Nordeste feijão e milho, além de ocupar um lugar de destaque na produção de cacau, café, arroz e soja. A partir de 1997, os preços do café voltaram a subir e chegaram, em 1999, a R$ 150,00. Novamente ocorreram novas plantações, porém, o preço da saca começou a cair a partir do ano de 2000, e em 2001 chegou a R$ 25,00, voltando a ser desestimulado. Na atualidade, o preço da saca de café é de aproximadamente R$ 80,00. Rondônia é o 5º maior estado brasileiro na produção de café. O rebanho bovino sempre continuou crescendo e são predominantes em todo o Estado, formando uma grande bacia leiteira, com destaque para a região de Ouro Preto, Jaru e Ji-Paraná.

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Outros investimentos já começam a florescer, na economia regional, são plantações de pupunha (palmito, piscicultura), e o cultivo de soja e arroz, em áreas mecanizadas, no sul do Estado. Rondônia é um Estado de vocação agropecuária, o solo rondoniense produz, não só os já citados produtos, mas uma diversidade de cereais, frutos, verduras e legumes. O Estado é caracterizado pela atividade extrativista, principalmente vegetal, mais especificamente, na retirada de madeira e borracha. O Estado possui uma das maiores jazidas de cassiterita do mundo, e responde por 40% da produção nacional.

A BORRACHA NA HISTÓRIA ECONOMICA DE RONDÔNIA A Amazônia é novamente descoberta como fonte de imensa riqueza na metade do século XIX. Encerrado o Ciclo do Ouro, tem início o Ciclo da Borracha que representa um dos maiores processos migratórios da região. Através dele vieram para região milhares de nordestino expulsos pela seca de 1877. Primeiro ciclo que resultaria mais tarde na Guerra do Acre (1903) e possibilitaria no segundo ciclo, a criação do Território de Guaporé (1943). Em sua primeira fase (1911-14), o Brasil ocuparia a posição de maior produtor de borracha silvestre do mundo tendo como concorrente seu vizinho, a Bolívia. Esta república tinha uma grande desvantagem em relação ao Brasil, seus seringais ficavam na parte oriental dificultando o escoamento do produto para o Oceano Atlântico. Em 20 de abril de 1867, Brasil e Bolívia assinam o Tratado de Amizade, Limites, Navegação, Comércio e Extradição; assim começa o processo que desencadearia mais tarde a construção de uma estrada de ferro ligando o Madeira ao Mamoré, um projeto boliviano. Mesmo assim, a proximidade destas duas potências produtoras de látex – matéria-prima da borracha – na mesma região, onde futuramente seria o Acre, daria origem a Guerra do Acre, liderada pelo ex-major do Exército Plácido de Castro. Com a vitória do Brasil, nessa luta, a região passa a fazer parte do nosso território e novamente é assinado um tratado com a Bolívia, o Tratado de Petrópolis (1903), e o Brasil assume a responsabilidade de continuar a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

Primeiro Ciclo da Borracha Após a Independência do Brasil ocorrida no sete de setembro de 1822, teremos o surgimento de uma nova atividade econômica na Amazônia, o I Ciclo da Borracha, entre os anos de 1870 e 1912. Neste período a Amazônia passou a fazer parte do cenário econômico mundial com muito mais contundência, pois com o desenvolvimento da indústria internacional no que convencionou chamar de II Revolução Industrial, ocorrido em meados do Página | 44


século XIX, a borracha, Hevea brasiliensis, passou a ter uma importância maior, por se tratar de uma matéria prima de grande utilidade para a nova indústria que surgia. Na segunda revolução Industrial apareceram novas formas de combustíveis que vieram a substituir o carvão. Foi inventado também, o automóvel, o motor a combustão, o telefone, a lâmpada elétrica e descoberto o petróleo, que terá um papel cada vez mais importante no cenário econômico internacional. A região que possuía os melhores seringais na Amazônia era o “Aquiri” (atualmente o Estado do Acre) localizado na Bolívia. Situada entre os Andes bolivianos, grandes cadeias de montanhas que separam o oceano Pacífico do oceano Atlântico e corta de fora a fora toda a América do Sul, do outro lado, as cachoeiras do rio Madeira. A Bolívia, em 1846, necessitava da abertura de uma rota para exportar a borracha produzida, na parte oriental de seus seringais, ao Oceano Atlântico. Dois projetos são elaborados para solucionar este problema, a primeira opção seria uma rota fluvial entre os rios Madeira e Mamoré; a segunda uma ferrovia que seria construída na margem direita do Madeira até a localidade de Santo Antônio. O governo boliviano prefere a primeira alternativa e o engenheiro-militar, inglês, George Earl Church, O francês La Condamine tomou recebe o encargo de fundar uma empresa de navegação conhecimento do produto no século XVIII entre os índios Omáguas entre os rios. Surge então a National Bolivian Navigation (Cambebas) e o divulgou na Europa. Company que não chega a ser finalizada. Os bancos da O surto gumífero e seu auge Inglaterra, financiadores do projeto, não aceitam financiaPressupostos. lo, eles tinham maior interesse na construção da ferrovia, É de uma árvore nativa da um interesse profundamente financeiro, pois, a Inglaterra Amazônia, a Hevea brasiliensis era nesse período a produtora mundial de vagões e (seringueira) que se extraía a melhor locomotivas, controlando também toda a importação da matéria prima para a fabricação da borracha produzida na Amazônia. Têm início os projetos borracha. A seringueira é de construção da ferrovia que ligaria o Rio Madeira ao encontrada abundantemente na Mamoré. Esta primeira empreita seria feita ainda pelo região amazônica - alta produtividade do látex. Earl Church. As notícias sobre as riquezas da borracha já Látex - O naturalista francês haviam atraído, para a região, centenas de nordestinos Charles La Condamine 1736 – que invadiam até os seringais do território boliviano e não reconhecimento europeu do látex – eram somente esses trabalhadores que ocupavam a aproveitamento industrial. área, prisioneiros e exilados políticos do Brasil Anteriormente – os espanhóis – XVI – começavam a desbravar o local, explorando as perceberam que os nativos faziam seringueiras. uso – calçados, vestimenta, objetos As grandes potências econômicas vão atuar nesta de uso. Em 1839, Charles Goodyear parte do planeta com muita força, interessadas na grande – fórmula – borracha ficar mais resistente. matéria prima encontrada aqui com muita facilidade. Os governos brasileiros estavam completamente voltados para os interesses dos cafeicultores do sudeste, pois o principal produto, carro chefe da economia brasileira no período, era o café. Tanto os governantes do II Reinado, 1840 – 1889 quanto os da república velha, 1889 – 1930 tinham seus olhos fechados para as demais regiões brasileiras. Poucas foram às ações desses governos para as demais regiões. Charles Goodyear, inventor norte americano nascido em New Haven Conn, criador do processo de vulcanização da borracha (1839) que popularizou o uso comercial desse material. Começou a carreira dele como um sócio do pai, mas o negócio faliu (1830). Ele ficou interessado Página | 45


então em descobrir um método de tratar a borracha, de forma que ela perdesse sua adesividade e suscetibilidade. Procurou ampliar o campo de aplicação da borracha misturando-a com outras substâncias. Robert Koch utilizou-se da Hevea brasiliensis em vários experimentos, praticamente abandonou o consultório para cultivar bacilos e inocular ratos, descobriu como colori-los, para ficarem bem visíveis e convencíveis, fotografando os da febre traumática, erisipela, tétano, gangrena, cólera e tuberculose. No mesmo ano, a vulcanização da borracha permite a produção de preservativos eficientes, práticos, baratos e não volumosos como as tripas de carneiro usadas até então. Uma verdadeira revolução sexual será mais tarde desencadeada, devido à facilidade do sexo seguro. A Amazônia estava completamente aberta aos interesses imperialistas internacionais. É nesta conjuntura em meios vastos seringais que surgem: Porto Velho, Vila Murtinho e Guajará Mirim.

Histórico da ascensão da borracha Até 1850, o Pará exportava a borracha sob a forma de manufaturados, impermeáveis, sapatos e mochila; a partir daquele ano passou a região a exportar apenas a matéria prima. Até o ano de 1856 o pirarucu salgado era o principal produto de exportação da província do Amazonas; Naquele ano, foi o produto suplantado pela borracha. Apesar de se tornar um surto econômico favorável para a Amazônia brasileira, havia um sério problema para a extração do látex, a falta de mão-de-obra, o que foi solucionado com a chegada à região de nordestinos “Arigós” que vieram fugindo da seca de 1877 e, com o sonho de enriquecer e voltar para o nordeste. A grande maioria cometeu um ledo engano, pois encontraram uma série de dificuldades como: Impaludismo (Malária), índios e, sobretudo, a exploração dos seringalistas, o que impossibilitou a concretização deste sonho. Em relação ao número de nordestinos que vieram para a Amazônia brasileira, há uma divergência entre os diversos historiadores amazônicos. Alguns chegam a escrever que vieram 300.000 nordestinos e outros 150.000 nordestinos nesse ciclo. A exploração dos seringalistas sobre o seringueiro é evidente neste período. Os seringalistas compravam das Casas Aviadoras, sediadas em Belém do Pará e Manaus os mantimentos para os seringais e, pagavam a essas casas, com a produção de borracha feita pelos seringueiros, que, por sua vez, trabalhavam exaustivamente nos seringais para poder pagar sua dívida contraída nos barracões dos seringais. Os seringueiros dificilmente tinham lucro, porque era enganado pelo gerente ou pelo seringalista, esse sim, obtinha lucro e gastava o dinheiro em Belém do Pará, Manaus ou Europa. Os seringais amazônicos ficavam às margens de rios como: Madeira, Jaci-Paraná, Abunã, Juruá, Purus, Tapajós, Mamoré, Guaporé, Jamary, etc. Em 1876, Henry Alexander Wyckham contrabandeou 70.000 sementes de seringueiras da região situada entre os rios Tapajós e Madeira e as mandou para o Museu Botânico de Kew, na Inglaterra. Mais de 7.000 sementes brotaram nos viveiros e poucas semanas depois, as mudas foram transportadas para o Ceilão e Malásia. Na região asiática as sementes foram plantadas de forma racional e passaram a contar com um grande número de mão-de-obra, Página | 46


o que possibilitou uma produção expressiva, já no ano de 1900. Gradativamente, a produção asiática vai superando a produção amazônica e, em 1912 há sinais de crise, culminando em 1914, com a decadência deste ciclo na Amazônia brasileira. Para a economia brasileira, este ciclo teve suma importância nas exportações, pois em 1910, a produção de borracha representou 40 % das exportações brasileiras. Para a Amazônia, o 1º Ciclo da Borracha foi importante pela colonização de nordestinos na região e a urbanização das duas grandes cidades amazônicas: Belém do Pará e Manaus

Questões Econômicas Por causa da crescente demanda internacional por borracha, a partir da segunda metade do século XIX, em 1877, os seringalistas com a ajuda financeira das Casas Aviadoras de Manaus e Belém, fizeram um grande recrutamento de nordestinos para a extração da borracha nos Vales do Juruá e Purus. De 1877 até 1911, houve um aumento considerável na produção da borracha que, devido às primitivas técnicas de extração empregada, estava associado ao aumento do emprego de mãode-obra. O Acre chegou a ser o 3° maior contribuinte tributário da União. A borracha chegou a representar 25% da exportação do Brasil. Como o emprego da mão-de-obra foi direcionado à extração do látex, houve escassez de gêneros agrícolas, que passaram a ser fornecidos pelas Casas Aviadoras.

Sistema de Aviamento

Cadeia de fornecimento de mercadorias a crédito, cujo objetivo era a exportação da borracha para a Europa e EUA. No 1° Surto, não sofreu regulamentações por parte do governo federal. AVIAR= fornece mercadoria a alguém em troca de outro produto. O Escambo era usual nas relações de troca, as negociações eram efetuadas, em sua maioria, sem a intermediação do Página | 47


dinheiro. Era baseado no endividamento prévio e contínuo do seringueiro com o patrão, a começar pelo fornecimento das passagens. Antes mesmo de produzir a borracha, o patrão lhe fornecia todo o material logístico necessário à produção da borracha e à sobrevivência do seringueiro. Portanto, já começava a trabalhar endividado. Nessas condições, era quase impossível o seringueiro se libertar do patrão. Devido à procura crescente pela preciosa matéria prima, os seringalistas passaram a exigir sempre maior produção dos seringueiros, fato que os obrigavam a trabalhar mais tempo na extração, e não podiam plantar lavouras de subsistência. O seringueiro ficou dependente do sistema de barracão, isto é, estava forçado a abastecer-se no barracão do seringalista. Este manipulava o valor pago ao extrator do látex e superfaturava os preços das mercadorias do barracão, com duplo resultado: lucros sempre maiores e endividamento dos seringueiros, que garantia a produção e ficava preso ao patrão por não conseguir nunca pagar suas dívidas. Os seringalistas tinham suas fontes de abastecimento em Manaus e Belém, e os alimentos eram importados. Assim, com o fim do Ciclo da Borracha, toda essa imensa multidão de trabalhadores foi entregue à própria sorte.

A Crise (1913) Em 1876, sementes de seringa foram colhidas da Amazônia e levadas a Inglaterra por Henry Wichham. As sementes foram tratadas e plantadas na Malásia, colônia inglesa. A produção na Malásia foi organizada de forma racional, empregando modernas técnicas, possibilitando um aumento produtivo com custos baixos. A borracha inglesa chegava ao mercado internacional a um preço mais baixo do que a produzida no Acre. A empresa gumífera brasileira não resistiu à concorrência Inglesa. Em 1913, a borracha cultivada no Oriente (48.000 toneladas) superava a produção amazônica (39.560t). Era o fim do monopólio brasileiro da borracha. Com a crise da borracha amazônica, surgiu no Acre uma economia baseada na produção de vários produtos agrícolas como mandioca, arroz, feijão e milho. Castanha, madeira e o Óleo de copaíba passaram a serem os produtos mais exportados da região. As normas rígidas do Barracão se tornaram mais flexíveis. O seringueiro passou a plantar e a negociar livremente com o regatão. Vários seringais foram fechados e muitos seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste. Houve uma estagnação demográfica e em muitos seringais, houve um regresso a economia de subsistência. A partir da segunda metade do século XIX novos inventos culminarão com a invenção do automóvel. Demanda quantidades cada vez maiores de borracha para as indústrias europeias e norte-americanas.

O Ciclo do Telégrafo Como toda a Amazônia, após o declínio do 1º ciclo da borracha Rondônia passou por um período de estagnação econômica (vale observar Rondônia, refere-se a regiões pertencentes aos estados de Mato Grosso e Amazonas, visto que o antigo Território do Guaporé somente foi criado em 1943). O esvaziamento econômico e o isolamento desta vasta região fez com que o Governo Central decidisse construir uma linha telegráfica entre Cuiabá (MT) e Porto Velho(AM), cortando Página | 48


todo o norte do Mato Grosso, então uma imensa e desconhecida floresta. Grande parte da região cortada pela linha veio a constituir o atual estado de Rondônia. O então Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon assumiu o comando da missão. Entre 1907 e 1915 Rondon trabalhou utilizando mão de obra do sul do país. Estes trabalhadores, somados a outros migrantes atraídos pelo avanço da linha telegráfica, criaram povoados nos locais onde se instalaram os postos telegráficos, entre os quais: Vilhena, Marco Rondon, Pimenta Bueno, Vila Rondônia (hoje, Ji Paraná) e Ariquemes. A expedição Rondon contribuiu para a ocupação desta região, desbravando-a e demarcando os antigos seringais. Além do espírito desbravador que lhe valeu a alcunha de o "último bandeirante", Rondon mostrou um espírito humanista raramente encontrado, sendo grandemente responsável pela mudança na forma de ver e tratar os índios, habitantes primeiros deste vasto país. Ao contrário dos movimento anteriores cujas ações transcorreram ao norte da região no sentido oeste, este ciclo ocorreu no sentido sul-norte. As fundações de vários municípios do estado, como Vilhena, Pimenta Bueno, Ji Paraná e outros são seu legado, e em sua esteira desenvolveu-se a ligação de Rondônia com os centros produtores e consumidores das regiões central e sudeste do país.

SEGUNDO CICLO DA BORRACHA E A CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO FEDDERAL DO GUAPORÉ O segundo ciclo da Borracha, iniciado em 1942, funcionou completamente diferenciado do primeiro e encontrou a região com sua infraestrutura em fase de consolidação. Os povoadores dos seringais eram nordestinos, mas divididos em duas categorias, os seringueiros civis e os soldados da borracha, estes, incorporados ao Batalhão da Borracha. Os núcleos urbanos desenvolveramse. O sistema de saúde pública melhorou consideravelmente e as ações de governo estenderam-se para o interior. A geopolítica regional passa por total transformação tendo em vista a criação do Território Federal do Guaporé em terras desmembradas dos estados de Mato Grosso e do Amazonas.

O Brasil perdeu sua supremacia como produtora de borracha para as colônias inglesas na Ásia, terminando assim o primeiro Ciclo da Borracha. Em 1942, durante a 2ª Guerra Mundial, inicia o segundo Ciclo da Borracha. Os Estados Unidos impossibilitados de alcançar os seringais asiáticos redescobrem a Amazônia. Eles necessitavam desse produto para a produção dos pneus utilizados nos veículos na frente de combate. Brasileiros, principalmente, os do Nordeste, são atraídos para lutar na “Guerra Verde”, na Amazônia. O inimigo armado não existia, na verdade a luta era contra as doenças tropicais e os maus tratos do governo. Getúlio Vargas se encantou com a teoria fascista, pois estávamos vivendo o período conhecido como: “O Entre Guerras”, período que separou a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), da Segunda Guerra Mundial (1929 – 1945). O Fascismo adotado pela Itália de Benito Mussolini é uma doutrina política que se assemelha ao Nazismo Alemão, defendia ideias como: nacionalismo radical, estatização da Página | 49


economia, poder centralizado nas mãos de um único líder, racismo, etc. Getúlio gostou da teoria totalitária e sua política trabalhista tinha um forte emprego a essas ideias. Ao assumir o governo brasileiro em 1930, após um golpe de Estado, Getúlio se aproximou do movimento tenentista, que vinha atuando com muita repercussão em todo país, inclusive na famosa Coluna Prestes (1924 – 1927), ao mesmo tempo, se afastou das forças políticas tradicionais e conservadoras do café com leite. Nesse contexto surge um importante personagem de nossa história, Aluízio Pinheiro Ferreira, que vai se tornar um dos importantes caciques políticos da região. O Coronel Aluízio Ferreira em 1924 participou do movimento revolucionário entre Manaus e Belém. Em 1925 Aluízio já se encontrava no seringal de Paulo Saldanha e, no ano seguinte, foi para o seringal de Américo Casara. Apadrinhado por Getúlio e em nome do nacionalismo varguista nacionalizou a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, assumindo a sua direção em 1931. Diferente dos governos anteriores, Getúlio Vargas dava início a um governo que enxergava as verdadeiras dimensões do Brasil, não via somente o Sul, Sudeste e Nordeste, ele traçou políticas para todo o Brasil, e especialmente para a região que transformaria mais tarde no Território Federal do Guaporé em 1943. A nacionalização trouxe um alento ao município de Porto Velho, pois diante do quadro desastroso da economia da borracha que estava em crise, às perspectivas de desenvolvimento regional eram péssimas, agora, com um governo patriótico, defensor dos seus filhos e filhas, os ânimos melhoravam e novos caminhos começavam a ser apontados. Em 1937, Getúlio Vargas deflagrou um novo golpe político, instaurando o “Estado Novo” (1937 – 1945). Este novo momento do Governo Vargas vai desenvolver uma grande campanha nacional chamada: “A GRANDE MARCHA PARA O OESTE”, tendo o objetivo de ocupar as regiões interionas do Brasil. Foi utilizado um lema que afirmava o seguinte: “VAMOS LEVAR OS HOMENS SEM TERRA PARA AS TERRAS SEM HOMENS”, assim se desenrola uma grande ação governamental na ocupação territorial do grande demográfico que se observava há muito tempo no interior do Brasil. Durante este período, o mundo foi balançado por uma guerra que atingiu todos os níveis imaginários de terror, o homem assumiu o topo da monstruosidade, a condição de ser parasitário capaz de destruir o seu próprio planeta. Por mais que digamos, não conseguiremos demonstrar o tamanho da desgraça promovida e provocada pela Segunda Guerra Mundial, ocorrida entre 1939 e 1945. A guerra atingiu todos os continentes e suas consequências ecoarão pela eternidade. Com a deflagração do conflito, o Brasil teria que definir sua posição e Getúlio Vargas foi coerente com a história e apoiou os aliados, porém esse apoio se deu após muito diálogo, ocorrendo inclusive à aprovação de um importante acordo. Os Acordos de Washington em 1942. Como a Amazônia e em especial a nossa região surgem neste contexto da Era Vargas. Porto velho era uma cidade do Estado do Amazonas, havia se desmembrado do município de Humaitá em 1914. No início da guerra, o Japão que estava apoiando os alemães e italianos, resolveu invadir a Malásia, possessão Inglesa localizada no sudeste asiático, o grande fornecedor de borracha para Página | 50


as indústrias mundiais. Devemos lembrar que a Amazônia vivia a decadência de seus seringais, e agora com este problema os aliados precisavam urgentemente de fornecedor, foi ai que entrou o Governo Vargas e os acordos de Washington. Getúlio em conjunto com os Estados Unidos, acordou o seguinte: o Brasil forneceria toda a borracha necessária aos aliados, permitiria que os E.U. A instalassem bases militares no Nordeste brasileiro, que serviriam de apoio para as suas forças militares, em troca o Brasil receberia investimentos financeiros para montagem de uma grande infraestrutura industrial. Foi assim que surgiu: a Companhia siderúrgica nacional – CSN, a Companhia Vale do Rio Doce, uma das maiores mineradoras do mundo e a extinta Fábrica Nacional de Motores – FNM. O movimento migratório da Batalha da Borracha, que se desenvolveu no decorrer dos anos de 1941 e início de 1943, adquiriu

um novo colorido com a chegada a partir de 1943 e durante os anos de 1944/1945, de novos contingentes humanos, os nordestinos que ficaram sendo conhecidos como soldados da borracha. A diferença entre essas duas correntes de migrantes era flagrante, enquanto a primeira se constituía na sua maioria de cearenses que se deslocavam do interior. A partir de 1943 até 1945, provinha dos centros urbanos, geralmente composta de homens solteiros ou desgarrados de sua parentela, muito deles desempregados ou sem profissão definida, vinham para a Amazônia pelo simples sabor da aventura e para fugir à convocação para a FEB (Força Expedicionária Brasileira) que lutava na Itália.

Com o término da Guerra em 1945, foram liberadas as plantações de borracha da região asiática, cessando o interesse norte-americano pela borracha produzida na Amazônia, que passou a acumular em estoques crescentes, já que o mercado interno não tinha capacidade de absorver toda a produção. A tentativa de produzir borracha ainda permaneceu até os idos de 1960. A partir desta data, paulatinamente a produção de borracha cai, ocasionando o fim desse ciclo. 2º Ciclo da Borracha- Nº de Migrantes Nordestinos Ano 1941 1942 1943 1944 1945 Total

Homens 13.910 17.928 24.399 27.139 21.807 105.183

Mulheres 8.267 9.023 9.419 10.287 9.959 46.955

Total 22.177 26.951 33.818 37.426 31.766 152.138

Fonte: Benchimol, Samuel.Amazônia: um pouco antes-além depois.

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1. 2. 3. 4. 5.

Atividades 1. Que invenções aumentaram muito a procura da borracha amazônica? 2. Qual o problema enfrentado pelo Brasil para aumentar a produção e abrir novos seringais? 3. O que provocou a decadência na exploração da borracha amazônica? 4. Quando e como começou a extração do látex na atual Rondônia? 5. Em que sentido a exploração da borracha favoreceu o atual estado de Rondônia?

A SOBREVIVÊNCIA NA FLORESTA - SOLDADOS DA BORRACHA “Depois de abandonar os seringais aos poucos a floresta vem sendo novamente explorada”. (Prof.ª. Sônia Arruda)

A negativa

do Banco da Amazônia (Basa) em continuar o repasse financeiro aos grandes seringalistas resultou no abandono dos seringais, nos anos 80. O seringueiro, a alma do trabalho extrativista, foi deixado a própria sorte sem nenhum amparo político ou social restando para esses trabalhadores apenas a alternativa de assumir os seringais. A União dos seringueiros do Estado começou a surgir nesse período e simboliza a luta pela sobrevivência da categoria que continua até hoje. Em 1980, representantes do Instituto Estadual Florestal de Rondônia fazem um levantamento em todos os seringais do Estado. Cinco anos depois é a vez do Conselho Nacional dos Seringueiros se mobilizarem, promovendo o Primeiro Encontro Dos Trabalhadores do Acre e de Rondônia. A reunião acontece em Guajará-Mirim por ser uma cidade de fronteira e resulta na criação da primeira organização de seringueiros. O ano de 89 é marcado pelo encontro de mais de 300 trabalhadores dos maiores seringais de Rondônia, Pacaás Novas e Ouro Preto. É iniciado o processo que viabilizaria, no ano seguinte, a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR), primeira instituição voltada para os interesses sociais e econômicos da categoria. Na ocasião, foi definida a estrutura das associações em todos os municípios que deveria ser formada por comissões compostas de um seringueiro titular e um suplente. Em Guajará-Mirim foram eleitos nove membros e um soldado da borracha. Um segundo encontro nacional, realizado em Rio Branco, firmaria a luta dos seringueiros. Os trabalhadores passam a contar também com diversos órgãos ligados a preservação ambiental, como o Instituto de Pesquisa de Entidades de Defesa a Amazônia – que fez diversas visitas aos seringueiros para conhecer a situação vivida pelos trabalhadores; o Coporé – Ação Ecológica do Vale do Guaporé e o Paca – Proteção Ambiental ao Cacoerência, do Município de Cacoal.

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Nasce a OSR Depois de mais de uma reunião, finalmente, em 90, é fundada no Estado a Organização dos Seringueiros de Rondônia (OSR) sendo eleitos para sua composição sete membros sem poderes específicos. A princípio, os membros deveriam se reunir a cada sete meses, nos anos seguintes os encontros se tornariam mensais. Manuel Teófilo – conhecido como Manduca, um do primeiro fundadores da OSR explica que nas bases comunitárias trabalhavam, nessa época, um engenheiro agrônomo, um sociólogo e dois biólogos que realizavam pesquisas de proteção ambiental e também prestavam auxílio social junto aos trabalhadores. Estes trabalhos de campo possibilitaram o acompanhamento nos primeiros sete anos do processo evolutivo das comunidades seringalistas em todo o Estado e permitiu a criação de diversas reservas extrativistas. Em sua história mais recente, a luta é pela comercialização da borracha. A organização criou uma cooperativa que tem como função a implantação política-financeira da sociedade, a OSR iniciou a construção de uma usina para beneficiar a borracha, em Candeias do Jamari. Começa então, a próxima batalha dos seringueiros para vender o produto as grandes indústrias, como Pirelli e outras. A borracha bruta custa R$ 0,70 e o produto depois de beneficiado deve ser comercializado por R$ 1,50. O valor pode chegar a R$ 2,40 caso o Governo Federal passa a subsidiar a produção.

Luta pela preservação das reservas Com a diminuição do efetivo da Polícia Florestal, em 99, os seringueiros passaram a enfrentar um problema: eles lutam agora para preservar as reservas extrativistas dos constantes ataques de madeireiros e apropriadores de terra e até de pescadores profissionais. Segundo informações de dirigentes da Organização dos Seringueiros de Rondônia, as invasões nas principais reservas ambientais têm sido constantes. Representantes do Conselho Nacional dos Seringueiros denunciam frequentemente invasões de pescadores profissionais, no período do verão, em uma das maiores reservas extrativistas do Estado, a Pacaás Novos, em Guajará-Mirim. Os pescadores matam os animais por divertimento e os deixam jogados nas praias ou nas águas dos rios. A Pacaás Novos abriga mais de 40 famílias que exercem a atividade extrativista.

Mulher A discriminação contra o trabalho desenvolvido pela mulher ainda pode ser sentida neste segmento. A mulher seringueira, presença constante nos seringais e também dona de casa, até hoje não foi reconhecida como real trabalhadora da atividade extrativista. Depois de anos de trabalho junto ao marido e os filhos na extração da borracha, enquanto estes últimos conseguem se aposentar, as seringueiras ainda lutam para conseguir amparo legal na velhice. Atividades 1. Quais foram os primeiros imigrantes para o surto extrativo da borracha? 2. Como foi resolvido o problema da insuficiência de mão-de-obra? 3. O que era o sistema de barracão? Explique com suas palavras: 4. O que aconteceu à multidão de trabalhadores dos seringais quando, devido ao preço internacional da borracha, não interessava mais ao seringalista continuar a produção? 5. Como ficou a situação dos seringueiros no Segundo Ciclo da Borracha? Página | 53


CICLO DA CASSITERITA O Estado de Rondônia tem vocação natural para a mineração, já largamente comprovada pela produção de cassiterita nos últimos 25 anos, seja por empresas de mineração ou por garimpos manuais, anterior a 1.971, ou garimpos mecanizados, em Bom Futuro, posterior a 1988. Some-se a produção de ouro, de calcário, água mineral, topázio, columbita, materiais de emprego imediato para a indústria de construção civil (brita, cascalho, areia, argila), etc. Esse potencial mineral além do impacto econômico gerado, criando milhares de empregos e circulando riquezas, foi o responsável pela formação de um grande contingente de mão-de-obra especializada - mecânicos, eletricistas, operadores de máquinas, funções administrativas, entre outras - que permitiram, em muito, alavancar o desenvolvimento do Estado nas últimas duas décadas. A primeira mina de cassiterita descoberta em Rondônia se localizava no rio Machadinho, no seringal denominado Augustura, de propriedade do Sr. Joaquim Pereira Rocha, no ano de 1955, este achado mudaria a História socioeconômica de Rondônia. Em 1956, foi retirado inicialmente 4 toneladas, já em 1968 foi retirado do solo cerca de 10 toneladas, em 1962 retirou-se aproximadamente 678 toneladas do minério, em 1972 foram retiradas 2794 toneladas, e em 1973 no auge da extração do minério chegou-se a tirar até 7300 toneladas, chegando neste período a produção corresponder a 80% do produzido no país; tendo na figura de Flodoaldo Pontes Pinto e Moacir Mota, os maiores empresários envolvidos neste processo. Para entendermos com mais clareza este fenômeno e suas consequências, o território de Rondônia no ano de 1960 tinha apenas 36.936 habitantes, em 1980 essa população já era 10 vezes maior, correspondendo a 503.070 habitantes, a capital do estado, Porto Velho, já contando com pelo menos 20% desse total de habitantes. Com a abertura da BR 364 e a chegada dos primeiros caminhões, a exploração da cassiterita cresceu de maneira astronômica. O processo de povoamento do estado também foi alterado devido à exploração do minério, ocasionando com isso transformações fundamentais nas vidas das pessoas que aqui residiam, uma vez que a economia do território, até então, era fundamentalmente vegetal, foi permutada para o extrativismo mineral. Inicialmente a garimpagem da cassiterita se dava de forma clandestina e manual, os garimpos eram densamente povoados, e através desta povoação se desenvolveu as primeiras pistas de pouso, e alguma infraestrutura nestas localidades. A maior parte da força de trabalho era masculina, o garimpeiro carregava consigo dois amigos inseparáveis: o revólver e o radinho de pilhas. A extração do minério era um grande sacrifício, geralmente a equipe de trabalho era constituída por duas ou três pessoas responsáveis Página | 54


pela escavação. Estas geralmente atingiam profundidade de até 3 metros, o desmonte da referida cata era feito após 2 ou 3 semanas de serviço. O material utilizado para este fim era: picareta, enxadas, pás, enxadecos, facões e bombas para retirar a água de dentro das catas, que por sua vez era dividida em 3 partes: 1- Remoção do morto / compostos orgânicos (restos vegetais); 2- Argila/ areia, material de cor escura (loleia). 3- Cascalho, complemento de areia, pequenas partes de minério e bastante água. A quebra era a denominação utilizada pelo garimpeiro da retirada do cascalho. Geralmente dava-se início as atividades de trabalho ás 4 horas da manhã, até às 18 horas ininterruptamente.

Cassiterita em Rondônia De acordo com relato de um veterano morador do rio Machado, Joaquim Barbosa, ao escritor Vitor Hugo, o seringalista Joaquim Pereira da Rocha conhecera a “areia preta” desde 1946. Dois anos depois a tal “areia” foi mostrada ao padre José Maria Franscisco Pucci, conhecido como padre Chiquinho. Em 1956, um engenheiro hindu foi enviado par fazer um levantamento mineralógico em Rondônia. Estava aberta a história do minério de estanho no Território, que se tornou a Província Estanífera do Brasil. A lavra econômica iniciou-se em 1959, expandindo-se no começo da década de 60. A partir daí, Rondônia passou a viver um período de fartura, com intensa circulação de dinheiro. Em 1972, produziu-se 2.794 toneladas de minério, quando o País já havia se tornado autossuficiente e começou a exportar estanho em lâminas para o exterior. Todo o minério vinha das minerações localizadas nos rios Machado, Machadinho, Jamari e Candeias. O Governo Federal, em 1970, proibiu a lavra manual na província estanífera de Rondônia, de acordo com a Portaria nº. 195, determinando que a exploração das jazidas fosse mecanizada através de empresas. O período áureo da garimpagem manual na região situa-se entre os anos de 1968 a 72. Nessa época vinha garimpeiros de todo o País, principalmente do Maranhão, Piauí, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pará e Amazonas. Cada homem ou grupo trabalhava nos igarapés onde, ao lavar o cascalho, separavam o barro do minério. A cassiterita era levada nas costas até as cantinas compradoras. De lá era transportada para Porto Velho, e em seguida, ia de avião até o Sul do Brasil. O ministro das Minas e Energia, Antônio Dias Leite Júnior, estipulou prazo de um ano para que os Página | 55


garimpeiros cessassem totalmente as atividades manuais e semi-mecanizadas de procura ao minério de estanho na chamada província estanífera. A portaria causou sérios problemas de ordem econômico-social no período de adaptação das normas e quando surgia na rodovia 364 nova atividade econômica, a agricultura. Governava Rondônia, naquela época, o coronel Marques Henrique, militar cumpridor de seu dever que, entretanto, viu-se envolvido numa série de angustiantes problemas consequentes da desativação da garimpagem manual. Rondônia tinha pouco mais de cem mil habitantes, destes a grande maioria vivia da indústria extrativa vegetal ou mineral, sendo que, dependendo da época e do momento, aqueles rudes extratores tanto podiam ser garimpeiros quanto seringueiros. Naquele exato momento, da febre do estanho, praticamente haviam se decidido pela garimpagem livre que lhes proporciona alguma esperança de enriquecimento. Alguns garimpeiros haviam chegado nos últimos momentos da década de 70. Outros eram moradores em Rondônia desde que haviam descoberto os garimpos de diamante nos rios JiParaná, Comemoração de Floriano, Pimenta Bueno e Roosevelt. Na mesma década de 50, em que os garimpeiros de diamante descobriam a cassiterita nas terras do seringalista Joaquim Pereira da Rocha, responsável pela análise do material e, consequentemente pelo início da extração do minério. Não se pode afirmar com precisão, qual o número exato de aventureiros que procuravam recursos nas lavras de cassiterita. Sabe-se que alguns afirmavam que eram mais de 10 mil homens espalhados nas entranhas da floresta, ao mesmo tempo em que eram vitimados pela febre e explorados pelos “marreteiros”, atravessadores da cachaça. Tudo isso gerava uma inquieta mobilidade em busca do enriquecimento – lícito ou não – que explodia no comércio das cidades do então Território de Rondônia. Os comércios cresciam da noite para o dia, tomava volume e se transformavam em grandes armazéns com crédito no Sul do País.

O CICLO DO OURO O ouro foi descoberto no leito do rio Madeira em meados dos anos 80, junto com a cassiterita, os principais produtos de Rondônia, atraindo garimpeiros de todo o Brasil. Estima-se que em 1987 haviam cerca de 600 dragas e 450 balsas extraindo ouro do rio. Eram processos extrativos rudimentares, admitindo-se perdas em torno de 50%. O trabalho nas balsas era extremamente perigoso, pois obrigava um mergulhador operar a "maraca", o terminal do mangote de sucção, conduzindo-a no fundo do rio para fazer o desmonte em profundidades de até 15m. Como era grande a evasão (pelo menos 50%), são imprecisas as estimativas de produção. Admite-se que no ano de 1987 tenha sido da ordem de 8.000 toneladas. Já no início dos anos 90 entrou em declínio, estando praticamente interrompida. Este ciclo gerou muita riqueza, sendo porém quase nulos os benefícios duradouros produzidos. Foi uma exploração predatória e de alto impacto ambiental. Pode-se dizer que, da exploração do ouro, a maior herança é o seu passivo ambiental: erosão do leito e das margens do rio, contaminação das águas e da cadeia alimentar pelo mercúrio, poluição por óleo, combustíveis e rejeitos lançados na água e por equipamentos abandonados, sedimentação do canal navegável, Página | 56


etc. Nos denominados garimpos do Arara e Periquitos, as crateras abertas por desmonte hidráulico chegaram a comprometer a BR-425, que vai até Guajará Mirim. No local foram encontrados fósseis de mastodontes e tatu-gigante, entre outros. Esta bacia está sendo destruída, e seus fósseis contrabandeados.

CICLO AGRÍCOLA – Povoamento e ocupação a partir da década de 70. A descoberta de grandes manchas de terras férteis e o intenso fluxo migratório dirigido ao Território, tornaram a agricultura a alternativa mais viável à economia rondoniense, praticada por micro e pequenos produtores rurais. Vários fatores políticos e econômicos provocaram o grande êxodo rural nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País e a migração para Rondônia. Destacam-se: a introdução de leis trabalhistas no meio rural, responsável pela dispensa de milhares de trabalhadores das fazendas; a substituição da cafeicultura, empregadora de considerável volume de mão-de-obra no campo pela soja e pecuária de corte, e a mecanização da lavoura que levou milhares de micro, pequenos e médios produtores rurais à falência. O Território Federal de Rondônia transformou-se assim, no maior receptor desse excedente populacional. O processo de ocupação humana de Rondônia ligado ao Ciclo da Agricultura, foi executado pelo INCRA, inicialmente, através dos Projetos Integrados de Colonização, PIC, e dos Projetos de Assentamento Dirigido, PAD, estrategicamente criados para cumprir a política destinada à ocupação da Amazônia rondoniense. Nesse contexto, o governo federal implantou o primeiro Projeto Integrado de Colonização no Território Federal de Rondônia: O PIC Ouro Preto, em 19 de junho de 1970. Esse projeto constituiu-se no principal responsável pelo surgimento de Ouro Preto d'Oeste como núcleo habitacional, e para o desenvolvimento da então Vila de Rondônia, hoje JiParaná. Implantado em terras férteis, na região central de Rondônia, às margens da BR-364, o PIC Ouro Preto, alvo de divulgação oficial em todo o País, principalmente nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, atraiu o mais intenso fluxo migratório dirigido a Rondônia em todos os tempos. A explosão demográfica provocada pela ocupação humana, das terras rondonienses, vinculada ao ciclo da agricultura, além de agricultores, constituiu-se de técnicos, comerciantes e profissionais liberais de todas as áreas, em busca de melhores condições de vida. Esses novos povoadores fixaram-se nos núcleos surgidos nas cercanias das estações telegráficas da Comissão Rondon, e expandiram suas áreas urbanas.

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Com vistas a ordenar a migração que se dirigia para a área do município de GuajaráMirim e ocupava, principalmente, a vila do IATA, o INCRA criou, em 13 de agosto de 1971, o PIC Sidney Girão, naquele município, às margens da rodovia BR-425, na faixa de fronteira com a Bolívia, entre os parques indígenas de Lages e Ribeirão. Esse projeto propiciou o surgimento do núcleo urbano de Vila Nova do Mamoré. Em meados do ano de 1972, nas localidades de Riozinho e Cacoal, ocorreu grande concentração espontânea de migrantes, o que ocasionou diversos litígios pela posse da terra e ações de empresas particulares de Colonização. Para resolver a situação, o INCRA criou, em 17 de junho de 1972, o PIC Ji-Paraná, com sede localizada em Cacoal. Constituído pelos setores Ji-Paraná, Abaitará, Rolim de Moura, Prosperidade e Tatu, esse projeto proporcionou o ordenamento urbano da cidade de Cacoal e contribuiu decisivamente para a criação de importantes núcleos populacionais, hoje transformados em grandes municípios, como Rolim de Moura, Santa Luzia d'Oeste e Nova Brasilândia d'Oeste, além de apoiar a ocupação de terras devolutas mais no interior. Em 04 de outubro de 1973, o INCRA criou o PIC Paulo de Assis Ribeiro em áreas da Gleba Guaporé, a cem quilômetros da vila de Vilhena, na mesma distância da rodovia BR-364, com sede na localidade de Colorado D'Oeste. Em Ariquemes, o INCRA implantou, no ano de 1974, o PAD Burareiro. Na época, o povoamento daquela área não passava de um aglomerado de poucas edificações, cuja principal atividade econômica se resumia ao extrativismo da borracha nativa e à garimpagem manual de cassiterita. O objetivo do PAD Burareiro era implantar a cultura do cacau na região através da migração de micro e pequenos produtores oriundos do Estado da Bahia. Os Burareiros. A expansão Página | 58


desse Projeto de Assentamento Dirigido proporcionou o surgimento dos núcleos urbanos de Cacaulândia e Theobroma. Em 25 de janeiro de 1975, o INCRA criou, em Ariquemes, o PAD Marechal Dutra, com o objetivo de promover a exploração agropecuária que as terras suportassem. Esse novo projeto impulsionou o crescimento econômico da então Vila de Ariquemes e ordenou seu processo de povoamento urbano e rural. Com o interesse demostrado pelos migrantes em ocupar as terras agricultáveis na região central de Rondônia, o INCRA sentiu a necessidade de ampliar a área de jurisdição do PIC Ouro Preto para melhor atender aos agricultores que, diariamente, chegavam em grandes levas ao Território, pleiteando módulos de terra para construírem suas propriedades. Para facilitar a condução de suas atividades regimentais no interior do PIC Ouro Preto a coordenadoria regional desse órgão decidiu desmembrar parte da área daquele projeto e criou, em 20 de novembro de 1975, o PIC Padre Adolpho Röll, com sede na localidade de Jaru. Convém uma explicação sobre os projetos executados pelo INCRA: Os Projetos Integrados de Colonização, PIC, concediam aos colonos lotes de 50 a 100 hectares, com assistência técnica rural, além de abertura de estradas vicinais e coletoras; os Projetos de Assentamento Dirigido, PAD, com lotes de 100 a 250 hectares, caracterizavam-se pela interferência parcial do governo e contemplavam a pequenos e médios empresários rurais. Além dos projetos de assentamento e de colonização, o INCRA criou quatro projetos fundiários com jurisdição em todo o Território Federal de Rondônia, onde desenvolveu ações de regularização fundiária e ordenou a ocupação das áreas não incluídas nos PAD e nos PIC. Originados do antigo Projeto Fundiário Rondônia, esses projetos ficaram assim constituídos: Projetos Fundiário Alto Madeira, com sede em Porto Velho; Projeto Fundiário Jaru - Ouro Preto, com sede na então Vila de Rondônia, hoje Ji-Paraná; Projeto Fundiário Corumbiara, com sede em Pimenta Bueno, e Projeto Fundiário Guajará-Mirim, com sede naquele município. De grande importância para o ordenamento da ocupação humana espontânea das áreas não inseridas nos PICs e nos PADs, os Projetos Fundiários contribuíram para o desenvolvimento das cidades sedes e adjacências. A estratégia política de atuação maciça na organização fundiária de Rondônia, transformou o INCRA no maior investidor oficial da região. Para Ter uma ideia, até 1977, o orçamento desse órgão para Rondônia era superior ao do próprio governo do Território. Na década de 80, o INCRA reformulou sua política agrária para melhor ordenar o povoamento que se fixava mais no interior, impulsionado por uma intensa migração interna. Para tanto, criou, entre 1980 e 1988, os seguintes Projetos de Assentamento, PA: Urupá, Machadinho, Cujubim, Bom Princípio, São Felipe, Vitória da União, Vale do Jamary, D'Jaru-Uauru, Rio Preto-Candeias, Pyrineos, Zeferino, Tancredo Neves, Itapirema, Jatuarana Verde, Seringal, Marcos Freire e Buritis. Alguns desses projetos desenvolveram-se e adquiriram condições para serem transformados em Página | 59


municípios, como Machadinho d'Oeste, Cujubim, Bom Princípio, atual Seringueiras, São Felipe, Vitória da União, atual Castanheiras e Buritis. No mesmo período foram criados os Projetos: de Assentamento Rápido (PAR), Gleba G, BR-364, Gleba Jacundá (Soldado da Borracha) e Acongapiranga I e II, com lotes de 50 hectares, destinados ao assentamento de micro e pequenos produtores rurais. O INCRA através de seus diversos projetos, cumpriu a estratégia traçada pelo governo federal para a ocupação humana de Rondônia, estimulando e ordenando o fluxo migratório. As áreas onde ocorreram as maiores concentrações de migrantes foram Vilhena, com extensão a Colorado d'Oeste; Cacoal, Rolim de Moura, Ji-Paraná, Ouro Preto d'Oeste, Jarú e Ariquemes. A população migrante que se fixou em Rondônia entre 1968 e 1982 era formada, basicamente, por paranaenses, gaúchos, mato-grossenses, capixabas, mineiros e paulistas. Em menor número fixaram-se cearenses, cariocas, baianos, paraibanos, amazonenses, goianos e alguns estrangeiros. Esses povoadores, atraídos pelo ciclo da agricultura, passaram a influenciar decisivamente na transformação do modelo socioeconômico de Rondônia e na sua formação política. A atuação do INCRA, responsável pelo surgimento da maioria das cidades, vilas e distritos de Rondônia, contribuiu para que seus servidores, principalmente os executores de projetos, conquistassem Três regiões sob suas jurisdições, grande prestígio e liderança política. Consequentemente, alguns foram convocados para participar do processo eleitoral de 1982, quando concorreram a todos os cargos eletivos em disputa e obtiveram expressivas vitórias, de vereador a senador, fato que se sucedeu, no entanto, em menores proporções, nas eleições posteriores. O Ciclo da Agricultura em pouco mais de uma década, proporcionou ao Território Federal de Rondônia as condições econômicas, sociais e políticas necessárias para que fosse transformado na 23ª Unidade Federada brasileira. A expansão da fronteira agrícola caracteriza-se pela predominância das seguintes culturas:  Arroz, tendo como maiores produtores Ariquemes, Ji-Paraná, Cacoal e Rolim de Moura;  Milho, maiores produtores Ji-Paraná, Vilhena Colorado e Ariquemes;  Feijão, maiores produtores Ariquemes, Jaru, Cacoal, Rolim de Moura, Vilhena e Colorado;  Mandioca, maiores produtores Porto Velho, Ji-Paraná, Presidente Médici, Colorado, Cerejeiras e Costa Marques;  Banana, maiores produtores Ariquemes, Jaru, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná, Cacoal, Espigão do Oeste e Rolim de Moura;  Cacau, maiores produtores Ariquemes, Jaru, Machadinho, Ouro Preto do Oeste, JiParaná, Presidente Médici, Espigão do Oeste, Cacoal e Rolim de Moura; Página | 60


 Café, maiores produtores Cacoal, Rolim de Moura, Espigão do Oeste, Ouro Preto do Oeste, Ji-Paraná e Buritis.  Soja, maiores produtores Vilhena, Colorado e Cerejeiras.

O MASSACRE DE CORUMBIARA Em 1995 na região do cone sul do estado, devido à enorme concentração de terras nas mãos de latifundiários e a situação de miséria e desemprego de centenas de famílias, os camponeses da região começam a organizar e mobilizar para uma grande ocupação em Corumbiara. Motivados por outras ocupações vitoriosas na Vitória da União, Verde Seringal e Adriana. Numa sexta-feira dia 14 de julho de 1995 vindos de Corumbiara, Cerejeiras e das linhas próximas centenas de famílias que chegavam na fazenda Santa Elina com 18 mil hectares. Levavam com eles o pouco que tinham, mas uma grande esperança de conquistar um pedaço de terra. A ocupação foi um dos 440 conflitos por terra que ocorreram no Brasil em 1995 e um dos 15 em Rondônia. No sábado, dia 15, homens, mulheres e crianças, organizavam um almoço coletivo no acampamento. Todos se sentiam como uma grande família. No mesmo dia realizou a primeira assembleia e organização das comissões de trabalho, começaram a roçar e derrubar para o plantio. O boato se espalhou e a cada dia mais e mais famílias chegavam. Juízes, políticos e a polícia foram cúmplices dos latifundiários no planejamento e execução do massacre. Se por um lado, os camponeses se organizavam, por outro, comandados pelo coronel reformado Antenor Duarte do Valle, os latifundiários da região começaram a agir influenciando a Justiça e a Polícia Militar. Conseguiram a reintegração de posse em tempo recorde, pagaram matérias nos jornais para justificar suas ações e obtiveram o interdito proibitório que dava o direito das fazendas serem vigiadas pela PM que poderia atacar qualquer tentativa de ocupação. No dia 19 de julho a primeira tentativa de desocupar a área foi frustrada por resistência dos invasores. Formou-se uma barreira humana impedindo a entrada de jagunços e policiais no acampamento. O então governador do Estado tornou-se responsável por uma das páginas mais sinistras da luta pela terra no país. Planejou o massacre, junto com o comando da PM e latifundiários da região, que arcaram com os custos de toda a operação militar. Os policiais da COE, foram transportados de Porto Velho para Vilhena em dois ônibus da empresa Eucatur. O próprio Antenor Duarte e seu gerente foram vistos no QG montado pela polícia nas proximidades do acampamento, dando orientações aos soldados. A operação de guerra contou ainda com a participação de jagunços recolhidos em fazendas da região e em Mato Grosso. Página | 61


Camponeses foram torturados e executados sumariamente. Após a apresentação do mandado de reintegração de posse, os camponeses se negaram a sair sem garantias de que teriam um pedaço de terra. No dia 8 de agosto, após várias negociações em que estiveram presentes padres, jornalistas (as filmagens da imprensa serviram para a PM planejar o ataque) e representantes do Estado, aceitaram sair com a garantia de que o Incra daria início ao processo de desapropriação da área. O comandante da PM, cinicamente, garantiu que não haveria represálias por parte dos policiais e que os camponeses podiam sair no outro dia de manhã, uma vez que já estava anoitecendo. Covardemente, no mesmo dia, por volta das 21horas, pistoleiros usando fardamento da PM e rostos cobertos iniciaram os ataques. Os camponeses decidiram resistir, ninguém queria sair, as vitórias anteriores serviam de estímulo e davam confiança. Após horas de tiroteio, os camponeses já estavam quase sem forças, mas continuavam firmes. O Comando de Operações Especiais aproveitou para entrar em cena de madrugada. O camponeses foram rendidos, policiais e jagunços iniciaram as humilhações, torturas e assassinatos brutais. Golpes de porretes nas cabeças, cortes com motosserras, chutes no rosto, nas costas e na barriga, espancamentos generalizados em homens, mulheres, crianças e velhos, e tiros de “misericórdia” a queima-roupa. Mulheres sobre a mira de escopetas foram utilizadas como escudos pelos policiais, sofrendo toda sorte de abusos e sevícias. Durante todo dia 9, a polícia transformou o acampamento em campo de concentração. Sob o sol escaldante, mais de 400 camponeses foram submetidos a torturas e a todo tipo de abusos na frente de suas mulheres e filhos, insultados e humilhados o tempo inteiro. Muitos foram obrigados a comer o próprio sangue misturado a terra e até mesmo pedaços de cérebro de camponeses que tiveram suas cabeças esmagadas e partidas. Outros foram obrigados, sempre sob mira de arma de fogo, a carregar os corpos dos abatidos para um caminhão. O camponês Sergio Rodrigues, com ferimentos de bala e de espancamentos, foi retirado entre os presos e levado pelo gerente da fazenda e jagunços em uma camionete. Foi encontrado 14 dias depois às margens do rio Tanarú no município de Chupinguaia, seu corpo foi moído em vários dias de suplícios e seu rosto dilacerado tinha as marcas de três tiros. A pequena Vanessa de 7 anos foi assassinada por policiais com um tiro nas costas ao se recusar pisar sobre companheiros estendidos no chão. O resultado oficial foi de dezesseis mortes, sete desaparecidos, dois recém-nascidos e vários camponeses que vieram a falecer posteriormente em razão das brutalidades e torturas. Muitos seguem com profundas sequelas físicas e psicológicas que os impossibilitam de trabalhar, vários com balas encravadas no corpo. Outros camponeses estão desaparecidos até hoje. O massacre só não foi maior por decidida e heroica resistência dos camponeses. Enfrentando as forças assassinas com paus, pedras, foices e espingardas velhas. Nenhum dos responsáveis foi condenado, Antenor Duarte o principal envolvido sequer foi julgado. O Major Hélio Cysnero Pachá que comandou o COE durante a ação, foi absolvido e algum tempo depois promovido, atualmente trabalha em Guajará-Mirim e ministra cursos de repressão para polícias de outros países. O outro comandante, do Batalhão de Vilhena, capitão Página | 62


Mena Mendes também foi promovido e segue igualmente impune. Valdir Raupp hoje é senador e representante do PMDB no Congresso Nacional. A mesma Justiça que absolveu os latifundiários e policiais, condenou 3 camponeses como responsáveis pelo massacre.

AGROECOLOGIA Em Rondônia, a ocupação desordenada aliada às práticas inadequadas de manejo dos solos e associada a uma política equivocada de utilização da terra estimulou o desmatamento. Essa situação gerou ao estado de Rondônia uma posição de destaque no cenário nacional com alta taxa de desmatamento e alto percentual desmatado entre os estados da região Amazônica. Esse processo gerou enormes áreas degradadas, tornando as pequenas propriedades onde se pratica a agricultura familiar inviáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental. Os pequenos agricultores familiares representam uma importante parcela do meio rural no estado de Rondônia. Entretanto, estes agricultores têm encontrado inúmeras dificuldades para se manterem em suas terras, produzindo os cultivos alimentares que abastecem a maioria da população. Essas dificuldades passam por problemas na infraestrutura, como estradas deficientes e inexistência de centrais de abastecimento, bem como pela perda da capacidade produtiva dos solos ocasionada pela não observância de estratégias adequadas de manejo dos recursos naturais e, pelos altos custos dos insumos e equipamentos recomendados para a prática do cultivo agrícola visando o agronegócio. Observa-se que atividades como a exploração madeireira sem manejo florestal, a pecuária extensiva, a agricultura mecanizada em grande escala e a própria sucessão familiar têm configurado um quadro não só de concentração fundiária, mas também de escassez e elevação do preço da terra, que impõem riscos à produção familiar, havendo a necessidade de se pensar em mudanças qualitativas, baseadas em formas mais adequadas de uso e manejo de recursos

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naturais, obedecendo a uma alternativa de aproveitamento social e econômico da terra com baixos riscos de degradação ambiental. Uma vez que a principal consequência da aplicação do modelo produtivista nas pequenas propriedades rurais tem sido o empobrecimento das famílias, que acabam cedendo suas terras aos grandes fazendeiros da região ou, ainda pior, sendo executados pelas instituições financeiras por inadimplência. Embora haja uma forte pressão econômica contrária, muitos agricultores familiares convencionais estão preferindo fazer a transição para as práticas que são mais consistentes ambientalmente e têm o potencial de contribuir com a sustentabilidade da agricultura em longo prazo. A opção pela agricultura sustentável configura-se como uma alternativa viável para o pequeno agricultor, em virtude dos produtos obtidos possuírem atributos de qualidade que são valorizados pelos consumidores, como ausência de resíduos químicos e de externalidades negativas ao meio ambiente decorrentes do processo produtivo. Outro aspecto positivo a ser destacado é que este sistema de cultivo se adapta bem às características da agricultura familiar, uma vez que valoriza os saberes locais herdados por gerações, fruto da vivência e experimentação das próprias famílias de agricultores.

PECUÁRIA Rondônia é um dos principais Estados da região norte do Brasil. O Estado se destaca pela força da sua economia, parte dela proveniente da atividade pecuária. Essa atividade é desenvolvida sobre um pano de fundo natural, representado com toda a sua intensidade pelas belezas naturais manifestadas pela fauna e flora. O Núcleo de Produção Animal reúne essencialmente profissionais das áreas de medicina veterinária e zootecnia. São realizadas atividades de pesquisa voltadas à sanidade animal, com foco em bovinos e bubalinos, como controle e erradicação de brucelose, tuberculose, mosca-doschifres e outros ectoparasitos e endoparasitos. Na área de pastagens são realizados experimentos com espécies forrageiras adaptadas às condições edafoclimáticas do Estado de Rondônia, avaliações nutricionais e modelos silvipastoris, com destaque para a integração Lavoura-Pecuária-Floresta e a recomendação de espécies nativas para arborização. Importante atividade econômica para o Estado, a pecuária leiteira também recebe tratamento especial, com tecnologias e ações com foco na qualidade do leite e na produtividade, tanto do gado bovino quanto bubalino.

MEIO - AMBIENTE A questão ambiental adquiriu, em Rondônia, um elevado nível de consciência crítica provocada em parte como resultante da rápida expansão das atividades agropecuárias durante os primeiros anos de implantação dos Projetos de Colonização do INCRA que fatalmente implicavam em derrubadas e queimadas para o preparo das áreas de plantio, o que chamou a atenção da opinião pública nacional e mundial. Estas se encontravam num período de especial efervescência sobre o tema, quando inúmeras organizações especialmente dos países desenvolvidos, começavam a chamar a atenção para o problema da ocupação da Amazônia e suas consequências para o equilíbrio ecológico mundial. Página | 64


A elevação do antigo Território Federal a categoria de Estado, em 1982, se deu em meio a um clima de enorme agitação a respeito dos problemas ambientais que a conquista destes novos territórios poderiam vir a representar para o país e para o mundo, caso não houvesse uma preocupação maior das autoridades, tanto federais quanto estaduais, para com o assunto. Ainda que os naturais de Rondônia bem como seus novos ocupantes, pudessem entender tais manifestações como derivadas do sentimento de culpa daqueles países ou estados que já haviam arrasado com suas florestas nativas houve suficiente consciência local como para que se assumissem determinados postulados ambientais, a ponto da primeira Constituição Estadual, por exemplo, promulgada em 1982, trazer toda uma Seção sobre o tema e da Legislação Complementar sobre Meio Ambiente, votada a partir daquela data, ser considerada uma das melhores do país. Contudo, persistiu o fato de que o desmatamento, necessário a ocupação primária do Estado, foi algo concreto e mensurável, ainda que não tenha chegado aos níveis catastróficos que lhe imputaram. E, além disto, o Polo noroeste, programa de desenvolvimento regional aplicado no Estado, com recursos do Banco Mundial e da União, não contemplava ações ambientais. Estes fatos deram origem, como medida corretiva anos mais tarde, ao Plana floro.

Desmatamento Sendo Rondônia um Estado muito novo, e ainda em formação, a ação antrópica se manifesta muito mais pela intervenção na floresta do que através de fatores industriais ou de concentração urbana. O desmatamento, portanto, é, dos aspectos ambientais, o mais importante. Os projetos de colonização e o asfaltamento da BR-364 foram determinantes no processo de desmatamento do Estado, tanto assim que os índices registrados na década de 70, situavamse próximo de zero, não tendo, portanto, maiores significados.

Impactos Sobre o Ecossistema – Floresta Amazônica  GARIMPO DE OURO - Assoreamento, erosão e poluição dos cursos d'água; problemas sociais; degradação da paisagem e da vida aquática, contaminação por mercúrio com consequências sobre a pesca e a população.  MINERAÇÃO INDUSTRIAL: ferro, manganês, cassiterita, cobre, bauxita, etc.  Degradação da paisagem; poluição e assoreamento dos cursos d'água; esterilização de grandes áreas e impactos socioeconômicos.  GRANDES PROJETOS AGROPECUÁRIOS - Incêndios; destruição da fauna e da flora; erosão, assoreamento e contaminação dos cursos d'água por agrotóxicos; destruição de reservas extrativistas.  GRANDES USINAS HIDROELÉTRICAS - Impacto cultural e socioeconômico (povos indígenas) e sobre a fauna e a flora; inundação de áreas florestais, agrícolas, vilas, etc.  CONSTRUÇÃO DAS RODOVIAS - Destruição das culturas indígenas; propagação do garimpo e de doenças endêmicas; grandes projetos agropecuários; explosão demográfica.  CAÇA E PESCA PREDATÓRIAS - Extinção de mamíferos aquáticos; diminuição de populações de quelônios, peixes e animais de valor econômico-ecológico. Indústrias de alumínio - Poluição atmosférica e marinha; impactos indiretos pela enorme demanda de energia elétrica.  CRESCIMENTO POPULACIONAL - Problemas sociais graves; ocupação desordenada e vertiginosa do solo (migração interna) com sérias consequências sobre os recursos naturais. Página | 65


O Planafloro O Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia - Planafloro teve sua origem a partir da identificação dos problemas advindos do intenso processo de migração por que passou o Estado, sobretudo na década de 80. O projeto teve seu contrato de empréstimo assinado em 19 de setembro de 1992, entre o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, e a República Federativa do Brasil, para execução pelo Estado de Rondônia. O principal objetivo do Planafloro consiste na implementação de ações que propiciem o aproveitamento racional dos recursos naturais, de forma a favorecer o desenvolvimento sustentável de Rondônia.

Detalhamento Sintético do Planafloro O Planafloro é um plano de grande abrangência, estruturado em quatro grandes componentes e quinze subcomponentes, os quais norteiam todo o planejamento das ações demandadas. Está fundamentado no Zoneamento sócio-econômico-ecológico, ainda em sua Primeira Aproximação, o qual definiu a racionalização da ocupação do espaço territorial do Estado, possibilitando a melhor utilização dos seus recursos naturais em consonância com a fertilidade dos solos, e demais fatores de ordem ecológica e socioeconômica.

O Zoneamento Sócio - Econômico – Ecológico A demanda de recursos naturais, as restrições e ofertas ambientais e as ações antrópicas encerram um grande desafio: materializar o processo de compatibilização entre desenvolvimento, conservação e preservação do meio ambiente, como forma de propiciar o desenvolvimento sustentável na região Amazônica, a partir dos Estados que a integram. O eixo central dessa nova estratégia é o zoneamento. O Brasil já avançou consideravelmente na área do zoneamento. A região Amazônica, pela sua projeção internacional, foi uma espécie de campo de provas para a evolução do processo, uma vez que, em passado não muito remoto, apresentava certa ambiguidade e visões parciais. Em uma delas, havia uma concepção biofísica de zoneamento, entendido como instrumento para transformar a Amazônia num santuário; em outra, liberava áreas para uso descontrolado; numa terceira, conferia excessiva ênfase no zoneamento agrícola. Modernamente, o zoneamento constitui instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade última é otimizar o uso do espaço e orientar as políticas públicas. Zona 1 – A colonização compreende principalmente o eixo da BR-364, onde se concentram os projetos de colonização. É constituída por uma combinação dos melhores solos do Estado e área de moderada fertilidade os quais suportam algumas formas de cultivo sustentável, através de consórcios agroflorestais. Área: 6.195.00 há Zona 2 - Constituída por áreas de solos com fertilidade moderada e baixa tal qual algumas comunidades têm-se desenvolvido, sem o apoio da colonização oficial, com predominância da atividade pecuária e ocorrência de floresta primária e secundária. Área: 3.015.00 há Zona 3 - Localizada no eixo dos rios Madeira-Machado e Mamoré-Guaporé, onde populações tradicionais praticam agricultura de várzea, atividade de pesca artesanal e extração florestal não madeireira. Área: 579.000 há Zona 4 - Indicada para o desenvolvimento da atividade de extrativismo vegetal não madeireiro, com predominância de seringais nativos, associados ou não a castanha e outras essências florestais. Composta de ambientes frágeis, onde o aproveitamento econômico não deve usar alteração dos ecossistemas. Área: 3.500.000 há Página | 66


Zona 5 - Composta por ecossistemas ligeiramente frágeis, caracterizados por florestas ombrófila densa e aberta, com expressivo potencial madeireiro, indicado para o aproveitamento de espécies madeiráveis em escala comercial. Área: 3.601.000 há Zona 6 - zona de ecossistema frágeis, únicos ou característicos, que necessita de manejo ambiental adequado, a fim de garantir a manutenção da cobertura vegetal e o equilíbrio ecológico. Estão incluídas nesta Zona as Áreas Indígenas em situação especial. Área: 7.404.000 há Os dados relativos às diferentes Zonas, foram obtidos através da 1ª Aproximação do Zoneamento Sócio-econômico-ecológico, devendo sofrer alterações quando da 2ª Aproximação, e diferem dos dados fornecidos pelo INCRA, relatados anteriormente. O Zoneamento Sócioeconômico-ecológico foi legalmente instituído pelo Estado de Rondônia, através do Decreto nº 3.782 de 14 de junho de 1988 e, posteriormente convertido em Lei Complementar nº52 de 20 de dezembro de 1991.

ECOTURISMO O Estado de Rondônia selecionou, para compor seu polo de ecoturismo, os vales dos rios Guaporé, Mamoré e Madeira, perfazendo um corredor de belezas naturais que percorre desde o sul do estado até a capital, Porto Velho. Em sua maior parte, o polo abrange a mais bem preservada e menos povoada região do estado, coberta por florestas e áreas inundáveis, situadas na fronteira com a Bolívia. De sul para o norte, o polo se estende por cinco municípios: Cabixi, Pimenteiras, Costa Marques, Guajará-Mirim e Porto Velho, capital e portão de entrada do estado. Partindo de Porto Velho, descendo o rio Madeira, se chega à Reserva Extrativista do Lago do Cuniã, um dos mais belos lagos da Amazônia. É uma região repleta de igarapés, que atravessam campos e florestas inundadas, os igapós. Onde se concentra a fauna da região, especialmente aves aquáticas, jacarés e peixes como o pirarucu, o maior da Amazônia. A diversidade de ambientes naturais e a diversidade de espécies fazem do Cuniã um lugar ideal para a observação de aves e da fauna em geral. O rio Guaporé, cujos contornos formam parte da fronteira Brasil-Bolívia. Entre as cidades de Pimenteiras, ao sul do estado, e Costa Marques, o Guaporé forma ecossistemas inundáveis, semelhantes ao pantanal, entremeados por canais e lagos. Essa região, de alta concentração biológica, está protegida pelos Parques Estaduais de Guajará Mirim, Serra dos Reis e Corumbiara, Reservas Extrativistas, pela Reserva Biológica do Guaporé e, no lado boliviano, pelo Parque Nacional Noel Kempf Mercado. É neste trecho que estão os grandes atrativos do polo, também com grande potencial para a pesca esportiva. Localizada às margens do rio Guaporé, a dois quilômetros de Costa Marques, a Reserva Extrativista de Curralinho tem como ecossistema principal o chamado “Pantanal do Guaporé”, que abriga fauna de grande porte abundante, incluindo espécies ameaçadas de extinção. A reserva conta com um centro de visitantes, oferece trilhas pela floresta até os muitos lagos de seu interior, Página | 67


onde é possível avistar macacos e aves da região. Subindo o Guaporé, em direção ao centro de seu pantanal, está outra reserva extrativista, a de Pedras Negras, com lagos, igapós, baías e matas repletas de castanheiras e animais de grande porte. Passeios de barco pelas trilhas na mata e pelos igarapés e a convivência com os moradores das reservas são atrativos adicionais para os visitantes. Próximo a Pimenteiras, no lado boliviano, está o Parque Nacional Noel Kempf Mercado, uma das maiores unidades de conservação das Américas, com 1,6 milhões de hectares. Integrante do Corredor Ecológico Binacional Guaporé-Mamoré-Itenez.

EDUCAÇÃO De acordo com o PISA, a educação pública de Rondônia é a 10ª melhor do país, a frente do estado de São Paulo, mas atrás de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Santa Catarina, por exemplo. O estado está entre Goiás (nona melhor) e Paraíba (11ª melhor) na lista. No ENEM, Rondônia tem a 15ª maior nota na prova objetiva (empatado com a Bahia) e a 19ª maior nota na redação. A cidade que teve a maior média do ENEM em 2007 do Estado foi Vilhena, com nota 54,17. O melhor colégio público foi a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Tiradentes, localizada em Porto Velho, com nota 56,19. O melhor colégio particular foi o Centro de Educação Integrada Ltda., em Vilhena, com média 70,20. O nível de alfabetização no estado melhorou muito na última década, de acordo com dados divulgados pelo IBGE. Em 2001, o estado era o 13º na lista de estados brasileiros pelo índice de pessoas com 15 anos ou mais alfabetizadas, com 13% de sua população analfabeta. Em 2008, o estado permaneceu na mesma posição, mas agora apenas 9,7% dos indivíduos de 15 anos ou mais são analfabetos, o que representa uma queda de 3,3% em menos de oito anos. Entre os analfabetos funcionais, encontra-se 25% da população do estado nessa faixa etária.

ARTE A cultura rondoniana apresenta aspectos da cultura indígena, nordestina, gaúcha e demais culturas brasileiras. A imigração influenciou de maneira notável os costumes durante o ciclo da borracha e da construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Artesanato As peças produzidas pelos artesãos rondonianos são para fins ornamentais e utilitários. O artesanato indígena é o mais difundido no estado, tendo como matérias-primas a argila, o cipó, a borracha e o bambu. Entre as suas peças principais estão as cerâmicas, máscaras, potes e trançados de palha de palmeira. Dança e Música Devido à miscigenação cultural, o folclore rondoniano é influenciado principalmente pela cultura indígena e nordestina, tendo como lugar de destaque a dança. Entre as suas principais manifestações folclóricas temos o boi-bumbá, o carimbó, o marabaixo, o lundu, o ciriri, o jacundá, as quadrilhas juninas e a pastorinha. A música no estado é voltada para o lado religioso, Página | 68


caracterizada por apelos mágicos. A tradição indígena também é encontrada no folclore, com a interpretação de lendas amazônicas, como a do Boto, da sereia Iara e do Mapinguari (monstro que assustaria as florestas da região). Por sua vez, a migração nordestina ao longo do século passado deixou sua marca no folclore local, com a dança do boi-bumbá (que se manifesta na grande festa do Arraial Flor de Maracujá). Porto Velho se destaca por ter um Carnaval bastante eclético, consequência da própria história de construção da cidade, formada por muitos migrantes de diversos Estados brasileiros. Desde 2006, a festa - antes dominada por trios elétricos com música baiana - voltou a ficar por conta das marchinhas dos blocos carnavalescos populares, antigos no município. Entre os mais tradicionais estão o Vai Quem Quer que, com 29 anos de existência, chega a arrastar mais de 80 mil pessoas pelas ruas e avenidas porto-velhenses, e o Galo da Meia-Noite, cujo nome e ritmo trazem influência do bloco pernambucano Galo da Madrugada. Porto Velho conto ainda com desfiles de escolas de samba, influência do carnaval carioca.

CULTURA O Estado é apenas um mosaico de diversas culturas, sem ter ainda uma cultura própria, devido ao grande número de imigrantes, oriundos principalmente de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bolívia e Japão (japoneses em Rondônia, no entanto, na maioria das vezes são adolescentes e jovens que migraram para o Brasil ainda crianças, e que por isso a maioria das pessoas pensam que são apenas descendentes, pela falta de sotaque e pelo claro “jeitinho brasileiro”). Na culinária, são bastante consumidos os peixes amazônicos, o pão-de-queijo e a farinha mineira, a polenta paranaense, o churrasco gaúcho. Do Rio Grande do Sul também veio o chimarrão. Quanto ao vocabulário, as influências também são diversas: em algumas cidades é bastante comum o uso do “guri” sulista, e em outras o “piá” nordestino. Na zona rural, entre os mais velhos, é bem usado o “tchê” gaúcho. Nas cidades, entre os jovens, até poucos anos era usado o “piseiro”, gíria local com o sentido de festa, bagunça. Ainda hoje, os jovens usam o termo local “pocar”, que na maioria das vezes passou de pai para filho, e que pode ter dois sentidos: sair, ir embora (“amanhã eu vou pocar para o Amazonas”) ou, quando dito “pocado”, pode significar quebrado (“o carro já está todo pocado). Esse uso é mais incomum,

e “pocar” não pode significar quebrar; apenas “pocado” é quebrado. A ocupação humana da bacia do rio Madeira deixou vestígios pré-históricos e históricos, testemunhos dos processos sociais ali realizados. Relatos de viajantes que percorreram o Madeira no século XVII descrevem uma formidável diversidade cultural em seu curso, sistematicamente descaracterizada, a partir da colonização. Em suas observações, arqueólogos constataram, na área das UHEs de Santo Antônio e Jirau, vestígios de ocupação Préceramista, no Alto Madeira. Uma ponta-deprojétil lascada indica a presença de grupos de caçadores-coletores que podem ter habitado a região há mais de 10 mil anos.

Inscrições rupestres encontradas no Madeira sempre despertaram a curiosidade de seus visitantes, cientistas ou não. Na área de Página | 69


Santo Antônio, há 21 sítios arqueológicos cadastrados, dois deles apresentavam inscrições rupestres. Além dos sítios arqueológicos, a bacia do Madeira nos permite observar evidências relativas a diferentes períodos da história de Rondônia. Ao longo do Madeira, há vestígios de povoações coloniais, implantadas a partir do século 18. Existem também sinais de assentamentos de seringueiros, datados do século 19 e início do século 20, e do período da Segunda Guerra Mundial.

O setor cultural de Porto Velho conta com dois museus de grande importância para a cultura local. O Museu da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que se encontra no complexo ferroviário, é a principal atração histórica de Rondônia, reunindo os pertences e objetos da "Estrada do Diabo". No centro da cidade está situado o Museu Estadual, com farto material sobre arqueologia, minerologia e etnologia. Os teatros da cidade são O Teatro Municipal, na Avenida Joaquim Nabuco (Centro), e o Teatro Uirassu Rodrigues.

Sítios arqueológicos de Médici são indicados para reconhecimento como Patrimônio Mundial da UNESCO O patrimônio arqueológico de Presidente Médici, região central de Rondônia, foi aceito na Lista Indicativa Brasileira de bens culturais passíveis de serem reconhecidos como Patrimônio Mundial da UNESCO. Recentemente, o IPHAN em parceria com a Prefeitura inaugurou um Centro de Arqueologia na cidade para receber os achados arqueológicos da região. Para o superintendente regional do IPHAN em Rondônia e Acre, Beto Bertagna, “a região de Presidente Médici tem uma grande beleza cênica e uma alta densidade de sítios arqueológicos habitação lito-cerâmicos e de grafismos rupestres bastante diversificados advindos de contatos inter-étnicos. A região foi densamente ocupada e possivelmente utilizada como refúgio e trânsito entre diferentes ambientes, o que permite teorias que a apontam como o centro de dispersão dos povos tupi que itineravam por todo o país” – concluiu Bertagna. Em 1972, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – Unesco estabeleceu a Convenção do Patrimônio Mundial para incentivar a preservação de bens culturais e naturais considerados significativos para a humanidade. Essa Convenção enseja que estes bens tenham um valor universal e um interesse excepcional que justifique que toda a humanidade se empenhe em sua preservação, enquanto testemunhos únicos da diversidade da criação humana. Sua construção e implementação resultam de um esforço internacional na valorização de bens, que por sua importância para a referência e identidade das nações, possam ser considerados patrimônio de todos os povos. As informações sobre cada candidatura são avaliadas por organismos técnicos consultivos, segundo a natureza do bem em questão, e a aprovação final é feita anualmente pelo Comitê do Patrimônio Mundial, integrado por representantes de 21 países, entre eles o Brasil O presidente do IPHAN, Luiz Fernando de Almeida é o representante legal com direito a voz e voto. Segundo Bertagna, a indicação vem em boa hora, num momento em que o patrimônio arqueológico de Rondônia, pela sua expressão e valor, ganha importância para a comunidade científica e a população. “Muitos curiosos estão dando opiniões completamente equivocadas na mídia, como se fossem, de fato, arqueólogos. Nós do IPHAN estamos atentos, no sentido de cumprir a legislação, protegendo e divulgando o patrimônio cultural brasileiro” – concluiu. FONTE: Rondôniagora.com

Principais Eventos Culturais em Rondônia A Procissão do Senhor Morto, o Dia de Santo Antônio e a Festa de São Sebastião são os principais eventos religiosos. Outros acontecimentos marcantes são: • Semana de Folclore; • Arraiais juninos e julinos; • Semana do Índio; Página | 70


• Festival de Arte-som; • Festival de Artesanato; • Festival de Balé (área cultural); • Campeonato Nacional da Pesca, na Cachoeira de Teotônio. É realizado todo o mês de setembro, no período da piracema. A festa do Divino A festa acontece no Vale do Guaporé atraindo todos os anos pessoas de várias regiões, e relembra a peregrinação criada pela rainha Dona Isabel, esposa do rei português Dom Diniz, nas primeiras décadas do século XIV. A festa do Divino Espírito Santo, em Rondônia, é realizada apenas no Vale do Guaporé, cujos habitantes cultivam com especial cuidado a tradição de origem portuguesa. A festa do Divino mobiliza um grande contingente de cristãos e é conhecida não apenas pela beleza do espetáculo em si, mas, principalmente pelo caráter de religiosidade e fé vivenciada por seus participantes. Esta mesma festividade acontece, em janeiro, em Goiás, mas ao contrário do evento do Centro Oeste, não tem grande repercussão na mídia nacional. É mais uma injustiça contra as tradições culturais-religiosas rondonienses, pois, a Festa do Divino Espírito Santo consegue reunir centenas de fiéis nos meses de abril, maio e junho num memorável espetáculo cristão. Segundo relato de moradores, a Festa do Divino no Vale do Guaporé vem de 1899 e teria sido introduzida na região por Manoel Ferreira Coelho, que ao mudar de Vila Bela da Santíssima Trindade (antiga capital do Mato Grosso), para Ilha da Flores (no Vale do Guaporé), levou a Coroa de Prata que simboliza o Divino, para que fosse devidamente venerada pelos fiéis, através de um sistema de rodízios, estendendo-se desde de então a todas as localidades do Vale do Guaporé a até algumas da Bolívia.

Paixão de Cristo: tradição fora de época Poucos sabem, mas Porto Velho (RO) abriga a segunda maior cidade cenográfica para a encenação da Paixão de Cristo do mundo, a Jerusalém da Amazônia. Localizado a 21 km do centro da cidade, o teatro ao ar livre de construção rústica foi erguida em 1983 e recebe a visita de turistas durante todo o ano. Porém, é durante a montagem da Paixão de Cristo que Jerusalém da Amazônia tem o seu maior público: cerca de 20 mil pessoas prestigiam os três dias de encenação, que mobiliza mais de 300 pessoas, entre atores e figurantes, e é realizada pelo Grupo Êxodo. O espetáculo e a cidade cenográfica só perdem em tamanho para a encenação em Nova Jerusalém, localizada na cidade de Brejo da Madre de Deus (PE), que conta com mais de 500 atores e figurantes. A grande peculiaridade da Paixão de Cristo em Jerusalém da Amazônia é, no entanto, a data do evento. Diferente das demais encenações relativas a essa comemoração religiosa, esta não acontece na Semana Santa, mas em junho, após o período de chuvas na região, o chamado "inverno amazônico". Página | 71


Além disso, a montagem de Rondônia tem outras particularidades, como a fisionomia dos moradores da região do ator que interpreta Jesus Cristo, e o cenário, que além de ser itinerante e localizado a céu aberto, é composto por paisagens típicas da Amazônia. O espetáculo tem duração de três horas e é transmitido ao vivo pela internet e pelas emissoras de televisão locais. Arquitetura O patrimônio arquitetônico e histórico-cultural é formado, sobretudo, por igrejas e ferrovias. Destacam-se a catedral do Sagrado Coração de Jesus, o cemitério da Candelária, a sede da arquidiocese, a igreja de Santo Antônio do rio Madeira, juntamente com sua belíssima cachoeira e o terminal ferroviário (Madeira-Mamoré).

Culinária A culinária reflete a grande diversidade cultural que existe em Rondônia. Seus pratos típicos sofrem influência de paranaenses, rio-grandenses, amazonenses, nordestinos, porém a predominante é a indígena. A maioria de seus pratos tem como base os frutos e os peixes da região. Alguns de seus principais pratos são: o caruru, a maniçoba, a caldeirada de tucunaré, além do bolo de macaxeira e o doce de cupuaçu.

MUNICÍPIOS ARIQUEMES O vale do Jamari onde localiza-se hoje, o Município de Ariquemes era conhecido desde o século XVIII, pela abundância de cacaueiros nativos de suas florestas. Em 1749 o sargentoMor Luiz Fagundes Machado auxiliado pelo piloto Antônio Nunes de Souza e o sertanista João de Souza Azevedo, chefiando uma expedição de cento e cinquenta homens, explorou a bacia do rio Jamari, por ordem do governador da Capitania do Grão Pará. No início do Séc. XX quando a Comissão de Linhas Telegráfica Mato Grosso/Amazonas, chefiada pelo Tenente Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, alcançou o rio Jamari no local onde localiza-se Ariquemes, encontrou a sede do seringal Papagaios de propriedade do Coronel Borges S. do Carmo, aí instalou um posto telegráfico, denominando-o Ariquemes, em homenagem à nação indígena dos Ahopôvo a qual os Urupás seus inimigos apelidavam de Arikemes. O nome da estação telegráfico “Ariquemes” estendeu-se a toda localidade. Criado em 1943, o Território Federal do Guaporé passou a fazer parte do município de Porto Velho, como distrito de Ariquemes. Página | 72


O progresso e o desenvolvimento de Ariquemes ocorreu a partir de 1958 com a descoberta a exploração da cassiterita (minério de estanho, e da implantação dos Projetos Integrados de Colonização do INCRA em 1970), atraindo para sua área o fluxo migratório de colonos oriundos das regiões Centro-Sul do País, dedicando-se à agricultura e à pecuária. Sua expansão induziu o Prefeito Municipal de Porto Velho, Antônio Carlos Cabral Carpintero, a determinar a mudança da sede do Distrito, da antiga vila para outro local, onde iniciou a instalação de uma cidade planejada dividida em quatro setores, o institucional, o comercial, o industrial e residencial, surgindo a Nova Ariquemes que passou a ser sede do Município de Ariquemes, criado pela Lei n.º 6448 de 11 de outubro de 1977. MACHADINHO DO OESTE A cidade de Machadinho, sede do Município do mesmo, surgiu de um dos Projetos de Colonização do INCRA no Município de Ariquemes do qual foi desmembrado. Denominado de "Projeto de Assentamento Machadinho". Situava-se no vale do rio Ji-Paraná, tendo todo o seu território atravessado de Sul para o Norte pelo rio Ji-Paraná. Seu rápido crescimento populacional e desenvolvimento econômico decorrente das atividades agrícolas, exigiu a sua autonomia política e administrativa. O rápido crescimento populacional e desenvolvimento econômico decorrentes das atividades agrícolas exigiram a sua autonomia política e administrativa. A área do Projeto de Assentamento (PA) Machadinho foi elevada à categoria de município, com sede no povoado do mesmo nome com status de cidade. O seu nome é em homenagem ao rio Machadinho, afluente da margem esquerda do rio Ji-Paraná. JARU A cidade de Jaru, sede do Município do mesmo nome, situada no vale do rio Jarú, surgiu em torno de um dos postos telegráficos instalado em 1912 pela Comissão da Linha Telegráfica Estratégica Mato Grosso/Amazonas, chefiada pelo então Cel. Cândido Mariano da Silva Rondon. Porém o vale do rio Jaru era ocupado pelos seringais e seringueiros desde o século XIX, apesar da resistência imposta pela nação dos Jarus, que a tinham sob seu domínio, ocupando uma extensa área que se estendia desde o rio Jaru afluente da margem esquerda do rio Ji-Paraná, até às margens do alto curso do rio Madeira. Em 1950 a Comissão Rondon procedeu a exploração de estudos do rio Madeira. Em 1915 a Comissão Rondon procedeu a exploração de estudos do rio Jaru, mantendo este nome em homenagem aos seus primitivos habitantes os Jarus. A ocupação atual do vale do Jaru, ocorreu a partir de 1975, com a instalação do Projeto Integrado de Colonização “Padre Adolpho Rohl” pelo INCRA, para assentamentos de colonos oriundos principalmente das regiões Centro Sul do País. O seu desenvolvimento demográfico e Página | 73


econômico, resultou na elevação da área do Projeto, a categoria de Município tendo a localidade de Jaru, como sede municipal elevada e categoria de cidade. O município criado pela Lei n.º 6.921, de 16 de junho de 1981, recebeu o nome de Jaru, em homenagem ao rio e à nação indígena dos Jarus. OURO PRETO DO OESTE Ouro Preto do Oeste, teve origem do primeiro Projeto Integrado de Colonização, implantado em 1970, pelo INCRA para assentamento de colonos migrados das regiões Centro-Sudestes-Sul, do País. Porém desde o século XIX os seringueiros do rio Urupá extraiam borracha e colhiam castanha em suas florestas BR 364, distante 40 Km da Vila de Rondônia, hoje cidade de Ji-Paraná, sendo denominada Ouro Preto, em homenagem a serra e seringal com esse nome, situados na área delimitada pelo Projeto de Colonização. O núcleo inicial e suas adjacências desenvolveram-se rapidamente, aumentando a sua população, a produção agropastoril, o comércio e a indústria, atingindo expressiva importância social e econômica, sendo elevada à categoria de município pela Lei n.º 6.921, de 16 de julho de 1981, desmembrado do município de Ji-Paraná. JI-PARANÁ Localizado no vale do rio Ji-Paraná, sua sede a cidade do mesmo nome situada na confluência do citado rio com o rio Urupá. A área hoje limitada pelo município começou a ser ocupada pelos nordestinos transmudados em seringueiros, a partir do século XIX. Que enfrentando a oposição aguerrida dos Muras (Parintins), Urupás e Jarus penetraram no rio Ji-Paraná a partir de sua foz no rio Madeira, em Calama, na exploração e produção de borracha, alcançaram os seus médio e alto curso, estabelecendo-se em seringais. Ao lugarejo em torno dos barracões sede dos seringais do Vale do Urupá, o denominaram com este nome, pelo qual ficou conhecido nas transações comercias dos centros abastecedores (casas aviadoras) desses seringais, em Manaus e Belém. Em 1909 a Comissão Rondon ao atingir a foz do rio urupá, no lugarejo existente, o Tenente Coronel Mariano da Silva Rondon, instalou um posto telegráfico, denominando-o Presidente Afonso Pena em homenagem ao então Presidente da República Afonso Augusto Moreira Pena. Nome que gradativamente se impõe, substituindo o de Urupá. O estágio de desenvolvimento atingido pela Vila e sua área de influência e fez ser elevada a categoria de Município, através da Lei n.º 6.448, de 11 de outubro de 1977 com a denominação de Ji-Paraná, em homenagem ao caudaloso rio Ji-Paraná que atravessa toda sua área de Sul Página | 74


para o Norte dividindo a cidade de Ji-Paraná sua sede político-administrativa em dois setores urbanos. PRESIDENTE MÉDICI A cidade de Presidente Médici e o município de igual denominação do qual é sede políticoadministrativa, foi dada pelos migrantes oriundos das regiões Centro-Sul do país, que aí se estabeleceram a partir de 1970, contra a vontade do senhor Milton de Andrade Rios que os tinha como grileiros, invasores das terras que considerava serem de sua propriedade, visto tê-las adquiridas do senhor Luiz Mário Pereira de Almeida, como parte integrante do Sr. Presidente Hermes, situados entre os igarapés Preto e Leitão denominado Fazenda Presidente Hermes, pelo seu novo proprietário. Os primeiros colonos chegaram ao local na margem da margem da rodovia BR 364, sede do projeto na década de sessenta, instalaram-se em apenas quatro barracas no meio do lamaçal, dando-lhe o nome de Trinta e Três, por distar 33 Km da Vila de Rondônia, atual cidade de Ji-Paraná. Seus moradores todos agricultores, socorriam de alguma forma os motoristas e passageiros das viaturas que ficavam retidas em um imenso atoleiro conhecido por Muqui, nas proximidades do rio com este nome. O lugarejo crescia em número de habitantes e casas com a chegada de novos colonos que nele se estabeleciam a apesar da situação litigiosa. No primeiro semestre de 1972, sua população atingia mais de 800 habitantes e os ônibus que ligavam Cuiabá-MT a Porto Velho-RO, faziam ponto de parada no local, agora com aspecto de Vila e com dois nomes Nova Jerusalém e Nova Canaã, ostentados em placas distintas colocadas pelos líderes de cada grupo de agricultores em frente de suas respectivas casas. Ainda nesse ano, os colonos realizaram eleição para escolher a um único nome para localidade, sendo posta em votação os dois supracitados e mais Getúlio Vargas, Fátima do Norte, Cruzeiro do Sul e Presidente Médici, havendo sido escolhido esse último. O qual foi oficializado em 1973, ao ser o local elevado à categoria de Subdistrito, pelo Coronel do Exército Theotorico Gauva, na época governador de Rondônia. Em decorrência de seu desenvolvimento socioeconômico, foi o Distrito de Presidente Médici, elevado a município em 1981, mantendo este nome, em homenagem ao Presidente da República Emílio Garrastazu Médici. CACOAL O nome Cacoal originou-se dessa denominação dada ao local pelo senhor Anísio Serrão de Carvalho, guarda fios da Comissão Rondon, que acatando as recomendações de seu chefe, o Tenente Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, ali se instalou em 1912, construindo uma casa e requerendo de Mato Grosso, as terras adjacentes para sua posse. A denominação data a localidade, deveu-se à abundância de cacaueiros nativos existentes em sua floresta. Por este nome ficou conhecido o local pelos seringueiros que ali moravam e pelos garimpeiros de diamante que por eles passam, rumo aos Rios Comemoração de Floriano e Apidiá (Pimenta Bueno), tendo sido oficializado ao ser a localidade elevada à categoria de município, pela Lei n.º 6448 de 11 de outubro de 1977, com a denominação de Cacoal. Página | 75


ROLIM DE MOURA Originou-se do Projeto de Colonização Rolim de Moura implantado na área pelo INCRA, destinado ao assentamento de colonos excedentes do Projeto Ji-Paraná, O nome do Projeto, derivou-se do nome do rio Rolim de Moura, denominação dada pelo Tenente Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, chefe da Comissão das Linhas Telegráficas. Mato Grosso/Amazonas, ao descobri-lo em 1909, em homenagem ao Visconde de Azambuja Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, Capitão General, primeiro Governador da Capitania de Mato Grosso, no período de 1748 à 1763. Entre seus feitos, destacam-se a construção de Vila Bela da Santíssima Trindade, sede da Capitania (1ª cidade artificial, planejada do Brasil) construção do fortim de conceição do rio Guaporé, nas proximidades das atuais ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, destruição da povoação espanhola de São Miguel, na margem esquerda do rio Guaporé e expulsão de sua guarnição militar para o interior da Bolívia, então Vice-Reino do Peru. Nome mantido ao ser a região elevada à categoria de Município, através do Decreto Lei Estadual n.º 071, de 05 de agosto de 1983.

NOVA BRASILÂNDIA Cidade e município do mesmo nome, surgiu da expansão das frentes migratórias das regiões Centro-Sul do País, expandindo-se de Presidente Médici, no eixo da rodovia BR 364, na direção do oeste, rumo ao vale do Guaporé, em busca de terras férteis propícias à agricultura. Seu nome é em homenagem à Brasília, cidade também pioneira interiorizada no Planalto Central Brasileiro, da mesma forma que Nova Brasilândia, Núcleo Populacional Urbano, interiorizado na Chapada dos Parecis, implantado pela coragem e trabalho dos novos pioneiros, desbravadores da Amazônia Ocidental. O rápido desenvolvimento socioeconômico alcançado pelo núcleo populacional resultou em sua elevação a categoria de município.

ALVORADA DO OESTE Alvorada do Oeste surgiu da interiorização dos colonos dos municípios de Ouro Preto do Oeste e Presidente Médici, expandindo-se na direção do Oeste, em busca de terras agricultáveis, localizando se- na Chapada dos Parecis. O núcleo urbano surgido teve rápido crescimento econômico e populacional, sendo por tal, elevado à categoria de município. PIMENTA BUENO A cidade de Pimenta Bueno, sede do município do mesmo nome, originou-se do aglomerado de barracas de seringueiros construídas em torno do posto telegráfico, instalado em 1909, pelo Tenente Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, na confluência dos rios Comemoração de Floriano e Pimenta Bueno (este último, o Apidiá dos indígenas), ambos Página | 76


descobertos por esse sertanista, chefe da Comissão das Linhas Telegráficas Estratégicas Mato Grosso- Amazonas. O nome de Pimenta Bueno dado ao rio Apidiá por Rondon, foi em homenagem a José Antônio Pimenta Bueno, Visconde e Marquês de São Vicente. O insignificante povoado perdido na floreste, teve um surto de progresso na década de cinquenta, quando ali os garimpeiros instalaram um arraial de apoio a garimpagem de diamante nos rios Comemoração, Pimenta Bueno e seus afluentes. Sendo construído campo de pouso para pequenos aviões escolas e instaladas casas comerciais. Porém seu desenvolvimento ocorre a partir da construção da rodovia BR 364, tendo um rápido crescimento demográfico, econômico e urbano sendo a região elevada à categoria do Município, mantendo o nome de Pimenta Bueno. ESPIGÃO DO OESTE Surgiu na década de setenta, no Projeto de Colonização organizado pelos paulistas irmãos Melhorança, dividido em lotes rurais distribuídos aos colonos por eles recrutados nas regiões Sul-Sudeste do País. A sede administrativa da empresa colonizadora, denominava-se inicialmente, Itaporanga, passou posteriormente a chamar-se Espigão do Oeste, certamente em alusão ao avanço dos migrantes centro-sulista da direção da Amazônia Ocidental. A população de Espigão do Oeste, Núcleo pioneiro, afastado do eixo da rodovia BR 364, sofreu toda espécie de pressão, até violência policial, com o propósito de forçá-la a se retirar da região considerada como reserva dos Índios Suruís. Resistiu mantendo-se em suas glebas, transformando-se em centros de produção agrícola e pecuária e o incipiente aglomerado populacional em progressista e importante núcleo urbano, sendo elevado à categoria de município em 1981.

SANTA LUZIA DO OESTE Cidade sedo do município do mesmo nome, surgiu da expansão de colonos de Rolim de Moura em direção ao Vale do Guaporé. O povoado teve rápido crescimento demográfico e econômico, transformando em importante centro de produção agrícola, sendo elevado à categoria de Município em 1986.

VILHENA A área hoje delimitada pelo município de Vilhena, foi alcançado pelo Tenente Coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, Chefe da Comissão de Construção da Linha Telegráfica de Mato Grosso-Amazonas, em 1909, comandando uma expedição de quarenta e duas pessoas. Estabeleceu acompanhamento na região para estudar seu ecossistema e seus habitantes indígenas. Implantou uma estação telegráfica, às margens do rio Piraculino, por ele descoberto e assim denominado, distante uns 5 Km da atual cidade de Vilhena. Os campos Gerais ou Página | 77


Chapadão do Reino dos Parecis, como lhe denominava os bandeirantes, como Antônio Pires, Paz de Barro e outros que desde 1718, o perlustraram na cata ouro e preando índios, passou a ser conhecido como Vilhena, o nome dado à estação telegráfica, por Rondon, em homenagem a Álvaro Coutinho de Melo Vilhena, maranhense que em 1890 foi nomeado engenheiro chefe da organização da Carta Telegráfica da República. E em 1900, Diretor Geral dos Telégrafos, cargo no qual se aposentou em 1902. Faleceu em 1904, na cidade de Fortaleza, Capital do Ceará. A estação telegráfica foi transferida em 12 de outubro de 1910, para novas instalações, na casa atualmente conhecida por “Casa de Rondon”. O pequeno povoado que começou a se formar a partir dos primeiros anos da década de sessenta, nas proximidades do igarapé Pires de Sá, em decorrência da construção da rodovia BR 29, atual BR 364 e de um campo de aviação com pista asfáltica, para receber o Presidente da República Juscelino Kubitschek de Oliveira, quando pessoalmente veio ao local inaugurar a rodovia Brasília- Acre (em 29.09.1960). Em Vilhena o campo de aviação construída pela empresa Camargo Correia uma das empreiteiras da construção da rodovia, além de servir aos seus aviões, tornou-se ponto de apoio aos aviões do Correio Aéreo Nacional, da Viação Aérea São Paulo/VASP e do Cruzeiro do Sul. Passou a sediar um destacamento da Força Aérea Brasileira e o Governo do Território construiu na localidade um hospital. Vilhena passou a se desenvolver rapidamente transformando-se em importante polo comercial e industrial, sendo elevado à categoria de município em 1977.

ALTA FLORESTA DO OESTE Município com sede na cidade do mesmo nome, foi criada em 1986. Sua origem foi em consequência do avanço da frente migratória rumo ao Oeste em demanda ao Vale do Guaporé. O pequeno núcleo populacional evoluiu rapidamente transformando-se em importante polo agrícola e comercial exigindo uma organização político-administrativa, sendo atendida com a elevação da região a categoria de Município.

COLORADO DO OESTE A cidade de Colorado do Oeste, teve origem da sede do Projeto Integrado de Colonização Paulo Assis Ribeiro, nome dado a este, em memória ao piloto de helicóptero morto em acidente aéreo, em serviço no Vale de Colorado. Este Projeto de Colonização implantado pelo INCRA tinha por finalidade assentar os migrantes que chegavam à Vilhena. A sede administrativa do Projeto transformou se em polo comercial com grande raio de influência e importância econômica, sendo o centro de comercialização e abastecimento das propriedades agropastoris de uma vasta área rural. Pelo desenvolvimento socioeconômico alcançado, foi elevado a região, em 1981 a categoria de município, com a denominação de Colorado do oeste, tendo por sede administrativa a cidade do mesmo nome. Denominação dada a cidade e ao município em homenagem ao rio Colorado, no vale do qual ficam suas bases geográficas. Página | 78


CEREJEIRAS O município e cidade do mesmo nome tiveram origem do Distrito de Cerejeiras, que por seu desenvolvimento econômico, crescimento demográfico e social, foi elevado à categoria de município, desmembrando-se de Colorado do Oeste, em 1983. O se nome é em homenagem a essa importante espécie vegetal de alto valor comercial, abundante nas florestas da área do Município. CABIXI O município de Cabixi teve origem ao distrito do mesmo nome desmembrado do município de Colorado do Oeste, em 1988, pela importância social e econômica, alcançada pela área por ele limitada. Sua base demográfica integra os vales dos rios Cabixi e Guaporé. Seus primitivos habitantes os índios Cabixis, foram ali encontrados pelos bandeirantes paulistas no século XVII e pela Comissão Rondon em 1909. O nome da cidade de Cabixi e do município do qual é sede, é em homenagem aos primitivos habitantes, dos quais o rio emprestou o nome SÃO MIGUEL DO GUAPORÉ Surgiu do povoado assentado nas proximidades do rio São Miguel, por colonos vindo principalmente dos municípios de Rolim de Moura e Presidente Médici. O núcleo populacional desenvolveu-se rapidamente como polo agrícola e pecuário, localizado na chapada dos Parecis entre as áreas de influência da BR 364 e do vale do Guaporé. Por seu crescimento demográfico e econômico, foi em 1988, elevado à categoria de município, desmembrando-se do município de Costa Marques, com o nome de São Miguel. Denominado assim, em homenagem ao rio São Miguel o mais importante na área fisiográfica do município.

COSTA MARQUES Surgiu da elevação do distrito de Costa Marques a categoria de município em 1981, desmembrando-se do município de GuajaráMirim. Sua base geográfica fica no vale do rio Guaporé, sendo sua sede administrativa a cidade mais importante na margem desse rio. A região limitada pelo município começou a ser ocupada a partir do fim do século XVII, intensificando-se no século XVIII, inicialmente nela se estabeleceram os espanhóis fundando as missões de São Simão, na foz do rio Corumbiara, e de São Miguel na foz desse rio e de Santa Rosa, a uns 4 Km abaixo da atual cidade de Costa marques. A denominação de Costa Marques à localidade, foi dada pelo Governador do Estado de Mato Grosso, em homenagem ao homem público Dr. Joaquim Augusto da Costa Marques, sexto presidente desse Estado no período de 1911 à 1915. Ao ser elevado o distrito de Costa Marques a município, manteve esta denominação.

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GUAJARÁ-MIRIM O nome do município de GuajaráMirim é de origem indígena significando Cachoeira (Guajará) pequena (Mirim), assim já era conhecida o local desde o século XVIII, como um dos pontos de referência geográfica na rota Santa Maria Belém-do Pará/Vila Bela da Santíssima Trindade em Mato Grosso. No início do século XX tornou se mais conhecida ao ser o local escolhido para o ponto terminal da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. (Concluída em 30 de abril de 1912 e inaugurada oficialmente em 1 de agosto deste mesmo ano). No dia 12 de junho de 1928, o povoado de Guajará- Mirim era elevado à categoria de cidade, passando a ser a sede do município do mesmo nome, através da Lei n.º 991, do Governo do Estado do mato Grosso. A instalação do município ocorreu em 10 de abril de 1929. Em 1943, passou a constituir-se parte integrante do Território Federal do Guaporé (Rondônia), nas condições de Município, ostentando o seu nome original de Guajará- Mirim. NOVA MAMORÉ O município de Nova Mamoré, seu nome teve origem do fato circunstancial dos moradores de Vila Murtinho, por necessidade de fugir do isolamento a que foram relegados com a desativação da ferrovia Madeira- Mamoré, mudaram-se para outro local a margem da rodovia BR 425 (Guajará-Mirim/Abunã), o qual denominaram de Vila Nova, provavelmente em alusão a vida nova que iniciavam no local escolhido para fazerem ressurgir a antiga morada que por circunstâncias adversas foram induzidos a abandoná-la. O povoado expandiu-se rapidamente, tornando-se distrito do Município de Guajará-Mirim, para em seguida ser elevado à categoria de Município, mantendo o nome de Vila Nova acrescido da localização geográfica, ficando sua denominação oficial, Vila Nova do Mamoré. ALTO PARAÍSO Originou-se do NUAR (Núcleo Urbano de Apoio Rural) Marechal Dutra um dos projetos de assentamento de colonos do INCRA. O nome Alto Paraíso deve-se ao deslumbramento dos colonos ante a beleza da pujante floresta descortinada do topo de uma elevação de relevo do terreno, associando essa paisagem à ideia do que teria sido o Éden dos primórdios da humanidade. Denominando o núcleo ali surgido de Alto Paraíso, e com o qual foi criado o município pela Lei n.º 375, de 13 de fevereiro de 1992.

NOVO HORIZONTE Criado pela Lei n.º 365, de 13 de fevereiro de 1992, originou o NUAR dessa mesma denominação, integrante do projeto de colonização Rolim de Moura. O pequeno núcleo inicial teve Página | 80


rápido desenvolvimento socioeconômico graças a dedicação ao trabalho na agricultura e pecuária principalmente, pelos pioneiros seus fundadores. O destaque alcançado como centro de alta produtividade de agropecuário, foi fator decisivo para sua transformação em município. CACAULÂNDIA Teve sua origem do NUAR (Núcleo Urbano de Apoio Rural) com essa denominação, integrante do projeto Marechal Rondon de assentamento de colonos do INCRA. Situado na zona cacaueira o núcleo desenvolveu-se rapidamente tendo por sustentação econômica a produção e comercialização de cacau. Foi elevado a município com o nome de Cacaulândia, pela Lei n.º 374, de 13 de fevereiro de 1992. CAMPO NOVO DE RONDÔNIA Surgiu de um núcleo de garimpagem, no qual foi construído um campo de pouso para pequenos aviões. O lugar passou a ter como referencial a nova pista de pouso, as pessoas denominavam o lugar para eles se dirigirem ao enviar correspondência, com o nome de “Campo Novo”. Por sua evolução socioeconômico foi transformado em município pela Lei n.º 379 de 13 de fevereiro de 1992, com a denominação de Campo Novo de Rondônia. CANDEIAS DO JAMARI Tem sua origem oficial a ser instalado no local pertencente ao município de Alto Madeira com sede em Santo Antônio, pelo Governo do Estado de mato Grosso, um Distrito Policial criado pelo Ato n.º 2.213, de 14 de novembro de 1939. O insignificante lugarejo à margem direita do rio Candeias servia de ponto de estacionamento de quem se dirija para os seringais do alto rio Candeias, bem como de depósito de borracha que desciam o rio, pois o lugarejo fica no ponto de cruzamento da rodovia mato Grosso-Amazonas nesse rio, facilitando o transporte de produção para Porto Velho ou para Cachoeira de Samuel onde aportavam as gaiolas e as outras embarcações de menor porte vindos de Manaus e para onde retornavam. Somente no final da década de setenta, foi que o Candeias começou a expandir o seu núcleo urbano, a agricultura, o comércio e o turismo que proporcionam as praias do rio Candeias. O seu rápido desenvolvimento permitiu a sua elevação a município pela Lei n.º 363, de 13 de fevereiro de 1992. CASTANHEIRAS Surgiu do NUAR União da Vitória integrante do Projeto de colonização Rolim de Moura. Que tornou-se destacado pela agropecuária, sendo elevada a município pela Lei n.º 366, de 13 de fevereiro de 1992, com o nome de Castanheiras, escolhido pelo Deputado Amizael Gomes da silva, relator da constituição do Estado, por ser o espaço demográfico do município abundante dessas belas e importantes árvores da Hilea Amazônica.

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CORUMBIARA Originou do NUAR Nova Esperança, integrante do Projeto de Colonização Paulo Assis Ribeiro/ INCRA. Tornando-se destacado núcleo agropecuária, com expressivo desenvolvimento socioeconômico, foi elevado a município pela Lei n.º 377, de 13 de fevereiro de 1992, com a denominação de Corumbiara em homenagem a esse importante rio afluente da margem direita do rio Guaporé. Em agosto de 1995, aconteceu uma das piores tragédias agrárias do país, um verdadeiro genocídio. Este fato ficou conhecido como “Massacre de Corumbiara”, barbárie que teve ampla divulgação na mídia brasileira e mundial. GOVERNADOR JORGE TEIXEIRA Criado pela Lei n.º 373, de 13 de fevereiro de 1992, com este nome em homenagem ao Governador Jorge Teixeira de Oliveira, criador do Estado de Rondônia e seu primeiro governante. O município surgiu do NUAR Pela Branca integrante do Projeto de Colonização Padre Adolfo Rohl. É importante centro econômico agropecuário.

JAMARI Surgiu de um povoado a margem da rodovia BR 364, a 105 Km de Porto Velho, denominado Itapoã do Oeste. O lugarejo teve rápido progresso econômico e social, proporcionando-lhe as condições de ser elevado a município, o que ocorreu através da Lei n.º 364, de 13 de fevereiro de 1992, com a denominação de Jamari, em homenagem a esse importante rio afluente da margem direita do rio Madeira, o qual atravessa o referido município. Nome sugerido pelo Deputado Amizael Gomes da Silva, justificando a sua sugestão com a premissa de que os municípios a serem criados devem ostentarem nomes que se identifique com a história, a geografia e a cultura de Rondônia. MINISTRO ANDREAZZA Criado pela Lei n.º 372, de 13 de fevereiro de 1992, com este nome em homenagem ao Ministro Mário Andreazza em reconhecimento a sua direta participação na elevação de Rondônia a categoria de Estado. O município surgiu do NUAR Nova Brasília integrante do Projeto de Colonização Gy-Paraná/INCRA. É destacado pela agropecuária. MIRANTE DA SERRA Surgiu do NUAR Mirante da Serra, integrante do Projeto de Colonização Ouro Preto/INCRA. Tornando-se importante centro produtor agrícola, atingindo relevante destaque social e econômico, foi transformado em município pela, Lei n.º 369, de 13 de fevereiro de 1992. Seu nome é em homenagem a serra do Mirante, acidente do relevo do seu território. MONTE NEGRO Teve origem do NUAR Boa Vista integrante do Projeto de Colonização Marechal Dutra/INCRA. O seu desenvolvimento socioeconômico proporcionou-lhe as condições de ser transformado em Página | 82


município pela Lei n.º 378, de 13 de fevereiro de 1992, com denominação de Monte Negro, em homenagem a um acidente do relevo do seu território com esse nome. RIO CRESPO Criado pela Lei n.º 376, de 13 de fevereiro de 1992, com este nome em homenagem ao rio Preto do Crespo. Surgiu do NUAR Cafelândia, integrante do Projeto de Colonização Mal. Deodoro/INCRA. É importante polo agrícola e pecuário. SERINGUEIRAS Criada pela lei n.º 370, de 13 de fevereiro de 1992, seu nome é uma homenagem à Hévea Brasiliense cuja exploração consolidou a posse da Amazônia e sua integração ao Território Nacional. E sendo a bacia do rio São Miguel no espaço geográfico do município uma área rica em seringueiras explorada desde o século XIX, nada mais justa a homenagem prestada. O município surgiu do NUAR Bom Princípio, integrante do Projeto de Colonização do mesmo nome. É importante pela agropecuária.

THEOBROMA Surgiu do NUAR Theobroma, integrante do Projeto de Colonização Padre Adolfo Rohl. O seu desenvolvimento econômico como polo cacaueiro proporcionou-lhe as condições de ser transformado em município pela Lei n.º 371, de 13 fevereiro de 1992. O seu nome é em homenagem ao cacau, cuja denominação científica é Theobroma. URUPÁ Foi criado pela Lei n.º 368, de 13 de fevereiro de 1992, o seu nome é em homenagem ao rio Urupá, importante afluente do rio Ji-Paraná. Sua origem é do NUAR Urupá integrante do Projeto de Colonização Ouro Preto/INCRA. É destacado polo agrícola e pecuário.

VALE DO PARAÍSO Surgiu do NUAR Vale do Paraíso, integrante do Projeto de Colonização Ouro Preto/NUAR. O seu nome é originado do Igarapé Paraíso em cujo vale fica localizada a cidade sede do novo município pela Lei n.º 367, de 13 de fevereiro de 1992.

ALTO ALEGRE DOS PARECIS Criado pela Lei n.º 570, de 22 de junho de 1.994, fica situado na região sul, originou-se de um núcleo agropecuário, na Chapada dos Parecis, o seu nome deriva-se da beleza natural do local que entusiasmou seus fundadores dando-lhe essa denominação.

CUJUBIM Criado pela Lei n.º 568, de 22 de junho de 1994, originou-se de um núcleo agropecuário de cassiterita na área de influência de Ariquemes. O seu nome é em homenagem a uma ave da fauna amazônica, muito comum nas selvas de Rondônia.

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NOVA UNIÃO Criado pela Lei n.º 566, de 20 de junho de 1994, situado na região central do Estado, surgiu de um Núcleo agropecuário, sua denominação é um alusão ao esforço a união de seus fundadores em prol do seu desenvolvimento.

PARECIS Criado pela Lei n.º 573, de 22 de junho de 1994, situado na região sul na Chapada dos Parecis, surgiu de um núcleo agropecuário. Seu nome é em homenagem a nação indígena com essa denominação.

PRIMAVERA DE RONDÔNIA Criado pela Lei n.º 569, de 22 de junho de 1994, situado na região Centro-Sul do Estado, originou-se de um núcleo agropecuário denominado por seus fundadores com o nome de Primavera.

TEIXEIRÓPOLIS Criado pela Lei n.º 571, de 22 de junho de 1994, surgiu de um núcleo agropecuário, situado na região central do Estado. O seu nome é uma homenagem ao Coronel Jorge Teixeira de Oliveira, primeiro Governador do Estado de Rondônia. VALE DO ANARÍ Criado pela Lei n.º 572, de 22 de junho de 1994, surgiu de um núcleo agropecuário. Fica situado na região Leste do Estado, o seu nome é em homenagem ao rio Anarí, no vale do qual localiza-se o município.

BURITIS Criado pela Lei n.º 649, de 27 de dezembro de 1995, situado na região Sul do Estado, surgiu de um núcleo agropecuário, o seu nome deriva-se da denominação de uma ave da fauna da região de Chupim. PIMENTEIRAS DO OESTE Criado pela Lei n.º 645, de 27 de dezembro de 1995, situado na região sul do Estado, no Vale do Rio Guaporé, na margem deste rio, na fronteira com a república da Bolívia. Por sua beleza natural transformou-se em um dos pólos turístico do Estado. O local já era habitado desde o século XVII primeiro pelos bandeirantes paulistas, depois pelos seringueiros no século XIX e segunda metade do século XX.

SÃO FELIPE DO OESTE São Felipe D'Oeste surgiu de uma invasão de terras na Fazenda São Felipe, na década de oitenta, e após muitos conflitos ocorreu a desapropriação, através do Decreto nº 88.769, de 27 de setembro de 1983, assinado pelo Presidente da República João Batista Figueiredo, que declarou a área de interesse social. Página | 84


Concretizada a distribuição dos lotes, os posseiros residentes decidiram que o nome São Felipe deveria permanecer na denominação do projeto de colonização implantado no município de Pimenta Bueno. Criado pela Lei n.º 567, de 22 de junho de 1994, fica situado na região centro-sul do Estado, foi denominado por seus fundadores com nome do santo de sua devoção.

SÃO FRANCISCO DO GUAPORÉ Criado pela Lei n.º 644, de 276 de dezembro de 1995, fica situado no Vale do Guaporé. Surgiu de um núcleo agropecuário. Os colonos que migraram para ocupar terras ao longo da BR-429, que liga a BR-364 (Rio Branco/AC a Cuiabá/MT) a Costa Marques, fronteira com a Bolívia, fundaram um núcleo urbano próximo ao rio Manoel Corrêa ou São Francisco, por volta da segunda metade da década de 80.O seu nome foi dado por seus fundadores em homenagem ao santo de sua devoção.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BENCHIMOL, Samuel. Amazônia, um pouco-antes e além-depois, Manaus. Ed. Umberto Caderaro,1977. _____________. Amazônia: Formação social e cultural, Manaus: Valer / Universidade do Amazonas, 1999. CARVALHO, J.A.M. de. Estimativas indiretas e dados sobre migrações: uma avaliação conceitual e metodológica das informações censitárias. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Campinas, v.2, nº 1, jan./jun., 1985. MARTINELLO, Pedro. A “Batalha da Borracha” na Segunda Guerra Mundial e suas consequências para o Vale Amazônico, São Paulo: Ufac, 1988 (Cadernos Ufac n.1). MESQUITA, Helena Angélica de. Corumbiara: O Massacre dos Camponeses se estende ao/no Júri. In: site www.cptnac.com.br. (visitado em 15/03/02). PINTO, Emanuel Pontes, Rondônia, Evolução Histórica, A Criação do T. F. G, Fator de Integração Nacional, Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1993. Roquette-Pinto, E. Rondônia. 3ª Ed. Comp. Ed. Nacional. São Paulo, 1935 RONDÔNIA, Governo do Estado. Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral. Diagnóstico Sócio-Econômico-Ecológico do Estado de Rondônia e Assistência Técnica para Formulação da Segunda Aproximação do Zoneamento Sócio-Econômico-Ecológico do estado de Rondônia. Relatório de Uso e Ocupação da Terra. Porto Velho, Rondônia, 1998. SILVA, A., A Epopeia de Rondon. Jornal dedicado à vida e obra de Rondon. 1958. TEIXEIRA, Marco Antônio Domingues & FONSECA, Dante Ribeiro, História Regional (Rondônia), Porto Velho. Rondoniana. 1998. Tese de doutorado intitulada: Corumbiara: o massacre dos camponeses. Rondônia, 1995. (FFLCH/USP, 2001).



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