Interpretação de Texto

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PROFESSOR

Sem saber que era impossível, ele foi lá e fez! POLÍCIA MILITAR/CE 2014 CESPE/UnB – PM/CE 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56

No morro atrás de onde eu moro vivem alguns urubus. Eles decolam juntos, cerca de dez, e aproveitam as correntes ascendentes para alcançar as nuvens sobre a Lagoa Rodrigo de Freitas. Depois, planam de volta, dando rasantes na varanda de casa. O grupo dorme na copa das árvores e lembra o dos carcarás do Mogli. Às vezes, eles costumam pegar sol no terraço. Sempre que dou de cara com um, trato-o com respeito. O urubu é um pássaro grande, feio e mal-encarado, mas é da paz. Ele não ataca e só vai embora se alguém o afugenta com gritos. Recentemente, notei que um bem-te-vi aparecia todos os dias de manhã para roubar a palha da palmeira do jardim. De vez em quando, trazia a senhora para ajudar no ninho. Comecei a colocar pão na mesa de fora, e eles se habituaram a tomar o café conosco. Agora, quando não encontram o repasto, cantam, reclamando do atraso. Um outro casal descobriu o banquete, não sei a que gênero esses dois pertencem. A cor é um verde-escuro brilhante, o tamanho é menor do que o do bem-te-vi e o Pavarotti da dupla é o macho. Sempre me impressiono com o volume dos trinados vindos de um bichinho tão pequeno. A ideia de prender um passarinho na gaiola, por mais que ele se acostume com o dono, é muito triste. Comprei um periquito, uma vez, criado em cárcere privado, e o soltei na sala. Achei que ele ia gostar de ter espaço. Saí para trabalhar e, quando voltei, o pobre estava morto atrás da poltrona. Ele tentou sair e morreu dando cabeçadas no vidro. Carrego a culpa até hoje. De boas intenções o inferno está cheio. Vi a notícia de uma pesquisadora do Pantanal que espalhou abrigos de madeira pela região para ajudar na reprodução das ararasazuis. Uma ideia simples que fez diferença e ainda contribuiu para que outros irmãos penados, como corujas e águias, tivessem um teto. Estou pensando seriamente em fazer o mesmo aqui. Quase infartei de espanto no dia que vi a capivara da Lagoa. Eu não esperava que fosse tão grande. Era um sábado ensolarado, ela estava dormindo na beira d’água, debaixo do manguezal. Os pelos eram como agulhas pontudas e juntou gente para tirar foto. Soberana, a bicha nem se importou com a fama, levantou a cabeça, olhou em volta e retomou o cochilo. Estive no Zimbábue em 1996. A vida selvagem da África é tão imperiosa que o hotel recebia a visita habitual de elefantes, javalis e

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babuínos. Não estou falando de uma reserva afastada, era na zona urbana que circunda Victoria Falls. Havia placas espalhadas por todo o lodge alertando os visitantes de que não era seguro brincar com os animais. Os javalis enfezados encaravam a gente no caminho do lobby e os macacos invadiam os quartos. Nós, homens, éramos menos donos dali do que eles, uma inversão rara de sentir no mundo civilizado, um receio ancestral de ser mais frágil, mais lento e menos preparado para sobreviver à seleção natural das espécies. Na Índia, os animais também dominam as ruas, andam em gangues e te miram com curiosidade. É uma experiência estranha a de pedir licença aos macacos para entrar em um templo ou se sentar para jantar. O Rio de Janeiro existe entre lá e cá, entre o asfalto e a Mata Atlântica, mas a fauna daqui é mais delicada do que a africana e a indiana. Quem tem janela perto do verde conhece bem o que é conviver com os micos. Nos meus tempos de São Conrado, eu costumava acordar com um monte deles esperando a boia. Foi a primeira vez que experimentei cativar espécies não domesticadas. Lanço aqui a campanha: crie vínculos com um curió, uma paca ou um formigueiro que seja. Eles são fiéis e independentes, não exibem sinais de carência e conectam você com a mãe natureza. Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece. http://vejario.abril.com.br/blog/fernanda-torres/cronica-dasemana/mundo-animal

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Interpretação

01. Com relação às ideias e às estruturas do texto apresentado, julgue os itens a seguir. No trecho ―De vez em quando, trazia a senhora para acabar o ninho‖ (l.15/16) o substantivo senhora pode ser substituído, sem prejuízo para as informações veiculadas no texto, pelo vocábulo fêmea. ( ) Certo ( ) Errado

02. A correção gramatical do texto seria preservada caso o trecho ―conectam você com a mãe natureza‖ (l.86/87) fosse reescrito da seguinte maneira: conectam você para com a mãe natureza. ( ) Certo ( ) Errado

03.

A ideia central do texto consiste na necessidade de criação de mecanismos para a separação entre espaço urbano e natureza, a fim de se preservar a vida de espécies animais. ( ) Certo ( ) Errado

04.

Segundo o texto, a relação cotidiana de espécies de animais é um importante recurso de combate à depressão dos habitantes das zonas urbanas. ( ) Certo ( ) Errado

05.

Sem prejuízo da correção gramatical do texto, a vírgula em ―Experimente, ponha um pãozinho no parapeito e veja se alguém aparece‖ (l. 88/89) poderia ser substituída pelo sinal de dois-pontos. ( ) Certo ( ) Errado

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Interpretação

POLÍCIA MILITAR/CE 2011 CESPE/UnB – PM/CE

Com relação à grafia e a aspectos morfossintáticos e semânticos do texto apresentado, julgue o item que se segue.

06. No contexto em que ocorrem, as palavras ―embaixo‖ (l.17) e ―defronte‖ (l.20) podem ser substituídas, respectivamente, por debaixo e enfronte, sem prejuízo ortográfico. ( ) Certo ( ) Errado

07. O emprego da palavra ―soldado‖ no singular, em todo o trecho entre as linhas 12 e 14 permite que se conclua que os países aí mencionados prestam homenagem à memória de apenas um soldado desconhecido. ( ) Certo ( ) Errado

08. Esse verbete se organiza em três tópicos, na seguinte ordem temática: primeiro – como surgiu a ideia de se homenagear o soldado desconhecido; segundo – como o fizeram alguns países; terceiro – como o fez o Brasil. ( ) Certo ( ) Errado

09. O texto, que se caracteriza, quanto à tipologia, como a descrição dos sentidos da expressão ―soldado desconhecido‖, está em consonância com os verbetes de dicionários e enciclopédias. ( ) Certo ( ) Errado 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34

SOLDADO

DESCONHECIDO.

Após a Primeira Guerra Mundial, autoridades dos países aliados verificaram que os corpos de muitos soldados mortos em combate não podiam ser identificados. Os governos da Bélgica, França, Grã-Bretanha, Itália e Estados Unidos da América decidiram homenagear, de forma especial, a memória desses soldados. Cada governo escolheu um soldado desconhecido como símbolo, enterrou seus restos mortais na capital nacional e ergueu um monumento em honra do soldado.

10. No contexto em que ocorrem, as palavras ―embaixo‖ (L.17) e ―defronte‖ (L.20) podem ser substituídas, respectivamente, por debaixo e enfronte, sem prejuízo ortográfico. ( ) Certo ( ) Errado

A Bélgica colocou seu soldado desconhecido em um túmulo na base da Colunata do Congresso, em Bruxelas. A França enterrou seu soldado desconhecido embaixo do Arco do Triunfo, no centro de Paris. A Grã-Bretanha enterrou o seu na abadia de Westminster. O soldado desconhecido da Itália jaz defronte ao monumento a Vítor Emanuel I, em Roma. No Brasil, os 466 mortos brasileiros integrantes da Força Expedicionária que haviam sido enterrados, após a Segunda Guerra Mundial, no cemitério militar de Pistoia, na Itália, foram transportados em urnas para o Brasil, em aviões da Força Aérea Brasileira, em 11 de dezembro de 1960. As urnas chegaram ao Rio de Janeiro em 16 do mesmo mês, ficando expostas à visitação pública no Palácio Tiradentes. No dia 22 de dezembro, os restos mortais dos heróis foram trasladados para o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial. Enciclopédia Delta Universal. Rio de Janeiro: Editora Delta, s/d, v. 13, p. 7.384 (com adaptações).

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Interpretação

Ano: 2012 Banca: CESPE Órgão: Polícia

Agente da POLÍCIA FEDERAL

contrário não é verdadeiro, visto pensadores não foram contemporâneos. ( ) Certo ( ) Errado

que

esses

13. A expressão ―dessas duas palavras‖ (l.14), como comprovam as ideias desenvolvidas no parágrafo em que ela ocorre, remete não aos dois vocábulos que imediatamente a precedem — ―mais-valia‖ (l.11) e ―inconsciente‖ (l.11) —, mas, sim, a ―fetichismo‖ (l.10) e ―alienação‖ (l.10). ( ) Certo ( ) Errado

14. Depreende-se da argumentação apresentada que a autora do texto, ao aproximar conceitos presentes nos estudos de Marx e de Freud, busca demonstrar que, nas sociedades ―de mercado‖, a ―divisão do sujeito‖ (l.19) se processa de forma análoga na subjetividade dos indivíduos e na relação de trabalho. ( ) Certo ( ) Errado

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Dizem que Karl Marx descobriu o inconsciente três décadas antes de Freud. Se a afirmação não é rigorosamente exata, não deixa de fazer sentido, uma vez que Marx, em O Capital, no capítulo sobre o fetiche da mercadoria, estabelece dois parâmetros conceituais imprescindíveis para explicar a transformação que o capitalismo produziu na subjetividade. São eles os conceitos de fetichismo e de alienação, ambos tributários da descoberta da mais-valia - ou do inconsciente, como queiram. A rigor, não há grande diferença entre o emprego dessas duas palavras na psicanálise e no materialismo histórico. Em Freud, o fetiche organiza a gestão perversa do desejo sexual e, de forma menos evidente, de todo desejo humano; já a alienação não passa de efeito da divisão do sujeito, ou seja, da existência do inconsciente. Em Marx, o fetiche da mercadoria, fruto da expropriação alienada do trabalho, tem um papel decisivo na produção inconsciente da mais-valia. O sujeito das duas teorias é um só: aquele que sofre e se indaga sobre a origem inconsciente de seus sintomas é o mesmo que desconhece, por efeito dessa mesma inconsciência, que o poder encantatório das mercadorias é condição não de sua riqueza, mas de sua miséria material e espiritual. Se a sociedade em que vivemos se diz de mercado, é porque a mercadoria é o grande organizador do laço social.  Maria Rita Kehl. 18 crônicas e mais algumas.  São Paulo: Boitempo, 2011, p. 142 (com adaptações)

Com relação às ideias desenvolvidas no texto acima e a seus aspectos gramaticais,

11. Com correção gramatical, o período A rigor (...) histórico poderia, sem se contrariar a ideia original do texto, ser assim reescrito: Caso se proceda com rigor, a análise desses conceitos, verifica-se que não existe diferenças entre eles. ( ) Certo ( ) Errado

12. A informação que inicia o texto é suficiente para se inferir que Freud conheceu a obra de Marx, mas o www.efivest.com

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Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais, em que a punição é decidida por uma autoridade superior a todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja o soberano que se encarregou da justiça — que alívio! A coisa é mais complicada na modernidade, em que os cidadãos comuns (como você e eu) são a fonte de toda autoridade jurídica e moral. Hoje, no mundo ocidental, se alguém é executado, o braço que mata é, em última instância, o dos cidadãos — o nosso. Mesmo que o condenado seja indiscutivelmente culpado, pairam mil dúvidas. Matar um condenado à morte não é mais uma festa, pois é difícil celebrar o triunfo de uma moral tecida de perplexidade. As execuções acontecem em lugares fechados, diante de poucas testemunhas: há uma espécie de vergonha. Essa discrição é apresentada como um progresso: os povos civilizados não executam seus condenados nas praças. Mas o dito progresso é, de fato, um corolário da incerteza ética de nossa cultura. Reprimimos em nós desejos e fantasias Atendimento ao aluno: (85) 3491 4000


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que nos parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias. Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco deque a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar, com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório. Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.

DEPEN AGENTE PENITENCIÁRIO CESPE | CEBRASPE– Aplicação: 2015

Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).

Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto acima, julgue o(s) item(ns) seguinte(s).

15.

Suprimindo-se o emprego de termos característicos da linguagem informal, como o da palavra ―coisa‖ (L.12) e o do trecho ―(como você e eu)‖ (L.14), o primeiro período do segundo parágrafo poderia ser reescrito, com correção gramatical, da seguinte forma: Essa prática social apresenta-se mais complexa na modernidade, onde a autoridade jurídica e moral submete-se à opinião pública. ( ) Certo ( ) Errado

16. No período ―Nesse caso (...) estaria conosco‖ (L.4-7), como o conector ―ou‖ está empregado com sentido aditivo, e não, de exclusão, a forma verbal do predicado ―seria simples‖ poderia, conforme faculta a prescrição gramatical, ter sido flexionada na terceira pessoa do plural:seriam. ( ) Certo ( ) Errado

17. De acordo com o texto, nas sociedades tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como evidencia o emprego da interjeição ―que alívio!‖ (L.11). ( ) Certo ( ) Errado

18. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do texto, a oração ―se alguém é executado‖ (L.15-16), que expressa uma hipótese, poderia ser escrita como caso se execute alguém, mas não, como se caso alguém se execute. ( ) Certo ( ) Errado

19. O termo ―Essa discrição‖ (L.24-25) refere-se apenas ao que está expresso na primeira oração do período que o antecede. ( ) Certo ( ) Errado

20. Na condição de psicanalista, o autor do texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica. ( ) Certo ( ) Errado www.efivest.com

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No Brasil, a educação prisional está garantida por lei. Os mais de 500 mil detentos existentes no país têm direito às salas de aula dentro dos presídios e a cada 12 horas de frequência escolar de qualquer nível (fundamental, médio, profissionalizante ou superior), o preso tem um dia de pena remido. Desde 2012, entre os projetos voltados à recuperação e reinserção social, está a remição de pena por meio da leitura. O projeto transforma a leitura em uma extensão da produção de trabalho intelectual, que já caracterizava a remição de pena por dias de estudo. Os detentos têm acesso a mais de cem livros comprados pelo governo e, a partir dessa seleção, eles têm de 21 a 30 dias para ler um livro e escrever uma resenha que, se adequada aos parâmetros da lei, como circunscrição ao tema e estética, subtraem quatro dias da pena. Ao todo, os detentos podem remir até 48 dias apenas com as leituras. A possibilidade, no entanto, ainda é restrita a penitenciárias federais de segurança máxima. Após um ano de vigência da lei que regulamentou o projeto, dados coletados pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) revelam os hábitos de leitura nos presídios. Foram feitas 2.272 resenhas, sendo 1.967 aceitas, que resultaram em um total de 7.508 dias remidos. Entre os dez livros mais lidos e resenhados estão "A menina que roubava livros", em primeiro lugar, e "O Pequeno Príncipe", em décimo (veja lista completa abaixo). Na opinião do coletivo de incentivo cultural "Perifatividade", o projeto é uma oportunidade de os detentos ampliarem seu universo e perceberem novas dinâmicas de como analisar o mundo, além de ser um incentivo à educação. http://revistaeducacao.com.br/textos/0/leituras-do-carcere-308878-1.asp

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Interpretação Julgue o próximo item, referente às ideias do texto Educação prisional.

21. A produção de trabalho intelectual possibilita aos detentos a diminuição da pena a ser cumprida. ( ) Certo ( ) Errado

POLÍCIA MILITAR/CE 2008 Soldado PM da Carreira de Praças Policiais Militares

CESPE/UnB – PM/CE

( ) Certo ( ) Errado

O Globo

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É preciso compreender que o preso conserva os demais direitos adquiridos enquanto cidadão, que não sejam incompatíveis com a "liberdade de ir e vir", à medida que a perda temporária do direito de liberdade em decorrência dos efeitos de sentença penal referese tão-somente à locomoção. Isso, invariavelmente, não é o que ocorre O que se constata é que, na prática, o cidadão preso perde muito mais que sua liberdade. Perde sua dignidade, é submetido à humilhação e acaba se sentindo um nada.

https://www.qconcursos.com/questoes-deconcursos/questoes?disciplina=1&data=2015-07-21&banca=2&modo=1

Em relação às ideias e às estruturas linguísticas do texto, julgue o item que se segue.

22. A correção gramatical do texto seria preservada, caso o trecho ―O que se constata‖, no início do segundo parágrafo, fosse reescrito da seguinte forma: O que constata-se. ( ) Certo ( ) Errado

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No plano ideal, a privação de liberdade existe com finalidade dupla: punir e regenerar. Na vida real, o que existe no sistema penitenciário brasileiro é pouca ou nenhuma punição, no sentido estrito determinado pela lei que não prescreve castigos físicos e psicológicos -, e regeneração nula; quando o bandido não sai do presídio mais qualificado como criminoso. A estrutura penitenciária e o arcabouço jurídico-legal não se mostraram preparados para enfrentar a escalada da criminalidade a partir da década de 70 do século passado, quando a forte entrada da cocaína no mercado das drogas trouxe com ela armamentos pesados, violência em nível inimaginável no passado e esquemas novos de lavagem de dinheiro. Alterações na legislação têm sido feitas para endurecer penas, erguem-se prisões de segurança máxima - muito menos do que é necessário -, o que não significa abandonar o propósito de regeneração do criminoso. Os que são ameaça real e irreversível à sociedade precisam ser tratados à altura do perigo que representam. O Globo, Editorial, 4/8/2008 (com adaptações).

Em relação ao texto acima, julgue o(s) item (ns) a seguir.

23.

Nesse texto, de estrutura dissertativa, é apresentada uma crítica ao atual sistema penitenciário brasileiro. ( ) Certo ( ) Errado

24. No texto, defende-se a idéia de que a legislação penal brasileira seja revista e prescreva que os presos que cumpram pena no sistema penitenciário sejam submetidos a castigos físicos e psicológicos. ( ) Certo ( ) Errado

25. A vírgula empregada logo após o termo "pesados" (l.14) isola uma explicação de caráter histórico relativa à criminalidade no Brasil, a partir de 1970. www.efivest.com

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Interpretação ( ) Certo ( ) Errado

26. A retirada do acento gráfico na forma verbal "têm" (l. 17) implica erro de concordância verbal no parágrafo. ( ) Certo ( ) Errado

27. A substituição de "erguem-se" (l. 18) por são erguidas prejudica a correção do período. ( ) Certo ( ) Errado

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Estado que haviam cometido qualquer espécie de violência política. Nesse equilíbrio, assentaram-se as bases para a reconstrução da democracia brasileira nos anos 80 do século passado, abrindo-se caminho para os processos eleitorais, muitos deles disputados (e até vencidos) por aqueles que, outrora, tiveram banida a cidadania. Jornal do Brasil, 4/8/2008 (com adaptações).

Com referência ao texto acima, julgue o(s) item(ns) que se segue(m).

33. Nesse texto, de natureza subjetiva, o autor expõe seus sentimentos de forma explícita. ( ) Certo ( ) Errado

34. Pelas informações do texto conclui-se que aqueles que, outrora, tiveram "banida a cidadania" (l. 13) tem como referente o trecho "os que tinham sido punidos por crimes políticos" (l. 3-4). ( ) Certo ( ) Errado

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11

Há cerca de 400 mil presos no país e, estima-se, o mesmo número em mandados de prisão não cumpridos. Muitas distorções ocorrem na aplicação da Lei de Execuções Penais. Estatísticas recentes sobre o sistema carcerário do Rio de Janeiro apontam para a existência de 6.254 fugitivos, a maioria dos quais, 3.759, aproveitou o benefício do regime de prisão semiaberta e escapou. Esse fato é uma prova irrefutável de erro grave da justiça na concessão da progressão de pena.

28. A substituição de "Há cerca de" (l.1) por Acerca de mantém a correção gramatical do período. ( ) Certo ( ) Errado

29. A expressão "estima-se" (l. 1) está empregada com o sentido de calcula-se, avalia-se. ( ) Certo ( ) Errado

30. A forma verbal "apontam" (l. 6) está no plural porque concorda com sujeito plural cujo núcleo é "Estatísticas" (l. 5). ( ) Certo ( ) Errado

31. Na linha 8, seria mantida a correção gramatical do texto caso a forma verbal "aproveitou" estivesse flexionada no plural, em concordância com o número "3.759". ( ) Certo ( ) Errado

32. Na linha 10, o sentido de "irrefutável" equivale ao de incontestável. ( ) Certo ( ) Errado

Jornal do Brasil 01 02 03 04 05

Principal marco da redemocratização do país, a Lei da Anistia representa um perdão de mão dupla: assim como foram anistiados os que tinham sido punidos por crimes políticos, também foram perdoados os representantes do

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O Globo II 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13

O país terminou 2007 com a média de 33 mil novos telefones oficialmente grampeados a cada mês, segundo empresas de telefonia. Isso representa aumento de cinco vezes em relação à média de 2004. Para o Congresso, os 409 mil grampos realizados no ano passado mostram que o país perdeu o controle desse instrumento de investigação. A Polícia Federal só se considera responsável por 48 mil grampos, vitais em casos de drogas e de corrupção, como o do banqueiro Daniel Dantas. Outros 361 mil grampos seriam dos estados, que mantêm 60 centrais de interceptação. O Globo, 13/7/2008, capa (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência considerando a abrangência do tema focalizado, julgue o(s) item(ns) a seguir.

inicial e por ele

35. A Constituição brasileira garante o sigilo das comunicações telefônicas, mas admite situações em que a autoridade poderá interceptá-las. ( ) Certo ( ) Errado

36.

O denominado grampo telefônico é um instrumento de investigação usado pelas forças policiais. ( ) Certo

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Interpretação ( ) Errado

VESTIBULAR

37. O texto assegura que apenas as autoridades federais podem fazer uso de interceptação telefônica em suas investigações. ( ) Certo ( ) Errado

38. Ações da Polícia Federal têm se notabilizado nos últimos tempos, inclusive por pessoas de projeção no país. ( ) Certo ( ) Errado

também

atingirem

39. Citado no texto, Daniel Dantas deverá renunciar ao seu mandato de senador da República. ( ) Certo ( ) Errado Jornal do Brasil II 01 Na maioria das favelas do Rio, as eleições são 02 demarcadas pelos estreitos e ameaçadores 03 limites dos currais eleitorais, mantidos por 04 traficantes e milicianos. Cerca de 500 mil 05 eleitores, ou 11% do total de cariocas que 06 votarão em outubro, vivem em territórios onde 07 grupos criminosos impõem candidatos e decidem 08 quem tem livre trânsito para fazer campanha. Jornal do Brasil, 13/7/2008, capa (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os múltiplos aspectos que envolvem o tema por ele tratado, julgue o(s) item(ns) seguinte(s).

40. O quadro de violência e de criminalidade, citado no texto, é exclusivo do Rio de Janeiro. ( ) Certo ( ) Errado

41. O narcotráfico é uma das expressões mais conhecidas do chamado crime organizado. ( ) Certo ( ) Errado

42. Especialmente na periferia dos grandes centros urbanos, organizações criminosas tendem a assumir o papel que cabe ao poder público. ( ) Certo ( ) Errado

43. O clima de insegurança se agrava, entre outras razões, pela ação violenta das facções criminosas que, não raramente, entram em guerra por disputa de áreas para atuar. ( ) Certo ( ) Errado

44. O narcotráfico, embora forte em alguns países, não atua em escala mundial. ( ) Certo ( ) Errado

Ano: 2013 Banca: SENAC-SP www.efivest.com

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Em 1876, os Estados Unidos comemoraram o centenário de sua independência com um evento de encher os olhos. Realizada na Filadélfia, a ―Exposição internacional de arte, manufatura e produtos do solo e das minas" ocupava uma área quase do tamanho do parque do Ibirapuera, em São Paulo. Nesse ambiente de excitação e curiosidade, o professor escocês Alexandre Graham Bell, de 29 anos, parecia deslocado. Seus primeiros dias na feira foram de desânimo e frustração. Ele trazia de Boston, cidade em que morava, uma engenhoca chamada de ―novo aparato acionado pela voz humana". A organização da feira lhe destinara uma pequena mesa escondida no fundo de um corredor. Era um espaço fora do roteiro dos juízes encarregados de avaliar e premiar as invenções. Como se inscrevera na última hora, seu nome nem sequer aparecia na programação oficial. Tudo isso mudou devido a uma extraordinária coincidência. Em um final de tarde, uma voz fina e esganiçada chamou-lhe a atenção: − Mr. Graham Bell? Ao se virar, ele deparou-se com o imperador do Brasil, dom Pedro II. Os dois tinham se conhecido semanas antes, em Boston, onde Graham Bell criara uma escola para surdos-mudos. − O que o sr. está fazendo aqui? − perguntou dom Pedro. Graham Bell contou-lhe que acabara de patentear um mecanismo capaz de transmitir a voz humana. A cena que se seguiu é hoje parte dos grandes momentos da história da ciência. Escoltado pelo imperador do Brasil, por um batalhão de repórteres e pelos juízes, que, àquela altura, estavam por perto, Graham Bell pediu que dom Pedro II se postasse a cerca de cem metros e mantivesse junto aos ouvidos uma pequena concha metálica conectada a um fio de cobre. No extremo oposto da fiação, pronunciou as seguintes palavras, da peça Hamlet, de William Shakespeare: − To be or not to be (ser ou não ser). − Meu Deus, isso fala! Exclamou dom Pedro II. Mais tarde rebatizado como telefone, o aparato seria considerado um dos marcos do século XIX, chamado de ―Século das luzes" Atendimento ao aluno: (85) 3491 4000


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devido às inovações científicas que mudaram radicalmente a vida das pessoas. Encomendado por dom Pedro II pessoalmente a Graham Bell, o telefone chegou ao Rio de Janeiro antes mesmo de ser adotado em alguns países europeus supostamente mais desenvolvidos do que o Brasil.

PROFESSOR SEEDUC/RJ 2015 Fundação Centro Estadual de Estatísticas, Pesquisas e Formação de Servidores Públicos do Rio de Janeiro - CEPERJ

(Adaptado de Laurentino Gomes. 1889. São Paulo, Editora Globo, 2013, formato ebook) Tendo o texto acima como referência inicial e considerando os múltiplos aspectos que envolvem o tema por ele tratado, julgue o(s) item(ns) seguinte(s). − O que o sr. está fazendo aqui? − perguntou dom Pedro.

45. Quanto às funções de linguagem, no segmento acima, predomina a função Fática, já que a intenção do emissor é de estabelecer um canal de comunicação. ( ) Certo ( ) Errado

A BATALHA PELA PUBLICIDADE INFANTIL 01 A publicação de um estudo contratado 02 por uma gigante do entretenimento, em 03 dezembro, esquentou a briga pela legitimidade 04 do mercado publicitário infantil. A pesquisa 05 questiona resolução do Conselho Nacional dos 06 Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) 07 que considera a publicidade infantil abusiva, e 08 pinta um quadro de desastre para a economia 09 caso a recomendação seja cumprida. Em 2015, o 10 tema deve continuar mobilizando forças dos dois 11 lados, pois será debatido no Congresso. 12 Segundo os números do levantamento 13 divulgado pela empresa, a produção destinada 14 ao público infantil gera 51,4 bilhões de reais em 15 produção na economia nacional, 1,17 bilhão de 16 empregos, mais de 10 bilhões de reais em 17 salários e quase 3 bilhões em tributos. Com as 18 propostas do Conanda em prática, que 19 restringem nas peças publicitárias o uso de 20 linguagem infantil, de personagens e de 21 ambientes que remetem à infância, as perdas 22 seriam, segundo a empresa, de 33,3 bilhões em 23 produção, cerca de 728 mil empregos, 6,4 24 bilhões em salários e 2,2 bilhões em tributos. 25 Para Ekaterine Karageorgiadis, 26 advogada do Instituto Alana, dedicado a garantir 27 condições para a vivência plena da infância, a 28 decisão do Conanda é baseada na Constituição, 29 na qual a propaganda infantil é classificada como 30 abusiva, e portanto ilegal. Para Karageorgiadis, o 31 problema é que a fiscalização do material 32 televisivo, impresso e radiofônico não é eficiente. 33 "Justamente porque essa publicidade continua www.efivest.com

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existindo, o Conanda traz uma norma que dá a interpretação, para que o juiz, promotor ou o Procom possam identificar de maneira mais fácil o abuso", afirma. Karageorgiadis rebate a tese de caos econômico apresentada pela empresa. Segundo ela, a resolução não tem impacto sobre a produção de produtos como brinquedos, cadernos e alimentos. Eles poderão continuar a ser produzidos, diz ela, mas terão de ser divulgados aos pais, em propagandas realizadas em canais adultos e sem elementos do universo infantil. "O licenciamento para entretenimento não é afetado: os desenhos continuam existindo, os brinquedos continuam existindo, o problema é a comunicação que se faz disso", diz. A advogada relata caso em que a propaganda é feita até mesmo dentro das escolas. "Há denúncias de canais infantis que vão em escolas e distribuem brindes de novelas que estão sendo realizadas", diz. "A novela infantil pode ser realizada, mas um grupo de agentes ir à escola distribuir maquiagens e cadernetas não pode". Mônica de Sousa, diretora executiva da empresa, disse que sua principal preocupação é o impedimento da "comunicação mercadológica dirigida à criança", o que afetaria a comercialização de diversos produtos de sua empresa, como cadernos, livros e até uma linha de macarrão instantâneo dos personagens. Um exemplo para dar forma à disputa em questão é a peça publicitária desenvolvida pela empresa dirigida por Mônica de Sousa para a Vedacit. A advogada do Alana questiona o teor da peça publicitária. "Por que um produto químico, um impermeabilizante de telhados, precisa dialogar com a criança? A publicidade se usa de um personagem que não gosta de água, cria novos personagens, os 'amiguinhos Vedacit' e se utiliza de uma linguagem infantil", diz Karageorgiadis. Segundo ela, mesmo sem ser do interesse da criança, ao ir a uma loja de construções com a família, ela será uma intermediária na compra do produto. "Para vender o Vedacit eu preciso mesmo de toda essa estratégia?". Do outro lado, Mônica diz que a propaganda não foi destinada às crianças e que a produção das histórias em quadrinhos era voltada ao público adulto. "É bom lembrar que nossos personagens têm 50 anos e portanto fazem parte do imaginário de diversas gerações de adultos", diz Mônica. "Esse é um bom exemplo de como a restrição total e irrestrita proposta na resolução pode afetar a própria existência dos personagens." Paloma Rodrigues (Carta Capital, 22/12/2014) (Adaptado de: cartacapital.com.br/sociedade/publicidade-infantil-2706.html)

Sobre os aspectos de variação linguística presentes no texto acima, julgue o item a seguir.

46. O melhor exemplo do emprego da variedade informal da língua no texto é: esquentou ( ) Certo ( ) Errado 01 02 03 04 05 06 07

Em primeiro lugar, a língua que falamos, seja qual for (português, inglês, coreano...), não é uma, são várias. Tanto que um dos mais eminentes gramáticos brasileiros, Evanildo Bechara, disse a respeito: "Todos temos de ser poliglotas em nossa própria língua". Qualquer um sabe que não deve falar em uma reunião de

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trabalho como falaria numa mesa de bar. Ou seja, a língua varia. E o faz em função de quatro parâmetros básicos. Varia no tempo (daí o português medieval, renascentista, do século 19, dos anos 40, de hoje em dia), varia no espaço (por isso temos um português lusitano, brasileiro, e mais, um português carioca, paulista, sulista, nordestino), varia segundo a escolaridade do falante (resultando em duas variedades de língua: a escolarizada e a não escolarizada) e finalmente varia segundo a situação de comunicação, isto é, o local em que nos encontramos, a pessoa com quem falamos e o motivo da nossa comunicação - e, nesse caso, há duas variedades de fala: formal e informal. Tenho dito sempre que a língua é como a roupa que vestimos: há um traje para cada ocasião. Há situações em que se deve usar traje social, outras em que o mais adequado é uma roupa casual, sem falar nas situações em que se usa pijama, maiô ou mesmo nada (para tomar banho esse é o traje ideal). Trata-se de normas indumentárias, pois pressupõem um uso "normal". Não é proibido ir à praia de terno, mas não é normal, é um desvio que causa estranheza. A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de emprego, audiências judiciais, textos técnicos; há outra para fazer compras no supermercado, bater papo, falar com a empregada. Portanto, a norma culta é o padrão de linguagem que se deve usar em situações formais. Do ponto de vista temporal, ela tende a ser conservadora, refletindo um padrão que recobre pelo menos o último século; em termos geográficos, corresponde ao linguajar dos grandes centros (no caso brasileiro, especialmente os do Sudeste). Em termos sociais, culturais e situacionais, é a norma das classes mais altas e mais escolarizadas, nas situações de relacionamento em que deve haver distanciamento respeitoso entre os interlocutores. Portanto, assim como há lugares onde se deve usar terno e outros em que o melhor é calça jeans e tênis, todos dizemos "tô, tá" em vez de "estou, está", "a gente" em lugar de "nós", "sentar" em vez de "sentar-se", "na minha casa" por "em minha casa", e assim por diante, nas situações informais (e hoje em dia até em algumas formais). Não empregar o padrão culto nesses casos não é erro, é bom senso. Errado é falar como as pessoas incultas ("nós foi, a gente somos, teje, menas"). Só que ninguém escolarizado fala assim, a não ser de brincadeira. E quem fala assim não o faz porque quer, mas porque não teve a chance de aprender "as várias línguas dentro da língua". Ou seja, está condenado a ser monoglota. Enquanto nós temos no guarda-roupa opções de trajes para todas as ocasiões, o indivíduo não escolarizado é como um indigente que vai maltrapilho a todos os lugares. A questão é: devemos usar a norma culta em todas as situações? Evidentemente que não, sob pena de soarmos pedantes. Dizer "nós fôramos" em vez de "a gente tinha ido" numa conversa de botequim é como ir de terno à praia. Mas saudar com um "E aí, tudo beleza?" o entrevistador a quem fomos pleitear um emprego é como ir trabalhar de pijama.

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E quanto a corrigir quem fala errado? É claro que os pais devem ensinar seus filhos a se expressar corretamente, assim como é dever do professor corrigir o aluno, mas será que tenho o direito de advertir o balconista que me cobra "dois real" pelo cafezinho? Ao fazê-lo, não estaria humilhando essa pessoa, ainda que com a melhor das intenções? Mais ainda, não estaria sendo ofensivo, insolente, intrometido? Não estaria fazendo à toa um inimigo? É justo criticar a camiseta puída do catador de sucata sabendo que ele não tem condições de comprar uma nova? Espero que essas ponderações ajudem a esclarecer as dúvidas de minha amiga. E dos demais leitores.

TRIBUNAL DE JUSTIÇA/RJ Ano: 2014 Banca: FGV Prova: Analista Judiciário Especialidade Comissário de Justiça, da Infância, da Juventude e do Idoso

http://revistalingua.com.br/textos/blog-abizzocchi/o-que-e-e-para-queserve-a-norma-culta-265019-1.asp

De acordo com o texto acima, julgue o seguinte item.

47. Depreende-se do texto que a língua falada não é uma, mas são várias porque, a depender da situação, o falante pode se expressar com maior ou menor formalidade. ( ) Certo ( ) Errado

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Estamos no trânsito de São Paulo, ano 2030. E não é preciso apertar os cintos: nosso carro agora trafega sozinho pelas ruas, salvo de acidentes, graças a um sistema que o mantém em sincronia com os demais veículos lá fora. O volante, item de uso opcional, inclina-se de um lado para outro como se fosse manuseado por um fantasma. Mas ninguém liga pra ele - até porque o carro do futuro está cheio de novidades bem mais legais. Em vez dos tradicionais quatro assentos, o que temos agora é uma verdadeira sala de estar, com poltronas reclináveis, mesa no centro e telas de LED. As velhas carrocerias de aço foram substituídas por redomas translúcidas, com visibilidade total para o ambiente externo. Se você preferir, é possível torná-la opaca e transformar o carro em um ambiente privado, quase como um quarto ambulante. Como o sistema de navegação é autônomo, basta informar ao computador aonde você quer ir e ele faz o resto. Resta passar o tempo da forma que lhe der na telha: lendo, trabalhando, assistindo ao seu seriado preferido ou até dormindo. A viagem é agradável e silenciosa. (Superinteressante, novembro de 2014).

https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/disciplinas/letrasportugues/variacao-linguistica?aba=pratica&modo=1

De acordo com a formalidade do texto, julgue o item a seguir.

48. O segmento do texto 2 que mostra variação culta de linguagem, sem traços de informalidade oralidade é: ―assistindo ao seu seriado preferido.‖ ( ) Certo ( ) Errado

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Interpretação

Agente de POLÍCIA JUDICIÁRIA Ano: 2014 Banca: IBFC Órgão: PC-SE

Texto I

Ética e moral: que significam? (Leonardo Boff) Face à crise generalizada de ética e de moral, importa resgatar o sentido originário das palavras. Ética e moral é a mesma coisa? É e não é.

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do amor universal e incondicional. Quem não quer ser amado? Quem não quer amar? Alguém quer ser odiado ou ser tratado com fria indiferença? Ninguém. Outro princípio da humanidade essencial, é o cuidado. Toda vida precisa de cuidado. Um recém-nascido deixado à sua própria sorte morre poucas horas após. O cuidado é tão essencial que, se bem observarmos, tudo o que fazemos vem acompanhado de cuidado ou falta de cuidado. Se fazemos com cuidado, tudo pode dar certo e dura mais. Tudo o que amamos também cuidamos. A ética do cuidado hoje é fundamental: se não cuidarmos do planeta Terra, ele poderá sofrer um colapso e destruir as condições que permitem o projeto planetário humano. A própria política é o cuidado para com o bem do povo. Outro princípio reside da solidariedade universal. Se nossos pais não fossem solidários conosco quando nascemos e nos tivessem rejeitado, não estaríamos aqui para falar de tudo isso. Se na sociedade não respeitamos as normas coletivas em solidariedade para com todos, a vida seria impossível. A solidariedade para existir de fato precisa sempre ser solidariedade a partir de baixo, dos últimos e dos que mais sofrem. A solidariedade se manifesta então como com-paixão. Com-paixão quer dizer ter a mesma paixão que o outro, alegrar- se com o outro, sofrer com o outro para que nunca se sinta só em seu sofrimento, construir junto algo bom para todos. Pertence também à humanidade essencial a capacidade e a vontade de perdoar. Todos somos falíveis, podemos errar involuntariamente e prejudicar o outro conscientemente. Como gostaríamos de ser perdoados, devemos também nós perdoar. Perdoar significa não deixar que o erro e o ódio tenham a última palavra. Perdoar é conceder uma chance ao outro para que possa refazer as relações boas. Tais princípios e inspirações formam a ética. Sempre que surge o outro diante de mim, ai surge o imperativo ético de tratá-lo humanamente. Sem tais valores a vida se torna impossível. Por isso, ethos, donde vem ética, significava para os gregos, a casa. Na casa cada coisa tem seu lugar e os que nela habitam devem ordenar seus comportamentos para que todos possam se sentir bem. Hoje a casa não é apenas a casa individual de cada pessoa, é também a cidade, o estado e o planeta Terra como casa comum. Eis, pois, o que é a ética. Vejamos agora o que é moral.

1. O significado de ética 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade. Que significa agir humanamente? O primeiro princípio do agir humano, chamado por isso de regra de ouro, é esse: ―não faças ao outro o que não queres que te façam a ti‖. Ou positivamente: ―faça ao outro o que queres que te façam a ti‖. Esse princípio áureo pode ser traduzido também pela expressão de Jesus, testemunhada em todas as religiões: ―ama o próximo como a ti mesmo‖. É o princípio

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todos, os estilos de manifestar o perdão. A ética e as morais devem servir à vida, à convivência humana e à preservação da Casa Comum, a única que temos que é o Planeta Terra.

(Disponível em: http://www.leonardoboff.com/site/vista/outros/etica-e-moral. htm Acesso em:07/10/2014)

Para resolver a questão, considere o primeiro parágrafo do texto como o trecho ―Ética é um conjunto...‖.

49. A interpretação de Planeta Terra como ―Casa Comum‖, pretendida pelo autor, é possível por meio de uma ferramenta linguística denominada: polissemia ( ) Certo ( ) Errado

2. O significado de moral 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24

A forma concreta como a ética é vivida, depende de cada cultura que é sempre diferente da outra. Um indígena, um chinês, um africano vivem do seu jeito o amor, o cuidado, a solidariedade e o perdão. Esse jeito diferente chamamos de moral. Ética existe uma só para todos. Moral existem muitas, consoante as maneiras diferentes como os seres humanos organizam a vida. Vamos dar um exemplo. Importante é ter uma casa(ética). O estilo e a maneira de construí-la pode variar (moral). Pode ser simples, rústica, moderna, colonial, gótica, contanto que seja casa habitável. Assim é com a ética e a moral. Hoje devemos construir juntos a Casa Comum para que nela todos possam caber inclusive a natureza. Faz-se mister uma ética comum, um consenso mínimo no qual todos se possam encontrar. E ao mesmo tempo, respeitar as maneiras diferentes como os povos organizam a ética, dando origem às várias morais, vale dizer, os vários modos de organizar a família, de cuidar das pessoas e da natureza, de estabelecer os laços de solidariedade entre

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Quem sabe se nesta terra Não plantarei minha sina? Não tenho medo da terra Cavei pedra toda a vida E para quem lutou a braço Contra a piçarra da caatinga Fácil será amansar Esta aqui, tão feminina. (João Cabral de Melo Neto. Morte e vida Severina.)

De acordo com o poema exposto, julgue o item a seguir.

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Quanto ao gênero literário, é correto afirmar sobre o fragmento do texto lido: é dramático, com uma linguagem fortemente poética; ( ) Certo ( ) Errado

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