Suplemento de Geografia. Profº Marcelo Miranda Aula: Conceito Demográfico.
Conceito de Demografia. Demografia O emprego de conceitos como índices de natalidade, mortalidade, fertilidade e outros conferiram à demografia notável rigor científico. Sua aplicação permite estudar em quantidade e qualidade o crescimento populacional e determinar alguns dos componentes que estão na base da riqueza e da pobreza das nações. O termo demografia foi criado em 1855 por Achille Guillard, no livro Eléments de statistique humaine ou démographie comparée (Elementos de estatística humana ou demografia comparada), para designar a ciência que trata das condições, movimento e progresso das populações. A palavra tem hoje significado muito mais amplo, de ciência das populações humanas. Seu estudo é fundamental porque: • A população é elemento político essencial, pois não pode existir estado despovoado; • A população dá cunho específico à configuração de uma sociedade, conforme seja mais jovem ou mais idosa, crescente ou decrescente, predominantemente rural ou urbana, mais rica ou mais pobre, formada por uma ou várias etnias etc; e • Consequentemente, todas as questões pertinentes aos seus múltiplos aspectos (número, flutuações, composição segundo vários critérios, distribuição territorial, movimentos migratórios etc.) tanto atuais quanto futuros, são fundamentais para a perfeita compreensão de um país e como base do planejamento econômico, político, social ou cultural. Do ponto de vista demográfico, as populações podem ser abordadas em diversos momentos: Na pré-história, a população era tanto mais escassa quanto mais remota. Pequenas hordas de seis a trinta membros vagueavam por áreas imensas à catar alimentos. Pode-se dizer que, há cerca de vinte mil anos, o total da população mundial caberia numa cidade moderna de tamanho médio. Com a agricultura, no período neolítico, deu-se a primeira expansão demográfica. Na antiguidade oriental, os dados são escassos e aleatórios. O Egito teria atingido sete milhões de habitantes antes da invasão persa. A Babilônia, em seu apogeu, seria uma cidade de 300.000 almas. Israel teria contado com 350.000 habitantes, no máximo. A Pérsia de Xerxes talvez tenha tido 18 milhões. Essas cifras estavam sujeitas a flutuações consideráveis, pois todos os estados antigos e medievais eram extremamente sensíveis a freqüentes flagelos demográficos -- guerras, fomes e epidemias. Na Idade Média, período essencialmente rural, as cidades eram pequenas. Londres, em 1086, tinha 17.850 habitantes; Bruges, no século XIII, 35.000. Em meados do século XIV, antes da peste negra, que dizimou o Ocidente, matando quase a metade da população, Florença tinha 55.000 habitantes; Milão e Veneza, pouco mais de cem mil cada uma; Paris, em 1328, teria cerca de sessenta mil. Colônia teria trinta mil no século XV e Frankfurt, nove mil.
O século XVI foi um período de expansão demográfica na Europa, cuja população sofreu flutuações nos cem anos seguintes devido às guerras religiosas. No século XVIII, a expansão se acentuou, particularmente depois da revolução industrial, e adquiriu proporções de verdadeira explosão demográfica nos séculos XIX e XX. Demografia doutrinária. Muitos povos estudaram a questão da população e formularam a esse respeito as mais diversas soluções e teorias. De modo geral, distinguem-se em demografia duas tendências fundamentais: a populacionista, favorável ao incremento da população, que se considera como dado positivo; e a restritiva, favorável ao controle populacional.
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO
Segundo a teoria da transição demográfica, o crescimento populacional se daria em fases, o período anterior a transição ou pré-transicional, conhecido como regime demográfico tradicional, seria aquele no qual as taxas de natalidade e mortalidade seriam elevadas, fazendo com que o crescimento vegetativo fosse pequeno. A grande ruptura com esse período começa a se dar nos países desenvolvidos com a Revolução industrial, já nos subdesenvolvidos isso ocorre apenas em meados do século XX. O período posterior a transição ou pós-transicional, chamado de regime demográfico moderno, se daria quando as taxas de natalidade e mortalidade baixassem. Devido ao fato de que as taxas de mortalidade caem primeiro que as de natalidade, durante a transição viver-se-ia um período de intenso crescimento populacional, chamado de explosão demográfica, processo pelo qual passam ainda hoje vários países subdesenvolvidos. O Brasil já superou a fase de explosão e começa a entrar na fase de estabilização da população, o que faz com que comece a haver um maior equilíbrio na pirâmide etária do país. TEORIAS DEMOGRÁFICAS 1-
Lei de Malthus ou Malthusianismo
No final do século XVIII, precisamente em 1798 o pastor anglicano Thomas Robert Malthus, laçou sua famosa teoria, segundo a qual a razão para a existência da miséria e das enfermidades sociais, seria o descompasso entre: a capacidade de produção de alimentos, que se daria numa progressão aritmética (1, 2, 3, 4), em relação ao crescimento populacional que se daria numa progressão geométrica (1, 2, 4, 8). Malthus chegou a propor que só deveriam ter filhos aqueles que pudessem criar, e que os pobres em decorrência disso deveriam se abster do sexo. Além disso, defendia a tese de que o estado não deveria dar assistência à saúde das populações pobres. Para ele, se não acontecessem "obstáculos positivos", como guerras, epidemias, que causassem grande mortandade, o desequilíbrio entre a produção de alimentos e o crescimento populacional, geraria o caos total. Malthus errou, pois a tecnologia possibilitou um aumento exponencial na produção de alimentos que hoje são produzidos a taxas superiores as do crescimento populacional, além disso, temos verificado uma tendência a estabilização do crescimento populacional nos países desenvolvidos, além de uma desaceleração do crescimento em grande parte dos países subdesenvolvidos, especialmente nas últimas décadas.
Com isso podemos concluir que, se há fome no mundo e no Brasil hoje, isso não se deve a falta de alimentos ou ao excesso de pessoas, mas a má distribuição e destinação dos mesmos. 2-
Neomalthusianismo
No pós 2ª Guerra Mundial, o crescimento populacional acelerado nos países subdesenvolvidos, fez despertarem os adeptos de Malthus chamados de neomalthusianos. Segundo eles, a pobreza e o subdesenvolvimento seriam gerados pelo grande crescimento populacional, e em virtude disso seriam necessárias drásticas políticas de controle de natalidade, que se dariam através do famoso e bastante difundido, "planejamento familiar". Muitos países subdesenvolvidos adotaram essas políticas anti-natalistas, mas com exceção da China onde a natalidade caiu pela metade em quarenta anos nos outros praticamente não surtiu efeito. Hoje em dia existem também os chamados ecomalthusianos, que defendem a tese de que o rápido crescimento populacional geraria enorme pressão sobre os recursos naturais, e por conseqüência sérios riscos para o futuro. No Brasil nunca chegou a acontecer um controle de natalidade rígido por parte do estado nacional, mas a partir da década de 70 o governo brasileiro passou a apoiar programas desenvolvidos por entidades nacionais e estrangeiras como a Fundação Ford, que visavam o controle de natalidade no país. 3-
Reformistas ou marxistas
Diferentemente do que defendem os neomalthusianos, os demógrafos marxistas, consideram que é a própria miséria a responsável pelo acelerado crescimento populacional. E por conta disso, defendem reformas de caráter sócio-econômico que possibilitem a melhoria do padrão de vida das populações dos países subdesenvolvidos, segundo eles isso traria por conseqüência o planejamento familiar espontâneo, e com isso a redução das taxas de natalidade e crescimento vegetativo, como ocorreu em vários países hoje desenvolvidos. CONCEITOS DEMOGRÁFICOS Alguns conceitos demográficos são fundamentais para a análise da população, entre eles elencamos: População absoluta: corresponde a população total de um determinado local. Quando um local tem uma população absoluta numerosa, dizemos que ele é populoso. O Brasil está entre os países mais populosos do mundo com uma população superior a 185 milhões de habitantes.
Países mais Populosos do Mundo País
População aproximada (2010)
1º China
1.345.750.000 hab.
2º Índia
1.198.003.000 hab.
3º EUA
314.658.000 hab.
4º Indonésia
229.964.000 hab.
5º Brasil
192.000.000 hab.
O Brasil é um dos países mais populosos do mundo. Dentro dele, os Estados mais populosos, são: Estado
População (ano 2010)
São Paulo (SP)
41.252.000 hab.
Minas Gerais (MG)
19.595.000 hab.
Rio de Janeiro (RJ)
15.993.000 hab.
Bahia (BA)
14.021.000 hab.
Rio Grande do Sul (RS)
10.860.000 hab
Paraná (PR)
10.605.000 hab
Pernambuco (PE)
8.745.000 hab.
Densidade demográfica ou população relativa: corresponde a média de habitantes por quilômetros quadrados. Podemos obtê-la através da divisão da população absoluta pela área. Quando a população relativa de um local é numerosa dizemos que esse local é muito povoado. Apesar da enorme população absoluta, a densidade demográfica do Brasil é baixa não ultrapassando 20 habitantes por quilômetro quadrado.
Para o Brasil, por exemplo, temos:
A primeira pergunta que nos vem à mente é: essa densidade demográfica é grande ou pequena? Vamos comparar com o mundo:
Um exemplo de grande densidade é a China:
Apresentamos alguns dos estados brasileiros com densidade demográfica pequena, situação que nos comprova que o Brasil, não tem uma boa distribuição de sua população, pois regiões como a da área da floresta amazônica ainda não foi totalmente ocupada. Estado
Densidade demográfica
Roraima (RR)
2,01 hab./km2
Amazonas (AM)
2,21 hab./km2
Mato Grosso (MT)
3,36 hab./km2
Amapá (AP)
4,68 hab./km2
Acre (AC)
4,80 hab./km2
Tocantins (TO)
4,98 hab./km2
Superpovoamento: corresponde a um descompasso entre as condições sócio-econômicas da população e à área ocupada. Isso quer dizer que, superpovoamento não depende apenas da densidade demográfica, mas principalmente das condições de vida da população. Alguns países com grande densidade demográfica podem não ser considerados superpovoados, enquanto outros com densidade baixa assim o podem ser classificados.