Finalmente aqui... ...o Livro
EleutĂŠrio Langowski
CiaPress
The Legend - David English
Finalmente aqui... Bee Gees... o Livro - Eleutério Langowski - 1ª edição - 2008 - Ciapress Editora
News Limited
06 Robin, Barry e Maurice em Brisbane, 1961
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i L ...o Eleutério Langowski
1ª edição Ciapress Editora 2008
Finalmente aqui... ...o Livro
‘‘Todo este trabalho em homenagem aos irmãos Gibb é dedicado a Marta e Barbara, mães,minha e dos irmãos Gibb, respectivamente.’’
CiaPress Finalmente aqui... Bee Gees ...o Livro 1ª Edição 2008 Copyright © 2008 para Editora CiaPress Ltda Projeto idéia, texto principal e revisão: Eleutério Langowski Colaboradores: Cláudio Milan, Br Gibb Bee Gees Clube do Brasil, Denis Camargo, Adriane Fernandes Langowski. Capa: Inspirada no álbum ‘‘Here at Last... Bee Gees... Live’’ de 1977, com fotografia de Waring Abbott. Logo Bee Gees: Original de Pacific Eye & Ear (capa do álbum Main Course) criado por Drew Struzan com arte final de Tom Nikosey. Cartoon Bee Gees: TV Time, por George Williams Imagens: Divulgação, Arquivo Pessoal, BR Gibb Bee Gees Clube do Brasil, Ed Caraeff, Chris Walter, Neal Preston, Bob Sherman, Keystone, Eleutério Langowski, Família Gibb, GSI Gibb Service International, RSO Robert Stigwood Organzation. Todos os esforços foram feitos para creditar devidamente os detentores dos direitos autorais das imagens utilizadas neste livro. Eventuais omissões de crédito não são intencionais e serão devidamente solucionadas nas próximas edições, bastando que seus proprietários contatem os editores. Every effort has been made to trace the copyright holders of the photographs in this book, but somethings were unreachable. We would be grateful if. The photographers concerned would contact us. Projeto Gráfico e Diagramação: Marcelo Saldania – Agência Next (www.agencianext.com) Impressão: Gráfica Todos os direitos autorais incidentes sobre as fotografias e imagens, utilizadas neste projeto ficam reservados para os respectivos autores.
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ÍNDICE ÍNDICE 10
A HISTÓRIA DOS BEE GEES
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A OBRA DOS IRMÃOS GIBB
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ROBIN GIBB NO BRASIL
Bee Gees, 1967
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Reprodução
Chris Walter
Reprodução
PREFÁCIO UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO E TALENTO
Em quase meio século de contribuição à música, os irmãos Barry, Robin e Maurice Gibb constituíram um repertório riquíssimo. Desde a década de 60, suas canções vêm rompendo a barreira do tempo, vencendo preconceitos e conquistando a atenção de novas gerações de admiradores. Embora a indústria fonográfica não trabalhe com números propriamente confiáveis, os Bee Gees têm lugar garantido entre os ícones eternos do pop/rock não apenas por seu talento natural, mas também por seu desempenho comercial. Falar em Bee Gees é, em boa medida, estruturar uma narrativa repleta de glórias e tragédias. Ainda que seu currículo seja quase inigualável, o reconhecimento à importância dos irmãos Gibb no cenário musical tem sido, historicamente, muito menor que o merecido. Poucos foram os que atingiram graus de excelência tão elevados tanto como intérpretes quanto como autores. Ao longo do tempo, os Bee Gees tiveram suas composições gravadas por estrelas do porte de Rod Stewart, Dionne Warwick, Diana Ross, Elvis Presley, Janis Joplin, Roy Orbison, Barbra Streisand, Nina Simone, entre muitos e muitos outros. Todos esses grandes nomes certamente identificaram nos irmãos Gibb uma rara capacidade de unir melodias contagiantes a letras de forte apelo popular, uma receita quase garantida de sucesso. Mas os Bee Gees não foram apenas excepcionais autores de sensíveis canções. Por uma improvável manobra da natureza, ou do destino, em seus álbuns ecoam duas das mais emblemáticas vozes do século XX. Individualmente, Barry ou Robin Gibb poderiam perfeitamente liderar o vocal de qualquer outra grande banda que se conheça ou admire. Juntos, representam um diferencial absoluto. A sinergia fraterna de suas vozes – apoiada pelos timbres precisos de Maurice Gibb – resultou na mais impressionante harmonia que o mundo já ouviu. É claro que para aceitar tais afirmações é preciso, antes de tudo, vencer as barreiras do preconceito. São exatamente elas que têm impedido que a obra dos Bee Gees seja apreciada na medida exata de sua grandeza. Mas não é preciso gostar de Bee Gees para perceber seu talento enquanto compositores, ou seus recursos vocais próximos, muito próximos, do infinito. Não é preciso gostar de Bee Gees para, ao menos, dedicar-lhes o respeito e o reconhecimento que merecem. Pois se os críticos e a grande massa do público ainda não assimilaram a magnitude e a qualidade do trabalho dos irmãos Gibb, por outro lado eles conquistaram um universo de fãs fiéis e dedicados espalhados pelos quatro cantos do planeta. Para estes, falar sobre Bee Gees não é falar sobre glórias e tragédia. É, acima de tudo, um gratificante exercício de prazer. Especialmente quando esse diálogo se estabelece em um ambiente editorial criado com carinho e seriedade, como este. Idealizado por Eleutério Langowski – ou, simplesmente, o Leo – um 07
PREFÁCIO
amigo que o milagre da internet me proporcionou já há mais de 10 anos e com quem – na maioria das ocasiões, virtualmente – tenho vivido bons momentos de troca de informações, conhecimento ou simplesmente conversas despretensiosas. Por tradição, um projeto envolvendo Bee Gees no Brasil só é legítimo e confiável quando conduzido por um admirador sério e verdadeiro. Como o Leo. É por isso que você, que gosta de Bee Gees, pode se considerar um privilegiado a partir de agora. A obra que você começa a ler aqui é resultado de um esforço pessoal, sem objetivos comerciais. Um trabalho criado e viabilizado apenas pelo prazer – e, talvez, a necessidade – de prestar uma homenagem a três gênios que tantos momentos inesquecíveis nos proporcionaram. Três crianças que cresceram e envelheceram nos legando algumas das mais belas e inspiradas canções de todos os tempos, construindo pequenas obras-primas eternas e, acima de tudo, invadindo nossas vidas sem pedir licença para deixar uma marca profunda e inesquecível nos momentos mais significativos da história de cada um de nós. Claudio Milan é Jornalista, colecionador e fã dos irmãos Gibb. Ele pode ser encontrado pelo e-mail brgibb@yahoo.com.br
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APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO
Mais de 200 milhões de discos vendidos. Uma carreira que atravessou 50 anos no tempo. Dezenas de filmes em que foram incluídas músicas compostas pelos irmãos Gibb. Acha pouco? Então, acrescente mil músicas ao longo da carreira. Centenas de cantores interpretando composições dos irmãos Gibb. Acrescente uma grande quantidade de premiações e dezenas de primeiros lugares nas paradas de sucessos. No início da carreira, nos anos 60, a mídia de suas músicas eram os pesados bolachões. Passou logo para o vinil, para os cartuchos de fitas e cassetes, para o compact disc, laser disc, digital vídeo disc, fitas VHS, formatos analógicos e digitais, mp3, pen drive, livros, revistas, etc. Os irmãos Gibb tiveram que enfrentar comparações com Beatles – injustas ou não - mas muito pesadas para três jovens adolescentes que retornavam à Inglaterra depois de iniciar uma carreira musical na Austrália. Antes do sucesso, já haviam viajado meio mundo e depois do sucesso, viajaram o mundo inteiro. Porém, encontraram não só o sucesso. Suas vidas foram ponteadas por altos e baixos. Sucessos alternados com esquecimentos, alegrias alternadas com tragédias. Uma família unida pela vida e separada pela morte. Enfim, uma rica história, da qual contamos uma pequena parte nesta publicação. O relato de uma carreira riquíssima de experiências justificaria muitos volumes. Então, em poucas páginas, gostaríamos de passar uma visão geral da vida e obra destes três irmãos. Acrescentamos a relação de quase mil músicas que compõe a obra dos irmãos Gibb, hoje disponíveis para garimpagem pelos fãs, graças à internet. Este livro é um pequeno tributo aos irmãos Gibb e dedicado aos milhares de fãs brasileiros. Este livro também comemora uma década da pioneira página brasileira dos Bee Gees na internet, quando as informações disponíveis ainda eram escassas e os admiradores do grupo não estavam conectados. Finalmente aqui, um livro brasileiro sobre os Bee Gees. O autor
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Gibb Family
A HISTĂ“RIA DOS BEE GEES
The Rattlesnakes (Paul Frost, Kenny Horrocks, Maurice, Barry e Robin), em 1958.
GSI
O COMEÇO Capítulo I (1956-1966)
O COMEÇO
GSI
Três meninos, nascidos na Ilha de Man (Inglaterra) mudam-se com a família para Manchester (Inglaterra) onde, por brincadeira e influência direta do seu pai que era músico, começam treinando cantar com três vozes em harmonia, Barry Gibb, nascido em 1946 e seus dois irmãos, os gêmeos Robin e Maurice, nascidos em 1949, se divertem nas matines do cinema local dublando músicas da época. Batizados como "The Rattlesnakes" (Guizo das serpentes) ou "Johnny Hays and the Bluecats" (João da Palha e os Gatos Azuis). Um dia, quando iam para o cinema para mais uma matine, eles quebraram acidentalmente o disco com a música que iriam dublar. Então, resolvem cantar de verdade. As pessoas ouviram e elogiaram os garotos porque cantaram bem ou talvez porque eram apenas crianças cantando. Em 1958, a família Gibb encontrava-se passando por algumas dificuldades financeiras. Obriga-se então a imigrar para a Austrália. Foram morar em Brisbane, onde os três irmãos Gibb, ainda crianças, começam a se apresentar profissionalmente nos clubes locais, já com o nome de BG's. Em 1963, Barry com 17 anos e os gêmeos Robin e Maurice com 14, gravam seu primeiro disco com a música "Three Kisses of Love", seu primeiro sucesso. Conseguem participação na TV e fazem relativo sucesso na Austrália com vários discos lançados. Em 1967, retornam à Inglaterra com o objetivo de tentar uma carreira internacional. Afinal Londres era a principal referência no mundo da música pop. Na Inglaterra, os Beatles reinavam no pop rock e naquele ano estavam lançando o revolucionário disco "Sgt Peppers". Quando já estavam a caminho de Londres, no navio, ficaram sabendo que a música "Spicks & Specks" fazia sucesso nas paradas musicais australianas.
GSI
Three Kisses of Love; Spicks and Specks
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O COMEÇO
Carta do papai-empresário Hugh Gibb às gravadoras, que resultou na contratação dos Bee Gees pelo empresário Robert Stigwood
12 Barry, os gêmeos Maurice e Robin e a Família toda.
GSI
Bruce Davis
GSI
O COMEร O
Bee Gees, 1964 na Austrรกlia
Gibb Family
Gibb Family
Gibb Family
Gibb Family
O COMEÇO
Bee Gees, no início da carreira
Dvd Eagle Vision
Dvd Eagle Vision
Dvd Eagle Vision
DO O SUCESSO Capítulo II (1967-1968)
CONQUISTANDO O SUCESSO
New York Minning Disaster 1941; To Love Somebody; Massachussets; World; I Started a Joke
Em 1967, o centro musical do mundo era Londres, e os Beatles comandavam a revolução na música POP com o disco "Sgt Peppers". Os irmãos Gibb, declaradamente fãs e admiradores do quarteto britânico, perceberam que suas músicas não ficavam atrás das músicas dos seus ídolos e, portanto, poderiam fazer sucesso também. E mais, na Austrália já haviam atingido o sucesso, porém de alcance local. Por isso, retornam para a Inglaterra, trazendo consigo dezenas de discos gravados por eles na Austrália e são logo contratados por Robert Stigwood, empresário da mesma gravadora dos Beatles, que percebeu rapidamente o potencial dos Bee Gees. Barry, Robin & Maurice Gibb, acompanhados por dois amigos australianos, o baterista Colin Peterson e o guitarrista Vince Melouney e ainda com a ajuda do produtor australiano Ossie Byrne e do arranjador Bill Shepherd, responsável pelos arranjos sinfônicos do grupo, lançam o primeiro compacto simples. Assim, a música "New York Minning Disaster 1949" torna-se o primeiro sucesso mundial. O lançamento do primeiro compacto simples foi em clima de mistério, com grande parte da imprensa britânica insinuando que os próprios Beatles poderiam ter gravado aquele disco com outro nome. E, ainda mais, porque os caracteres inicias e finais coincidiam (BE....ES). Logo em seguida, os Bee Gees lançam o seu primeiro álbum de alcance mundial, com o nome de "Bee Gees 1st". Nas apresentações ao vivo, são acompanhados por uma orquestra sinfônica, fato inédito até então. Os arranjos orquestrais das músicas são elaborados pelo maestro Bill Shepherd. Surge então um novo fenômeno musical para o mundo com uma legião fanática de fãs que cultuam os irmãos Gibb através da "Beegeemania". Maurice comentava na época "Às vezes estamos executando uma composição com uma tremenda força melódica e os fãs ficam gritando Barry! Rooobin!". 15
Akademie OWL
Bettmann
RSO
RSO
DO O SUCESSO
GSI
MPIMENTO Capítulo III (1969-1970)
O ROMPIMENTO
Desde o início da carreira, na Austrália, o líder natural do grupo sempre foi o irmão mais velho, Barry Gibb. Os vocais principais, no entanto, ficaram divididos entre Robin e Barry. Cada um com uma característica diferente. Conforme os sucessos iam se repetindo, o ego de cada um era inflado. Três jovens, conquistando fama, fortuna e sucesso tão grande em tão pouco tempo, tornou-se insustentável. Durante as gravações do álbum "Odessa" houve a separação do grupo. Robin resolveu seguir carreira solo lançando (com a ajuda do irmão gêmeo Maurice) o álbum "Robin’s Reign", com relativo sucesso. Barry e Maurice continuaram ainda como Bee Gees e lançaram o álbum "Cucumber Castle". Para as apresentações ao vivo, Barry e Maurice convidaram a irmã Lesley. Mas a fórmula não deu certo e o grupo Bee Gees se desintegrou. Barry comenta: "Nessa época estávamos um pouco fora do ar, consumindo algumas porcarias", numa clara alusão ao período "lisérgico" do grupo. Maurice enfrentava problemas com o alcoolismo. Os amigos australianos, baterista Colin Peterson e guitarrista Vince Melouney, decidem sair do grupo, retornando para sua terra natal, a Austrália.
GSI
Words; Lamplight; Melody Fair; Don't Forget to Remember; Saved by the Bell; Tomorrow Tomorrow
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Barry Plumer
AM AO INFERNO
Os Irm達os Maurice, Lesley e Barry, em 1969
RECOMEÇO RSO
Capítulo IV (1971-1972)
O RECOMEÇO
RSO
Lonely Days; How Can You Mend a Broken Heart; Trafalgar; Run to Me
A formação com o baterista Geoff Bridgeford.
Separados há quase dois anos, um dia Robin Gibb resolveu procurar o seu irmão mais velho e fazer as pazes, propondo a volta dos Bee Gees. O processo de reaproximação de Barry e Robin foi lento e gradual, com as diferenças sendo vencidas pouco a pouco. Maurice foi importante ponto de equilíbrio, cujo papel de mediador passou a ser fundamental para a longa existência dos Bee Gees. Reúnem então algumas cancões compostas no período em que estavam separados e lançam-nas no álbum "Two Years On", atingindo de imediato o primeiro lugar nos Estados Unidos com a música "Lonely Days". Em 1971, o álbum "Trafalgar", cuja capa reproduz uma tela sobre a batalha de Trafalgar, traz outro primeiro lugar "How Can You Mend a Broken Heart". Em 1972, outro bem elaborado álbum "To Whom It May Concern" faz sucesso com a faixa "Run to Me" e é o último a contar com a participação de Bill Shepherd como arranjador e maestro. Foi uma fase de muito sucesso e prestígio para os Bee Gees. Mas, então, os irmãos Gibb se vêem abandonados pelo seu empresário, que prefere produzir musicais como "Jesus Cristo Superstar", “Hair”, “Tommy” e outros. A cena musical estava sofrendo alterações de estilo e de local, deslocando-se aos poucos para os Estados Unidos, graças ao fenômeno do Rock, Woodstock, Hippies, Guerra do Vietnam. Enfim, estava claro o engajamento da música dos anos 70 na política e os Bee Gees continuavam a escrever músicas dentro do seu estilo e sem engajamento político. E não havia o compromisso da sua música com outras causas. Daí que a indústria do disco deixou-os no esquecimento e sem rumo. Os Bee Gees estavam mortos? Ou era hora de retomar a carreira em outro lugar e de outra forma? Eram as decisões que os irmãos Gibb teriam que tomar sob pena de sepultar para sempre o grupo.
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Do arquivo
Do arquivo
London Features
Bee Gees em Londres.
O RENASCIMENTO
Ed Caraeff
SCIMENTO Capítulo V (1973-1975)
Procurando novos caminhos, irmãos Gibb fazem uma incursão pela música country americana e lançam o álbum "Life In A Tin Can", totalmente acústico. Mas não fazem mais sucesso como antes. Produzem um novo disco chamado "A Kick In The Head Is Worth Eight In The Pants", mas a gravadora se recusa a lançá-lo. A carreira do grupo Bee Gees encontra-se então em um ponto crucial. Os irmãos Gibb haviam atingido o equilíbrio interno como pessoas, constituído família, mas a carreira do grupo havia atingido o fundo do poço. Nesse período se apresentam em pequenos clubes ao invés de grandes auditórios. Escursões e apresentações em grandes auditórios são canceladas devido ao pouco interesse do público. Em lugar de lançar "A Kick In The Head Is Worth Eight In The Pants" (o álbum renegado pela gravadora), os Bee Gees são colocados em contacto com o produtor americano Arif Mardin. O novo produtor mostra a eles a tendência musical da época. Tomam contacto então com a música negra americana. Arif Mardin aconselha-os a desistir do estilo "Beatles" e passar a compor "Rythms & Blues". Passam a trabalhar no novo álbum "Mr. Natural" que, embora mantendo ainda o estilo dos "velhos" Bee Gees, serve para colocá-los em contacto com o que se fazia no meio musical dos anos 70. Iniciava-se nessa época, o fenômeno das "discotecas", como eram denominados os locais, clubes, onde os jovens se reuniam para dançar. A música predominante era então o Rythms & Blues, Soul, enfim, a música negra americana. Em 1975, o lançamento do álbum "Main Course", produzido por Arif Mardin, levou ao público o novo estilo dos Bee Gees calcado no Rythms & Blues e sintonizado com o som que despontava nos clubes de dança de Nova Iorque. No Brasil, o fenômeno seria denominado de "discoteca". Na canção "Nights on Broadway" Barry Gibb começa a usar o seu falsete vocal que iria, nos próximos anos, fazer muito sucesso no mundo inteiro.
Ed Caraeff
Method to My Madness; Saw a New Morning; Come Home Johnny Bride; Wouldn't I Be Someone; Elisa; Mr. Natural; Jive Talkin'; You Should Be Dancing; Love So Right.
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O AUGE
Chris Walter
Chris Walter
Chris Walter
Capítulo VI (1976-1980)
Participação especial de John Travolta.
O AUGE
Stayin' Alive; Night Fever; More Than A Woman; Tragedy; Too Much Heaven; Love You Inside Out; Spirits (Having Flown)
Decididos a enfrentar novo ciclo em suas vidas, vão morar em Miami. Para quem creditava o sucesso da nova fase dos Bee Gees apenas ao produtor Arif Mardin, os irmãos Gibb lançam no ano seguinte, 1976, o álbum "Childreen of the World", inteiramente produzido por eles. O álbum apresenta alguns hits e obtém boa vendagem. A música "You Should Be Dancing" tornou-se então uma espécie de hino das discotecas e clubes de dança. Com a agenda cheia, realizam shows e finalmente produzindo e lançando em 1977 o seu primeiro álbum (duplo) ao vivo. O nome do álbum foi "Here At Last... Bee Gees... Live", ou seja, “Finalmente aqui, Bee Gees, ao vivo”! O empresário e sócio Robert Stigwood, dono da gravadora RSO impõe aos irmãos Gibb a participação no projeto do filme "Sgt. Pepper's", uma fantasia baseada nas canções do mais famoso álbum dos Beatles e tirada do livro de Henry Edwards. Nessa época, as canções feitas pelos Bee Gees para o filme "Os Embalos de Sábado a Noite" (Saturday Night Fever) começaram a fazer sucesso, fazendo do álbum duplo contendo a trilha sonora do filme, o disco mais vendido até hoje (mais de 50 milhões de cópias). O filme e disco "Os Embalos de Sábado a Noite" garantem estrondoso sucesso de vendagem e público, tornando os Bee Gees os donos absolutos das paradas de sucesso no mundo inteiro, durante quase dois anos. Discute-se ainda hoje se o êxito do filme foi graças à trilha sonora ou se a grande vendagem da trilha sonora foi devido ao filme. O fato é que filme e trilha sonora se tornaram símbolos e retratos da “era disco” dos anos 70. Na trilha do sucesso, emendam com "Spirits Having Flown" (com vendagem superior a 20 milhões de cópias), emplacando mais músicas nas paradas. Na seqüência, comemoram com a maior excursão do grupo até hoje, denominada "Spirits Tour 79” realizada nos Estados Unidos e 23
O AUGE
Canadá. Para promover a excursão, os Bee Gees alugam um Boeing 727 destinado aos deslocamentos da caravana até os locais das apresentações. O avião é customizado e decorado com as cores da capa do novo disco. O gênero "disco" predominava então na segunda metade dos anos 70 e outros estilos e grupos começavam a despontar. Para a indústria da música e da comunicação os Bee Gees e o estilo “disco” já estavam monopolizando o mercado fonográfico por muito tempo. Estava, portanto, “atrapalhando” e era preciso abrir espaço para outros artistas e cantores. Bee Gees se tornou símbolo da era "disco" e deveria, portanto, ser eliminado, destruído. Embora o que fazia não era propriamente "disco", os Bee Gees foram rapidamente estigmatizados e condenados. De repente era proibido gostar de Bee Gees. Alguns "DJs" começaram a divulgar campanhas do tipo "aqui, um dia inteiro sem os Bee Gees". Os irmãos Gibb, naturalmente, estavam desgastados pela excessiva exposição na mídia além de esgotados psicologicamente e até fisicamente pela pressão da fama e dos compromissos. Não conseguiriam manter tal sucesso por mais tempo. E, ao menor sinal de queda, foram estigmatizados pela crítica como compositores e cantores medíocres. Passou a ser "proibido, brega, cafona” gostar de Bee Gees. Estava decretada a proibição de se tocar uma música dos Bee Gees pelo simples motivo de ser uma gravação dos Bee Gees. Este fato é hoje reconhecido como real e injustificável. Barry comenta "Era proibido gostar dos Bee Gees. Ficamos como que leprosos!"
Chateau d’Herouville, local onde foram compostas as músicas do filme ‘‘Os Embalos de Sábado a Noite’’
Cartaz do especial de TV em benefício da UNICEF
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Bob Sherman
Spirits Tour, 79
SPIRITS TOUR 79 Seção de metais ‘‘Boneroo Horns’’, Guitarra solo ‘‘Alan Kendall’’, Bateria ‘‘Dennis Bryon’’, Backing-vocals ‘‘The Sweet Inspirations’’, Teclados ‘‘Blue Weaver’’, Percussão ‘‘Joe Lala’’ Fotografias ‘‘Bob Sherman’’ e ‘‘Chris Walter’’
Gibb Family
Gibb Family
ANDY GIBB
Andy, com o irmão Barry
Capítulo VII (1976-1988)
ANDY GIBB, UM CAPÍTULO ESPECIAL
Durante a "era disco" dos anos 70 Robert Stigwood o empresário e Barry Gibb produziram e lançaram o irmão mais novo Andy Gibb ao sucesso. Como um toque de Midas, tudo o que os Bee Gees lançavam se transformava em sucesso. Foi assim com Samantha Sang que brilhou com a música "Emotion", produção, composição e participação vocal dos Bee Gees. Com Andy Gibb não poderia ser diferente. O primeiro álbum "Flowing Rivers" estourou nas paradas. Outros dois álbuns de grande sucesso foram lançados no período de 1977 a 1980, "Shadow Dancing" e "After Dark". O talento revelado por Andy Gibb permitiu que o público o acolhesse como artista de luz própria, daí o seu formidável sucesso. Em 1979, Andy Gibb participou no encerramento do “Spirits Tour 79", cantando ao lado dos irmãos a música "You Should Be Dancing", o que levou muita gente a pensar que Andy era um, ou que passaria dali por diante, a fazer parte dos Bee Gees. Na realidade, ele poderia ter sido um Bee Gees, mas preferiu seguir carreira solo, pois os irmãos mais velhos já estavam na estrada há mais de 20 anos e ele queria conquistar o seu próprio espaço. Andy Gibb queria provar para o mundo, ou talvez para si mesmo, que poderia seguir só com o seu próprio talento. Porém, apesar do grande talento artístico, não possuía lastro psicológico para isso. Apesar do apoio dos irmãos, passou a consumir drogas tornando-se dependente. Passando por sucessivos tratamentos e sucessivos retornos, em 1988, Andy Gibb faleceu, justamente quando tentava mais um retorno. O fato, com retumbante repercussão na família Gibb, ocorreu na casa do Robin Gibb em Londres, na companhia de sua mãe que o socorreu. Ironicamente, a letra da última música gravada por Andy Gibb "Arrow Through The Heart" fala sobre a morte ("I'm Too Young To Die" - Sou muito novo para morrer). Andy viajou até Inglaterra a pedido da sua editora para 28
Os Irmãos Gibb com os pais, em 1967
Gibb Family
compor canções para um possível novo álbum e retomada de carreira. Andy se hospedou na casa de Robin Gibb no Thame, Oxfordshire. Sem inspiração e sentindo-se sozinho e deprimido, ancorou-se na bebida. Sentindo-se doente, em 7 de março de 1988, Andy foi levado ao hospital de John Radcliffe em Oxford para se submeter a tratamento e exames médicos. Queixando-se de dores no estômago, três dias depois, na manhã do dia 10 de março Andy Gibb morreu com 30 anos de idade. O motivo de sua morte foi complicações decorrentes de uma inflamação no miocárdio causada por uma infecção viral. Embora os anos de abuso do álcool e da cocaína não fossem a causa direta da sua morte, contribuíram certamente para este desfecho. O seu corpo foi transportado para Los Angeles, Califórnia, onde se realizou o funeral. Os seus restos mortais repousam no Forest Lawn - Hollywood Hills Cemetery. Em 1989 os Bee Gees compuseram a música "I Wish You Were Here" em homenagem ao irmão falecido. Dois anos após a morte de Andy Gibb, o pai Hugh Gibb, acometido de depressão causada pela morte do filho, também faleceu. Até hoje Andy Gibb é lembrado no mundo inteiro através de suas músicas e, para os fãs, é como se tivesse sido realmente um dos Bee Gees. Até 2005, Andy Gibb foi o único representante dos irmãos Gibb a ter se apresentado ao vivo no Brasil. Através de imagens de antigos vídeos gravados, Andy Gibb participou do especial “One Night Only”, dos Bee Gees, gravado em Las Vegas - EUA, quando, no telão ele interpretou o seu maior sucesso (Our Love - Don't Throw It All Away) juntamente com os seus irmãos no palco.
Gibb Family
ANDY GIBB
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Cenas da vida de Andy Gibb (Gibb Family)
NO BRASIL ANDY GIBB NO BRASIL
Muita gente me pergunta como consegui conhecer pessoalmente o irmão mais novo dos Bee Gees, Andy Gibb. Por isso, resolvi detalhar o fato. Afinal, foi uma experiência bastante marcante para um jovem com 19 anos de idade e sem nunca ter participado do fascinante mundo do show business, começar a carreira com grande estilo, entrevistando um membro da família Gibb. Foi numa noite, em São Paulo, no Hotel Hilton Extremamente tímido e inexperiente, eu imaginava que um repórter em um hotel como aquele, deveria vestir roupa social. Pois bem! Com terno azul, coragem, cara de pau e portando gravador daqueles com microfone embutido a tiracolo, lá fui eu para o que era comum a muitos, porém inédito para mim. Cheguei ao saguão do hotel e entrei em um elevador, onde os repórteres se aglomeravam. Logo a principio ouvi comentário infeliz de um dos presentes: “...a bicha mais nova dos Bee Gees...”. Percebi que eu seria um peixe fora d'água, não somente por estar destoando de todos no traje (não, repórter não usava terno em hotel, estavam todos de jeans), mas por ter ido conhecer alguém que eu admirava, enquanto aquelas pessoas estavam lá para exterminá-lo. Esta foi minha impressão inicial, mesmo porque os irmãos Gibb já não gozavam da boa reputação (perante a crítica) que os havia feito mundialmente famosos alguns anos atrás. Para mim, porém, eles continuavam sendo os melhores. Quando cheguei, pus em prática meu lado ator. Sendo assim, conversei de igual para igual com meus presentes, saboreando os comes e bebes que eram servidos na sala de imprensa. Conversa vai, conversa vem, aproveitei para um papo breve com o Malcom Forest - lembram-se? Aquele cantor brasileiro, que gravou um ou dois discos. Na época, até comercial dele era exibido na TV. Malcom foi o intérprete de Andy. Reparei que também Marquinhos Moura (também cantor, famoso na época) estava lá. Finalmente, após alguma espera, Andy chegou, usando óculos escuros que, segundo ele, serviam para disfarçar o cansaço (será?). Foi explicação que Andy deu para um repórter que pediu para que ele tirasse os óculos. Perguntam sobre o show e uma questão indelicada (se, por cantar solo, ele valia pelos três irmãos), respondida com bastante tranqüilidade e educação. Não sei o motivo, mas nenhum dos meus ilustres e verdadeiros repórteres, com credencial, carteira registrada e passaporte para estas belas oportunidades, perguntou a Andy sobre o que todos os fãs e simpatizantes da música Gibb queriam saber: quando viria o novo disco. Bom, deveria 31
NO BRASIL ser óbvia, para os profissionais que estavam lá, a curiosidade que o público tinha sobre o fato de um artista daquele porte ter subitamente interrompido sua carreira promissora. Porém, como não houve a pergunta, por parte dos credenciados, coube a um principiante intérprete de repórter fazê-la: este que vos escreve. Tive a satisfação de ver a resposta que Andy deu à minha pergunta publicada no jornal do dia seguinte, relevante que foi. E, de sua resposta, nada foi cumprido. Quem assistiu ao documentário sobre Andy, na TV a cabo sabe o motivo. Terminada a entrevista, após Andy ter retornado ao seu quarto, chegou a vez da distribuição de credenciais para o show, somente para jornalistas credenciados. Sim, eu já havia conseguido o que queria, mas me deu uma vontade grande de voltar a representar o repórter Denis e tentar ir além. Após algumas tentativas com colegas devidamente identificados, percebi que havia esquecido minha inexistente credencial na redação da radio fictícia (!!!). E me expliquei ao coordenador do evento, suando frio pelo risco que corria junto ao meu chefe, caso não enviasse a matéria do show. O rapaz olhou bem para mim, perguntou de onde eu era, respondi e, subitamente, ele virou para a moça que distribuía a credencial e disse: “Arruma uma para ele”. Meus camaradas, sério mesmo! As pessoas por lá podem não ter notado, mas eu devo ter sido o repórter mais competente e bem sucedido do ano de 1984, neste país. O cartão vermelho, para muitos, símbolo de expulsão e frustração, para mim teve sentido oposto: abriu-me as portas para algo inédito e marcante. Foi um troféu mais do que merecido. Saindo de lá, saboreei o gosto da vitória, ouvindo a fita que eu havia gravado no hotel, com a coletiva e minha participação. Porém, o melhor estava por vir. Dia 06 de julho de 1984, o dia do grande show. Que surpresas teriam sido preparadas por Andy, para o público brasileiro? Cheguei cedo, afinal, eu tinha trânsito livre pelo ginásio e queria assistir a passagem de som. Porém, o tempo passava e Andy não vinha. Até pensei que ele iria arriscar fazer o show direto. E eu ainda precisava ir buscar um amigo no Taboão da Serra (aquela terra que costuma virar aquário, todo mês de janeiro). Era a pessoa para a qual eu havia doado meu ingresso. Bom, acabei desistindo e rumei para Taboão. Na volta, entrei pela lateral, para esperar pelo Sr. Andrew Roy Gibb bem na frente do seu camarim. Entre luzes, flashes e câmeras de TV, consegui um bom local, de onde foi possível fotografar um Andy sorridente e bem diferente daquela realidade que ele vivia na época e corri para o gargarejo, pois eu tinha mais um filme todo (afinal, o dever me chamava – meu chefe, na rádio, iria me
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NO BRASIL cobrar as fotos). Mas cometi um erro, coisa de principiante empolgado: levei apenas um filme! (sim, na época não existia máquinas digitais e nem celulares que fotografam). Pior: descarreguei tudo no show. Levei, também, dois discos e uma revista, para serem autografados, além do gravador a tira colo. Show em andamento, crescente decepção. E, no final, sem ter cantado “Our Love”, “Desire”, “After Dark”, “An Everlasting Love”, fez o pessoal sair com uma incômoda frustração (inclusive eu). Saibam vocês que, no Chile, ele interpretou todos seus grandes sucessos, com uma produção infinitamente melhor do que a que teve aqui, inclusive com orquestra. Quem verificou no DVD “Andy Gibb Live in Chile” (gravação pirata, é claro) poderá conferir a bela interpretação de Andy em “Our Love”. Mas o meu conceito sobre o talentoso Andy não ficou prejudicado mesmo com a falha na escolha do repertório para o Brasil, pois, afinal, quem tem sangue Gibb nas veias, não pode perder pontos por tão pouco. Antes de Andy descer do palco, me posicionei próximo à escada, onde pude fotografá-lo. Depois, rumei à entrada do camarim, onde o guarda costa, um verdadeiro armário que se postava ao lado do ilustre Gibb para impedir a entrada de curiosos e repórteres precipitados. Foi quando ouvi o anúncio: “O camarim esta liberado apenas para os jornalistas da TV Band”. Pronto! Foi o suficiente para que eu pedisse a conta na pequena rádio onde eu trabalhava e me promovesse indo para uma emissora de TV de grande porte. La estava eu, frente a frente com o irmão dos Bee Gees, ao lado de muitos repórteres e uma fã que implorava por uma camiseta. Andy até se prontificou a dar uma, mas para ela tinha que ser aquela, suada, que ele havia usado no show. Por mais que ele explicasse que aquela camisa seria uma lembrança do Brasil que ele gostaria de levar para casa, ela insistia e insistia, enquanto, com muita gentileza, fazia o papel de minha intérprete (minha conversação em inglês era péssima na época). Missão cumprida, tudo gravado e fotografado, discos e revista autografados, eu voltei para casa com uma estória inédita para contar, e... Sensação de vitória! E a referência, para meu inconformismo, quando penso, que por trás daquele jovem simpático, cheio de vida, bonito e talentoso, estava um homem deprimido, viciado e triste, que tentava, com sucesso, passar uma falsa imagem aos outros, com a intenção de parecer quem ele poderia e gostaria de ter sido.
Texto e fotos Denis Camargo 33
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O RETIRO Capítulo VIII (1981-1986)
O RETIRO
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Wildflower; Living Eyes; He's a Liar; I Still Love You; Juliet
Em 1981, os irmãos Gibb produzem e lançam o álbum "Living Eyes", para mostrar ao mundo e a eles próprios que os velhos e bons Bee Gees ainda estavam vivos. Mas o estigma contra eles ainda estava muito forte e a mídia se recusou a repercutir o novo trabalho, embora de qualidade indiscutível. Para os irmãos Gibb ainda estava cedo demais para retomar o caminho do sucesso como Bee Gees. Após o lançamento do álbum "Living Eyes" que marcou uma retomada do estilo mais acústico e orquestral e com menor utilização de falsetes, os irmãos Gibb decidem dar um tempo como grupo Bee Gees e passaram a desenvolver projetos especiais. Participaram ainda por obrigação contratual na trilha sonora do filme "Stayn’ Alive", a continuação de “Saturday Night Fever”. O produtor Sylvester Stallone estava mais preocupado em capitalizar a trilha para o seu irmão Frank Stallone, um cantor medíocre, relegando a participação dos Bee Gees para segundo plano, tornando o filme um produto descartável. Durante o retiro a que se impõem como Bee Gees, produzem mega sucessos para outros artistas. Com músicas e com o apoio vocal dos irmãos Maurice e Robin, Barry Gibb produziu discos para Barbra Streisand ("Guilty"), Dionne Warwick ("Heartbreaker"), Diana Ross ("Eaten Alive"), Kenny Rogers ("Eyes That See In The Dark"). Todos esses cantores tiveram suas maiores vendagens e sucessos com as composições e produções dos irmãos Gibb. Só para se ter uma idéia, a música "Island In The Stream", gravada por Kenny Rogers e Doly Parton, tornou-se a música country de maior vendagem até hoje. Em 1986, Barry lançou também o seu primeiro e único álbum solo denominado "Now Voyager", com algumas músicas boas, mas sem repercussão. Maurice compôs a trilha sonora do filme "A Breed Apart", sobre a história de um homem que defende falcões, um filme ecológico. 34
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Robin, em parceria com o seu irmão gêmeo Maurice, retomou sua carreira solo e lançou nos anos seguintes, três álbuns, com alguns sucessos e boa repercussão, entre os quais a música "Juliet" que se tornou uma das suas marcas registradas. No terceiro álbum solo de Robin Gibb, os irmãos Barry e Maurice participam nos vocais da faixa "Toys" deixando transparecer o lento, gradual e sólido retorno dos Bee Gees ao meio musical. O período de retiro propiciou aos irmãos a experimentação de novos estilos, instrumentos, arranjos e ritmos e um sonho de Barry Gibb inspirou os irmãos a criarem a música "You Win Again", que passou a ser a senha para um novo período de sucessos que estava por vir. A fama desta vez seria administrada com sabedoria.
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RETORNO You Win Again; Wish You Where Here; Secret Love; For Whom The Bell Tolls; Alone; Still Waters Run Deep; I Surrender; I Could Not Love You More; My Lover's Prayer; Closer Than Close; I Will; Miracles Happen
Em 1987, os Bee Gees estão novamente nas paradas de sucesso do mundo inteiro, faturando alto com o mega sucesso "You Win Again", do álbum "ESP" que foi bem acolhido pela crítica. Neste disco, os irmãos Gibb revelam-se sintonizados com o som dos anos 80, utilizando-se de sons programados em computador, muito diferente das batidas programadas das músicas da trilha de SNF de 1977, quando utilizaram fitas magnéticas em looping. A participação em Londres, 1988, no show organizado em tributo a Nelson Mandela, marca o retorno dos Bee Gees em apresentações ao vivo após 10 anos de ausência no palco. O caminho achado com o álbum "ESP" é continuado com "ONE", considerado pela crítica como um dos melhores álbuns da carreira dos Bee Gees, revelando compositores, músicos e cantores maduros e experientes. A música "Wish You Were Here" foi dedicada ao irmão mais novo Andy Gibb, falecido em 1988. Em 1989, os Bee Gees realizam "One For All Tour", culminando com o lançamento em vídeo do show realizado em Melbourne (Austrália). Os dois álbuns seguintes "High Civilization" e "Size Isn't Everything" apresentam algumas faixas que alcançam relativo sucesso como "For Whom the Bell Tolls" e "Secret Love". Embora o retorno ao sucesso tenha sido feito de forma lenta, gradual e até timidamente, a retomada da carreira dos Bee Gees estava consolidada. As expectativas de obrigação permanente de se ter sucessos como o acontecido na "era disco" já havia sido eliminada. Os novos e verdadeiros Bee Gees estavam novamente vivos. Em 1997, lançam o álbum "Still Waters", considerado um dos melhores discos dos Bee Gees, com grande vendagem.
Bravo
O RETORNO
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Capítulo IX (1987-1997)
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O SUCESSO
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SUCESSO
Capítulo X (1988-2008)
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A essa altura, a qualidade como vocalistas, instrumentistas, compositores e músicos, estava como sempre: perfeita. O sucesso do disco “Still Waters” proporcionou um novo ciclo de sucessos para os irmãos Gibb. Coincidentemente, comemorava-se 20 anos do lançamento do filme “Saturday Night Fever”, que marcou e retratou a "era disco", na qual os Bee Gees foram os expoentes máximos. Para comemorar 30 anos de carreira mundial, os Bee Gees programaram um concerto em Las Vegas, realizado em 14 de novembro de 1997, o qual foi gravado ao vivo "em uma noite apenas". O show “One Night Only” foi filmado e transmitido pela TV, transformado em CD e depois em DVD. Tanto o CD como o DVD continuam vendendo bem, 10 anos depois de lançados. O sucesso obtido por uma única apresentação propiciou a programação de alguns shows (basicamente um por continente) e, na América do Sul, os Bee Gees se apresentaram no dia 17 de outubro de 1998, em Buenos Aires - Argentina, no Estádio da Bombonera. Dentre os 50 mil espectadores, muitos brasileiros. Início do século XXI. A crítica não tem economizado elogios à nova fase da carreira dos irmãos Gibb, deixando ver que o estigma "disco" deixou de ser negativo para se tornar "Cult". No final do século XX e início do século XXI, os Bee Gees foram agraciados com muitas premiações importantes. Discos e vídeos vendendo bem. O que mais poderiam desejar os irmãos Gibb? Como disse Barry: “Aos oitenta anos, sentados em cadeiras de rodas, se apresentando no lar dos velhinhos”!
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immortality, This Is Were I Came In
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Bee Gees 1999, na inauguração do Estádio Olímpico de Sidney
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BUENOS AIRES UMA NOITE APENAS, EM BUENOS AIRES Bee Gees ao vivo na Argentina - 17 de Outubro de 1998
Noite memorável para mais de 50 mil fãs que lotaram o Estádio La Bombonera (Boca Juniors). Antes da abertura dos portões, enquanto uma equipe de TV gravava matéria com brasileiros na longa fila que circundava o Estádio, fiquei pensando porque os Bee Gees não escolheram o Brasil para o show One Night Only da América do Sul. Aliás, os próprios argentinos com quem eu conversei estavam surpresos que "Los Bee Gees" não se apresentariam no Brasil. Enfim, lá estava eu esperando ansiosamente a hora de adentrar ao Estádio, juntamente com alguns outros brasileiros, uruguaios e muitos, muitos argentinos. Às 19:00 horas os portões da Bombonera foram abertos e aos poucos o estádio foi sendo ocupado por pessoas com mais ou menos 30 ou 40 anos. Porém, alguns com mais idade e outros, muitos outros, com menos de 15 anos, a maioria acompanhando os "velhos" papais e mamães que na época das discotecas estavam namorando ao som dos Bee Gees. Fomos recepcionados por elegantes e lindas garotas, em trajes de gala, vestidos longos e outros adereços. Creio que eram as garotas mais bonitas da Argentina que, além de perfumar o ar, atendiam a todos, ajudando-nos a localizar as cadeiras numeradas. Um grupo local chamado Memphis (ou algo assim) começou a se apresentar às 19:30 horas, para distrair o público. Provavelmente o grupo é popular na Argentina, mas para nós, brasileiros, não funcionou. Foi um verdadeiro "anticlímax", chegando mesmo a atrapalhar o gosto da espera. O jeito foi se voltar para outro lado e conversar com alguém, ou ainda dar uma lida no "book-tour", vendido aos interessados. Finalmente, Memphis parou de tocar e saiu do palco secundário, os refletores do estádio foram desligados e tudo escureceu. Então os músicos da banda que acompanhava os Bee Gees começaram a adentrar ao palco principal. Os telões colocados no fundo e nas laterais do palco de 25 metros de altura passaram a mostrar cenas filmadas dos irmãos Gibb quando crianças. Sob os primeiros acordes de "You Should Be Dancing", Barry, Robin e Maurice entraram discretamente no palco. Os três irmãos vestidos de forma impecável em preto. Maurice com o seu chapeuzinho e Robin estreando novo visual, 39
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com uma peruca encobrindo sua calvície acentuada Já Barry, com a sua sempre presente guitarra acústica Guild azul, logo substituída por outra de cor vermelha. A platéia, conforme as músicas iam se sucedendo, ora cantava junto, ora dançava, ora sorria ou ainda quando Robin cantava “I Started a Joke”, todos que puderam, acenderam chamas com fósforo ou isqueiro, proporcionando um bonito espetáculo. Como não poderia deixar de acontecer, logo no início, algum fã brasileiro corajosamente atirou ao palco uma bandeira brasileira, prontamente recolhida por Barry. Minutos depois, a bandeira do fã clube da Argentina foi solicitada por Maurice que fez a festa com ela, passando-a em seguida para o baterista que estrategicamente colocou-a na frente da bateria onde ficou a vista até o final do show. Nova bandeira, desta vez do Uruguai, dói atirada ao palco. Infeliz idéia, pois recebeu uma vaia do público argentino. O que será que há entre eles? Por último, a bandeira da Argentina, que os irmãos Gibb fizeram questão de registrar. O espetáculo em si, foi muito diferente do que se acostumou ver em mega shows de Rolling Stones, U2, Michael Jackson, enfim onde o que menos se vê é a presença do artista que fica escondido atrás de efeitos especiais e palcos gigantescos. Tudo muito simples na apresentação dos Bee Gees. Iluminação simples e eficiente, com três artistas desempenhando exatamente aquilo que o público queria. Mostraram porque conseguem lotar estádios depois de 40 anos de carreira. “I Started a Joke” e "Ellan Vannin", uma espécie de hino da Ilha de Man, terra natal dos irmãos Gibb, com interpretações magistrais de Robin Gibb, "Immortality", "Chain Reaction", "One", "To Whom For The Bell Tolls" e "You Win Again" contaram com o talento de Barry Gibb no vocal principal. Quase meia noite, os irmãos Gibb saem do palco e a platéia impassível espera o seu retorno. Como não poderia deixar de ser, Maurice o mais brincalhão entra correndo no palco, apresenta os músicos da banda e os três começam a cantar novamente "You should be dancing", encerrando o show. Restou a certeza de que se o show tivesse sido realizado no Brasil, a festa seria muito, mas muito melhor mesmo!
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NOS AIRES
Eleutério Langowski
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Graciela Menacho
Axel Alexander
Gibb Family
TRAGÉDIA Capítulo XI
Gibb Family
A TRAGÉDIA
Numa manhã de 2003, milhões de fãs no mundo inteiro ficaram apreensivos com a notícia de que Maurice Gibb havia sido internado no Hospital em Miami, em estado grave. No domingo, dia 12 de janeiro de 2003, veio a notícia mais triste: com 53 anos, Maurice Gibb faleceu no hospital em decorrência de complicações médicas. Já em seguida Barry e Robin anunciaram o fim dos Bee Gees como grupo musical, pois entendiam que os Bee Gees sem Maurice não seria “os Bee Gees” sendo impossível continuarem a carreira. Continuariam sim no mundo da música, porém cada um realizando seus projetos pessoais e administrando a obra já realizada. Participaram então em Londres, da última apresentação, desta feita, apenas Barry e Robin, em favor da Organização Não Governamental do Príncipe Charles, apenas para cumprir contrato anteriormente assinado. Sem Maurice, Barry se recolheu com sua família para redimensionar seus negócios, compondo algumas músicas e lançando outras, porém sem nenhuma pretensão. Robin, no entanto, se entregou ferrenhamente ao trabalho, lançando vários CDs e um DVD ao vivo. Com grande orquestra sinfônica tem realizado vários shows e apresentações pelo mundo afora. Em suas andanças, incluiu países onde nunca antes havia estado como a Rússia e Emirados Árabes. E, finalmente, se apresentou no Brasil em um show inesquecível. Venderam o Stúdio Midle Ear em Miami, talvez pelas lembranças das muitas horas vividas naquele local com o irmão Maurice. Com a carreira subitamente interrompida pela morte do irmão Maurice, os Bee Gees permanecem eternos nas lembranças dos milhões de fãs no mundo inteiro e imortais pela obra realizada. O que acontecerá no futuro, não se pode saber, porém uma certeza restou: São Cidadãos do Mundo e Doutores de Música! 42
MAURICE GIBB MAURICE, O HOMEM DO MEIO
O papel de Barry e Robin Gibb nos Bee Gees é perceptível até mesmo por quem não é fã. Como intérpretes que dividiram a maioria das canções da banda, foram eles os responsáveis por promover a interface entre sua música e o público. Em quase 50 anos de história, Barry e Robin foram as vozes oficiais dos Bee Gees. Em meio a duas estrelas maiores, qual teria sido então o papel de Maurice Gibb ao longo dessa trajetória? Em comparação aos irmãos, sua presença foi relativamente discreta, porém fundamental. Em primeiro lugar, talvez nem sempre de forma consciente, Maurice representou um elo de ligação e conciliação entre dois egos inflados, especialmente a partir do início da carreira internacional do grupo, em 1967. Ironicamente, em seu último grande momento – e provavelmente ciente de que, para os Bee Gees, era o fim –, Maurice Gibb assumiu tal condição ao decretar-se “o homem no meio de um plano complicado” (Man In The Midle - 2001). Quase um testamento, a mensagem não poderia ter sido mais clara. Mas Maurice Gibb também exerceu uma função técnica de grande valor para os Bee Gees. Indiscutivelmente, era o músico mais completo entre os irmãos. Seu talento especialmente como baixista e tecladista foi reconhecido diversas vezes na indústria musical. Essa condição fez com que Maurice se tornasse importante no processo criativo do grupo, sendo ainda figura de destaque como arranjador e produtor em inúmeros momentos. Não por acaso, era o diretor musical em diversas turnês. Mesmo não sendo um vocalista privilegiado como seus irmãos, Maurice foi importante para fechar a complexa harmonia vocal que caracterizou e consagrou os Bee Gees. Com os recursos de estúdio, Barry e Robin poderiam perfeitamente atingir resultados semelhantes a dois. No entanto, provavelmente sem a mesma textura e, certamente, sem a mesma naturalidade. E nas vezes em que assumiu a condição de lead vocal, Maurice mostrou suas qualidades, embora nenhuma das canções em que tenha figurado como intérprete principal tenha se tornado um hit para os Bee Gees. Como cantor, Maurice era coadjuvante, sabia disso, e nunca escondeu sua preferência por atuar prioritariamente como músico e produtor. Finalmente, vale destacar sua presença de espírito, simpatia e bom humor. Aqueles que conheceram Maurice Gibb destacam sua generosidade e a facilidade de acesso que ele proporcionava aos fãs e admiradores. No palco, era sempre o mais descontraído e cativante. Quando crianças, os Bee Gees recorriam ao humor para tornar suas apresentações ainda mais atraentes. O conceito permaneceu na fase profissional da banda e cabia a Maurice fazer o papel do humorista nos shows. No entanto, hoje sabemos que seus atos eram, acima de tudo, parte do espetáculo. Com a proliferação de vídeos das apresentações dos Bee Gees ao longo das décadas, fica claro que a aparente improvisação de Maurice Gibb estava no script. Como ele próprio disse certa vez, por mais que algo pareça espontâneo no palco, tudo o que lá acontece está previsto e ensaiado. Profissionalismo, acima de tudo. Cláudio Milan
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