COMPLEXO AUTOMOBILÍSTICO EMERSON FITTIPALDI Trabalho apresentado a graduação em arquitetura e urbanismo da universidade federal fluminense, como requisito parcial para a obtenção do grau arquiteto.
ORIENTADOR: PROF. DR. JORGE BAPTISTA DE AZEVEDO COLABORADORA: MA. SARAH LÚCIA ALVES FRANÇA NITERÓI, 2013
Dedico este trabalho e os esforços realizados durante a graduação aos meus avós paternos, Almerindo Diniz e Ana Rangel. Que tenho certeza que de onde estiverem estão compartilhando a felicidade do término desta etapa.
agradecimentos Mesmo buscando fugir dos clichês, creio que o homem necessita acreditar na existência de um ser maior zelando por nós. Por este motivo, não deixarei de agradecer a Deus em primeiro plano pela força e determinação que foi necessária no decorrer do curso. A Família, Pais e irmã em especial, agradeço pela paciência e apoio nos dias difíceis. Por todas as vezes que as beiras da desistência mostraram o quão forte posso ser. Sem eles nunca seria o que sou hoje. Agradeço com carinho e gratidão a minha turma, por tornarem a experiência universitária imensamente mais divertida. E por provarem que existem sim amigos para a vida inteira. Ainda refletindo sobre amizade, agradecer aqueles que foram tão importantes para a minha formação, não somente como arquiteto, mas como homem, é muito importante. Pessoas que fazem parte
de minha vida há muitos anos, e já fazem parte da família, ou ainda aqueles que se fizeram importantes em tão pouco tempo. Agradeço a equipe de engenharia do evento do Grande Prêmio Petrobrás do Brasil 2013 por me receber tão bem, e agradeço especialmente a Pedro Luiz Nascimento e a Francisco Rosa, por terem sido meus professores. O fechamento desta seção foi propositalmente reservado aqueles os quais me enriqueceram com aquilo que ninguém conseguirá me tirar, Obrigado queridos mestres. Obrigado ao Prof. Dr. Jorge Baptista de Azevedo por ser mais que um orientador, um grande amigo que sempre me auxiliou durante a graduação. Obrigado a arquiteta e urbanista Ma. Sarah França pela colaboração, paciência, atenção e carinho especial. Sem a qual a produção deste trabalho não teria a mesma qualidade.
resumo Desde sua invenção, os veículos figuram entre as paixões do homem. Inicialmente criados para facilitar a locomoção, seu advento trouxe não somente melhorias, mas também um novo conceito de competição. Com a Revolução Industrial e a criação de veículos automotores, o automobilismo tomou forma e ganhou seu espaço no meio esportivo, trazendo hoje a necessidade de infraestrutura específica voltada para sua prática. Sendo assim, a temática desse estudo é voltada para a elaboração de um projeto de um autódromo no Estado do Rio de Janeiro, com objetivos de propor um complexo voltado para a atividade automobilista na Região Metropolitana no Rio de Janeiro; a fim de resgatar a importância cultural e reaquecimento das atividades automobilísticas que foram perdidas. Para isso, em sua primeira fase, a pesquisa realizou-se com base em fotos, mapas, contatos dire-
tos com autódromos, entrevistas e leitura de sites e publicações específicas. Posteriormente, criou-se o conceito arquitetônico, urbano e paisagístico do projeto e as diretrizes de implantação do complexo através de referências estéticas, croquis, maquetes volumétricas físicas e digitais. Por fim, deu-se o desenvolvimento do trabalho, com objetivo de ilustrar a proposta conceitual de projeto apresentadas através de desenhos técnicos, humanizados e imagens caracterizadas como estudo de partido do Paddock, arquibancada e centro comercial. Notouse que é possível conceber tal infraestrutura tendo em mente não apenas a prática do automobilismo, mas também diversas outras atividades, criando, desta forma, um complexo que seja utilizado com maior frequência por um público mais abrangente. Palavras-Chave: Automobilismo; Complexo Automobilístico; Autódromo.
ABSTRACT Since its invention, the vehicles are among the passions of man. Initially created to facilitate the movement, its advent has brought not only improvement in life conditions but also a new concept of competition. With the Industrial Revolution and the creation of motor vehicles, motor racing took shape and gained its place among sports, requiring, nowadays, a specific infrastructure focused for his practice. Thus, the objectives of this study were to investigate the theme of motorsport, racetrack, its historical evolution in the world and in Brazil; analyzing references of international and national projects to detect aspects that may aid to design the program and proposal of development of the racecourse, as well as the chosen area of the complex, considering aspects of law, mobility, infrastructure and impacts on the area directly or indirectly affected by the project, defining the concept of automobile complex, which facilitates national and international events and bring improvements and development to the environment
and the resident population; develop guidelines that address the architectural and conceptual advantage of the racecourse. In its first phase, the research was conducted based on photos, maps, direct contacts with race tracks, interviews and reading of sites and specific publications. After, architectural, urban and landscape concepts were created beyond guidelines for complex implementation through aesthetic references, sketches, physical and digital volumetric models. Finally, there was the development of the work, in order to illustrate the conceptual project presented by technical and humanized drawings and images characterized as the Paddock study, grandstand and commercial center. In conclusion, it was observed that such infrastructure is possible to be created, considering not only the practice of racing, but also several other activities, thus creating a complex which may be used by a wider audience. Key-Word: Automobile; Motoring; race tracks.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Eglon Moura, 2009, no Kartódromo Internacional de Guapimirim. FONTE: Luiz Pinheiro, Jornal Velocidade Total. Figura 2: Georges Lemaître num Peugeot, na corrida Paris-Rouen de 1894 (2º lugar). FONTE: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:1894_paris-rouen_-georges_lema%C3%AEtre_%28peugeot_3hp%29_1st.jpg, acessado em 10/10/2013. Figura 3: Circuito de Milwaukee-Mile Fonte: http://racingnews360.com/milwaukee-mile, acessado em 13/01/2014. Figura 4: Layout do Circuito de Brooklands em 1939, quando fechou por causa da Segunda Guerra Mundial. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Brooklands_Circuit_Layout.svg, acessado em 10/01/2014. Figura 5: Mil Milhas de 1967, Interlagos. Fonte: http://flaviogomes.warmup.com.br/category/automobilismo-brasileiro/, acessado em 10/10/2013. Figura 6: Desenho do circuito de Albert Park, Austrália. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/australia_893/, acessado em 23/11/2013. Figura 7: Desenho do circuito de Sepang, Malásia. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/malaysia_894/, acessado em 23/11/2013. Figura 8: Desenho do circuito de Xangai, China. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/china_895/, acessado em 23/11/2013. Figura 9: Desenho do circuito de Sakhir, Bahrein. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/bahrain_896/, acessado 23/11/2013. Figura 10: Desenho do circuito da Catalunha, Espanha. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/ spain_897/, acessado em 23/11/2013. Figura 11: Desenho do circuito de Montecarlo, Mônaco. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/monaco_898/, acessado em 23/11/2013. Figura 12: Desenho do circuito Gilles Villeneuve, Canadá. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/cana-
da_899/, acessado em 23/11/2013. Figura 13: Desenho do circuito de Silverstone, Inglaterra. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/great_ britain_901/, acessado em 23/11/2013. Figura 14: Desenho do circuito de Nurburgring, Alemanha. http://www.formula1.com/races/in_detail/germany_902/, acessado em 23/11/2013. Figura 15: Desenho do circuito de Hungaroring, Hungria. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/hungary_903/, acessado em 23/11/2013. Figura 16: Desenho do circuito de Spa-Francorchamps, Bélgica. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/belgium_904/, acessado em 23/11/2013. Figura 17: Desenho do circuito de Monza, Itália. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/italy_905/, acessado em 23/11/2013. Figura 18: Desenho do circuito de Marina Bay, Cingapura. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/singapore_906/, acessado em 23/11/2013. Figura 19: Desenho do circuito de Yeongam, Coréia. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/korea_907/, acessado em 23/11/2013. Figura 20: Desenho do circuito de Suzuka, Japão. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/japan_908/, acessado em 23/11/2013. Figura 21: Desenho do circuito de Buddh, Índia. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/india_909/, acessado em 23/11/2013. Figura 22: Desenho do circuito de Yas Marina, Abu Dhabi. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/abu_ dhabi_910/, acessado em 23/11/2013. Figura 23: Desenho do circuito das Américas, Estados Unidos. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/united_ states_911/, acessado em 23/11/2013. Figura 24: Desenho do Circuito de Interlagos, Brasil. Fonte: http://www.formula1.com/races/in_detail/bra-
zil_912/, acessado em 23/11/2013. Figura 25: Vista superior do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 26: Circuito de Grande Prêmio do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 27: Circuito de Endurance do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 28: Circuito Interno do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 29: Circuito Externo do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 30: Circuito do Paddock do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura 31: Drag-Strip, ou Reta de arrancada, do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/OurTracks/ Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013. Figura: 32 33, 34 e 35 imagens das edificações de apoio do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.tilke.de/en/3_0/3_1/1_0.php?category=1&projid=1200-01, acessado em 08/11/2013. Figura: 36,37 e 38: Imagens da implantação setorizada do Complexo motropack de automobilismo. Fonte: http://www.bolido.com/2013/04/circuito-chileno-de-motorpark-logro-la-aprobacion-ambiental-y-ya-puede-ser-construido/, acessado em 29/09/2013. Figura 39: Implantação do Complexo mortorparck de Automobilismo. Fonte: http://www.bolido.com/2013/04/circuito-chileno-de-motorpark-logro-la-aprobacion-ambiental-y-ya-puede-ser-construido/, acessado em 29/09/2013. Figura 40: Imagem do antigo autódromo Nova Caledonia. Fonte: http://www.rioquepassou.com.br/2009/07/25/ autodromo-nova-caledonia-anos-60/, acessado em
12/01/2014. Figura 41: Vista aérea do Autódromo Nelson Piquet, Jacarepaguá. Fonte: http://barradacultura.wordpress.com/adeus-ao-autodromo-de-jacarepagua-nelson-piquet/, acessado em 12/01/2014. Figura 42: Desenho do circuito do autódromo de Jacarepaguá. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Jacarepagu%C3%A1.svg, acessado em 12/01/2014. Figura 43: Boxes do Autódromo em dia de evento. Fonte: http://globoesporte.globo.com/platb/voandobaixo/ category/gt3-brasil/, acessado em 12/01/2014. Figura 44: Torre de telemetria do Autódromo Nelson Piquet. Fonte: http://brasileirodemarcas.com.br/index. php/2011/07/31/o-publico-carioca-compareceu-para-conhecer-de-perto-das-maquinas-da-copa-petrobras-de-marcas/, acessado em 12/01/2014. Figura 45: Imagem de divulgação da Rio Mais do parque Olímpico, complexo esportivo que dará lugar ao terreno do autódromo de Jacarepaguá. Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/consorcio-liderado-pela-odebrecht-vence-licitacao-para-parque-olimpico-4220966, acessado em 12/01/2014. Figura 46: Imagem de divulgação da implantação do Autódromo de Deodoro. Fonte: http://blogs.lancenet.com.br/ rio2016/2012/06/08/deodoro-e-verde/, acessado em 12/01/2014. Figura 47: Localização do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa do autor, 2013. Figura 48: Esquema de acesso via transporte público ao Autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 49: Esquema de acessos e circulação do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 50: Esquema de tipos de instalações das dependências do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 51: Esquema dos tipos de instalações provisórias necessárias durante um grande prêmio do Brasil de Fórmula 1.
Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 52: Torre localizada acima dos boxes. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 53: Pitwall do autódromo de Interlagos. Fonte: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/dicionario/, acessado em 27/11/2013. Figura 54: Área de apoio aos boxes do autódromo de Interlagos. Fonte: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/dicionario/, acessado em 27/11/2013. Figura 55: Acesso a pista pela via interna de segurança do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 56: Estacionamento e tendas de usos provisórios no centro do Autódromo. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 57: Área de acesso de carga e serviço, Portão Z, junto ao lago. Fonte: Pesquisa de campo do autor, 2013. Figura 58: Planta baixa do novo Interlagos. Em amarelo, os trechos de pista que sofrerão alterações: Reta oposta, Curva do Lago e entrada/saída dos boxes.(Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013. Figura 59: A perspectiva mostra a nova reta oposta, que agora vira reta dos boxes. A Curva do Lago também será modificada, agora num ângulo mais fechado (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013 Figura 60: Perspectiva do final dos boxes, com destaque para o novo pódio (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013. Figura 61: Corte da nova área de boxes e edifício de apoio (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013. Figura 62: Evolução das dependências do Paddock de Interlagos. Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013. Figura 63: Localização do terreno escolhido para a propos-
ta de partido. Fonte: Pesquisa do autor, 2013. Figura 64: Mapa de estrutura viária de suporte da área de estudo. Fonte: Pesquisa do autor, 2013. Figura 65: Projeção de estações da linha 4 do metrô do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptação feita pelo autor do mapa base da fonte http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/11/13/ ult5772u1526.jhtm, acessado em 23/10/2013. Figura 66: Situação das estações da SuperVia em relação a área de estudo. Fonte:http://www.supervia.com.br/imgPress/4/ b9d773a218bd55d93c88f28e08586990.pdf, acessado em 23/10/2013. Figura 67: Vista da área alagada do campo do Gericinó voltada para a Serra do Mendanha. Fonte: Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nilópolis. Figura 68: Vista da Serra do Mendanha desde a borda do Parque do Gericinó. Fonte: Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nilópolis. Figura 69: Resumo do diagnóstico ilustrando área de possível intervenção. Fonte: Pesquisa do autor, 2013. Figura 71: Esquema conceito de Integração entre os Municípios. Fonte: Acervo pessoal do autor,2013. Figura 72 e 73: Croquis de distribuição de massas no terreno. Fonte: Elaboração do autor, 2013. Figura 74: Setorização final do complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013. Figura 75: Croqui de diretrizes projetuais do complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
lista de QUADROS
Quadro 01: Circuito de Albert Park – Austrália
Quadro 17: Circuito de Yas Marina – Abu Dhabi.
Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 02: Circuito de Sepang – Malásia Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 03: Circuito de Xangai – China. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 4: Circuito de Sakhir – Bahrein Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 5: Circuito da Catalunha – Espanha Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 6: Circuito de Montecarlo – Mônaco. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 7: Circuito Gilles Villeneuve – Canadá. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 8: Circuito de Silverstone – Inglaterra. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 9: Circuito de Nurburgring – Alemanha. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 10: Circuito de Hungaroring – Hungria. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 11: Circuito de Spa-Francorchamps – Bélgica. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 12: Circuito de Monza – Itália. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 13: Circuito de Marina Bay – Cingapura. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 14: Circuito de Yeongam – Coréia. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 15: Circuito de Suzuka – Japão. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 16: Circuito de Buddh – Índia. Fonte: Pesquisa do Autor.
Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 18: Circuito das Américas – Estados Unidos. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 19: Circuito de Interlagos – Brasil. Fonte: Pesquisa do Autor. Quadro 20: Quadro de áreas do programa de necessidades do Complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
GLOSSÁRIO
Área de Escape – Área de asfalto utilizada pelos car-
FAERJ – Federação de Automobilismo do Rio de
ros quando eles escapam da pista. Biposto – Carro de corrida que contém dois lugares. Boxes – Área onde mecânicos e o restante da equipe trabalham nos carros e onde são realizados os pit-stops. Caixa de Brita – Uma área com cascalhos ou areia utilizada para diminuir a velocidade do carro, caso ele escape da pista. Carenagem – Carroceria do carro. CBA - Confederação Brasileira de Automobilismo. Chassi – Estrutura do carro. Chicana – Curva construída com o objetivo de reduzir a velocidade dos carros, sempre com uma curva para a esquerda, seguida por uma a direita ou vice-versa. Cockpit – Local do carro onde fica o piloto. Curva Aberta – Curva rápida, com ângulo maior que 90º no qual geralmente feita sem tirar o pé do acelerador. Ex.: A Curva do Sol em Interlagos é uma curva aberta. Curva Cega – Se chama de “Curva Cega” uma curva que o piloto enxerga o começo, porém não enxerga o final dela, dificultando o contorno. Curva Fechada – Curva lenta, com ângulo menor que 90º no qual é preciso usar o freio para contorná -la. Ex.: A Curva do Bico de Pato de Interlagos é uma curva fechada. Downforce – Termo em inglês que relaciona com a aderência que é gerada pelos aerofólios. DRS – Termo usado na Fórmula 1, sigla de Drag Reduction System – Sistema de Redução de Arrasto Aerodinâmico, ou Asa Móvel. Faz o carro “colar” mais no chão e ganhar velocidade. Endurance – Provas de longa duração, na qual é obrigatório o revezamento de pilotos no mesmo carro.
Janeiro. FIA - Federation Internationale de l´Automobile, ou em português, Federação Internacional de Automobilismo. FOM – Formula One Management, ou Gestão da Fórmula Um. Empresa que gerencia e cuida dos direitos promocionais, de divulgação e de transmissão da Fórmula 1, chefiada pelo empresário Bernie Ecclestone. Força G – Força da gravidade multiplicada pelo peso do corpo do piloto. A Força G é sentida ao fazer uma curva em alta velocidade, pois o corpo do piloto é jogado para direção contrária da curva. Fórmula Truck – Categoria do automobilismo brasileiro a qual correm caminhões preparados para corrida. Grid de Largada – Local demarcado com espaços que ficam posicionados os carros antes da largada. Guard-Rail – Barreira de proteção de ferro ou alumínio que separa a área de escape da pista e a parte exterior do circuito, ou seja, tudo que não fizer parte da pista. Kart – Mini carro de corrida, no qual a grande maioria dos pilotos começa a carreira. Existem karts de vários formatos e diferentes tipos de potência. Kartódromo – Pista para competições de kart. Kers – Termo usado na Fórmula 1, sigla de Kinetic Energy Recovery System – Sistema de Recuperação de Energia Cinética. Este sistema recupera parte da energia absorvida pelo carro nas freadas. O mecanismo pode ser acionado pelo piloto para dar mais velocidade ao carro em um momento de ultrapassagem, por exemplo. Lap – Em tradução literal, significa “giro”, mas é usada no automobilismo referindo-se à volta. Lavadeira – Um tipo de zebra, porém em relevo.
Monoposto – Carro aberto de apenas um lugar que
as rodas e a cabeça do piloto ficam expostas. Ex.: O Carro de Fórmula 1 é um monoposto. Motorhome – Uma tradução literal de “casa motorizada”. É uma espécie de trailer que abriga os membros de equipes e pilotos. Onboard – a bordo. Paddock – Área atrás dos boxes, onde os membros das equipes e convidados VIPs circulam. Parque Fechado – Local onde os fiscais da categoria inspecionam e guardam os carros. Quando o carro está no Parque Fechado ele não pode ser ajustado e ou modificado pelos mecânicos. Pit-Lane – Área dos boxes: todo o espaço entre a garagem e o pit-wall. Pit-Stop – Quando o carro entra nos boxes para realizar a troca de pneus e reabastecimento. Pit-Wall – Muro dos boxes: muro que separa a área de boxes e a pista. Lugar onde ficam os engenheiros e estrategistas da equipe. Pódio ou Podium – Local onde é comemorado a vitória de uma corrida. Geralmente, sobem no pódio os três primeiros colocados. Pole-Position – Quem larga na primeira colocação. Rally – Prova realizada em superfícies irregulares como, por exemplo, em pistas de terra e neve. Soft Wall – Tradução literal de “Muro Mole” – é um Guard-Rail com amortecedores de espuma feito para absorver melhor o impacto, aumentando a segurança dos competidores. Traçado – Sinônimo de pista, todo o contorno do circuito. Ex.: O traçado do Autódromo de Interlagos é de 4.309 metros de extensão. Track – Tradução de pista. Torre de Controle – Local que tem uma visão panorâmica da pista e onde ficam os fiscais de prova. Turismo – Categoria de carros de corridas na qual as rodas e os pilotos não estão expostos, que são
protegidos por um teto ou cobertura. Ex.: O Stock Car é uma categoria de Turismo. Zebra – Sobre-pista – é uma área auxiliar fora da pista para que o carro consiga contornar a curva, sem sair do traçado. Em inglês usa-se o termo “kerbs”. Fonte: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/ dicionario/, acessado em 15/10/2013
sUMÁRIO
INTRODUÇÃO Justificativa Objetivos Metodologia
1. PESQUISA/REFERÊNCIAS 1.1 – Automobilismo – Fatores que resultaram na paixão pelo esporte.........................................21 1.2 – Autódromo – Uma alternativa de segurança.....................................................................23 1.3 – Referências Gerais – Circuitos mundiais de Fórmula 1 2013................................25 1.4 – Referências específicas Circuito Internacional de Sakhir – Reino do Bahrein...................................................................29 Complexo Automobilístico Motorpark – Santiago, Chile.............................................................34 Autódromo de Jacarepaguá – Circuito Nelson Piquet, Rio de Janeiro............................................36 1.5 – Estudo de Caso – Visita de Campo ao Autódromo Internacional José Carlos Pace – Interlagos..............................38
2. ESTUDOS DE PARTIDO 2.1 – Diretrizes Norteadoras...............................................................................................53 2.2 – Escolha do Terreno....................................................................................................54 2.3 – O Terreno................................................................................................................55 2.4 – O Complexo.............................................................................................................62 2.5 – O Autódromo 2.5.1 – Paddock..............................................................................................................99 2.5.2 – Arquibancada/Centro Comercial...........................................................................113 2.6 – Conclusão................................................................................................................... 2.7 – Referências Bibliográficas........................................................................................124
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Figura 1: Eglon Moura, 2009, no Kart贸dromo Internacional de Guapimirim. Luiz Pinheiro, Jornal
Velocidade Total.
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introdução
Das mais antigas paixões do homem, podemos citar a relação com a velocidade e as competições acerca da mesma, quando desde a Grécia antiga, as corridas já eram presentes em forma de lazer e disputas. No caso citado, eram corridas de bigas, pequenas carruagens a tração animal que aconteciam em “arenas” ovais com grandes plateias para provar o mais valente dos corredores. Fonte? A Revolução Industrial trouxe nova perspectiva sobre o tema. Em sua primeira fase, com a invenção do motor a vapor, grandes indústrias foram construídas, criando uma relação de trabalho entre homem e máquina, que se estendia às diversas camadas sociais: desde o operário que via a máquina como algo perigoso e seu sustento, até o dono das fábricas que a tinham como fator de ampliação de riqueza. Porém, quando o motor a combustão foi desenvolvido, marcando a
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então segunda fase do processo da revolução, a relação antes consagrada, teria a possibilidade de ser ampliada. Esses motores geraram o primeiro automóvel, que culminou na primeira corrida, que incorporou a dimensão de lazer do homem com a máquina. Do rico piloto ao operário espectador nota-se a retomada da velha paixão. Fonte? O mundo contemporâneo hoje apresenta incríveis corridas, com suas máquinas de última geração, exibindo o que existe de mais arrojado em relação à tecnologia automobilística, sobretudo em seus grandes e imponentes autódromos, arenas voltadas para a prática de esportes de velocidade com automóveis. Assim, o presente trabalho tende a abordar um pouco dessa paixão da população pelo automobilismo, além de pesquisar sobre o tema forma a embasar a proposta de um Autódromo na Região Metropolitana do estado do Rio de Janeiro
justificativa
A escolha do tema embasa-se em um histórico afetivo com a prática do desporto automobilístico, desde a infância como hobby, até a adolescência, onde atingi a escala profissional em competições regionais, estaduais e nacionais em diferentes categorias de Kart. Naqueles anos, as notícias mostravam: “Na Sprinter Eglon Moura fez “ barba cabelo e bigode”. Pole geral, a 18ª na carreira (43.82 segundos), ele ainda fez a volta mais rápida do dia e conquistou a sua 32ª vitória e de quebra a Copa de Bronze. (...).” (KART MOTOR, 19 Abril 2005)
Através do convívio no meio das competições, foi possível observar um grande esforço por parte das organizações regionais e estaduais do Rio de Janeiro para manter os eventos e continuar desempenhando o grande papel que tem no automobilismo brasileiro. O Autódromo Nelson Piquet era um marco da potência automobilística que o estado do Rio de janeiro chegou a representar. Porém, sem sediar provas de um grande prêmio de Fórmula 1 desde 1989, em 2008 foi aprovado a sua demolição, e o estado que já era carente em incentivos ao esporte ficou ainda mais deficiente. Hoje funcionam apenas alguns kartódromos que sediam eventos regionais e estaduais tentando manter a tradição, como mostram as notícias dos jornais locais: “Sem pistas no Rio, o campeonato estadual de automobilismo deste ano foi transferido para um circuito privado: Mega Space em Santa Luzia, na Grande Belo Horizonte. Mas a competição está esvaziada. Em
novembro de 2012, 30 pilotos participaram da última prova realizada no Autódromo Nelson Piquet.” (OGLOBO, 2013)
Como alternativa a essa problemática foi divulgada a proposta do Autódromo de Deodoro, que seria uma “compensação” à desativação do antigo autódromo de Jacarepaguá. No entanto, desde que foi divulgado e até mesmo depois das obras iniciadas, o projeto apresentou diversos problemas de impactos ambientais, pois o: “(...) o estado e a prefeitura prometeram inaugurar o novo circuito em meados de 2014 para substituir o Autódromo Nelson Piquet, desativado no fim do ano passado para a construção do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca. (...) a licença ambiental foi suspensa por decisão judicial. (...), há mais de um ano, soldados fazem uma varredura minuciosa no terreno para remover granadas, morteiros e outros artefatos abandonados há décadas no terreno, que mede mais de 2 milhões de metros quadrados.”
(OGLOBO, 2013) Pela potencialidade e tradição carioca com o esporte, lamenta-se a deficiência em infraestrutura para praticá-lo tem gerado sérios entraves com a desativação e embargo dos equipamentos voltados ao mesmo. Conclui-se que seja viável a proposta de implantação de um complexo que supra essa carência e que de certo modo, e através da escolha do sítio, consiga beneficiar a população vizinha.
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objetivos
Por continuidade do texto acima, objetivo propor um complexo voltado para a atividade automobilista na Região Metropolitana no Rio de Janeiro; a fim de resgatar a importância cultural e reaquecimento das atividades automobilísticas que foram perdidas. Como objetivos específicos, tem-se: 1) Investigar a temática do o automobilismo, autódromo, sua evolução histórica no mundo e no Brasil. 2) Analisar referências de projetos internacionais e nacionais para detectar aspectos que au-
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xiliem delinear o programa e o desenvolvimento da proposta do autódromo; 3) Analisar área escolhida do complexo, considerando aspectos de legislação urbanística, mobilidade, infraestrutura e impactos na área direta ou indiretamente afetada pelo projeto; 4) Definir o partido conceito do complexo automobilístico, que viabilize eventos de âmbito nacional e internacional e traga melhorias e desenvolvimento para o entorno e a população residente. 5) Elaborar diretrizes que contemplem o partido arquitetônico e conceitual do Autódromo.
METODOLOGIA E ESTRATÉGIAS DE AÇÃO
Fase preliminar Determinaram-se parâmetros básicos de referência para o desenvolvimento do trabalho. Pesquisa, e histórico pessoal. Escolher tema. Contatar Orientador. Escolher terreno.
1ª FASE Coleta de Dados Utilização de metodologia de pesquisa para fins de elaboração de um diagnóstico que oriente e embase o programa de necessidades. A pesquisa deverá utilizar fotos, mapas, contatos diretos com autódromos, entrevistas e leitura de sites e publicações específicas. Pesquisar sobre o Automobilismo. Estudar entorno da área. Estudar necessidade de equipamentos de suporte. Desenvolver programa do complexo. Pesquisar Referências. Comparar Autódromos consagrados, a fim de gerar programa de necessidades. Visita Autódromo Internacional de Interlagos. Desenvolver programa do Autódromo.
2ª FASE Criação Em termos metodológicos será desenvolvida uma conceituação para o partido arquitetônico, urbano
e paisagístico a ser adotado no desenvolvimento do projeto. Através de estudos realizados a partir de estudos realizados previamente no trabalho relativo a referências estéticas, croquis, maquetes volumétricas físicas e digitais norteadores das diretrizes para implantação do complexo e o projeto do autódromo. Será utilizada ainda a metodologia de desenvolvimento para diretrizes de projeto aprendidas na graduação em Arquitetura e Urbanismo. Conceituação Desenvolver Plano de Massas do Complexo. Desenvolver Plano de Massas do Autódromo. Estudar os Fluxos. Estudar Diretrizes de Paisagismo. Estudar Volumes.
3ª FASE: Desenvolvimento das diretrizes projetuais. Esta última fase, o desenvolvimento, tem o objetivo ilustrativo da proposta conceitual de projeto apresentadas através de desenhos técnicos, humanizados e imagens caracterizadas como estudo de partido do Padock, arquibancada/centro comercial. Desenvolver Implantação do Complexo. Desenvolver Partido do Autódromo. Desenvolver Perspectivas.
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PESQUISA E REFERÊNCIAS
O AUTomobilismo
O surgimento do automobilismo chega, em alguns pontos, a se confundir como o advento do automóvel, cujo primeiro foi catalogado 1769 na França, desenvolvido por Nicolas Cugnot, usando um motor a vapor. Entretanto, foi só com o motor de combustão interna de quatro tempos à base de combustível fóssil (gasolina) em 1885, desenvolvido por Karl Benz, na Alemanha, que começou a se considerar viável um veículo autopropulsionado. Essas descobertas marcaram o que os historiadores classificam como sendo a segunda Revolução Industrial, quando vencem a restrição da tração a vapor (TATIANA GERASIMENKO, 2005). A partir do fascínio do homem pela a ideia de conseguir deslocar-se sem necessidade de tração animal e também poder atingir velocidades, além da capacidade humana, a paixão pelo automóvel surgiu, e posteriormente o uso dessas “máquinas” para competições foi uma consequência inevitável. No ano de 1894, foi organizada a primeira competição pela revista “Le Petit Journal” entre Paris e a cidade de Rouen, na França. A fim de testar o melhor desempenho entre piloto e veículo, essa primeira competição foi intitulada “Concours des Voitures sans Chevaux” ou Competição de Carros sem Cavalos. O evento teve uma repercussão muito positiva por parte do público, despertando o interesse das montadoras em usar essas corridas como forma de divulgação dos seus modelos. O automóvel torna-se então não somente um produto do trabalho dos operários das fábricas automotivas, mas também exercendo o papel complementar de fonte de lazer (TATIANA GERASIMENKO, 2005). Com o passar de algumas décadas, as corridas se tornaram cada vez mais disputadas, culminando o interesse das fábricas de começar a desenvolver modelos específicos para as corridas de velocida-
fatores que resultaram na paixão pelo esporte
de. Assim, os veículos monopostos (automóveis com apenas um passageiro, hoje chamados de fórmulas), já não precisavam mais apresentar características de carros de rua, por atingirem velocidades mais altas. As rodas não precisariam mais ser cobertas, os veículos teriam espaço para apenas um passageiro e desenvolveriam aspectos mais específicos, como asas aerodinâmicas e motores diferenciados. Em 1950, foi então desenvolvida a categoria atualmente mais importante do circuito mundial de automobilismo, a Fórmula 1. (PORTAL BRASIL, 2013). Assim, a partir dos grandes avanços tecnológicos desenvolvidos especialmente para as corridas os carros de passeio, usados na rua, também se desenvolveram. Os automóveis que antes eram usados como mostruário, uma vitrine, quando as corridas eram nas ruas, passaram a protótipos de teste de novas tecnologias nos circuitos fechados. Para melhor compreender como se deu o início do esporte no Brasil convém fazer uma pequena retrospectiva no contexto histórico. As revoluções tecnológicas não demoraram muito a chegar ao Brasil, que no fim do século XIX, estava em uma corrida para o desenvolvimento e para seguir as tendências. A capital do Rio de Janeiro estava sofrendo grandes mudanças e crescimentos em sua própria estrutura, encarnando as pretensões da modernidade. (VICTOR DE MELO, 2008). Enquanto o estado de São Paulo absorvia a capacidade econômica e as indústrias, que eram a grande novidade, o Brasil se fixa no objetivo de alcançar os padrões europeus, tanto no “onde” moravam quanto no “como”. Diante desse cenário, em 1891, Santos Dumont, apaixonado pelas maravilhas mecânicas, chega ao Porto de Santos, com o primeiro automóvel do país. Não demorou muito e a novidade atingiu à elite local e posteriormente a
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paulista. (VICTOR DE MELO, 2008). Onde antes as ruas que eram ocupadas por charretes e bondes dá-se início a uma nova forma de ganhar velocidade, conceito este chave, para alcançar o desenvolvimento tão esperado. No início do século XX, com as reformas de Pereira Passos o Rio de Janeiro começou a ganhar vias que propiciavam chegar mais rápido nos lugares (VICTOR DE MELO, 2008). Mas as corridas em si só começaram a despertar as curiosidades dos brasileiros com a vinda do Conde francês Lesdain, que se propôs a fazer o percurso Rio-São Pulo de automóvel, gastando cerca de 35 dias de viagem. A primeira corrida oficial ocorreu em São Paulo, em 1902, no Hipódromo
da Mooca. Em 1905 ocorreu a segunda corrida no Rio de Janeiro para comemorar a remodelação do Largo do Machado, organizada por Pereira Passos (VICTOR DE MELO, 2008). Depois disso, muitos outros percursos e pilotos foram surgindo, culminando na fundação do Automóvel Clube do Brasil em 1907, com Arão Reis como presidente, na cidade do Rio de Janeiro. A partir daí, depois das “sementes” do automobilismo plantadas e semeadas na cultura brasileira, o processo de popularização veio se concretizando de forma a hoje contar com um grande número de fãs e muitos pilotos mundialmente importantes. Algumas instituições voltadas para o automobilismo surgiram e se afirmaram no país, tais como:
FIA
CBA
FAERJ
Fundada em 1904, com sua base em Paris, a Federação Internacional do Automobilismo - FIA (Fédération Internationale de l’Automobile) tem como objetivo organizar e difundir o esporte. É uma organização que reúne associados de mais de 230 organizações automobilísticas nacionais em mais de 135 países. A Federação tem como função principal a segurança na prática do esporte. Por este motivo lista uma série de categorias, as quais desenvolvem regulamento próprio e critérios de homologação das pistas para cada uma. No caso da Formula 1, que é a categorias mais famosa do mundo, existe uma série de apêndices que auxiliam com diretrizes mínimas de seguranças necessárias em um autódromo para receber o evento.
A Confederação Brasileira de Automobilismo representa a associação máxima que regulamenta e organiza as modalidades oficiais de automobilismo em todo o Brasil. É uma instituição de caráter técnico e social, filiada a Federação Internacional do Automobilismo (FIA), e foi fundada em 7 de setembro de 1961, com sede atual no Rio de Janeiro.
A Federação de Automobilismo do Estado do Rio de Janeiro é um órgão regulamentador local que visa organizar, homologar e dirigir eventos desportivos automobilísticos no estado.
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O AUTÓDROMO A partir da grande popularização do automobilismo, gerando um aumento no número de pilotos e corridas. Isso resultou também num acréscimo do número de acidentes causados nas ruas, o que preocupou as autoridades. Não sendo interessante a proibição das mesmas, por motivos políticos e econômicos, optou-se pela realização destes eventos em lugares fechados que proporcionassem mais segurança aos espectadores e pilotos. Muitos desses lugares não eram específicos para o esporte, em grande parte eram hipódromos com circuitos ovais. Nos Estados Unidos, em 1903, foi construído na cidade de West Allis, Wisconsin, uma estrutura baseada nos hipódromos onde eram realizados os eventos europeus. O Autódromo de Milwaukee Mile foi construído com um circuito oval que funciona até os dias de hoje, sediando etapas de diversas categorias, dentre elas a NASCAR e a IndyCar Series. Alguns anos depois, em 1907, foi construído o autódromo de Brooklands, o primeiro circuito específico para corridas de automóveis na Inglaterra, na cidade de Weybridge, Surrey, muito importante para o desenvolvimento do automobilismo por ser pioneiro no desenvolvimento de técnicas de traçado e pavimentação. Após sua última corrida em 1939, a
A ALTERNATIVA DE SEGURANÇA
estrutura hoje sedia um museu que conta a história do mesmo (BROOKLAND MUSEUM, 2013). Os autódromos ovais sempre foram famosos por favorecer a velocidade, já que a frenagem é menor neste tipo de circuito, pois se tratando de um círculo que se realizam poucas curvas acentuadas, é desnecessário ouso muito intenso dos freios. Porém, este tipo de circuito acaba sendo um pouco “monótono” para alguns pilotos e até espectadores, que anseiam por maiores desafios. Além disso, esses circuitos oferecem maior desafio aos fabricantes dos veículos, do que aos pilotos em si. Diante desses motivos foi pensado o primeiro circuito “sinuoso” específico para realização de eventos desportivos automobilísticos. O Autódromo de Indianápolis, em Speedway no estado de Indiana - Estados Unidos, construído em 1909, oferecendo um traçado um pouco mais complexo permitindo assim, mais desafios aos pilotos. Baseados nas primeiras corridas, ainda hoje existem traçados de diversas categorias do esporte, que usam circuitos de rua para os eventos. Os circuitos de rua mais famosos da atualidade são o de Valência na Espanha, que sedia o Grande Prêmio da Europa de Fórmula 1 e o de Mônaco que tamFigura 3: Circuito de Milwaukee-Mile Fonte: http://racingnews360. com/milwaukee-mile, acessado em 13/01/2014.
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Figura 4: Layout do Circuito de Brooklands em 1939, quando fechou por causa da Segunda Guerra Mundial. bém faz parte do circuito mundial de F1. No Brasil, o Hipódromo da Mooca em São Paulo sediou o primeiro evento automobilístico em 1902, cujos hipódromos e circuitos de rua foram utilizados para as corridas até que: “Em 12 de julho de 1936, São Paulo recebia sua primeira prova internacional, o GP Cidade de São Paulo. Sem um autódromo, o circuito foi montado nas próprias ruas da capital. Entretanto, a piloto franesa Hellé-Nice sofreu um acidente que provocou seis mortes e ferimentos em mais de 30 pessoas. Por questões de segurança, decidiu-se então a criação de um local apropriado para corridas, dando continuidade ao projeto de Sanson.” Portal Autódromo de Interlagos.
O Autódromo de Interlagos foi inaugurado em 12 de maio de 1940, em São Paulo, sediando duas provas, uma de moto e outra de carros. Interlagos foi o único circuito fechado de nível internacional no Brasil até junho de 1977, quando o Autódromo de Jacarepaguá foi inaugurado. Erguido conforme as exigências da FIA na época, foi chamado por algum tempo de “Autódromo-Modelo”. (F1 MANIA, 2001)
Figura 5: Mil Milhas de 1967, Interlagos. Fonte: http://flaviogomes.warmup.com.br/ category/automobilismo-brasileiro/, acessado em 10/10/2013
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referências gerais Devido ao baixo nível de informação sobre a composição básica do traçado de um autódromo, foi pertinente a breve análise de uma série de circuitos que participaram do campeonato mundial de 2013 de Fórmula
AUSTRÁLIA Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
circuitos mundiais f1; FIA 2013
1. Com o objetivo de situar a produção mais recente no que se diz a estes equipamentos, com exemplos de inauguração entre 1950 e 2012, teremos desde o clássico das pistas até as inovações contemporâneas.
CIRCUITO DE ALBERT PARK 1996 Circuito fechado Cidade de Melbourne 5303 metros 58 16 Marinha interna, relação com o
MALÁSIA Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial CHINA Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
CIRCUITO DE SEPANG 1999 Circuito fechado Aprox. 42km de Kuala
5543 metros 56 15 Forma do traçado
Circuito de xangai 2004 Circuito fechado Aprox. 27km do centro de
5451 metros 56 16 Forma traçado e camarote sobre reta
Bahrein Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito de SAKHIR 2004 Circuito fechado Aprox. 22km de Manama
5412 metros 57 15 Versatilidade de traçado; Arq.
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espanha Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito da catalunha 1991 Circuito fechado Aprox. 32km de Barce4655 metros 66 16 Amplo espaço técnico em pista.
MÔNACO Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito de MONTECARLO 1950 Circuito de Rua No centro do principado 3340 metros 78 19 Túnel, circuito passa por baixo de hotel
canadá Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito de 1978 Circuito fechado Península adjacente a Montreal
4361 metros 70 14 Lago; Relação com o mar
grã- Bretanha Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial alemanha Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
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Circuito de nurburgring 1951 Circuito fechado Cidade de Nurburgring 5148 metros 60 15 Cercado por floresta.
Circuito de silverstone 1950 Circuito fechado Cidade de Silverstone 5881 metros 52 18 Um dos circuitos mais
bélgica Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
cingapura Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
hungria Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito da hungaroring 1986 Circuito fechado Aprox. 18km de Buda4381 metros 70 14
itália Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito de monza 1950 Circuito fechado Cidade de Monza 5793 53 11
coreia Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas
Circuito de yeongam 2010 Circuito de rua
Grande massa vegetal no
Circuito de
1950 Circuito fechado Cidade de Spa-Franco-
7004 metros 44 19 Cercado por floresta
Um dos circuitos mais
Circuito de marina bay 2008 Circuito de rua Cidade de Singapura 5065 metros 61 23 Cidade; Estética ur-
Diferencial
Aprox. 30 km do centro
5615 metros 55 18 Circuito de rua planejado durante construção da cidade, bem integrado a malha urbana.
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japão Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
índia Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito da suzuka 1987 Circuito fechado Aprox. 6km do centro 5807 metros 53 18 Sobreposição traçado através do
Circuito de buddh
2011 Circuito fechado Cidade de Mustafabad 5125 metros 60 16 Arq. e Pais. cultural
abu dhabi Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas Diferencial
Circuito de yas marina 2009 Circuito fechado 6 km da cidade de Khalifa 5554 55 21
brasil Estréia no campeonato Tipo Situado Extensão Voltas Número de curvas
Circuito de Interlagos 1973 Circuito fechado Município de Interlagos 4309 metros 71 11 Forma de traçado apreciada por pilotos
Marina interna
Circuito das américas 2012 Circuito fechado Aprox. 20 km de 5513 metros 56 20 Traçado diferenciado
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Diferencial
Comparativamente podemos concluir que existem muitas possibilidades, podendo-se notar circuitos onde possuem o diferencial de composição com terreno alagado, sobreposição de pista e inserção do autódromo em meio a grande massa vegetal. E ainda encontramos uma grande variação no número de curvas e extensão das pistas, porém, quanto mais recente a data de estreia, foi constatada uma redução dessa dimensão. Encontramos então uma variação entre 11 e 23 curvas, com variação de extensão entre 7004 e 3340 m (sendo as mais recentes em sua maioria na casa dos 5000 m). Sendo esses os parâmetros iniciais levados em conta posteriormente
referências específicas Os motivos os quais este autódromo foi escolhido, entre tantos do circuito mundial para, a fim de ser analisado e então, em seguida, referenciar o projeto a ser proposto, se encaixam em duas categorias distintas: funcional e estética. Quanto ao potencial funcional deste empreendimento é muito pertinente citar o traçado. Projetado pelo arquiteto alemão Hermann Tilke, a pista conta
Figura 25: Vista superior do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.bahraingp.com/AboutBIC/ OurTracks/Pages/default.aspx, acessado em 08/10/2013.
na composição da proposta. A seguir serão analisados mais profundamente alguns circuitos a fim de exemplificar pontos fortes na composição de um equipamento como este, como seu traçado, programa e tipologia das edificações. Assim, foram selecionados o Circuito de Sakhir no Bahrein e o de Interlagos no Brasil, que fazem parte do circuito mundial de Fórmula 1 e por apresentarem características similares ao pretendido no projeto a ser aqui proposto. Além desses, referências externas como o Circuito de Motorpark no Chile e de Nelson Piquet, no Brasil enriquecerão as possibilidades de conceituação do projeto a ser desenvolvido. CIRCUITO INTERNACIONAL DE SAKHIR REINO DO BAHREIN
com uma flexibilidade considerável, comportando até seis opções de circuitos alternativos, gerando circuitos diferentes em forma e extensão baseado nas categorias as quais essas opções objetivam atingir. A “Grand Prix Track” ou traçado de Grande Prêmios é o oficial homologado pela FIA para sediar um evento do mundial de Fórmula 1. É um
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circuito de 5.411km de extensão, com inclinação máxima de 3,6% de aclive e 5,6% de declive. Além disso, inclui 15 curvas e o tempo de previsão de volta para um F1 é 1min 30.252secs, a uma velocidade média de 213 Km/h. (GP BAHREIN, 2013) A Pista de Endurance é um pouco mais longa, com uma extensão total de 6.299 km e inclinações um mais acentuadas e 8 curvas a mais, totalizando 23 nesta opção (GP BAHREIN, 2013). O Circuito interno foi inicialmente projetado para instrução e escola de pilotagem e eventos corporativos ou de lazer. Hoje sedia eventos da Copa Porche GT3 e outras categorias oficiais. É um pouco mais curta e mais simples que tal pista, ela conta com 2.55 km de extensão e 8 curvas. (GP
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BAHREIN, 2013) O Traçado externo é ideal para eventos corporativos, experiências de produtos e eventos públicos. Conta com uma extensão de 3.664 m e 10 curvas foi criada para acomodar todos os tipos de categorias de corrida (GP BAHREIN, 2013). Já o Circuito do Paddock tem um desenho voltado para as categorias que necessitam de menos curvas e mais retas e apresenta uma extensão de 3.705 km e 6 curvas. (GP BAHREIN, 2013) Por fim, a “Drag-Strip” ou reta de arrancada é uma opção linear feita para comportar as competições de velocidade. Tem uma seção feita de concreto de aproximadamente 300 metros para auxiliar na frenagem dos carros como previsto em norma pela FIA e uma seção de asfalto com quase
Figura 26: Circuito de Grande Prêmio do Autódromo do Bahrein. Figura 27: Circuito de Endurance do Autódromo do Bahrein. Figura 28: Circuito Interno do Autódromo do Bahrein. Figura 29: Circuito Externo do Autódromo do Bahrein.
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a extensão total da reta de GP (GP BAHREIN, 2013). A potencialidade estética deste autódromo está não somente na pista, mas também na tipologia arquitetônica usada nas edificações de apoio, que apresentam linguagem tipicamente árabe, mas sem passar noção de algo antigo ou
Figura: 30 e 31: Figura 30: Circuito do Paddock do Autódromo do Bahrein. e Drag-Strip, ou Reta de arrancada, do Autódromo do Bahrein.
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ultrapassado. A variação nos volumes, texturas e materiais fazendo uma releitura do que seria uma arquitetura clássica e tradicional trouxe uma riqueza na composição. O luxo presente na arquitetura asiática fica bem claro, porém de uma forma mais sutil dentro dos padrões contemporâneos.
Figura: 32,33,34 e 35 imagens das edificações de apoio do Autódromo do Bahrein. Fonte: http://www.tilke. de/en/3_0/3_1/1_0.php?category=1&projid=1200-01,
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HerMANn TILKE Nascido em 1954 na Alemanha, Herman Tilke foi um piloto conhecido na década de 80 que competia nas categorias de Turismo do Circuito de Nurburgring. Em 1984 fundou a empresa Tilke Engineering, onde atua como arquiteto, conciliando paixão e trabalho, realizando projetos arquitetônicos de reformas de alguns elementos de circuitos famosos. Hoje é o mais famoso projetista de Autódromos do mundo tendo no portfólio mais de 15 projetos de espalhados pelo mundo, cujos mais conhecidos são:
dos
• • • • • • • •
1998 2004 2004 2005 2006 2008 2008 2009
Sepang International Circuit, Malásia. Bahrain International Circuit, Bahrain. Shanghai International Circuit, China. Istanbul Racing Circuit, Turquia. Beijing International Street Circuit, China. Valencia Street Circuit, Espanha Jakarta Street Circuit, Indonésia Yas Island Circuit, Abu Dhabi-Emirados Árabes Uni-
• 2009 Cape Town Grand Prix, África do Sul • 2010 Korean International Circuit, Coreia do Sul • 2011 Buddh International Circuit, Índia • 2011 Katódromo Internacional Beto Carrero World, Parque Beto Carrero World (Penha - SC - Brazil ) • 2012 Circuito das Américas, EUA (Evento Planejado para a F1) • 2013 Autódromo Internacional Beto Carrero World ( World Race ). Parque Beto Carrero World (Penha - SC -
referências específicas Utilizar-se do projeto deste autódromo como instrumento de análise e base de referência para a proposta convém pelo fato do projeto não contemplar somente uma pista de corridas e suas edificações de apoio. O Circuito Motorpark consiste em um complexo automobilístico situado a cerca de 30 km da capital Chilena, Santiago, cujo projeto, ainda em processo de elaboração, também conta com a participação do arquiteto alemão Herman Tilke. O complexo de Motorpark contempla três escalas de usos, o Parque com área de camping, quadras esportivas, áreas de recreação e uma arena de rodeios (esporte nacional chileno); a zona de comércios e serviços com lojas, restaurantes, áreas
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circuito chileno de motorpark, santiago, chile
de exposição e eventos e arena multiuso; e por fim a zona desportiva automobilística, que comporta um circuito oficial de F1, uma pista de motocross e um kartódromo. Isso tudo abastecido de zonas de estacionamento e vias internas de circulação. Esse equipamento, a partir da variedade de uso prevista em sua proposta, vai caracterizar uma área de uso constante fugindo da problemática de restrição ao uso exclusivo de um Grand Premium. Além disso, pode alcançar diferentes faixas etárias e sociais, garantindo a popularização e aceitação de apropriação por parte dos usuários. Esta proposta muito se assemelha ao tipo de complexo planejado para a proposta apresentada a seguir.
Figura: 36,37 e 38: Imagens da implantação setorizada do Complexo motropack de automobilismo. Figura 39: Implantação do Complexo mortorparck de Automobilismo. Fonte: http://www. bolido.com/2013/04/ circuito-chileno-de-mo-
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Referências específicas
Ainda no antigo estado da Guanabara, nome dado a cidade do Rio de Janeiro por certo período após a transferência da capital do país para Brasília, existia um clube chamado Nova Caledônia. O clube contava com um pequeno Autódromo, e era situado já no terreno aonde posteriormente viria a ser implantado o Autódromo do Rio de Janeiro. Em 1972, o então governador do estado da Guanabara, Antônio de Pádua Chagas Freitas, convida o arquiteto David Cardeman para projetar um autódromo de nível internacional. Para isso, foi montado um grupo de trabalho com os presidentes da CBA e da FAERJ e dois engenheiros do Governo do Estado, com a finalidade de realizar um estudo preliminar do circuito e oficializar a desapropriação da área de implantação. Essa equipe, assessorada pelos pilotos Bob Sharp da Stock Car e Emerson Fittipaldi da Fórmula 1, desenvolveram o projeto e gerenciaram as obras. Em Junho de 1977, o então Autódromo da Cidade do Rio de Janeiro foi erguido conforme as exigências da FIA na época, sendo chamado por algum tempo de “Autódromo-Modelo”, com um cir-
autódromo de jacarépagua.
cuito de 5.030Km de extensão. A inauguração foi marcada pela primeira corrida do circuito, que foi da categoria Wokswagem 1600/1300 e no dia 29 de Janeiro de 1978 foi realizado o primeiro Grande Prêmio do Brasil no Rio de Janeiro (ENTREVISTA COM DAVID CARDEMAN) Em 8 de janeiro de 2008 foi divulgada a demolição do Autódromo Nelson Piquet como o pontapé inicial para a proposta de implantação de parte da estrutura necessária para a candidatura da cidade do Rio de Janeiro para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. O autódromo foi desativado em 2007, mas só iniciou o processo de demolição em agosto de 2012. (FOLHA DE SÃO PAULO, 2012) A concessionária Rio Mais, formada através da parceria entre as construtoras Odebrecht Infraestrutura, Andrade Gutierrez e Carvalho Hosken, foi criada para gerenciar a construção de instalações efetivadas através de parceria público-privada. Isso inclui o Parque olímpico, que vai dar lugar ao antigo Autódromo. (RIO MAIS, 2012).
Figura 42: Desenho do circuito do autódromo de Jacarepaguá. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Jacarepagu%C3%A1.svg, acessado em 12/01/2014.
Figura 40: Imagem do antigo autódromo Nova Caledonia. Figura 41: Vista aérea do Autódromo Nelson Piquet, Jacarepaguá. Fonte: http:// barradacultura. wordpress.com/ adeus-ao-autodromo-de-jacarepagua-nelson-pi-
“
Com uma área de 1,18 milhão de metros quadrados, (...).As instalações receberão as competições de 15 modalidades olímpicas e dez paralímpicas. O projeto prevê a instalação de equipamentos esportivos e novos empreendimentos que formarão um novo bairro residencial, referência em planejamento, acessibilidade e sustentabilidade para a cidade. O contrato inclui ainda a construção de três pa-
vilhões esportivos, do Centro Principal de Mídia (MPC), do Centro Internacional de Transmissão (IBC), de um hotel e da infraestrutura da Vila dos Atletas. Já no acordo de cooperação técnica com o Governo Federal, estão incluídas as construções do Centro Aquático, do Centro de Tênis, do Velódromo e da Arena de Handebol.” -Portal do Rio Mais
http://riomais.net/o-parque-olimpico/o-projeto/ Acessado em 13/01/2014 as 22:45
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referências específicas
autódromo josé carlos pace, interlagos
“O nome Interlagos foi sugestão do francês Donat-Alfred Agache, já que o lugar se situava entre as represas Guarapiranga e Billings, lembrando-o a região suíça de Interlaken, que significa entre lagos.” (PORTAL INTERLAGOS, http:// www.autodromodeinterlagos.com. br/wp1/, acessado em 05/01/2014).
Introdução/ Localização
Figura 47: Localização autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa do autor.
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do
A análise desta referência se dará de forma diferenciada em relação as anteriores. Devido a possibilidade de visita às instalações do autódromo, a pesquisa sobre o funcionamento das instalações permanentes e provisórias específicas para um Grande Prêmio foram mais sólidas e enriquecedoras para o projeto desenvolvido. Por conseguinte, foi utilizado Interlagos como um estudo de caso, auxiliando no desenvolvimento do programa de necessidades a partir das conclusões geradas pela observação dos problemas, potencialidades e entrevistas. Para estruturar a análise é necessário retornar ao processo de construção e desconstrução de Interlagos. Inicialmente implantado para ser um clube de iniciativa privada, porém por se tratar de um investimento muito alto em uma área muito extensa a obra acabou sendo assumida pelo Estado e até hoje o autódromo pertence à Prefeitura de São Paulo.
O Autódromo está situado na Zona Sul de São Paulo, distrito de Socorro, em uma região entre as represas de Guarapiranga e Bilings; por essa razão é chamada de Interlagos. Acessando o município de São Paulo de ônibus de outros estados, é comum usar o Terminal Rodoviário Portuguesa-Tietê localizado no distrito de Santana na Zona Norte. Neste, existe uma conexão com a rede metroviária com estação de mesmo nome que faz parte da linha um (Azul) e seguindo no sentido Jabaquara é necessário realizar transferência para a linha quatro (Amarela) na Estação Luz seguindo o sentido Butantã até a estação de Pinheiros. A partir deste ponto, é necessário trocar para a linha nove (Esmeralda) que deixa o subsolo e segue em um trem de superfície (CPTM) seguindo para o sentido Grajaú até a estação Autódromo (ver figura 48).
Figura 48: Esquema de acesso via transporte público ao Autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
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2014: Após 15 anos, será feita nova grande obra criando novos boxes na reta oposta, alterando o circuito
1989: No fim do ano, o Autódromo passou por mais reformas para receber novamente a Fórmula 1. O trajeto sofreu a diminuição para 4.325 metros de extensão, aderindo a tendência de circuitos com até 4.500 metros
1973: A F-1 realizou sua primeira prova oficial em Interlagos em 11 de fevereiro
1971: Interlagos passa por mais uma reforma, com o intuito de receber a Fórmula 1 no ano seguinte e de se adaptar aos novos critérios da Federação Internacional de Automobilismo. A reforma criou melhor sinalização, estrutura para transmissões de rádio e televisão, além de um esquema de emergência para atendimento muito mais rápido no caso de acidentes na pista
1940: 12 de maio – inauguração oficial de Interlagos
1937: A empresa do engenheiro britânico Louis Romero Sanson adquire um terreno de um milhão de metros quadrados. Estudando pistas estrangeiras, o engenheiro permitiu um desenho adequado a topografia do terreno, com subidas e descidas. O resultado foi um percurso de 7.960 metros de extensão, com possibilidade de uso somente do anel externo, de pouco mais de 3.200 metros
1936: A primeira prova internacional, o GP Cidade de São Paulo
Década de 1920: Primeiros estudos de apropriação de Interlagos, planejada para comportar um bairro satélite
Acessos ao Autódromo: Dos acessos do autódromo de Interlagos pudemos observa-se uma divisão dos públicos de acesso em diferentes portões controlados entrono de todo o equipamento. Esses públicos, tendo como base o evento do Mundial de Fórmula 1 se classificam em quatro; o técnico, o de serviço, o espectador e o espectador VIP. O público técnico é composto de todos os envolvidos com as equipes, pilotos e promoção internacional do evento, em sua grande maioria vindo de outros países. Engloba este público desde o pessoal de montagem de boxes, agentes da FIA de telemetria, coordenadores do evento até os pilotos. No público de serviço, os integrantes são funcionários de apoio do evento, contando com as
equipes de limpeza, manutenção, buffets, segurança, administração do autódromo, etc. O staff de serviço não necessita ter acesso a todas as áreas, portanto devem se locar especificamente em suas áreas de atuação. O público espectador se divide em duas categorias que coexistem no mesmo espaço de circulação, porém estão locados em setores diferentes. São os espectadores de venda de ingressos e os corporativos, os quais não necessitam ter acesso direto as dependências, podendo se dirigir através da via perimetral a seus setores. O público espectador VIP é o mais rentável do evento, pois são personalidades importantes, famosos, políticos ou empresas que alugam lugares privilegiados para assistir ao Grande Prêmio.
Figura 49: Esquema de acessos e circulação do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
O acesso técnico deveria ser independente dos outros com objetivo de chegar ao centro do equipamento, onde se localiza o estacionamento e mais adiante a área de paddock (que inclui o pit-lane, os boxes e entorno direto). Em Interlagos o Portão 7 se encarrega de receber esse público, junto com a imprensa e o público VIP.
O acesso de serviço é aquele que liga o exterior do complexo ao anel perimetral (figura 49) de circulação do autódromo pelos portões 7, 8 e Z na maioria das vezes. Estacionamentos de apoio são necessários nas proximidades desses acessos. O acesso carga coexiste com um dos acessos de serviço (portão Z), requerendo estacionamento de
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veículos pesados de mais de 2 eixos, tendo ligação direta com a área de paddock. Por falta de espaço e vias internas diretas com altura necessária para passar um veículo de carga parte da pista de corrida é utilizada para este acesso (ver figura 49). O público espectador é o que menos tem acesso e circulação pelo equipamento, acessando pelos
portões A, B, M/D, F/R/K, N/H/E, G e T/L. As arquibancadas pagas e as corporativas tangenciam o circuito em alguns trechos, e criam polos de venda de lanches rápidos, suvenires, banheiros e postos médicos provisórios, criando-se, no seu entorno, uma infraestrutura que faz com que o público não necessite acessar mais dependências.
Estrutura Fixa e áreas necessárias para eventos do Mundial de Fórmula 1 (Estrutura temporária).
Figura 50: Esquema de tipos de instalações das dependências do autódromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
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Com relação às dependências do autódromo podemos dividir em dois grandes grupos a infraestrutura necessária em diferentes eventos: as permanentes e as provisórias construídas especificamente para grandes corridas, como a Fórmula 1 (ver Figura 50). Em Interlagos, existe hoje um núcleo de edificações permanentes que prestam serviços para variados eventos, tais como o paddock, a arquibancada dos boxes, o prédio de administração e as dependências do kartódromo.
A Torre, situada no paddock e acima dos boxes, é um elemento permanente que é utilizado principalmente para usos de monitoramento de segurança e controle e telemetria (cronometragem oficial de prova, não se restringindo unicamente a Fórmula 1). A área do meio do autódromo é em um nível mais baixo facilitando a instalação dos elementos de apoio de forma mais discreta. Ao centro desta área junto ao paddock está situada a base de administração que aproveita o desnível do terreno para a instalação de um edifício de caráter permanente que serve também de contenção. Junto a administração, no nível mais baixo está o estacionamento interno, galpão de manutenção e área de armazenagem de contêiner de carga vazios (esperando para serem utilizados após o grande premio), ambos estruturas temporárias montadas para os eventos. Ainda no centro do Autódromo, na área mais próxima ao lago localiza-se o Hospital (edifício permanente), administrado pela rede Dor São Luiz durante os eventos, e que conta com dois helipontos para emergência. Junto ao Hospital, na face voltada para o paddock está situada toda a estrutura temporária de administração e transmissão do evento de fórmula 1 por parte da FIA, a FOM. Junto a base de transmissão internacional ficam as instalações de transmissão local, que no caso do Grande Prêmio do Brasil é concessão da Rede Globo de televisão. Nesta área, um pouco mais afastado por segurança (quase chegando a borda da pista), está localizado o setor de armazenagem e distribuição de combustíveis. Por normas da FIA deve situar-se em um ponto de pouco acesso e cercado de muros de contenção. O armazenamento é feito em containers refrigerados, pelo fato do combustível de corrida ter uma explosão em temperatura menor que as comuns.
Na área onde está o kartódromo, que tem uma estrutura permanente que conta com pista, boxes e uma edificação de apoio exerce a função de controle de frota de circulação interna do autódromo. Esta frota é composta pelos veículos que circulam nas dependências do equipamento garantindo o transporte dos funcionários de apoio de evento. Esses veículos são sempre revistados antes de saírem do posto, garantindo a segurança do evento. No anel externo que circunda Interlagos, a via marginal de circulação, durante eventos comporta grande parte das arquibancadas tubulares de aço montadas para um Grande Prêmio. Junto a essas estruturas são montadas “vilas” de apoio, onde são implantadas lojas como: lanchonetes, suvenires e estandes de patrocinadores do evento. Além de banheiros e postos médicos pontuais para emergências. Próximo ao portão G, junto ao kartódromo, está situado durante os eventos os containers que formam a base de pessoal da limpeza e a sede do controle de operações externas, que vai gerenciar os comércios e lanchonetes das arquibancadas do anel externo. Quanto ao fornecimento de infraestrutura para um evento no porte de um GP consiste no abastecimento por parte das concessionárias de energia e água nas dependências fixas. E nas provisórias são instalados reservatórios de água e banheiros químicos, abastecidos por caminhões tanque. Ainda nas áreas provisórias o abastecimento de energia se dá por meio de uma série de geradores de energia (movidos a combustível fóssil) instalados de forma a não oferecer risco ao público e ou funcionários. A seguir apresentamos um mapa com um resumo e localização no todo dos elementos citados no texto que compõem o evento:
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Figura 51: Esquema dos tipos de instalações provisórias necessárias durante um grande prêmio do Brasil de Fórmula 1. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
Figura 52: Torre localizada acima dos boxes. Fonte: Pesquisa de campo do autor. Figura 56: Estacionamento e tendas de usos provisórios no centro do Autódromo.
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Figura 57: Área de acesso de carga e serviço, Portão Z, junto ao lago. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
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Figura 53: Pitwall do autรณdromo de Interlagos. Fonte: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/dicionario/, acessado em 27/11/2013. Figura 54: ร rea de apoio aos boxes do autรณdromo de Interlagos. Fonte: http://www.autodromodeinterlagos.com.br/wp1/dicionario/, acessado em 27/11/2013. Figura 55: Acesso a pista pela via interna de seguranรงa do autรณdromo de Interlagos. Fonte: Pesquisa de campo do autor.
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Requalificação do Autódromo de Interlagos: Não é recente a pressão por parte dos organizadores do evento do Mundial de Formula 1 para melhorias na infraestrutura do Autódromo de Interlagos. Porém a véspera do final do contrato, com o GP de 2014 como último, essa pressão se tornou mais intensa. Por está razão em maio de 2012 foi apresentada uma proposta de ampliação e requalificação
Figura 58: Planta baixa do novo Interlagos. Em amarelo, os trechos de pista que sofrerão alterações: Reta oposta, Curva do Lago e entrada/saída dos boxes. (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013
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do mesmo por parte da Prefeitura de São Paulo em parceria com a SPTuris, que gerencia o Autódromo (ver figura 58). As exigências feitas pela FIA contemplam principalmente a modernização e ampliação do Paddock e melhorias no circuito. As obras foram iniciadas em outubro de 2013, tendo uma pausa para o GP Petrobras do Brasil de 2013 em novembro.
Nem todas as propostas apresentadas nesta ocasião serão executadas de imediato, apenas a parte que se refere às exigências da F1, ou seja, a adequação do paddock. De acordo com o projeto, os novos boxes, a torre de controle e o centro de imprensa serão localizados no setor inferior e ao longo da Reta Oposta, onde atualmente parte do terreno é coberto por extensa vegetação e parte é destinada a estacionamentos. O novo paddock contará com 40 boxes ao todo com garagens que terão um mezanino com acesso
ao centro de controle da prova. A área será climatizada e com revestimento acústico. Sobre alguns dos boxes, serão erguidos mais dois pavimentos destinados ao controle de prova, pódio e áreas de apoio técnico. Ainda, sobre as garagens, um novo pavimento será construído para atender às necessidades das equipes e também de áreas para convidados. Logo atrás dos boxes, um segundo edifício será erguido com as mesmas características para atender aos times, além da instalação de camarotes.
Figura 61: Corte da nova área de boxes e edifício de apoio (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013.
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Figura 60: Perspectiva do final dos boxes, com destaque para o novo pódio (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013.
Figura 59: A perspectiva mostra a nova reta oposta, que agora vira reta dos boxes. A Curva do Lago também será modificada, agora num ângulo mais fechado (Projeto: SP Obras). Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013
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Figura 62: Evolução das dependências do Paddock de Interlagos. Fonte: http://revista.warmup.com.br/edicoes/40/a-reforma-do-seculo.shtml acessado em 17/10/2013.
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estudos de partido
“Oh! O automóvel é o ciador da época vertiginosa em que tudo se faz depressa.
Porque tudo se faz depressa, com o relógio na mão e ganhando vertiginosamente tempo ao tempo. Que ideia faremos do século passado?
[...] O automóvel fez ter uma apudorada pena do passado.” (RIO, 1911, apud GOMES, 2005, p. 60)
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Este capítulo contemplará diretrizes e conceitos para um partido arquitetônico, que desencadeará na escolha de uma área que venha a suprir as necessidades de um empreendimento desse porte, até e o desenvolvimento do mesmo.
DIRETRIZES NORTEADORAS
A partir das análises históricas da formação do esporte fica claro que o automobilismo move uma quantia considerável de recursos em seu universo. As competições claramente saíram das pistas de corrida e se dirigiram as fábricas e montadoras que cada vez investem mais para provar sua superioridade tecnológica. Por consequência as arenas que sediam o esporte acompanharam esse processo ganhando forma, tamanho, infraestrutura e qualidade estética em seus circuitos e edificações. Movendo um montante mais significativo de capital. O questionamento a ser levantado é se é possível de alguma forma usar estes recursos e desenvolvimento para favorecer uma área mais carente. Este então passa a ser a diretriz básica que vai nortear a proposta, a integração do equipamento com a cidade.
Integração Urbana, através de atrativos turísticos, evidenciando a área. Contemplando a mobilidade em uma escala mais ampla, resulta em uma inserção de uma determinada porção da cidade antes destacada. Integração da área construída com a Paisagem de entorno. É de suma importância em um projeto de este porte haver uma transição entre o urbano e o natural. O paisagismo deve ser tratado de modo a emoldurar a paisagem, criando um espaço harmonioso, agradável. Usar das sensações e emoções a fim de criar uma identidade. Integração social, de modo que se possam oferecer opções de lazer, trabalho e educação. Mais do que um autódromo o que se propõe é um polo da cultura automobilística com capacidade de atração por todo o ano e com grande potencialidade de desenvolvimento local.
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A ESCOLHA DA ÁREA
Mediante a esses pontos de partida conceituais, concluiu-se a melhor alternativa um complexo com vários equipamentos, ao invés de apenas as pistas do autódromo e seus anexos necessários, de forma a contemplar as necessidades da população do entorno e resolver possíveis impactos existentes ou ainda que fossem causadas pelo mesmo. Durante a primeira fase de pesquisa foram cogitadas algumas áreas para a o projeto. Inicialmente pensou-se que uma desapropriação do campo do Jockey Clube da Lagoa, no bairro da Gávea, no município do Rio de Janeiro, pudesse trazer para proposta uma dimensão positiva, por se tratar de uma área relevante quanto no âmbito turístico, com uma paisagem natural privilegiada no seu entorno, além da memória histórica das corridas de rua em suas imediações. Porém, algumas questões ficariam em aberto quanto à viabilidade da proposta no bairro da Gávea. Além da dimensão do terreno, que é inferior a necessária em programa, a área apresenta saturação em termos de estrutura viária, não sendo suficiente para suprir a demanda de público e carga, no tocante ao transporte e tráfego. Outra dimensão
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desfavorável ao partido da proposta é a elitização exacerbada que a região já impõe, onde traria a tona mais fatores que favoreceriam o distanciamento da população ao equipamento. Assim, uma segunda alternativa foi à localização do antigo Autódromo de Jacarepaguá no bairro de Jacarepaguá, também na cidade do Rio de Janeiro. Por se tratar de uma área que já foi importante para o automobilismo nacional, ainda há resquícios de pequenas oficinas ou clubes de automóveis que se mantem no entorno por tradição. A Zona Oeste tem sido alvo de incentivos no tocante à aplicação de recursos financeiros pelo Governo Federal para inserção de equipamentos voltados para e esporte e lazer a Copa do Mundo de Futebol que acontecerá em 2014 e as Olimpíadas de 2016. Cogitaram-se outras áreas entre o Recreio dos Bandeirantes e Pedra de Guaratiba, ainda na Zona Oeste do Município. Contudo, embora a dimensão dos terrenos nesta região não apresentassem restrições à questão da mobilidade mais uma vez entrou em pauta. Não só a distância física como a dificuldade de trânsito e a distância com a proposta de diretriz norteadora foram fatores que tornaram essa opção menos favorável.
O TERRENO
Com o avanço das pesquisas algumas outras localidades foram cogitadas, porém uma em especial pareceu atender a maioria das necessidades que se precisaria contemplar para melhor solucionar o projeto dentro do partido adotado anteriormente. Trata-se de um campo de treinamento do exército desativado recentemente. Localizado em uma área que abrange uma parte mais ao norte de Bangu, na cidade do Rio de Janeiro, e grande parte da área do Gericinó, que fica ao sul do município de Nilópolis. Esta foi à área eleita para comportar a proposta, e será descrito de forma analítica a seguir.
Figura 63: Localização do terreno escolhido para a proposta de partido. Fonte: Pesquisa do autor, 2013.
Os pontos que foram direcionadores na escolha desta área foram à potencialidade de desenvolvimento econômico/social que o projeto pode levar. E a coerência com o conceito de Integração, trazendo um novo olhar sobre as relações político-sociais da capital com a Baixada Fluminense. Um autódromo é estereotipado como ponto de interesse de uma minoria da população com grande poder aquisitivo. Por esse motivo foi conveniente prever para a área não só a pista de corrida e suas dependências, mas todo um complexo que ajudasse no desenvolvimento do entorno imediato. Usando como um eixo de ligação para a Baixada e criando atrativos turísticos, associados oportunidades de empregos e educação, como centros técnicos de formação de mecânica, de forma a contribuir no cenário socioeconômico. A área de estudo situa-se em uma região de divisa Rio-Nilópolis e tem aproximadamente 30 km² de extensão. O terreno conta com uma privilegiada malha de vias de acesso como a Av. Brasil, que tem seu início no final da ponte rio Niterói e aproximadamente 58 km de extensão, cruzando 26 bairros, e levando até a Rodovia Rio-Santos; e a Rodovia Presidente Dutra (Via Dutra) que liga a cidade do Rio de Janeiro a São Paulo. Além de ser contemplada com os novos eixos de ligação do município do Rio de Janeiro, como a TransCarioca (que tem o objetivo de liga a Barra da Tijuca a Ilha do Governador, com um corredor de extensão aproximada de 39km), a TransOlímpica (pretende ligar dois polos importantes durante os jogos olímpicos de 2016, a Barra da Tijuca e Deodoro, extensão aproximada de 23km), a TransOeste (corredor de alta capacidade com 56km de extensão ligando as estações da supervia em Campo grande ao Jardim Oceânico na Barra da Tijuca) e o Arco Metropolitano (via que circundará a região metropolitana evitando tráfego intenso dentro da cidade do Rio de Janeiro, ligando as cidades de Itaguaí e Itaboraí). Tornando mais acessível de dife-
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rentes pontos de partida (http://www.cidadeolimpica. com.br/projetos, acessado em 20/11/2013). A linha dois do Metrô do Rio de Janeiro com a estação final na Pavuna, localizada no fim da Avenida Pastor Martin Luther King Jr., oferece linhas de ônibus que fazem integração com Nilópolis, Caxias, Mesquita e Nova Iguaçu (Ver figura 65) (http://www. metrolinha4.com.br/, acessado em 23/10/2103). É também estação de integração com os trens da SuperVia (Ver Figura 66). Através dos ramais de integração com a SuperVia ela permite o acesso aos bairros de Deodoro, Bangu, Campo Grande, Santa Cruz, Nova Iguaçu, Japeri, Queimados, Saracuruna e Belford Roxo. Além do projeto da linha 4 do metro que vai integrar Ipanema e a Gávea ao Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca (http://www.supervia. com.br/ , acessado em 23/10/2103). Sua topografia é em grande parte uma planície regular com baixo índice de variações de cota de nível. O terreno ainda comporta dois rios de grande importância para o abastecimento da baixada, o Rio Sarapuí mais ao norte e o rio Pavuna a sul. O rio Pavuna ainda conta com uma adutora que está dentro dos nossos limites, a adutora Guandú. Toda a área está inserida na área de preservação do Gericinó, que teve sua criação autorizada pela a Lei Estadual 1.331, de 12 de julho de 1988, e foi efetivamente implantado pelo Decreto nº 38.183, de 05 de setembro de 2005. Sua área abrange território ocupado pelas serras de Madureira, Marapicu, Gericinó e Mendanha, formando um conjunto, e tem como objetivo “assegurar a proteção do ambiente natural, das paisagens de grande beleza cênica e dos sistemas geo-hidrológicos da região, que abrigam, em área densamente florestada, espécies biológicas raras e ameaçadas de extinção, bem como chaminés vulcânicas e nascentes de inúmeros cursos d’água contribuintes do Rio Guandu que abastece de água os municípios do Rio de Janeiro e da região do Grande Rio”.
Figura 64: Mapa de estrutura viária de suporte da área de estudo. Fonte: Pesquisa do autor, 2013. Figura 65: Projeção de estações da linha 4 do
metrô do Rio de Janeiro. Fonte: Adaptação feita pelo autor do mapa base da fonte http://noticias.uol.com.br/cotidiano/2008/11/13/ult5772u1526.jhtm,
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Figura 67: Vista da área alagada do campo do Gericinó voltada para a Serra do Mendanha. Fonte: Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nilópolis.
Ainda em 2005, a APA do Gericinó-Mendanha foi subdividida em seis zonas ambientais e teve seu Plano Diretor decretado pelo então vice-governador e secretário de Meio Ambiente Urbano, Luiz Paulo Conde. O lançamento dos planos diretores dessa APA era reivindicado desde 1988, além do Corredor Ecológico Sambé/Santa Fé que têm por finalidade ampliar o conhecimento sobre as características socioambientais da APA e do Corredor, e também por proporcionar condições para preservar os seus recursos naturais. O maciço do Gericinó inclui o Morro do Marapicu e as Serras do Mendanha, do Gericinó e de Madureira – influi nos microclimas do seu entorno, seja pelo relevo, que atua como barreira à passagem de ventos e de massas úmidas, seja pela presença das matas, que contribuem para a absorção de calor e para o nível de umidade do ar. A vegetação original da APA do Gericino-Mendanha é composta pala Mata Atlântica, que ao longo dos anos foi sendo devastada pelo intenso processo de ocupação humana, através da expansão das atividades rurais e urbanas, que foram modificando a sua paisagem. Em relação à hidrografia, a APA do Gericinó-Men-
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danha situa-se entre as duas grandes bacias da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – a bacia da Baía de Guanabara (representada pelos rios Iguaçu e Sarapuí) e a bacia da Baía de Sepetiba (representada pelo Rio Guandu). Sobre a fauna, embora estudos ainda venham sendo realizados, a APA do Gericinó-Mendanha possui uma grande importância biológica devido à elevada diversidade de ambientes. Apesar disto, pesquisas revelam territórios alimentares e de reprodução de animais. No território da APA do Gericinó-Mendanha são identificados vários tipos de uso e ocupação do solo como: áreas de mata com visitação, sítios agrícolas, áreas de plantação de bananeiras, sítios de lazer, áreas de reflorestamento, áreas de pedreiras, áreas de expansão urbana de média e renda baixa e áreas de mata sem visitação. Dentro da APA do Gericinó-Mendanha, encontramos o Parque Natural do Gericinó pertencente ao território do Município de Nilópolis, que teve esse espaço reivindicado há mais de 20 anos. (http:// www.bvambientebf.uerj.br/arquivos/apagericino.htm, acessado em 12/01/2014)
Estudos feitos nas bases de legislação dos dois municípios, temos que para o rio de janeiro a área
está situada na Macrozona de Ocupação Urbana Incentivada, que por lei diz:
Na Macrozona de Ocupação Incentivada. 2) Promover a criação de áreas verdes, espaços para recreação, esporte, lazer e atividades culturais, mediante as seguintes iniciativas: Estímulo à criação de espaços públicos e privados para atividades culturais e recreativas. Recuperação ambiental das áreas remanescentes da desativação de grandes instalações industriais, comerciais, complexos militares, industriais e de exploração mineral. Criação de vilas olímpicas em comunidades carentes. 3) Promover a requalificação urbana e ambiental em áreas consideradas degradadas, mediante: Estruturação, integração e recuperação das áreas ao longo das linhas dos sistemas ferroviário e metroviário e
remanescentes da implantação de grandes obras viárias, com a implantação efetiva dos projetos de alinhamento e estímulo à ocupação adequada do solo. Investimento nas obras para recuperação do sistema de drenagem das bacias e sub-bacias. Recuperação das faixas ao longo dos rios Acari, Pavuna e Trapicheiros, entre outros, para a circulação de pedestres e incorporação dos terrenos remanescentes do Metrô à malha urbana. Tratamento paisagístico e reurbanização dos espaços públicos e lindeiros aos acessos a túneis e viadutos 4) Promover melhorias nas condições de mobilidade.” -Relatorio 2009 Propostade Politica Urbana
“
Figura 68: Vista da Serra do Mendanha desde a borda do Parque do Gericinó. Fonte: Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nilópolis.
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Além deste incentivos o terreno ainda está na zona com grande potencialidade de transporte, pois tangen-
ciando o mesmo encontram-se estruturas ferroviárias e metroviárias já consagradas. Por parte de Nilópolis temos:
Art. 18 - Fica o Poder Executivo Municipal autorizado a fazer gestões e promover estudos de viabilidade, urbanísticos e de financiamento da ocupação planejada de Gericinó e sua efetiva integração no território nilopolitano, junto ao Governo Federal em especial o serviço de Patrimônio da União. § 3° - Poderão ser construídas operações consorciadas e parcerias público-privadas na forma de Lei para conseguir os objetivos do caput. Art. 19 - A Ocupação da Área de Desenvolvimento Estratégico de Gericinó, será precedida de um Plano de Desenvolvimento Urbano, que terá que conter no mínimo:
I – um parque metropolitano; II – vias de interligação do município com a Avenida Brasil, Linha Vermelha e demais vias estruturantes; III – a preservação dos diques de contenção das enchentes; V – área para atender às necessidades do Exército no que se refere à possibilidade de treinamento militar e a edificações para atender as demandas da corporação. VI – formas de possibilitar o desenvolvimento de atividades econômicas. LEI COMPLEMENTAR N° 68 DE 03 DE OUTUBRO DE 2006 DO MUNICÍPIO DE NILÓPOLIS.
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Logo se conclui que o equipamento proposto não foge dos anseios e previsões da gestão pública de uso da área em questão, viabilizando e incentivando o mesmo. O mapa a seguir ilustra as restrições encontradas na área de estudo e a formatação da área de intervenção (Figura 67).
Figura 69: Resumo do diagnóstico ilustrando área de possível intervenção. Fonte: Pesquisa do autor,
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O complexo
De modo a seguir as premissas das diretrizes que nortearam a proposta e atender as demandas da área escolhida foi conveniente pensar em uma estrutura que transcendesse as fronteiras do Autódromo, considerando um conjunto de equipa-
mentos que dessem suporte aos eventos e o ancorasse no entorno, inserindo usos e atrativos que o integrasse a malha das duas cidades sede. O complexo então serviria de ponte de ligação em uma área que hoje é uma barreira física entre os
emerson fittipaldi Durante a entrevista com o Arquiteto e Urbanista Dadiv Cardeman, que foi o responsável pelo projeto e execução do Autódromo de Jacarepaguá (Autódromo Nelson Piquet) no Rio de Janeiro, pude perceber em seu relato que durante o processo de desenvolvimento do projeto ele contou o suporte de um dos grandes nomes do automobilismo brasileiro. Que se comprometeu e se esforçou para a consolidação de um circuito de qualidade para o nosso estado. Por esse motivo, além das conquistas e importâncias no mundial de Fórmula 1, foi eleito o piloto paulista Emerson Fittipaldi como patrono deste projeto.
Figura 70: Ex-piloto brasileiro Emerson Fittipaldi. Fonte: Acervo do autor, 2013.
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Dando continuidade a este partido, foi necessário inicialmente avaliar um meio de ligação direta a fim de vencer a distância existente. A partir de incentivos por parte do Plano Diretor do Município de Nilópolis, a inserção de uma via que cruzasse o campo do Gericinó foi convencionada a solução
que melhor atenderia as necessidades previstas. Foi então, traçada uma via que margeasse o rio Pavuna, ao sul do terreno, deixando uma faixa marginal de proteção de extensão mínima de 30 metros e elevando a via em relação ao nível do rio em 5 metros.
Figura 71: Esquema conceito de Integração entre os Municípios. Fonte: Acervo pessoal do autor, 2013.
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O momento seguinte de desenvolvimento da proposta foi ponderar as pertinências que levariam
ao programa de necessidades de modo que o complexo atingisse os objetivos previstos.
Desenvolvimento do Programa de neces- plar sedes dos dois órgãos regulamentadores do sidades e a sua inserção na área de estudo. esporte existentes no Rio de Janeiro, A FAERJ e Durante o desenvolvimento do programa de necessidades do complexo foi importante estudar um conjunto de equipamentos que atraíssem o uso permanente do espaço (Não somente em eventos do circuito mundial de Fórmula 1). Foi então foi dividido em três temas que se correlacionariam na intensão de suprir as demandas levantadas. No tema principal privilegiamos o Setor esportivo, com o autódromo, kartódromo e pista de Cross (para eventos off road); O Setor de acessos ao complexo, englobando a via de ligação Rio/Nilópolis e uma praça de acessos que teria a função de articular o sistema viário tanto para veículos particulares quanto para os coletivos (através de um pequeno terminal rodoviário); e o Setor Verde do projeto, que enfocaria na proteção da paisagem privilegiada do campo do Gericinó. Será proposto um parque junto a face do terreno voltada para o Rio de Janeiro, fazendo uma dualidade com o parque do Gericinó (face voltada para Nilópolis) e privilegiando usos de lazer e recreação junto ao complexo. E ainda uma faixa não edificante, ao sul do terreno junto ao Rio Pavuna, em uma tentativa de garantir uma área de segurança alagável. Posteriormente, No tema Complementar, enfocamos nos setores Educacionais e Pesquisa, Institucional e de Apoio. Onde, no Setor Educacional e de Pesquisa foi previsto uma escola técnica de formação em mecânica e tecnologia automobilística para a qualificação de pessoal na área, e um centro de pesquisa automobilística, o qual seria privilegiado pela possibilidade de usar a pista como campo de testes; No Setor Institucional pretende-se comtem-
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a CBA, e um Centro de Convenções, para eventos gerais, preparado para simpósios, Seminário ou ainda eventos específicos como Salões do Automóvel e Lançamentos automobilísticos; e no Setor de Apoio foi previsto um Centro Comercial, contando com algumas lojas e um pequeno polo gastronômico, dando uso e criando atrativos para lazer noturno e com uma Galeria de exposições, onde seria possível acontecer mostras de arte e eventos culturais. Além de um pequeno polo Hoteleiro, dando suporte a turistas e funcionários dos eventos. No Tema de Serviços comtemplamos o Setor de Instalações, onde será previsto uma Estação de Tratamento de Esgoto para o complexo e adjacências na intenção de complementar a infraestrutura das áreas de entorno e diminuir as chances de poluição dos rios que premeiam o Campo do Gericinó (o Rio Sarapuí ao Norte e o Rio Pavuna ao Sul). Ainda neste setor está sendo proposta uma Subestação Elétrica para melhor abastecimento de energia do complexo e para que não prejudique o fornecimento dos bairros adjuntos ao equipamento. Ainda no tema de serviços temos o Setor Viário, que incluem as vias locais de acessos ao autódromo e outros equipamentos. O trevo de acesso a essas vias secundárias, que se dá de uma forma mais simples que a praça articuladora principal. E por fim temos os estacionamentos, que foram fracionados em pontos distintos a fim de diminuir o impacto visual e incentivar o acesso do complexo por meio de transporte público. A seguir, no quadro 20, temos uma síntese do programa de necessidades classificado pelos temas e setores e incluindo as áreas construídas de cada equipamento.
Quadro 20: Quadro de áreas do programa de necessidades do Complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013
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Figura 72 e 73: Croquis de distribuição de massas no terreno. Fonte: Elaboração do autor, 2013. Figura 75: Croqui de diretrizes projetuais do complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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Figura 74: Espacialização do programa de necessidades. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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O COMPLEXO IMPLANTAÇÃO GERAL
Nesta seção do trabalho iniciaremos as reflexões quanto a proposta do partido arquitetônico do equipamento esportivo voltado para o automobilismo, o Autódromo. Não disponível ao público nenhum manual, almanaque ou livro referência quanto ao projeto deste tipo de equipamento. Sempre tratado de uma forma um tanto fechado ao meio do esporte, essas informações se apresentaram muito complexas de serem pesquisadas. Por este motivo foram pertinentes as extensas análises e pesquisas sobre o esporte e os circuitos consolidados, de modo a possibilitar uma maior inserção ao tema. Além das várias entrevistas realizadas com especialistas como, o Arquiteto David Cardeman, que foi o responsável pelo projeto e execução do Autódromo de Jacarepaguá (Nelson Piquet); a realizada com o Francisco Rosa da SPTuris (Empresa responsável pela administração do Autódromo de Interlagos); e principalmente com o engenheiro Pedro Luiz Nascimento, com o qual foi possível realizar uma experiência de trabalho no próprio autódromo por um período de dez dias (16 a 25 de Novembro de 2013) durante o evento do Grande Prêmio Petrobras do Brasil de Fórmula 1 2013. 2.5.1 – O Programa de necessidades de um Autódromo. O programa de necessidades que aqui será descrito foi elaborado pelo conjunto de pesquisas de referências e principalmente pela crítica, realizada em campo, das necessidades do Autódromo de Interlagos em relação a sua estrutura atual. Como apresentado no programa do complexo, este tam-
bém será Subdividido em Temas e Setores, para uma melhor compreensão do alto número requisitos levantados. No tema Principal observamos a necessidade de dividir em três grandes setores: A Pista, As Arquibancadas e O Apoio. Quanto ao Setor da Pista, temos que é necessária além do circuito uma área de desaceleração entre o traçado principal e os boxes, o que é chamado de Pit Lane. E ainda podemos citar as vias e áreas de segurança presentes na pista, como as cabines de sinalização, postos de resgate, áreas de escape e as circulações entre eles. No Setor das Arquibancadas existe ainda outra subdivisão, permanentes e provisórias. Sendo as arquibancadas permanentes contempladas no programa como um espaço livre reservado para a mesma. Nas arquibancadas permanentes é necessária uma estrutura elevada (para maior visibilidade) com uma pequena área de apoio com banheiros, pequenas lojas de suvenires e lanchonetes. Neste setor ainda temos as cabines de comentaristas, que devem localizar-se estrategicamente para melhor transmissão de eventos, que conta com uma pequena estrutura de trabalho: sala de transmissão, cabines, banheiros; A Tribuna de Honra, Camarote exclusivo para autoridades, como prefeitos, governadores e presidentes; E os Salões VIP e áreas do Paddock1 clube, que são camarotes mais completos e luxuosos localizados geralmente mais próximos ou na área do paddock. No Setor de Apoio do Tema principal temos o Paddock1, com os boxes, áreas de refeição anexa aos boxes, vestiários, Imprensa, a torre de telemetria e monitoramento, a manutenção e a administração do autódromo. No Tema Complementar temos dois setores im-
1 – Paddock: Área permanente do autódromo que engloba os boxes e edificações de apoio em seu entorno.
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portantes, o Setor do Hospital, que é um edifício permanente com intenção, nesta proposta, de funcionamento contínuo para a população de entorno; e o Setor do TV Compound, que é um galpão de estrutura metálica tubular montada pela própria FIA durante o evento. Nele situam-se as aparelhagem e sedes provisórias da FOM e todas as emissoras de transmissão oficial do Grande Prêmio de Fómula 1. No que diz respeito ao Tema de Serviços, temos os Setores de Frota Interna, Fluxos e Instalações. Onde a Frota é o controle de circulação e centro de armazenamento de veículos de apoio aos funcionários internos do Autódromo, ou seja, é o controle de qualidade e treinamento para transporte interno do autódromo, incluindo pista. No Setor de Fluxos são considerados todas as vias e acessos do equipamento, com dif-
erentes tipos de tratamento dependendo do nível de segurança necessário. E por fim temos o Setor de Instalações que engloba desde estações elétricas e reservatórios necessários para o abastecimento da infraestrutura permanente do circuito, até as estruturas provisórias necessárias para apoio do evento. Este tema ainda inclui as instalações de segurança da área de combustível e as áreas de armazenamento de lixo e base de operações de limpeza. A seguir, no quadro 21, podemos visualizar por completo o programa de necessidades do Autódromo. Que por motivos de variação anual e falta de acesso a informação não possui as áreas específicas de cada item. Porém, com base na estrutura observada em campo (Interlagos) calcularemos a área mínima necessária e a aplicaremos a proposta.
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Quadro 21: Resumo do Tema Principal do Programa de necessidades do Autódromo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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Quadro 22: Resumo do Tema Complementar do Programa de necessidades do Autódromo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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Quadro 23: Resumo do Tema de Serviço do Programa de necessidades do Autódromo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
2.5.2 – O TRAÇADO: A partir da base já consolidada do programa de necessidades foi possível iniciar as propostas formais quanto ao desenho do circuito. Sendo um dos elementos de um autódromo, o desenho atraente com uma composição rica de forma e níveis garante o sucesso de uma pista a ser apreciada pelos pilotos. Das análises feitas nos estudos de referências temos que embora exista uma exigência muito grande por parte da FIA quanto a segurança, a forma livre quanto a criação. A seguir serão brevemente descritos elementos de composição básica de um traçado que são pontos de partida para a concepção. I - CURVAS Em estudos matemáticos uma curva consiste em uma linha curva, ou trajetória de um ponto móvel.
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Representação gráfica de uma função matemática. Porção de estrada em forma de arco de círculo. (AURÉLIO ONLINE, 2013) No automobilismo a curva é não só um elemento estético para um determinado circuito, mas também um desafio à habilidade do piloto. As curvas são classificadas em dois grandes grupos: as de baixa velocidade (cujo raio de curvatura deve ser menor que 150 metros) são as curvas mais complicadas em termos de pilotagem. O piloto mais bem treinado ou mais experiente tende a levar vantagem nessas; e as curvas de alta velocidade (que são as que devem ter o raio de curvatura maior ou igual a 150 metros) são aquelas em que exigem coragem do piloto, pois fazer uma curva e manter a aceleração do monoposto de
modo que se mantenha a velocidade alta. São nas curvas de alta que se costuma acontecer às
ultrapassagens, logo convém locar uma delas perto de um ponto de visão de publico.
Figura 76: Esquema de tipos de curva. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
Figura 77: Hairpin em estradas em declive nos Estados Unidos. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/ File:Col_de_Braus-small.jpg, acessado em 23/11/2013 Figura 78: Hairpin encontrado na curva do Hotel do Circuito de Mônaco. Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/ File:Grand_Hotel_Hairpin.jpg, acessado
Há ainda a possibilidade de se utilizar de certa inclinação nas curvas para facilitar percursos ou até mesmo por motivos de segurança, como ocorrem em algumas curvas de alta. Uma inclinação entre 10 e 15% em curvas de raio muito aberto podem ajudar a diminuir a força centrípeta que tende a tirar a instabilidade do veículo. Existe ainda um tipo de curva que apesar de estar fora dos circuitos mundiais da Fia de 2013 é muito apreciado
por especialistas e pilotos, o Hairpin. Um hairpin, “curva fechada” ou grampo é assim denominado por sua semelhança com um grampo de cabelo, usado por mulheres. É uma curva em uma estrada com um ângulo interno muito agudo, tornando-se necessário para um veículo que se aproxima ter que virar quase 180 ° para continuar o percurso. É comum ainda neste tipo de curva os níveis de entrada e saída das curvas serem diferentes.
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Um circuito completo tem pelo menos um trecho de curvas de baixa, um de curvas de alta e um hairpin. Uma composição harmoniosa com a estética valorizada ampliaria o valor do circuito que agregar esses elementos. II - RETAS Em um circuito automobilístico uma reta é tão importante quanto as curvas, pois são nelas em que será testado a capacidade final dos motores de cada equipe e o sangue frio de cada piloto. Dependendo da extensão de uma reta, a velocidade final pode chegar a 362 km/h, contando que cada carro de F1 consegue fazer de 0 a 160 km/h e de volta a 0 em menos de 5 segundos. Há inúmeras vantagens em ter uma reta longa, e uma delas é a possibilidade de o circuito pode sediar também eventos de arrancada, que somente
utilizam a reta para mostras de velocidade final, necessitando de uma extensão linear maior por ter que contar com o trecho de desaceleração do mesmo. Nos atuais circuitos mundiais homologados pela FIA para sediar um grande prêmio não há nenhum que contemple essa categoria. Baseado na temporada de 2013 de F1 os circuitos homologados possuem no mínimo dois trechos de aceleração longa, retas com mais de 500m, para a utilização do DRS - Drag Reduicng System ou Sistema de Redução de Arrasto é um recurso que reduz o efeito do arrasto aerodinâmico e permitir ultrapassagens na Fórmula 1. Esta tecnologia foi introduzida no GP da Austrália da temporada 2011 e consiste num flap localizado na asa traseira do veiculo que é acionado pelo piloto, permitindo a ultrapassagem. Sua utilização é regulamentada pela FIA, sendo muito elogiada pelos pilotos em geral. Figura 78: Zonas DRS do circuito da Coréia de F1 Fonte: http://richardsf1.com/wp-content/uploads/2013/10/image3.png, acessado em 23/11/2013.
Figura 79: Croqui de desenvolvimento do traçado. Fonte: Elaboração do autor, 2013. III- ESTUDO FORMAL Durante o processo de desenho, a metodologia utilizada foi a de tentativa e erro, com a avaliação por parte do corpo de engenharia do Autódromo de Interlagos e do arquiteto David Cardeman. Como resultado tivemos um alto número de croquis feitos a mão, como:
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Figura Fonte: Figura Fonte: Figura Fonte:
80: Croqui Elaboração 81: Croqui Elaboração 82: Croqui Elaboração
de do de do de do
desenvolvimento do traçado. autor, 2013. desenvolvimento do traçado. autor, 2013. desenvolvimento do traçado. autor, 2013.
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Porém, esses desenhos não estavam completamente maduros nem no ponto de vista formal, nem funcional. Em meio a inúmeras tentativas surgiu a ideia de fundir o partido conceitual de integração no desenho. Buscando então fatores
de identidade que caracterizassem os municípios que receberiam o equipamento, sugerindo assim uma maior interação entre eles e uma quebra de antigos estigmas criados para com a Baixada Fluminense.
Figura 82: Croqui de discussão do autor com o orientador. Fonte: Elaboração do autor, 2013. O Croqui apresentado acima foi composto a fim de representar de uma forma sutil ícones de identidade das cidades sede, como a esquerda o Rio de Janeiro com um conjunto de curvas que remeteriam a silhueta formal do Pão de Açúcar.
E a direita a chegada a reta dos boxes com uma sequencia de curvas que formariam o Beija Flor, ave símbolo do município de Nilópolis. A seguir temos a forma final aprovada pelos consultores do circuito:
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Figura 83: Implantação do circuito em relação ao programa do autódromo e inserido no contexto do complexo. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
brasil Tipo Situado
Circuito fluminense Circuito fechado Entre os Municípios do Rio de Janeiro e Nilópolis.
Extensão Voltas Número de curvas
5750 metros 54 14
Diferencial
Versatilidade do percurso Quadro 24: Quadro resumo do Autódromo proposto.
VERSATILIDADE DO CIRCUITO:
Figura 84: Anel externo oficial para Fórmula 1 (5750 metros de extensão).
Figura 85: Opção de circuito com uma reta de 1900 metros (5360 metros de extensão). Fonte: Elaboração do autor, 2013
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Figura 86: Terceira opção com menor dificuldade e extensão voltada para categorias menores (4160 metros de extensão). Fonte: Elaboração do autor, 2013
Figura 87: Anel interno do circuito com menos curvas (3770 metros de extensão). Fonte: Elaboração do autor, 2013
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Figura 88: Drag-Strip, ou Reta de arrancada, para eventos de velocidade (1900 metros de extensão). Fonte: Elaboração do autor, 2013
2.5.3 – ESTRUTURA DE ACESSO VIÁRIO: A via de ligação entre os municípios do Rio de Janeiro e Nilópolis servirá também aos propósitos de acesso do complexo. Está sendo proposta uma via com duas faixas (binário) com um grande canteiro central onde se localizaria um veículo leve sobre trilhos (VLT) que ligaria a malha viária de Nilópolis a Avenida Brasil do lado do Rio de
Janeiro, facilitando assim o acesso de massa ao mesmo. No centro da Via, junto a entrada principal do Autódromo está situado um trevo de acesso e retorno de modo a facilitar o trânsito, bem como um termina intermodal onde haveria a transição do ônibus para o VLT ou o acesso direto ao complexo, realizado em nível para a segurança dos pedestres (ver figura 89).
Figura 87: Anel interno do circuito com menos curvas (3770 metros de extensão). Fonte: Elaboração do autor, 2013
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Figura 90: Perspectiva mostrando o trevo e o terminal de transportes. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
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2.5.4 – O TRATAMENTO PAISAGÍSTICO: A proposta de tratamento paisagístico é outro aspecto que visa reforçar características brasileiras consagradas de desenho e composição, além de buscar contribuir tanto para a dinâmica ambiental existente como para a sua preservação. Em termos estéticos, pode-se afirmar que a relação das propostas modernistas brasileiras de arquitetura com o paisagismo brasileiro, em especial no Rio de Janeiro, produziram diversos ícones de associação internacionalmente conhecidos. São exemplos, entre outros menos famosos, as relações observadas no atual prédio do MEC do Rio de Janeiro com seu terraço ajardinado e seus jardins de solo, assim como o MAM, Museu de Arte Moderna, também no Rio de Janeiro, com seu entorno ajardinado que se integra ao Parque do Aterro do Flamengo e paisagem circundante. Em ambos os casos, tratam-se de obras consagradoras do gênio de Roberto Burle Marx, que sabia fundir seu trabalho com a paisagem circundante, aspecto que os antigos paisagistas orientais já praticavam. Em termos ambientais, o paisagismo pretendido estudou atentamente o entorno da área do complexo automobilístico, que ocupa uma planície baixa (daí a origem do nome baixada fluminense) com a presença de alguns morrotes tipo meia laranja até chegar às vertentes do maciço do Gericinó, cobertas pela típica vegetação de mata atlântica, cujo relevo majestoso preserva até a presença de uma grande cratera vulcânica, sendo legalmente preservado como uma APA (Lei Estadual 1.331, de 12 de julho de 1988, e foi efetivamente implantada pelo Decreto nº 38.183, de 05 de setembro de 2005, ver maiores descrições em texto que segue).
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A implantação do complexo adotou essa formação como principal campo de visada, e o próprio autódromo, como limite da área do complexo automobilístico deverá limitar e impedir quaisquer tentativas de invasão e ocupação da área. A planície tem um importante papel de drenagem, inclusive com área de contenção em diques para contenção da água sobre a baixa topografia de trechos urbanos dos municípios de Nilópolis e Mesquita. A ventilação e taxas de umidade do ar, também são influenciadas pelo maciço que funciona como uma espécie de mega equipamento condicionador do clima da região. Nesse sentido, para fins de valorização e contemplação destes importantes aspectos locais, o paisagismo; inspirado em Burle Marx e por seu discípulo Fernando Chacel, que introduziu o conceito de ecogênese, deverá trabalhar com espécies nativas e, preferencialmente, com suas relações vegetais. Esteticamente, dentro das instalações do autódromo poderá ousar em desenhos e composições que dialoguem com as formas arquitetônicas, dos lagos e das pistas, para logo depois se dissolver junto a natureza local. Essa dissolução deve se manifestar da forma mais natural possível, sendo possível a leitura de sua integração de ambos os sentidos, ou seja, dando a sensação que o autódromo em si, ainda que como uma abstração, possa ser tomado como a apropriação de um acontecimento estético da natureza. Infelizmente, o curto tempo de realização deste trabalho final de graduação impediu um maior aprofundamento do desenho destas proposições, mas que ainda assim foram delineadas como diretrizes para estético-ambientais para a intervenção pretendida.
Figura 91: Perspectiva do acesso principal do autódromo. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
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2.5.4 – EQUIPAMENTOS PERMANENTES E PROVISÓRIOS: Como estudado durante a análise do estudo de caso, Autódromo de Interlagos, a estrutura de um autódromo é dividida em edificações permanentes e áreas livres destinadas a implantação das edificações provisórias (tendas, containers). Das edifi-
cações permanentes da proposta devemos citar as guaritas de acesso, o Paddock, a administração, o apoio do Kartódromo, o hospital e uma arquibancada central. Quanto as provisórias foi previsto uma grande área no anel externo do autódromo, junto a via perimetral de serviços e um grande vazio no miolo do circuito. Figura 92: Esquema de usos do autódromo proposto. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
Neste trabalho contemplaremos quanto a partido arquitetônico dois dos equipamentos permanentes: o Paddock e a arquibancada central. Além de mostrar um exemplo de Hospital, retirado de uma cartilha de homologação da FIA (o apêndice H). Quanto aos outros equipamentos utilizaremos uma forma ilustrativa para caracterização dos mesmos. I – HOSPITAL. No autódromo proposto temos a intensão de utilizar o hospital completo requerido pela FIA durante todo o ano, mesmo fora de época do Mundial. Ben-
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eficiando com uma unidade de pronto atendimento a comunidade local. Por esse motivo o hospital foi situado junto ao túnel de acesso do autódromo, de forma a facilitar o acesso. A seguir segue um modelo apresentado pela FIA no Apêndice H do código esportivo internacional: A Seguir optou-se, para melhor ilustrar a proposta arquitetônica, por realizar um breve detalhamento de duas edificações do complexo, ainda que em nível de partido. Edificações essas já posteriormente descritas: O Paddock e a Arquibancada Principal.
Figura 93: Modelo do Hospital do aut贸dromo de Abu Dabi, 2009. Fonte: FIA. 05 de dezembro de 2013. Anexo H do C贸digo Esportivo internacional, pp72.
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2.6 – O PADDOCK Sendo a estrutura mais importante para o funcionamento de um evento automobilístico depois do circuito, o Paddock consiste em um conjunto de estruturas onde ocorrem os bastidores de uma corrida. O paddock pode englobar desde os boxes de preparação e reparos mecânicos até a torre de monitoramento e telemetria.
Ainda com base no estudo de caso do autódromo de Interlagos, pode ser realizado um programa de necessidades que atendessem as demandas de uso, acessos e apoio para melhor estruturarem o espaço para o evento. O quadro a seguir (quadro 25) mostra as conclusões em resumo dos compartimentos necessários neste setor do Autódromo.
Quadro 25: Resumo do Programa de necessidades do Paddock. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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A partir do programa encontrado foi optado pela execução de dois prédios em paralelo com a torre embutida, afim de melhor especializar as necessidades. Foi utilizada na elaboração formal destes prédios uma tentativa de releitura de uma arquitetura que caracterizasse algumas das formas da cultura arquitetônica brasileira. Por este motivo o moderno,
característico de uma época de grandes nomes da arquitetura brasileira pudesse gerar essa identidade nacional. Como uma forma de ancorar essa simbologia de arquitetura no caso do Rio de Janeiro foi utilizada como referência o arquiteto Afonso Eduardo Reidy, com sua leveza dentro da brutalidade do concreto.
Figura 94: Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, projeto referência para o edifício do Paddock, do arquiteto Afonso Eduardo Reidy. Fonte: http://fyeahbrasil.tumblr.com/ post/1035544173/leticiawoukalmino-affonso-eduardo-reidy-mam, acessado em 12/01/2014.
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2.6.1 – PROCESSO DE CRIAÇÃO: Assim como nas outras partes deste trabalho, a criação se deu a partir de inúmeros croquis feitos a mão a fim de conciliar o potencial ambiental do espaço com a força estética. A seguir seguem alguns dos desenhos deste processo:
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Figura 95: Croquis de desenvolvimento dos espaços do Paddock. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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Figura 96: Primeira volumetria desenhada. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
Figura 97: Processo de evolução da torre. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
Para resolver o programa de maneira satisfatória e com qualidade de espaços foi necessário à utilização de diferentes níveis para a proposta. Foram eleitas formas geométricas bem delimitadas e a mescla de concreto liso branco com planos de vidro e pilotis para caracterizar a composição formal
destes elementos. A regularidade dos planos em contraste com os respiros e áreas livres conferem ao volume certa fluidez e leveza. Ainda como elemento formal foi tirado partido das saídas obrigatórias de pânico e incêndio usando a mesma tipologia do restante das edificações, integrando-as ao todo.
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Figura 98: Perspectiva da face do paddock voltada para o centro do autódromo. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
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Figura 99: Perspectiva da ambiência criada entre os boxes e a área de apoio. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
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PAVIMENTO TÉRREO: No nível junto ao solo da edificação, o pavimento térreo (nível +0,20), temos os principais compartimentos de funcionamento do autódromo. O edifício é implantado de forma a estar voltado de frente para a reta principal e a fachada posterior voltada para a área de serviço do centro do equipamento. Junto à reta principal temos o Pit Wall, muro divisório da parte interna do paddock com a pista, onde se localizam os portos de telemetria e telecomunicação específicos de cada equipe, além de pequenas aberturas de modo a permitir sinalização manual. Mais próximo do edifício temos o Pit Lane, que é a via de ligação e circulação dos Boxes de montagem e manutenção dos veículos automotivos de competição. São ao todo 24 Boxes de tamanho padrão FIA 2013 de 15x10m com abertura para ambos os lados do prédio, permitindo uma permeabilidade maior entre as áreas técnicas. Os boxes tem fechamento externo por meio de portões metálicos e fechamento interno entre eles feito, nesta proposta, de divisórias removíveis. De modo a tornar os espaços flexíveis quanto ao uso. Se for necessário, com a retirada das divisórias, teremos um amplo espaço de eventos e exposições dentro a área mais segura do autódromo. No centro deste edifício localiza-se o núcleo de circulação vertical, que prioritariamente aos funcionários da torre de telemetria e monitoramento. Como a proposta do Paddock foi resolvida em dois edifícios, criou-se um espaço rico de circulação entre eles, que foi pensado de maneira a funcionar como uma via dupla. De um lado, mais próximo aos boxes, encontra-se a via de circulação de serviço; onde se tem espaço suficiente para carga e descarga de elementos técnicos. E separada por
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canteiros, com jardins a fim de melhorar a ambiência, está situada a via de descanso e refeição; onde pode haver pequenas mesas e umbrelones para tornar mais agradável os momentos entre treinos e corridas. No edifício de apoio, desenvolvido em apenas no pavimento térreo, encontram-se as salas de apoio, onde aconteceriam as reuniões de equipe e possíveis refeitórios para os funcionários. Além de vestiários e cabines de manutenção e limpeza. No eixo central, onde é marcado o acesso principal estão situados os compartimentos de controle interno do autódromo, como engenharia e telecomunicações. Por necessidade de iluminação e ventilação natural para este prédio, foram propostas aberturas voltadas para a via interna de serviço, centro do autódromo. Porém, por se tratar de uma área restrita, propomos uma proteção em forma de telas revestidas de vegetação trepadeira que agregassem privacidade a esses espaços. 1º PAVIMENTO: No primeiro pavimento (nível +3,50m) podemos perceber a marcação do acesso da área do Paddock Club, que é uma área aberta em pilotis elevado, feita através de uma rampa que descreve uma curva acima da via de serviço interna (com altura suficiente para passagem de veículos). Do trajeto desta rampa, por se tratar de uma área elevada do autódromo, pode-se ter uma vista privilegiada. Neste nível ainda se percebe a marcação das saídas de incêndio do pavimento superior em meio a uma cobertura verde do bloco de apoio aos boxes. No núcleo central de circulação temos ainda a subida exclusiva de pilotos e as salas de auxílio da direção de prova, como sala de pesagem e bandeiras.
2º PAVIMENTO:
3º PAVIMENTO
No nível +6,80, segundo pavimento, encontramos, além do núcleo de circulação vertical, o Salão Nobre e a Sala de Imprensa. O Salão Nobre conta com uma pequena cozinha e banheiro e uma grande área livre, flexível para qualquer tipo de cenografia a qual necessite ser montada para variados eventos. Possui dois grandes planos de vidro os quais dão uma vista privilegiada de todo o circuito. Esses planos são protegidos por grandes beirais e um vidro especialmente tratado de forma a conter um pouco as interações do sol com o interior do espaço. No salão de imprensa estão localizados todos os compartimentos necessários para a transmissão e entrevistas durante um grande evento. Conta com uma sala de controle de acesso e um acesso direto dos boxes exclusivo para os pilotos. Além de uma ampla sala de coletiva e um grande salão onde são montadas as estruturas das emissoras de televisão.
No pavimento três se dá o início da torre, que possui uma dimensão em inferior aos demais pavimentos por responder a uma demanda menor de espaços. A partir do núcleo de circulação vertical pode-se acessar por um hall as salas de monitoramento, direção de prova e gerenciamento de eventos. Sobre a área remanescente da projeção dos pavimentos inferiores é proposta uma cobertura verde.
O PADDOCK PLANTA BAIXA - TÉRREO 1º PAV.
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE IMPLANTAÇÃO
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4º PAVIMENTO: Neste pavimento de nível +15,20m, o quarto e último, localizase o centro de telemetria. Onde a FIA monta toda a operação de tomadas de tempo e fiscalização do evento. Pela volumetria da torre ser deslocada quanto ao eixo principal, neste pavimento foi possível um terraço.
O PADDOCK PLANTA BAIXA - 2º PAV. 3º PAV.
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE IMPLANTAÇÃO
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CORTES: Nos cortes longitudinais do Paddock ficam claras as propostas de alturas e relações da volumetria do corpo de embasamento em relação à torre.
O PADDOCK PLANTA BAIXA - 4º PAV.
MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE IMPLANTAÇÃO
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FACHADAS: Os materiais principais usados na composição destas fachadas foram o vidro, o concreto pintado de branco e as placas verdes de proteção e privacidade da área de apoio aos boxes. Nota-se ainda neste desenho os planos de vidro inclinados na torre, que são uma convenção para a diminuição da distorção causada pela refração da luz.
O PADDOCK CORTE LONGITUDINAL - AA / BB
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE IMPLANTAÇÃO
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2.7 – ARQUIBANCADAS/CENTRO COMERCIAL. Este edifício foi motivo de desenvolvimento (em nível de partido) por se tratar de uma das edificações de caráter permanente da estrutura geral e por possuir grande potencialidade espacial. Em um modo geral, as arquibancadas geram sob o corpo estrutural uma grande área ociosa onde em muitos equipamentos esportivos se tornam um problema ou vazio indesejado. Com a pretensão de planejar uma estrutura que comportassem cerca de 20/25 mil expectadores a área ociosa gerada seria um possível causador dos problemas citados. Por esse motivo, foi conveniente usar um dos elementos que estavam contemplados no programa
geral do complexo nesta grande área, Foi neste ponto que a galeria de exposições e o centro comercial ganharam lugar na proposta. Então, voltada para a via Rio/Nilópolis e recebendo os expectadores e possível publico frequentador do equipamento estará o está edificação fazendo a recepção dos mesmos. Foi conveniente ainda localizar as cabines de comentaristas e tribuna de honra neste edifício, que na face voltada para o interior do autódromo terá visão privilegiada da reta dos boxes e do paddock. O Programa de necessidades foi então desenvolvido de forma a melhor suprir e completar essa nova proposta (Ver quadro 26 a seguir).
O PADDOCK FACHADAS
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Quadro 26: Resumo do Programa de necessidades do Arquibancada/Centro Comercial. Fonte: Elaboração do autor, 2013.
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2.7.1 – PROCESSO DE CRIAÇÃO: Seguindo a linha de desenvolvimento (desenhos) este edifício necessitou de grande atenção a forma da cobertura da arquibancada e diálogo com a edificação do paddock, que está adjacente a esta.
Figura 100: Croqui de estudo formal. Fonte: Elaboração do autor.
Figura 101: Estudo estrutural da cobertura. Fonte: Elaboração do autor.
Figura 102: Croqui de relação de volume entre os edifícios trabalhados.
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Figura 103: Perspectiva da área de dispersão. Fonte: Elaboração do autor.
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Figura 103: Perspectiva da área de dispersão. Fonte: Elaboração do autor.
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PAVIMENTO TÉRREO No nível do solo deste edifício podemos destacar sua importância quanto aos diferentes tipos de acesso os quais contempla. Na área externa, em suas laterais, encontram-se acessos que podem ser utilizadas por funcionários e prestadores de serviços. Esse acesso leva a uma passarela elevada acima da reta principal levando até a lateral do Paddock. Ainda pela área externa podemos citar as rampas de acesso e dispersão, caracterizada por um volume de tipologia semelhante a utilizada nas saídas de emergência do Paddock e encaixadas na fachada principal fazendo um movimento transpondo-a interna e externamente pelo edifício. E o acesso central para o Centro Comercial e Galeria de Exposições, onde no foyer central encontra-se a circulação vertical de acesso a tribuna de honra e as cabines de comentaristas. Com a volumetria simétrica da edificação e o acesso se dando pelo núcleo central, podemos caracterizar o uso deste pavimento segregando as duas porções. A esquerda temos a
Galeria de exposições automobilísticas e a Direita o Centro Comercial. A Bilheteria localiza-se no foyer junto ao acesso. É importante ainda citar um elemento “chave” da composição deste nível. Na Fachada posterior, voltada para a reta principal, foi proposto um plano de vidro de forma a dar um mínimo acesso e apropriação do evento por parte daqueles que não tem condições de adquirir um ingresso e subir as arquibancadas. Fica claro que a presente proposta não anseia em ser considerado um elemento “social”, nem mesmo um desestimulo a venda dos ingressos. A visão gerada por esse plano será em nível de solo, o que garante uma baixa visibilidade e interação com a corrida. Porém, mais uma vez citando a experiência adquirida em campo durante o grande prêmio, existem sempre aqueles curiosos que gostariam ao menos de poder ouvir os sons dos motores ou “espiar” por cima de um muro, este foi o motor gerador da proposta deste plano de vidro. (ver figura 105).
Figura 105: Croqui explicativo da abertura de integração da reta dos boxes com a Praça de Alimentação do Centro Comercial. Fonte: Elaboração do autor, 2014.
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1º PAVIMENTO Este Pavimento (nível+5,84m) contempla a continuação do Centro Comercial, com a previsão de lojas, sanitários e áreas de serviço e administração. Contando com aberturas na laje de piso privilegiando mezaninos de interação com o pavimento inferior e um pé direito duplo para o foyer de entrada. Escadas de emergência estão estrategicamente posicionadas para garantir a segurança dos usuários em uma edificação mais linear como a apresentada.
Mosca de SItuação e Mosca de Implantação
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2º PAVIMENTO
3º PAVIEMENTO
Este nível (+11,48m) é caracterizado pela área de apoio a arquibancada com acesso realizado pelas rampas externa (não tendo ligação com o Centro comercial). Está área é contemplada com lanchonetes, lojas de suvenir e banheiros para atender a este público. Mais uma vez a regularidade da volumetria possibilitou a melhor organização dos apoios a arquibancada, tendo sido seccionada pelo núcleo central criando duas áreas idênticas com cinco vomitórios de acesso cada. Na face Sudeste da edificação existe uma área de revestimento ventilado de fachada, buscando melhor ambiência para os expectadores neste espaço. Este revestimento consiste nas telas cobertas com vegetação do tipo trepadeira dispostas de forma descasada a partir de um jardim que cria um bolsão de ar entre esta proteção e o plano de vidro que faria o fechamento do espaço. No Núcleo central, onde se localiza a circulação vertical exclusiva, neste nível contempla o segundo polo de imprensa. Os quais possuem salas de reunião, transmissão e cabines de comentaristas.
Este pavimento tem acesso exclusivo pelo núcleo central de circulação vertical, devido a necessidade de segurança do espaço, e comporta a Tribuna de Honra do Autódromo. A Tribuna é o camarote voltado para o público político, Prefeitos, Governadores e até a Presidente tem lugar cativo neste camarote. Ele conta com um grande salão de evento, banheiros, uma cozinha com copa e depósitos. O volume gerado pela adição dos dois espaços criados no núcleo central, as cabines de comentaristas e a tribuna, formam uma “redoma” de vidro ancorada na arquibancada e assentada com um jardim em seu entrono, dando a impressão de maior naturalidade ao volume.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL PLANTA BAIXA - TÉRREO 1º PAV.
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE implantação
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CORTE LONGITUDINAL Esta seção foi realizada de modo a melhor justificar a relação das alturas, das aberturas de mezaninos, e da separação em nível das áreas pagantes e não pagantes. Por se tratar de uma edificação muito extensa horizontalmente, foi realizado uma ampliação do trecho central de forma que fosse possível haver a percepção de elementos mais pontuais em relação ao todo.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL PLANTA BAIXA - 2º PAV. 3º PAV.
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE implantação
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CORTE TRANSVERSAl DD Foi conveniente concentrar as seções transversais das edificações em um mesmo desenho para ilustrar as relações de altura e disposições de espaço entre elas. Nesta seção em específico ainda é contemplada pelo túnel de acesso as dependências internas do equipamento. Este túnel começa da explanada de acesso do complexo, ligado ao trevo. Ele possui uma altura suficiente para circulação de veículos de carga. As relações dos pavimentos excêntricos da torre de telemetria podem ser facilmente percebidas, juntamente com a sua relação de altura com o volume das cabines de comentaristas e tribuna. Em vista ainda pode ser notado a passarela de acesso que liga a entrada a parte central do empreendimento.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL CORTE LONGITUDINAL - CC
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE implantação
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CORTE TRANSVERSAL EE Esta seção, deslocada do eixo das edificações, vem mostrar as relações dos boxes com as áreas de apoio e a torre em vista. Na arquibancada este desenho vem ilustrar as cabines em vista, mostrar a relação estrutural e atentar a rampa de acesso com seu volume rompendo os limites da fachada frontal e tendo relação com os mezaninos criados no espaço interno.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL CORTE LONGITUDINAL - dd MOSCA DE SITUAÇÃO
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MOSCA DE implantação
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FACHADAS A Elevação Frontal desta edificação foi alvo de grande foco, por se tratar da fachada voltada para a via, tendo sido utilizada a estrutura como composição estética e as rampas como adição de volume, rompendo a linearidade e planificação da mesma. Marcando o acesso principal ao edifício foi utilizado um revestimento vegetal denso. Nas extremidades laterais foram utilizadas as telas metálicas revestidas com vegetação em diferentes dimensões e descasadas entre si a fim de incorporar certo movimento e quebra de ritmo da fachada. Na fachada posterior vale ressaltar as aberturas que integram o interior do centro comercial a reta principal no nível térreo e a relação dos vomitórios com o volume central.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL CORTE TRANSVERSAL ee
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MOSCA DE SITUAÇÃO
MOSCA DE implantação
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DETALHE Como forma de mostrar definições e aprofundamento do desenvolvimento da proposta, foi eleito um pequeno trecho do projeto o qual seria foco de um detalhamento com o objetivo de mostrar o potencial da mesma. O trecho escolhido foi o eixo central térreo das edificações do Paddock. Onde pode-se perceber melhor as relações de acessos, áreas técnicas, circulações e intenções de revestimentos e planos móveis, como o caso das divisórias entre os boxes.
ARQUIBANCADA/ CENTRO COMERCIAL
MOSCA DE SITUAÇÃO
FACHADAS MOSCA DE implantação
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124 MOSCA PLANTA GERAL
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ESTA EDIÇÃO FOI PRODUZIDA EM MARÇO DE 2014 NO RIO DE JANEIRO NA Encadernadora Alberto UTILIZANDO-SE DAS FONTES MICROSOFT YI BAITI 11/14 E BEBAS NEUE 11/14 SOBRE PAPEL COUCHÉ FOSCO 115 G/M2. EDITORAÇÃO POR JONATHA REIS